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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS
LUCIANA FERREIRA MENEZES
MECANISMOS E INSTRUMENTOS ESTATAIS DE FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL: UM PANORAMA DA ÚLTI MA
DÉCADA
SALVADOR 2008
LUCIANA FERREIRA MENEZES
MECANISMOS E INSTRUMENTOS ESTATAIS DE FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL: UM PANORAMA DA ÚLTI MA
DÉCADA
Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.
Orientador: Prof. Me. Ihering Guedes Alcoforado de Carvalho.
SALVADOR 2008
LUCIANA FERREIRA MENEZES MECANISMOS E INSTRUMENTOS ESTATAIS DE FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL: UM PANORAMA DA ÚLTIMA DÉCADA Aprovada em 22 julho de 2008. Orientador: _____________________________________________
Prof. Me. Ihering Guedes Alcoforado de Carvalho Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA _____________________________________________ Lívio Andrade Wanderley Prof Dr. da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA _____________________________________________ Arismar Cerqueira Sodré Prof. Me. da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, José Menezes e Rita Menezes (in memorian), que com simplicidade e muito amor imprimiram em mim grandes valores. Aos meus irmãos Adriana e Geonildo, que sempre me motivaram com exemplos de superação e palavras de coragem, e que por inúmeras vezes financiaram os meus sonhos. À minha segunda família: Mariele, por me adotar como caçula e por cuidar tão bem do meu pai e Matheus que veio na hora certa e nos trouxe muita alegria. “A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família” (Tolstoi). Ao meu orientador e amigo professor Ihering Alcoforado pelo incentivo, pela disponibilidade constante e pela paciência com que me aconselhou nos momentos de inquietação. Agradeço pela confiança e por ter acreditado em mim quando da troca de tema. Aos demais professores da FCE, por terem contribuído para minha formação acadêmica, sobretudo na formação de senso crítico. Aos professores Osvaldo Guerra e Antônio de Pádua, por despertarem em mim o interesse por uma Economia além da sala de aula, numa época em que eu estava desanimada. "Um professor afeta a eternidade; é impossível dizer até onde vai sua influência” (Henry Adams). A todos os amigos do Instituto Euvaldo Lodi – Núcleo Regional Bahia – aos que estão e aos que já passaram por lá – onde pude ampliar os meus conhecimentos preenchendo a lacuna existente entre a academia e o mercado de trabalho, além de ter contato, na prática, com o assunto que ora apresento. Aos muitos amigos que fiz na FCE, das turmas de 2002, 2003 e 2004, sem exceção, por dividirem comigo as aflições de uma graduação e do trade-off entre trabalho e estudo. A José dos Anjos, por ter me incentivado a fazer o vestibular e por ser o meu eterno conselheiro; a Lucila Pacheco pelas horas divididas na biblioteca e pela amizade que construímos fora da universidade; a Edsonei Mascarenhas, Leonardo Cardoso e Juliana Reis pela companhia valiosa em 2007, que me permitiu conhecê-los melhor e admirá-los ainda mais; e a George Oliveira um grande amigo que, mesmo sem saber, tem me ensinado muito sobre a vida. Aos demais amigos por fazerem parte da minha vida e por estarem ao meu lado sempre que precisei. “Amicus certus in re incerta cernitur”. De maneira muito especial, a Joilson Carvalho, fã e colaborador número um dos meus escritos, que sempre respeitou as minhas escolhas e me apoiou em todas elas, de forma irrestrita. Agradeço por seu amor, sabedoria e paciência, que têm me inspirado a tentar ser o melhor que eu posso a cada dia. A essa força divina que me guia e me protege, pela conclusão de mais uma etapa da vida que se consuma neste trabalho.
A inovação sempre significa um risco. Mas ir ao supermercado de carro para comprar pão também é arriscado. Qualquer atividade econômica é de alto risco e não inovar – isto é, preservar o passado – é muito mais arriscado do que construir o futuro.
Peter Drucker
RESUMO O presente trabalho intitulado “Mecanismos e instrumentos estatais de financiamento à inovação tecnológica no Brasil: um panorama da última década” consolida um estudo voltado para a questão da inovação. A inovação não interage de forma espontânea com a competitividade no mercado porque a atividade inovativa envolve riscos, sendo necessária a intervenção do Estado, por meio mecanismos e instrumentos de financiamento, para compartilhar com essas empresas os riscos inerentes do processo. O presente estudo, de natureza exploratória, tem como objetivo traçar o panorama atual, utilizando alguns indicadores de esforço e de resultado, do alcance do apoio governamental – via instrumentos de financiamento – à inovação na última década e suas repercussões no desempenho inovativo do setor privado. Para realização do estudo foram utilizados os indicadores atuais disponíveis na Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e nas publicações da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI), além dos balanços, relatórios e estatísticas disponibilizados pelos agentes financiadores da inovação, como Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e Financiadora de Estudos e Pesquisas (FINEP). O que se coloca como problemática é a resposta do setor privado – cujo desempenho é considerado baixo – ao apoio dado pelo governo do que tange ao financiamento da inovação.
Palavras-chave: Inovação tecnológica. Financiamento da inovação.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 – Graus de incerteza x tipos de Inovação................................................... 18 Gráfico 1 – Empresas brasileiras inovadoras (1998 – 2005)...................................... 22 Gráfico 2 – Taxa de inovação (1998 – 2005)............................................................. 23 Tabela 1 – Perfil das empresas brasileiras inovadoras por região (UF)..................... 24 Quadro 2 – Mecanismos técnicos de execução de políticas públicas de inovação tecnológica.............................................................................................. 33 Quadro 3 – Mecanismos financeiros de execução de políticas públicas de inovação tecnológica. ............................................................................................. 33 Tabela 2 – Número de projetos por região financiados com recursos dos fundos setoriais, por meio da Finep e do CNPq, no período de 2001 a 2008...... 38 Tabela 3 – Volume de recursos dos projetos financiados com recursos dos Fundos setoriais, por meio da Finep e do CNPq, no período de 2001 a 2008...... 39 Figura 1 – Configuração da Política Econômica e a inserção do PACTI MCT 2007/2010.................................................................................................. 43 Gráfico 3 – Desempenho (em R$ milhões) operacional do sistema BNDES (1997-2007)............................................................................................... 49 Gráfico 4 – Número de empresas que receberam apoio do governo (1998 – 2005) Gráfico 5 – Número de empresas que receberam apoio do governo por porte e por modalidade (2003-2005).................................................................... 51
LISTA DE SIGLAS ANPEI Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras. BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. C,T&I Ciência, Tecnologia e Inovação. CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. CTA Centro Técnico Aeroespacial DCR Programa Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional. FAP Fundação de Amparo à Pesquisa. FINEP Financiadora de Estudos e Projetos. FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ICT Instituição Científico-Tecnológica. MCT Ministério da Ciência e Tecnologia. MPEs Micro e Pequenas Empresas. P&D Pesquisa e Desenvolvimento. PACTI Plano de ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional PAPPE Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas. PINTEC Pesquisa de Inovação Tecnológica. PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11 2 A QUESTÃO DA INOVAÇÃO 14 2.1 CONCEITOS E TIPOLOGIAS DA INOVAÇÃO 14 2.2 A INOVAÇÃO E OS SEUS RISCOS 17 2.3 O PERFIL DA INOVAÇÃO NO BRASIL 21 3 A SITUAÇÃO ATUAL 26 3.1 O CONTEXTO INSTITUCIONAL DE INCENTIVO À INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA NA ÚLTIMA DÉCADA 26
3.1.1 Marcos regulatórios 26 3.1.2 Mecanismos e instrumentos de financiamento à inovação tecnológica 31 3.1.2.1 Fundos Setoriais 36 3.1.2.2 Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior 39 3.1.2.3 Plano de ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento
Nacional 43
3.2 AS AGÊNCIAS DE APOIO À INOVAÇÃO 45 3.3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS 50 4 PROPOSTAS E SUGESTÕES 54 5 CONCLUSÕES SUGESTIVAS 57 REFERÊNCIAS 58 APÊNDICES 62 ANEXOS 63
11
1 INTRODUÇÃO
A inovação tecnológica1 – atualmente – é considerada essencial para o aumento da
competitividade e cada vez mais se encontra presente na formulação de políticas estatais de
desenvolvimento. Ao invés de matérias-primas, bens fixos e tangíveis como determinantes da
competitividade dos países, o que se observa hoje é que nações estão investindo cada vez
mais em conhecimento, ou seja, pesquisa e inovação, aspectos fundamentais no mercado
mundial fortemente regulado pelo domínio da tecnologia.
Num mundo globalizado as empresas mais dinâmicas e rentáveis são aquelas mais inovadoras
que, ao invés de competir em mercados saturados pela concorrência, criam seus próprios
mercados e usufruem de monopólios temporários por meio de patentes e segredo industrial.
Assim, a inovação torna-se estratégia para ampliar oportunidades de ganhos econômicos e
sociais, sendo, portanto, “elemento-chave da competitividade dinâmica e sustentável” e da
mudança econômica (CASSIOLATO, 2005, p. 681).
O eixo da competitividade nos últimos anos tem se voltado para o lado do conhecimento e da
inovação. Deste processo resulta a “economia baseada em conhecimento”, conceito que surge
a partir da década de 1980, num momento conjuntural em que as comunicações ganham
elevada facilidade e velocidade e quando há um novo formato do comércio internacional
devido à nova dinâmica da globalização. Para Oslo, a economia do conhecimento é:
[...] uma expressão utilizada para descrever tendências em economias avançadas no sentido de maior dependência do conhecimento, informação e altos níveis de especialização, e a crescente necessidade de pronto acesso a esses fatores pelos setores privado e público (MANUAL DE OSLO, 1997, p. 35).
A competitividade, então, está cada vez mais combinada na capacidade de adaptação às
mudanças tecnológicas e na geração contínua de idéias originais incorporadas aos produtos,
processos e relacionamentos. Tão importante quanto conquistar competitividade é manter-se
competitivo, e isto pode ser possível com investimentos em conhecimento tecnológico,
1 Segundo o Manual da Inovação (2008), uma inovação é tecnológica quando esta é resultado da aplicação de conhecimentos obtidos através da pesquisa científica aplicada a produtos ou processos de produção.
12
desenvolvimento do capital humano e inovação contínua, conjunto de fatores que geram um
ciclo virtuoso para a economia.
Embora a inovação tecnológica tenha adquirido importância crescente como determinante da
competitividade, as empresas brasileiras (em especial as micro e pequenas) possuem baixa
capacidade de inovação tecnológica e, conseqüentemente, baixa competitividade. Essa baixa
competitividade reduz ainda mais as possibilidades de alocação de recursos destinados à
inovação, e não inovando as empresas tendem a perder ainda mais competitividade no
mercado.
Essa interação entre inovação e competitividade não se dá de forma espontânea pelo mercado
porque a atividade inovativa envolve riscos, que só podem ser assumidos por empresas que
possuam competências para reduzir estes riscos; sem competitividade torna-se inviável o
investimento em inovação. Desta forma, faz-se necessária à intervenção do Estado, por meio
da alocação de fundos públicos para compartilhar com essas empresas os riscos inerentes do
processo inovativo.
Este trabalho possui como objetivo geral traçar o panorama atual, utilizando-se de alguns
indicadores de esforço e de resultado2, do alcance do apoio governamental – via instrumentos
de financiamento – à inovação na última década e suas repercussões no desempenho inovativo
do setor privado. A idéia é que esta análise forneça subsídios aos formuladores e operadores
para o aperfeiçoamento das políticas públicas de incentivo à inovação.
Como objetivos específicos, pretende-se conhecer os conceitos e tipologias da inovação,
levantar os instrumentos e marcos regulatórios da inovação tecnológica no Brasil, identificar
os principais mecanismos estatais, as instituições de apoio à inovação e analisar o
direcionamento dos incentivos governamentais às empresas brasileiras.
Para verificar o desempenho inovativo do setor privado, em parte resultado de intervenções
do Estado, serão utilizados os indicadores atuais disponíveis na Pesquisa de Inovação
Tecnológica (PINTEC), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
e nas publicações da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das
2 A análise dos indicadores de resultado ficará restrita aos dados estatísticos disponíveis atualmente e às possíveis deficiências no processo de coleta dos mesmos.
13
Empresas Inovadoras (ANPEI). No que tange aos programas governamentais e políticas
públicas de incentivo serão utilizados os balanços, relatórios e estatísticas disponibilizadas
pelos agentes financiadores da inovação, como Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e
pela Financiadora de Estudos e Pesquisas (FINEP).
Com este propósito, o trabalho consta desta introdução mais três partes e uma conclusão. Na
primeira parte, apresentam-se as contribuições teóricas que serão utilizadas como fio condutor
deste estudo. Na segunda parte, apresenta-se a situação atual, destacando o contexto
institucional, a formação do ambiente inovador no Brasil e o seu marco regulatório, bem
como as agências de apoio à inovação. Além disso, são apresentadas algumas evidências
empíricas relacionadas ao desempenho inovador das empresas brasileiras. Na terceira parte
são apresentadas as propostas e sugestões e, por fim, são apresentadas as sugestões para
trabalhos futuros.
14
2 A QUESTÃO DA INOVAÇÃO
2.1 CONCEITOS E TIPOLOGIAS DA INOVAÇÃO
A transformação da estrutura e da organização do processo de inovação das economias
industrializadas, durante o século XX, foi um aspecto muito importante na evolução dessas
economias e o avanço tecnológico foi o responsável por grande parte do aumento da
competitividade.
Para Whitehead apud Movery e Rosenberg (2005) “por toda a sua reorganização e
institucionalização, a ocorrência dos impactos econômicos dos avanços científicos e
tecnológicos do século XX exigiu melhorias e refinamentos significativos dos produtos aos
quais eles estão incorporados”. Muitas economias de industrialização recente, como a Coréia
do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, saíram da posição de economias tecnologicamente
atrasadas alcançando a posição de economias modernas.
