rádio em revista nº 9
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Rádio em
Revista
Ano 3 - Edição Nº 9 - out/nov 13Distribuição gratuita e dirigida
www.radioemrevista.com
POR TRÁS DO MICROFONEcom Ricardo Boechat
POR ONDE ANDA?Sérgio Luiz - “Maradona”
MERCADO DE RÁDIO
PUBLICAÇÃO DA
ESCOLA DE RÁDIO
Rád
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neiro
Dial FM RJ
88,5 Tribuna (Petrópolis)89,5 Rádio Globo 90,3 MPB FM 90,9 Rádio Mania91,1 Bradesco Esporte FM91,7 Costa Verde (Itaguaí) 92,5 CBN 93,3 93 FM 94,1 Roquette Pinto 94,9 BandNews Fluminense95,7 SulAmérica Paradiso 96,5 Super Rádio Tupi 97,5 Rede Melodia 98,1 BEAT9898,9 MEC FM 99,9 JB FM 100,5 FM O Dia 101,1 Transamérica Pop 102,1 Rádio Mix 102,9 102,9103,7 Nativa 104,5 Rádio Família FM105,1 Rede Aleluia 105,9 Faixa comunitária 106,3 UCP Petrópolis106,7 Catedral 107,1 107 FM107,9 Rádio Gospel
Dial AM RJ
540 Rádio Fluminense580 Nossa Rádio 630 Roquette Pinto 680 Copacabana 710 Sucesso 760 Manchete 800 MEC AM 830 Tropical860 CBN 900 Tamoio 940 Super Rádio Brasil990 Rádio Record1030 Capital 1060 Canção Nova 1090 Metropolitana 1130 Nacional 1180 Mundial AM1220 Rádio Globo 1280 Super Rádio Tupi1320 Rádio Difusora Boas Novas (Petrópolis) 1360 Bandeirantes1400 Rio de Janeiro 1440 Rádio Livre1480 Rádio Popular (Duque de Caxias) 1520 Rádio Continental 1560 Grande Rio (Itaguaí)
Quer trabalhar em Rádio? Faça #escoladeradio
UMA PUBLICAÇÃO DA ESCOLA DE RÁDIO
diretor Ruy Jobim
editora-chefe Cris Jobim
repórter Thayz Guimarães
revisora Leila Sarmento
colaboradores Acácia Vieira Bruno Filippo
colunista Maurício Menezes
diagramação Cris Jobim
capa Victor Jobim
impressão SmartPrinter
tiragem 5.000 exemplares
contato Rua Pedro Américo, 147 lj A Catete | Rio de Janeiro | RJ
Tel.: (21) 3495-4900 contato@radioemrevista.com
www.radioemrevista.com
contato para publicidade comercial@radioemrevista.com
Rádio em Revista é uma publicação bimestral da escola de rádio e circula
gratuitamente na cidade do rio de janeiro.
As opiniões que aparecem
nos artigos assinados não representam necessariamente a
opinião da revista.
Índice
04 Editorial
05 Especial - Ídolo
06 Microfone Aberto
07 Por Onde Anda? Sérgio Luiz
08 Capa - Mercado de Trabalho em Rádio
14 Personalidade - Zé Zuca
15 Humor de Maurício Menezes
16 Por Trás do Microfone - Ricardo Boechat
20 Música - por Bruno Filippo
22 Mural - Rádio aniversariantes
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PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO:
FACULDADES E UNIVERSIDADES DE
COMUNICAÇÃO
COBAL HUMAITÁ
CENTROS CULTURAIS
RÁDIOS DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA DE RÁDIO
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Amar o Rádio, para mim, é muito fácil, estou nele por escolha.Vivi pouco dentro do meio radiofônico, mas tive a sorte de trabalhar em uma Rádio - a Rádio Universidade FM (107,9 FM) - em que toos eram movidos por pura paixão e idealismo.Lá conheci os melhores! Os maiores! Os que me fizeram ter certeza de que aquele caminho era parte do meu destino.
Continuo com minhas ideologias e romantismo, vibro quando vejo surgir algo diferente no Rádio, um novo ídolo que remete ao “antigo” glamour radiofônico. Falo disso nesta edição assinando o texto ao lado.
Na movimentação do Rádio - rapaz, isso é uma loucura! -, quando estava escrevendo sobre o cargo de chefia da Jovem Pan, a rádio acabou!
Edito
rial
Tudo acontece muito rápido, afinal Rádio é assim.
Por “Trás do Microfone”, pra mim, é um presente. Tempos atrás, fiz uma enquete no facebook perguntando qual entrevista gostariam de ler na RR e ele foi, disparado, o mais votado. Então, atendendo a pedidos dos que acompanham a revista no site, redes sociais e impresso, nesta edição: entrevista com Ricardo Boechat.
É isso!Mais uma edição feita com
garra, paixão e com a intenção de mostrar um lado do Rádio desconhecido para a maioria.
A partir desse mês entraremos em recesso. No ano que vem, novas edições e novos pontos de distribuição.
Boas festas!Aguardem novidades....
Cris Jobim
04
Rádio em
Revista
levando várias pessoas a, novamente,
voltar ao meio de comunicação mais
antigo e eficiente do mundo (na minha
opinião), o Rádio. E não estou falando
de um comunicador das principais
Rádios do Rio, da faixa AM, estou
falando de FM! Estou falando de TINO
JUNIOR.
