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NOTA TÉCNICA CRE 13/2020
2ª Revisão Tarifária Periódica da Copasa-MG
Estrutura Tarifária
Metodologia
(VERSÃO PRELIMINAR ANTES DA AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 32/2020)
Coordenadoria Técnica de Regulação e Fiscalização Econômico-Financeira (CRE)
Outubro de 2020
ARSAE-MG – Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais.
Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves - Rodovia João Paulo II, 4001 - Prédio Gerais
5º andar - Bairro Serra Verde - Belo Horizonte – MG CEP 31630-901 - www.arsae.mg.gov.br
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Diretoria Colegiada:
Antônio Claret de Oliveira Júnior – Diretor Geral
Irene Albernáz Arantes – Diretora
Rodrigo Bicalho Polizzi – Diretor
Coordenadoria Técnica de Regulação e Fiscalização Econômico-Financeira (CRE):
Raphael Castanheira Brandão – Coordenador
Felipe Melo Rocha – Assessor
Vanessa Miranda Barbosa – Assessora
Gerência de Regulação Tarifária:
Daniel Rennó Tenenwurcel – Gerente
Antônio César da Matta de Jesus
Diogo de Vasconcelos Teixeira
Gustavo Vasconcelos Ribeiro
Ivana Villefort de Bessa Porto
Vinícius de Paulo Lopes – Estagiário
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SUMÁRIO 1. OBJETIVO........................................................................................................................................... 3
2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2.1. Nota sobre a Audiência Pública nº 31/2020 – Tarifa Social ........................................................................5
3. CAPACIDADE DE PAGAMENTO ............................................................................................................. 6
3.1. Cálculo do Indicador de Capacidade de Pagamento ..................................................................................8
3.1.1. Consumo per capita de referência ....................................................................................... 8
3.1.2. Número de indivíduos por domicílio ..................................................................................... 9
3.1.3. Renda familiar de referência ............................................................................................... 9
3.1.4. Cálculo do Indicador de Capacidade de Pagamento para Categoria Social ............................... 10
3.1.5. Cálculo do Indicador de Capacidade de Pagamento para Categoria Residencial ....................... 10
3.1.6. Potenciais alterações promovidas pela Audiência Pública 31/2020 ........................................ 11
3.2. Parâmetro de referência......................................................................................................................... 11
4. DESENHO TARIFÁRIO E SUBSÍDIOS ENTRE CATEGORIAS ........................................................................ 12
4.1. Desenho da estrutura tarifária ................................................................................................................ 12
4.2. Tarifa Fixa ............................................................................................................................................... 16
4.3. Progressividade ...................................................................................................................................... 19
4.3.1. Critérios para progressividade das tarifas............................................................................ 22
4.4. Montantes de subsídio entre categorias ................................................................................................. 25
5. MODELO DE TARIFAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO E SUBSÍDIOS ENTRE SERVIÇOS ............................... 29
5.1. Evolução do Serviço de Esgotamento Sanitário da Copasa no ciclo 2017-2021....................................... 30
5.2. Dificuldades e limitações identificadas a partir do atual modelo de cobrança pelos serviços de esgoto . 33
5.3. Subsídios entre os serviços ..................................................................................................................... 35
5.4. Possíveis modelos de cobrança dos serviços de esgoto para o próximo ciclo ......................................... 39
5.5. Proposta do modelo de cobrança para os serviços de esgotamento sanitário ........................................ 43
6. IMPACTOS E SUBSÍDIOS DA PROPOSTA CONSOLIDADA PARA A ESTRUTURA TARIFÁRIA ........................... 45
6.1. Indicador de capacidade de pagamento ................................................................................................. 53
7. CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 54
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1. OBJETIVO
Esta nota técnica apresenta para discussão a proposta da agência para a estrutura tarifária da Copasa
para o próximo ciclo tarifário de quatro anos, no âmbito da sua 2ª Revisão Tarifária Periódica (RTP), a ser aplicada
em agosto de 2021. A análise da estrutura tarifária abrange os seguintes aspectos:
Definição do modelo de avaliação da capacidade de pagamento dos usuários.
Definição de faixas de consumo e categorias tarifárias;
Definição de progressividade entre as faixas de consumo;
Definição de montante a ser financiado por Tarifa Fixa;
Definição de subsídios tarifários entre faixas e categorias;
Definição do modelo de cobrança pelos serviços de esgotamento sanitário;
Definição de subsídios entre serviços (abastecimento de água, esgotamento dinâmico com coleta e
esgotamento dinâmico com coleta e tratamento).
Ressalta-se que o objeto de debate neste momento são as metodologias e não os resultados numéricos,
embora já sejam apresentados números preliminares1.
Contribuições devem ser enviadas para o e-mail audienciapublica32@arsae.mg.gov.br até o dia 11 de
dezembro de 2020. Também haverá espaço para contribuições na audiência pública virtual que ocorrerá no dia
27 de novembro de 2020, das 14:00 às 17:00, na página da Arsae-MG no Youtube. O regulamento de participação
e todos os documentos relacionados ao processo estão disponíveis no site da agência.
2. INTRODUÇÃO
De acordo com o art. 29 da Lei Federal nº 11.445/2007, marco legal do saneamento básico,
recentemente alterada pela Lei 14.026/2020, os serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário
terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada mediante a cobrança pelos serviços prestados na
forma de taxas, tarifas ou outros preços públicos. O mesmo artigo lista diretrizes a serem observadas para a
instituição de tais tarifas: a recuperação de custos incorridos, em regime de eficiência; a remuneração adequada
do capital investido pelos prestadores dos serviços; a geração de recursos necessários para a realização de
investimentos; a ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa renda aos serviços; a inibição ao
consumo supérfluo e desperdício de recursos; e o incentivo à eficiência dos prestadores.
A estrutura tarifária corresponde à forma de cobrança de tarifas sobre o mercado, de forma a se atingir
a receita necessária à prestação dos serviços. O artigo 30 da Lei 11.445/07 prevê a consideração de fatores como:
I - categorias de usuários, distribuídas por faixas ou quantidades crescentes de utilização ou de
consumo;
1 Todos os resultados numéricos apresentados nesta nota técnica são preliminares e poderão sofrer alterações consideráveis após o recebimento de contribuições durante o processo de consulta e audiência pública, além de atualização com dados mais recentes na data do cálculo final. Não foram utilizadas informações da Copasa MG referentes a períodos ainda não divulgados ao mercado.
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II - padrões de uso ou de qualidade requeridos;
III - quantidade mínima de consumo ou de utilização do serviço, visando à garantia de objetivos
sociais, como a preservação da saúde pública, o adequado atendimento dos usuários de menor
renda e a proteção do meio ambiente;
IV - custo mínimo necessário para disponibilidade do serviço em quantidade e qualidade adequadas;
V - ciclos significativos de aumento da demanda dos serviços, em períodos distintos; e
VI - capacidade de pagamento dos consumidores.
Assim, para se definir a estrutura tarifária de um prestador é preciso discutir os conceitos e analisar como
as tarifas irão variar conforme:
Categorias de unidades usuárias (residencial, social, comercial, industrial e pública);
Parcelas fixa e variável da cobrança;
Faixas de consumo (em m³, ou 1.000 litros); e
Serviços (água e esgoto);
Nível do serviço (coleta e tratamento de esgoto).
A definição da estrutura tarifária envolve uma série de análises relacionadas aos custos incorridos pelo
prestador e aos possíveis subsídios e incentivos que se deseja gerar. Além desses fatores, é importante analisar
o impacto que uma nova estrutura tarifária pode trazer aos usuários com relação à estrutura vigente. O modelo
mais adequado pode não ser aplicável por conta dos fortes ajustes necessários a determinados grupos de
usuários. É sempre importante reforçar que todas as modificações na estrutura tarifária são realizadas sem
alteração da receita de equilíbrio do prestador. Ou seja, alterações que reduzem as tarifas de usuários
enquadrados em determinada categoria, faixa de consumo ou serviço, resultam em aumento para outros
consumidores.
Na Revisão Tarifária de 2016/2017 da Copasa, a agência realizou importantes modificações na estrutura
tarifária, como segue:
i) Fim da política de Consumo Mínimo, e sua substituição pela Tarifa Fixa;
ii) Alterações nas faixas de consumo, para melhor distribuição de economias e volumes faturados;
iii) Redefinição da relação entre tarifas de água e esgoto, buscando-se incentivar o aumento do
tratamento. Foi definido em 2017 uma trajetória de alterações nas tarifas para que, em 2020,
chegássemos aos percentuais de 25% da tarifa de água para esgotamento dinâmico com coleta
(EDC) e 100% da tarifa de água para esgotamento dinâmico com coleta e tratamento (EDT).
iv) Ampliação e concessão de percentual de redução de tarifas único para a categoria social,
tornando-o independente do volume consumido. Antes de 2017, a agência adotava percentuais
regressivos de subsídio para a tarifa social, que iam de 40% a 0%, dependendo da faixa tarifária.
Na Revisão, o subsídio foi homogeneizado em 50% para as tarifas variáveis e definido em 55% para
a tarifa fixa.
v) Definição de uma trajetória de alteração da progressividade das tarifas, com maiores subsídios
para faixas de baixo consumo da categoria residencial, maiores progressividades para a mesma
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categoria, e menores progressividades para as categorias não-residenciais, porém sem tarifas
subsidiadas para essas categorias.
Para esta revisão tarifária, a Arsae-MG, a partir da análise técnica de alguns aspectos da atual estrutura
tarifária e das percepções adquiridas ao longo do último ciclo, propõe diretrizes e critérios para a construção da
nova estrutura que irá perdurar para o próximo ciclo tarifário (2021 – 2025). Porém, antes das orientações da
estrutura tarifária propriamente dita, esta nota técnica trata da metodologia de avaliação da capacidade de
pagamento dos usuários que deverá ser aplicada para o próximo ciclo tarifário e afetará diretamente a
distribuição das tarifas entre as categorias que compõem a tabela tarifária.
Em seguida, são apresentadas diretrizes para aprimoramento do desenho tarifário, da progressividade
das tarifas e da distribuição de subsídios entre categorias. Também é proposta a alteração do modelo de
cobrança pelos serviços de esgotamento sanitário, em que se sugere a alteração para uma tarifa que seja
totalmente aderente aos custos dos serviços, ou seja, que elimine os subsídios entre serviços.
As metodologias para definição da estrutura tarifária da Copasa para o próximo ciclo são apresentadas
em cinco seções. A próxima aborda brevemente a proposta de aprimoramento para a Tarifa Social, já
incorporada nesta nota técnica, mas cuja metodologia é objeto da Audiência Pública 31/2020. A seção 3 discorre
a respeito da metodologia de avaliação da capacidade de pagamento dos usuários para o próximo ciclo tarifário.
A seção 4 discute o desenho, faixas de consumo, componente fixa, progressividade e subsídios entre categorias.
A seção 5 trata do modelo de tarifas de esgotamento sanitário e os subsídios entre serviços. A seção 6 apresenta
as simulações dos impactos das diretrizes propostas sobre a estrutura tarifária. A nota técnica é encerrada com
o resumo das análises e propostas metodológicas e as conclusões.
2.1. Nota sobre a Audiência Pública nº 31/2020 – Tarifa Social
No dia 07 de outubro de 2020, a Arsae-MG iniciou o período de envio de contribuições da Audiência
Pública nº 31/20202 que trata dos critérios de aplicação da Tarifa Social dos prestadores regulados. O prazo para
contribuições se encerrará no dia 06 de novembro de 2020, de forma que o resultado só será conhecido após a
abertura da Audiência Pública nº 32/2020 na qual será discutida a presente nota técnica.
A minuta de resolução da Arsae-MG, colocada sob o escrutínio da sociedade na Audiência Pública nº
31/2020, propõe o desdobramento da Tarifa Social em duas categorias (categoria Social I e categoria Social II),
de modo que a primeira contemple maiores percentuais de subsídio para usuários que, de acordo com
classificação do CadÚnico, se encontram em situação de pobreza e extrema pobreza (atualmente com rendas
até R$178 per capita). A categoria Social Nível II abrangeria usuários classificados pelo CadÚnico como baixa
renda, com rendas de R$178 per capita até ½ salário mínimo. O objetivo da proposta é atender de maneira mais
eficaz à premissa de modicidade tarifária decorrente da avaliação da capacidade de pagamento dos seus
usuários, além de garantir o acesso à água como um direito fundamental.
2 Os documentos da Audiência Pública nº 31/2020 estão disponíveis no site da Arsae-MG e podem ser acessados pelo link http://arsae.mg.gov.br/audiencia-publica/page/869-audiencia-publica-n-31-2020-criterios-de-aplicacao-da-tarifa-social.
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As simulações dos impactos das propostas para a estrutura tarifária da Copasa consideram os efeitos da
efetivação do desdobramento da Tarifa Social em duas categorias. Para tanto, foi obtido um mercado potencial
utilizando-se os dados do CadÚnico referentes a usuários em situação de extrema pobreza, pobreza e baixa
renda, com acesso a rede de abastecimento nos municípios regulados. Assim, a partir do mercado atendidos
atualmente pela Copasa, foi possível calcular os percentuais de economias com renda per capita até R$178 e
entre R$178,01 e ½ salário mínimo. Esses percentuais foram aplicados sobre o mercado social do prestador,
formando um mercado aproximado de potenciais beneficiários e do volume consumido por eles nas categorias
Social Nível I e Social Nível II.
Mais detalhes sobre o trabalho de aprimoramento da tarifa social podem ser vistos na Nota Técnica GRT
13/20203, que trata da metodologia utilizada e dos impactos esperados, não só para a Copasa, mas para todos
os prestadores regulados. Para esta nota técnica, foi utilizado um percentual de subsídio de 90% para a categoria
Social I e 60% para a categoria Social Nível II. É importante salientar que esses percentuais buscam maior
aderência ao limite inferior de capacidade de pagamento (faturas de água esgoto totalizando 3% da renda
domiciliar).
Assim, é importante reforçar que os números apresentados são um exercício para facilitar a
compreensão das implicações de cada nova orientação da agência e que vários fatores afetarão o resultado final
das tarifas, entre eles a audiência pública em andamento sobre a Tarifa Social. Outras implicações pontuais dos
critérios propostos para a aplicação da Tarifa Social sobre algum dos tópicos tratados nesta nota técnica são
mencionados ao longo do texto.
Ressalta-se que, a partir das contribuições recebidas na Audiência Pública nº 31/2020, poderão ocorrer
mudanças na forma final de regramento para a aplicação da Tarifa Social que resultem em alterações nas
fórmulas de capacidade de pagamento e na estrutura tarifária a serem adotadas na 2ª RTP da Copasa. Tais
impactos deverão ser analisados pela Arsae-MG quando da publicação final da resolução, bem como na 3ª fase
do processo de consultas da revisão tarifária da Copasa.
3. CAPACIDADE DE PAGAMENTO
A Lei 11.445/2007, recentemente alterada pela Lei nº 14.026/2020, estabelece diretrizes nacionais para
o saneamento básico, e determina em seu art. 2º que um dos princípios fundamentais da prestação de serviços
públicos de saneamento básico é o “estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento e à utilização de tecnologias
apropriadas, consideradas a capacidade de pagamento dos usuários, a adoção de soluções graduais e
progressivas e a melhoria da qualidade com ganhos de eficiência e redução dos custos para os usuários”.
