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Raiva
603Secretaria de Vigilância em Saúde / MS
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C iclo ru ral
C iclo aé reo
C iclo u rb ano
C iclo s ilv es tre
RA IV AC ID 1 0 : A 8 2
C a r a c t e r ís t ic a s c lín ic a s e e p id e m io ló g ic a s
D e s c r iç ã oEncefalite viral aguda, transm itida por m am íferos, que apresenta dois ciclos princi-
pais de transm issão: urbano e silvestre. Reveste-se da m aior im portância epidem iológica
por apresentar letalidade de 100% , além de ser doença passível de elim inação no seu ciclo
urbano, por se dispor de m edidas e� cientes de prevenção tanto em relação ao ser hum ano
quanto à fonte de infecção.
A g e n t e e t io ló g ic oO vírus rábico pertence ao gênero Lyssavirus, da fam ília Rhabdoviridae. Possui aspecto
de um projétil e seu genom a é constituído por RN A . Apresenta dois antígenos principais:
um de superfície, constituído por um a glicoproteína, responsável pela form ação de anticor-
pos neutralizantes e adsorção vírus-célula, e outro interno, constituído por um a nucleopro-
teína, que é grupo especí� co.
Re s e r v a t ó r ioN o ciclo urbano, as principais fontes de infecção são o cão e o gato. N o Brasil, o m or-
cego é o principal responsável pela m anutenção da cadeia silvestre. O utros reservatórios sil-
vestres são: m acaco, raposa, coiote, chacal, gato-do-m ato, jaritataca, guaxinim e m angusto.
C iclo s ep idemio ló gico s de transmis s ã o da raiv a
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M odo de transmissão A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal in-
fectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura
de mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o
sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, disse-
mina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado pela
saliva das pessoas ou animais enfermos.
Existem relatos de casos de transmissão inter-humana na literatura, que ocorreram
através de transplante de córnea. A via respiratória, transmissão sexual, via digestiva (em
animais) e transmissão vertical também são aventadas, mas com possibilidade remota.
P eríodo de incu b ação É extremamente variável, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no homem
e de 10 dias a 2 meses no cão. Em crianças, existe tendência para um período de incubação
menor que no indivíduo adulto. O período de incubação está diretamente ligado a:
• localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou
contato com a saliva de animais infectados;
• distância entre o local do ferimento, o cérebro e troncos nervosos;
• concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.
P eríodo de transmissib ilidade Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do apa-
recimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. A morte do
animal acontece, em média, entre 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas. Em relação
aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissão, sabendo-se que
varia de espécie para espécie. Por exemplo, especi� camente os quirópteros podem albergar
o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.
S u sceptib ilidade e imu nidadeTodos os mamíferos são susceptíveis à infecção pelo vírus da raiva. Não há relato de
casos de imunidade natural no homem. A imunidade é conferida através de vacinação,
acompanhada ou não por soro.
Aspectos clínicos e lab oratoriais
M anifestaçõ es clínicas Após um período variável de incubação, aparecem os pródromos que duram de 2 a 4
dias e são inespecí� cos. O paciente apresenta mal-estar geral, pequeno aumento de tempe-
ratura, anorexia, cefaléia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquie-
tude e sensação de angústia. Podem ocorrer hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos
periféricos, próximos ao local da mordedura, e alterações de comportamento. A infecção
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progride, surgindo manifestações de ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, de-
lírios, espasmos musculares involuntários, generalizados e/ou convulsões. Espasmos dos
músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido,
apresentando sialorréia intensa. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de pa-
ralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal.
O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até à instalação de quadro
comatoso e evolução para óbito. Observa-se ainda a presença de disfagia, aerofobia, hi-
peracusia, fotofobia. O período de evolução do quadro clínico, após instalados os sinais e
sintomas até o óbito, é em geral de 5 a 7 dias.
Diagnóstico diferencial Não existem di� culdades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico vier
acompanhado de sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, ar-
ranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso. Este quadro clínico
típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.
No caso da raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predo-
minantemente paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos que
podem ser confundidos com raiva humana. Nestes casos, o diagnóstico diferencial deve
ser realizado com: tétano; pasteurelose, por mordedura de gato e de cão; infecção por vírus
B (Herpesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por mordida de rato
(Sodóku); febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); encefa-
lite pós-vacinal; quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas
por outros rabdovírus; e tularemia. C abe salientar a ocorrência de outras encefalites por
arbovírus e intoxicações por mercúrio, principalmente na região amazônica, apresentando
quadro de encefalite compatível com o da raiva.
É importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realizada junto ao acom-
panhante e ser bem documentada, com destaque para sintomas prodrômicos, antecedentes
epidemiológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente
o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia e alterações
do comportamento.
Diagnóstico laboratorial A con� rmação laboratorial em vida, dos casos de raiva humana, pode ser realizada
pelo método de imuno� uorescência direta (IFD ) em impressão de córnea, raspado de mu-
cosa lingual (sw ab) ou tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele da
região cervical (procedimento que deve ser feito por pro� ssional habilitado mediante o uso
de equipamento de proteção individual/EPI).
A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a
possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a con� r-
mação diagnóstica. O sistema nervoso central (cérebro, cerebelo e medula) deverá ser en-
caminhado para o laboratório, conservado preferencialmente refrigerado em até 24 horas,
e congelado após este prazo. Na falta de condições adequadas de refrigeração, conservar
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em solução salina com glicerina a 50%, em recipientes de paredes rígidas, hermeticamente
fechados, com identi� cação de material de risco biológico e cópia da � cha de noti� cação ou
de investigação. Não usar formol. O diagnóstico laboratorial é realizado com fragmentos do
sistema nervoso central através das técnicas de IFD e inoculação em camundongos recém-
nascidos ou de 21 dias.
T ratamento Independente do ciclo, não existe tratamento especí� co para a doença. Por isso, a pro-
� laxia pré ou pós-exposição ao vírus rábico deve ser adequadamente executada. O paciente
deve ser atendido na unidade hospitalar de saúde mais próxima, sendo evitada sua remo-
ção. Q uando imprescindível, tem que ser cuidadosamente planejada. M anter o enfermo
em isolamento, em quarto com pouca luminosidade, evitar ruídos e formação de correntes
de ar, proibir visitas e somente permitir a entrada de pessoal da equipe de atendimento. As
equipes de enfermagem, higiene e limpeza devem estar devidamente capacitadas para lidar
com o paciente e com o seu ambiente e usar equipamentos de proteção individual, bem
como estarem pré-imunizados.
Recomenda-se como tratamento de suporte: dieta por sonda nasogástrica e hidratação
para manutenção do balanço hídrico e eletrolítico; na medida do possível, usar sonda vesi-
cal para reduzir a manipulação do paciente; controle da febre e vômito; betabloqueadores
na vigência de hiperatividade simpática; uso de antiácidos, para prevenção de úlcera de es-
tresse; realizar os procedimentos para aferição da pressão venosa central (PV C) e correção
da volemia na vigência de choque; tratamento das arritmias cardíacas. Sedação de acordo
com o quadro clínico, não devendo ser contínua.
Aspectos epidemiológicos
A raiva é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico
contido na saliva do animal infectado, principalmente através da mordedura. Apesar de ser
conhecida desde a antiguidade, continua sendo problema de saúde pública nos países em
desenvolvimento, principalmente a transmitida por cães e gatos, em áreas urbanas, man-
tendo-se a cadeia de transmissão animal doméstico/homem.
Esta doença ocorre em todos os continentes, com exceção da Oceania. Alguns países
das Américas (U ruguai, Barbados, Jamaica e Ilhas do Caribe), da Europa (Portugal, Espa-
nha, Irlanda, G rã-Bretanha, Países Baixos e Bulgária) e da Á sia (Japão) encontram-se livres
da infecção no seu ciclo urbano. Entretanto, alguns países da Europa (França, Inglaterra) e
da América do Norte (EU A e Canadá) ainda enfrentam problemas quanto ao ciclo silvestre
da doença.
A raiva apresenta dois ciclos básicos de transmissão: o urbano, que ocorre principal-
mente entre cães e gatos e é de grande importância nos países do terceiro mundo, e o silves-
tre, que ocorre principalmente entre morcegos, macacos e raposas. Na zona rural, a doença
afeta animais de produção como bovinos, eqüinos e outros.
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A distribuição da raiva não é obrigatoriamente uniforme, podendo existir áreas li-
vres e outras de baixa ou alta endemicidade, apresentando, em alguns momentos, formas
epizoóticas. No Brasil, a raiva é endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região
geopolítica. A região Nordeste responde por 54,2% dos casos humanos registrados de 1980
a 2003; seguida da região Norte, com 17,5%; Sudeste, com 10,8%; Centro-Oeste, com 10,4%
e Sul, com 0,4%. Desde 1987 não há registro de casos nos estados do Sul, sendo o último no
Paraná, cuja fonte de infecção foi um morcego hematófago. No período de 1991 a 2003, cães
e gatos foram responsáveis por transmitir 80% dos casos humanos de raiva; os morcegos,
por 10,6% e outros animais (raposas, sagüis, gato selvagem, bovinos, eqüinos, caititus, gam-
bás, suínos e caprinos), 4,8%. Casos cuja fonte de infecção foi desconhecida representaram
4,6%. O coe� ciente de morbimortalidade de raiva humana nos últimos anos vem diminuin-
do de forma gradativa: de 0,05/100 mil habitantes, em 1990, para 0,01/100 mil habitantes,
atualmente. A taxa de letalidade é de 100%.
