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Frutas do Brasil, 6 Manga Fitossanidade
PROBLEMAS DECAUSA ABIÓTICA
INTRODUÇÃO
Como já foi demonstrado em capítu-los anteriores, a mangueira pode ser afetadapor uma série de organismos vivos taiscomo insetos, ácaros, fungos e bactérias.Nesses casos, diz-se que o problemafitossanitário é de origem biótica.
Todavia, existem problemas fitossani-tários causados por outros fatores não vi-vos, ou abióticos que podem levar o fruti-cultor a ter grandes prejuízos. Como exem-plo podemos citar as queimas de frutoscausadas pelo sol e as deficiências nu-tricionais.
Saber diferenciar esses dois tipos deproblemas é fundamental para que o fruti-cultor não venha a gastar tempo e dinheirocom medidas, principalmente a utilizaçãode agrotóxicos, que não surtam os resulta-dos esperados.
DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS
COLAPSO INTERNO DOFRUTO
INTRODUÇÃO
O colapso interno do fruto da manga éum distúrbio fisiológico de causa desconhe-cida, caracterizado pela desintegração e des-coloração da polpa, que perde a sua consis-tência natural, tornando o fruto, parcial outotalmente, imprestável para o consumo.
DISTRIBUIÇÃO
Pode-se dizer que o colapso do frutoda manga é um problema cosmopolita, jáque ocorre com certa intensidade em quasetodas as áreas produtoras do mundo. NoBrasil, acha-se disseminado em praticamentetodas as regiões onde se cultiva manga.
SINTOMAS
Tratado como um complexo, o colap-so interno do fruto apresenta um quadrosintomatológico bastante diversificado:desintegração da polpa, obstrução (cavida-de) abaixo do pedúnculo, amolecimentosob a casca, fendilhamento da semente,manchas necrosadas no meio da polpa everrugas no endocarpo (Figuras 69 e 70).
Figura 69. Fruto de manga apresentando os principaissintomas de colapso interno (desintegração e amoleci-mento da polpa e da cavidade peduncular).
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Todos esses sintomas guardam estreitarelação entre si. Geralmente uma condiçãoque sobrevém leva à outra. Por exemplo, acavidade abaixo do pedúnculo, por obstruiros feixes vasculares, provavelmente impedea alimentação normal da semente e da polpa,e desencadeia os demais sintomas citados,sobretudo a desintegração da polpa. Estadesintegração não só é o sintoma mais fre-qüente, como o que maior dano causa, sendopor conseguinte o mais importante.
O colapso interno aparece tanto nosestádios iniciais de maturação do fruto,quanto depois da colheita. Os sintomas
consistem na desintegração do sistemavascular na região de ligação entre opedúnculo e o endocarpo, enquanto o frutoainda está na árvore, fazendo com que asemente se torne física e fisiologicamenteisolada dos tecidos que a sustentam. Apartir daí, forma-se um espaço vazio entreo endocarpo e a região peduncular do frutoe o tecido em volta dessa abertura começaa descolorir. O mesmo ocorre com a polpaque vai também se descolorindo, nota-damente ao redor do endocarpo. Num es-tágio mais avançado, podem ocorrernecrose ou formação de um tecido secocircundando o espaço vazio. Um corte lon-gitudinal num fruto atacado mostra umespaço vazio entre a semente e a regiãopeduncular, ou, em alguns casos, pode-sedetectar uma demarcação evidente entre otecido desintegrado e a parte mais imaturados tecidos adjacentes. Na parte dorsal doendocarpo, onde o tecido é fibroso, podeocorrer uma desintegração e, em casos ex-tremos, acúmulo de substância gelatinosa.Com o progresso do colapso, a coloraçãoda polpa do fruto passa a alaranjado-escura,com aspecto aquoso e odor de tecido fer-mentado, com conseqüente depreciação daqualidade.
Todas essas alterações ocorrem naparte interna do fruto, sem qualquer ex-pressão externa. Em alguns casos, podemser observados sintomas externos sob aforma de afundamento na área basal dopedúnculo do fruto, relativo ao espaço va-zio decorrente do desenvolvimento do co-lapso interno, com coloração escura aoredor do pedúnculo.
Até o momento não se conhece averdadeira causa do colapso interno dofruto. A hipótese mais provável é odesequilíbrio nutricional causado pela es-cassez de cálcio e agravado pelo excesso denitrogênio.
MANEJO
Como não se conhecem todas a cau-sas do colapso do fruto, torna-se difícil
Figura 71. Sintoma do “colapso” no fruto ainda presoà planta.
Figura 70. Colapso interno do fruto.
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controlá-lo. É possível, entretanto, proporalgumas medidas. Estas, se não controlaremo distúrbio, certamente amenizarão o pro-blema, tornando possível a sua convivência.
O ponto de colheita é fundamental.Nas variedades mais sensíveis o fruto deveser colhido de vez.
O comportamento varietal diferenci-ado é bastante conhecido. Por conseguin-te, as variedades mais suscetíveis, tais comoa Tommy Atkins, a Kent, a Van Dike,devem ser evitadas. A Haden pode ser umaboa opção.
