microeconomia · 2020. 6. 6. · sebenta economia – 2015/2016 dnb 4 racionalidade perfeita: homo...
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Sebenta Economia – 2015/2016 DNB
Regência: PAULA VAZ FREIRE
Microeconomia Corolários da Escassez: .................................................................................................................. 6
A economia estuda: ....................................................................................................................... 6
Metodologia ................................................................................................................................... 7
Produtividade ................................................................................................................................. 8
Fronteira de Possibilidade de Produção ......................................................................................... 8
Taxa Marginal de Transformação ................................................................................................... 9
Vantagens Absolutas e Comparativas (David Ricardo) .................................................................... 9
Especialização ............................................................................................................................ 9
Utilidade Marginal ........................................................................................................................ 11
Mercados ..................................................................................................................................... 13
Mercado Concorrencial Perfeito: ................................................................................................. 16
Oferta e Procura ........................................................................................................................... 17
Ponto de Equilíbrio ................................................................................................................... 18
Elasticidade .................................................................................................................................. 19
Procura .................................................................................................................................... 19
Oferta ...................................................................................................................................... 21
Intervenção do Estado ................................................................................................................. 22
Controlo de Preços .................................................................................................................. 22
Impostos .................................................................................................................................. 23
Teoria do Consumidor .................................................................................................................. 23
Disposição de Pagar ................................................................................................................. 24
Dead weight loss ...................................................................................................................... 24
2ª Lei de Gossen: Princípio da Equimarginalidade ........................................................................ 25
Lógica equimarginalista na aplicação da teoria do consumidor: ............................................. 26
Curvas de Indiferença .............................................................................................................. 26
Perdas absolutas de utilidade ....................................................................................................... 27
Impostos .................................................................................................................................. 27
Eficiência de Pareto ...................................................................................................................... 27
Oferta em mercado concorrencial ................................................................................................ 28
Escala ....................................................................................................................................... 29
Investimento ............................................................................................................................ 30
Mercado eficiente .................................................................................................................... 30
Juro .............................................................................................................................................. 30
Seguros ........................................................................................................................................ 31
Estratégia do Produtor ................................................................................................................. 32
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Mercados Reais ........................................................................................................................ 33
Monopólios .................................................................................................................................. 33
Discriminação perfeita ............................................................................................................. 34
Defesa do Monopólio ............................................................................................................... 34
Políticas antimonopolistas ........................................................................................................ 34
Mercados contestáveis............................................................................................................. 34
Economia: ciência social que tem como objeto o comportamento/conduta humana em
ambientes de escassez (tendencialmente nas suas interações coletivas)
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Sebenta Economia – 2015/2016 DNB
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Fernando Araújo: escolhas que a economia trata, ditadas pela escassez (problema
económico fundamental) de bens e recursos.
• Atividade económica tendencialmente societária mas pode ser solitária – uma vez que
à economia interessa a gestão dos bens raros.
• Elevado grau de liberdade na decisão do agente económico.
• (Não pressupõe a comunidade, como o Direito, que apenas existe quando há relação
entre homens. A Economia não necessita do coletivo pois o Homem sozinho tem que
lidar com os seus bens e com as escolhas sobre tais bens)
• Não há determinismo nas leis económicas, ou seja, não se verifica sempre a mesma
coisa mas sim consoante as condicionantes.
Lionel Robins: “Ciência que estuda as opções face à raridade dos
bens” Bens económicos – gerais // Bens Livres – existem em quantidade e condições tais que podem
ser obtidos pelo homem sem esforço
Necessidades (ilimitadas) // Bens/Recursos (limitados/raros/escassos)
➔ OPÇÕES: A ciência económica estuda as características das opções, ditadas pela
escassez – pois há pontos em comuns entre elas.
➔ Queremos sempre fazer a melhor opção – aquela que maximiza os benefícios tendo o
mínimo dos custos
o Ponto comum das decisões:
Racionalidade – As decisões são racionais no sentido que procuram maximizar os benefícios e reduzir os custos – atuação hedonista e egoísta
(persecução do interesse próprio) – lei do menor esforço.
o Estudamos as características da Racionalidade (a partir de Adam Smith) – “Aos
defeitos individuais correspondem virtudes públicas” – cada um age
egoisticamente, no sentido de satisfazer o interesse próprio, mas isso acaba por
melhorar geralmente a sociedade; há uma certa ordenação natural (social) que
contribui para uma situação de equilíbrio.
▪ A racionalidade conduz os mercados ao equilíbrio, que se alcança
naturalmente pela interação dos mercados. A sociedade autorregula-
se, logo, não é necessária a intervenção do Estado (liberalismo
económico e político)
▪ Ordem espontânea para que os mercados tendem é imanente, deriva
da racionalidade de cada individuo, e não transcendente, no sentido de
esta ordem provir de um ser superior.
▪ Características da Racionalidade
➢ Conceção Neoclássica – sistematização e construção de
modelos mais compreensíveis (inicio do séc. XX até aos anos
80). Grande abstração e formalização numa metodologia
dedutivista (passa do geral para o particular – lingando-se à
matemática e à estatística), que, ao fazer elaboradas
construções teóricas desligou-se da realidade.
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Racionalidade Perfeita: Homo economicus – ser perfeitamente
racional que possui toda a informação disponível.
➢ Conceção Neo-institucionalista – a racionalidade não depende
de apenas o pensamento humano mas sim contextualiza-o às
instituições vigentes.
O fator indíviduo é um “dado”, dando ênfase ao carácter
construído e convencional dos agregados sociais – círculo
de ação e informação que mutuamente se reforçam.
Racionalidade Limitada (Herbert Simon, 1957): a racionalidade não é perfeita pois a informação, como qualquer
outro bem, é escassa. Implica custos a obtenção desse bem –
não é possível que o decisor tenha toda a informação.
o Há custos económicos na obtenção de informação (Ex:
deslocar a todas as lojas para saber o preço; ver na net
o preço faz perder tempo).
Fernando Araújo: grau ótimo de informação fica
sempre muito aquém do grau completo de
informação.
o Tem um Custo de Oportunidade – (custo pelo carácter limitado da racionalidade – Ex: não se pode voltar atrás
no tempo) – “Havia uma oportunidade de fazer
diferente do que fizemos, mas, quando optámos,
preterimos aquela oportunidade, e essa alternativa
às alternativas possíveis é um custo.”
• Valor do benefício que deixou de ser
obtido – benefício que corresponde à
2ª melhor alternativa. A utilidade de
um foi considerada superior à utilidade
do outro.
o A racionalidade é limitada porque a informação tem
custos, logo, as nossas decisões são tomadas num
contexto de Ignorância Racional – sabemos que não
sabemos tudo, mas, o acréscimo de informação, como
tem custos, deixa de fazer sentido.
o Tem associado Custos de Transação – tudo o que pode
causar atrito a uma transação; todos os custos
económicos ou economicamente mensuráveis
envolvidos numa troca (ex: custo da procura da
informação relevante e etc.) – mas se há troca é porque
os benefícios suplantam os custos.
o Custos subjacentes medem-se pelo que não se ganha
(custos de oportunidade) e pelo que se perde (custos
de transação).
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➢ A racionalidade económica é procedimental – afeta meios para
obtenção de fins – plano da otimização dos meios (olhar
para os fins e racionalizar a adequação de meios para tal)
ao invés da maximização dos fins (olhar para os meios e
encontrar-lhe fins adequados).
Nisto, é livre de valores morais (ex: mercado das bolachas =
mercado das drogas), pois determinados agentes económicos
consideram diferentes produtos como bens – há relevo
económico em tudo o que envolve custos e benefícios.
➢ Utilizamos atalhos racionais – experiências do passado
(manutenção da tendência) economizam a recolha de
informação; mimetismo social – a decisão em grupo ou a
imitação de um certo comportamento leva a economizar custos
– a partilha de informação diminui a margem de erro associada
à ignorância racional, contamos com a conduta dos outros que
têm mais informação do que nós.
➢ A racionalidade não é a ponderação de todos os custos e
benefícios associados à totalidade de opções que o
horizonte cognitivo possa abarcar – mas apenas uma
resposta diferenciada, e explicável, a estímulos variáveis.
