nÓs e a gente na fala de alunos de escola pÚblica · sintagma nominal a gente é empregado como...
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Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Núcleo de Pesquisa e Estudos Sociolinguísticos, Dialetológicos e Discursivos
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NÓS E A GENTE NA FALA DE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA
Diana Pilatti Onofre (SED/UFMS)1
dianapilatti@hotmail.com
RESUMO: Esta pesquisa tem por objetivo observar como membros de uma comunidade escolar da
periferia de Campo Grande/MS, utilizam a primeira pessoal plural na modalidade oral da língua, partindo
da hipótese inicial de que este público em questão tende a usar tanto o pronome a gente (inovador) quanto
o pronome nós (forma canônica) para designar a pessoa plural, e que ambas as variedades “convivem em
harmonia”. O córpus em questão é composto de gravações transcritas da modalidade oral da língua, com
informantes de ambos os sexos, classificados em três faixas etárias distintas. Os dados foram analisados
com o auxílio do programa GoldVarb e o aporte teórico-metodológico escolhido é a Sociolinguística
Variacionista de Willian Labov (1983), dedicada aos estudos das variedades linguísticas que coexistem
dentro de uma comunidade e sua relação com o contexto social. A pesquisa considerou fatores
linguísticos e sociais que pudessem influenciar a preferência deste grupo de falantes por uma ou outra
forma (nós ou a gente). Ao final das análises, constatamos que 56% da amostra é composta da primeira
pessoa na forma a gente e 44% na forma nós. Com input 0.55 indicando que, apesar de estarem em
porcentagens equilibradas, o grupo de falantes entrevistado tente a utilizar mais a variedade a gente na
oralidade.
PALAVRAS-CHAVES: Sociolinguística, Morfologia, Pronome.
RESUMÉN: Esta investigación tiene como objetivo observar como miembros de una comunidad escolar
en las afueras de Campo Grande/MS, utilizando la primera persona plural en la modalidad oral de la
lengua, sobre la base de la hipótesis inicial de que este problema público tiende a utilizar tanto el
pronombre "a gente" (innovadora) como el pronombre "nós" (forma canónica) para designar a la persona
del plural, y que ambas variedades viven en armonía. El corpus en cuestión se compone de grabaciones
transcritas de modo de lenguaje oral, con los informantes de ambos sexos, divididas en tres grupos de
edades distintas. Los datos fueron analizados con la ayuda del programa GoldVarb y el enfoque teórico y
metodológico elegido es el Sociolingüísta Variacionista de William Labov (1983), dedicada al estudio de
las variedades lingüísticas que conviven dentro de una comunidad y su relación con el contexto social. La
investigación considera factores lingüísticos y sociales que pueden influir en la preferencia de este grupo
de hablantes de una forma u otra (a gente o nós). Al final del análisis, encontramos que el 56% de la
muestra consiste en la primera persona en la forma a gente y 44% en la forma nós. Con input de 0.55 lo
que indica que, a pesar de ser en porcentajes equilibrados, el grupo encuestado de oradores tratan de
utilizar más variedad a gente en la oralidad.
PALABRAS CLAVE: Sociolingüística, Morfología, Pronombre.
1 Diana Pilatti Onofre é Mestra em Linguística e Semiótica pela UFMS e Professora da Rede Estadual de
Ensino. dianapilatti@hotmail.com
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1. Considerações iniciais
Ao observamos a fala cotidiana, percebemos o uso de expressões distintas para
os pronomes de tratamento referentes às pessoas do discurso. Com um olhar mais atento
a primeira pessoa do plural, constatamos que os falantes alternam os usos dos pronomes
nós e a gente de acordo com o contexto.
Há algumas décadas, a Língua Portuguesa falada no Brasil, apresenta duas
formas para referir-se a primeira pessoa do plural: a forma canônica nós e a forma
inovadora a gente. Algumas Gramáticas atuais citam modalidades inovadoras nos
capítulos que se referem aos pronomes pessoais – como é o caso da Gramática Houaiss
(Azeredo, 2008) e a Gramática de usos do português (Neves, 2011), que abordam as
duas possibilidades nós e a gente.
