resenha presença - propósito humano e o campo do futuro
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RESENHA DO LIVRO:
SENGE, P. et al. Presença: propósito humano e o campo do futuro. São Paulo: Cultrix,
2007.
________________________________________
Kellyn Vieira
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil
O livro Presença: propósito humano e o campo de futuro publicado pela editora
Cultrix é resultado de uma série de motivações e estudos individuais de quatro renomados
pesquisadores (atuantes em organizações de todos os continentes) envolvidos em projetos
diferentes, que alinharam seus pensamentos na busca de mudanças que isoladamente não
conseguiram. Com uma intensa troca de experiências e resultados dos trabalhos realizados por
Peter Senge, C. Otto Scharmer, Joseph Jaworski e Betty Sue Flowers o livro proporciona uma
leitura inquietante, onde gradativamente o leitor se vê envolvido por fatos reais que elucidam
as teorias apresentadas pelos autores e pode (se interessado) ser conduzido a um novo estado
de reflexão.
Misturando seus estudos e suas histórias em conversas sobre temas variados, mantidas
por mais de um ano e meio, os autores exploram suas próprias experiências e as de outras 150
pessoas aproximadamente (entre cientistas, empreendedores sociais e líderes empresariais,
produto de entrevistas) com o intuito de disseminar formas de promoção de uma mudança
profunda coletiva. Os questionamentos da equipe partiram de reflexões nos níveis mais
profundos de aprendizado, e colocaram à prova nossa capacidade de entender-nos como
partes vivas de um todo e a forma como interagimos com as outras partes vivas do sistema. O
grupo é orientado por organizações globais não governamentais e/ou sem fins lucrativos que
desenvolvem estudos e ações em muitas partes do mundo com o intuito de capacitar e
desenvolver lideranças na busca de melhorias sociais concretas1.
Ao escrever este livro os autores buscaram primordialmente disseminar a experiência
de seu trabalho conjunto e apresentar seus resultados sobre uma visão profunda do
desenvolvimento de uma nova teoria sobre mudança e aprendizado. Juntos chegaram à
conclusão de que necessitamos desenvolver profundamente nossa capacidade de ser Presença
no universo a fim de ter acesso ao campo do futuro e poder melhorá-lo. A obra está dividida
em quatro partes que conduzem ao entendimento do aprimoramento de nossas capacidades de
integração, de sentir-se conectado, de ver a partir do todo, para que as possibilidades de
mudança fiquem claras.
A parte I – Aprendendo a ver - apresenta formas e possibilidades de suspensão de
julgamentos e integração com o trabalho interior, que permitem pausar nossos modelos
mentais, não com o objetivo de destruí-los ou ignorá-los, mas permitindo ver de maneira
nova, algo que já tinha em sua mente um modo habitual de pensar e perceber. Os autores
apresentam considerável preocupação com a falta de criticidade coletiva na sociedade.
Questionam como as pessoas manifestam sua subjetividade diante do ambiente que os cerca e
o recente domínio das instituições de âmbito global. Fatos que moldam a atuação política
internacional, alteração de prioridades governamentais nos negócios globais, comércio
internacional e promoção de acordos diplomáticos, remodelam as realidades e promovem as
desigualdades sociais. Mostram também como habitualmente somos levados a agir de forma
instintiva predominante, causadas por um fluxo de medo ou ansiedade, que segundo os
autores limita nossa busca mental e consequentemente uma nova forma de agir a velhas
1 SoL(The Society for Organizational learning, Inc.) – Sol, a Society for Organizational Learning, é uma comunidade de aprendizagem intencional composta por organizações, indivíduos e comunidades locais. A organização atua sem fins lucrativos, e é dedicado ao desenvolvimento interdependente de pessoas e de suas instituições ao serviço da performance inspirada e resultados significativos. GLI (Global Leadership Initiative) – entidade sem fins lucrativos que elabora exemplos vivos de inovação bem sucedidade graças à aplicação da teoria do U desde as mudanças sociais até desafios globais mais preementes.
situações. Dessa forma, descartamos interpretações e opções de ações diferentes daquelas já
conhecidas e nas quais confiamos.
