psicologia infantil - cursos 24 horas · • psicologia integral: integra os aspectos físicos,...
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Módulo I
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um grande sucesso em sua carreira.
Desejamos boa sorte e bom estudo!
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Atenciosamente
Equipe Cursos 24 Horas
Sumário
Introdução..................................................................................................................... 3
Unidade 1 – Conceitos e Dados Históricos da Psicologia Infantil .................................. 5
1.1 – O que é psicologia? .......................................................................................... 5
1.2 – A psicologia da infância ................................................................................. 15
1.3 – História da saúde mental infantil..................................................................... 20
1.4 – A educação infantil e a psicologia................................................................... 25
Unidade 2 – Conceitos e Descobertas do Mundo Infantil............................................. 29
2.1 – Fundamentos do pensamento reichiano e suas contribuições na compreensão da
criança .................................................................................................................... 32
2.2 – Características da criança: viver o imediato, mudanças e descobertas ............. 33
2.3 – As mudanças das gerações ao longo da história .............................................. 43
Conclusão do Módulo I............................................................................................... 51
3
Introdução
Olá!
Bem-vindo(a) ao curso de Psicologia Infantil.
Como sabemos, as crianças do século XXI apresentam características diferentes
das gerações anteriores. Normalmente, elas são mais agitadas, alegres, comunicativas e
passam a maior parte do tempo, conectadas à internet.
As mudanças que vêm acontecendo com essa nova geração são, de certa forma,
consideradas positivas, porém, os pais têm levado seus filhos cada vez mais cedo à
escola, fazendo com que adquiram responsabilidades precoces. Essa atitude se não for
bem administrada poderá gerar a essas crianças alguns dos chamados “transtornos
psicológicos infantis”.
Antigamente, esses problemas já eram conhecidos, porém, nas últimas décadas
eles se tornaram mais comuns. Não é difícil encontrar crianças com distúrbios
alimentares, ou seja, que comem demais ou que têm falta de apetite, crianças hiperativas
que não conseguem ficar quietas e fazem várias atividades ao mesmo tempo, ou ainda
crianças com dificuldade de se relacionar com as outras e que sofrem preconceito, entre
outros.
Porém, não existem muitas alternativas para solucionar esses problemas. Os
pais precisam buscar imediatamente um psicólogo infantil, que seja especializado e que
conheça a fundo os sintomas, bem como, o tratamento dos transtornos que acometem,
geralmente, as crianças.
Não há dúvidas de que o tratamento infantil é diferente daquele aplicado a um
adulto. As ferramentas utilizadas para diagnosticar uma criança são diferentes das
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usadas para os adolescentes e adultos, além disso, o tratamento é mais intenso, longo e
requer uma dedicação maior do profissional.
Além disso, como as crianças costumam apresentar sintomas semelhantes para
diferentes transtornos, o diagnóstico deve ser feito com cautela e precisão. O psicólogo
não pode confundir os sintomas de stress com hiperatividade e nem de depressão com
ansiedade, porque, mesmo que apresentem causas semelhantes, o tratamento é diferente
e se for mal feito, pode deixar sequelas por todas as fases da vida da criança.
Por isso, no decorrer deste curso mostraremos como é possível fazer o
diagnóstico correto de cada distúrbio infantil, discutiremos algumas formas de
tratamento e falaremos também sobre a importância dos pais e da escola para a eficácia
do tratamento. A partir de agora, você entenderá o porquê de tantos problemas infantis e
saberá como solucioná-los.
Bom curso!
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Unidade 1 – Conceitos e Dados Históricos da Psicologia
Infantil
Olá! Para iniciarmos o nosso estudo sobre psicologia infantil é preciso entender, primeiramente, o que é essa ciência e quais são seus principais conceitos e suas teorias. Por isso, nesta unidade, você entenderá o que é psicologia, quais são os ramos de estudo desta ciência e os contextos históricos que envolvem a criança e os mecanismos da mente. Além disso, vai entender também como é possível aliar o trabalho pedagógico ao trabalho psicológico e quais são os benefícios que essa fusão pode trazer para as crianças.
Bom estudo!
1.1 – O que é psicologia?
A palavra psicologia vem do grego psiché -
que significa alma e logia - que significa estudo,
determinando assim o estudo da alma. Com o passar
dos anos, passou a ser designada como ciência que
estuda o comportamento humano e animal, capaz de
analisar e diagnosticar desvios na razão, nos
sentimentos, nos pensamentos e nas ações de cada
indivíduo.
Por isso, a psicologia não estuda apenas a
mente, mas integra cada reação física, ou seja, o corpo
e a mente funcionam de forma conjunta e um pode causar efeitos sobre o outro. Esses
efeitos podem gerar distúrbios psicológicos e levar o sujeito a procurar um profissional
especializado na área, o psicólogo.
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O que o psicólogo faz? Esse profissional busca compreender o porquê de
determinados pensamentos ou comportamentos das pessoas que possuem problemas
psicológicos. Para fazer esse diagnóstico, o psicólogo irá utilizar ferramentas específicas
da área e alguns métodos, como: conversas, observações, análises de outros membros
do ciclo de relacionamento ou estudos do paciente aplicando algumas técnicas. Confira:
• Experiências: método que possibilita controlar o comportamento
estudado. Dessa forma, o profissional pode mudar determinados fatores e
observar o efeito que causa no paciente, buscando assim a melhor
resposta;
• Observação natural: é a análise do comportamento de qualquer ser, seja
ele humano ou animal em seu ambiente natural, como: casa, trabalho,
escola etc. Para que essa ação seja eficaz é necessário que a observação
seja feita detalhadamente;
• Relatos: essa técnica está diretamente ligada às informações passadas
pelo paciente, como ações e aflições, pensamentos e sentimentos do
presente e passado. Esse método é muito utilizado porque sua principal
ferramenta é a entrevista e pode ser realizada quando o método da
experiência não trouxer respostas positivas;
• Pesquisas: são utilizadas quando o objetivo é analisar o comportamento
de diversas pessoas que pertencem a um mesmo grupo. Esse método tem
como ferramenta entrevistas presenciais orais ou por meio de
questionário. A partir dessas informações, o psicólogo faz uma análise
estatística dos dados obtidos e pode traçar resultados para o
comportamento que foi diagnosticado.
Todos os métodos apresentados têm como objetivo buscar a saúde mental dos
indivíduos para que eles possam ser mais felizes e se relacionarem melhor com a
família, sociedade, pessoas ao seu redor, mas com eles mesmos.
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Muitas vezes, as pessoas que procuram o atendimento psicológico apresentam
outros problemas, tais como: doenças físicas, falta de vontade de frequentar a escola,
dificuldade de aprender, de se relacionar, entre outros. Por isso, os profissionais
precisam se integrar à medicina, à pedagogia, à sociologia etc, buscando assim
solucionar esses transtornos.
Por exemplo, o paciente pode apresentar doenças psicológicas, como depressão,
estresse, síndromes ou distúrbios alimentares devido a doenças no corpo, insatisfação
estética, doença grave, entre outros motivos. Com isso, o tratamento psicológico deve
estar alinhado ao tratamento físico para garantir resultados positivos em ambas as áreas.
Para que o tratamento psicológico seja eficaz, a psicologia possui ramos
específicos para cada problema, como:
• Psicopatologia: estuda o comportamento humano do qual é considerado
anormal ou incomum;
• Psicologia clínica: para aqueles que buscam melhorar o relacionamento
consigo e com o mundo;
• Psicologia comparada: é direcionada ao estudo do comportamento dos
animais;
• Psicologia no desenvolvimento: acompanha as mudanças de
comportamento nas diversas fases da vida humana, desde o nascimento até a
velhice;
• Psicologia educacional: é a aplicação da psicologia no ambiente escolar;
• Psicologia industrial: consiste na aplicação da psicologia no ambiente
industrial;
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• Psicologia fisiológica: não analisa somente o comportamento humano,
mas os mecanismos do sistema nervoso;
• Psicologia social: consiste no estudo do comportamento humano e as
relações interpessoais no estudo da linguagem, comunicação e opinião
pública;
• Psicologia esportiva: consiste na aplicação da psicologia no ambiente
esportivo;
• Sexologia: estuda o comportamento sexual dos indivíduos;
• Psicologia do trabalho: se dedica à avaliação e reestruturação das
atividades no ambiente de trabalho para minimizar ou resolver problemas
de relacionamento ou pessoais, como estresse, depressão etc;
• Psicologia corporal: estuda o funcionamento da mente e do corpo
simultaneamente, já que o corpo interfere no funcionamento da mente e a
mente interfere no comportamento do corpo;
• Psicologia forense: estuda o comportamento humano de pessoas que
cometem crimes, por isso, também chamada de psicologia judiciária ou
criminal;
• Psicologia integral: integra os aspectos físicos, mentais, espirituais e
emocionais do indivíduo para realizar o estudo.