Segundo Azeredo (2008):
As palavras gramaticais cuja função referencial é identificar as
pessoas do discurso se chamam pronomes pessoais.
Assim conceituada, a classe dos pronomes pessoais abrange a rigor os
pronomes pessoias em sentido restrito, os pronomes demonstrativos e
pronomes possessivos, visto que estes três subtipos fazem referência
às pessoas do discurso. De acordo com a nomenclatura oficial, a
expressão 'pronomes pessoais' aplica-se apenas às formas com que se
assinalam:
a) o indivíduo que fala - primeira pessoa do singular (eu),
b) o conjunto de indivíduos que o eu se inclui - primeira pessoa do
singular (nós/ a gente),
c) o individuo ou indivíduos a que o eu se dirige - segunda pessoa, do
singular e do plural (tu/vós, você /vocês),
d) o individuo ou coisa a que o eu se refere - terceira pessoa do
singular ou do plural (ele/eles). (AZEREDO, 2008, p. 175 - grifos do
autor)
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Assim, em uma linguagem acessível ao grande público, Azeredo (2008)
conceitua os pronomes e suas classificações, deixando bem clara o valor da primeira
pessoa plural, como o grupo de indivíduos no qual a pessoa que fala está incluída. No
decorrer do estudo de Azeredo (2008), ele faz referência a variação linguística brasileira
no que diz respeito ao uso da forma a gente: "Os brasileiros empresam em geral a forma
a gente, especialmente na língua falada semiformal e informar, como equivalente de
nós, seja com valor genérico/indeterminado (...)" (AZEREDO, 2008, p 176). A pesar de
não entrar em detalhes sobre amplitude do eu, percebemos que o autor preocupou-se em
observar as possibilidades de traços +genérico e -genérico.
Neves (2011) não apresenta a forma a gente logo no início do capítulo
referente ao estudo dos pronomes, porém deixa claro aos leitores que a primeira pessoa
plural "nunca se referem apenas à primeira pessoa, isto é, sempre envolvem um não
eu." (NEVES, 2011, p. 459) e apresenta algumas das possibilidades do eu-ampliado: a)
soma da primeira com a segunda pessoa (eu+tu/você), soma da primeira com a terceira
pessoa (eu+ele/ele), e a soma da primeira, segunda e terceira pessoa (eu+tu/você+eles
ou elas). Ao final do capítulo, a autora trata sobre as particularidades do pronome e
reserva um item (5.6) para a forma a gente, afirmando que "Na linguagem coloquial o
sintagma nominal A GENTE é empregado como um pronome pessoal" (NEVES,
2011, p. 469) podendo fazer referência tanto a nós ou fazer uma referência genérica a
qualquer pessoa do discurso.
Cunha e Cintra (2008) afirmam que "No colóquio normal, emprega-se a
gente por nós e, também, por eu" (CUNHA & CINTRA, 2008, p. 310), sem fazer
relação com a amplitude do eu. Outras Gramáticas também de grande circulação, como
Cegalla (2005) e Rocha Lima (2006), já não trazem em seu interior as possibilidades de
variação da primeira pessoa plural.
Mesmo assim, vem crescendo o número de pesquisadores interessados na
variação da primeira pessoa plural, como é o caso de Lopes (1998), Bueno (2003),
Muniz (2008), Brustolin (2009 e 2010), Mendonça (2012), entre outros. Destacando as
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transformações da língua no decorrer do tempo e a fixação da forma a gente no
Português do Brasil.
Para Bueno (2003), é possível encontrar registros escritos da forma a gente
em jornais datados de 1901, revelando seu uso com alto grau de frequência na oralidade.
