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8 ª jornada Sobre La Biblioteca Digital Universitaria
Repositórios Institucionias: Estudo de Caso da Biblioteca Digital do
UniRitter
Ana Glenyr de Godoy ∗
RESUMO
Partindo do estudo dos repositórios institucionais, analisa a importância da utilização das novas tecnologias da informação e da comunicação na biblioteca universitária e o acesso aberto a seus conteúdos no cumprimento de seu papel social, qual seja a socialização do saber cientificamente construído. Descreve a concepção e organização do projeto-piloto da Biblioteca Digital do UniRitter através da customização do software Dspace, abordando os recursos utilizados em sua implementação e as políticas que nortearam seu delineamento.
Palavras-chave:
Biblioteca universitária. Tecnologias da Informação e da Comunicação. Repositórios Institucionais. Dspace.
RESUMEN
A través del estudio de los repositorios institucionales, analiza la importancia de la utilización de las nuevas tecnologías de la información y de la comunicación en la biblioteca universitaria y el acceso abierto a los contenidos en el cumplimiento de su papel social, cual sea la socialización del saber científicamente construido. Describe la concepción y organización del proyeto–piloto de la Biblioteca Digital del UniRitter a través de la customización del software Dspace, abordando los recursos utilizados en su implementación.
Palabras claves:
Biblioteca universitaria. Tecnologías de la Información y de la Comunicación. Repositorios institucionales. Dspace.
INTRODUÇÃO
As novas tecnologia da informação e comunicação modificaram profundamente a
comunicação científica e, por extensão, a produção e socialização da pesquisa, razão de ser
da universidade, alicerçada que está no tripé ensino-pesquisa-extensão. Tornaram
praticamente indistintas as barreiras entre a comunicação formal e informal.
∗ Bibliotecária do Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter; ana_godoy@unirtter.edu.br
2
Vivemos o que Castells (1999) denominou de era da informação ou era do conhecimento,
caracterizada por uma nova maneira de comunicar, onde a circulação de informações
alcança velocidades e quantidades até então inimagináveis, atingindo os indivíduos
independentemente da localização geográfica.
A revolução tecnológica, a mundialização das comunicações e o desenvolvimento das
novas tecnologias de informação permitem a conexão quase instantânea do planeta. É o que
Lévy (1999) batizou de ciberespaço, “o espaço de comunicação aberto pela interconexão
mundial dos computadores e das memórias dos computadores”.
O surgimento da Internet, na década de 80, gerou a expectativa de solidariedade e
democracia na promoção da informação. Entratanto, a concretização deste ideal, em pleno
século XXI, ainda não tornou-se uma realidade global.
PINHEIRO (2003) comenta os objetivos dos pesquisadores ao usarem a Internet quando
realizam atividades científicas: “os maiores índices estão relacionados à própria
comunicação científica entre pares (96,4%), seguida do encaminhamento de trabalhos a
congresso, (92,5%) alcançando alto índice também a submissão de artigos para periódicos
(83,4%)”.
A pesquisa e a extensão são hoje o vínculo essencial da universidade com o
desenvolvimento nacional através da produção e disseminação da ciência e da tecnologia,
refletindo sua responsabilidade social. Também a biblioteca passa a ter um envolvimento
com a comunidade na qual está inserida devendo preocupar-se não apenas com a população
acadêmica, à qual deve oferecer suporte, mas atuando decisivamente na disseminação de
toda ciência e tecnologia produzidas no ambiente universitário. A criação e gerenciamento
das bibliotecas digitais e repositórios institucionais é uma tarefa fundamental da qual as
bibliotecas universitárias não podem abrir mão.
3
Os repositórios não deixam de ser bibliotecas digitais estando, pois, sujeitos a todo
planejamento, organização e gestão de um sistema de informação: criação de aplicativo de
captura de documentos em formato eletrônico, implantação de um módulo de gestão e
controle de acesso aos usuários, criação e gestão das bases de dados bibliográficos e
documentais, atribuição de direito autoral próprio e negociação de direitos autorais alheios
e, por último, criação de um sistema de Disseminação Seletiva da Informação (DSI).
Imprescindível, pois, a atuação eficiente e eficaz dos bibliotecários na promoção da
discussão e implementação dos repositórios nas instituições onde atuam.