Claro que muitos locutores têm
seus seguidores e fãs, mas, neste
caso, o que chama a atenção é o que
transforma pessoas comuns, antes,
absolutamente, desinteressadas em
Rádio – pois já faz 20 anos que estou
nesta área e sei que é assim –, hoje,
interessadas no trabalho radiofônico,
porque agora têm a possibilidade de
conhecer, de perto, o “Tino Junior da
Rádio” – veja que nem se sabe a rádio
da qual ele faz parte. A busca é pelo
ídolo.
Não estou aqui para fazer apologia
a um ou outro locutor ou Rádio, mas
sim para lembrar, sempre, da força
que o Rádio ainda pode ter, do poder
de persuasão que ele possui ao desper-
tar mais um “ídolo do Rádio carioca”,
ao querer arrastar fãs para a porta da
emissora. E sem esquecer-me de elo-
giar a força que um ídolo de Rádio
pode dispor ao andar pela rua e ouvir
um cara comum, no bar da esquina, di-
zendo: “Que é isso, fera!” •
Qual o real significado desta
palavra? Entre definições curtas e
diretas de dicionários, me deparei
com uma da Wikipédia que adorei:
“Um ídolo é, originalmente, um
objeto de adoração que representa,
materialmente, uma entidade
espiritual ou divina”.
Hoje, o termo “ídolo” expandiu-se
da esfera divina para a esfera humana.
É comum a menção de pessoas famosas
ou de destaque em sua área de atuação
profissional como “ídolos”.
Esclarecido o significado, lembro
aqui que foram inúmeros os ídolos de
rádio nas décadas de 40 a 60, figuras
que arrastavam multidões de fãs para
os auditórios ou mesmo às portas das
Rádios.
De uns tempos pra cá, com a
explosão da internet e, especialmente,
das redes sociais, são muitos os meios
de informação e divulgação dos
quais o artista pode se utilizar para
autopromoção. São muitos, também,
os que se “candidatam” a ídolos, mas
poucos os que realmente conseguem
vir a ser, de fato, o pretendido. A
mesma mídia que te levanta, pode
te derrubar, e os ídolos, às vezes, se
desmistificam.
Aí, eis que surge uma figura que
está enlouquecendo as mulheres e
ÍDOLOEspecial
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Rád
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Isabella Saes estreia site novo. Para
poder matar as saudades, os ouvintes
do “Tá na Hora” podem acessar o novo
site www.isabellasaes.com.br.
Dia 11 de outubro a Rádio Jovem
Pan encerrou as atividades no Rio.
A locutora Lorena Fernandes, que
comandou durante 12 anos as manhãs
da Rádio MIX, se despede do dial do
Rio. O horário de 6 às 10h fica sob o
comando do locutor Márcio Mio.
Maurício Menezes lança o DVD
“Plantão de Notícias - 21 anos de
humor no jornalismo”.
Uma campanha nas redes socias
com hashtag #VoltaRádioCidade
parece que vem dando forma ao dial
102,9 FM. Será?
A Lei nº 11.327, de 24 de julho de
2006, institui o Dia do Radialista.
Art. 1º Fica instituído, no
calendário das efemérides nacionais, a
ser comemorado no dia 7 de novembro,
data natalícia do compositor, músico e
radialista Ary Barroso.
A presidente Dilma Rousseff
assinou no dia 7 de novembro, às 11h,
o decreto que permite a migração das
emissoras de rádio AM para a faixa de
FM. A cerimônia será no Palácio do
Planalto e contará com a presença de
Mic
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ministros e parlamentares. O evento,
que acontece no Dia do Radialista, será
aberto a empresários e profissionais do
setor de radiodifusão.
A Rádio MEC, a mais antiga
emissora do país e a única que mantém
uma programação educativa e cultural,
está sendo completamente modificada.
De acordo com fontes ligadas à Rádio,
desde janeiro deste ano, centenas
de profissionais da emissora no Rio
estão sendo demitidos para dar lugar
a concursados.
Entre os dispensados estão
jornalistas, produtores executivos,
apresentadores, locutores, operadores
de áudio e técnicos de manutenção.
O advogado e vice-presidente
do Grupo RBS, Alexandre Jobim,
é o primeiro brasileiro a assumir
a presidência da AIR (Associação
Internacional de Radiodifusão) em 22
anos.
A Escola de Rádio irá oferecer novos
cursos técnicos profissionalizantes
autorizados pelo MEC e novos
cursos livres de aprendizagem e
aperfeiçoamento.
O Prêmio Rádio Rio vai acontecer
em 27 de janeiro de 2014. •
Leia as notícias no site da RR.
MOVIMENTO DO RÁDIO redacao@radioemrevista.com
Rádio em
RevistaPor O
nde Anda?
SÉRGIO LUIZ por Acácia Vieira
Tudo começou no final dos
anos 70, ainda na adolescência, no
primeiro emprego como vendedor de
calçados. A mulherada elogiava a voz
e o aconselhava para que procurasse
um curso e investisse na profissão de
locutor. Nesta mesma época, já era
ouvinte das Rádios Mundial, Ipanema
AM e da inesquecível Rádio Cidade
102,9 FM.
Um belo dia, ele tomou coragem
e fez um teste na Rádio Imprensa FM
para operador de áudio, mas acabou
saindo de lá aprovado como locutor. A
partir daí, adotaria o nome artístico
de Sérgio Luiz, no início dos anos 90,
quando foi líder de audiência com
o programa “Amor Sem Fim”, na
Sérgio Luiz
Rádio FM 105, emissora do Sistema
JB.
