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4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016
PAISAGENS MINEIRO-INDUSTRIAIS, TERRITÓRIO E PATRIMÔNIO: o caso de Miguel Burnier, MG, Brasil.
CRESPO, JEANNE CRISTINA MENEZES (1); QUEIROZ, DÉBORA DA COSTA (2).
1. Superintendência do IPHAN no Estado do Rio de Janeiro Av. Rio Branco, 46 – Centro – CEP: 20090-002.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil jeanne@iphan.gov.br
2. Prefeitura Municipal de Ouro Preto – Secretaria de Cultura e Patrimônio
Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável – MACPS /UFMG Rua Teixeira do Amaral, 50 – Casarão Rocha Lagoa – Centro – CEP: 35420-000
Ouro Preto, MG, Brasil debora_queiroz@yahoo.com.br
RESUMO
Esta proposta de artigo tem como principal objetivo apresentar um estudo de caso sobre o Distrito de Miguel Burnier, localizado na porção oeste do Município de Ouro Preto no Estado de Minas Gerais, Brasil; a partir de uma discussão sobre os impactos socioculturais advindos da instalação das atividades mineiro-industriais neste território, cuja paisagem vem sendo modificada desde o século XIX. E apesar desta localidade ter passado por um período de expansão econômica que durou até o quartel final do séc. XX, sua situação atual é de extrema tensão social, claramente percebida tanto pelo processo de degradação do seu meio urbano, quanto pelo êxodo da população local, que sai em busca de postos de trabalho e melhores oportunidades em outras localidades. Pelo artigo proposto, pretende-se realizar uma breve contextualização histórica da formação territorial de Miguel Burnier, ressaltar sua importância sob o ponto de vista do seu Patrimônio Cultural Industrial, além de discutir brevemente sobre alguns instrumentos e parcerias utilizados para a promoção e proteção dos bens culturais em questão, apresentando os esforços dos gestores públicos que atuam na localidade com a finalidade da preservação do Patrimônio Cultural local. Objetiva-se também trazer à tona as potencialidades locais através do conceito da apreensão do conceito de patrimônio industrial, que implica na tomada de consciência do valor destes locais, paisagens e equipamentos fora de uso.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural Industrial; Paisagem Cultural; Instrumentos de Proteção; Miguel Burnier; mineração.
4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016
Introdução
O presente artigo está relacionado com a prática profissional e acadêmica de ambas as
autoras, que tem no distrito de Miguel Burnier um desafio tanto em termos de experiência de
gestão de seu Patrimônio Histórico, Urbanístico e Ambiental, quanto um objeto muito
interessante do ponto de vista académico-científico.
O distrito de Miguel Burnier integra a porção oeste do município de Ouro Preto, distando 40
km da sede municipal. Ouro Preto localiza-se na região central do estado de Minas Gerais,
integrante da Mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte, Microrregião de Ouro Preto. A
localidade, ainda, insere-se na porção sul da região do Quadrilátero Ferrífero do Estado de
Minas Gerais, posicionado na porção centro-sul do Estado, localiza-se aproximadamente a
20°30’ de latitude sul e 44°33’ de longitude oeste, fazendo limite com Mariana à leste, Santa
Bárbara ao norte, Itabirito a noroeste, Moeda e Belo Vale a oeste, Congonhas e Ouro Branco
ao sul e Catas Altas da Noruega, Piranga e Itaverava, a sudeste.
FIGURA 01- Localização do Distrito de Miguel Burnier.
Fonte: Arquivo Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto.
A região de Miguel Burnier está inserida na Bacia Hidrográfica Federal do Rio São Francisco,
exatamente na divisão entre as sub-bacias estaduais do Rio Paraopeba e do Rio das Velhas,
apesar de, administrativamente, estar inserida na região desta última. Este divisor de águas
coincide, grosso modo, com o acesso da BR-040 ao Distrito em questão.
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Fito geograficamente, esta área localiza-se em zona de transição dos biomas mata atlântica e
cerrado, ambos considerados como hotspots, ou seja, áreas prioritárias para a conservação
devido a sua alta biodiversidade e alto grau de endemismo, cuja integridade se encontra
altamente ameaçada, principalmente por ações antrópicas motivadas pelo interesse na
exploração econômica dos seus recursos naturais. E de acordo com a Deliberação Normativa
do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM Nº 94/2006 artigo 2º § 2º, a área em
questão é prioritária para a conservação da biodiversidade no Estado de Minas Gerais.