ARMAZENAMENTO E DIVULGAÇÃO DA PRODUÇÃO INTELECTUAL
UNIVERSITÁRIA
Os pesquisadores das instituições de ensino tradicionalmente têm publicado os resultados
de suas pesquisas na forma de livros, artigos científicos ou trabalhos apresentados em
eventos. Dentre estas formas de disseminação do saber, o periódico científico é o de maior
impacto e, por conseguinte, de maior custo. A publicação em periódicos pagos limita a
divulgação do conhecimento a um número restrito de especialistas que podem arcar com os
custos de acesso.
Há ainda que se considerar toda a gama de ativos digitais produzidos no âmbito
institucional - objetos de aprendizado, conjuntos de dados, relatórios, manuais, etc -, os
quais encontram-se dispersos na rede interna e necessitam um gerenciamento mais
coordenado para uma recuperação mais eficiente e eficaz.
Neste contexto, torna-se imprescindível hoje a criação dos repositórios institucionais, que
nada mais são do que coleções digitais eficientemente organizadas para armazenar,
preservar, divulgar e dar acesso à produção intelectual das comunidades universitárias,
alinhadas ao espírito do movimento Open Access Interative.1. É uma mudança radical de
1 Cf. Declaração de Estoril sobre o Acesso à Informação. Disponível em: <http://www.apbad.pt/Downloads/DeclaracaoEstoril.pdf >. Acesso em: 26 jan. 2010 e Open Acess to Information and Knowledge in the Science Humanities, disponível em <http://www.zim.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html >. Acesso em 16 jan. 2010.
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paradigma de como se constrói e como de disponibiliza a informação, saindo de um modelo
linear para um agregado de conteúdo rico e interligado, gerador de um fator de
retroalimentação na construção do conhecimento. A figura abaixo, apresentada no OCLC
Environmental Scan: Pattern Recognition (2003) procura demonstrar esta nova relação
possibilitada pelos repositórios.
Fonte: http://www.oclc.org/reports/escan/research/newflows.htm
Acesso livre significa disponibilização livre na web de literatura acadêmica e científica,
permitindo a qualquer pesquisador ler, descarregar (download), copiar, distribuir, imprimir,
pesquisar ou referenciar (link) o texto integral dos documentos. (RODRIGUES, 2004a)
Ao utilizarem-se os protocolos OAI, os motores de busca podem pesquisar o conjunto de
documentos armazenados em diferentes “arquivos” como se fosse apenas um. Os
utilizadores podem pesquisar independente da localização dos conteúdos.
Neste sentido, os repositórios vão ao encontro de duas importantes questões estratégicas
para as universidades:
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contribuir para o aumento da visibilidade, estatuto, imagem e “valor” público da instituição, servindo como indicador tangível da qualidade dessa universidade e demonstrando a relevância científica, económica e social das suas actividades de investigação e ensino; contribuir para a reforma do sistema de comunicação científica, expandindo o acesso aos resultados da investigação, reassumindo o controlo académico sobre a publicação científica, aumentando a competição e reduzindo o monopólio das revistas científicas, o que se pode traduzir também em economias para as universidades e as bibliotecas que as servem. (RODRIGUES, 2004b)
Ao incentivar seus pesquisadores a depositar seus trabalhos no repositório institucional a
universidade provê o acesso livre, a distribuição irrestrita, a inteoperabilidade e a
preservação do saber científico por ela produzido, atingindo assim efetivamente sua função
social e política.
Há que ser lembrado que, ao contrário dos demais autores, pesquisadores universitários
publicam os resultados de seus trabalhos não para obterem rendimentos financeiros
imediatos, mas para obterem como recompensa o impacto da publicação e o
reconhecimento por seus pares.
