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Escola Secundária/3 de Felgueiras
2007/2008 – 2008/2009 – 2009/2010
Projecto Educativo
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Projecto Educativo 2007/2010 _________________________________________________________________________________
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Índice
Introdução
I – Missão geral, visão e valores do organismo
1.1 Missão
1.2 Visão
1.3 Valores colectivos
II - Missões específicas dos diferentes serviços
2.1 Missão do Pessoal Docente
2.2 Missão do Serviço de Psicologia e Orientação
2.3 Missão dos Assistentes Administrativos
2.4 Missão da Acção Social Escolar
2.5 Missão dos Auxiliares de Acção Educativa
2.6 Missão dos Guardas Nocturnos
III – Projecto de Educação em Felgueiras
3.1 Cidadania
3.2 Cultura
3.3 Educação Ambiental
3.4 Educação para a Saúde
IV– Plano Estratégico
4.1 Recursos Humanos e Organizacionais
4.1.1 Asa-Cidadania
4.1.2 Asa-Cultura
4.1.3 Asa-Educação Ambiental
4.1.4 Asa-Educação para a Saúde
4.2 Recursos Materiais
V – Avaliação
VI – Conclusão
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INTRODUÇÃO
Partindo do conceito-base de que um Projecto Educativo não é apenas
intenção, mas também acção1, dever-se-á ter em conta que este instrumento é,
principalmente, uma realidade baseada no presente, mas que pretende ter
implicações no futuro2.
Assim sendo, este Projecto Educativo tem por base o presente e o concelho
de Felgueiras, enquanto realidades contextualizadoras da nossa Escola. Quanto às
implicações futuras, pretende-se que, através da implementação do seu Projecto
Educativo, a Escola se aproxime daquilo que realmente a caracteriza, ao mesmo
tempo que, de uma forma activa e empenhada, apresenta medidas, acções e
intervenções que permitirão uma verdadeira melhoria e enriquecimento não só
desse mesmo contexto sobre o qual se vai trabalhar, mas também da própria
qualidade de educação que oferecemos aos nossos alunos.
Para além destas coordenadas temporais e espaciais, há um outro aspecto
que, obrigatoriamente, tivemos que considerar. Como é óbvio, referimo-nos ao
Projecto Educativo 2004/2007. Esse documento teve como grande virtude estar
repleto de importantes informações e de estudos minuciosos sobre o concelho e
sobre a nossa comunidade escolar, mas teve como grande inconveniente ficar
demasiado extenso, o que dificultou a sua divulgação e o seu conhecimento. Daí
que, para além de termos elaborado um Projecto Educativo a pensar em Felgueiras
e em 2007, tenhamos decidido também que, para facilitar a sua divulgação e a sua
apreensão por todos, teria de ser um documento sintético e de fácil leitura, já que é,
1 “Autores vários têm-se referido à ideia de projecto enquanto imagem antecipadora do caminho a seguir para conduzir a um estado de realidade. No entanto, projecto não é apenas intenção, é também acção…” (Fátima, Carlinda: 2000, 2) 2 “… acção essa que deve trazer um valor acrescentado ao presente, a concretizar no futuro.”, ibidem.
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por excelência, o instrumento definidor da nossa identidade enquanto escola e o
documento orientador da nossa acção enquanto comunidade educadora.
Embora singelo e despretensioso, este documento consegue definir a nossa
Escola não como mais uma abstracta instituição obediente e passivamente
submetida a “valores e saberes definidos de forma homogénea para todo o país”3,
ou seja, como um mero veículo de instrução e/ou transmissão de saberes, mas
como uma Escola que se pretende ainda mais activa e comprometida com o
enquadramento social e cultural que a define, mobilizando para isso os recursos
presentes na sua comunidade escolar, bem como na comunidade envolvente,
flexibilizando os seus processos e metodologias4 de modo a conseguir ser um
organismo que, efectivamente, consiga qualidade de ensino e capacidade de
responder a situações reais, propiciando, por conseguinte, uma formação o mais
completa e adequada para todos os seus membros, dentro de uma lógica de
dinâmica interpessoal, em que os educadores sejam profissionalmente reconhecidos
como agentes de integração. (Carvalho, Adalberto; Baptista, Isabel; 2004, p.68)
Será assim uma Escola que, se, por um lado, reflecte, protege e dinamiza os
principais traços definidores da realidade a que pertence; por outro, realça a sua
centralidade e dinamismo ao contribuir, de forma sistemática e eficiente, para uma
evolução qualitativa positiva desse meio em que se enquadra.
