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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO
SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO
Unidade Auditada: NUCLEO ESTADUAL DO MS/MG
Município - UF: Belo Horizonte - MG
Relatório nº: 201409269
UCI Executora: CONTROLADORIA REGIONAL DA UNIÃO NO
ESTADO DE MINAS GERAIS
RELATÓRIO DE AUDITORIA
Senhor Chefe da CGU-Regional/MG,
Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201409269,
apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de
gestão, ocorridos no Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em Minas Gerais
(Nems/MG), no período de 01/01/2013 a 31/08/2014.
I – ESCOPO DO TRABALHO
Os trabalhos foram realizados na sede da CGU-Regional de Minas Gerais, no período de
09/09/2014 a 06/02/2015, mediante análise do Processo nº 25003.013425/2012-21 acerca
da licitação e contratação da empresa Ribal Locadora de Veículos Ltda (CNPJ nº
07.605.506/0001-73) para a prestação de serviço de transporte com motorista, em estrita
observância às normas de auditoria aplicáveis ao serviço público federal.
Nenhuma restrição foi imposta aos nossos exames que abrangeram:
- análise da documentação referente ao Pregão Eletrônico nº 02/2012;
- análise dos termos do Contrato nº 22/2012, de 07/12/2012.
II – RESULTADO DOS EXAMES
1 GESTÃO DO SUPRIMENTO DE BENS/SERVIÇOS
1.1 PROCESSOS LICITATÓRIOS
1.1.1 FORMALIZAÇÃO LEGAL
1.1.1.1 CONSTATAÇÃO
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Ausência de elaboração de planilha de custos e formação de preços, pelo
Nems/MG, para subsidiar a contratação de serviços terceirizados por meio de
certame licitatório.
Fato
O Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em Minas Gerais (Nems/MG) realizou
pesquisa de preço visando obter o valor médio de mercado para a prestação de serviço de
locação de veículos com motorista e, de tal maneira, identificar um valor de referência
para a realização do Pregão Eletrônico nº 02/2012. Os valores encontrados decorrentes
das pesquisas realizadas, considerando a contratação de oito veículos permanentes com a
franquia mensal estimada de 1.780 km por veículo, encontram-se descritos a seguir:
Tabela 1: Pesquisa de preços de mercado realizada pelo NEMS/MG
Empresa proponente CNPJ da empresa
Data
Preço
unitário
Km
rodado
(em R$)
Preço total
mensal
(em R$)
Preço total
anual
(em R$)
SWS Transportes Ltda. 02.973.068/0001-82 12/09/12 6,00 85.440,00 1.025.280,00
Empresa de Transportes
Apoteose Ltda. 66.455.536/0001-00 12/09/12 8,31 118.334,40 1.420.012,80
GP7 Logística Ltda. 13.150.147/0001-00 12/09/12 8,33 118.619,20 1.423.430,40
Celin Transportes Ltda. 05.591.280/0001-73 12/09/12 8,40 119.616,00 1.435.392,00
Preço Médio Unitário 7,76
Fonte: Processo nº 25003.013425/2012-21, volume I, páginas 89 a 97 e 172.
A partir dos valores aferidos na estimativa de custos realizada com empresas do ramo de
transporte, o Nems/MG procedeu ao cálculo da média aritmética, encontrando preço de
mercado de R$7,76 por quilômetro rodado e identificando como valor estimado da
licitação o montante de R$1.326.028,80, conforme tabela a seguir:
Tabela 2: Valor estimado da licitação
Veículo
Categoria
Quantidade de
Veículos
Permanentes
Franquia
Mensal
Estimada por
Veículo
Preço Unitário
Km Rodado
(em R$)
Preço Total
Mensal
(em R$)
Preço Total
Anual
(em R$)
Sedan 1.8 8 1.780 Km 7,76 110.502,40 1.326.028,80
Fonte: Processo nº 25003.013425/2012-21, volume II, página 212, referente ao Anexo I-A do Edital do
Pregão Eletrônico nº 02/2012.
Em que pese a realização de quatro cotações de preços pela Unidade examinada,
objetivando buscar o valor estimado da futura contratação, não houve a elaboração de
planilha orçamentária relativa aos serviços terceirizados. A planilha orçamentária deveria
ter sido elaborada, pelo órgão licitante, com base no modelo de planilha de custos e
formação de preços prevista na Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 02/2008 que
disciplina as contratações de serviços terceirizados. O preenchimento da referida planilha
de custos teria a função de subsidiar a Administração com informações sobre a
composição do preço a ser contratado, além de servir de referência para a adequada
avaliação, classificação e julgamento das propostas ofertadas e parâmetro para a análise
de possíveis sobrepreços nos itens a serem contratados. É de se concluir que para a
identificação de valores incompatíveis com os preços praticados no mercado, ou mesmo
valores simbólicos ou irrisórios, seria necessário que o agente público fixasse um
parâmetro de comparação, ou seja, os dados propostos pelas empresas licitantes deveriam
ser confrontados com a estimativa anteriormente aferida pelo órgão. Entretanto, como já
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relatado, tal comparação não foi possível, tendo em vista a estimativa deficiente dos
custos da pretensão contratual que não proporcionou a fixação de parâmetros de análise.
Cumpre esclarecer a importância de se proceder a uma análise crítica, pela
Administração, dos valores obtidos nas pesquisas de preço realizadas, uma vez que o
valor médio de mercado é, na verdade, um parâmetro que deve ser percebido de forma
relativa. Há que se considerar a existência de fatores que podem interferir no
preenchimento das pesquisas de preços pelos fornecedores. Nesse sentido, não há
qualquer benefício dado pelo órgão ou ente público, quando da solicitação às empresas
da pesquisa de preço, que minimize o seu (da empresa) dispêndio de tempo e de recursos
humanos envolvidos no processo. Além disso, nada impede que uma determinada
empresa apresente uma estimativa de custo maior, quando da pesquisa de preço, do que
a proposta apresentada por ela posteriormente quando, se porventura, participasse do
certame. Diante desses fatos, não há óbice que os fornecedores consultados apresentem
uma proposta fictícia e com sobrevalor.
Outra situação que merece atenção se refere à necessidade de que os órgãos licitantes se
atenham a situações que indiquem possível acordo de valores entre as pessoas jurídicas
ou físicas consultadas quando da pesquisa de mercado, no intuito de evitar que empresas
que possuam sócios em comum participem de um mesmo processo. Cumpre mencionar
que, em pesquisa ao sistema de dados CNPJ, foi verificado que o responsável e sócio
administrador (CPF nº ***.689.836-**) da Empresa de Transportes Apoteose Ltda.
(CNPJ nº 66.455.536/0001-00) e o responsável e sócio (CPF nº ***.341.956-**) da GP7
Logística Ltda. (CNPJ nº 13.150.147/0001-00) são também, respectivamente,
responsável/presidente e diretor da empresa Nuuch Holding Empreendimentos S/A
(CNPJ nº 08.482.470/0001-40).
Por fim, observa-se que a ausência de preenchimento de planilha orçamentária, pelo
Nems/MG, confere insegurança quanto à confiabilidade do preço de referência adotado,
principalmente em virtude da metodologia adotada para o estabelecimento de tal valor. O
valor de referência considerou somente a média aritmética dos orçamentos propostos na
pesquisa de preço com empresas do ramo de transporte, não sendo realizada busca de
preços referenciais, por exemplo, em sistemas oficiais, ou mesmo em outras contratações
similares, em execução ou concluídas nos 180 dias anteriores, de outros entes públicos.
Para a adequada formação do preço de referência seria necessário aliar a pesquisa de
preços de mercado com o preenchimento, pelo Nems/MG, da planilha de custos e
formação de preços para serviços terceirizados, de modo que a definição do limite
máximo aceitável pela Administração traduzisse, de modo mais fidedigno possível, os
valores praticados no mercado e para que a contratação obedecesse ao princípio da
economicidade. Tal fato configurou ausência de critérios de aceitabilidade de preços
unitários nos editais, em desacordo com o que determina o art. 40, inciso X, da Lei nº
8.666/93. ##/Fato##
Causa
O Chefe da Divisão de Convênios e Gestão do Nems/MG, juntamente com o responsável
pelo Setor de Recursos Logísticos, autorizaram a realização de certame licitatório, para a
contratação de empresa prestadora de serviços de transporte, sem a elaboração, pela
Unidade examinada, de planilha de custos e formação de preços que serviria de subsídio
para a determinação do valor máximo aceitável pela Administração para a referida
contratação.
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##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por intermédio do Ofício nº 242/DIGAD/NEMS/MG, de 20 de Novembro de 2014, o
Nems/MG prestou a seguinte manifestação:
“Não houve preenchimento da “Planilha de Custos e Formação de Preços”,
antecipadamente para referência, tendo em vista que nas consultas feitas às empresas do
ramo, não foram enviadas as Planilhas de Custos e Formação de Preços, sob a alegação
de que não iram (sic) abrir os custos da empresa antes da licitação. Destacamos que não
existe regulamentação efetiva quanto a essa obrigatoriedade na etapa de formação de
preços. Isso só ocorreu no momento da licitação, no momento do aceite da proposta de
melhor oferta, quando normalmente os fornecedores enviam o valor do custo da possível
contratação. Atualmente como é sabido por todos é de grande dificuldade a obtenção de
orçamentos do objeto a ser contratado, seja um simples material de consumo até as
contratações mais expressivas.”.
Por meio do Ofício nº 041/DIGAD/NEMS/MG, de 20/03/2015, em decorrência de sua
análise ao Relatório Preliminar encaminhado, o Nems/MG prestou a seguinte
manifestação:
“1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
A Controladoria Geral da União executou trabalhos de auditoria no Núcleo Estadual do
Ministério da Saúde/MG, no ano de 2014 e início de 2015, gerando o Relatório de nº
201409269, relativo ao processo 25003.013425/2012-21 – Transporte Terrestre, o qual
foi objeto de análise pelo NEMS/MG, juntamente com os apontamentos efetuados no
decorrer dos trabalhos.
Isto posto, promoveu-se leitura detalhada da Instrução Normativa MPOG/SLTI nº
02/2008; do Manual de Orientação para Preenchimento da Planilha de Custo e
Formação de Preços, vigente à época do certame; do Caderno de Logística – Transporte
Terrestre, publicado em 2014, e ainda consultas à editais de licitações com
características similares, a saber:
- PE 00032/2012 - Fundação Oswaldo Cruz
- PE 00020/2011 – Ministério das Comunicações – ANATEL
- PE 00002/2012 – Ministério da Fazenda – Secretaria Executiva
- PE 00002/2012 – Ministério de Ciência e Tecnologia – Agência Espacial Brasileira
- PP 011/2012 – Universidade Federal de São João Del-Rei
- PE 0004/2012 – Ministério da Previdência Social – INSS – Gerência Regional de São
Paulo.
No que diz respeito ao Manual de Orientação para Preenchimento da Planilha de Custo
e Formação de Preços do MPOG, destaca-se o seguinte:
“O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MP, em parceria com a
Fundação Instituto de Administração - FIA, realizou estudos dos fatores,
parâmetros e outros elementos, para aprimorar a composição dos valores
limites dos serviços de vigilância e de limpeza e conservação, atendendo a
recomendação do Tribunal de Contas da União.
Desses estudos resultaram um novo Modelo de Planilha de Custo e Formação
de Preços, atendendo ao previsto no art. 5° do Decreto n° 2.271, de 1997, ao
art. 7°, §2°, inciso II, da Lei n° 8.666, de 1993 e ao art. 19, inciso III, da
Instrução Normativa nº 02/2008 da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação - SLTI/MP. O novo Modelo de Planilha de Custo, ao contrário do
anterior, segue padrão diferente da metodologia de grupos (A, B, C, D e E),
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introduzindo uma metodologia de cálculo de valores limites a partir das
peculiaridades de cada serviço.”
“O modelo, não tem o condão de contemplar as especificidades de todos os
casos, razão pela qual deve ser adaptado ao que requer cada situação.”
Do acima exposto, depreende-se que a natureza da contratação exige conhecimento,
planejamento, estudos e acompanhamentos que não se fazem em curto espaço de tempo.
Ademais o modelo é específico para alguns tipos de serviços que não o de transporte
terrestre, o que exige detalhamentos adicionais, estando, pois, sujeito a eventuais
divergências de interpretações.
“Observação (4) - Em casos de contratação de serviços continuados, adotar
unidade de medida que permita a mensuração dos resultados para o pagamento
da contratada, e que elimine a possibilidade de remuneração com base na
quantidade de horas de serviço ou por postos de trabalho, salvo quando houver
inviabilidade da adoção do critério de aferição dos resultados.”
Quanto à adoção de unidade de medida, o critério utilizado no presente processo foi
quilômetro rodado. O que foi possível verificar é que, mesmo com a utilização da mesma
unidade de medida, diferentes processos apresentam parâmetros distintos para a referida
definição, o que dificulta o procedimento de comparação entre valores.
“MÓDULO 3 - INSUMOS DIVERSOS (uniformes, materiais, equipamentos e
outros) Nota: Valores mensais por empregado.”
Este módulo apresenta, muitas vezes, inconsistências nas diversas avaliações, uma vez
que se verifica a inclusão de itens que não são relativos aos custos dos empregados, o
que comprova a dificuldade no alinhamento quanto à utilização padronizada da Planilha
de Custo e Formação de Preços.
Cabe, ainda, destacar que a presente contratação pode apresentar formatos distintos,
muito bem categorizados no Caderno de Logística – Transporte Terrestre (MPOG/2014):
- Locação de Veículo
- Contratação de Motoristas
- Locação de veículos com motorista (com/sem combustível)
Estudos preliminares já apresentaram evidências de que, para cada um dos tipos acima
mencionados, devem existir procedimentos a serem adotados para os quais não existe
padronização ou referência técnica, o que leva à realização de procedimentos licitatórios
com critérios distintos, para escopos semelhantes.
O presente processo foi instruído diferentemente da contratação anterior do NEMS/MG,
exigindo maiores cuidados no que se referiu à determinação do quantitativo, limite de
franquia e acompanhamento na execução, notadamente em função da franquia, para que
não ocorresse risco de prejuízo ao erário. Ressalta-se (sic) a cautela e qualidade dos
procedimentos de fiscalização, possíveis de serem aferidos por meio dos documentos
anexados aos autos.
A pesquisa de preços partiu da determinação do tipo de veículo a ser contratado e
determinação da franquia mensal, tendo como base o quilômetro rodado. O NEMS/MG
não adotou como critério para a formação do valor de referência a Planilha de Custo e
Formação de Preços, uma vez que a contratação estava se dando pela unidade de medida
“quilômetro rodado”. A planilha foi considerada, como instrumento adicional, para
composição dos custos relativos ao empregado. Nessa linha, atentamos para o Acórdão
4.621/2009 - 2ª Câmara – TCU:
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“Quanto se realiza licitação pelo menor preço global, interessa
primordialmente para a Administração o valor global apresentado pelos
licitantes. É com base nesses valores apresentados que a Administração
analisará as propostas no tocante aos preços de acordo com os dispositivos
legais pertinentes (por exemplo, a exeqüibilidade dos valores ofertados, a
compatibilidade com os preços de mercado e a prática ou não de valores
abusivos). A exigência, no que toca às licitações que envolvem terceirização de
mão de obra, de apresentação de planilha de custos de preços pelos licitantes
insere-se nesse contexto, pois são instrumento essencial para que se possa
analisar a regularidade dos preços ofertados. Sem essas planilhas, arrisca-se a
dizer que a análise dos preços por parte da Administração restaria em grande
parte prejudicada pela deficiência de dados em que fundar sua análise. Tal
entendimento resta bem evidenciado no inciso XII do art. 15 da Instrução
Normativa 02/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a qual
dispõe sobre regras e diretrizes para a contratação de serviços, continuados ou
não: “XII - o custo estimado da contratação, o valor máximo global e mensal
estabelecido em decorrência da identificação dos elementos que compõem o
preço dos serviços, definido da seguinte forma: a) por meio do preenchimento
da planilha de custos e formação de preços, observados os custos dos itens
referentes ao serviço, podendo ser motivadamente dispensada naquelas
contratações em que a natureza do seu objeto torne inviável ou desnecessário o
detalhamento dos custos para aferição da exequibilidade dos preços praticados;
e b) por meio de fundamentada pesquisa dos preços praticados no mercado em
contratações similares; ou ainda por meio da adoção de valores constantes de
indicadores setoriais, tabelas de fabricantes, valores oficiais de referência,
tarifas públicas ou outros equivalentes, se for o caso.” (grifei) A respeito, ainda
no sentido do caráter instrumental das planilhas, trago as seguintes
considerações constante do voto condutor do Acórdão 963/2004-Plenário: “6.
Sobre a desnecessidade de detalhamento dos itens que compõem os encargos
sociais e trabalhistas na planilha de preços utilizada como modelo no edital,
penso que a presumida omissão não traz problemas para o órgão contratante,
pois, segundo explicado pela unidade técnica, o contratado é obrigado a arcar
com as consequências das imprecisões na composição dos seus custos.” Não é
demais lembrar que a Administração não pagará diretamente pelos encargos
trabalhistas indicados na planilha, pois são eles de responsabilidade da
contratada. Não interessa para a contratante, por exemplo, se em determinado
mês a contratada está tendo gastos adicionais porque muitos empregados estão
em gozo de férias ou não. À contratante interessa que haja a prestação de
serviços de acordo com o pactuado. Ou seja, a planilha de formação de custos
de mão de obra constitui um útil ferramental para a análise do preço global
ofertado, mas não constitui em indicativos de serviços unitários a serem pagos
de acordo com a sua execução, como quando ocorre com os serviços indicados
no projeto básico de uma obra pública, os quais são pagos de acordo com o
fornecimento de cada item unitário. Aliás, nem poderia ser diferente, pois a
contratação prevê um pagamento fixo mensal e os valores dos encargos
trabalhistas indicados estão sujeitos a variações que escapam ao controle das
partes contratantes (v. g., aviso prévio indenizado, auxílio doença, faltas legais,
licença maternidade/paternidade, faltas legais, etc.). Desta forma, os valores
correspondentes aos encargos são meras estimativas apresentadas pela
licitante, de forma que eventuais divergências entre o apresentado e o
efetivamente ocorrido devem ser considerados como inerentes aos riscos do
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negócio, impactando positivamente ou negativamente sobre o lucro da
contratada. Releva ainda saber o procedimento a ser adotado quando a
Administração constata que há evidente equívoco em um ou mais dos itens
indicados pelas licitantes. Não penso que o procedimento seja simplesmente
desclassificar o licitante. Penso sim que deva ser avaliado o impacto financeiro
da ocorrência e verificar se a proposta, mesmo com a falha, continuaria a
preencher os requisitos da legislação que rege as licitações públicas - preços
exequíveis e compatíveis com os de mercado. Exemplifico. Digamos que no
quesito férias legais, em evidente desacerto com as normas trabalhistas, uma
licitante aponha o porcentual de zero por cento. Entretanto, avaliando-se a
margem de lucro da empresa, verifica-se que poderia haver uma diminuição
dessa margem para cobrir os custos de férias e ainda garantir-se a
exequibilidade da proposta. Em tendo apresentado essa licitante o menor preço,
parece-me que ofenderia os princípios da razoabilidade e da economicidade
desclassificar a proposta mais vantajosa e exequível por um erro que, além de
poder ser caracterizado como formal, também não prejudicou a análise do
preço global de acordo com as normas pertinentes. Afirmo que a falha pode ser
considerada um erro formal porque a sua ocorrência não teria trazido nenhuma
consequência prática sobre o andamento da licitação. Primeiro, porque não se
pode falar em qualquer benefício para a licitante, pois o que interessa tanto
para ela quanto para a Administração é o preço global contratado. Nesse
sentido, bastaria observar que a licitante poderia ter preenchido corretamente
o campo férias e de forma correspondente ter ajustado o lucro proposto de
forma a se obter o mesmo valor global da proposta. Segundo, porque o caráter
instrumental da planilha de custos não foi prejudicado, pois a Administração
pôde dela se utilizar para avaliar o preço proposto sob os vários aspectos legais.
Em suma, penso que seria um formalismo exacerbado desclassificar uma
empresa em tal situação, além de caracterizar a prática de ato antieconômico.
Rememoro ainda que a obrigação da contratada em pagar os devidos encargos
trabalhistas advém da norma legal (art. 71 da Lei 8.666/93), pouco importando
para tanto o indicado na planilha de custos anexa aos editais de licitação.
Raciocínio idêntico aplica-se quando a cotação de item da planilha apresenta
valor maior do que o esperado. Ora, o efeito prático de tal erro, mantendo-se o
mesmo preço global, seria que o lucro indicado na proposta deveria ser
acrescido do equivalente financeiro à redução de valor do referido item da
planilha. Da mesma forma, na linha do antes exposto, em sendo essa proposta
a mais vantajosa economicamente para a Administração e ainda compatível
com os preços de mercado, não vislumbro motivos para desclassificá-la. No
Relatório que acompanha a Decisão 577/2001 - Plenário, consta uma boa
delineação da questão efetuada pela unidade técnica, sendo que esta Corte
acolheu os pareceres precedentes no sentido aqui defendido: “Evidentemente
espera-se não haver diferenças entre a informação posta na planilha e aquela
exigida pela lei ou pelo acordo. Mas, e se houver? Só há duas alternativas, cuja
validade cabe discutir: 1ª) acata-se a proposta, mas o proponente tem que
suportar o ônus do seu erro (que resulta em uma oferta menos competitiva, se o
valor informado for maior que o exigido, ou em uma redução da margem de
lucro inicialmente esperada, na situação inversa); ou 2ª) desclassifica-se a
proposta sumariamente, o que não deixa de ser uma medida drástica, se
considerarmos que a licitação não é um fim em si mesma, mas meio para a
Administração selecionar a oferta que lhe for mais vantajosa, dentro dos limites
de atuação estabelecidos pelo legislador.” É bem verdade que o ilustre
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doutrinador demonstra entendimento aparentemente diverso ao aqui exposto.
Marçal Justen Filho (in Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos - 13ª Ed., p. 631): “Não é incomum que o sujeito adote projeção
incorreta relativamente à carga tributária ou quanto a outros encargos
incidentes sobre a execução da prestação. Como decorrência, o sujeito atinge
valor total inferior ao ofertado pelos demais licitantes...Rigorosamente essa é
uma hipótese de desclassificação da proposta...Não cabe ao sujeito afirmar,
posteriormente, que aceitará atuar com margem de lucro mais reduzida (eis que
uma parte daquilo que estava previsto como lucro será destinado ao custeio dos
tributos). Se essa solução fosse viável, o sujeito já a teria adotado
anteriormente.” Vê-se pois que o ilustre doutrinador centrou sua análise na
possível inexequibilidade da proposta. Entretanto, em suas conclusões, à página
632 da mesma obra, ele acaba por defender exatamente a tese aqui defendida:
“No entanto, essa questão deverá ser avaliada em termos relativos, segundo o
critério acima indicado. Cabe verificar a dimensão do equívoco e a gravidade
do risco a ser assumido pela Administração.” Dessa forma, concluindo o
raciocínio, entendo que eventuais falhas constantes das planilhas de custos
unitários indicativos dos custos de formação de obra terceirizada devem ser
adequadamente sopesadas de acordo com os objetivos instrumentais dessa
planilha, de forma a não serem desclassificadas propostas mais vantajosas para
a Administração e cujos preços atendam aos requisitos legais. Destaco que, até
mesmo em situações em que se verifica itens unitários com sobrepreço, em se
constatando a razoabilidade do preço global não se fala em prejuízos para a
Administração. A respeito, trago à baila o voto condutor do Acórdão 159/2003-
Plenário: “Há de se distinguir os graus de discrepância existentes entre os
custos unitários ofertados pelos licitantes e os custos unitários cotados pela
Administração. Em uma licitação onde o objeto é composto pela execução de
vários serviços - como é o caso das adutoras do Alto Sertão e Sertaneja -, é
evidente que alguns deles apresentarão preços unitários acima dos fixados pela
Administração. O ponto, então, é saber a magnitude dessa diferença, e, ainda,
os seus reflexos sobre a execução. Nos casos em que a discrepância é razoável,
normal, não há de se falar em desclassificação de propostas. Não fosse assim,
quer dizer, se qualquer sobrepreço em custos unitários autorizasse a
desclassificação das propostas, seria difícil para a Administração contratar
obras de grande porte, formadas pela execução de numerosos serviços. É tendo
por bases esses casos, os de discrepância razoável em custos unitários, que a
Lei nº 8.666/93, por meio dos artigos que citei, não estabelece a obrigatoriedade
de desclassificação em virtude de custos unitários. É neste contexto, inclusive,
que o administrativista Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações,
8ª ed., pág. 403), ao comentar os artigos 43, inciso IV, e 48, diz o seguinte: “É
óbvio que preenche os requisitos legais uma proposta de cujo valor global não
é excessivo, ainda quando o preço unitário de um dos insumos possa ultrapassar
valores de mercado ou registros de preços (e, mesmo, tabelamento de preços).”
(grifei) Registro ainda que constou entendimento similar ao aqui defendido ao
ser determinada a suspensão do pregão em comento mediante liminar concedida
em mandado de segurança pela justiça de primeiro grau do Estado de Alagoas,
a qual não foi, entretanto, confirmada em segunda instância: “O formalismo
exigido no edital está obstando a finalidade do certame licitatório, que é
principalmente a busca pelo menor preço ...” (fl. 97, anexo 3) III - Sob a ótica
antes exposta, não vislumbro que tenha sido plenamente correta a conduta dos
gestores ao agirem com formalismo exacerbado. Deixo contudo de propor a
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aplicação de sanções pelo fato de saber que a matéria ainda não está totalmente
sedimentada, como aliás bem demonstra as o despacho do Desembargador do
Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas que permitiu a continuidade da
licitação após ela ser suspensa pela medida liminar em mandado de segurança
antes citada: “Ademais, não se verifica excesso de formalismo ao se exigir que
os licitantes cumpram com as normas estabelecidas na convenção coletiva de
trabalho ..., pois a agravante [Ceal] poderá sofrer com futuras ações
trabalhistas...” (fl. 97, anexo 3) Finalmente, tendo em conta as ocorrências aqui
expostas, entendo pertinente a proposta de determinação para que a
contratação em tela não seja objeto de prorrogação. TCU, Sala das Sessões
Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1 de setembro de 2009.
BENJAMIN ZYMLER Relator - JURISPRUDÊNCIA - TCU (Acórdão
3.006/2010 - Plenário) 9.2. Tudo leva a crer que as falhas identificadas são
originárias das fragilidades existentes na área de gestão de contratos, não se
podendo atribuir a qualquer servidor a responsabilidade pelas irregularidades,
pois não se configurou a existência de má-fé na elaboração das planilhas
orçamentárias, que possivelmente contribuíram com eventual beneficiamento
da então contratada, tendo em vista que a especificação técnica foi definida em
função do número de empregados e da jornada de trabalho dos funcionários a
serem contra dos, em desacordo com o art. 4º, inciso II, do Decreto n.º
2.271/1997, que veda a inclusão de disposições nos instrumentos contratuais
que permitam a caracterização exclusiva do objeto como fornecimento de mão
de obra. Análise: 21. A IN nº 2/2008 da SLTI/MP (Secretaria de Logística e
Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão) dispõe em seu art. 11 que, em regra, a contratação de serviços
continuados deverá adotar unidade de medida que permita a mensuração dos
resultados para o pagamento da contratada, admitindo-se, conforme
mencionado pela Embratur, excepcionalmente a adoção do critério de
remuneração da contratada por quantidade de horas de serviço, quando
demonstrada a inviabilidade da adoção do critério de aferição dos resultados.
22. A adoção de unidade de medida que permita a mensuração dos resultados é
uma forma de se evitar que a Administração Pública fique à mercê do
contratado, por meio da execução de um ajuste em que poderá estar
remunerando a ineficiência, ao simplesmente efetuar pagamentos por homens x
hora disponibilizados, sem que se detenha o conhecimento de quantos e quais
produtos correspondentes deveriam ser entregues. (...)”
Cabe aqui salientar o seguinte: o NEMS/MG promoveu pesquisa de preços para
formação do valor de referência com consultas feitas a fornecedores do mercado,
conforme descrito no processo e relatório da CGU e reproduzido abaixo:
EMPRESA
PROPONENTE
CNPJ
DA
EMPRESA
DATA
PREÇO
UNITÁRIO
KM
RODADO
(EM R$)
PREÇO
TOTAL
MENSAL
(EM R$)
PREÇO
TOTAL
ANUAL
(EM R$)
SWS Transportes Ltda - EPP 02.973.068/0001-82 12/09/12 6,00 85.440,00 1.025.280,00
Empresa de Transportes Apoteose Ltda - EPP 66.455.536/0001-00 12/09/12 8,31 118.334,40 1.420.012,80
GP7 Logística Ltda - ME 13.150.147/0001-00 12/09/12 8,33 118.619,20 1.423.430,40
Celin Transportes Ltda 05.591.280/0001-73 12/09/12 8,40 119.616,00 1.435.392,00
PREÇO MÉDIO UNITÁRIO 7,76
Cumpre apresentar a metodologia que orienta, em linhas gerais, a formação dos preços
de referência:
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1. Preços obtidos em contratações recentes;
2. Preços praticados em outros contratos da Administração Pública e também por
entidades privadas, desde que em condições semelhantes;
3. Preços praticados no balcão, de empresas do ramo do objeto, inclusive por meio
telefônico ou eletrônico, precatando-se, o agente responsável, de registrar a razão social
da empresa consultada, a data, nome de quem prestou a informação, entre outros dados;
4. Preços fixados por órgão oficial competente ou constantes do sistema de registro de
preços;
5. Preços constantes de publicações especializadas, se for o caso.
A mera comparação com preços praticados pelo mercado pode comprometer
sobremaneira a análise e decisões a serem tomadas quanto à formação de preços uma
vez que vários fatores influenciarão esta composição pela natureza e complexidade da
contratação:
- limite no estabelecimento da franquia ou quantitativos de diárias, que impacta
diretamente nos custos, risco e lucratividade da contratação;
- abrangência geográfica – não é possível concretamente proceder à comparação em
contratos cujos veículos circularão somente em uma região metropolitana, ou em região
montanhosa, ou em região plana, em viagens, bem como outras variáveis que, neste
condão, impactarão no preço final,
- localização e características do mercado,
- volume da contratação – economia de escala
- escopo da contratação, dentre outros.
Assim sendo, restou como alternativa para validação do valor de referência a adoção da
média dentre as propostas obtidas, atentando-se para a existência ou não de valores
discrepantes superiores e ou inferiores. Este procedimento apresenta uma condição para,
no momento do certame, aferir o posicionamento dos fornecedores na sessão de lances.
Eventuais majorações no valor de referência são passíveis de identificação quando
fornecedores apresentam lances manifestadamente inferiores na licitação.