Em sua dissertação de mestrado, Brustolin (2009) ressalta o uso de a gente
em várias regiões do país, destacando inclusive a necessidade de reflexões sobre as
metodologias de ensino de língua materna:
(...) estudos mostram que a concorrência entre tu e você e nós e a
gente é de motivação diferenciada: enquanto no primeiro caso há, por
exemplo, um intenso fator geográfico e igualmente fatores estilísticos
imbricados, no segundo há uma generalização maior de a gente,
independentemente da região. Apesar de algumas formas pronominais
ainda não fazerem parte de gramáticas, alguns autores já apontam que
é uma abordagem fundamentada em dados reais e reflexiva que
precisa ser realizada nas salas de aula. (BRUSTOLIN, 2009, p.18)
Partindo dessa reflexão sobre a importância da pesquisa da língua em uso e suas
contribuições para o ensino de língua, este artigo se propõe a observar como membros
de uma comunidade escolar da periferia de Campo Grande, Mato Grosso do Sul,
utilizam a primeira pessoa do plural, partindo da hipótese inicial que ambas variedades
(nós / a gente) coexistem em harmonia.
3. Metodologia
A metodologia que norteia este trabalho é a Sociolinguística Variacionista, que
estuda a língua em relação ao contexto social. “Seu ponto de partida é a comunidade
linguística, um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um
conjunto de normas com respeito aos usos linguísticos.” (ALKMIM, 2005, p. 31). Uma
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vez que é impossível conceber a língua fora de seu contexto de uso, pois é um produto e
expressão da cultura da qual faz parte, variando em função do tempo e do espaço,
acompanhando a evolução da sociedade, refletindo seus padrões de comportamento.
A Sociolinguística é relativamente jovem se comparada às outras áreas do
conhecimento Linguístico, o termo surgiu em 1964, na Universidade da Califórnia em
Los Angeles (UCLA) em um congresso organizado por Willian Bright. Todos os
trabalhos apresentados no congresso foram organizados e publicados em 1966, no livro
intitulado "Sociolinguistics" que traz em sua apresentação "As dimensões da
Sociolinguística" no qual o organizador apresenta essa nova linha de pesquisa, cujo alvo
é a diversidade linguística, descrevendo e analisando a língua em seu contexto2.
É também em 1964 que Willian Labov conclui seus estudos sobre a
estratificação social da língua inglesa em New York, no qual o autor relaciona fatores
como idade, sexo, ocupação e origem étnica ao comportamento linguístico. Causando
um grande impacto na linguística contemporânea, Labov fixa o modelo Variacionista,
comprovando que Língua e Variação são inseparáveis.
A pesquisa Sociolinguística Variacionista pode ocorrer em vários níveis da
língua, fonológico (alternância /l/ ~ /r/ identificado em várias regiões do país na fala de
pessoas com baixa escolarização: bruza, bicicreta, Craudia), morfológico (apagamento
da desinência plural -s dentro do sintagma nominal: as meninaØ bonitaØ), sintático
(sentenças organizadas em torno do Tópico, e não em torno do sujeito: A professora
Ana eu gosto muito dela e de matemática.) e no léxico (como a variação existente no
Brasil para se designar peça íntima feminina: sutiã, soutiéin, corpeti, corpinhu, bustiê,
top).
Esta pesquisa preocupa-se com uma das variações no nível Morfológico da
língua, especificamente com o uso da primeira pessoa plural nós (forma canônica) e a
2 É importante destacar que esta publicação, considerada como um marco, foi precedida de diversas
outras pesquisas que destacavam aspectos culturais e sociais como pontos-chaves para a organização
linguística dentro de uma comunidade, pesquisas estas de diversas áreas do conhecimento, como a
Etnografia, Psicologia e Linguística.