Adicionalmente, em seu art. 30, a mencionada lei determina que a estrutura de remuneração e cobrança dos
serviços públicos de saneamento básico considerará, entre outros fatores a capacidade de pagamento dos
consumidores.
3 Disponível em: http://www.arsae.mg.gov.br/images/documentos/audiencia_publica/31/NT_Aprimoramento_Tarifa_Social_Verso_Final.pdf.
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No que diz respeito à legislação do estado de Minas Gerais, a Lei 18.309/2009, que estabelece normas
relativas aos serviços de água e esgoto e cria a Arsae-MG, determina em seu art. 2º que a garantia da modicidade
das tarifas é um dos princípios da prestação dos serviços de água e esgoto no estado.
Tendo em vista as determinações legais apresentadas, fica evidente que a capacidade de pagamento dos
usuários deve ser um fator fundamental na determinação das tarifas que remuneram a prestação dos serviços
de abastecimento de água e esgotamento sanitário, as quais devem garantir o equilíbrio econômico-financeiro
do prestador respeitando, também, a modicidade tarifária.
Na 1ª RTP da Copasa, a Arsae-MG desenvolveu um indicador para avaliar a capacidade de pagamento
dos usuários. O indicador tem os seguintes objetivos:
I. verificar se o princípio da modicidade tarifária é atendido;
II. discutir a acessibilidade dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário para os
mais pobres;
III. compreender o peso das faturas de água e esgotamento sanitário na renda das famílias dos
usuários;
IV. identificar mecanismos que garantam acesso da população de baixa renda aos serviços
regulados sem que haja desincentivo à expansão da abrangência para regiões mais carentes; e
V. subsidiar alterações na estrutura da Tarifa Social aplicada à Copasa.
O método de construção dos indicadores – residencial e residencial social - consiste em observar a
representatividade das despesas com serviços de água e esgotamento na renda média mensal familiar. Desse
modo, a agência calcula os indicadores que dependem de 4 variáveis: (i) renda familiar de referência; (ii)
consumo per capita de referência; (iii) número de indivíduos por domicílio; e (iv) tarifas praticadas.
Na 1ª RTP da Copasa, o item (i) foi obtido por meio dos microdados do Censo 2010 do IBGE amostra de
domicílios, referentes ao estado de Minas Gerais. O consumo médio de água - item (ii) - foi definido em 10m³,
volume que se aproxima do consumo médio das categorias residenciais do prestador. Da mesma forma que o
item (i), o item (iii) foi obtido a partir das informações do Censo de 2010 do IBGE, na base de amostra de
domicílios. E, por fim, o indicador é avaliado anualmente, nos reajustes tarifários da Copasa, sempre
considerando a tarifa homologada para o período de referência - item (iv).
Estabelecido o indicador de pagamento, a agência o compara com o parâmetro de referência, que na 1ª
RTP foi definido em 3% da renda das famílias. O valor foi obtido considerando o Human Development Report
(2006), que orienta que o comprometimento da renda domiciliar familiar com serviços de abastecimento de água
e tratamento de esgoto não deve ser superior a 3%.
Para a 2ª RTP, a Arsae-MG propõe manter as diretrizes que nortearam a implantação do indicador da
capacidade de pagamento em 2017. Contudo, a agência alterará a forma de comparação com o parâmetro de
referência. Mais especificamente, a Arsae-MG não adotará uma comparação pontual com o referido parâmetro,
como acontecia até o momento, mas intervalos de adequabilidade do comprometimento da renda. Da mesma
forma que Prosun (2018), o indicador de capacidade de pagamento poderá ser classificado em três categorias:
I. Satisfatória: apresenta atendimento ao limite inferior do intervalo de referência (cor verde);
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II. Moderada: atendimento ao intervalo de referência (cor amarela);
III. Insatisfatória: encontra-se fora do intervalo de referência (cor vermelha).
A criação das categorias citadas e análise por intervalos atende a duas questões com as quais a agência
se defrontava:
I. Imprecisões nos dados de renda e moradores por domicílio, em especial, considerando a
defasagem da base de dados. Soma-se a isto a grande heterogeneidade de renda existente na
área concessão da Copasa;
II. Existência de fontes com parâmetros de referência diferentes de 3%, utilizado na última RTP.
Dadas as incertezas relacionadas ao indicador de capacidade de pagamento, uma avaliação do indicador
em intervalos de aceitabilidade é preferível a uma avaliação pontual. Da mesma forma que na 1ª RTP, os
indicadores serão calculados anualmente (no momento dos reajustes tarifários) e servirão de referência para
balizar estudos e adequações do impacto provocado pelo reajuste autorizado a cada ano. Os indicadores nunca
deverão se situar na categoria “Insatisfatória” (cor vermelha).
3.1. Cálculo do Indicador de Capacidade de Pagamento
Os indicadores de capacidade de pagamento consistem, basicamente, da proporção da renda familiar
empregada no pagamento das faturas dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Além das
tarifas praticadas, o indicador de capacidade de pagamento é composto por outros 3 itens:
i. consumo per capita de referência;
ii. número de indivíduos por domicílio;
iii. renda familiar de referência.
A seguir passa-se à descrição de cada um dos itens e à forma como eles serão considerados na
metodologia da 2ª RTP da Copasa. Foram realizadas algumas alterações nos itens em relação à 1ª RTP. Estas
mudanças serão pontuadas nas subseções.
3.1.1. Consumo per capita de referência
Para a análise do indicador de capacidade de pagamento, utiliza-se um consumo mensal de referência
que gera um valor de fatura correspondente. A Arsae-MG tem utilizado o volume de 10m³ por domicílio, valor
que corresponde a aproximadamente o volume médio conjunto de todos os prestadores regulados, além de
também representar uma aproximação do consumo recomendado por Howard et. al (2003) para uma família de
3 pessoas (100 litros/dia/habitante). A agência optou por manter o consumo de referência individual
recomendado pela ONU, entretanto, optou por não considerar 10m³ por domicílio em todas as situações, para
que os cálculos alcançassem maior precisão. Assim, para a 2ª RTP da Copasa, o consumo per capita de referência
para o indicador de capacidade de pagamento deve ser igual a 3 m³.
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3.1.2. Número de indivíduos por domicílio
Na seção anterior, definiu-se que o volume consumido per capita será igual 3 m³, considerando o valor
indicado pela ONU - 3000 litros/mês/habitante. O consumo médio por família será, desta forma, equivalente
ao consumo per capita multiplicado pelo número de moradores por domicílio das categorias consideradas –
residencial e residencial social.
O número de moradores por domicílio das categorias será obtido nas bases de dados do Censo 2010 e
do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Para ambas as categorias consideradas – residencial e
residencial social -, os valores serão obtidos a partir dos cálculos da mediana do número de moradores por
domicílio das categorias. Portanto, se o número de moradores por domicílio for igual a 3, por exemplo, o
consumo médio de referência será de 9m³. Da mesma forma, se for igual a 4, o consumo de referência será 12m³.
3.1.3. Renda familiar de referência
Desde a revisão tarifária da Copasa de 2017 e, em seguida, para todos os prestadores regulados, a Arsae-
MG realizava análises de capacidade de pagamento dos usuários para as categorias Residencial e Social, a partir
dos microdados obtidos no Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). As classes
de renda referentes ao ano de 2010 eram então proporcionalizadas para o ano de referência a partir do salário
mínimo nacional.
Contudo, como o perfil das famílias em situação de extrema pobreza, pobreza e baixa renda é mais bem
retratado pelo CadÚnico, para a 2ª RTP a agência optou por utilizar o IBGE apenas para a categoria Residencial,
fazendo uso do CadÚnico para determinar a capacidade de pagamento dos usuários da categoria Social.
Visando representar de maneira mais fidedigna a situação financeira das famílias inscritas no CadÚnico,
e assim dar maior significado ao indicador de capacidade de pagamento, devem ser somadas às rendas
domiciliares os valores recebidos pelo Programa Bolsa Família (PBF). A inclusão da renda do programa é
importante, principalmente, pela sua abrangência, chegando a 675.122 beneficiados na base utilizada.
A definição dos valores a que cada família tinha direito deve seguir as regras do programa4. Por conta
das limitações do CadÚnico, não serão incluídos os benefícios variáveis à gestante e à nutriz. Os benefícios do
programa são:
Benefício Básico: concedido às famílias em situação de extrema pobreza (com renda mensal de
até R$ 89,00 por pessoa). O auxílio é de R$ 89,00 mensais.
Benefício Variável de 0 a 15 anos: destinado às famílias que tenham em sua composição, crianças
e adolescentes de 0 a 15 anos de idade. O valor do benefício é de R$ 41,00 e cada família pode
acumular até cinco benefícios;
Benefício Variável Jovem: destinado às famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza e
que tenham em sua composição adolescentes entre 16 e 17 anos. O valor do benefício é de R$ 48
por mês e cada família pode acumular até dois benefícios;
4 http://www.caixa.gov.br/programas-sociais/bolsa-familia/Paginas/default.aspx
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Benefício para Superação da Extrema Pobreza: destinado às famílias em situação de extrema
pobreza. Cada família pode receber um benefício por mês. O valor do benefício varia em razão do
cálculo realizado a partir da renda por pessoa da família e do benefício já recebido no Programa
Bolsa Família. A renda média mínima das famílias que recebem o Bolsa Família é R$ 89,00.
Ademais, serão consideradas apenas as famílias que atualizaram o cadastro no CadÚnico nos últimos 24
meses, contados da última data de disponibilidade da base de dados. Isto porque a confiabilidade dos dados,
especialmente os de renda, é comprometida pela desatualização do cadastro. O período de até 24 meses foi
escolhido por ser o corte determinado pelo art. 7º do Decreto 6.135/2007, que regulamenta o CadÚnico5.
Além das considerações citadas, deve-se utilizar apenas as famílias com acesso a rede de distribuição de
água, de forma a serem selecionados apenas os (potenciais) usuários da Copasa. As famílias que têm o acesso ao
serviço de abastecimento de água por outras fontes devem ser excluídas do cálculo das rendas de referência.
Antes de se passar ao cálculo do Indicador de Capacidade de Pagamento, deve-se ressaltar que o
indicador em questão leva em conta o pagamento não apenas dos serviços de abastecimento de água, mas
também o dos serviços de esgotamento dinâmico com coleta e tratamento (EDT).
3.1.4. Cálculo do Indicador de Capacidade de Pagamento para Categoria Social
A Tarifa Social é um benefício que, atualmente, reduz em até 55% as tarifas de água e esgoto. Para ter
acesso a essa tarifa, a família deve estar inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e ter uma
renda mensal, por pessoa, de até meio salário mínimo. Para calcular a renda representativa das famílias que se
enquadram nessa categoria, optou-se por calcular a mediana das rendas familiares obtidas no CadÚnico.
Foram consideradas na análise, apenas as rendas inferiores a meio salário mínimo, condição necessária para ter
acesso à tarifa social. Os dados de renda do CadÚnico não precisam de ser atualizados monetariamente, já que
será utilizada a última base disponível.
Indicador de Capacidade de Pagamento (Social) =
𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 Á𝑔𝑢𝑎 𝑒 𝐸𝐷𝑇 (𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑐í𝑙𝑖𝑜 (𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎) × 3𝑚3)
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑐𝑖𝑙𝑖𝑎𝑟 (𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎)
3.1.5. Cálculo do Indicador de Capacidade de Pagamento para Categoria Residencial
Para o indicador de Capacidade de Pagamento para a Categoria Residencial, será mantido o corte de
renda no primeiro quartil de renda. Assim, será analisada a capacidade de pagamento justamente das famílias
que possuem menos renda disponível para arcar com as despesas de saneamento, mas que não se enquadram
na Categoria Social. Como ressaltado anteriormente, as tarifas da Arsae-MG são diferenciadas para famílias que
possuem direito à Tarifa Social. Assim, para definir o primeiro quartil de renda para famílias que se enquadram
na categoria Residencial, os dados referentes às famílias que possuíam rendimento per capita de até meio salário
5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6135.htm
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mínimo foram retiradas da análise. Dessa forma, a fórmula para cálculo do indicador de Capacidade de
Pagamento para a Categoria Residencial é:
𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑅𝑒𝑠𝑖𝑑𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙) =
𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 Á𝑔𝑢𝑎 𝑒 𝐸𝐷𝑇 (𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑐í𝑙𝑖𝑜 (𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎) × 3𝑚3)
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑐𝑖𝑙𝑖𝑎𝑟 (1º 𝑞𝑢𝑎𝑟𝑡𝑖𝑙)
3.1.6. Potenciais alterações promovidas pela Audiência Pública 31/2020
A Nota Técnica GRT 13/20206, em sua seção 3, apresenta os impactos dos novos critérios propostos para
a Tarifa Social sobre a metodologia da capacidade de pagamentos dos prestadores regulados. Observa-se que
seria alterada a determinação da renda familiar de referência para as categorias Social I e Social II, mas não
haveria alteração da renda familiar de referência para a categoria Residencial e também seria mantida a
metodologia de definição de consumo médio de referência para todas as categorias. Assim, para as categorias
Social I e Social II seriam utilizadas as medianas das rendas familiares (encontradas a partir do produto entre a
mediana das rendas per capita e a mediana do número de moradores por domicílio daquele quartil de renda) de
cada uma das subcategorias, Extrema Pobreza/Pobreza (Social Nível I) e Baixa Renda (Social Nível II).
3.2. Parâmetro de referência
Tão importante quanto definir a fórmula de cálculo do indicador é escolher o parâmetro que determina
se a capacidade de pagamento dos usuários está sendo respeitada pelas tarifas aplicadas ou não. Na 1ª RTP, foi
selecionado o parâmetro definido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), órgão da
Organização das Nações Unidas (ONU) que objetiva promover o desenvolvimento e eliminar a pobreza no
mundo. De acordo com o Human Development Report (2006), o comprometimento da renda domiciliar familiar
não deveria ultrapassar mais do que 3% com serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto.
Contudo, outros trabalhos encontram valores de referência diferentes. O regulador britânico Ofwat
(OFWAT, 2015) encontra valores entre 3% a 5% como limitadores da capacidade de pagamento. Fankhauser and
Tepic (2007) fazem um apanhado dos limiares regulatórios e encontram valores entre 2% e 5% de
comprometimento de renda. Hutton (2012) encontra valores limite parecidos, que variam de 2%, na Lituânia, a
6%, na Mongólia. Martins et. al. (2016), por outro lado, revisam a literatura considerando o comprometimento
da renda em uma perspectiva empírica, e descobrem um gradiente de valores entre 1,8% e 5%.
Considerando a pluralidade de referências para o parâmetro de referência do comprometimento da
renda, a Arsae-MG propõe o estabelecimento de uma avaliação intervalar do indicador da capacidade de
pagamento. O indicador poderá ser classificado em 3 categorias, a depender da comparação com o intervalo
de referência. As 3 categorias seguem a sistemática do Prosun (2018):
i. Satisfatória: apresenta atendimento ao limite inferior do intervalo de referência (cor verde);
ii. Moderada: apresenta valores dentro do intervalo de referência (cor amarela);
6 http://www.arsae.mg.gov.br/images/documentos/audiencia_publica/31/NT_Aprimoramento_Tarifa_Social_Verso_Final.pdf
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iii. Insatisfatória: encontra-se fora do intervalo de referência (cor vermelha).
O intervalo de referência será (3%, 5%], ou seja: entre 3%, exclusive, e 5%, inclusive. Esse intervalo foi
baseado nos valores mais frequentes obtidos nos estudos citados acima. Caso o indicador de capacidade de
pagamento se situe na cor verde, isto é, seja menor ou igual a 3%, o atendimento aos parâmetros é satisfatório
e nenhuma ação regulatória é necessária.