Em suma, este Projecto Educativo resulta do compromisso alcançado entre
uma utopia ou “um sentido”, de natureza necessariamente abstracto, mas
orientador, e uma organização ou tecnocracia, de natureza mais prática – porque
aplicável sempre –, em que se pretende conjugar o desejável com o possível5.
3 Também designada por cultura-padrão. 4 “… também de nos afastar de uma concepção curricular construída à prova das escolas e dos professores para nos aproximarmos de uma outra que incorpore a diversidade de situações e a flexibilização de percursos e meios de formação”, ibidem. 5 “… é preciso ser-se capaz de inspiração e de acção…” (Broch & Cros: 1991, 17), pois a recusa das acções (de organização) conduz, muitas vezes, apenas à utopia e a centração exclusiva na organização ameaça a própria acção pela perda do sentido, tal como acontece nos programas puramente tecnocráticos.
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Contudo, dada a necessidade e urgência dos problemas a enfrentar, é garante da
qualidade e conformidade do presente documento o facto de que a aplicação das
várias medidas a implementar serão uma manifestação perfeitamente tangível
daquilo que – antes – era apenas utópico.
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I – MISSÃO GERAL, VISÃO E VALORES DO ORGANISMO
1.1 Missão da Escola Secundária de Felgueiras
Propiciar uma formação integral, de qualidade e adequada a cada um dos
seus membros, num ambiente tranquilo e propício ao trabalho, para o qual devem
contribuir a optimização dos recursos humanos e materiais e um espaço físico
cuidado e devidamente apetrechado.
1.2 Visão
Este Projecto Educativo é o primeiro em que aparecem enunciadas a missão
geral da nossa Escola e cada uma das missões dos diferentes serviços que nela
desenvolvem a sua actividade profissional, já que esta noção de “missão”, associada
à de “visão” e à de “valores colectivos” são introduções recentes na gestão das
organizações/instituições educativas.
Se, no que diz respeito a missões, o capítulo seguinte é esclarecedor, no que
se relaciona com a visão e os valores colectivos, convém tecer, neste passo,
algumas considerações.
Segundo as mais recentes teorias de avaliação de organismos importadas
para a gestão de instituições de ensino, é absolutamente necessário que os órgãos
de gestão e administração (Assembleia de Escola, Conselho Pedagógico, Conselho
Executivo e Conselho Pedagógico), para exercerem com eficácia a sua liderança,
conheçam, divulguem e defendam com entusiasmo a missão do organismo, as
missões específicas, a respectiva visão e os valores colectivos reconhecidos como
tal.
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Assim sendo, cabe aos órgãos liderantes, abstraindo-se dos factores externos
que não controlam e que podem, ainda assim, influenciar de forma directa e,
eventualmente, relevante, os resultados finais, criar as melhores condições
possíveis para que a qualidade de ensino seja cada vez melhor na nossa Escola.
Pode dizer-se, resumidamente, que a visão mais adequada que os órgãos de gestão
podem ter, é a seguinte:
• Actuar eficaz e positivamente sobre os recursos humanos, motivando-os para
o cumprimento integral das suas missões, e organizar os recursos materiais
disponíveis, optimizando a sua gestão integrada, já que uns e outros devem
concorrer para um serviço de elevada qualidade a prestar aos nossos alunos, que é,
aliás, o nosso compromisso primordial.
