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CULTURA CLÁSSICA: CONTRIBUIÇÕES LINGUÍSTICAS

CAMPUS TOM JOBIM – PROFA. DRA. ANGELA REGO

Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2011

REVISÃO – AV1

Nesta aula, vamos fazer uma revisão de todo

conhecimento adquirido nas cinco aulas anteriores. É o

momento de relembrar a formação das cultura grega e

latina, a mitologia, a filosofia, a literatura e a

constituição da língua grega, e relacionar essas

contribuições com a cultura contemporânea.

ORIGEM DA GRÉCIA E DE ROMA

A Grécia antiga abrange inúmeras civilizações que se desenvolveram nas regiões situadas na bacia do mar Egeu, nas costas da Ásia Menor e no sul da Itália.

PERÍODOS HISTÓRICOS DA GRÉCIA

Época homérica (1.100 a 800 a.C): período em que se toma conhecimento dos poemas épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero.Época arcaica (800 a 500 a.C.): período de formação da cidade-Estado grega, a pólis.Época clássica (séculos V e IV a.C.): consolida-se o Estado e dá-se o apogeu da cultura grega.Época helenística (336 a 146 a.C.): decadência da pólis grega e domínio da Macedônia e de Roma sobre a Grécia.

Os povos indo-europeus, formados principalmente por

aqueus, jônios, dórios e eólios, e que vieram do mar

Báltico, destruíram a civilização da península, formada

especialmente por agricultores, deram origem à Grécia.

Mas esses povos invasores deixaram uma importante

herança cultural, como a forma dos templos gregos.

Construção típica dos povos indo-europeus, aplicada aos templos e ao teatro grego.

Entre 2.500 e 1.600 a.C surgem duas importantes

civilizações que contribuem para a cultura grega e

ocidental: a cretense (da ilha de Creta), com uma

produção artesanal de técnicas sofisticadas, com a

formação das cidades-palácios independentes e

pelo comércio; e a micênica, com sua capacidade

de guerrear.

Friso das Mulheres Azuis, no palácio de Cnossos, em Creta: o gosto pelas artes marca a civilização cretense.

Carros puxados por cavalos: prática guerreira micênica.

Importância das obras épicas Ilíada e Odisseia:

representam a principal fonte histórica da Grécia

antiga.

A Ilíada conta a história da Guerra de Tróia; os troianos civilização pré-helênica, teriam entrado em conflito com os aqueus (gregos).

Odisseia - Pintura em cerâmica retratando uma das viagens de Ulisses (ou Odisseu), nobre grego que volta para Ítaca (Grécia).

Neste período, conhecido como arcaico, a Grécia era

formada por estados independentes e organizava-se

pela pólis, cidades divididas entre palácios e templos, as

acrópoles, que ficavam no alto dos morros e moradias

de trabalhadores, artesãos e comerciantes, que ficavam

na parte baixa. Começa uma divisão de classes

marcada pela concentração de poder e riquezas nas

mãos dos habitantes da nobreza

Olimpo, afresco, c.1850.Luigi Sabatelli Olimpo, afresco, c.1850.Luigi Sabatelli Olimpo, afresco, c.1850.Luigi Sabatelli

Surgem as leis, com Drácon, que escreveu e

transferiu para o Estado as leis que estavam na

oralidade, e Sólon, o qual determinou que nenhum

homem grego poderia ser vendido como escravo e

permitiu que todos os cidadãos, ricos ou pobres,

participassem da elaboração das leis.

Olimpo, afresco, c.1850.Luigi Sabatelli Olimpo, afresco, c.1850.

Luigi Sabatelli

Tem início o conceito de democracia, com a formação

de assembleias e o “ostracismo”, que permitia ao

cidadão que, através do voto, afastasse algum

governante a quem fossem atribuídos desmandos.

História de Roma: da Monarquia à República

Situada na planície do Lácio, às margens do rio Tibre, a

cidade de Roma originou-se da fusão de dois povos: os

latinos e os sabinos, mas também formou-se por

influência dos etruscos e dos gregos.

São três os períodos em que se divide a história de

Roma:

Monarquia (753 a 509 a.C.), com uma sociedade

dividida entre patrícios e plebeus, um senado, clãs

(castas familiares) e um poder militar (Centúria);

República (509 a 27 a.C.), marcada por conflitos

promovidos por patrícios descontentes com o rei

Tarquinio;

Império (27 a.C. a 476 d.C.).

Império (27 a.C. a 476 d.C.), período de guerras

entre o rei Otaviano e o rei Marco Antonio, que é

vencido, e uma divisão social definida pelo poder

econômico.

O rei Otaviano era protetor das artes e das letras e

fortaleceu o império romano.

o imperador quanto os feitos mais remotos do seu

povo.