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gente (forma inovadora). Seguindo o modelo Sociolinguístico, organizamos os grupos
de fatores em Linguísticos:
a) concordância e desinência verbal - por meio da presença ou ausência da
desinência -mos, buscamos averiguar a concordância dentro do sintagma verbal,
b) eu-ampliado - afere a amplitude do eu que pode oscilar entre um traço
+determinado ou -determinado, dependendo das intenções do falante,
c) paralelismo formal - considerada de grande importância em diversos estudos
(BUENO, 2003, p. 51), consiste na repetição de uma forma durante a fala com
propósito específicos dentro do discurso,
d) função sintática - buscou identificar se há maior incidência de a gente na
posição de sujeito ou na posição de objeto,
e) tempo verbal - dentre os sete tempos verbais mais recorrentes no córpus
(infinitivo, presente, pretérito perfeito e imperfeito, futuro do presente e do pretérito, e
gerúndio) qual favorece mais o uso da forma a gente;
Grupos de fatores Sociais:
a) sexo - seis informantes do sexo masculino e seis informantes do sexo
feminino,
b) idade - crianças, adolescentes e adultos, com idades entre seis e quarenta
anos,
c) escolaridade - todos nossos informantes estão em fase de escolarização, seis
cursando o Ensino Fundamental e seis cursando o Ensino Médio.
O córpus organizado para esse artigo é uma parte de um córpus maior, cujas
entrevistas foram realizadas em meados de 2007, originalmente para uma dissertação de
mestrado (defendida no ano de 2009) sobre o uso do Tópico como forma de organização
frasal. Durante o desenvolvimento da dissertação observamos que vários informantes
utilizavam a gente para fazer referência a primeira pessoa do plural, como este não era
o foco naquele momento, guardamos essa “inquietação” para uma nova pesquisa.
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As entrevistas têm entre 30 e 50 minutos e foram realizadas com base nas
orientações do Professor Tarallo (1999) de forma que os informantes falassem de
assuntos do seu cotidiano da forma mais espontânea possível, emitindo opiniões e
refletindo sobre temas que os levam a preocupar-se com o que falam, e não com o como
falam. Dentre as várias possibilidades temáticas para entrevistas gravadas escolhemos
algumas das citadas por Villa da Silva (2004, p.41), em sua pesquisa realizada na
comunidade corumbaense: perigo de vida, jogos e brincadeiras de infância, brigas,
namoro e encontros amorosos, casamento, medos, família, amigos, serviços públicos,
violência nas ruas, o preço dos gêneros de primeira necessidade, escola e trabalho,
interação com os outros membros da comunidade, viagens. Todos os temas não se
aplicaram de forma homogênea a todos os informantes, foram escolhidos de acordo com
a faixa etária de cada um, por exemplo, para uma criança de 6 anos não poderíamos
fazer perguntas sobre trabalho, já que ainda não vivenciou essa experiência, e não há o
que falar sobre o tema; da mesma forma que não perguntamos aos adultos e
adolescentes sobre desenhos animados que assistem na televisão, uma vez que estão
trabalhando e/ou já não se interessam mais por esse tipo de entretenimento.
Assim, para compor esse artigo, selecionamos doze (das vinte e quatro)
entrevistas, sendo seis homens e seis mulheres, com idades entre seis e quarenta anos,
todos alunos da escola José Ferreira Barbosa, com níveis de escolaridade Fundamental e
Médio (em curso).
A Escola Estadual José Ferreira Barbosa localiza-se na Vila Bordon, periferia
oeste de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. No momento de sua criação em 1974, a
escola visava atender famílias de trabalhadores do curtume (localizado no mesmo
bairro). Hoje a escola oferece Ensino Fundamental e Médio para famílias que residem
também nos bairros vizinhos (Vila Popular, Jardim Itália e Santa Mônica), que além de
serem trabalhadores do curtume, trabalham como autônomos, ou nas fábricas de
calçados e roupas da Zona Industrial Oeste da capital.
As entrevistas transcritas foram analisadas com o auxílio do programa GoldVarb
2001, uma da versões do pacote de programas Varbrul para ambiente Windows, do
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inglês Variable Rules Analysis (Análise de Regras Variáveis), é um aplicativo de análise
binomial, criado especificamente para acomodar dados linguísticos, desenvolvido na
Universidade de York, como um projeto colaborativo entre o Departamento de Língua e
Linguística e o Departamento de Ciências da Computação.
