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CÁLCULO TRABALHISTA
PASSO A PASSO
CASE II
Rua Barão do Serro Azul, 199 – Centro – Curitiba-Paraná – Fone: 41 3323-1717
www.portalciveltrabalhista.com.br
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Sumário
1. COMENTÁRIOS INICIAIS ........................................................................................ 3
2 - CAPA DO PROCESSO .............................................................................................. 4
3. Petição Inicial ............................................................................................................... 5
4. CONTESTAÇÃO ....................................................................................................... 11
5. DOCUMENTOS CONTRATUAIS ........................................................................... 15
6. COMENTÁRIOS ....................................................................................................... 26
7. SENTENÇA ............................................................................................................... 27
8. COMENTÁRIOS ....................................................................................................... 32
9. PRIMEIRO PASSO – RESUMO DA CONDENAÇÃO ........................................... 33
10. SEGUNDO PASSO – PLANILHAS ELETRÔNICAS ........................................... 35
11. CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO ............................................................................... 36
12. MANIFESTAÇÕES FINAIS ................................................................................... 48
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1. COMENTÁRIOS INICIAIS
“Cálculo Trabalhista Passo a Passo”, é mais um instrumento pedagógico idealizado
pela equipe de profissionais da nossa empresa – Portal Cível & Trabalhista - com o
propósito de demonstrar todos os passos necessários para a realização de um cálculo
trabalhista, desde a elaboração do resumo da condenação, parâmetros, análise da
sentença, extração dos dados, seleção e criação das planilhas eletrônicas, finalização e
apresentação da conta.
O objetivo é fortalecer e contribuir para o processo de aprendizagem dos alunos, dando
uma visão real de como elaborar um cálculo de liquidação trabalhista, a partir de um
caso real, adaptado para o curso.
Os processos são analisados em detalhes, passo a passo, desde a petição inicial até a
conclusão dos cálculos, possibilitando ao aluno ter uma visão ampla de todos os
procedimentos adotados para a realização da conta de liquidação.
Os casos são reproduzidos e extraídos de processos trabalhistas reais. Com isso, o aluno
tem a reprodução física dos principais atos processuais necessários para efeito de
quantificação dos valores determinados nos autos. Isso possibilita a visualização do
processo de elaboração de um cálculo trabalhista, fazendo a ponte entre a teoria e a
prática, oportunizando ao aluno observar e participar da aplicação das matérias teóricas
na realização de um cálculo real, ou seja, é a teoria aplicada na prática.
Assista aos vídeos e acompanhe as aulas. Crie as planilhas eletrônicas e tente repetir as
operações realizadas em suas diversas fases. Baixe e imprima o material didático em
PDF, onde você terá todo o processo, dados, decisões, explicações e a solução do caso
com a apresentação dos cálculos.
A ideia do presente material é que você possa ver como é realizado um cálculo
trabalhista em suas diversas fases. Veja e reveja os vídeos para a fixação dos passos.
A Portal Cível & Trabalhista está colocando à disposição outras aulas demonstrando
como realizar um cálculo trabalhista passo a passo, lembrando que, nas demais aulas, as
verbas são distintas, ou seja, são casos diferentes, com verbas diferentes e diferentes
períodos de cálculo.
O presente caso envolve as seguintes parcelas: Equiparação Salarial e Reflexos –
Adicional de Transferência e Reflexos – Adicional de Periculosidade e Reflexos –
Violação Intervalar e Reflexos – Reversão da Justa Causa – Verbas Rescisórias – Multa
do Art. 477 da CLT – Danos Morais – Multa do FGTS 40% - Liberação das Guias Para
Saque do FGTS e Recebimento do Seguro Desemprego.
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2 - CAPA DO PROCESSO
Abaixo temos a reprodução de uma capa de um processo físico. Nela são encontrados
alguns elementos que devem compor os cálculos, como por exemplo: Número do
Processo - Vara do Trabalho – Data de Distribuição ou Autuação – Nome do
Reclamante – Nome do Reclamado.
No Processo Digital essas informações estão inseridas na primeira página de acesso do
processo no sistema.
Todo cálculo deverá conter essas informações, geralmente estampadas no Resumo
Geral, como veremos na sequência dos nossos trabalhos.
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO No.: 1.000/2011
1ª Vara do Trabalho de XXXXXXXXX
Autor........: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Advogado.: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Réu ..........: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Advogado.: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
A U T U A Ç Ã O
Em 05 de Abril de 2011, na secretaria da 1ª Vara do Trabalho de XXXXXX, autuo a
petição inicial que segue, com --- folhas de documentos.
Eu, ____________________________ , diretor de secretaria assino este termo.
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3. Petição Inicial
A petição inicial traz todos os itens de interesse do reclamante. São as parcelas salariais
que o autor entende como violadas no período contratual e que busca por uma reparação
por meio judicial.
A reclamatória trabalhista tem seu início com a protocolização da petição inicial na
Justiça do Trabalho. A partir deste momento o pedido do autor será distribuído para
uma das Varas do Trabalho da Região correspondente.
A petição inicial impõe os limites da lide, ou seja, o Juiz só poderá decidir sobre as
matérias propostas pelo reclamante na exordial e nos limites propostos em cada item ou
verba.
Na falta de documentos, alguns dados podem ser extraídos da petição inicial: Nome do
Reclamante – Nome do Reclamado – Data de Admissão – Data de Demissão – Última
Remuneração. Vale lembrar que, em algumas oportunidades, os elementos que
compõem a petição inicial são utilizados para a realização dos cálculos de liquidação,
como, por exemplo, em caso de revelia declarada na sentença, ou, quando o Juiz
determina expressamente que sejam utilizadas as informados na exordial pela parte
autora.
