pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo- puc … ferreira... · se tudo estava correndo...
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO- PUC-SP
EDITH FERREIRA DE SOUZA OLIVEIRA
Inovação tecnológica em saúde uma visão nas
últimas duas décadas
DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
SÃO PAULO
2014
EDITH FERREIRA DE SOUZA OLIVEIRA
Inovação tecnológica em saúde uma visão nas
últimas duas décadas
DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Tese apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção do título de
Doutor em Ciências Sociais, sob a orientação da
Prof.ª Dr.ª Maria Helena Vilas Boas
SÃO PAULO
2014
Ficha Catalográfica
Palavras-chave:
Autorizo, exclusivamente, para fins acadêmicos e científicos, a reprodução
total ou parcial desta tese por processos fotocopiadores ou eletrônicos.
Oliveira. Edith F.S
Inovação tecnológica em saúde uma visão nas últimas duas décadas
Edith FS oliveira – São Paulo, 2014.
XI, 133 f
Tese (Doutorado) – Pontífice Universidade Católica de São Paulo. Pós graduação em Ciências Sociais
Título em Inglês: tecnology inovation in halth in the last decades
Palavras chave Avanço tecnológico – Inovação – Conservação –
Tecnologia – Manutenção – Equipamentos - Gerenciamento
Tese defendida e aprovada em ___ / ___ / ___
Banca Examinadora
______________________________________
______________________________________
______________________________________
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______________________________________
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus o Senhor e Salvador Jesus Cristo por ter me conduzido até o final deste trabalho, me orientando me dando saúde e paz para continuar sem desanimar, pois o caminho é longo e cheio de dificuldades.
Quando nos momentos mais difíceis, inclinei a minha cabeça e pedi para que
ele me ajudasse, tenho certeza que nesses momentos que pareciam não ter fim l ele esteve perto de mim e por isso cheguei até aqui...
A minha querida orientadora, Prof.ª Dr.ª Maria Helena Vilas Boas, por me
aceitar como sua orientanda, por sua paciência e prontidão em me mostrar todo o caminho que eu precisaria percorrer. Por nunca ter deixado de atender os meus telefonemas, às vezes até em momentos não tão oportunos, mas lá estava ela com o seu sorriso e boa vontade para me atender.
A querida professora Elizabeth Mercadante que sempre se colocou a minha
disposição. Muito obrigada; jamais esquecerei a sua boa vontade misturada com tanto conhecimento.
Ao meu querido irmão Elias, pelo apoio, companheirismo e seus
ensinamentos de informática. Agradeço a minha querida filha pela sua paciência e compreensão em ter
ficado muitas vezes sem a minha companhia, enquanto eu pesquisava, ou estava no computador, ou mesmo realizando alguma atividade relacionada ao trabalho em evidência.
Ao meu genro Jeferson, pelo carinho com a minha filha e atenção dispensada
à minha pessoa. A minha família em especial o meu pai por estar sempre por perto, para saber
se tudo estava correndo bem.
As minhas colegas de trabalho, Glauce, Luciana, Aparecida Viana, Andrea e Amélia por suas colaborações no sistema de informática, além da compreensão
com o tempo que precisei sair mais cedo ou chegar mais tarde no trabalho.
In Memória
Professor Dr José Roberto Domingues
PENSAMENTO/AUTOR
“A Palavra do sábio torna o conhecimento atraente”
Prov. 13. V. 20
“O Conhecimento faz desabrochar nossas aspirações e pode se tornar o
guia da alma”
Will Duran
“Somente as ideias que são realmente nossas podem ser expressas
adequadamente em palavras”
Henri Bergson
Sumário
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 .................................................................................................................... 1
1.1. Influência para a Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde.............................. 2
1.2. Fundamentação Teórica das Inovações Tecnológicas em Saúde no Brasil....... 4
CAPÍTULO 2 .. ................................................................................................................. 14
2.1. Inovação e Tecnologia em Saúde: uma Visão nas Últimas Duas Décadas........ 15
2.2. Conceitos e Dimensões de Tecnologia................................................................ 18
2.3. Regulamentação e Avaliação do Setor Saúde..................................................... 33
2.4. Objetivos............................................................................................................... 39
2.5. Justificativa........................................................................................................... 40
2.6. Problemas Identificados e Hipóteses de Trabalho.............................................. 43
CAPÍTULO 3 .................................................................................................................... 47
3.1. As Unidades Hospitalares.................................................................................... 48
3.2. A Industrialização e a Tecnologia........................................................................ 51
3.3. Problematização.................................................................................................. 56
CAPÍTULO 4 ................................................................................................................... 60
4.1. Caminho Metodológico........................................................................................ 61
4.2. Pesquisa Exploratória.......................................................................................... 61
4.3. Entrevistas........................................................................................................... 62
4.4. Abordagem........................................................................................................... 64
4.5. Procedimentos...................................................................................................... 65
4.6. Questões do Questionário.................................................................................... 67
4.6.1. Procedimentos................................................................................................ 72
4.7. Casuística............................................................................................................. 73
4.8. Análise Estatística................................................................................................ 74
4.9. Complementação Metodológica........................................................................... 75
CAPÍTULO 5 ................................................................................................................... 80
5.1. Resultados............................................................................................................ 81
5.1.1. Caracterização da Amostra........................................................................... 81
5.1.2. Distribuição da Amostra Quanto ao Número de Empregos.......................... 82
5.1.3. Contribuição da Tecnologia para Desenvolvimento do Trabalhador............. 84
5.1.4. Contribuição da Tecnologia para a Recuperação da Saúde do Paciente..... 87
5.1.5. Critérios Utilizados para Aquisição de Novas Tecnologias na Área
Hospitalar......................................................................................................
89
5.1.6. Opinião dos Participantes sobre Sucateamento e Desperdício de
Investimento com Equipamentos de Tecnologia Avançada...........................
91
5.1.7. Contínuo Aperfeiçoamento no Setor Tecnológico (Figura 7)......................... 93
5.1.8. Necessidade de um Contínuo Aperfeiçoamento no Setor Tecnológico
(Figura 8)........................................................................................................
95
5.1.9. Contínuo Aperfeiçoamento no Setor Tecnológico (Figura 9)........................ 97
5.1.10. Treinamento de Pessoal (Figura 10)............................................................ 99
5.1.11. Opinião dos Entrevistados Sobre o Gerenciamento de Armazenamento,
Instalação, Operação e Manutenção de Equipamentos...............................
102
5.1.12. Fatores Determinantes para o Investimento em Inovação Tecnológica da
Saúde............................................................................................................
104
5.1.13. Importância do Gerenciamento de Recursos Tecnológicos para uma
Maior Vida Útil (Figura 13)...........................................................................
108
5.1.14. Que tipos de Equipamentos são mais Usados em Termos de Tecnologia
da Saúde? (Figura 14).................................................................................
111
5.1.15. O que Envolve o Processo de Compra dos Equipamentos Tecnológicos?
(Figura 15)....................................................................................................
113
5.1.16. Processo de Descarte de Equipamentos..................................................... 115
5.1.17. Possibilidade do Uso Inadequado de Equipamentos................................... 118
5.1.18. Uso dos Equipamentos Adquiridos............................................................... 120
5.1.19. Processo de Sucateamento dos Aparelhos.................................................. 122
5.2. Discussão............................................................................................................. 124
5.2.1. Inovação e Tecnologia Chave para o Sucateamento..................................... 124
5.2.2. Manutenção Chave para o não Sucateamento.............................................. 140
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 146
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................ 149
ANEXOS
LISTA DE ABREVIATURAS
ABM= Associação Brasileira de Manutenção
AIDS= Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
ANPPS= Agencia Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde
ANS= Agencia Nacional de Saúde
ANVISA= Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
ATS= Avaliação Tecnológica em Saúde
AVC= Acidente Vascular Cerebral
BIREME= biblioteca regional de medicina
CADTH= Canadian Agency for Drugs and in Health
CCTI= Conselho de Ciência Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde
CITEC= Comissão para Incorporação de Tecnologia
CONASEMS= Conselho Nacional da Secretária de Saúde
CONASS= Conselho Nacional de Secretária da Saúde
CONEP= Conselho Nacional de Saúde na Comissão de ÉTICA e Pesquisa
CTI= Ciência Tecnologia e Inovação
CTIS= Ciência Tecnologia e Inovação na Saúde
DECIT= Departamento de Ciências e Tecnologia
EAS= Engenharia Clinica de Assistência a Saúde
EMH= Equipamentos Médicos Hospitalares
FIESP = Federação das Industrias do Estado de São Paulo.
GEMH= Gestão de Equipamentos Médico Hospitalar
IBGE= Instituto Nacional de Geografia e Estatística
ITS= Instituto de Tecnologia da Saúde
LRF = Lei de Responsabilidade Fiscal
MCT= Ministério da Ciência e Tecnologia
MEC= Ministério da Educação e Cultura
MIT= Instituto de Tecnologia de Massachusetts
NCCHTA= National Coordinating Centre for Health Tecnology Assessment
NIH= National Institutes of Health
OMS= Organização Mundial da Saúde
OPAS= Organização Pan – Americano da Saúde
PCTIS= Política de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde
PCTS= Pesquisa Cientifica e Tecnologia em Saúde
PIBIC= Programa Institucional de Bolsas e Iniciação Cientifica
PNCTI= Política Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação
PNCTIS= Política Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde
PNGTS= Política Nacional de Gestão e Tecnologia em Saúde
PNS= Política Nacional de Saúde
PS= Pronto Socorro
RNM= Ressonância Nuclear Magnética
RX= Raio X
SAS= Secretária de Atenção a Saúde
SCTIE= Secretaria da Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos
SUS= Sistema Único de Saúde
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Distribuição da amostra conforme a ocupação profissional............................ 81
Figura 2 – Distribuição da amostra conforme o número de empregos que trabalhavam os entrevistados.........................................................................................
83
Figura 3 - Opinião dos entrevistados sobre a contribuição da tecnologia para o desenvolvimento intelectual do indivíduo que trabalha diretamente com o equipamento. Podemos observar através da estatística que a tecnologia traz grande contribuição para o desenvolvimento intelectual daqueles que estão diretamente envolvidos com a mesma................................................................................................
85
Figura 4 – Opinião dos entrevistados sobre a contribuição da tecnologia para recuperação da saúde....................................................................................................
87
Figura 5 - Opinião dos entrevistados sobre os critérios para aquisição de novos equipamentos tecnológicos.............................................................................................
89
Figura 6 - Opinião dos entrevistados sobre sucateamento e desperdício de investimento em equipamento de tecnologia avançada.................................................
92
Figura 7 – opinião dos entrevistados sobre o programa de aperfeiçoamento tecnológico nas unidades de saúde. Verificou-se que 94% dos entrevistados responderam esta questão.............................................................................................
93
Figura 8 – Opinião dos entrevistados de como avaliar a necessidade de um continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico............................................................................
96
Figura 9 – Avaliação dos entrevistados sobre o aperfeiçoamento no setor tecnológico. Observou-se que 96% dos entrevistados responderam esta questão e todos os itens foram respondidos...................................................................................
98
Figura 10 – Avaliação dos entrevistados sobre as estratégias de gerenciamento de equipamentos. Notou-se que 100% dos entrevistados responderam esta questão, também houve respostas para todos os itens da questão............................................
100
Figura 11 – Avaliação dos entrevistados sobre o gerenciamento de armazenamento, instalação, operação e manutenção de equipamentos..................................................
103
Figura 12 – Avaliação dos entrevistados sobre os fatores que determinam o investimento em tecnologia nos serviços de saúde........................................................
105
Figura 13 – Avaliação dos entrevistados sobre a importância do gerenciamento dos equipamentos para uma maior vida útil..........................................................................
108
Figura 14 – Avaliação dos entrevistados sobre o uso de equipamentos em serviços de saúde.........................................................................................................................
111
Figura 15 – Opinião dos entrevistados sobre o processo de aquisição de equipamentos tecnológicos. Observou-se que 100% dos entrevistados responderam esta questão e que não houve resposta para o item da questão: Aleatoriamente.........
113
Figura 16 – opinião dos entrevistados sobre o processo de descarte de equipamentos..................................................................................................................
116
Figura 17 – Avaliação dos entrevistados sobre a possibilidade do uso inadequado de equipamentos. Observou-se que 100% dos entrevistados responderam esta questão e que não houve respostas para os itens da questão: Não existe e Desconheço.........
118
Figura 18 – avaliação dos entrevistados sobre o uso dos equipamentos adquiridos..... 120
Figura 19 – avaliação dos entrevistados sobre o processo de sucateamento dos aparelhos.........................................................................................................................
122
RESUMO
Objetivos: Determinamos os fatores que envolvem a inovação tecnológica
na área da saúde, assim como a aquisição, manutenção e conservação
desses equipamentos, avaliando se a sua aquisição está relacionada com o
sucateamento e descarte destes equipamentos. Método: Gradativamente
desenvolveu-se esse estudo, com uma amostra de vinte e quatro
profissionais de nível de instrução diferente, e área de formação também
diferentes; mas que desenvolviam suas atividades em uma mesma unidade
do ambiente hospitalar. Dos nossos entrevistados 60% trabalhavam em
duas empresas, e 40% apenas em uma empresa. Foi realizada uma
entrevista escrita com possibilidade de comentários após a realização da
mesma. Esses comentários relacionado as respostas das questões foram
gravados e depois analisados sendo acrescentados aos resultados das
entrevistas e os dados obtidos foram tabulados e expressos em
porcentagens. Resultados: Concluiu-se que 54% dos entrevistados
afirmaram que a tecnologia tem contribuído na recuperação da saúde das
pessoas e daí decorre a necessidade de gerenciamento dessa tecnologia e
de um contínuo aperfeiçoamento no setor tecnológico, que precisa de
investimento para aquisição de novas tecnologias e para sua manutenção e
conservação. O estudo revelou que os equipamentos são descartados em
sua maioria quando o conserto dos mesmos se torna mais caro do que a
compra de novos equipamentos. Também se observou que o uso
inadequado destes é frequente e nem sempre todos os equipamentos
adquiridos são utilizados, possibilitando assim um amontoamento de
equipamentos que sem o devido uso e cuidado adequado, tornam -os
rapidamente sucateados. Conclusão: Diante destes resultados, podemos
concluir que a tecnologia contribui para a melhoria da saúde das pessoas,
mas é preciso reconhecer que além da aquisição de equipamentos
tecnologicamente sofisticados é necessária a capacitação profissional, para
o uso correto e para a sua manutenção e conservação, para que os mesmos
tenham maior vida útil, evitando assim a duplicidade de despesas,
indisponibilidade de equipamentos importantes e aquisição de equipamentos
sem a correspondente capacitação de pessoal.
Palavras-Chaves: Avanço tecnológico – Inovação – Conservação –
Tecnologia – Manutenção – Equipamentos - Gerenciamento
ABSTRACT
Objectives: Determine the factors related to technological innovation in the
area of health, as well as the acquisition, maintenance and repair of such
equipment, assessing whether its acquisition is related to the scrapping and
disposal of this equipment. Method: Gradually developed in this study, with a
sample of twenty –four professionals with different level of education and
their areas of training were different but also developed its activities in a
single hospital. With 60% of respondents worked and two companies and
only 40% worked in a company an interview was conducted with the
possibility of written comments after the meeting is held. This comment
related answers of the questions were recorded and then analyzed to join the
sample results. The worked out the method of organization and tabulation of
the data, which were expressed in percentages. Results: Concludes that
54% of respondents said that technology has contributed in the recovery of
the health of people and therefore there is a need for management of this
technology and a continuous improvement in the technological sector, which
needs investment to acquire new technologies and their maintenance and
upkeep. During the study it was found that the equipment are mostly
discarded when the repair thereof become more expensive than buying new
equipment. Also noted that the inappropriate use of such equipment are
frequent and not always all equipment purchased are used, allowing a bunch
of equipment without proper use and proper care, makes them quickly
scrapped. Conclusion: Given these results, we conclude that the technology
contributes to the improvement of peoples health, but we must recognize that
in addition to the acquisition of the equipment is necessary professional
training for the proper use of the equipment and for its maintenance and
conservation so that these serve for use throughout its useful life.
Keywords: Technological advancement – innovation – conservation –
technology – management – maintenance – equipment -
INTRODUÇÃO
II
INTRODUÇÃO
Nas últimas duas décadas os profissionais da saúde tem vivido
grandes mudanças na área intra-hospitalar, relacionadas às invenções e
inovações tecnológicas, assim como do sucateamento dos equipamentos
observado e relatado através da mídia estudos e pesquisas na área da
saúde. No entanto, vê-se que os avanços tecnológicos nem sempre vem ao
encontro da demanda do atendimento à população que procura por
assistência médica e que de forma concreta, necessita desta tecnologia.
Temos visto através da mídia e relatos da população sobre as deficiências
dos hospitais e unidades básicas de saúde da capital de São Paulo, que não
conseguem atender as demanda das necessidades de saúde da população
paulistana bastando observar os hospitais, postos de saúde, clínicas, UBS,
da capital.
Embora este trabalho destina-se a estudar esse problema em apenas
um hospital escola de referencia internacional da capital de São Paulo, é
evidente que estas queixas e relatos podem ocorrer também em outros
serviços de saúde, tanto na periferia da capital como na parte central da
grande metrópole. Em nossos longos anos de trabalho como enfermeira
encontramos equipamentos de diferentes especialidades, variadas marcas e
tamanhos em meio aos corredores das áreas internas do hospital, assim
como vários outros objetos mobiliários como armários, televisões, cadeiras
nas áreas externas do hospital. Esses equipamentos ali sucateados ou
esquecidos poderiam estar contribuindo para melhorar e acelerar o
III
atendimento à saúde daqueles que procuram esse serviço.
Observamos que além desses equipamentos e objetos não estarem
sendo usados para o seu devido fim, estavam também ocupando espaços
nestas áreas que poderiam servir para outras finalidades relacionadas ao
atendimento as pessoas. Ao observarmos estes equipamentos ou materiais,
certamente esquecidos naquelas áreas, fazemos os seguintes
questionamentos: Por que estão aqui? Teriam sido manipulados de forma
adequada? Seu tempo útil chegou ao fim? Profissionais estavam realmente
capacitados ou qualificados para o seu manuseio? São equipamentos
necessários para atender as especialidades desta instituição? Sua aquisição
estava fundamentada nas suas necessidades? Imagina-se que muitos
trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos ao longo dos anos para
contribuir para as muitas e diversas invenções e inovações tecnológicas na
saúde. Gastam-se recursos financeiros em grande quantidade para se obter
novos equipamentos. Esse gasto de dinheiro acontece tanto na área de
criação e fabricação como no setor de consumo. Por isso este trabalho traz
um breve relato a respeito daquilo que existia no setor saúde, durante
algumas décadas passadas, e o que existe hoje para atender e melhorar a
saúde da nossa população.
Ao longo da nossa vivencia na área hospitalar há cerca de três
décadas, ou melhor, até o inicio da década de 80, os enfermeiros,
trabalhavam e prestavam assistência ao paciente, de forma estritamente
manual; todo e qualquer procedimento era desempenhado passo a passo
IV
com apenas o toque das mãos. Hoje conta-se com alta tecnologia para
desempenhar varias técnicas de procedimentos necessários ao paciente,
como, por exemplo, a técnica de gotejamento de solução terapêutica
intravenosa utilizando o equipamento de bomba de infusão, que facilita a
infusão e controle do gota a gota ou ml por hora. Esse avanço tecnológico,
ou seja, o uso da bomba de infusão é capaz de infundir micro gotejamento
por hora, portanto, quantidades tão pequenas de solução, que a visão
humana seria incapaz de acompanhar contar ou medir de forma tão precisa.
Outra inovação tecnológica foi a criação dos cateteres ou dispositivos
intravenosos, há três décadas eram usadas apenas agulhas de metal para a
punção venosa. No entanto esses dispositivos intravenosos vêm com alta
tecnologia, compostos por dois ou mais lumens capazes de infundir na
corrente sanguínea varias substancias ao mesmo tempo sem que as
mesmas se misturem causando reações não esperadas ao paciente. Esses
mesmos dispositivos intravenosos são fabricados de material tão
especializado que o seu contato com a corrente sanguínea do paciente não
apresenta qualquer tipo de reação adversa à sua saúde. Anteriormente a
essa inovação era necessário fazer varias punções venosas no paciente
utilizando vários dispositivos, para obter o numero desejado de acesso
venoso, e assim infundir várias drogas ao mesmo tempo na corrente
sanguínea.
O avanço tecnológico na assistência de enfermagem e em geral na
assistência ao paciente na área hospitalar, não para por aí, contamos com
V
aparelhos de ultrassonografia tanto para as punções venosas, como para
acompanhar o trajeto de cateteres nasogástrico, nasoenteral, vesical e
outros. Esses aparelhos são capazes de acompanhar o caminho de um vaso
sanguíneo e diferenciá-lo identificando se o mesmo é uma veia ou uma
artéria, facilitando assim o trabalho e desempenho das técnicas de punção
venosa e evitando maiores desconfortos para o paciente. Temos os
monitores para medir os parâmetros vitais do paciente, como a oximetria de
pulso, para ver o teor de oxigênio na corrente sanguínea, frequência
cardíaca, temperatura corporal, pressão arterial, e pulso/minuto. Nesses
parâmetros vitais alguns anos atrás gastávamos em media trinta minutos
para obter os, valores, hoje basta deixar ligado um só sensor em algum lugar
do corpo do paciente e imediatamente temos todos esses dados vitais,
facilitando assim o acompanhamento do estado de saúde da pessoa. Não
esquecer o aparelho de gasometria, que em 30 segundos em média dá o
resultado de uma gasometria, que é a mensuração da concentração de
gases e substâncias necessárias á manutenção da vida, expressa na
corrente sanguínea.
A informatização do prontuário é outro avanço tecnológico que tem
contribuído para facilitar e agilizar as anotações e relatos relacionados ao
estado geral do paciente. Com a utilização da informática, a equipe
multiprofissional tem mais tempo hábil para o atendimento ao paciente,
tempo que há alguns anos atrás era gasto para escrever e relatar
manualmente as informações, no prontuário do paciente. Essa tecnologia
VI
vem inclusive facilitando o conhecimento do profissional em relação ao seu
paciente. Citando como exemplo as transferências de paciente de um estado
brasileiro para outro, antes mesmo que o paciente chegue ao hospital de
destino, o seu prontuário já chegou através dos meios da informática, e a
equipe multiprofissional já sabe exatamente a sua condição, o que está
tomando de medicamentos e quais são suas necessidades prioritárias em
relação a sua saúde. Isto tem facilitado e agilizado o atendimento ao
paciente principalmente em casos graves. A maca para transporte do
paciente, também desenvolvida com alta tecnologia, visando o
deslocamento do paciente de um lugar para outro, sem interrupção do
tratamento, com possibilidades de realização de exames para diagnósticos
de pacientes em condições criticas de saúde evitando assim manipulações
desnecessárias para aqueles com fraturas e patologias que requerem
mínima movimentação. É possível utilizar a maca como mesa de operação
(cirurgias rápidas) Esta foi desenvolvida com base em referencias de
ergonomia e funcionalidade. Os parâmetros e os instrumentos da maca são
resultado de exigências e da experiência clinica. Por isso é de fácil
manuseio, com dispositivos em ambos os lados, equipamentos com
amortecedores, suportes laterais e entrada de energia e bateria carregável.
Contamos ainda com a cama de banho para uso em paciente
impossibilitado de deambular. Usando este equipamento o paciente faz a
sua higienização corporal de forma adequada sem precisar de total auxilio
dos profissionais de saúde. Este equipamento é composto de ducha
VII
automática com água aquecida, compatível com a temperatura corporal.
Dispositivo para manuseio lateral, dorsal e trendelemburg. Possui suporte
para os frascos de soluções venosas, evitando assim interrupções das
medicações durante a higienização corporal.
Todas estas invenções e aquisições trazem benefícios aos pacientes e
facilitam o trabalho da enfermagem, mas por outro lado exigem nova
qualificação dos profissionais devido à alta complexibilidade do trabalho.
O campo da Enfermagem vem trabalhando incansavelmente nas
ultimas duas décadas em busca, cada vez mais, do avanço tecnológico
capaz de agilizar suas atividades, melhorar a eficiência e tornar capacitados
e qualificados os seus profissionais distribuídos em três distintas categorias:
enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem, que
correspondem a diferentes graus e tipos de formação e de responsabilidade.
