serviço social : surgimento e institucionalização no brasil

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SERVIÇO SOCIAL:Surgimento e institucionalização no Brasil

Profª Ms Selma Leite

LEI DOS POBRES

PRIMEIRAS INTERVENÇOES DO ESTADO

SEC XVI –Reforma Protestante -Atitudes repressivas e assistencialista

LEI DOS POBRES

PRIMEIRAS INTERVENÇOES DO ESTADO

Sec XVII Aumento mendicância Filantropia e caridade Tida como desestímulo ao trabalho (desvio

moral)

LEI DOS POBRES

PRIMEIRAS INTERVENÇOES DO ESTADO

Sec XVII 1601, Rainha Elisabeth I Lei Elisabetana

LEI DOS POBRES-Poor’s Law

PRINCÍPIOSa) Obrigação socorro aos necessitadosb) Assistência pelo trabalhoc) Taxa cobrada para o socorro aos pobresd) Responsabilidade das paróquias –período

conhecido como assistência de vizinhos e paroquial

LEI DOS POBRES-Poor’s Law

a) Dirimir a mobilidade dos “mendigos profissionais”

b) Taxa paga pelos contribuintes

..”tentativa de eliminar os pobres do que na tentativa de eliminar a pobreza”

(BOBBIO (1986)

LEI DOS POBRES-Poor’s Law

a) VÁLIDOS…SOCORRO COM TRABALHOb) INVÁLIDOSc) CRIANÇAS

“A mendicância era severamente punida e a reincidência na vagabundagem era uma

ofensa capital”

LEI DOS POBRES-Poor’s Law

Opunha-se aos direitos civis de” Liberdade e Igualdade”

“A assistência aparece não enquanto direito social mas para preservar a ORDEM

firmada”

SPEENHAMLAND LAW- 1795

ABONOS-suplemento salário TABELA DO VALOR DO PÃO esboço de rendimento mínimo proporcional ao preço

do trigo e número de filhosRENDA MÍNIMA AOS POBRES

1834-foi cortada por incitar à vagabundagem

NOVA LEI DOS POBRES-1834

WORHOUSES-Casas de Correção14 horas de trabalho

Ex.tecelões de algodão e o tear mecânico

Exército de Reserva sustentado pelo EstadoEmprego sazonal

Ambivalência=manutenção da ORDEM

S.S. :Surgimento e institucionalização no Brasil

INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÂO INDUSTRIAL

1ª FASE – MECANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA E DA AGRICULTURA

2ª FASE – A APLICAÇÃO DA FORÇA MOTRIZ À INDÚSTRIA

3ª FASE – O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA FABRIL

S.S. :Surgimento e institucionalização no Brasil

4ª FASE – ACELERAÇÃO TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

1825 - Navegação a vapor, 1825 - 1ª estrada de ferro –Inglaterra;1829 - Estrada de ferro - EUA; 1832 - Estrada de ferro - Japão1835 – Telégrafo Elétrico (Morse)1840 – Selo Postal1876 – Telefone (Graham Bell)

PRIMÓRDIOS DA ADMINISTRAÇÃO

1860 – 2ª Revolução Industrial

1856 – Processo de fabricação do aço

1873 – Aperfeiçoamento do dínamo

1886 – Primeiro automóvel de 4 rodas com motor a combustão interna (Daimler)

Questão Social – fatos históricos

1-Primeira metade do séc. XIX explicitamente por volta de 1830

Ameaça de fratura representada pelos proletariados das primeiras concentrações industriais

Ameaça à ordem social seja pela violência revolucionária ou por uma espécie de contaminação da miséria-pauperismo

Questão Social – fatos históricos

Desta forma, a Questão Social é uma categoria que expressa a contradição fundamental do modo capitalista de produção. Contradição, esta, fundada na produção e apropriação da riqueza gerada socialmente: os trabalhadores produzem a riqueza, os capitalista se apropriam dela. Desta forma, os trabalhadores não usufruem das riquezas por eles produzidas.