4. Análise dos dados
Após tratamento e análise das doze entrevistas, constatamos 171 ocorrências
de primeira pessoa plural, sendo 96 para a gente e 75 para nós. Partimos do pressuposto
que ambas coexistiriam dentro do grupo de falantes, porém em se tratando de oralidade
e variação linguística, colocamos a forma inovadora a gente como valor de aplicação, e
obtivemos um input de 0,55 indicado pelo programa. Assim, com base em todos os
fatores observados, confirmamos nossa hipótese inicial e constatamos que há uma
“leve” preferência deste grupo de falantes pelo uso da variedade inovadora, como
podemos visualizar no gráfico nº 1:
Gráfico n° 1: percentagens de ocorrências de nós versus a gente.
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4.1. Fatores Linguísticos:
a) Concordância e desinência verbal:
Nosso primeiro grupo de fatores linguísticos visa observar concordância verbal
entre o nós/a gente na posição de sujeito, em quatro momentos distintos:
(a) nós + verbo na 1ª pessoa plural
Nóis temus qui ajudá as pessoas. (feminino 16 anos)
(b) nós + verbo na 3ª pessoa singular
Logu qui nóis mudô lá na minha casa... era um buracu! (masculino 16 anos)
(c) a gente + verbo na 1ª pessoa plural
A genti falamus: óó vai see issu... (masculino 20 anos)
(d) a gente + verbo na 3ª pessoa singular
A genti brinca de pega-pega na Física. (feminino 6 anos)
Após análise dos dados, constatamos que o verbo na terceira pessoa singular foi
recorrente tanto na forma inovadora a gente, compondo 53% da amostra, quanto na
forma canônica nós, com 28%. A amostra apresentou somente 15% de ocorrências com
a concordância verbo-número-pessoal seguindo a modalidade padrão da língua, como
podemos visualizar através do gráfico nº 2:
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Gráfico n° 2: concordância verbal nós/agente na posição de sujeito.
Assim, das 149 ocorrências de nós e a gente (ocupando a posição de sujeito),
somente 27 sentenças apresentaram concordância verbal com a pessoa plural, para 122
sentenças cujos verbos não apresentaram a desinência -mos marcando o plural segunda
a norma, apresentando peso 0,59.
b) Eu-ampliado:
Nessa categoria buscamos averiguar o grau de inclusão do eu no discurso.
Segundo Muniz (2008, p. 103) “Os pronomes plurais de primeira pessoa nunca se
referem apenas a primeira pessoa, já que ao passarem da forma singular para a forma
plural, sempre envolvem um não-eu.” Assim, essa categoria busca definir a
determinação do sujeito em três grupos3:
3 Em nossa rodada inicial, o grupo de fatores eu-ampliado apresentava também nós/a gente = eu + você,
porém como não houve nenhuma ocorrência deste tipo, excluímos essa categoria. Isso não significa que
não exista essa possibilidade em Língua Portuguesa, mas que devido a natureza do inquérito, no qual o
falante era questionado sobre suas experiências e anseios, logicamente, por essas vivências não incluírem
o inquiridor, em momento algum fez-se referência ao mesmo: nós/a gente = eu + você.
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(a) nós/a gente = eu
Nóis sonha cum lugar grandi... eu tenho curiosidade em conhecer
cidades estrangeiras... (feminino 16 anos)
(b) nós/a gente = eu + ele/eles
Eu descobri minha irmã... a genti tinha mais di trinta anus já!
(feminino 40 anos)
(c) nós/a gente = qualquer pessoa
U mundu tá evoluindu i a genti tem qui concordá... (masculino 37
anos)
Por meio de gráfico, expressamos as ocorrências de nós e a gente em relação à
amplitude do eu, e constatamos que as maiores ocorrências da primeira pessoa plural,
presentes na amostra, se referem ao falante mais uma ou mais pessoas conhecidas por
ele (eu+ele/eles), compondo 73% dos dados; em seguida nós/a gente equivalendo a
qualquer grupo de pessoas, com 42% de ocorrências; somente 2% dos falantes
utilizaram a forma plural para referir-se a ele mesmo:
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Gráfico n° 3: Eu-ampliado e o grau de inclusão do eu.
