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2017
Relatório Anual sobre os Mercadosde ValoresMobiliários
2017CMVM
2Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
ÍNDICE
Síntese 8Marcos do Ano 102017 em Números 12
Evolução Global dos Mercados Acionistas 16
Mercado de Valores Mobiliários enquanto Fonte de Financiamento 29
Mercado Primário e Ofertas 35
Mercado Secundário 42
Intermediação Financeira 57
Gestão de Ativos 64
Rentabilidade e Atratividade do Mercado de Valores Mobiliários Nacional 81
Perspetivas 88
Mensagem do Conselho de Administração 92Anexos 94
1 . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 .
2017CMVM
3Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
LISTA DE QUADROS
Indicadores Macroeconómicos 21
Capitalização Bolsista em Percentagem do Ativo Total do Capital Próprio 32
Fatores Limitativos ao Financiamento do Investimento (Portugal) 33
Capitalização Bolsista – Portugal 43
Transações no Mercado a Contado 44
Transações em Contratos de Futuros - Portugal 52
Carteira de Investimento dos FCR e das SCR, por Fase de Investimento 79
Rentabilidade e Risco de Algumas Opções de Investimento em Portugal, 2007-2017 83
Evolução da Rentabilidade do Capital Acionista,
Distribuição e Retenção de Dividendos nas Empresas Cotadas na Euronext Lisbon 84
Ofertas Públicas de Aquisição 97
Montantes Colocados de Obrigações do Tesouro 98
Maturidade e Taxas Ponderadas das Obrigações do Tesouro 99
Indicadores da Evolução da Liquidez das Ações Admitidas na Euronext Lisbon 100
Turnover por Segmentos de Mercado 100
Valores Mobiliários Integrados na Central de Valores Mobiliários 101
Dados Relativos aos Serviços de Liquidação de Valores Mobiliários Geridos
pela Interbolsa através da Plataforma T2S 102
Ativos Líquidos 105
Subscrições Líquidas de Resgates por Categoria de Fundo no Final do Ano para a Europa 105
Ativos sob Gestão das SCR, por Tipo de Investimentos 106
Ativos sob Gestão dos FCR, por Tipo de Investimentos 107
Quadro 1
Quadro 2
Quadro 3
Quadro 4
Quadro 5
Quadro 6
Quadro 7
Quadro 8
Quadro 9
Quadro 10
Quadro 11
Quadro 12
Quadro 13
Quadro 14
Quadro 15
Quadro 16
Quadro 17
Quadro 18
Quadro 19
Quadro 20
2017CMVM
4Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
LISTA DE GRÁFICOS
Valor e Rentabilidade do PSI 20 17
Volatilidade Anual do PSI 20 18
Valor Negociado do PSI 20 18
Resultados por Ação e Margem de Lucro 19
Price-to-Book e Earnings Yield 20
Curva de Rendimentos e Prémios de CDS Soberanos a Cinco Anos 23
Rácio entre Dívida Pública e PIB e Empréstimos Bancários Concedidos
a Empresas Não Financeiras 24
Dívida das Famílias e Respetivo Peso em Portugal 24
Imobiliário: Rácios Preço/Rendas e Preço/Rendimento 25
Spread de Crédito de Obrigações Empresariais (Cabaz Mundial) 26
Preço das Principais Commodities 26
VIX e SKEW e CISS - Zona Euro 27
SovCISS e CLIFS 27
Peso de Vários Elementos no Total da Economia 30
Rentabilidade e Eficiência das Empresas - Portugal 31
IPO, Aumentos de Capital e Incerteza Política - Europa 37
Emissões de Obrigações - Portugal 38
Valores Colocados e Tipo de Alerta de PFC em Portugal 39
Montante Vivo de PFC Comercializados em Portugal (por subjacente) 40
Montantes Colocados de Obrigações do Tesouro de Taxa Fixa 41
Índices acionistas MSCI 45
Índices Setoriais 46
Volatilidade Implícita e Histórica 47
Indicador Compósito de Liquidez - Mercados Acionistas 47
Liquidez das 15 Ações com Maior Capitalização Bolsista - Portugal 48
Peso das Plataformas na Negociação de Ações do PSI 20
e Peso da Negociação de Ações em Mercado Regulamentado 49
Diferencial das Yields de Obrigações a 10 e a 2 anos 50
Liquidez em Mercados de Obrigações Soberanas 50
Diferencial de Spread das Yields de Dívida Privada de Rating A e BBB relativamente
às Obrigações do Tesouro Americano a 10 anos e à Dívida Pública Alemã a 10 anos 51
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 3
Gráfico 4
Gráfico 5
Gráfico 6
Gráfico 7
Gráfico 8
Gráfico 9
Gráfico 10
Gráfico 11
Gráfico 12
Gráfico 13
Gráfico 14
Gráfico 15
Gráfico 16
Gráfico 17
Gráfico 18
Gráfico 19
Gráfico 20
Gráfico 21
Gráfico 22
Gráfico 23
Gráfico 24
Gráfico 25
Gráfico 26
Gráfico 27
Gráfico 28
Gráfico 29
2017CMVM
5Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 30
Gráfico 31
Gráfico 32
Gráfico 33
Gráfico 34
Gráfico 35
Gráfico 36
Gráfico 37
Gráfico 38
Gráfico 39
Gráfico 40
Gráfico 41
Gráfico 42
Gráfico 43
Gráfico 44
Gráfico 45
Gráfico 46
Gráfico 47
Gráfico 48
Gráfico 49
Gráfico 50
Gráfico 51
Gráfico 52
Gráfico 53
Gráfico 54
Gráfico 55
Gráfico 56
Transações e Posições em Contratos de Futuros e Opções em Mercados Organizados
e Posições em Contratos de Derivados em Mercados Não Organizados 53
Negociação no Mercado de Derivados do MIBEL
e Preço do Contrato de Futuros com Entrega em Dezembro de 2017 54
PTEL e SPEL (base load) no Mercado à Vista (€/MWh) 55
Ordens Recebidas por Tipo de Valor Mobiliário e Instrumento Financeiro Derivado 59
Valor das Ordens Recebidas por Conta de Outrem 59
Ordens Executadas por Tipo de Valor Mobiliário e por Instrumento Financeiro Derivado 60
Negociação por Conta Própria por Tipo de Valor Mobiliário
e Instrumento Financeiro Derivado 61
Registo e Depósito por Conta de Outrem: Titulares por Tipo de Valor Mobiliário 62
Montantes sob Gestão - Evolução e Detalhe no Final de 2017 66
Investidores na Gestão Individual e na Gestão Coletiva - Final de 2017 66
Valor sob Gestão, por Tipo de Ativo - Gestão Individual
e Gestão Coletiva – Final de 2017 67
Peso das Emissões de Sociedades Não Financeiras
e Governos Detidas na Carteira dos Fundos de Investimento da Zona Euro (%) 67
Valor Médio da Carteira 68
Composição das Carteiras Geridas por Conta de Outrem
e Duração Modificada da Carteira de Obrigações 69
OICVM: Valor Sob Gestão e Saldo Líquido de Investimento - Portugal 70
OICVM: Número de Participantes e Valor Médio por Participante 71
OICVM: Estrutura da Carteira e Duração Modificada da Carteira de Obrigações 72
FIA: Estrutura da Carteira e Saldo Líquido de Investimento 74
FIA: Número de Participantes e Valor Médio por Participante 75
Valor sob Gestão de FII 75
FII: Estrutura da Carteira e Utilização dos Imóveis 76
OICVM Estrangeiros e Valor Colocado Por Ativo Dominante 77
Titularização de Créditos: Valor sob Gestão 78
Capital de Risco: Ativos sob Gestão 79
Rentabilidade de Algumas Opções de Investimento
e Remuneração Acumulada de Aplicações Financeiras 85
Subscrições de Diversas Aplicações Financeiras 87
Price-to-earnings vs price-to-book observado (2006-2017) e previsto (2018-2020) 89
2017CMVM
6Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico57
Gráfico58
Gráfico59
Gráfico60
Gráfico61
Gráfico62
Gráfico63
Gráfico64
Gráfico65
Gráfico66
Gráfico67
Gráfico68
Gráfico69
Gráfico70
Gráfico71
Índice de Surpresa Económica e Previsão do Crescimento do PIB Real 90
Indicadores de Incerteza Política e Económica e Geopolítico
e de Sentimento Económico do Consumidor 91
Curva de rendimentos nos mercados interbancários dos EUA e Zona Euro 95
Mercado Cambial 95
Comportamento dos preços do imobiliário: Preços reais versus Preços Nominais 95
Peso dos Empréstimos - Sociedades Não Financeiras e Particulares 96
Financiamento de Novo Investimento em Portugal 96
Debt-To-Income - Sociedades Não Financeiras 96
Valor dos IPOs na Europa por País e setor do emitente 98
Capitalização Bolsista e Número de Empresas Listadas
em Bolsas Americanas e Europeias 99
Registo e Depósito por Conta Própria:
Titulares por Tipo de Valor Mobiliário no Mercado Regulamentado 103
Valor Médio da Carteira 103
Valor Sob Gestão e Número de Carteiras e Valor da Carteira Média por Tipo de Cliente 104
Concentração do Valor Sob Gestão por Entidade 104
Número de Fundos 105
2017CMVM
7Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
LISTA DE CAIXAS
Caixa 1
Caixa 2
Caixa 3
Caixa 4
Vantagens e Desvantagens da Obtenção de Financiamento via Mercado de Capitais 33Colocação de Produtos Financeiros Complexos em Queda em Portugal 39Ativismo de Gestão e Rentabilidade de Fundos de Ações Nacionais 73Subscrições Líquidas de Fundos de Investimento Positivas em 2017 86
2017CMVM
8Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
SÍNTESE
m 2017 a atividade económica acelerou na Zona Euro, EUA e BRICS, mas os EUA continuaram a ter uma taxa de desemprego substancialmente mais baixa. Os índi-ces acionistas mundiais reforçaram a tendência de va-lorização, a qual foi influenciada pelo otimismo quanto ao cenário macroeconómico global e pelo sentimento económico positivo futuro.
• O PSI 20 teve em 2017 uma valorização superior à dos principais índices acionistas de referência na Europa e os seus valores negociados também aumentaram, mantendo-se a volatilidade em níveis historicamente reduzidos.
O investimento no mercado acionista gerou maior retorno em 2017 do que a generalidade de outras aplicações financeiras, como obrigações do Tesouro ou certificados de aforro.
O nível global da liquidez do mercado de dívida soberana também aumentou em 2017.
As empresas nacionais continuaram o seu processo de desalavancagem, esperando ainda assim aumentar o investimento em 2018.
Apesar de o mercado de capitais ser considerado pelas empresas como o fator menos limitativo ao financiamento do seu investimento, este continuou a ser pouco usado pelas empresas nacionais.
Realizaram-se no mercado nacional duas operações de aumento de capital por empresas cotadas (no ano anterior não tinha havido qualquer operação deste tipo).
E•
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2017CMVM
9Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O valor das ordens recebidas e executadas por intermediários financeiros nacionais subiu no mercado a contado e desceu no mercado a prazo.
Na gestão de ativos assistiu-se ao aumento global dos valores administrados, com os fundos estrangeiros comercializados em Portugal a ganharem peso relativo.
A gestão de ativos correspondia a 45% do PIB em Portugal.
m 2018, o cenário de crescimento económico do ano anterior poderá ser afetado de forma ad-versa por fatores exógenos decorrentes de condicionantes de natureza geopolítica e de recru-descimento do protecionismo no comércio externo mundial.
A alteração abrupta das previsões macroeconómicas e o aumento da incerteza relativamente às opções de política monetária, caso se verifiquem, poderão ter um impacto negativo no pré-mio de risco dos diversos ativos e gerar correções nos principais índices acionistas, bem como um aumento das yields da dívida pública.
Apesar de um aumento das taxas de juro pesar negativamente sobre o serviço da dívida dos agentes económicos, atendendo ao ainda elevado nível de alavancagem, também poderá ser suscetível de gerar uma diminuição dos comportamentos de procura de retorno (search for yield) e ter um impacto positivo na rentabilidade do sistema bancário. Adicionalmente, uma menor taxa de desemprego e o crescimento do rendimento das famílias e da procura poderão eventualmente compensar os efeitos negativos ao nível dos créditos contraídos, mas a pou-pança, essencial ao reforço do investimento, deverá manter-se em níveis baixos.
SÍNTESE
E
•
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2017CMVM
10Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
GOVERNO APROVA PROPOSTA DE LEI QUE OBRIGA AS EMPRESAS PÚBLICAS E AS COTADAS a cumprirem uma quota mínima de género nos conselhos de administração 06/01/2017
ÍNDICE DOW JONES SUPERA PELA 1ª VEZ OS 20.000 PONTOS 24/01/2017
PSI 20 ATINGE O VALOR MÍNIMO DO ANO 01/02/2017
CONHECIDOS OS RESULTADOS DA OPA DO CAIXABANK sobre as ações do BPI (08/02/2017) e respetiva exclusão do índice PSI 20 09/02/2017
S&P 500 E O NASDAQ REGISTAM MÁXIMOS HISTÓRICOS 09/05/2017
É LANÇADO O MERCADO EURONEXT ACCESS+ destinado a startups e PME 18/05/2017
COMISSÃO EUROPEIA RECOMENDA A REVOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO POR DÉFICE EXCESSIVO levantado contra Portugal 22/05/2017
PUBLICAÇÃO DA LEI QUE ELEVA PARA 8 ANOS A PENA MÁXIMA para o crime de manipulação de mercado 30/05/2017
PUBLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO QUE CRIA AS SOCIEDADES DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO para fomento da economia 03/07/2017
MARCOS DE 2017
2017CMVM
11Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
CONHECIDOS OS RESULTADOS DA OPA DA EDP sobre as ações da EDP Renováveis 04/08/2017
CONHECIDOS OS RESULTADOS DA OPA DA MGAM sobre as unidades de participação representativas do capital do CEMG 11/09/2017
e respetiva exclusão da negociação em mercado regulamentado 12/09/2017
UPGRADE PELA S&P DO RATING DA REPÚBLICA PORTUGUESA para o nível mais baixo de investment grade 15/09/2017
AÇÕES DA CIMPOR DEIXAM DE ESTAR ADMITIDAS À NEGOCIAÇÃO em mercado regulamentado 27/09/2017
APROVAÇÃO DO REGIME SANCIONATÓRIO DO CROWDFUNDING 29/09/2017
GOVERNO LANÇA UM FUNDO DE CAPITAL DE RISCO para criar e capitalizar empresas em fase de arranque 06/10/2017
PSI 20 ATINGE O VALOR MÁXIMO DO ANO 31/10/2017
UPGRADE PELA FITCH DO RATING DA REPÚBLICA PORTUGUESA para o 2º nível mais baixo de investment grade 15/12/2017
MARCOS DE 2017
2017CMVM
12Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
2017 EM NÚMEROS
15,2%valorização anual
do PSI 20
11,2%volatilidade anual
do PSI 20
2empresas
que deixaram de estar cotadas no
mercado principal da Euronext Lisbon
61,2mil milhões de
euros: capitalização bolsista em ações
nacionais na Euronext Lisbon
82,5mil milhões
de euros: valor de dívida
pública nacional transacionado na plataforma MTS
6%aumento do
valor global de dívida soberana transacionado
no país e fora do país, em plataformas
de negociação e em OTC
35 504GWh: energia negociada em
contratos a prazo no MIBEL
MERCADO SECUNDÁRIO
284mil milhões de
euros: capitalização bolsista da totalidade
dos instrumentos financeiros admitidos
na Euronext Lisbon
23,6mil milhões de
euros: valor negociado em ações na Euronext Lisbon
47,4%percentagem
da negociação efetuada fora de mercado
regulamentado relativa a ações
domiciliadas em Portugal
862milhões de euros:
valor transacionado em contratos
de futuros sobre o PSI 20
2017CMVM
13Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
26%aumento anual dos
lucros das empresas admitidas à cotação na Euronext Lisbon
2,4%aumento médio dos resultados
por ação das sociedades
cotadas em Portugal
-11,3%diminuição média
da dívida das empresas admitidas
à cotação na Euronext Lisbon
53%pay-out ratio
das empresas nacionais cotadas
com lucros
1 465milhões de euros:
valor das duas operações de
aumento de capital de empresas cotadas
6ofertas públicas
de aquisição registadas
15 967milhões de euros:
valor da dívida privada emitida em
Portugal
20,7mil milhões
de euros: valor de emissão de dívida
direta pelo Estado Português através de obrigações do
Tesouro e Obrigações
do Tesouro de Rendimento Variável
4,2mil milhões
de euros: montante vivo de
PFC em Portugal no final de 2017
5,2anos:
duração modificada do stock de dívida
pública
MERCADO PRIMÁRIO E OFERTAS
RESULTADOS E DÍVIDA DAS COTADAS NACIONAIS
401,7milhões de euros: valor de produtos
financeiros comple-xos (PFC) colocados
em Portugal
2017 EM NÚMEROS
2017CMVM
14Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
196,2mil milhões
de euros: valor das ordens
recebidas por intermediários
financeiros autorizados a
prestar em Portugal o serviço de receção
e transmissão de ordens por conta de
outrem
362,3mil milhões
de euros: valor negociado
por conta própria pelos intermediários
financeiros
330,2mil milhões
de euros: valor dos
instrumentos financeiros
registados pelos intermediários
financeiros
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
63,5mil milhões
de euros: valor sob gestão
individual de carteiras
12,3mil milhões
de euros: valor gerido
por fundos de investimento
mobiliário (154 fundos)
1,3mil milhões
de euros: subscrições
líquidas em fundos de investimento
mobiliário
GESTÃO DE ATIVOS
10,8mil milhões
de euros: valor gerido
por fundos de investimento
imobiliário (227 fundos)
2017 EM NÚMEROS
2017CMVM
15Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
52milhões de euros:
subscrições líquidas em fundos
de investimento imobiliário
4,1mil milhões
de euros: valor vivo de fundos
de investimento domiciliados
no estrangeiro autorizados a serem comercializados em
Portugal
107milhões de euros:
subscrições líquidas em fundos
de investimento domiciliados
no estrangeiro autorizados a serem comercializados em
Portugal
GESTÃO DE ATIVOS
4,84,8 mil milhões
de euros: ativos sob gestão
por operadores nacionais de capital
de risco
1,3mil milhões
de euros: montante emitido
de obrigações titularizadas por
sociedades de titularização
5,9mil milhões
de euros: valor gerido por
fundos de titularização
de créditos
2017 EM NÚMEROS
2017CMVM
16Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
1.EVOLUÇÃO GLOBAL DOS MERCADOS ACIONISTAS
2017CMVM
17Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
EVOLUÇÃO GLOBAL DOS MERCADOS ACIONISTAS
índice PSI 20 valorizou 15,2% em 2017. Esta apreciação não foi, contudo, suficiente para colo-car o índice acima do valor que registava no dealbar da crise financeira internacional de 2008. Comparativamente com o final de 2004 e de 2008, o PSI 20 mantinha no final do ano uma de-preciação de cerca de 30% e 15%. Nos mercados europeus e dos EUA os índices de referência (eurostoxx 600 e S&P 500) apresentavam uma valorização de 7,7% e de 19,4% em 2017 (+153% e +225%, desde o final de 2004, e +96% e +196% desde o final de 2008, respetivamente).
O PSI 20 TEVE EM 2017 UMA VALORIZAÇÃO SUPERIOR À DOS PRINCIPAIS ÍNDICES ACIONISTAS DE REFERÊNCIA NA EUROPA
OS VALORES NEGOCIADOS AUMENTARAM, MANTENDO-SE A VOLATILIDADE EM NÍVEIS HISTORICAMENTE REDUZIDOS
A volatilidade dos índices representativos dos mercados acionistas português, europeu e norte-americano foi de 11,2%, 8,4% e 6,8%, respetivamente, em 2017, valores historicamen-
te baixos e muito inferiores à correspondente média de longo prazo. No primeiro trimestre de 2018, a volatilidade daqueles dois índices globais aumentou para valores próximos da do PSI 20.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM. 0
4 000
8 000
12 000
16 000
2 000
4 000
14 000
12.31.04
13%
30%
16%
12.31.05 12.31.06 12.31.07 12.31.08 12.31.09 12.31.10 12.31.11 12.31.12 12.31.13 12.31.14 12.31.15 12.31.16 12.31.17
Variação Diária PSI 20 (esq)
Retorno Anual (dir)
Gráfico 1 - Valor e Rentabilidade do PSI 20
10 000
-60%
-30%
-10%
20%
10%
40%
-40%
-50%
-20%
30%
0%
Pont
os d
e Ín
dice
-51%
33%
-10%
-28%
3%
16%
11%
-27% -12%
15%
1.
•
•
O
2017CMVM
18Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Após três anos de queda consecutiva, o valor negociado em ações no mercado português aumentou cerca de 9% no ano (+7,1% e +7,4%, respetivamente, nos casos do S&P 500 e do
eurostoxx 600). Porém, o valor negociado em ações do PSI 20 em mercado regulamentado re-presentou apenas 45% do transacionado em 2008 (80% e 62% nos casos do S&P 500 e do eu-rostoxx 600), uma tendência de queda transversal aos três mercados mas que indicia um agra-vamento do grau periférico do mercado nacional na sequência da crise financeira internacional.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.
12.31.04 12.31.05 12.31.06 12.31.07 12.31.08 12.31.09 12.31.10 12.31.11 12.31.12 12.31.13 12.31.14 12.31.15 12.31.16 12.31.17
%
5
10
15
20
25
30
35
Volatilidade Anual PSI 20
Volatilidade PSI 20 (Média 2005-2017)
Gráfico 2 - Volatilidade Anual do PSI20 (Janela Móvel de 1 ano)
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.12.31.04
79%
169%
72%
-91%
3% -0,4% 4%
50%
-14% -20%
-38%
49%10%
12.31.05 12.31.06 12.31.07 12.31.08 12.31.09 12.31.10 12.31.11 12.31.12 12.31.13 12.31.14 12.31.15 12.31.16 12.31.17
Milh
ões
€
0
200
400
600
800
1 000
1 200
1 400
1 600
Volume Negociado do PSI 20(Diário)PSI 20 - Variação AnualVolume (dir)Linear (Volume NegociadoPSI 20 (Diário))
Gráfico 3 - Valor Negociado do PSI20
-150%
150%
100%
200%
-50%
-100%
0%
50%
Abreve caraterização da evolução dos mercados acionistas descrita nos parágrafos anterio-res não pode ser desligada da conjuntura macroeconómica, que influenciou favoravelmen-
te a situação económica das empresas cotadas. Em primeiro lugar, as margens de lucro das empresas aumentaram substancialmente. No caso das empresas do índice PSI 20 a margem de lucro aumentou 0,81 p.p. face ao ano anterior (0,33 p.p. face à média dos últimos dez anos), o que compara com 2,93 p.p. (1,40 p.p.) nas empresas que integram o MSCI Europa (World). As empresas que integram os índices S&P 500, MSCI Europa e MSCI World também registaram margens de lucro superiores à média dos últimos dez anos.
2017CMVM
19Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Em simultâneo, assistiu-se ao aumento generalizado dos resultados por ação nas maiores sociedades cotadas em Portugal. Esse crescimento foi de 2,4% em 2017, um valor superior à variação percentual do índice de preços no consumidor, evolução semelhante (embora de magnitude inferior) à observada em empresas dos índices S&P 500, MSCI Europa e MSCI World.O aumento das margens de lucro e do volume de vendas traduziu-se num incremento dos resul-tados por ação quer das empresas que integram o PSI 20 quer de outras empresas europeias e mundiais. Em 2017, os resultados por ação dos índices PSI 20, S&P 500, MSCI Europa e MSCI World excederam em mais de 30% as respetivas médias dos dez anos precedentes.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.
PSI 20 S&P 500 MSCI W MSCI EU PSI 20 S&P 500 MSCI W MSCI EU
Gráfico 4 – Resultados por Ação (esq) e Margem de Lucro (dir)
2000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 20012 2013 2014 2015 2016 2017 2006 2007 2008 2009 2010 2011 20012 2013 2014 2015 2016 2017
-50%
-100%
0%
50%
100%
150%
200%
250%
-5%
0%
5%
10%
15%
20%
O earnings yield das empresas do PSI 20 situava-se em 7,2% no final do ano, um incremento de 3,3 p.p. por comparação com o período homólogo. Em termos internacionais, as empre-
sas do MSCI Europa e do MSCI World registaram aumentos deste indicador em 2017, contraria-mente ao que sucedeu com o S&P 500. A valorização dos índices PSI 20, MSCI Europa e MSCI World foi inferior à taxa de crescimento dos lucros das empresas, o que poderá significar que os investidores não consideram sustentável aquele aumento dos lucros ou que percecionam, no longo prazo, uma desaceleração do crescimento dos resultados associada à falta de opor-tunidades de crescimento.
Tal perceção pode estar alicerçada na evolução recente das despesas em I&D (em percentagem das receitas), que mostra níveis de investimento substanciais pelas empresas do S&P 500. O investimento destas empresas em I&D rondou os 3,24% das suas receitas, percentagem que contrasta com 2,75% entre as integrantes do MSCI Europa ou com 2,87% para as do MSCI World. No caso do índice PSI 20, idêntica percentagem é inferior a 0,02%. O impacto do reduzido inves-timento em I&D das empresas portuguesas poderá estar refletido nas estimativas dos resulta-dos por ação a três anos reportadas pelos analistas financeiros: a mediana dessas estimativas aponta para um crescimento dos resultados por ação a três anos de 4,53%, valor que contrasta com 32,9% e 19,4% para as empresas norte-americanas e europeias, respetivamente.
