minicurso - lapeq · elaboração e apresentação de um cartaz ... o álcool presente nas bebidas...
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
1 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Minicurso
lcool: o que voc realmente sabe sobre
as drogas?
Aluno:
So Paulo
2013
EELLAABBOORRAAOO::
Anielen Halda Ribeiro Camila Figueiredo Vieira Mariana Negrini Yamashiro Rodolfo Csar Gomes de Paiva
OORRIIEENNTTAAOO::
Prof. Dr. Marcelo Giordan
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
2 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Sumrio
MINICURSO LCOOL: O QUE VOC SABE SOBRE DROGAS? ............................. 3
Conceitos fundamentais sobre drogas .......................................................................... 3
Definies e classificao ......................................................................................... 3
O lcool como droga ..................................................................................................... 6
Definio ................................................................................................................... 6
Histrico .................................................................................................................... 7
Tipos de bebidas alcolicas .......................................................................................... 8
A Cachaa .................................................................................................................... 9
Aspectos Histricos e Econmicos ............................................................................ 9
Fundamentos de Operaes Unitrias .................................................................... 10
Moagem .................................................................................................................. 11
Filtrao A limpeza do caldo ................................................................................ 12
Fermentao alcolica ............................................................................................ 17
Destilao ............................................................................................................... 19
Aprendendo a utilizar um densmetro - atividade experimental ................................... 25
Clculo do teor alcolico ......................................................................................... 25
Armazenamento ...................................................................................................... 26
A molcula de lcool e o seu consumo ....................................................................... 27
Ligaes qumicas................................................................................................... 27
Analisando a molcula de etanol ............................................................................. 28
Como podemos prever a geometria molecular? ...................................................... 28
Atividade Multimdia Visualizando Estruturas Tridimensionais ................................. 31
Efeitos do lcool no Organismo .................................................................................. 33
Texto: Como o lcool age no corpo? ....................................................................... 33
Perigos do consumo de etanol ................................................................................ 35
lcool e Trnsito ......................................................................................................... 36
O bafmetro ............................................................................................................ 37
Construindo um Bafmetro ................................................................................... 37
A polmica do enxaguante bucal ............................................................................. 39
O bafmetro quimicamente ..................................................................................... 40
Elaborao e apresentao de um cartaz ................................................................... 42
Referncias Bibliogrficas .......................................................................................... 42
Referencial Terico ................................................................................................. 42
Material Utilizado ..................................................................................................... 43
Questes sobre os vdeos Fazendo Cachaa partes 1 e 2 ................................. 49
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
3 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
MINICURSO LCOOL: O QUE VOC SABE SOBRE DROGAS?
Conceitos fundamentais sobre drogas
Definies e classificao
O termo droga tem origem na palavra drogg, proveniente do holands antigo e
cujo significado folha seca. Esta denominao devido ao fato de, antigamente,
quase todos os medicamentos utilizarem vegetais em sua composio. Atualmente,
porm, o termo droga, segundo a definio da Organizao Mundial de Sade OMS,
abrange qualquer substncia no produzida pelo organismo que tem a propriedade de
atuar sobre um ou mais de seus sistemas produzindo alteraes em seu
funcionamento.
As drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando
modificaes no estado mental so chamadas drogas psicotrpicas. As drogas
psicotrpicas dividem-se em trs grupos: depressoras, estimulantes e perturbadoras.
As drogas depressoras do sistema nervoso central lcool, barbitricos,
benzodiazepnicos, inalantes e opiceos - fazem com que o crebro funcione
lentamente, reduzindo a atividade motora, a ansiedade, a ateno, a concentrao, a
capacidade de memorizao e a capacidade intelectual.
As estimulantes do sistema nervoso central - anfetaminas, cocana e tabaco,
por outro lado, aceleram a atividade de determinados sistemas neuronais, trazendo
como consequncias um estado de alerta exagerado, insnia e acelerao dos
processos psquicos.
Por fim, as drogas perturbadoras do sistema nervoso central maconha,
alucingenos, LSD, xtase e anticolinrgicos produzem uma srie de distores
qualitativas no funcionamento do crebro, como delrios, alucinaes e alterao no
senso-percepo. Por essa razo, so tambm chamadas de alucingenos.
importante ressaltar que nem todas as substncias psicoativas tm a
capacidade de provocar dependncia. Muitas so usadas com a finalidade de produzir
efeitos benficos, como o tratamento de doenas, sendo consideradas, assim,
medicamentos.
(Extrado de: www.obid.senad.gov.br/ - Informaes sobre drogas: histrico e definies)
Ainda sobre a definio das drogas podemos citar tambm a Lei N 11.343, de
23 de Agosto de 2006, que diz: Pargrafo nico. Para fins desta Lei, consideram-se
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4 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
como drogas as substncias ou os produtos capazes de causar dependncia, assim
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder
Executivo da Unio.
Dados estatsticos sobre drogas e o lcool:
Tabela 1: Comparao das frequncias de uso na vida de drogas no Brasil, em 2001 e 2005 (em %). Jovens de 12 a 17 anos
Tabela 2: Uso na vida de lcool distribudo segundo sexo e a faixa etria. Distribuio dos 7939 entrevistados de 108 cidades com mais de 200 mil habitantes no ano de 2005.
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5 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Tabela 3: Distribuio das frequncias do nmero de doses dirias de bebidas alcolicas consumidas segundo o gnero (em %).
(Extrados de: http://www.cebrid.epm.br/index.php)
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6 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
(Extrado de: http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/dependenciaquimica/ mundo-eas-drogas/holanda-adota-classificacao-das-drogas.aspx)
O lcool como droga
Definio
O lcool presente nas bebidas alcolicas o etanol, produzido pela
fermentao ou destilao de vegetais - como a cana-de-acar e tambm de frutas e
gros. No Brasil, h uma grande diversidade de bebidas alcolicas, cada tipo com
quantidade diferente de lcool em sua composio.
uma substncia depressora do Sistema nervoso central, obtida a partir da
fermentao ou destilao de cereais, razes e frutas. O lcool, principalmente por ser
uma substncia lcita, est presente em quase todas as culturas e participa do
cotidiano e de vrios rituais da humanidade.
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7 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Histrico
Registros arqueolgicos revelam que os primeiros indcios sobre o consumo de
lcool pelo ser humano datam de aproximadamente 6000 anos a.C., sendo, portanto,
um costume extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos. A noo
de lcool como uma substncia divina, por exemplo, pode ser encontrada em
inmeros casos na mitologia, sendo talvez um dos fatores responsveis pela
manuteno do hbito de beber, ao longo do tempo.
Inicialmente, as bebidas tinham contedo alcolico relativamente baixo, como,
o vinho e a cerveja, j que dependiam exclusivamente do processo de fermentao.
Com o advento do processo de destilao, introduzido na Europa pelos rabes na
Idade Mdia, surgiram novos tipos de bebidas alcolicas, que passaram a ser
utilizadas em sua forma destilada. Nessa poca, esse tipo de bebida passou a ser
considerado um remdio para todas as doenas, pois dissipavam as preocupaes
mais rapidamente que o vinho e a cerveja, alm de produzirem um alvio eficiente da
dor, surgindo, ento, a palavra usque (do glico usquebaugh, que significa gua da
vida).
A partir da Revoluo Industrial, registrou-se grande aumento na oferta desse
tipo de bebida, contribuindo para um maior consumo e, consequentemente, gerando
aumento no nmero de pessoas que passaram a apresentar algum tipo de problema
decorrente do uso excessivo de lcool.
Nota: Fique esperto!
A violncia comunitria maior entre meninas e meninos adolescentes
que abusam de bebidas alcolicas
A violncia reconhecida mundialmente como uma questo social e de sade
pblica. Esta se classifica como sendo dirigida ao prprio autor, interpessoal ou
coletiva. A violncia interpessoal domiciliar ocorre entre membros da famlia ou
companheiros sentimentais, e a comunitria, entre indivduos no relacionados, que
podem se conhecer ou no. Agresses sexuais por estranhos, violncia nas escolas
ou trabalho, ruas, prises e retiros de idosos constituem a violncia comunitria. No
Brasil h altos ndices de criminalidade entre os jovens e alguns estudos apontam que
100% dos estudantes j foram expostos a algum tipo de violncia, 70% deles vtimas
de um ou mais incidentes e at 98% j testemunharam atos violentos.
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8 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
A maioria dos estudos de violncia comunitria aponta para importante
diferena entre gneros, com meninos mais expostos a violncias do que as meninas.
Um dos motivos para ocorrer mais violncia entre indivduos do sexo masculino
poderia se dever ao fato de que estes usam mais drogas e bebidas alcolicas. Por
outro lado, a maioria dos estudos desta rea relaciona-se ao uso de lcool e drogas a
violncia comunitria. A associao entre vitimizao e uso ou abuso de bebidas
alcolicas por adolescentes no est ainda completamente descrito na populao
brasileira.