1.3 Valores colectivos
Quanto aos valores, como escola pública que somos, defendemos os que
aparecem inscritos na Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 49/2005, de 30 de
Agosto), dos quais destacamos os seguintes:
• democratização absoluta no acesso de todos os portugueses à educação e à
cultura, nos termos da Constituição da República;
• democratização do ensino, garantindo o direito a uma justa e efectiva
igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares;
• liberdade de aprender e de ensinar, com tolerância para com as escolhas
possíveis, tendo em conta, designadamente, os seguintes princípios:
a) o Estado não pode atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura
segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou
religiosas;
b) o ensino público não será confessional;
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• adequação do sistema educativo às necessidades resultantes da realidade
social, contribuindo para o desenvolvimento pleno e harmonioso da
personalidade dos indivíduos, incentivando a formação de cidadãos livres,
responsáveis, autónomos e solidários e valorizando a dimensão humana do
trabalho;
• desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros
e das suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando
cidadãos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que
se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva;
• consciencialização relativamente ao património cultural do povo português, no
quadro da tradição universalista europeia e da crescente interdependência e
necessária solidariedade entre todos os povos do mundo;
• valorização da completa realização do educando, através do pleno
desenvolvimento da personalidade, da formação do carácter e da cidadania,
preparando-o para uma reflexão consciente sobre os valores espirituais,
estéticos, morais e cívicos e proporcionando-lhe um equilibrado desenvolvimento
físico;
• respeito pela diferença, quer relacionada com as personalidades, quer com
os projectos individuais de existência;
• valorização do trabalho, proporcionando aos jovens uma sólida formação
geral, uma formação específica para a ocupação de um justo lugar na vida activa
que permita ao indivíduo prestar o seu contributo ao progresso da sociedade em
consonância com os seus interesses, capacidades e vocação;
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• participação democrática de todos actores da educação, através da adopção
de estruturas e processos participativos na definição da política educativa, na
administração e gestão do sistema escolar e na experiência pedagógica
quotidiana, em que se integram todos os intervenientes no processo educativo,
em especial os alunos, os docentes e as famílias.
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II – MISSÕES ESPECÍFICAS DOS DIFERENTES SERVIÇOS
2.1 Missão do Pessoal Docente
Assegurar, de forma competente, todas as tarefas atribuídas ao pessoal
docente e garantir actividades lectivas pautadas pelo rigor cientifico e pedagógico-
didáctico, nas quais através da diversificação pertinente de meios e estratégias, se
proporcione aos alunos uma formação integral, de qualidade e adequada.
2.2 Missão do S.P.O.
Disponibilizar a todos os alunos um apoio psicológico e orientação vocacional
adequados à etapa de desenvolvimento de cada um, em colaboração com os
Órgãos Pedagógicos da Escola.
2.3 Missão dos Assistentes Administrativos
Facultar à comunidade educativa informação pertinente, actualizada e
atempada, num contexto de cooperação e eficácia internas, colaborando com os
órgãos de gestão da Escola, na optimização de recursos materiais e humanos.
2.4 Missão da A.S.E.
Distribuir com rigor e justiça os recursos disponíveis, num contexto de
cooperação e eficácia internas, empenhando-se na boa gestão de receitas internas
e solucionando, de forma cívica, os problemas sócios económicos mais prementes.
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2.5 Missão dos Auxiliares de Acção Educativa
Garantir um espaço físico asseado e organizado, num contexto de
cooperação e eficácia internas, e assegurar um conjunto de serviços que permite a
manutenção de um ambiente propício ao trabalho e ao desenvolvimento pessoal dos
alunos.
2.6 Missão dos Guardas-Nocturnos
Assegurar a vigilância de todo o recinto e património escolar, num contexto de
cooperação e eficácia internas, possibilitando um sentimento de segurança e
tranquilidade a toda a comunidade.