Vigilâ ncia epidemiológica
H á muitas interfaces entre a raiva humana e a animal. Na vigilância da raiva, os dados
epidemiológicos são essenciais tanto para os médicos, para que seja tomada a decisão de
tratamento pós-exposição, como para os veterinários, que devem adotar medidas relativas
ao animal envolvido. Sem dúvida, um caso de raiva humana representa falência do sistema
de saúde local, além de ser um indicador para avaliação da qualidade dos serviços.
O bjetivos• Detectar precocemente a circulação do vírus em animais (urbanos e silvestres), vi-
sando impedir a ocorrência de casos humanos.
• Propor e avaliar as medidas de prevenção e controle.
• Identi� car a fonte de infecção de cada caso humano ou animal.
• Determinar a magnitude da raiva humana e as áreas de risco, para intervenção.
Defi nição de caso
Suspeito
Todo paciente com quadro clínico sugestivo de encefalite rábica, com antecedentes ou
não de exposição à infecção pelo vírus rábico.
Confi rmado
Todo caso suspeito comprovado laboratorialmente ou todo indivíduo com quadro clí-
nico compatível de encefalite rábica associado a antecedentes de agressão ou contato com
animal suspeito (associação epidemiológica), com evolução para óbito.
Critério clínico-laboratorial – detecção de anticorpos especí� cos, pela técnica de so-
roneutralização em cultura celular, em pacientes sem antecedentes de vacinação contra a
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raiva; demonstração do antígeno pela técnica de imuno� uorescência direta, e isolamento
do vírus através da prova biológica (PB) em camundongos ou células, ou por meio da rea-
ção de cadeia pela polimerase (PCR).
Atualmente, um importante instrumento de vigilância epidemiológica é a tipi� cação
antigênica através da imuno� uorescência indireta com anticorpos monoclonais, que é uma
técnica especí� ca e rápida, e da caracterização genética. É importante destacar que o uso
das técnicas de biologia molecular deve estar sempre associado à investigação epidemio-
lógica de campo, visto que somente assim se atingirá o maior poder discriminatório. Re-
comenda-se, também, a realização do estudo antigênico e genético em 100% das amostras
isoladas de humanos, cães e gatos de áreas livres ou controladas, e de animais silvestres.
Critério clínico-epidemiológico – paciente com quadro neurológico agudo (ence-
falite), que apresente formas de hiperatividade, seguido de síndrome paralítica com pro-
gressão para coma e morte, geralmente por insu� ciência respiratória, sem possibilidade de
diagnóstico laboratorial mas com antecedente de exposição a provável fonte de infecção em
região com comprovada circulação de vírus rábico. Mesmo nos casos nos quais a suspeita
foi aventada após o óbito, a possibilidade de exumação deve ser considerada, visto que
atualmente se dispõe de técnicas laboratoriais que, no seu conjunto, apresentam grande
sensibilidade e especi� cidade.
Caso descartado
Todo caso suspeito com IFD e PB negativa ou que durante a investigação teve seu
diagnóstico con� rmado laboratorialmente por outra etiologia, ou todo caso suspeito que
não tenha evoluído para óbito.
N otifi cação Todo caso humano suspeito de raiva é de noti� cação individual, compulsória e ime-
diata aos níveis municipal, estadual e federal.
Primeiras medidas a serem adotadas
Assistê ncia mé dica ao paciente
Toda pessoa com histórico de exposição deve procurar assistência médica e, confor-
me avaliação, receber vacinação ou soro-vacinação ou, ainda, acompanhamento durante o
período de observação animal.
Q ualidade da assistê ncia
Veri� car se os casos estão sendo atendidos em unidade de saúde com capacidade para
prestar atendimento adequado e oportuno. Deve-se � car atento para evitar o abandono,
garantindo o esquema de vacinação completo e a obrigatoriedade da busca ativa pelos pro-
� ssionais da rede dos serviços de saúde.
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Confi rmação diagnóstica
Coletar material para diagnóstico laboratorial, de acordo com as orientações constan-
tes no tópico Diagnóstico laboratorial dos diferentes animais.
Proteção da população
Logo que se tenha conhecimento da suspeita de caso de raiva, deve-se organizar um
bloqueio vacinal em cães e gatos em até 72 horas após a noti� cação, em um raio de 5km ou
mais, dependendo da zona de abrangência (zona urbana ou rural) onde o paciente foi agre-
dido, não sendo necessário aguardar resultados de exames laboratoriais para con� rmação
do caso suspeito. É necessária, ainda, a captura e o envio de amostras de animais da área de
atuação para o diagnóstico laboratorial e/ou comprovação da circulação viral.
As informações sobre as coberturas vacinais dos animais da área endêmica, quando
disponíveis, são importantes para o processo de decisão quanto à extensão inicial e seleti-
vidade do bloqueio.
Devem ser organizadas ações de esclarecimento à população, utilizando-se meios de
comunicação de massa, visitas domiciliares e palestras. É também importante a veiculação
de conhecimentos sobre o ciclo de transmissão da doença, gravidade e esclarecimentos da
situação de risco e ações envolvendo a participação efetiva da comunidade.
Investigação
Imediatamente ou até 72 horas após a noti� cação de um caso de raiva, deve-se iniciar
a investigação epidemiológica para permitir que as medidas de controle possam ser adota-
das. O instrumento de coleta de dados, a � cha epidemiológica disponível no Sinan, contém
os elementos essenciais a serem coletados em uma investigação de rotina. Todos os seus
campos devem ser criteriosamente preenchidos, mesmo quando a informação for negativa.
Outros itens e observações podem ser incluídos em relatório anexo, conforme as necessida-
des e peculiaridades de cada situação.
Casos de raiva em animais de produção (bovinos, eqüinos e outros), noti� car imedia-
tamente às autoridades da agricultura para o desencadeamento das ações de controle: indi-
cação de vacinação nos rebanhos, captura e combate aos morcegos hematófagos e educação
sanitária.
Roteiro da investigação epidemiológica
Identifi cação do paciente
Preencher todos os campos da � cha de investigação epidemiológica, relativos aos da-
dos gerais, noti� cação individual e dados de residência.
Coleta de dados clínicos e epidemiológicos
Para con� rmar a suspeita diagnóstica – anotar na � cha de investigação dados da his-
tória, manifestações clínicas e antecedentes de exposição às prováveis fontes de infecção.
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• Como, em geral, quando se suspeita de raiva humana os doentes são hospitalizados,
impõe-se a consulta do prontuário e a entrevista ao médico assistente para comple-
tar as informações clínicas sobre o paciente. Estas informações servirão para de� nir
se o quadro apresentado é compatível com a doença;
• Sugere-se fazer uma cópia da anamnese, exame físico e evolução do doente, com
vistas ao enriquecimento das análises e, também, para que possam servir como ins-
trumento de aprendizagem dos pro� ssionais do nível local;
• Veri� car data, local e modo de ocorrência da exposição, tipo e localização, história
de tratamento pro� lático anterior e atual, data de início dos sintomas, coleta e envio
de material para diagnóstico laboratorial, critério de con� rmação de caso, observa-
ção do animal, espécie, história de vacinação e outras informações de acordo com a
situação de cada caso. Se não houve tratamento atual, identi� car as razões;
• Acompanhar a evolução dos pacientes e os resultados dos exames laboratoriais es-
pecí� cos.
Para identi� cação da área de transmissão – no local de ocorrência da exposição,
identi� car fatores de risco como baixa cobertura vacinal canina, presença de cães errantes,
regime de criação de cães (com proprietário restrito, parcialmente restrito, com mais de um
proprietário), presença de casos suspeitos ou con� rmados de raiva animal e outros elemen-
tos que possam determinar o grau de risco de disseminação. Avaliar o acidente quanto às
causas que o motivaram, métodos de manutenção para a observação do animal no domi-
cílio, cuidados e prevenção de doenças com o animal e riscos de contaminação a que foi
exposto em períodos de até 180 dias antes.
Providências necessárias:
• buscar, no provável local de infecção e em um raio de até 5km, pessoas e outros
animais que foram expostos ao mesmo animal agressor ou a outros suspeitos;
• veri� car o acesso dos expostos aos serviços de saúde e realizar busca ativa dos falto-
sos e/ou abandonos de tratamento pro� lático anti-rábico humano;
• noti� car os casos positivos em animais ao serviço de controle de raiva (vigilância
epidemiológica, centros de controle de zoonozes e agricultura), para controle de
focos e outras ações pertinentes;
• analisar a situação epidemiológica da área de abrangência, visando impedir a ocor-
rência de novos casos.
Nos casos de suspeita de raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, reco-
menda-se observar os seguintes fatores:
• presença de mordeduras em animais e humanos;
• existência de circulação viral;
• aparecimento de casos humanos de encefalite;
• existência de pequena população de animais de criação (bovinos, equídeos, etc.);
• presença de áreas de desmatamento ou re� orestamento;
• presença de moradias sem proteção adequada;
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• novos assentamentos urbanos e rurais, regiões de garimpo, áreas com projetos de
exploração de madeira e outras culturas;
• proximidade de povoados com matas � orestais;
• ocorrência de baixos indicadores socioeconômicos.
