servidÃo e restriÇÃo de utilidade pÚblica
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SERVIDOES E RESTRICOES DE UTILIDADE PUBLICA
U.E.M.-Faculdade de arquitectura e planeamento fisico
laboratorio de planeamentoii
VI semestre- IV Ano -2010
Docentes: arqto J. Tique Phd e Arqta C. Cruz MSCDISCENTE: Edson da Piedade Pereira;
Email: edyzpereira@gmail.com
L.Planeamento II S.R.U.P. ‐ Servidões e restrições de Utilidade Pública 1
Autor: Edson da Piedade Pereira Docentes: Arqto J.Tique e Arqta C.Cruz
Resumo
PEREIRA, Edson da Piedade (2010)-S.R.U.P.(Servidões e restrições de utilidade publica)-Laboratorio de Planeamento(IV ano)-Faculdade de Arquitectura e Planeamento Fisico (UEM), Maputo. Abril de 2010. Este trabalho é fruto de várias pesquisas efectuadas em diferentes manuais, sites, leis e regulamentos que regem sobre as S.R.U.P., bem como consultou‐se os regulamentos dos Planos de Estruturas do Municipio da Maputo e da Matola, o trabalho tem como objectivo levantar os conceitos que definem e caracterizam as S.R.U.P.
O trabalho está dividido em 6 capitulos, onde:
CAPITULO 1 – INTRODUÇÃO1. Faz‐se a contextualização temática, levantando‐se a problemática dum planeamento incorrecto
e insustentável, da ocupação desordenada e e da gestão insustentável do solo urbano e rural, e responsabilizando ao arquiecto/urbanista o dever de intervir no sentido de corrigir a todos esses problemas.
2. Neste capitulo também se faz a contextualização ou enquadramento legal das S.R.U.P. , identificando os diferentes instrumentos legais que regem sobre as S.R.U.P.
CAPITULO 2 – S.R.U.P. COMO CONDICIONANTES DO USO DO SOLO 1. Faz‐se abordagem das S.R.U.P. como sendo condicionante do uso do solo, com a principal
função salvaguardar o interesse público, garantindo a integridade dos espaços públicos. 2. É também abordado nesse capitulo que na convenção de Ramsar ou convenção das terras
húmidas, reconheceu‐se o valor sócio‐económico, cultural e ecológico do Complexo de Marromeu.
CAPITULO 3 – USO DO SOLO1. Faz‐se uma breve abordagem acerca do uso do solo, baseando‐se nos pontos de vistas de
diferentes autores. 2. Fala‐se também dos tipos de uso de solos.
CAPITULO 4 – CATEGORIAS DAS S.R.U.P. 1. Fala‐se nesse capitulo da categorização das S.R.U.P., em especial da metodologia usada em
Moçambique para a categorização das S.R.U.P.
CAPITULO 5 – COMPARAÇÃO MOÇAMBIQUE vs PORTUGAL 1. Apresenta‐se nesse capitulo um quadro comparativo da categorizaçao das S.R.U.P. entre
Moçambique Vs Portugal
CAPITULO 6 – CONCLUSÃO
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Autor: Edson da Piedade Pereira Docentes: Arqto J.Tique e Arqta C.Cruz
Sumário
INTRODUÇÃO 4
ENQUADRAMANTO TEMÁTICOL DAS S.R.U.P. 4 ENQUADRAMANTO LEGAL DAS S.R.U.P. 5
AS S.R.U.P. COMO CONDICIONANTES DO USO DO SOLO 6
USO DO SOLO 6
DEFINICÕES 6 TIPO DE USO DE SOLO 7
CATEGORIAS DAS S.R.U.P. 9
A ‐ CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO 10 A1 – PATRIMÓNIO NATURAL 10 A1.2..EXPLORAÇÃO DE RECURSOS 11 A1.3. PROTECÇÃO DA FAUNA A FLORA 12 A1.4. PATRIMÓNIO FLORESTAL 12 A1.5.PROTECÇÃO AMBIENTAL 13 A2 ‐ PATRIMÓNIO CULTURAL 14 A2.1. BENS DO PATRIMÓNIO CULTURAL 14 A2.2. ZONA DE PROTECÇÃO ARQUEOLÓGICA 14 B – PROTECÇÃO DE INFRA‐ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS 14 B1‐ INFRA‐ESTRUTURAS BÁSICAS 14 B2‐ INFRA‐ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES 14 C‐ DEFESA NACIONAL 15 C1. FRONTEIRA TERRESTRE 15 C2. DOMÍNIO PÚBLICO MARÍTIMO 15 C3. DOMÍNIO PÚBLICO LACUSTRE E FLUVIAL 15 C4. INSTALAÇÕES MILITARES 15 C5. AEROPORTOS E AERÓDROMOS 15 C6. UNIDADES OPERATIVAS DE GESTÃO 15 D – CARTOGRAFIA E PLANEAMENTO 16 D1. MARCOS GEODÉSICOS 16
S.R.U.P. DOS PLANOS DE ESTRUTURA DO MUNICIPIO DE MAPUTO E DO MUNICIPIO DA MATOLA 16
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PEUM‐MATOLA 16 PPEUM‐MAPUTO 18
