revista fica - 2ª edição
Post on 13-Mar-2016
222 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
FICA 1
2Ano 1
Maio de 2010
Year 1May 2010
Año 1Mayo 2010
REVISTA DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E VÍDEO AMBIENTAL
Kiko Goifman fala sobre mesmice e
criatividade nos documentários
Kiko Goifman talks about sameness and creativity of documentaries
Kiko Goifman habla sobre monotonía y creatividad de documentales
Cidade de Goiás prepara-se
para festival de cinema
The town of Goiás prepares to welcome visitors to the Festival
Ciudad de Goiás se prepara para el festival de cine
Cerrado em foco Highlighting the Cerrado
Cerrado en focoXII FICA cria fórum para
debater problemas do bioma
ameaçado de extinção XII FICA creates a forum to discuss the
problems of this endangered biome XII FICA crea foro para debatir
problemas del bioma amenazado de extinción
Editorial Editorial Editorial
A revista do FICA chega à sua
segunda edição abordando um tema
de enorme importância: a preservação
do Cerrado. Embora esse bioma
detenha a maior biodiversidade
do mundo e possa ser extinto em
apenas 20 anos, continua vítima da
devastação constante. A reportagem
sobre o assunto mostra a relevância
do Cerrado, a extensão dos estragos
por ele sofridos e como o festival de
cinema pretende colaborar na busca
de soluções para proteger o que ainda
resta dessa riqueza natural.
Em outra reportagem, a revista
mostra a fi nalização dos preparativos
na Cidade de Goiás para receber o
público do FICA. A entrevista do mês
traz a visão questionadora do cineasta
mineiro Kiko Goifman, que faz uma
ode à criatividade e à inovação.
Em meio ao conteúdo de peso, o
leitor pode conferir o talento dos
artistas goianos Siron Franco (com
sua nova e impactante coleção de
telas, esculturas e instalações), João
Caetano (com fotos de tirar o fôlego
do Cerrado) e Adriana Mendonça (com
sua visão delicada sobre a evolução do
FICA). Aprecie as imagens e tenha uma
boa leitura!
| The FICA magazine’s second edition addresses a topic of prime importance: the preservation of the Cerrado. Even though this biome boasts of the largest biodiversity in the world and could be extinct in a mere 20 years, it is still a victim of ongoing devastation. One report presents its vital importance, the extent of its devastation and how the fi lm Festival aims to collaborate in fi nding solutions that will protect what is still left of this natural treasure.
In another report, the magazine shows the fi nal preparations being made in the town of Goiás to receive the FICA visitors. The interview of the month presents the questioning Minas Gerais fi lm maker, Kiko Goifman, in his ode to creativity and innovation. Amid the weighty contents of this issue, you can read about the talent of Goiás artist Siron Franco (with his new impressive collection of paintings, sculptures and layout), Joao Caetano (with his breathtaking photos of the Cerrado) and Adriana Mendonça (with her sensitive views on the evolution of FICA). Enjoy the pictures and have a good read!
||La revista del FICA llega a su segunda edición abordando un tema de enorme importancia: la preservación del Cerrado. Aunque ese bioma posea la mayor biodiversidad del mundo y pueda ser extinguido en apenas 20 años, continúa siendo víctima de la devastación constante. El reportaje sobre el asunto muestra la relevancia del Cerrado, la extensión de los daños sufridos y como pretende colaborar el festival de cine en la búsqueda de soluciones para proteger lo que todavía queda de esa riqueza natural.
En otro reportaje, la revista muestra la fi nalización de los preparativos en la Ciudad de Goiás para recibir al público del FICA. La entrevista del mes trae la visión cuestionadora del cineasta mineiro Kiko Goifman, que hace una oda a la creatividad y a la innovación. En medio del contenido de peso, el lector puede comprobar el talento de los artistas goianos Siron Franco (con su nueva e impactante colección de telas, esculturas e instalaciones), João Caetano (con fotos de perder el aliento del Cerrado) y Adriana Mendonça (con su visión delicada sobre la evolución del FICA). Aprecie las imágenes y tenga una buena lectura!
Revista do Festival Internacional
de Cinema e Vídeo Ambiental
Publicação Institucional
Nº 2 / Maio de 2010
ISSN 2177-4668
Governo do Estado de Goiás
Governador: Alcides Rodrigues Filho
Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico
Teixeira (Agepel)
Palácio Pedro Ludovico Teixeira,
Rua 82, 400, 1º andar, Setor Sul
Goiânia – Goiás 74015-908
Fone: 55 62 3201-5100
www.agepel.go.gov.br
Presidenta: Linda Monteiro
Chefi a de Gabinete: Nériton Ribeiro
Diretora de Ação Cultural:
Tânia da Cunha Bastos
Sumário Summary Resumen
Editor-chefe: Wolney Unes
Editora-executiva: Fabrícia Hamu
Reportagem: Adalberto Araújo,
Bruno Hermano, Carol Magalhães
e Fabrícia Hamu
Projeto gráfi co: Genilda Alexandria
Diagramação: Luciana Fernandes
Fotografi as: Arquivo do Instituto Casa
Brasil de Cultura, Acervo da Agepel, João
Caetano, Mauro Júnio, Orlando Lemos e
Weimer Carvalho
Tradução: Anne Mary Staunton, Daniel
Fernández Moreno, Patrick John O’Sullivan
e Ricardo Perez Banega
Impressão: Marques & Bueno Ltda.
(Gráfi ca Talento)
Tiragem: 4 mil
Distribuição: gratuita
www.fi ca.art.br
revistadofi ca@fi ca.art.br
Casa Brasil
Presidente:
Wagner Baptista da Costa Júnior
Diretor comercial: Germano Roriz
Diretor administrativo:
Gustavo de Morais Roriz
Rua 29, nº 186, Setor Central
Goiânia – Goiás 74.015-050
Fone/Fax: 55 62 3942-0228
www.icbc.org.br
72Circuito | Circuit || CircuitoFestivais de fi lmes ambientais
Junho 2010
| Environmental Film festivals - June 2010|| Festivales de cine ambiental - Junio 2010
75Fica na rede | Fica on the net || Fica en la red Opinião on line
| Opinion on line|| Opinión en la red
76Script | Script || Script História de Sucesso
| A hystory of success|| Historia de un éxito
81Traço | Trace || RastroAdriana Mendonça
22Ponto de Vista | Point of View || Punto de VistaEntrevista com Kiko Goifman
| Interview with Kiko Goifman|| Entrevista con Kiko Goifman
Panorama | Scene || PanoramaO segredo de Siron
| Siron’s secret|| El secreto de Siron54Mosaico | Mosaic || MosaicoDelícia recheada
| Deliciously fi lled delicacies || Delicia rellena68
8Turismo | Tourism || TurismoGoiás a todo vapor
| Goiás in full swing|| Goiás a todo vapor
32Capa | Cover || PortadaCerrado vivo: até quando?
| The Cerrado is alive but for how long?
|| Cerrado vivo: ¿Hasta cuándo?
50Artigo | Article || ArtículoLaerte Guimarães Ferreira
FICA 8
Goiás Goiás in full swing Goiás a todo vapor
A cidade se prepara para receber os
visitantes do XII FICA, que promete lotar
100% dos hotéis e casas de aluguel e
dobrar o movimento no comércio local
Texto Fabrícia Hamu Fotos Weimer Carvalho
The town is preparing to welcome visitors to
the XII FICA, which promises to leave all the hotels
and rented accommodation booked out and to
double business in the local shops
La ciudad se prepara para recibir a los visitantes
del XII FICA, que promete llenar 100% de los
hoteles y casas de alquiler y doblar el
movimiento del comercio local
Turismo Tourism Turismo
a todo vapor
FICA 9
FICA 10
Turismo Tourism Turismo
FICA 11
Doce arte Sweet art Dulce arte
Um mosaico vibrante, de onde saltam
cores como laranja, vermelho, verde,
caramelo, e formas arredondadas,
triangulares e quadradas. Quem vê de
longe a mesa da cozinha da doceira Zilda
Ferraz pensa estar diante de uma obra
de arte. E haja arte para fazer com que as
mãos ágeis consigam picar rapidamente
quilos de frutas – mamão, abacaxi,
melancia, maçã e fi gos –, levá-los ao
fogo até o ponto ideal, cristalizá-los com
açúcar ou recheá-los com doce de leite.
“Perdão pela correria, mas em época
de FICA é assim mesmo. A gente não
para”, desculpa-se ela com a repórter,
enquanto separa os doces produzidos
por recipientes e atende com delicadeza
alguns turistas que chegam atraídos pelo
cheiro das iguarias.
Para não deixar faltar uma das principais
atrações da Cidade de Goiás durante o
festival – os doces caseiros –, Zilda passa
o mês anterior ao FICA “acordando cedinho,
antes do sol nascer”, e “indo dormir bem
tarde”. “São praticamente dez horas por
dia em frente ao tacho”, revela a doceira,
que já conta 25 anos de ofício. Assim como
ela, centenas de outras pessoas da Cidade
de Goiás passam os meses que antecedem
o evento trabalhando em ritmo frenético,
para conseguir atender bem os cerca de
60 mil visitantes que invadem o município
durante o festival de cinema. “Esse número
deve aumentar em 2010, porque o público
do FICA cresce em progressão geométrica”,
explica a secretária municipal de Turismo e
Cultura, Mara Veiga Jardim.
FICA 12
Turismo Tourism Turismo
Zilda Ferraz com os doces que
encantam os turistas
| Zilda Ferraz, charming the tourists with her sweets
|| Zilda Ferraz con los dulces que encantan a los turistas
FICA 13
A variety of colors, such as orange, red, green, caramel, and rounded, triangular and square shapes emerge as in a vibrant mosaic. Anyone looking from a distance at the kitchen table of the sweet maker, Zilda Ferraz, would think they were looking at a work of art. And art is what is most defi nitely needed so that agile hands can quickly chop up pounds of fruit – papaya, pineapple, watermelon, apples and fi gs – and then cook them until they reach that precise stage, crystallize them with sugar and then fi ll them with toff ee. “Sorry about the rush, but when FICA is on, it’s always like this. There’s no let-up”, she says apologizing to the reporter, while she places the newly made sweets in their respective dishes and serves the tourists who have wandered in, drawn by the aromas of her delicacies.
Zilda spends the month leading up to FICA “waking up early, before sunrise” and “going to sleep very late” so that there will be no shortage of one of the town’s main attractions during the Festival – the homemade sweets. “I spend almost 10 hours a day at the stove” says the sweet maker, who has been doing this for 25 years. And just like her, there are hundreds of others in the town who spend the months prior to the event working at a frantic pace in order to satisfy the demands of the approximately 60,000 visitors who invade the town during the fi lm festival. “The number should be bigger in 2010 because the number of FICA adepts has been growing in geometric progression”, explains Mara Veiga Jardim, the Municipal Secretary of Tourism and Culture.
Un mosaico vibrante, de donde saltan colores como naranja, rojo, verde, caramelo, y formas redondeadas, triangulares y cuadradas. Quien ve de lejos la mesa de la cocina de la dulcera Zilda Ferraz piensa que está delante de una obra de arte. Y hace falta arte para hacer que las manos ágiles consigan picar rápidamente quilos de frutas – mamón, ananá, sandía, manzana e higos –, llevarlos al fuego hasta el punto ideal, cristalizarlos con azúcar o rellenarlos con dulce de leche. “Perdón por las corridas, pero en la época del FICA es así mismo. No paramos”, se disculpa con la reportera, mientras separa los dulces producidos en recipientes y atiende con delicadeza algunos turistas que llegan atraídos por el olor de las exquisiteces.
Para que no falte una de las principales atracciones de la Ciudad de Goiás durante el festival – los dulces caseros –, Zilda pasa el mes anterior al FICA “levantándose tempranito, antes de que salga el sol”, y “yendo a dormir bien tarde”. “Son prácticamente diez horas por día en frente a la olla”, revela la dulcera, que ya cuenta 25 años de ofi cio. Así como ella, centenas de otras personas de la Ciudad de Goiás pasan los meses que anteceden al evento trabajando en ritmo frenético, para conseguir atender bien los cerca de 60 mil visitantes que invaden el municipio durante el festival de cine. “Ese número debe aumentar en 2010, porque el público del FICA crece en progresión geométrica”, explica la secretaria municipal de Turismo y Cultura, Mara Veiga Jardim.
FICA 14
Turismo Tourism Turismo
Segundo Mara, os hotéis e casas de
aluguel registram 100% de ocupação
ao longo dos seis dias do evento, o que
aumenta a demanda por alimentação
e serviços públicos, como limpeza,
fornecimento de informações e
segurança. Em 2009, a prefeitura da
Cidade de Goiás criou o Centro de
Atendimento ao Turista (CAT) e implantou
11 sanitários, ao longo das ruas mais
movimentadas. “Esse ano vamos realizar
a coleta de lixo duas vezes por dia. Os
resíduos serão coletados não apenas
na cidade, mas também nos balneários,
e encaminhados para uma usina de
reciclagem”, informa o prefeito, Márcio
Caiado. De acordo com ele, também estão
sendo executadas obras de iluminação
pública, asfaltamento e pintura de
edifi cações.
Sarah Magalhães: apartamentos
dobraram para atender a demanda
| Sarah Magalhães doubled the number of apartments to meet demand
|| Sarah Magalhães: apartamentos doblaron para atender a la demanda
FICA 15
According to her, all the town’s hotels and rented accommodation are booked out throughout the six-day event. This increases the demand for meals and certain public services, such as cleaning, information and security. In 2009, the Town Hall created the Tourist Information Center and installed 11 toilets along the main thoroughfares. “This year there will be a twice-daily garbage collection. Waste will be collected not only in the town but also in the leisure centers, and sent to a recycling plant”, says the Mayor, Márcio Caiado. According to him, work is also being carried out on public lighting, paving and painting of public buildings.
Según Mara, los hoteles y casas de alquiler registran 100% de ocupación a lo largo de los seis días del evento, lo que aumenta la demanda por alimentación y servicios públicos, como limpieza, servicio de informaciones y seguridad. En 2009, la municipalidad de la Ciudad de Goiás creó el Centro de Atención al Turista (CAT) e implantó 11 sanitarios, a lo largo de las calles con más movimiento. “Este ano vamos a realizar la recolección de basura dos veces por día. Los residuos serán recogidos no sólo en la ciudad, sino también en los balnearios, y encaminados a una usina de reciclado”, informa el intendente, Márcio Caiado. De acuerdo con él, también están siendo ejecutadas obras de iluminación pública, asfaltado y pintura de edifi caciones.
Vai e volta Comings and goings Va y viene
Mas não é apenas dentro da Cidade de
Goiás que se pode notar o capricho e a
dedicação com os quais os vila-boenses
recebem o público do FICA. Já na rodovia
que dá acesso ao município, a GO-060,
é possível perceber uma movimentação
diferente. No Restaurante da Patricinha,
localizado ao lado de um posto de gasolina,
a cozinha passa por uma revolução, pois
tem de comportar mais que o dobro de
funcionários das épocas fora do festival.
“Geralmente emprego duas pessoas pela
manhã e duas à tarde. Para dar conta
do evento, preciso de cinco auxiliares
para cada turno”, diz a proprietária do
estabelecimento, Patrícia Bailão de Oliveira.
A meta é produzir,
pelo menos, mil unidades de empadão
(torta salgada com recheio de frango,
queijo e azeitona) e mil de pastelinho
(massa crocante recheada com doce
de leite) por dia.
Além das duas iguarias, consideradas as
“pratas da casa” do restaurante, Patrícia
também aposta em outros tipos de
serviço. “É tanta gente durante o FICA,
que decidimos modifi car ainda mais a
rotina e servir comida por quilo durante
o almoço”, justifi ca. Modifi cações que a
proprietária da Pousada Chácara da Dinda,
Sarah Magalhães, conhece bem. Quando
abriu a fi rma, há seis anos, seus planos
eram receber 27 hóspedes, distribuídos em
oito apartamentos. Porém, com a procura
cada vez maior na época do festival, ela
precisou dobrar o número de quartos.
“Nunca imaginei que fosse fazer essa obra
tão rápido. Tinha o sonho de ampliar meu
FICA 16
Turismo Tourism Turismo
negócio, mas pensava que isso fosse
levar mais uns cinco anos”, confessa,
surpresa.
Sarah explica, ainda, que não basta
fazer mais. “Também é preciso fazer
melhor”, sentencia. De acordo com a
empresária, o público que visita a Cidade
de Goiás durante o FICA está cada vez mais
exigente e percebe os mínimos detalhes
do atendimento. “Felizmente, hoje o
município evoluiu muito nesse aspecto.
Patrícia Bailão:
meta é produzir mil empadões por dia| Patrícia Bailão: her aim is to produce a thousand empadões a day
|| Patrícia Bailão: la meta es producir mil empadões por día
Cerca de 40% dos hóspedes que passam
por aqui retornam, ou indicam o local
para um amigo”, afi rma. Para Sarah, o jeito
acolhedor e amistoso dos vila-boenses
conquista os visitantes, que se mostram
positivamente surpresos com as gentilezas
e atenção recebidas. “Ao chegar, os
hóspedes estranham o fato de eu não pedir
que deixem a chave na recepção. Quando
percebem que é um gesto de confi ança e
respeito à privacidade, fi cam encantados”.
FICA 17
But it is not just within the town of Goiás that you can notice the care and dedication with which the local people welcome the FICA visitors. Along the GO-060, the highway leading into the town, one can see things happening. In Patricinha’s Restaurant, next to a gas station, the kitchen is getting an overhaul, as there will be more than twice as many employees as in normal times. “There are usually two workers in the morning and two in the afternoon but during the event, fi ve helpers are needed for each shift”, says the owner, Patrícia Bailão de Oliveira. Her aim is to produce daily at least one thousand empadões (a savory patty fi lled with chicken, cheese and olives) and one thousand pastelinhos (a crispy pastry fi lled with toff ee). Besides these two delicacies, the specialties of the house, Patricia also provides other types of culinary service. “There are so many people here during the FICA that we have decided to further modify our routine and serve food by the kilo at lunchtime”, she says. Modifi cations of this type are nothing new to Sarah Magalhães, owner of the Pousada Chácara da Dinda. When she set up her guesthouse six years ago, her plans were to cater for 27 guests, housed in eight apartments. But with the increased demand during the Festival season, she has had to double the number of bedrooms. “I never thought I would have to do this so quickly. I dreamt of expanding my business but I thought it would take another fi ve years”, she confesses with surprise. Sarah further explains that it’s not enough just to do more. “We must also do it better”, she says. According to her, the people who visit the town during the Festival are more and more demanding and attentive to every detail of our service. “Fortunately, the town has changed considerably in this respect. I would say that about 40% of the guests who stay here with us come back or recommend it to a friend”, she says. For Sarah, the warmth and openness of the townspeople here charm the visitors and they are always pleasantly surprised by the kindness and attention they receive. “When guests come here, they fi nd it strange that I don’t demand they leave their key at reception. When they realize that this is a gesture of trust and respect for their privacy, they are delighted”, she says.
