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2unidadePESQUISAPESQUISA APLICADA APLICADAAO ENSINOAO ENSINO
EM EM LETRASLETRAS
Aula 1
As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
Aula 2Preparando a investigação científi ca: o papel do plano da pesquisa
Aula 3
Redação do projeto de pesquisa: estrutura e normalização
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Ao fi nal da aula o aluno deverá estar apto para:
• compreender o papel do texto acadêmico para a preparação, execução e divulgação de uma pesquisa;
• obter uma compreensão genérica das características de alguns textos acadêmicos importantes para a pesquisa científi ca.
1. Refl etir sobre a função dos textos acadêmicos em todas as etapas da pesquisa científi ca.
2. Apresentar alguns textos acadêmicos frequentemente usados como ferramentas para a preparação, execução e divulgação do trabalho científi co.
MetaObjetiv
os1 au
la
AS ETAPAS DE PESQUISA E AS FERRAMENTAS TEXTUAIS
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AULA 1AS ETAPAS DE PESQUISA E AS FERRAMENTAS TEXTUAIS
1 INTRODUÇÃO
Estamos iniciando, a partir desta aula, a segunda etapa
da nossa disciplina, a qual estamos denominando de Unidade
2. Diferentemente das aulas da Unidade 1, que abordaram
questões teóricas sobre a pesquisa, especialmente na área
da linguagem, a partir desta unidade, nossa abordagem será
mais voltada a aspectos práticos da metodologia da pesquisa,
e nosso foco será o texto acadêmico e sua função em todas as
fases do trabalho científi co.
Nesta primeira aula da Unidade 2, falaremos sobre todas
as fases da pesquisa, dividindo-as em: preparação, execução
e divulgação. Apresentaremos e caracterizaremos, de maneira
genérica, os textos acadêmicos que funcionam como importantes
ferramentas em cada uma dessas fases. Queremos salientar que
a diversidade de gêneros textuais envolvidos numa pesquisa é
muito maior do que será apresentado aqui; por isso, os textos
dos quais trataremos não constituem um inventário fechado e
devem ser vistos apenas como exemplares dos tantos outros
que envolvem o fazer acadêmico-científi co.
Nas aulas posteriores desta unidade, iremos estudar,
em detalhes, o plano de pesquisa (aula 2) e o gênero textual
fundamental para o planejamento da pesquisa, o projeto de
pesquisa (aula 3).
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
2 A PREPARAÇÃO DA PESQUISA
Quando dizemos que o estudo científi co consiste no
exame criterioso de um tema claramente delimitado é porque
parte desse critério está no rigor metodológico com que um
objeto de pesquisa é investigado, e é esse rigor que faz com
que os resultados a que chega uma pesquisa sejam fi dedignos
e, consequentemente, confi áveis.
Nesse sentido, a fase de preparação exerce uma função
fundamental, pois um objeto de pesquisa bem delineado e um
método de investigação bem defi nido fornecem um terreno
fi rme, por onde o pesquisador poderá trilhar com o máximo de
segurança possível.
Com essa convicção é que iremos sugerir a você,
iniciante em pesquisa, alguns passos para a preparação de
uma investigação científi ca. É importante salientar que esta é
uma, dentre as muitas subdivisões possíveis; por esse motivo,
sugerimos ao estudante a consulta a outras obras, caso julgue
necessário, para, assim, obter uma visão mais ampla do que
aqui será abordado.
2.1 Geração da ideia
Não existe uma fórmula
pronta para o nascimento
de uma ideia de pesquisa,
nem podemos afi rmar o
momento exato em que
um tema para pesquisa
é defi nido. Talvez a ideia
nasça, como a poesia, de
razões “que a própria razão
desconhece”, advindas
de desejos inconscientes
de explicar fatos vividos,
experimentados pelo indiví-
duo; mas a verdade é que
a opção por um objeto de
pesquisa é algo individual e
Objeto de pesquisa:
terminologia usada para
referir-se ao aspecto
específi co (dentro de
um determinado tema)
que é estudado por um
pesquisador. Por exemplo,
se dentro do tema
Drogas na adolescência,
um estudioso pretende
estudar, especifi camente,
sobre a interferência dos
estereótipos individuais
como motivação para o
uso de drogas, esse é seu
objeto de pesquisa.
Fidedigno: os resultados
de uma pesquisa são
fi dedignos quando
representam fi elmente
a realidade abordada.
Por exemplo, caso um
pesquisador considere
como patológico um
comportamento normal
na aprendizagem
da escrita – por
desconhecer a diferença
entre comportamento
normal e patológico
- seus resultados não
representarão a realidade,
e sua pesquisa será
invalidada.
Confi áveis: consideram-
se confi áveis resultados
cuja fonte é verdadeira
e autorizada para
representar determinado
fenômeno em estudo;
também a maneira como
foram coletados e tratados
os dados (assunto que
será explicado adiante)
são aspectos que conferem
confi abilidade aos
resultados obtidos.