O aspecto relativo à confiabilidade do preço de referência adotado configura-se como
concreta a partir do momento em que foi obtida a partir de cotações obtidas no mercado,
integrou um processo público, no qual houve clara disputa de empresas e lances.
Destaca-se que os fornecedores que apresentaram propostas no certame foram:
- Coopernova – Cooperativa Novalimense de Transporte, Carga de Veículos Ltda. – ME,
- ELV Empresa Locadora de Veículos Ltda.,
- Lila Turismo Ltda.,
- Multiamerican Serviços Ltda.,
- Milhas Turismo Ltda.,
- GP7 Logística Ltda.,
- Empresa de Transporte Apoteose Ltda.
- Ribal Locadora de Veículos Ltda.
As empresas GP7 Logística e Empresa de Transporte Apoteose Ltda participaram da
etapa de cotação e foram citadas no relatório da CGU, entretanto, participaram de uma
sessão pública de lances, acompanhadas de outras 06 (seis) empresas, não tendo
nenhuma das duas êxito quanto a proposta vencedora.
Nesta seara, constatamos que o princípio da eficiência, que norteia todas as ações no
NEMS/MG, foi considerado, sem se deixar de atentar para a razoabilidade das ações
adotadas, que permitiram a contratação dentro dos parâmetros legais pertinentes,
promovendo, assim a continuidade na prestação dos serviços do Núcleo.
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Por oportuno, os valores unitários relativos ao quilômetro rodado foram objeto de nova
análise, quando da realização de aditamentos contratuais, com vistas a comprovar a
vantajosidade para a Administração o que se encontra documentado às fls. 1162 e 1163,
tendo-se obtido o seguinte:
- GVP Auto Locadora & Serviços: R$8,14/km
- Trans21 Locação, Turismo, Carga e Motoboy Ltda.: R$8,51.
Formado o preço de referência e formatados edital e termo de referência, o processo foi
submetido à análise da Consultoria Jurídica da União – AGU (CJU/AGU). Foram feitos
118 apontamentos, sendo que nenhum deles fazia alusão à inexistência da Planilha de
Custo e Formação de Preços como referência para o julgamento no certame.
A CGU executou trabalho minucioso, com vistas a “validar” ou não os valores
registrados na Planilha de Custo e Formação de Preços, notadamente no que tange aos
custos fixos e variáveis em relação ao veículo. Considerando o prazo exíguo de resposta
(10 dias úteis), não promoveremos, neste momento, resposta individualizada, sob risco
de apresentarmos informações incompletas.
2 – PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTOS – CAPACITAÇÕES
Durante os trabalhos de auditoria, bem como em conformidade com o descrito no
relatório preliminar, cumpre avaliar o aspecto referente às capacitações.
O processo de aquisição de conhecimento não pode ser tratado como uma ferramenta
estanque, que se limita à realização de treinamentos e aplicação direta de normativos e
metodologias.
Deve ser considerado como um processo dinâmico, com variáveis que exigem
condicionantes na maioria das vezes inexistente na Administração Pública, sendo ainda
potencializados pelos seguintes fatores: rotatividade de servidores, perfis inadequados
às tarefas a serem executadas, quantitativo insuficiente de servidores para execução das
tarefas, complexidade e vinculação às leis e normativos existentes, dentre outros.
Assim sendo, o processo de aquisição e incorporação de conhecimento não pode ser
considerado como ações isoladas. Deve considerar um planejamento de diretrizes para
retenção do conhecimento já existente, registro em manuais e procedimentos, processos
contínuos de treinamentos e atualizações, análise crítica das ferramentas adotadas,
dentre outros.
Essas ações serão tão mais complexas e abrangentes dependendo do processo envolvido.
Notadamente no que diz respeito aos procedimentos que envolvem as orientações da
Instrução Normativa MPOG/SLTI nº 02/2008 cumpre ressaltar o caráter multidisciplinar
e multidepartamental o que exige um programa que efetivamente surtirá efeito a médio
prazo, tendo em vista a limitação natural que os órgãos têm para a adoção das medidas
necessárias.
O NEMS/MG já promoveu, em 2014, a capacitação de servidores nos cursos de Análise
e Construção de Planilhas de Formação de Custos e Preços, Fiscalização de Contratos,
estando na agenda para este ano curso mais abrangente relativo à utilização das
planilhas, outro relativo ao gerenciamento da conta vinculada e mais dois presenciais
de elaboração de termo de referência e fiscalização de contratos.
A partir das capacitações começa a ser possível a realização de um diagnóstico dos
procedimentos em curso para adoção de melhorias necessárias e padronizações. Não é
necessário destacar as dificuldades e tempo necessários para estas medidas, motivo pelo
qual entendemos que as avaliações devem considerar não tão somente aspectos e
princípios isolados, mas todo o contexto envolvido.
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Em 2015, foi instituído pela Portaria SAA, de 19 de dezembro de 2014, pelo Ministério
da Saúde, envolvendo todos os núcleos estaduais, com a finalidade de estudar
alternativas de formatos de contratação de transporte.
Isto posto, destacamos que o NEMS/MG, com o devido apoio do órgão central, mantem
sua diretriz de aprimoramento e ajustes com vistas ao atendimento aos princípios da
legalidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, dentre outros que norteiam
sempre nossas ações.
3 – EFICIÊNCIA – O CUSTO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A eficiência, como um dos princípios fundamentais da Administração Pública, não é
possível de ser aferida por fórmulas simples e de maneira isolada. Cumpre considerar
vários fatores que envolvem a eficiência de um processo e a determinação concreta de
seu custo.
Notadamente nos processos licitatórios muito se tem feito para aproximar as aquisições
do serviço público àquelas efetuadas pelo setor privado, o que ainda não é possível.
A burocracia que envolve os procedimentos públicos apresenta-se como o primeiro fator
que compromete as ações. Como exemplo tem-se a própria atividade de cotações de
preços:
- várias incertezas comprometem o preço, notadamente o tempo para a conclusão de
determinados processos;
- a não obrigatoriedade do fornecedor em oferecer propostas nesta etapa do processo,
deixando os órgãos dependentes das empresas para a sua conclusão;
- a conduta diferenciada dentre os fornecedores em apresentar as propostas, o que exige
um conhecimento dos servidores para a análise e definições quanto à adoção de valores
referenciais;
- a complexidade de determinados objetos, que exigem conhecimento específico;
- a complexidade de algumas ferramentas e normativos, dentre os quais a IN 02/2008;
- o perfil e a quantidade de servidores para o desempenho das tarefas.
No caso do NEMS/MG, para se permitir a segregação de funções nas tarefas que assim
o exige, muitas vezes o servidor acumula outras para o atendimento às demandas.
Atualmente, no NEMS/MG, não tem sido possível adotar as orientações de se permitir
que cada fiscal seja responsável somente por 01 contrato, normalmente cada um
responde por 04 ou 05. Sendo responsáveis, ainda, por todas as atividades de
acompanhamento de execução e de gestão.
Cumpre, ainda, destacar que pelo histórico das contratações relativas ao transporte
terrestre - locação de veículos, a cada novo processo aberto exige-se maior acuracidade,
lembrando que a referida contratação é meio para a consecução das atividades que são
finalidade precípua do NEMS/MG.
Para exemplificar, trazemos registros relativos às execuções das ações de auditoria e
convênios no ano de 2014:
- Auditoria: Valor Auditado pelo SEAUD/MS/MG, no exercício de 2014, foi de R$
446.577.200,38 (Quatrocentos e quarenta e seis milhões, quinhentos e setenta e sete mil,
duzentos reais e trinta e oito centavos).
- Convênios:
1 – 205 convênios no valor total de R$ 91.947.304,46 nos municípios de: Aimorés,
Alterosa, Alvinópolis, Andradas, Araxá, Areado, Baependi, Barbacena, Barra Longa,
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Barroso, Belo Horizonte, Boa Esperança, Bom Sucesso, Caeté, Cambuquira, Campestre,
Campo Belo, Campos Gerais, Carangola, Cataguases, Caxambu, Conceição do Rio
Verde, Contagem, Curvelo, Diamantina, Divinópolis, Eloi Mendes, Governador
Valadares, Guarani, Guarará, Indianópolis, Ipatinga, Itabira, Itabirito, Itaúna,
Ituiutaba, João Monlevade, Juiz de Fora, Lagoa Formosa, Lavras, Leopoldina, Luz,
Manhuaçu, Manhumirim, Muriaé, Nepomuceno, Nova Lima, Oliveira, Pará de Minas,
Paraguaçu, Passa Quatro, Passos, Pedralva, Pedro Leopoldo, Perdões, Piumhi, Poço
Fundo, Pompéu, Ponte Nova, Raul Soares, Rio Pomba, Santa Bárbara, Santa Luzia,
Santo Antônio do Monte, São Domingos do Prata, São João do Manhuaçu, São Sebastião
do Paraíso, Serrania, Serro, Simonésia, Taiobeiras, Teófilo Otoni, Três Corações,
Uberaba, Varginha, Viçosa e Visconde do Rio Branco. No período de fevereiro a
dezembro de 2014;
2 – 33 UPAS’S no valor total de R$ 41.040.000,00 de recurso pactuado e R$ 4.040.000,00
de recurso liberado nos municípios de: São Francisco, Montes Claros, Juiz de Fora,
Várzea da Palma, João Pinheiro, Curvelo, Diamantina, Congonhas, Ponte Nova,
Barbacena, Muriaé, Cataguases, Lagoa Santa, Santa Luzia, Betim, Contagem, Nova
Lima, Leopoldina, Caratinga, Timóteo, Governador Valadares, Ipatinga, João
Monlevade, Barão de Cocais, Itabira, Sarzedo, Pará de Minas, Oliveira, Conselheiro
Lafaiete, Francisco Sá, Jaíba e Salinas. Período fevereiro/2014;
3 – 31 UBS no valor total de R$ 8.146.725,00 de recurso pactuado e R$ 1.566.935,00 de
recurso liberado nos municípios de: Monte Azul, Vargem Grande do Rio Pardo, Janaúba,
Januária, Araguari, Ibiá, Perdizes, Araçuaí, Juruaia, Capelinha, Catuji, Rubelita, Nova
Módica, Santa Efigênia de Minas, Santo Antônio do Baixio, Diamantina, Monjolos,
Baldim, Contagem, Vespasiano, Alto do Caparaó, Mutum, Mariana, Pouso Alegre,
Caldas, Machado, Campos Gerais e Passos. Período de julho e agosto 2014.
Sendo assim, a manutenção das condições para a execução das atividades do NEMS/MG
é considerada como fundamental, motivo pelo qual reiteramos a razoabilidade e
proporcionalidade como princípios para nortear as decisões.
4 – ESTRUTURA DO NEMS/MG – O FLUXO DO PROCESSO – COMPETÊNCIAS
É importante salientar que as ações relativas aos processos de suprimentos na
Administração Pública pertencem a um macroprocesso, no qual os efeitos são sistêmicos
e com reações em cadeia, o que potencializa riscos muitas vezes complexos de serem
mitigados.
No caso do NEMS/MG, tem-se uma autonomia limitada, uma vez que o órgão central
encontra-se em Brasília.
Para as contratações de serviços ainda não temos modelos padronizados, manuais e
normativos que auxiliem a execução.
Apresentamos, a seguir, para mensuração do exposto, os agentes envolvidos no processo:
- Recursos Logísticos: elabora o termo de referência, efetua a pesquisa de preço e
encaminha ao ordenador de despesas para aprovação;
- Ordenador de Despesas NEMS/MG: avalia os apontamentos registrados pelos
Recursos Logísticos para aprovação ou não. Na contratação em questão, submete ao
órgão central em função do valor;
- Secretaria de Assuntos Administrativos (DF): analisa o processo para aprovação
(ordenação de despesas) de R$ 500.000,00 a R$ 1.000.000,00;
- Secretaria Executiva: analisa o processo para aprovação acima de R$ 1.000.000,00;
- Ordenador de Despesas NEMS/MG: analisa os registros do órgão central e manifesta-
se quanto ao prosseguimento;
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- Recursos Logísticos – Pregoeiro: executa a fase externa, registrando os eventos em
despacho para o ordenador de despesa;
- Ordenador de Despesas NEMS/MG: avalia os apontamentos registrados para decisão
quanto à homologação;
- Recursos Logísticos – assinatura do contrato;
- Fiscalização do Contrato: acompanhamento da execução do contrato, ateste nas notas
fiscais;
- Ordenador de Despesas NEMS/MG: autorização dos pagamentos a partir das
manifestações dos fiscais;
- Unidade Financeira: efetivação dos pagamentos.
5 - CONCLUSÃO
A análise dos resultados da gestão deve considerar todos os aspectos que envolvem o
processo de tomada de decisões e efetivação das ações.
Dados os aspectos que envolviam a presente contratação, entendemos que a CGU
adotaria um caráter pedagógico para orientações e ações necessárias.
O NEMS/MG adotou todas as medidas legais cabíveis à época, dentro das práticas
vigentes na condução de todo o processo licitatório e execução do contrato.
Cabe ratificar a limitação na estrutura do NEMS/MG, que não dispõe de servidores com
perfil técnico para atuar na elaboração e acompanhamento de contratações cujos objetos
são específicos e exigem conhecimento diferenciado. Isto posto, encontramos respaldo
no Acórdão AC-4852-30/10-2, a saber:
“11. Note-se que a Lei 8.666/93 não define que a responsabilidade pela pesquisa
de preço e a conseqüente elaboração do orçamento incumbem ao responsável
pela homologação do procedimento licitatório, à CPL ou ao pregoeiro. Aliás,
de outro modo não poderia ser, pois é inegável que não teriam condições de
realizar esses trabalhos para grande parte dos objetos licitados. Cito a título de
exemplo dessas dificuldades, e porque não dizer impossibilidades, a elaboração
de projetos ou termos de referência e dos respectivos orçamentos para objetos,
no mais das vezes, completamente díspares, tais como aquisição de soluções de
TI, prestações de serviços de limpeza e vigilância, execução de obras complexas,
bens permanentes e materiais de consumo dos mais diversos tipos.
12. No mais das vezes, os projetos básicos, os termos de referência, estimativas
de preço são elaborados pelas respectivas unidades requisitantes do bem,
serviço ou obra, ou por algum outro setor especializado e não necessariamente
pela CPL, pregoeiro ou autoridade superior.
13. Em verdade, a CPL, o pregoeiro e a autoridade superior devem verificar:
primeiro, se houve pesquisa recente de preço junto a fornecedores do bem e se
essa observou critérios aceitáveis; segundo, se foi realizada a adequação
orçamentária; e, por último, se os preços da proposta vencedora estão coerentes
com o orçamento estimado pelo setor competente.
14. No entanto, não existe nenhum impedimento legal para que a própria CPL,
o pregoeiro ou mesmo a autoridade superior, também, realize essas pesquisas,
obviamente desde que tenham as condições técnicas para essa finalidade e os
seus atos não representem repetição daqueles já efetivados por outros setores.
(...)
22. (...) os preços praticados pelo setor público é apenas mais um parâmetro
que deverá ser utilizado na elaboração dos orçamentos e no momento da
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adjudicação do objeto licitado. Entretanto, jamais poderá substituir uma
pesquisa de preços mais ampla realizada junto ao mercado.”
Assim sendo, os servidores, pregoeiros e ordenador de despesas atuam efetivamente em
processos com naturezas distintas, atentando para a execução dentro dos parâmetros
legais cabíveis, o que eventualmente pode acarretar diferenças de interpretações e
procedimentos adotados.
Ressalta-se, ainda, que os procedimentos de análise e acompanhamento da Planilha de
Formação de Custos e Preços também exigem conhecimentos diferenciados para
garantir a efetividade das ações.
Cumpre-nos declarar que a empresa contratada possui elementos suficientes e claros
para, conhecedora do objeto, registrar preços, propostas e custos efetivamente
compatíveis com a realidade, de modo que eventuais discrepâncias identificadas são de
inteira responsabilidade da mesma. No caso em questão houve rigor no
acompanhamento e apuração dos “quilômetros rodados” para a correspondente
efetivação do pagamento, dentro do valor adjudicado, abaixo do valor de referência, em
certame público com disputa em lances.
Assim sendo, tão logo recebamos o relatório definitivo da Controladoria Geral da União,
adotaremos as seguintes medidas:
- encaminhamento do relatório para a empresa contratada, com a devida notificação
para eventual ressarcimento ao erário;
- encaminhamento do relatório para a Corregedoria do Ministério da Saúde, em Brasília,
órgão competente para decisões acerca de instauração de processo para apuração de
eventuais responsabilidades;
- revisão dos procedimentos em curso nos processos de contratações de serviços, para
submissão ao órgão central, em Brasília, para definição de outras ações a serem
adotadas;
- outras providências necessárias, a partir de apontamentos efetuados no relatório, após
análise pelo órgão central.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A situação questionada por esta Controladoria refere-se ao fato de que o Nems/MG não
procedeu à elaboração da Planilha de Custos e Formação de Preços quando do
planejamento da contratação. Sendo assim, os questionamentos não recaíram no fato das
empresas consultadas, no momento da pesquisa de mercado, não terem enviado a planilha
de formação de preço preenchida juntamente com o orçamento fornecido.
A estimativa do custo total da contratação é essencial para que se possa fixar, no edital da
licitação, o preço máximo que a Administração se dispõe a pagar pelos serviços que
deseja contratar. O orçamento estimado para as contratações deve ser elaborado com base
na planilha de custos e formação de preços prevista na Instrução Normativa nº 02/08 que
disciplina as contratações de serviços terceirizados. No caso de contratação mediante
cessão de mão de obra, tal orçamento deve retratar o custo para a prestação do serviço –
remuneração, encargos sociais, custos indiretos, insumos, lucro, dentre outros.
Nesse sentido o Acórdão TCU nº 729/2009 – Plenário preconiza que se “estime os custos
previstos para as contratações, inclusive dos materiais para cada tipo de serviço
eventual, caso o custo desses materiais não esteja incluso no preço dos serviços,
publicando-os no Projeto Básico ou Termo de Referência, por meio da planilha de custos
e formação de preços, conforme disposto no art. 15, inciso XII, alínea “a”, da Instrução
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Normativa SLTI/MPOG 02/2008, c/c o art. 7º, §2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993.”. (grifo
nosso)
O custo da locação de veículos, com o fornecimento de mão de obra, obtido pelo
preenchimento da planilha de custos e formação de preços, nos moldes apresentados pela
IN nº 02/2008, em conjunto com o valor, para tal contratação, oriundo de pesquisa de
mercado com empresas do ramo de transporte, serviriam de base para a adequada
formação do preço máximo a ser pago pela Administração por tais serviços.
Além disso, a planilha orçamentária detalhada serve de parâmetro para o julgamento das
propostas, serve de modelo a ser utilizado pelos licitantes para formular suas propostas,
além de servir como base para a repactuação do contrato e instrumento de fiscalização da
avença firmada.
Segundo o Acórdão do TCU nº 792/2008 – Plenário “a mencionada ausência de planilhas
orçamentárias detalhadas, a par de violar disposições legais, impede a formação de juízo
crítico sobre a adequação do preço estimado pela Manaus Energia àquele que é
praticado no mercado. Ademais, essa ausência impossibilita prever com acuidade o
volume de recursos orçamentários que serão necessários. Finalmente, cabe ressaltar que
a ausência dessas planilhas tem sido reiteradamente considerada por esta Corte de
Contas como uma irregularidade grave, uma vez que a exigência de orçamento detalhado
em planilhas que expressem a composição dos custos unitários possui importância
capital para a escolha da proposta mais vantajosa. Essa exigência é complementada pelo
disposto no inciso X do art. 40 da Lei nº 8.666/1993, o qual dispõe que o edital conterá
critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a
fixação de preços máximos e vedada a fixação de preços mínimos, de critérios estatísticos
ou de faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos
parágrafos 1º e 2º do art. 48 dessa Lei - os quais se referem às propostas inexequíveis.”.
No que concerne à manifestação da unidade examinada, após a análise do Relatório
Preliminar, tecemos os seguintes entendimentos:
- O próprio Nems/MG cita trechos do Manual de Orientação para preenchimento da
Planilha de Custos e Formação de Preços, elaborado pelo MPOG, e relata que “o modelo
é específico para alguns tipos de serviços que não o de transporte terrestre, o que exige
detalhamentos adicionais, estando, pois, sujeito a eventuais divergências de
interpretações.”.
Discordamos de tal entendimento, uma vez que, apesar do referido Manual referir-se aos
serviços de vigilância e de limpeza, os conceitos, as normas e os princípios ora abordados
são perfeitamente aplicáveis, com os ajustes necessários, aos demais contratos de
prestação de serviços. O próprio Nems/MG cita, em sua resposta, que “o modelo não tem
o condão de contemplar as especificidades de todos os casos, razão pela qual deve ser
adaptado ao que requer cada situação”, ou seja, nada impede que as orientações e o
modelo de planilha disponibilizado como referência sejam empregados quando da
contratação de outros tipos de serviço, como os de transporte por exemplo. Há que se
realizar, conforme já mencionado, as devidas adaptações de acordo com as
especificidades de cada caso, mas não há que se restringir o contido no manual de
orientação somente às atividades de vigilância ou de limpeza. Conforme consta da “Nota
(1)”, página 9 do manual, a tabela poderá ser adaptada às características do serviço a ser
contratado. Frisa-se que consta do manual que “a planilha de custos é um instrumento
importante para subsidiar a Administração com informações sobre a composição do
preço a ser contratado, de modo a aferir sua exequibilidade.”.
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- A Unidade examinada, em sua manifestação, informa que a unidade de medida adotada
para a quantificação dos serviços e aferição de resultados foi o quilômetro rodado e
discorre sobre a dificuldade de comparação de valores, mesmo em processos que
utilizaram essa mesma unidade de medida. Além disso, relata que o módulo 3 da planilha,
intitulado “insumos diversos”, por ser possível a inclusão de vários itens, mostra-se
inconsistente e, portanto, dificulta a utilização padronizada da Planilha de Custos e
Formação de Preços.
Sobre tal entendimento da Unidade, esclarecemos, como já dito anteriormente, que a
planilha em comento é um referencial, um modelo a ser usado para orientar a
administração quando da contratação de serviços terceirizados. Considerando o universo
de serviços existentes, bem como as especificidades de cada um, entendemos a
dificuldade em se buscar planilhas, oriundas de outras contratações, que possam ser
usadas como modelo para a contratação que se pretende efetivar. Entretanto, reiteramos
que, quando do planejamento da contratação, o Nems/MG deveria ter elaborado a planilha
de custos e formação de preços que serviria de modelo para a análise dos preços ofertados.
A dificuldade em se encontrar planilhas que serviriam de referência não o exime da
obrigatoriedade da referida elaboração.
Em relação ao módulo 3 da planilha, a possibilidade de inclusão de vários itens, a nosso
ver, facilita a sua adaptação às peculiaridades de cada contratação. Tal módulo poderia
ter sido utilizado pelo Nems/MG, caso o mesmo tivesse elaborado a planilha, para
quantificar o valor máximo aceitável pela unidade para o item uniforme e veículos, por
exemplo.
- A Unidade, em sua manifestação, alega não ter adotado a Planilha de Custos e Formação
de Preços como parâmetro para a formação do valor de referência para a contratação,
tendo em vista que tal avença estava se dando pela unidade de medida quilômetro rodado.
Relata que a “planilha foi considerada como instrumento adicional para composição dos
custos relativos ao empregado.”.
Discordamos do entendimento ora exposto e não verificamos correlação entre a utilização
da unidade de medida “quilômetro rodado” com a não obrigatoriedade de elaboração da
planilha. A elaboração da planilha de custos independe do tipo de unidade de medida
adotada, ou mesmo do tipo de contratação de serviço de transporte efetuado.
Em outras palavras, na locação somente de veículo ou aquela englobando veículos e
motoristas faz-se imprescindível a elaboração da planilha para a adequada fixação do
preço máximo aceitável, como também para a fixação dos critérios de aceitabilidade dos
preços propostos pelos licitantes. O Nems/MG informa que a planilha foi considerada
como instrumento adicional, o que não procede uma vez que não consta dos autos o
preenchimento da planilha pelo órgão auditado, sendo tal ausência relatada pelo próprio
Nems/MG. A apresentação da planilha foi feita pela empresa vencedora do certame.
- A Unidade faz menção ao Acórdão TCU nº 4.621/2009 – 2ª Câmara nos seguintes
termos:
“Quando se realiza licitação pelo menor preço global, interessa
primordialmente para a Administração o valor global apresentado pelos
licitantes. (...) A exigência, no que toca às licitações que envolvem terceirização
de mão de obra, de apresentação de planilha de custos de preços pelos licitantes
insere-se nesse contexto, pois é instrumento essencial para que se possa analisar
a regularidade dos preços ofertados. Sem essas planilhas, arrisca-se a dizer que
a análise dos preços por parte da Administração restaria em grande parte
prejudicada pela deficiência de dados em que fundar sua análise (...)”.
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Concordamos com o preconizado pelo TCU, entretanto, há que se relatar que o valor
global a ser aceito pela Administração deve estar pautado em um adequado planejamento
prévio, o que não foi feito pelo Nems/MG. A partir de um planejamento detalhado
composto, dentre outros itens, por uma fundamentada pesquisa de preços aliada à
elaboração de planilhas, de forma a pormenorizar a composição dos custos unitários, é
que se poderia fixar o preço máximo que a Administração se disporia a pagar pelos
serviços a contratar. O custo da contratação para os serviços de transporte foi baseado em
uma pesquisa de preços junto a empresas do mercado, onde se realizou uma média a partir
dos valores informados para o quilômetro rodado. Não houve a elaboração da planilha de
custos e formação de preços de forma a atestar que a média ora encontrada, estava, de
fato, condizente com o preço de mercado. Ao elaborar a planilha, a Unidade conheceria
o preço máximo aceitável para o custo unitário de cada item necessário à contratação
pretendida e, de tal forma, poderia considerar apenas o valor global, uma vez que o
mesmo estaria pautado em custos unitários condizentes com a realidade. O julgamento da
planilha apresentada pelos licitantes restou prejudicada, uma vez que o Nems/MG não
procedeu à elaboração de uma planilha própria em nenhum momento do certame.
- O Nems/MG relata que “a planilha de formação de custos de mão de obra constitui em
útil ferramenta para a análise do preço global ofertado, mas não constitui em indicativos
de serviços unitários a serem pagos de acordo com a sua execução, como quando ocorre
com os serviços indicados no projeto básico de uma obra pública, os quais são pagos de
acordo com o fornecimento de cada item unitário.”.
Nessa afirmação a própria unidade reconhece a necessidade da planilha de custos para a
adequada análise do preço global ofertado pelos licitantes, entretanto, não houve a
elaboração de tal instrumento de referência pela Unidade.
- Além do exposto, o Nems/MG se manifesta no sentido de que entende que “(...)
eventuais falhas constantes das planilhas de custos unitários indicativos dos custos de
formação de obra terceirizada devem ser adequadamente sopesadas de acordo com os
objetivos instrumentais da planilha, de forma a não serem desclassificadas propostas
mais vantajosas para a Administração e cujos preços atendam aos requisitos legais.
Destaco que, até mesmo em situações em que se verificam itens unitários com sobrepreço,
em se constatando a razoabilidade do preço global não se fala em prejuízos para a
Administração.”.
A própria manifestação encaminhada pela Unidade relata que não se poderia falar em
prejuízos para a Administração, relativos a itens unitários com sobrepreço, desde que haja
razoabilidade do preço global. Contudo, como demonstrado ao longo deste Relatório,
grande parte dos itens da formação do preço global apresentaram sobrepreço, o que
impossibilitou que o preço global se mostrasse razoável.
Cumpre relatar que o Nems/MG deveria ter procedido ao correto preenchimento da
planilha de custos e formação de preços para serviços terceirizados. Com a planilha
devidamente preenchida, obteria o montante condizente para o custo da contratação e,
desse modo, poderia identificar sobrepreço nos itens unitários que impossibilitaram um
razoável valor para o preço global. A Unidade procedeu a quatro pesquisas com empresas
do ramo e a partir dos dados obtidos procedeu à obtenção da média aritmética. Com a
média obteve o valor máximo aceitável para a contratação, ou seja, multiplicou a média
verificada pelo número de quilômetros anuais a serem rodados. O gestor manifesta que
“O aspecto relativo à confiabilidade do preço de referência adotado configura-se como
concreta a partir do momento em que foi obtida a partir de cotações obtidas no
mercado(..._)”. Entretanto, a cotação feita com empresas que têm sócios em comum
possibilita uma manipulação do valor de mercado, podendo configurar um preço de
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referência superestimado, não sendo, portanto, confiável. Essa maneira simplificada de
planejamento prejudicou o valor global obtido para a contratação.
Diante de todo o relatado, mantém-se a constatação uma vez que a argumentação do
gestor não elide a necessidade de elaboração da planilha de custos e formação de preços
previamente à contratação do serviço terceirizado. Relevante registrar o contido no art.
7º, §2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993 que dispõe que os serviços somente poderão ser
licitados caso exista orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de
todos os seus custos unitários.
Por fim, cumpre esclarecer que a Unidade quando da sua manifestação não o fez
separadamente por constatação encaminhada, e sim nos enviou um documento único
informando que “A CGU executou trabalho minucioso, com vistas a “validar” ou não os
valores registrados na Planilha de Custos e Formação de Preços, notadamente no que
tange aos custos fixos e variáveis em relação ao veículo. Considerando o prazo exíguo
de resposta (10 dias úteis), não promoveremos, neste momento, resposta individualizada,
sob o risco de apresentarmos informações incompletas.”.
A manifestação elaborada dessa forma prejudicou e dificultou a interpretação sobre a
opinião do órgão em relação aos fatos expostos. O prazo de 10 dias úteis nos parece
suficiente e razoável para a exposição da opinião da unidade sobre as situações apontadas,
tendo em vista que foram encaminhadas solicitações de auditoria sobre os pontos
conflitantes e, portanto, o Relatório Preliminar serviu para consolidar os fatos verificados
e, de certa forma, já conhecidos pelo Nems/MG.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Instaurar procedimento administrativo para a apuração de
responsabilidade dos servidores que atuaram no processo de autorização de realização de
procedimento licitatório sem a elaboração de planilha de custos e formação de preços pela
Unidade requisitante.
1.1.1.2 CONSTATAÇÃO
Especificação inadequada dos veículos a serem contratados acarretando prejuízo,
aos cofres públicos, de R$157.839,36.
Fato
O Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em Minas Gerais (Nems/MG) realizou, em
26/11/2012, o Pregão Eletrônico nº 02/2012 (Processo nº 25003.013425/2012-21), cujo
objeto compreendeu, conforme Termo de Referência anexo ao Edital, a “contratação de
empresa para prestação de serviços continuados de transporte de pessoas e documentos,
por meio de veículos de médio porte, incluindo o fornecimento de motorista, combustível,
seguro total e obrigatório, equipamento de GPS e sistema de rastreamento de veículos
bem como outros encargos necessários à execução dos serviços”, tendo sido vencedora
do certame a empresa Ribal Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ nº 07.605.506/0001-73).
