o espírito da dádiva
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O Espírito da Dádiva
O Espírito da Dádiva
Na visão de Jacques Godbout
Sobre o Autor• QUEM É
• Escritor, novelista, ensaísta, jornalista, cineasta, documentarista e poeta canadense, nascido em Montreal, Quebec, em 1933, tornou-se um dos mais importantes escritores de sua geração.
• Além de inúmeros ensaios escreveu 9 romances para adultos 2 para crianças.
• Sua filmografia inclui 4 longa metragens e mais de 15 documentários.
• É Mestre em Literatura pela Universidade de Montreal e Professor pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Científica de Quebec.
• Obras Publicadas em Português
O Espírito da Dádiva, Uma História Americana e Operação Rimbaud.
A Dádiva Existe (ainda)?
• O homem moderno pretende obedecer somente ao princípio da realidade, e este enuncia que somente a matéria e o corpo existem realmente. O resto não passa de invenção do espírito!
• Não somente acreditarás na dura realidade, mas lutarás para não sucumbir às miragens e às tentações da dádiva.
A Dádiva não existe (mais)
• A dádiva não existe mais ou então ela é apenas uma forma de fingir, de simular gratuidade e desinteresse onde predominam, como em toda parte, apenas o interesse e a equivalência.
• A generosidade também desapareceu; foi substituída apenas pelo calculismo egoísta.
• “As pessoas são egoístas!”• “A dádiva não existe , tudo é egoísmo”.
A Dádiva Está em Toda Parte
• A dádiva existe, sim, e o altruísmo também.• No mínimo, esse egoísmo, cuja satisfação passa
pelo altruísmo, é bastante diferente do egoísmo primitivo, tosco do qual a modernidade postula a universalidade.
• A seus olhos a verdadeira dádiva teria de ser gratuita. E, como a gratuidade é impossível (“não existe almoço grátis”), a dádiva, a verdadeira dádiva é igualmente impossível.
A Dádiva é uma Relação
• A dádiva serve, antes de mais nada, para estabelecer relações.
• A dádiva não é uma coisa, mas uma relação social.
• Ela é a relação social por excelência.• A idéia de que a dádiva seria sempre
interessada e a idéia de que ela deveria ser sempre gratuita visa impedir a compreensão de que ela é negada porque ela é perigosa.
Perigos e Recusas da Dádiva
• Sabemos que os gregos são temíveis quanto a presentes.
• Nas línguas germânicas gift significa ao mesmo tempo dádiva e veneno.
• Encontramos o mesmo duplo significado no termo grego dosis, de onde vem a nossa palavra dose, que pode significar porção de remédio ou de veneno.
• Presentes são particularmente venenosos quando quem os oferece é venenoso.
O Muito Obrigado
• Podemos considerar a palavra “obrigado” como uma espécie de elipse para dizer que o fato de receber um presente pode resultar em alguma dependência
• Esse exemplo é também uma extraordinária ilustração do fato de que o presente é um bem a serviço dos vínculos sociais.
• É assim que ele se torna perigoso para o recebedor, de quem ele “tocou o ponto fraco”.
• Quando a dádiva é recusada é porque aceitá-la seria reconhecer o estabelecimento de uma relação social que não é desejada ou não se quer mais.
Dádiva e Contra-dádiva
• É possível utilizar uma relação quase mercantil para interromper uma cadeia de dádivas.
• Em nossa sociedade esse é um jogo freqüente:
• Um casal convidado para jantar leva um presente tão importante (duas garrafas de vinho muito bom), que pode ser interpretado pelos anfitriões como um desejo de não retribuir o convite.
• Essa é uma forma de evitar criar um sentimento de obrigação e, assim, evitar o estabelecimento de um vínculo social.
O Sistema da Dádiva
• A dádiva é um sistema que existe desde as sociedades mais primitivas.
• Ainda hoje, nada pode se iniciar ou empreender, crescer e funcionar se não for alimentado pela dádiva.