FIGURA 1
Fonte: UAB/UESC
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exclusivo. Mesmo que a pesquisa tenha mais de um autor, ou
que seja sugerida pelo orientador, os motivos que movem
cada pesquisador são subjetivos; e o labor intelectual é sempre,
e em última instância, individual. E é assim que ele deve ser,
para que a pesquisa seja não apenas objeto da curiosidade
intelectual, mas, também, objeto do desejo individual, objeto
do prazer.
Como já afi rmamos, uma ideia de pesquisa pode ter
várias origens. No interior da universidade, há duas maneiras
muito comuns de geração de uma ideia de pesquisa, quais
sejam:
a) opção individual do autor - em geral, é muito comum
que o estudante traga para a sala de aula muitas
curiosidades a respeito de fenômenos que circundam
a sua realidade social, ou mesmo profi ssional; por
exemplo, um professor das séries iniciais, com
muitos anos de experiência em sala de aula, quando
inicia um curso universitário, já tem, na sua história,
alguma experiência profi ssional e muitas curiosidades
em relação a alguns problemas de aprendizagem
infantil. Dessa forma, geralmente, esse profi ssional já
tem seus próprios questionamentos, os quais podem
ser transformados, com a aplicação da metodologia
científi ca, em um objeto de pesquisa;
b) sugestão de um profi ssional experiente - quando o
estudante não tem muita experiência em pesquisa, é
costume que ele se dirija a um profi ssional experiente
(em geral, um professor da sua confi ança; ou um
pesquisador que trabalhe em um tema do interesse do
aluno) para que esse sugira um tema para pesquisa.
Nesse caso, geralmente, o profi ssional encontra
aspectos específi cos dentro da pesquisa que ele vem
desenvolvendo (os quais vão surgindo ao longo da
investigação) para os quais as pesquisas realizadas
ainda não forneceram respostas, ou as respostas
são insatisfatórias. Esses aspectos é que podem ser
sugeridos, pelo pesquisador, como tema de pesquisa
para o estudante.
Orientadorprofessor-pesquisador, geralmente membro do quadro efetivo da Universidade, cuja
função é acompanhar o estudante durante a execução da sua
pesquisa, fornecendo o suporte teórico e
metodológico necessário para a consolidação da pesquisa daquele que
está sob sua orientação, seja ele de graduação,
especialização, mestrado ou doutorado.
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78 Módulo 2 I Volume 1 EAD
Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
As ideias iniciais sobre um tema de pesquisa poderão
seguir caminhos diversos, a depender das circunstâncias, das
características dos sujeitos envolvidos (orientando e orientador
de pesquisa), do estado da arte das pesquisas naquele tema
entre outros; mas, em geral, elas costumam passar por uma
série de fases, em que a ideia inicial gera outras ideias e
refl exões até que se delimite e se delineie um problema único,
que constituirá o objeto de uma pesquisa.
2.2 Elaboração do projeto
Uma vez defi nido um tema
para a pesquisa, segue-se uma série
de etapas sistemáticas: o tema
transforma-se em problema de
pesquisa; o problema guiará
a defi nição da(s) hipótese(s)
e/ou do(s) objetivo(s) da
pesquisa. É necessário
ainda defi nir se a pesquisa é
viável e/ou necessária; e isso
é que constitui a justifi cativa de
uma investigação. O estudioso
necessita, também, conhecer o estado da arte
das pesquisas acerca do tema que pretende
estudar, daí a necessidade de realizar
leituras sobre esses trabalhos; esta é a
fase de revisão da literatura. Uma vez
detectada a viabilidade da pesquisa, é
preciso defi nir qual método será utilizado
para a investigação do objeto escolhido; defi nindo-se, assim,
a metodologia que será adotada na execução do trabalho.
Depois, deve-se delimitar o período de execução e as fases da
pesquisa, através da elaboração de um cronograma de ações.
Em alguns casos, quando há necessidade de utilização de
recursos fi nanceiros, o pesquisador deverá também apresentar
um orçamento das despesas que acarretará a pesquisa.
Essas fases devem ser transformadas em redação e
formatadas em um texto acadêmico denominado projeto de
Estado da arte: termo
utilizado para fazer
menção às tendências e
abordagens atuais dentro
um determinado tema de
pesquisa.
Etapas sistemáticas: para dar uma melhor
organização à pesquisa, é aconselhável
seguir etapas que se interpenetram, visando
um melhor controle e acompanhamento do estudo que será empreendido. Essas
etapas serão tratadas mais pormenorizadamente na
próxima aula.
Orientandonomenclatura
utilizada para referir-se ao estudante que se encontra sob a orientação de um
professor-pesquisador.
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pesquisa, o qual deve obedecer a padrões normatizados de
estrutura e redação, de acordo com as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT/NBR 15287 (2005).
Todas as fases de planejamento da pesquisa até a sua
fi nalização, através da elaboração do projeto de pesquisa, serão
tratadas mais detalhadamente na próxima aula.
