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Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Novas dinâmicas de consumo
Sociedade de Consumo
Renato Emanuel Nogueira Gomes
Coimbra, 2008
FICHA TÉCNICA Título: Novas dinâmicas de consumo: Sociedade de consumo
Autor: Renato Emanuel Nogueira Gomes
Ano do curso: 1º Ano de Sociologia
Nº de aluno: 20080960
Imagem da capa:
http://www.enciclopedia.com.pt/images/221_post.jpg
Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Fontes de Informação
Sociológica sob a orientação do Professor Paulo Peixoto
Coimbra, Dezembro de 2008
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Índice
1.Introdução ...................................................................................................................... 1
2.Estado das Artes ............................................................................................................ 2
2.1.Sociedade de consumo ........................................................................................... 2
2.2.Prejuízos e Desperdício .......................................................................................... 5
2.3.As novas superfícies comerciais e o “drugstore” ................................................... 7
2.4.Consumismo / Consumo ............................................................................................. 8
3.Descrição pormenorizada do processo de pesquisa ..................................................... 11
4.Avaliação de uma página da internet ........................................................................... 13
5.Ficha de leitura ............................................................................................................ 15
5.1.Resumo ................................................................................................................. 16
5.2.Estrutura ............................................................................................................... 16
6.Conclusão .................................................................................................................... 18
7.Referências Bibliográficas ........................................................................................... 20
Anexo A: Página da internet avaliada
Anexo B: Texto suporte da ficha de leitura
1
1.Introdução
Escolhi este tema pois parece-me um tema actual e interessante que apresenta
uma grande variedade de conteúdos. Desta forma foi necessário dividi-lo em subtemas
como: Sociedade de Consumo (tema principal); Prejuízos e Desperdício; As novas
superfícies comerciais e o “drugstore”, por último, o Consumismo / Consumo.
Este trabalho, que tem como principal tema a Sociedade de consumo, produzido
no âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociológica, pretende englobar todo
um conjunto de problemáticas que distinguem esta sociedade, nomeadamente o
consumismo, este que acarreta consigo consequências graves, especialmente, para os
consumidores, que veêm neste acto uma forma de vida.
Desta feita, o “consumismo” será explicado e razões serão dadas para
compreender as causas que levam os consumidores a este acto desmesurado de
consumo.
Seguidamente, não estando a apresentação dos tópicos pela ordem como foram
realizados no trabalho, descreve-se os problemas fundamentais que esta sociedade e a
massificação da produção que lhes está subjacente provocam no meio urbano, mais
especificamente, na própria sociedade e no meio ambiente.
Por último, expõe-se a relevância do “drugstore” como forma de alternativa aos
ordinários centros comerciais, pela sua oferta de “matéria cinzenta” como indica
Baudrillard (1991).
Todos os tópicos foram aqui relatados, ficando apenas por dizer que este
trabalho irá apresentar, ainda, uma descrição detalhada da pesquisa sobre a execução do
mesmo, a avaliação de uma página da internet, uma ficha de leitura referente a um dos
livros utilizados na resolução do trabalho e, por fim, serão apresentadas algumas
conclusões, de forma a sintetizar tudo o que foi concebido.
2
2.Estado das Artes
2.1.Sociedade de consumo
A sociedade de consumo, é um termo utilizado na economia e na sociologia, que
designa um tipo de sociedade capitalista e que se caracteriza pelo consumo massivo de
bens e serviços.
A sociedade de consumo é um tipo de sociedade que primariamente impulsiona
a capacidade dos seus consumidores, promove e encoraja a escolha de um estilo de vida
consumista e uma estratégia de vida que foge a todas as opções culturais.
Crucial e talvez o propósito mais decisivo no consumismo nesta sociedade “do”
consumo não é a satisfação das suas necessidades, dos seus desejos ou quereres, mas
sim, o aumento do seu status, torna-se importante, para alguns, a relevância da sua
condição social.
O consumismo é o principal mecanismo desta sociedade de “estatuto”. Como
refere Bauman (2007: 78), “ Consumismo é a suprema actividade solitária” (tradução
nossa).1
Regressando ao ponto principal deste tema, vou me referir a um dos mais
importantes objectivos desta sociedade, a procura da felicidade. Um motivo invocado e
explorado nas campanhas de marketing procurando encontrar as fragilidades dos seus
membros, fazendo-os despender grandes quantias de dinheiro. A sociedade de
consumidores é, provavelmente a única sociedade na história da humanidade que
promete a felicidade na vida terrena, e a felicidade aqui e agora. No entanto não existe
qualquer observação, qualquer estudo que indique que o aumento do consumismo traz
consigo o aumento da felicidade.
