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Bens e ServiçosEcossistémicos
Os ecossistemas estão na base de toda a vida e actividade humana. Os bens e serviços que oferecem são fundamentais para a manutenção do bem-estar e para o desenvolvimento económico e social futuro.
Entre os benefícios oferecidos pelos ecossistemas contam-se os alimentos, a água, a madeira, a purifi cação do ar, a formação do solo e a polinização.
Porém, as actividades humanas estão a destruir a biodiversidade e a alterar a capacidade dos ecossistemas saudáveis para produzirem esta vasta gama de bens e serviços.
Muitas sociedades do passado não tiveram em conta a importância dos ecossistemas. Estes eram frequentemente considerados bens públicos e, consequentemente, subestimados.
Os cientistas prevêem que um aumento da população mundial para 8 mil milhões até 2030 poderá originar uma escassez dramática de alimentos, água e energia.
A perda dos serviços dos ecossistemas naturais irá exigir alternativas dispendiosas. O investimento no nosso capital natural irá economizar dinheiro a longo prazo e é importante para o nosso bem-estar e sobrevivência futura.
É necessária uma maior sensibilização dos decisores e do público em geral para o valor económico dos bens e serviços ecossistémicos. Se não agirmos agora para pôr termo ao declínio, a humanidade irá pagar um elevado preço no futuro.
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Ecossistema
Como são complexas e inesperadas a interacção e as relações recíprocas entre os seres vivos que lutam num mesmo espaço.
Charles Darwin: A Origem das Espécies
As populações de abelhas domésticas estão a diminuir.Estes insectos são necessários para polinizar muitas culturas agrícolas e o seu desaparecimento teria consequências económicas signifi cativas
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Facto 1: A Humanidade necessita dos “bens e serviços ecossistémicos”
Um “ecossistema” é uma combinação complexa e dinâmica de plantas,
animais, microrganismos e ambiente natural, que vivem em conjunto
como uma unidade e que dependem uns dos outros. “Biodiversidade”
engloba todas as inúmeras formas de vida resultantes destas parcerias.
Alguns ecossistemas são conhecidos, outros são mais exóticos.
Um prado é um ecossistema em que os insectos polinizam as fl o-
res e as ervas. O gado alimenta-se dessas plantas, e o seu estrume,
decomposto pelos organismos existentes no solo, ajuda, por sua
vez, a nutrir a terra onde as plantas se desenvolvem. Cada um dos
elementos do ciclo depende dos outros para sobreviver.
Os recifes de coral formam ecossistemas em que os peixes e as for-
mações de corais, as rochas e água do mar interagem. Cerca de 500
milhões de pessoas em todo o mundo utilizam os recifes de coral
para o turismo, a pesca, a cultura de pérolas e outras actividades.
Os ecossistemas da Terra oferecem à Humanidade uma vasta gama de
benefícios conhecidos como “bens e serviços ecossistémicos”. Os bens
produzidos pelos ecossistemas incluem alimentos (carne, peixe, legumes,
etc.), água, combustíveis e madeira, enquanto os serviços incluem o for-
necimento de água e a purifi cação do ar, a reciclagem natural de resíduos,
a formação do solo, a polinização e os mecanismos de regulação que a
natureza, por si mesma, utiliza para controlar as condições climatéricas e
as populações de animais, insectos e outros organismos.
Devido ao facto de muitos destes bens e serviços terem estado sempre
disponíveis gratuitamente, sem mercados e sem preços atribuídos, o seu
verdadeiro valor a longo prazo não é incluído nas estimativas económicas
da sociedade.
Os peritos identifi caram quatro tipos diferentes de serviços, todos eles
fundamentais para a saúde e para o bem-estar humano.
Os serviços de fornecimento oferecem os bens, como os alimen-
tos, a água, a madeira e a fi bra.
Os serviços de regulação regem o clima e a pluviosidade, a água
(por exemplo, as inundações), os resíduos e a disseminação de
doenças.
