revista da ampla 09
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| número 9 | 2006
REVISTA-PORTFÓLIO DA AMPLA2006 | NÚMERO 9
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Capa: Ilustração retirada de um anúncio da Ampla que comunicava a mudança de sede, há 30 anos. (Ilustrador: Antônio Wanderley)
REVISTA-PORTFÓLIO DA AMPLA EDITADA PELA EQUIPE DE CRIAÇÃOEDIÇÃO 9 – ANO 2006
PROJETO GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTE: MOOZ (www.mooz.com.br)REDAÇÃO: AGUINALDO VIRIATO, ANDRÉ MUHLE, JULIANA LISBOA, KLEBER DE BRITO, MANUEL CAVALCANTI E MÁRCIA LIRAPRODUÇÃO GRÁFICA: WASHINGTON FREIREREVISÃO: CONSULTEXTO (www.consultexto.com.br)
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: ADRIANA FALCÃO, ALEXANDRE SOARES SILVA, ALVARO NADDEO, ANTONIO TABET, BRAGA JÚNIOR, CARLOS MERIGO, DAVID EDMUNDSON, DENY ZATARIANO, DIOGO MONTEIRO, EDUARDO FALCÃO, FRANCISCO JOSÉ, GEYSON MAGNO, LAURA ESTEVES, RENATA PINHEIRO, RENATA VICTOR, ROBERTO MONTEZUMA, RTI9, SEVERINO QUEIROZ
AGRADECIMENTOS: ALEXANDRE BANDEIRA, LAÍS PRADO, RICARDO RIQUE, ROBSON XAVIER
PRESIDENTE: SEVERINO QUEIROZ
DIRETORIA EXECUTIVA: QUEIROZ FILHO, VICE-PRESIDENTE; ANA CRISTINA QUEIROZ, DIRETORA ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA; AGUINALDO VIRIATO, DIRETOR DE OPERAÇÕES; NILSON SAMICO, DIRETOR DE MÍDIA; MANUEL CAVALCANTI, DIRETOR DE CRIAÇÃO
VERSÃO ON LINE: CARTELLO (www.cartello.com.br)
FOTOLITO E IMPRESSÃO: GRÁFICA SANTA MARTA (www.graficasantamarta.com.br)
A REVISTA DA AMPLA TAMBÉM PODE SER LIDA NO SITE WWW.REVISTADAAMPLA.COM.BRO E-MAIL DA REVISTA É REVISTA@AMPLA.COM.BR
O TELEFAX DA AGÊNCIA É (81) 3227.8700O ENDEREÇO É RUA JOSÉ BONIFÁCIO, 100 - TORRE - RECIFE - PECEP: 50710-000E-MAIL: master@ampla.com.br
EXPEDIENTEEDITORIALEsta é uma edição comemorativa. Comemoramos com ela os 30 anos da
Ampla, completados no começo de 2006. A reinauguração da sede da
Agência, novinha em folha depois de longos 18 meses. E o novo projeto
gráfico da Revista pra fazer jus a tudo isso. Não é fácil pra uma empre-
sa atravessar esse tempo com toda a sua capacidade administrativa a
pleno vapor. E muito menos pra uma agência de propaganda manter o
seu vigor criativo ano após ano, como tem feito a Ampla. A resposta pra
essa longevidade talvez esteja na sua vocação pra se renovar. E voca-
ção vem de berço. Surge com Severino Queiroz, em 1976, largando uma
excelente posição numa empresa já consolidada como a Abaeté Propa-
ganda para arriscar num novo empreendimento. Atravessa as gerações
até chegar aos filhos, que, em mais um ato de renovação, passam a to-
mar as rédeas do negócio. Hoje, a Ampla é uma das maiores agências
do Norte—Nordeste. Uma das mais premiadas dos últimos anos. E ainda
assim continua achando que pode melhorar. Essas mudanças recentes
são fruto desse espírito. E, nesta edição, ele está traduzido na entre-
vista com quem começou toda essa história; no bate-bola com aqueles
que aos poucos estão substituindo os formadores de opinião dos meios
tradicionais, os blogueiros; com os brasileiros que hoje experimentam
os novos ares da globalização, atuando em agências espalhadas pelos
cinco continentes; no portfólio, revelando o que foi feito de mais atual
na Ampla e o que foi criativo nos anos anteriores; além de outros textos,
reportagens e fotos que falam, a seu modo, do quanto estamos pron-
tos pra mudar de novo. Pelo visto, ao acabar de ler esta revista, você
terá não mais uma edição comemorativa, mas, sim, um exemplar de
colecionador. Pois outra, totalmente diferente, já está começando a ser
pensada. E assim vamos nos reinventando a cada dia. Até lá.
| número 9 | 2006
PERFIL Severino Queiroz
SHORT LIST Curtas sobre o ano 30 da Ampla
MAKING OF Por dentro da reforma da Ampla
DE PORTAS ABERTAS Ampla recebe visitas ilustres
AUTORES Diogo Monteiro
Ampla lança livro em HOMENAGEM a Paulo Falcão
PORTFÓLIO 30 ANOS Retrospectiva em forma de anúncios
BRAINSTORM Conheça três dos maiores blogueiros do Brasil
PORTFÓLIO AMPLA Um registro de 2006
SAC Eduardo Falcão responde
O casamento da AMPLAPROMO + PONTO BRAND
PORTFÓLIO AMPLA PONTO Muito trabalho em 2006
RESPONSABILIDADE SOCIAL A Celpe tem
DESAFIO A imagem da renovação
ESPECIAL Publicitários brasileiros contam suas experiências mundo afora
GALERIA A arte da pernambucana Renata Pinheiro
NESTE NÚMERO
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SEVERINOQUEIROZ PERFIL
Mesmo depois de afastado do dia-a-dia da Ampla, Seu Queiroz costuma
circular pelo departamento de Criação para dar uma olhada em alguns
anúncios. Invariavelmente, reclama do tamanho da letra do texto. “O
leitor não lê com lupa!”, dizia com bom humor. Certamente, ele vai fa-
lar mal do tamanho destas letrinhas aqui e, desde já, nossas desculpas.
Foi com essa atenção aos detalhes que Seu Queiroz conseguiu fazer his-
tória na propaganda pernambucana. Primeiro na extinta e antológica
Abaeté Propaganda. Lá, Seu Queiroz fez de tudo um pouco: pintava pa-
redes, mudava o mobiliário, organizava os departamentos, prospecta-
va clientes, atendia a grandes contas e mandava no chefe. Isso mesmo.
Seu Queiroz um dia foi promovido a gerente, mas só aceitou a promo-
ção depois que o dono da Abaeté, Mário Leão Ramos, topou sua pro-
posta: “Eu só aceito a gerência se for pra mandar no senhor”. Mário era
um jornalista com bagagem intelectual, mas, segundo Seu Queiroz, sem
muito jeito pra administrar bem o dinheiro. Naquele momento, a agên-
cia passou a ser comandada por um rapaz de pouco mais de 30 anos
que cometeu o desatino de dizer ao chefe que, de Salvador até Manaus,
quem mandava era ele. “E o senhor tem que me consultar!”. Deu cer-
to. Nos anos 70, a Abaeté chegou a ser a maior agência do Norte—Nor-
deste, com atuação nacional e filial no Rio de Janeiro. A Ampla surgiu
dessa experiência bem-sucedida, quando aquele rapaz já estava com
54 anos, três filhos e dois netos. Pensando neles, Seu Queiroz decidiu
ter sua própria agência. “Meu sonho era que meus filhos continuassem
meu trabalho.” Dos planos para os herdeiros, conseguiu erguer a maior
agência de Pernambuco, hoje comandada por dois deles: Queirozinho e
Cristina. Uma realização e tanto para quem foi empregado doméstico,
servente, balconista e cuja maior ambição até os 15 anos era trabalhar
nas lojas Primavera e poder usar paletó e gravata. Tanto quis que um
dia estava ele lá engravatado como vendedor da seção de artigos mas-
culinos. A perseverança, Seu Queiroz deve ter herdado da mãe, que um
dia descobriu que o dono de uma tecelagem no Recife tinha o mesmo
sobrenome que o seu. Não teve dúvida. Bateu na porta do senhor João
Pessoa de Queiroz, dizendo que era sua prima. Ganhou emprego pra ela
e pras duas filhas, além de uma casa pra morar. Seu marido morreu
quando o filho tinha 8 anos. Cedo, Seu Queiroz teve de ir pro batente.
Resultado: foi pouco à escola. Costuma dizer que estudou com a vida.
“Como eu não sabia nada, sempre colocava alguém que soubesse mais
do que eu, que era pra poder aprender aquilo que eu não tinha aprendi-
do antes.” Nesta entrevista, ele conta um pouco das lições que tomou e
que costuma passar para sua família e seus funcionários. Também gos-
ta de fazer homenagens, como a que fez em 28 de novembro de 1992,
batizando a sede própria da Ampla com o nome da sua mãe, Ana Quei-
roz. Como a que faz todos os anos pra sua mulher, Dona Janete, que é
presenteada com rosas vermelhas em número equivalente ao tempo de
casamento dos dois. Em 2006, por exemplo, foram 56 rosas. E como a
que faz agora, a Mário Leão, ao conceder esta entrevista. Boa parte do
que você vai ler a seguir é em memória de quem, um dia, foi patrão, só-
cio e, acima de tudo, seu amigo. “Tenho por ele a maior gratidão”, con-
clui Seu Queiroz, que, provavelmente, pediria uma lupa nesta frase pra
deixar cada palavra condizente com o tamanho da sua homenagem.
“ADMINISTRAÇÃO É COMO FAZER UM
QUADRO, FAZER UMA POESIA. SÃO COISAS QUE VOCÊ
NÃO APRENDE. VOCÊ NASCE COM AQUILO
E SE APERFEIÇOA CADA VEZ MAIS.”
O QUE O SENHOR FAZIA ANTES DE SER PUBLICITÁRIO?
Eu trabalhava numa grande firma de representações, que tinha uma representação de tintas. E eu
vendia tintas automotivas e tintas pra gráfica. Então, eu fui visitar uma gráfica. E eu comecei a ven-
der tinta pra gráfica do dono da Abaeté Propaganda, Mário Leão Ramos. Me dei tão bem que terminei
trabalhando exclusivamente pra essa gráfica. Tudo o que eu tenho na vida, eu devo a ele. Eu digo isso
a todo mundo — ele me proibia de dizer isso.
FOI SEU PRIMEIRO EMPREGO?
Não. Tive uma infância muito difícil, perdi meu pai aos 8 anos e tive que trabalhar cedo para ajudar
minha mãe e mais três irmãos. Fui empregado doméstico, trabalhei numa venda, e minha mãe e
meus irmãos trabalhavam numa fábrica de tecido. Aos 15 anos, fui trabalhar como servente em uma
loja no Pátio do Livramento, chamada Armazém Vitória. Foi esse o meu primeiro emprego com car-
teira assinada.
E NA PUBLICIDADE, COMO COMEÇOU?
A firma queria transferir a gráfica para o Rio pra fazer aquelas carteirinhas personalizadas. E ele
(Mário Leão) foi acompanhar a gráfica, porque era o sonho dele abrir uma filial da Abaeté no Rio de
Janeiro. Ele então viajou e me deixou responsável por tudo e disse: “Quando eu voltar, a gente con-
versa. Eu tenho outro negócio para você”. Aí, quando ele chegou, disse: “Você agora vai trabalhar com
publicidade”. Eu perguntei: “O que é publicidade?”. Foi aí que ele me levou pra a Abaeté Propaganda,
em 1956.
MAS O SONHO DA AGÊNCIA PRÓPRIA DEMOROU A SE REALIZAR?