Realizou-se uma coleta de dados entre estudantes de 5 a 8 sries do ensino
fundamental e ensino mdio de escolas pblicas de Porto Alegre, onde 1830
estudantes responderam sobre o uso de bebidas alcolicas e vitimizaes a violncia
comunitria demonstrando que:
a) O lcool havia sido utilizado recentemente (nos ltimos 30 dias) por 50% de
adolescentes (14-19 anos) sem diferenas entre meninos e meninas;
b) 18% dos pr-adolescentes (10 13 anos) haviam usado bebidas alcolicas
no ultimo ms;
c) Em torno de 57% dos estudantes sofreram vitimizao severa (ter sido
atacado ou molestado sexualmente, apunhalado com faca, machucado em incidente
de violncia ou levado um tiro de revlver) e 53% de vitimizao de grau moderado
(estar em casa quando algum invadiu, detido ou levado pela polcia, foi ameaado
com dano fsico grave por algum, apanhou ou foi assaltado);
d) 5% dos jovens menores de 13 anos e 17% dos jovens com mais de 14 anos
haviam se embriagado no ltimo ms;
e) O risco de sofrer violncia 2 vezes maior para meninas que fazem uso de
lcool e 3 vezes entre os meninos;
f) Ter se embriagado aumentou a chance de ter sofrido violncia.
Os resultados evidenciam que a vitimizao da violncia est associada ao
maior consumo de lcool por adolescentes de ambos os sexos. Portanto, deve ser
dado o alerta aos profissionais da sade, pais e professores para que desestimulem
os jovens a usarem bebidas alcolicas.
(Extrado de: http://www.abead.com.br/artigos)
Diante de todo esse histrico exposto, podemos concluir que importante
estudarmos sobre o lcool no contexto das drogas.
Tipos de bebidas alcolicas
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9 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
So basicamente dois tipos de bebidas alcolicas: as bebidas fermentadas e
as destiladas. Os vinhos, cervejas, incluindo o chopp, so exemplos de bebidas
fermentadas. As destiladas possuem teores alcolicos, em geral, muito mais altos que
as bebidas fermentadas, pois passam por operaes produtivas que concentram o
etanol do produto final. Essa etapa de produo a destilao, razo pela qual essas
bebidas possuem esse nome. So vrios os exemplos de bebidas destiladas
conhecidas e comercializadas populao: o whisky, conhaque, vodka, run, etc. Alm
desses, h ainda um tipo de bebida muito popular no Brasil, pois foi originalmente
inventada no nosso pas: a cachaa, pinga ou ainda aguardente.
A Cachaa
Aspectos Histricos e Econmicos
Para entender a origem da cachaa, devemos ter conhecimento que no se
trata apenas da histria de uma bebida, ou da cana-de-acar, mas sim, da histria do
prprio Brasil e do povo brasileiro. Nossa cultura e costumes esto entrelaados com
as origens desta bebida, que se faz sempre presente em toda a caminhada de
crescimento e desenvolvimento de nosso pas.
Em meados do sculo XV a cana de acar foi introduzida pelos portugueses
na Ilha da Madeira e pelos espanhis nas Canrias. A experincia do cultivo na Ilha da
Madeira, localizada no sudoeste da costa portuguesa, e a crescente demanda pelo
acar na Europa, fizeram com que os portugueses iniciassem um processo de
expanso da produo do acar, levando ao incio do cultivo em terras brasileiras. A
tarefa de introduo da cultura na, at ento, colnia portuguesa, foi dada a Martin
Afonso de Souza, que trouxe em suas expedies para o Brasil as primeiras mudas de
cana, introduzidas na Capitania de So Vicente, atual cidade de So Vicente. O solo
frtil e o clima quente e mido permitiram o rpido desenvolvimento da cultura,
marcando o incio de uma atividade que iria se transformar em grande fonte de riqueza
para Portugal.
Nesta poca o Brasil era dividido em capitanias. Da capitania de So Vicente,
onde se estabeleceram os primeiros engenhos, a cana-de-acar se irradiou sem
demora por todo o litoral brasileiro. Trs anos aps a fixao dos primeiros engenhos
j havia alguns outros funcionando em Pernambuco, onde iriam assumir extraordinria
importncia. Tambm deu incio a produo de acar na Bahia, cujos primeiros
engenhos foram destrudos pelos ndios. Na ilha de Itamarac (PE), em 1565, a
produo j era crescente, e na dcada seguinte foram instalados os primeiros
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10 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
engenhos em Alagoas. Neste ambiente de grande expanso dos engenhos e da
cultura da cana de acar que surge a cachaa. Todos os historiadores so
unnimes quanto ao fato da cachaa ter sido destilada, pela primeira vez, em algum
engenho do litoral brasileiro, mas h controvrsias quanto data de sua criao e
onde ela foi produzida. Alguns defendem que a cachaa tenha sido destilada,
intencionalmente, pela primeira vez, na Capitania de Itamarac, no atual litoral
pernambucano. No entanto, a fundao da Vila de So Vicente em 1532 e o
estabelecimento dos primeiros engenhos de acar, indicam este local como o bero
da cachaa em terras brasileiras. Aps as instalaes de engenhos de forma slida,
os mesmos passam a produzir incessantemente o acar, com a fora dos escravos
(primeiramente os ndios e depois os africanos), bois e cavalos. O provvel foi que
estes povos, por acaso ou no, perceberam que os subprodutos da produo de
acar, chamados pelos escravos de cachaza ou cagaa e pelos Portugueses de
vinho da terra ou vinho da cana, no servia para a produo de acar. No incio, este
caldo era utilizado como alimento deixado nos cochos para o consumo dos animais e
aps algum tempo fermentava produzindo um lquido com cheiro diferente (aroma
frutado). Os escravos logo perceberam que o aroma agradvel se associava a um
sabor etlico e um efeito embriagador e passaram a consumi-lo em substituio ao
cauim. O cauim era um vinho produzido pelos ndios, no qual as ndias mastigavam o
milho ou a mandioca aps cozidos e depois cuspiam em um pote de barro, onde
ocorria a fermentao. A destilao do vinho da cana ou vinho da terra, em
alambiques trazidos da Europa, resultou em um lquido transparente, brilhante e
ardente se ingerido. Considerando que se parecia com gua, recebeu a denominao
de aguardente. Outro nome que lhe foi atribudo cachaa.
(Extrado de: SOUZA et al., 2013, p. 9-12)
Fundamentos de Operaes Unitrias
De forma sucinta, as operaes unitrias so etapas individuais de
processamento de uma matria-prima at a origem dos produtos finais. Sendo assim,
processos produtivos complexos passam a ser vistos de forma simplificada nessas
etapas, que existem para realizar as modificaes (fsicas, qumicas) necessrias no
processamento da matria prima em produto acabado. Como so blocos individuais,
tornam-se relativamente mais fcies de se compreender, controlar e operar.
Portanto, em toda linha de produo h uma sequncia de etapas individuais,
necessrias para modificaes fsicas ou qumicas, com o objetivo de aumentar a
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11 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
eficincia e simplificar a produo. Tanto em situaes industriais de larga escala,
quanto em processos artesanais existem operaes unitrias. At mesmo em
situaes do cotidiano, existem etapas individuais que simplificam a produo daquilo
que estamos interessados, por exemplo, quando fazemos um caf. Existe um
procedimento para se fazer o caf, e cada uma das etapas desse procedimento,
somados aos equipamentos usados nas etapas da produo do cafezinho, podem ser
considerados operaes unitrias tambm. Desta forma, a produo artesanal de
cachaa, que possu etapas distintas para a transformao fsica e qumica das
matrias-primas, tambm possui suas operaes. A seguir, verificaremos algumas das
operaes unitrias da produo de cachaa artesanal, considerando o inicio do
processo a etapa de moagem, porm importante ressaltar que existem etapas
anteriores, mas que so menos interessantes para o Minicurso, por isso foram
retiradas.
Moagem
A moagem propicia a extrao do caldo existente nos colmos da cana de
acar. Na cana madura, o caldo possui aproximadamente, entre 75% a 82% de gua
e de 18% a 25% de acares. O principal objetivo desta etapa recuperar o acar
que est dissolvido no caldo, que se encontra armazenado nos colmos de cana-de-
acar. A moenda o equipamento responsvel pela extrao do caldo da cana. Seus
componentes essenciais so: base, castelos, rolos, bagaceira e motor.
A eficincia da extrao de uma moenda pode ser medida dividindo a
quantidade de caldo extrado pela quantidade total de caldo presente nos colmos. No
entanto indispensvel que os colmos sejam preparados imediatamente antes da
moagem, para evitar a proliferao de bactrias.
H vrios tipos de moendas que podem ser usadas para a produo de
cachaa. A escolha da moenda adequada deve contemplar, alm da capacidade de
extrao, o isolamento de leos e graxas da rea de operao, a facilidade de higiene
e limpeza aps operao diria e facilidade na aquisio de peas para reposio,
assistncia e manuteno tcnica. indispensvel, tambm, que a moenda contenha
dispositivos de proteo contra quaisquer riscos de ferimento do operador, incluindo:
grade de proteo entre o terno da moenda e o local da alimentao da cana
(suficiente para a passagem dos colmos, mas no das mos).
Aps essa primeira passagem da cana, resta o bagao contendo em torno de
35% a 40% de caldo. A parcela restante de difcil extrao, ficando fortemente retida
nas fibras do bagao. Neste caso, se torna invivel fazer um segundo esmagamento
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12 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
desse bagao, sem adio de gua. Esse segundo esmagamento torna-se mais
eficiente, se for utilizada a tcnica da embebio, que atravs da adio de gua no
bagao, promove a diluio do acar retido em suas fibras, aumentando a eficincia
de extrao do processo. A embebio, associada ao emprego de picadores e
desfibradores, permite aumentar a eficincia de extrao at cerca de 90%. Contudo,
esses recursos devem ser utilizados com cautela pelos pequenos produtores, para
evitar que se tornem fontes de contaminao por bactrias, prejudicando a qualidade
do caldo para a fermentao. Tais efeitos podem advir, por exemplo, do emprego de
gua contaminada ou da exposio excessiva de pedaos da cana s condies
ambientais favorveis ao desenvolvimento de microrganismos contaminantes.
necessrio frisar que a moenda precisa de uma rotina de inspeo peridica das
condies de desgaste e ajuste dos rolos, pentes e bagaceiras; folga e lubrificao
dos mancais. A moenda, tambm, deve ser lavada diariamente, antes e depois da
moagem, e manter o cuidado de no deixar excesso de lubrificantes, para evitar o
risco de contaminar o caldo.