Se o indicador de capacidade de pagamento estiver na cor amarela, isto é, maior que 3% e menor ou
igual a 5%, o atendimento aos padrões de modicidade é moderado e a Arsae-MG poderá intervir para diminuir
o referido indicador. Neste caso, a interferência regulatória não é imperativa e dependerá da avaliação da
agência reguladora, em especial, deve-se avaliar os impactos nas demais categorias não residenciais.
Na hipótese de o indicador de pagamento se apresentar na cor vermelha, isto é, acima de 5%, o
atendimento aos parâmetros de modicidade tarifária é insatisfatório. Assim, a interferência da agência é
obrigatória e o indicador deverá retornar à cor amarela.
A redução do indicador da capacidade de pagamento sempre se dará pelos subsídios promovidos pelas
categorias não residenciais - comercial, industrial e pública -, isto pois o abastecimento coletivo deve priorizar o
consumo humano, o acesso do cidadão e a saúde pública.
Quadro 1 – Intervalo de referência propostos para o indicador de capacidade de pagamento
4. DESENHO TARIFÁRIO E SUBSÍDIOS ENTRE CATEGORIAS
Essa seção analisa a atual estrutura tarifária da Copasa no que diz respeito às categorias, faixas de
consumo, componente fixa, progressividade, além dos respectivos subsídios decorrentes, e propõe diretrizes e
critérios que orientarão, quanto a esses aspectos, a estrutura tarifária definida para próximo ciclo tarifário.
Ressalta-se que os números apresentados para auxiliar na avaliação dos efeitos das propostas devem ser lidos
com cautela, visto que podem sofrer variações em decorrência de decisões metodológicas, como, por exemplo,
modificações nos percentuais das tarifas de esgotamento sanitário.
Conforme mencionado anteriormente, as simulações consideraram o desmembramento da categoria
Social em duas, Social I e Social II, conforme minuta de resolução de critérios para aplicação da Tarifa Social
objeto da Audiência Pública nº 31/2020.
4.1. Desenho da estrutura tarifária
O desenho da estrutura tarifária é feito a partir de múltiplas avaliações: i) conceder subsídios por conta
das diferentes condições socioeconômicas dos consumidores, como por exemplo usuários de baixa renda; ii)
incentivar o uso racional da água por meio da progressividade das tarifas em função do consumo; iii) refletir os
Satisfatório Moderado Insatisfatório
<=3% >3% a <=5% >5%
Intervalo de Referência
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custos da prestação do serviço, por meio de tarifas fixas e variáveis, bem como de esgoto; iv) refletir os diferentes
custos da prestação dos serviços aos diferentes perfis de consumo e perfis econômicos; v) incentivos à expansão
dos serviços; e vi) incentivos à adesão aos serviços, o que remete ao estabelecimento dos distintos segmentos.
O agrupamento tarifário da Copasa segue a mesma lógica dos demais prestadores regulados pela Arsae-
MG, com a existência de cinco categorias tarifárias, a separação entre tarifa fixa e variável e entre água e esgoto.
A única diferença da Copasa para os demais prestadores é a existência da separação dos serviços de esgoto entre
coleta (EDC) e tratamento (EDT). O desenho da estrutura é apresentado de forma resumida no quadro abaixo:
Quadro 2 - Desenho estrutura tarifária Copasa
Categorias Serviços Tipos de Tarifa
Residencial
Água
Tarifa Fixa
Residencial social Esgoto coletado Tarifa Variável
Comercial Esgoto coletado e tratado
Industrial
Pública
Além disso, a tarifa variável de cada categoria e serviço é distribuída em faixas de consumo, em que os
valores cobrados são crescentes de acordo com o nível de consumo, como indica o quadro abaixo.
Quadro 3 - Faixas de consumo
Categoria: Residencial e Social Comercial, Industrial e Pública
1ª Faixa 0 a 5 m³ 0 a 5 m³
2ª Faixa 5 a 10 m³ 5 a 10 m³
3ª Faixa 10 a 15 m³ 10 a 20 m³
4ª Faixa 15 a 20 m³ 20 a 40 m³
5ª Faixa 20 a 40 m³ 40 a 200 m³
6ª Faixa Acima de 40 m³ Acima de 200 m³
Para definir as faixas de consumo a serem adotadas para cada categoria, é preciso analisar a distribuição
de mercado (economias e volumes). A partir dessa análise, é possível distinguir padrões de consumo dentro das
categorias e garantir representatividade das faixas definidas, com percentual homogêneo de unidades ou de
volume em cada faixa. Desse modo, se pode construir tarifas diferenciadas, com valores módicos para consumos
essenciais e maiores em casos de uso supérfluo.
Em tese, a definição de faixas segundo a distribuição do mercado (economias e volumes) sugere que o
quadro tarifário deve incluir distribuições mais homogêneas das unidades entre as faixas. A má distribuição de
faixas, além de dificultar a diferenciação de perfis de consumo, atrapalha a redefinição de valores de tarifas, visto
que uma redução de tarifa em uma faixa que concentra o mercado exigiria aumentos significativos nas tarifas de
outras faixas com pequeno mercado. Entretanto, conforme se verá adiante, especialmente para categorias não-
residenciais, essa distribuição nem sempre é trivial, em decorrência, principalmente, dos elevados consumos
observados por poucas economias.
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Os gráficos abaixo mostram a distribuição de economias e de volumes faturados para cada categoria7:
Gráficos 1 e 2 – Distribuição Economias e Volume Faturado - Residencial8
Gráficos 3 e 4 – Distribuição Economias e Volume Faturado - Comercial
Gráficos 5 e 6 – Distribuição Economias e Volume Faturado - Industrial
7 Para toda a nota técnica, foi utilizado como mercado de referência o mesmo mercado utilizado para o reajuste da Copasa de 2020, isto é, de agosto de 2019 a julho de 2020. 8 Não colocamos a distribuição da categoria Social, por ser muito semelhante à da Residencial.
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Gráficos 7 e 8 – Distribuição Economias e Volume Faturado - Pública
Fonte: Todos os gráficos acima são elaborações próprias a partir dos histogramas da Copasa.
Como se pode perceber, para a categoria Residencial, a maior parte das economias e volumes estão
concentradas em consumos de até aproximadamente 40m³, não justificando a existência de tarifas diferenciadas
para um volume superior. Já para as categorias não residenciais, especialmente a Industrial e a Pública, há grande
quantidade de economias nas primeiras faixas de consumo, entretanto, as poucas economias com altos
consumos são responsáveis pela maior parte dos consumos das categorias. Para essas categorias, se justifica a
existência de faixas com maiores consumos, motivo pelo qual há em suas estruturas faixas de 40m³ a 200m³ e
acima de 200m³, já considerados como grandes usuários.
As tabelas abaixo também ilustram a distribuição de economias e volumes faturados, porém com foco
nas faixas tarifárias do prestador:
Tabela 1 – Distribuição faixas de consumo - Social Tabela 2 – Distribuição faixas de consumo - Residencial
Tabela 3 – Distribuição faixas de consumo - Comercial Tabela 4 – Distribuição faixas de consumo - Industrial
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Tabela 5 – Distribuição faixas de consumo - Pública
Fonte: Todas as tabelas acima são elaborações próprias a partir dos histogramas da Copasa.
Conforme já salientado, para as categorias não residenciais, há grande concentração de volume na faixa
de consumo superior a 200m³. A Arsae-MG optou por não realizar mais desmembramentos de faixas a partir do
referido consumo, visto que o próprio prestador classifica como “mega usuários” aqueles com consumos
superiores a 200m³. Entende-se que o perfil de consumo dos usuários a partir de tal consumo é semelhante, não
justificando desmembramentos. Com relação às categorias residenciais, percebe-se certa homogeneidade na
distribuição, com notável queda, tanto de economias, quanto de volume, a partir de 40m³. Ao mesmo tempo,
quase 90% das economias residenciais consomem até 15m³.
Considerando a análise empreendida, a primeira diretriz da Arsae-MG sobre a estrutura tarifária da
Copasa para a revisão tarifária periódica de 2021 é de perenidade quanto às categorias e faixas tarifárias
estabelecidas, buscando preservar a tabela atual nesses quesitos.
Quanto ao desenho da cobrança pelos diferentes serviços, este se adequará ao modelo de tarifas de
esgotamento tarifário definido para o próximo ciclo tarifário, avaliado na seção 5 desta nota técnica.
4.2. Tarifa Fixa
O artigo 30 da Lei 11.445/07 prevê a cobrança pelo “custo mínimo necessário para disponibilidade do
serviço em quantidade e qualidade adequadas”. Dados os problemas do modelo de consumo mínimo, que
impede diminuições na fatura caso usuários nesta faixa reduzam o volume consumido, prejudicando o uso
racional da água, a Arsae-MG implementou em 2016 a cobrança pelos serviços de água e esgotamento em duas
componentes, uma fixa e outra variável.
Nesse modelo, todas as unidades usuárias, de acordo com a categoria em que estão incluídas, pagam
um valor fixo para fazer frente aos custos associados à infraestrutura (disponibilidade dos serviços). Assim, quem
consome 0 m³ paga apenas a parcela fixa, enquanto quem consome, por exemplo, 5 m³, paga este valor fixo mais
o valor relacionado ao seu consumo. Elimina-se a distorção existente no “consumo mínimo” de faturas iguais
para consumos diferentes, visto que toda redução de volume consumido gera diminuição nas faturas.
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Embora os custos relacionados à infraestrutura – custos de capital – correspondam a aproximadamente
35%9 dos dispêndios da Copasa, a literatura internacional toma como referência o valor de 30% como aquele
indicado para cobrança de uma tarifa fixa10. Desta forma, para não onerar demasiadamente os usuários de baixo
consumo, a Arsae-MG segue a referência internacional buscando aproximar a cobertura pela Tarifa Fixa do
percentual de 30% dos custos, sendo o restante do volume de receita gerado através da aplicação das tarifas
variáveis sobre o mercado de referência. No entanto, atualmente, a Tarifa Fixa tem coberto um percentual um
pouco superior a esse, de 31,30%. Assim, a Arsae-MG propõe como primeiro critério adotado para a definição
das tarifas da Copasa para o próximo ciclo a garantia de cobertura de 30% da receita do prestador por meio
de tarifa fixa. Desse modo, para o próximo ciclo tarifário será feito um ajuste nas tarifas, reduzindo as tarifas
fixas e elevando as variáveis, para alcançar o percentual desejado.
Para cálculo da tarifa fixa média de água, utiliza-se como referência as economias de água, EDC e EDT
ponderadas a partir da seguinte fórmula11:
𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝐹𝑖𝑥𝑎 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 Á𝑔𝑢𝑎 𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐹𝑖𝑥𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
𝐸𝑐𝑛 Á𝑔𝑢𝑎 + 𝐸𝑐𝑛 𝐸𝐷𝐶 ∗ 25% + 𝐸𝑐𝑛 𝐸𝐷𝑇 ∗ 100%
onde: Ecn Água = Economias totais de água;
Ecn EDC = Economias totais de esgotamento dinâmico com coleta;
Ecn EDT = Economias totais de esgotamento dinâmico com coleta e tratamento.
O gráfico abaixo ilustra as relações entre as tarifas fixas de água e a tarifa fixa média de água (100%):
Gráfico 9 – Percentuais Tarifa Fixa por categoria
9 Valor preliminar referente à soma dos Custos de Capital (Depreciação/Amortização, Remuneração da base de ativos, Tributos sobre o lucro e Remuneração de NCG) dividida pela Receita Tarifária. 10 CUWCC, 2008. Utility Operations: BMP Implementation Guidebook. CUWCC, Sacramento, California; AWWA, 2015. Consumption-Based Fixed Rates: Harmonizing Water Conservation and Revenue Stability. Journal AWWA. 11 A fórmula citada vem de: Receita Fixa Total = Economias Água * Tarifa Fixa Média Água + Economias EDC * Tarifa Fixa Média EDC + Economias EDT * Tarifa Fixa Média EDT. Consideramos, para construção, que a tarifa média de EDC corresponde a 25% da tarifa fixa média de água e que a tarifa fixa média de EDT corresponde a 100% da tarifa fixa média de água. Esses percentuais podem ser alterados conforme proposta da seção 5 para as tarifas de esgotamento sanitário.
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A tarifa fixa média de água calculada foi R$ 17,41, enquanto a tarifa fixa de água paga pela categoria
residencial é R$ 17,5412, acima, portanto, da tarifa média.
A Arsae-MG propõe, como segundo critério para a definição das tarifas, igualar a tarifa fixa da
categoria residencial à tarifa fixa média, de modo que a categoria não seja subsidiada, nem subsidie nenhuma
outra em termos de receita fixa.
Conforme dito, atualmente as tarifas fixas são responsáveis por 31,30% das receitas do prestador, e a
Arsae-MG pretende reduzir esse percentual para 30%. Partindo dessa premissa, e igualando a tarifa fixa da
categoria residencial à tarifa fixa média, calculou-se, a partir da fórmula já demonstrada, a tarifa fixa média de
água da nova estrutura, no valor de R$16,6913. Para que fosse possível igualar a tarifa fixa média da categoria
residencial à tarifa fixa média global, foi utilizada a seguinte fórmula14:
𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝐹𝑖𝑥𝑎 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 Á𝑔𝑢𝑎 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑑𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑅𝐹𝑇 − (𝑅𝐹𝑆𝐼 + 𝑅𝐹𝑆𝐼𝐼 + 𝑅𝐹𝐶 + 𝑅𝐹𝐼 + 𝑅𝐹𝑃)
𝐸𝑐𝑛 Á𝑔𝑢𝑎 + 𝐸𝑐𝑛 𝐸𝐷𝐶 ∗ 25% + 𝐸𝑐𝑛 𝐸𝐷𝑇 ∗ 100%
onde: RFT = Receita Fixa Total;
RFSI = Receita Fixa Social I;
RFSII = Receita Fixa Social II;
RFC = Receita Fixa Comercial;
RFI = Receita Fixa Industrial;
RFP = Receita Fixa Pública;
Ecn Água = Economias residenciais totais de água;
Ecn EDC = Economias residenciais totais de EDC;
Ecn EDT = Economias residenciais totais de EDT.
Como a receita fixa de cada categoria depende de sua respectiva tarifa fixa, foram estabelecidas relações
percentuais para as tarifas das categorias, tomando como referência a tarifa residencial (100%).
A título de demonstração de possíveis impactos, as regras para definição das tarifas fixas foram aplicadas
ao atual mercado de referência. Abaixo, segue os percentuais aplicados de distribuição da tarifa fixa entre as
diferentes categorias:
12 Todos os cálculos dessa NT foram feitos a partir das tarifas constantes na Tabela Tarifária Base atual do prestador, definida pela Resolução Arsae-MG 141/2020. 13 Destaca-se que o valor é apresentado somente a título de exemplo. 14 Consideramos, para construção, os atuais percentuais de EDC e EDT com relação à água, isto é, 25% e 100%, respectivamente.
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Gráfico 10 – Percentuais Tarifa Fixa por categoria
4.3. Progressividade
Uma das premissas adotada para construção das tarifas é a de que o objeto principal dos serviços
públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário é o atendimento à categoria residencial, por se
tratar primordialmente de água para consumo humano. Além disso, as demais categorias dispõem de meios
para repassar custos a seus clientes, algo que inexiste na categoria residencial. Portanto, são adotadas maiores
tarifas médias para as categorias comercial e industrial de forma a subsidiar parte do consumo da categoria
residencial, permitindo assim valores mais módicos.
