recomendações para correção e adubação das áreas de implantação de saf’s em carauari, am
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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – Campus II Prédio do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), laboratório 6
Av. André Araújo, 2.936 - Petrópolis - CEP 69067-375 - Manaus -AM, Brasil. CEP 69080-971 - Fone: (92) 3643-3228.
Resultados da Análise de Solo e Recomendações para Correção e Adubação das
áreas de Implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF’s) em Carauari, AM.
Neste relatório procuramos apresentar, em uma linguagem simples e de maneira resumida,
os resultados da análise das amostras de solo coletadas pela equipe do Projeto Pioneiras (INPA,
PDBFF e INCT/Servamb), no mês de março de 2014, nas áreas de interesse para implantação de
sistemas agroflorestais (SAF’s) nas comunidades do Médio rio Juruá, em Carauari, AM. Com os
resultados em mãos, procuramos especialistas e consultamos a literatura para auxiliar na
interpretação desses resultados e nas recomendações para manejar o solo dessas áreas para o
plantio das culturas de interesse dos agricultores.
Desse modo, apresentamos uma breve interpretação desses resultados, oferecendo
detalhes sobre as recomendações para correção (calagem) e adubação do solo em cada área
amostrada para as culturas selecionadas. Por fim, oferecemos uma explicação resumida sobre a
origem, formação e constituição dos solos, trazendo informações sobre práticas que podem
prejudicar o solo e técnicas de manejo de cultivo alternativas que podem ser utilizadas para a
manutenção da qualidade e saúde dos solos, favorecendo o sucesso dos cultivos e da produção
agrícola.
Equipe do Projeto Pioneiras
Setembro de 2014
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – Campus II
2 Prédio do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), laboratório 6
Av. André Araújo, 2.936 - Petrópolis - CEP 69067-375 - Manaus -AM, Brasil. CEP 69080-971 - Fone: (92) 3643-3228.
1. Interpretando as análises de solo
A análise química do solo se baseia em um conjunto de informações que determina a
fertilidade do solo de uma área. Na tabela contendo os resultados da análise química é possível
visualizar a quantidade (teores) de nutrientes como fósforo (P), potássio (K), sódio (Na), cálcio (Ca),
magnésio (Mg), alumínio (Al), ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn) e cobre (Cu). A partir de
determinação do teor desses nutrientes, é possível calcular outras caracteísticas importantes do
solo, como o pH, a soma de bases (SB), a capacidade de troca catiônica (T ou CTC) e o índice de
saturação por bases (V).
Essas informações, em conjunto, são necessárias para avaliar o solo e recomendar medidas
para sua correção e adubação dos plantios. Ou seja, a partir da análise química pode-se verificar
tanto a quantidade de nutrientes disponíveis no solo como as condições em que esse solo se
encontra para o desenvolvimento das plantas no local.
A análise física (granulometria) determina a quantidade de grãos de areia, silte e argila no
solo, informando se o solo é mais argiloso ou arenoso. Essas informações são importantes porque,
em conjunto com a análise química, permitem recomendações mais específicas para a correção e
adubação do solo.
Os resultados das análises das onze amostras de solos coletadas nas comunidades de Novo
Horizonte, Pupuaí, Bauana, Bom Jesus e na Base Bauana, no município de Carauari, AM, indicam
que, no geral, os solos são extremamente ácidos e de baixa fertilidade natural, como a maioria dos
solos da região. A análise desses solos revelou que os nutrientes ocorrem em teores considerados
baixos, e que é necessário corrigir e adubar o solo dessas áreas para que os plantios planejados
possam se desenvolver e produzir bem.
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2. Resultado das análises de solo
A Tabela 1 abaixo sintetiza os principais resultados da análise de solo coletadas. Esses valores foram considerados para o
cálculo da calagem e adubação das culturas previstas para os plantios. As amostras foram analisadas no Laboratório de Análise de
Solos e Plantas (LASP) da Embrapa Amazônia Ocidental. Os resultados originais são apresentados no anexo.
Tabela 1. Síntese dos principais resultados da análise das amostras de solo coletadas nas comunidades de Carauari, AM.