Filtrao A limpeza do caldo
O caldo que sai da moenda ainda no est adequado para a produo de
cachaa. Esse caldo deve ser filtrado e decantado para separao de impurezas,
antes de entrar nas dornas de fermentao. A filtrao consiste em passar o caldo
extrado em uma peneira de malha fina. Essa peneira destinada a reter impurezas
maiores, como resduos de bagao e folhas, provenientes da matria-prima.
Recomenda-se o uso de tela de ao inoxidvel com malha de 1,0 mm de abertura.
Aps essa filtrao, o caldo atravessa o decantador, onde as partculas slidas
remanescentes no caldo filtrado e mais densas que ele (resduos de terra), se
deslocam para o fundo do recipiente e o bagacilho, menos denso que o caldo, fica
retido nas aletas suspensas do decantador. O sistema de filtrao deve permitir que o
caldo chegue o mais puro e limpo possvel s dornas de fermentao. Bagacilhos,
bagao e folhas, quando secos nas bordas das dornas, podem provocar contaminao
bacteriana (mucilagem), produzindo fermentaes secundrias (ltica, butlica,
mlica), cujos produtos iro aparecer no seu destilado. Alm disso, quando os
bagacilhos so arrastados para o alambique podem provocar a formao indesejvel
de furfural e metanol.
(Extrado de: SOUZA et al., 2013, p. 9-12)
Propriedades especficas da matria
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13 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Algumas propriedades especficas da matria possuem particular interesse
para a produo de cachaa artesanal, j que esto diretamente ligadas s suas
operaes unitrias. So elas: os estados fsicos da matria, as mudanas de estado
da matria, a densidade e o ponto de ebulio.
Estados fsicos da matria
O lquido que forma os lagos, rios e mares; o vapor que sobe das terras e rios
ou oceanos aquecidos pelo sol e o gelo que cobre as altas montanhas so
constitudos de uma mesma substncia s que em trs aspectos completamente
diferentes. a gua, que pelo observado, pode se apresentar, em funo das foras
de coeso das partculas que a formam, em trs formas diferentes, que so
denominados Estados Fsicos da Matria.
- Slido: possui forma e volume constantes. Neste estado, as partculas que
formam a matria (que podem ser tomos, molculas ou ons), esto distribudas
regularmente, ocupando posies fixas, formando um arranjo definido. Entre elas
surgem foras de atrao intensas. Em consequncia disto, a estrutura rgida, possui
forma e volume constantes e alta resistncia deformaes.
- Lquido: possui volume constante e forma varivel, dependente do recipiente
onde est contido. Neste estado, as foras de atrao entre as partculas que formam
a matria so suficientes para manter as partculas unidas, mas no impedem que
elas se movimentem para determinadas direes. Em consequncia disso, os lquidos
tm volume constante, mas a forma do recipiente que o contm.
- Gasoso: possui forma e volume variveis. As foras de coeso entre as
partculas que formam a matria so muito fracas, de modo que elas se deslocam de
maneira desordenada e em alta velocidade. Por isso, o gs no tem forma e volume
definidos. O gs tende a ocupar todo o espao disponvel do recipiente onde est
contido. Podemos perceber que o gs tende a ocupar todo espao disponvel, atravs
do odor que se espalha rapidamente quando um gs odorfero colocado em uma
sala.
Mudanas de estado fsico da matria
A influncia de fatores externos, como presso e temperatura faz com que a
matria se apresente ora em um, ora em outro estado fsico. Se voc resfriar a gua
contida em um recipiente ela pode transformar-se em gelo, por outro lado, se a
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14 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
aquecer, pode se transformar em vapor. As mudanas de um estado fsico para outro
recebem denominaes especficas
Figura: Esquema sobre mudanas de estados fsicos (Fonte: http://educar.sc.usp.br/ ciencias/quimica/qm1.htm - acessado em 05/10/2013).
Nos fenmenos de fuso, vaporizao e sublimao de uma substncia
sempre h recebimento de calor, isto , aumento da temperatura, e ou diminuio da
presso. Na solidificao, condensao e ressublimao sempre h perda de calor,
isto , diminuio da temperatura, e ou aumento da presso.
A vaporizao, conforme a maneira de se processar recebe denominao
particular: evaporao, ebulio e calefao.
As nuvens so formadas de minsculas gotas de gua, no estado de vapor. A
formao das nuvens muito lenta e consequncia da transformao da gua
lquida da superfcie dos rios, lagos, oceanos em vapor de gua. Essa mudana do
estado lquido para o estado de vapor que se processa lenta e espontaneamente,
independente da temperatura, e s acontece na superfcie do lquido denomina-se
evaporao. A evaporao aumenta: pela ao do vento, da superfcie de contato com
o ambiente e pelo aumento de temperatura.
Nos locais onde no existe estao de tratamento de gua, podemos ferver a
gua para eliminar bactrias. Para isso precisamos fornecer calor a gua e esta passa
do estado lquido para o estado de vapor. Essa mudana do estado lquido para o
estado de vapor de forma no espontnea, tumultuada e com formao de bolhas
denomina-se ebulio. A ebulio acontece em todo o lquido.
A mudana do estado lquido para o gasoso rapidamente e a uma temperatura
superior a do ponto de ebulio do lquido denomina-se calefao.
(Extrado de: http://educar.sc.usp.br/ciencias/quimica/qm1.htm)
Densidade
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
15 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
A densidade uma propriedade da matria que relaciona massa e volume. Em
outras palavras, ela define a quantidade de massa de uma substncia contida por
unidade de volume.
Densidade = massa / volume
O conceito de densidade pode ser facilmente entendido na prtica comparando
objetos feitos a partir de diferentes substncias, mas de mesmo volume. Portanto,
slidos com o mesmo volume porm feitos de diferentes materiais - tero massas
distintas, ou seja, materiais diferentes tm densidades diferentes.
Quando se refere a uma substncia pura, macia e homognea, a densidade
chamada de densidade absoluta ou massa especfica. Caso contrrio, chamada
somente densidade e representa a densidade mdia de um corpo ou de uma
substncia no homognea.
De acordo com o Sistema Internacional (SI), a densidade expressa em
kg/m3, mas muitas vezes encontrada expressa em g/mL.
Densidade relativa
A relao entre as densidades de diferentes substncias com a densidade da
gua denominada densidade relativa.
A densidade da gua expressa em 1000 kg m-3, de acordo com o Sistema
Internacional e conforme a recomendao da IUPAC. Porm a densidade da gua
pode ser expressa como 1 kg/L, o que equivale a 1 g/mL - esta unidade mais
comumente utilizada, pois facilita a compreenso.
Densidade de lquidos
As densidades de solues e de lquidos podem tambm ser medidas
facilmente - sem clculo, por meio de um aparelho chamado densmetro, tambm
conhecido como aremetro. O densmetro flutua no lquido quando seu peso igual ao
empuxo exercido pelo lquido. A densidade do lquido indicada por meio da
graduao na haste do equipamento, pelo valor da escala coincidente com a
superfcie do lquido.
Sabendo dessa propriedade da matria, pode-se deduzir que a mistura de
matria de diferentes densidades (sal com gua, acar com gua, lcool com gua,
gasolina com lcool, etc) tambm far com que a densidade mdia dessas solues
se altera. Portanto, pode-se calcular a densidade de qualquer soluo por meio da
mdia ponderada. Conforme a seguir:
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16 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Damostra = XH2O * dH2O + Xetanol * detanol
Como a soma de XH2O da frao de gua com Xetanol da frao de etanol
100% da amostra, ento:
XH2O + Xetanol = 1,
Exemplo:
Medida da densidade de uma bebida = Damostra = 0,89g/ml;
densidade da gua pura = 1,00 g/ml;
densidade do etanol absoluto = 0,787 g/ml;
XH2O = frao de gua na mistura;
Xetanol = frao de etanol na mistura.
0,89 = XH20 . 1 + Xetanol . 0,787
XH20 + Xetanol = 1
XH20 = 1 - Xetanol
0,89 = (1 - Xetanol) . 1 + Xetanol. 0,787
0,89 = 1 - Xetanol + 0,787 Xetanol
Acertando a equao temos:
+1 Xetanol - 0,787 Xetanol = 1 - 0,89
0,213 Xetanol = 0,11
Xetanol = 0,11/0,213
Xetanol = 0,51
Ao valor obtido em frao de etanol, basta multiplicar por 100 para encontrar o
valor em percentual, logo:
Para uma bebida alcolica com densidade de 0,89 g/mL, temos
aproximadamente 51% de lcool que o teor alcolico.
Exerccios de fixao
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
17 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
1) Por que os bales, que so constitudos de papel, cola, combustvel, pavio,
sendo mais densos que o ar atmosfrico, sobem?
2) As questes a b e c devem ser respondidas analisando-se o grfico abaixo,
que mostra a variao da massa das substncias A, B e gua, em funo da variao
do volume temperatura constante.
3) Para determinao da densidade de uma substncia so necessrios a
medida da quantidade de massa e o volume ocupado por esta quantidade de massa.