A sociedade de consumo é ainda uma sociedade de aprendizagem de consumo e
de iniciação social ao consumo, ou seja, um modo novo e especifico de socialização em
relação a novas forças produtivas e a um sistema económico de alta produtividade.
1 Deixo este ponto mais para a frente onde vou fazer referência tanto ao
consumismo como ao consumo.
3
Referente a uma massificação do produto e a uma certa irracionalidade por parte
desta sociedade emergiram grupos e instituições que representassem os interesses dos
consumidores, estes têm como objectivo defender os valores sociais e lutar contra os
abusos do consumismo, diligenciando promover uma maior consciência da necessidade
de mudanças, surgiu assim o consumerismo. Poder-se-á dizer que esta massificação deu
origem a uma progressiva educação do consumidor, elevando assim o seu grau de
exigência.
Nesta sociedade, os denominados “grupos” deram lugar aos “swarms” como
refere Bauman (2007: 76), estes ao contrário dos grupos não possuem uma autoridade,
uma hierarquia com os seus respectivos líderes, unicamente são atraídos pelos vários
objectos em movimento e em constante mutação; dispersam-se e voltam a agrupar-se de
uma ocasião para a outra, nunca sendo certo o seu tempo. Como refere Baudrillard
(1991):
“A sociedade de consumo resulta do compromisso entre princípios
democráticos igualitários, que conseguem aguentar-se com o mito da
abundância e do bem-estar, e o imperativo fundamental de manutenção de
uma ordem de privilégio e de domínio.”
Um dos veículos para promover e induzir ao consumo, não sendo nenhuma
novidade mas que está sempre presente no nosso dia-a-dia, é a publicidade. Mas este
tipo de publicidade não representa nenhum tipo de categoria sendo denominada por
«fait divers» na comunicação de massa2. A curiosidade e o desconhecido designam um
mesmo comportamento generalizado e sistematizado pela prática das comunicações de
massa e é característico da “nossa” «sociedade de consumo». Nesta era, somos
bombardeados por imagens sobre todo o tipo de assuntos, tanto passa por imagens de
felicidade, como é o caso desta época do ano, onde o Natal alegra a grande parte da
população, mas que também não está livre das suas contradições, e das suas tristezas,
enquanto muitos têm um jantar em família e recebem, de forma sistemática e habitual os
seus presentes, outros são obrigados a necessitar da ajuda de instituições de apoio ou
ficam apenas com a sua própria solidão esperando que aquele dia passe depressa, pois a
felicidade dos outros não lhes mata a fome nem lhes traz a felicidade que esperariam. 2 “São fatos desconectados de historicidade jornalística, ou seja, referem-se apenas ao seu carácter interno e seu interesse como fato inusitado, pitoresco. Em geral, remetem a temas considerados "leves", curiosos, não muito sérios e sem comprometer seriamente ninguém.” (wikipédia, 2008)
4
Este foi apenas um exemplo, visto que existem muitos outros que explicitavam bem esta
forma de consumo, como é o caso da violência que nos é demonstrada todos os dias. “A
quotidianidade (…) É gulosa de acontecimentos e de violência, contanto que lhe seja
servida em casa” (Baudrillard, 1991: 25-26)
Para finalizar e para passar ao próximo tema deste trabalho, de referir que esta
sociedade de consumo não se caracteriza apenas pelo crescimento individual das
despesas, vem acompanhada pelas despesas assumidas por terceiros em benefício dos
particulares. Uma sociedade que acata consigo enormes riscos tanto sociais como
naturais e que todos nós sofremos as suas devastadoras consequências, isto a respeito do
ponto seguinte intitulado “Prejuízos e desperdício”.
5
2.2.Prejuízos e Desperdício
Os progressos na massificação e na disposição de bens e de equipamentos
individuais e colectivos cada vez mais numerosos, oferecem em contrapartida
«prejuízos» que vão sendo cada vez mais graves. São consequências do
desenvolvimento industrial, do progresso técnico e das próprias estruturas de consumo.
