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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL -
PDE
ELIZABET PADILHA MALANSKI
GÊNERO TEXTUAL “MÚSICA”:
EXPRESSÃO, LUDICIDADE E FORMALIDADES NO TRABALHO COM
A LINGUAGEM
Cascavel – Dez./2008
ELIZABET PADILHA MALANSKI
GÊNERO TEXTUAL “MÚSICA”: EXPRESSÃO, LUDICIDADE E FORMALIDADES NO TRABALHO COM
A LINGUAGEM
Produção Didática Pedagógica em forma de UNIDADE TEMÁTICA, como encaminhamento prévio do Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado como um dos requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional 2008/2009, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em parceria com a Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento. Orientadora: Profa. Dra. Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE – Cascavel/PR)
Cascavel – Dez./2008
UNIDADE TEMÁTICA
GÊNERO TEXTUAL “MÚSICA”:
EXPRESSÃO, LUDICIDADE E FORMALIDADES NO TRABALHO COM A
LINGUAGEM
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Elizabet Padilha Malanski
Área PDE: Português
NRE: Cascavel
Professora Orientadora IES: Terezinha da Conceição Costa-Hübes
IES vinculada: UNIOESTE – Cascavel
Escola de Implementação: Colégio Estadual José Bonifácio – Campo Bonito
Público objeto da intervenção: 8ª série do Ensino Fundamental
2 TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE
A Língua Portuguesa e a música numa perspectiva transformadora
3 TÍTULO
Gênero textual “música”: expressão, ludicidade e formalidades no trabalho com
a linguagem
4 GÊNERO TEXTUAL: ALGUMAS REFLEXÕES
O texto é o melhor caminho para o tratamento da língua em sala de aula,
essa afirmação, atualmente é admitida de forma quase unânime, e para entender
essa orientação teórica, muitos estudos e pesquisas direcionaram-se para o texto,
reconhecendo-o como unidade linguistica constitutiva da interação verbal e,
consequentemente, materialidade dos gêneros textuais/discursivos.
Embora a ênfase sobre a temática dos gêneros seja um tanto recente no
Brasil, a ciência já reportava a eles há muito tempo. Marcuschi, em Conferência da
50ª Reunião do GEL – Grupo de Estudos Lingüísticos de São Paulo – realizada em
maio de 2002, já comentava essa versão ao afirmar que “o gênero textual achava-se
concentrado na Literatura, agora sai dessas fronteiras e vem para a Lingüística de
uma maneira geral, mas em particular nas perspectivas discursivas” (MARCUSCHI,
2002)1. O autor explica, ainda, que hoje, no Brasil, temos várias tendências no
tratamento dos gêneros textuais:
� a linha bakhtiniana, alimentada pela perspectiva de orientação vigotskiana sócio-interacionista da Escola de Genebra, representada por Schneuwly/Dolz e pelo interacionismo sócio-discursivo de Bronckart. Esta linha, de caráter essencialmente aplicativo ao ensino de língua materna, é desenvolvida na
1 www.scribd.com/doc/2237434/ GENEROS-TEXTUAIS-E-PRODUCAO-LINGUISTICA - 367k
PUC/SP, na UEL/PR e UNIOESTE/PR (acréscimo nosso), e em muitas outras universidades do Brasil.
� A perspectiva “swalesiana”, na linha da escola norte-americana mais formal e influenciada pelos estudos de gêneros de Swales tal como se observa nos estudos de UFC, UFSC, UFSM e outros pólos.
� Uma terceira linha marcada pela perspectiva sistêmica-funcional é a Escola Australiana de Sydney caracterizada alimentada pela teoria sistêmico-funcionalista de Halliday com interesses na análise lingüística dos gêneros.
� Uma quarta perspectiva menos marcada por essas linhas e mais geral, com influências de Bakhtin, Adam, Bronckart e autores alemães é a que se desenvolve na UFPE e UFPB e em parte na UNICAMP e USP. (MARCUSCHI, maio 2002)2.
O autor salienta, ainda, que, de uma maneira geral, o que se tem notado, no
Brasil, foi uma enorme proliferação de trabalhos, inicialmente na linha de Swales e
depois da Escola de Genebra, com influências de Bakhtin. Este, por representar
uma espécie de bom senso teórico em relação à concepção de linguagem, é um
autor que fornece subsídios teóricos de ordem macro-analítica e categorias mais
amplas, podendo ser, assim, assimilado por todos. Apoiados em Bakhtin (1992), os
pesquisadores reconhecem que os gêneros são enunciados orais ou escritos que
atendem a um propósito comunicativo.
Bronckart, ao referir-se aos gêneros, afirma que “a apropriação dos gêneros é
um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades
comunicativas humanas” (BRONCKART, 1999, p.103), o que permite dizer que os
gêneros textuais operam, em certos contextos, como formas de legitimação
discursiva, já que se situam numa relação sócio-histórica com fontes de produção
que lhes dão sustentação, além da justificativa individual. Em outros termos, a
comunicação verbal só é possível por algum gênero textual.
2 Idem.
Bronckart, Dolz e Schneuwly, estão preocupados, em particular, com o ensino
dos gêneros na língua materna e com uma preocupação maior com o ensino
fundamental, voltando-se tanto para a oralidade como para a escrita. A perspectiva
geral é de caráter psicolingüístico ligado ao sócio-interacionismo3.
Dolz e Schneuwly defendem a metodologia da Seqüência Didática (SD) para
os estudos relacionados aos gêneros em sala de aula, tanto na questão da oralidade
quanto da escrita. As SD são estudadas a partir de gêneros textuais diversos,
principalmente os mais elaborados. Para Marcuschi “os autores desenvolvem uma
noção de gênero, concebido como um instrumento de comunicação, que se realiza
empiricamente em textos“ (MARCUSCHI, 2002).
O certo é que a língua vai assumindo formas de organização que
correspondem à atuação social dos falantes em suas interações. Essa diversidade
de atividades “linguageiras”, segundo Marcuschi, vai se cristalizando em formas
textuais as quais são chamadas de gêneros textuais, “e os gêneros textuais
transformam-se em instrumentos da ação social” (Idem).
Em geral, distingue-se tipos textuais de gêneros textuais. Parafraseando
Marcuschi (2008),
Tipo textual designa uma espécie de construção teórica (em geral uma seqüência subjacente aos textos) definida pela natureza lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo). O tipo caracteriza-se muito mais como seqüências lingüísticas (seqüências retóricas) do que textos materializados; a rigor, são modos textuais. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção (MARCUSCHI, 2008, p. 154-155).
3 Dados, no site http://aprender.unb.br/mod/book/view.php?id=68839&chapterid=2988, estão também na obra de Bernard SCHNEUWLY; Joaquim DOLZ e Colaboradores. 2004. Gêneros Orais e Escritos na Escola. São Paulo: Mercado de Letras, que foi traduzida por Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro.
O conjunto de categorias para designar tipos textuais é limitado e sem
tendência a aumentar. Quando predomina um modo num dado texto concreto,
dizemos que esse é um texto argumentativo ou narrativo ou expositivo ou descritivo
ou injuntivo.
Já o gênero textual refere-se a textos materializados em situações
comunicativas recorrentes, ou seja, são os textos concretizados que encontramos
em nossa vida diária e que apresentam padrões sócio-comunicativos característicos
definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos
concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e
técnicas:
Em contraposição aos tipos, os gêneros são entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações diversas constituindo em princípio listagens abertas. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante (MARCUSCHI, 2008, p. 155).
É importante entender que a utilização da língua só se efetua, conforme
Bakhtin (1986), em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos que
emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana, para ele:
O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma das esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, para seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais – mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado isoladamente, é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso (BAKHTIN, 1986, p. 279).
Pressupomos, assim, que estudar os gêneros textuais é estudar a circulação
de discursos e a inovação dessa circulação, em termos de meios, formatos, canais,
modos retóricos e tipificação, entendendo que qualquer texto de função sócio-
comunicativa em uma sociedade, pode ser agrupado e estudado como gênero
textual.
Bakhtin afirma que:
os enunciados e o tipo a que pertencem, ou seja, os gêneros do discurso, são as correias de transmissão que levam da história da sociedade à história da língua. Nenhum fenômeno novo (fonético, lexical, gramatical) pode entrar no sistema da língua sem ter sido longamente testado e ter passado pelo acabamento do estilo-gênero. (BAKHTIN, 1992, p. 285).