(O Homem reage a estímulos para prosseguir certos objetivos
económicos e tudo pode ser um estímulo do ponto de vista
económico)
Ex: quem não quer comer chocolate evita ter um chocolate à
mão enquanto estuda, mas não tem de calcular a distância
ótima a que o chocolate tem de estar para se dissipar a
tentação.
o Modelo de racionalidade ecológico – muita da
nossa racionalidade tem uma base instintiva.
o OPOSTO: Modelo de racionalidade
“construtivista”
➢ Agente económico parte sempre para a Otimização (George
Stigler) – escolha da conduta que de entre todas as possíveis
apresente maiores benefícios e menos custos (e de acordo
com o princípio hedonista da “lei do menor esforço”,
maximiza-se a atividade económica) – mas pode falhar por
fatores exógenos a ele próprio: limites intrinsecamente
humanos à racionalidade (ex: tempo)
Substitui a otimização pela satisfação.
Definição: forma como o Homem lida com a escassez/raridade
Fernando Araújo: A escassez não é um postulado da ciência económica há
ocasiões em que se atinge o equilíbrio e até a superabundância – ponto de
saciedade.
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Corolários da Escassez:
• É virtualmente impossível atingirmos a saciedade de todas as nossas necessidades. Há
sempre um bem escasso: seja material, seja imaterial (por ex: Tempo – há sempre um
constrangimento temporal)
• Sem escassez as escolhas da Economia seriam irrelevantes – haveria alternativas
ilimitadas (podia voltar-se atrás no tempo e etc.). Só é relevante falar-se de justiça
devido à escassez.
• Face à escassez, tem que se gerir os meios perante os fins (gerem-se os bens conforme
o fim que se lhes deseja dar)
• Escassez relativa: varia de individuo para individuo (o que é necessário para um não é
para outro) – afeta sempre um agente económico.
• Necessidades Recorrentes: necessidades básicas de sobrevivência são
sistematicamente satisfeitas (mas não significa que não exista escassez)
• Crises de sobreprodução: não significa que a escassez acabe, pois não é possível uma
utilização indiscriminada e universal dos recursos excedentes com eficiência.
Pontualmente houve um desequilíbrio de mercado que se consegue autorregular onde
há mais oferta que procura.
• A procura potencial de meios que satisfazem as necessidades, excede sempre a
oferta potencial desses meios visto que a quantidade de necessidades que
suscitam o nosso esforço se renova e aumenta incessantemente.
• As limitações temporal e orçamental são as manifestações mais restritivas e mais
sensíveis no plano individual da escassez.
A economia estuda:
1. O que produzir e quanto? – O que satisfaz as necessidades dos agentes económicos.
2. Como produzir? – Sempre de forma eficiente.
3. Para quem produzir? – Para quem tenha disposição de pagar/poder de compra.
4. Através de que processo social?
a. Economias de Mercado: respostas de produção dadas pelo livre funcionamento
do mercado e das leis da oferta e da procura.
i. Mercados Concorrenciais:
➢ Liberdade – entrada e saída
➢ Atomicidade – nº elevado de agentes participantes
➢ Fluidez – transparência informativa (o preço é a síntese perfeita
da informação relativa.
b. Economias Dirigistas: decisão pública substitui os agentes económicos e as
respostas são dadas pelo Estado.
c. Economias Mistas: base de economia de mercado, com alguma intervenção do
Estado (de forma corretiva, orientadora e de forma a garantir a justiça)
i. Decisão económica pública deve ser racional (maximizadora de
benefícios) e compatibilizar a eficiência com a justiça (redistributiva)
➢ Ao intervir na justiça, afeta a eficiência pois retira parte de
recursos privados e coloca-os no público (ex: impostos)
➢ Dilema: ao colocar sobre as empresas uma carga fiscal pesada
(para se obter mais recursos para o setor público), isso torna-as
menos eficientes, logo elas acabarão por gerar menos e, por sua
vez, o setor público recebe menos recursos.
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Sebenta Economia – 2015/2016 DNB
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o Quando a riqueza diminui, o nível de imposto é muito
mais pesado.
Ex: 10% de um bolo grande é, comparativamente com
o total, uma fatia pequena. Mas 10% de um bolo
pequeno é uma grande parcela. Alguém recebe 1000
euros, 10% de imposto dá-lhes 900 euros – o que ainda
é bastante. Quem recebe 100 euros, ao retirar 10%
acaba por viver só com 90% - o imposto retirou ao
magro poder de compra, uma parcela significativa.
Tem de haver uma adaptação de políticas públicas à
realidade social. (ver utilidade marginal)
ii. Racionalidade económica das escolhas das regras jurídicas aplicadas –
compatibilizar justiça e eficiência; instalar segurança sem tolher a
liberdade.
5. Como confiar? – Resposta no Direito, ordem jurídica e princípio de organização entre as
partes contratantes.
Metodologia Até anos 40: Keynes, Fisher – análise económica incorpora elementos psicológicos
Pós anos 40: Samuelson, Hicks – pega nos ensinamentos clássicos e depura-os no sentido de maior
abstração: Dedutivismo Neoclássico
• Paradigma da Racionalidade Perfeita (já não é o atual: Racionalidade Limitada)
Análise económica nas vertentes:
• Descritiva – ser – o que existe e se descreve
• Prescritiva – dever ser – ou normativo
• Indutivismo histórico – análise histórica.
• Indutivismo estatístico – análise da realidade com recolha extensiva de elementos e tratamentos
com recurso à estatística.
Leis das ciências sociais são tendências, não são leis necessárias.
• Correlação – relação entre variáveis
Modelos Económicos
• Arquétipos ideais – ideias abstratas que simplificam. Ex: FPP, ceteris paribus (pressuposto que
tudo o resto se mantém constante)
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Produtividade Quantidade de bens e serviços por trabalhador e por unidade de tempo. Quanto é que 1
trabalhador produz numa hora de trabalho.
Fernando Araújo: Quantidade de bens e serviços que cada trabalhador é capaz de
produzir, em média, numa unidade de tempo – “output” por hora.
Fatores:
• Capital Económico – tecnologia e instrumentos
• Capital Humano – nível de formação dos trabalhadores
• Contexto institucional
• Organização empresarial
• Inovação – traz acréscimos à produtividade e rentabiliza cada hora de trabalho.
Fronteira de Possibilidade de Produção Representa as várias combinações de produção de dois bens, alcançáveis pela aplicação
máxima e ótima dos correspondentes fatores de produção – quantidade máxima de dois
bens que é possível produzir a partir de certos fatores de produção e do nível tecnológico
existente.
• Fronteira passa por todos os pontos intermédios em que se produzem ambos e
em que é possível ponderar a decisão marginal de produzir mais de um à custa da
diminuição marginal da produção do outro - expressão/representação do contínuo
de combinações que estão ao alcance do produtor através de uma mera afetação
de recursos disponíveis – qualquer ponto na fronteira é eficiente, pois não há
desperdício de recursos.
o Abaixo da FPF há uma ineficiência produtiva – há recursos que não estão a ser
utilizados
o Fora da FPF é, e princípio, impossível – não há recursos/fatores disponíveis para
se atingir tal ponto
• Existe um Vale de Equilíbrio/ Vale de Eficiência rodeado de encostas de custos
marginais de oportunidades crescentes – onde existe um decréscimo marginal do
rendimento, através da perda de custos de oportunidade.
o Existe essa zona devido à Especialização.
o E devido à Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes / Produtividade
Marginal Decrescente – David Ricardo – A acréscimos sucessivos de fatores
variáveis associa-se um decréscimo de produtividade marginal.
A produtividade total aumenta, mas a marginal diminui.
Produção de curto prazo em que existe um fator fixo. Ex: mesma terra a que se
vai sempre acrescendo 1 trabalhador e 1 máquina. Ex: o estudo é mais eficiente quando se encontra na fronteira de possibilidades, se se
afastar é porque o limite do estudo não pode ser ultrapassado senão há perdas globais –
estuda-se muito uma e pouco outra.
• É suscetível a Expansões – através do investimento e das alterações tecnológicas
que podem aumentar os fatores de produção; e a Contrações – devido à retração de
recursos – pode reduzir ou aumentar devido a fatores exógenos.
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Taxa Marginal de Transformação Velocidade com que se passa de um sítio da fronteira para outro.
• Número de unidades adicionais do bem A sobre o número de unidades do bem B que
se perdeu.
• Representação efetiva do custo de oportunidade na ótica da produção.
o Mesmo processo de produção, mas com uma conjugação diferente de fatores.
