modulo 2 - efeitos de substancias psicoativas
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8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas
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Sistema para detecção do
Uso abusivo e dependência de substâ
Psicoativas:
Encaminhamento, intervenção breve,
Reinserção social e
Acompanhamento
Efeitos de
substâncias
psicoativas
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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas
Módulo 2
Efetos das substâncas pscoavas
9ª Edição
BrasaMJ
2016
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Módulo 2
Efetos de substâncas pscoavas
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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas
Módulo 2
Efetos das substâncas pscoavas
9ª Edição
BrasaMJ
2016
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E27
Efetos de substâncas pscoavas: móduo 2. – 9. ed. – Brasa: Secretara Nacona de
Pocas sobre Drogas, 2016.146 p. – (SUPERA: Sstema para detecção do Uso abusvo e dependênca de
substâncas Pscoavas: Encamnhamento, ntervenção breve, Renserção soca eAcompanhamento / coordenação [da] 9. ed. Mara Luca Overa de Souza Formgon)
ISBN 978-85-5506-032-8
1. Drogas – Uso – Abuso I. Formgon, Mara Luca Overa de Souza II. Bras. Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas III. Sére.
CDD – 613.8
SUPERA - Sstema para detecção do Uso abusivo
e dependência de substâncias Pscoavas:
Encamnhamento, ntervenção breve, Renserção soca
e Acompanhamento.
Projeto orgna de Paulina do Carmo Arruda Vieira
Duarte e Mara Luca Overa de Souza Formgon
© 2016 SENAD. Departamento de Pscobooga e
Departamento de Informáca em Saúde – UnversdadeFedera de São Pauo (UNIFESP), Assocação Fundo de
Incenvo à Pesqusa (AFIP)
Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas (SENAD)
Luz Guherme Mendes de Pava (Secretáro Execuvo)
Leon de Souza Lobo Garca (Dretor de Arcuação e
Coordenação de Pocas sobre Drogas)
Unversdade Federa de São Pauo
Soraya Soubh Sma (Retora)
Vaéra Petr (Vce-Retora)Fundação de Apoo à UNIFESP (FapUnfesp)
Jane Zveter de Moraes (Presdente)
INFORMAÇÕES
Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas (SENAD)
Espanada dos Mnstéros, Boco T, Anexo II, 2º andar,
saa 213 – Brasa/DF. CEP 70604-000 www.senad.gov.br
Unversdade Federa de São Pauo (UNIFESP)
Undade de Dependênca de Drogas (UDED) da
Dscpna de Medcna e Socooga do Abuso de Drogas
do Departamento de Psicobiologia
Rua Napoeão de Barros, 1038 – Va Cemenno/SP
CEP 04024-003
Quaquer parte desta pubcação pode ser reproduzda,
desde que ctada a fonte.
Dsponve em:
Edção: 2016
EQUIPE EDITORIAL
Coordenação UNIFESP
Mara Luca Overa de Souza Formgon –
Coordenadora Gera, Supervsão Técnca e Cenica
Ana Regna Noto Fara – Vce-Coordenadora
Revsão de Conteúdo
Equpe Técnca – SENAD
Dretora de arcuação e Coordenação de Pocassobre Drogas
Coordenação Gera de Pocas de Prevenção,
Tratamento e Renserção Soca – SENAD
Equpe Técnca – FapUnfesp e AFIP
Keth Machado Soares
Yone G. Moura
Desenvovmento da Tecnooga de Educação a
Dstânca
Fabrco Land de MoraesEqupe de Apoo TI (FapUnfesp)
Fabo Land, Otávo Perera, Thago Kadooka
Projeto Gráico Orgna
Sva Cabra
Dagramação e Desgn
Marca Omor
Revsão Ortográica e Gramaca
Emne Kzahy Barakat
LINHA DIRETA SUPERA
0800 771 3787
Homepage: www.supera.senad.gov.br
e-ma: faeconosco@supera.org.br
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EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo
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Sumário
Introdução do módulo ......................................................................................................................11
Objevos de ensno ...........................................................................................................................12
Capítulo 1 - Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitos biológicos comunsàs drogas de abuso .................................................................................................................... 13
O cérebro e o meo ambente na vunerabdade à dependênca de substâncas ............................14
Um pouco de hstóra ........................................................................................................................14
Sstema de recompensa cerebra ......................................................................................................15
Aspectos comportamentas reaconados ao consumo de drogas de abuso ....................................18Aspectos neuroboógcos reaconados ao processo de absnênca da droga ................................20
Fssura (Craving) ................................................................................................................................20
Pape do ambente e da genéca ......................................................................................................21
Avdades ..........................................................................................................................................24
Bbograia ........................................................................................................................................26
Capítulo 2 - Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos): efeitos agudos e crônicos ... 29
Benzodazepncos .............................................................................................................................30
Soventes ou naantes ......................................................................................................................32
Opáceos ............................................................................................................................................38
Avdades ..........................................................................................................................................41
Bbograia ........................................................................................................................................43
Capítulo 3 - Álcool: efeitos agudos e crônicos ........................................................................... 45
Ácoo é uma droga pscotrópca .......................................................................................................46
Bebdas acoócas e seus efetos no organsmo ................................................................................49
Ácoo e bebdas energécas .............................................................................................................54
Ácoo e trânsto ................................................................................................................................55
Ácoo e nves de gcema ................................................................................................................56
Ácoo e gravdez ...............................................................................................................................62
Dependênca de ácoo ......................................................................................................................64
Avdades ..........................................................................................................................................66
Bbograia ........................................................................................................................................68
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EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo
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Captuo 4 - Drogas esmuantes (anfetamnas, cocana e outros): efetos agudos e crôncos ...71
Cocana ..............................................................................................................................................72Anfetamnas ......................................................................................................................................74
Ncona .............................................................................................................................................80
Avdades ..........................................................................................................................................82
Bbograia ........................................................................................................................................84
Capítulo 5 - Crack: um capítulo à parte... .................................................................................. 87
O que é o crack? ................................................................................................................................88
Epdemooga ....................................................................................................................................89
A ação da droga no Sstema Nervoso Centra ...................................................................................90Danos íscos ......................................................................................................................................91
Danos psqucos .................................................................................................................................96
Abordagens terapêucas ..................................................................................................................97
Avdades ........................................................................................................................................104
Bbograia ......................................................................................................................................106
Capítulo 6 - Drogas perturbadoras (maconha, LSD-25, êxtase e outros): efeitos agudos e crônicos 111
Drogas perturbadoras .....................................................................................................................112
Indócos (LSD, psocbna e DMT) ..................................................................................................113
FEAs – Feneamnas (mescana e êxtase) ...................................................................................115
Anconérgcos ...............................................................................................................................118
Anestéscos dssocavos (fenccdna e ketamna) ........................................................................119
Canabnodes – maconha ................................................................................................................119
Avdades ........................................................................................................................................123
Bbograia ......................................................................................................................................125
Capítulo 7 - Problemas médicos, psicológicos e sociais associados ao uso abusivo de álcool e outras
drogas .................................................................................................................................... 127Probemas assocados ao uso de substâncas .................................................................................128
Carga goba do uso de ácoo e outras drogas ................................................................................129
Probemas socas ............................................................................................................................131
Probemas psqucos e comorbdades .............................................................................................134
Repercussões médcas do uso abusvo de ácoo e outras drogas ..................................................134
Avdades ........................................................................................................................................141
Bbograia ......................................................................................................................................143
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EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo
2
Introdução do módulo
Sabe-se hoje que fatores neuroboógcos nluencam de forma mportante tanto o nco
quanto a manutenção dos sntomas da dependênca de substâncas pscotrópcas. Este
Móduo traz a você nformações sobre as estruturas cerebras, os mecansmos de reforço
e recompensa, as nluêncas do ambente e da genéca na dependênca. Em seguda você
conhecerá os prncpas efetos das drogas pscotrópcas. Aás, você conhece a deinção
de drogas e sabe qua a dferença entre droga pscoava e pscotrópca? Vamos recordar:
“Droga”, segundo a Organzação Munda de Saúde (OMS) é: quaquer substânca que é
capaz de modicar a função dos organsmos vvos, resutando em mudanças isoógcas
ou de comportamento. Aqueas que modicam a avdade do Sstema Nervoso Centra,aumentando-a (esmuantes), reduzndo-a (depressoras) ou aterando nossa percepção
(perturbadoras) são chamadas de pscoavas. Dentre as drogas pscoavas agumas são
procuradas (“tropsmo”) peos seus efetos prazerosos, podendo evar ao seu uso abusvo
ou dependênca – estas são chamadas de pscotrópcas.