Fã de carteirinha do locutor de
TV Dirceu Rabello e do locutor dos
traillers de cinema Jorge Ramos,
Sérgio Luiz, nestes mais de 25 anos de
microfone, já passou pela 98 FM, JB
AM/FM, Nativa FM, Tupi AM, dentre
outras. Por intermédio do colega
Jorge Oliveira, Sérgio também fez,
durante um tempo, locução de cabine
para a TV Globo e, há mais de 15 anos,
grava chamadas da TV Brasil.
Desde 2004, seu novo desafio é
como locutor oficial do Maracanã,
substituindo Victorio Gutemberg
(que foi a voz do estádio por mais de
40 anos, desde 1962). A estreia, com
50 mil pessoas ali, observando tudo,
foi bastante tensa. Por fim, deu tudo
certo. Hoje ele até lamenta quando o
público é de só 5-10 mil pessoas.
Mas e agora, o que esperar mais
do futuro? Sérgio Luiz quer exercer
a profissão de todas as formas, até
quando não puder mais. Deseja
muito voltar para o Rádio, sua grande
paixão e onde tudo começou. Porque
primeira paixão... Ninguém esquece! •
Leia mais no site da RR:radioemrevista.com
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MERCADO DE RÁDIO
por Thayz Guimarães
Capa
Escolher a faculdade que irá
cursar, para muitos, não é tarefa
fácil. E vencida esta etapa ainda
resta o drama do primeiro estágio
e o do primeiro emprego. Quando
se é estudante de Comunicação, e
especialmente de Jornalismo, as
coisas podem então ficar ainda mais
confusas dada a abundância de
possibilidades que se abrem ao longo
da graduação. Um dos caminhos a
serem seguidos, por exemplo, embora
pouco vislumbrado, é o do Rádio.
Já se passaram 91 anos desde
a primeira irradiação oficial no Brasil
– uma transmissão feita a partir
do alto do Corcovado, na cidade do
Rio de Janeiro, em comemoração
ao Centenário da Independência.
De lá pra cá, o Rádio passou por
diversas transformações e assistiu
ao anúncio de sua morte inúmeras
vezes. A despeito disso, ele sobrevive
firme e forte como um dos meios de
comunicação mais populares até hoje.
É inegável o alcance do meio
radiofônico mesmo em tempos de
internet. Para se ter uma ideia,
“O rádio é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de
quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o
animador de novas esperanças; o consolador do enfermo; o guia dos
sãos, desde que realizem com o espírito altruísta e elevado”.
Roquette Pinto
Rádio em
RevistaCapa
segundo o Censo 2010 do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), 76% das casas brasileiras
possuem rádio, ao passo que 61% da
população permanece sem acesso
à internet no país. O problema, no
entanto, é de outra ordem.
Recentemente assistiu-se
ao fim (inesperado para o público)
da Jovem Pan Rio. Essa não foi a
primeira nem será a última estação
de Rádio a ter de fechar as portas.
Entretanto, este caso em especial leva
à reflexão acerca do momento que
vive o Rádio hoje, principalmente
o Rádio carioca, uma vez que, em
todos os seus principais segmentos
– jornalismo, música e popular – a
queda do lucro das vendas de espaço
publicitário é evidente.
Durante muito tempo, e talvez
ainda haja certo preconceito, o Rádio
foi visto como algo menor perante
seus pares – um meio sem o mesmo
prestígio do impresso e sem o mesmo
apelo ou glamour da televisão. Por
outro lado, aqueles que fazem ou
fizeram Rádio no Brasil atestam: a
paixão é inevitável, uma vez dentro, é
difícil querer sair.
Funções, oportunidades,
perspectivas, realidade profissional,
oferta de vagas, preconceitos,
paixões, apostas. Este é um pequeno
perfil mercadológico do Rádio
atual, especialmente o carioca, para
quem está começando na carreira
ou pretende segui-la. É também um
convite de leitura aos que veem com
maus olhos este meio de comunicação
que para muitos é o melhor do mundo.
RÁDIO É AMOR“Eu entrei na faculdade de
Jornalismo porque eu queria escrever
para jornal – coisa que, em 33 anos
de vida, eu nunca fiz. Aí acabei no
Rádio a convite de um amigo. Só que
Rádio apaixona, porque é muito fácil
gostar do Rádio. E aí você vai ficando,
vai ficando, vai ficando...”, Roberto
Moret.
Histórias como essa são muito
comuns entre aqueles que têm ou
tiveram a oportunidade de compor o
quadro profissional de uma emissora
de Rádio. É um mistério esse que
ronda a paixão exercida por um
meio de comunicação massiva como
o Rádio sobre seus profissionais,
transformados em amantes
compulsivos. É um amor que passa de
geração em geração e nunca cessa.
A estudante de Jornalismo
da Uerj Bárbara Vianna conta que
estagiar em Rádio não era o seu
objetivo principal quando ela entrou
na faculdade, mas foi apaixonante.
“Quando surgiu a oportunidade,
como era uma Rádio que eu amava,
eu pensei ‘ah, deve ser interessante’,
mas não foi aquilo ‘quero estagiar em
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0Rádio’. Só que é um mundo que eu
não imaginava, e eu estou adorando”.
INVESTIMENTOSO panorama do mercado de
Rádio, assim como o dos outros meios
de comunicação em geral, não é
igual em todas as capitais brasileiras.
Tomando por base os dois principais
polos irradiadores, Rio de Janeiro e
São Paulo, pode-se notar que, “de uns
dois ou três anos pra cá, houve um
esvaziamento da verba publicitária
do Rádio no Rio; nós assistimos
à migração de grandes agentes e
grandes clientes para São Paulo”,
explica Alexandre Amorim, diretor
artístico das Rádios Mix e SulAmérica
Paradiso, que usa como exemplo da
crise gerada o corte de 50% no quadro
de empregados da Dial Brasil no
último ano, com vias a se adequar à
nova realidade do mercado.
