servico social 2009_5_3
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SERVIÇO SOCIAL
www.interativa.uniderp.br
www.unianhanguera.edu.br
Anhanguera Publicações
Valinhos/SP, 2009
AutoresEdilene Maria de Oliveira Araújo
Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues NobreHelenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho
Maria Aparecida da SilvaMaria Roney de Queiroz Leandro
Educaçãosem fronteiras
5
00 - Servico Social - 5 Sem.indd 1 1/5/09 3:52:57 PM
© 2009 Anhanguera PublicaçõesProibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.Impresso no Brasil 2009
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS
PresidenteProf. Antonio Carbonari Netto
Diretor AcadêmicoProf. José Luis Poli
Diretor AdministrativoAdm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior
CAMPUS I
ReitorProf. Guilherme Marback NetoVice-ReitorProfa. Heloísa Gianotti PereiraPró-ReitoresPró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães JúniorPró-Reitora de Graduação: Prof. Paulo de Tarso Camillo de Carvalho Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.UNIDERP INTERATIVA
DiretorProf. Ednilson Aparecido Guioti
CoodernaçãoProf. Wilson Buzinaro
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICAProfa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Eva Maria Katayama Negrisolli / Profa.Evanir Bordim Sandim / Profa. Maria Massae Sakate / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)
ANHANGUERA PUBLICAÇÕES
DiretorProf. Diógenes da Silva Júnior
Gerente AcadêmicoProf. Adauto Damásio
Gerente AdministrativoProf. Cássio Alvarenga Netto
PROJETO DOS CURSOSAdministração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira SatolaniCiências Contábeis: Prof. Ruberlei BulgarelliEnfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado PereiraLetras: Profa. Márcia Cristina RochaPedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz / Profa. Líliam Cristina CaldeiraServiço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lucia Américo AntonioTecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de OliveiraTecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma MarcarioTecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espíndola DiasTecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espíndola DiasTecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias
S514 Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009.
224 p. - (Educação sem fronteiras ; 5).
ISBN: 978-85-62280-06
1. Serviço social – Processo de trabalho. 2. Serviço social – Cidadania. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série.
CDD: 360
Ficha Catalográfica produzida pela Biblioteca Central da Anhanguera Educacional
00 - Servico Social - 5 Sem.indd 2 1/5/09 3:52:57 PM
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico
iii
Nossa Missão, Nossos Valores____________________
A Anhanguera Educacional completa, em 2009, 15 anos. Desde sua fundação, buscou a ino-
vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
relação qualidade/custo, adotou-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de
ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da
Anhanguera.
Atuando também no Ensino à Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da UNIDERP Interativa, nos seus pólos
espalhados por todo o Brasil.
Boa aprendizagem e bons estudos!
Prof. Antonio Carbonari Netto
Presidente — Anhanguera Educacional
Apresentação____________________
A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
arrojados, pluralistas, democráticos.
Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
ceiros e congêneres no País e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo seu compromisso com
a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos seus
propósitos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e ascensão social.
Reconhecida por sua ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais
um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportuni-
dades de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação
a Distância.
Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que em pouco tempo saiu das fronteiras
do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do País, possibilitando o
acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
O Centro de Educação a Distância, atua por meio de duas unidades operacionais, a Uniderp
Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN), em função dos modelos alternativos ofe-
recidos e seus respectivos pólos de apoio presencial, localizados em diversas regiões do País e ex-
terior, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada e possibilitando,
dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras.
Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na sua estrutura organizacional e acadêmica, com
reflexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
a compra pelos alunos de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e
estimula-os a formar sua própria biblioteca, promovendo, dessa forma, a melhoria na qualidade
de sua aprendizagem.
É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena em sociedade.
Prof. Guilherme Marback Neto
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico
v
EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJOGraduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986
Especialização: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
Especialização: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002
ELISA CLÉIA PINHEIRO RODRIGUES NObREGraduação: Serviço Social – Universidade Católica Dom Bosco, UCDB – 1992
Especialização em Políticas Sociais – Universidade doEstado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 2003
Mestrado em Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS – 2007
HELENROSE APARECIDA DA SILVA PEDROSO COELHOGraduação: Ciências Sociais/Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP, Campinas /SP – 1982Graduação: Psicologia/Universidade Católica
Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1992Graduação: Direito/Universidade para o Desenvolvimento do
Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, Campo Grande/MS – 2004Especialização: Gestão Judiciária Estratégica
Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, CEFETMT – 2007Mestrado: A Construção dos Sentidos de Promoção e
Prevenção de Saúde na Mídia Impressa – UCDB – Campo Grande/MS, 2006
MARIA APARECIDA DA SILVAGraduação: Serviço Social/Faculdades Unidas
Católicas Dom Bosco – FUCMT/ Campo Grande-MS – 1984Especialização: Educação na Área da Saúde/Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 1985Mestrado: Saúde Coletiva/Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS, 1998
MARIA RONEY DE QUEIROZ LEANDROGraduação: Serviço Social/Faculdades Unidas
Católicas Dom Bosco – FUCMT/Campo Grande-MS/1987Especialização: Saúde Pública – Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz/1993
Autores____________________
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico
vii
Sumário____________________
MÓDULO – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL
UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁGIO SUPERVIONADO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
O diagnóstico como ferramenta de trabalho do serviço social ......................................... 3
AULA 2
Projetos sociais: solucionando problemas .......................................................................... 10
UNIDADE DIDÁTICA – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
Trabalho e relações sociais na sociedade contemporânea ................................................. 19
AULA 2
Divisão social do trabalho ................................................................................................... 24
AULA 3
Produção social e valor ........................................................................................................ 29
AULA 4
Trabalho assalariado, capital e propriedade ........................................................................ 37
AULA 5
Processos de trabalho e produção da riqueza social ........................................................... 43
AULA 6
O trabalho coletivo – trabalho e cooperação ...................................................................... 48
AULA 7
Trabalho produtivo e improdutivo ...................................................................................... 52
AULA 8
A polêmica em torno da crise da sociedade do trabalho .................................................... 59
AULA 9
Trabalho e sociedade em rede .............................................................................................. 65
UNIDADE DIDÁTICA – ESTRATÉGIAS DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
A inserção do assistente social nos processos do trabalho e as estratégias de trabalho
em serviço social ................................................................................................................... 75
AULA 2
Trabalho e serviço social: demandas tradicionais e demandas atuais ................................ 78
AULA 3
O redimensionamento da profissão: o mercado, as condições de trabalho, as
perspectivas e competências profissionais ........................................................................... 81
AULA 4
Condições de trabalho e respostas profissionais. A relação assistente social e usuários
dos serviços sociais ............................................................................................................... 86
AULA 5
As demandas e a intervenção profissional no âmbito das relações entre o estado e a
sociedade ............................................................................................................................... 89
AULA 6
A dimensão ético-política da prática profissional e o serviço social como instrumento
de cidadania e garantia de direitos....................................................................................... 92
AULA 7
Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do
trabalho profissional – Parte 1 ............................................................................................. 95
AULA 8
Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do
trabalho profissional – Parte 2 ............................................................................................. 99
AULA 9
Instrumentos, metodologias e técnicas utilizados pelo serviço social na busca de
respostas as demandas do trabalho ...................................................................................... 103
SEMINÁRIO INTEGRADO ...................................................................................................... 108
MÓDULO – SOCIEDADE E CIDADANIA
UNIDADE DIDÁTICA – TERCEIRO SETOR E SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
Considerações históricas sobre a emergência do terceiro setor ......................................... 111
AULA 2
Terceiro setor: conceitos, objetivos e características ........................................................... 114
AULA 3
Questões sociais, serviço social e as relações com o terceiro setor ..................................... 118
AULA 4
Organizações de interesse público e legislações pertinentes .............................................. 122
AULA 5
As organizações de interesse público e a gestão das políticas sociais ................................. 127
AULA 6
Responsabilidade social e suas dimensões ........................................................................... 131
AULA 7
Voluntariado ......................................................................................................................... 135
AULA 8
O voluntariado no terceiro setor.......................................................................................... 140
AULA 9
Financiamento do terceiro setor .......................................................................................... 144
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico
ix
UNIDADE DIDÁTICA – CONSELHOS POPULARES E CIDADANIA
AULA 1
Contexto da cidadania .......................................................................................................... 153
AULA 2
Participação e controle social: instâncias de cidadania....................................................... 159
AULA 3
Conselhos de políticas públicas: assistência social .............................................................. 169
AULA 4
Conselhos de políticas públicas: saúde ................................................................................ 174
AULA 5
Conselhos de defesa de direitos: do idoso e da pessoa com deficiência ............................. 179
AULA 6
Conselhos de defesa de direitos: da criança e do adolescente (ECA) ................................. 187
AULA 7
Conselhos de defesa de direitos: da mulher ........................................................................ 192
AULA 8
Conselhos de defesa de direitos: do indígena e do negro ................................................... 199
AULA 9
Atuação do profissional na efetivação do controle social ................................................... 207
SEMINÁRIO INTEGRADO ...................................................................................................... 215
AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho...
73
PROCESSO DE TRABALHO EM
SERVIÇO SOCIAL
Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo
Professora Especialista Maria Roney de Queiroz Leandro
Professora MSc. Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho
Módulo
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
74
Apresentação
Caro acadêmico!
Você irá começar agora mais um período de aprendizado e muitas descobertas, pois estamos iniciando
novo período de aula com a Unidade Didática: ESTRATÉGIAS DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL.
Nessa unidade trataremos a respeito da inserção do assistente social nos processos do trabalho – as estratégias
de trabalho em serviço social – demandas tradicionais e demandas atuais – redimensionamento da profissão:
o mercado, as condições de trabalho, perspectivas e competências profissionais – condições de trabalho e
respostas profissionais – a relação assistente social e usuários dos serviços sociais – demandas e a interven-
ção profissional no âmbito das relações entre o Estado e a sociedade – a dimensão ética e política da prática
profissional e o serviço social como instrumento de cidadania e garantia de direitos – estratégia profissional e
instrumental técnico-operativo utilizado no desempenho do trabalho profissional – instrumentos, metodo-
logias e técnicas utilizadas pelo serviço social na busca de respostas às demandas do trabalho.
Contudo, para que o aprendizado se concretize é preciso muita dedicação e disponibilidade de cada um,
principalmente de vocês, alunos; a nós cabe auxiliá-los nessa trajetória, dando as concepções teóricas, meto-
dológicas e instrumentais para que vocês possam aprofundar as informações recebidas e consigam por meio
do estudo e pesquisas atuar dentro da ética e do compromisso profissional.
Ao escolher a profissão de assistente social, supomos que o aluno esteja pronto a desvendar caminhos
na maioria das vezes bem pedregosos, mas que possa também visualizar alternativas que aos olhos comuns
não é possível, pois essa é uma profissão única, que está em constante processo de mudança, que se refaz e
age de acordo com o movimento das sociedades, dos seus povos e de tudo que se relaciona com as questões
sociais. O desafio é grande, principalmente nesse contexto de globalização mundial, da hegemonia do capital
financeiro, da redução na demanda e da flexibilização do trabalho, da pauperização crescente, da exclusão
e agravamento das múltiplas expressões da questão social, base histórica da intervenção profissional. Não
queremos de maneira alguma desestimulá-los, pelo contrário, queremos parabenizá-los por terem escolhido
essa profissão e por vocês se sentirem preparados para segui-la, cumprindo com alguns requisitos que são
essenciais e imprescindíveis para um exercício profissional consciente e ético (Projeto ético-político), e que a
atuação profissional de vocês deixe explícitos os compromissos da categoria.
Sejam bem-vindos!
Professora especialista Maria Roney de Queiroz Leandro
AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho...
75
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AULA
1____________________A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS
PROCESSOS DO TRABALHO E AS ESTRATÉGIAS DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL
Conteúdo• Introdução ao tema Estratégias de Trabalho em Serviço Social – Considerações gerais
• A questão social e a inserção do assistente social nos processos de trabalho
Competências e habilidades• Compreender que a inserção do assistente social no processo de trabalho faz parte de um contexto e
varia de acordo com o momento histórico/político
• Discutir sobre as mudanças do mercado de trabalho e o projeto ético-político do serviço social
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS
PROCESSOS DO TRABALHO E AS ESTRATÉGIAS
DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL
EXERCÍCIO DO SERVIÇO SOCIAL SEM SER
DISCRIMINADO, nem discriminar, por questões
de inserção de classe social, gênero, etnia, religião,
nacionalidade, opção sexual, idade e condição física
(Princípios Fundamentais do Código de Ética Pro-
fissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente Social: Ética e
direitos. Coletânea de Leis e Resoluções. 3a edição.
p. 17).