A partir dos resultados das entrevistas realizadas por C. Otto Scharmer e Joseph
Jaworski os demais autores puderam conhecer a opinião de lideranças dos mais diversos
segmentos da sociedade. Em conversas com os cientistas exploraram novas idéias com muito
potencial para modificar a relação da humanidade com a natureza. Com os empresários,
entretanto, questionaram como as idéias novas e o conhecimento intuitivo pode ser
transformado em realidade. E nos dois grupos perceberam a nítida possibilidade de
exemplificarem um tipo de aprendizado capaz de criar ações não governadas pelo hábito.
Infelizmente constataram também que ambos os grupos possuem um canal de informações e
troca de experiências muito estreito, impossibilitando maiores interpretações ou avanços.
Os autores consideram por Presença, estar plenamente consciente e atento ao
momento atual, ouvir com intensidade, rejeitar preconceitos e permitir-se encontrar novo
sentido às coisas. Embora com formações diferentes, todos os autores consideram ter algo em
comum: a experiência de ter vivido momentos extraordinários de Presença. Pretendem abrir
espaços para o entendimento de quem somos, e o lugar ou fonte interna a partir do qual
operamos individual e coletivamente. Para suspender julgamentos e esquemas mentais pré-
estabelecidos alertam ser fundamental a paciência e a disposição, dessa forma novas maneiras
de compreender podem surgir. Reforçam que se formos capazes de entender nossa
participação em ações/ situações distintas podemos melhor participar do cenário de mudança.
A parte II do livro – No Interior do Silêncio – conduz a um novo tipo de aprendizado,
representado pela forma de um U, que é apresentado como a chave para promover mudanças
em benefício do todo - de nós mesmos, de nossas organizações e das comunidades a que
pertencemos (individual coletivo). Ao ser apresentado à Teoria do U o leitor é levado a
entender que tal qual a importância de suspender julgamentos habituais para a construção de
uma nova reflexão, faz-se necessário um o envolvimento de práticas espirituais, que
trabalhem o redirecionamento da atenção, permitindo o aprimoramento da capacidade de
aquietar a mente, e aguçando intencionalmente ações que reforcem nossa atenção para ver
além dos olhos, ou seja, ver também com o coração. Para Otto Scharmer que desenvolveu a
teoria representada pelo U o processo envolve três grandes fases ou elementos: Sentir,
Presenciar e Concretizar.
O Autor afirma ainda que o três aspectos básicos desse movimento em “U” são
extensões do que acontece em todos os processos de aprendizado.
Na parte III – Tornando-se uma Força da Natureza – a obra mostra os efeitos de se
percorrer a base do “U”, as mudanças e as transformações possíveis quando nos
reconhecemos como parte importante do todo; mostra também nossa participação na criação
de coisas que gostamos e que não gostamos, e que com nossa colaboração podem perdurar. A
verdadeira promoção de mudanças ocorre quando nos movemos pela base do “U”. Segundo
os autores:
As sementes da transformação encontram-se no ato de ver nossa realidade com mais clareza, sem preconceitos nem julgamentos. Quando aprendemos a ver nossa participação na criação de coisas que não gostamos, mas sem dúvida irão perdurar, começamos a desenvolver uma relação diferente com nossos “problemas”. Deixamos de ser vítimas. Avançando um pouco mais, do sentir para o presenciar, abrimo-nos para o possível e somos inevitavelmente conduzidos a uma pergunta: “Então, o que nós desejamos criar?” Entretanto, o “nós”aqui tem que ser um “nós” maior. [...] Quando encetamos a subida do “U”essa intenção maior se torna acessível. (Senge, et.al., 2007, p.132.)