Qual a densidade do ferro, sabendo-se que uma lmina de ferro de 5 cm de
comprimento, 2 cm de largura e 1 cm de espessura, tem uma massa de 78,6 g?
4) Uma substncia um slido cristalino, funde a 318oC, branco, inodoro, tem
sabor custico adstringente (sabor semelhante ao percebido quando se come banana
verde), tem densidade 2,13 g/ml a temperatura ambiente, conduz corrente eltrica no
estado fundido e em soluo aquosa. Dentre as propriedades acima quais voc
utilizaria para identificao da soda custica?
5) O ter possui P.F.= -116oC e P.E.= 34oC; a gua possui P.F.= 0oC e P.E.=
100oC. presso de uma atmosfera (ao nvel do mar). Em qual estado fsico se
encontram o ter e a gua em So Paulo, onde a temperatura ambiente 25oC e no
Deserto da Arbia, onde a temperatura ambiente 50oC?
(Extrado de: http://educar.sc.usp.br/ciencias/quimica/qm1.htm)
Fermentao alcolica
Afinal, o que existe na cana de acar para que ela seja utilizada como matria
prima para produzir a cachaa?
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
18 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Figura: Estrutura da sacarose, cuja frmula molecular C12(H2O)11 (Fonte: http://crq4.org.br/?p=texto.php&c=quimicaviva_acucar acessado em 05/10/2013).
A cana de acar possui em sua composio o acar sacarose. Os acares
so tambm chamados de carboidratos, o que pode ser justificado por suas frmulas
moleculares, pois para cada tomo de carbono temos uma molcula de gua:
Cn(H2O)n .
Os carboidratos so utilizados pelos seres vivos para a obteno de energia a
partir do processo de respirao. Ns, seres humanos, necessitamos do gs oxignio
existente no ar para realizarmos o processo de respirao e nos mantermos vivos. J
alguns microrganismos so capazes de obter energia em condies anaerbicas, ou
seja, na ausncia de ar. Ao misturarmos o caldo de cana com o fermento, as
leveduras existentes neste ltimo possuem enzimas capazes de converter a sacarose
existente no caldo em gs carbnico e etanol, liberando tambm a energia necessria
para manter suas funes vitais, mesmo na ausncia de ar. Este processo chamado
de fermentao alcolica.
A molcula de sacarose formada pela unio de dois carboidratos menores
(monossacardeos), frutose e glicose, a partir de uma reao de condensao:
FRUTOSE GLICOSE SACAROSE
Figura: Equao de sntese da sacarose a partir da unio entre frutose e glicose numa reao de condensao - com sada de gua (Fonte: BRAIBANTE et al., 2012).
A enzima invertase produzida pela levedura capaz de converter a sacarose
em seus monossacardeos (frutose e glicose). A seguir, estes so convertidos a gs
carbnico e etanol com a liberao de energia, reao que tem origem na ao de
uma segunda enzima, a zimase:
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
19 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
C12H22O11 + H2O invertase C6H12O6 + C6H12O6
C6H12O zimase 2 CH3CH2OH + 2CO2 + Energia
Figura: Etapas da converso da sacarose em gs carbnico e etanol por leveduras.
A liberao de gs carbnico gera bolhas, dando a impresso de que a mistura
est fervendo. Chega um momento em que a concentrao de etanol na mistura torna-
se txica para os microrganismos, que morrem, levando ao fim da fermentao.
Para que as enzimas sejam capazes de promover a reao desejada, elas
devem se encontrar em um meio com temperatura e acidez ideais. Desta forma,
necessrio realizarmos um controle do pH e da temperatura do caldo de cana, para
que a ao enzimtica promova a fermentao com sucesso. Na produo industrial
de etanol, este controle realizado no interior da dorna de correo, responsvel por
preparar o mosto de forma a possibilitar um maior rendimento durante a etapa de
fermentao, que vir a seguir.
Para pensar
- Porque uma cana mais doce produz maior quantidade de cachaa?
- De onde vem o lcool existente na cachaa? Ele j existia na cana?
Destilao
Durante o vdeo (Fazendo Cachaa Partes 1 e 2), o Seu Claer nos
apresenta o alambique, um aparelho feito de cobre que tem sua base aquecida a partir
da queima do prprio bagao da cana. Seu Claer esclarece que deve controlar a
temperatura do fogaru para obter uma cachaa boa, o que ele faz apenas
identificando at que altura o alambique aquecido pelo fogaru. Mas, afinal, como
funciona este aparelho?
Sabemos que durante a etapa de fermentao obtemos etanol. Porm,
chegamos a um produto que ainda no se encontra prprio para consumo, pois
tambm encontramos nesta mistura leveduras mortas, glicose no consumida, gua,
excesso de fermento, produtos de reaes secundrias, ou seja, impurezas que
devem ser eliminadas. Alm disso, para chegarmos a uma cachaa boa a soluo
final deve apresentar uma porcentagem alcolica especfica para esta bebida.
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
20 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
O alambique possibilita resolvermos os dois problemas: podemos alcanar uma
soluo com a porcentagem de etanol desejada e livre das impurezas. Isto possvel,
pois, ao aquecermos o alambique, os componentes da mistura sofrem um processo de
separao conhecido como destilao.
Figura 5. Alambique de cobre (Fonte: PINHEIRO et al., 2003).
Para compreendermos como ocorre essa separao, devemos tentar
esclarecer a seguinte pergunta: Por que, ao esquecermos uma caneca com gua
fervente no fogo, o volume de gua na caneca diminui?.
Ao levarmos a caneca ao fogo, a gua comea a aquecer aos poucos. Chega
um momento em que a temperatura da gua torna-se alta o suficiente para que esta
inicie uma rpida liberao de bolhas. Mas afinal, o que so estas bolhas?
Para compreendermos o surgimento destas bolhas devemos pensar no que
acontece microscopicamente, ou seja, nas molculas que constituem a substncia
gua e na forma como estas interagem entre si. As molculas de gua so
constitudas por dois tomos de hidrognio e um de oxignio. A eletronegatividade
destes tomos, ou seja, a tendncia destes a atrarem eltrons difere de tal maneira
que a molcula fica polarizada: o tomo de oxignio, bem mais eletronegativo,
mantm os eltrons mais prximos de si, ficando com uma carga parcial negativa (-),
ao mesmo tempo em que os tomos de hidrognio encontram-se com uma carga
parcial positiva (+) devido menor intensidade com a qual atraem os eltrons. Esta
diferena de cargas parciais leva a uma atrao eletrosttica entre as molculas de
gua, pois cargas opostas se atraem:
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
21 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Figura: Interao existente entre molculas de gua devido atrao entre seus plos com cargas opostas (Fonte: http://www.brasilescola.com/biologia/a-agua.htm - acessado em 05/10/2013).
Quanto mais prximas as molculas de gua, maior a fora de atrao entre as
cargas opostas. Como j vimos anteriormente, as molculas de gua no estado lquido
encontram-se mais prximas do que no estado gasoso, desta forma as foras
eletrostticas so sentidas mais fortemente no estado lquido. Ao passar do estado
lquido para o estado gasoso, as foras intermoleculares devem ser vencidas para que
as molculas possam se afastar. Agora, como isso tudo pode explicar a liberao
das bolhas pela gua fervendo?
Ao aquecermos a gua, estamos fornecendo s suas molculas energia que
possibilita um aumento na agitao de suas molculas. Chega um momento em que o
grau de agitao das molculas de gua (sua temperatura) torna-se alto o suficiente
para vencer as foras intermoleculares (eletrostticas) que mantm as molculas
prximas, possibilitando o afastamento entre elas e a passagem para o estado
gasoso. Quando esta situao atingida, dizemos que a substncia alcanou o seu
ponto de ebulio, temperatura na qual a substncia gua passa do estado lquido
para o estado gasoso. Desta forma, as bolhas observadas durante a fervura da gua
se devem prpria substncia gua que passa para o estado gasoso e escapa para
a atmosfera. Considerando-se esse quadro, ao esquecermos a caneca com gua
fervente no fogo, o volume desta diminui porque parte da gua deixou de ser lquida,
passando para o estado gasoso. Se voc fornecer energia suficiente (mantiver a
caneca no fogo por mais tempo), todas as molculas de gua da caneca podem
vencer as foras intermoleculares e passar para o estado gasoso. O que
observaremos, ento, a ausncia de gua na caneca, pois todas as molculas de
gua que se encontravam no estado lquido foram liberadas para a atmosfera na
forma de vapor.
Agora que j consideramos o ponto de ebulio da gua, vamos pensar no
ponto de ebulio de outras substncias. Sabemos que a interao intermolecular se
deve s cargas parciais geradas pela diferena de eletronegatividade entre os tomos
constituintes de uma molcula. Dependendo da maior ou menor diferena de
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
22 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
eletronegatividade entre estes tomos, as cargas parciais formadas podem ser mais
ou menos intensas. Desta forma, uma molcula contendo um tomo de carbono ligado
a um tomo de oxignio gera cargas parciais mais intensas do que uma molcula que
s contenha tomos de carbono e hidrognio, cuja diferena de eletronegatividade no
to grande.
Outro fator que influi na intensidade das foras intermoleculares a estrutura
tridimensional da molcula. Existem situaes em que a distribuio de cargas parciais
gera dipolos de mesma intensidade, porm em sentidos opostos, de forma que estes
se anulam. Nestes casos, a fora intermolecular se origina de dipolos induzidos
gerados pela polarizao de molculas quando estas se aproximam e sentem umas
s outras, sendo bem menos intensas:
Figura: O vetor resultante nulo tanto na molcula de CF4(A) quanto do trans-1,2-dicloroeteno (B), o que torna estas molculas apolares (sem plos), levando a foras intermoleculares bem mais fracas e menores pontos de ebulio (Fonte: ROCHA, 2001).