A psicologia tem várias teorias ou linhas de pensamento que traçaram as
mudanças e evoluções históricas, portanto, são considerados norteadores importantes
para os profissionais da área. Podemos citar então:
• Behaviorismo;
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• Funcionalismo;
• Estruturalismo;
• Gestalt;
• Psicanálise;
• Humanismo;
• Psicologia analítica;
• Psicologia transpessoal.
O behaviorismo é uma teoria da psicologia que estuda o comportamento e tem
como origem a palavra inglesa behavior, que significa justamente conduta,
comportamento.
A partir dessa definição surgiram os teóricos positivistas, que tratam o
comportamento humano como mensurável, ou seja, capaz de ser observado e
controlado, como se fosse uma ciência exata baseado no mecanismo estímulo-resposta.
O psicólogo norte-americano John Broadus Watson é considerado o pai do
behaviorismo metodológico, já que foi um dos principais pesquisadores do ramo. Seu
interesse pelo assunto era tão grande, que chegou a publicar em 1913 o artigo intitulado
“Psicologia vista por um behaviorista”. No texto, Watson deixava claro que, para ele, a
psicologia era experimental e tinha como principal objetivo prever e controlar o
comportamento de todos os seres.
Esse conceito foi proposto por causa dos estudos realizados pelo médico russo
Ivan Pavlov, quando ganhou o Prêmio Nobel de Medicina ao provar que os cães não
salivavam apenas ao ver a comida, mas quando o cérebro associava som, gestos ou
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cheiros com a chegada do alimento, o que deixou claro a possibilidade de prever e
controlar a mente.
Com isso, muitos estudos começam a ser realizados. Surgiu então o
behaviorismo radical, que foi desenvolvido com base nas teorias filosóficas do século
XX, que tinha o psicólogo norte-americano Burruhs Skinner como o principal autor.
Sua teoria defendia a explicação de que o comportamento era uma consequência, ou
seja, a ação pode ser repetida, caso o indivíduo perceba que foi positiva.
Além desses modelos, existe o behaviorismo filosófico que afirmava que as
ações eram resultantes do estado mental do indivíduo e, por isso, deveriam ser
analisadas, principalmente as situações mentais de cada pessoa. Essa teoria foi baseada
nas ideias dos filósofos Gilbert Ryle e Ludwig Wittgenstein.
O Funcionalismo foi elaborado por William James, um dos mais importantes
psicólogos norte-americanos do século XIX. A teoria funcionalista se baseia nos
processos de funcionamento da mente, ou seja, a mente serviria para quê? Podendo ser:
• Computacional: começou a ser discutida na década de 1960, ela
afirmava que a mente apresenta influência da inteligência artificial, como
se o cérebro fosse uma máquina que processa informações;
• Psicofuncionalismo: explicava que o comportamento humano pode ser
entendido por meio do pensamento, sensações e vários outros
fenômenos, e não como uma máquina;
• Funcionalismo analítico: defendia a hipótese de que a mente pode ser
descrita de acordo com o comportamento de um indivíduo. Essa teoria
tinha como objetivo demonstrar que um efeito não pode ser definido em
termos químicos, biológicos ou psicológicos, mas deve ser definido nas
relações interpessoais e cotidianas.
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Já a teoria do Estruturalismo tem como principal teórico o psicólogo inglês
Edward Bradford Titchener, que afirmava que a consciência era composta por alguns
elementos de estruturação. Segundo o teórico, para descobrir quais são os elementos de
sua estrutura, era preciso analisar cada parte do sistema nervoso central.
A outra teoria é a Gestalt, palavra alemã originária da bíblia e que significa
figura, forma, aparência. O principal teórico foi o filósofo italiano Von Ehrenfels, que
afirmava que as partes de uma imagem nunca podiam proporcionar a compreensão real
da mensagem visual.
Observe as imagens a seguir. Elas formam duas figuras. A primeira mostra uma
paisagem com um homem e uma mulher segurando o bebê, porém, todos os elementos
juntos formam a imagem de um senhor. A segunda imagem é um cálice formado por
duas silhuetas da face humana:
Fonte: http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/09/gestalt.png
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Fonte: http://design.blog.br/design-grafico/o-que-e-gestalt-2
Ao perceber que o cérebro consegue captar espontaneamente essas imagens,
foram elaboradas seis leis que regem essa ação de reconhecer objetos:
• Semelhança: os objetos parecidos tendem a permanecer juntos. Isso
significa que elementos que tenham cores, formas ou texturas
semelhantes se unem na percepção;
• Proximidade: partes muitas próximas em um determinado local são
percebidas como um grupo;
• Boa continuidade: alinhamento correto das formas;
• Pregnância: simplicidade natural da percepção, ou seja, o cérebro não
precisa de esforços para entender ou interpretar a imagem;
• Clausura: a figura deve ser feita com traços bem marcados;
• Experiência fechada: é preciso ter experiência para identificar a
imagem, ou seja, isso significa que o cálice na imagem acima só será
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identificado por pessoas que já viram um cálice anteriormente, seja em
livros, fotografias ou pessoalmente.
Outra teoria da psicologia é a Psicanálise que surgiu em 1890, e foi desenvolvida
pelo médico neurologista Sigmund Freud. Este método era realizado da seguinte forma:
em um sofá, confortavelmente acomodado, o indivíduo contava todos os seus sonhos,
medos, aflições, anseios, pensamentos e toda a sua história de vida, desde fatos que
ocorreram na infância.
A função do analista era ouvir o cliente, sem interromper ou demonstrar gestos
de julgamento para que, ao final do processo, pudesse fazê-lo se compreender melhor,
se controlar e se relacionar melhor com o mundo externo e interno. Essa forma de
análise surgiu quando Freud percebeu que a maior parte dos problemas dos seus
pacientes era resultante da não aceitação de alguns acontecimentos da vida, com isso, se
reprimiam e passavam a ser infelizes.
Já a psicologia Humanista ou Teoria do Humanismo surgiu na década de 1950,
mas começou a ser aprimorada na década de 1960. Os principais teóricos dessa corrente
eram os psicólogos norte-americanos Abraham Maslow e Carl Rogers. Maslow, por
exemplo, traçou etapas para que o homem alcançasse a realização pessoal.
Por isso, o psicólogo criou uma pirâmide, na qual colocou os níveis
indispensáveis para que o ser humano chegasse à satisfação completa. As pessoas que
seguiam corretamente cada etapa podiam ser chamadas de saudáveis. Veja abaixo a
Pirâmide de Maslow:
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Fonte: http://psiquehumanista.blogspot.com.br/
Carl Rogers seguiu a mesma linha de pesquisa de Maslow, mas focou em
indivíduos atarefados e perturbados. Porém, ele atribuiu às experiências acumuladas ao
longo da vida, como fatores determinantes para ajudar ou prejudicar a autorrealização
do indivíduo. Por isso, o foco dos psicólogos deveria ser a pessoa.
A teoria da Psicologia Analítica foi proposta pelo médico suíço Carl Jung e
defende a ideia de que a vida é uma luta constante entre forças antagônicas, ou seja,
opostas, gerando assim conflitos para que o indivíduo seja capaz de solucioná-los para
se desenvolver. Para representar o modelo proposto por Jung, ele também desenvolveu
a Estrutura da Psique, na qual o Ego do ser humano é o centro de tudo e pode sofrer
influência dos sentimentos, da intuição, da sensação e do pensamento. Como mostra a
figura abaixo:
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Fonte: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=330 Para finalizar, a psicologia tem a teoria Transpessoal, que buscou compreender
os diferentes estados da consciência e a superação dos conflitos da mente, por meio do
inconsciente coletivo e não estava relacionada aos conceitos da ciência. As ferramentas
utilizadas pela psicologia transpessoal eram regressões ao que os profissionais chamam
de vidas passadas, levando assim a uma expansão temporal e espacial do consciente.
