mulheres refugiadas: um estudo sobre sua...
Post on 01-Dec-2018
215 Views
Preview:
TRANSCRIPT
1
MULHERES REFUGIADAS: UM ESTUDO SOBRE SUA INSERÇÃO NO
MERCADO DE TRABALHO PAULISTANO
Marisa Andrade1
RESUMO: Esta comunicação resulta de pesquisa realizada sobre a inserção de mulheres refugiadas no
mercado de trabalho paulistano. O estudo objetivou analisar essa inserção, considerando o reflexo desta nas
condições de vida e sobrevivência dessas mulheres, isto é, nas suas condições de vida real. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa, apoiada em pesquisa bibliográfica e documental, além da pesquisa de campo realizada na
cidade de São Paulo. Utilizaram-se como técnicas um questionário e entrevistas aprofundadas, aplicadas aos
partícipes da pesquisa. Inicialmente, fez-se contato com as organizações que atuam com este público,
procedeu-se a um levantamento do universo de refugiadas residentes em São Paulo e um mapeamento de sua
localização. Esses procedimentos permitiram captar a realidade vivenciada pelas refugiadas, identificando-se
as discriminações e preconceitos a que são vítimas cotidianamente. Em relação ao mercado de trabalho,
concluiu-se que a inserção se dá na área de serviços, é temporária, precarizada, marginal, instável e volátil
nesses chamados “tempos pós-modernos” de globalização.
PALAVRAS-CHAVE: Mulheres refugiadas; Mercado de trabalho; Inserção formal e informal;
Condições de vida.
INTRODUÇÃO
A discussão sobre refúgio no Brasil é um tema antigo, tratado nos meios jurídicos,
visto que o país é signatário da Convenção dos Refugiados de 1951 desde o ano de 1960,
embora nesse início a concessão tenha ocorrido com restrições, como assinala Almeida: “[...]
o Brasil só aceitava receber em seu território pessoas provenientes do continente europeu,
portanto mediante reserva geográfica” (ALMEIDA, 2001, p. 115). Segundo este autor a
Convenção não foi acatada plenamente, pois também houve restrições relacionadas aos
artigos 15 e 17 da Convenção, que se referiam ao associativismo e ao exercício da atividade
profissional assalariada.
Nesse período, portanto, o Brasil negou ao refugiado qualquer tipo de associativismo,
assim como impossibilitou o seu acesso ao mercado de trabalho, contradizendo as
recomendações da Convenção. A intenção declarada com tais medidas foi a de proteger o
mercado de trabalho interno contra possíveis ameaças à sua soberania.
1 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); E-mail: andrademandrade@bol.com.br.
2
Naquela ocasião o País não estava preocupado com a situação dos refugiados, mas
interessado em manter a aparência frente aos países estrangeiros desenvolvidos, os quais já
acatavam a Convenção em sua totalidade. A ratificação da Convenção pelo Brasil ocorreu em
função de interesses políticos e econômicos no cenário internacional, daí seu explícito
interesse pelos europeus, porém, mesmo aos europeus foram feitas poucas concessões, na
verdade o Brasil mantinha-se em uma espécie de redoma, fechado em relação aos direitos
concedidos aos estrangeiros.
Segundo Moreira (2006) o discurso brasileiro de recepção dos refugiados esbarrou na
política interna de crescimento econômico, o posicionamento do governo brasileiro ocorreu
de forma contraditória em relação à acolhida dos refugiados.
Se, de um lado, demonstrou-se um país comprometido com essa problemática (razão pela
qual foi escolhido para fazer parte do Comitê Consultivo do ACNUR e tornou-se membro
do Comitê Executivo do mesmo organismo internacional), por outro lado deixou de
acolher grande contingente de refugiados latino- americanos durante as décadas de 1970
a 1980, período que se constatou sistemáticos conflitos armados na região. (MOREIRA,
2006, p. 71).
Contudo, só no final de 1990 o Brasil por meio do Estado inicia sua atuação com os
refugiados, após pressão de diversas organizações da sociedade civil, mormente algumas
instituições ligadas à igreja católica que perceberam o aumento desse fluxo de pessoas e que
por falta de apoio das autoridades governamentais brasileira, viviam em condições
subumanas, sem quaisquer direito resguardados, dependendo apenas das benesses da igreja,
em especial da igreja Católica.
No entanto, sendo o Brasil um país de grandes contradições, não foi diferente com a
questão do refúgio. Em 1997 o Brasil assumiu a proteção aos direitos dos refugiados com a
aprovação da Lei nº. 9.4742, instituindo-se este ato como um marco histórico em relação
aos direitos dos refugi ados, o qual propiciou ao Brasil o título de pioneiro e líder na proteção
internacional dos refugiados. Assim o Brasil passou a se constituir como o primeiro país do
Cone Sul a ratificar a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951.