Aqui estão alguns dos possíveis prejuízos:
• Poluição do ar e da água;
• Destruição das paisagens e lugares;
• Perturbação das zonas residenciais pela implantação de novos
equipamentos (aeroportos, auto-estradas, etc.)
• Ruído;
• Os automóveis: originam um défice técnico, psicológico e
humano; a despesa suplementar em gasolina, as verbas para o
cuidado das vítimas de acidentes, etc., tudo isto é contabilizado
como consumo.
• Como refere Baudrillard (1991: 34), “os «prejuízos culturais»
devido aos efeitos técnicos e culturais da racionalização e da
produção de massa, são rigorosamente incalculáveis.”
Estes prejuízos crescem segundo o mesmo ritmo de abundância. O progresso
rápido na produção das riquezas é a mobilidade da mão-de-obra, que apresenta como
consequência a instabilidade do emprego. Esta situação provoca um desgaste
psicológico e nervoso, causado por múltiplos danos, tais como, o trajecto
domicilio/trabalho, superpopulação, agressões e “stress” contínuos. A sociedade de
consumo causa nos seus membros um sentimento de insegurança generalizada.
Associado com as sociedades ricas está o desperdício, já foi até possível falar de
uma «civilização do caixote do lixo». Não se consegue compreender o desperdício nem
as funções que lhe estão associadas, se nele virmos somente o esbanjamento residual do
que deveria ter sido consumido, não o sendo.
6
Os que defendem o mito da irresistível vinda da abundância são os, que em
geral, deploram o desperdício.
Segundo Baudrillard (1991: 38),
“Todas as sociedades desperdiçaram, dilapidaram, gastaram e consumiram sempre além do estrito necessário, pela simples razão de que é no consumo do excedente e do supérfluo que, tanto o individuo como a sociedade, se sentem não só existir, mas viver.”
Toda a produção e despesa que vá para além do necessário, da estrita
sobrevivência, pode ser assumida como desperdício, assim é necessário que se arrisque
manter e manifestar uma diferença significativa entre o necessário e o supérfluo, pois o
desperdício ocorre a todos os níveis, não apenas na moda do vestuário ou na
alimentação, mas também nos exageradíssimos orçamentos militares ou a nível
industrial em que se gera uma renovação de máquinas de poucos em poucos anos em
vez de uma amortização das primeiras.
O que hoje é produzido não se fabrica em função do seu valor de uso ou da sua
duração mas sim em função da sua escassa duração, da sua “morte”. A publicidade
realiza um papel preponderante neste aspecto de diminuir a relação entre valor e tempo
dos objectos, sujeitando e evidenciando a sua constante renovação e apresentando
estáveis alternativas para o desejo humano.
A sociedade de consumo necessita dos seus objectos para existir e sente
necessidade de os “destruir”, pois o seu uso conduz apenas a um desgaste lento. Reter
os bens em «stock» é um sinal de angústia para esta sociedade consumista, só na
“destruição” é que os objectos existem por excesso e com o seu desaparecimento
demonstram um sinal de riqueza e poder.
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2.3.As novas superfícies comerciais e o “drugstore”
As novas superfícies comerciais, além de se terem multiplicado de uma forma
extraordinária ao longo dos últimos anos, possuem uma importância a nível cultural e
económica que não pode ser contestada. Nestas superfícies, em que o consumo é algo
quase inevitável, praticamente todas as necessidades, todos os desejos podem ser
correspondidos devido à diversidade de lojas, de espaços de lazer e divertimento, de
zonas alimentares, já para não falar que estes centros comerciais são revestidos por
parques de estacionamento que facilitam a sua acessibilidade. As publicidades referem-
se aos centros comerciais como sendo uma nova forma e uma nova maneira de viver.
Patenteiam como uma série de actividades podem ser executadas no mesmo sítio e num
curto espaço de tempo: comprar as provisões alimentares, os vestidos, o último romance
ou a última quinquilharia, enquanto os filhos podem ir a um filme, no fim podem ir
almoçar ou jantar todos juntos.
A diversidade dos seus bens e serviços, a forma como tudo é previamente disposto
espacialmente, torna o consumo, como algo, quase inconsciente.
