mercado automobilÍstico nacional: competitividade, inovaÇÕes tecnolÓgicas e … · como, por...
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MERCADO AUTOMOBILÍSTICO NACIONAL:
COMPETITIVIDADE, INOVAÇÕES
TECNOLÓGICAS E PERSPECTIVAS
Pedro Luiz Franco Ribeiro
(LATEC / UFF)
Resumo: O objetivo do presente trabalho foi abordar e esclarecer, a partir de uma pesquisa
bibliográfica, alguns pontos relevantes relacionados ao mercado automobilístico nacional,
incluindo a competitividade, inovações tecnológicas e perspectivas, com um enfoque no cenário
atual da produção de veículos elétricos e híbridos bem como a busca por formas puras de
propulsão para os veículos, decorrente da crescente preocupação com o efeito estufa e com a
poluição em geral. O atual trabalho foi realizado a partir de uma revisão de literatura baseada em
consultas de livros, artigos científicos e pesquisas na internet. Conclui-se que a indústria
automobilística constitui um exemplo marcante do processo de globalização, estando em
constantes transformações as quais estão direcionadas a garantir competitividade à indústria
como, por exemplo, a introdução de novas tecnologias de base microeletrônica, medida estratégica
para recuperar o ritmo de crescimento do setor automobilístico durante a década de 80.
Atualmente, devido a crescente e preocupante degradação ambiental, a indústria automobilística
vem passando por nova reestruturação e seu avanço tecnológico está cada vez mais aliado ao
desenvolvimento sustentável, tendo em vista que a recente preocupação da sociedade com o seu
bem estar, assuntos ligados à poluição atmosférica e consumo de energias não renováveis são de
grande interesse para população mundial. Neste contexto, embora ainda haja necessidade de mais
estudos e pesquisas direcionados a viabilização de combustíveis alternativos, o período é
caracterizado por novas mudanças na indústria automobilística que visam atender as exigências
legais, principalmente aquelas relacionadas à preocupação com o meio ambiente, e garantir a
competitividade a nível mundial.
Palavras-chaves: indústria automobilística; gestão de produção; tecnologia;
tendências de mercado; sustentabilidade
ISSN 1984-9354
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
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1. INTRODUÇÃO
Na década de 90, o Brasil preparou-se para inserção no processo de produção global de
veículos, uma vez que recebeu vultosos investimentos estrangeiros e, portanto, modernizou seus
modos de produção e aumentou sua capacidade produtiva. Todavia, esta produção foi direcionada
para fabricação de carro 1.000, transformando o mercado interno no foco principal de sua
indústria, afetando a competitividade internacional da indústria automobilística brasileira que,
consequentemente, perdeu mercados para outros países emergentes, como o México e a Coréia do
Sul, os quais adotaram políticas completamente distintas.
Atualmente, a indústria automobilística vem passando por um processo de transformação
para acompanhar as mudanças e exigências econômicas de um mercado cada vez mais
competitivo. Essas mudanças englobam a necessidade de novos investimentos para modernizar o
parque industrial, novas exigências dos consumidores quanto à qualidade do produto, estratégias
locais orientadas pelas mundiais, entre outros pontos que redirecionaram as perspectivas do
mercado automobilístico brasileiro, delineando novos rumos para o mercado, impactando na
competitividade setorial. Além disso, os consumidores atuais de veículos automotores importam-
se cada vez mais com a questão do meio ambiente e também com o aumento do preço do
combustível.
Neste contexto, a produção de veículos híbridos e elétricos, por exemplo, torna-se uma
alternativa promissora devido a alguns fatores como mudanças climáticas, preços do petróleo,
maior demanda por mobilidade, novos desenvolvimentos tecnológicos para motores e baterias.
Este fato contribuiu para criação de uma nova tendência, como por exemplo, a produção de
veículos que consumam menos combustíveis e, consequentemente, promovam uma redução da
poluição ambiental.