Já na tabela de pesos, percebemos que nós/a gente = eu, mesmo em proporções
bem menores, apresenta peso alto (0,90), pois de quatro ocorrências, três falantes
utilizaram a forma inovadora a gente:
Tabela nº 01 Eu-ampliado
Aplicação/ocorrências % Peso relativo
nós/a gente = eu 003/004 75 0,90
nós/a gente = ele/eles 066/125 52 0,73
nós/a gente = qualquer pessoa 024/042 64 0,10
total 096/171 56
Já a expressão da primeira pessoa plural equivalente a qualquer pessoa
apresentou menor probabilidade de ocorrer na forma inovadora a gente (peso 0,10). Ao
contrário do que afirmam alguns estudiosos, como é o caso de Ilari (2002, p.93), que ao
referir-se a um grupo de pessoas mais próximo o falante recorre a forma canônica nós,
enquanto a gente pode agregar uma referência mais indeterminada.
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c) Paralelismo formal
Chamamos Paralelismo Formal à tendência do falante em repetir variantes de
uma mesma variável dependente na sequência discursiva. Para este artigo, consideramos
estruturas paralelas variantes explícitas, dentro de um mesmo tema abordado pelo
falante, sendo (a) primeira pessoa plural isolada, que aparece em algum momento da
fala, porém não se repete mais até a mudança de turno/assunto; (b) primeira pessoa que
se mantém/repete dentro do turno; (c) primeira pessoa plural que varia dentro do turno,
ora para forma canônica, ora para inovadora.
(a) A gente ... Ø (isolado)
A genti si desintendeu lá, i minha irmã tinha ganhadu um invelopi di
carta. (masculino 16 anos)
(b) A gente ... a gente
A genti ficô cum medu di acontecê... delis ficá cum raiva da genti. A
genti era novu na cidadi. (feminino 18 anos)
(c) A gente ... nós
(...) E dái a genti si conhecemus, só qui daí quandu nós casamus eu
fui morar com minha sogra... (masculino 20 anos)
Nesta rodada consideramos somente a gente, pois foi a variante colocada como
valor de aplicação no GoldVarb. Após análise destes dados, percebemos pesos muito
próximos para (b) a gente... a gente e (c) a gente... nós. Os resultados para essa etapa
podem ser expressos na tabela seguinte:
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Tabela nº 02 Paralelismo formal
Aplicação/ocorrências % Peso relativo
A gente ... Ø 035/068 51 0,65
A gente ... a gente 049/079 62 0,50
A gente ... nós 012/024 50 0,49
total 096/171 56
Com base na tabela nº 02 concluímos que, para vários falantes entrevistados,
ambas modalidades são aceitas, uma vez que os pesos para manutenção do pronome e
alternância do pronome são muito próximos (0,50 e 0,49 respectivamente), e que
iniciada a fala com uma das variantes, esta tende a manter-se até o final do turno.
c) Função sintática:
Neste grupo, visamos obsevar qual a maior ocorrência de nós/a gente em relação
à função sintática que desempenha, se sujeito ou objeto.
(a) Sujeito:
A genti tava fazendu piquiniqui (feminino 40 anos)
(b) Objeto:
Di veiz im quandu eli dá aula pra genti. (feminino 6 anos)
Como é possível depreender da tabela nº 03, mesmo em proporções menores, o
programa GoldVarb, indicou a posição de objeto com maior peso para a presença de a
gente (0,88). Para essa rodada não consideramos a primeira pessoa plural na posição de
adjunto.
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Tabela nº 03 – Função sintática de nós/a gente
Aplicação/ocorrências % Peso relativo
Sujeito 079/144 54 0,46
Objeto 010/019 52 0,88
d) Tempos Verbais
Observando os tempos verbais utilizados em relação a primeira pessoa plural,
percebemos que presente e pretérito são os tempos mais recorrentes. Isso se justifica
devido a natureza das entrevistas, nas quais os informantes são estimulados a falar sobre
suas experiências (fatos marcantes da infância e lugares que já visitaram) e sobre
situações atuais (como trabalho, escola, política e religião). Assim, é natural que tempos
que expressem passado e presente possuam maior quantidade no córpus, como é
possível expressar segundo o gráfico:
Gráfico n° 4: Tempos verbais relacionados a nós/a gente.