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A sociedade contemporânea vem há tempos so-
frendo profundas mudanças, trazendo repercussões
nas relações de trabalho e de produção. Na era da
globalização da economia e das inovações tecnoló-
gicas, a flexibilização dos processos de trabalho, as
novas modalidades de produção admitidas e a ges-
tão e consumo da força de trabalho são situações
que se vêm fazendo presentes, e de maneira bem
ostensiva, no dia-a-dia da sociedade. Nesse cenário,
o serviço social se mostra mais uma vez redefinindo
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
76
seu “fazer” por meio de parâmetros teóricos, meto-
dológicos, éticos e políticos.
“O que importa é entender a profissão hoje como
mais um tipo de trabalho na sociedade. Desde os
anos 80, vem-se afirmando que o serviço social é uma
especialização do trabalho, uma profissão particular
inscrita na divisão social e técnica do trabalho coleti-
vo da sociedade¹.”
Tanto a divisão do trabalho na sociedade quanto
a divisão técnica do trabalho no interior das estru-
turas produtivas se mostram com novas formas de
organização e de gestão de trabalho.
A reestruturação produtiva, tanto nas organiza-
ções públicas como nas privadas, vem impondo a
todos os trabalhadores, incluindo também a cate-
goria de assistentes sociais, mudanças que trazem
repercussões nas suas relações sociais, interferin-
do diretamente nas vidas dos indivíduos com suas
famílias, amigos, e principalmente nas relações do
trabalho, impondo situações das mais conflitantes1,
como: a precarização das relações de trabalho, ame-
aça de desemprego, exigências de polivalência, mul-
tifuncionalidade, necessidade no desenvolvimento
de novas habilidades, entre outras.
Dessa forma, para se compreender o serviço so-
cial, seus fundamentos históricos, teóricos e meto-
dológicos devem partir da premissa de que essa é
uma profissão determinada pela sociedade brasilei-
ra, que se desenvolveu por forças societárias, como
uma especialização do trabalho. Mas, de outra for-
ma, a profissão é também e principalmente o fru-
to de muitas lutas e aprendizados por diferentes
grupos e sujeitos que a constroem e a vivenciam.
Sujeitos que com a “prática” acumulam saberes,
sistematizam essas informações em aprendizados
e “devolvem”, contribuindo para a criação de uma
cultura profissional. Logo, analisar a profissão su-
põe abordar, simultaneamente, todas as formas de
pensar e atuar que foram ao longo do tempo sendo
incorporadas, atribuindo visibilidade às bases teóri-
cas assumidas pelo serviço social na leitura da socie-
dade e na construção de respostas à questão social.
A questão social é indissociável da sociabilidade
capitalista e, particularmente, das configurações as-
sumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão
monopolista do capital. A gênese da questão social
na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo
da produção contraposto à apropriação privada da
própria atividade humana – o trabalho –, das con-
dições necessárias à sua realização, assim como de
seus frutos. É inseparável da emergência do “traba-
lhador livre”, que depende da venda de sua força de
trabalho como meio de satisfação de suas necessida-
des vitais (IAMAMOTO, 2007).
A mesma autora reitera que a questão social ex-
pressa, portanto, uma arena de lutas políticas e cul-
turais na disputa dos projetos societários, informa-
dos por distintos interesses de classe na condução
das políticas econômicas e sociais, que trazem o selo
das particularidades históricas nacionais, podendo
ser traduzidas pelas desigualdades econômicas, po-
líticas e culturais das classes sociais, mediatizadas
por disparidades nas relações de gênero, caracterís-
ticas étnico-raciais e formações regionais, colocan-
do em causa amplos segmentos da sociedade civil
no acesso aos bens da civilização.
Quando o assistente social é provocado para in-
tervir na realidade ele busca respostas aos questio-
namentos surgidos no exercício da profissão, valen-
do-se do próprio saber e de experiências acumula-
das por meio de elaborações intelectuais e com as
sistematizações da prática que foram reunidas ao
longo do tempo. Também se utiliza de técnicas e
métodos que dão subsídios a sua intervenção; nesse
momento, segundo Faleiros (2008), o foco da inter-
venção social se constrói no processo de articula-
ção do poder dos usuários e sujeitos da ação pro-
fissional no enfrentamento das questões relacionais
complexas do dia, pois envolvem a construção de
estratégias para dispor de recursos, poder, agilida-
de, acesso, organização, informação, comunicação.
O profissional de serviço social define seu trabalho
a partir de estratégias de ação, utilizadas por meio
de instrumentos e técnicas de intervenção.
1 A inflexão nessa perspectiva foi dada por IANAMOTO, M.V. e CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo, Cortez/Celats, 1982.
AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho...
77
Para Faleiros é inegável a produção do conheci-
mento no serviço social. Insiste no processo dialéti-
co de desconstrução/reconstrução do objeto da pro-
fissão como método crítico e histórico que possibi-
lita desenvolver estratégias relacionais e situacionais
da ação. Acredita também que a estratégia prática
da ação profissional só é possível construir com a
teorização da intervenção profissional, a partir da
procura do conhecimento do serviço social.
Dessa forma, o assistente social é sem dúvida um
trabalhador especializado, que vende a sua capaci-
dade de trabalho demandando uma força qualifica-
da e de um “agir” que tem caráter científico, já que
se baseia em teorias, diagnósticos, fundamentação
teórico-científica. Esse processo de compra e venda
da força de trabalho especializada em troca de um
salário faz com que o serviço social ingresse nesse
universo como mediador entre o capital e o traba-
lho, mas que também se insere e vivencia as dificul-
dades advindas do modelo capitalista vigente, por
vender sua própria força de trabalho.
O serviço social é uma profissão consolidada, le-
gitimada socialmente, o que significa que tem uma
função social. As profissões são criadas para respon-
der às necessidades dos homens. O desenvolvimento
das forças produtivas envolve as necessidades de no-
vas profissões, assim como considera outras desne-
cessárias. Mas, mesmo respondendo a uma necessi-
dade social, ele pode ser corroborado pelo número de
assistentes sociais inseridos no mercado de trabalho,
pelo fato de que eles, efetivamente, trabalham desen-
volvendo ações que têm um produto, produto social
com dimensões econômicas e políticas; ainda assim,
o serviço social mantém, historicamente, o dilema da
especificidade profissional, especificidade essa que
é dada pelo objeto profissional. Em termos bastan-
te simples, a questão é: para que trabalha o serviço
social? A resposta a essa questão responde, também,
com qual objetivo trabalha o serviço social.
O objeto do serviço social, nesse sentido, está
intimamente vinculado a uma visão de homem e
mundo, fundamentado numa perspectiva teórica
de que, no modo capitalista de produção, impli-
ca uma opção política – a teoria norteadora da
ação, a ação que reconstrói a teoria, demonstra
de que lado está o serviço social. E, desde o mo-
vimento de reconceituação, o serviço social tem
construído uma ação voltada para a maioria da
população.
VEJA BEM...ESTE ASSUNTO NÃO SE ESGOTA AQUI,
PELO CONTRÁRIO, ESSE É SÓ O INÍCIO
E DEVE SERVIR PARA VOCÊ PROCURAR
SUAS PRÓPRIAS ESTRATÉGIAS DE
CONHECIMENTO E FORMAÇÃO DO
INSTRUMENTAL PARA
O SEU “AGIR”.
Por tudo abordado, concluiremos essa exposição
valendo-nos de Faleiros quando ele explica que o
processo do trabalho se dá por meio de mediações
complexas na dinâmica das relações particulares e
gerais dos processos de fragilização social para inter-
vir nas relações de força, nos recursos e nos poderes
institucionais, visando a fortalecer o poder dos mais
frágeis, dos oprimidos, dos explorados, pelo resgate
da sua cidadania, da sua autonomia, da sua auto-
estima, das condições singulares da sobrevivência
individual e coletiva, de sua participação e organi-
zação e que, para se ter sucesso nessa empreitada, o
profissional há de usar os instrumentos e técnicas
mais acertadas à situação, ou seja, pôr em prática as
estratégias de trabalho em serviço social.
CONTINUA NA PRÓXIMA AULA
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
78
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alAULA
2____________________TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: DEMANDAS
TRADICIONAIS E DEMANDAS ATUAIS
Conteúdo• Renovação e conservadorismo
• Contextualização e mudanças no mercado de trabalho do assistente social
• Demandas, trabalho e desafio profissional
Competências e habilidades• Reconhecer as influências conjunturais na prática profissional e as mudanças necessárias para seu
exercício
• Debater o aprofundamento e o desdobramento dos campos de trabalho do serviço social
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
“GARANTIA DO PLURALISMO, através do
respeito às correntes profissionais democráticas
existentes e suas expressões teóricas, e compromis-
so com o constante aprimoramento intelectual”
(Princípios Fundamentais do Código de Ética Pro-
fissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente Social: Ética
e direitos. Coletânea de Leis e Resoluções. 3a ed.
p.17).
Conforme visto na Aula 1, “A inserção do assis-
tente social nos processos do trabalho e estratégias
de trabalho em serviço social” trazia para a discus-
são a atuação do assistente social como mediador
nas relações sociais do trabalho, mas que, no proces-
so de institucionalização, o serviço social, enquanto
profissão, desvenda sua inserção na sociedade, apre-
endendo o significado social da prática profissional
que a insere no conjunto das condições e relações
sociais que lhe atribuem um sentido histórico e nas
quais se torna possível e necessário seu exercício; e
que as estratégias se constroem no campo das possi-
bilidades, favorecendo, assim, o processo e o projeto
de vida do sujeito.
AULA 2 — Trabalho e Serviço Social: Demandas Tradicionais e Demandas Atuais
79
Esse foi um breve resgate do capítulo anterior,
porém é também o início e o impulsionador das
aulas seguintes.
Nesta aula retomaremos alguns temas certamen-
te já vistos por vocês em outras oportunidades, mas
são de extrema importância para o entendimento.
RENOVAÇÃO E CONSERVADORISMO
O agravamento da “questão social” diante da
consolidação e da crise do capitalismo no mundo,
do processo de reestruturação produtiva, assumiu
na atualidade diferentes contornos, trazendo novos
desafios para a profissão. O acirramento das desi-
gualdades sociais, a exclusão social, o empobreci-
mento das populações, a inflação, o desemprego,
a violência, a crise na proteção social, o déficit or-
çamentário, a dívida externa, a crise financeira, o
afastamento do Estado frente às demandas sociais,
enfim, todos esses fenômenos constituem-se como
inúmeros desafios para as diferentes profissões, em
especial para o serviço social.
Esse contexto de crise estrutural, caracterizado
pelo aprofundamento da miséria e pelo colapso das
políticas públicas, ecoa sistematicamente e traz sig-
nificantes transformações nos processos interventi-
vos do assistente social e na formação profissional,
exigindo mudanças reais. Dessa forma, como qual-
quer profissão inscrita na divisão social e técnica do
trabalho, o serviço social tem também sua utilidade
social e deve ser capaz de responder às necessidades
sociais.
“As considerações que, hoje, se podem fazer sobre o
serviço social situam-se dentro dos limites do pró-
prio capitalismo e das mudanças que se vêm im-
pondo nessa fase de desenvolvimento de nova for-
ma de acumulação, assentada no capital financeiro,
na globalização, na revolução trabalho/emprego,
nos seguros sociais, na universalização das políti-
cas sociais e no modelo organizacional de gestão de
serviços sociais, que inclui a privatização e a tercei-
rização” (FALEIROS, 1996).
Na verdade, o que está sendo colocado como desa-
fio para o serviço social vincula-se na tensão entre as
mudanças globais e as mudanças particulares. Ao se
inserir num projeto ético-político engajado num pro-
jeto nacional e popular, ele sofrerá os avanços e recuos
diante dos movimentos sociais e do papel do Estado.
CONTEXTUALIZAÇÃO E MUDANÇAS NO
MERCADO DE TRABALHO DO ASSISTENTE
SOCIAL
Não dá para descrever o serviço social, hoje, sem
considerar o processo histórico e de profissionaliza-
ção, que segundo Iamamoto está “configurado em
mecanismo de distribuição de caridade privada das
classes dominantes para se transformar em uma das
engrenagens de execução das políticas sociais do Es-
tado e setores empresariais...”
A necessidade de se impor enquanto profissão
foi consubstanciada nas mudanças ocorridas nos
cenários político, econômico e cultural, levando o
serviço social para outro foco de atuação, ou seja,
para a prestação de serviços sociais implementados
principalmente pelo Estado. Cabe salientar que a
noção de Estado é bastante contraditória à medida
que agrega as classes burguesas, que não são homo-
gêneas, e o interesse dos trabalhadores, quer sejam
pela luta de classes, quer pelas necessidades do pro-
cesso de acumulação pelas classes dominadas.