Bronckart (2003) retoma o conceito de gênero do discurso de Bakhtin e opta
por denominar como gênero de texto, tendo em vista que seu objeto de estudo é o
texto. Todavia, da mesma forma que Bakhtin, entende que os gêneros são as
formas de comunicação que usamos, ou seja, “são os constructos históricos que
estão disponíveis no intertexto” (BRONCKART, 2003, p. 108). Por isso, não são
entidades fixas, uma vez que estão em constante transformação, conforme as
mudanças que acontecem na sociedade. Ainda segundo o autor:
A organização de gêneros apresenta-se, para os usuários de uma língua, na forma de uma nebulosa, que comporta pequenas ilhas mais ou menos estabilizadas (gêneros são claramente definidos e rotulados) e conjuntos de textos com contornos vagos e em intersecção parcial (gêneros para os quais as definições e os critérios de classificação são móveis e/ou divergentes) (BRONCKART, 2003, p.74).
Dessa forma, o indivíduo utiliza determinado gênero, adequado com uma
determinada situação. Entendemos, portanto, que os gêneros, são formas de textos
oral ou escritos estáveis, e situados histórico e socialmente. E dominar o discurso
faz parte de uma “esfera da atividade humana” no sentido bakhtiniano do termo, do
que um princípio de classificação de textos e, que “os gêneros estão em perpétuo
movimento” (BRONCKART, 1999, p. 74). Os gêneros para Marcuschi “indica
instâncias discursivas (por exemplo: discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso
religioso etc.)”, (MARCUSCHI, 2008, p. 155), e não abrange um gênero em
particular, mas dá origem a vários deles, “já que os gêneros são institucionalmente
marcados” (idem). Constituem práticas discursivas dentro das quais podemos
identificar um conjunto de gêneros textuais que às vezes lhe são próprios ou
específicos “como práticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas e
instauradoras de relações de poder” (ibidem).
Assim, Marcuschi defende que no tipo textual há um predomínio que identifica
as seqüências lingüísticas como norteadora; e para a noção de gênero textual,
predominam os critérios de padrões comunicativos, ações, propósitos e inserção
sócio-histórica.
Em suma, trabalhar com gêneros textuais no ensino da Língua Portuguesa,
nos possibilita analisar integradamente questões de produção, compreensão,
gramática e de outros aspectos também centrais para a aprendizagem. Reconhecer,
portanto, teoricamente, o que é gênero, distinguindo-o de tipos de textos, é condição
primeira para o trabalho com o gênero na sala de aula. Em outras palavras: nossas
ações didáticas dependem do subsídio teórico que temos para orientá-las.
Por outro lado, o trabalho com o gênero pressupõe, ainda, o seu
reconhecimento no que diz respeito ao contexto de produção, ao suporte, ao formato
e ao estilo lingüístico. Porém, tal conhecimento só é possível por meio de uma
análise minuciosa de amostras do gênero com o qual pretendemos trabalhar. Tal
análise é garantida, de certa forma, pelo que Shneuwly e Dolz (2004) denominou de
Modelo didático do Gênero (MDG). Mas, afinal, do que se trata?
Tentaremos, a seguir, traçar uma definição para essa orientação teórica.
5 AFINAL, O QUE É UM MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO (MDG)?
Os MDGs são ferramentas para os professores, pois ao traçar as marcas do
gênero, contemplam as dimensões ensino-aprendizagem, destacando sua forma de
organização.
Para Machado e Cristóvão, é necessário construir um Modelo Didático de
Gênero, pois “para que os objetivos de ensino-aprendizagem de gêneros possam
ser atingidos, as práticas escolares de produção textual devem ser norteadas pelo
que chamam de modelo didático do gênero a ser ensinado” (MACHADO e
CRISTÓVÃO, 2006, p. 557) 4.
Pietro et al (1996/1997) explicam que o MDG é “um objeto descritivo e
operacional, construído para apreender o fenômeno complexo da aprendizagem de
um gênero” (In.: MACHADO e CRISTÓVÃO, 2006, p. 557). As autoras
complementam que a construção desse modelo de gênero permitiria a visualização
das dimensões constitutivas do gênero e seleção das que podem ser ensinadas e
das que são necessárias para um determinado nível de ensino. E pautadas nos
pesquisadores do Grupo de Genebra, explicam que o MDG tem objetivos
explicitamente didáticos que propiciam a transposição didática do gênero analisado.
Um MDG não pode ser tomado como uma análise conclusa, acabada, fechada no
levantamento de dados apresentados. Ao contrário, abre possibilidades para a
ampliação dos estudos, partindo de referenciais teóricos diversos.
4 Texto está no site: http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0603/11%20art%209%20(machado).pdf
Para a construção de um MDG, é importante levar em consideração alguns
elementos que, necessariamente, devem ser observados nos textos em análise. São
eles:
a) as características da situação de produção (quem é o emissor, em que papel social se encontra, a quem se dirige, em que papel se encontra o receptor, em que local é produzido, em qual instituição social se produz e circula, em que momento, em qual suporte, com qual objetivo, em que tipo de linguagem, qual é a atividade não verbal a que se relaciona, qual o valor social que lhe é atribuído etc.); b) os conteúdos típicos do gênero; c) as diferentes formas de mobilizar esses conteúdos; d) a construção composicional característica do gênero, ou seja, o plano global mais comum que organiza seus conteúdos; e) o seu estilo particular, ou, em outras palavras: - as configurações específicas de unidades de linguagem que se constituem como traços da posição enunciativa do enunciador: (presença/ausência de pronomes pessoais de primeira e segunda pessoa, dêiticos, tempos verbais, modalizadores, inserção de vozes); - as seqüências textuais e os tipos de discurso predominantes e subordinados que caracterizam o gênero; - as características dos mecanismos de coesão nominal e verbal; - as características dos mecanismos de conexão; - as características dos períodos; - as características lexicais. (MACHADO & CRISTÓVÃO, 2006, p. 557 e 558).
Portanto, existem passos norteadores para a construção de um MDG, com o
intuito de deixar mais claro os caminhos a percorrer durante uma pesquisa. Ele se
constitui de um apanhado geral sobre aquilo que é passível de uma intervenção
didática e o seu conteúdo também precisa estar ancorado em certos dados. Assim,
é necessários levar em consideração:
• certos resultados de aprendizagem esperados e expressos em diversos documentos oficiais;
• os conhecimentos existentes, lingüísticos (funcionamento do gênero para os especialistas) e psicológicos (operações e procedimentos implicados no funcionamento e na apropriação dos gêneros);
• a determinação das capacidades mostradas pelos aprendizes (que permitem que esbocemos alguns contornos) (DOLZ e SCHNEUWLY, 2004, p. 180).
Diante disso, podemos compreender o porquê devemos seguir os passos,
para a construção de um MDG. Dolz e Schneuwly (1998) propõem que os
procedimentos didáticos para serem ensinados, chamados de Seqüências Didáticas
(SD), sejam norteados pelos MDGs. Um MDG guia as ações do professor-
pesquisador e evidencia o que pode ser ensinado por meio da SD.5
A construção de um MDG permite a visualização das dimensões constitutivas
do gênero e a seleção das que podem ser ensinadas e das que são necessárias
para um determinado nível de ensino. Para Dolz & Schneuwly (2004), o modelo
didático precisa apresentar duas características essenciais: uma é de se constituir
numa síntese prática destinada a orientar as intervenções docentes e outra é a de
esclarecer as dimensões ensináveis desenvolvidas nas seqüências didáticas,
facilitando, assim, o conhecimento adequado do funcionamento dos gêneros.
À luz do interacionismo sócio-discursivo, desenvolvido pelos pesquisadores
do “Grupo de Genebra”, Bronckart, Dolz, Schneuwly, entre outros, e aqui na
UNIOESTE/Pr por Costa-Hübes, nossa pesquisa busca questões ligadas ao ensino
de Língua Portuguesa, visando a colaborar com os professores por meio da
construção de um MDG a partir do gênero “música”, que auxilie a fazer uma
transposição didática para a sala de aula.