Para determinação da extensão da área de risco
• Em áreas silvestres – sendo a fonte de infecção da espécie quiróptera (morcegos),
determinar a extensão da ação de bloqueio em um raio de até 12km.
• Em áreas urbanas – para cães e gatos, determinar a extensão da ação de bloqueio
em um raio de até 5km.
Lembrar que a identi� cação da área onde se deu a transmissão é de fundamental im-
portância para nortear a continuidade do processo de investigação e a extensão das
medidas de controle imediatas.
Coleta e remessa de amostra para diagnóstico
• Logo após a suspeita clínica de raiva, deve-se orientar sobre a coleta de amostra para
laboratório. Quando do óbito, é imprescindível coletar e enviar amostras do cérebro,
cerebelo, tronco encefálico e medula ao laboratório, para con� rmação do caso, de
acordo com as normas técnicas apresentadas no tópico De� nição de caso, observan-
do-se criteriosamente todas as recomendações.
• É da responsabilidade dos pro� ssionais da vigilância epidemiológica e/ou dos labora-
tórios centrais ou de referência viabilizar, orientar ou mesmo proceder a essas coletas.
Não se deve aguardar os resultados dos testes laboratoriais para desencadear as me-
didas de controle e outras atividades da investigação, embora sejam imprescindíveis
para a con� rmação de casos e para nortear o encerramento das investigações.
Aná lise dos dados
Identi� car as falhas da vigilância epidemiológica, assistência e dos serviços de saúde
que propiciaram a ocorrência de caso humano e em animais domésticos. Observar a dis-
tribuição temporal e geográ� ca dos casos, localização e data das ocorrências, sexo, idade,
ocupação, zona urbana ou rural, natureza da agressão, espécie agressora, história de vacina-
ção e outros dados de interesse para cada localidade. A análise destes dados deverá orientar
o desencadeamento, duração e extensão das ações de controle desenvolvidas e posterior
avaliação de sua adequação.
E ncerramento de casos
Con� rmado por critério clínico-laboratorial (isolamento viral, sorologia ou his-
topatologia) – pacientes com sintomatologia compatível, na qual a imuno� uorescência ou
exame histopatológico ou a inoculação em camundongos foi positiva para raiva.
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Con� rmado por critério clínico-epidemiológico – paciente com sintomatologia
compatível, cujo histórico permite realizar vínculo epidemiológico entre o caso suspeito e a
região de ocorrência, com comprovada circulação do vírus rábico, que selaria o diagnóstico
de raiva.
Caso descartado – caso noti� cado cujos resultados de exames laboratoriais foram ne-
gativos, afastando a hipótese de raiva, ou pacientes com evolução incompatível com raiva.
Relatório fi nal
Os dados da investigação deverão ser consolidados em um relatório com as principais
conclusões, das quais destacam-se:
• intervenção sobre a fonte de infecção: dados de cobertura vacinal animal, bloqueios
de foco, número de animais capturados, animais submetidos à eutanásia, envio de
amostras ao laboratório, ações educativas e mobilização comunitária;
• dados pessoais: sexo, idade, ocupação, zona urbana ou rural;
• antecedentes epidemiológicos: tipo da exposição (arranhadura, mordedura, lam-
bedura, contato indireto), localização (mucosa, cabeça/pescoço, mãos/pés, tronco,
membros superiores/inferiores), tipo de ferimento (único, múltiplo, super� cial, pro-
fundo, dilacerante), espécie do animal agressor e data da exposição;
• dados de atendimento: hospitalização (avaliação da qualidade do atendimento ao
paciente), vacinação e/ou sorovacinação, número de doses aplicadas e data de início
de tratamento;
• exames laboratoriais: tipo de exame realizado e resultados;
• encerramento de caso.
Instrumentos disponíveis para controle
A prevenção de raiva humana é direcionada para o tratamento pro� lático anti-rábico
toda vez que houver suspeita de exposição ao vírus rábico. Após o início do quadro
clínico não existe tratamento que forneça resultados satisfatórios.
Conduta em caso de possível ex posição ao vírus da raivaEm caso de possível exposição ao vírus da raiva é imprescindível a limpeza do feri-
mento com água corrente abundante e sabão, ou outro detergente, pois essa conduta dimi-
nui, comprovadamente, o risco de infecção. Deve ser realizada o mais rápido possível após
a agressão e repetida na unidade de saúde, independentemente do tempo transcorrido. A
limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento e, em
seguida, devem ser utilizados antissépticos que inativem o vírus da raiva (como o livinil-
pirrolidona-iodo, por exemplo, o polvidine ou gluconato de clorexidine ou álcool-iodado).
Lembrar que essas substâncias deverão ser utilizadas uma única vez, na primeira consulta,
e sempre que possível, posteriormente, a região deve ser lavada com solução � siológica.
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3Secre
taria
de V
igilâ
ncia
em
Saú
de
/MS
R 6
R oteiro de investigaç ão epidemiológica da raiva h umana
E ncerraro caso
Confi rmao caso
Descartaro caso
P ositivoN egativo
Notifi cação de Caso H umano Suspeito
ClínicosH istórico
de vacinaç ãoAntecedentes
epidemiológicos
Investigaç ão
Coleta de dados
Avaliar* *
B usca ativa de casosem outros animais
B loq ueio(raio de até 5 k m)
B usca ativa de pessoas e ani-mais agredidos
Vacinaç ãode cães e gatos
casa a casa
Capturae eutaná siade animais
Vigilâncialaboratorial
(6 mesesno mínimo)
Mobiliz aç ãocomunitá ria
E ducaç ãoem saúde
R esultadodos ex ames
Após o óbito, coletar material
Dados clínicos e epidemiológicos
E ducaç ãoem saúde
Identifi caç ão de abrigos e controle da
populaç ão de morcegos
Vacinaç ãodo animal
de bloq ueio
B usca ativade pessoas agredidas
O utro caso Sem caso
Iniciarinvestigaç ão
E ncerrarinvestigaç ão
Determinar ciclo de transmissão e local
prová vel de infecç ão
U rbano Silvestre
Q uirópteros O utrasespécies
N otifi car unida-de local de DSA*
E ducaç ão sanitá ria,
Vigilância laboratorial
B usca ativa depessoas ex postas
Atender emconjunto com a DSA
Avaliar* *
* DSA: Defesa Sanitá ria Animal.
* * Avaliar se as estratégias de prevenç ão, vigilância e controle adotadas são sufi cientes.
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Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a � cha de atendimento anti-rábico
humano, visando à indicação correta do tratamento pro� lático.
Classi� car o acidente de acordo com as seguintes características do ferimento e do
animal envolvido no acidente:
Características do ferimento
Em relação à transmissão do vírus da raiva, os acidentes causados por animais devem
ser avaliados quanto ao:
Local do acidente – acidentes que ocorrem em regiões próximas ao sistema nervoso
central (cabeça, face ou pescoço) ou em locais muito inervados (mãos, polpas digitais e
planta dos pés) são graves porque facilitam a exposição do sistema nervoso ao vírus. A
lambedura da pele íntegra não oferece risco, mas a lambedura de mucosas também é grave
porque as mesmas são permeáveis ao vírus, mesmo quando intactas, e também porque as
lambeduras, geralmente, abrangem áreas mais extensas.
Profundidade do acidente – os acidentes devem ser classi� cados como super� ciais
(sem presença de sangramento) ou profundos (apresentam sangramento, ou seja, ultrapas-
sam a derme). Os ferimentos profundos, além de aumentar o risco de exposição do sistema
nervoso, oferecem di� culdades à assepsia. Mas vale ressaltar que os ferimentos puntiformes
são considerados como profundos e algumas vezes não apresentam sangramento.
Extensão e número de lesões – deve-se observar a extensão da lesão e se ocorreu ape-
nas uma única lesão ou múltiplas, ou seja, uma porta de entrada ou várias.
De acordo com os critérios acima estabelecidos, as exposições podem ser assim clas-
si� cadas:
A cidentes leves
• ferimentos super� ciais, pouco extensos, geralmente únicos, em tronco e membros
(exceto mãos, polpas digitais e planta dos pés); podem acontecer em decorrência de
mordeduras ou arranhaduras causadas por unha ou dente;
• lambedura de pele com lesões super� ciais.
A cidentes graves
• ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta do pé;
• ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo;
• lambeduras de mucosas;
• lambeduras de pele onde já existe lesão grave;
• ferimentos profundos causados por unha de gato;
• quaisquer ferimentos causados por morcego.
A tenção
O contato indireto, como a manipulação de utensílios potencialmente contaminados,
e a lambedura na pele íntegra não são considerados acidentes de risco e não exigem
tratamento pro� lático.