EXMO. SR. DR. JUÍZ TITULAR DA __ VARA DO TRABALHO DE XXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXX (Reclamante), brasileiro, casado, RG x.xxx.xxx-x, CPF xxx.xxx.xxx-
xx, residente e domiciliado à rua (endereço) ..., cidade/estado, vem, por seu advogado
qualificado nos autos, à presença de Vossa Excelência, para propor RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA contra XXXXXXXXX (Reclamado), pessoa jurídica de direito
privado, estabelecido à rua (endereço) ..., cidade/estado, na pessoa do seu representante
legal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
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1. DO CONTRATO
O autor iniciou suas atividades na empresa no dia 02 de maio de 2009 para exercer a
função de supervisor, tendo como última remuneração a importância na ordem de R$
2.800,00 (dois mil e oitocentos reais). Foi demitido no dia 31 de outubro de 2010, por
justa causa.
2. DA JUSTA CAUSA
A empresa dispensou o reclamante por justa causa, injustamente, sob a alegação de que
o autor teria desviado mercadorias do estoque da empresa. Isso jamais aconteceu e tal
alegação caiu por terra quando foi registrado um boletim de ocorrência do próprio
reclamante na delegacia de furtos e roubos da localidade onde estava situada a sede da
empresa. A investigação policial concluiu que a mercadoria não foi desviada mas
roubada da empresa por terceiros, não funcionários da empresa, que foram presos pelos
policiais a pouco mais de 20 dias e que confessaram o desvio.
Deste modo, requer-se a reversão da justa causa, devendo o réu ser condenado ao
pagamento de todas as parcelas rescisórias: aviso prévio, 13º salário 2010 (10/12 avos),
féria vencidas e proporcionais (06/12 avos), terço de férias, liberação das guias para
retirada do FGTS, multa do FGTS 40% sobre o total dos depósitos fundiários, liberação
das guias para o recebimento do seguro desemprego sob pena de indenização, multa do
art. 467 da CLT e multa do art. 477 da CLT no valor de uma remuneração.
3. DANO MORAL
Em razão do exposto no item anterior, justa causa por motivo injusto, houve evidente
constrangimento do autor perante seus colegas de trabalho, visto que o caso foi
amplamente divulgado na empresa, causando danos à moral do autor.
Houve discriminação geram em função do ocorrido, uma total falta de respeito dos
superiores imediatos do reclamante. A empresa não procurou em momento algum
verificar se as informações eram verídicas, uma vez que tomou uma decisão de demitir
o reclamante sem lhe dar qualquer chance de defesa.
O reclamante tomou a iniciativa de fazer um boletim de ocorrência junta à delegacia de
furtos e roubos da região, que, através de uma ação rápida de seus agentes, chegou
rapidamente aos verdadeiros autores do furto, que envolvia até mesmo um dos diretores
da empresa reclamada.
Por esses motivos, requer-se o pagamento de danos morais na ordem de 100 vezes a
última remuneração recebida pelo autor no período contratual.
4. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
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O reclamante foi contratado para trabalhar na cidade de Curitiba, onde permaneceu até o
mês de agosto de 2009. No mês de setembro de 2009, foi transferido para a cidade de
Londrina no Paraná, onde permaneceu até o final do contrato de trabalho.
O reclamado jamais pagou qualquer adicional de razão da transferência ou ajuda com
despesas em razão da mudança de domicilio do autor, de Curitiba para Londrina, tendo
o reclamante que arcar com todas as despesas decorrentes da mudança.
Isto posto, requer-se a condenação do reclamado ao pagamento do adicional de
transferência na ordem de 25% sobre o total da remuneração mensal recebida pelo
reclamante, com reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias vencidas, férias
proporcionais, terço de férias e FGTS 11,2%.
5. EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Na cidade de Londrina, Paraná, o reclamante passou a exercer as mesmas funções do Sr.
Carlos ..., com a mesma qualidade e perfeição técnica. Os serviços eram realizados em
conjunto com o Sr. Carlos, bem como as visitas aos clientes da empresa e execução dos
trabalhos. Tal fato pode ser comprovado através das fichas técnicas dos serviços
realizados junto aos clientes, visto que as referidas fichas eram preenchidas e assinadas
por ambos os funcionários (reclamante e paradigma).
Constata-se, entretanto, que o salário pago ao paradigma era em média 80% superior ao
salário pago ao reclamante no período de setembro de 2009 a outubro de 2010.
Em razão do exposto, requer-se o pagamento das diferenças salariais, devendo para
tanto a empresa trazer aos autos os recibos de pagamentos do paradigma para posterior
comprovação dos valores efetivamente pagos aos dois (reclamante e paradigma).
As diferenças ora reclamadas geram diferenças reflexas sobre: adicional de
transferência, aviso prévio, 13º salários, férias vencidas, férias proporcionais e FGTS
11,2%.
6. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
Os trabalhos executados eram de grande risco à vida dos funcionários que trabalhavam
na implantação dos maquinários junto aos clientes da empresa, visto que as referidas
máquinas eram montadas diretamente nos locais determinados pelos clientes da
empresa, e eram ligadas sob o risco de alta tensão nas linhas de transmissão de alta-
voltagem. Havia o risco iminente de descargas elétricas quando da instalação e
montagem de todo o material, gerando perigo aos trabalhadores.