2017CMVM
20Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Os resultados económicos obtidos pelas empresas portuguesas justificam parcialmente as va-lorizações acionistas ocorridas no ano. O Price-to-Book ratio (PBR) do conjunto das empresas do PSI 20 era de 138% no final do ano, um incremento de 12,2 p.p. face ao período homólogo. Não obstante este aumento, no final de 2017 o PBR do índice PSI 20 situava-se 10,2 p.p. abai-xo da média dos últimos dez anos. Pelo contrário, o PBR dos principais índices internacionais analisados (em particular no S&P 500) situava-se acima da respetiva média da última década.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.
PSI 20 S&P 500 MSCI W MSCI EU 2006 2009 2012 2015 2017
Gráfico 5 – Price-to-Book (esq) e Earnings Yield (dir)
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 PSI 20 S&P 500 MSCI W MSCI EU2017
50%
0%
100%
150%
200%
250%
300%
350%
0%
1%
5%
6%
7%
8%
2%
3%
4%
Em paralelo com o verificado na Zona Euro e no resto do mundo, a atividade económica em Portugal acelerou significativamente em 2017. A taxa de crescimento real do PIB foi de
2,68%, valor que compara com 2,30% para a média da Zona Euro (e com 1,55% no ano anterior), e foi sustentada no aumento das exportações (+7,1%), da formação bruta de capital fixo (+5,5%) e do consumo privado (+2,1%), uma vez que o consumo público (+0,3%) quase estagnou. O cres-cimento da atividade económica e, mais concretamente, o aumento do consumo privado e do investimento, estão associados à recuperação da confiança dos agentes económicos durante os últimos trimestres: os indicadores de confiança e de sentimento económico alcançaram os níveis mais elevados dos últimos 20 anos.
A melhoria da conjuntura económica em Portugal foi traduzida na redução da taxa de desem-prego superior a dois pontos percentuais e no aumento da taxa de inflação de 0,9 pontos per-centuais. As importações cresceram a um ritmo inferior ao das exportações, o que contribuiu para uma balança corrente superavitária. Todos estes desenvolvimentos dos fundamentais macroeconómicos da economia portuguesa contribuíram favoravelmente para a evolução re-cente dos mercados financeiros.
A evolução da conjuntura macroeconómica foi muito similar nos vários blocos económicos mundiais. A atividade económica acelerou na Zona Euro, EUA e BRICS, mas os EUA continuaram a ter uma taxa de desemprego substancialmente mais baixa (que coloca o país numa situação
2017CMVM
21Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
próxima do pleno emprego) e em queda. Por outro lado, as tensões inflacionistas continuaram em níveis moderados nos EUA e na Zona Euro, o que aumentou a flexibilidade dos decisores para o prosseguimento de políticas monetárias menos rígidas nestas duas regiões.
Apesar de os principais indicadores apontarem para um risco de inflação reduzido no curto e médio prazos nos EUA, a Reserva Federal iniciou em 2017 uma inflexão na sua política monetá-ria. Entre as principais motivações para esta alteração está o facto de os atuais níveis das taxas de juro e a dimensão do balanço da Reserva Federal colocarem em causa uma resposta eficaz a futuras crises económicas e poderem promover escaladas de preços em alguns segmentos de ativos.
Fonte:
Bloomberg,
Banco de
Portugal,
Eurostat/
/Comissão
Europeia.
Quadro 1 – Indicadores Macroeconómicos
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
PORTUGAL
Variação do PIB real (%) 1,90 -1,83 -4,05 -1,10 0,90 1,83 1,55 2,68
Desemprego (%) 10,80 12,70 15,55 16,18 13,90 12,43 11,05 8,88
Saldo Orçamental (% PIB) -11,20 -7,40 -5,70 -4,80 -7,20 -4,40 -2,00 -2,96
Variação do IPC (%) 1,38 3,55 2,78 0,45 -0,16 0,51 0,64 1,55
Balança Corrente (% do PIB) -10,15 -6,00 -1,79 1,58 0,11 0,12 0,71 0,46
Zona Euro
Variação do PIB real (%) 2,10 1,60 -0,90 -0,20 1,30 2,10 1,80 2,30
Desemprego (%) 10,21 10,22 11,39 12,02 11,62 10,88 10,03 9,08
Saldo Orçamental (% PIB) -6,20 -4,20 -3,60 -3,00 -2,60 -2,10 -1,50 -1,00
Variação do IPC (%) 1,62 2,71 2,50 1,35 0,44 0,01 0,24 1,54
Balança Corrente (% do PIB) -0,06 -0,09 1,38 2,22 2,42 3,19 3,34 3,47
EUA
Variação do PIB real (%) 2,50 1,60 2,20 1,70 2,60 2,90 1,50 2,30
Desemprego (%) 9,61 8,93 8,08 7,36 6,18 5,27 4,87 4,35
Saldo Orçamental (% PIB) -8,40 -7,90 -6,50 -3,30 -2,70 -2,60 -3,10 -3,40
Variação do IPC (%) 1,29 1,49 1,89 1,51 1,60 1,33 1,77 1,54
Balança Corrente (% do PIB) -2,88 -2,87 -2,64 -2,09 -2,14 -2,40 -2,43 -2,40
BRICS
Variação do PIB real (%) 8,80 7,35 5,84 5,80 5,35 4,99 5,15 5,71
Desemprego (%) 5,96 5,58 5,18 5,32 5,14 5,17 5,50 5,72
Saldo Orçamental (% PIB) -2,39 -2,20 -2,09 -2,26 -2,26 -3,89 5,60 -4,23
Variação do IPC (%) 5,41 6,50 4,31 4,61 3,92 3,89 3,59 2,25
Balança Corrente (% do PIB) 1,39 0,57 0,63 0,21 0,85 1,72 1,04 0,80
Economia Mundial
Variação do PIB real (%) 5,40 4,29 3,52 3,47 3,57 3,40 3,23 3,73
Variação do IPC (%) 3,67 5,05 4,08 3,66 3,23 2,79 2,80 3,15
2017CMVM
22Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
A alteração do regime de política monetária alicerçou-se em dois vetores distintos. Em pri-meiro lugar, aumentou o target associado à fed funds rate através de alterações nas taxas
de juro pagas pelo excesso de reservas que os bancos detêm na Reserva Federal e nas taxas de juro overnight associadas a operações com acordo de recompra. Em resultado disso, ocorreu um aumento das taxas de juro do mercado interbancário. As taxas de juro interbancárias com maturidades mais longas também conheceram incrementos significativos, sendo o declive da curva das taxas do mercado interbancário (diferença entre a Libor 12 meses e a OIS) consis-tente com uma expectativa de novos incrementos da fed funds rate durante 2018. Em segundo lugar, o ritmo de redução de ativos domésticos detidos pela Reserva Federal foi acelerado através da diminuição do reinvestimento de reembolsos realizados ao abrigo do System Open Market Account (SOMA).
Na Zona Euro não se verificaram desenvolvimentos relevantes que indiciem uma alteração do regime de política monetária vigente no curto prazo. Assim, mantiveram-se inalteradas as taxas de juro de operações de refinanciamento, marginal lending facility e deposit facility em 0,00%, 0,25% e -0,40%, respetivamente. Quanto à política monetária não convencional, as aquisições no âmbito do asset purchase programme (APP) mantiveram-se a um ritmo mensal de 60 mil milhões de euros, com a expectativa de redução para 30 mil milhões de euros a partir de janeiro de 2018, o que se veio a verificar. A evolução das taxas de juro interbancárias da Zona Euro reflete a política monetária acomodatícia em vigor. Estas taxas situavam-se entre -0,346% e -0,186% (overnight e 12 meses, respetivamente) no final do ano, e eram inferiores às registadas no final de 2016.
O ano foi também marcado por uma redução do declive da curva de rendimentos norte-ameri-cana, com o aumento das taxas de juro de referência para maturidades inferiores a 7 anos e a redução para maturidades superiores a 7 anos. O diferencial entre as taxas de juro a 10 anos e a dois anos reduziu-se 74 pontos de base entre 2016 e 2017. As taxas internas de rentabilidade das obrigações com maturidade a 10 anos e a 30 anos dos EUA situavam-se, no final do ano, em 2,41% e 2,74%, respetivamente, valores que comparam com 4,70% e 4,81% no final de 2006. As baixas expectativas de inflação futura associadas ao incremento de produtividade esperado em resultado da revolução industrial (designada 4.0) poderão explicar este diferencial.
Na Zona Euro, as taxas internas de rentabilidade eram negativas em maturidades inferiores a 7 anos no final de 2017, e as taxas de juro a 10 anos eram inferiores a 0,5%. A evolução das taxas de juro de longo prazo na Zona Euro terá sido influenciada não só pelo menor dinamismo eco-nómico desta região nos últimos anos e pelas reduzidas expectativas de inflação futura, mas sobretudo pela determinação dos decisores de política monetária em fortalecer o crescimen-to económico e mitigar potenciais riscos de desencadear novas crises de sustentabilidade das finanças públicas em alguns países desta zona monetária.
2017CMVM
23Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.
Preç
o CD
S
Taxa
-2,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
0,0
Gráfico 6 – Curva de Rendimentos (esq) e Prémios de CDS Soberanos a Cinco Anos (dir)
-1,0
400
600
800
1 000
1 200
200
0
PortugalAlemanha 2010 Média IT-ES-IREUA 2017 EUA 2017Alemanha 2017
3M 6M 1A 2A 3A 5A 7A 10A 30A 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
A política económica conduzida pelos Estados-membros da União Europeia (e suportada pela política monetária do Banco Central Europeu (BCE) assente em taxas de juro de curto
prazo negativas e na compra massiva de ativos financeiros) foi aparentemente bem-sucedida no alívio da pressão exercida pelos mercados no sentido de disciplinar as finanças públicas de alguns países da Zona Euro. Com efeito, nos últimos cinco anos verificou-se um declínio sus-tentado dos prémios de seguro de crédito (CDS) exigidos pelos investidores para os países do Sul da Europa. A média do prémio de CDS com maturidade a cinco anos para Itália, Espanha e Irlanda reduziu-se de 541 pontos base em dezembro de 2011 para 66 pontos base em dezembro de 2017. No caso de Portugal, o declínio dos spreads de crédito foi ainda mais acentuado nesse período: 1 012 pontos base. Em consequência, os spreads de crédito de Portugal e dos demais países do Sul da Europa (excluindo Grécia) voltaram a convergir.
A melhoria da perceção dos investidores relativamente à situação das finanças públicas de países da Zona Euro não será certamente alheia ao esforço demonstrado pelos decisores polí-ticos para inverter a dinâmica de crescimento da dívida pública. O ano de 2008 marcou o início de uma dinâmica insustentável de crescimento da dívida pública (em % do PIB) na maioria dos países da Zona Euro, sendo essa tendência mais acentuada em Portugal. A alteração de para-digma em 2011 com o aprofundar da crise das dívidas soberanas conduziu a um abrandamento dessa dinâmica, não obstante ter também resultado numa deterioração significativa do cres-cimento económico.
Dois fatores contribuíram para a estabilização daquela tendência nos anos mais recentes. Em primeiro lugar, a redução significativa das taxas de juro de curto prazo promovida pelo BCE, conjugada com a compra de ativos, ajudou a atenuar o serviço da dívida. Em segundo lugar, o crescimento económico e a redução do desemprego permitiram aumentar as receitas públi-cas e reduzir os encargos com a segurança social, contribuindo desse modo para a redução dos défices públicos. Consequentemente, o aumento do PIB no último triénio contribuiu para tornar a dívida pública mais sustentável em termos relativos.
2017CMVM
24Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
Banco de
Portugal e Banco
Central Europeu,
cálculos CMVM. 0
60
80
100
120
140
40
Gráfico 7 - Rácio entre Dívida Pública e PIB (esq) e Empréstimos Bancários Concedidos a Empresas Não Financeiras (dir)
20
2 000
3 000
4 000
5 000
6 000 140
120
100
80
60
40
20
0
1 000
0
Portugal Zona EuroPortugal Zona Euro
Zona
Eur
o (m
ilhõe
s de
Eur
os)
Port
ugal
(milh
ões
de E
uros
)
Dívi
da e
m %
PIB
2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 20172006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
No que se refere à dívida privada, assistiu-se a um novo decréscimo dos empréstimos ban-cários concedidos a empresas não financeiras em Portugal, o que permitiu consolidar o
esforço de desalavancagem iniciado em 2009. Esta evolução contrasta marcadamente com a verificada no conjunto dos países da Zona Euro, onde aqueles empréstimos cresceram ligeira-mente em 2017, para um nível próximo do evidenciado antes da crise financeira.
À semelhança das empresas não financeiras, as famílias e entidades sem fins lucrativos tam-bém reduziram o respetivo endividamento, evolução que contrasta igualmente com a obser-vada nos demais países da Zona Euro onde, na última década, o endividamento bancário de famílias e entidades sem fins lucrativos cresceu ao ritmo anual de 1,4%. A diminuição do stock de dívida e das taxas de juro interbancárias contribuiu para a redução substancial do serviço de dívida (em percentagem do rendimento) das famílias em Portugal. No final de 2017 este indi-cador atingiu 6,9%, uma queda de 4,2 p.p. face a 2008 (ano em que atingiu o valor mais elevado desde a adesão à moeda única).
Fonte:
Banco Central
Europeu e BIS,
cálculos CMVM.
2 000
3 000
4 000
5 000
6 000
1 000
Gráfico 8 - Dívida das Famílias (esq) e Respetivo Peso em Portugal (dir)
0
30
70
6080
10012
10
8
6
4
2
0
180
160
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120
100
60
80
40
20
0
20
10
0
Dívida da famílias em % do PIB Serviço da dívidaPortugal Zona Euro
Dívi
da e
m %
PIB
Port
ugal
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de
Euro
s)
Zona
Eur
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a
60
5040
2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 20172006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
2017CMVM
25Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Também os mercados cambial e imobiliário foram fortemente influenciados pela política monetária do BCE. Com exceção da libra esterlina, na última década o Euro depreciou em
relação às principais moedas mundiais, o que contribuiu de forma significativa para o saldo positivo da balança corrente da Zona Euro desde 2012. No entanto, em 2017 o Euro apreciou face a várias dessas moedas, apreciação que foi superior em relação ao dólar norte americano e ao iene japonês.
No mercado imobiliário em Portugal assistiu-se ao aumento pronunciado dos preços (+8,6% e +7,5% em termos nominais e reais, respetivamente), na continuação de uma tendência iniciada em 2012, ano em que o índice de preços do imobiliário atingiu o valor mínimo das duas últimas décadas. Esta evolução acompanha, ainda que de forma mais pronunciada, a tendência evi-denciada na Zona Euro e na OCDE onde, no último ano, se verificou um aumento nominal de 3,2% (2,3% em termos reais) e de 3,9% (2,7% em termos reais), respetivamente.
O forte crescimento dos preços do imobiliário em Portugal suscita questões relativas à sua sustentabilidade. Com efeito, desde 2014 que o preço dos imóveis, em percentagem da renda implícita que lhes está associada, apresenta uma trajetória ascendente e mais pronunciada do que a verificada na Zona Euro e mesmo no conjunto dos países da OCDE. Também os preços dos imóveis em percentagem do rendimento per capita aumentam em Portugal desde 2012, aumento que foi mais pronunciado no último ano e superior ao verificado naquelas zonas. O crescimento dos preços do imobiliário terá decorrido parcialmente da política monetária aco-modatícia e de juros reduzidos na Zona Euro, que levaram à existência de liquidez abundante na economia. Perante a relativa escassez de emissão de novos ativos, o aumento da procura contribuiu para o aumento de preço de ativos existentes. Sem prejuízo disso, e dado o diferen-cial de valorização dos imóveis em Portugal e na Zona Euro, o crescente interesse de investi-dores internacionais também ajuda a explicar esta evolução.
Fonte:
OCDE,
cálculos CMVM.
Nota: Todos
os índices
apresentam o
valor 100 em
2010.
90
100
105
110
115
120
85
Gráfico 9 – Imobiliário: Rácios PreçoRendas (esq) e PreçoRendimento (dir)
0
95
110
115
120
90
85
80
Portugal Zona Euro OCDE - Total Portugal Zona Euro OCDE - Total
105
100
2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 20172006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
2017CMVM
26Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Nos mercados de dívida assistiu-se à diminuição do spread de crédito de obrigações hi-gh-yield face a obrigações investment grade, com o diferencial de rendimentos entre um
cabaz mundial de obrigações com notação Aaa e um cabaz de obrigações com notação Baa a atingir em 2017 o valor mínimo (0,71 p.p.) dos últimos 18 anos. Políticas monetárias agressivas e a melhoria da conjuntura económica ajudam a explicar esta tendência.
Por outro lado, nos mercados de mercadorias, o preço do petróleo atingiu 60,4 dólares norte--americanos (USD) no final do ano e no início de 2018 já ultrapassava os 80 USD. Muito embora se trate de um aumento acentuado, o preço desta matéria prima ainda se encontrava bastante aquém dos máximos registados em 2011. Ainda assim, os efeitos económicos deste aumento parecem ter sido atenuados pela queda do preço de outras fontes energéticas: o preço do gás natural, por exemplo, caiu 5,6% em 2017 e 11,4% ao ano entre 2008 e 2017.
Fonte:
Bloomberg/
/Moody’s,
cálculos CMVM.
2,0%
3,0%
4,0%
5,0%
6,0%
9,0%
8,0%
7,0%
1,0%
Gráfico 10 – Spread de Crédito de Obrigações Empresariais (Cabaz Mundial)
0,0%
Rating Aaa
Rating Baa
2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM;
valores de final
de ano. 0
800
1 000
1 200
1 400
1 600
1 800
600
Gráfico 11 - Preço das Principais Commodities
400
200
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60
80
100
120 8
7
6
5
4
3
2
1
0
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30
25
20
15
10
5
0
20
0
Petróleo Gás NaturalOuro Prata
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USD/
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)
Preç
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ural
(MBT
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SD/b
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)
2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
O preço dos metais preciosos ouro e prata (vistos como reserva de valor em períodos de tur-bulência) também aumentou nos últimos dois anos. Alterações geopolíticas como o Brexit
e a possibilidade de intensificação de conflitos comerciais após a eleição do atual presidente
2017CMVM
27Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
norte-americano poderão ter contribuído para a recuperação destes preços no último biénio.
Não surpreende, por tudo isto, que os indicadores de risco sistémico na Zona Euro tenham evoluído de forma positiva. A redução dos níveis de incerteza política durante o ano terá tam-bém contribuído para níveis controlados do indicador Composite Indicator of Systemic Stress (CISS). O segmento com o maior contributo para o risco sistémico foi o dos intermediários fi-nanceiros, um sinal de que este setor continua a ser uma fonte importante de risco.
A probabilidade de falência de dois ou mais emitentes caiu para valores mínimos da última década1, evolução que não poderá ser dissociada das melhorias observadas ao nível dos non performing loans (NPL) dos bancos na Europa, da melhoria da confiança dos consumidores e do cenário combinado de crescimento económico e de expectativas de aumento das taxas de juro num futuro próximo. Também o índice St. Louis Fed Financial Stress (que mede o co-movi-mento de indicadores de diversos segmentos do mercado) assumiu valores históricos mínimos em 2017, num claro sinal de menor risco de stress financeiro nos EUA.
Fonte:
Bloomberg (esq)
e BCE (dir),
cálculos CMVM.
1 Fonte: BCE.
0
10
20
30
40
50
60
70
100
105
110
115
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135
140
145
150
Gráfico 12 - VIX e SKEW (esq) CISS e Zona Euro (dir)
VIX SKEW SKEW Média Móvel (12 meses)Mercado Obrigacionista Mercado Accionista Intermediários Financeiros
Mercado Cambial
0,0
0,2
0,4
1,6
0,8
1,0
-0,4
-0,2
Mercado Monetário CISS_ECB Correlação
20062005 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017 201820062005 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017 2018
Fonte:
BCE,
cálculos CMVM.
Gráfico 13 - SOVCISS (esq) e CLIFS (dir)
Jan.
2005
Jan.
2007
Jan.
2008
Jan.
2009
Jan.
2010
Jan.
2011
Jan.
2012
Jan.
2013
Jan.
2014
Jan.
2015
Jan.
2016
Jan.
2017
Jan.
2018
Jan.
2005
Jan.
2007
Jan.
2008
Jan.
2009
Jan.
2010
Jan.
2011
Jan.
2012
Jan.
2013
Jan.
2014
Jan.
2015
Jan.
2016
Jan.
2017
Jan.
2018
Amplitude UE28 CLIFS_Portugal
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
2017CMVM
28Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Em Portugal, o cenário positivo de crescimento económico mais robusto, num contexto de manutenção da política monetária pelo BCE, a evolução positiva do saldo orçamental
e os ajustamentos no setor bancário traduziram-se na melhoria da avaliação do risco pelos investidores e agências internacionais de notação de risco. A Moody’s (setembro) manteve o rating mas com outlook positivo, enquanto a Standard & Poor’s (setembro) e a Fitch (dezembro) melhoraram a notação de risco da República para a classe de investimento. Em conformidade, o indicador SovCISS (Sovereign CISS) para Portugal caiu durante o ano, tendo convergido para os valores médios da Zona Euro, e a República Portuguesa beneficiou de condições de finan-ciamento mais favoráveis nos mercados de dívida soberana. Esta evolução culminou com o indicador Country-Level Index of Financial Stress (CLIFS) de stress financeiro para Portugal a atingir o valor mais baixo da última década.
A redução do risco sistémico soberano na Zona Euro no decurso de 2017 terá resultado de expectativas de crescimento mais favoráveis e da redução da incerteza em matéria de política económica, designadamente sobre a manutenção dos estímulos monetários do BCE. O prémio de risco e a volatilidade no mercado obrigacionista diminuíram à medida que se conheciam os resultados de diversos processos eleitorais, gerando um cenário de muito reduzida volati-lidade em diversas classes de ativos. O segundo programa de assistência financeira à Grécia contribuiu igualmente para a redução do risco de crédito soberano. A redução do risco sobe-rano foi acompanhada da diminuição da dispersão dos indicadores para os diversos países que constituem esta zona monetária, num padrão que se aproxima do observado antes da crise financeira internacional.
2017CMVM
29Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
2.MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS ENQUANTO FONTE DE FINANCIAMENTO
2017CMVM
30Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS ENQUANTO FONTE DE FINANCIAMENTO
contexto macroeconómico mais favorável e a redução generalizada dos indicadores de risco proporcionaram um enquadramento mais propício ao crescimento do investimento e, em par-ticular, para que o seu financiamento se possa processar mediante o recurso ao mercado de valores mobiliários.
AS EMPRESAS NACIONAIS CONTINUARAM O PROCESSO DE DESALAVANCAGEM EM 2017 E ESPERAM AUMENTAR O INVESTIMENTO EM 2018
O MERCADO DE CAPITAIS CONTINUOU A SER POUCO UTILIZADO PELAS EMPRESAS ENQUANTO FONTE DE FINANCIAMENTO DO INVESTIMENTO, EMBORA O CONSIDEREM COMO O MENOS LIMITATIVO
Fonte:
eurostat,
Contas nacionais
financeiras não
consolidadas
(cálculos CMVM).Portugal
Média 19 países UE
Gráfico 14 – Peso de Vários Elementos no Total da Economia
Títulos exceto ações Ações e outras participaçõesEmpréstimos
5
0
10
15
20
25
30
35
40
2015T4 2016T4 2017T4 2015T4 2016T4 2017T4 2015T4 2016T4 2017T4
Mediana
3.o Q
1.o Q
%
2.
•
•
O
Nota: Dados não consolidados, ou seja, são consideradas as operações entre entidades do mesmo setor institucional.
A análise das contas nacionais financeiras não consolidadas justifica-se pela disponibilidade dos dados relativos a todos
os países da Zona Euro, o que não se verifica, até à data de elaboração deste relatório, nos dados consolidados.
A grande diferença entre as contas consolidadas e as não consolidadas explica-se pelo volume substancial de operações
ocorridas dentro do mesmo setor ou subsetor institucional, posteriormente eliminadas com a consolidação.
Em Portugal, as principais responsáveis pela diferença entre contas consolidadas e não consolidadas são as operações
entre as entidades financeiras e em menor grau entre as sociedades não financeiras.
2017CMVM
31Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O peso dos empréstimos no segmento das sociedades não financeiras (SNF) diminuiu menos em Portugal do que na Zona Euro. No segmento de particulares o peso desta componente
apresenta variações de sentido oposto, tendo diminuído no caso português e aumentado na Zona Euro.
Não obstante o processo de desalavancagem que têm atravessado, as empresas em Portugal esperam, em 2018, aumentar o investimento empresarial em cerca de 3,7% face a 2017 2. As duas principais fontes de financiamento para os investimentos empresariais serão, à semelhança de anos anteriores, o autofinanciamento e o crédito bancário. O mercado de capitais (ações e obrigações) surge como uma das alternativas menos consideradas (1,2% das respostas).