Eu comecei a mudar a agência (a Abaeté) totalmente. Comecei a criar mídia, redação, diretor de arte
— que era, na época, o desenhista. A Abaeté já era a maior agência do Nordeste. Quando eu realizei
tudo isso, com 54 anos, eu vi que não tinha feito nada pra mim. Eu comecei a pensar o seguinte: eu te-
nho dois netos, duas filhas casadas, um menino de 16 anos e vivo muito bem. Mas, um dia, seu Mário
morre, eu morro, minha família vai viver de quê? Foi aí que comecei a pensar num negócio só para
mim. Comuniquei a Mário minha intenção, pois a Abaeté já tinha realizado o que eu tinha imaginado
e precisava criar uma empresa a que a família desse continuidade. Foi quando fui conversar com al-
guns clientes e comunicar minha decisão. Falei com Elmo e Aluízio, diretores da Pitú, e eles me acon-
selharam a abrir uma agência. O mesmo aconteceu com Sr. Juvenal da Transportadora Icopervil e o
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Sr. João Amorim, fabricante do Açúcar Estrela. Parece que os três tinham conversado
entre si. E foi com esses três clientes que comecei a Ampla em 20 de janeiro de 1976.
E OS FILHOS, JÁ ESTAVAM PREVISTOS COMO HERDEIROS DA AGÊNCIA?
Eu nunca interferi em vida de filho nenhum. Mas disse a Queirozinho, quando ele fazia
engenharia, “Já que você está estudando em casa, vai lá pra Ampla que tem mais con-
dição e mais espaço pra você estudar”. Ele ia pra Ampla estudar e começou a se inte-
ressar por algumas coisas. No caso da minha filha Ana Cristina, era muito difícil porque
ela era formada em Psicologia e, sendo professora da Universidade Católica, não se in-
teressava por propaganda. Fiz vários convites, e ela não se interessava. Um dia, tive a
idéia de criar um departamento na Ampla que se encaixava com ela: o departamento
de Recursos Humanos. Foi quando ela aceitou trabalhar um expediente na Agência e
outro na universidade. Acontece que ela foi cada vez mais se entregando ao trabalho.
MAS, APESAR DE TER SIDO AO ACASO, A AMPLA HOJE É UMA EMPRESA FAMI-
LIAR.
Sim, hoje tenho três filhos e dois netos trabalhando na Ampla. Mas, apesar de ser uma
empresa familiar, ela é administrada como se não fosse. Temos quatro diretores e um
grupo gestor formado por oito pessoas, que são responsáveis por cada departamento
da Agência. É assim que funciona.
PERCEBEMOS O SOBRENOME QUEIROZ NÃO SÓ NO ORGANOGRAMA DA EMPRESA,
MAS ATÉ MESMO NA FACHADA DO PRÉDIO DA AMPLA.
Eu tinha outro sonho que era construir uma sede própria. Queria construir um prédio
exclusivamente para uma agência e que fosse uma homenagem à minha mãe. Por isso,
o prédio chama-se Edifício Ana Queiroz. Isso aconteceu em 28 de novembro de 1992.
Também construí uma praça em frente à minha casa de Itamaracá e coloquei o nome
de Praça Ana Queiroz. É uma homenagem a quem me deu a vida e o poder de sonhar.
COMPARANDO A PROPAGANDA DE HOJE COM A DE 50 ANOS ATRÁS, QUAIS AS DI-
FERENÇAS QUE O SENHOR VÊ?
A propaganda era só pra varejo. A mídia era só rádio, outdoor, panfletos e jornal. Fa-
zíamos trabalho de gráfica, essas coisas. Naquela época, todas as pessoas que tinham
uma agência de propaganda eram locutoras de rádio, porque o cara tinha o microfone
na mão, e ele mesmo fazia a propaganda. Os programas eram feitos pelas agências,
você não comprava o programa pronto, não. Você escrevia o programa e apresentava.
Tudo era a gente que fazia. O horário era seu, não era da televisão.
FICOU PIOR, MELHOR OU NADA MUDOU?
Tudo está mais fácil. Hoje, com a computação, você faz o que quer. Você muda imagem,
muda local, muda o texto num segundo. Você quer melhor mudança do que isso?
MANTER UM CLIENTE NUMA AGÊNCIA É UMA LUTA DIÁRIA. A PITÚ, POR EXEM-
PLO, ESTÁ NESSE RINGUE DESDE O INÍCIO DA AMPLA. NO CASO DESSE EXEMPLO,
COMO FOI CONSOLIDADA ESSA PARCERIA?
A Pitú fazia um festival de aguardente só nos clubes populares, na periferia. Achava-
se que só quem bebia aguardente eram as classes mais baixas. Eu achava diferente,
achava que a Pitú tinha que se tornar a aguardente social. Comecei a trazer os festivais
para os clubes Português e Internacional. Comecei a escolher o melhor barman em
concurso. Trouxe gente de fora, de outros estados. A Pitú passou a freqüentar também
os bares e as residências da alta sociedade. Hoje tomar caipirinha é tão chique quanto
tomar uísque.
NUMA AGÊNCIA, QUAL O DEPARTAMENTO QUE O SENHOR ACHA MAIS IMPORTANTE?
Eu acho mais importante a Criação. Criação é o coração da agência. A mídia é impor-
tante na questão da pesquisa pra ter a certeza de resultados. O mídia que não pesqui-
sa, que não conhece o futuro resultado daquilo que está acontecendo hoje, não é um
mídia.
“EU PARTO DO PRINCÍPIO DE QUE HÁ UMA BOA RESPOSTA PRA TUDO. E É NA RESPOSTA QUE A GENTE GANHA A PARADA.”
01. Com o ex-ministro do Trabalho Dr. Murilo Macedo, recebendo carta transformando a Associação em Sindicato das Agências de Propaganda 02. Recebendo a placa do Sindicato Severino Queiroz, na cidade imaginária Augusto Boudoux 03. Momento de descontração no Natal da Ampla 04. Festival da Pitú no Clube Internacional 05. Assinatura do contrato da Pitú com a Rádio Clube 06. Em frente ao novo prédio da Ampla 07. Com Cecília Freitas e Luís Geraldo, recebendo o título de Presidente de Honra do Sindicato 08. Discursando ao receber o título de Cidadão do Recife 09. No aniversário de 80 anos, com Janete, Queirozinho e Cristina
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“ENSINOU O QUE APRENDEU COM A VIDA”MAS E UMA CRIAÇÃO QUE TEM MUITO FOCO EM PRÊMIOS TAMBÉM GARANTE RE-
SULTADOS?
Eu critico muito essa história de prêmios, porque não analiso a publicidade pela bele-
za. Prêmio pra mim é pra saber os resultados.
QUEIROZ E QUEIROZINHO: NO QUE VOCÊS SÃO MAIS PARECIDOS E NO QUE SÃO
DIFERENTES?
Ele reclama menos do que eu. Eu sou meio agressivo. Ele se mostra aborrecido. Outra
coisa que ele tem é um respeito imenso pelas pessoas. Porque Queirozinho é um garo-
to, mas ele é um líder da publicidade hoje.
QUANDO O SENHOR PERCEBEU QUE TINHA UM LÍDER COMO ELE PARA CONTINU-
AR O SEU TRABALHO?
Eu nunca dei meu lugar a ninguém. As pessoas é que têm que tomar o lugar da outra,
não por sacanagem, por direito, mérito. Quando eu vi, Queirozinho estava sentado no
meu birô. Ele começou a se mostrar interessado, a querer discutir. Eu chamava ele pra
participar das reuniões, como líder sobretudo, e ele começou a opinar. Daí eu comecei
a sentir que ele ia me substituir e fui dando as condições para que ele se aproximasse
mais de mim.
DIZEM QUE O TEMPO ÚTIL DE UM PROFISSIONAL DE PROPAGANDA É DE 40 ANOS,
COMO MODELOS E ATLETAS. O SENHOR CONCORDA COM ISSO?
Não tem tempo, não. Propaganda é enquanto você tiver imaginação. Italo Bianchi é da
minha idade e não é só um publicitário, é uma agência de propaganda, não é verdade?
Italo Bianchi escreve, desenha muito bem, fala muito bem, defende muito bem. Então
ele sozinho é uma agência.
A AMPLA CRESCEU MAIS DO QUE O SENHOR IMAGINAVA OU AINDA ESTÁ ESPE-
RANDO CHEGAR NO LUGAR QUE SONHOU PRA ELA?
Não é vaidade, mas a Ampla hoje é uma agência-modelo, é respeitada. O cliente se
agrada do que a Agência faz. Eu acho que é uma agência em que as pessoas e os clien-
tes sentem orgulho e prazer de trabalhar lá. Não trabalham só pra ganhar dinheiro.
O SENHOR SEMPRE FOI UM EXCELENTE CONTADOR DE HISTÓRIAS. TEM ALGUMA
QUE O SENHOR GOSTE DE CONTAR QUE TENHA ACONTECIDO NA PROFISSÃO?
A gente tinha um cliente que me chamou pra fazer uma campanha pra vender um ter-
reno numa praia da Paraíba. Eu me lembro que levei o filme pra apresentar. Era base-
ado num filme de guerra que fazia sucesso na época. Quando cheguei lá, encontrei a
mulher dele e dois filhos pequenos, um menino e uma menina. Eu vi logo que estava
tudo errado. Então terminou a apresentação e eu disse: “Então, o que o senhor acha?”.
Aí ele em vez de responder perguntou à mulher e aos filhos: “E aí, o que foi que vocês
acharam?”. O menino respondeu: “Ah, papai, se fosse o Bat Masterson (seriado dos
anos 50) era ótimo!”. A mulher disse: “Ah, se fosse uma peça de teatro...”. E a menina:
“Ah, se fosse Cheyenne (outro seriado de sucesso da mesma época)...”. Eu pedi per-
missão pra defender o filme e disse: “A senhora vai me desculpar, mas, se eu soubesse
que era a senhora e seus dois filhos que iam julgar, eu não tinha trazido isso, não. Te-
ria trazido realmente o Bat Masterson e o Cheyenne. Agora, pra o meu cliente vender
o que ele quer vender, eu trouxe o filme adequado pra isso. Para a senhora, eu posso
trazer uma peça de teatro a qualquer hora”. Sabe qual foi a resposta do cliente? Pediu
desculpas. Ele disse: “Queiroz, você tem razão, o filme tá arretado!”. Fiz ele vender a
praia toda. Teve de suspender a campanha antes do tempo.
A AMPLA TEM 30 ANOS, E O SEU CASAMENTO TEM 56. SÃO RELAÇÕES DIFEREN-
TES, MAS IGUALMENTE DURADOURAS. O SEGREDO É O MESMO? QUAL É?
O segredo é o mesmo. É confiança e respeito.
QUAL O SEU SENTIMENTO AO VER SUA FAMÍLIA CUIDANDO DO QUE O SENHOR
CONSTRUIU?
É um orgulho que eu tenho e que eu plantei. Meu sonho sempre foi esse. O empresário
tem duas felicidades: uma quando o filho trabalha com ele. Outra, quando ele trabalha
com o filho. Eu me sinto totalmente realizado. Isso é uma realização que poucas pes-
soas têm.
TERIA FEITO OUTRA COISA QUE NÃO PUBLICIDADE SE TIVESSE DE OPTAR POR
OUTRA ATIVIDADE?
Se não fosse uma agência, seria um escritório de representações, porque eu sou tara-
do por venda.