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Características do animal envolvido no acidente
Cão e gato – as características da doença em cães e gatos, como período de incubação,
transmissão e quadro clínico, são bem conhecidas e semelhantes. Por esta razão estes ani-
mais são analisados em conjunto, nos seguintes elementos:
• estado de saúde do animal no momento da agressão – avaliar se o animal estava
sadio ou apresentava sinais sugestivos de raiva. A maneira como ocorreu o acidente
pode fornecer informações sobre seu estado de saúde. O acidente provocado (por
exemplo, o animal que reage em defesa própria, a estímulos dolorosos ou outras pro-
vocações) geralmente indica uma reação normal do animal, enquanto que a agressão
espontânea (sem causa aparente) pode indicar alteração do comportamento e sugere
que o animal pode estar acometido de raiva. Lembrar que o animal também pode
agredir devido à sua índole ou adestramento;
• possibilidade de observação do animal por 10 dias – mesmo se o animal estiver
sadio no momento do acidente, é importante que seja mantido em observação por
10 dias. Nos cães e gatos, o período de incubação da doença pode variar de alguns
dias a anos, mas em geral é de cerca de 60 dias. No entanto, a excreção de vírus pela
saliva, ou seja, o período em que o animal pode transmitir a doença, só ocorre a
partir do � nal do período de incubação, variando entre dois e cinco dias antes do
aparecimento dos sinais clínicos, persistindo até sua morte, que pode ocorrer em até
cinco dias após o início dos sintomas. Portanto, o animal deve ser observado por 10
dias; se em todo esse período permanecer vivo e saudável, não há risco de transmis-
são do vírus;
• procedência do animal – é necessário saber se a região de procedência do animal é
área de raiva controlada ou não controlada;
• hábitos de vida do animal – o animal deve ser classi� cado como domiciliado ou
não-domiciliado. Animal domiciliado é o que vive exclusivamente dentro do domi-
cílio, não tem contato com outros animais desconhecidos e só sai à rua acompanha-
do do seu dono. Desse modo, esses animais podem ser classi� cados como de baixo
risco em relação à transmissão da raiva. Ao contrário, aqueles animais que passam
longos períodos fora do domicílio, sem controle, devem ser considerados como ani-
mais de risco, mesmo que tenham proprietário e recebam vacinas, o que geralmente
só ocorre nas campanhas de vacinação.
Animais silvestres – morcego de qualquer espécie, micos (sagüi e “soin”), macaco,
raposa, guaxinim, quati, gambá, roedores silvestres, etc. devem ser classi� cados como ani-
mais de risco, mesmo que domiciliados e/ou domesticados, haja vista que nesses animais a
patogenia da raiva não é bem conhecida.
Relatos recentes mostram que o risco de transmissão do vírus pelo morcego é sem-
pre elevado, independentemente da espécie e gravidade do ferimento. Por isso, toda
agressão por morcego deve ser classi� cada como grave.
Raiva
616 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS
Animais domésticos de interesse econômico ou de produção – bovinos, bubalinos,
eqüídeos, caprinos, ovinos, suínos e outros também são animais de risco. É importante
conhecer o tipo, freqüência e grau do contato ou exposição que os tratadores e outros pro-
� ssionais têm com estes animais, e a incidência da raiva na região, para avaliar a indicação
de tratamento pré ou pós-exposição.
Animais de baixo risco – os seguintes roedores e lagomorfos (áreas urbanas ou de
criação) são considerados como de baixo risco para a transmissão da raiva e, por isto, não
é necessário indicar tratamento pro� lático da raiva em caso de acidentes causados pelos
mesmos:
• ratazana-de-esgoto (Rattus norvegicus);
• rato-de-telhado (Rattus rattus);
• camundongo (M us musculus);
• cobaia ou porquinho-da-índia (C avea porcellus);
• hamster (M esocricetus auratus);
• coelho (O ryetolagus cuniculus).
O bservação válida para todos os animais de risco: sempre que possível, coletar amos-
tra de tecido cerebral e enviar para o laboratório de diagnóstico. O diagnóstico laboratorial
é importante tanto para de� nir a conduta em relação ao paciente como para se conhecer o
risco de transmissão da doença na área de procedência do animal. Se o resultado for negati-
vo, o tratamento não precisa ser indicado ou, caso tenha sido iniciado, pode ser suspenso.
Todas as características acima são fundamentais para determinar a indicação ou não
da pro� laxia anti-rábica de acordo com os esquema descrito no Quadro 1 da vacina
de cultivo celular.
Conduta em caso de possível reexposição ao vírus da raiva Pessoas com risco de reexposição ao vírus da raiva, que já tenham recebido tratamento
pós-exposição anteriormente, devem ser tratadas novamente de acordo com as indicações
do Quadro 2. Para estas pessoas, quando possível, também é recomendável a pesquisa de
anticorpos.
O bservações: em caso de reexposição, com história de tratamento anterior completo,
não é necessário administrar o soro anti-rábico (homólogo ou heterólogo). No entanto, o
soro poderá ser indicado se houver dúvidas ou conforme a análise de cada caso, especial-
mente nos pacientes imunodeprimidos que devem receber sistematicamente soro e vacina.
Recomenda-se que, ao � nal do tratamento, seja realizada a avaliação sorológica após o 14º
dia da aplicação da última dose.
Devem ser avaliados, individualmente, os pacientes que receberam muitas doses de
vacina, como, por exemplo, os que receberam mais de uma vez o esquema completo de
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pós-exposição e vários esquemas de re-exposição. O risco de reações adversas às vacinas
aumenta proporcionalmente ao número de doses aplicadas. Nestes casos, se possível, soli-
citar a avaliação sorológica do paciente. Se o título de anticorpos neutralizantes (AcN) for
igual ou maior a 0,5UI/ml, não é necessário indicar tratamento ou, caso tenha sido iniciado,
pode ser suspenso.
Importante
Em caso de reexposição com histórico de tratamento anterior completo e se o animal
agressor, cão ou gato, for passível de observação, considerar a hipótese de somente
observar o animal.
Quando o paciente tiver o esquema de pré-exposição, em qualquer momento, adotar
conduta conforme o Quadro 3.
Conduta em caso de possível exposição ao vírus da raivaem pacientes q ue receberam esq uema de pré-exposiçãoO Quadro 3 indica os procedimentos a serem adotados para pacientes que, acidental-
mente, se expuseram ao risco de infecção pelo vírus da raiva e que tenham recebido trata-
mento pré-exposição anteriormente.
Considerar as notas de rodapé do Quadro 2, caso o esquema recebido anteriormente
tenha sido incompleto.
Profi laxia pré-exposiçãoÉ indicada para pessoas que, por força de suas atividades pro� ssionais ou de lazer,
estejam expostas permanentemente ao risco de infecção pelo vírus da raiva, tais como pro-
� ssionais e estudantes das áreas de medicina veterinária e de biologia e pro� ssionais e auxi-
liares de laboratórios de virologia e/ou anatomia patológica para raiva. É indicada, também,
para aqueles que atuam no campo na captura, vacinação, identi� cação e classi� cação de
mamíferos passíveis de portarem o vírus, bem como funcionários de zoológicos.
Com a vacina de cultivo celular
Esquema: 3 doses.
Dias de aplicação: 0, 7, 28.
Via de administração e dose: intramuscular profunda, utilizando dose completa; ou
havendo capacitação técnica, por via intradérmica, utilizando a dose de 0,1ml.
Local de aplicação: músculo deltóide ou vasto lateral da coxa (não aplicar em glúteo).
Controle sorológico: a partir do 14º dia após a última dose do esquema.
Resultados:
• insatisfatório – se o título de anticorpos for menor do que 0,5 UI/ml. Nesse caso,
aplicar uma dose de reforço e reavaliar a partir do 14º dia após o reforço;
• satisfatório – se o título de anticorpos for maior ou igual a 0,5 UI/ml.
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Quadro 1. Esquema para tratamento profi lático anti-rábico humano com a vacinade cultivo celular
Condiçõ es doanimal agressor1
Cão ou gato semsuspeita de raiva no
momento da agressão
Cão ou gato clinicamentesuspeito de raiva no
momento da agressão
Cão ou gato raivoso,desaparecido ou morto;
Animais silvestres(inclusive os domiciliados)2
Animais domésticos de interes-se econô mico ou de produção
Tipo de exposição
Contato indiretoL avar com água e sabão
Não tratar
L avar com água e sabão
Não tratar
L avar com água e sabão
Não tratar
Acidentes leves
F erimentos superfi ciais, pouco extensos, geral-mente únicos, em tronco e membros (exceto mãos, polpas digitais e planta dos pés);
Podem acontecer em decorrê ncia de morde-duras ou arranhaduras causadas por unha ou dente;
L ambedura de pele com lesõ es superfi ciais
L avar com água e sabão
Observar o animal durante10 dias após a exposição
Se o animal permanecersadio no período de obser vação,encerrar o caso
Se o animal morrer,desaparecer ou se tornar raivoso, administrar5 doses de vacina(dias 0, 3, 7 , 14 e 28)
L avar com água e sabão.
Iniciar tratamento com duas doses, uma no dia 0 e outra no dia 3
Observar o animal durante10 dias após a exposição
Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o trata-mento e encerrar o caso
Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, completar o esquema até 5 doses. Aplicar uma dose entre o 7 º e o 10º dia e uma dose nos dias 14 e 28
L avar com água e sabão.