Vantagens Absolutas e Comparativas (David Ricardo) Ex:
Fator Trabalho - L Portugal (PT) Grã-Bretanha (GBR)
1 unidade VINHO 10h (de trabalho) 60h (de trabalho)
1 unidade LÃ 20h (de trabalho) 40h (de trabalho)
PT tem vantagens face à GBR quanto à produção de ambos os produtos, mas é preferível a
especialização no Vinho (pois a relação é de 1:6 enquanto a Lã é de 1:2)
Existe uma vantagem comparativa na produção do vinho.
Especialização • Os agentes económicos abdicam (ou reduzem até uma importância económica
insignificante) de um certo produto em detrimento da especialização noutro – maior
número de bens produzidos.
o Uma especialização na produção de um só bem A, descura outros bem B
também necessários, uma vez que os recursos têm que ser canalisados na
produção especializada do tal bem A.
o Potencia a manifestação das capacidades produtivas: reduz o número e a
diversidade das tarefas (potencia a inovação), facilitando a aprendizagem;
tende a uma estabilização em tarefas repetitivas – liberta-se dos aspetos
rotineiros e concentra-se nos pontos críticos nos quais é possível um
progresso técnico.
o Especialização tem limites: desumanização (ambiente produtivo
desincentivador), dimensão do mercado.
▪ Quanto maior o mercado maior a possibilidade de especialização, pois
há um mercado que compra. Ex: cabeleireiro numa aldeia corta cabelos
a homens e a mulheres; numa grande cidade, há muita gente a
alimentar esse mercado logo a pessoa pode especializar-se em cortar
cabelo de homem ou de mulher – há mercado para isso
o Consequências/Custos inerentes:
Custo de Oportunidade – custo implícito - custos de oportunidade de produzir o
bem B, ou seja, o que se perde ao não produzir o bem B. Ex: o que Portugal
deixou de ganhar pelos lanifícios que não vendeu.
➢ O Preço Relativo é uma possível medida do custo de oportunidade
– dir-nos-á quanto é que se vai pagar a mais ou a menos por se ter
obtido o bem com determinado preço absoluto.
Custo da que escolhi = preço que paguei.
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Custo da que não escolhi = preço relativo -> as que poderia
comprar das que escolhi se comprasse uma que não escolhi
➢ Quanto mais elevado for o custo de oportunidade subjacente a uma
opção, o mais racional será escolher essa opção (não faria sentido
abdicar)
O referencial é o preço relativo.
Custo de Interdependência – custo explícito - aquilo que se gasta para se adquirir
o bem B, que também é necessário e não produzido. Ex: custo necessário para
satisfazer as necessidades de Portugal adquirir lanifícios. Pagamos a outrem
pelo seu investimento na especialização. Ex: pagamos ao médico pelo nosso
bem-estar (nossa ótica); pagamos ao médico para rentabilizar o seu
investimento (ótica económica do médico)
Se me pagassem o custo que eu tenho com os produtos, eu não queria
produzi-los – daí que tenha de suportar o custo para os obter, uma vez
que tenho necessidade de tal bem – custos que derivam da não
autossuficiência.
Pode haver custos irrecuperáveis se se investe em algo de que o
mercado não tem necessidade.
Vantagem Absoluta (Adam Smith): Máximo de produtividade dentro de um universo
de agentes económicos -> produção de determinado bem ao menor custo possível,
dentro desse universo de produção. Assumia todas as tarefas nos quais tem esse tipo de
vantagem.
Mas é mais benéfico dividir trabalho libertando-se das tarefas em que é menos apto,
concentrando-se naquela em que a produtividade é relativamente maior –
especialização na Vantagem Relativa (David Ricardo) -> expande a fronteira de
possibilidades de produção.
Aquele que tem vantagens absolutas, se não optar pelas trocas apenas poderá
dedicar tempo parcial às atividades. Tem implícito um custo de oportunidade.
Fontes de vantagens comparativas:
o Dotação natural ou herdada
o Dotações adquiridas
o Capital humano
o Especialização
Pode ser racional encerrar uma empresa lucrativa, caso o custo de oportunidade seja muito
elevado.
Sempre que o lucro económico é menor que 0, deve abandonar-se a atividade pois está a
incorrer-se num custo de oportunidade muito elevado.
Todas as atividade são suicidas, pois financiam as pessoas para poderem abandonar
essas mesmas atividades e ir ganhar mais para outra.
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Utilidade Marginal Marginal – algo adicional, a mais
Obras de Jevons, Mengor e Walras fizeram a Revolução Marginalista.
• 1ª Lei de Gossen: A intensidade das necessidades decresce à medida que vão sendo
aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até se atingir o ponto de saciedade.
Ex: tenho n copos de água à frente e tenho sede. O primeiro copo de água sabe muito
bem, até que com os sucessivos copos de água que bebo, vai deixar de saber bem (atingi
a saciedade e a partir daí vai ser penoso beber água).
As decisões económicas não são de “tudo ou nada” – há uma gestão para satisfazer
parcialmente as nossas necessidades, fazer mais ou menos de algo. Fica-se sempre
aquém do ponto de saciedade.
Utilidade Marginal – utilidade da última dose necessária para atingir a saciedade.
Grau de bem-estar individual à dose de consumo n, sendo essa dose n, a última no ato
do consumo, independente das utilidades dos atos de consumo anteriores – o valor da
utilidade é independente; embora seja influenciado pelos outros e não seja
independente na perspetiva do consumo total.
o É decrescente, o número de doses aumenta e a utilidade marginal decresce.
o Nunca pode ser negativa.
Utilidade Total – é o somatório das utilidades marginais. Crescente em menor
progressão (de uma grande utilidade marginal, vai-se reduzindo).
• Na teoria da tributação aplica-se o raciocínio marginalista
o Cada unidade de rendimento prescindido tem maior utilidade para quem tem
poucos rendimentos – a utilidade marginal do rendimento é maior (será mais
útil para satisfazer necessidades do que a utilidade marginal do rico).
• É mais racional satisfazer um pouco de todas as necessidades do que uma até ao fim.
o Utilidade associada aos benefícios, mas se tem benefícios terá custos
▪ Custo – preço que o consumidor suporta.
o Todas as doses do mesmo bem são vendidas ao mesmo preço.
▪ Utilidade – subjetiva; faz a valoração da dose
▪ Preço – objetivo; expressão monetária do valor do bem
▪ Valor ≠ Preço
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➢ As trocas são um jogo de soma positiva (“win win situation”) – o
consumidor e o vendedor ficam ambos a ganhar mas não
necessariamente na mesma proporção. Ex: o livro só se vende se o livreiro achar que ele tem um valor
inferior ao preço que por ele é oferecido; o comprador só compra
se achar que tem valor superior ao que custa. O livreiro ganha
com a venda pois recebe dinheiro cujo valor é superior aquele
que para ele teria marginalmente o livro. O leitor ganhar pois a
quantia despendida é marginalmente representada pelo livro.
A que se opõe o jogo de soma zero – a vantagem de um
corresponde perda do outro (situação de trocas involuntárias,
não as que se verificam no mercado)
➢ O valor, para o consumidor é determinado pela utilidade – só
está disposto a adquirir um bem quando o valoriza mais que o
preço a pagar.
▪ Quando o benefício líquido assume o valor 0 (ou seja, a utilidade que
se retira é igual ao preço a pagar), será irracional continuar a consumir,
pois os custos serão superiores à utilidade.
Fernando Araújo: optamos por não consumir menos quando o
custo excede o benefício adicional; optamos por consumir mais
quando o benefício exceder o custo; optamos por não consumir
quando os valores coincidem.
➢ Preço corresponde à utilidade marginal
➢ O benefício líquido é o excedente do consumidor: corresponde
à diferença entre aquilo que estava disposto a pagar e o que
efetivamente pagou.
❖ Valor da Oferta é determinado em função do
custo de produção (o produtor tem um
excedente – uma vantagem – se vender o
produto). Se o custo marginal tender a crescer
e igualar-se ao custo de produção, então deixa
de fazer sentido vender o bem.
❖ Só fazem sentido as trocas de soma positiva
pois há um excedente do produtor (diferença
entre o preço a que estava disposto a vender e
o preço a que vende) e um excedente do
consumidor.