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III – PROJECTO DE EDUCAÇÃO EM FELGUEIRAS
A Escola Secundária de Felgueiras só terá uma acção mais integrada e
eficiente se reconhecer que está inserida num determinado contexto que, pelos mais
variados mecanismos, a caracteriza e determina, mas também tem de se assumir
como factor de intervenção nesse mesmo contexto, de modo a dar o seu contributo
para inovar, melhorar e dinamizar aquilo que a circunda. Para tal esforço, esta
Escola parte de um conhecimento aprofundado dessa realidade, tendo-se feito um
levantamento significativo daquilo que se pode considerar positivo, bem como de
todos os aspectos que, por serem lacunares, terão forçosamente de se considerar
negativos. É nesta perspectiva que se considera que o concelho de Felgueiras
apresenta lacunas consideráveis ao nível da cultura, cidadania, educação ambiental
e educação para a saúde.
Assim, através deste documento, este organismo propõe-se investir nessas
áreas, dinamizá-las e enriquecê-las, convergindo, para isso, todos os recursos
humanos e materiais que possui, potenciando-os de modo a melhorá-las tanto
qualitativamente como quantitativamente. Recorrendo, também, e sempre que
possível, a parcerias responsáveis com organismos externos que se mostrem não só
conscientes dessas lacunas, mas também da urgência de as compensar e, nesse
sentido, vejam a nossa escola como um aliado válido, empenhado e eficiente.
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3.1. Cidadania
No presente projecto educativo, para além dos princípios transformador e
integrador, devemos ter em conta o sentido ético, dentro de uma dimensão
socialmente interactiva e multidisciplinar. Assim, “cabe fundamentalmente à
educação investir na mudança de comportamentos e na aquisição de competências
potenciadoras da capacidade activa dos sujeitos, permitindo, assim, dar
cumprimento ao ideal de humanidade consagrado na Declaração Universal dos
Direitos Humanos” (Carvalho, Baptista, 2004, pág. 76). Deste modo, a tolerância e a
inclusão, devem situar-se à partida no cerne do processo educativo, uma vez que
este implica sempre uma relação entre sujeitos, que são pessoas portadoras de
identidade e dignidade, seja qual for a sua origem, raça, sexo, religião ou opinião
política.
Num mundo em constante transformação, e apesar de todo o
desenvolvimento industrial e tecnológico, continuam a existir graves problemas
sociais e de carência económica, quer a nível mundial, quer a nível local. Esta
problemática tem, também, como consequência a fuga à precaridade e ao aumento
do número de migrantes. Deste modo, cada vez mais nos deparamos com cidadãos
que necessitam de uma sociedade solidária, tolerante e que promova a sua
inclusão. A comunidade educativa, como agente de mudança, deve optar por
metodologias de intervenção, que tenham por base uma ética de responsabilidade,
promovendo os princípios da tolerância e da inclusão, numa atitude de aceitação da
diferença do outro.
“ É por isso que, quando a educação se propõe a promover os direitos do
homem, tem necessariamente de promover a conflitualidade positiva na prática
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pedagógica, desenvolvendo uma pedagogia que leve a olhar o diferente sem
vontade de o aniquilar apenas por ser diferente” (Costa, Maria, 2001, pág. 104).
Como pedagogia para o presente projecto propomos como tarefa encarar os
educandos, que todos felizmente somos uma vez que temos capacidades que nos
permitem estar sempre a aprender, como livres e autónomos, capazes por isso, de
nos relacionarmos com os outros de uma forma digna, solidária e tolerante, pois,
segundo Aristóteles, aquele que vive só ou é um deus ou é um louco.
