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8
Beatriz Martins Teixeira
O PROTOCOLO DE KYOTO E A
INDÚSTRIA CERÂMICA VERMELHA
Orientadores:
Celso Sanchez - UCAM
Marina Rodrigues Brochado - CEFET/RJ
Rio de Janeiro
2004
9
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PROTOCOLO DE KYOTO E A
INDÚSTRIA CERÂMICA VERMELHA
OBJETIVO:
Demonstrar como o Protocolo de Kyoto
pode auxiliar a indústria Cerâmica
Vermelha a se adequar às questões
ambientais, a partir de uma
reestruturação produtiva.
10
AGRADECIMENTOS
À professora Marina Rodrigues Brochado que
contribuiu substancialmente para a escolha do
tema, além de estar direcionando os meus passos
nos estudos de pós-graduação strictu senso.
Aos amigos Roberto Basto da Silva e Luiz
Fernando Badejo, do CEFET/RJ, pela gentileza e
amizade.
Aos grandes amigos que fiz nesse curso, Rosa,
Rita, João Guilherme, Luiz Alberto e Fernanda.
11
DEDICATÓRIA
A Deus, para que eu possa de alguma maneira
ajudar no progresso do planeta.
Aos meus pais, Fernando e Vera.
À minha irmã Lívia.
À minha avó, Dina.
Ao meu namorado Marcelo de Jesus Rodrigues
da Nóbrega, por estar ao meu lado em todas as
horas, sempre me incentivando vencer os grandes
obstáculos da vida.
Amo todos vocês.
12
RESUMO
O presente trabalho foi elaborado com o intuito de demonstrar como
as normas podem fomentar as mudanças num determinado setor da
economia, aqui em especial a indústria cerâmica vermelha.
O trabalho foi dividido em três partes. Na primeira etapa é feita uma
análise primitiva dos textos normativos do Protocolo de Kyoto e da
Convenção sobre a Mudança do Clima. Na segunda etapa é estabelecido
um panorama sobre o setor da Indústria da Cerâmica Vermelha, e na última
parte é feito um estudo de caso apresentando como uma reestruturação
produtiva pode ser feita observando os padrões ambientais.
13
METODOLOGIA
O trabalho observou como metodologia, primeiramente para o estudo
do Protocolo de Kyoto, uma análise primária do texto normativo, trazendo à
discussão as principais técnicas utilizadas pelos elaboradores a fim de que
se chegue a um sistema produtivo de qualidade mas com sustentabilidade
para essa e para as futuras gerações.
Posteriormente, deu-se uma apresentação e diagnóstico da indústria
da cerâmica vermelha brasileira, demostrando seu processo produtivo, as
políticas governamentais aplicadas a esse setor, sua infra-estrutura e as
possíveis inovações tecnológicas que podem ser aplicadas para se alcançar
uma eficiência energética, produtiva e ambiental, baseando-se sempre em
trabalhos científicos do Brasil e da Alemanha.
Finalmente, através de um estudo de caso comparando uma indústria
cerâmica vermelha brasileira, particularmente do estado do Rio de Janeiro,
com uma indústria alemã, analisou-se as possibilidades de se implantar as
inovações tecnológicas que a Alemanha implantou, fomentadas pelas
questões energéticas e ambientais.
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O PROTOCOLO DE KYOTO 9
CAPÍTULO II - A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA NO BRASIL 16
CAPÍTULO III - ESTUDO DE CASO 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS 46
BIBLIOGRAFIA 48
ÍNDICE 53
15
INTRODUÇÃO
O trabalho busca fazer uma análise do Protocolo de Kyoto,
trabalhando-o , a nível regional, com a indústria da cerâmica vermelha,
demonstrando como as metas estabelecidas podem ser cumpridas a partir
de uma pequena modificação no processo produtivo e no produto final.
O Protocolo é o resultado das negociações da Convenção-Quadro
para a Mudança do Clima entre as nações partes. É de notório
conhecimento público que o clima mundial está sofrendo uma mudança, que
está acelerada pela emissão de gases geradores do efeito estufa. Assim, as
nações decidiram reduzir suas emissões, através de novos mecanismos, de
novas tecnologias a serem criadas em conjunto.
Uma das dimensões a serem atingidas pelo Protocolo é o nível
regional. É dentro desse contexto que a indústria da cerâmica vermelha
brasileira vai precisar ser reestruturada. Essa indústria é altamente poluente,
pois, além de fazer a extração de resíduos sólidos, a fim de garantir sua
matéria-prima, na fase da queima e da secagem (forçada) do produto final a
indústria brasileira utiliza basicamente lenha. Emitindo em seus fornos
grande quantidade de dióxido de carbono, justamente a substância que o
Protocolo tenta inibir a emissão.
16
CAPÍTULO I - O PROTOCOLO DE KYOTO
1.1. Considerações Históricas
A revolução industrial foi um dos grandes marcos da humanidade. A
partir deste período o homem descobriu que possuía uma imensa força
capaz de alterar, substancialmente, as formas da natureza. O
desenvolvimento científico que se seguiu, aperfeiçoando cada vez mais as
indústrias, como fator fundamental de crescimento, deu à população mundial
a falsa sensação de controle do Todo, previsibilidade absoluta de todos os
fenômenos, domínio completo da natureza, instigados por pensamentos de
que se uma determinada matriz de energia, por exemplo, se esgotar a
tecnologia a substituirá rapidamente por outra fonte. Assim, o homem criou
uma consciência antropocêntrica, altamente cristalizada. Contudo, os
problemas começaram a surgir e a sociedade global começou a questionar o
desenvolvimento científico, econômico e tecnológico construído a qualquer
custo.
Um dos pontos de partida para esse despertar foram algumas
publicações como “A primavera silenciosa” (1968) de Rachel Carson, “O
admirável mundo novo” de Aldous Huxley (1966) e “A bomba populacional”
de Ehrlich (1968). Esses trabalhos apontavam, em linhas gerais, que o
planeta não agüentaria por muito tempo o descuido que estava lhe sendo
deferido e também que o futuro da humanidade seria incerto. Isso teve uma
grande repercussão na sociedade mundial, onde esta começa a esboçar
uma preocupação internacional sobre o futuro da Biosfera. (Carvalho, 2002)
Em 1972, na Suécia, foi realizada a Conferência de Estocolmo. A
partir desta década, o mundo começou a externar sua preocupação com o
meio ambiente. Essa manifestação foi tímida porque a grande maioria dos
países encaravam a questão ambiental como fator secundário, pois, a idéia
antropocêntrica ainda estava muito arraigada, a busca pelo lucro reinava
absoluta. Além disso, para os países em desenvolvimento e para os pobres
a questão ambiental era encarada como um obstáculo ao desenvolvimento
17
científico, econômico e tecnológico, tendo como grandes problemas o
controle da fome, da miséria, a resolução da questão habitacional, dentre
outros. (Silva,1995)
Após essa conferência ficou realmente constatado que 80% da
poluição do meio ambiente advinha dos países desenvolvidos, o que não
isentava de responsabilidade os outros países, que também contribuem para
a degradação ambiental.
A sociedade mundial não entendeu na plenitude a necessidade dos
princípios de interdependência e interatividade entre o homem e a natureza.
Um não precisa dominar o outro, podem perfeitamente coexistir.
Então, no ano de 1992 no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, foi
realizada a maior Conferência Mundial que já existiu até hoje. Reuniu 175
países e 180 chefes de Estado, além de organizações não governamentais
de todo o mundo e a coletividade. (Carvalho,2002)
Foi elaborada nessa conferência a “Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento” , com 27 princípios genéricos. Um dos
principais objetivos estabelecidos como meta foi a busca de um
desenvolvimento sustentável pelas nações e melhores condições de vida
para todos, estabelecendo uma parceria global de cooperação. (Carvalho,
2002)
O conceito de Desenvolvimento Sustentável elaborado pela Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento consiste em :
“Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de garantir as
necessidade do presente sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de atenderem suas necessidades.” (Silva,1995)
A responsabilidade de cuidar do meio ambiente, então, seria de todos
os países, tanto em débitos quanto em créditos, o que não era de maneira
nenhuma justa. Somando-se a isso, surgiu uma suspeita entre os países em
desenvolvimento e os pobres de que tudo isso seria um pretexto para que as
nações desenvolvidas não recuperassem seu patrimônio natural em
detrimento da preservação absoluta dos recursos naturais dos países menos
desenvolvidos. (Silva, 1995)
18
Assim, é relevante observar a indagação proposta por Ernst Brugger,
do Business Council for Sustainable Development, que traz a seguinte
reflexão:
“Alguns temem que o Norte queira impor ao Sul um
modelo de desenvolvimento restrito a fim de poder
compensar, de forma elegante, os próprios pecados
cometidos no passado. Somos de opinião que esta
suspeita serve apenas para desviar a atenção da tarefa
principal: como alcançar um desenvolvimento
duradouro, sem liquidar nossos recursos naturais ou
danificá-los irreversivelmente? ” (Silva,1995)
Não é o intuito desse trabalho discutir a filosofia da validade dos reais
interesses envolvidos nessa grande negociação. Sabe-se, sem dúvidas, que
a questão econômica caminha lado a lado com a questão ambiental, e que a
humanidade precisará empenhar muitos esforços para não se aniquilar.
Posteriormente, essa discussão foi ultrapassada de maneira que nos
documentos subseqüentes a responsabilidade dos países desenvolvidos
acabou sendo declarada maior, mas sem deixar que os outros países, leia-
se os pobres e os em desenvolvimento, se eximissem da responsabilidade
de se manter sustentavelmente. Dessa forma, os países desenvolvidos
reconheceram que o estágio de poluição do planeta é alto devido a
exploração, desenfreada, dos recursos naturais, estando dispostos inclusive
a financiar novas formas de tecnologias, cooperando com todas as outras
nações, proporcionando educação e facilitando o desenvolvimento
científico, econômico e tecnológico.