A rentabilidade obtida pelas empresas no desenvolvimento da sua atividade não pode ser dissociada da respetiva capacidade de financiamento. Com algumas poucas exceções, desde 2012 que se assiste ao crescimento continuado dos lucros das empresas portuguesas (em per-centagem dos capitais próprios – o return on equity). Também o rácio entre os resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) e os juros suportados tem aumentado consistentemente, o que está associado à maior capacidade relativa de as empresas cumpri-rem o seu serviço da dívida.
Fonte:
Banco de
Portugal (Central
de Balanços),
cálculos CMVM.
2 Fonte:
INE, Inquérito
de Conjuntura,
outubro de 2017.
2
3
4
5
7
8Euro
1
Gráfico 15 - Rentabilidade e Eficiência das Empresas - Portugal
0
Dez. 2017
EBITDA/Juros suport.
Dez. 2007 Dez. 2008 Dez. 2009 Dez. 2010 Dez. 2011 Dez. 2012 Dez. 2013 Dez. 2014 Dez. 2015 Dez. 2016
EBITDA//(Cap. próp.+Fin. obt.) (%)
ROE: Res. líq. período//Cap. próp. (%)
6
2
4
6
8
12
14%
0
-2
10
EBIT
DA/J
uros
sup
ort.
EBIT
DA/(C
ap. p
róp.
+Fin
. obt
.) (%
)
ROE:
Res
. líq
. per
íodo
/Cap
. pró
p. (%
)
De acordo com as contas financeiras nacionais, o peso dos empréstimos no total da economia portuguesa caiu mais do que na média dos países da Zona Euro. Por outro lado, ainda que li-geiramente inferior ao ocorrido para a média dos países da Zona Euro, em Portugal aumentou o peso das ações e outras participações, mas o peso dos títulos (exceto ações) aumentou em Portugal e diminuiu na média dos países da Zona Euro. Esta diminuição dos empréstimos to-mados pelas empresas aponta para que o investimento tenha sido financiado, com maior peso relativo do que em períodos anteriores, mediante recurso ao mercado, nomeadamente através da emissão de dívida, e através do recurso ao autofinanciamento.
2017CMVM
32Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O rácio da dívida sobre as receitas (debt-to-income) das sociedades não financeiras nacio-nais, apesar de se manter acima dos 400% desde 2007, apresenta uma evolução favorável,
em convergência com as suas pares europeias. Além de evidenciar o peso da dívida das em-presas face aos rendimentos que geram, este indicador traduz a capacidade de as empresas contraírem dívida adicional.
Centrando a análise nas empresas admitidas à cotação na Euronext Lisbon, assistiu-se em 2017 à diminuição do ativo líquido e da dívida destas empresas, e ao aumento dos capitais pró-prios. Assistiu-se igualmente ao aumento da capitalização bolsista em todos os segmentos de empresas analisados. Nos casos da capitalização bolsista e dos capitais próprios, os aumentos verificados foram mais pronunciados nas empresas financeiras e nas não integrantes do PSI 20. Em contraste, a diminuição do ativo total foi mais acentuada nas empresas financeiras e nas de maior dimensão e liquidez. Estas variações explicam a evolução de vários indicadores: os rácios capitalização bolsista/ativo total e capitalização bolsista/capital próprio caíram no caso das empresas de menor dimensão e liquidez, o que encontra justificação no maior au-mento do ativo e do capital próprio, face ao da capitalização bolsista. É ainda de notar a saída da Euronext Lisbon de duas empresas (Cimpor e Caixa Económica Montepio Geral (CEMG)).
Fonte:
Thomson
Reuters; Contas
das Empresas;
Cálculos CMVM.
Notas: No
capital próprio
não foram
considerados
os interesses
minoritários.
As Sociedades
Anónimas
Desportivas e a
Orey não foram
incluídas.
Quadro 2 – Capitalização Bolsista em Percentagem do Ativo Total e do Capital Próprio
2016 2017
Empresas Não Financeiras
Número de Empresas 39 38
Capitalização Bolsista / Ativo Total 43,9% 50,9%
Capitalização Bolsista / Capital Próprio 159,7% 172,1%
Empresas Financeiras
Número de Empresas 3 2
Capitalização Bolsista / Ativo Total 2,2% 5,9%
Capitalização Bolsista / Capital Próprio 43,8% 65,8%
Empresas Integrantes do PSI 20
Número de Empresas 18 18
Capitalização Bolsista / Ativo Total 22,8% 34,2%
Capitalização Bolsista / Capital Próprio 143,8% 161,0%
Empresas Não Integrantes do PSI 20
Número de Empresas 24 22
Capitalização Bolsista / Ativo Total 16,3% 11,5%
Capitalização Bolsista / Capital Próprio 93,3% 77,4%
TOTAL
Número de Empresas 42 40
Capitalização Bolsista / Ativo Total 22,3% 30,1%
Capitalização Bolsista / Capital Próprio 140,5% 150,0%
2017CMVM
33Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Pode, pois, concluir-se que a rentabilidade das empresas portuguesas (cotadas e não cotadas) melhorou nos anos mais recentes, em parte pelo processo de desalavancagem ocorrido, o que contribuiu para melhorar a sua capacidade de autofinanciamento.
O último Inquérito de Conjuntura ao Investimento revela que as empresas nacionais esperam utilizar os lucros das
suas atividades como principal fonte de financiamento para o investimento futuro, mas admitem também que a
incerteza associada a esses lucros seja um dos principais entraves ao aumento do investimento. Já o recurso ao
mercado de capitais é considerado como o fator menos limitativo, o que decorre, no entanto, de ser considerado
apenas como último recurso, e redunda em baixos níveis de financiamento através da emissão de ações e de
obrigações observados em Portugal. Refira-se, contudo, que alguma teoria económica tem concluído que os ges-
tores das empresas optam primeiramente por recorrer ao autofinanciamento, em virtude do seu menor custo de
oportunidade, financiando-se depois através de dívida e da emissão de ações.
Entre as razões para a pouca adesão ao financiamento, em particular pelas PME, através do mercado de capi-
tais, encontram-se assimetrias de informação, mais acentuadas nestas empresas comparativamente a outras
de maior dimensão, bem como enviesamentos comportamentais (os responsáveis pela decisão de financiamento
podem, por exemplo, ter tendência a preferir que o financiamento seja ‘como sempre foi’ e ignorar novas fontes
de financiamento, ou manifestar excesso de confiança em como a sua decisão de não se financiar no mercado de
capitais é a mais acertada).
A estes fatores podem ainda juntar-se desvantagens em termos de custos:
Os custos de assessoria financeira e jurídica (auxílio à gestão, prospeção de investidores, notação
de risco, preparação de prospeto, colocação em mercado das ações, entre outros) e os inerentes à
criação de uma estrutura na empresa para o relacionamento com o mercado, acionistas e reguladores;
Os encargos relacionados com a publicação regular de informação e com a auditoria às contas
Vantagens e Desvantagens da Obtenção de Financiamento via Mercado de Capitais
Caixa 1
•
•
Fonte: INE.
Quadro 3 – Fatores Limitativos ao Financiamento do Investimento (Portugal)
Insuficiência da Capacidade
Produtiva
2017 6,1% 35,5% 17,1% 10,7% 37,7% 39,2% 19,9% 3,3% 18,9%
2018 6,1% 35,1% 16,8% 10,6% 36,8% 42,2% 21,2% 3,5% 18,7%
Deterioração das Perspetivas
De Venda
Dificuldade de Contratar
Pessoal Qualificado
Dificuldade Em Obter Crédito
Bancário
Mercado de Capitais
OutrosNível da Taxa de Juro
Rentabilidade dos
Investimentos
Capacidade de Auto-
-financiamento
2017CMVM
34Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
(transparência), nomeadamente para mitigar assimetrias de informação;
Os encargos decorrentes das taxas cobradas pelos mercados e pelos reguladores.
Contudo, o mercado português compara bem com a média europeia, pelo menos no que tange aos custos do
contexto regulatório. Em comparação com França, Espanha, Itália, Alemanha, Holanda, Reino Unido e Bélgica, os
custos de aprovação de um prospeto de ações ou de obrigações e os custos anuais de supervisão dos emitentes
em Portugal são dos mais reduzidos;
Uma outra potencial desvantagem do financiamento através do mercado de valores mobiliários é a
ausência da designada ‘relationship lending’. Esta relação entre o financiador (normalmente o banco)
e o financiado (a empresa) extravasa o mero conhecimento das informações financeiras deste e é
usada para ‘substituir’ assimetrias de informação. Esta substituição funciona como um seguro de
liquidez para as empresas que necessitem de fundos em short-notice e almofada para flutuações na
disponibilidade de crédito/fundos para as empresas.
No entanto, o financiamento através dos mercados de capitais apresenta também importantes vantagens, em
particular:
Os montantes disponíveis para financiamento são potencialmente mais elevados do que os disponi-
bilizados pelo setor bancário;
Não existem restrições ao montante de investimento a pedir (ao invés do financiamento bancário,
que está limitado devido aos limites impostos nos balanços dos bancos);
Permite o acesso a financiamento que possa não exigir tantas garantias como o obtido através de
outras fontes (as empresas não necessitam de deter ativos tangíveis que sirvam de garante, e que
seriam exigidos pelos bancos no financiamento bancário);
A taxa de juro associada à emissão de dívida no mercado de capitais poder ser inferior à do crédito
bancário;
Após o financiamento através do mercado de capitais, as empresas podem ter a cobertura de ana-
listas financeiros (incluindo notações de risco de crédito), com o acréscimo de notoriedade asso-
ciado.
•
•
•
•
•
•
•
2017CMVM
35Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
3.MERCADO PRIMÁRIO E OFERTAS
2017CMVM
36Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO PRIMÁRIOE OFERTAS
SEGMENTO ACIONISTA
m 2017, realizaram-se no mercado nacional duas operações de aumento de capital: uma do Banco Comercial Português, com um encaixe total de 1 332 milhões de euros, e outra da REN - Redes Energéticas Nacionais, num montante de 133 milhões de euros. Recorde-se que, no ano anterior, não tinha havido qualquer operação desta natureza em Portugal. Decorreram ainda várias ofertas públicas de subscrição dirigidas a trabalhadores que, nos termos legais, benefi-ciaram de dispensa de publicação de prospeto. Foram os casos das ofertas da AbbVie, Abbot, Saint Gobain, Sanofi, Thales e Roche Holding. Todavia, não foram divulgados resultados para estas ofertas.
Foram registadas seis ofertas públicas de aquisição (OPA): i) uma sobre as ações do Banco BPI; ii) duas sobre as ações da CIPAN – Companhia Industrial Produtora Antibióticos; iii) uma sobre as ações da SDC – Investimentos; iv) uma sobre as ações da EDP Renováveis e v) uma sobre as unidades de participação constitutivas do Fundo de Participação da Caixa Económica Montepio Geral. Adicionalmente, foi anunciada preliminarmente uma OPA sobre o Grupo Media Capital, ainda não registada. No seu conjunto, estas OPA visavam a aquisição de capital num montante de 2 287,6 milhões de euros mas, após a concretização destas operações, apenas veio a ser objeto de compra um valor global de capital de 988 milhões de euros. Este diferencial resulta essencialmente do insucesso da OPA sobre a EDP Renováveis.
No que respeita a ofertas públicas de venda (OPV) de ações, destacam-se duas operações, que proporcionaram um encaixe global de 796 564 euros: i) a da TAP - Transportes Aéreos Portu-gueses e a ii) da Empresa Geral do Fomento. Estas ofertas foram reservadas a colaboradores das empresas dos respetivos grupos no âmbito de processos de reprivatização do capital
FORAM REGISTADAS SEIS OFERTAS PÚBLICAS DE AQUISIÇÃO E DOIS AUMENTOS DE CAPITAL NO MERCADO NACIONAL
A DÍVIDA PRIVADA EMITIDA EM PORTUGAL AUMENTOU EM 2017
A COLOCAÇÃO DE PRODUTOS FINANCEIROS COMPLEXOS CAIU E OS PRODUTOS COM CAPITAL GARANTIDO AUMENTARAM O SEU PESO RELATIVO
3.
•
•
•
E
2017CMVM
37Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
AFME e
Economic Policy
Uncertainty;
cálculos CMVM.
250
200
150
100
50
0
2 000
1 800
1 600
1 400
1 200
1 000
800
600
400
2000
Gráfico 16 – IPO, Aumentos de Capital e Incerteza Política - Europa (esq)e IPO, Aumentos de Capital e Incerteza Política - Europa (dir)
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Aumentos de Capital IPOs N.o negócios
N.o
€ 10
^g 250
200
150
100
50
0
N.o
de N
egóc
ios
(IPO
s)
2017 Indicador de Incerteza Política (Europa)0 100 200 300 400 500
social relativamente a ações representativas de 5% do respetivo capital social. Apesar da rea-lização destas OPV, nenhuma destas sociedades passou a revestir a qualidade de sociedade aberta, nos termos do artigo 13.º do Código dos Valores Mobiliários.
Ocorreram igualmente outras OPV dirigidas a trabalhadores, que também beneficiaram, nos termos legais, de dispensa de publicação de prospeto. Foram os casos das ofertas da ABB, Allianz, Accenture, Auchan, Siemens, Hewlett Packard, Microsoft e CGI Group Inc, mas não fo-ram divulgados resultados para estas ofertas.
Na Europa, e em contraste com a quebra observada em 2016, o valor das emissões de ações também aumentou, principalmente em resultado de aumentos de capital. Esta recuperação não pode ser dissociada da melhoria da conjuntura macroeconómica, da valorização dos mer-cados acionistas e da evolução positiva no sentimento dos mercados.
A realização de ofertas públicas iniciais (IPO) tende a concentrar-se em períodos de maior es-tabilidade política. O ano de 2016 tinha sido marcado por picos de incerteza, designadamente no segundo e no quarto trimestres, que poderão ter motivado as empresas a adiar as suas decisões de financiamento no mercado acionista. Outros fatores que poderão ter contribuído favoravelmente para este aumento são a reduzida volatilidade nos mercados, a valorização dos ativos nas principais praças financeiras e um cenário económico mais favorável.
A nível geográfico, os emitentes sediados no Reino Unido, Itália, Suíça e Espanha representa-ram mais de metade das emissões em IPO na Europa. No entanto, a evolução dos montantes emitidos foi diferenciada, com o valor dos IPO na Alemanha e em Espanha a crescer, a manter--se inalterado em França e a cair no Reino Unido em resultado, nomeadamente, da incerteza relacionada com o calendário do Brexit. Em termos setoriais, cerca de metade das emissões concentraram-se nos setores financeiro, da saúde e da eletrónica.
2017CMVM
38Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Nos EUA, após a quebra registada no ano transato, o valor das emissões de ações aumentou em consequência do incremento do montante emitido em ofertas públicas iniciais (que to-
talizaram 36,5 milhares de milhões de USD), uma vez que os aumentos de capital estabilizaram nos 153,2 milhares de milhões de dólares. As emissões de maior valor concentraram-se nos setores tecnológico, da saúde e imobiliário.
SEGMENTO OBRIGACIONISTA
Dívida Privada
A dívida privada emitida em Portugal (204 emissões) ascendeu a 15 967 milhões de euros em 2017, traduzindo um aumento de 32% relativamente ao ano anterior. As emissões mediante
subscrição particular foram de novo predominantes, tendo representado 84% do valor emitido. Ainda assim, a emissão através de subscrição pública ganhou relevância face ao ano anterior.Os emitentes do setor financeiro mantiveram a preponderância na emissão de dívida privada, tendo sido responsáveis por 74% do valor total deste tipo de dívida colocada em mercado pri-mário, a que se seguiram os do setor da energia (14% do total). Os emitentes não residentes continuaram a ter um papel reduzido na emissão de dívida privada (as respetivas emissões representaram apenas 1,4% do montante global emitido em Portugal no ano).
Fonte:
CMVM e Banco
de Portugal;
cálculos CMVM.
Nota: Valor
efetivamente
colocado
ao preço de
subscrição.
3 Fonte: ESMA.
10 000
15 000
30 000
5 000
20 000
Gráfico 17 – Emissões de Obrigações - Portugal
0
Sector Público
Outras (subordinadas//contigentes/perpétuas//permutáveis)
25 000
2015 2016 2017
€ 10
^ 6
Estruturadas/Cupão Zero
Hipotecárias
Caixa
Titularizadas
Clássicas
O valor global das emissões de dívida privada em Portugal continua a ter um contributo re-duzido para o montante global emitido deste tipo de dívida na Europa. Com efeito, o valor
global de dívida privada emitido na Europa em 2017 foi de 962 mil milhões de euros3, pelo que as emissões em Portugal correspondem a menos de 1,7% daquele montante.
A evolução das emissões foi heterogénea ao longo do ano. No primeiro semestre, a emissão de dívida privada na Europa aumentou em termos homólogos para 571 mil milhões de euros,
2017CMVM
39Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
impulsionada pelo segmento high-yield, uma vez que o cenário prolongado de baixas taxas de juro continuou a reforçar estratégias de procura de retorno. No segundo semestre, o montante emitido caiu para 391 mil milhões de euros, o que ficou a dever-se a uma contração das emis-sões investment grade, uma vez que as emissões no segmento high yield cresceram. Conse-quentemente, continuou a observar-se uma ligeira deterioração da notação de risco do stock da dívida (com um menor peso dos segmentos AAA e AA). A redução das emissões de dívida por empresas do setor bancário europeu foi acompanhada do maior recurso ao mercado primário acionista.
Nos EUA, as emissões de dívida privada totalizaram 1 644,9 mil milhões de dólares em 2017. O aumento do montante emitido face ao ano anterior ocorreu quer no segmento high yield, quer no investment grade. Em termos setoriais, os setores financeiro e energético concentraram mais de metade das emissões 4. 4
Fonte: SIFMA
A colocação de produtos financeiros complexos (PFC) em Portugal continuou a cair e os PFC com capital garantido
aumentaram de novo o seu peso relativo. Esta evolução não pode ser dissociada do default dos títulos da Portugal
Telecom International Finance (PTIF), que se constituíam como ativo subjacente de vários PFC, designadamente
credit linked notes.
Após este evento de crédito, no terceiro trimestre de 2016 a ISDA determinou um valor de recuperação de 20%
para os títulos PTIF, o que levou a que os investidores perdessem pelo menos quatro em cada cinco euros inves-
tidos em diversos PFC que tinham obrigações da PTIF como subjacente. Este evento terá prejudicado a confiança
dos investidores e levado à diminuição da procura, pressionando os emitentes a ajustar a oferta para produtos de
menor risco.
Colocação de Produtos Financeiros Complexos em Queda em Portugal
Caixa 2
Fonte:
CMVM.
30%
40%
50%
60%
90%
100%
20%
70%
Gráfico 18 – Valores Colocados (esq) e Tipo de Alerta (dir) de PFC em Portugal
10%
0%
Alerta LaranjaAlerta AmareloAlerta VerdeAlerta Vermelho Total (No)
80%
2014 2015 2016 2017
111
78
104
129
30%
40%
50%
60%
90%
100%
20%
70%
10%
0%
80%
2014 2015 2016 2017
402
639
1 283
2 823
Capital Não GarantidoCapital Garantido Total (€ 10^6)
2017CMVM
40Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
A alteração das características de remuneração encontra-se parcialmente refletida no tipo de alerta incluído nos
documentos informativos dos PFC emitidos no ano. Os PFC com alerta verde (que têm o capital totalmente pro-
tegido, salvo risco de crédito do emitente) aumentaram tanto em número como em peso relativo. O número de
produtos com alerta vermelho também aumentou, pelo que se assistiu ao adensamento do número de produtos
emitidos nas extremidades dos níveis de alerta de risco. Embora o valor de PFC colocado tenha diminuído e a pro-
porção de produtos com capital garantido tenha aumentado (o que, só por si, não é um garante de menor comple-
xidade), a compreensão plena de como funcionam estes PFC continua a ser um desafio para um investidor médio.
O montante vivo de PFC comercializados em Portugal aumentou para 4,2 mil milhões de euros no final do ano, isto
apesar de o número de PFC vivos ter caído para 325. Entre os subjacentes destes produtos, os que têm a natureza
de ações foram os que mais cresceram em termos relativos. Na Europa, o montante vivo de PFC continuou a cair
e atingiu aproximadamente 500 mil milhões de euros no final do ano (800 mil milhões de euros em 2012). Não
obstante, o número de PFC vivos aumentou para cerca de 5 milhões (menos de 2 milhões em 2012). Esta evolução
não pode ser dissociada das alterações ocorridas na oferta destes produtos, com um número crescente de PFC a
ser colocados em mercado de bolsa com montantes inferiores aos dos produtos OTC. Por outro lado, aumentou a
procura por produtos de maturidades mais curtas, porventura em resultado de expectativas de aumento das taxas
de juro num futuro não muito distante.
Caixa 2
Fonte:
CMVM.
200
400
600
800
1 400
1 600 140
120
100
80
60
40
20
0
1 000
Gráfico 19 – Montante Vivo de PFC Comercializados em Portugal (por subjacente)
0Número de PFC - 2016
Montante Vivo - 2017
Montante Vivo - 2016
Número de PFC - 2017
1 200
Ações Commodities Fundos Índices de Ações Outros Taxas de Câmbio
10^ 6
Eur
os
N.o
PFC
Dívida Pública
A emissão de dívida direta pelo Estado Português através de obrigações do Tesouro (OT) a taxa fixa6 ascendeu a cerca de 17,2 mil milhões de euros, um aumento de 4,7% relativamen-
te ao montante colocado no ano transato. Descontado o valor das séries de OT que se amorti-zaram ou foram recompradas no ano, o valor efetivo de encaixe neste segmento de dívida foi de 6,8 mil milhões de euros. O Tesouro emitiu ainda um total de 3,5 mil milhões de euros em OT de
6 Mediante
leilões e
emissões
sindicadas.
2017CMVM
41Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
rendimento variável destinadas a investidores de retalho, um montante similar ao colocado em 2016. No final de 2017, a dívida emitida a taxa fixa representava 88,8% da dívida total do Estado.
Fonte:
IGCP,
cálculos CMVM.
10^ 6
Eur
os
10 000
15 000
20 000
25 000
5 000
Gráfico 20 – Montantes Colocados de Obrigações do Tesouro de Taxa Fixa
0Valores Colocados das Emissões
20062007 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
A taxa média ponderada das colocações de dívida pública oscilou entre 1,22% (maturidade de três anos) e 3,98% (maturidade de 28 anos). Nalguns casos, e para maturidades semelhan-
tes, as taxas de cupão e média ponderada das OT aumentaram em 2017, o que está associado ao aumento da taxa de rentabilidade implícita na negociação de dívida pública portuguesa em mercado secundário, em especial no primeiro semestre. A duração modificada do stock de dívida pública diminuiu ligeiramente, situando-se em 5,2 anos no final do ano.
Em contraste com Portugal, o valor emitido de dívida pública na UE no primeiro semestre de 2017 foi de 376 mil milhões de euros e de 270 mil milhões de euros no segundo (-46% e -16% que no período homólogo, respetivamente7). Assim, a tendência de crescimento do stock de dívida pública observada nos últimos anos na Europa foi revertida, o que não pode ser dissociado da contração, desde 2012, dos valores emitidos, que acompanha a consolidação das finanças públicas em alguns Estados-membros. A qualidade creditícia do stock da dívida pública na Europa permaneceu estável, com as obrigações de notação AAA a representarem aproxima-damente metade do total.
Considerando a totalidade das emissões de dívida pública (que não apenas OT), a taxa de colo-cação média foi de 1,0% em Portugal (0,4% na Europa), revelando um custo de financiamento da República superior à média da Europa. Esta taxa caiu 0,2 p.p. face a 2016, o que poderá ser justificado, nomeadamente, pela melhoria da notação de risco da República Portuguesa.
7 Fonte:
ESMA.
2017CMVM
42Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
4.MERCADO SECUNDÁRIO
2017CMVM
43Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO SECUNDÁRIO
A VALORIZAÇÃO DO PSI 20 FOI ACOMPANHADA POR NÍVEIS DE VOLATILIDADE HISTORICAMENTE REDUZIDOS
VERIFICARAM-SE AUMENTOS DE LIQUIDEZ TANTO NO MERCADO ACIONISTA COMO NO DE DÍVIDA SOBERANA
REGISTOU-SE A ADMISSÃO À NEGOCIAÇÃO, PELA PRIMEIRA VEZ, DE CONTRATOS DE DERIVADOS SOBRE GÁS NATURAL NO MERCADO DE ELETRICIDADE (MIBEL)
4.
•
•
•
capitalização bolsista de ações e de obrigações nos mercados nacionais aumentou de novo e assistiu-se à diminuição dos montantes admitidos à negociação de outros instrumentos finan-ceiros, como títulos e unidades de participação e warrants. Os segmentos Euronext Access e Euronext Growth continuam a ser pouco expressivos.
AQuadro 4 – Capitalização Bolsista - Portugal
2015 2016 2017 Var.% Var.%
Fonte: CMVM.
