tÉcnica da agulha de fogo x mÉtodo de 3 agulhas
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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC
CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA
ELISABETE CUSTÓDIO DA SILVA BONANI
TÉCNICA DA AGULHA DE FOGO X MÉTODO DE 3 AGULHAS
SÃO PAULO
2016
ELISABETE CUSTÓDIO DA SILVA BONANI
TÉCNICA DA AGULHA DE FOGO X MÉTODO DE 3 AGULHAS
Trabalho de Conclusão de Curso de Formação em
Acupuntura apresentado à EBRAMEC - Escola
Brasileira de Medicina Chinesa, sob orientação do
Prof. Otávio Stefanelli Neto e Co-Orientador
Dr.Reginaldo de Carvalho Silva Filho.
SÃO PAULO
2016
ELISABETE CUSTÓDIO DA SILVA BONANI
TÉCNICA DA AGULHA DE FOGO X MÉTODO DE 3 AGULHAS
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Otávio Stefanelli Neto
Reginaldo De Carvalho Silva Filho
Elisabete Custódio da Silva Bonani
São Paulo, ____ de _____________de ___
RESUMO
O estudo de casos aqui apresentado, tem a finalidade de comparar dois tratamentos diferentes em
casos de artrite no joelho: Método de Três Agulhas e a Técnica da Agulha de Fogo. Na Medicina
Chinesa, esta patologia é chamada de invasão de Frio/Umidade. Foram aplicadas 12(doze) sessões,
1(uma) vez por semana em 10(dez) pacientes para cada método, totalizando 20(vinte) pacientes. A
cada 4(quatro) sessões, o paciente era indagado sobre a porcentagem da melhora da dor. O
objetivo desse estudo foi de verificar qual método seria mais eficaz para o tratamento de artrite no
joelho.No geral, os resultados foram excelentes nos dois métodos, porém, houve uma pequena
vantagem da agulha de fogo, este fato ocorreu porque um dos pacientes do método das 3 agulhas
voltou com a dor inicial.
Palavras-chave: Artrite, Joelho, Agulha de Fogo, Método das três Agulhas.
ABSTRACT
The case study presented here is intended to compare two different treatments in arthritis in the
knee: Three Needles Method and Technique of Fire Needle. In Chinese medicine, this disease is
cold / humidity invasion call. Were applied to 12 (twelve) sessions, one (1) time per week for ten
(10) patients for each method, a total of 20 (twenty) patients. Every four (4) sessions, the patient
was asked about the percentage of pain relief. The aim of this study was to find what method would
be most effective for the treatment of arthritis in the knee. Overall, the results were excellent in both
methods, however, there was a small advantage of fire needle, this occurred because one of the 3
needles method of patients returned to the initial pain.
Key words: Arthritis, knee, Fire Needle, Three Needles Method
0
SUMÁRIO
1 - Introdução ............................................................................................... 01
1.1 - Artrite ................................................................................................... 03
2 - Artrite na Medicina Ocidental .............................................................. 05
3 - Artrite na Medicina Oriental ................................................................... 06
4 - Objetivo ................................................................................................... 09
5 - Metodologia............................................................................................. 10
5.1 - Agulha de Fogo .................................................................................... 10
5.2 - Método de Três Agulhas ...................................................................... 12
6 - Procedimento ........................................................................................... 13
7 - Material Utilizado ................................................................................... 18
8 - Resultados e Discussão ........................................................................... 19
9 - Gráficos .................................................................................................. 20
10 – Conclusão ............................................................................................ 21
11 – Referências Bibliográficas .................................................................. 22
1
1 – INTRODUÇÃO
A Medicina Chinesa constitui vasto campo de conhecimento, de origem e de concepção
filosófica, abrangendo vários setores ligados à saúde e à doença. Suas concepções são voltadas
muito mais ao estudo dos fatores causadores da doença, à sua maneira de tratar, conforme os
estágios da evolução do processo de adoecer, e, principalmente, aos estudos das formas de
prevenção, na qual reside toda a essência da filosofia e da Medicina Tradicional Chinesa. (Ysao
Yamamura, 2013).