2. OBJETIVO
Considerando os aspectos supracitados, o objetivo do presente trabalho foi abordar e
esclarecer, a partir de uma pesquisa bibliográfica, alguns pontos relevantes relacionados ao
mercado automobilístico nacional, incluindo a competitividade, inovações tecnológicas e
perspectivas, com um enfoque no cenário atual da produção de veículos elétricos e híbridos bem
como a busca por formas puras de propulsão para os veículos, decorrente da crescente
preocupação com o efeito estufa e com a poluição em geral.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 HISTÓRICO DA PRODUÇÃO AUTOMOBILÍSTICA NACIONAL
Em 1956, a política do governo nacional introduziu a indústria automobilística no Brasil
devido à atração de capital estrangeiro, tendo em vista o período de meados do processo de
internacionalização das indústrias mundiais de veículos. Além disso, a instalação desta indústria
no país também foi impulsionada pelo baixo custo da mão-de-obra brasileira, que proporcionava
certa vantagem quando comparada às demais indústrias situadas nos países desenvolvidos, sendo a
General Motors, a Volkswagen e a Ford, as primeiras montadoras multinacionais a se instalarem
no Brasil. Portanto, essas empresas dominaram o setor industrial automobilístico sem grandes
dificuldades, visto que não havia competitividade por parte das empresas nacionais existentes na
época. Todavia, no fim da década de 70 e no início dos anos 80, ocorreu uma crise do mercado
interno brasileiro e a chamada “revolução microeletrônica” (GUIMARÃES, 1982).
Desta maneira, a solução para a crise dos anos 80 baseou-se no reordenamento da
produção para o mercado externo, até o momento pouco explorado pelas montadoras, isto é,
baseou-se na política de diferenciação de produto que implicou a adoção de novas tecnologias de
base microeletrônica. Contudo, a modernização tecnológica das montadoras brasileiras estava em
processo de transição e as empresas mundiais transferiam tecnologia já retrógada (PORSSE,
1998). Com isso, no início da década de 90, a indústria automobilística nacional deparou-se com
um relativo atraso tecnológico nos veículos quando comparados aos fabricados internacionalmente
devido a baixa produtividade e a qualidade dos veículos nacionais, além da defasagem tecnológica
e de mão-de-obra. Neste período, a fabricação era fortemente baseada na produção em massa, com
altos níveis de estoque e retrabalho pós-linha, no entanto, havia baixa escala de produção
(FERRO, 1994).
Entre dezembro de 1995 e final de 1999, vigorou o Regime Automotivo Brasileiro (RAB),
um exemplo de política setorial que provocou a retomada dos investimentos e a dinamização da
demanda, bem como a integração comercial com a Argentina. Simultaneamente, a produtividade
da indústria de autoveículos aumentou de forma expressiva em decorrência dos investimentos em
modernização das plantas industriais e a introdução dos novos processos produtivos e
organizacionais. Além disso, a introdução de novas técnicas intensificou o ritmo de trabalho e
reduziu o tempo ocioso das máquinas e dos operários (TIGRE et al., 1999).
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A evolução e as estratégias competitivas das principais montadoras da indústria
automobilística no Brasil basearam-se na reestruturação, integração e modernização que
representaram um marco neste setor da indústria nacional, particularmente na segunda metade dos
anos 90. Cabe salientar que este processo deveu-se, em grande parte, a evolução do próprio
mercado local, pelo processo de integração regional e pela política econômica nacional, sendo
evidenciada nesta última, a criação dos incentivos fiscais aos chamados carros ‘populares’, os
quais desempenharam função essencial nas vendas internas (SARTI et al., 2002).
No entanto, o desafio é continuar neste processo substitutivo, com maior inserção no
mercado externo e diversificação dos mercados destinos das exportações, onde México e
Argentina são responsáveis por mais de 50% das exportações nacionais. Contudo, esta inserção
dependerá das estratégias das montadoras no âmbito internacional, de acordos bilaterais e
integração regional com o comércio exterior, fatos que determinam a relevância das subsidiárias
locais e, consequentemente, podem continuar atraindo investimentos e impedindo o fechamento
de plantas decorrente da tendência global de concentração produtiva (ALMEIDA et al., 2006).