Esse tratamento tem como objetivo ajudar as pessoas a superar medos, fobias, aflições,
entre outros, em busca de uma vida melhor.
1.2 – A psicologia da infância
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Todas as fases humanas são importantes e repletas de transformações. As
experiências são levadas por toda a vida e garantem que o indivíduo forme sua
personalidade, descubra habilidades e medos, e que se aprimore ao longo de seu
desenvolvimento.
Porém, a infância é a fase da experimentação, do aprendizado e da
despreocupação. Este é um importante período para a formação do ser humano e
qualquer acontecimento traumático pode trazer consequências para as outras fases da
vida.
É na infância que a criança pode brincar, cantar, dançar e se divertir. Este é um
período ingênuo e inocente, marcado pela vivência e percepção do mundo por meio de
gestos, como: o olhar, o tocar, o saborear etc.
Podemos dividir as fases de uma pessoa da seguinte forma:
• Primeira infância: período entre o nascimento aos 3 anos;
• Segunda infância: período entre 3 aos 7 anos;
• Terceira infância: período entre os 7 aos 12 anos;
• Pré-adolescência: período entre os 12 aos 14 anos;
• Adolescência: período entre os 14 aos 18 anos;
• Juventude: período entre os 18 aos 29 anos;
• Adulta: período entre os 30 aos 40 anos;
• Maturidade: período entre os 40 aos 60 anos;
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• Idoso: 60 em diante.
Como já falamos, cada fase pode deixar consequências psíquicas para as fases
seguintes. Por isso, as três fases da infância são tão importantes e devem ser respeitadas.
As crianças precisam fazer atividades comuns, como conviver com outras crianças,
brincar, fazer exercícios que desenvolvam as habilidades motoras, assistir menos
televisão, frequentar uma escola que esteja de acordo com o seu período de
aprendizagem, aprender regras, ouvir histórias, alimentar-se e dormir corretamente.
Embora essas atividades pareçam comuns no dia a dia de toda criança, é preciso
lembrar que a sociedade do século XXI mudou. Os pais costumam trabalhar por longos
períodos e as crianças passam muito tempo com babás ou em escolas. Por isso, perdem
a oportunidade de passar mais tempo com a família, de brincar e de se divertir. Além
disso, pela falta de tempo com os filhos, os pais deixam de estabelecer regras, não
permitem que a criança durma o tempo adequado e, ainda, incentivam o uso excessivo
de televisão e de alimentos industrializados, considerados pouco nutritivos e muito
calóricos.
Essa atitude dos pais interfere no desenvolvimento das crianças e pode trazer
muitos problemas psicológicos, como stress, distúrbio alimentares, distúrbio do sono,
hiperatividade, dificuldades de relacionamento social, entre outros. Esses problemas,
geralmente, afetam as fases seguintes de desenvolvimento humano e podem piorar a
cada período da vida.
Para amenizar os sintomas desses distúrbios ou procurar a cura do problema,
existe a psicologia infantil, que é uma área da psicologia que estuda o desenvolvimento
da criança desde o útero da mãe até a adolescência. Mas como podemos descobrir
quando a criança precisa da ajuda de um psicólogo?
Muitas vezes, os pais, professores, familiares e todos que participam do
ambiente de convivência da criança, notam que ela tem comportamentos anormais e,
por isso, precisa de um psicólogo infantil. Porém, não procuram um profissional da área
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por acreditarem que a criança vá superar o problema sozinha, e que aquela atitude é
correspondente a essa fase da vida.
Em outros casos, os pais não buscam ajuda porque sabem que são responsáveis
por aquele comportamento e imaginam que, mudando atitudes em relação à forma de
educar ou de tratar a criança, podem resolver os problemas sem a ajuda de um
profissional.
Há ainda aquelas famílias que não têm informações suficientes e que ainda
confundem psicólogo com psiquiatra (médico que trata pessoas com altos graus de
distúrbios). Por isso, não procuram o psicólogo infantil por preconceito e por acharem
que a criança não apresenta nenhum problema grave.
É por essa atitude dos pais que muitos problemas comportamentais deixam de
ser estudados, acompanhados e tratados por profissionais especializados. Na verdade, a
maioria das crianças que faz algum tipo de terapia é indicada pela escola, quando
identificados os problemas de hiperatividade, como: falta de concentração,
agressividade e dificuldade de aprendizagem são notadas pelo professor,
comprometendo o desempenho escolar.
Porém, é preciso entender que nem toda a atitude deve ser tratada como um
distúrbio, anomalia ou problema comportamental. Muitas crianças costumam mudar de
comportamento por ciúmes de outra criança, por querer ganhar brinquedos novos ou por
não ter vontade de frequentar a escola.
Essas atitudes são, em alguns casos, passageiras e não configuram um distúrbio
que necessite de terapia. Mas, se o problema for frequente ou recorrente, os pais
precisam procurar a ajuda de um psicólogo, que poderá informar se a criança realmente
precisará ou não, passar por um período de tratamento. Em determinadas situações, o
psicólogo poderá fazer um tratamento rápido com a criança, podendo conversar apenas
com a família ou até mesmo dizer se existe a real necessidade da intervenção de um
profissional no caso.
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E como será essa intervenção profissional? Quando o psicólogo precisa tratar de
um adolescente ou adulto, ele utiliza o método de relatos, que consiste em um conversa
com o indivíduo que irá lhe passar sua vida, sua história e sua experiência. Porém, com
as crianças o método utilizado é o da observação. O tratamento consiste nas seguintes
etapas:
• O psicólogo deverá ter uma conversa com os pais e familiares próximos
da criança para entender sua história e tentar avaliar o porquê de
determinados comportamentos;
• A partir dessa conversa, o profissional poderá realizar seções de
brincadeira ou atividades artísticas para observar o comportamento da
criança;
• Em determinados momentos, é possível também fazer comentários e
conversar com criança sobre a atividade que ela realizou, como um
desenho ou uma brincadeira;
• Durante esse período de avaliação, o profissional deverá manter contato
com os pais e passar relatórios frequentes em relação ao progresso ou
mudanças da criança.
Os tratamentos psicológicos costumam trazer resultados positivos. Dependendo
da gravidade do caso, as consultas podem ser mais numerosas e longas, enquanto em
casos mais simples, as visitas ao consultório chegam a duas vezes por semana. Por isso,
para que o problema seja solucionado ou amenizado, o tratamento precisa ser seguido à
risca pelos pais. Só assim é possível garantir que a infância dê continuidade para outras
fases da vida, sem interrupções ou sequelas.
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1.3 – História da saúde mental infantil
A história da psicologia no Brasil, apesar de recente, demonstra grande
importância. Como mostramos anteriormente, os estudos sobre o comportamento
humano ficaram muito populares nos Estados Unidos e na Europa durante o século
XIX.
Porém, não foi neste período que surgiu a psicologia. Relatos históricos deixam
claro que essa ciência surgiu no século V, a.C., mas estava atrelada aos estudos de
filosofia. Os principais pensadores dessa ciência eram os filósofos gregos Tales,
Pitágoras, Heráclito e Parmênides que estudaram a mente e o aspecto racional do ser
humano nesta época.
No Brasil, os estudos relacionados à psicologia acompanharam os movimentos
que ocorrem no mundo. No final do século XIX surgiram vários estudos sobre o
comportamento e os processos da mente. Porém, os teóricos brasileiros desta fase
precisavam estudar em outros países. Na verdade, os interessados que eram
principalmente médicos, viajavam para o exterior com o objetivo de aprimorar os
conhecimentos sobre a mente humana.
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Esse quadro só mudou após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em
1808. Como grande parte da elite de Portugal passou a morar em solo brasileiro, o rei D.
João VI decidiu abrir a Universidade do Brasil, atualmente chamada de Universidade
Federal do Rio de Janeiro, que deu espaço à intelectualidade e, consequentemente,
propiciou a oportunidade de estudos para a psicologia.
Veja abaixo a foto da primeira universidade brasileira:
Fonte: http://www.ufpr.br/portalufpr/historico-2/
Com isso, os estudos sobre a psicologia se desenvolveram lentamente e os ramos
desta ciência eram quase inexistentes. A saúde mental infantil, por exemplo, só
começou a ser estudada no Brasil após a implantação da universidade no país. Mas o
estudo só foi intensificado após a criação de hospitais da área, como o Hospício D.
