semiotica um olhar semiotico sobre a internet(atv 09)
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Valor 11,0/Nota 11,0
Um olhar semiótico sobre a internet
Aline Rodrigues Totti, Semiótica, Docência no Ensino a Distância.
Introdução
Este trabalho irá analisar principalmente os conteúdos não verbais de sites
educacionais e não educacionais, do ponto de vista da teoria geral dos signos como teoria da
comunicação e da sintaxe visual. Serão apresentados dois sites de conteúdos bem distintos:
um é educacional, se trata de um Ambiente Virtual de Aprendizagem e o outro do tipo
comercial. Será feita uma análise das composições semióticas, positivas e negativas, de
acordo com o referencial teórico do guia de estudos, desta disciplina, procurando fazer
vincular os conteúdos vistos com a prática.
Ilustração 1 – Tela principal do AVA SENAI.
Esta é a tela do AVA do SENAI onde são oferecidos cursos à distância gratuitos, no
exemplo acima está o ambiente do curso TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação.
Observando a figura abaixo, vemos que de um modo geral este AVA, tem um visual “limpo”,
claro, “enxuto”, sem elementos tensionados (eixos azuis), porém com alguns objetos bem
aguçados (em reação ao eixo laranja), no canto superior esquerdo e direito.
Esta página equilibra bem os recursos textuais e não textuais, colocando os textos, que
são o foco de quem acessa esta página, em áreas alcançadas pela varredura visual natural
(eixo verde) e em contrapartida, coloca elementos fora do padrão esperado, para voltar o
nosso olhar também para as outras áreas que não foram contempladas à primeira vista, sem
contudo, perturbar a leitura da parte textual.
Ilustração 2 – Eixos do Plano, dos objetos e a Varredura visual
Perceba que, fora no cabeçalho, este AVA utiliza-se de poucos símbolos o que
segundo Mayr, “empobrece a comunicação em termos de polissemia, mas garante um
ambiente mais limpo menos carregado visualmente” (Mayr, 2010). Nos menus são usados
alguns símbolos para ilustrar “Seu perfil”, “Tecnologia da Informação e Comunicação” e
outros. Foram usados signos e textos, pois como estes símbolos não são universais e nem
signos enquanto mensagem, a opção pelo símbolo coadjuvante da mensagem (símbolo +
texto) foi acertada, porque reforça a mensagem e não gera dúvidas quanto à funcionalidade
destes menus.
Por se tratar de AVA que oferece cursos rápidos e gratuitos ele é baseado em
comunicações assíncronas como vídeos, textos complementares e slides (nos links das aulas),
material instrucional para ser impresso, (menu “manual”), e-mails (em “e-mail do monitor),
FAQs e e-learning (ao final das unidades). O fato de fazer uso de ferramentas assíncronas
pode resultar em um ponto positivo, como alcançar e satisfazer àqueles que ainda não
possuem banda larga.
A página em si não é cercada de anúncios comercias e o menu a esquerda não possui
muitos links, o que é um ponto positivo, pois não dispersa a atenção do estudante, aspecto
importante em um AVA. Não há Pop-Ups ou animações que possam perturbar o aluno,
apenas dentro dos links das aulas e sobre assuntos referentes ao tema em estudo. .
Ilustração 3 – Restante da tela – Hiperlinks para as aulas
Note que os textos referentes às aulas estão em azul e são hiperlinks para as aulas em
si, (seguindo um padrão de cores pré estabelecido para hiperlinks). Depois de acessados, não
ficam roxos e sublinhados, ganham um sinal de verificado, como o de uma check-list, o que
facilita a visualização das aulas já feitas. Ao clicar nos links para as aulas, elas são exibidas no
corpo principal da página evitando o acumulo de janelas abetas.
Ilustração 4 –Hiperlinks já visitados
O site possui uma navegação fácil e intuitiva, o uso dos retângulos cinza ao fundo
demarca bem os espaços destinados ao cabeçalho, aos menus e ao corpo do site em si, isto
separa bem as áreas do site e facilita a orientação e a navegação. Foi feita uma opção coerente
de cores: cores claras, há um padrão de cores nas fontes para menus e links, além das cores de
fundo que delimitam as áreas do site. As fontes são de cores e tamanhos adequados, a
linguagem é condizente com o público alvo. Neste sentido temos que, “o uso acertado de uma
comunicação visual adequada se mostra importante e, pode ser o elemento responsável pela
permanência do aluno no AVA.” (Mayr, 2010)
Além da sintaxe visual, das questões de usabilidade e funcionalidade, do emprego de
hiperlinks, ferramentas síncronas ou assíncronas, é importante lembrar que:
Nestes ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) além dos conteúdos, existem uma série de exigências que precisam ser satisfeitas para que o processo ocorra. Por tratar-se de um AVA existe um projeto pedagógico que ampara e suporta o curso. Todo o desenho do curso é realizado em função deste mesmo projeto pedagógico. Os AVAs devem ser capazes de conciliar o material didático, as relações interpessoais travadas entre os participantes e a metodologia capaz de atingir os objetivos propostos. (Mayr, 2010)
Em contrapartida, esta outra página de conteúdo não educacional foi retirada do link
http://design.blog.br/web-design/os-piores-sites-do-mundomesmo, que cita diversos sites
construídos sem levar em conta as questões da sintaxe visual.