3.2.Cultura
Na verdade, Felgueiras, pelas mais diversas razões, apresenta um claro
deficit cultural. Apesar de toda a sua riqueza arquitectónica, paisagística e
gastronómica, carece claramente de infra-estruturas e de uma política
suficientemente abrangente e sistematizada que permita reconhecer uma oferta
cultural variada e equilibrada. De referir que, nos últimos anos, muitos esforços dos
organismos responsáveis – e não só – têm sido feitos para inverter tal realidade, no
entanto, ou porque o atraso era grande, ou porque os esforços não têm sido
suficientes, tem de se reconhecer que aquilo que se poderia designar por vivência
cultural é algo que está longe de ser experienciado neste concelho.
Desde as manifestações culturais mais massificadas, como o cinema,
concertos e até teatro, até aquelas que se dirigem a um público mais específico,
porque culturalmente mais exigente, como conferências, encontros, ciclos temáticos,
exposições, colóquios, raramente se poderá contactar com tais eventos em
Felgueiras.
Tal problema ainda mais se agudiza e torna premente de colmatar se
estivermos conscientes de que Felgueiras apresenta uma evolução demográfica em
crescimento, caracterizando-se por uma população jovem que, como todos
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sabemos, interessa, para bem do futuro da própria terra e de uma mais plena
cidadania, oferecer alternativas de natureza cultural, sob pena de se condenarem
várias gerações a hábitos e gostos perfeitamente massificados.
É nesta perspectiva e neste contexto que a escola tem uma função
verdadeiramente crucial, na medida em que deve ser ela mesma, através do seu
Projecto Educativo, um agente interventivo, capaz de colmatar estas lacunas a nível
cultural. Para isso, irá incidir as suas intervenções em dois planos fundamentais: a
tradição, pois culturalmente muitas manifestações têm de ser preservadas,
revigoradas ou até recuperadas de modo a não se perderem para sempre,
aprofundando deste modo a identificação não só da escola, mas também de todos
os que, sendo felgueirenses ou não, passem por ela; a inovação, uma vez que a
escola deve apresentar alternativas, novidades, enfim toda uma gama de
manifestações culturais que, afastando-se do tradicional, conferem um carácter
variado e equilibrado à sua oferta cultural.
3.3. Educação Ambiental
«A educação relativa ao ambiente é concebida como um processo
permanente no qual os indivíduos e a colectividade tomam consciência do seu
ambiente e adquirem os conhecimentos, os valores, as competências, a experiência
e também a vontade que lhes permitirão agir, individualmente e colectivamente, para
resolver os problemas actuais e futuros do ambiente.» (Sauvé, 1994, p. 51)
As grandes transformações verificadas no fim do século XX, com uma
população global de seis mil milhões de habitantes, levaram à consciencialização de
que os recursos naturais têm limites e que estamos a excedê-los largamente.
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A actividade humana alterou profundamente a face da Terra. Em
consequência o mundo enfrenta sérios desafios ambientais, que só se poderão
vencer com uma aposta efectiva na educação dos cidadãos. A Escola funciona
como uma plataforma privilegiada para o desenvolvimento de uma consciência
ambiental nas sociedades.
Tornou-se assim especialmente urgente encontrar novos equilíbrios entre a
actividade humana e os elementos ambientais de modo a encontrar novas formas
sustentáveis de desenvolvimento.
O meio ambiente tornou-se uma das preocupações dos cidadãos dos países
desenvolvidos. Os detritos, a poluição, o buraco de ozono são problemas comuns de
discussão. Desconfia-se das instalações industriais perto das habitações e tem-se
medo das ameaças que pesam sobre o clima por causa dos gases com efeito de
estufa. Por seu lado, os países em vias de desenvolvimento continuam a avançar
para um maior desenvolvimento económico e de bem-estar, num objectivo que
muitos consideram cada vez mais distante.
Esperamos conseguir através deste Projecto Educativo uma enriquecida
consciência colectiva sobre valores por vezes ignorados que nos pertencem e nos
cabe melhor compreender para que os possamos preservar para gerações
vindouras. Poucos países como o nosso possuem um tão vasto e diversificado
património natural num território tão pequeno. Cabe-nos, portanto, a
responsabilidade de o manter e saber desfrutar dele sem o degradar ou destruir.