Pedro II, em 1852.
Para aqueles que acreditam que as crianças daquela época não precisavam de
ajuda psicológica, determinados autores relatam alguns acontecimentos corriqueiros no
período colonial. Podemos citar o autor Gilberto Freyre, que deixa claro que as crianças
trabalhavam como adultos e eram tratadas com muita violência. Como a religião que
predominava era a católica, muitos pais costumavam corrigir os filhos com castigos,
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palmatória e vara de marmelo que deixavam marcas pelo corpo e ainda interferiam no
comportamento das crianças que ficavam ainda mais agressivas, resultando em sérios
problemas emocionais.
Com poucos recursos, falta de médicos e de medicamentos, a mortalidade
infantil apresentava índices muito altos. Isso porque não existia tratamento adequado
para doenças, como sarampo, varíola, verminoses etc. Muitas crianças morriam sem
ajuda médica.
Para amenizar o sofrimento dos pais, que precisavam trabalhar e gerar riquezas,
os padres consolavam as famílias, por meio de uma lenda criada que dizia que as
crianças que morriam se tornavam anjos de Deus e iam para o céu. Por isso, a sociedade
da época não buscava respostas para essa mortalidade e tampouco tentava prevenir.
Esse quadro só começou a mudar a partir do século XIX, quando os médicos
começaram a fazer pesquisas capazes de explicar o motivo do alto índice de
mortalidade. Descobriu-se então, que as crianças se alimentavam e se vestiam de
maneira inadequada, tinham contato com as escravas portadoras de doenças e ainda não
tinham acesso a tratamentos de qualidade.
Após a realização dos estudos, os médicos perceberam que essa mortalidade era
resultado da estruturação da sociedade da época, porque as crianças não eram tratadas
como prioridade pelos pais. Na verdade, os pais alimentavam seus filhos com os restos
de comida, não educavam, não protegiam, não cuidavam e por causa disso, muitas
crianças sofriam mortes prematuras.
Na metade do século XIX, a ciência passou a priorizar a saúde infantil para
diminuir a mortalidade. Com a ajuda dos burgueses que tinham estudo no exterior, as
técnicas começaram a ser alteradas e foram baseadas em teses, pesquisas e em livros de
medicina da época.
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Essas mudanças foram importantes para mudar os hábitos da sociedade. A
medicina criou algumas ações para conscientizar as famílias em relação à gravidez, às
doenças, às medidas de prevenção etc. Além disso, o higienismo, movimento que surgiu
para defender a importância da saúde para as pessoas, determinou novas condutas e
comportamentos para a época. Esse movimento foi importante para esclarecer quais
atitudes prejudicavam as crianças. A partir daí, as famílias passaram a mudar os hábitos
em relação ao tratamento dos filhos.
Nesta fase, os pais aprenderam que as crianças não deveriam se alimentar como
adultos e nem ingerir alimentos fortes. Com isso, as famílias começaram a se preocupar
com os hábitos alimentares e com as condições físicas das crianças. Mas a questão
mental não foi descartada do processo. O higienismo se preocupava também com a
saúde mental e intelectual na fase da infância.
Durante o século XIX, o sexo era visto como algo pecaminoso, imoral e que
trazia consequências graves ao corpo. Crianças que sofriam de distúrbios cerebrais eram
apontadas como praticantes de masturbação, assim como os homossexuais. Para evitar
que as crianças sofressem com os distúrbios mentais ou se tornassem homossexuais,
campanhas para alertar o problema começaram a ser realizadas no Brasil e em alguns
países da Europa.
Para amenizar os efeitos desta campanha e que o boato fosse disseminado, os
higienistas começaram a fazer estudos relacionados à sexualidade na adolescência. Com
isso, o objetivo dos médicos praticantes desse movimento passou a ser o de “mudar os
hábitos da população no âmbito físico, moral, intelectual e sexual”. Por isso, não há
dúvidas de que a defesa à criança foi fundamental para mudar os hábitos da sociedade.
Mas a importância para os conceitos psiquiátricos na infância só foi dada
décadas depois, quando a medicina começou a se preocupar com o desenvolvimento
infantil. Até então, crianças que tinham doenças mentais eram tratadas nos mesmos
espaços que os adultos e não contavam com técnicas especializadas para a área.
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A situação só melhorou no final no século XIX, após a libertação dos escravos e
com a chegada dos imigrantes no Brasil. Foi nesta fase que surgiu o jardim de infância e
as creches. O primeiro hospital que criou uma ala dedicada somente às crianças com
problemas mentais foi o Hospital Psiquiátrico da Praia Vermelha, localizado no Rio de
Janeiro, em 1903.
Já em 1921, foi a vez do Hospital Juqueri, localizado em Franco da Rocha, em
São Paulo, que criou um pavilhão para atender as crianças. Em 1929, a psicóloga russa
Helena Antipoff ampliou o local com o Laboratório de Psicologia da Escola de
Aperfeiçoamento Pedagógico, para realizar pesquisas sobre o desenvolvimento mental
na infância. A partir deste trabalho, foi criado o Instituto Pestalozzi, que cuida de
crianças que possuem doenças mentais.
Outro instituto de psicologia dedicado às crianças foi realizado em Pernambuco.
Primeiramente, o trabalho era atender crianças com problemas mentais. A partir daí,
inúmeras técnicas foram desenvolvidas para aprimorar este tratamento. Como resultado,
em 1925 foi criado no estado, o Instituto de Psicologia que resultou na realização de
trabalhos e pesquisas importantes, ainda usadas como base para os profissionais de hoje
e em 1929, o instituto criou um setor para as crianças.
Iniciou-se então uma relação entre vários ramos do conhecimento, como
psiquiatria infantil, deficiência mental, psicologia e pedagogia. Com isso, muitos
estudos passaram a ser realizados com foco na criança. Já no século XX, foram
intensificados os processos para auxiliar a vida psíquica, por meio da análise dos
distúrbios de conduta infantil.
Por isso, o século passou a ser chamado de Século da Criança por muitos
teóricos da área. Além disso, com a popularização do higienismo e das transformações
sociais na Europa e nos Estados Unidos, a medicina brasileira começou a dar ênfase na
psiquiatria e psicologia infantil, o que deu início ao desenvolvimento desta área ainda na
década de 1920.
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1.4 – A educação infantil e a psicologia
Com a importância da criança nos séculos XX e XXI, os pesquisadores
precisavam desenvolver ferramentas capazes de minimizar a incidência de distúrbios ou
desvios comportamentais nas crianças. E uma delas foi a união da pedagogia com a
psicologia.
Dados históricos afirmam que a primeira iniciativa tomada ocorreu em 1903,
quando o Hospital Psiquiátrico da Praia Vermelha decidiu passar orientação pedagógica
aos pais em relação ao aprendizado das crianças. Já no Hospital Juqueri, além do
pavilhão criado para tratar as crianças, foi montada também uma escola em 1929, que se
dedicava à educação primária.
Com essa iniciativa houve o aprimoramento ao longo do tempo. As escolas
passaram a contar com um psicólogo e os professores precisaram ser capacitados para
garantir o desenvolvimento do aluno, para que conseguissem identificar
comportamentos considerados impróprios ou inadequados para cada fase.
Essa capacitação é importante para que os pais sejam alertados caso o filho
apresente dificuldade em aprender, ao se relacionar com os amigos, em brincar, ao fazer
as atividades propostas, em se alimentar, entre outros.
26
Porém, não é apenas o professor que se torna psicólogo. Na verdade, o psicólogo
que atua no ramo escolar também precisa se tornar um educador, agir como um
mediador do conhecimento, criar atividades educativas capazes de transformar o
comportamento das crianças, detectar e prevenir possíveis problemas futuros.
A partir daí, o psicólogo escolar pode desenvolver uma atividade que:
• Foque nas habilidades sociais de cada indivíduo como a comunicação,
por exemplo;
• Incentive o relacionamento interpessoal, como os trabalhos em grupo;
• Crie situações para desenvolver comportamentos adaptativos, que
observa se a criança é capaz de criar mecanismos para se organizar
independentemente da ocasião;
• Avalie o nível de independência e autonomia da criança;
• Trabalhe questões éticas, respeito e regras;
• Inclua a sexualidade.