Questão Social – fatos históricos

Nessa perspectiva de análise societária, a Questão Social ressaltará:

Situação em que se encontra a maioria da população;

As diferenças entre trabalhadores e capitalistas no acesso às condições básicas necessárias à sobrevivência;

Reflete as desigualdades

Questão Social – fatos históricos

Questão Social é fruto da apropriação desigual do produto social apresentando em suas diversas consequências.

É uma categoria “arrancada do real” (abstrata). Desta forma, vemos suas expressões, como: fome desemprego, analfabetismo, violência, carência, desigualdade etc.

Questão Social – fatos históricos

Enfrentamento da questão social apresenta-se de forma coletiva, através da IDENTIDADE- relações de etnia; ou- categorias ocupacionais etc.

Esta forma organizativa dos trabalhadores, ainda incipiente, tinha como base mais a luta pela sobrevivência, do que um enfrentamento das relações entre Estado e empresariado.

Questão Social – fatos históricos

Portanto, é no contexto de afirmação do capitalismo que emerge a chamada Questão Social, enquanto um processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento enquanto classe por parte do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletário e a burguesia.

Questão Social – fatos históricos

É no aprofundamento da questão social (como expressão de contradições e antagonismos entre as classes) que verificamos que as novas formas de enfrentamento são realizadas pela classe proletária; passando a exigir outras intervenções por parte do Estado e da burguesia – contrapondo a repressão e caridade.

Questão Social – fatos históricos

As novas estratégias de atendimento da “questão social” precisavam, portanto, levar em conta a organização societária, em que se operava uma renovada correlação de forças: de um lado combativo proletariado, de outro uma defensiva classe dominante – ambos circundados por uma pauperizada e faminta massa de trabalhadores.

Questão Social – fatos históricos

“Burguesia, a Igreja e o Estado uniram-se em um compacto e reacionário bloco político tentando coibir as manifestações dos trabalhadores eurocidentais, impedir suas práticas de classe e abafar sua expressão política e social” (MARTINELLI, 1996: 66)

Questão Social – fatos históricos

No final do séc. XIX, em 1891 o papa Leão XIII coloca na agenda universal da igreja a questão social através da encíclica Rerum Novarum

Seguindo as bases das diretrizes de Leão XIII o Padre Júlio Leme advoga que a igreja deve assumir a questão social, visando recuperar os privilégios e prerrogativas perdidos.

Questão Social – fatos históricos

Diretrizes: Encíclicas Papais – Rerum Novarum e Quadragésimo Ano

Potencializa a atuação por parte da Igreja Católica.

Princípios: humildade, solidariedade e amor ao próximo. Através do exercício da caridade e filantropia.

Questão Social – fatos históricos

Base da Igreja: “aliança” entre patrões e empregados

Esta aliança tem como pano de fundo a posição da Igreja Católica frente aos interesses do Capital, em que esta não deve contrariar os interesses do Capital; reforçando e contribuindo na adesão dos princípios capitalistas nos trabalhadores

Questão Social – fatos históricos

O resultado concreto desta parceria é o surgimento de algumas ações assistenciais

Na Inglaterra, surgem as SOC’s (Sociedade de Organização da Caridade)

visando a responsabilidade pela racionalização e normatização da prática da assistência.

FORMAS DE AJUDA

Transformações

Ajuda Filantropia Caridade

ASSISTÊNCIA SOCIAL

CAPITALISMO

Para o Serviço Social é comumente utilizado o significado conferido por Marx :

“...não buscavam a essência do capitalismo num espírito de empresa, nem no uso da moeda para financiar uma série de trocas

com o objetivo de ganhos, mas em determinado sistema de produção”

(MARTINELLI).

O que é Capitalismo?

Contradição do Capital

Um de seus pré-requisitos históricos era a concentração da propriedade e dos meios de produção em mãos de uma classe (pequena parte da sociedade), e o aparecimento conseqüente de uma classe destituída de propriedade, para a qual a venda de sua força de trabalho era a única forma de subsistência.

Capitalismo

MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA

OBJETALIZAÇÃO DO HOMEM

Não somente os homens, mas TODAS as relações sociais

tornam-se objetalizadasSUPERFICIAIS

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Século XVIII e completando-se em meados do século XIX

Transformação essencial no modo de produção – a substituição do

homem pela máquina (surgimento da ascensão do capitalismo

industrial).