Desta forma existem muitos fatores que influem na intensidade das foras
intermoleculares, levando a um ponto de ebulio especfico para cada substncia.
Agora vamos voltar questo do alambique do Seu Claer. Ao aquecermos a
sua base, as substncias que fazem parte da mistura obtida aps a etapa de
fermentao comeam a receber energia, aumentando seu grau de agitao at o
momento em que conseguem vencer as foras intermoleculares, passando para o
estado gasoso. Como cada substncia possui um ponto de ebulio caracterstico,
estas passam para o estado de vapor a diferentes temperaturas, sendo que as
substncias com pontos de ebulio menores passam para o estado gasoso antes das
substncias com pontos de ebulio maiores. A seguir, os vapores se direcionam para
uma serpentina, um condensador que esfria o vapor, retirando energia trmica das
molculas, o que leva a uma diminuio do seu grau de agitao e reaproximao
destas pelas foras intermoleculares, de forma que as substncias voltam ao estado
liquido. Como as substncias evaporam em momentos diferentes, a composio da
soluo obtida aps a condensao varia de acordo com o tempo e a temperatura
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
23 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
alcanada pelo alambique. Algumas impurezas existentes na mistura obtida aps
fermentao, oriundas de reaes secundrias, podem ser separadas por este
processo, pois muitas delas apresentam baixo ponto de ebulio. Desta forma, ao
obtermos a soluo condensada inicial, a maioria destas substncias j se fazem
presentes em sua composio. Esta soluo inicial pode ser ento, descartada.
Figura: Esquema de um alambique simples as molculas passam para o estado gasoso e condensam ao alcanarem a serpentina (Fonte: PINHEIRO et al., 2003).
Devemos considerar o fato de que mesmo antes de se atingir o ponto de
ebulio, algumas molculas (que compem determinada substncia) conseguem
energia suficiente para passar para o estado gasoso. o que acontece quando uma
poa de gua seca, ela no chega a ferver, mas as molculas mais prximas sua
superfcie vo, aos poucos, escapando do estado lquido; trata-se de um processo
lento chamado de evaporao. O que acontece na ebulio que todas as molculas,
mesmo aquelas que se encontram no centro do lquido, possuem energia para atingir
o estado gasoso, o que torna a passagem bem mais rpida. Conforme aumentamos a
temperatura, mais molculas vo alcanado energia suficiente para escapar do
lquido, aumentando a quantidade de vapor formada. Quando a temperatura de
ebulio atingida, todas as molculas no estado lquido so capazes de vencer as
foras intermoleculares e passarem para o estado gasoso.
O etanol possui menor ponto de ebulio do que a gua, o que pode ser
justificado pela sua estrutura. Embora haja uma polarizao gerada pela ligao entre
oxignio e hidrognio, o restante da molcula formado por carbono e hidrognio,
tomos com eletronegatividade no to distinta, o que d ao resto da molcula um
carter apolar. Desta forma, as foras intermoleculares para o etanol so mais fracas
do que para a gua, formada apenas por tomos de hidrognio e oxignio.
Isto indica que, por possuir menor ponto de ebulio do que a gua, a uma
mesma temperatura, mais molculas de etanol so capazes de escapar do estado
lquido em comparao s molculas de gua, isto porque as molculas de etanol
precisam de menos energia para vencer as foras intermoleculares do que as
molculas de gua.
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24 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Como o etanol apresenta foras intermoleculares mais fracas do que a gua,
os vapores produzidos no alambique sero inicialmente mais ricos em etanol do que
gua. Conforme o etanol for condensado e restar maior concentrao de gua na
soluo inicial, o vapor formado comear a apresentar uma composio mais rica em
gua. Desta forma, podemos selecionar a frao do condensado que levar
composio caracterstica da cachaa, pois a composio do destilado varia de acordo
com o tempo.
Segundo o Seu Claer, a soluo que sai inicialmente aps a condensao
bem forte, possuindo uma alta porcentagem de lcool, o que ele chama de cabea
do destilado. Ele explica que a cachaa boa mesmo a cachaa do corao, que j
possui menor porcentagem alcolica e obtida s aps certo tempo que o destilado j
vem se formando.
Para pensar
- Por que o Seu Claer tem que controlar a temperatura do fogaru que aquece o
alambique?
No vdeo, o Seu Claer nos mostra como identifica a cachaa do corao. Ele
apresenta um medidor parecido com um termmetro, no qual a numerao indicada
em graus. Este aparelho um densmetro, responsvel por identificar a densidade (d)
da soluo analisada. No caso do aparelho do Seu Claer, seu densmetro j converte
o resultado diretamente para graus Gay-Lussac (GL), sendo que 1GL corresponde a
aproximadamente 1% v/v de etanol. Sabemos que a cachaa do Seu Claer
apresenta, como ele mesmo diz, uns 25GL. Isso significa que em 100 ml de
cachaa, 25 ml correspondem a etanol.
Um densmetro muito til para identificarmos a composio de uma soluo
gua/etanol. Sabemos que a densidade de cada substncia nica a uma
determinada temperatura. Na soluo gua/ etanol, temos uma densidade que se
encontra entre o valor de densidade de seus componentes. Como a 20C temos dgua=
1g/cm3 e detanol= 0,78g/cm3, a densidade da mistura gua/etanol se encontrar entre
estes valores, ou seja, 0,78 g/cm3< dmistura< 1,0g/cm3. Quanto maior a porcentagem de
etanol na mistura, mais prximo de 0,78g/cm3 ser a densidade da soluo. Como a
densidade est relacionada porcentagem dos componentes da soluo, no caso de
bebidas alcolicas (solues com diferentes porcentagens gua/etanol), podemos
converter o valor encontrado para a densidade em teor alcolico, ou seja,
porcentagem (em volume) de lcool na bebida.
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
25 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Aprendendo a utilizar um densmetro - atividade experimental
Para aprendermos a identificar uma amostra desconhecida a partir de sua
densidade, vamos realizar uma atividade experimental.
Vocs devero, agora, se reunir em grupos de seis. Cada grupo ficar
responsvel por realizar a anlise de uma bebida desconhecida, de forma a identific-
la a partir da sua densidade. Prestem ateno na demonstrao do professor para a
utilizao correta do densmetro.
O grupo ser encaminhado bancada do laboratrio, recebendo uma proveta
(contendo uma bebida desconhecida identificada por um nmero) e um densmetro. O
grupo deve, ento, mergulhar o densmetro na superfcie do lquido, soltando-o
delicadamente de forma que este fique perpendicular superfcie do lquido. muito
importante que o densmetro no se encoste parede da proveta, pois isto alterar o
resultado. Aps o densmetro parar de se movimentar, vocs devem observar a escala
do densmetro: o valor que se encontrar na altura da superfcie do lquido
corresponder ao valor da densidade do material e deve ser anotado na tabela 1. O
procedimento deve ser repetido mais duas vezes, e os valores de densidade anotados
novamente na tabela 1.
Tabela 4: Valores de densidade encontrados para a amostra analisada pelo grupo
Amostra: Densidade (g/cm3)
Medio 1
Medio 2
Medio 3
Clculo do teor alcolico
Baseando-se nos clculos j exemplificados anteriormente durante o minicurso,
realize o clculo do teor alcolico da sua amostra desconhecida valendo-se dos trs
valores de densidade encontrados. Para realizarem este clculo, vocs devem utilizar
a mdia dos valores de densidade encontrados experimentalmente:
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26 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Espao para o clculo do teor alcolico:
Agora, compare o teor alcolico encontrado para a sua amostra com o teor
alcolico das seguintes solues:
Tabela 5: Valores mdios de teor alcolico referente s solues indicadas.
Bebida Teor alcolico (em volume)
gua 0%
Cerveja 5%
Vinho tinto 12%
Aguardente 40%
lcool combustvel 70%
De acordo com esta tabela, a qual soluo corresponde a sua amostra?
Armazenamento
Por fim, aps a destilao, Seu Claer indica o armazenamento da cachaa
produzida em um barril de madeira, onde esta dever envelhecer. Esta etapa
fundamental para que a cachaa adquira seu gosto, odor e colorao caractersticos,
uma vez que estas propriedades s so alcanadas aps a evaporao de alguns
compostos presentes na cachaa, reaes envolvendo substncias que compem a
madeira na qual a cachaa armazenada, assim como evaporao de parte da gua
e etanol presentes na bebida. Aps este perodo de envelhecimento, a cachaa
encontra-se pronta para o consumo.
curioso observar o quanto o saber popular e conceitos cientficos se
complementam. O armazenamento em barris de madeira fundamental para que
ocorram reaes (que s ocorrem com substncias existentes na composio da
madeira) que levam produo de compostos responsveis pelo odor, colorao e
sabor da cachaa. por isso que Seu Claer afirma que a colorao e sabor da
cachaa variam de acordo com a madeira na qual este armazenado.
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
27 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Um avano no sentido dos conhecimentos cientficos nos permite compreender
tradies e saberes culturais, alm de promover melhorias nos processos produtivos,
facilitando atingirem-se as caractersticas desejadas para os materiais, aumentando
sua qualidade.
A molcula de lcool e o seu consumo
Ligaes qumicas
As ligaes qumicas so interaes entre tomos ou ons e esto intimamente
relacionadas s configuraes eletrnicas dessas espcies.