Mais de 80 de idade, 56 anos de casado e uma vida inteira dedicada à publicidade. Queiroz casou
com Dona Janete, o grande amor da sua vida, mas sempre a traiu com a fidelidade dedicada à
Abaeté, à Ampla, ao mercado da propaganda. Pode apostar que ele dormia pensando na cam-
panha que ia aprovar no dia seguinte. Não é uma traição para com a mulher amada? Ir dormir
sonhando com a forma de vender os produtos do cliente? Mas, até nessa relação, Queiroz se tor-
nou um gênio. Qualquer outro teria perdido a mulher. Mas ele soube amar Janete, sem perder as
idéias dos grandes lançamentos.
Ele diz que estudou com a vida. Mas a verdade é que ensinou o que aprendeu com a vida, tudo
o que não se aprende na universidade. Eu conheço bem esse mestre. Fui seu aluno por quase 5
anos. Talvez o ponto que considero mais importante do meu currículo: ser discípulo de Queiroz.
Em cada frase, um ensinamento. Em cada reunião, uma aula. Em cada esporro, uma lição de vida.
No final de cada campanha, a conclusão de um período de faculdade. Tenho orgulho de dizer que
me formei em publicidade com o professor Severino Queiroz. Com ele, alcancei a base para seguir
a profissão de jornalista.
Queiroz é um homem de marketing, que se revolta quando alguém não vende direito um produ-
to. Seguíamos para o lançamento de uma campanha da antiga Icopervil, em Maceió. Na estrada,
Juvenal — o cliente — parou o carrão para abastecer, ao lado da bomba de gasolina. O frentista
cometeu a insensatez de perguntar: “Deseja alguma coisa, patrão?”. Queiroz saiu do carro irado;
com aquele seu jeitão, deu uma aula de vendas ao funcionário do posto:
— Quero dois quilos de farinha, três de feijão e uma grade de cerveja pra quebrar na sua cabeça!
Como é que um carro desse tamanho, um posto de combustível móvel, pára ao lado da bomba
e você vem perguntar o que ele quer? Encha o tanque de gasolina. Não é isso que você vende
aqui? E, enquanto abastece, vá buscar um cafezinho pra seu Juvenal. Convide-o para conhecer
a lanchonete. Limpe o vidro. Trate bem o cliente. Seu patrão não ensinou como tem que atender
o cliente?
O frentista pode não ter gostado da forma como ele falou, porque não conhecia o seu jeito de fa-
lar. Mas deve ter aproveitado a lição. De uma simples explosão num posto de gasolina, nas suges-
tões para aprovar as grande campanhas, nas observações que fazia nos setores de Mídia, Criação
e Arte, Queiroz sempre ensinou, com a sua experência, o que aprendeu com a vida. Privilegiados
são aqueles que aprenderam com ele.
Na sala onde eu trabalhava, na Abaeté Propaganda, havia uma mesa vaga. Uma cadeira espe-
rando alguém, que viria somar ao quadro de Criação da agência. Queiroz entrou com uma pasta,
jogou sobre a minha mesa e disse:
— Seu Chico José, leia este currículo e depois vá à minha sala dizer o que você achou.
Era o resumo da vida profissional do psicólogo Luiz Schettini, publicitário, com mestrado, dou-
torado, cinco idiomas e, entre outros títulos, professor de grego e pastor. Fui à sala de Queiroz e
demonstrei toda a minha admiração pela bagagem cultural do meu futuro companheiro de sala:
— Queiroz, esse homem é um gênio! O que você está esperando para contratá-lo?
— Só vou contratar depois de definir um pequeno detalhe com você. O homem é pastor! Não gosta
de palavrão nem de brincadeiras. E vai sentar ao seu lado. Veja lá o que vai aprontar, porque eu
não posso perder um profissional desse nível.
Vejam só a preocupação dele! Pensar no bem-estar do novo contratado. Na sua adaptação ao
meio descontraído como trabalhávamos. Quando idealiza uma campanha, Queiroz analisa os mí-
nimos detalhes. Os prós e os contras. O que pode dar certo ou errado. Pensar no presente sem
esquecer o passado, olhando para o futuro. No caso de Schettini, não houve problemas, porque
ele se adaptou logo aos palavrões e às brincadeiras. Desabafo, descontração também fazem parte
da rotina de uma agência.
Por tudo o que Seu Queiroz representa na minha vida, só me resta reconhecer o homem, o pro-
fissional, o professor. Um mentor na vida de um jovem de 25 anos, meio sem rumo, precisando
de emprego e, acima de tudo, de aprendizagem, ensinamentos profissionais, lições de vida. Não
é nenhuma surpresa que a Ampla esteja tão bem sob a tutela de seus filhos. Eles apenas seguem
os ensinamentos do pai. E a publicidade está no sangue da família Queiroz.
Francisco José é jornalista e repórter da TV Globo
“QUEM TEM AMIGOS FAZ 50%. OS OUTROS
50%, OS AMIGOS FAZEM.”
Com os netos em festa da família
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SHORT LISTAGÊNCIA DO ANO EM 2006. DUAS VEZES.Pela quinta vez, a Ampla ganhou o títu-
lo de Agência do Ano no Prêmio Colunis-
tas Norte e Nordeste, criado para desta-
car os melhores trabalhos publicitários
em todas as mídias. Ao todo, foram treze
medalhas, entre ouro, prata e bronze. E o
Grand Prix de Mídia Impressa. Além dis-
so, a Ampla Ponto foi escolhida a Agência
do Ano no Prêmio Colunistas Promoção.
O destaque ficou para o case Marulhos,
da Queiroz Galvão, que também ganhou
medalha de ouro no Colunistas Nacional.
ANDRÉ NO YOUNGBastou o prêmio Young Creatives chegar
ao Norte—Nordeste para a Ampla marcar
presença. Associado ao cobiçado Festival
Publicitário de Cannes, o Young Creatives
premia jovens talentos de todo o mundo,
inclusive do Brasil. Mas, até 2005, a sele-
ção ocorria apenas no Sul do País. A ini-
ciativa, promovida pelas Faculdades In-
tegradas Barros Melo (Aeso), em 2006,
destacou o redator da Ampla André
Muhle entre os cinco finalistas. Dos cinco,
apenas um foi escolhido para integrar a
comitiva brasileira, que viajou para par-
ticipar do famoso evento francês. André
ficou com a segunda maior nota.
PORTFÓLIO QUE VIROU LIVROA publicidade utiliza padrões da arte mo-
derna do século XX, segundo a pesquisa
de mestrado do publicitário e professor
pernambucano Daniel da Hora. Para che-
gar a essa conclusão, Daniel utilizou a
Ampla como objeto de estudo, mais es-
pecificamente o portfólio publicado na
Revista da Ampla até 2004. “Verifiquei
que um anúncio da Ampla, por exem-
plo, tem uma semelhança com a pintura
do francês Matisse”, conta Daniel. O tra-
balho intitulado Imagem e Publicidade
— Artes Plásticas, Semiótica e Tecnologia
será transformado em livro.
DE CAPACETE EM BUENOS AIRESA Ampla do Espírito Santo ficou em se-
gundo lugar no Prêmio Tribuna de Cria-
tividade na categoria TV – Institucio-
nal/Mercado, com a campanha Capacete
para o cliente Sefaz. A dupla de criação
responsável pelo trabalho, Silvia Zanot-
ti Gobbo e Carla Carvalho, ganhou, da
Rede Tribuna de Comunicação, duas pas-
sagens para Buenos Aires. Só para vocês
terem uma idéia do nível de critério da
votação, o júri foi composto, entre outros
profissionais renomados, de Washington
Olivetto, Hiran Castello Branco e Guilher-
me Sztutman.
NAPASTATudo começou como um blog para di-
vulgar os trabalhos criativos de amigos
publicitários. Aos poucos, o assunto cor-
reu os computadores de redatores e di-
retores de Arte do Brasil e até do exte-
rior. Hoje, o site napasta, idealizado por
Lenilson Lima, diretor de Arte da Ampla,
recebe anúncios de muitos profissionais
e é acessado por cerca de 400 internau-
tas por dia, entre eles diretores de Cria-
ção que usam o site como banco de talen-
tos para suas agências. Quer conferir? É
só fazer o mesmo que muitos criativos e
acessar napasta.zip.net.
50 ANOS DE PROFISSÃO O tempo mostra quem nasceu para fa-
zer grandes negócios. E isso é uma má-
xima verdadeira quando se trata de Se-
verino Queiroz, fundador da Ampla. Ele
completou 50 anos, muito bem vividos,
de profissão, no dia 1o de julho de 2006.
Seu Queiroz, como é conhecido, ganhou
anúncios veiculados nos três jornais do
Estado, homenageando sua trajetória de
sucesso na qual ele sempre colocou o tra-
balho em primeiro lugar.
2006
janeiroAmpla inicia o seu ano 30.
Ampla Ponto desenvolve ação promocional
para o Yázigi no Game Station.
fevereiroAmpla faz a Vitarella marcar presença em
patrocínios para o Carnaval.
Ampla Ponto cria e coordena evento da GE no
Rio de Janeiro.
marçoAmpla coloca no ar a terceira edição de Um
Mundo de Liquidação, do Shopping Recife.
Ampla Ponto coordena uma sessão de cinema
oferecida aos clientes do Rapidão Cometa
simultaneamente em seis estados.
abrilAmpla faz campanha de 10 anos para o Ci-
nePE.
Ampla Ponto faz ação para Campari e Petro-
bras no Abril Pro Rock.
maioAmpla lança a campanha anual Você merece
o mundo, para o Shopping Recife.
Ampla Ponto cria e coordena a convenção dos
executivos da Neoenergia.
junhoAmpla veicula campanha para o Forró da Ca-
pitá, que atraiu 60 mil pessoas para o Classic
Hall.
Ampla Ponto desenvolve a Casa Natura Hu-
mor, em Caruaru e Campina Grande.
julhoAmpla cria série de filmes e anúncios para a
Pitú na Copa do Mundo.
Ampla Ponto coordena estande da Pitú na
Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e
Distribuidores).
agostoAmpla cria para a 6a edição do Recife Fashion
no Shopping Recife.
Ampla Ponto desenvolve ação para Dia dos
Pais no Shopping Recife.
setembroAmpla e Ampla Ponto inauguram nova sede.
outubroAmpla comemora o resultado do JC Recall de
Marcas com seus clientes.
Ampla Ponto desenvolve a Suqueria Tang
para o lançamento dos sabores cajá e graviola
na Bahia, em Pernambuco e no Ceará
novembroAmpla cria campanha para vender os cartões
de Natal do Imip.
Ampla Ponto realiza a festa de confraterniza-
ção da Fiat.
dezembroAmpla ganha o Prêmio Neurônio, do Jornal
do Commercio, com o jingle para a Pitú.
Ampla Ponto organiza confraternização da
Agência num barco, pelas pontes do
Recife.
ALIANÇA PRA CELEBRAR CASAMENTO A Ampla ainda nem tinha nascido quan-
do começou o vínculo do presidente da
Agência, Severino Queiroz, com a Pitú.
Por isso, foi a única do Nordeste a ganhar
o Prêmio Aliança, homenagem às agên-
cias que têm relações duradouras com os
clientes, concedido pela Associação Bra-
sileira de Anunciantes (ABA). São mais
de 30 anos de convivência bem-sucedida
com a fabricante da cachaça. Haja bran-
quinha pra comemorar.
DA FACULDADE PARA AS LIVRARIASQuando o designer da Ampla Ponto,
Erick Vasconcelos, elaborou seu projeto
de graduação, não imaginava as propor-
ções que ele iria ganhar. A idéia era fazer
um livro infantil que contasse, de forma
divertida, a história dos bonecos gigan-
tes de Olinda. Com o incentivo do Funcul-
tura, o projeto saiu do papel e se trans-
formou numa tiragem de mais de 2 mil
exemplares. O livro conta ainda com texto
de André Muhle, redator da Ampla.
