relatório de arte 1º semestre/2017ºano_art… · criativamente, como posso criar algo novo...
Post on 06-Aug-2020
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ESFERAS
… a arte como forma de ...
… expansão ...
… transformação ...
… e ressignificação ...
… dos limites.
Para a disciplina de arte, que privilégio trabalhar com o tema do ano “ESFERA: dos
limites à expansão”. A arte é linguagem que conta com elementos, técnicas e ferramentas
específicas para expressar conteúdos que nem sempre as palavras são capazes de
alcançar, pois as palavras apresentam também seu limite expressivo. Para isso, a arte
transforma materiais, conteúdos e sentidos. Amplia dos significados para muito além de
compreensões óbvias.
Vejamos o trabalho de Meret Oppenheim:
Relatório de Arte – 1º semestre/2017
Turma: 6º ano
Professora: Agda Brigatto
Coordenadora: Maria Aparecida de Lima Leme
Meret Oppenheim Café da manhã envolto em pele
1936 xicara, pires e colher cobertos de pelo, 7cm (alt.)
Museum of Modern Art, Nova York.
O objeto que antes fora xícara, ganha a pelagem de origem animal que modifica o
significado do item de porcelana. A xícara ainda mantém sua forma original, mas perdeu sua
função primeira. Nojo e aconchego são algumas das possíveis sensações despertadas por
tal objeto que, modificado, fazem o espectador reviver o asco contido na experiência de
ingerir um cabelo (ou pêlo) ou o conforto e a afetividade em acariciar um bichinho de
estimação quente e peludo. A arte aproxima sentidos diferentes e, muitas vezes distantes, a
fim de criar novas significações.
Como o trabalho acima descrito, a arte faz juz a icônica frase que propõe:
PENSAR FORA DA CAIXA!
Criativamente, como posso criar algo novo através de ideas,
materiais, objetos, textos, imagens já existentes? Como ampliar os
limites da expressão? Como estourar as bolhas de conhecimento?
Vamos partir dessa última expressão. Imaginemos a palavra esfera com o significado
de campo como quando nos referimos a “uma esfera do conhecimento”, ou seja, uma
determinada área de conhecimento. Ainda, pensemos nessa área, nesse campo, nessa
esfera como algo que se expande quando aprendemos algo novo. No entanto, esse esfera,
esse conhecimento, sempre terá um limite. O que faço com aquilo que não compreendo e
não identifico dentro dos padrões por mim conhecidos. Uma possibilidade pode ser o
processo de criação. Essa reflexão ficará mais clara e palpável com a descrição da atividade
que foi proposta a todos os alunos da escola já no primeiro dia da aula de arte baseada no
tema do ano.
Cada aluno recebeu uma folha de papel colorido com um círculos recordado, como
representação de uma janela de conhecimento. Atrás do papel colorido, foram coladas
fotografias de objetos (cadeiras, isqueiros, luminárias, mesas) que apresentassem um
desenho interessante deixando a mostra apenas um pequeno pedaço da imagem (as
imagens foram retiradas de revistas de design).
Círculo cortado em pedaço de papel colorido. Atrás do papel foi colada uma fotografia de um objeto com design interessante.
O pequeno círculo deixa transparecer apenas uma pequena mostra da imagem. O que será?
Com esse material em mãos, foi tentador não descolar o papel de revista para
identificar a imagem. Um pequeno pedaço de papel instaurou nas turmas curiosidade, senso
de exploração e criação de hipóteses e mistério. Tranquilizei-os!
Ao final da aula vocês podem olhar a fotografia! A proposta não se trata de acertar a
imagem. Não é esse tipo de jogo!
Pedi para que todos olhassem atentamente a pequena abertura no papel e se
deixassem imaginar desenhos que dessem continuidade às linhas e formas contidas no
círculo. Essas linhas imaginadas poderiam ser desenhadas no papel colorido, criando
possibilidades, hipóteses e novos sentidos a partir de um pequeno detalhe de uma imagem
que não é inteiramente conhecida.
Ao final, surpresas:
Minha mandala é uma cadeiras…
… o meu é uma luminária ... um isqueiro ... uma mesa ... um computador …
… uma calculadora…
Se nosso conhecimento tem um limite, que tal usar nossa imaginação para ampliá-lo
em novas possibilidades e sentidos? Com esse convite, iniciamos 2018.
ILUSTRE ILUSTRAÇÃO
Os alunos do sexto ano tem uma grande missão: produzir um livro de contos! O
objetivo primeiro da disciplina de arte com essa turma, então - em parceria com a disciplina
de português - é desconstruir a hierarquia existente entre texto e imagem, comumente
desenvolvida pelo próprio conhecimento acadêmico que valoriza o registro escrito. As
atividades que serão desenvolvidas no decorrer do ano buscam modificar a premissa de que
o desenho, em geral, está a serviço da palavra.