QUADRO COMPARATIVO DA CATEGORIZAÇÃO DAS S.R.U.P. MOÇAMBIQUE, PORTUGAL 19
CONCLUSÃO 20
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INTRODUÇÃO
Enquadramanto Temáticol das S.R.U.P. “Como meio universal de criação de riqueza e do bem estar social, o uso e aproveitamento da
terra é direito de todo o povo moçambicano.”1
Segundo a lei de terras, pretende‐se, com esse instrumento legal, garantir o acesso e a
segurança de posse da terra, tanto de camponeses e investidores nacionais e estrangeiros
incentivando deste modo o uso e aproveitamento da terra de forma que esse importante
recurso seja valorizado e contribua para o desenvolvimento da economia nacional.
Mas...
“ A ocupação e a exploração desregrada do solo pode conduzir, e está conduzindo, à perda do
potencial productivo, do patrimonio biológico e a criação de processos generalizados de
degradação ambiental muitas vezes irreversíveis”2
Portanto...
“O ordenamento do território visa (…) defender, preservar e valorizar o património construído e
da paisagem natural ou transformada pelo homem”3
Mas para que haja um ordenamento do territorio coerente e sustentável no ponto de vista
socio‐economico bem como ecologico é necessário que haja uma consciência cientifica e
técnica no seio do arquitecto/urbanista no âmbito da projectação, buscando não só o equilibrio
ecológico mas também da seguranca, higiene e saúde pública e da gestão racional do território,
compatibilizando as diferentes necessidades que sobre aquele incidem na Habitação, serviços,
comércio, indústria e lazer. É de salientar que é tarefa do arquitecto/urbanista, nos diferentes
instrumentos de gestão territorial, intervir no sentido de corrigir aos vários problemas que
contribui para o desequilibrio da relação Homem Vs Natureza, restringindo o uso de áreas
1 LEI DE TERRAS, Lei nº 19/97 De 1 de Outubro 2 FORJAZ, José, Arquitectura, Ambiente e Sobrevivência, Edições FAPF, UEM, Maputo, 2005. 3 Art. 5/e da Lei do Ordenamento do Território.
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ecologicamente sensiveis (para o bem da natureza), áreas reservadas para construções
especiais como condutores de gas e electricidade, linhas‐ferreas, auto estradas, etc (para o bem
do proprio Homem) elaborando regulamentos do plano com vista no uso do solo regrado,
respeitando certas servidoes e restricoes impostas pelo plano.
Enquadramanto legal das S.R.U.P.4 Os instrumentos legais em que se usam como base para a determinação
1. Lei 19/97 (Lei de Terras)
2. Regulamento da Lei de Terras
3. Lei 20/97 de 1 de Outubro (Lei do Ambiente)
4. Lei 16/91 de 3 de Agosto (Lei de águas)
5. Lei 4/96 de 4 de Janeiro (Lei do Mar)
6. Lei 10/99 de 7 de Julho (Lei de Florestas e Fauna Bravia)
7. (Decreto 12/2002 de 6 de Julho (Regulamento da Lei de Florestas e FaunaBravia)
8. Lei 21/97 de 1 de Outubro (Lei de Energia Eléctrica)
9. Lei 14/2002 de 26 de Junho (Lei de Minas)
10. Decreto 35/2001 de 13 de Novembro (Regulamento Geral de Aquacultura)
11. Decreto 43/2003 de 10 de Dezembro (Regulamento Geral de Pesca Marítima)
12. Decreto 27/94 de 20 de Julho (Regulamento de Protecção do Património Arqueológico)
13. Lei 19/2007 de 18 de Julho (Lei do Ordenamento do Território)
4 SERRA, Carlos; Colectânea de Legislação do Ambiente; 2ª Ed. 2006; Maputo;Centro de Formação Jurídica e Judiciária.
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AS S.R.U.P. COMO CONDICIONANTES DO USO DO SOLO As SRUP tem como principal função salvaguardar o interesse público, garantindo a integridade
dos espaços públicos restringindo certos usos e criando zonas de protecção para o domínio
público, determinadas em legislação especifica e apresentadas nos regulamentos dos planos
em seus respectivos mapas de condicionantes.