Os investigadores são recompensados (progressão na carreira, financiamento dos seus projectos, prémios científicos, etc.), pela sua produtividade científica, que é avaliada não apenas pela sua dimensão (quantidade), mas sobretudo pelo seu impacto (qualidade). Em que medida as suas contribuições afectaram o presente e a evolução futura da investigação científica? Os outros investigadores usam, citam e desenvolveram a partir delas? Por isso, toranar o trabalho científico publicamente acessível é o principal interesse do investigador. (RODRIGUES, 2004a)
Necessária se faz também uma consideração sobre a mudança de paradigma do
“consumidor de informação” na era do conhecimento. Uma pesquisa realizada pela OCLC
(Online Computer Library Center)2 revela três tendências principais: o consumidor de
informação prefere a web em vez da biblioteca para buscar informações, tendência que não
deverá mudar devido à auto-suficiência cada vez maior proporcionada pelas novas TICs;
outra tendência é o grande interesse por ambientes mais colaborativos e contínuos (maior
interatividade); por fim, verifica-se o alto grau de satisfação com as buscas através da web.
2 ANÁLISE do cenário da OCLC em 2003: reconhecimento de padrões. Disponível em: <http://www.oclc.org//membership/escan/downloads/escansummary_po.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2006
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Este novo paradigma do usuário da informação vem ao encontro do novo paradigma da
disseminação do conhecimento, corroborando com a filosofia dos repositórios
institucionais.
Um repositório institucional é a reunião de todos os repositórios temáticos hospedados em uma organização. No caso de uma universidade, cada departamento trata de uma área do conhecimento e, portanto, seu repositório temático será específico no assunto deste departamento. A união de todos os repositórios das diversas unidades de pesquisa comporá o repositório institucional, caracterizando-o como multidisciplinar. (...) Sua função principal é, portanto, preservar e disponibilizar a produção intelectual da instituição representando-a, documentando-a e compartilhando-a em formato digital. Para tanto, é fundamental a participação de uma equipe multidisciplinar formada por bibliotecários, analistas de informação, pesquisadores e pessoal envolvido com a política universitária. É necessário ressaltar a importância do reconhecimento da comunidade universitária, sua participação e apoio. Sem estes requisitos, um repositório, seja ele institucional ou temático, jamais terá um tempo de vida muito longo. (CAFÉ, 2003)
ANTELMAN (2004) apresenta pesquisa onde é analisado o impacto do acesso livre sobre a
publicação de artigos científicos:
Neste artigo, o Diretor Associado para as Tecnologias da Informação nas Bibliotecas
Universitárias da Carolina do Norte (Estados Unidos) comprova o benefício, para os
pesquisadores, da exposição livre dos resultados de seu trabalho:
Apesar de muitos autores acreditarem que seus trabalhos, quando disponibilizados de maneira aberta, gratuita e ampla (open access), têm um grande fator de impacto no mundo acadêmico, são poucos os estudos que comprovam isso. Este trabalho analisa artigos de 4 disciplinas com estágios variados de open acces – filosofia, ciências políticas, engenharia elétrica e eletrônica e matemática – para verificar seus fatores de impacto de acordo com suas citações nas bases de dados da ISI Web of Science, quando os autores autorizam a publicação aberta na Internet. A descoberta é de que em todas as disciplinas o fator de impacto é maior quando há o acesso aberto. Nota-se que os acadêmicos que têm adotado essa prática estão sendo recompensados (tradução nossa)
Ainda, citando Suely Costa (2005), hoje a principal questão a envolver a comunicação
científica refere-se ao seu acesso:
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Em linha com o que observam Brody; Harnad, Lawrence (2001) discute resultados de uma pesquisa que mostrou um crescimento de 336%, em média, nas citações a artigos disponíveis online, em relação a artigos publicados offline, na mesma fonte. O autor ressalta que “para maximizar o impacto, minimizar a redundância e acelerar o progresso científico, autores e editores deveriam visar a tornar a pesquisa fácil de ser acessada”. O acesso tende, então, a ser a questão crucial do progresso científico em qualquer área do conhecimento.
A opção pelos Open Archives no Brasil tem sido defendida pelo IBICT (Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia) como reflexo de um movimento mundial pelo
livre acesso ao conhecimento, a partir da utilização de softwares open source e padrões de
interoperabilidade, garantidos através do Protocolo OAI-PMH (Open Archives Initiative
Protocol for Metadata Harvesting) 3
Os Open Archives garantem acesso gratuito aos metadados, aos conteúdos e a interface
entre repositórios e provedores de serviço, permitindo livre comunicação entre o
pesquisador e o usuário, reconstruindo o colégio invisível, neste caso podendo ser definido
como colégio virtual (MOREIRA, 2003).