Para iniciar, como esse objetivo primeiro, inauguramos nosso trabalho com o
caderno meia pauta. O material, que tem a página dividida ao meio, sendo metade com
pauta e metade sem pauta, já pressupõe em sua forma essa conjunção entre texto e
imagem. Até o final do ano, deseja-se que desenho e texto não tenham locais tão marcados
e específicos e consigam compor em conjunto pelo papel.
Se a ideia é iniciar um pensamento em relação a imagem, a primeira ação da turma
sobre esse material, é criar uma identidade pessoal através da imagem, customizando a
capa do caderno. Os cadernos, em geral, trazem figuras padronizadas, que seguem uma
tendência (moda) e são esteticamente semelhantes aos desenhos animados comerciais.
Inclusive, é comum que apareçam cadernos com a mesma capa, sendo diferenciados pelas
etiquetas com nome.
Contrário a isso, essa atividade pressupõe que cada aluno tenha em suas mãos um
objeto único, que conte sobre sua individualidade e preferências e que seja, inclusive
reconhecido pelas professoras não apenas pela etiqueta perfeitamente alinhada na frente do
caderno. Nesse primeiro momento, o repertório de preferência dos alunos é acolhido (alguns
alunos trazem imagens impressas de personagens conhecidos), mas essa etapa é
importante para uma posterior aquisição de novos repertórios de composição.
Nara Manami Kopcak
Murilo Pesci dos Santos Marotta
Manuela Colla Braz Luca Aroeira Crivelaro
Leticia Faccioni Doswaldo
Lais Satsuki Nishimura Barletta Machado
Júlia Marques Galhardo
Joaquim Felipe Cirne de Toledo
João Vitor Pinheiro Leiria
Giovanna Costa Prendin
Natalia Acayaba Goes
Davi Montenegro Ferreira Caldas
Isabela Mariano Janzon
Helena Jardim
Ana Bela Santos de Andrade
Gabriela Bernardes Costa
Giovanna Milanese Medeiros
Tomás Zivko Miranda
Antônio Martins Fernandes de Siqueira
A fim de adentrar a linguagem do desenho, como uma possível técnica de ilustração,
os alunos foram se inserindo em uma discussão teórica sobre definições de arte (expressão,
objeto de conhecimento, técnica e objeto de outra cultura ou época) e sobre linguagem que
possui suas regras, ferramentas e elementos próprios. Enquanto a língua portuguesa é
formada por palavras e sentenças, o desenho pode ser compreendido e criado na medida
em que apreendo seus elementos formados por linhas, formas, cores que geram a
composição.
A partir da apresentação desses conceitos, os alunos são convidados mais uma vez
a apresentar seus repertórios e preferências, por meio de uma proposta que inverte a lógica,
comumente pensada, do texto ilustrado onde a escrita é criada anterior à ilustração. Foi
pedido aos alunos que, em casa, eles escolhessem seu objeto preferido e realizassem um
desenho de observação no caderno meia pauta. Ao chegar na escola, eles foram desafiados
a criar uma história a partir do desenho onde o objeto fizesse parte da história. O aluno
poderia personificar o objeto, ele poderia ter um papel no desenrolar da narrativa ou outra
opção de sua preferência.
Chamou a atenção como os alunos têm
usado o caderno meia pauta como um
espaço para o desenvolvimento livre de
ideias, como alguns alunos já têm mesclado
escrita e desenho e como, outros alunos,
modificaram a proposta com colagem ou
anexos que tornaram maior a folha
disponível para desenho e para a escrita.
Esse é o objetivo desse material: o livre
pensar e a experimentação. No entanto,
chamou a atenção, na mesma medida,
como quase todos os alunos selecionaram
o mesmo objeto preferido para desenhar: o
celular ou o tablet. Tal constatação durante
a avaliação do caderno, vai exigir de nós
professores, ressignificar também esses
objetos tecnológicos em prol do
desenvolvimento do livro de contos.
Leticia Faccioni Doswaldo
Tomás Zivko Miranda
Ana Bela Santos de Andrade
Luca Aroeira Crivelaro
Antônio Martins Fernandes de Siqueira
Gabriela Bernardes Costa
Giovanna Milanese Medeiro Helena Jardim
Isabela Mariano Janzon Davi Montenegro Ferreira Caldas
Natalia Acayaba Goes
Giovanna Costa Prendin
João Vitor Pinheiro Leiria
Joaquim Felipe Cirne de Toledo
Júlia Marques Galhardo
Lais Satsuki Nishimura Barletta Machado
Manuela Colla Braz
PRIMITIVAS ILUSTRAÇÕES
Posterior a essas primeiras experimentações os alunos foram convidados a explorar
os primeiros registros em desenhos realizados pela humanidade: a arte rupestre.