Comunidade Proprietário pH P Fe Zn Mn Cu Ca K Na Mg Al H+Al SB T V areia argila
Textura do Solo
H2O mg/dm3 cmolc/dm
3 %
N.Horizonte Zé/Manoel 4.48 4.53 324 1.02 4.63 0.78 0.58 0.20 0.02 0.48 4.75 11.14 1.27 12.41 10.23 43.% 25.7 Médio
Bauana Casca/Flávio 4.17 2.60 393 0.64 2.60 0.49 0.14 0.14 0.01 0.26 7.18 11.50 0.54 12.04 4.52 11.0 30.8 Argiloso
Pupuaí Antônio 4.33 2.38 550 0.77 4.72 0.69 0.23 0.09 0.01 0.27 4.82 10.31 0.61 10.92 5.54 53.4 22.1 Médio
Pupuaí Marreca 3.88 4.09 498 0.84 1.78 0.49 0.11 0.09 0.01 0.15 5.49 12.08 0.36 12.44 2.87 35.6 22.4 Médio
Pupuaí Zabe 4.50 3.79 521 0.78 2.00 0.60 0.31 0.11 0.02 0.26 4.76 10.36 0.70 11.06 6.32 50.6 24.2 Médio
Bom Jesus Reginaldo 4.06 2.30 567 0.51 1.71 0.59 0.11 0.08 0.01 0.21 5.70 10.81 0.41 11.22 3.66 8.3 25.1 Siltoso
N.Horizonte Zé Araguaia 4.50 3.64 427 0.98 6.18 0.78 0.70 0.19 0.01 0.53 3.93 9.65 1.43 11.08 12.90 39.1 25.4 Médio
Pupuaí Sales 4.31 7.87 456 1.13 1.11 0.78 0.05 0.06 0.01 0.07 5.20 9.32 0.19 9.51 2.00 36.5 21.0 Médio
Pupuaí Anton. Souza
4.43 3.19 600 0.92 2.03 0.64 0.13 0.17 0.02 0.38 5.64 11.96 0.70 12.66 5.50 30.2 27.5 Médio
Bom Jesus Edvan 4.06 7.13 692 0.78 1.34 0.33 0.13 0.11 0.02 0.14 4.69 11.32 0.40 11.72 3.41 57.0 20.4 Médio
Base Bauana Base 4.32 2.01 613 1.02 1.26 0.43 0.06 0.12 0.02 0.22 9.21 13.58 0.42 14.00 3.00 42.0 42.4 Argiloso
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3. Recomendações para correção e adubação do solo
3.1. Recomendações de calagem
Os solos da Amazônia são, em geral, ácidos e possuem um pH baixo. Nessas condições,
nutrientes importantes como fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e potássio (K) tornam-se
indisponíveis para as plantas, que não conseguem absorvê-los mesmo que eles estejam presentes
no solo. No Amazonas, a acidez do solo está frequentemente associada à alta concentração de
alumínio (Al), que além de reter nutrientes essenciais às plantas pode ser tóxico. Nesse caso, a
calagem é o processo de correção para reduzir a acidez e os teores de nutrientes tóxicos às
plantas, tornando disponíveis aqueles nutrientes essenciais que não estavam ao seu alcance.
Como corrigir a acidez do solo?
A recomendação de calagem do solo, em geral, se baseia:
i. Na quantidade necessária de corretivo para elevar o pH; ou
ii. Na quantidade necessária de corretivo para elevar a saturação por bases (V) do solo a um
nível desejado para determinada cultura (não importando o pH do solo).
Em geral, as culturas nativas da Amazônia são bem adaptadas aos solos da região que,
naturalmente, apresentam um pH baixo (solos ácidos). Portanto, pode ser mais adequado definir a
necessidade de corretivo a ser aplicado levando em consideração o índice de saturação por bases
(V) desejado para as culturas selecionadas para o plantio.
As culturas indicadas pelos agricultores na Oficina realizada pelo Projeto Pioneiras em
conjunto com a ASPROC, no final do mês de fevereiro de 2014, em Carauari, foram o abacate,
abacaxi, açaí, a andiroba, banana, o cacau, coco, cupuaçu, a goiaba, o ingá, a laranja, mandioca e
manga. Levando em consideração essa selação de cultivos, encontramos na literatura sobre o
assunto que um valor de saturação por bases (V) adequado para essas culturas se desenvolverem
fica em torno de 60%. As amostras de solo coletadas em Carauari apresentam valores de V
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variando bastante, entre 2% e 12,9%. Assim, é necessário aplicar uma quantidade de corretivo para
elevarmos V a 60% (Índice de Saturação por Bases = 60%).
Qual a quantidade de corretivo a ser aplicada no solo?
A necessidade de calagem (NC), em toneladas por hectare (t/ha), que deve ser aplicada em
cada área é calculada usando a seguinte fórmula:
NC = necessidade de calagem, em toneladas por hectare.
T (ou CTC - capacidade de troca de cátions) = Ca2+ + Mg2+ + K+ + (H++Al3+); obtido da análise do solo.