Para tanto, a Medicina Chinesa enfatiza os fenômenos precursores das alterações funcionais
e orgânicas que provocam o aparecimento de sintomas e de sinais que, muitas vezes, são
acompanhadas de anormalidades nos exames complementares e laboratoriais. O fator causal desses
processos nada mais é do que o desequilíbrio da energia interna, induzido pelo meio ambiente
(origem externa), ou pela alimentação desregrada, emoções retidas, fadigas, etc. (origem interna).
(Ysao Yamamura, 2013).
As alterações energéticas e fisiopatológicas observadas durante o processo de adoecimento
iniciam-se sempre com o desequilíbrio energético entre o Yin e Yang. As desarmonias energéticas
que afetam o ser humano podem ter como causas fatores externos e internos que agem quebrando o
ciclo das ligações e da circulação energética entre as diferentes partes do corpo: Alto e Baixo
Exterior e Interior, direito e esquerdo, levando a um estado de desequilíbrio energético. (Ysao
Yamamura, 2013).
As alterações nas circulações energéticas podem ser consequência da penetração de
Energias Perversas nos Canais de Energia Secundários (Luo Longitudinal e Tendinomuscular), que
levam ao aparecimento de algias periféricas superficiais e difusas ou, se as Energias Perversas
seguirem o trajeto desses Canais de Energias Secundários e penetram o Canal de Energia Principal,
poderão causar alterações na circulação do Qi, como estagnações mais localizadas e bloqueios, com
isso provocando dores periféricas, principalmente próximo às articulações. (Ysao Yamamura,
2013).
Esses fatores alteram as funções energéticas dos Zang Fu e se manifestam ao longo do
trajeto dos Canais de Energia Principais e Canais correlatos, podendo originar estagnações e
bloqueios do Qi, que, além de provocar manifestações clínicas dos órgãos internos, promovem o
aparecimento de algias periféricas ou mesmo ocasionam a impotência funcional dos músculos, as
retrações de tendões, de músculos, etc. (Ysao Yamamura, 2013).
2
A penetração de Energias Perversas, acometendo as articulações dos membros superiores e
inferiores e a coluna vertebral, promove bloqueio na circulação do Qi e Xue (sangue) nessas
articulações, levando a estagnações de Qi e Energias Perversas. Na dependência dessas estagnações,
aparecem manifestações clínicas, como dor, inchaço, sensação de peso, parestesias, adormecimento,
ou mesmo fraqueza muscular dos membros superiores e inferiores, bem como dos músculos
paravertebrais. Essa sintomatologia corresponde às manifestações clínicas de reumatismo,
fibrosites, retrações musculares. Essas manifestações na Medicina Tradicional Chinesa recebem o
nome de Síndrome Bi, cuja mesma, será explicada mais abaixo. (Ysao Yamamura, 2013).
Na Medicina Chinesa, a artrite corresponde aos padrões de desarmonia da Síndrome Bi, fato
este, que proporcionou a realização deste trabalho para a comparação de dois tratamentos da
Medicina Chinesa.
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1.1 - ARTRITE
A artrite é uma doença sistêmica crônica. Por ser sistêmica, significa que pode afetar
diversas partes do corpo, principalmente as articulações. Por ser crônica não se consegue obter a sua
cura totalmente, e sim o seu controle. A causa ainda é desconhecida, mas sabe-se que é autoimune,
ou seja, os tecidos são atacados pelo próprio sistema imunológico do corpo, especificamente a
membrana sinovial, uma película fina que reveste as articulações. O resultado desse ataque é a
inflamação das articulações e consequentemente dor, inchaço e vermelhidão. A doença afeta 0,5% e
1% da população mundial adulta e cerca de três vezes mais mulheres do que homens. Um estudo de
2004 mostrou que a artrite no Brasil é de 0,46%, que equivale a 900 mil pessoas, levando em conta
a população do país registrada em 2010.