Os serviços culturais abrangem a beleza, a inspiração
e a recreação que contribuem para o nosso bem-estar
espiritual.
Os serviços de apoio incluem a formação do solo, a
fotossíntese e a renovação dos nutrientes, que estão na
base do crescimento e da produção.
Uma vez que alguns serviços importantes podem ainda
não se encontrar identifi cados, devemos adoptar uma
abordagem de precaução a fi m de preservar o nosso
património natural.
Facto 2: A perda de biodiversidade está a destruir as funções dos ecossistemas
A biodiversidade, essencial para a sobrevivência dos ecossistemas, está
sob pressão, e uma grande parte já desapareceu. A reafectação dos solos,
incluindo a intensifi cação da agricultura e a urbanização, a sobreexplora-
ção, a poluição, as alterações climáticas, e as espécies alóctones que com-
petem com a fl ora e fauna autóctones, estão a causar danos nos ecossis-
temas naturais. Uma vez destruídos, a sua recuperação é dispendiosa e,
por vezes, impossível.
Estudos recentes revelam que:
11% das áreas naturais existentes no mundo em 2000 poderão
desaparecer até 2050.
Quase 40% dos actuais terrenos agrícolas correm o risco de ser
transformados em culturas intensivas.
60% dos recifes de corais poderão desaparecer até 2030.
Na Europa, até 80% dos diferentes tipos de habitats protegidos
estão ameaçados.
Nos últimos 100 anos, as actividades humanas multiplicaram a
extinção de espécies por 50-1000.
As pessoas desfavorecidas, nomeadamente nos países em desenvolvi-
mento, são as que mais riscos correm com a perda de biodiversidade,
uma vez que dependem com mais frequência directamente dos bens e
serviços ecossistémicos.
Estamos, claramente, a gastar a um ritmo excessivo o capital natural da
Terra. A preservação dos ecossistemas é um dever ético, bem como uma
necessidade prática das gerações actuais e das que hão-de vir. A Humani-
dade tem de entender que é apenas um fi o entre muitos na teia da vida
e que não podemos continuar a explorar o planeta sem pagar um preço.
Facto 3: Se não agirmos, pagaremos um preço muito elevado
A avaliação dos bens e serviços ecossisté-
micos é, em termos fi nanceiros, um desafi o
hercúleo. Estimativas antigas apontavam
para valores na ordem de biliões de euros
por ano. Reunidos em Potsdam, na Alema-
nha, em Março de 2007, os ministros do
Ambiente das economias mais importantes
O fornecimento de água potável é fundamental para a saúde e sobrevivência humana.
A natureza desempenha um papel crucial na preservação do bem-estar espiritual das pessoas.
Turistas e campistas desfrutam da beleza dos ecossistemas naturais.
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do mundo concordaram em lançar um estudo global sobre os bene-
fícios económicos da biodiversidade, comparando os custos da
perda com os custos de medidas de conservação efi cazes.
O estudo resultante, The Economics of Ecosystems and Biodiversity
[A Economia dos Ecossistemas e a Biodiversidade] (TEEB), é uma
iniciativa da Comissão Europeia e da Alemanha, em conjunto com
outros parceiros.
Na sua primeira publicação, o relatório intercalar TEEB de Maio de 2008,
fez uma primeira tentativa de apresentar um quadro quantitativo global, em que
avaliava a perda anual de serviços ecossistémicos em 50 mil milhões de euros.
Estimava que, se nada for feito, só a perda da biodiversidade terrestre poderia
custar 7% do PIB até 2050, com a perda dos serviços dos ecossistemas marinhos
a aumentar substancialmente este valor. O relatório apresentava recomenda-
ções, como o fi m dos subsídios prejudiciais para o ambiente e a criação de
“mercados” para os serviços ecossistémicos.
