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Porto Alegre, 02 de setembro de 2013
Ao
Sr. Léo Antônio Bulling
Supervisor da SUPPJ/SMAM
Em atendimento à vossa solicitação, vimos pelo presente apresentar laudo técnico de
vistoria referente ao evento envolvendo a queda de árvore ocorrida no Parque
Farroupilha no dia 31 de agosto de 2013, por volta das 17h.
Identificou-se que o exemplar arbóreo envolvido no evento tratava-se de 01 (um)
eucalipto-cheiroso (Eucayptus citriodora Hook.), com os seguintes dados
dendrométricos aproximados: h=25,6m; DAP=100cm; DPC=18,0m. De acordo com
Backes e Irgang (2004 p.140-141), trata-se de espécie exótica para o Brasil, nativa da
Austrália, de grande porte, com características bastante ornamentais e apropriada
para grandes espaços. Trata-se ainda de espécie que apresenta madeira muito
pesada, com densidade entre 930 a 1.040kg/m³.
O exemplar estava localizado em canteiro próximo à esquina entre os eixo transversal
e central do Parque, na direção do quadrante sudoeste em relação à fonte luminosa,
em área ao sul da região popularmente conhecida como “cachorródromo” (local do
Parque onde os usuários que trazem seus cães para tomar sol costumam se
concentrar).
Em vistoria realizada no dia 01/09/2013, observou-se que a trajetória de queda do
indivíduo ocorreu no sentido norte do Parque, atingindo a área de passeio de saibro do
eixo transversal e a área supra-citada, conhecida como “cachorródromo” (fotos 01 e
02). A observação do vegetal caído sobre o solo permitiu concluir que se tratava de
indivíduo arbóreo aparentemente saudável, sem sinais de processo de desvitalização e
sem a presença de doenças ou hemiparasitas (como ervas-de-passarinho) (fotos 01 e
02). Permitiu ainda identificar como causa da queda a ruptura da madeira na região
do colo da árvore e das raízes, provavelmente provocada por um processo de
degradação interna do lenho (biodeterioração causada por microrganismo, tais como
fungos) que se iniciou no sistema radicular e que se alastrou para a região do colo
(região de transição entre o tronco e as raízes da árvore). Provavelmente devido à
seqüência de dias chuvosos que antecederam ao evento, a carga de peso incidente
nesta área atingida pelo processo de deterioração supracitado teve considerável
incremento devido a maior umidade concentrada na parte aérea da árvore (tronco,
ramificações e folhas), levando ao colapso da estrutura de sustentação do indivíduo e
sua queda subseqüente. Pela análise do tronco e raízes remanescentes após o evento
da queda, verificou-se a inexistência de sinais externos (como lesões, necroses de
casca e do lenho ou aberturas de cavidades) que permitissem a visualização externa do
processo de deterioração interno da região do colo e raízes. Nas fotos 03, 04, 05, 06,
pode-se observar a região de ruptura (base do tronco), bem como a congruência ou
encaixe entre os fragmentos externos da árvore que permaneceram junto ao solo e
aqueles que permaneceram fixos ao tronco caído. Tal encaixe demonstra a
integridade externa da árvore ou a sua vedação e a inacessibilidade visual ao processo
de degradação interna que levou ao colapso da estrutura.
Ainda na vistoria do dia 01/09/2013 e em nova vistoria realizada no dia 02/09/2013,
acompanhou-se os procedimentos de remoção da árvore, quando foi possível
visualizar internamente o estado interno da madeira em diferentes secções das
ramificações e tronco, incluindo a região próxima do colo, onde ocorreu a ruptura que
levou a sua queda. Na foto 07, pode-se observar diversas secções de ramificações de
grande porte que cumprem papel importante na estrutura da copa. A foto mostra a
madeira perfeitamente sadia em todas as secções. Nas fotos 08 e 09, observa-se
secções do tronco principal (ou fuste) da árvore em diversas alturas, sendo que, mais
uma vez, todas elas permitem observar o perfeito estado da madeira. Finalmente, nas
fotos 10, 11 e 12, observa-se, respectivamente, o último corte do tronco feito em linha
próxima a zona de ruptura e o içamento deste fragmento, cuja secção mostra, mais
uma vez, as boas condições da madeira. Tais imagens ilustram que a região onde
ocorreu o processo de degradação do lenho e que provocou o colapso da estrutura da
árvore e sua queda estava bastante restrita a uma área localizada abaixo do nível do
solo e até uma altura aproximada de 30cm acima do nível do solo (a foto 13 mostra o
perfil deste fragmento).
Em síntese, concluiu-se através deste laudo técnico que a ruptura do tronco da árvore
e sua subsequente queda foram ocasionadas por processo de degradação interna da
madeira (biodeterioração), provavelmente iniciado na região das raízes por algum tipo
de lesão não identificado, mas supostamente associado às condições de alta umidade
do solo naquela área do Parque, e que se alastrou em região bastante restrita à porção
basilar da árvore. O processo de biodeterioração da madeira ocorria internamente e
se encontrava oculto devido ao perfeito estado externo da árvore na região afetada,
bem como a ausência de sinais (necroses ou aberturas de cavidades) que permitissem
a sua detecção através de análise visual externa.
Sérgio L. V. Tomasini Regina C. Patrocínio Paulo A. J. M. Jardim
Eng. Agrônomo Bióloga Eng. Agrônomo SMAM – Matricula 821620 SMAM – Matrícula 105044 SMAM - Matrícula 818784
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