❖ Condição de eficiência do mercado
concorrencial, maximização de trocas –
máximo de vantagens
Eficiência máxima = Preço = Utilidade Marginal
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• Revolução Marginalista levou a que se percebesse até onde é racional satisfazer as
necessidades, tendo em conta que há sempre um incentivo ao consumo que pode
atuar de formas diferentes e contrárias para diferentes indivíduos.
o Equilíbrio – situação que não pode melhorar. Onde se para de consumir.
Maximiza-se a utilidade quando a utilidade marginal é igual ao preço a pagar.
• Paradoxo do Valor (Adam Smith) Porque é que o valor da água é tanto e ela custa tão pouco, e os diamantes custam tanto e não
valem assim muito quanto a água?
o A Revolução Marginalista veio responder a esta questão.
o Ao adquirir um diamante ficamos logo saciados, daí o preço ser mais elevado
pois a utilidade marginal é maior – pois satisfaz logo as necessidades. Quanto à
água, temos que consumir várias doses para ficarmos satisfeitos.
• Produto Marginal – variação na produção que resulta da utilização de uma unidade
diferente (acrescenta-se 1) do fator de produção, mantendo constantes outros fatores
como os equipamentos e as quantidades utilizadas na produção.
• Custo Marginal - O custo marginal traduz o acréscimo de custo necessário para que seja
possível aumentar o volume de produção numa pequena unidade. (quando se aumenta
em 1 a produção de bens). Ex: de 5 unidades passa a produzir 6.
• Função de Produção - relaciona as quantidades de fatores utilizadas na produção (input)
com a quantidade máxima de produto que pode ser obtida (output). Diferença de
output com o input.
Mercados Ponto de encontro entre compradores e
vendedores (não é necessariamente um local fixo)
• Grupos de Agentes Económicos: Empresas
e Famílias.
• Mercado dos Produtos – mercado dos bens
e serviços finais, para satisfazer
necessidades imediatas; “outputs”.
• Mercado dos Fatores (de produção) e
respetiva remuneração; “inputs”
1. Terra (matérias primas) -> Renda
2. Trabalho -> Salário
3. Capital (bens intermédios
necessários à produção) -> Juros
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Sebenta Economia – 2015/2016 DNB
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• Ao fluxo real corresponde um contrafluxo monetário.
• O Estado deve também figurar neste quadro – embora haja modelos económicos sem
estado. Num contexto de economia mista, há um “intervencionismo” do Estado em
maior ou menos proporção.
Porque o Estado intervém na Economia?
Intervenção assenta:
1. Ignorância – forma desastrada que muitas vezes tem efeitos piores e
desequilibradores do mercado. Desconhecimento dos requisitos e
implicações da atitude intervencionista, agrava os problemas ao resolver
para uns à custa de todos. Ex: fixação das rendas da casa – mercado de
arrendamento distorcido e há um estreitamento do mercado.
A lentidão burocrática pode entravar a necessária resposta de uma
entidade pública a uma evolução rápida de condições.
2. Eficiência – retificação de falhas verificadas nos mercados e produtos e fatores.
3. Justiça – retificação corretiva do jogo de mercado – redistribuição. Há pessoas
incapazes de estar no jogo de mercado e estas medidas aumentam a coesão
social.
a. Justiça Social – atitude de solicitude para com os mais
desfavorecidos. “Imperativo de humanidade” fornecer uma rede
de segurança a quem está em situações de exclusão e de carência
absoluta.
Para emendar as “falhas de mercado” – legitima a intervenção:
o Externalidades – fatores exógenos ao mercado (positivos ou negativos)
originado pela conduta de um agente económico que se projeta na esfera
económica de outrem, sem que esse agente tenha de pagar pelo benefício ou
indemnizar pelo prejuízo - Estado vem refrear o nível de atividade daquele
que continua a lucrar quando os danos que causa a terceiros já são em
elevado grau.
Ex: Positivo - o comportamento de uma fábrica que polui e não indemniza os
habitantes da área envolvente.
Negativo - Vacinas, a taxa de doença na sociedade diminui e quem não é
vacinado beneficia.
• Negativas: Sobreprodução – alguém tira benefícios e externaliza
custos; o Estado legisla para a internalização desses custos que antes
externalizava – passa então a suportar esses custos que antes eram
meramente sociais e, assim, aumenta o preço do produto -> a procura
diminui. A partir do momento em que a externalidade é reduzida, há
uma sobreprodução (existe mais desse bem do que o ótimo social –
correspondente à procura)
• Positivas: Subprodução – A ação de uma das partes beneficia as outras.
Existe menos desse bem do que o ótimo social, que corresponde à
procura -> aumentou a procura; produtores desconsideram os
benefícios externos. Ex: a produção de alfazema influencia a produção
do mel – apicultores procuram mais produtores de alfazema.
➢ Bens Públicos: extremo das externalidades positivas
1. Não têm rivalidade de uso – utilização por 1 ou mais agentes
não vai diminuir a utilidade que os outros lhes retiram.
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2. Impossibilidade de exclusão em termos eficientes – Aquilo
que se ia gastar para controlar o acesso seria exorbitante
3. Normalmente estão na esfera do estado pois os agentes do
mercado não os produzem, porque não há incentivo de
mercado económico para o fazer. O Estado assegura a
produção.
o Poder de Mercado – um agente económico, através da sua conduta, consegue
influenciar os aspetos essenciais do mercado: preço e quantidade - alguém
explora abusivamente o mecanismo dos preços para proveito próprio:
casos de monopólio, oligopólio e monopessónio – Estado regula, legisla,
incentiva e impõe padrões de conduta.
o Assimetrias Informativas – uma das partes de uma transação tem mais
informação que a outra e usa-a em seu benefício.
▪ Seleção Adversa: Estreitamento do mercado – situação em que no
mercado ficam os “piores” agentes económicos, excluindo-se os
“melhores”.
Akerlof – exemplo do mercado dos carros usados, apenas o vendedor
sabe avaliar a qualidade do bem. O potencial comprador não tem
acesso à informação total do bem, pelo que fixa um valor médio para
gastar nesse bem. Por esse valor, os vendedores dos bens com
melhores qualidades retiram-se do mercado (não estão dispostos a
vender por esse preço). Posteriormente, sairão do mercado os
medianos até só restarem os maus.
“Ex Ante”: atinge o contrato antes de este se efetivar.
Ex: seguradoras; o segurando tem mais informação e a seguradora fixa
um prémio médio para o seguro. Se o seguro do carro não fosse
obrigatório, os melhores condutores retirar-se-iam do mercado e, no
limite, só os piores condutores é que teriam seguro.
Estado tem a função de legislar para que não haja este estreitamento
do mercado (seja na obrigação de algo ou não).
▪ Risco Moral: Atuação negligente de um agente, por este saber que o seu
comportamento será dificilmente detetado – contraparte não detetará
eficientemente essa conduta.
Não se consegue aferir a diligência na conduta de outrem pelo que há
uma resposta na ordem jurídica – formulações contratuais para superar
a aversão ao risco.
Ex: vendedor da minha empresa n china. Tenho liberdade de
estabelecer um contrato que dê uma remuneração fixa e uma parte
variável consoante as vendas.
“Ex Post”: é com a relação contratual já existente.
Existem “falhas de intervenção” do Estado:
• O decisor público não é dotado de racionalidade perfeita e a decisão retificadora pode
piorar as coisas.
➔ Não há clarividência – o decisor público não sabe, com rigor, o que é o interesse
público.
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➔ Não é isento de preferências – a decisão engloba as preferências do decisor. Ex: as
ideologias políticas são diferentes na interpretação do que é o interesse público.
➔ Há interesses particulares – Ex: antes das eleições aumenta-se salários com
interesses meramente eleitorais.
• Se as falhas de intervenção forem maiores que a falha de mercado, a situação não se
corrige e há um problema maior.
Microeconomia: funcionamento do mercado dos produtos e do mercado dos fatores de
produção e estuda as decisões dos agentes individualizados: pessoas singulares e empresas.
Cada pessoa, separadamente prossegue os seus interesses pessoais, concentrando-se na
maximização das suas próprias vantagens. Todos colaboram no mercado quando estão
convencidos de que as trocas lhes são vantajosas.