V2 = índice de saturação por bases desejado para a cultura (no caso, 60%); conforme explicado anteriormente.
V1 = índice de saturação por bases da amostra de solo analisada; ver tabela com resultados da análise de solos.
PRNT = poder relativo de neutralização total do corretivo utilizado (PRNT=80%, no caso do corretivo vendido em Manacapuru); mais informações a seguir.
Tabela 2. Necessidade de calagem para correção do solo nas áreas amostradas em Carauari.
Comunidade Proprietário
Ca K Na Mg H+Al T V Areia Argila Necessidade de Calagem
cmolc/dm3 %
à lanço (t/ha)
por cova (gramas)
N.Horizonte Zé/Manoel 0.58 0.20 0.02 0.48 11.14 12.41 10.23 43.% 25.7 7.7 250 Bauana Casca/Flávio 0.14 0.14 0.01 0.26 11.50 12.04 4.52 11.0 30.8 8.3 250 Pupuaí Antônio 0.23 0.09 0.01 0.27 10.31 10.92 5.54 53.4 22.1 7.4 250 Pupuaí Marreca 0.11 0.09 0.01 0.15 12.08 12.44 2.87 35.6 22.4 8.9 300 Pupuaí Zabe 0.31 0.11 0.02 0.26 10.36 11.06 6.32 50.6 24.2 7.4 250 Bom Jesus Reginaldo 0.11 0.08 0.01 0.21 10.81 11.22 3.66 8.3 25.1 7.9 250 N.Horizonte Zé Araguaia 0.70 0.19 0.01 0.53 9.65 11.08 12.90 39.1 25.4 6.5 200 Pupuaí Sales 0.05 0.06 0.01 0.07 9.32 9.51 2.00 36.5 21.0 6.9 200 Pupuaí Ant. Souza 0.13 0.17 0.02 0.38 11.96 12.66 5.50 30.2 27.5 8.6 300 Bom Jesus Edvan 0.13 0.11 0.02 0.14 11.32 11.72 3.41 57.0 20.4 8.3 250 Base Bauana Base 0.06 0.12 0.02 0.22 13.58 14.00 3.00 42.0 42.4 10.0 300
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Como e quando aplicar o corretivo no solo?
À Lanço: O método à lanço é mais prático em locais onde a área está “limpa” ou nos casos
em que a densidade de plantios da cultura é elevada, como nos cultivos de grãos como milho,
feijão, etc. Nesse método de aplicação, o corretivo pode ser lançado pela área com as próprias
mãos, sendo posteriormente misturado ao solo da melhor maneira possível, até uma profundiade
de 20 centímetros. Outra forma de aplicar o corretivo é distribuí-lo pela área em pequenos
montinhos e, em seguida, espalhar o corretivo ao redor com auxílio de pás ou enxadas, cobrindo
toda a área e incorporando o corretivo ao solo. Com base na análise de solo realizada, seria
necessário aplicar, na área toda, à lanço, entre 6,5 a 10 toneladas de corretivo por hectare (Tabela
2).
Em covas: No caso do plantio de fruteiras, como é o desejo dos produtores de Carauari, a
densidade de mudas plantadas é relativamente baixa. Pelas informações coletadas durante nossa
visita ao local, nenhum produtor planejou plantar mais de 1000 mudas por hectare. Assim, a
calagem nas covas é mais vantajosa; além de ser mais fácil de realizar, economiza calcário. Esse
método também é mais vantajoso em locais onde o terreno não está completamente “limpo”, já
que é mais fácil aplicar o calcário apenas na cova do que espalhar pela área toda.
A aplicação do corretivo nas covas é feita misturando-se o calcário com a terra retirada do
buraco onde serão plantadas as mudas. A Tabela 2 também indica, para cada área amostrada, as
quantidades de calcário (gramas de calcário por cova) a serem aplicadas em uma cova de
aproximadamente 40 cm x 40 cm x 40 cm. Nesse caso, a economia de calcário é bastante grande.
Supondo o plantio de 1000 mudas em uma determinada área, a quantidade de calcário necessária
para as condições dos solos analisados varia de 200 kg a 300 kg por área.
Qual corretivo escolher e onde comprar?
Os calcários agrícolas são classificados de acordo com os teores de MgO (óxido de
magnésio), sendo conhecidos como calcário calcítico (menos de 5% de MgO), calcário magnesiano
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(de 5-12% de MgO), e calcário dolomítico (mais de 12% de MgO). Além disso, são classificados em
função do Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT), que define a qualidade do calcário. O
PRNT de um calcário agrícola varia de 45-100%. Quanto maior o PRNT, melhor o corretivo do solo e
mais rápida sua reação e os efeitos no solo. Também, se o solo estiver úmido, mais rápido ele reaje
no solo. De qualquer modo, recomenda-se aplicar o corretivo na área entre 30-60 dias antes dos
plantios. Um PRNT entre 80-90% reaje no solo em aproximadamente 1 mês.