Dessa forma, celebrou-se o Contrato nº 22/2012, em 07/12/2012, segundo o qual caberia
à contratada disponibilizar oito veículos em caráter permanente e dez em caráter eventual,
incluindo o serviço de motorista, sendo o valor mensal da locação de cada um dos
veículos permanentes de R$13.623,75, totalizando um gasto anual de R$163.485,00 por
veículo. De maneira proporcional, para o montante dos oito veículos permanentes
alugados computa-se gasto mensal de R$108.990,00 e anual de R$1.307.880,00.
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Consta do Termo de Referência em seu item 5.2, denominado “Especificações mínimas
dos veículos e quantidades”, que os veículos de uso permanente a serem locados
deveriam apresentar, no mínimo, as seguintes características:
“(...) veículos tipo sedan, em caráter permanente, motor de no mínimo 1800cc, 4 (quatro)
portas, ar condicionado, cor discreta, rádio AM/FM estéreo, com entrada para CD e
USB dos tipos WMA e MP3, vidros revestidos com película protetora solar no limite
máximo permitido na Resolução nº 73/98 do Conselho Nacional de Trânsito, Freios ABS,
airbag, volume mínimo do porta malas é de 430 litros, com capacidade para 5 (cinco)
pessoas, incluindo o motorista, com encosto de cabeça para todos os passageiros, a ser
utilizado no transporte de servidores do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em
Minas Gerais, exclusivamente a serviço (...)”.
No âmbito da Administração Pública Federal, o Decreto nº 6.403/2008 dispõe, em linhas
gerais, sobre o uso de veículos oficiais, próprios ou contratados de prestadores de
serviços, pela administração pública direta, autárquica e fundacional. Nesse sentido,
preconiza em seu art. 2º que os veículos, para fins de utilização, sejam classificados nas
categorias de veículos de representação; especiais; de transporte institucional; de serviços
comuns e de serviços especiais. Analisando o contido no art. 6º, do citado Decreto,
verifica-se que para o transporte de material e de pessoal a serviço, os veículos a serem
utilizados são os denominados veículos de serviços comuns e que os mesmos serão de
modelo básico conforme consta do §2º.
A Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão expediu normas complementares ao Decreto em comento, qual seja
Instrução Normativa nº 3, de 15/05/2008, que, em seu Anexo I, detalha as características
dos veículos em função da sua classificação e utilização. Sendo assim, os veículos
classificados na categoria de serviços comuns, utilizados no transporte de pessoal a
serviço, devem apresentar como características: “veículo básico – automóvel,
motocicleta, motoneta ou ciclomotor – capacidade e motorização compatíveis com o
serviço”. Por sua vez, os veículos de serviços comuns, utilizados no transporte de carga
leve, devem apresentam como características: “veículo básico – automóvel de carga,
furgão, utilitário ou pick up – capacidade e motorização compatíveis com o serviço”.
Do relatado, infere-se que, tanto para o transporte de pessoal a serviço quanto para o
transporte de carga leve, a característica do veículo a ser utilizado na contratação seria
“veículo básico”.
Considerando que o objeto licitado consistiu na contratação de empresa para prestação de
serviços de transporte de pessoas e documentos, conclui-se que as características dos
veículos, definidas no Termo de Referência, não condizem com as de um modelo básico,
com características de série, sem equipamentos ou acessórios opcionais.
O modelo dos veículos a serem disponibilizados para a execução dos serviços contratados
consistiu em um GM Cobalt LTZ, conforme relação de veículos apresentada pela empresa
vencedora quando do preenchimento do “Termo de Declaração de Cumprimento ao Item
24.2” constante das páginas nº 413 e 414 do processo. O preço de avaliação dos referidos
veículos foi de R$65.000,00, de acordo com a Planilha de Custo e Formação de Preços
apresentada pela empresa vencedora Ribal Locadora de Veículos Ltda, conforme
demonstrado a seguir:
Tabela 3: Custo total de cada veículo
Valor do Veículo R$ 65.000,00
Custos do Veículo Valor (R$)
A Custos Fixos
Depreciação (Anual de 20% do valor do veículo) 1.083,33
B Licenciamento (R$ 48,52/ano) 4,04
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C Seguro obrigatório (R$ 101,16/ano) 8,43
D Seguro total 480,00
E Rastreamento 310,00
F IPVA (3% do valor do veículo/ano) 162,50
G Subtotal Custos Fixos 2.048,31
H
Custos Variáveis
Manutenção/Peças/Revisões 2.000,00
I Pneus/Câmaras 500,00
J Combustível 1.104,40
K Lavagem 250,00
L Outros (especificar) 0,00
M Subtotal Custos Variáveis 3.854,40
Custo Total do Veículo 5.902,71
Subtotal Mensal 5.902,71
Fonte: Planilha de Custo e Formação de Preços apresentada pela empresa vencedora Ribal Locadora de
Veículos Ltda (fls. 430 a 436 do processo nº 25003.013425/2012-21).
Diante do exposto, foram buscadas, em sítios eletrônicos, informações sobre as
características do veículo Chevrolet Cobalt. As versões, o motor, os preços e a lista de
equipamentos do veículo em epígrafe, referente ao ano de 2012, encontram-se descritos
a seguir:
Quadro I: Características do veículo Cobalt – ano 2012
Versão Motor Lista de Equipamentos Preço (em R$)
Cobalt LS 1.4
Ar condicionado, direção hidraúlica, travas elétricas,
alarme, banco do motorista com regulagem de altura,
rodas de aço de 15 polegadas, velocímetro digital,
desembaçador traseiro, chave canivete, capacidade do
porta malas 563 litros.
38.200,00
Cobalt LT 1.4
Acrescenta ao LS vidros dianteiros com acionamento
elétrico, maçanetas e retrovisores pintados na cor do
carro, freios com ABS com EBD, duplo air-bag,
grade dianteira cromada, coluna de direção com
regulagem de altura, capacidade do porta malas 563
litros.
41.350,00
Cobalt LTZ 1.4
É o topo de linha e diferencia-se do LT por incorporar
vidros elétricos nas portas traseiras, computador de
bordo, rodas de alumínio, faróis de neblina, sistema
de som com conectividade USB e Bluetooh e
capacidade de ler MP3, além de acionamento elétrico
dos retrovisores e barra cromada na traseira.
Capacidade do porta malas 563 litros.
44.500,00
Cobalt LT 1 1.8
Câmbio manual de cinco marchas, ar condicionado,
direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos, airbag
duplo, coluna de direção com regulagem de altura,
freios com ABS e EBD (distribuição eletrônica de
frenagem), computador de bordo, luz de leitura para
os passageiros do banco de trás, spoiler sobre a tampa
do porta malas e rodas de 15 polegadas com calotas.
43.690,00
Cobalt LT 2 1.8 Acrescenta ao LT 1 câmbio automático de seis
marchas, volante revestido de couro e controle de
velocidade.
46.690,00
Cobalt LTZ 1 1.8
Acrescenta ao pacote LT 1 rodas de liga leve de 15
polegadas diamantadas, máscara negra para faróis e
lanternas, luzes de neblina, detalhes cromados
internos e externos, retrovisores e vidros elétricos,
volante com couro e comandos de rádio com
CD/MP3, USB e celular por Bluetooh e sensor de
estacionamento.
46.990,00
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Cobalt LTZ 2 1.8 Acrescenta ao LTZ 1 câmbio automático de seis
marchas e controle de velocidade. 49.990,00
Fonte: Sítio eletrônico http://carros.uol.com.br/noticias/redacao/2012/08/23/chevrolet-cobalt-18-parte-
de-r-43690-para-dar-status-a-novo-publico.htm
Observação: Preço - valor de referência para veículos novos no ano de 2012.
A tabela a seguir apresenta o cálculo dos custos fixos considerando para tanto o modelo
mais básico do veículo Cobalt, tendo em vista que o Cobalt versão LTZ não condiz com
as características dos modelos de veículos a serem usados para a realização de serviços
comuns.
Tabela 4: Custo total de cada veículo – versão Cobalt LS
Valor do Veículo R$ 38.200,00
Custos do Veículo Valor (em R$)
A
Custos Fixos
Depreciação (Anual de 20% do valor do veículo) 636,67
B Licenciamento (R$ 48,52 ano) 4,04
C Seguro obrigatório (R$ 101,16 ano) 8,43
D Seguro total 171,39
E Rastreamento 310,00
F IPVA (3% do valor do veículo/ano) 95,50
G Subtotal Custos Fixos 1.226,03
Fonte: Cálculos baseados na Planilha de Custo e Formação de Preços apresentada pela empresa
vencedora Ribal Locadora de Veículos Ltda (fls. 430 a 436 do processo nº 25003.013425/2012-21).
Cumpre esclarecer as condições de cálculo para os itens que compõe os custos fixos:
Custos Fixos:
1.1) para os itens depreciação e IPVA foram aplicadas as alíquota de 20% e
3%, respectivamente, sobre o preço do veículo (R$38.200,00);
1.2) os valores dos itens licenciamento, seguro obrigatório e rastreamento não
sofreram alteração;
1.3) o seguro total foi recalculado, considerando a alteração no valor do
veículo, nos seguintes termos:
- foi realizada pesquisa em outros órgãos da administração pública
objetivando encontrar a média praticada para a responsabilidade civil
facultativa (RCF) e para o acidente por passageiro (ACP), conforme
demonstrado a seguir:
Tabela 5: Pesquisa de RCF e APP em órgãos da Administração Pública
Órgão Licitação
RCF APP
Danos
Materiais
(em R$)
Danos
Pessoais
(em R$)
Danos
Morais
(em R$)
Morte
(em R$)
Invalidez
(em R$)
TRE Pregão Eletrônico nº 68/2012 100.000,00 100.000,00 - 50.000,00 50.000,00
MP-RJ Pregão Presencial nº 06/2013 30.000,00 30.000,00 - - -
TCU Pregão Eletrônico nº 64/2013 50.000,00 50.000,00 - 12.000,00 12.000,00
ANTT Pregão Eletrônico nº 13/2014 100.000,00 100.000,00 25.000,00 25.000,00 25.000,00
Média aproximada 70.000,00 70.000,00 25.000,00 29.000,00 29.000,00
Observação
Leia-se:
TRE: Tribunal Regional Eleitoral (estado de Goiás);
MP-RJ: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro;
TCU: Tribunal de Contas da União;
ANTT: Agência Nacional de Transportes Terrestres.
Fonte:
http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tre-go-pregao-eletronico-68-2012;
http://www.mprj.mp.br/documents/112957/2057587/PP_006_2013.htm;
http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/licitacoes_contratos_tcu;
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http://www.antt.gov.br
- Com a média aproximada para a RCF e o APP realizou-se cotação de
seguro no sítio eletrônico www.bidu.com.br, sendo os valores encontrados
demonstrados a seguir:
Tabela 6: Resultado e média das cotações
Seguradora Valores (em R$)
HDI Seguros 1.595,50
Allianz 1.952,81
Zurich 2.621,73
Média Aproximada 2.056,68
Observações:
1. Para a realização das cotações foi considerado:
- franquia básica; cobertura para incêndio, roubo e colisão; cobertura de vidros completa; danos materiais
e corporais de 60 mil; danos morais de 25.000,00; morte por acidente e invalidez por acidente de 30 mil.
2. Período de cobertura do seguro de 12 meses.
Fontes:
https://www.bidu.com.br/seguros/seguro-auto/cotacoes/3508504
Em relação aos custos variáveis, os mesmos não serão ora analisados, uma vez que o
cálculo para os seus valores será pormenorizadamente demonstrado no item 1.1.1.3 deste
Relatório.
Considerando apenas os custos fixos mensais, verifica-se que a inadequada especificação
dos veículos a serem locados ocasionou um aumento desnecessário no custo mensal de
cada veículo na ordem de R$822,08 (R$2.048,31 – R$1.226,03).
Foram contratados oito veículos em caráter permanente, tal fato acarretou em um aumento
mensal nos custos de R$6.576,64 e anual de R$78.919,68. Considerando dois anos de
contrato o aumento seria de R$157.839,36. Sendo assim, a configuração avançada dos
veículos contratados influenciou no cálculo dos custos do veículo e consequentemente no
valor final do preço ofertado.
Cumpre analisar que com o valor gasto a maior, de R$78.919,68 ao ano, seria possível
adquirir dois GM Cobalt novos, considerando a versão de entrada estimada em
R$38.200,00. Além disso, o preço de R$65.000,00 para o veículo Cobalt, usado pela
empresa vencedora no cálculo do custo mensal de cada veículo, não condiz com o preço
de nenhuma versão do automóvel, uma vez que os preços variam de R$38.200,00 a
R$49.990,00 para o modelo de entrada e para o modelo topo de linha respectivamente. ##/Fato##
Causa
O responsável pelo Setor de Recursos Logísticos, juntamente com o Chefe da Divisão de
Convênio e Gestão, aprovou Termo de Referência contendo classificação incorreta dos
veículos a serem contratados, gerando como consequência a contratação de um modelo
de veículo superior àquele necessário para a realização das atividades propostas.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por intermédio do Ofício nº 242/DIGAD/NEMS/MG, de 20/11/2014, o NEMS prestou a
seguinte manifestação:
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“A configuração dos veículos foi devidamente justificada no Termo de Referência – TR,
em alusão às viagens feitas pelos auditores do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde,
conforme item 5.2.6 nas fls. 197 e 259 vol. II do processo: “para a especificação dos
veículos, além de considerados os elementos de segurança, salubridade e conforto
mínimo, mostrou-se imperioso considerar o número de passageiros (cada equipe é
formada por quatro auditores), o volume de bagagem transportada (os auditores
precisam levar além da bagagem pessoal, um enorme volume de processos), a distância
a percorrer nas viagens a serviço (as auditorias e acompanhamentos são realizados em
todo estado de Minas Gerais) e principalmente o relevo e a malha rodoviária de Minas
Gerais, nacionalmente conhecida por sua extensão e periculosidade”. O TR foi
devidamente aprovado pela CJU/MG, conforme item 35 da Nota nº 583/2012/CJU-
MG/CGU/AGU à fl.245 (verso).”.
Por meio do Ofício nº 041/DIGAD/NEMS/MG, de 20/03/2015, em decorrência de sua
análise ao Relatório Preliminar encaminhado, o Nems/MG prestou o seguinte
esclarecimento:
“A CGU executou trabalho minucioso, com vistas a “validar” ou não os valores
registrados na Planilha de Custo e Formação de Preços, notadamente no que tange aos
custos fixos e variáveis em relação ao veículo. Considerando o prazo exíguo de resposta
(10 dias úteis), não promoveremos, neste momento, resposta individualizada, sob o risco
de apresentarmos informações incompletas. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A versão básica do Cobalt LS, no valor de R$ 38.200,00, atenderia completamente e
satisfatoriamente aos elementos de segurança, salubridade, conforto mínimo, número de
passageiros, volume de bagagem transportada e distância percorrida, necessários ao
desenvolvimento das atividades propostas, conforme consta do item 5.2.6 do Termo de
Referência ora citado na manifestação do órgão auditado. A versão topo de linha do
Cobalt, usada como parâmetro para a composição dos custos, apresenta itens
desnecessários e supérfluos para o desempenho das atividades tais como: câmbio
automático de seis marchas; volante revestido de couro; controle de velocidade; rodas de
liga leve de 15 polegadas diamantadas; máscara negra para faróis e lanternas; luzes de
neblina; detalhes cromados internos e externos; retrovisores e vidros elétricos; comandos
de rádio com CD/MP3; USB e celular por Bluetooh e sensor de estacionamento.
No que concerne à aprovação do Termo de Referência pela Consultoria Jurídica da União,
cumpre relatar que consta do Parecer nº 1.097/2012/CJU-MG/CGU/AGU, fls. 155 a 167,
no item 25 a seguinte análise:
“25. Se a IN nº SLTI/MPOG-3/2008, diz respeito a carros de modelos básicos quer-se
crer que seriam carros de entrada, com motorização de 1000 cc e sem opcionais. A
escolha de veículos de maior cilindrada, assim como de opcionais, deve estar afeta aos
elementos de justificação previstos na IN: segurança, salubridade, mínimo conforto,
necessidade ou por imperativos de eficiência – no binômio economia e vantagem para a
Administração -, forte no art. 37, cabeça, da Constituição da República de 1988.”.
Assim sendo, a contratação de um veículo topo de linha no valor de R$65.000,00 não
pode justificar-se no cumprimento dos elementos de segurança, salubridade, mínimo
conforto, necessidade ou imperativos de eficiência, uma vez que tal escolha mostra-se
inadequada e antieconômica. Soma-se a isso, o fato do Cobalt na versão mais básica
oferecer itens que cumprem os elementos de justificação previstos na IN.
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Diante do exposto, conclui-se que houve descumprimento do contido no Decreto nº
6.403/2008 e na Instrução Normativa nº 3/2008 do MPOG, uma vez que os veículos
contratados não podem ser classificados na categoria de veículos para serviço comum,
tendo em vista a sua configuração avançada. Repisa-se que o valor de referência do
veículo para cálculo dos custos fixos, e de alguns itens dos custos variáveis, qual seja de
R$65.000,00 não se enquadra em nenhuma versão do GM Cobalt cujos preços, conforme
demonstrado, variam de R$38.200,00 a R$49.990,00. Tal fato, por si só, demonstra um
sobrepreço quando do cálculo do custo mensal de cada veículo.
No que concerne à manifestação do Nems/MG, após a análise do Relatório Preliminar,
cumpre relatar que não constam informações adicionais, sobre a constatação em epígrafe,
que justifiquem ou esclareçam os fatos apontados. Diante disso, conclui-se que, sobre
este ponto, não houve manifestação específica por parte da unidade examinada.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Adotar providências no sentido de promover a devida capacitação dos
servidores que atuam no setor de contratação de serviços terceirizados, objetivando a
adequada caracterização e especificação do objeto a ser contratado, bem como um melhor
planejamento das futuras contratações.
Recomendação 2: Apurar responsabilidades pela aceitação de valores de referência
superiores àqueles constantes do preço de mercado, no que concerne aos veículos a serem
contratados.
Recomendação 3: Providenciar o ressarcimento ao Erário do valor pago a maior referente
aos custos fixos dos veículos contratados, em função da especificação inadequada dos
mesmos em desacordo com o Decreto nº 6.403/2008 e a Instrução Normativa nº 3/2008
do MPOG.
1.1.1.3 CONSTATAÇÃO
Sobrepreço, em itens unitários contratados, decorrente da ausência de elaboração
de planilha de custos e formação de preços de referência, quando do planejamento
da contratação, pelo Nems/MG.
Fato
Para a contratação de serviços de locação de veículos com motorista o Nems/MG realizou
o Pregão Eletrônico nº 02/2012, sem, contudo, proceder à elaboração da planilha de custos
e formação de preços quando do planejamento da aquisição, objetivando subsidiar a
Administração com informações sobre a composição do preço do serviço a ser contratado,
conforme orientação da Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 02/2008. O valor global
definido como aceitável pela Administração foi baseado na cotação de preços, por
quilômetro rodado, realizada com quatro empresas do ramo de transporte. A planilha de
custos foi apresentada pela empresa vencedora do certame, qual seja Ribal Locadora de
Veículos Ltda. (CNPJ nº 07.605.506/0001-73). A análise da planilha apresentada pela
empresa demonstrou sobrepreço nos itens listados e detalhados a seguir:
a) Transporte:
O valor contratado para o item vale transporte, constante do módulo 2 - “Benefícios
Mensais e Diários” da planilha de custo, foi de R$233,14 mensais por motorista.
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Considerando o período de um ano, bem como o quantitativo de oito motoristas, o
montante contratado foi da ordem de R$22.381,44.
Verificou-se que, quando do cálculo do item vale transporte, não foi feito o desconto de
6% (seis por cento) sobre o salário base, tendo em vista que tal parcela é de custeio do
beneficiário. O vale transporte deve ser custeado pelo beneficiário, na parcela equivalente
a 6% de seu salário base, e, no que exceder a tal parcela, pelo empregador.
A equipe de auditoria utilizou a seguinte memória de cálculo para a obtenção do valor a
ser pago no item vale transporte:
Tabela 7: Cálculo para o item vale transporte
VT = (21 dias* x 4 modais) – (0,06 x salário básico)
VT = (21 x 4 x 2,65**) – (0,06 x 1.300,42)
VT = (222,60) – (78,0252)
VT = 144,57
Obs: *Foram considerados 21 dias trabalhados no mês,
considerando os cálculos apresentados nos Cadernos de
Logística do MPOG.
** Valor da passagem estabelecido na planilha de formação de
preços apresentada pela empresa contratada.
Do montante de R$ 222,60 a título de vale transporte, a parcela de R$ 78,02 deverá ser
custeada pelo empregado e o valor excedente de R$ 144,57 pelo empregador. Constata-
se, por fim, um superfaturamento anual por sobrepreço nos custos do item transporte no
montante de R$8.502,72, conforme detalhado a seguir:
Tabela 8: Memória de Cálculo para o sobrepreço do item vale transporte
Valor contratado
R$233,14* por mês x 12 meses = R$2.797,68 por ano para cada motorista;
R$2.797,68 x 08 motoristas = R$22.381,44 ao ano
Valor devido
R$144,57 por mês x 12 meses = R$1.734,84 por ano para cada motorista;
R$1.734,84 x 08 motoristas = R$13.878,72 ao ano
Sobrepreço: R$22.381,44 – R$13.878,72 = R$8.502,72
Observação: *R$233,14 foi o valor constante da planilha de formação de
preço apresentada pela empresa contratada que considerou 22 dias
trabalhados no mês, para fins de cálculo do vale transporte.
b) Saúde Ocupacional:
O valor contratado para o item saúde ocupacional, constante do módulo 2 - “Benefícios
Mensais e Diários” da planilha de custo, foi de R$50,00 mensais por motorista.
Considerando o período de um ano, bem como o quantitativo de oito motoristas, o
montante contratado foi da ordem de R$4.800,00.
O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) determina a realização
obrigatória dos exames médicos admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de
mudança de função e demissional para os trabalhadores contratados. Para cada exame
médico realizado, o médico deverá emitir, em duas vias, o chamado Atestado de Saúde
Ocupacional (ASO) que servirá para definir se o funcionário está apto ou inapto para a
realização de suas funções.
Os custos inerentes aos procedimentos relacionados ao PCMSO serão custeados pelo
empregador, sem qualquer tipo de ônus para o empregado. Nesse sentido, consta da
planilha de preços apresentada pela empresa contratada, Ribal Locadora de Veículos Ltda
(CNPJ nº 07.605.506/0001-73), o valor mensal de R$50,00, por motorista, a título de
“Saúde Ocupacional”.
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Cumpre relatar, antes da análise dos valores propostos, que o item “Saúde Ocupacional”
foi erroneamente enquadrado na planilha apresentada. Os custos relativos aos exames
médicos são despesas da empresa relacionadas diretamente à execução dos serviços e,
como tal, deveriam ter sido incluídos no “Módulo 3 – Insumos Diversos”. Entretanto, tais
valores foram incluídos no “Módulo 2 – Benefícios Mensais e Diários” que apresenta os
custos relativos aos benefícios concedidos aos empregados conforme estabelecidos nas
legislações, tais como transporte, auxílio alimentação, assistência médica e familiar,
dentre outros. Do exposto, infere-se que os exames médicos são obrigações dos
empregadores e instituições que admitem trabalhadores como empregados, objetivando a
promoção e a preservação da saúde do conjunto de seus trabalhadores e não um benefício
a ser concedido.
No intuito de analisar o preço proposto para o item “Saúde Ocupacional”, foi realizada
pesquisa de preço para os exames médicos em empresas do ramo. Verificou-se que os
valores para os exames médicos (compostos por anamnese e exame clínico) variam de
R$25,00 a R$35,00 por exame, segundo pesquisa realizada, via telefone, nas seguintes
empresas: Quadro II: Pesquisa realizada para o item Saúde Ocupacional
Empresa Consultada Telefone Valor (em R$)
Clínica Vida Nova Saúde (31) 3568-8222 25,00
Clínica Periódico (31) 3201-1858 30,00
ConSaúde (31) 3271-9979 28,00
Serviço de Medicina Preventiva e do Trabalho (31) 3201-9774 30,00
Organizer (31) 3212-4395 20,00
Assessoria Segurança e Medicina do Trabalho (31) 3441-6200 35,00
Fonte: Pesquisa realizada, no dia 12/12/2014, via telefone.
Solicitou-se, das empresas pesquisadas, o encaminhamento do orçamento prestado
também via e-mail. De todas elas, a Clínica Vida Nova Saúde e ConSaúde atenderam ao
solicitado e, diante disso, considerou-se para fins de cálculo a média de seus preços, quais
sejam R$25,00 e R$28,00 respectivamente, sendo a média verificada de R$26,50 para
cada exame médico.
Para fins de cálculo dos valores a serem pagos pela empresa contratada, considerou-se a
realização dos seguintes exames para cada motorista durante o período de um ano:
- Exame admissional: realizado antes de o trabalhador assumir suas atividades;
- De retorno ao trabalho: realizado no primeiro dia de volta ao trabalho do trabalhador
ausente por período igual ou superior a 30 dias por motivo de doença ou acidente, de
natureza ocupacional ou não;
- Demissional: no encerramento das atividades.
Considerando que o exame periódico é realizado anualmente para trabalhadores menores
de 18 anos e maiores de 45 anos de idade, como também a cada dois anos para os
trabalhadores entre 18 anos e 45 anos, a realização desses exames mostrou-se
desnecessária no primeiro ano contratual. O exame para a mudança de função também
não se faz necessário, uma vez que a função contratada é somente a de motorista.
Diante do exposto, e considerando que o contrato firmado consistiu no fornecimento de
oito veículos permanentes com oito motoristas, calculou-se a quantidade de exames
médicos necessários no período de um ano de contrato:
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I) Exames de retorno ao trabalho: a empresa contratada considerou, quando do cálculo
das ausências por acidente de trabalho, que 15% dos seus empregados (um motorista)
seriam afastados por acidente de trabalho, apesar de tal porcentagem ser superior ao valor
de 0,78% recomendado pelo MPOG. Sendo assim, haveria a necessidade de se realizar o
exame de retorno ao trabalho para 01 (um) motorista.
01 exame de retorno ao trabalho x R$26,50 (valor médio para cada exame) = R$26,50
II) Exames demissionais: a empresa contratada considerou, quando do cálculo do aviso
prévio indenizado, que 80% dos seus empregados serão demitidos antes do término do
contrato de trabalho, apesar de tal porcentagem ser superior ao valor de 5% recomendado
pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Sendo assim, seis dos oito
motoristas seriam demitidos e, de tal forma, haveria a necessidade da realização de seis
exames médicos demissionais. Além dessas demissões, haveria a necessidade de mais um
exame demissional em função do motorista que substituiu aquele afastado por acidente
de trabalho.
07 exames demissionais x R$26,50 (valor médio para cada exame) = R$185,50
III) Exames admissionais: Necessidade da realização de oito exames admissionais quando
do início do contrato e mais seis exames considerando que para cada motorista demitido
haveria a contratação de um outro. Além dessas admissões, haveria a necessidade de mais
um exame admissional em função do motorista que foi contratado para substituir aquele
afastado por acidente de trabalho.
15 exames admissionais x R$26,50 (valor médio para cada exame) = R$397,50
A partir dos cálculos efetuados, conclui-se que o gasto total anual para o item “Saúde
Ocupacional” seria de R$609,50, correspondendo a um gasto mensal de R$50,80,
considerando oito motoristas e, consequentemente, um gasto mensal de R$6,35 para cada
motorista (R$50,80/8 motoristas). A comparação entre os valores contratados e a previsão
dos gastos necessários para os exames médicos encontra-se descrita na tabela a seguir:
Tabela 9: Memória de Cálculo para o sobrepreço do item Saúde Ocupacional
Item
Valor
mensal
contratado
por
motorista
(em R$)
Valor anual
contratado
por
motorista
(em R$)
Média real
mensal para
exames
médicos por
motorista
(em R$)
Valor anual
real por
motorista
(em R$)
Superfaturamento
por sobrepreço
(em R$)
Saúde ocupacional 50,00 600,00 6,35 76,20 523,80
Superfaturamento por sobrepreço - valor anual para 01 motorista 523,80
Superfaturamento por sobrepreço – valor anual para 08 motoristas 4.190,40
Fonte: Planilha de Custo e Formação de Preços apresentada pela empresa vencedora Ribal Locadora de
Veículos Ltda e dados obtidos através de cálculos efetuados pela equipe de auditoria a partir do preço
médio dos exames médicos.
Analisando as informações descritas na tabela, verifica-se que o valor contratado de
R$600,00 por ano para cada motorista, corresponde à realização de aproximadamente 23
exames médicos por motorista (considerando que o preço médio para a realização de cada
exame é de R$26,50), o que não condiz com a realidade conforme demonstrado. Constata-
se, por fim, um superfaturamento anual por sobrepreço nos custos do item saúde
ocupacional no montante de R$4.190,40.
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c) Uniformes:
O valor contratado para o item uniforme, constante do módulo 3 - “Insumos Diversos” da
planilha de custo, foi de R$364,17 mensais por motorista. Considerando o período de um
ano, bem como o quantitativo de oito motoristas, o montante contratado foi da ordem de
R$34.960,00.
A equipe de auditoria realizou pesquisa de preço em empresas do ramo de uniformes,
bem como verificou os preços praticados em outros procedimentos licitatórios realizados
por outros órgãos da Administração Pública. Verificou-se que a planilha de custos e
formação de preços, apresentada pela empresa vencedora, apresentou valores com
sobrepreço para os uniformes dos motoristas contratados.
