objetivos militares e aÇÕes hostis - escola superior de … · distância (em metros) entre os...

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Coronel CARLOS FREDERICO CINELLI

DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS

OBJETIVOS MILITARES E AÇÕES HOSTIS

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Lim

itaç

ão

► HUMANIDADE

► DISTINÇÃO

► LIMITAÇÃO

► PROPORCIONALIDADE

► NECESSIDADE MILITAR

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO

x

x

OBJETIVO MILITAR

“No que concerne aos bens, os objetivos militares se

limitam aqueles objetos que por sua natureza,

localização, finalidade ou utilização contribuam

eficazmente para a ação militar e cuja destruição total

ou parcial, captura ou neutralização ofereça, nas

circunstâncias do caso presente, uma vantagem militar

definida (= precisa)”.

Protocolo Adicional I, art. 52, 2

The definition of military objectives had been the object of

study for a long time, and the solution adopted by the

Diplomatic Conference is broadly based on earlier drafts.

The text of this paragraph certainly constitutes a valuable

guide, but it will not always be easy to interpret, particularly

for those who have to decide about an attack and on the

means and methods to be used.

OBJETIVO MILITAR

ou seja…

… embora não sejam estritamente

“objetos”, os membros das forças

armadas são objetivos militares.

OBJETIVO MILITAR

(Condições →“NUFU”)

► Natureza: todos os objetos usados diretamentepelas forças armadas.

► Localização: um local que é de especial importância para as operações militares do ponto de vista de sua localização.

► Finalidade: preocupação com a intenção de seu futuro uso.

► Utilização: preocupação com a sua atual função.

OBJETIVO MILITAR

(Comentários ao Protocolo Adicional I)

OBJETIVO MILITAR

“nas circunstâncias do caso presente”

“Snapshot” atualizado

Operação como um todo

Contexto factual, militar,

não meramente legal ou

tipológico

Avaliação da ameaça

(inteligência)

Efeitos visualizados (OBE)

Projeções abstratas

Pressupostos de

evolução futura

Análises prospectivas de

cenários

OBJETIVO MILITAR

“vantagem militar”

Ganho de território

Aniquilação ou

enfraquecimento das forças

armadas inimigas

Efeitos táticos, operacionais

ou estratégicos

À luz do contexto existente

na ocasião da obtenção

Sentido amplo: impulsiona

operações militares amigas

ou prejudica as inimigas

Somente política,

psicológica, econômica,

financeira, social ou moral

Propaganda governamental

Moral da população

Forçar o inimigo à mesa de

negociações

Nexo indireto com

operações militares

Potencial ou indeterminada

OBJETIVO MILITAR

“definida”

“Precisa”

Deve ser concreta

e perceptível

“Distinta”

“Direta”

“Clara”

“Imediata”

“Óbvia”

“Específica”

“Substancial”

► Do inglês collateral damage, dano involuntário ou acessório, decorrente de ações militares em conflitos armados.

► Causado de maneira fortuita durante um ataque, apesar de todas as precauçõestomadas para evitar a morte ou ferimento de civis e danos a bens civis.

DANO COLATERAL

OBJETIVO MILITAR

► Teoria da Seleção Utilitarista

► Teoria dos 5 Anéis Concêntricos

► Teoria da Seleção Axiológica

Destina-se a atacar todos os meios que os adversários utilizam para empreender a guerra,

tais como soldados, aeródromos, bases, navios, trens, carros de combate, aeronaves e

sistemas de comando e controle (C2).

► DESENVOLVIDA PELO Cel Av JOHN WARDEN III (1ª GUERRA DO GOLFO)

► PRETENDE SER UMA SÍNTESE DA TEORIA UTILITARISTA

► Visa a forçar uma mudança comportamental na liderança inimiga damaneira mais rápida e econômica possível.

► Considera os centros de gravidade não militares mais estratégicos e osalvos de natureza socioeconômica mais importantes do que os alvos denatureza intrinsecamente militar: contas bancárias e finanças, instalações deentretenimento, de esportes ou recreativas utilizadas pela alta liderança.