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Porém, observando os resultados referentes ao peso relativo, percebemos que o
infinito e o pretérito imperfeito apresentam pesos maiores em relação aos outros tempos
verbais (0,66 e 0,60 respectivamente).
Tabela nº 04 – Tempos Verbais
Aplicação/ocorrências % Peso relativo
Presente 054/093 58 0,66
Pretérito perfeito 019/035 54 0,33
Pretérito imperfeito 011/026 42 0,60
Infinitivo 008/012 66 0,54
4.2. Fatores sociais
e) Sexo do informante
É de consenso entre sociolinguistas que homens e mulheres possuem discursos
distintos. Para Monteiro (2001, p. 72) os homens empregam em maior proporção
variedades estigmatizadas da língua, enquanto as mulheres possuem uma fala mais
polida.
Em contra partida, no que diz respeito a determinadas variações linguísticas, o
sexo feminino aponta maior peso em relação ao uso da forma não-padrão, como é o
caso dos usos de nós/a gente nos estudos de Muniz (2008), Brustolin (2010) e
Mendonça (2012), por exemplo, nos quais as mulheres apresentaram maior peso para a
variedade inovadora.
Em nossa pesquisa não foi diferente, o sexo feminino apresentou peso 0,67,
enquanto o sexo masculino fez maior usa da forma canônica, com peso 0,46.
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Gráfico n° 5: Uso de nós/a gente em relação ao sexo dos informantes.
f) Escolaridade
Por se tratar de uma pesquisa em torno de comunidade escolar, todos os
informantes estão em faze de escolarização, tanto no início (Ensino Fundamental)
quanto ao final (Ensino Médio).
Observando a tabela nº 05, percebemos que em relação às ocorrências de nós/a
gente em um panorama geral, o grupo dos informantes cursando Ensino Médio
apresenta maior quantidade de dados. Acreditamos que esse fato seja decorrência até dá
própria maturidade e desinibição, ou até mesmo vivências/experiências para contar, uma
vez que o inquérito baseia-se em narrativas. Em contra partida, mesmo “falando mais”
os informantes cursando Ensino Médio tentem menos ao uso da variedade inovadora,
talvez até pelo maior tempo de escolarização e, consequentemente, maior tempo de
contato/estudo com a norma.
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Tabela nº 05 – Escolaridade dos informantes
Aplicação/ocorrências % Peso relativo
Ensino Fundamental 020/032 63 0,61
Ensino Médio 076/139 54 0,54
Assim, os informantes de menor escolarização apresentaram maior peso relativo
0,61, favorecendo o uso de a gente.
g) Faixa Etária
Neste grupo, buscamos averiguar os usos de nós/a gente em três faixas etárias:
crianças (06 até 14 anos), adolescentes (15 até 24 anos) e adultos (de 25 até 40 anos).
Em concordância com o grupo escolaridade, informantes mais jovens apresentaram
maior peso (0,67) favorecendo o uso da forma inovadora, enquanto adolescentes e
adultos tiveram pesos equiparados (0,53).
Tabela nº 06 – Faixa etária dos informantes
Aplicação/ocorrências % Peso relativo
Crianças 020/032 62 0,67
Adolescentes 036/076 47 0,53
Adultos 040/063 63 0,53
Considerações finais
Confirmando-se nossa hipótese inicial, constatamos que os falantes do grupo
estudado usam tanto a forma inovadora, quanto a canônica ao se expressarem em
primeira pessoa plural. Ao atribuirmos valor de aplicação à forma inovadora,
constatamos que em sua maioria, os pesos eram iguais ou superiores a 0,50,
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demonstrando uma tendência deste grupo a manutenção dessas variedades ao fazer
referência a primeira pessoa plural.