Obrigações 108 024,0 46,7 110 970,5 46,7 129 961,3 45,7 2,7 17,1
Dívida Pública 101 621,2 44,0 107 141,6 45,1 126 821,3 44,6 5,4 18,4
O. Fundos Públicos e Equip. 7,2 0,0 7,4 0,0 4,9 0,0 1,6 -32,9
Diversas 6 395,6 2,8 3 821,5 1,6 3 135,1 1,1 -40,2 -18,0
Ações 120 587,8 52,2 124 261,0 52,3 152 015,0 53,4 3,0 22,3
PSI 20 (1) 50 638,7 21,9 49 504,1 20,8 58 706,5 20,6 -2,2 18,6
Outras 69 949,1 30,3 74 756,8 31,4 93 308,6 32,8 6,9 24,8
TPeUP 260,2 0,1 342,8 0,1 178,3 0,1 31,7 -48,0
Direitos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - -
Warrants 272,8 0,1 274,8 0,1 162,5 0,1 0,7 -40,9
Certificados 2 026,9 0,9 1 953,7 0,8 2 158,7 0,8 -3,6 10,5
Convertíveis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - -
ETF 13,0 0,0 12,2 0,0 16,9 0,0 -6,0 38,7
TOTAL(2) 231 184,9 100,0 237 814,9 100,0 284492,7 100,0 2,9 19,6
Euronext Lisbon 228 061,3 98,6 234 858,2 98,8 281 492,2 98,9 3,0 19,9
Euronext Access 3 110,6 1,3 2 912,6 1,2 2 967,5 1,0 -6,4 1,9
Euronext Growth 13,0 0,0 44,2 0,0 33,0 0,0 239,8 -25,3
Valor % Valor % Valor % (2015-16) (2016-17)
Notas: (1) Em 31 de dezembro de 2017 o índice PSI20 era composto por apenas 18 títulos (os valores da tabela contabilizam
o valor de mercado das empresas que integram o PSI20, sem aplicação dos seus limites de composição); (2) Inclui
a capitalização bolsista de emitentes de direito estrangeiro.
2017CMVM
44Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
A capitalização bolsista de ações aumentou em muitas das maiores praças financeiras in-ternacionais. Nos mercados norte-americanos o aumento foi de 13% na NYSE e de 29%
no NASDAQ. No mercado europeu, o LSE Group (London Stock Exchange e Borsa Italiana) e a Euronext viram a respetiva capitalização acionista aumentar 28% e 27%, respetivamente. Contudo, nalguns casos diminuiu o número de empresas admitidas à negociação. Foi o que aconteceu, por exemplo, na NYSE e no LSE Group.
No mercado secundário a contado assistiu-se em 2017 ao crescimento dos valores negociados nos mercados regulamentados em Portugal (+15,3%) e à diminuição dos valores transacio-nados nos sistemas de negociação multilateral (-13,2%), por força da queda dos montantes negociados no MTS (-13,8%). Em resultado desta evolução diferenciada, os mercados regula-mentados viram a respetiva quota mais do que duplicar no último biénio.
Quadro 5 – Transações no Mercado a Contado10^6 Euros
FormasOrganizadasdeNegociação(1) 2015 2016 2017Fonte: CMVM,
Euronext Lisbon,
OPEX e MTS. (1)
Artigo
nº 198 do Código
dos Valores
Mobiliários;
(2) Em 24 de
novembro de 2016
foi cancelado o
registo na CMVM
do sistema
multilateral de
negociação PEX.
MercadosRegulamentados 29 091,6 12,5 25 670,7 21,1 29 597,6 26,1
Euronext Lisbon - Sessões Normais 28 485,6 12,2 22 170,7 18,2 25 013,6 22,1
Euronext Lisbon - Sessões Especiais 606,0 0,3 3 500,0 2,9 4 584,0 4,0
SistemasdeNegociaçãoMultilateral 203 497,5 87,5 96 271,8 78,9 83 609,2 73,9
Euronext Growth 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0
Euronext Access 644,6 0,3 569,8 0,5 1 121,4 1,0
Pex (2) 2,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
MTS (ex-MEDIP) 202 850,0 87,2 95 702,0 78,5 82 487,5 72,9
InternalizaçãoSistemática 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
TOTAL 232 589,1 100,0 121 942,5 100,0 113 206,8 100,0
Valor Peso (%) Valor Peso (%) Valor Peso (%)
A liquidação e o registo de valores mobiliários é uma atividade subsequente à negociação e fundamental para assegurar o bom funcionamento do mercado. Em Portugal essas fun-
ções são asseguradas pela Central de Valores Mobiliários (CVM), integrada na Interbolsa, ou por esta encaminhadas para plataformas europeias. No final do ano encontravam-se registadas 2 430 emissões de valores mobiliários na CVM, um decréscimo anual de 19,7%. Dessas emissões, 36,5% correspondiam a warrants, 27,7% a obrigações (das quais 3,7% são emissões de dívida privada), 19,5% a ações e 12,4% a certificados.
A quantidade de valores mobiliários integrados na CVM no final de 2017 cresceu para 379 837 milhões de unidades. Cerca de 99,7% correspondiam a ações, 0,1% a certificados e 0,1% a warrants. Apenas 0,03% correspondiam a unidades de participação. O montante de valores mobiliários integrados na CVM atingiu os 231 730 milhões de euros no final do ano, o que cor-respondeu a um aumento de 2,7% em termos homólogos8.
8 A partir de 2016,
as obrigações,
os títulos de
participação,
os valores
mobiliários
obrigatoriamente
convertíveis
(VMOC)
e os bilhetes
do Tesouro
passaram a
ser integrados
na CVM pelo
montante do
valor nominal da
emissão.
2017CMVM
45Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
9 A LCH.Clearnet, SA (contraparte central) define os instrumentos financeiros por si garantidos, resultante das operações
realizadas e ou registadas, independentemente do mercado ou da plataforma de negociação onde tenha ocorrido a
negociação. Os instrumentos financeiros não garantidos pela LCH.Clearnet, S.A. encontram-se identificados em lista
divulgada no sítio da internet desta entidade, sendo a lista atualizada semanalmente. As operações identificadas como
não garantidas são diariamente transmitidas para a CSD (Interbolsa), onde se processa o respetivo processo de liquidação. 10
O sistema de liquidação geral processa operações relacionadas com a) a liquidação de operações realizadas nos
mercados geridos pela Euronext Lisbon, b) a liquidação de operações realizadas em outros mercados regulamentados,
c) a liquidação de operações realizadas em mercado não regulamentado, d) a liquidação de operações realizadas fora do
mercado e e) a liquidação de transferências livres de pagamento.11
O item ‘Outras’ inclui liquidações no mercado primário, market claims e outros movimentos entre intermediários
financeiros.
A partir de 29 de março de 2016 as liquidações de operações na Interbolsa passaram a efetuar--se através da plataforma europeia TARGET2Securities (T2S), disponibilizada pelo BCE, sendo as liquidações efetuadas por instruções e não por quantidades de valores mobiliários como ocorria até então. Em 2017, o número de instruções para liquidação de ‘operações garantidas e não garantidas’ realizadas em mercado regulamentado e em sistema de negociação multilate-ral foi de 331 609, correspondendo 99,6% a instruções de operações garantidas9 e as remanes-centes a instruções de operações não garantidas liquidadas através do sistema de liquidação geral 10 da Interbolsa. Em termos nominais aquelas instruções atingiram o montante de 29,1 mil milhões de euros, correspondendo a quase totalidade à liquidação de operações garantidas.
A Interbolsa efetuou ainda a liquidação de ‘operações fora de mercado e outras11’ num total de 550 383 instruções, correspondendo 81,7% a instruções delivery versus payment, que atingiram um montante de 163,9 mil milhões de euros, e as restantes a instruções free of payment.
Mercado acionista
No ano de 2017, os índices acionistas nas diferentes geografias reforçaram a tendência de valo-rização, com o PSI 20 a ter uma valorização superior à dos principais índices acionistas de refe-rência na Europa. O aumento das cotações acionistas do índice mundial (+6,7%) foi influenciado
Fonte:
Boomberg;
cálculos CMVM.
Notas:
As cotações
dos índices
acionistas
encontram-se
expressas em
euros. Base 100
em janeiro de
2006.
50
0
100
150
200
250
MSCI_Índice Mundial
MSCI_América do Norte
MSCI_Zona Euro
Gráfico 21 – Índices acionistas MSCI
200620072006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017 2018
2017CMVM
46Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Os setores tecnológico e de materiais de base registaram a maior valorização nos sub-índi-ces setoriais dos mercados americano e português. As empresas do setor tecnológico têm
dinamizado os índices acionistas e recebido o interesse dos investidores considerando, nomea-damente, a sua liderança em termos de capitalização bolsista, os resultados divulgados, as pers-petivas de crescimento e a taxa esperada de crescimento desses resultados.
No setor financeiro do S&P 500 as cotações recuperaram para valores próximos dos atingidos antes da crise financeira internacional de 2008, mas na Europa tiveram evoluções diferenciadas em 2017, com o índice dos serviços financeiros a registar um aumento bastante superior ao dos setores segurador e bancário. Apesar dos progressos observados na banca e nos seguros na Europa, ainda prevalecem algumas preocupações (elevado nível de NPL nalgumas geografias, custos operacionais elevados, baixa rentabilidade e baixas taxas de juro) que impedem uma re-cuperação em linha com a dos índices globais.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.
Nota:
Base 100 em
janeiro de 2006. 0
50
100
150
200
250
300
350
400
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
S&P500EuroStoxx600
S&P500 - TecnologiaEuroStoxx600 - Tecnologia
S&P500 - Materiais de BaseEuroStoxx600 - Materiais de Base
EuroStoxx600 - FinanceiroEuroStoxx600 - BancosEuroStoxx600 - Seguros
EuroStoxx600 - Serviços Financeiros
S&P500 - FinanceiroS&P500 - BancosS&P500 - Seguros
S&P500 - Serviços Financeiros
Gráfico 22 – Índices Setoriais
Jan.06 Jan.07 Jan.08 Jan.09 Jan.10 Jan.11 Jan.12 Jan.13 Jan.14 Jan.15 Jan.16 Jan.17 Jan.18 Jan.06 Jan.07 Jan.08 Jan.09 Jan.10 Jan.11 Jan.12 Jan.13 Jan.14 Jan.15 Jan.16 Jan.17 Jan.18
Euro
Stox
x600
; S&P
500
Euro
Stox
x600
; S&P
500
No que respeita aos principais índices de volatilidade implícita dos mercados europeu (VS-TOXX) e norte-americano (VIX), o valor médio do VIX durante 2017 foi significativamente
inferior ao do VSTOXX, em ambos os casos abaixo dos valores médios dos últimos 18 anos. Esta evolução estará associada ao bom desempenho da economia mundial, e das economias euro-peias e norte-americanas em particular, enquanto as tensões geopolíticas no Médio Oriente e na península da Coreia parecem ter produzido apenas efeitos marginais na confiança dos investidores. Também a volatilidade histórica dos dois mercados se encontra próxima dos mí-nimos registados nos últimos vinte anos.
pelo otimismo quanto ao cenário macroeconómico global e o decorrente sentimento económico positivo. Nos mercados acionistas europeu e americano observou-se uma valorização dos res-petivos índices, com o índice da Zona Euro a ter um crescimento superior ao do índice global.
2017CMVM
47Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.
20 00
30 00
40 00
50 00
70 00
60 00
10 00
Gráfico 23 – Volatilidade Implícita (esq) e Histórica (dir)
0
VOL 30D (S&P500)VOL 90D (S&P500) VOL 90D (DJ EuroStoxx 50)
VOL 30D (DJ EuroStoxx 50)VIX VSTOXX
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017 2018 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017 2018
A comparação das volatilidades implícita e histórica nos dois mercados sugere a existência de prémios de risco implícitos na negociação de derivados superiores à média histórica.
Com efeito, o diferencial entre o VIX (VSTOXX) e a volatilidade a 90 dias do S&P 500 (eurosto-xx50) foi de 3,9 (4,3) pontos percentuais, valor que compara com 2,8 (2,6) em termos de média histórica, possivelmente para compensar os investidores de alterações súbitas no panorama geopolítico.
Por outro lado, assistiu-se à melhoria da liquidez em alguns mercados acionistas europeus (de que são exemplo Espanha, Itália, França e Portugal)12. No entanto, em Espanha, Itália e França o nível de liquidez foi superior à respetiva média histórica, mas em Portugal observaram-se níveis de liquidez ligeiramente inferiores.
12 O indicador compósito de liquidez usado consiste na primeira componente principal de um conjunto de quatro
indicadores de liquidez: bid-ask spread, Amihud, valor das transações e velocidade de circulação do capital.
A metodologia de construção do indicador implica que valores superiores (inferiores) a zero reflitam liquidez acima (abaixo)
da média histórica.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM. -5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Itália
França
Portugal
Espanha
Gráfico 24 – Indicador Compósito de Liquidez - Mercados Acionistas
Jun. 2006 Jul. 2008 Set. 2012 Out. 2014 Nov. 2016Ago. 2010Mar. 2000 Abr. 2002 Mai. 2004
2017CMVM
48Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Para melhor compreender a evolução da liquidez no mercado acionista em Portugal, calcula-ram-se as médias mensais dos indicadores bid-ask spread, Amihud, valor das transações e
velocidade de circulação do capital para os quinze títulos com maior capitalização bolsista. Es-tes indicadores apresentam trajetórias distintas: enquanto o bid-ask spread caiu acentuada-mente nos dois últimos anos, o indicador de Amihud (que mede o impacto no preço) conheceu uma evolução ascendente na última década. Quer isto dizer que existiu um incremento da liqui-dez associada a pequenas transações (isto é, executadas ao best bid-offer) mas a profundidade do mercado parece ter diminuído e, em consequência, transações que não sejam executadas ao best bid-offer têm associados maiores custos de transação.
Os últimos anos foram também marcados pela deterioração da atividade bolsista no mer-cado secundário dos títulos com maior capitalização acionista, que resulta sobretudo de
um efeito composição. Assim, ocorreu a perda da qualidade de sociedade aberta de algumas empresas com dimensão relevante no mercado de capitais português (entre as quais a Brisa e a Cimpor) e outras empresas relevantes viram o seu free float significativamente reduzido (Sonaecom, Pharol, Luz Saúde e, mais recentemente, o Banco BPI). Essas saídas não foram compensadas com a entrada de empresas de dimensão (e/ou free float) similar.
Fonte:
Bloomberg
e CMVM.0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,0%
0,1%
0,2%
0,3%
0,4%
0,5%
0,6%
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
0,00%
0,20%
0,15%
0,10%
0,05%
0,25%
0,30%
0,35%
0,40%
Amihud Bid-Ask Spread Valor das Transações Velocidade de Circulação
Gráfico 25 – Liquidez das 15 Ações com Maior Capitalização Bolsista - Portugal
Amih
ud
Bid-
Ask
spre
ad
Valo
r tra
nsio
nado
Velo
cida
de d
e Ci
rcul
ação
2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
2017CMVM
49Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
Fidessa,
cálculos CMVM.
Gráfico 26 – Peso das Plataformas na Negociação de Ações do PSI 20: % do valor (esq)e Peso da Negociação de Ações em Mercado Regulamentado (dir)
2017
2016
2015
PortugalRegulamentado 2015 2016 2016Dark Pools Internalizadores Sistemáticos Off-Book
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%0%
Zona Euro EUA
53% 08% 01% 39%
53% 05% 01% 41%
56% 04% 02% 39%
A negociação de ações efetuada em mercado regulamentado continua a ser bastante inferior em Portugal e na Zona Euro, em comparação com os EUA, mas o respetivo peso no total tran-
sacionado caiu na Zona Euro e nos EUA e manteve-se em Portugal. Cerca de 47,4% da negocia-ção de ações domiciliadas em Portugal é efetuada fora dos mercados regulamentados, o que coloca maiores desafios à supervisão tendo em conta as menores exigências regulamentares em matéria de transparência da negociação efetuada em outras plataformas de negociação.
Mercado Obrigacionista
A transação da dívida pública nacional em mercados regulamentados operou-se fundamen-talmente através da plataforma MTS. Num ano em que as yields das diversas maturidades da curva de rendimento da dívida nacional se reduziram, assistiu-se também a uma quebra da negociação em mercados regulamentados, com os valores transacionados a atingir 82,5 mil milhões de euros (menos 14% face ao ano anterior). Algumas OT também se encontram admiti-das à negociação no mercado regulamentado da Euronext Lisbon, mas os volumes negociados são residuais quando comparados com os movimentados no MTS. Contudo, a dívida soberana portuguesa é predominantemente negociada em OTC e em sistemas de negociação multilate-ral. Assim, se forem consideradas todas estas formas de negociação, os valores transaciona-dos aumentaram 6%.
O declive da curva de rendimentos das obrigações soberanas pode ser interpretado como in-dicador de previsão da atividade económica futura e da própria evolução das taxas de juro. No caso dos EUA (e da Alemanha), o diferencial médio das yields a dez e a dois anos era de 0,5 (1,1) p.p. em dezembro de 2017, o que compara com 1,3 (1,0) p.p. no período homólogo. O contraste da evolução do declive da curva de rendimentos nos EUA pode ser explicado pela alteração da política monetária iniciada em 2017 naquela região. Essa alteração teve um impacto direto e de maior relevo nas taxas de juro de mais curto prazo, mas as taxas de longo prazo também aumentaram, conquanto de forma menos pronunciada.
2017CMVM
50Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Alemanha
Portugal
EUA
Gráfico 27 – Diferencial das Yields de Obrigações a 10 e a 2 anos
2006 2008 2010 2012 2014 2012 2018
Em Portugal também se assistiu à diminuição do declive da curva de rendimentos, associada ao facto de a redução dos spreads de crédito ter sido mais pronunciada em maturidades
mais longas, o que decorre essencialmente de um menor risco de insolvência no longo prazo e não tanto como resultado de variações da taxa de juro real ou das expectativas de inflação.
O diferencial médio entre o preço das obrigações transacionadas em mercado secundário e o seu valor teórico é usado como indicador de iliquidez do mercado de obrigações soberanas. Em termos médios, este indicador situou-se entre 1,2 e 5,4 pontos base (Alemanha e Itália, res-petivamente) em 2017, valores que são reduzidos por comparação com as respetivas médias da última década e sinalizam melhores condições de liquidez da dívida soberana transacionada em mercado secundário. Em parte, tal terá sido sustentado pelo programa do BCE de compra alargada de títulos de dívida pública (PSPP - Public Sector Purchase Programme) de diversos Estados-membros da Zona Euro. Sem prejuízo disso, é de assinalar que nos casos de Itália e de França se registou uma redução da liquidez por comparação com o ano anterior.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.2010 2012 2014 2012 2018
0
5
10
15
20
25
30
França
Espanha
Alemanha
Pont
os B
ase
EUA
Itália
Gráfico 28 – Liquidez em Mercados de Obrigações Soberanas
2008
2017CMVM
51Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
No caso da dívida privada, as transações em mercado regulamentado (Euronext Lisbon) são relativamente inexpressivas quando comparadas com o volume negociado em ações, não
tendo atingido mais do que 5% do valor negociado nestas últimas. Ainda assim, constata-se um aumento significativo da negociação em obrigações face a 2016. Apesar da melhoria da notação de risco da República e de diversos emitentes nacionais, que atenuou ligeiramente o custo de emitir dívida, os dados recolhidos dos intermediários financeiros que em Portugal exercem a atividade de receção de ordens continuam a revelar que os investidores direcionam as suas ordens para ‘fora de mercado’ e preferencialmente para obrigações estrangeiras.
Outras alterações da notação de risco a nível global tiveram igualmente impacto ao nível do custo da dívida entre emitentes com diferentes ratings. O spread das obrigações de rating A e BBB relativamente à dívida pública americana de 10 anos diminuiu ao longo do ano e assumiu valores reduzidos quando comparados com os observados durante a crise financeira interna-cional. Na Europa, observou-se igualmente uma redução dos spreads, mais intensa no segun-do semestre (o spread entre as obrigações de rating A e BBB atingiu valores quase nulos). Esta forte contração pode sugerir uma subavaliação do risco pelos investidores.
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM. 0
1
2
3
4
5
6
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Spread diferencial Eur A Spread Eur
Gráfico 29 - Diferencial de Spread das Yields de Dívida Privada de Rating A e BBB relativamente aos Bilhetes do Tesouro Americano a 10 anos (esq) e à Dívida Pública Alemã a 10 anos (dir)
Jan
.06
Jul .0
6Ja
n .0
7Ju
l .07
Jan
.08
Jul .0
8Ja
n .0
9Ju
l .09
Jan
.10Ju
l .10
Jan
.11Ju
l .11
Jan
.12Ju
l .12
Jan
.13Ju
l .13
Jan
.14Ju
l .14
Jan
.15Ju
l .15
Jan
.16Ju
l .16
Jan
.17Ju
l .17
Jan
.06
Jul .0
6Ja
n .0
7Ju
l .07
Jan
.08
Jul .0
8Ja
n .0
9Ju
l .09
Jan
.10Ju
l .10
Jan
.11Ju
l .11
Jan
.12Ju
l .12
Jan
.13Ju
l .13
Jan
.14Ju
l .14
Jan
.15Ju
l .15
Jan
.16Ju
l .16
Jan
.17Ju
l .17
BBB Spread Eur Spread diferencial EUA A Spread EUA BBB Spread EUA
Ademais, além de o diferencial daquele spread no mercado europeu (14 p.b.) ser cerca de metade do relativo ao mercado norte-americano (25 p.b.), o gap entre o custo de emitir dí-
vida privada BBB e o respetivo custo de financiamento soberano reduziu-se substancialmente desde a crise da dívida pública na Europa em 2011 (100 p.b. na Europa e 60 p.b. nos EUA). Esta situação, que poderá resultar da inexistência de alternativas de investimento mais rentáveis e de fenómenos de procura de retorno, reforça a convicção de possível subavaliação do risco pelos investidores.
2017CMVM
52Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Mercado de futuros e opções
O valor transacionado em contratos de futuros em Portugal caiu pelo terceiro ano consecutivo, ascendendo a aproximadamente 862 milhões de euros para o conjunto do ano. A totalidade do valor transacionado foi respeitante a contratos de futuros sobre o PSI 20, na medida em que o valor referente a contratos de futuros sobre ações individuais, já muito reduzido em anos ante-riores, foi pela primeira vez nulo. No final do ano estavam abertas 15 396 posições em contratos de futuros sobre o PSI 20.
Fonte: Euronext
Lisbon.
Quadro 6 – Transações em Contratos de Futuros - Portugal
Posições Abertas(finaldeano)
ContratodeFuturos
PSI 20
2011 4 389 2 008 77 939 528,0
2012 6 431 1 255 66 279 348,0
2013 10 934 2 074 112 489 681,8
2014 21 748 14 675 263 883 1 642,2
2015 18 675 14 898 271 991 1 487,7
2016 15 225 6 679 197 332 934,5
2017 15 396 1 695 170 838 861,7
Ações
2011 60 83 23 188 2,7
2012 0 51 1 241 0,6
2013 0 27 372 0,2
2014 0 15 160 0,1
2015 0 12 111 0,1
2016 0 6 60 0,0
2017 0 0 0 0,0
TOTAL
2011 4 449 2 091 101 127 530,8
2012 6 431 1 306 67 520 348,6
2013 10 934 2 101 112 861 682,0
2014 21 748 14 690 264 043 1 642,4
2015 18 675 14 910 272 102 1 487,7
2016 15 225 6 685 197 392 934,5
2017 15 396 1 695 170 838 861,7
NúmerodeNegócios NúmerodeContratos ValorTransacionado(10^6 Euro)
O decréscimo de importância do mercado de derivados português contrasta com a evolução dos mercados de derivados internacionais, onde os valores transacionados em mercados
organizados cresceram significativamente. Em termos globais, observa-se um aumento anual de 14,1% (12,9%) dos valores transacionados de contratos de futuros (opções), enquanto as posições em aberto aumentaram 28,6% (15,3%). Na Europa é de assinalar um crescimento de 32,4% (13,0%) dos valores transacionados em futuros (opções) em 2017, e de 67,8% e 50,1% respetivamente, nas posições em aberto.
2017CMVM
53Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
BIS, cálculos
CMVM.
Posições em aberto Valor transacionado (média diária)
Gráfico 30 - Transações e Posições em Contratos de Futuros e Opções em Mercados Organizados (esq)e Posições em Contratos de Derivados em Mercados Não Organizados (dir)
Futuros (2016) Futuros (2017) Opções (2016) Opções (2017)
0
10 000
20 000
30 000
40 000
50 000
USD
10^9
2016 2017Total Mercado
CambialTaxas
de JuroMercadorias Crédito Ações
0
100
200
300
400
500
600
USD
10^1
2
Em relação aos derivados negociados em mercado de balcão (OTC), também se observa um crescimento global dos montantes nocionais em aberto. Os derivados sobre câmbios, taxas
de juro e mercadorias foram os que mais contribuíram para este crescimento. Em sentido con-trário, os montantes nocionais em derivados de crédito caíram.
Mercado de Derivados do MIBEL
No mercado regulamentado de derivados do Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL), gerido pelo OMIP, foram, pela primeira vez, admitidos à negociação contratos de derivados de gás natural, passando a ser permitido o registo em OTC de contratos de futuros de gás natural com transferência de titularidade no Ponto Virtual de Balanço (PVB) espanhol. O OMIP passou a aceitar o registo de transações bilaterais de contratos de futuros de gás natural com entre-ga física, tanto intermediadas por brokers como transações bilaterais puras, para posterior compensação e liquidação (física e financeira) pela OMIClear. Apesar de estes novos produtos terem sido disponibilizados a partir de 24 de novembro de 2017, até ao final do ano não houve registo de qualquer transação.