A parte IV – Encontrando nosso futuro – mostra as conseqüências de um novo estado
de conexão, onde depois de desacelerar o passo, olhar fundo dentro de si mesmo, e do mundo
a ponto de ficar presente ao futuro que emerge, somos induzidos a conhecer nossa capacidade
única de agir e criar. Forma de conexão que definirá essa nova visão de mundo, onde o
universo, as conexões entre o “exterior” e os fenômenos manifestados com o “interior”
estarão alinhadas entre as pessoas e destas com o mundo inteiro. Por fim, os autores expõem
que as pessoas de relacionam de formas distintas com a Teoria do U, e valorizam capacidades
diferentes para descê-lo ou subi-lo. Afirmam ainda que todo o movimento do U surge de sete
capacidades principais e de atividades que elas requerem.
Quando iniciei minha leitura de Presença em outubro de 2008 extrai do livro todas as
informações que consegui alcançar naquele momento. Passados dois anos, e um novo
momento profissional e acadêmico me utilizei desta obra de forma mais profunda e
esclarecedora, que reforçou discussões realizadas na sala de aula. Este livro levou-me, tal qual
mencionado pelos autores como objetivo da obra, à curiosidade de investigar os campos vivos
que nos conectam uns aos outros, à vida como um todo e, potencialmente, àquilo que “deseja
emergir”. Trouxe-me também a oportunidade de entender o processo onde despertamos as
sete capacidades necessárias para podermos ver, sentir e concretizar novas possibilidades.
Com questionamentos sobre sustentabilidade e o pensamento sistêmico, esta obra contribuiu
muito para o entendimento de como podemos questionar nossos modelos mentais habituais e
reativos, ajudando a organizar o conhecimento de forma a atuar em rede. E colaborar
efetivamente na coletividade.
Segundo Freire, Paulo (1996),
[...] mais que um ser no mundo, o ser humano se tornou uma Presença no mundo, com o mundo e com os outros. [...] Presença que se pensa a si mesma, que se sabe presença, que intervém, que transforma, que fala do que faz, mas também do que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe. (Freire, 1996, p.18)2.
Literatura recomendada para quem busca o caminho da mudança como o caminho da
verdade. Para quem acredita que coletivamente, conscientes e organizados conseguiremos
reduzir os danos causados por um século de desenvolvimento e exploração tecnológica,
baseado no capital, de conseqüências ao meio ambiente e às relações sociais. Somado a
literatura esclarecedora de Paulo Freire pude sentir-me PRESENCIAR um outro estado de
consciência, novo, porém não conclusivo.
Peter M. Senge é o autor renomado do livro A Quinta Disciplina. Formado em
Engenharia pela Stanford University, é mestre em Modelos de Sistema Sociais e Ph.D. em
Management pelo MIT. Em Stanford também estudou Filosofia. Acredita que para incorporar
o “Learning Organization” é preciso entender as 5 disciplinas: domínio pessoal, modelos
mentais, visão compartilhada, aprendizado em equipe e pensamento sistêmico. C. Otto
Scharmer é professor na Sloan School of Management do Massachusetts Institute of
Technology, professor-visitante da Helsinki School of Economics, pesquisador de assuntos
2 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
internacionais; em uma pesquisa com o também autor de Presença Joseph, publicou a teoria:
Theory U: Leading from the Future as It Emerges. Joseph Jaworski dedicou grande parte de
sua vida a explorar as dimensões mais profundas da liderança transformacional. Como
presidente da Generon Consultoria e co-fundador da Liderança Global Initiative, que colabora
com os líderes que entendem que sua jornada pessoal está intimamente ligada ao futuro de sua
organização, e trabalha com os clientes na transformação organização em grande escala.
Autor da sincronicidade e co-autor de Presença discute o trabalho inovador na liderança
transformacional. Betty Sue Flowers é ex-diretora do Baines Lyndon Johnson Library and
Museum e professora de Inglês na Universidade do Texas em Austin. É também poetisa,
editora e consultora empresarial, com publicações que vão desde a poesia terapêutica a mitos
econômicos.