Mercado Concorrencial Perfeito: ➢ Atomicidade – número suficientemente grande de indivíduos que nenhum consegue
impor ao mercado as suas preferências. Multiplicidade de agentes económicos do lado
da oferta e da procura. Contribuição coletiva para a fixação mas que individualmente
não os podem alterar (não há possibilidade para se distorcer os preços) -> não há poder
de mercado e todos atuam como “price takers” (o facto de um se retirar do mercado não vai alterar o funcionamento deste - a atuação isolada não afeta o mercado)
o A falta gera: monopólio, oligopólio (lado da oferta); monopsónio, oligopsónio
(lado da procura)
➢ Liberdade – os agentes são livres de entrarem no mercado e saírem quando quiserem.
Se fosse possível controlar as trocas, facilmente alcançariam um poder de mercado.
➢ Fluidez – combina-se com a racionalidade dos consumidores. Pressuposto (inconsciente) que
o preço por si só incorpora a informação relevante para que um agente económico
escolha racionalmente comprar um bem em detrimento de outro. Transparência
informativa refletida no preço. Assumimos que o vendedor garante a qualidade através
do preço (algo intrínseco ao comportamento dos agentes económicos). Os vendedores
nivelam o preço pelo mais baixo
o A falta gera: Concorrência Monopolística – permite ao consumidor satisfazer as
mesmas necessidades mas sendo diferenciado, o que fideliza clientes, logo
pratica os preços que quer.
Nível Concorrencial:
• Concorrência perfeita – ninguém dispõe de poder de mercado e os preços são encarados
apenas como um dado para o qual todos contribuem coletivamente, são todos “price
takers”.
• Se falta algum dos fatores, o mercado é de concorrência imperfeita.
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Os mercados podem ser reguladores ou espontâneos.
Oferta e Procura
Tipos de Bens:
• Bens de produção conjunta – aquele que ao se produzir um, produz-se o outro. Ex:
petróleo e gás natural
• Bens complementares – aqueles cuja utilidade só é possível por utilização conjunta. Ex:
carro e gasolina
• Bens sucedâneos – aqueles em que um é utilizado em vez do outro, satisfazem a mesma
necessidade (mas em grau de utilidade menor). Ex: óleo e azeite
• Bens de Veblen – bens de ostensão – aqueles bens de luxo que são comprados apenas
por serem mais caros. Se fosse baratos não compravam.
o Contrariam a lei da procura
PROCURA – atitude típica/comportamento daquele que se dirige ao mercado para satisfazer as
suas necessidades e cujo valor é dado pela utilidade (avaliação em função da utilidade)
Fatores da Procura:
• Preços – mais elevados, menor a procura. Correlação inversa. Lei da Procura.
o Curva da Procura negativamente inclinada
o Efeito de Substituição: quando o preço varia, existe
uma transferência de consumidores de um produto
para outro, sucedâneo.
o Efeito do Rendimento: variação relativa no rendimento.
O preço, ao variar, a parte que ocupa no rendimento
vai variar.
Ex: ganho 100, se o preço de X aumentar, eu fico mais pobre ao comprá-lo do
que ficaria
• Formação de Novas curvas (≠ variação ao longo da curva):
o Expansão: para cada nível de preço, a procura aumenta.
o Contração: para cada nível de preço, a procura diminui.
• Rendimento disponível
o Aumenta o rendimento, aumenta a procura. Correlação direta – Bens
Superiores, Bens Normais
o Aumenta o rendimento, diminui a procura. Correlação inversa – Bens Inferiores
(de qualidade pior – logo, ao se ter mais rendimento vai-se preferir os bens de
melhor qualidade)
• Existência de bens sucedâneos ou complementares
o Bens sucedâneos: disputam a preferência do consumidor.
o Bens complementares: a compra de um está associada à compra de outro.
• Gostos, Efeito da publicidade
• Expectativas – agem no presente conforme o que anteveem no futuro. Agem como a
realidade seja a futura
o As piores previsões concretizam-se no presente, pois age-se em função das
circunstâncias futuras.
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Ex: os preços de A vão aumentar, as pessoas compram logo A para não o
adquirirem mais caro. Aumenta a procura, os preços aumentam.
Os fatores da procura e as variações da curva são traduzidos na elasticidade.
OFERTA – atitude típica/comportamento daquele que se dirige ao
mercado para vender um bem ou prestar um serviço, cujo valor é
determinado pelo custo (avaliado em função do custo)
Fatores da Oferta:
• Preços – mais elevados, maior a oferta. Correlação direta. Lei da Oferta.
o Curva positivamente inclinada
o Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes – custos marginais crescentes. Os
aumentos cada vez mais pequenos vão inclinar a curva cada vez mais
• Formação de Novas curvas (≠ variação ao longo da curva):
o Expansão: para cada nível de preço, a oferta aumenta.
o Contração: para cada nível de preço, a oferta diminui.
• Custos dos fatores – aumento dos custos tende a reduzir os incentivos à produção
e a diminuir a oferta. Correlação inversa.
• Rendibilidade de produções alternativas – pode-se expandir numa reafectação
de recursos. Ex: produtores de trigo, veem que é mais rentável produzir cevada, vão
fazê-lo. Logo a curva da oferta de trigo diminui.
• Influências especiais
• Tecnologia, Dimensão do produtor, Estratégia do produtor
• Expectativas – as previsões são tornadas reais devido a serem feitas.
Ponto de Equilíbrio Onde as curvas da oferta e da procura se cruzam – situação em que não é possível melhorar.
➢ Cruz Marshalliana
➢ Quantidade que os produtores estão dispostos a vender é
igual à quantidade que os consumidores estão dispostos a
comprar.
➢ Máxima satisfação dos consumidores e vendedores –
satisfação de toda a quantidade procurada àquele preço.
o Acima do ponto há Excedentes – quantidade
oferecida é maior que a quantidade procurada. Vendedores dispostos a transacionar mais bens do
que aqueles que os compradores estariam dispostos a pagar
o Abaixo do ponto há Escassez – quantidade procurada é maior que a quantidade
oferecida – não satisfaz a totalidade das necessidades dos consumidores que querem esse bem. Consumidores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os vendedores.
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o Quantidade superior: não seria possível pois subiriam os preços para incentivar
a produção e queda de preços para incentivar o consumo
o Quantidade inferior: não seria possível pois desciam os preços que
desincentivava a produção e subiam os preços que restringiam o consumo.
Convergência no sentido do equilíbrio -> estabilidade dinâmica – haverá formação de novos
pontos de equilíbrio ao longo do tempo consoante expansões e contrações das curvas.
Fator tempo: a procura precisa de menos tempo para se ajustar que a oferta.
➢ Procura engloba decisões mais rápidas e implica menos custos
➢ Oferta engloba decisões de produção mais lentas pois há custos de entrada e pode haver
custos de saída (que são de entrada, pois na altura são ponderados). Tem se em conta
também os sunk costs.
As expetativas podem ter um efeito estabilizador (se a variação for temporária) ou efeito
desestabilizador (se a variação for definitiva) – para além do Efeito de Édipo (tornar expetativas
reais).
Elasticidade Amplitude da reação dos agentes económicos à alteração das condições fundamentais da sua
atividade.
Procura
Elasticidade-Preço da procura
• Sensibilidade dos consumidores face à alteração dos preços dos bens e serviços.
Amplitude das variações de quantidades procuradas que acompanham as variações dos
preços
• Se os preços se alterarem e a quantidade se mantiver – é rígido (insensível à alteração)
o Os agentes maximizadores de lucro aproveitam-se disso e aumentam os preços
• Se a quantidade se alterar – é elástico (muito instável e sensível)
o Pode demonstrar ausência de fidelização
• É sempre um valor positivo, se der negativo usa-se o módulo.
Regra geral: procura muito elástica -> não se deve aumentar os preços. Mas pode haver fatores exógenos que alteram, como a natureza do bem em questão.
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Exemplo de medicamentos necessários. Há uma grande sensibilidade dos consumidores, mas devidos a
fatores exógenos, os preços podem aumentar – caso contraintuitivo/ atípico
Procura Elástica > 1 : variação da quantidade procurada mais do que proporcional à variação do
preço.
Procura Unitária = 1 : variação da quantidade procurada proporcional à variação do preço
Procura Rígida < 1 : variação da quantidade procurada menos do que proporcional à variação
do preço. Rigidez absoluta é para cada nível de preço, sempre a mesma quantidade procurada.