Bruno Thys, diretor geral
do Sistema Globo de Rádio (SGR),
argumenta que não é bem por aí e que
esta discrepância de investimentos
publicitários entre a capital carioca
e a capital paulista sempre existiu.
“O mercado de São Paulo é mais
pujante. Sempre foi. São Paulo
concentra o maior número de
agências de publicidade e de clientes,
de uma forma geral. Mas o Rio,
principalmente a chamada Região
Metropolitana, que inclui a Baixada
e São Gonçalo, tem gerado muita
riqueza. O Rio vive um bom momento.
São Paulo, porém, continua sendo o
maior centro de negócios do país”.
E há ainda aqueles que veem
o mercado do Rio, hoje, como algo
muito positivo. “Eu acho que esse é
um dos melhores momentos que o
mercado de Rádio está vivendo nos
últimos anos. Ele está bem aquecido,
são poucos os desempregados e
quando há vagas não aparecem muitos
candidatos”, afirma o consultor
de Rádio, Eduardo Andrews, que
precisou voltar atrás na sua afirmação
pouco tempo depois, visto que, assim
como o público em geral, foi pego de
surpresa pelo fechamento da Jovem
Pan Rio, no dia 11 de outubro. “Acho
que minha fala caducou”, ele brincou
ao telefone.
A REALIDADESobre o mercado de Rádio,
a opinião é unânime: faltam
investimentos e reciclagem de pessoal;
quem está dentro, normalmente, sai
quando recebe uma proposta melhor,
seja em outra Rádio ou em outro meio
de comunicação, quase sempre a TV;
quem ainda não entrou precisa suar a
camisa para conseguir um lugar ao sol
dentre tantas cadeiras cativas.
Jornalista com mais de dez
anos de experiência, Roberto Moret
considera o mercado de Rádio
Capa
Rádio em
RevistaCapa
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muito ruim devido “à forma que se
enxerga o Rádio, tanto por parte
dos publicitários quanto dos donos
dos dials que têm aqui”. Além disso,
ele afirma, “a publicidade investe
no Rádio só quando sobra verba
da televisão. Sobrou verba, coloca
dinheiro no Rádio. Os salários do
Rádio são muito baixos, então os bons
profissionais acabam saindo fora. Eu
sempre fui um apaixonado por Rádio,
mas fui obrigado a sair porque não
dava mais”.
Bárbara Vianna, estagiária de
produção da MPB FM há apenas sete
meses, concorda que o mercado não é
positivo para quem está começando
e joga outras luzes sobre a questão.
“Eu vejo um mercado fechado, um
mercado pequeno. São poucas as
rádios, mas se você está dentro, as
suas chances aumentam, porque as
pessoas rodam entre as rádios”. Ela
explica: “Sempre que você conversa
com algum profissional de Rádio,
eles são claros: os profissionais
rodam entre as emissoras, são as
mesmas pessoas sempre, elas saem de
uma rádio e vão para outra, e assim
sucessivamente”.
OPORTUNIDADESDe acordo com o relatório
“Tendências Mundiais de Emprego”,
da OIT (Organização Internacional
do Trabalho), o número de
desempregados no mundo aumentou
em 4,2 milhões em 2012, atingindo
197 milhões de pessoas, uma taxa de
desemprego de 5,9 %. Mas a situação
é ainda mais agravante para os jovens,
com quase 74 milhões de pessoas
entre 15 e 24 anos desempregadas
no mundo, uma taxa de desemprego
juvenil de 12,6%.
Em contrapartida, conforme
o relatório “Investindo na juventude:
Brasil”, da OCDE (Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), a taxa de desemprego
entre jovens no Brasil tem se reduzido
ano a ano, graças ao forte crescimento
econômico do país, porém, os jovens
ainda correm três vezes mais risco de
ficarem desempregados do que um
adulto. De janeiro a setembro deste
ano, o índice dos mais jovens ficou em
14,3%, enquanto a taxa média foi de
5,6%.
Segundo o diretor geral do
Sistema Globo de Rádio (SGR), o
mercado de trabalho se ampliou
bastante. “No passado recente havia
apenas Rádio, TV, jornal e revista.
A internet abriu um leque grande
de oportunidades. Além das TVs,
há também TV por assinatura e já
algumas iniciativas de TV via Internet.
As assessorias de comunicação se
profissionalizaram, pagam ótimos
salários e buscam profissionais no
rádio, na TV e nos jornais”, ele afirma.
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E pondera: “Se pensarmos apenas
em Rádio, é provável que o mercado
tenha ficado mais concentrado.
Mas o bom profissional hoje deve
estar aparelhado para trabalhar em
qualquer mídia, e transitar entre elas,
até porque, a convergência é a cada
dia maior. Isso acaba até sendo um
problema para manter as equipes não
só para Rádio, como para TV, internet
etc.”.
Quando se fala em Rádio,
logo se pensa em vozes empostadas
e na profissão de locutor, contudo as
oportunidades vão muito além desse
cargo e estão disponíveis em todas as
áreas: jornalismo, locução, produção,
programação, técnica e também na
área de negócios, comercial e área
financeira, garante Bruno Thys. O
diretor geral do SGR afirma ainda
que, no Sistema Globo de Rádio
“são, em média, 35 vagas para
jornalismo, área técnica e marketing.
O aproveitamento é grande, supera a
marca de 70% e, em alguns setores,
beira os 100%”.