Os resultados das análises de solo não indicam deficiência de magnésio (Mg) nas áreas.
Entretanto, as culturas da banana, cacau e laranja (citrus) selecionadas pelos produtores de
Carauari são bastante exigentes nesse nutriente (Mg) e, portanto, o calcário dolomítico ajudará a
repor o Mg utilizado por essas culturas.
Em 2014 foi inaugurada uma fábrica de beneficiamento de calcário dolomítico no município
de Manacapuru. O corretivo é vendido, no local, ao valor de R$160,00 a tonelada (preço cotado em
setembro/2014). Há também a opção de compra de sacas de 40 kg de corretivo, com o preço
variando entre R$8,00 e R$12,00, dependendo da quantidade. O PNRT do corretivo vendido no
local varia entre 79-84% e, por isso, adotamos um valor de 80% para calcular a necesidade de
calagem (NC) das áreas, conforme indicado anteriormente.
Os telefones para contato com o Sr. Francisco Cruz, da Calnorte, são o (92) 3657-6113 ou
(92) 9233-4335. Pelos cálculos de corretivo necessário, o valor irá varias muito dependendo do
modo de aplicação do corretivo (à lanço ou na cova). Aplicando o calcário à lanço nos 11 locais
selecionados, calcula-se o uso de 88 toneladas de corretivo, o que soma R$14.000,00 (sem levar
em conta o frete para o transporte do material até as comunidades). Entretanto, aplicando o
corretivo apenas nas covas, e considerando o plantio de 1000 mudas em cada área, será necessário
aproximadamente 2800 kg (2,8 toneladas) de corretivo, o que custará cerca de R$840,00 (70 sacos
de corretivo ao custo de R$12,00/saco).
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Por quanto tempo duram os efeitos do corretivo no solo?
Os efeitos do corretivo no solo podem durar até 5 anos se o cálculo da necessidade de
calagem estiver correto e o corretivo for aplicado e incorporado adequadamente ao solo. A textura
do solo e o tipo de cobertura influenciam na duração da calagem no terreno; quanto mais arenoso
o solo, menor será a capacidade em reter o calcário. Da mesma forma, quanto menos coberto
estiver o solo, maior será o efeito de percolação ou lixiviação, que é a lavagem do corretivo pela
água. Em casos de solos arenosos e expostos ao tempo, a calagem pode ser necessária
anualmente, e por isso é recomendável o monitoramento da qualidade do solo com a realização de
análises de solo periódicas. Em áreas de cultura permanente, a cobertura vetegal contribui para a
duração do efeito da calagem. Correções nos anos seguintes podem ser necessárias, porém em
menores quantidades, e devem ser realizadas baseadas em novas análises de solo.
3.2. Recomendações de adubação
Os resultados das análises indicam que os solos apresentam quantidades muito baixas de
nutrientes. Isso significa que a boa produção dos plantios dependerá da adubação dessas áreas. A
recomendação de adubação dependerá, basicamente:
i. Das espécies que serão plantadas: cada cultura necessita de quantidades específicas de
nutrientes em épocas diferentes do ciclo de vida (crescimento, floração, frutificação);
ii. Do objetivo do plantio: plantios comerciais com objetivo de produzir em quantidade,
qualidade e frequência específicas têm necessidades maiores de nutrientes que os plantios
cultivados apenas para consumo das próprias famílias; e
iii. Dos recursos ou materiais disponíveis para realizar a adubação, que pode envolver a
compra de adubo químico, a produção de adubo orgânico ou o plantio e manejo de adubos
verdes.
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Qual a quantidade e qual adubo aplicar?
Como exposto anteriormente, a quantidade de adubo dependerá da cultura a ser plantada.
Há uma grande relação de estudos e recomendações de adubação para diferentes culturas, de
acordo com a região do país e os resultados da análise do solo. A Embrapa possui um livro com
recomendações de adubação e calagem que foi elaborado para o estado do Pará. Esse material
pode representar uma boa aproximação como referência para a adubação das culturas nas áreas
de Carauari.
Dependendo da cultura, a aplicação de adubos deve ocorrer no momento do plantio e em
determinadas etapas do ciclo de vida da planta, favorecendo a produção de folhas, flores e frutos.