Adicionalmente, a estrutura atual do prestador segue, conceitualmente, as premissas de tarifas
subsidiadas para baixos consumos residenciais, maior progressividade para as categorias residenciais, e menor
progressividade para as categorias não residenciais, embora com tarifas maiores do que a tarifa média.
Entretanto, ainda não há uma lógica definida para os saltos de tarifas entre uma faixa e outra. As tabelas abaixo
mostram a diferença entre a tarifa de água por metro cúbico de uma faixa em relação a tarifa da faixa anterior
das categorias do prestador:
Tabela 6 – Acréscimo da tarifa por metro cúbico por faixa de consumo por categoria
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Com relação à diferença entre as faturas de cada categoria para diferentes volumes de consumo, foi
construído o gráfico a seguir, a partir das tarifas atuais de água e EDT:
Gráfico 11 – Faturas Água e EDT (até 50m³)
Percebe-se que as faturas da categoria residencial são mais baratas do que as faturas não residenciais
até aproximadamente 40m³ (se comparadas às da categoria pública) e 45m³ (se comparadas às das categorias
comerciais e industriais). A partir desse consumo, as faturas residenciais ficam consideravelmente mais caras do
que as não residenciais. Ao mesmo tempo, nota-se a diferença na inclinação das retas, sendo a residencial muito
mais inclinada que as não residenciais, devido à diferença de progressividade. As tarifas da categoria social, por
sua vez, são sempre mais baixas do que as das demais categorias, visto que um dos objetivos da estrutura tarifária
é fornecer tarifas subsidiadas a usuários de menor renda.
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Também foi avaliado o comportamento da tarifa variável por metro cúbico, a partir da subtração do valor
da fatura correspondente a um determinado consumo pela tarifa fixa, e divisão do resultado pelo volume
consumido. Esse valor é comparado à tarifa variável média global do prestador, somados água e EDT.
Cabe explicar a forma como foi calculada a tarifa variável média de água, de maneira semelhante à fixa
média. Para sua obtenção, também foi realizada uma ponderação pelos demais serviços a partir da seguinte
fórmula:
𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 Á𝑔𝑢𝑎 𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑉𝑜𝑙 Á𝑔𝑢𝑎 + 𝑉𝑜𝑙 𝐸𝐷𝐶 ∗ 25% + 𝑉𝑜𝑙 𝐸𝐷𝑇 ∗ 100%
onde: Vol Água = Volumes totais de água;
Vol EDC = Volumes totais de esgoto dinâmico coletado;
Vol EDT = Volumes totais de esgoto dinâmico coletado e tratado.
O resultado encontrado para água foi R$ 4,02. Para a construção dos gráficos que avaliam o
comportamento da tarifa variável por metro cúbico, a tarifa média de água foi somada à tarifa média de EDT,
visto que a comparação leva em conta a soma das faturas de água e EDT. Desse modo, a tarifa média de
referência demonstrada pela reta azul escura do gráfico a seguir foi R$ 8,04.
Gráfico 12 – Tarifa variável por metro cúbico (Água + EDT)
Observa-se que até o volume de 15m³, a tarifa variável média paga pelos usuários residenciais é menor
do que a tarifa variável média global do prestador, e só ultrapassa as tarifas não residenciais nos consumos
aproximados de 40m³ e 45m³. Também se verifica o alto grau de subsídio dado à categoria social, na medida em
que a tarifa média da categoria só alcança a tarifa média global em volume próximo a 45m³.
Em termos de progressividade das tarifas, para a categoria residencial, as faixas de baixo consumo
possuem tarifas subsidiadas por se tratar de volumes destinados a necessidades básicas de consumo, higiene e
saúde. As faixas intermediárias referem-se a uso misto, agrupando famílias maiores (algo menos comum
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atualmente) que possuem consumo consciente e famílias com poucos integrantes, mas que consomem acima
do necessário. Estas faixas devem possuir tarifas intermediárias, sem subsídios. Já faixas de consumos maiores
caracterizam-se por agrupar unidades com consumo supérfluo, variando em grande medida devido ao nível de
renda do usuário e à baixa preocupação com um uso consciente do recurso. Neste caso espera-se que haja uma
tarifação elevada, que busque inibir excessos dos usuários e que permita, em parte, o financiamento de
subsídios.
Embora possuam uma tarifa média maior, a progressividade das tarifas das categorias não residenciais
deve ser menos elevada, como forma de amenizar a distorção que prejudica usuários de maior porte que não
necessariamente desperdiçam recursos, apenas possuem escala na demanda (por exemplo, não é considerado
razoável que escolas com tamanhos diferentes tenham tarifas por metro cúbicos muito diferentes).
Feitas essas considerações, a Arsae-MG considera que a terceira diretriz para a definição da estrutura
tarifária é de preponderância do princípio de modicidade tarifária para as categorias residenciais, em
detrimento das categorias não residenciais.
Por sua vez, a quarta diretriz é de incentivo ao uso racional da água, estabelecendo uma estrutura
tarifária progressiva para todas as categorias, sendo que a progressividade deve ser mais elevada para as
categorias residenciais que para as categorias não residenciais.
4.3.1. Critérios para progressividade das tarifas
Apesar da estrutura atual do prestador já seguir, conceitualmente, as premissas básicas entendidas pela
agência, ainda não há uma lógica definida para os saltos de tarifas entre uma faixa e outra. Seguindo a premissa
de que as tarifas da categoria residencial devem ser mais progressivas e as tarifas das categorias não residenciais
devem ser menos progressivas, a agência propõe, como terceiro critério, uma estrutura em que, para a
categoria residencial, o salto nominal entre as tarifas de uma faixa e a seguinte seja sempre superior ao salto
anterior. De forma análoga, para as categorias não residenciais, propõe-se que o salto nominal entre as tarifas
de uma faixa e a seguinte seja sempre inferior ao salto anterior. Na estrutura simulada para essa nota técnica,
considerando a tarifa de EDC como 25% da água e EDT como 100% da água, chegamos às seguintes tarifas (e
saltos) para água:
Tabela 7 – Acréscimo tarifa por faixa de consumo por categoria
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Cabe ressaltar que todos os valores absolutos são passíveis de mudança em decorrência de outros
fatores, como uma possível mudança nos percentuais de esgoto. A tabela foi colocada tão somente para facilitar
a ilustração da lógica, considerada majoritariamente a partir dos percentuais. Verifica-se que o acréscimo
absoluto por faixa foi encontrado a partir da aplicação dos percentuais da coluna à esquerda sobre as tarifas de
água. Diferentemente da estrutura atual demonstrada no item 4.3, há uma maior lógica na definição das retas
de progressividade, embora ainda haja certo grau de arbitrariedade na definição dos percentuais de aumento
entre as faixas.
Com relação à diferença entre as faturas de cada categoria, foi construído o gráfico a seguir a partir das
tarifas simuladas para água e EDT nessa nova estrutura:
Gráfico 13 – Faturas Água e EDT (até 50m³)
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Percebe-se que as faturas da categoria residencial ficam mais baratas do que as faturas não residenciais
até aproximadamente 20m³ (se comparadas as da pública) e 25m³ (se comparadas às comerciais e industriais).
A partir desse consumo, as faturas residenciais ficam consideravelmente mais caras do que as não residenciais.
Ao mesmo tempo, assim como atualmente, nota-se a diferença na inclinação das retas, sendo a residencial
muito mais inclinada que as não residenciais, devido à diferença de progressividade, agora balizada pelos
percentuais mostrados anteriormente. As tarifas das duas categorias sociais, por sua vez, são sempre mais baixas
do que as das demais categorias, mantendo os subsídios a usuários de menor renda.
Também foi avaliado o comportamento da tarifa variável por metro cúbico, a partir da subtração da
fatura correspondente a um determinado consumo pela tarifa fixa, com consequente divisão do resultado pelo
volume consumido. Esse valor é comparado à tarifa variável média global do prestador somados água e EDT.
A tarifa variável média de água da nova estrutura foi calculada a partir da fórmula demonstrada na seção
4.3, e o resultado encontrado para água foi R$ 4,09. Para a construção dos gráficos que avaliam o
comportamento da tarifa variável por metro cúbico, a tarifa média de água foi somada à tarifa média de EDT,
visto que a comparação leva em conta a soma das faturas de água e EDT. Desse modo, a tarifa média de
referência demonstrada pela reta azul escura foi R$ 8,18.
Gráfico 14 - Tarifa variável por metro cúbico (até 50m³) – Água + EDT
A estrutura proposta mantém a tarifa variável média paga pelos usuários residenciais menor do que a
tarifa variável média global do prestador até 15m³. Entretanto, a partir da ideia de redução da inclinação da reta
de progressividade das categorias não residenciais, observa-se que a tarifa variável média residencial ultrapassa
as tarifas não residenciais nos consumos aproximados de 20m³ (na estrutura atual, a ultrapassagem é observada
em torno de 40m³). Considera-se que 20m³ é um volume razoável para inflexão, visto que em termos de
consumo residencial, corresponde, teoricamente, a uma família com 6 a 7 pessoas15. O gráfico também mostra
15 A OMS indica como consumo individual o volume de 3m³ por mês. Assim, uma família com 6 pessoas consumiria 18m³ e uma família com 7 pessoas consumiria 21m³ (www.un.org/waterforlifedecade/pdf/human_right_to_water_and_sanitation_media_brief.pdf).
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com clareza os altos subsídios dados às categorias sociais, em especial a Social Nível II, correspondente a
usuários em situação de pobreza e extrema pobreza.
4.4. Montantes de subsídio entre categorias
As análises anteriores foram realizadas somente a partir do quadro tarifário, sem levar em consideração
os montantes financeiros de subsídio produzidos quando realizado o faturamento dos volumes de cada faixa
pelas respectivas tarifas. Para cálculo dos subsídios, realizamos o faturamento do mercado atual com as tarifas
vigentes, e realizamos o faturamento do mercado atual com tarifas médias. A definição dos subsídios observa a
premissa de que a tarifa social e as tarifas de baixos consumos residenciais são subsidiadas pelas faixas de
consumo elevado da categoria residencial e pelas categorias não residenciais.
A tabela a seguir contém os montantes de subsídio produzidos - valores negativos representam o déficit
e valores positivos o superávit do faturamento em determinada faixa ou categoria – a partir da estrutura tarifária
vigente. Como referência, foi calculada a tarifa variável média de água.
Tabela 8 – Montantes de subsídio por faixa tarifária e por categoria
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Pela tabela acima, percebe-se que a categoria Residencial Social é intensamente subsidiada. Apenas a
última faixa tarifária da categoria contribui para subsidiar outras categorias ou faixas de consumo. Na categoria
Residencial, as três primeiras faixas são subsidiadas (até o volume de 15m³), de modo que as demais faixas
contribuem com o subsídio. As categorias não residenciais, por sua vez, contribuem de maneira importante para
subsidiarem os consumos residenciais. A soma das três categorias totaliza um montante de R$580 milhões de
subsídio, que são suficientes para garantir os R$218 milhões da categoria Social, além de R$362 milhões da
categoria Residencial, o que corresponde ao montante necessário ao subsídio da primeira faixa e
aproximadamente metade da segunda faixa tarifária desta categoria. O restante dos montantes de subsídio
provém daqueles usuários com maior consumo da categoria Residencial.
A tabela abaixo sintetiza os valores apresentados na tabela 8:
Tabela 9 – Montantes de subsídio totais16
Categorias Faixas Subsídio
Social Soma de todas as faixas R$ (218.853.889,54)
Residencial 0 a 5m³ e metade de 5 a 10m³ R$ (364.239.401,93)
Total Residenciais17 R$ (583.093.291,48)
Total Não-Residenciais18 R$ 580.188.278,24
Complementarmente, verificou-se, para ilustração do subsídio entre categorias, qual a tarifa média
resultante da divisão do faturamento variável de água, EDC e EDT pelo volume faturado dos três serviços para
categoria, e a tarifa média global resultante do mesmo cálculo, porém somadas todas as categorias.
Tabela 10 – Tarifas médias por categoria e tarifa média global
Por se tratar de um valor médio por metro cúbico, percebe-se que, enquanto a tabela 8 demonstra que
o maior montante de subsídio vem da categoria comercial, seguida da pública e depois da industrial, os valores
da tabela 10 evidenciam que as maiores tarifas médias entre os segmentos não residenciais seguem a ordem
inversa, em que os industriais possuem maior margem de contribuição dos subsídios. Essa diferença é explicada
pela diferença de perfil de consumo entre as categorias. Conforme observamos no item 4.1, o consumo das
16 Como não considera todas as faixas de todas as categorias, a soma do Total Residenciais e Total Não-Residenciais não é próxima de zero. 17 Soma dos subsídios de todas as faixas tarifárias da categoria Social, mais a primeira faixa Residencial, mais aproximadamente metade da segunda faixa Residencial. 18 Soma dos subsídios de todas as faixas tarifárias das categorias Comercial, Industrial e Pública.
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categorias Industrial e Pública é bastante concentrado em altos volumes (acima de 5000m³), o que faz com que
haja uma elevação da tarifa média das categorias, mesmo que, em reais, o montante de subsídio gerado possa
ser inferior ao da categoria Comercial.
Para a nova estrutura, propõe-se, como quarto critério, que o montante de receita produzido pelas
categorias não residenciais seja suficiente para subsidiar as categorias sociais, além da primeira faixa de
consumo da categoria residencial, por se tratar do consumo mais básico de subsistência. Atualmente, as
categorias não residenciais são responsáveis por subsidiar parcialmente a segunda faixa tarifária residencial, o
que, no entendimento da agência, faz com que tais categorias sejam oneradas sobremaneira, especialmente
grandes usuários. O aumento da progressividade residencial para altos consumos, e a redução da
progressividade não residencial (partindo-se do princípio de que os altos consumos não residenciais estão mais
relacionados à escala do que a desperdício) foram responsáveis por garantir que somente a primeira faixa da
categoria residencial fosse subsidiada. A tabela a seguir contém os montantes de subsídio produzidos:
Tabela 11 – Montantes de subsídio por faixa tarifária e por categoria19
19 A soma da coluna subsídio categoria deveria, em tese, ser igual a 0. Entretanto, embora mudanças de estrutura tarifária objetivem igualar a receita atual, houve uma pequena diferença gerada a partir da construção tarifária, em função de arredondamentos nas tarifas. A diferença foi de R$ 150 mil (0,003% da receita do prestador), que corresponde também à diferença observada nos subsídios acima.
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Verifica-se novamente o intenso subsídio às categorias sociais. Na categoria Residencial, as três
primeiras faixas continuam sendo subsidiadas (até o volume de 15m³), de modo que as demais faixas contribuem
com o subsídio. As categorias não residenciais, por sua vez, continuam a contribuir de maneira importante para
subsidiarem os consumos residenciais. A soma das três categorias totaliza um montante de R$451 milhões de
subsídio, que são suficientes para garantir os R$222 milhões da categoria Social I, além de R$93 milhões da
categoria Social II e R$ 135 milhões da primeira faixa da categoria Residencial. Em comparação com a estrutura
atual, verifica-se uma maior contribuição no subsídio das faixas de consumo a partir de 15m³ da categoria
residencial, em decorrência do aumento da progressividade para a categoria e a redução da progressividade
para as categorias não residenciais.