Outros segmentos, talvez ainda minoritários no
conjunto de categorias, buscam reorientar o po-
tencial dessa prática na perspectiva das classes so-
ciais subalternas, dos seus reais interesses sociais, o
que obriga o profissional a repensar o seu fazer de
maneira antagônica sobre a definição oficial. É aí
que se expressa para o profissional um dilema de
grande dimensão, que não é apenas um dilema pro-
fissional, mas essencialmente político. Ora, os pro-
fissionais são constituídos para que sejam agentes
mediadores do capital, que, em última instância, é
a força que dispõe do poder de produzir e legitimar
tais serviços, de aprovar os estatutos profissionais,
de remunerar imediatamente os agentes. É a força
constituída que os remunera e determina sua par-
cela de poder, define e redefine sua prática, já que é
a classe capitalista que tem dominância política na
correlação de forças sociais.
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
80
Essa é, estruturalmente, a situação dos diver-
sos profissionais na sociedade capitalista. Só que o
assistente social tenta, pela luta, a identidade pro-
fissional, conferindo outra dimensão social à sua
prática. Ele supõe um dilema de definição que não
está posto diretamente para quem os contrata, mas
para a categoria profissional: a questão política de
definição dessa prática, que subordina, embora não
elimine a questão propriamente técnico-profissio-
nal. Embora incorporando a necessidade de con-
duzir a prática profissional de maneira eficiente e
competente, não é suficiente modernizar o aparato
profissional para resolver um problema que não é
meramente profissional.
DEMANDAS, TRABALHO E DESAFIO
PROFISSIONAL
Não podemos desconsiderar que essa abordagem
apresenta de imediato as implicações políticas da
prática profissional, convergida por interesses de
classe, por determinações históricas da prática pro-
fissional e como atividade socialmente determinada
pelas circunstâncias sociais objetivas e o desejo ex-
presso na consciência, ou seja, há um descompasso
entre o discurso e o exercício profissional, muitas
vezes fazendo parecer uma crise.
O elemento unificador dessa análise é a proble-
matização da legitimidade e dos momentos de “cri-
se da profissão”, embasados em suas raízes sociais e
teóricas.
“Trata-se, portanto, de um esforço de compreender
a prática profissional na sua dimensão histórica,
como uma prática em processo, em constante reno-
vação, fato este derivado, fundamentalmente, das
modificações verificadas nas formas de expressão e
no aprofundamento das contradições que peculia-
rizam o desenvolvimento de nossas sociedades. À
medida que novas situações históricas se apresen-
tam, a prática profissional – enquanto componen-
tes destas – é obrigada a se redefinir. As constan-
tes redefinições conformam mais uma “passagem
de prática” do que uma prática cristalizada, o que
muitas vezes é visto pela categoria como “crise pro-
fissional”. Esta “crise” não é mais do que a expressão,
na consciência de seus agentes, da temporalidade
dessas práticas, da necessidade de redefinições.”2
De acordo com alguns segmentos, a moderniza-
ção e o poder institucional demandam redefinições
da atividade profissional, e de parâmetros de efici-
ência e racionalidade, favorecendo uma renovação
permanente das bases de legitimidade do serviço
social.
Para Iamamoto, “quando o profissional vivencia a
“crise” profissional sem questionar as bases políticas
de legitimação de seu fazer, tal “crise” se resolve no
aprimoramento teórico-profissional em função das
exigências do processo de acumulação e de moder-
nização do Estado. Implica, necessariamente, efetuar
mudanças teórico-práticas no serviço social, porém
acopladas à evolução das estratégias do bloco de po-
der no controle da sociedade civil e, em especial, das
classes trabalhadoras, renovando os laços de aliança
entre os agentes profissionais e o propósito de classe
corporificado nas organizações institucionais a que
os assistentes sociais encontram-se vinculados”.
A mesma autora acrescenta que, “diante des-
te quadro, as respostas da categoria não têm sido
unívocas, porque a categoria não é homogênea: ela
reflete em si mesma as polarizações presentes na so-
ciedade”.
É IMPORTANTE TAMBÉM BUSCAR OS
TEXTOS QUE JÁ FORAM TRABALHADOS
SOBRE ESTE E OS OUTROS TEMAS.
LEMBREM-SE: CONTINUAMOS NA
PRÓXIMA AULA, MAS, ENQUANTO ISSO,
NÃO CUSTA LER UM POUCO
MAIS SOBRE O TEMA.
2 Iamamoto, Marilda Vilela, Renovação e Conservadorismo no Serviço Social – Ensaios Críticos, p. 89 – 8a ed., São Paulo: Cortez, 2007.
AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho...
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AULA
3____________________O REDIMENSIONAMENTO DA PROfISSÃO:
O MERCADO, AS CONDIÇõES DE TRABALHO, AS PERSPECTIVAS E COMPETêNCIAS PROfISSIONAIS
Conteúdo• Formação acadêmica e o reconhecimento enquanto categoria profissional
• Avanços e dificuldades no (para) exercício da profissão
Competências e habilidades• Observar e analisar as mudanças ocorridas na sociedade e na categoria, principalmente após o rom-
pimento histórico com o conservadorismo e o avanço da profissão com a regulamentação da Lei 8.662, de 7 de junho de 1993
• Compreender o funcionamento das regras da sociedade capitalista
• Discutir a respeito dos impactos gerados pelo modelo capitalista no mercado de trabalho e no exer-cício da profissão
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
“COMPROMISSO COM A QUALIDADE DOS
SERVIÇOS PRESTADOS à população e com o apri-
moramento intelectual, na perspectiva da competên-
cia profissional” (Princípios Fundamentais do Código
de Ética Profissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente So-
cial: Ética e direitos. Coletânea de Leis e Resoluções.
3a ed. p. 17).
FORMAÇÃO ACADêMICA E O RECONHECIMENTO
ENqUANTO CATEGORIA PROFISSIONAL
O assistente social vem gradativamente am-pliando seu espaço de atuação, rompendo com o estigma de profissão vinculada aos serviços públi-cos e abrangendo cada vez mais seu exercício pro-fissional.
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
82
Essa expansão do mercado de trabalho para o
serviço social encontra resposta nas constantes
transformações que vem sofrendo a sociedade com
os avanços tecnológicos, a globalização e a reestru-
turação produtiva, que incidem diretamente nas re-
lações sociais, de trabalho e na economia. Tais fato-
res trazem consigo a necessidade de uma profissão
que atue nessas relações, as quais são inerentes ao
processo de transformação, sendo o serviço social
seu principal representante.
Frente a esses acontecimentos, Mota (1998) res-
salta que a requisição do assistente social, antes de
qualquer coisa, confirma que a expansão do capital
implica o surgimento de novas necessidades sociais,
tornando imprescindível sua requisição para desen-
volver um trabalho na área de assistência, educação,
saúde, em empresas, terceiro setor ou outros orga-
nismos, no atendimento aos mais diferentes seg-
mentos ou grupos.
Novos mercados de trabalho se colocam à profis-
são no setor privado (empresarial) e no âmbito da
sociedade civil (ONGs, instituições filantrópicas).
Ressalte-se que no âmbito empresarial o profissio-
nal insere-se nas atividades de gerenciamento nas
áreas de benefício e assistência social, incorporando,
entretanto, novas funções originárias da lógica do
mercado, que visam a preservar o processo produti-
vo e a reprodução social.
Cabe ressaltar que somente a formação básica e
descomprometida do aluno não permitirá o exer-
cício da profissão com o perfil de profissional cada
vez mais requisitado, que é aquele com condições
para propor e negociar com a instituição seus pro-
jetos, para defender seu campo de trabalho, suas
qualificações e funções profissionais, conforme Ia-
mamoto (2001): “requer, pois, ir além das rotinas
institucionais e buscar apreender o movimento da
realidade para detectar tendências e possibilidades
nela presentes passíveis de serem impulsionadas
pelo profissional”.
É importante salientar que só o conhecimento
inerente ao serviço social não basta para que o assis-
tente social desempenhe sua função a contento, uma
vez que a prática profissional requer a utilização de
metodologia e instrumentos que agregam outros
saberes, como por exemplo o domínio básico da in-
formática, os quais, associados a uma escrita e ver-
balização correta da língua portuguesa, entre outros
atributos, contribuem para um prática profissional
de qualidade em consenso com o que o mercado de
trabalho exige.
AVANÇOS E DIFICULDADES NO (PARA)
EXERCíCIO DA PROFISSÃO
A seguir, reproduzimos reportagem jornalística,
conforme disposição apresentada e divulgada pelo
site do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS),
matéria essa que resume alguns dos grandes avan-
ços da profissão, mas possibilita também visualizar
um dos maiores problemas enfrentados no exercí-
cio profissional.
MERCADO DE TRABALHO DE SERVIÇO SOCIAL
ESTá EM CRESCIMENTO
20 de fevereiro de 2008
Políticas de assistência social exigem profissio-
nais.
Salário é o principal problema da carreira.
Simone Harnik Do G1, em São Paulo.
A demanda por profissionais formados em ser-
viço social é crescente no país, de acordo com o
CFESS. A entidade tem registrado, ao todo, cerca de
74 mil profissionais e, segundo a instituição, a área
de atuação que mais emprega assistentes sociais é a
de saúde.
“A profissão vem crescendo muito, e há uma
demanda muito grande por profissionais. Hoje o
quadro de desemprego dos assistentes sociais é re-
duzido”, afirma a presidente do CFESS, Ivanete Bos-
chetti.
Após a saúde, de acordo com Ivanete, a segunda
área que mais emprega é a de políticas de assistên-
cia social. “O Ministério do Desenvolvimento Social
estabeleceu que todos os municípios devem ter um
Centro de Referência de Assistência Social. E a pre-
sença do assistente social junto da do psicólogo é
obrigatória nesses centros”, explica.
AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho...
83
A professora Raquel Sant’Ana, vice-coordena-
dora do conselho de curso da Faculdade de Serviço
Social da Universidade Estadual Paulista (Unesp),
concorda com Ivanete. “Os profissionais só ficam
desempregados se quiserem mesmo. Emprego sem-
pre tem, o problema é que os salários são muito bai-
xos, geralmente não passam de R$ 2.000”, diz.
“Existe uma desigualdade de salários muito gran-
de pelo Brasil. Alguns municípios, principalmente
do interior do país, têm salários baixos. Mas já há
alguns estados com valorização razoável”, afirma
Ivanete. “A média salarial de um profissional sem
mestrado está em torno de R$. 1.500 e R$ 2.000.
Pode haver salários superiores e outros em torno de
R$ 800, em determinadas áreas”, exemplifica.
áreas de atuação
A quantidade de áreas que demandam a atua-
ção de um assistente social é vasta. Esse profissional
pode inserir-se tanto nos serviços públicos quanto
em empresas particulares.
Em universidades particulares o profissional de
serviço social atua tanto na triagem para a conces-
são de bolsas como na elaboração de programas,
nos projetos de extensão e no atendimento junto
aos familiares dos funcionários.
Ainda discorrendo sobre as universidades, po-
demos inferir outro campo promissor para o as-
sistente social, tendo como exemplo a docência
tanto nos cursos de graduação em serviço social
presencial como nos cursos interativos, os quais
têm permitido um aumento significativo da em-
pregabilidade deste profissional e na função de co-
ordenação, como professores locais ou interativos.
Vale frisar que a abertura desse campo tem contri-
buído para que os referidos profissionais sejam es-
timulados a galgar novos conhecimentos, uma vez
que as universidades têm exigido, minimamente,
especialização e mestrado somados à experiência
na área no momento de se selecionarem os referi-
dos profissionais.
Empresas de grande porte costumam contratar
assistentes sociais tendo em vista sua atuação na área
de recursos humanos, em programas de prevenção,
bem como para a realização de visitas domiciliares
com vistas a procederem ao diagnóstico social e aos
possíveis encaminhamentos.
Nos órgãos públicos as atuações são ainda mais
abrangentes, tanto nas esferas municipal, estadual e
federal. As atribuições variam desde a elaboração de
planos, planejamentos, projetos até ao atendimen-
to direto ao usuário em hospitais, centros de saúde,
clínicas, presídios, unidades educacionais de inter-
nação, abrigos, escolas, em órgãos ligados à constru-
ção civil, entre outros. O Ministério Público, a De-
fensoria e o Fórum, por meio do Poder Judiciário,
também são instâncias que têm ampliado o campo
de atuação do assistente social.
As organizações não-governamentais (ONGs),
em sua maioria, também pela necessidade contra-
tam um assistente social, tanto para elaboração e co-
ordenação de programas, pesquisas, projetos, como
para o atendimento aos usuários dos serviços.
ESPAÇOS EMERGENTES NO SERVIÇO SOCIAL
A atualidade aponta para espaços emergentes no
serviço social, como:
• Orçamento participativo.
• Os conselhos de políticas e de direitos.
• Reestruturação produtiva e novas demandas
organizacionais do serviço social.
• Desenvolvimento sustentável e meio ambiente.
• A filantropia empresarial e entidades da socie-
dade civil.
• Os cuidados dirigidos à família e segmentos
vulneráveis.