ENTRARAM 365. FICARAM 5. O programa anual de estágio da Ampla
e da Ampla Ponto mais uma vez foi um
grande sucesso. Ao todo, 365 estudantes
se inscreveram. E, depois de passarem
por um criterioso processo de seleção, 5
deles ficaram com a vaga. Pra quem ficou
de fora, novas oportunidades virão pela
frente. Pra quem foi selecionado, chegou
a hora de mostrar todo o talento.
HEADLESS BOY Humberto Montenegro, diretor de Arte
da Ampla, criou um personagem que
vem formando admiradores na internet:
o Headless Boy. O garoto, personagem
de cinco filmes produzidos em animação
veiculados no YouTube, já foi material de
capa do caderno de informática do Diario
de Pernambuco. O sexto filme da série já
está em fase de finalização.
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A convivência no mesmo ambiente ensina um bocado.
Eu descobri que pedreiros só são corajosos com uma cal-
çada de distância. Qualquer mulher passando na frente
de uma obra sempre provoca todo tipo de gracejos e ex-
clamações que cabem nessas horas. De perto ficam to-
dos mansinhos. É só um bom-dia e olhe lá.
JULIANA LISBOA, redatora.
Bom, já que Juliana tocou no assunto, queria deixar aqui
meu pequeno protesto: por que não existem mulheres
que sejam pedreiras? Para nós, homens, seria perfeito.
Se a auto-estima estivesse em baixa, bastava passar na
frente de uma construção para ouvir coisas do tipo “Gos-
toooooso”, “Tesão”, “Esse eu pegava de jeito” e, claro, os
famosos assobios para dentro.
ANDRÉ MUHLE, redator.
Não foi fácil trabalhar ao som do pior cover do Stomp.
BETINHO, dir. de Arte.
A grande experiência que passei nesses dezoito longos
meses foi compartilhar a mesma mesa com Viriato e
Samico. Não há dúvida de que a Diretoria, até pela pro-
ximidade física, teve uma convivência muito “estreita” e
esteve ainda mais integrada e unida nesse período.
QUEIROZ FILHO, vice-presidente.
O meu computador era o único sem fone de ouvido. Acho
que por isso eu fiquei tão íntima da reforma, quer di-
zer, acho que fiquei mesmo no dia em que subi para ir ao
banheiro e sem querer vi um dos pedreiros sem camisa,
mas isso é outra história.
NATASHA GRANJA, estagiária de Criação.
Mestre-de-obras, numa sexta-feira, diz: “Levanta pa-
rede aqui, menino, faz toda marcação”. A parede foi le-
vantada. Chego na segunda, tomo um café e subo para
fumar. Cadê a parede? O mestre responde: “Mandei der-
rubar, ela não deveria ter sido levantada neste local”. E
assim foram com muitas outras paredes.
CRISTINA VITÓRIA, tráfego.
TRECHO EM OBRAS Por Manuel Cavalcanti
MAKING OF
Eu tinha acabado de chegar de Brasília, onde morei por quase três anos. Voltei para o Recife depois de receber um convite para no-
vamente fazer parte da equipe da Ampla. Desta vez, como diretor de Criação. Até então, minha experiência na Agência havia sido
como redator, exatamente antes de ser chamado para trabalhar na Capital Federal.
Pra mim, foi uma surpresa ver a Ampla toda cercada de tapumes com uma dezena de pedreiros cimentando a fachada. Na hora, pen-
sei: esqueceram de dizer que a Agência tinha se mudado ou que, por ora, estaria funcionando em outro lugar. Não imaginava nunca
encontrar dentro daquela obra uma agência de publicidade trabalhando em ritmo acelerado. Era setembro de 2005, e logo
vieram me tranqüilizar: “A obra vai ficar pronta em breve. No máximo, no começo de 2006”.
Eis que se passaram doze meses, período no qual tive de conviver entre pedreiros e redatores. Mestre-de-obras e atendimentos. En-
genheiros e mídias. No começo, não há como negar, foi um pouco difícil. Depois, como tudo nesta vida, a gente se acostuma. E, à ex-
ceção do barulho e da poeira, a convivência foi pacífica e civilizada. E o melhor: recheada de episódios incomuns, como vocês podem
conferir nos depoimentos desta página. Claro, houve também quem tentasse se aproveitar da situação. “O anúncio é pra hoje? Des-
culpa, eu não escutei. Deve ter sido na hora que estavam martelando o piso.” Mas o importante é que no final deu tudo certo. Quando
menos se esperava, a obra ficou pronta. E o resultado foi surpreendente. Um bom trabalho quase sempre exige um bom prazo.
Uma vez fomos ver como estava o andamento da obra da
sala da Criação e vimos numa pilastra um cartaz onde se
lia: “Importante: não derrubar esta!”. Imagina se acon-
tece um engano?
BÁRBARA ASSIS, estagiária de Atendimento.
No lugar onde eu sento agora, antes tinha uma privada.
Preciso me acostumar com as mudanças para evitar aci-
dentes.
IGOR GAZATTI, redator.
As marteladas não soavam como um bom jingle, as pa-
redes em construção não formavam um layout em har-
monia, a poeira não dava um efeito legal. Mas, depois de
tudo, o resultado foi melhor do que imaginávamos.
PAULA MARCONDES, mídia.
O mais difícil foi ter que diminuir o volume da minha voz.
Estava num espaço aberto, com criação, secretárias de
mídia e diretor de criação. Imagine um RTV no auge de
uma produção importantíssima ter que ficar controlan-
do a altura da voz.
FABIANA STEFANI, RTV.
A matéria da arquitetura é o espaço, e reformar o es-
paço de trabalho é uma oportunidade para reformar as
dimensões individual e coletiva. O espaço é um espelho
do que somos. Na elaboração de um conceito espacial,
fazemos um exercício de conciliação, negociação e con-
senso, desde a escolha do layout à definição do mobi-
liário mais adequado, à iluminação mais eficiente, ao
conjunto dos materiais construtivos compatíveis com a
durabilidade, acústica, praticidade e o visual. Este foi um
processo mutante que resultou numa construção unitária.
ROBERTO MONTEZUMA, arquiteto - AFM Arquitetos
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TRECHO EM OBRAS
A Ampla e a Ampla Ponto promoveram, no final de novembro, sob o
título De Portas Abertas, encontros com clientes, veículos e jornalis-
tas. Além de um coquetel para confraternizar e inaugurar oficialmente
as suas novas instalações, esses eventos tiveram como objetivo discu-
tir as perspectivas para 2007 sob o ponto de vista das duas agências
e sob a ótica dos empresários e da imprensa presentes. Em cada en-
contro, inicialmente, foi apresentado um breve painel conduzido por
Francisco Cunha, da TGI Consultoria em Gestão, com cenários sobre o
ambiente político e econômico para o próximo ano, considerando tan-
to a cena internacional quanto as principais tendências para o Brasil e,
principalmente, para Pernambuco. Após essa introdução, cada um dos
presentes realizou suas análises e seus comentários, sendo os debates
coordenados pelo diretor da Ampla e presidente da Ampla Ponto, Agui-
naldo Viriato. Reunidos em grupos, de acordo com o setor de negócios
em que atuam: Varejo, Indústria e Serviços, os clientes, de maneira
informal, expressaram suas opiniões e expectativas para o ano que se
inicia. Além do alto nível dos debates — que contaram com a ativa par-
ticipação de executivos e lideranças do nosso meio empresarial, como
João Carlos Paes Mendonça, Gerson Lucena, André e Guilherme Ferrei-
ra Costa, Fernando Queiroz Galvão, Americo Pereira Filho, Luiz Ciarline,
Alba Moreira, Silvio Vasconcelos, Jaime Queiroz, Albino Serra, Edgar Oli-
veira e Fred Leal, entre outros, e de dirigentes de veículos, como Joe-
zil Barros, Paulo Pugliese, Jô Mazarollo, Rodolfo Tourinho —, foi impor-
tante verificar que existe, de forma geral, um sentimento de que 2007
deverá apresentar boas perspectivas de negócios para a maioria dos
setores da economia.
O comércio, especialmente, vê com otimismo o ambiente de vendas
para o final de ano, e todos reconhecem que Pernambuco reúne con-
dições favoráveis para alavancar o seu desenvolvimento nos próximos
anos, sobretudo pelas reais perspectivas de Suape e dos investimentos
que estão previstos para o Complexo Industrial Portuário.
Todos reconhecem a necessidade de reformas, na política e na econo-
mia e mostram-se conscientes de que a concorrência deverá tornar-se
cada vez mais acirrada, com a crescente presença de grupos nacionais
e internacionais no nosso mercado, exigindo das nossas empresas, nos
mais diversos setores, contínuos investimentos em tecnologia, recur-
sos humanos e gestão para que se tornem ainda mais modernas e com-
petitivas.
DE PORTAS ABERTAS PARA2007
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Eram oito pessoas na pequena casa onde o corpo dele esperava a hora
de virar chão. Três mulheres choradeiras, a viúva assombreada pelo véu
preto e quatro filhos incriados. Quatro velas grossas em volta do caixão
enchiam o ar do cheiro lamuriento da cera derretida, porque as flores
colhidas na manhã recém-parida já haviam fechado os seus frascos. A
cidadezinha fazia fila para honrar o novo morto que perecera com uma
semente de chumbo plantada no coração, sem que se soubesse quem
fora o lavrador. Os condolentes seguiam pela lateral da casa e, da jane-
la, lançavam suas bênçãos e seus pesares, partindo em seguida para
seus próprios restos de vida.
O protocolo fúnebre foi quebrado pela Velha, que adentrou o recinto
reservado à família e às carpideiras. Ela tinha a fama de se mover no
plano de dentro das coisas, moldá-las por suas hastes não vistas, e o
presente, que não se sabia de Deus ou do diabo, afastava e encantava
os vizinhos, o receio recomendando a prudência e a distância. Assim,
imperturbada, ela avançou até o morto. E ninguém viu retesarem-se as
cordas invisíveis que enchiam a sala, quando ela debruçou-se sobre o
rosto do homem vazio, soprando segredos no seu ouvido, depositou-lhe
uma moeda sobre o selo dos lábios e, no pé direito, introduziu um alfi-
nete na carne que não mais sangrava. E ninguém lhe desfez o artifício
depois que ela voltou para o seu isolamento.
Foi tarde da noite do segundo dia que surgiu o assassino. Os olhos ver-
melhos e aumentados, a boca aberta, as roupas imundas. Atravessou
a cidade, sobressaltado e espantado das sombras imóveis das casas, e
jogou-se dentro da cadeia, despejando em palavras tudo o que tinha
por dentro. Disse que matara o homem à traição, desarmado e encur-
ralado, por uma briga de terra a mais ou terra a menos, que se lançara
no mundo para fugir à pena e que já avançara um trecho seguro quando
a noite trouxe as sombras. E, com elas, as vozes de homens vigilantes,
passos de encalço cercando-o entre o matagal. E, por uma madrugada
inteira, os perseguidores o acompanharam de perto, invisíveis mesmo
em campo aberto sob a lua cheia. Nem o dia trouxe a paz, nem calou
as falas confundidas, nem interrompeu os passos, nem lhes mostrou os
rostos. Não chegavam, apenas o seguiam e arrodeavam. Acuado pelo
que não via e exausto pelo peso carregado, o matador decidiu ser pro-
tegido pela verdade, seguido de perto também no seu caminho de volta
e confissão.