A tabela abaixo sintetiza mais claramente os valores mencionados:
Tabela 12 – Montantes de subsídio totais20
Verificou-se, para ilustração do subsídio entre categorias, qual a tarifa média resultante da divisão do
faturamento variável de água, EDC e EDT pelo volume faturado dos três serviços para categoria, e a tarifa média
global resultante do mesmo cálculo, porém somadas todas as categorias.
Tabela 13 – Tarifas médias por categoria e tarifa média global
Podemos perceber que há diferenças entre as categorias que contribuem mais com o montante total de
subsídios (tabela 11) e as categorias que possuem as maiores tarifas médias (tabela 13), devido ao fato de que
os dados da última tabela são mais sensíveis aos perfis de consumo, enquanto os dados da tabela 11 são mais
20 A diferença de 0,02% entre Total Residenciais e Total Não-Residenciais se deve a arredondamentos nas tarifas.
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sensíveis à quantidade de usuários em cada categoria. Pode-se perceber, a partir da comparação da tabela 13
com a tabela 10, uma redução das tarifas médias não residenciais e aumento da tarifa média residencial. Logo,
a margem de contribuição para os subsídios entre categorias reduziu para os não residenciais, enquanto a
margem de recebimento de subsídios reduziu para os residenciais. Isso se deve à diminuição da tarifa fixa
residencial, com aumento da variável; ao aumento da progressividade das tarifas residenciais e; à redução da
progressividade das categorias não residenciais. Também está intimamente relacionada ao quarto critério
proposto pela agência, que visa garantir que somente a primeira faixa de consumo residencial seja subsidiada
pelas categorias não residenciais.
5. MODELO DE TARIFAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO E SUBSÍDIOS
ENTRE SERVIÇOS
Como mencionado na introdução, na Revisão Tarifária de 2017, a Arsae-MG iniciou um processo de
readequação da cobrança pelos serviços de esgotamento sanitário da Copasa. De acordo com a regra
estabelecida, após uma gradual adaptação anual nos reajustes, a tarifa de coleta de esgoto representaria 25%
das tarifas de água, enquanto a cobrança pelo serviço de coleta com tratamento dos esgotos alcançaria um
percentual de 100% das tarifas de água.
Esta definição teve o objetivo de incentivar a prestação do serviço de esgotamento sanitário completo
(coleta, transporte, tratamento e disposição). Esperava-se que o maior peso conferido à tarifa de EDT deixasse
o prestador menos confortável em operar um sistema apenas de coleta de esgoto, sendo induzido a implantar
o tratamento nos locais em que há apenas coleta, e implantar o sistema completo em locais em que não há
qualquer serviço de esgotamento.
Reforça-se que esse incentivo, a princípio, não significou uma injeção direta de faturamento adicional
para o prestador nas tarifas EDT, nem um prejuízo na prestação do serviço de coleta. Isso porque, conforme
explicado, as tarifas foram balizadas para entregar a receita necessária, com base no cenário observado no
momento da revisão. Porém, se o prestador respondesse ao incentivo de expandir o atendimento com o
tratamento de esgoto de forma mais acelerada que a expansão dos outros serviços, aumentando a proporção
de usuários atendidos com o serviço em relação à proporção observada no cenário inicial, ele poderia obter um
lucro maior temporariamente, até o fim do ciclo de 4 anos.
Com o objetivo de aprofundar a discussão sobre o modelo de tarifas de esgotamento sanitário e
subsídios entre serviços, a Arsae-MG promoveu reunião técnica sobre o assunto no dia 01 de outubro de 2020,
que reuniu representantes da Copasa, das Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável e de Desenvolvimento Econômico, do Instituto Democracia e Sustentabilidade, como membro
sociedade civil organizada, do Ministério Público Estadual e do Município de Belo Horizonte. Os temas discutidos
e o posicionamento de cada um dos participantes estão registrados no relatório técnico21, que orientou o
21 Publicado no site da Arsae-MG: http://www.arsae.mg.gov.br/component/gmg/page/866-reunioes-tecnicas-revisao-tarifaria-da-copasa-e-da-copanor.
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debate, e na página da Arsae-MG no Youtube22. As contribuições recebidas foram analisadas e, muitas delas,
incorporadas nas seções seguintes, que apresentam uma avaliação dos resultados e percepções do modelo
adotado no ciclo tarifário corrente, e uma análise dos subsídios existentes entre os serviços para, em seguida,
discutir possíveis modelos de tarifa e apresentar a proposta da Arsae-MG para a 2ª Revisão Tarifária Periódica
da Copasa.
5.1. Evolução do Serviço de Esgotamento Sanitário da Copasa no ciclo 2017-2021
Considerando o objetivo de incentivar a expansão dos serviços de esgotamento sanitário do modelo de
tarifas EDC e EDT adotado para a Copasa, são apresentadas algumas informações sobre a evolução do serviço
ao longo do último ciclo tarifário (2017-2021).
Em termos de abrangência de atuação, a Copasa possui contratos de concessão com 592 municípios
mineiros, dos quais opera em 357 apenas com o serviço de abastecimento de água e em outros 224 com o
serviço de esgotamento sanitário também. Sendo assim, a Copasa atua hoje em 581 dos 853 municípios
mineiros, o que equivale a uma abrangência de 68,11% do estado.
Gráfico 15 - Concessões – Copasa
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Copasa – ITR 2º tri/2020.
Tabela 14 – Evolução das concessões de esgoto – operadas e não operadas
Concessões e Operações 2016 2017 2018 2019 2020*
Copasa
Concessões de esgoto
Operações de esgoto
244
209
247
214
251
220
255
223
255
224
Fonte: Informações Trimestrais (ITRs) - Copasa MG
22 Pode ser acessado pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=76rJzllQrJU.
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Percebe-se que a companhia teve pequena expansão no número de contratos e concessões durante os
últimos três anos e meio. Avaliando os valores de dezembro de 2016 com os dados de junho deste ano, verifica-
se um crescimento de apenas 4,51% no número de concessões de esgoto, totalizando 255 municípios
concessionados, ou seja, aproximadamente 43,07% das concessões de abastecimento de água. Além disso, é
importante destacar que, dessas 255 concessões, apenas 224 são operadas atualmente (87,84%).
Figura 1 - Abrangência do serviço de abastecimento de água e de esgotamento sanitário – Copasa – 2019
Fonte: elaboração própria a partir de dados da Copasa e Copanor.
Observando o gráfico abaixo, percebe-se que, de janeiro de 2016 a maio de 2020, o percentual do
volume de esgoto coletado que é efetivamente tratado aumentou 3,51%, totalizando 90,20%. Entretanto, o
atendimento com o serviço de esgotamento na área de concessão observou uma queda de -0,39% no mesmo
período o que indica estagnação na expansão da coleta de esgoto no território atendido pela empresa. Além
disso, apesar da ausência de uma série histórica mais extensa, é possível perceber que o percentual do volume
de esgoto gerado que realmente é tratado pela Copasa chegou a diminuir -7,20% de abril de 2019 a maio de
2020, estando por volta dos 61,25%.
Gráfico 16 - Evolução dos indicadores de Esgotamento Sanitário da Copasa
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Copasa.
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Os indicadores de esgoto coletado que é tratado e esgoto gerado que é tratado mencionados acima
levam em consideração os volumes medidos desses serviços. Como as medições das ETEs podem sofrer grande
interferência das chuvas, apresenta-se também os indicadores da evolução dos serviços de coleta e tratamento
a partir dos dados de economias presentes no Sistema Comercial (Sicom) fornecido pela Copasa.
Gráfico 17 – Evolução indicadores de Esgotamento Sanitário da Copasa (economias)
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Copasa.
Considerando as metas estipuladas pelo novo marco regulatório do saneamento para a universalização
dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário (99% da população deverá ser atendida com
o abastecimento de água potável e 90% deverá ter seu esgoto coletado e tratado, até dezembro de 2033), avalia-
se que, apesar da evolução do prestador no último ciclo tarifário, ainda existe um longo percurso a ser percorrido
para que a Copasa atinja as metas estabelecidas pela nova legislação, principalmente no que se refere ao serviço
de tratamento de esgoto.
Por sua vez, observando os investimentos realizados pela Copasa ao longo do ciclo tarifário, verifica-se
que, desde o terceiro trimestre de 2017 - período quando começou a vigorar a nova dinâmica tarifária para o
serviço de esgotamento sanitário, estabelecida pela Revisão Tarifária de 2017- os investimentos no sistema de
esgotamento sanitário se mantiveram superiores aos investimentos no sistema de abastecimento de água.
Durante o ano de 2019, a Copasa investiu R$ 360,9 milhões em esgotamento sanitário, 57,14% a mais que o
investido em abastecimento no mesmo período. A evolução destes valores pode ser vista no gráfico 18, a seguir.
Apesar de uma aparente priorização dos investimentos nos serviços de esgotamento sanitário, os valores
de investimentos dedicados nos últimos anos, caso se mantenham nesse ritmo no futuro, não aparentam ser
suficientes para o alcance da universalização nos termos colocados pelo novo marco regulatório, mesmo sem
considerar uma estimativa precisa sobre a necessidade de investimentos para universalização do serviço de
esgotamento sanitário.
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Gráfico 18 – Comparativo entre os investimentos trimestrais realizados nos sistemas de abastecimento e de
esgotamento sanitário – Copasa23
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Copasa.
Apesar de uma aparente priorização dos investimentos nos serviços de esgotamento sanitário, os valores
de investimentos dedicados nos últimos anos, caso se mantenham nesse ritmo no futuro, não aparentam ser
suficientes para o alcance da universalização nos termos colocados pelo novo marco regulatório, mesmo sem
considerar uma estimativa precisa sobre a necessidade de investimentos para universalização do serviço de
esgotamento sanitário.
Nesse contexto, apesar de ter sinalizado um maior ganho financeiro com a expansão do tratamento dos
esgotos, não há indícios de que o atual modelo de cobrança pelos serviços de esgotamento sanitário tenha
alcançado plenamente o objetivo de expandir os serviços. Essa afirmação é válida mesmo considerando que o
esforço de universalização não passa somente pelo aspecto do financiamento para a universalização.
Dificuldades relacionadas ao planejamento dos serviços de saneamento em si e a interface que estes mesmos
serviços possuem com questões de urbanismo são de extrema relevância para explicar o cenário atual dos
serviços de esgotamento sanitário.
5.2. Dificuldades e limitações identificadas a partir do atual modelo de cobrança pelos
serviços de esgoto
Além dos indícios de que o modelo atual de cobrança pelos serviços de esgoto não tenha proporcionado
incentivos suficientes para a expansão desejada do serviço de tratamento de esgoto, outras dificuldades e
limitações foram identificadas a partir do estabelecimento gradual ano a ano de uma separação significativa
entre as tarifas de coleta e de tratamento dos esgotos. São eles:
i) Redes de esgoto ociosas por falta de adesão dos usuários;
23 Informações retiradas dos relatórios técnicos da Gerência de Ativos Regulatórios (GAR) da Arsae-MG: nº 01/2018, 02/2018, 03/2018, 12/2018, 14/2018, 08/2019, 17/2019, 24/2019, 29/2019 e 05/2020.
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ii) Titulares optando por não conceder o serviço de esgoto para evitar descontentamento da
população com as tarifas;
iii) Decisões judiciais suspendendo ou impedindo a cobrança das tarifas de esgoto em situações
diversas, quase sempre motivadas pela justificativa de que a tarifa de esgoto é “alta” ou “abusiva”;
iv) Legislativo estadual e municipal propondo leis que proíbem ou limitam a cobrança de tarifas de
esgoto em diversas situações, e expondo a pauta à população de uma forma que agrava os
problemas (i) e (ii);
v) Falta de compreensão dos titulares, usuários e seus representantes a respeito da dinâmica tarifária,
o que foi agravado pelo fato de que o modelo estabelecido na revisão de 2017 foi implementado
por meio de uma trajetória de alterações ao longo de 4 anos;
vi) Autoridades, titulares, usuários e seus representantes com maior foco em fiscalizar e fazer
exigências sobre as tarifas cobradas do que sobre os serviços prestados ou não prestados. Esforços
que poderiam estar focados em demandar melhorias na prestação dos serviços são desviados para
a demanda por redução de tarifas;
vii) Modelo atual não reflete adequadamente os benefícios individuais e coletivos resultantes de cada
etapa do serviço. O benefício individual trazido pela coleta e afastamento do esgoto tem um
impacto baixo na tarifa do usuário beneficiado (custo rateado para todos os usuários), enquanto o
benefício coletivo do tratamento dos esgotos recai apenas sobre os usuários que têm seu esgoto
tratado, mesmo que o benefício seja sentido por todos;
viii) Necessidade de maior acompanhamento, pela agência reguladora, do equilíbrio econômico-
financeiro do prestador, com possível realização de revisão tarifária extraordinária no caso de
rompimento do equilíbrio, e/ou implementação de mecanismos adicionais aplicados nos reajustes
anuais, devido à não aderência das tarifas aos custos de cada serviço conforme o serviço é
expandido;
ix) Estações de tratamento de esgoto paradas ou operando com vazão muito abaixo da sua capacidade
nominal, devido à falta de redes de coleta, interceptores, elevatórias etc.;
x) Desincentivo à implantação da coleta de esgoto em localidades onde não seria rentável ou viável
implantar o tratamento;
xi) Devido à incompatibilidade entre os sistemas operacionais e comerciais da Copasa e a ocorrência
de problemas no transporte e no tratamento dos esgotos sanitários, inúmeros casos de cobrança
indevida pelos serviços de tratamento de esgoto foram identificados, o que motivou diversos
processos de devolução de valores.
Portanto, a partir deste diagnóstico sobre a política tarifária para os serviços de esgoto adotada pela
Arsae-MG para o último ciclo tarifário, justifica-se um esforço por parte da agência para reconsiderar alternativas
para o modelo de cobrança dos serviços de esgotamento sanitário da Copasa.
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5.3. Subsídios entre os serviços
Dentre os pontos identificados pela Arsae-MG para o aprimoramento dos estudos que fundamentarão
o novo desenho da cobrança pelos serviços de esgoto, destaca-se a identificação dos subsídios que existem entre
os serviços. Em 2017, a Arsae-MG balizou a escolha pelo atual modelo de cobrança priorizando os incentivos
proporcionados pela estrutura, sem considerar exatamente quais seriam os subsídios criados. Certamente, ao
optar por uma tarifa de tratamento de esgoto mais cara e uma tarifa de coleta de esgoto mais barata, sabia-se
que o subsídio para o tratamento de esgoto se reduziria e o subsídio para o serviço de coleta aumentaria. No
entanto, não se sabia ao certo em que proporção esses subsídios se alterariam com a nova estrutura para a
cobrança pelos serviços de esgoto.
Já para esta revisão tarifária, a Arsae-MG buscou qualificar melhor a discussão dos subsídios entre
serviços. Utilizando dados de 2019 da contabilidade por municípios e do banco patrimonial da Copasa, além de
critérios regulatórios de construção tarifária, foram calculados os custos que devem ser cobertos pela tarifa,
separados por tipo de serviço prestado (abastecimento de água, coleta de esgoto e tratamento de esgoto).