O esforço de qualificação e capacitação destes profissionais se faz em meio
á discussão de questões polêmicas geradas pelo chamado Ato Medico que
parece ir no sentido da desqualificação do trabalho do enfermeiro e do
impedimento da sua atuação legitima usando conhecimentos específicos da
profissão de enfermagem. Alguns exemplos são notórios, como as restrições
impostas pelo Ato Medico ao enfermeiro, para a implantação de cateteres
venosos centrais, com o argumento de ser este um procedimento exclusivo
do pessoal médico. Os enfermeiros, entretanto, consideram um grande
avanço da profissão, a invenção e a implantação deste material criado e
desenvolvido (por profissionais desta área) para beneficiar a saúde de
VIII
pacientes hospitalizados1.
Vimos nos poucos exemplos apresentados nas páginas anteriores que
as inovações tecnológicas tiveram, de fato, um grande impacto no campo da
saúde e no trabalho dos seus profissionais. Os avanços científicos e
tecnológicos e suas consequentes inovações trazem soluções e colocam ao
mesmo tempo novos desafios para o campo da saúde.
De fato, ciência, tecnologia e inovação desempenham papel no
desenvolvimento econômico e social em âmbito mundial. Segundo Freeman,
seria impossível medir os benefícios da evolução do conhecimento para a
humanidade; podemos acrescentar que ao lado dos benefícios há
consequências muito menos auspiciosas. Por outro lado, a inovação é
essencial para o progresso econômico sendo, portanto, um elemento crÍtico
na luta competitiva das empresas e dos Estados nacionais. Mesmo que não
o desejemos não se pode hoje escapar do seu impacto na vida diária, nem
dos problemas morais, sociais, ambientais e menos ainda dos econômicos
que a tecnologia coloca (Freeman, 1997, p.1).
O desenvolvimento da ciência e da tecnologia e as inovações
tecnológicas influenciam, pois, diretamente na vida em sociedade gerando
consequentemente transformações na área da saúde, no meio ambiente, no
comportamento das pessoas e na vida de cada um. No que diz respeito à
1 O primeiro cateter central de inserção periférica foi criado em 1920 por uma enfermeira
Americana.
IX
saúde, tema do interesse deste trabalho, as novas tecnologias tem impacto,
na prevenção, no diagnostico, no tratamento, na cura e na reabilitação das
pessoas, sem falar dos medicamentos e equipamentos.
Dada à amplitude dos usos do termo Tecnologia, a Portaria nº 2.
510/90/GM 19 de dezembro de 2005, definiu o que se considera tecnologia
em saúde. Segundo a Portaria, a tecnologia em saúde abrange:
medicamentos, materiais, equipamentos e procedimentos, sistemas
organizacionais, educacionais, de informações e suporte, de programas e de
protocolos assistenciais por meio dos quais a atenção e os cuidados com a
saúde são prestados á população.
Nota de rodapé: Trendelemburg é uma posição anatômica que eleva-
se os membros inferiores e abaixa-se o tronco. Muito utilizada em centro
cirúrgico. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 define o Estado como
responsável pela promoção e incentivo ao desenvolvimento cientifico e
tecnológico, competência que na área da saúde pertence ou é de
responsabilidade do SUS (Sistema Único de Saúde). Em decorrência disso
nos anos seguintes, foram criados alguns Departamentos entre os quais o
Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) em 2000 e em 2003 a
Secretária de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE); além da
realização da I Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde no
ano de 1994 e a II Conferência de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde
em 2004 e, recentemente a III Conferência de Ciência Tecnologia e Inovação
em Saúde. Na II Conferência de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde
X
foi aprovada a Politica Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde
(PNCTIS) e a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde
(ANPPS). A Politica Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde
(PNCTIS) foram aprovadas no Conselho Nacional de Saúde em 2004. Com
a atribuição de implantar a PNCTIS o Ministério da Saúde criou o Conselho
de Ciência Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde (CCTI/MS)
INSTITUIDO PELA Portaria nº 1.418 de 24 de julho de 2003, coordenado
pela Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) que
tem entre suas atribuições definir Diretrizes e promover a avaliação de
tecnologias visando orientar a incorporação de produtos e processos no
âmbito do SUS; para operacionalizar estas responsabilidades foi criado o
Grupo de trabalho permanente de avaliação de Tecnologias em Saúde
coordenado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT).
Neste contexto, foi criada ainda a Comissão para elaboração da
Politica Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS) pela
Portaria nº 2.510/GM de 19 de dezembro de 2005, Coordenada pelo
Departamento de Ciência Inovação e Tecnologia (DECIT/SCTIE), finalmente,
sob a coordenação da Secretaria de Atenção á Saúde (SAS) foi criada, pelas
Portarias nº 152 de 19 de janeiro de 2006 e nº 3323 de 27 de janeiro de
2006, a Comissão para Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde
(CITEC) que é responsável por gerenciar o processo de incorporação de
tecnologias. A gestão da Tecnologia em saúde evidencia–se no âmbito do
Conselho Nacional de Saúde na Comissão de Ética em Pesquisa (CONEP)
XI
que atua para garantir os direitos das pessoas participantes de pesquisa
envolvendo seres humanos.
É de se admirar o numero de Departamento, Conselhos, Conferencias,
etc., que lidam com as questões da tecnologia e inovação tecnológica no
campo da saúde, sinal da importância atribuída aos temas. Mas pode gerar
certa fragmentação que não vamos discutir aqui.
Desta forma, gostaríamos de esclarecer que os debates atuais no
campo da saúde, “sobre falta de médicos e de equipamentos“ e ainda de
infraestrutura envolvendo o Ministério da Saúde, Associações e conselhos
de Medicina, evidenciam a atualidade do trabalho que propusemos.
CAPÍTULO 1
Capítulo 1
2
1.1. Influência para a Ciência, Tecnologia e Inovação em
Saúde
Na gestão da Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde, houve
influência direta e indiretamente da Secretaria de Ciência e Tecnologia e
Insumos Estratégicos (SCTIE); Secretaria de Atenção a Saúde (SAS),
Agencia Nacional de Saúde (ANS), Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), CONASS, (Conselho Nacional da Secretaria de Saúde)
CONASSEMS, (Conselho Nacional de Secretaria Municipal de Saúde), entre
outras. Estas três esferas tem um importante papel para a Institucionalização
da Ciência e Tecnologia no âmbito do SUS e, especificamente a
Institucionalização da Politica Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
em saúde. Em 2007, a Diretoria do CONASS teve como prioridades:
1. Programar a Politica Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em
Saúde, e a Politica Nacional de Gestão e Tecnologia em Saúde, para o
fortalecimento do processo de avaliação de Tecnologias em Saúde
buscando orientar decisões estratégicas acerca da cobertura de
procedimentos e da alocação de recursos.
2. Articular ações para racionalizar a oferta dos serviços SUS por meio de
critérios fundamentados em evidências científicas e em princípios éticos
Capítulo 1
3
socialmente validados.
3. Fortalecer as ações dos Estados na definição de linhas prioritárias de
pesquisa e de acompanhamento e avaliação dos projetos incluindo a
incorporação e utilização dos produtos e resultados.
4. Fortalecer o intercambio entre as diferentes unidades Federais para a
consolidação da Politica Nacional de Ciência e Tecnologia do SUS,
levando em conta a heterogeneidade do país.
Além das prioridades muito bem elaboradas pelo CONASS, o mesmo
participa da Comissão de avaliação do Prêmio Nacional de incentivo em
Ciência e Tecnologia para o SUS. Prêmio esse que busca incentivar e
promover a produção Cientifica e Tecnológica com aplicabilidade ao SUS.
(www.gov.br/premio).
Capítulo 1
4
1.2. Fundamentação Teórica das Inovações
Tecnológicas em Saúde no Brasil
O Brasil está ainda em busca de uma agencia de controle na
introdução de novas tecnologias em saúde. As agencias internacionais como
a National Coordinating Centre for Health Tecnology Assessment (NCCHTA)
na Inglaterra reúne 47 agências de 23 países, realizando avaliação técnica
dos novos insumos tecnológicos e de seus efeitos sobre o ser humano e
analise da relação custo-efetividade do equipamento, procedimento ou
medicamento. Este mede o benefício proporcional das novas tecnologias
avaliando ainda a capacidade econômica do país para assimilar novos
custos, antes de liberar a sua utilização pelo mercado.
Outra agência de destaque é a Canadian Agency for Drugs and
Technology in health (CADTH). Esta agencia Canadense de drogas e
tecnologias em saúde, faz avaliação das tecnologias médicas que incluem
procedimentos, equipamentos e drogas. Uma avaliação requer uma
abordagem interdisciplinar que abrange análises de segurança, custos,
efetividade, eficácia, ética e medidas de qualidade de vida.
No Brasil, a ANVISA, faz a analise técnica dos novos insumos de sua
responsabilidade; a avaliação do custo – efetividade e da capacidade
econômica de absorção pela economia do país, não é realizada. (Perillo &
Capítulo 1
5
Amorim, 2009).
Outras agências internacionais orientam a sua avaliação em termos do
custo-utilidade (cost-utility analysis) e do custo benefício (cost-benefit
analysis); desponta como mais importante a análise do custo eficácia (cost-
effectiveness analysis) que consiste em uma técnica de análise econômica
que compara diferentes serviços médicos em termos de quantas vidas são
salvas, ou em que proporção à qualidade de vida foi incrementada. A análise
converte os efeitos em medidas de cuidados á saúde e descreve os custos
para algum ganho adicional em saúde com mesmo desfecho clinico.
A medicina é uma área, talvez a única, em que o avanço tecnológico
não reduz custo, produzindo o fenômeno da acumulação tecnológica, ou
seja, uma nova tecnologia não substitui a antiga. (Perillo & Amorim 2009).
Segundo Rettig (1994) existe uma maneira indireta de avaliar como
tecnologia afeta os custos em saúde.
1. Novos tratamentos gerados pelo avanço tecnológico, para patologias
anteriormente consideradas terminais ou incuráveis como a AIDS, a
insuficiência renal crônica, por exemplo, mesmo quando não produzem
a cura permitem um importante prolongamento do ciclo vital, para os
pacientes com relativa qualidade de vida.
2. Novos tratamentos fruto do desenvolvimento tecnológico permitem
agilidade e maior eficiência para patologias agudas e procedimentos
Capítulo 1
6
como nas angioplastias e revascularização do miocárdio.
3. Novos procedimentos para descoberta e tratamento de patologias
secundárias a uma patologia principal, como no uso da eritropoietina
para tratamento da anemia em pacientes submetidos à diálise
peritoneal.
4. Ampliações de indicações de uma tecnologia para outras patologias,
como o Laser para aplicações em oftalmologia e dermatologia, utilizado
em gastrenterologia, ginecologia e outras especialidades.
Mas um fenômeno bastante comprometido quando se fala em novas
tecnologias ou inovação tecnológica é a negligência quanto à integridade
física do paciente. Os procedimentos muitas vezes são prescritos a partir do
assédio permanente da indústria produtora de tecnologia sobre os
profissionais de saúde, lesando no mínimo a ética médica e não raro,
configurando relação promiscua entre indústria e prestadores de serviços.
Portanto desta forma nem sempre é o quadro clínico do paciente que
determina a terapia adotada (Rettig 1994).
A avaliação tecnológica em saúde (ATS) ainda não é institucionalizada
em nosso país, pode ser utilizada com a finalidade de promover acesso a
tecnologias seguras, eficazes e custo-eficácia, ou com o intuito de
desencorajar o acesso a tecnologias indesejáveis (Godman, 1998).
Em 1998, o economista em saúde Michael Chernew, professor da
Capítulo 1
7
Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicou estudo concluindo
após uma revisão das evidências que causam o crescimento acelerado dos
custos em saúde, que a maior causa desse crescimento são as novas
tecnologias.
“Não é o aumento das utilizações
Não são as fraudes...
Não é o fortalecimento das regulamentações...
Não é o envelhecimento da população,
Tudo isso contribui.
Mas o fator predominante para o aumento dos custos é o
desenvolvimento e a utilização de novas tecnologias. (Chernew 1998).
Uma expansão terapêutica com uma nova tecnologia em saúde,
teoricamente reduziria o custo unitário e também o desconforto do paciente
acabaria por induzir ou estimular uma maior taxa de utilização. Um dos
exemplos mais conhecido é o das cirurgias minimamente invasivas como as
colecistectomias videolaparoscópicas. Elas reduziriam 25% nos custos
unitários, principalmente em relação ao tempo de permanência do paciente
internado. Sua introdução, porém, aumentou os custos agregados (materiais
específicos) e a taxa de utilização; nos Estados Unidos houve um aumento
de 60% no número de procedimentos realizados. Podemos ver que houve a
Capítulo 1
8
desvantagem no aumento dos custos agregados graças à aquisição de
novos equipamentos, mas em compensação o número de pessoas
atendidas foi superior, claro que com certeza é isso que as pessoas esperam
das novas tecnologias: eficiência e rapidez, que são pontos fundamentais no
atendimento a saúde.
Segundo Legurreta, (1993), é inegável a importância do surgimento de
novas tecnologias em todas as suas formas. A longevidade, e a melhor
qualidade de vida da população são influenciadas em alto grau pelas
novidades cientificas. É necessário, entretanto, saber decidir quais práticas
incorporar, escolhendo aquelas que tragam benefícios a saúde das pessoas,
visando uma avaliação custo-efetiva positiva para o sistema.
A qualidade de vida ou sobrevida dos idosos em termos de saúde é
tema muito presente nos estudos de Gerontologia. Existem doenças
crônicas que antes de representar um risco de vida, constituem uma ameaça
á autonomia e independência da pessoa idosa. Segundo a Organização
Mundial da Saúde, (OMS) em 1984, dos 75% de indivíduos que sobrevivem
aos 70 anos, um terço deles serão portadores de doenças crônicas e pelo
menos 20% terão algum grau de incapacidade. A população idosa acometida
de doenças crônicas e degenerativas a demandar terapia e tecnologia cada
vez mais onerosas, é uma combinação explosiva para o segmento da saúde
pressionando de modo significativo os custos assistenciais.
Outros aspectos tornam complexa a equação do financiamento da
Capítulo 1
9
saúde em nosso país como por exemplo, a acumulação epidemiológica:
casos de doenças Infecto contagiosas, (já eliminadas em países
desenvolvidos), com o reaparecimento da tuberculose, da dengue e
recentemente da febre amarela, convivendo com as doenças crônicas
degenerativas e outras emergentes como a AIDS. Em continuação da
formação do médico, principal demandador dos recursos disponíveis, a
medicalização da sociedade que abandona o autocuidado e terceirizam os
aparatos médicos, a cultura do paciente, presa fácil do marketing das novas
tecnologias, igualmente são fenômenos merecedores de serem estudados.
Ainda o pagamento por procedimentos e a pouca valorização do trabalho
médico, ensejam desvios de conduta e formas artificiais e não sempre éticas
de remuneração por fontes indevidas e os produtos de tecnologias.
Com a intenção de buscar superar as dificuldades de temas muito
complexos e responder aos desafios de oferecer assistência à saúde com
qualidade a um custo que a sociedade possa pagar, os autores Perillo e
Amorim, defendem a mudança para o modelo assistencial, que vai adequar
oferta, necessidade e demanda em saúde que é um pressuposto norteador
da concepção de um modelo assistencial mais eficaz e eficiente. (Perillo &
Amorim, 2008).
Os serviços de saúde devem oferecer atendimento caracterizado por
elementos qualitativos fundamentais como: acolhimento, vínculo,
responsabilização e resolutividade. Investindo no ensino-aprendizado de
Capítulo 1
10
profissionais da saúde, como médicos orientando-os para que deem um
passo atrás e enxerguem o paciente e não a sua porção doente, que
passem a conhecer e acompanhar o histórico de vida e de saúde do
paciente e que tenham condições de dar respostas a um percentual
significativo de seus episódios de doença. A abordagem multidisciplinar
(enfermagem, psicologia, nutrição, serviço social e fisioterapia), pode dar
suporte complementar de importância crucial em auxiliar na analise das
várias dimensões de vida das pessoas, peculiar a formação técnica de cada
uma dessas categorias profissionais. Tal organização evita a ocorrência da
triagem leiga, como por exemplo, uma dor de cabeça (cefaleia) que
sugestiona as pessoas a buscar um neurologista, não é um exemplo
incomum; e a farta realização de exames desnecessários. Em geral a
formação médica no modelo flexneriano, que prioriza a formação do
especialista em detrimento da abordagem integral do individuo, trouxe a
prática, não sempre eficaz, da busca do diagnostico por descarte de
hipótese, comumente apoiada em recursos tecnológicos; ao invés da
investigação diagnóstica a partir do histórico de vida do paciente. O sistema
deveria ter a convicção de que os recursos buscados pelos profissionais
generalistas ou especialistas seriam de fato necessários ao tratamento
amparados por diretrizes clinicas e pela boa técnica da medicina, baseada
em evidencias e outras ferramentas para atuação segura e eficaz. A
tecnologia custo-eficaz estaria disponível para os tratamentos, mas seria
acessadas com racionalidade técnica e preocupação econômica, pautadas
Capítulo 1
11
pela consciência e responsabilidade com o financiamento do sistema e pela
preocupação adicional com efeitos iatrogênicos das novas tecnologias.
Esses aspectos são tão importantes, mas tem merecido pouca atenção em
nosso sistema de saúde. O mesmo compromisso se espera dos serviços
hospitalares, de atenção domiciliar e de outras formas de terapias
coadjuvantes.
A educação técnica continuada, um grande dilema atual, fator de
sucesso para o modelo defendido que é o modelo de dotar os profissionais
de saúde especialmente os médicos, de atualização técnica permanente,
para que de fato tenham capacidade resolutiva. Nós defendemos o mesmo
empenho com o pessoal profissional de enfermagem. Para valorizar o
generalista, antes é preciso ajudar á formá-lo com responsabilidade e não
apenas da academia ou do Estado, mas também das empresas e entidades
do setor privado. No entanto, como fazer frente à verdadeira explosão de
informações, disseminadas com facilidade jamais vista pela rede mundial de
comunicação. E como saber selecionar as melhores fontes acadêmicas
principalmente aquelas com ênfase na pesquisa num ambiente no qual os
produtos de tecnologia são os principais financiadores das pesquisas no
campo médico e cientifico?
“O que acreditamos saber, claramente ofusca o que deveríamos
saber”. Gaston Bachelard.
Para que memorizar se máquinas podem fazê-lo melhor e mais
Capítulo 1
12
rapidamente do que nós? De que adianta conhecer um teorema ou uma
receita, se podemos acessá-los facilmente na web? Mas será que devemos
concluir que a sociedade caracterizada pela amnesia e ignorância? Não. A
pergunta quem sabe? Só terá perdido a relevância se confundirmos
informação com conhecimento. (Bindé, Goux, 2003:3).
O conhecimento inclui dimensões sociais, éticos e políticos que não
podem ser reduzidas a tecnologia. Uma sociedade que fosse
exclusivamente de informação séria, um conjunto de enormes redes
interligadas, eficazes e ágeis, mas que não iria produzir inovações. Sem o
intercambio do conhecimento não podem existir avanços econômicos,
científicos ou políticos de nível local, regional ou global. A partilha equitativa
do conhecimento será a origem da riqueza do amanhã. (Bindé; Goux,
2003:3).
A adoção de novas tecnologias em saúde, segundo o Professor da
Universidade Federal de São Paulo, (UNIFESP), Marcelo Cunio Machado
Fonseca, o envelhecimento da população e o continuo desenvolvimento de
novas tecnologias vem contribuindo para o bem estar da saúde física,
mental, espiritual e social da população, isto é, com melhor qualidade de
vida, aumentando significativamente o número de pessoas com vidas mais
duradouras. Mas não podemos deixar de mencionar que com certeza isso
vem gerando incremento no consumo de recursos do sistema de saúde,
aumentando os custos tanto com a aquisição de novos equipamentos, como
Capítulo 1
13
com treinamento e capacitação de profissionais, para o manuseio das novas
tecnologias. Não podendo esquecer que esses custos também estão
relacionados, nem só pelo aumento da utilização de novas tecnologias, mas
também pelo aumento dos preços das novas tecnologias.
CAPÍTULO 2
Capítulo 2
15
2.1. Inovação e Tecnologia em Saúde: uma Visão nas
Últimas Duas Décadas
Dada centralidade do termo tecnologia (e outros relacionados) vamos
fazer uma retomada das definições: Tecnologia palavra de origem Grega é
formada por Techne (arte, técnica ou oficio) e por Logos (conjunto de
saberes) e é utilizado para definir Já o dicionário da Língua Portuguesa da
Porto Editora define a tecnologia como o conjunto dos instrumentos,
métodos e técnicas que permitem o aproveitamento prático do conhecimento
científico, envolvendo desde o conhecimentos que permitem fabricar
objetos e modificar o meio ambiente, com o objetivo de atender às
necessidades do homem. (Ivo Santarén). Concepção dos ditos aparelhos ou
equipamento, a construção de um protótipo e ao próprio fabrico. Tecnologia,
portanto, abrange todo este processo, desde a ideia inicial á sua aplicação
propriamente dita. Vimos que os seres humanos são dotados de uma
intelectualidade única, buscam formas no decorrer da historia de vencer os
obstáculos e solucionar problemas impostos pela natureza. Por isso foi
desenvolvendo e inventando, criando instrumentos que chamamos de
Tecnologia ou instrumentos tecnológicos, objetivando e superação de
dificuldades, pois as nossas necessidades fazem originar as grandes
invenções.
Na fala de Paulo Teixeira e Ivo Santaren, compreende-se que
tecnologia é um termo que envolve o conhecimento técnico e cientifico assim
Capítulo 2
16
como ferramentas, processos e materiais criados ou utilizados a partir de tal
conhecimento. Entendemos que é um método ou processo de construção e
trabalho, podendo citar como exemplo a tecnologia de manufatura,
tecnologia de infraestrutura, tecnologia da dessalinização da água do mar,
tecnologia espacial etc., isso sem incluir as técnicas cotidianas e aparelhos
domésticos. De um modo geral a tecnologia é o encontro entre Ciência e
engenharia, incluindo desde os processos simples como as pequenas
invenções até os mais complexos atos criados pelo ser humano como a ida
à lua, invenção e criação da nave espacial, criação de um Tomógrafo e de
uma Ressonância Magnética para serem usados no ambiente hospitalar.
Não estamos ignorando toda a história evolutiva humana, pontuada pelas
invenções e descobertas (o fogo, a roda, a domesticação de plantas e
animais, as armas de ataque e defesa, etc. etc.). Nossas questões,
entretanto são mais modestas e se limitam essencialmente a tecnologia
relacionada á saúde.
Apenas no começo do século XVIII é que se deu importância ao
conceito de tecnologia, no seu sentido mais moderno; a Revolução Industrial
deu inicio a um relevante movimento em todos os níveis de trabalho com
expansão para áreas afins. O termo propriamente dito, contudo, só veio á
discussão após a primeira guerra mundial 1914 – 1918, sendo que o
conhecido instituto de tecnologia de Massachusetts (MIT) foi fundado em
1962.
Capítulo 2
17
A palavra tecnologia foi usada pela primeira vez em 1777 como titulo
de um livro, escrito pelo filosofo alemão Johann Beck, embora Aristóteles na
sua obra retórica, já defina técnica como um tratamento sistemático da
gramática ou fala. A partir do uso de Beck em seu livro, inúmeras discussões
vieram à tona. O sociólogo Robert Merton define técnica como um conjunto
de meios e padrões para atingir um resultado predeterminado. Martin
Heidegger, filósofo existencialista, considerou a existência de uma relação
entre a tecnologia e a arte; para ele ambas eram eventos verdadeiros que
permitiam aos entes existirem. Argumentava também que techne tinha um
significado ambivalente, pois a palavra pode ser interpretada através do
termo melete que expressa o cuidado necessário para preservar alguma
coisa; de outro lado pode ainda significar produção ou apresentação de
alguma coisa. Heidegger analisa as características da palavra techne,
compreendendo um conhecimento íntimo do que são e como se refere às
coisas; conclui que a especialização na execução de uma determinada obra,
só é possível porque o artesão é dotado de techne de forma a poder
desvendar ou projetar a criação dessa mesma obra. Percebe-se que existem
diferenças entre os conceitos técnica e tecnologia. Para Eduard Von Mayer a
técnica é o resultado da atividade humana na obra, discordando de
Heidegger para quem na sua fala moderna, são as ferramentas, as fabricas
e todos os novos sistemas sociais que pertencem à tecnologia. (Ivo
Santaren e Paulo Teixeira).