O que ocorre quando dois tomos ou ons se aproximam? Uma ligao qumica
estabelecida entre as espcies apenas se o arranjo final de seus ncleos e de seus
eltrons conferir ao par uma energia potencial menor que a soma das energias dos
tomos ou ons isolados. Em outras palavras: podemos dizer que um composto
qumico formado apenas se proporcionar uma situao de
estabilidade termodinmica maior que aquela envolvendo seus constituintes
isoladamente. Assim, podemos dizer que quando uma ligao qumica formada,
energia liberada!
Existem trs mecanismos possveis para alcanar, via formao de ligaes
qumicas, uma situao termodinamicamente mais estvel que aquela de tomos ou
ons isolados. A ligao inica estabelecida pela atrao eletrosttica entre ons de
cargas opostas [ctions (ons positivamente carregados) e nions (ons negativos)],
que se arranjam no retculo cristalino de maneira a aumentar as foras atrativas (entre
cargas opostas) e diminuir as repulsivas (entre cargas iguais). Ou seja, a posio
relativa (distncia interinica mdia) de ctions e nions num cristal inico o
resultando principalmente do balano de foras eletrostticas. A ligao covalente
caracterizada pelo compartilhamento de um par de eltrons entre dois tomos vizinhos
que, unidos, podem formar molculas ou slidos covalentes (diamante e da slica so
exemplos de slidos covalentes). E a ligao metlica, como o prprio nome diz,
responsvel por manter metais unidos atravs do que podemos chamar de mar de
eltrons, que funciona como uma cola negativamente carregada, ligando os ctions
metlicos. A manifestao de cada um desses tipos de ligao qumica depende
exclusivamente da configurao eletrnica dos elementos, ou seja, da natureza dos
tomos.
(Extrado de: http://200.156.70.12/sme/cursos/EQU/EQ20/modulo1/aula0/aula01/01.html)
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
28 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Analisando a molcula de etanol
Figura 9: Molcula de etanol (Fonte: http://scienceblogs.com.br/ensaios/category/astro nomia/ - acessado em 05/10/2013).
O etanol apresenta frmula molecular CH3CH2OH. Observem como a molcula
formada apenas por tomos de ametais e hidrognio ligados entre si, eles formam
ligaes covalentes. Quando dois tomos de eletronegatividade diferentes formam
uma ligao covalente, os eltrons no so divididos igualmente entre eles. O tomo
com maior eletronegatividade puxa o par de eltrons para si, resultando em uma
ligao covalente polar. A presena do oxignio como heterotomo faz as molculas
apresentarem polaridade. No etanol, a presena da hidroxila OH d a este composto
o carter polar, mesmo que em sua estrutura contenha uma parte apolar
Como podemos prever a geometria molecular?
Teoria da Repulso dos Pares Eletrnicos
A teoria da repulso dos pares eletrnicos de valncia (TRPEV) aponta que os pares
eletrnicos (eltrons de valncia, ligantes ou no) do tomo central se comportam
como nuvens eletrnicas que se repelem e, portanto, tendem a manter a maior
distncia possvel entre si. Mas, como as foras de repulso eletrnica no so
suficientes para que a ligao entre os tomos seja desfeita, essa distncia
verificada no ngulo formado entre eles.
Formas Geomtricas
Para que se torne mais fcil a determinao da geometria (e, estrutura) de uma
molcula, deve-se seguir os seguintes passos:
1. Contagem do nmero total de eltrons de valncia (levando em considerao a
carga, se for um on);
2. Determinao do tomo central (geralmente, o menos eletronegativo e com o
maior nmero de ligaes);
http://www.infoescola.com/quimica/geometria-molecular/
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
29 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
3. Contagem do nmero de eltrons de valncia dos tomos ligantes;
4. Clculo do nmero de eltrons no ligantes (diferena entre nmero total e o
nmero de eltrons dos tomos ligantes com a camada de valncia totalmente
completa);
(Extrado de: http://www.infoescola.com/quimica/geometria-molecular/)
Exemplos de modelos moleculares e ngulos de ligao:
Tabela 6: Aplicao do modelo da teoria TRPEV (Fonte: http://quimicasemsegredos. com/polaridade-das-moleculas.php - acessado em 05/10/2013).
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
30 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
mais difcil definir a geometria de molculas que possuem mais de um tomo
central. Geralmente s podemos descrever o formato em torno de cada um dos
tomos centrais da molcula. Usando a molcula de metanol como exemplo:
Figura:A molcula de metanol (Fonte: http://www.bioetanolfuel.com.br/index.php?pg=1 acessado em 05/10/2013).
Os dois tomos centrais (ou no terminais) no metanol so C e O. Podemos dizer que
os trs pares ligantes CH e o par ligante CO esto tetraedricamente dispostos em
torno do tomo de C. Os ngulos das ligaes HCH e OCH so de aproximadamente
109 graus. O tomo de O, nesse caso, equivalente ao que existe na molcula de
gua, pois esse tambm possui dois pares isolados e dois pares ligantes. Portanto, a
poro HOC da molcula do metanol angular e o ngulo HOC aproximadamente
igual a 105 graus.
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
31 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Atividade Multimdia Visualizando Estruturas Tridimensionais
Para visualizar estruturas tridimensionais, vamos realizar uma atividade multimdia.
Material:
- Apostila;
- Computadores conectados a internet.
Procedimento:
1. Ligue os computadores e clique no atalho do navegador para acessar a
internet.
2. Digite na barra de endereos o link: http://www.educaplus.org/moleculas3d
/index.html
3. Clique com o mouse na opo Estruturas VSEPR (indicado na imagem
abaixo).
4. Clique com o mouse na molcula que ir aparecer na tela e mantendo o boto
pressionado, movimente a molcula e observe a sua geometria molecular e
ngulos de ligao.
5. Repita o procedimento para o trifluoreto de boro (BF3), metano (CH4), amnia
(NH3), gua (H2O) e cloreto de estanho (II) (SnCl2). Para selecionar essas
molculas, use a caixinha que se encontra abaixo da molcula, representado
na figura a seguir.
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
32 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
6. Aps verificar as molculas indicadas acima, clique na opo Alcoholes y
fenoles na barra a esquerda.
7. Repita o mesmo procedimento para as molculas de metanol, etanol, 1-
propanol, 2-propanol e 1-pentanol, indique as frmulas molecular e eletrnica
das 5 molculas de lcoois visualizadas e no se esquea de indicar os pares
de eltrons livres presentes nos tomos na formula eletrnica.
Tabela 7: Resultados dos estudantes sobre frmulas moleculares e eletrnicas.
Frmula molecular Frmula eletrnica
Metanol
Etanol
1-Propanol
2-Propanol
1-Pentanol
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
33 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Agora que j adquirimos conhecimento sobre as ligaes presentes nos alcois
e suas estruturas tridimensionais, podemos aprender um pouco mais sobre o etanol e
sua ao no organismo humano.
Efeitos do lcool no Organismo
Texto: Como o lcool age no corpo?
no intestino que 75% das molculas de etanol passam para o sangue
1. O principal ingrediente das bebidas alcolicas a molcula de etanol. Assim que a
pessoa toma um gole, uma pequena parte dessas molculas j comea a entrar na
corrente sangunea pela mucosa da boca.
2. Pelo esfago, a bebida chega ao estmago. At deixar esse rgo s 25% do
etanol entrou no sangue. O resto s cai na corrente sangunea quando a bebida chega
ao intestino delgado - rgo cheio de vasos e membranas permeveis.
3. So necessrios de 15 a 60 minutos para todas as molculas de etanol entrarem na
circulao e se espalharem pelo corpo. Esse tempo depende de fatores como a
presena de comida no estmago e a velocidade com que a pessoa bebeu.
4. Quando cai no sangue, as molculas de etanol so transportadas para todos os
tecidos que tm clulas com alta concentrao de gua - rgos como crebro, fgado,
corao e rins.
5. No fgado 90% das molculas de etanol so metabolizadas - quebradas em partes
menores para facilitar sua eliminao. Ele processa por hora o equivalente a uma lata
de cerveja. Acima disso, o etanol passa a intoxicar o organismo e causa os efeitos
mostrados a seguir.
Figura: Ilustrao sobre o efeito do lcool no corpo humano (Fonte: http://mundo estranho.abril.com.br/materia/como-o-alcool-age-no-corpo - acessado em 05/10/2013).
Os efeitos nos rgos
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
34 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
- No crebro
1. Quando o etanol carregado pelo sangue chega ao crebro, ele estimula os
neurnios a liberar uma quantidade extra de serotonina. Esse neurotransmissor -
substncia que leva mensagens entre as clulas - serve para regular o prazer, o
humor e a ansiedade. Por isso, um dos primeiros efeitos do lcool deixar a pessoa
desinibida e eufrica.
2. Se a pessoa segue bebendo, outros dois neurotransmissores so afetados. O
etanol inibe a liberao do glutamato, que por sua vez regula o GABA. Sem o controle
do glutamato, mais GABA liberado no crebro. Como esse neurotransmissor faz os
neurnios trabalhar menos, a pessoa perde desde a coordenao at o autocontrole.
-No estmago
1. O etanol das bebidas irrita a mucosa do estmago, dificultando a digesto e
aumentando a produo de cido gstrico no rgo. Isso gera aquela sensao de
enjo e mal-estar dos "breacos" prestes a chamar o Hugo...