Iniciar imediatamente o tratamento com 5 (cinco) doses de vacina administra-das nos dias 0, 3, 7 , 14 e 28
Acidentes graves
F erimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ouplanta do pé;
F erimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo;
L ambedura de mucosas;
L ambedura de pele onde já existe lesão grave;
F erimento profundocausado por unhade gato.
L avar com água e sabão
Observar o animal durante10 dias após exposição
Iniciar tratamento com duas doses: uma no dia 0 e outra no dia 3.
Se o animal permanecer sadio no período de obser vação, encerrar o caso
Se o animal morrer, desapa recerou se tornar raivoso, dar continui-dade ao tratamento, administran-do o soro3 e completando o es-quema até 5 (cinco) doses. Aplicar uma dose entre o 7 º e o 10º dia e uma dose nos dias 14 e 28
L avar com água e sabão.
Iniciar o tratamento com soro3
e 5 doses de vacina nos dias 0, 3, 7 , 14 e 28
Observar o animal durante10 dias após a exposição
Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o trata-mento e encerrar o caso
L avar com água e sabão
Iniciar imediatamente o tratamento com soro3 e 5 doses de vacina nos dias 0, 3, 7 , 14 e 28
1. É preciso sempre avaliar os hábitos e cuidados recebidos pelo cão e gato. Podem ser dispensadas do tratamento as pessoas agredidas por cão ou gato que, com certeza, não tê m risco de contrair a infecção rábica. Por exemplo, animais que vivem dentro do domicílio (exclusivamente), não tê m contato com outros animais desconhecidos e que somente saem à s ruas acompanhados de seus donos, que não circulem em área com a presença de morcegos hematófagos.
Em caso de dúvida, iniciar o esquema de profi laxia indicado. Se o animal for procedente de área de raiva controla-da, não é necessário iniciar o tratamento. Manter o animal sob observação e só indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso.
2. Nas agressõ es por morcegos, deve-se indicar a soro-vacinação independente da gravidade da lesão, ou indicar conduta de reexposição.
3. Aplicação do soro perifocal na(s) porta(s) de entrada. Quando não for possível infi ltrar toda a dose, a quantidade restante deve ser aplicada pela via intramuscular, podendo ser utilizada a região glútea. Sempre aplicar em local anatô mico diferente do que aplicou a vacina.
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Quadro 2. Esquemas de reexposição, conforme o esquema e vacina prévios e a vacinaa ser utilizada por ocasião da reexposição
Tipo de esquema VacinaEsquema de reexposição
Cultivo celular
Completo Cultivo celulara) até 9 0 dias: não tratar
b) após 9 0 dias: duas doses, uma no dia 0 e outra no dia 3
Incompleto2 Cultivo celular1
a) até 9 0 dias: completar o número de doses
b) após 9 0 dias: ver esquema de pós-exposição (conforme o caso)
1. Pelo menos duas doses de vacina de cultivo celular em dias alternados;
2. Não considerar o esquema anterior se o paciente recebeu número menor de doses do que aqueles referidos nas notas acima.
Quadro 3. Conduta em caso de possível exposição ao vírus da raiva em pacientes que receberam esquema de pré-exposição
Sorologia comprovada (titulação)Vacina
Cultivo celular
Com comprovação sorológica(título maior ou igual a 0,5UI/ml).
Duas doses: uma no dia 0 e outra no dia 3
Sem comprovação sorológicaou titulo inferior a 0,5UI/ml
Verifi car o Quadro 2, em caso de esquema vacinal incompleto
Observação: o controle sorológico é exigência básica para a correta avaliação da pessoa vacinada.
Importante
Deve-se fazer o controle sorológico anual dos pro� ssionais que se expõem permanen-
temente ao risco de infecção ao vírus da raiva, administrando-se uma dose de reforço
sempre que os títulos forem inferiores a 0,5 UI/ml. Repetir a sorologia a partir do 14º
dia, após a dose de reforço.
VacinaVacina de cultivo celular
São vacinas mais potentes, seguras e isentas de risco. São produzidas em cultura de
células (diplóides humanas, células Vero, células de embrião de galinha, etc.) com cepas de
vírus Pasteur (PV) ou Pittman-Moore (PM) inativados pela betapropiolactona. São apre-
sentadas sob a forma lio� lizada, acompanhadas de diluente; devem ser conservadas em
geladeira, fora do congelador, na temperatura entre + 2ºC a + 8ºC, até o momento de sua
aplicação, observando o prazo de validade do fabricante. A potência mínima destas vacinas
é 2,5 UI/dose.
D ose e via de aplicação – são apresentadas nas doses de 0,5ml e 1ml, dependendo do
fabricante (veri� car embalagem e/ou lote). A dose indicada pelo fabricante independe da
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620 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS
idade e do peso do paciente. A via de aplicação recomendada é a intramuscular, na região
do deltóide ou vasto lateral da coxa. Em crianças até 2 anos de idade, está indicado o vasto
lateral da coxa. A vacina não deve ser aplicada na região glútea.
Contra-indicação – a vacina não tem contra-indicação (gravidez, mulheres lactantes,
doença intercorrente ou outros tratamentos). Sempre que possível, recomenda-se a inter-
rupção do tratamento com corticóides e/ou imunossupressores ao iniciar o esquema de
vacinação. Não sendo possível, tratar a pessoa como imunodeprimida.
Eventos adversos – as manifestações adversas relatadas com maior freqüência são rea-
ção local, febre, mal-estar, náuseas e cefaléia. Não há relato de ocorrência de óbito associado
ao uso da vacina de cultivo celular.
A freqüência de reações neurológicas associadas a esta vacina, citada na literatura
cientí� ca, é baixa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até junho de
1996 haviam sido relatados seis casos de reações neurológicas temporalmente associadas à
vacina. Em cinco foram registrados quadros de fraqueza ou parestesia, sendo que em um
dos pacientes ocorreu dé� cit muscular permanente do músculo deltóide. O sexto paciente
apresentou quadro neurológico semelhante ao de esclerose múltipla. A incidência de mani-
festações neurológicas, considerando-se todos estes casos como realmente provocados pela
vacina, é de cerca de 1 para cada 500 mil pacientes tratados.
Nos EUA, a incidência de reações alérgicas noti� cadas à vacina de células diplóides foi
de 11 casos por 10 mil pacientes tratados (0,11%). As reações variam de urticária a ana� la-
xia e ocorrem principalmente após as doses de reforço; em 1/10 mil tratamentos é registra-
da reação ana� lática do tipo I; a maioria das reações, 10/10 mil, é de hipersensibilidade do
tipo III. A evolução é boa e a maioria dos pacientes não necessita internação hospitalar.
SorosSoro h eterólogo
O soro heterólogo é uma solução concentrada e puri� cada de anticorpos, preparada
em eqüídeos imunizados contra o vírus da raiva. Deve ser conservado em geladeira, entre
+2º a +8ºC, observando o prazo de validade do fabricante.
A dose indicada é de 40 UI/kg de peso do paciente. Deve-se in� ltrar nas lesões a maior
quantidade possível da dose do soro. Quando a lesão for extensa e múltipla, a dose pode ser
diluída em soro � siológico, para que todas as lesões sejam in� ltradas. Caso a região anatô-
mica não permita a in� ltração de toda a dose, a quantidade restante, a menor possível, deve
ser aplicada por via intramuscular, na região glútea.
Quando não se dispuser do soro ou de sua dose total, aplicar inicialmente a parte
disponível. Iniciar imediatamente a vacinação e administrar o restante da dose de soro re-
comendada antes da 3ª dose da vacina de cultivo celular. Após esse prazo, o soro não é mais
necessário.
O uso do soro não é necessário quando o paciente recebeu tratamento completo ante-
riormente. No entanto, em situações especiais, como pacientes imunodeprimidos ou dúvi-
das com relação ao tratamento anterior, se houver indicação o soro deve ser recomendado.
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Eventos adversos – os soros atualmente produzidos são seguros mas podem causar
eventos adversos, como qualquer imunobiológico. As reações mais comuns são benignas,
fáceis de tratar e apresentam boa evolução. A possibilidade de ocorrência destas reações
nunca contra-indica a prescrição do soro.
Eventos adversos que podem ocorrer após a administração do soro heterólogo:
• manifestações locais – dor, edema e hiperemia e, mais raramente, presença de abs-
cesso. São as manifestações mais comuns, normalmente de caráter benigno.
Conduta: não é necessário noti� car. Deve ser feito tratamento local, com o objetivo
de diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão.
• manifestações imediatas – choque ana� lático. Manifestação rara que pode ocorrer
nas primeiras duas horas após a aplicação. Os sintomas mais comuns são formi-
gamento nos lábios, palidez, dispnéia, edemas, exantemas, hipotensão e perda de
consciência.
Conduta: noti� car e investigar. Substituir o soro por imunoglobulina anti-rábica.
Cuidado intensivo.
• manifestações tardias: ocorrem com mais freqüência até a segunda semana após a
aplicação do soro.
❯ Doença do soro – caracterizada por edema e eritema no local de aplicação do
soro, febre, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia, sudorese, desidra-
tação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas, infartamento e in� amações
ganglionar e, mais raramente, vasculite e nefrite.
❯ R eação de Arthus – caracterizada por vasculite local acompanhada de necrose,
dor, tumefação, rubor e úlceras profundas. Também é um quadro muito raro.