E foi na madrugada calada, com o assassino dormindo em paz em sua
cela, que os insones nas janelas puderam ouvir os passos pesados e sem
donos de vinte ou trinta homens, numa lenta marcha de retorno.
“FOI TARDE DA NOITE DO SEGUNDO
DIA QUE SURGIU O ASSASSINO. OS
OLHOS VERMELHOS E AUMENTADOS, A BOCA ABERTA, AS
ROUPAS IMUNDAS.”
DIOGO MONTEIRO é jornalista e já teria publicado alguma coisa se não se limitasse a escrever no exíguo espaço que sobra depois do expediente na redação da Folha de Pernambuco, da atenção dedicada à mulher amada e de acompanhar as glórias do Sport Club do Recife.
O LAVRADORTexto de Diogo Monteiro | Ilustração de David Edmundson e mooz AUTORES
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Ainda me lembro do dia em que Marta Lima me telefonou pedindo a in-
dicação de um diretor de arte.
Faz quase 15 anos.
Marta Lima trabalhava na Ampla, agência em expansão que tinha al-
guns diferenciais notáveis, em especial a coragem e a ousadia.
Eu trabalhava em outra agência.
Pensei um pouco e indiquei Paulo Falcão, meu amigo, meu compadre,
ator e diretor de teatro, poeta e desenhista de arquitetura. Em conver-
sas profissionais, geralmente não se fala da alma do possível candidato
a emprego em questão. Mesmo assim, eu completei: “Paulo é uma das
melhores pessoas que eu conheço”.
Não, ele não tinha experiência anterior em publicidade. Apesar disso,
com sua coragem e ousadia habituais, Queirozinho “comprou” Paulo na
hora.
Tempos depois foi a minha vez de ir trabalhar na Ampla, onde só encon-
trei amor, carinho, competência e alegria. Trabalhar com Paulo e aque-
la equipe maravilhosa foi uma das experiências que guardo até hoje em
um arquivo pessoal de memória que intitulo de momentos felizes.
Gosto de pensar que, assim como Queirozinho, os anjos também gos-
tam de companhias especiais e, por isso, chamaram Paulo para morar
com eles.
Passaram-se 7 anos.
E mais uma vez nos reunimos, eu, Paulo, Queirozinho e a equipe da Am-
pla, no livro O poço das coisas perdidas.
O resultado é esse presente que hoje temos nas mãos: uma edição be-
líssima e moderna que ficou a cara do autor dos poemas.
Sem querer tirar o mérito de ninguém, acredito que os anjos ajudaram
nesse job. E acho graça em imaginar que, enquanto festejávamos o lan-
çamento do livro, no dia 17 de outubro, na Livraria Imperatriz, o céu
também estava em festa.
O POÇO DAS COISAS PERDIDAS
Texto de Adriana Falcão | Ilustrações de Paulo Falcão
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PORTFÓLIOIcopervil, Amorim Primo e Aguardente Pitú. Há 30 anos, a Ampla iniciava a sua trajetória de sucesso,
com três dos maiores anunciantes na época. De lá pra cá, foi a Ampla que contribuiu para o sucesso de
dezenas de outros clientes. Mas, essa longa história, a gente prefere contar do jeito que mais sabe: em
forma de anúncio. Um pra cada ano.
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RETROSPECTIVA 30 ANOS
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BLOGSFenômeno. No dia seguinte, um jornalista do Lance! me ligou querendo detalhes, e a
história virou matéria do jornal.
QUAL ASSUNTO É DO SEU INTERESSE, MAS QUE VOCÊ NUNCA ENCONTROU NUM
BLOG OU NA INTERNET?
SOARES SILVA: Há blogs sobre qualquer coisa hoje em dia. Se você quiser encontrar
uma edição online de Ada, de Nabokov, com as notas de Brian Boyd, vai encontrar. As-
sim como blogs em latim ou grego épico. De assuntos que me interessam e que não
consigo encontrar muito na internet só consigo pensar em mnemônica, principalmen-
te Palácios da Memória, que é um assunto que me interessa muito.
TABET: Culinária árabe.
MERIGO: Sites e blogs estrangeiros têm de tudo, desde o nerd que fala de computador
e Lego até o CEO da Boeing e da GM.
VOCÊ AINDA LÊ JORNAL IMPRESSO?
SOARES SILVA: Parei três anos atrás, e o meu estilo melhorou tremendamente por
causa disso. O nível dos jornais brasileiros é mais ou menos o nível dos blogs ruins. Eu
sei porque conheço muitos blogs ruins e reconheço o espírito. Não estou falando de er-
ros factuais, o que não me interessa muito, nem de distorções da verdade, mas de mau
estilo e mau gosto, burrice, vulgaridade.
TABET: Leio, sim. Todos os que você puder imaginar.
MERIGO: Impresso, leio a Folha de S.Paulo quase todo dia e, de vez em quando, Valor
Econômico. Mas acompanho vários outros online, principalmente estrangeiros. O en-
graçado é ver, cada vez mais, que aquele assunto que você leu em um blog na semana
passada virou matéria do jornal hoje.
“BLOG” PARECE AQUELE SLOGAN DE CARRO A ÁLCOOL: UM DIA VOCÊ VAI TER
UM. QUAL PESSOA AINDA NÃO TEM BLOG E VOCÊ GOSTARIA QUE TIVESSE?
SOARES SILVA: Diogo Mainardi, mas ele não precisa escrever de graça. Ivan Lessa,
suponho, mas ele deixou de gostar de blogs. Daniel Pellizzari tinha um e eu queria
que voltasse a ter. Também queria que Nelson Ascher voltasse com o blog dele. Não
sou tão admirador de Millôr Fernandes quanto a maioria parece ser. Acho carioca de-
mais, no pior sentido da palavra. De não-brasileiros, seria bom ver um blog de Oriana
Falacci. Mas meu sonho é que J. D. Salinger tem um blog secreto e que eu o encontro
por acaso.
TABET: Millôr Fernandes e Diogo Mainardi.
MERIGO: Não por acaso, os blogs mais bacanas são feitos por pessoas comuns. Blogs
de celebridades parecem escritos pela assessoria de imprensa. Mas gostaria de ver
grandes profissionais escrevendo um blog. Não era precisamente um blog, mas, na
época em que o Fernando Meirelles estava dirigindo O Jardineiro Fiel, ele fazia um diá-
rio de produção online, que era publicado no site Cinema em Cena. Para fãs de cinema,
o que ele dizia ali era excepcional. Gostaria que mais iniciativas assim acontecessem
na blogosfera.
EXISTE UM MOVIMENTO FRANCÊS CHAMADO SLOW FOOD, QUE SUGERE MENOS
PRESSA E MAIS CONTEMPLAÇÃO E PRAZER DURANTE UMA REFEIÇÃO. O QUE
VOCÊ ACHARIA DE ALGO CORRESPONDENTE, QUE FOSSE NA CONTRAMÃO DO EX-
CESSO DE INFORMAÇÃO, DENOMINADO SLOW NEWS? VOCÊ FARIA PARTE?
SOARES SILVA: Não, me parece bobagem. Por que tudo tem que ser movimento?
Quer comer devagar, come, não faz movimento. Eu já como devagar e sou desinfor-
mado de qualquer jeito.
TABET: São coisas diferentes. Não fico 24h na frente do computador. Sei aproveitar
meus momentos de lazer. Ninguém precisa comer depressa para ficar bem informa-
do.
MERIGO: Me identifico com vários daqueles problemas citados por Richard Saul Wur-
man em seu livro Ansiedade de Informação: o sentimento de frustração por não con-
seguir acompanhar essa avalanche de dados, o desgaste mental e a sensação de estar
aproveitando pouco tanta coisa. Informação demais e mal administrada faz mal.
NUM DIÁLOGO ENTRE OS ESCRITORES ERNESTO SABATO E JORGE LUIS BORGES,
ELES DIZEM QUE SÓ SE DEVIA PUBLICAR NOTÍCIAS REALMENTE IMPORTANTES
DO TIPO “O SENHOR CRISTÓVÃO COLOMBO ACABA DE DESCOBRIR A AMÉRICA”.
UM BLOG NÃO VAI CONTRA ISSO À MEDIDA QUE PERMITE QUE TODA INFORMA-
ÇÃO SEJA PUBLICADA E, PORTANTO, BANALIZADA? COMO AFIRMARIA BORGES,
A CRUCIFICAÇÃO DE CRISTO SÓ FOI IMPORTANTE DEPOIS, NÃO QUANDO ACON-
TECEU. VOCÊ CONCORDA COM A TESE DELES?
SOARES SILVA: Bom, é uma frase engraçada, então ok. Mas sempre existem as notí-
cias pequenas, mas interessantes: um porco que diz olá; o exército de homens-maca-
cos de Stalin; um homem em visita a um museu, que tropeça no cadarço desamarrado
e cai em cima de três vasos chineses de quinhentos anos; um terrorista que manda
uma bomba pelo correio, mas coloca o endereço errado, e a bomba é devolvida e ex-
plode. Esse tipo de coisa.
O SEU BLOG É SOBRE O QUÊ? DEFINA-O EM POUCAS PALAVRAS.
SOARES SILVA: Eu costumava encarar meu blog como uma oportunidade para xingar
as pessoas que eu acho cretinas, mas tenho ficado mais banana. Li uma entrevista de
Martim Amis na qual ele dizia que ser ofensivo dá prazer quando se é jovem, mas que
há algo indigno em continuar sentindo isso na maturidade, e eu entendo isso. Desisti
de falar mal de autores brasileiros, por exemplo, porque eu reconheço que não gosto
de literatura brasileira em geral. Tendo dito isso, não quero deixar passar nenhuma
oportunidade na vida para dizer que não vejo talento nenhum em Rubem Fonseca. Ne-
nhum! E que os livros dele, romances e contos, são ruins de doer, de bater a cabeça na
parede. Que as pessoas achem que ele é bom é um mistério para mim.
TABET: Sobre a verdade. Mostrar que o mundo real é bem mais engraçado que qual-
quer ficção.
MERIGO: Comunicação, boas idéias, propaganda e marketing. Mas muitas vezes gosto
de falar de cinema e música também.
VOCÊ MANTÉM ALGUM CONTATO COM ALGUNS DOS SEUS LEITORES? E QUEM
SÃO OS SEUS LEITORES MAIS ILUSTRES?
SOARES SILVA: Eu cresci venerando um pouco Paulo Francis e depois de um ano de
blog fiquei sabendo que amigos dele me liam, o que sempre me deixa acaipiradamen-
te satisfeito e meio acanhado, não que eu tenha agora grande opinião sobre os amigos
dele. De modo geral, sou considerado demasiadamente antipático, arrogante e mons-
truosamente direitinha para agradar essas sensibilidades de cariocas-boas-praças-
ouvintes-do-Chico. Fico mais feliz por alguns leitores menos conhecidos que ficaram
meus amigos e que também escrevem.
TABET: O Kibe Loco já foi assunto do Senado a programas de TV. Não vou citar os que
conheço e mantenho uma relação mais estreita porque, afinal, é uma relação... estrei-
ta.
MERIGO: Mantenho contatos com vários por e-mail e já conheci alguns.
VOCÊ TEM UMA DISCIPLINA PARA ATUALIZAR O SEU BLOG? POR EXEMPLO, NES-
TE MOMENTO VOCÊ NÃO DEVERIA ESTAR FAZENDO ISSO?
SOARES SILVA: Sim, eu deveria estar lá respondendo os comentários do último post
— alguém acaba de deixar um comentário espertinho zombando de mim. Estou pen-
sando na resposta, calma.
TABET: Não sou tão disciplinado quanto aos horários. Idéia não bate ponto. Mas me
sinto na obrigação de manter o site atualizado, sim.