Nos EUA, a mudança tecnológica no século XX resultou numa ampla oferta de novos
produtos e processos de produção e foi fortemente marcado pela institucionalização e
sistematização do processo inventivo. Essa institucionalização da atividade inventiva foi
resultado dos avanços da pesquisa organizada com a inovação (MOVERY; ROSENBERG,
2005).
Etimologicamente, a palavra “inovação” deriva da palavra latina innovatione, que significa
renovação (BAPTISTA, 1999). Schumpeter (1983) – autor reconhecido como marco
fundamental na introdução do conceito de inovação e dos avanços tecnológicos no
desenvolvimento de empresas e da economia – considera que a produção de outras coisas, ou
as mesmas coisas com método diferente, significa utilizar “novas combinações”3 dos meios
produtivos e esta combinação é o determinante da competitividade econômica. Para o autor, o
desenvolvimento econômico e sua dinamicidade são conseqüências de novas combinações
dos fatores que já existem e que resultarão em novos produtos e/ou processos substituindo a
estrutura antiga. As novas combinações ocorrem quando há:
3 Para Schumpeter (1983, p. 77), a realização de combinações novas significa o “emprego diferente da oferta de meios produtivos existentes no sistema econômico”.
15
[...] Introdução de um novo bem [...] ou de uma nova qualidade de um bem. Introdução de um novo método de produção [...]. Abertura de um novo mercado [...]. Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados [...] e o estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de monopólio [...] (SCHUMPETER, 1983, p. 76).
Diversos trabalhos têm discutido a problemática da inovação. Os conceitos de inovação se
aproximam no que diz respeito ao caráter de novidade, porém não apresentam um consenso
(TARALLI, 1996). Neste estudo pretende-se apresentar os conceitos mais importantes acerca
da inovação existentes, principalmente, no Manual de Oslo (1997), obra comumente utilizada
como referência pelas agências de financiamento à inovação.
O sistema capitalista é marcado por dinamicidade na forma de produzir, comercializar,
distribuir os bens e também nos padrões de consumo. É a tecnologia que impulsiona a busca
por mais lucros por meio da diferenciação. Neste ambiente de intensa competição, a eficiência
e a produtividade deixam de ser diferenciais competitivos para se tornarem condições
necessárias à sobrevivência das empresas.
Não é apenas o conhecimento tecnológico que proporciona melhoramentos. Outras formas de
conhecimento contribuem para desenvolver inovações, que se dividem em inovações de
produto (bem ou serviço), processo, marketing e organizacionais. O impacto que cada
melhoramento tem sobre a economia e sobre o desempenho da empresa depende do tipo de
inovação implementada (MANUAL DE OSLO, 1997, p. 55).
O conceito de inovação não se limita apenas à criação de produtos, serviços, processos ou
tecnologias. Conceitos mais abrangentes podem ser observados em Lemos (2000, p. 5), e no
Manual de Frascati (2008, p. 27) que consideram que a atividade de inovação tecnológica:
[...] envolve diferentes etapas no processo de obtenção de um produto até o seu lançamento no mercado. Não significa algo necessariamente inédito4, nem resulta somente da pesquisa científica. Não se refere apenas a mudanças na tecnologia utilizada por uma empresa ou setor, mas inclui também mudanças organizacionais, relativas às formas de organização e gestão da produção.
[...] são o conjunto de etapas científicas, tecnológicas, organizativas, financeiras e comerciais, incluindo os investimentos em novos
4 Como é o caso de uma inovação incremental, cujo conceito aparece mais adiante.
16
conhecimentos, que levam ou que tentam levar à implementação de produtos e de processos novos ou melhorados. [...] é a renovação e alargamento da gama de produtos e serviços e dos mercados associados a criação de novos métodos de produção, de aprovisionamento e de distribuição e a introdução de alterações na gestão, na organização do trabalho, bem como nas qualificações dos trabalhadores.
Quando a inovação envolve características originais ou substancialmente melhoradas do
serviço oferecido aos consumidores, trata-se de uma inovação de produto. Segundo o Manual
de Oslo (1997), pode-se considerar como uma inovação de produto a introdução de um bem
ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou
usos previstos.
Com raciocínio similar, uma inovação de processo é a implementação de um método de
produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Neste caso, a inovação
envolve equipamentos e/ou habilidades para o desempenho do serviço novo ou
substancialmente melhorado. É possível ter uma inovação de produto e processo ao mesmo
tempo, devendo esta envolver melhorias substanciais nas características do serviço oferecido
e nos métodos, equipamentos e/ou habilidades usados para seu desempenho (MANUAL DE
OSLO, 1997).
O Manual de Oslo (1997, p. 59) faz referência a outro tipo de inovação, a inovação de
marketing, e a define como sendo “a implementação de um novo método de marketing com
mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento
do produto, em sua promoção ou na fixação de preços”.
Uma inovação é caracterizada como organizacional, segundo o Manual de Oslo (1997, p.61),
se “a inovação compreende o primeiro uso de novos métodos organizacionais nas práticas de
negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da empresa”.
Quanto à abrangência ou alcance, todas as inovações devem conter algum grau de novidade.
Três conceitos para a novidade das inovações são tratados no Manual de Oslo, a saber: nova
para a empresa, nova para o mercado, e nova para o mundo. Desta forma, uma inovação nova
para o mundo possui um grau de novidade qualitativamente maior do que uma inovação nova
somente para o mercado ou somente para empresa.
17
No que se refere à intensidade, a inovação pode ser radical ou disruptiva e incremental
(contínua). Uma inovação radical ou disruptiva altera radicalmente os padrões atuais, gerando
novos produtos, serviços, aplicações e experiências sem similares – neste caso – trata-se de
uma mudança de paradigma (MANUAL DE OSLO, 1997). Freeman apud Lemos (2000, p.
124) define inovação incremental como “uma introdução de qualquer tipo de melhoria em um
produto, processo ou organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na
estrutura industrial”.
O Manual da Inovação (2008, p. 13) traz, ainda, uma terceira classificação, a inovação
revolucionária observada “quando os novos produtos têm um impacto tão grande sobre o
sistema produtivo que podem tornar obsoletas as bases tecnológicas existentes, criar novos
mercados e até alterar o comportamento da sociedade”.
Partindo da premissa de que as inovações são capazes de gerar vantagens competitivas, inovar
torna-se muito importante, se não necessário, para a sustentabilidade não somente das
empresas, pois os benefícios gerados pela inovação não se limitam às empresas. As inovações
possibilitam no âmbito regional e nacional o aumento do nível de emprego e renda, além do
acesso ao mundo globalizado.
Em qualquer caso, as mudanças tecnológicas não afetam apenas a economia. Elas provocam
transformações, por vezes profundas, nas instituições e na maneira que os homens controlam
o próprio processo produtivo.
A literatura confirma, portanto, que a busca por inovação deve ser permanente, já que ela é
inerente ao processo de concorrência entre as empresas, que têm na inovação a forma de
concorrência mais importante, diferenciando-se das demais pela incorporação do progresso
técnico, seja no campo da inovação tecnológica (produto e processo) ou inovação
organizacional e de marketing.
2.2 A INOVAÇÃO E OS SEUS RISCOS Com a importância da economia de mercado, os países e/ou as empresas inovam para alcançar
outros mercados e reduzir custos. Essas duas alternativas implicam na obtenção de lucros
mais altos para as organizações. No entanto, para inovar é preciso ter uma boa idéia ou capital
18
para investir em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e, dentre as motivações da
empresa para inovar, estão:
O aumento dos lucros/margens, a diversificação de produtos, a diferenciação de produtos, a satisfação das necessidades dos consumidores, nomeadamente as emergentes, a fidelização do cliente, a manutenção ou aumento da quota de mercado, a manutenção de uma posição estratégica no mercado, o aproveitamento de novas oportunidades de negócio, a criação de mercados, a personalização do serviço, o reforço da capacidade competitiva no mercado (redução de custos de produção), o aproveitamento de economias de escala, o aproveitamento de sinergias (gama de produtos, tecnologias, estrutura comercial), a melhoria da qualidade dos produtos, a melhoria dos processos de fabrico, a modernização tecnológica, a minimização da erosão do negócio, o reforço da imagem no mercado e a protecção contra os ciclos econômicos (BAPTISTA, 1999, grifo nosso).
O entendimento da inovação como ponto central para o desenvolvimento econômico foi
destacado por Schumpeter (1982), que considera que ela impulsiona os ciclos de crescimento
da economia. Entretanto, as inovações normalmente envolvem custos e, como toda aplicação
econômica, riscos de não obtenção do recurso investido. Esses riscos são mapeados em
Freeman (1974) que relaciona os graus de incerteza com os tipos de inovação.
Grau de incerteza Tipo de inovação
Verdadeira incerteza Pesquisa básica
Invenção fundamental
Grau muito alto de incerteza Inovação radical em produtos Inovação radical em processos (realizada fora da empresa)
Alto grau de incerteza Inovação significativa em produtos
Inovação radical em processos (realizada dentro da empresa)
Moderado grau de incerteza Nova geração de produtos já estabelecidos
Pouca incerteza
Licenciamento de inovações Imitação de inovações em produtos
Modificações em produtos e processos Adoção de processos (na fase inicial do ciclo de vida)
Pouquíssima incerteza
Novo modelo de produto estabelecido Diferenciação de produtos
Agenciamento de inovação de produtos estabelecidos
Adoção de processos (na fase de maturidade do ciclo de vida) Pequenas melhorias técnicas em produtos e processos
Quadro 1 – Graus de incerteza x Tipos de Inovação Fonte: (FREEMAN 1974, p. 226, tradução livre).
19
Assim, “independente da forma como seja conduzido, o processo de inovação tem
determinados riscos inerentes” (BAPTISTA, 1999, p.1). Admitindo-se que a inovação é tão
importante para a capacidade competitiva das empresas em longo prazo, por que os
indicadores de inovação são insatisfatórios? A resposta para este questionamento tem sido
buscada por vários autores. As decisões que envolvem inovação afetam todo o ambiente do
negócio e são, particularmente, difíceis devido às muitas incertezas que as cercam.
A inovação seja ela de caráter tecnológico ou não, envolve muitas dificuldades e barreiras a
serem vencidas para ir da sua etapa inicial de criação até a colocação do novo produto no
mercado ou o novo processo em operação. Para Quandt (2008, p.1), “o processo de inovação
inclui todos os passos necessários - técnicos, gerenciais, comerciais e financeiros - para
introduzir um produto ou processo, novo ou aperfeiçoado, no mercado”.
A inovação tecnológica não é um processo único ou estático, pelo contrário, é algo dinâmico e
precisa ser constante; é influenciada, por vários fatores, como: interação entre os
pesquisadores, estrutura organizacional da empresa, ambiente econômico, político, social,
dentre outros. Em contrapartida, as inovações só são viáveis se existir, de fato, a interação
entre as estruturas sociais e institucionais dentro de um esforço para inovação, ou seja, uma
ambiência propícia às atividades inovativas.
Diferentemente da abordagem tradicional (neoclássica)5, os neo-schumpeterianos (teoria
evolucionária) consideram a tecnologia como fator endógeno à dinâmica econômica, além de
ser um processo descontínuo e irregular que influenciam diretamente diversos setores da
economia. Por se tratar de um processo desta natureza, a inovação envolve riscos e incertezas,
visto que a solução ou “nova combinação” e suas conseqüências são desconhecidas.
O processo de inovação possui dificuldades motivadas por causas externas (o mercado e a
concorrência) ou internas. Existe a incerteza da aceitabilidade pelo mercado, a incerteza se os
investimentos gerarão ou não um produto ou processo inovador – neste caso, a inovação não
satisfaz as necessidades do mercado consumidor – ou a inovação pode exigir investimentos
muito altos que podem não ser recuperados ao longo do ciclo de vida do produto.
5 “A teoria econômica convencional ignora o aspecto do aprendizado ao supor que todas as empresas possuem conhecimento igual e pleno de todas as tecnologias disponíveis (em uma dada função de produção) e podem utilizar a tecnologia selecionada de modo eficiente e instantâneo” (KIN E NELSON, 2005, p. 29).
20
No âmbito da concorrência, esta pode aproveitar a inovação desenvolvendo rapidamente uma
imitação que ultrapasse a inovação inicial. Outro risco com o qual o empresário se depara é a
escassez de financiamentos para tornar a idéia efetiva, transformando invenção em inovação.
Além disso, há o risco da empresa se concentrar em demasia no novo produto em detrimento
dos produtos já existentes.
A empresa deve ainda lidar com os riscos que envolvem os investimentos em P&D para
desenvolver a criatividade. Muitos especialistas defendem que este risco seja compartilhado
com o Estado. Para Conder e Salles Filho (2006), o financiamento à inovação envolve riscos e
quando um governo opta por subsidiar determinado setor, o que se pretende é minimizar estes
custos, fomentar o conhecimento e permitir à empresa a descoberta de novas possibilidades
tecnológicas refletidas em novos produtos ou processos.
As empresas que entenderem a inovação como um diferencial competitivo, deverão estar
preparadas para montar uma equipe de recursos humanos qualificada, mas, sobretudo estar
disposta a assumir o custo alto que a inovação requer. Os riscos são inibidores do processo de
inovação, e é neste aspecto que as políticas públicas são fundamentais. Já que o risco
empresarial é inevitável, o Estado assume o papel de minimizar os custos da inovação
tecnológica atuando por meio de mecanismos de apoio, que serão apresentados mais adiante.
Para Baptista (1999), inovar se constitui num risco, mas não inovar também implica outros
riscos, que não são menores. A empresa que não é inovadora corre o risco de atingir a
obsolescência dos produtos/serviços, a diminuição do valor do valor destes e como
conseqüência a diminuição das receitas. A organização que não busca inovação perde
competitividade e posição no mercado, além de oportunidades de negócio.
Não incorporar inovações leva à perda de competitividade, rentabilidade e oportunidades de
negócio, conclui-se que “a inovação deve ser, pois, uma preocupação permanente das
empresas e um risco por elas assumido, inserido numa estratégia de sobrevivência e
competitividade a médio e longo prazo”, conforme observado em Baptista (1999).
