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Curso de Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde
Módulo I - Responsabilidade Civil na Saúde – Erro Médico (Cirurgia Plástica)
AULA N. 10
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
E ESTÉTICOS. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DAS NORMAS CONSUMERISTAS. SENTENÇA
DE PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA PARTE RÉ. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. MÉRITO.
REALIZAÇÃO DE CIRURGIA PLÁSTICA ESTÉTICA (DERMOLIPECTOMIA ABDOMINAL). SEQUELAS
FÍSICAS DEIXADAS NO CORPO DA AUTORA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. ART. 14 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INFORMAÇÕES PRESTADAS DE
FORMA INADEQUADA. EXEGESE DO ART. 6º, III, DO CDC. NÃO COMPROVAÇÃO DAS CAUSAS
EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL. DEVER DE INDENIZAR CARACTERIZADO.
MINORAÇÃO DO QUANTUM FIXADO NA SENTENÇA. DESNECESSIDADE. VALORES ARBITRADOS EM
ATENÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. JUROS MORATÓRIOS.
RELAÇÃO CONTRATUAL. INCIDÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. Em regra, os contratos de prestação de serviços médicos originam obrigações
de meio e não de resultado, sendo uma das exceções a esta regra os casos de cirurgia plástica, na exata
medida em que ela tem por escopo, entre outros, o embelezamento estético do paciente, razão pela qual é
considerada obrigação de resultado.
Nessa linha, deixando a intervenção cirúrgica dessa natureza de atingir o escopo desejado e
previamente definido pelo profissional da saúde com o seu paciente, responde os réus
(prestadores de serviço), objetivamente, pelos danos causados à vítima (consumidor), salvo
demonstrada de maneira cabal alguma causa de exclusão de culpa (inexistência de falha ou
defeito na prestação dos serviços hospitalares contratados pelo paciente, ocorrência de culpa
exclusiva do consumidor, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior), hipóteses não verificadas
no caso em exame (...). (Ap. Cív. n. 2007.047638-9, de Lages, rel. Des. Joel Figueira Júnior, j.
27.4.2010). O valor da indenização por dano moral deve ser fixado com base no prudente
arbítrio do Magistrado, sempre atendendo à gravidade do ato danoso e do abalo suportado pela
vítima, aos critérios da proporcionalidade e da razoabilidade, além do caráter compensatório e
punitivo da condenação, bem como às condições financeiras dos envolvidos Resta configurado
o dano estético quando comprovado que a lesão efetivamente alterou a aparência física da
vítima em razão do surgimento de evidente cicatriz causada em ato cirúrgico. Os juros de mora,
em indenização por erro médico, incidem a partir da citação. (STJ - REsp 2007/0256163-3, rel.
Min. ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, j. 23.3.2010) (TJSC, Apelação Cível n. 2011.020322-2, da
Capital, rel. Des. Sebastião César Evangelista, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 13-11-2014).
O paciente que procura um cirurgião plástico não o faz
por necessidade, mas tão somente busca melhorar sua
aparência não podendo, por óbvio, tê-la piorada.
Em caso de cirurgia estética, a responsabilidade do
médico pelo mal resultado é objetiva e somente será
excluída por culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou
força maior.
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO.
ART. 14 DO CDC. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO.
CASO FORTUITO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. 1. Os
procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam
verdadeira obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro
compromisso pelo efeito embelezador prometido. 2. Nas obrigações de
resultado, a responsabilidade do profissional da medicina permanece
subjetiva. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar que os eventos danosos
decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia.
3. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso
fortuito possui força liberatória e exclui a responsabilidade do cirurgião
plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo
paciente e o serviço prestado pelo profissional. 4. Age com cautela e
conforme os ditames da boa-fé objetiva o médico que colhe a assinatura do
paciente em termo de consentimento informado, de maneira a alertá-lo
acerca de eventuais problemas que possam surgir durante o pós-operatório.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (REsp
1180815/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 19/08/2010, DJe 26/08/2010)
I – A obrigação nas cirurgias meramente estéticas é de resultado,
comprometendo-se o médico com o efeito embelezador prometido.
II – Embora a obrigação seja de resultado, a responsabilidade do cirurgião
plástico permanece subjetiva, com inversão do ônus da prova
(responsabilidade com culpa presumida) (não é responsabilidade objetiva). III
– O caso fortuito e a força maior, apesar de não estarem expressamente
previstos no CDC, podem ser invocados como causas excludentes de
responsabilidade. STJ. 4ª Turma. REsp 985.888-SP, Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 16/2/2012.
• A cirurgia estética é uma obrigação de resultado, pois o contratado se
compromete a alcançar um resultado específico, que constitui o cerne da própria
obrigação, sem o que haverá a inexecução desta.
• O uso da técnica adequada na cirurgia estética não é suficiente para isentar o
médico da culpa pelo não cumprimento de sua obrigação.
• (AgRg no AREsp 678485 / DF, Ministro Relator: Raul Araújo, data de julgamento:
19/11/2015).
AULA 10 – TURMA 15 – 2ª PARTE
• Existem protocolos diferentes para cada tipo de cirurgia plástica, e
esses protocolos devem ser detalhadamente esclarecidos pelo
médico.
“A caracterização da responsabilidade, em cirurgias estéticas, também exige a análise
dos fatos subjetivo de atribuição a culpa. Ocorre, entretanto como afirmamos linhas
atrás que o ônus da prova se inverte: incumbirá ao médico, para se eximir da
responsabilidade, demonstrar claramente culpa exclusiva da vítima (se concorrente,
proporcionalizar-se-á a indenização), caso fortuito ou qualquer outra causa que
aniquile o nexo causal”. (Miguel Kfouri Neto, Responsabilidade Civil do Médico, 5ª
edição, Editora Revista dos Tribunais, p. 171-172).