SALÁRIOSO Rádio, muitas vezes, é
esquecido ou mesmo não encarado
como opção de trabalho pelos que
estão começando a carreira, quase
sempre devido à fama que possui
de pagar baixos salários – o que
não deixa de ser verdade, mas não
é de todo assim. “O Rádio não é
forte de salário se comparado com
outros veículos de comunicação,
especialmente a TV, mas a exposição
que o Rádio oferece ao radialista, por
exemplo, pode alavancá-lo para outras
possibilidades como de comerciais
e carreiras artísticas na televisão,
o que complementa a renda e paga
até melhor, na verdade”, explica
Alexandre Amorim, diretor artístico
da Mix e da SulAmérica Paradiso.
Outro fator a ser levado em
consideração na hora de se pleitear
uma vaga em uma estação de Rádio,
é que é um grande mito pensar que
existe apenas a função de locutor
e que um profissional conseguirá
visibilidade apenas por meio dela. “O
Rádio oferece várias oportunidades
de emprego além do cargo de
locutor, que, na verdade, em quesito
de salário, nem é a grande estrela
desse meio. Numa Rádio, nós temos
outros profissionais, como o diretor
artístico e o diretor de programação,
por exemplo, ganhando bem melhor
do que o locutor”. Afirma Alexandre
Amorim, assim como Bruno Thys.
UMA LONGA JORNADAOs problemas e as
dificuldades vividas pelo Rádio são
de fácil constatação, todavia há
que se arriscar uma saída. Moret
propõe um caminho: “Eu acho que
12
Capa
Rádio em
Revista
o grande lance é apostar mais em
novas pessoas. Já que o mercado não
paga bem, vamos pegar os melhores
alunos das faculdades e puxá-los pro
Rádio, para começarem no Rádio,
talvez. De repente é uma forma de
trazer gente nova com gás e fazendo
diferente no início da carreira, com
isso você consegue transformar, e aí
o Rádio vai ficar com uma qualidade
melhor, as pessoas vão começar a se
interessar mais, os anunciantes pode
ser que cheguem junto, e é cíclico, o
negócio vai melhorar. E terceirizar
a programação também. A maioria
da programação de TV a cabo, por
exemplo, é terceirizada. Por que o
Rádio, já que não tem capacidade de
fazer por falta de verba mesmo, não
podia terceirizar a programação ou
alguma coisa da programação para
trazer qualidade de conteúdo pra
dentro e também melhorar? Eu acho
que, de imediato, poderia ser isso,
mas é uma longa jornada”.
PERSPECTIVASAforismos e considerações:
“Não vislumbro uma
oportunidade de aumento salarial no
Rádio. Daqui a uns anos vai ganhar
menos do que hoje”, Alexandre
Amorim.
“Eu me vejo trabalhando
em Rádio. Não sei se é algo que eu
queira fazer a vida inteira, mas eu
gosto de trabalhar com música e me
vejo trabalhando com produção”,
Bárbara Vianna. E se não fosse uma
rádio musical? “Provavelmente não.
Nunca tive vontade. Primeiro que,
quem trabalha em rádio de hardnews,
normalmente, entra no ar, mesmo
estagiário, mesmo quem é pauteiro.
E eu acho que eu falo embolado, acho
que não tenho nada a ver com isso.
Eu não tenho vontade nem perfil de
hardnews”.
“Eu sou suspeito. Trabalhei
em jornal a vida toda e vim para o
Rádio. Percebo uma convivência entre
gerações, o que é muito saudável.
Há uma visão, talvez um pouco
romântica, do Rádio como o centro
do mundo, capaz de atender a todas
as necessidades do cidadão. E há o
pessoal que busca possibilidades de
conexão dos ativos do Rádio – emoção,
imediatismo, agilidade, mobilidade
- com outras mídias e novos meios.
Dessa junção nascerá um novo
Rádio. Aliás, o Rádio está mais vivo
do que nunca. Está se reinventando.
A internet é uma oportunidade. É
aliada e não inimiga, principalmente
o celular. Hoje, potencialmente, toda
a população tem um rádio nas mãos,
coisa que jamais se imaginou”, Bruno
Thys. •
Leia a matéria na íntegra no site da RR: radioemrevista.com
Capa1
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ZÉ ZUCA Pe
rson
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Zé Zuca trabalha há 30 anos para e com o público infantil.
Com seu programa Radioteca, pela Rádio MEC, foi um dos três finalistas do Festival Internacional de Programas de Rádio de Nova York, dentre 1547 programas de 18 países.
Atualmente produz, roteiriza, faz a trilha sonora e apresenta o programa “Rádio Maluca”, com duração de uma hora, ao vivo,
no Teatro SESI, aos sábados, das 11h às 12h. Crianças e famílias lotam o auditório do programa que já alcançou, na cidade do Rio de Janeiro, o quarto lugar de audiência em seu horário.
Uma grande personalidade do Rádio porque mantém viva a chama do “Rádio ao vivo” para uma geração tão importante que é o público infantil.
Parabéns Zé Zuca! •
14
Rádio em
RevistaH
umor
LIÇÕES DO DR. ROBERTO!Maurício Menezes
Jornalista, radialista e apresentador
Voltei para a Rádio Globo, onde
trabalhei de 1971 a 2000. Passei sete
anos na Tupi e agora voltei à rua do
Russel. Ao deixar a Tupi disse para o
seu diretor-geral, Alfredo Raymundo:
preferia que tivessem descoberto no
meu carro um microfone que eu estava
roubando e eu saísse da Tupi enxotado.
Seria menos traumático do que sair de
lá deixando para trás tantos amigos.