19
1.2. O Protocolo de Kyoto
Na década de 1990 nas Nações Unidas foi criado, pela Assembléia
Geral, o Comitê Intergovernamental de Negociação para a Convenção-
Quadro sobre a Mudança do Clima (INC/FCCC).
Em 1992 esse Comitê estabeleceu a Convenção sobre Mudança do
Clima, em 9 de maio de 1992, abrindo para assinaturas em junho de 1992,
na Rio-92. Entrando em vigor em 21 de março de 1994.
A Convenção aborda um assunto de interesse geral. Ela estabelece,
definições, princípios, objetivos, obrigações, mecanismos de financiamentos
e compromissos para que o clima do planeta não sofra mudanças drásticas
em virtude de um desenvolvimento irresponsável.
O objetivo final da Convenção:
“ ... é o de alcançar, ... , a estabilização das
concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera
num nível que impeça uma transferência antrópica
perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser
alcançado num prazo suficiente que permita aos
ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança
do clima, que assegure que a produção de alimentos
não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento
econômico prosseguir de maneira sustentável.” (Artigo
2º da Convenção)
O artigo 3º da Convenção elenca os Princípios basilares para que se
alcance o objetivo proposto, dentre eles está a eqüidade em conformidade
com as responsabilidades comuns mas diferenciadas e de acordo com
as respectivas capacidades. Outro princípio é o da Precaução, inclusive
adotado pelo direito ambiental brasileiro, onde surgindo ameaça de dano
sério ou irreversível devem ser aplicadas medidas para prever, evitar ou
minimizar os danos. O último princípio eleito pelo referido artigo é o da
cooperação, afim de que se promova um sistema científico, econômico e
20
tecnológico internacional favorável e aberto, dando ensejo a tão perseguida
sustentabilidade.
Dentre as obrigações impostas pela Convenção cabe ressaltar, entre
as muitas outras de grande importância, a ínsita no parágrafo 1º, alínea c,
onde a promoção e cooperação
“ ... para o desenvolvimento, aplicação e difusão,
inclusive transferência, de tecnologias, práticas e
processos que controlem, reduzam ou previnam as
emissões antrópicas de gases de efeito estufa não
controlados pelo Protocolo de Montreal em todos os
setores pertinentes, inclusive nos setores de energia,
transporte, indústria, agricultura, silvicultura e
administração de resíduos.”
Ou seja, os países desenvolvidos que são Parte da Convenção
devem trabalhar lado a lado com os países em desenvolvimento e os
pobres.
O texto da Convenção deixa bem claro que estes últimos têm grandes
dificuldades para executarem qualquer mudança, visto que a erradicação da
miséria, da fome e de outros sérios problemas sociais e econômicos
possuem extrema prioridade.
Finalmente, no artigo 17 da Convenção ficou estabelecido que as
partes poderiam adotar protocolos para o efetivo cumprimento das diretrizes
observadas, o que acabou acontecendo em 1997.
O Protocolo de Kyoto foi criado na III Conferência das Partes, no
Japão, em 1997. É um tratado complementar à Convenção-Quadro das
Nações Unidas. Assim, a Convenção sobre a Mudança do Clima estabelece
os paradigmas para a construção de um desenvolvimento sustentável, tendo
como base o clima. E o Protocolo busca cumprir o estabelecido.
Nesse documento os países industrializados, exceto México e Coréia
do Sul, além dos países industrializados em processo de transição para uma
economia de mercado, se comprometeram a reduzir, em média, 5,2% das
emissões de gases do efeito estufa, em relação ao ano de 1990, durante o
período de 2008 - 2012, conforme o artigo 3º, 1 e 2 do Protocolo.
21
O documento esteve aberto à assinatura de março de 1998 a março
de 1999, e desde março de 1999 está aberto a adesões. Este protocolo
entra em vigor 90 dias depois da ratificação de pelo menos 55 Partes da
Convenção, englobando as Partes, incluídas no Anexo I do Protocolo, que
representaram, em 1990, pelo menos 55% das emissões totais de dióxido de
carbono.
O Protocolo estabeleceu três mecanismos de Flexibilidade para atingir
as metas de redução de emissão: Implementação Conjunta, Comércio de
Emissões (seqüestro de carbono) e o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL).
De acordo com o artigo 10 do Protocolo o Brasil não tem
compromisso direto de redução de gases de efeito estufa, assim como os
outros países em desenvolvimento também não o tem, pois existe o princípio
da responsabilidade comum. Três ministérios brasileiros trabalham na área
de mudanças climáticas. São eles: o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Ministério das Relações
Exteriores (MRE).
Os compromissos dos países em desenvolvimento com a Convenção
são elaborar e atualizar periodicamente inventários nacionais de emissões
antrópicas por fontes e a partir de remoções por sumidouros de todos os
gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal (Artigo 4
do texto da Convenção) e informar medidas tomadas ou previstas para
implementar a Convenção ex vi artigo 12 do texto da Convenção.
O Protocolo trouxe um novo tipo de comércio, chamado de seqüestro
de carbono, ou comércio da fumaça. Os países que fazem parte da
Convenção estabeleceram uma meta para redução de emissão de gases de
efeito estufa. Cada país tem um índice de redução que deverá ser cumprido
até 2012. Entre essas nações é possível o comércio de unidade de
emissões, a partir dos relatórios anuais, apresentados por cada parte. O
caput do artigo 6º do Protocolo diz que “... qualquer Parte incluída no Anexo
I pode transferir para ou adquirir de qualquer outra dessas Partes unidades
de redução de emissões [...] visando a redução de emissões antrópicas ...”
Observa-se que o texto diz transferir para ou adquirir. O artigo elenca
22
quais são as condições para essa transferência, é importante ressaltar que
essa aquisição deve ser complementar às ações já realizadas pela Parte.
O Protocolo também criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL) tem como objetivo assistir tanto às Partes incluídas como as não
incluídas no Anexo I do Protocolo. Portanto, este mecanismo está
relacionado aos interesses do Brasil, e diferentemente dos outros
mecanismos de flexibilização previstos no Protocolo, tenta promover o
desenvolvimento sustentável nos países não integrantes do Anexo I que
seriam os hospedeiros dos projetos. Os países do Anexo I podem utilizar os
certificados de emissões reduzidas (CER's) resultantes das atividades dos
projetos para cumprir os compromissos estabelecidos no Protocolo de
Kyoto. Estes projetos podem receber financiamentos de forma unilateral
(investidor local), bilateral (recursos são canalizados diretamente entre o
investidor estrangeiro e o país hospedeiro) e multilateral (autoridade máxima
do MDL constitui a única fonte de investimento, com recursos originários de
vários investidores distintos, que receberiam os CER's de forma proporcional
ao volume de capital investido. Desta forma, os recursos não são
canalizados diretamente entre o investidor estrangeiro e o país hospedeiro).
Os mecanismos adotados pelo Protocolo de Kyoto têm relevância
especial para a Indústria da Cerâmica Vermelha porque podem funcionar
como fomentadores de mudanças no processo produtivo, dando ensejo a
uma produção menos poluente. Alçando reflexos nas habitações com o
aumento do conforto ambiental, permitido pelas inovações do produto
cerâmico.
23
CAPÍTULO II - A INDÚSTRIA DA CERÂMICA
VERMELHA NO BRASIL
2.1. Histórico da Cerâmica
Os cerâmicos são um dos principais tipos de materiais sólidos,
juntamente com os metais e os polímeros. De uma forma geral, pode-se
dizer que os materiais cerâmicos “são compostos entre elementos metálicos
e não-metálicos: eles são muito freqüentemente óxidos, nitretos e carbetos”
(Callister Jr., 1991, p.5).
Os materiais cerâmicos apresentam uma grande diversidade de
propriedades e aplicações. Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica,
pode-se utilizar a seguinte classificação desses materiais:
- Cerâmica de Revestimento (pisos, azulejos e ladrilhos)
- Cerâmica Branca (louças e cerâmicas artísticas)
- Materiais Refratários (capacidade de operação em temperaturas
elevadas)
- Isolantes Térmicos
- Fritas e Corantes (para acabamento de corpos cerâmicos)
- Abrasivos
- Vidro, Cimento e Cal
- Cerâmica de Alta Tecnologia (aplicações eletrônica, aeroespacial e
nuclear)
- Cerâmica Vermelha (tijolos, telhas e tubos), que será o foco deste
estudo.
É praticamente impossível definir com precisão o surgimento da
cerâmica: estima-se que os primeiros materiais cerâmicos surgiram há 40
mil anos antes de Cristo. Muitas civilizações antigas descobriram várias
aplicações para a argila, um material de fácil conformação, disponível na
natureza e alta durabilidade após a secagem. As sociedades antigas a
utilizavam para a confecção de diversos utensílios para atender às suas
24
necessidades, como potes e vasos para armazenar alimentos e objetos de
decoração e adorno. A cerâmica também teve importante participação no
surgimento da escrita e das artes, assim como para o desenvolvimento de
novas tecnologias, como dutos para sistemas de transporte de água, que
surgiram no Egito Antigo.
Apesar de ser largamente utilizada, a cerâmica só começou a ser
empregada para a fabricação de tijolos de argila seca em torno de 4.000
a.C. na Mesopotâmia. Passados mil anos, surgiram os primeiros tijolos
queimados, usados no revestimento externo das construções e em muros de
proteção (De Oliveira et al., 2003). Os egípcios também começaram a usar
tijolos em suas construções alguns anos mais tarde. Durante o Império
Romano (entre 31 a.C. e 476 d.C.) os tijolos começaram a ser empregados
como principal material de alvenaria em praticamente toda a Europa.