Pode ser uma doença de influência climática, pessoas que moram em ambientes muito
úmidos ou frios, estão mais sujeitas a ter artrite. Costuma iniciar-se entre 30 e 50 anos de idade,
além disso, pessoas com histórico familiar de artrite reumatoide têm mais risco de desenvolver a
doença, devido a uma maior predisposição genética. (site: www.artritereumatoide.com.br)
Os principais tipos de artrite são:
- Artrite Reumatoide: entidade autoimune sistêmica com notória predileção pelas articulações
periféricas.
- Osteoartrite: caracterizada por degeneração crônica da cartilagem articular.
- Artrite Gotosa: reação inflamatória devido a presença de microcristais minerais de urato.
- Artrite Piogênica: devido a uma inflamação.
- Artrite Psoriática: a psoríase é uma doença da pele que também pode apresentar quadro articular
grave.
- Artrite Séptica: invasão purulenta da articulação por um agente infeccioso (fungo, bactéria ou
vírus).
- Espondilite Anquilosante: doença inflamatória crônica das articulações.
(site: www.abc.med.br)
4
Os principais sintomas são: dor, inchaço, rigidez, inflamação nas membranas sinoviais e nas
estruturas ósseas. Com a progressão da doença – e se esta não for tratada adequadamente -, os
pacientes podem desenvolver incapacidade para a realização de suas atividades cotidianas. (site:
www.artritereumatoide.com.br).
Na figura abaixo, podemos observar a diferença entre um joelho normal e um joelho com artrite:
Figura 1. Fonte: Google
5
2 – ARTRITE NA MEDICINA OCIDENTAL
Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, o diagnóstico da artrite depende da associação
de uma série de sintomas e sinais característicos, além da realização de exames laboratoriais e por
imagens que ajudam a confirmar a doença e fazer o monitoramento nos pacientes. O reumatologista
é o especialista indicado para avaliar e estabelecer o melhor plano de tratamento para cada caso. Já
os profissionais de fisioterapia e terapia ocupacional ajudam o paciente a continuar a exercer as
atividades diárias. (site: www.artritereumatoide.com.br).
O tratamento da artrite varia de acordo com características individuais dos pacientes e a
resposta a eventuais tratamentos feitos anteriormente. Para que ele possa ser ajustado para cada caso
e a sua eficácia seja avaliada, é necessário medir a atividade da doença levando em consideração
vários fatores:
- Avaliação dos sintomas e estado funcional: graduação da dor articular, rigidez matinal e
severidade da fadiga.
- Avaliação do desenvolvimento articular e manifestações extra articulares: as articulações devem
ser avaliadas quanto ao edema, dor, perda de movimento e deformidade. Manifestações extra
articulares, incluindo as sistêmicas, como febre, anorexia, náuseas e perda de peso, devem ser
investigadas.
- Marcadores Laboratoriais: são aqueles que refletem o grau de inflamação por meio de provas da
fase aguda, que são a proteína C reativa e a velocidade de hemossedimentação.
- Estudos Radiológicos: acompanhamento com radiografias a cada 6 (seis) meses de tratamento e
sua comparação com as feitas inicialmente podem indicar a atividade da doença. Diminuição da
massa óssea (osteopenia) e/ou erosões articulares e redução do espaço das articulações são alguns
desses indicativos.
Com isso, o médico reumatologista pode definir o plano de tratamento, que envolve
tratamentos medicamentosos e não medicamentosos. O tratamento cirúrgico é indicado para alguns
pacientes com anormalidades funcionais, como ruptura de tendão ou destruição óssea e articular.