2.2 PANORAMA NACIONAL DA PRODUÇÃO DE AUTOMÓVEIS
As principais empresas montadoras do setor e as empresas fornecedoras de componentes e
peças instalaram-se na Grande São Paulo, em primeiro lugar a região do ABC paulista, em
particular São Bernardo do Campo e, em segundo, o Vale do Paraíba. Estas áreas eram
privilegiadas devido à qualificação e ao baixo custo da mão de obra, mercado consumidor
diversificado, infraestrutura urbana e de transportes, visto que, a partir de 1947, houve
investimento estatal na construção de rodovias pavimentadas nessas regiões. Além disso, algumas
das prefeituras de municípios da Grande São Paulo concederam às empresas interessadas alguns
incentivos e a disposição de realizar obras de terraplenagem com o intuito de instalar fábricas em
locais de relevo acidentado, mas geograficamente bem localizados (LANGENBUCH, 1971).
A partir do ano 2000, com a entrada de novos produtores de veículos no mercado nacional
e com o aumento da internacionalização da cadeia produtiva, 17 marcas de automóveis passaram a
atuar no mercado brasileiro, com tendência de localização fora da região da Grande São Paulo,
conforme os incentivos fiscais. Portanto, o Brasil posicionou-se como o primeiro do mundo em
número de montadoras instaladas, tornando a competição no mercado nacional mais acirrada
(BOTELHO, 2002).
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Atualmente, as indústrias automobilísticas brasileiras dispõem de um parque industrial
espalhado por oito estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul,
Bahia, Goiás e Ceará, isto é, apresentam-se bastante difundida em todo o país, sendo importante
enfatizar que existe forte concentração de fábricas de motores, componentes e centros logísticos
de distribuição nas Regiões Sudeste e Sul, especialmente nos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Mundialmente, a produção de veículos, em 2009, atingiu
aproximadamente 61 milhões de unidades (ANFAVEA, 2010). Em 2010, alcançou cerca de 77,6
milhões de unidades, tendo como continente líder a Ásia, seguido por Europa e Américas,
enquanto África e Oceania possuem pequena proporção da produção mundial (ANFAVEA, 2011)
dando continuidade ao cenário do ano de 2009, como pode ser observado na figura 1 (ANFAVEA,
2010).
Figura 1: Produção de autoveículos por continente no ano de 2009 e 2010.
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA, 2010).
Para o mercado automotivo brasileiro, desde 2005, 2010 foi mais um ano de crescimento
continuado do mercado e da produção, a qual se comportou bem (3,6 milhões de unidades) o que
representou uma expansão de 10%, enquanto a totalidade de veículos comercializados resultou em
3,51 milhões de unidades e crescimento de 11,9%. Em contrapartida, ocorreu uma redução das
exportações brasileiras de veículos. Em 2005 estas representaram 31% da produção, enquanto em
2010 o percentual foi igual a 15%, caracterizando uma queda da participação na produção
nacional. Vale ressaltar que, as exportações favorecem os consumidores, uma vez que tornam o
mercado mais competitivo, contudo, diminui-se a produção no país o que geraria mais
investimentos, produção, emprego e consumo, num círculo virtuoso (ANFAVEA, 2011).
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2.3 COMPETITIVIDADE NO SETOR AUTOMOTIVO
Em décadas anteriores, os elementos determinantes da competitividade eram o preço e
a qualidade dos veículos (CLARK; FUJIMOTO, 1991). No entanto, devido às transformações dos
anos 80 e 90, as nações contemporâneas desenvolveram uma nova visão e, portanto, o conceito
tradicional tornou-se ultrapassado. Competitividade para uma nação é o grau pelo qual ela pode,
sob condições livres e justas de comércio, produzir bens e serviços que se submetam
satisfatoriamente ao teste dos mercados internacionais enquanto, simultaneamente, mantenham e
expandam a renda real de seus cidadãos. Competitividade é a base para o nível de vida de uma
nação. É também fundamental à expansão das oportunidades de emprego e para a capacidade de
uma nação cumprir suas obrigações internacionais (COUTINHO; FERRAZ, 1994).
A principal estratégia das empresas automobilísticas consiste na habilidade em
fornecer respostas rápidas às demandas do mercado, a partir do desenvolvimento e introdução de
novos produtos. Conforme Clark e Fujimoto (1991) essa mudança pode ser explicada
parcialmente por três motivos: crescente competição internacional entre as empresas, o que tem
contribuído para globalização da escala dos produtos; crescente fragmentação do mercado e,
consequentemente, maior intensidade no lançamento de novos produtos e redução das vendas por
volume de modelo; diversidade, maior complexidade e ampliação da tecnologia incorporada nos
veículos; além da redução do ciclo de vida dos produtos, a qual possibilita maior vantagem para as
empresas, a substituição rápida de modelos e, consequentemente, novos lançamentos (CONSONI;
CARVALHO, 2002).