Contudo, essas atividades não devem ser impostas ao aluno. O psicólogo precisa
entender que embora as crianças estejam em um processo de formação da
personalidade, elas possuem desde muito cedo preferências, gostos e medos, já tendo o
discernimento para fazerem ou não determinada atividade.
É claro que toda atitude da criança deve ser observada pelo psicólogo. Uma
criança que não se interessa em brincar em grupo, em ter amigos, em se relacionar com
outras crianças indica que precisa de ajuda para resolver algum transtorno psicológico.
27
Para que o profissional chegue a essa conclusão, ele precisa estimular o aluno a
participar das atividades, orientar, conversar e se tornar um companheiro capaz de
escutá-lo quando ele achar necessário. Dessa forma, o psicólogo consegue ajudar a
criança a se desenvolver de forma saudável, e ainda, contribui para que a escola se torne
um ambiente socializador.
Por que a realização dessas atividades é importante? Como muitas fobias,
distúrbios ou comportamentos se desenvolvem ainda na infância, por meio dessas
atividades o psicólogo pode diagnosticar o problema ainda no início, evitando sequelas
para outras fases da vida.
É importante lembrar que essa falta de acompanhamento e de supervisão na fase
infantil pode gerar não só transtornos futuros, mas na própria infância. Crianças que não
têm limites, que não respeitam regras ou o espaço das outras crianças, que não
conseguem ouvir respostas negativas, que são agressivas e individualistas são comuns
no século XXI.
Esse comportamento é resultado da ausência dos pais que passam mais tempo no
trabalho do que na companhia dos filhos e acabam dando mais liberdade a eles para
tentarem suprir essa carência. Porém, essa atitude tem gerado crianças com
comportamentos anormais e trazido sérias consequências. É comum, nos dias de hoje,
os pais perderem o controle dos filhos, ainda na fase da primeira infância. Por isso, caso
não existam formas para amenizar essa conduta, o problema se agrava a cada fase e na
adolescência pode ser até irreversível.
Justamente por esse motivo, podemos entender a importância do psicólogo na
escola. Na verdade, o seu papel não é apenas o de atuar nos processos pedagógicos, mas
entender os aspectos emocionais e sociais de cada indivíduo, já que esses refletem
diretamente no comportamento humano.
28
Em alguns casos, o psicólogo deve, além de analisar a criança, desenvolver
atividades com a família ou professores. Essa atividade pode ser realizada com a ajuda
de outros profissionais, como terapeutas educacionais, educadores, entre outros.
E quais são as atividades que os profissionais podem fazer para acompanhar o
desenvolvimento das crianças? As atividades lúdicas são as mais indicadas. Essas
atividades têm como principal objetivo divertir as crianças e podem ser brincadeiras,
como jogos ou brinquedos, mas que não estimulem a competição.
As características dessas atividades são:
• A naturalização da infância e da criança, ou seja, o profissional deve
deixar a criança brincar, se divertir e se comportar como criança;
• A homogeneização, ou seja, todas as atividades lúdicas são importantes e
devem ser tratadas da mesma forma. Porém, o jogo de faz de conta,
aquela brincadeira em que as crianças ocupam outro papel, como se
fossem atores é a mais indicada, porque estimula a imaginação, a
linguagem e o relacionamento com outras pessoas, por isso, contribuem
para o seu desenvolvimento;
• As relações entre crianças e adultos são importantes porque servem de
exemplo, e porque passam aspectos culturais. Com isso, as crianças
aprendem desde cedo novas brincadeiras, a fazer críticas e adquirem
novas experiências e conhecimentos.
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Unidade 2 – Conceitos e descobertas do mundo infantil
Olá!
Para que a psicologia seja eficaz e traga resultados positivos às crianças, os
profissionais da área precisam buscar novas ferramentas, fazer estudos, pesquisas e
encontrar, nos teóricos de hoje ou do passado, respostas para os problemas das crianças.
Por isso, neste capítulo, trataremos de uma teoria muita discutida nos dias de
hoje, a teoria reichiana. Além disso, iremos mostrar que, mesmo que os conceitos dessa
importante teoria não estejam relacionados à infância, os profissionais da área podem
utilizar algumas ideias para aprimorar o tratamento das crianças.
Além disso, iremos discutir também, nesta unidade, as características das
crianças em cada fase da infância e ainda as mudanças de comportamento das gerações.
Bom estudo!
2.1 – Fundamentos do pensamento reichiano e suas contribuições na compreensão
da criança
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O pensamento reichiano é uma teoria proposta pelo psicanalista Wilhelm Reich,
baseadas nas ideias de Sigmund Freud. Ela surgiu porque Reich, durante as terapias que
realizava com os seus pacientes, percebeu que o tratamento clínico nem sempre trazia
resultados positivos e, por isso, precisava de novas técnicas e de novas teorias.
A partir daí, começou a trabalhar de outras maneiras. Além de anotar as
informações dos pacientes, ele passou a analisar também a forma como a informação
era dita e a personalidade de cada indivíduo. Essa percepção era interessante porque os
psicanalistas davam os diagnósticos de uma forma racional, baseados apenas no que foi
dito pelo paciente, porém, não se atentavam à parte emocional.
Porém, Reich trabalhava da mesma forma que os outros analistas. O paciente
deveria estar bem acomodado e deitado, o analista se posicionava isolado e sem
interferir em seu depoimento. A mudança provocada por Reich foi a observação de cada
movimento corporal realizado pelo indivíduo. Com isso, ele percebeu que os gestos
eram reflexos da estrutura emocional do paciente.
Como funciona a terapia reichiana? Existem diversas linhas de estudo dessa
teoria, por isso, os psicanalistas que seguem os preceitos reichianos não trabalhavam da
mesma forma. Alguns profissionais focam na interpretação da comunicação, ou seja,
não se baseiam no que é propriamente dito, mas no que o paciente quis dizer. Em outros
casos, focam no movimento corporal, em cada gesto e englobam todas as informações
passadas pelos indivíduos.
A maioria dos profissionais que segue esta linha costuma focar na “couraça
muscular” ou “estrutura neurótica encouraçada”, denominação dada por Reich e que
foca apenas no movimento do corpo durante a psicanálise.
Mesmo que o trabalho seja completo e longo, as terapias que seguem a teoria
reichiana não trazem resultados mais rápidos e as avaliações nem sempre são
inquestionáveis ou corretas. Por isso, o profissional deve ficar atento e buscar emitir um
diagnóstico preciso.
31
Como muitos pacientes possuem estágios avançados de disfunções
comportamentais e mentais, o resultado do tratamento não deve ser demorado. O
profissional precisa avaliar em poucas seções de análise e buscar formas de amenizar o
problema, já que se trata de questões relacionadas à saúde e à qualidade de vida.
Embora os psicólogos costumem buscar atividades para mudar o comportamento
ou melhorar a capacidade mental das pessoas, eles realizam o tratamento em busca de
melhorias e transformações. Os psicanalistas que seguem a teoria reichiana buscam a
cura dos seus pacientes.
É por causa dessa diferença que os tratamentos costumam ser de médio a longo
prazo. Vale lembrar que, quem procura a ajuda de um psicanalista possui, geralmente,
disfunções mais graves, do que aqueles que procuram a ajuda psicológica. Por isso,
podem representar perigo para a própria vida e para a sociedade. A única solução para o
problema é a cura total do distúrbio.
A teoria reichina não precisa, necessariamente, ser aplicada em um consultório
de psicanálise. Os novos profissionais têm levado a percepção corporal para outros
ramos do estudo da mente. Atualmente, é possível utilizar os conceitos em terapia de
grupo, nas atividades realizadas em escolas e com pessoas de várias idades, inclusive
com as crianças.
É comum aos psicólogos do ramo escolar aplicarem atividades que estimulem a
conversa e a comunicação entre as crianças. Com isso, são capazes de interpretar não só
as informações passadas, como também seus gestos, seus movimentos corporais etc.
Vale lembrar que essa não é a forma correta de fazer a psicanálise reichiana,
porém, a teoria contribui para ajudar na resolução de alguns problemas na fase infantil e
para encontrar as soluções, evitando assim que o mal se torne uma doença.