MERIGO: Ultimamente tenho feito vários posts diários. Sempre que aparece algo que
valha a pena ser publicado e comentado, lá vou eu blogar.
O CONTEÚDO DO SEU BLOG JÁ DESENCADEOU OU INFLUENCIOU ALGUMA COISA
COM REPERCUSSÃO FORA DA INTERNET?
SOARES SILVA: Publiquei uma seleção dos textos do blog junto com os textos de ou-
tros blogueiros pela editora Barracuda (wunderblogs.com, editora Barracuda). A
mesma editora publicou um conto meu na antologia A Visita. Fora isso, tenho uma co-
luna numa revista de Campinas chamada Semana3, que também consegui por causa
do blog.
TABET: Sim. Ruth “Sanduíche-íche” Lemos virou garota propaganda da Tim e foi ao
Jô. Heloísa Helena chorou no Senado. Jornais deram notícias erradas baseadas em
piadas do Kibe Loco.
MERIGO: O primeiro caso foi um outdoor da Audi que enferrujava com o tempo. Pu-
bliquei no blog em 2002, e rapidamente a peça se espalhou por e-mail. Recentemen-
te, publiquei em primeira mão o comercial da Nike homenageando Ronaldo “Gordo”
Videocast, podcast e “consumer generated media”. Para quem já conhece essas
tendências, falar de blog parece obsoleto. Mas essa ferramenta foi a primeira a se
consolidar na internet como um meio de comunicação aberto para que o público
manifestasse suas idéias (ou a falta delas) e criasse conteúdo próprio. Hoje são cerca
de 60 milhões de blogs criados no mundo (não registre esse número porque ele deve
mudar rapidamente e nem temos certeza de que esteja correto). Em meio a tantas
opiniões, fomos em busca das mais influentes aqui no Brasil. Entrevistamos três dos
mais conhecidos blogueiros do País: Alexandre Soares Silva (http://soaressilva.
wunderblogs.com), Antonio Tabet (http://kibeloco.blogspot.com) e Carlos Merigo
(http://www.brainstorm9.com.br). Literatura, humor e propaganda são as respectivas
áreas de cada um, mas aqui eles foram convidados a falar do mesmo assunto. Descubra
o que eles pensam sobre os blogs, seus próprios leitores e a mídia.
BRAINSTORM
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TABET: Concordo. Mas o blog não banaliza, informa. No meu caso, quando publico uma
notícia realmente sem importância, estou, na verdade, criticando quem a apurou. Hu-
mor também é crítica.
MERIGO: Acho que quanto mais pessoas falando, propagando idéias e pensamentos,
mais vamos ganhar. Antes a informação pertencia aos grandes. Você só sabia o que
queriam que você soubesse. É importante não confundir democratização com banali-
zação, com retenção de conhecimento.
VOCÊ ACHA QUE VAI HAVER UMA CORRIDA PELA AUDIÊNCIA COMO NOS MEIOS
TRADICIONAIS? O QUE VOCÊ TEM FEITO PARA CONQUISTAR O PÚBLICO DO SEU
BLOG?
SOARES SILVA: Algum escritor disse uma vez que só existem 2.360 pessoas no mundo
todo para as quais vale a pena escrever (não sei de onde ele tirou esse número, mas me
parece ok), e eu já encontrei um terço delas. Então está bom.
TABET: Tenho um medidor de acessos, mas não acho que seja uma corrida como há
nos meios tradicionais de comunicação. Todos podem fazer blogs. É um horizonte am-
plo. Meu compromisso é com meu conteúdo. Essa honestidade é suficiente para meus
leitores.
MERIGO: Existe uma corrida pela audiência, porém, mais pelos veículos tradicionais,
que se vêem ameaçados pelos blogs. De acordo com a última pesquisa do Technorati, o
Boing Boing, que é o blog mais popular atualmente, está a frente de grandes veículos
como Forbes, Time e Fox.
QUAL O COMENTÁRIO MAIS INCÔMODO E CRÍTICO AOS SEUS POSTS QUE VOCÊ
PERMITIU A PUBLICAÇÃO? OU NUNCA DEIXOU QUE ISSO ACONTECESSE?
SOARES SILVA: Quando a mensagem é completamente cretina, não incomoda nada
e esse é quase sempre o caso, mas, quando a pessoa parece escrever razoavelmente
bem, eu fico me perguntando por que diabos ela não gosta de mim. Quer dizer, não
parece fazer sentido. O que as pessoas não percebem muito é que eu percebo as ob-
jeções que se podem fazer ao que eu escrevo, mas que eu deliberadamente não gosto
de escrever sobre os dois lados de nenhum assunto. Pessoas que fazem muita força
para parecerem equilibradas e imparciais geralmente me metem um pouquinho de
nojo. Há uma presunção de superioridade moral nisso que me irrita. Como se judeus
e palestinos só enfrentassem o problema que enfrentam porque nenhum deles tem a
imparcialidade e a inteligência de um blogueiro com a camiseta coberta de pedaços de
nachos. Prefiro parecer monstruoso e irrazoavelmente reacionário.
TABET: Nunca.
MERIGO: Vale, mais uma vez, o bom senso. Excetuando comentários difamatórios, ca-
luniosos, preconceituosos e blábláblá, vale tudo. Não censuro nenhuma crítica a mim
ou ao conteúdo do blog.
SE EXISTISSEM BLOGS NA ÉPOCA DE SHAKESPEARE, ELE AINDA ESCREVERIA
LIVROS OU PASSARIA A VIDA POSTANDO CONTINHOS SOBRE A VIDA DE JULIE-
TA?
SOARES SILVA: Quem escreveria “continhos” sobre Julieta seriam Charles e Mary
Lamb, que, sem dúvida e infelizmente, seriam blogueiros (consigo até visualizar o
blog, hospedado no Blig e cheio de imagens de casais seminus abraçados e borbole-
tas). Não acho que Shakespeare se adaptasse muito bem a blogs. Além disso, ele era
mercenário demais para escrever de graça. Será que Samuel Johnson teria um blog?
Talvez não, mas Boswell certamente. Quem eu acho que teria blog seria Karl Kraus,
Mencken, Cioran, Auberon Waugh. Fernando Pessoa teria vários blogs. Bernard Shaw
teria o melhor blog do mundo, atualizando várias vezes por dia e escrevendo várias bo-
bagens muito bem. Que belo blog teria Chesterton! E Tolstói, é claro. Infelizmente eu
iria ter que agüentar os posts anti-Bush dele.
TABET: Livros nunca vão morrer. Aliás, há quanto tempo decretaram a morte do rá-
dio?
MERIGO: Escreveria livros, mas só depois de testar as primeiras idéias no blog dele e
ouvindo a opinião dos leitores.
TEM ALGUMA COISA QUE SÓ DÁ PRA FAZER NO BLOG E EM NENHUM OUTRO MEIO
DE COMUNICAÇÃO?
SOARES SILVA: Sim, textos muito curtos. Se lhe ocorrer uma boa linha, você publica
só uma boa linha.
TABET: Sim. Escrever pelado.
MERIGO: Opinião sem censura. Interatividade sem frescura.
BLOGS: MODO DE USAR
O modo de ler é ir saltando de link em link — você pas-
sa por uns lugares horrorosos e leva uns sustos, mas faz
parte. É como andar em Londres no final do século XIX:
da casa de Dickens à casa de Jack, o Estripador, passan-
do pelas prostitutas de Whitechapel (sempre populares,
cujos blogs sempre viram livros) em alguns minutos.
Eu recomendo não entrar em blogs cujos nomes sejam
o nome do autor colocado no aumentativo — “Casa do
Serjão”, “Cafofo do Marcão”. E evite também os que têm
um número muito grande de selinhos apoiando causas
nobres e bacaninhas.
Alexandre Soares Silva
ALEXANDRE SOARES SILVA INDICA:
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CARLOS MERIGO INDICA:
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Eduardo Falcão administra um shopping com mais de 450 lojas, mas, pra realizar o seu sonho de con-
sumo, ele só precisa ir a algumas delas. Colecionador inveterado de azeites raros, Falcão compra es-
ses produtos importados dos países mais diversos. Em termos de consumo, essa talvez seja a sua
maior extravagância. Seu gosto por cinema e DVD, ele também pode saciar dentro do próprio Shop-
ping Recife, onde comanda a equipe de 300 funcionários. Na planilha do Excel, outra de suas manias,
ele contabiliza cerca de 60 mil pessoas circulando todo mês por um dos maiores centros de compra
do Brasil. É pra conhecer o perfil de consumo desse administrador de empresas, pai de quatro filhos e
folião assumido, que fizemos esse rápido pingue-pongue pra seção SAC da Revista da Ampla.
ALGUM COMERCIAL JÁ O FEZ CHORAR? COMO?
Não lembro, mas acho que não.
E RIR? QUAL?
Indiscutivelmente, Mamíferos, da Parmalat.
QUAL O COMERCIAL MAIS ANTIGO DE QUE VOCÊ LEMBRA?
Os memoráveis filmes das Casas José Araújo e suas músicas maravilhosas, que sei a letra até hoje.
SE O SHOPPING RECIFE NÃO EXISTISSE, ONDE VOCÊ FARIA SUAS COMPRAS?
Aguardaria ele ser inaugurado!
SE O PAPA FOSSE AO SHOPPING RECIFE, QUAL A SEGUNDA LOJA QUE ELE VISITARIA?
O Shopping Recife é tão completo que tem loja de produtos religiosos, vinhos, hóstias, CDs e DVDs de
temas religiosos, livros e bíblias, velas, órgãos eletrônicos para igrejas, etc.
E O ZÉ DO CAIXÃO?
Salão de beleza e clínica estética para aparar as unhas.
QUAL O SEU PROGRAMA FAVORITO DENTRO DO SHOPPING?
Cinema e compra de DVDs.
QUEM VOCÊ QUERIA ENCONTRAR FAZENDO COMPRAS NO SHOPPING?
Ariano Suassuna e Marisa Monte.
VOCÊ JÁ CUMPRIU AS PROMESSAS QUE FEZ NA VIRADA DO ANO PASSADO?
Nem todas, mas boa parte já está em prática.
VOCÊ JÁ PERDEU O CARRO NO ESTACIONAMENTO?
Quando comecei no Shopping Recife, há três anos, fiz isso inúmeras vezes. Era um vexame.
À VISTA OU A PRAZO?
A prazo, só itens caros, que considero investimento de longo prazo, feito de forma programada como
TVs, móveis, eletrodomésticos, material escolar. Tudo o que for de impulso e de valor baixo é à vista.
SE VOCÊ PUDESSE ESCOLHER QUALQUER PRESENTE DO SHOPPING, QUAL SERIA?
Áudio e vídeo de última geração.
QUAL A COMPRA DE QUE VOCÊ MAIS SE ARREPENDEU EM FAZER?
Roupa de inverno pesada, que nunca usei.
E O QUE VOCÊ QUERIA TER COMPRADO E NÃO COMPROU?
Vidros e mais vidros de azeite extravirgem importado, de preferência os raros, de sabor bem tradi-
cional. Um vício.
SAC
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Texto de Aguinaldo Viriato | Foto de Robson XavierAMPLAPROMO + PONTO BRAND = AMPLA PONTO
Nos últimos anos, o Marketing Promocional vem ocupando uma posição cada vez
mais importante na estratégia das empresas que atuam no Nordeste.
Acompanhando uma tendência mundial, que já é realidade nos maiores merca-
dos do Brasil, os investimentos nesse setor disputam palmo a palmo as verbas de
marketing e comunicação com a publicidade, abrindo uma nova perspectiva de
negócios para quem trabalha com promoção e eventos na Região.