Existem várias classes de medicamentos que podem ser indicados e combinados, desde analgésicos
e anti-inflamatórios, até drogas que modificam o curso da doença, ajudando a reduzir e prevenir o
dano articular. Somente o especialista pode prescrevê-los, e os possíveis efeitos colaterais devem
ser monitorados para que seja feito qualquer ajuste necessário (site: www.artritereumatoide.com.br).
A reabilitação deve ser feita por um fisioterapeuta. O objetivo da fisioterapia é aliviar a dor,
minimizar deformidades, mobilizar as articulações afetadas e recuperar a forma física (site:
www.abc.med.br).
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3 – ARTRITE NA MEDICINA ORIENTAL
A invasão do fator patogênico provoca a obstrução do Qi e de Xue (Sangue), que ocasiona a
Síndrome da Obstrução Dolorosa, ou Síndrome Bi, causando intumescimentos e sensação de peso
nos membros e nas articulações, tornando-se difíceis de estender e flexionar. As causas da
Síndrome Bi são diversas: pela fraqueza da Energia Defensiva, que levando ao vazio de Qi da pele
facilitando a penetração das Energias Perversas, por exemplo: expor-se ao vento após um trabalho
pesado e suado, pelo fato de andar ou trabalhar na água, sentar-se ou encostar-se por muito tempo
em lugares úmidos. (Chonghuo, 2013).
O Fígado (Gan) nutre os tendões, e o Rim (Shen) nutre os ossos. Portanto, a força dos
tendões e dos ossos depende da nutrição não apenas de Xue (Sangue), do Fígado (Gan) e do Rim
(Shen), mas também da evaporação de fluídos pelo Yang do Rim (Shen) que gera a formação do
fluído sinovial. Quando o Fígado (Gan) e o Rim (Shen) são fracos, o Xue (sangue) e a essência
estão esgotados, o Yang do Rim (Shen) não pode evaporar os fluídos; assim, o Qi de defesa é fraco,
os fatores patogênicos externos invadem o corpo e causam a Síndrome da Obstrução Dolorosa ou
Síndrome Bi. (Maciocia, 1996).
As manifestações clínicas da Síndrome Bi dependem do tipo de Energia Perversa que
provoca o bloqueio e a estagnação na circulação do Qi.
“O Imperador Amarelo perguntou: “Como ocorre a enfermidade do tipo Bi?”Qibo respondeu: “Quando as
energias perversas do vento, do frio e da umidade, atacam ao mesmo tempo se misturando, vão se combinar para
formar a enfermidade Bi: quando houver ênfase do vento, chama-se artralgia migratória; quando enfatizada pelo
vento, chama-se artralgia do tipo frio; quando enfatizada pela umidade, chama-se artralgia adversa”. Imperador
Amarelo (2001).
Existem 5 tipos de Síndrome Bi:
- Síndrome Bi de Vento (Bi Migratório): é causada por vento; sendo caracterizada por sensibilidade
e dor dos músculos e juntas, limitando os movimentos. Dor que se move de uma junta à outra.
(Maciocia, 1996).
Essa forma de dores reumáticas caracteriza-se por apresentar artralgias migratórias de
característica Yang, que apresentam irradiações, seguindo o trajeto dos canais de energia
acometidos. A Síndrome Bi Migratória é muitas vezes acompanhada de sensação de adormecimento
dos membros superiores e inferiores. Os movimentos de flexão e extensão das articulações são
prejudicados pelos agentes perversos e quando a agressão pelo vento perverso é recente ou
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recidivante, as artralgias podem estar acompanhadas de febres e calafrios. (Ysao Yamamura, 2013).
- Síndrome Bi de Umidade (Bi Fixo): causada por umidade; caracterizada por dor,
sensibilidade e inchaço dos músculos e articulações/juntas com sensação de peso e formigamento
dos membros. A dor é fixa e agravada por clima úmido. (Maciocia, 1996).