Capítulo 2
18
2.2. Conceitos e Dimensões de Tecnologia
O uso indiscriminado da palavra “tecnologia” em varias áreas do
conhecimento como às Ciências Humanas e Sociais, e principalmente no
setor de serviços e informática, tem diferenciado seu significado da
conceituação original, dificultando muitas vezes o entendimento do termo
Tecnologia. Se observarmos claramente o modismo, a modernidade tem
usado a palavra Tecnologia em áreas ou ainda em comentários que tem
pouco a ver com esse campo, como por exemplo, Tecnologia Educacional
ou também Tecnologia Organizacional (é o caso da Portaria citada).
Discorreremos neste momento sobre os vários significados do termo
tecnologia, dada a variação na aplicação do conceito.
Martino (1983) indicou a citação de Webster’s Seventh Collegiate
Dictionary, que define tecnologia como “the totality of the means employed to
provide objects necessary for human sustenance and confort”, ou seja, a
definição se concentra nos meios para prover os produtos necessários para
o sustento e conforto do homem. Longo (1984) indicou um conceito mais
amplo dizendo, que tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos ou
empíricos empregados na produção e comercialização de bens e serviços.
Já Blauner (1964 apud Fleury 1978) se concentra mais na fabricação de
conjuntos e objetos físicos e operações técnicas (mecanizadas ou manuais)
empregadas na transformação de produtos em uma indústria. Na proposição
Capítulo 2
19
de Abetti (1989 apud Steensma 1996), tecnologia é um corpo de
conhecimentos, ferramentas e técnicas, derivados da Ciência e da
experiência pratica que é usadas no desenvolvimento, projeto produção e
aplicação de produtos, processos, sistemas e serviços.
Kruglianskas (1996) considera tecnologia como o conjunto de
conhecimentos necessários para se conceber, produzir e distribuir bens e
serviços de forma competitiva. Quando uma organização desenvolve sua
própria tecnologia, adquire competência naquela tecnologia. Steensma
(1996) considera que a aprendizagem organizacional é o processo de
intermediação entre a interação colaborativa e a aquisição da competência
técnica. A aprendizagem individual é necessária, mas não suficiente para a
organização de aprendizagem (Aegyris; Schom (1978) apud Steensma
1996). Entretanto, como assinala Meyers (1990 apud Steensma 1996),
parece que o aprendizado da organização é diferente da soma dos
conhecimentos dos indivíduos que a compõem. Essa competência que se
denomina de capabilidade tecnológica uma característica implícita daquela
organização, do tipo intangível, que torna impossível sua transferência global
para outra organização.
Um conceito de tecnologia estabelecido na Honda por Shigeo Shingo
(1988) indica que tecnologia é um sistema através do qual a sociedade
satisfaz as necessidades e desejos de seus membros. Esse sistema contem
equipamentos, programas, pessoas, processos organização, finalidade e
Capítulo 2
20
propósito. Assim sendo um produto é o artefato da tecnologia, que pode ser
um equipamento, programa, processo, ou sistema que pode ser parte do
meio contendo outra tecnologia. Usando os conceitos de processo e
operação, podemos dizer que as tecnologias estão embutidas no processo
ou nas operações dentro de um sistema produtivo e no final dele é
incorporado o produto já finalizado, dentro da função manufatura.
Muitos autores, entre eles Dussauge; Hart; Ramanantsoa (1992)
excluem do conceito de tecnologia as atividades não envolvidas na produção
de objetos materiais ou serviços, como Marketing. Indicam que a inovação
tecnológica geralmente modifica a base da competição em uma dada
indústria ou tecnologia, e em muitos casos constitui a principal fonte de
vantagem competitiva. A redução de custo da memória (processamento de
dados) é decorrente da velocidade das inovações e não do aumento da
produção. Definem-se assim, as dimensões importantes do conceito de
Tecnologia propriamente dita, principalmente aquelas relacionadas a
produto/processo.
O desenvolvimento tecnológico e sua inovação em um país como o
Brasil depende em grande parte da formação e capacitação humana,
também de investimentos consistentes contínuos e duradouros que adotem
estratégias de Pesquisa acadêmica, gerando conhecimentos que se
transformam em inovações Tecnológicas. O que em nosso país observamos
exatamente é que temos ainda um longo caminho para percorrer. Segundo
Capítulo 2
21
os especialistas o Brasil tem investindo de forma inconstante ou irregular
uma quantidade insuficiente de recursos públicos no desenvolvimento da
Ciência e Tecnologia. Isto vem trazendo grandes preocupações á
comunidade Cientifica e Empresarial Brasileira, evidentemente aos usuários
e profissionais da saúde. Alguns estudos vêm mostrando que países
desenvolvidos têm investido em grande escala na formação de recursos
humanos no nível de graduação com preparo para atuar em vários
segmentos do desenvolvimento tecnológico, o que tem demonstrado
repercussão satisfatória do setor produtivo.
Não obstante as críticas no Brasil, nas últimas três décadas, houve um
grande avanço na área da Pesquisa Cientifica, com a iniciativa de
implementar competências através do treinamento de pessoal qualificado
dentro e fora do país das oscilações políticas e econômicas, tanto no nível
Federal como estadual. Hoje já contamos com importante número de artigos
publicados em revistas indexadas internacionais, estabelecendo, assim uma
forte estrutura em pós-graduação responsável pela formação de mais ou
menos dez mil doutores nas últimas três décadas, levando o país a um
aumento significativo de sua contribuição cientifica relacionada ao
desenvolvimento da inovação tecnológica. A produção cientifica, entretanto,
não traz resultados imediatos o que pode ser comprovado pelo reduzido
número de patentes depositadas por Universidades. (As patentes das
Universidades Brasileiras - 2012).
Capítulo 2
22
As estimativas dos recursos financeiros privados e destinados a
financiar pesquisa em saúde mostram que são deficientes. Uma pesquisa
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) recentemente
sobre o panorama nacional da inovação tecnológica revelou para os
segmentos industriais que a taxa de inovação no Brasil é similar a da
Espanha com cerca de 35%. No entanto em torno de 60% das inovações
tecnológicas relatadas foram compras de novas maquinas para melhorar
produtos de Empresas o que por vezes não muda nada em termos de
beneficiar a saúde humana. Por outras palavras, há compras de
equipamentos com inovações tecnológicas e não há equivalente aporte na
qualificação e capacitação de profissionais para uso ou manipulação desses
mesmos equipamentos. (Pesquisa de Inovação Tecnologica – 2008 –
online).
Quanto às atividades de pesquisa, e desenvolvimento no campo da
inovação tecnológica nas empresas, a situação parece ser pior, basta
analisar medindo a presença de recursos humanos envolvidos, pois não
ocorre inovação Tecnológica sem pesquisa cientifica e esta depende de
atividade intelectual. Há que investir, portanto na capacitação,
desenvolvimento e formação de pessoal nas varias áreas envolvidas. Supõe
– se que devido alto custo financeiro e maior tempo para realizar ou concluir
cursos de pós-graduação, em especial mestrado e doutorado, esses
profissionais são encontrados em menor quantidade no mercado de
trabalho. Verifica – se que na especialização acadêmica, o numero de
Capítulo 2
23
mestres é maior do que o número de doutores, o que pode indicar realização
de pesquisas voltadas apenas para a própria carreira.
Em um breve diagnostico da condição da pesquisa em saúde no
Brasil, podemos afirmar que o país possui um bom estoque de Recursos
Humanos em pesquisa, uma infraestrutura razoável para os padrões do
mundo em desenvolvimento e um financiamento público não desprezível, o
que está faltando discutiremos a seguir:
Na política da Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde – o
atropelamento da civilização brasileira e todo desenvolvimento e progresso
conquistados de geração em geração e em todas as dimensões em que foi
observado, vem esbarrando na marca da desigualdade, e isto não é
diferente no campo da saúde. Os indicadores regionais referentes à
diferenciação dos grupos sociais dentro de cada região demonstram a
profunda diferença social quanto à saúde, seja nos padrões de morbidade, e
de mortalidade, no acesso aos serviços, na qualidade sanitária do
atendimento ou na disponibilidade de infraestrutura; enfim em qualquer
aspecto da intervenção pública ou privada, a marca da desigualdade
aparece forte. O compromisso é diminuir ou combater essa marca no
campo da pesquisa e da atuação em saúde, que deve ser o fundamento
básico da politica a ser desenvolvida.
A necessidade de conhecimento da saúde da população deve ter
como objetivo desenvolver e aperfeiçoar os processos de absorção de
Capítulo 2
24
conhecimento científico e tecnológico pelas indústrias, pelos serviços de
saúde e pela sociedade, reconhecendo a complexidade dos processos de
produção de conhecimento científico e tecnológico neste setor, a politica
deve levar em conta todas as dimensões da cadeia do conhecimento
envolvida na pesquisa em saúde, desde a pesquisa que objetiva
exclusivamente o avançar do conhecimento até a pesquisa operacional. Da
mesma forma deve incorporar a maioria das pessoas envolvidas no
processo de pesquisa no país, que podem ser englobadas em quatro
subconjuntos que são: a biociência, a pesquisa clinica, a saúde coletiva, e a
industrialização da saúde. A produção de conhecimento científico e
tecnológico reveste-se de características que são diferentes daquelas da
produção de serviços e ações de saúde. Por isso os princípios que regem o
SUS, (Sistema Único de Saúde) a municipalização, a regionalização e a
hierarquização, nem sempre poderão ser adotadas mecanicamente no
desenho do sistema de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde, embora
sempre que possível, devam ser considerados.
O objetivo maior da Politica Nacional de Ciência Tecnologia e
Inovação em saúde (PNCTIS) e da Politica Nacional de Ciência Tecnologia e
Inovação (PNCTI), é contribuir para que o desenvolvimento nacional se faça
de modo sustentável e com apoio da produção de conhecimentos técnicos e
científicos ajustados às necessidades econômicas, sociais, culturais e
politicas do país. Desse modo, compõe o campo da pesquisa em saúde, o
conhecimento das tecnologias e inovações de cuja aplicação resultam em
Capítulo 2
25
melhorias na saúde da população. Faz se necessária uma politica nacional
de ciência tecnologia e inovação em saúde, que tenha como objetivo
principal desenvolver e otimizar os processos de produção e absorção de
conhecimento cientifico e tecnológico pelos sistemas, serviços e instituições
de saúde, centros de formação de recursos humanos, empresas do setor
produtivo e demais segmentos da sociedade. Outra questão a ser
considerada na politica nacional de ciência tecnologia e inovação em saúde
é a utilização da Pesquisa Cientifica e Tecnológica como importante subsidio
para elaboração de instrumentos de regulação e operacionalização nas três
esferas de Governo. Por suas competências legais, cabem às três esferas a
produção de leis e normas que apoiadas em conhecimentos, permitam
garantir de forma ampliada e adequada a promoção, proteção e recuperação
da saúde da população.
Falando da Ciência Tecnologia e Inovação no Brasil, não se pode
esquecer que no inicio da década de 50, o Brasil em comparação com
outros países de industrialização recente, construiu um expressivo parque
de Pesquisa. O modo como foi construído acompanhou, em vários aspectos
o modelo de industrialização em sua etapa de substituição de importações.
Algumas características básicas da pesquisa na Ciência e Tecnologia e do
desenvolvimento naquele momento, com horizontalidade e pouca
seletividade, estavam vinculadas ao modelo então predominante na
produção cientifica que buscava prioritariamente criar uma massa critica de
recursos humanos qualificados. A imaturidade do componente tecnológico
Capítulo 2
26
devia-se em grande parte ao modelo de industrialização que não estimulava
o desenvolvimento e a capacitação cientifica tecnológica e de inovação. É
necessário também incluir nessa Politica uma visão ampliada dos campos
do saber científico e tecnológico aplicado à saúde e o respeito à pluralidade
metodológica, possibilitando a utilização de diferentes abordagens incluindo
as de natureza qualitativa e quantitativa.
O Brasil vem se fortalecendo desde a década de 80, com a ideia de
que a pesquisa em saúde é fundamental para a melhoria da saúde da
população assim como para a tomada de decisão nas definições de politicas
e no planejamento em saúde. Isso tem contribuído de forma substancial para
promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde com diminuição
das desigualdades sociais. O Brasil ainda ocupa uma posição modesta no
panorama Internacional da produção cientifica, mas já conseguiu se
distanciar dos países em desenvolvimento gerando internamente a maioria
dos recursos financeiros para o funcionamento da capacidade instalada de
pesquisa e forma quase a totalidade dos recursos humanos para a pesquisa,
de técnicos a doutores dentro de suas fronteiras. Como em vários países a
pesquisa cientifica e tecnológica em saúde corresponde a uma maior
porcentagem de toda produção Cientifica das múltiplas áreas, em nosso país
a região sudeste é a que mais concentra a produção Cientifica e Tecnológica
em saúde.
Quando falamos em Ciência, Tecnologia e Inovação em saúde,
Capítulo 2
27
voltadas para a formação de Recursos humanos, os fatos mais promissores
destacam-se na implantação do Programa Institucional de Bolsas e Iniciação
Cientifica (PIBIC) e na descentralização geográfica dos programas de Pós-
Graduação Stricto Senso. Espera-se que essa descentralização de fluxo
sustentado, favoreça as regiões, norte, nordeste e centro oeste do país na
operação dos fundos setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)
contribuindo assim para uma série de correções de distorções na
distribuição de Recursos Humanos em Pesquisa. Ainda há carências
importantes no que se refere ao desenvolvimento Tecnológico no Brasil,
principalmente nas regiões norte nordeste e centro oeste do país, sobretudo
as relacionadas com a escassez de Centros de excelência profissional e
instituições capacitadas para a gestão de processos de inovação que se
ajustem as exigências de qualidade e segurança dos órgãos reguladores.
Enfrentamos hoje grandes problemas relacionados à pesquisa, problemas
estes que vem se arrastando ao longo de algumas décadas como na década
de 90 quando ocorreu intenso contingenciamento de postos de trabalho que
se mantiveram vagos em Universidades e Institutos de Pesquisa. Esse fato
por um lado impediu a reposição de quadros qualificados e, de outro, levou
ao surgimento de uma população de docentes, denominados substitutos,
com pouca ou nenhuma formação e carga horária para a Pesquisa e com
relação de trabalho precária com a Instituição.
Atualmente, o Ministério da Educação vem procurando suprir as
necessidades das Universidades Federais, autorizando a abertura de
Capítulo 2
28
concursos. Além disto, observa-se um número insuficiente de bolsas de
doutorado concedidas pelas agencias de fomento para formação e fixação
institucional de novos pesquisadores em particular para alunos de Mestrado
e. Se continuar diminuindo o número de bolsas para a Pesquisa Cientifica,
poderá haver um impacto negativo na oferta de jovens Pesquisadores. Em
relação à formação científica e profissionalizante dos trabalhadores do SUS,
são poucas as oportunidades disponíveis de capacitação para formular
demandas de CTIS, a partir das necessidades e dos problemas do sistema,
dos serviços de saúde e da utilização da produção cientifica e tecnológica no
aprimoramento de programas e ações de saúde. Existem algumas lacunas
no que diz respeito à disseminação e a difusão de informações Cientificas e
Tecnológicas de interesse para a gestão do SUS. Apesar das várias
iniciativas bem sucedidas nos Bancos de Dados do Ministério da Educação
(MEC) e do Ministério da Ciência e Tecnologia, (MCT) assim como as
bibliotecas virtuais do Centro Latino Americano e do Caribe de informação
em Ciências da Saúde (BIREME) e da Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS), ainda persistem insuficiências na introdução de formas de
comunicação acessíveis e compreensíveis para o público leigo e para
profissionais de saúde. Esse aspecto dificulta a participação social e a
socialização da produção Cientifica e Tecnológica em prol da equidade,
implicando na baixa utilização do conhecimento produzido.
Fundamentalmente conceitua-se inovação tecnológica como
produzida pela inteligência e que embora signifique avanços pode também
Capítulo 2
29
gerar riscos a saúde por falha desta “expertise”. Sabe-se ainda que esses
riscos precisam ser monitorados também por esta mesma “cadeia de
experts” requerendo a cada dia mais instrumentos técnicos e sua
padronização, com isto cresce a necessidade de constantes estudos e
pesquisas nesta área que possam efetivamente contribuir para o incessante
processo de construção de um sistema de inovação tecnológica voltada para
a saúde, com segurança e qualidade.
A politica nacional de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde
(PNCTIS) é parte integrante da Politica Nacional de Saúde (PNS) formulada
no âmbito do sistema único de saúde (SUS). O artigo 200, inciso V, da
Constituição Federal estabelece as competências do SUS e dentre elas,
inclui o incremento do desenvolvimento cientifico e tecnológico em sua área
de atuação.
O SUS pauta-se por três princípios Constitucionais: Universalidade,
integralidade e equidade. Todos eles se apoiam também a Politica Nacional
de ciência tecnologia e inovação em saúde.
Do ponto de vista da ciência e da tecnologia, a aplicação desses
princípios deve corresponder ao compromisso politico e ético com a
produção e com a apropriação de conhecimentos e tecnologias que
contribuam para a redução das desigualdades sociais em saúde, que se
expressa pela deficiência no atendimento à população, mesmo quando essa
busca a assistência primaria, que envolve a prevenção da saúde e o
Capítulo 2
30
tratamento de simples patologias, em consonância com o controle e ações
sociais. Segundo Travassos, a classificação dos estados conforme o grau de
desigualdade foi bastante sensível em relação às medidas de saúde
utilizadas. A despeito disso, alguns estados destacaram- se por manterem
sua posição em relação aos demais, em quase todas as medidas de saúde;
paradoxalmente o Distrito Federal permaneceu entre os estados com a
maior desigualdade social em saúde no Brasil, seguido de Minas Gerais e
Goiás, enquanto que os estados do nordeste em especial Alagoas,
destacaram-se entre aqueles com a menor desigualdade. (Travassos, 2000).
Vê-se que a política deve adotar como diretriz a necessidade de
estabelecer prioridades. Esta deve ser contemplada com a construção de
uma agenda de prioridades para a pesquisa em saúde. Um grave problema
na pesquisa brasileira tem suas características voltadas para a menor
seletividade, significando uma inadequada e insuficiente capacidade de
estabelecer prioridades e cumpri-las de forma sequencial. Para que isto
aconteça na perspectiva do interesse do país, é preciso que se organize as
necessidades de pesquisa seguindo um padrão especifico, caso contrário,
teremos consequências indesejáveis em relação ao desenvolvimento das
inovações tecnológicas.
Segundo Thomas (2007), o tipo de pesquisa que se classifica como
descritiva, tem por premissa buscar a resolução de problemas melhorando
as práticas por meio da observação analise e descrições objetivas, através
Capítulo 2
31
de entrevistas com peritos para padronizações de técnicas e validação de
conteúdo (Thomas; Nelson; Silverman, 2007).
Segundo Christensen (2009), o National Institutes of Health (NIH), tem
financiado quase todas as pesquisas básicas, e grande parte das pesquisas
aplicadas que dão suporte a Medicina moderna. Grande parte do
conhecimento conduziu muitas doenças infecciosas à medicina de precisão,
uma geração atrás, e muitas das descobertas da medicina molecular têm
levado mais doenças à medicina de Precisãdesenvolvida nas principais
universidades, americanas com verbas do NIH. Já que é sempre bom
melhorar, diz Christensen propomos uma melhora nos métodos usados para
alocar as verbas do NIH. Atualmente este instituto dos EUA usa um sistema
de avaliadores duplo-cego para avaliar propostas de financiamento. Este é
parecido com os processos usados na maioria das disciplinas acadêmicas
para a publicação de artigos de pesquisa. Os pesquisadores enviam
propostas solicitando que o NIH financie certos projetos. A lógica de tudo
isso é que no método duplo-cego às relações e politicas pessoais são
removidas do processo decisório, garantindo que cada decisão seja tomada
unicamente com base na Ciência envolvida. O resultado inadvertido deste
sistema de enviar propostas para serem revisadas pelos cientistas com
maior conhecimento no tema específico em nossas universidades e
principalmente em nossas faculdades de Medicina é que os avaliadores e
especialistas tendem a considerar as propostas positivas quando
aprofundam o conhecimento em sua disciplina; porém se a proposta visa
Capítulo 2
32
levar o conhecimento para uma direção diferente cruzando os limites de um
domínio cientifico diferente ela não tende a ser considerada tão positiva, pois
em parte ela não aprofunda o conhecimento na direção em que o trabalho e
a reputação do especialista que avalia estão se construindo. Toda esta
descrição da atividade cientifica em campos cada vez mais restritos,
geralmente facilita o avanço daquilo que o grande filósofo historiador da
Ciência Thomas Kuhn, chama de “ciência normal”- a construção tijolo por
tijolo, de corpos de conhecimento sobre o alicerce de um paradigma.
Contudo essa especialização do conhecimento e perspectiva some ante as
evidências simplesmente avassaladoras de que as novas descobertas quase
sempre ocorrem em intersecções novas e não convencionais entre
disciplinas cientificas ou técnicas. As descobertas e invenções raramente
emergem de dentro de disciplinas individuais. Ao contrário, ganham novas
perspectivas quando pesquisadores de campos diferentes analisam antigos
problemas a partir de seus pontos de vista novos e diferentes. Muitos
problemas são solucionados quando uma pessoa de outro campo enxerga
defeitos ou erros que não foram vistos pelos especialistas que ali estiveram.
Segundo Christensen, nosso instinto é olhar a nossa própria disciplina como
a fonte confiável de soluções. Só que esse “instinto’’ é certo quando a
questão é a ciência normal. Mas é “instinto” errado quando são necessárias
outras descobertas e novas invenções.
Não temos dúvidas diz o mesmo autor, de que precisamos de
descobertas e invenções no setor da saúde, por isso a NIH insiste em criar
Capítulo 2
33
diferentes métodos para avaliar projetos de pesquisa que permeiam diversas
disciplinas ou que se proponham a lidar com problemas em um campo com
métodos desenvolvidos por outros. (Christensen 2009).
Se o empenho na dotação de pesquisas não é o mesmo no Brasil e
nos EUA, é certo que os defeitos apontados por Christesen no que tange a
seleção de projetos, sigam o mesmo modelo de avaliação entre nós.
2.3. Regulamentação e Avaliação do Setor Saúde
A reivindicação, de melhoria no setor da saúde, no atendimento
primário secundário e terciário da população, não é um pedido global de
desregulamentação do setor da saúde. A história tem mostrado que quando
os mercados competitivos não conseguem um setor que funcione para o
bem público, a regulamentação em busca da estabilidade e garantias,
sempre será criticada em determinado estágio. O lado obscuro da
necessidade de regulamentação é que as regras sobrevivem após a
necessidade pública de estabilidade e garantia ter sido satisfeitas, pelo
progresso tecnológico. Embora a intensão original das licenças e
certificações fosse uma preocupação genuína com o usuário, quase sempre
Capítulo 2
34
as regras passam a ser usadas para proteger os interesses econômicos dos
prestadores de serviços, ou ainda invocados em nome do paciente, ou do
passageiro ou do “bem comum”. Se os reguladores não evoluírem o foco de
suas regras à medida que a ciência e a tecnologia progredirem, colocarão o
tratamento em uma armadilha de modelos empresariais de alto custo, cujos
resultados são menos previsíveis e, na verdade não são tão bons quanto os
que poderiam ter sido desenvolvidos por inovadores. Os reguladores devem
manter a atenção e adaptar o foco e a natureza das regulações a evoluções
das práticas, processos e tecnologias médicas, mas raramente o fazem.
Citando como exemplo o que aconteceu com o setor aéreo dos EUA no
período de 1930 – 1977, a Civil Aeronautics Board estabilizou de um modo
bastante efetivo o setor aéreo, limitando o número e o tipo de companhia
aérea que poderia voar em uma determinada rota e definindo as tarifas que
poderiam cobrar. Também a Securities and Exchange Comission
estabilizou as firmas de corretoras de ações de Wall Street quando
emergiram do caos da grande depressão, permitindo que a bolsa de valores
de New York definisse um nível lucrativo de tarifas que as firmas cobrariam
para executar um negocio. Quando a Southwest Airlines e Charles Schwab
buscaram aprovação na década de 1970 para competir com as firmas
estabelecidas em seus respectivos setores por meio de preços com
descontos, os advogados dessas firmas usaram argumentos eloquentes
para explicar porque em nome do bem comum, aqueles que ofereciam
descontos não poderiam entrar no mercado. Mas felizmente entraram.