Na Rádio Globo descubro como
estão errados os que preveem o fim
do Rádio. A Rádio continua brilhante,
moderna, cheia de profissionais jovens
e muitos ainda do meu tempo. Todos
cheios de planos, cheios de motivação,
com os equipamentos mais modernos.
Meu querido amigo Eduardo
Andrews me chama para almoçar. À
mesa, lembro do dia em que o então
diretor-geral da Globo, Mário Luiz,
quis contratar a Cidinha Campos, que
tinha acabado de sair da Tupi. Mário
me pediu para promover um encontro
dele com a Cidinha. Reuni os dois no
restaurante Castelo da Lagoa e ficou
acertada a ida dela para a Globo.
Ao chegar na sua sala, Mário Luiz
ligou para o dr. Roberto Marinho, para
pedir autorização para contratar a
Cidinha.
- Por que você está me consultando?
Eu sempre lhe dei autonomia para
contratar quem quiser! Por que essa
consulta?
Mário Luiz explicou que a Cidinha
Campos tinha no programa da
Tupi um quadro em que analisava
a programação das Organizações
Globo e fazia críticas ao dr. Roberto.
Diariamente, o presidente das
Organizações Globo recebia uma
sinopse do que a Cidinha falava.
Dr. Roberto interrompeu Mário
Luiz:
- E qual o problema? Ela agora
passa a falar mal de mim na Rádio
Globo. Se for bom pra rádio, não
tem problema algum. Se os ouvintes
gostarem, está tudo bem...
Cidinha acabou não indo. A convite
de Leonel Brizola, ela entrou na vida
política. Mas até hoje eu lembro da cara
de Mário Luiz ao desligar o telefone.
Ficou a lição: no nosso trabalho,
devemos sempre nos preocupar com o
ouvinte. •
Leia outros texto no site da RR.
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Rád
io e
m R
evis
ta
RICARDO BOECHATPor Thayz Guimarães
TG: Você é um jornalista polivalente, já lançou livro, trabalha na TV, no Rádio, escreve para a ISTOÉ. Dentro desse espectro profissional, qual te dá mais prazer?
RB: O Rádio. Digamos que foi a
última e a mais intensa das experiências
profissionais que eu tive. Eu comecei a
fazer Rádio há pouco tempo, eu tenho
43 anos de jornalismo e faço Rádio há
menos de dez. O Rádio foi aquela com
a qual eu mais vibrei, num sentido
pleno de satisfação, porque eu sempre
fui muito envolvido com o que fiz e
com o que faço, eu vivo a adrenalina
do que faço. Eu mentiria se dissesse
que na coluna diária que eu fazia em O
Globo ou no JB eu não tinha um grau
de envolvimento que quase beirava o
Por e-mail, combinamos que eu ligaria na terça-feira, depois das 17h. Foram
inúmeras as tentativas sem sucesso, até que, quando já estava por desistir, aquela
voz grave soou do outro lado da linha, “Pronto”. No telefone, apresentei-me e pedi
30 minutos para a nossa entrevista. Ele, assustado, respondeu que “nem pensar,
não temos 30 minutos”, e caiu na gargalhada. Ricardo Boechat estava no pequeno
intervalo que separa suas funções de apresentador da BandNews FM das suas
tarefas como âncora do telejornal da Band, e pediu-me que eu o liberasse em dez
minutos, “a não ser que você me ligue amanhã de novo e aí fazemos mais dez”.
Não foi preciso. Lançada a primeira pergunta, o também colunista semanal da
ISTOÉ falou sem parar (por bem mais que o tempo estipulado).
Por T
rás
do M
icro
fone
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Rádio em
Revista
RICARDO BOECHAT patológico – eu ficava 24h antenado
naquele negócio, sábado, domingo, e
aquilo era um vício, uma dependência,
eu não fazia nada, absolutamente
nada, sem ter uma segunda percepção
antenada no que pudesse ser notícia.
Andar na rua, ir ao cinema, - quando
ainda tinha tempo - conversar com
alguém, o tempo todo eu estava com
um segundo plano racional atrás de
“qual é o fato que está aqui?”, “qual
é a notícia?”. Eu ficava 24h antenado
em televisão. O Rádio também me
impõe uma ligação tão prolongada
quanto – eu dou meu telefone no ar,
recebo telefonemas nos horários mais
díspares possíveis de ouvintes comuns
–, mas ele me dá uma resposta, uma
interação com o outro lado do balcão,
que nenhum outro tipo de mídia
oferece, muito menos a televisão. É
um veículo que aproxima, realmente,
os extremos: quem está no estúdio de
quem está ouvindo.
TG: Você comentou que tem o costume de dar seu telefone no ar, e a gente nota que a sua relação com o público é, realmente, muito estreita. Já aconteceu alguma situação inesperada na qual você tenha ficado de saia justa e não deu para cortar?