Vale ressaltar que em todas as áreas supramencio-
nadas a abertura de espaço profissional, manuten-
ção e extensão estará condicionada à capacidade de
o assistente social criar, elaborar, propor estratégias
necessárias ao aprimoramento dos serviços, capa-
cidade essa que terá de ser construída por meio da
leitura, do estudo, da articulação, bem como da par-
ticipação contínua em discussões, cursos, conselhos
e demais instâncias e espaços que permitam a for-
mulação e implementação das políticas públicas.
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
84
mensionamento das funções profissionais diante da
limitação da esfera estatal. Mas se por um lado num
primeiro momento houve o achatamento e a dimi-
nuição da oferta de trabalho, por outro as próprias
condições da perda e/ou diminuição de direitos e
do aumento da pauperização, desemprego e outras
mazelas estão abrindo “portas”, possibilitando não
só o exercício e o aumento da demanda de profis-
sionais, mas também dando subsídios para atuação
no campo social.
Frisando sempre que todo trabalho exige estu-
do, dedicação, oportunidade, luta, conhecimento,
discussão e muita experiência, que vai enriquecer a
teoria e, mais ainda, propiciar a aquisição de mais
experiência... E assim vai.
DEVO LEMBRAR-LHES QUE ESSE
ASSUNTO AINDA NÃO SE ESGOTOU
E QUE VAMOS CONTINUAR NA
PRÓXIMA AULA, MAS, ENQUANTO
VOCÊ ESPERA, QUE TAL LER O
TEXTO ABAIXO?
VOCê SABIA QUEno dia 13 de março de 2008 comemoraram-se os 15
anos da homologação do Código de Ética do/da As-
sistente Social.
Não poderíamos deixar de começar esta aula
sem ressaltar a importância da “homologação do
novo Código de Ética do Assistente Social. É um
documento marcado por avanços no campo da
defesa da ética e dos direitos humanos no ser-
viço social e que afirmou e fortaleceu o Projeto
Ético-Político Profissional das/dos assistentes
sociais brasileiros/as”. O código vigente era de
9 de maio de 1986 e já não respondia às discus-
sões e posicionamentos nas conjunturas sociais
brasileiras.
Para trabalharQuem quiser trabalhar como assistente social
precisa ter registro no conselho profissional da
região. A profissão é regulamentada desde 1957 e
apenas o assistente social está habilitado para for-
necer pareceres socioeconômicos utilizados em
avaliações.
Os conselhos regionais acompanham e fiscalizam
o exercício profissional. Desse modo, quem não se
inscrever e exercer a atividade pode sofrer sanções
do órgão, que vão da advertência e multa até a perda
do diploma.
Colaborou Fernanda Bassette
Assessoria de Imprensa do CFESS.
Nessa matéria há grandes informações sobre
o que o pretendente, o estudante ou até mesmo o
profissional, pode esperar ao cursar o serviço social,
e também instigá-lo a uma das ações que é prerro-
gativa inquestionável dos assistentes sociais, ou seja,
a disposição para a luta, para a transformação social
e para o debate político.
Outras questões e o reordenamento das funções
do Estado estão “entrando porta adentro” do exer-
cício profissional, impulsionados pelo movimento
de reconstrução das classes subalternas em busca da
construção de um novo projeto societário imposto
pelo quadro de crise do capital.
Já nos anos 90, algumas mudanças se dão para os
profissionais no setor estatal, campo tradicional de
atuação do assistente social, impostas pela política
neoliberal, que altera profundamente as responsa-
bilidades antes inerentes à esfera pública, aliada à
desregulamentação do mercado e de corte de gastos
públicos.
A redefinição do trabalho profissional no setor
público encontra-se alicerçada na percepção das
contradições das lutas populares pela consolidação
dos direitos constitucionais num contexto de re-
dução de direitos. Constata-se que, na atualidade,
quanto à perspectiva das reformas do Estado, há
um encaminhamento para a destruição dos servi-
ços públicos existentes, o que significa a redução
dos espaços de inserção profissional, além do redi-
AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho...
85
A nova proposta de código foi feita com a ativa
participação de assistentes sociais de todo o país,
sendo discutida em vários eventos: I Seminário Na-
cional de Ética (agosto de 1991), VII CBAS (maio de
1992), II Seminário Nacional de Ética (novembro
de 1992), com aprovação na 21a edição do Encontro
Nacional entre o Conselho Federal e os Conselhos
Regionais de Serviço Social. O documento foi pu-
blicado no Diário Oficial da União e passou a inte-
grar a carteira de identidade profissional.
* ANOTAÇõES
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
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alAULA
4____________________CONDIÇõES DE TRABALHO E RESPOSTAS
PROfISSIONAIS. A RELAÇÃO ASSISTENTE SOCIAL E USUáRIOS DOS SERVIÇOS SOCIAIS
Conteúdo• Exigências do processo de acumulação do capital e modernização do Estado
• Condições de trabalho e protagonismo do serviço social. Respostas profissionais às demandas
Competências e habilidades• Identificar e analisar a relação existente entre o assistente social e os usuários como detentores de
direitos
• Analisar a relação assistente social e equipe multiprofissional enquanto espaço, modo e técnicas de atuação
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
Nesta aula vamos mais uma vez nos valer do Códi-
go de Ética Profissional, no intuito de legalizar e dar
a importância merecida a uma das esferas de atuação
que é o auge do exercício profissional; pelo menos a
meu ver, que é a relação com os usuários dos serviços.
É nesse momento de interação e integração que o
“saber” se transpõe para a prática e se dá o início da
transformação, obviamente não só do usuário, mas,
numa relação circular, a transformação perpassa o
profissional, a estratégia de intervenção adotada por
este e o ambiente onde se deu a ação. E dessa forma
vemos cumprido o art. 5°.
Art. 5o – São deveres do assistente social nas
suas relações com os usuários:
a) Contribuir para a viabilização da participação
efetiva da população usuária nas decisões ins-
titucionais.
AULA 4 — Condições de Trabalho e Respostas Profissionais
87
b) Garantir a plena informação e discussão so-
bre as possibilidades e conseqüências das si-
tuações apresentadas, respeitando democra-
ticamente as decisões dos usuários, mesmo
que sejam contrárias aos valores e às crenças
individuais dos profissionais, resguardados os
princípios deste código.
c) Democratizar as informações e o acesso aos
programas disponíveis no espaço institucio-
nal, como um dos mecanismos indispensáveis
à participação dos usuários.
d) Devolver as informações colhidas nos estudos
e pesquisas aos usuários, no sentido de que es-
tes possam usá-los para o fortalecimento dos
seus interesses.
e) Informar à população usuária sobre a utili-
zação de materiais de registro audiovisual e
pesquisas a eles referentes e a forma de siste-
matização dos dados obtidos.
f) Fornecer à população usuária, quando solici-
tado, informações concernentes ao trabalho
desenvolvido pelo serviço social e as suas con-
clusões, resguardado o sigilo profissional.
g) Contribuir para a criação de mecanismos que
venham desburocratizar a relação com os
usuários no sentido de agilizar e melhorar os
serviços prestados.
h) Esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho,
sobre os objetivos e a amplitude de sua atua-
ção profissional.
Infelizmente, nem sempre o assistente social está
preparado para esse desvelo e cumprimento. Algu-
mas vezes, esse profissional não está em condições
ou é inapto para essa prática. Não podemos tam-
bém desconsiderar que situações recorrentes na
sua rotina (muita exigência do trabalho, a falta de
condições físicas e psíquicas para o desenvolvimen-
to das atividades, baixos salários, estresse da vida
moderna, entre outros fatores) podem influenciar
sua prática e fazê-lo incorrer em tais atitudes. Mas
pode ser também que esse indivíduo perdeu ou
nunca teve a aptidão necessária para trabalhar em
uma profissão que é eminentemente feita e cercada
de conflitos, carente de criatividade e de alternati-
vas factíveis, mas não por isso menos difícil de ser
praticada. É por isso que rotineiramente ouvimos
a seguinte frase: o assistente social não pode perder
duas coisas: a sensibilidade (para analisar todos os
ângulos da situação e de como está sendo ou foi
processada a questão, a história de vida que está por
trás ou que gerou o fato, não se deixar levar por as-
pectos preconceituosos, discriminatórios ou então
que subjugue ou desconsidere o outro como sujeito,
bem como tudo mais que achar relevante para enca-
minhamento ou solução) e a radicalidade (que não
o deixará desistir de lutar, de garantir o direito, de
cobrar pelo que não foi feito).
Nesse caso vamos conhecer o que reza o Art. 6º do
Código de Ética – É vedado ao assistente social:
a) Exercer sua autoridade de maneira a limitar
ou cercear o direito do usuário de participar e
decidir livremente sobre seus interesses.
b) Aproveitar-se de situações decorrentes da re-
lação assistente social-usuário para obter van-
tagens pessoais ou para terceiros.
c) Bloquear o acesso dos usuários aos serviços
oferecidos pelas instituições, mediante atitudes
que venham a coagir e/ou a desrespeitar aqueles
que buscam o atendimento de seus direitos.
EXIGêNCIAS DO PROCESSO DE ACUMULAÇÃO
DO CAPITAL E MODERNIZAÇÃO DO ESTADO
As ações do assistente social se dão intencional-
mente em um processo de “troca”, em que o traba-
lhador venderá sua força de trabalho e, como re-
torno, terá ações que “supram” suas necessidades,
evidenciando um ciclo em que o capital legitima
seu caráter cumulativo e, em contrapartida, há um
ganho do trabalhador revertido pelos programas e
benefícios.
Como forma de reduzir os níveis de conflito entre
capital e trabalho e envolver os trabalhadores com
os propósitos e metas das empresas, as organizações
buscam integrar políticas e práticas objetivando o
“abafamento” de tensões e conflitos, gerados por ca-
rências materiais, sociais e psicológicas.
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
88
As mudanças que vêm ocorrendo nas organiza-
ções da produção e do processo de trabalho trazem
transformações para todos os setores da vida, o que
não isenta a condição de exploração do capital, mas
contribui para que o trabalhador ganhe em condi-
ções de realizar-se no trabalho, já que o trabalho é
incondicional a sua sobrevivência e faz da interven-
ção do assistente social uma prática negadora da
dominação do capital, elevando o trabalho à condi-
ção de realização a mais humana possível.
Nesse relato nos utilizaremos como exemplo do
serviço social desempenhado na empresa, mas que,
com poucas alterações, podem ser extrapolados
para outras áreas de atuação do assistente social, in-
clusive em órgãos públicos.
Com o advento e resgate dos valores da Aborda-
gem Humanística da Administração, com o uso de
teorias, contextos de liderança, motivação, comuni-
cação informal, dinâmicas de grupo, dentre outros,
houve ganhos nas discussões na empresa, rompen-
do com os conceitos clássicos mecanicistas de admi-
nistração. Hoje se pode observar uma retomada –
mesmo que indefinida teoricamente –, por meio da
requisição do assistente social junto à empresa, para
suprir com as carências do trabalhador na oferta de
serviços assistenciais, materiais, trabalhos grupais,
relações interpessoais, dentre outros, que visam
à qualidade de vida no trabalho, a fim de garantir
também a melhoria dos bens e serviços produzidos
pelo trabalhador e ofertados pela empresa.
Como afirma Faleiros (2002), a construção do ob-
jeto do serviço social hoje se faz dentro do contexto
institucional, no exercício do poder profissional, no
confronto de estratégias de sobrevivência/vivência
com as exigências da reprodução e as formas de per-
cepção, representação e manifestação de interesses e
identidades das organizações.
Nesse sentido, o serviço social na empresa tem
que configurar-se como o processo de reprodução
do objeto da profissão, gerenciando os serviços so-
ciais oferecidos pelo seu requisitante, atuando junto
às relações sociais, interpessoais e grupais, articulan-
do novos mecanismos para promover a efetividade
das ações assistenciais de que dispõe a empresa, bus-
cando promover a qualidade de vida no trabalho.
CONDIÇÕES DE TRABALHO E PROTAGONISMO
DO SERVIÇO SOCIAL. RESPOSTAS
PROFISSIONAIS àS DEMANDAS
No Brasil firma-se como profissão integrada ao
setor público frente à ampliação do controle e da
ação do Estado junto à sociedade civil. Por meio da
Portaria 35, de 19/04/1949, do Ministério de Traba-
lho, Indústria e Comércio, o serviço social foi en-
quadrado no 14º grupo de profissões liberais. Po-
rém, apesar da regulamentação, não apresenta uma
tradição de prática peculiar às profissões liberais
na acepção corrente do termo. Historicamente, ele
não é um profissional autônomo que exerce inde-
pendentemente suas funções, porém não exclui os
traços que marcam uma prática liberal que viabili-
ze em seus agentes especializados certa margem de
manobra e de liberdade no exercício de suas fun-
ções institucionais.