Capítulo 2
35
Mesmo no segmento de saúde os prestadores de serviços se baseiam em
regulamentações que visam à estabilidade e a garantia para bloquear a
concorrência. Novamente recorrendo ao exemplo dos EUA, em 2003, o
Congresso Norte Americano, a pedido do setor hospitalar, impôs uma
moratória em âmbito nacional sobre a construção de hospitais
especializados, como hospitais do coração e ortopédicos. O argumento foi
que no caso de um paciente submetido a um procedimento cardíaco ter um
derrame, (AVC), e não apenas tratar corações ou trocar próteses de quadris.
O argumento foi que os outros tipos de tratamentos deveriam ser feito nos
hospitais gerais. O que é interessante é que os hospitais gerais não
militaram para banir os hospitais psiquiátricos especializados embora com
certeza os pacientes de hospitais psiquiátricos tenham doenças cardíacas,
AVC, hipoglicemia, e outros. Para o bem do paciente, certamente aqueles
com transtornos mentais deveriam ser tratados em hospitais gerais. Mas, o
que mostra o levantamento estatístico é que os procedimentos realizados
nos hospitais gerais são muito mais lucrativos do que aqueles realizados em
hospitais psiquiátricos, pelo contrário, esses são deficitários. Este é outro
exemplo de preocupação com a segurança do paciente, mas que, na
verdade está baseado em interesses econômicos. São estes interesses que
levam muitos estados brasileiros a impedir que os profissionais de
Enfermagem (enfermeiros) escrevam receitas sem a supervisão direta de
um médico, mesmo para problemas baseados em regras facilmente
diagnosticáveis como dor de ouvido (otalgia). Isso efetivamente impede que
Capítulo 2
36
clínicas compitam com os consultórios médicos, embora os pacientes
passem muito bem em outros estados onde estes serviços funcionam por
um custo menor ou dentro da possibilidade de cada pessoa; ou ainda
pacientes que não podem pagar as tarifas dos consultórios médicos e que
não tem acesso a uma clinica geral, ficam totalmente excluídos em nome da
segurança do paciente. (Almeida 2004).
A tecnologia em saúde é complexa, pois deve ser realizada de forma
ampla considerando os aspectos clínicos, socioeconômicos, éticos legais,
assim como a sua utilização para pesquisa cientifica e aprendizado, o
proposito da aquisição de todo esse processo deve ser claramente definido,
não sendo para simplesmente analisar ganhos na saúde favorecendo
empresas e empresários, mas que venha incorporar tecnologias para
ganhos no sistema de saúde beneficiando a saúde em amplo espectro.
(Acta Paul. Enferm. Vol. 22 nº 4. São Paulo. 2009).
Para aquisição de novas tecnologias na saúde é necessário um
processo de avaliação incluindo considerações sobre: a segurança da
inovação tecnológica ou de procedimentos, sua efetividade na pesquisa e na
comunidade, a necessidade de recursos humanos capacitados nas regiões
onde o procedimento deveria ser efetivado. Condições mínimas de
infraestrutura para possibilitar que a tecnologia seja disponibilizada em
condições minimamente satisfatória, e aspectos econômicos que mensurem
e avaliem os ganhos na saúde e os custos adicionais. Ainda deve se levar
Capítulo 2
37
em conta as questões éticas e legais relacionadas à incorporação da nova
tecnologia que precisam ser consideradas e avaliadas, esse é um processo
de avaliação multidimensional de inovação tecnológica.
Os desafios ameaçam a implementação desse processo:
1- A indefinição ou falta de clareza no objetivo acerca do processo de
avaliação de tecnologias.
2- Insuficiência de dados locais ou nacionais sobre o potencial e
efetividade das intervenções nas comunidades.
Se por um lado, pesquisas científicas podem já ter demonstrado a
efetividade das intervenções em determinados países, por outro lado, não
garantem que a efetividade da tecnologia seja a mesma em outro país.
Ausência de dados sobre o consumo de recursos com e sem a intervenção
da tecnologia proposta, e consequentemente ausência de custos associados
ao processo de cuidar ou tratar utilizando esta tecnologia, parcialidade no
processo por não considerar na plenitude todos os aspectos envolvidos na
avaliação de novas tecnologias; falta de recursos humanos capacitados para
realizar e validar o processo de avaliação de forma ampla, na velocidade e
com a qualidade mínima desejada, dada a rapidez com que novas
tecnologias são geradas e disponibilizadas, dificuldade de identificar
interesses específicos no processo de avaliação que influenciam decisões
não alinhadas com o interesse coletivo. (Panorama Nacional de Inovação
Capítulo 2
38
Tecnológica – leitura online).
Tais desafios não impedem que o exercício da avaliação seja realizado.
É preciso entender que, em um país com inúmeras necessidades e extrema
limitação de recursos, algumas decisões deveriam ser fundamentadas pelo
bom senso. Um dos nossos desafios no Brasil é definir de forma clara e
explicita as prioridades de nosso sistema de saúde. A partir desta definição é
que podemos justificar toda e qualquer forma sistemática e ampla de
tecnologia em saúde: (Almeida 2004)
1- Definir prioridades do sistema de saúde de forma clara e explicita,
pois é importante considerar as condições epidemiológicas,
socioeconômicas, educacionais e as expectativas da população em
termos de atenção e assistência á saúde para a definição dessas
prioridades e reconhecer que não é possível oferecer tudo o que
precisa para todos.
2- Reconhecer as limitações metodológicas do processo de avaliação de
tecnologias que ainda estão em fase de desenvolvimento e validação
que devem ser exercitados com cautela especialmente em ambientes
com pouca informação disponível e com baixo grau de educação nas
áreas que suportam o processo.
3- Fortalecer os profissionais do sistema de saúde sobre os métodos e
técnicas envolvidas e utilizadas no processo de avaliação de
Capítulo 2
39
tecnologias. A educação visa o uso correto dos instrumentos e
reconhecimento de suas limitações para evitar que haja uso
tendencioso e decisões com justificativas frágeis.
4- Reconhecer que muitas das decisões do nosso dia a dia precisarão
ser tomadas e baseadas no bom senso e na pouca informação
disponível – essas decisões devem ser bem fundamentadas e
justificadas. Algumas serão muito difíceis, e o objeto de escolha
política para sustentá-las é preciso que haja uma visão de longo
prazo e com lideranças sérias e bem conceituadas. (Cechin, 2008).
Depois desta longa apresentação sobre as questões envolvidas no
uso das tecnologias e inovações tecnológicas no campo da saúde,
podemos apontar nossos objetivos neste trabalho.
2.4. Objetivos
1- Determinar os fatores que envolvem as Inovações Tecnológicas na
área da saúde, assim como sua evolução e contribuição na pesquisa.
2- Verificar a opinião de gestores de serviço de saúde sobre aquisição,
manutenção e conservação de equipamentos tecnológicos em saúde.
Capítulo 2
40
3- Avaliar por meio do discurso dos administradores de serviço de saúde
se existe relação entre o sucateamento de equipamento com novas
aquisições tecnológicas.
2.5. Justificativa
No Brasil, ainda vivenciamos inúmeros problemas relacionados à
saúde da nossa população, mas não podemos deixar de reconhecer o
avanço tecnológico, as inovações tecnológicas alcançadas na saúde através
da pesquisa científica. Mas temos ainda um longo caminho para percorrer.
Falamos no sistema de saúde da população brasileira, mas este trabalho
está diretamente relacionado apenas ao evidente problema em um hospital
escola da rede pública da capital de São Paulo.
A formulação e o planejamento de políticas de saúde e a regulação do
setor são necessariamente de responsabilidade do poder público, o único
com competência legal para definir politicas nacionais e legislar sobre o
assunto, entretanto, o financiamento e a prestação de serviço de saúde
podem ser de responsabilidade pública e privada, e na maioria dos países
encontra-se participação significativa de ambos os setores em proporções
bastante variadas. No Brasil, o Estado intervém de forma importante no setor
da saúde, seja para corrigir as falhas de mercado ou para garantir que
Capítulo 2
41
determinados segmentos da população tenham acesso a bens e serviços de
saúde. A falta ou demora de verbas para compra de equipamentos e ainda
para instalações destes equipamentos no ambiente hospitalar, as péssimas
condições de moradia para profissionais, foram muito discutidos e
apareceram na mídia em virtude do programa mais médicos. Este programa
faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento dos usuários do
SUS, que prevê investimento em infraestrutura dos hospitais e unidades de
saúde o programa consiste em levar mais médicos para as regiões onde não
existem estes profissionais. Nos últimos meses a mídia tem mostrado a falta
de infraestrutura na rede publica de saúde, mas também temos visto o
acompanhamento ás promessas de recursos garantidos para a melhoria do
atendimento a saúde da população. Tudo isso tem causado
questionamentos das pessoas em geral. É a falta de medico ou a falta de
infraestrutura publica? O Ministério da Saúde por meio do seu representante
garantiu em rede Nacional que a política de atração de médicos para o
interior brasileiro, será atrelada à melhoria da infraestrutura hospitalar.
Apenas os municípios que investirem em melhorias nas unidades de saúde,
receberão médicos do programa Mais Médicos. Serão contemplados no
sistema: as UBS, os prontos atendimentos, e os hospitais passarão por
reformas. As regiões norte e nordeste brasileiro são as que mais sofrem com
a deficiência de infraestrutura e a falta de médicos para as unidades de
saúde.
No Brasil o movimento e a legislação de proteção aos direitos do
Capítulo 2
42
cidadão nasceram no processo de democratização do país e do aumento de
expectativas por parte dos usuários, somados á amplitude e universalidade
do direito a saúde tal como definido na Constituição de 1988. Esse
movimento levou ao processo que se convencionou chamar de
“Judicialização da Saúde,” presente tanto no Sistema Único de Saúde (SUS)
quanto na saúde suplementar. O processo consiste na multiplicação de
trabalhos judiciais obrigando o SUS, ou as operadoras, nos últimos anos, a
oferecer determinado tratamento às pessoas, ainda que não disponível, não
coberto ou até mesmo em alguns casos, não recomendável do ponto de
vista técnico. O espaço para a Judicialização da saúde, que consome
proporção crescente do financiamento público e atropela práticas clínicas
estabelecidas, precisa ser estudada, para corrigir discordâncias muitas
vezes ligadas a aspectos políticos que não contribui para o avanço
tecnológico e o atendimento a saúde.
Verificamos também que a indefinição do direito á saúde que atinge as
pessoas, e a ausência de um sistema consistente de avaliação de
tecnologias em saúde e o baixo nível de padronização da politica clinica em
nosso meio, tem de certa forma, interferido nos avanços tecnológicos para
melhoria da saúde. Neste quadro o Hospital das clinicas em São Paulo pode
ser visto como um dos polos de excelência dentro e fora do País.
O maior hospital escola da América Latina, onde foi desenvolvido este
trabalho, vem se desdobrando de forma consistente para alcançar êxito nos
Capítulo 2
43
avanços tecnológicos em vários campos da saúde desenvolvendo trabalhos
de pesquisas em todas as esferas profissionais, esperando e contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida, em sua longevidade. Este é um
perfeito espaço para desenvolvimento da nossa pesquisa.
2.6. Problemas Identificados e Hipóteses de Trabalho
A tecnologia tem proporcionado melhores condições de saúde para a
população, bem como, agilizado os trabalhos nas instituições de saúde.
Entretanto há necessidade de adaptação aos avanços tecnológicos, assim
como de estudos, acompanhamento, capacitação e treinamento contínuos
para o uso e manuseio das novas tecnologias adquiridas nas instituições de
saúde. Ainda existe necessidade de equipar a nossa rede publica, com
novas tecnologias principalmente quando falamos dos nossos hospitais
escola, pois além do conhecimento sobre o corpo humano os nossos alunos
da área de saúde precisam interagir com o meio e com os recursos
disponíveis no mercado para atender da melhor forma aqueles que por um
ou vários motivos buscam os serviços de saúde da rede pública.
Existe necessidade da utilização da Inovação Tecnológica na saúde,
Capítulo 2
44
não apenas para a cura de doenças que assolam as pessoas, mas também
como imprescindível importância para as descobertas Científicas, antes
mesmo que os males apareçam destruindo ou causando inquietação,
desconforto a saúde Supondo que estas descobertas possibilitem melhorias
na saúde, e consequentemente na qualidade de vida do homem, no seu
bem estar físico, mental social e espiritual assim como facilitando os
diagnósticos e terapias dos males e doenças que vem causando
preocupação à população, supõe-se que a ITS está diretamente relacionada
ao crescimento e desenvolvimento de técnicas, ações, tratamentos e
diagnósticos, curas e reabilitação resultando em um incalculável benefício à
saúde humana e que jamais poderia deixar de existir. É plausível acreditar
que a ITS possibilita a indução à pesquisa, que tem como objetivo fomentar
as atividades estratégicas de desenvolvimento, voltadas essencialmente
para a inovação tecnológica no campo da saúde em todas as suas
dimensões tanto no nível preventivo, curativo ou de reabilitação; tendo como
perspectiva contribuir e promover a saúde e bem estar do ser humano, uma
vez que a ITS é definida como a transformação de ideias em produtos,
processos tecnologicamente novos ou aprimorando de forma que seu
potencial possa proporcionar melhorias importantes nos produtos já
existentes.
1- Supõe-se que a aquisição de novos equipamentos tecnológicos em
saúde não seja o principal fator responsável pelo sucateamento de
equipamentos tecnologicamente superados, mas sim a inexistência de
Capítulo 2
45
uma política de manutenção e conservação de equipamentos. O
avanço tecnológico em saúde principalmente nas duas últimas
décadas coincide com o aumento do número de pesquisadores
produzindo ciências neste campo do saber. Como já dissemos nossa
hipótese é de uma necessidade imensurável de inovação tecnológica
na saúde tanto para a cura como para as novas descobertas e
invenções. Nesse caso existe uma valorização positiva da inovação
tecnológica sem que haja uma inversão correspondente na formação
e capacitação de pessoal, há uma tecnologização da linguagem, que
supõe a aquisição de novas tecnologias e consequentemente um
desenvolvimento e crescimento dos procedimentos em saúde,
resultando em uma qualidade de vida desejável e duradoura.
A partir de alguns pressupostos estabelecemos as hipóteses de
trabalho.
Pressupostos
1 – A tecnologia e a TIS são necessidades cabais no campo da saúde.
2 – A ITS exige a pesquisa que no limite melhoraria a qualidade da
saúde humana.
3 – A rede publica não está suficientemente equipada em todos os
aspectos para atender ás necessidades da população.
Capítulo 2
46
Hipótese
Não há pessoal treinado em numero suficiente para manusear
adequadamente os equipamentos. Isto é, um dos aspectos da necessidade
de equipamento não está sendo considerada adequadamente.
As políticas de manutenção e conservação de equipamentos
hospitalares são responsáveis pelo sucateamento de equipamentos.
CAPÍTULO 3
Capítulo 3
48
3.1. As Unidades Hospitalares
As unidades hospitalares são organizações atípicas que trabalham
com uma demanda especifica exigindo serviços individualizados, precisos e
emergenciais. Em função desta diversificação na demanda, acabam por se
especializarem em certas atividades, fazendo com que exista uma
classificação natural das unidades como de PS (pronto socorro) de
internação e de psiquiatria. Assim, não se pode projetar um modelo único e
ideal de nível tecnológico a ser seguido como padrão diante das diferentes
atividades de cada unidade hospitalar.
Existe uma relação entre as necessidades tecnológicas exigidas pelas
atividades predominantes em uma unidade hospitalar e a forma com que
esta reage à absorção das tecnologias através da postura estratégica
assumida pela unidade. Dantas (1980) partindo do modelo “empresa” relata
que estas posturas influenciam decisivamente na qualidade do atendimento
dos serviços prestados e são classificados em: estratégias ofensivas,
estratégias analíticas, estratégias reativas e estratégias defensivas a seguir
discutiremos cada uma.
Estratégia Ofensiva – quando os hospitais adotam a inovação
tecnológica em uma fase experimental ou de lançamento isto significa
descobrir uma fraqueza, na força do concorrente, e tem como base as
variáveis externas que neutralizam a ação dos competidores. As variáveis
Capítulo 3
49
internas é que dão ênfase aos recursos e as capacitações, no entanto a
empresa enfatiza o acesso ao conhecimento.
Estratégias Analíticas – quando observam um concorrente que
introduziu em primeiro a inovação tecnológica e resolve incorporá-la
posteriormente, ou seja, é um processo de validação. Esse deve avaliar a
relação entre os resultados experimentais e as questões que o método se
propõe a responder. O objetivo da validação consiste em demonstrar que o
método analítico é adequado para o seu propósito. Validação deve ser
considerada quando se desenvolve ou efetua adaptação em metodologias já
validadas, inclusão de novas técnicas ou uso de diferentes equipamentos.
Estratégias Reativas – optam pela introdução da inovação tecnológica
somente após um grande período de absorção por outras unidades. São três
as fontes de reatividades de mercado: reatividade da estratégia, reatividade
de marketing, reatividade de inovação. Empresas são reativas porque suas
estratégias são reativas e também inovam de maneira reativa.
Estratégia Defensiva – dispensa a inovação limitando-se a busca de
maior eficiência em suas operações. É normalmente seguida por empresas
que se encontram em mercados que são dominados por empresas
concorrentes, face às quais não dispõem de recursos que lhe permitam
adaptar uma estratégia de concorrência aberta.
Sem duvidas estas classificações demonstram as semelhanças
Capítulo 3
50
existentes no campo da engenharia de produção e a unidade hospitalar,
assim como as tipologias semelhantes as demais organizações.
A integração entre necessidade e atividade de absorção deve possuir
uma relação direta na intenção não só de atender á atividade predominante,
como também de ampliar a vantagem competitiva das unidades. As
unidades que trabalham com atendimentos emergenciais deveriam
apresentar uma postura ofensiva ou analítica, uma vez que realizam
atendimentos a pacientes graves onde os recursos tecnológicos avançados
podem agir de forma decisiva na recuperação destes optando por absorção
imediata de recursos. Unidades que realizam atividades não emergenciais
deveriam apresentar uma estratégia reativa perdendo em competitividade,
mas avaliando e planejando melhor os gastos com aquisição de tecnologias,
para não serem dependentes tão diretas de recursos tecnológicos
avançados.
Capítulo 3
51
3.2. A Industrialização e a Tecnologia
A industrialização trouxe consigo além da modernização o avanço
tecnológico e a valorização da ciência em detrimento do homem e de seus
valores. Sabemos que o avanço tecnológico também ocorreu na área da
saúde com a informação, o surgimento de aparelhos modernos e
sofisticados que trouxeram inúmeros benefícios e rapidez nos
procedimentos na luta contra as doenças. A tecnologia criada pelo homem a
serviço do homem tem contribuído em larga escala para a solução de
problemas antes insolucionáveis. Esta mesma tecnologia pode trazer em
seu contexto melhores condições de vida e saúde para o ser humano. Nos
nossos dias (tempos modernos) há uma caracterização de profundas
mudanças, e são crescentes e aceleradas as inovações tecnológicas,
colocando a disposição de profissionais e usuários os mais diversos tipos de
tecnologia, tais como: tecnologia da educação, tecnologia gerencial,
tecnologia assistencial, tecnologia diagnostica e outras.
Como estamos falando em tecnologia, verificamos que é prudente
clarear o termo “Tecnologia’’. Como fizemos anteriormente. Vivemos na era
Tecnológica onde muitas vezes a concepção do termo tecnologia tem sido
utilizada de forma enfática, equivocada, incisiva e determinante na pratica
diária dos profissionais de saúde; entre estes corriqueiramente tecnologia é
vista e interpretada como um produto ou equipamento (maquinas ou
Capítulo 3
52
aparelhos). No entanto a temática “Tecnologia” não deve ser tratada numa
concepção reducionista ou simplista associada somente a maquinas e
equipamentos, aparelhos elétricos e eletrônicos; precisamos entender que a
tecnologia compreende também conhecimentos, saberes constituídos para
uma geração de utilização de produtos e para organizar as reações
humanas. (MEHRY e ET AL 1997). Esse mesmo autor agrupou as
tecnologias em saúde em três categorias básicas:
1- Tecnologia dura – esta é representada por material concreto como
equipamentos, mobílias de consumo permanente.
2- Tecnologia leve dura – saberes estruturados representados pelas
disciplinas que operam em saúde, ex.: clinica medica, clinica
odontológica, epidemiológica e assim por diante.
3- Tecnologia Leve – processo de produção de comunicação, das
relações humanas, de vínculos que conduzem ao encontro do usuário
com necessidades de ações de saúde. Acredita-se que estas três
categorias delineadoras estão presentes e interligadas nas ações de
profissões na área da saúde; mas não está transparente seu
significado, sempre interpretado de forma diversificada. Mas é claro
que toda esta estrutura combinada contribui para o avanço das novas
tecnologias.
Diante da fala do autor observa-se que a tecnologia é a estrutura
Capítulo 3
53
fundamental, desenvolvida pelo homem para manter ele mesmo e o seu
meio ambiente em constante crescimento e desenvolvimento. Uma estrutura
tecnológica pode dar origem a novas estruturas tecnológicas e
consequentemente a sua modernização cada vez mais eficiente com o
objetivo de melhorar a qualidade de vida da população e contribuir para a
longevidade. Vimos através dos tempos que o homem vem desenvolvendo
tecnologias através da ciência, pois estes andam juntos. “A ciência e a
tecnologia são valores muito mais que coisas ou artefatos ou mesmo
saberes”. É tudo isso em complementação com o mundo vital num
movimento que só pode adquirir significado na sua dimensão ética e politica.
(NIETSCHE, 2000).
A história da evolução tecnológica na área da saúde, ou seja,
tecnologia dura começou com a revolução industrial através do
desenvolvimento de novas tecnologias em praticamente todas as áreas do
conhecimento. Nessa altura, as ciências aplicadas possibilitaram o advento
de maquinas e equipamentos que substituíram e ou minimizaram a
necessidade da força humana física. A associação entre tecnologia e
máquinas//equipamentos, vem provavelmente dessa primeira revolução
industrial. Estas transformações tecnológicas assumiram fundamental
importância na sociedade contemporânea, não só frente às repercussões
junto ao processo produtivo, como também por gerar algumas tendências
que deram origem a novos formatos organizacionais, novas relações de
trabalho, influenciando as qualificações profissionais e as relações sociais.
Capítulo 3
54
Com significado de eficiência e qualidade, a tecnologia assume o papel de
legitimadora, tanto em nível individual no desempenho de funções como
também em nível institucional.
As instituições de saúde, bem como os profissionais que atuam nesse
setor, não ficaram alheios a esse processo. Assim as organizações
produtivas onde a utilização da tecnologia permite a manutenção de uma
posição de igualdade ou mesmo superioridade em relação a concorrentes,
as organizações de prestações de serviços tem o mesmo comportamento,
visto que em sociedades capitalistas, os serviços passam também a ser
considerados bens vendáveis, reproduzindo assim a logica das leis de
mercado competitivo. (PEIXOTO, 1994).
A tecnologia em saúde, material ou não, compreende os saberes
específicos, procedimentos técnicos, instrumentos ou equipamentos
utilizados nas praticas de saúde. Estes ao mesmo tempo em que constituem
meios de trabalho dos diferentes profissionais de saúde, representam um
dos itens para a manutenção e ampliação da escala de produção
capitalista(Dias, et al, 1996)..