Desde o seu surgimento até meados do século XIX a indústria
cerâmica não apresentou modificações consideráveis em seu processo
produtivo, que era totalmente artesanal, com preparação manual da argila,
secagem natural e queima em fornos simples. Durante o período da
Revolução Industrial, o surgimento de novas tecnologias permitiu melhorias
na qualidade da produção, com a utilização de máquinas à vapor. Isso
tornou diversas atividades do processo produtivo da indústria cerâmica mais
eficientes, desde a extração de argila até a conformação e preparação da
mistura (De Oliveira et al., 2003). Soma-se a isso o surgimento do primeiro
forno Hoffmann, até hoje o maquinário de queima de tijolos mais econômico
e eficiente (Henriques Jr. et al., 1993).
No Brasil, os cerâmicos foram implementados no início do século XVI
pelos colonizadores portugueses, embora em diversas aldeias próximas a
rios os índios já produziam diversos artefatos de barro e argila, como potes e
vasilhames. Durante os primeiros anos de colonização, a cerâmica era
usada apenas para a preparação de telhas para as casas, através de um
processo bastante peculiar, em que as telhas eram conformadas
manualmente com mão-de-obra escrava, onde estes as moldavam nas suas
pernas, de acordo com o depoimento de antigos oleiros.
25
Alguns anos mais tarde, principalmente com a vinda de D. João VI,
iniciou-se no Brasil a produção de tijolos para uso em alvenaria, seguindo os
moldes europeus da época. Como os portugueses não implementaram um
planejamento urbano na maioria das cidades, percebeu-se um crescimento
desorganizado das mesmas, o que viria a se refletir também no processo
produtivo da indústria cerâmica brasileira.
A indústria cerâmica brasileira apenas se organizou de forma coesa
no início do século passado, graças à chegada de imigrantes europeus que
trouxeram conhecimento e tecnologias, vindos principalmente da Itália.
Contudo, a produção ainda era completamente manual. Esse cenário mudou
apenas na década de 30, com a implementação de novas máquinas, que
permitiram a produção dos primeiros tijolos furados (De Oliveira et al., 2003)
como os usados atualmente.
Nos últimos anos, com a implementação de estruturas de concreto
armado, os tijolos cerâmicos passaram a ter apenas a função de vedação de
construções, perdendo a função estrutural. Isso levou ao desenvolvimento
de novas tecnologias para a fabricação de tijolos, principalmente na Europa
e nos Estados Unidos, buscando um produto de melhor qualidade, com
propriedades estruturais superiores aos tijolos convencionais, além de baixo
peso e bom isolamento térmico e acústico. A aplicação de novas tecnologias
também será útil para melhorar o processo produtivo, resolvendo questões
ambientais como poluição, consumo de combustível e exploração de jazidas.
No Brasil, o setor de cerâmica vermelha sempre se caracterizou por
empresas de pequeno e médio porte, e que atualmente passa por problemas
graves, que resultam em uma baixa qualidade dos processos e produtos,
principalmente devido ao mercado consumidor, “que não exige produtos com
especificações definidas, ocasionando a despreocupação dos fabricantes
em preparar suas empresas para demandas maiores, com dimensões
padronizadas e qualidade assegurada” (Soares et al., 2002, p.59), o que
dificulta a implementação de inovações tecnológicas.
26
2.2. Processo Produtivo
O processo produtivo da indústria cerâmica vermelha no Brasil ainda
se encontra bastante atrasado se comparado à tecnologia desenvolvida na
Alemanha, podendo chegar a uma defasagem de aproximadamente
cinqüenta anos, (Brochado et al, 2002). Esse cenário se dá pela infra-
estrutura do setor cerâmico, pois, cerca de 90% das empresas atuantes são
médias, pequenas ou micro empresas, com características familiares, sendo
suas atividades essencialmente manuais, com pouca automação.
A principal matéria-prima da indústria cerâmica vermelha é a argila.
Segue a definição apresentada por Brochado (2004):
“Material terroso natural que, quando misturado com
água, adquire a propriedade de apresentar alta
plasticidade e é constituída essencialmente de
partículas cristalinas extremamente pequenas
formadas por número restrito de substâncias , que são
chamadas argilo-minerais. A argila fica glutinada por
uma pequena quantidade de vidro que surge pela ação
do calor de cocção sobre seus componentes.”
Segundo VILLAR (1988) apud SOARES et al. (2002),
‘os produtos cerâmicos são silicatos, que pelo
aquecimento a elevadas temperaturas (queima)
reagem adquirindo propriedades específicas de
resistência e rigidez. São compostos, tradicionalmente,
por três tipos básicos de matérias primas: argila,
feldspato e areia. A composição da argila pura é de
47% de sílica, 39% de alumina e 14% de água, obtidos
pela decomposição de rochas feldspáticas com outras
substâncias características dessa decomposição.’
27
A partir dessas características, pode-se encontrar os três tipos mais
utilizados de argila na Indústria da Cerâmica Vermelha: a Caulinita, a
Montmorilonita e a Ilita. O que vai diferenciar as argilas serão as quantidades
de sílica, alumina e água dentro do Material Argiloso (hidrossilicatos de
alumínio) (Ferreira,1992 apud Soares et al., 2002).
A quantidade de ferro dentro da argila vai diferenciar a coloração do
produto final, a cor avermelhada é a mais utilizada, entretanto, se houver
abundância de ferro passará ao tom laranja. (Soares et al. , 2002).
Os principais produtos dessa indústria são: blocos de vedação
(tijolos), blocos estruturais (tijolos), e vários tipos de telhas, todos os
produtos têm tamanhos e desings variáveis.
A NBR 7171 de Junho de1983 é a norma que classifica os tipos de
Blocos Cerâmicos, dividindo-os em dois estilos:
Blocos de Vedação – Possuem furos na horizontal, sendo
assentados dessa forma.. Podem ser classificados em comuns e
especiais. Os comuns são os mais usados e de acordo com a
resistência à compressão são divididos em A e B.
Blocos Portantes Possuem furos na vertical. Podem ser comuns ou
especiais. Podem ser classificados em C, D e F conforme sua
resistência à compressão.
Já as telhas produzidas pala indústria Cerâmica Vermelha são em
maior número e podem ser divididas em :
Telha Cerâmica de Capa e Canal – componente para cobertura
constituído por peças côncavas (canais) e por peças convexas
(capas) que se recobrem longitudinal e transversalmente,
compondo vedos estanques à água. (NBR 9601/Set/1986).
Telha Cerâmica de Capa e Canal Colonial – apresenta o mesmo
tipo de peça para a capa e para o canal (larguras iguais).
Telha Cerâmica de Capa e Canal Paulista – Apresenta a capa com
largura ligeiramente inferior ao canal.
Telha Cerâmica de Capa e Canal Plan – Apresenta formas retas,
com características que promovem uma arquitetura diferenciada.
28
Telha Francesa ou Marselhesa – Chamadas telhas de encaixe,
apresentam em suas bordas saliências e reentrâncias que permitem
o encaixe longitudinal e transversal entre os componentes na
execução dos telhados. Possui o custo reduzido e é bastante
utilizada em construções.
Telha Romana – se encaixa longitudinal e transversalmente,
compondo vedos estanques à água.
Termoplan – este tipo de telha é conformada apenas por extrusão,
é vazada (apresenta uma camada de ar), e possui um bom
isolamento térmico.
Portuguesa – São semelhantes às telhas romanas, apresentando
apenas as bordas arredondadas como as telhas coloniais.
Segundo Soares et al.(2002) a ANICER aponta que a falta de
uniformização de nomenclatura faz com que em várias regiões do país
telhas da mesma forma apresentam dimensões muito diferenciadas. Assim,
a ABNT e o Inmetro normatizaram somente as seguintes telhas: - Capa e
Canal (Colonial, Paulista e Plan); - Francesa ou Marselhesa; - Romana.
De acordo com Brochado (2004), as principais fases do processo
produtivo brasileiro, são as seguintes :
Exploração das Jazidas - Feita mecanica ou manualmente
Transporte - Feito através de máquinas ou por tração animal
Depuração por meteorização - a argila fica exposta a agentes
atmosféricos, a fim de que sejam eliminados os sais solúveis e os luvões.
Amadurecimento - a argila é acondicionada em lugares fechados para ser
aclimatizada e processar naturalmente sais e bactérias prejudiciais ao
processo.
Apodrecimento - a argila é guardada em ambientes fechados e frios, sem
circulação de ar, com pouca luz e umidade constante de forma a uniformizar
e reduzir a ação dos sais indesejáveis.
Trituração - os torrões são triturados e são eliminados os pedregulhos.
Mistura - é adicionada água no processo a fim de se obtenha plasticidade
na massa para seguir à extrusão.
Laminação - a massa é adensada e as bolhas de ar são eliminadas.
29
Extrusão ou Maromba - nessa fase a massa é forçada a passar por uma
chapa perfurada, para uma câmara de vácuo. Daí é forçada novamente por
uma matriz de aço, chamada boquilha, onde a massa recebe a seção
escolhida.
Corte - A barra contínua de material extrudado é cortada manual ou
automaticamente, em dimensões padronizadas para cada tipo de produto.
No caso das telhas, segue-se à etapa da prensagem.
Secagem - É uma das principais etapas do processo. Aqui, será reduzida
a concentração de água nas peças já moldadas.
A secagem pode ser feita natural ou artificialmente.