6 GÊNERO TEXTUAL MÚSICA: OBJETO DE ESTUDO
De alguma maneira, a arte expressa a relação entre as formas sociais de uma
cultura. Interferindo na harmonia dos laços sociais, na sua ruptura ou no caos,
5 Há muitos pesquisadores brasileiros pertencentes ao ISD na questão de ensino de gêneros e produção de Seqüências Didáticas. Aqui mencionamos Terezinha da Conceição Costa Hübes, Professora Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. Docente do curso de Letras da UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná campus de Cascavel PR
presentes tanto na música6, como na literatura e nas artes plásticas. E aos mortais
cabe o papel de espectadores, como seres supostamente passivos em todo o
processo por não promover a interpelação. Por isso, entendemos a necessidade de
desenvolver níveis de capacidades no falante da língua materna, para interagir
efetivamente na sociedade.
Para Tatit, é inevitável entender que “Quem ouve uma canção, ouve alguém
dizendo alguma coisa de uma certa maneira” (TATIT, 1987, p. 06). Ainda, segundo o
autor:
As cordas vocais têm a função precípua de oferecer a matéria sonora para a fala do dia-a-dia. Se esta matéria surge em forma de canto não deixa, por isso, de transparecer a cumplicidade do cantor com seu texto, do mesmo modo que qualquer falante com suas frases. E quem estabelece este elo cúmplice é a melodia no canto e a entonação na fala (Idem).
Dolz e Schneuwly, com a colaboração de Sylvie Haller, ao tentarem definir
como construir um objeto de ensino, em palavras e música, afirmam:
Não se pode pensar o oral como funcionamento da fala sem a prosódia, isto é, a entonação, a acentuação e o ritmo. Já que os fatos da prosódia são fatos sonoros, podemos analisá-los em termos quantificáveis de altura, intensidade e duração. Dimensões essenciais de toda produção oral, seu domínio consciente ganha particular importância quando a voz está colocada a serviço de textos escritos (DOLZ & SCHNEUWLY, 2004, p.155).
Ao analisarmos os enunciados, podemos observar que a forma composicional
da música pode atuar na esfera artística e publicitária, porém em cada uma delas
estará sujeita às características próprias de cada esfera. Assim, teremos gêneros
diferentes devido não apenas às designações – música/canção e jingle(canção
publicitária), – mas há todo um conjunto de elementos que caracterizam o gênero: o
6 História da música: http://www.anppom.com.br/anais/
conteúdo temático, o estilo, a finalidade, a relação com o destinatário, o meio de
veiculação e também o tema do enunciado.
O gênero textual música pode ser visto como híbrido, considerando ser uma
propaganda ou um poema cantado. isso nos leva a concluir que a forma canção,
pertencente originalmente à esfera artístico-musical, pode dialogar com outras
esferas, servindo de modelo para outros gêneros como o jingle. Na esfera
publicitária, vemos propagandas musicalizadas; o hino, na esfera religiosa; os
cantos de torcida, na esfera esportiva; entre outros. Com base nisso,
compreendemos que um gênero deve ser observado levando-se em conta as
particularidades de sua esfera de atuação, pois ele reflete a cosmovisão dessa
esfera discursiva.
Sobre hibridismo Marcuschi diz que: “a hibridização é a confluência de dois
gêneros e este é o fato mais corriqueiro do dia-a-dia em que passamos de um
gênero a outro ou até mesmo inserimos um no outro seja na fala ou na escrita”
(MARCUSCHI, 2006, p. 29).
Koch e Elias afirmam que: “a hibridização ou a intertextualidade intergêneros
é o fenômeno segundo o qual um gênero pode assumir a forma de um outro gênero,
tendo em vista o propósito de comunicação” (KOCH e ELIAS, 2006, p. 114).
Também definem intertextualidade desta forma:
A intertextualidade é o elemento constituinte e constitutivo do processo de escrita/leitura e compreende as diversas maneiras pelas quais a produção/recepção de um dado texto depende de reconhecimentos de outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos de relações que um texto mantém com outros textos (Idem, p. 86).
Tatit comenta que na constituição dos temas, o mais importante parâmetro
musical é a duração no ritmo e na melodia. Assim, para ele:
O ritmo e as acentuações do componente melódico fundam os gêneros que estamos acostumados a ouvir: samba, roque, bolero, baião, marcha, etc. Os arranjos instrumentais extraem sua pulsação, seu balanço e seus motivos melódicos dos temas fornecidos pela melodia da canção. Na melodia está a gênese do acompanhamento. Assim sendo. O processo intensivo de tematização conduz a uma supervalorização do gênero (TATIT, 1987 p. 49).
Entendemos que o gênero música, por nos remeter a contextos culturais de
determinadas comunidades (sertaneja, moderno rural, pancadão, sertanejo
romântico, gaúcha, ktachak, forró, pagode, axé, etc.), coloca-nos diante de
tendências musicais que os brasileiros vêm assimilando.
O gênero música se assemelha a outros devido ao fato de sua estrutura ser
sempre caracterizada por praticas discursivas, mesmo primordialmente oral, que
pode ser transcrito para ser publicado em livros, revistas, jornais, sites da Internet,
etc. Entretanto, os itens que diferenciam a música de um poema estão relacionados
com o objetivo, a natureza, o público-alvo, a forma de apresentação, o tom de
informalidade, entre outros.
7 CONSTRUÇÃO DE UM MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO (MDG)
Buscamos embasamentos em teóricos, para esta produção de MDG, em
Bronckart (1999/2003), Schneuwly, Dolz (2004), Marcuschi (2002, 2008). Machado e
Cristovão (2006) e Tatit (1987) que, por tratarem do assunto, suas teorias nos dão
sustentação para, inicialmente construirmos um MDG, explorando 10 textos do
gênero “música”. A análise desses textos selecionados têm, como objetivo central, a
avaliação das mensagens trazidas nessas letras, pelo fato de se tratar de um gênero
que está sempre circulando nos mais diversos lugares e por ser um grande
instrumento de conscientização e de socialização dos alunos.
E também porque os documentos oficiais – Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e Diretrizes Curriculares
Estaduais do Ensino da Língua Portuguesa (DCELP) – nos orientam para que o
ensino de língua seja trabalhado via gêneros textuais, adotamos aqui o Sócio-
Interacionismo, teoria de ensino-aprendizagem desenvolvida por Vygostsky (1989),
o qual considera que o ser humano se constitui enquanto tal a partir da interação
social, ou seja, a cultura molda o seu funcionamento psicológico. Para esse
pesquisador, as funções psicológicas superiores especificamente humanas, como,
por exemplo, a linguagem, são formadas a partir das relações do indivíduo em seu
contexto sócio-cultural. Alem disso, Vygotsky (1989) reconhece o desenvolvimento
humano a partir das relações de interação com o outro, com o meio e com os
objetos. Para o autor, a linguagem é uma atividade significante por excelência, bem
como o pensamento, razão pela qual é no significado das coisas e das palavras que
esse autor encontra a unidade entre pensamento e linguagem, a partir dos quais o
sujeito se constitui.
Além disso, pautamo-nos, também em Bakhtin (2003), um dos teóricos que
considera a linguagem como constitutiva do processo de significação dos sujeitos, e
que concebe o homem como o ser da linguagem, entendendo que a consciência e o
pensamento têm, como possibilidades de exteriorização, as diferentes modalidades
de linguagem. O autor entende, ainda, que a língua não se estabelece fora dos
signos sociais, mediadores das inúmeras e complexas interações sociais.
Buscamos apoio também em Dolz e Schnewly que, ao proporem atividades
com gênero textual, assumem que “o falante deve desenvolver três níveis de
capacidades7: a interativa, a gramatical e a textual” (DOLZ e SCHNEUWLY, 1998, p.
76-81), as quais compreendem, para eles, “as capacidades de ação, discursivas e
lingüístico-discursivas” (idem).
E como a língua, dentro de uma concepção sócio-interacionista, propõe um
trabalho que leve em consideração as diferentes funções sociais da linguagem, nada
melhor do que levar para a sala de aula textos que circulam socialmente, pois
reconhecemos, assim como Bakhtin, que:
O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua, mas, acima de tudo, por sua construção composicional. (BAKHTIN, 2003, p. 261).
Entender o ser humano e, conseqüentemente, a linguagem, dessa forma,
aumenta nossa responsabilidade como professor, pois cabe a nós ser mediador do
desenvolvimento sócio-cognitivo-histórico-cultural do aluno na escola. Assim, em se
tratando mais especificamente do ensino da Língua Portuguesa, cumpre-nos
proporcionar condições ao falante para desenvolver três níveis de capacidades: a
interativa, a gramatical e a textual que, segundo Dolz e Schneuwly (1998),
compreendem as capacidades de ação, discursivas e lingüístico-discursivas.