Com este projecto pretendemos dar aos professores e a toda a comunidade
escolar mais e melhor informação sobre o ambiente e a reciclagem, e contribuir para
que, desde cedo, os nossos alunos recebam princípios de educação cívica e
ambiental e, desta forma, consciencializar para a necessidade de modificar o
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relacionamento com o meio ambiente de modo a inverter a tendência crescente da
sua destruição e do esgotamento dos recursos naturais.
3.4. Educação para a Saúde
A saúde deve ser considerada como um "meio", entre outros, de
desenvolvimento e bem-estar. Ela é, para além do mais, um recurso da vida
quotidiana com implicações no sucesso escolar e na integração social. Segundo a
definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde visa o bem-estar físico,
psicológico e social. Esta definição, englobando elementos constituintes do equilíbrio
do indivíduo, assenta numa concepção holística, que por sua vez se enquadra nos
esquemas da actual pedagogia, virada para uma educação globalizadora e
polivalente. Sendo assim, a escola, na qualidade de instituição com
responsabilidades de formação, deve educar, promovendo a saúde como um valor.
O próprio Ministério da Educação impõe que os Projectos Educativos das
escolas incluam medidas atinentes à produção da saúde no meio escolar. Essas
medidas devem contribuir “para a aquisição de competências por parte da
comunidades escolar, que lhe permitam confrontar-se confiada e positivamente
consigo própria e, bem assim fazer escolhas individuais conscientes e responsáveis,
estimulando um espírito crítico e construtivo”.
Assim sendo, as temáticas conexionadas com a promoção e educação para a
saúde e estabelecidas como prioritárias são:
• Alimentação e actividade física;
• Consumo de substâncias psico-activas;
• Sexualidade;
• Infecções sexualmente transmissíveis;
• Violência em meio-escolar.
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IV – PLANO ESTRATÉGICO
Com o plano estratégico pretende-se, agora, pôr em prática as linhas
orientadoras até aqui apresentadas e desenvolvidas. A absoluta harmonização entre
aquilo que se teoriza e aquilo que se aplica deve ser uma realidade constante e
atentamente avaliada, de modo a que este documento não se torne numa simples
declaração de princípios, sem qualquer vertente pragmática.
Reconhecidas as áreas deficitárias, esta instituição deverá utilizar todos os
seus recursos humanos e materiais para as compensar, providenciando, por isso,
um ensino de maior e melhor qualidade e, além disso, mais adequado e
interveniente no meio em que se enquadra.
Talvez por isso seja sugestivo estabelecer o paralelismo existente entre as
quatro áreas em que a Escola quer intervir e as quatro asas que ela apresenta no
seu símbolo: a asa da cidadania, a asa da cultura, asa da educação ambiental e,
finalmente, a asa da educação para a saúde. Serão essas quatro asas que a Escola
se propõe trabalhar, dinamizar e desenvolver, permitindo-lhe desta forma elevar-se,
em termos qualitativos, para um tipo de ensino e serviço público que só lhe trarão
prestígio e reconhecimento, não só daqueles que directamente lhe estão
associados, mas também de todos os outros que, vivendo neste concelho,
reconhecerão o carácter inovador e interventivo da nossa Escola.
4.1. Recursos Humanos e Organizacionais
4.1.1 Asa-Cidadania – a desenvolver em toda a oferta extra-curricular.
Oferta curricular com especial vocação: Cursos de Línguas e
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Humanidades e Socio-económicas; Curso Profissional de Apoio
Psicossocial; Formação Cívica; Área TIC; Educação para Adultos.
Temáticas a abordar e actividades a implementar: voluntariado;
campanhas de solidariedade; ONG’s; participação política; associativismo;
etc.