Quanto mais vertical o gráfico, mais rígida a procura
Fatores condicionantes:
➢ Grau de necessidade – bens normais têm procura mais rígida
➢ Efeito de substituição – aumenta elasticidade da procura se há alternativas (bens
sucedâneos)
➢ Efeito de rendimento – aumenta elasticidade
➢ Tempo – aumenta elasticidade
Lei de King
A procura de bens alimentares é rígida, por isso, se há muita quantidade (devido a um bom ano
agrícola) o preço diminui – o que é mau para os agricultores.
Elasticidade-Rendimento
• Sensibilidade dos padrões de consumo face às alterações do rendimento disponível do
consumidor
• Depende dos tipos de bens
• Bens normais = bens de primeira
necessidade, não é o rendimento por si só
que faz deixar de consumir este tipo de bens
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Bens de Giffen
Contrariam a lei da procura (preço aumenta e quantidade também)
➢ Bens fundamentais na alimentação das famílias com menores rendimentos. O
rendimento diminui, abdicam de outros bens para comprar mais deste bem pois é mais
essecial
Elasticidade-Cruzada
• Permite verificar em que medida um bem é
sucedâneo ou complementar de outro
• Se o valor for 0 -> independentes
• Se o valor for positivo -> bens sucedâneos
• Se o valor for negativo -> bens complementares
Num cenário de Inelasticidade há uma maior dependência – explica porque as coisas novas são
mais cara, pois há uma inelastcidade da procura. Por muito que se varia o preço do iPhone,
haverá sempre muito procura, logo faz sentido que o preço continue elevado.
Quanto mais integrada e fluida uma economia for, maior homogeneidade há e sucedaneidade
do bem.
Oferta
Elasticidade-Preço da Oferta
Semelhante ao preço da procura.
• Se mais produtores entrarem no mercado porque o preço aumentou, é mais elástica
Fatores:
➢ Efeito Substituição – preços descem e se for possível a substituição, os produtores
retiram-se do mercado e a oferta diminui)
➢ Características dos bens (ex: bens perecíveis) – aumenta a elasticidade da oferta
➢ Efeito Rendimento – diminui a elasticidade da oferta: necessidade de produtor obter
certo nível de rendimento vai cuidadosamente decidir colocar o bem no mercado.
➢ Tempo – aumenta a elasticidade da oferta.
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Elasticidade na Oferta e na Porcura:
• Oferta relativamente elástica: procura tenderá a influenciar as quantidades
transacionadas. No limite, oferta muito elástica não terá influência nos preços.
• Oferta relativamente inelástica: procura terá mais impacto nos preços. No limite, oferta
muito inelástica impossibilitará aumento de produção.
• Procura muito elástica: oferta influenciará quantidades transacionadas
• Procura muito inelástica: oferta influenciará os preços.
Intervenção do Estado No funcionamento dos mercados – mecanismos de fixação e controlo dos preços.
O propósito interventor é o da retificação dos mecanismos injustos e/ou ineficientes.
O Estado age de forma virtuosa e pretende alcançar os melhores resultados possíveis, mas isso
cria desequilíbrios de mercado
Adam Smith: "Mão Invisível" - os mercados não precisam de intervenção estatal pois têm uma
dinâmica própria que conduz ao equilíbrio do mercado. A luta contra esta “mão invisível” muitas
vezes faz surgir mercados negros.
Controlo de Preços Nos mercados, o Estado pode estabelecer:
• Preços Máximos abaixo do ponto de equilíbrio – ex: Estado fixou rendas de casa
máximas e, por aquele preço, os senhorios não queriam entrar no mercado, logo
diminuiu a oferta de casas. Nas existentes, deixaram de se fazer obras e etc.A preços
abaixo do ponto de equilíbrio, a quantidade oferecida é muito inferior à procurada
(excesso de procura) – Escassez.
• Preços Mínimos acima do ponto de equilíbrio – ex: Salário mínimo. Poderiam haver
pessoas dispostas a trabalhar por menos, o que economicamente era uma aproximação
ao ponto de equilíbrio. Por um valor mais baixo haveria mais empregos mas menos
pessoas a querer.
A preços acima do ponto de equilíbrio a quantidade oferecida é superior à procurada
(excesso de oferta) – Excedente.
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Impostos • Diretos: sobre o rendimento
• Indiretos: sobre despesa ou património
o Quando o imposto aumenta e incide sobre uma cadeia de despesa, aquele que
está perante a autoridade tributária é o contribuinte de direito mas não o
contribuinte de facto
Repercussão de Imposto – capacidade económica do contribuinte de direito
transferir esse imposto para contribuinte de facto. Só é racional se houver uma
procura rígida. Ex: aumenta IVA na restauração, aumentam os preços para
cobrir os impostos a mais
Os consumidores suportam o aumento do preço.
Se a procura for elástica, é o vendedor que suporta pois se aumenta preços
haverá menos procura – daí suportar o peso do imposto.
o Suporta o peso do imposto o lado que tem maior rigidez.
Teoria do Consumidor Consumidor – associado à ideia de utilidade (aptidão para satisfazer necessidades, atribuída a
um bem ou serviço). A Procura é a decisão do consumidor tendo em conta a utilidade.
Utilidade dificilmente pode ser objeto de avaliação cardinal (valor numérico). Pode é ser
objeto de ordenação (valores ordinais) – uma alternativa está em 1º, outra em 2º e etc.
Expressa-se por preferências reveladas numa medida monetária.
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Disposição de Pagar Remete para a 1ª Lei de Gossen1
• A curva da procura é a transposição da disposição de pagar – quantidades dispostas a
comprar para cada nível de preço.
No mercado, todas as doses têm o mesmo preço. Ex: na 1ª estava disposto a pagar 100 mas o
preço é 50, há uma vantagem – zona de vantagem do consumidor.
Zona dá-nos o Excedente do Consumidor – diferenças
entre aquilo que estava disposto a pagar e o que
efetivamente paga2.
Consegue adquirir os bens e fica com excedente
orçamental que aproveita para mais doses desse bem ou
outro -> bem-estar
O diferencial de vantagem vai diminuindo.
Pode-se fazer o mesmo raciocínio em relação à oferta tendo em conta que os custos de
produção se mantêm.
Curva da oferta – reflete o custo marginal (a dose produzida a mais é produzida com um custo
superior ao anterior)
➔ Excedente do Produtor: Diferença entre aquilo que
estava disposto a vender e o que efetivamente vende:
excedente do produtor3.
Excedente consumidor + excedente produtor = Excedente Total (bem-estar)4
Situação de eficiência em que fica de fora quem não consegue produzir.
Dead weight loss Perda absoluta de bem-estar.
Situações de concorrência imperfeita – monopólio: existe menos quantidade. O monopolista
põe menos quantidade no mercado de forma a vender a um preço mais alto, o que leva alguns
consumidores a saírem do mercado5 (quando a disposição de pagar é menor) -> certas trocas
deixam de existir
1 1ª Lei de Gossen: A intensidade das necessidades decresce à medida que vão sendo aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até se atingir o ponto de saciedade. 2 Diferença entre a disposição de pagar e o valor atribuído pelo consumidor ao bem. 3 Diferença entre o preço mínimo a que a venda ocorreria e ao preço a que ela efetivamente ocorre. 4 Diferença entre o valor para os compradores e o custo para os vendedores. 5 Consumidor marginal – entra no mercado quando o preço desce e sai quando o preço sobe
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Conjunto de trocas que deixa de ser feito, zona de excedente que deixa de ser obtida.
Mercado em concorrência é melhor.
No entanto, é bom para o monopolista se o que ganhar com o aumento do preço for elevado.
Ele restringe as trocas, mas se o que ganhar for superior, será positivo
2ª Lei de Gossen: Princípio da Equimarginalidade A maximização da utilidade total é feita quando é igualada a utilidade marginal da última dose
de rendimento empregue no consumo de cada um dos bens.
• Maximização da satisfação individual requer que a utilidade marginal de todos os bens
empregues na satisfação de necessidades esteja perfeitamente nivelada.
Não saciamos a necessidade até ao fim, para termos recursos para saciar outras necessidades –
implica escolhas e transferência de rendimento para maximizar a utilidade.
Bem A Bem B
Dose Utilidade Dose Utilidade
1 7
1 6
1 4
1 1
É possível transferir esta última dose com utilidade marginal reduzida para outro bem
Bem A Bem B
Dose Utilidade Dose Utilidade
1 7 1 8
1 6
1 4
É racional pois deixei de obter utilidade de 1, para obter utilidade de 8.