Os equipamentos de proteção tinham a função apenas de minimizar os riscos, mas, na
verdade, em face da voltagem elevada, não eram suficientes para zerar os efeitos de uma
descarga elétrica.
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Requer-se, deste modo, o pagamento do adicional de periculosidade na ordem de 30%
sobre o total da remuneração (salário mensal acrescido das diferenças salariais por
equiparação).
Os reflexos, por acessórios do principal, são devidos sobre: aviso prévio, 13º salários,
férias vencidas, férias proporcionais e fgts 11,2%.
7. ADICIONAL DE RISCO
O reclamante exercia função de risco junto aos trabalhos realizados para a empresa. Em
razão disso, e, de acordo com o exposto nas CCT´s da categoria profissional a qual
pertence o reclamante, o mesmo tem direito ao recebimento do adicional de risco na
ordem de 30% sobre os salários recebidos no período contratual.
Requer-se, ainda, os reflexos da referida parcela sobre: aviso prévio, 13º salários, férias
vencidas, férias proporcionais e FGTS 11,2%.
8. MULTA CONVENCIONAL
Em razão das violações cometidas pelos empregados no período contratual como
exposto nos itens anteriores, resultam devidas 05 multa convencionais, de acordo com o
exposto nas convenções coletivas da categoria.
Acolha-se.
9. INTERVALO INTRAJORNADA E REFLEXOS
No período contratual o reclamante gozou apenas de 30 minutos diários de intervalo
para descanso e refeição. A violação ocorreu de segunda a sábado, em todo o período
contratual.
As jornadas estão estampadas nos cartões pontos colacionados aos autos e confirmam a
violação intervalar ora reclamada.
A empresa firmou junto ao sindicato da categoria um acordo para a redução do intervalo
intrajornada, entretanto, esse acordo jamais foi homologado, visto que viola diretamente
o entendimento esposado n o artigo 71 da CLT, que determina como intervalo mínimo
01 (uma) hora para descanso e refeição.
Requer-se, desta forma, o pagamento de 01 hora extra diária, de acordo com o
entendimento esposado pelo TST, com reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias
vencidas, férias proporcionais e FGTS 11,2%. Divisor 220. Base de Cálculo = salário +
diferenças salariais + adicional de transferência + adicional de periculosidade +
adicional de risco.
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10. DIANTE DO EXPOSTO REQUER-SE
a. Reversão da Justa Causa, como pagamento das seguintes parcelas: aviso prévio,
13º salário proporcional, férias vencidas, férias proporcionais, terço de férias,
liberação do FGTS depositado (guias para a retirada), seguro desemprego (guias
para recebimento) ou indenização alternativa, multa do artigo 467 da CLT,
multa do artigo 477 da CLT e multa de 40% sobre o FGTS depositado.
b. Dano moral em face da justa causa e danos decorrentes da demissão injusta sofre
pelo reclamante quando do desligamento da empresa.
c. Adicional de transferência na ordem de 25% sobre o total da remuneração, a
partir de setembro de 2009, quando o reclamante foi transferido para a cidade de
Londrina no Paraná, com reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias
vencidas, férias proporcionais, terço de férias e FGTS 11,2%;
d. Equiparação salarial com o paradigma Sr. Carlos..., a partir do mês de setembro
de 2009, com reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias vencidas, férias
proporcionais, terço de férias e FGTS 11,2%.
e. Adicional de periculosidade na ordem de 30% sobre o total da remuneração,
com reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias vencidas, férias
proporcionais, terço de férias e FGTS 11,2%.
f. Adicional de risco na ordem de 30% sobre o total da remuneração, com reflexos
sobre: aviso prévio, 13º salários, férias vencidas, férias proporcionais, terço de
férias e FGTS 11,2%.
g. Multa convencional – 05 multas em razão das violações ventiladas nos itens
anteriores.
h. Violação do art. 71 da CLT, em função do intervalo efetivamente praticado no
período contratual, com reflexos sobre dsr´s, e com estes sobre: aviso prévio, 13º
salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.
2. REQUERIMENTOS FINAIS
Requer seja a reclamada notificada na pessoa do seu procurador legal, para que, no
prazo legal, querendo, conteste a presente reclamatória, sob pena de confissão e revelia.
Requer a produção de todas as provas admitidas em direito, tais como, pericial,
documental, testemunhal e o depoimento pessoal do representante legal da Ré, sob pena
de confissão.
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Requer-se, finalmente, seja a presente reclamatória julgada procedente, condenando a
reclamada no pagamento dos pedidos, acrescidos de juros e correção monetária, custas
processuais e honorários profissionais na ordem de 20% sobre o total da condenação.
Dá-se à presente causa, para efeitos fiscais e de alçada, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais).
Nestes termos
Pede deferimento.
XXXXXXXX, 31 de março de 2011.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
OAB – PR XXXXXXXX
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4. CONTESTAÇÃO
Contestação é a peça processual através da qual a empresa reclamada poderá se
manifestar contra os pedidos formulados pelo reclamante na petição inicial. É o
exercício do direito dos princípios do Contraditório e da Ampla, garantido pela
Constituição Federal (art. 5º, inc. LV).
Na falta de documentos ou elementos nos autos, da contestação podem ser extraídos:
Nome do Reclamante – Nome do Reclamado – Número do Processo – Vara do
Trabalho – Período Contratual (admissão e demissão) – Última Remuneração.