O cálculo foi feito por município, mas os números relevantes para o propósito desta análise são os
resultados consolidados, conforme equações abaixo:
1. 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 = ∑ 𝑅𝑇 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛1 ∑ 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑓𝑎𝑡. 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎𝑖
𝑛1⁄
2. 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑔. = ∑ 𝑅𝑇 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎𝑖
𝑛1 ∑ 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑓𝑎𝑡. 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜𝑖
𝑛1⁄
3. 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑔. = ∑ 𝑅𝑇 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑖
𝑛1 ∑ 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑓𝑎𝑡. 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚.𝑖
𝑛1⁄
Onde: n = municípios considerados na análise24;
RT necessária água/coleta/tratam = receita tarifária necessária para cobrir os custos do respectivo serviço em cada município i, calculada conforme apresentado na tabela 15 a seguir;
Volume fat. de água = volume faturado de água apurado no Sicom da Copasa para cada município i;
Volume fat. de coleta ajustado = volume faturado de EDC + volume faturado de EDT, apurado no Sicom da Copasa para cada município i. O ajuste (EDC + EDT) é necessário pois todo esgoto tratado também foi coletado;
Volume fat. de tratam. = volume faturado de EDT apurado no Sicom da Copasa para cada município i.
Os critérios utilizados para a construção dos custos que devem ser cobertos pela tarifa (receita tarifária
necessária) para cada serviço em cada município são apresentados a seguir na Tabela 15.
24 Cerca de 10% dos 583 municípios analisados apresentaram alguma inconsistência nos dados de custos ou de volumes. Esses municípios foram excluídos total ou parcialmente da análise para não enviesar os resultados. A exclusão parcial se refere a casos em que a inconsistência observada tenha sido restrita a algum(s) dos serviços, sendo que, nesse caso, o município foi mantido para o cálculo referente aos demais serviços. Destaca-se que os resultados globais observados sem essa exclusão não se mostraram muito diferentes.
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Tabela 15 – Critérios de cálculo da tarifa necessária para cobrir os custos de cada serviço (abastecimento de
água, coleta de esgoto e tratamento de esgoto) separadamente
Grupo Itens Fonte ou forma de cálculo
Custos Operacionais (1) Energia elétrica, pessoal, combustíveis, material de tratamento, manutenção, serviços de terceiros, dentre outros
Valores extraídos da contabilidade por município, considerando a classificação regulatória das contas contábeis definida pela Arsae-MG
Tributos e Outras Obrigações (2)
PIS/Pasep e Cofins 7,51%¹ da receita tarifária (cálculo circular)
TFAS (taxa de fiscalização) nº de economias² * 1,2022 * Ufemg 2019
Outros tributos e taxas Valores extraídos da contabilidade por município
Programas Especiais (3) Proteção de Mananciais 0,5% da receita tarifária (cálculo circular)
Custos de Capital (4)
Amortização/depreciação Depreciação projetada próximos 12 meses
Remuneração da base de ativos WACC preliminar (7,44%) * base residual atualizada
Remuneração da NCG WACC * 1,15%³ * receita tarifária (cálculo circular)
Tributos sobre o lucro 34% * base de incidência4 de IR e CSLL (cálc. circular)
Rec. Irrecuperáveis (5) Receitas Irrecuperáveis (inadimplência) 2,35% da receita tarifária (cálculo circular)
Receita Requerida (6) Receita total requerida (1) + (2) + (3) + (4) + (5)
Outras Receitas (7) Outras Receitas (receitas não tarifárias) Valores extraídos da contabilidade por município5
Receita Tarifária (8) Receita tarifária necessária (6) - (7)
Custo médio ou tarifa média Custo/m³ ou tarifa necessária/m³ (8) / volume faturado de cada serviço6
¹ Percentual de PIS/Pasep e Cofins observado em 2019, líquido de parte da recuperação de crédito tributário. A outra parte da recuperação já está deduzida nos custos operacionais que geraram a recuperação, com a mudança iniciada pela Copasa no 3º tri/2019.
² No cálculo do custo do serviço de água, apenas economias de água; nos cálculos dos custos dos serviços de coleta e de tratamento, economias de esgoto (EDC+EDT) proporcionalizadas em relação ao atendimento com coleta e tratamento, da seguinte forma: coleta: (econ. coleta)*(econ. coleta)/(econ. coleta + econ. tratamento); tratamento: (econ. coleta)*(econ. tratamento)/(econ. coleta + econ. tratamento).
³ O percentual de 1,15% se refere a quanto o estoque de materiais de custeio representou na receita tarifária de 2019. 4 A base de incidência dos tributos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) foi calculada a partir do montante de Custos de Capital, deduzindo-se: depreciação contábil; encargos de empréstimos; estimativa de distribuição de 29,41% do lucro em forma de JCP e estimativa de pagamento de PLR correspondente a 25% do dividendo mínimo obrigatório. 5 Apenas a parcela de outras receitas considerada na aferição do equilíbrio econômico-financeiro, conforme indicado na Nota Técnica CRE 09/2020, exceto em relação à receita de resíduos sólidos, que não foi contemplada aqui. 6 O volume referente ao serviço de coleta de esgoto é ajustado (EDC = EDC + EDT), pois todo esgoto tratado também é coletado.
Não foram considerados os pagamentos de cobrança por uso dos recursos hídricos e os repasses a
Fundos Municipais de Saneamento Básico, que, até o momento, se aplicam a apenas uma parcela dos municípios.
Os dados extraídos da contabilidade por município (custos operacionais, outros tributos e taxas e outras
receitas) foram separados entre os serviços de água, coleta e tratamento de esgoto com base nas indicações da
própria Copasa na coluna denominada “Negócio”25, e conferência com a coluna “Atividade”26. Nos poucos casos
25 A Copasa classifica os custos e receitas em quatro negócios, indicados pelas letras A, E, T e L. Considerou-se A = abastecimento de água; E = coleta de esgoto; T = tratamento de esgoto e L = resíduos sólidos. 26 A Copasa classifica os custos e receitas em diversas atividades dentro de cada negócio, algumas diretamente associáveis a cada serviço (captação de água, distribuição de água, operação água, produção de água, tratamento de água, coleta de esgoto, tratamento de esgoto
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pontuais em que houve divergência entre as indicações das duas colunas, a classificação foi feita manualmente
com base na denominação da conta.
Quanto aos dados do banco patrimonial da Copasa, utilizados para o cálculo da remuneração e
amortização dos investimentos realizados (base de ativos), a separação entre os serviços foi feita inicialmente
com base no indicado nas colunas “Categoria” e “Classe - Descrição”. No caso das categorias e classes não
diretamente associáveis a cada serviço, foram observadas as informações das colunas “Centro de custo”,
“Descrição centro de custo” e “Descrição localização”. Em seguida, para definir a classificação dos ativos ainda
não alocados para água, coleta ou tratamento nos passos anteriores, bem como para consistir as classificações
já feitas, foram analisadas as informações das colunas “Descrição”, “Descrição complementar” e “Descrição da
espécie”, por meio de filtragem de palavras-chave associadas a cada serviço27. Por fim, do total do valor residual
da Base de Ativos Regulatória, apenas 1,5% restou classificado como “geral”. Essa parcela foi rateada entre os
serviços de água, coleta e tratamento com base no número de economias atendidas com cada serviço.
A apuração dos custos médios de investimento a partir da ótica tarifária, com os dados do banco
patrimonial, requer atenção para alguns pontos: (i) a vida útil e, consequentemente, a taxa de amortização anual
dos investimentos, não refletem a depreciação física dos ativos, de modo que dois municípios que estão
operando com uma infraestrutura similar e atendendo a um mercado similar podem aparentar ter custos de
capital significativamente diferentes em função da idade da infraestrutura (quanto mais antiga, maior a parcela
já amortizada e remunerada nas tarifas passadas); (ii) ativos recebidos em doação ou constituídos com recursos
não onerosos são utilizados na prestação do serviço mas não compõem o custo de capital estimado; e (iii)
municípios com baixa adesão à rede podem ter o custo por m³ sobrestimado. Estas questões, no entanto, só se
tornam relevantes para uma análise comparativa de custos por município, e não tanto para a análise global feita
aqui. Esta análise percebe o cenário observado no conjunto dos municípios, em média, sendo adequado captar
os fatores acima, de modo a retratar a realidade da Copasa da forma mais fiel possível, inclusive percebendo os
menores custos em função de subvenções governamentais e os maiores custos decorrentes de rede ociosa, por
exemplo.
Calculados os custos totais de cada serviço conforme detalhado acima, esses custos foram comparados
às receitas efetivamente faturadas por tipo de serviço prestado pela Copasa:
e aterro sanitário) e outras não diretamente associáveis (comercial local, despesa manutenção, despesa pré-operacional, obras em andamento). No caso das atividades que não são diretamente associáveis a cada serviço, considerou-se apenas a indicação da coluna “Negócio”. 27 Por exemplo: ativos descritos como ETE, Estação de Tratamento de Esgoto, reator UASB, filtro anaeróbio, poço piezômetro, elevatória de lodo, leito de secagem, percolador, EEE final da ETE, laboratório da ETE, vias de acesso à ETE, etc., foram classificados como serviço de tratamento de esgoto. Já os ativos descritos como rede de esgoto, rede coletora, coleta, EEE, elevatória, hidrojateador, bloqueador de esgoto, interceptor, emissário, etc., foram classificados como coleta de esgoto, e assim por diante.
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Gráfico 19 – Composição das receitas e custos por tipo de serviço
Receitas Custos
Fica claro pelo gráfico acima que o faturamento do serviço de abastecimento de água ajuda a custear a
operação do serviço de esgotamento sanitário e que, dentre os serviços de esgoto, o faturamento do serviço de
tratamento está custeando parte significativa do serviço de coleta. Da receita obtida pela Copasa em 2019,
63,55% foi gerada pelo serviço de abastecimento de água, ao passo que os serviços de esgotamento sanitário
foram responsáveis pelos 36,45% restantes – coleta de esgoto (15,83%) e tratamento de esgoto (20,62%). Por
sua vez, o serviço de abastecimento de água é responsável por 58,60% dos custos, sendo que a coleta de esgoto
responde por 27,79% e o tratamento de esgoto por 13,60%, totalizando 41,40% dos custos do prestador para os
serviços de esgotamento sanitário.
Ao incorporar na análise a escala da prestação dos serviços, dividindo-se os custos e receitas de cada
serviço pelos respectivos volumes, percebemos que o serviço de esgotamento sanitário completo (coleta +
tratamento) possui um custo médio superior ao custo médio do serviço de abastecimento de água. Além disso,
reafirma-se o cenário apresentado pelo gráfico anterior de que, atualmente, o faturamento dos serviços de água
e de tratamento de esgoto subsidiam parte relevante dos custos do serviço de coleta de esgoto.
Tabela 16 – Custos e Receitas médias dos serviços por m³ - 2019
Fonte: cálculos preliminares da Arsae-MG a partir de informações da Copasa. Obs.: a receita faturada com cada serviço foi ajustada linearmente para equiparar a receita global ao custo global, de modo que as receitas médias da segunda coluna e as diferenças apresentadas na última coluna indiquem apenas o subsídio entre serviços, sem efeitos de possíveis déficits ou superávits do faturamento total em relação ao custo total.
Custo/m³ (%) Água Receita/m³ (%) Água Receita (-) custo
Água 4,86R$ 5,30R$ 0,44R$
Coleta esgoto 3,31R$ 68,1% 1,89R$ 35,7% 1,41-R$
Tratamento esgoto 2,07R$ 42,7% 3,20R$ 60,3% 1,12R$
Esgoto Total 5,38R$ 110,8% 5,09R$ 96,1% 0,29-R$
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Pelas informações apresentadas na tabela 16, uma estrutura tarifária que refletisse de forma mais
precisa os reais custos de cada um dos serviços prestados teria que indicar uma tarifa de coleta igual a 68% das
tarifas de água e uma tarifa de coleta mais tratamento de esgoto igual a 111% das tarifas de água. Além disso,
nessa hipótese de tarifas aderentes aos custos, as tarifas de água seriam mais baratas, por deixarem de subsidiar
parte dos custos do esgoto.
A partir do entendimento mais fundamentado da estrutura de custos dos serviços prestados pela
Copasa, pode-se avaliar que a atual estrutura tarifária da Copasa28 caminhou no sentido de atender ao critério
de aderência aos custos para o serviço de tratamento de esgoto. No entanto, o serviço de coleta de esgoto foi
fortemente subsidiado, conforme foi proposto em 2017. Uma das consequências deste resultado é o potencial
desincentivo ao prestador de ampliar o serviço de coleta de esgoto, especialmente quando se considera o
problema de adesão às redes públicas de esgotamento sanitário.
É importante destacar que este cenário apresentado é dinâmico. Portanto, à medida que a expansão dos
serviços acontecer, é possível que a relação dos custos entre os serviços se altere, principalmente considerando
que as características da prestação dos serviços nas regiões ainda não atendidas ou cobertas pelos serviços de
água e/ou de esgoto podem ser distintas das localidades que já contam com os serviços.
De todo modo, uma etapa fundamental para a construção de uma estrutura tarifária que observe não
somente os incentivos proporcionados, mas também a aderência aos custos foi apresentada nesta seção. Ela
será a referência para a discussão das diferentes alternativas para a cobrança pelos serviços de esgotamento
sanitário para o próximo ciclo tarifário.
5.4. Possíveis modelos de cobrança dos serviços de esgoto para o próximo ciclo
Nesta seção, apresentamos diferentes alternativas para o modelo de cobrança dos serviços de
esgotamento sanitário para o próximo ciclo tarifário.
I. Manutenção da lógica atual
A primeira alternativa seria manter a forma de cobrança atual, com tarifas diferentes para coleta e
tratamento do esgoto, sem aderência aos respectivos custos, de modo que as tarifas de água e de tratamento
subsidiem o custo da coleta, e, em tese, o prestador seja impelido a implantar rapidamente o tratamento após
a implantação da coleta. No extremo, as tarifas de coleta poderiam ser zeradas, adotando-se a lógica de só
permitir a cobrança pelo serviço completo. Deve ficar claro que, para isso, as tarifas de água e tratamento
aumentam na mesma proporção no momento do reequilíbrio das tarifas na revisão tarifária.
Nesta alternativa, as limitações discutidas na seção 5.2 se manteriam e demandariam ações
complementares por parte da Arsae-MG a fim de endereçá-las de alguma forma.
28 Estabelecida pela Resolução Arsae-MG 141, de 22 de junho de 2020.
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II. Tarifas totalmente aderentes aos custos de cada serviço
A segunda alternativa buscaria eliminar o subsídio entre os serviços: a tarifa de cada serviço seria
completamente aderente ao respectivo custo. Este é o modelo com menor risco envolvido, dada a menor
possibilidade de ganhos ou perdas excepcionais ao longo do ciclo tarifário, justamente por buscar um
alinhamento entre custo médio e tarifa média de cada serviço. Com isso, reduz-se a possibilidade de ser
necessário realizar revisões tarifárias extraordinárias, bem como a necessidade de mecanismos adicionais
aplicados nos reajustes tarifários para correção de distorções.
Como já apresentado, cálculos preliminares da Arsae-MG indicam que, observando os custos totais de
cada serviço, a proporção entre as tarifas de esgoto e as tarifas de água seria de aproximadamente 68% (coleta)
e 111% (coleta + tratamento), em vez dos 25% e 100% atuais. Vale enfatizar que esses números partem de um
exercício que observou números consolidados de 2019. Logo, uma eventual aplicação deste modelo deverá
trazer números atualizados para a relação dos custos dos serviços de esgotamento sanitário com os custos do
serviço de água.