Essa atividade, que abriga um variado conjunto de agências, empresas especia-
lizadas, fornecedores diversos e profissionais, há muito tempo reclamava a for-
mação de uma associação para representar os interesses de um setor em franco
crescimento em todos os estados nordestinos.
CONSCIENTE DESSA REALIDADE, A AMPLA PONTO COORDENOU UM GRANDE
MOVIMENTO COM APOIO DE AGÊNCIAS E LIDERANÇAS NORDESTINAS DO SE-
TOR PARA FORMAR AQUI UM CAPÍTULO DA AMPRO — ASSOCIAÇÃO DE MA-
RKETING PROMOCIONAL, ENTIDADE NACIONAL, COM SEDE EM SÃO PAULO,
QUE REÚNE AS MAIORES E MELHORES EMPRESAS E PROFISSIONAIS QUE
ATUAM NESSE MERCADO EM TODO O PAÍS.
Antiga aspiração de todos os que trabalham nessa atividade, a Ampro Nordeste
começou a funcionar oficialmente em junho deste ano, reunindo agências do
Ceará, Rio Grande do Norte, da Paraíba, Bahia e de Alagoas.
Com sede no Recife, elegeu sua primeira diretoria, cujo presidente é Aguinal-
do Viriato (Ampla Ponto), e conta com Djanira Dias (3 Active) e Carlos Eduardo
Fernandeb (Ativa) como vice-presidentes.
Os objetivos principais da nova entidade, segundo Viriato, são “estreitar o rela-
cionamento do mercado nordestino com as agências e os clientes do Sul—Sudes-
te para absorver tecnologia, gerar negócios e contribuir para uma maior profis-
sionalização do setor. Além disso, discutir e estabelecer padrões, procedimentos
e normas modernas para a atuação das empresas de marketing promocional
visando o fortalecimento do setor em nossa região”.
Com certeza, um novo tempo para o mercado regional, tão rico em eventos, ati-
vidades culturais e potencial de negócios a serem objeto de patrocínios e ações
promocionais, dentro e fora do ponto-de-venda.
Visite o site: www.ampro.com.br/ne
NORDESTE JÁ FAZ PARTE DA AMPRO
Quando criamos a AmplaPromo, em primeiro de abril de 2003, nossa idéia era diver-
sificar os negócios e manter a vanguarda no mercado regional, oferecendo os serviços
de uma nova empresa, especializada em ações promocionais, eventos, merchandising
e marketing cultural. Sonho antigo, achamos que já era hora de colocar em prática um
projeto bastante amadurecido.
Afinal, o mercado estava mudando rapidamente e a verba do cliente para investimen-
to em marketing e comunicação já estava sendo alocada quase meio a meio entre
o variado arsenal de mídia e um vasto leque de ferramentas que vão da internet ao
marketing direto, passando por inúmeras formas de promoções, patrocínios, etc.
Assim, juntamente com a Ampla (publicidade) estaríamos melhor capacitados para
desenvolver ações e campanhas integradas, empregando um mix variado de instru-
mentos no media e publicidade. Com isso, tornamos ainda mais eficiente a estratégia
de marketing de nossos clientes e mais variadas as possibilidades de trabalhar, de
maneira segmentada, a comunicação para atingir o seu target com mais foco e me-
lhores resultados.
A AMPLAPROMO FOI A PRIMEIRA AGÊNCIA COM ESSE PERFIL EM NOSSA REGIÃO,
ORIGINADA A PARTIR DE UMA AGÊNCIA DE PUBLICIDADE. E NASCEU COM UM DNA
MUITO FORTE, PELA INFLUÊNCIA POSITIVA DA AMPLA COMUNICAÇÃO. MUITA
RESPONSABILIDADE.
Nos três primeiros anos de vida da AmplaPromo, nosso objetivo foi plenamente alcan-
çado.
A nova agência cresceu rapidamente, ganhou concorrências, conquistou contas im-
portantes e realizou jobs bastante interessantes em todo o Nordeste. Atendemos não
só aos clientes locais e regionais, mas também a empresas de fora, interessadas em
investir em eventos, patrocínios, lançamentos de produtos, ações no PDV e promoções
nos diversos estados de nossa região.
A AmplaPromo, em muito pouco tempo, ganhou prêmios, desenvolveu cases de suces-
so e realizou trabalhos que viraram referência para o mercado.
Mas, no final de 2005, avaliamos que, para continuar a crescer, era necessário absor-
ver maior tecnologia e somar experiências para queimar etapas, ganhar escala e po-
der realizar projetos mais ambiciosos. Além disso, era importante estar “mais perto”
do mercado do Sudeste.
Por outro lado, na mesma época, a Ponto Brand Promotion, uma das maiores empre-
sas brasileiras do setor, com sede em São Paulo e filial no Nordeste, também avaliou
que o modelo mais adequado para crescer no Norte—Nordeste deveria ser por meio da
associação com uma empresa regional.
A partir dessa convergência de interesses estratégicos, a AmplaPromo e a Ponto
Brand, que, até então, eram as duas maiores concorrentes no negócio de marketing
promocional aqui na Região, decidiram somar esforços e partir para um projeto co-
mum. Nasceu, então, a Ampla Ponto, que já é considerada a maior agência do gênero
no Norte—Nordeste.
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01. Promoção Seu Pai na Moda, do Shopping Recife 02. Encontro Nacional dos Procuradores da República, em Muro Alto 03. Claro - Encontro de Negócios 2006 04. Estande do Grupo Neoenergia no Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (MG) 05. Convenção da GE América Latina no Rio de Janeiro 06. Lounge da Natura no Recife Fashion (PE) e no Barra Fashion (BA) 07. Ação de captação de usuários para o cartão Extra Taií 08. Ação para Ambev, no carnaval do Recife e de Olinda 09. Workshopping Franchising para o Shopping Recife 10. Kraft – Ação da suqueria Tang para o lançamento dos sabores Cajá e Graviola no Nordeste. 11. Lançamento do Famous Grouse no Recife 12. Ação de backstage da Petrobras no Abril Pro Rock 2006 13. Promoção Chamada Premiada, do Shopping Recife 14. Neoenergia – Convenção Integração 15. Estande Pitú na Abad Curitiba 2006 16. Casa Natura Humor no São João de Campina Grande e de Caruaru 17. Ação Onda Laranja para a Queiroz Galvão
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Mirian Raimundo tinha 17 anos quando começou a freqüentar uma oficina artística no Alto José do
Pinho. Hoje, aos 25, ela descobriu o talento de bordadeira e integra uma cooperativa de 15 meninas
que trabalham para dar fôlego à grife Alto Falante, criada pelo estilista pernambucano Eduardo Fer-
reira, na ONG Instituto Vida.
Já Gabriela Alves, nas suas andanças por várias oficinas de arte, acabou fazendo parte da primeira
turma do projeto A Terra do Coração Branco, do Movimento Pró-Criança. Daí em diante suas perspec-
tivas mudaram. Ingressou no programa Primeiro Emprego, conseguiu estágio em um banco e, hoje,
paga um cursinho preparatório para vestibular. Uma vitória para quem convivia diariamente com as
dificuldades e os altos índices de violência do Coque, bairro da periferia do Recife, onde mora.
Ao que parece, a experiência com a arte tem mudado a vida de muitos jovens. E, para promover essas
mudanças, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) vem financiando entidades de todo o
País, como as que ajudaram Mirian e Gabriela no Recife.
ATRAVÉS DE UMA PARCERIA COM O INSTITUTO AYRTON SENNA — ONG BATIZADA COM O NOME DO
CAMPEÃO DE FÓRMULA 1 —, A CELPE FINANCIA O PROJETO EDUCAÇÃO PELA ARTE. SÓ O MOVI-
MENTO PRÓ-CRIANÇA E O INSTITUTO VIDA, INTEGRANTES DO PROJETO, BENEFICIAM CERCA DE
MIL JOVENS DA PERIFERIA.
“Acreditamos que a arte amplia a visão de mundo dos jovens. Eles passam a ter uma percepção mais
sensível e apurada da realidade”, avalia a coordenadora geral do Instituto Vida, Lúcia Helena. “Muitas
meninas entram aqui apenas com a expectativa de arranjar um marido e ficarem grávidas, mas saem
com objetivos mais amplos.”
O projeto Educação pela Arte é só um exemplo dos muitos trabalhos de responsabilidade social desen-
volvidos pela Celpe. São, ao menos, mais cinco projetos dentro do programa Energia para Crescer.
A Associação Junior Achievement é um deles. O engajamento de profissionais e executivos voluntá-
rios de várias empresas, empenhados na formação de jovens de escolas públicas para o empreende-
dorismo, é o seu objetivo.
A Celpe também colabora com o Instituto de Qualidade de Ensino, que capacita uma média de 300
professores para a melhoria do ensino e aprendizado da língua portuguesa e de matemática. E o tra-
balho de Inclusão Digital e Cidadania, que viabiliza escolas de informática em comunidades como
Nova Liberdade, na periferia de Jaboatão dos Guararapes, é outra proposta com a qual a empresa
está envolvida. Aparentemente são abordagens diferentes para cada projeto. Mas o objetivo de ofere-
cer um novo futuro, no entanto, parece ser o mesmo.
A CELPE DÁ O EXEMPLORESPONSABILIDADE SOCIAL
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GEYSON MAGNO
37 anos, fotógrafo da Agência Lumiar.
www.lumiarfoto.com.br(81) 3268.6819
DESAFIO
RENATA VICTOR
40 anos, professora da Universidade Católica de Pernambuco e proprietária da Agência Renata Victor.
victorrenata@hotmail.com(81) 3467.2626
“RENOVAÇÃO”
Não é duelo, embate, oposição. É encontro, comunhão. Mesmo que a
idéia seja oposta. Ou apenas diferente. Convidamos dois fotógrafos para
revelarem olhares sobre o mesmo tema: renovação. A conferir, a visão
de Renata Victor e a de Geyson Magno.
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Quando cheguei ao Peru, uma das coisas que mais me chamou a aten-
ção foi a proximidade entre o brasileiro e o peruano. O Brasil tem muito
mais coisas em comum com o Peru do que com a Argentina, o Uruguai
ou o Chile. O povo é bem receptivo, acolhedor e hospitaleiro. Na publi-
cidade, as agências, sua estrutura, os prazos e “personagens” também
são muito parecidos com os do Brasil. A diferença é o pouco uso da mí-
dia impressa. É mais comum a gente ter de fazer campanha de TV que
campanha de revista. E você pode comprar qualquer segundagem, 17,
43, 56 segundos, e por aí vai. Outra particularidade é que as agências
assinam os comerciais. No fim de cada comercial, aparece um slide com
o logo da agência por uns 5 a 15 quadros. Acho que existe muita inspira-
ção do “modelo” argentino de fazer filmes. Já em mídia impressa, a re-
ferência é o Brasil. Predomina a idéia de que, em se tratando de latino-
américa, a Argentina tem melhor TV, e o Brasil, melhor gráfica. Talvez
a característica mais interessante do mercado peruano é que este é um
mercado em desenvolvimento, menos maduro que o brasileiro e muito
menos maduro que o europeu ou o americano. As dificuldades que isso
acarreta já são as conhecidas: existem menos fornecedores (diretores,
fotógrafos, etc.), menos recursos e verbas. Mas, vendo pelo lado bom,
ainda há muita coisa por se fazer, muitas áreas “virgens”, e, principal-
mente, os clientes ainda não estão travados, são bastante receptivos à
criatividade e às idéias novas. Imagino que, em países mais estrutura-
dos, uma campanha demora no mínimo uns seis meses pra sair, depois
de passar por infinitos focus, testes, intermináveis reuniões e ajustes de
toda natureza. Aqui, como tudo ainda não atingiu esse nível de profis-
sionalismo, muita coisa acaba sendo feita mais na base do feeling que
por ciência, e eu acho isso positivo, acho menos asfixiante, mais ins-
pirador. Agora só depende das agências peruanas saberem aproveitar
essa liberdade para usá-la com responsabilidade. A partir do momento
em que a gente consegue colocar uma campanha criativa no ar e ela dá
resultados, o cliente se sente seguro e “compra” mais criatividade.