7 Site http://www.scielo.br/pdf/delta/v16n1/a01v16n1.pdf : Segundo Dolz & Schneuwly (1998:76-81), três grandes tipos de capacidades estão envolvidas: as capacidades de ação, que envolvem três tipos de representações (do meio físico, da interação comunicativa, dos conhecimentos de mundo mobilizados como conteúdos), as capacidades discursivas (a gestão da infraestrutura geral do texto e a escolha e elaboração de conteúdos), as capacidades lingüístico-discursivas, que envolvem quatro tipos de operações: de textualização, de atribuição de responsabilidade enunciativa (prise en charge énonciative), de construção de enunciados e de escolha de itens lexicais. Como se vê, essas capacidades correspondem aproximadamente aos níveis de constituição dos textos propostos por Bronckart (1996).
Schneuwly (1994) considera qualquer atividade como tripolar, isto é, no caso
da sala de aula, o professor, o aluno e o objeto de conhecimento, representado aqui
pelo gênero música, se concretiza como uma nova condição de produção do
conhecimento. No trabalho com a linguagem na sala de aula, os gêneros de textos
são tomados como ferramentas, a fim de possibilitar ao aluno que, por meio do
reconhecimento do gênero, possa agir adequadamente com a linguagem em
diferentes situações.
Entendendo que a utilização dos gêneros primários são apropriados para o
cotidiano, enquanto os secundários são normalmente apropriados em situações de
ensino formal, o ensino-aprendizagem dos gêneros secundários requer a construção
de MDG, a fim de garantir um estudo mais aprofundado sobre o gênero a ser
ensinado/reconhecido. Tal procedimento dará maior suporte para a construção de
materiais didáticos adequados. O MDG é o primeiro passo de uma atividade de
análise e reflexão que resultará na produção de uma SD, a qual será organizada por
intermédio de um conjunto de atividades em torno do gênero música, constituindo
uma unidade de ensino e propiciando o desenvolvimento e a construção do
conhecimento relativo à expressão escrita e oral, respeitando as capacidades dos
alunos.
Porém, enfatizamos que a produção da SD será a próxima etapa de nosso
Projeto Didático-Pedagógico. Mas, vale a pena lembrar que as atividades propostas
nas SD devem contemplar o desenvolvimento da aprendizagem por meio de
interações e de intervenções que as favoreçam. Levando em conta essa concepção
de aprendizagem social, cujo conhecimento é construído por meio do trabalho
colaborativo, atribuiu-se à escola a função de ensinar, além de garantir o direito à
cidadania, propiciando para que o aluno reconheça seus direitos humanos,
considerando que:
A educação escolar é uma prática que tem a função de criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente (BRASIL, 1998, p.32).
Nesse sentido, compete à escola organizar-se para a construção de um
projeto educativo, capaz de contribuir com a formação do cidadão que se deseja.
Assim, surge a necessidade de (re)pensar, com rapidez, sobre as mudanças
ocorridas no meio social, bem como sobre as influências negativas e/ou positivas
decorrentes desse processo, as quais vêm transformando o ambiente escolar.
Ao pensarmos no ensino de Língua Portuguesa, buscamos atividades
interativas em sala de aula, as quais propiciem a valorização da leitura, da oralidade
e da escrita e conduzam os alunos a produzir textos, colocando-se como autores
diante daquilo que escreveram. Isso porque entendemos ser por meio da leitura que
se acentuam as experiências e, é nesse momento de o aluno ler, interpretar e
produzir diversos gêneros textuais, que surge condições de desenvolvimento
intelectual, o aprimoramento lingüístico e a interação com diferentes situações de
interlocução, representadas em diferentes textos que, por sua vez, são porta-vozes
dos discursos propagados socialmente.
Dessa forma, os estudos e a produção de diferentes gêneros na escola
sustentam-se nas palavras de Bakhtin:
O estudo da natureza do enunciado e da diversidade de formas de gênero dos enunciados nos diversos campos da atividade humana é de enorme importância para quase todos os campos da lingüística e da filologia. Porque todo trabalho de investigação de um material
lingüístico concreto – seja de história da língua, de gramática normativa, de confecção de toda espécie de dicionários ou de estilística da língua, etc. – opera inevitavelmente com enunciados concretos (escritos e orais) relacionados a diferentes campos da atividade humana e da comunicação – anais, tratados, textos de leis, documentos de escritório e outros, diversos gêneros literários, científicos, publicísticos, cartas oficiais e comuns, réplicas do diálogo cotidiano (em todas as suas diversas modalidade), etc. de onde os pesquisadores haurem os fatos lingüísticos de que necessitam. (BAKHTIN, 1997, p. 261).
Aprender a falar e a escrever significa ter domínio sobre os gêneros. Dolz e
Schneuwly (2004) também consideram os gêneros textuais como mega
instrumentos que possibilitam a comunicação entre os sujeitos pertencentes a
esferas da atividade da comunicação humana.
Pela importância do gênero música e sua influência no comportamento
humano, determinando modos de falar, de agir e de pensar, entendemos que um
estudo sistematicamente organizado desse gênero poderá trazer contribuições para
os trabalhos escolares, auxiliando a entender a língua portuguesa numa perspectiva
transformadora.
7.1 Constatações apresentadas a partir do MDG
O MDG constitui-se numa análise de 10 textos do gênero “música”, retiradas
de sites da internet. As letras possuem assuntos iguais, como o consumo da bebida
alcoólica e o prazer por ela proporcionado. Para a análise do corpus, fizemos,
primeiramente, um estudo quantitativo, a fim de pontuar os elementos
caracterizadores comuns a todas. Elencamos, no quadro seguinte, as músicas,
unidades de análise:
Textos Título da Música Autor/Intérprete Ano/Local Lançamento
Texto 01 Beber, Cair E levantar Autores: Marcelo Marrone e Bruno Caliman Intérprete: André e Adriano
2003 Carnaval da Bahia
Texto 02 Beber e Raparigar Composição: Indisponível Intérpretes: Aviões do Forró
2007 Ceará
Texto 03 Vou Beber de Novo Autores: Itamaracá e Teodoro Interpretes: Grupo Tradição
1995 Mato Grosso do Sul
Texto 04 ALÔ MEU AMOR Autor: Vanderlei Rodrigo Interprete: Vanderlei Rodrigo
2003 Rio Grande do Sul
Texto 05 O Remédio É Beber Autores: Gilberto e Gilmar Interpretes: Gilberto e Gilmar
1999 São Paulo
Texto 06 Voltando pra Gandaia Autores: Sérgio Ovelar e Teófilo Teló Interpretes: Grupo Tradição
2008 Campo Grande MS
Texto 07 Cachaceiro Fino Composição: Indisponível 2007 Pernambuco
Texto 08 DE LATINHA NA MÃO Autores: Jair Góes, Rivanil e Everton Matos Interpretes: Leonardo e Zeca Pagodinho
2008 São Paulo e Rio de Janeiro
Texto 09 Eu bebo pra ficar mal Composição: Indisponível Interpretes: Lucas & Renan
2007 Maringá Paraná
Texto 10 Aí Nóis Bebe Autores: Cezar e Paulinho Interpretes: Cezar e Paulinho
2007 São Paulo
Essas músicas pertencentes à categoria do gênero caipira ou sertanejo do
Brasil, gaúcha e ktachak foram selecionadas, dentre tantas, por serem, atualmente,
sucesso nacional, e por suas letras trazerem apologia ao uso de bebidas alcoólicas.
Na mídia televisiva, essas músicas ultimamente estão sendo consideradas como
moderna, música rural, ou sertanejo pancadão, sertanejo romântico e com
regravações no country, axé, samba, gaúcho, forró, pagode, etc..
No entanto, a nossa preocupação se dá pelo fato de que, em nosso dia-a-dia,
constatamos que a música brasileira está inundada de letras que fazem referências
ao consumo de drogas, álcool, tabaco e incentivo ao sexo. Saber que as músicas
mais populares do país tocam no assunto de alguma forma, já não é novidade, pois
é de conhecimento da maioria da população que a música pop mundial também está
repleta de referências ao consumo de entorpecentes.