Explorando as cavernas de Altamira (Espanha), Lascaux e Chauvet (França) os alunos
foram apresentados as teorias que justificam os desenhos dentro das cavernas - visto que
estas não eram usadas como moradia - e explicam quais materiais e técnicas eram usadas
naquela época.
Cartaz do filme A caverna dos sonhos esquecidos de Herzog. Os alunos assistiram
alguns trechos do filme sobre a descoberta e os estudos na caverna de Chauvet (França)
Um dos painéis da caverna. Vê-se no canto superior esquerdo, diversas repetições do chifre do rinoceronte. Acredita-se ser a primeira representação de movimento pelo desenho
Bisões no teto da caverna de Altamira (Espanha). Os animais impressionam pela
dimensão e pelo local onde foram pintados
A representação de cavalo na caverna de Lascaux recebeu o nome de Cavalo Chinês por
assemelhar-se aos desenhos chineses
Após a descoberta de Chauvet (França), belamente registrado por Herzog no filme
“A caverna dos sonhos esquecidos” (fonte: https://www.youtube.com/watch?v=IzcregYsle4)
especialistas apontam que as cavernas não eram tidas como moradas e que a localização
das pinturas em suas paredes (em locais que recebem focos de luz ou de onde brotam
fontes de água) parece apontar para as cavernas como locais de rituais religiosos. Essa
hipótese desconstrói a ideia de que a humanidade daquela época realizava registros de seu
cotidiano.
Após o estudo das imagens de arte rupestre os alunos realizaram desenho
inspirados no estilo e nos temas das imagens pintadas nas cavernas. Tais desenhos foram
transferidos para tecidos e coloridos com tintas naturais confeccionadas com café, chá de
hibisco e açafrão. Chamei a atenção dos estudantes para o uso de poucas cores e para os
degradês que enriquecem as imagens rupestres, mesmo que as tintas fossem
confeccionadas de maneira simples utilizando pigmento naturais.
Luca Aroeira Crivelaro
Natalia Acayaba Goes
João Vitor Pinheiro Leiria Manuela Colla Braz
Isabela Mariano Janzon
Rayan Moreira
Leticia Faccioni Doswaldo
Tomás Zivko Miranda
Nara Manami Kopcak Murilo Pesci dos Santos Marotta
Davi Montenegro Ferreira Caldas
Helena Jardim
Lais Satsuki Nishimura Barletta Machado
Ana Bela Santos de Andrade
Giovanna Costa Prendin Lucca Von Buettner Barbosa
Júlia Marques Galhardo Giovanna Milanese Medeiros
SKETCHBOOK / LIVRO DE ARTISTA
Para iniciar um aprofundamento temático com objetivo da confecção do livro do sexto
ano, na aula de arte finalizamos o semestre diferenciando os conceitos de sketchbook e livro
de artista. O sketchbook se trata de um caderno de esboços e rascunhos que são usados
pelos artistas para anotações de ideias e inspirações que podem (ou não) se transformarem
em uma obra de arte posteriormente.
Sketchbook de Leonardo da Vinci com estudos de anatomia e engenharia
Sketchbook e diário pessoal de Frida Kahlo Sketchbook de Pablo Picasso
Com o desenvolvimento da arte contemporânea, o processo e as ideias dos artistas
passaram a ser tão valorizados quanto as próprias obras tidas como “bem acabadas”. Por
isso, os cadernos de esboços passaram a também fazer parte das exposições como forma
de ilustrar a maneira de pensar e o processo de criação de cada artista.
A arte contemporânea passou também a valorizar os objetos estéticos, as ideias e
conceitos de uma obra para além do domínio técnico de seu criador. Assim, ser artista não
implica deter o domínio da pintura ou da escultura. Nesse cenário nascem os livros de
artista. Tais livros são objetos estéticos que partem do formato do livro.
Willian Kendridge, De como não fui ministro
d’Estado, 2013, Animação.
Waltercio Caldas, Como imprimir sombra, 1946,
Acrílico moldado e gravado.
Para finalizar o semestre, pretende-se que os alunos possam construir seus próprios
livros de artista, para, no segundo semestre, iniciarem o processo de confecção do livro de
contos do sexto ano.
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