Bem A Bem B
Dose Utilidade Dose Utilidade
1 7 1 8
1 6 1 6
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Chegou-se ao ponto ótimo porque a seguir, se prescindir de 6, vou ter uma utilidade inferior a
6. Atingiu-se o ponto de equilíbrio – melhor situação: em que a utilidade marginal é a mesma
para os dois bens (equimarginalidade).
Maximizou-se a utilidade total pois a ultima dose de rendimento tem utilidade marginal igual
para todos os bens.
Lógica equimarginalista na aplicação da teoria do consumidor: 1. Escolha do tempo de trabalho – entre mais uma hora de trabalho, menos uma de lazer.
Terá benefícios? O efeito de substituição dessa hora de lazer por trabalho é maior
quando o rendimento é mais baixo – substituem horas de lazer por trabalho porque o
ganho a mais faz a diferença.
2. Nível de poupança – entre poupar ou consumir. Há vários motivos para se poupar –
consumo diferido: abdica-se da possibilidade de consumo no presente para a
possibilidade futura do consumo.
3. Taxa de Desconto – um bem presente vale mais que um bem futuro pois entre o
presente e o futuro há um conjunto de circunstâncias impossíveis de acautelar.
a. Quando se priva no presente, isso tem um custo económico – conjunto de
utilidades que se deixa de obter, espaço de privação da utilidade – de não
satisfazer já as necessidades. Só faz sentido prescindir quando a taxa de juro for
superior à taxa de desconto.
b. As taxas de juro a longo prazo permitem maior rentabilização. Taxa de juro
existe sempre, mesmo se a inflação for zero e é o preço para compensar a
privação e tornar o negócio vantajoso.
c. Para a transação ser racional, tem que se compensar pela utilidade que se deixa
de obter e haja benefício líquido do negócio. A taxa de juro tem que ser
superior às taxas de desconto -> valor da utilidade prescindida + benefício.
Curvas de Indiferença Situações em que o consumidor se encontra igualmente satisfeito. Ex: por 2 relógios aceita 20
livros. Correspondem a constantes de utilidade. ➢ A taxa marginal de substituição é decrescente pois há uma tendência a diminuir à
medida que o consumidor se desloca ao longo da curva da indiferença, aumentando o
consumo de um produto e diminuindo o consumo de outro. Ex: quem já tem 18 relógios,
prescinde facilmente de adquirir o 19º por apenas 1 livro.
➢ Consumidor prefere curvas de indiferença elevadas – aquelas que unem combinações
mais volumosas de bens, ou seja, que dão mais utilidade. Ex: 75 relógios e 15 livros em
vez de 50 relógios e 10 livros.
➢ Têm inclinação negativa – correlação inversa entre quantidades de bens.
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Perdas absolutas de utilidade
Impostos Efeito de transferência – há um diferencial de trocas que vai para o Estado. Perda absoluta é
quando por força do imposto o preço do bem aumenta de tal forma que inviabiliza a própria
transação – o preço fica aquém da disposição de comprar e aquém da disposição de vender
Curva de Laffer
A taxa de imposto aumenta e o total
da receita que o Estado recolhe
também. Mas a partir de certo
ponto a receita total vai diminuir –
quando os impostos são muito
pesados há fuga ao fisco e entra-se
numa zona de não transação.
Eficiência de Pareto Qualquer troca (alteração produtor consumidor) tem em vista e como objetivo a Eficiência.
• Ótimo de Pareto como a situação do máximo de eficiência.
• Melhoria de Pareto quando uma situação melhora, do ponto de vista do bem-estar, face
à situação anterior.
Não é possível aumentar o bem-estar de alguém sem diminuir o de outrem – como se estava
numa situação máxima, onde nada pode ser acrescentado, só pode existir trocas.
➢ Eficiência das trocas: mercado concorrencial e excedente do produtor e do consumidor
(maximização do excedente total)
➢ Eficiência produtiva: economias a funcionar na FPP (sem qualquer desperdício) –
eficiência na alocação de recursos.
o Eficiência no “mix produtivo” - benefício de alterar um fator de produção,
sempre que ocorra uma alteração num, é associado a alteração de um outro.
➢ Eficiência de preferência: têm de produzir os bens que vão ao encontro das preferências
do consumidor.
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Pressupõe-se um mercado em concorrência perfeita
Alguém será prejudicado – pois temos máximo de ganhos, para se fazer melhor, tem que se ir
buscar a outro.
Oferta em mercado concorrencial Procura-se obter lucro: L6 = Rt – Ct (lucro = receita total – custo total)
Rt = P * Q (preço * quantidade)
Ct = Ce + Ci
➢ Custos Explícitos – custos contabilísticos: monetariamente possíveis de contar
➢ Custos Implícitos – custos de oportunidade
Lucro Contabilístico: Rt – Ce
Lucro Económico: Rt – Ce – Ci
Os custos podem ser
• Custos Fixos – mantém-se independentemente da quantidade produzida; invariantes
com a quantidade de output
• Custos Variáveis – varia com a quantidade (aumenta à medida que a quantidade
aumenta); têm relação com a quantidade de output – no longo prazo todos os custos
podem ser alterados
Em termos unitários7:
Custo Médio – divide-se o custo total pelo número de unidades produzidas: a média que cada
unidade custa a produzir
Custo Marginal – custo de produção de uma unidade a mais.
Há uma preponderância, mais cedo, dos rendimentos marginais decrescentes.
Existe quantidade até à qual o custo médio é decrescente – há diluição dos custos fixos. Ex: ao
entrar mais um cliente divide os custos da infraestrutura também por ele; e a partir dessa parte
o custo médio é crescente – passa a ser preponderante o custo marginal decrescente
6 Lucro = ∏ 7 Custos fixos médios decrescem – quanto mais se produz mais os custos por unidade se diluem Custos variáveis médios crescem – à medida que se atinge a saturação do processo produtivo Custos médios totais – fase crescente e ascendente
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O ponto de interseção das curvas é o ponto em que o custo médio começa a subir: Escala
Mínima de Eficiência
➔ Menor custo médio – quantidade ideal para o produtor produzir.
No mercado concorrencial tende a que se concorra pelo custo – obtendo o máximo de lucros ao
baixar os custos (pois são price takers, não definem os preços).
Diminuem os custos até à altura em que preço = custo marginal
Quando vende acima da escala mínima de eficiência tem um lucro extraordinário -> mercados
não concorrenciais.
• Curto Prazo – pelo menos 1 fator de produção fixo: sujeito à lei dos rendimentos
marginais decrescentes
• Longo Prazo – horizonte temporal em que é possível alterar todos os fatores de
produção (custos variáveis): altera-se a escala de produção
o Rendimentos Constantes: aumento de produção corresponde à medida do
aumento de escala – o custo de unidade não sofre alterações.
o Rendimentos Crescentes – Economias de Escala: aumento da escala leva à
diminuição dos custos médios totais do produtor.
o Rendimentos Decrescentes – Perdas de Escala: aumento de escala, aumenta
mais que proporcional os custos do produtor.
Num primeiro momento há economias de escala: aumenta a quantidade e diminui os custos ->
escala mínima de eficiência
A longo prazo haverá rendimentos constantes de escala -> o último ponto de eficiência é o
imediatamente anterior a existir perdas de escala.
Na parte final passamos a ter perdas de escala. O aumento da escala começa a produzir mais
quantidade mas também tem mais custos.
Escala • Economias de Gama: produção de 2 ou mais bens que em separado teriam mais custos
• Economias de Grupo: dentro de uma mesma unidade produtiva
• Interna: relacionada com a atividade produtiva.
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• Externa: relacionada com atividades extrínsecas.
Investimento Investimento Real – Aplicação do processo produtivo
Investimento Financeiro – Disponibilização de recursos para investimento real; empréstimos
• Depósitos Bancários: valores elevados. Dão poucos juros – o mais baixo. Suscetibilidade
de recuperar imediatamente a conversão para moeda (processo rápido)
• Investimento direto em aquisição de bens – há risco de desvalorização do bem e pode
não haver retorno. Ex: imóveis
• Fundos comuns de investimento – garantia do retorno mais seguro; ao estarem
acompanhados, podem não sair prejudicados
• Obrigações – representam empréstimos de capital financeiro feitos a uma empresa. São
reembolsados com vantagens -> investimento arriscado e o valor do juro é
relativamente baixo, a longo prazo é mais alto.