Supomos que os adolescentes, que ouvem, em média, duas horas e vinte
minutos de música por dia, escutam 84 citações diárias de uso de drogas e por ano,
ou seja, mais de 30.000. Em nossa proposta de intervenção pedagógica, que é
através da informação, levar conhecimentos dos prejuízos à saúde causados pelo
alcoolismo, não desejamos censurar estas mensagens, por acreditarmos que
provavelmente a forma mais interessante de tratar da questão seja ajudar os alunos
a analisar a intencionalidade dessas mensagens por si próprios. Porém, queremos
criar situações de trabalho com a linguagem que, por meio do gênero música, os
alunos possam ouvir, refletir e analisar algumas letras que abordam o tema
alcoolismo e tomar decisões reflexivas.
Para efetuar tal análise, seguimos o MDG proposto por Cristovão, Durão,
Nascimento & Santos (2006), as quais propõem um quadro de análise, orientado
pelos seguintes princípios:
a) Análise do contexto de produção: o lugar de produção (contexto
físico e imediato); momento de produção (contexto histórico imediato);
locutor/interlocutor; Contexto sócio-subjetivo de produção, o lugar social
da interação (escola, família, palanque, igreja, etc); o lugar histórico da
interação (contexto mais amplo); a posição social do locutor (pai,
professor, jornalista, aluno, etc); meio de veiculação; a posição social do
receptor (professor, aluno, médico, etc.); objetivo (efeito que o locutor
deseja produzir sobre o destinatário); o conteúdo temático e o suporte de
circulação.
b) Análise do plano discursivo: plano textual global (organização geral
do texto); tipo de discurso predominante e seqüência discursiva
predominante;
c) Análise do estilo lingüístico: unidades lingüísticas tais como:
pronomes pessoais de primeira ou de segunda pessoa; presença de
dêiticos; tempos verbais; modalizadores; características da coesão
nominal (referencial); características da coesão nominal (seqüencial ou
conexão); características dos períodos e frases; características das
estrofes, versos, rimas; características lexicais (presença ou não) de
adjetivos, substantivos concretos/abstratos/derivados etc.; advérbios etc;
tomada de posição, tese; argumentos; contra-argumentos; marcas
regionais; melodia, ritmo musical; mensagem; verbos.
Após uma análise exaustiva de cada texto, foi possível tecer algumas
considerações sobre o gênero “música” e, aqui, mais especificamente, da “música
sertaneja brasileira”. Passemos, em seguida, a explanação da análise, destacando
os elementos que conseguimos elencar como os mais evidentes nos textos
analisados.
7.1.1 Contexto de produção
Ao analisar o contexto de produção das músicas, verificamos as capacidades
de linguagem que as atividades propostas podem desenvolver e os conhecimentos
científicos que poderão nela ser transpostos.
Quanto ao lugar de produção (contexto físico imediato), os trabalhos8
passam pelo processo de adaptações em estúdio, gravadora, gráfica, Livro,
Coletânea de Música, Revista, CD, DVD, etc. antes de chegar ao conhecimento do
público pelos meios de comunicação, programas de rádio e TV, carnaval, trio
elétrico, palcos de show, praças, bar, clubes, rodeio, festa/Aniversário de município,
feiras de exposição, etc.
Considerando o assunto dos textos, o momento de produção (contexto
histórico imediato) reflete a continuidade duma cultura que aceita o alcoolismo por
ser considerado droga lícita e até propaga-o em alta escala em letras musicais. São
lançamentos desde 1995 que nunca saíram das paradas de sucesso, com
gravações inéditas ou regravações até este ano de 2008. Seja no carnaval da Bahia
ou outras festas no Ceará, Campo Grande MS, Rio Grande do Sul, São Paulo,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Maringá Paraná, o sucesso musical desses para
outros estados brasileiros e até outros países garante as músicas nas “paradas”.
Aqui interpretadas nas vozes de Duplas Sertanejas (André e Adriano; Gilberto e
Gilmar; Lucas & Renan; Cezar e Paulinho); Bandas (Aviões do Forró; Solteirões do
Forró); Grupo Gaúcho (Tradição); Romântico (Leonardo com participação especial
de Zeca Pagodinho) e Ktachak (Vanderlei Rodrigo), esses textos tem o poder de
alcançar todas as pessoas, indiferente da idade ou da cultura, mais especialmente
os jovens. Enfim todos somos ouvintes da música.
8 Texto escrito para letra de música.
7.1.2 Plano discursivo
Em relação ao Plano textual global (organização geral do texto), a
disposição é comum a todas as letras de música, sempre pela ordem: o título, nome
dos compositores, nome dos intérpretes, estrofes e estrofes-refrão e vice-versa, e a
repetição de versos para dar ênfase no assunto. Nossos estudos tratam desse
gênero textual música, produzida por renomados compositores artistas jovens,
instrumentistas, vocalistas, empresários, proprietários de gravadoras e com letras
gravadas em outros idiomas.
Quanto ao Tipo de discurso, foi possível observarmos, nesse gênero textual,
especificamente nas dez letras de músicas analisadas, tendo em vista todas
abordarem o mesmo assunto, a expressa intenção de induzir o ouvinte a praticar
uma determinada ação, levá-lo a tomar atitude e até mudar o comportamento em
razão de uma idéia prazerosa que o hábito em consumir bebida alcoólica
proporciona. Para isso, predomina, nos textos, o mundo discursivo do expor, uma
vez que o compositor cria um mundo discursivo para convencer o ouvinte, no caso,
com o tema por nós buscado nas letras, que para esquecer os problemas, etc., a
saída é beber, festar todo dia, etc. Porém nem compositor nem intérpretes assumem
a responsabilidade do enunciado, pois pertencendo ao mundo ordinário, estão
distante dessas atitudes de beber, festar, etc..
Há um grau de implicação conjunto, numa situação de comunicação
situada diretamente no mundo da ação, da linguagem, em que os fatos são
apresentados como acessíveis. O tipo de discurso interativo, com frases
interrogativas “eu vou te convidar pra ir pra onde?”, (8º verso da terceira estrofe da
letra Beber, Cair e Levantar), ou mesmo não havendo marca do sinal interrogativo, é
pontuado pela entonação “Quer ir mais eu vamo, ... vambora” (1º e 2º versos da 4ª
estrofe da letra Beber e Raparigar), “Quem foi que disse” (1º verso da primeira
estrofe e 1º verso da terceira estrofe da letra Latinha na mão), “Quem falou que a
bebida é um veneno”(1º verso da terceira estrofe), “Quem nunca bebeu por amor”(1º
verso da quarta estrofe e “Quem nunca bebeu por saudade” (2º verso da quarta
estrofe da letra Eu bebo pra ficar mal). Frases imperativas “Diga que vai me
perdoar” (4º verso da primeira e da última estrofe, da letra ALÔ MEU AMOR), “Beba
pinga com limão/Beba pinga com mistura” (2º e 4º versos da segunda estrofe),
“Beba cachaça com gelo/Cachaça, cerveja e vinho” 2º e 4º versos da terceira
estrofe, aqui encontra-se elíptico o verbo no imperativo: beba, “Beba pinga
misturada/Beba pinga na colher” (2º e 4º versos da quinta estrofe), ...” “Beba até cair
no chão/Encha a cara de cachaça” (2º e 4º versos da nona estrofe), “Beba pinga
com raiz/Beba pinga até a morte” (2º e 4º versos da décima segunda estrofe da letra
O Remédio É Beber). “Vá com Deus, Nossa Senhora” (2º verso da sexta estrofe da
letra Voltando pra Gandaia). Numa interação social os pronomes de pessoa
(primeira e segunda) por exemplo na letra AÍ NÓIS BEBE o “nóis” aparece 57vezes.
E há o predomínio do “eu”, “me”, “mim”, “te” e “você”, numa Seqüência discursiva
predominante argumentativa, por meio da qual defende os prazeres provocados
pelo consumo do álcool.
Música 1 Vamos simbora pra um bar 1º verso Beber, cair e levantar 2º verso da primeira estrofe, repete 4vezes E a farra agora é o meu lugar 3º verso da terceira estrofe Música 2 Tô nem aí 1º verso Eu vou fazer é putaria 2º verso da segunda estrofe Música 3 Hoje bebo e sou fumante 2º verso da terceira estrofe Música 4 Passei a noite inteira fumando e bebendo 1º verso da segunda estrofe
Música 5 E se a vida não tem graça/Encha a cara de cachaça.. 1º e 2º versos nona estrofe Música 6 Vou cair numa gandaia 3º verso da segunda estrofe Já que eu tô na bebedeira 4º versos da segunda estrofe. Música 7 Eu sou raparigueiro e gosto de beber demais 1º verso da primeira estrofe
repete na quarta estrofe Música 8 Prá encontrar a solução 7º verso da quinta estrofe É só com latinha na mão 8º versos da quinta estrofe. Música 9 Eu bebo é ficar mal 1º verso da primeira estrofe Se fosse pra ficar bom 2º verso da primeira estrofe Eu tomava remédio 3º verso da primeira estrofe Música 10 E se a bebida mata bem devagarim 3º verso da nona estrofe Então nóis bebe o dia ínterim 4º verso da nona estrofe Nóis não tem pressa de morrer 5º verso da nona estrofe.