As SRUP podem também ser determinadas baseado nas convenções e acordos internacionais
ratificados por um determinado país, um exemplo de convenção internacional é a convenção
de Ramsar ou também chamada de convenção das terras húmidas, em que dentre vários
assuntos tratados, reconheceu‐se o valor sócio‐económico, cultural e ecológico do Complexo de
Marromeu.
USO DO SOLO Mas antes de mergulhar de corpo inteiro no conceito das SRUP (servidões e restrições de
utilidade pública), vamos dar uma vista de olhos rapida e objectiva no campo do uso do solo, de
modo a percebermos muito bem o conceito e que está a volta das SRUP.
Definicões “Uso da terra pode ser entendido como sendo a forma pela qual o espaço geográfico está
sendo ocupado pelo homem.”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Uso_da_terra
“Ocupação do solo por qualquer atividade.”
200.143.12.93/dadosefatos/espaco_academico/glossario/detalhe/U.html
“Identifica o propósito económico ou social para o qual a terra é utilizada (ex: floresta;
agricultura; etc.)”
www.dgrf.min‐agricultura.pt/ifn/Glossario.htm
“Apropriação do solo, com edificações ou instalações destinadas a atividades urbanas, segundo
categorias de uso residencial, comercial, de ...”
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www.camaravicosa.mg.gov.br/Documentos/anexo6_1420‐2000.doc
“Aproveitamento de uma área, de acordo com a atividade pré‐fixada para sua utilização.”
www.belem.pa.gov.br/portal/index2.php
No contexto do planeamento, é necessário avaliar a capacidade dos solos independentemente
do seu uso actual, de forma que quando se for a implantar os diferentes usos, esses usos
estejam bem implantados, pois sem conhecer as aptidões dos solos corre‐se o sério risco de
implantar usos que não correspondem às aptidões do solo onde estão colocados, por exemplo
colocar actividade agrícola onde os solos não são férteis.
No contexto do ordenamento do território, o solo pode ser encarado em diferentes
perspectivas, sendo de destacar:
• o solo como espaço funcional vocacionado para diferentes usos;
• o solo como suporte de sistemas de actividades;
• o solo como objecto susceptível de ser desenvolvido;
• e o solo como imagem perceptiva e recurso estético.
Os usos de um solo podem ser:
• Usos deslocados (renda diferencial é negativa) • Usos estruturantes (garantem a estabilidade de um determinado • padrão ou base de ordenamento) • Usos degradados (abandono, má utilização, insuficiente conservação) • Usos acompanhados (espaços adaptados com observação e intervenção • frequente) • Usos dependentes (integram uma cadeia composta por: produção, • utilização e rejeição)
Tipo de uso de solo
1. Uso Habitacionais Áreas destinadas, como o proprio nome diz, ao uso habitacional e pode ser de:
a. Baixa densidade
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b. Média densidade c. Alta densidade
2. Equipamentos colectivos
Os equipamentos colectivos são as instalações que visam prestar serviços básicos extensivos à população interessada. Devem localizar‐se em pontos estratégicos de forma a servirem convenientemente as respectivas áreas de influência.
3. Uso industrial Áreas destinadas a actividades industriais e a implantação dessas actividades pode assumir duas formas distintas:
a. Áreas industriais b. Parques industriais.
4. Uso agrícola e agro‐industrial Alguns autores e também algumas leis, exemplo da lei portugesa, define como sendo um conjunto de áreas que, em virtude das suas características morfológicas, climatéricas e sociais, apresentam maiores potencialidades para a produção de bens agrícolas.
5. Uso florestal e agro‐florestal São espaços revestidos com espécies arbustivas e arbóreas em maciço, com grande importância para o equilíbrio ambiental ou beleza da paisagem, ou ainda como actividade económica rentável, caso em que se destinam à produção florestal. Em termos de classificação do uso do solo, é frequente considerar‐se dentro desta classe as seguintes categorias:
a. Floresta de produção; b. Floresta de protecção; c. Uso agro‐florestal.