EXMO. SR. DR. JUÍZ TITULAR DA 1ª VARA DO TRABALHO DE XXXXXXX
Autos RT 1000/2011
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX (reclamado), pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPL/MF xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com sede na rua xxxxxxxxxxx, cidade
xxxxx, estado xxxxx, neste ato representado por seu procurador, vem respeitosamente
perante Vossa Excelência para apresentar CONTESTAÇÃO em resposta a
reclamatória que lhe move XXXXXXXXXXXXXXX (Reclamante), anteriormente
qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões a seguir aduzidas:
MÉRITO
1. DO CONTRATO DE TRABALHO
O reclamante ingressou na empresa no dia 05 de maio de 2009, na função de supervisor.
Sua última remuneração foi de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais). Foi demitido
em 31 de outubro de 2010, por justa causa.
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2. DA JUSTA CAUSA - REVERSÃO
Não é verdadeira a história contada pelo reclamante na petição inicial, visto que, o
verdadeiro pelo qual o mesmo foi demitido foi outro e não aquele informado pelo autor.
Ocorre que na semana que ocorreu a demissão do reclamante, o mesmo se insurgiu
várias vezes contra as ordens que foram dadas por seu superior imediato. Em razão da
insubordinação é que ocorreu a demissão e não em face do furto ocorrido nas
dependências da empresa.
Isto posto, requer-se a rejeição da matéria.
3. DANO MORAL
Em razão do exposto no item anterior, não há como prosperar o pedido de dano moral,
visto que as razões da despedida foi outro daquele informado pelo reclamante na petição
inicial.
Embora o furto tivesse realmente ocorrido, e, o nome do reclamante tivesse sido
ventilado por alguns funcionários, jamais a empresa acusou formalmente o reclamante
de estar envolvido diretamente no caso.
Requer-se, deste modo, que a matéria seja totalmente indeferida.
4. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
O reclamante pediu que fosse transferido para a cidade de Londrina no Paraná, ou seja,
a transferência teve um caráter definitivo e por iniciativa do próprio reclamante.
Deste modo, não há que se falar em pagamento de adicional de transferência, visto que
a mesma atendeu os interesses do próprio reclamante.
Pela rejeição da matéria.
5. EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Embora o reclamante trabalhasse com o paradigma Sr. Carlos..., não há que se falar em
equiparação salarial, visto que o Sr. Carlos... tinha experiência profissional bem superior
a do reclamante.
Não há como comparar as funções exercidas, não havia identidade de funções ou
equiparação na qualificação técnica para o exercício dos trabalhos realizados por ambos
os funcionários.
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Sempre a supervisão bem como a responsabilidade técnica pelos trabalhos realizados foi
do Sr. Carlos..., não tendo o reclamante assinado em momento algum como reponsável
técnico pela montagem e entrega de equipamentos.
Isto posto, não há como prosperar o pedido formulado pelo reclamante neste sentido.
Pela rejeição da matéria.
6. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
A empresa sempre primou pela segurança de seus funcionários, e, para a execução dos
serviços e montagem das máquinas, sempre forneceu todos os equipamentos de
segurança exigidos por lei.
Em 10 anos de funcionamento, jamais a empresa teve qualquer tipo de acidente que
representasse risco à vida dos seus funcionários.
As máquinas eram montadas com total segurança, sempre com a linha de tensão com
chave disjuntora apropriada para desligar quando houvesse qualquer risco de alta tensão
nos equipamentos, com isolamento apropriado, de forma que jamais a rede de alta
tensão pudesse descarregar sua carga máxima sobre os operadores e montadores
técnicos do equipamento.
Em razão do exposto, não merece ser acolhido o pedido autoral.
7. ADICIONAL DE RISCO
A atividade exercida pelo reclamante não se enquadra no recebimento do adicional de
risco previsto nas CCT´s da categoria profissional do autor.
O adicional de risco refere-se ao transporte de valores, atividade não exercida pelo
reclamante.
Pelo indeferimento da matéria.
8. MULTA CONVENCIONAL
As multa convencionais requeridas pelo reclamante na prefacial não são devidas. As
CCT´s não preveem multas para os itens reclamados pelo autor.
Rejeite-se.
9. INTERVALO INTRAJORNADA E REFLEXOS
A empresa firmou um acordo sindical de redução do intervalo intrajornada par 30
minutos e ainda aguarda a homologação do acordo.
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Todavia, houve a implantação do referido intervalo, com autorização expressa do
sindicato da categoria.
Em razão do exposto, impugna-se a pretensão do autor, neste sentido.
REQUERIMENTO
Nessas condições, requer seja julgado improcedente a reclamatória proposta pela
reclamante, com exceção às verbas rescisórias e fgts, verbas reconhecidas pela
reclamada como devidas.
Requer, por derradeiro, provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, especialmente oitiva de testemunhas, juntadas de novos documentos,
depoimento pessoal do reclamante sob pena de confissão quanto à matéria de fato.
Nestes termos
Pede deferimento.
Cidade ..., 28 de Agosto de 2011.
Advogado ...
15
5. DOCUMENTOS CONTRATUAIS
Os documentos do contrato de trabalho são juntados em quase todos os processos
trabalhistas. Os valores e dados contratuais devem ser extraídos dos referidos
documentos para a realização dos cálculos ou perícias, desde que os referidos
documentos não tenham sido invalidados pelo Juiz na sentença.
Quando são juntados todos os documentos do contrato, vários elementos são extraídos
dos respectivos documentos, como por exemplo: período contratual (admissão e
demissão); salários, comissões, gratificações, valores pagos a diversos títulos, verbas
rescisórias, período de férias, 13ºs salários, FGTS, entre outros.
No presente caso foram juntados os recibos de pagamentos do reclamante e do
paradigma (Sr. Carlos), isso em razão da equiparação salarial requerida pelo reclamante
na petição inicial.