A principais cirurgias plásticas realizadas no Brasil
• Rinoplastia
• Otoplastia
• Mamoplastia
“AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. ERRO MÉDICO. CIRÚRGIA
PLÁSTICA. Autora apresentou lesões e cicatrizes após a realização de procedimento
estético no abdome e seios. Ilegitimidade passiva da clínica médica não vislumbrada.
Solidariedade da cadeia. Erro médico. Cirurgia plástica que é obrigação de resultado, e
não de meio. Responsabilidade subjetiva, com deslocamento para o médico de
demonstrar que o insucesso decorreu de fatores externos” (Apelação nº 0030801-
03.2011.8.26.0554, Des. Rel. Ana Lucia Romanhole Martucci, data de julgamento:
12/05/2015, 6ª Câmara de Direito Privado TJSP).
CONTESTAÇÃO
1. O médico não foi negligente. Fez a cirurgia de acordo com a boa prática médica e
atingiu o resultado estabelecido no contrato.
2. Juntar fotos no processo. As fotos demonstram que houve melhora estética, não
havendo que se falar em simetria perfeita para qualquer pessoal.
3. O médico se prontificou a realizar novo procedimento cirúrgico gratuito para melhor
satisfazer a autora, mas ela não aceitou.
4. Não houve erro no procedimento cirúrgico e houve melhora após a cirurgia
realizada, não havendo que se falar em ressarcimento de valores.
5. Os danos morais não são devidos.
• Dano materiais: valor correspondente ao que gastou com o cirurgião plástico
• Danos estéticos: R$ 10.000,00
• Dano moral: R$ 30.000,00
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CULPA –
CIRURGIA REPARADORA
1. Negligência
2. Imprudência
3. Imperícia
NEGLIGÊNCIA
O cirurgião plástico realiza uma determinada cirurgia sem observar as
normas técnicas.
Exemplo: Emprega uma técnica de lipoaspiração que ainda não foi
reconhecida pela classe médica.
IMPRUDÊNCIA
O cirurgião plástico pratica uma ação precipitada sem as cautelas
de estilo.
Exemplo: o cirurgião plástico não aguarda o anestesista e resolve
aplicar anestesia geral no paciente.
IMPERÍCIA
O cirurgião plástico não tem habilidade para
praticar determinada cirurgia estética.
Exemplo: quer fazer uma lipoaspiração no paciente,
quando não conhece essa técnica.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – ERRO MÉDICO – CIRURGIA REPARADORA NA MAMA E NO
ABDÔMEN - Autora submetida ao procedimento de mamoplastia e abdominoplastia, ambos de caráter reparador –
Complicações pós-operatórias que resultaram em graves cicatrizes hipercrômicas e alargadas na região abdominal que
comprometem o aspecto estético, conforme conclusão da perícia médica - Não obstante se trate de obrigação de
meio, a cirurgia reparadora deve preservar a estética em padrão aceitável, sempre que possível - Incumbência de
prestar à paciente todas as informações sobre os riscos que poderiam influenciar na evolução desfavorável da
cicatrização - Obrigação fundamental do cirurgião plástico - Dever de informação não prestado - Duas reabordagens
cirúrgicas para correção das complicações – Permanência da cicatriz hipercrômica e alargada que comprometem o
aspecto estético - Falha na prestação de serviços - Danos morais incontroversos – Sofrimento inegável –– Indenização
fixada em R$ 15.000,00, condizente para a composição dos danos sofridos, além de servir de reprimenda a prevenir a
ocorrência de novas falhas no tratamento médico – Sentença reformada integralmente - Ônus da sucumbência a cargo
do réu - Honorários advocatícios fixados em 20% do valor da condenação – RECURSO PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível
0066093-11.2011.8.26.0114; Relator (a): Angela Lopes; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Campinas - 3ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 24/10/2017; Data de Registro: 26/10/2017)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO
CIRURGIÃO PLÁSTICO
1. Existência de uma ação (comissiva ou omissiva).
2. Ocorrência de um dano moral ou patrimonial.
3. Nexo de causalidade entre o dano e a ação.
1. A importância do Consentimento Informado nas Cirurgias Plásticas.
2. Relação entre o contrato da prestação de serviço e a propaganda.
O dano estético implica em uma modificação na
aparência externa da pessoa que abrange não só as
áreas do corpo mais visíveis que têm como marca a
permanência, e causa uma espécie de enfeamento na
vítima
Responsabilidade civil – Ação de indenização de danos morais e estéticos – Cerceamento de
defesa ausente – Alegação de erro médico – Cirurgia plástica reparadora e estética –
Natureza obrigacional mista – Responsabilidade subjetiva do profissional (art. 14, § 4º, do
CDC) – Prova dos autos a revelar inadequação técnica na realização do procedimento, que
não se prestou a reparar o dano causado pela mastectomia radical e muito menos corrigir o
dano estético dela decorrente - Responsabilidade do médico que se estende à operadora do
plano de saúde – Indenização por dano moral e estético devida – Ação julgada procedente –
Recurso da autora provido. TJSP; Apelação Cível 1021474-06.2015.8.26.0577; Relator
(a): Augusto Rezende; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José dos
Campos - 6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 20/08/2019; Data de Registro: 20/08/2019)
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