Quanto aos problemas identificados do modelo atual de cobrança, a alternativa de aderência aos custos
minimiza o desincentivo à implantação da rede de esgoto e reduz a necessidade de acompanhamento do
equilíbrio econômico-financeiro do prestador à medida que a expansão dos serviços de coleta e de tratamento
ocorre. Por outro lado, a resistência por parte do poder concedente e dos usuários para aderirem aos serviços
de esgotamento sanitário da Copasa se agrava. Além disso, nesse modelo, permanece a lógica na qual os custos
do tratamento de esgoto recaem somente sobre aqueles que têm os seus esgotos tratados, mesmo que o
benefício desse serviço seja coletivo.
A transição do modelo atual para este levaria a uma queda nas tarifas dos usuários atendidos apenas
com o serviço de água e daqueles que são atendidos com o serviço completo (abastecimento de água, coleta e
tratamento de esgoto). Por outro lado, os usuários atendidos apenas com abastecimento e coleta de esgoto
teriam um aumento.
Uma opção para amenizar a percepção desses impactos seria implementar a mudança em forma de
trajetória ao longo de 4 anos, como foi feito no primeiro ciclo. No entanto, a adoção de uma trajetória é menos
transparente na medida em que agrava a dificuldade de compreensão das tarifas pelos usuários e demais atores.
III. Cobrança de tarifa única de esgoto, referente aos custos de coleta e afastamento. O custo do
tratamento de esgoto seria incluído na tarifa de água
A terceira alternativa envolveria uma tarifa única de esgoto cobrada com base no benefício percebido
individualmente pelos usuários (serviço de coleta e afastamento). O custo do tratamento de esgoto já existente
seria incluído na tarifa de água, considerando-se que todo usuário que consome água produz esgoto e deve ser
responsabilizado pelo tratamento desse esgoto, que traz impactos coletivos e não individuais. Dessa forma, a
tarifa média de água teria uma elevação, assim como a tarifa de coleta de esgoto, que deixaria de ser subsidiada.
Pela ótica do usuário, o custeio da prestação dos serviços seria distribuído de forma mais justa,
condizente com o benefício percebido. Dessa forma, seria reduzida a resistência para adesão aos serviços de
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esgotamento sanitário da Copasa, além de compartilhar os custos do serviço de tratamento de esgoto entre
todos os usuários de água, que geram esgoto e obtêm os benefícios do seu tratamento.
Por outro lado, os usuários que só possuem o serviço de água sofreriam um impacto relevante com essa
nova modalidade de cobrança, mesmo que se considere que o aumento represente o pagamento pelo custo
coletivo gerado pelo esgoto não tratado. Esta situação ficaria agravada para os municípios que não possuem
concessão dos serviços de esgoto com a Copasa, sendo que, a princípio, não se sabe se os esgotos gerados pelos
usuários desses municípios possuem ou não algum tratamento. De qualquer forma, em alguma medida, esse
tipo de subsídio já existe, uma vez que, pelo modelo atual, o serviço de água subsidia o serviço de esgoto da
Copasa.
Pela ótica do prestador de serviços, conforme fosse expandido o serviço de coleta/afastamento dos
esgotos ao longo do ciclo tarifário, o faturamento adicional seria aderente ao custo adicional.
Então, seria necessário um mecanismo complementar apenas para o serviço de tratamento de esgoto,
no sentido de que, conforme o tratamento de esgotos fosse expandido em velocidade maior que a expansão do
serviço de água, o faturamento adicional embutido nas tarifas de água para cobrir o custo do tratamento de
esgoto não seria suficiente. Esse mecanismo complementar se torna ainda mais importante neste modelo de
cobrança dada a necessidade de expansão acelerada dos serviços de tratamento de esgoto imposta pelo novo
marco legal do saneamento.
Em termos de impacto nas faturas, a transição do modelo atual para este levaria a uma queda nas tarifas
nos usuários atendidos com o serviço completo (abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto). Por
outro lado, a queda nessas faturas implica aumento do valor cobrado para aqueles usuários atendidos apenas
com abastecimento água e para aqueles usuários atendidos com abastecimento e coleta de esgoto.
IV. Tarifa única sem distinção entre os serviços de água e de esgotamento sanitário
Uma outra alternativa mais extrema seria a completa extinção das tarifas de esgoto, com o principal
benefício de adesão completa dos usuários aos serviços oferecidos. Os usuários que só têm o serviço de
abastecimento de água pagariam o mesmo que os usuários que têm coleta e tratamento de esgoto. Os entes
concedentes não vislumbrariam a opção de conceder apenas o serviço de água, o que poderia significar tanto
um incentivo à concessão de ambos os serviços quanto um desincentivo a conceder qualquer serviço. Os demais
problemas já levantados permaneceriam. Seriam necessários mecanismos adicionais para incentivar e
compensar o prestador pela expansão dos serviços de esgotamento, já que não haveria faturamento adicional
atrelado a essa expansão. A principal diferença em relação à proposta anterior (iii), é que aquela considera a
diferenciação do benefício individual trazido pela coleta e do benefício coletivo trazido pelo tratamento,
enquanto nesta proposta, um usuário que não tiver acesso à coleta de esgoto, estará pagando sem perceber
benefício algum.
Impacto hipotético das alternativas de cobrança pelos serviços de esgotamento sanitário
A fim de ilustrar melhor o impacto sobre as faturas dos diferentes serviços para as alternativas colocadas
nesta nota técnica, apresenta-se a tabela 17. Nela, são demonstrados os diferentes valores de faturas a partir de
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um caso hipotético que supõe um consumo de 10 m³ de água, uma tarifa atual de água (hipotética) de R$5,00/m³
e que não há progressividade nas tarifas por faixa de consumo, ou seja, a tarifa por metro cúbico é sempre a
mesma. Para cada cenário, a fatura total com os serviços de água e de esgoto completo é igual a R$ 100,00.
As últimas linhas da tabela mostram a variação na fatura total de cada usuário quando se inicia a
prestação do serviço de coleta e do serviço de tratamento de esgoto, em momentos separados ou
conjuntamente.
Reforça-se que o exemplo é bastante simplificado, apenas para fins ilustrativos, visando facilitar o
entendimento da lógica de cada modelo. Considerando o mercado real atendido, menores variações nas tarifas
de água produzem maiores impactos no faturamento total em comparação a variações nas tarifas de coleta ou
de tratamento, dado o maior nível de atendimento com o serviço de água, por exemplo. Com isso, as variações
nas tarifas e nas faturas de um cenário para outro são diferentes das ilustradas na tabela 17.
Por outro lado, as proporções dentro de cada cenário e os impactos percebidos quando o usuário passa
a ser atendido com um novo serviço refletem adequadamente os cálculos preliminares realizados. Reforça-se,
no entanto, o caráter preliminar desses cálculos. Uma eventual aplicação dos modelos 2 ou 3 motivaria a
atualização dos resultados apresentados nesta nota técnica, que poderiam apresentar números distintos para
a relação dos custos de cada serviço.
O cálculo preliminar dos impactos reais da opção pelo cenário 2 (tarifas aderentes aos custos),
conjuntamente com os impactos das demais mudanças propostas nesta nota técnica, é apresentado na seção 6.
Tabela 17 - Possíveis modelos de tarifa de esgoto29 - exemplo ilustrativo
Fonte: elaboração própria considerando os critérios hipotéticos explicitados antes da tabela, para fins ilustrativos. As proporções entre as tarifas de cada serviço e os impactos percebidos quando do início do serviço de coleta e/ou tratamento são resultantes de cálculos preliminares da Arsae-MG a partir de informações da Copasa, conforme detalhado na seção anterior e resumido na Tabela 16.
29 O cenário 3 considera que todos os custos associados ao tratamento de esgoto foram alocados na tarifa de água. Logo, para manter a fatura de água e esgoto completo (coleta + tratamento) igual a R$ 100, a tarifa de coleta de esgoto tem de ser a 47% da tarifa de água.
Cenário 1
Atual
Cenário 2
Aderência aos
custos
Cenário 3
Água subsidia o
tratamento esgoto
Cenário 4
Tarifa única a
partir do serv. de
águaTarifa água R$ 5,00/m³ R$ 4,74/m³ R$ 6,76/m³ R$ 10,00/m³
Tarifa EDC (coleta) 25% da tarifa A 68% da tarifa água 48% da tarifa água -
Tarifa EDT (coleta + trat.) 100% da tarifa A 111% da tarifa água - -
Fatura água 50,00R$ 47,39R$ 67,57R$ 100,00R$
Fatura água + coleta 62,50R$ 79,62R$ 100,00R$ 100,00R$
Fatura água + coleta + trat. 100,00R$ 100,00R$ 100,00R$ 100,00R$
Aumento percebido na alteração de serviço
Início da coleta 25,0% 68,0% 48,0% 0,0%
Início do tratamento 60,0% 25,6% 0,0% 0,0%
Ambos ao mesmo tempo 100,0% 111,0% 48,0% 0,0%
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5.5. Proposta do modelo de cobrança para os serviços de esgotamento sanitário
A partir dos cenários apresentados nas seções anteriores sobre a necessidade de maiores avanços para
o alcance da universalização dos serviços de esgotamento sanitário e também dos subsídios existentes com o
atual modelo de cobrança pelos mesmos serviços, a Arsae-MG entende que o melhor modelo de cobrança pelos
serviços de esgoto seja aquele que busque a maior aderência aos custos dos serviços. A opção por este modelo
de cobrança foi também indicada por alguns dos especialistas que participaram da reunião técnica promovida
pela agência sobre o tema.
Como já comentado, com a introdução de um modelo aderente aos custos, as tarifas de água tendem a
ser reduzidas, uma vez que o serviço não precisa mais subsidiar os serviços de esgoto. Por outro lado, haveria
aumento das tarifas do serviço de coleta e afastamento dos esgotos, que é o serviço mais subsidiado pelo atual
modelo de cobrança. Finalmente, espera-se que a tarifa do serviço de coleta com tratamento também suba
proporcionalmente à tarifa de água. No entanto, os impactos reais desse novo modelo de cobrança só serão
conhecidos na fase final deste processo de revisão tarifária, quando se fará uma atualização dos custos entre
os serviços.
A principal vantagem deste modelo é a transparência em relação aos reais custos dos serviços. Através
dele, os usuários possuem a melhor percepção possível do custo de cada serviço. Além disso, do ponto de vista
do prestador de serviços, uma cobrança aderente aos custos permite uma remuneração adequada para a
prestação dos serviços sem necessidade de mecanismos complementares e com menores riscos de desequilíbrio
econômico-financeiro à medida que o serviço é expandido. Finalmente, esta forma de cobrança é mais neutra
que as demais - do ponto de vista de política tarifária – uma vez que os usuários só pagam pelo serviço
efetivamente prestado.
Contudo, como já mencionado, essa estrutura de cobrança ainda proporciona desincentivos à adesão
dos municípios e dos usuários ao serviço de esgotamento sanitário da Copasa. Nesse sentido, outras medidas
por parte da agência são necessárias para endereçar essas questões.
A respeito da adesão aos serviços de esgotamento sanitário por parte dos usuários, é importante
destacar mudanças ocorridas com a atualização do marco regulatório do saneamento (Lei Federal 14.026, de 15
de julho de 2020). A partir desta atualização, foram introduzidas regras mais contundentes em relação à
obrigatoriedade da adesão dos usuários à rede pública de esgoto, com destaque para os trechos em negrito:
“Art. 45 As edificações permanentes urbanas serão conectadas às redes públicas
de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeitas ao
pagamento de taxas, tarifas e outros preços públicos decorrentes da
disponibilização e da manutenção da infraestrutura e do uso desses serviços. (...)
§ 4º Quando disponibilizada rede pública de esgotamento sanitário, o usuário
estará sujeito aos pagamentos previstos no caput, sendo-lhe assegurada a
cobrança de um valor mínimo de utilização dos serviços, ainda que a sua
edificação não esteja conectada à rede pública.
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pag.44
§ 5º O pagamento de taxa ou de tarifa, na forma prevista no caput deste artigo,
não isenta o usuário da obrigação de conectar-se à rede pública de esgotamento
sanitário, e o descumprimento dessa obrigação sujeita o usuário ao pagamento
de multa e demais sanções previstas na legislação, ressalvados os casos de reúso
e de captação de água de chuva, nos termos do regulamento.
§ 6º A entidade reguladora ou o titular dos serviços públicos de saneamento
básico deverão estabelecer prazo não superior a 1 (um) ano para que os
usuários conectem suas edificações à rede de esgotos, onde disponível, sob
pena de o prestador do serviço realizar a conexão mediante cobrança do
usuário.
§ 7º A entidade reguladora ou o titular dos serviços públicos de saneamento
básico deverá, sob pena de responsabilidade administrativa, contratual e
ambiental, até 31 de dezembro de 2025, verificar e aplicar o procedimento
previsto no § 6º deste artigo a todas as edificações implantadas na área coberta
com serviço de esgotamento sanitário.” (grifos nossos)
Logo, mesmo que um modelo de cobrança pelos serviços de esgoto proporcione aumentos nas tarifas,
os usuários devem se conectar à rede pública de esgoto, e, se não o fizerem, o prestador de serviços deverá
obrigatoriamente realizar a conexão mesmo sem a solicitação/concordância do usuário. Nesse sentido, em tese,
o aspecto financeiro relacionado à adesão pelos serviços de esgoto perde importância.
Contudo, mesmo sendo obrigado a aderir e a arcar com os serviços de esgotamento sanitário, o usuário
terá de lidar com um maior comprometimento da renda pelo pagamento dos serviços e ainda assim não possuirá
uma percepção clara dos benefícios dos serviços, especialmente em relação ao tratamento dos esgotos.
Em relação à questão da capacidade de pagamento, a Arsae-MG entende que outros mecanismos podem
ser utilizados para se atenuar impactos negativos sobre os orçamentos dos usuários que possuem maiores
dificuldades para pagar as faturas. O estabelecimento de maiores subsídios para categorias de menor renda e
para faixas de consumo para usos mais essenciais são formas de se endereçar a capacidade de pagamento,
mesmo num cenário em que as cobranças pelos serviços de esgotamento sanitários são maiores. Destaca-se a
atual proposta lançada pela Arsae-MG na Audiência Pública 31/2020 para aprofundamento dos subsídios da
Tarifa Social a partir da melhor percepção da capacidade de pagamento dos usuários de baixa renda.
Por sua vez, com o objetivo de aumentar a percepção dos usuários quantos aos benefícios
proporcionados pelos serviços de esgoto, tanto a Arsae-MG quanto a Copasa terão de adotar medidas de
transparência e de comunicação de forma a apresentar melhor a composição das tarifas e também os resultados
obtidos com os serviços de esgotamento sanitário, especialmente o serviço de tratamento dos esgotos. O arranjo
final desta revisão tarifária deverá contemplar regras que determinem uma melhora na transparência e na
comunicação em relação à cobrança e ao próprio serviço de esgoto. A Agência acredita que a adoção de tais
medidas pode atenuar a resistência por parte dos usuários e do poder concedente em relação aos serviços de
esgotamento sanitário da Copasa.
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Finalmente, é importante destacar os mecanismos já consolidados pela Arsae-MG para endereçar
situações em que a Copasa não realiza adequadamente os serviços de esgotamento sanitário. Considerando o
serviço de tratamento de esgoto, quando a Copasa não realiza o tratamento ou o faz de forma ineficiente, a
Arsae-MG promoverá fiscalizações que poderão culminar na devolução de valores ou na aplicação de sanções.
Isso vale também para o serviço de coleta e afastamento dos esgotos.