Pero no es sólo dentro de la Ciudad de Goiás que se puede notar el esmero y la dedicación con los cuales los vila-boenses reciben al público del FICA. En la carretera de acceso al municipio, la GO-060, es posible ver un movimiento diferente. En el Restaurante de la Patricinha, ubicado al lado de una estación de servicio, la cocina pasa por una revolución, ya que tiene más del doble de los empleados habituales en la época fuera del festival. “Generalmente empleo dos personas de mañana y dos de tarde. Para atender el evento, preciso cinco auxiliares para cada turno”, dice la propietaria del establecimento, Patrícia Bailão de Oliveira. La meta es producir, por lo menos, mil unidades de “empadão” (torta salada con relleno de pollo, queso y aceituna) y mil de “pastelinho” (masa crocante rellena de dulce de leche) por día.
Además de las dos exquisiteces, consideradas las “joyas de la casa” del restaurante, Patrícia también apuesta a otros tipos de servicio. “Es tanta gente durante el FICA, que decidimos modifi car todavía más la rutina y servir comida por quilo durante el almuerzo”, justifi ca. Modifi caciones que la propietaria de la Posada Chácara da Dinda, Sarah Magalhães, conoce bien. Cuando abrió el establecimiento, hace seis años, sus planes eran recibir 27 huéspedes, distribuidos en ocho apartamentos. Sin embargo, con la demanda cada vez mayor en la época del festival, necesitó doblar el número de cuartos. “Nunca imaginé que fuese a hacer esa obra tan rápido. Tenía el sueño de ampliar mi negocio, pero pensaba que me fuese a llevar unos cinco años más”, confi esa, sorprendida.
Sarah explica, además, que no basta hacer más. “También es preciso hacer mejor”, sentencia. De acuerdo con la empresaria, el público que visita la Ciudad de Goiás durante el FICA está cada vez más exigente y nota los mínimos detalles de la atención. “Felizmente, el municipio evolucionó mucho en ese aspecto. Estimo que cerca de 40% de los huéspedes que pasan por aquí vuelven, o recomiendan el lugar a un amigo”, afi rma. Para Sarah, el estilo acogedor y amistoso de los vila-boenses conquista a los visitantes, que se muestran positivamente sorprendidos con las gentilezas y la atención recibidas. “Al llegar aquí, los huéspedes encuentran extraño el hecho de no tener que dejar la llave en la recepción. Cuando notan que es un gesto de confi anza y respeto a la privacidad, quedan encantados”.
FICA 18
Turismo Tourism Turismo
Vida Nova New Life Vida Nueva
Para algumas pessoas da Cidade de
Goiás, porém, o FICA representa bem mais
que a perspectiva de geração de mais
emprego e renda. O festival é, também,
símbolo de vida nova, de um recomeço
mais alegre e promissor. É o caso das
bordadeiras que auxiliam a empresária
do ramo de artesanato, Milena Curado.
Proprietária de uma loja que vende roupas,
almofadas, panos de prato, enfeites para
cabelo, bolsas e mais uma infi nidade de
outras peças bordadas à mão, ela também
viu a procura por seus produtos crescer.
“Mas na hora de contratar pessoas para me
auxiliarem, decidi dar uma oportunidade
às detentas que fi cam na delegacia da
cidade”, revela Milena.
FICA 19
For some people in the town of Goiás, however, FICA means more than just the prospect of generating more employment and income. The Festival is also a symbol of new life, of a lighter and more promising new beginning. This is true for the embroiderers who supply Milena Curado’s handicraft business. As the proprietor of a store that sells clothing, cushions, tea towels, hair ornaments, purses and a thousand other hand-embroidered items, she has also experienced a growing demand for her products. “But when contracting people to help me out, I decided to give a chance to the female prisoners at the local police station”, says Milena.
Para algunas personas de la Ciudad de Goiás, sin embargo, el FICA representa más que la perspectiva de generación de más empleo y renta. El festival es, también, símbolo de vida nueva, de un recomienzo más alegre y promisorio. Es el caso de las bordadoras que auxilian a la empresaria del ramo de artesanía, Milena Curado. Propietaria de una tienda que vende ropas, almohadones, repasadores, adornos para el pelo, carteras y una infi nidad de otras prendas bordadas a mano, ella también vió crecer la demanda de sus productos. “Pero a la hora de contratar personas para auxiliarme, decidí dar una oportunidad a las detenidas que están en la comisaría de la ciudad”, revela Milena.
Milena Curado: bordado traz nova
oportunidade para detentas| Milena Curado: embroidery provides new opportunity for female prisoners
|| Milena Curado: bordado trae nueva oportunidad para detenidas
FICA 20
Turismo Tourism Turismo
Decidida a ensinar a bordar dezenas
de mulheres que passavam o dia ociosas,
ela viu a atividade transformar-se não
apenas em válvula de escape para os
momentos de angústia das detentas, mas
também numa preciosa oportunidade de
reinserção social. “Elas recebem por peça
bordada e têm a pena reduzida porque
estão trabalhando. Ao saírem da prisão,
contam não apenas com o dinheiro
recebido, mas também com o novo ofício
que aprenderam”, explica a empresária.
O valor pago por unidade varia de R$ 15 a
R$ 20. “O movimento na loja aumenta em
até 300% com o FICA. Como as detentas
se envolvem bastante com o trabalho,
a produção se eleva no mesmo ritmo e
conseguimos dar conta da demanda sem
problemas”, alega Milena.
De trás das grades das celas saem
desenhos de fl ores, pássaros, bonecas,
crianças, arco-íris e mais uma infi nidade de
imagens que trazem esperança e alegria.
Saem, ainda, bordados dos versos da
famosa poetisa da Cidade de Goiás, Cora
Coralina. A obra da artista, desconhecida
pela grande maioria das detentas, passa a
ter um signifi cado especial para elas e até
mesmo para seus familiares. “Esse avental
bordado com o poema da Cora que você
está segurando foi produzido pela esposa
de um detento. Ela teve o marido preso e,
ao saber do meu trabalho, pediu-me que a
ensinasse a bordar, pois fi cou sem renda”,
conta Milena à repórter. O verso do avental
diz: “Numa ânsia de vida, eu abria o voo
nas asas impossíveis do sonho”.
FICA 21
Decidida a enseñarle a bordar a decenas de mujeres que pasaban el día ociosas, vio a la actividad transformarse no apenas en válvula de escape para los momentos de angustia de las detenidas, sino también en una preciosa oportunidad de reinserción social. “Ellas cobran por pieza bordada y tienen reducida la pena porque están trabajando. Al salir de la prisión, cuentan no sólo con el dinero recibido, sino también con el nuevo ofi cio que aprendieron”, explica la empresaria. El valor pago por unidad varía de R$ 15 a R$ 20. “El movimiento en la tienda aumenta hasta 300% con el FICA. Como las detenidas se comprometen bastante con el trabajo, la producción se eleva al mismo ritmo y conseguimos satisfacer la demanda sin problemas”, alega Milena.
De atrás de las rejas de las celas salen dibujos de fl ores, pájaros, muñecas, niños, arco iris y una infi nidad de imágenes que traen esperanza y alegría. Salen, también, bordados de los versos de la famosa poetisa de la Ciudad de Goiás, Cora Coralina, la obra de la artista, desconocida por la gran mayoría de las detenidas, pasa a tener un signifi cado especial para ellas y hasta para sus familiares. “Ese delantal bordado con el poema de Cora que Ud. tiene en sus manos fue producido por la esposa de un detenido. Ella tenía preso a su marido y, al saber de mi trabajo, me pidió que le enseñase a bordar, pues se quedó sin ingresos”, cuenta Milena a la periodista. El verso del delantal dice: “En un ansia de vida, yo abría el vuelo en las alas imposibles del sueño”.
Having decided to teach embroidery to dozens of women who would otherwise idle away their time, she saw her work move on from being an escape valve for these women from their moments of anguish, to a precious opportunity for social reintegration. “They are paid per article embroidered and in addition their sentence is reduced because they are working. When they leave prison, they not only have earned some money, but have also learned a new trade”, she explained. They are paid between 15 to 20 reals per article. “Business in the store increases by up to 300% during the Festival. As the prisoners get really involved in the work, production increases at the same pace, so we always manage to meet our demands without any problems”, she adds. From behind the cell bars spring designs of fl owers, birds, dolls, children, rainbows and a million other images of hope and joy. Even the verses of the famous local poet, Cora Coralina, are embroidered. The poet’s work, unknown to the vast majority of these women, takes on a special meaning for them and even for their families. “This apron you’re holding, embroidered with one of Cora’s poems, was produced by the wife of an prisoner. Her husband had been arrested, and when she heard of my work, she asked me to teach her how to embroider, because she had no source of income”, Milena told the reporter. The back of the apron says: “In my longing for life, I took fl ight on the wings of an impossible dream.”
FICA 22
Carol Magalhães
Por outro ângulo
Mais do que mera função sensitiva, o
olhar assume, no cinema, conotação de
linguagem e se converte num universo
repleto de signifi cados. “O olhar tem mais
relevância do que o próprio tema, em si”,
enaltece o cineasta mineiro Kiko Goifman,
42, apontado pela crítica como um dos
mais inovadores e produtivos de sua
geração. Antropólogo pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre
em Multimeios pela Universidade de
Campinas (Unicamp), ele acredita que
experimentar novos ângulos e abordagens
é a saída para escapar do óbvio. Dentre os
aliados para esse exercício de criatividade,
segundo Goifman, estão o advento da
tecnologia digital e o crescente interesse
do público pelo real, algo que favorece,
sobretudo, o gênero documentário.
Diretor de FilmeFobia, grande vencedor
do Festival de Cinema de Brasília de 2008
– onde, além do prêmio de Melhor Filme,
conquistou mais quatro premiações –, ele
garante que o segredo é não se acomodar.
Na entrevista a seguir, Goifman, que
sustenta em sua fi lmografi a os longas Atos
dos Homens (2006) – prêmio de Melhor
Documentário no Festival de Nantes
(França) –, Morte densa (2004) e 33 (2003),
além do média Handerson e as horas
(2007) e dos curtas Território Vermelho
(2004), Aurora (2002) e Olhos Pasmados
(2000), comenta o avanço do cinema
ambiental, dá conselhos para jovens
profi ssionais e descreve sua participação
nas duas edições passadas do FICA.
Ponto de vista Viewpoint Punto de vista
From a diff erent angle Desde otro ángulo
Entrevista com Kiko Goifman
| Interview with Kiko Goifman|| Entrevista con Kiko Goifman
FICA 23
In cinema, more than exercising a mere sensory function, one’s stance takes on the connotation of language and becomes a world full of meaning. “The stance is more important than the actual theme itself,” claims the Minas Gerais fi lmmaker Kiko Goifman. At 42, critics regard him as one of the most innovative and productive fi lm makers of his generation. Having graduated in anthropology from the Federal University of Minas Gerais (UFMG), and holding a Masters in Multimedia from the University of Campinas (UNICAMP), he believes that trying out new angles and approaches is the only way to escape the obvious. To acquire this creativity, according to Goifman, one can count on digital technology as an ally as well as on the growing public interest in the real, something that encourages, above all, the documentary genre. He was director of FilmPhobia, the outright winner of the Brasilia Film Festival of 2008, where, besides the prize for Best Film, he also won four other awards, and he assures us that the secret is not to rest on your
Más que mera función sensitiva, la mirada asume, en el cine, connotación de lenguaje y se convierte en un universo repleto de signifi cados. “La mirada tiene más relevancia que el propio tema, en sí”, destaca el cineasta mineiro Kiko Goifman, 42, señalado por la crítica como uno de los más innovadores y productivos de su generación. Antropólogo por la Universidad Federal de Minas Gerais (UFMG) es master en Multimedios por la Universidad de Campinas (Unicamp), cree que experimentar nuevos ángulos y abordajes es la salida para escapar de lo obvio. Entre los aliados para ese ejercicio de creatividad, según Goifman, están el advenimiento de la tecnología digital y el creciente interés del público por lo real, algo que favorece, sobre todo, al género documental. Director de FilmeFobia, gran vencedor del Festival de Cine de Brasilia de 2008 – donde, además del premio de Mejor Película, conquistó cuatro premios más –, garantiza que el secreto es no acomodarse. En la entrevista a seguir, Goifman, que ostenta en su fi lmografía los largometrajes Atos dos Homens (2006) – premio de Mejor Documental en el Festival de Nantes (França) –, Morte densa (2004) y 33 (2003), Además del mediometraje Handerson e as horas (2007) y de los cortos Território vermelho (2004), Aurora (2002) y Olhos Pasmados (2000), comenta el avance del cine ambiental, da consejos a jóvenes profesionales y describe su participación en las dos ediciones pasadas del FICA.
laurels. In the following interview, Goifman, whose fi lmography includes the feature fi lms Acts of Men (2006) – award-winning Best Documentary Film at the Festival of Nantes (France) – Morte densa (2004) and 33 (2003), as well as the medium Handerson e as Horas (2007) and the shorts, Território Vermelho (2004), Aurora (2002) and Olhos Pasmados (2000), comments on advances in environmental fi lm making, advises young professionals and describes his participation in the two previous editions of FICA.
Divulgação Dissemination Divulgación
FICA 24
O documentário perdeu
a aura de chatice a partir
do momento em que
surgiram experiências
criativas
A vários fatores, a começar pelo
advento da tecnologia digital e pelo
barateamento de equipamentos. Outro
ponto importante é que o documentário
se livrou do formato entediante,
pedagógico, que tinha no passado. Isso
fez com que mais pessoas passassem
a se interessar pelo gênero. Ele perdeu
a aura de chatice a partir do momento
em que surgiram experiências criativas.
A crescente curiosidade do público pelo
real, ou pela aparência dele, também
contribui para essa efervescência.
E isso favorece não somente os
documentários, mas também os blogs,
fotologs, reality shows e assim por
diante. Veja bem: não quero dizer que o
que está sendo feito seja bom ou ruim.
Para fi nalizar, creio que o jornalismo do
último segundo, extremamente factual
e rápido, acaba gerando um tratamento
superfi cial de assuntos complexos.
E o documentário dispõe do tempo
necessário para entender os temas de
forma mais aprofundada.
“The documentary lost its reputation
as a tedious medium, once creative
experiences began to appear”
“El documental perdió su aura de
aburrido a partir del momento en que
surgieron experiencias creativas”
A produção de documentários tem
passado, nos últimos anos, por um
período de grande efervescência. A que
pode ser atribuída essa movimentação?
O cinema ambiental também tem
progredido?
Você levantou a questão da tecnologia
digital. Como ela tem impactado a
produção cinematográfi ca?
Acredito que de maneira positiva. Em
primeiro lugar, porque diminuiu os
custos da produção. A tecnologia digital
oferece, ainda, a possibilidade de se fazer
experiências, o que propicia o surgimento
de obras mais experimentais – que, na
verdade, são aquelas que mais gosto.
Antes, o fi lme era montado na moviola,
com cola, tesoura e durex, o que
impossibilitava mudar sua estrutura.
Atualmente, isso é muito fácil. Em uma
hora de sala de montagem, é possível
alterar completamente a disposição e
organização dos planos. Então, acho
que isso permite a exploração de mais
alternativas. Sem contar que a tecnologia
digital facilitou a distribuição dos fi lmes,
tornando o cinema mais democrático.
Sem dúvida. Creio que na mesma
proporção que os documentários, de
maneira geral. O que acho interessante
no cinema ambiental é a variedade de
fi lmes que se insere nesta temática.
Existem obras poéticas, com perspectiva
política, de denúncia, enfi m, são muitas
as abordagens possíveis. Nesta direção,
o mais importante é a possibilidade
de produção com custos mais baixos,
ou seja, sem que se tenha que esperar
quatro anos para liberação de verba, de
patrocínio. Deste modo, a tecnologia
Ponto de vista Viewpoint Punto de vista
FICA 25
FICA - In what way is FICA diff erent from others of the type?It can be attributed to a number of factors, beginning with the advent of digital technology and a reduction in equipment costs. Another important point is that the documentary has got rid of the tedious pedagogical format it had in the past. This has resulted in more people beginning to show an interest in the genre. The documentary lost its reputation as a tedious medium, once creative experiences began to appear. People’s growing curiosity about the real, or about the appearance of the real, also contributed to this exciting moment. And this is positive not just for documentaries but also for blogs, photo logs, reality shows and so on. I’m not saying that what is being done is either good or bad. And to end, I believe that last-minute journalism, while extremely factual and fast, has to result in the superfi cial treatment of complex issues, whereas the documentary has the time to understand the issues in more depth.
You raised the issue of digital technology. How has it impacted the fi lm? I believe it has impacted it in a positive way. Firstly, because it has reduced production costs. Furthermore, digital technology also off ers the possibility of doing experiments, facilitating the emergence of more experimental work, which in fact are those I like best. Up to now, fi lms had been mounted in a moviola with glue, scissors and tape, and this made the fi lm structure impossible to change. Nowadays it’s much easier. In one hour in the editing room, you can completely change the layout and organization of the plans. So I think this opens up the possibility of exploring more alternatives. Not to mention the fact that digital technology has facilitated the distribution of fi lms, and has made cinema a more democratic place.