Conforme Aguiar (2002), na secagem natural, as peças são expostas
ao ar livre para evaporação, debaixo de galpões cobertos, sem fechamentos
laterais . Esta secagem não é homogênea e não garante um teor de
umidade regular, além de apresentar várias desvantagens do ponto de vista
qualitativo do produto, por exemplo, as peças que ficam no interior das
pilhas não recebem uma secagem adequada, em contrapartida, as peças
que estão no exterior sofrem com o efeito das chuvas e com contato direto
com os raios solares. Além disso, o processo ainda sofre com o mau
aproveitamento do espaço, pois é necessária a utilização de uma grande
área horizontal, porque os tijolos secam em pilhas e não suportam muito
peso.
Apesar de apresentar muitas desvantagens para a qualidade do
produto e para o processo produtivo a secagem natural ainda é a mais
utilizada por ser menos custosa para o ceramista.
Já na secagem forçada são utilizadas estufas aquecidas
artificialmente. Aguiar (2002) ensina que os produtos são colocados em
vagonetes que ficam circulando num compartimento onde é insuflado ar
quente continuamente, além disso, as estufas possuem ventiladores para a
circulação interna do ar, bem como controladores de temperatura e de
umidade. Esse aquecimento é obtido por várias formas. Segundo Torres
(2002), podem ser utilizados “queimadores, ou aproveitamento de ar quente
de forno em fase de resfriamento ou mesmo aproveitando gases quentes de
30
combustão de fornos vizinhos em fase de queima”. A secagem mais efetiva,
de acordo com Brochado (2004), é a de túnel, porque é controlável.
O processo de movimentação das peças é realizado por trator ou com
carrinhos de mão.
Os materiais defeituosos são reciclados, pois nessa fase há grandes perdas.
Queima - Fase final de modelagem dos produtos. Os fornos apropriados
par queima na indústria cerâmica são (Torres, 2002):
1. Tipo Caieira - à lenha;
2. Tipo chama reversível ou fornos circulares - à lenha ou óleo;
3. Tipo túnel contínuo e do tipo plataforma (intermitente);
4. Tipo Hoffman contínuo.
O forno mais utilizado é o tipo Hoffman que possui as seguintes
características (Aguiar, 2002):
“compõem-se de diversos setores isolados entre si por
grossas paredes de tijolos. Cada um desses setores é
preenchido com tijolos e blocos para serem queimados,
conservando, no entanto, um espaço vazio no centro,
que será utilizado como câmara de combustão, que
são alimentadas com madeiras inseridas por aberturas
no teto do forno”.
Além da lenha podem ser utilizados os seguintes combustíveis: óleo
BPF e serragem.
A temperatura de queima varia em torno de 900 - 1000º C.
Além da temperatura, o número de horas é muito importante.
Brochado(2004) relata que “essa etapa se subdivide em três sub-etapas:
pré-aquecimento, a queima propriamente dita e resfriamento, que ao todo
demora entre 24 e 72 horas.”
A variação do tempo é devido ao tipo de forno, de argila, a eficiência
da queima, distribuição do calor no interior do forno e condições ambientais.
Se o tempo de queima não for adequado haverá deformações, fissuras e até
quebras nas peças. (Torres, 2002).
Estoque - As peças, já prontas, ficam armazenadas em grandes áreas
esperando a expedição.
31
Expedição - Feita pela via terrestre em caminhões.
2.3. Políticas Governamentais aplicadas à indústria cerâmica
Foi diante das principais modificações na vida urbana propostas pela
Revolução Industrial no século XIX, que abriram-se as condições para as
modernidades. O maquinário a vapor e seus decorrentes, fomentaram a
investigação a qualquer tipo de produção procurando incrementos nas
formas e processos. Coincidente ou não à esta nova forma de viver, o Brasil
chegaria ao final daquele século com o proeminente interesse de rever seu
modelo governamental. O país passou de uma monarquia desestruturada,
sem evidentes formas de condução do país, visando seu progresso, para a
República que se via em uma profusão de questões sociais internas.
Os governantes que sucederam ao Marechal Deodoro da Fonseca até
a 1ª Guerra Mundial, mantiveram ou por afinidades ou por pressões, um
estreito relacionamento com os representantes de um dos maiores produtos
de exportação deste país, o café. Estava neste período, mais uma vez
caracterizada a condição de país primordialmente agrícola, porém já com
anseios por modernização e industrialização expressos por lideranças e até
por presidentes. A sucessão de anos após a 1ª Guerra foi permeada pelas
constantes expressões revoltosas, tanto por partes distintas da população
obviamente insatisfeitas, quanto por dissidências de estados, unidades da
república também em desacordo com o governo central.
Mesmo atravessando turbilhões sociais, alcançou-se uma nova
atmosfera, produzida pelo ingresso de Getúlio Vargas no poder. O Brasil
novamente supôs que poderia atingir os primeiros estágios de um país
agrícola com iniciativas de industrialização rumando ao futuro próspero, visto
que a depressão mundial de 1929 propiciaria um redirecionamento e
conseqüente fortalecimento no mercado interno brasileiro. A pressão por
colocar o mercado interno em evidência, estava intimamente relacionada ao
comportamento do mercado externo bastante irregular, o que ficou mais
evidente com a instauração da 2ª Grande Guerra. Pois foi ainda durante o
período deste segundo conflito mundial, o registro da primeira iniciativa
32
governamental brasileira de investigação dos recursos e características
deste país. Era oportuno e coerente realizar um balanço, independente das
reais intenções americanas, produzir um extrato de nossas condições como
nação após pouco mais de uma década de um único governo.
Conforme anunciado no próprio relatório, houve por parte do Governo
Vargas um convite a apuração fidedigna de nossas capacidades. O relatório
proferido pela Missão Cooke tinha como objetivo, segundo seus relatores, a
elaboração de um plano para que pudessem ser evitadas as conseqüências
da guerra frente a capacidade do país em responder às necessidades de
participação no conflito. ( A Missão Cooke no Brasil , 1943)
Apesar de mencionar o convite do governo brasileiro, o relatório final
iria ser dirigido ao então Presidente dos Estados Unidos. Pondera-se após
simples observações, a existência de interesses perpetrados pela nação que
haveria de explorar administrativamente a sua condição de hegemonia nos
anos seguintes.
No ano seguinte ao fim da guerra, o Brasil experimentaria um período
de redemocratização, uma nova presidência após 15 anos de ditadura
Vargas. Em uma das novas ações do rumo nacional, configurou-se a
abertura para o capital estrangeiro. Transparecendo claramente que a
estratégia do Estado brasileiro na economia seria discreta ou voltada a não
intervenção. Ainda assim, o país manteria ainda um perfil essencialmente
agrícola e com sua indústria atuando exclusivamente na produção de bens
de consumo duráveis ou não.
Os planos e relatórios que foram elaborados paralelamente às
sucessões de governos, relatariam a perpetuação desta condição de pouca
industrialização até os anos do novo período de ditaduras conclamadas pelo
governo revolucionário. Havia um retrato nacional em 1967, 3 anos após o
golpe militar, que segundo estimativa do IBGE, era a de uma população que
já atingia mais 85 milhões, valor projetado, pois o último censo geral havia
sido em 1960, e o próximo somente ocorreria em 1970, e naquele período,
ainda mantendo como principal prática comercial a exportação de café, o
açúcar também encontrava espaço no mercado internacional. Predominava
também a exportação de matérias-primas e produtos alimentícios (minérios
33
de ferro, manganês, cristal de rocha, pedras semipreciosas, cacau, frutas,
fumo, castanhas, madeiras, peles, fibras e óleos vegetais)(IBGE,
1968).Todos itens classificados como insumos básicos para nações já
industrializadas. Ultrapassadas três décadas do início de algumas
atividades industriais, ainda seria conferida ao Brasil os estigmas de país
necessitando a ser desenvolvido.
Dando continuidade ao teor do relatório da Missão Cooke (1943),
seguiram-se outros documentos nos quais mais uma vez ficaria evidente,
pelo menos pelos títulos destes grupos de trabalho (Abbink - Comissão
Brasileiro Americana, Comissão Mista Brasil – Estados Unidos, por
exemplo), a necessidade americana de opinar sobre os métodos e rumos
que o Brasil deveria operar. Seguiram-se assim diversos trabalhos
produzidos até as vésperas do início da década de 70, relacionavam-se os
relatórios: Abbink - Comissão Mista Brasileiro Americana (1949), Comissão
Mista Brasil - Estados Unidos (1956), BNDE – CEPAL (1957), Plano SALTE
(1949), o primeiro PND (1954, o primeiro com esta nomenclatura), Programa
de Metas (1958), Programa de Estabilização Monetária (1958), Plano Trienal
(1963), Programa de Ação (1964) e um Plano Decenal (1967).
Mesmo apesar de por vezes apresentarem preceitos antagônicos (de
equilíbrio ou desenvolvimentista) quanto ao rumo brasileiro a ser instituído,
estes documentos de planejamento da nação conferiam ao país a
observação de necessidades como:
- Aceleração do ritmo de desenvolvimento econômico, ou estabelecer
mecanismos de produção eficaz;
- Contenção gradual dos processos inflacionários;
- Atenuação dos desníveis econômicos regionais e setoriais;
- Assegurar, por políticas de investimentos, oportunidades de emprego;
e
- Correção das tendências de déficits descontrolados do balanço de
pagamentos.
As considerações relacionavam uma grande nação com futuro promissor,
mantendo sua presença internacional mediante a exportação agrícola, e
mediante o extrativismo mineral de pedras preciosas, semipreciosas e ouro,
34
e que mantinha as necessidades sociais apenas com a produção de bens de
consumo duráveis e não duráveis, e de certo, bem longe da transformação
da indústria através da capacitação para produção de bens de capital.