Kellyn Vieira é graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Santa
Catarina, atua em projetos sociais e ambientais no município de Florianópolis/SC, com foco
especial na Educação Ambiental. Diretora do Instituto Socioambiental No Caminho do Bem
na mesma cidade. Atualmente cursando disciplina na área de mídia e conhecimento do curso
de pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de
Santa Catarina – UFSC.
Florianópolis, agosto/2010.
O livro Presença: propósito humano e o campo de futuro publicado pela editora Cultrix é resultado de uma série de motivações e estudos individuais de quatro renomados pesquisadores (atuantes em organizações de todos os continentes) envolvidos em projetos diferentes, que alinharam seus pensamentos na busca de mudanças que isoladamente não conseguiram. Com uma intensa troca de experiências e resultados dos trabalhos realizados por Peter Senge, C. Otto Scharmer, Joseph Jaworski e Betty Sue Flowers o livro proporciona uma leitura inquietante, onde gradativamente o leitor se vê envolvido por fatos reais que elucidam as teorias apresentadas pelos autores e pode (se interessado) ser conduzido a um novo estado de reflexão. Misturando seus estudos e suas histórias em conversas sobre temas variados, mantidas por mais de um ano e meio, os autores exploram suas próprias experiências e as de outras 150 pessoas aproximadamente (entre cientistas, empreendedores sociais e líderes empresariais, produto de entrevistas) com o intuito de disseminar formas de promoção de uma mudança profunda coletiva. Os questionamentos da equipe partiram de reflexões nos níveis mais profundos de aprendizado, e colocaram à prova nossa capacidade de entender-nos como partes vivas de um todo e a forma como interagimos com as outras partes vivas do sistema. O grupo é orientado por organizações globais não governamentais e/ou sem fins lucrativos que desenvolvem estudos e ações em muitas partes do mundo com o intuito de capacitar e desenvolver lideranças na busca de melhorias sociais concretas[1].Ao escrever este livro os autores buscaram primordialmente disseminar a experiência de seu trabalho conjunto e apresentar seus resultados sobre uma visão profunda do desenvolvimento de uma nova teoria sobre mudança e aprendizado. Juntos chegaram à conclusão de que necessitamos desenvolver profundamente nossa capacidade de ser Presença no universo a fim de ter acesso ao campo do futuro e poder melhorá-lo. A obra está dividida em quatro partes que conduzem ao entendimento do aprimoramento de nossas capacidades de integração, de sentir-se conectado, de ver a partir do todo, para que as possibilidades de mudança fiquem claras.A parte I – Aprendendo a ver - apresenta formas e possibilidades de suspensão de julgamentos e integração com o trabalho interior, que permitem pausar nossos modelos mentais, não com o objetivo de destruí-los ou ignorá-los, mas permitindo ver de maneira nova, algo que já tinha em sua mente um modo habitual de pensar e perceber. Os autores apresentam considerável preocupação com a falta de criticidade coletiva na sociedade. Questionam como as pessoas manifestam sua subjetividade diante do ambiente que os cerca e o recente domínio das instituições de âmbito global. Fatos que moldam a atuação política internacional, alteração de prioridades governamentais nos negócios globais, comércio internacional e promoção de acordos diplomáticos, remodelam as realidades e promovem as desigualdades sociais. Mostram também como habitualmente somos levados a agir de forma instintiva predominante, causadas por um fluxo de medo ou ansiedade, que segundo os autores limita nossa busca mental e consequentemente uma nova forma de agir a velhas situações. Dessa forma, descartamos interpretações