Segue abaixo o resultado das pesquisas realizadas contendo os custos médios de mercado
verificados para o item uniforme:
Tabela 10: Pesquisa de preço para o item uniforme
Descrição
resumida
do item
Cotações de preço em empresas/sítios
eletrônicos do ramo Preços praticados em licitações
BH Card
Crachás Planet Card Cardcom
Pregão nº
03/2013
(IFRJ)
Pregão nº
45/2012
(CN do MP)
Pregão nº
04/2012
(AGR)
Crachá 7,00 7,00 7,50 4,18 2,00 3,00
Preço Médio Praticado 5,11
Calça
social
Dash
Uniformes
Sítio
SoloStocks
Sítio Newmax
Confecções
Dispensa
nº 19/2012
(PRT 20ª
Região)
Pregão nº
67/2013
(TRE/GO) -
89,00 16,90 18,99 59,95 40,50
Preço Médio Praticado 45,06
Camisa
manga
comprida
Dash
Uniformes
Ponto Alto
Uniformes e
Bordados -
Pregão nº
03/2013
(IFRJ)
Pregão nº
67/2013
(TRE/GO)
Pregão nº
22/2014
(MPOG)
89,00 59,00 55,75 40,50 71,00
Preço Médio Praticado 63,05
Camisa
manga
curta
Dash
Uniformes
Ponto Alto
Uniformes e
Bordados
Sítio Newmax
Confecções
Pregão nº
03/2013
(IFRJ)
Pregão nº
67/2013
(TRE/GO) -
79,00 55,00 19,99 51,25 36,50
Preço Médio Praticado 48,35
Terno
completo
-
-
Sítio Newmax
Confecções
Pregão nº
03/2013
(IFRJ)
Pregão nº
22/2014
(MPOG)
Dispensa nº
19/2012
(PRT 20ª
Região)
99,99 195,00 335,08 499,95
Preço Médio Praticado 282,50
Gravata
-
-
-
Dispensa
nº 19/2012
(PRT 20ª
Região)
Pregão nº
67/2013
(TRE/GO)
Pregão nº
22/2014
(MPOG)
39,95 31,92 36,00
Preço Médio Praticado 35,95
Cinto
-
-
-
Pregão nº
03/2013
(IFRJ)
Pregão nº
67/2013
(TRE/GO)
Pregão nº
22/2014
(MPOG)
16,67 43,26 46,33
Preço Médio Praticado 35,42
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Meia
social
-
-
-
Pregão nº
03/2013
(IFRJ)
Pregão nº
67/2013
(TRE/GO)
Pregão nº
22/2014
(MPOG)
6,83 10,10 14,00
Preço Médio Praticado 10,31
Sapato
social
-
-
-
Pregão nº
03/2013
(IFRJ)
Pregão nº
67/2013
(TRE/GO)
Pregão nº
22/2014
(MPOG)
78,33 166,27 124,00
Preço Médio Praticado 122,86
Observação:
Leia-se:
IFRJ – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro;
CN do MP – Conselho Nacional do Ministério Público;
AGR – Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos;
PRT – Procuradoria Regional do Trabalho (20ª Região/Sergipe);
TRE/GO – Tribunal Regional Eleitoral de Goiás;
MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Fonte:
http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2013-05/edital-pregaoeletronico-004-2012---confeccao-de-
crachas.pdf;
http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2013-05/caicara-istribuidora.pdf;
http://www.ifrj.edu.br/webfm_send/4766;
http://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/PREGO_ELETRNICO_-_45-2012_-
_IMPRESSORA_E_INSUMOS_PARA_CRACHS_-_VERSO_FINAL.pdf;
http://www.bhcard.com.br/;
http://www.planetcard.com.br/;
http://www.cardcom.com.br/;
http://www.dashuniformes.com.br/home;
http://www.pontoaltouniformes.com.br/;
http://www.solostocks.com.br/venda-produtos/roupas;
http://www.newmaxconfeccoes.com.br/.
Com base nos dados obtidos, referentes ao preço médio de mercado dos subitens que
compõem o item uniforme, procedeu-se ao cálculo do gasto mensal do uniforme e o
consequente superfaturamento oriundo do sobrepreço verificado:
Tabela 11: Memória de Cálculo para o sobrepreço do item uniforme
Descrição
resumida
do item
Quantidade
anual por
motorista
(em
unidades)
Valor
unitário
mensal
contratado
(em R$)
Valor
anual
contratado
(em R$)
Média
real para
valor
unitário
(em R$)
Valor
anual
real
(em R$)
Superfaturamento
por sobrepreço
(em R$)
Crachá com
foto 2 50,00 100,00 5,30 10,60 89,40
Calça social na
cor preta 4 150,00 600,00 45,06 180,24 419,76
Camisa manga
comprida 4 150,00 600,00 63,05 252,20 347,80
Camisas manga
curta 6 110,00 660,00 48,35 290,10 369,90
Terno
completo 2 650,00 1.300,00 282,50 565,00 735,00
Gravata social
vertical 2 45,00 90,00 35,95 71,90 18,10
Cinto
em couro 2 70,00 140,00 35,42 70,84 69,16
Par de meia
social. 10 30,00 300,00 10,31 103,10 196,90
Par de sapato
tipo social. 2 290,00 580,00 122,86 245,72 334,28
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Valor total:
Anual contratado x Anual Real 4.370,00 - 1.789,70 2.580,30
Total Anual - 1.789,70
Total Semestral - 894,85
Total Mensal - 149,14
Superfaturamento por sobrepreço – Valor anual para 1 motorista 2.580,30
Superfaturamento por sobrepreço – Valor anual para 8 motoristas 20.642,40
Fonte: Planilha de Custo e Formação de Preços apresentada pela empresa vencedora Ribal Locadora de
Veículos Ltda e dados de pesquisa de mercado realizada conforme consta da tabela intitulada “Pesquisa de
Preço – Item uniforme”.
Após cálculo da diferença dos preços contratados e aqueles praticados no mercado,
constata-se um superfaturamento anual ocasionado por sobrepreço nos custos do item
uniforme no montante de R$ 20.642,40.
d) Celular:
O valor contratado para o item celular, constante do módulo 3 - “Insumos Diversos” da
planilha de custo, foi de R$135,00 mensais por motorista. Considerando o período de um
ano, bem como o quantitativo de oito motoristas, o montante contratado foi da ordem de
R$12.960,00.
Consta do Edital do Pregão Eletrônico nº 02/2012, no item 5.3 – “Da Execução dos
Serviços”, subitem 5.3.20, que “a contratada deverá fornecer ao motorista aparelho de
telefone celular ou rádio de comunicação móvel, de forma que possa ser contatado pelo
CONTRATANTE, sempre que estiver a serviço deste, sem qualquer ônus adicional para
o Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em Minas Gerais”. Não consta do Termo de
Referência descrição sobre as características do aparelho celular a ser fornecido pela
empresa contratada. A IN nº 02/2008, editada pela SLTI/MPOG, estabelece na alínea “d”,
inciso XIV, do artigo 15, que o Termo de Referência deverá conter a relação de máquinas,
equipamentos e utensílios a serem usados. De tal forma, o valor a ser apropriado na
planilha de custos e formação de preços deverá ser relativo ao custo de depreciação do
equipamento, sendo rateado por empregado e pelo número de meses do contrato. A
empresa vencedora não pode repassar ao contratante o custo da compra do equipamento,
uma vez que findo o contrato firmado tal bem continuará em posse da empresa contratada.
Nesse sentido, buscou-se na Instrução Normativa SRF nº 162/98, que fixou as taxas
anuais de depreciação para bens adquiridos novos, a taxa de depreciação de aparelho
celular e, conforme referência NCM 8517, esse tipo de aparelho tem taxa de depreciação
zero.
Sendo assim, considerou-se que o valor para o item celular, constante da planilha de
custos, deve referir-se ao valor da franquia para telefonia celular. Dessa forma, buscou-
se verificar os preços praticados em outros procedimentos licitatórios realizados por
outros órgãos da Administração Pública. Consta do Pregão Eletrônico nº 38/2013,
realizado pelo Tribunal de Contas da União, cujo objeto consistiu na contratação de
serviços continuados de condução de veículos, a definição na Planilha de Composição de
Custos e Formação de Preços, constante do Anexo IV, do valor de R$50,00 mensais para
a franquia de telefonia celular. Tal valor foi estabelecido “em razão de pesquisa realizada
junto aos sites das operadoras de telefonia celular, quanto aos valores de planos básicos.”.
Com base em tal valor para a franquia mensal de telefonia celular, segue memória de
cálculo com o sobrepreço para o item celular:
Tabela 12: Memória de Cálculo para o sobrepreço do item celular
Valor Contratado
R$135,00 por mês x 12 meses = R$1.620,00 por ano para cada motorista;
R$1.620,00 x 08 motoristas = R$12.960,00 ao ano
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Valor Devido
R$50,00 por mês x 12 meses = R$600,00 por ano para cada motorista;
R$600,00 x 08 motoristas = R$4.800,00 ao ano
Sobrepreço: R$12.960,00 - R$4.800,00 = R$8.160,00
e) Veículos:
O valor contratado para o item Veículos, constante do módulo 3 - “Insumos Diversos” da
planilha de custo, foi de R$5.902,71 mensais, sendo R$2.048,31 de custos fixos e
R$3.854,40 de custos variáveis. Considerando o período de um ano, bem como o
quantitativo de oito veículos, o montante contratado foi da ordem de R$566.660,16.
O valor para o item Veículos, constante do módulo “Insumos Diversos”, é composto pelos
custos fixos e variáveis, conforme o contido na Planilha de Custo e Formação de Preços
apresentada pela empresa vencedora. O superfaturamento verificado em função do
sobrepreço para os custos fixos foi tratado no item 1.1.1.2 deste Relatório e alcançou a
ordem de R$822,08 mensais e R$9.864,96 por ano para cada veículo.
Considerando que foram contratados oito veículos, o superfaturamento, em relação aos
custos fixos, é de R$78.919,68 ao ano. Os custos variáveis são formados pelos gastos com
manutenção/peças/revisões; pneus/câmaras; combustível e lavagem. Requereu-se a
disponibilização das memórias de cálculo para os itens que compõem os custos variáveis,
sendo tais informações fornecidas por meio do Ofício Nº 242/DIGAD/NEMS/MG de
20/11/2014. As memórias de cálculo fornecidas e a respectiva análise encontram-se nos
itens a seguir:
I) Custo com manutenção/peças/revisões:
Os gastos discriminados para tal item encontram-se, de forma resumida, descritos na
tabela que se segue:
Tabela 13: Composição dos custos com manutenção, peças e revisões.
Item Valor
(em R$)
Motor e transmissão 320,00
Sistema de arrefecimento e ar condicionado 90,00
Freios 260,00
Direção e suspensão 280,00
Carroceria 540,00
Sistema elétrico 160,00
Itens de segurança 80,00
Inspeção e teste de rodagem 90,00
Diagnóstico eletrônico 180,00
Valor Total 2.000,00
Fonte: Ofício Nº 242/DIGAD/NEMS/MG, de 20/11/2014, em resposta à Solicitação de
Auditoria nº 02 de 31/10/2014.
Considerando o valor contratado de R$2.000,00 mensais para os custos com manutenção,
peças e revisões, têm-se um dispêndio anual de R$24.000,00 por veículo. Tal valor
corresponde a 62,82% do valor do Cobalt em sua versão básica de R$38.200,00.
Consta do Termo de Referência, em seu item 5.1.2, que os veículos contratados mediante
franquia “deverão ser do ano da respectiva assinatura do contrato” e que, caso o contrato
se estenda até o limite de 60 meses, fica estipulado que deverá haver, a partir dos 36
primeiros meses de contratação, a substituição dos “veículos contratados através de
franquia por veículos do ano da assinatura do respectivo Termo Aditivo”. De tal forma,
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considerando-se que no primeiro ano de contrato os veículos são novos, buscou-se no
sítio eletrônico da Chevrolet informações sobre o valor de cada revisão, bem como os
itens que seriam inspecionados e trocados quando da sua realização. Segundo o Manual
de Serviços do Cobalt, as revisões são realizadas a cada 10.000 km ou 12 meses, o que
ocorrer primeiro. Tendo em vista que a franquia contratada correspondeu a 1.780 km por
mês para cada veículo, infere-se que cada veículo contratado rodaria em média 21.360
km ao longo de um ano, necessitando, portanto, de duas revisões. O valor de cada revisão
e os itens inspecionados e trocados encontram-se descritos na tabela a seguir:
Tabela 14: Valores para revisão do veículo marca Cobalt
Revisão Quilometragem Itens inspecionados Itens trocados Valor
(em R$)
1ª
Revisão 10.000 km
Motor e Transmissão Filtro de Combustível
184,00
Freios
Direção, Suspensão e Pneus Filtro de Óleo
Carroceria
Sistema Elétrico Óleo do Motor
Sistema do Condicionador de Ar
2ª
Revisão 20.000 km
Motor e Transmissão Filtro de Combustível
412,00
Freios
Direção, Suspensão e Pneus Filtro de Óleo
Carroceria
Sistema Elétrico Óleo do Motor
Valor Total 596,00
Fonte: Sítio eletrônico http://www.chevrolet.com.br/meu-chevrolet/revisao.html.
Considerou-se veículo Cobalt, ano 2012, motor 1.4 e quilometragem aproximada de 10.000 e 20.000 km.
Comparando-se as tabelas expostas, verifica-se que os itens que compõem os custos com
manutenção, peças e revisões, e que perfazem um gasto mensal de R$2.000,00 por
veículo, são os mesmos itens inspecionados quando das revisões. Tal fato demonstra que
o gasto anual com manutenção, no montante de R$24.000,00 para cada veículo, é
inapropriado, mal planejado e não condiz com a realidade. Diante disso, constata-se um
superfaturamento anual ocasionado por sobrepreço nos custos do item manutenção, peças
e revisões no montante de R$187.232,00.
Tabela 15: Memória de Cálculo para o sobrepreço nos custos com manutenção
Valor Contratado
R$2.000,00 por mês x 12 meses = R$24.000,00 por ano para cada veículo;
R$24.000,00 x 08 veículos = R$192.000,00 ao ano
Valor Devido
R$49,67 por mês x 12 meses = R$596,00 por ano para cada veículo;
R$596,00 x 08 veículos = R$4.768,00 ao ano
Sobrepreço: R$192.000,00 - R$4.768,00 = R$187.232,00
II) Custo com pneus/câmaras:
Os gastos para tal item foram compostos por alinhamento, balanceamento de rodas,
remendos e rodízios dos pneus mensal no valor de R$2.160,00/ano (R$180,00/mês), bem
como pela troca anual de pneus e bicos no valor de R$3.840,00, segundo informações
prestadas. Logo, o valor contratado referente ao custo com pneus e câmaras foi de
R$6.000,00 ao ano e de R$48.000,00 considerando os oito veículos contratados.
Buscou-se em sítios eletrônicos o valor do pneu, referente ao veículo Cobalt, no intuito
de se quantificar o gasto inerente à troca anual de pneus e bicos. A tabela a seguir mostra
os valores encontrados, mediante pesquisa de preço, bem como a média aritmética
considerada para o valor de troca para cada pneu:
Tabela 16: Pesquisa de mercado para preço de pneu
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Empresa Consultada Valor Verificado (em R$)
Rio Claro Pneus 349,90
Diniz Pneus 335,00
Bridgestone 319,90
Média Aritmética 334,93
Fonte: Pesquisa realizada, no dia 17/12/2014, nos sítios eletrônicos:
http://www.rioclaropneus.com.br/paginas/?pagina=tabela&marca=48;
http://dinizpneus.com.br/novo/produtos/bridgestone-turanza-er300-
19565r15/;
http://loja.bridgestone.com.br/pneu-bridgestone-turanza-er300-ecopia-
19565r15-91h-cobaltspin-corolla-110.aspx/p.
Pneu considerado: 195/65 R15 91H ER300.
Considerando a troca anual dos quatro pneus, ter-se-ia um custo de R$1.339,73 para cada
veículo. Juntamente com a troca dos quatro pneus, seria feita a substituição dos bicos
(aproximadamente R$20,00 por veículo), totalizando o valor de R$1.360,00. A diferença
de valores entre o contratado para a troca anual de pneus (R$3.840,00) e o valor real
verificado (R$1.360,00) é da ordem de R$2.480,00 por veículo. Diante disso, constata-se
um superfaturamento anual ocasionado por sobrepreço nos custos do item pneus e
câmaras no montante de R$19.840,00.
Tabela 17: Memória de Cálculo para o sobrepreço nos custos com pneus/câmaras
Valor Contratado
R$500,00 por mês x 12 meses = R$6.000,00 por ano para cada veículo;
R$6.000,00 x 08 veículos = R$48.000,00 ao ano
Valor Devido
R$293,33* por mês x 12 meses = R$3.520,00 por ano para cada veículo;
R$3.520,00 x 08 veículos = R$28.160,00 ao ano
Sobrepreço: R$48.000,00 - R$28.160,00 = R$19.840,00
* Observação: O valor de R$293,33 mensais foi obtido pela soma de R$180,00 (gasto mensal com
alinhamento, balanceamento, remendos e rodízio) com R$113,33 (valor anual da troca de pneu
R$1.360,00 dividido por 12 meses de contrato).
III) Lavagem:
Os cálculos para os gastos com o referido item foram justificados, pela empresa
contratada, da seguinte maneira:
“01 lavagem semanal, sendo ao longo do mês:
- 03 lavagens americanas no valor de R$30,00;
- 01 lavagem completa no valor de R$160,00.”.
O valor contratado referente ao custo com o item lavagem foi de R$3.000,00 ao ano por
veículo e de R$24.000,00 considerando os oito veículos contratados.
Buscou-se no sítio eletrônico www.mercadomineiro.com.br os preços praticados no
mercado para a lavagem completa. Considerando a lavagem geral do carro, com aplicação
de cera, os preços variaram de R$63,00 (preço mínimo) a R$180,00 (preço máximo), com
preços intermediários de R$90,00; R$120,00 e R$150,00, conforme tabela a seguir:
Tabela 18: Pesquisa de mercado para preço da lavagem completa
Empresa Valor Verificado (em R$)
Lava Jato Buritis 63,00
Lavajato Lavadão 90,00
Lava Jato Central 120,00
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Lava Jato Anel 150,00
Lava Car Barro Preto 180,00
Média Aritmética 120,60
Fonte: Consulta realizada no sítio eletrônico www.mercadomineiro.com.br, no dia
18/12/2014.
Considerou-se "carro pequeno" e lavagem "geral com cera".
Link: http://www.mercadomineiro.com.br/pesquisa/lava-jato-pesquisa-preco
Diante do exposto, constata-se um superfaturamento anual ocasionado por sobrepreço nos
custos do item lavagem no montante de R$3.782,40.
Tabela 19: Memória de Cálculo para o sobrepreço nos custos com lavagem
Valor Contratado
R$250,00 por mês x 12 meses = R$3.000,00 por ano para cada veículo;
R$3.000,00 x 08 veículos = R$24.000,00 ao ano
Valor Devido
R$210,60* por mês x 12 meses = R$2.527,20 por ano para cada veículo;
R$2.527,20 x 08 veículos = R$20.217,60 ao ano
Sobrepreço: R$24.000,00 - R$20.217,60 = R$3.782,40
* Observação: O valor de R$210,60 mensais foi obtido pela soma de R$90,00 (gasto mensal
com 03 lavagens americanas) com R$120,60 (valor da lavagem completa).
Os itens apontados somam R$1.307.880,00 representando 20% do valor do Contrato nº
22/2012. A tabela a seguir apresenta o superfaturamento no montante de R$521.979,84,
apurado sobre o custo desses itens:
Tabela 20: Superfaturamento por sobrepreço verificado no Pregão nº 02/2012 - Contrato nº 22/2012
Item Descrição
do item
Valor anual
contratado para oito
motoristas/veículos
(em R$)
Valor anual devido
(em R$)
Superfaturamento por
sobrepreço
(em R$)
1 Transporte 22.381,44 13.878,72 8.502,72
2 Saúde Ocupacional 4.800,00 609,60 4.190,40
3 Uniformes 34.960,00 14.317,60 20.642,40
5 Celular 12.960,00 4.800,00 8.160,00
6 Veículo (*CV) 370.022,40 (*CV) 150.528,00 (*CV) 219.494,40
Valor Total Anual 260.989,92
Valor Total (02 anos de contrato) 521.979,84
Observações:
- Leia-se: *CV = Custos Variáveis;
- No item 6 (veículos) não se considerou o sobrepreço verificado nos custos fixos.
Fonte: Planilha de Custos e Formação de Preço apresentada pela empresa contratada (fls. 430 a 436 do
processo nº 25003.013425/2012-21) e termos aditivos (fls. 1.015 a 1.017 e 1.236 a 1.239 do processo).
Cabe ressaltar que esta situação poderia ter sido evitada, caso o Nems/MG tivesse
elaborado planilha orçamentária com base no modelo de planilha de custos e formação
de preços prevista na Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 02/2008 que disciplina as
contratações de serviços terceirizados. Relevante registrar o contido no art. 7º, §2º, inciso
II, da Lei nº 8.666/1993 que dispõe que os serviços somente poderão ser licitados caso
exista orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus
custos unitários. #/Fato##
Causa
O Chefe da Divisão de Convênios e Gestão do Nems/MG, juntamente com o responsável
pelo Setor de Recursos Logísticos, autorizaram a realização de certame licitatório, para a
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contratação de empresa prestadora de serviços de transporte, sem a elaboração, pelo setor
competente, de planilha de custos e formação de preços que serviria de subsídio para a
determinação do valor máximo aceitável pela Administração para a referida contratação.
Além disso, a comissão de licitação adotou postura passiva ao dar prosseguimento ao
procedimento licitatório, promovendo o julgamento das propostas, sem o orçamento
detalhado em planilha, que deveria ter sido elaborada pelo setor competente, expressando
os custos unitários da contratação.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 041/DIGAD/NEMS/MG, de 20 de março de 2015, em decorrência
de sua análise ao Relatório Preliminar encaminhado, o Nems/MG prestou o seguinte
esclarecimento:
“(...) atentamos para o Acórdão 4.621/2009 - 2ª Câmara – TCU (...)
“Não é demais lembrar que a Administração não pagará diretamente pelos
encargos trabalhistas indicados na planilha, pois são eles de responsabilidade
da contratada. Não interessa para a contratante, por exemplo, se em
determinado mês a contratada está tendo gastos adicionais porque muitos
empregados estão em gozo de férias ou não. À contratante interessa que haja a
prestação de serviços de acordo com o pactuado. Ou seja, a planilha de
formação de custos de mão de obra constitui um útil ferramental para a análise
do preço global ofertado, mas não constitui em indicativos de serviços unitários
a serem pagos de acordo com a sua execução, como quando ocorre com os
serviços indicados no projeto básico de uma obra pública, os quais são pagos
de acordo com o fornecimento de cada item unitário. Aliás, nem poderia ser
diferente, pois a contratação prevê um pagamento fixo mensal e os valores dos
encargos trabalhistas indicados estão sujeitos a variações que escapam ao
controle das partes contratantes (v. g., aviso prévio indenizado, auxílio doença,
faltas legais, licença maternidade/paternidade, faltas legais, etc.). Desta forma,
os valores correspondentes aos encargos são meras estimativas apresentadas
pela licitante, de forma que eventuais divergências entre o apresentado e o
efetivamente ocorrido devem ser considerados como inerentes aos riscos do
negócio, impactando positivamente ou negativamente sobre o lucro da
contratada.
(...)
eventuais falhas constantes das planilhas de custos unitários indicativos dos
custos de formação de obra terceirizada devem ser adequadamente sopesadas
de acordo com os objetivos instrumentais da planilha, de forma a não serem
desclassificadas propostas mais vantajosas para a Administração e cujos preços
atendam aos requisitos legais. Destaco que, até mesmo em situações em que se
verificam itens unitários com sobrepreço, em se constatando a razoabilidade do
preço global não se fala em prejuízos para a Administração.”.
(...)
A CGU executou trabalho minucioso, com vistas a “validar” ou não os valores
registrados na Planilha de Custo e Formação de Preços, notadamente no que tange aos
custos fixos e variáveis em relação ao veículo. Considerando o prazo exíguo de resposta
(10 dias úteis), não promoveremos, neste momento, resposta individualizada, sob o risco
de apresentarmos informações incompletas.”.
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##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação encaminhada pela Unidade relata que não se poderia falar em prejuízos
para a Administração, relativos a itens unitários com sobrepreço, desde que haja
razoabilidade do preço global. Como demonstrado pela análise dos preços unitários, o
preço global estipulado pelo órgão não se mostrou razoável, mas sim superestimado.
Inclusive, a estimativa do preço global não se mostrou confiável, conforme relatado no
item 1.1.1.1 desse relatório.
O Nems/MG deveria ter elaborado planilha de custos e formação de preços para serviços
terceirizados que serviria de base para a análise da aceitabilidade de preços, quando da
licitação.
Apresentamos, a seguir, a planilha de custos e formação de preços completa apresentada
pela empresa com a comparação dos preços de mercado pesquisados pela equipe de
auditoria, demonstrando que o preço global contratado não foi razoável.
Planilha de Custos e Formação de Preços
MÓDULO 1 - COMPOSIÇÃO DA REMUNERAÇÃO
Composição da Remuneração % Total
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A Salário Base 100,00% 1.300,42 1.300,42
Total de Remuneração - 1.300,42 1.300,42
MÓDULO 2 - BENEFÍCIOS MENSAIS E DIÁRIOS
2 Benefícios Mensais e Diários %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A Transporte (22x4xR$ 2,65) - 6% do salário (parcela
empregado) - 233,14 144,57
B Auxílio Alimentação (R$20,00/dia x 22 dias) - 440,00 440,00
C Assistência Médica e Familiar - 95,00 95,00
D Treinamento e Reciclagem - - -
E Seguro de Vida, Invalidez e Funeral - 25,00 25,00
F Saúde Ocupacional - 50,00 6,35
Total de Benefícios Mensais e Diários - 843,14 710,92
MÓDULO 3 - INSUMOS DIVERSOS
3 Insumos Diversos %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A Uniformes - 364,17 149,14
B Equipamentos de Comunicação - Celular - 135,00 50,00
C Veículo - 5.902,71 2.480,08
Total dos Insumos Diversos - 6.401,88 2.679,22
MÓDULO 4 - ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS
Submódulo 4.1 - Encargos previdenciários e FGTS
4.1 Encargos Previdenciários e FGTS %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A INSS 0,00% - -
B SESI ou SESC 0,00% - -
C SENAI ou SENAC 0,00% - -
D INCRA 0,00% - -
E Salário Educação 0,00% - -
F FGTS 8,00% 104,03 104,03
G Riscos Ambientais do Trabalho 0,00% - -
H SEBRAE 0,00% - -
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TOTAL 8,00% 104,03 104,03
Submódulo 4.2 - 13º Salário e Adicional de Férias
4.2 13º Salário e Adicional de Férias %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A 13º Salário 8,33% 108,37 108,37
B Adicional de Férias 2,78% 36,12 36,12
Subtotal 11,11% 144,49 144,49
C Incidência do Submódulo 4.1 sobre 13º Salário e
Adicional de Férias 8,00% 11,56 11,56
TOTAL 19,11% 156,05 156,05
Submódulo 4.3 - Provisão para Rescisão
4.3 Provisão para Rescisão %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A Aviso Prévio Indenizado 6,66% 86,69 5,46
B Incidência do FGTS sobre o aviso prévio indenizado 0,53% 6,94 43,69
C Multa do FGTS do aviso prévio indenizado 2,56% 33,29 2,08
D Contribuição Social do aviso prévio indenizado 0,64% 8,32 0,52
E Aviso Prévio Trabalhado 0,39% 5,06 0,52
F Incidência do submódulo 4.1 sobre aviso prévio
trabalhado 0,03% 0,40 4,16
G Multa do FGTS do aviso prévio trabalhado 0,64% 8,32 0,83
H Contribuição Social do aviso prévio trabalhado - - -
TOTAL - 149,02 57,26
Submódulo 4.4 - Custo de Reposição do Profissional Ausente
4.4 Composição do Custo de Reposição do Profissional
Ausente
%
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A Férias 8,33% 108,37 108,37
B Ausência por doença 3,38% 43,96 21,58
C Licença paternidade 0,28% 3,61 0,26
D Ausências legais 2,26% 29,37 10,66
E Ausência por acidente de trabalho 0,63% 8,13 0,39
Subtotal - 193,44 141,26
G Incidência do Submódulo 4.1 sobre o Custo de Reposição - 15,47 11,30
TOTAL - 208,91 152,56
QUADRO RESUMO MÓDULO 4 - ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS
4 Módulo 4 - Encargos Sociais e Trabalhistas %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
4.1 Encargos Previdenciários e FGTS - 104,03 104,03
4.2 13º Salário e Adicional de Férias - 156,05 156,05
4.3 Custo de Rescisão - 149,03 57,26
4.4 Custo de Reposição do Profissional Ausente - 208,91 152,56
TOTAL - 618,02 469,90
MÓDULO 5 - CUSTOS INDIRETOS, TRIBUTOS E LUCRO
5 Custos Indiretos, Tributos e Lucro %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A Base para cálculo dos custos indiretos (subtotal dos
módulos) -
9.163,46 5.160,46
B Custos Indiretos (aplicar sobre A) 20,00% 1.832,69 1.032,09
C Base para cálculo do lucro (custos indiretos + subtotal dos
módulos) - 10.996,15 6.192,55
D Lucro (aplicar sobre C) 15,00% 1.649,42 928,88
Subtotal antes dos tributos (C + D) - 12.645,57 7.121,43
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E Tributos %
Utilizada
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
E.1 Tributos Federais - PIS 0,42% 57,22 32,22
E.2 Tributos Federais - COFINS 1,76% 239,78 135,03
E.3 Tributos Municipais - ISS 5,00% 681,19 383,61
VALOR TOTAL DOS TRIBUTOS (E) 7,18% 978,19 550,86
VALOR TOTAL DOS CUSTOS INDIRETOS, TRIBUTOS
E LUCROS - 4.460,30 2.511,83
Quadro Resumo do Custo por Empregado
Mão de obra vinculada à execução contratual (valor por empregado)
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
A Módulo 1 - Composição da Remuneração 1.300,42 1.300,42
B Módulo 2 - Benefícios Mensais e Diários 843,14 710,92
C Módulo 3 - Insumos Diversos (uniformes, materiais, equipamentos) 6.401,88 2.679,22
D Módulo 4 - Encargos Sociais e Trabalhistas 618,02 469,90
Subtotal (A + B + C + D) 9.163,45 5.160,46
E Módulo 5 - Custos Indiretos, Tributos e Lucro 4.460,30 2.511,83
VALOR TOTAL POR EMPREGADO 13.623,75 7.672,29
QUADRO DEMONSTRATIVO DO VALOR MENSAL E GLOBAL
Valor
Contratado
(R$)
Valor
Mercado
(R$)
Custo mensal por veículo com motorista 13.623,75 7.672,29
Total mensal para 08 (oito) veículos com motorista 108.990,00 61.378,32
Valor total anual 1.307.880,00 736.539,84
Mantém-se a constatação uma vez que o órgão não adicionou informações, em sua
manifestação, que justificassem a ausência de elaboração da planilha de formação de
custos. Relevante registrar o contido no art. 7º, §2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993 que
dispõe que os serviços somente poderão ser licitados caso exista orçamento detalhado em
planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários.