Has the environmental fi lm also advanced? Undoubtedly! I believe in about the same proportion as documentaries in general. What I fi nd interesting in the fi lm environment is the variety of fi lms that fall within this theme. There are poetic works with a political perspective, fi lms denouncing certain situations, and there are many possible approaches. But what is most important is the possibility of producing at lower cost, that is, without having to wait for years to have money released or having to depend on sponsorship. So, digital technology has facilitated the emergence of a greater number of works, which does not in itself necessarily guarantee quality. But on the other hand, neither does it hinder progress. In the last FICA, for example, the jury sought to give priority to fi lms with a poetic vein – and not only to those making denouncements. These fi lms often dealt with cases that occurred over time, as is the case of Corumbiara, which eventually won the main award. And the reduction in equipment costs has also encouraged the emergence of television series on environmental themes, some of which were screened
La producción de documentales pasó, en los últimos años, por un período de gran efervescencia. ¿A que puede ser atribuido ese movimiento?A varios factores, para comenzar por el advenimiento de la tecnología digital y el abaratamiento de los equipos. Otro punto importante es que el documental se libró del formato tedioso, pedagógico, que tenía en el pasado. Eso hizo que más personas empezasen a interesarse por el género. Perdió así el aura de aburrido a partir del momento en que surgieron experiencias creativas. La creciente curiosidad del público por lo real, o por su apariencia, también contribuye a esa efervescencia. Y eso favorece no solamente a los documentales, sino también a los blogs, fotologs, reality shows y así sucesivamente. Mire, no quiero decir que lo que está siendo hecho sea bueno o malo. Para fi nalizar, creo que el periodismo del último segundo, extremadamente factual y rápido, acaba generando un tratamiento superfi cial de asuntos complejos. Y el documental dispone del tiempo necesario para entender los temas de forma más profunda.
Ud. habló de la cuestión de la tecnología digital. ¿Como ha impactado en la producción cinematográfi ca?Creo que de manera positiva. En primer lugar, porque disminuyó los costos de producción. La tecnología digital ofrece, aún, la posibilidad de hacer experiencias, lo que propicia el surgimiento de obras más experimentales – que, en verdad, son aquellas que más me gustan. Antes, el fi lm era montado en la moviola, con goma, tijera y cinta adhesiva, lo que imposibilitaba cambiar su estructura. Actualmente, eso es muy fácil. En una hora de sala de montaje, es posible alterar completamente la disposición y organización de los planos. Entonces, creo que eso permite la explotación de más alternativas. Sin contar que la tecnología digital facilitó la distribución de las películas, volviéndolo más democrático al cine.
¿El cine ambiental también ha progresado?Sin duda. Creo que en la misma proporción que los documentales, de manera general. Lo que me parece interesante en el cinema ambiental es la variedad de películas que se incluye en esta temática. Existen obras apoéticas, con perspectiva política, de denuncia, en fi n, son muchos los abordajes posibles. En esta dirección, lo más importante es la posibilidad de producción con costos más bajos, o sea, sin tener que esperar cuatro años para la liberación de recursos, de patrocinio. De este modo, la tecnología digital ha viabilizado la aparición de una mayor cantidad de obras, lo que no necesariamente implica en calidad. Pero, por otro lado, no impide ese avance. En la edición pasada del FICA, por ejemplo, el jurado procuró privilegiar películas que tenían una vena poética – y no solamente aquellos de denuncia. Esas obras, muchas veces, trataban de procesos que ocurrían a lo largo del tiempo, como es el caso del Corumbiara, que terminó ganando el premio principal. Y el abaratamiento de equipos incentiva aún
FICA 26
digital tem viabilizado o aparecimento
de uma maior quantidade de obras, o que
não necessariamente implica a qualidade
delas. Mas, por outro lado, não impede
esse avanço. Na edição passada do FICA,
por exemplo, o júri procurou privilegiar
fi lmes que tinham uma veia poética –
e não somente aqueles de denúncia.
Essas obras, muitas vezes, tratavam de
processos que ocorriam ao longo do
tempo, como é o caso do Corumbiara,
que acabou ganhando o prêmio principal.
E o barateamento de equipamentos
incentiva ainda o surgimento de séries
televisivas de cunho ambiental – como
algumas que foram exibidas no festival em
2009 –, pois não há mais a necessidade
de equipes gigantescas de produção. Em
suma: fomenta não apenas a quantidade,
mas também pode permitir uma poética,
um olhar diferenciado do diretor.
Sim. Já pensei em tratar da questão
ambiental urbana, que é algo pouco
explorado e que tem mais a ver comigo.
Acho possível. Quem sabe...
Já pensou em produzir algo voltado para
essa temática?
Como foi sua experiência como membro
do júri do XI FICA?
Na sua opinião, quais são os elementos
necessários para se produzir um fi lme de
qualidade sobre meio ambiente?
Como posso imprimir um
olhar diferenciado a este
tema? Por que faço isso
em um fi lme e não em um
pedaço de papel?
“How can I imprint a diff erent stance on this
subject? Why am I doing this in celluloid and not
on paper?”
“¿De que forma puedo imprimir una mirada
diferente sobre este tema? ¿Por que estoy haciendo
esto en una película y no en un pedazo de papel? “
O tipo de fi lme que acho interessante
é aquele que foge do banal, do óbvio.
E não estou falando do ponto de vista
do tema. É possível fazer um bom fi lme
sobre um assunto corriqueiro, como
panda ou mico-leão-dourado. Tudo vai
depender do olhar. Por que você vai
fazer um fi lme se, de repente, é mais
interessante elaborar um panfl eto e
distribuir na rua? Ao usar a ferramenta
audiovisual, é preciso pensar na poética
que a envolve. De que forma eu posso
imprimir um olhar diferenciado sobre
este tema? Por que estou fazendo isso
em um fi lme e não em um pedaço de
papel? Esses questionamentos devem
ser considerados por quem se propõe a
produzir obras neste sentido. Existe um
problema no cinema ambiental que é
fi car satisfeito com o tema. O cara acha
que encontrou um assunto diferente e
aí ele faz um fi lme velho sobre um tema
novo. O cinema é, antes de tudo, olhar.
Isso tem mais relevância do que o próprio
tema em si.
Ótima, porque era um grupo grande de
jurados. Isso é importante, pois torna o
processo mais democrático. O fato é:
ninguém consegue aprovar um fi lme
sozinho. Tudo é discutido, o que é
riquíssimo. Foi uma troca de experiências
maravilhosa. O único problema é que o
júri trabalha muito, né?! (risos). Mas, fora
isso, foi tudo sensacional.
Ponto de vista Viewpoint Punto de vista
FICA 27
at the Festival in 2009 - because there is no longer a need for huge production teams. In short, it not only promotes quantity but also allows the director to use poetics, a diff erent angle.
Have you thought about producing something on this theme? Yes. I’ve thought about dealing with the question of the urban environment, a theme which has had little airing and which has more to do with me. I think it’s possible. Who knows?
In your opinion, what is needed to produce a quality fi lm on the environment? The type of fi lm that I fi nd interesting is one which avoids the banal, the obvious. And I’m not talking in terms of the theme. You can make a good fi lm on an ordinary topic, such as the panda or golden lion tamarin. Everything depends on your stance. Why would you make a fi lm if it were more interesting to produce and distribute a pamphlet on the street? When using audio-visuals, one must think of poetics. How can I imprint a diff erent stance on this subject? Why am I doing this in celluloid and not on paper? Anyone planning to produce works along these lines must consider these questions. One of the problems in the fi lm world is to be satisfi ed with the theme. A guy thinks he has found a diff erent subject and then he makes an old fi lm about a new topic. Cinema is, above all, about a stance. This is more relevant than the actual theme itself.
What was your experience of being a XI FICA jury member? Great! Because there was a large group of us and this is important because it makes the process more democratic. The fact is that nobody can approve a fi lm alone. Everything is discussed, which is very enriching. It was a wonderful exchange of experiences. The only problem is that the jury works very, very hard! (laughs). But apart from that, everything was wonderful. As a matter of fact, I already knew the festival because in 2008 I had participated in a roundtable on documentaries with Jean Claude Bernardet (pause) ... I think the great challenge facing festivals such as FICA is the delimitation of a theme, as even within a theme, it is diffi cult to defi ne what is or is not environmental.
el surgimiento de series televisivas de cuño ambiental – como algunas que fueron exhibidas en el festival en 2009 –, ya que no hay más necesidad de equipos gigantescos de producción. En suma: fomenta no apenas la cantidad, sino también puede permitir una poética, una mirada diferente del director.
¿Pensó en producir algo volcado a esa temática?Sí. Pensé en tratar la cuestión ambiental urbana, que es algo poco explotado y que tiene más relación conmigo. Lo creo posible. Quien sabe...
¿En su opinión, cuales son los elementos necesarios para producir un fi lm de calidad sobre medio ambiente?El tipo de película que encuentro interesante es aquel que huye de lo banal, de lo obvio. Y no estoy hablando del punto de vista del tema. Es posible hacer una buena película sobre un asunto común, como el oso panda o el mono-león-dorado. Todo va a depender de la mirada. ¿Por que Ud. puede hacer una película si, tal vez, es más interesante elaborar un panfl eto y distribuirlo en la calle? Al usar la herramienta audiovisual, es preciso pensar en la poética que la envuelve. ¿De que forma puedo imprimir una mirada diferente sobre este tema? ¿Por que estoy haciendo esto en una película y no en un pedazo de papel? Esos cuestionamientos deben ser considerados por quien se propone producir obras en este sentido. Existe un problema en el cine ambiental que es quedar satisfecho con el tema. El tipo cree que encontró un asunto diferente y ahí hace una película vieja sobre un tema nuevo. El cine es, antes de todo, mirada. Eso tiene más relevancia que el propio tema en sí.
Como fue su experiencia como miembro del jurado del XI FICA?Óptima, porque era un grupo grande de jurados. Eso es importante, pues vuelve más democrático el proceso. El hecho es: nadie consigue aprobar una película solo. Todo es discutido, lo que es riquísimo. Fue un intercambio de experiencias maravilloso. El único problema es que el jurado trabaja mucho, no?! (risas). Pero, aparte de eso, fue todo sensacional. En verdad, ya conocía el festival, pues participé, en 2008, de una mesa sobre documentales con Jean Claude Bernardet (pausa)... Pienso que el gran desafío de festivales como el FICA es la delimitación del tema. Pues, aún dentro de la temática, es difícil defi nir que es ambiental y que no lo es.
No FICA passado, o júri
procurou privilegiar fi lmes
que tinham uma veia
poética – e não somente
aqueles de denúncia
“In the last FICA the jury sought to give priority
to fi lms with a poetic vein – and not only to those
making denouncements”
“En el FICA pasado, el jurado procuró privilegiar
películas que tenían una vena poética – y no
solamente aquellos de denuncia”
FICA 28
Na verdade, eu já conhecia o festival,
pois participei, em 2008, de uma
mesa sobre documentários com Jean
Claude Bernardet (pausa)... Penso que o
grande desafi o de festivais como o FICA
é a delimitação do tema. Pois, mesmo
dentro da temática, é difícil defi nir o que
é ambiental e o que não é. É complicado
ter critérios rígidos, pois muita coisa fi ca
implícita. Por exemplo, ao analisar um
fi lme que aborda a condição humana,
surge aquela história de que os homens
estão no meio ambiente. Por isso
considero este recorte complicado.
Qual é a sua avaliação sobre o festival?
Você é apontado como um cineasta
de vanguarda. Acredita que o cinema
brasileiro carece de renovação?
O FICA é excepcional por vários motivos.
O fato de ser realizado em uma cidade
pequena, por exemplo, é muito legal.
Os festivais promovidos em metrópoles,
como aqueles de São Paulo, são
dispersos; as pessoas têm difi culdade
em se encontrar. E penso que festival
precisa ser um lugar de encontro, de
troca de ideias. Isso é importante, não
um mero detalhe. Gostei bastante da
Cidade de Goiás e das pessoas, que
são extremamente gentis e receptivas.
Trata-se de um evento charmoso... Por
ser mineiro, também me identifi quei
muito com a comida goiana (risos).
Para quem faz parte do júri, existe
ainda a possibilidade de apreciar uma
série de fi lmes em primeira mão, o que
é fantástico. Fora isso, o FICA estimula
a produção de obras com a temática
ambiental – inclusive localmente -, bem
como tem enorme importância regional.
Algumas questões urgentes, como é
o caso do Cerrado, são amplamente
discutidas e reverberadas.
A primeira parte da pergunta fi ca por sua
conta (risos). Nos últimos cinco anos,
posso citar alguns fi lmes brasileiros um
pouco mais ousados. Mas, de modo
geral, existe uma caretice sim. E isso
me deixa triste, até mesmo na condição
de consumidor. Penso que há uma
timidez na forma de se trabalhar a
linguagem. As pessoas acabam optando
por um formato mais convencional, por
insegurança, ou porque acham que vão
atingir o grande público e, depois, se dão
mal. E isso não ocorre somente no Brasil.
Mas aqui é mais frequente, até pelas
difi culdades em conseguir recursos.
Ponto de vista Viewpoint Punto de vista
Existe uma caretice, sim.
E isso me deixa triste,
até mesmo na condição
de consumidor
“But there is a lack of daring. And this
saddens me, even as a consumer”
“Sí, existe un conservadurismo. Y eso me deja
triste, hasta en la condición de consumidor”
Há uma timidez para
trabalhar a linguagem.
As pessoas optam por um
formato mais convencional
por insegurança
There is a certain shyness in the way of working
with language. People end up opting for a more
conventional format out of insecurity”
“Hay una timidez en la forma de trabajar el
lenguaje. Las personas optan por un formato más
convencional, por inseguridad”
FICA 29
It is complicated to have rigid criteria, since so many things are just implied. For example, when analyzing a fi lm addressing the human condition, one can argue that people are part of the environment. So that’s why I consider this delimitation very complicated.
What is your assessment of the Festival? FICA is exceptional for several reasons. Being held in a small town, for example, is very positive. Festivals held in cities, like São Paulo, are scattered, and people have diffi culty in meeting. And I believe that festivals are meeting places to exchange ideas. This is important. It’s not just a mere detail. I really liked the town of Goias and the people there are extremely friendly and welcoming. This is a delightful event ... Being from Minas Gerais, I identifi ed very well with the Goiás food (laughs). For those who are part of the jury, there is also the chance to see a whole series of fi lms fi rst hand, which is fantastic. Apart from that, FICA encourages the production of environmental fi lms - even locally - and it also has enormous regional importance. Certain burning issues, such as the Cerrado, are widely discussed and echo throughout the region.
As an avant-garde fi lmmaker, do you believe that Brazilian cinema needs renewal?
The fi rst part of the question is for you to decide (laughs). Over the past fi ve years, I can name only a few more audacious Brazilian fi lms. But, in general, there is a lack of daring. And this saddens me, even as a consumer. I think there is a certain shyness in the way of working with language. People end up opting for a more conventional format, out of insecurity, fear or because they think they will reach the general public and then it fails to materialize. And this happens not just in Brazil. Of course, it happens more frequently here because of the diffi culties in getting resources.
Is it a form of self-censorship?I think so. Or maybe I’m wrong and people are square.
What is your advice for anyone who wants to abandon the obvious? It’s vital to watch fi lms because there are people who think they’re inventing the wheel or they come up with that same old nonsense: ‘I don’t watch fi lms so as not to be contaminated’. What stupidity! In today’s world, we are all being contaminated all the time, be it by the Internet or by television. But I still insist: your stance is everything. People cannot just settle for less, set their sails to every wind. They are preoccupied with the question: what’s the fi lm about? And that’s not the real question. The question is how will this fi lm come together on the screen?
The social question frequently appears in your work. Does this have something to do with the fact that you’re an anthropologist?
Es complicado tener criterios rígidos, pues muchas cosas quedan implícitas. Por ejemplo, al analizar una película que aborda la condición humana, surge aquella historia de que los hombres están en el medio ambiente. Por eso considero este recorte complicado.
Cual es su evaluación sobre el festival?El FICA es excepcional por varios motivos. El hecho de ser realizado en una ciudad pequeña, por ejemplo, es muy bueno. Los festivales promovidos en metrópolis, como aquellos de San Pablo, son dispersos; las personas tienen difi cultad para encontrarse. Y pienso que un festival precisa ser un lugar de encuentro, de intercambio de ideas. Eso es importante, no un mero detalle. Me gustó mucho la cuidad de Goiás y sus personas, que son extremadamente gentiles y receptivas. Se trata de un evento elegante... Por ser mineiro, también me identifi qué mucho con la comida goiana (risas). Para quien hace parte del jurado, existe aún la posibilidad de apreciar una serie de fi lmes de primera mano, lo que es fantástico. Aparte de eso, el FICA estimula la producción de obras con temática ambiental – inclusive localmente -, así como tiene enorme importancia regional. Algunas cuestiones urgentes, como es el caso del Cerrado, son ampliamente discutidas y reverberadas.
Ud. es señalado como un cineasta de vanguardia. ¿Cree que el cine brasileño carece de renovación?La primera parte de la pregunta corre por su cuenta (risas). En los últimos cinco años, puedo citar algunas películas brasileñas un poco más osadas. Pero, de modo general, sí existe un conservadurismo. Y eso me deja triste, hasta en la condición de consumidor. Pienso que hay una timidez en la forma de trabajar el lenguaje. Las personas acaban optando por un formato más convencional, por inseguridad, miedo o porque piensan que van a alcanzar al gran público y, después les va mal. Y eso no ocurre solamente en el Brasil. Es claro que aquí es más frecuente, hasta por las difi cultades en conseguir recursos.
¿Sería una autocensura?Creo que sí. O tal vez yo esté equivocado y las personas sean conservadoras nomás.
¿Cual es su consejo para quien quiere abandonar lo obvio? Ver películas es esencial, pues hay gente que cree que está inventando la rueda o viene con aquella vieja tontería: ‘no voy a ver películas para no contaminar mi mirada’. Tonterías! En el mundo de hoy, estamos todos contaminados el tiempo entero, sea por Internet o por la televisión. Pero vuelvo a insistir: la mirada es todo. Las personas no pueden contentarse, acomodarse. Se preocupan con la pregunta: ¿Sobre qué es la película? Y no es ese es cuestionamiento, y sí: ¿como va a suceder esa película en la pantalla?
FICA 30
Claro, principalmente porque me
interesso por grupos sociais. Não faço
fi lme sobre pessoas isoladas. Na minha
fi lmografi a existem pouquíssimas obras
sobre uma pessoa específi ca. Por outro
lado, tenho fi lmes sobre outros assuntos
também. O próprio FilmeFobia é um
exemplo disto. Todavia, o fato é que,
antes de fi lmar, eu não planejo utilizar a
temática social. Uma coisa puxa a outra e
acaba acontecendo.
É de propósito. Tenho atração por
trabalhar nas fronteiras de gênero – e
não somente entre documentário e
fi cção. Gosto de colocar elementos de
humor nos meus fi lmes. No caso do
FilmeFobia, tenho um namoro com o
terror também... Eu aprecio fazer fi lmes
nas fronteiras, que não sejam simples de
se classifi car.