7.1.3 Estilo lingüístico
Por último, a análise do estilo lingüístico do gênero nos permitiu definir que os
recursos utilizados são típicos da linguagem oral, a fim de persuadir o ouvinte/leitor
em tomar uma atitude, uma mudança de comportamento. A música marca sua
argumentação por meio do ritmo e da densidade verbal. Ainda no papel de
argumentar, os versos são usados para reforçar o sentido, sem cansar o
ouvinte/leitor com a repetição das mesmas palavras, na maioria das vezes.
Nos textos foram encontrados pronomes pessoais de primeira ou segunda
pessoa do singular. Esses não são referentes aos enunciadores do texto, mas aos
destinatários em potencial. Dá a impressão que o locutor é neutro, aparece como
enunciador, mas não aquele que se responsabiliza pelo texto.
Música 1 Eu quis até mudar pro meu amor/Mas a cachaça me pegou/E a farra agora é o meu lugar/ mais se você quiser me acompanhar/eu vou te convidar pra ir pra onde?
Música 2 Vou cair no pé/Vou me embriagar/Tô nem aí/Eu vou fazer é putaria/E eu na gandaia/Muito louco doidão/Bêbo enfernizado/Quer ir mais eu vamo Música 3 Não sou mais como era antes/Hoje bebo e sou fumante/Então vou beber esta noite/Eu já estou acostumado/Amanhã eu bebo de novo Música 4 Sou eu te pedindo pra ficar/Diga que vai me perdoar/Passei a noite inteira fumando e bebendo/Andei pela cidade/Mas em todas as coisas só via você/Eu via teus olhos começava achorar/Não sei por que brigamos se nós nos amamos/Por isso te liguei só pra te falar/ Música 5 Pra você ganhar no bicho/Pra ganhar na loteria/E se você não tem sorte/ Música 6 E eu não vou marcar bobeira/Vou cair numa gandaia/Já que eu to na bebedeira/Eu só fico meio gago/Quando que fico nervoso/Fico calmo e só manhoso/Antes de te conhecer/Você entrou na minha vida/E acabou minha alegria/Meu sufoco ta acabando/Vá com Deus, Nossa Senhora/Vô voltá pra mulherada Música 7 Eu sou raparigueiro e gosto de beber demais/minha mulher já me mandou morar num bar/e tendo festa pra gente “bebermorar”/... pega fogo cabaré e eu lá/...vô pra casa descansar/dô um trato na mulé bebo uma pra almoçar/... sou o cachaceiro/fino e bebo pra raparigar Música 8 Eu caí numa arapuca/Me deixou de calça curta/Essa paixão me dominou/Não conhece a minha história/Me deixou na solidão/Tô de latinha na mão/Eu to de latinha na mão Música 9 Eu bebo é pra ficar mal/Eu tomava remédio/É ela quem me consola/Eu bebo todas e choro/E é por isso que eu bebo/E enxó a cara todo dia Música 10 Aí nóis bebe (Esse verso é repetido 57vezes)
Os dêiticos estão presentes em todos os textos: Meu amor(você), Quer ir
mais eu vamo (você), Só via você (?), vá com Deus, Nossa Senhora, cachaça e
cabaré, e tomando mé, tô de latinha na mão, tomando todas pra esquecer, eu
tomava remédio, uma caipirinha eu bebo todas e choro, e enxo a cara todo dia, e se
a bebida mata bem devagarim, então nóis bebe o dia ínterim, nosso time sempre
perde, nóis ganha uma mixaria e as vez nóis não recebe.
As marcas argumentativas presente no gênero música aparecem como
modalização apreciativa. Predomina o presente do indicativo, o infinitivo e o
imperativo. Algumas marcas dos tempos verbais:
Presente do Indicativo: Vou me embriagar (Música 2);
Só gosta mesmo é de mulher tranquera ( Música 1)
Pretérito perfeito do Indicativo: Passei a noite inteira fumando e bebendo (Música 4)
Se fala que não bebeu (Música 9) Andei pela cidade...(Música 4)
Pretérito Imperfeito do Indicativo: Eu não fumava/Eu não bebia (Música 3)
Infinitivo: Beber, Cair E Levantar (Música 1); Fazer zueira (Música 2)
Imperativo: Vá com Deus Nossa Senhora (Música 6);
Beba pinga até a morte (Música 5); Diga que vai me perdoar (Música 4)
Gerúndio: Fazendo de tudo pra te esquecer (Música 4).
Apesar das asserções serem feitas como afirmações no presente do
indicativo, a responsabilidade enunciativa é mascarada. Aparecem os
modalizadores nos verso: E a farra agora é o meu lugar (Música 1); Tô nem aí
(Música 2); Então vou beber esta noite(Música 3); Por isso te liguei (Música 4); O
remédio é beber (rep10x)(Música 5); Nós num cu num cumbina (Música 6); De
segunda a segunda é viver de bar em bar (Música 7) Essa paixão me dominou...
(Música 8); Se fala que não bebeu/tá escondendo a verdade (Música 9); ... bebe
mesmo é pra vale (Música 10).
Há características da coesão nominal (referencial), retomando a idéia de
beber bebida alcoólica em: Beber, cair, levantar, bar, cachaça, farra, zueira; cabaré,
putaria, gelada, gandaia, litro na mão, raparigar, zueira; bebida; Alô; Em todas as
coisas só via você; remédio; gandaia; bebermorar; mé; latinha na mão e caipirinha; a
palavra rok e rap carrega a idéia de beber se acabar a música caipira.
Características da coesão nominal (seqüencial, ou conexão) estão presentes nas
orações coordenadas: e, mas, ou, por isso, e também subordinadas: se, que.
Os textos analisados apresentam características semelhantes nas estrofes,
versos e rimas:
Música 1 Título, intérpretes, compositores, 3 estrofes( 8, 4 e 8 versos) Repete 2 vezes. Refrão, estrofe, refrão, estrofe, refrão. O verso: Beber, cair e levantar, repete 8vezes em cada refrão Música 2 Título, nome da banda, Compositor(não disponível). 4 estrofes (3, 5 e 8 versos, repete ): Repete os últimos versos das estrofes Música 3 Título, nome do grupo, compositores, 5 estrofes (3, 5, 3, 5 e 5 versos, repete) Música 4 Título, Compositor , Cantor, 3 estrofes (4, 8 e 4 versos). 3 versos declamado 1 refrão (repete 2x) 1 estrofe 1 refrão (repete 2x) Música 5 Título, compositores, intérpretes 8 estrofes, 1 refrão (repete 5x) Total: 13 estrofes Inicia com refrão e intercala a cada 2 estrofes o refrão. Música 6 Título, Intérpretes, Compositores.7 estrofes (5, 4, 4, 5, 4, 4 e 5 versos) A estrofe refrão é de 5 versos(repete 3x) Música 7 Título, Intérpretes, Compositores. 4 estrofes (4, 8, 4, e 4 versos) A 1ª e a 3ª são iguais: repete. Música 8 Título, Intérpretes, Compositores. 14 estrofes 1ª estrofe: 4 versos 2ª estrofe: 3 versos
3ª estrofe: 4 versos Estrofe Refão: 3 versos(2x) 4ª e 5ª estrofes: 4 versos Repete: 1ª,2ª,3ª, estrofes Repete Refrão Repete 4ª e 5ª estrofes Repete 4ª e 5ª estrofes Música 9 Título, Intérpretes, Compositores, 4 estrofes (6, 6, 8, e 8 versos) Música 10 Título, Intérpretes, Compositores, 10 estrofes 1ª estrofe: 8 versos 2ª estrofe: 5 versos 3ª estrofe: 6 versos 4ª estrofe: 2 versos 5ª estrofe: 8 versos 6ª: repete a 2ª estrofe 7ª: repete a 3ª estrofe 8ª: repete a 4ª estrofe 9ª: repete a 2ª estrofe 10ª: repete a 4ª estrofe
Em relação aos argumentos empregados nos texto, por meio dos versos que
seguem, entendemos claramente a Tomada de posição, Tese e sua possível
comprovação no texto:
E a farra agora é o meu lugar/ Vamos simbora / pro bar/Beber, cair e levantar! (Música 1);
Tô nem aí./Muito louco doidão/Bebo enfernizado (Música 2);
Então vou beber esta noite/Amanhã eu bebo de novo (Música 3);
Fazendo de tudo pra te esquecer (Música 4);
O remédio é beber. (Música 5);
Já que eu tô na bebedeira/Vô volta pra mulherada/E mandá a gagueira embora (Música 6);
..., sou o cachaceiro fino e bebo pra raparigar (Música 7);
Pra encontrar a solução/É só com latinha na mão (Música 8);
Quem nunca bebeu por amor (Música 9); e
Nóis bebe pinga no peito, bebe mesmo é pra valer (Música 10).