Além disso, houve descumprimento do preconizado no art.15, inciso XII, alínea a, da IN
SLTI 02/2008 que define que o projeto básico ou termo de referência deverá conter “(...)
o custo estimado da contratação, o valor máximo global e mensal estabelecido em
decorrência da identificação dos elementos que compõem o preço dos serviços (...)” que
deverá ser definido, dentre outros itens, “por meio do preenchimento da planilha de
custos e formação de preços, observados os custos dos itens referentes ao serviço,
podendo ser motivadamente dispensada naquelas contratações em que a natureza do
objeto torne inviável ou desnecessário o detalhamento dos custos para aferição da
exequibilidade dos preços praticados”. Considerando que a natureza do objeto licitado
não torna inviável ou desnecessário o detalhamentos dos custos, conclui-se pela
necessidade de preenchimento da planilha de custos e formação de preços de forma a
servir de referência e subsídio para a aferição do custo da contratação e para a análise
quanto à exequibilidade dos preços ofertados pelas licitantes.
Relata-se que a manifestação elaborada sem separação por constatações prejudicou e
dificultou a interpretação sobre a opinião do órgão em relação aos fatos expostos. O prazo
de 10 dias úteis nos parece suficiente e razoável para a exposição da opinião da Unidade
sobre os fatos expostos, tendo em vista que foram encaminhadas solicitações de auditoria
sobre as situações conflitantes e, portanto, o Relatório Preliminar serviu para consolidar
os fatos verificados e, de certa forma, já conhecidos pelo Nems/MG.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
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Recomendação 1: Capacitar os servidores que atuam na área de licitações e contratos,
principalmente no tocante à elaboração de orçamento base em planilhas de quantitativos
e preços unitários, estabelecendo assim critérios de aceitação de preços unitários nos
editais e proporcionando o melhor julgamento das propostas ofertadas, bem como
capacitar os pregoeiros e comissão de licitação.
Recomendação 2: Apurar responsabilidades pela aceitação de custos unitários com
sobrepreço, na planilha de preços da empresa contratada, relativos ao Contrato nº
22/2012.
1.1.1.4 CONSTATAÇÃO
Aceite de alíquotas variáveis para encargos sociais e trabalhistas com extrapolação
dos parâmetros recomendados.
Fato
O Nems/MG não elaborou, quando do planejamento do processo de licitação pública,
orçamento detalhado em planilhas que demonstrasse a alíquota máxima, aceita pelo
órgão, para o cálculo dos custos relativos a cada item que compõe os encargos sociais e
trabalhistas, oriundos da utilização de mão de obra na prestação dos serviços de
transporte.
Alguns desses encargos, como encargos previdenciários e FGTS, possuem seus
percentuais estabelecidos pela legislação vigente, enquanto outros apresentam alíquotas
variáveis, calculadas a partir de estimativas que envolvem desde o número de dias
efetivamente trabalhados até estatísticas sobre natalidade, demissões, dentre outras.
Com relação aos encargos que não possuem uma alíquota fixa, existem orientações para
o preenchimento da planilha analítica de composição de custos e formação de preços, no
sentido de estimar possíveis valores para tais percentuais. Nesse sentido, o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOG publicou, em maio de 2011, o Manual de
Orientação para Preenchimento da Planilha de Custo e Formação de Preços, bem como
foram realizados estudos pelo Conselho Nacional de Justiça, publicados pela Resolução
nº 98/2009, sobre tal abordagem.
Com base nessas orientações, e em Acórdãos do TCU, verificou-se que alguns itens que
compõem os encargos sociais e trabalhistas constantes da planilha de custo e formação
de preço apresentada pela empresa Ribal Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ nº
07.605.506/0001-73), vencedora do Pregão nº 02/2012, foram calculados com base em
alíquotas divergentes daquelas estimadas nos estudos citados.
Cumpre relatar que a definição das alíquotas variáveis fica a critério da empresa e que tal
estimativa, normalmente, é fundamentada com base em situações verificadas em seu
cotidiano e nas peculiaridades de cada contratação. Entretanto, há que se considerar que
existem limites razoáveis de extrapolação aos parâmetros sugeridos para as alíquotas
variáveis. De tal forma, a definição, pelo órgão contratante, de limites máximos aceitáveis
para as alíquotas variáveis resultaria em vantagens econômicas para a administração
pública e garantiria a observância dos princípios da racionalidade e da economicidade.
Segue tabela contendo análise sobre as alíquotas aplicadas no cálculo dos encargos
trabalhistas pela empresa vencedora e o percentual ideal recomendado:
Tabela 21: Cálculo dos encargos sociais e trabalhistas
Provisão para rescisão
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Descrição
(%)
Orçamento
empresa
contratada
(%)
Recomendada
Memória de
cálculo
Análise do controle
interno Fundamento
Aviso Prévio
Indenizado 6,66% 0,42%
(0,05 x
(1/12)) x 100
Estima-se que 5% dos
empregados serão
demitidos pelo
empregador antes do
término do contrato de
trabalho. No
orçamento contratado,
considerou-se um
percentual de 80% de
demissões.
Art. 7º, inciso
XXI, da CF/88
e Art. 477,
487 a 491 da
CLT.
Incidência do
FGTS sobre o
Aviso Prévio
Indenizado
0,53% 0,0336% (0,08 x
0,0042) x 100
Multiplicar o
percentual do FGTS
(8%) sobre o aviso
prévio indenizado
(0,42%). No
orçamento contratado,
aplicou-se um
percentual maior do
que o recomendado.
Leis nº
8.036/90 e nº
9.491/97.
Multa do FGTS
do Aviso Prévio
Indenizado
2,56% 0,16%
(0,05 x 1 x
0,40 x 0,08) x
100
Valor da multa do
FGTS indenizado
(40%) + contribuição
social sobre o FGTS
(10%), que incide
sobre a alíquota do
FGTS (8%) aplicado
sobre o custo de
referência do aviso
prévio indenizado. No
orçamento contratado,
aplicou-se um
percentual maior do
que o recomendado,
pois se considerou o
percentual de 80% de
demissões em vez de
5%.
Leis nº
8.036/90 e nº
9.491/97.
Contribuição
Social do Aviso
Prévio
Indenizado
0,64% 0,04% (0,1 x 0,08 x
0,05) x 100
Aplicar o percentual da
contribuição social
(10%) sobre a alíquota
do FGTS (8%), sobre o
percentual de
demissões (5%). No
orçamento contratado,
aplicou-se um
percentual maior do
que o recomendado,
pois se considerou o
percentual de 80% de
demissões em vez de
5%.
Art. 1º da LC
nº 110/01
Aviso Prévio
Trabalhado
0,39% 0,04% ((7/30)/12) x
0,02 x 100
Ocorre quando o
empregado continua
trabalhando após o
recebimento do aviso
prévio. É o custo da
redução da jornada de
trabalho de sete dias ou
Art. 7º, inciso
XXI, da CF/88
e Art. 477,
487 a 491 da
CLT.
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duas horas diárias para
que o empregado possa
procurar outro
emprego. Estima-se
que cerca de 2% do
pessoal é demitido
nessa situação. No
orçamento contratado,
aplicou-se um
percentual maior do
que o recomendado,
pois se considerou o
percentual de
aproximadamente 20%
em vez de 2%.
Incidência do
Submódulo 4.1
(Encargos
Previdenciários
e FGTS) sobre
Aviso Prévio
Trabalhado
0,03% 0,032% (0,08 x 0,004)
x 100
Multiplica-se o
percentual do
submódulo 4.1 (8%)
sobre o valor do aviso
prévio trabalhado
(0,04%). No
orçamento contratado,
aplicou-se o percentual
recomendado.
Art. 15, c/c o
art. 18 da Lei
nº 8.036/90 e
art. 214 do
Regulamento
da Previdência
Social.
Multa do FGTS
do Aviso Prévio
Trabalhado
0,64% 0,064% (0,02 x 0,40 x
0,08) x 100
Multa de 40% do
FGTS (8%),
considerando que 2%
dos funcionários serão
substituídos durante
um ano. No orçamento
contratado, aplicou-se
um percentual maior
do que o recomendado,
pois se considerou o
percentual de
aproximadamente 20%
de substituição em vez
de 2%.
Leis nº
8.036/90 e nº
9.491/97.
Custo de reposição do profissional ausente
Ausência por
doença 3,38% 1,66%
(5,96/30) /12
x 100
Refere-se aos dias em
que o empregado fica
doente e a contratada
deve providenciar a
sua substituição.
Deverão ser adotados
5,96 dias, devendo-se
converter esses dias
em mês e depois
dividi-lo pelo número
de meses no ano
(Acórdão TCU nº
1.753/2008 Plenário).
No orçamento
contratado, aplicou-se
um percentual maior
do que o recomendado,
pois se considerou,
aproximadamente,
12,14 dias em vez de
5,96.
Art. 131,
inciso III da
CLT.
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Licença
Paternidade 0,28% 0,02%
((5/30)/12) x
0,05 x 100
Refere-se aos 5 dias
corridos em que o
empregado fica
ausente em função de
nascimento de filho.
Estima-se que 1,5%
dos funcionários
usufruem cinco dias de
licença por ano. No
orçamento contratado,
aplicou-se um
percentual maior do
que o recomendado,
pois se considerou o
percentual de 20,29%
dias em vez de 1,5%.
Art. 7º, inciso
XIX, da CF/88
e Art. 10, §1º
da CLT.
Ausências
Legais 2,26% 0,82%
((2,96/30)/12)
x 100
Refere-se a um
conjunto de casos em
que o funcionário pode
ser ausentar por
determinadas razões,
com amparo legal, e a
contratada deve repor
essa mão de obra.
Estima-se que há, em
média, 2,96 faltas por
ano nesta rubrica
(Acórdão TCU nº
1.753/2008 Plenário).
No orçamento
contratado, aplicou-se
um percentual maior
do que o recomendado,
pois se considerou uma
média de 8,13 faltas
por ano em vez de
2,96.
Arts. 473 e 83
da CLT.
Ausência por
Acidente de
Trabalho
0,63% 0,03% ((15/30)/12) x
0,0078 x 100
Refere-se ao direito do
empregado de se
afastar por até 15
(quinze) dias corridos
nos casos de acidente
de trabalho, tendo a
empresa contratada o
ônus de remunerá-lo.
Em média 0,78% dos
empregados se
acidentam no ano. No
orçamento contratado,
aplicou-se um
percentual maior do
que o recomendado,
pois se considerou que
15% dos empregados
se acidentam no ano
em vez de 0,78%.
Art. 27 do
Decreto nº
89.312/84 e
Art. 131 da
CLT.
Fontes:
- Planilha de Custo e Formação de Preços apresentada pela empresa vencedora Ribal Locadora de Veículos
Ltda;
- Manual de Orientação para Preenchimento da Planilha de Custo e Formação de Preços do MPOG
publicado em 2011;
- Estudos do Conselho Nacional de Justiça, publicados pela Resolução nº 98/2009;
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- Acórdão do Tribunal de Contas da União – TCU nº 1.753/2008 Plenário.
A tabela a seguir demonstra, em termos monetários, a economia gerada caso as alíquotas
propostas pela empresa vencedora fossem reajustadas de acordo com os percentuais
recomendados:
Tabela 22: Cálculo dos encargos sociais e trabalhistas – readequação das alíquotas
Provisão para rescisão
Descrição Alíquota
contratada
Valor total
mensal
contratado
(em R$)
Alíquota
recomendada
Valor total
mensal
recomendado
(em R$)
Diferença
entre
contratado e
recomendado
(em R$)
Aviso Prévio
Indenizado 6,66% 86,69 0,42% 5,46 81,23
FGTS sobre o Aviso
Prévio Indenizado 0,53% 6,94 0,036% 0,47 6,47
Multa do FGTS do
Aviso Prévio
Indenizado
2,56% 33,29 0,16% 2,08 31,21
Contribuição Social do
Aviso Prévio
Indenizado
0,64% 8,32 0,04% 0,52 7,80
Custo de reposição do profissional ausente
Ausência por doença 3,38% 43,96 1,66% 21,59 22,37
Licença Paternidade 0,28% 3,61 0,02% 0,26 3,35
Ausências Legais 2,26% 29,37 0,82% 10,66 18,71
Ausência por Acidente
de Trabalho 0,63% 8,13 0,03% 0,39 7,74
Valor total mensal
-
220,31
-
41,43 178,88
Valor total anual 2.643,72 497,16 2.146,56
Valor total anual
contratado* 21.149,76 3.977,28 17.172,48
Valor total
contratado** 42.229,52 7.954,56 34.344,96
Observação: *O “valor total anual contratado” refere-se ao valor total anual multiplicado por oito, tendo
em vista que o objeto do contrato consistiu em oito veículos permanentes com motorista;
** O “valor total contratado” refere-se ao valor total anual contratado multiplicado por dois, tendo em
vista a prorrogação contratual.
Fonte: Planilha de Custo e Formação de Preços apresentada pela empresa vencedora Ribal Locadora de
Veículos Ltda e cálculos efetuados com base nos estudos realizados, já citados neste ponto do Relatório,
com orientações sobre as alíquotas recomendadas.
Diante do exposto, conclui-se que a ausência de elaboração, pelo NEMS/MG, da planilha
de formação de preços contendo as alíquotas máximas aceitáveis pela Administração para
o cálculo dos encargos sociais e trabalhistas, conforme orientações sobre os percentuais
adequados de aplicação, apresentou como consequência a aceitação de alíquotas
superiores àquelas recomendadas. Caso as alíquotas apresentadas estivessem de acordo
com os percentuais recomendados, haveria redução no valor da contratação em torno de
R$17.172,48 por ano de contrato e possível economia de R$34.344,96, considerando a
prorrogação contratual de um ano. Ademais, houve descumprimento do contido no art.
7º, §2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993.
Cumpre descrever trechos do Acordão TCU nº 1859/2009 – Plenário:
“9.1. determinar [...]:
[...]
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9.1.3. passe a observar, principalmente nas licitações destinadas à contratação de obras
e serviços de engenharia, os seguintes procedimentos:
[...]
9.1.3.2. ao elaborar as supracitadas planilhas de composição de custos unitários,
apresentar todos os dados necessários para possibilitar condições reais de análise dos
parâmetros adotados pela Administração, indicando, dentre outras informações, os
custos de todos os insumos, os índices de consumo de materiais e de produtividade da
mão-de-obra/equipamentos utilizados, as quantidades de horas para cada tipo de
profissional, bem como os respectivos salários e encargos sociais considerados, que
devem ser acompanhadas das correspondentes memórias de cálculo e referências de
preços utilizadas, além das justificativas acerca de eventuais diferenças relevantes de
preço, em comparação com os valores usualmente encontrados no mercado”.
##/Fato##
Causa
O Chefe da Divisão de Convênios e Gestão do Nems/MG, juntamente com o responsável
pelo Setor de Recursos Logísticos, autorizaram a realização de certame licitatório, para a
contratação de empresa prestadora de serviços de transporte, sem a elaboração, pelo setor
competente, de planilha de custos e formação de preços que serviria de subsídio para a
determinação das alíquotas máximas aceitas pela Unidade para a referida contratação.
Além disso, a comissão de licitação adotou postura passiva ao dar prosseguimento ao
procedimento licitatório, promovendo o julgamento das propostas, sem a devida
verificação quanto à razoabilidade das alíquotas variáveis propostas pelas empresas
licitantes.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio da Solicitação de Auditoria nº 201409269/05, de 05/12/2014, foram requeridas
informações de como foi realizada a avaliação e o julgamento das alíquotas variáveis dos
encargos sociais e trabalhistas, bem como se foram feitos questionamentos à empresa
contratada, ou mesmo se foi solicitada a memória de cálculo para tais despesas, no intuito
de justificar a diferença entre os percentuais apresentados e aqueles recomendados pelo
MPOG.
Por intermédio do Ofício nº 294/DIGAD/NEMS/MG, de 12/12/2014, o NEMS/MG
prestou a seguinte manifestação:
“Item nº 28: As alíquotas variáveis foram avaliadas tendo por base o Manual MPOG,
que informa valores de referência, não limitadores.”.
“Item nº 29: Na etapa do processo licitatório a análise relativa à planilha de custos de
formação de preços foi realizada e os esclarecimentos encontram-se às fls. 355, 356, 360
e 375 do processo, cuja cópia encontra-se nessa CGU. Na etapa de repactuação a análise
encontra-se às fls. 1165 a 1168, do volume VII, não houve questionamentos junto à
contratada. Referida repactuação foi objeto de análise pela CJU conforme Parecer às
fls. 1181 a 1186, com providências do NEMS/MG às fls. 1195 a 1196.”.
Por meio do Ofício nº 041/DIGAD/NEMS/MG, de 20/03/ 2015, em decorrência de sua
análise ao Relatório Preliminar encaminhado, o Nems/MG prestou o seguinte
esclarecimento:
“(...) A respeito, ainda no sentido do caráter instrumental das planilhas, trago as
seguintes considerações constante do voto condutor do Acórdão 963/2004-Plenário: “6.
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Sobre a desnecessidade de detalhamento dos itens que compõem os encargos sociais e
trabalhistas na planilha de preços utilizada como modelo no edital, penso que a
presumida omissão não traz problemas para o órgão contratante, pois, segundo
explicado pela unidade técnica, o contratado é obrigado a arcar com as consequências
das imprecisões na composição dos seus custos.” Não é demais lembrar que a
Administração não pagará diretamente pelos encargos trabalhistas indicados na
planilha, pois são eles de responsabilidade da contratada. Não interessa para a
contratante, por exemplo, se em determinado mês a contratada está tendo gastos
adicionais porque muitos empregados estão em gozo de férias ou não. À contratante
interessa que haja a prestação de serviços de acordo com o pactuado. Ou seja, a planilha
de formação de custos de mão de obra constitui um útil ferramental para a análise do
preço global ofertado, mas não constitui em indicativos de serviços unitários a serem
pagos de acordo com a sua execução, como quando ocorre com os serviços indicados no
projeto básico de uma obra pública, os quais são pagos de acordo com o fornecimento
de cada item unitário. Aliás, nem poderia ser diferente, pois a contratação prevê um
pagamento fixo mensal e os valores dos encargos trabalhistas indicados estão sujeitos a
variações que escapam ao controle das partes contratantes (v. g., aviso prévio
indenizado, auxílio doença, faltas legais, licença maternidade/paternidade, faltas legais,
etc.). Desta forma, os valores correspondentes aos encargos são meras estimativas
apresentadas pela licitante, de forma que eventuais divergências entre o apresentado e o
efetivamente ocorrido devem ser considerados como inerentes aos riscos do negócio,
impactando positivamente ou negativamente sobre o lucro da contratada. Releva ainda
saber o procedimento a ser adotado quando a Administração constata que há evidente
equívoco em um ou mais dos itens indicados pelas licitantes. Não penso que o
procedimento seja simplesmente desclassificar o licitante. Penso sim que deva ser
avaliado o impacto financeiro da ocorrência e verificar se a proposta, mesmo com a
falha, continuaria a preencher os requisitos da legislação que rege as licitações públicas
- preços exequíveis e compatíveis com os de mercado. Exemplifico. Digamos que no
quesito férias legais, em evidente desacerto com as normas trabalhistas, uma licitante
aponha o porcentual de zero por cento. Entretanto, avaliando-se a margem de lucro da
empresa, verifica-se que poderia haver uma diminuição dessa margem para cobrir os
custos de férias e ainda garantir-se a exequibilidade da proposta. Em tendo apresentado
essa licitante o menor preço, parece-me que ofenderia os princípios da razoabilidade e
da economicidade desclassificar a proposta mais vantajosa e exequível por um erro que,
além de poder ser caracterizado como formal, também não prejudicou a análise do preço
global de acordo com as normas pertinentes. Afirmo que a falha pode ser considerada
um erro formal porque a sua ocorrência não teria trazido nenhuma consequência prática
sobre o andamento da licitação. Primeiro, porque não se pode falar em qualquer
benefício para a licitante, pois o que interessa tanto para ela quanto para a
Administração é o preço global contratado. Nesse sentido, bastaria observar que a
licitante poderia ter preenchido corretamente o campo férias e de forma correspondente
ter ajustado o lucro proposto de forma a se obter o mesmo valor global da proposta.
Segundo, porque o caráter instrumental da planilha de custos não foi prejudicado, pois
a Administração pôde dela se utilizar para avaliar o preço proposto sob os vários
aspectos legais. Em suma, penso que seria um formalismo exacerbado desclassificar uma
empresa em tal situação, além de caracterizar a prática de ato antieconômico. Rememoro
ainda que a obrigação da contratada em pagar os devidos encargos trabalhistas advém
da norma legal (art. 71 da Lei 8.666/93), pouco importando para tanto o indicado na
planilha de custos anexa aos editais de licitação.".
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
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Como citado pela Unidade Examinada, o Manual do MPOG informa valores de referência
para os percentuais das alíquotas variáveis dos encargos sociais e trabalhistas, não
delimitando limites máximos aceitáveis e sim determinando que a definição para tais
valores deva ser decorrente de situações verificadas no cotidiano da empresa contratada.
Entretanto, há que se considerar o grau de discrepância existente entre o percentual
recomendado e aquele ofertado pela empresa licitante.
Em relação ao aviso prévio indenizado, o percentual de demissão utilizado de 80% é 16
vezes maior do que o recomendado de 5%. Sendo assim, a alíquota para o cálculo dos
encargos sociais e trabalhistas foi de 6,66%, em detrimento do percentual de 0,42%
sugerido. Diante disso, o cálculo para os demais encargos decorrentes do aviso prévio
indenizado (multa do FGTS do aviso prévio indenizado e contribuição social do aviso
prévio indenizado) também apresentaram valores significativamente superiores àqueles
constantes do Manual.
No que concerne ao aviso prévio trabalhado, verificou-se também a utilização de alíquota
superior em 10 vezes às sugeridas, com consequente elevação das demais alíquotas
decorrentes de tal encargo.
Outro ponto a relatar é que se considerou que 80% dos empregados seriam demitidos
antes do término do contrato de trabalho (aviso prévio indenizado) e que 20% dos
motoristas continuariam trabalhando após o recebimento do aviso prévio (aviso prévio
trabalhado). De tal forma, infere-se que a situação verificada na empresa é de 100% de
demissão ao longo de um ano, o que pode sugerir despreparo da empresa quando da
seleção de seus profissionais ou mesmo a quantificação desarrazoada das alíquotas para
tais encargos.
Em relação aos encargos ausência por doença; licença paternidade; ausências legais e
ausência por acidente de trabalho constatou-se a utilização de alíquotas, respectivamente,
superiores em 2, 14, 2,75 e 21 vezes aos percentuais constantes da orientação do MPOG,
demonstrando, de tal forma, uma discrepância pouco razoável.
O órgão relata em sua manifestação que foi realizada análise das alíquotas constantes da
planilha de custos e formação de preço apresentada pela empresa. A análise, constante
das folhas 355 e 356 do processo, limita-se a informar que as alíquotas variáveis ficam a
cargo da contratada nos seguintes termos: “O Submódulo 4.4 (provisão para rescisão) e
submódulo 4.5 ficam a cargo da contratada por não se tratar de percentuais legais fixos,
sendo de controle e cálculo da mesma, com exceção das férias, que possui base legal e
foi informada corretamente.”. A outra análise citada, constante das folhas 1165 a 1168
do processo, relata a existência de alíquotas acima do orientado pelo Ministério, qual seja:
“4.4: Provisão para rescisão: alguns percentuais deste submódulo estão acima do
sugerido pelo manual de orientação para preenchimento da planilha de custo e formação
de preços do MPOG, versão 1.0 – maio de 2011. Aviso prévio indenizado: 6,66%,
sugerido 0,42% e aviso prévio trabalhado 0,38%, sugerido 0,04%. 4.5: Custo de
Reposição do profissional ausente: o mesmo caso do submódulo acima. Licença
paternidade: 0,28%, sugerido 0,02%; ausência por acidente de trabalho: 0,62%,
sugerido: 0,03%.”. Cita também que “os encargos em que não existe percentual
estabelecido por lei, se tornam provisões da própria empresa, o que dificulta a ingerência
do Núcleo nestes percentuais.”. E por fim conclui que “os percentuais que merecem
atenção por estarem bem acima do manual do MPOG são o aviso prévio indenizado,
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licença paternidade e ausência por acidente de trabalho.”. De tal leitura, verifica-se que
o próprio setor financeiro do Nems/MG atentou para o fato de que as alíquotas estipuladas
pela empresa contratada, para determinados encargos sociais e trabalhistas, encontravam-
se “bem acima do manual do MPOG”. Apesar disso, não foi solicitado, em nenhum
momento, a apresentação da memória de cálculo ou o envio de esclarecimentos pela
empresa, objetivando justificar e respaldar os percentuais propostos, ou seja, as alíquotas
determinadas pela contratada foram aceitas pelo Núcleo sem nenhum tipo de
questionamento em detrimento da magnitude das discrepâncias constatadas.
A ausência de elaboração, pelo Nems/MG, da planilha de formação de custos e preços,
para que esta servisse de referencial para o julgamento e análise das propostas, culminou
na aceitação de percentuais e valores significativamente superiores caso tivesse sido
utilizada como base a planilha constante do manual do MPOG. Diante do exposto,
conclui-se que os custos com os encargos sociais e trabalhistas, em relação às alíquotas
variáveis, foram elevados e afetaram a economicidade da contratação, tendo em vista a
ausência de qualquer tipo de necessidade excepcional na execução dos serviços que
importasse na majoração dos custos.
No que concerne à manifestação da Unidade, após a análise do Relatório Preliminar,
cumpre relatar que a questão em tela refere-se ao fato de que a unidade, por não ter
elaborado a planilha de custos e formação de preços, não possuía parâmetros de
comparação para as alíquotas dos encargos sociais e trabalhistas apresentados pelas
empresas licitantes. Durante o certame, objetivando buscar uma redução no preço
ofertado, a comissão de licitação poderia ter realizado questionamentos e solicitado
justificativas ou mesmo comprovações que demonstrassem que as alíquotas variáveis, ora
apresentadas pelos licitantes, realmente condiziam com a realidade vivenciada pela
empresa.
Concordamos que, a partir do momento em que o objeto licitado foi adjudicado ao
licitante vencedor e todo o processo homologado pela autoridade competente, ou seja,
depois de definido e aceito o valor global resultante da licitação, realmente, como descrito
na manifestação do Nems/MG, não faria diferença o quantitativo aplicado para as
alíquotas variáveis, uma vez que o “contratado é obrigado a arcar com as consequências
das imprecisões na composição dos seus custos” tanto a maior, quanto a menor.
Reiteramos que o que foi questionado, no presente ponto deste Relatório, é a ausência de
um planejamento adequado pela Unidade Examinada, baseado na elaboração da planilha
de custos, que ocasionou a ausência de parâmetros de referência para a análise e
julgamento das propostas apresentadas, acarretando assim a aceitabilidade de alíquotas
variáveis superiores àquelas recomendadas. Diante do exposto, mantém-se a constatação
em epígrafe.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Capacitar os servidores da área de licitações e contratos,
principalmente no tocante aos responsáveis pela elaboração do orçamento base em
planilhas de quantitativos e preços unitários, bem como pregoeiros e comissão de
licitação para que sejam capazes de estabelecer critérios de aceitabilidade de preços
unitários nos editais e avaliar a planilha de custos elaborada pelos licitantes.
1.1.1.5 CONSTATAÇÃO
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Aceite de proposta cuja planilha de custos e formação de preços apresenta falha
nos percentuais do aviso prévio.
Fato
A planilha de custos e formação de preços é instrumento importante para a realização do
orçamento estimativo das contratações de prestações de serviço, bem como peça
fundamental para o acompanhamento dos contratos, principalmente nos casos de serviços
continuados, os quais serão repactuados e/ou prorrogados com base nos valores propostos
pela empresa vencedora do certame.
A Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 02/2008 (alterada pelas Instruções Normativas
SLTI nº 03/2009, nº 04/2009, nº 05/2009, nº 06/2013 e nº 3/2014), que disciplina a
contratação de serviços para os órgãos e entidades integrantes do Sistema de Serviços
Gerais - Sisg (Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional),
estabelece, em seu Anexo III, o modelo de Planilha de Custos e Formação de Preços, o
qual constituirá anexo do ato convocatório e deverá ser preenchido pelos proponentes.
A análise da planilha de custos referente ao Pregão Eletrônico nº 02/2012 revelou,
preliminarmente, divergências em relação à legislação vigente no que tange ao cálculo do
aviso prévio indenizado. O aviso prévio é um direito do trabalhador. No mínimo, 30 dias
antes do término do contrato de trabalho o empregador – considerando que a iniciativa
seja dele – notifica o empregado do término da relação.
Sobre o tema, seguem algumas considerações exaradas na publicação Contratação de
Serviços Terceirizados: módulo planejamento / Tribunal de Contas da União – Brasília:
TCU, Instituto Serzedello Corrêa, 2012.
“Ocorre o aviso prévio trabalhado quando o empregado continua trabalhando
após o recebimento do aviso prévio. Durante o período do aviso prévio, o
trabalhador terá sua jornada de trabalho diária reduzida em 2 horas, sem
prejuízo do salário. O empregado pode, contudo, optar por, ao invés de ter a
redução diária da sua jornada, faltar ao serviço 7 dias corridos, sem prejuízo da
remuneração”.
Dessa forma, no aviso prévio trabalhado estima-se que, percentualmente, em relação à
remuneração do funcionário, o custo destinado à indenização pela dispensa de todos os
funcionários ao término da vigência do contrato seja de 1,94% ((7/30/12) x 100), tendo
em vista que o contratado deve manter os postos devidamente ocupados durante todo o
período de aviso prévio.
Ocorre o aviso prévio indenizado quando o empregado é demitido sem prévio aviso ou
quando o empregador determina o desligamento imediato. “O empregado é demitido de
imediato, sem trabalhar os 30 dias correspondentes ao aviso prévio sendo, ao invés,
indenizado, mediante o pagamento do salário mensal correspondente (art. 487, § 1º da
CLT)”. A previsão deste custo é realizada por estimativa, com base em percentual
arbitrado pela empresa em relação aos funcionários que poderão ser demitidos sem
concessão do aviso prévio trabalhado.
A Lei nº 12.506/2011 assim dispõe sobre a concessão do aviso prévio proporcional ao
tempo de serviço do empregado na empresa:
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“Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação
das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que
contém até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três)
dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60
(sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.
Por consequência da Lei nº 12.506/2011, no cálculo do aviso prévio trabalhado e do aviso
prévio indenizado, deve-se destacar que nada muda com relação ao valor da despesa
relativa ao aviso prévio no primeiro ano de vigência do contrato. Entretanto, por ocasião
da eventual renovação do contrato, no tocante ao aviso prévio trabalhado, o valor desse
item na planilha deverá ser reduzido, passando a corresponder a apenas três dias de
acréscimo no prazo para concessão do aviso prévio.