A segunda fase do TEEB (2008-2010) irá propor um quadro detalhado
para a avaliação económica dos serviços ecossistémicos, para que o
seu valor seja tomado em consideração na tomada de decisões em
todos os níveis relevantes. Deverá também contribuir para os Objec-
tivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas.
Facto 4: A UE está a tomar medidasO Plano de Acção da UE para a Biodiversidade (2006) defi ne o que é
necessário fazer para travar a perda de biodiversidade até 2010. A avaliação
intercalar deste plano (2008) mostrou a difi culdade em cumprir a meta. Todos os
parceiros têm de intensifi car e manter os seus esforços, também a partir de 2010.
A nível internacional, a UE está a promover uma melhor governação e a
reforçar as regras que ajudam a proteger os ecossistemas. A UE é uma das
191 partes signatárias da Convenção das Nações Unidas sobre a Biodiversi-
dade (CDB). Iniciativas recentes através da CDB incluem normas destinadas
a garantir a sustentabilidade da produção de biocombustíveis, critérios para
as áreas marinhas protegidas (AMP) a inclusão da biodiversidade nas nego-
ciações sobre as alterações climáticas.
A UE atribui milhões de euros em ajuda externa destinados à conservação
da biodiversidade. Também aborda a questão das negociações comerciais,
através de avaliações do impacto na sustentabilidade (AIS). Um dos prin-
cipais objectivos internacionais é a partilha dos benefícios dos recursos
genéticos, um importante produto dos ecossistemas, de uma forma justa
e equitativa.
Facto 5: A rede Natura 2000 protege os ecossistemas
A rede Natura 2000 é a pedra angular da política de biodiversidade da UE. Trata-se
de uma rede de mais de 25 000 sítios de protecção especial em toda a UE que
proporciona amplos benefícios socioeconómicos, entre os quais se contam os
benefícios directos do turismo e das actividades de recreio, mas também bens e
serviços ecossistémicos como o controlo de inundações, a despoluição da água,
a polinização, e a reciclagem dos nutrientes.
Em 2007 e 2008, a Comissão começou a tomar medidas no sentido de
aperfeiçoar as suas estimativas dos custos e desenvolver formas mais ade-
quadas de avaliar os benefícios socioeconómicos associados à rede e a
cada um dos sítios.
Facto 6: Necessitamos de um quadro que avalie os bens e produtos ecossistémicos
Se os ecossistemas naturais não forem salvaguardados, os produtos e serviços
que oferecem tornar-se-ão cada vez mais raros e procurados. Por exemplo, neste
momento raramente pagamos o valor real do fornecimento de água, mas isso
poderá ter de mudar. Em Maio de 2008, um longo período de seca obrigou a cidade
de Barcelona a começar a importar água de outras zonas de Espanha a um custo
estimado em 22 milhões de euros por mês.
Os animais, como as ovelhas, não nos fornecem apenas alimentos. Desde há séculos que a Humanidade necessita deles para o vestuário, o transporte e como companhia.
A Humanidade utiliza madeira para a construção, aquecimento e abrigo. As fl orestas também absorvem o CO
2 nocivo.
A inspiração artística é um dos “serviços culturais” oferecidos pelos ecossistemas. Van Gogh recriou os girassóis em alguns dos seus mais belos quadros.
Dependemos das culturas e das plantas para obtermos produtos alimentares de base como o caso do pão, o arroz e as massas, assim como a fruta e os legumes, que fazem parte de uma dieta saudável.