Na relação e no contato direto com os usuários,
abre-se a possibilidade de reorientar a forma de
intervenção e da interpretação do papel desse pro-
fissional. Com a indefinição do que é e do que faz,
abre-se ao assistente social a possibilidade de apre-
sentar propostas de trabalho que ultrapassem a de-
manda institucional. Porém, dentre as organizações
institucionais que mediatizam o exercício profissio-
nal, o Estado ocupa uma posição de destaque por
ser tradicionalmente um dos maiores empregadores
desse profissional no Brasil.
De acordo com alguns segmentos, a modernização
e o poder institucional demandam redefinições da
atividade profissional e de parâmetros de eficiência
e racionalidade, favorecendo uma renovação perma-
nente das bases de legitimidade do serviço social.
Nos marcos de uma profissão com um passado
eivado pelo pragmatismo e pelo utilitarismo, repre-
senta um avanço significativo no estabelecimento
de bases para o seu repensar crítico, que estabelece
parâmetros teoricamente sólidos e fundamentais,
ao recuperar o que há de mais criativo, do ponto
de vista do método e da teoria social crítico-dialé-
tica, como pano de fundo para o enriquecimento
das interpretações de situações sociais a partir das
quais atua o serviço social, assim como das próprias
particularidades profissionais.
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5____________________AS DEMANDAS E A INTERVENÇÃO
PROfISSIONAL NO ÂMBITO DAS RELAÇõES ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE
Conteúdo• Avanços sociais, comando único nas políticas públicas e protagonismo profissional
• Formas de inserção e espaços emergentes do serviço social
Competências e habilidades• Compreender a atuação e importância do assistente social na discussão e exercício nas (das) políticas
públicas
• Caracterizar e qualificar a prática profissional
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
AS DEMANDAS E A INTERVENÇÃO
PROFISSIONAL NO âMBITO DAS RELAÇÕES
ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE
O contexto da ação profissional supõe indaga-
ções teóricas que norteiam a prática profissional,
definindo suas particularidades nas respostas que
fornecem às demandas instituídas.
As relações sociais envolvem poder, sendo rela-
ções de luta e confronto entre classes e segmentos
sociais que têm no Estado uma expressão condensa-
da da trama do poder vigente na sociedade.
É uma dinâmica complexa a produção da sociedade
que constrói o serviço social, dependendo também da
articulação de seus conhecimentos, da reflexão sobre
o seu fazer profissional, aprofundando o processo dia-
lético das mediações que realiza para fortalecer os do-
minados e oprimidos nas suas mais diversas relações.
(FALEIROS, 2008).
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
90
O mesmo autor faz uma referência ao conceito
de fortalecimento ou empowerment como objeto
construído de intervenção profissional e ressalta,
que desde a publicação de Metodologia e ideologia
do trabalho social, principalmente em Saber profis-
sional e poder institucional, pensa ser o serviço so-
cial uma relação de poder e é nessa relação de poder
que se produz a particularidade do serviço social no
contexto de relação de forças.
Não percamos de vista que as mudanças na socie-
dade impelem ao desenvolvimento de novas teorias,
que por sua vez embasa a prática e será de funda-
mental importância para a construção histórica e o
desenvolvimento social.
A produção/reprodução das relações sociais
abrange, também, “formas de pensar, isto é, formas
de consciência, por meio das quais se apreende a
vida social.
A desconstrução/construção do objeto de serviço so-
cial passa por uma discussão das relações de saber
e poder, aprofundando o olhar crítico e de conflito
que advém dos questionamentos dos anos 60/70,
da vinculação aos movimentos sociais dos anos 80,
sem cair no dogmatismo ou relativismo. (FALEI-
ROS, 2008)
Nos dias de hoje, é um grande equívoco achar
que o assistente social deve se motivar somente
com o rompimento da prática que condiciona a
lógica da benesse no enfrentamento dos proble-
mas sociais ou executam programas somente para
quem “deles precisam” sem fornecer a essas pesso-
as os instrumentos de que precisam para construir
sua própria cidadania, garantir e ampliar seus di-
reitos individuais.
Dentre as diversas profissões, os assistentes so-
ciais são os que têm uma formação das mais amplas
que lhes permite trabalhar nas mais diversas áreas.
Nas instituições públicas e privadas, com as políti-
cas sociais, de maneira geral, em saúde, habitação,
educação, desde o nível do planejamento, passando
pelo administrativo, até a execução, na ponta.
Também encontra trabalho em organizações
não-governamentais, no sistema judiciário, em as-
sessorias, consultorias, pesquisas, empresas e outros.
O mercado de trabalho na área social foi alterado e
acrescido como produto da lógica neoliberal de re-
dução das políticas sociais que acarretou a diminui-
ção dos serviços públicos, mas contraditoriamente
produziu uma miséria que reclama a organização de
serviços sociais para o amortecimento das tensões
e conflitos. Nessa perspectiva, o campo de atuação
admite amplo espectro coberto pelo serviço social.
“Se afirmássemos que a instituição serviço social é pro-
duto da realidade social mais abrangente, expressaría-
mos apenas um ângulo da questão, pois a profissão se
afirma como instituição peculiar na e a partir da di-
visão do trabalho social, respondendo às necessidades
sociais derivadas da prática histórica das classes sociais
na produção e reprodução dos meios de vida e de tra-
balho de forma socialmente determinada.” (MARIL-
DA IAMAMOTO; RAUL DE CARVALHO, 2008).
Avanços sociais, comando único nas
políticas públicas e protagonismo profissional.
Formas de inserção e espaços emergentes do
serviço social
Um dos grandes avanços ocorridos nos últimos
anos nos debates e produções sobre a questão ética
e profissional foi materializado no Código de Éti-
ca Profissional de 1993. A revisão do texto de 1986
processou-se em dois níveis, reafirmando os seus
valores fundantes – na liberdade e na justiça social
–, articulada a partir da exigência democrática: a
democracia é tomada como valor ético-político
central, na medida em que é o único padrão de or-
ganização político-social capaz de assegurar a expli-
citação dos valores essenciais da liberdade e da eqüi-
dade. É ela, ademais, que favorece a ultrapassagem
das limitações reais que a ordem burguesa impõe ao
desenvolvimento pleno da cidadania, dos direitos
e garantias individuais e sociais e das tendências à
autonomia e à autogestão social. Em segundo lugar,
cuidou-se de precisar a normatização do exercício
profissional de modo a permitir que aqueles valores
sejam retraduzidos no relacionamento entre assis-
tentes sociais, instituições/organizações e popula-
ção, preservando-se os direitos e deveres profissio-
AULA 5 — As Demandas e a Intervenção Profissional no Âmbito das Relações entre o Estado e a Sociedade
91
nais, a qualidade dos serviços e a responsabilidade
diante do usuário. (CEFSS).
Os espaços de trabalho da categoria conquis-
tado à custa de muitas lutas possibilitam que os
assistentes sociais sejam capazes de formular e exe-
cutar políticas sociais em órgãos da administração
pública, empresas e organizações da sociedade ci-
vil, além de realizar pesquisas que auxiliem a ide-
alização e implementação dessas políticas. Os pro-
fissionais podem também elaborar, acompanhar,
executar e avaliar projetos na área social, prestar
assessoria e consultoria, realizar estudos, inclusi-
ve de análises de conjuntura, para identificar de-
mandas e necessidades sociais, além de realizar vi-
sitas, perícias técnicas e emitir laudos e pareceres.
O assistente social deve também estar preparado
para exercer funções de direção em organizações
públicas e privadas na área de serviço social, fazer
visitas a campos de estágio e instituições, e com
igual competência se preparar para assumir o ma-
gistério e a formação de outros assistentes sociais
e, principalmente, orientar a população na iden-
tificação de recursos para defesa de seus direitos e
exercício de cidadania.
Entre as determinações do serviço social chama-
nos a atenção a característica de ser uma profissão
que não emerge com a função social precípua de
produzir conhecimentos, construindo um campo
“próprio” de saber. Não partilhando do concerto
das ciências, a profissão não constituiu uma “teoria
própria”; dispõe, isso sim, de uma história e da capa-
cidade de se inteirar de outros campos do saber, como
administração, ciências sociais, história, psicologia,
antropologia, filosofia e outras ciências..
Mas é com as políticas públicas que o assistente
social assegura à população o exercício de direito
de cidadania: educação, saúde, trabalho, assistência
social, previdência social, Justiça, agricultura, sane-
amento, habitação popular e meio ambiente, conse-
guidas por meio de muitas lutas e embates, sempre
com vistas ao comando único, a descentralização
político-administrativa e a respectiva previsão de
recursos para o financiamento e a conseqüente exe-
cução.
A constituição e a institucionalização do serviço
social como profissão na sociedade dependem de
uma progressiva ação do Estado na regulação da vida
social, quando passa a administrar e gerir o conflito
de classes, o que pressupõe, na sociedade brasileira,
a relação capital/trabalho constituída por meio do
processo de industrialização e urbanização.
O SERVIÇO SOCIAL SE REPRODUZ
COMO UM TRABALHO ESPECIALIZADO
NA SOCIEDADE POR SER
SOCIALMENTE NECESSÁRIO.
É IMPORTANTE SABER MAIS.
SUGERIMOS, ENTÃO, A BUSCA EM
OUTRAS FONTES E A RELEITURA DA
AULA 9, P. 175, LIVRO 3 – DIMENSÕES
DO TRABALHO DO ASSISTENTE
SOCIAL NAS POLÍTICAS SOCIAIS.
* ANOTAÇõES
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
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6____________________A DIMENSÃO ÉTICO-POLíTICA DA PRáTICA
PROfISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE CIDADANIA E
GARANTIA DE DIREITOS
Conteúdo• Projeto ético-político da prática profissional e o debate contemporâneo do serviço social
Competências e habilidades• Refletir sobre o agir profissional e os paradigmas na consolidação democrática
• Reconhecer o assistente social enquanto cidadão, detentor de direito e sujeito de suas ações
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
A DIMENSÃO ÉTICO-POLíTICA DA PRáTICA
PROFISSIONAL E O SERVIÇO SOCIAL COMO
INSTRUMENTO DE CIDADANIA E GARANTIA DE
DIREITOS
“A política econômica produz mortos e feridos, e a
política social é uma frágil ambulância que vai re-
colhendo os mortos e feridos que a política econômi-
ca vai continuamente produzindo.” (KLIKSBERG,
1995:35, apud LANDER, 1999:466).
Os assistentes sociais trabalham com as múltiplas
dimensões da questão social tal como se expressam
na vida dos indivíduos sociais, a partir das políticas
sociais e das formas de organização da sociedade ci-
vil na luta por direitos.
A redefinição do trabalho profissional encontra-
se alicerçada na percepção das contradições das lutas
populares pela consolidação dos direitos constitucio-
nais num contexto de redução de direitos. Tentam
AULA 6 — A Dimensão Ético-Política da Prática Profissional e o Serviço Social...
93
por esses meios se direcionar para o engajamento e
a incorporação de um projeto ético-político voltado
para a construção de uma sociedade igualitária, justa
e inclusiva, e para a recuperação da crença de que os
sujeitos históricos são capazes de construir novos pa-
drões de sociabilidade, ou seja, de acreditar, portanto,
na possibilidade de um mundo melhor.
Na visão de Faleiros (1996), os desafios práticos – po-
líticos e teóricos – postos à profissão se colocam num
movimento constante diante das mudanças políticas,
econômicas e organizacionais que configuram dife-
rentes cenários e atores sociais. Para o autor, o serviço
social vem assistindo a mudança dos atores sociais
que tradicionalmente faziam parte de seu universo
de trabalho, passando da condição de usuários dos
serviços sociais para a de sujeito de direitos.
Para muitos autores, mesmo que o cidadão iden-
tifique seu problema e que tenha desejo de procurar
as vias legais para sua resolução e exercer seu direito
de cidadão, não chega a ser suficiente para a sua re-
solutividade.
Quanto mais baixo é o estrato socioeconômico
do indivíduo, mais comum a falta de conhecimento
sobre o acesso aos direitos e às políticas públicas. As
condições de pobreza e as desigualdades constituem
obstáculos sociais e culturais ao acesso, principal-
mente à Justiça.
Inserido no espaço de atuação profissional, o
assistente social lida com questões que envolvem a
vida de sujeitos, tendo como desafio fundamental
a garantia de direitos em contraposição à violação
de direitos. Nesse sentido, a palavra do profissional
tem papel fundamental, ele é detentor de um saber/
poder e assume um lugar importante na vida dos
sujeitos e na dinâmica das famílias.
O tipo de tratamento que as famílias recebem e a
influência no desenvolvimento das ações por parte
do profissional em muito influenciarão seu desti-
no e a sua emancipação. A procura dos indivíduos
pela intervenção do Judiciário ou de outra área de
intervenção para gerir seus conflitos possui outro
aspecto interessante. Ao delegarem por intermédio
da autoridade constituída a responsabilidade para
solucionar seus problemas, os indivíduos penetram
outro universo aceitando suas normas e regras.