2 Esta lei representou um grande avanço na questão do refúgio, pois normatizou e regulamentou a concessão
do refúgio no Brasil.
3
Esse breve histórico sobre os direitos dos refugiados no Brasil permite compreender a
importância dessa discussão na atualidade, uma vez que os direitos adquiridos remetem ao
imperativo da criação de políticas públicas que atendam às necessidades mais emergentes
desses sujeitos: sua inserção no mercado de trabalho.
Este, portanto, é o foco central da pesquisa realizada, que discutiu a inserção de
mulheres refugiadas no mercado de trabalho, especificamente na cidade de São Paulo, em um
contexto de constantes perdas de direitos trabalhistas, como o vivenciado no país, que após
décadas de lutas operárias, por meio do Estado, retira - lhes os direitos adquiridos, como
apontado na discussão a seguir.
FLEXIBILIZAÇÃO PRODUTIVA E PRECARIZAÇÃO DO MERCADO DE
TRABALHO
O mundo assiste nessas últimas décadas profundas mudanças no contexto social,
econômico, político e cultural. Globalização, neoliberalismo, crise dos Estados, reestruturação
e flexibilização produtiva, crise dos mercados, além de outras transformações que impuseram
novas atitudes de dominação por parte do sistema capitalista, que promove novas formas de
exclusões e de colonizações por meio da exploração e do endividamento das nações. Por
conseguinte, a satisfação dos direitos humanos fundamentais cede lugar a estratégias de
espoliação e opressão, que camufladas em planos de ajuda, de auxílio, submetem populações
inteiras a condições de extrema precariedade, de miséria, de pobreza absoluta.
A atual crise capitalista se reflete e é refletida nas condições de trabalho vivenciadas
pela sociedade, caracterizada pelas recentes formas de precarização do trabalho informal, tais
como o trabalho autônomo, a domicílio, sem contrato ou por tempo determinado, utilizados
para o rebaixamento de custos empresariais. Essas chamadas “novas formas” de configuração
do trabalho, pautadas no rebaixamento de custos e precarização do trabalho por meio do
emprego autônomo e nos empreendimentos autogestionários, são apresentadas pelo sistema
como alternativas viáveis de geração de emprego e renda.
Esse cenário político, econômico e social, provocado pela crise atual, gerou altos
níveis de desemprego e a chamada flexibilização do mercado de trabalho incorporou no setor
informal bolsões de trabalhadores excluídos do setor formal, em condições precárias de renda
4
e sem direitos trabalhistas, tendo-se como consequência a expansão do trabalho precarizado,
parcial, temporário, terceirizado, informalizado, etc.
Segundo Druck (2013), o caráter dessa precarização apoia-se na institucionalização do
processo de flexibilização e precarização moderna do trabalho no contexto econômico, social
e político globalizado, haja vista a necessidade de adaptação do capital aos novos tempos.
Nesse contexto, o trabalhador passa a aceitar qualquer condição de inserção e, ao mesmo
tempo, qualquer salário é aceitável. A precarização do trabalho regula a servidão e a reprodução do
sistema, criando grandes bolsões de trabalhadores sobrantes, descartáveis, capazes de servirem à
reprodução do capital pela redução do valor do trabalhador e da remuneração da força de trabalho
em amplitude global, pela retração salarial dos que se encontram empregados.
O neoliberalismo vigente, ao reconfigurar e ampliar a precarização social do trabalho, eleva
os níveis de desemprego, permitindo o deslocamento do trabalho do núcleo central que ele ocupa
nas relações societárias para as margens da realidade social, esvaziando-o de essencialidade. Nesse
processo, grassam discursos ideológicos representativos de perda da centralidade do trabalho sob
uma conjuntura na qual “[...] milhões de pessoas são condenadas à condição de supérfluos, de
descartáveis pelo sistema global do capital em escala mundial” (ANTUNES, 2004, p. 08).
Agregado a essas questões tem-se a precarização das relações de trabalho, a perda de
postos e a exigência de polivalência da atuação do trabalhador, além da cobrança por novas
competências quanto ao domínio das inovações tecnológicas, decorrentes dos processos de
reestruturação produtivas, que requerem diferenciadas capacitações na atividade laborativa.
Diante dessas novas exigências, tem-se a ampliação e o agravamento, como supracitado, do
quadro de doenças e riscos de acidentes nos espaços sociais e ocupacionais.