Os relatórios apontavam que o estímulo a rápida aceleração ao
desenvolvimento, somente ocorreria se uma profusão de vultosos
investimentos fossem operados principalmente em capacitação técnica e em
equipamentos. Desta forma, o contexto apresentado de todo este período,
figurava que a população brasileira ativa, pela pouca capacitação técnica-
educacional estava francamente exposta aos desempenhos do setor
externo. Nestes termos, somente os recursos oriundos das exportações que
estavam essencialmente relacionadas com a produção agrícola seriam
considerados. A indústria brasileira, tão somente produzindo bens de
consumo, estava dependente de recursos excedentes das exportações, para
que através do redirecionamento (via inflação ou política cambial, ou ambos)
destes excedentes da exportação agrícola, pudessem financiar os
investimentos do setor industrial. Mantinha-se também, algumas
especulações americanas, de que o cenário de apenas manter as
necessidades básicas da crescente população, haveria de ser suficiente
para um desenvolvimento social e econômico, espontâneo e natural (Abbink,
1949, propunha uma linha de equilíbrio financeiro-econômico).
Os governos brasileiros incitados pelos primeiros relatórios acima
mencionados, e que tinham a cunha do governo norte americano, deixariam
ser levados pelas posições de cooperação americana, pois ficaríamos
vinculados àquela política de boa vizinhança, em virtude das importações de
bens de capital, de equipamentos de fabricação de bens de consumo, e que
devido as nossas deficiências, poderíamos (deveríamos) ainda importar as
tecnologias nos setores da química, farmacêutica, fertilizantes e transportes,
todos setores de domínio e interesse de comercialização daquela sociedade.
Estava veiculada a idéia de que o comércio de importação destas
tecnologias voltadas a produção de bens de consumo, quando
implementadas em escala, poderiam conter as pressões inflacionárias
através da diversificação da oferta de produtos.
35
Neste contexto, o item inflação brilharia como um dos principais
argumentos ao não desenvolvimento de alguns setores, como por exemplo,
a indústria da construção civil e consequentemente a indústria da cerâmica
vermelha. O encolhimento observado pela construção civil (apesar da
demanda social reprimida), argumentava-se ser proveniente de fatores
como:
- O nível médio salarial brasileiro sendo baixo, impossibilitaria um
comprometimento em investimentos em moradia própria, incluindo
como um fator, a pouca capacidade em poupança;
- Os níveis de inflação haviam exaurido as práticas hipotecárias.
Inviabilizaram e desanimaram os investidores em habitações
destinadas a aluguel e destinadas as camadas menos privilegiadas;
- E em última avaliação, os rendimentos do setor tornaram-se tão
inapropriados, que os investimentos privados migrariam para setores
com maior rentabilidade, incluindo aí, a construção de habitações de
alto valor de mercado.
Desta forma, a população brasileira além de ser mantida com baixa
escolaridade e baixos níveis salariais, ainda seria exposta a afirmações
como a contida no Plano Decenal 1967 / 76,
“ é óbvio que a demanda habitacional brasileira será
satisfeita de alguma forma. O que acontece é que sem
planejamento e a intervenção governamental, o
crescimento do setor será desordenado, com clara
deficiência de oferta de habitações para as camadas de
baixa renda, de pouco interesse do setor privado.”
Os planos e relatórios também evidenciariam o déficit habitacional, e
relacionavam a perspectiva de que a implementação de um plano
habitacional além de ser o agente de inclusão social através de intensiva
contratação de mão-de-obra, também traria desenvolvimento, incluindo os
aspectos educacionais, que conforme relatado no Plano Decenal 67/ 76, as
relações entre educação e desenvolvimento econômico indicam que simples
36
incrementos dos fatores tradicionais de produção (capital e trabalho), não
explicam completamente aumentos do PIB. Algumas parcelas deste
aumento no PIB referiram-se a melhoria da eficiência da produção nacional,
conseqüente de investimentos realizados no agente humano na forma de
educação. Uma prova desta afirmação, foram os resultados observados fruto
de um estudo realizado nos Estados Unidos, constatando que entre 1929 e
1957, a educação contribuiu com 23 % da taxa total de crescimento e 42 %
da taxa total média de crescimento “per capita”. E continua,
” estes dados nos dão uma visão do significado da
educação no desenvolvimento social e econômico,
significado ainda maior em países como o Brasil onde a
qualquer aperfeiçoamento no setor, corresponde a um
diferencial de rendimento muito elevado, face ao baixo
padrão de qualificação da atual força de trabalho.”
Mesmo em vistas do relatado, evidencia-se que apesar das intenções,
não houve efetivamente a implementação das ações sugeridas, pois ao
mesmo tempo em que imperava a necessidade de planos habitacionais e de
desenvolvimento, alegava-se que a baixa renda média inviabilizava a
produção de residências com materiais de boa qualidade. Tornava-se então,
ponderável a identificação de tipos de materiais (de qualidades inferiores)
que atenderiam as capacidades de investimentos da população, o que quer
dizer que, as possibilidades de desenvolvimento na indústria da construção
civil e seus participantes deveriam esperar um pouco mais pelo tão almejado
desenvolvimento nacional.
Não sendo suficientes os entraves contextualizados, a indústria da
Construção Civil ainda seria contemplada com uma forte burocracia,
conforme redigido pelo Governo Revolucionário,
“ No que diz respeito ao licenciamento de obras,
principalmente edificações habitacionais, a excessiva
burocracia existente para o atendimento a inúmeros
decretos, regulamentos, portarias, ordens de serviços e
37
normas concessionárias de serviços públicos, tem
provocado a necessidade dos construtores, às vezes,
de dispor de elementos intermediários <<
despachantes >>, para acompanhar a tramitação de
seus projetos junto as diversas repartições
governamentais encarregadas de analisá-las. ...
a falta da consolidação dos códigos de obras, nos
grandes centros, quando não da inexistência deles, ...
conduz ao fato de que a aprovação dos projetos
construtivos fiquem condicionados a interpretações
pessoais dos técnicos encarregados de aprová-los.”
Revelava-se assim, que apesar da Indústria da Construção Civil ser
um setor básico a estruturação social de qualquer nação, a indústria
brasileira definhava pela inércia, adicionando-se aí, os prejuízos causados
pelas excessivas demoras nos licenciamentos de obras. Perpetuava-se a
idéia de que “ a racionalização, a padronização e normalização das
construções constituem também problemas sérios para a Indústria da
Construção. “ (Plano Decenal 67/ 76)
Apesar de já estar instituída e funcionando, a ABNT ainda aparentava
lograr pouca ascensão sobre as indústrias em questão.
“ Cumpre entretanto, ampliar o campo de ação desta
entidade no que diz respeito à formulação de
padrões,... . Só assim poderá a indústria da construção
residencial perder o caráter artesanal que em certa
medida ainda possui, e se transformar realmente numa
indústria. “ (Plano Decenal 67/ 76, tomo V, volume 7,
pags. 34 e 35).
Se hoje observa-se os padrões dos quadros de industrialização dos
setores brasileiros, certamente foi devido às iniciativas completamente
promovidas pelo setor privado. Isto posto, pois vem de encontro ao descrito
como definições e opções do PND de 1980 a 85.
38
“ ȱ - A certeza de que a sociedade brasileira está
plenamente capacitada e motivada para enfrentar e
vencer os desafios adicionais, que a economia mundial
acrescentou, ao já anteriormente árduo esforço
nacional de construção de uma sociedade
desenvolvida e livre, que é sustentado pelo
incontestável desenvolvimento econômico e social já
alcançado, a capacidade de realização historicamente
demonstrada pelo povo brasileiro – inclusive em
períodos de crise mundial – e as reconhecidamente
vastas potencialidades econômicas do Brasil.
...
ȱȱȱ - O reconhecimento de que um país em
desenvolvimento com tantas potencialidades e
problemas como o Brasil, não pode renunciar ao
crescimento, seja por legítimas aspirações de seu povo
por maior prosperidade, seja pelo alto custo social da
estagnação ou do retrocesso. “
Considerando que na época do Plano Nacional de Desenvolvimento
para 1980/85 já terem sido percorridos quase um século após a
promulgação da República no Brasil, fica evidente que as forças para
exaltação e desenvolvimento do povo brasileiro, deveriam ser conduzidas
pelas suas próprias iniciativas. O discurso político de então ainda registrava:
“ A orientação fundamental da política neste setor, será
a de reduzir ao máximo o déficit atual e potencial de
habitações, especialmente para as faixas de renda
familiar mensal igual ou inferior a 5 salários mínimos. ...
É preciso, em termos do atendimento prioritário à
população mais pobre, ajustar os diversos tipos de
padrão de moradia, e os respectivos esquemas de
39
financiamento às verdadeiras possibilidades dos
mutuários.” (PND 1980/85).
Elucida-se assim que a industrialização hoje alcançada, é fruto
primordialmente da força e da iniciativa empresarial juntamente com as
forças de trabalho do povo brasileiro e sem ajuda governamental.
2.4. Infra-estrutura
De acordo com dados oficiais da Associação Nacional dos
Ceramistas (Anicer) o número de Olarias e Cerâmicas são de
aproximadamente 12 mil empresas, que geram 650 mil empregos diretos e
2 milhões indiretos. O setor fatura anualmente seis bilhões de reais.
Apesar dos dados otimistas das cerâmicas, esse setor da economia
apresenta vários problemas, tais como (Gesicki et al, 2002):
1. A falta de uma Política de Desenvolvimento adequada para o setor
2. A falta de planejamento adequado de exploração de jazidas, gerando
danos ambientais e falta de controle das características geológicas
das matérias-primas.
40
3. A carência de capacitação dos recursos humanos, na área da
produção.