No Captuo sobre drogas depressoras, você saberá quas são, seus efetos, snas e sntomas.
Dentre eas são destacados os opáceos, muto mportantes na medcna peo seu poder
anagésco. Um Captuo ntero deste Móduo é dedcado ao ácoo, já que esta é uma droga
cta, mas cujo uso abusvo consste em um grave probema de saúde púbca.
Na sequênca são apresentadas as drogas esmuantes, como a cocana, as anfetamnas e a
ncona, e as drogas perturbadoras, como a maconha, LSD-25, êxtase e outras, e quas são
seus efetos agudos e crôncos.
Os probemas causados peo uso do crack não são muto dferentes daquees causados
peo uso abusvo de outras drogas. No entanto, o rápdo aumento do seu consumo entre
cranças, adoescentes e adutos, prncpamente entre aquees em stuação de rua, no Bras,
tem pressonado governos e a socedade cv para o desenvovmento e a mpementação
de ações terapêucas efevas. Assm, um Captuo ntero deste Móduo traz desde a
epdemooga do crack até as abordagens terapêucas mas recentes.
Este Móduo é encerrado com uma descrção dos probemas médcos, pscoógcos e socas
assocados ao uso abusvo do ácoo e outras drogas.
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EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo
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Objetivos de ensino
Ao fna do móduo, você será capaz de:
9 Descrever o modo de ação das prncpas drogas pscoavas, seus efetos
agudos e crôncos;
9 Concetuar e ctar exempos de drogas esmuantes, depressoras e
perturbadoras do Sstema Nervoso Centra (SNC);
9 Deinr os mecansmos de reforço e recompensa das drogas de abuso;
9 Idenicar os prncpas efetos agudos e crôncos das drogas de abuso no SNC
e em outros sstemas orgâncos;
9 Enumerar os prncpas probemas médcos, pscoógcos e socas assocados
ao uso abusvo das drogas de abuso.
Capítulos
1. Neurobooga: mecansmos de reforço e recompensa e os efetos boógcos
comuns às drogas de abuso
2. Drogas depressoras (benzodazepncos, naantes, opáceos): efetos agudos e
crôncos
3. Ácoo: efetos agudos e crôncos
4. Drogas esmuantes (cocana, anfetamnas e outros): efetos agudos e crôncos
efetos agudos e crôncos
5. Crack: um captuo à parte...
6. Drogas perturbadoras (maconha, LSD-25, êxtase e outros): efetos agudos ecrôncos
7. Probemas médcos, pscoógcos e socas assocados ao uso abusvo de ácoo
e outras drogas
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EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo
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Neurobiologia: mecanismos de reforço
e recompensa e os efeitos biológicoscomuns às drogas de abuso
TÓPICOS
9 O cérebro e o meio ambiente na vulnerabilidade à
dependência de substâncias 9 Um pouco de história
9 Sistema de recompensa cerebral
9 Aspectos comportamentais relacionados ao consumo dedrogas de abuso
9 Aspectos neurobiológicos relacionados ao processo deabstinência da droga
9 Fissura (Craving)
9Papel do ambiente e da genética
9 Atividades
9 Bibliografia
Capítulo
1
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Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
1
4SUPERA | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento
O cérebro e o meio ambiente navulnerabilidade à dependência desubstâncias
Muito provável que você já tenha se perguntado algum dia: Por que algumas pessoas setornam dependentes de substâncias psicoativas e outras não?
A dependência de substâncias pode ser entendida como uma alteração cerebral
(neurobiológica) provocada pela ação direta e prolongada de uma droga de abuso no
encéfao. Essas aterações são nluencadas por aspectos ambentas (socas, cuturas,
educaconas), comportamentas e genécos.
Ao ongo do tempo, mutas deas dferentes sobre esse assunto foram dvugadas. Hoje, é
possve airmar que exstem város fatores envovdos nesse processo, como se pode ver
na igura abaxo:
Fatores que influenciam no desenvolvimento da dependência de drogas
Um pouco de históriaEm meados do sécuo XIX, agumas teoras sobre movação airmavam que o comportamento
dependente resutava de “nsntos subconscentes”. Contudo, nenhuma dessas teoras
consegua expcar adequadamente todos os eementos envovdos na dependênca de
substâncas, ncundo os aspectos pscoógcos e neuroboógcos. Fo no nco da década
de 40, no sécuo passado, que surgu uma nova expcação para a dependênca, abrangendo
As teorias diferemquanto ao peso
atribuído aos fatoresque influenciam o
estabelecimento dadependência de drogas.
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8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas
15/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil
aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão
Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
1
concetos tanto da pscooga como da psquatra. Essa teora, chamada de “teora do
reforço”, fo testada em aboratóros de pesqusa. Um trabaho ponero, reazado porSpragg, demonstrou que chmpanzés se admnstravam drogas vountaramente.
Após receberem repedamente drogas opodes, os chmpanzés “pedam a droga” ao
pesqusador – sto é, assumam a posção própra para receber as njeções da droga,
contrarando o esperado de seus comportamentos nsnvos programados genecamente.
Isso aguçou a curosdade da comundade cenica por esse tema.
Ods e Mner, em 1954, observaram que ratos com eetrodos (ios eétrcos) ntroduzdos
em certas regões profundas do cérebro “trabahavam” (sto é, baam as patas em barras,
como observado na igura abaxo) para receber um esmuo eétrco naquea regão. Ees
apresentavam o comportamento de “autoesmuação” de forma tão exagerada que, àsvezes, dexavam de comer e dormr. Observou-se que somente um número mtado de
regões cerebras desencadeava tas comportamentos. As esmuações eétrcas nessas
regões também fazam com que os anmas apresentassem comportamentos naturas de
consumo de água e comda, mpcando em sensações
de recompensa e movação.
Os censtas descobrram que as mesmas regões
cerebras que provocavam “autoesmuação” também
são as regões avadas peas drogas de abuso.
As principais vias neurais envolvidas nesse circuito
movacona são as vas mesombca e mesocorca.
As drogas de abuso esmuam as mesmas regões do
cérebro que nduzem autoesmuação eétrca em
anmas e que são avadas em stuações prazerosas.
Sistema de recompensa cerebralCada droga de abuso tem o seu mecansmo de ação parcuar, mas todas eas atuam, dreta ou
ndretamente, avando uma mesma regão do cérebro: o sstema de recompensa cerebra.
Esse sstema é formado por crcutos neuronas responsáves peas ações reforçadas posva
e negavamente. Quando nos deparamos com um esmuo prazeroso nosso cérebro ança
um sna (aumento de dopamna – mportante neurotransmssor do SNC (Sstema Nervoso
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Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
1
6SUPERA | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento
Centra) – no núceo accumbens – região central do sistema de recompensa e importante
para os efeitos das drogas de abuso).Normamente exste um aumento de dopamna com esmuos prazerosos: comda, avdade
sexua, esmuos ambentas agradáves, como ohar para uma pasagem bonta ou escutar
uma músca da qua gostamos. As drogas de abuso agem no neurônio dopaminérgico
(representado na igura abaxo), nduzndo um aumento brusco e exacerbado de dopamna
no núcleo accumbens, mecansmo comum para pracamente todas as drogas de abuso.