“Aliada ao processo de diversificação da oferta, a sofisticação do ambiente é outro factor de referência obrigatório, (…) que molda sobremaneira as práticas de consumo conferindo-lhes um carácter menos reflectido.” (Peixoto, 1995 : 149)
A síntese da profusão e do cálculo é o “drugstore” (ou os novos centros
comerciais). Se os “típicos” centros comerciais fornecem o “espectáculo feirante da
mercadoria” (Baudrillard, 1991: 18), o “drugstore” propõe a parte subtil do consumo,
em que se serve da ambiguidade dos objectos e enaltece o seu estatuto de utilidade e de
mercadoria. O “drugstore” modernizar-se-á ao ponto de oferecer conhecimento, assim
os consumidores são educados, não para um consumo em massa, mas sim, para um
consumo inteligente, onde se torna mais exigente a escolha do produto.
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2.4.Consumismo / Consumo
Hoje em dia existe uma evidência fantástica do consumo e da abundância. O
Homem não se encontra tanto rodeado por outros Homens mas, mais, por objectos. A
permanente celebração do objecto por parte da publicidade e as mensagens e imagens,
repetidamente, emitidas pelos «mass media» são uma constante.
O miraculoso ganha aqui um papel fundamental, na medida em que, rodeia um
todo dispositivo de objectos e de sinais característicos de felicidade. Segundo
Baudrillard (1991: 21-22),
“… é o pensamento mágico que governa o consumo, é uma mentalidade sensível ao miraculoso que rege a vida quotidiana é na mentalidade primitiva, no sentido que foi definida como baseada na crença na omnipotência dos pensamentos: no caso presente, trata-se da crença na omnipotência dos signos. A opulência, a «afluência» não passa da acumulação de signos da felicidade. As satisfações que os objectos em si conferem são (…) o reflexo antecipado da Grande satisfação virtual, da Opulência total da Jubilação derradeira dos miraculados definitivos, cuja esperança louca alimenta a banalidade quotidiana.”.
O consumo é um assunto banal ou, até podemos dizer, trivial, na medida em que
todos nós fazemo-lo diariamente, em todo o tipo de ocasiões, tanto festivas como
apenas no simples decorrer dos nossos dias. O consumo é uma permanente e
irremovível condição e aspecto da vida. De acordo com Soares Caetano (2004), existem
seis factores principais responsáveis por influenciarem a propensão do consumo que
vou de seguida enunciar:
• “Uma alteração no salário real, O consumo será deste modo, uma
função do rendimento real e não do rendimento nominal …”
• “Uma alteração na diferença entre o rendimento e o rendimento
líquido.”
• “Variações não previstas dos valores do capital não utilizadas no
cálculo do rendimento.”
9
• “Variações da taxa de preferência temporal, isto é, do rácio da
preferência entre consumo presente e futuro. (…) este factor
inclui todo o tipo de riscos. Um exemplo será a hipótese de não
viver no futuro, o que não permitirá consumir no futuro o que não
consome no presente.”
• “Politica fiscal sobre os rendimentos não provenientes do
trabalho.”
• “Antecipações de rendimentos futuros. Este factor é determinante
no cálculo da propensão individual a consumir.”
Se o rendimento do agregado alimentar aumentar, isto não nos garante que este
acréscimo seja utilizado em necessidades adicionais de consumo, mas, por outro lado,
caso o rendimento decresça, é certo, que o consumo vai diminuir, podemos assim dizer,
que o consumo e o rendimento são complementares, porque apesar de não ser certa a
utilização do acréscimo do rendimento em consumo, há uma grande probabilidade de
isso acontecer, visto que o Homem se torna, cada vez mais, dependente dos objectos,
dos bens e serviços oferecidos pela sociedade.
Os «mass media» e, recentemente, as novas tecnologias de informação e
comunicação (TIC), têm demonstrado serem meios de facilitar o fascínio pelos objectos
e a sua respectiva compra. A internet demonstra um papel preponderante, apresentando
uma interactividade simples, de fácil comunicação e da relativa proximidade entre a
maior parte dos pontos do planeta. O comércio on-line começa a ganhar adeptos.
Ao contrário do consumo, primariamente um traço e uma ocupação de um ser
humano individual, o consumismo è um atributo da sociedade. Para a sociedade adquirir
este atributo é necessário ter a capacidade individual para querer, desejar e ansiar. A
apropriação e a possessão de bens assegura o conforto e afeição que podem ser os
principais motivos por de trás dos desejos humanos e anseios da sociedade de produção.