Há uma miscelânea quanto a melodia, no ritmo musical Sertanejo: pancadão,
sertanejo moderno, sertanejo raiz sertanejo universitário e moderna música rural. A
maioria das letras trazem, de alguma forma, mensagem de apologia à bebida
alcoólica que, para esquecer os problemas, aparece como algo positivo, associado a
sexo, festas e humor, ou seja, podemos deduzir: beber para arrancar uma dor; fumar
e beber para esquecer uma briga amorosa; beber para curar e acalmar dor
sofrimento; deixar de ser bobo e ir para gandaia; passar de segunda a segunda de
bar em bar; ter na mão sempre uma latinha; “Pra beber não precisa motivo”, beber o
dia inteiro; etc,
Essas mensagens estão reforçadas pelas vezes que são empregados os
verbos: na música 1: Presente do Indicativo(19) e Infinitivo(81); na 2: Presente do
Indicativo(11), Infinitivo(14) e Gerúndio (1); 3: Presente do Indicativo(10), Pretérito
imperfeito (6) e Infinitivo(8); 4: Presente do indicativo (8), Pretérito Perfeito(3) e
Imperfeito (2), Infinitivo (7), Gerúndio (7) e Imperativo(4); 5: Presente do Indicativo
(16), Infinitivo (24) e Imperativo(15); 6: Presente do Indicativo: (16),Presente do
Subjuntivo: (10), Pretérito Perfeito: (10) e Infinitivo: (5); 7: Presente do Indicativo:
(22), Petérito Perfeito: (01),Pretérito Imperfeito: (01), Infinitivo: (14) e Gerúndio: (09);
8: Presente do Indicativo (31), Pretérito Perfeito (10), Infinitivo (13), Imperativo (1) e
Gerúndio(2); 9: Presente do Indicativo(23), Pretérito Perfeito(4), Imperativo(1),
Infinitivo(11), Particípio(1) e Gerúndio(1) e na música 10: Presente do Indicativo:
(101), Presente do Subjuntivo: (1) e Infinitivo: (7).
Enfim, essa análise rápida nos permitiu conhecer um pouco da organização
do gênero música, oferecendo-nos subsídios para melhor trabalhá-lo na sala de
aula, explorando, além de sua temática, a sua organização característica e seu estilo
lingüístico.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desta pesquisa foi possível conhecer um pouco do propósito social
apresentado no discurso e o potencial do gênero música, reconhecendo sua função
socialmente definida, refletindo especificamente sobre aquelas que propagam, de
alguma forma, o assunto alcoolismo, identificando as marcas lingüísticas que
reforçam tal indução.
Percebemos que as letras revelaram que o bêbado é estereotipado de
aceitável, socialmente querido, engraçado e também que o assunto virou modismo
de opinião. Nesse auge, a mídia, as gravadoras vão explorar ao máximo esse tema
visando apenas o lucro.
Evidenciamos, através das atividades desenvolvidas, a possibilidade de se
efetuar, para uma transposição didática, a produção de uma Seqüência Didática,
(SD), a partir dessas análises porque percebemos que trabalhar a língua, em sala de
aula, é trabalhar também a sociedade e suas formas de organização, e que, para
tanto, é necessário trazer novas perspectivas para o ensino da Língua Portuguesa.
É uma tentativa de nos permitir obter melhores resultados na aprendizagem,
entendendo que a escola pode trazer, para dentro da sala de aula, a realidade
social, e numa interação, buscar o perfil de um aluno que sabe como se portar
diante do que espera em seu dia-a-dia.
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http://letras.terra.com.br/avioes-do-forro-musicas/1111749/ 22/07/2008
http://letras.terra.com.br/grupo-tradicao/286047/ 15/09/2008
http://malha-funk-musicas.musicas.mus.br/letras/256090/ 22/05/2008
http://vagalume.uol.com.br/teodoro-e-samapaio/ 04/10/2008
http://www.vandeerleirodrigo.com/ 14/07/2008
http://letras.terra.com.br/solteiroes-do-forro/779900/
http://www.youtube.com/watch?v=HeOZnW13il4 Léo e Zeca Pagodinho
http://letras.terra.com.br/lucas-renan/1055309/ 15/09/2008
http://letras.terra.com.br/cesar-e-paulinho/1131967/ 15/09/2008
http://www.ieps.org.br/atilio.pdf pesquisado em 06/12/2008
http://www.scielo.br/pdf/delta/v16n1/a01v16n1.pdf Ana Rachel Machado, pesquisado em 08/12/2008
LETRA DAS MÚSICAS ANALISADAS
Música 01 Música 02 Música 03
Beber Cair e Levantar - André e Adriano
Composição de Marcelo Marrone e Bruno Caliman
Vamos simbora pra um bar
Beber, cair, levantar
Vamos simbora pra um bar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Cabra safado, cara zueira
Só gosta mesmo é de mulher tranquera
Mulher direita o cara não quer
fica com raiva e ate briga com a mulher
Beber e Raparigar - Aviões do Forró
Composição: Indisponível
Vou cair no pé Amanhecer cheio de mulher Fazendo aquele cabaré nas calçadas... Vou me embriagar Tô nem aí Eu vou fazer é putaria Ver a noite virar dia Tomar banho de gelada... E a mulherada Toda de pé no chão Com os tamanco na mão Os cabelo assanhado... E eu na gandaia Muito louco doidão Com o litro na mão Bêbo enfernizado...(2X) Quer ir mais eu vamo Quer ir mais eu vambora Beber, raparigar Fazer zueira
Vou Beber de Novo - Grupo Tradição
Composição: Itamaracá/ Teododro
Antes de perder você Eu não fumava Eu não bebia Antes de perder você Eu tinha paz e alegria Antes de perdr você Eu não chorava Eu não sofria Não sou mais como era antes Hoje bebo e sou fumante Sofro e choro noite e dia Se é que a bebida ameniza Paixão amargura e desprezo Então vou beber esta noite Pra arrancar essa dor Do meu peito Eu já estou acostumado Beber e chorar feito um louco Se hoje eu não te esquecer Amor
Eu quis até mudar pro meu amor
Mas a cachaça me pegou
E a farra agora é meu lugar
Eu quis até mudar pro meu amor
Mas a cachaça me pegou
E a farra agora é meu lugar
mais se você quiser me acompanhar
eu vou te convidar pra ir pra onde?
bora bora
Vamos simbora pra um bar
Beber, cair, levantar
Vamos simbora pra um bar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Pra beber não tem hora... (2X)
http://letras.terra.com.br/avioes-do-forro-musicas/1195309/
Amanhã eubebo de novo
http://letras.terra.com.br/grupo-tradicao/286047/
É isso aí moçada beber cair e levantar agora
é com André e Adriano, vamo simboraaaa...
Eu quis até mudar pro meu amor
Mas a cachaça me pegou
E a farra agora é meu lugar
Eu quis até mudar pro meu amor
Mas a cachaça me pegou
E a farra agora é meu lugar
mais se você quiser me acompanhar
eu vou te convidar pra ir pra onde?
bora bora
Vamos simbora pra um bar
Beber, cair, levantar
Vamos simbora pra um bar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
Beber, cair, levantar
http://www.cifras.com.br/cifra/andre-e-adriano/beber-cair-e-levantar
Música 04 Música 05 Música 06
ALÔ MEU AMOR - VANDERLEI RODRIGO
Composição de Vanderlei Rodrigo
Você que nessa hora esta sofrendo por amor, ligue e peça perdão, cantando comigo.