4. Demanda variável do mercado consumidor.
5. Alta ociosidade do processo produtivo
6. Tecnologia altamente obsoleta.
7. Produção rudimentar e artesanal.
8. Algumas indústrias sofrem com a falta de legalização das jazidas.
9. Carência de recursos financeiros próprios para investir no aumento
da produção.
A Indústria Cerâmica Vermelha Brasileira só começou a acelerar seu
crescimento a partir da década de cinqüenta, do século passado, coincidindo
com a industrialização do país. O acentuado êxodo rural também fomentou o
crescimento do setor cerâmico, juntamente com o setor da construção civil.
Todo esse desenvolvimento permitiu uma alta competitividade culminando
na introdução dos equipamentos mecânicos. Soares et al. (2002).
Há vinte anos começaram a surgir produtos alternativos com a
mesma função dos blocos e telhas cerâmicos, então o setor passou por
nova modernização, de instalações e busca por um produto de qualidade
final satisfatória. Soares et al. (2002).
Normalmente, as empresas desse setor são micro, pequenas ou
médias e estão pulverizadas no país, elas servem, basicamente, o mercado
interno de seus respectivos estados, salvo raras exceções de algumas
indústrias situadas no sul e sudeste do Brasil. A organização dessas
cerâmicas possui muitas vezes estrutura familiar, o que freqüentemente
atrapalha um possível planejamento estratégico e dificulta a implementação
de inovações tecnológicas, devido à falta de preparo técnico, tanto dos
gestores quanto dos trabalhadores.
A grande maioria das indústrias possuem jazidas próprias, porém, já
existem empresas que relegam a atividade de extração à mineradoras. Com
o objetivo de se concentrarem no processo produtivo.
Outro desafio do setor é conseguir capital para investimentos
tecnológicos e especialização de mão-de-obra. Por outro lado, o mercado
consumidor não faz muitas exigências quanto à qualidade do produto, pois
41
na maioria das vezes o destinatário do produto final não são as grandes
construtoras, tendo em vista a estagnação da indústria da construção civil ,
mas sim pessoas de baixa renda que não tem perspectivas de melhorias
tecnológicas em sua habitações.
Além desse panorama, ainda existe a possibilidade de substituição
dos produtos cerâmicos por outros materiais alternativos como, por exemplo,
chapas metálicas, de fibro-cimento e plásticas.
“Estes novos materiais têm aceitação por oferecerem,
em relação às cerâmicas, vantagens de custo, de área
de cobrimento, de redução e mesmo eliminação de
estruturas de assentamento (madeirame), redução de
peso e mais fácil manuseio.” Soares et al. (2002).
Mesmo assim, as telhas e blocos tradicionais ainda são os mais
adquiridos pelo mercado consumidor devido à sua arquitetura. De acordo
com Villar (1988) apud Soares et al. (2002) a existe uma grande variedade
dos produtos devido às exigências do consumidor, às quais deve-se ainda
adicionar uma gama inumerável de variações quanto às dimensões dos
mesmos, conseqüência da falta de padronização.
2.5. Inovações Tecnológicas da Indústria Cerâmica Vermelha
De acordo com Brochado et al. (2002) o setor cerâmico brasileiro
encontra-se com uma defasagem tecnológica de aproximadamente
cinqüenta anos, e com já foi apontado um dos grandes problemas dessa
indústria é inovar e investir em novas tecnologias. Primeiro por serem
pequenas empresas não têm condições de aplicar um capital que possibilite
alguma real mudança. Segundo porque não existe uma política de
desenvolvimento específica para o setor. Esses dois fatores possuem uma
enorme relevância para a implantação de inovações tecnológicas.
A indústria Cerâmica Vermelha Alemã tem servido de parâmetro
para novas pesquisa brasileiras, Brochado (2004). Na Alemanha a questão
ambiental e o conforto térmico das habitações fomentaram o
42
desenvolvimento de pesquisas ligadas às inovações tecnológicas, bem
como a criação de uma política governamental consistente.
A partir disso, os estudos alemães descobriram como o produto
cerâmico pode chegar à excelência sem agredir o meio ambiente, uma
parceria entre Universidades e ceramistas foi firmada e em dez anos houve
uma redução de 40% do consumo energético do setor cerâmico alemão.
Wienenberger (1999) apud Brochado et al. (2002).
Dentro do contexto alemão foi criada a Tecnologia de Alta
Porosidade, após estudos chegou-se ao Bloco Estrutural Alemão de alta
porosidade - “Dammziegel” , que consiste na inserção de materiais
orgânicos na massa do produto, para que na fase da queima esses materiais
estranhos desapareçam, assim, a massa ficará com pequenos poros livres,
que consequentemente baixará a condutividade térmica da cerâmica. A
massa porosa junto com um desing específico do bloco cerâmico fazem com
que o fluxo de temperatura seja lento o bastante para proporcionar o
conforto térmico tão desejado. Brochado et al (2002).
Para atender às necessidades de inovação na tecnologia dos blocos
de cerâmica vermelha, foi necessário também a implementação de
mudanças em algumas das etapas do processo produtivo. Algumas dessas
inovações estão diretamente relacionadas com as características e
propriedades do bloco, como composição da massa e formato do tijolo,
conforme foi mostrado acima. Outras mudanças, que serão comentadas a
seguir, contribuem indiretamente para proporcionar qualidade ao produto.
Armazenamento de matéria-prima
Nos primórdios da indústria cerâmica, a matéria-prima (argila) era
retirada diretamente da natureza. Entretanto, percebeu-se a necessidade de
implementação de sistemas de armazenagem de matéria-prima, com o
objetivo de garantir o abastecimento da produção, além de permitir a
estocagem de argila condicionada e homogeinizada, pronta para utilização
nas linhas de produção. Nas indústrias alemãs, pode-se destacar a
utilização de depósitos térmicos especiais, com os quais é possível reduzir
43
em 50% o tempo de processamento de matéria-prima na produção,
elevando-se a temperatura de estocagem de 15°C para 30°C (Wagner, Harr
e Meyer, 1998)
A forma de armazenamento é fundamental para a qualidade e
aplicação da matéria-prima, influenciando na compactação e secagem da
argila. Para grandes quantidade, é comum a utilização de depósitos a céu
aberto, com secagem natural, que tem como principal desvantagem a
necessidade de instalações de preparação de matéria-prima antes da
produção. Os depósitos cobertos são os mais usados, pois protegem a
matéria-prima de efeitos climáticos indesejados. Além disso, permitem a
mecanização e automação dos processos de estocagem e retirada de
matéria-prima, embora geralmente a automação não é tecnicamente
apropriada ou comercialmente justificada.
Processo de Queima
A utilização de fornos para a preparação de blocos cerâmicos foi uma
das primeiras inovações implementadas na indústria cerâmica,
proporcionando melhorias na qualidade final do produto, como foi
apresentado no histórico do setor. A tecnologia dos fornos usados para esse
importante processo é certamente a que mais recebeu inovações durante os
últimos anos, buscando atender exigências econômicas, energéticas e
ambientais.
Os primeiros fornos usados na indústria cerâmica eram do tipo
periódicos ou intermitentes, onde o forno opera em várias etapas, com
carregamento dos blocos, aquecimento, queima, resfriamento e descarga
dos produtos finais. Seu rendimento térmico é muito reduzido,
principalmente pois parte dos blocos produzidos são perdidos: devido à
operação do forno, as primeiras camadas são queimadas em demasia,
enquanto as últimas permanecem cruas (Henriques Jr. et al., 1993). Outros
problemas desse tipo de forno são o elevado consumo de energia térmica
(e, consequentemente, de combustível), além de constantes danos à
44
estrutura do forno, submetida a carregamentos de fadiga devido constante
aquecimento e resfriamento.
Para solucionar os problemas de rendimento térmico, foram criados
outros modelos de fornos, buscando principalmente evitar uma operação
descontínua, vista como a principal causa de elevado consumo energético.
Dentre esses novos fornos, destaca-se o modelo Hoffmann, até hoje um dos
fornos de maior rendimento energético proporcionando uma economia de
2/3 de combustível. Isso é possível devido principalmente ao
reaproveitamento dos gases da queima em etapas de pré-aquecimento das
peças. O único inconveniente dos fornos Hoffmann é o seu elevado custo.
Atualmente, na Alemanha são usados fornos contínuos do tipo túnel.
Embora o seu rendimento térmico seja inferior ao modelo Hoffmann, isso é
compensado com uma economia maior de combustível. Além disso, ele
proporciona melhores condições de trabalho, já que os operadores não
ficam expostos ao calor e à poeira gerados no processo. Outra grande
vantagem consiste dos menores tempos das etapas de operação
(aquecimento, queima e resfriamento), o que aumenta a produtividade.
45
CAPÍTULO III - ESTUDO DE CASO
Já contam como inumeráveis os tempos desde que as construções
começaram a guardar e a dar estrutura aos anseios e desejos humanos.
Pirâmides, cidades muradas e fortificadas, extensos jardins como o da
Babilônia, permaneceriam como exemplos da força e da criatividade. Aqui
no Brasil, mesmo sem a precisão de quando foram formadas as sociedades
indígenas, aqui residentes e o quanto estavam propriamente estabelecidas,
iniciou-se com o advento do descobrimento, a incorporação e a
remodelagem das estruturas aqui existentes.
Porém, quando se pensa em construir, pode-se querer imprimir um
extenso significado a expressão, sugerindo desde a construção de um
edifício ou casa, chegando até a um sistema intelectual. Poderia-se fazer
uma analogia da Construção Civil com o empreendimento de se erguer uma
ciência, uma sociologia por exemplo, uma antropologia também, e porque
não citar uma nação. E estão nas bases o início de onde se desenvolvem
superestruturas, uma destas, são as bases materiais, e principalmente
estas, “ ... portanto, como residência – poderem caber conceitos
principalmente aplicáveis às construções sociocientíficas como um sistema
sociológico” (Freyre, 1985).