4.1.2 Asa-Cultura – área transversal a toda a oferta educativa, onde
devem actuar todos os actores do processo educativo. Exemplos de
modalidades para dinamização cultural, dentro e fora do recinto escolar:
a) Tradição
Participação em actividades tradicionais do e no concelho: festas
populares; cortejos; jogos tradicionais; ritos populares;
feiras/concursos de gastronomia…Dinamização de eventos:
exposições temáticas; conferências; feiras; debates; recriação de
ambientes…
b) Inovação
Participação em manifestações artísticas e actividades culturais
do e no concelho, e sempre que seja oportuno, no âmbito do teatro;
do cinema; da música, da arquitectura (românica, rural, solarenga,
contemporânea, etc.); da literatura; da pintura, da enologia; do
desporto, do design; da escultura, etc.
Dinamização de eventos: produções teatrais; cineclube; rádio
escola; exposições/ palestras/ debates/ conferências/ jornadas
culturais sobre diferentes temáticas; roteiros arquitectónicos/
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culturais/ gastronómicos; jornal escolar; parcerias com instituições de
ensino europeias; adesão a organismos internacionais; etc.
4.1.3 Asa-Educação Ambiental – a desenvolver pontualmente pela oferta
extra-curricular. Oferta curricular com especial vocação: Curso de Ciências
e Tecnologias; CEF de Jardinagem; Cursos Profissionais de Turismo e
Técnico de Construção Civil; Área TIC; Área de Projecto (7º ano).
Exemplo de actividades para dinamização de eventos com cariz
ambiental:
a) Prevenção
Actividades de prevenção de fogos florestais; da poluição da água,
dos solos, do ar; recolha selectiva de lixos; reciclagem de matérias;
plantação de árvores; construção e colocação de ninhos.
b) Preservação
Actividades de valorização do património ambiental; roteiros;
sinalização de percursos pedestres; palestras/ conferências/
colóquios; campanhas; parcerias com a Emafel, Protecção Civil,
Associações locais; etc.
4.1.4 Asa-Educação para a Saúde – a desenvolver pontualmente pela
oferta extra-curricular; oferta curricular com especial vocação: Curso de
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Ciências e Tecnologias; Área de Projecto (8º ano); Formação Cívica; Área
TIC; Curso Profissional de Apoio Psicossocial; etc.
Temáticas obrigatórias a abordar:
• alimentação e actividade física;
• consumo de substâncias psico-activas;
• sexualidade;
• infecções sexualmente transmissíveis;
• violência em meio-escolar.
4.2 Recursos Materiais
A Escola Secundária de Felgueiras possui recursos humanos especializados e
motivados para a consecução dos objectivos a que se propõe através do presente
documento. No entanto, essa especialização e motivação não serão úteis se não
forem devidamente encaminhados, preparados e orientados para que tais metas se
tornem uma realidade. É esse esforço que os cargos decisórios da escola farão de
modo a que este Projecto Educativo se concretize, evitando que esta seja um todo
compartimentado, com áreas estanques no seu interior. Deseja-se que a Escola se
torne num todo flexibilizado, interligado e interdependente, cujas acções, energias e
atitudes sejam coerentes, porque submetidos aos mesmos objectivos.
Só nesta perspectiva é que se pode entender também o uso dos recursos
materiais que a escola possui: auditório, biblioteca, espaços exteriores, cantina,
gimnodesportivo, anfiteatro, projectores, computadores… que serão utilizados ao
serviço das quatro áreas de intervenção deste Projecto Educativo. Precisamente por
isso só terão uma plena funcionalidade e utilidade se bem geridos e flexibilizados,
mais do que isso: compatibilizados com as diferentes áreas de intervenção e com o
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pessoal técnico que neles trabalham. De nada vale um espaço extremamente
apetrechado se nele trabalhar alguém que não domine todas as suas valências e
capacidades, do mesmo modo que até a pessoa mais especializada e preparada
terá uma produtividade próxima da nulidade se este for destacado para um espaço
deteriorado, sem preservação ou sem constante actualização. Efectivamente, esta
Escola esforça-se por dar a maior e melhor manutenção possível aos recursos
materiais que possui, além de também fazer um esforço para constantemente os
actualizar, dadas as constantes solicitações que os indivíduos, a sociedade e a
evolução tecnológica deles exige. Só assim se entende a premência que tem para
nós a conclusão da primeira fase da construção do anfiteatro desta Escola, na
medida em que será uma infra-estrutura cujas valências irão dar uma riqueza,
variedade e eficiência bastante assinaláveis a todos os projectos e actividades
previstas e/ou baseados nas orientações do presente documento, o que terá
consequências óbvias na qualidade do ensino facultado por esta Escola.