Os ajustamentos à nova economia global, particularmente em países
subdesenvolvimento como o Brasil, ocasionaram as modificações ocorridas no mundo do
trabalho e a flexibilização do trabalho, deteriorando ainda mais as condições sociais e de vida
do trabalhador. Como consequência tem-se o desmantelamento das políticas sociais, dos
serviços públicos, das proteções aos direitos trabalhistas e a expansão, sem precedentes, de
trabalhadores em condições precárias de trabalho.
Nesse contexto, o sistema global do capitalismo, em sua face neoliberal, exclui e inclui
trabalhadores segundo seus interesses, dilapidando direitos e racionalizando os sistemas
5
produtivos pelas políticas de subcontratações que precarizam laços empregatícios e
flexibilizam o uso da força de trabalho.
Segundo Mészáros (2006), o maior problema acerca da precarização do trabalho
incide na desregulamentação dos direitos trabalhistas, cuja política neoliberal decorrente tem
se apresentado na realidade concreta como prática autoritária e é regulamentada por uma
legislação antitrabalho. Essa desregulamentação, ao mesmo tempo em que fragiliza a proteção
social do trabalhador, corrobora para o avanço contínuo do capitalismo. A flexibilização e a
desregulamentação das relações de trabalho deterioram as condições de vida e de trabalho dos
trabalhadores, em contrapartida o sistema financeiro aumenta vertiginosamente seus lucros.
O tripé de sustentação desse sistema, desregulamentação, flexibilização e terceirização
subordinam os trabalhadores a uma exclusão integrativa marginal, como assinalado por
Martins (2008), incluindo o trabalhador de maneira precária, marginal e instável, permitindo-
lhe condições mínimas de sobrevida, da expropriação de sua própria vida, do não
pertencimento a si mesmo.
Segundo Harvey (2011), a oferta ou ausência da demanda por emprego é provocada pelos
próprios empresários que manipulam o mercado de trabalho de acordo com seus interesses, pois,
“[...] em algumas ocasiões, os capitalistas [...] iniciam uma greve, recusando-se a reinvestir,
porque os salários mais altos são um corte em sua rentabilidade” (HARVEY, 2011, p. 56). O
desemprego resultante dessas atitudes flexibiliza as condições da oferta de trabalho, obrigando o
trabalhador a aceitar precarizadas condições de inserção e salários menores.
Nessa conjuntura, o que se constatou foi o aumento das ocupações precárias
informalizadas, as quais desobrigaram o capital em arcar com os custos sociais. Como
consequência o capital aumentou sua lucratividade e reduziu os gastos “[...] com departamento de
pessoal, [que era utilizado] tanto para motivar os trabalhadores quanto para gerenciá-los em sua
produção” (CACCIAMALI, 2000, p. 152). As ocupações autônomas eram efetivadas por grupos
familiares de trabalhadores, sem garantias previdenciárias asseguradas.
Em relação ao papel do Estado, os órgãos legalmente regulamentados para
acompanhar e subsidiar os grupos de trabalhadores autônomos formaram a grande rede de
apoio ao capital, nas ausências de fiscalizações quanto às condições de trabalho.
6
Restou ao trabalhador autônomo “[...] sonhar com as propagandas enganosas do
governo e de suas agências, incentivando-o a ser seu próprio patrão, uma pessoa bem
sucedida tendo seu próprio negócio” (CACCIAMALI, 2000, p. 152). Nessa configuração, o
trabalhador “[...] não é registrado, portanto não tem acesso às convenções coletivas de sua
categoria e não tem direito ao seguro desemprego” (MARTINS E DOMBROSWSKI, 2000, p.
24-39), portanto um “trabalhador descadastrado e desfiliado” (CASTEL, 2000) do sistema
de proteção social.
Destarte, este trabalhador não se percebe como classe, mas prestador de um serviço
isolado, cuja alienação passa pela sua não identificação com o seu grupo, com a categoria
laboral que pertence. Passa a se identificar como indivíduo, por meio de relações afetivas e
domésticas, o que afeta diretamente as relações de direito e o modo de produção.
Para o trabalhador se realizar como trabalhador autônomo o Estado passa a incentivar
empréstimos e orientações empreendedoras e gerenciais. Conforme orientado pela OIT, nos
anos 90 cresceu o incentivo para o empreendedorismo e cooperativismo, paralelo ao aumento
de situações de trabalhos precários. Porém, estudos realizados a partir do contexto da
globalização demonstram que a maioria dos trabalhadores que se empenharam em “abrir seus
próprios negócios” fechou as portas antes mesmo de completar um ano. Outros acumularam
dívidas que dificilmente teriam condições de pagar.