A crescente tecnificação dos procedimentos para a atenção a saúde,
torna este setor um dos mais dinâmicos no tocante a absorção de novas
tecnologias, que são produzidas e consumidas segundo a logica de
mercado. Desse modo estas passam a ter um valor em si mesmas,
independentemente de sua eficácia. São mercadorias incorporadas aos
Capítulo 3
55
procedimentos técnicos muito mais na perspectiva dos interesses que
representam do que das necessidades. Atualmente as transformações
tecnológicas no setor saúde se encontram cada vez mais rápidas e a cada
momento surgem novas técnicas diferentes e aparatos mais modernos no
mercado. A invenção do RX, no final do século XIX e sua aplicação com fins
diagnósticos no inicio do século XX, constituíram um marco importante na
historia da medicina. O sucesso do emprego de RX levou os profissionais à
busca de outros métodos diagnósticos por imagem, sendo presenciado
nessa geração o aparecimento de Ultrassonografia, da Tomografia, e da
Ressonância Magnética (ressonância nuclear magnética). (Dias, et al, 1996).
No Brasil, o ritmo acelerado das transformações e inovações
tecnológicas, iniciou-se na década de 30. Uma visão geral da historia da
evolução tecnológica no país é traçada a seguir, segundo (Peixoto, 1994).
Após a década de 30 em decorrência de pressões provenientes do processo
de industrialização, os reflexos da disfunção cultural exercida pelos países
industrializados passaram a ser observados, também no setor da saúde,
assim como suas repercussões no ensino médico e na infraestrutura de
saúde.
Nos anos 50, iniciou-se a industrialização da medicina, constatando
uma ampliação da rede hospitalar com ênfase na atenção medica curativa
de caráter individual, na especialização e na tecnificação do ato medico.
Na década de 60, estabeleceu-se o discurso hegemônico da
Capítulo 3
56
racionalidade que tinha como principal objetivo expandir a assistência
curativa no âmbito hospitalar.
A década de 70 foi marcada pelo fortalecimento do setor saúde como
um novo setor industrial quando a produção de equipamentos e fármacos
passou a absorver grandes quantidades da renda do país. No entanto esta
incorporação tecnológica não significou uma melhoria no nível de saúde da
população. Foi nessa década, com uma rápida difusão que as unidades de
terapia intensiva foram implantadas no Brasil. Nas ultimas cinco décadas o
acirrado desenvolvimento biotecnológico vem acontecendo numa velocidade
avassaladora que mal se consegue acompanhar, levando a uma reflexão
profunda dos significados e da importância das varias consequências
advindas desse crescente processo de evolução. (Maftum et al, 2004).
3.3. Problematização
Apesar dos esforços governamentais para fomentar a pesquisa em
saúde serem bastante significativos, ainda são insuficiente em todas as
esferas nacionais, pois em relação à infraestrutura de pesquisa, a escassez
de recursos para investimentos tem sido um constante obstáculo. Vale ainda
mencionar a precariedade em que se encontram as unidades e os hospitais
Capítulo 3
57
de ensino que muitas vezes não tem como oferecer a melhor condição de
aprendizado e muito menos em desenvolver grandes pesquisas fidedignas
que tenham repercussão internacional. Isso sem falar do desempenho da
função de atendimento. A controvérsia atual levantada pelo Programa
Federal “Mais Médicos” e pelo Programa de “Importação“ de profissionais
estrangeiros, citados mais atrás se baseou muito na ausência de
infraestrutura mínima. Sem entrar no mérito das iniciativas, foi comum no
noticiário a justificativa alegada para a desistência de participação de
médicos brasileiros no “Programa Mais Médicos”, seria a precariedade das
instalações de unidades do SUS. A questão não envolvia tecnologia de
ponta, como maquinas e instrumentos sofisticados, mas alegava-se
precariedade de instalações, falta de aparelhos de refrigeração de
medicamentos ou maquinas de RX, espaços de consultórios, banheiros,
entre outros.
Outro importante assunto seria a falta de um compromisso ético,
social sério e sem falhas, voltado para melhorias de curto, médio e longo
prazo dando condições de saúde a população brasileira considerando as
diferenças regionais, buscando a equidade uma vez que esses princípios
básicos são relativos ao respeito à vida e a dignidade das pessoas, ou seja
uma população em busca de qualidade para a saúde, inclusão, controle
social e respeito à pluralidade. Por meio da politica nacional de Ciências
Tecnológicas de Inovação em Saúde, deve-se obter a inclusão e controle
social, educação científica, tecnológica e cultural adequada à realidade atual
Capítulo 3
58
e aos desafios futuros respeitando e valorizando o saber e culturas locais,
contribuindo para melhoria da qualidade de vida, respeitando o meio
ambiente e garantindo um futuro promissor para novas gerações. Esperando
que os profissionais da saúde trabalhem de forma consciente e a
conscientizar, para uma total utilização dos equipamentos médicos
hospitalares, evitando o seu precoce sucateamento.
Diante do exposto faz - se o questionamento: o principal problema da
falta de tecnologia nos serviços de saúde da rede pública em especial no
maior hospital escola da América Latina onde foi desenvolvido este estudo
está relacionado ao fato de não adquirir a tecnologia ou a não conservação
dos equipamentos já adquiridos?
Para responder a este questionamento acima, propusemos uma
investigação no hospital acima indicado, no setor de aquisição, manutenção
e conservação de equipamentos, onde entrevistamos 24 (vinte quatro)
profissionais, desta área que trabalhavam diretamente com o assunto em
evidencia. Esses profissionais foram selecionados para participar do estudo
também, porque mostraram através da fala, ter experiência na área de
aquisição, manutenção e conservação de equipamentos tecnológicos.
Os procedimentos (questionários e entrevistas) buscavam identificar os
profissionais quanto a::
Formação profissional
Capítulo 3
59
Tipo de dedicação, se exclusivo, permanente, temporário.
Número de empregos
Suas opiniões sobre o uso da tecnologia.
Suas opiniões sobre o descarte dos equipamentos e outros.
As entrevistas e aplicações de questionários foram desenvolvidas
dentro do próprio ambiente hospitalar, o local foi escolhido pelos
entrevistados, para que não tivesse constrangimento e sentisse a vontade, já
que o ambiente para eles era rotineiro.
CAPÍTULO 4
Capítulo 4
61
4.1. Caminho Metodológico
Esta é uma pesquisa do tipo exploratória, pois conta com o objetivo
de proporcionar a maior familiaridade com o problema, visando torná-lo mais
explicito, envolvendo levantamento bibliográfico questionário e entrevistas
com pessoas conhecedoras do problema, ou que já vivenciaram o assunto
em evidencia. Também utilizamos relatos veiculados através da mídia.
Vejamos um exemplo de relato: a mídia destacou problemas no atendimento
a saúde envolvendo a deficiência de infraestrutura no campo da saúde,
(postos de saúde outras instituições da rede publica) pedindo providencias
para equipamentos e suprimentos de estoque. Agencia Brasil – 21/09/2013.
4.2. Pesquisa Exploratória
Esta é uma pesquisa exploratória com levantamento bibliográfico que
consiste no estudo profundo e exaustivo de poucos objetos, de maneira que
permita seu amplo e detalhado conhecimento. Os dados primários foram
coletados para estudo de um assunto pouco ou não pesquisado ainda. Para
coletá-los foi aplicado um questionário com questões fechadas
Capítulo 4
62
acompanhado por uma entrevista,. Além de responder as questões fechadas
foi realizada uma entrevista que solicitava a justificativa da resposta dada no
questionário.
4.3. Entrevistas
Várias são as definições da palavra entrevista, mas uma delas tem
nos chamado a atenção, que é a definição na linguagem jornalística. É o
encontro com uma pessoa com finalidade de interroga-la sobre seus atos e
ideias; é o conjunto das declarações com autorização implícita ou formal
para publica-las. O entrevistado é quase sempre a pessoa de destaque
permanente ou circunstancial e as perguntas não são todas respondidas
com boa vontade e disposição, mas conseguidas com astúcia e tato por
parte do entrevistador.
O método das entrevistas está sempre relacionado com o método de
analise de conteúdo. Quanto mais elementos de informação obtivermos,
maior credibilidade terá a nossa reflexão.
Em geral, entrevista é uma conversa com uma ou mais pessoas com
a finalidade de recolher informações. As perguntas podem ser variadas,
Capítulo 4
63
conforme aquilo que quisermos saber. Podemos querer conhecer as suas
ideias, aquilo que tem feito, as razões ou motivos que o levaram a fazer tal
coisa, ou ainda quais os seus projetos para o futuro. As hipóteses são muitas
e dependem da imaginação e preparação. Antes da realização da
entrevista, deve-se fazer sempre o guia da entrevista, ou seja, uma base
onde se escreve as perguntas e que irá te ajudar ao longo do encontro.
No guia da entrevista é necessário incluir o nome das pessoas
entrevistadas, a data, o local, assim como dar um titulo a entrevista.
Além disto, deve incluir um texto inicial com os objetivos da entrevista
e ler para o entrevistado no inicio da realização da mesma. Este ultimo
procedimento vale também para aplicação de questionário.
Alguns passos são necessários para que a entrevista atenda aos
objetivos:
1- explicar para o entrevistado o objetivo da entrevista.
2- criar um ambiente agradável com privacidade, de forma que o
entrevistado se sinta a vontade.
3- conversar com o entrevistado de forma informal e começar pelas
perguntas mais simples ou mais fáceis.
4- não esquecer o registro de toda entrevista. Pode - se usar o papel ou
um gravador de som.
Capítulo 4
64
5- nunca se esquecer de pedir autorização para gravar.
6- fazer sempre uma previsão de tempo gasto para entrevistar.
7- não hesitar em terminar antes do tempo.
8- após a entrevista, analisa – se os dados recolhidos e em caso de
vários entrevistados realize um relatório, explicando como tudo foi
feito e quantas pessoas foram entrevistadas. Não obstante as
definições acima, referindo ao nosso método principal de obter dados
como aplicação de questionário, foram tomados os cuidados arrolados
acima, por ocasião dos encontros. Os cuidados com o local, a
autorização, as explicações da pesquisa, o compromisso do
anonimato e dos esclarecimentos solicitados, valem para os
procedimentos que envolvem o questionário.
4.4. Abordagem
Este trabalho foi desenvolvido através do método Hipotético- dedutivo,
visto que este se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimento
acerca do qual formula – se hipóteses e pelo processo dedutivo, que testa
Capítulo 4
65
as ocorrências de fenômenos abrangidos pela hipótese. Nosso instrumento
foi o questionário seguido de comentários dos participantes. As questões
do questionário eram todas fechadas com quatro ou cinco alternativas, mas
os participantes poderiam fazer comentários sobre as suas respostas, que
estariam sendo gravados, e posteriormente analisados para fins de
discussão dos resultados. Foi este complemento que chamamos de
entrevista, uma vez que as falas eram mais ou menos longas e voluntarias.
4.5. Procedimentos
Inicialmente foi realizado um projeto piloto para validar a
confiabilidade do instrumento, e verificar se as questões aplicadas eram
correlatas com os objetivos. De Inicio foram aplicadas 12 questões, e
percebemos que havia similaridade de respostas entre algumas questões,
estas com similaridade foram excluídas do estudo, restando oito questões.
Também se verificou que alguns participantes preferiram responder
oralmente as questões ao invés de escrever. Por isso optou-se por gravar
comentários após as respostas escritas. Esta proposta de trabalhar com
questionário e comentários foi escolhida após aplicação do projeto piloto,
quando quatro dos participantes não aceitaram responder o questionário por
Capítulo 4
66
escrito.
As questões para os questionários foram construídos conforme o
problema em evidencia no estudo, baseado em bibliografia, dados da
realidade, relatos da mídia e a vivência diária da pesquisadora dentro das
áreas hospitalares.
Estas questões foram validadas no questionário piloto e aplicadas em
um grupo composto de profissionais de nível superior, com formação em
Engenharia, Administração Hospitalar e Economia, e outros de nível técnico,
envolvidos diretamente com a aquisição de novas tecnologias, assim como
na manutenção e disposição final dos equipamentos tecnológicos. A escolha
dos participantes está baseada na experiência profissional relacionada ao
problema em evidencia.
Os resultados obtidos durante a aplicação dos questionários foram
importantes para analise dos dados e exclusão de algumas questões como:
A- Aquelas que mostraram respostas iguais para duas ou mais
formulações.
B- Quando mais de um profissional respondeu de forma igual à
mesma questão, eliminamos esta para evitar um certo padrão das
respostas. As modificações nas questões para entrevista foram
realizadas em relação a estas observações feitas através da
aplicação do projeto piloto, e verificou-se que as questões da forma
Capítulo 4
67
que foram aplicadas corresponderam aos objetivos do estudo,
eliminando possibilidade de fatores confundidores e viés da
amostra.
4.6. Questões do Questionário
1- Em sua opinião a tecnologia tem contribuído para o desenvolvimento
intelectual do indivíduo que trabalha com equipamento de inovação
tecnológico em saúde? De forma: ( ) ótima ( ) muito bom ( ) bom ( )
regular ( ) ruim
1.a- Esta mesma Tecnologia tem contribuído também para a
recuperação da saúde hospitalar? ( ) muito ( ) razoavelmente ( ) pouco
( ) nada
2- Quais os critérios utilizados para aquisição de novas Tecnologias na
área hospitalar?
( ) critério unicamente técnico ( ) necessidade clinica ( )
necessidade profissional ( ) desenvolvimento de pesquisa ( ) por
limitação de recurso financeiro
Capítulo 4
68
3- Observa-se que em geral há uma necessidade de gerenciamento
tanto para os equipamentos de tecnologias avançadas, como para as
tecnologias básicas e ao mesmo tempo existem constantes
desperdícios de investimentos e sucateamento de equipamentos nas
unidades hospitalares sobre esta afirmação comente e responda.
( ) Absolutamente verdadeira ( ) é parcialmente verdadeira
( ) existe apenas em algumas unidades ( ) não é verdadeira a
afirmação ( ) desconheço esta realidade
4- As unidades hospitalares são organizações que necessitam de
continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico. Como o Senhor vê
esta necessidade e como tem feito este continuo aperfeiçoamento
neste setor?
( ) existe e está sendo bem contemplada ( ) existe e está sendo
parcialmente contemplada ( ) existe e não está sendo contemplada
( ) não existe ( ) não temos dados sobre a necessidade
4.a- E como avalia esta necessidade? ( ) grande ( ) moderada
( ) pequena
4.b- E como vê o continuo aperfeiçoamento neste setor? ( ) é
muito necessário ( ) é moderadamente necessário ( ) é pouco
Capítulo 4
69
necessário
5- Quais as estratégias usadas nas atividades de gerenciamento para
que se obtenha um maior aproveitamento possível de tais tecnologias
evitando assim equipamentos sucateados?
( ) é feito treinamento de pessoal ( ) é feito acompanhamento de
pessoal ( ) é feito manutenção do equipamento ( ) é feito
conservação do equipamento ( ) é feito atualização dos
equipamentos
6- Trabalhos de pesquisa têm mostrado que existem grupos de
manutenção interna com deficiência de acompanhamento técnico, isto
gera problemas no armazenamento, instalação, operação,
manutenção e disposição final dos equipamentos. O que a empresa
tem feito para melhoria desse processo?
( ) contratado novos serviços ( ) contratado novos profissionais ( )
treinado os profissionais internamente ( ) não temos investido
neste aspecto
7- Quais são os fatores determinantes para o investimento em inovação
tecnológica da saúde?
( ) necessidade clinica ( ) necessidade do profissional ( )
necessidade mercadológica ( ) necessidade de aplicação em
pesquisas ( ) necessidade competitiva
Capítulo 4
70
8- O presente trabalho propõe-se a analisar a importância do
gerenciamento de recursos tecnológicos avançados para maior
aproveitamento do tempo de vida útil desses recursos e melhorias dos
serviços oferecidos, qual importância do gerenciamento dos recursos
tecnológicos na saúde e responda?
( ) o material é comprado e totalmente utilizado ( ) o material é
comprado e parcialmente utilizado ( ) o material é comprado e não é
utilizado ( ) o material é comprado, mas não existe pessoal
capacitado para usa-lo ( ) a tecnologia é adquirida, mas a preferência
é continuar usando o material conhecido
9- Que tipos de equipamentos são mais usados em termos de tecnologia
da saúde?
( ) tecnologia de última geração ( ) o material que eu tenho
familiarização ( ) o que tenho a disposição no momento ( ) o mais
fácil de ser usado ( ) o ideal para a terapia
10- O que envolve o processo de compra desses equipamentos?
( ) aleatoriamente ( ) baseado na necessidade do serviço ( )
baseada na opinião do usuário ( ) baseada na opinião do profissional
( ) periodicidade
11- Como é feito o descarte destes equipamentos?
Capítulo 4
71
( ) é descartado com controle de uso e estoque ( ) é simplesmente
descartado ( ) é deixado em almoxarifado ( ) Quando não funciona
mais ( ) Quando o conserto é mais caro que a compra de outro.
12- Existe a possibilidade de uso inadequado destes equipamentos?
( ) sim e de jeito muito frequente ( ) sim, mas não tão frequente ( )
sim, mas de forma pouco frequente ( ) não existe ( ) desconheço
13- Os recursos tecnológicos adquirido são utilizados?
( ) totalmente utilizado ( ) parcialmente utilizado ( ) pouquíssimo
utilizado ( ) não é utilizado ( ) não tenho controle do uso
14- Os recursos tecnológicos adquirido ficam sucateados
( ) muito rapidamente ( ) no tempo correto ( ) não permito que isto
ocorra ( ) não acontece ( ) após sua vida útil.
Capítulo 4
72
4.6.1. Procedimentos
Inicialmente os participantes assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido, concordando em participar da pesquisa, no qual estava
explicito que a entrevista seria gravada. Inicialmente foi agendada o
encontro com hora marcada em local em que pudesse ser gravada sem
interferência de outras pessoas. Todas as perguntas foram realizadas em
salas onde estavam presentes o entrevistador e o entrevistado.
A gravação dos comentários foi obtida após confirmação do
entrevistador de que as mesmas não seriam divulgadas em hipótese alguma
para qualquer outra finalidade que não de investigação científica, tal como
expressa no termo de consentimento livre e esclarecido. Ficou ainda
acordado entre as partes que as questões e as respostas não seriam vistas
por nenhuma outra pessoa além do entrevistado e do entrevistador, ficando
o mesmo sujeito a penalidades caso descumprido este acordo.
Após a assinatura do termo de consentimento e as questões
apresentadas ao participante, o gravador foi ligado e a entrevistadora iniciou
o procedimento de gravação das respostas. Durante o processo poderia
haver interrupção por parte do pesquisado ou da pesquisadora para ajustes
no equipamento. As questões foram feitas em sequencia, e todas poderiam
ser respondidas ou comentadas pelo entrevistado. O entrevistador não
Capítulo 4
73
poderia realizar comentários adicionais, caso o entrevistado necessitasse de
maiores explicações sobre as questões, a entrevistadora faria a leitura
novamente da questão e em seguida esclarecia a dúvida do entrevistado.
Ao final do encontro as questões eram revistas pelo participante e
pela pesquisadora e qualquer correção que o participante necessitasse
realizar, era permitida. Mas após o encerramento da gravação nada mais foi
alterado. Todos os participantes aceitaram acrescentar seus comentários.
4.7. Casuística
Participaram deste estudo 24 profissionais, oito de nível técnico e 16
de nível superior, sendo engenheiros, economistas administradores
hospitalares, técnicos de manutenção, de dois hospitais escola da rede
públicos da capital Paulistana. A média de tempo de exercício da profissão,
na atual função foi de 8,5 anos para os administradores, 10,9 anos para os
engenheiros e 8,8 anos para os economistas, 8.5 anos para os técnicos.
Cem por cento dos participantes eram do serviço público, embora 60% deles
trabalhassem também em outro serviço sendo esse segundo emprego em
empresa privada. O tempo de exercício da função no serviço público não foi
Capítulo 4
74
diferente em relação ao tempo de exercício da função dos entrevistados que
trabalhavam também em um serviço privado (p = 0,35). Todos os
entrevistados afirmaram responder as questões por livre árbitro sem
influencia das possíveis recomendações das empresas. Todos eram
casados, tinham propriedades nominativas, e não havia condenação judicial
para nenhum dos entrevistados, os profissionais de nível superior estavam
com suas documentações regularizadas em seus respectivos conselhos
regionais.
4.8. Análise Estatística
Os dados foram analisados em direção aos objetivos e estão
apresentados em valores médios, percentuais e absolutos. E para melhor
visualização foram construídos gráficos e tabelas. A partir das analises
realisadas foi possível evidenciar algumas conclusões.
Capítulo 4
75
4.9. Complementação Metodológica
Também utilizamos relatos veiculados através da mídia. Vejamos
alguns relatos: a mídia destacou problemas no atendimento á saúde
envolvendo a deficiência de infraestrutura no campo da saúde, (postos de
saúde e outras instituições da rede publica) pedindo providencias para
equipamentos e suprimentos de estoque. Agencia Brasil – 21/09/2013.
Através do noticiário a população brasileira toma ciência dos
desastrosos acontecimentos nos serviços públicos de saúde. O SUS é
precário, incidentes acontecendo em sequencia devido o despreparo e a
falta de qualificação de profissionais, levando pessoas à morte. Tudo parece
ótimo na letra da lei ou das diretrizes, ou na fala dos administradores, mas
na verdade a realidade frequentemente é aquela mostrada pela mídia.
A Constituição Federal de 1988 constituiu-se no marco legal dando
rumo as demais legislações sobre as políticas publicas, nos art. 196, 198,
199 e 200 da Constituição Federal que regulamenta a saúde publica.
Observamos que ao poder publico nos termos da lei, fiscaliza e controla os
recursos da saúde que vem do orçamento da seguridade Social, da União,
dos Estados, do Distrito Federal dos municípios e de outras fontes. Malgrado
as determinações legais, as situações discrepantes.
Os relatos do programa de TV, de grande audiência o Fantástico
Capítulo 4
76
exibido pela rede Globo de Televisão, levaram ao conhecimento da
população o descaso e a precariedade dos serviços públicos de saúde.
Registramos o que segue:
Um dos repórteres do Programa Fantástico Sr Faustini, relatou as
condições de trabalho de uma técnica de enfermagem: ela não tinha luvas
para usar nos procedimentos técnicos; retirava pontos de uma incisão de
cesariana sem o uso das luvas. Ao interroga-la, porque não usava a luva, a
mesma respondeu sem nenhuma dificuldade, que não havia luvas para uso
e que aquela paciente já era a oitava senhora que ela havia atendido. Esta
mesma profissional contou para o repórter que as pinças (material usado)
seriam lavadas em uma pia comum e que a torneira não tinha água, mas
que ela encheria um balde com água do rio e sabão. Dizia a técnica de
enfermagem, que “ basta colocar as pinças dentro do balde durante uns
vinte minutos, passo uma escovinha com força e coloco no fogão para
esterilizar.” Explica ela: “ é uma maneira rudimentar, mas não tenho outra
opção. Sei que estou colocando em risco o próximo paciente. Mas é a única
forma que tenho para trabalhar.”
Outro grave problema encontrado foram as atividades médicas sendo
desenvolvidas por técnicos de enfermagem. Questionados, porque faziam
um trabalho que por direito é dever do profissional medico, a técnica
respondeu: “eles não querem trabalhar no interior, pois falta tudo, não tem
aparelhos, nem materiais nem medicamentos. O único antibiótico que temos
aqui é a gentamicina.”
Capítulo 4
77
A falta de equipamentos também é uma realidade nos laboratórios
públicos, que não têm aparelhos e materiais para garantir a segurança do
paciente e do profissional. “Lavamos materiais de alto índice de
contaminação com água e sabão e sem luvas, quando deveriam ser
descartável. As laminas de exames são lavadas no banheiro quando
deveriam ser esterilizadas em autoclave (aparelho de alta temperatura a
vapor), para exterminar todo tipo de microrganismo.” Estes relatos da mídia
foram feitos em um município onde o índice de malária é altíssimo, cerca de
metade dos 28 mil moradores já contraíram a doença. O Fantástico teve
ainda acesso a unidades de saúde com várias caixas de medicamentos
(remédios) vencidos como: pílulas, ampolas, vacinas compradas pelo
Ministério da Saúde, todas com datas de validades vencidas; tudo isso
relacionado ao descaso das autoridades responsáveis por este setor.
Enquanto isto o povo reclama pela falta de medicamentos nos postos de
atendimento.