Conduta: noti� car e investigar. Deve ser feito acompanhamento clínico por ser-
viço especializado.
Com o conhecimento existente na literatura disponível e pela experiência acumulada,
é possível inferir que o teste de sensibilidade ao soro heterólogo tem valor preditivo
baixo e por isso não é indicado. A conduta mais importante antes de sua administra-
ção é rigoroso interrogatório sobre os antecedentes do paciente, avaliando:
• ocorrência e gravidade de quadros anteriores de hipersensibilidade;
• uso prévio de imunoglobulinas de origem eqüídea;
• existência de contatos freqüentes com animais, principalmente com eqüídeos,
por exemplo, nos casos de contato pro� ssional (veterinário) ou por lazer.
Em caso de resposta a� rmativa a um dos itens anteriores, classi� car o paciente como
de risco e considerar a possibilidade de substituição do soro heterólogo pelo soro homólo-
go (imunoglobulina humana anti-rábica), se disponível. Caso não haja disponibilidade de
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622 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS
soro homólogo, aconselha-se a pré-medicação deste paciente antes da aplicação do soro
heterólogo.
Antes da administração do soro heterólogo, aconselha-se sempre a seguinte rotina,
para qualquer paciente:
• garantir bom acesso venoso, mantendo-o com soro � siológico a 0,9% (gotejamento
lento);
• dentro das possibilidades, é conveniente deixar preparado:
❯ laringoscópio com lâminas e tubos traqueais adequados para o peso e idade;
❯ frasco de soro � siológico e/ou solução de Ringer lactado;
❯ solução aquosa de adrenalina (preparada na diluição de 1:1 mil) e de amino� lina
(10ml = 240mg).
Após receber o soro heterólogo, o paciente deverá ser observado pelo prazo de duas
horas.
Pré-medicação – na tentativa de prevenir ou atenuar possíveis reações adversas ime-
diatas em pacientes de risco, podem ser utilizadas drogas bloqueadoras dos receptores H1 e
H2 da histamina (anti-histamínicos) e um corticosteróide em dose anti-in� amatória:
Eventos adversos
M anifestações locais – pode provocar reações de caráter benigno com dor, edema e
hiperemia e, mais raramente, presença de abscesso.
Conduta: não é necessário noti� car. Deve ser feito tratamento local com o objetivo
de diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão.
M anifestações imediatas – choque ana� lático. Raro, mas pode ocorrer na adminis-
tração do soro anti-rábico heterólogo. Nas primeiras duas horas após a aplicação, podem
ocorrer formigamento nos lábios, palidez, dispnéia, edemas, exantemas, hipotensão e perda
da consciência.
Conduta: noti� car e investigar. Substituir o soro por imunoglobulina anti-rábica.
Cuidado intensivo.
M anifestações tardias
• Doença do soro – febre, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia, sudorese,
desidratação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas, infartamento e in� a-
mações dos linfonodos, vasculite, nefrite.
• Reação de Arthus – vasculite local acompanhada de necrose, dor, tumefação, rubor,
necrose, úlceras profundas.
Conduta: noti� car e investigar. Deve ser feito acompanhamento clínico por serviço
especializado.
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Opção 1. Via parenteral
Crianças Adultos
Antagonistas dos receptores H1 da histamina
Maleato de dextroclorfeniramina ou
Prometazina
0,08mg/kg
0,5mg/kg
5mg
50mg
Antagonistas dos receptores H2 da histamina
Cimetidina ou
Ranitidina
10mg/kg
1,5mg/kg
300mg
50mg
Corticosteróide 10mg/kg 500mg
A aplicação do soro anti-rábico heterólogo deverá ser realizada 20 a 30 minutos após
a aplicação da pré-medicação acima (esquema parenteral).
Opção 2. Via oral
Posologia Dose máxima
Antagonistas dos receptores H1
Maleato de dextroclorfeniramina oral (xarope) 0,2mg/kg 5mg
Antagonistas dos receptores H2
Cimetidina ou
Ranitidina
20 a 30mg/kg
1 a 2mg/kg
400mg
300mg
Corticosteróide
Hidrocortisona (via venosa) ou
Dexametasona (fosfato) intramuscular
10mg/kg
2 ou 4mg
1000mg
20mg
A aplicação do soro anti-rábico heterólogo deverá ser realizada aproximadamente
2 horas após a aplicação da pré-medicação acima (esquema oral).
Opção 3. Esquema misto
Posologia Dose máxima
Antagonistas dos receptores H1 - via oral
Maleato de dextroclorfeniramina oral (xarope) 0,2mg/kg 5mg
Antagonistas dos receptores H2 – parenteral
Cimetidina ouRanitidina
10mg/kg
3mg/kg
300mg
100mg
Corticosteróide
Hidrocortisona – intravenosa ou
Dexametasona – intramuscular
10mg/kg
2 ou 4mg
1000mg
20mg
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624 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS
Imunoglobulina humana anti-rábica – Soro homólogo
A imunoglobulina humana anti-rábica, uma solução concentrada e puri� cada de an-
ticorpos, preparada a partir de hemoderivados de indivíduos imunizados com antígeno
rábico, é um produto mais seguro que o soro anti-rábico porém de produção limitada e, por
isso, de baixa disponibilidade e alto custo. Deve ser conservada entre + 2° e + 8° C, protegida
da luz, observando-se o prazo de validade do fabricante.
A dose indicada é de 20 UI/kg de peso. Deve-se in� ltrar a maior quantidade possível
na(s) lesão(ões). Quando a lesão for muito extensa e múltipla, a dose indicada pode ser di-
luída em soro � siológico para que todas as lesões sejam in� ltradas. Caso a região anatômica
não permita a in� ltração de toda a dose, a quantidade restante, a menor possível, deve ser
aplicada por via intramuscular, na região glútea.
Eventos adversos
Manifestações locais – pode provocar reações de caráter benigno como dor, edema,
eritema e, mais raramente, abscesso.
Conduta: não é necessário noti� car. Deve ser feito tratamento local com o objetivo
de diminuir a dor, a tumefação e a vermelhidão.
Manifestações sistêmicas – leve estado febril. Em presença de gama-globulinemia ou
hipogamaglobulinemia pode ocorrer reação ana� lática. Raramente, reação de hipersensi-
bilidade.
Conduta: noti� car e investigar.
N otas:
• A imunoglobulina humana anti-rábica (soro homólogo) está disponível nos Centros
de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries) do Programa de Imunizações
das secretarias de saúde dos estados e do Distrito Federal.
• Os eventos adversos ao soro anti-rábico humano (heterólogo ou homólogo) devem
ser investigados e noti� cados ao sistema de vigilância de eventos adversos do Pro-
grama Estadual de Imunizações da secretaria de saúde dos estados ou do Distrito
Federal.
Abandono de tratamento
O tratamento pro� lático anti-rábico humano deve ser garantido todos os dias, inclusi-
ve nos � nais de semana e feriados, até a última dose prescrita (esquema completo).
É de responsabilidade do serviço de saúde que atende o paciente realizar busca ativa
imediata daqueles que não comparecem nas datas agendadas para a aplicação de cada dose
da vacina prescrita.
As condutas indicadas para pacientes que não comparecem na data agendada estão a
seguir descritas.
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Paciente em uso da vacina de cultivo celular• No esquema recomendado (dias 0, 3, 7, 14 e 28 ), as cinco doses devem ser adminis-
tradas no período de 28 dias a partir do início do tratamento.
• Quando o paciente faltar para a segunda dose: aplicar no dia que comparecer e agen-
dar a terceira dose com intervalo mínimo de 2 dias.
• Quando o paciente faltar para a terceira dose: aplicar no dia que comparecer e agen-
dar a quarta dose com intervalo mínimo de 4 dias.
• Quando o paciente faltar para a quarta dose: aplicar no dia que comparecer e agen-
dar a quinta dose para 14 dias após.
B ases gerais do tratamento
• A pro� laxia contra a raiva deve ser iniciada o mais precocemente possível.
• Sempre que houver indicação, tratar o paciente em qualquer momento, independen-
temente do tempo transcorrido entre a exposição e o acesso à unidade de saúde.
• A história vacinal do animal agressor não constitui elemento su� ciente para a dis-
pensa da indicação do tratamento anti-rábico humano.
• Havendo interrupção do tratamento, completar as doses da vacina prescritas ante-
riormente e não iniciar nova série.
• Recomenda-se que o paciente evite esforços físicos excessivos e bebidas alcoólicas
durante e logo após o tratamento.
• Em caso de acidente por vacina anti-rábica de vírus vivo, o paciente deve receber
esquema completo (soro + vacina).
• Não se indica o uso de soro anti-rábico para os pacientes considerados imunizados
por tratamento anterior, exceto nos casos de paciente imunodeprimido ou em caso
de dúvidas sobre o tratamento anterior, quando deve-se indicar o soro.
• Nos casos em que só tardiamente se conhece a necessidade do uso do soro anti-
rábico ou quando há qualquer impedimento para o seu uso, aplicar a dose de soro
recomendada antes da aplicação ou até a 3ª dose da vacina de cultivo celular. Após
esse prazo o soro não é mais necessário.
Sobre o ferimento• Lavar imediatamente o ferimento com água corrente, sabão ou outro detergente.