- Síndrome Bi de Frio (Bi Doloroso): causada por frio; caracterizada por dor severa em uma
determinada articulação ou músculo, com limitação ao movimento, geralmente unilateral. As dores
são agravadas pelo frio e pela umidade, melhoram com calor. (Maciocia, 1996; Ysao Yamamura,
2013).
- Síndrome Bi de Calor (Bi Calor): é proveniente de qualquer dos 3 anteriores. Quando o fator
patogênico exterior se transforma em calor no interior, dando origem a Síndrome Bi do tipo calor.
Isso ocorre com uma deficiência de Yin, ressecando os fluídos. É caracterizada por calor
(articulações quentes ao toque), vermelhidão e inchaço, limitando os movimentos e dor severa. Nos
casos agudos há sede e febre, na verdade, a umidade é o aspecto primário desta síndrome e o calor o
aspecto secundário. Essa forma pode evoluir para o derrame articular ou mesmo para uma infecção
articular. (Maciocia, 1996; Ysao Yamamura, 2013).
- Síndrome Bi Ósseo: ocorre somente em casos crônicos e se desenvolve a partir de
quaisquer das quatro síndromes anteriores. A obstrução persiste nas juntas pelos fatores patogênicos
gerando retenção de fluídos corpóreos que se transforma em mucosidade, que por sua vez obstrui as
juntas e os meridianos. Neste caso, se torna uma síndrome interior, afetando não só as juntas,
músculos e meridianos, mas também os órgãos internos. (Maciocia, 1996).
“Disse o Imperador Amarelo: “ Alguns perversos da doença Bi ficam retidos nos cinco órgãos sólidos e nos seis
órgãos ocos; qual energia faz isso?” Disse Qibo “Os cinco órgãos sólidos correspondem aos tendões, canais,
músculos, pele e ossos. Quando o perverso fica retido na posição corporal que corresponde a determinada víscera, e
não for removido por longo tempo, irá fazer com que a víscera fique debilitada. Por isso quando a síndrome Bi ósseo
for prolongada, e os perversos do vento, frio, e da umidade forem novamente contraídos, a energia perversa ficará
retida nos rins; quando o mal Bi dos tendões for prolongado, e os perversos contraídos de novo, haverá retenção no
fígado .....” (Imperador Amarelo, 2001).
A questão principal é: Qual tipo de síndrome Bi a artrite se encaixa?
Na realidade, ela já está na fase da síndrome Bi de calor, onde a persistência dos fatores
patogênicos produziu uma inflamação generalizada dos músculos e articulações, ou ainda, poderá
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estar na fase Bi óssea, onde o Rim (Shen), principal responsável pelos ossos na Medicina Chinesa,
também já se encontra afetado. Nessa fase, pode-se encontrar deformidades ósseas.
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4 - OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi de comparar dois métodos da Medicina Chinesa e avaliar qual deles
seria mais viável para a melhora do paciente na patologia de artrite no joelho. Os métodos
escolhidos foram: Técnica da Agulha de Fogo e o Método de Três Agulhas.
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5 – METODOLOGIA
5.1 AGULHA DE FOGO
Esse método consiste em tratar o paciente com uma agulha relativamente grossa e aquecida
em fogo de lamparina e álcool. A agulha aquecida deve ser inserida rapidamente no acuponto a ser
tratado e ser retirada imediatamente. As agulhas podem ser feitas de cobre, tungstênio ou de aço
inoxidável, por serem mais resistentes e flexíveis. As agulhas de cobre conduzem bem o calor, mas
seus corpos amolecem depois do aquecimento, por isso são menos recomendadas ou menos
utilizadas. (Tetsuo Inada, 2007).
No Zhen Jiu Dachong, escrito em 1601, na Dinastia Ming (1368-1643), foram retomados os
estudos sobre agulhas quentes. Essa obra foi responsável pelas grandes compilações médicas da
época. (Tetsuo Inada, 2007).