De acordo como Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE) de Minas Gerais, a região
apresenta Vulnerabilidade Natural (VN) “alta a muito alta”. A VN é um parâmetro que indica a
incapacidade do meio ambiente de resistir ou se recuperar de impactos antrópicos negativos,
significando que a área em questão apresenta restrição considerável quanto à utilização dos
seus recursos naturais, demandando avaliações cuidadosas para a implantação de
empreendimentos e atividades.
A localidade em questão também se encontra oficialmente cadastrada como um dos
municípios que compõem o Projeto Turístico Estrada Real, inserido no circuito conhecido por
“Caminho Velho”, no roteiro Ouro Preto - Paraty.
O distrito em questão está situado em uma área cuja paisagem vem sendo modificada desde
o século XVIII devido às ações antrópicas relacionadas à exploração dos recursos naturais
locais. Primeiro o ouro, depois a extração de minério de ferro e siderurgia em contextos
históricos distintos - estes últimos remontando ao final do séc. XIX e que perduram até os dias
atuais. Tal histórico, por sua vez, favoreceu que neste distrito fossem se constituindo
relevantes legados históricos dos sucessivos modelos de industrialização da região, assim
como do resto do país. Ao mesmo tempo, esta contínua exploração de seus recursos naturais,
as novas formas de organização das grandes empresas mineradoras contemporâneas,
aliando-se a falta de investimentos públicos em infraestrutura na localidade, vem favorecido
uma ambiência paisagística degradada da sua sede distrital, deficiência na oferta de bens e
serviços à população local, além de uma baixa dinâmica social, proporcionando um quadro
preocupante de êxodo urbano nos dias atuais.
Devemos ressaltar que, não será nosso objetivo realizar uma análise completa da situação
atual de tal enclave, uma vez que o presente espaço mostra-se muito limitado para tanto. Pelo
presente artigo, nosso objetivo é realizar uma breve contextualização histórica da formação
territorial de Miguel Burnier, ressaltar sua importância sob o ponto de vista do seu Patrimônio
Cultural Industrial, além de discutir brevemente sobre alguns instrumentos e parcerias
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utilizados para a promoção e proteção dos bens culturais resultantes da trajetória
histórico-social do distrito em questão.
Contextualização histórico-territorial do distrito de Miguel Burnier.
A atual área de Miguel Burnier foi sendo historicamente produzida desde o séc. XVIII, época
da exploração aurífera nas regiões denominadas “Rodeio de Itatiaia” e “Chiqueiro”,
compreendidas na área que se estendia da Serra do Ouro Branco até os limites do atual
distrito de Engenheiro Côrrea, no município de Ouro Preto. Tal área era constituída
principalmente por fazendas que tinham na exploração mineral sua principal atividade, que se
desenvolvida nas áreas de depressão do terreno, chamadas de caldeirões.
A região possuía importância estratégica dentro da geografia viária da primeira metade do
século XVIII: tanto o Caminho Novo quanto o Caminho Velho convergiam no lugar do
Macabelo (localidade próxima), passando a estrada, já unificada, pelo “Rodeio” e,
consequentemente, por “Chiqueiro”. É certo que estas estradas e caminhos se alteraram
constantemente durante o século XVIII e XIX, mas o “Rodeio” permaneceu como passagem
obrigatória por muitos anos. Com o passar do tempo, as fazendas da área começaram
gradativamente a diminuir a atividade minerária, dada a exaustão das minas, dando ênfase à
atividade agrícola.
Com a vinda da Família Real para o Brasil em 1808, um dos anseios era a descoberta de
novas riquezas no subsolo de Minas Gerais. Entre os cientistas que atuaram neste tipo de
pesquisa estava o Barão de Eschwege, que, após profundos estudos, inaugurou em fins de
1811, a Fábrica de Ferro Patriótica, em terras de São Julião, distrito de Ouro Preto. As ruínas
desta fábrica foram tombadas pelo IPHAN em 30 de junho de 1938, sob o processo
0031-T-38, devido à relevância de tal sítio como marco na história da siderurgia do país.