Os motivos pelos quais as empresas não inovam são atribuídos aos obstáculos que estas
encontram no desenvolvimento de suas atividades inovativas. De acordo com a Pesquisa
21
Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC 2008c), dentre as empresas6 que
implementaram inovações de produto e/ou processo, os três obstáculos mais citados foram: os
elevados custos da inovação, os riscos econômicos excessivos e a escassez de fontes de
financiamento.
Para as empresas que não implementaram inovações de produto e/ou processos e não
desenvolveram projetos, dentre as razões apontadas para tal estão as condições de mercado, os
custos, os riscos e a escassez de fontes de financiamento. Dos dados da Pintec (2008c), pode-
se inferir, portanto que os motivos pelos quais as empresas não inovam, ou os inibidores do
processo de inovação são, notadamente, obstáculos de origem econômica. Ao mesmo tempo
percebe-se que nesta conclusão não é levada em consideração a capacitação tecnológica da
força de trabalho.
Diante da dificuldade das empresas brasileiras em introduzir inovações no mercado, faz-se
necessário entender quais são essas dificuldades e avaliar o papel do Estado no fomento a
inovação e no compartilhamento dos riscos com os empresários inovadores.
2.3 O PERFIL DA INOVAÇÃO NO BRASIL
As inovações, no contexto da Era do Conhecimento, são importantes porque elas permitem
que as empresas conquistem novos mercados por meio da informação e realizem novas
parcerias agregando valor às suas marcas. A inovação permite que a empresa se diferencie,
ainda que momentaneamente, do ambiente competitivo. Segundo o Manual de Oslo (1997, p.
41), “por meio da inovação, novos conhecimentos são criados e difundidos, expandindo o
potencial econômico para o desenvolvimento de novos produtos e de novos métodos
produtivos de operação”.
Os indicadores mais recentes de inovação (PINTEC, 2008c), revelam que ainda é pequena a
participação de empresas inovadoras7, no Brasil. Aparentemente, houve um aumento, mas o
que se deve observar é que o número de empresas entrevistadas aumentou. A taxa de
6 Empresas que implementaram inovações, segundo atividades selecionadas de indústria e dos serviços no período de 2003 e 2005. 7 Que implementaram inovação de produto e processo, segundo publicações da PINTEC 2001, 2003 e 2005.
22
inovação aumentou de 31,5% (1998-2000) para 34,4% (2003-2005). Isso demonstra que em 8
anos a taxa inovativa cresceu apenas 2,9%.
Empresas x Inovação
72.00584.262
95.301
22.698 28.036 32.796
1998-2001 2001-2003 2003-2005
Período
Núm
ero
de
em
pres
as
Nº de empresas entrevistadasQue implementaram inovações
Gráfico 1 – Empresas brasileiras inovadoras (1998 – 2005). Fonte: Elaborado a partir da Pintec (2008c).
No Brasil, alguns fatores impedem a formação de uma cultura inovadora e contribuem para a
baixa capacidade de inovação das empresas brasileiras, especialmente das Micro e Pequenas
Empresas (MPEs). Com uma abordagem mais completa do que a Pintec, o Manual de
Inovação (2008) aponta alguns obstáculos à inovação aplicáveis ao Brasil, como a falta de
cultura empresarial, a limitação de fundos e a ausência de gestão de pessoal. Dentre os
obstáculos externos à empresa, os mais citados são de ordem econômica, como a escassez de
fontes de financiamento (que ainda é feito em grande parte com recursos públicos) e o alto
custo que envolve a inovação.
A partir dos dados da Pintec (2008c), verifica-se que as empresas de médio e grande porte8
registram maiores taxas de inovação, comparadas as MPEs (de 10 a 99 pessoas ocupadas).
Ainda segundo a pesquisa, o cenário econômico9 favorável entre 2003 e 2005 produziu
algumas alterações na propensão das empresas à inovação, neste último período, e estas foram
8 Foi utilizada a classificação por porte adotada pelo SEBRAE para a indústria: ME (Microempresa) até 19 empregados. PE (Pequena Empresa) na indústria, de 20 a 99 empregados. MDE (Média Empresa) na indústria, de 100 a 499 empregados. GE (Grande Empresa) acima de 499 empregados. 9 Fatores como taxa básica de juros mais baixa com relação à vigente em 2003, queda da inflação, aumento da oferta de crédito e ambiente externo favorável. A esse conjunto de fatores se deve a melhora no desempenho da economia brasileira.
23
principalmente no sentido de ampliar o desenvolvimento de produto e de processo em
cooperação com outras empresas ou institutos.
Taxa de Inovação (1998-2005)
43% 49% 57%76%
41%56% 65%
79%
27%31% 35%
73%48%44%29%
De 10 a 49 De 50 a 99 De 100 a 249 De 250 a 499 Com 500 emais
Pessoas Ocupadas
Tax
a d
e In
ovaç
ão
Taxa de Inovação (%) 1998-2000Taxa de Inovação (%) 2001-2003
Taxa de Inovação (%) 2003-2005
Gráfico 2 – Taxa de Inovação (1998 – 2005). Fonte: Elaborado a partir da Pintec (2008c).
O desempenho inovativo das empresas brasileiras, quando separadas por região, revela ainda
que existem grandes diferenças nos índices entre os estados. Analisando a tabela 1 têm-se que
mais de 50% das empresas que inovaram10 estão localizadas na Região Sudeste do país. Estes
dados sugerem que as políticas de inovação devem ser diferenciadas, levando em
consideração o perfil de cada região e trabalhando sobretudo com a cultura do empresariado.
10 No período 2001-2005 (PINTEC; 2008 b, 2008c).
24
Tabela 1 – Perfil das empresas brasileiras inovadoras por Região (UF).
Período Distribuição das empresas inovadoras por região 2001-2003 2003-2005
Norte 872 944 Amazonas 203 296
Pará 378 440 Nordeste 2 653 2 915
Ceará 603 521 Pernambuco 485 692
Bahia 641 633 Sudeste 14 724 16 040
Minas Gerais 3 503 3 203 Espírito Santo 645 742 Rio de Janeiro 1 367 1 362
São Paulo 9 209 10 734 Sul 8 391 9 028
Paraná 2 607 3 154 Santa Catarina 2 480 2 648
Rio Grande do Sul 3 304 3 225 Centro-Oeste 1 396 1 451
Goiás 737 642 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Pintec 2003 e 2005 (PINTEC, 2008b; 2008c).
A consolidação de uma cultura inovadora é um desafio de longo prazo, e para que o país
consiga alcançar níveis mais satisfatórios de indicadores de inovação depende do “acesso a
conhecimentos e a capacidade de apreendê-los, acumulá-los e usá-los” (CASSIOLATO, 2006,
p. 681). Neste ponto, identifica-se a importância do Estado – por meio de mecanismos e
instrumentos de apoio – em compartilhar os riscos que envolvem as atividades inovativas. A
intervenção do Estado pode permitir a diminuição das diferenças regionais e o aumento dos
índices de empresas inovadoras e, por conseqüência contribuir para o aumento da
competitividade nacional.
As empresas brasileiras – em sua maioria – enfrentam problemas de acesso ao mercado
financeiro11. As MPEs, especialmente, convivem coma falta de garantias reais, falta de
controles contábeis e gerenciais, que dificultam a liberação de crédito por parte das
instituições privadas de oferta de crédito. Além disso, ressaltam-se as altas taxas de juros e
burocracia nos procedimentos operacionais que envolvem o crédito.
11 Para Schumpeter (1982), na realização de combinações novas, o financiamento, como um ato especial, é fundamentalmente necessário, tanto na prática como na teoria.
25
Para Conder e Salles Filho (2006, p. 35), “a importância do sistema financeiro para
alavancagem de investimentos e para a sustentabilidade das empresas é indiscutível”. No
entanto, para os autores, observa-se uma grande dificuldade de sistematizar interesses que
envolvem o capital financeiro e produtivo, principalmente quando se trata de investimentos
direcionados à inovação tecnológica.
Diante disso, algumas formas de suporte técnico e financeiro têm sido colocadas em prática
por instituições privadas e pelo governo de diversos países. No Brasil, esta preocupação
passou a criar mais notabilidade a partir de 1999 e vem sendo viabilizada por meio de
instrumentos e mecanismos de apoio à inovação tecnológica, descritos mais adiante.
26
3. A SITUAÇÃO ATUAL 3.1 O CONTEXTO INSTITUCIONAL DE INCENTIVO À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA ÚLTIMA DÉCADA 3.1.1 Marcos Regulatórios A geração e apropriação de inovações é um processo que não depende apenas de
qualificações e recursos financeiros, mas também do ambiente institucional no qual está
inserida. Nos últimos dez anos, o Brasil demonstrou significativa evolução quanto à
promoção de um ambiente institucional favorável à inovação.
Os índices nacionais, quando comparados aos internacionais, ainda deixam lacunas e
demonstram que é preciso aperfeiçoar ainda mais o aparato legal. No entanto, é notório o
esforço para se criar uma variedade de novos instrumentos para apoiar os projetos de P&D e
inovação. No período mais recente, o ambiente internacional também beneficiou a economia
brasileira com a grande participação das commodities e os altos superávits comerciais e a forte
expansão comercial mundial (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006).
O sistema de C&T se diversificou e houve uma crescente incorporação do conceito de inovação na agenda do setor empresarial e na política de fomento à pesquisa dos governos federal e estaduais. Esse novo cenário caracteriza-se por uma fase de bastante maturidade da comunidade científica e tecnológica, por uma percepção crescente da comunidade empresarial da necessidade de investir em inovação e, principalmente, por uma economia que atravessa um período de estabilidade e crescimento sustentado. O País reúne, portanto, todas as condições para elaborar um plano de desenvolvimento ambicioso e realista (BRASIL, 2008e, p.1).
Algumas iniciativas foram importantes para a construção do cenário atual de transformação
de uma economia padronizada para uma economia mais competitiva. A crescente inserção
internacional da economia brasileira gerou a necessidade de estratégias cada vez mais
baseadas em pesquisa e conhecimento, além de um envolvimento maior e mais efetivo dos
diversos setores da sociedade.
Criar as condições para que o País consiga avançar de forma consistente no campo tecnológico é uma tarefa árdua, que exige, além da mudança institucional e econômica, também uma mudança cultural. Torna-se perceptível, assim, que a mola propulsora para viabilizar o aumento da
27
produção científica e tecnológica no País tem início com a criação de instrumentos reguladores dessa relação (PEREIRA; KRUGLIANSAS, 2008, p. 3).
O apoio que os governos têm dado às empresas envolve, entre diversas outras modalidades,
aportes de capital de risco, programas públicos de crédito com juros baixos e prazos mais
elásticos do que os financiamentos convencionais, programas especiais de garantia de crédito,
subvenções governamentais à inovação, entre outras ações, com objetivos de aumentar a
performance inovadora das empresas brasileiras.
Devido à grande necessidade de recursos, a capacidade de organização no processo de
distribuição destes é de grande importância, principalmente nos países em desenvolvimento,
cuja capacidade de mobilização de capital para o investimento em C, T&I e fomento à
inovação é menor (WEISZ, 2006).
De forma a permitir uma ambiência favorável à inovação, fez-se necessário avançar no marco
legal da inovação. Nesse sentido destacam-se, no Brasil, a Lei de Inovação e Lei do Bem
como instrumentos legais relevantes à regulamentação do repasse de recursos destinados à
inovação.
a) A Lei de Inovação Tecnológica
A Lei nº. 10.973, Lei de Inovação Tecnológica (LIT) (BRASIL, 2008a), aprovada no Brasil
em 2004, mas implementada de forma efetiva somente em 2006, veio preencher uma lacuna
no âmbito dos dispositivos legais na promoção de uma ambiência favorável ao incentivo à
inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico. Essa necessidade está amparada na
constatação de que a produção de conhecimento e a inovação tecnológica passaram a ditar
crescentemente as políticas de desenvolvimento dos países (BRASIL, 2008b).
Inovação, para a LIT, se define como “a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no
ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços” está
organizada em três eixos: constituição de ambiente propício às parcerias estratégicas entre as
universidades, institutos tecnológicos e empresas; estímulo à participação de instituições de
ciência e tecnologia no processo de inovação e incentivo à inovação na empresa (BRASIL,
2008b).
28
A Lei de Inovação representa um instrumento relevante de apoio, embora pesquisas12 revelem
algumas fragilidades, como, por exemplo, tratar apenas de inovação tecnológica, não
contemplando as inovações organizacionais e de marketing também importantes para o
processo de desenvolvimento.
Estudos dos autores Pereira e Krugliansas (2008) revelam que a criação de mecanismos
jurídicos e financeiros, a exemplo da LIT, é vista como medida necessária na busca por
soluções inovadoras. Nesse sentido, observa-se um grande esforço governamental para
abertura de novas possibilidades de financiamento à inovação. Como aspectos frágeis da Lei
de Inovação, o estudo cita a falta de definições claras para a geração de estímulos e apoio às
MPEs, além de falhas na forma de definição das normas contratuais que tratam da interação
entre os três atores principais: o inventor, a universidade e os institutos de pesquisa e o capital
de risco.
Ainda não há indicadores que reflitam os resultados da Lei de Inovação, mas esta, sem
dúvida, foi uma iniciativa de grande importância para o marco regulatório brasileiro de
inovação. Alguns estados13 já aderiram a esta iniciativa, tendo elaborado as Leis
Complementares à Lei de Inovação Federal:
Amazonas: Lei Estadual nº. 3.095, de 17 de novembro de 2006 (AMAZONAS, 2008).
Mato Grosso: Lei Complementar nº. 297, de 7 de janeiro de 2008 (MATO GROSSO, 2008).
Santa Catarina: Lei Complementar nº. 14.348, de 15 de janeiro de 2008 (SANTA
CATARINA, 2008).