Além disso, para culturas perenes de longa duração (laranja, açaí, cupuaçu, coco, etc.),
recomendam-se adubações anuais para repor continuamente os nutrientes retirados da área na
colheita dos frutos. No material anexado ao final deste relatório estão disponíveis cópias da
recomendação de adubação de algumas das culturas selecionadas pelos produtores de Carauari,
com indicação da quantidade e do momento de aplicação do adubo para cada cultura, de acordo
com o resultado das análises de solo que foram realizadas.
Como adubar o solo?
Isso vai depender das culturas que serão implantadas. A adubação pode ser feita em toda a
área, assim como a calagem, espalhando-se o adubo mineral ou orgânico pelo terreno (Figura 1) e
depois o incorporando ao solo. Outra opção, que para o caso dos produtores de Carauari é mais
recomendável, é incorporar o adubo diretamente na cova em que a muda será plantada. Nesse
caso, especialmente nas situaçãoes em que diferentes espécies serão utilizadas no SAF, é possível
fazer a adubação específica para cada cultura. No caso da utilização de adubos verdes na área,
como os resíduos do corte da puerária ou da poda do ingá, pode-se incorporar ao solo (no caso da
puerária) ou depositar nas linhas de plantio ou ao redor das mudas (no caso do ingá) o material
proveniente desse manejo ou o adubo químico (Figuras 2 e 3).
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Figura 1. Distribuição manual do adubo à lanço.
Figura 2. Distribuição manual do adubo em linha ou coroa.
Figura 3. Distribuição manual do adubo em coroas.
Que tipos de adubo utilizar?
Adubos químicos: Adubos ou fertilizantes químicos ou minerais representam um alto
investimento em qualquer cultura. O adubo químico tem resultados mais rápidos para as plantas.
Há uma série de adubos ou fertilizantes químicos ou minerais vendidos em casas agrícolas. Um dos
mais comuns e empregados corresponde a um fertilizante que contêm em sua composição vários
nutrientes. Esses fertilizantes mistos apresentam, geralmente, a sigla NPK seguida de três
números. As letras indicam os elementos que compõem o adubo (N-nitrogênio, P-fósforo, K-
potássio) e os números, respectivamente, a porcentagem de cada elemento na formulação do
adubo. Existem várias formulações de NPK disponíveis no mercado, uma vez que cada cultura têm
necessidades específicas dependendo da etapa de seu desenvolvimento. No material anexo a este
relatório são apresentadas algumas recomendações de adubação para as culturas selecionadas
pelos produtores de Carauari, com indicações sobre a quantidade e o período adequado de
adubação mineral de cada cultura.
Apenas a adubação química não garante uma boa produtividade e a recuperação do solo. É
necessária também a utilização de adubos orgânicos que, além de contribuírem com a reposição
de nutrientes ao solo ao longo do tempo, através de sua decomposição, beneficia todo o solo
porque melhora suas características físicas (aeração, permeabilidade) e biológicas que, em
conjunto, tornam o solo saudável e equilibrado.
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Adubos orgânicos: Materiais orgânicos naturais como esterco, paú, serragem, resíduos da
produção de andiroba e muru-muru das comunidades, dentre outros, também podem ser
utilizados como fonte de nutrientes, apesar de possuírem pequenas quantidades de nutrientes em
sua coposição. A Tabela 3 apresenta a composição química de alguns adubos orgânicos, mostrando
a quantidade de nutrientes que cada um desses materiais possui, em média, após sua secagem.
Tabela 3. Porcentagem de nutrientes presentes na matéria seca de alguns resíduos que podem ser utilizados como adubo orgânico.
Adubo orgânico Nitrogênio (N) Fósforo (P2O5) Potássio (K2O) Cálcio (Ca) Magnésio (Mg)
% na matéria seca
Esterco bovino 1,7 0,9 1,4 - -
Esterco de galinha 2,4 - 3,5 3,4 - 5,8 1,7 - 2,7 3,3 - 4,1 0,3 - 0,9
Farinha de ossos 2 24 - - -
Farinha de peixe 4 -5 9 2 - 5 - -
Bagaço de cana 0,3 0,03 0,02 0,07 -
Casqueiro de cacau 2,2 1 3,1 0,5 0,32
A adubação orgânica é necessária porque a adubação química ou mineral não é capaz de
repor a matéria orgânica utilizada pelas culturas. Essa matéria orgânica é a responsável por
melhorar as características físicas e biológicas do solo, favorecendo a aeração e a permeabilidade e
mantendo a umidade do solo. Isso favorece a vida e a atividade dos organismos vivos do solo,
importantes para decompor a matéria orgânica e disponibilizar os nutrientes para as plantas.