Se na manufatura, o trabalho tem o controle sobre a ferramenta; na maquinofatura, o trabalho se torna um apêndice da máquina

Degradação da sociedade do trabalho

“Face Humanitária” do Capitalismo não podia admitir que o pobre, o doente, o marginalizado fique à mercê de sua sorte ou da desgraça.

O PRÓPRIO MOVIMENTO DO CAPITAL DESENCADEIA O

MOVIMENTO DO OPERARIADO

Através da superação da heterogeneidade

Com isso, a caminhada histórica dos trabalhadores haviam produzidos importantes resultados:

1. Mudança da condição de classe para a consciência de classe;

2. Consciência de seu papel revolucionário;

3. Importância da construção de alianças (intra e extra-classes);

4.Contestação do domínio e da exploração do capital;

5. Consciência da força e da pressão que poderiam fazer frente à burguesia e ao poder público visando atingir seus objetivos;

6. Estratégias de resistência e manifestação frente às condições de vida.

QUESTÃO SOCIAL

Desde o momento em que se descobre que ele é quem produz o capital, ao

produzir mais-valia, o proletário começa a libertar-se da dominação burguesa.

Esse é o primeiro momento no processo de realização da sua

hegemonia”. (IANNI, apud MARTINELLI).

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

1869

LONDRES

CHARITIES ORGANIZATION SOCIETY

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO)

1-CADA CASO SERÁ OBJETO DE UM INQUÉRITO E OS RESULTADOS SERÃO INSTRUÍDOS POR UM RELATÓRIO ESCRITO

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO)

2-ELE SERA’SUBMETIDO A UMA COMISSÃO QUE SE PRONUNCIARÁ SOBRE AS MEDIDAS A SEREM TOMADAS

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO)3-NÃO SE CONCEDERÃO SEGUROS

TEMPORÁRIOS, MAS UMAA AJUDA SUFICIENTEMENTE JUDICIOSA, IMPORTANTE E PROLONGADA PARA QUE A FAMÍLIA OU O INDIVÍDUO SEJA RECOLOCADO EM CONDIÇÕES NORMAIS

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO)

4-O ASSISTIDO SERÁ O AGENTE DA PRÓPRIA MELHORIA, E SE INTERESSARÃO POR ESSA OBRA OS PARENTES, SEUS VIZINHOS, SEUS AMIGOS

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO)

5-SE SOLICITARÁ EM FAVOR DO ASSISTIDO A COOPERAÇÃO DAS DIVERSAS INSTITUIÇÕES SUSCEPTÍVEIS DE INTERVIR

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO)

6-OS AGENTES DAS OBRAS RECEBERÃO INSTRUÇÕES GERAIS ESCRITAS, ELES SE FORMARÃO POR LEITURAS E POR UM ESTÁGIO PRÁTICO

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO) 7- AS INSTITUIÇÕES DE CARIDADE

COMUNICARÃO A LISTA DE SEUS PROTEGIDOS QUE SERVIRÁ PARA TER UM FICHÁRIO CENTRAL DOS ASSISTIDOS, SE GARANTIRÁ CONTRA OS EXPLORADORES DA FILANTROPIA, E SE EVITARÁ A RENOVAÇÃO DE INQUÉRITOS JÁ FEITOS

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

Princípios: (p.50 JUAZEIRO)8-SE CONSTITUIRÁ UMA AGENDA DE

OBRAS, QUE PERMITA ELIMINAR AS INSTITUIÇÕES PARASITAS, DE ORIENTAR AS INTERVENCÕES COM CONHECIMENTO DE CAUSA, DE DESCOBRIR AS LACUNAS E O DUPLO EMPREGO DENTRO DA ORGANIZAÇÃO DA CARIDADE.