** RECIBOS DE PAGAMENTOS DO RECLAMANTE **
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6. COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS SOBRE A FASE PROCESSUAL
Esta fase é chamada de fase de instrução, onde o reclamante apresentou seu pedido e o
réu apresentou sua contestação/defesa.
Nesta fase são apresentadas as provas, documentos, recibos de pagamentos, recibos de
férias, recibos de 13º salários, rescisão contratual, comprovação de depósitos fundiários,
demonstrativos de diferenças salariais, horas extras e outras diferenças que se façam
necessárias.
Reunidos todos os elementos, dados e fatos, o caso será analisado pelo Juiz para a
prolação da sentença.
Encerra-se a fase de instrução e após a prolação da sentença.
Todos os documentos necessários para a elaboração dos cálculos de liquidação devem
estar juntados nesta fase do processo, ou seja, é a fase apropriada para a juntada de
documentos ou provas documentais. Os valores e informações contidas nos documentos
juntados servirão de base de cálculo das parcelas deferidas na sentença.
Na sentença o Juiz analisará cada item do pedido realizado pelo reclamante na exordial
e deferirá ou indeferirá a pretensão do reclamante. Os cálculos devem seguir os estritos
termos contidos no título executivo consignado na sentença, lembrando, ainda, que a
sentença poderá ser reformada por decisões posteriores proferidas pelo TRT ou TST.
Vejamos a seguir como o Juiz definiu o presente caso.
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7. SENTENÇA
A sentença proferida pelo Juiz de primeiro grau é quem dá os primeiros contornos da
liquidação trabalhista.
No presente caso ocorreu o “trânsito em julgado da decisão”, ou seja, as partes não se
insurgiram contra a decisão imposta pelo Juiz de primeiro grau, e, neste caso, a decisão
se tornou definitiva, cabendo apenas a sua liquidação ou transformação dos itens
deferidos em valores líquidos.
Para efeito de cálculo de liquidação, a sentença deve ser analisada, item a item ou verba
a verba. As verbas indeferidas, de plano devem ser descartadas, ou seja, não devem ser
consideradas nos cálculos.
Já as verbas deferidas são aquelas que devem ser liquidadas ou transformadas em
valores. Cada verba deve ser analisada, com atenção especial aos parâmetros definidos
pelo Juiz para a realização dos cálculos de liquidação. É o momento onde a
interpretação da sentença bem como o raciocínio lógico, entram em ação.
P O D E R J U D I C I Á R I O JUSTIÇA DO TRABALHO
1a VARA DO TRABALHO DE XXXXXX/XX.
PROCESSO No. RT 1.000/2011
Termo de Audiência
Aos 10 dias do mês de dezembro de 2011, às 13h30min, na sala de audiência desta vara do trabalho, sob a presidência do Exmo. Sr. Juiz do Trabalho Dr. XXXXXXXXX, foram apregoados os litigantes: XXXXXXXXXXXXXX, reclamante e XXXXXXXXXXXXXX, reclamada.
S E N T E N Ç A
Vistos e examinados os autos, decide-se:
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1. JUSTA CAUSA - REVERSÃO
A prova testemunhal colhida nos autos deixou claro que houve evidente
constrangimento do autor em razão do furto ocorrido nas dependências da empresa. As
testemunhas ouvidas declararam que houve acusação direta ao reclamante, todavia de
forma velada, e, que a demissão teve sim a motivação em face do ocorrido e não em
função das desavenças pessoais com o superior imediato.
Deste modo, defiro a reversão da justa causa requerida pelo reclamante na exordial.
Defiro, ainda, em função da reversão da justa causa as seguintes parcelas salariais:
- aviso prévio, 13º salário (10/12 avos), férias vencidas, férias proporcionais, terço de
férias e FGTS 11,2%.
- multa do artigo 477 da CLT;
- multa de 40% do FGTS sobre o total dos depósitos fundiários;
- liberação das guias para saque o FGTS depositado;
- liberação das guias para recebimento do seguro desemprego.
Indefiro a multa do art. 467 da CLT, visto que todas as parcelas ora deferidas são
controversas.
2. DANO MORAL
O reclamante comprovou através de prova testemunhal que houve evidente
constrangimento na demissão em face da justa causa aplicada pela empresa.
Em razão do exposto, e, em função das provas colhidas nos autos, o dano sofrido pelo
reclamante deve ser reparado.
Defiro o dano moral a ser indenizado na ordem de 10 salários do autor, composto por
todas as parcelas de caráter salarial (salário base + diferenças salariais).
3. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
Os documentos colacionados aos autos bem como a prova testemunhal confirmam o que
o reclamante relatou na petição inicial.
Efetivamente o reclamante foi transferido de Curitiba para a cidade de Londrina no
Paraná, não por pedido do autor, mas porque havia uma necessidade de mão de obra
especializada no local, função que foi perfeitamente preenchida pelo reclamante na
ocasião.
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Os documentos colacionados aos autos (recibos de pagamentos) comprovam que o
adicional de transferência não foi pago ao reclamante no período a partir de setembro de
2009.
Isto posto, defere-se em favor do reclamante o adicional de transferência na ordem de
25% sobre o salário base acrescido das diferenças salariais por equiparação.
Os reflexos requeridos também são devidos: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de
férias e FGTS 11,2%.
4. EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Os documentos comprovam que o reclamante assinou diversos documentos como
responsável técnico pelos serviços executados para os clientes da empresa.