3 A EXECUÇÃO DA PESQUISA
A fase de prepa-
ração da pesquisa conclui-
se, formalmente, com
a produção do projeto
de pesquisa. Isso não
implica, entretanto, que
o planejamento seja
seguido à risca, muitas
vezes, há aspectos antes
planejados que precisam
ser reformulados. Assim,
durante a investigação,
o planejamento e
a execução, muitas
vezes, infl uenciam-se
mutuamente. Mas o que
seria a fase de execução?
Uma vez escolhido o objeto de estudo e delimitada parte da
metodologia de investigação, parte-se para a investigação
propriamente dita.
As etapas de execução da investigação dependem
do tipo de pesquisa que se está realizando e do método de
procedimento utilizado; além disso, a depender do campo
científi co, alguns tipos de pesquisa e métodos de abordagem
são mais ou menos comuns. Por exemplo, as pesquisas
experimentais costumam ser realizadas mais no campo das
ciências naturais, enquanto pesquisas de campo são mais
comuns às ciências sociais. Por isso, as fases de execução que
apresentaremos a seguir devem ser vistas como ilustrativas
das pesquisas sociais, especialmente a linguística aplicada;
FIGURA 3
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1024629
SAIBA MAIS
ABNT – Associação
Brasileira de Normas
Técnicas
Órgão responsável pela
regulamentação de normas
para produção tecnológica
e científi ca no âmbito
nacional; entre essas
normas, encontram-se as
que regulam a estrutura
e redação de textos de
divulgação científi ca.
NBR
Abreviatura de Norma
Brasileira, utilizada sempre
para fazer referência ao
número da norma que reza
sobre um ponto específi co.
Neste caso, cita-se a
norma número 15287, cujo
assunto é a apresentação
do projeto de pesquisa.
Pesquisas experimentais
e pesquisas de campo
Para recordar como
se caracteriza cada
uma dessas pesquisas,
sugerimos retomar a aula
de número um (01) da
primeira unidade.
Método de procedimento
Os métodos de
procedimento foram
tratados na aula anterior e
dizem respeito ao conjunto
de técnicas utilizadas pelo
pesquisador ao longo
da sua investigação, as
quais são próprias de
um determinado tipo de
pesquisa. Foram divididos
em: a) método histórico;
b) método comparativo;
c) método estatístico;
d) método tipológico; e)
método funcionalista; f)
método estruturalista.
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
dessa forma, algumas dessas fases podem ou não ocorrer num
dado estudo, a depender do perfi l da pesquisa feita.
3.1 Seleção de fontes de informação
A fase de seleção compreende a escolha dos informantes
(caso a pesquisa o exija), dos instrumentos da pesquisa
(quando já há instrumentos disponíveis) e mesmo - no caso
de uma pesquisa documental ou exclusivamente bibliográfi ca
- das fontes de pesquisa (documentos escritos, livros, mídias,
periódicos entre outros).
A depender dos objetivos e características de uma
pesquisa, essa seleção pode dar-se aleatoriamente ou basear-
se em critérios delimitados pelo autor, podendo, ainda, ser
padronizada pela metodologia científi ca. Vejamos alguns
exemplos de critérios utilizados na seleção de sujeitos, de
instrumentos e de fontes:
a) seleção de sujeitos: numa pesquisa de campo, se
o investigador pretende estudar o processamento lexical
por sujeitos disléxicos, um dos critérios utilizados é que os
sujeitos selecionados tenham algum grau de difi culdade que
possa enquadrá-lo como portador de dislexia ou, ainda mais,
que os sujeitos não sejam portadores de outras patologias
de linguagem além dessa, para que os resultados refl itam
a interferência da dislexia no processamento e não sejam
associados a outras patologias;
b) seleção de instrumentos: imaginemos uma pesquisa
cujo interesse é compreender a interferência da complexidade
silábica duma palavra na aprendizagem da escrita pela criança.
Caso o pesquisador queira utilizar testes prontos, um dos
critérios de seleção que ele poderá adotar é buscar testes que
contenham palavras com diversas estruturas silábicas (simples
e complexas);
c) seleção de fontes: numa pesquisa histórica, cuja fonte
é documental, geralmente, o pesquisador usa, como critério
de seleção, a época histórica em que os documentos foram
escritos.
InformantesSujeitos que se dispõem a prestar informações ao pesquisador, fornecendo
dados para o estudo empreendido.
DislexiaPode ser defi nida
como uma patologia de linguagem que
afeta a capacidade de aprendizagem da leitura
pelo sujeito. Muitos estudiosos a consideram uma síndrome, visto que suas causas podem ser
diversas, envolvendo desde os aspectos neurológicos
aos psicoafetivos.
Complexidade silábicaAs sílabas que formam as
palavras em português têm estruturas diversas, desde a considerada mais simples - como o padrão formado
por consoante + vogal (CV); por exemplo: “ba” - até as mais complexas - como o padrão formado por consoante + vogal + consoante + consoante (CVCC); por exemplo: “pers”. A estrutura de
uma sílaba (quantidade e combinação dos
elementos) é que a defi ne como mais simples ou mais
complexa.