Em decorrência da nova regra, o contratado tem direito de ser remunerado pela
Administração contratante para fazer face aos custos com aviso prévio de 30 dias, no
primeiro ano de vigência do contrato de trabalho e 3 dias por ano subsequente. Assim,
encerrado o primeiro ano de vigência do contrato administrativo, não é mais devido o
valor correspondente a 30 dias de aviso prévio trabalhado, por tratar-se de custo não
renovável. Prorrogado o contrato por mais um ano, a planilha passará a conter valor
correspondente a apenas 3 dias de aviso prévio, assim permanecendo até a extinção do
contrato.
Quanto ao aviso prévio indenizado, a partir do segundo ano de vigência do contrato, a
planilha deve passar a contemplar acréscimo no valor correspondente a 3 dias no aviso
prévio. Assim, no segundo ano, o cálculo levará em consideração 33 dias de aviso prévio;
no terceiro ano, 36 dias, e assim sucessivamente, até a extinção do contrato.
No caso concreto, o custo com aviso prévio indenizado, conforme termos aditivos,
continuou o mesmo (6,66%), quando deveria ter sido majorado para contemplar os 33
dias de aviso prévio devidos no segundo ano. Quanto ao custo com aviso prévio
trabalhado, o valor percentual também continuou o mesmo (0,39%), não sofrendo a
redução para 3 dias conforme anteriormente exposto.
Cumpre esclarecer que não se analisou, neste ponto, o mérito da porcentagem utilizada
pela empresa contratada para o cálculo dos avisos prévios. O presente relato objetiva
demonstrar a necessidade de alteração das alíquotas empregadas no primeiro ano de
contrato em relação aos demais anos, caso haja repactuação e/ou prorrogação contratual.
##/Fato##
Causa
O Setor de Recursos Logísticos do NEMS/MG deixou de acompanhar e dar cumprimento
às atualizações da legislação quanto aos percentuais de aviso prévio devidos quando da
prorrogação contratual, constantes das planilhas de custos de serviços terceirizados.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 041/DIGAD/NEMS/MG, de 20 de março de 2015, em decorrência
de sua análise ao Relatório Preliminar encaminhado, o NEMS prestou o seguinte
esclarecimento:
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“(...) atentamos para o Acórdão 4.621/2009 - 2ª Câmara – TCU (...)
“Não é demais lembrar que a Administração não pagará diretamente pelos
encargos trabalhistas indicados na planilha, pois são eles de responsabilidade
da contratada. Não interessa para a contratante, por exemplo, se em
determinado mês a contratada está tendo gastos adicionais porque muitos
empregados estão em gozo de férias ou não. À contratante interessa que haja a
prestação de serviços de acordo com o pactuado. Ou seja, a planilha de
formação de custos de mão de obra constitui um útil ferramental para a análise
do preço global ofertado, mas não constitui em indicativos de serviços unitários
a serem pagos de acordo com a sua execução, como quando ocorre com os
serviços indicados no projeto básico de uma obra pública, os quais são pagos
de acordo com o fornecimento de cada item unitário. Aliás, nem poderia ser
diferente, pois a contratação prevê um pagamento fixo mensal e os valores dos
encargos trabalhistas indicados estão sujeitos a variações que escapam ao
controle das partes contratantes (v. g., aviso prévio indenizado, auxílio doença,
faltas legais, licença maternidade/paternidade, faltas legais, etc.). Desta forma,
os valores correspondentes aos encargos são meras estimativas apresentadas
pela licitante, de forma que eventuais divergências entre o apresentado e o
efetivamente ocorrido devem ser considerados como inerentes aos riscos do
negócio, impactando positivamente ou negativamente sobre o lucro da
contratada.”.
(...)
A CGU executou trabalho minucioso, com vistas a “validar” ou não os valores
registrados na Planilha de Custo e Formação de Preços, notadamente no que tange aos
custos fixos e variáveis em relação ao veículo. Considerando o prazo exíguo de resposta
(10 dias úteis), não promoveremos, neste momento, resposta individualizada, sob o risco
de apresentarmos informações incompletas.”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
No que concerne à manifestação do NEMS, após a análise do Relatório Preliminar,
cumpre relatar que não constam informações adicionais sobre a constatação em epígrafe
que justifiquem ou esclareçam os fatos apontados. Diante disso, mantém-se a constatação. ##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Capacitar os servidores responsáveis pela elaboração do orçamento
base em planilhas de quantitativos e preços unitários, bem como pregoeiros e comissão
de licitação para que sejam capazes de estabelecer critérios de aceitabilidade de preços
unitários nos editais e avaliar a planilha de custos elaborada pelos licitantes.
Recomendação 2: Capacitar os servidores que atuam na área gestão de contratos para que,
nas prorrogações contratuais, atentem para os percentuais relativos ao aviso prévio
indenizado e aviso prévio trabalhado.
1.1.1.6 CONSTATAÇÃO
Inexistência de escritório de representação em descumprimento a condição
previamente estabelecida em edital.
Fato
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Consta do Edital do Pregão Eletrônico nº 02/2012, item 23.9, que “a empresa vencedora
do certame que não tiver sede no Município do CONTRATANTE deverá manter uma
representação no Município de Belo Horizonte para atender a demanda proposta.”.
Entretanto, a empresa Ribal Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ nº 07.605.506/0001-73),
vencedora do certame Pregão Eletrônico nº 02/2012 e cuja matriz localiza-se na cidade
de Brasília, não manteve uma representação em Belo Horizonte/MG até a data de
31/03/2014, quando foi realizado o contrato particular de locação de imóvel destinado ao
funcionamento de seu escritório.
Considerando a vigência contratual de 07/12/2012 a 07/12/2014, verifica-se que de um
total de 24 meses de contrato, 15 meses foram executados sem o escritório de
representação instaurado na capital mineira. De tal forma, 62,5% da execução contratual,
no que se refere ao item 23.9 do edital, foi realizada descumprindo determinação do
instrumento editalício.
Diante do exposto, verifica-se o descumprimento do princípio do procedimento formal
que determina à Administração Pública que observe as regras por ela própria lançadas no
instrumento que convoca e rege a licitação, bem como descumprimento ao princípio da
vinculação ao instrumento convocatório preceituado na Lei nº 8.666/1993, art. 3º, 41 e
43, inciso I.
Além disso, o não cumprimento de tal requisito editalício acarreta em privilégio de um
concorrente em detrimento de outros, ferindo o princípio da igualdade entre os licitantes,
uma vez que a exigência de manter um escritório de representação em Belo Horizonte
pode ser fator impeditivo para empresas do ramo cuja matriz localiza-se em outra cidade.
Segundo ensina a doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
“Quando a Administração estabelece, no edital, ou na carta-convite, as condições para
participar da licitação e as cláusulas essenciais do futuro contrato, os interessados
apresentarão suas propostas com base nesses elementos; ora se for aceita proposta ou
celebrado contrato com desrespeito às condições previamente estabelecidas, burlados
estarão os princípios da licitação, em especial do da igualdade entre os licitantes, pois
aquele que prendeu aos termos do edital poderá ser prejudicado pela melhor proposta
apresentada por outro licitante que os desrespeitou. Também estariam descumpridos os
princípios da publicidade, da livre competição e do julgamento objetivo com base em
critérios fixados no edital.”
Ressalta-se que a administração não aplicou nenhuma sanção à contratada a despeito da
tabela 2, do item 15, do Termo de referência anexo ao edital, qual seja a de prever a sanção
de grau 6 (multa de 5% por dia sobre o valor mensal do contrato) para o caso da contratada
deixar de “Manter sede, filial ou escritório de atendimento em Belo Horizonte- MG.
##/Fato##
Causa
Falha na atuação dos fiscais do contrato no que concerne ao acompanhamento e na
exigência de cumprimento de itens constantes do edital.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por intermédio do Ofício nº 294/DIGAD/NEMS/MG, de 12/12/2014, o Nems/MG
prestou a seguinte manifestação:
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“Item nº 31 – O escritório de representação foi inaugurado em 17/04/2014, conforme
carta encaminhada pela Contratada às fls. 1744/1745 vol. X. Destaca-se que o atraso na
instalação do escritório não comprometeu a execução do contrato.”.
Por meio do Ofício nº 041/DIGAD/NEMS/MG, de 20/03/2015, em decorrência de sua
análise ao Relatório Preliminar encaminhado, a Unidade examinada prestou o seguinte
esclarecimento:
“A CGU executou trabalho minucioso, com vistas a “validar” ou não os valores
registrados na Planilha de Custo e Formação de Preços, notadamente no que tange aos
custos fixos e variáveis em relação ao veículo. Considerando o prazo exíguo de resposta
(10 dias úteis), não promoveremos, neste momento, resposta individualizada, sob o risco
de apresentarmos informações incompletas.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Apesar do Nems/MG informar que o “atraso” na instalação do escritório de representação
não prejudicou a execução contratual, deve-se considerar que o edital é a lei da licitação
e que as regras ali contidas foram estipuladas pela própria Administração e, diante disso,
não há que se afastar de seu cumprimento. O Edital da licitação tem força legal,
vinculando os contratos dele decorrentes e, portanto, deve ser respeitado.
Além disso, há que se considerar que a empresa licitante incluiu na porcentagem de lucro
os prováveis gastos com a implementação e a manutenção de um escritório de
representação e que tais custos foram arcados, mesmo que indiretamente, pela
Administração.
Cumpre esclarecer que não consta do processo analisado nenhuma evidência de que a
empresa contratada possuía escritório de representação em data anterior a abril de 2014.
No que concerne à manifestação da Unidade, após a análise do Relatório Preliminar,
cumpre relatar que não constam informações adicionais, sobre a constatação em epígrafe,
que justifiquem ou esclareçam os fatos apontados. Diante disso, conclui-se que, sobre
este ponto, não houve manifestação específica por parte da unidade examinada.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Promover a apuração de responsabilidade dos servidores responsáveis
pela fiscalização da execução contratual, tendo em vista o acompanhamento ineficaz
referente ao cumprimento do item 23.9 constante do Edital do Pregão Eletrônico nº
02/2012.
Recomendação 2: Capacitar os fiscais de contrato principalmente no tocante à
observância estrita das cláusulas contratuais e dos itens constantes do instrumento
convocatório.
Recomendação 3: Promover a apuração de responsabilidade dos servidores responsáveis
pela fiscalização da execução contratual, tendo em vista a ausência de aplicação de sanção
em decorrência do descumprimento de condição previamente estabelecida no termo de
referência anexo ao edital do certame.
1.1.1.7 CONSTATAÇÃO
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Incompletude de comprovação da realização dos serviços conforme exigências da
contratação, no montante de R$358.823,04.
Fato
Mediante análise do Processo nº 25003.013425/2012-21, referente à contratação da
empresa Ribal Locadora de Veículos Ltda., pelo Nems/MG, para a prestação de serviços
de locação de veículos com motorista, constatou-se a ausência de elaboração da planilha
de custos e formação de preços pelo órgão em epígrafe. Além disso, identificou-se
sobrepreço na composição dos custos que compõem o preço ofertado.
Diante de tais evidências, solicitou-se a apresentação da comprovação da realização das
despesas, elencadas a seguir, que embasaram os pagamentos contratuais ora realizados
(Art. 63 da Lei nº 4.320/1964):
- Despesas relativas aos benefícios mensais e diários: transporte; assistência médica e
familiar; seguro de vida, invalidez e funeral e saúde ocupacional;
- Despesas relativas aos insumos diversos: veículos com gastos relativos à manutenção,
peças e revisões; pneus e câmaras; lavagem dos veículos;
- Despesas relativas ao pagamento de diárias.
Diante do exposto, segue avaliação detalhada sobre a falta ou incompletude de
comprovação da realização das despesas dos itens contratados:
a) Transporte: Não consta do processo qualquer comprovação da disponibilização de transporte próprio
aos motoristas. Por meio do Ofício Nº 294/DIGAD/NEMS/MG, de 12/12/2014, o Nems
prestou a seguinte informação:
“Referidos apontamentos não foram objeto de aferição pelo NEMS/MG
comparativamente com a planilha de custos e formação de preços. Esclarecimentos
solicitados à contratada, no documento em anexo.”.
O “documento em anexo”, ora citado, de 15/12/2014, informa que:
“A empresa optou por disponibilizar transporte próprio para seus colaboradores,
dispensando assim o fornecimento de vales transportes. Além disso, a empresa optou por
custear integralmente a despesa de locomoção de seus colaboradores no trajeto
residência/trabalho e trabalho/residência, não efetuando o desconto de 6% nos salários.
Tais medidas proporcionam mais conforto aos colaboradores e refletem positivamente
na qualidade do serviço prestado ao NEMS/MG. A estimativa feita à época da formação
da planilha de custos é que seria necessário que o colaborador pegasse duas conduções
para se locomover para o trabalho e vice versa, tendo em vista as dimensões geográficas
e as linhas de transporte público da região metropolitana de Belo Horizonte.”.
O próprio Nems/MG afirma não ter fiscalizado o pagamento do vale transporte aos
motoristas pela empresa contratada. Além disso, o valor proposto pela empresa
contratada, quando da apresentação da sua planilha de custos, referiu-se ao fornecimento
de vale transporte e não à disponibilização de qualquer outro tipo de locomoção.
Outro ponto a relatar, refere-se à ausência de desconto de 6% (seis por cento) sobre o
salário base quando do cálculo do item vale transporte, parcela de custeio do beneficiário.
A empresa relata ter optado por custear integralmente a despesa de locomoção, não
efetuando, portanto, o referido desconto. Tal informação mostra-se equivocada e não
procede, uma vez que quem arcou com o custo da ausência de tal desconto foi o próprio
Nems/MG, uma vez que o órgão pagou, além do valor do vale transporte, o percentual de
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6% sobre o salário base. Em outras palavras, o valor do vale transporte contido na planilha
de custos, apresentada pela empresa quando da contratação, já continha erroneamente o
valor dos 6% embutido. Independente de a empresa optar ou não por custear tal parcela,
o referido percentual não poderia constar da planilha de formação de preço. Nesses
termos, o valor de 6% sobre o salário base, pago erroneamente pelo NEMS/MG, foi
indevidamente repassado à empresa contratada.
A equipe de auditoria utilizou a seguinte memória de cálculo para a obtenção do valor
pago a título de vale transporte sem a correspondente comprovação:
Tabela 23: Memória de Cálculo para o item vale transporte
R$144,57 por mês x 12 meses = R$1.734,84 por ano para cada motorista;
R$1.734,84 x 08 motoristas = R$13.878,72 ao ano
R$13.878,72 x 02 anos de contrato = R$ 27.757,44
b) Assistência Médica/Familiar e Seguro de Vida/Invalidez/Funeral: O valor contratado para o item assistência médica e familiar, constante do módulo 2 -
“Benefícios Mensais e Diários” da planilha de custo, foi de R$95,00 mensais por
motorista. Considerando o período de um ano, bem como o quantitativo de oito
motoristas, o montante contratado foi da ordem de R$9.120,00.
O valor contratado para o item seguro de vida/invalidez/funeral, constante do referido
módulo, foi de R$25,00 mensais por motorista. Considerando o período de um ano, bem
como o quantitativo de oito motoristas, o montante contratado foi da ordem de
R$2.400,00. Por meio do Ofício Nº 294/DIGAD/NEMS/MG, de 12/12/2014, o Nems
prestou o seguinte esclarecimento:
“Referidos apontamentos não foram objeto de aferição pelo NEMS/MG
comparativamente com a planilha de custos e formação de preços. Esclarecimentos
solicitados à contratada, no documento em anexo.”.
O “documento em anexo”, ora citado, de 15/12/2014, informa que:
“O pagamento de auxílio alimentação, do plano de saúde e do seguro de vida não são
exigências do Contrato e nem da Convenção Coletiva. Mesmo assim, o auxílio
alimentação e o plano de saúde estão sendo pagos pela empresa e os respectivos
comprovantes estão sendo enviados mensalmente ao NEMS/MG. O plano de saúde
oferecido aos colaboradores custa 4 vezes mais do que o estimado, sendo este ônus
suportado exclusivamente pela empresa. Com relação ao seguro de vida a empresa optou
por não contratá-lo e custear uma eventual indenização caso ocorra algum sinistro.”.
A afirmação, prestada pela contratada, de que o auxílio alimentação, o plano de saúde e
o seguro de vida não são exigências da Convenção Coletiva mostra-se equivocada, uma
vez que constam da Convenção 2012/2013 (Registro MTE: MG001959/2012) os
seguintes dispositivos:
Cláusula Décima Primeira - Lanche
“As empresas fornecerão, gratuitamente, lanche para todos os empregados dos setores
de administração e manutenção.”.
(...)
Cláusula Décima Segunda - Plano de Saúde
“Através da ASTROMIG – Associação Gestora de Benefício dos Trabalhadores em
Transportes Rodoviários de Minas Gerais as empresas são obrigadas a contratar plano
de saúde em benefício de todos os seus empregados e transportadores autônomos
titulares sem ônus para o mesmo.”.
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Cláusula Décima Quarta - Seguro de Vida
“a) As empresas abrangidas pela presente Convenção Coletiva de Trabalho, obrigam-se
a contratar seguro de vida em grupo para os seus empregados, sem ônus para estes,
devendo enviar cópia das apólices para o Sindicato Profissional.”.
Em relação aos comprovantes da contratação do plano de saúde o Nems/MG, por meio
do Ofício Nº 294/DIGAD/NEMS/MG, de 12/12/2014, prestou o seguinte esclarecimento:
“Os comprovantes passaram a ser apresentados a partir de abril/2014, conforme se vê
às fls. 1767/1769 vol. X. Os comprovantes posteriores estão devidamente anexados nos
relatórios mensais.”.
Verificou-se no Processo nº 25003.013425/2012-21 a contratação de plano de saúde para
o período de 2014, entretanto não foram constatados comprovantes relativos ao ano de
2013. Sendo assim, segue memória de cálculo para a obtenção do valor pago a título de
plano de saúde sem a correspondente comprovação:
Tabela 24: Memória de Cálculo para o item plano de saúde
R$95,00 por mês x 12 meses = R$1.140,00 por ano para cada motorista;
R$1.140,00 x 08 motoristas = R$ 9.120,00 ao ano
Em relação ao seguro de vida, a empresa informou que o mesmo não foi contratado,
descumprindo a Convenção Coletiva, bem como o contido na planilha de custos
apresentada pela própria empresa quando da celebração do contrato. Segue memória de
cálculo para a obtenção do valor pago a título de seguro de vida sem a correspondente
comprovação:
Tabela 25: Memória de Cálculo para o item seguro de vida
R$25,00 por mês x 12 meses = R$300,00 por ano para cada motorista;
R$300,00 x 08 motoristas = R$2.400,00 ao ano
R$2.400,00 x 02 anos de contrato = R$ 4.800,00
c) Manutenção/Peças/Revisões; Pneus/Câmaras; Lavagem:
Solicitou-se, em 31/10/2014, a disponibilização dos comprovantes da realização das
manutenções e revisões previstas pelo fabricante ao longo do período de garantia dos
veículos contratados. Mediante Ofício nº 242/DIGAD/NEMS/MG, de 20/11/2014, foi
encaminhada uma declaração da concessionária Orca informando a realização das
revisões de 10.000 a 50.000 km. Requereu-se, em 04/12/2014, a apresentação das
seguintes documentações:
- relatório das revisões realizadas nos veículos utilizados no contrato, conforme manual
de serviços da montadora, apresentando registro no manual dos veículos, os valores pagos
para cada veículo e as notas fiscais comprobatórias dos pagamentos efetuados;
- relatório das trocas de pneus, apresentando identificação do veículo, informação da
quilometragem rodada em cada veículo e as notas fiscais comprobatórias de pagamento;
- relatório dos serviços de alinhamento e balanceamento, apresentando a identificação do
veículo e as notas fiscais comprobatórias de pagamento;
- relatório de lavagem dos veículos, apresentando a identificação dos veículos, data e as
notas fiscais comprobatórias de pagamento.
Por intermédio do Ofício nº 285/DIGAD/NEMS/MG, de 12/12/2014, o Nems prestou a
seguinte manifestação:
“O NEMS/MG, na fiscalização do presente contrato considerou, dentre outros aspectos,
os itens abaixo, disponibilizados nos manuais de fiscalização de contratos de parte de
órgãos públicos, inclusive AGU:
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- Exigir da Contratada a disponibilização de veículos em perfeitas condições de uso e
tráfego, de acordo com as disposições contratuais e do Código Nacional de Trânsito.
- Exigir da Contratada manutenção preventiva e corretiva nos veículos de sua
propriedade.
- Exigir da Contratada a substituição do veículo acidentado, com avaria ou defeito por
outro que também atenda as disposições contratuais.
- Exigir que a Contratada se responsabilize por todas as despesas e encargos com os
veículos, de acordo com as especificações no contrato.
- Exigir da Contratada que mantenha suporte telefônico para acionamento dos serviços
de chamada, recebimento de reclamações, diagnóstico e solução de falhas.
A aferição do acima exposto se deu mediante fiscalização operacional diária na garagem
do NEMS/MG, conforme cópias da Planilha de verificação de manutenção diária e
avaliação do motorista, em anexo, bem como Pesquisas de Satisfação, aplicada junto aos
usuários.
Destaca-se, ainda, que foi entendimento do NEMS/MG que a empresa Ribal Locadora
de Veículos Ltda. venceu o certame apresentando a proposta mais vantajosa para a
Administração, ou seja, pelo menor valor global dentre os licitantes. Isto posto, os
valores distribuídos na planilha de custos e formação de preços foram devidamente
aferidos, e acompanhados pela fiscalização no que dizia respeito aos aspectos
tributários, trabalhistas e aqueles específicos em relação ao objeto. Não há expertise no
NEMS/MG para analisar aspectos operacionais específicos do serviço em questão,
notadamente quanto aos custos, motivo pelo qual não foram solicitados comprovantes
financeiros. Assim, para atendimento aos subitens 1, 2, 3 e 4 do item 27 informamos que
não solicitamos notas fiscais à empresa contratada.
Foi apresentado no documento apresentado pela CGU a vinculação ao artigo 63, da Lei
4.320/64 que determina:
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:
I - a origem e o objeto do que se deve pagar;
II - a importância exata a pagar; (Vide Medida Provisória nº 581, de 2012)
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por
base:
I - o contrato, ajuste ou acôrdo respectivo;
II - a nota de empenho;
III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.
A análise realizada pelo NEMS/MG reforça o atendimento ao dispositivo ora
apresentado, uma vez que os elementos constantes nos autos proporcionaram a liberação
e liquidação dos respectivos pagamentos, não sendo identificada obrigação legal de
solicitação dos respectivos comprovantes. Destaque ao Guia de Fiscalização de
Contratos da Instrução Normativa 02/2008, que também não apresenta nenhuma
referência a respeito.”.
Dos relatórios solicitados não houve a apresentação de documentos que comprovassem a
realização das despesas com manutenção, pneus e lavagem dos veículos contratados.
O Nems/MG contesta que não há obrigatoriedade por lei da apresentação dos documentos
comprobatórios de realização das despesas ora citadas. Informou também que não há
“expertise no NEMS/MG para analisar aspectos operacionais específicos do serviço em
questão, notadamente quanto aos custos, motivo pelo qual não foram solicitados
comprovantes financeiros.”.
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Consideramos que não se faz necessário nenhum conhecimento mais aprofundado para
analisar notas fiscais relativas à manutenção, troca de pneus e lavagem de veículos,
objetivando comprovar que tais despesas foram efetivamente e devidamente realizadas
de forma a embasar o pagamento a ser efetuado. Cumpre relembrar que consta da CF/88,
art. 70, §único que “prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações
de natureza pecuniária.”. Desta forma, a resposta da Unidade não atende ao disposto na
Constituição, pois não foram apresentados os comprovantes demonstrando que as
despesas incluídas na planilha, e pagas pelo Nems/MG, foram de fato realizadas.
É entendimento desta Controladoria que não se pode presumir que foram realizadas as
manutenções, bem como a troca e balanceamento dos pneus pelo simples fato dos
veículos aparentarem “perfeitas condições de uso e de tráfego”. Os valores contidos na
planilha de custos da empresa contratada, para os itens em comento, apresentam valores
consideráveis em relação ao montante contratado. Não há que se realizar o pagamento de
quaisquer despesas, que compõem a realização do serviço, sem que tenha havido a
demonstração da sua efetiva realização.
Cumpre relatar que consta da Ata de Reunião (página 1.958, vol. 11 do processo),
realizada no dia 08/05/2014, a seguinte frase: “Este fiscal apontou que existem veículos
da Ribal com pneus muito desgastados que devem ser substituídos.”. Tal fato demonstra
que as trocas e manutenção dos pneus não estavam sendo realizadas a contento,
considerando o significativo valor cobrado de R$500,00 mensais para pneus e câmaras
por veículo.
Diante do exposto, segue memória de cálculo para as despesas não comprovadas:
Tabela 27: Memória de Cálculo para o item manutenção
R$2.000,00 por mês x 12 meses = R$24.000,00 por ano para cada veículo;
R$24.000,00 x 08 veículos = R$192.000,00 ao ano
R$192.000,00 x 02 anos de contrato = R$384.000,00
Tabela 28: Memória de Cálculo para o item pneus
R$500,00 por mês x 12 meses = R$6.000,00 por ano para cada veículo;
R$6.000,00 x 08 motoristas = R$48.000,00 ao ano
R$48.000,00 x 02 anos de contrato = R$96.000,00
Tabela 29: Memória de Cálculo para o item lavagem
R$250,00 por mês x 12 meses = R$3.000,00 por ano para cada veículo;
R$3.000,00 x 08 motoristas = R$24.000,00 ao ano
R$24.000,00 x 02 anos de contrato = R$48.000,00
d) Diárias:
Por intermédio do Ofício nº 285/DIGAD/NEMS/MG, de 12/12/ 2014, o Nems prestou a
seguinte manifestação:
Quanto aos comprovantes de pagamento de diárias informamos que até o volume VIII do
respectivo processo, foram apresentados somente os recibos de pagamento das diárias
assinadas por cada motorista, conforme apresentado nos relatórios mensais. A partir do
volume IX, além dos recibos de pagamento, passaram a ser apresentados, também, os
comprovantes de depósito bancário. Todos os comprovantes citados estão devidamente
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anexados no relatório de cada mês, no processo, estando disponíveis nas cópias
digitalizadas enviadas a essa CGU.”.
Por intermédio do Ofício nº 298/DIGAD/NEMS/MG, de 30/12/2014, o Nems/MG
prestou a seguinte manifestação, a respeito do questionamento da Solicitação de Auditoria
nº 201409269/08 de 17 de dezembro de 2014, item 43.
“Foram identificadas, no transcorrer da fiscalização do contrato, diferenças nos
depósitos, o que foi objeto de questionamento pelo fiscal à época, conforme relatado na
ata de reunião à fl. 1784 Vol. X (linhas 91 a 96 da ata). Analisando o processo,
verificamos que nos pagamentos das diárias relativas aos meses de fevereiro e março de
2014, os valores das notas fiscais correspondentes aos pagamentos de diárias dos
referidos meses, são exatamente os mesmos relativos ao total dos recibos assinados pelos
motoristas nos períodos: fevereiro R$17.175,00 e em março R$10.050,00, ou seja, o
NEMS/MG efetuou pagamentos à empresa contratada somente dos valores das diárias,
conforme definido em contrato. Não há porém, correspondência com os valores dos
depósitos bancários nas contas dos motoristas.
Verificou-se que no processo os elementos não eram suficientes para identificar a origem
das divergências entre os totais dos recibos assinados pelos motoristas e os
comprovantes dos depósitos. Tendo em vista a necessidade de se obter informações
objetivas para a resposta da CGU, foi realizada reunião no NEMS/MG com o
representante da empresa contratada, no dia 26 de dezembro de 2014. Na oportunidade
nos foi esclarecido que a empresa Ribal Locadora de Veículos tem como norma a
definição de um valor mínimo para movimentação dos créditos nas contas dos
motoristas, o que ensejava na necessidade de “acumular” eventos para a realização dos
referidos depósitos. Estes se referiam a: diárias de viagem, pagamento de vale
alimentação e reembolso de despesas, tais como, peças emergenciais (exemplo:
lanternas), pequenos serviços (troca de pneus, lavagem, etc), estacionamentos, pedágios,
etc. A empresas contratada fazia, ainda, ajustes relativos aos pagamentos das diárias,
uma vez que em algumas situações o tempo de viagem poderia ser inferior ao
programado pelo NEMS/MG quando do pagamento, em função de retornos antecipados
devido à conclusão dos trabalhos.
Foi solicitado à empresa contratada o envio de todas as planilhas com os possíveis
comprovantes que compuseram as definições dos valores, para envio à CGU bem como
para compor o processo. Tendo em vista o volume de planilhas e informações, a
consolidação será encaminhada até o dia 10 de janeiro de 2014.”
Cabe ressaltar que a comprovação do pagamento das diárias aos motoristas, por meio de
recibos de pagamento, descumpre o Edital do processo licitatório, no Título 5 –
Especificação dos Veículos e Serviços, 5.3 – “Da Execução dos serviços” (subitem
5.3.18). Com relação ao período que foram realizados os depósitos bancários, os valores
apresentados estão agregados a outros pagamentos de despesas realizadas pelos
motoristas, sendo necessário o demonstrativo detalhado dos pagamentos realizados por
estes depósitos. Foi apresentado o demonstrativo mensal, do ano de 2013, dos 8 veículos
contratados.
A tabela a seguir apresenta o somatório das despesas que não foram comprovadas:
Tabela 30: Despesas não comprovadas
Despesa Valor não comprovado
(em R$)
Transporte 27.757,44
Plano de Saúde 9.120,00
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Seguro de vida 4.800,00
Manutenção 196.768,00
Pneus 76.160,00
Lavagem 44.217,60
Total 358.823,04
##/Fato##
Causa
Falha dos fiscais do contrato por não solicitar a apresentação da comprovação da
realização de despesas quando do acompanhamento da execução contratual.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 041/DIGAD/NEMS/MG, de 20/03/2015, em decorrência de sua
análise ao Relatório Preliminar encaminhado, o Nems/MG prestou o seguinte
esclarecimento:
“Em atendimento aos apontamentos da CGU, atuamos no sentido de obtermos junto à
empresa contratada esclarecimentos e comprovantes das despesas, o que foi
encaminhado a esta CGU em novembro/2014. Aguardamos até o término dos trabalhos
o envio dos comprovantes, o que não ocorreu. Em anexo, resposta encaminhada pela
empresa contratada para a não apresentação dos comprovantes.
As informações relativas às diárias encontram-se em anexo. Foi elaborada planilha a
partir de documentos encaminhados pela empresa contratada e por amostragem
verificou-se a confirmação nos depósitos, sendo que o NEMS/MG já está adotando
medidas para incorporar nova metodologia para acompanhamento dos contratos.”
(...)”Como explicitado anteriormente, a adjudicação se deu pelo menor valor global,
com o valor do quilômetro rodado abaixo da estimativa elaborada na fase interna.