São Paulo: Lei Complementar nº. 1049, de 19 de junho de 2008 (SÃO PAULO, 2008).
Minas Gerais: Lei Complementar nº. 17.348, de 17 de janeiro de 2008 (MINAS GERAIS,
2008).
A Lei de Inovação está organizada em torno de três vertentes e em consonância com a Política
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE): a vertente 1 prevê a constituição de
ambiente propício às parcerias estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e
empresas; já a vertente 2, o aumento do estímulo à participação de instituições de ciência e
12 Pereira e Krugliansas (2008). 13 Até o fechamento deste trabalho, a Lei de Inovação do Estado da Bahia estava em trâmites de aprovação.
29
tecnologia no processo de inovação e a vertente 3 prevê um maior incentivo à inovação na
empresa.
Na vertente 1, a Lei contempla “diversos mecanismos de apoio e estímulo à constituição de
alianças estratégicas e ao desenvolvimento de projetos cooperativos entre universidades,
institutos tecnológicos e empresas nacionais” (BRASIL, 2008a), dentre os quais a:
estruturação de redes e projetos internacionais de pesquisa tecnológica, ações de
empreendedorismo tecnológico e a criação de incubadoras14 e parques tecnológicos.
Com este objetivo também são criadas facilidades para que as Instituições Científico -
Tecnológicas (ICTs) possam compartilhar os seus laboratórios, instalações, infra-estrutura e
recursos humanos com empresas15 e organizações privadas sem fins lucrativos, seja para
atividades de incubação, seja para atividades de pesquisa conforme a situação especificada na
lei.
Na vertente 2, a Lei permite que as ICTs celebrem contratos de transferência de tecnologia e
de licenciamento de patentes de sua propriedade, prestem serviços de consultoria
especializada em atividades desenvolvidas no âmbito do setor produtivo, assim com
estimulem a participação de seus funcionários em projetos onde a inovação seja o principal
foco.
Para atender a este objetivo, a LIT determina que a ICT, constitua um Núcleo de Inovação
Tecnológica (NIT) próprio ou em associação com outras ICTs. Além disso, os pesquisadores
e inventores vinculados as ICTs, quando envolvidos nas atividades de prestação de serviços
empreendidas por suas instituições, poderão se beneficiar do resultado financeiro dos serviços
prestados, independentemente da remuneração percebida em face do vínculo com a
instituição. Para os servidores públicos das ICTs, a LIT prevê o pagamento em forma de
bolsa, como estímulo à inovação.
14 Uma incubadora de empresas é um ambiente que visa difundir o empreendedorismo e o conhecimento. Ela apóia projetos inovadores por meio de serviços especializados e consultorias que facilitam o seu desenvolvimento. A incubadora fomenta, também, o estímulo, a promoção e o fortalecimento de micro e pequenas empresas através da intermediação com instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais e iniciativas privada. 15 Incluindo MPEs
30
Na vertente 3, a LIT busca “estimular uma maior contribuição do setor produtivo em relação à
alocação de recursos financeiros na promoção da inovação” (BRASIL, 2008a). Para tanto, a
Lei prevê a “concessão, por parte da União, das ICTs e das agências de fomento, de recursos
financeiros, humanos, materiais ou de infra-estrutura”, para atender às empresas nacionais
envolvidas em atividades de P&D.
Os recursos financeiros em específico poderão vir sob a forma de subvenção econômica,
financiamentos ou participação societária, sendo que no caso da subvenção econômica, os
recursos deverão ser destinar apenas ao custeio, sendo exigida ainda contrapartida da empresa
beneficiária.
Também estão contemplados na LIT, o apoio à realização de atividades de P&D, que
envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção de
produto ou processo inovador, além da implementação de programas com ações voltadas ao
fomento da inovação nas micro e pequenas empresas.
b) A Lei do Bem
No âmbito regulatório, outra iniciativa importante foi a criação da Lei nº. 11.196 – a Lei do
Bem – de 21 de novembro de 2005, regulamentada pelo Decreto nº. 5.798, de 7 de junho de
2006 e conhecida como Lei do Bem que dispõe, dentre outros assuntos, sobre incentivos
fiscais para a inovação tecnológica e trata no capítulo III dos incentivos à inovação
tecnológica (BRASIL, 2008g).
Para serem beneficiados pela Lei, os empresários deverão investir em pesquisa tecnológica e
desenvolvimento de inovação tecnológica, fatores importantes para o alcance de maior
competitividade e que fortalecem o novo marco legal para apoio ao desenvolvimento
tecnológico e inovação nas empresas brasileiras.
A Lei do Bem traz no seu capítulo III benefícios baseados em incentivos fiscais, a exemplo
de:
[...] deduções de Imposto de Renda e da Contribuição sobre o Lucro Líquido - CSLL de dispêndios efetuados em atividades de P&D; a redução do
31
Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI na compra de máquinas e equipamentos para P&D; depreciação acelerada desses bens; amortização acelerada de bens intangíveis; redução do Imposto de Renda retido na fonte incidente sobre remessa ao exterior resultantes de contratos de transferência de tecnologia; isenção do Imposto de Renda retido na fonte nas remessas efetuadas para o exterior destinada ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares (BRASIL, 2008g).
A lei também prevê benefícios por meio de subvenções econômicas concedidas para empresas
que contratarem pesquisadores, titulados como mestres ou doutores, para realizar atividades
de P, D&I, regulamentada.
Segundo Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais do Ministério de Ciência e
Tecnologia (MCT), o resultado da análise do desempenho de 130 empresas revela que as
organizações beneficiadas pela Lei do Bem investiram, em 2006, cerca R$ 2 bilhões em
projetos de P&D. Destas, 73 estão localizadas na Região Sudeste e são responsáveis por 81%
do total desse investimento. Os índices mais expressivos de investimento foram realizados por
empresas dos setores de mecânica e transportes, química e metalurgia (BRASIL, 2008c).
O relatório indica que o ganho real para essas empresas beneficiadas pela Lei do Bem foi
cerca de R$ 229 milhões. Apesar das dificuldades no monitoramento por parte do MCT no
que tange à coleta de resultados, os dados deste relatório demonstram um investimento
relevante em P&D, resultado da implementação de incentivos fiscais e da preocupação
governamental com a melhora do ambiente institucional à inovação.
O marco legal representa um grande avanço, sobretudo para as pequenas empresas, que antes
não tinham acesso direto aos recursos, devendo ser intermediados sempre pela figura de um
pesquisador. Após a Lei de Inovação, a empresa passa a ser beneficiada diretamente no
processo de inovação.
3.1.2 Mecanismos e instrumentos de financiamento à inovação tecnológica
As regulações e leis fazem parte da estrutura na qual as empresas atuam. Quando estas
regulações estão bem delineadas podem proporcionar um ambiente favorável às atividades
inovativas. No entanto, estão suscetíveis às prioridades das políticas públicas que podem
variar muito de setor para setor (MANUAL DE OSLO, 1997).
32
As ações dos governos são, normalmente, direcionadas por políticas públicas, que por meio
de determinados objetivos conseguem alcançar metas de governo. Os governos implementam
suas políticas industriais e tecnológicas, geralmente, buscando induzir as empresas a seguirem
um curso de ação na direção desejada (WEISZ, 2006).
Para Weisz (2006), essa indução é obtida por meio de mecanismos de incentivo. Esses
mecanismos possuem a função de fomentar dentro das empresas o cumprimento das diretrizes
expostas nas políticas públicas ou nos programas governamentais.
Estudos da ANPEI (ARRUDA; VERMULM; HOLLANDA, 2006) ressaltam a rápida
evolução do marco regulatório brasileiro que ocorreu a partir da promulgação da Lei de
Inovação, em dezembro de 2004. Estes instrumentos legais possuem o papel de mudar o
quadro atual de baixa propensão à inovação e competitividade tecnológica das empresas
brasileiras.
A disseminação de uma cultura inovadora pode se dar por meio de mecanismos que
incentivem a geração de idéias e isso pode se dar de forma espontânea ou induzida, esta
última quando as inovações são orientadas aos temas de interesse estratégico expressos na
política. Dito isto, percebe-se que, no Brasil, a cultura inovadora tem sido “induzida”, já que
a maioria dos mecanismos estão voltados aos interesses estratégicos da PITCE.
A partir da década de 70, alguns programas de financiamento foram criados com o objetivo de
apoiar as empresas em geral e as menores, em especial, para desenvolvimento de atividades
em P&D. Destacam-se, neste caso, as linhas de financiamento oferecidas pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Uma classificação relevante, e aqui adotada, é sugerida por Weisz (2006, p. 15). Para este
autor, os mecanismos de incentivo podem ser técnicos (ou não financeiros) ou financeiros.
“Mecanismos técnicos são aqueles que têm um impacto direto sobre a gestão da empresa. [...]
Os mecanismos financeiros dividem-se em incentivos financeiros e incentivos fiscais”.
O quadro abaixo demonstra os tipos de mecanismos técnicos, utilizados no Brasil, como
forma de incentivo à inovação.
33
Infra-estrutura de P&D Laboratórios de análises de caracterização Laboratórios de calibração e aferição Instituições de certificação Sistema de metrologia, normalização e qualidade Veículos de difusão tecnológica (bibliotecas, publicações) Sistema de Propriedade Intelectual Sistema de importação de tecnologia
Mecanismos Técnicos
Mecanismos de política de comércio exterior Quadro 2 – Mecanismos técnicos de execução de políticas públicas de inovação tecnológica Fonte: Weisz (2006).
No âmbito dos mecanismos financeiros, uma série de instrumentos, que inclui
financiamentos, incentivos fiscais, subvenções econômicas e operações de capital de risco,
são disponibilizados para apoiar empresas e projetos relacionados à inovação.
Isenções fiscais Incentivos fiscais Reduções tributárias Empréstimos em condições favoráveis Financiamento com participação nos resultados (risco) Capital semente Projetos cooperativos com ICTs
Financiamento (Incentivos financeiros)
Subvenção Econômica16
Mecanismos Financeiros
O uso do poder de compra do Estado Quadro 3 – Mecanismos financeiros de execução de políticas públicas de inovação tecnológica Fonte: Weisz (2006).
Dos mecanismos financeiros de execução de políticas públicas de inovação tecnológica,
destacam-se com maior atuação os incentivos financeiros, demonstrados no quadro. 2, em
forma de financiamentos reembolsáveis em condições diferenciadas e menos onerosas do que
as oferecidas no mercado financeiro.
Para entendimento das ações estatais voltadas ao financiamento da inovação, cabe entender o
que significa cada um dos mecanismos financeiros.
No âmbito dos incentivos fiscais ocorrem as isenções fiscais e/ou reduções tributárias. O
instrumento mais atual é a Lei do Bem, por meio dela as empresas que tiverem gastos com
pesquisa e desenvolvimento tecnológico podem deduzir em até duas vezes parte destas
16 Em 2006, com a aprovação e regulamentação da Lei de Inovação (10.903/04) e da Lei do Bem (11.196/05), a modalidade de Subvenção Econômica, que no Brasil era mais conhecida como “fundo perdido”, vem sendo ampliada, pelo MCT, no apoio à inovação tecnológica por meio da FINEP e das agências regionais de fomento.
34
despesas em sua base de cálculo do imposto de renda (IRPJ) e contribuição social (CSLL).
Vale ressaltar que, a eficácia dos incentivos fiscais pressupõe uma capacidade de
contribuição, isto é se a empresa não tiver receita ou lucro não poderá se favorecer deste
mecanismo, a exemplo das empresas incubadas ou empresas nascentes que ainda não geraram
retorno.
No âmbito dos incentivos financeiros, o apoio pode ser por meio do mecanismo de
empréstimos em condições favoráveis, a exemplo do Programa Juro Zero, da Finep, com o
apoio das FAPs17. Esse mecanismo de recurso reembolsável prevê uma taxa de juro bem
menor do que a praticada no mercado, além de prazos maiores para pagamento. No entanto, a
burocracia e a lentidão nas análises são obstáculos a serem enfrentados pela instituição.
O capital semente (seed capital) é uma modalidade de investimento focada em apoiar
empreendimentos em um estágio pré-operacional, muitas vezes ainda dentro de incubadoras e
universidades. Nessa fase, o risco da empresa não dar certo é significativo, mas, devido ao
elevado potencial de crescimento dos negócios, a margem de lucro estimada é bem superior a
média do mercado. Esse mecanismo aproxima o empreendedor do setor privado e faz parte de
um dos estágios de um mecanismo chamado venture capital18 (financiamento com
participação nos resultados).
O capital de risco se mostra especialmente adequado para MPEs ou empresas em estágio de
formação (startups), especialmente aquelas orientadas para a inovação, envolvidas em
atividades de alta tecnologia, que não dispõem de acesso ao mercado de capitais nem a outras
fontes tradicionais de recursos. Esse mecanismo é relativamente novo no Brasil, no entanto os
dados demonstram uma situação promissora dessa modalidade de apoio. Dados da Fundação
Getúlio Vargas demonstram que em 2004 havia US$ 5,58 bilhões disponíveis em private
equity e venture capital para investimentos (DAUROIZ, 2007, p. 29).
17 Fundações de Amparo à Pesquisa. 18 Junto com a crescente importância dos ativos intangíveis e de forma a suprir a lacuna existente da falta de acesso ao crédito convencional, por parte das MPEs, desenvolveu-se no âmbito das iniciativas privadas o capital empreendedor, os chamados private equity (PE) – participação em empresas – e venture capital (VC) – capital de risco aplicado em organizações nascentes, que é uma atividade de intermediação financeira surgida nos EUA, em 1946, e se apresenta como uma alternativa, bem sucedida no ambiente internacional, ao financiamento tradicional que é obtido nos bancos comerciais. No Brasil, a sua utilização foi intensificada após 1994 com a estabilidade econômica.
35
Em todo o mundo, inclusive no Brasil, esse mercado vive um momento de expansão inédita.