Esse sna é reforçador, assocado a sensações de prazer, fazendo com que a busca pea
droga se torne cada vez mas prováve.
Neurôno dopamnérgco da va mesombca, que parte da área tegmentar ventra (ado esquerdo da igura) e nerva o
núceo accumbens (ado dreto da igura).
Inúmeros estudos demonstraram que as drogas de abuso ou esmuos ambentas naturas
(comer, beber água, fazer sexo, ouvr uma boa músca), reconhecdos peo organsmo como
prazerosos, geram mudanças no cérebro, mas precsamente nas substâncas qumcas
chamadas “neurotransmssores”, responsáves pea comuncação entre os neurônos.
As drogas de abuso agem sobre mutas estruturas do SNC, mas a ação sobre o sstema
mesombco e o sstema mesocorca, que juntos constuem o sstema de recompensa
cerebra, é de fundamenta mportânca.O sstema mesombco (seta em verde na igura a segur) é composto por projeções
dopamnérgcas que partem da área tegmentar ventra e chegam, prncpamente, ao
núceo accumbens. A área tegmentar ventra é onde se ocazam os corpos neuronas
dopaminárgicos; a mesma também é responsável pelas projeções desses neurônios para
as demas estruturas do sstema de recompensa e o núceo accumbens é responsável pelo
aprendzado e pea movação, bem como pea vaorzação de cada esmuo. É mportante
tanto com o sistema límbico (associado às emoções)como com os principais centros responsáveis pela
memória (amígdala e hipocampo).
Sistema derecompensa
cerebral: caracterizado por
seus componentescentrais (núcleo
accumbens , áreategmentar ventral e
córtex pré-frontal)e seu envolvimento
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8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas
17/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil
aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão
Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
1
saentar que exstem projeções dopamnérgcas para outras estruturas cerebras, tas como
o hpocampo, estrutura assocada com aprendzagem e memóra espacas; e a amgdaa,estrutura responsáve peo processamento do conteúdo emocona de esmuos ambentas.
O sstema mesombco está relacionado ao mecanismo de condicionamento ao uso da
substânca, bem como à issura, à memóra e às emoções gadas ao uso.
O sstema mesocorca (seta em azu-caro na igura abaxo) é composto pea área
tegmentar ventra, peo córtex pré-fronta, peo gro do cnguo e peo córtex orbtofronta.
O córtex pré-fronta é responsáve peas funções cognvas superores e peo controe do
sequencamento de ações. O gro do cnguo, por estar ocazado acma do corpo caoso,
tem conexões com dversas outras estruturas do sstema mbco e tem as seguntes funções:
atenção, memóra, reguação da avdade cognva e emocona; o córtex orbtofronta éresponsáve peo controe do mpuso e da tomada de decsão. Portanto, as aterações que
ocorrem no sstema mesocorca em decorrênca do consumo de substâncas pscoavas
estão reaconadas com os efetos de substâncas pscoavas, compusão e perda do controe
para o consumo de drogas.
Representação de um corte sagital médio do encéfalo humano com a marcação das principais áreas do sistema de
recompensa cerebral. O sistema dopaminérgico mesolímbico está representado pela seta em verde e o sistema
dopamnérgco mesocorca está representado pea seta em azu-caro.
Ambos os sstemas, mesombco e mesocorca, reaconam-se, funconando paraeamenteentre s e com as demas estruturas cerebras e coniguram o sstema de recompensa
cerebral.
A dopamna é o prncpa neurotransmssor presente no sstema de recompensa cerebra,
porém não é o únco responsáve por sua ação. Neurotransmssores como a serotonna,
noradrenana, gutamato e o GABA são responsáves pea moduação do SNC e também
estão presentes no sistema de recompensa.
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8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas
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aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão
Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
1
SUPERA | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento
A ação das drogas de abuso sobre o sistema de recompensa
cerebral pode levar ao desenvolvimento da dependência.
Aspectos comportamentais relacionadosao consumo de drogas de abuso
O termo reforço, bastante usado nessa área, refere-se a um esmuo que fará com que um
determnado comportamento ou resposta se repta, devdo ao prazer que causa (reforço
posvo), ao “desprazer ” ou desconforto que ava (reforço negavo).
Por exempo: quando você come uma comda decosa (por exempo, um bombom de
chocoate), mesmo sem estar com fome, a comda é um reforço posvo. Quando você
come uma comda de que não gosta, somente porque está com muta fome e aquea é a
únca comda dsponve, a comda é um reforço negavo, porque ava uma sensação rum,
de desconforto – a fome.
Como as drogas de abuso aumentam a beração de dopamna no núceo accumbens, as
pessoas podem usar drogas porque querem ter uma sensação de bem-estar, de aegra
(reforço posvo).
Mas as pessoas também podem usar drogas porque estão trstes, deprmdas ou ansosas
e querem avar essas sensações runs – nesse caso, procuram a droga por seu poder
reforçador negavo. Essa propredade reforçadora da droga, causando prazer ou avando
sensações runs (por exempo, a sndrome de absnênca na ausênca da droga), aumenta a
chance da reuzação da droga.
O uso repedo de drogas de abuso produz aterações no SNC que podem evar às ateraçõescomportamentas (toerânca e/ou sensbzação). Essas aterações comportamentas
contrbuem para aumentar a “saênca” do ncenvo e o “desejo de consumr mas drogas”.
Quando uma droga é admnstrada repedamente e não provoca mas o mesmo efeto, ou
é precso aumentar a dose para ter a mesma sensação, dz-se que a pessoa está “tolerante”
àquee efeto da droga. Esse fenômeno, a tolerância, é comumente encontrado nas
pessoas que se tornaram dependentes das drogas. Isso é reavamente comum com drogas
depressoras, como benzodazepncos, barbtúrcos e atas doses de ácoo.
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8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas
19/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil
aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão
Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
1
Lembre-se:
9 Perda de tolerância: após perodo de absnênca, a toe-
rânca pode ser perdda, evando a overdoses acdentas.
9 Reaquisição da tolerância: após o período de “perda de
toerânca”, a reaqusção ocorre de manera mas rápda
que a aquisição inicial.
9 Sndrome de Absnênca: Na AUSÊNCIA da droga, mutas
dessas adaptações se tornam disfuncionais e podem
desencadear uma sére de sntomas, em gera, opostosaos efetos agudos da droga e que podem ser reverdos
pea admnstração de novas quandades de droga. As
adaptações evam a um novo estado de equbro, mas às
custas de aterações mportantes em mutos sstemas, que
são funcionais SOB a ação da droga, mas dsfunconas na
ausência da droga.
Outras substâncias podem desencadear um efeito inverso ao da tolerância – ao invés de
uma redução do efeto ocorre um aumento do efeto após repedas admnstrações. Esse
processo é chamado de sensbzação e ocorre com drogas esmuantes, como anfetamna
e cocana, ou com doses baxas de ácoo. Sabe-se que a toerânca e a sensbzação estão
reaconadas, peo menos em parte, com a forma de uso da droga (ntervao entre as doses
e via de uso).
Veja no gráico como podem ser mostradas a toerânca e a sensbzação aos efetos das
drogas.
Para alguns efeitos (em geral depressores) ocorre
toerânca, mas para outros (esmuantes da avdade
locomotora, por exempo) ocorre sensbzação.
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8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas
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Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
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SUPERA | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento
A sensbzação pode ser mensurada de forma comportamenta peo aumento progressvo
dos efetos motores (e ocomotores) causados pea admnstração repeda das drogas deabuso. Veja na igura abaxo.
Sensbzação: a mesma dose inicial passa a
desencadear um efeito inicial maior.