2. O vmito funciona como um mecanismo de autodefesa, comandado pelo crebro,
contra a ao agressiva do lcool no estmago. A pessoa se sente mais aliviada aps
vomitar porque termina a irritao da mucosa pelas molculas do etanol.
-Nos rins
Quem bebe tem mais vontade de fazer xixi. E isso no rola s pela quantidade de
lquido ingerido. O etanol age na hipfise, uma glndula no crebro. L, ele inibe a
produo de um hormnio que controla a absoro de gua pelos rins. Com menos
lquido absorvido, mais urina eliminada, como mostra a comparao ao lado.
-No corao
Na ao do lcool nos rins a gente explica por que quem bebe faz muito xixi. E um
efeito colateral do excesso de urina acaba atingindo o corao. que pelo xixi so
eliminados minerais como magnsio e potssio que ajudam a manter o batimento
cardaco. Durante e aps uma bebedeira o ritmo do corao pode apresentar
alteraes.
(Extrado de: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-o-alcool-age-no-corpo)
Para pensar
- Explique detalhadamente o caminho que o etanol percorre no corpo humano aps a
sua digesto, indique a ao do lcool e o que causa os devidos efeitos nos rgos.
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35 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Perigos do consumo de etanol
Podemos relacionar a quantidade de lcool presente no sangue com os sintomas
que seriam desencadeados pelos processos no corpo. A tabela abaixo correlaciona os
nveis de concentrao de lcool no sangue (CAS) e os sintomas clnicos
correspondentes.
- 0,06 gramas de lcool por 100 ml de sangue equivalem a aproximadamente dois
copos de cerveja.
Tabela 8: Efeitos da alcoolemia (CAS) e o desempenho (Fonte: http://www.cisa.org. br/artigo/233/efeitos-alcool.php - acessado em 05/10/2013).
CAS
(g/100ml) Efeitos sobre o corpo
0,01 - 0,05
Aumento do ritmo cardaco e respiratrio
Diminuio das funes de vrios centros nervosos
Comportamento incoerente ao executar tarefas
Diminuio da capacidade de discernimento e perda da inibio
Leve sensao de euforia, relaxamento e prazer
0,06 - 0,10
Entorpecimento fisiolgico de quase todos os sistemas
Diminuio da ateno e da vigilncia, reflexos mais lentos, dificuldade de coordenao e
reduo da fora muscular
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36 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Reduo da capacidade de tomar decises racionais ou de discernimento
Sensao crescente de ansiedade e depresso
Diminuio da pacincia
0,10 - 0,15
Reflexos consideravelmente mais lentos
Problemas de equilbrio e de movimento
Alterao de algumas funes visuais
Fala arrastada
Vmito, sobretudo se esta alcoolemia for atingida rapidamente
0,16 - 0,29
Transtornos graves dos sentidos, inclusive conscincia reduzida dos estmulos externos
Alteraes graves da coordenao motora, com tendncia a cambalear e a cair
frequentemente
0,30 - 0,39
Letargia profunda
Perda da conscincia
Estado de sedao comparvel ao de uma anestesia cirrgica
Morte (em muitos casos)
A partir de
0,40
Inconscincia
Parada respiratria
Morte, em geral provocada por insuficincia respiratria
(Extrado de: http://www.cisa.org.br/artigo/233/efeitos-alcool.php)
lcool e Trnsito
O uso abusivo de lcool interfere diretamente na vida do usurio, seja nos
aspetos pessoais, sociais ou econmicos e suas consequncias podem ser
associadas violncia domstica, abusos sexuais ou, ainda, ao aumento no nmero
de acidentes de trnsito. Por isso, a Organizao Mundial de Sade sugere que
algumas medidas sejam tomadas para combater os danos causados pelo uso
inconsequente dessa substncia, como a regulao das propagandas de bebidas
alcolicas e medidas de combate ao beber e dirigir. A primeira assegurada pela Lei
9.294 de 15 de julho de 1996, que probe a veiculao de anncios comerciais de
bebidas com teor alcolico maior do que 13% em emissoras de rdio ou televiso no
-
EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
37 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
perodo entre seis e vinte e uma horas. Alm disso, veta a associao desses
produtos aos esportes, conduo de veculos ou ao desempenho aumentado e
saudvel em qualquer atividade. Em relao s medidas de controle sobre a direo
de veculos, foi sancionada em dezembro de 2012 a Lei 12.760, que complementa a j
conhecida Lei Seca (Lei 11.705/2012). Nela, a embriaguez poder ser atestada
atravs do teste do bafmetro (que indica, atravs da quantidade de lcool presente
no ar exalado pelos pulmes do condutor, o teor alcolico sanguneo do mesmo),
exames clnicos e, inclusive, atravs de testemunhas e vdeos. Alm disso, as
autoridades podero utilizar um conjunto de sinais que indiquem alguma alterao da
capacidade psicomotora ou verbal, aparncia, atitude, orientao e memria.
As punies podem ser aplicadas de duas formas, sendo umas delas a
Infrao Administrativa, que consiste em multa de R$ 1.915,38 (que pode dobrar
caso haja reincidncia no perodo de 12 meses), suspenso do direito de dirigir,
apreenso da carteira de motorista e reteno do veculo. Ela aplicada para qualquer
concentrao de lcool por litro de sangue ou sinais de alterao de capacidade
psicomotora. O outro tipo de punio enquadrado como crime, o que ocorre quando
o motorista apresenta concentrao superior a 0,34 mg de lcool por litro de ar
alveolar expirado, levando-o a multa, suspenso do direito de dirigir (ou proibio
desse direito, em alguns casos) e deixando-o sujeito a deteno pelo perodo de 3 a 6
meses.
Nessa etapa do minicurso, o foco ser o instrumento de medida mais utilizado
para deteco e quantificao da embriaguez no Brasil: O Bafmetro.
O bafmetro
Questo para discusso
- Voc sabe o que um bafmetro? Como ele funciona?
Construindo um Bafmetro
(adaptado de FERREIRA et al., 1997)
Materiais e reagentes:
- Balo de aniversrio;
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
38 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
- Pedao de tubo plstico transparente (dimetro externo de aproximadamente um
centmetro) de 10 cm de comprimento;
- Giz escolar;
- Rolha para tampar o tubo;
- Algodo;
- Soluo cida de dicromato de potssio.
Procedimento:
1. Quebre o giz em pedaos pequenos (evite que o p de giz se misture aos
fragmentos);
2. Coloque os fragmentos de giz em um recipiente e a seguir molhe-os com a
soluo de dicromato, de maneira que eles fiquem midos, mas no
encharcados;
3. Com o auxlio de um palito, misture os fragmentos de giz colorido pela soluo
de forma que o material fique com uma cor homognea;
ESSE MATERIAL (GIZ + SOLUO DE DICROMATO) NO PODE SER
ARMAZENADO; DEVE SER USADO IMEDIATAMENTE DEPOIS DE
PREPARADO!
4. Coloque um chumao pequeno de algodo dentro do tubo (Fig. 1) e depois
insira a rolha do lado em que se coloca o chumao de algodo;
5. Coloque os fragmentos de giz dentro do tubo (aproximadamente trs
centmetros);
6. Adicione 0,5 mL (cerca de 10 gotas) de amostra alcolica no balo;
7. Encha o balo com mais ou menos a mesma quantidade de ar que os demais
grupos (quem encher os bales no deve ter consumido bebidas alcolicas
recentemente);
8. Coloque os bales nos tubos previamente preparados, como mostra a Fig. 1;
9. Solte o ar vagarosamente, desapertando a rolha;
10. Espere o ar escoar dos bales e verifique a alterao da cor no tubo.
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
39 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Figura 12. Esquema de montagem do modelo demonstrativo de bafmetro.
Questes para discusso em grupo
- Qual o princpio de funcionamento desse aparato experimental? Por que ele pode
ser utilizado como um simulador para o teste do bafmetro?
- Compare agora o resultado do seu grupo com o de seus colegas e preencha a tabela
abaixo:
Tabela 9: Resultados encontrados pelos estudantes no teste de simulao do bafmetro.
Nmero da Amostra Aspecto Inicial Aspecto Final
possvel fazer alguma afirmao sobre o teor alcolico da sua amostra? Por qu?
A polmica do enxaguante bucal
Com a chamada Nova Lei Seca (Lei 12.760/2012), aprovada em dezembro de
2012, ficou estabelecido como infrao dirigir sob qualquer influncia de bebidas
alcolicas, ou seja, caso o motorista apresente a concentrao de 0,01 miligramas de
lcool por litro de ar expelido pelos pulmes j ter que pagar multa. Entretanto,
medicamentos normalmente comercializados que possuem etanol em sua composio
como homeopticos, sprays para mau hlito e enxaguantes bucais podem apresentar
um resultado positivo para o teste caso a medida seja feita imediatamente aps a
aplicao. Dessa forma, possvel fazer o seguinte questionamento: realmente
sensato utilizar o bafmetro como instrumento de deteco de embriaguez ou
motoristas que fazem o uso de medicamentos contendo lcool podem ser multados
e/ou perderem suas licenas de forma injusta?. Para responder a essa questo,
propem-se a realizao do seguinte teste:
O professor convidar um dos alunos a participar do experimento
demonstrativo. O estudante, ento, dever um tubo contendo giz embebido em
soluo cida de dicromato de potssio (assim como no experimento anterior
Ferreira et al., 1997) e espera-se que o resultado d negativo para a presena de
etanol no ar expelido. Em seguida, ser disponibilizada uma amostra de enxaguante
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
40 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
bucal contendo lcool para que ele a bocheche e descarte. Logo aps o aluno repetir
o teste.