Em relação à inserção feminina no mercado de trabalho, estudos realizados por Pollert
(1996), Hirata (2002), Saffioti (1994) e Segnini (2000) têm demonstrado que
gradativamente o número de mulheres inseridas vem aumentando significativamente. Esses
estudos também apontam que tal inserção se dá de modo precário e marginal com salários
inferiores aos dos homens, como afirma Antunes:
[...] quando se trata da temática salarial e dos direitos, em que a desigualdade salarial,
quando as mulheres são comparadas aos homens, contradita a sua crescente participação
no mercado de trabalho. Seu percentual de remuneração é bem menor do que aquele
auferido pelo trabalho masculino. O mesmo frequentemente ocorre no que concerne aos
direitos e condições de trabalho (ANTUNES, 2005, p. 29).
Em Mészáros (2002) tem-se a seguinte reflexão sobre a participação da mulher na
esfera pública:
7
[...] a estrutura de comando do capital sempre foi e para sempre será totalmente incompatível
com a ideia de conceder a qualquer pessoa igualdade substantiva na tomada de decisões, até
mesmo às “personificações do capital” que devem operar rigorosamente sob seus ditames
materiais. Nesse sentido, quer as mulheres tenham quer deixem de ter o direito de votar, elas
devem ser excluídas do verdadeiro poder de decisão por causa de seu papel decisivo na
reprodução da família, que terá de se alinhar com os imperativos absolutos e os ditames
autoritários do capital. E isto deve acontecer porque a família, por sua vez, ocupa uma posição
de importância essencial na reprodução do próprio sistema do capital: ela é seu “microcosmo”
insubstituível de reprodução e consumo (MÉSZÁROS, 2002, p. 277).
Apesar da importância da mulher trabalhadora na reprodução do sistema capitalista,
constata-se a manutenção da desigualdade na divisão sexual do trabalho, bem como as
relações de opressão do homem sobre a mulher. Essas realidades são fundamentais para que o
sistema capitalista imponha sobre ambos sua lógica dominante.
O processo de precarização do trabalho, mais especificamente do trabalho feminino,
causa tanto a degradação humana da trabalhadora desvalorizada, quanto de sua família e,
consequentemente, em terceiros que são afetados por essa relação desigual e injusta.
Os baixos salários recebidos pelas mulheres, desiguais em relação aos homens,
contribuem significativamente para reforçar esse processo de degradação feminina no
trabalho. A justificativa do capital para corroborar essas diferenças se sustenta pelo discurso
falacioso da baixa qualificação feminina diante das atuais exigências do mercado. Segundo
esse discurso, as vagas de emprego que requerem qualificação e conhecimento técnico são
disponibilizadas, mas não ocupadas pelo segmento feminino. Dessa forma, o mercado tende a
utilizar a mão de obra feminina em funções inferiores, pagando-as um salário menor que
exige menor qualificação.
O embuste desse discurso se evidencia quando se confrontam os dados da realidade. Em
pesquisa realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) na Região
Metropolitana de São Paulo em 20103, comprova-se que houve um significativo aumento da
inserção no mercado de trabalho de mulheres com nível escolar superior. Quando a mesma
pesquisa aponta a relação entre essa ocupação e as faixas salariais recebidas, constata-se que
mulheres ocupando o mesmo cargo que homens, com o mesmo grau de formação, percebem
3 Publicação “Mulher e Trabalho” divulgado em março de 2011.
8
valores inferiores, chegando a 25% a menos que seus colegas do sexo masculino. À medida que o
nível de instrução diminui, aumenta a disparidade salarial entre gênero.
Depreende-se disso que para o gênero feminino ainda é reservado alto grau de
discriminação no mercado de trabalho. Para que a mesma possa galgar um espaço no mercado
de trabalho, cuja remuneração salarial viabilize o seu sustento, faz-se necessário que possua
qualificação superior ao gênero oposto, apesar disto não lhe garantir salário maior.
Harvey (2011) assinala que o fosso salarial entre homens e mulheres não desapareceu,
“[...] mesmo após meio século de campanha pelo princípio ‘salário igual para trabalho igual’,
mesmo nos Estados Unidos, onde as pressões têm sido provavelmente mais fortes”
(HARVEY, 2011, p. 59).
No Brasil este quadro pode ser confirmado nas pesquisas que apontam a oferta de
emprego às mulheres. Segundo levantamentos da SEADE (2013)4, embora tenha crescido a
oferta de emprego para as mulheres, o mesmo não ocorre em relação à percepção salarial
destas que continuam em desvantagem, com valores médios 77,0% menores do que o salário
recebido pelos homens em funções iguais.
Outro fator revelado pela pesquisa supracitada que contribuiu para o aumento da
empregabilidade feminina é o crescimento do mercado de trabalho no setor de serviços. Isso
constata que para a mulher ainda lhe é reservada a esfera inferior. Mesmo quando se trata de uma
possível ascensão, essa vem acompanhada pela marca da desigualdade de gênero nas funções
menores nas empresas, distante do denominado trabalho decente, segundo OIT (2012).