A seguir, devem ser utilizados antissépticos que inativem o vírus da raiva (como
o polvidine, clorexidine e álcool-iodado). Essas substâncias deverão ser utilizadas
uma única vez, na primeira consulta. Posteriormente, lavar a região com solução
� siológica.
• A mucosa ocular deve ser lavada com solução � siológica ou água corrente.
• O contato indireto é aquele que ocorre por meio de objetos ou utensílios contami-
nados com secreções de animais suspeitos. Nestes casos, indica-se apenas lavar bem
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o local com água corrente e sabão.
• Em casos de lambedura na pele íntegra, por animal suspeito, recomenda-se lavar o
local com água e sabão.
• Não se recomenda a sutura dos ferimentos. Quando for absolutamente necessário,
aproximar as bordas com pontos isolados. Havendo necessidade de aproximar as bor-
das, o soro anti-rábico, se indicado, deverá ser in� ltrado uma hora antes da sutura.
• Proceder à pro� laxia do tétano segundo o esquema preconizado (caso não seja va-
cinado ou com esquema vacinal incompleto) e uso de antibióticos nos casos indica-
dos, após avaliação médica.
• Havendo contaminação da mucosa, seguir o tratamento indicado para lambedura
na mucosa.
Sobre o animal• O período de observação de 10 (dez) dias é restrito aos cães e gatos.
• Considera-se suspeito todo cão ou gato que apresentar mudança brusca de com-
portamento e/ou sinais e sintomas compatíveis com a raiva, tais como salivação
abundante, di� culdade para engolir, mudança nos hábitos alimentares e paralisia
das patas traseiras.
• Sempre que possível, o animal agressor, cão ou gato, deverá ser observado. Se duran-
te o período de observação o animal morrer ou desenvolver sintomatologia compa-
tível com raiva, amostras de seu sistema nervoso central (SNC) deverão ser enviadas
para o laboratório de diagnóstico. Se necessário, o animal deverá ser sacri� cado após
o aparecimento de sintomas de paralisia. Cuidados deverão ser observados no ma-
nuseio do animal (EPIs), para evitar acidentes.
• A agressão por outros animais domésticos (bovinos, ovinos, caprinos, eqüídeos e
suínos) deverá ser avaliada e, se necessário, deverá ser indicado o tratamento pro-
� lático, lembrando que não se indica a observação desses animais com o objetivo
de de� nir a conduta para o ser humano. Se o animal morrer, sempre que possível
coletar amostra de tecido do SNC e enviar ao laboratório de diagnóstico.
• Está indicado tratamento, sistematicamente, para todos os casos de agressão por
animais silvestres, mesmo quando domiciliados e domesticados.
• Não é indicado tratamento nas agressões causadas pelos seguintes roedores e lago-
morfos (de áreas urbanas ou de criação):
❯ ratazana-de-esgoto (Rattus norvegicus);
❯ rato-de-telhado (Rattus rattus);
❯ camundongo (Mus musculus);
❯ cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus);
❯ hamster (Mesocricetus auratus);
❯ coelho (Oryetolagus cuniculus).
• Nas agressões por morcegos, deve-se proceder a sorovacinação, independentemente
do tipo de morcego agressor, tempo decorrido e gravidade da lesão. Em caso de re-
exposição, seguir as orientações especí� cas para cada caso.
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Importante
A imuno� uorescência para raiva é um exame importante, de alta sensibilidade e es-
peci� cidade. Quando o diagnóstico laboratorial do animal agressor for negativo pela
técnica de imuno� uorescência, o tratamento do paciente, a critério médico, pode ser
suspenso aguardando-se o resultado da prova biológica. Isso não se aplica para eqüí-
deos (cavalo, burro, jumento), exceto nos casos em que os fragmentos encaminhados
para o diagnóstico desses animais tenham sido o tronco encefálico e a medula.
Medidas de controle para raiva animal
Aspectos clínicos da raiva animal
Raiva no cão – os animais mais jovens são mais susceptíveis à infecção, cujo período
de incubação varia de dez dias a dois meses, em média. A fase prodrômica dura, aproxima-
damente, 3 dias. O animal demonstra alterações sutis de comportamento, anorexia, escon-
de-se, parece desatento e, por vezes, nem atende ao próprio dono.
Nessa fase ocorre um ligeiro aumento de temperatura, dilatação de pupilas e re� exos
corneanos lentos. Há duas apresentações de raiva no cão:
• furiosa – angústia, inquietude, excitação, tendência à agressão (morde objetos, ou-
tros animais e o próprio dono), alterações do latido (latido rouco), di� culdade de
deglutição, sialorréia, tendência a fugir de casa, excitação das vias geniturinárias, ir-
ritação no local da agressão, incoordenação motora, crise convulsiva, paralisia, coma
e morte;
• muda ou paralítica – fase de excitação ausente, inaparente ou curta, busca de luga-
res escondidos ao abrigo da luz (fotofobia), sintomas predominantes paralíticos, que
se iniciam pelos músculos da cabeça e pescoço, paralisia dos membros posteriores,
estendendo-se por todo o corpo do animal, di� culdade de deglutição, sialorréia,
coma e morte. Deve-se considerar que os sinais e sintomas das diferentes apresen-
tações não seguem, necessariamente, seqüências obrigatórias ou apresentam-se em
sua totalidade. O curso da doença dura em média dez dias e o animal pode estar
eliminando vírus na saliva desde o 5° dia, antes de apresentar os primeiros sinto-
mas. Em conseqüência das características da doença, o animal raivoso é facilmente
atropelado em vias públicas, o que exige muito cuidado ao prestar socorro a um
animal;
• diagnóstico diferencial da raiva canina – cinomose, encefalites não especi� cadas,
infestação por helmintos (migração de larvas para o cérebro), intoxicação por estric-
nina, atropina, doença de Aujeszky, eclâmpsia, ingestão de corpos estranhos.
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Raiva no gato – geralmente, apresenta-se sob a forma furiosa, com sintomatologia
similar à do cão. A mudança de comportamento, muitas vezes, não é observada, uma
vez que os gatos são animais “semidomésticos”. Em conseqüência das próprias carac-
terísticas dos felinos, o primeiro ataque é feito com as garras e depois com a mordida.
Devido ao hábito de se lamberem constantemente, as arranhaduras são sempre graves.
• diagnóstico diferencial da raiva felina – pode-se fazer o diagnóstico diferencial
com encefalites, intoxicação e traumatismo cranioencefálico.
Raiva em morcego – a patogenia da doença é pouco conhecida. O mais importan-
te a considerar é o fato de que o morcego pode albergar o vírus rábico em sua saliva e ser
infectante antes de adoecer, por períodos maiores que os de outras espécies. Algumas
apresentações da doença em morcegos foram assim registradas:
• raiva furiosa típica, com paralisia e morte;
• raiva furiosa e morte sem paralisia;
• raiva paralítica típica e morte.
Obs.: Deve-se ressaltar que um morcego é considerado suspeito de estar infectado
com o vírus da raiva quando for encontrado em horário e locais não habituais.
Diagnóstico laboratorial dos diferentes animaisO diagnóstico laboratorial é essencial tanto para a eleição de estratégias e de� nição
de intervenção no paciente como para o conhecimento do risco da doença na região
de procedência do animal. Os materiais de eleição para exame são cérebro, cerebelo e
medula. Em se tratando de eqüídeos, enviar também o tronco encefálico e a medula.
Caso não seja possível realizar a coleta do material, pode-se enviar a cabeça ou o animal
inteiro, quando de pequeno porte. O material deverá ser coletado por pro� ssional habi-
litado, de acordo com técnicas de biossegurança.
Acondicionamento, conservação e transporte – o material para diagnóstico deve
ser acondicionado em saco plástico duplo, vedado hermeticamente, identi� cado de for-
ma clara e legível, não permitindo que a identi� cação se apague em contato com a água
ou gelo.
A amostra, devidamente embalada e identi� cada, deve ser colocada em caixa de
isopor, com gelo su� ciente para que chegue bem conservada ao seu destino. A caixa
deve ser rotulada e bem fechada, não permitindo vazamentos que possam contaminar
quem a transporte.
O modo de conservação dependerá do tempo (estimado) decorrido entre a remes-
sa ao laboratório e o processamento da amostra:
• até 24 horas – refrigerado;
• mais de 24 horas – congelado;
• na falta de condições adequadas de refrigeração, conservar em solução com gli-
cerina a 50%.
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A qualidade do resultado laboratorial dependerá do estado de conservação do material
enviado. Materiais autolisados interferem nas técnicas laboratoriais, muitas vezes tornando
impossível a emissão do laudo.
Juntamente com o material, deve ser enviada a � cha epidemiológica completa, com o
nome e endereço do solicitante, a espécie do animal e os possíveis contatos com humanos e
animais; se houve observação do animal doente e qual o período; se o animal foi sacri� cado
ou morreu naturalmente, etc.
Quando enviados dois ou mais fragmentos de tecidos, especi� car no pedido e identi-
� car os mesmos.