RB: Hoje é o Dia Nacional do Idoso
e uma senhora mandou um texto pra
mim dizendo que uma das vantagens
de envelhecer é perder a censura. É
difícil eu me ver em saia justa, porque
a saia justa sempre pressupõe que você
dê a cintura pra ela, e a minha cintura
está cada vez mais maleável, se é justa,
eu aperto, se é larga, eu dilato. Mas já
aconteceram situações que saíram do
imaginado, do previsto. Teve um caso
recente no Rio, quando desistiram de
fazer a missa do Papa, aquela missa
campal na Zona Oeste, porque alagou
tudo. Nós fomos pra lá – a minha
equipe foi, na verdade, e eu fiquei
aqui de São Paulo – conversar com
as pessoas que tinham alimentado
expectativas em relação àquilo,
pessoas que moravam lá – uma região
pobre –, principalmente quem tinha
feito investimentos para poder ter um
retorno com o evento. E uma dessas
pessoas era uma senhora que tinha
comprado, parece, mil frangos – ou
cem frangos, não me lembro – para
assar e vender. E eu me lembro que
comecei a entrevistá-la e perguntei
“quanto custou?”. Quando ela falou
o preço, eu fiquei tão impressionado,
porque eu não sabia que era tão baixo,
que eu comentei com o José Carlos
Araújo, que estava na linha naquela
hora, eu disse: “Olha só, Garotinho,
que preço bom! Eu não tinha ideia, o
frango é barato...”. Aí a mulher ficou
p***, com razão. “O senhor tá tirando
Por Thayz Guimarães
Por Trás do Microfone
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Rád
io e
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ta
onda com a minha cara?”. Coitada,
ela tinha perdido tudo o que tinha
colocado nos franguinhos. Eu pedi
desculpas, disse que não tive nenhuma
intenção de minimizar o problema
dela, mas ela não entubou muito bem,
ficou p*** mesmo.
TG: Pra você, qual a importância do Rádio hoje? Qual papel ele ocupa dentro da mídia como um todo?
RB: Eu vou te dizer o seguinte, é
uma opinião comprometida, porque
eu estou absolutamente envolvido e
seduzido pelo Rádio da forma como
a gente tem feito. Fazer Rádio para
reproduzir padrões caretas que a
televisão impõe por uma questão
de cultura ou de características de
componentes técnicos e operacionais,
eu acho uma bobagem, um desperdício.
O Rádio, mais do que qualquer outra
mídia, tem uma capacidade de integrar
o público ao seu cotidiano e ele próprio
se inteirar desse cotidiano do ouvinte,
que é, no meu ponto de vista, uma pena
que não se tenha percebido em todo o
sistema de Rádio o quanto essa relação
pode ser estreita, profícua, produtiva
e qualificadora do conteúdo. Pra mim,
o Rádio é, a despeito da internet, o
sobrevivente mor de todas as teorias
de extinção que sobre ele pesaram
quando surgiu a televisão, quando
surgiu o cinema, quando surgiu não sei
Por T
rás
do M
icro
fone
o quê, tudo veio para matar o Rádio. Eu
já ouvi o anúncio fúnebre do Rádio no
jornalismo, claro, várias vezes, e eis que
ele sobreviveu. Porém, uma estação de
Rádio tornou-se algo tão desprezível
do ponto de vista econômico no mundo
da comunicação, aliás, da indústria da
comunicação, que as estações eram
vendidas a preço de banana, razão pela
qual tantas delas foram parar nas mãos
de grupos religiosos que sequer eram
poderosos quando deram esse passo.
Tamanha era a oferta de canais, que
tinham grupos de comunicação que
possuíam estação de Rádio e não a
ativavam, porque não era interessante
comercialmente. O jornalismo, com
raras exceções, cometeu o pecado
de olhar para o Rádio como um
veículo menor, tanto é que, até hoje,
ele se ressente disso. Os salários são
bem menores, as figuras do Rádio,
apesar de sua popularidade com seu
público, são menos celebradas, você
não vê figuras do Rádio que você diga
“olha aqui fulano na foto da revista”.
Na verdade, o Rádio ainda carrega
um estigma, o radiojornalismo em
especial, de ser o primo pobre da
família jornalística. Mas ele conseguiu
sobreviver à inanição publicitária,
mercadológica e profissional às quais
foi submetido. Que grande figura do
jornalismo, num determinado período,
queria trabalhar em Rádio? Ninguém.
Na minha geração, poucos tiveram
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Rádio em
RevistaPor Trás do M
icrofoneinteresse em fazer Rádio. Se você pegar
todos os nomes de peso no jornalismo,
são poucos os de Rádio, a não ser
aqueles que começaram no Rádio e no
Rádio permaneceram.
TG: O Rádio não era muito celebrado, né?
RB: De fato, não era uma coisa
celebrada estar no Rádio, porque
o veículo foi estigmatizado, talvez
até compreensivelmente, como algo
menor, de menor potência, menor
alcance. Os grupos também não
constituíram grandes redes de Rádio
que fossem, de fato, como aquelas
antigas do tempo do Rádio como
o “senhor da mídia”, “senhor do
jornalismo”. Estas se desfizeram,
faliram, e outras não foram criadas.
A CBN esboçou uma rede de
radiojornalismo, fez uma rede de
radiojornalismo e colheu os frutos
– colhe até hoje, na verdade – dessa
visão. Mas, ainda sim, reproduzindo
em grande parte o que faz a Globo
na televisão. O fato é que o Rádio
sobreviveu a todas essas ameaças
de morte, algumas até bastante
consistentes, e vem ganhando
musculatura na terceira idade graças
não só à sua repaginação como
mídia, suas mudanças de linguagem,
conteúdo e conduta, como também
pelo caos crescente nas grandes
cidades, que tornam cativos do
trânsito urbano milhões de brasileiros,
além da portabilidade da mídia. Você
pega, hoje, um telefone rudimentar,
programa uma sintonia qualquer,
baixa lá um aplicativo qualquer e
ouve a programação da tua rádio com
um fonezinho de ouvido dentro do
ônibus, andando, trabalhando, e não
estou falando só de Rádios de notícia,
estou falando de qualquer uma. Essa
portabilidade é uma portabilidade
importante do Rádio, porque você
não precisa ficar olhando, você pode
associar o ouvir a fazer alguma coisa,
desenvolver outra atividade laboral,
você dirige ouvindo Rádio, você
trabalha ouvindo Rádio, você escreve
ouvindo Rádio, você come ouvindo
Rádio se você quiser. Você se desloca
e o Rádio vai contigo. A televisão não,
você tem que ficar olhando pra ela, você
não pode andar e ver televisão, dirigir
e ver televisão. A “revitaminização”
do Rádio, se é que existe essa
palavra – não deve existir –, sua
reinvenção por dentro, a imobilidade
humana já gigantesca e crescente, e a
portabilidade da mídia são três fatores
fundamentais. E o Rádio é o grande
instrumento de diálogo e convívio com
o público hoje em dia, não é a internet,
que é imobilizadora, que você tem que
ficar sentado, digitando, olhando. O
Rádio é um instrumento de convívio,
de comunicação muito ágil, muito rico,
muito bom. •
A íntegra da entrevista no site RR.