Outro fato importante é o investimento crescente em Pesquisa e Desenvolvimento,
sendo que mais de 80% desta é destinada às atividades de modelos específicos relacionadas à
preservação e ao melhoramento de técnicas tradicionais empregadas nos veículos, visto que
atualmente tais orçamentos de pesquisas estão destinados a atividades que visam ao
desenvolvimento e adaptação de novos modelos. Em contrapartida, pesquisas de mais longo
prazo, sem aplicação imediata às linhas de veículos representam menos de 20% deste total, devido
ao fato das estratégias das grandes empresas automobilísticas não estarem voltadas
exclusivamente para inovações tecnológicas radicais e de longo prazo (CHANARON, 1998).
Atualmente, a Fiat é a maior produtora de automóveis e comerciais leves nas vendas
internas de nacionais no atacado e vendas internas de nacionais e importados no atacado, seguida
das montadoras General Motors (GM), Ford, Honda e Hyundai. Em contrapartida, em termos de
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vendas internas de importados no atacado, em primeiro lugar, encontra-se a Hyundai, seguida da
GM, Fiat, Ford e Honda. Em relação às exportações, as posições no ranking por ordem
decrescente é GM, Ford, Fiat e Honda (ANFAVEA, 2011).
2.4 TECNOLOGIA APLICADA AOS AUTOVEÍCULOS
Ao longo da história da indústria automobilística, mudanças vêm ocorrendo como as novas
relações entre montadoras e empresas de autopeças que devido a fatores como tecnologia,
competitividade e custos estão forçando as empresas a utilizarem melhor a competência técnica
dos fornecedores e, portanto, novas tendências começaram a surgir no relacionamento comprador-
fornecedor como renovação mais frequente tanto do produto como da tecnologia utilizada
(CUSUMANO; NOBEOKA, 1992). Diante desse cenário, tem-se observado, principalmente a
partir de meados dos anos 1990, um crescente empenho das empresas automobilísticas, não
somente das montadoras, no desenvolvimento das chamadas tecnologias automotivas avançadas
(DOC, 2006), visto que as inovações possuem a capacidade de agregar valor aos produtos,
proporcionando vantagens competitivas, tornando-se, futuramente, essencial para a
sustentabilidade das empresas e dos países. Esta afirmação é válida, principalmente, em mercado
com alto nível de competição, onde os produtos oferecidos são praticamente equivalentes, logo,
aqueles que inovam o produto, o processo ou o modelo de negócio, de forma incremental ou
radical, ficam em posição de vantagem em relação aos demais (TEMUDO; BROZOLLI, 2010).
A utilização de novas tecnologias, a eletrônica, a tecnologia de informação e os novos
materiais, exceto as formas alternativas de propulsão (motores elétricos, híbridos e células de
combustível), são indiscutivelmente as variáveis-chave. Atributos como aceleração, frenagem,
controles de tração, de estabilidade e de injeção de combustível, segurança, ajuste da posição da
direção e dos bancos, navegação, proteção antichoque, telemática, sistemas de controle de voz e
entretenimento consistem em funções dos autoveículos modernos sofisticados e praticamente
todas essas já são controladas e/ou viabilizadas pela eletrônica embarcada (FINE et al., 1996).
Após alguns anos, a telemática foi associada ao desenvolvimento do chamado Sistema de
Transporte Inteligente (SIT), fato que permitiu a viabilização de sistemas de controle de voz para
várias funções do veículo como, por exemplo, informação de tráfico, em tempo real, e acesso à
internet no veículo. Uma das pretensões da utilização do SIT é que o mesmo possibilite o ajuste da
distância entre os carros, em uma rodovia, através de controles automáticos, permitindo, desta
forma, aumentar a velocidade média dos veículos sem comprometer a segurança e,
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consequentemente, haveria também redução dos gastos de energia. Simultaneamente, reduziriam
as emissões de dióxido de carbono, possibilitando ganhos ambientais potencialmente expressivos
(FUJIMOTO; TAKEISHI, 2001).