O retorno do público é a coisa mais
importante. No meu caso, que faço fi lmes
polêmicos, é gratifi cante saber que tem
gente que embarca nas minhas viagens. É
claro que todo tipo de retorno é benéfi co,
ou seja, acaba trazendo uma ou outra
facilidade. Melhor dizendo: traz uma
menor difi culdade, porque fazer fi lme no
Brasil vai ser sempre difícil. Os prêmios
recebidos, como os que ganhei, em
2008, no Festival de Cinema de Brasília,
agregam valor no currículo, o que pode,
talvez, permitir alguma facilidade para a
produção de um próximo fi lme.
Conversei sobre isso com Jean
recentemente. Acho que tem isso sim,
um humor perverso, talvez. Tem a
participação do Zé do Caixão, de um
monte de fobias engraçadas... Porém,
não é somente um fi lme de humor, ou,
pelo menos, não é um humor tradicional.
Aliás, acho o humor importante no
cinema, seja em qual gênero for.A abordagem social aparece com
frequência nas suas obras. Isso tem alguma
relação com o fato de ser antropólogo?
Você brinca com a fronteira entre o
documentário e a fi cção. Isso é feito de
propósito?
O fi lme foi bastante elogiado pela crítica e
pelo público, inclusive na mostra paralela
do XI FICA. Esse retorno tem trazido algum
resultado concreto para sua carreira?
O crítico Jean Claude Bernardet se referiu
a FilmeFobia como sendo uma obra de
humor. Concorda com ele?
Ponto de vista Viewpoint Punto de vista
Seria uma autocensura?
Acho que sim. Ou talvez eu esteja
enganado e as pessoas sejam caretas
mesmo.
Qual seu conselho para quem quer
abandonar o óbvio?
Assistir fi lmes é essencial, pois tem gente
que acha que está inventando a roda ou
vem com aquela velha bobagem: ‘não
vou assistir fi lme para não contaminar
o meu olhar’. Pura besteira! No mundo
de hoje, estamos todos contaminados o
tempo inteiro, seja pela Internet ou pela
televisão. Mas volto a insistir: o olhar é
tudo. As pessoas não podem se contentar,
se acomodar. Elas fi cam preocupadas
com a pergunta: o fi lme é sobre o quê?
E não é esse o questionamento, e sim:
como esse fi lme vai acontecer na tela?
FICA 31
Yes, of course, mostly because I’m interested in social groups. I don’t make fi lms about isolated individuals. In my fi lmography, there are very few works on one specifi c person. On the other hand, I have made fi lms on other subjects too. FilmPhobia itself is an example of this. However, the fact is that, before fi lming, I don’t plan to use a social theme. One thing leads to another and it just happens.
You toy with the boundaries between documentary and fi ction. Do you do this on purpose? Yes, it’s done on purpose. Working on the boundaries of genre – not just between documentary and fi ction – appeals to me. I like to include humor in my fi lms. In the case of FilmPhobia, I have a love aff air with terror as well ... I enjoy making fi lms at the boundaries, fi lms which are not easy to classify.
The critic, Jean Claude Bernardet, has referred to FilmPhobia as a humorous fi lm. Do you agree with him? Jean and I have talked about that recently. I think it is, but in a rather perverse sense, perhaps. Zé do Caixão appears in it and there’s a pile of funny phobias ... But it is not only a humorous fi lm or at least not in the traditional humorous vein. Incidentally, I think humor is important in fi lm, no matter what genre it is.
The fi lm was widely acclaimed by both critics and public alike, including during the XI FICA parallel screening. Has this resulted in any concrete dividends for your career? Public appreciation is of the utmost importance. In my case, in the question of making controversial fi lms, it is gratifying to know that there are people out there who go along with me... Of course, any kind of dividend is benefi cial, it facilitates in one way or another, or rather, it makes things less diffi cult, because fi lmmaking in Brazil will always be a challenge. Every award received, like those I won in 2008 at the Brasilia Film Festival, one of the country’s most traditional, aggregates value to your curriculum, which could perhaps facilitate the production of your next fi lm.
El abordaje social aparece con frecuencia en sus obras. ¿Eso tiene alguna relación con el hecho de ser antropólogo?
Claro, principalmente porque me intereso por grupos sociales. No hago películas sobre personas aisladas. En mi fi lmografía existen poquísimas obras sobre una persona específi ca. Por otro lado, tengo fi lmes sobre otros asuntos también. El propio FilmeFobia es un ejemplo de esto. Sin embargo, el hecho es que, antes de fi lmar, no planeo utilizar la temática social. Una cosa tras la otra y acaba sucediendo.
Ud. juega con la frontera entre el documental y la fi cción. ¿Esto está a propósito?Es a propósito. Siento atracción por trabajar en las fronteras de género – y no solamente entre documental y fi cción. Me gusta colocar elementos de humor en mis películas. En el caso de FilmeFobia, tengo un romance con el terror también... Aprecio hacer películas en las fronteras, que no sean simples de clasifi car.
El crítico Jean Claude Bernardet se refi rió a FilmeFobia como una obra de humor. ¿Concuerda con él?Conversé sobre eso con Jean recientemente. Creo que tiene eso sí, un humor perverso, tal vez. Está la participación de Zé do Caixão, de un montón de fobias graciosas... Sin embargo, no es solamente una película humor, o, por lo menos, no es un humor tradicional. Por otra parte, encuentro importante el humor en el cine, en el género que sea.
La película fue muy elogiada por la crítica y por el público, inclusive en la muestra paralela del XI FICA. ¿Ese retorno le ha traído algún resultado concreto para su carrera?El retorno del público es la cosa más importante. En mi caso, que hago fi lmes polémicos, es gratifi cante saber que hay gente que se embarca en mis viajes... Es claro que todo tipo de retorno es benéfi co, o sea, acaba trayendo una u otra facilidad. Dicho de otro modo: trae una menor difi cultad, porque hacer películas en Brasil va a ser siempre difícil. Los premios recibidos, como es el caso de los que gané, en0 2008, en el Festival de Cine de Brasilia, agregan valor al currículum, lo que puede, tal vez, permitir alguna facilidad para a producción de una próxima película.
Todo retorno é benéfi co
e traz uma ou outra
facilidade. Melhor
dizendo: traz uma menor
difi culdade, porque fazer
fi lme no Brasil vai ser
sempre difícil
“Any kind of dividend is benefi cial and facilitates in
one way or another, or rather, it makes things less
diffi cult, because fi lmmaking in Brazil will always be
a challenge”
“Todo tipo de retorno es benéfi co, o sea, acaba
trayendo una u otra facilidad. Dicho de otro modo:
trae una menor difi cultad, porque hacer películas
en Brasil va a ser siempre difícil”
FICA 32
Ameaçado de extinção, o bioma que detém a
maior diversidade do mundo será tema de um
Fórum de Desenvolvimento Sustentável durante o XII FICA
Texto Adalberto Araújo Fotos João Caetano
This biome which holds the world’s greatest biodiversity and is threatened with extinction
will be the topic for discussion at the Forum on Sustainable Development, during the XII FICA
Amenazado de extinción, el bioma que alberga la mayor diversidad del mundo será tema de
un Foro de Desarrollo Sostenible durante el XII FICA
Capa Cover Portada
Cerrado vivo: The Cerrado is alive but for how long? Cerrado vivo: ¿Hasta cuándo?
até quando?
FICA 33
FICA 34
“Não se pode enxergar plenamente o
Cerrado com os olhos do corpo, porque
sua essência é visível apenas aos olhos da
alma”. A sentença é de um dos maiores
responsáveis pela difusão da imagem
deste precioso bioma no Brasil e no
mundo, o fotógrafo mineiro-goiano João
Caetano. Cores, sons, cheiros, sabores,
texturas, enfi m, as múltiplas sensações
que emanam do Cerrado não podem
ser percebidas e apreendidas sem uma
perfeita comunhão entre as pessoas e
essa grandiosa manifestação da natureza,
cravada no coração da América do Sul –
localizado em sua maior parte no Planalto
Central do Brasil e conhecido como “a
savana brasileira”, o bioma já chegou a
cobrir 22% do território do País.
Entender o Cerrado exige muito mais
que o puro exercício da contemplação e
da admiração, pois ele reserva surpresas
até para os mais experimentados nativos.
São surpresas táteis e visíveis, como a
caliandra, que fl oresce em meio às cinzas
dos troncos retorcidos das árvores de
folhas grandes e ásperas, a cada queimada
reduzidos a meros tocos esturricados. “O
Cerrado é um mistério da vida, repleto
de uma beleza que só se revela quando
se embrenha mato adentro. Por isso
tento mostrar, com minhas fotografi as,
o que não se vê no dia a dia”, completa
João Caetano, que deve ao Cerrado
seus inúmeros prêmios nacionais e
internacionais.
São surpresas histórico-científi cas, como a
constatação de que se trata do mais antigo
bioma existente na Terra desde o Período
Cenozóico – 65 milhões de anos atrás
–, quando ele absorveu a maior parte do
dióxido de carbono expelido pelo planeta
após a queda de um meteoro, que dizimou
quase toda a vida terrestre e marcou o
fi m do Período Cretáceo. “A capacidade
do Cerrado de sequestrar o carbono
da atmosfera foi o que possibilitou que
houvesse a explosão de vida que se seguiu
à hecatombe, e que garantiu que a vida
prosperasse no planeta Terra, desde
então”, ensina o professor titular da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
(PUC-GO) e fundador do Instituto do
Trópico Subúmido (ITS), Altair Sales.
Capa Cover Portada
FICA 35
“One cannot see the Cerrado fully through one’s own eyes, because its essence is visible only to the inner eye.” This sentence was pronounced by one of the people most responsible for disseminating the image of this precious biome throughout Brazil and beyond, the Minas Gerais photographer João Caetano. Colors, sounds, scents, fl avors, textures, or indeed, the innumerable sensations that emanate from the Cerrado cannot be perceived or learned without perfect communion between people and this sublime manifestation of nature, hidden away in the heart of South America. Located mostly in Brazil’s central highlands and known as the ‘Brazilian savanna’, at one time this biome covered 22% of the country.
Understanding the Cerrado requires much more than mere contemplation and admiration because it surprises even the most skilled natives. Surprises which are touchable and visible, in such plants as the Caliandra, blossoming amid the ashes of the twisted trunks of giant-leaved prickly trees, which with every burning are reduced to mere charred stumps. “The Cerrado is a mystery of life, full of beauty that is only perceived as such when one penetrates deeper inside. That is why I use my photos to show what can’t be seen on the surface”, adds João Caetano, who has received innumerable national and international awards for his Cerrado pictures.
There are also historical and scientifi c surprises, such as realizing that this is the oldest biome on Earth, in existence since the Cenozoic Period – 65 million years ago – when it absorbed most of the carbon dioxide emitted by the planet after the crash of a meteorite which almost wiped out the whole of life on earth and marked the end of the Cretaceous Period. “The Cerrado’s ability to capture carbon from the atmosphere was what led to the explosion of life which occurred after the hecatomb, and which has since then guaranteed survival on planet Earth”, says Altair Sales, titular professor at the Pontifi cal University Goiás (PUC Goiás) and founder of the Tropical Subhumid Institute (ITS).
” No se puede ver plenamente el Cerrado con los ojos del cuerpo, porque su esencia es apenas visible para los ojos del alma”. La sentencia es de uno de los más grandes responsables de la difusión de la imagen de este precioso bioma en Brasil y en el mundo, el fotógrafo João Caetano. Colores, sonidos, olores, sabores, texturas, en fi n, las múltiples sensaciones que emanan del Cerrado no pueden ser aprehendidas y sabidas sin una perfecta comunión entre personas y esa grandiosa manifestación de la naturaleza, enclavada en el corazón de América del Sur – localizado en su mayoría en el Meseta Central de Brasil y conocido como “la sabana brasileña”, el bioma que antaño cubría el 22% del territorio del País.
Entender el Cerrado exige mucho más que el simple ejercicio de la contemplación y de la admiración, pues éste reserva sorpresas incluso a los más experimentados autóctonos. Son sorpresas táctiles y visibles, como la calliandra que fl orece entre las cenizas de los troncos retorcidos de los árboles de hojas grandes y ásperas, que con cada quema de rastrojos son reducidos a meros tocones chamuscados. “El Cerrado es un misterio de la vida, repleto de belleza que sólo se revela cuando uno se adentra en el bosque. Por eso intento mostrar, con mis fotografías, lo que no se ve a diario”, completa João Caetano, que debe al Cerrado sus innumerables premios nacionales e internacionales.
Son sorpresas histórico científi cas, como la constatación de que se trata del más antiguo bioma existente en la Tierra desde el periodo Cenozoico – 65 millones de años atrás –, cuando éste absorbió la mayor parte del dióxido de carbono expelido por el planeta después de la caída de un meteoro, que diezmó casi toda la vida terrestre y marcó el fi n del periodo Cretáceo. “La capacidad del Cerrado de secuestrar carbono de la atmósfera fue lo que posibilitó que hubiera la explosión de vida que siguió a la hecatombe, y lo que garantizó que la vida prosperara en el planeta desde entonces”, enseña el profesor titular de la Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) y fundador del Instituto do Trópico Subúmido (ITS), Altair Sales.
FICA 36
Capa Cover Portada
Berço das águas Cradle of the waters Cuna de las aguas
Mas a importância do bioma não está
restrita ao passado. Os 400 mil quilômetros
quadrados restantes dos 2 milhões de
quilômetros quadrados originalmente
cobertos pelo Cerrado detêm a maior
diversidade existente no mundo,
atualmente. Seu solo, em função do
complexo sistema radicular da vegetação,
é responsável pela absorção de até 80%
das águas pluviais da região, que escorrem
para as profundezas da terra e formam
os maiores aquíferos subterrâneos do
mundo – o Guarani, o Urucuia e o Bambuí
–, garantindo fornecimento hídrico a
quase todo o Cone Sul. “Sem a vegetação
nativa, os lençóis freáticos tornam-se
altamente vulneráveis e, por consequência,
comprometem o abastecimento das
grandes bacias hidrográfi cas da América do
Sul, que poderão ter seus rios reduzidos a
fi os d’água em apenas algumas décadas”,
revela Altair.
Diante das preocupantes projeções
científi cas, que apontam para o fi m do
bioma caso seja mantido o atual ritmo
de devastação ao qual ele vem sendo
submetido, o FICA conta esse ano com uma
iniciativa pioneira. Pela primeira vez, desde
a criação do festival, em 1998, os prefeitos
de 18 municípios da Região do Vale do Rio
Araguaia do Estado de Goiás vão se reunir
durante o evento. O objetivo do encontro
é criar um Fórum de Desenvolvimento
Sustentável entre os municípios da
região, para promover debates e buscar
soluções comuns para as questões que
se apresentam mais urgentes nessas
localidades.
FICA 37
But the importance of this biome is not just restricted to the past. Today, the remaining 400 thousand of the 2 million square kilometers which were originally covered by Cerrado hold the world’s greatest biodiversity. Its soil, due to its complex root vegetation system, is responsible for absorbing up to 80% of the region’s rainfall. This water seeps into the depths of the earth, forming the world’s largest underground aquifers - the Guarani, Urucuia and Bambuí – which guarantee water supplies to almost all of the Southern Cone. “Without native vegetation, water tables become highly vulnerable and, consequently, threaten supplies to the large river basins of South America, whose rivers could be reduced to mere streams in just a few decades”, Altair says.
Faced with these alarming scientifi c projections, pointing to the destruction of the biome if its current pace of devastation is maintained, FICA presents a pioneering initiative this year. For the fi rst time since the creation of the festival in 1998, the mayors of the 18 municipalities in the Vale do Rio Araguaia Region, Goiás, are meeting during the event. The purpose of their meeting is to establish a Forum for Sustainable Development between the municipalities, to discuss and to fi nd common solutions to the burning issues of these localities.
Ahora bien, la importancia del bioma no se reduce al pasado. Los 400 mil quilómetros cuadrados restantes de los 2 millones de quilómetros cuadrados originalmente cubiertos por el Cerrado albergan la mayor diversidad existente en el mundo, actualmente. Su suelo, en función del complejo sistema radicular de la vegetación, es el responsable de la absorción de hasta el 80% de las aguas pluviales de la región, que se fi ltran a las profundidades de la tierra y forman los más grandes acuíferos subterráneos del mundo – el Guaraní, el Urucuia y el Bambuí –, garantizando el abastecimiento hídrico a casi todo el Cono Sur. “Sin la vegetación autóctona, los lechos freáticos se vuelven altamente vulnerables y, en consecuencia, comprometen el abastecimiento de las grandes cuencas hidrográfi cas de América del Sur, que podrán ver sus ríos reducidos a regueros de agua en tan solo algunas décadas”, revela Altair.
Ante las preocupantes previsiones científi cas, que señalan el fi n del bioma en el caso de que se mantenga el actual ritmo de devastación al que se le viene sometiendo, el FICA cuenta en esta ocasión con una iniciativa pionera. Por primera vez desde la creación del festival en 1998, los alcaldes de 18 municipios de la Región del Valle del Río Araguaia en el Estado de Goiás se van a reunir durante el evento. El objetivo es el de crear un Foro de Desarrollo Sostenible y promover debates, a fi n de que se busquen soluciones comunes para las cuestiones que se plantean más urgentes en las localidades.
FICA 38
Capa Cover Portada
Cão vira-latas A stray dog Un chucho más que un perro
Para os especialistas, o fórum do FICA
chega em boa hora. O professor Altair
Sales, uma das maiores autoridades
mundiais em Cerrado (ele é antropólogo
e doutor em Arqueologia), ressente-se do
tratamento que o bioma historicamente
vem recebendo, tanto do poder público
como do setor produtivo e da sociedade
civil. “É como se ele fosse um cão vira-
latas em comparação à atenção e às
discussões recebidas pela Amazônia e
pela Mata Atlântica”, afi rma. João Caetano
também critica o tratamento dispensado ao
Cerrado. “Revoltou-me, durante a Eco 92,
a ausência de discussões dos problemas do
nosso bioma. Só se falava em Amazônia e
em Mata Atlântica. Daí meu estímulo maior,
desde então, em lutar pelo Cerrado, em
ter esperança de que é possível fazer algo
por ele”, diz o fotógrafo, orgulhoso por ter
levado a várias partes do mundo imagens
do bioma.