O Dr. Shi Huaitang, conforme citado por Youbang & Liangyue, fez pesquisas sobre as nove
agulhas antigas aperfeiçoando-as. Do aperfeiçoamento da nona agulha antiga (agulha de fogo, Da)
surgiram mais seis tipos de agulha de fogo, feitas de tungstênio, um material resistente ao fogo, que
não deforma, não quebra e continua rígido mesmo em altas temperaturas. (Tetsuo Inada, 2007).
No Ling Shu, capítulo 7, que versa sobre a aplicação das agulhas, está escrito que a agulha é
flambada até ficar rubra, o que permite eliminar os bloqueios e aliviar as dores intensas. A agulha
quente dispersa o frio e a umidade que penetra nos ossos e reaquece os canais de energia e seus
colaterais. (Tetsuo Inada, 2007).
“.... o nono tipo de agulhamento é chamado Cui Ci e tem o intuito de tratar a síndrome Bi utilizando uma agulha
aquecida ao rubro com fogo....” (site: www.ebramec.com.br).
Para as doenças causadas pelo vento, frio e umidade, recomenda-se aplicar a punção
superficial que pode ser realizada através de uma só agulha. Quando a agulha estiver de cor
vermelha-viva, é inserida rapidamente no ponto escolhido e retirada também rapidamente, tendo o
cuidado de manter o corpo da agulha reto. Após retirada da agulha, deve-se comprimir o ponto com
algodão. (Dr. Tian Chonghuo, 2013).
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Para esta técnica, foi utilizada agulha de aço e o cabo da agulha feito de cobre, nos
tamanhos médio e pequeno, igual ao modelo da figura abaixo:
A outra técnica escolhida foi o Método das 3 Agulhas. Excelente técnica que u
Figura 2. Agulha de Fogo - Fonte: Foto ( Elisabete Bonani )
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5.2 - MÉTODO DE TRÊS AGULHAS
A outra técnica escolhida foi o Método das Três Agulhas do joelho. Excelente técnica que
utiliza apenas 3 agulhas para tratamento de várias patologias, inclusive o tratamento de artrite no
joelho. O criador do método foi o Dr. Jin, mas foi o Prof. Reginaldo Filho, diretor geral da Escola
Brasileira de Medicina Chinesa (EBRAMEC), quem difundiu o método pelo Brasil, escrevendo um
livro sobre a técnica.
As agulhas devem ser inseridas nos pontos BA10 (Xuehai) e E34 (Liangqui) de maneira
oblíqua, com suas pontas direcionadas para o joelho, por cerca de 1 cun. As agulhas do par de
pontos Xiyan (Olhos do Joelho) ponto extra, devem ser inseridas ligeiramente inclinadas com suas
pontas direcionadas para o centro do joelho, que deve estar em semi-flexão para que a profundidade
desejada seja atingida, cerca de 0,8-1,2 cun. (Reginaldo Filho, 2013).
Para esta técnica, foi utilizada agulha sistêmica de aço inoxidável no tamanho 0,25 x 0,40,
como mostra a figura abaixo:
Figura 3. Agulha Sistêmica - Fonte: Google
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6 – PROCEDIMENTO
Participaram desta pesquisa 20 pacientes, com idade entre 54 e 80 anos, sendo que, 10
pacientes para a Técnica da Agulha de Fogo e 10 pacientes para o Método de Três Agulhas. Todos
apresentaram laudo médico confirmando a existência de artrite no joelho. No total foram 12
sessões, uma vez por semana. A cada 4 semanas o paciente era indagado sobre a porcentagem da
melhora da dor.
Para as 2 técnicas ficou decidido que seriam usados os mesmos pontos sistêmicos do
Método de Três agulhas.
- Xiyan - ponto extra - Olhos do Joelho.
Localização: no joelho, imediatamente abaixo da patela e medial e lateralmente ao ligamento
patelar.