19
Rád
io e
m R
evis
ta
A recente edição do Rock in Rio
no Rio enseja-me falar de música
em sentido lato, como expressão
artística universal independente de
particularismos e nacionalismos
exaltados. E o faço com uma pergunta
que parece surreal: que há em comum
entre o conjunto de rock Scorpions –
que participou da primeira edição do
festival, no já longínquo ano de 1985
- e o compositor Herivelto Martins?
Aparentemente nada mais antípoda,
do que um conjunto de hard rock
alemão que canta em inglês e um dos
grandes compositores de samba e
canções da velha guarda da música
brasileira.
Num show na Cidade do México,
em 94, Scorpions canta em espanhol
“Ave Maria no Morro”, obra-prima
da música brasileira composta por
Herivelto no início dos anos 40 e
originalmente gravada por Dalva
de Oliveira em 1942. “Ave Maria
no Morro” é, ao mesmo tempo,
crônica social da tragédia brasileira e
homenagem à religiosidade popular.
É canção popular, com dramaticidade
que não escapa aos ouvidos mais ou
menos sensíveis – e que à época foi
considerada herética pelo Cardeal
Dom Sebastião Leme.
A gravação “Ave Maria no Morro”
pelo Scorpions está registrada no CD
“Live bites”, que reúne gravações ao
vivo de turnês pelo mundo realizadas
entre 1988 e 1995. Houve quem a
considerasse uma bizarrice. Sob
certa ótica, a que não enxerga a
música como uma linguagem artística
universal, não deixa de ser verdade.
Removidas as barreiras nacionais que
se erguem como juízos de valor, as
fronteiras musicais são sempre tênues.
Só os austríacos podem ouvir Mozart?
Só os alemães podem apreciar Bach e
Beethoven? Se levássemos esta lógica
(na verdade, a falta dela) realmente
a sério, nós brasileiros deveríamos
criticar os estrangeiros que admiram a
nossa música.
Só há um critério de validação
estética da música – e da arte, de
maneira geral: a qualidade. Não as
fronteiras nacionais; não as ideologias
políticas; não a classe social a que
ROCK ‘N’ ROLL, AVE-MARIA E MÚSICA BRASILEIRA
20
Mús
ica
Por Bruno Filippo - Jornalista e sociólogo
Rádio em
Revista
pertence o artista. Qualidade não se
confunde com gosto pessoal, que é
totalmente subjetivo: é perfeitamente
possível gostar de um artista cuja obra
é de qualidade inferior, e não ter a
capacidade de reconhecer isso é uma
das tragédias de nosso tempo.
A riqueza da linguagem artística
musical permite que uma obra
consagrada como “Ave Maria no
Morro” seja interpretada por um
conjunto de rock, numa ressignificação
estética que lhe mantém a emoção
despertada pela letra e pela melodia.
Ao longo das décadas, muitos
artistas, brasileiros e estrangeiros,
reinterpretaram-na.
Listo algumas interpretações
estrangeiras e brasileiras, incluindo a
versão do Scorpions:
ROCK ‘N’ ROLL, AVE-MARIA E MÚSICA BRASILEIRA
21
Música
Música “Ave-Maria no Morro”
Versão Scorpions:
http://youtu.be/O6hZyBPSzD0
Versão original Dalva de Oliveira:
http://youtu.be/NS8Yl8HMStA
Versão Polonesa:
http://youtu.be/vsoaIF8nj9I
Versão Italiana Andrea Bocceli:
http://youtu.be/IL_W4VZHVIg
Versão João Gilberto:
http://youtu.be/zWtAcTmRJeo
Leia este texto completo e outros
na coluna de Bruno Filippo no site da
RR. •
Rád
io e
m R
evis
taRádioaniversariantes de outubro e novembro
Adhemar Augusto Locutor
Genilson AraújoRepórter Aéreo
Aldenora Santos - Pudica Produtora
Ana Paula PortuguesaLocutora
Charles Ushoa Locutor
Glaucia AraújoLocutora
Hugo LagoLocutor Esportivo
LEMBRAR: PARABÉNS! Fonte: Facebook
Rádi
o M
ural
Ricardo Telles Locutor
05 de out
07 deout
21 de out
20 de out
16 de out
14 de out
04 de out
25 de out
07 de nov
Rádio em
Revista
Paulo Autunian Locutor
Amaury Santos Locutor
Alexandre AmorimDiretor Valéria Marques
Locutora
Van DammeProdutor
MarleneRAINHA DO RÁDIO
Renan MirandaProdutor
Bruno MenezesSupervisor
Rádio Mural
03 de nov 04 de
nov
06 de nov
07 de nov
08 de nov
11 de nov
12 de nov
22 de nov
07 de nov
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