Encontram-se admitidos à negociação no MIBEL quatro tipos de contratos de derivados de ele-tricidade: i) futuros, como é o caso dos contratos com preço de referência da zona espanhola (SPEL), seja de carga na ponta (peak load) ou na base (base load), dos contratos com preço de referência da zona portuguesa (PTEL) sobre carga na base e dos contratos cujo subjacente é a eletricidade valorizada aos preços de referência do sistema francês (contratos de futuros FREL) e do sistema alemão/austríaco (contratos de futuros DEEL); ii) swaps, nomeadamente swaps sobre o preço de referência da zona espanhola envolvendo carga na base, mini-swaps sobre o preço de referência da zona portuguesa, também envolvendo carga na base, e sobre o preço de referência da zona espanhola mas com respeito à energia solar, bem como contra-tos de direitos financeiros de utilização da capacidade de interligação (FTR) entre Portugal e Espanha (para cada um dos sentidos da interligação); iii) forwards, com entrega física sobre o
2017CMVM
54Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
preço de referência da zona espanhola (apenas sobre carga na base); e iv) opções, em particu-lar sobre os futuros com preço de referência da zona espanhola e relativos a carga na base. Em termos de número de contratos, os futuros (43,9%) e os swaps (41,6%), foram mais relevantes, tendo as opções (6,4%) e os forwards (8,1%) um peso menos expressivo.
A quantidade total de energia negociada no MIBEL ascendeu a 35 504 GWh, o que corresponde a uma quebra de 50,6% face a 2016. Esta diminuição deve-se essencialmente à menor quan-tidade negociada em OTC (-21 771 GWh), ao que acresceu a queda na negociação em merca-do, tanto na fase em contínuo como em leilão. Em termos médios, o preço de referência no mercado gerido pelo OMIP do contrato de futuro mensal com entrega em dezembro de 2017 foi superior ao de outros mercados similares, como sejam o alemão/austríaco e o dos países nórdicos, mas manteve-se próximo do verificado no mercado francês.
Os instrumentos mais negociados foram os futuros com preço de referência da zona espa-nhola sobre carga na base (23 121 GWh), seguidos pelo mesmo tipo de contratos mas com
referência à zona portuguesa (5 825 GWh), e as maturidades mais transacionadas foram de novo a anual e a trimestral. Os contratos de futuros com preço de referência da zona espanhola sobre carga na base foram o único instrumento transacionado em contínuo (7 657 GWh), tendo sido, igualmente, o principal instrumento de negociação em OTC (15 464 GWh, ou seja, cerca de 99% da quantidade total em OTC).
Foram realizados quatro leilões (em 24 de março, 27 de junho, 20 de setembro e 19 de dezembro)
Fonte (esq): OMIP; cálculos CMVM.
Fonte (dir): Bloomberg (tickers MSPZ7 Comdty para a série Spain-OMIP, UTDZ7 Comdty para o EEX Alemanha/Áustria,
NEXZ7M Comdty para os países nórdicos e FACZ7 Comdty para o EEX França).
Nota (esq): O n.º de contratos em mercado inclui informação referente à negociação em leilão e em contínuo;
o aumento da quantidade de energia negociada e do n.º de contratos transacionados em mercado nos meses de março,
junho, setembro e dezembro coincide com a realização dos leilões de energia de produção em regime especial (PRE)
e dos leilões harmonizados a nível ibérico de direitos financeiros sobre capacidade na interligação (FTR).
20
30
40
50
60
70
80
0
2 000 000
3 000 000
4 000 000
5 000 000
6 000 000
7 000 000
1 000 000
0
2 500
3 000
3 500
4 000
4 500
5 000
2 000
1 500
1 000
500
Contínuo Leilão OTC N.º contratos OTC N.º contratos mercado Spain (OMIP) EEX Alemanha/Áustria Nordic EEX França
Gráfico 31 – Negociação no Mercado de Derivados do MIBEL (esq) e Preço do Contrato de Futuros com Entrega em Dezembro de 2017 (dir)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jun.2017 Jul.2017 Ago.2017 Set.2017 Out.2017 Nov.2017 Dez.2017
Preç
o (€
MW
h)
MW
h
2017CMVM
55Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
para a colocação de energia adquirida pelo comercializador de último recurso (EDP – Serviço Universal) a produtores em regime especial. Estes leilões PRE correspondem a um mecanismo regulado de venda de energia resultante da produção em regime especial e são operacionaliza-dos através da venda de contratos de futuros de carga na base e com entrega em Portugal 13. O volume de contratos colocados em leilão teve subjacente um total de energia equivalente de 5 694 GWh (idêntica à do ano anterior) e um preço médio ponderado de 49,35€/MWh (+ 15,1% face a 2016).
Foram também realizados quatro leilões harmonizados a nível ibérico de capacidade de trans-porte de energia elétrica na interligação entre Portugal e Espanha: em 16 de março, 20 de junho, 14 de setembro e 13 de dezembro. Estes leilões consistem na atribuição de contratos de direitos financeiros sobre capacidade na interligação (FTR) entre Portugal e Espanha (para cada um dos sentidos da interligação), tendo como propósito proporcionar cobertura finan-ceira aos agentes de mercado relativamente ao risco da diferença de preços entre Portugal e Espanha decorrente de uma situação de congestionamento na interligação14.
O volume negociado nos leilões de FTR atingiu os 6 556 GWh (-28,7% face ao ano anterior). Enquanto entidades representantes dos sistemas elétricos de cada um dos países, a Red Eléc-trica de España (REE) e a Rede Eléctrica Nacional (REN) atuaram como entidades colocadoras nesses leilões. Os FTR foram o único tipo de swaps com negociação no mercado de derivados do MIBEL ao longo do ano, tendo a totalidade das transações sido realizada através de leilões periódicos.
Fonte:
OMIE; cálculos
CMVM.
Nota:
A forte queda
dos preços na
2ª quinzena de
dezembro deveu-
se a um efeito
sazonal. 0
20
40
60
80
100
PTEL
SPEL
Gráfico 32 – PTEL e SPEL (base load) no Mercado à Vista (€MWh)
Jan.2017 Fev.2017 Mar.2017 Abr.2017 Mai.2017 Jun.2017 Jul.2017 Ago.2017 Set.2017 Out.2017 Nov.2017 Dez.2017
13 Os leilões PRE são determinados pela ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, sendo o OMIP a
entidade responsável pela sua realização no mercado de derivados do MIBEL.14
A CNMC – Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia e a ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços
Energéticos definem, de forma conjunta e coordenada, a convocatória destes leilões. Posteriormente, os leilões
decorrem na plataforma gerida pelo OMIP, sendo a liquidação assegurada pela OMIClear.
2017CMVM
56Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O peso do volume negociado em OTC (43,9% do total) continuou a superar o das demais moda-lidades, sendo também de assinalar o menor peso da negociação em contínuo (21,6% versus 27,2% no ano transato), por oposição à maior relevância dos leilões (34,5%, que compara com 20,7% em 2016).
Em contraste com os dois últimos anos, a média aritmética dos preços diários da zona portu-guesa (52,48€/MWh) foi ligeiramente superior à da zona espanhola (52,24€/MWh). Os preços das duas zonas foram iguais em 62% das sessões de negociação, e divergiram mais nos meses de março, abril e dezembro. Os coeficientes de variação das séries de preços são de 18,9% para a zona portuguesa e de 19,6% para a zona espanhola, o que traduz uma menor variabilidade das séries face ao ano anterior e aponta para níveis de variabilidade muito próximos.
2017CMVM
57Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
5.INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
2017CMVM
58Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
O VALOR DAS ORDENS RECEBIDAS E EXECUTADAS POR INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS NACIONAIS SUBIU NO MERCADO A CONTADO E DESCEU NO MERCADO A PRAZO
NOS SEGMENTOS DE DÍVIDA PÚBLICA E PRIVADA AS ORDENS FORAM DIRIGIDAS MAIORITARIAMENTE PARA OTC
O VALOR DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS REGISTADOS POR CONTA DE OUTREM FOI SUPERIOR AO DO ANO ANTERIOR EM RESULTADO DO AUMENTO DOS VALORES SOB CUSTÓDIA DE ENTIDADES NACIONAIS
5.
•
•
•
Receção de Ordens por Conta de Outrem
valor das ordens recebidas e executadas por intermediários financeiros autorizados a prestar em Portugal o serviço de receção e transmissão de ordens por conta de outrem caiu no último ano para 196,2 mil milhões de euros, o que resulta da evolução verificada no mercado a prazo, uma vez que o valor das ordens no mercado a contado cresceu15.
No mercado a contado, as ordens recebidas pela internet, por outros meios eletrónicos e atra-vés de order routing representaram apenas 11,2% do total, enquanto as ordens presenciais, por telefone ou fax continuaram a ser as mais relevantes em termos de valor. Contudo, este per-fil é heterogéneo por tipo de instrumento financeiro e de cliente. As ordens dirigidas para os mercados francês, espanhol e americano tiveram a preferência dos investidores, e o mercado nacional foi o destino de apenas 12,8% do total de ordens. Nos segmentos de dívida pública e de dívida privada as ordens foram dirigidas maioritariamente para fora de mercado (OTC), enquanto, no que respeita às ações, os mercados nacionais aumentaram a sua importância relativa. A quota de mercado dos três principais intermediários financeiros na receção de or-dens por conta de outrem variou entre 34,7% no segmento de ações e 79,2% no de warrants autónomos.
O
15 Para mais detalhe ver Indicadores Trimestrais de Intermediação Financeira, disponível em www.cmvm.pt.
2017CMVM
59Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O valor das ordens dirigidas aos intermediários financeiros nacionais sobre instrumentos financeiros derivados caiu em todos os segmentos, tendo a redução percentual mais
acentuada ocorrido nos futuros. Ao contrário do verificado no mercado a contado, os canais internet e 'outros meios eletrónicos' foram preponderantes no mercado a prazo (cerca de dois terços das ordens). Em termos de subjacentes nas ordens emitidas sobre derivados, a prefe-rência dos investidores continuou a recair sobre as taxas de câmbio, seguidas dos índices e de contratos de derivados (e.g. futuros sobre opções).
Fonte: CMVM, tendo por base informação enviada até 20/04/2018 pelos intermediários financeiros a prestar
em Portugal o serviço de intermediação financeira de receção e transmissão de ordens por conta de outrem.
Nota: Excluíram-se ordens transmitidas por intermediários financeiros nacionais a outros intermediários financeiros de
modo a evitar dupla contagem.
Warrants Autónomos Outros Valores Mobiliários Total (dir)Ações Dívida Pública Dívida Privada
Gráfico 33 – Ordens Recebidas por Tipo de Valor Mobiliário (esq) e Instrumento Financeiro Derivado (dir)
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
100% 250 000
200 000
150 000
100 000
50 000
0
90%80%70%60%50%40%30%20%10%
€ 10^6
0%
2007
2006
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
100% 350 000
300 000
250 000
200 000
100 000
50 000
0
90%80%70%60%50%40%30%20%10%
€ 10^6
0%
Contratos por diferençasFuturos Opções Outros Derivados Total (dir)
Fonte: CMVM, tendo por base informação enviada até 20/04/2018 pelos intermediários financeiros a prestar
em Portugal o serviço de intermediação financeira de receção e transmissão de ordens por conta de outrem.
Institucionais Não Residentes Não Institucionais Não ResidentesInstitucionais Residentes Não Institucionais Residentes
Gráfico 34 – Valor das Ordens Recebidas por Conta de OutremMercado a Contado Mercado a Prazo
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2010T1
100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%
100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%
Institucionais Não Residentes Não Institucionais Não ResidentesInstitucionais Residentes Não Institucionais Residentes
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2010T1
2017CMVM
60Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
As ordens emitidas sobre futuros e sobre opções foram essencialmente dirigidas a merca-dos internacionais, enquanto nos CFD (contracts for diferences) e nos outros derivados as
transações ocorreram essencialmente em OTC. O valor das ordens recebidas de investidores residentes continuou a ser mais elevado no mercado a prazo; no mercado a contado as or-dens com origem em investidores residentes corresponderam a 40% do valor total das ordens recebidas. O decréscimo do peso das ordens de residentes sinaliza uma alteração do tipo de investidores, a qual foi acompanhada pela diminuição, ocorrida desde 2008, para cerca de me-tade do valor das ordens dirigidas a intermediários financeiros nacionais para aquisição de instrumentos financeiros. As ordens de residentes podem estar ainda a ser mais canalizadas para intermediários financeiros não residentes que são membros do mercado nacional e que não têm a obrigação de reporte de informação à CMVM.
Execução de Ordens por Conta de Outrem
O valor das ordens executadas por conta de outrem aumentou para 121,1 mil milhões de euros. A concentração do mercado continuou a ser elevada, com os três maiores intermediários fi-nanceiros a somarem entre 61,7% (segmento de ações) e 85,0% (warrants autónomos) do valor global executado. Aquele aumento foi transversal a todos os segmentos, com exceção do de 'outros valores mobiliários'. Destaca-se o crescimento na execução de ordens sobre dívida pri-vada, porventura em virtude de se ter acentuado a procura de ativos de retorno, num contexto em que as taxas de juro de mercado se encontram em níveis muito baixos.
Fonte: CMVM, tendo por base informação enviada até 20/04/2018 pelos intermediários financeiros a prestar
em Portugal o serviço de intermediação financeira de receção e transmissão de ordens por conta de outrem.
Warrants Autónomos Outros Valores Mobiliários Total (dir)Ações Dívida Pública Dívida Privada
Gráfico 35 – Ordens Executadas por Tipo de Valor Mobiliário (esq) e por Instrumento Financeiro Derivado (dir)
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
100% 200 000180 000160 000140 000120 000100 00080 000
20 00040 00060 000
0
90%80%70%60%50%40%30%20%10%
€ 10^6
0%
2007
2006
2005
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
100% 45 000
30 000
35 000
40 000
25 000
15 000
20 000
10 000
50 000
0
90%80%70%60%50%40%30%20%10%
€ 10^6
0%
Contratos por diferençasFuturos Opções Outros Derivados Total (dir)
Os CFD são, desde o final de 2011, o principal instrumento financeiro negociado no mercado a prazo, enquanto em termos de subjacente se destacaram de novo os contratos de deriva-
dos e os derivados sobre taxas de câmbio. As ordens continuaram a ser executadas maiorita-riamente no mercado de balcão.
2017CMVM
61Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Negociação por Conta Própria
A negociação por conta própria no mercado a contado pode ter como destino as carteiras de negociação ou de investimento dos intermediários financeiros, ou ser efetuada no contexto de contratos de fomento de liquidez (market making). No mercado a prazo, os intermediários financeiros podem negociar por conta própria para a respetiva carteira de negociação ou para cobertura de riscos.
O valor negociado por conta própria aumentou para 362,3 mil milhões de euros, sobretudo de-vido ao crescimento observado no mercado a contado, uma vez que no mercado a prazo se assistiu a uma queda. A carteira de investimentos manteve-se como o principal destino deste tipo de negociação no mercado a contado, embora em queda face a 2016. As transações para a carteira de negociação também aumentaram, e corresponderam a cerca de um terço do valor negociado por conta própria.
O aumento dos valores transacionados em dívida pública foi o mais acentuado, sinalizando um maior interesse dos intermediários financeiros nacionais neste tipo de ativos. No segmento acionista, BCP, EDP, Altri, Sonae e Galp foram o destino de cerca de 63,4% do valor total nego-ciado em ações nacionais para a carteira própria dos intermediários financeiros. Em particular, a Galp encontra-se entre as cinco ações nacionais mais negociadas em cada um dos últimos dez anos. No que diz respeito ao mercado de execução, as transações respeitantes aos seg-mentos de dívida pública e privada ocorreram essencialmente através de internalização e as transações para a carteira de negociação dos segmentos acionista e de 'outros valores mobi-liários' privilegiaram os mercados internacionais.
Fonte: CMVM, tendo por base informação enviada até 20/04/2018 pelos intermediários financeiros a prestar
em Portugal o serviço de intermediação financeira de receção e transmissão de ordens por conta de outrem.
Warrants Autónomos Outros Valores Mobiliários Total (dir)Ações Dívida Pública Dívida Privada
Gráfico 36 – Negociação por Conta Própria por Tipo de Valor Mobiliário (esq) e Instrumento Financeiro Derivado (dir)
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
100% 600 000
500 000
400 000
300 000
200 000
100 000
0
90%80%70%60%50%40%30%20%10%
€ 10^6
0%
2009
2008
2007
2010
2011
2012
20113
2014
2015
2016
2017
100% 450 000
400 000
350 000
300 000
250 000
200 000
50 000
100 000
150 000
0
90%80%70%60%50%40%30%20%10%
€ 10^6
0%
Futuros Opções Outros Derivados Total (dir)
2017CMVM
62Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
A negociação por conta própria em instrumentos financeiros derivados diminuiu em resultado do decréscimo das transações de futuros. A carteira de negociação, cujas transações conti-nuaram a realizar-se quase exclusivamente nos mercados internacionais, reuniu três em cada quatro euros negociados por conta própria, enquanto o remanescente teve como finalidade operações para efeito de cobertura de risco. As taxas de juro (de curto, médio e longo prazos) foram os subjacentes com maior peso relativo, mas todos os subjacentes viram o respetivo valor negociado aumentar.
Registo e Depósito de Instrumentos Financeiros
O valor dos instrumentos financeiros registados por conta de outrem era de 228 mil milhões de euros no final de 2017, superior ao inscrito no ano anterior em resultado do aumento dos valores sob custódia de entidades nacionais. O maior contributo para o crescimento daque-les montantes foi dado pelos investidores residentes, apesar de a sua importância relativa ter diminuído ligeiramente. Os investidores residentes continuaram a deter principalmente outros valores mobiliários e dívida pública, enquanto os não residentes detinham maiorita-riamente ações.
No que respeita à concentração do mercado, a quota de mercado dos três e dos cinco maiores custodiantes situou-se em 55,5% e 81,6%, respetivamente, em ambos os casos inferior à do ano anterior, com o índice HHI a sinalizar igualmente uma diminuição da concentração no setor.
Fonte:
CMVM.
Ações Dívida Pública Outros Valores Mobiliários Ações Dívida Pública Outros Valores Mobiliários
Gráfico 37 – Registo e Depósito por Conta de Outrem: Titulares por Tipo de Valor Mobiliário
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
T1
0
50000
100000
150000
200000
250000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
T1
0
50000
100000
150000
200000
250000
Residentes Não Residentes€ 10^6 € 10^6
2017CMVM
63Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
A atividade de registo e depósito também é exercida por conta própria, isto é, relativamente aos instrumentos financeiros detidos pelos próprios intermediários. O valor dos instru-
mentos financeiros registados por conta própria aumentou para 102,2 mil milhões de euros no final do ano. Cerca de 63,0% do montante registado diz respeito ao mercado não regulamen-tado, peso que se tem mantido estável. A quota de mercado dos três maiores custodiantes foi de 55,3%, próxima da observada no ano anterior, com o índice HHI a sinalizar uma ligeira diminuição da concentração no setor.
Em suma, na intermediação financeira assistiu-se ao aumento das ordens rececionadas e executadas por conta de outrem no mercado a contado e, em simultâneo, ao crescimento dos valores negociados e registados. Ao invés, acentuou-se a menor propensão dos investidores para direcionar as suas ordens para o mercado a prazo. Em ambos os casos, os intermediários financeiros deparam-se com desafios relacionados com avanços tecnológicos que proporcio-nam aos respetivos clientes soluções alternativas rápidas e seguras para a execução das suas ordens. Este novo enquadramento é suscetível de colocar em causa o modelo de negócio as-sociado à maioria dos serviços prestados no âmbito da intermediação financeira, pelo menos nos termos em que esta tem sido exercida.
2017CMVM
64Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
6.GESTÃO DE ATIVOS
2017CMVM
65Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
GESTÃO DE ATIVOS
VERIFICOU-SE UM AUMENTO DOS VALORES ADMINISTRADOS POR ENTIDADES GESTORAS NACIONAIS
OS FUNDOS ESTRANGEIROS COMERCIALIZADOS EM PORTUGAL GANHARAM PESO RELATIVO
OS ATIVOS SOB GESTÃO DOS OPERADORES NACIONAIS DE CAPITAL DE RISCO TAMBÉM CRESCERAM
6.
•
•
•
total dos ativos sob gestão em Portugal atingiu 86,5 mil milhões de euros no final de 2017, o que corresponde a 45% do PIB, e traduz crescimentos significativos face a 2016, tanto na gestão individual, como na coletiva. No âmbito da individual, os valores administrados aumentaram 1,5%, o que compara com -5,5% face a 2016. Na coletiva, os ativos sob gestão cresceram 6,7% (-6,6%, respetivamente, em 2016).
A gestão individual de carteiras por conta de outrem é exercida por instituições de crédito, empresas de investimento (onde estão incluídas as sociedades gestoras de patrimónios, as sociedades financeiras de corretagem e as sociedades corretoras) e entidades gestoras de fundos, e cada conjunto de valores geridos pertence a um titular individualmente considerado.
A gestão coletiva de ativos assume a forma de Organismos de Investimento Coletivo (OIC), mobiliários ou imobiliários, dotados ou não de personalidade jurídica16. Estes OIC têm como finalidade o investimento coletivo de capitais obtidos junto dos investidores e o seu funciona-mento encontra-se sujeito a um princípio de repartição de riscos e à prossecução do exclusivo interesse dos participantes.
O
16 Os fundos de titularização e crédito e de capital de risco serão analisados em seções posteriores e, portanto,
os respetivos valores não são considerados nesta seção.
2017CMVM
66Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O peso da gestão individual de carteiras tem aumentado desde o início do milénio e estabili-zou em torno dos 70% do total da gestão de ativos em Portugal, uma percentagem bastante
superior à média europeia. Na Europa, a gestão de ativos correspondia a 138% do PIB europeu em 2016, e a gestão individual apenas representava 48% dos ativos sob gestão17. Em percenta-gem do PIB, os ativos sob gestão são mais elevados no Reino Unido, na Suíça e na Holanda, mas a nível global a Europa é apenas o segundo mercado mais relevante dado que os EUA reúnem 45% do total de ativos sob gestão a nível mundial.
Fonte: ´
CMVM.
Gráfico 38 – Montantes sob Gestão - Evolução (esq) e Detalhe no Final de 2017 (dir)
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018T1
Gestão Coletiva23 078 milhões Euros
Gestão Individual63 467 milhões Euros
€ 10^6
0
20 000
40 000
60 000
80 000
100 000
120 000
Fonte:
CMVM.
Gráfico 39 – Investidores na Gestão Individual (esq) e na Gestão Coletiva (dir) - Final de 2017
Outros Clientesnão institucionais71,6%
Fundos de Pensões 18,8%
Pessoas Singulares 6,2%
Fundos de Investimento 2,0%Pessoas Coletivas 1,5%
Pessoas Singulares 53,0%
Instituições de Crédito 15,7%
Pessoas Coletivas 20,0%
Fundos de Pensões 5,2%
Companhia de Seguros 4,6%Fundos de Investimento 1,4%
O aumento dos valores sob gestão conjugado com a diminuição do número de sociedades em atividade em Portugal contribuiu para aumentar a concentração no setor. No final do
ano, os cinco principais operadores concentravam 69,0% do valor sob gestão. Também nos demais países europeus o setor era dominado por um número restrito de empresas.
Os investidores de retalho (isto é, pessoas singulares) constituem cerca de metade dos clien-tes da gestão coletiva de ativos. Quando considerado o valor sob gestão, o montante detido por
17 Fonte:
EFAMA
Fact Book.
2017CMVM
67Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
pessoas singulares corresponde a apenas 6,2% da gestão individual de carteiras. Os investido-res de retalho representam um em cada quatro clientes da gestão de ativos na Europa, com a gestão individual a apresentar um peso menor de clientes de retalho do que a gestão coletiva.
Fonte:
CMVM.
Gráfico 40 – Valor sob Gestão, por Tipo de Ativo - Gestão Individual (esq) e Gestão Coletiva (dir)
Dívida Pública42,93%
Obrigações 25,41%
UP 18,34%
Outros Ativos 7,78%
Ações 5,48%Outros VM 0,05%
UP27,26%
Obrigações29,34%
Outros Ativos 25,33%
Ações 10,62%
Dívida Pública 7,44%Outros VM 0,02%
O principal instrumento financeiro em que a gestão individual em Portugal efetua as suas aplicações tem sido a dívida pública, em particular nacional, mas na gestão coletiva a dí-
vida privada estrangeira assume maior relevância. A par da categoria global de ‘outros valores mobiliários’, cujo peso é residual para ambos os segmentos da gestão de ativos, as ações apre-sentam um peso reduzido nos investimentos efetuados. Também na Europa se tem assistido à manutenção do elevado peso da dívida nas carteiras sob administração, em resultado do maior financiamento das empresas não financeiras mediante a emissão de obrigações. Tal situação decorre quer das restrições de crédito observadas nos últimos anos, quer dos baixos níveis das taxas de juro.
Fonte:
BCE;
cálculos CMVM.
Empresas Não Financeiras - Ações
Empresas Não Financeiras - Dívida
Governos - Dívida
Gráfico 41 – Peso das Emissões de Sociedades Não Financeiras e Governos Detidas na Carteira dos Fundos de Investimento da Zona Euro (%)
Dez.08 Dez.09 Dez.10 Dez.11 Dez.12 Dez.13 Dez.14 Dez.15 Dez.16 Dez.170%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
2017CMVM
68Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Paralelamente, os fundos de investimento domiciliados no estrangeiro têm aumentado de importância no mercado nacional, agregando 4,1 mil milhões de euros no final do ano (um
aumento anual de 38,2% do valor sob gestão e mais 14 fundos que no ano anterior).