Quadro 4. Espécie animal e fragmentos de eleição do SNC a ser coletado para diagnóstico laboratorial da raiva
Espécie animal F ragmentos do SNC a serem coletados (preferencialmente)
Humana Cérebro, cerebelo e medula
Canina/felina Corno de Amon e medula
Bovino Cerebelo e medula
Eqü ídeo (cavalo, jumento, burro) T ronco encefálico e medula
Ovino, caprino e suíno Cérebro, cerebelo e medula
Animal silvestreQuando possível, enviar o animal inteiro, para identifi cação da espécie; se não for possível, enviar o cérebro, cerebelo e medula
Observações:
Todo indivíduo que executa ou auxilia necropsias de animais com suspeita de raiva
deve se submeter ao esquema vacinal pré-exposição e ter seu soro dosado para anticorpos
anti-rábicos duas vezes ao ano, como forma de veri� car a manutenção do título protetor.
Como a raiva acomete todas as espécies de mamíferos, recomenda-se que todo e qual-
quer animal suspeito de estar infectado com o vírus da raiva seja encaminhado para diag-
nóstico laboratorial.
Ressalte-se o crescente número de morcegos positivos para a raiva e os inúmeros aci-
dentes que vêm causando aos humanos. Morcegos e outros animais silvestres pequenos de-
vem ser encaminhados inteiros, refrigerados ou congelados, para a identi� cação da espécie
e orientação de ações de controle de foco em até 72 horas após a noti� cação, se possível.
Os procedimentos de biossegurança devem ser rigorosamente seguidos, tanto no trato
com os animais suspeitos quanto com os pacientes humanos.
Defi nição de caso suspeito e confi rmado em cão e gatoCaso suspeito – todo cão ou gato que apresente sintomatologia compatível com raiva
e que possua história de agressão por outro animal suspeito ou raivoso. Todo cão ou gato
que apresente sintomatologia compatível com a raiva, mesmo sem antecedentes de contato
ou agressão conhecida por outro suspeito ou raivoso que resida ou provenha de áreas en-
dêmicas.
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Caso con� rmado – todo cão ou gato submetido a exame laboratorial e cujo material
se revele positivo para raiva em laboratório de diagnóstico. Todo cão ou gato que tenha sido
clinicamente diagnosticado como raivoso, por médico veterinário, e tenha evoluído para
óbito, ainda que não se tenha enviado material para laboratório de diagnóstico.
Como proceder diante de 1 ou mais casos de raiva canina:
• noti� car imediatamente o caso à vigilância epidemiológica municipal, centro de
controle de zoonoses (quando existir) e coordenação estadual do Programa de Pro-
� laxia da Raiva das secretarias estaduais de saúde;
• se o animal estiver vivo, não matar; juntamente com a autoridade sanitária garantir
que seja observado com segurança e alimentação adequadas, para o acompanhamento
da evolução do quadro. Se o animal apresentar sintomatologia compatível com a raiva
e não houver possibilidades de observação em local seguro, recomenda-se o sacrifício
do mesmo, por pro� ssional habilitado. Se o animal morrer, providenciar o envio do
encéfalo ao laboratório, devidamente conservado em gelo, jamais em formol.
Decisão/ação (agir até 72 horas após a noti� cação):
• investigar o caso;
• diagnosticar a situação;
• de� nir as intervenções.
Em caso de intervenção
Cabe ao proprietário – entregar para sacrifício todo animal que tenha sido agredido
por animal raivoso e contribuir para a execução do trabalho.
Cabe aos serviços de saúde – diante da recusa do proprietário, os pro� ssionais de
saúde, legalmente baseados nos códigos sanitários (federal, estadual ou municipal), devem
retirar o animal do domicílio ou via pública; os animais sem vacinação prévia devem ser
sacri� cados, podendo-se abrir exceção quando existir a segurança de que o animal agre-
dido tenha sido vacinado e esteja dentro do período de imunidade previsto para esse imu-
nobiológico (1 ano). Se não for realizado o sacrifício, o animal agredido deve ser mantido
con� nado e em observação por pelo menos 6 meses. Encaminhar à unidade de saúde todos
os indivíduos que tenham sido agredidos ou tiveram contato com o animal. Prosseguir a
investigação epidemiológica, a quanti� cação de casos em animais e a caracterização da área
do foco, com vistas a:
• informar e envolver a comunidade para participação efetiva nas ações de controle;
• vacinar os animais susceptíveis, sob cadastramento. Essa vacinação dos susceptíveis
dentro da área de foco deve ser do tipo “casa a casa”, com o objetivo de imunizar
100% da população canina estimada, devendo ser realizada nas primeiras 72 horas
após a detecção do foco;
• apreender cães errantes;
• realizar em locais adequados a observação de animais (cães e gatos) agressores, por
um período de 10 dias;
• estimular e providenciar o envio de amostras para laboratório;
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• proceder a revacinação, em prazo não inferior a 90 dias;
• delimitar o foco com base nos critérios estabelecidos pelo rastreamento da possível
fonte de infecção, barreiras naturais e organização do espaço urbano;
• estimular tanto a noti� cação negativa como a positiva.
Aspectos especí� cos da epidemiologia e controle da raiva animal
• Casos surgidos após 90 dias de intervenção caracterizam novos focos.
• A concomitância de casos dispersos em um município, considerando a baixa noti� -
cação, pode caracterizar uma epizootia.
• A persistência de casos animais, apesar da existência de intervenções, faz pensar na
falta de qualidade e e� cácia das medidas sanitárias ou, ainda, de que se trata de um
problema crônico – endemia ou até mesmo, em uma exacerbação do comportamen-
to da doença, epidemia.
• Sobretudo em áreas endêmicas impõe-se a necessidade da constituição de serviço
de apreensão rotineira de cães errantes. Calcula-se que se deva recolher anualmente
20% da população canina estimada aos canis públicos, onde devem permanecer por
prazo não superior a 72 horas – para serem resgatados por seus donos. Passado esse
prazo, serão doados às instituições de ensino biomédico ou submetidos à eutanásia.
O sucesso no controle da raiva canina depende de uma cobertura vacinal acima de
80% (desde que a estimativa canina seja con� ável). A estratégia a ser adotada nas
campanhas de vacinação em massa pode ser do tipo casa a casa, postos � xos ou
mistos (casa a casa + postos � xos), a critério de cada município.
• O controle da raiva silvestre, sobretudo do morcego hematófago, exige uma inter-
venção especí� ca. Em função da gravidade das agressões por morcegos, deve-se co-
municar o caso imediatamente aos serviços de saúde e à agricultura, para o desenca-
deamento das ações de controle de competência de cada instituição, e reportar-se ao
Manual sobre morcegos em áreas urbanas e rurais: manejo e controle, do Ministério
da Saúde.
Ações de educação em saú deOrientar o processo educativo no programa da raiva (urbana, rural e silvestre) tem
como ferramentas básicas a participação e a comunicação social, devendo ser necessaria-
mente envolvidos os serviços interinstitucionais, intersetoriais e multidisciplinares (pro-
� ssionais de saúde, agricultura, escolas, universidades, meio ambiente, Ongs, associações
de moradores, sindicatos rurais, proprietários de animais de estimação, proprietários de
grandes animais e a população em geral).
Estimular a posse responsável de animais.
Desmisti� car a castração dos animais de estimação.
Adotar medidas de informação/comunicação que levem a população a reconhecer a
gravidade de qualquer tipo de exposição a um animal; a necessidade de atendimento ime-
diato; as medidas auxiliares que devem ser adotadas às pessoas que foram expostas e/ou
agredidas; a identi� car os sintomas de um animal suspeito.
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D ivulgar os serviços existentes, desm isti� cando sim ultaneam ente o tratam ento pro-
� lático anti-rábico hum ano e estim ulando a responsabilidade do paciente com o cum pri-
m ento do esquem a indicado, visando à dim inuição do abandono e risco de ocorrência de
casos.
N ão valorizar a proteção do cão errante.
Estim ular a im unização anti-rábica anim al.
D esenvolver ações educativas especi� cam ente voltadas para o ensino fundam ental.
E s t r a t é g ia s d e p r e v e n ç ã oO tratam ento pro� lático de pessoas agredidas previne a ocorrência de novos casos.
A ssim , o tratam ento adequado é de sum a im portância para a elim inação da raiva hum ana.
Lem brar que pessoas sob risco devem tom ar a vacina para evitar a doença.
A vacinação periódica e rotineira de 80% dos cães (população real estim ada) e gatos
pode quebrar o elo da cadeia epidem iológica, im pedindo que o vírus alcance a população,
interrom pendo, assim , o ciclo urbano da raiva.
A captura de anim ais e o envio de am ostras ao laboratório ajudam no m onitoram ento
da circulação do vírus.
Já que di� cilm ente se consegue vacinar os cães errantes, fundam entais para a persis-
tência da cadeia de transm issão, recom enda-se a elim inação de 20% da população canina
visando reduzir a circulação do vírus.
C om relação a m orcegos, a ocorrência crescente de casos de raiva hum ana transm itida
pelos m esm os faz com que se conheça cada vez m ais detalhadam ente a raiva dos quirópte-
ros (m orcegos): seu com portam ento, distribuição e m aneiras de controle.
Estim ular a pesquisa, juntam ente com os órgãos am bientais, da raiva no ciclo silvestre
perm itirá traçar o per� l epidem iológico e identi� car a circulação viral.
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