Ilustração 5 –Site visualmente desordenado
Neste site são oferecidos diversos produtos que estão dispostos de maneira
completamente desorganizada no campo visual da página. Esta página não tem um visual,
claro, possui muitos elementos que foram distribuídos de forma aleatória na tela sem
considerar a varredura visual ou mesmo os eixos vertical e horizontal do plano visual para
definir objetos como aguçados ou não.
Há objetos espalhados por todo o plano, assim temos muitos elementos aguçados mas,
também são diversas as situações intermediárias: objetos que não estão nem aguçados nem
nivelados que geram confusão e distorção da mensagem. Os elementos fora do padrão
esperado são tantos, que nosso olhar se desprende rapidamente da varredura visual inicial para
buscar estes elementos e acaba por se perder, não se focando em nenhuma área precisamente.
Os ruídos presentes na comunicação são muitos, pois a página é visualmente poluída
pelo excesso de informações textuais e não textuais. A grande diversidade de links e os
menus desordenados podem levar o usuário a se perder do conteúdo procurado. Os espaços
para o cabeçalho, menus, corpo principal e rodapé não foram claramente demarcados o que
pode dificultar a orientação e busca por conteúdos durante a navegação.
A opção de cores, não foi acertada. Mesmo com o fundo branco, nota-se que não há
um padrão de coerente de cores para os menus ou para os links. “Cores muito quentes e que
tornam a leitura cansativa devem ser evitadas. A poluição visual é um erro e pode
comprometer seriamente a experiência do usuário.”(Mayr,2010). O mesmo ocorreu com a
escolha das fontes em termos de cores e tamanhos, não há um padrão, “a manipulação da
fonte é um recurso que deve ser contemplado na medida em que pode significar um ganho na
experiência do usuário.”(Mayr, 2010)
Mesmo para um site comercial, o visual é bastante poluído e desorganizado. Sites
deste tipo não prendem a atenção do usuário que acaba por deixar a página e buscar
informações em outros sites, pode ainda acarretar uma idéia de pouca seriedade e falta de
profissionalismo, comprometendo a confiança do usuário no site.
Conclusão
O ciberespaço é sem dúvida um ambiente semiótico privilegiado, uma vez que pode
valer-se de diversas linguagens: oral/escrita, visual, midiática e artística. Os recursos de cores,
fontes, imagens, vídeos, áudios ou hipertextos e hiperlinks devem ser aplicados observando-se
um mínimo de técnicas da composição visual, independentemente de ser um site de conteúdo
educacional ou não. Não há nada de errado em usar animações, cores ou fontes grandes. Tudo
depende do objetivo, do público alvo e do que se pretende alcançar. O que não pode haver é
um abuso, um uso indiscriminado e sem critério de tais recursos. É importante o cuidado no
emprego de símbolos, que de preferência sejam universais, signos enquanto mensagem ou
signos coadjuvantes da mensagem para que possam ser entendidos por todos. Torna-se
imprescindível saber empregar bem a sintaxe visual e utilizar, em momentos oportunos,
recursos digitais síncronos e assíncronos para ter uma comunicação bem sucedida entre
pessoas, intermediadas pelas máquinas, no ciberespaço.
Referência Bibliográfica:
MAYR, Arnaldo Henrique. Guia de Estudo- Semiótica. Varginha: GEPÓS-UNIS/MG,
2010.
LÉVY, Pierre. Ciberculltura. São Paulo, Ed. 34. 1999. Disponível em: http://www.sescsp.org.br/sesc/images/upload/conferencias/29.rtf
OS 9 SITES MAIS FEIOS E MAL FEITOS DA INTERNET. Disponível em: < http://design.blog.br/web-design/os-piores-sites-do-mundomesmo >. Acesso em: 14 Maio 2010
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