quem cuida do cuidador 2011
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EUGENIO PAES CAMPOSPROF. DR. MÉDICO CARDIOLOGISTA
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1.1. O CUIDADOR SOB TENSÃO
× Lidar com o sofrimento alheio implica, muitas vezes, reviver momentos pessoais de sofrimento, pois conviver com sofrimento gera sofrimento.
× O intercâmbio entre profissionais é pequeno, pois, tradicionalmente, o relacionamento se faz diretamente e isoladamente, através da díade profissional-paciente.
× O Profissional de saúde, no seu cotidiano, vê-se compelido a suportar um conjunto de angústias, de conflitos, de obstáculos diante de cada ato e de cada pessoa com quem se defronta.
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Não é de praxe atender em equipe e mesmo quando há consciência da importância da troca entre profissionais, nem sempre existe disponibilidade de tempo.
Todos são obrigados a conviver com a doença e suas conseqüências, como emoções, sentimentos e conflitos intensos presentes nos pacientes, nos familiares e nos outros profissionais.
Psicologicamente, acabam tornando-se indivíduos estressados, exigidos, isolados, sobrecarregados, culpados, revoltados e desamparados.
O PROFISSIONAL DE SAÚDE: UM CUIDADOR
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O encontro do profissional de saúde e paciente, ou cuidador-cuidado, não é fácil nem linear.
Por que o profissional de saúde se propõe a cuidar de alguém? Solidariedade, disposição de ajudar os outros, fonte de recurso financeiro? A motivação não fica clara.
Não existe o “cuidador absoluto”, ou seja, nem sempre se colocar no lugar de cuidador significa o desejo de ajudar, muitas vezes, o que realmente motiva é o desejo de ser ajudado.
O PROFISSIONAL DE SAÚDE: UM CUIDADOR
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Considerando o estresse cotidiano em que vivem tais profissionais, no contato direto com o sofrimento e a morte, fácil é imaginar que, também eles, estejam vulneráveis à doença.
Os profissionais de saúde, tanto quanto os pacientes, demandam apoio e suporte.
Não há o “cuidador absoluto”. O cuidador também precisa ser cuidado. Precisa de alguém que lhe dê suporte, que lhe ofereça proteção e apoio, facilitando seu desempenho, compartilhando, de algum modo, sua tarefa.
O PROFISSIONAL DE SAÚDE: UM CUIDADOR
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O conceito de suporte social foi sendo construído nos campos da Psicologia Social e da Saúde Comunitária, em torno de duas idéias básicas:
- De um lado, o estabelecimento de vínculos interpessoais, grupais ou comunitários próximos, proporcionando sentimento de proteção e apoio às pessoas envolvidas e
- De outro lado, a repercussão desses vínculos na integridade física e psicológica dos indivíduos.
Bloom (1983)& Cassel (1990) = Os suportes sociais constituem importante recurso neutralizador do estresse.
Não há suporte se não há encontro.6
FREUDENBERGER (1974) = SÍNDROME DE BURNOUT: Estado de esgotamento devido ao estresse ocupacional prolongado. Afeta sobremaneira os profissionais de saúde que, em seu trabalho, lidam com pessoas que sofrem.
MASLACH (1976) = BURNOUT: Síndrome de esgotamento psíquico e emocional levando ao desenvolvimento de imagem negativa de si mesmo, atitudes negativas face ao trabalho e perda de interesse pelos pacientes.
Três elementos identificam a Síndrome:1. Esgotamento físico e psíquico, também chamado exaustão
emocional;2. Despersonalização, entendida como desinteresse pelos
pacientes (alguns autores chamam de desumanização);3. Sentimento de insatisfação pessoal com atitude negativa face
a si mesmo, desânimo e retraimento. 7
ALONSO & GRANADO (2001) = Prevenção do Burnout:1. Favorecer a comunicação entre os vários profissionais, 2. Melhorar a organização do serviço, com distribuição
eqüitativa e clara das tarefas assistenciais;3. Fomentar a participação de todos nas tomadas de
decisão;4. Estimular atividades lúdicas ou sociais;5. Criar grupos de reflexão e supervisão;6. Dar especial atenção aos profissionais que estejam
apresentando sinais ou sintomas da síndrome.
A dinâmica do suporte social cria condições para o enfretamento do estresse cotidiano e pode funcionar como agente preventivo da eclosão de doenças.
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Parece que uma equipe, que se reúne semanalmente, gera a possibilidade de funcionar como cuidadora de si mesma.
WINNICOTT = Conceito de holding: A dinâmica do holding mostra que precisamos ser
cuidados para “aprender” a sermos cuidadores e que, dependendo das circunstâncias, somos ora cuidadores, ora cuidados. Importante é que haja sempre, à nossa volta um segundo espaço ou círculo de sustentação, que nos dê apoio e suporte para podermos ser, ora uma coisa, ora outra.
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O desafio é romper com um modelo de atenção à saúde que, na verdade, privilegia a doença. Um modelo que idealiza o profissional, que “coisifica” o paciente e impessoaliza o relacionamento entre eles. Um modelo que quando pensa em dar atenção ao profissional, o faz tardiamente, quando o profissional já adoeceu.
O desafio é fazer com que o encontro com os profissionais de saúde, entre eles e com seus pacientes, seja um momento significativo, investido de afeto e do desejo de cuidar-ser-cuidado.
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Implica no reconhecimento, por parte dos profissionais dos seus próprios limites e na sensível percepção das aflições e fragilidades dos seus pacientes.
Implica na percepção de que um ambiente acolhedor, afetuoso e empático, vivenciado pela equipe de saúde no seu exercício cotidiano, contribui de maneira decisiva para o enfrentamento das tensões geradas pela prática profissional, desse modo, reduzindo a possibilidade de eclosão de doenças e repercutindo diretamente na qualidade e nos resultados do cuidado proporcionados aos pacientes.
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