O consumismo pode ser considerado o acto de consumir produtos e serviços, em
alguns casos, inconscientemente. Como já aqui foi referido, a publicidade utilizada
pelas empresas, bem como a televisão, etc., induz a um consumo desnecessário, sendo
este um fruto do capitalismo e um fenómeno das sociedades contemporâneas. O
consumo tem por norma o consumo daquilo que è estritamente necessário, enquanto o
consumismo, vai mais longe, até ao denominado consumo do produto supérfluo, que
10
pode não trazer nada de novo à vida de uma pessoa, mas que ela tem necessidade de
experimentar. Este factor traz ao tema novos dois pontos, o da violência e o da
compulsão. Em relação ao primeiro, o consumismo gera violência porque na maioria
dos crimes quando se rouba ou furta faz-se por vontade de ter certo produto, da
necessidade de experimentar, não porque lhes é útil. Quanto ao segundo, as pessoas
compram coisas compulsivamente que sabem que não lhes vai trazer qualquer tipo de
utilidade mas fazem-no com o propósito de atender à sua vontade de comprar.
A apropriação e a possessão de bens assegura conforto e estima e, pode bem ser,
o principal motivo dos desejos humanos.
Nesta era, enormes quantidades de produtos são fabricados que servem para
assegurar o futuro, prometendo um constante conforto pessoal e poder.
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3.Descrição pormenorizada do processo de pesquisa
Escolhi o tema “Novas dinâmicas do consumo” entre um vasto conjunto de
temas, pois foi aquele que me despertou maior interesse e curiosidade. Dentro deste
vasto tema, optei por realizar um trabalho sobre a “Sociedade de Consumo”. De acordo
com esta escolha, procurei nos catálogos tanto do Centro de Estudos Sociais (CES)
como da biblioteca, Faculdade de Economia, livros que fossem pertinentes para a
realização e evolução do projecto. Em relação aos livros encontrados no CES, o que foi
mais referido durante o trabalho e que foi, possivelmente, o livro a que mais recorri, foi
o livro “A sociedade de Consumo” de Jean Baudrillard.
Na biblioteca da Faculdade de Economia apenas encontrei uma dissertação de
mestrado que me ajudou, fundamentalmente, na parte do trabalho acerca do consumo.
Aquando da pesquisa dos livros nos sites, encontrei uma revista intitulada “Revista
Crítica de Ciências Sociais” que continha um artigo realizado pelo professor da cadeira
Doutor Paulo Peixoto, que tinha como titulo “A sedução do consumo. As novas
superfícies comerciais urbanas”, este ajudou-me no tópico As novas superfícies
comerciais e o “drugstore”, no entanto, só consegui obter este artigo através de suporte
electrónico, visto que já deveria estar reservado em suporte escrito.
Nos catálogos da biblioteca da Faculdade de Economia e do Centro de Estudos Sociais
realizei uma pesquisa com os mesmos descritores; “consumo” em qualquer campo. Na
primeira obtive 260 resultados, na segunda 116 resultados, depois de ao fim já ter
encontrado todo o material que necessitava destas duas fontes é que percebi que poderia
ter feito uma pesquisa mais específica que me iria poupar mais tempo através de
resultados mais objectivos, não o fiz, mas apesar disso obtive resultados satisfatórios.
Tive um pequeno percalço, que foi ter conseguido arranjar 3 livros, e a respectiva
revista e dissertação, mas que por esquecimento, e depois de ter as fotocópias já tiradas,
não ter escrito ou anotado nenhuma informação sobre um dos livros e o seu autor,
reduzindo assim o meu trabalho a 2 livros apenas, mas que apesar disso penso que
obtive bastante, e pertinente, informação acerca do assunto.
Pesquisei ainda no motor de pesquisa “Google” pelos seguintes descritores em
pesquisa simples; “consumo” e “consumismo”. Na primeira pesquisa obtive 64.100
12
resultados, mas não encontrei nenhum site que me cativasse; na segunda obtive 1.940
resultados, nesta, o primeiro site que encontrei foi o da “wikipédia” que tinha alguma
informação bastante interessante. Ainda neste site, pesquisei com o seguinte descritor;
sociedade de consumo, tendo encontrado, também, informação pertinente para a
resolução do trabalho. Para obter informação acerca do autor da minha ficha de leitura,
Jean Baudrillard, também recorri a este site, pois não tinha qualquer informação acerca
dele que pudesse ser útil para a realização da ficha de leitura.