Embora o cenário internacional seja positivo, artigos que tratam do assunto revelam uma série
de fatores impeditivos para expansão do investimento em algumas regiões, de modo geral
como: falta de expertise nos mercados externos, instabilidade política e econômica em alguns
países, além do cenário tributário, que em alguns países torna-se um fator inibidor de
investimentos.
Outro mecanismo são as parcerias com projetos cooperativos com ICTs, nos quais empresas
privadas devem ter o respaldo de uma ICT para desenvolver a inovação.
A subvenção econômica é utilizada como mecanismo de incentivo em várias economias
desenvolvidas e emergentes e está dentre as três formas de subsídio não passíveis de ação nos
foros internacionais (Non Actionable Subsidies), ou seja, não considerados desleais do ponto
de vista comercial pela OMC. A razão da grande utilização da subvenção econômica são os
grandes encargos incidentes sobre os projetos de P&D, que inviabilizam os empréstimos às
empresas (WEISZ, 2006).
Segundo definição do MCT (BRASIL, 2008b), a subvenção econômica é um instrumento de
estímulo à inovação tecnológica nas empresas, mediante o qual a União, por intermédio
das agências de fomento de ciência e tecnologia promove e incentiva a implementação de
atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico com a concessão direta de recursos
financeiros. Estes recursos – não reembolsáveis – são destinados ao custeio de atividades de
pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em empresas nacionais. Lançado no Brasil
em agosto de 2006, esta foi a primeira vez que um instrumento desse tipo foi disponibilizado
no país.
Esta modalidade é operacionalizada pela Finep por meio de editais voltados às empresas de
qualquer porte. Lançada também nos estados brasileiros, por meio das FAPs, a modalidade
quando adaptada às regiões, passa a ter como público-alvo as MPEs. Na subvenção
operacionalizada pela Finep, no âmbito nacional, um ponto negativo é que esta não leva em
consideração as diferenças existentes entre as empresas e regiões (vide tabela 1), já que todas
concorrem num mesmo nível. As empresas de médio e grande porte apresentam condições
superiores às MPEs no que diz respeito à qualidade da proposta, previsão de recursos e,
36
sobretudo, na capacidade de inovar. Já a versão operacionalizada pelas FAPs, são lançadas em
suas regiões, o que possibilita uma maior igualdade na competição do recurso.
O uso do poder de compra do Estado pode ser entendido como uma política de corte seletivo -
também conhecida como política vertical. Uma das aplicações do poder de compra é o de
cunho inovativo, na qual uma agência do governo encomenda um produto ou sistema que não
existem no mercado. A própria política industrial pode estabelecer setores prioritários,
privilegiando indústrias específicas, normalmente aquelas com vantagens competitivas
dinâmicas e com potencial para crescer e ganhar mercados. A Lei de Inovação, em seu artigo
20 cria uma oportunidade para o uso do poder de compra do Estado:
Os órgãos e entidades da administração pública, em matéria de interesse público, poderão contratar empresa, consórcio de empresas e entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, de reconhecida capacitação tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento, que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção de produto ou processo inovador (BRASIL, 2008a).
3.1.2.1 Fundos Setoriais
No Brasil, recentemente, algumas mudanças foram implementadas nas políticas industrial e
tecnológica. Essas mudanças representam o estabelecimento de um novo padrão de
financiamento da inovação para o país.
Uma dessas mudanças importantes foi a criação dos Fundos de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico, em 1999, com recursos originados das contribuições que incidem
sobre o faturamento de empresas e/ou sobre o resultado da exploração de recursos naturais
pertencentes à União (BRASIL, 2008b).
Os fundos setoriais de ciência e tecnologia são instrumentos de financiamento de projetos de
pesquisa, desenvolvimento e inovação do país e foram criados com o objetivo de servirem
como fontes complementares de recursos para financiar o desenvolvimento de setores
estratégicos, além de servirem de instrumento para redução das desigualdades regionais
destinando o percentual mínimo de 30% dos recursos para projetos a serem implantados nas
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (FINEP, 2008b).
37
Os fundos têm se constituído, desde a sua implementação, em um dos principais instrumentos
do governo para fortalecimento do sistema C, T&I nacional e foram criados com o objetivo de
suprir duas falhas na estrutura do sistema de inovação do país: a ausência de legislação que
viabilizasse maior interação universidade-empresa, e os baixos índices de inovação e
dinamismo tecnológico das empresas brasileiras (MORAIS, 2008).
Dados da Pintec (2008c) revelam que, por faixa de tamanho, este é o instrumento mais usado
pelas instituições de médio (85,0%) e grande porte (100%), enquanto as de pequeno porte
(40,0%) fazem maior uso dos recursos provenientes de incentivos fiscais.
A gestão dos fundos setoriais é participativa e envolve vários setores, como governo,
universidade e setor privado. Os fundos atendem a áreas diversificadas, mas possuem
características comuns no que tange à operacionalização, como vinculação de receitas19 e
plurianualidade, permitindo programar ações com duração superior a um exercício fiscal;
gestão compartilhada e programas integrados.
Vale salientar, no entanto, que embora a criação dos fundos seja positiva, faz-se necessário,
como postura governamental, aperfeiçoar os mecanismos de gestão desses, além de monitorar
de forma mais eficaz e sistemática a aplicação dos recursos, para se possa mensurar a validade
e a aplicabilidade destes.
Atualmente há 15 Fundos de C&T, geridos pelo MCT20 e Finep e estão alocados FNDCT. Os
itens financiáveis pelo FNDCT contemplam custeio de passagens, diárias, material de
consumo, serviços de terceiros, investimento em obras civis, instalações, equipamentos e
bolsas de desenvolvimento tecnológico. Dados da Finep (2008b) revelam que de 2002 até
maio de 2008, 7.53521 projetos foram financiados por meio dos fundos setoriais.
19 Os recursos são intransferíveis interfundos e só podem ser aplicados em projetos de inovação. 20 Exceto o Fundo de Telecomunicações (FUNTEL), que é administrado pelo Ministério das Comunicações. 21 A amostra engloba 4.133 projetos do CNPq no período de 2000 a 2008 e 3.402 projetos da Finep no período de 2001 a 2008.
38
Tabela 2 – Número de projetos por região financiados com recursos dos fundos setoriais, por meio da Finep e do CNPq22, no período de 2001 a 2008.
Região Fundo Setorial Centro
Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Total
AEROESPACIAL 0 0 0 2 0 2 AERONAUTICO 0 0 0 14 1 15 AGRONEGOCIO 89 177 57 195 108 627
AMAZONIA 2 2 146 2 0 152 AQUAVIÁRIO 1 6 8 31 2 48
BIOTECNOLOGIA 24 50 13 51 25 163 ENERGIA 29 116 39 264 143 591
RECURSOS HÍDRICOS 77 267 97 306 177 924 TECNOLOGIA DA
INFOMAÇÃO 34 85 7 130 123 379
INFRA-ESTRUTURA 63 196 84 317 94 754 MINERAL 31 23 11 54 22 141 PETROLEO 24 349 46 528 186 1.133
SAUDE 20 108 16 168 40 352 TRANSPORTE 0 3 0 4 2 9
VERDE E AMARELO23 28 91 20 222 138 499 TELECOMUNICAÇÃO 0 0 0 0 1 1
TRANSVERSAL 71 196 66 462 203 998 FNDCT 57 92 34 377 123 683 FUNTEL 2 3 2 17 8 32
OUTROS FUNDOS 3 4 6 11 8 32 Total 555 1.768 652 3.155 1.404 7.535
Fonte: Brasil (2008b).
Do total de 7.535 projetos, 41,87% foram alocados para empresas localizadas na Região
Sudeste, 23,46% na Região Nordeste, 18,63% na Região Sul, 8,65% na Região Norte, 7,39%
na Região Centro-Oeste. Apesar dos indicadores de esforço por parte do Estado, as
desigualdades regionais ainda persistem. Mesmo assim, a criação dos fundos setoriais
representa um grande avanço no que diz respeito à alocação de recursos à inovação. Percebe-
se, pela tabela 2, que os fundos possuem volumes diferenciados de recursos, que estão
subordinados à prioridade estratégica de cada governo.
22 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 23 Estímulo à interação universidade empresa.
39
Tabela 3 – Volume de recursos dos projetos financiados com recursos dos Fundos Setoriais, por meio da Finep e do CNPq, no período de 2001 a 2008.
Fundo Setorial Total (R$) TRANSVERSAL 787.892.177,23
INFRA-ESTRUTURA 666.561.051,55 FNDCT 507.133.167,98 FUNTEL 233.929.826,26
PETROLEO 186.947.728,93 ENERGIA 142.442.290,80
OUTROS FUNDOS 135.771.150,46 RECURSOS HÍDRICOS 100.651.536,17
AGRONEGOCIO 77.497.988,47 TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO 68.132.995,42
AMAZONIA 53.507.657,71 SAUDE 51.613.943,99
BIOTECNOLOGIA 46.290.218,12 AERONAUTICO 37.413.998,66 AQUAVIÁRIO 22.628.964,68
MINERAL 16.395.094,62 VERDE E AMARELO 8.301.157,70
TRANSPORTE 4.006.814,67 AEROESPACIAL 2.600.000,00
TELECOMUNICAÇÃO 501.197,77 TOTAL 3.150.218.961,19
Fonte: Brasil (2008b)
3.1.1.2 Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
A política para a inovação expressa na Política Industrial, Tecnológica e de Comércio
Exterior (PITCE), Lei de Inovação e Lei do Bem englobam um conjunto de instrumentos para
o incentivo à inovação nas empresas, incluindo os mecanismos: linhas de financiamento,
incentivos fiscais e subvenção econômica. Essa política estabelece novos mecanismos para
minimizar os custos e reduzir os riscos da atividade inovativa, além de promover um ambiente
institucional favorável à inovação.
A PITCE, lançada em 31 de março de 2004, faz parte de um conjunto de ações que integram a
orientação estratégica do governo Lula e está articulada com as políticas regionais, de modo a
facilitar a integração regional, além de tentar equalizar os diferentes desempenhos regionais
de inovação.
40
A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior tem como objetivo o aumento da eficiência econômica e do desenvolvimento e difusão de tecnologias com maior potencial de indução do nível de atividade e de competição no comércio internacional. [...] ela estará focada no aumento da eficiência da estrutura produtiva, aumento da capacidade de inovação das empresas brasileiras e expansão das exportações (BRASIL, 2008d).
A PITCE, concebida a partir de uma visão estratégica de longo prazo, abrange três eixos
complementares e possui como preocupação central a inovação e a agregação de valor aos
processos, produtos e serviços da indústria nacional (BRASIL, 2008b).
O primeiro eixo é composto por um conjunto de instrumentos que contribuem para a
modernização industrial, para o aumento da capacidade inovadora das empresas, para uma
melhor inserção das empresas brasileiras no mercado internacional e para o aperfeiçoamento
do ambiente institucional e econômico. No âmbito do primeiro eixo de atuação prioritária da
PITCE, dados extraídos do Relatório de Gestão da Finep 2003/2006 (FINEP, 2008a), do
Relatório das Ações da PITCE 2003/2006 (BRASIL, 2008f) e do Sumário Executivo PITCE –
Setembro 2007 (ABDI, 2008) apresentam ações relevantes, como:
� Ampliação da modernização industrial com o Programa Modermaq24,
operacionalizado pelo BNDES, que visa financiar a aquisição de máquinas e
equipamentos. De setembro de 2004 até o final de setembro de 2007, foram
aprovadas 13.313 operações com desembolsos de R$ 31,1 milhões, em 2004; R$ 1,7
bilhão em 2005; R$ 1,907 bilhão em 2006 e em 2007, os desembolsos chegaram a R$
1,75 bilhão (no período de janeiro a setembro).
� Financiamento, por meio da Finep, de cerca de 600 projetos de pesquisa em
cooperação com empresas para o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de produtos
ou processos, totalizando cerca de R$ 600 milhões e uma contrapartida das empresas
da ordem de R$ 200 milhões;
� Investimentos, de R$ 47 milhões, no período de 2004 a 2006, no apoio à
modernização das ICTs: universidades, centros de pesquisa, institutos tecnológicos e
redes institucionais, com programas financiados pela Finep: Assistec25, Coopera26,
PPI-APL27, Proinfra28, Propesq29;
24 Programa de Modernização do Parque Industrial Nacional. 25 Assistência e Consultoria Tecnológica de ICTs a micro e pequenas empresas. 26 Programa de Cooperação entre ICTs e Empresas. 27 Programa de Apoio à Pesquisa e à Inovação em Arranjos Produtivos Locais.
41
� Investimentos em programas de C&T, por meio da Finep, para inclusão e o
desenvolvimento social, a exemplo do Prosocial30, Prosab31, Habitare32, Proninc33;
� Investimentos por meio de mecanismos de incentivos à inovação em empresas com
programas e projetos: Proinovação34, Juro Zero, Inovar (mecanismo de capital de
risco), PAPPE35 (mecanismo de subvenção econômica) e PNI36;
� Lançamento, em 2007, do Projeto Inovar II, por meio da Finep, destinando US$ 5
milhões para a realização de ações de estímulo ao setores, como rodadas de negócios,
seminários e campanhas de divulgação;
� Ainda em 2007, a Finep previu investir em três novos fundos de seed capital37. Para
2008, a Finep previu apoiar mais quatro fundos que somados devem alcançar R$ 80
milhões. Com isso, mais 60 empresas nascentes serão apoiadas;
� A PITCE fortaleceu os Arranjos Produtivos Locais (APLs) por meio do PEIEx38 com
ações voltadas para promoção comercial no mercado interno, inovação tecnológica
em APLs, certificação de consórcio e bônus de metrologia. Até o final de setembro de
2007 foram atendidos 20 APLs, com maior participação (78%) das MPEs.