Como muitas vezes, as crianças não ficam deitadas ou acomodadas, e não
conseguem transmitir os seus sentimentos, os seus medos e aflições, essa teoria pode ser
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aplicada durante uma atividade lúdica, como na realização de trabalhos artísticos, por
exemplo. Dessa forma, o profissional pode conversar com o indivíduo e analisar o seu
comportamento.
Não há dúvidas que todos os processos realizados pelo profissional, desde as
informações passadas pelo paciente, os movimentos corporais notados, as síndromes ou
qualquer diagnóstico devem ser tratados de forma ética e em sigilo. Isso significa que
somente o analista deve ter acesso a essas informações, sem que se divulgue à família,
aos professores etc.
Em muitos casos, os psicólogos ou psicanalistas precisam fazer reuniões com os
pais, seções com a família, para passar os resultados evolutivos da criança, porém, cada
informação deve ser passada com cautela e o profissional deve administrar o que pode
ser comunicado e o que não deve ser repassado, porque existem informações que
prejudicam a criança no relacionamento familiar.
Como esse movimento surgiu no Brasil? Embora a técnica seja popular no Brasil
e em países ocidentais, sua história é recente. Foi na década de 1960 que os conceitos
desta teoria se alastraram pelo mundo e chegaram ao nosso país. Na verdade, eles foram
trazidos por um forte movimento histórico da época: a Contracultura, um movimento de
contestação, que queria acabar com a sociedade conservadora e a cultura imposta.
No início, não existiam cursos dedicados a esta teoria. Os profissionais da área
começaram a criar consultórios e a fazer análises reichianas, com base em livros ou
palestras que tratavam do assunto. A partir daí, os primeiros psicanalistas começaram a
ministrar cursos sobre o tema. O estado do Rio de Janeiro foi o que mais se adaptou ao
novo modelo de psicanálise.
Como o estudo de Reich focava na sexualidade, este teórico atribuiu a repressão
sexual como causadora dos problemas humanos. Por isso, com o tempo, muitos
profissionais foram alvos do preconceito e perderam pacientes. Ainda nos dias de hoje,
a teoria reichiana é considerada irresponsável e tem como marca essa ligação entre
33
mente e sexualidade. Com isso, não existiam no Brasil muitas instituições relacionadas
ao tema.
Porém, seus estudos aprimoraram o conceito de relação entre corpo e mente,
podendo ser aplicados também para a interferência comportamental de muitas pessoas.
Embora algumas técnicas não sejam apropriadas para crianças, justamente porque
focam na parte sexual, a terapia reichiana é um conceito fundamental para os
profissionais da área.
2.2 – Características da criança: viver o imediato, mudanças e descobertas
Para entender como tratar de uma criança, o psicólogo precisa entender como é a
sua evolução e seu desenvolvimento em cada fase da vida. Entender como as crianças
interagem umas com as outras, como se divertem e como aprendem, também facilita a
intervenção do profissional. Por isso, vamos apresentar como são os mecanismos de
evolução das crianças no período escolar.
Embora muitos pais tenham colocado os filhos ainda bebês em creches porque
precisam trabalhar, a idade correta para o ingresso dos filhos no ambiente escolar é a
34
partir da segunda infância, mais precisamente aos 4 anos de idade. Essa idade é indicada
porque a criança já sabe se comunicar, ir ao banheiro, comer sozinha, consegue se
relacionar sem a presença dos pais e já pode se desenvolver em relação ao aprendizado.
Por isso, a criança dessa idade tem como características:
• Muita imaginação;
• Pergunta o tempo todo sobre diversos assuntos;
• É observadora, egoísta e quer atenção;
• Apresenta dificuldade em aprender e não aceita levar broncas;
• É inquieta e fala sem pensar;
• Tem medo do escuro e se assusta com ruídos desconhecidos;
• Troca as atividades com frequência, por exemplo: deixa de brincar para
assistir televisão, para de almoçar para brincar com um amigo, entre
outras;
• Não tem habilidades para trabalhos manuais, mas gosta de desenhar e
pintar;
• Tem interesse por jogos e atividades que não necessitam de esforços
físicos.
Para que os pais, professores e psicólogos consigam realizar trabalhos com
crianças dessa idade, eles precisam ter primeiramente, paciência e bom humor.
Posteriormente, precisam motivar as atividades, não brigar ou reprimir e ajudar na
observação dos elementos que fazem parte da vida.
35
Proteção em excesso pode interferir no desenvolvimento e todos precisam ficar
atentos em relação à liberdade dada à criança. Nesta fase, a personalidade ainda está
sendo formada e os pais, professores e psicólogos precisam ficar atentos com as
opressões, com os castigos ou palavras ditas às crianças.
Aos 5 anos de idade, a criança já se acostumou com as rotinas. Por isso, não
relutam mais em ir à escola ou fazer qualquer atividade extra, como: esportes, visitar
casa de familiares etc. Além dessa mudança, a criança evolui e já apresenta os seguintes
aspectos:
• Pensa antes de falar;
• Já se acostumou com as responsabilidades, como: frequentar a escola,
comer sozinha, escovar os dentes etc;
• Gosta de imitar as outras pessoas;
• Toma determinadas atitudes para agradar o adulto;
• Cria histórias fantasiosas e mente com facilidade, mas na maioria das
vezes, consegue assumir que contou mentira;
• Tem pesadelos com frequência;
• Começa a ser obediente;
• O medo da escuridão e de ruídos desconhecidos ainda é presente;
• Na escola, começa a dar os primeiros passos no aprendizado normal,
aprendendo aos poucos, os números e o alfabeto;
• Começa a desenhar objetos ou pessoas;
36
• Já consegue realizar as atividades da escola sozinha;
• É comum que algumas crianças não compartilhem com a família as
atividades que realizam ou as amizades que possuem na escola;
• Consegue jogar determinados jogos sozinha e fica concentrada;
• Faz trabalhos em grupo e ajuda os colegas;
• Já pode começar a aprender um instrumento;
• A mãe é a pessoa mais importante para a criança e nesta fase, ela tem o
papel principal na educação dos filhos;
Para que os professores, pais e psicólogos consigam ajudar no desenvolvimento
dessas crianças, eles precisam ser sinceros e responder a todas as perguntas com a
verdade. Além disso, é importante que todos tentem reconhecer quais são as principais
características da personalidade e as habilidades da criança ainda nesta etapa.
A concentração é uma característica fundamental para que o aprendizado, não só
escolar, mas o obtido no dia a dia seja retido. Por isso, é função de todos criarem
atividades que estimulem a capacidade de concentração das crianças. O apoio e a
orientação também são fundamentais, o elogio é uma forma de motivar e aguçar ainda
mais a vontade nesta fase da vida.
Já a criança de 6 anos, que já está saindo da segunda infância, costuma saber de
tudo e gosta de fazer valer as suas vontades, por isso, é dominadora e agressiva. Com
isso, as principais características desta fase são:
• A criança costuma trapacear em jogos;
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• Aceita as broncas com mais facilidade, mas gosta de receber elogios e
aprovação;
• Não gosta de receber ordem, mas acaba realizando a atividade;
• Possui dificuldade em tomar decisões;
• Pensa na quantidade, ou seja, quer muita coisa mesmo que não as use e
muitas vezes, se apropria do que pertence a outras pessoas;
• Não tem responsabilidade;
• Está em fase de adaptação na escola e em casa;
• Costuma manusear mais os objetos e explora muito o tato;
• A criança fica mais agitada e tem hábito de roer unhas;
• Gosta de ser o centro das atenções, a primeira e as mais querida;
• Exagera ao contar um determinado fato;
• O medo da escuridão é amenizado, mas sentir medo da chuva ou de
trovão ainda é normal;
• Já sabe o que é bom e o que é mau, o que é certo e o que é errado;
• Quer agradar o professor e, por isso, o ajuda;
• Ainda não está totalmente preparada para aprender a ler, escrever e fazer
conta;
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• As habilidades artísticas, nesta fase, são mais aparentes. A criança
consegue fazer desenhos mais próximos da realidade;
• Na maioria dos casos, gosta de estudar.