Essa situação excludente e de precarização do trabalho agrava-se ainda mais quando se
descreve a realidade das trabalhadoras refugiadas no município de São Paulo, que
desconhecem o idioma pátrio, encontram-se em um país estranho, além de se constituírem
como provedoras familiares.
A partir dessa reflexão discute-se o processo de inserção da mulher refugiada no mercado de
trabalho. Se no caso de trabalhadoras brasileiras a situação é de aviltamento das condições de
trabalho, precarização social e desregulamentação no processo atual de flexibilização produtiva, o
quadro de trabalhadoras que desconhecem o idioma pátrio, constitui-se em um desafio investigativo.
4 Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade – Dieese e MTE/FAT.
9
No item a seguir, busca-se aprofundar algumas das situações enfrentadas por essas mulheres, em
especial ao que tange às normas reguladoras de direitos e deveres trabalhistas.
A MULHER REFUGIADA E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
PAULISTANO
A partir dos anos 1990, sob o processo de reestruturação produtiva das atividades
econômicas e o baixo ritmo de crescimento, com reflexo na mudança do padrão de
incorporação da força de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo, assiste-se a
precarização do trabalho na Região, o que provocou um forte crescimento da taxa de
desemprego no município paulistano.
O rápido crescimento do desemprego constituiu-se na primeira consequência desse
modelo econômico implantado na década de 90 do século passado. Uma segunda
consequência decorreu das maiores restrições para absorção em trabalhos assalariados
regulamentados, implicando em prejuízos na qualidade da inserção, por meio do trabalho
informal, e na perda da proteção oferecida pelos direitos trabalhistas.
A inserção feminina, caracterizada pelo acesso a ocupações precárias, passou a ter maior
peso entre os ocupados da família. As possibilidades de expansão de sua inserção no mercado de
trabalho ocorreram, especialmente, em ocupações como: assalariadas sem carteira assinada,
emprego doméstico, autônomas e trabalhadoras familiares que oferecem baixos rendimentos,
sempre por meio de salários inferiores ao do sexo masculino (MONTALI, 2004).
Segundo a SEADE, a taxa de desemprego entre 1995 e 2000 foi mais expressiva para
o contingente feminino do que para o masculino, com variação no período de 36,6% e de
27,1%, respectivamente.
Dados da Fundação também enfatizam que ao se considerar o atributo raça, as
diferenças entre as taxas de desemprego das mulheres tornam-se mais evidentes. A situação
fica ainda mais desfavorável quando se associa o gênero a raça negra. Em 2000 a taxa de
desemprego registrada para as mulheres negras alcançou 25,1%, ou seja, de cada 100
trabalhadoras negras um quarto estava sem emprego na Região Metropolitana de São Paulo -
RMSP, enquanto as não-negras nesta situação correspondiam a 18,9% (SEADE, 2000).
10
Importa assinalar que os níveis de escolaridade e de instrução também influenciam na
inserção feminina ao mercado de trabalho na RMSP. O que não difere da realidade nacional.
Quanto menor o nível de escolaridade e o grau de instrução aumentam as chances no mercado de
trabalho às mulheres, isto, porém, não se configura como garantia de empregabilidade as mesmas.
As pesquisas da Fundação também informam que as menores taxas de desemprego
correspondem a níveis mais elevados de instrução. No entanto, ressaltam que a taxa de
desemprego das mulheres com ensino médio completo é equivalente àquela verificada para os
homens com no máximo o fundamental completo, indicando que somente a conclusão do ensino
superior fornece às mulheres uma situação menos desfavorável na procura por trabalho.
Conforme supraexposto soma-se a essa discussão o agravamento da situação
quando relacionada à questão da mulher refugiada, que em sua maioria possui baixa
escolaridade, não apresenta qualificação profissional, desconhece a cultura local e
tampouco sabe de seus direitos e deveres trabalhistas, ficando por vezes susceptível a palavra
do patrão, que em certas situações se aproveita da situação vulnerável em que se encontra a
mulher refugiada.
Segundo Egreja e Peixoto (2012), referindo-se a grupos de estrangeiros que buscam
inserir-se no mercado de trabalho, enquanto “[...] uns são mais qualificados e outros menos;
uns dirigem-se diretamente para o mercado de trabalho e outros só o procuram depois de uma
fase inicial de inatividade” (EGREJA & PEIXOTO, 2012, p. 15).
Essa inatividade momentânea se dá por diversas razões e no caso das refugiadas que
chegam ao Brasil isso ocorre devido a fatores como: adentram ao país acometidas com certo
grau de depressão pela violência sofrida em seu país; abandono de sua família e terra natal;
desconhecimento do idioma e dos costumes; desqualificação para realizarem as atividades
disponíveis no mercado; entre outros.