6. Usos naturais5
Podem identificar‐se as seguintes configurações: a. Espaços selvagens onde não é notada a acção humana; b. Paisagens naturais de elevada sensibilidade, as quais podem corresponder a zonas
únicas; c. Espaços silvestres de protecção do solo, da flora e da fauna selvagem, dos recursos
hídricos e dos valores paisagísticos.
7. Uso cultural
5 Quando a presença deste tipo de áreas é extensa, justifica‐se delimitar a área e atribuir‐lhe um estatuto especial, o que significa que passará a estar sob um regime de protecção de grande exigência (Parque Nacional; Parque Natural; Reserva Natural; Paisagem Protegida).
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Áreas onde existem elementos do património cultural construído e arqueológico, incluindo monumentos, conjuntos e sítios que, pelas suas características, se assumem como valores com reconhecido interesse histórico, arqueológico, artístico, científico ou social. Podem ter categorias diferenciadas de acordo com o interesse particular em presença:
a. Interesse arqueológico; b. Interesse urbanístico; c. Interesse arquitectónico.
8. Espaços canal São corredores onde existem infraestruturas, ou que estão cativados para infraestruturas, que ligam pontos distantes e que têm um efeito de barreiran física mais ou menos condicionante dos espaços que os marginam. Podem ser corredores destinados a uma única categoria de infraestrutura ou corredores multimodais que combinam várias categorias. Os principais tipos de infraestruturas que dão origem a espaços‐canal são:
a. Rede rodoviária; b. Rede ferroviária; c. Condutas adutoras; d. Gasodutos e oleodutos.
CATEGORIAS DAS S.R.U.P. Para se fazer uma classificação e categorização das SRUP se faz que possamos fazer uma classificação e categorização das SRUP precisamos determinar, dentro do domínio público, áreas a proteger (naturais e edificadas), áreas a conservar, a segurança e a cartografia e o planeamento. A partir destas, poder‐se‐ão criar sub‐categorizações que variam de país para país segundo o as denominações constantes da legislação vigente. Em Moçambique a base determinação das servidões e restrições de utilidade pública são as zonas de protecção total e parcial definidas na actual lei de terras, em conformidade com a legislação específica para cada condicionante onde se fará sempre remissão a estas de forma a que não haja uma contradição. Zona de Protecção Total – (art 7 da lei 19/97 de 1 de Outubro – Lei de Terras) (…) áreas destinadas a actividades de conservação ou preservação da natureza e de defesa e segurança do estado. Zonas de Protecção Parcial (Art 8 da Lei de Terras) Consideram‐se zonas de protecção parcial:
a. o Leito das águas interiores, do mar territorial e da zona económica exclusiva; b. A plataforma continental; c. A faixa da orla marítima e no contorna das ilhas, baías e estuários, medida da linha de
máximas preia‐mares até 100 metros para o interior do território;
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d. a faixa de terreno até 100 metros confinante com as nascentes de água; e. a faixa de terreno no contorno de barragens e albufeiras até 250 metros; f. os terrenos ocupados pelas linhas férreas de interesse público e pelas respectivas
estações, com uma faixa confinante de 50 metros para cada lado do eixo da via; g. os terrenos ocupados pelas auto‐estradas e estradas de quatro faixas, instalações e
condutores aéreos, superficiais, subterrâneos e submarinos de electricidade, de telecomunicações, petróleo, gás e água com uma faixa confiante de 50 metros de cada lado, bem como os terrenos ocupados pelas estradas, com uma faixa confinante de 30 metros para as estradas primárias e de 15 metros paras as estradas secundárias e terciárias;
h. a faixa de dois quilómetros ao longo da fronteira terrestre; i. os terrenos ocupados por aeroportos e aeródromos com uma faixa confinante de 100
metros; j. a faixa de terreno de 100 metros confinante a instalações militares e outras instalações
de defesa e segurança do estado. Como se pode observar, temos 4 pontos gerais que se podem aplicar ao caso a diversas realidades espaciais quando fazemos uma abordagem generalizada de condicionantes:
A ‐ CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO
A1 – Património Natural
A1.1. Recursos Hídricos Domínio Público Hídrico “as águas interiores, as superficiais e os respectivos leitos, as subterrâneas, quer brotem naturalmente ou não, são propriedade do estado, constituindo domínio público hídrico (DPH).” “Constituem ainda DPH, as obras, equipamentos hidráulicos e suas dependências realizadas pelo Estado ou por sua conta com o objectivo de utilidade pública. O DPH é inalienável e imprescindível.” Nascentes de Água e Poços Nas zonas de Protecção é interdito: • Construções que possam degradar a qualidade das águas; • Instalar edifícios industriais ou comerciais matadouros ou cercas de gado; • Instalar sepulturas ou fazer escavações; • Introduzir animais, depositar ou enterrar lixo ou imundices de qualquer tipo; • Instalar canalizações e reservatórios de hidrocarbonetos ou de águas usadas de qualquer tipo;
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• Estabelecer terrenos de cultura e espelhar estrume, fertilizantes ou qualquer outro de produto destinado a fertilização dos solos ou à protecção das culturas.