A corrupção e o descaso com a população vêm surgindo de todos os
setores públicos, principalmente na saúde. Denuncias tanto pela
imprensa,quanto por setores fiscalizadores, são frequentes, no entanto não
havia sido medido o tamanho do rombo e o mais alarmante, é o prejuízo que
este montante de dinheiro causa em setores fundamentais como na saúde,
na educação, infraestrutura de habitação e saneamento básico. Um relatório
da Fiesp, informa que o custo de tudo isto chega R$ 69 bilhões de reais ao
ano. Segundo este mesmo levantamento a renda per capita do país poderia
Capítulo 4
78
ser de U$ 9 mil (dólares), ou seja, 15,5 % mais elevada que o nível atual, se
estas perdas fossem controladas.
Outra pesquisa feita pela FIESP em 2008 aponta que o custo médio
anual da corrupção no Brasil, representa de 1,38% a 2,3% do produto
interno bruto (PIB), ou seja, gira em torno de R$ 41,5 bilhões a R$ 69,1
bilhões.
Entre 180 países, o Brasil está na 75º colocação no ranking da
corrupção, elaborado pela “Transparência Internacional”, numa escala de o –
10 em que os números mais altos representam países menos corruptos. O
Brasil tem nota 3,7, quando a média mundial é de 4,03 pontos. Além disso,
o levantamento também traz simulação de quanto à união poderia investir
em diversas áreas econômicas e sociais, caso a corrupção fosse menos
elevada. Veja –se quanto poderia ser investido apenas no campo da saúde
hospitalar:
Saúde – os hospitais públicos do SUS têm hoje 367.397 leitos para
internação, mas poderia crescer 89%; o que significaria um aumento de
327.012 leitos de internação a mais na rede publica.
Uma maneira de controlar o que está sendo gasto pelo setor público
(saúde) seria fiscalizar, acompanhar e cobrar. Mas para que o cidadão tenha
acesso aos gastos públicos, é preciso que todos os órgãos tenham os
chamados “Portais da Transparência” onde devem constar os recursos
investidos, relações de funcionários, folha de pagamento etc. A chamada
Capítulo 4
79
Lei da Transparência foi sancionada pelo Presidente Luiz Inacio Lula da
Silva, em 27 de maio de 2009 e publicada no dia seguinte. Esta Lei é uma
alteração na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) do ano 2000.
O dinheiro da saúde publica, tem alto valor social porque lida
diretamente com a vida das pessoas. No nosso país estas pessoas são as
mais carentes e menos favorecidas, por isso elas dependem totalmente dos
recursos públicos para cuidar da saúde. (Agência Brasil, 20/03/2012).
CAPÍTULO 5
Capítulo 5
81
5.1. Resultados
5.1.1. Caracterização da Amostra
Observou-se que em meio à amostra trabalhada havia formações
diferentes entre os trabalhadores. 8% eram Administradores Hospitalares
25% era Economistas, 29% eram Engenheiros Civis e Mecatrônicos e 34%
eram de nível Técnico (Figura 1).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Administrador Economista Engenheiro Técnico
2
6
7
8
Fre
qu
ên
cia
Figura 1- distribuição da amostra conforme a ocupação profissional.
Capítulo 5
82
Podemos observar nesta amostra que a diferença na formação dos
profissionais, que trabalhavam no setor de equipamentos hospitalar em
geral, não mostra nenhum tipo de prejuízo ou dano ao serviço, mas certa
harmonia no desempenho das funções. Percebeu-se que as diferenças na
formação profissional parecem entrelaçarem com as diferentes atividades
no setor de equipamentos hospitalares.
5.1.2. Distribuição da Amostra Quanto ao Número de
Empregos
Observou- se que a amostra trabalhada era composta por dois tipos
de profissionais, os que trabalhavam em um só emprego, e aqueles que
trabalhavam em mais de um emprego, ou seja, 60% dos entrevistados
trabalhavam em mais de um emprego e 40% deles trabalhavam em um só
emprego, sendo esse da rede pública (Figura 2).
Capítulo 5
83
Vemos que a maioria dos trabalhadores desempenhavam suas
atividades em duas empresas, ou seja, eles tinham dois empregos,
enquanto que a minoria trabalhava apenas em um só emprego. Portanto na
amostra não houve diferença em sua atuação e desempenho das suas
atividades. Nem mesmo mostrou diferença nas respostas das questões
relacionadas às atividades diárias. A dupla jornada de trabalho não foi
percebida através da experiência e nem da forma de expressão das
respostas. O entrevistador conhece a existência do segundo emprego, por
ter conversado com os participantes antes mesmo do inicio dos
Figura 2 – Distribuição da amostra conforme o número de empregos que trabalhavam os entrevistados.
Capítulo 5
84
procedimentos, pois isto não era um fator relevante para a pesquisa.
5.1.3. Contribuição da Tecnologia para
Desenvolvimento Intelectual do Trabalhador
A tecnologia tem contribuído para o desenvolvimento intelectual do
indivíduo que trabalha com equipamento de inovação tecnológico em
saúde? (Figura 3).
Capítulo 5
85
Observamos que 85% dos pesquisados disseram de alguma forma
existir contribuição da tecnologia para o desenvolvimento intelectual do
individuo que trabalha com esses equipamentos. Sendo que 30% ficaram
com o conceito ótimo. 34% ficaram com o conceito Bom. 21% ficaram com o
conceito Muito Bom. Verificou-se que nenhum dos entrevistados relacionou
esta contribuição aos conceitos regular e ruim, todos viam no exercício da
profissão uma contribuição positiva para o próprio aperfeiçoamento
0
1
2
3
4
5
6
7
8
ótimo muito bom bom regular ruim
7
5
8
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Figura 3 - Opinião dos participantes sobre a contribuição da tecnologia para o desenvolvimento intelectual do indivíduo que trabalha diretamente com o equipamento. Podemos observar através da estatística que a tecnologia traz grande contribuição para o desenvolvimento intelectual daqueles que estão diretamente envolvidos com a mesma.
Capítulo 5
86
intelectual.
Analisando esses resultados podemos observar que é
estatisticamente significante a porcentagem para os conceitos, ótimo, muito
bom e bom, não deixando dúvida nas respostas dos participantes sobre a
contribuição para o desenvolvimento intelectual daqueles que trabalham
diretamente com equipamentos tecnológicos. Além das respostas afirmativas
em relação à pergunta, podemos também relatar que para a manipulação de
qualquer equipamento hospitalar é necessário treinamento e capacitação
para desenvolver as atividades relacionadas com a manutenção,
conservação, armazenamento dos equipamentos, de forma a trazer uma
contribuição para o aumento da vida útil de cada um desses equipamentos,
evitando o seu sucateamento precoce. Diante de tudo isso, pode -se
afirmar que trabalhar com equipamentos tecnológicos traz desenvolvimento
significativo para o nível intelectual do indivíduo trabalhador. Esses
profissionais tendem a sentir a necessidade de mais aprendizado a cada
hora que se deparam com novos equipamentos em sua unidade de
trabalho. Esta necessidade é que faz com que cada um busque mais
conhecimento através dos cursos de treinamento, capacitação e atualização
relacionados com as suas atividades.
Capítulo 5
87
5.1.4. Contribuição da Tecnologia para a Recuperação
da Saúde do Paciente
Observamos que as respostas são de alguma forma afirmativa
quando relacionadas com a contribuição da tecnologia na recuperação da
saúde. Verificamos ainda que 54% dos entrevistados afirmaram ser muita a
contribuição da tecnologia na recuperação da saúde. E 25% afirmaram que
é razoável a contribuição da tecnologia na recuperação da saúde. E 21%
afirmaram que esta contribuição é pouco para a recuperação da saúde, não
sendo assim tão importante a tecnologia na recuperação da saúde.
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muito razoável pouco nada
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Figura 4 – Opinião dos participantes sobre a contribuição da tecnologia para recuperação da saúde.
Capítulo 5
88
Diante do observado na forma estatística, não restam duvidas de que
a tecnologia na perspectiva desses funcionários tem contribuído de forma
positiva na recuperação da saúde das pessoas. Há de fato uma contribuição
positiva. Basta vermos que os equipamentos de monitorização de pacientes
como: a videolaparoscopia, os analisadores automáticos de
eletrocardiografia, dos fluxos sanguíneos e gasosos globais e regionais que
oferecem informações vitais rápidas, podendo tirar o paciente do risco
iminente o mais precocemente possível do que se possa imaginar. O
impacto dessa nova tecnologia na pratica da medicina é surpreendente. As
técnicas não invasivas de produção de imagem com a ultrassonografia, a
medicina nuclear, a tomografia e a ressonância nuclear, alteram
sensivelmente o processo do diagnóstico da doença. Uma vez feito o
diagnóstico, conclui-se que mais perto está a recuperação da saúde do
individuo. Muitas vezes o diagnóstico é o ponto fundamental para o
tratamento da doença, mas por falta da tecnologia na saúde este não pode
ser realizado, desta forma, não resta dúvida que sem o diagnóstico não há
cura. Isto está representado estatisticamente através das declarações feitas
pelos nossos participantes. Chamou-nos bastante a atenção quando
analisado os conceitos muito,, razoável e pouco, pois 100% dos
entrevistados acreditam de alguma forma que a tecnologia contribui para a
recuperação da saúde das pessoas, uma vez que nenhum dos participantes
respondeu o quesito quatro da figura que significa zero de contribuição.
Capítulo 5
89
5.1.5. Critérios Utilizados para Aquisição de Novas
Tecnologias na Área Hospitalar
Estatisticamente estes critérios estão baseados em dois conceitos,os
de ordem técnica e os de ordem clinica, sendo que 75% dos participantes
disseram que os critérios utilizados para a aquisição de novas tecnologias
são de ordem técnica, apenas 17% disseram que os critérios para
aquisições de novas tecnologias são de ordem clinica. Não obtiveram
respostas os conceitos de ordem Profissional, Pesquisa e Recursos.
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Figura 5 - Opinião dos participantes sobre os critérios para aquisição de novos equipamentos tecnológicos.
Capítulo 5
90
Verificou-se que estatisticamente é bastante significativa a quantidade
Vimos que um maior numero de participantes disseram ser de ordem
técnica os critérios utilizados na aquisição de novas tecnologias na área da
saúde, ou seja, a necessidade de tecnologia na saúde é apresentada em
maior escala quando se desempenha uma técnica de procedimentos, como
por exemplo, a realização de um exame, com finalidade diagnóstica, ou
mesmo para agilizar um procedimento que era manual, mas que hoje se faz
através de equipamentos ou máquinas, ou ainda para aperfeiçoar algumas
técnicas como nos casos de visualização microscópica de longo alcance,
dentro dos laboratórios de analises clínicos. Este número de ordem técnica
vem acompanhado de uma quantidade de participantes que disseram que os
critérios para aquisição de novas tecnologias são baseados em critérios de
ordem clínica, ou seja, é necessário tecnologia para examinar a pessoa e
comparar achados do organismo com outros resultados clínicos do corpo
sadio, ou mesmo para relacionar as queixas das pessoas que estão sendo
examinadas, a outras que não apresentam as mesmas queixas ou sintomas
de alguma doença. Podendo citar o uso do martelo neurológico de reflexo de
Buck, usado nos exames neurológicos quando a pessoa refere fadiga
muscular, cansaço de membros inferiores sem causa aparente; o uso dos
estetoscópios para auscultar algum tipo de barulho torácico, chamados de
ruídos adventícios, do tipo sibilo, ruídos, roncos etc. Estes sinais durante o
exame clínico de uma pessoa doente são comparados com quadro clínicos
Capítulo 5
91
de pessoas que não estão doentes. Esta comparação só pode ser feita
através do uso desses equipamentos.
5.1.6. Opinião dos Participantes sobre Sucateamento e
Desperdício de Investimento com Equipamentos
de Tecnologia Avançada
Verificou-se que 97% dos pesquisados responderam a esta questão.
Sendo que 59% dos pesquisados responderam que esta afirmação é
parcialmente verdadeira, ou seja, que nem sempre existe sucateamento ou
desperdício de equipamentos devido à falta ou necessidade de
gerenciamento; 25% disseram que existe sim sucateamento e desperdício
de equipamentos em algumas unidades; 13% responderam ser Falsa a
afirmação relativa ao sucateamento e que não existe sucateamento e
desperdício de equipamentos nas unidades hospitalares devido à falta ou
necessidade de gerenciamento.
Não houve respostas para os itens de afirmação Absolutamente
Verdadeira e para o item Desconheço esta realidade.
Capítulo 5
92
Nesta amostra, podemos observar que segundo os participantes o
sucateamento dos equipamentos e o desperdício de investimento em
equipamentos de tecnologia avançada existem, mas de forma parcial e
também não acontece isto em todas as unidades e sim em algumas
unidades hospitalares.
Mas nessas respostas o que mais chamou a atenção do pesquisador
foi a quantidade de participantes que responderam o quesito, dizendo ser
parcialmente verdadeira a afirmação com 59%, acompanhado de 25% que
disseram existir o sucateamento e o desperdício, mas apenas em algumas
unidades.
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verdadeira parcialmente verdadeira
em algumas unidades
FALSO desconheço
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Figura 6 - Opinião dos participantes sobre sucateamento e desperdício de investimento em equipamento de tecnologia avançada.
Capítulo 5
93
5.1.7. Contínuo Aperfeiçoamento no Setor Tecnológico
(Figura 7)
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contemplado parc. Contemplado
não contemplado
não existe desconheço
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Figura 7 – opinião dos participantes sobre o programa de aperfeiçoamento tecnológico nas unidades de saúde. Verificou-se que 93% dos participantes responderam esta questão.
Capítulo 5
94
Observou-se que 46% dos participantes responderam que existe
esta necessidade de um continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico e
está sendo comtemplada, 34% disseram que esta necessidade está sendo
parcialmente contemplada, ou seja, está sendo feito o contínuo
aperfeiçoamento no setor tecnológico mas de forma parcial, diante do
possível sem prioridade, esta necessidade de um contínuo aperfeiçoamento
no setor tecnológico, está sendo parcialmente contemplado, com 13% dos
participantes que responderam que existe esta necessidade de um contínuo
aperfeiçoamento no setor tecnológico, mas que não está sendo
contemplado. Verificamos ainda que não houve respostas para os itens Não
existe e desconheço.
Diante das respostas dos participantes podemos concluir que existe
necessidade sim de um continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico e
que de alguma forma está sendo atendida. Vimos que apenas uma
pequena parcela de 13% dos participantes disseram existir esta
necessidade, mas que não está sendo contemplada. Concluímos que de
alguma forma esta necessidade está sendo contemplada, parcial, ou
totalmente. É o que diz a soma de 46% mais 34% dos participantes. A
variação ocorre segundo os setores específicos. .
Capítulo 5
95
5.1.8. Necessidade de um Contínuo Aperfeiçoamento
no Setor Tecnológico (Figura 8)
Observou – se que 92% dos participantes responderam esta questão,
de forma a afirmar que existe necessidade de um contínuo
aperfeiçoamento no setor tecnológico; com 67% dos participantes que
responderam ser grande a necessidade de um continuo aperfeiçoamento no
setor tecnológico. 25% disseram que é moderada esta necessidade de um
continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico. Apenas 8% deixaram de
responder esta questão. Não houve respostas para o item pequena
necessidade de um contínuo aperfeiçoamento no setor tecnológico.
Capítulo 5
96
Diante da amostra, com 92% dos participantes se manifestando de
alguma forma sobre o que foi perguntado, podemos concluir que existe
necessidade de um continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico na área
hospitalar. Estatisticamente é significativa a quantidade de entrevistados que
afirmaram existir essa necessidade de um contínuo aperfeiçoamento no
setor tecnológico, com 67% dizendo que esta necessidade é grande no setor
tecnológico, acompanhado de 25% dos participantes que também afirmaram
existir esta necessidade, mas de forma moderada, ou seja, para eles esta
necessidade não é tão grande, ou não é tão necessária, assim podendo até
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grande moderada pequena
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Figura 8 – Opinião dos participantes que responderam como avaliar a necessidade de um continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico.
Capítulo 5
97
ficar sem esse continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico na área
hospitalar.
5.1.9. Contínuo Aperfeiçoamento no Setor Tecnológico
(Figura 9)
Verificou-se que 54% responderam que o contínuo aperfeiçoamento
no setor tecnológico é muito necessário. Com 25% dos participantes que
disseram que o aperfeiçoamento no setor tecnológico é moderadamente
necessário, acompanhado de 17% que responderam que o
aperfeiçoamento no setor tecnológico é pouco necessário.
Capítulo 5
98
Na amostra da Figura 9, observou-se que 4% dos entrevistados
deixaram de responder esta questão, e mediante a análise dos resultados
conclui-se que esses participantes não concordam ser necessário um
continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico. Por outro, lado observou-se
que a grande maioria 54% utilizou o conceito Muito, para definir o quanto é
necessário o contínuo aperfeiçoamento no setor tecnológico. Esta resposta
está acompanhada de 25% dos participantes que utilizaram o conceito
Moderado para definir que o contínuo aperfeiçoamento no setor tecnológico
existe, mas de forma moderada, enquanto que uma minoria de 17% dos
entrevistados disse ser pouco necessário o contínuo aperfeiçoamento no
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muito moderado pouco
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Figura 9 – avaliação dos participantes sobre o aperfeiçoamento no setor tecnológico. Observou-se que 96% dos participantes responderam esta questão e todos os itens foram respondidos.
Capítulo 5
99
setor tecnológico na área hospitalar.
5.1.10. Treinamento de Pessoal (Figura 10)
Observa-se que 29% responderam que é feito treinamento de
pessoal, seguido de 29% dos participantes que disseram ser feito um
acompanhamento de pessoal, 17% disseram que é feito manutenção dos
equipamentos, 17% disseram ainda que é feito a conservação dos
equipamentos e 8% disseram que é feito a atualização dos equipamentos.
(Figura 10).
Capítulo 5
100
Ao analisar estes resultados o pesquisador observou – se que a
estratégia utilizada pelo gerenciamento de equipamentos tecnológicos foram
tanto o treinamento como o acompanhamento dos profissionais envolvidos
com o setor tecnológico na área hospitalar, para que se obtenha o máximo
da vida útil dos equipamentos tecnológicos e assim possa também atender
de forma satisfatória as necessidades de atendimento a saúde da nossa
população, quando se faz necessário a utilização das tecnologias. Não
podendo esquecer que a manutenção, conservação e atualização desses
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Figura 10 – Avaliação dos participantes sobre as estratégias de gerenciamento de equipamentos. Notou-se que 100% dos participantes responderam esta questão, também houve respostas para todos os itens da questão.
Capítulo 5
101
equipamentos, diante da amostra foram também fator importante para que
se obtenha um aproveitamento desejável de toda a tecnologia adquirida no
setor tecnológico da área hospitalar. Conclui-se que todos os quesitos
relacionados como itens estratégicos (treinamento, acompanhamento,
manutenção, conservação e atualização), são de grande importância nas
atividades de gerenciamento para que se obtenha o máximo de
aproveitamento possível desses equipamentos, evitando assim
equipamentos sucateados.
Capítulo 5
102
5.1.11. Opinião dos Entrevistados Sobre o
Gerenciamento de Armazenamento, Instalação,
Operação e Manutenção de Equipamentos
Ao analisar estes resultados o pesquisador observou – se que a
estratégia utilizada pelo gerenciamento de equipamentos tecnológicos foi
tanto o treinamento como o acompanhamento dos profissionais envolvidos
com o setor tecnológico na área hospitalar, para que se obtenha o máximo
da vida útil dos equipamentos tecnológicos e assim possa também atender
de forma satisfatória as necessidades de atendimento a saúde da nossa
população, quando se faz necessário a utilização das tecnologias. Não
podendo esquecer que a manutenção, conservação e atualização desses
equipamentos, diante da amostra foram também fator importante para que
se obtenha um aproveitamento desejável de toda a tecnologia adquirida no
setor tecnológico da área hospitalar. Conclui-se que todos os quesitos
relacionados como itens estratégicos (treinamento, acompanhamento,
manutenção, conservação e atualização), são de grande importância nas
atividades de gerenciamento para que se obtenha o máximo de
aproveitamento possível desses equipamentos, evitando assim
equipamentos sucateados.
Capítulo 5
103
Existem grupos de manutenção interna com deficiência de
acompanhamento técnico, isto gera problemas no armazenamento,
instalação, operação, manutenção e disposição final dos equipamentos. O
que a empresa tem feito para melhoria desse processo (Figura 11).
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novos serviços contrato novos profis
treino os profis não há investimento
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Figura 11 – avaliação dos participantes sobre o gerenciamento de armazenamento, instalação, operação e manutenção de equipamentos.
Capítulo 5
104
5.1.12. Fatores Determinantes para o Investimento em
Inovação Tecnológica da Saúde
Observou-se que 89% dos participantes responderam esta questão,
e que não houve respostas para os itens Contrato de Novos Profissionais e
não tem investimento neste aspecto. Vimos que 55% dos entrevistados
disseram que a empresa contrata novos serviços seguido de 34% dos
participantes que disseram que é feito um treinamento interno dos
profissionais. Diante das respostas dos pesquisados, observou-se que a
empresa tem contratado novos serviços e feito treinamento dos profissionais
na área de manutenção com o objetivo de evitar problemas na ordem de
armazenamento, instalação, operação, manutenção e disposição final dos
equipamentos tecnológicos. (Figura 12).
Capítulo 5
105
Estatisticamente é bastante significativa a amostragem de
profissionais que disseram que a empresa faz treinamento dos profissionais
para evitar problemas nos serviços de manutenção, em geral na área
hospitalar, e em especial no setor de equipamentos tecnológicos. Mas
chamou a atenção do pesquisador a amostra, porque a empresa não
contrata novos profissionais e nem faz investimentos significativos para
evitar problemas com o setor de equipamentos tecnológicos. Conclui-se que
a base fundamental para evitar problemas na ordem de armazenamento,
instalação, operação, manutenção e disposição final dos equipamentos
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clínica profissional mercadológica pesquisa competitiva
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Figura 12 – avaliação dos pesquisados sobre os fatores que determinam o investimento em tecnologia nos serviços de saúde.
Capítulo 5
106
tecnológicos é a contratação de novos serviços, acompanhado do
treinamento dos profissionais do setor de equipamentos tecnológicos.
Observou-se que 100% dos entrevistados responderam esta questão
e que não houve resposta apenas para um item da questão: necessidade
profissional. Vimos que 38% dos participantes disseram que o fator
competitivo é determinante para o investimento em tecnologia nos serviços
de saúde seguido de 29% dos participantes que disseram que o fator
determinante para investimento é necessidade clínica. Em seguida vem
outros 25% dos participantes que disseram que o fator determinante para
investimento é de necessidade mercadológica, também acompanhado de
8% dos participantes que disseram que o fator determinante para
investimento é de necessidade de aplicação em pesquisa.
Diante da amostra vimos que o primeiro fator determinante para o
investimento em tecnologia nos serviços de saúde é de ordem competitiva,
ou seja, se tem aquele equipamento em determinado local ou em
determinada empresa, vamos adquiri-lo também ou ainda se esse
equipamento está sendo útil naquele hospital vamos comprá-lo também,
mas nem sempre isto pode funcionar.
Observamos através da amostra que vários são os fatores
determinantes para o investimento em tecnologia nos serviços de saúde. Em
segundo lugar vem o fator clínico com 29% dos participantes afirmando ser
Capítulo 5
107
o fator clínico determinante para o investimento em tecnologia nos serviços
de saúde. Isto significa que para clinicar, ou seja, atender as necessidades
da saúde do paciente é preciso de investimento na área de tecnologia.
Outro fator determinante para o investimento em tecnologia conforme
a amostra é o fator de necessidade mercadológica, é aquilo o mercado
ofereceu, então vamos adquiri-lo. Se não adquiri-lo vamos ficando para trás,
e com isso podemos perder cliente, sair da mídia como um dos melhores
etc. Mas também a análise desta questão vê a mesma por outro ângulo,
aquele relacionado à maior quantidade, um número mais alto de
atendimento, ou um numero maior de pessoas sendo atendidas após a
aquisição de uma nova tecnologia que o mercado está oferecendo.
E por último, um pequeno número de entrevistados, 8% de toda a
amostra, afirmando ser um fator determinante para aquisição de uma nova
tecnologia, a necessidade de aplicação em pesquisa. Para esse grupo o que
determina o investimento em tecnologia é a necessidade de aplicação em
pesquisa.