Adotar-se-á aqui o termo colégio virtual com o fim de preservar a analogia com o colégio invisível e sua carga semântica, conforme proposto por Price (1973), isto é, tem-se como princípio que o número de cientistas trabalhando em uma área específica é pequeno e que estes se conhecem entre si, mesmo que não pessoalmente. Esta comunidade mantém-se a par dos respectivos trabalhos e troca informações via correio eletrônico ou listas de discussão, preferencialmente, embora utilize também outros meios. O colégio virtual atua como rede de comunicação e intercâmbio, como fórum de educação e de socialização dos novos cientistas.
A importância desta iniciativa reflete-se na dificuldade enfrentada pelo pesquisador na
divulgação de suas pesquisas: muitas vezes as revistas científicas impressas demoram
meses para publicar um artigo, podendo inclusive torná-lo defasado até a publicação. Além
do que, muitas vezes o pesquisador não tem sequer a oportunidade de publicar seu trabalho.
De outro lado a produção científica gerada nas instituições de ensino, produzida à margem
dos circuitos comerciais de publicação e distribuição, acaba ficando restrita ao espaço
institucional onde foi produzida, não cumprindo, portanto, sua mais nobre função, qual seja
contribuir com a espiral do conhecimento.
3 http://www.openarchives.org/OAI/openarchivesprotocol.html
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A FILOSOFIA OPEN SOURCE E A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
Como extensão da filosofia do Open Archives surgiram vários softwares para criação e
gerenciamento de repositórios institucionais. O Instituto Brasileiro de Informação em
Ciência e Tecnologia (IBICT), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia,
responsável por “promover a competência, o desenvolvimento de recursos e a infra-
estrutura de informação em ciência e tecnologia para a produção, socialização e integração
do conhecimento científico-tecnológico do Brasil” 4 optou pela tradução e customização do
DSPACE5, projeto das bibliotecas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para
recolher, preservar, gerir e disseminar a produção intelectual dos seus investigadores. Ele é
o resultado de um esforço conjunto de investigação e desenvolvimento do MIT e da
Hewlett-Packard (HP). O sistema foi disponibilizado publicamente em novembro de 2002
de acordo com os termos da BSD Open Source License.
Características do DSPACE:
� sistema executável em plataforma web;
� sistema operacional compatível com UNIX/Linux;
� bancos de dados apropriados: Oracle ou PostgreSql
� protocolo OAI-PMH para disseminação
� padrão Dublin Core de metadados
� geração automática de identificadores persistentes
� interface padrão traduzida para o português
Esta ferramenta já está sendo apropriada e customizada por instituições vinculadas à
pesquisa no Brasil. São importantes exemplos o Reposcom (USP)6 e o Repositório
Unidades de Pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia e o DBjur (STJ)7.
4 http://www.ibict.br/ 5 http://dspace.org/index.html 6 http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/ 7 http://bdjur.stj.jus.br
9
As experiências internacionais têm demonstrado a viabilidade da utilização destes padrões
para a divulgação científica de forma amplamente democrática, apesar da resistência dos
publicadores de periódicos científicos e mesmo de grupos de pesquisadores mais ortodoxos,
que ainda não incorporaram o novo paradigma. A criação do Google Scholar8 é um
exemplo claro de como o mercado está obrigatoriamente se adequando aos apelos da
comunidade científica em favor do livre acesso à informação.
A BIBLIOTECA DIGITAL DO UNIRITTER
O Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter (Porto Alegre – Brasil) compõe-se de 07
Faculdades distribuídas em dois campi. Em sua missão expressa preocupação com o
compartilhamento do conhecimento:
“Construir, disseminar e compartilhar conhecimento para formar cidadãos éticos e
profissionais qualificados, comprometidos com o desenvolvimento sustentável.”
Da mesma forma, em sua visão de futuro aponta:
“Consolidar-se como centro de excelência nas atividades de ensino, pesquisa e
extensão, aliando inovação a compromisso com transformação social.”
Portanto, a criação de um repositório institucional está perfeitamente alinhada com a
missão institucional e seus valores, promovendo compartilhamento de suas atividades
através da inovação tecnológica.