e opções de ações diferentes daquelas já conhecidas e nas quais confiamos.A partir dos resultados das entrevistas realizadas por C. Otto Scharmer e Joseph Jaworski os demais autores puderam conhecer a opinião de lideranças dos mais diversos segmentos da sociedade. Em conversas com os cientistas, exploraram novas idéias com muito potencial para modificar a relação da humanidade com a natureza. Com os empresários, entretanto, questionaram como as idéias novas e o conhecimento intuitivo podem ser transformados em realidade. E nos dois grupos perceberam a nítida possibilidade de exemplificarem um tipo de aprendizado capaz de criar ações não governadas pelo hábito. Infelizmente constataram também que ambos os grupos possuem um canal de informações e troca de experiências muito estreito, impossibilitando maiores interpretações ou avanços.Os autores consideram por Presença, estar plenamente consciente e atento ao momento atual, ouvir com intensidade, rejeitar preconceitos e permitir-se encontrar novo sentido às coisas. Embora com formações diferentes, todos os autores consideram ter algo em comum: a experiência de ter vivido momentos extraordinários de Presença. Pretendem abrir espaços
para o entendimento de quem somos, e o lugar ou fonte interna a partir do qual operamos individual e coletivamente. Para suspender julgamentos e esquemas mentais pré-estabelecidos alertam ser fundamental a paciência e a disposição, dessa forma novas maneiras de compreender podem surgir. Reforçam que se formos capazes de entender nossa participação em ações/ situações distintas podemos melhor participar do cenário de mudança.A parte II do livro – No Interior do Silêncio – conduz a um novo tipo de aprendizado, representado pela forma de um U, que é apresentado como a chave para promover mudanças em benefício do todo - de nós mesmos, de nossas organizações e das comunidades a que pertencemos (individual ó coletivo). Ao ser apresentado à Teoria do U o leitor é levado a entender que tal qual a importância de suspender julgamentos habituais para a construção de uma nova reflexão, faz-se necessário um o envolvimento de práticas espirituais, que trabalhem o redirecionamento da atenção, permitindo o aprimoramento da capacidade de aquietar a mente, e aguçando intencionalmente ações que reforcem nossa atenção para ver além dos olhos, ou seja, ver também com o coração. Para Otto Scharmer que desenvolveu a teoria representada pelo U o processo envolve três grandes fases ou elementos: Sentir, Presenciar e Concretizar. O Autor afirma ainda que os três aspectos básicos desse movimento em “U” são extensões do que acontece em todos os processos de aprendizado.Na parte III – Tornando-se uma Força da Natureza – a obra mostra os efeitos de se percorrer a base do “U”, as mudanças e as transformações possíveis quando nos reconhecemos como parte importante do todo; mostra também nossa participação na criação de coisas que gostamos e que não gostamos, e que com nossa colaboração podem perdurar. A verdadeira promoção de mudanças ocorre quando nos movemos pela base do “U”. Segundo os autores:
As sementes da transformação encontram-se no ato de ver nossa realidade com mais clareza, sem preconceitos nem julgamentos. Quando aprendemos a ver nossa participação na criação de coisas que não gostamos, mas sem dúvida irão perdurar, começamos a desenvolver uma relação diferente com nossos “problemas”. Deixamos de ser vítimas. Avançando um pouco mais, do sentir para o presenciar, abrimo-nos para o possível e somos inevitavelmente conduzidos a uma pergunta: “Então, o que nós desejamos criar?” Entretanto, o “nós”aqui tem que ser um “nós” maior. [...] Quando encetamos a subida do “U”essa intenção maior se torna acessível. (Senge, et.al., 2007, p.132.)