Aspectos neurobiológicos relacionadosao processo de abstinência da droga
Nos estados de absnênca das drogas de abuso, em gera, a pessoa apresenta sntomasopostos aos observados quando ea está sob o efeto agudo das drogas. Nesses casos,
observa-se uma “ depleção” dos nves de dopamna (sto é, uma redução mportante devda
ao excesso de beração que ocorreu durante o uso da droga), prncpamente no núceo
accumbens. Provavelmente isso desencadeie um forte desejo (issura) de usar a droga
novamente.
Fissura (Craving )Esse fenômeno é descrto como um desejo urgente e quase ncontroáve de usar a substânca,
que nvade os pensamentos do usuáro de drogas, aterando o seu humor e provocando
sensações íscas e modicação do seu comportamento. Város estudos reatam que a issura
está gada tanto a desencadeadores externos (a própra droga, ocas ou stuações de uso)
como nternos (humor deprmdo, ansedade). Pesqusas de neuromagem – por tomograia
computadorzada com emssão de fóton únco (SPECT), tomograia por emssão de póstron
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Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
Capítulo
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(PET) ou ressonânca magnéca funcona (FMRI) – anasaram a issura uzando vdeos
com magens reaconadas à droga e compararam com vdeos neutros e/ou com esmuoserócos, cenas trstes ou aegres. Observou-se que, em agumas regões cerebras, usuáros
crôncos de cocana têm o luxo sanguneo dmnudo (avaado na SPECT), e esse dado é
semehante aos observados em agumas aterações psquátrcas, como pscose e mana.
Observou-se que tanto o uso agudo como o uso crônco de drogas provocam mudanças na
função cerebra, e que eas persstem por ongo tempo após a rerada da substânca. Essas
modicações manfestam-se na avdade metabóca, na sensbdade e quandade de
receptores snápcos, e na expressão gênca, gerando dferentes respostas aos esmuos
ambientais.
Papel do ambiente e da genética
MECANISMOS DE APRENDIZADO E MEMÓRIA
Agumas das questões mas dscudas peos estudosos da área são:
9 Quas são e como ocorrem as transformações boógcas na dependênca de
drogas?
9 De que forma essas aterações são “gravadas” no cérebro a ponto de modicar
o comportamento do animal ou da pessoa mesmo após a cessação do efeito da
substância?
Os mecansmos moecuares que se reaconam com os efetos das drogas de abuso, a ongo
prazo, podem ser dvddos em duas casses prncpas: as adaptações homeostácas e o
aprendzado assocavo.
9 As adaptações homeostácas são as respostas compensatóras das céuas à
exposção repeda à droga de abuso.
9 O aprendzado assocavo representa aterações permanentes ou de ongoprazo que ocorrem na snapse (regão especazada para a comuncação entre
os neurônios) e que contêm códgos que armazenam nformações especicas,
atuando como uma “memóra ceuar”.
Há város ndcos de que esmuos ambentas podem aterar o rsco de usar drogas. É o
que se chama de “condconamento” ao ambente. Por exempo: quem tem um anma de
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Capítulo
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esmação, um cachorro, percebe que o smpes fato de pegar a vasha na qua se coocará a
comda do anma, ou evantar da mesa de refeções, faz com que o cachorro se agte e corrapara o oca no qua se costuma dar a comda, “antecpando” a recompensa.
Com as drogas de abuso acontece coisa parecida:
A smpes vsão do oca no qua o usuáro costumava usar a droga pode esmuar a vontade
de usá-a, porque ocorreu uma assocação entre o ambente e o efeto da droga. Outro
ndco da mportânca do ambente é o pape do estresse na dependênca, que costuma
esmuar o uso de drogas. É muto comum ver em imes e noveas pessoas usando bebdas
acoócas para “reaxar”, para dar com estresse. Parte desse comportamento é socamente
“aprenddo” e outra parte é uma assocação entre o efeto ansoco (redutor da ansedade)
de agumas drogas e a stuação estressante. Por outro ado, aguns estudos mostraram que
certas condções ambentas, como vver em um ambente rco em esmuos posvos,
com acesso a mas recursos ou estresse dmnudo, podem reduzr a autoadmnstração de
drogas. O hábito de consumo de álcool por determinadas famílias também pode ser um
fator de risco ao desenvolvimento de dependência.
GENÉTICA
Os fatores genécos desempenham outro pape mportante no desenvovmento da depen-
dência química. Estudos epidemiológicos têm estabelecido há muito tempo que o alcoolis-mo, por exempo, possu um componente familiar preponderante, com uma esmava de
40% a 60% do rsco para o desenvovmento desse transtorno. Parte dessa nluênca é dev-
da a caracterscas herdadas por meo dos genes. Como exempo: predsposção genéca a
agumas doenças psquátrcas ou o nve de prazer sendo peo consumo da droga podem
estar associados ao desenvolvimento de dependência.
O fato de exsr uma nluênca genéca, uma maor
vunerabdade, NÃO sgnica que a dependênca de ácooseja competamente herdada, que seja ago pré-determnado.
Entretanto, pessoas com hstóra famar de dependênca
devem ser alertadas para o fato de que têm maior risco de
desenvolverem um problema semelhante aos pais do que a
população em geral.
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Capítulo
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Estudos sobre a nluênca de fatores genécos no desenvovmento do acoosmoencontraram uma reação entre a gravdade da dependênca e a presença do aeo A1
do receptor DRD2 de dopamna (BLUM et a, 1990). Isto é, pessoas com esse aeo está
assocado à baxa responsvdade à dopamna e teram maor chance de desenvover
quadros graves de dependênca de ácoo, e sso parece ter reação com seus nves basas
mas baxos de dopamna. Aém dsso, há mutos estudos sobre a nluênca de outros genes
na dependência de álcool.
PARA FINALIZAR!
Segundo aguns autores, a maora dos aspectos neuroboógcos (estudados neste Captuo)
das dependêncas pode ser resutante da desreguação dos mecansmos moecuares, gados
à memóra de ongo prazo, que futuramente poderão ser modicados por medcações
especicas. Já os comportamentos aterados, decorrentes dessa desreguação, podem
com frequênca ser suprmdos, peo menos por um perodo, por mecansmos de controe
que requerem funções do córtex fronta (através da ógca e da razão) e que podem ser
trenados peas técncas de tratamento pscoterápcas. Contudo, devdo à natureza desses
comportamentos e à ntensdade das mudanças boógcas assocadas, não é surpreendente
que, apesar dos esforços, ocorram recadas.
As pesqusas no campo da dependênca de substâncas evouram muto nos úmos 30 anos,
principalmente em relação aos aspectos comportamentais e neurobiológicos envolvidos
na busca e no consumo de drogas, e já trouxeram grandes descobertas, como agumas
medcações que ajudam a dmnur a issura peas drogas. É prováve que nos próxmos anos
novos estudos, prncpamente sobre o pape das mudanças nas expressões gêncas e os
mecansmos moecuares da memóra, tragam novas formas de abordagem desse compexo
transtorno.
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Atividades
REFLEXÃO
Como o entendmento das aterações neuroboógcas pode ajudar no desenvovmento
de novas formas de intervenção?
TESTE SEU CONHECIMENTO
1. Em relação ao sistema de recompensa cerebral é CORRETO airmar que:
a) É formado por uma únca va neurona.
b) Consste somente na beração de dopamna, neurotransmssor responsáve pea
sensação de prazer e bem-estar.
c) O sstema mesombco e o sstema mesocortca fazem parte dee.
d) É atvado apenas por drogas pscoatvas.
2. Dependência de drogas de abuso é considerada:
a) Uma ateração cerebra nfuencada por fatores ambentas, afetando o
comportamento.
b) Apenas um problema de personalidade.
c) Uma questão genétca.
d) Um probema educacona e cutura.