E a partir daquela data, abril de 1500, os novos proprietários destas
terras, iniciaram por estabelecer os rumos que as sociedades brasileiras
(indígenas e não unificadas) viriam a conhecer. Naquele século, já
estabelecida na Europa a cultura construtiva baseada em tijolos e blocos de
argila, deixariam marcadas na história brasileira as cidades de Recife e São
Luiz, implantadas respectivamente pelas invasões holandesas e francesas.
Mesmo com estas engenharias e arquiteturas fincadas em solo
brasileiro, fez-se valer por um razoável período as construções baseadas na
taipa-de-pilão. Este método sugeria o confinamento de argila socada (por
pilão) entre tábuas, produzindo prédios com paredes de espessuras
variáveis entre 40 a 80 centímetros.
Chegava-se ao início do século XIX. As terras brasileiras abrigavam
4 milhões de habitantes dos quais 2/3 seriam escravos, e o terço restante de
46
origem européia configuravam a elite de senhores de terras e proprietários
comerciais. Este contexto segundo Freyre (1985), seria a experiência
sociológica das primeiras etapas da colonização, onde a elite européia
advinda de terras temperadas iria confrontar-se tanto com a atmosfera
tropical, quanto com os costumes e práticas dos indígenas locais e com as
peculiaridades das sociedades africanas importadas para a escravidão.
Em 1808, com a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil
iniciava um novo período de colonização, marcada principalmente pela
expansão populacional e pela transferência dos costumes europeus.
Passados 80 anos da instalação da Corte Portuguesa, a Lei Áurea
dispôs efetivamente como livres, uma grande parcela do contingente
populacional brasileiro, que dividia-se em escravos e seus descendentes
(aproximadamente 47%), e seus senhores juntamente com os imigrantes
para a nova força de trabalho, o percentual restante (Amaral, 2004).
É compreensível então, que as condições econômicas e financeiras
da maior parte da população brasileira, já se encontrava desprovida de
rendimentos suficientes para os empreendimentos básicos e estruturais de
uma sociedade, na forma de residências com qualidades salutares. Este
estigma de insuficiência vem se arrastando até nossos dias, com
alternâncias de maior ou menor intensidade.
Em vista do apresentado em tópicos anteriores neste trabalho,
visualiza-se que a condição preponderante para que haja um
desenvolvimento agressivo na indústria da Construção Civil, percorre os
caminhos de uma distribuição de rendas mais igualitárias. Mesmo em uma
situação de defasagens técnicas e financeiras, frente às européias, a
estrutura fabril da cerâmica vermelha no Brasil aguarda a oportunidade de
poder responder aos anseios mais proeminentes de nossa Construção Civil.
O estudo de caso a seguir irá apontar algumas das divergências
produtivas entre o estado de arte alemão e uma empresa ceramista
localizada no Estado do Rio de Janeiro.
47
3.1 - A Empresa Ceramista X.
Este estudo desenvolve-se através de algumas comparações frente
às principais etapas fabris da cerâmica vermelha na Alemanha e da empresa
X, com o intuito de sugerir pequenas alterações nos procedimentos desta
última, estimando a diminuição de perdas e conseqüente diminuição nos
custos ambientais e gerais de produção.
O aspecto mais eloqüente na indústria alemã expressa-se pela
abordagem técnico-científica empregada de forma criteriosa, considerando
mormente que cada etapa exerce uma influência fundamental na etapa
seguinte, estabelecendo efetivamente que o todo será certamente maior e
melhor que a soma das partes. Entende-se também que esta postura diz
respeito a preocupação em ofertar produtos de qualidade comprovável, e
esta figuração espelha a consciência produtiva encontrada na indústria
ceramista alemã.
A empresa fluminense em questão, é denominada X, é classificada
como uma empresa de pequeno porte, possuindo em seus quadros
funcionais 70 empregados, e tem sua produção caracterizada pela
confecção primordial de 2 tipos de produtos apenas, tijolos para paredes de
vedação e tijolos para lajes pré-moldadas.
Para a empresa X, o mercado de consumidores atingido é
basicamente local, que absorve uma produção mensal média girando em
torno de 980 mil peças, com consumo estimado em 2.750 toneladas/mês de
matérias-primas.
Mesmo com a absorção e o desenvolvimento da comunidade
acadêmica brasileira dos elucidativos tópicos abordados pela Cibernética e
pela Teoria Geral de Sistemas, as falhas na distribuição de rendas na
população brasileira geraram e ainda geram uma condição desfavorável e
reprimida nas práticas de inovações fabris na indústria da cerâmica
vermelha. Apontada por vezes como artesanal por alguns Planos de
Governo, o setor ceramista esforça-se para manter uma qualidade mínima
condizente e adequada à nossa realidade. Cabe lembrar neste momento,
que a precariedade da poupança populacional que poderá ser disposta ao
48
investimento habitacional resume a condição de que a empresa X não fugirá
a regra das mais de 12.000 empresas espalhadas ao longo do território
nacional.
3.1.1 - Principais Etapas
3.1.1.1 - A Exploração da Jazida
A Geologia encontra na indústria ceramista alemã uma forte usuária,
que toma emprestado desta ciência o seu uso como instrumento
imprescindível na procura e exame de materiais argiláceos apropriados a
atividade ceramista. Esta indústria considera então, de forma criteriosa, 4
fatores essenciais: a) Reconhecimento das formações geológicas das
matérias-primas; b) identificação e investigação da unidade produtiva e seu
potencial; c) identificação de unidade produtiva dentro da jazida, e d) a
identificação das muitas variações nos depósitos, seguindo para uma
próxima etapa de avaliação detalhada ( Mitchell et al, 1998).
Salienta-se no Brasil, a preponderante perspectiva da proximidade
da jazida em relação a unidade industrial. O fruto imediato desta condição
espelha a qualidade intrínseca da matéria-prima e a exploração de suas
propriedades, originando ou não a melhoria nos produtos finais.
De acordo coma Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro
de 1997, a lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem
beneficiamento, está sujeita ao licenciamento ambiental, uma vez que é
considerada como atividade altamente poluente.
Na Alemanha a exploração de jazidas, podem ser enumeradas
algumas das atividades correlatas como: procura pela matéria-prima;
avaliação das qualidades físico-químicas; aspectos legais e econômicos da
extração; permissão de trabalho; planificação da jazida; desenvolvimento do
local, acesso de transporte; suprimento de energias; drenagem dos cursos
naturais de água; métodos de trabalho; métodos de extração; controle de
qualidade e amostragens (Mitchell et al, 1998).
49
Já nesta etapa, as perdas médias de matéria-prima atingem 15% do
terreno explorado pela indústria fluminense, de acordo com Aguiar (2002).
Este percentual refere-se a norma adotada, ou a falta desta, em relação ao
terreno e a forma de sua ocupação e exploração. Este fator de perdas na
extração tem a chance de ser diminuído, considerando-se que a prática
extrativista poderá ser planejada e conduzida através de preceitos únicos a
serem apontados por empresas privadas de consultoria geológica ou por
alguma atividade acadêmica executada por instituição de ensino pertinente.
3.1.1.2 - Estocagem
A apresentação técnica da indústria alemã, conduz a um
entendimento que as etapas e fatores relacionados neste momento
fundamentam as atividades de preparação, e estima que 2 aspectos devam
ser primariamente atendidos. O primeiro é um processo de concentração e
consolidação em andamento na indústria ceramista de forma geral e em
particular nos países industrializados, levando a uma diminuição do números
de plantas em detrimento do aumento em tamanho de outras plantas em
operação. Isto significa que a capacidade média de estoques que em 1950
era de 9 milhões de peças, atingiria de 40 a 60 milhões em 1980 (Wacker et
al, 1998). E para tal expansão, exige-se um maior montante de material a
ser processado, condição própria do desenvolvimento industrial-comercial.
O segundo aspecto é o aumento do consumo de matérias-primas
por planta, em conjunto com o aumento dos níveis de deterioração das
áreas tanto quantitativa quanto qualitativa das matérias-primas a serem
extraídas, fato ocorrendo em quase todos os países europeus. Adiciona-se
aqui as condições do meio e as regulamentações de controle de
conservação e de poluições, antes que sejam atingidos pontos, em que
apesar dos esforços, venham a produzir qualidades inferiores aos
especificados.
De forma inversa, as fontes brasileiras são imensas, não gerando
por exemplo, situações de preocupação do industrial fluminense, ou em
qualquer outra parte no país. Inclua-se, a condição brasileira de aqui serem
50
encontradas argilas com excelentes qualidades físico-químicas. De certa
forma, existem disponibilidades na amplitude das áreas para as plantas da
cerâmica vermelha nacional, que então, não fugindo do mesmo otimismo
registrado em um plano governamental de 1964, apresentam um contexto de
produção que sugere perpetuar a imagem de que os recursos nacionais
quase ilimitados e disponíveis, não serão fatores que possam reproduzir os
problemas e dificuldades inerentes a disposição geográfica populacional
européia.
Devido a estas peculiaridades nacionais, e a não observação de
alguns procedimentos, por boa parte dos ceramistas brasileiros,
procedimentos que referem-se a articulações elementares na forma de
execução das tarefas, como por exemplo nesta etapa de estocagem.
Considerando que na fase da investigação da jazida, tenha havido a
oportunidade de análises geológicas produzidas por uma universidade por
exemplo, o passo seguinte poderia servir para diferenciar as argilas a serem
processadas, pois dependendo de suas características, as formas ideais de
tratamento otimizariam as etapas futuras. Isto é, após tanto tempo de
serviços às comunidades brasileiras, as cerâmicas podem beneficiar-se da
longa experiência e adequar suas estruturas para acondicionamentos
específicos para cada tipo de argila diretamente em função de suas
condições físico-químicas, caracterizando um melhor fluxo na produção.