Diferentemente dos adubos químicos ou minerais, os adubos orgânicos não causam grandes
problemas ao solo e às culturas, mesmo se aplicados em excesso. Ao contrário dos adubos
sintéticos, a disponibilização dos nutrientes dos adubos naturais é lenta e apropriada para a
“dieta” das plantas. Dependendo do tipo e da quantidade de material orgânico ou resíduos
disponíveis nas comunidades, podemos calcular a quantidade adequada de cada um dos
materiais para recomendar a adubação das covas nos plantios que serão realizados.
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Adubos verdes: Plantas como o ingá, o feijão e a puerária são conhecidos como
leguminosas. Essas plantas são muito úteis para a adubação da área, assim como os resíduos de
podas de outras espécies como a embaúba, o urucum ou resíduos da colheita da mandioca e
macaxeira. O material orgânico proveniente dessas plantas pode ser incorporado ao solo na área
que será cultivada, ou o material orgânico proveniente de podas e cortes pode ser colocado no
chão, em linhas ou ao redor das covas das mudas (Figuras 2 e 3). Esse material irá liberar seus
nutrientes conforme for apodrecendo e se decompondo. Além disso, plantas leguminosas
contribuem com o solo porque incorporam nitrogênio na área, muito importante para os cultivos.
Tabela 4. Porcentagem de nutrientes presentes na matéria seca de alguns resíduos orgânicos utilizados na adubação verde.
Adubo verde Nitrogênio (N) Fósforo (P2O5) Potássio (K2O)
% na matéria seca
Puerária 1,0 - -
Abacaxi 0,9 - 0,5
Banana (folhas) 2,6 0,2 -
Banana (talo de cachos) 0,8 0,1 7,4
Crotalária 1,8 0,2 1,7
Feijão-guandu 2,6 0,3 1,6
Lab-lab 2,0 0,9 2,0
Feijão-de-porco 3,4 0,4 2,7
Mandioca (casca da raiz) 0,3 0,3 0,4
Mandioca (folhas) 4,3 0,7 -
Ingá (folhas) 2,1 0,2 0,3
Serragem madeira 0,1 - -
O ingá, por exemplo, ajudará o desenvolvimento inicial do SAF fornecendo sombra e
nitrogênio (via poda e deposição de folhas natural), e poderá ser substituído futuramente por
outras espécies que toleram sobreamento leve, como o açaí, cacau, cupuaçu, pupunha, café e
guaraná, por exemplo. A Tabela 4 apresenta a composição química de algumas plantas utilizadas
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como adubo verde, mostrando a porcentagem média de nutrientes que cada um desses materiais
possui após estar seco.
4. Solos: origem, formação e componentes.
O solo é o resultado do desgaste natural das rochas (pedras). Esse desgaste ocorre devido
ao clima (chuva, calor) e aos organismos vivos (plantas, animais) e depende do relevo (declividade
do terreno) e dos diferentes tipos de rochas - se mais resistentes ou menos resistentes. É um
processo que leva muitos anos para ocorrer e, por isso, a importância de se conservar o solo.
O solo é formado por quatro partes básicas: i) ar, ii) água, iii) matéria orgânica e iv) uma
porção mineral formada por areia, silte e argila. As areias são grãos maiores (tamanho entre 0,2 e
0,005 cm) e, por isso, apresentam maiores espaços entre si. A areia segura pouca água no solo,
secando rapidamente e funcionando como um dreno natural. As argilas são grãos bem menores
que a areia, com tamanho menor que 0,0002 centímetros. Os solos com muita argila conseguem
segurar mais água e nutrientes do que os solos com muita areia, pois têm espaços pequenos onde
a água e os nutrientes ficam presos (Figura 4). O silte é formado por partículas de tamanho
intermediário. O solo é fundamental para as plantas por que é o local onde elas se fixam e de onde
absorvem a água e os nutrientes de que precisam.
Figura 4. Comparação do tamanho das partículas do solo
Areia Argila
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Os nutrientes se dividem em macronutrientes (macro = grande) e micronutrientes (micro =
pequeno), conforme a quantidade necessária para as plantas crescerem e se desenvolverem
(Quadro 1). Os macronutrientes são aqueles que a planta necessita em maior quantidade e são
essenciais para seu desenvolvimento. Os micronutrientes são necessários em menor quantidade.
Apesar disso, todos são necessários em doses adequadas. Tanto a deficiência como o excesso de
nutrientes irão prejudicar as plantas. Portanto, o crescimento e desenvolvimento adequado dos
cultivods depende de uma “alimentação” balanceada e equilibrada no solo.
Quadro 1. Macro e micronutrientes essenciais para as plantas e seus símbolos.