SOC Sociedade de Organizacão da Caridade

1877-EUA Charities Organization Society COSA 1897-180 COS“organização da assistência“”não levavam apenas esmola, mas simpatia,

esperança, coragem, enfim, ideias e caráter”(JUAZEIRO, p.51)

MARY RICHMOND&

JANE ADDAMSFHTMSS IIProfa Ms Selma Leite

Questão Social – fatos históricos

Surgiam, assim, no cenário histórico, os primeiros assistentes sociais – como agentes executores da prática da assistência social – atividade que profissionalizou sob a denominação de Serviço Social.

Questão Social – fatos históricos

Portanto, a questão social foi incorporada pelo Serviço Social (Europa e América Latina) sob a ótica da harmonia social e da doutrina social da Igreja.

Questão Social – fatos históricos

A Questão Social representa uma perspectiva de análise da sociedade. Isto porque não há consenso de pensamento básico que constitui a questão social. Isto é, nem todos analisam que existe uma contradição nas relações entre capital e trabalho.

Questão Social – fatos históricos

Jacques Donzelot, caracteriza a questão social– Ao menos na França emergindo nos meados do

séc. XIX diante das lutas, com sua agudização no antagonismo radical entre o direito à propriedade e o direito ao trabalho

Questão Social – fatos históricos

Para Otávio Ianni a questão social está na base dos movimentos da sociedade, resulta dos impasses do regime dominante, refletindo as disparidades econômicas, políticas e culturais que envolvem as relações entre o Estado e a Sociedade, sendo, portanto, resultado de um processo estrutural que tem determinado, no campo político, a ocorrência de conflitos e lutas sociais.

Questão Social – fatos históricos

Robert Castel- É a partir da Questão Social que conseguimos perceber a expressão da sociedade e sua capacidade de existir, ou seja, elas expressam a realidade de um país, bem como repercutem na maneira que o país lida com a questão.

Questão Social – fatos históricos

Luis Eduardo Wanderley– Centra-se nas extremas desigualdades e injustiças que

reinam na estrutura social dos países latino-americanos, resultantes do modo de produção e reprodução social, dos modos de desenvolvimento

– A questão social se funda nos conteúdos assumidos pelas relações sociais em suas múltiplas dimensões econômicas, políticas, culturais, religiosas cujo impacto alcançam todas as dimensões da vida social do cotidiano.

Questão Social – fatos históricos

Para Luiz Wanderley o processo de concentração de riquezas, o aumento da pobreza espelha bem a continuidade da questão social de longa duração que não foi superada pelos processos de emancipação do séc.XIX e de modernização do séc XX.

Questão Social – fatos históricos

– Luiz Wanderley lança propostas para tentar solucionar ou minimizar os efeitos da questão social:

1. Respeito às normas trabalhistas; . Ampliação das redes de cooperação e solidariedade

internacional, que reduzam a dependência dos mercados internacionais e valorizem a diversidade das culturas;

 3. O fortalecimento do poder local;  4. A recuperação da importância da família como lugar de

busca de condições materiais de vida , de pertencimento na sociedade e de construção de identidades.

Questão Social – fatos históricos

Para Vera Telles: a Questão Social é uma aporia das sociedades modernas que põe em foco a disjunção, sempre renovada, entre a lógica do mercado e a dinâmica societária, entre a exigência ética dos direitos e os imperativos de eficácia da economia, entre a ordem legal que promete igualdade e a realidade das desigualdades e exclusões tramada na dinâmica das relações de poder e dominação.

Questão Social – fatos históricos

Vicente de Paula Faleiros: assinala que a particularidade do serviço social como especialização do trabalho coletivo está organicamente vinculado às configurações permeadas pela ação dos trabalhadores, do capital e do Estado.A questão social é a base de fundação sócio-histórica, o que lhe confere um estatuto e elementos centrais e constitutivos da relação entre profissão e realidade social.

Questão Social – fatos históricos

Para José Paulo Netto, no Capitalismo:*As profundas modificações alteram-se a dinâmica societária;*Objetivo primário: acréscimo dos lucros capitalistas pelo controle de mercado –revertida em favor do grupo monopolista*Emerge: natureza parasitária da burguesia*Burocratização da vida social

Questão Social – fatos históricos

Para Maria Lúcia Martinelli, questão social é um amplo espectro de problemas sociais que decorreram da expansão da industrialização capitalista. É a expressão concreta das contradições entre o Capital e o Trabalho no interior do processo de industrialização capitalista.