A RELIGIÃO, O MITO E A LITERATURA NA

CULTURA GREGA

Tradição religiosa: transmissão oral, através de poetas

como Homero e Hesíodo, inspirados por divindidades

chamadas Musas.

Politeísmo: crença em muitos deuses. Os deuses do

“Pantheon” tinham suas funções divinas associadas

à natureza.

Relação do homem com os deuses: terror x

fascinação.

Mysterium: forma como a divindade se manifesta e

se representa por algo distinto da realidade que

experimentamos. Daí advém o mytho.

Tremendum: aspecto negativo ou repulsivo do

sagrado, o que nos causa calafrios e traz risco

para a nossa integridade. O Tremendum se divide

em Majestas, que representa o poder de

majestade do elemento divino, e a Orgê, que é a

energia da divindade gerada no indivíduo.

Fascinans:  aspecto positivo ou atrativo do sagrado,

é formado por dois elementos: o augustus, que

impacta o indivíduo com a sensação de pureza, de

santidade; e o sebastus, que se manifesta impondo

a prudência, reverência, veneração.

Deuses: relacionam-se com a Natureza e

determinam o destino dos homens e também se

definem pela antropomorfia.

Mitos: relatos fictícios, mas aceitos como força de

verdade e, para os gregos, vincula-se à religião.

Os mitos estabelecem:

1.cosmogonia: implica a noção de cosmos e de

tempo fundador;

2.escatologia: diz respeito ao esgotamento do

tempo.

Na Teogonia, Hesíodo narra o nascimento dos

deuses (Teo= deuses; gonia=geração) e que, no

princípio, deuses e natureza, eram para os gregos

indivisíveis.

Nas obras Odisseia e Ilíada, Homero atua como

narrador da epopeia grega, isto é, da fundação da

nação, confundida literariamente com a gênesis

dos deuses e dos grandes homens e mulheres,

que de certa maneira participam da grandiosidade

e engenhosidade dos deuses e dos heróis.

AS MUDANÇAS DA HUMANIDADE DO PONTO DE

VISTA DA MITOLOGIA

Divisão do tempo em épocas que demonstravam uma

degradação nas condições de vida. Segundo Hesíodo,

até enquanto viveu, houve cinco épocas ou raças: a

raça de ouro, a raça de prata, a raça de bronze, a raça

dos heróis e a raça de ferro.

Raça de bronze: terrível e forte, e matou-se a si

mesma.

Raça dos heróis: incluía também os homens e os

semideuses, e foram destruídos pela guerra na

raça de ferro.

CULTOS OU RITUAIS

As festas na Antiguidade Clássica aconteciam sempre

em homenagem a deuses, e tinham função pedagógica

(areté).

Os festivais com representações dramáticas tinham

sempre o intuito de mostrar a conduta humana e refletir

sobre ela. Havia três gêneros de espetáculos teatrais: as

tragédias, as sátiras e as comédias.

RELIGIÃO E MITOLOGIA ROMANA

Roma segue o modelo de crença dos gregos, ou

seja, acredita no politeísmo, e seus deuses

configuram-se como os deuses gregos.

A LITERATURA GREGA ANTIGA: HOMERO E

OS GÊNIOS LITERÁRIOS DA ANTIGUIDADE

Os gregos são os criadores dos modelos literários

que ainda se desenvolvem no Ocidente: a poesia

épica, a lírica e a tragédia.

Homero é o grande autor épico grego e, antes dele,

as obras eram produzidas anonimamente. A Ilíada

e a Odisseia serviram de modelo para a Eneida, de

Virgílio, Os Lusíadas, de Camões, e Ulisses, de

James Joyce.

A Ilíada conta a história de Odisseu, herói grego mais

conhecido entre nós pelo nome romano, Ulisses.

A Odisseia é basicamente uma história de viagens

fantásticas. Nela, Homero relata as aventuras de

Odisseu após a Guerra de Troia.

A poesia lírica nasceu da fusão do poema épico com o

instrumento que a acompanhava, a lira. Os poemas,

líricos e principalmente épicos eram divulgados pelos

rapsodos, declamadores que iam de cidade a cidade

mostrando sua arte.

A Eneida, de Virgílio, é considerada,

simultaneamente, uma obra de mitológico, porque

narra as aventuras do herói romântico Eneias, e

histórico, porque exalta Roma e seu imperador

Augusto.

A tragédia grega é a mais antiga obra literária

representada por atores em espaço

especializado, o teatro, e inspirou as obras de

Shakespeare (1564/1616), de Racine

(1639/1699) e de outros autores.

OS MESTRES DA FILOSOFIA GREGA ANTIGA:

PLATÃO E ARISTÓTELES

Filosofia: saber que influencia a maneira de pensar

e agir na sociedade; representa a causa das

profundas mudanças sociais e, ao mesmo tempo, é

a consequência de processos sociais e culturais. A

formação de uma filosofia grega promove a saída da

sociedade da fase arcaica.