Foi através do recurso à internet que encontrei o site com vista a sua avaliação:
http://dn.sapo.pt/2005/03/15/sociedade/consumo_e_cada_mais_personalizado.html
A minha ideia inicial de como realizar o trabalho era a de sublinhar e resumir
todo o material que tinha conseguido, assim juntava depois por temas o que tinha
conseguido, mas verifiquei que isto ia ser moroso então não decidi resumir, mas sim,
pôr títulos em tudo o que tinha sublinhado, e, desta forma, verifiquei que havia muita
matéria relacionada e desta forma pude “encontrar” os subtemas principais, deixando de
lado alguma matéria, que apesar de interessante e de estar relacionada com o tema
escolhido, não estava de acordo com estes subtemas. Através deste processo, penso que
economizei tempo e restringi a matéria apenas ao que interessava.
Foi assim que resolvi realizar este trabalho, tendo sempre em conta as minhas
possibilidades e as minhas limitações, mas que, apesar de tudo, considero vá de acordo
com o objectivo do trabalho.
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4.Avaliação de uma página da internet
Nesta parte do trabalho foi-nos pedido que avaliássemos uma página da internet,
dentro de um lote vasto de páginas da Web, a minha opção foi a seguinte:
http://dn.sapo.pt/2005/03/15/sociedade/consumo_e_cada_mais_personalizado.html.
Na minha opinião, é uma página que contém informação que poderia ser muito
bem utilizada no trabalho, devido ao facto de ser pertinente e relevante, na medida em
que explica o consumo em Portugal e a tardia chegada da sociedade de consumo ao
nosso país, simplesmente não foi empregada pois a avaliação da página da internet, não
sendo a última parte do trabalho a ser arrematada, foi das últimas, e caso usufruísse da
sua informação, aquela que previamente se encontrava nos textos apresentados teria de
ser alterada.
Regressando ao site e à sua respectiva avaliação, este apresenta um conjunto de
ideias e tópicos, tais como, o atraso da massificação do consumo em Portugal; que a
sociedade de consumo em Portugal è baseada em produtos importados; demonstra,
ainda, como em alguns países a massificação do consumo já começa a diminuir,
começando a haver uma melhor escolha do produto (qualidade e não quantidade).
O site é bastante acessível, podendo ser consultado por qualquer pessoa, em
qualquer computador desde que esteja ligado à Internet, o facto de estar escrito em
português, é outro ponto a seu favor, pois é melhor para a sua análise e para quem não
tem um grande conhecimento linguístico.
Em relação à parte gráfica ou estética é bastante simples, discreta e atractiva,
com cores claras, o tamanho e o tipo de letra estão adequados a uma fácil leitura,
contribuindo para esta, também, os restantes factores.
A data remonta a Março de 2005, apesar de já não ser recente, eu considero a
sua informação bastante actualizada. Este site tem como fim único disponibilizar
informação acerca de variadíssimos temas e assuntos, visto que se trata de um site
correspondente a um jornal diário.
Fazendo uma avaliação geral deste site, concluo que é um site que mostra uma
grande diversidade de assuntos, não apenas dentro do meu, mas no geral. A informação
encontrada é bastante credível e completa, estando todos os dias em constante
actualização. De ter em conta, ainda, que se trata de um site “limpo”, ou seja, um site
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sem qualquer tipo de publicidade supérflua e desnecessária, que se remete apenas à
informação que pretende transmitir ou que as pessoas pretendem visualizar.
15
5.Ficha de leitura
Título do livro: A sociedade de consumo
Autor: Jean Baudrillard
Local onde se encontra: Biblioteca da F.E.U.C e do CES
Data da publicação: 1991
Local de edição: Lisboa
Cota: Na F.E.U.C: 316.7 BAU;
No CES: 366 BAU
Nº de páginas: 15-43
Assunto: A sociedade de consumo
Palavras-chave: consumo de abundância; “drugstore”; miraculado do consumo;
quotidianidade; prejuízos e desperdício do consumo.
Data de Leitura: Dezembro de 2008
Observações: Nenhuma a registar
Notas sobre o autor: Jean Baudrillard
Jean Baudrillard nasceu em França, mais propriamente em Reims a 27 de Julho
de 1929 e morreu a 6 de Março de 2007 em Paris.