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3.2 Utilização dos instrumentos na seleção e sistematização das informações
O instrumento da pesquisa é uma das ferramentas
fundamentais para conferir-lhe fi dedignidade e validade científi ca.
O pesquisador pode chegar a conclusões surpreendentes,
originais e aplicáveis; entretanto, se os instrumentos utilizados
por ele na pesquisa forem falhos, todas as suas conclusões
serão invalidadas. Por isso, é necessário muito critério ao
selecionar ou elaborar instrumentos de pesquisa.
Estamos tomando instrumentos aqui num sentido
genérico, referindo-nos a todas as ferramentas utilizadas
durante uma investigação científi ca. No caso das pesquisas
sociais, geralmente, constituem-se em gêneros textuais
diversos, que exercem funções instrumentais específi cas, tanto
na fase de execução como na fase de divulgação da pesquisa.
Na fase de execução, podemos dividir esses instrumentos
em instrumentos de seleção, de coleta e de sistematização
de dados. Faremos, adiante, uma exposição de alguns dos
instrumentos mais utilizados em cada uma dessas etapas.
3.2.1 Instrumentos de seleção
São aqueles usados na seleção de informantes ou fontes
de informação para a pesquisa. Recorre-se a eles, geralmente,
quando o pesquisador estabelece critérios visando à escolha
de informantes ou fontes de informação que atendam a
determinadas características. Vejamos alguns exemplos:
- Questionários: constituem-se de um rol de perguntas
objetivas e/ou discursivas que devem ser respondidas por escrito
pelos sujeitos pré-selecionados pelo pesquisador. Algumas
vezes, o questionário é elaborado pelo próprio pesquisador,
com base nos seus próprios critérios. Outras vezes - como
quando envolve estratifi cação social - o pesquisador deve
atender a critérios pré-estabelecidos, como os Critérios de
Classifi cação Econômica Brasil/IBGE (2003).
Existem ainda alguns critérios metodológicos para os
quais o pesquisador deve atentar na hora de elaborar um
questionário, como: a) objetividade - a pergunta deve levar a
respostas objetivas e não subjetivas, pois fi caria difícil classifi car,
Estratifi cação social
Refere-se à diferença de
classe social dos sujeitos
que vivem em sociedade. É
comum classifi car o sujeito
dentro de uma escala social
com base em critérios
econômicos, culturais ou
de nível de escolaridade;
entretanto, como se sabe
que o aspecto econômico
é, na maioria das vezes,
determinante dos demais,
costuma-se classifi car
cientifi camente o sujeito
com base em critérios
econômicos; por isso, é
aconselhável o uso dos
Critérios de Classifi cação
Econômica - CCEB do IBGE.
Critérios de Classifi cação
Econômica Brasil
Critérios de classifi cação
de sujeitos, dentro de uma
escala social, fornecidos
pelo Instituto Brasileiro
de Geografi a e Estatística
- IBGE. Nos questionários
elaborados pelo IBGE, com
base no CCEB, obtêm-se
informações sobre o poder
aquisitivo dos sujeitos.
Concisão
Sinônimo de economia
linguística. Diz respeito à
capacidade de dizer o que
se pretende em poucas
palavras. É o inverso de
prolixidez, onde se prolonga
demais um texto cujo
conteúdo é mínimo.
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
posteriormente, respostas subjetivas; b) clareza - uma vez que
o pesquisador não está presente na hora em que o informante
está dando a resposta, a pergunta deve estar clara o sufi ciente
para que o informante seja capaz de respondê-la sozinho; c)
concisão - é preciso estar atento para que o questionário não
esteja muito longo, exigindo muito tempo e desmotivando
o informante, que poderá, inclusive, deixar perguntas em
aberto. Há muitas outras orientações para a elaboração de um
questionário que não poderemos expor aqui. Recomendamos,
para mais detalhes, a leitura do trabalho de Vieira (2009).
• Entrevistas: semelhante ao questionário, constituem-se de
um rol de perguntas a serem respondidas pelos sujeitos,
com a diferença de que, neste caso, a pergunta é feita
oralmente pelo entrevistador (que pode ou não ser o próprio
investigador), o qual ouve a resposta do entrevistado e
a anota ou grava-a; em ambos os casos, o registro da
resposta deve ter a anuência do entrevistado - ou, no caso
de ser ele menor, do responsável por ele. A entrevista pode
servir aos mesmos propósitos do questionário, havendo
vantagens e desvantagens no uso de ambos: por exemplo,
a entrevista tem a desvantagem de tempo gasto pelo
entrevistador com cada sujeito e a vantagem do retorno
garantido e imediato das respostas. A adoção de um ou
de outro vai depender das características da pesquisa e
dos sujeitos envolvidos; por exemplo, se os sujeitos são
pessoas não alfabetizadas, a única alternativa é o uso da
entrevista oral.