O Dspace foi o software escolhido para o desenvolvimento da Biblioteca Digital do
UniRitter9. A concepção desta biblioteca levou em conta:
8 http://scholar.google.com 9 http://dspace.uniritter.edu.br
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� a necessidade de preservação da memória institucional
� a possibilidade de, ao reunir em um único espaço os acervos eletrônicos, concentrar
esforços a partir de uma gestão uniforme e coerente dos mesmos
� a necessidade de reunir, divulgar, preservar e proporcionar maior visibilidade aos
acervos iconográficos da Instituição, em um primeiro momento, e a toda a
produção científica, oportunizando uma apresentação estruturada e hierarquizada,
de livre acesso e ampla divulgação
Fator primordial da escolha do software, a estrutura em comunidades, subcomunidades e
coleções do Dspace favorece a organização dos documentos em consonância com os
diversos grupos de pesquisa. Também a possibilidade de haver vários objetos digitais, em
formatos diversos, associados a um mesmo documento foi considerada fator preponderante
de decisão.
O sistema e o banco de dados estão armazenados em um servidor Dell PowerEdge 2850. O
Banco de Dados PostgreSQL opera em sistema operacional Linux. Para armazenamento do
servidor foi programado um espaço de 10GB, com aplicação instalada em máquina virtual
de 2GBde memória. Estas aplicações correspondem a Tomcat 6, Java 1.6, e o próprio
Dspace 1.6 XML Manakin. Por política institucional não houve nenhuma alteração no
código fonte original; assim, facilmente poderá ser feita migração para novas versões, sem
perda de configurações. Entretanto, o recurso de solicitação de cópia por e-mail foi
incorporado ao software. A segurança dos dados é garantida através de backup full diário
do banco de dados e backups incrementais da estrutura de diretórios.
Este projeto-piloto partiu da personalização da interface, adequando-a ao padrão
institucional. O Dspace no UniRitter foi dividido primeiramente em dois bancos de dados:
um Repositório Institucional, ainda em construção, que abrigará a produção acadêmica
institucional, como dissertações, teses, artigos, trabalhos apresentados em eventos, etc, e
uma Biblioteca Digital, cujo projeto-piloto é motivo deste artigo, abrigando as coleções
iconográficas sob a guarda da instituição.
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A Biblioteca Digital do UniRitter foi elaborada a partir das coleções existes:
� Acervo Azevedo, Moura & Gertum
� Acervo João Alberto da Fonseca
� Acervo Julio Curtis
� Hemeroteca
� Lucio Costa: Obra Completa
� Mapoteca Digital
Destas, as coleções “Azevedo, Moura & Gertum”, “João Alberto da Fonseca” e “Julio
Curtis” já possuem acervos catalogados no software PHL, os quais serão objeto de
migração. Estas coleções foram tratadas no Dspce como “comunidades”, dividindo-se em
coleções de acordo com o tipo de documento: fotografias, plantas, etc. A Hemeroteca é
uma coleção de recortes que está organizada fisicamente por temas e deverá ser objeto de
digitalização para posterior inserção na Biblioteca. A coleção “Lucio Costa: obras
completas” já está em produção. A Mapoteca Digital encontra-se hospedada no site da
biblioteca, e deverá ser trabalhada em seus metadados para posterior migração.
O gerenciamento do repositório está a cargo da Biblioteca porque é o setor que
potencialmente cruza o ciclo da produção acadêmica em vários pontos: quer seja na
construção de índices, na elaboração dos metadados para arquivamento, na construção de
estratégias de recuperação, na disseminação e compartilhamento do conteúdo. É de sua
responsabilidade:
� Estabelecer estratégias para divulgação e convencimento
� Treinar a equipe na inserção dos dados
� Administrar o sistema: criação de comunidades e coleções, gestão dos
campos de metadados e de sua qualidade, manutenção de identificadores
persistentes, garantia de respeito aos direitos autorais
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Cada comunidade determina sua própria política de informação, fluxo de depósito e níveis
de acesso aos registros. Da mesma forma, cada comunidade pode definir seus metadados
conforme a particularidade de seus documentos. Optou-se, neste piloto, por não
disponibilizar o recurso de auto-arquivamento; considerou-se que a apropriação pelos
autores deste recurso demandaria um envolvimento em treinamento e um esforço para
garantir o engajamento dos mesmos que retardaria o processo. A intenção é fazer o
caminho inverso: disponibilizar o recurso e utilizá-lo como fonte de convencimento para a
adesão ao projeto.