Ficou comprovado a identidade de funções e a qualificação técnica entre os dois
funcionários, o que garante ao reclamante a equiparação salarial pretendida, assim como
os reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.
As diferenças devem ser apuradas através dos recibos de pagamentos juntados aos autos
(reclamante e paradigma).
Defiro.
5. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
O fornecimento de equipamentos de proteção, por si só, não são capazes de eliminar o
risco do trabalho desenvolvido, conforme ficou plenamente explanado nos autos e
provas juntadas aos autos.
Os produtos bem como a montagem dos maquinários sempre trouxeram riscos aos
funcionários responsáveis pelo setor, sendo evidenciado o risco permanente aos
funcionários, entre eles o reclamante, que trabalhava de forma constante na montagem e
manuseio dos materiais.
Deste modo, o risco à vida era iminente, e, portanto, defiro o adicional de
periculosidade na ordem de 30%.
Base de cálculo: salário base + diferenças salariais.
Reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias vencidas, férias proporcionais, terço de
férias e FGTS 11,2%.
Defiro conforme requerido.
30
6. ADICIONAL DE RISCO
O adicional de risco não é devido para a função exercida pelo reclamante, de acordo
com o contido nas clausulas convencionais juntadas aos autos.
Mesmo que fosse, o adicional de risco conflitaria diretamente com o adicional de
periculosidade.
Indefiro o pedido bem como os reflexos pretendidos pelo autor na exordial.
7. MULTA CONVENCIONAL
Conforme informado na contestação do réu, a multa não se aplica para as verbas ora
deferidas ao reclamante.
Rejeito a pretensão autoral, neste sentido.
8. INTERVALO INTRAJORNADA
O acordo de redução de intervalo intrajornada firmado entre o empregador e o sindicato
autor não foi homologado, visto que fere os ditames da lei que fixa o intervalo mínimo
de 01 hora para descanso e refeição.
Os controles de jornada bem como a defesa do réu afirmam categoricamente que o
intervalo praticado era de 30 minutos diários de segunda a sábado, configurando a
violação requerida pela parte autora na prefacial.
Portanto, defiro a violação intervalar na ordem de 01 hora diária, de segunda a sábado,
nos temos do entendimento do TST, a ser paga como extras, com reflexos sobre rsr´s, e
com estes sobre: aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%. Divisor
= 220. Base de cálculo = salário base + diferenças salariais + adicional de transferência
+ adicional de periculosidade.
9. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA:
Juros de mora na forma da Lei.
Correção monetária pelos fatores de atualização da tabela fornecida pela Assessoria
Econômica do TRT XX região.
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CONCLUSÃO
Ante o exposto, decidiu a XX Vara do Trabalho de XXXXX, ACOLHER
PARCIALMENTE os pedidos formulados por XXXXXXXXXXXX, reclamante, e,
desta forma, condenar, XXXXXXXXXXXXXXXX, reclamada, a pagar, no prazo legal,
conforme fundamentação que passa a fazer parte integrante deste dispositivo, bem como
todas as diretrizes nela traçadas, para todos os efeitos legais, as verbas e determinações
deferidas:
1. Reversão da justa causa e verbas definidas na fundamentação;
2. Dano moral;
3. Adicional de transferência e reflexos;
4. Equiparação salarial e reflexos;
5. Adicional de periculosidade e reflexos;
6. Violação intervalar e reflexos
7. Juros de mora e correção monetária;
Liquidação por cálculos.
Custas pela reclamada no importe de R$ 500,00, calculadas sobre o valor
provisoriamente arbitrado à condenação de R$ 25.000,00, sujeitas à complementação.
INTIMEM-SE AS PARTES.
Cumpra-se no prazo legal.
Nada mais.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Juiz Presidente
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8. COMENTÁRIOS
Neste caso as partes não contestaram a sentença através de Recurso Ordinário, o que
ocasionou a trânsito em julgado da decisão.
** Trânsito em Julgado da Decisão: não cabe mais nenhum tipo de recurso com
relação ao que foi decidido na sentença. A partir do trânsito em julgado só resta a
liquidação da sentença através da quantificação dos valores devidos ao reclamante nos
autos.
A partir do trânsito em julgado o Juiz determina que o caso seja encaminhado para a
realização dos cálculos de liquidação.
Aqui começa nosso trabalho.
O primeiro passo é a realização do “Resumo da Condenação”, onde iremos colher as
informações e alguns dados essenciais para a confecção dos cálculos. No resumo da
condenação iremos delimitar o período de cálculo e fazer um breve resumo de cada
parcela deferida nos autos, com os parâmetros definidos para efeito de cálculo da verba.
Em seguida iremos selecionar as planilhas de cálculo, efetuar a delimitação do período,
extrair dos documentos juntados os valores que servirão como base de cálculo das
diversas parcelas deferidas na sentença, efetuar o cálculo das parcelas e o abater os
valores pagos a idênticos títulos.
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O “Resumo da Condenação” serve para facilitar o trabalho do Perito, onde se faz um
apanhado geral de todas as informações essenciais para a realização dos trabalhos.
O “Resumo da Condenação” pode ser juntado aos cálculos, demonstrando a clareza das
informações extraídas do processo trabalhista.
Na primeira parte do “Resumo da Condenação”, são extraídos os dados do processo:
número dos autos – vara do trabalho – nome do reclamante – nome da reclamada –
admissão – demissão – distribuição – prescrição (se houver).
Com base na admissão, demissão e distribuição, o período de cálculo é delimitado, isto
significa dizer que os cálculos estão limitados ao período compreendido entre estas três
datas.