• Testes: instrumentos utilizados visando medir ou avaliar
alguma propriedade ou habilidade do indivíduo. Eles
podem ser padronizados - como os testes de avaliação do
nível inteligência, por exemplo, que só podem ser adotados
após análise e aprovação pelo Conselho de Psicologia -
ou elaborados pelo próprio pesquisador. Nesse caso, o
teste precisa passar por fases de testagem, reformulação
e validação, para que possa ser aplicado na pesquisa.
Embora seja mais amplamente utilizado na etapa de
levantamento de dados, esse instrumento também
pode ser utilizado na fase de seleção; por exemplo, se o
estudioso pretende comparar dois grupos (um alfabetizado
Validação: como o próprio
nome sugere, diz respeito
à possibilidade de afi rmar
se um teste é válido e se
pode ser aplicado numa
pesquisa sem que seus
resultados tenham sofrido
interferências externas, ou
próprias ao teste mesmo. A
única maneira de confi rmar
se um instrumento é válido
é submetendo-o à prova,
ou seja, aplicando-o com
outros sujeitos que não os
da pesquisa propriamente
dita. Geralmente se faz isso
através de uma pesquisa-
piloto.
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e outro não alfabetizado), ele deve dividir os sujeitos pré-
selecionados nessas duas categorias; para tal, necessitará
aplicar testes visando classifi car o informante em um
desses dois grupos.
• Instrumentos mecânicos ou computadorizados: como
instrumentos mecânicos e computadorizados, estamos
denominando os aparelhos que exigem o conhecimento
de uma técnica de uso. Seria o caso dos aparelhos de
laboratório, como os microscópios, telescópios, lunetas,
aparelhos de ressonância magnética, ultrassonografi a entre
tantos outros. Embora mais comumente utilizados nas
pesquisas naturais ou em pesquisas médicas, os aparelhos
de mapeamento cerebral têm sido muito utilizados em
pesquisas na área da Linguística. Um exemplo é a pesquisa
da área da Psicolinguística, realizada por Morais et al
(2000), que utiliza aparelhos de cartografi a cerebral
para observar as zonas cerebrais ativadas durante a tarefa
de leitura.
Esses instrumentos são também mais utilizados na
etapa de levantamento de dados, mas podem também ser
úteis na fase de seleção dos candidatos a sujeito de pesquisa,
a depender dos critérios do autor.
3.2.2 Instrumentos de coleta
São as ferramentas usadas na etapa de coleta dos
dados da pesquisa. São aplicadas com sujeitos ou grupos,
visando promover situações para que os dados surjam - ou
sejam vistos mais apuradamente -, fornecendo, assim, as
informações pretendidas pelo pesquisador. É sobre esses dados
que o estudioso vai debruçar-se para avaliar suas hipóteses e
interpretar os resultados.
• Questionários: possuem as mesmas características formais
de um questionário utilizado na etapa de seleção, o que
muda, no entanto, é o objetivo com que o mesmo é usado.
Enquanto, na etapa anterior, seu objetivo é a seleção,
nesta, objetiva-se obter dados fi dedignos para a pesquisa,
tendo em vista as hipóteses prévias ou as questões que
norteiam a investigação.
Mapeamento ou
cartografi a cerebral:
Técnica que tem como
objetivo identifi car as zonas
do cérebro e as relações
que estabelecem umas
com as outras. Sua função
é investigar problemas de
origem neurológica, mas
também tem sido utilizado,
pela ciência, para investigar
o papel desenvolvido por
cada zona do cérebro,
visando identifi car a origem
de alguns problemas de
saúde e, assim, agir de
forma preventiva. Algumas
áreas interdisciplinares
da Linguística, como
a Psicolinguística e
a Neurolinguística,
também têm feito uso
do mapeamento cerebral
para investigar as áreas
do cérebro envolvidas na
aquisição e processamento
da linguagem oral e/ou
escrita.
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
• Entrevistas: também podem ser utilizadas na etapa de
levantamento de dados, com a mesma fi nalidade com que
se utilizam os questionários. Entretanto, a utilização deste
instrumento exige uma atenção mais redobrada nesta
etapa, visto que se costuma acreditar que a presença
do investigador pode inibir ou estimular no informante
determinados comportamentos, fazendo-o fornecer
respostas que ele não daria na ausência do investigador,
o que pode comprometer a fi dedignidade da pesquisa e
tornar os dados obtidos pouco confi áveis.
• Testes: como já dissemos antes, os testes são mais utilizados
na etapa de levantamento de dados do que na etapa de
seleção, pois é através deles que o investigador obtém os
dados necessários para avaliar sua hipótese de pesquisa.
Depois de colhidas as respostas a um teste, o investigador
deverá fazer uma categorização ou sistematização dessas
respostas, visando atender ao objetivo da pesquisa.
Ressaltamos que a interpretação que um estudioso dá a
uma resposta pode ser oposta à interpretação de outro
pesquisador; tudo vai depender do objetivo da pesquisa.
Isso mostra que os dados obtidos na resposta a um teste
podem ser continuamente utilizados em outras pesquisas,
para refutar ou confi rmar as hipóteses antes formuladas
pelo primeiro autor. Por isso, é importante que se utilizem
as informações obtidas numa investigação para a criação
de bancos de dados, visando auxiliar pesquisas futuras.