Função: Dispersa Vento e Umidade, reduz inchaço e alivia a dor.
Figura 4. Ponto Xiyan (Ponto extra – Olhos do Joelho ) Livro Atlas Gráfico de Acupuntura ( Yu-
Lin Lian, Chun-Yan Chen, Michael Hammes, Bernard C. Kolster).
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- E34 - (Liangqiu) - Cume da Colina.
Localização: na coxa, em uma depressão situada 2 cun acima da borda superior da patela.
Função: Ativa o Canal e alivia a dor, modera condições agudas.
Figura 5. Ponto E34 - (Liangqiu) Livro Atlas Gráfico de Acupuntura ( Yu-Lin Lian, Chun-Yan
Chen, Michael Hammes, Bernard C. Kolster).
- BA10 - (Xue Hai) - Mar de Sangue.
Localização: 2 cun acima da borda superior da patela, na depressão amolecida situada na
protuberância do músculo vasto medial.
Função: Revigora o Xue (Sangue) e dispersa Estase, Esfria o Xue (Sangue)
Figura 6. Ponto BA10 - (Xue Hai) Livro Atlas Gráfico de Acupuntura ( Yu-Lin Lian, Chun-Yan
Chen, Michael Hammes, Bernard C. Kolster).
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Este conjunto de pontos ativam a circulação de Qi e Xue (Sangue), removem Estagnações
localizadas, desobstruem os Canais e Colaterais (Jing Luo) da região do joelho, aliviam o inchaço e
dores do joelho, relaxam e fortalecem os músculos e tendões ao redor do joelho.
Como foi dito anteriormente, a síndrome Bi, além dos pontos locais, utiliza pontos distais
da dor, então, foram adicionados os seguintes pontos:
- VB34 (Yanglingquan) - Manancial Yang da Colina.
Localização: abaixo do aspecto lateral do joelho, na depressão sensível situada aproximadamente 1
cun à frente e abaixo da cabeça da fíbula.
Função: beneficia os tendões e as articulações, obstrução dolorosa por Frio do joelho, alivia a dor,
Dispersa umidade Calor do Fígado (Gan) e da Vesícula Biliar (Dan).
Figura 7. Ponto VB34 (Yanglingquan) Livro Atlas Gráfico de Acupuntura ( Yu-Lin Lian, Chun-
Yan Chen, Michael Hammes, Bernard C. Kolster).
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- VB39 (Xuanzhong) - Sino Suspenso.
Localização: acima da articulação do tornozelo, 3 cun acima da proeminência do maléolo lateral,
entre a borda posterior da fíbula e os tendões dos músculos fibular e curto.
Função: beneficia tendões e ossos, Dispersa Vento-Umidade, alivia a dor.
Figura 8. Ponto VB39 (Xuanzhong) Livro Atlas Gráfico de Acupuntura (Yu-Lin Lian, Chun-Yan
Chen, Michael Hammes, Bernard C. Kolster).
- B11 (Dashu) - Grande Barca.
Localização: 1,5 cun ao lado da borda inferior do processo espinhoso da primeira vértebra torácica
(T1).
Função: beneficia os ossos e articulações, expele fatores patogênicos e firma o interior.
Figura 9. Ponto B11 (Dashu) Livro Atlas Gráfico de Acupuntura ( Yu-Lin Lian, Chun-Yan Chen,
Michael Hammes, Bernard C. Kolster).
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- R3 (Taixi) - Riacho Supremo. Ponto Shu.
Localização: na depressão entre o maléolo medial e o tendão de Aquiles, no mesmo nível da
proeminência do maléolo medial.
Função: nutre o Yin do Rim (Shen) e remove Calor por deficiência, ancora o Qi, tonifica o Yang do
Rim (Shen).
(Maciocia, 2011)
Figura 10. Ponto R3 (Taixi) Livro Atlas Gráfico de Acupuntura (Yu-Lin Lian, Chun-Yan Chen,
Michael Hammes, Bernard C. Kolster).