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Outras leituras:Sítio Web do TEEB da Direcção-Geral do Ambiente:
http://ec.europa.eu/environment/nature/biodiversity/economics/index_en.htm
Relatório da Avaliação dos Ecossistemas do Milénio:
http://www.millenniumassessment.org/documents/document.356.aspx.pdf
Avaliação intercalar da implementação do Plano de Acção da UE sobre Biodiversidade,
anexo 3:
http://ec.europa.eu/environment/nature/biodiversity/comm2006/pdf/consolidated_profi le.pdf
EEA Briefi ng: Ecosystems services – accounting for what matters [Serviços ecossistémicos –
contabilizar o que é importante]:
http://www.eea.europa.eu/publications/briefi ng_2008_2
Fichas de informação GreenFacts:
http://www.greenfacts.org/en/ecosystems/
Grasping the climate crisis – A provocation from the Tällberg Foundation, Sweden
[Entender a crise do clima – Uma provocação da Fundação Tällberg, Suécia]:
www.tallbergfoundation.org
Os serviços ecossistémicos e a biodiversidade na Europa, Conselho Consultivo Científi co das
Academias:
www.easac.eu
A Avaliaçãodos Ecossistemas do MilénioAvaliação dos ecossistemas é um meio de avaliar os diferentes aspectos da saúde dos ecossistemas e o fornecimento de bens e serviços ecossistémicos.
Em 2000, as Nações Unidas lançaram a iniciativa global de Avaliação dos Ecossistemas do Milénio (MA). O relatório MA, concluído em 2005, concluiu que dois terços dos serviços ecossistémicos da Terra estão em declínio ou ameaçados. No âmbito da iniciativa de acompanhamento global MA, a UE está empenhada no desenvolvimento de uma avaliação sub-global (SGA) para a região europeia. A nova avaliação a nível global está prevista para 2015.
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A Agência Europeia do Ambiente (AEA) destacou a necessidade de técnicas de con-
tabilização dos ecossistemas destinadas a analisar a relação entre os sectores eco-
nómicos e a sua dependência e impactos sobre os bens e serviços ecossistémicos.
Em última análise, estes dados devem ser tidos em conta nos processos de decisão
política e na gestão local dos recursos naturais. Segundo os cálculos da AEA, o valor
global dos serviços gerais oferecidos pelas zonas húmidas – como a purifi cação da
água e absorção de carbono – pode ser de cerca de 2,5 mil milhões de euros por
ano.
Estão a ser desenvolvidos programas de pagamento dos serviços ecossistémicos em
muitos países em todo o mundo. São essenciais para a atribuição de recompensas
adequadas aos proprietários rurais que protegem serviços ecossistémicos preciosos
para a sociedade.
Facto 7: A sensibilização para a importância dos ecossistemas saudáveis está a aumentar
A evolução recente a nível da UE demonstra que os decisores políticos estão a
mudar a sua perspectiva e a integrar a saúde dos ecossistemas em algumas políticas
sectoriais. Por exemplo:
A directiva da UE relativa aos pesticidas está a ser revista a fi m de proporcionar
uma maior protecção a espécies específi cas, como as abelhas.
A política europeia de desenvolvimento rural para 2007-2013 prevê a atribui-
ção de incentivos aos agricultores que assumirem compromissos ambientais.
A reforma da política agrícola comum tem por objectivo reforçar a protec-
ção da paisagem e recompensar os agricultores que vão além dos métodos
tradicionais e plantam sebes, criam lagos ou deixam os campos por cultivar.
É necessário um conhecimento mais exacto para aumentar a nossa compreensão
das ligações entre a biodiversidade, os ecossistemas e o bem-estar humano. A pro-
posta de um mecanismo internacional de articulação entre o mundo da ciência e o
da política visa reforçar a avaliação e a consultoria científi ca independentes na ela-
boração de políticas a nível global em matéria de biodiversidade e de serviços ecos-
sistémicos. No Espaço Europeu da Investigação, a UE e os Estados-Membros devem
velar por que o fi nanciamento da investigação apoie adequadamente a política de
biodiversidade.
A fotossíntese realizada pelas plantas captura o carbono e gera ar para respirarmos.
Substâncias naturalmente presentes em espécies de plantas constituem a base de mais de 50% dos medicamentos sujeitos a receita médica
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