O papel dos fundos de investimento no financiamento da economia europeia é ilustrado pelo peso das emissões de dívida e de ações das empresas na carteira dos fundos de investimento. No final de 2017, os fundos de investimento europeus detinham em carteira 28,2% da dívida e 17,6% das ações emitidas pelas sociedades não financeiras europeias, e 10,6% da dívida emiti-da pelos governos. O peso da dívida privada tem aumentado, mas o da dívida pública estabilizou e o das ações decresceu, o que reflete não só a evolução das necessidades de financiamento destes setores institucionais, mas também o enviesamento da estrutura de financiamento europeia na direção do setor bancário.
Gestão Individual de Carteiras por Conta de Outrem
O valor administrado no âmbito da gestão individual de carteiras por conta de outrem aumen-tou para 63,5 mil milhões de euros no final do ano18. O número de intermediários financeiros a desenvolver a atividade diminuiu e a concentração no setor aumentou, sobretudo devido ao aumento da quota de mercado de duas sociedades gestoras. Os três maiores operadores de-tinham em conjunto 68,7% dos ativos sob gestão no final do ano.
Fonte:
BCE;
cálculos CMVM. 0
1 000
2 000
3 000
4 000
5 000
6 000
Número de carteiras (esq)
Valor média das carteiras sob gestão (dir)
Gráfico 42 – Valor Médio da Carteira
2002 2003 2004 2004 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018T1
0
10 000
20 000
30 000
40 000
50 000
60 000 € 10^3
18 Para maior detalhe ver Indicadores Trimestrais de Gestão de Ativos e Séries Longas, em www.cmvm.pt.
A maioria dos clientes desta atividade residiam em Portugal e, contrariamente ao verificado em 2016, assistiu-se à redução do número de carteiras de pessoas singulares, nomeada-
mente residentes, porventura em consequência do redireccionamento da oferta para outros tipo de instrumentos e da diminuição das taxas de poupança e do aumento do consumo. O valor médio das carteiras de pessoas singulares aumentou no ano, o que estará associado à
2017CMVM
69Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
redução do número de carteiras de menor valor. Em termos globais, o aumento do valor médio global das carteiras geridas é explicado pelo significativo crescimento do valor gerido por con-ta dos fundos de pensões.
Fonte:
CMVM.1
2
3
4
5
6
0
30 000
40 000
50 000
60 000
70 000
80 000
20 000
10 000
Ações Dívida Pública Obrigações Outros VM UP Outros AtivosCarteira de Obrigações Total Dívida Pública Portuguesa
Dívida Privada Portuguesa
Gráfico 43 – Composição das Carteiras Geridas por Conta de Outrem (esq) e Duração Modificada da Carteira de Obrigações (dir)
2002
2003
2005
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2010
T1 Dez.
16
Jan.
17
Fev.
17
Mar
.17
Abr.1
7
Mai
.17
Jun.
17
Jul.1
7
Ago.
17
Set.1
7
Out.1
7
Nov.
17
Jan.
18
Dez.
17
Fev.
18
Mar
.18
Dura
ção
Mod
ifica
da
€ 10^6
Dívida Pública EstrangeiraDívida Privada Estrangeira
5,58
4,61
4,00
2,68
1,59
5,20
4,454,23
2,88
1,93
O perfil de risco das carteiras geridas sofreu alterações de relevo, com o aumento do número de carteiras de baixo risco e a diminuição do número de carteiras tanto de alto como de
médio risco. Esta evolução poderá estar associada à redução das carteiras de pessoas singu-lares, com o encerramento de carteiras de maior risco, ou a uma posição mais conservadora dos clientes da gestão individual ou dos respetivos gestores face à apresentada nos dois anos anteriores, onde as carteiras de baixo risco tinham diminuído o seu peso relativo.
A gestão individual investe frequentemente em fundos de investimento de modo a beneficiar da diversificação e da redução de custos. Os gestores de carteiras na Hungria, Grécia e França aplicam uma percentagem superior de investimento em unidades de participação, mas em Portugal e na Dinamarca esta percentagem é inferior. Na estrutura das carteiras sob gestão em Portugal assistiu-se ao reforço do investimento em unidades de participação e em dívida pública, tendo esta última continuado a ter o maior peso no total sob administração (em detri-mento, sobretudo, das ações). A duração modificada da dívida pública nacional era de 5,2 anos no final do ano (4,6 anos no caso da estrangeira), o que revela uma exposição relevante ao risco de taxa de juro dado o investimento em maturidades de mais longo prazo.
GESTÃO COLETIVA DE ATIVOS
Organismos de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários
O valor gerido por organismos de investimento coletivo em valores mobiliários (OICVM) au-mentou 27,0% em 2017 (um acréscimo de 2,4 mil milhões de euros). No decorrer do ano foram constituídos cinco novos fundos, liquidados onze e deu-se a fusão por incorporação de outros cinco fundos.
2017CMVM
70Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
CMVM. 0
5 000
10 000
15 000
20 000
25 000
30 000
Fundos de AçõesFundos Poupança Reforma
Fundos de ObrigaçõesFundos Fléxíveis
Fundos do Mercado MonetárioOutros Fundos Total
Gráfico 44 – OICVM: Valor Sob Gestão (esq) e Saldo Líquido de Investimento (dir) - Portugal
2002 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 2018T1
€ 10^6
-8 000
-6 000
-4 000
-2 000
0
2 000
4 000 € 10^6
FA FFLX FMM FO FPR OF
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
O aumento do valor administrado ocorreu particularmente na categoria ‘outros fundos’, e os fundos do mercado monetário (FMM) apresentam a maior diminuição. Estas alterações
surgem em resultado da alteração de tipologia de um fundo do mercado monetário, que foi convertido em fundo de investimento mobiliário (incluído na categoria ‘outros fundos’). Além do efeito preço resultante das valorizações dos ativos incluídos nas carteiras dos OICVM, o au-mento do valor gerido é ainda explicado pela existência de subscrições (líquidas de resgates) positivas, sobretudo nos fundos de obrigações (FO) e nos de poupança reforma (FPR). Os FPR são a única tipologia de fundo com subscrições líquidas positivas nos últimos três anos e os FMM registam resgates superiores às subscrições no mesmo período.
A nível europeu também se assistiu ao aumento dos ativos sob gestão, para 9,7 biliões de eu-ros, acompanhado pelo crescimento das subscrições líquidas para 738 mil milhões de euros, sobretudo devido ao crescimento verificado nos FO19. Nos EUA os ativos sob gestão aumenta-ram para 20,3 biliões de euros20.
19 Fonte: EFAMA Quarterly Statistical Release.
20 Fonte: EFAMA International Statistical Release.
2017CMVM
71Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
CMVM.
Gráfico 45 – OICVM: Número de Participantes (esq) e Valor Médio por Participante (dir)1 400 000
1 200 000
1 000 000
800 000
400 000
200 000
0
600 000
FA FFLX FMM FO FPR OF FA FFLX FMM FO FPR OF
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
0
6 000
12 000
18 000
24 000
30 000 Euros
O número de participantes em OICVM cresceu significativamente e atingiu o valor mais eleva-do desde setembro de 2011. Nos fundos do mercado monetário e nos flexíveis registaram-
-se mais saídas do que entradas de participantes. Cada participante detinha, em média, 11,9 mil euros em unidades de participação de OICVM no final do ano, valor médio que caiu nos fundos do mercado monetário e de ações. Em termos de tipo de participante, as pessoas singulares representavam quase nove em cada dez euros sob gestão dos OICVM, com um valor médio por participante de 10,6 mil euros. O valor médio detido por pessoas singulares aumentou em resultado do crescimento do valor sob gestão superior ao do número de participantes. Por outro lado, a importância das companhias de seguros e das instituições de crédito tem vindo a diminuir, no primeiro caso acompanhada pelo decréscimo do valor médio por participante. Nos participantes fundos de pensões assistiu-se ao maior crescimento do valor médio detido, para 5,2 milhões de euros, em virtude sobretudo da diminuição do número de participantes.
A composição da carteira dos fundos teve algumas alterações de relevo. Assim, as aplicações em dívida privada aumentaram 75,4% no ano, mas o valor das aplicações em unidades de par-ticipação e em dívida pública caiu. A diminuição do valor investido em dívida pública foi mais pronunciada nas categorias de fundos que gozam de discricionariedade para definir a sua po-lítica de investimento, sobretudo nos ‘outros fundos’.
2017CMVM
72Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
CMVM.
Gráfico 46 – OICVM: Estrutura da Carteira (esq) e Duração Modificada da Carteira de Obrigações dos OICVM (dir)35 000
30 000
€ 10^6
25 000
20 000
10 000
5 000
0
15 000
Unidades de ParticipaçãoObrigações OutrosDívida PúblicaAções Liquidez
07 082002 03 04 05 06 09 10 11 12 13 14 15 16 17 2018T1
0
1
2
3
4
5
Dívida Privada Portuguesa Dívida Privada EstrangeiraDívida Pública PortuguesaPortfolio de Obrigações Total Dívida Pública Estrangeira
Dura
ção
Modi
ficad
aNo
v.15
Dez.1
5Ja
n.16
Fev.
16Ma
r.16
Abr.1
6Ma
i.16
Jun.
16Ju
l.16
Ago.
16Se
t.16
Out.1
6No
v.16
Dez.1
6Ja
n.17
Fev.
17Ma
r.17
Jan.
18Fe
v.18
Mar.1
8
Abr.1
7Ma
i.17
Jun.
17Ju
l.17
Ago.
17Se
t.17
Out.1
7No
v.17
Dez.1
7
3.63
2.49
1.64
0.60
4.48
2.442.091.09
O investimento em ações e em fundos de ações, em especial estrangeiras, também aumen-tou. No final do ano existiam apenas cinco fundos de investimento com dimensão relevante
orientados para o investimento em ações de empresas nacionais, em especial do PSI 20, e dois fundos de poupança em ações, uma categoria de fundos que tem perdido importância no mercado nacional. Os fundos de ações, e em particular os de ações nacionais, apresentaram as rentabilidades mais elevadas em 2017.
Em 2017 procedeu-se a uma atualização de um estudo de 2009, que teve por objeto avaliar se a um maior dinamismo
da gestão dos fundos de investimento de ações nacionais podia ser associada uma também maior rentabilidade.
Pretendeu-se, além de outros melhoramentos, estender a análise até 2015, o que permitiu averiguar até que ponto
a relação entre ativismo de gestão e a rentabilidade poderá ter sido alterada na sequência da crise financeira
internacional.
A amostra utilizada incluiu todos os 23 fundos de investimento abertos de ações nacionais que estiveram em ati-
vidade no período compreendido entre 31 de dezembro de 2001 e 31 de dezembro de 2015. Estes fundos investiam
principal ou exclusivamente em ações nacionais admitidas à negociação na Euronext Lisbon.
Tal como então, foram utilizados dois indicadores de ativismo, o turnover corrigido das carteiras e o indicador
Finger-Kreinen21, mas também um indicador composto contendo a interação entres estas duas últimas variáveis.
Ativismo de Gestão e Rentabilidade de Fundos de Ações Nacionais
Caixa 3
21 Tanto quanto foi possível apurar, esta foi a primeira vez que o indicador Finger-Kreinin (FK) - desenvolvido origi-
nalmente para medir a similitude da estrutura de exportações entre dois espaços económicos – foi aplicado como
medida de ‘instabilidade’ de uma carteira de investimentos.
2017CMVM
73Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Caixa 3 O uso destes indicadores contém valor acrescentado para a descrição do ativismo. O estudo permitiu concluir
que os fundos que, em simultâneo, mais negoceiam e mais reconfiguram as suas carteiras foram penalizados
em termos de rentabilidade. Os resultados obtidos permitiram ainda concluir que a rentabilidade dos fundos de
investimento em ações nacionais continua a ser essencialmente explicada pela rentabilidade do mercado e que
a dimensão dos fundos tem um efeito negativo nessa rentabilidade, quer antes quer depois da crise financeira
internacional. Estes resultados questionam, assim, a ideia de que os fundos de ações nacionais beneficiam de
economias de escala na gestão, porventura por não terem atingido ainda uma dimensão suficiente para poderem
beneficiar dessas economias.
Em suma, os resultados sugerem que uma maior rentabilidade teria estado associada a fundos cujas característi-
cas tivessem sido, cumulativamente, as seguintes: i) carteira estável; ii) pequena dimensão, iii) incorrer em custos
de transação essencialmente para reconfigurar a carteira quando haja alteração do benchmark ou, na ausência
de liquidez, para fazer face a subscrições e resgates, e, como tal, fundos com um turnover reduzido; e iv) comis-
sionamento mais reduzido. Nenhum dos 23 fundos que compuseram a amostra deste estudo reuniu globalmente
estas caraterísticas.
No que diz respeito à origem geográfica dos emitentes das obrigações detidas na carteira dos fundos, é de notar um aumento generalizado do valor investido em dívida emitida por
empresas de Portugal, França, Holanda, Itália e EUA, e uma diminuição do valor investido em títulos representativos de dívida de empresas irlandesas. No segmento da dívida soberana existiu desinvestimento, em particular em dívida de Itália, Espanha e Alemanha. As aplicações em dívida de Portugal aumentaram, o que ocorreu em simultâneo com a redução das yields na sequência da melhoria da notação de risco de crédito da República pela Standard & Poor’s e pela Fitch.
A duração modificada dos investimentos em dívida da totalidade das obrigações detidas nas carteiras dos fundos aumentou para aproximadamente dois anos no final do ano, sendo infe-rior no caso da dívida pública nacional (um ano) e superior na dívida pública estrangeira (3,7 anos). Estes valores são bastante inferiores aos comparáveis na carteira de obrigações da gestão individual de carteiras. Aquele aumento sinaliza uma maior sensibilidade do preço às alterações das taxas de juro, bem como a intensificação do risco de taxa de juro associado a estes investimentos.
Fundos de Investimento Alternativo
O valor administrado por fundos de investimento alternativo (FIA) continuou a cair e situou-se em 1,2 mil milhões de euros no final de 2017. Na génese desta queda estiveram os resgates de 894 milhões de euros, que foram apenas parcialmente compensados pelas subscrições
2017CMVM
74Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
ocorridas, e ainda a diminuição do número de fundos em atividade (menos nove fundos do que no final do ano transato). Esta evolução é oposta à verificada a nível europeu, onde os ativos sob gestão deste tipo de fundos têm crescido e as subscrições líquidas atingiram os 211 mil milhões de euros22. Ao nível da composição da carteira dos fundos, a dívida privada permanece como a rubrica mais importante apesar de em queda. No que diz respeito à origem geográfica dos emitentes das obrigações, regista-se a diminuição generalizada do valor investido em dívida emitida por empresas portuguesas e holandesas e, em contrapartida, um aumento das aplicações em títu-los representativos de dívida de empresas de Espanha. O desinvestimento em dívida soberana contribuiu para que a sua relevância nas carteiras dos fundos tenha diminuído, sobretudo nos casos da dívida pública portuguesa, italiana e espanhola.
22 Fonte:
EFAMA
Quarterly
Statistical
Release.
Fonte:
CMVM.
Gráfico 47 – FIA: Estrutura da Carteira (esq) e Saldo Líquido de Investimento (dir)6 000
5 000
4 000
3 000
1 000
0
2 000
Ações Dívida Pública Liquidez Obrigações Unidades de Participação Outros
2008
2004
2005
2006
2007
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200 € 10^6€ 10^6
Nos FIA o valor médio administrado por participante diminuiu 20,2%, uma vez que a queda do número de participantes foi menos expressiva do que a do valor dos resgates líquidos. Cada
participante detinha, em média, 23,3 mil euros em unidades de participação no final do ano, um valor superior ao correspondente nos OICVM. As pessoas singulares detinham 58,4% do valor sob gestão no final de 2017, com um valor médio por participante de aproximadamente 14 mil euros. O peso dos investidores de retalho tem caído recentemente, em linha com a queda do valor sob gestão dos FIA e do respetivo número de participantes. As companhias de seguros, os fundos de pensões e as instituições de crédito viram o seu peso relativo e valor médio por participante aumentar, particularmente no último ano, com a diminuição do número de parti-cipantes a ser mais acentuada do que a do valor sob gestão.
2017CMVM
75Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
CMVM.0
15 000
30 000
45 000
60 000Euros
Número de Participantes
Valor Médio
Gráfico 48 – FIA: Número de Participantes e Valor Médio por Participante
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018T1
0
50 000
100 000
150 000
200 000
Fundos de Investimento Imobiliário
O valor sob gestão de fundos de investimento imobiliário (FII) recuperou em 2017, apesar de se ter verificado uma diminuição no número de fundos em atividade (no final do ano existiam
227 fundos em atividade, menos sete do que no ano anterior). As subscrições líquidas de fundos abertos foram positivas (cerca de 52 milhões de euros23) e mais do que compensaram a perda de valor gerido por fundos fechados que se liquidaram no ano. Também na Europa se assistiu ao aumento das subscrições líquidas de fundos imobiliários (28 mil milhões de euros em 2017).24
Fonte:
CMVM.0
2 000
4 000
6 000
8 000
10 000 € 10^6
Fundos de Gestão de Património Imobiliário
Fundos de Investimento Imobiliário de Arrendamento Habitacional
Fundos de Investimento Imobiliário
Fundos Especiais de Investimento Imobiliário
Gráfico 49 – Valor sob Gestão de FII
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2016 20172010 2018T1
23 Calculadas fundo a fundo, mediante a variação anual do VLGF expurgada da respetiva rentabilidade no período,
e agregadas para o conjunto dos fundos abertos.24
Fonte: EFAMA Quarterly Statistical Release.
2017CMVM
76Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
CMVM.
Gráfico 50 – FII: Estrutura da Carteira (esq) e Utilização dos Imóveis (dir)14 000
12 000
10 000
8 000
6 000
4 000
2 000
-2 000
-4 000
0
Valores a Regularizar
Empréstimos
Liquidez
Outros Activos
UPs em Fundos de Investimento Imobiliário
Participações em Sociedades Imobiliárias
Direitos Sobre Imóveis
Construções Não Arrendadas
Construções Arrendadas
Terrenos e Projectos
Habitação Comércio Serviços Indústria Turismo Logística Outros
2008
2004
2003
2002
2005
2006
2007
20116
2017
2018
T1
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
€ 10^6 100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
A maioria dos fundos imobiliários apresentaram rentabilidades positivas, o que está asso-ciado à retoma dos preços no setor imobiliário residencial e comercial em Portugal, em
particular nos grandes centros urbanos e turísticos.
Ao nível da estrutura da carteira salientam-se a diminuição do valor dos empréstimos contraí-dos pelos fundos imobiliários e o aumento significativo da liquidez detida. Continuou a diminuir o peso dos imóveis destinados a habitação e a serviços, mas os destinados a comércio, indús-tria e turismo ganharam importância, o que não pode ser dissociado do crescimento económi-co recente da economia portuguesa.
O número de participantes aumentou substancialmente e originou a diminuição do valor mé-dio sob gestão para 130 mil euros por participante (176 mil euros no final do ano anterior). As pessoas coletivas e as instituições de crédito representam a maioria do valor sob gestão, com valores médios por participante em decréscimo. Contudo, a importância das pessoas singu-lares tem aumentado, quer em termos de valor sob gestão, quer de número de participantes, fixando-se o valor médio por participante em 23 mil euros no final de 2017.
Ao contrário do que acontece com os fundos mobiliários, os índices de concentração do setor são baixos: as três principais sociedades gerem 38,6% do valor sob gestão de fundos imobiliários.
Organismos de Investimento Coletivo Estrangeiros Comercializados em Portugal
O valor administrado por organismos de investimento coletivo em valores mobiliários (OICVM) estrangeiros comercializados no mercado português continuou a aumentar. Esta evolução foi acompanhada do incremento do número de OICVM e de sub-fundos comercializados, e resulta do aumento dos preços e do crescimento das subscrições líquidas de resgates (que atingiram 107 milhões de euros em 2017). As aplicações efetuadas nestes fundos comercializados em
2017CMVM
77Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Portugal ocorreram em todas as tipologias, embora tenham sido mais acentuadas nos fundos cujas carteiras são focadas no investimento em outros ativos (mercado monetário, mercado-rias e alternativos).
Fonte:
CMVM
e Bloomberg;
cálculos CMVM.
Valor das subscrições (dir) Valor dos resgates (dir) Valor sob gestão (esq) Ações Obrigações Mistos Outros
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
2008
2004
2003
2002
2005
2006
2007
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
€ 10^6 € 10^6 100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%0
50
100
150
200
250
0
500
1 000
1 500
2 000
2 500
3 000
3 500
4 000
4 500
Gráfico 51 – OICVM Estrangeiros (esq) e Valor Colocado Por Ativo Dominante (dir)
No âmbito da integração do mercado de capitais da União Europeia (Capital Markets Union), o crescimento do número de fundos estrangeiros comercializados em Portugal contribui
para aumentar a ligação entre poupança, investimento e crescimento económico, e propor-ciona um leque de opções mais alargado a agentes económicos com capacidade e com neces-sidade de financiamento.
O valor médio investido por participante era de 18,2 mil euros no final do ano, superior ao cor-respondente para os OICVM nacionais (+ 5,8 mil euros). O aumento do diferencial entre estes valores médios indicia que os participantes dos OICVM nacionais e estrangeiros comercializa-dos em Portugal são oriundos de segmentos da população distintos.
Fundos de titularização de créditos e sociedades de titularização de créditos
As operações de titularização são efetuadas através de fundos (FTC) e de sociedades de titu-larização de crédito (STC). O valor sob gestão do setor diminuiu, em resultado da liquidação de três FTC durante o ano (não tendo sido constituído nenhum).
Os créditos hipotecários continuam a ser o elemento com maior peso na carteira dos FTC. Por outro lado, o montante emitido de obrigações titularizadas por sociedades de titularização (1,3 mil milhões de euros) também decresceu. Quatro das sete emissões realizadas foram relativas a outros créditos dentro do sistema financeiro. Entre os créditos envolvidos nas operações de titularização destaca-se o crédito fora do sistema financeiro, detido pela EDP – Serviço Uni-versal, S.A. e relacionado com a implementação de política energética.
2017CMVM
78Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
CMVM .
N.º Fundos
N.º Emissões
Valor líquido global
Valor Emitido
Gráfico 52 – Titularização de Créditos Valor sob Gestão
0
5 000
10 000
15 000
20 000
25 000
30 000
35 000
40 000
0
10
20
30
40
60
50
N.º Fundos/Nº Emissões€ 10^6
2008
2004
2003
2002
2005
2006
2007
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
À semelhança do ocorrido em Portugal, a titularização de créditos diminuiu a atividade tanto na Europa como nos EUA. O valor agregado das emissões de titularização na Europa atingiu
os 235 mil milhões de euros (239,6 mil milhões de euros em 2016)25, correspondendo as emis-sões nacionais a 0,6% das realizadas no espaço europeu.
Fundos de capital de risco e sociedades de capital de risco
Os operadores nacionais de capital de risco detinham no final de 2017 aproximadamente 4,8 mil milhões de euros de ativos sob gestão26, o que representa um crescimento de 3,1% em relação ao final do ano anterior, explicado na totalidade pelos fundos de capital de risco (FCR), onde se registaram crescimentos relevantes nas participações sociais, nos depósitos e nos outros ativos. As sociedades de capital de risco (SCR) observaram uma queda do investimento, prin-cipalmente em depósitos e outros meios líquidos afetos ao investimento em capital de risco.
O investimento foi mais acentuado nas atividades de informação e comunicação e nas ativida-des de consultoria, científicas, técnicas e similares, enquanto na indústria transformadora e nas atividades de alojamento e de restauração decresceu.
Na Europa, os investimentos em capital de risco aumentaram 34,0% (para 6,4 biliões de euros), o valor mais elevado dos últimos dez anos, com destaque para o segmento de bens de consu-mo e serviços 27.
25 Fonte: Association for Financial Markets in Europe (AFME).
26 Os ativos sob gestão incluem participações sociais, outros financiamentos, liquidez, posições sobre derivados
e outros ativos. 27
Fonte: Invest Europe.
2017CMVM
79Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
CMVM .Fundos de Capital de Risco
Sociedades de Capital de Risco
Gráfico 53 – Capital de Risco: Ativos sob Gestão
2012 2013 2014 2015 2016 2017
0
1000
2 000
3 000
4 000
5 000 € 10^6
As operações de reorientação estratégica ou de recuperação de empresas (turnaround) per-maneceram as mais relevantes, e corresponderam a cerca de três em cada dez operações
de investimento em private equity e a um terço do investimento do setor. As operações de expansão e de venture capital canalizaram, cada uma, um em cada cinco euros do investimen-to do setor. Os operadores de capital de risco continuaram a revelar menos apetência para investir em projetos com elevado risco e em fase de arranque, uma vez que o investimento em empresas na fase startup permaneceu reduzido.
Quadro 7 – Carteira de Investimento dos FCR e das SCR, por Fase de Investimento
Fases do Investimento Dec-16 Dec-17
Fonte: CMVM.