A parte IV – Encontrando nosso futuro – mostra as conseqüências de um novo estado de conexão, onde depois de desacelerar o passo, olhar fundo dentro de si mesmo, e do mundo a ponto de ficar presente ao futuro que emerge, somos induzidos a conhecer nossa capacidade única de agir e criar. Forma de conexão que definirá essa nova visão de mundo, onde o universo, as conexões entre o “exterior” e os fenômenos manifestados com o “interior” estarão alinhadas entre as pessoas e destas com o mundo inteiro. Por fim, os autores expõem que as pessoas se relacionam de formas distintas com a Teoria do U, e valorizam capacidades diferentes para descê-lo ou subi-lo. Afirmam ainda que todo o movimento do U surge de sete capacidades principais e de atividades que elas requerem.Quando iniciei minha leitura de Presença em outubro de 2008 extrai do livro todas as informações que consegui alcançar naquele momento. Passados quatro anos, e um novo momento profissional e acadêmico me utilizei desta obra de forma mais profunda e esclarecedora, que reforçou discussões realizadas na sala de aula. Este livro levou-me, tal qual mencionado pelos autores como objetivo da obra, à curiosidade de investigar os campos vivos que nos conectam uns aos outros, à vida como um todo e, potencialmente, àquilo que “deseja emergir”. Trouxe-me também a oportunidade de entender o processo onde despertamos as sete capacidades necessárias para podermos ver, sentir e concretizar novas possibilidades. Com questionamentos sobre sustentabilidade e o pensamento
sistêmico, esta obra contribuiu muito para o entendimento de como podemos questionar nossos modelos mentais habituais e reativos, ajudando a organizar o conhecimento de forma a atuar em rede. E colaborar efetivamente na coletividade.Segundo Freire, Paulo (1996),
[...] mais que um ser no mundo, o ser humano se tornou uma Presença no mundo, com o mundo e com os outros. [...] Presença que se pensa a si mesma, que se sabe presença, que intervém, que transforma, que fala do que faz, mas também do que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe. (Freire, 1996, p.18)[2].
Literatura recomendada para quem busca o caminho da mudança como o caminho da verdade. Para quem acredita que coletivamente, conscientes e organizados conseguiremos reduzir os danos causados por um século de desenvolvimento e exploração tecnológica, baseado no capital, de conseqüências ao meio ambiente e às relações sociais. Somado a literatura esclarecedora de Paulo Freire pude sentir-me PRESENCIAR um outro estado de consciência, novo, porém não conclusivo.
Peter M. Senge é o autor renomado do livro A Quinta Disciplina. Formado em Engenharia pela Stanford University, é mestre em Modelos de Sistema Sociais e Ph.D. em Management pelo MIT. Em Stanford também estudou Filosofia. Acredita que para incorporar o “Learning Organization” é preciso entender as 5 disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, visão compartilhada, aprendizado em equipe e pensamento sistêmico. C. Otto Scharmer é professor na Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology, professor-visitante da Helsinki School of Economics, pesquisador de assuntos internacionais; em uma pesquisa com o também autor de Presença Joseph, publicou a teoria: Theory U: Leading from the Future as It Emerges. Joseph Jaworski dedicou grande parte de sua vida a explorar as dimensões mais profundas da liderança transformacional. Como presidente da Generon Consultoria e co-fundador da Liderança Global Initiative, que colabora com os líderes que entendem que sua jornada pessoal está intimamente ligada ao futuro de sua organização, e trabalha com os clientes na transformação organização em grande escala. Autor da sincronicidade e co-autor de Presença discute o trabalho inovador na liderança transformacional. Betty Sue Flowers é ex-diretora do Baines Lyndon Johnson Library and Museum e professora de Inglês na Universidade do Texas em Austin. É também poetisa, editora e consultora empresarial, com publicações que vão desde a poesia terapêutica a mitos econômicos.
[1] SoL(The Society for Organizational learning, Inc.) – Sol, a Society for Organizational Learning, é uma comunidade de aprendizagem intencional composta por organizações, indivíduos e comunidades locais. A organização atua sem fins lucrativos, e é dedicado ao desenvolvimento interdependente de pessoas e de suas instituições ao serviço da performance inspirada e resultados significativos.GLI (Global Leadership Initiative) – entidade sem fins lucrativos que elabora exemplos vivos de inovação bem sucedidade graças à aplicação da teoria do U desde as mudanças sociais até desafios globais mais preementes.
[2] FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
Referência:
SENGE, P. et. al. Presença: propósito humano e o campo do futuro. São Paulo: Cultrix, 2007.
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