Atualmente, avalia-se que a parcela da eletrônica embarcada no custo corrente dos veículos
automotores já tenha alcançado 20%, esperando-se que no ano de 2015 a mesma salte para
aproximadamente 40%. Neste cenário, o setor automobilístico é caracterizado por uma
dinamização no comportamento tecnológico devido à intensificação da concorrência e a maior
oportunidade tecnológica associada aos avanços na tecnologia do motor a combustão interna, às
novas tecnologias microeletrônicas, de materiais, de informação e, mais recentemente, às
tecnologias emergentes e inovadoras como técnicas de propulsão dos autoveículos (CARVALHO,
2008).
2.5 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DAS INDÚSTRIAS AUTOMOTIVAS
Existe um número crescente de pesquisas direcionadas para busca de novas fontes
energéticas devido a grande preocupação com a escassez dos recursos naturais e procura por
alternativas de fontes renováveis e limpas para a obtenção de energia. Portanto, levando em
consideração as questões ambientais e o interesse com a seguridade no fornecimento energético,
renovou-se a atenção para combustíveis alternativos como, por exemplo, veículo solar, híbrido,
elétrico, entre outros e, consequentemente, a energia proveniente de células a combustível vem
destacando-se a nível mundial (RANESES et al., 1999).
O biodiesel evita várias formas de agressão ao meio ambiente, as quais são inevitáveis com
o uso de combustíveis derivados do petróleo como, por exemplo, redução da liberação de diversas
substâncias prejudiciais, normalmente encontradas no escapamento dos veículos, e também evita a
utilização de um combustível fóssil, com reservas limitadas e são essas características que
constituem a grande vantagem do uso do biodiesel. Além das vantagens citadas, é importante
salientar que o biodiesel pode substituir o diesel de petróleo praticamente em qualquer motor, sem
requerer maiores modificações, mantendo a qualidade da potência do motor e do rendimento
térmico do combustível dos veículos que utilizam combustível derivado do petróleo (PLÁ, 2002).
As células a combustível representam outra alternativa promissora e de fundamental
importância na geração de energia elétrica, devido ao baixo nível de ruído; alta eficiência
energética, uma vez que possui a capacidade de produzir eletricidade diretamente a partir de
reações eletroquímicas, gerando como produtos água e calor; além do baixo impacto ambiental,
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com emissões 10 vezes menor quando comparadas aquelas especificadas nos regulamentos
ambientais mais restritos (SIMADER; KORDESCH, 2005).
Outra tecnologia é o veículo solar cuja sua aplicação possibilita praticamente autonomia
das fontes de energia tradicionais, onde sua escassez consiste em uma grande preocupação atual.
A energia solar desses veículos solares é captada por painéis fotovoltaicos e convertida em energia
elétrica, que será posteriormente condicionada para ser devidamente utilizada por máquinas
elétricas capazes de induzir movimento ao veículo (FERREIRA, 2008).
O veículo híbrido é considerado o veículo de passeio (leve), o qual apresenta dois motores:
elétrico e de combustão interno movido exclusivamente à gasolina. Embora possua este tipo de
motor, a energia é convertida em eletricidade, que é estocada em uma bateria até o início do
funcionamento do motor elétrico, promovendo uma economia da energia requerida pelo motor de
combustão interna e, consequentemente, necessitando de menor quantidade de combustível e
menor produção de poluentes (QUEIROZ, 2006).
2.6 ENGENHARIA SIMULTÂNEA
A Engenharia Simultânea consiste em uma das metodologias para obter sucesso no
processo de eficácia e rapidez, que é necessário para enfrentar a competitividade na área de
desenvolvimento de produto. O conceito da Engenharia Simultânea surgiu na década de 90 e é
aplicada em diversas áreas profissionais, em especial na indústria de produção em massa. O seu
principal objetivo é sugerir mudanças gerenciais, sendo utilizada no processo de desenvolvimento
ou alteração de novos produtos visando aumentar a qualidade do produto, diminuir o ciclo de
desenvolvimento e a diminuição do custo de produção (ANUMBA; EVBUOMWAN, 1997).