Venture Capital 696,8 787 697,0 771
Seed capital 175,9 217 175,5 217
Startup 372,5 431 317,0 416
Early-stage 148,3 139 204,5 138
Private equity 2 879,2 913 2 838,5 843
Expansão 757,9 437 758,9 422
Capital de substituição 105,8 32 156,5 36
Turnaround 1 288,2 328 1 194,6 276
Refinanciamento da divida bancária 1,2 36 0,8 31
Management buyout 632,4 25 612,4 14
Management buyin 16,3 4 13,9 2
Outros 77,4 51 101,4 62
Total 3 576,0 1 700 3 535,5 1 614
Investimento (€ 10^6) N.º Participações Investimento (€ 10^6) N.º Participações
2017CMVM
80Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O investimento em capital de risco permite recapitalizar as empresas participadas, apoiar novos modelos de negócio ainda por testar, criar emprego e valorizar o setor, mas o seu
peso no PIB nacional (2,5%) continua a ser reduzido, o que significa que o capital de risco ain-da não se conseguiu afirmar como uma importante alavanca do crescimento económico em Portugal. Um valor significativo dos investimentos em capital de risco foi direcionado para setores menos propensos à geração de maior valor acrescentado bruto. Os investimentos em SGPS não financeiras canalizaram 1,2 mil milhões de euros e são um veículo para investimentos noutras atividades, enquanto o investimento em atividades imobiliárias atingiu 363,1 milhões de euros do investimento realizado via FCR e 10,6% do total do setor.
2017CMVM
81Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
7.RENTABILIDADE E ATRATIVIDADE DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS NACIONAL
2017CMVM
82Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
RENTABILIDADE E ATRATIVIDADE DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS NACIONAL
O INVESTIMENTO NO MERCADO ACIONISTA GEROU MAIOR RETORNO DO QUE A GENERALIDADE DAS RESTANTES APLICAÇÕES FINANCEIRAS
AS SUBSCRIÇÕES LÍQUIDAS DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO E DOS PRODUTOS DE AFORRO DO SETOR SEGURADOR COM MELHOR DESEMPENHO DESDE, PELO MENOS, 2012
7.
•
•
índices bolsistas portugueses PSI 20, PSI 20 TR e PSI Geral aumentaram, respetivamente, 15,2%, 19,3%, e 13,6% em 2017, o que representa uma inflexão relativamente às perdas supor-tadas no ano anterior 28. Os principais índices bolsistas de outros países na Europa apresentam performances positivas nos dois últimos anos, sendo o DJ600 (Reino Unido) e o IBEX (Espanha) algumas exceções.
Usando estes índices como um proxy para o investimento no mercado acionista, pode con-cluir-se que no último ano, em Portugal, a rentabilidade deste mercado teria sido mais com-pensadora (mas igualmente com mais risco) do que a de outras aplicações financeiras, como obrigações do Tesouro (OT) ou certificados de aforro.
A recuperação ocorrida em 2017 não permite ainda compensar as perdas de valor registadas durante as crises financeira e da dívida soberana que, além disso, prejudicaram a confiança dos investidores, seja por via de eventos marcantes ocorridos em diversos emitentes nacio-nais, seja por expectativas menos otimistas quanto aos resultados futuros das empresas co-tadas, em parte devido a reduções significativas do investimento, à manutenção de elevados níveis de dívida (que ainda persistem) e, nalguns casos, à distribuição de dividendos oriundos de resultados transitados.
O
28 Quer o PSI 20 TR quer o PSI Geral incorporam eventos societários como a distribuição de dividendos.
2017CMVM
83Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte:
Bloomberg,
Thomson
Reuters, IGCP,
Banco de
Portugal e INE;
cálculos CMVM.
*Rentabilidade
média anual
(geométrica).
Quadro 8 – Rentabilidade e Risco de Algumas Opções de Investimento em Portugal, 2007-2017
Rentabilidade Nominal*Investimento
PSI Geral -4,2% 24,5%
PSI20 TR -4,9% 26,0%
PSI20 -8,4% 25,0%
Obrigações do Tesouro 5,3% 23,0%
Certificados de Aforro 1,9% 0,9%
Risco
Considerando que, no final de 2007, um investidor se depara com a opção entre investir no mercado acionista em Portugal ou em dívida pública da República, e admitindo que este
investidor é neutro face ao risco, a melhor opção teria sido uma OT para o período de 10 anos que termina no final de 2017: por cada Euro investido, o investidor iria receber 1,68 euros em 2017, o que contrasta com o valor de 41 cêntimos se o mesmo investimento tivesse sido feito no cabaz de ações que replica o índice PSI 20.
A estes valores importa incorporar o efeito dos preços no período, pois poderia acontecer que em 2017 o investidor comprasse menos bens com os 1,68 euros do que com 1 Euro uma década antes. Após inclusão da variação do índice de preços no consumidor (IPC), passados dez anos o investidor receberia 1,55 euros pelo seu investimento de 1 Euro em OT e 29 cêntimos se tivesse investido no cabaz de ações que constitui o índice PSI 20, pelo que o investimento em dívida pública teria sido mais atrativo (e com menor risco).
Todavia, o uso do PSI 20 como proxy para o investimento no mercado acionista não considera o facto de as empresas distribuírem periodicamente dividendos. Se fosse considerado o PSI 20 TR (que inclui a distribuição de dividendos efetuada pelas empresas), a perda incorrida pelos investidores com o investimento de um Euro no cabaz de ações das empresas incluídas nesse índice 29 seria inferior, montando a 39 cêntimos, pelo que no final dos dez anos o investidor teria recebido 61 cêntimos pelo seu investimento.
29 Quer o PSI 20 TR quer o PSI Geral incorporam eventos societários como a distribuição de dividendos.
2017CMVM
84Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Fonte: Thomson
Reuters e
Relatórios e
Contas das
Empresas;
Cálculos CMVM.
Notas: No que
diz respeito ao
exercício de
2016 incluem-se
os dividendos
distribuídos
até 31/12/2017 e
relativamente
ao exercício de
2017 incluem-se
os dividendos
distribuídos
até 31/05/2018.
As Sociedades
Anónimas
desportivas não
foram incluídas.
Informação
sobre a Orey não
se encontrava
disponível.
NA: não
aplicável, pois
as “Empresas
Financeiras”
não distribuíram
dividendos.
Quadro 9 – Evolução da Rentabilidade do Capital Acionista, Distribuição e Retenção de Dividendos nas Empresas Cotadas na Euronext Lisbon
2016
Montante de Lucros Obtidos 2310 2880
Empresas Integrantes do PSI 20 3012 2360
Empresas Não Integrantes do PSI 20 -703 520
Empresas não Financeiras 2059 2683
Empresas Financeiras 251 197
Rendibilidade do Capital Próprio 5,8% 7,0%
Empresas Integrantes do PSI 20 8,2% 6,1%
Empresas Não Integrantes do PSI 20 -22,6% 20,9%
Empresas não Financeiras 6,5% 8,2%
Empresas Financeiras 3,0% 2,4%
Número de Empresas que Distribuíram Dividendos 23 14
Número de Empresas que não Distribuíram Dividendos 20 26
Montante de Dividendos Distribuídos (Milhões de Euro) 2264 1968
Empresas Integrantes do PSI 20 2194 1892
Empresas Não Integrantes do PSI 20 69 8
Payout Ratio (todas as empresas) 98% 68%
Empresas Integrantes do PSI 20 73% 80%
Empresas Não Integrantes do PSI 20 NA 1%
Empresas não Financeiras 110% 73%
Empresas Financeiras NA NA
Payout Ratio (empresas com resultados líquidos positivos) 67% 53%
Empresas Integrantes do PSI 20 69% 60%
Empresas Não Integrantes do PSI 20 36% 1%
Empresas não Financeiras 75% 56%
Empresas Financeiras NA NA
Dividend Yield 4,1% 3,1%
Empresas Integrantes do PSI 20 4,2% 3,8%
Empresas Não Integrantes do PSI 20 2,9% 0,1%
Empresas não Financeiras 4,3% 3,4%
Empresas Financeiras NA NA
2017
Para melhor se compreender a relevância da distribuição de dividendos pelas sociedades cotadas, é de referir que catorze empresas distribuíram dividendos relativos aos resultados
de 2017. Apesar de o montante de resultados distribuídos ter sido inferior ao do ano transato, o payout ratio das empresas com resultados líquidos positivos atingiu 53%, pelo que essa em-presas distribuíram um pouco mais de metade dos respetivos lucros.
A análise anterior assume que a aplicação financeira é feita numa única opção de investimento (em OT ou no mercado de valores mobiliários). A grande maioria dos investidores decide (e bem) diversificar os seus investimentos, constituindo uma carteira que inclui várias aplicações
2017CMVM
85Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
financeiras. Usando dados sobre os patrimónios financeiros (ativos) do segmento de particula-res30 de 2007, caso um investidor tivesse aplicado 100 000 euros no final de 2007 numa carteira constituída por depósitos a prazo (80,7%), obrigações do Tesouro (5,6%), certificados de aforro (5,6%) e ações cotadas (8,1%), essa carteira teria, passada uma década, um valor de 119 961 euros. Ou seja, no período de 10 anos, o investidor teria obtido uma rentabilidade acumulada de cerca de 20% (ou 7,3% em termos reais, descontando o efeito da inflação).
No final de 2017, a carteira deste investidor teria uma composição diferente da inicial, com au-mento do peso dos depósitos a prazo (para 82,2%) e das OT (para 7,8%), diminuição nas ações cotadas (para 4,4%) e sem alteração nos certificados de aforro (5,6%).
30 Tendo por base os valores dos patrimónios das Contas Nacionais Financeiras para o segmento de particulares
divulgados pelo Banco de Portugal.31
Fonte: Banco de Portugal.
Fonte:
Bloomberg,
Thomson
Reuters, IGCP,
INE e Banco
de Portugal;
cálculos CMVM.
Euro Euro
Obrigações do TesouroPSI Geral
Certificados de AforroPSI20 TR
IPCPSI20
Gráfico 54 – Rentabilidade de Algumas Opções de Investimento (esq) e Remuneração Acumulada de Aplicações Financeiras (dir)
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Certificados de AforroDepósitos
AçõesObrigações do Tesouro
Taxa de variação anual da carteira
Taxa de variação anual da carteira
0
20 000
40 000
60 000
80 000
100 000
120 000
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
1,25
1,50
1,75
2,00
0,0%
-0,3%
1,6%
3,8% 3,8%
2,7%
3,1%
0,8%
1,5%
0,5%
1,0%
As alterações ocorridas na última década na estrutura da carteira de ativos das famílias não se resumem, porém, aos efeitos decorrentes das diferentes remunerações proporciona-
das pelos vários tipos de aplicações financeiras. Alterações decorrentes de flutuações da taxa de poupança têm igualmente impacto naquela estrutura. Em percentagem do rendimento dis-ponível dos agregados familiares em Portugal31, a taxa de poupança caiu de 7,6% em 2007 para 5,2% dez anos mais tarde, o que terá certamente impacto na composição da carteira.
2017CMVM
86Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
No ano passado, as subscrições líquidas de resgates dos fundos de investimento mobiliário e dos produtos de
aforro do setor segurador registaram o melhor ano desde pelo menos 2012, com valores positivos e taxas de cres-
cimento significativas face a 2016. Em conjunto, fundos nacionais e estrangeiros e produtos do setor segurador
tiveram subscrições líquidas de 2 423 milhões de euros em 2017, o que contrasta com o resgate de 2 077 milhões
de euros verificado nos 12 meses anteriores.
O valor das subscrições (líquidas de resgates) do conjunto dos fundos de investimento mobiliário nacionais atingiu
923 milhões de euros em 2017, o que compara com -923 milhões de euros um ano antes e traduz o melhor resultado
desde 2012. Tal resultou de subscrições positivas observadas nos OICVM, uma vez que nos FIA, à semelhança do
ocorrido no ano anterior, os resgates foram superiores às subscrições e resultaram, em grande parte, da liquida-
ção, e subsequente diminuição, do número de FIA em atividade.
As subscrições líquidas em fundos de investimento mobiliário estrangeiros comercializados em Portugal cresce-
ram significativamente em 2017 (1 258 milhões de euros, face a apenas 87 milhões em 2016) e foram superiores às
subscrições em fundos nacionais, reforçando assim o peso relativo deste segmento de fundos.
As subscrições dos fundos estrangeiros foram superiores aos resgates em cada ano do período de 2012-2017, num
total acumulado de 3 397 milhões de euros, o que contrasta marcadamente com o verificado para o conjunto dos
fundos de investimento mobiliário nacionais no mesmo período: os resgates foram 61 milhões de euros superiores
às subscrições. Em consequência, o peso das poupanças de residentes que são aplicadas em fundos de inves-
timento mobiliário geridos por entidades nacionais tem diminuído de importância face às aplicadas nos fundos
geridos por entidades estrangeiras.
Também os fundos de investimento imobiliário abertos acompanharam em 2017 a evolução positiva das subscri-
ções observadas em fundos mobiliários, registando subscrições líquidas positivas pela primeira vez desde 2010.
Por outro lado, nas aplicações em certificados de aforro e do Tesouro as subscrições foram superiores aos res-
gates devido ao aumento do saldo líquido de investimento nos certificados do Tesouro. Os certificados de aforro
apresentaram um saldo de investimento negativo (o que não se verificava desde 2012).
Subscrições Líquidas de Fundos de Investimento Positivas em 2017
Caixa 4
2017CMVM
87Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Ocorreu ainda um aumento do stock líquido em depósitos a prazo efetuados tanto por particulares como por
sociedades não financeiras. Não obstante, o aumento dos depósitos bancários de sociedades não financeiras foi
menos expressivo do que no ano anterior e muito inferior ao verificado no caso dos particulares.
Já do lado dos produtos de aforro do ramo segurador (que incluem os designados unit linked, as operações de
capitalização e os fundos de pensões de adesão individual), em 2017 as subscrições foram superiores aos resgates
pela primeira vez desde 2012. No período 2012-2017 assistiu-se a um forte desinvestimento (5 892 milhões de
euros) em produtos do setor segurador.
Em suma, apesar das baixas taxas de poupança ainda registadas, a evolução temporal das subscrições (líquidas
de resgates) de vários produtos financeiros nos últimos seis anos permite confirmar que a estrutura de aplicações
financeiras das famílias em Portugal resulta também de decisões de investimento, não se resumindo ao efeito das
remunerações proporcionadas pelas várias aplicações financeiras que constituem a carteira.
Caixa 4
Fonte: CMVM, BdP, ASF e IGCP; cálculos CMVM. (*) Soma da variação do saldo dos depósitos a prazo de particulares e
de sociedades não financeiras.
2016
2017
2014
2015
2012
2013
Gráfico 55 – Subscrições de Diversas Aplicações Financeiras
Sub. Líq. OICVM e FIA Nacionais
Sub. Líq. OICVM Estrangeiros
Produtos de Seguros Var. Saldo Cert. Aforro e Tesouro
Var. Saldo Dep. Prazo (*)
-8000
-6 000
-4 000
-2 000
0
2 000
4 000
6 000 Milhões de Euros
2017CMVM
88Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
8.PERSPETIVAS
2017CMVM
89Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
PERSPETIVAS
PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2018 MARCADO POR QUEDAS NOS MERCADOS ACIONISTAS GLOBAIS E ACRÉSCIMOS DE VOLATILIDADE
AS PREVISÕES PARA A ECONOMIA PORTUGUESA APONTAM PARA CONTINUAÇÃO DE CRESCIMENTO DO PIB, AINDA QUE COM UM ABRANDAMENTO FACE A 2017
8.
•
•
ano de 2017 caracterizou-se por um forte dinamismo nos mercados bolsistas globais, com su-cessivas valorizações que originaram preocupação quanto ao risco de repricing. Simultanea-mente, observaram-se níveis de volatilidade muito reduzidos, que aumentaram as preocupa-ções sobre a subavaliação dos riscos pelos investidores. No primeiro trimestre de 2018 (início de fevereiro) assistiu-se à queda acentuada dos preços nos mercados acionistas globais, ao acréscimo da volatilidade e ao aumento do valor transacionado, possivelmente associados à alteração das expectativas quanto às opções de política monetária e comercial nos EUA.
O
Fonte:
Bloomberg,
cálculos CMVM.
S&P 500 06-17
S&P 500 18-20
EuroStoxx 600 06-17
EuroStoxx 600 18-20
PSI 20 06-12&15-16
PSI 20 18-20
Gráfico 56 – Price-to-earnings vs price-to-book observado e previsto
1 1,5 2 32,5 3,5
50
40
30
20
10
0
Pric
e-to
-ear
ning
s
Price-to-book
181920 181920 20
19 18
17
17
17
Os indicadores price-to-earnings e price-to-book revelam valores elevados nos mercados americano e europeu, quando comparados com os respetivos valores históricos. As previ-
sões dos analistas apontam para valores mais reduzidos para estes indicadores num horizonte temporal de três anos. Por outro lado, o índice de surpresa económica na Zona Euro regis-tou, recentemente, um valor positivo em 364 dias consecutivos, o que constitui um máximo histórico e é evidência de um ciclo económico de expansão e de uma taxa de crescimento robusta. O produto interno bruto na Zona Euro teve, em 2017, a maior taxa de crescimento da
2017CMVM
90Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
última década, mas no início de 2018 os valores observados para um conjunto de indicadores foram inferiores às expectativas e aquele índice caiu para valores negativos, um sinal de que o desempenho da economia foi inferior ao esperado.
As previsões para a economia portuguesa para o período 2018-2020 estão em linha com as expectativas formuladas para a Zona Euro, com as projeções macroeconómicas a indicarem um crescimento real do PIB e do emprego. No entanto, assinalam igualmente um abranda-mento do crescimento esperado. As melhores condições do mercado de trabalho contribuem para o aumento do rendimento disponível, da procura interna e do sentimento económico dos consumidores. Em matéria de preços, as expectativas apontam para uma aceleração da taxa de inflação em Portugal, na Zona Euro e nos EUA, para a qual contribuirão, nomeadamente, os aumentos recentes dos preços do petróleo e a evolução dos preços dos futuros da energia e das matérias-primas alimentares.
Fonte: Citigroup (esq.) e Bloomberg (dir), cálculos CMVM.
Nota: A previsão apresentada resulta de um indicador de consenso de entidades oficiais e privadas.
A amplitude do intervalo de previsão para Portugal reflete as previsões de todas as entidades.
32 Os índices de surpresa económica comparam dados efetivos com as previsões de diversas fontes.
Valores superiores a zero indicam que o desempenho da economia foi superior ao esperado.
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
Índice de Surpresa Económica (EUA)Indicador Positivo (Zona Euro)
Índi
ce d
e Su
rpre
sa E
conó
mic
a
%
Índice de Surpresa Económica (Zona Euro)
Gráfico 57 – Índice de Surpresa Económica (esq) e Previsão do Crescimento do PIB Real (dir)
Jan.05 Jan.06 Jan.07 Jan.08 Jan.09 Jan.10 Jan.11 Jan.12 Jan.13 Jan.14 Jan.15 Jan.16 Jan.17 2012 2013 2014 2015 2016 2017 20202018 2019Jan.18
Amplitude Portugal Portugal Zona Euro EUA
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
O cenário de crescimento económico poderá ser afetado de forma adversa por fatores exó-genos decorrentes de condicionantes de natureza geopolítica, nomeadamente desenvolvi-
mentos na península da Coreia, o impacto negativo de um possível aumento do protecionismo comercial e a incerteza sobre o calendário do Brexit. A eventual alteração abrupta das previ-sões macroeconómicas (e.g. crescimento e inflação), o aumento da incerteza relativamente às opções de política monetária ou o acréscimo dos riscos de natureza geopolítica, a verificarem--se, poderão ter um impacto negativo no prémio de risco de diversos ativos e gerar correções nos principais índices acionistas, bem como um aumento das yields da dívida pública.
2017CMVM
91Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
A manutenção de um cenário de crescimento mais robusto e generalizado e a possibilidade de alteração gradual das opções de política monetária, designadamente na redução das medidas acomodatícias em vigor, são suscetíveis de ter um impacto positivo na estabilidade financeira. Apesar de um aumento das taxas de juro pesar negativamente sobre o serviço da dívida dos agentes económicos, atendendo ao ainda elevado nível de alavancagem, também é suscetível de gerar uma diminuição dos comportamentos de procura de retorno e ter um impacto positivo na margem financeira do sistema bancário. Adicionalmente, uma menor taxa de desemprego e o crescimento do rendimento das famílias e da procura poderão eventualmente compensar os efeitos negativos ao nível dos créditos contraídos.
Fonte:
OCDE (esq)
e Economic
Policy
Uncertainty e
Blomberg (dir).
Risco Geopolítico
0
100
200
300
400
500
Ince
rtez
a Po
lític
a; R
isco
Geo
polít
ico
Índi
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e Se
ntim
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do
Cons
umid
or
Índice de Incerteza Política (Europa) Portugal Zona EuroÍndice de Incerteza Política (EUA)
Gráfico 58 – Indicadores de Incerteza Política e Económica e Geopolítico (esq)e Sentimento Económico do Consumidor (dir)
Jan. 2006 Jan. 2018EUA
93949596979899100101102103
Jan
.06
Jan
.05
Jan
.05
Jul .0
6Ja
n .0
7Ju
l .07
Jan
.08
Jul .0
8Ja
n .0
9Ju
l .09
Jan
.10Ju
l .10
Jan
.11Ju
l .11
Jan
.12Ju
l .12
Jan
.13Ju
l .13
Jan
.14Ju
l .14
Jan
.15Ju
l .15
Jan
.16Ju
l .16
Jan
.17
Jan
.18Ju
l .17
O indicador de confiança dos consumidores em Portugal atingiu valores máximos desde 2002, refletindo, em particular, a evolução positiva do emprego e a melhoria do rendimento das famí-lias e das empresas não financeiras. A confiança em Portugal tem seguido a tendência de cres-cimento observada na Zona Euro, com a recuperação positiva dos indicadores de sentimento a resultar, nomeadamente, da recuperação cíclica no crescimento na Zona Euro e de um cenário de menor dispersão entre países. O indicador em Portugal assume valores superiores à média da Zona Euro, revelando expectativas de curto prazo positivas dos consumidores nacionais.
É, pois, neste contexto, que se desenrola a evolução dos mercados de valores mobiliários em Portugal em 2018, bem como a atividade da CMVM.
2017CMVM
92Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MENSAGEM DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
análise dos aspetos descritos permitem concluir que o ano de 2017 se caracterizou por uma alteração favorável do sentimento e da confiança do mercado português, sensível na generalidade dos segmen-tos do sistema financeiro.
Interrompendo a tendência descendente dos últi-mos anos, verificou-se um aumento do valor nego-ciado no mercado acionista português e, em para-lelo, uma nítida valorização do PSI 20 e, bem assim, sinais de uma mais elevada componente do finan-ciamento das empresas por recurso ao mercado de valores mobiliários.
Por outro lado, a diminuição do número de emiten-tes no mercado, reduzindo, é certo, a sua dimensão, determinou em simultâneo uma redobra-da atenção e reflexão sobre estes sinais, das quais são exemplo inúmeras medidas, a nível na-cional e internacional, dirigidas à promoção do mercado e à atração de novos emitentes. Além disso, há sinais a nível nacional de um renovado interesse pelo financiamento no mercado por parte de algumas empresas de grande dimensão, bem como de startups, mas com capacidade para transformar a natureza e a estrutura do nosso mercado e de atrair novos investidores.
Para tal evolução benigna terão contribuído fatores de diferente natureza, designadamente a recuperação macroeconómica num cenário de gradual consolidação orçamental, a mais res-tritiva política de concessão de crédito bancário num contexto regulatório de maior exigência, traduzida, entre outros, num emagrecimento visível do balanço das instituições financeiras e, de grande importância, o ganho gradual da credibilidade do mercado junto das empresas por-tuguesas e dos agentes económicos em geral, cuja confiança tinha sido fortemente penalizada por acontecimentos não recorrentes ocorridos no passado recente.
A
2017CMVM
93Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MENSAGEM DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
, assim, com um sentimento favorável que o mercado se posiciona em 2018 para enfrentar de forma renovada desafios contínuos e diversificados, os quais resultam nomeadamente de uma envolvente global em profunda transformação, caracterizada por um crescente e muito rápido processo de digitalização bem como, por exemplo, da proliferação de um conjunto de inovações financeiras que depressa se vêm generalizando, rompendo os padrões tradicionais de funcionamento do mercado e, bem assim, de oferta de produtos e serviços.
Reconhecendo a importância do processo de transformação, o qual se apresenta incontornável e com efeitos estruturantes, torna-se crucial o conhecimento e acompanhamento dos vários desenvolvimentos em curso, os quais incorporam em geral uma assinalável componente tec-nológica, bem como dos modelos de comportamento e de decisão das instituições e dos indi-víduos, hoje mais dinâmicos e complexos, que, em muito, diferem dos anteriormente vigentes.
A implementação da DMIF II deverá, previsivelmente, determinar alterações significativas no comportamento dos diversos agentes económicos, contribuindo para uma melhoria das con-dições e do contexto de investimento a nível global, bem como para a retoma da confiança dos investidores.
A preservação de uma cultura coletiva, inclusiva e sustentada em sólidos princípios de ética, de proteção dos investidores e de desenvolvimento de um mercado continuamente revisitado - pilares fundamentais da missão da CMVM - exige, neste enquadramento, um reforço do diálo-go com os agentes financeiros e do controlo das respetivas ações e políticas, o qual apenas se revelará eficaz se transparente, próximo e assertivo. Não menos importante, promover-se-á a abordagem já prevalecente de aberta cooperação com os centros de conhecimento especiali-zado nos vários aspetos dos processos de inovação.