Questão Social – fatos históricos

Essa mesma autora enfatiza que a QUESTÃO SOCIAL de forma contundente se expressava de duas faces:

a) POLÍTICA – representada pelo avanço do movimento dos trabalhadores;

b) SOCIAL – representada pela acumulação da pobreza, pela generalização da miséria

Questão Social – fatos históricos

Maria Lúcia Barroco (2006) aponta que a Questão Social não se refere apenas as desigualdades, mas às formas históricas de seu equacionamento, em face do significado político das lutas proletárias

Contradição do Capitalismo Monopolista Questão Social torna-se alvo de respostas

sistemáticas por parte do Estado e das classes dominantes

Questão Social – fatos históricos

Maria Carmelita Yasbeck, a questão social emerge nos conflitos entre as relações capital e trabalho. Impulsionado pelo processo de urbanização e industrialização. -Manifesta-se nas desigualdades através da: exclusão, subalternidade e pobreza.-Efeitos: fome, desemprego, baixo acesso de educação, saúde, violência etc.

Questão Social – fatos históricos

Para Marilda Vilela Iamamato o desdobramento da questão social é também a questão da formação da classe operária e de sua entrada no cenário político.Tem a necessidade de seu reconhecimento pelo Estado, portanto advém a implementação de políticas que levem em consideração os interesses da classe operária.A questão social é a base que fundamenta o serviço social como especialização do trabalho.

Questão Social – fatos históricos

Portanto, a Questão Social representa não só as desigualdades, mas, também, o processo de resistência e luta dos trabalhadores, da população excluída e subalternizada, na luta pelos seus direitos econômicos, sociais, políticos e culturais. Nesta perspectiva que reside as transformações históricas da concepção de Questão Social.

Questão Social – fatos históricos

O que merece ser marcado é que a evolução da Questão Social apresenta duas faces, indissociáveis:

Configurada pela condição objetiva da classe trabalhadora na defesa de seus interesses e na procura de satisfação de suas necessidades imediatas de sobrevivência;

Expressa pelas diferentes maneiras de interpretar e agir sobre a questão social (propostas pelas diversas frações dominantes).

Questão Social

SOCIAL POLÍTICO

Desigualdade/Pobreza Mobilização/Inquietação

MANIFESTAÇÃO:

Exclusão Subalternidade Pobreza

EFEITOS:

fome, desemprego, baixo acesso de educação, saúde, violência, analfabetismo etc.

A ESCOLA DO SERVIÇO SOCIAL DE SÃO PAULO PERIODO DE 1936 À 1945

AntecedenteSanta Casa de Misericórdia

de São Paulo (1715)

Visava o atendimento dos doentes sem recursos, à velhice desamparada e à

infância abandonada.O trabalho era desenvolvido

por pessoas sem nenhum preparo técnico especializado.

CENTRO DE ESTUDOS E AÇÃO SOCIAL

CEAS – Centro de Estudos e Ação Social (1932) Sua criação ocorreu após a realização do CURSO INTENSIVO DE FORMAÇÃO SOCIAL PARA MOÇAS, organizado

pela primeira vez em São Paulo pelas Cônegas Regulares de Santo Agostinho, de

1º de Abril à 15 de Maio de 1932. A direção do curso coube à Melle Adèle de Loneux, professora da 1ª Escola de Serviço Social da Bélgica

(1920). Naquela época, o CEAS iniciava suas atividades sem nenhum apoio

financeiro, dispondo apenas da contribuição mensal de suas sócias; Sem condições para alugar uma sede, realizou um contrato com a Liga das

Senhoras Católicas; Sua finalidade básica era o estudo e a difusão da doutrina social da Igreja e a ação social dentro da

mesma diretriz.

OBJETIVOS DO CEAS:

Estatuto O fim especial da sociedade era difundir a doutrina e a formação sociais pregadas pela Igreja Católica. Dentro dessa finalidade, visavam principalmente:

Tornar mais eficiente a atuação das trabalhadoras sociais adotar uma orientação definida em relação aos problemas a resolver,

favorecendo a coordenação de esforços dispersos nas diferentes atividades e obras de caráter social.