� A Finep lançou para concessão de subvenção econômica (resultado da Lei de
Inovação) chamadas públicas com volume de desembolsos previstos no período de
2006-2008 no valor de R$510 milhões;
O segundo eixo da PITCE define como opções estratégicas os setores de software,
semicondutores, bens de capital e fármacos e medicamentos. Nesta vertente algumas ações
relevantes são apresentadas em ABDI (2008):
� Investimento de R$ 860 milhões, no período de 1999 a 2006, no Prosoft39, por meio
do BNDES.
28 Programa de Modernização da Infra-estrutura das ICTs. 29 Programa de Promoção da Pesquisa e do Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 30 Programa de Tecnologias para o Desenvolvimento Social. 31 Programa de Pesquisas em Saneamento Básico. 32 Programa de Tecnologia de Habitação. 33 Programa Nacional de Incubadoras Populares. 34 Programa de Apoio à Inovação nas Empresas 35 Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas. 36 Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos. 37 Capital semente. 38 Projeto Extensão Industrial Exportadora. 39 Programa para o Desenvolvimento da Indústria de Software e Serviços de Tecnologia da Informação.
42
� Remodelação de linha de financiamento do BNDES (novo Prosoft), com 71
operações entre 2004 e 2005, envolvendo investimentos de R$ 284 milhões.
Adicionam-se 232 operações realizadas via cartão BNDES até janeiro de 2006,
significando investimentos de R$ 3,8 milhões para a compra e implantação de
softwares brasileiros por micro e pequenas empresas.
� Investimento no Programa Profarma40, por meio do BNDES, com 50 operações em
carteira, no período de 2004 a 2007, totalizando R$ 1,029 bilhão em financiamentos.
O terceiro eixo de ação da PITCE, que se refere às atividades portadoras de futuro -
biotecnologia, nanotecnologia e energias renováveis tiveram os seguintes apoios do MCT:
� Investimnentos em estudos para expansão da produção de etanol;
� Apoio na implantação do Centro de Agroenergia da Emprapa.
� Investimento em biotecnologia, em pesquisas em células-tronco e desenvolvimento
de bioprodutos;
� Alocação de R$ 5,3 milhões para a Rede Genoprot41, reformulação da Rede Nacional
de Proteoma que procura convergir o trabalho de pesquisadores das áreas de
genômica e proteômica, e R$ 7,5 milhões para a Renorbio42.
� Em nanotecnologia, o relatório destaca o investimento de R$ 75 milhões em dois anos
para o programa nacional do setor.
� Em energias alternativas, destaca os investimentos para pesquisa em hidrogênio —
R$ 29 milhões.
� Em biodiesel, o MCT investiu R$ 16 milhões entre 2003 e 2005; e entre 2006 e 2008,
previa dobrar esse investimento e aplicá-lo na Rede Brasileira de Tecnologia do
Biodiesel.
� Em etanol, não foram discriminados os valores aplicados nas quatro ações do
ministério: uso de etanol em aviões, pesquisa do CTA43, apoio à Ridesa44, pesquisas
em hidrólise enzimática (único a ter valor discriminado, R$ 3 milhões) e o recém
criado Projeto Bioetanol, formação de uma rede de pesquisa nacional.
40 Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde. 41 Projetos em Genômica e Proteômica. 42 Rede Nordeste de Biotecnologia. 43 Centro Técnico Aeroespacial. 44 Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroalcooleiro
43
Diante dos dados apresentados é possível verificar que existe um esforço de colocar em
prática a PITCE com investimentos significativos em suas vertentes. No entanto, não foi
possível verificar nos relatórios os indicadores de resultado dessas ações.
3.1.2.3 Plano de ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional Lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do decreto nº. 6.259, de 21 de
novembro de 2007, o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o
Desenvolvimento Nacional (BRASIL, 2008e) do MCT foi elaborado em sintonia com o Plano
de Aceleração do Crescimento (PAC) e possui como principal objetivo, “definir um amplo
leque de iniciativas, ações e programas que possibilitem tornar mais decisivo o papel da
ciência, tecnologia e inovação (C, T&I) no desenvolvimento sustentável no país” (BRASIL,
2008e).
Neste documento, é possível verificar que muitas iniciativas visam estimular a incorporação
da atividade de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D&I) no processo produtivo das
empresas. Pelo desenho da política observa-se a intenção de que o PACTI interaja com os
demais planos, o que permite uma complementaridade das ações que o compõem.
Figura 1 – Configuração da Política Econômica e a inserção do PAC C,T&I 207-2010.
Fonte: Brasil (2008e).
Plano de Desenvolvimento
da Educação PDE
Política Industrial, Tecnológica e de
Comércio Exterior PITCE
Plano de
Desenvolvimento da Saúde
Política de Desenvolvimento da Agropecuária
Plano de Ação em Ciência, Tecnologia
e Inovação para o Desenvolvimento
Plano de Aceleração
do Crescimento Infra -estrutura
Política Econômica
44
As prioridades estratégicas do Plano interagem com os quatro eixos da atual Política Nacional
de C, T&I, são elas:
Expandir, integrar, modernizar e consolidar o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), atuando em articulação com os governos estaduais para ampliar a base científica e tecnológica nacional; atuar de maneira decisiva para acelerar o desenvolvimento de um ambiente favorável à inovação nas empresas, fortalecendo a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE); fortalecer as atividades de pesquisa e inovação em áreas estratégicas para a soberania do País, em especial energia, aeroespacial, segurança pública, defesa nacional e Amazônia; e promover a popularização e o ensino de ciências, a universalização do acesso aos bens gerados pela ciência, e a difusão de tecnologias para a melhoria das condições de vida da população (BRASIL, 2008e, p. 9, grifo nosso).
Para efeitos desta análise só serão detalhados os eixos do PACTI relacionados ao apoio
governamental no âmbito empresarial. No entanto, o APÊNDICE A traz uma previsão de
recursos do PACTI MCT para todas as prioridades até 2010.
No que tange o apoio à inovação nas empresas, a prioridade estratégia de promover a
inovação tecnológica nas empresas, delineada pelo Plano MCT, tem como objetivo
intensificar as ações de fomento à inovação e de apoio tecnológico nas empresas e possui
como linhas de ação: o apoio à inovação tecnológica nas empresas, a tecnologia para a
inovação nas empresas e o incentivo à criação e à consolidação de empresas intensivas em
capital. Para tanto, delineou as ações relativas a cada linha:
a) Apoio à Inovação Tecnológica nas Empresas
� Apoio financeiro às atividades de P, D&I e à inserção de pesquisadores nas empresas;
� Apoio à cooperação entre empresas e ICTs;
� Iniciativa nacional para a inovação;
� Capacitação de recursos humanos para a inovação;
� Implementação de Centros de P, D&I Empresariais.
Para essa linha de ação, o MCT prevê investimentos no período de 2007 até 2010 da ordem de
aproximadamente R$ 14 bilhões.
45
b) Tecnologia para a Inovação nas Empresas
� Sistema Brasileiro de Tecnologia – SIBRATEC
O SIBRATEC terá como objetivo principal proporcionar condições para o aumento da taxa de
inovação das empresas brasileiras e, assim, contribuir para aumentar o valor agregado do seu
faturamento, sua produtividade e sua competitividade nos mercados internos e externos. Para
essa linha de ação, o PACTI prevê investimentos até 2010 de aproximadamente R$ 680
milhões.
c) Incentivo à Criação e à Consolidação de Empresas Intensivas em Tecnologia
� Programa Nacional de apoio às Incubadoras e aos Parques Tecnológicos (PNI)
� Inovar – Fomento à criação e à ampliação da indústria de capital empreendedor
(venture capital) no Brasil
� Uso do poder de compra para estimular o desenvolvimento tecnológico nas empresas
nacionais de tecnologia
Nessa linha, o PACTI prevê aplicação de aproximadamente R$ 11 bilhões, até 2010.
O PACTI, desde o seu lançamento tem sido referência para a área de C&T. O plano traz
diretrizes de investimento para ampliar a base científica e tecnológica. Com recursos de
aproximadamente R$ 50 bilhões, o PACTI prevê a aplicação de 49% deste recurso no eixo de
promoção à inovação tecnológica das empresas. Este indicador é, novamente, um grande
marco para as empresas, que têm do governo um apoio maior à inovação.
3.2 AS AGÊNCIAS DE APOIO À INOVAÇÃO No esforço para a promoção de um ambiente propício à inovação é importante que as
instituições de apoio possuam objetivos convergentes. No Brasil, destacam-se o MCT, o
CNPq, a Finep, o BNDES e as FAPs.
O MCT foi criado em 15 de março de 1985, pelo Decreto nº. 91.146, como órgão central do
Sistema Federal de Ciência e Tecnologia e é responsável pela formulação e implementação da
Política Nacional de Ciência e Tecnologia.
46
A área de competência do MCT abrange: o patrimônio científico e tecnológico e seu
desenvolvimento; a política de cooperação e intercâmbio concernente a esse patrimônio; a
definição da Política Nacional de Ciência e Tecnologia; a coordenação de políticas setoriais; a
política nacional de pesquisa, desenvolvimento, produção e aplicação de novos materiais e
serviços de alta tecnologia (BRASIL, 2008b).
O MCT, nos últimos anos, tem empenhado esforços para suprir o país de melhores condições
de competitividade, inserindo novos modelos de financiamento da pesquisa em C, T&I e
novos instrumentos legais, como foi visto anteriormente, a exemplo da Lei da Inovação e Lei
do Bem para regulamentar tais iniciativas.
O CNPq é uma agência do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), criada em 1951
pela Lei nº. 1.310/15 de janeiro de 1951. Em sua estrutura funcional, o CNPq conta com
uma diretoria executiva, responsável pela gestão da instituição e um conselho
deliberativo, responsável pela política institucional.
O CNPq é voltado para o fomento da pesquisa científica e tecnológica e à formação de
recursos humanos para a pesquisa no país e tem como missão “promover e fomentar o
desenvolvimento científico e tecnológico do país e contribuir na formulação das políticas
nacionais de Ciência e Tecnologia” (BRASIL, 2008b). Essa instituição tem conquistado
um papel muito importante na formação de recursos humanos qualificados nos vários
campos do conhecimento e no financiamento de projetos de pesquisa. Dados do MCT
(BRASIL, 2008b), ao longo de sua existência, o CNPq concedeu bolsas para formação de
32 mil doutores e 92 mil mestres.
O CNPq atua por meio de mecanismos e programas, destacando-se:
Programas de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e Iniciação Científica Júnior (ICJ);
Programa de Bolsas para a formação de Pós-Graduado, Mestrado e Doutorado;
Programa de Bolsas para Produtividade em Pesquisa;
Programas de Tecnologia, Extensão e Inovação;
Editais para projetos de pesquisa;
Editais para projetos dos Fundos Setoriais de C&T;
Apoio a eventos relacionados à Ciência, Tecnologia e Inovação;
Programa Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX);
47
Programa Institutos do Milênio;
Programa Primeiros Projetos (PPP);
Programa Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (DCR);
Programa de Apoio a Publicações Científicas;
Programas e ações de Cooperação Internacional;
Parcerias com as Secretarias de C&T e Fundações de Apoio a Pesquisas Estaduais;
Outra instituição de apoio relevante é a Finep, uma empresa pública vinculada ao MCT que
tem como missão “promover e financiar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica em
empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de pesquisa e outras instituições
públicas ou privadas, mobilizando recursos financeiros e integrando instrumentos para o
desenvolvimento econômico e social do país” (FINEP, 2008b).
A Finep foi criada em 24 de Julho de 1967, para institucionalizar o Fundo de Financiamento
de Estudos de Projetos e Programas, criado em 1965. Mais tarde, a Finep substituiu e ampliou
o papel até então exercido pelo BNDES e seu Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico
(FUNTEC), constituído em 1964 com a finalidade de financiar a implantação de programas
de pós-graduação nas universidades brasileiras.
Em 31 de julho de 1969, foi instituído o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FNDCT), destinado a financiar a expansão do sistema de C&T, tendo a Finep
como sua secretaria executiva a partir de 1971. Na década de 1970, a Finep promoveu intensa
mobilização na comunidade científica ao financiar a implantação de novos grupos de
pesquisa, a criação de programas temáticos, a expansão da infra-estrutura de C&T e a
consolidação institucional da pesquisa e da pós-graduação no país. Além disso, estimulou a
articulação entre universidades, centros de pesquisa, empresas de consultoria e contratantes de
serviços, produtos e processos.
A Finep possui grande poder de indução de atividades de inovação, essenciais para o aumento
da competitividade do setor empresarial. Esta capacidade se dá pela combinação de recursos
reembolsáveis e não-reembolsáveis, assim como de outros instrumentos. O que não se
observa é divulgação ampla dos mecanismos disponíveis, no meio empresarial.
As ações da Finep têm sido pautadas nas áreas prioritárias da PITCE. Com essa visão de
prioridades, a Finep financia projetos institucionais de pesquisa e desenvolvimento, seja de
48
ICTs ou de empresas, de entidades públicas ou privadas. Tradicionalmente, as operações de
apoio não reembolsável se destinam a ICTs, enquanto empresas recebem principalmente
apoios reembolsáveis. Com a Lei de Inovação e a criação do mecanismo de subvenção
econômica, esta realidade tem mudado. Além de atuar em conformidade com o MCT, a Finep
atua com estreita articulação com o CNPq, cabendo a este apoiar pessoas físicas, por meio de
bolsas e auxílios. Já a Finep apóia ações de C, T&I de instituições públicas e privadas.
Os financiamentos e ações da Finep são voltados para as seguintes finalidades: ampliação do
conhecimento e capacitação de recursos humanos do Sistema Nacional de C, T&I, realização
de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação de produtos e processos, aumento da
qualidade e do valor agregado de produtos e serviços para o mercado nacional visando a
melhoria da qualidade de vida da população e a substituição competitiva de importações,
incremento da competitividade de produtos, processos e serviços para o mercado
internacional, visando o aumento das exportações, promoção da inclusão social e da redução
das disparidades regionais e valorização da capacidade científica e tecnológica instalada e dos
recursos naturais do Brasil.