As etapas seguintes a estocagem, isto é, a depuração,
amadurecimento, trituração e laminação seriam diretamente beneficiadas
pelas atividades de interação entre os conceitos acadêmicos da Teoria de
Sistemas e os empreendimentos e fases desta indústria tão básica a
formação de uma sociedade. Pode-se sugerir que a implantação de
Sistemas possibilitaria diluir os custos das perdas atuais, que em média
atingem 30% até a fase de extrusão. Para efeito de comparação, os valores
apontados pelos sistemas alemãs, registram perdas máximas em torno de
7,6% dos volumes extraídos, estocados e manuseados.
Ainda nestas fases de preparação das matérias-primas, as
atividades de mistura e homogeneização sofreriam o incremento da técnica
ao que se referem a cada característica e peculiaridade de cada tipo de
51
argila ou componentes da mistura. Decorrente a apropriação da técnica á
fase de extrusão, as perdas desta etapa da produção que em média montam
em outros 30%, receberiam como incentivo a diminuição destes percentuais
elevados de prejuízos.
Após estas fases incluindo a extrusão, chega-se ao corte e ao
direcionamento as principais etapas na formação dos produtos finais, e são
respectivamente a secagem ou desumidificação e a queima.
3.1.1.3 – Secagem
Caracterizada como uma das mais importantes etapas na produção
de produtos argiláceos, a secagem tem como parâmetro de qualidade a
desumidificação equilibrada e uniforme em todas as partes de cada peça. No
Brasil, comumente são praticadas duas formas de secagem. A natural, em
que os blocos sofrem a desumidificação por ação do clima, e sendo apenas
dispostos e empilhados sob uma cobertura. O produto nesta forma de
recebe uma secagem que é irregular quando em comparação com outras
peças do mesmo lote, nota-se que a simples disposição das peças influencia
no grau de umidade retida. A outra modalidade de secagem é a forçada.
Chama-se forçada por se utilizar de calor, principalmente por calor produzido
pela queima de madeira, obviamente gerando desmatamentos, e empregado
em detrimento do uso de outros combustíveis como óleo ou gás que
propiciariam um controle sobre os fluxos de calor no interior dos secadores,
apesar de apontados como combustíveis que oneram a produção.
Segundo Stahl (1998), na etapa de secagem quando observados os
critérios técnicos como: Transferência de calor; a fase transformação da
água em vapor, a saída da umidade na superfície de cada peça; e o
transporte de água no material sólido pela evaporação horizontal, satisfazem
inicialmente a caracterização de cada peça no intuito de manter ao final da
secagem uma umidade ideal que é fixada entre 0,5 a 6%.
A configuração destes percentuais estão intimamente relacionados
com a umidificação ocorrida nas etapas anteriores desde a estocagem até a
extrusão. A fase da secagem torna-se fundamental pois é nesta etapa que a
52
formação das capilaridades darão a composição final do produto. E estes
capilares produzidos em 3 fases distintas da secagem, sendo as duas
primeiras com elevados teores de umidade no ar quente nos secadores, e a
última operada por ar quente e seco após a retirada do ar com umidade das
fases anteriores. Nesta operação as bases técnicas referem-se a utilização
das Leis Teóricas de Calor e as Leis de Transferência de Massa,
evidenciando que as quantidades de água nos corpos sólidos são as
questões que fundamentam as operações.
3.1.1.4 - Queima
Na indústria fluminense, a não observação destas normas e leis
originam perdas em torno de mais 30% da produção, conforme apontado por
Aguiar (2002). Estas perdas são frutos principalmente das trincas formadas
a partir das deformações dos capilares no interior das peças, em função da
não adequação na formação inicial das tarefas como por exemplo, na
extração onde não são verificados criteriosamente os elementos
constituintes das argilas; na homogeneização, onde não são observados os
teores de umidade da massa, e na secagem e queima onde a adequação de
cada fase não recebe o controle mínimo com termômetros e equipamentos
específicos.
Este estudo tem como princípio verificar que a observação de simples
critérios na exploração e produção da indústria ceramista, especificamente a
cerâmica vermelha, aumentaria as viabilidades econômico-financeiras
levando a patamares de desenvolvimento e melhoramento da remuneração
do setor.
Essa etapa também é considerada altamente poluente, por utilizar
para a queima grande quantidade de lenha extraída das matas nativas
próximas às indústrias. Além da extração de madeira, quando a lenha, ou
óleo BPF ou gás, é queimada é emitido na atmosfera grande quantidade de
CO2 que não passa por nenhum tipo de tratamento de filtragem.
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou uma análise da indústria Cerâmica
Vermelha sob o aspecto do Protocolo de Kyoto como sendo um agente
fomentador de mudanças. É claro que a questão ambiental é deixada de
lado por esse setor da economia que está mais preocupado em sobreviver
sem incentivo nenhum do governo. Mas as inovações tecnológicas podem
ser o começo das adaptações impostas para que se alcance as reduções
das emissões.
É óbvio que essa reestruturação feita para garantir uma forma de
produção mais ambientalmente correta atinge somente o nível regional, mas
de grande relevância, pois, a indústria da cerâmica vermelha influencia muito
a questão habitacional, que é um sério problema para o Brasil. Além do que
está implícita a questão energética e econômica dentro dessa avaliação,
passando pela análise da infra-estrutura.
Percebeu-se que o atraso tecnológico vivenciado pelo Brasil nesse
setor da economia é devido a vários fatores importantes, que acabam
fugindo da competência de gestão das cerâmicas. E se o país alcançou o
estado atual de produção foi unicamente pelo mérito dos empresários.
Entretanto, a reestruturação produtiva precisa ser realizada o quanto antes,
pois o mundo encontra-se em avançado estágio de globalização, podendo,
assim, permitir que algumas empresas estrangeiras, de tecnologia mais
avançada, se instalem no Brasil , e, eventualmente, podem levar as fábricas
genuinamente brasileiras à falência, além disso, o capital estrangeiro não vai
estar tão preocupado com o meio ambiente brasileiro.
O primeiro passo para uma reestruturação bem sucedida é aplicação
das inovações, tanto é verdade que a indústria alemã alcançou o estado da
arte cerâmico devido a isso, conforme explorado no texto. Mas, para que as
inovações sejam aplicadas mister se faz que as fábricas e o mercado
estejam preparados para recebê-las, tanto no ramo da formação profissional
quanto na formação de um mercado consumidor mais exigente. Uma das
saídas mais louváveis a fim de que isso ocorra é a implantação de Políticas
54
Governamentais eficientes, que permitam um real desenvolvimento desse
setor da economia.
Em se tratando da realidade brasileira é de notório saber público que
as decisões são muito fomentadas pela política de interesse e sendo o setor
constituído de pequenas e médias empresas pulverizadas pelo país,
organizacionalmente, elas não têm muita visibilidade política, o que ocasiona
um esquecimento por parte do Poder Executivo, responsável pelos Planos
de Desenvolvimento. E a questão ambiental agora que começa a ganhar
notoriedade, mas isso acontece em passos mais lentos se comparados à
destruição do ecossistema.
Desta feita, a universidade ganha papel de destaque com sua
pesquisa na área da cerâmica vermelha, quando se propõe a discutir e
fomentar trabalhos acadêmicos a cerca desse tema. Trazendo para a
sociedade a discussão sobre as novas formas de aplicação de novas
tecnologias.
A indústria da Cerâmica Vermelha vai obtendo destaque a partir da
percepção de que o tijolo, seu principal produto, está inserido na vida de
todos, garantido um direito fundamental para a nação - a habitação. Assim, o
desenvolvimento dessa indústria torna-se estratégico e o melhor caminho
para desenvolvê-la é começando a empregar as inovações.
Apesar da indústria da Cerâmica Vermelha ser uma indústria regional
o Protocolo de Kyoto pode ser aplicado a ela como uma experiência e com
muitas chances de sua metas serem alcanças com louvor.
É preciso que a coletividade e os governantes das nações possam
estar atentos a perceberem que no futuro os ganhos com essas adaptações
serão muito maiores, se comparados com as supostas perdas que os países
desenvolvidos estão alegando para não aplicar definitivamente as soluções
apresentadas pelo Protocolo.
55
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ONU - PROTOCOLO DE KYOTO À CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES
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60
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 9
O PROTOCOLO DE KYOTO 9
1.1 - Considerações Históricas 9
1.2 - O Protocolo de Kyoto 12
CAPÍTULO II 16
A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA NO BRASIL 16
2.1 - Histórico da Cerâmica 16
2.2 - O Processo Produtivo 19
2.3 - Políticas Governamentais aplicadas à indústria da cerâmica 24
2.4 - Infra-estrutura 32
2.5 - Inovações tecnológicas da indústria cerâmica vermelha 34
CAPÍTULO III 38
ESTUDO DE CASO 38
3.1 - A empresa ceramista X 40
3.1.1 - Principais etapas 41
3.1.1.1 - A exploração da jazida 41
3.1.1.2 - Estocagem 42
3.1.1.3 - Secagem 44
3.1.1.4 - Queima 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS 46
BIBLIOGRAFIA 48
ÍNDICE 53
61
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-graduação “Lato Sensu”
Título: O PROTOCOLO DE KYOTO E A INDÚSTRIA CERÂMICA
VERMELHA
Data da entrega : 31 de julho de 2004.
Avaliação
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Avaliado por: _____________________________ Grau: ____________
______________________, _______ de ___________________ de ______.
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