Recomenda-se a nutrição equilibradada planta, principalmente com relação acálcio e nitrogênio. Em pomares em que aocorrência do distúrbio seja alta, deve-sefazer uma adubação na qual os teores denitrogênio sejam baixos, com um teor decálcio na folha em torno de 2,5%, aplicandocalcário, gesso ou nitrato de cálcio. Deve-se levar em conta a análise tanto do solocomo foliar.
É preciso ter cuidado com os trata-mentos pós-colheita. O tratamentohidrotérmico pode aumentar a incidênciado colapso interno do fruto. Já o tratamen-to à base de ethephon reduz a ocorrênciadesse distúrbio.
QUEIMA DE LÁTEX
INTRODUÇÃO
Durante o manuseio da colheita e pós-colheita da manga, por ocasião do corte dospedúnculos próximos dos frutos, uma gran-de quantidade de seiva (leite ou látex) éjorrada e permanece minando por algunssegundos. Caso esta seiva escorra sobre osfrutos e não seja removida rapidamente,esta poderá ocasionar a queimadura daslenticelas, formando uma mancha escura eirregular na superfície dos frutos (Figura 72).
A lesão não aparece antes de 24 horasdo contato da seiva com a casca da manga,podendo a fruta ser embalada sem que o
Figura 72 . Fruto com a casca manchada devido àqueima de látex. No detalhe, escorrimento do látex eremoção do pedúculo no momento da lavagem.
dano seja perceptível. Posteriormente, nacomercialização, os frutos são deprecia-dos. A refrigeração acentua e acelera oaparecimento das manchas.
OCORRÊNCIA
A quantidade de seiva liberada podevariar de acordo com:
a) Maturidade; quanto menos maduroo fruto, mais seiva será liberada.
b) Hora do dia; existe um fluxo maiorde seiva no período inicial da manhã emcomparação com o restante do dia.
c) Disponibilidade hídrica do solo;
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em pomares cujos solos apresentam umamaior quantidade de água, ocorre maiorliberação de seiva.
MANEJO
Em pomares irrigados, deve-se cortara irrigação nos períodos que antecedem acolheita.
As frutas devem ser colhidas com umapequena porção do pedúnculo (10 a 15 cm).
A remoção do pedúnculo só deve serfeita no momento em que a fruta vai serlavada, classificada e embalada (Figura 72).
O corte, no campo, do pedúnculorente ao fruto, e a emborcação no chão,durante a liberação da seiva, sãodesaconselháveis por favorecer a penetra-ção de patógenos que possam provocarpodridões pedunculares (L. theobromae).
QUEIMA DE SOL
INTRODUÇÃO
Os frutos de manga em regiões deintensa radiação solar podem ocasional-
mente sofrer danos decorrentes dequeimaduras de sol. Se o dano for leve, aqueimadura de sol produzirá pontos desco-loridos ou amarelados na superfície dosfrutos. Nos casos mais graves, a casca tor-na-se coriácea, marrom-amarelada ou pre-ta, com leves depressões. Muitas vezes,essas lesões são colonizadas por fungos,aparentando sintoma de outras infecções.Uma boa indicação no reconhecimento doproblema, é observar se as lesões estão todasna face do fruto banhada pelo sol. Esseproblema é muito freqüente, nasbordaduras dos pomares voltadas para opoente (Figura 73).
A queima de sol também pode ocorrerem frutas colhidas que ficam expostas dire-tamente ao sol por muito tempo.
MANEJO
Deve-se evitar qualquer dano à copada árvore que possa expor os frutos ao sol.
Os frutos colhidos não devem perma-necer por longos período expostos direta-mente ao sol.
Nas bordaduras do pomar voltadas
Figura 73. Fruto com queimadura de sol. Observar que as lesões estão na face dosfrutos voltada para a posição de maior irradiação solar.
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para o poente, proteger os frutos indivi-dualmente com uma cobertura de papel(Figura 74).
DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS
NITROGÊNIORetardamento severo do crescimento
da planta e presença de folhas amarelas e demenor tamanho. Os sintomas aparecemprimeiro próximos à base de um fluxovegetativo e progridem no sentido da extre-midade.
FÓSFOROO crescimento da planta é lento e as
raízes definham. A princípio a folhagemadquire uma cor verde-escura. Esses sinto-mas são seguidos pelo desenvolvimento deum tom vermelho-púrpura ao longo dasmargens das folhas. Em estádio avançadode deficiência, podem aparecer necrose naextremidade das folhas, e abscisão prema-tura e secamento do caule.
POTÁSSIOO primeiro sintoma de deficiência de
Figura 74 . Frutos da bordadura do pomar protegidos, com jornal, contra aqueimadura de sol.
potássio é o aparecimento de pequenasmanchas amarelas (pintamento) que se vãodesenvolvendo sobre as folhas maduras.Sua distribuição no limbo foliar é irregular.As manchas são visíveis em ambas as faces,podendo converter-se com o tempo emáreas necróticas. Em meio moderadamentedeficiente, o secamento da folha fica restri-to às suas margens. No caso de deficiênciagrave, entretanto, toda a lâmina foliar éatingida.