A criança de 7 anos, que está entrando na terceira infância, é mais consciente e
costuma ser introvertida, ou seja, vive no seu próprio mundo. A distinção entre o bem o
mal e o certo e o errado se aprimora, passa a ter o hábito de pensar antes de falar ou de
tomar qualquer atitude. Ela tem vergonha de chorar em público e não consegue receber
críticas. Além dessas características, podemos citar:
• O comportamento da criança é mais calmo e ela aceita melhor receber
ordens;
• A criança costuma ter medo das novidades e mudanças;
• Nesta fase, a criança passa a se interessar mais pelo dinheiro e começa a
ter noções de economia;
• Costuma se cobrar em relação às atividades e quer terminar tudo com
muita rapidez;
• Quer chegar primeiro à escola e, em alguns casos, teme o fato de não
entregar o trabalho na data correta;
• A criança costuma concentrar os amigos na escola e quer atenção do
professor.
Lidar com crianças de 6 a 7 anos não é uma tarefa fácil. Muitas vezes, os pais ou
professores acabam aplicando castigos, mas não percebem que algumas atitudes são
passageiras e características desta fase de transição.
39
Na verdade, a atitude deve ser oposta, repleta de carinho e atenção tanto no
ambiente doméstico, como no ambiente escolar. Além disso, os pais podem começar a
designar tarefas aos filhos, como arrumar a casa, ajudar a fazer compras, pedir auxílio
em relação ao trabalho do pai ou da mãe.
É importante lembrar que essas atividades não devem ocupar muito tempo e nem
podem ser pesadas, das quais exijam esforço físico das crianças. Porém, elas são
fundamentais para estimular o senso de responsabilidade e de cooperação. Embora a
mãe ocupe um papel fundamental e seja muito importante no ambiente escolar, a
professora é quem ocupa esse espaço. Por isso, os educadores precisam transmitir
segurança para as crianças e ter estreita relação com os pais.
A criança de 8 anos já está com a personalidade mais desenvolvida e possui
características próprias, como: seus gestos, o estilo de roupa, de sapato, o cabelo, a
forma de expressar, entre outros. Além disso, algumas características são:
• A criança, nesta fase, quer fazer parte do mundo dos adultos;
• Está mais integrada à família;
• Vive da mesma forma que o grupo, ou seja, se veste como os amigos,
frequenta os mesmo lugares que as outras crianças, tenta fazer o mesmo
corte de cabelo, entre outros;
• Sofre com as discussões e brigas familiares.
Porém, as mudanças são ainda mais visíveis nas crianças de 9 anos. Como a
puberdade se aproxima, a maioria dos indivíduos costuma ser mais responsável,
passando a administrar o tempo e as tarefas sem ajuda dos pais ou professores, começa a
se planejar e a resolver os problemas sozinho. A personalidade já está quase formada
por completo e, por isso, a individualidade é uma característica comum entre as crianças
desta idade. Além disso, podemos citar:
40
• A criança cria um mundo imaginário e passa a acreditar nas fantasias que
compõem esse mundo;
• Costuma ser possessiva e egoísta, por isso, acumula ou coleciona objetos
e não compartilha com os amigos;
• Tem facilidade para justificar suas atitudes, mesmo que sejam incorretas;
• A criança gosta de ser recompensada, por exemplo, quando consegue
uma nota alta na escola. Gosta de ir ao shopping, ao cinema, ao parque
ou até mesmo ganhar um videogame, uma roupa nova etc.
Para que os pais e professores obtenham sucesso, eles precisam aceitar a
personalidade do filho ou do aluno. Além disso, precisam demonstrar à criança que são
confiáveis e seguros, interferindo assim, nas relações com os amigos. Nesta fase, o pai
tem grande destaque e desempenha papel de amigo e conselheiro.
Por isso, a ajuda é tão importante. Em todas as idades, as crianças precisam ser
estimuladas, incentivadas, ter carinho e atenção dos pais e professores. Para que isso
aconteça, fazer leituras ou escutá-las lendo, é uma atividade eficaz de interação entre o
adulto e a criança.
Aos 10 anos, a criança está a poucos passos da puberdade. Na maioria dos casos,
perde totalmente as características infantis em seu comportamento e se mostra feliz,
simpática, disposta a fazer mais amizades, responsável e tranquila. Um ponto
importante a ser observado é a independência, a vontade exagerada de presentear e
agradar as pessoas que a cercam.
Já na escola, o aprendizado é mais avançado e composto por um volume maior
de informações para que o aluno consiga memorizar, refletir e associar os conteúdos.
Porém, alguns problemas são comuns:
41
• A criança gosta de falar o tempo todo com os colegas e deixa a tarefa
escolar para segundo plano;
• Prefere fazer atividades descontraídas, como: ler, ouvir música ou
dançar;
• Não gosta de realizar trabalhos domésticos e, tampouco, fazer as lições
propostas pelo professor;
• Costuma inventar motivos para não ir à escola, caso seja alvo de alguma
discriminação.
Com o passar dos anos, a personalidade vai determinando sua formação. Por
isso, as características de uma criança que possui 11 anos está mais próxima do que ela
será quando adolescente e, posteriormente, como adulta. Geralmente, ela não gosta de
ficar sozinha, tem um senso crítico aguçado e é muito justa. Além disso, gosta de fazer
escolhas e tende a rejeitar tarefas impostas.
Nesta fase, os pais e professores precisam ter bom humor e serem animados para
conquistar a criança. A disciplina escolar preferida é a educação física, realizada ao ar
livre e que permite gastar energia, se relacionar com os amigos e se divertir. Para que o
professor seja aceito por crianças de 11 anos, ele precisa ser:
• Paciente;
• Engraçado;
• Compreensivo;
• Justo;
• Criativo;
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• Calmo.
Aos 12 anos, a criança está saindo da infância e entrando na pré-adolescência.
Em alguns casos, essa transição pode ser mais lenta e, em outros casos, a criança sai da
infância para a puberdade mais cedo.
Mas essa transição não significa que as atitudes consideradas infantis vão deixar
de existir. Na verdade, existe uma mistura em relação a isso. As crianças costumam ter
atitudes maduras, consideradas à frente de sua idade, porém, podem se mostrar frágeis e
inseguras.
É comum a criança esconder os medos, evitar o choro e transparecer sentimentos
irreais, ou seja, demonstrar felicidade quando na verdade está triste. Em geral, costuma
ser sociável, companheira e ajuda os amigos.
Chamar uma pessoa de 12 anos de criança pode ser interpretado como um
insulto, por ela. Por isso, os pais e professores devem se referir como adolescente, já
que ela se vê madura. Além disso, é justa e leal.
Como algumas crianças se mostram mais maduras do que outras, a paixão pode
ser um sentimento novo e real. Por isso, muitas meninas passam a escrever um diário.
Além dessas características, podemos citar:
• A criança é impaciente e só se preocupa com os problemas escolares;
• É responsável e tenta resolver tudo sozinha;
• Administra bem o tempo e cuida dos seus objetos pessoais;
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Para lidar com as crianças desta fase, os pais e professores precisam estimular o
interesse pela aprendizagem. Criar passeios ao ar livre e permitir acesso a filmes,
músicas e livros, isso é muito importante.
As meninas, em geral, precisam de mais atenção. Algumas têm a primeira
menstruação nesta fase e por não entenderem, acabam se fechando muito. Para amenizar
essa situação, os professores precisam abordar esse tema com os alunos e a mãe tem que
ficar atenta, conversar e estreitar ainda mais os laços de amizade com a filha.
Muitas crianças também começam a ter vergonha de tudo e não gostam que os
pais interfiram na relação com os amigos da escola. Por isso, os pais precisam
compreender que é apenas uma característica e respeitar, moderadamente, a vontade do
filho.
Além disso, permitir que as crianças façam atividades em grupo e vivam em um
ambiente amigável e alegre é importante para a formação da personalidade. Isso porque
essas atividades reforçam o respeito, a autoconfiança e o relacionamento em sociedade
que são fundamentais para a próxima fase da vida: a adolescência.
2.3 – As mudanças das gerações ao longo da história
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Para saber lidar com as crianças de hoje, é preciso entender não só as
características específicas de cada idade, como compreender as principais características
de sua geração. Isso porque a tecnologia, a cultura e até mesmo a sociedade estão em
constante mudança, influenciando assim os hábitos ou a vida, até mesmo das crianças.
Para que seja possível identificar essas mudanças, vamos estudar as principais
características das últimas gerações. Esse estudo é importante para o psicólogo porque,
além de mostrar as características da atual geração, trata também das características dos
pais e familiares envolvidos na vida da criança.