João Caetano critica o desprezo da
população em relação ao bioma. “Me
dói profundamente ver estabelecidas no
Cerrado algumas atividades econômicas
que foram limitadas, ou mesmo banidas de
certas regiões, devido ao seu potencial de
destruição do meio ambiente”. O bioma
pode ser extinto em duas décadas, caso
persista o atual nível de degradação. “Por
ser um ambiente muito antigo, o Cerrado
já atingiu seu apogeu evolutivo, portanto,
uma vez degradado, não recupera jamais
sua plenitude, ao contrário da Amazônia
e da Mata Atlântica, que ainda estão em
formação. A destruição imposta ao Cerrado
é irreversível, e essa premissa vale para
todos os elementos do bioma, como fauna,
fl ora e recursos hídricos”, explica Sales.
FICA 39
Experts agree that the FICA Forum could not have come at a more opportune time. Dr. Altair Sales, one of the world’s leading authorities on the Cerrado (an anthropologist with a PhD in Archaeology), feels deeply about the treatment that the biome has historically received from the government, the productive sector and civil society. “It’s as if it were a stray dog when one compares the debate and concerns for the Amazon and Atlantic Forests”, he says. João Caetano has also criticized the treatment given to the Cerrado. “During Eco 92, I was disgusted by the absence of any discussion on the problems of our biome. The whole talk was of the Amazon and Atlantic Forests. That’s what whetted my interest in fi ghting for the Cerrado, in hoping that something could be done for it”, says the photographer, so proud to have taken the biome to various parts of the world.
João Caetano criticizes people’s contempt for this biome. “It upsets me intensely to see certain economic activities, which have been limited and even banned from other areas because of their potential for environmental destruction, being allowed to set up here”. The biome could become extinct in two decades, if the present levels of devastation continue. “As it is an ancient environmental system, the Cerrado has already reached its evolutionary peak, so once it has been degraded it will never again recover its fullness, unlike the Amazon or Atlantic Forests, which are still in the process of formation. The devastation being imposed on the Cerrado is irreversible, and this is true for all elements of the biome, its fauna, fl ora and water resources”, explains Dr. Sales.
Para los especialistas, el FICA llega en buena hora. El profesor Altair Sales, es una de las mayores autoridades mundiales en el Cerrado (es antropólogo y doctor en Arqueología), se queja del tratamiento que el bioma históricamente ha ido recibiendo, tanto del poder público como del sector productivo y de la sociedad civil. “Es como si él fuera un chucho en comparación con la atención y las discusiones recibidas por la Selva Amazónica y por el Bosque Atlántico”, afi rma. João Caetano también critica el tratamiento dispensado al Cerrado. “Me fastidió, durante la Eco 92, la ausencia de discusiones de los problemas de nuestro bioma. Sólo se hablaba de la Selva Amazónica y del Bosque Atlántico. Por eso, mi mayor motivación, desde entonces, es luchar por el Cerrado, es tener la esperanza de que es posible hacer algo por él”, dice el fotógrafo, orgulloso de haber llevado a varias partes del mundo el bioma.
João Caetano critica el menosprecio de la población en relación al bioma. “Me duele profundamente ver establecidas en el Cerrado algunas actividades económicas a las que limitaron o expulsaron en ciertas regiones, debido a su potencial de destrucción del medio ambiente”. El bioma puede que se extinga en un par de décadas, en el caso de que persista al actual escalada de degradación. “Por ser un ambiente muy antiguo, el Cerrado ya ha alcanzado su apogeo evolutivo, por lo tanto, cuando se degrada, no recupera nunca más su plenitud, al contrario de lo que pasa con la Selva Amazónica y el Bosque Atlántico, que aún están en formación. La destrucción impuesta al Cerrado es irreversible, y esa premisa vale para todos los elementos del bioma, como fauna, fl ora y recursos hídricos”, explica Sales.
FICA 40
Capa Cover Portada
Alerta e esperança A warning but still hopeful
Alerta y esperanza
A extinção do Cerrado, alerta o
professor Altair Sales, além dos impactos
negativos ambientais e das consequências
para a economia, implica também a
alteração das relações sociais entre os
humanos. “À medida que escassearem os
recursos hídricos, fundamentais para a
existência da vida, começarão os confl itos,
inclusive os bélicos, o que pode gerar
uma convulsão social sem precedentes,
já que não há vida sem água”, alerta. Para
o especialista, embora a destruição do
Cerrado não signifi que o fi m do planeta
Terra, pode contribuir decisivamente
para o fi m da humanidade. “O planeta
viverá, mas o aumento do efeito estufa,
potencializado pela falta do Cerrado
como principal sequestrador do dióxido
de carbono, levará a elevações médias de
5°C na temperatura da Terra. Será o fi m da
espécie humana”, decreta.
Embora não acredite que a devastação
do Cerrado cesse a curto prazo, o
produtor cinematográfi co Pedro Novaes
ainda conserva a esperança, pois
enxerga mudanças positivas no modo
de exploração do bioma. Cita como
exemplo uma recente viagem à região do
Xingu, no Mato Grosso, onde presenciou
iniciativas de preservação que até alguns
anos eram demonizadas pelos produtores
rurais. “Vi muitas propriedades com áreas
de preservação permanentes (APPs) já
separadas e outras em recuperação. É
um grande passo rumo à preservação
dos biomas e isso se deve à mudança de
postura dos agentes produtivos. Os fi lhos
dos pioneiros já absorveram a questão da
preservação e agora assumem a gestão de
suas terras com outra visão”, relata.
FICA 41
Professor Altair Sales warns that the extinction of the Cerrado, with its negative environmental impacts and economic consequences, would also imply a change in the social relationships between people. “The scarcer water resources – so vital for life – become, the greater the possibility of confl icts, even bellicose ones. This could generate unprecedented social upheavals, since life cannot exist without water”, he warns. For this expert, although the destruction of
the Cerrado would not mean the end of Planet Earth, it may, however, decisively contribute to bringing an end to humanity. “The planet will survive, but the increased greenhouse eff ect, aggravated by the extinction of the Cerrado, the main captor of carbon dioxide, will lead to average increases of 5° C in the Earth’s temperature. This will be the end of the human species”, he declares.
The fi lm producer, Pedro Novaes, while not believing that the devastation of the Cerrado will stop in the short term, still has some hope because he sees positive changes in the way the biome is being used. As an example, he quotes a recent trip to the Xingu region of Mato Grosso, where he saw preservation initiatives which until recently had been demonized by farmers. “I saw several pieces of property with areas of permanent preservation already established and others being restored. It´s a big step forward in terms of biome conservation and this is due to a change in farming attitudes. The children of the pioneers have already taken up the issue of preservation and assumed diff erent attitudes in managing their lands”, he reports.
La extinción del Cerrado, alerta el profesor Altair Sales, además de los impactos negativos ambientales y de las consecuencias para la economía, implica también la alteración de las relaciones sociales entre los humanos. ”A medida que escaseen los recursos hídricos, fundamentales para la existencia de la vida, empezarán los confl ictos, incluso los bélicos, lo que puede generar una convulsión social sin precedentes, ya que no hay vida sin agua”, alerta. Para el experto, aunque la destrucción el Cerrado no signifi que el fi n del planeta Tierra, puede contribuir decisivamente para el fi n de la humanidad. “El planeta vivirá, pero el aumento del efecto invernadero, potencializado por la falta del Cerrado como principal secuestrador del dióxido de carbono, provocará elevaciones medias de 5° C en la temperatura de la Tierra. Será el fi n de la especie humana”, decreta.
Aunque no crea que la devastación del Cerrado cese a corto plazo, el productor cinematográfi co Pedro Novaes aún conserva la esperanza, pues ve cambios positivos en el modo de explotación del bioma. Cita como ejemplo un reciente viaje a la región del Xingú, en Mato Grosso, donde ha presenciado iniciativas de conservación que hasta hace pocos años eran demonizadas por los productores rurales. “He visto muchas propiedades con áreas de preservación permanentes (APP) ya separadas y otras en recuperación. Es un gran paso rumbo a la conservación de los biomas y eso se debe a un cambio de postura de los agentes productivos. Los hijos de los pioneros ya han absorbido la cuestión de la conservación y ahora asumen la gestión de sus tierras con otra visión”, relata.
FICA 42
Destruição do cerrado pode levar a aumento
médio de 5° na temperatura da Terra e
provocar o fi m da vida humana
| Destruction of the Cerrado may lead to an average 5°C increase in the Earth’s temperature and bring about the destruction of human life
|| Destrucción del cerrado puede llevar a aumento medio de 5°C en la temperatura de la Tierra y provocar el fi n de la vida humana
Capa Cover Portada
FICA 43
FICA 44
Um dos motivos para a atual situação
de calamidade do Cerrado, na opinião
de Pedro, é a falta de mobilização. “A
sociedade civil organizada em Goiás
voltada para as questões ambientais é
pouco mobilizada, se comparada com a
que atua na Amazônia e na Mata Atlântica.
O poder de infl uência dessas ONGs nas
instâncias decisórias, o estabelecimento
de diálogos, a capacidade de pressionar
e de fazer cobranças aos responsáveis
pelas resoluções que envolvem o Cerrado
é muito baixa”, diz. Do outro lado, ele
considera o setor produtivo extremamente
articulado e organizado, com uma agenda
bastante defi nida, recheada de propostas
bem fundamentadas.
Outra crítica de Pedro Novaes diz respeito
às políticas públicas, caracterizadas pela
centralização das decisões nos governos
federal e estaduais. “Aos municípios,
mais próximos da realidade ambiental
que as outras esferas de poder, faltam
recursos fi nanceiros, suporte técnico
e fortalecimento institucional. Ou se
organiza e mobiliza-se a sociedade civil,
concedendo mais estrutura às prefeituras,
ou o Cerrado continuará fadado ao
desaparecimento”, ressalta o produtor.
Para evitar esse futuro de matizes
cataclísmicos, entretanto, basta a adoção
de algumas medidas simples e de aplicação
nada exorbitante. Frear o desmatamento,
fazer cumprir as leis ambientais que
protegem o Cerrado, demarcar novos
Capa Cover Portada
Mobilização
e infl uência Mobilization and infl uence
Movilización e infl uencia
territórios a fi m de protegê-los da
destruição, buscar métodos sustentáveis
de produção econômica e salvaguardar os
mananciais hídricos são medidas urgentes
e perfeitamente exequíveis que podem
reduzir as pressões sobre o que resta do
Cerrado. Já cantou o compositor mineiro
Beto Guedes: “A lição, sabemos de cor... só
nos resta aprender”.
FICA 45
In Pedro’s opinion, one reason for the Cerrado’s current state of calamity is the lack of mobilization. “There is poor organization on the part of civil society in Goiás in terms of environmental issues, in comparison with those of the Amazon and Atlantic Forests. NGOs have very little power to exert infl uence in decision-making spheres, to dialogue, pressurize and demand decisions about the Cerrado from those responsible”, he says. On the other hand, he considers the productive sector extremely well versed and organized, with a very well-defi ned agenda, based on sound proposals.
Pedro Novaes also criticizes public policies drawn up in a centralized manner by both Federal and State governments. “Municipalities, more in tune with their environmental realities than the other spheres of power, lack fi nancial resources, technical support and institutional force. If civil society does not get organized and mobilized, and get more clout for municipalities, then the Cerrado is doomed to disappear”, says the producer.
However, to prevent this future with cataclysmic overtones coming about, one just needs to adopt some simple measures whose application requires nothing exorbitant. Curbing deforestation, enforcing the environmental laws which protect the Cerrado, demarcating new territories in order to protect them from destruction, seeking more sustainable production methods and protecting water sources are just some of the perfectly feasible and urgently required measures which could reduce pressure on what remains of the Cerrado. According to the Minas Gerais song writer, Beto Guedes, “The lesson, we already know it by heart ... now, we just need to learn it”.
Uno de los motivos para la actual situación de calamidad del Cerrado, en la opinión de Pedro, es la falta de movilización. “La sociedad civil organizada en Goiás volcada para las cuestiones ambientales está poco movilizada, si se compara con la que actúa en la Selva Amazónica y en el Bosque Atlántico. El poder de infl uencia de esas ONG en las instancias decisorias, la capacidad de presionar y de plantear exigencias a los responsables de las resoluciones que incumben al Cerrado es muy baja”, dice. Por otro lado, considera que el sector productivo está extremadamente articulado y organizado, con una agenda bastante defi nida, repleta de propuestas bien fundamentadas.
Otra crítica de Pedro Novaes trata al respecto de las políticas públicas, caracterizadas por la centralización de las decisiones en los gobiernos federal y estatales. “A los municipios, más cercanos de la realidad ambiental que otras esferas de poder, les faltan recursos económicos, soporte técnico y fortaleza institucional. O se organiza la sociedad civil, concediendo más estructura a los ayuntamientos, o el Cerrado continuará destinado fatalmente a la desaparición”, resalta el productor.
Para evitar ese futuro de matices cataclísmicos, sin embargo, basta con la adopción de algunas medidas simples y de aplicación nada exorbitante. Frenar la deforestación, hacer cumplir las leyes ambientales que protegen el Cerrado, demarcar nuevos territorios a fi n de protegerlos de la destrucción, buscar métodos sostenibles de producción económica y salvaguardar los manantiales hídricos son las medidas urgentes y perfectamente viables que pueden reducir las presiones sobre lo que queda del Cerrado. Ya lo cantó el compositor minero Beto Guedes: “La lección, la sabemos de memoria... sólo nos falta aprender”.
FICA 46
Capa Cover Portada
Vital para o Cerrado
O FICA é um evento que tinha de ser realizado a todo custo, pois é o retrato
de Goiás no mundo, numa linguagem simplifi cada que representa, em
seu seio, o Cerrado, o Centro-Oeste e o Brasil. A importância do Cerrado
foi elevada à máxima potência depois do festival e, a despeito de algumas
críticas, se o FICA não tivesse seu valor já amplamente reconhecido em
nível mundial e não estivesse consolidado, não receberia tantas inscrições,
que só aumentam a cada ano. É preciso informação para valorizar o
Cerrado, pois não se preza o que não se conhece. Aí está o grande papel
do FICA no que diz respeito ao meio ambiente: provocar o debate.
João Caetanofotógrafo
Vital for the Cerrado
Vital para el Cerrado
FICA 47
Mais importante do que estimular a produção audiovisual em Goiás e
no Brasil, o FICA é um fabuloso espaço de debates, de estabelecimento
de relações e contatos entre teóricos, estudiosos, críticos, produtores,
especialistas em cinema e vídeo, estudantes e público em geral. A troca de
experiências e a oportunidade de interação entre os participantes do festival
são o ponto alto do festival. Outra importante vantagem é a especifi cidade
de ele ser realizado na Cidade de Goiás, e não em Goiânia, por exemplo. A
proximidade que é naturalmente imposta às pessoas reduz o espaço para a
dispersão dos participantes e de certa forma estimula a troca de experiências,
o estabelecimento de debates sobre cinema e meio ambiente.
Pedro Novaesprodutor cinematográfi co
Os participantes do festival podem ver o Cerrado de outra forma
e infl uenciar diretamente no sentido de criar as condições
necessárias para a sua preservação e recuperação, no que for
possível. Hoje, estão catalogadas 12.365 espécies de plantas
no bioma, mas apenas 300 delas podem ser reproduzidas em
viveiro. As pesquisas científi cas, ensejadas pela capacidade de
repercussão do FICA, podem elevar o conhecimento acerca da
reprodução das demais espécies, o que garantiria a manutenção
de parte da biodiversidade vegetal do Cerrado.
Altair Salesprofessor da PUC-GO
FICA 48
Capa Cover Portada
João Caetanosays the photographer
“Festival participants could view the Cerrado diff erently and exert infl uence in order to bring about the conditions necessary for its preservation and recovery, in whatever way possible. Today, 12,365 plant species in the biome have been catalogued, but only 300 can be reproduced in nurseries. The opportunities for scientifi c research, created by the repercussions of FICA, could lead to greater knowledge about the reproduction of other species, which in turn, would ensure the maintenance of part of the Cerrado biodiversity.”
Dr. Salesprofessor at PUC Goiás
“More important than simply encouraging audiovisual production in Goiás and Brazil, FICA is an extraordinary stage for debate, for establishing relations and contacts between theorists, scholars, critics, producers, fi lm and video experts, students and the general public. The exchange of experiences and opportunities for interaction between participants at the Festival are the highlights of the event. Another important advantage is the fact that it is held in the town of Goias, and not in Goiânia, for example. The fact that people are thrown together in a small town like Goiás means that they can’t scatter and in some ways this enhances the exchange of experiences and the debates on cinema and the environment.”
Pedro Novaesfi lm producer
“FICA is an event that had to be held at all costs because it is a portrayal of Goiás to the world, in simplifi ed language, representing at its core the Cerrado, the Midwest and Brazil. After the Festival, the Cerrado was awarded prime importance and despite some criticism, if FICA weren’t well established and didn’t have worldwide recognition, it would not receive so many entries, more numerous with each passing year. More information is needed to appreciate the Cerrado, because what is not known cannot be appreciated. FICA’s primordial role in terms of the environment is to stimulate debate.”
FICA 49
“El FICA es un evento que tenía que ser realizado a toda costa, pues es el retrato de Goiás en el mundo, en un lenguaje simplifi cado que representa, en su seno, el Cerrado, el Centro-Oeste y Brasil. La importancia del Cerrado fue elevada a la máxima potencia después del festival y, a despecho de algunas críticas, si el FICA no tuviera ya su valía sobradamente reconocida a nivel mundial y no estuviera consolidado, no recibiría tantas inscripciones que aumentan con cada año. Es necesaria información para valorar el Cerrado, pues no se aprecia lo que no se conoce. He ahí el gran papel del FICA en lo que respecta al medio ambiente: provocar el debate.”
João Caetanofotógrafo
“Los participantes del festival pueden ver el Cerrado de otra forma e infl uir directamente en pro de que se creen las condiciones necesarias para su conservación y recuperación, en la medida de lo posible. Hoy están catalogadas 12.365 especies de plantas en el bioma de las que sólo 300 pueden ser reproducidas en vivero. Las investigaciones científi cas, planteadas por la capacidad de repercusión del FICA, pueden elevar el conocimiento acerca de la reproducción de las demás especies, lo que garantizaría el mantenimiento de parte de la biodiversidad vegetal del Cerrado.”