► Problemas:- população pode eleger os mesmos símbolos do líder;

- imprevisibilidade do comportamento humano (WTC).

► Informação da vulnerabilidade total do alvo, a

fim de permitir selecionar o tipo mais adequado de

armamento, sua quantidade e como o mesmo será

empregado.

► Itens da análise: tipos de construção e

dimensões globais de estrutura e dos

equipamentos, materiais da construção, número

de pavimentos, tamanho etc.

ANÁLISE FÍSICA DE ALVOS

► Alvo quanto à sua funcionalidade.

► Fraciona-se o alvo em diversos componentes,

identificando as funções e finalidade de cada um

deles.

► Determinar o componente cuja destruição ou

neutralização afete sensivelmente a finalidade ou

o alvo como um todo e em que grau isso ocorre.

ANÁLISE FUNCIONAL DE ALVOS

ANÁLISE FUNCIONAL DE ALVOS

ANÁLISE FUNCIONAL DE ALVOS

DETERMINAÇÃO DO PONTO MÉDIO DE IMPACTO

Distância de risco estimado (exemplo)

10% de probabilidade de baixas 0,1% de probabilidade de baixas

Armamento1/3 do

alcance útil

2/3 do

alcance útil

Alcance

útil

1/3 do alcance

útil2/3 do alcance útil

Alcance

útil

Mrt 60 mm 60m 65m 65m 100m 150m 175m

Mrt 81 mm 75m 80m 80m 165m 185m 230m

Obus

105 mm85m 85m 90m 175m 200m 275m

Distância (em metros) entre os elementos amigos e o ponto de impacto

PONTO MÉDIO DE IMPACTO E

DANO COLATERAL

► HUMANIDADE

► DISTINÇÃO

► LIMITAÇÃO

► PROPORCIONALIDADE

► NECESSIDADE MILITAR

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

► Patrimônio histórico, religioso e cultural ► Instalações contendo forças perigosas► População e bens civis► Meios de subsistência dos civis► Meio ambiente► Unidades sanitárias► Direção e momento do ataque► Discriminação espacial do objetivo

São todos os monumentos

históricos, obras de arte,

templos religiosos e lugares

de culto que constituem a

herança espiritual ou cultural

dos povos.

ISIS (DAESH)

destrói patrimônio

da humanidade em

Mosul (Iraque)

Ur Ziggurat, 4000 anos

2 russian MIG 29

ancient Babylonian temple (4.000 YO)

Na medida do que for praticamente possível, asPartes em conflito:

(a) procurarão, sem prejuízo do artigo 49 da IVConvenção, afastar da proximidade dos objetivosmilitares a população civil, os civis e os bens decaráter civil sujeitos a sua autoridade;

(b) evitarão colocar objetivos militares no interiorou na proximidade de zonas densamente habitadas;

(c) tomarão outras precauções necessárias paraproteger a população civil, os civis sob suaresponsabilidade contra os perigos resultantes dasoperações militares.

Art. 58, Protocolo Adicional I

DISTÂNCIA APROPRIADA

• Proteção especial cessa se

houver “apoio regular,

significativo e direto” a operações

militares.

• Não posicionar objetivos nas

proximidades.

• Autodefesa é lícita.

Instalações Contendo Forças Perigosas(PA I, Art. 56)

usinas nucleares

represas

diques

Mariana, 2016

Brumadinho, 2019

Angola, 1996

Unidades Sanitárias

A escolha da direção e do momento do ataque procurarão reduzir ao máximo as perdas e os danos civis.

Canteiro de obras da usina nuclear iraquiana de Osirak, bombardeado

pela aviação israelense numa manhã de domingo, quando não

havia civis trabalhando (1981)

Direção e Momento do Ataque (PA I, Art. 57)

“São considerados ataques indiscriminados, entre outros, os que (...) tratem como objetivo militar único um certo número de objetivos militares nitidamente separados e distintos, situados em uma cidade, aldeia ou qualquer outra zona análoga que contenha concentração de civis ou de bens civis” (PA I, Art 51, 5).