• Instrumentos mecânicos e computadorizados: também
como o anterior, estes são mais utilizados na etapa de coleta
de dados e têm a mesma função dos testes: a obtenção
de dados necessários à confi rmação ou refutação de uma
hipótese, ou a resposta à questão central que norteia a
pesquisa. Como o uso desses instrumentos requer o
domínio de técnicas de manipulação, eles podem ser ou
não aplicados pelo investigador; entretanto, deve-se ter o
cuidado para que os resultados obtidos através deles não
comprometam a fi dedignidade da pesquisa.
• Transcrições fonéticas/fonológicas: podem ser usadas
em qualquer pesquisa, entretanto, costuma-se utilizá-las
mais em pesquisas que envolvam o estudo da linguagem,
pelas razões que apontaremos a seguir. As transcrições
Transcrições fonéticas/fonológicas:
Forma padronizada de transcrever os dados orais sendo fi el àquilo que foi
enunciado pelo informante. Se o pesquisador pretende
representar aspectos individuais da fala do sujeito (como traços regionais, desvio da
norma padrão, sotaque entre outros), utiliza-se a transcrição fonética; se não há pretensão de representar traços
individuais, mas apenas ater-se à língua que o sujeito usa, utiliza-se a transcrição fonológica. A transcrição fonética deve estar baseada no alfabeto
fonético internacional (utilizado para representar falas em qualquer idioma);
enquanto a transcrição fonológica não representa a fala de um sujeito em particular, e, sim, uma representação ideal,
não real, de fala de uma comunidade linguística.
International Phonetic Association – IPA: A tradução para o
português é Alfabeto Fonético Internacional. Conjunto de caracteres gráfi cos, padronizados internacionalmente,
utilizado para representar, o mais fi elmente quanto possível, a fala de um
sujeito.
Confi ável: em que se
pode confi ar. Para que
possamos dar crédito
aos dados obtidos numa
pesquisa e confi armos
no seus resultados,
aplicando-o a alguma área,
é necessário observar se o
pesquisador fez uso do rigor
metodológico necessário a
uma investigação científi ca,
cujos requisitos têm sido
discutidos ao longo da
nossa disciplina.
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fonéticas ou fonológicas constituem-se na transferência da
fala (oral) para a escrita (gráfi ca), obedecendo às normas de
transcrição internacionais (ver normas da International
Phonetic Association – IPA (2005)). O objetivo dessa
transcrição é o registro fi el da fala dos sujeitos. Em virtude
dos propósitos da pesquisa linguística, a fi delidade à fala
do sujeito constitui-se critério fundamental, podendo
a ausência dela invalidar a pesquisa. Se a transcrição
pretende ser fi el ao dialeto geográfi co e social usado
pelo sujeito, deve-se usar a transcrição fonética, mas se
a pretensão é apenas o registro da língua, sendo fi el ao
idioma do sujeito, utiliza-se a transcrição fonológica.
3.2.3 Instrumentos de sistematização
Colhidos os dados e informações necessárias ao
pesquisador, segue-se o momento em que esses dados deverão
ser compilados e organizados de acordo com uma categorização
e/ou classifi cação (padronizada ou a critério do pesquisador). As
ferramentas usadas para efeito de sistematização dos dados é
que estamos denominando de instrumentos de sistematização.
Vejamos alguns deles:
- Tabelas: são utilizadas geralmente quando a pesquisa
contém dados numéricos, estatísticos e/ou percentuais. Devem
obedecer às normas fornecidas pela ABNT.
- Quadros: também visam sistematizar informações
para dar uma visão mais abrangente dos dados recolhidos,
facilitando a leitura do pesquisador durante a avaliação da
hipótese e análise dos resultados. Os quadros também devem
obedecer ao padrão da ABNT.
- Gráfi cos: os gráfi cos têm como função apresentar
uma visualização dos dados recolhidos, objetivando um melhor
entendimento, para o leitor, dos resultados e da análise feita
pelo investigador. Geralmente, fazem uso das informações já
sistematizadas através das tabelas. Com o avanço tecnológico,
a confecção de tabelas tornou-se algo razoavelmente fácil,
visto que o programa Excel já possibilita ao usuário a geração
automática de um gráfi co pela simples seleção dos dados de
uma tabela.
Dialeto geográfi co e social:
O dialeto geográfi co diz respeito às marcas
linguísticas que caracterizam a fala de
uma determinada região geográfi ca, dentro de uma
comunidade linguística maior. O dialeto social
refere-se às características de fala que permitem
enquadrar o sujeito dentro de um determinado estrato
sociocultural.
Tabelas, quadros,
gráfi cos, organogramas:
Na Unidade 3, ao
tratarmos da produção
da monografi a,
apresentaremos
exemplares desses
instrumentos, visando
melhor orientar a sua
elaboração.
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
Como se pôde notar, uma vez que o gráfi co é uma
imagem, deve-se utilizar a terminologia “fi gura” quando da
titulação de um determinado gráfi co. O mesmo deve ser feito
com as demais apresentações imagéticas (organogramas, fotos
entre outros).