Os documentos iconográficos, em formato .jpg, podem ser visualizados livremente em
média resolução, apresentando marca d’água, sendo possível enviar por e-mail solicitação
de cópia em alta resolução, em formato .tiff.. A única coleção restrita é a Hemeroteca. Por
tratar-se de um conjunto de artigos de jornais, em resguardo aos direitos autorais, a
visualização destes registros é restrita aos alunos e professores do UniRitter, mediante login
específico, cuja autenticação segura é feita através de criptografia SSL.
É possível ao usuário indicar um perfil de interesse, mediante assinatura das coleções,
recebendo, assim, informações por correio eletrônico sobre atualizações nas mesmas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ciclo da informação científica já havia sofrido grande transformação com o surgimento
das novas TICs, que adicionaram funcionalidades antes inimagináveis, como
autopublicação, hipertextualidade, hipermediação e multimídia. O desenvolvimento dos
softwares abertos veio complementar o ciclo.
O novo paradigma da divulgação científica já existe de fato, e o provam a proliferação no
mundo todo de repositórios institucionais para publicação científica de acesso aberto. No
início tímidas manifestações promovidas por grupos de pesquisadores vinculados às
universidades, como forma das mesmas reassumirem o controle sobre o sistema de
comunicação da ciência, hoje monopolizado no âmbito de umas poucas casas publicadoras
(que efetuam verdadeiro cartel sobre o conhecimento que, éticamente, deveria ser de
todos), hoje evidenciando-se com experiências de sucesso.
Sem dúvida, o acesso livre ao conhecimento apresenta-se como um imperativo ético e o
grande desfio técnico para os profissionais da informação no terceiro milênio. O UniRitter,
através de sua Biblioteca Digital, insere-se nesta proposta, alinhada que está com sua
missão institucional e seu posicionamento de comunicação: “Conhecimento: compartilhe”
REFERÊNCIAS
ANÁLISE do cenário da OCLC em 2003: reconhecimento de padrões. Disponível em: <http://www.oclc.org//membership/escan/downloads/escansummary_po.pdf> Acesso em: 13 set. 2010.
ANTELMAN, Kristin. Do Open-Access Articles Have a Greater Research Impact? Disponível em: <http://www.publishingresearch.net/Citations-SummaryPaper3_000.pdf.pdf>. Acesso em: 13 set. 2010.
CAFÉ, Lígia et al. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 26, Belo Horizonte, 2003. Disponível em: <http://dspace.ibict.br/dmdocuments/ENDOCOM_CAFE.pdf>. Acesso em 13 set. 2010.
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CASTELS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v.1.
COSTA, Suely M. S. O novo papel das tecnologias digitais na comunicação científica. In:___Bibliotecas Digitais: saberes e práticas. Salvador/Brasilia: UFBA/IBICT, 2005.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
MOREIRA, Walter. t. Ciência da Informação. Rio de Janeiro, v.34, n.1, 2005. Disponível em: < <http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/635>. Acesso em: 13 set. 2010.
PINHEIRO, Lena Vânia R. Comunidades científicas e infra-estrutura tecnológica no Brasil para uso de recursos eletrônicos de comunicação e informação na pesquisa. Ciência da Informação , Brasília, v. 32, n. 3, p. 62-73, set./dez. 2003.
RODRIGUES, Eloy et al. RepositoriUM: criação e desenvolvimento do repositório institucional da Universidade do Minho. In: CONGRESSO NACIONAL DE BIBLIOTECÁRIOS, ARQUIVISTAS E DOCUMENTALISTAS, 8, Estoril, 2004a. Disponíevel em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/422>. Acesso em 13 set. 2010
RODRIGUES, Eloy. Acesso livre ao conhecimento. In: OS PRODUTOS E SERVIÇOS COMERCIAIS E O OPEN ACCESS : UMA COEXISTÊNCIA PACÍFICA? [S.l. : s.n.], [c. 2004]b. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/664>. Acesso em 13 set. 2010.
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