De forma alternativa, na avaliação da Arsae-MG, o modelo de cobrança de tarifa única de esgoto que
cubra os custos da coleta e afastamento, enquanto o custo do tratamento de esgoto é subsidiado pela tarifa de
água, seria a melhor opção para dirimir a insatisfação de usuários e concedentes quanto às tarifas de
esgotamento sanitário. Nesse formato a tarifa atribuiria cobrança pelo serviço de coleta e afastamento de
esgoto, sobre o qual há percepção do benefício individual e menor resistência ao pagamento, mas o serviço de
tratamento de esgoto seria pago por todos os usuários do serviço de abastecimento de água, que geram esgoto
e percebem o benefício coletivo do tratamento dos esgotos. Reforça-se que tal modelo tem como aspectos
negativos a menor transparência quanto aos custos de cada serviço e o aumento das tarifas para os usuários não
atendidos diretamente com o tratamento de esgoto.
Para a aplicação da tarifa única de esgoto, a Arsae-MG incluiria nos reajustes e revisões tarifárias um
mecanismo complementar de compensação pelo aumento dos custos do tratamento de esgotos caso este
serviço apresente expansão maior que o serviço de abastecimento de água. Considerando a necessidade de
expansão acelerada dos serviços de tratamento de esgoto imposta pelo novo marco legal do saneamento, esse
mecanismo é fundamental para evitar o desequilíbrio econômico-financeiro da prestadora.
Em suma, apesar das limitações existentes para o modelo de cobrança pelos serviços de esgotamento
sanitário aderente aos custos, a Arsae-MG entende que esse é o modelo mais adequado a vigorar no próximo
ciclo tarifário. A adoção de medidas de transparência e comunicação aliadas às regras colocadas pela atualização
do marco regulatório do saneamento apontam para a atenuação dos problemas associados a essa forma de
cobrança. Não obstante, a Arsae-MG espera receber contribuições que auxiliem na ponderação das vantagens e
desvantagens dos modelos, principalmente entre a proposta de tarifa aderente ao custo do serviço e o modelo
alternativo de tarifa única de esgoto (modelos II e III na seção 5.4).
6. IMPACTOS E SUBSÍDIOS DA PROPOSTA CONSOLIDADA PARA A
ESTRUTURA TARIFÁRIA
Apresentadas as propostas de mudanças na estrutura tarifária relativas à progressividade, subsídios
entre categorias e ao modelo das tarifas de esgoto, cabe avaliar os impactos somados destes dois aspectos, não
somente sobre os subsídios entre as categorias, como também nas faturas percebidas pelos usuários.
Destacando que as principais mudanças para o próximo ciclo tarifário propostas pela Arsae-MG
consideram: o desmembramento da Tarifa Social em duas categorias, Social I e Social II30; a progressividade em
que o salto entre as tarifas de uma faixa para a seguinte seja sempre superior ao salto anterior para categorias
30 Em discussão na Audiência Pública 31/2020.
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residenciais e sempre inferior ao salto anterior para categorias não residenciais; que as categorias não
residenciais subsidiem as categoriais sociais e apenas a primeira faixa da categoria residencial e; que a cobrança
pelos serviços de esgotamento sanitário seja aderente aos seus custos.
Vale lembrar que estes resultados são meramente ilustrativos, pois o resultado final a ser observado
para a Revisão Tarifária da Copasa só será apresentado ao final de junho de 2021, quando tanto o resultado da
reconstrução das tarifas como as possibilidades de alteração gradativa ou não da própria estrutura tarifária
estarão consolidados. Logo, o que se apresenta nesta seção é tão somente um exercício de avaliação dos
direcionamentos de subsídio e de impactos tarifários a partir das propostas consolidadas na nota técnica para o
debate que se dará na Audiência Pública 32/2020. As tabelas que se seguem utilizaram como base de cálculo a
receita tarifária da Copasa calculada no reajuste tarifário de 202031.
31 Resolução Arsae-MG 141/2020 e Nota Técnica GRT 10/2020, disponíveis em: http://arsae.mg.gov.br/resolucoes-normativas/page/852-141-2020-aprova-o-reajuste-tarifario-da-companhia-de-saneamento-de-minas-gerais-copasa-e-da-outras-providencias
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Tabela 18 – Montantes de subsídio por faixa tarifária e por categoria32
Inicialmente, a partir de uma comparação com os números das tabelas 12 e 18, no que diz respeito aos
montantes de subsídios produzidos por cada categoria, percebe-se que não ocorre uma alteração significativa
com a introdução do modelo de cobrança dos serviços de esgoto com aderência aos custos de cada serviço.
32 Assim como já comentado, a soma da coluna subsídio categoria deveria, em tese, ser igual a 0. Entretanto, embora mudanças de estrutura tarifária objetivem igualar a receita atual, houve uma pequena diferença gerada a partir da construção tarifária, em função de arredondamentos nas tarifas. A diferença foi de R$111 (0,00002% da receita do prestador), que corresponde também à diferença observada nos subsídios acima.
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Assim como no item 4.4, tem-se que a soma das três categorias totaliza um montante aproximado de
R$451 milhões de subsídio, que são suficientes para garantir os R$ 223 milhões da categoria Social I, além de
R$93 milhões da categoria Social II e R$ 136 milhões da primeira faixa da categoria Residencial.
Tabela 19 – Montantes de subsídio totais
Por sua vez, os impactos tarifários gerados a partir das propostas apresentadas nesta nota técnica são
bastante diferenciados a depender da categoria, da faixa de consumo e do serviço prestado, conforme
apresentado nas tabelas a seguir.
Cabe lembrar que todas as alterações na estrutura tarifária consideram que a receita total do prestador
se mantenha constante.
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Tabela 20 – Impactos tarifários simulados residenciais (Água)
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Tabela 21 – Impactos tarifários simulados residenciais (Água e EDC)
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Tabela 22 – Impactos tarifários simulados residenciais (Água e EDT)
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Tabela 23 – Impactos tarifários simulados não residenciais (Água)
Tabela 24 – Impactos tarifários simulados não residenciais (Água e EDC)
Tabela 25 – Impactos tarifários simulados não residenciais (Água e EDT)
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De modo geral, os usuários da categoria Social I, independentemente do serviço, teriam as maiores
reduções tarifárias, em função do aumento do subsídio decorrente da proposta de desmembramento da
categoria Social em duas. As reduções chegam, por exemplo, a 80% para aqueles que só possuem o serviço de
água. Para a categoria Social II, os usuários com altos consumos que só possuem o serviço de EDC teriam
aumentos de mais de 130% na tarifa, enquanto aqueles que possuem só água poderiam ter reduções de mais de
20%. Usuários que possuem água e coleta teriam aumentos que iriam de 3% a 15% a depender do nível de
consumo, enquanto os que possuem o serviço completo (água e EDT) teriam reduções entre 10% e 20%.
Para a categoria residencial, os impactos de quem possui só EDC seriam ainda maiores, podendo chegar
a 190% para o consumo de 30m³. Para quem possui água e EDC, os impactos variariam de 18% a 43% dependendo
do consumo. Para quem possui o serviço completo, os impactos também seriam bastante variados e relacionados
às modificações na progressividade. Usuários com baixos consumos teriam reduções tarifárias, enquanto aqueles
com altos consumos teriam aumentos de mais de 12%.
Com relação às categorias não residenciais, também se observa grande variação dependendo do tipo de
serviço. Aqueles que possuem só o serviço de coleta e pagam apenas tarifa fixa poderiam ter aumentos de quase
190%, por exemplo, devido, além do aumento de EDC, ao aumento das tarifas fixas não residenciais. Por outro
lado, destaca-se as reduções tarifárias de até 13% para usuários com mais alto consumo com os serviços de água
e EDT. Essas reduções estão relacionadas, principalmente, à atenuação da progressividade não residencial,
conforme já explicado nesta nota técnica.
6.1. Indicador de capacidade de pagamento
Conforme explicado na seção 3, sobre capacidade de pagamento, a Arsae-MG pretende utilizar como
referência os percentuais de 3% e 5% de comprometimento com a renda com faturas de água e esgoto. Para ser
considerado satisfatório, os índices das categorias devem ser menores do que 3%. Se estiverem entre 3% e 5%,
o resultado é considerado moderado, e a agência pode ou não interferir para reduzir o percentual. Indicadores
acima de 5% são considerados insatisfatórios, de modo que necessariamente devem ensejar interferência do
regulador na estrutura tarifária para redução do percentual. Após as modificações propostas, os indicadores das
três categorias ficaram pouco acima de 3%. Embora seja desejável que os valores fiquem abaixo desse
percentual, a Arsae-MG optou por não realizar mais modificações na estrutura tarifária, visto que, como se pôde
notar, os impactos das propostas já estão consideravelmente elevados.
Segue abaixo a tabela com os indicadores das três categorias:
Tabela 26 – Indicadores de capacidade de pagamento
Categoria Residencial Social Nível I Residencial Social Nível II Residencial
Fatura água e esgoto correspendente R$ 11,08 R$ 44,40 R$ 110,84
Valor renda mensal total familiar R$ 356,00 R$ 1.280,00 R$ 3.483,33
Indicador água e esgoto 3,11% 3,47% 3,18%
Indicador de referência água e esgoto (OMS) 3,00% 3,00% 3,00%
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7. CONCLUSÃO
Essa nota técnica teve como objetivo propor diretrizes e regras para a nova estrutura tarifária da Copasa
que será aplicada para o próximo ciclo tarifário. Foram apresentadas a metodologia para cálculo do indicador da
capacidade de pagamento, as diretrizes e os critérios quanto ao desenho tarifário e subsídios entre categorias e
o modelo de tarifa de serviços de esgotamento sanitário proposto para a revisão tarifária da empresa. As
orientações da Arsae-MG foram acompanhadas da análise da estrutura tarifária atual e, para os aspectos em que
a agência recomenda mudanças, foram realizadas simulações ilustrativas de seus impactos. Salienta-se que os
resultados constantes aqui têm caráter meramente ilustrativo, uma vez que os impactos reais dependem do
resultado final da revisão tarifária, que só será calculado na última fase do processo, em junho de 2021. Portanto,
é necessário cautela na interpretação dos números expostos.
Em relação à metodologia de avaliação da capacidade de pagamento dos usuários, a agência propõe
manter as diretrizes da revisão anterior, com pequenas alterações no cálculo do indicador. Em especial, o
consumo médio de 10 m³ por economia, que era usado como referência, foi substituído pelo produto da mediana
do número de moradores por domicílio e do consumo per capita. Ademais, a agência passará a utilizar a base de
dados do CadÚnico para o cálculo do indicador de capacidade de pagamento para os usuários da tarifa social.
Contudo, sobre a análise de capacidade de pagamento, a principal alteração proposta nesta 2ª RTP é a
avaliação intervalar do indicador, que poderá se enquadrar em três categorias: satisfatória, quando apresenta
valor igual ou inferior a 3% e não demanda intervenção do regulador (cor verde); moderada, quando apresenta
valor superior a 3% e igual ou inferior a 5% e não demanda intervenção do regulador (cor amarela) e;
insatisfatória quando apresenta valor superior a 5% e demanda intervenção regulatória (cor vermelha).
As reduções necessárias no indicador de capacidade de pagamento serão compensadas por meio de
subsídios gerados pelo faturamento das categorias comercial, industrial e pública, pautados pela ótica de que o
abastecimento coletivo deva priorizar o consumo humano, o acesso do cidadão e a saúde pública.
Para a estrutura tarifária a ser definida para a Copasa na sua 2ª RTP, foram apresentadas cinco diretrizes:
i) atendimento à capacidade de pagamento equivalente a 3% da renda domiciliar para as tarifas residenciais; ii)
perenidade das categorias e faixas tarifárias estabelecidas; iii) cobrança pelos serviços em duas componentes,
uma fixa e uma variável; iv) preponderância do princípio de modicidade tarifária para as categorias residenciais
e; v) uso racional da água, a partir da aplicação da progressividade tarifária a todas as categorias.
Também foram definidos critérios para estabelecimento dos patamares das tarifas fixas e variáveis, da
progressividade a ser observada nas diferentes categorias e dos subsídios intra e entre categorias, em
consonância com as diretrizes apresentadas. Os critérios apresentados foram: i) as tarifas fixas devem gerar 30%
da receita total do prestador; ii) a tarifa fixa média residencial deve corresponder à tarifa fixa média global; iii) o
salto entre as tarifa de uma faixa e a seguinte deve ser sempre superior ao salto anterior para as categorias
residenciais e sempre inferior para as categorias não residenciais; iv) categorias não residenciais devem subsidiar
categorias sociais e a primeira faixa da categoria residencial.
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Esta nota técnica ainda analisou a evolução do serviço de esgotamento sanitário da Copasa e os
problemas identificados no atual formato de cobrança pelos serviços, embasando nova proposta para a 2ª RTP.
A partir da comparação de distintos modelos de tarifas de esgoto possíveis, a Arsae-MG propôs que, para o
próximo ciclo tarifário, seja adotada a cobrança totalmente aderente aos custos de cada serviço prestado. A
avaliação da Arsae-MG é que esse modelo aumenta a transparência das tarifas e reduz o risco de desequilíbrio
econômico-financeiro do prestador. No entanto, como todos os modelos de tarifa discutidos nesta nota técnica,
ele apresenta limitações. Em especial, esse modelo tende a reforçar a insatisfação dos usuários quanto à
cobrança pelos serviços de esgoto e a resistência dos municípios em conceder o serviço de esgotamento
sanitário.
Considerando as vantagens e fragilidades do modelo proposto, a Arsae-MG apontou como alternativa
viável o modelo de tarifa única de esgoto em que o serviço de tratamento de esgoto é subsidiado pelo serviço
de abastecimento de água e a tarifa de esgoto cobre só os custos de coleta e afastamento. Portanto, a agência
espera que este processo de consulta e audiência pública seja oportuno para que a sociedade apresente novas
informações e argumentos que apoiem a decisão quanto à definição do modelo de tarifas de esgoto.
Finalmente, foram simulados e apresentados os possíveis impactos das diretrizes e propostas da Arsae-
MG sobre a estrutura tarifária da Copasa, considerando a receita tarifária e o mercado de referência atual. Os
números demonstrados ao longo do documento podem sofrer variações em função de atualizações de dados e
das próprias definições decorrentes do processo de revisão.
Dada a relevância da estrutura tarifária dos serviços de água e esgoto da Copasa para a sociedade, todas
as propostas da Arsae-MG para a metodologia de construção da estrutura tarifária da Copasa devem passar por
escrutínio durante a audiência pública. Esse será o momento adequado para avaliar a pertinência e
adequabilidade das diretrizes e regras pensadas pela agência, bem como para receber novas propostas que ainda
não foram analisadas, visando o aperfeiçoamento da regulação tarifária de saneamento realizada pela Arsae-
MG.
Ressalta-se que todos os resultados numéricos apresentados nesta nota técnica são preliminares e
poderão sofrer alterações após o recebimento de contribuições durante o processo de consulta e audiência
pública, além de atualização com dados mais recentes na data do cálculo final.
Serão recebidas contribuições até dia 11/12/20 pelo e-mail audienciapublica32@arsae.mg.gov.br.
Também haverá espaço para contribuições na audiência pública virtual que acontecerá no dia 27 de novembro
de 2020 das 14hs às 17hs. O regulamento de participação e todos os demais documentos referentes à Audiência
Pública nº 32/2020 podem ser consultados no site da Arsae-MG.
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