- Organogramas: muito semelhantes aos gráfi cos,
têm a função de fornecer uma imagem ampla das informações
sistematizadas, principalmente quando a função é demonstrar
relações entre elementos.
3.3 Análise dos resultados
De posse de todos os dados sistematizados através
dos elementos antes descritos, o pesquisador encontra-se em
condições de avaliar suas hipóteses e interpretar seus achados.
É o momento essencial da pesquisa, pois é nessa
etapa que o pesquisador deverá fornecer a sua contribuição
individual à pesquisa acerca daquele tema escolhido, daí por
que a maneira como cada um leva a cabo essa tarefa é muito
particular. Muitas vezes, o investigador vai obtendo muitas
respostas ao longo das etapas da pesquisa, o que o leva a ir
fazendo anotações parciais para serem retomadas nesta etapa
de análise; outras vezes, o resultado só se mostra depois de
compilados todos os dados; mas é ainda possível que muitos dos
achados só venham à tona mais adiante, quando o investigador
estiver produzindo seu relatório de pesquisa, ou outros textos
de divulgação.
4 A DIVULGAÇÃO DA PESQUISA
Uma vez feita a análise e de posse dos seus
rascunhos de pesquisa, cabe ao pesquisador
apresentar os resultados do seu trabalho através
de textos de divulgação pública. Esses textos
podem apresentar resultados parciais ou totais a
depender do objetivo traçado.
Figura 4
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/600396
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4.1 Tornando pública parte das descobertas: fomento à discussão
É costume - principalmente
no interior das instituições
universitárias ou por incentivo de
órgãos de fomento à pesquisa
e organizações profi ssionais
- a promoção de eventos que
visem divulgar as pesquisas que
estão sendo feitas dentro de
áreas específi cas. São muitas as
denominações para esses eventos:
congressos, encontros, reuniões,
seminários, cursos, ofi cinas entre
outros. O objetivo é a divulgação
das pesquisas individuais e troca
de experiências e discussões
que visem enriquecer o trabalho
intelectual.
Essa divulgação pode ocorrer através de apresentações
orais ou escritas. As apresentações orais mais comuns são
as comunicações orais (individuais ou em grupo), minicursos,
ofi cinas entre outros. As apresentações escritas podem ser
feitas em formato de artigos, ensaios, resumos entre outros.
4.2 Divulgando os resultados fi nais: a con-tribuição à pesquisa e o direcionamento para novos estudos
Existem muitas formas de divulgação de uma pesquisa.
Já nos referimos anteriormente a algumas ferramentas textuais
bastante utilizadas nessa divulgação. Entretanto, quando se
trata de apresentar os resultados gerais de uma pesquisa,
costuma-se adotar recursos padronizados pela(s) instituição
(instituições) à(s) qual (quais) o pesquisador está vinculado.
No caso da UESC, as orientações para elaboração de relatório
de pesquisa (parcial e fi nal) encontram-se disponíveis no site:
http://www.uesc.br/propp.
Apresentações orais
ou escritas: existe uma
diversidade de gêneros
textuais orais ou escritos
(além dos que estão sendo
citados aqui) que compõem
os eventos científi cos de
divulgação de pesquisas.
Sugerimos, ao fi nal desta
aula, a leitura de textos
informativos sobre os
mesmos.
SAIB
A M
AIS
Órgãos de fomento à pesquisa: Órgãos ofi ciais cujo objetivo é incentivar a produção científi ca regional ou nacional, fornecendo apoio logístico e fi nanceiro para tal. No Brasil, dentre os mais conhecidos estão: o CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico; a FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos; a CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. No âmbito estadual, temos a FAPESB - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.
Organizações profi ssionais: As organizações profi ssionais são usadas aqui para referir-se às entidades cujo objetivo é promover a formação e atualização dos profi ssionais de uma determinada área. Também podem ter a função de defi nir uma política de atuação naquela área específi ca. Geralmente são denominadas associações, conselhos, sociedades entre outros. No caso da formação em Letras, algumas dessas organizações são: ABRALIN – Associação Brasileira de Linguística; ANPOLL – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística; ALAB – Associação Brasileira de Linguística Aplicada entre outras.
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Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuais
Quando se trata de pesquisa como resultado de
conclusão de curso na Universidade, as ferramentas mais
comumente utilizadas para a divulgação dos resultados totais
dessa pesquisa são: monografi a, dissertação e tese - dentro
das normas da ABNT/NBR 6023 (2002, p. 3), esses gêneros
são todos inclusos no interior da categoria monografi a. Esses
gêneros costumam ser utilizados como trabalho de conclusão
de cursos de graduação (monografi a), mestrado (dissertação)
e doutorado (tese).
A unidade 3 da nossa disciplina será toda dedicada às
normas para elaboração e redação da monografi a, visto ser
este o gênero textual mais amplamente utilizado como trabalho
fi nal dos cursos de graduação na universidade.