Acreditam que na figura dos técnicos tenham o po-
der de resolver problemas de ordem pessoal e fami-
liar, atendendo a todas as expectativas.
A relação entre público e privado perpassa gran-
de parte das situações sobre as quais o serviço social
lida cotidianamente: a de enfrentar desafios para
alargar os limites em seu território de ação, moder-
nizar suas estruturas organizacionais e rever seus
padrões funcionais. Os profissionais acompanham
situações familiares, descortinando a intimidade
das pessoas e, em alguns momentos, estão sujeitos
a reproduzir o autoritarismo, tão presente no coti-
diano das relações hierarquizadas dos três poderes
– Executivo, Legislativo e Judiciário.
Em muitos momentos a dificuldade imposta ao
serviço social consiste na identificação do conjunto
das necessidades (políticas, sociais, materiais, cultu-
rais), tanto do capital, quanto do trabalho, que são
subjacentes às exigências de sua refuncionalização.
Há, portanto, necessidade de se “refazer – teórica e
metodologicamente – o caminho entre a demanda e
as necessidades, situando-as na sociedade capitalista
contemporânea, com toda a sua complexidade”.
Essas transformações afetam as instituições e a di-
nâmica da profissão. Assim, constitui-se um desafio
para o serviço social o enfrentamento de questões
a partir das contradições do presente, da realidade
concreta. Faleiros (1996) sinaliza:
“As considerações que, hoje, se podem fazer sobre o
serviço social situam-se dentro dos limites do próprio
capitalismo e das mudanças que se vêm impondo
nessa fase de desenvolvimento de nova forma de acu-
mulação, assentada no capital financeiro, na globa-
lização, na revolução trabalho/emprego, nos seguros
sociais, na universalização das políticas sociais e no
modelo organizacional de gestão de serviços sociais,
que inclui a privatização e a terceirização” (p. 11).
E as conseqüências da apropriação desigual do
produto social são as mais diversas: analfabetismo,
violência, desemprego, favelização, fome, analfa-
betismo político etc., criando “profissões” que são
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
94
fruto da miséria produzida pelo capital: catadores
de papel; limpadores de vidro em semáforos; avião
– vendedores de drogas; minhoqueiros – vendedo-
res de minhocas para pescadores; jovens faroleiros
– entregam propagandas nos semáforos; crianças
provedoras da casa – cuidando de carros ou pedin-
do esmolas, elas mantêm uma irrisória renda fami-
liar; pessoas que alugam bebês para pedir esmolas;
sacoleiros – vivem da venda de mercadorias con-
trabandeadas; vendedores ambulantes de frutas etc.
Além de criar uma imensa massa populacional que
freqüenta igrejas, as mais diversas, na tentativa de
sair da miserabilidade em que se encontram.
Como toda categoria arrancada do real, não ve-
mos a questão social, vemos suas expressões: o de-
semprego, o analfabetismo, a fome, a favela, a falta
de leitos em hospitais, a violência, a inadimplência
etc. Assim é que a questão social só se nos apresenta
nas suas objetivações definidas que sintetizam as de-
terminações prioritárias do capital sobre o trabalho,
em que o objetivo é acumular capital e não garantir
condições de vida para toda a população.
Nesse terreno contraditório entre a lógica do capi-
tal e a lógica do trabalho, a questão social represen-
ta não só as desigualdades mas também o processo
de resistência e luta dos trabalhadores. Por isso ela
é uma categoria que reflete a luta dos trabalhadores,
da população excluída e subalternizada, na briga pe-
los seus direitos econômicos, sociais, políticos, cultu-
rais. E é aí, também, que residem as transformações
históricas da concepção de questão social. O avanço
das organizações dos trabalhadores e das populações
subalternizadas coloca em novos patamares a con-
cepção de questão social. Se, no período ditatorial
brasileiro pós-64, a luta prioritária era romper com
a dominação política, hoje a luta é pela consolidação
da democracia e pelos direitos de cidadania. As trans-
formações no mundo do trabalho, seja com a substi-
tuição do homem pela máquina, seja pela erosão dos
direitos trabalhistas e previdenciários, exigem tam-
bém que se reatualize a concepção de questão social.
Nesse cenário, o exercício do serviço social en-
contra-se vinculado às novas formas de gestão re-
queridas das mudanças tecnológicas e das organiza-
ções junto ao processo produtivo.
Para Netto (2001), com a racionalidade burocrático-administrativa e com a modernização conservadora, gerou-se nos espaços institucionais um novo padrão de exigências para o desempenho profissional. Por-tanto, mudou o perfil profissional demandado pelo mercado de trabalho, exigindo desse profissional um desempenho moderno, onde os traços tradicionais são substituídos por procedimentos racionais.
Sublinha-se que o fenômeno tem várias vertentes,
na medida em que se indica a exclusão social deriva-
da da crise social e ambiental das zonas suburbanas, a
questão da individualização do mercado de trabalho;
de condições hereditárias do ponto de vista econômi-
co e social; da vulnerabilidade de todos ao fenômeno.
A existência de grupos vulnerabilizados e em situação
de risco – mães solteiras jovens, jovens sem formação
adequada, escolaridade insuficiente, adultos com fra-
cas habilitações e que não dão as respostas esperadas
pelo sistema, profissionais desqualificados que en-
grossam as filas de desempregados, os indivíduos em
formas atípicas de trabalho e os falsos profissionais
independentes, os migrantes, os adultos de meia-idade
e os idosos – configura os que mais têm dificuldade
em ultrapassar situações de transição nos seus percur-
sos. Imaginem então como o assistente social precisa
se comportar para compreender o significado social
da profissão, ser capaz de desvelar as possibilidades de
ação contidas na realidade, identificar as demandas
presentes na sociedade e considerar as novas articula-
ções entre o público e o privado. Tamanha qualificação
derruba outro mito, o de que o serviço social está ne-
cessariamente atrelado aos governos e ações públicas.
O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO ARTICULA EM SI MESMO OS
SEGUINTES ELEMENOS CONSTITUTIVOS: “UMA IMAGEM IDEAL
DA PROFISSÃO, OS VALORES QUE A LEGITIMAM, SUA FUNÇÃO SOCIAL E SEUS OBJETIVOS, CONHECIMENTOS
TEÓRICOS, SABERES INTERVENTIVOS, NORMAS, PRÁTICAS ETC.”
(NETTO, 1999:98)
AULA 7 — Estratégia Profissional e Instrumental Técnico-Operativo – Parte 1
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AULA
7____________________ESTRATÉGIA PROfISSIONAL E INSTRUMENTAL
TÉCNICO-OPERATIVO UTILIzADOS NO DESEMPENHO DO TRABALHO PROfISSIONAL –
PARTE 1
Conteúdo• Fundamentos teórico-práticos e desenvolvimento de habilidades no emprego dos instrumentais téc-
nicos
Competências e habilidades• Conhecer e se apropriar dos diversos instrumentos utilizados e necessários ao trabalho profissional
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
A instrumentalidade no trabalho do assistente
social foi um artigo escrito por Yolanda Guerra
(assistente social, mestre e doutora em serviço so-
cial pela PUC-SP, professora da Escola de Serviço
Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro),
publicado originalmente nos Cadernos do Progra-
ma de Capacitação Continuada para Assistentes
Sociais, “Capacitação em Serviço Social e Política
Social”, Módulo 4. O trabalho do assistente social e
as políticas sociais, CFESS/ABEPSS-UNB, em 2000,
revisado e atualizado, serviu como base para a pa-
lestra ministrada no Simpósio Mineiro de Assis-
tentes Sociais, BH, maio de 2007, promovido pelo
CRESS – 6a Região e será utilizado na abertura de
aula, por representar o conteúdo a ser trabalhado
neste módulo.
“À primeira vista, o tema Instrumentalidade no
Exercício Profissional do Assistente Social parece
ser algo referente ao uso daqueles instrumentos
necessários ao agir profissional pelos quais os
assistentes sociais podem efetivamente objeti-
var suas finalidades em resultados profissionais
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
96
propriamente ditos. Porém, uma reflexão mais
apurada sobre o termo instrumentalidade nos
faria perceber que o sufixo idade tem a ver com
a capacidade, qualidade ou propriedade de algo.
Com isso podemos afirmar que a instrumenta-
lidade no exercício profissional refere-se não ao
conjunto de instrumentos e técnicas (nesse caso,
a instrumentação técnica), mas a uma determi-
nada capacidade ou propriedade constitutiva da
profissão, construída e reconstruída no processo
sócio-histórico.
O objetivo do texto é o de refletir sobre a instru-
mentalidade no exercício profissional do assistente
social como uma propriedade ou um determinado
modo de ser que a profissão adquire no interior das
relações sociais no confronto entre as:
• Condições objetivas – São aquelas relativas à
produção material da sociedade. São condições
postas na realidade material. Por exemplo: a di-
visão do trabalho, a propriedade dos meios de
produção, a conjuntura, os objetos e os campos
de intervenção, os espaços socioocupacionais,
as relações e condições materiais de trabalho;
• Condições subjetivas – São as relativas aos su-
jeitos, às suas escolhas, ao grau de qualificação
e competência, ao seu preparo técnico e teóri-
co-metodológico, aos referenciais teóricos, me-
todológicos, éticos e políticos utilizados, dentre
outros.
“A instrumentalidade, como uma propriedade
sócio-histórica da profissão, por possibilitar o
atendimento das demandas e o alcance de obje-
tivos (profissionais e sociais), constitui-se numa
condição concreta de reconhecimento social da
profissão.”
“Não é possível sequer se falar de uma profissão
sem que se pense sobre o desenvolvimento de seu
conhecer e a forma de interagir na sociedade, lem-
brando que toda e cada classe têm os seus meios
e interesses de se fazer presente e atuante. A mais
expressiva forma é o uso de teorias, metodologias,
métodos, instrumentos e técnicas que possibilitam
a aplicação de conhecimentos e compreensão a
uma dada situação” (Aula 6 – Fundamentos Meto-
dológicos – Livro 3. p. 93).
“AS ÚNICAS RESPOSTAS INTERESSANTES
(INFORMAÇÕES) SÃO AQUELAS QUE
RESOLVEM PERGUNTAS.”
(Susan Sontag)
Dependendo de como o assistente social se colo-
ca no projeto político, ele poderá vislumbrar dois
caminhos simultâneos, porém distintos, sendo o
primeiro resultante do assistente social, enquanto
cidadão e trabalhador, buscando na sociedade civil
formas de se articular e de contribuir com lutas que
não são de responsabilidade individual ou de uma
profissão e sim coletivas. O outro, a necessidade de
repensar sua atuação e, dentro dela, o instrumental
técnico, evitando deslocá-lo da dimensão política
inerente à profissão e concebendo-o como elemen-
to imprescindível para essa atuação. Nesse segundo
caminho é necessário a articulação do instrumen-
tal técnico aos objetivos finais propostos, ou seja,
a sua colocação a serviço de um projeto político
coletivo daqueles que, resistindo à dominação do
capital, buscam a instauração de um novo tipo de
sociedade.
Não há como negar que o assistente social tra-
balha com as questões que a maioria das pessoas
não gosta de lidar, atua com situações que envolvem
contradições e dificuldades de forma humana, mas
numa concepção dialética, ou seja, incorpora a con-
tradição, o movimento, a negatividade, a totalida-
de, as mediações, buscando a lógica de constituição
dos fenômenos, sua essência ou substância. E assim
é impossível admitir que a população com a qual
trabalhe detém um saber do qual podem emergir al-
ternativas operacionais. Essa potencialidade é outro
elemento que nos permite pensar na possibilidade
de elaboração/criação e utilização de técnicas no
âmbito da ação cotidiana e da vivência diária.
É necessário ressaltar que as técnicas em si pos-
suem um conteúdo e uma finalidade que lhes são
próprias, não podendo ser vistas como um “esque-
ma/modelo” fechado, inflexível e aplicável indis-
AULA 7 — Estratégia Profissional e Instrumental Técnico-Operativo – Parte 1
97
criminadamente a qualquer situação. A adoção da
estratégia de seleção e aplicação do instrumental
técnico depende de uma análise específica, própria
e apurada empreendida no momento do planeja-
mento da ação, e que se dará em todos os momentos
e atos de cunho profissional.
Desde que o aluno inicia o processo de apren-
dizado na escola ou entra para a faculdade, ele se
depara com uma sistematização de procedimentos
e saberes que o conduzirão por todo o tempo de es-
tudante e que, mais tarde, servirá como norteador
de sua prática. Quanto mais este estudo evolui, mais
lhe é exigido um cabedal de métodos.