O BNDES, ex-autarquia federal45 criada pela Lei nº. 1.628, de 20 de junho de 1952 tem como
missão “promover o desenvolvimento do país, elevando a competitividade da economia
brasileira, priorizando tanto a redução de desigualdades sociais e regionais, como a
manutenção e geração de emprego” (BNDES, 2008).
O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o
desenvolvimento do país. O banco atua financiando empreendimentos industriais e infra-
estrutura nos setores agricultura, comércio e serviços, sobretudo para as MPEs, além dos
investimentos sociais, direcionados para a educação e saúde, agricultura familiar, saneamento
básico e ambiental e transporte coletivo de massa.
As linhas de apoio (apoio financeiro e programas) do BNDES contemplam financiamentos de
longo prazo e com condições diferenciadas voltados para o desenvolvimento de projetos de
45 O BNDES foi enquadrado como uma empresa pública federal, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio, pela Lei nº 5.662, de 21 de junho de 1971.
49
investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados no
país, bem como para o incremento das exportações brasileiras.
O apoio à inovação é prioridade estratégica para o BNDES, que tem como objetivo
“contribuir para o aumento das atividades de inovação no país e para a sua realização em
caráter sistemático”. Além das linhas de apoio setorial, o BNDES possui formas de apoio
extensivas a todos os setores da economia, que englobam os diferentes estágios da atividade
de inovação e que permitem a combinação de diferentes mecanismos financeiros, tais como
linhas de apoio à inovação tecnológica, Funtec e o Programa Criatec (capital semente).
O BNDES tem contribuído para o financiamento da inovação e o gráfico 3 apresenta uma
evolução significativa no volume de desembolsos realizados pela instituição no período em
análise. No entanto, o processo operacional que envolve os empréstimos ainda é burocrático.
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ano
Des
emb
ols
os
(199
7-20
07)
Total
Gráfico 3 – Desempenho (em R$ milhões) operacional do sistema BNDES (1997-2007). Fonte: BNDES (2008).
As FAPs também desempenham papel importante no apoio à ciência e tecnologia. São
normalmente ligadas às Secretarias de Estado de Ciência e Tecnologia. Em alguns Estados há
uma vinculação constitucional entre os recursos destinados às FAPs e a receita de impostos do
Estado, o que demonstra a sensibilidade política à importância do tema; porém esta
vinculação só tem sido cumprida no Estado de São Paulo (ALEXANDRE NETTO, 2008).
50
As FAPs atuam no fomento à pesquisa científica e tecnológica e à inovação, no apoio à
formação de recursos humanos qualificados para a pesquisa e no fomento à interação entre os
centros geradores do conhecimento e os centros economicamente produtivos. O ideal é que as
agências de fomento estejam articuladas com a política nacional, esta iniciativa pode ser
observada com a implementação das leis estaduais de inovação. Com as leis estaduais
complementares, as FAPs podem ampliar a aplicação dos mecanismos de apoio, direcionando
recursos (reembolsáveis e não reembolsáveis) às empresas, o que demonstra mais um avanço
no marco regulatório.
3.3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS
Nesta seção serão analisados alguns indicadores de esforço de inovação com o intuito de
verificar o desempenho do setor privado no que diz respeito à capacidade inovativa e em
especial, verificar se há alguma sinalização de resposta do setor privado para as políticas
públicas de apoio à inovação.
As evidencias foram observadas a partir da Pintec, realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) com o apoio da Finep e do MCT, que tem por objetivo
fornecer informações para a construção de indicadores das atividades de inovação tecnológica
das empresas brasileiras.
A classificação de atividades de referência da Pintec é a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE). Esta classificação dispõe num mesmo nível atividades e setores
diferenciados no que tange à intensidade da inovação, vide anexo 2. Para um resultado de
desempenho de inovação por setor faz-se necessário admitir que os setores possuem
capacidade inovativa diferenciadas, tal como Pavitt (2003) previu.
A Pintec segue a recomendação do Manual de Oslo (1997) apenas para inovação tecnológica,
no qual esta é definida pela implementação de produtos (bens ou serviços) ou processos
tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados. No entanto, a Pintec não mensura
as inovações organizacionais e/ou de marketing, também previstas no Manual de Oslo.
51
Os avanços no marco regulatório e na ambiência da inovação podem ser traduzidas pelo
aumento da taxa de inovação das empresas brasileiras, conforme gráfico. 2. No entanto, os
indicadores revelam que as empresas industriais de médio porte (de 100 a 499 empregados)
possuem aumentos mais significativos nos indicadores da taxa de inovação e crescem com o
porte das empresas, variando, no caso da taxa de inovação geral, de 29%, para as que ocupam
entre 10 e 49 pessoas, a 79%, para as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas.
Por mais indutivo que seja não é possível determinar uma relação direta entre porte da
empresa e capacidade de inovação, isto porque é preciso considerar as especificidades de cada
setor46. O que ocorre é que as empresas maiores possuem, em geral, uma maior capacidade
para assumir e lidar com os riscos da inovação tecnológica, o que as permite um desempenho
mais exitoso no processo inovativo.
Pelo gráfico 4, pode-se observar que o apoio do Estado no financiamento da inovação,
embora tenha aumentado, ainda é um índice muito pequeno em relação ao total das empresas
que inovaram ou ainda, com relação aos índices internacionais. De acordo com publicações
(GESTÃO C&T ON LINE, 2008), no Japão, o governo financia 18% só de atividade P&D;
nos Estados Unidos e na Alemanha esse percentual é de 31%; na Coréia do Sul, 24%; e na
Espanha esse número chega a 40%.
Inovação x Apoio do Governo
22.698
28.036
32.796
3.831 5.233 6.169
1998-2001 2001-2003 2003-2005
Período
Núm
ero
de
em
pres
as
Que implementaram inovaçõesQue receberam apoio do governo
Gráfico 4 - Número de empresas que receberam apoio do governo (1998 – 2005). Fonte: Elaborado a partir da Pintec (2008a; 2008b; 2008c).
46 Para um estudo sobre setores inovativos, ver Pavitt (2003).
52
Esse indicador revela, que apesar de crescente, o apoio governamental ainda possui baixos
índices. Conforme demonstra o gráfico 4, o percentual das empresas que realizaram
atividades inovativas e que receberam apoio do governo representa apenas 16,9% no período
1998-2001, 18,6% para o período de 2001-2003 e 18,81% no período 2003-2005.
Das empresas que implementaram inovações e que receberam apoio do governo para as suas
atividades inovativas, a Pintec revela que:
as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas – com 40,9%, na indústria; 16,7%, nas telecomunicações; 25,1%, na informática; e 100%, na P&D – são as maiores beneficiárias dos programas governamentais. Por último, os financiamentos à compra de máquinas e equipamentos destacam-se como o tipo de programa mais utilizado pelas empresas inovadoras (PINTEC, 2008c).
Ainda pela Pintec (2008c), os recursos dos Fundos Setoriais são mais utilizados pelas
instituições de médio (85,0%) e grande porte (100%). Isso confirma a idéia de que, apesar de
representar um marco importante, os fundos setoriais precisam ser revistos, no que diz
respeito à distribuição de recursos.
Para Oslo (1997, p. 47-48), “as pequenas e médias empresas (MPEs) possuem necessidades
mais especializadas em suas atividades”, necessitando, portanto de um apoio maior no que
tange à parceria “com instituições públicas de pesquisa para P&D, troca de conhecimentos e,
potencialmente, para comercialização e atividades de marketing”.
A informação obtida pela Pintec (2008c), referente ao apoio do governo para atividades
inovativas, compreende apenas alguns dos mecanismos de apoio citados anteriormente. Das
6.169 empresas que receberam apoio do governo, no período 2003-2005, para implementar
inovações tecnológicas, 680 receberam apoio por meio de incentivos fiscais enquanto 4.333
receberam apoio por meio de incentivos financeiros, vide anexo 1. Esses números refletem
resultados anteriores à Lei de Inovação e Lei do Bem.
Os incentivos financeiros referem-se a projetos de pesquisa em parceria com universidades e
institutos de pesquisa e à P&D e compra de máquinas e equipamentos, vide anexo 1.
Graficamente, esses dados não são coerentes, visto que, quando analisados, a MPE aparece
como principal usuária do apoio governamental na modalidade de incentivos financeiros.
53
Grande parte desse incentivo refere-se à financiamento para compra de máquinas e
equipamentos. Esse número aumenta em muito o desempenho e não deve ser considerado
como indicador de inovação.
Apoio do Governo x Porte
336
3 039
1 728
197
792
274 147 502
128
Incentivo fiscal Financiamento Outros programas deapoio
Programa
Núm
ero
de e
mpr
esas
MICRO E PEQUENA MÉDIA GRANDE
Gráfico 5 – Número de empresas que receberam apoio do governo por porte e por modalidade. Fonte: Elaborado a partir da Pintec (2008c).
É importante ressaltar que esses números não contemplam os avanços do marco regulatório,
como Lei de Inovação e Lei do Bem, ou ainda os recursos previstos no PAC C&T 2007-2010.
Este último com grande previsão de recursos a serem direcionados às empresas.
54
4 PROPOSTAS E SUGESTÕES
Várias questões acerca do papel do Estado na promoção de uma ambiência à inovação foram
colocadas ao longo desse trabalho. Os novos instrumentos por si só não induzem à realização
de P&D e inovação por parte do setor privado. Os mecanismos existentes servem apenas de
apoio às iniciativas empresariais ao reduzir os custos e os riscos da P&D e da inovação.
A partir das evidências demonstradas no capítulo anterior, vale a pena apresentar de forma
sintetizada algumas constatações e propostas:
I) Constatações
a) O atual cenário econômico do país possibilita um ambiente propício à inovação à
medida que afasta os riscos de vulnerabilidade externa. A estabilidade permite
segurança ao empresário inovador, que acaba sendo beneficiado pelo ambiente
macroeconômico. O crescimento da economia impulsiona o binômio
competitividade/inovação;
b) Os dados disponibilizados pela Pintec auxiliam não somente na coleta de informações
sobre a existência dos mecanismos estatais de financiamento da inovação, mas dão
subsídios para que se conheça o perfil das empresas beneficiadas por esses recursos.
Esses indicadores podem fornecer informações relevantes para avaliação da
permanência das prioridades estabelecidas na agenda política de C&T. No entanto,
ainda não há indicadores suficientes para avaliar os marcos regulatórios e os
mecanismos em todas as suas linhas de ação;
c) Há ainda um aspecto não coberto pelos mecanismos, que são as medidas necessárias
para a mudança de cultura do setor empresarial, que ainda não dá a devida importância
à sua capacidade de inovar, como sendo um dos principais instrumentos para o
aumento de sua competitividade. É preciso mobilizar ainda mais o setor privado para
ser mais dinâmico na promoção da inovação, não dependendo apenas de recursos
estatais.
55
d) Os mecanismos de financiamento não estimulam a inovação organizacional,
priorizando apenas a inovação tecnológica (produto e processo);
e) Há uma distorção na reposta do setor privado aos mecanismos de apoio estatais. Ora,
se as empresas de grande porte possuem maior taxa de inovação e, teoricamente,
possuem maior capacidade inovativa, estas não deveriam ser as maiores beneficiárias
dos programas governamentais. Estes deveriam ser equilibrados, de forma que as
MPEs – cuja capacidade de enfrentamento dos riscos é menor – possam ter acesso aos
mecanismos;
f) A compra de máquinas e equipamentos não deve ser considerada como inovação
tecnológica, mas como modernização de infra-estrutura;
g) Aparentemente, o volume de recursos empenhado pelo Estado não têm provocado um
aumento significativo na taxa de inovação das empresas brasileiras;
h) O mecanismo de subvenção econômica é direcionado para produtos e processos
inovadores específicos, de acordo com as áreas prioritárias da PITCE, formando,
portanto uma cultura de inovação induzida e não espontânea. Os projetos de inovação
devem ser apoiados, independente do setor;
i) O investimento em capital de risco tem se mostrado uma alternativa viável, sobretudo
para as empresas nascentes, que adquirem, já na fase de startup, a cultura inovadora
não se limitando apenas às subvenções diretas e incentivos fiscais para sobreviverem;
II) Propostas
a) Aprimorar a Pintec para que sirva de instrumento real de indicadores de inovação
contemplando todos os mecanismos existentes e a partir dela avaliar a eficácia destes;
b) Incentivar as inovações organizacionais e de marketing, também relevantes para a
competitividade, sobretudo porque a pequena empresa necessita além de apoio técnico
e econômico, apoio em questões de gestão;
56
c) Redefinir os mecanismos de apoio de acordo com o porte da empresa, de forma que as
MPEs possam ter acesso aos mecanismos, sobretudo ao mecanismo de subvenção
econômica;
d) Desenvolver junto às empresas e instituições beneficiadas pelos mecanismos estatais a
coleta sistemática de dados, de forma que se possa avaliar a aplicação do recurso;
e) Direcionar os recursos subvencionados para capacitação dos APLs, com ações
conjuntas e de maior abrangência. O mecanismo de subvenção direta por si só pode
não trazer resultados satisfatórios para o conjunto da economia, uma vez que não há
garantia do sucesso da inovação.
f) Estimular a aplicação de recursos em investimentos de capital de risco junto às MPEs.
57
5 CONCLUSOES SUGESTIVAS
Os conhecimentos produzidos a partir deste trabalho representam apenas o ponto de partida na
análise dos mecanismos estatais de financiamento à inovação. Torna-se necessário aprofundar
o tema, ampliando-o com as seguintes recomendações:
a) Acompanhamento dos indicadores de resultado para o mecanismo de subvenção
econômica, acompanhando o desempenho das empresas beneficiadas e a concretização da
inovação proposta. Vale ressaltar que alguns dos programas (a exemplo da subvenção
econômica) foram implantados recentemente, estando ainda em fase inicial de execução, não
tendo alcançado um número grande de empresas.
b) Monitorar a contribuição das leis estaduais de inovação para o desempenho das regiões.