Estes são apenas alguns dos aspetos a relevar sobre a análise de benefício e risco, sempre in-corporada no exercício contínuo da política da CMVM, e particularmente relevante no presente contexto de renovação.
É
2017CMVM
94Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
ANEXOS
2017CMVM
95Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
ANEXOS
ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO E DO MERCADO DE CRÉDITO
Fonte:
Bloomberg. -1,0-0,50,00,51,01,52,02,53,03,54,04,5
0
1
2
3
4
5
6
2006 2010 2014 2017
Gráfico 59 – Curva de Rendimentos nos Mercados Interbancários da Zona Euro (esq) e dos EUA (dir)
EONIA Euribor 1W Euribor 1M Euribor 3M Euribor 6M
2006 2010 2014 2017
OIS Libor 1W Libor 1M Libor 3M Libor 6M Libor 12MEuribor 12M
Fonte:
Bloomberg. 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
AUD
CAD
USD
JPY
CHF
GBP
Gráfico 60 – Mercado Cambial
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte:
OCDE. 80
87
94
101
108
115
Portugal Zona Euro OECD - Total Portugal Zona Euro OECD - Total
Gráfico 61 – Comportamento dos Preços do Imobiliário Preços Reais (esq) versus Preços Nominais (dir)
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017T3 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017T3
80
90
100
110
120
130
2017CMVM
96Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
O MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS ENQUANTO FONTE DE FINANCIAMENTO
Fonte:
Eurostat,
Contas
nacionais
financeiras não
consolidadas
(cálculos
CMVM).Portugal
Média 19 países UE
Gráfico 62 – Peso dos Empréstimos - Sociedades Não Financeiras e Particulares
Empréstimos Empréstimos
25
35
45 95
90
85
80
2016T4 2017T42015T4 2015T4 2016T4 2017T4
Mediana
3.o Q
1.o Q
Sociedades Não Financeiras
%
Particulares
Fonte:
Bloomberg.
20%
30%
40%
50%
60%
70%
10%
Gráfico 63 – Financiamento de Novo Investimento em Portugal
0%
2018
Ações e Obrigações
Empréstimos do Estado
Auto Financiamento
Crédito Bancário
Fundos UE
Outros
20062007 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 20162010 2017
Fonte:
OCDE.
400%
600%
800%
1 000%
1 600%
1 800%
200%
1 200%
Gráfico 64 – Debt-To-Income - Sociedades Não Financeiras
0%Euro area 19
Portugal
1 400%
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
2017CMVM
97Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO PRIMÁRIO E OFERTAS
Fonte: CMVM.
Legenda: 1 Anunciada preliminarmente como voluntária em 18 de Abril de 2016, convertida em obrigatória em 21 de setembro de 2016 e registada em 16 de janeiro de 2017.2 De acordo com o anúncio preliminar divulgado, sendo representativas de 14,63% do capital social da sociedade visada e correspondentes direitos de voto. 3 De acordo com o anúncio preliminar divulgado, decompondo-se em 159.994.482 ações ordinárias e 5.518 ações preferenciais sem voto.4 Foram apenas consideradas as ações adquiridas na liquidação da oferta através do serviço de centralização de bolsa. Adicionalmente foram adquiridas pelo oferente, em bolsa durante o prazo da
oferta, 24.744.650 ações, correspondentes a 15,47% do capital social da visada.5 Inclui as ações adquiridas em bolsa durante o prazo da oferta, totalizando 24.744.650 ações, correspondentes a 15,47% do capital social da visada.6 De acordo com o anúncio preliminar divulgado, sendo representativas de 22,47% do capital social da sociedade visada e correspondentes direitos de voto.7 Correspondentes a 14,57% do número total de unidades de participação.8 Foram apenas consideradas as unidades de participação adquiridas na liquidação da oferta através do serviço de centralização de bolsa. Adicionalmente foram adquiridas pelo oferente, em bolsa
desde a publicação do prospeto e durante o prazo da oferta, 7.168.774 unidades de participação, correspondentes a 1,79% da totalidade das unidades de participação.9 Inclui as unidades de participação adquiridas em bolsa desde a publicação do prospeto e durante o prazo da oferta, correspondentes a 7.168.774 unidades de participação, correspondentes a 1,79%
da totalidade das unidades de participação. 10 De acordo com o anúncio preliminar divulgado, sendo representativas de 5,31% do capital social da sociedade visada e correspondentes direitos de voto.
Quadro 10 – Ofertas Públicas de Aquisição
Sociedade VisadaSociedade Oferente Tipo Nº valores mobiliários a adquirir
Preço (€) Valor Previsto (€) Valor Final (€) Percentagem de sucesso (%)
Banco BPI, S.A.
Cipan-Comp. Industrial Produtora Antibióticos, S.A.
SDC – Investimentos, SGPS, S.A.
CaixaBank, S.A.
Lusosuan, SGPS, Unipessoal, Lda.
Investeder, Investimentos, Lda.
Oferta Pública de Aquisição geral e obrigatória sobre as ações representativas do capital social do Banco BPI, S.A. 1
Oferta Pública de Aquisição geral e obrigatória do capital social da Cipan - Companhia Industrial Produtora de Antibióticos, S.A.
Oferta Pública de Aquisição geral e voluntária sobre as ações representativas do capital social da SDC Investimentos, SGPS, S.A.
Número de Negócio Até 794.035.849 ações
Até 3.577.362 ações 2
Até 160.000.000 ações 3
1,134
0,16
0,027
Até 900.436.652,77
Até 572.377,92
Até 4.320.000
644.522.857,27
63.656,48
2.513.027,48 4
71,58%
Cipan-Comp. Industrial Produtora Antibióticos, S.A.
Chartwell Pharmaceuticals, LLC
Oferta Pública de Aquisição, parcial e voluntária, de um máximo de 2.000.000 de ações ordinárias representativas de cerca de 8,18% do capital social da CIPAN - Companhia Industrial Produtora Antibióticos, S.A.
Até 2.000.000 ações 0,45 Até 900.000 n.a. n.a.
11,12%
73,64% 5
EDP Renováveis, S.A.
EDP Energias de Portugal, S.A.
Oferta Pública de Aquisição geral e voluntária sobre as ações representativas do capital social da EDP Renováveis, S.A.
Até 196.024.306 ações 6 6,75 Até 1.323.164.065,5 296.375.733 22,40%
Fundo de Participação da Caixa Económica Montepio Geral
Montepio Geral Associação Mutualista
Oferta Pública de Aquisição geral e voluntária sobre as unidades de participação representativas do Fundo de Participação da Caixa Económica Montepio Geral
Até 58.275.362 unidades de participação 7
1 Até 58.275.362 44.209.580 8 88,16% 9
Grupo Media Capital, SGPS, S.A.
MEO - Serviços de Telecomunicações e Multimédia, S.A.
Oferta Pública de Aquisição geral e obrigatória do capital social da Grupo Media Capital, SGPS, S.A.
Até 4.485.573 ações 10 Por determinar
Por determinar n.a. n.a.
2017CMVM
98Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO PRIMÁRIO E OFERTAS
Fonte:
AFME.
Gráfico 65 – Valor dos IPOs na Europa por País (esq) e setor do emitente (dir)
Reino UnidoItália
SuíçaEspanha
AlemanhaSuéciaAústriaFrançaPolónia
FinlândiaIrlanda
HolandaRoménia
BélgicaDinamarca
Outros
FinanceiroEletrónica
SaúdeAutomóvelImobiliário
EnergiaServiços Profissionais
EquipamentoTelecomunicações
ConstruçãoTransportes
TêxtilRetalho
Fundos de Invest.Seguros
AlojamentoRestauração
CombustíveisOutros
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10€ 10^9 € 10^9
Fonte: IGCP.
Quadro 11 - Montantes Colocados de Obrigações do Tesouro€ 10^6
Janeiro 3 250,0 5 500,0 4 000,0 3 000,0
Fevereiro 3 000,0 3 043,0 - 1 301,1
Março - - 2 380,4 1 158,5
Abril 750,0 4 026,4 1 500,0 1 388,7
Maio - 3 552,3 1 367,8 1 427,6
Junho 975,0 - 1 065,4 1 350,8
Julho - 1 740,6 2 340,1 1 130,6
Agosto - - - -
Setembro 3 500,0 3 000,0 1 947,8 2 732,9
Outubro 1 141,6 1 300,0 1 021,0 1 386,9
Novembro 2 956,9 1 183,8 780,2 1 250,0
Dezembro - - - 1 039,0
TOTAL 15 573,6 23 346,1 16 402,7 17 166,3
2014 2015 2016 2017
2017CMVM
99Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO PRIMÁRIO E OFERTAS
Fonte:
WFE.
Dez. 2015 Dez. 2016 Dez. 2017 Dez. 2015 Dez. 2016 Dez. 2017
Gráfico 66 – Capitalização Bolsista (esq) e Número de Empresas Listadas (dir) em Bolsas Americanas e Europeias
NYSE Nasdaq - US Euronext LSE Group NYSE Nasdaq - US Euronext LSE Group
0
5
10
15
20
25 10^12 USD Nº
0
500
1 000
1 500
2 000
2 500
3 000
3 500
Quadro 12 - Maturidade e Taxas Ponderadas das Obrigações do Tesouro€ 10^6
Fonte: IGCP.
3 anos 507,896 3,0 4,80 1,22
4anos - - - - - - - - 1 801,1 11,0 3,85 1,91 - - - -
5anos 3 250,0 20,9 4,75 4,66 1 043,3 4,5 4,80 1,42 2 324,4 14,2 3,85 1,90 5 626,9 32,8 2,20 1,44
6anos 1 141,6 7,3 4,80 1,86 1 052,3 4,5 3,85 1,55 580,5 3,5 2,20 2,36 - - - -
7anos 951,7 6,1 3,85 2,16 3 000,0 12,9 2,20 2,24 1 524,8 9,3 3,15 2,66 635,7 3,7 5,65 3,67
8 anos 720,6 4,2 2,88 3,30
9anos 805,2 5,2 4,95 2,84 3 150,6 13,5 5,65 2,37 1 215,9 7,4 2,88 2,87 650,6 3,8 2,88 3,95
10anos 5 925,0 38,0 5,65 3,79 10 676,8 45,7 2,88 2,49 3 332,4 20,3 2,88 3,15 8 665,8 50,5 4,13 3,16
11anos - - - - - - - - 4 000,0 24,4 2,88 2,97 - - - -
14 anos - - - - - - - - 539,1 3,3 3,88 3,36 - - - -
15 anos - - - - 875,8 3,8 3,88 2,47 - - - - - - - -
16anos 3 500,0 22,5 3,88 3,92 - - - - - - - - - - - -
21 anos - - - - - - - - 584,4 3,6 4,10 3,94 - - - -
22anos - - - - 1 047,3 4,5 4,10 3,43 - - - - - - - -
27 anos - - - -
28 anos 358,7 2,1 4,10 3,98
29 anos - - - - - - - - 500,0 3,0 4,10 4,24 - - - -
30anos - - - - 2 500,0 10,7 4,10 3,93 - - - - - - - -
TOTAL: 15 573,6 100,0 23 346,1 100,0 16 402,6 100,0 17 166,3 100,0
Maturidade
Tx. de Cupão
(%)
TMP das Colocações
(%)
Valor %Tx. de Cupão
(%)
TMP das Colocações
(%)
Valor %Tx. de Cupão
(%)
TMP das Colocações
(%)
Valor %Tx. de Cupão
(%)
TMP das Colocações
(%)
Valor %
2014 20152014 2016 2017
MERCADO SECUNDÁRIO
2017CMVM
100Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO SECUNDÁRIO
Fonte:
Euronext Lisbon.
Quadro 13 – Indicadores da Evolução da Liquidez das Ações Admitidas na Euronext Lisbon
2013 2014 2015 2016 2017 Var.(2016-17)
20AçõesmaisTransacionadas
Quantidade 57 047 179 637 127 788 801 923 116 976 654 642 78 122 965 518 24 303 559 749 -68,9%
Valor (€ 10^6) 28 340 37 887 27 838 21 564 23 451 8,7%
Quota (Quantidade) 98,9% 98,6% 98,0% 99,8% 98,6% -1,3 p.p.
Quota (Valor) 98,9% 98,4% 99,4% 98,4% 99,3% 1,0 p.p.
Turnover Médio (1) 48,4% 67,8% 60,3% 50,5% 52,4% 1,9 p.p.
Frequência Média de Negociação (2) 100,0% 96,7% 99,6% 99,6% 99,7% 0,1 p.p.
Restantes Ações Admitidas na Euronext Lisbon
Quantidade 608 510 934 1 851 956 051 2 406 920 702 128 784 366 350 166 718 171,9%
Valor (€ 10^6) 312 622 179 358 155 -56,7%
Quota (Quantidade) 1,1% 1,4% 2,0% 0,2% 1,4% 1,3 p.p.
Quota (Valor) 1,1% 1,6% 0,6% 1,6% 0,7% -1,0 p.p.
Turnover Médio (1) 13,1% 16,3% 8,6% 5,5% 11,0% 5,5 p.p.
Frequência Média de Negociação (2) 65,0% 64,1% 59,2% 50,5% 63,4% 12,9 p.p.
Legenda: (1) O Turnover Médio é a média simples do turnover do conjunto de ações a que se refere; o turnover é o rácio entre a quantidade transacionada e a quantidade admitida no período
em análise; (2) A Frequência Média de Negociação é a média simples da frequência de negociação do conjunto de ações a que se refere; a frequência de negociação é o rácio entre o
número de sessões em que a ação negociou e o número de sessões em que esteve admitida à negociação.
Fonte:
Euronext Lisbon.
Quadro 14 – Turnover por Segmentos de Mercado
2012 2013 2014 2015 2016 2017 Var(2016-17)
Dívida Pública 0,53% 0,31% 0,20% 0,08% 0,10% 0,99% 0,9 p.p.
Obrigações Diversas 0,25% 0,21% 0,41% 0,51% 0,21% 0,15% -0,07 p.p.
Ações 43,92% 68,66% 88,42% 77,84% 176,01% 48,75% -127,26 p.p.
Títulos de Participação 1,11% 0,36% 0,24% 0,10% 0,13% 0,48% 0,36 p.p.
Unidades de Participação 0,19% 3,35% 0,07% 0,07% 0,01% 4,28% 4,27 p.p.
Warrants 81,56% 41,10% 43,34% 137,24% 28,47% 50,63% 22,16 p.p.
Certificados 45,35% 30,77% 20,41% 11,14% 9,11% 226,73% 217,62p.p.
ETF’s 192,00% 482,24% 119,32% 79,49% 17,09% 76,27% 59,18 p.p.
2017CMVM
101Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
MERCADO SECUNDÁRIO
Quadro 15 – Valores Mobiliários Integrados na Central de Valores Mobiliários
Fonte: CVM; cálculos CMVM.
(*) Valores Mobiliários Integrados na Central de Valores Mobiliários pelo montante da emissão.
Acções 487 477 473 423 215 56 278 364 061 55 591 378 863 64 477
UP 31 40 40 1 008 0 525 0 124 0
Warrants 1 273 1 433 887 640 0 671 0 459 0
Certificados 279 327 301 438 0 559 0 391 0
SubTotal 2 070 2 277 1 701 425 301 56 278 365 817 55 591 379 837 64 477
Emissões integradas pelo montante do valor nominal emitido
Obrigações 813 712 673 10 452 591 204 578 (*) 208 192 (*) 213 985
DívidaPública 19 22 25 10 387 312 104 654 (*) 115 940 (*) 126 013
Outras 794 690 648 65 279 99 924 (*) 92 252 (*) 87 971
TP 4 4 4 10 716 107 (*) 107 (*) 107
VMOC 2 2 2 135 135 (*) 135 (*) 135
V.Estruturados 3 1 5 0 0 (*) 0 (*) 13
PapelComercial 19 25 38 0 1 846 (*) 1 959 (*) 2 063
Outros val. Destacados 1 1 1 0 300 (*) 0 (*) 0
BilhetesdoTesouro 6 6 6 15 032 15 032 (*) 15 189 (*) 15 427
SubTotal 848 751 729 10 478 473 221 998 225 582 231 730
TOTAL 2 918 3 028 2 430 10 903 774 278 276 365 817 281 173 296 207
Valores Mobiliários
Milhões Unidades
Valor (€10^6)
Quantidade Integrada Número de Emissões
Milhões Unidades
Valor (€10^6)
Milhões Unidades
Valor (€10^6)
20172015 2016 20172015 2016
2017CMVM
102Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Quadro 16 – Dados Relativos aos Serviços de Liquidação de Valores Mobiliários Geridos pela Interbolsa através da Plataforma T2SMontantes em milhares €
ValoresMobiliários 2016(*) 2017Fonte:
Interbolsa.
Notas:
*Período -
01/04/2016 a
31/12/2016; (a)
Estas operações
são realizadas
em mercado
regulamentado
e em sistema
de negociação
multilateral;
(b) O item
'Outras' inclui:
Liquidações
no mercado
primário; Market
claims; e Outros
movimentos
entre
Intermediários
Financeiros.
OperaçõesGarantidas(a) 216 558 15 050 839 330 195 29 119 654
Obrigações 7 530 218 053 15 343 1 809 750
DívidaPública 3 744 137 577 10 957 1 729 819
DívidaPrivada 3 786 80 476 4 386 79 931
Acções 171 029 14 412 490 271 397 26 091 294
TP 10 9 27 33
UP 2 434 37 561 4 034 71 366
Warrants 26 946 70 495 26 709 100 639
Certificados 8 541 312 190 11 720 798 237
Direitos 68 42 965 248 335
OperaçõesNãoGarantidas(a) 752 9 467 1 414 21 496
Obrigações 404 8 848 836 19 576
Acções 348 619 578 1 920
TotaldasOperaçõesGarantidaseNãoGarantidas 217 310 15 060 306 331 609 29 141 149
OperaçõesforadoMercadoeOutras(b) 418 213 121 602 887 550 383 163 923 968
DVP 341 621 121 602 887 447 482 163 923 968
FOP 76 592 0 102 901 0
Nº. Instruções Montante Nº. Instruções Montante
MERCADO SECUNDÁRIO
2017CMVM
103Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
Fonte:
CMVM.
Ações Dívida Pública Outros Valores Mobiliários Ações Dívida Pública Outros Valores Mobiliários
Gráfico 67 – Registo e Depósito por Conta Própria: Titulares por Tipo de Valor Mobiliário no Mercado RegulamentadoResidentes Não Residentes
40 000
35 000
30 000
25 000
20 000
15 000
10 000
5 000
0 0
15 000
10 000
5 000
2008
2007
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
€ 10^6 25 000
20 000
€ 10^6
2008
2007
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
GESTÃO INDIVIDUAL DE CARTEIRAS POR CONTA DE OUTREM
Fonte:
CMVM.
Instituições de Crédito
Valo
r Adm
inis
trad
o (li
nhas
)
Núm
ero
de C
arte
iras
(col
unas
)
Empresas de Invest. Gestoras de Fundos Total Instituições de Crédito Empresas de Invest. Gestoras de Fundos Total
Gráfico 68 – Valor Médio da Carteira
80 000 € 10^6
70 000
60 000
50 000
40 000
30 000
20 000
10 000
0
60 000
50 000
40 000
30 000
20 000
10 000
0
25,0 € 10^6
20,0
15,0
20,0
10,0
0
2008
2007
2002
2003
2004
2005
2006
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
2017CMVM
104Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
GESTÃO INDIVIDUAL DE CARTEIRAS POR CONTA DE OUTREM
Fonte:
CMVM.
Fundos
Valo
r Adm
inis
trad
o (li
nhas
)
Valo
r Méd
io d
a Ca
rtei
ra
Núm
ero
de C
arte
iras
(col
unas
)
OC PSPC Fundos OC PC PS
Gráfico 69 – Valor Sob Gestão e Número de Carteiras (esq) e Valor da Carteira Média (dir) por Tipo de Cliente
70 000 € 10^665 00060 000
50 00055 000
40 00045 000
30 00035 000
20 00025 000
10 0005 000
15 000
0
55 000
50 000
40 000
45 000
30 000
35 000
20 000
25 000
10 000
15 000
0
€ 10^6
2008
2007
2002
2003
2004
2005
2006
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Fonte:
CMVM. 0
500
1 000
1 500
2 000
2 500
3 000
3 500
Número de IF (esq)
HHI (dir)
Gráfico 70 – Concentração do Valor Sob Gestão por Entidade
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018T1
0
10
20
30
40
50
60
2017CMVM
105Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
GESTÃO COLETIVA DE ATIVOSORGANISMOS DE INVESTIMENTO COLETIVO EM VALORES MOBILIÁRIOS
Quadro 17 – Ativos Líquidos
Europa EUA
Fonte: EFAMA.
2017 9,7 5,9 15,6 20,3
2016 8,7 5,5 14,2 19,8
OICVM FIA Total Total
Quadro 18 – Subscrições Líquidas de Resgates por Categoria de Fundo no Final do Ano para a Europa€ 10^9
Ações Mistos Obrigações Mercado Monetário Outros Longo Prazo Total
OICVM
2017 159 190 316 68 5 670 738
2016 -9 49 110 111 9 159 270
FIA
2017 27 43 -14 -3 158 214 211
2016 13 66 18 1 93 189 191
Total
2017 186 233 301 65 163 884 949
2016 3 115 128 112 102 348 461Fonte: EFAMA.
FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO
Fonte:
CMVM.
Fundos Especiais de Investimento Imobiliário
Fundos de Gestão de Património Imobiliário
Fundos de Investimento Imobiliário de Arrendamento Habitacional
Gráfico 71 – Número de Fundos
0
50
100
150
200
250
300
2008
2007
2002
2003
2004
2005
2006
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2014
2016
2017
2018
T1
Fundos de Investimento Imobiliário
2017CMVM
106Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
FUNDOS DE CAPITAL DE RISCO E SOCIEDADES DE CAPITAL DE RISCO
Quadro 19 – Ativos sob Gestão das SCR, por Tipo de Investimentos
Fonte: CMVM. Notas: 1) Valores em milhões de Euros. 2) De acordo com a valorização de cada ativo reportada no âmbito da Instrução CMVM Nº 7/2016.
Participações 54 23,5 9,4 64 19,4 8,0
Participações sociais - ações não cotadas 51 23,5 9,4 60 19,4 8,0
Participações sociais - ações cotadas 3 0,0 0,0 1 0,0 0,0
Participações sociais - quotas 0 0,0 0,0 3 0,0 0,0
Outrosfinanciamentos 72 93,5 37,6 72 95,2 39,1
Prestações suplementares 2 0,9 0,4 3 1,0 0,4
Prestações acessórias 7 0,2 0,1 6 0,4 0,2
Suprimentos 10 4,0 1,6 12 4,5 1,9
Obrigações e Outros Títulos de Dívida 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0
Empréstimos 5 0,6 0,2 4 0,6 0,3
Investimentos em UP de FCR 48 87,8 35,3 47 88,6 36,5
SubTotal 126 117,0 47,0 136 114,5 47,1
Depósitos e outros meios líquidos 97,0 39,0 91,6 37,7
Outros activos afetos a capital de risco 34,8 14,0 37,0 15,2
SubTotal 131,9 53,0 128,6 52,9
Total 248,8 100,0 243,1 100,0
SCR
Nº de investimentos
Dec-16
Valor (1)(2) % Ativo sob gestão
% Ativo sob gestão
Dec-17
Valor (1)(2) Nº de investimentos
2017CMVM
107Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
Quadro 20 – Ativos sob Gestão dos FCR, por Tipo de Investimentos
Fonte: CMVM. Notas: 1) Valores em milhões de Euros. 2) De acordo com a valorização de cada ativo reportada no âmbito da Instrução CMVM Nº 7/2016.
Participações 681 912,1 20,8 26,4 658 933,3 20,5 27,3
Participações sociais - ações não cotadas 623 849,5 19,3 24,6 590 861,0 18,9 25,2
Participações sociais - ações cotadas 58 62,6 1,4 1,8 5 8,1 0,2 0,2
Participações sociais - quotas 0 0,0 0,0 0,0 63 64,3 1,4 1,9
Outrosfinanciamentos 893 2547,0 58,0 73,6 820 2487,6 54,7 72,7
Prestações suplementares 91 63,3 1,4 1,8 83 57,8 1,3 1,7
Prestações acessórias 224 923,6 21,0 26,7 219 982,1 21,6 28,7
Suprimentos 331 748,9 17,0 21,7 311 788,7 17,4 23,1
Obrigações e Outros Títulos de Dívida 37 53,7 1,2 1,6 36 52, 1,1 1,5
Empréstimos 187 708,6 16,1 20,5 148 558,7 12,3 16,3
Investimentos em UP de FCR 23 48,9 1,1 1,4 23 48,3 1,1 1,4
SubTotal 1574 3459,0 78,7 100,0 1478 3420,9 75,3 100,0
Depósitos e outros meios líquidos 356,3 8,1 379,5 8,4
Outros ativos afectos a Capital de Risco 577,6 13,1 743,4 16,4
SubTotal 934,0 21,3 1122,8 24,7
Total 4393,0 100,0 4543,7 100,0
FCR
Nº de investimentos
Dec-16
Valor (1)(2) % Ativo sob gestão
Dec-17
% Investimento
Nº de investimentos
Valor (1)(2) % Ativo sob gestão
% Investimento
FUNDOS DE CAPITAL DE RISCO E SOCIEDADES DE CAPITAL DE RISCO
2017CMVM
108Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários
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