Capítulo 5
108
5.1.13. Importância do Gerenciamento de Recursos
Tecnológicos para uma Maior Vida Útil (Figura
13)
É comprado e totalmente utilizado// é comprado e parcialmente
utilizado//é comprado e não é utilizado//não há pessoal capacitado para usá-
lo//a preferência é usar o equipamento antigo.
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totalmente parcialmente não utilizado não há pessoal
equipamento antigo
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Figura 13 – avaliação dos entrevistados sobre a importância do gerenciamento dos equipamentos para uma maior vida útil.
Capítulo 5
109
Observou-se que 100% dos pesquisados responderam esta questão.
Verificou-se também que não houve resposta para o item da questão: O
material é comprado e totalmente utilizado seguido de 29% dos pesquisados
que responderam que o material é comprado e parcialmente utilizado, 8%
disseram que o material é comprado e não é utilizado. 38% responderam
que o material é comprado, mas não existe pessoal capacitado para usá-lo e
25% responderam que a tecnologia é adquirida, mas a preferência é
continuar usando o material conhecido.
Observou-se que diante das respostas dos entrevistados, podemos
concluir que vários são os fatores que interferem na importância do
gerenciamento dos equipamentos tecnológicos para que estes tenha uma
maior vida útil, mas pelo enunciado, está faltando utilização destes
equipamentos.
Não temos dúvidas de que com o aumento da vida útil de cada
equipamento tecnológico, as pessoas possam usufruir dos benefícios que
estes equipamentos podem oferecer para o atendimento a aqueles que
estão à procura de recursos para recuperação da saúde. À análise
percebemos que diante do que disseram os entrevistados o problema que
está relacionado com a importância do gerenciamento de equipamentos
tecnológicos está ligado ao não uso dos equipamentos adquiridos.
Mas algumas respostas dos participantes são estatisticamente
Capítulo 5
110
significativas quando mencionado, é comprado o equipamento e
parcialmente utilizado. Isto nos diz que parte dos equipamentos que são
comprados não é utilizada, acompanhado de outra resposta que diz que o
material é comprado, mas não tem pessoal capacitado para usá-lo, contando
ainda com aqueles que disseram que o material é adquirido, mas a
preferência é continuar utilizando o material conhecido. E uma minoria que
afirmaram ser comprado o material e este não é utilizado.
Capítulo 5
111
5.1.14. Que tipos de Equipamentos são mais Usados
em Termos de Tecnologia da Saúde? (Figura
14)
Observou-se que 93% dos pesquisados responderam esta questão e
não houve respostas para os itens da questão: tecnologia de última geração
e o mais fácil de ser usado.
Observamos que 30% dos pesquisados responderam que é o
material com maior familiarização.
Figura 14 – avaliação dos pesquisados sobre os equipamentos mais usados em serviços de saúde.
Capítulo 5
112
Vimos que 42% disseram que o material que estiver disponível no
momento e 21% disseram ser o material ideal para a terapia.
Dentre os resultados da tabela acima uns merecem total atenção
quanto ao número de participantes que disseram ser mais usados os
equipamentos que estiverem à disposição no momento com 42% dos
entrevistados, acompanhado de 30% dos entrevistados que disseram ser
usado o material com maior familiarização. Diante destas respostas nos
chamou também a atenção que ficou claro que não há preocupação com a
necessidade das pessoas que estão procurando um atendimento e sim com
o que se pensa em utilizar no momento. Vejamos que apenas 21% dos
entrevistados disseram ser usado o material ideal para a terapia. Resultado
preocupante em termos de atendimento para a recuperação da saúde das
pessoas.
Capítulo 5
113
5.1.15. O que Envolve o Processo de Compra dos
Equipamentos Tecnológicos? (Figura 15)
Verificou-se que 46% dos participantes disseram que a aquisição dos
equipamentos tecnológicos é baseada na necessidade do serviço e 17%
dos participantes disseram que a aquisição de equipamentos tecnológicos é
baseada na opinião do usuário acompanhado de 25% dos entrevistados
disseram que a aquisição dos equipamentos tecnológicos é baseada na
opinião do profissional, com 12% dos participantes que disseram que a
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Figura 15 – Opinião dos participantes sobre o processo de aquisição de equipamentos tecnológicos. Observou-se que 100% dos participantes responderam esta questão e que não houve resposta para o item da questão: Aleatoriamente.
Capítulo 5
114
aquisição dos equipamentos tecnológicos é baseada em sua periodicidade.
Basicamente a aquisição de equipamentos tecnológicos está
relacionada à necessidade dos serviços, ou seja, para realizar determinado
atendimento eu preciso deste equipamento tecnológico. Isto envolve a
demanda de pessoas que procuram por determinado atendimento.
Mediante as respostas dos participantes 46% disseram ser da ordem de
necessidade para aquisição de novas tecnologias. Também é significativa a
resposta dos participantes quando disseram ser baseada na opinião dos
profissionais para que a empresa faça a aquisição de novas tecnologias para
atendimento a saúde. Conclui-se que é de fundamental importância observar
a necessidade da demanda do atendimento à saúde como também ouvir a
opinião dos profissionais de saúde quando na aquisição de novas
tecnologias.
Capítulo 5
115
5.1.16. Processo de Descarte de Equipamentos
Observou-se que 100% dos participantes responderam esta questão,
e que não houve respostas para os itens da questão: é simplesmente
descartado e para o item quando não funciona mais (Figura 16).
Como é feito o descarte destes equipamentos?
Verificou-se que 38% disseram que os equipamentos são descartados
com controle de uso e estoque, e 8% dos entrevistados disseram que os
equipamentos quando não utilizados, são deixados em almoxarifados, e
54% dos entrevistados disseram que os equipamentos são descartáveis
quando o conserto é mais caro que a compra de outro equipamento.
Capítulo 5
116
Verificou–se que 38% dos participantes disseram que os
equipamentos são descartados com controle de uso e estoque e 8% dos
participantes disseram que os equipamentos quando não utilizados, são
deixados em almoxarifados. Esses resultados veio seguidos de 54% dos
participantes que disseram que os equipamentos são descartados quando o
conserto é mais caro do que a compra de um outro equipamento. Diante da
analise das respostas, esta seria a maneira viável para o descarte de
equipamentos tecnológicos (segundo os participantes) que não mais estão
em uso.
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Figura 16 – opinião dos entrevistados sobre o processo de descarte de
equipamentos
Capítulo 5
117
Apenas a minoria disseram que os equipamentos, quando não
utilizados ficam no almoxarifado. É preocupante, quando pensamos que
estamos contribuindo para um melhor meio ambiente para viver e criar
nossos filhos, quando nos deparamos com um resultado desta natureza,
dizendo que um equipamento é descartado, é deixado de lado, quando o
seu conserto custa mais caro do que a compra de um novo equipamento.
Onde estamos falhando.
Capítulo 5
118
5.1.17. Possibilidade do Uso Inadequado de
Equipamentos
Existe a possibilidade de uso inadequado destes equipamentos?
(Figura 17).
Verificou-se que 71% dos participantes disseram que o uso
inadequado destes equipamentos é de jeito muito frequente e 25% dos
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sim e de jeito muito
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sim mas não tão frequente
sim, mas de forma pouco
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não existe não conheço
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Figura 17 – Avaliação dos participantes sobre a possibilidade do uso inadequado de equipamentos. Observou-se que 100% dos pesquisados responderam esta questão e que não houve respostas para os itens da questão: Não existe e Desconheço.
Capítulo 5
119
participantes disseram que o uso inadequado destes equipamentos existe,
mas não é tão frequente, seguido de 4% dos participantes disseram que o
uso inadequado destes equipamentos existe, mas de forma pouco frequente.
Estatisticamente é significativo o numero de entrevistados que
disseram ser frequente o uso inadequado dos equipamentos tecnológicos no
hospital, chegando a 71% dos entrevistados que responderam desta forma.
Esta resposta ainda pode ser acompanhada de 25% que disseram existir
uso inadequado dos equipamentos, mas que isto não é frequente. Ao analise
das respostas, podemos concluir que de alguma forma existe esse uso
inadequado dos equipamentos tecnológicos na área hospitalar, conforme as
respostas dos entrevistados. Mesmo aqueles que não optaram por
responder de forma mais concisa, disseram existir esse uso inadequado dos
equipamentos, mais de forma pouco frequente, somando apenas 4% dos
entrevistados.
Capítulo 5
120
5.1.18. Uso dos Equipamentos Adquiridos
Os recursos tecnológicos adquiridos são utilizados? (Figura 18).
Observou-se que 100% dos entrevistados responderam esta questão.
E não houve respostas para os itens da questão: totalmente utilizado e não
utilizado. Com 58% dos participantes que disseram que os recursos
tecnológicos são parcialmente utilizados e 29% disseram que os recursos
tecnológicos são pouquíssimos utilizados, sendo que 13% dos participantes
disseram que os recursos tecnológicos não se tem controle do uso.
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Figura 18 – avaliação dos entrevistados sobre o uso dos equipamentos adquiridos.
Capítulo 5
121
Podemos observar que nenhum dos participantes, respondeu dizendo
que os equipamentos tecnológicos são totalmente utilizados. (Isto reforça a
resposta da questão anterior, quando 71% dos entrevistados disseram ser
inadequado o uso dos equipamentos tecnológicos). Claro que é significativo
o numero de participantes que disseram que os recursos tecnológicos são
parcialmente utilizados, chegando a 58% dos participantes que
responderam desta forma, somados aos 28% dos participantes que
disseram que os recursos tecnológicos são pouquíssimos utilizados. Apenas
uma minoria disseram, não se ter controle do uso dos recursos tecnológicos.
Capítulo 5
122
5.1.19. Processo de Sucateamento dos Aparelhos
Os recursos tecnológicos adquiridos ficam sucateados? (Figura 19).
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ên
cia
Figura 19 – avaliação dos participantes sobre o processo de sucateamento dos aparelhos.
Capítulo 5
123
Observou-se que 100% dos participantes responderam esta questão,
e que dois itens da questão não obtiveram resposta: o item não permito que
isso aconteça e o item não acontece.
Verificou-se que 50% dos participantes disseram que os recursos
tecnológicos ficam sucateados muito rapidamente, seguido de 34% dos
participantes que disseram que os recursos tecnológicos ficam sucateados
no tempo correto. Com 16% que disseram que os recursos tecnológicos
ficam sucateados após sua vida útil.
Ao analise das respostas dos participantes, concluímos que de um
modo geral 50% deles concordam que os equipamentos tecnológicos ficam
sucateados, mas após a sua vida útil. Sendo que 34% disseram ficar
sucateados no seu tempo correto, somados aos 16% dos entrevistados,
totalizando 50% de participantes. Vimos que nenhum entrevistado
respondeu que não existe sucateamento, ou algo parecido.
Capítulo 5
124
5.2. Discussão
5.2.1. Inovação e Tecnologia Chave para o
Sucateamento
Nosso ponto de partida foi a inovação tecnológica e o sucateamento
de equipamentos hospitalares. Escolhemos como lócus da pesquisa e das
reflexões sobre os temas, o espaço hospitalar. Estas unidades são
organizações atípicas que trabalham com uma demanda especifica, como
descrito no capítulo 3: As unidades hospitalares.
Estas unidades são organizações que necessitam de contínuo
aperfeiçoamento no setor tecnológico, devendo avaliar a possibilidade de
introdução de novas tecnologias, bem como seu correto uso e manutenção
para o atendimento adequado e satisfatório das demandas que se
apresentam fragilizadas por estados doentios e psicologicamente alterados.
Estas atividades devem ser gerenciadas de forma a obter o maior
aproveitamento possível destas tecnologias. Estudos vêm mostrando a
quantidade de equipamentos sucateados ou encostados, sem uso nenhum,
sem o devido cuidado, amontoados em unidades hospitalares ocupando
Capítulo 5
125
espaços que poderiam ser utilizados para procedimentos ou outras
atividades hospitalares, sem contar a quantidade de dinheiro público
investido para adquirir estes novos equipamentos. (Lopes, 1993). Neste
contexto estamos nos referindo ao sucateamento de equipamentos
essenciais como tomógrafos, aparelhos de hemodiálise, de RX, ECG que é
aparelho de eletrocardiograma de alta necessidade nas unidades
hospitalares, mesas cirúrgicas, e outros cujo abandono não é raro e sim
constante nas unidades hospitalares.
Em 1991, um hospital brasileiro de atendimento aos servidores do
Estado conduziu uma reflexão importante do gerenciamento tecnológico,
que segundo Lopes 1991 é indispensável um bom gerenciamento na área
dos equipamentos hospitalares, pois somente através deste serviço se pode
acompanhar o trabalho dos profissionais desta área assim como da vida útil
de todos os equipamentos hospitalares existente nas unidades.
Outra pesquisa conduzida pelo mesmo autor relatou outros problemas
referentes à utilização de equipamentos biomédicos nos hospitais brasileiros
que comprovam a necessidade de gerenciamento de tecnologia. Constatou-
se ainda a inexistência na grande maioria dos casos de grupos de
manutenção interna com deficiência de assessoria técnica necessária a
aquisição, armazenamento, instalação, operação, manutenção e disposição
final dos equipamentos, além da grande deficiência de treinamento e
Capítulo 5
126
capacitação de operadores destas máquinas.
Diante desta constatação é preciso que saibamos que a Gestão de
equipamentos médico-hospitalares (GEMH) é parte fundamental dentro do
sistema de saúde. Esta necessita do suporte da Engenharia Clínica que
dentro dos equipamentos de assistência a saúde, (EAS), administra seus
parques tecnológicos desde a aquisição dos equipamentos até a sua
desativação e substituição fazendo com que utilize a sua capacidade
operacional em toda a sua vida útil com segurança e conforto aos seus
usuários. A GEMH entre outras atividades possibilita identificar os recursos
tecnológicos mais adequados para cada atividade ou unidade hospitalar,
assim como, aperfeiçoar a utilização dos equipamentos já existentes,
contribuindo de forma decisiva na viabilidade econômica das atividades de
cada unidade hospitalar e também das atividades médicas. É viável analisar
cuidadosamente e em longo prazo a vida útil de cada equipamento como
parâmetro para avaliação considerando os fatores de aquisição, instalação,
treinamento (técnico/operacional), manutenção, reposição de peças e
acessórios e contratos de manutenção periódicos.
Sabe-se que o setor de manutenção de equipamentos hospitalares é
um dos setores de mais alto custo chegando à ordem de 5% a 10%, para
hospitais da rede privada, podendo ser maior na rede publica, segundo a
Associação Brasileira de Manutenção, ABM. (ABRAMAN, 1999).
Capítulo 5
127
A manutenção dos equipamentos médico-hospitalares (EMH) é o
alicerce que garantirá uma vida útil eficiente, produtiva e rentável para a
empresa que o faz. O custo da manutenção dos equipamentos médicos
hospitalares pode ser considerado uma criticidade em relação ao processo
de aquisição, pois o custo da aquisição que geralmente pode ser um fator
decisivo da compra pode ser considerado como menor custo quando
comparado ao custo da manutenção e instalação. Esta observação deixa
claro o motivo porque tanto sucateamento, abandono e desprezo por muitos
dos equipamentos hospitalares. O que vem chamando atenção neste
contexto é que tanto os altos custos dos serviços de manutenção, como o
abandono dos equipamentos médico-hospitalar são vistos ou encontrados
em todo o território nacional; claro que em determinadas regiões isto é muito
mais frequente, podendo relacionar esta frequência e o maior número de
equipamentos médicos abandonado, a grande quantidade de hospitais e de
unidades de saúde nestas regiões. É bom lembrar que a gestão de
equipamentos médicos hospitalares é de grande importância no
gerenciamento das estruturas técnicas dos equipamentos de assistência à
saúde, (EAS), cada vez consolidada com os equipamentos médicos
hospitalares, (EMH) isto é, com os recursos tecnológicos avançados.
Toda aquisição e incorporação de EMH deve ser minunciosamente
planejada, não adquirindo as tecnologias da moda, mas focando em
escolhas tecnológicas prioritárias às necessidades daquela população e
Capítulo 5
128
instituição. O melhor EMH é aquele que traz benefícios efetivos ao paciente
e possui custos de aquisição, instalação, operação e, manutenção
compatível com o porte e o mercado atuante de cada Engenharia Clínica de
Assistência à saúde (EAS).
Os critérios utilizados para aquisição de novas tecnologias na área
hospitalar dependem de vários fatores, relacionados à necessidade da
clientela e demanda de utilização desses novos equipamentos. Com base
nos diversos estudos realizados por pesquisadores do assunto, órgãos de
gestão e manutenção pode se reunir a complexidade das ações
relacionadas á inovação tecnológica como a seguir.
A capacidade de inovar e se ajustar a novas tecnologias com base
nas necessidades, representa um fator essencial para o incremento da
competitividade de uma empresa ou organização. Sabemos que a vida útil
de produtos e de equipamentos demanda sucessivas ações inovadoras.
Portanto sua aquisição é parte importante desse processo. Tem-se
observado que um dos critérios utilizados na aquisição de novas tecnologias
está relacionado aos custos, equiparados a operacionalidade das inovações
que representam hoje as categorias que maior atenção recebem por parte
dos gestores ou responsáveis pela seleção e aquisição de novas
tecnologias. Outro importante detalhe são as condições organizacionais que
compõem uma situação ambiental, esta deve ser analisada e avaliada antes
Capítulo 5
129
da aquisição de qualquer material e equipamento tecnológico. Uma
aquisição de nova tecnologia, sempre causa impacto nas organizações, e
muitas vezes deixam seus gerentes ou gestores sem saber o que fazer ou
como lidar com a situação. O surgimento de contingências não previstas à
medida que novas tecnologias são incorporadas pode resultar num
acréscimo dos custos previstos, assim como um desgaste nas relações de
poder. Previu-se que cresceria o número de produtos no mercado no final da
década de 80, o que realmente aconteceu, só que juntamente com este veio
também uma significativa taxa de fracasso. Diante de tudo isso pode
mencionar algumas características importantes a serem observadas antes
da aquisição de novas tecnologias.
1- Custo e demanda de recursos
2- Eficiência e vantagem relativa – retorno
3- Operacionalidade
4- Risco de poluição ou grau de agressividade ambiental
5- Adequação ao mercado
6- Necessidade da organização
7- Credibilidade do fornecedor
Capítulo 5
130
Diante do exposto nesta discussão cabe apresentar a fala dos
participantes para melhor compreensão do posicionamento dos mesmos
sobre a temática.
Quanto à manutenção de equipamentos tecnológicos na área
hospitalar fica bem clara a opinião dos pesquisados manifestada no resumo
das falas.
Hoje eu diria que é um processo bastante complexo que demanda
alto custo, pois envolve, compras de peças para reposição, treinamento de
pessoal operacional, visitas constantes de profissionais especializados na
área de manutenção em geral e de equipamentos específicos. Falando em
empresa como o hospital, torna-se mais complexo visto que este já é uma
unidade de alta complexidade e de tecnologia com custos muito elevados.
Do ponto de vista arquitetônico, de engenharia, de instalações de
equipamentos e suprimentos os de uso constante, devem estar prontos e
disponíveis para uso imediato durante vinte quatro horas. Sua interrupção
pode levar os desfechos graves e fatais. Diante de tudo isso podemos definir
que em uma manutenção adequada tanto para o ambiente físico como para
os equipamentos em geral um bom andamento é desejável frente às
atividades ali executadas. Varias são as características de uma manutenção
de equipamentos considerada adequada:
Quanto aos critérios utilizados para aquisição de novas tecnologias
na área hospitalar o discurso dos participantes está resumido desta forma.
Capítulo 5
131
A capacidade de inovar e se ajustar a novas tecnologias com base
nas necessidades, representa um fator essencial para o incremento da
competitividade de uma empresa ou organização. Sabemos que a vida útil
de produtos e de equipamentos demanda sucessivas ações inovadoras.
Portanto sua aquisição é parte importante desse processo. Tem-se
observado que um dos critérios utilizados na aquisição de novas tecnologias
está relacionado aos custos, equiparados a operacionalidade das inovações
que representam hoje as categorias que recebem maior atenção por parte
dos gestores ou decisores responsáveis pela seleção e aquisição de novas
tecnologias. Outro importante detalhe são as condições organizacionais que
compõem uma situação ambiental, esta deve ser analisada e avaliada antes
da aquisição de qualquer material e equipamento tecnológico. Uma
aquisição de uma nova tecnologia, sempre causa impacto nas organizações,
e muitas vezes deixam seus gerentes ou decisores sem saber o que fazer
ou como lidar com a situação. O surgimento de contingências não previstas
à medida que novas tecnologias são incorporadas pode resultar num
acréscimo dos custos previstos, assim como um desgaste nas relações de
poder. Previu-se que cresceria o número de produtos no mercado no final da
década de 80, o que realmente aconteceu, só que juntamente com este veio
também uma significativa taxa de fracasso.
Sobre a baixa dos equipamentos tecnológicos que pertencem à área
hospitalar, os participantes mostraram estas preocupações vista nos
Capítulo 5
132
discurso.
Em primeiro lugar é preciso saber e acompanhar a vida útil de cada
equipamento. Esses equipamentos devem ser listados de forma a
apresentar suas marcas, modelos, ano de fabricação,
Seu funcionamento e se esse ainda apresenta muitos defeitos,
quebras, necessitando de constantes reparos de manutenção, pois se isto
acontece terão pontos a favor da sua desqualificação e consequentemente
serão substituídos por outros modelos e marcas diferentes. Nesse caso a
direção do hospital deve deixar de olhar apenas para o custo do
equipamento a ser adquirido incluindo no seu processo de compras,
aquisições de aparelhos que certamente trarão melhores resultados
operacionais. Devem ser observados nestas novas aquisições fatores de
custos de manutenção, facilidade de aquisição de peças para reposição,
disponibilidade do fabricante em acompanhar por um período o
funcionamento do equipamento e treinar ou demonstrar para o funcionário
como manipular o equipamento, seu funcionamento e os cuidados que
devem ter com o aparelho. Desta forma desfrutar o máximo de vida útil do
mesmo. Cada hospital deve ter seu grupo de manutenção que precisa ser
acompanhado por um profissional da engenharia clinica. Esse poderá dar
sua contribuição a favor ou contra a aquisição de um novo equipamento
mediante a sua qualificação profissional e conhecedor das necessidades da
Capítulo 5
133
sua empresa. É importante lembrar que não deve substituir um equipamento
por qualquer motivo, mas certificar-se que o mesmo já venceu seu período
de vida útil e que investir agora em manutenção corretiva não vale mais a
pena. Então recomenda-se a troca desse equipamento. Às vezes
determinados equipamentos são enviados para manutenção repetidas
vezes, mesmo recebendo o conserto nem sempre o resultado do seu
funcionamento é favorável. Torna-se inconfiável, pois foram tantos consertos
que já não se encontra mais peças originadas da fabricação, ou seja, todas
as peças um dia já foram trocadas.
Também para que esses consertos repetidos não venham ocorrer é
necessário que todo serviço de manutenção tenha uma ordem de serviço,
atendidas e realizadas no próprio setor que devem ser cadastradas nas
manutenções internas, registrados o nome do técnico que realizou o serviço,
a data da solicitação de manutenção e de realização do serviço. A data de
devolução do equipamento ao setor de origem, a pessoa que recebeu o
equipamento de volta, o defeito que esse apresentava e o serviço realizado.
Só assim a engenharia clínica poderia ter um controle eficaz dos
equipamentos que não servem mais para uso e terá também um parâmetro
para aquisição de novos equipamentos, que em alguns casos poderá ser
substituídos pela mesma marca e modelo, enquanto que outros serão
desqualificados e extintos daquela empresa.
Capítulo 5
134
Quanto às estratégias usadas nas atividades de gerenciamento para
que se obtenha um maior aproveitamento possível de tais tecnologias,
evitando assim equipamentos sucateados, fica claro como os
administradores manifestaram em suas falas.