Constatamos também que há uma forte tendência ao apagamento da desinência
-mos dos tempos verbais, o que nos sugere tanto a economia linguística (uma vez que o
falante marcando o plural por meio de um pronome ao início e não vê necessidade em
marcar o restante da sentença) e, em menor proporção, para que a sentença assuma um
teor indeterminado (nos casos do eu-ampliado referente a quaisquer pessoas).
No que diz respeito às formas paralelas, percebemos que o falante tende a
manter o pronome inicial (pois os pesos relativos mantiveram-se próximos), como a
forma inovadora a gente foi mais recorrente na amostra (56%) é mais provável que ela
mantenha-se até o próximo turno/assunto.
Quanto às variedades sociais, chamou-nos a atenção o grupo referente ao sexo
do informante, uma vez que as mulheres apresentaram preferência pela forma
inovadora. Fato este que nos desperta outros questionamentos: Qual o motivo desta
preferência? (Já que em outras pesquisas as mulheres mantém uma fala mais polida?)
Será que, acompanhando as mudanças sociais de liberdade e igualdade de gênero, as
mulheres sintam-se mais a vontade para usar determinadas formas linguísticas? Ou será
essa uma tendência relacionada somente a fenômenos de ordem morfossintática?
Independente das hipóteses que possamos formular, somente uma pesquisa mais ampla
envolvendo as diferenças de gênero poderá confirmar se as brasileiras estão realmente
mudando sua “forma de falar”.
Quanto aos outros fatores sociais, percebemos que quanto mais jovens e menos
escolarizados forem os falantes desse grupo maior a tendência do uso da forma
inovadora a gente para marcar a primeira pessoa plural.
Acreditamos que os estudos das variedades linguísticas atuais são de suma
importância para subsidiar reflexões sobre língua em uso e nortear mudanças eficazes
no ensino de língua materna. Mesmo que essa pesquisa seja uma amostra limitada de
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um grupo especifico de estudantes, pode refletir uma tendência em todo o território
nacional: a coexistência harmônica entre duas variações linguísticas (nós e a gente).
Por se tratar de uma pesquisa em comunidade escolar, ainda faz-se necessário
ampliá-la para os usos de nós e a gente na modalidade escrita, montando um córpus
com um quantidade significativa de redações escritas por alunos da mesma comunidade,
mesma faixa etária e escolaridade desta pesquisa, para que ao levantarmos e cruzarmos
os dados, possamos vislumbrar em que proporções a modalidade oral da língua pode
influenciar na modalidade escrita.
Referências
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Christina (orgs.). Indrodução à Linguística: domínios e fronteiras. 5ª edição. São
Paulo: Cortes, 2005, p. 21 -47.
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BUENO, Elza Sabino da Silva. Nós, a gente e o boia-fria. São Paulo: Editora Arte &
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BRUSTOLIN, Ana Kelly Borba da Silva. Itinerário do uso e variação de nós e a
gente em textos escritos e orais de alunos do Ensino Fundamental da Rede Pública
de Florianópolis. Dissertação de Mestrado. Florianópolis/SC: Universidade Federal de
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LABOV, William. Modelos sociolinguísticos. Tradução de José Miguel Marinas
Herreras. Madrid: Cátedra, 1983.
LOPES, Célia Regina dos Santos. Nós e a gente no português falado culto do Brasil.
DELTA, São Paulo, v. 14, n. 2, 1998. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script =sci_arttext&pid=S0102-
44501998000200006&lng=en&nrm=iso Acesso em 10 nov 2013.
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MENDONÇA, Alexandre Kronemberger de. Nós e a gente na cidade de Vitória:
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MONTEIRO, José Lemos. Para compreender Labov. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes,
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MUSSALIN, Fernanda e BENTES, Anna Christina (orgs.). Introdução à Linguística:
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VILLA da SILVA, Rosângela. Aspectos da pronúncia do <S> em Corumbá-MS:
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Recebido Para Publicação em 30 de junho de 2015.
Aprovado Para Publicação em 27 de setembro de 2015.
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