• As famílias se dissolveriam instantaneamente sem o sistema da dádiva.
• Da mesma forma as relações de vizinhança, camaradagem, amizade e até mesmo as empresas, o governo ou a nação.
• As empresas pereceriam rapidamente se os assalariados não dessem nada além daquilo que seu salário rende.
A Palavra como Dádiva
• São principalmente palavras, frases e discursos que o ser humano produz e troca com os demais.
• A palavra se destina ao outro enquanto outro.
• Ela só pode circular entre um e outro se houver sido criada previamente a própria relação que autoriza a palavra e que dela se alimenta.
• Para poder trocar bens e serviços é preciso instaurar com o outro uma confiança mínima, que implica em “dar a nossa palavra”.
• A arte da conversação deve permitir que cada um fale.
A Dádiva como Fundadora
• É preciso conceber a dádiva como fundadora do sistema social como tal.
• A dádiva constitui o sistema das relações propriamente sociais na medida em que estas são irredutíveis às relações de interesse econômico e poder.
• A comunidade, a sociedade e suas redes sociais são uma mistura de egoísmo e altruísmo.
Dádiva x Utilitarismo
• A visão utilitarista dominante leva a crer que só existem dois sistemas de ação social: o do mercado (interesses individuais) e o político (poder).
• No entanto, Mercado e Estado representam os locais da socialidade secundária, institucionalizada.
• Mas, antes de poder ocupar funções econômicas, políticas ou administrativas, os seres humanos devem ter sido construídos como pessoas.
• Essa constituição de indivíduos biológicos como seres sociais se opera no registro da socialidade primária; aquele em que na família, nas relações de vizinhança, de camaradagem, de amizade, se travam, justamente, relações de pessoa a pessoa.
• O sistema da dádiva não é antes de tudo um sistema econômico, mas o sistema social das relações de pessoa a pessoa.
Razões para a ocultação da Dádiva
• Porque os sociólogos e economistas só raciocinam em termos de interesse e de poder, mas jamais em termos de dádiva?
• Porque há a falsa idéia de que o as modernas relações econômicas (Mercado) e de poder (Estado), tornaram o sistema da dádiva (visto como primitivo) superado pelo modernismo e, portanto, dispensável ou, até mesmo, inconcebível.
• Porque o sistema utilitarista é visto como a única antítese às ideologias que pretendem reconstituí-la por imposição na forma de uma sociedade primária fantasiosa e totalitária.
• No entanto, ao tentar simplesmente negá-la e erradicá-la, corre-se o risco de produzir uma sociedade radicalmente dessocializada e democracias destituídas de sentido que tendem ao despotismo.
• Qualifiquemos de dádiva qualquer prestação de bem ou de serviço, sem garantia de retorno, com vistas a criar, alimentar ou recriar os vínculos sociais entre as pessoas.
• A dádiva, assim caracterizada, é a forma de circulação de bens a serviço dos vínculos sociais, constituindo-se, assim, em um elemento essencial a toda sociedade.
• A idéia central que inspira esse livro nada mais é do que a hipótese segundo a qual o desejo de dar é tão importante para compreender a humanidade quanto o de receber.
Os bens a serviço dos vínculos
O Ciclo da Dádiva
DAR
RECEBER RETRIBUIR
• Se a dádiva é percebida como um ciclo e não como um ato isolado, um ciclo que se analisa em três momentos, dar, receber e retribuir, então vemos claramente onde peca o utilitarismo científico dominante:
• Ele isola abstratamente o único momento do receber e coloca os indivíduos como movidos pela única tentativa (desejo) do recebimento, deixando assim incompreensíveis tanto a dádiva quanto a sua retribuição.
• Existe na sociedade moderna, assim como na antiga ou tradicional, uma forma de circulação que difere intrinsecamente da forma analisada pelos economistas.
Conclusões
A Dádiva é a moeda da Economia Afetiva
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