Sociólogo, filósofo, poeta e fotógrafo, desenvolveu um conjunto de teorias que
incidem sobre os impactos da comunicação e dos “média” na sociedade e na cultura
contemporâneas. Estas suas teorias rejeitam o discurso da “verdade absoluta” e
contribuem para que se questione o domínio imposto pelos signos.
Apresenta uma postura profética e apocalíptica que se transmitem em teorias
irónicas e que em grande parte incidem sobre a definição do papel do homem neste
ambiente.
Como poeta e fotógrafo, desenvolveu uma intensa actividade artística, com
diversas exposições por todo o mundo.
Teve como influências grandes nomes da sociologia, filosofia e antropologia,
tais como, Karl Marx, Sigmund Freud, Claude Lévi-Strauss, respectivamente.
16
Ficha de leitura
5.1.Resumo
Este capítulo do livro baseia-se em torno da sociedade de consumo e de tudo que
lhes esteja directo ou indirectamente associado (exemplo: prejuízos e desperdício). O
autor refere o miraculoso como meio que governa o consumo, exemplificando-o através
dos signos. Indica, ainda, como a publicidade tem um relevo fundamental na divulgação
do produto e na manipulação das mentalidades dos consumidores.
O “drugstore” é aqui indicado como uma alternativa aos, habituais, centros
comerciais, na medida em que levam o consumidor a ser mais selectivo, escolher
menos, mas com qualidade.
A felicidade e a importância do seu status social são características presentes
nesta sociedade de “abundância”.
5.2.Estrutura
Numa primeira abordagem ao capítulo, o autor mostra como a sociedade está
rodeada por uma evidência fantástica de consumo e de abundância de produtos, e, como
este facto é celebrado pelos “mass media”.
Seguidamente, é referido o “drugstore”, que é caracterizado pelo autor como
sendo “os novos centros comerciais”, nesta parte do capítulo, salienta-se a forma como
este ganha um papel cultural, consideravelmente superior, ao dos “velhos” centros
comerciais, que o único objectivo é vender em grandes quantidades não atendendo à
qualidade dos produtos, nem cativando o consumidor para que este faça uma escolha
melhor do que, habitualmente, faz.
O miraculado do consumo, tema seguinte deste capítulo, demonstra como os
objectos possuem sinais característicos de felicidade, é este miraculado que governa o
consumo e rege a vida quotidiana. A felicidade dos signos é que causa opulência e
«afluência» aos produtos e bens.
17
Posteriormente, fala da comunicação de massa, demonstrando nesta parte do
tema que a dimensão do consumo não é o conhecimento do mundo nem o da ignorância
completa, mas sim, o desconhecido. A curiosidade e o desconhecido designam um
comportamento global de acordo com o real, é um comportamento generalizado pela
prática das comunicações de massa, e, desta forma, característico da sociedade de
consumo.
Ainda dentro deste ponto da comunicação de massa, outro ponto é referido: a
quotidianidade.
Como conclusão do capítulo de referir todos os aspectos negativos que provêm
desta massificação do consumo e desta sociedade “material”. Os pontos seguintes são
referentes ao prejuízo e ao desperdício: nem toda a inovação traz consigo vantagens,
exemplo disso são os enormes riscos que tanto a sociedade como o ambiente estão
sujeitos por causa desta enorme abundância de bens e equipamentos, que vai gerar
também custos aos consumidores que serão contabilizados como consumo. Um prejuízo
que tem perdas colossais, é o «prejuízo cultural» devido a racionalização do consumo e
ao consumo em massa.
O autor faz referência a uma série de prejuízos que cada vez se tornam mais
constantes na nossa sociedade, tais como, o “stress”, a superpopulação, mudança
constantes de emprego e, provavelmente, o mais importante, o sentimento de
insegurança generalizado.
O aumento desmesurado de bens e/ou produtos tem levado a um desperdício
que, em grande parte dos casos nas sociedades ricas, não consegue ser explicado,
porque é astronómica a quantidade de “lixo” deitado fora que poderia não o ser
considerado. Desta forma, é fulcral que se tente distinguir o que é estritamente
necessário e o que é supérfluo.