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3. Em reação ao fenômeno da toerânca ao efeto da droga de abuso, podemos airmar
que:a) O indíviduo sempre precisa da mesma quantidade da droga para sentir seus
efeitos.
b) Durante a abstnênca pode ocorrer uma rápda perda de toerânca, o que é
perigoso nos episódios de recaída.
c) A tolerância só ocorre em casos de uso esporádico da droga de abuso.
d) Não exste assocação entre os processos de dependênca e toerânca.
4. Assnae verdadero (V) ou faso (F):
( ) A fissura ocorre devido a alterações neurobiológicas no cérebro de dependentes
químicos.
( ) Quando a fssura acontece, não há como evtar, o únco desfecho é a recada.
( ) Exstem técncas cogntvo-comportamentas que podem ser ensnadas ao
paciente para que ele enfrente melhor a fissura e evite uma recaída.
( ) O uso de pscofármacos também é út para ajudar a dmnur a fssura em aguns
pacientes.
A aternava CORRETA é:
a) V V V F.
b) F V V V.
c) V F V V.
d) F V V F.
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Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso
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EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo
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Drogas depressoras (benzodiazepínicos,
inalantes, opiáceos): efeitos agudos ecrônicos
TÓPICOS
9 Benzodiazepínicos
9 Solventes ou inalantes 9 Opiáceos
9 Atividades
9 Bibliografia
Capítulo
2
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Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos
Capítulo
2
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Benzodiazepínicos
São ndcados terapeucamente, prncpamente como tranquzantes ou ansocos, ou
seja, dmnuem a ansedade, ou como hpnócos, pos factam a ndução do sono.
Também são empregados para controar estados convusvos, ncusve aquees decorrentes
da sndrome de absnênca ao ácoo. Outros usos terapêucos desses medcamentos
ncuem o reaxamento muscuar e a sedação pré-anestésca.
Os benzodiazepínicos podem ser cassicados de acordo como tempo de mea-vda, sto é, o tempo que a droga permanece
no sangue até que metade dea tenha sdo metabozada e
emnada:
9 Longa duração (dazepam, lurazepam);
9 Méda duração (orazepam, aprazoam);
9 Curta duração (trazoam, luntrazepam, temazepam,
mdazoam).
Esses benzodazepncos de ação curta são os que apresentam o
maor potenca de abuso.Os ansocos reduzem a avdade em determnadas regões do
cérebro, evando:
9 À dmnução de ansedade;
9 À ndução de sono;
9 Ao reaxamento muscuar;
9 À redução do estado de aerta;
9 À dicudade nos processos de aprendzagem e memóra.
Essas drogas também prejudcam as funções pscomotoras, dicutando avdades que
exjam atenção, como drgr automóves ou operar máqunas, aumentando a probabdade
de acdentes. Aém dsso, é precso aertar os pacentes para não usar essas substâncas
juntamente com o ácoo, pos seus efetos são potencazados, provocando rsco de morte.
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Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos
Capítulo
2
O uso reguar de benzodazepncos e de outros sedavos produz:
9 Sonoênca, vergem e confusão menta;
9 Dicudade de concentração e de memorzação;
9 Náusea, dor de cabeça, ateração da marcha;
9 Probemas de sono;
9 Ansedade e depressão;
9 Toerânca e dependênca, após um perodo reavamente
curto de uso;
9
Sntomas sgnicavos de absnênca, na sua reradaabrupta;
9 Overdose e morte, se usados com ácoo, opáceos ou outras drogas depressoras.
EFEITOS TÓXICOS
São medcamentos reavamente seguros, sendo que a dose tóxca é cerca de 20 vezes
maor que a terapêuca. Os prncpas efetos tóxcos são: hpotona muscuar (dicudade
para icar em pé, andar, drgr), amnésa (perda de memóra) e eve dmnução da pressão
sangunea.
TERATOGENICIDADE
Essa paavra sgnica defetos no feto, produzdos anda no útero
da mãe. Os benzodazepncos podem provocar esses defetos,
prncpamente se usados pea muher grávda no prmero trmestre
da gestação. Os mas comuns são defetos nos ábos e no céu da boca,
como “ábos epornos”, um espaço entre os ábos superores da
crança, o que requer crurga ogo após o nascmento. Mas raramente,a crança pode nascer com probemas cardacos.
TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA
A Organzação Munda da Saúde recomenda a prescrção dos
benzodazepncos por perodos entre duas e quatro semanas, no
ATENÇÃO! A gravidade do quadrode intoxicação pode seintensificar muito se a pessoa ingerir bebidaalcoólica junto com os
benzodiazepínicos, poiso efeito dos ansiolíticos
fica potencializado(mais forte), podendo
levar ao coma(grande diminuição
do funcionamentocerebral), parada
respiratória e
até à morte.
LEMBRE-SE:Quando alguém se
torna dependente debenzodiazepínicos,
isto é, não consegue ficar sem usá-los, se
parar repentinamente pode sofrer uma
síndrome de abstinênciaintensa. A síndrome de
abstinência consisteem um conjunto de
sintomas, consequentesà retirada do ansiolítico,geralmente opostos aosdo uso agudo: agitação,
insônia, tremores,irritabilidade, sudorese,
náusea e vômito,hipertensão e dores de
cabeça. Eventualmente, podem aparecer
convulsões e delírio.
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máxmo, e apenas nos quadros de ansedade ou nsôna ntensa. É comum haver toerânca
a esses medcamentos, sto é, a pessoa precsa aumentar a dose que fo ncamenterecomendada peo médco para obter o mesmo efeto. No entanto, a apcação dos crtéros
dagnóscos para dependênca (APA, 2002) é mtada para essas drogas que têm ndcação
terapêuca. Por exempo: os crtéros dagnóscos para dependênca – uso connuado
apesar de probemas íscos ou pscoógcos reaconados ao uso, esforços para reduzr o
uso e perda de nteresse em avdades socas e recreaconas devdo ao uso – não são
ndcavos de abuso ou dependênca de benzodazepncos se a pessoa apresenta um grave
transtorno de ansedade.
Mesmo tendo o conhecmento da possbdade de ocorrer sndrome de absnênca, se
a medcação for suspensa abruptamente, os pacentes fazem uso da droga para evtar oretorno do transtorno de ansedade ou da nsôna. O uso abusvo ou a dependênca dos
benzodazepncos é mas comum em ndvduos que abusam de outras drogas, como o
ácoo, opáceos ou esmuantes.
Embora a compra desse po de medcamento seja controada
(só pode ser venddo com a retenção de um recetuáro especa,
chamado de Noicação B, que tem a cor azu), essas substâncas
são bastante abusadas. Os estudos mostram que em muitos
casos essas drogas são prescritas indevidamente e que asmulheres abusam mais delas que os homens.
Solventes ou inalantes
Solvente sgnica “uma substânca que dssove outras”.
Os soventes têm a propredade de se evaporar facmente e são
inalados para obter aterações psqucas, chamadas por aguns
usuáros de “barato”. Essas substâncas fazem parte da composção
de város produtos de uso domésco ou ndustra, como coas
(especamente a coa de sapatero), produtos de mpeza que contêm
ntrtos (mpadores de cabeça de vdeocassete, mpadores de couro,
SAIBA QUE:Popularmente solventes
e inalantes são usadoscomo sinônimos,
mas “solvente” serefere à propriedade
de dissolver outrassubstâncias e “inalante”
à sua forma de uso.
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Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos
Capítulo
2
aromazadores qudos para carro), ança-perfume (coreto de ea), combusves (ner,
aguarrás, removedores em gera, gasona, gás de squero etc.), produtos de beeza (spray para cabeo, acetona, removedor de esmate, esmate) e de papeara (corretor qudo –
“branqunho”), entre outros.