Se propunham fundamentar suas programações em princípios e ensinamentos cristãos.

Seus membros têm grande preocupação de exercer influência na vida social, na linha do pensamento da Igreja Católica.

Essa orientação refletia um momento em que a Igreja, como força social, assumia posição frente aos problemas sociais da época, combatendo o marxismo e o liberalismo e propondo reformas para diminuir as desigualdades sociais.

O que era “Questão Social”?

No pensamento católico da época

referente à natureza causas efeitos remédios dos males generalizados da sociedade moderna.(diz-se males generalizados, porque o mal esporádico não constitui

questão social). A pobreza, por exemplo, sempre existiu e sempre existirá. O pauperismo,

porém, como hoje se verifica é um mal generalizado afetando toda sociedade e constituindo, portanto, a questão social.

CENTROS OPERÁRIOS

Criados pelo CEAS em 1932

havia uma preocupação com a questão operária. Nos Centros Operários, os membros do CEAS, “por meio de

aulas de tricô, trabalhos manuais, conferências, conselhos sobre higiene, etc., procuravam interessar e atrair as operárias e entrar assim em contato com as classes trabalhadoras, propondo estudar o ambiente e as necessidades da época.

Constituíam organismos transitórios que cederiam lugar à associação de classe que nossas elites operárias iriam formar e dirigir logo que para isso estivessem aptas.

ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL

Albertina Ferreira Ramos

Maria Kiehl

duas sócias do CEAS, após o curso de Melle. Adèle de Loneux, partem para a Europa a fim de realizar o

Curso de Serviço Social na Escola de Bruxelas.

Retornam ao Brasil em 1935, com o diploma de assistentes sociais e começam os trabalhos para a fundação da Escola de Serviço Social de São Paulo, com a ajuda de

Odília Cintra Ferreira que já possuía formação social obtida em cursos realizados na Europa, na

Escola Normal Social e na Escola Superior de Estudos Sociais do Instituto Católico de Paris.

Maria Kiehl

Pareceu-nos entretanto insuficiente o nosso preparo para garantir a boa organização de

uma Escola de Serviço Social, pois se as escolas dessa natureza têm por principal

finalidade sanar os inconvenientes da improvisação de dirigentes de obras sociais,

é claro que a primeira condição da eficiência das escolas de Serviço Social

é não serem elas próprias uma improvisação”

Maria Kiehl

“Conscientes da responsabilidade que íamos assumir – formar assistentes sociais – isto é,

pessoas capazes de auxiliar os indivíduos a encontrar na sociedade o bem que lhes é destinado, quando eles não

podem procurá-lo sozinhos, e por outro lado, a suprir na sociedade as falhas que o impedem

de realizar seu papel providencial com relação àqueles, logo vimos que tínhamos de fazer o nosso trabalho com todo

vagar, estudando os problemas do meio em todos os aspectos e adaptando com cuidado os métodos e processos estrangeiros

às necessidades, tradições e ao temperamento do povo brasileiro”.

ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO PAULO

Em 15 de fevereiro de 1936, inaugura-se a Escola de Serviço Social de São Paulo, que, conforme consta do Relatório do Centro de Estudos e Ação Social em 1936, tem com finalidade oferecer às organizações de assistência social em geral “um elemento imprescindível: a assistente social tecnicamente preparada”.

.

PROCESSO SELETIVO

Ter 18 anos completos e menos de 40 anos

Apresentar referência de 03 pessoas idôneas

Comprovar ter realizado estudos secundários

Apresentar atestado de saúde

Submeter-se à prova eliminatória de admissão

FORMAÇÃO TÉCNICA E ÉTICA

Dentre os principais objetivos:Proporcionar às moças uma sólida formação, tanto moral como

técnica, procurando preencher dois fins: preparar algumas para

exercer a carreira profissional de assistentes sociais

desempenhar na sociedade o seu verdadeiro papel, com uma sólida formação moral e social;

ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO PAULO

Isso se daria através do conhecimento de questões e problemas sociais do momento, preparando-se para atuar nos vários campos de ação social, nas

obras de assistência nos serviços de proteção à infância nas organizações operárias e familiares.;

ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO PAULO

sólida formação ética e nelas desenvolver as qualidades naturais que requer a carreira social, tais como o

amor ao próximo ideal de fazer o bem capacidade de dedicação desinteresse pessoal critério e o senso prático na ação

VOCAÇÃO x REMUNERAÇÃO

“O ‘ideal’ do Serviço Social não será prejudicado pela profissionalização da assistente social?” perguntava a União Social Feminina (16/11/1936): “Em outras palavras, se

O Serviço Social não virá a tornar-se mais um meio de vida do que uma causa a defender ?

A remuneração aparece como aspecto secundário do trabalho e justifica-se apenas pelo fato de que sem ela a carreira ficaria impossibilitada a todos que devem viver de seu trabalho;

Sendo assim dedicação e desinteresse devem aliar-se ao estudo e domínio de técnicas

sendo esta a razão pela qual as escolas que se destinam a formar assistentes sociais elaboram seus problemas na perspectiva desta dupla formação;

Devem realmente ser solicitados pela situação penosa de seus irmãos, pelas injustiças sociais, pela ignorância, pela miséria, e a esta solicitação devem corresponder as qualidades pessoas de inteligência e vontade indispensáveis à realização do Serviço Social.

Linha do Tempo Serviço Social

1897-Mary Richmond-Conf Nacl Caridade-Toronto 1899-Escola de Filantropia Aplicada NY 1ª Escola européia –Amsterdã/Holanda

Curso para Agentes Sociais em Berlim 1908-1ª Escola Alemã-Berlim 1911-Escola de Orientação Cátólica-Paris 1913-Escola de Orientação Protestante Paris 1925-América Latina - Chile

Linha do Tempo Serviço Social

FINAL DA II GUERRA MUNDIAL

EUROPAEUA

AMÉRICA LATINA

200 escolas

A CONCEPÇÃO DE TRABALHO SOCIAL

“Trabalho complexo e profundo, pois procura curar e prevenir o mal em suas causas

e não somente remediar suas manifestações aparentes, o Serviço Social supõe um largo conhecimento do homem e da

sociedade e tem métodos específicos de ação, o que não pode ser improvisado

nem suprimido pela simples boa vontade”

FOLHETO DE DIVULGAÇÃO DA ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO PAULO, 1937

CONCEPÇÃO DE TRABALHO SOCIAL

“Conjunto de esforços feitos para adaptar o maior número possível de indivíduos à vida social ou,

para adaptar as condições de vida social

às necessidades do indivíduo”

Melle. Adèle de Lenoux

ESCOLA NORMAL SOCIAL DE PARIS

Assistente Social

“é uma pessoa metodicamente formada numa escola de Serviço Social, cuja atividade e dedicação,

prendendo-se a uma determinada engrenagem da sociedade, visa normalizar o seu andamento e

integrá-la normalmente também no seu desenvolvimento de toda sociedade”.

METODOLOGIA

Trabalho em círculos de estudo desenvolvido basicamente pelos alunos sob a orientação do monitor, seguindo o esquema metodológico utilizado pelos grupos da

AÇÃO CATÓLICA: VER, JULGAR E AGIR Preocupação comum com a justiça social; Primeiras turmas quase que totalmente

constituídas por membros da Ação Católica;

Serviço Social

“O ensino, fortemente apoiado na Doutrina Social da Igreja, procura despertar nos alunos interesse pelas soluções dos problemas sociais mediante um trabalho que muito irá deles exigir seu ideal, dedicação e amor ao próximo”

Odila Cintra Ferreira

CLASSES MASCULINAS

1938 - classe noturna masculina

1940 os rapazes formados fundaram o Instituto de Serviço Social para rapazes

a Escola de Serviço Social voltou a limitar a matrícula ao sexo feminino.