Esse período traduz um tempo crítico na vida dessas pessoas, especialmente pelo fato
de chegarem a uma megalópole como São Paulo, cujo ritmo de vida é acelerado. A exclusão é
grande, fazendo com que essas pessoas se sintam mais sozinhas. Na maioria das vezes são
atendidas por profissionais que não falam seu idioma, recebidas pela Polícia Federal por vezes
com desconfiança, devido ao aumento de quadrilhas internacionais que também se deslocam
pelo mundo. Enfim, sua chegada expressa a continuidade de seus tormentos.
11
Além dos baixos salários, das raras possibilidades de seguirem carreira profissional e da
ausência de recompensas sociais, a grande maioria dos refugiados insere-se no mercado de trabalho
precarizado e sem direitos trabalhistas, chamado flexível, como assinala Phizacklea (2005):
[...] os aspectos habitualmente considerados mais positivos da flexibilidade, como a maior
autonomia individual, ocorrem, sobretudo em trabalhadores nativos, os aspectos mais
negativos, como a precariedade laboral, incidem relativamente mais sobre imigrantes,
refugiadas (grifo nosso) e outros grupos populacionais, incluindo as mulheres e os jovens
(PHIZACKLEA, 2005, p. 161).
Dados obtidos no relatório da OIT (2010) revelam a situação em que se encontram os
imigrantes, inclusos os refugiados, referindo-se ao universo mundial de 214 milhões de
estrangeiros economicamente ativos. Destes, somente 105,4 milhões estão inseridos no
mercado de trabalho. O relatório aponta como agravante as múltiplas discriminações sofridas
pelo grupo em questão (OIT, 2012, p. 222).
Quanto às mulheres refugiadas a situação de discriminação se apresenta mais
evidente. A condição de refugiada é pejorativamente associada à de “fugitiva” (pessoa que
cometeu algum crime em seu país) e isso reforça as discriminações. Além disso, a mulher
refugiada também enfrenta a discriminação de seus pares, isto é, as trabalhadoras brasileiras
as acusam de tomar-lhes seus trabalhos.
Esses enclaves corroboram as dificuldades enfrentadas pelas refugiadas. Instaura-se a
violência simbólica, que segundo Bourdieu (2007):
[...] deriva seu poder precisamente da dificuldade de ser percebida objetivamente como
mecanismo de dominação. Não se trata de uma imposição material, mas de um processo que
busca legitimar uma ordem que, ao separar dominantes e dominados confere aos primeiros o
poder de impor uma visão específica sobre o mundo social (BOURDIEU, 2007, p. 208).
Encontra-se nessa relação uma divisão entre indivíduos que na prática estão do mesmo
lado, na condição de trabalhadoras, e, portanto, vilipendiadas. Alienadas de sua condição
veem-se como adversárias, rivais, e disso resulta a violência simbólica, desdobrando-se na
exclusão dos já excluídos.
Trata-se, na verdade, de mulheres superexploradas e superdiscriminadas no mundo do
trabalho, na vida e no plano dos direitos. Resta-lhes a inserção instável, marginal e precarizada
12
na área de serviços, em funções que requerem conhecimentos básicos, mediante grande esforço
físico, um conhecimento mínimo do português e a execução rotineira da tarefa.
Outro agravante refere-se ao ritmo acelerado dos paulistanos, que se constitui em desafios
a serem enfrentados pelas refugiadas, pois em seus países de origem os ritmos e as regras de
trabalho obedecem a padrões culturais específicos, estabelecendo-se um choque entre culturas.
Em síntese, as mazelas a serem superadas pelas mulheres refugiadas na cidade de São
Paulo são muitas e diversas, cujas relações se apresentam de forma complexa. Diante desse
contexto e do aumento de refugiadas na capital paulistana, faz-se necessário repensar as
condições existentes de trabalho, vida e assistência social às refugiadas. Essa entidade
federativa, juntamente com o Estado tem obrigações em promover políticas públicas que
atendam essas mulheres, propiciando-lhes condições dignas de trabalho, saúde, moradia,
educação, assistência social para esse coletivo social.
OBJETIVOS
Examinar e analisar a inserção de mulheres refugiadas no mercado de trabalho
paulistano, considerando o tipo e as condições de inserção, em que setores, com que direitos
trabalhistas, com que remuneração e se a mesma possibilita condições mínimas de
sobrevivência, isto é, se lhes são garantidos os direitos sociais e econômicos básicos.