Quando ocorre o momento para o início do es-
tágio supervisionado, o aluno precisa exercitar os
fundamentos teóricos e metodológicos do serviço
social na prática, experimentando e adaptando o
instrumental técnico-operativo necessário para a
intervenção na realidade social.
Já no princípio lhe são indicados alguns passos
de acordo com o projeto pedagógico adotado, que
geralmente inicia com a observação, passando pelo
diagnóstico, execução e avaliação como elementos
imprescindíveis a serem contemplados para o exer-
cício na formação profissional.
O aluno que ingressa na etapa de estágio vivencia
algumas situações necessárias à intervenção social
e precisa de elementos como o levantamento de
necessidades sociais e conhecimento institucional;
diagnóstico socioinstitucional e elaboração do pro-
jeto de ação profissional com ênfase na execução e
avaliação do projeto elaborado para efetivação de
sua profissionalização.
Como são vários os tipos e os quantitativos relati-
vos às técnicas e instrumentais, dividimos esse tema
em duas aulas, denominando-as de parte 1 (observa-
ção – abordagem – entrevista – visitas (domiciliar/
institucional) – diário de campo – relatório – parecer)
e parte 2 (reunião – palestras – trabalho com grupos
– perícia – laudo social – plantão social – diagnóstico
– planejamento – projeto – programa).
Para tanto, selecionamos alguns dos quais acredita-
mos que sejam os mais utilizados e faremos breve des-
crição. Salientamos mais uma vez a importância de
que se busquem mais informações e conhecimentos
necessários ao desempenho profissional e, para tanto,
aconselhamos aos interessados que busquem em ou-
tras fontes mais detalhes sobre os aqui citados, como
também de outros não mencionados neste texto.
Devemos considerar que os instrumentos e téc-
nicas aqui apresentados serão devidamente conhe-
cidos mais a fundo quando das aulas e igualmente
demonstrados por meio de exercícios. Para iniciar,
faremos breve relato sobre:
Observação – O exercício da observação é a pri-
meira técnica a ser exercitada em campo. Consis-
te na aproximação com a realidade prática e deve
contemplar permanentemente o exercício de arti-
culação com o conteúdo de outras disciplinas cur-
riculares do curso. É inerente ao estágio prático a
aproximação dos alunos com a técnica de observa-
ção e com o instrumental técnico-operativo usado
pelo assistente social no cotidiano dos processos
de trabalho que desenvolve. O estagiário deve ser
conduzido a observar as formas de organização e
gerência do processo de trabalho dos assistentes
sociais na entidade e a vivenciar a prática da ob-
servação de modo sistemático.
Entrevista – A entrevista é um dos instrumen-
tos que possibilitam a tomada de consciência pelos
assistentes sociais das relações e interações que se
estabelecem entre a realidade e os sujeitos, sendo
eles individuais ou coletivos. Medina (2004) refe-
re-se à entrevista como um momento épico, único
e especial, de encontro entre sujeitos, no qual se
faz presente o embate democrático e saudável de
idéias, trajetórias e singularidades.
Diário de campo – Já amplamente tratado em
virtude do estágio. Contudo, esse instrumento é
de suma importância para o trabalho do assistente
social, por se tratar de um livro de anotações, po-
dendo ser usado como fonte de informação para
conhecimento, orientação, pesquisa e até para al-
terações na metodologia empregada.
Em tese isso significa que, além da busca cons-
tante de novos instrumentos e técnicas (seja em
outras profissões, no próprio serviço social ou
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
98
ainda junto à população), é necessária uma sele-
ção cuidadosa deles. Evidentemente que a seleção
deve ser bastante cuidadosa e criteriosa e levar em
conta os objetivos propostos e a finalidade ima-
nente ao conteúdo da técnica, do objetivo da pes-
quisa e da população com a qual será desenvolvi-
do o trabalho.
“TALVEZ SEJA ESTE O APRENDIZADO
MAIS DIFICIL: MANTER O
MOVIMENTO PERMANENTE,
A RENOVAÇÃO CONSTANTE,
A VIDA VIVIDA COMO CAMINHO E
MUDANÇA.”
(Maria Helena Kuhner)
* ANOTAÇõES
AULA 8 — Estratégia Profissional e Instrumental Técnico-Operativo – Parte 2
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8____________________ESTRATÉGIA PROfISSIONAL E INSTRUMENTAL
TÉCNICO-OPERATIVO UTILIzADOS NO DESEMPENHO DO TRABALHO PROfISSIONAL –
PARTE 2
Conteúdo• Fundamentos teórico-práticos e desenvolvimento de habilidades no emprego dos instrumentais téc-
nicos
Competências e habilidades• Conhecer e se apropriar dos diversos instrumentos utilizados e necessários ao trabalho profissional
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
“SÁBIO É AQUELE QUE CONHECE
OS LIMITES DA PRÓPRIA
IGNORÂNCIA.”
(Sócrates)
Sem mudanças não existe informação. Tudo está
relacionado com a capacidade de fazer distinções,
o que somente é feito com as limitações do olhar e
dos pontos de observação, condicionados e aliados
aos referenciais e contextos, de quem olha e pensa
em transformar em conhecimento a perplexidade
sobre o mundo. Mas... informação e conhecimen-
to somente não fazem necessariamente as pessoas
mais sábias, se elas não souberem utilizá-los de for-
ma adequada.
Essa sentença deve ser o início da Parte 2 desta
aula, que é o desdobramento da parte 1, conforme
estudado na Aula 7, e que se espera seja também
mais uma forma de envolvimento e de uso dos re-
ferenciais teóricos e metodológicos que podem ser
empregados nos mais diversos campos de atuação.
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
100
Vimos na aula anterior que o profissional de ser-
viço social precisa constantemente buscar e utilizar
técnicas e instrumentos para o desenvolvimento de
seu trabalho, mas que para isso precisa fazer seleção
cuidadosa e criteriosa de quais e como irá utilizá-los
e a quais fins e pessoas se propõem. Pelas inúmeras
técnicas e instrumentos, fizemos a descrição de al-
guns poucos, deixando o compromisso de apresen-
tá-los mais detalhadamente com as respectivas dicas
e modelos em momento oportuno.
Lembramos mais uma vez da importância de que
se busquem mais informações e conhecimentos ne-
cessários ao desempenho profissional e, para tanto,
aconselhamos aos alunos e interessados que verifi-
quem em outras fontes mais detalhes sobre os temas
aqui abordados e de outros não mencionados.
É necessário ressaltar que as técnicas em si pos-
suem um conteúdo e uma finalidade que lhes são
próprias, não podendo ser vistas como um “esque-
ma/modelo” fechado, inflexível e aplicável indis-
criminadamente a qualquer situação. A adoção da
estratégia de seleção e aplicação do instrumental
técnico depende de uma análise específica, própria
e apurada, empreendida no momento do planeja-
mento da ação, e que se dará em todos os momentos
e atos de cunho profissional.
Nos dias atuais o assistente social deve ser aque-
le profissional preparado e disposto a responder a
uma questão que se apresenta, em muitas situações
por meio do emprego de instrumentos e técnicas.
Desse modo, a intervenção social refere-se a um
processo contínuo e dinâmico que envolve ações de
planejamento, execução e avaliação de serviços so-
ciais e um compromisso de construir respostas às
necessidades sociais da população, devendo, contu-
do, ser desenhada e realizada com fundamentação
teórico-científica, para não comprometer a ação so-
cial demandada.
O serviço social, que tem na questão social seu ob-
jeto de trabalho, é desafiado diuturnamente por esse
contexto e, como tal, deve partir de análises concretas
com base na realidade, para que possa contribuir para
o enfrentamento teórico-prático de forma crítica e
com competência teórica, política e tecno-operativa.
Por isso é importante refletir no significado só-
cio-histórico e na seleção e uso da instrumentali-
dade como condição e possibilidade do exercício
profissional, resgatando a natureza e a configuração
das políticas sociais como espaços de intervenção
profissional. Para isso, é necessário atribuir deter-
minadas formas, conteúdos e dinâmicas ao exercí-
cio profissional.
A esse respeito, considerando a natureza (com-
pensatória e residual) e o modo de se expressar das
políticas sociais (como questão de natureza técnica,
fragmentada, focalista, abstraída de conteúdo eco-
nômico-político), essas obedecem e produzem uma
dinâmica que se reflete no exercício profissional por
meio de dois movimentos: aquele que dificulta ao
profissional a concreta apreensão das políticas so-
ciais como totalidade, síntese da articulação de di-
versas esferas e determinações (econômica, cultural,
social, política, psicológica), limitando-os a uma in-
tervenção microscópica, nos fragmentos, nas refra-
ções, nas singularidades; e aquele que exige do pro-
fissional a adoção de procedimentos instrumentais,
de manipulação de variáveis, de resolução pontual e
imediata. (Ver NETTO, 1992, e GUERRA, 1995).
Aqui, implica considerarmos que nenhuma téc-
nica será válida e até viável se o profissional não ti-
ver conhecimentos e disposição para gerir de forma
eficiente e eficaz tal conhecimento. São as relações
sociais que estimulam o conhecimento nas diferen-
tes esferas, desde as macrorrelações até as relações
subjetivas cotidianas, geradoras do processo de in-
clusão e de cidadania.
A propósito do conhecimento, Faundez (1993, p.
15-16) esclarece que se analisarmos os verbos que
indicam a ação de conhecer e tentarmos aprender o
processo que consiste em apropriar-se do conheci-
mento perceberemos claramente que o verbo indi-
ca uma participação especial ao conhecimento.
A ação de conhecer o processo de aprendizagem
é, pois, um nascimento partilhado, no qual dois se-
res nascem. Assim, essa técnica pretende ir além da
informação. O conhecimento aportado pelo pro-
fissional oferece a possibilidade ao usuário de ser
AULA 8 — Estratégia Profissional e Instrumental Técnico-Operativo – Parte 2
101
usado como instrumento de investigação, indaga-
ção e reflexão, buscando a reestruturação cogniti-
va a respeito do fenômeno, repercutindo, de forma
abrangente, na vida daquele indivíduo e na sua rede
de relações sociais. Desse modo, reconhece-se que o
assistente social é responsável por ocupar um espa-
ço profissional e deter informações, saberes e conte-
údos (competência ética) dos quais teve condições
de se apropriar, e para o qual também contribuiu o
conhecimento empírico aportado por diferentes su-
jeitos. A técnica promoverá uma nova perspectiva
sobre uma situação e servirá para desfazer afirma-
ções e crenças negativas, promovendo uma forma
diferente de pensar, encarar os fenômenos e levar a
mudanças significativas por meio de novos conhe-
cimentos.
Não é muito reforçar que por meio do conhe-
cimento se dá a capacitação imprescindível para a
atuação profissional, devendo estar articulada com
o compromisso ético-político da profissão, pautado
no desafio de superar as dificuldades apresentadas
pela própria realidade social que, por sua vez, para
ser vencida carece de muita disposição e estudo, o
que obviamente deve estar presente em toda linha
de atuação, possibilitando a proposição de pro-
gramas e projetos, que, por sua vez, poderão ser
ou não factíveis, dependendo do planejamento. O
planejamento é uma mediação teórico-metodoló-
gica, que significa organizar, dar clareza e precisão
à própria ação; transformar a realidade numa di-
reção escolhida; agir racional e intencionalmente;
explicitar os fundamentos e realizar um conjunto
orgânico de ações. Assim, independentemente da
área de atuação, o assistente social terá de conhe-
cer as políticas voltadas ao segmento do qual fará a
intervenção, podendo se valer ou não da coleta de
dados que requer habilidades na identificação e na
seleção das necessidades e demandas apresentadas.
As informações colhidas servirão de subsídios para
a avaliação das prioridades e definição das situa-
ções que, ao longo do processo, serão questionadas
e aprofundadas, tendo como referência os objetivos
definidos anteriormente ou (re) definidos no seu
processo.
Para o exercício profissional muito lhe é exigido
quando se trata de documentos e registros. Como
já citadas em várias oportunidades, todas as áreas
da ciência se valem de instrumentos que podem ser
da mesma área ou adotadas de outras. Não há como
se furtar à importância do registro das informações
ou das situações vivenciadas. Em muitos casos o re-
gistro de informações se fundamenta no direito do
usuário em ter a evolução do seu atendimento do-
cumentado e no acesso aos dados registrados, sen-
do este intransferível. O registro também tem como
objetivo contribuir para a integralidade do atendi-
mento e compartilhamento do conhecimento com
os demais trabalhadores da instituição. Quando for
em prontuário único, deve ser sintético, sem perder
a profundidade, e a sua elaboração pode ser durante
ou imediatamente após o atendimento. A lingua-
gem deve ser clara, objetiva e com impecável cor-
reção gramatical, evitando-se o uso de adjetivos, os
quais expressam juízo de valor. O registro, além de
cumprir com as exigências técnico-administrativas
dos serviços, pode também servir como documen-
tação da área do ensino e, para tanto, será em forma
de relatórios descritivos qualitativos, quantitativos
ou mesmo analíticos. A sistematização do material
produzido ocorre posteriormente ao registro de
várias entrevistas, cuja análise, com base em refe-
renciais teóricos, deverá levar à produção de novos
conhecimentos. Todo esse material coletado pode
embasar diferentes estudos e pesquisas, os quais
obviamente terão de ser revertidos para o público
originário do trabalho.