Altair Salesprofesor de la PUC-GO
“Más importante que estimular la producción audiovisual en Goiás y en Brasil, el FICA es un fabuloso espacio de debates, de establecimiento de relaciones y contactos entre teóricos, estudiosos, críticos, productores, especialistas en cine y video, estudiantes y público en general. El intercambio de experiencias y la oportunidad de interacción entre los participantes son el punto fuerte del festival. Otra importante ventaja es la especifi cidad de ser realizado en la ciudad de Goiás, y no en Goiânia, por ejemplo. La proximidad que naturalmente se impone a la gente reduce el espacio para la dispersión de los participantes y en cierta forma estimula el intercambio de experiencias, el establecimiento de debates sobre cine y medio ambiente.”
Pedro Novaes productor cinematográfi co
FICA 50
Artigo Article Artículo
Uma linguagem
revolucionária para
uma revolução
necessária Cinema and the environment:
A revolutionary language for an urgently needed revolution
Cine y medio ambiente: Un lenguaje revolucionario
para una revolución necesaria
Cinema e meio ambiente:
No início da década de 80, em seu
primeiro mandato como deputado, Albert
Arnold Gore Jr. esteve à frente do primeiro
debate no congresso americano sobre
mudanças climáticas. Em 1990, no senado,
propôs uma espécie de Plano Marshall
global para ajudar o crescimento econômico
dos países em desenvolvimento de forma
ambientalmente sustentável. Em 1992,
publica A Terra em balanço: ecologia e
o espírito humano. Em 1997, como vice-
presidente dos Estados Unidos, lidera a
comitiva americana presente à conferência
do clima, realizada em Quioto, Japão. Em
1998, assina, simbolicamente, o Protocolo
de Quioto (que, em fato, jamais foi
reconhecido e aceito pelos EUA).
Pouca gente sabe disto. Aliás, pouca gente
havia ouvido falar em Al Gore até 2006,
quando lança seu fi lme-documentário
Uma verdade inconveniente. O estrondoso
sucesso do fi lme, vencedor do Oscar de
melhor documentário (2007), coincide
com o impacto dos relatórios do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), que demonstram, de
forma irrefutável, que o planeta passa por
severas mudanças ambientais devidas à
ação humana, muitas irreversíveis. Mostra
também que, sim, o clima também está
mudando, de forma rápida, comprometendo
o funcionamento da biosfera e,
consequentemente, nosso próprio padrão
civilizatório. Assim, Al Gore e o IPCC
dividem, em 2007, o prêmio Nobel da Paz.
O fi lme de Al Gore, mais do que
demonstrar a força do cinema, corrobora
Laerte Guimarães Ferreira
Coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens e
Geoprocessamento do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da
Universidade Federal de Goiás Coordinator of the Laboratory of Image Processing
and the GIS Institute for Socio-Environmental Studies – Federal University of Goiás
Coordinador do Laboratorio de Procesado de Imágenes y Geoprocesado
Instituto de Estudios Socio-Ambientales de la Universidad Federal de Goiás
FICA 51
In the early 80s during his fi rst term as a US Congressman, Albert Arnold Gore Jr. led the fi rst debate in Congress about climate change. In 1990, the then Senator proposed a kind of Global Marshall Plan to stimulate the economic growth of developing countries in an environmentally sustainable manner. Then, in 1992, he published Earth in the Balance: Ecology and the Human Spirit. In 1997, as Vice-President of the United States, he was the leader of the US delegation at the Kyoto climate conference in Japan. The following year, he symbolically signed the Kyoto Protocol (which in fact was never acknowledged or accepted by the United States).
Few people know that. In fact, few people had ever heard of Al Gore before 2006, when he launched his documentary fi lm An Inconvenient Truth. The resounding success and impact of this fi lm, Oscar award winner in Best Documentary category (2007), coincides with the impact of reports presented by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), which irrefutably show that the planet is undergoing severe environmental changes due to human action, much of which is irreversible. The fi lm also shows that, yes, the climate is also changing quickly, placing the working of the biosphere in jeopardy and consequently our own standards of civilization. This is the reason why Al Gore and IPCC shared the Nobel Peace Prize in 2007.
Al Gore’s fi lm, more than just showing the power of the cinema, corroborates the close relationship between fi lm language and the environment. For 12 years, this has been the winning wager of the International Environmental Film and Video Festival! With its modern media of screens, roundtables and courses, it has said a lot about the plight of our rivers, more and more polluted and silted up, unsustainable standards of consumption, the destruction of ecosystems, here and elsewhere. In the search for new social, economic and environmental paradigms, it has also discussed in a purposeful and unheard of forum called Globalization and the Crisis Without Borders, the use of economic tools, such as Reducing Emissions from Deforestation and Degradation (REDD), for the preservation of the Cerrado. In a daring gesture in 2008, it gave an award to the documentary Delta, Oil’s Dirty Business, made by the Greek journalist, Yorgos Avgeropoulos. This fi lm shows the tragedy of Nigeria’s oil exploration, whose dividends for the local people can be summed up in poverty, corruption, violence and massive environmental disasters. Were it not for the tenacity of
Al comienzo de la década del 80, en su primer mandato como diputado, Albert Arnold Gore Jr. estuvo al frente del primer debate en el Congreso americano sobre cambios climáticos. En 1990, ya en el senado, propuso una especie de Plan Marshall global para ayudar al crecimiento económico de los países en desarrollo de forma ambientalmente sustentable. En 1992, publica La Tierra en juego: ecología y el espíritu humano. En 1997, en su condición de vicepresidente de los Estados Unidos, lidera la comitiva americana presente en la conferencia del clima, realizada en Kioto, Japón. En 1998, fi rma, simbólicamente, el Protocolo de Kioto (que, de hecho, jamás fue reconocido y aceptado por los Estados Unidos).
Poca gente sabe esto. Además, poca gente había oído hablar de Al Gore hasta 2006, cuando lanza su documental Una verdad incómoda. El estruendoso éxito y repercusión de esta película, vencedor del Oscar al mejor documental (2007), coincide con el impacto de los informes del Panel Intergubernamental sobre Cambios Climáticos (IPCC), los cuales demuestran, de forma irrefutable, que el planeta sufre severos cambios ambientales debidos a la acción humana, muchos de ellos irreversibles. Muestra también que sí, el clima también está cambiando, de forma rápida, comprometiendo el funcionamiento de la biosfera y, consecuentemente, nuestro propio estándar como civilización. No por otro motivo, Al Gore y el IPCC dividen, en 2007, el premio Nobel de la Paz.
La película de Al Gore, más que demostrar la fuerza del cine, corrobora la íntima relación entre lenguaje cinematográfi co y medio ambiente. Hace 12 años, esta es la apuesta, vencedora, del Festival Internacional de Cine y Video Ambiental Contemporáneo, en sus pantallas, mesas y cursos mucho ya se habló sobre el drama de nuestros ríos, cada vez más contaminados y encenagados, estándares de consumo insostenibles, la destrucción de los ecosistemas, en estas y en otras tierras. Inédito y con propuestas, discutió, en el ámbito del foro Globalización y las Crisis Sin Fronteras – en busca de nuevos paradigmas sociales, económicos y ambientales – el uso de instrumentos económicos, como el REDD (Reducing Emissions from Deforestation and Degradation), para la preservación del Cerrado. Osado, premió, en 2008, el documental Delta, el juego sucio del petróleo, del periodista griego Yorgos Avgeropoulos, que muestra la tragedia de la explotación petrolífera en Nigeria, cuyos dividendos para la población local se resumen a
FICA 52
a íntima relação entre linguagem
cinematográfi ca e meio ambiente. Há
12 anos, esta é a aposta, vencedora, do
FICA! Contemporâneo, por suas telas,
mesas e cursos muito já se falou sobre
o drama dos nossos rios, cada vez mais
poluídos e assoreados, padrões de
consumo insustentáveis, a destruição dos
ecossistemas, nestas e em outras terras.
Propositivo e inédito, discutiu, no fórum
Globalização e as Crises Sem Fronteiras,
o uso de instrumentos econômicos,
como o REDD (Reducing Emissions from
Deforestation and Degradation), para a
preservação do Cerrado. Ousado, premiou,
em 2008, o documentário Delta, o jogo
sujo do petróleo, do jornalista grego Yorgos
Avgeropoulos, que mostra a tragédia da
exploração petrolífera na Nigéria, cujos
dividendos para a população local se
resumem à miséria, corrupção, violência
e enormes catástrofes ambientais. Não
fosse a tenacidade do documentarista
e o espaço criado pelo FICA, talvez ainda
nos limitássemos a associar exploração
de petróleo a muita tecnologia e
royalties milionários, gerando riquezas e
desenvolvimento. Aliás, o acidente com
uma plataforma petrolífera no Golfo do
México, nos EUA, ocorrido em abril, além
de mais uma vez confi rmar a sintonia do
FICA com os problemas ambientais atuais,
nos lembra que o petróleo, seja na sua
exploração ou no seu uso, é arriscado e
pode causar impactos profundos, mesmo
na maior economia do mundo, onde,
desde o acidente, técnicos, tecnologia e
milhões de dólares (que certamente se
transformarão em bilhões) lutam contra
uma mancha de óleo que já ameaça vários
ecossistemas e três Estados dos EUA.
Na sua 12ª edição, o FICA, consolidado e
efetivamente um espaço credenciado,
nacional e internacionalmente, para o debate
sério e propositivo, em diferentes mídias e
formatos, dos grandes temas ambientais que
nos afl igem, trará seu foco para as mudanças
climáticas e seus impactos, cada vez mais
evidentes, sobre a biodiversidade (este é o
Ano Internacional da Biodiversidade, que
será amplamente discutida em outubro,
em Nagoya, Japão, durante conferência
da ONU), o Cerrado (indiscutivelmente,
o bioma brasileiro mais ameaçado) e as
cidades (as recentes tragédias ocorridas
no Rio de Janeiro e São Paulo não deixam
dúvidas que são as grandes cidades e suas
populações mais pobres, em particular, as
mais vulneráveis às mudanças ambientais
e climáticas em curso). Além deste fórum,
denominado Mudanças Ambientais Globais:
Tendências, Cenários e Impactos, o FICA
trará sete cursos sobre meio ambiente para
discutidir direito ambiental, biodiversidade,
uso de imagens de satélite, manejo de frutos
do Cerrado, planejamento urbano, riscos
naturais e geotécnicos em áreas urbanas
e os problemas ambientais nas bacias
hidrográfi cas dos Rios Vermelho e Araguaia.
Viva o FICA, Cada vez mais temático e
mais ambiental! Viva a consolidação do
festival, fi el às suas características iniciais,
mas também ancorado na vontade de
inovar. Viva o FICA, cuja sintonia com as
demandas da sociedade, traz subsídios
concretos a um desenvolvimento mais
amplo, justo, socialmente e ambientalmente
referenciados.
Artigo Article Artículo
FICA 53
this documentary fi lm maker and the space provided by FICA, oil exploration might still be confi ned in our minds to an association with high technology, multi-million royalties, generating wealth and bringing about development. Incidentally, the April 20 oil rig accident in the Gulf of Mexico, US, not only confi rms that FICA is in tune with today’s environmental problems, but also reminds us that oil, whether at the stage of exploration or use, is risky and can cause profound environmental impacts, even in the world’s largest economy, where technicians, technology and millions of dollars (which will certainly turn into billions) have been fi ghting an oil slick which already threatens several ecosystems and at least three US states.
The Festival, in its 12th edition, now defi nitively established and recognized both nationally and internationally as a space for serious and purposeful debate, using diff erent media and formats on the major environmental issues that affl ict us, will focus on the ever more evident climate change. It will deal with topics such as, Biodiversity (remembering that this is International Biodiversity Year, which will be widely discussed in Nagoya, Japan, in October, during the UN conference), the Cerrado (undoubtedly the most threatened Brazilian biome) and cities (the recent Rio de Janeiro and São Paulo tragedies leave no doubt that large cities and their poorer people are the most vulnerable to current environmental and climate changes). Parallel to this environmental forum called Global Environmental Change: Trends, Scenarios and Impacts, and aware of its educational, training and transformational role, there will be seven afternoon courses each day on the environment in which environmental legislation, biodiversity, the use of satellite images, the handling of Cerrado fruits, town planning, natural and geotechnical hazards in urban areas and environmental problems in the Vermelho and Araguaia River basins will be discussed.
Long live FICA! More and more thematic, more and more environmental! All hail to the consolidation of this festival, true to its original raison d’être, while all the time grounded in a desire to innovate. Viva FICA, whose harmony with the demands of society, produces tangible benefi ts for broader and more equitable development based on social and environmental concerns.
miseria, corrupción, violencia y enormes catástrofes ambientales. Si no fuese por la tenacidad de este documentalista y el espacio creado por el FICA, tal vez todavía nos limitásemos a asociar explotación de petróleo a mucha tecnología y royalties millonarios, generando riquezas y desarrollo. Por otra parte, el accidente de una plataforma petrolífera en Golfo de México, en los EUA, ocurrido el último día 20 de abril, además de confi rmar una vez más la sintonía del FICA con los problemas ambientales de la actualidad, nos recuerda que el petróleo, ya sea en su explotación, o en su uso, es arriesgado y puede causar impactos ambientales profundos, aún en la mayor economía del mundo, donde, desde el accidente, técnicos, tecnología y millones de dólares (que con seguridad se transformarán en miles de millones) luchan contra una mancha de aceite que ya amenaza varios ecosistemas y al menos tres Estados americanos.
En su 12ª edición, el FICA, defi nitivamente consolidado y efectivamente un espacio acreditado, tanto nacional como internacionalmente, para el debate serio y con propuestas, en diferentes medios y formatos, de los grandes temas ambientales que nos afl igen, colocará su foco en los cambios climáticos y sus impactos, cada vez más evidentes, sobre la biodiversidad (recordando que este es el Año Internacional de la Biodiversidad, que será ampliamente discutida en octubre, en Nagoya, Japón, durante conferencia de la ONU), el Cerrado (indiscutiblemente, el bioma brasileño más amenazado) y las ciudades (las recientes tragedias ocurridas en Río de Janeiro y San Pablo no dejan dudas de que son las grandes ciudades y sus poblaciones más pobres, en particular, las más vulnerables a los cambios ambientales y climáticos en curso). En paralelo a este foro ambiental, denominado Cambios Ambientales Globales: Tendencias, Escenarios e Impactos, y conciente de su papel educador, formador y transformador, tendremos siete cursos sobre medio ambiente, en los cuales durante tres tardes, serán discutidos derecho ambiental, biodiversidad, uso de imágenes de satélite, manejo de frutos del Cerrado, planeamiento urbano, riesgos naturales y geotécnicos en áreas urbanas y los problemas ambientales en las cuencas hidrográfi cas de los Ríos Vermelho y Araguaia.
Viva el FICA! Cada vez más temático, cada vez más ambiental. Viva la consolidación de este festival, fi el a sus características y trazos iniciales, al mismo tiempo que basada en la voluntad de innovar, siempre. Viva el FICA, cuya sintonía con las demandas de la sociedad trae recursos concretos para un desarrollo más amplio, justo, con base en referencias sociales y ambientales.
FICA 54
O s
egre
do
d
e Si
ron
Sir
on
’s s
ecre
t
El s
ecre
to d
e Si
ron
Panorama Scene Panorama
FICA 55
Artista plástico mais
famoso de Goiás abre
nova exposição de telas,
esculturas e instalações
no Rio de Janeiro
Texto Nádia Timm
Fotos Orlando Lemos
The most famous Goiás artist
opens a new exhibition
of paintings and sculptures
in an inspirational layout,
in Rio de Janeiro
Artista plástico más
famoso de Goiás abre nueva
exposición de telas, esculturas e
instalaciones en Río de Janeiro
FICA 56
Panorama Scene Panorama
FICA 57
Pinturas se desdobram em sombras
e mais silenciam que revelam
| Paintings unfold in shadows and their silence speaks louder than what they actually present
|| Pinturas se desdoblan en sombras y más silencian que revelan
FICA 58
Panorama Scene Panorama
FICA 59
FICA 60
Panorama Scene Panorama
FICA 61
Nas obras tridimensionais, Siron
retoma a crítica social e aborda a
tragédia humana
| In three-dimensional works, Siron re-addresses social issues and human tragedy
|| En las obras tridimensionales, Siron retoma la crítica social y aborda la tragedia humana
FICA 62
Esculturas trazem símbolos de uma
religiosidade sofrida, com cruzes,
caixas, malas e túmulos
| Sculptures present symbols of a tormented religiosity with crosses, boxes, trunks and tombs
|| Esculturas traen símbolos de una religiosidadsufrida con cruces, cajas, maletas y tumbas
Panorama Scene Panorama
FICA 63
FICA 64
Panorama Scene Panorama
FICA 65
FICA 66
Panorama Scene Panorama
Que mistérios tem Siron Franco? O
artista plástico mais famoso e premiado
de Goiás, que há mais de quatro décadas
surpreende traduzindo a poética da pintura
em imagens dramáticas, ou em sátiras
sobre as relações de poder, apresenta
uma nova série na qual a pintura é centro
e dela não emanam despojos de qualquer
tentativa de mensagem política.
Sem discursos, denúncias ou protestos, ele
apresenta obras absortas em seu próprio
processo, abstratas, gestuais, sedutoras
pela densidade pictórica. Este conjunto
de trabalhos inéditos, criado nos últimos
três anos, oferece elementos para o ensaio
visual do segundo número da revista do FICA
e está reunido na exposição denominada
Segredos, da Caixa Cultural, no Rio de
Janeiro. Até o fi nal de 2010, a mostra será
apresentada em São Paulo e Brasília.
Intimistas, antíteses de um Siron voltado
para a crítica social, são pinturas em técnica
mista que se desdobram em sombras,
interiorizam, emergem no sagrado, se
aprofundam no corpo da tela, onde tinta
é sangue, carne e alma. Mais silenciam
do que revelam. O gestual do artista e a
materialidade dos recursos usados – seja
óleo, ouro, silicone, espuma ou chumbo
– estão aliados a outros mais sutis: o vazio,
os contrapontos em branco e negro, os
tons baixos, que à distância sugerem uma
quase monocromia. A representação velada
da forma humana e de seus vestígios, sob
pinceladas, denotam privacidade. De forma
paradoxal, também levam o olhar para a
intimidade de detalhes, signos a decifrar.
Outros talvez para esquecer.
É quando explora a tridimensionalidade,
nas esculturas, que Siron retoma o
território da tragédia humana explícita.