O surgimento da filosofia da Engenharia Simultânea é o resultado do acúmulo de
experiências e conhecimentos, ao longo dos anos, em decorrência da necessidade de evolução dos
conceitos e paradigmas da indústria, num processo contínuo no decorrer de sua história.
Consiste em uma ferramenta gerencial aplicável em substituição ao modelo mais
difundido, baseado na alocação sequencial das etapas de trabalho, onde o início de determinada
etapa depende da finalização da anterior. Diante da percepção de que este método resulta em um
processo de baixa produtividade, custos de produção elevados, retrabalhos e baixa qualidade final
dos produtos, a Engenharia Simultânea se apresenta na forma de um desenvolvimento de todas as
especialidades de projeto em paralelo, através de times multidisciplinares de projeto interagindo,
alocados precocemente na linha de tempo do empreendimento, de forma a proporcionar uma
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concepção participativa e que não necessite de ajustes e compatibilizações, obtendo prazos e
custos reduzidos (VARGAS, 2008).
A Engenharia Simultânea possui algumas vantagens como redução do número de
problemas de produção, especialmente problemas de qualidade, redução dos custos de
desenvolvimento, e um retorno mais rápido sobre o investimento (SLACK, 2007). Ademais, é
uma metodologia focada no cliente e centrada em uma equipe se preocupa com as necessidades
dos setores envolvidos no processo de desenvolvimento e integra os atributos financeiros e
técnicos para diminuir ou acabar com os custos ocultos (BALASUBRAMANIAN, 2001). É
importante desenvolver atitudes que valorizem o trabalho em equipe, propiciar treinamentos que
capacitem os técnicos a trabalhar em grupo e introduzir nos sistemas de avaliação de desempenho,
dimensões que levem em conta não só a competência técnica e a criatividade, mas também o
sucesso como participante de equipes (KRUGLIANSKAS, 1992).
A equipe de Engenharia Simultânea deve realizar análises, estudos, troca de experiência e
conhecimentos prévios com o intuito de prever para que todos os desperdícios sejam evitados.
Todavia, esse processo não pode alterar a qualidade do produto e não deve comprometer a
finalidade para qual o mesmo foi produzido (atender as necessidades do cliente). Basicamente, a
Engenharia Simultânea propõe a criação de equipes multifuncionais ou multidisciplinares que
acompanham o produto desde sua concepção até o apoio fornecido aos consumidores após a
entrega deste (HARTLEY, 1998), podendo, desta forma, ser aplicação com grande êxito na
indústria automobilística.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho foi constituído por pesquisa exploratória, baseada em estudo
qualitativo através de análise bibliométrica, onde foram utilizadas ferramentas como a internet,
livros, dissertações, teses, papers e, especialmente, artigos selecionados nas bases de dados dos
principais periódicos nacionais e internacionais disponíveis no Portal de Periódicos CAPES, com
o objetivo de permitir um melhor entendimento e interpretação dos fenômenos estudados das áreas
de interesse da pesquisa, extinguindo-se, portanto, a utilização de quaisquer instrumentos
estatísticos para análise de dados, como ocorre na pesquisa quantitativa. Conforme, Cervo e
Bervian (2003) a pesquisa bibliográfica apresenta como fator relevante de contribuição, as
observações de outros pesquisadores pautados em estudos realizados sobre o assunto em
discussão, fato que favorece a consistência de desenvolvimento e a solidez da fundamentação.
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4. CONCLUSÕES
A indústria automobilística constitui um exemplo marcante do processo de globalização,
estando em constantes transformações as quais estão direcionadas a garantir competitividade à
indústria. Atualmente, devido a crescente e preocupante degradação ambiental, a indústria
automobilística vem passando por nova reestruturação e seu avanço tecnológico está cada vez
mais aliado ao desenvolvimento sustentável, tendo em vista que a recente preocupação da
sociedade com o seu bem estar, assuntos ligados à poluição atmosférica e consumo de energias
não renováveis são de grande interesse para população mundial. Neste contexto, embora ainda
haja necessidade de mais estudos e pesquisas direcionados a viabilização de combustíveis
alternativos, o período é caracterizado por novas mudanças que visam atender as exigências
legais, principalmente aquelas relacionadas a preocupação com o meio ambiente, e garantir a
competitividade a nível mundial.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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