** Importante: Se o período contratual for MAIOR do que 05 (cinco) anos, certamente
haverá a limitação dos cálculos em até 05 (cinco) anos anteriores à data da
DISTRIBUIÇÃO. A regra é a seguinte: distribuição (-) cinco anos; se a data da
admissão for anterior ao resultado obtido, as verbas devidas no período anterior estarão
prescristas, ou seja, não devem ser calculadas. Neste caso, o período de cálculo estará
compreendido entre os cinco anos anteriores à data da distribuição e a data da demissão.
Vale ressaltar que a prescrição deverá estar declarada na sentença. Para os contratos
cuja admissão seja posterior ao resultado, o período de cálculo estará compreendido
entre a data da admissão e a demissão.
Após o preenchimento dos dados iniciais, passa-se à análise das decisões contidas nos
autos.
A melhor técnica é relacionar as verbas deferidas, uma a uma. Fazer um breve relado
para cada verba deferida pelo Juiz, com a definição dos parâmetros delineados no
comando sentencial. Raciocínio Lógico e Interpretação de Sentença são dois pontos
importantes no momento da definição das parcelas deferidas.
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10. SEGUNDO PASSO – PLANILHAS ELETRÔNICAS
Após a realização do resumo da condenação, o passo seguinte é a preparação das
planilhas de cálculos, visto que todos os elementos e parâmetros já estão delineados.
Para efeito de demonstração e cálculo, vamos utilizar um conjunto de planilhas
vinculadas, elaboradas por nossa equipe de profissionais.
Vamos iniciar com o preenchimento dos dados do processo: reclamante, reclamado,
admissão, demissão, distribuição e prescrição quinquenal. Depois faremos a seleção das
planilhas que correspondem às verbas deferidas nos autos. Em seguida faremos a
delimitação do período a ser calculado, e, por último, faremos o preenchimento dos
campos, com os valores extraídos dos documentos, para efeito de quantificação do
quantum devido.
A primeira planilha a ser preenchida é a chamada “Planilha de Evolução Salarial”, cujos
valores extraídos dos documentos juntados aos autos alimentarão o período a servir
como base de cálculo das demais verbas.
Após, serão efetuados os cálculos seguindo uma sequência lógica, ou seja, para este
caso: equiparação salarial – adicional de transferência – adicional de periculosidade –
violação intervalar – verbas rescisórias – multa do art. 477 da CLT – multa de 40% do
FGTS – FGTS 11,2% sobre verbas deferidas – danos morais.
36
11. CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO
A apresentação dos cálculos deverá conter, preferencialmente, um “Resumo Geral”
como primeira tela ou planilha. Isso dá um efeito didático muito bem aceitável pelos
profissionais que atuam na esfera trabalhista. O “Resumo Geral” deve apontar todo um
conjunto de informações, verbas e valores que definam a liquidação trabalhista de forma
clara e objetiva. O Resumo abaixo é um ótimo exemplo a ser seguido.
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O quadro abaixo é o de “Composição Salarial”, onde devem ser digitados os valores
extraídos dos recibos de pagamentos e documentos colacionados aos autos, como, por
exemplo, neste caso: salários, diferenças salariais, adicional de transferência, adicional
de periculosidade, INSS e IRRF recolhidos no período contratual, entre outros. Sua
composição serve de base de cálculo das verbas deferidas nos autos. Uma vez
preenchidos os campos, basta fazer o vínculo com as planilhas principais para a
realização do cálculo das verbas principais e reflexos. O quadro de evolução salarial
facilita muito a realização do cálculo das parcelas deferidas nos autos.
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Esta é uma planilha de cálculo de diferenças salariais em razão da equiparação salarial
com o Paradigma Sr. Carlos. No presente caso, a sentença deferiu em favor do
reclamante a equiparação salarial a partir do mês de setembro de 2009. A base de
cálculo é composta pelo salário mensal pago ao paradigma (Sr. Carlos), cujos recibos de
pagamentos estão juntados nos autos e reproduzidos em nosso material. Esse é um caso
de diferenças devidas, ou seja, na planilha abaixo adotou-se como salários devidos os
salários pagos ao paradigma, com o abatimento dos salários pagos ao reclamante,
remanescendo diferenças salariais em favor do reclamante.
Na sequência são calculados os reflexos, seguindo as determinações da sentença. Neste
caso, reflexos das diferenças salariais sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço
constitucional e FGTS 11,2%.
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O adicional de transferência foi deferido pelo Juiz na ordem de 25%. A base de cálculo
é o salário pago ao reclamante acrescido das diferenças salariais. O adicional de
transferência é devido a partir do mês de setembro de 2009, data em que o reclamante
foi transferido para a cidade de Londrina no Paraná e se estende até o final do contrato
em 31 de outubro de 2010.
Na sequência são calculados os reflexos, seguindo as determinações da sentença. Neste
caso, sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.
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O adicional de periculosidade foi deferido pelo Juiz na ordem de 30%. A base de
cálculo é o salário pago ao reclamante acrescido das diferenças salariais. O adicional de
periculosidade é devido em todo o período contratual, visto que, o risco à vida
ocasionado pelos produtos comercializados pela empresa, bem como, na montagem dos
maquinários, sempre estiveram presentes no local de trabalho onde o reclamante atuava.
O quadro abaixo traz como base de cálculo o salário do reclamante já com as diferenças
salariais em face da equiparação com o paradigma. Sobre a base é aplicado o adicional
de lei (30%).
Na sequência são calculados os reflexos, seguindo as determinações da sentença. Neste
caso, sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.