Macronutrientes Micronutrientes
Nitrogênio (N) Cálcio (Ca) Ferro (Fe) Cobre (Cu)
Fósforo (P) Magnésio (Mg) Zinco (Zn) Manganês (Mn)
Potássio (K) Enxofre (S)
Se compararmos a alimentação das plantas e a dos humanos, veremos que também
precisamos de macronutrientes, como carboidratos ou açúcares (contidos no arroz, batata,
macarrão, farinha), proteínas (contidas nas carnes em geral, no feijão) e gorduras (encontradas nas
carnes vermelhas, princiaplmente). São esses os alimentos que mais usamos em nossa dieta. Além
disso, também precisamos, em menor quantidade, de vitaminas, sais minerais e fibras
(encontradas nas frutas e verduras), que geralmente comemos em menores quantidades. Elas
seriam fontes de nossos micronutrientes. Assim como as plantas, nós também precisamos de uma
alimentação balanceada para crescermos com saúde, uma alimentação que contenha macro e
micronutrientes em quantidades equilibradas.
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5. Atividades que degradam os solos
O uso e o manejo incorreto do solo podem reduzir sua fertilidade e prejudicar a produção
das culturas. Cuidar e proteger os solos, portanto, favorece as culturas cultivadas e reduz os custos
no momento de corrigir e adubar o solo. Duas práticas muito comuns que degradam os solos são o
uso do fogo para limpeza das áreas e a retirada da cobertura vegetal, expondo o solo à chuva e ao
vento.
O fogo utilizado para limpar a área antes dos plantios libera todos os nutrientes disponíveis
no material orgânico queimado. Ou seja, os nutrientes que seriam liberados pouco a pouco ao
solo, conforme o material fosse apodrecendo e se decompondo naturalmente, torna-se
imediatamente disponível através das cinzas. Isso significa que, se esses nutrientes não forem
utilizados imediatamente pelas plantas (e não serão), serão perdidos com o carregamento das
cinzas pela chuva ou se tornarão indisponíveis para as plantas em pouco tempo. O nitrogênio
presente nos resíduos vegetais é completamente perdido com a queima desse material e liberado
para o ar. O potássio é facilmente perdido com uma simples chuva. Além dessas consequências
diretas que causam a perda dos nutrientes, o fogo também prejudica os animais do solo e que são
importantes para manter tanto o solo como as plantas saudáveis.
A limpeza da área com a utilização do fogo também deixa o solo sem cobertura vegetal.
Isso significa que o solo fica exposto ao sol, tornando-se mais seco e duro, prejudicando a vida dos
organismos vivos que são importantes para manter a boa qualidade da terra. Sem proteção sobre
o solo, a água das chuvas atinge o solo diretamente, quebrando as partículas do solo e arrastando
esse material (e os nutrientes junto com ele) para fora da área. Além disso, a própria água corre
para fora da área, ao invés de ser absorvida e umedecer o solo no local. Esse processo de arraste
de solo pela água é conhecido como “erosão”, que deixa sulcos no solo por onde a água e o solo
escorrem.
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6. Boas práticas para o preparo, cultivo e manejo dos solos
Plantio direto e cobertura do solo
Manter o solo coberto por material vegetal e resíduos orgânicos de culturas anteriores é
muito importante e deveria ser prática comum no campo, evitando os problemas relatados
anteriormente. É possível manter a área coberta, limpando-se apenas as linhas de plantio
enquanto o espaço das entrelinhas permanece recoberto e protegido contra o impacto das chuvas,
enxurradas, sol e altas temperaturas. A presença dessa matéria orgânica sobre o solo favorece a
ação dos organismos vivos do solo e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
Adubação verde
A adubação verde consiste no plantio de plantas leguminosas (ingá, puerária, crotalária,
leucena, etc.) no local a ser trabalhado. Essas espécies podem ser cultivadas na área toda e
incorporadas ao solo antes do plantio. Outra opção é cultivar essas espécies ao mesmo tempo,
plantando nas entrelinhas da cultura principal. No caso do plantio de ingás e outras espécies
arbóreas, os galhos podem ser podados e colocados aos pés das plantas cultivadas. Desse modo,
esse material vai liberando os nutrientes próximos às raízes das plantas conforme for se
decompondo. Essa adubação verde por cobertura funciona muito bem com as palmeiras da região,
como pupunha, açaí e outras.