METODOLOGIA
Este estudo constitui-se como uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva, em
que se procedeu preliminarmente uma revisão da literatura com base na pesquisa bibliográfica
e documental acerca do assunto. O levantamento bibliográfico e documental permitiu um
estudo histórico dos fatos, no qual se buscou apreender como se deu o processo de refúgio ao
longo da história no cenário internacional e brasileiro, resgatando-se nesse processo a
participação do Brasil e seu envolvimento com a questão.
Concomitante procedeu-se a solicitação do autorizo da Plataforma Brasil para a
realização da pesquisa com seres humanos, o qual foi autorizado em julho de 2012 sob o
número 50715, o que possibilitou a essa acadêmica prosseguir em sua investigação.
13
Realizou-se também pesquisa de campo na cidade de São Paulo. Inicialmente fez-se
contato com as organizações que atuam com este público, procedeu-se a um levantamento do
universo de refugiadas residentes em São Paulo e um mapeamento de sua localização. Esses
procedimentos foram fundamentais no acesso às mulheres refugiadas, vez que subsidiaram a
análise das condições e situação de vida desse grupo social.
Utilizou-se como técnicas de coleta de dados a observação, um questionário aplicado
às organizações e entrevistas aprofundadas aplicadas às partícipes da pesquisa. Esses
procedimentos permitiram captar a realidade vivenciada pelas mulheres refugiadas no que
concerne ao objeto deste estudo, identificando-se também no tratamento a elas dispensado as
discriminações e preconceitos quase sempre explícitos a que são vítimas. Detectou-se que
essa situação é habitual na vida cotidiana dos refugiados.
Os dados obtidos por meio dos questionários, das entrevistas e da observação direta,
realizadas por ocasião das entrevistas em lugares diversos, serviram para elucidar os
problemas e as proposições elencados na pesquisa, com a finalidade de complementar e
identificar prováveis contradições presentes quando do cruzamento das informações obtidas.
Para proceder à análise desses dados, utilizou-se o software PSPP, um software livre
que permitiu gerar relatórios tabulados e gráficos com a finalidade de realizar inferências
sobre as correlações entre as variáveis selecionadas para avaliar as condições
socioeconômicas e de inserção das mulheres no mercado de trabalho paulistano. A partir dos
relatórios emitidos e analisados procederam-se as conclusões relativas à pesquisa.
RESULTADOS
A partir do mapeamento pode localizar e contatar as refugiadas para a pesquisa.
Constatou-se que as condições de sobrevivência assemelham-se às mesmas dos brasileiros.
Verificou ainda que a inserção desse grupo no mercado de trabalho se dá pelas vias
formais, as quais estão inseridas em maior número na área de serviços com baixos salários, o
que impossibilita que esse grupo social supra suas necessidades básicas.
Detectou-se em grande parte das entrevistadas que a sociabilidade das refugiadas na
sociedade brasileira não ocorre isso se dá pela discriminação sofrida pelas mesmas, e pelo fato
de elas também não se sentirem pertencentes a essa sociedade.
14
CONCLUSÃO
A pesquisa possibilitou compreender que mulheres refugiadas no município de São
Paulo vivem um paradoxo: o de buscar dignidade humana onde essa dignidade é pseudo-
ofertada, ou é ofertada em “migalhas”. Da perda dos direitos humanos à aquisição desses
direitos, mediados por uma falsa cidadania, que na busca de direitos e de serem incluídas
vivenciam dialeticamente uma exclusão integrativa marginal, oferecida como benesse a quem
foi privado de tudo, inclusive da convivência com os seus familiares. Segundo Piovesan
(2006) a própria condição de refugiado já é uma violação dos Direitos Humanos.
A investigação permitiu se adentrar na cotidianidade desse grupo social, mergulhando
nas mazelas da perversidade humana, em que aqueles que detêm o poder, mediante relações
capitalistas, o utilizam como meio de dominação, de aniquilação do outro, levando-o à
condição de “subsistência”, a uma existência subumana na qual ele – o ser, não se reconhece
mais enquanto ser, pois foi restringido ao niilismo existencial.
A despeito de essa realidade assemelhar-se a vivenciada por milhões de brasileiros
subempregados, afetados pela atual crise global contemporânea, a situação das refugiadas
constitui-se com maior complexidade, agravada em virtude das diferenças culturais, da raça,
do idioma, das leis, da distância dos filhos e demais familiares, da dificuldade em se
adaptarem em outro país, além de outras situações que provocam inseguranças e
instabilidades psíquicas, deixando-as suscetíveis à marginalidade.
Depreende-se que sem uma mudança estrutural, sem uma reforma política, não haverá
as transformações: ideológica, política, econômica e cultural, inviabilizando de fato a inclusão
social. Portanto, sem o real envolvimento do Estado para a resolução desses conflitos eles não
vão cessar, pois a cada ano intensifica-se o deslocamento de pessoas pelo mundo, realidade
esta que arrasta outros agravamentos da questão social.