A partir do ano de 1880, a região começa a ganhar nova dinâmica motivada pela notícia de
que uma estrada de ferro cortaria a localidade. Assim, no dia 17 de junho de 1884 foi
inaugurada a Estação Ferroviária de Miguel Burnier, em homenagem ao o engenheiro Miguel
Noel Nascentes Burnier, na época, presidente da Estrada de Ferro D. Pedro II. Esta estação
teve grande papel no desenvolvimento do distrito, uma vez que o mesmo se constituiu em um
importante entroncamento ferroviário pelo qual transitavam cargas e passageiros com
destinos variados (VASCONCELOS, 1948).
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FIGURA 02- Ruínas da antiga Fábrica Patriótica. Fonte: http://patrimonioindustrialbrasil.blogspot.com.br/2012/04/serie-patrimonio-industrial-do-brasil.html
Pouco tempo depois, os recursos minerais da região e a situação privilegiada da localidade,
como importante entroncamento ferroviário, confluíram para despertar o interesse do
comendador Carlos da Costa Wigg, na área. Assim, em 1893, este ali instala a Usina Wigg,
destinada à extração de minério de ferro e manganês, assim como à produção de ferro gusa.
Tal empreendimento fez aumentar o povoado que ali já existia, aglutinando tanto os
trabalhadores desta empresa quanto outras pessoas que para ali afluíram em busca de
melhores oportunidades (CAMPOS, 2012, p. 30).
Com a promulgação da Lei no. 556 de 30 de agosto de 1911, “Rodeio” passa ser reconhecido
como distrito de São Julião do Município de Ouro Preto, tendo como sede o povoado criado
nas imediações da Estação de Burnier. Através da Lei no. 1085 de 08 de outubro de 1929
determinava-se que a sede do distrito de São Julião seria deslocada para o local onde estava
implantado o povoado da Usina Wigg. Somente em 17 de dezembro de 1948, por aplicação
da lei nº 336, o distrito passa a assumir definitivamente o nome da estação e se denominar
oficialmente Miguel Burnier (BARBOSA, 1995).
Em 1969, a Usina Wigg foi vendida para o grupo empresarial que instalou a siderúrgica Barra
Mansa (Grupo Votorantim) no distrito, cujas atividades favoreceram economicamente a
população local até seu fechamento, em 1996. O empreendimento em questão incluía um
complexo de atividades dentre as quais se destacavam a produção de ferro, extração de
minério, brita, e produção de carvão, chegando a empregar 1500 trabalhadores. Neste
mesmo período, várias outros empreendimentos siderúrgicos e mineradores instalaram-se na
região.
Ao declínio das atividades da siderúrgica Barra Mansa, acrescentamos o processo de
arruinamento da malha ferroviária nacional, contribuindo para um esvaziamento da população
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local, que foi procurar postos de trabalho e melhores oportunidades em outras localidades.
Para ilustrar tal ideia, apresentamos um breve panorama populacional da localidade, que em
1996 possuía, segundo dados do IBGE, 1.279 habitantes, passando para 954 habitantes, no
ano de 2010.
As atividades industriais na sede do distrito em questão foram retomadas em 2004, desde
quando a Gerdau Açominas assumiu as atividades minerárias de exploração de minério de
ferro no local, a partir da operação da Mina de Miguel Burnier, que extrai mais de um milhão de
toneladas de minério por ano. Além desta mineradora, na área rural distrital há
empreendimentos da VALE S.A., da Açominas, da CFM - Companhia de Fomentos Minerais,
da Magnesita, da Nacional Minérios S.A. (Namisa), além de pequenas empresas vinculadas a
produção de carvão vegetal. Tal quadro de empresas em atividade, no entanto, não contribuiu
para reversão do processo de evasão social e decadência, pelo qual, ainda hoje, passa a
sede distrital de tal localidade.
FIGURA 03 - Vista Geral de Miguel Burnier, com a planta industrial da Gerdau, ao fundo. Foto de Débora Queiroz, 2013. Fonte: Acervo pessoal da autora.