A Espanha é hoje um dos maiores consumidores de propaganda na Eu-
ropa. Para terem idéia, a média do intervalo comercial televisivo aqui é
de mais de 10 minutos, com alguns que são somente 30 segundos e ou-
tros de 20 minutos. Com tanta informação comercial, as agências pre-
cisam cada vez mais buscar alternativas além das tradicionais. Posso
dizer que, um ano depois que cheguei a Barcelona, estou presenciando
um grande modismo no mercado publicitário espanhol. Um modismo
impulsionado pela crescente utilização do chamado marketing viral.
Para quem não conhece, ele tem o mesmo princípio de um vírus, e sua
função é espalhar, para o maior número de pessoas, uma informa-
ção. Isso é causado através de comunidades, blogs, sites como YouTu-
be, através de noticiários que fazem o papel de transformar em notí-
cia uma campanha publicitária e que, no final, começa até fazer parte
das rodas de conversa em empresas, colégios, universidades e bares.
A mensagem tem de ser curiosa, tem de desafiar as pessoas, tem de
causar notícia. Todos devem estar empenhados para divulgar (agência,
cliente, círculo de amigos, família, gato, cachorro, sogra, todos valem na
hora de espalhar o “vírus”).
Um exemplo disso foi uma campanha criada este ano para a MTV Es-
panha chamada Amo a Laura. A princípio, era apenas uma página de
web (http://www.nomiresmtv.com) que muitos acreditavam ser um
simples movimento social e, no final, converteu-se em um sucesso da
comunicação. É só buscar no www.google.es que podem comprovar.
Em resumo, funciona como essas mensagens que recebemos diaria-
mente de ajuda ao filho de um amigo de um amigo meu ou às crianças
que vivem num país que você nunca ouviu falar ou como aquelas men-
sagens que você tem de enviar para dez pessoas senão não vai ter sorte
na vida. É um pouco disso, mas com o profissionalismo e a criatividade
de uma equipe por trás.
Essa é hoje uma grande ferramenta de apoio à comunicação e que esta-
mos utilizando muito aqui na Espanha; muitas vezes, recebemos brie-
fings pedindo pieza: viral, que, quando bem planejada e aplicada da for-
ma correta, pode causar uma grande repercussão.
ALVARO NADDEO é diretor de arte da DDB, no Peru. Seus trabalhos mais recentes podem ser vistos no blog:www.naddeo.blogspot.com
DENY ZATARIANO é diretor de arte da Contrapunto BBDO, em Barcelona, ondetrabalha desde janeiro de 2006
E LÁ, COMO É QUE TÁ?
Pegue um desses globos terrestres com base giratória e faça-o rodar com força. Interrompa o movimento colocando o dedo em qualquer continente. Nesse pon-
to onde você apontou, provavelmente tem um brasileiro fazendo um anúncio ou criando um roteiro de comercial. Hoje é cada vez mais comum encontrar publi-
citários de cá fazendo algum sucesso em países onde o mercado ainda está se profissionalizando ou onde o profissionalismo é de fazer inveja a qualquer grande
agência nacional. Circulamos pelo globo perguntando como é trabalhar na Europa, África (não a Agência, que fique claro), América do Sul e América do Norte
pra um redator ou diretor de arte acostumado a nossos prazos, verbas e salários. Veja o depoimento de alguns deles.
| número 9 | 2006
Apesar de ser óbvio que o que as pessoas querem saber é da vida pro-
fissional, é impossível dissociar da sua vida pessoal. Aqui, pasmem ra-
tos de anuários, propaganda é só propaganda. Não é a profissão mais
legal ou a que paga melhor ou a que, quando você fala numa festa, todo
mundo pergunta se foi você que fez a campanha dos Mamíferos. É um
emprego como outro qualquer, o que você faz entre um e-mail e outro,
um lugar pra você reclamar que o café é ruim. Os salários são oks. O
problema é que essa diaba dessa ilhota é muito cara. E tem o danado
do imposto que come de 40% a 45% do seu salário. Outra questão fun-
damental é o visto. Pra se trabalhar aqui, é preciso um visto de trabalho
(H1B, que vale por 6 anos desde que você renove de 2 em 2 anos). Esse
visto, quem solicita é a empresa interessada em te contratar, e é caro.
Em média, 10 mil dólares, considerando os advogados que cuidam do
processo. Ou seja, quando o recruiter olha pra você, ele vê você + um
cifrão e 10.000 piscando na sua cabeça. Sendo grupos multinacionais,
sérios e burocráticos, não há a menor possibilidade do nosso “senta aí
e vai trabalhando”. Sem o visto, sem o social security (espécie de CPF
que você tira quando tem o visto e demora um ou dois meses pra che-
gar), eles não têm como te pagar. Pra falar a verdade, eu achava meio
loucura (às vezes, ainda acho, mas não vou ser eu que vou falar, né?)
eles contratarem uma pessoa que não fala nem escreve 100% e com a
mesma fluência deles. Mas o que o meu diretor de criação acha é que,
pra isso, o revisor ajuda. E que redator pra ele é quem escreve um bom
roteiro. Se estiver escrito direitinho, ainda melhor. Enfim, é uma bar-
reira, e grande. Demora mais, você tem que contar com a boa vontade
e paciência do revisor, do seu dupla, mas não é nada impossível. Eu vim
numa situação completamente atípica. Vim fazer a maratona de NY e,
como trabalhava em uma agência que tinha escritório aqui, pedi pra fi-
car por um mês, durante minhas férias. Eles têm uma visão bem boa do
Brasil, então a gente vem bacana. O mesmo acontece com ser mulher
aqui. Graças a Gisele, eles acham que, só de ser brasileira, você já po-
deria fazer um bico no catálogo da Victoria’s Secret. E a gente tem um
pacto de não desmentir, tá?
Muitos pensam que é o salário que alicia os profissionais a deixarem
o Brasil e irem para outro país. Bom, eu seria hipócrita em dizer que
não. Mas, no fundo, o que mais vale é o crescimento profissional. No
meu caso, essa oportunidade está sendo uma mola propulsora para a
minha carreira. Moçambique tem uma diversidade cultural riquíssima
e um povo hospitaleiro. Por estar na mesma linha equatorial que o Bra-
sil, Moçambique acaba lembrando o clima brasileiro — tirando as altas
temperaturas, é claro. Quando o assunto é a mídia, o seu forte não são
as revistas (poucas) nem os jornais (de baixa circulação). A TV é o prin-
cipal veículo, seguido pelo outdoor e pelo rádio. Ainda não chegamos
àquele boom da internet que o Brasil viveu nos anos 90, portanto si-
tes são raros; banners, então, nem se fala. Aos poucos, introduzimos as
mídias alternativas. A primeira campanha aprovada a ter esse tipo de
material foi a mymCel, o e-mail no celular, um dos pontos inusitados a
ter veiculação foi nas casas de banho (banheiros). Muitos clientes ain-
da trabalham por job. Desses anunciantes, vamos tirar como exemplo a
empresa de telefonia móvel mCel, o maior anunciante do país, um dos
únicos clientes que têm uma verba suficientemente grande para fazer
filmes em película. Uma empresa que tem uma veiculação muito gran-
de, mas parte dessa veiculação fica diretamente no veículo, pois aqui
ainda não há um tratado de ética. Uma vez ou outra, os mídias batem
na porta do cliente, atropelando a agência. É nesse cenário que uma
agência brilha e vive o seu auge da criatividade: a Golo, onde se en-
contra a equipe mais premiada. A agência soma mais de setenta prê-
mios. É a única com um Leão de Ouro em Cannes. Costumo dizer que
a Golo é a Almap moçambicana, a Golo BBDO. A agência está apoiada
em dois pilares, a Criação e a Estratégia. É a única que utiliza a estru-
tura de duplas, o que acaba diferenciando-a das demais agências, que
têm aqueles profissionais híbridos, redator e diretor de arte ao mesmo
tempo. Sem contar que na Golo as duplas seniores acabam participan-
do na estratégia de comunicação. O resultado disso é uma comunicação
totalmente integrada e eficaz, o que faz com que a Golo seja um objeto
de desejo de muitos clientes locais e internacionais. Penso que não tem
dinheiro que pague essa experiência que assimilo todos os dias. Pro-
meti pra mim mesmo que não volto para o Brasil sem um Leão de Ouro.
Afinal de contas, estou do lado deles.
LAURA ESTEVES é redatora da DDB/NY, nos Estados Unidos. Escreve periodicamente na seção Passaporte, do site do Clube de Criação de São Paulo, onde esse texto foi publicado originalmente: www.ccsp.com.br
BRAGA JÚNIOR é diretor de arte da Golo/BBDO, em Moçambique, e, no seu fotolog, ele mostra imagens do país: www.fotolog.terra.com.br/afrikando
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RENATA PINHEIROPERIFERIA (Detalhe)(2004)
25 cm x 35 cmAcrílica e nanquim sobre papel
GUENZO(2005)
Vídeo (4’36”)Roteiro e Direção
SÉRIE CRUZAMENTOS(2005)
16 cm x 22 cm Fotografia
AMARELO MANGA(2002)
Longa-metragem (35 mm)Direção de Arte e Cenografia
UM MUNDO DE LIQUIDAÇÃO DO
SHOPPING RECIFE(2005)
Direção de Arte
Texto de André Muhle | Ilustrações de Renata Pinheiro
Estavam todos na sala de reunião: agência e equipe de filmagem. Tí-
nhamos de encontrar uma solução para transportar geladeiras, televi-
sões, sofás e diversos outros itens de um grande shopping até o set de
gravação. Eis que, no meio de tantas vozes, alguém diz: “Por que, em
vez de tudo isso, não construímos um cenário apenas com os desenhos
dos produtos?”. Era Renata Pinheiro, a diretora de Arte contratada para
o filme, que acabava de resolver todos os nossos problemas. O resulta-
do foi um filme diferente, vivo e cheio de cores. FORMADA EM ARTES
PLÁSTICAS E COM ESPECIALIZAÇÕES NA INGLATERRA, RENATA CO-
NHECE BEM O SIGNIFICADO DA PALAVRA VERSATILIDADE. Já fez a
direção de arte de filmes como Árido Movie e Amarelo Manga. Videocli-
pes de Djavan, Mestre Ambrósio e Otto. Também ilustrou capas de CDs,
desenvolveu cenários, figurinos e dirigiu seu próprio curta. Uma olhada
rápida pelos seus trabalhos e é fácil concluir: Renata Pinheiro não tem
um estilo. Tem estilos. Aproveite para ver alguns deles aqui. Mas lem-
bre-se: isto é só uma pequena mostra.
Telefone para contato: (81) 3465.5446 / 9175.5446
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PAISAGEM(2003)
33 cm x 43 cm Acrílica e colagens
sobre impresso
ÁRIDO MOVIE(2005)
Longa-metragem (35 mm)Direção de Arte e Cenografia
GALERIA
| número 9 | 2006
S/TÍTULO(2000)
41 cm x 30 cm Acrílica e nanquim sobre papel
| número 9 | 2006
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