(Lei de Águas, Art 57) Águas Subterrâneas As medidas para a sua protecção, uso e aproveitamento poderão incluir as partes sólidas e líquidas dos aquíferos e as zonas de protecção que sejam necessárias.
(Lei de Águas, art 6)
A1.2..Exploração de Recursos
a. Reserva para actividade Mineira • A Lei de Minas define que “quando o desenvolvimento, uso e aproveitamento de certos
minerais é considerado como sendo de interesse público para a economia nacional ou para o desenvolvimento futuro da região em que eles ocorrem, o conselho de Ministros pode declarar que a terra na qual os recursos minerais estão localizados seja reservada (…)
b. Áreas de Conservação de Recursos Pesqueiros
c. Parque Marinhos • Nos parque marinhos é interdita toda e qualquer actividade de pesca, incluindo a pesca
de subsistência, a pesca recreativa, e desportiva e a pesca submarina. (Regulamento da Pesca Marítima Art 113/2)
d. Reservas Marinhas • Tem um carácter de protecção total ou parcial tendo em conta os interesses a proteger;
Nas reservas com carácter parcial podem ser exercidas a pesca de subsistência, a pesca artesanal e a pesca desportiva desde que não prejudiquem as espécies a proteger. (Regulamento daPesca Marítima Art 114)
e. Áreas Marinhas Protegidas • Com carácter temporal limitado poderão ser estabelecidos pelo Ministro das pescas (…)
interditando em todo ou em parte o exercício da actividade de pesca (…)(Regulamento da Pesca Marítima Art 115)
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f. Áreas de Segurança Marítima • “são criadas por razões de segurança marítima, nomeadamente em canais, esteiros,
baías e estuários (…) sendo interditas parcial ou totalmente as actividades de pesca com carácter definitivo ou temporal” (Regulamento Geral de Pesca Marítima art 117)
A1.3. Protecção da Fauna a Flora
a. Parques Nacionais • “zonas de protecção total delimitadas, destinadas a propagação, protecção,
conservação e maneio de vegetação e de animais bravios, bem como a protecção de locais, paisagens ou formações geológicas de particular valor científico, cultural ou estético no interesse e para recreação pública, representativos do património nacional. (Lei de Florestas e Fauna Bravia Art 11/1)
b. Reservas Nacionais • zonas de protecção total destinadas à protecção de certas espécies de flora e fauna
raras, endémicas, em vias de extinção ou que denunciam declínio e os ecossistemas frágeis (…)(Lei de Florestas e Fauna Bravia Art 12/1)
c. Zonas de Uso e de Valor Histórico‐Cultural • Áreas destinadas a protecção de florestas de interesse religioso e outros sítios de
importância histórica e de uso cultural, de acordo com as normas e práticas costumeiras das respectivas comunidades locais(…)(Lei de Florestas e Fauna Bravia Art 13/1)
A1.4. Património Florestal
a. Florestas de Conservação • Formações vegetais localizadas nas zonas de protecção e sujeitas a um regime de
maneio específico
b. Florestas Produtivas • formações vegetais de elevado potencial florestal, localizadas foras das zonas de
protecção
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c. Florestas de Utilização Múltipla • formações vegetais localizadas fora das zonas de protecção e com baixo potencial
florestal
A1.5.Protecção Ambiental
a. Áreas de Protecção Ambiental (Lei do Ambiente)
• São criadas a fim de assegurar a protecção e preservação dos componentes ambientais, bem como a manutenção e melhoria de ecossistemas de reconhecido valor ecológico e socio‐económico.(…) Podem ter âmbito regional, local ou internacional.