Razões típicas para uso de inalantes:
9 Inco do efeto rápdo: por ser naado, chega rapdamente ao pumão e de á,
pea pequena crcuação, ao cérebro;
9 Quadade e padrão dos efetos: as pessoas reatam ncamente uma sensação de
bem-estar e cabeça eve;
9 Baxo custo;
9 Facdade de aqusção, grande dsponbdade de produtos, como pode ser vsto
na tabea a segur;
9 Menos probemas egas do que com outras substâncas, pos em mutos ocas
não há egsação especica para sua venda;
9 Há uma grande varedade desses produtos, o que facta o seu abuso.
O quadro a segur mostra a dversdade de produtos voátes conhecdos como soventes ou
naantes.
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Grupos químicos das substâncias voláteis mais comumente usadas para obtersensações prazerosas
PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS VOLÁTEIS GERALMENTE ABUSADAS
Classe química Produtos comercializados
Hidrocarbonetos
Afácos
Butano Fudo de squero; gás de bojão
HexanoTner; ntas; contatos adesvos;
benzna
Propano Fudo de squero
Hidrocarbonetos
Aromácos
Toueno (touo;
mebenzeno; fenmetano)Vernzes; coa de sapatero; ntas
Xeno (xo; dmebenzano) Tntas; soventes de resna
(aguarrás); coa de madera
Hidrocarbonetos
Afácos/
Aromácos
Gasona (dervado do
petróeo)Combusve
Querosene (dervado do
petróeo)Combusve
Hidrocarbonetos
Halogenados
Trcoroeeno Removedores doméscos demanchas
Coreto de ea Anestésco
Corofórmo (Trcorometano) Anestésco
Haotano (Trluobrometano) Anestésco
Freon 11
(Trcoroluorometano)
Exntores de ncêndo; aerossós;
aquê para cabeos
1,1,1 Trcoroetano Fudo corretor
Compostos
Oxigenados
Acetato e seus ésteres –meecetona
Removedor de esmate; esmate
Óxdo ntroso (dntrogêno,
monoxgêno)“Gás do rso”
Ntrto de sobua Sprays desodorzantes
Éter (éter eco) Anestésco tópco Fonte: Adaptado de Fanagan; Ives (1994).
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Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos
Capítulo
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EFEITOS AGUDOS DOS INALANTES
Assm como ocorre com o ácoo, os soventes são substâncas que têm efeto bfásco, ou
seja, causam uma exctação nca, seguda por depressão do funconamento cerebra, cuja
ntensdade dependerá da dose naada.
Os efetos estão sumarzados no quadro a segur:
EFEITOS CRÔNICOS DO USO DE INALANTES
Sintomas decorrentes da ação local dos inalantes:
9 Rnte crônca; epstaxe (sangramento nasa) recorrente;
9 Hatose (mau háto); ucerações (ferdas) nasas e bucas;
9 Conjunvte;
9 Bronqute.
Os ntrtos (sprays e desodorantes) podem aumentar a exctação sexua, a ereção e o
reaxamento do esíncter ana.
Sintomas decorrentes da ação no Sistema Nervoso Central:
9 Anorexa (perda do apete e perda de peso);
9 Irrtabdade;
9 Depressão;
Primeira Fase
Excitação: sntomas de eufora, exctação, tonturas, perturbações
audvas e vsuas.
Efeitos indesejados: náuseas, esprros, tosse, savação, fotofoba e
vermehdão na face.
Segunda FaseDepressão inicial do SNC: confusão menta, desorentação, vsão
embaçada. Podem surgr cefaea e padez.
Terceira FaseDepressão média do SNC: redução acentuada do estado de aerta,
ncoordenação ocuar e motora, faa pastosa e perda de relexos.
Quarta FaseDepressão profunda do SNC: nconscênca, podendo ocorrer
convusões e mesmo morte súbta, por probemas cardacos ou
parada respratóra.
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Capítulo
2
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9 Agressvdade;
9 Paranoa;
9 Neuropaa perférca.
Razões associadas a mortes provocadas por inalantes:
9 A prncpa causa de morte é arrtma cardaca causada por uma hpersensbdade
das ibras do mocárdo, podendo provocar parada cardaca;
9 Sufocamento – acdentes com o uso de saco pásco, pos no momento da naação
a pessoa cooca o saco pásco na cabeça e pode se sufocar;
9
Quedas – os soventes provocam vergens e tonturas, podendo evar a quedas; 9 Atropeamentos e outros acdentes de trânsto devdos à ncoordenação motora
e ao prejuzo de relexos.
O uso regular de inalantes está associado com:
9 Vergem e aucnações, sonoênca, desorentação, vsão embaçada;
9 Sntomas semehantes a um resfrado, snuste, sangramento nasa;
9 Indgestão, úceras estomacas;
9
Acdentes e esões; 9 Perda de memóra, confusão menta, depressão, agressão;
9 Dicudade de coordenação, relexo dmnudo, hpóxa (fata de oxgêno no
cérebro);
9 Dero, convusões, coma, danos de órgãos (coração, pumão, ígado, rns);
9 Morte por dsfunção cardaca.
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Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos
Capítulo
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Perigos associados a algumas substâncias químicaspresentes em inalantes:
9 Ntrtos: suprmem a função munoógca, danicam as
hemácas, aumentam o rsco de eucema e são tóxcos ao
sstema reproduvo;
9 Butano e propano: provocam probemas cardacos e
quemaduras (são atamente nlamáves);
9 Freon: causa morte súbta, por obstrução respratóra, e
dano hepáco;9 Coreto de meeno: reduz a capacdade do sangue de
carregar o oxgêno, afeta o múscuo cardaco e aumenta a
frequênca cardaca;
9 Óxdo ntroso (“gás do rso”) e hexano: podem matar por
fata de oxgenação do cérebro, ateram a coordenação
motora e a percepção, causam blackouts (apagamento,
esquecmento do que aconteceu) devdo a mudanças da
pressão sangunea, reduzem o funconamento do múscuo
cardaco; 9 Toueno: atera a cognção, provoca a perda da massa de
tecdo cerebra, do equbro, da audção (surdez súbta) e
da vsão, danos no ígado e nos rns;
9 Trcoroeeno: pode determnar morte súbta, crrose
hepáca, danos à audção (surdez súbta) e à vsão.
Como podemos reconhecer uma pessoa que usa inalantes?
Preste atenção aos sntomas que vmos acma e perceba se há fortes odores na roupa ou no
háto, ou snas de nta e outros produtos esconddos sob a manga da roupa, se a pessoa
parece bêbada ou desorentada, se sua faa está aterada, se ea perdeu o apete ou reata
náuseas, se está muto desatenta, rrtáve ou deprmda.
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Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos
Capítulo
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naturais (morina, codena) ou opáceos semssntécos, quando são resutantes de
modicações parcas das substâncas naturas (como é o caso da herona).A paavra Opode é usada para nos referrmos às substâncas produzdas peo nosso
organsmo (como as endorinas, encefanas e dnorinas) que agem se gando aos receptores
opodes endógenos. Aguns autores usam o termo opode também para se referr a
substâncas totamente sntécas, fabrcadas em aboratóro e que não são dervadas do
ópo, como é o caso da meperdna, do propoxfeno e da metadona, que são chamadas de
opodes (sto é, semehantes aos opáceos).
Efeitos dos opiáceos: 9 Anagesa (reduz ou emna a sensação de dor);
9 Deprme o centro da tosse (por sso é usado em xaropes);
9 Dmnu o perstasmo ntesna, eva quase à parasa e provoca
forte prsão de ventre (devdo a esse efeto, aguns opáceos podem
ser uzados para combater darreas ntensas);
9 Sonoênca;
9 Bradcarda (dmnução da frequênca cardaca);
9 Bradpnea (dmnução da frequênca respratóra); 9 Hpotensão artera (dmnução da pressão) que pode chegar a
nves graves;
9 Acama: estado de serendade, cama momentânea após um
perodo de agtação (efeto buscado peas pessoas que fazem abuso
dos opáceos);
9 Mose – Contração acentuada da pupa, que pode chegar a icar do
tamanho da cabeça de um ainete;
9 Parasa do estômago – a pessoa sente como se não fosse capaz de
fazer a dgestão.