Discriminação Espacial

do Objetivo

MUNIÇÕES CLUSTER ou “BOMBAS-CACHO”

Faixa de Gaza, 2008

MUNIÇÕES CLUSTER ou “BOMBAS-CACHO”

► HUMANIDADE

► DISTINÇÃO

► LIMITAÇÃO

► PROPORCIONALIDADE

► NECESSIDADE MILITAR

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

2 DIMENSÕES DE INFLUÊNCIA

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

danos

colaterais

1) Posso identificar positivamente o alvo que quero atingir?

2) Existem bens protegidos, civis ou não combatentes,escudos humanos involuntários ou preocupaçõesambientais significativas dentro do alcance do armamentoque eu gostaria de usar para atacar o alvo?

3) Posso atenuar os danos colaterais atacando o alvo comum diferente armamento ou método de engajamento,permitindo ainda assim o cumprimento da missão?

4) Caso negativo, quantos civis e/ou não combatentesacredito que serão feridos ou mortos pelo ataque?

5) São os danos colaterais do ataque excessivos emrelação à vantagem militar que se espera conseguir?

AS 5 QUESTÕES NA SELEÇÃO DE OBJETIVOS

(O TESTE DE PROPORCIONALIDADE)

TENHO CERTEZA DE QUE É UM OBJETIVO MILITAR?

MORRERÃO CIVIS SE EU ATACAR COM A ARMA OU MÉTODO QUE PLANEJO?

HAVERÁ MENOS DESSAS MORTES SE EU USAR OUTRA ARMA OU MÉTODO QUE AINDA CUMPRA A MISSÃO?

SE NÃO FOR POSSÍVEL USAR OUTRA ARMA OU MÉTODO, QUANTOS CIVIS SERÃO FERIDOS OU MORTOS?

ISSO SERÁ PROPORCIONAL?

► HUMANIDADE

► DISTINÇÃO

► LIMITAÇÃO

► PROPORCIONALIDADE

► NECESSIDADE MILITAR

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

PRINCÍPIO DA NECESSIDADE MILITAR

“The definition of military

objectives had been the object of

study for a long time, and the

solution adopted by the

Diplomatic Conference is broadly

based on earlier drafts. The text of

this paragraph certainly

constitutes a valuable guide, but it

will not always be easy to

interpret, particularly for those

who have to decide about an

attack on the means and methods

to be used”.

Comentário do CICV ao Artigo 52, 2, do

Protocolo Adicional I

(definição de objetivo militar)

RESPONSABILIDADE DO ESTADO-MAIOR

“A guerra é o reino da incerteza e do acaso: três quartos

dos assuntos que devem ser planejados ficam mais ou menos

envoltos em nuvens densas de incerteza”.

(Clausewitz)

SELEÇÃO DE ALVOS

2. Target definition

A target is an entity or object

considered for possible engagement

or action. It may be an area, complex,

installation, force, equipment,

capability, function, individual, group,

system, entity, or behavior identified

for possible action to support the

commander’s objectives, guidance,

and intent. A target’s importance is

derived from its assessed relationship

with planned operations to achieve the

commander’s objective(s) and the end

state.

?ALVOOBJETIVO MILITAR

“TODO OBJETIVO MILITAR É UM ALVO, MAS NEM TODO ALVO É

UM OBJETIVO MILITAR”

“(...) é provável que os soldados não pudessem lutar

de modo algum, exceto no deserto e no mar, sem

pôr em risco civis próximos (...). Os civis costumam

ser postos em perigo não porque alguém tenha se

disposto a atacá-los, mas porque se encontram

próximos de uma batalha que está sendo travada

contra outros”.

(WALZER, in Guerras Justas e Injustas, 2003, p. 258)

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO

O comandante militar é um agente do

Estado em determinado momento e sob

determinadas circunstâncias. A eficácia com

que as normas do DICA são fiscalizadas e

cumpridas pelos agentes estatais é um dos

parâmetros subjetivos de legitimidade no uso

da força pelo Estado.

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