MAGNÉSIO
O crescimento da árvore se reduz epoucas folhas velhas persistem, devido aodesfolhamento contínuo. Áreas cloróticasamarelo-amarronzadas distintas podem serobservadas nas folhas velhas. Aparece aseguir uma formação em cunha, em conse-qüência da intrusão lateral de uma clorosebronzeada, ao longo das margens da folha,entre os pares de nervuras laterais. Nasfolhas seriamente afetadas, a clorose podeestender-se até a nervura central. Nestecaso, pouca ou nenhuma cor verde subsistee ambas as margens das folhas morrem comcerta freqüência.
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MANGANÊS
As plantas afetadas têm o seu portefortemente reduzido. As folhas apresen-tam um fundo verde-amarelado, deixandoà mostra um fino rendilhado de nervurasverdes. As folhas maduras são mais espes-sas que o normal, com extremidades mui-to grossas.
ENXOFRE
As plantas apresentam um sintomasemelhante ao da deficiência de fósforo. Ocrescimento é gradualmente reduzido e adesfolha é acentuada. As folhas no iníciosão verde-escuras. Ao atingirem a maturi-dade, entretanto, desenvolvem áreasnecróticas ao longo das margens e logodepois caem. O secamento causado peladeficiência de enxofre evolui em direção àslaterais das folhas, no que se distingue dadeficiência de fósforo, manifestada na ex-tremidade das folhas.
CÁLCIO
Os sintomas de deficiência de cálcioem mangueira não estão bem caracteriza-dos. Contudo em plantas desprovidas desteelemento, observam-se redução no porteda planta e coloração menos acentuada quea normal. A germinação dos grãos de pólene o crescimento do tubo polínico são difi-cultadas. O desequilíbrio na relação Ca/Npodem influir no aparecimento de colapsointerno do fruto.
ZINCO
Por estarem ligados diretamente aocrescimento da planta, os sintomas dedeficiência de zinco apresentam-se naszonas de crescimento da mangueira, dimi-nuindo os seus intermédios. O limbo foliar,inicialmente, rosado, começa a engrossarnão atingindo o tamanho normal. Quandoas folhas estão maduras, ambas as mar-gens arqueiam para baixo, curvando oápice da folha para baixo ou para cima; asnervuras desenvolvem uma coloração
amarela, bem característica, na superfíciesuperior da folha.
BORO
Em solos de baixa fertilidade e acidezelevada, a deficiência de boro produz nasmangueiras brotações de tamanho reduzi-do, folhas de dimensões pequenas e aspec-tos coriáceos. As folhas apresentam fendaslongitudinais de cor marrom. Em estadoavançado a deficiência produz nas folhasadultas necrose no ápice e margens, seguidade queda prematura da folhagem afetada.
Devido a sua baixa mobilidade nofloema, quando há deficiência deste ele-mento, a gema terminal morre, as folhasmais novas mostram-se menores, amarela-das e muitas vezes disformes.
Assim como o cálcio, a falta de boroprejudica a germinação do grão de pólen eo crescimento do tubo polínico.
ANÁLISE FOLIAR
A diagnose visual do estado nutricionalda mangueira é um método largamenteutilizado por agrônomos e produtores. Noentanto, os sintomas de carência ou to-xicidade somente se manifestam quando afalta ou o excesso do nutriente forem mui-to acentuados, tornando esse método im-preciso e apresentando o inconveniente deque, antes que os sinais característicos daanormalidade sejam visíveis, o crescimentoe a produção da planta já foram afetados. Épor esta razão que a maneira mais precisade avaliar o estado nutricional de um po-mar é proceder à análise foliar. Na Tabela3, são apresentados os teores foliares dosnutrientes em mangueira.
Para proceder à análise, devem-se co-lher folhas adultas de ramos do último ano,com 7 a 9 meses, com o pecíolo, na partemédia da planta e dos ramos, nos 4 ladoscorrespondentes aos pontos cardeais, sen-do 2 folhas em cada lado (8 folhas porplanta), totalizando uma amostra de 200folhas/ha.
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Tabela 3. Teores foliares de nutrientes em mangueira.
(*) Solos ácidos
(**) Solos alcalinos
E l e m e n t o
C o n c e n t r a ç ã o
D e f i c i e n t e A c e i t á v e l
Nitrogênio ( %) < 0,67 1,0 - 1,5
Fósforo ( %) < 0,05 0,08 - 0,175
Potássio (%) < 0,25 0,3 - 0,8
Cálcio (%) < 0,372,8 - 3,5 (*)
3,0 - 5,0 (**)
Magnésio ( %) < 0,09 0,15 - 0,40
Enxofre (%) - 0,74 - 1,50
Ferro (ppm) - 38 - 120
Manganês (ppm) - 73 - 183
Cobre (ppm) - 21 - 47
Zinco (ppm) - 56 - 119
Boro (ppm) - 17 - 54
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