Os séculos de exploração dos recursos naturais regionais e a falta de investimentos públicos
em infraestrutura urbana resultaram em uma ambiência paisagística do entorno das empresas
de mineração, assim como da sede distrital de Miguel Burnier – cujo tecido urbano é precário,
caracterizada por focos de erosão no solo exposto, voçorocas, alteração na morfologia do
terreno, desmatamento da cobertura vegetal, formação de taludes, perfis expostos de terreno
(sujeitos a desmoronamento pela ação de águas pluviais), poluição dos cursos de água e
lençol freático (tanto por resíduos das atividades minerárias quanto pelo saneamento precário
da região), além da própria poluição do ar por material em suspensão. No entanto, ao
caminharmos por suas ruas, irregulares e de calçamento em pedra, cheias de falhas e terra
exposta; podemos perceber em seus conjuntos dispersos de edificações simples, mal
conservadas e em estado de arruinamento, o valioso potencial cultural do legado urbano
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deixado pelas sucessivas fases da mineração no local, como poderemos perceber pelas
imagens abaixo:
FIGURA 04 - Vista Geral do conjunto arquitetônico da Rua João Gonçalves, Miguel Burnier. Fotos de Jeanne Crespo, 2013. Fonte: Acervo pessoal da autora.
FIGURA 05 - Conjunto Ferroviário de Miguel Burnier. FIGURA 06 – Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em detalhes da sua fachada principal e da nave. Fotos de Jeanne Crespo, 2013. Fonte: Acervo pessoal da autora.
FIGURA 07 - Vista Geral do galpão no qual se localiza o alto-forno da Usina Wigg, Miguel Burnier. Foto de Jeanne Crespo, 2013. Fonte: Acervo pessoal da autora.
Reflexões sobre o Patrimônio Cultural Industrial e suas paisagens.
De acordo com a Carta de Nizhny Tagil, datada de 17 de julho de 2003:
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O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de tratamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação.
Tal perspectiva patrimonial é resultante de um longo debate no campo formal do patrimônio
cultural, aliado a uma perspectiva mais democrática e socializante de tal conceito. A Carta de
Nizhny Tagil (2003) afirma, ainda, que o patrimônio industrial se caracteriza como testemunho
de um passado cujas consequências ainda estão presentes na contemporaneidade,
guardando em si um conjunto de valores que justificam a necessidade da sua preservação:
um valor histórico por representar um período fundamental da história humana; um valor
social enquanto registro da experiência do trabalho industrial, de uma sociedade que ainda
nos é comum e que lhe confere um forte sentimento indentitário; um valor cientifico e
tecnológico, por testemunhar os avanços e as conquistas técnicas próprias dos processos
industriais; um valor estético, por apresentar muitas vezes em seus exemplares arquitetônicos
qualidades arquitetônicas e soluções inovadoras tão importantes para a definição da nova
linguagem moderna.
Os valores acima mencionados podem ser atribuídos aos próprios sítios industriais, às suas
estruturas, aos seus elementos constitutivos, à sua maquinaria, à sua documentação e
também aos registros intangíveis contidos na memória dos homens e das suas tradições,
assim como, às suas paisagens. E para o presente trabalho, buscamos compreender as
paisagens resultantes de enclaves industriais, a partir de suas potencialidades patrimoniais,
concebendo-as enquanto artefato cultural, a partir de uma perspectiva que leve em
consideração:
[...] o resultado de uma interação constante entre os grupos humanos e o território, em produção dialética e constante de significados, com a particularidade de que esses significados não são novos, pois estão profundamente enraizados no processo histórico. Deve, portanto, ser considerada a partir da especificidade dos valores que lhe são atribuídos, considerando os diversos elementos que a compõem e a constante evolução dos padrões e valores que reflete e que acabam por fazer com que ela seja a expressão da própria imagem da(s) sociedade(s) que a construíram. Assim, embora as estruturas da paisagem se expressem em conjunto, em uma imagem, sob a ótica da percepção, elas não se reduzem a um mero estímulo sensorial. Esta experiência, além das nuances subjetivas e individuais, é constituída por uma sociedade em constante transformação, evidenciando, portanto, a influência exercida pelas paisagens na qualidade de vida e na construção cultural. Tal transformação é capaz de influir e resultar em novas referências e identidades. Suas consequências e as novas apropriações e valorações que a sociedade lhe conferir são o que vai lhe outorgar qualidade. Fica, assim, evidente a convergência mineração-território-paisagem na
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interseção propiciada pelas relações socioculturais. É fundamental considerar os vínculos entre mineração, seu território e as paisagens envolvidas, que são por ela modificados, influenciando, direta ou indiretamente, o contexto econômico e sociocultural onde se situam (CARSALADE et all., 2012:36).