Não é viável tomarmos decisões empiricamente ou ainda utilizando
apenas o bom senso, quando precisamos tomar decisões acertadas, seja
elas de nível gerencial ou operacional, pois assim teremos prejuízos
incalculáveis. O serviço de gerenciamento deve medir o grau de eficiência,
obtendo informações e atuando intensamente nas causas dos problemas a
fim de eliminar os seus efeitos danosos e canalizar as informações para que
num segundo momento possam ser tomadas as decisões acertadamente. A
gestão da manutenção engloba na sua estrutura um conjunto de atividades
estrategicamente desenvolvidas e integradas para direcionar a atenção da
equipe, esta segue uma lógica proativa e visa atuar na causa dos problemas
e antecipar quebras e defeitos incorrigíveis. Deve também estabelecer e
garantir um fluxo lógico das informações desde a sua origem sua finalização
e execução. Precisa objetivar a satisfação do cliente através de um alto
padrão de prestações de serviço utilizando seus recursos existentes. Outro
ponto favorável é o sistema gerencial estabelecendo vinculo entre a
manutenção e a produção, implantando procedimentos de manutenção
autônoma, simplificando responsabilidade dos operadores de manutenção
básica como: limpeza dos equipamentos, lubrificação e inspeção para
Capítulo 5
135
identificar anormalidades e possíveis falhas.
Quanto ao processo de melhoria do processo ou para evitar o
sucateamento os entrevistados manifestaram da seguinte forma:
Em minha experiência como gestor, vejo que as deficiências podem
ser variadas e com diversas origens, mas que no momento as que chamam
bastante a atenção são as normas e padrões que influem no desempenho
da equipe, mas que por muitas vezes não são bem estabelecidas ou ainda
precisam ser modificadas para os padrões atuais. Todos os colaboradores
devem estar envolvidos para conhecer estas normas e padrões novos que
foram estabelecidos e estão sendo implantados na empresa. Conhecendo
torna-se mais fácil comprometer-se e envolver-se nas atividades diárias
relacionadas à manutenção. Outro ponto fundamental para evitar a
deficiência técnica são os trabalhos de rotina altamente repetitivos. Mas o
gestor deve criar e determinar os procedimentos e os métodos apropriados,
elaborar seus manuais e treinar as pessoas fazendo com que elas aprendam
a executar seus trabalhos de acordo com os padrões e exigências da
empresa. Toda essa dinâmica deve ser coordenada e supervisionada, e
acompanhada diariamente para que se obtenha resultado satisfatório.
Os manuais de procedimento não devem ser uma simples
documentação atual, mas o seu conteúdo deve ser o resultado de uma
melhoria. A grande missão de um gestor consiste no desenvolvimento de
Capítulo 5
136
sua habilidade em mobilizar as pessoas e colocar as suas ideias em ações
de forma estruturada numa contribuição significativa e duradoura para a sua
organização. Fazer despertar a necessidade de aperfeiçoamento profissional
em cada componente da equipe de trabalho; claro que dentro deste
processo sempre tem uma minoria que não consegue acompanhar ou que
não quer e nem deseja acompanhar. Nesses casos, o gestor precisa ter o
conhecimento suficiente para separar estes da equipe ou substituí-los.
Diante desse fato, não aconselho esta substituição em primeira instância,
apenas quando for claro e objetivo que esses colaboradores não se integram
no grupo; nesse caso é necessário parar e pensar que estamos trabalhando
com seres pensantes e não apenas com máquinas. Além de tudo o custo de
todo o processo de demissão é muito alto para a empresa.
Outro fator importante é o elevado tempo na manutenção realizada
por terceiros e o alto custo deste monopólio nas empresas em prestar
serviços dificultando o acesso aos circuitos de montagem e peças de
reposição. Isso está sendo citado como necessidade de gerenciamento.
Diante destas citações qual a visão do Sr como diretor chefe desta
Instituição. Tanto o tempo quanto o custo é considerado elevado, ou seja, é
um setor de custo bastante elevado, chegando à ordem de 5 – 10% do
faturamento em hospitais particulares. Além disso, é um setor que envolve
diferentes especialidades dentro do serviço de manutenção como:
engenharia eletrônica e mecatrônica, civil e outros. Técnicos com
Capítulo 5
137
conhecimentos diversificados na mesma área de manutenção, encanador,
pedreiro, eletricista e outros. É necessária uma equipe para o prédio, outra
para sua infraestrutura, e para os equipamentos. No caso dos hospitais um
evento perigoso pode ser resultado de uma falha ou de um sistema predial,
assim como de um uso inadequado de equipamento. Portanto, o serviço de
manutenção não pode ser feito corrido e apressado, mas deve ser contínuo,
e isto demanda tempo. Cada função é resultado de um conjunto de
atividades dentro de um processo sequencial que o hospital desempenhou
para obter aquele resultado e qualidade. Todas as funções são aplicadas na
organização hospitalar como um todo, a partir de cada serviço.
Em se falando sobre a terceirização, tem sido definida como um
processo planejado de transferência de atividades que são delegadas á
outros, (empresas terceirizadas ou contratadas). Esta é feita para atividades
que não são ou não constitui o objetivo principal da empresa.
Terceirização e um alto custo – a redução de custo não deve ser
critério de escolha para a terceirização. Mas pensar em um desenvolvimento
estrutural de atendimento baseado em um conceito mundial, levando em
consideração a prioridade do cliente com vantagens econômicas, projetos
rápidos e com peritos altamente qualificados.
Gerenciamento - não basta uma equipe de manutenção apenas
consertar um equipamento, é preciso conhecer o nível de importância do
Capítulo 5
138
equipamento nos procedimentos clínicos. É necessário conhecer a história
do equipamento, o grupo que o mesmo pertence, sua vida útil, ou seja, tudo
o que se refere ao equipamento, oferecendo assim um nível de
confiabilidade nos serviços de manutenção. Não se pode esquecer que uma
manutenção inadequada coloca em risco a vida do paciente. Cabe, portanto,
ao responsável pelo grupo de manutenção e de sua infraestrutura
estabelecer um sistema de gerenciamento de serviços capaz de garantir a
presteza e a confiabilidade na execução. Todo gerenciamento dos serviços
de manutenção não será útil se não estiver efetivamente vinculado a um
sistema de gerenciamento de recursos humanos.
Sobre a importância do gerenciamento de recursos tecnológicos nos
hospitais os entrevistados declaram desta forma.
Criar um modelo de gestão com aceitação dos objetivos e metas da
empresa, desenvolvido através de um processo de reflexão,
questionamento, amadurecimento e transformação do nosso comportamento
com atitudes inovadoras e também tradicionais e criativas.
Diante do acelerado desenvolvimento e aprimoramento dos recursos
tecnológicos que trazem melhorias na qualidade e padrão de vida,
considera-se que a política de gestão e tecnologia em saúde tem seu
propósito de garantir o uso de tecnologias seguras e eficazes de forma
apropriada, visando à segurança do paciente e a viabilidade econômica.
Capítulo 5
139
Pois não é suficiente saber que o uso de uma tecnologia traz beneficio, mas
é necessário também planejar e assegurar que os recursos financeiros
destinados à saúde da população em todas as camadas sociais sejam
utilizados sem prejuízos. Portanto, os gestores precisam ter conhecimento
de gestão em tecnologia para atuar; assim como orientar sobre os diferentes
sistemas de saúde e tomar decisões acertadas sobre as atividades
relacionadas à aquisição, avaliação, incorporação, utilização, difusão e
retirada de tecnologias na área da saúde.
Outra importância da gestão tecnológica é a promoção do
conhecimento técnico científico atualizado no processo de gestão de
tecnologias em saúde.
Informar os profissionais da saúde e se possível à sociedade em geral
para a importância da utilização de novas tecnologias, assim como as
consequências econômicas e sociais do uso inapropriado das mesmas nos
sistemas e serviços de saúde.
Capítulo 5
140
5.2.2. Manutenção Chave para o não Sucateamento
Hoje diríamos que o serviço de manutenção dos equipamentos
médicos hospitalares é um processo bastante complexo que demanda alto
custo, pois envolve, compras de peças para reposição, treinamento de
pessoal operacional, visitas constantes de profissionais especializados na
área de manutenção em geral e de equipamentos específicos. Falando em
empresa como o hospital, torna-se mais complexo, visto que este já é uma
unidade de alta complexidade e de tecnologia com custos muito elevados.
Do ponto de vista arquitetônico, de engenharia, de instalações de
equipamentos e suprimentos os de uso constante, devem estar prontos e
disponíveis para uso imediato durante 24 horas. Sua interrupção pode levar
os desfechos graves e fatais. Diante de tudo isso podemos definir que em
uma manutenção adequada tanto para o ambiente físico como para os
equipamentos em geral um bom andamento é desejável frente às atividades
ali executadas. Varias são as características de uma manutenção de
equipamentos considerada adequada:
a) Conhecer a origem do equipamento.
b) Seguir as orientações do seu fabricante
c) Conhecer a capacidade de funcionamento do equipamento
Capítulo 5
141
d) Ser manuseado por pessoal treinado
Além destes requisitos é necessário que os profissionais da
manutenção saibam fazer a identificação das ações de manutenção. Elas
podem estar divididas em:
a) Manutenção preventiva, que são procedimentos periódicos que
objetivam minimizar o risco de falhas do equipamento e também
para assegurar a continuidade de operação.
b) Reparo ou conserto, que definimos como localização de defeitos
para identificar a causa de mau funcionamento, reposição ou
adaptação de componentes e de subsistemas para restaurar a
função normal do equipamento, segurança, performance e
confiança.
c) Reforma – revisão geral com reposição de partes usadas,
atualizando ou modificando, calibrando, pintando, mas não se
esquecer de seguir rigorosamente as recomendações do
fabricante.
d) Calibração – é a comparação de precisão de um dispositivo em
relação a um padrão conhecido e a adaptação daquele dispositivo
para concordar com esse padrão dentro de uma tolerância
recomendada.
Capítulo 5
142
e) Inspeção – procedimento para averiguar se um equipamento tem a
segurança apropriada em seu período de vida economicamente útil
de forma a apresentar sua plena performance e desempenho.
Citaria como recomendação o teste de aceitação ou ensaio quando na
aquisição do equipamento, o mesmo é manipulado e utilizado de forma a
fazer teste de sua adaptação no setor de sua aquisição. Este é um processo
detalhado para verificar a segurança do equipamento antes do mesmo ser
colocado em serviço.
Não é viável tomarmos decisões empiricamente ou ainda utilizando
apenas o bom senso, quando precisamos tomar decisões acertadas, sejam
elas de nível gerencial ou operacional, pois assim teremos prejuízos
incalculáveis. O serviço de gerenciamento deve medir o grau de eficiência,
obtendo informações e atuando intensamente nas causas dos problemas a
fim de eliminar os seus efeitos danosos e canalizar as informações para que
num segundo momento possam ser tomadas as decisões acertadamente. A
gestão da manutenção engloba na sua estrutura um conjunto de atividades
estrategicamente desenvolvidas e integradas para direcionar a atenção da
equipe, esta segue uma lógica proativa e visa atuar na causa dos problemas
e antecipar quebras e defeitos incorrigíveis. Deve também estabelecer e
garantir um fluxo lógico das informações desde a sua origem sua finalização
e execução. Precisa objetivar a satisfação do cliente através de um alto
Capítulo 5
143
padrão de prestações de serviço utilizando seus recursos existentes. Outro
ponto favorável é o sistema gerencial estabelecendo vinculo entre a
manutenção e a produção, implantando procedimentos de manutenção
autônoma, simplificando responsabilidade dos operadores de manutenção
básica como: limpeza dos equipamentos, lubrificação e inspeção para
identificar anormalidades e possíveis falhas. Para obter se estratégias
funcionantes no gerenciamento da manutenção aconselha-se obedecer à
estrutura do sistema gerencial que corresponde e compreende as atividades
que o compõem. São elas: identificar problemas, desenvolver fluxograma
das atividades, treinar equipe; descrever funções: do chefe, do supervisor e
do operador. Definir critérios de criticidade, enumerar equipamentos críticos,
determinar manutenção adequada para cada equipamento, desenvolver
programas de manutenção planejada, criar e desenvolver documentos
relacionados às atividades e aos equipamentos, definir indicadores e metas,
implantar programa de manutenção autônoma.
Trabalhos de pesquisa têm mostrado grupos de manutenção interna
com deficiência de assessoria técnica necessária a aquisição,
armazenamento, instalação operação, manutenção e disposição final dos
equipamentos.
Mas vejamos que as deficiências podem ser variadas e com diversas
origens, mas que no momento as que chamam bastante a atenção são as
Capítulo 5
144
normas e padrões que influem no desempenho da equipe, mas que por
muitas vezes não são bem estabelecidas ou ainda precisam ser modificadas
para os padrões atuais. Todos os colaboradores devem estar envolvidos
para conhecer estas normas e padrões novos que foram estabelecidos e
estão sendo implantados na empresa. Conhecendo torna-se mais fácil
comprometer-se e envolver-se nas atividades diárias relacionadas à
manutenção. Outro ponto fundamental para evitar a deficiência técnica são
os trabalhos de rotina altamente repetitivos. Mas o gestor deve criar e
determinar os procedimentos e os métodos apropriados, elaborar seus
manuais e treinar as pessoas fazendo com que elas aprendam a executar
seus trabalhos de acordo com os padrões e exigências da empresa. Toda
essa dinâmica deve ser coordenada e supervisionada e acompanhada
diariamente para que se obtenha resultado satisfatório.
Os manuais de procedimento não devem ser uma simples
documentação factual, mas o seu conteúdo deve ser o resultado de uma
melhoria. A grande missão de um gestor consiste no desenvolvimento de
sua habilidade em mobilizar as pessoas e colocar as suas ideias em ações
de forma estruturada numa contribuição significativa e duradoura para a sua
organização. Fazer despertar a necessidade de aperfeiçoamento profissional
em cada componente da equipe de trabalho; claro que dentro deste
processo sempre tem uma minoria que não consegue acompanhar ou que
não quer e nem deseja acompanhar. Nesses casos, o gestor precisa ter o
Capítulo 5
145
conhecimento suficiente para separar estes da equipe ou substituí-los.
Diante desse fato, não aconselho esta substituição em primeira instância,
apenas quando for claro e objetivo que esses colaboradores não se integram
no grupo; nesse caso é necessário parar e pensar que estamos trabalhando
com seres pensantes e não apenas com máquinas.
Além de tudo, o custo de todo o processo de demissão é muito alto
para a empresa e evitá-lo seria uma forma de profissionalismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
147
A tecnologia na área hospitalar sempre foi e está sendo uma grande
preocupação para os profissionais que estão direta e indiretamente
envolvidos com a utilização destes equipamentos, assim como sua
aquisição, armazenamento, manutenção, operação, conservação e
disposição final destes recursos, considerados de grande importância para a
recuperação e habilitação da saúde das pessoas. Observamos no decorrer
deste estudo mediante dados coletados que a tecnologia e sua inovação na
área da saúde vêm contribuindo de forma a considerar razoavelmente
satisfatória para a saúde das pessoas, quando se tratando de um trabalho
feito em um hospital da rede pública em São Paulo, considerado o maior
hospital escola da América Latina. Este estudo vem mostrando que os
recursos tecnológicos na área da saúde são um fator preponderante para o
trabalho feito dentro da área hospitalar, agilizando e executando os
procedimentos com maior eficiência. Mas observamos também que há uma
grande necessidade de envolvimento profissional em termos do uso desses
equipamentos, voltados para a recuperação da saúde das pessoas, da
demanda do uso desses equipamentos que deveriam ser vistos
exclusivamente como benefício para o bem estar da saúde. Verificamos que
nem sempre os critérios utilizados para a sua aquisição estão relacionados
verdadeiramente com a necessidade da saúde das pessoas e nem mesmo
voltado para a demanda existente naquela região ou localidade da
aquisição. Segundo relato dos entrevistados, basicamente a aquisição de
novas tecnologias está relativamente baseada nas necessidades dos
Considerações Finais
148
serviços de saúde e na opinião de profissionais. É claro que estes também
são fatores importantes na aquisição de novas tecnologias, mas não deixar
de analisar outras tantas necessidades que poderiam melhor contribuir para
o maior aproveitamento dos equipamentos adquiridos. Se não forem
adquiridos corretamente os equipamentos tecnológicos, esses com certeza
farão parte de um prévio sucateamento no ambiente hospitalar. Vejamos o
que disseram 58% dos entrevistados quando perguntado sobre os
equipamentos adquiridos: são parcialmente utilizados, e pouquíssimos
utilizados. Se não são utilizados de forma correta, seu tempo útil, atividade
certa para equipamento correto, não fica dúvidas de que teremos pela frente
um amontoado de equipamentos tecnológicos sem utilidade, ocupando
espaço indevidamente. Outro fator chamou a atenção do pesquisador
quando se observou que 71% dos entrevistados disseram que a utilização
dos equipamentos tecnológicos, frequentemente é feito de forma
inadequada, enquanto que 58% dos entrevistados disseram que o descarte
desses equipamentos é feito quando o conserto do mesmo é mais caro do
que a aquisição de um novo equipamento.
BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
Anexo I
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Estas informações estão sendo fornecidas para sua participação
voluntaria neste estudo, que trata-se de tema relacionado a “ Inovação
Tecnológica na saúde nas ultimas duas décadas”, sendo o objetivo do
mesmo avaliar os fatores que envolvem as inovações tecnológicas na área
da saúde assim como sua evolução e contribuição também na área da
pesquisa. Para tanto você participará de uma entrevista gravada, a qual será
realizada com a presença do entrevistador. O mesmo lhe fará algumas
perguntas as quais você emitirá sua opinião baseada em seu conhecimento
sobre o assunto. O conteúdo desta entrevista não será divulgada para outros
objetivos que não seja o objetivo já proposto. Estes dados obtidos serão
utilizados apenas com finalidade cientifica ou seja para realização desta
pesquisa. Ficando o orientador entrevistado e entrevistador proibidos de
divulgação das questões e respostas em evidencias com outras finalidades.
Após o termino da entrevista você poderá ouvir e solicitar regravação
de trechos da entrevista o qual você julgar necessário.
Esta entrevista será parte de minha tese de doutorado, e nenhum risco
inerente sobrevirá a você por participar desta entrevista.
Afirmo que fui informada de que será mantido sigilo das minhas
informações e que minha pessoa será mantida no anonimato. Estou ciente
de que posso deixar de participar do estudo a qualquer momento, sem que
este fato implique em qualquer forma de constrangimento. Estou ciente
também que não receberei nenhuma remuneração por minha participação
neste estudo, assim como nenhum gasto adicional para minha pessoa e
minha família.
Todos os termos técnicos abordados na entrevista me foram
devidamente explicados e todas as minhas duvidas foram esclarecidas pelos
responsáveis da realização da pesquisa. Também expresso minha
concordância e espontânea vontade em submeter-me ao referido estudo.
É garantida a você a liberdade da retirada de consentimento livre e
esclarecido a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem
qualquer prejuízo á continuidade do seu trabalho em instituições.
Você poderá ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da
pesquisa, basta solicitar ao pesquisador responsável.
Não haverá nenhuma despesa pessoal para você em qualquer fase do
estudo. Também não há compensação financeira relacionada a sua
participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo
orçamento da pesquisa.
Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos
propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante tem direito
a tratamento médico na instituição, bem como as indenizações legalmente
estabelecidas.
Os pesquisadores assumem o compromisso de utilizar os dados e o
material coletado para esta pesquisa.
Qualquer informação adicional poderá ser dirigida ao pesquisador,
responsável pelo andamento deste trabalho, a professora Drª Maria Helena
Vilas Boas, podendo ser pessoalmente a Rua Monte Alegre nº
________CEP-________.
Se você tiver alguma consideração ou duvida sobre a ética da
pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da
PUC.
____________________________________
Assinatura do entrevistado /representante legal Data
________________________ _____/_______/_________
Assinatura da Testemunha / responsável . pelo projeto
_________________________________________ __/___/_______
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaria o consentimento
livre e esclarecido deste entrevistado ou representante legal para a
participação neste estudo.
__________________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo Data _____/______/_____
Anexo II
1-Em sua opinião a tecnologia tem contribuído para o desenvolvimento
intelectual do indivíduo que trabalha com equipamento de inovação
tecnológico em saúde? De forma: ( ) ótima ( ) muito bom ( ) bom ( )
regular ( ) ruim
1.a- Esta mesma Tecnologia tem contribuído também para a
recuperação da saúde hospitalar? ( ) muito ( ) razoavelmente ( ) pouco
( ) nada
2- Quais os critérios utilizados para aquisição de novas Tecnologias na
área hospitalar? ( ) critério unicamente técnico ( ) necessidade clinica (
) necessidade profissional ( ) desenvolvimento de pesquisa ( ) por
limitação de recurso financeiro
3-Observa-se que em geral há uma necessidade de gerenciamento tanto
para os equipamentos de tecnologias avançadas, como para as
tecnologias básicas e ao mesmo tempo existem constantes desperdícios
de investimentos e sucateamento de equipamentos nas unidades
hospitalares sobre esta afirmação comente e responda.
( ) Absolutamente verdadeira ( ) é parcialmente verdadeira ( )
existe apenas em algumas unidades ( ) não é verdadeira a
afirmação ( ) desconheço esta realidade
1- As unidades hospitalares são organizações que necessitam de
continuo aperfeiçoamento no setor tecnológico. Como o Senhor vê
esta necessidade e como tem feito este continuo aperfeiçoamento
neste setor?
( ) existe e está sendo bem contemplada ( ) existe e está sendo
parcialmente contemplada ( ) existe e não está sendo contemplada
( ) não existe ( ) não temos dados sobre a necessidade
4.a- E como avalia esta necessidade? ( ) grande ( ) moderada
( ) pequena
4.b- E como vê o continuo aperfeiçoamento neste setor? ( ) é
muito necessário ( ) é moderadamente necessário ( ) é pouco
necessário
2- Quais as estratégias usadas nas atividades de gerenciamento para
que se obtenha um maior aproveitamento possível de tais tecnologias
evitando assim equipamentos sucateados?
( ) é feito treinamento de pessoal ( ) é feito acompanhamento de
pessoal ( ) é feito manutenção do equipamento ( ) é feito
conservação do equipamento ( ) é feito atualização dos
equipamentos
3- Trabalhos de pesquisa têm mostrado que existem grupos de
manutenção interna com deficiência de acompanhamento técnico, isto
gera problemas no armazenamento, instalação, operação,
manutenção e disposição final dos equipamentos. O que a empresa
tem feito para melhoria desse processo?
( ) contratado novos serviços ( ) contratado novos profissionais ( )
treinado os profissionais internamente ( ) não temos investido
neste aspecto
4- Quais são os fatores determinantes para o investimento em inovação
tecnológica da saúde?
( ) necessidade clinica ( ) necessidade do profissional ( )
necessidade mercadológica ( ) necessidade de aplicação em
pesquisas ( ) necessidade competitiva
5- O presente trabalho propõe-se a analisar a importância do
gerenciamento de recursos tecnológicos avançados para maior
aproveitamento do tempo de vida útil desses recursos e melhorias
dos serviços oferecidos, qual importância do gerenciamento dos
recursos tecnológicos na saúde e responda?
( ) o material é comprado e totalmente utilizado ( ) o material é
comprado e parcialmente utilizado ( ) o material é comprado e não é
utilizado ( ) o material é comprado, mas não existe pessoal
capacitado para usa-lo ( ) a tecnologia é adquirida, mas a preferência
é continuar usando o material conhecido
6- Que tipos de equipamentos são mais usados em termos de tecnologia
da saúde?
( ) tecnologia de última geração ( ) o material que eu tenho
familiaridade ( ) o que tenho a disposição no momento ( ) o mais
fácil de ser usado ( ) o ideal para a terapia
7- O que envolve o processo de compra desses equipamentos?
( ) aleatoriamente ( ) baseado na necessidade do serviço ( )
baseada na opinião do usuário ( ) baseada na opinião do profissional
( ) periodicidade
8- Como é feito o descarte destes equipamentos?
( ) é descartado com controle de uso e estoque ( ) é simplesmente
descartado ( ) é deixado em almoxarifado ( ) Quando não funciona
mais ( ) Quando o conserto é mais caro que a compra de outro.
9- Existe a possibilidade de uso inadequado destes equipamentos?
( ) sim e de jeito muito frequente ( ) sim, mas não tão frequente ( )
sim, mas de forma pouco frequente ( ) não existe ( ) desconheço
10-Os recursos tecnológicos adquirido são utilizados?
( ) totalmente utilizado ( ) parcialmente utilizado ( ) pouquíssimo
utilizado ( ) não é utilizado ( ) não tenho controle do uso
11-Os recursos tecnológicos adquirido ficam sucateados
( ) muito rapidamente ( ) no tempo correto ( ) não permito que isto
ocorra ( ) não acontece ( ) após sua vida útil.
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