Para iniciar o nosso estudo, vamos falar da geração “Baby Boomer”, nascida
entre as décadas de 1950 e 1960. Este termo foi criado porque, após a Segunda Guerra
Mundial, o índice de natalidade foi muito alto, uma explosão demográfica e por isso,
podemos chamar a geração de bebês da explosão.
A característica principal dessa geração é o entretenimento por meio da
televisão. No início, o aparelho ainda era novidade, mas em pouco tempo, boa parte das
residências já contavam com um televisor. As crianças e os jovens da época seguiam as
regras das programações. A televisão começou a ditar comportamentos, a informar e a
mobilizar. Era o principal veículo de comunicação para aquela geração.
Por meio da televisão, a sociedade alcançou muitas conquistas. Durante a década
de 1960, movimentos sociais ganharam o mundo e os jovens eram os mais dedicados. A
TV contribuiu para reforçar os movimentos ideológicos e ganhar novos seguidores. E
com essas manifestações as mulheres, os negros e os homossexuais passaram a
compartilhar os mesmos direitos.
Além de lutar pela igualdade entre as classes, os jovens queriam paz e amor, e
organizaram protestos contra as guerras da época. O festival de Woodstock (veja
imagem abaixo) foi um dos mais importantes da época. Realizado em 1969, na cidade
de Bethel, nos Estados Unidos. O evento contou com a participação de mais de trinta
músicos famosos e disseminou a contracultura e o movimento hippie.
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Fonte: http://bellaonediarys.blogspot.com.br/2011/01/as-decadas-na-moda-anos-60.html
O Brasil não ficou de fora. Muitos festivais de música foram realizados como
forma de manifestação contra a ditadura da época. A televisão era o principal canal de
disseminação desses festivais.
Depois da geração “Baby Boomer”, surgiu a geração X, que contemplou aqueles
que nasceram durante a década de 1970. No início, essa geração foi chamada de “Baby
Bust”, que eram filhos dos “Baby Bommers”. Esse nome foi dado porque as famílias
que costumavam ser grandes, passaram a ter menos filhos.
Enquanto a outra geração era marcada pela televisão, a geração X foi marcada
pela popularização da TV e pelo início da internet. Estudos da época mostraram que as
principais características da geração X eram:
• Não acreditavam em Deus;
• Não respeitavam os pais;
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• Não seguiam as doutrinas religiosas, por isso praticavam sexo antes do
casamento e muitas mulheres, na adolescência, engravidavam sem ter
compromisso com o parceiro;
• Mulheres passaram a chefiar as suas famílias;
• Não se interessavam por política;
• Divorciavam com facilidade.
Porém, nem todas as transformações foram negativas. Foi a geração X que
percebeu a importância do meio ambiente e começou a se preocupar com as questões
ecológicas. Foi durante esta fase que aconteceram muitos eventos para minimizar o
impacto ambiental. A principal delas foi a Conferência de Estocolmo, realizada em
1972, na Noruega e que discutiu ações que poderiam ser aplicadas pelos governos de
vários países, e por grandes corporações para a preservação do meio ambiente.
A foto abaixo ilustra Maurice Strong, à esquerda, um dos principais nomes da
Sustentabilidade no mundo e Ingemund Bengtsson, à direita, o presidente da
conferência.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/iniciativas/acordos-globais/print
47
A geração Y é formada pelas pessoas que nasceram entre as décadas de 1980 e
1990. A principal característica dessa geração é a facilidade de se adaptar às
transformações tecnológicas.
Quando esta geração nasceu, o computador e a internet já existiam, mas eram
equipamentos raros nas residências brasileiras. Com o passar dos anos, no final da
década de 1990, esses aparelhos tecnológicos ficaram mais populares e muitas famílias
das classes mais altas da sociedade já contavam com os benefícios da tecnologia.
Mas as crianças e os jovens ainda não estavam acostumados com a novidade e
poucos sabiam usar corretamente os equipamentos. Embora cursos de informática
fossem comuns na época, o alto valor cobrado não permitia acessibilidade a todos os
cidadãos. Por isso, muitos jovens aprenderam a navegar na internet e a usar os softwares
sozinhos.
A partir daí, eles deram um passo importante e foram incluindo essas novas
tecnologias no cotidiano. Além da internet e do computador, a popularização do celular
pré-pago que permitia ao usuário pagar antecipadamente o valor que iria utilizar, pode
ser considerada outra adaptação às mudanças tecnológicas.
Durante a infância da geração Y o celular já existia, mas a linha, o aparelho e o
serviço eram muito caros e apenas pessoas da alta sociedade tinham acesso a ele.
Porém, a forma de pagamento antecipada permitiu que o celular fosse comprado por
qualquer pessoa, inclusive crianças e adolescentes.
De repente, o aparelho que não era utilizado com frequência tornou-se comum e
estava ao alcance de todos. A utilização desenfreada dos celulares fez com que a
sociedade inteira se tornasse refém da novidade e fosse obrigada a ter pelo menos um
telefone móvel.
Com o passar dos anos, a internet mudou o comportamento das pessoas. Ela se
tornou um veículo de comunicação capaz de informar em tempo real, além de ser uma
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ferramenta de pesquisa utilizada para fazer trabalhos escolares. A internet é também um
canal de comunicação que permite que os jovens usuários conversem entre si, entre
outras utilizações.
Com tanta utilidade assim, não foi difícil compreender a dependência das
pessoas em relação à nova ferramenta. Além disso, algumas características mudaram
nesta geração, tais como:
• Geração mais crítica;
• Não aceitam explicações com facilidade;
• Tem menos preconceito;
• Mudam de opinião frequentemente;
• Interagem mais com os amigos virtuais do que com os amigos reais, por
causa disso, não costumam ser sociáveis;
• Conseguem realizar várias tarefas ao mesmo tempo;
• São bem informados;
• Não costumam demonstrar interesse nos problemas sociais e políticos.
Além disso, esta geração também é curiosa, costuma contribuir com os amigos,
tem facilidade em se comunicar e, ainda, tentam abrir o próprio negócio porque são
empreendedoras, corajosas, não se importam com o fracasso e sabem recomeçar.
A geração atual, ou seja, as crianças que nascem hoje pertencem à geração Z.
Esta geração teve início em 1994 e já estavam totalmente ligadas às novas tecnologias.
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As pessoas desta geração não sabem o que é viver sem celular, internet e sem
comunicação.
Por isso, a dependência da tecnologia é muito comum entre pessoas desta idade.
Por mais que muitas gerações tenham sobrevivido sem a tecnologia, os jovens e
crianças Z não são capazes de viver um só dia sem os aparelhos eletrônicos. Desta
forma, é comum que eles troquem de celular e computador a cada lançamento e que
consumam as novidades tecnológicas como os tablets, por exemplo.
As características da geração Z são:
• Sempre querem aparelhos avançados e trocam de tecnologia com
frequência;
• Tem uma vida mais planejada, estruturada e conseguem realizar as
atividades com mais facilidade e agilidade, já que contam com a
tecnologia;
• Vivem mais no mundo virtual do que no mundo real;
• São individualistas;
• Não sabem se relacionar com as pessoas no mundo real;
• São impacientes e não conseguem assistir a um programa de televisão
por muito tempo;
• Não têm habilidades manuais;
• São hiperativos;
• Não costumam dar valor à cultura e nem às tradições familiares.
50
A figura abaixo demonstra, resumidamente, como foi a evolução das gerações:
Fonte:
http://ernaniguaira.blogspot.com.br/2012/01/geracao-x-y-z-baby-boomers-guaira-sp.html?spref=bl
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Conclusão do Módulo I
Olá, aluno(a)!
Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso curso de psicologia infantil
oferecido pelos Cursos 24 horas.
Neste módulo abordamos diversos assuntos dentro da área de psicologia infantil. Vimos
quando surgiu a psicologia, a psicologia na infância, a educação infantil e a psicologia,
as mudanças das gerações, entre outros assuntos.
Para passar para o próximo módulo, você deverá realizar uma avaliação referente a este
módulo já estudado. A avaliação encontra-se em sua sala virtual. Fique tranquilo(a) e
faça sua avaliação quando se sentir preparado!
Desejamos um bom estudo, boa sorte e uma boa avaliação!
Até logo!
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