Assim, para localidades com o mesmo histórico de formação de Miguel Burnier, a trajetória
dos usos dos espaços pelas tecnologias e modelos de produção correntes, se manifesta
através de avanços que constantemente canibalizam o passado, implicando em práticas
espaciais que levam em consideração a constante exploração dos recursos territoriais
existentes em tais espaços. Neste ínterim, há uma tendência para os complexos industriais
que vão se tornando obsoletos a serem abandonados, esquecidos ou mesmo destruídos;
passando os mesmos, a serem percebidos como espaços residuais e/ou degradados. Tais
enclaves, muitas vezes situados em áreas com elevado valor ambiental e paisagístico, tem
sido alvo de várias pressões que nem sempre têm como objetivo, a aplicação de ações
orientadas para o seu desenvolvimento, dinamização socioeconômica, a recuperação
patrimonial e paisagística e/ou a melhoria das condições de vida da população, mas sim a
maximização do lucro através de operações urbanísticas muitas vezes desenquadradas e que
colocam em risco tanto a qualidade do conjunto, quanto a manutenção do seu patrimônio
cultural industrial (LOURES, 2010).
A discussão sobre gestão e possíveis reutilizações do patrimônio cultural industrial está
sujeita aos conceitos éticos do presente, uma vez que a história da cultura industrial pode ser
sinónimo de poluição, insustentanbilidade e péssimas condições de trabalho, devendo ser sua
reinvenção contemporânea, sinônimo de ecologia, bem-estar social e desenvolvimento
sustentável. Assim, se pensarmos as múltiplas implicações dos processos mentais,
produtivos, sociais e econômicos das sociedades que vivenciaram e (re)produziram os
territórios industriais, abordando-as a partir da relação entre as paisagens resultantes de tais
processos e o contexto sociocultural contemporâneo no qual estas estão inseridas; vemos
uma possibilidade de inserção de tais espaços residuais no espaço contemporâneo, a partir
do fomento de políticas de gestão que considerem uma nova vocação funcional para os
mesmos, com base em critérios que considerem a representatividade dos seus legados
culturais, sociais e históricos. Assim, de acordo com o item 9 da Carta de Cracóvia (2000), que
formula diretrizes e alguns Princípios para a Conservação e o Restauro do património
construído, inferimos que:
As paisagens reconhecidas como património cultural são o resultado e o reflexo da interação prolongada nas diferentes sociedades entre o homem, a natureza e o meio ambiente físico. São testemunhos da relação evolutiva das comunidades e dos indivíduos com o seu meio ambiente.
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Neste contexto, a sua conservação, preservação e desenvolvimento centram-se nos aspectos humanos e naturais, integrando valores materiais e intangíveis. É importante compreender e respeitar o carácter das paisagens e aplicar leis e normas adequadas que harmonizem os usos mais importantes do território com valores paisagísticos essenciais. Em muitas sociedades, as paisagens possuem uma relação histórica com o território e com as cidades. A integração da conservação da paisagem cultural com o desenvolvimento sustentado de regiões e localidades com atividades ecológicas, assim como com o meio ambiente natural requerem uma consciencialização e uma compreensão das suas relações ao longo do tempo, o que implica o estabelecimento de relações com o meio ambiente construído, de regiões metropolitanas, cidades e núcleos históricos. A conservação integrada de paisagens arqueológicas ou com interesse paleontológico, bem como o desenvolvimento de paisagens que apresentam alterações muito significativas, envolvem a consideração de valores sociais, culturais e estéticos.