“Junkbox”- obrigações próximas de lixo, risco muito elevado -> mas juro elevado
também; há risco para os subscritores.
• Ações – ativos financeiros ou títulos negociáveis de frações em que se divide o capital
social da sociedade – parcela de titularidade da empresa. Nem todos dividem ações e
nem todos são cotados em bolsa.
Vantagens: direitos estatutários (ex: direito a informação, presença na assembleia geral)
e direitos económicos (distribuição de dividendos)
Mercado eficiente Preço reflete perfeitamente os bens de investimento.
No preço está tudo condensado, basta conhecer o preço.
Empresa precisa de financiamento:
• Recurso ao mercado de capitais – emite obrigações (que vencem em juros) ou vende
ações
• Recurso ao crédito bancário – que ficam a exercer algum controlo sobre a gestão
• Recurso ao Autofinanciamento: reinvestimento dos lucros – em vez de se distribuir
dividendos.
Juro Remuneração de capitais.
O que justifica poupar é o juro -> recompensa a privação de um bem presente perante um bem
futuro – embora o bem valha mais no presente.
Taxa de Desconto: corresponde ao valor da privação (valor da utilidade perdida) Há uma propensão para o consumo presente. O valor presente é descontado face à
relação do consumo futuro (dentro do qual há juros) – perde-se a utilidade presente.
Fundamento do juro é a utilidade descontada (Samuelson)
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Taxa de Juro > Taxa de Desconto : para ser racional. É se racional se o valor da taxa de juro
superar em termos de utilidade projetada, a do presente.
A taxa de juro deve incorporar um ganho para compensar a utilidade perdida (e o juro tem de
abater a taxa de inflação).
Taxa de Juro:
• Fundamento é a taxa de desconto
• Ganho associado à troca
• Prémio do risco de inflação
• Margem para as instituições financeiras
• Relações de crédito são mediadas por instituições financeiras e não entre particulares
• Preço de se trocar a preferência pelo presente por uma preferência no futuro – tempo
e a chave a que se associam riscos e incerteza
o Frank Knight – lucro associado à incerteza;
▪ A incerteza não é assumida por ninguém
o O risco corresponderia a circunstância suscetível a probabilidade – quando se
repete com regularidade, há probabilidade de ocorrência
▪ Leva-se a fazerem-se seguros
▪ Transfere-se o risco para a seguradora
Seguros Ligados a assimetrias informativas8
• Seleção Adversa: condiciona-se a celebração de contratos e pode levar ao
desaparecimento do mercado.
• Risco Moral: não toma as diligências necessárias e fica mais sujeito ao risco, pois não é
responsável
Num mercado concorrencial, os produtores são sempre price takers.
Há facilidade de entrada e saída no mercado.
8 Ver Assimetrias Informativas
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Estratégia do Produtor • Maximização do lucro e decisões sobre qual a quantidade ótima a produzir-se para ter
o maior lucro possível.
• Será a que obter maior receita marginal (quando Rm = Preço)
• Irá produzir até ao custo marginal ser igual ao preço
o Mercado de concorrência perfeita: custo marginal = rendimento marginal =
preço
Acima do ponto os custos médios descem, abaixo sobem.
Ponto de lucro máximo – quando tem custo médio mais baixo; só fica no mercado quando
estiver nesse ponto.
➢ Curto Prazo: Se preço ficar abaixo do CMv – encerramento temporário9; Se ficar acima
de CMv e abaixo de CMt – continua em atividade.
➢ Longo Prazo: Se preço ficar acima do CMv e abaixo de CMt – encerramento definitivo.
Não há break even point – ponto de escala mínima de eficiência. Um produtor mantém-se no
mercado se alcançar ponto de break even.
Empresas com diferentes estruturas de custos.
• Empresa B não é eficiente pois não alcança o ponto de break even, logo terá de sair do
mercado.
• Empresa A tem Lucro Normal: corresponde à compensação necessária para que o
agente permaneça no mercado. Não há incentivo para entrar mais um ou sair ->
concorrência perfeita
• Empresa C tem Lucro Extraordinário: qualquer nível de lucro acima do ponto de break
even -> concorrência imperfeita
9 Suspende a atividade quando o preço (rendimento marginal) a que vende o bem fica abaixo do custo médio variável.
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o Cria efeito de miragem: outros concorrentes por perceberem que há lucro vão
entrar no mercado. Mas a mera entrada de mais um agente diminui o nível de
lucro.
Como todos concorrem entre si, os preços descem e não há lucro extraordinário.
Há Lucro Normal – lucro zero - corresponde à compensação necessária para que o agente permaneça no mercado. Cobre os custos no curto prazo, sem os quais a atividade não existia.
Rendimento médio mínimo que é necessário obter, para o qual não se discute a viabilidade da
atividade.
Mercados Reais Faltam as características da concorrência perfeita.
Há alguma concentração de mercado – conjunto de fatores que são barreiras legais à entrada
de novos agentes no mercado.
• Económicos – elevada escala mínima de eficiência: quanto mais elevada for, maior será
a concentração do mercado (pode chegar ao limite de ser um Monopólio Natural -> mais
um agente no mercado iria começar com elevadíssimos custos iniciais.
A estrutura de custos torna o mercado mais eficiente, ponto de vista produtivo.
• Tecnologia – Scumpeter: crescimento económico assenta na destruição criativa e na
inovação. Produtos querem destacar-se – incentivos para obter diferenciação e
competir em relação aos outros.
Monopólio temporário até que os outros possam replicar.
• Externalidades de Rede – utilidade para um utilizador aumenta com a entrada de outro
na rede: entre membros da mesma rede há custos de mercado menores. Ex: Microsoft
e compatibilidade de documentos
Forma-se um path dependence desse trilho tecnológico, pois há uma aversão a “bens
órfãos” incompatíveis uns com os outros.
Monopólios O monopolista tem que perceber o comportamento da procura.
• Ele não fixa o preço que entende.
Mercado em que a receita marginal é igual ao preço.
Receita Marginal = Preço – Receita
• Preço da ultima unidade menos o que deixou de se receber se vendesse ao preço
anterior. Por ser mais quantidade ele define o preço do mercado.
• Para vender mais quantidade, tem que vender a preço mais baixo. Ao colocar mais uma
unidade, o monopolista ganha o preço menos a diferença do que “perdeu”.
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Há um percurso em que a receita marginal não é igual ao preço. O monopolista para quando o
rendimento marginal e o custo marginal se igualarem.
Ponto de vista da otimização dos lucros: o preço deve ser superior ao rendimento e ao custo
marginal.
Discriminação perfeita ➢ Segmentação de Consumidores: em função das características – reparte a quantidade
oferecida, indo ao encontro da disposição de pagar de vários consumidores. Cria
segmentos que atendem à disposição de pagar de cada um. Ex: vários lugares de preço
diferente nos aviões.
➢ Impossibilidade de Revenda: entre as classes de consumidores – desaparece a zona de
não troca. Há apenas excedente do produtor, maximizando o excedente total.
➢ Estratégia maximizadora de lucro que adequa mais estreitamente a oferta à disposição
de pagar de cada consumidor. É mais eficaz se mais rigidamente separar os segmentos
de clientes.
Defesa do Monopólio 1: O monopolista afasta a concorrência praticando preços próximos do custo de produção, que
subiriam com a entrada de um concorrente no mercado – isto garante um “preço mínimo” pelo
qual os bens são vendidos o que é positivo para o consumidor, o que leva a fidelização de clientes
e estimula a taxa de poupança
2: Há monopólios naturais de bens essenciais, como dos serviços de água, que por terem uma
economia de escala garantem o preço mínimo – a escala mínima de eficiência é muito elevada.
Políticas antimonopolistas 1: Leis antitrust – proibição de formas concertadas (“cartelizadas”) de restrição da concorrência,
nos esforços diretos de monopolização e no controlo e repressão das fusões e participações
cruzadas de forma a reduzir a concorrência.
2: Regulação – veda-se o exercício desmedido desse poder de mercado com controlo Estatal.
3: Nacionalização de Monopólios (pode gerar falhas de intervenção)
Mercados contestáveis Inexistência de barreiras de entrada no mercado. O monopolista sente-se ameaçado e por isso
pratica preços de mercado concorrencial -> “efeito de miragem”
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