Cumpre informar que à época, o Manual de Orientação para Preenchimento da Planilha
de Custo e Formação de Preços não trazia informações objetivas quanto aos requisitos
para a fiscalização e dever-se-ia considerar o disposto na Instrução Normativa
MPOG/SLTI nº 02/2008, a saber:
“Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e fiscalizada por
meio de instrumentos de controle, que compreendam a mensuração dos
seguintes aspectos, quando for o caso:
I - os resultados alcançados em relação ao contratado, com a verificação dos
prazos de execução e da qualidade demandada;
II - os recursos humanos empregados, em função da quantidade e da formação
profissional exigidas;
III - a qualidade e quantidade dos recursos materiais utilizados;
IV - a adequação dos serviços prestados à rotina de execução estabelecida;
V - o cumprimento das demais obrigações decorrentes do contrato; e
VI - a satisfação do público usuário.
§ 1º O fiscal ou gestor do contrato ao verificar que houve subdimensionamento
da produtividade pactuada, sem perda da qualidade na execução do serviço,
deverá comunicar à autoridade responsável para que esta promova a
adequação contratual à produtividade efetivamente realizada, respeitando-se os
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limites de alteração dos valores contratuais previstos no § 1º do artigo 65 da Lei
nº 8.666, de 1993.
§ 2º A conformidade do material a ser utilizado na execução dos serviços deverá
ser verificada juntamente com o documento da contratada que contenha a
relação detalhada dos mesmos, de acordo com o estabelecido no contrato,
informando as respectivas quantidades e especificações técnicas, tais como:
marca, qualidade e forma de uso.
§ 3º O representante da Administração deverá promover o registro das
ocorrências verificadas, adotando as providências necessárias ao fiel
cumprimento das cláusulas contratuais, conforme o disposto nos §§ 1º e 2º do
art. 67 da Lei nº 8.666, de 1993.
§ 4º O descumprimento total ou parcial das responsabilidades assumidas pela
contratada, sobretudo quanto às obrigações e encargos sociais e trabalhistas,
ensejará a aplicação de sanções administrativas, previstas no instrumento
convocatório e na legislação vigente, podendo culminar em rescisão contratual,
conforme disposto nos artigos 77 e 87 da Lei nº 8.666, de 1993.
§ 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e sociais nas
contratações continuadas com dedicação exclusiva dos trabalhadores da
contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes comprovações:”.
Acrescenta-se o fato da complexidade da contratação, que exige conhecimentos técnicos
específicos, não existentes no NEMS/MG.
Sendo assim, os servidores no NEMS/MG vinham adotando os critérios contidos na Lei
8.666/93, acrescidos de melhorias decorrentes de apontamentos em processos anteriores
pelos próprios órgãos de controle, bem como aprimoramentos naturais nos
procedimentos. A redação atualizada da IN 02/2007 incluiu o Guia de Fiscalização,
seguido hoje nos procedimentos de fiscalização, que apresenta o seguinte:
“ANEXO IV
(Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
GUIA DE FISCALIZAÇÃODOS CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE MÃO-DE-OBRA
1. Fiscalização inicial (no momento em que a prestação de serviços é iniciada)
1.1. Deve ser elaborada planilha-resumo de todo o contrato administrativo. Ela
conterá informações sobre todos os empregados terceirizados que prestam
serviços no órgão ou entidade, divididos por contrato, com os seguintes dados:
nome completo, número de inscrição no CPF, função exercida, salário,
adicionais, gratificações, benefícios recebidos, sua especificação e quantidade
(vale-transporte, auxílio-alimentação), horário de trabalho, férias, licenças,
faltas, ocorrências e horas extras trabalhadas.
1.2. A fiscalização das Carteiras de Trabalho e Previdência Social –CTPS, será
feita por amostragem. Todas as anotações contidas na CTPS dos empregados
devem ser conferidas, a fim de que se possa verificar se as informações nelas
inseridas coincidem com as informações fornecidas pela empresa e pelo
empregado. Devem ser observadas, com especial atenção, a data de início do
contrato de trabalho, a função exercida, a remuneração (corretamente
discriminada em salário-base, adicionais e gratificações), além de demais
eventuais alterações dos contratos de trabalho.
1.3. O número de terceirizados por função deve coincidir com o previsto no
contrato administrativo.
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1.4. O salário não pode ser inferior ao previsto no contrato administrativo e na
Convenção Coletiva de Trabalho da Categoria -CCT.
1.5. Devem ser consultadas eventuais obrigações adicionais constantes na CCT
para as empresas terceirizadas (por exemplo, se os empregados têm direito a
auxílio-alimentação gratuito).
1.6. Deve ser verificada a existência de condições insalubres ou de
periculosidade no local de trabalho, cuja presença levará ao pagamento dos
respectivos adicionais aos empregados. Tais condições obrigam a empresa a
fornecer determinados Equipamentos de Proteção Individual -EPI.
1.7. No primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá apresentar
a seguinte documentação, devidamente autenticada:
a) relação dos empregados, com nome completo, cargo ou função, horário do
posto de trabalho, números da carteira de identidade (RG) e inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), e indicação dos responsáveis técnicos pela
execução dos serviços, quando for o caso;
b) CTPS dos empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução
dos serviços, quando for o caso, devidamente assinadas pela contratada; e c)
exames médicos admissionais dos empregados da contratada que prestarão os
serviços.
2. Fiscalização mensal (a ser feita antes do pagamento da fatura)
2.1 Deve ser feita a retenção da contribuição previdenciária no valor de onze
por cento sobre o valor da fatura e dos impostos incidentes sobre a prestação
do serviço.
2.2. Deve ser consultada a situação da empresa junto ao SICAF.
2.3 Serão exigidos a Certidão Negativa de Débito –CND, junto ao INSS, a
Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais, o
Certificado de Regularidade do FGTS –CRF, e a Certidão Negativa de Débitos
Trabalhistas -CNDT, caso esses documentos não estejam regularizados no
SICAF.
3. Fiscalização diária
3.1 Devem ser evitadas ordens diretas da Administração dirigidas aos
terceirizados. As solicitações de serviços devem ser dirigidas ao preposto da
empresa. Da mesma forma, eventuais reclamações ou cobranças relacionadas
aos empregados terceirizados devem ser dirigidas ao preposto.
3.2 Toda e qualquer alteração na forma de prestação do serviço, como a
negociação de folgas ou a compensação de jornada, deve ser evitada, uma vez
que essa conduta é exclusiva do empregador.
3.3 Conferir por amostragem, diariamente, os empregados terceirizados que
estão prestando serviços e em quais funções, e se estão cumprindo a jornada de
trabalho.
4. Fiscalização especial
4.1 É necessário observar a data-base da categoria prevista na CCT. Os
reajustes dos empregados devem ser obrigatoriamente concedidos pela empresa
no dia e percentual previstos, devendo ser verificada pelo gestor do contrato a
necessidade de se proceder a repactuação do contrato, observado o disposto no
art. 40 desta Instrução Normativa, inclusive quanto à necessidade de solicitação
da contratada.
4.2 A Administração precisa se certificar de que a empresa observa a legislação
relativa à concessão de férias e licenças aos empregados.
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4.3 A Administração precisa se certificar de que a empresa respeita a
estabilidade provisória de seus empregados (cipeiro, gestante, e estabilidade
acidentária).
5. Fiscalização por amostragem
5.1A administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados, que
verifiquem se as contribuições previdenciárias e do FGTS estão ou não sendo
recolhidas em seus nomes.
5.2A administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados
terceirizados os extratos da conta do FGTS, devendo os mesmos ser entregues
à Administração.
5.3 O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados
ao final de um ano (sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada
mais de uma vez em um mesmo empregado), garantindo assim o “efeito
surpresa” e o benefício da expectativa do controle;
5.4 A contratada deverá entregar, no prazo de 15 (quinze) dias, quando
solicitado pela administração, por amostragem, quaisquer dos seguintes
documentos:
5.4.1 Extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a critério
da Administração contratante, cópia da folha de pagamento analítica de
qualquer mês da prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão
ou entidade contratante, cópia(s) do(s) contracheque(s) assinado(s) pelo(s)
empregado(s) relativo(s) a qualquer mês da prestação dos serviços ou, ainda,
quando necessário, cópia(s) de recibo(s) de depósito(s) bancário(s);
5.4.2 Comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-transporte,
vale alimentação, entre outros) a que estiver obrigada por força de lei ou de
convenção ou acordo coletivo de trabalho, relativos a qualquer mês da
prestação dos serviços e de qualquer empregado.
6. Fiscalização quando da extinção ou rescisão dos contratos
6.1 A contratada deverá entregar, até 10 (dez) dias após o último mês de
prestação dos serviços (extinção ou rescisão do contrato), cópias autenticadas
dos documentos abaixo relacionados:
6.1.1 termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados prestadores
de serviço, devidamente homologados, quando exigível pelo sindicato da
categoria;
6.1.2 guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS,
referente às rescisões contratuais;
6.1.3 extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas individuais do
FGTS de cada empregado dispensado; e
6.1.4 exames médicos demissionais dos empregados dispensados.
6.2 A contratada poderá optar pela entrega de cópias não autenticadas, desde
que acompanhadas de originais para conferência no local de recebimento.
7. Providências em caso de indícios de irregularidade
7.1 Em caso de indício de irregularidade no recolhimento das contribuições
previdenciárias, os fiscais ou gestores de contratos de serviços com dedicação
exclusiva de mão-de-obra deverão oficiar ao Ministério da Previdência Social
e à Receita Federal do Brasil – RFB.
7.2 Em caso de indício de irregularidade no recolhimento do FGTS, os fiscais
ou gestores de contratos de serviços com dedicação exclusiva de mão-de-obra
deverão oficiar ao Ministério do Trabalho e Emprego.
Entendemos, ainda, como fundamental para subsidiar a definição de competência e
limite de responsabilidade dos agentes na fiscalização dos contratos, destacar o Acórdão
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nº AC-1214-17/13-P, que não trazemos na íntegra, pela sua extensão, mas que
reproduzimos abaixo trecho:
“6. O grupo tratou de diversos aspectos, abaixo mencionados, referentes a
dois grandes temas: Gestão de Contratos e Procedimentos Licitatórios.
I – Gestão de Contratos
a) Documentação exigida na fiscalização contratual
b) Retenção de valores em data próxima ao da final da vigência
c) Validade das apólices de seguro
d) Controle de encargos previdenciários
e) Controle do recolhimento do FGTS
f) Outros documentos
g) Conta vinculada
II – Procedimentos Licitatórios
a) Qualificação econômico-financeira
b) Qualificação técnico-operacional
– Local do escritório para contatos
– Atestados de capacidade técnica
– Experiência mínima de 3 anos
– Estrutura física e de pessoal compatíveis com o objeto
– Idoneidade dos atestados
c) Qualificação técnico-profissional
d) Garantia contratual
e) Casos de parcelamento do objeto
f) Técnicas de orçamentação
g) Prazo de vigência dos contratos de prestação de serviço de forma contínua
h) Percentuais de encargos sociais e LDI
i) Domicílio bancário dos empregados na cidade ou na região metropolitana,
instituída ou não, na qual serão prestados os serviços
j) Fixação de sanções
l) Possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica
7. Algumas das propostas formuladas pelo grupo não envolvem
controvérsias jurídicas ou maiores complexidades de ordem prática. Em relação
a elas, dada a consistência da contextualização e da análise dos temas feitas
pelo grupo, conforme relatório precedente, entendo pertinente que as propostas
formuladas façam parte de recomendações a serem exaradas pelo Tribunal
nesta oportunidade, com exceção daquelas expressamente consignadas neste
voto. São elas:
– documentação exigida na fiscalização contratual
– controle de encargos previdenciários;
– controle do recolhimento do FGTS
– outros documentos
– conta vinculada
8. Todos esses itens estão inseridos em um mesmo contexto – o de que a
administração tem exigido das contratadas, por força da IN/MP 2/2008, uma
extensa relação de documentos, que demandam considerável esforço dos setores
dos órgãos que exercem a fiscalização contratual. Além de exigir uma grande
estrutura de fiscalização, o exame desses documentos acaba afastando a
fiscalização de sua atividade precípua, que é a de verificar a adequada execução
do contrato. Tem-se constatado, ademais, que a exigência de toda essa gama de
documentos não tem evitado a ocorrência de problemas em relação ao
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cumprimento das obrigações trabalhistas por parte das empresas contratadas,
dados os subterfúgios que têm sido utilizados por algumas empresas para
mascarar eventuais inadimplementos dessas obrigações.
9. Propõe o grupo que os pagamentos às contratadas sejam realizados
exclusivamente com base na documentação prevista no art. 29 da Lei 8.666/93,
não mais se exigindo os diversos outros documentos hoje previstos na IN/MP
2/2008.”
É relevante considerar, ainda, a Portaria 297/2012, do Tribunal de Contas da União,
que nos apresenta prática na fiscalização de contratos, a ser considerada:
“Dispõe sobre a fiscalização dos contratos de prestação de serviços
terceirizados de natureza continuada no âmbito da Secretaria do Tribunal de
Contas da União.
O PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, no uso da
atribuição que lhe confere o inciso XXXIV do art. 28 do Regimento Interno,
considerando que a Administração Pública deve observar o princípio da
eficiência previsto no art. 37 da Constituição Federal;
considerando que a Lei nº 12.692, de 24 de julho de 2012, ampliou o direito de
acesso dos empregados e das empresas às informações relativas ao
recolhimento das contribuições ao INSS por meio de extratos mensais;
considerando a importância de o Tribunal adotar procedimentos
administrativos que permitam a gestão mais eficiente e efetiva dos contratos de
prestação de serviços terceirizados de natureza continuada;
considerando as conclusões e propostas exaradas em 2010 por Grupo de
Trabalho formado por servidores do Tribunal de Contas da União; Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão; Advocacia-Geral da União; Ministério
da Previdência Social; Ministério da Fazenda; Tribunal de Contas do Estado
de São Paulo e Ministério Público Federal;
considerando os trabalhos e as pesquisas realizados em 2011 pela Secretaria-
Geral de Administração e pela Secretaria de Engenharia e Serviços de Apoio; e
considerando os estudos e os pareceres constantes do processo nº TC-
032.215/2011-8, resolve:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
Art. 1º A fiscalização dos contratos de prestação de serviços terceirizados de
natureza continuada no âmbito da Secretaria do Tribunal de Contas da União
(TCU) obedecerá ao disposto nesta Portaria.
Art. 2º Para os fins desta norma, entende-se por:
I – contrato de serviços terceirizados de natureza continuada: contrato que tem
por objeto a execução indireta de atividades acessórias, instrumentais ou
complementares de interesse do TCU, por intermédio de empresário ou
sociedade empresária regularmente contratados;
II – fiscalização de contrato de serviço terceirizado de natureza continuada:
conjunto de procedimentos destinados à verificação da conformidade da
prestação dos serviços e da alocação dos recursos necessários, de forma a
assegurar o cumprimento do objeto do contrato, bem como da regularidade
fiscal, trabalhista e previdenciária das contratadas e de seus empregados;
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III – gestora do contrato: unidade ou subunidade da Secretaria do TCU,
vinculada ou não ao objeto do contrato, responsável pela fiscalização da
documentação comprobatória da contratada;
IV – beneficiária do serviço: unidade ou subunidade da Secretaria do TCU que
usufrui diretamente dos serviços terceirizados de natureza continuada; a
beneficiária pode ser, também, gestora do contrato;
V – fiscal técnico do contrato: servidor formalmente designado para
acompanhar a execução dos serviços terceirizados de natureza continuada que
tenham sido contratados;
VI – processo administrativo de liquidação e pagamento: processo
administrativo, autuado por exercício financeiro, destinado a subsidiar os
procedimentos de liquidação e pagamento das empresas contratadas;
VII – processo administrativo de acompanhamento e análise da documentação
trabalhista e previdenciária: processo administrativo destinado à fiscalização
da documentação trabalhista e previdenciária relativamente à contratada e a
seus empregados; e
VIII – empregado terceirizado: pessoa física com vínculo trabalhista junto a
empresário ou sociedade empresária regularmente contratados pelo TCU.
CAPÍTULO II
DOS PROCESSOS DE FISCALIZAÇÃO
Art. 3º Para cada contrato de terceirização devem ser autuados um processo
administrativo de liquidação e pagamento, por exercício financeiro, e um
processo administrativo de acompanhamento e análise da documentação
trabalhista e previdenciária.
CAPÍTULO III
DOS RESPONSÁVEIS PELA FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO
Art. 4º A fiscalização dos contratos de serviços terceirizados de natureza
continuada será realizada por fiscais técnicos e gestoras de contratos.
Parágrafo único. Para cada contrato deve ser designado o fiscal técnico e
identificada a gestora de contrato.
Art. 5º Ao fiscal técnico do contrato compete:
I – verificar a conformidade da prestação dos serviços e da alocação dos
recursos necessários, de acordo com o objeto do contrato;
II – atestar as notas fiscais e as faturas correspondentes à prestação dos
serviços;
III – prestar informações a respeito da execução dos serviços e de eventuais
glosas nos pagamentos devidos à contratada; e
IV – quando cabível, manter o controle das ordens de serviço emitidas e
cumpridas.
Art. 6º À gestora do contrato cabe a análise da documentação trabalhista,
previdenciária e fiscal e a juntada dos documentos probantes, nos respectivos
processos administrativos de liquidação e pagamento, e de acompanhamento e
análise da documentação trabalhista e previdenciária.
CAPÍTULO IV
DOS DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DA REGULARIDADE FISCAL,
TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA DA CONTRATADA
Art. 7º Os documentos a serem exigidos da contratada, durante a vigência do
contrato, são os seguintes:
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I – certidão conjunta negativa de débitos relativos a tributos federais e à Dívida
Ativa da União;
II – certidão negativa de débitos junto às fazendas estadual ou distrital e
municipal do domicílio sede da contratada;
III – certidão negativa de débitos relativos às contribuições previdenciárias e
as de terceiros (CND);
IV – certidão de regularidade junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS/CRF);
V – certidão negativa de débitos trabalhistas (CNDT);
VI – aqueles de comprovação de pagamento de salários, inclusive férias e 13º
salário, quando cabível, de vale-transporte e de vale-alimentação na forma do
artigo 13 desta Portaria; e
VII – extratos comprobatórios do recolhimento do FGTS e da contribuição
social previdenciária (INSS) na forma dos artigos 10 e 11 desta Portaria.
VIII - Guias da Previdência Social e Guias de Recolhimento do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência social com
comprovante de entrega. (AC) (Portaria – TCU nº 120, de 14/05/2014, BTCU
nº 15/2014)
§ 1º Poderão ser requeridos outros documentos complementares relativos ao
cumprimento dos encargos trabalhistas e previdenciários.
§ 2º Os documentos mencionados nos incisos I a V deste artigo podem ser
substituídos, total ou parcialmente, por Declaração do Sistema de
Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf).
CAPÍTULO V
DOS PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO DA GESTORA DO
CONTRATO
Seção I
Dos Procedimentos no Início da Prestação dos Serviços
Art. 8º No primeiro mês da prestação dos serviços, a gestora do contrato deverá:
I – solicitar à contratada a relação dos empregados terceirizados, contendo
nome completo, cargo ou função, valor do salário, horário do posto de trabalho,
número do registro geral (RG) e do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), com
indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos serviços, quando couber,
e a Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS; e
II – realizar reunião com os empregados terceirizados e informá-los de seus
direitos previstos em contrato, esclarecendo que estão autorizados a noticiar à
Administração do TCU o descumprimento de quaisquer desses direitos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, às novas
admissões de empregados terceirizados.
Seção II
Dos Procedimentos Mensais
Art. 9º Cabe à gestora do contrato realizar mensalmente os seguintes exames
relativos aos empregados terceirizados:
I – comprovação do recolhimento do INSS e do FGTS; e
II – verificação do pagamento de salários e demais verbas cabíveis.
Art. 10. O exame da comprovação do recolhimento do INSS e do FGTS pela
contratada será realizado por meio de extratos fornecidos pelos empregados,
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solicitados de, pelo menos, 10% (dez por cento) do total dos empregados
terceirizados, mediante utilização de amostra com reposição.
§ 1º Se o total de empregados terceirizados contratados for inferior a 10 (dez),
a gestora do contrato deve analisar os extratos de todos os empregados, no
mínimo, a cada quatro meses.
§ 2º A gestora do contrato deverá assegurar a todos os empregados
terceirizados os meios necessários para acesso aos extratos de que trata o caput
deste artigo.
Art. 11. Detectada irregularidade nos depósitos do FGTS ou nos recolhimentos
ao INSS, a gestora do contrato poderá ampliar a amostra examinada a fim de
verificar se o evento representa caso isolado ou impropriedade de maior
relevância.
§ 1º Para fins deste artigo, considera-se caso isolado a identificação de
irregularidades pontuais e esporádicas que não caracterizem má fé ou desídia
da contratada.
§ 2º Configurado caso isolado, a contratada deverá comprovar a regularização
do problema no prazo definido pela gestora do contrato.
§ 3º Ultrapassado o prazo previsto para regularização ou na hipótese de
recorrência de eventos de mesma natureza, a gestora do contrato deverá dar
ciência, conforme o caso, ao Ministério do Trabalho e Emprego, ao Ministério
da Previdência e Assistência Social, e à Receita Federal do Brasil.
§ 4º Não se tratando de caso isolado, além da medida prevista no parágrafo
anterior deverá ser aberto processo administrativo de aplicação de penalidade.
Art. 12. Na abertura de processo administrativo destinado à aplicação de
penalidade, se existir seguro-garantia ou fiança bancária em vigor, a gestora
do contrato deverá informar o fato à empresa seguradora ou à empresa fiadora
paralelamente à comunicação de solicitação de defesa prévia à contratada.
Parágrafo único. A empresa seguradora ou fiadora não é parte integrante de
processo administrativo de aplicação de penalidade.
Art. 13. Será utilizada relação nominal assinada, no mínimo, por 10% (dez por
cento) dos empregados terceirizados, para averiguação se o pagamento de
salários, inclusive férias e 13º salário, quando cabível, vale-transporte e vale-
alimentação foi realizado tempestivamente.
§ 1º A relação tratada no caput deste artigo conterá, no mínimo, os seguintes
dados:
a) nome do empregado terceirizado;
b) data de recebimento do salário;
d) datas de recebimento do vale-transporte e do vale-alimentação;
e) mês de referência; e
f) campos para observações e assinaturas.
§ 2º Se o total de empregados terceirizados contratados for inferior a 10 (dez),
a relação tratada no caput deste artigo deverá abranger todos os empregados e
ser realizada, no mínimo, a cada quatro meses.
§ 3º Se os pagamentos aos empregados terceirizados não forem realizados nas
datas previstas legalmente ou em convenções coletivas de trabalho, a gestora
do contrato fixará prazo para a empresa resolver a irregularidade.
§ 4º Os casos isolados de falhas no pagamento das verbas a que se refere o
caput serão objeto de acompanhamento por parte da gestora do contrato e
ensejarão a adoção de medidas formais se a pendência não for regularizada em
cinco dias após comunicação da irregularidade à contratada.
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§ 5º Na hipótese de acordo entre a contratada e o sindicato da categoria, ou
manifestação favorável do Ministério Público do Trabalho, os pagamentos de
salários, de vale-transporte e de vale-alimentação, ou referentes a qualquer
outra verba trabalhista, poderão ser efetuados diretamente aos empregados
terceirizados, em nome da contratada, desde que expressamente autorizados,
conforme o caso, pelo Secretário-Geral de Administração, na Sede, por
dirigente do Instituto Serzedello Correa (ISC) ou de secretaria de controle
externo no estado.
§ 6º Se houver risco comprovado de paralisação dos serviços por falta de
pagamento dos empregados terceirizados pela contratada, os pagamentos das
verbas indicadas no parágrafo anterior, com interveniência e autorização da
contratada, se possível, poderão ser realizados sem a participação do sindicato
da categoria ou do Ministério Público do Trabalho, desde que expressamente
autorizados, conforme o caso, pelo Secretário-Geral de Administração, na Sede,
por dirigente do ISC ou de secretaria de controle externo no estado.
Seção IIA
Dos Procedimentos para Aplicação de Sanções Administrativas
(AC) (Portaria – TCU nº 120, de 14/05/2014, BTCU nº 15/2014)
Art. 13A. Constatada irregularidade na execução do objeto ou inexecução
contratual, o fiscal técnico ou o titular da unidade gestora do contrato deverá
registrar a ocorrência em processo específico, notificar a contratada para
apresentar defesa prévia, consignar a resposta e propor, motivadamente, a
aplicação da sanção cabível.
Parágrafo único. Caso entenda não ser aplicável qualquer sanção, o fiscal
técnico ou o titular da unidade gestora deverá encaminhar o processo com
proposta de arquivamento para decisão, do Secretário-Geral de Administração,
na Sede, do Diretor-Geral, no Instituto Serzedello Correa (ISC), e dos
respectivos Secretários, nas Secretarias de Controle Externo nos Estados.
Art. 13B. As competências para aplicação de sanções, cabem:
I - aos Secretários das Secretarias de Controle Externo nos Estados, e ao
Diretor-Geral, no Instituto Serzedello Corrêa (ISC), aplicar as seguintes
penalidades:
a) advertência; e
b) multa.
II - ao Secretário-Geral de Administração, na Sede, aplicar as seguintes
penalidades:
a) advertência;
b) multa;
c) suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de contratar
com a Administração do TCU, por prazo não superior a 2 (dois) anos; e
d) impedimento de licitar e contratar com a União e descredenciamento no
SICAF, ou nos sistemas de cadastramento de fornecedores a que se refere o
inciso XIV do art. 4º Lei da nº 10.520, de 17 de julho de 2002, pelo prazo de até
5 (cinco) anos.
III - ao Secretário-Geral de Administração, nos contratos executados nas
Secretarias de Controle Externo nos Estados e no Instituto Serzedello Correa
(ISC), aplicação das seguintes penalidades:
a) suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de
contratar com a Administração do TCU, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
e
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b) impedimento de licitar e contratar com a União e descredenciamento no
SICAF, ou nos sistemas de cadastramento de fornecedores a que se refere o
inciso XIV do art. 4º Lei da nº 10.520/2002, pelo prazo de até 5 (cinco) anos.
IV - ao Presidente do TCU, aplicar a penalidade de declaração de inidoneidade
para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os
motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação
perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
sempre que a contratada ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes
e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.
§ 1º Após o trânsito em julgado do processo administrativo de aplicação de
penalidade, as sanções aplicadas deverão ser registradas no SICAF e no sistema
Contrata do TCU.
§ 2º O disposto nesta Seção, aplica-se, no que couber, aos demais tipos de
contrações e aquisições do Tribunal.
Seção III
Dos Demais Procedimentos
Art. 14. A gestora do contrato deverá exigir da contratada, até dez dias após o
último mês de prestação dos serviços – em decorrência da extinção ou da
rescisão do contrato –, bem como nas demissões ocorridas durante a vigência
contratual, termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados
terceirizados, devidamente homologados, quando exigível, pelo sindicato da
categoria, acompanhados das cópias autenticadas em cartório, ou cópias
simples acompanhadas dos originais para conferência no local de recebimento.
Parágrafo único. Caso a rescisão dos contratos de trabalho ainda não tenha
sido homologada, a gestora do contrato exigirá a cópia das rescisões e a Guia
de Recolhimento Rescisório do FGTS (GRRF) para os casos de demissões sem
justa causa de empregados.
CAPÍTULO VI
DOS PAGAMENTOS ÀS EMPRESAS CONTRATADAS
Art. 15. Para fins de pagamento mensal, é obrigatória a apresentação dos
documentos indicados nos incisos I a V, ou § 2º, do art. 7º desta Portaria.
Art. 16. Constado que a contratada encontra-se em situação de irregularidade
fiscal junto às fazendas federal, estadual, distrital ou municipal, ao FGTS, ao
INSS ou à Justiça Trabalhista, isolada ou conjuntamente, o processo
administrativo de liquidação e pagamento deverá ser submetido:
I – na Sede, ao Secretário-Geral de Administração; e
II – no ISC ou nas secretarias de controle externo nos estados, aos respectivos
dirigentes.
Parágrafo único. Os dirigentes indicados nos incisos deste artigo,
motivadamente, podem autorizar o pagamento excepcional da despesa a fim de
não configurar o enriquecimento sem causa da Administração.
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 17. Os procedimentos de fiscalização de contrato serão formalizados por
meio dos formulários constantes dos Anexos I a IV desta Portaria, a serem
juntados ao processo administrativo de fiscalização e pagamento ou ao de
acompanhamento e análise da documentação trabalhista e previdenciária.
Art. 18. O disposto nesta Portaria aplica-se aos contratos novos e vigentes a
partir da publicação desta norma.
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Art. 19. A Segedam fica autorizada a expedir os atos necessários à
operacionalização desta Portaria, a dirimir os casos omissos e a atualizar os
Anexos desta Portaria.
Art. 20. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.”.
Isto posto, o entendimento das dificuldades e divergências apresentadas pelo NEMS/MG
à CGU, no transcorrer do presente relatório de auditoria encontra respaldo junto aos
demais órgãos da Administração Pública, inclusive do TCU, dada a complexidade que
requer, à luz da IN 02/2008.(...)
As ações adotadas com vistas a permitir uma execução transparente e legal do contrato
são possíveis de ser aferida pelos documentos anexados ao processo, tais como:
- atas de reunião regulares, para alinhamento das ações junto à empresa contratada;
- acompanhamento sistemático da execução quantitativa, qualitativa e financeira do
contrato, não sendo constatadas irregularidades objetos de apontamentos;
- efetivação de glosa em função de não cumprimento de cláusula contratual;
- acompanhamento relativo à manutenção da regularidade fiscal, trabalhista e
previdenciária da empresa, tendo existido somente uma ação trabalhista, julgada
improcedente, o que reforça o atendimento precípuo ao que determina a IN n º 02/2008.”
Em atendimento aos apontamentos da CGU, atuamos no sentido de obtermos junto à
empresa contratada esclarecimentos e comprovantes das despesas, o que foi
encaminhado a esta CGU em novembro/2014. Aguardamos até o término dos trabalhos
o envio dos comprovantes, o que não ocorreu. Em anexo, resposta encaminhada pela
empresa contratada para a não apresentação dos comprovantes.
As informações relativas às diárias encontram-se em anexo. Foi elaborada planilha de
documentos encaminhados pela empresa contratada e por amostragem verificou-se a
confirmação nos depósitos, sendo que o NEMS/MG já está adotando medidas para
incorporar nova metodologia para acompanhamentos dos contratos.”(...)