Plantio consorciado de espécies (sistemas agroflorestais - SAF)
A floresta é um lugar vistoso, com plantas bem desenvolvidas e produtivas. Na floresta,
tudo o que nasce permanece ali mesmo após morrer. A árvore tira nutrientes do solo, cresce e
produz folhas e frutos que, ao morrerem, caem no chão, apodrecem e viram adubo que será
utilizado pelas plantas para crescer e produzir novas folhas e frutos. É um ciclo.
Em uma plantação a coisa é diferente. A planta tira nutrientes do solo para crescer e
produzir suas flores e frutos que, ao final, são colhidos e levados embora. Ou seja, o nutriente
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tirado do solo não vai retornar para ele e, com o tempo, o solo ficará pobre e cansado, sem
capacidade de sustentar a produção. Isso exige a reposição dos nutrientes que saem do sistema.
Em um plantio consorciado de várias espécies, como num SAF, a necessidade de adubação
tende a diminuir. Isso acontece porque cada planta precisa de quantidades diferentes de cada um
dos nutrientes presentes no solo para crescer e se reproduzir. Além disso, as plantas possuem
sistemas radiculares (raízes) diferentes, e usam esse sistema para explorar áreas diferentes do
solo. Enquanto algumas plantas mantêm suas raízes nos primeiros centímetros, outras podem ter
raízes muito profundas que alcançam vários metros de profundidade.
Portanto, o solo de uma área de SAF onde são plantadas diferentes espécies terá nutrientes
explorados pelas raízes em profundidades variadas. Isso é importante porque diminui a
competição por nutrientes entre as raízes das plantas. Além disso, conforme o SAF se desenvolve e
as plantas crescem, elas acumulam esses nutrientes nos caules, folhas, flores e frutos que, uma
hora ou outra, vão retornar ao solo e ficar novamente disponíveis para todas as outras plantas.
Essa é a ciclagem dos nutrientes que ocorre naturalmente na mata e que se repete em plantios
consorciados de espéies agrícolas e florestais (SAF’s).
Interações benéficas nas raízes das plantas
Certas bactérias, conhecidas como rizóbios, vivem junto às raízes das plantas leguminosas
(ingá, feijão-de-corda, puerária, leucena, feijão, crolataria) e formam uma simbiose. Na simbiose,
os rizóbios capturam o nitrogênio (N) presente no ar e o transforma em uma forma que a planta
consegue absorver. Em troca, a planta fornece alimento para as bactérias. Os dois saem ganhando.
Esse processo é conhecido como “fixação simbiótica de nitrogênio”.
Outra simbiose presente no solo ocorre entre alguns tipos de fungos, conhecidos como
fungos micorrízicos (não é possível ver a olho nu), e as raízes das plantas. Nessa associação, algmas
estruturas dos fungos funcionam como uma extensão das raízes das plantas, aumentando o
tamanho das raízes. Isso permite que as plantas tenham acesso a nutrientes mais distantes dela.
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Essa assocação é chamada de “micorriza”. Assim como na relação com as bactérias que fixam o
nitrogênio no solo, as plantas também fornecem alimentos aos fungos e ambos saem ganhando
nessa relação.
Por esses motivos, é muito importante manejar as áreas de cultivo da melhor maneira
possível, evitando a perda de nutrientes, a degradação do solo, a redução da produtividade da área
e o consequente gasto futuro para corrigir e adubar a área novamente.
7. Agradecimentos
Este relatório recebeu contribuições fundamentais de Bruno Scarazatti, Analista da
Embrapa Amazônia Ocidental. A Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) contribui
com a organização e logística da excursão ao município e da Oficina realizada em março de 2014 na
comunidade Nova Esperança. A viagem a Carauari, a realização da Oficina para os produtores
rurais e a coleta e análise de dados e solo foram realizadas no âmbito do Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia (INCT) dos Serviços Ambientais da Amazônai (Servamb), projeto financiado
pela FAPEAM e CNPq. A entrada, permanência e coleta de dados no interior da RDS Uacari e Resex
Médio Juruá foram autorizadas pelo CEUC/SDS e ICMBio, respectivamente. O laboratório e a sede
do Projeto Pioneiras estão sediados no PDBFF/INPA.
8. Fontes de informação
Cravo MS, Viégas IJM, Brasil EC. Recomendações de Adubação e Calagem para o Estado do Pará.
2010.
Malavolta E. ABC da Adubação. 1989.
Malavolta E, Pimentel-Gomes F, Alcarde JC. Adubos e adubações. 2002.
Sánchez PA. Suelos del Trópico: Características y Manejo. 1981.
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ANEXO
RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO
Cravo MS, Viégas IJM, Brasil EC. Recomendações de Adubação e
Calagem para o Estado do Pará. 2010.
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ANEXO
ANÁLISES DE SOLO ORIGINAIS
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