Mais propriamente sobre as paisagens resultantes de zonas industriais de mineração, que é o
caso da localidade em estudo no presente trabalho, citaremos os parâmetros fornecidos pela
Carta de El Bierzo (2008), que estabelece normas para os usos e práticas de intervenção em
tais paisagens. Tal instrumento distingue três tipos de elementos patrimoniais característicos
das atividades de mineração: o patrimônio natural, formado pelo reservatório geológico e do
ambiente natural; o patrimônio antropogênico, formado pelas instalações físicas e laborais
das plantas industriais, companhias, cidades, assentamentos, dentre demais infraestruturas
necessárias ao funcionamento das atividades de mineração. E em terceiro lugar, os
chamados bens imateriais ou intangíveis, relativos às expressões culturais, sociais,
trabalhistas, lúdicas e as tradições e costumes associadis ao universo da mineração.
Assim sendo, quaisquer intervenções em paisagens resultantes de processos históricos da
mineração industrial devem levar em consideração a sinergia entre tais elementos e os seus
impactos sobre a porção física dos territórios. Ainda, há de se considerar que o patrimônio
resultante das atividades da mineração é o testemunho da vida quotidiana, parte da nossa
memória acerca das tecnologias, das relações trabalhistas e de nossa herança cultural. Este é
um elemento configurador de identidade territorial, ao mesmo tempo, que recurso econômico,
turístico e cultural. Consequentemente, a sua preservação deve significar mais do que um
pastiche conservado para o consumo turístico e estético; mas, antes de tudo, deve refletir a
variedade de sistemas de operação (re) produzidos em torno da atividade industrial da
mineração, apresentando, assim um ponto de vista crítico do histórico das relações de
apropriação do meio ambiente e da força de trabalho humana advindas de tal indústria. Tal
visão, contudo, deverá vir devidamente contextualizada, mostrando os distintos ciclos
econômicos e de modo de produção, assim como, das historicidades pertinentes às
sociabilidades e mentalidades próprias de cada uma destas conjunturas; as quais, inclusive,
atribuem a tal atividade industrial e aos seus impactos ambientais, juízos estéticos, de valores
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apreciativos ou depreciativos, que culminam na formação dos diversos discursos narrativos
que se constroem acerca da mineração.
Como exemplo desta questão, citaremos a devida contextualização do processo de
construção do discurso contemporâneo acerca da mineração, que se baseia na dicotomia:
degradação ambiental, social e cultural X crescimento econômico resultante dos commodities
advindos de tal atividade.
Reflexões sobre o Patrimônio Cultural existente em Miguel Burnier e os desafios relativos à sua gestão.
Apesar de o Brasil ter sido pioneiro no tombamento de “vestígios” da industrialização, as
dificuldades no reconhecimento destes bens como patrimônio cultural, tanto para a sociedade
civil, quanto para os órgãos de preservação, é ainda uma questão crucial, que claramente
dificulta a sua salvaguarda. E a resolução de tal questão não reside apenas na identificação
de tipologias de edificações que poderiam ser reconhecidas oficialmente como “Patrimônio
Cultural”, mas sim, na articulação de estudos interdisciplinares que aprofundem a questão da
inserção desses bens nos espaços, suas relações com a estruturação das cidades e dos
territórios, suas articulações com aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos das
realidades locais, regionais e nacional (KUHL, 2010).
No Brasil, a salvaguarda do Patrimônio Cultural Industrial pelo Estado, pode ser feita pelos
instrumentos legais dos inventários; do tombamento, no que diz respeito aos seus elementos
materiais; e do registro, em relação aos seus componentes imateriais. Ambos têm suas
interfaces municipais, estaduais e federal. Ainda, há instrumentos de proteção derivados de
normativas federais, cuja aplicação se dá somente para efeitos da proteção oferecida pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN: a Lei no. 3.924 de 1961, que se
refere à proteção dos sítios arqueológicos; a Lei nº. 11.483 de 2007, o Decreto nº 6018/2007,
a Portaria IPHAN nº 407 de 2010 e a Portaria Interinstitucional nº 1 de 2011, que juntos,
atribuem àquela autarquia o dever da preservação e salvaguarda do patrimônio ferroviário.