Antes da filosofia, a base do pensamento racional

fundamentava-se no “milagre grego”, uma

manifestação da genialidade, sendo expressão do

espírito, e as mudanças não teriam relação com as

condições sociais, econômicas e políticas.

Evolução do pensamento filosófico histórico

Os filósofos pré-socráticos (600/400 a.C.)

refletiram sobre a estrutura do mundo natural, ou

cosmologia (cosmos = mundo racionalizado), como

um conjunto de leis que regem a realidade;

surgimento do pensamento científico.

Principais pensadores

1º. Período - Pitágoras: matemática e música,

misticismo e cosmologia, e ética.

2º. Período – Sócrates: descoberta

antropológica; da Natureza Cósmica para a

Humana. Princípio de Delphos (“Conhece-te a ti

mesmo!”): conhecimento e ação ética (a

maiêutica) (“Sei que nada sei”).

Sócrates acreditava que a virtude e os mais altos

valores éticos estavam no inconsciente das

pessoas e a filosofia extrairia as as ideias do ser

humano (maiêutica socrática); que a injustiça e a

maldade eram apenas o resultado da ignorância;

que o conhecimento conduz à sabedoria; que o mal

nada mais era que a falta de conhecimento do bem.

Platão e Aristóteles: a Filosofia se organiza em

torno de instituições escolásticas.

Platão: toda a realidade é mutável; o mundo dos

sentidos está sujeito à corrosão do tempo

(metamorfose), mas dessa mudança ele extrai ‘a

essência’ das coisas, a universalidade (mundo das

ideias, uma forma matrix). A realidade é composta

por dois níveis: o mundo dos sentidos e o

mundo das ideais (dualismo cognitivo).

Aristóteles estuda o homem a partir do raciocínio e

modo de pensar (lógica formal e lógica material); da

palavra (retórica); dos princípios racionais da virtude

humana (ética); e do comportamento do homem em

comunidade (política).

Epicuro afirma que o objetivo único da existência é o

prazer, obedecendo as leis naturais. Para tanto, o

homem deve fugir de todas as formas de sofrimento

(pathos).

A HERANÇA LEXICAL DOS GREGOS

A língua portuguesa, bem como diversas outras, tem

origem nos dialetos indo-europeus. Para identificarmos

essa origem, basta fazermos uma análise do

vocabulário.

Um conjunto de tribos indo-europeias tinham práticas

comuns relacionadas à vida campesina, o que

promoveu expressões dialetais semelhantes.

A primeira hipótese para a origem do grego se

encontraria nas tribos indo-europeias, que desceram

pela Península Balcânica e subjugaram os nativos da

península grega.

A segunda hipótese é de que sucessivas de tribos que

vinham do Norte, a partir aproximadamente de 2000

a.C., na seguinte sequência: mínios, aqueus, jônios,

eólios e dórios.

Uma teoria mais recente considera que houve uma

diferenciação dialetal ocorrida já em território grego.

O mais importante dialeto é o ático, falado em

Atenas, e que é considerado o grego clássico. Esse

dialeto formou um pensamento político e se tornou

língua literária, filosófica e histórica.

Existiam também dialetos literários, associados a um

determinado gênero, independentemente do dialeto

falado por seu autor. Assim, por exemplo, a poesia

lírica de autores como Alceu e Safo era composta em

dialeto eólico. A poesia épica de Homero e Hesíodo era

composta em dialeto jônico.

E na origem da língua grega está Homero, com uma

língua poética particular.

Movimentos migratórios dessas tribos indo-

europeias, ocorridos durante milênios, chegando à

Península Itálica, deram origem aos romanos e à

Língua Latina, que, por sua vez, em um novo

processo de migração e conquista por toda a

Europa, deu origem às atuais línguas românicas,

entre as quais o Português.

No período de Alexandre Magno (período helenístico

330 a.C.-330 d.C) surge o chamado grego ‘Koiné’, uma

espécie de língua internacional, comum a todos, de

onde vem o koiné bíblico, ou seja, as escrituras foram

registradas em grego koiné e, após, transpostas para o

latim.

Com o enfraquecimento do Império Romano, o koiné

se torna bizantino.

A partir do séc. XVI, após a tomada de Constantinopla

(ex-Bizâncio) pelos turcos em 1453, surge o Grego

moderno, que é o falado até os dias de hoje na Grécia.

No século VIII, os gregos criaram seu alfabeto, tendo

como base o alfabeto egípcio, e o usam até hoje. Esse

alfabeto deu origem a diversas palavras que usamos,

especialmente compostas por afixos (pathos, logia,

pólis, etno, hipo etc.)

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