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No quadro abaixo foi realizado o cálculo da violação intervalar (art. 71 da CLT –
Intervalo Mínimo entre jornadas). A base de cálculo da parcela foi definida na sentença,
ou seja, salário mensal + diferenças salariais + adicional de transferência + adicional de
periculosidade. Divisor = 220 e Adicional de 50%. O Juiz determinou o pagamento de
01 hora extra diária, de segunda a sexta-feira, em todo o período contratual.
Em seguida ao cálculo principal da parcela temos o cálculo dos reflexos sobre: dsr´s, e
com estes sobre: aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.
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O reclamante foi demitido por justa causa, conforme declarado nos autos tanto pelo
reclamante na petição inicial quanto pelo réu na contestação. O reclamante requereu na
exordial a reversão da justa causa. Em razão da justa causa, o réu deixou de pagar as
verbas rescisórias (aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e multa do FGTS).
O reclamante conseguiu comprovar nos autos que não teve culpa nos acontecimentos
ocorridos na empresa. O juiz determinou a reversão da justa causa, deferindo em favor
do reclamante todas as verbas rescisórias bem como a multa do art. 477 da CLT.
O cálculo foi realizado com base no salário pago ao reclamante no período contratual. A
pergunta que poderia ser realizada quanto à base de cálculo das rescisórias é: - E as
diferenças salariais não devem compor o cálculo das parcelas rescisórias? A resposta é
não. Ocorre que para as diferenças salariais foram deferidos os reflexos sobre as verbas
rescisórias (aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%). Na verdade
o cálculo já foi realizado na planilha “1”, e, se integrássemos as diferenças nesta
planilha, estaríamos efetuando o cálculo em duplicidade quanto aos reflexos das
diferenças salariais sobre as parcelas rescisórias. Esse é um erro muito comum na esfera
trabalhista.
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No quadro abaixo foi realizado o cálculo do FGTS 11,2%. A sentença determinou que
as parcelas deferidas refletissem sobre o FGTS 11,2%. Na base de cálculo está a soma
mensal de todas as parcelas. Sobre a soma dos valores mensais foi aplicado o adicional
de 11,2%, conforme definido no comando sentencial. Sobre férias indenizadas não cabe
o cálculo da parcela fundiária.
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Em razão da reversão da justa causa, o Juiz determinou o pagamento da multa do FGTS
na ordem de 40% sobre os depósitos fundiários. Geralmente são juntados os extratos da
CEF demonstrando os valores depositados e sobre o montante informado aplica-se a
multa de 40%. Em alguns casos os extratos não são juntados aos autos, e, neste, pode-se
efetuar o cálculo mensal do FGTS com base nos salários pagos e ao final aplica-se a
multa, como no presente caso. Sempre haverá uma pequena distorção, mas nada
substancial. Vale dizer que este é um cálculo alternativo.
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Em razão do pagamento fora de tempo das parcelas rescisórias, o Juiz fixou a multa
prevista no parágrafo 8º do art. 477 da CLT, à razão de um salário base do reclamante,
neste caso, salário já equiparado.
O Juiz fixou o valor do dano moral em 10 salários do reclamante, ou seja, salário
mensal + diferenças salariais.
O quadro abaixo expressa claramente o que restou determinado nos autos.
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Após a realização de todos os valores deferidos nos autos, aplica-se sobre os mesmos as
contribuições fiscais e previdenciárias, como apontam os quadros na sequência.
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12. MANIFESTAÇÕES FINAIS
A “Formação Profissional” passa por um conjunto de atividades que visam a aquisição
teórica e/ou prática de conhecimentos, habilidades e atitudes exigidos para o exercício
das funções próprias de uma profissão.
De acordo com a OIT através da recomendação n. º 150: “Formação Profissional visa
identificar e desenvolver aptidões humanas, tendo em vista uma vida ativa produtiva e
satisfatória e, em ligação com diversas formas de educação, melhorar as faculdades dos
indivíduos compreenderem as condições de trabalho e o meio social e de influenciarem
estes, individual ou coletivamente.”
A Lei de Bases do Sistema educativo (Lei n.º 46/86, de 14 de outubro) considera a
Formação Profissional como uma modalidade especial da educação escolar. De acordo
com este diploma legal, a formação profissional, para além de complementar a
preparação para a vida ativa iniciada no ensino básico, visa uma integração dinâmica no
mundo do trabalho pela aquisição de conhecimentos e de competências profissionais,
por forma a responder às necessidades nacionais de desenvolvimento e à evolução
tecnológica.
A CIME (2001) define a Formação Profissional como: um conjunto de atividades que
visam a aquisição de conhecimentos, capacidades, atitudes e formas de comportamento
exigidos para o exercício das funções próprias duma profissão ou grupo de profissões
em qualquer ramo de atividade económica.
O atual Sistema Nacional de Qualificações, criado pelo DL nº 396/2007, art. 3: a
formação profissional tem como objetivo dotar o indivíduo de competências com vista
ao exercício de uma ou mais atividades profissionais.
Como visto, todas as definições falam de conhecimento e capacitação, que só podem ser
adquiridos com suor, dedicação, inspiração, força de vontade e persistência.
Estamos apresentando uma série de estudos voltados à área de perícias das esferas cível
e trabalhista, com o objetivo de contribuir para a sua formação profissional.
Agradecemos a sua participação neste curso. Deixamos, ainda, à sua disposição, uma
gama de outros materiais, que certamente irão sedimentar a sua formação como um
futuro perito assistente ou judicial.
Paulo Cesar Souza Cropolato
Coordenador Geral – Portal Cível e Trabalhista.
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