Através de tudo que foi referido anteriormente e fazendo uma síntese geral do
capítulo tendo em atenção a sua estrutura, podemos chegar à conclusão, que a sociedade
de consumo é uma sociedade que tem como estrita mentalidade o consumo, vê neste
acto a felicidade e o prestígio, tem no “drugstore” a possibilidade de realizar um
consumo mais inteligente. Os signos do miraculado ofuscam os consumidores com a
transmissão de sinais positivos. As imagens televisivas e de qualquer outro meio de
transmissão de “massa” são consumidas devido à curiosidade e ao desconhecimento que
o “espectador” apresenta. As inovações de abundância acarretam consigo enormes
riscos prejudicais ao bem sociedade, da pessoa individual, do ambiente, etc.
18
6.Conclusão Após o desenvolvimento deste trabalho, tirei as seguintes ideias que penso que
sejam aquelas que devem ser salientadas. A sociedade de consumo é uma sociedade que estimula a prática do consumo a
todos os níveis, querendo, por força, promover um novo estilo de vida, em que os seus
membros são os representantes máximos da sociedade;
As campanhas de publicidade influenciam os consumidores a optar por um
consumo em massa. Este tipo de consumo gera uma felicidade característica
representativa da sociedade;
A curiosidade e o desconhecido são características desta mesma sociedade;
Prejuízos e desperdício são o que esta sociedade de “opulência”3 transporta
consigo. A massificação de bens e serviços gera grandiosos problemas que podem ser
constatados por toda a população, exemplo: poluição da água e do ar (consequência
natural, que, por sua vez, afecta a sociedade, tornando-se também uma consequência
social). O desperdício, não está associado a nenhuma razão específica, resulta, apenas,
do simples facto da população consumir o que não necessita, consome para além do que
é estritamente necessário para sobreviver.
As novas superfícies comerciais têm evoluído a um nível surpreendente, o seu
crescimento traz consigo uma importância, sobretudo, a nível económico que tem de ser
posta em evidência. No entanto, surge o “drugstore” como alternativa a estas
superfícies, caracterizadas pela massificação do consumo. O “drugstore” promove a
qualidade das escolhas de bens não a quantidade, apesar das superfícies comerciais
também terem a sua importância a nível cultural, não pode ser comparado com a
importância que esta representa no “drugstore”.
O consumo é um assunto banal, pois ocorre a toda a hora em todo lado, um
processo global generalizado. Mas, em contrapartida, o consumismo já é um atributo da
sociedade, o consumidor é maravilhado por uma série infindável de objectos e tem
necessidade de os ter a todos, não porque lhes seja útil, mas sim pela simples razão de
os possuírem (compulsão).
3 Como pôde ser constatado ao longo do trabalho, várias denominações foram dadas à sociedade de consumo e que apesar de nenhuma ser uma designação “oficial”, todas apresentam a mesma ideia, de que a sociedade de consumo é uma sociedade capitalista e que ostenta a condição social dos seus membros.
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Estas, penso que são as principais conclusões retiradas do trabalho, um trabalho
que teve as suas dificuldades em realizar, mas que se mostrou ser uma experiência
gratificante, porque não me vai ajudar apenas nesta cadeira mas sim em todas que seja
necessário desenvolver um trabalho semelhante.
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7.Referências Bibliográficas
1- Livros:
- Baudrillard, Jean (1991), A sociedade de consumo. Lisboa, Edições 70.
- Bauman, Zygmunt (2007), Consuming Life. Cambridge, Polity Press.
2- Revista:
- PEIXOTO, Paulo (1995), “A sedução ao consumo. As novas superfícies
comerciais”. Revista Critica de Ciências Sociais, 43, 147-169.
3- Dissertação de mestrado:
- Soares Caetano, Sandra … (2004), “O consumo e a “nova economia”.
Transformação com peso e na medida.”, Dissertação de mestrado em economia na
especialidade de economia financeira, 5 - 64. Coimbra: Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra.
4- Sites:
Wikipédia (2008), “Consumismo”, página consultada em 29 de Dezembro.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Consumismo
Wikipédia (2008), “Sociedade de consumo”, página consultada em 29 de Dezembro.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_de_consumo
Wikipédia (2008), “Jean Baudrillard”, página consultada em 29 de Dezembro.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard
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Wikipédia (2008), “Faits divers”, página consultada em 30 de Dezembro.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fait_divers
Anexo A: Página da internet avaliada: http://dn.sapo.pt/2005/03/15/sociedade/consumo_e_cada_mais_personalizado.html
Anexo B: Texto suporte da ficha de leitura
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