Em relação às mulheres refugiadas, identificaram-se resquícios da colonização
africana, reproduzidos pela maioria do grupo, mediante comportamentos autodiscriminadores
culturais e educacionais que induzem à autoexclusões, ainda presentes nas gerações jovens de
descendentes africanos, que continuam a padecer o processo exploratório e colonizador.
Identificaram-se também, no tratamento dispensado às refugiadas, discriminações e
preconceitos quase sempre explícitos a que são vítimas. Detectou-se que essa situação é
15
habitual na vida cotidiana dos refugiados em geral, porém é maior em relação às mulheres.
Quanto à inserção no mercado de trabalho, concluiu-se que a mesma se dá quase que
exclusivamente na área de serviços, constituindo-se como temporária, precarizada,
marginal, instável e volátil nesses chamados “tempos pós-modernos” de globalização.
Espera-se que este trabalho suscite novas discussões e novos debates sobre a
realidade das pessoas refugiadas, a sua inserção no mercado de trabalho capitalista, as
condições de vida propiciadas a esses sujeitos pelo capital, assim como a atuação e o papel do
Estado junto a esse público.
REFERÊNCIAS
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA OS REFUGIADOS – ACNUR.
Coletânea de Instrumentos de Proteção Internacional dos Refugiados. Lei n. 9.474 de 23 de julho
de 1997. Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina
outras providências. 3. ed. São Paulo: Servidéias Comunicação LTDA, 2010.
ALMEIDA, Guilherme Assis de (org.). O direito internacional dos refugiados: uma perspectiva
brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
ANTUNES, Ricardo. Silva, Maria A. Moraes (org.). O avesso do trabalho. São Paulo: Expressão
Popular, 2004.
______. O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo,
2005.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2007.
BRASIL. Lei Nº 9.474, de 22 de julho de 1997. Define mecanismos para a implementação do
Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9474.htm. Acesso em: 07 ago. 2012.
CASTEL, Robert. As transformações da questão social. In: BELFIORE-WANDERLEY, Mariângela;
BÓGUS, Lúcia e YAZBEK, Maria Carmelita. Desigualdade e a questão social (Orgs.). São Paulo:
EDUC, 2000.
DRUCK, Graça. FRANCO, Tânia. A perda da razão social do trabalho: terceirização e precarização
do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2013.
EGREJA, Catarina; PEIXOTO, João. Migrações e segmentação do mercado de trabalho: o caso da
migração brasileira para Portugal. Travessia: Revista do Migrante. Publicação do CEM. Ano XXV,
n. 70. jan./jun. 2012.
16
FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS. Mulher e Trabalho: Inserção das
Mulheres Negras no Mercado de Trabalho da Região Metropolitana de São Paulo – 1995-2000.
Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Boletim
nº 04. São Paulo: 2001. Disponível em: http://www.seade.gov.br/produtos/mulher/. Acesso em: 28
mar. 2012.
______. Mulher e trabalho: inserção das mulheres com escolaridade superior no mercado de trabalho.
Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Boletim
n. 23. São Paulo: 2012. Disponível em: http://www.seade.gov.br/produtos/mulher/. Acesso em: 28
mar. 2012.
HARVEY, David. O enigma do capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.
MARTINS, Renato; DOMBROWSKI, Osmir. Estudo de casos. In: Mapa do trabalho informal. São
Paulo, Perseu Abramo, 2000.
MÉSZÁROS, István. Desemprego e Precarização: um grande desafio para a esquerda. In: ANTUNES,
Ricardo (Org.). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2006.
MONTALI, Lilia. Precarização do trabalho, desemprego e rearranjos de inserção familiares –
1985 a 2000: análises preliminares. Relatório parcial de pesquisa apresentado ao CNPq. Campinas:
NEPP/Unicamp, 2004.
MOREIRA, Julia Bertino. A questão dos refugiados no contexto internacional (de 1943 aos dias
atuais). Campinas: Unicamp, 2006.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Agenda Nacional de Trabalho Decente.
Brasília, 2012.
PIOVESAN, Flávia. O direito de asilo e a proteção internação dos refugiados. In: RODRIGUES,
Viviane Mozine (Org.). Direitos Humanos e Refugiados. Vila Velha, ES: Centro Universitário Vila
Velha, 2006.
PHIZACKLEA, Anne. O mercado de trabalho flexível e o trabalho incerto: o caso da migração. In:
Flexibilidade de Emprego: riscos e oportunidades. Oeiras: Celta, 2005.
POCHMANN, Marcio. A década dos mitos: o novo modelo econômico e a crise do trabalho no
Brasil. São Paulo: Contexto, 2006.
top related