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V – AVALIAÇÃO
Em termos de avaliação deste Projecto Educativo, que é uma questão de
extrema relevância para o período da sua vigência e para a elaboração de um novo
Projecto Educativo em 2010, aqui fica uma fórmula que, apesar de ligeira e
desburocratizada, pode funcionar com o máximo de eficácia, à imagem e
semelhança do próprio PE.
Assim sendo, propõe-se o seguinte:
a) Criação de uma comissão de acompanhamento da implementação do
Projecto Educativo, composta por dois professores, que o deverá divulgar,
em estreita colaboração com os órgãos de gestão e fornecer sobre ele toda
a informação necessária a quem o avalia, nos termos das alíneas seguintes;
b) Avaliação periódica (trimestral) por parte da Assembleia de Escola;
c) Avaliação anual por parte do Conselho Pedagógico e Conselho Executivo;
d) Avaliação final por parte do Conselho Executivo, Conselho Pedagógico e
Assembleia de Escola.
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VI – CONCLUSÃO
“O homem não se pode tornar homem senão pela sua educação”
Emmanuel Kant
Há nestas palavras de Kant uma verdade insofismável. E essa verdade é
esta: um homem sem educação não é um homem por inteiro, ou, se quisermos dito
de outra forma, cada homem é muito mais homem, isto é, aprofunda muito mais a
sua humanidade quanto mais educação tiver, entendendo-se educação neste
contexto, não só como polimento, mas sobretudo como conhecimento ou cultura.
Na realidade, trabalhar em educação, educar ou ensinar são actividades que,
directa ou indirectamente, contribuem decisivamente para a formação dos
educandos enquanto pessoas, dotando-os de competências e conhecimentos que,
mais cedo ou mais tarde, servirão para o seu desenvolvimento enquanto indivíduos
e enquanto seres sociais. Quer isto dizer que quanto mais
educação/conhecimentos/cultura conseguirmos passar para os nossos jovens, mais
humanos eles poderão tornar-se pelo uso transformador dessa educação.
Foi com esta consciência do poder transformador da educação que partimos
para a elaboração deste Projecto Educativo. Convencidos de que cabe à Escola
Secundária de Felgueiras um papel crucial na transformação do concelho em que se
insere, procuramos traçar linhas orientadoras para que a sua acção transformadora
se faça sentir sobretudo nas áreas da cidadania, da cultura, da educação ambiental
e da educação para a saúde, que nos pareceram as mais deficitárias neste
momento e neste concelho.
Agora, no final deste trabalho de elaboração do documento, resta-nos desejar
que, ao longo dos próximos três anos, a sua implementação demonstre todo o
Projecto Educativo 2007/2010 _________________________________________________________________________________
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potencial que nele conseguimos vislumbrar, sendo certo, porém, que, como projecto
que é, se assume como algo de extremamente flexível e dinâmico, sempre
motivador de novas perspectivas e nunca castrador de ousadas e pertinentes
criatividades.
Terminamos, naturalmente, com um voto inspirado em Kant: que este
Projecto Educativo, como instrumento de educação, permita a cada um de nós,
membros desta comunidade educativa, o aprofundamento da sua formação integral,
possibilitando-nos competências e conhecimentos que contribuam decisivamente
para sermos pessoas com mais educação e, em consequência disso, pessoas mais
felizes e mais realizadas…
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