A evolução da Escola

1937 – É fundada a Escola Brasileira de Serviço Social, no Rio de Janeiro

Serviço Social

1939 – CEAS obtém o reconhecimento de Escola de Serviço Social por parte do governo do Estado (Decreto nº 9.970)

Surge a primeira revista de Serviço Social no Brasil: Serviço Social

SERVIÇO SOCIAL NA INDÚSTRIA

1940 – Pela primeira vez, praticou-se o Serviço Social na Indústria, por iniciativa da Estamparia Santa Rosália de Sorocaba

A preocupação com o trabalhador, observada na vida nacional, reflete-se na profissão. Tem início uma campanha visando à implantação do

Serviço Social na indústria paulista.

Circular nas Indústrias de São Paulo

“O assistente social - moça ou rapaz – com curso técnico especializado, já existente entre nós, será

traço de união entre o empregador e o empregado.

A atuação se fará sentir, entre os operários: pesquisando as suas qualidades físicas, morais e

profissionais, ao ser admitido na empresa,

regularizando toda a documentação legal, necessária e à admissão e à inscrição nos Institutos de

Previdência, aconselhando e orientando a execução das leis trabalhistas

Circular nas Indústrias de São Paulo

aconselhando e orientando a sua saúde física e moral, adaptando e corrigindo os defeitos do local de trabalho,

nocivos ao empregado, e economicamente prejudiciais ao empregador;

evitando e prevenindo queixas e descontentamento do empregado, com soluções adequadas, sugeridas ao

empregador; evitando e prevenindo os conflitos de trabalho, recursos às

Juntas de Conciliação e Julgamento, prejudiciais à normalidade do serviço;

prevenindo a ocorrência de acidentes de trabalho. Essas, em resumo, são as atividades do assistente social dentro da

fábrica”.

INFLUÊNCIA AMERICANA

1941 – 17 Bolsas de Estudos- intercâmbio EUA

Social Case Work, Group Work e Comunity Organization

Helena Junqueira e Nadir Kfouri – Escola de Serviço Social agregada à PUC/SP

INFLUÊNCIA AMERICANA

Marco conclusivo a introdução das disciplinas :

Serviço Social de caso Serviço Social de Grupo Serviço Social da Comunidade

Em contrapartida à um período pleno de conteúdos filosóficos, começa a impor-se uma fase de

conteúdo técnico e metodológico (que não exclui os elementos filosóficos)

Legião Brasileira de Assistência LBA

1942 objetivo atender às famílias dos pracinhas logo depois estendeu seu trabalho à população

pobre, principalmente com programas na área materno-infantil

Essas ações reproduziam a maneira que o Estado encarava as políticas sociais,

com seu caráter benevolente e assistencialista que visavam legitimidade junto à população pobre.

Década de 40

Estado chamado a intervir nas relações sociais

Viabilização do processo de acumulação capitalista

Atendimento de necessidades sociais da população

Década de 40

Serviço Social –abre-se mercado de trabalho

Ampliação áreas de ação Execução de políticas sociais públicas Amplia referenciais técnicos Sistematiza espaço sócio-ocupacional

Reconhecimento legal

Reconhecimento legal como profissão liberal

MINISTÉRIO DO TRABALHOPORTARIA Nº 35

19/04/1949

Profissional Liberal

Relação singular com usuários Caráter não rotineiro Código de Ética Proposta intervenção a partir dos conhecimentos teórico/metodológicos e técnico-operativos Regulamentação legal da profissão

Profissional Liberal

Ainda com fortes traços de sua origem

Igreja CatólicaValorização de qualidades

pessoaisMorais

Discurso humanitárioAltruísta

desinteressado

SERVIÇO SOCIAL

“O Exercício do Serviço Social é compreendido nessa perspectiva: reinvenção do cotidiano, da iniciativa, fruto da crítica social e do dimensionamento das estratégias político-profissionais, a exigir uma delicada sintonia entre o saber técnico e a competência política” Marilda Vilela Iamamoto

Bibliografia

Dissertação de Mestrado Maria Carmelita YazbekCadernos PUC n.º 6 1980

YAZBEK, Maria CarmelitaO siginificado sócio-histórico da profissãoRevista Serviço Social e Sociedade nº 22

Modernos Agentes da Justiça e da Caridade – Notas Sobre a Origem do Serviço Social no Brasil – Raul de Carvalho

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