Ressurgem símbolos cruéis, de uma
religiosidade sofrida, na violência de
cruzes, caixas, malas, túmulos e referências
aos mitos católicas e orientais. A morte
está presente, e pesa. O drama da vida
sempre fez parte de sua obra. Desde jovem,
já traduzia em arte as chacinas, a repressão,
crimes e sofrimento coletivo. De origem
humilde, natural da Cidade de Goiás,
desenvolveu um repertório de crônicas
visuais impressionantes que o destacaram
como um dos mais importantes artistas
brasileiros do século XX.
Ainda impressionante é sua atitude hoje,
quando ousa largar o inventário das formas
para liberar a energia pulsante da pintura.
Consciência de que arte é transcender?
Quem sabe seja este o segredo de Siron.
Nádia Timm é jornalista e escritora. Edita a eNT Revista Eletrônica (em www.nadiatimm.com) de webjornalismo e arte. Publicou dois livros Poesia disponível para aventuras (2008) e As novas histórias de amor – Crônicas e entrevistas (2010)
FICA 67
What mysteries lie behind Siron Franco? The most famous and widely acclaimed artist in Goiás, who has been surprising us for more than 40 years with his representations of the poetics of painting in dramatic images, or in satire about power relations, now presents a new series in which painting itself is central and where there are no attempts whatsoever to transmit a political message.
With no speeches, denouncements or protests, he presents works centered on the process itself, which are abstract, gestural and seductive in their pictorial density. This particular set of unpublished works, created over the last three years, forms part of the visual experience presented in this second issue of the FICA magazine and are included in his exhibition called Secrets, at the Caixa Cultural, Rio de Janeiro. Towards the end of 2010, the exhibition will be presented in São Paulo and Brasília.
These intimate paintings, the very antithesis of a Siron concerned with social criticism, use mixed media techniques which unfold in shadows, refl ect and emerge in the sacred, drown in the depths of the canvas, where oils are blood, fl esh and soul. Their silence speaks louder than what they actually present. The artist’s gestures and the materiality of the resources used – whether oil, gold, silicon, foam or lead – are allied to others which are more subtle: emptiness, counterpoints in black and white, gentle tones which at a distance almost suggest monochrome. The veiled representation of the human form and its traces in brushstrokes denote privacy and, paradoxically, they also lead the viewer to take a closer look at the intimacy of details, and the signs to be interpreted. Others are to be forgotten about.
But it is when Siron explores three-dimensionality in sculpture that he reverts back to the territory of explicit human tragedy. Cruel symbols of a tormented religiosity reappear in the violence of crosses, boxes, trunks, tombs and references to Catholic and Oriental myths. There is death there, with all its weight. The drama of life has always been part of his work. Ever since his youth, he has presented killings, repression, crimes and collective suff ering in art form. Born of a humble background in the town of Goiás, Siron has built up a repertoire of impressive visual chronicles which single him out as one of the most outstanding Brazilian artists of the twentieth century. More impressive still is his attitude today, when he dares to drop his stock of forms in order to release the pulsating energy of a painting. Is this his awareness that art is meant to transcend? Maybe that is Siron’s secret!
¿Que misterios tiene Siron Franco? El artista plástico más famoso y premiado de Goiás, que hace más de cuatro décadas sorprende traduciendo la poética de la pintura en imágenes dramáticas, o en sátiras sobre las relaciones de poder, presenta una nueva serie en la cual la pintura es centro y de ella no emanan despojos de ninguna mensaje política.
Sin discursos, denuncias o protestas, presenta obras absortas en su propio proceso, abstractas, gestuales, seductoras por la densidad pictórica. Este conjunto de trabajos inéditos, creados en los últimos tres anos, ofrece elementos para el ensayo visual del segundo número de la revista del FICA y está reunido en la exposición denominada “Segredos”, de la Caixa Cultural, en Río de Janeiro. Hasta el fi nal de 2010, la muestra será presentada en San Pablo y Brasilia.
Intimistas, antítesis de un Siron volcado a la crítica social, son pinturas en técnica mixta que se desdoblan en sombras, interiorizan, emergen en lo sagrado, se ahondan en el cuerpo de la tela, donde tinta es sangre, carne y alma. Más silencian de lo que revelan. Lo gestual del artista y la materialidad de los recursos usados – sea óleo, oro, silicona, espuma o plomo – están aliados a otros más sutiles: el vacío, los contrapuntos en blanco y negro, los tonos bajos, que a la distancia sugieren una casi monocromía. La representación velada de la forma humana y de sus vestigios, bajo pinceladas, denotan privacidad. De forma paradójica, también llevan la mirada a la intimidad de detalles, signos a descifrar. Otros tal vez para olvidar.
Es cuando explora la tridimensionalidad, en las esculturas, que Siron retoma el territorio de la tragedia humana explícita. Resurgen símbolos crueles, de una religiosidad sufrida, en la violencia de cruces, cajas, maletas, tumbas y referencias a los mitos católicos y orientales. La muerte está presente, y pesa. El drama de la vida siempre hizo parte de su obra. Desde joven, ya traducía en arte las matanzas, la represión, crímenes y sufrimiento colectivo. De origen humilde, natural de la Ciudad de Goiás, desarrolló un repertorio de crónicas visuales impresionantes que lo destacaron como uno de los más importantes artistas brasileños del siglo XX. Aún impresionante es su actitud hoy, cuando osa largar el inventario de las formas para liberar la energía pulsante de la pintura. ¿Conciencia de que arte es transcender? Tal vez sea este el secreto de Siron.
Nádia Timm es jornalista y escritora. Edita la eNT Revista Eletrônica (en www.nadiatimm.com) de webjornalismo y arte. Publicó dos libros Poesia disponível para aventuras (2008) y As novas histórias de amor – Crônicas e entrevistas (2010)
Nádia Timm is a journalist and writer. She edits the eNT Electronic Journal of web journalism and art (www.nadiatimm.com), and has already published two books, Poesia disponível para aventuras (2008) and As novas histórias de amor – Crônicas e entrevistas (2010).
FICA 68
Mosaico Mosaic MosaicoFabrícia Hamu
Delícia recheada Deliciously fi lled delicacies
Delicia rellena
É natural e delicioso. Quem for à Cidade
de Goiás, não pode deixar de experimentar
o limão recheado com doce de leite da
Dona Zilda. Os limões verdes, pequeninos
e macios, têm a polpa retirada, são cozidos
sem adição de corantes ou conservantes
e recebem delicadas camadas de doce de
leite no seu interior.
They’re natural and delicious. If you go to the town of Goiás, you simply must try Dona Zilda’s lemon fi lled with toff ee. After removing the pulp from small soft green lemons, they are cooked and then fi lled with delicate layers of toff ee. No coloring or preservatives are used.
Es natural y delicioso. Quien vaya a la Ciudad de Goiás, no puede dejar de probar el limón relleno de dulce de leche de Dona Zilda. Los limones verdes, pequeños y blandos a los que se les saca la pulpa son cocinados sin adicción de colorantes o conservantes y reciben delicadas capas de dulce de leche en su interior.
Quem for à Cidade de Goiás, não pode
deixar de experimentar o limão recheado
com doce de leite
If you go to the town of Goiás, you simply must try Dona Zilda’s lemon fi lled with toff ee
Quien vaya a la Ciudad de Goiás, no puede dejar de probar el limón relleno de dulce de leche
FICA 69
Acordes goianos Goiás chords
Acordes goianos
Um time de 17 atrações musicais goianas
vai agitar a 12ª edição do FICA. O repertório
é eclético inclui de samba a rock. Farão
shows durante o evento: Danilo Verano
Trio, Daniel de Melo e Elenízia da Mata,
Som de Gafi eira, Luiz Augusto e Amauri
Garcia, Cega Machado, Umbando,
Monster Bus, Banda Mugo, Black Drawing
Chalks, João Caetano, Nila Branco, Marco
Antonini, Em Nome do Samba, Grupo de
Arte de Fogo, Cortejo Coró de Pau, Mr.
Gyn (foto) e Banda Pequi.
A set of 17 musical attractions from Goiás are planned to enliven the XII FICA. Their repertoire is eclectic, going from samba to rock. During the event, shows will be presented by: Danilo Verano Trio, Daniel de Melo and Elenízia da Mata, Som de Gafi eira, Luiz Augusto and Amauri Garcia, Cega Machado, Umbando, Monster Bus, Banda Mugo, Black Drawing Chalks, João Caetano, Nila Branco, Marco Antonini, Em Nome do Samba, Grupo de Arte de Fogo, Cortejo Coró de Pau, Mr. Gyn (photo) and Banda Pequi.
Un equipo de 17 atracciones musicales goianas va a agitar la 12ª edición del FICA. El repertorio es eclético e incluye desde samba a rock. Harán shows durante el evento: Danilo Verano Trio, Daniel de Melo y Elenízia da Mata, Som de Gafi eira, Luiz Augusto e Amauri Garcia, Cega Machado, Umbando, Monster Bus, Banda Mugo, Black Drawing Chalks, João Caetano, Nila Branco, Marco Antonini, Em Nome do Samba, Grupo de Arte de Fogo, Cortejo Coró de Pau, Mr. Gyn (foto) y Banda Pequi.
Um time de 17 atrações musicais
goianas vai agitar o XII FICA
A set of 17 musical attractions from Goiás are planned to enliven the XII Fica
Un equipo de 17 atracciones musicales goianas va a agitar lo XII FICA
FICA 70
Mosaico Mosaic Mosaico
Atrações nacionais National attractions
Atracciones nacionales
Entre as atrações nacionais que animam
o XII FICA estão as cantoras Paula Lima
(foto) e Alcione, o cantor Lulu Santos e
o violonista Yamandu Costa. Paula traz
o melhor do samba-rock, soul, swing,
funk, bossa e neobossa. O ícone pop Lulu
Santos, com mais de 5 milhões de discos
vendidos em 25 anos de carreira, promete
um show com muito balanço. Alcione deve
levar ao público clássicos do samba e de
seu repertório de MPB. Já Yamandu Costa
promete encantar com composições que
passam pelo choro, bossa nova, milonga,
tango, samba e chamamé.
Among the national attractions to liven up the XII FICA are the singers Paula Lima (photo) and Alcione, the singer Lulu Santos and the guitarist Yamandu Costa. Paula sings the best of samba-rock, soul, swing, funk, bossa nova and neo-bossa nova. The pop idol, Lulu Santos, who has sold over fi ve million albums during his 25-year career, promises a well-balanced show. Alcione sings samba classics and songs from her Brazilian popular music repertoire. Yamandu Costa promises to charm all with compositions as varied as choro, bossa nova, milonga, tango, samba and chamamé.
Entre las atracciones nacionales que animan el XII FICA están las cantantes Paula Lima (foto) y Alcione, el cantante Lulu Santos y el guitarrista Yamandu Costa. Paula trae lo mejor del samba-rock, soul, swing, funk, bossa y neobossa. El ícono pop Lulu Santos, con más de 5 millones de discos vendidos en 25 anos de carrera, promete un show con mucho “balanço”. Alcione debe llevar al público clásicos del samba y de su repertorio de MPB. Yamandu Costa promete encantar con composiciones que pasan por el choro, bossa nova, milonga, tango, samba y chamamé.
Entre as atrações nacionais que animam
o XII FICA estão as cantoras Paula Lima e
Alcione, o cantor Lulu Santos e o violonista
Yamandu Costa
Among the national attractions to liven up the XII Fica are the singers Paula Lima and Alcione, the singer Lulu Santos and the guitarist Yamandu Costa
Entre las atracciones nacionales que animan el XII FICA están las cantantes Paula Lima y Alcione, el cantante Lulu Santos y el guitarrista Yamandu Costa
FICA 71
Filtro solar Sunscreen
Filtro solar
Atenção na dica da Sociedade Brasileira
de Dermatologia para os participantes
do FICA que chegam de outros países ou
Estados brasileiros: não se esqueçam de
trazer o fi ltro solar na bagagem. Embora
seja inverno no calendário, as temperaturas
na Cidade de Goiás costumam ser altas
durante o dia (cerca de 30°) e todo cuidado
na prevenção aos malefícios trazidos pelos
raios ultravioleta é pouco.
Here is a tip from the Brazilian Dermatological Society for the FICA participants from abroad and from other Brazilian states: don’t forget to pack sunscreen! Although it is winter here, temperatures in the town of Goiás are usually high during the day (about 30°C) and the utmost care must always be taken to prevent damage due to the ultraviolet rays.
Embora seja inverno no calendário,
as temperaturas na Cidade de Goiás
costumam ser altas durante o dia
Although it is winter here, temperatures in the town of Goiás are usually high during the day
Aunque sea invierno en el almanaque, las temperaturas en la Ciudad de Goiás suelen ser altas durante el día
Sigue la indicación de la Sociedad Brasileña de Dermatología para los participantes del FICA que llegan de otros países o Estados brasileños: no se olviden de traer el fi ltro solar en sus valijas. Aunque sea invierno en el almanaque, las temperaturas en la Ciudad de Goiás suelen ser altas durante el día (cerca de 30°) y todo cuidado para la prevención contra los rayos ultravioleta es puco.
FICA 72
Festivais de Cinema Ambiental Junho 2010
Bruno Hermano
O festival: Começou em 1993 e desde então, continuamente e teve uma edição anual. O Ficma é o mais antigo festival da modalidade na Europa e é fundador da mais importante e maior rede mundial de festivais do gênero: o Environmental Film Festival Network (EFFN), que inclui mais de 20 festivais de países como os Estados Unidos, Argentina, Peru, Espanha, Portugal, Gana, Israel, França e México e mantém uma rede de colaboração e solidariedade entre os eventos.
Circuito Circuit Circuito
Environmental Film Festivals – June 2010 Festivales de cine ambiental - Junio 2010
FICMA which began in 1993 has had an annual edition ever since. It is the oldest festival of its type in Europe. FICMA is the founder of one of the most signifi cant and largest global networks of festivals of its kind: the Environmental Film Festival Network (EFFN), which includes festivals in countries, such as the United States, Argentina, Peru, Spain, Portugal, Ghana, Israel, France and Mexico and maintains a spirit of collaboration and solidarity between the events.
Empezó en 1993 y desde entonces, en forma continuada tuvo una edición anual. El Ficma es el más antiguo festival de la modalidad en Europa y es el fundador de la más importante y mayor red mundial de festivales del género: el Environmental Film Festival Network (EFFN), que incluye más de 20 festivales de países como los Estados Unidos, Argentina, Perú, España, Portugal, Gana, Israel, Francia y México.
Ecofi lms – Festival Internacional de
Filme e Artes Visuais de Rodes
Quando: 22 a 27 de junho
Onde: Atenas, Grécia
Edição: 10ª
Site: www.ecofi lms.gr
O festival: Engloba documentários, curtas e longas metragens com temas ambientais e ecologia, incentivando questões de conservação e relacionadas com a natureza, o ser humano e o meio ambiente transformado pelo homem. O evento é realizado na histórica Ilha de Rodes.
Festival of documentaries, short and feature fi lms on environmental themes and ecology, promoting conservation and issues related to nature, people and the environment transformed by human activity. The event is held on the historical island of Rhodes.
Festival de documentales, corto y largometrajes con temas ambientales y ecología, incentivando las cuestiones de conservación y relacionadas con la naturaleza, el ser humano y el medio ambiente transformado por el hombre. El evento es realizado en la histórica Isla de Rodas.
17º Festival de Cinema Ambiental de Barcelona (FICMA)Quando: 1º a 6 de junho
Onde: Barcelona, Espanha
Edição: 17º
Site: www.fi cma.com
FICA 73
The Dutch Environmental Film Festival
Quando: 3 a 6 de junho de 2010
Onde: Amsterdã e Roterdã, Holanda
Edição: 2ª
Site: www.strawberryearth.com/deff
O festival: Considerado um evento que reúne alguns dos melhores documentários internacionais de temática ambiental, o Festival Holandês de Cinema Ambiental (Deff ) é organizado por um grupo chamado Strawberry Earth. O Deff é o único festival de cinema internacional que investe 100% do dinheiro que arrecada em ações ambientais.
The Dutch Environmental Film Festival (Deff ) is an event which brings together some of the best international documentaries on environmental issues. Organized by the Strawberry Earth group, Deff is the only international fi lm festival which ploughs back 100% of its takings into
environmental action.
El Festival Holandés de Cine Ambiental (Deff ) es un evento que reúne algunos de los mejores documentales internacionales de temática ambiental. Organizado por el grupo Strawberry Earth, el Deff es el único festival de cine internacional que invierte 100% del dinero que recauda en acciones ambientales.
Sembrando Cine 2010
Quando: 1º a 6 de junho
Onde: Lima, Peru
Edição: 2ª
Site: http://sembrandocine.wordpress.com/2010/04/12/sembrando-cine-2010
O festival: A segunda edição do Festival de Cinema Ambiental Sembrando Cine será realizada na semana que coincide com o Dia Mundial do Meio Ambiente. O festival é organizado pela Associação Nômades e será exibido em diferentes salas na cidade de Lima e em seis parques da capital peruana. A entrada é gratuita. O festival também faz
parte da Environmental Film Festival Network.
The Second “Sembrando Cine” Environmental Film Festival will be held during the week in which coincides the World Environment Day is celebrated. Organized by the Nomads Association, it will hold screenings in diff erent places in the city of Lima and in six parks around the Peruvian capital. Admission is free. It is a member of the Environmental Film Festival Network (EFFN).
El II Festival de Cine Ambiental Sembrando Cine será realizado la semana que coincide con el Día Mundial del Medio Ambiente. El festival es organizado por la Asociación Nómadas y será exhibido en diferentes salas de la ciudad de Lima y en seis parques de la capital peruana. La entrada es gratuita.
FICA 74
Circuito Circuit Circuito
Planet in Focus Toronto Environmental Film
and Video Festival
Inscrições: até 15 de junho
Quando: 13 a 17 de outubro
Onde: Toronto, Canadá
Edição: 12º
Site: http:// www.planetinfocus.org/
O festival: É um dos principais eventos de cinema ambiental do Canadá. Conhecido como PIF, apresenta documentários, animação, longas, curtas, trabalhos experimentais, todos com foco no conceito de meio ambiente e no desafi o atual das relações entre homem e natureza.
It is one of Canada’s major environmental fi lm festivals. Known as PIF, the Festival features documentaries, animation, long, short, experimental works, all focused on the concept of environment and the current challenge of people/nature relationships.