A resposta encaminhada pela empresa Ribal Locadora de Veículos Ltda, em 09/12/2014,
em atendimento aos questionamentos do NEMS sobre a apresentação dos comprovantes
da realização de despesas, encontra-se transcrita a seguir:
“Em atenção à solicitação de documentos que nos foi encaminhada, manifestamos o
seguinte:
Fomos contratados pelo NEMS/MG através do Contrato nº 22/2012 após termos ofertado
a melhor (menor preço) no Pregão Eletrônico nº 02/2012. Sabendo que o edital é quem
define as diretrizes da execução contratual, bem como os direitos e deveres de cada parte,
destacamos alguns itens do Edital em questão.
O objeto da contratação é o “Transporte de Pessoas e Documentos, por meio de veículos
de médio porte, incluindo o fornecimento do motorista, combustível, seguro total e
obrigatório, equipamento de GPS e sistema de rastreamento de veículos, bem como
outros encargos necessários à execução dos serviços, pata atender à necessidade do
CONTRATANTE e demais tarefas demandadas pelo Ministério da Saúde – Nível
Central, outras Unidades e Núcleos do Ministério da Saúde, conforme especificações
constantes no Termo de Referência – Anexo I.”
Assim, o NEMS/MG buscou uma solução para o transporte de passageiros adotando a
locação de veículos com motoristas englobando os demais insumos necessários para tal
serviço. Tal medida racional é uma tendência na administração pública, pois reduz o
números de contratações, reduz a burocracia com a gestão de diversos contratos (de
terceirização de mão de obra, de oficina de veículos, de seguro de veículos, de
combustíveis e de locação dos veículos) transferindo essa gestão para uma única
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empresa contratada e reduz os custos, pois certamente a empresa contratada consegue
oferecer seus serviços considerando tais insumos e despesas a um preço menor do que
se a Administração Pública fosse contratá-los individualmente.
Para o fiel acompanhamento e fiscalização da execução contratual o Edital determinou
em seu Termo de Referência o seguinte parâmetro:
“13 – DA FISCALIZAÇÃO
13.1 O acompanhamento e a fiscalização da execução do contrato consistem na
verificação da conformidade da prestação dos serviços e da alocação dos
recursos necessários, de forma a assegurar o perfeito cumprimento do ajuste,
devendo ser exercidos por um representante do Núcleo Estadual do Ministério
da Saúde, especialmente designado, na forma dos arts. 67 e 73 da Lei nº 8.666,
de 1993, e do art. 6º do Decreto nº 2.271, de 1997.
13.2 A verificação da adequação da prestação do serviço deverá ser realizada
com base nos critérios previstos neste Termo de Referência e na Minuta do
Contrato.” (grifos nossos).
Tal determinação visa tornar a fiscalização contratual objetiva, com foco nos resultados,
pois, sem essa definição, a fiscalização se tornaria inviável, burocrática e sem critério.
Assim, o Termo de Referência contempla mais de setenta subitens e obrigações
contratuais da empresa contratada, dos quais transcrevemos alguns:
“12.1 Prestar o serviço no tempo, lugar e forma estabelecidos no contrato.
12.2 Arcar com o ônus decorrente de eventual equívoco no dimensionamento
dos quantitativos de sua proposta, devendo complementá-los, caso o previsto
inicialmente em sua proposta não seja satisfatório para o atendimento ao objeto
da licitação, exceto quando ocorrer algum dos eventos arrolados nos incisos do
§1º do art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.
12.2.1 A obrigação de arcar com o ônus decorrente de eventual equívoco no
dimensionamento dos quantitativos da proposta estende-se aos custos variáveis
decorrentes de fatores futuros e incertos.
12.2.2 Na hipótese de eventual equívoco no dimensionamento em favor da
contratada, o valor correspondente será revertido como lucro durante a
vigência da contratação, mas será objeto de negociação para eventual
prorrogação contratual.
12.5 Responsabilizar-se pelo fiel cumprimento dos serviços.
12.6 Disponibilizar veículos conforme as especificações contidas neste Edital,
mantendo-os em perfeito estado de conservação, limpeza e segurança,
obedecidas todas as normas que regulamentam a utilização de veículos,
emanadas pelo Poder Público.
12.20 Recrutar em seu nome e sob sua inteira responsabilidade os motoristas
necessários à perfeita execução dos serviços que forem de caráter permanente,
pagando-lhes salários compatíveis, de valor igual ou superior ao piso salarial
estabelecido para a Categoria, bem como os benefícios inerentes (vale-
transporte, alimentação, etc.).
12.33 Responsabilizar-se por todas as despesas com os veículos de sua
propriedade, inclusive as relativas a combustível, manutenção, acidentes,
multas, licenciamentos, seguros geral/total e outras que incidam direta ou
indiretamente sobre os serviços contratados, assumindo todas as
responsabilidades de tráfego (multas, impostos, taxas, etc.);
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12.43 Permitir, a qualquer tempo, a realização de inspeção nos veículos
colocados à disposição do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em Minas
Gerais, com a finalidade de verificar as condições de conservação, manutenção,
segurança e limpeza;
12.59.5 Efetuar revisões periódicas nos veículos;
12.59.6 Adotar, durante a higienização dos veículos, medidas para evitar o
desperdício de água tratada;
12.59.8 Conscientizar os funcionários quanto à importância/necessidade da
preservação dos recursos naturais e do patrimônio público/privado.”.
A fiscalização do cumprimento da execução contratual, principalmente com relação à
limpeza, conservação, documentação e manutenção dos veículos sempre foi feita
diariamente na própria garagem do Ministério. A empresa contratada sempre cumpriu
tais exigências contratuais. Se o veículo está sujo: lava-se. Se está de tanque vazio:
abasteça-se. Se está com pneus começando a se desgastarem: troca-se. Se há necessidade
de manutenção preventiva ou corretiva: realize-se. Foi esse tipo de serviço ágil e de
excelência que o NEMS/MG contratou. Conferência de relatórios de realização de
lavagem de veículos, de manutenções, de alinhamento de suspensão, de troca de pneus e
outros afins são desnecessários, não tem qualquer relação com a atividade fim do
NEMS/MG, não tem embasamento contratual, representam um retrocesso na gestão de
recursos públicos e no dinamismo do trabalho.
O Termo de Referência do Edital também identificou os documentos necessários para a
comprovação da realização dos serviços e a forma de pagamento à empresa contratada:
“16.2 Do Pagamento
16.2.1 O pagamento será efetuado à CONTRATADA no prazo máximo de até
30 (trinta) dias do mês subsequente à prestação dos serviços, após a entrega das
Notas Fiscais/Fatura dos serviços, “vouchers”, dos comprovantes de depósito
do pagamento das diárias aos motoristas, bem como dos comprovantes dos
pedágios e estacionamentos pagos, devidamente atestados, através de ordem
bancária, para crédito em banco, agência e conta corrente indicados pelo
contratado;”
(...)
16.2.4 “O pagamento será efetuado de acordo com a quilometragem rodada no
mês do adimplemento, que será conferida e aprovada mediante a apresentação
das primeiras vias dos “vouchers” e respectivas solicitações de veículos;”.
“11 – DAS OBRIGAÇÕES DO CONTRATANTE
A CONTRATANTE obrigar-se-á:
11.1 Efetuar o pagamento no tempo, lugar e forma estabelecidos no contrato.
(...)
11.3 Efetuar o pagamento à empresa vencedora, nas condições e preços
pactuados relativos aos serviços contratados e de acordo com as requisições,
mediante a apresentação da Nota Fiscal/Fatura, devidamente atestada,
preenchida e rubricada pelo Fiscal responsável, designado por portaria, no
prazo máximo de até 30 (trinta) dias: contados da apresentação da fatura
através de ordem bancária, para crédito em banco, agência e conta corrente
indicado pelo contratado; podendo o pagamento ser efetuado em até 5 (cinco)
dias conforme o item 14.2.2 deste termo;”.
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Nesse sentido, a verificação do direito adquirido pelo credor (empresa contratada) tem
por base o contrato, a nota de empenho, a nota fiscal e os vouchers com as respectivas
solicitações de veículos (comprovantes da prestação efetiva do serviço).
Após identificarmos diversos pontos no Termo de Referência e que também constam do
Contrato nº 22/2012, passamos para a análise da legislação que embasou o pedido de
documentos (Lei 4.320/64, artigo 63), que assim o estabelece:
“Art. 63 A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido
pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do
respectivo crédito.
§1º Essa verificação tem por fim apurar:
I – a origem e o objeto do que se deve pagar;
II – a importância exata a pagar;
III – a quem de deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
§2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá
por base:
I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
II – a nota de empenho;
III – os comprovantes da entrega do material ou da prestação efetiva do
serviço.”.
Nota-se que o disposto na legislação que embasou o pedido de documentos está previsto
nas cláusulas de Pagamento e Obrigações da Contratante transcritas anteriormente. Ou
seja, o contrato vem sendo respeitado por ambas as partes e fiscalizado na forma dele
mesmo, do Edital e da legislação.
Diante do exposto, ficou evidenciado que não há motivação e nem previsão contratual
ou legal para a solicitação de documentos que nos foi enviada. Aliás, nos gera bastante
estranheza ter sido ressaltada a importância da apresentação de Relatórios e Notas
Fiscais de insumos indiretos peculiares à empresa contratada que não se referem ao
objeto contratual e tão corriqueiros ao dia a dia, que dispensam o preparo de relatórios
de tal natureza. Assim, não há motivos para o envio de tais documentos.
Caso esse tipo de solicitação se torne rotina e passe a ser instituído como item de
acompanhamento e fiscalização por parte dos órgãos contratantes, certamente isso será
um grande retrocesso para a máquina pública. A Administração Pública já constatou
que o melhor caminho para a economia de gastos com transportes e (sic) a locação de
automóveis com motoristas, seguro, combustíveis, manutenções e demais insumos. Tal
tipo de contratação elimina outros diversos contratos individuais: de terceirização de
mão de obra, de oficina de veículos, de seguro de veículos, de combustíveis e de locação
dos veículos. Além disso, a contratação de transportes que atualmente é fornecida
elimina a necessidade de dedicação exclusiva de aos menos dois servidores públicos que
seriam necessários para gerirem os contratos individuais e tamanha imensidão de
documentos e rotinas burocráticas. Ou seja, caso a CGU resolva ampliar a fiscalização
dos contratos até as minúcias individuais das empresas contratadas, ela não estará
promovendo nenhum benefício à máquina pública, pelo contrário, estará trazendo
lentidão, aumento de burocracia e de gastos, pois certamente um contrato de transportes
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é muito mais barato do que o somatório de meia dúzia de contratos pontuais necessários
ao mesmo serviço.
Sobremais, não se estabeleceu no Edital e no Termo de Referência qualquer
obrigatoriedade de a empresa vencedora da licitação apresentar futuramente a prova
fiscal dos dispêndios feitos de acordo com o “registro no manual dos veículos”, eis que
se essa exigência tivesse constado dos aludidos Edital e Termo de Referência ela teria
sido impugnada previamente pela própria contratada, até porque dispõe esta de meios
próprios de lavagem e manutenção de veículos, nem sempre sendo necessária a
contratação ou subcontratação de outras empresas para esse mister. A “estimativa” de
gastos constantes da Planilha de Custos feita pela peticionária levou em consideração
os custos que ela teria ou terá com esse itens e não de acordo com outras possibilidades
de dispêndios que, com certeza, seriam bem mais elevadas. Uma coisa é certa: - a
contratada cumpriu as regras da contratação constante do Edital e do Termo de
Referência. Além disso, em relação às revisões dos veículos, de observar-se que
geralmente as locadoras têm relações comerciais estreitas com as revendedoras e estas,
de suas vezes, com a finalidade de vencerem a concorrência com outras revendedoras e
gerarem fidelização do cliente locador, oferecem alguns itens gratuitos às locadoras
adquirentes de veículos, dentre estas, as revisões iniciais sem custos, de modo que, nesse
particular, também não há falar-se em expedição de documentos fiscais de pagamento,
porquanto nada foi pago. Entretanto, essas concessões de revisões iniciais gratuitas,
reveladoras de eficiência empresarial, só são outorgadas depois de as empresas
vencerem as licitações e nunca antes disso, de modo que na formação dos preços a
empresa participante terá sempre que levar em conta a “estimativa” para esse gasto ou
despesa.
Hipótese desse jaez não representa qualquer elemento de enriquecimento sem causa da
empresa vencedora do certame, mas sim talento empresarial no entendimento do
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, pontificado, dentre outros no v. ACÓRDÃO
0910-11/14 – Plenário (TC 000.079/2011-11), na esteira do anterior entendimento
construído no v. ACÓRDÃO 2.784/2012 – TCU – Plenário, ad litteram:
“Não cabe à Administração se apropriar dos ganhos econômicos provenientes
da eficiência empresarial da contratada, assim como não lhe cabe suportar
encargos de sua ineficiência.
Nesse sentido o voto condutor do Acórdão 2.784/2012 – TCU – Plenário, da
esclarecida autoria do Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO:
“8. Com efeito, é certo que a planilha com os preços unitários apresentados na
licitação vincula o proponente. O equívoco, todavia, é entender que as quantias
ali constantes devem corresponder aos custos que serão incorridos pelo
contratado para cumprir o objeto, pois, no regime de execução contratual por
empreitada, no qual a retribuição do contratado se dá mediante o preço
avençado, e não por uma margem de lucro, como na contratação por
administração, o que a planilha ostenta são os preços dos insumos
considerados pelo concorrente na formação do valor a ser cobrado da
Administração, e não os seus reais custos.
9. Nesse sentido, um ponto a se destacar do parecer do Procurador-Geral é a
demonstração que faz da inviabilidade prática da aplicação, no regime de
empreitada, da tese de que os dispêndios do contratado não poderiam ser
diferentes dos cotados por ele na licitação, bem como da irracionalidade
administrativa que isso representa.
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10. Não se imagina, por exemplo, como o contratante poderia estabilizar
variável que não está sob seu controle, no caso, os preços dos insumos que
deverá buscar no mercado. Especificamente quanto à mão de obra, não fica
claro como tornar realizável o pagamento da mesma remuneração a
profissionais com qualificação e experiência na execução de serviços
especializados diversos, com diferentes tempos de empresa ou então
terceirizados, ou ainda, como ofertar preços distintos em certames cujos
contratos aproveitariam os préstimos do mesmo corpo técnico.
11. Segundo essa tese, a empresa estaria impedida de beneficiar-se de ganhos
operacionais, circunstanciais ou não, sob o risco de auferir remuneração
indevida, que teria de ser repassada à Administração, conforme subentende-se
do seguinte excerto da instrução da Serur nestes autos:
“77. Nos termos do artigo 45, inciso I, a proposta mais vantajosa é aquela que
ofertar o menor preço, contanto que esteja de acordo com as especificações
contidas no edital. O responsável, no entanto, é que descurou dos valores
elencados na proposta, incorrendo em custos inferiores aos declarados,
aumentando sua remuneração de forma oblíqua”.
12. Ora, não faz sentido dizer que o fornecedor que presta devidamente os
serviços comprometidos em contrato, nas condições ali previstas, tenha
descumprido especificações do edital ao realizá-los a custos inferiores aos
preços que cobra, tanto mais em regime de execução contratual por
empreitada, no qual as eventuais variações dos custos dos insumos são
assumidas pelo contratado. Censurar tal possibilidade, considerando-a
demonstrativa de “descura” ou ato antijurídico do contratado, é contrassenso
que afronta o valor social da livre iniciativa, fundamento constitucional que
garante à sociedade empresária o direito à otimização dos seus lucros.
13. Além disso, sob todos os enfoques possíveis, é de interesse da Administração
o aumento da eficiência das empresas que lhe prestam serviços, aspecto bem
anotado pelo MP/TCU, verbis:
“Uma vez que tenha obtido o menor preço oferecido na licitação e que este seja
compatível com o mercado, a Administração não atende ao interesse público ao
expropriar o contratado de vantagens conseguidas como resultado de seu
esforço e de seus méritos. A prática constituiria desestímulo ao desenvolvimento
da eficiência das empresas. Se, pelo contrário, o Estado incentivar que seus
contratados desenvolvam novos mecanismos nesse sentido, garantirá
naturalmente cada vez maior participação nesses ganhos, sucessiva e
progressivamente, tanto mais quanto maior for o número de empresas
modernas, eficientes e inovadoras a competir na licitação.”.
14. Compartilho desses argumentos com o Procurador-Geral. Sendo direito de
a contratante auferir os lucros que puder na execução do contrato, firmado a
valores de mercado no regime de empreitada, parece-me ilegítimo o repasse
direto à Administração de eventuais ganhos oriundos da diferença entre o preço
“proposto” e as despesas incorridas na prestação dos serviços. Até porque a
vantagem pecuniária advinda de uma medida como essa seria inconsequente e
de curo alcance, e nem de longe compensaria os benefícios possíveis de se obter,
em proveito não apenas da administração, mas do próprio Estado em seu
sentido mais amplo, com a redução de preços dos insumos e o aumento da
produtividade de seus contratados.
15. A tese que vincula os gastos com insumos aos valores da proposta confunde
custos da contratada com os seus preços (os quais somente são custos sob o
ponto de vista da Administração), incidindo em contradições que muito me
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preocupam, sobretudo por envolverem preceitos que são caros ao Direito e a
este Tribunal.
16. Veja-se que, como consequência disso, a aferição do superfaturamento
acaba sendo feita em relação aos custos do contratado, e não nos valores de
mercado, mesmo diante da inexistência, como no caso concreto, de
dificuldadae prática para a estimativa destes com base em sistemas de
referência ou outra fonte confiável de preços e desconsiderando-se o fato de o
regime de execução contratual ser por empreitada.
Ao examinar contratos por preço global, não é lícito pinçar um ou mais itens de custo
isoladamente, qualificá-los como excessivos ou irregulares e determinar providências
para ressarcimento, sob pena de alterar indevidamente o equilíbrio econômico-
financeiro do contrato. Para concluir sobre a ocorrência de dano ao Erário, é essencial
examinar o preço global do contrato em comparação com os valores de mercado.
Como não houve juízo, no acórdão recorrido, sobre o valor de mercado do serviço objeto
do contrato em questão, a pretensão de igualdade entre custo real e aquele apresentado
para cumprimento de determinação editalícia se mostra contrária ao que se firmou nesta
Corte, quanto à desnecessidade de tal identidade. A falta de indícios de que os valores
contratados estavam acima dos preços de mercado foi um dos elementos analisados no
acórdão recorrido para não aplicação de multa aos gestores do Ibama.”> (destaques e
grifos aqui).
Sobre os equipamentos de comunicação, a empresa contratada disponibilizou ao
NEMS/MG a relação de telefones de contato dos colaboradores conforme estabelece o
Edital. Os custos de tal subitem correspondem à estimativa de gastos atinentes ao mesmo,
assim como todos os outros subitens da planilha de custos.
Com relação aos comprovantes de depósito relativos aos pagamentos de diárias para os
motoristas, tais comprovantes são enviados mensalmente ao Ministério da Saúde
juntamente com nossa Nota Fiscal e já constam do Processo. O mesmo ocorre com o
demonstrativo de utilização da quilometragem dos veículos fixos que é mensalmente
conferida em conjunto com o Ministério da Saúde e que igualmente já consta do
Processo.
Por fim, concluímos que não é preciso formação jurídica para se perceber que o objetivo
do expediente 201409269/04 é o de, com a apresentação de documentos fiscais relativos
aos custos da contratada que serviriam de base para a formação do preço contratual da
prestação de serviços, encontrar um sobrepreço ou “superfaturamento” e, por
conseguinte, concluir apressadamente por um enriquecimento sem causa ou ilícito da
prestadora de serviços. Ora, como essa exigência de apresentação de Notas Fiscais não
constou do Edital e nem do Termo de Referência e sabendo-se que esses instrumentos
configuram “lei entre as partes”, não é crível exigir-se o que não está nessa Lei especial
(Edital e Termo de Referência). Além disso, o aludido julgado do TRIBUNAL DE
CONTAS DA UNIÃO, órgão externo de controle dos atos administrativos
(jurisdicionalmente superior aos órgãos de controle interno da Administração) é muito
claro em concluir que:
“16. Veja-se que, como consequência disso, a aferição do superfaturamento
acaba sendo feita em relação aos custos do contratado, e não aos valores de
mercado, mesmo diante da inexistência, como no caso concreto, de dificuldade
prática para a estimativa destes com base em sistemas de referência ou outra
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fonte confiável de preços, e desconsiderando-se o fato de o regime de execução
contratual ser por empreitada.
Ao examinar contratos por preço global, não é lícito pinçar um ou mais itens de
custo isoladamente, qualificá-los como excessivos ou irregulares e determinar
providências para ressarcimento, sob pena de alterar indevidamente o
equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Para concluir pela ocorrência de
dano ao Erário, é essencial examinar o preço global do contrato em
comparação com valores de mercado.”. (grifou-se)
Ou seja, despiciendo dizer-se não ser lícito à Administração ir atrás da exatidão dos
custos despendidos pela contratada com a prévia estimativa apresentada para a
formação de preço do serviço a ser executado e, por efeito disso, conseguir um eventual
“ressarcimento” baseado em “itens de custo isoladamente”. Esse animus, além de ilegal
(porque não previsto na “lei entre as partes” e nem configurar cláusula exorbitante da
Administração) está desconsiderando o fato principal que foi o cumprimento
irrepreensível do contrato em todos os seus termos e prazos e que não houve prejuízo à
Administração que, de antemão, já soube quantia pagaria pela empreitada (sic).
Diante do exposto esperamos ter atendido às solicitações e prestado as pertinentes
informações e colocando-nos a (sic) disposição desse Órgão para quaisquer outros
esclarecimentos.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Sobre as manifestações do Nems/MG e da empresa contratada, tecemos os seguintes
entendimentos:
- Os questionamentos, emanados desta Controladoria ao Nems/MG, recaíram sobre o fato
de que não houve a elaboração da planilha de custos e formação de preços para a
contratação de serviços terceirizados de transporte. Já foi demonstrado, ao longo deste
Relatório, que a sua elaboração consistia em peça fundamental para embasar a pesquisa
de preço realizada pela unidade. Como também já relatado, o planejamento inadequado
da contratação resultou em uma definição elevada do valor global máximo a ser aceito.
Tal fato pode ser comprovado quando se procede à análise dos custos unitários que
compõem a planilha de preços apresentada pela empresa vencedora. Reitera-se que, ao
contrário do que foi feito pela unidade examinada, a planilha de custo, contendo os custos
unitários, deveria ter sido previamente elaborada no intuito de se definir o valor máximo
global a ser aceito para cada item.
- Em sua manifestação o Nems/MG traz o Guia de Fiscalização dos Contratos de
Prestação de Serviços com Dedicação Exclusiva de Mão-de-Obra que estabelece, no item
5.4.2, que na “Fiscalização por amostragem” devem ser verificados “comprovantes de
entrega de benefícios suplementares (vale-transporte, vale alimentação, entre outros) a
que estiver obrigada por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho,
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer empregado.” Tal
manifestação se coaduna, portanto, com o ponto de vista da equipe de auditoria a respeito
da necessidade de se exigir a comprovação do cumprimento de pagamento dos benefícios
mensais e diários.
- Em sua manifestação, traz ainda o Acórdão nº AC-1214-17/13-P que se refere à
conclusão de um grupo de trabalho, com a qual também concordamos, em que se afirma
que “a exigência de toda essa gama de documentos não tem evitado a ocorrência de
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problemas em relação ao cumprimento das obrigações trabalhistas por parte das
empresas contratadas, dados os subterfúgios que têm sido utilizados por algumas
empresas para mascarar eventuais inadimplementos dessas obrigações.” Portanto,
reiteramos a necessidade de fiscalização por amostragem para conferir o devido
pagamento das obrigações contratuais e evitar eventuais ações trabalhistas.
- Quanto à fiscalização dos itens de manutenção dos veículos, consta no edital da
licitação, no item 123.6, como obrigação do contratado “Disponibilizar veículos
conforme as especificações contidas neste Edital, mantendo-os em perfeito estado de
conservação, limpeza e segurança, obedecidas todas as normas que regulamentam a
utilização de veículos, emanadas pelo Poder Público.” Portanto, cabe ao fiscal do
contrato a verificação pontual e eficaz das manutenções necessárias para segurança e
eficiente realização do serviço contratado. Para tal, consideramos imprescindível a
verificação das revisões obrigatórias dos veículos e checagem da troca de pneus.
- Cumpre relatar que foram solicitadas justificativas ao Nems/MG, e não à empresa
contratada, em relação à ausência de elaboração da planilha de custos e no que concerne
ao sobrepreço verificado para os custos unitários que compõem a planilha da empresa
vencedora do certame. Além disso, requereu-se à Unidade examinada a apresentação dos
comprovantes da realização das despesas relativas ao transporte; assistência médica e
familiar; seguro de vida, invalidez e funeral; saúde ocupacional; manutenção, peças,
revisões, troca de pneus e câmaras e lavagem dos veículos, bem como despesas com o
pagamento de diárias. O Nems/MG, quando da fiscalização da execução contratual, não
procedeu à verificação da realização de tais despesas e, portanto, não possuía os
comprovantes ora solicitados. Diante disso, a Unidade requereu à empresa contratada o
envio de tais documentos o que originou a manifestação ora transcrita no intitulado
“manifestação da unidade”, o que foi, na verdade, uma manifestação da empresa
contratada.
- A empresa, em sua manifestação, alega que o envio das comprovações de realização das
despesas não procede por não ter embasamento legal e contratual, e que significaria um
“retrocesso na gestão de recursos públicos e no dinamismo do trabalho.”. Relata ainda
que tais despesas seriam “insumos indiretos peculiares à empresa contratada e que não
se referem ao objeto contratual” e que, portanto, não haveria motivos para o envio dos
documentos ora solicitados pelo Nems/MG.
A equipe discorda desse posicionamento, uma vez que, apesar de não haver necessidade
de apresentação de comprovação de todos os itens de despesas a cada pagamento mensal,
persiste a competência do Nems/MG de realizar a fiscalização do contrato, durante toda
a sua vigência. Inclusive, há previsão no edital, conforme item 123.38, das obrigações do
contratado: “Acatar as orientações do Fiscal do Contrato ou de seu substituto legal,
sujeitando-se a mais ampla e irrestrita fiscalização, prestando os esclarecimentos
solicitados e atendendo às reclamações formuladas.”
Outro ponto que merece destaque se refere à declaração da empresa de que o pedido de
envio de tais comprovações de despesas realizadas teria como intuito “encontrar um
sobrepreço ou “superfaturamento” e, por conseguinte, concluir apressadamente por um
enriquecimento sem causa ou ilícito da prestadora de serviços.”. Somos cientes dos
Acórdãos emanados pelo Tribunal de Contas da União, citados na resposta da empresa, e
compartilhamos dos mesmos entendimentos. Diante disso, não estamos questionando
possíveis “ganhos econômicos provenientes da eficiência empresarial da contratada”, ou
seja, não estamos analisando os valores pagos quando da realização das despesas para os
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itens avençados, não estamos analisando se a empresa conseguiu um “desconto” no
pagamento da manutenção do veículo, ou na troca de pneus ou na lavagem dos veículos,
estamos sim questionando a realização dos itens acordados.
Cumpre enfatizar que a própria empresa, como já citado no campo “Fato”, informou
equivocadamente que o pagamento do seguro de vida não seria uma exigência do
Contrato e nem da Convenção Coletiva e que, portanto, não teria sido pago. Como já
demonstrado, a exigência do pagamento do seguro de vida consta da cláusula décima
quarta da Convenção 2012/2013 (Registro MTE: MG001959/2012), ou seja, a empresa
incluiu, em sua planilha de preços, custos para uma despesa que não seria realizada.
Nesse sentido, cumpre transcrever parte do Acórdão nº 1233/2008 – TCU –Plenário:
“(...) 17.31 Na realidade, as empresas estão recebendo um valor ao qual não corresponde
nenhuma contraprestação de serviço.
17.32 É fato que as empresas vêm, ao longo da execução dos contratos, desde 2002,
recebendo mais do que lhe era devido pelos serviços fornecidos, ao cobrar da
Administração valor que se situa acima do salário pago a cada funcionário alocado para
prestação do serviço. Não há indício de que a diferença entre os salários tenha sido
utilizada em prol da Administração, mas sim das próprias empresas, aumentando seu
lucro, e, neste caso, enfatizamos que o lucro já estava previsto na planilha de orçamento,
sendo devidamente remunerado pela Autarquia.
17.33 É inadmissível a inclusão, como custo, de valor que não se pretende gastar. A
partir do momento em que a contratada não pagou aos funcionários os salários indicados
na proposta de preços, há que se considerá-lo como superfaturamento, pois seu valor foi
acrescido irregularmente ao lucro das empresas. (grifo nosso)
17.34 Tal fato configura-se como enriquecimento sem causa, prática rechaçada pelo
ordenamento jurídico A norma do art. 884 do novo Código Civil brasileiro, assim dispõe:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. O
enquadramento neste artigo exige a presença dos seguintes pressupostos:
a) existência de um enriquecimento;
b) obtenção desse enriquecimento à custa de outrem;
c) ausência de causa justificativa para o enriquecimento. (...)”.
Diante de todo o relatado, e considerando que não nos foram encaminhadas as devidas
comprovações de que as despesas acordadas foram devidamente realizadas, mantém-se a
constatação.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Promover a apuração de responsabilidades dos servidores que
realizaram os pagamentos sem a devida comprovação de sua realização,aplicando as
sanções cabíveis.
Recomendação 2: Possibilitar aos fiscais de contratos a oportunidade de realizar
treinamentos e reciclagens na área de execução contratual.
Recomendação 3: Providenciar o ressarcimento ao Erário dos valores pagos na realização
de despesas sem a correspondente comprovação.
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III – CONCLUSÃO
Em face dos exames realizados, concluímos que a Unidade Gestora deve adotar medidas
corretivas com vistas a elidirem os pontos ressalvados nos itens:
- 1.1.1.1 Ausência de elaboração de planilha de custos e formação de preços para a
contratação de serviços terceirizados e de confiabilidade na pesquisa de preços realizada
pelo Nems/MG; - 1.1.1.2 Especificação inadequada dos veículos a serem contratados acarretando em
prejuízo de R$157.839,36.
- 1.1.1.3 Sobrepreço em itens unitários contratados decorrente da não elaboração de
planilha de custos e formação de preços de referência, pelo Nems/MG, quando do
planejamento da contratação;
- 1.1.1.4 Aceite de alíquotas variáveis para encargos sociais e trabalhistas com
extrapolação dos parâmetros recomendados;
- 1.1.1.5 Aceite de proposta cuja planilha de custos e formação de preços apresenta falha
nos percentuais do aviso prévio;
- 1.1.1.6 Inexistência de escritório de representação em descumprimento a condição
previamente estabelecida em edital;
- 1.1.1.7 Incompletude de comprovação da realização dos serviços conforme exigências
da contratação no montante de R$358.823,04.
Belo Horizonte/MG, 01 de março de 2016.
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