Alô, alô meu amor, Sou eu te pedindo pra fica Alô, alô meu amor, Diga que vai me perdoar.
Passei a noite inteira fumando e bebendo, Fazendo de tudo pra te esquecer, Andei pela cidade, feito um louco sem rumo, Mas em todas as coisas só via você,
O Remédio É Beber - Gilberto e Gilmar Composição de Gilberto e Gilmar
Se esta vida de cão Só lhe faz sofrer O remédio é beber O remédio é beber
Pra curar sua paixão Beba pinga com limão Pra curar sua amargura Beba pinga sem mistura
Contra dor de cotovelo Beba cachaça com gelo Contra falta de carinho Cachaça, cerveja e vinho
Voltando pra Gandaia - Grupo Tradição
Composição: Sérgio Ovelar / Teófilo Teló
(refrão) Cê num cagô, cê num cagô, gosto de mim Cê só mijô, cê só mijô, mi jogô fora E se fodê, e se fodê, fodêsse jeito Nós num cu, num cumbina E vai embora Vai pra casa da tua mãe E eu não vou marcar bobeira Vou cair numa gandaia Já que eu tô na bebedeira
Na fumaça do cigarro, na espuma da cerveja, Eu via teus olhos começava a chorar, Não sei por que brigamos se nós nos amamos, Por isso te liguei só pra te falar.
Alô, alô meu amor, Sou eu te pedindo pra fica Alô, alô meu amor, Diga que vai me perdoar.
http://www.vandeerleirodrigo.com/
Se esta vida de cão Só lhe faz sofrer O remédio é beber O remédio é beber
Se brigar com a namorada Beba pinga misturada Se brigar com a mulher Beba pinga na colher
Quem dá amor e não recebe Mistura todas e bebe E se alguém lhe faz sofrer Beba para esquecer
Se esta vida de cão Só lhe faz sofrer O remédio é beber O remédio é beber
Pra curar seu sofrimento Beba pinga com fermento Pra curar um falso amor Beba pinga com licor
Pra acalmar se coração Beba até cair no chão E se a vida não tem graça Encha a cara de cachaça
Se esta vida de cão Só lhe faz sofrer O remédio é beber O remédio é beber
Pra você ganhar no bicho Beba uma no capricho Pra ganhar na loteria Beba pinga na bacia
Pra viver sempre feliz
Eu só fico meio gago Quando que fico nervoso Nos braços da mulherada Fico calmo e sô manhoso (refrão) Antes de te conhecer Era farra todo dia Você entrou na minha vida E acabou minha alegria Meu sufoco tá acabando Vá com Deus, Nossa Senhora Vô voltá pra mulherada E mandá a guagueira embora (refrão)
http://letras.terra.com.br/grupo-tradicao/83450/
Beba pinga com raiz E se você não tem sorte Beba pinga até a morte
Se esta vida de cão Só lhe faz sofrer O remédio é beber O remédio é beber
http://vagalume.uol.com.br/gilberto-e-gilmar/directory/
Música 07 Música 08 Música 09
Cachaceiro fino - Solteirões do Forró
Composição: Indisponível
Eu sou raparigueiro e gosto de beber demais A minha mulher já não sabe mais o que faz de segunda a segunda é viver de bar em bar, cachaça e cabaré, raparigando sem parar.(2x) Segunda-feira bebo pra curar a ressaca minha mulher ja me mandou morar num bar. Na terça-feira os amigos de cachaça e tendo festa pra gente "bebermorar". Na quarta-feira, pega fogo cabaré e eu lá dentro bebendo, cheio de mulher, na quinta-feira, sexta-feira ia pra casa gerando, desmantelado amando e tomando mé. Eu sou raparigueiro e gosto de beber demais
Latinha na Mão - Leonardo
Composição: Jair Góes, Rivanil e Everton Matos
Quem foi que disse Que paixão não fere a alma Que uma fera não se acalma Nas garras de um grande amor... Desprevenido Eu caí numa arapuca Me deixou de calça curta Essa paixão me dominou... Quem foi que disse Que tem homem que não chora Não conhece a minha história E não sabe o que é sofrer...
Eu bebo pra ficar mal - Lucas & Renan
Composição: indisponivel
Eu bebo é pra ficar mal Se fosse pra ficar bom Eu tomava remédio Eu bebo é pra ficar mal Se fosse pra ficar bom Eu tomava remédio Nada melhor que uma pinga Uma caipirinha Pra curar o tédio Uma cerveja gelada Um whisky com gelo É o melhor remédio
A minha mulher ja não sabe mais o que faz de segunda a segunda é viver de bar em bar, cachaça e cabaré, raparigando sem parar. (2x) E no sábado cedinho vo pra casa descansar do um trato na mulé bebo uma pra almoçar ai emenda no domingo, sou o cachaceiro fino e bebo pra raparigar.
http://letras.terra.com.br/solteiroes-do-forro/779900/
Depois que ela Me deixou na solidão Tô de latinha na mão Tomando todas prá esquecer...(2x)
E prá sair da solidão Latinha na mão, latinha na mão Prá esquecer essa paixão Eu tô de latinha na mão Se ela me disser que não Latinha na mão, latinha na mão Prá encontrar a solução É só com latinha na mão...(final 2x) (Repetir a letra)
http://www.youtube.com/watch?v=HeOZnW13il4
Quem falou que a bebida é um veneno Tá é muito enganado Ela é o melhor remédio Pra esquecer o passado Nas horas de amargura É ela quem me consola Eu bebo todas e choro No braço dessa viola Quem nunca bebeu por amor Quem nunca bebeu por saudade Se fala que não bebeu Tá escondendo a verdade Pra beber não precisa motivo Por tristeza ou por alegria E é por isso que eu bebo E enxo a cara todo dia
http://letras.terra.com.br/lucas-renan/1055309/
Música 10
AÍ NÓIS BEBE – Cezar e Paulinho
Composição de Cezar e Paulinho
Se a coisa está feia e melhorar nóis não consegue
Aí nóis bebe, Aí nóis bebe
Se a saudade aperta o peito e não tem nada que sossegue Aí nóis bebe, Aí nóis bebe Se a pescaria ta ruim, é o azar que nos persegue Aí nóis bebe, Aí nóis bebe E se acabar a moda caipira e só virar no rock e rap Aí nóis bebe, Aí nóis bebe Aí nóis bebe por paixão ou por despeito Nóis bebe pinga no peito, bebe mesmo é pra valer E se a bebida mata bem devagarim Então nóis bebe o dia interim Nóis não tem pressa de morrer Se tá frio, nóis bebe pra esquentar Se ta calor, nóis bebe pra esfriar Bebe se está alegre ou se está na fossa Nóis bebe de qualquer jeito, bebe mesmo é porque gosta Bebe se está alegre ou se está na fossa Nóis bebe de qualquer jeito, bebe mesmo é porque gosta Aí nóis bebe, aí nóis bebe Mas aí nóis bebe, aí nóis bebe Nóis só quer mulher bonita mas as feias nos persegue Aí nóis bebe, aí nóis bebe Nóis torce barbaridade, nosso time sempre perde Aí nóis bebe, aí nóis bebe Nóis ganha uma mixaria e as vez nóis não recebe Aí nóis bebe, aí nóis bebe Nóis bebe até sem motivo e se tiver motivo aí vixi Aí nóis bebe, aí nóis bebe Aí nóis bebe por paixão ou por despeito Nóis bebe pinga no peito, bebe mesmo é pra valer E se a bebida mata bem devagarim Então nóis bebe o dia interim Nóis não tem pressa de morrer
Se tá frio, nóis bebe pra esquentar Se ta calor, nóis bebe pra esfriar Bebe se está alegre ou se está na fossa Nóis bebe de qualquer jeito, bebe mesmo é porque gosta Bebe se está alegre ou se está na fossa Nóis bebe de qualquer jeito, bebe mesmo é porque gosta Aí nóis bebe, aí nóis bebe Mas aí nóis bebe, aí nóis bebe Aí nóis bebe por paixão ou por despeito Nóis bebe pinga no peito, bebe mesmo é pra valer E se a bebida mata bem devagarim Então nóis bebe o dia interim Nóis não tem pressa de morrer Aí nóis bebe, aí nóis bebe Mas aí nóis bebe, aí nóis bebe http://letras.terra.com.br/cesar-e-paulinho/1131967/
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