b. Terras Húmidas • “são áreas de pântanos, charcos, terras turfosas ou águas, quer naturais ou artificiais,
permanentes ou temporárias, com água corrente ou estática, doce, salobra ou salgada, incluindo áreas de águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não excede os 6 metros”.
c. Mangal • O uso de áreas de mangal só é permitido para construção de estação de bombagem de
água, ancoradouro e canal de entrada de água das instalações fixas em terra (…). • Caso as construções previstas exijam a remoção do mangal, dever‐seà proceder a devida
compensação com o plantio de uma área correspondente à área desbravada. (Regulamento Geral de Aquacultura, art 26)
d. Zonas de Inundáveis • Os terrenos abrangidos pelas zonas inundáveis mantêm a qualificaçãojurídica e a
titularidade que tiverem, podendo, no entanto, ser declarados zonas de protecção parcial ou sujeitos a outras restrições para garantir a seguranças das pessoas e bens. (Lei de Águas, art 5/2)
e. Locais de Captação de Água
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f. Margens de Lagos Artificiais
A2 ‐ Património Cultural
A2.1. Bens do Património Cultural
A2.2. Zona de Protecção Arqueológica
• “zona circundante a um elemento imóvel arqueológico ou outras áreas que possuam indícios de elementos arqueológicos de inestimável valor científico e que importa preservar para as gerações do futuro; (…) são interditas alienações, obras de demolições, construção, ou qualquer outra que cause alteração física (…)” (Regulamento de Protecção do Património Arqueológico)
B – PROTECÇÃO DE INFRA‐ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS
B1‐ Infra‐estruturas Básicas
B1.1 . Escolas
B1.2. Hospitais
B2‐ Infra‐estruturas de Transporte e Comunicações
B2.1. Linhas Férreas e Estações Ferroviárias
• Área de Protecção parcial que inclui a faixa de terreno de 50 metros confinante;
B2.2. Estradas Primárias/ Secundárias/ Terciárias/ Auto‐Estradas
• Área de Protecção Parcial onde se estabelece: i. Uma faixa de terreno de 15 metros confinante para as Estradas secundárias e terciárias ii. Uma faixa de terreno de 30 metros confinante para as Estradas Primárias e a iii. Uma faixa de terreno de 50 metros confinante para as Auto‐estradas e estradas de
quatro faixas;
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B2.3. Instalações e Condutores (aéreos, subterrâneos e submarinos) de:
‐ Electricidade,Telecomunicações,Petroleo,Gás e Água
a. A Lei de Terras define uma área de protecção 50m confinante. • “quando, por razões de interesse público, a produção, transporte ou distribuição de
energia eléctrica implique a utilização, ocupação, dano ou destruição de bens imóveis e direitos a eles relativos ou a limitação e imposição de um encargo sobre direitos existentes relativamente e a esses, a outorga de concessão é condicionada à previa expropriação (…)” Lei de Energia Elétrica (Art 30)
C‐ DEFESA NACIONAL
C1. Fronteira Terrestre
• A área de protecção parcial compreende a faixa de 2 quilómetros.
C2. Domínio Público Marítimo
• Compreende as águas interiores o mar territorial, a zona e a faixa de terra que orla as águas marítimas até 100m medidos a patir da linha de preia‐mar.(Lei do Mar, Art 19)
C3. Domínio Público Lacustre e Fluvial
• O leito e as águas lacustres e fluviais navegáveis, bem como as respectivas faixas de terra até 50 metros medidos a partir da linha máxima de tais águas. .(Lei do Mar, Art 20).
C4. Instalações Militares
• Área de Protecção Parcial numa faixa de 100m confinante (Lei de Terras)
C5. Aeroportos e Aeródromos
• Área de protecção parcial com faixa de terreno de 100 metros confinate; (Lei de Terras)
C6. Unidades Operativas de Gestão
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D – CARTOGRAFIA E PLANEAMENTO
D1. Marcos Geodésicos
• Para cada zona de protecção total e parcial existe um regime que é determinado em legislação específica onde definem‐se as restrições e usos permitidos.