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Capítulo
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DEPENDÊNCIA E SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
A dependênca dos opáceos se nstaa com certa facdade, porém sso não jusica o
cudado excessvo de mutos médcos ao prescrever esses medcamentos. A morina é um
dos poucos medcamentos que abranda a dor e o sofrmento provocados peo câncer e pea
AIDS.
Nesses casos, mutos pacentes sofrem desnecessaramente por fata do uso dos opáceos.
A Organzação Munda da Saúde já aertou o nosso pas, mas de uma vez, peo baxo
consumo desses medicamentos nos casos de doenças que causam dores intensas.
Os dependentes de opáceos são tratados, geramente, pea chamada terapa de substução.
O usuáro recebe daramente uma dose de metadona, um agonsta dos opáceos (temefeto semehante à droga opácea que está sendo usada abusvamente, mas com menor
potenca de abuso), porém esse uso é controado por médcos e va entamente sendo
dmnudo ao ongo do tempo. A metadona tem efeto mas proongado que a herona e
menos ntenso (prncpamente em reação aos efetos no SNC).
A sndrome de absnênca acontece quando a pessoa nterrompe repennamente o uso dos
opáceos e pode ser muto ntensa, com mdrase (datação da pupa), dores generazadas,
náuseas e vômtos, darrea, câmbras muscuares, cócas ntesnas, acrmejamento,
corrmento nasa, sntomas que podem durar até 12 das.
O uso regular de opiáceo está associado com:
9 Cocera, náusea e vômto;
9 Sonoênca;
9 Conspação, enfraquecmento dos dentes;
9 Dicudade de concentração e de memorzação;
9 Redução do desejo e do desempenho sexua;
9 Dicudades de reaconamento;
9 Probemas proissonas e inanceros, voações da e;
9 Toerânca e dependênca, sntomas de absnênca;
9 Overdose e morte por nsuicênca respratóra.
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Capítulo
2
Atividades
REFLEXÃO
Se um pacente que vem tomando benzodazepnco há aguns anos ver até seu
consutóro e soctar uma prescrção desse medcamento, qua sera sua conduta?
TESTE SEU CONHECIMENTO
1. Quem prescreve ansocos precsa orentar as pessoas para o fato de que ees:
a) Podem provocar dependênca.
b) Podem reduzr o efeto do ácoo.
c) Podem mehorar os refexos e a coordenação motora.
d) Todas as aternatvas anterores estão corretas.
2. Os benzodiazepínicos são drogas que têm potencial para uso abusivo e podem causarsndrome de absnênca quando o medcamento é suspenso abruptamente. São
manifestações dessa síndrome:
a) Agtação, nsôna e rrtabdade.
b) Tremores, hpertensão e dores de cabeça.
c) Sudorese, náusea e vômto.
d) Todas as aternatvas estão corretas.
3. Dentre as causas mas comuns de morte provocada peos soventes, ctadas a segur,
apenas uma está INCORRETA. Assinale-a:
a) Atropeamentos.
b) Acdentes em gera.
c) Arrtma cardaca.
d) Faênca rena.
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4. Os soventes apresentam efeto bfásco, sto é, provocam uma exctação nca e
posteriormente um efeito depressor do sistema nervoso central. A frase está:a) Competamente correta.
b) Competamente errada.
c) Parcamente correta, pos os soventes apresentam um efeto bfásco, mas
ocorre ncamente depressão e depos exctação.
d) Parcamente correta, pos ocorre depressão nca e posterormente, sonoênca
profunda, mas não há exctação.
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Capítulo
2
Bibliografia
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APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manua Dagnósco e Estasco de
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AUCHEWSKI, L.; ANDREATINI, R.; GALDURÓZ, J.C.F.; LACERDA, R.B. Avaação da orentação
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CARLINI, E.A.; GALDURÓZ, J.C.F. (Coord.) II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas
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Centro Brasero de Informações sobre Drogas Pscotrópcas – CEBRID/SENAD, 2007. 468 p.
______; NOTO, A.R.; SANCHEZ, Z.V.D.M. (Coord.) VI Levantamento Nacional sobre o
Consumo de Drogas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública e
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2010. 503 p.
CARLINI-COTRIM, B.; BARBOSA, M.T.S. Pesquisas epidemiológicas sobre o uso de drogas
entre estudantes: um manual de orientações gerais. São Pauo: CEBRID/UNIFESP, 1993. p.01-56.
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estudantes de primeiro e segundo graus da rede estadual, em dez capitais brasileiras, 1987 .
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CEBRID – CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS. Informa-
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CREMESP – CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO; AMB –ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. Usuáros de substâncas pscoavas: abordagem,
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FLANAGAN, R.J.; IVES, R.J. Voae substance abuse. Bull Narcocs, 1994;XLVI(2):50-78.
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Capítulo
2
4SUPERA | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento
______; ANDREATINI, R.; CARLINI, E.A. O uso de naantes (soventes) entre adoescentes:
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______; ______; ______. IV Levantamento sobre o Uso de Drogas entre Estudantes de 1º e
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EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo
2
Álcool: efeitos agudos e crônicos
TÓPICOS
9 Álcool é uma droga psicotrópica
9 Bebidas alcoólicas e seus efeitos no organismo
9 Álcool e bebidas energéticas
9 Álcool e trânsito
9 Álcool e níveis de glicemia
9 Álcool e gravidez
9 Dependência de álcool
9 Atividades
9 Bibliografia
Capítulo
3
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Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo
3
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Álcool é uma droga psicotrópica
Para muitas pessoas, DROGA é somente aquela substância cujo consumo é proibido, ou
seja, as chamadas drogas ilícitas ou ilegais. No entanto, é importante lembrar que existem
as DROGAS lícitas, aqueas cuja venda e consumo são permdos por e. O álcool é uma
delas.
O uso abusivo de álcool é um grave problema de saúde pública, responsável por grande
número de doenças, sendo associado a muitos acidentes e episódios de violência, além de
levar muitas pessoas a se tornarem dependentes.
O uso de álcool é aceito socialmente e pode em alguns casos não desencadear problemas.Isso dicuta dar com o fato de que para cerca de 30% das pessoas este uso se torna
abusivo e gera problemas, entre eles a dependência.
Uso de álcool
9 VI Levantamento Nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre
estudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de
Ensino nas 27 capitais Brasileiras – 2010: o uso pesado (maor ou gua a 20
vezes/mês) no Bras fo de 1,6% dos estudantes, sendo maor o uso pesado de
ácoo em estudantes de escoas púbcas (1,7%) se comparado com os estudantesdas escoas prvadas (1,1%); contudo, o uso no ano de ácoo é maor entre os
estudantes das escoas prvadas (47,5%) se comparado com as púbcas (41,1%).
Observe abaxo o uso no ano de ácoo entre 50.890 estudantes de Ensno Fundamenta e
Médo das Redes Púbca e Prvada das 27 captas braseras, por gênero de acordo com a
rede de ensino.
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Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo
3
Uso na vda de ácoo entre Ensno Fundamenta e Médo da Rede Púbca das 27 captas
braseras, de acordo com o gênero, comparando-se os anos de 2004 e 2010. 9 II Levantamento Domiciliar – 2005 o uso na vda de ácoo nas 108 cdades com
mas de 200 m habtantes é de 74,6% e o uso pesado (maor ou gua a 20 vezes/
mês) é de 7,0%.
DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL – BRASIL E REGIÕES
Amostra total
Faixa etária 12 a 17 anos
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Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo
3
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Tratamento relacionado ao uso excessivo de álcool ou outras drogas
Fonte: II Levantamento Domcar no Bras (CARLINI et a, 2006).
Segundo o II LENAD (II Levantamento Nacona de Ácoo e Drogas) a prevaênca de
dependênca de ácoo na popuação é de 6,8%. O gráico apresenta o consumo de ácoo no
úmo ano por adutos, mostrando que houve uma eve redução no consumo, comparando
o ano de 2006 com 2012.
Uso no último ano
Fonte: II LENAD (II Levantamento Nacona de Ácoo e Drogas – ).
SAIBA QUE:Mesmo os dependentes
relutam em procurartratamento.
De acordo como levantamento,11,7 milhões de
pessoas no Brasil sãodependentes de álcool.
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Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo
3
Bebidas alcoólicas e seus efeitos noorganismo
O que é beber de baixo risco?
O beber de baxo rsco pode ser consderado como o uso de ácoo em quandade e
padrões que não causam danos para a pessoa e para outros. Agumas evdêncas cenicas
ndcam que os rscos de danos aumentam sgnicavamente quando se consome o ácoo
em quandades maores que duas doses por da e mas que cnco das por semana. Aém
dsto, mesmo em pequenas quandades, o uso de bebdas acoócas apresenta rscos em
certas crcunstâncas. Para reduzr os rscos reavos ao uso de ácoo, a OMS ndca que oconsumo não deve ser maor do que a quandade de doses ndcada anterormente e que
não se beba álcool antes de dirigir ou operar uma máquina, no período da gravidez ou da
amamentação, se esver tomando medcamentos que reajam ao ácoo ou quando não se
consegue parar ou controlar este uso.
Vamos conhecer um pouco mais sobre as bebidas alcoólicas e seus efeitos no organismo?
O ácoo presente nas bebdas acoócas é o etano, produzdo pea fermentação de frutas
e grãos ou desação de seus produtos – como ocorre com a cana-de-açúcar. No Bras, há
uma grande dversdade de bebdas acoócas, cada po com quandades dferentes deálcool em sua composição.
Que fatores influenciam a ação do álcool?
A frequênca da ngestão, a quandade de ácoo ngerdo, a quandade de ácoo absorvdo,
sua distribuição pelos tecidos do organismo, a variabilidade individual, a sensibilidade
ndvdua dos dferentes tecdos e órgãos e a veocdade de metabozação afetam os
efetos do ácoo.
Você sabe qual a quantidade de álcool existente nas bebidas alcoólicas?
BEBIDA PORCENTAGEM DE ÁLCOOLCerveja light 3,5%
Cerveja ou cooler 4,5 a 6,5%
Vinho 12%
Vnhos foricados 20%
Uísque, vodca, pinga 40%
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Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo
3
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Você sabe o que é uma dose “padrão” de álcool?
É uma quandade de bebda acoóca que contém em torno de 14 gramas de etano puro.Como a densdade do ácoo é 0,79 g/m, em 17 m de ácoo (etano) puro exstem 14 gramas
de ácoo. Consderando a concentração das dferentes bebdas:
UMA DOSE PADRÃO DE ÁLCOOL EQUIVALE A:
40 ml
de pinga,
uísque ou
vodca
85 mlde vinho
do Porto,
vermutes ou
licores
140 ml
de vinho de
mesa
340 ml
de cerveja ou
chope = 1 ata
600 ml1 garrafa
grande de
cerveja contém
2 doses
As muheres são mas sensves aos efetos do ácoo e angem nves de concentração mas
atos com menores quandades da droga.
Você sabe qual a relação entre as doses ingeridas e a concentração de álcool no organismo
cerca de 30 mnutos após a ngestão?
CONCENTRAÇÃO DE ÁLCOOL (em gramas por litro de sangue)
Doses padrão Homem com 60 kg Homem com 70 kg Homem com 80 kg
1 0,27 0,22 0,19
2 0,54 0,44 0,38
3 0,81 0,66 0,57
Como o álcool é metabolizado pelo organismo?
90% do ácoo (etano) é metabozado no ígado, transformando-se em acetadedo ouadedo acéco, devdo à ação da enzma ácoo desdrogenase. O acetadedo é então
transformado em acetato, que será emnado do organsmo pea urna.
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Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo
3
O acetaldeído, que se forma no processo de metabozação do
ácoo, aumenta a pressão artera, os bamentos cardacos e
pode causar rubor faca, náuseas e vômtos.
Mutos efetos observados após a ngestão de bebdas acoócas
são, na verdade, efetos do acetadedo, que permanece no
sangue por mais tempo do que o álcool. Medicamentos como
o Antabuse® contêm dssuiram, uma substânca que nbe a
enzima aldeído desidrogenase, responsável pela eliminação do
acetaldeído.
Esses medcamentos anda são usados em aguns ocas paraauxiliar no tratamento de pessoas dependentes de álcool, com
a únca inadade de ajudá-as na decsão de não beber, pos
se beberem enquanto esverem sob o efeto do medcamento
(que dura até uma semana depois de ingerido o comprimido)
podem senr ma-estar forte, com eevação na pressão artera,
aumento dos bamentos cardacos, chegando até a morte, por
parada respiratória ou cardíaca.
A ideia é fazer com que o paciente tenha de decidir apenas uma vez por dia se vai beber
ou não. Se ee tomou o comprmdo NÃO PODE BEBER por até 7 das, pos pode senr
mal-estar forte.
Faz diferença beber lentamente ou rapidamente?
Como o organsmo só é capaz de emnar 1 dose padrão por hora, se a pessoa beber várias
doses segudas seu organsmo rá acumuar mas ácoo no sangue. Agumas formas de
beber, como o “vra-vra-vra”, são parcuarmente desaconseháves, porque aumentammuito rapidamente os níveis de álcool no sangue.
Veja na igura abaxo a dferença entre quem bebeu 60 m de usque
a cada hora, durante 4 horas (curva nha ponhada) e quem bebeu
de uma só vez a mesma quandade (4 x 60 = 240 m) de usque.
Observe que o tempo total para eliminar completamente o álcool é
pracamente o mesmo, mas os nves máxmos de ácoo no sangue
ATENÇÃO! Esses medicamentos
jamais devem seradministrados sem
que o pacientesaiba e concorde!
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8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas
52/146
aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, José Carlos Fernandes Galduróz, Denise De Micheli, Ana Paula Leal Carneiro
Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo
3
SUPERA | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento
são bem maiores em quem bebeu tudo de uma só vez!
Porcentagem de álcool no sangue de um homem em duas ocasiões diferentes:
9 Lnha Ponhada: quando ngeru 60 m de usque a cada hora durante 4 horas
(tota 240 m).
9 Lnha Connua: quando foram ngerdos 240 m de usque de uma únca vez.
Quais são os efeitos do álcool no Sistema Nervoso Central?
Seus efetos podem ser dvddos em esmuantes e depressores do organsmo:
9 INICIALMENTE (doses baxas ou na fase nca do efeto de doses atas), o ácoo
age como um esmuante do Sstema Nervoso Centra, evando a sensações de
eufora, desnbção, socabdade, prazer e aegra.
9 EM UM SEGUNDO MOMENTO, o álcool age como um “depressor” do Sistema
Nervoso Centra, reduzndo a ansedade, contudo prejudcando a coordenação
motora. À medida que aumenta a concentração de álcool no sangue, ocorre a
dmnução da autocrca, que por afetar a capacdade de avaação dos pergos,
pode levar a comportamentos de risco, como beber e dirigir ou operar máquinas,
levando a acidentes.
Pode haver enicação pscomotora, dexando a faa “pastosa” ou “arrastada”, redução
dos relexos, sonoênca e prejuzos na capacdade de racocno e concentração.
Em DOSES ALTAS, a
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