Hoje, a região Sudeste se destaca no que diz respeito à concorrência em editais. É preciso
verificar se os marcos regulatórios recentes nos 5 estados que já implementaram a Lei de
Inovação causaram impacto positivo. Sugere-se utilizar as FAPs para adaptar cada mecanismo
à realidade do empresariado local, evitando assim editais no âmbito nacional, que não levam
em considerações as diferenças taxas de inovação e ambientes culturais.
c) Ampliar o estudo a partir da Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP, lançada pelo
governo em maio de 2008. A crítica considera que a PITCE, política anterior ao PDP, atingiu
a iniciativa privada, ficando restrita apenas à criação de alguns marcos regulatórios.
d) Ampliar o estudo contemplando as iniciativas privadas no enfrentamento do problema.
58
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61
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62
APÊNDICE A – Previsão de Recursos MCT
Previsão de Recursos do PACTI MCT 2007-2010 por prioridade estratégica
Recursos (R$ milhões) Linha de Ação
2007 2008 2009 2010 Total
I Expansão e Consolidação do Sistema Nacional de C, T & I 1.868,13 2.370,06 2.595,68 2.908,69 9.742,56
1 Consolidação Institucional do Sistema Nacional de C, T & I 28,49 35,85 34,40 38,09 136,83
2 Formação de Recursos Humanos para C, T & I 1.345,05 1.533,05 1.704,25 1.901,70 6.484,05
3 Infra-estrutura e Fomento da Pesquisa Científica Tecnológica 494,59 801,16 857,03 968,90 3.121,68
II Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas 3.106,16 5.421,20 7.594,64 9.786,82 25.908,82
4 Apoio à Inovação Tecnológica nas Empresas 2.416,20 3.451,38 3.902,24 4.373,22 14.143,04
5 Tecnologia para a Inovação nas Empresas 65,76 150,02 210,60 255,60 681,98
6 Incentivo à Criação e à Consolidação de Empresas Intensivas em Tecnologia
624,20 1.819,80 3.481,80 5.158,00 11.083,80
III Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Áreas Estratégicas 2.706,66 3.674,72 3.509,99 4.041,27 13.932,64
7 Áreas Portadoras de Futuro: Biotecnologia e Nanotecnologia
55,57 62,44 72,50 85,27 275,78
8 Tecnologias da Informação e Comunicação 361,35 526,40 604,18 726,30 2.218,23
9 Insumos para a Saúde 13,70 15,80 18,10 21,00 68,60
10 Biocombustíveis 0,70 3,27 3,88 4,42 12,27
11 Energia Elétrica, Hidrogênio e Energias Renováveis 97,20 135,10 128,00 132,10 492,40
12 Petróleo, Gás e Carvão Mineral 1.353,50 1.956,00 1.415,90 1.264,20 5.989,60
13 Agronegócio 21,80 25,35 29,50 33,95 110,60
14 Biodiversidade e Recursos Naturais 61,54 99,78 132,74 169,34 463,40
15 Amazônia e Semi-Árido 120,40 122,01 109,58 119,54 471,53
16 Meteorologia e Mudanças Climáticas 104,16 69,28 113,97 128,43 415,84
17 Programa Espacial 305,12 395,07 604,26 1.054,26 2.358,71
18 Programa Nuclear 153,82 195,52 196,88 208,96 755,18
19 Defesa Nacional e Segurança Pública 57,80 68,70 80,50 93,50 300,50
IV Ciência, Tecnologia e Inovação p/ o Desenvolvimento Social 350,75 309,96 292,96 315,68 1.269,35
20 Defesa Nacional e Segurança Pública 80,76 119,29 98,17 109,58 407,80
21 Tecnologias para o Desenvolvimento Social 269,99 190,67 194,79 206,10 861,55
TOTAL 8.031,70 11.775,94 13.993,27 17.052,46 50.853,37 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do PACTI MCT
63
APÊNDICE B – Previsão de recursos MCT. Previsão de Recursos do PACTI MCT 2007-2010 para a prioridade estratégica II –
Promoção da Inovação nas Empresas.
Recursos (R$ milhões) Linha de Ação Origem
2007 2008 2009 2010 Total
II Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas
3.106,16 5.421,20 7.594,64 9.786,82 25.908,82
4 Apoio à Inovação Tecnológica nas Empresas
2.416,20 3.451,38 3.902,24 4.373,22 14.143,04 MCT/FNDCT 630,20 692,20 782,60 903,10 3.008,10
FINEP - recursos
reembolsáveis 420,00 420,00 490,00 610,00 1.940,00 BNDES 910,00 1.800,00 2.010,00 2.150,00 6.870,00 Parceiros 80,00 100,00 120,00 145,00 445,00
Apoio financeiro às atividades de P, D&I e à inserção de pesquisadores nas empresas
Contrapartida empresas 250,00 260,00 270,00 280,00 1.060,00
4.1
Total 4.1 2.290,20 3.272,20 3.672,60 4.088,10 13.323,10 MCT/FNDCT 81,60 98,00 117,50 141,10 438,20
MCT/outras ações PPA 2,80 2,08 2,54 2,62 10,04 Parceiros 10,00 20,00 30,00 40,00 100,00
Apoio à cooperação entre empresas e ICTs
Contrapartida 10,00 20,00 30,00 40,00 100,00
4.2
Total 4.2 104,40 140,08 180,04 223,72 648,24 MCT/FNDCT 4,20 5,10 6,10 7,30 22,70 Iniciativa nacional para a
inovação Parceiros 5,00 10,00 15,00 20,00 50,00 4.3
Total 4.3 9,20 15,10 21,10 27,30 72,70 MCT/FNDCT 2,40 4,00 3,50 4,10 14,00
Parceiros 5,00 10,00 12,50 15,00 42,50 Capacitação de recursos humanos para a inovação
Contrapartida 5,00 10,00 12,50 15,00 42,50 4.4
Total 4.4 12,40 24,00 28,50 34,10 99,00 MCT/FNDCT 0,00 60,00 120,00 180,00 360,00
BNDES 0,00 100,00 120,00 180,00 400,00 FINEP 0,00 50,00 60,00 90,00 200,00
Implementação de Centros de P,D&I Empresariais
Contrapartida 0,00 40,00 80,00 120,00 240,00
4.5
Total 4.5 0,00 250,00 380,00 570,00 1.200,00
5 Tecnologia para a Inovação nas Empresas 65,76 150,02 210,60 255,60 681,98
MCT/FNDCT 53,20 113,90 146,90 191,90 505,90
MCT/outras ações PPA 3,56 5,12 7,70 7,70 24,08 Parceiros 4,00 15,00 28,00 28,00 75,00
Sistema Brasileiro de Tecnologia – SIBRATEC
Contrapartida estados 5,00 16,00 28,00 28,00 77,00
5.1
Total 5.1 65,76 150,02 210,60 255,60 681,98
6 Incentivo à Criação e à Consolidação de Empresas Intensivas em 624,20 1.819,80 3.481,80 5.158,00 11.083,80
64
Tecnologia
MCT/FNDCT 6,80 8,10 9,80 11,70 36,40
MCT/outras ações PPA 0,00 0,50 0,50 0,50 1,50
Programa Nacional de apoio às Incubadoras e aos Parques Tecnológicos (PNI) Parceiros 20,00 40,00 60,00 90,00 210,00
6.1
Total 6.1 26,80 48,60 70,30 102,20 247,90 MCT/FNDCT 30,30 46,30 55,60 61,80 194,00
BNDES 15,00 15,00 15,00 15,00 60,00 Parceiros 120,00 400,00 800,00 1.200,00 2.520,00
Inovar – Fomento à criação e à ampliação da indústria de capital empreendedor (venture capital) no Brasil Empresas 120,00 400,00 800,00 1.200,00 2.520,00
6.2
Total 6.2 285,30 861,30 1.670,60 2.476,80 5.294,00 Uso do poder de compra para estimular o desenvolvimento tecnológico nas empresas nacionais de tecnologia
- - - - - - 6.3
Total 6.3 - - - - -
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do PACTI MCT
65
ANEXO 1 Empresas que implementaram inovações, total e que receberam apoio do governo para as suas atividades inovativas, por tipo de programa de apoio, segundo faixas de pessoal ocupado nas atividades selecionadas da indústria e dos serviços - Brasil - período 2003-2005.
Empresas que implementaram inovações
Que receberam apoio do governo, por tipo de programa
Incentivo fiscal Financiamento Faixas de pessoal ocupado nas atividades selecionadas
da indústria e dos serviços
Total Total
À Pesquisa e Desenvolvimento
e Inovação Tecnológica
(1)
Lei da
informática (2)
A projetos de pesquisa em
parceria com
universidades e institutos de
pesquisa
À P&D e compra de máquinas e
equipamentos
Outros programas de
apoio
Total 32 796 6 169 249 431 450 3 883 2 129
De 10 a 29 18 651 2 968 38 160 137 1 703 1 278
De 30 a 49 4 275 818 13 46 27 620 177
De 50 a 99 4 239 815 23 56 47 506 273
De 100 a 249 3 074 674 43 69 59 432 176
De 250 a 499 1 254 368 34 51 51 250 98
Com 500 e mais 1 304 525 99 49 130 372 128
Indústrias extrativas e de transformação 30 377 5 817 207 324 378 3 757 1 990
De 10 a 29 16 931 2 730 15 87 110 1 619 1 205
De 30 a 49 3 992 790 13 40 24 613 162
De 50 a 99 4 076 800 18 55 43 506 263
De 100 a 249 2 962 653 42 61 50 423 168
De 250 a 499 1 201 346 25 40 36 240 81
Com 500 e mais 1 216 497 94 41 115 356 112
Serviços 2 418 351 42 107 72 127 139
De 10 a 29 1 721 238 22 74 27 84 72
De 30 a 49 283 28 - 6 3 7 16
De 50 a 99 163 15 5 1 3 - 10
De 100 a 249 112 21 1 8 9 9 8
De 250 a 499 52 22 9 11 15 10 17
Com 500 e mais 87 28 4 7 15 16 16
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa de Inovação Tecnológica 2005.
66
ANEXO 2 Empresas que implementaram inovações, total e que receberam apoio do governo para as suas atividades inovativas, por tipo de programa de apoio, segundo atividades selecionadas da indústria e dos serviços - Brasil - período 2003-2005.
Empresas que implementaram inovações
Que receberam apoio do governo, por tipo de programa
Incentivo fiscal Financiamento
Atividades selecionadas da
indústria e dos serviços Total Total
À Pesquisa e Desenvolvimento e inovação
tecnológica
(1)
Lei da
informática
(2)
A projetos de pesquisa em
parceria com
universidades e institutos de
pesquisa
À P&D e compra de máquinas
e equipame
ntos
Outros programas de
apoio
Total 32 796 6 169 249 431 450 3 883 2 129 Indústrias extrativas 427 89 1 - 9 45 38 Indústrias de transformação 29 951 5 729 206 324 369 3 712 1 952 Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 3 771 765 25 19 62 482 269 Fabricação de produtos alimentícios 3 451 698 24 16 59 444 242 Fabricação de bebidas 320 67 1 2 3 38 27 Fabricação de produtos do fumo 18 3 - - - 2 1 Fabricação de produtos têxteis 1 382 322 5 3 8 199 123 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 3 403 530 10 26 3 343 242 Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados 1 490 304 5 7 13 264 29 Fabricação de produtos de madeira 1 440 191 2 - - 60 132 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 565 61 8 - 3 39 22 Fabricação de celulose e outras pastas 14 3 - - 1 2 1 Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel 551 58 8 - 2 37 22 Edição, impressão e reprodução de gravações 1 451 306 - 5 1 197 107 Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool 103 30 1 - 7 21 8 Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustí- veis nucleares 56 23 - - 2 18 4 Refino de petróleo 47 6 1 - 4 4 4 Fabricação de produtos químicos 1 900 345 32 3 57 269 109 Fabricação de produtos químicos 1 574 279 27 3 40 211 97 Fabricação de produtos farmacêuticos 326 66 5 - 16 58 13 Fabricação de artigos de borracha e plástico 1 806 517 11 9 28 379 143 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 1 558 297 7 5 13 178 108 Metalurgia básica 676 132 12 4 12 104 33 Produtos siderúrgicos 130 39 9 2 9 29 8 Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição 546 93 3 2 3 75 25 Fabricação de produtos de metal 2 668 410 6 4 10 192 217 Fabricação de máquinas e equipamentos 2 282 396 20 22 24 280 105 Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática 146 71 4 70 9 10 10
67
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 865 165 5 43 29 85 40 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equi- pamentos de comunicações 367 114 8 55 29 64 19 Fabricação de material eletrônico básico 191 56 2 15 12 34 10 Fabricação de aparelhos e equipamentos de comuni- cações 176 57 6 40 17 30 9 Fabricação de equipamentos de instrumentação médi- co-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios 627 151 12 41 22 92 88 Fabricação e montagem de veículos automotores, rebo- ques e carrocerias 819 167 20 1 14 139 24 Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus 28 18 5 - 1 12 5 Fabricação de cabines, carrocerias, reboques e recon- dicionamento de motores 241 28 6 1 4 26 1 Fabricação de peças e acessórios para veículos 550 121 9 - 9 102 18 Fabricação de outros equipamentos de transporte 205 34 4 2 3 26 4 Fabricação de móveis e indústrias diversas 2 304 417 6 5 18 287 116 Fabricação de artigos do mobiliário 1 695 321 3 2 8 211 109 Fabricação de produtos diversos 609 95 4 3 10 76 7 Reciclagem 106 3 2 - 2 - 1 Serviços 2 418 351 42 107 72 127 139 Telecomunicações 180 17 - - 4 14 3 Atividades de informática e serviços relacionados 2 197 297 33 87 38 92 108 Consultoria em software 843 101 29 51 13 25 20 Outras atividades de informática e serviços relacionados 1 354 196 3 36 25 67 89 Pesquisa e desenvolvimento 41 37 9 20 30 21 28
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa de Inovação Tecnológica 2005.
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