S.R.U.P. dos Planos de Estrutura do Municipio de Maputo e do Municipio da Matola
PEUM‐Matola Segundo o Regulamento do Plano de Estrutura do Municipio da Matola são as zonas de protecção total ou parcial, servidões administrativas e restrições de utilidade pública indentificadas e indicadas graficamente na planta de condicionantes, o uso do solo seguidamente indicadas:
a. Espaço para actividade agrícola; b. Espaços afectos à estrutura ecológica do Município; c. A faixa da orla fluvial; d. Património Arquitectónico e Urbanístico; e. Zonas de segurança e protecção de elementos, equipamentos e instalações especiais.
As zonas de protecção especial, as servidões e restrições de utilidade pública referidas no plano de Estrutura do Municipio da Matola, tem como objectivos:
a. A segurança dos cidadãos; b. O funcionamento e ampliação das infra‐estruturas e equipamentos; c. O enquadramento e defesa do património cultural e ambiental; d. A execução de infra‐estruturas programadas ou já em fase de projecto.
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Fig 1. Mapa de condicionantes, PEUMMatola
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PPEUM‐Maputo
Fig 2. Mapa de condicionantes, PEUMMaputo
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Quadro comparativo da categorização das S.R.U.P. Moçambique, Portugal
MOÇAMBIQUE PORTUGAL A. CONSERVAÇAO
DO PATRIMONIO
A1.PATRIMONIO NATURAL A1.1. Recursos hidricos A1.2.Explorações de recursos A1.3.Protecção da fauna e flora A1.4.Patrimonio florestal A1.5 Protecção ambiental A2.PATRIMONIO CULTURAL A2.1.Bens do patrimonio cultural A2.2.Zona de protecção Arquelogica
A1.PATRIMONIO NATURAL A1.1.Recursos hidricos: A1.2.Recursos Geologicos A1.3.Areas de reserva e protecção de solos e de especies vegetais A2.PATRIMONIO EDIFICADO A2.1.Imoveis classificados A2.1.Edificios publicos
B. PROTECÇAO DE INFRA‐ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS
B1. INFRA‐ESTRUTURAS BÁSICAS B1.1.Escolas B1.2.Hospitais B2. INFRA‐ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES B2.1. Linhas Férreas e Estações Ferroviárias B2.2. Estradas Primárias/ Secundárias/ Terciárias/ Auto‐Estradas B2.3. Instalações e Condutores (aéreos, subterrâneos e submarinos)
B1. INFRA‐ESTRUTURAS BÁSICAS B2. INFRA‐ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES B2.1.Rede rodoviaria nacional B2.2.Rede rodoviaria municipal B2.3.Vias Férreas B2.4.Aeroportos B.3 EQUIPAMENTOS E ACTIVIDADES B3.1.Edificios escolares B3.2.Equipamentos de saude B3.3.Estabelecimentos industriais B.3.4 Produtos Explosivos
C. DEFESA NACIONAL
C1. FRONTEIRA TERRESTRE C2. DOMÍNIO PÚBLICO MARÍTIMO C3. DOMÍNIO PÚBLICO LACUSTRE E FLUVIAL C4. INSTALAÇÕES MILITARES C5. AEROPORTOS E AERÓDROMOS
C1. DEFESA NACIONAL C2.ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS E TUTELA DE MENORES C3.INSTALAÇÕES ADUANEIRAS
D. CARTOGRAFIA E PLANEAMENTO
D1. MARCOS GEODÉSICOS D1. MARCOS GEODÉSICOS
L.Planeamento II S.R.U.P. ‐ Servidões e restrições de Utilidade Pública 20
Autor: Edson da Piedade Pereira Docentes: Arqto J.Tique e Arqta C.Cruz
CONCLUSÃO
1. As S.R.U.P. constituem as condicionantes de qualquer tipo de intervenção de âmbito territorial, estão mencionadas nos regulamentos dos instrumentos de gestão territorial, são representadas em termos cartograficos na Planta de condicionantes.
2. Em Moçambique são determinados baseando‐se nas zonas de protecção total e parcial definidas na actual lei de terras, em conformidade com a legislação específica para cada condicionante onde se fará sempre remissão a estas de forma a que não haja uma contradição.
3. As SRUP tem como principal função salvaguardar o interesse público, garantindo a integridade dos espaços públicos em conformidade com a legislação especifica e apresentadas nos regulamentos dos planos em seus respectivos mapas de condicionantes.
4. Para o Município da Matola, as condicionantes são as infra-estruturas de transporte comunicação (Estradas, linha férrea, a redes de abastecimento publico), a zona ribeirinha no Waterfront que apresenta condicionantes de natureza natural (mangal e dominio publicom lacustre).
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