Es uno de los principales festivales de cine ambiental del Canadá. Conocido como PIF, el festival presenta documentales, animación, corto y largometrajes, trabajos experimentales, todos con foco en el concepto de medio ambiente y el desafío actual de las relaciones entre hombre y naturaleza.
Voices from the Waters 2010
Inscrições: até 15 de junho
Realização: 4 a 7 de setembro
Onde: Bangalore, Índia
Edição: 5º
Site: http://www.voicesfromthewaters.com/
O festival: Promovido por um conjunto de associações e entidades ligadas ao meio ambiente e ao cinema ambiental, é considerado o maior festival de cinema cuja temática é a água. Vozes da Água recebe inscrições de fi lmes sobre a escassez de água, barragens e deslocados, colheita de água, inundações e secas, aquecimento global e mudanças climáticas, impacto do desmatamento sobre a água, poluição dos rios, etc.
Sponsored by a number of associations and entities related to the environment and environmental fi lms, it is considered the largest fi lm festival on the theme of water. The Festival welcomes entries of fi lms on water scarcity, dams and displaced persons, water harvesting, fl ooding and drought, global warming and climate change, impact of deforestation on water, river pollution etc.
El evento es promovido por un conjunto de asociaciones y entidades ligadas al medio ambiente y al cine ambiental y es considerado el mayor festival de cine cuya temática es el agua. El festival recibe inscripciones de películas sobre la escasez de agua, diques y desplazados, recolección de agua, inundaciones y sequías, calentamiento global y cambios climáticos, impacto de la deforestación sobre el agua, contaminación de los ríos, etc.
Don’t miss the entry deadline Inscríbase
Não perca o prazo de inscrição
FICA 75
FICA na rede FICA on the net FICA en la red
Participe da revista do FICA conferindo
o site (www.fi ca.art.br) ou seguindo o
perfi l do festival no Twitter
(twitter.com/XII_fi ca). Envie também
suas opiniões, sugestões e dúvidas
para o e-mail revistadofi ca@fi ca.art.br.
Confi ra abaixo algumas avaliações dos
leitores sobre o primeiro número da
revista:
Be part of the FICA magazine by accessing the site www.fi ca.art.br or by following the Festival’s profi le on Twitter (twitter.com/XII_fi ca). You can also send your opinions, suggestions and queries to the e-mail revistadofi ca@fi ca.art.br. See some readers’ ratings of the fi rst issue of the magazine:
Participe de la revista del FICA visitando el site (www.fi ca.art.br) o siguiendo el perfi l del festival en el Twitter (twitter.com/XII_fi ca). Envíe también sus opiniones, sugestiones y dudas al e-mail revistadofi ca@fi ca.art.br. Vea abajo algunas evaluaciones de los lectores sobre el primer número de la revista:
Opinião on line FICA on the net Opinión en la red
“Un espectáculo de fotografía y texto. Como estudiante de Periodismo, quedé fascinado con el contenido y las imágenes de la revista. Felicitaciones al equipo!”. Pedro Paulo Moraes – Goiânia/GO (Brasil)
“Nunca imaginé que pudiese estar tan cerquita de Goiás y matar las “saudades” del FICA. Bajé la revista del site y me encantó.” Cláudio Souza – Londres (Inglaterra)
“Me gustaron mucho los reportajes sobre cine, pero estoy más ansiosa por aquellas que van a tratar sobre medio ambiente. FICA también es naturaleza!” Sílvia
Roberta – Brasilia-DF (Brasil)
“Soy brasileña, estoy haciendo un curso de cine en el Canadá y sólo supe del FICA aquí. Un amigo me trajo un ejemplar de la revista y quedé encantada.” Petra
Santos – Vancouver (Canadá)
“A spectacle of photography and text! As a student of journalism, I was fascinated by the magazine’s content and images. Congratulations to the team!” Pedro Paulo
Moraes – Goiânia/GO (Brazil)
“I never imagined I would get so close to Goiás and overcome my loneliness for FICA. I downloaded the magazine from the site and absolutely adored it.” Cláudio Souza – London (England)
“I liked the fi lm reports, but I’m really looking forward to those which will deal with the environment. FICA is also nature!” Sylvia Roberta – Brasília (Brazil)
“I’m a Brazilian doing a fi lm course in Canada and only learned about FICA here. A friend brought me a copy of the magazine and I was delighted.” Petra Santos - Vancouver (Canada)
Um espetáculo de fotografi a e texto.
Como estudante de Jornalismo, fi quei
fascinado com o conteúdo e as imagens
da revista. Parabéns à equipe!
Pedro Paulo MoraesGoiânia – GO (Brasil)
Nunca imaginei que pudesse estar tão
pertinho de Goiás e matar as saudades
do FICA. Baixei a revista pelo site adorei
Cláudio SouzaLondres (Inglaterra)
Gostei bastante das reportagens
sobre cinema, mas estou mais ansiosa
por aquelas que vão tratar de meio
ambiente. FICA também é natureza!
Sílvia RobertaBrasília – DF (Brasil)
Sou brasileira, estou fazendo um curso
de cinema no Canadá e só soube do FICA
aqui. Um amigo me trouxe um exemplar
da revista e fi quei encantada
Petra Santos Vancouver (Canadá)
FICA 76
Script Script Script
História desucesso
O festival contribui para o fomento
da produção de cinema ambiental,
movimenta o meio cultural,
estimula o turismo e gera emprego
e renda na Cidade de Goiás
O Festival Internacional de Cinema e
Vídeo Ambiental (FICA) é um dos mais
importantes festivais cinematográfi cos
de temática ambiental do mundo. Ele
é realizado desde 1999, na Cidade
de Goiás, antiga capital do Estado de
Goiás (localizado no centro do Brasil),
considerada Patrimônio Histórico da
Humanidade pela Unesco. Trata-se de
um evento cultural amplo, aberto não só
ao cinema, mas a diversas apresentações
artísticas e que cumpre o relevante papel
de discutir a relação do homem com o
meio ambiente. Além disso, contribui
para o fomento da produção de cinema
ambiental, movimenta o meio cultural,
estimula o turismo e gera emprego e renda
na Cidade de Goiás.
Desenvolvido pela Agência Goiana de
Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel),
órgão do Governo do Estado de Goiás,
o FICA cresce e se consolida a cada
edição. Em 2009, foi o festival de cinema
| The festival contributes towards promoting environmental fi lm-making, enlivens the cultural milieu, stimulates tourism and generates employment and income in the town of Goiás.
|| El Festival contribuye a fomentar la producción de cine ambiental, moviliza el medio cultural, estimula el turismo y genera empleo e ingresos en la Ciudade de Goiás
ambiental com a maior premiação da
América Latina, distribuindo R$ 240 mil
em prêmios. O FICA promove a discussão
do desenvolvimento sustentável pelas
telas e também por meio de seminários,
ofi cinas, mesas redondas e palestras
que acontecem paralelamente à
exibição dos fi lmes. Além da exibição
da mostra competitiva, que apresenta
o que de melhor se produz em cinema
e vídeo sobre meio ambiente, o público
e os participantes que comparecem
à Cidade de Goiás durante o festival
ainda são contemplados com uma
ampla programação multicultural
(shows musicais, espetáculos de dança,
teatro, exposição de obras artísticas e
lançamentos literários). Além disso, a
própria Cidade de Goiás, encravada na
Serra Dourada, com seu casario antigo
e ruas de paralelepípedo é uma atração
cultural incontestável. A mostra e todos
os eventos paralelos são gratuitos
| A story of success || Historia de un éxito
FICA 77
| The International Environmental Film and Video Festival (FICA) is one of the world’s most signifi cant thematic fi lm-making festivals. It has been held since 1999 in the town of Goiás, former capital of the State of Goiás (in Brazil’s Midwest), listed by UNESCO as a World Heritage Site. It is a broad cultural event, open not just to fi lms, but also to various artistic presentations. In addition, it fulfi ls the very relevant role of discussing the relationship between people and the environment. As well as that, it promotes the production of environmental fi lm-making, enlivens the cultural milieu, stimulates tourism and generates employment and income for the town of Goiás.
Set up by the State body called the Pedro Ludovico Teixeira Goiás Agency for Culture (Agepel), FICA has grown and become established with each passing edition. In 2009 it was the biggest environmental fi lm festival in Latin America in terms of awards, distributing R$240 thousand reals in prizes. It stimulates discussion on sustainable development through the use of the screen, seminars, round tables and lectures which run parallel to the fi lm screenings.
The public and participants who go to the town of Goiás during the festival to attend the screening of the competing fi lms, the very best of what is produced on the environment, can also avail of a broad multicultural program (concerts, dance presentations, theatre, art exhibitions and launching of books). Furthermore, the town of Goiás itself, hidden away at the foot of the Serra Dourada, with its ancient housing and paved stone streets is an undisputed cultural attraction. Entrance to the exhibition and parallel events is free.
||El Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) es uno de los más importantes festivales cinematográfi cos de temática ambiental del mundo. Éste se realiza desde 1999, en la Ciudade de Goiás, antigua capital del estado de Goiás (ubicado en el centro de Brasil), considerada Patrimonio Histórico de la Humanidad por la UNESCO. Se trata de un evento cultural amplio, abierto no sólo al cine, sino a diversas presentaciones artísticas y cumple el relevante papel de discutir la relación del hombre con el medio ambiente, moviliza el medio cultural, estimula el turismo y genera empleo ingresos en la Ciudade de Goiás. Desarrollado por la Agencia Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (AGEPEL), órgano de gobierno del Estado, el FICA crece y se consolida con cada nueva edición. En 2009 fue el festival de cine ambiental con mayor premiación de América Latina, distribuyendo 240 mil reales en premios. El FICA promueve la discusión del desarrollo sostenible por las pantallas y también mediante seminarios, talleres, mesas redondas y conferencias que tienen lugar paralelamente a la exhibición de los fi lmes.
Además de la muestra competitiva que presenta lo mejor de lo que se produce en cine y vídeo sobre medio ambiente, el público y los participantes que están presentes en la Cidade de Goiás durante el festival incluso son contemplados con una amplia programación multicultural (conciertos, espectáculos de danza, teatro, exposiciones de obras artísticas y lanzamientos literarios). Además de eso, la propia Cidade de Goiás, enclavada en la Serra Dourada, con su casco histórico y sus calles de adoquines, es una atracción cultural incontestable. La muestra y todos los eventos paralelos son gratuitos.
FICA 78
Script Script Script
Há dez anos
Em 2000, foi realizado o II FICA. Esta edição do festival contou com 224 obras
inscritas, de 37 países. Foram selecionadas 38 obras de 15 países. O orçamento
do festival foi de R$ 900 mil.
| Ten years ago
The II FICA, held in 2000, received 224 entries from 37 countries and of these a total of 38 were
selected from 15 diff erent countries. The Festival budget was R$ 900,000.
|| Hace diez años
En 2000, fue realizado el II Fica. Esa edición del Festival contó con 224 obras inscriptas, de 37 países.
Fueron seleccionadas 38 obras de 15 países. El presupuesto del Festival fue de R$ 900 mil.
Mesas
O documentarista e editor da revista
Piauí, João Moreira Salles, fará parte
de uma mesa de debates coordenada
pelo consultor de cinema Lisandro
Nogueira, no dia 9, às 10 horas,
no Hotel Vila Boa. O tema será o
documentário como forma artística
de reproduzir a realidade no cinema,
no vídeo, na literatura ou na música.
| Roundtables
The documentary fi lmmaker and editor of the
Piauí magazine, Joao Moreira Salles, will be
part of a roundtable discussion, coordinated by
the fi lm consultant Lisandro Nogueira, on June
9, at 10am at the Hotel Vila Boa. The debate
focuses on the documentary as an art form for
reproducing reality in fi lm, video, literature and
music.
|| Mesas
El documentalista y editor de la revista Piauí,
João Moreira Salles, hará parte de una mesa de
debates coordinada por el consultor de cine
Lisandro Nogueira, el día 9, a las 10 horas, en
el Hotel Vila Boa. El tema será el documental
como forma artística de reproducir la realidad
en el cinema, en el video, en la literatura o en
la música.
Nativas
Um dos cursos de temática
ambiental terá como tema
Manejo Sustentável de Espécies
Nativas do Cerrado: Frutíferas e
Medicinais. Técnicas de manejo
sustentável das espécies nativas
serão abordadas nos dias 9, 10 e
11, no Lyceu de Goiás.
| Native species
One of the courses on the environment
deals with the Sustainable Management
of Native Cerrado Fruit and Medicinal
Species. Techniques for the sustainable
management of these native species will
be presented on June 9, 10 and 11 in the
Lyceu de Goiás.
|| Nativas
Uno de los cursos de temática ambiental
tendrá como tema Manejo Sustentable
de Especies Nativas del Cerrado: Frutales
y Medicinales. Técnicas de manejo
sustentable de las especies nativas serán
abordadas los días 9, 10 y 11, en el Lyceu
de Goiás.
FICA 79
Cameron
Na mostra paralela do XXII FICA
será exibido o recordista de
público Avatar, do diretor James
Cameron, que esteve no Brasil
para participar de protestos contra
a construção da usina de Belo
Monte, na Amazônia. Além de ter o
meio ambiente como um de seus
eixos de sustentação, o fi lme será
exibido atendendo a pedido de
moradores da Cidade de Goiás.
| Cameron
The XII FICA’s parallel screening will show
Avatar, the box offi ce success directed by
James Cameron, who recently came to
Brazil to participate in protests against the
construction of Belo Monte Hydroelectric
Station in the Amazon. The fi lm is being
screened because of its link with the
environmental issue but also because it has
been requested by residents of the town of
Goiás.
|| Cameron
En la muestra paralela de XXII FICA será
exhibido la recordista de público Avatar,
del director James Cameron, que estuvo
en el Brasil para participar de protestas
contra la construcción de la usina de Belo
Monte, en la Amazonia. Además de tener
el medio ambiente como uno de sus ejes
de sustentación, la película será exhibida
atendiendo a pedido de habitantes de la
Ciudad de Goiás.
Goianos
No último FICA, em 2009, o Estado
de Goiás teve a segunda maior
participação nacional, com 38
obras inscritas.
| Goiás fi lm producers
In the 2009 FICA, the state of Goiás had the
second highest national representation
participation, with a total of 38 entries.
|| Goianos
En el último FICA, en 2009, el Estado
de Goiás tuvo la segunda mayor
participación nacional, con 38 obras
inscriptas.
Cursos
Para a edição do FICA deste ano
estão programados 14 cursos.
São sete sobre cinema e sete
com temáticas ambientais,
como biodiversidade, legislação
ambiental e meio ambiente
urbano.
| Courses
This year 14 courses are scheduled.
Seven deal with cinema and seven with
environmental issues, such as biodiversity,
environmental legislation and urban
environment.
|| Cursos
Para la edición del Fica de este año están
programados 14 cursos. Son siete sobre
cine y siete con temáticas ambientales,
como biodiversidad, legislación ambiental
y medio ambiente urbano.
FICA 80
Script Script Script
Debate
Na agenda de debates do XII FICA,
o bioma que mais caracteriza as
paisagens da região do Planalto
Central brasileiro terá destaque
na mesa Mudanças Climáticas e
Cerrado. Especialistas vão debater
temas importantes no que concerne
à preservação do Cerrado, como o
uso do solo em áreas agricultáveis e
o cumprimento das leis ambientais.
O debate será no dia 11, às 9 horas.
| Debate
On the agenda for discussions at the XII FICA’s Climate Change and Cerrado Roundtable, the
biome that best characterizes the Brazilian Central Plateau landscape will be highlighted.
Experts will discuss issues related to the preservation of the Cerrado, such as the use of the
soil in agricultural areas and the enforcement of environmental legislation. This debate takes
place on June 11, at 9am.
|| Debate
En la agenda de debates del XII FICA, el bioma que más caracteriza a los paisajes de la región
del Planalto Central brasileño tendrá destaque en la mesa Cambios Climáticos y Cerrado.
Especialistas van a debatir temas importantes e en lo que concierne a la preservación
del Cerrado, como el uso del suelo en áreas agricultables y el cumplimiento de las leyes
ambientales. El debate será el día 11, a las 9 horas.
Tarantino
Um dos cursos de cinema do FICA abordará o trabalho do diretor, ator e
roteirista Quentin Tarantino. Nos dias 9,10 e 11 de junho, no Lyceu de Goiás,
Mauro Baptista fará uma introdução que permitirá compreender a obra do
cineasta no contexto do cinema contemporâneo.
| Tarantino
One of these fi lm courses deals with the work of the actor, director and screenwriter, Quentin
Tarantino. On June 9, 10 and 11 in the Lyceu de Goiás, Mauro Baptista introduces Tarantino in
order to help understand the work of this fi lmmaker within the context of contemporary cinema.
|| Tarantino
Uno de los cursos de cine del FICA abordará el trabajo del director, actor y guionista Quentin
Tarantino. Los días 9,10 y 11 de junio, en el Lyceu de Goiás, Mauro Baptista hará una introducción
que permitirá comprender la obra del cineasta en el contexto del cine contemporáneo.
FICA 81
Traço Trace Rastro
Adriana Mendonça é bacharel em Artes Visuais e Artes Plásticas e mestre em Gestão do Patrimônio Cultural e em Cultura Visual
| Adriana Mendonça holds a BA in Visual Arts and Fine Arts and a Master’s degree in Management of Cultural Heritage and in Visual Culture
|| Adriana Mendonça es licenciada en Artes Visuales y Artes Plásticas y master en Gestión del Patrimonio Cultural y en Cultura Visual
| This magazine is printed on Votorantim coated mat-fi nished Image paper, certifi ed with the seal of the Forest Stewardship Council (FSC). This certifi cation guarantees that the wood used to make this paper is the product of an ecologically correct, socially just and economically viable process, and is in accordance with Brazilian and international laws.
|| Esta revista está impresa en papel estucado mate Image de Votorantim, certifi cado con el sello del Consejo de Manejo Florestal (FSC). La certifi cación garantiza que la madera utilizada para la fabricación del papel es oriunda de un proceso productivo ecológicamente adecuado, socialmente justo y económicamente viable, cumpliendo todas las leyes vigentes.
SCS
- C
OC
- 0
078
5 Esta revista é impressa no papel couché fosco Image da Votorantim, certifi cado
com o selo do Conselho de Manejo Florestal (FSC). A certifi cação garante que a
madeira utilizada para fabricação do papel é oriunda de um processo produtivo
ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente viável,
cumprindo todas as leis vigentes.
FICA 84
top related