Em nível federal, temos a proteção dada às ruínas históricas da Usina Wigg (FIGURA 07),
identificadas como sítio arqueológico pelo IPHAN, e cujos estudos foram desenvolvidos como
medida mitigadora, por ocasião do licenciamento ambiental da Mina Miguel Burnier, sob
responsabilidade da Gerdau Açominas. Ainda, tal instituição acompanhou os trabalhos de
restauração da estação ferroviária de Miguel Burnier, apesar deste prédio, assim como o
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conjunto do qual este faz parte, não estarem inscritos na Lista do Patrimônio Cultural
Ferroviário.
Em nível municipal, a política municipal de proteção ao patrimônio cultural do município de
Ouro Preto se intensifica a partir dos anos 2000, e vem se consolidando com a elaboração de
estudos, documentos, orientações jurídico-administrativas, além do efetivo uso dos diversos
instrumentos de acautelamento disponíveis e previstos na Constituição Federal e na Lei
Orgânica do Município. Os marcos nesta política foram: a regulamentação do tombamento no
município através da Lei Nº17/2002 de 26 de abril de 2002 (alterada pela Lei Nº. 321 de 15 de
março de 2007); e a criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e
Natural de Ouro Preto (Lei Nº 64/2002, Lei Nº 77/2005 e Lei Nº 207/2006), que vem
concretizar a participação da comunidade local na preservação de seu patrimônio, assim
como preconizado pelo artigo 163 da sua Lei Orgânica.
Para revisar o Plano Diretor municipal, aprovado em dezembro de 2006, era imprescindível
reconhecer o acervo de interesse de preservação, tendo em vista as dimensões do acervo
cultural do Município de Ouro Preto, até então carente de cadastramento e conhecimento
mais aprofundado de seu estado de conservação. Nesse momento, a Prefeitura de Ouro
Preto, através de sua equipe técnica, elege o inventário como eixo norteador das políticas de
patrimônio, por considerar este o instrumento de tutela mais prático, de efeitos mais brandos e
de desenvolvimento mais eficiente; buscando focar no recenseamento dos acervos culturais
dos distritos, visando ter real noção das dimensões e características dos mesmos.
Assim, durante todo o ano de 2006, o distrito de Miguel Burnier foi objeto de inventariação, em
uma conjuntura na qual se processou a valorização do genius loci distrital, carregado de
memória e identidade próprias, que se refletem não apenas no patrimônio cultural edificado,
como também nas memórias da comunidade local, configurando-se, assim, em numa
configuração de território peculiar. Entretanto, na contramão de todo este processo, há a
retomada das atividades minerárias na sede do Distrito, desde 2004, cuja ocupação dos
espaços do mesmo pela empresa vem se processando sem qualquer planejamento e/ou
preocupação com a qualidade do ambiente construído e com as ocupações históricas ali
existentes.
Diante do grande risco de desaparecimento desta história, o município buscou parcerias e
empreendeu esforços no sentido da preservação do vasto acervo cultural do Distrito. Em
2009, um Termo de Ajustamento de Conduta foi assinado entre a Gerdau, a Prefeitura
Municipal e o Ministério Público Estadual – MPE/MG, resultando, entre outras ações, na
contratação de 04 processos de tombamento: Usina Wigg, Igreja Sagrado Coração de Jesus,
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Igreja Nossa Senhora Auxiliadora dos Calastróis e Igreja Nossa Senhora da Conceição do
Chiqueiro dos Alemães. Também em parceria com o MPE/MG e com o IPHAN, conforme já
mencionado no início da sessão, houve a restauração da estação ferroviária de Miguel
Burnier, em 2012, cuja destinação foi dada à população local, com uso atual como “Estação
de Cultura”. Por último, merece destaque a atuação firme do Conselho de Patrimônio Cultural
e Natural – COMPATRI, pela preservação do legado cultural do Distrito. Ainda, em 2013 foi
deliberado que todas as análises de projetos da empresa mineradora em questão estariam
paralisadas, até que a mesma apresentasse um plano Diretor para a ocupação da Mina
Miguel Burnier. Atualmente, encontra-se em processo inicial de Licenciamento Ambiental uma
expansão da produção de minério de ferro, chegando a uma previsão de 11-13 Mt/ ano. Um
esforço por parte do COMPATRI, em parceria com a Secretaria de Cultura e Patrimônio, tem
sido feito de modo impedir que seja referendada a anuência ambiental para a expansão em
questão, emitida em 2012, que está condicionada ao parecer do Conselho Municipal de Meio
Ambiente - CODEMA.