5 CONCLUSÃO
Iniciamos esta unidade - que tem como objetivo central
orientar os alunos de graduação quanto à produção de alguns
gêneros textuais envolvidos na pesquisa científi ca - fornecendo
uma visão ampla de algumas das ferramentas textuais
utilizadas nas pesquisas científi cas. O objetivo foi oferecer
um suporte mínimo para que o iniciante em pesquisa possa
lançar mão das ferramentas disponíveis durante a preparação,
execução e divulgação da pesquisa. As ferramentas utilizadas
durante a execução da pesquisa, por serem mais comuns e
menos complexas do ponto de vista normativo e textual,
foram exemplifi cadas e explicitadas nesta aula. Nas próximas
aulas, iremos discutir mais pormenorizadamente a ferramenta
padrão utilizada para a preparação da pesquisa: o projeto de
pesquisa. Para tal trataremos de cada etapa da pesquisa e
de como elaborar o texto atendendo a cada uma delas. Na
unidade 3, nos dedicaremos a uma das principais ferramentas
de divulgação: a monografi a.
Monografi a, dissertação
e tese: constituem-se
os três gêneros textuais
mais utilizados como
trabalho de conclusão de
curso, a ser desenvolvido
pelo estudante. A
monografi a geralmente
é o gênero utilizado
como TCC – Trabalho de
Conclusão de Curso de
graduação ou trabalho
fi nal da especialização; ao
passo que a dissertação
deve ser utilizada como
trabalho de conclusão
de curso de mestrado e
a tese, o trabalho fi nal
do doutorado. Esses dois
últimos exigem, ainda,
como complementar,
uma apresentação oral
denominada “defesa”,
em que o estudante é
arguido e avaliado por
profi ssionais capacitados
na área específi ca em que
o estudante realizou a
pesquisa.
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LEITURA RECOMENDADA
1. Texto sobre preparação da pesquisa:Castro A. A.; Clark, O. A. C. Planejamento da pesquisa.Disponível em: www.evidencias.com/planejamento. Acesso em: 5 nov. 2009.
2. Texto sobre os diferentes gêneros textuais orais que compõem eventos científi cos:BERTOLLO, E. M. G.; VIANNA, M. J. B.; OLIVEIRA, F. de. Manual on-line para organização de eventos científi cos e pedagógicos. FAMERP.Disponível em: www.manualdeeventos.famerp.br/. Acesso em: 5 nov. 2009.
3. Texto sobre diferentes gêneros/ferramentas textuais escritas de divulgação de pesquisa:FORTE, S. H. A. C. Manual de elaboração de tese, dissertação e monografi a.Fortaleza: Uni-versidade de Fortaleza, 2006. Disponível em:www.unifor.br/notitia/fi le/1004.pdf. Acesso em: 5 nov. 2009.
AATIVIDADETIVIDADE
Objetivando desenvolver a sua capacidade de construir uma visão geral e clara de uma pesquisa, solicitamos, nesta atividade, a leitura de um artigo científi co e posterior preenchimento dos dados solicitados. Você deverá fornecer, com suas palavras, informações gerais sobre a pesquisa realizada por aquele autor. Seguem os dados sobre o artigo:
SCARAMUCCI, Matilde V. Ricardi. A competência lexical de alunos universitários aprendendo a ler em inglês como língua estrangeira. DELTA, ago 1997, vol.13, n. 2, p. 215-246. ISSN 0102-4450. Disponível no site: http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/
Após ler o texto sugerido, forneça as informações abaixo:1. Título:2. Tema: 3. Autor (es):4. Instituição:5. Objetivo central:6. Metodologia adotadaa) tipo de pesquisa:b) instrumento(s) utilizado(s) na seleção:c) instrumento(s) utilizado(s) na coleta dos dados:d) instrumento(s) utilizado(s) na sistematização dos dados:e) instrumentos(s) utilizado(s) na divulgação:
7. Tipo de divulgação (parcial ou total):8. Principais resultados apresentados:
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90 Módulo 2 I Volume 1 EAD
Pesquisa Aplicada ao Ensino em Letras As etapas de pesquisa e as ferramentas textuaisR
EF
ER
ÊN
CIA
S
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15287: informação e documentação: projeto de pesquisa: apresentação. Rio de Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS E PESQUISAS. 2003. Critérios de Classifi cação Econômica Brasil. Disponível em:http://www.abep.org/codigosguias/ABEP_CCEB_2003.pdf. Acesso em: 6 nov. 2008.
MORAIS, J.; KOLINSKY, R. Neurociência cognitiva e psicolingüística II: a linguagem escrita. Porto Alegre: Palavras [S.l.], n. 6, p. 77-92, 200.
UNIVERSITY COLLEGE LONDON. The IPA-SAM phonetic fonts. 2005. Disponível em: http://www.phon.ucl.ac.uk/home/wells/fonts.htm. Acesso em: 10 nov. 2009. VIEIRA, Sônia. Como elaborar questionários. São Paulo: Atlas, 2009.
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Suas anotações
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