Questes para discusso
- O que aconteceu com a colorao do tubo quando o voluntrio repetiu o teste aps
ter feito bochecho com enxaguante bucal contendo lcool? Um motorista seria multado
caso tivesse sido abordado por policiais rodovirios logo aps o uso do produto?
- O que aconteceria com a colorao do tubo caso o teste fosse repetido aps 15
minutos? Por qu?
Sabe-se que a concentrao de etanol nessas amostras muito inferior ao
detectado para bebidas alcolicas e que, ainda, esse composto consegue ser
degradado a uma velocidade de 0,15 g. L-1. h-1 pelos seres humanos. Com isso,
possvel afirmar que a quantidade ingerida por um motorista que usou enxaguante
bucal, apesar de ser detectada quando o teste do bafmetro feito imediatamente,
rapidamente degradada pelo organismo e deixa de aparecer como um falso positivo
aps um curto perodo de tempo. Conclui-se que o teste do bafmetro apropriado
para a fiscalizao de embriaguez e que, portanto, no um instrumento injusto para
casos de uso de medicamentos normalmente comercializveis.
O bafmetro quimicamente
Conforme foi possvel observar experimentalmente, o bafmetro um mtodo
bastante eficiente de deteco do teor alcolico e, consequentemente, do nvel de
embriaguez nos seres humanos porque apresenta resultados proporcionais
quantidade de etanol em uma amostra. Mas, porque esse fenmeno ocorre? O que
acontece quimicamente com o sistema para que apresente tais respostas?
Os bafmetros mais simples so constitudos por um tubo contendo uma
mistura slida de soluo aquosa de dicromato de potssio (K2Cr2O7) e slica,
umedecida com cido sulfrico sistema bastante parecido com o que foi construdo
experimentalmente. Quando uma pessoa assopra esse tubo, o lcool que est sendo
eliminado de seus pulmes reage com o dicromato de potssio atravs de uma reao
de oxirreduo, ou seja, ocorre uma transferncia de eltrons entre o lcool (perde
eltrons) para o dicromato (ganha eltrons). Essa reao pode ser descrita da
seguinte forma (BRAATHEN, 1997):
K2Cr2O7(aq) + 4H2SO4(aq) + 3CH3CH2OH(g) Cr2(SO4)3(aq) + 7H2O(l) + 3CH3CHO(g) + K2SO4(aq)
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
41 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Observando essa equao, possvel dizer, ento, que o dicromato o agente
oxidante (j que induz a oxidao do lcool a aldedo) e que o lcool o agente
redutor (porque induz a reduo do dicromato a cromo (III)). Com isso, fica fcil
compreender porque houve a mudana de cor: o dicromato de potssio possui
colorao alaranjada e o cromo (III) possui colorao esverdeada. Assim, quando
ocorre a reao de oxirreduo, ocorre tambm a mudana das espcies presentes no
sistema e, consequentemente, a colorao deste. Logo, possvel concluir que, para
a mesma quantidade de giz embebido em soluo cida de dicromato de potssio,
quanto maior o teor de lcool no sistema, mais a reao qumica ocorrer e, mais
intensa a colorao esverdeada do sistema.
Os instrumentos utilizados pelos policiais rodovirios possuem o mesmo
princpio de funcionamento: o condutor do veculo assopra em um tubo em que ocorre
a reao de oxirreduo. Nesses casos, entretanto, a deteco do teor alcolico no
feita visualmente, mas com um medidor capaz de transformar essa informao em um
nmero que aparece no visor dos equipamentos.
O bafmetro pode ser considerado um mtodo adequado para fiscalizao de
embriaguez?
Como foi discutido na terceira aula do minicurso, quando uma pessoa ingere
bebidas alcolicas seu organismo rapidamente inicia um processo de eliminao da
substncia txica, que pode levar de 20 a 30 minutos dependendo de algumas
condies fsicas e do teor alcolico da bebida. Pode-se afirmar, ento, que a pessoa
est intoxicada e que, consequentemente, sua capacidade para conduzir veculos est
comprometida porque a embriaguez altera a coordenao motora e a rapidez dos
reflexos. O nosso organismo apresenta trs mecanismos para purificar o sangue e
promover a desintoxicao (BRAATHEN, 1997):
i. A eliminao, nos pulmes, pelo ar alveolar;
ii. A eliminao pelo sistema urinrio;
iii. A metabolizao do etanol no fgado.
O primeiro processo, especificamente, ocorre porque o sangue que circula no
organismo passa pelos pulmes e, como ocorre a troca de gases, parte do lcool fica
neles. Por isso, possvel afirmar que a concentrao de lcool exalado pelos
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
42 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
pulmes de uma pessoa que ingeriu bebidas alcolicas proporcional concentrao
sangunea desse composto. Sabe-se, entretanto, que os dois primeiros processos
(eliminao nos pulmes e pelo sistema urinrio) representam somente 10% do total
de purificao realizado pelo corpo humano. Sendo assim, responda:
Para pensar
- Aproximadamente 10% do descarte do lcool do corpo humano para purificar o
sangue realizado nos pulmes pelo ar alveolar e pelo sistema urinrio e os 90%
restantes so eliminados pela metabolizao de etanol, principalmente no fgado.
Considerando tais afirmaes, como explicar a utilizao do bafmetro como
instrumento de deteco da embriaguez?
Elaborao e apresentao de um cartaz
A ltima atividade do minicurso ser a elaborao de um cartaz. Nele, vocs
podero usar a criatividade e expor, artisticamente, suas compreenses sobre o tema
A qumica do lcool: o que eu realmente sei sobre as drogas. Para tanto, dividam-se
em grupos de cinco pessoas e, com o uso de canetas hidrogrficas, gizes de cera,
recortes de revista, cola, tesoura, rgua, lpis e borracha, montem um cartaz sobre as
suas experincias, opinies, crticas e sobre o que aprenderam durante os dois dias
de minicurso. Bom trabalho!
Referncias Bibliogrficas
Referencial Terico
ATKINS, P.; PAULA, J.; Fsico Qumica. Volume 1. Oitava edio. Editora LTC,
2008.
AGUIAR, R. M. P.; MARIA, L. C. S.; RODRIGUES, J. R.; SANTOS, Z. A.
M. Uma abordagem alternativa para o ensino da funo lcool. Revista
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Qumica Nova na Escola, n. 12, novembro de 2000.
ARAJO, D. A., LEAL, M. C.; PINHEIRO, P. C. Origem, produo e
composio qumica da cachaa. Revista Qumica Nova na Escola, n. 18,
novembro de 2003.
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BRALBANTE, M. E. F.; FRIEDRICH, L. S.; NARDY F. C.; PAZINATO, M. S.;
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Uma Abordagem Interdisciplinar. Revista Qumica Nova na Escola, n.1,
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http://www.cisa.org.br/artigo/289/alcool-legislacao-politicas-publicas.php
(acessado em 27/09/13)
Material Utilizado
ATKINS, P.; PAULA, J.; Fsico Qumica. Volume 1. Oitava edio. Editora LTC,
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FERREIRA, G. A. L.; ML, G. S.; SILVA, R. R. Bafmetro - um modelo
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http://www.obid.senad.gov.br/ (acessado em 28/09/13).
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
45 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Anexos A: Atividade Experimental
Equipe:
Atividade Experimental Clculo do teor alcolico
Tabela. Valores mdios de teor alcolico referente s solues indicadas.
Bebida Teor alcolico (em volume)
gua 0%
Cerveja 5%
Vinho tinto 12%
Aguardente 40%
lcool etlico 96%
Qual a sua amostra?
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
46 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Anexo B: Exerccio de fixao
Equipe:
Exerccio de fixao
Uma mistura dos lquidos miscveis A e B foi realizada e a densidade dessa
mistura encontrada no laboratrio foi de 0,856 g/mL. Sabendo que a densidade de A =
1,067 g/mL e B = 0,745 g/mL, determine qual o teor de A e de B na mistura.
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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Qumica
47 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Anexo C: Questo
Equipe:
Questo
Explique detalhadamente o caminho que o etanol percorre no corpo humano
aps a sua digesto, o que causa os devidos efeitos nos rgos e indique a sua ao
em cada um deles.
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48 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Anexo D: Questo
Equipe:
Questo
Aproximadamente 10% do descarte do lcool do corpo humano para purificar
o sangue realizado nos pulmes pelo ar alveolar e pelo sistema urinrio e os 90%
restantes so eliminados pela metabolizao de etanol, principalmente no fgado.
Considerando tais afirmaes, como explicar a utilizao do bafmetro como
instrumento de deteco da embriaguez?
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49 lcool: o que voc realmente sabe sobre as drogas?
Anexo E: Questo
Equipe:
Questes sobre os vdeos Fazendo Cachaa partes 1 e 2
(Disponveis em http://www.youtube.com/watch?v=wMMRCEsiIGQ e
http://www.youtube.com/watch?v=6xREt90 Bum)
1. Por que uma cana mais doce produz maior quantidade de cachaa?
2. De onde vem o lcool existente na cachaa? Ele j existia na cana?
3. Escreva com suas palavras o que entende por engenho de cana e
qual sua funo.
4. Uma das etapas da produo de cachaa o processo de filtrao. Por
qual razo importante a filtrao para fabricar o lcool de cana de acar?
5. Por que o Seu Claer tem que controlar a temperatura do fogaru que
aquece o alambique?
6. Como o Seu Claer identifica a cachaa boa que sai do alambique?
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