Ainda, não devemos deixar de mencionar as manifestações culturais intangíveis que se
desenvolvem em Miguel Burnier, algumas inventariadas pela Prefeitura Municipal de Ouro
Preto; e que apesar de não estarem protegidas oficialmente pelo Estado, constituem-se em
importante legado cultural que se perpetua na memória da comunidade local, como por
exemplo: as memórias em torno das associações futebolísticas existentes na localidade, o
modo de fazer frango com cansanção, Coral Sagrado Coração de Jesus, o Congado de Santa
Efigênia e Nossa Senhora do Rosário, a Corporação Musical Sagrados Corações de Jesus e
Maria, dentre outras. Uma observação a se fazer é a de que, se o Estado tem conseguido
avanços pontuais na proteção dos bens edificados resultantes do histórico industrial de Miguel
Burnier, muito menos se tem feito em relação à salvaguarda do patrimônio imaterial de tal
localidade. Tal fato, porém, não se restringe ao caso aqui abordado, sendo ainda insipientes
os inventários de conhecimento acerca das manifestações intangíveis que foram
consolidadas em torno das atividades de mineração em território nacional, principalmente,
àquelas que ainda estão em uso e são pertinentes aos ofícios dos trabalhadores.
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FIGURA 08 – Manifestações culturais imateriais de Miguel Burnier: O Congado de Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário e a Corporação Musical Sagrados Corações de Jesus e Maria. Fonte: projetoestacao.blogspot.com
Considerações Finais
Como podemos ver ante o exposto no texto, o distrito de Miguel Burnier constitui um exemplo
claro de paisagem industrial com elevado valor patrimonial, histórico e paisagístico, que urge
recuperar, visto que a sua canibalização pela indústria mineradora contemporânea
constitui-se um risco de desaparecimento de tal localidade.
Vimos também que o Estado tem buscado promover a proteção de elementos representantes
do histórico industrial de Miguel Burnier. No entanto, devido às próprias limitações dos
instrumentos de proteção ao patrimônio cultural previstos por nossa legislação, sua atuação
ainda é pontual e não leva em consideração a sinergia de todos os elementos intangíveis e
geológicos que resultaram na configuração de tal sítio. Não há instrumentos de proteção que
levem em consideração o território e suas respectivas paisagens. E, além disto, o constante
embate entre a preservação cultural e a ambiental frente o avanço da indústria da mineração
contemporânea, dificultam ainda mais o processo.
Embora a recuperação do património industrial possa promover, em parte, a exumação do
passado, esta é cada vez mais um reflexo do presente, uma vez que a decisão do que
preservar e valorar é contemporânea, transformando-se, assim, em diretriz configuradora da
patrimonialização das paisagens do futuro. Neste sentido, a recuperação de paisagens (pós)
industriais residuais deve basear-se em medidas de gestão urbanística e de uso do solo que
promovam a requalificação das antigas estruturas industriais, como forma de valorização do
seu patrimônio cultural, e como elemento norteador de processos de reconversão territorial.
Assim, busca-se proporcionar crescimento urbano estruturado, a partir da utilização de tais
espaços com atividades de segunda safra que se baseiem em princípios que promovam a
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sustentabilidade, reduzam os impactos ambientais negativos, fomentem a inclusão social e o
crescimento econômico local/regional.
Em termos históricos e culturais, a recuperação destas paisagens associada à preservação
do património industrial permite que se preservem elementos da memória das populações,
reforçando a sua identidade e valorizando a história, não só a nível local, mas também a nível
regional e nacional. Do ponto de vista ambiental, a recuperação destes espaços constitui uma
mais-valia a níveis distintos, uma vez que não só se diminuem os riscos advindos da
degradação ambiental, como se melhora a qualidade estética da paisagem. Porém, para que
se possam desenvolver ações efetivas nesta área, é necessário que os poderes público e
privado (incluindo aí as sociedades organizadas, as comunidades locais e as empresas
mineradoras) assumam um papel proativo, com o Estado assumindo deu papel constitucional
de protagonista e solucionador dos conflitos socioambientais e econômicos, resultantes da
instalação das atividades de mineração no território nacional.
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