Por isso, você que é aluno ou que pensa ser um
assistente social reflita sobre o papel e a responsabili-
dade dessa escolha. O serviço social é uma profissão
interessante, mas também desafiadora e instigante,
com um cotidiano difícil e sempre impulsionado a
buscar respostas. Nenhuma outra profissão se indaga
tanto sobre aquilo que ela é com relação à sua fun-
ção na sociedade e o modo de operacionalizar a sua
atuação. Certamente as posições são diferentes no
interior da profissão e mesmo entre grupos que não
entendem a especificidade do serviço social. A função
social para outras profissões parece estar definida na-
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
102
quilo que as pessoas fazem, e pronto, mas no serviço
social, a categoria profissional e estudiosos do tema
têm tentado ultrapassar essa parede do imediato para
poder realmente compreendê-la. Por isso, não custa
destacar que as técnicas apresentadas não se bastam
por si mesmas. A operacionalização da ação profis-
sional se expressa por meio do conjunto de instru-
mentos, recursos, técnicas e estratégias com as quais
a ação profissional ganha concretude.
É PRECISO OBSERVAR AS INTERAÇÕES
ENTRE AS PARTES E O TODO,
SEM ISOLAR OU FRAGMENTAR.
MÓDULO* ANOTAÇõES
AULA 9 — Instrumentos, Metodologias e Técnicas Utilizados pelo Serviço Social...
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AULA
9____________________INSTRUMENTOS, METODOLOGIAS E TÉCNICAS
UTILIzADOS PELO SERVIÇO SOCIAL NA BUSCA DE RESPOSTAS AS DEMANDAS DO TRABALHO
Conteúdo• Implicações éticas e o paradoxo das concepções e práticas profissional
Competências e habilidades• Compreender a importância da elaboração e registro de instrumentos para o exercício profissional,
bem como a guarda e manutenção de documentos (acompanhamento de caso, intervenção e sigilo)
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
Duração2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
Nosso projeto ético-político é bem claro e explí-
cito quanto aos seus compromissos. Ele “tem em seu
núcleo o reconhecimento da liberdade como valor
ético central – a liberdade concebida historicamen-
te, como possibilidade de escolher entre alternativas
concretas; daí um compromisso com a autonomia,
a emancipação e a plena expansão dos indivíduos
sociais. Conseqüentemente, o projeto profissio-
nal vincula-se a um projeto societário que propõe
a construção de uma nova ordem social, sem do-
minação e/ou exploração de classe, etnia e gênero”.
(NETTO, 1999:104-5; grifos originais).
Nesse contexto, a instrumentalidade do serviço
social pode ser pensada como uma condição, vincu-
lada às políticas sociais e/ou ao momento histórico,
e ser dividida em:
1. Da instrumentalidade do serviço social em face
do projeto burguês, o que significa a capacidade que
a profissão porta (dado o caráter reformista e in-
tegrador das políticas sociais) de ser convertida em
instrumento, em meio de manutenção da ordem, a
serviço do projeto reformista. Nesse caso, dentro do
projeto burguês de reformar conservando, o Estado
lança mão de uma estratégia histórica de contro-
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
104
le da ordem social, qual seja, as políticas sociais, e
requisita um profissional para atuar no âmbito da
sua operacionalização: o assistente social. Esse as-
pecto está vinculado a uma das funções que a ordem
burguesa atribui à profissão: reproduzir as relações
capitalistas de produção.
2. Da instrumentalidade das respostas profissio-
nais, no que se refere ao instrumental operativo
das respostas profissionais frente às demandas das
classes, aspecto este que permite o reconhecimento
social da profissão, dado que, por meio dele, o ser-
viço social pode responder às necessidades sociais
que se traduzem (por meio de muitas mediações)
em demandas (antagônicas) advindas do capital e
do trabalho. Isso porque as diversas modalidades
de intervenção profissional têm um caráter instru-
mental, dado pelas requisições que tanto as classes
hegemônicas quanto as classes populares lhe fazem.
Nessa condição, no que se refere às respostas profis-
sionais, a instrumentalidade do exercício profissio-
nal se expressa:
• Nas funções que lhe são requisitadas: execu-
tar, operacionalizar, implementar políticas sociais;
a partir de pactos políticos em torno dos salários e
dos empregos (do qual o fordismo é exemplar) me-
lhor dizendo, no âmbito da reprodução da força de
trabalho.
• No horizonte do exercício profissional: no co-
tidiano das classes vulnerabilizadas, em termos de
modificar empiricamente as variáveis do contexto
social e de intervir nas condições objetivas e sub-
jetivas de vida dos sujeitos (visando à mudança de
valores, hábitos, atitudes, comportamento de indi-
víduos e grupos). É no cotidiano – tanto dos usuá-
rios dos serviços quanto dos profissionais –, no qual
o assistente social exerce sua instrumentalidade, o
local em que imperam as demandas imediatas e,
conseqüentemente, as respostas aos aspectos ime-
diatos, que se referem à singularidade do eu, à re-
petição, à padronização. O cotidiano é o lugar onde
a reprodução social se realiza pela reprodução dos
indivíduos (NETTO, 1987). Por isso, um espaço
não-eliminável e não-suprimível. As singularidades
e os imediatismos que caracterizam o cotidiano,
que implicam a ausência de mediação, só podem ser
enfrentados pela apreensão das mediações objetivas
e subjetivas (tais como valores éticos, morais e civi-
lizatórios, princípios e referências teóricas, práticas
e políticas) que se colocam na realidade da inter-
venção profissional.
• Nas modalidades de intervenção que lhe são
exigidas pelas demandas das classes sociais. Essas
intervenções, em geral, são em nível do imediato, de
natureza manipulatória, segmentadas e desconecta-
das das suas determinações estruturais, apreendidas
nas suas manifestações emergentes, de caráter mi-
croscópico.
Nestes três casos, as respostas são manipulató-
rias, fragmentadas, imediatistas, isoladas, indivi-
duais, tratadas nas suas expressões/aparências (e
não nas determinações fundantes), cujo critério é a
promoção de uma alteração no contexto, sem qual-
quer base científica, nos processos segmentados e
superficiais da realidade social, cujo parâmetro de
competência é a eficácia, segundo a racionalidade
burguesa predominante pautada nas formas de ser,
pensar e agir da sociedade capitalista. São operações
realizadas por ações instrumentais.
Ações instrumentais são as ações pragmáticas,
imediatistas, que visam à eficácia e eficiência a des-
peito dos valores e princípios. Nessas ações, muitas
vezes imperam a repetição, o espontaneísmo, con-
siderando a necessidade de responder imediata-
mente às situações existentes. São ações isentas de
ponderações do senso da realidade, se preocupando
somente com o efeito que será alcançado, principal-
mente que sejam necessárias para responder ao co-
tidiano, mesmo sendo insuficientes para responder
às complexas demandas do exercício profissional.
São respostas operativo-instrumentais, nas quais
impera uma relação direta entre pensamento e ação
e onde os meios (valores) se sobrepõem. Abstraídas
de mediações subjetivas e universalizantes (referen-
ciais teóricos, éticos, políticos, socioprofissionais,
tais como os valores coletivos), essas respostas ten-
dem a mostrar as situações sociais como problemá-
ticas individuais (por exemplo: o caso individual, a
situação existencial problematizada, as problemáti-
AULA 9 — Instrumentos, Metodologias e Técnicas Utilizados pelo Serviço Social...
105
cas de ordem moral e/ou pessoal, as patologias in-
dividuais etc.).
Atualmente não cabe mais a visão determinista,
individualizada ou mesmo fatalista do processo his-
tórico, em que as situações sociais são resultantes
das ações daquele indivíduo, ficando o assistente
social limitado em sua ação. Em outros termos é co-
mum a suposição de que as desigualdades sempre
existiram e que vão sempre existir, mas que podem
ser minimizadas e para isso é preciso que sejam da-
dos os mínimos necessários.
Por outro lado, não adianta fazer o planejamento
das ações observando a necessidade dos usuários e
da equipe profissional se o assistente social não esti-
ver aberto a olhar para fora do serviço social, rom-
per com a visão ilusória e desfocada da realidade,
usar o conhecimento de outras disciplinas para tra-
çar as estratégias de ação, trabalhar, elaborar e utili-
zar o conhecimento de forma dinâmica, pois esse é
o movimento que vai (re) orientar sua prática.
Não há receita pronta para a intervenção e o fa-
zer profissional, muito menos fórmulas mágicas,
pois cada pessoa tem necessidades e momentos
diferentes, exigindo que sejam buscadas e aplica-
das idéias inovadoras, criativas, não deixando de
observar que o trabalho malfeito vai trazer impli-
cações éticas e sociais, inclusive e principalmente
para o profissional.
Para coroar o fechamento temporário desse tema
tão instigante, pois esses temas não têm e não po-
dem ter fim, não poderia deixar de abordar o cená-
rio das políticas públicas brasileiras, que vem pas-
sando por valiosas transformações. A riqueza desse
processo, que teve seu marco com a Constituição
Federal de 1988 e posteriores legislações e normas,
está cada vez deixando mais evidente a necessida-
de de cortar ranços e práticas que confundem os
cidadãos e obstruem o verdadeiro desenvolvimen-
to. Este é um momento histórico, concebido com
muita luta, portanto é merecedor de esforços para
operacionalização e efetivação e sem o verdadeiro
compromisso comprometimento do profissional
possuidor de direitos, deveres, mas acima de tudo
um CIDADÃO.
VOCê SABIA...QUE A GESTÃO DA POLÍTICA SOCIAL
É UMA AÇÃO GERENCIAL QUE SE
DESENVOLVE POR MEIO DA INTEGRAÇÃO
ENTRE O SETOR PÚBLICO E A
SOCIEDADE CIVIL, DE MANEIRA
EFICIENTE E COMPROMETIDA
COM OS RESULTADOS?
E QUEO PRODUTO DO SERVIÇO SOCIAL É A
EFETIVAÇÃO DE DIREITOS?
* ANOTAÇõES
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social
106
* ANOTAÇõES
Referências
107
Referências
_________. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre
a afirmação e a negação do trabalho. 5a ed. São
Paulo: Boitempo, 2001.
CENTENO, Luis Gomes. Exclusão Social e
Desenvolvimento: Como o novo mercado de
trabalho pode ser um gerador de exclusão .
Publicado em novembro 02, 2007. Disponível
em: Ads by Google. Curso Bolsa de Valores
Guarulhos: 25 e 26/08. São José dos Campos:
27/08. www.SferaInvesting.com. Acesso em:
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CRESS 21a Região / Mato Grosso do Sul. Conselho
Regional de Serviço Social. Mercado de trabalho
de serviço social está em crescimento. CRESS 21a
Região / Mato Grosso do Sul. Conselho Regional
de Serviço Social. O que são Políticas Públicas de
Assistência Social? Disponível em:http://www.
cress- ms.org.br/site/print_txt.php.Acesso em
17/10/2008.
_________. Políticas de assistência social exigem
profissionais. Salário é o principal problema da
carreira. Simone Harnik. Do G1, em São Paulo.
Disponível em:http://www.cress-ms.org.br/site/
print_txt.php. Acesso em: 16/10/2008.
SERRA, Rose M. S. Trabalho e Reprodução:
enfoque e abordagens. São Paulo: Cortez; Rio de
Janeiro: PETRES-FSS/UERJ, 2001.
AULA 9 — Instrumentos, Metodologias e Técnicas Utilizados pelo Serviço Social...
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SEMINáRIO INTEGRADO
Processo de Trabalho em Serviço Social
Caro acadêmico,
A unidade didática Seminário Integrado visa à
articulação das unidades existentes no módulo e à
percepção da aplicação prática dos conteúdos mi-
nistrados. Por meio da interdependência adquirida
com as unidades didáticas deste seminário, o futuro
profissional será capaz de articular a teoria, adqui-
rida no ensino superior, com a prática exigida no
cotidiano da profissão. Para tanto, é necessário o
entendimento de que os conteúdos de cada unidade
didática permitirão um estudo integrado, formando
um profissional completo e compromissado com o
mercado de trabalho.
Ao desenvolver essa unidade, você deverá aplicar
todos os conhecimentos adquiridos no decorrer do
módulo, elaborando uma atividade. A atividade re-
ferente ao Seminário Integrado está disponibilizada
no Portal da Interativa.
Bom trabalho!
Professores Interativos do Módulo
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