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7 – MATERIAL UTILIZADO
- Álcool 70%
- Algodão
- Agulhas sistêmicas 0,25 x 0,40
- Agulha de fogo média e pequena
- Lamparina
- Luvas
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8 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A artrite pode provocar alterações em todas as estruturas das articulações, além de
complicações em órgãos e vísceras, se tratada desde o começo, o paciente pode ficar meses ou até
mesmo anos sem sentir dor, claro que tomando certos cuidados como: não tomar gelado, não se
expor ao frio, manter o tratamento com acupuntura, fazer exercícios diariamente.
À medida que o Qi se mobiliza, o Xue (sangue) acompanha-o. A atividade muscular
representa a maneira mais adequada de fazer circular o Qi pelo corpo. O caminhar e o tai chi
(prática baseada em exercícios específicos que orientam a circulação de Qi) promovem a atividade
das articulações do corpo físico tanto no favorecimento à vitalidade e à longevidade. (Ysao
Yamamura, 2013).
Observou-se que com a Técnica da Agulha de Fogo, a melhora foi mais lenta, (ver gráfico
2), enquanto que com o Método de Três Agulhas, o resultado foi mais rápido, (ver gráfico 1).
No resultado final, a Técnica da Agulha de Fogo, obteve um paciente a mais na 12.ª
(décima segunda) semana, e no Método de Três Agulhas, um paciente voltou a ter fortes dores
desde a 10.ª sessão.
A grande surpresa desse trabalho foi a aceitação dos pacientes em relação a agulha de fogo,
passado o medo inicial, os pacientes gostaram muito desta técnica, acharam diferente e eficaz.
O Dr. Shi Huaitang obteve grande êxito com os 6(seis) tipos de agulha de fogo e relatou que
a natureza da doença fria ou quente, deficiência ou excesso, não é levada em consideração quando
se trata com agulha de fogo. As agulhas de fogo revigoram a circulação de Qi com o calor. Não
existe método de sedação ou tonificação. Essa técnica apesar de eficaz, ainda é pouco utilizada em
nosso meio, talvez devido ao risco de lesão dos vasos sanguíneos e nervos periféricos. (Tetsuo
Inada, 2007).
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9 – GRÁFICOS
Gráfico 1
Gráfico 2
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10 - CONCLUSÃO
As duas técnicas apresentaram grandes resultados e são amplamente recomendadas para o
tratamento de invasão de Frio/Umidade (Medicina Oriental) ou Artrite (Medicina Ocidental) no
joelho, porém a Técnica da Agulha de Fogo é mais indicada para casos crônicos de invasão de
Frio/Umidade no joelho.
O tratamento com Acupuntura nas patologias reumáticas tem a finalidade de ajudar o paciente
a se recuperar mais rápido, isso não exclui as visitas ao especialista médico.
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11 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- www.artritereumatoide.com.br ,(acessado dia 20/05/2015, as 23:20 Hrs). Fonte :
Sociedade Brasileira de Reumatologia.
- www.minhavida.com.br (acessado dia 13/12/2015, às 15:45 hrs).
- www.abc.med.br (acessado dia 22/01/2016, às 21:50 hrs).
- www.ebramec.com.br (acessado dia 16/09/2014, às 22:16 hrs).
- A Prática da Medicina Chinesa, (Maciocia, 1996).
- Método de Três Agulhas, (Reginaldo Filho, 2013).
- Princípio da Medicina Interna do Imperador Amarelo, (Bing Wang (Dinastia Tang) 2001).
- Acupuntura Tradicional, A Arte de Inserir, (Ysao Yamamura, 2013).
- Tratado de Medicina Chinesa, (Dr. Tian Chonghuo, 2013).
- Técnicas Simples que Complementam a Acupuntura e Moxabustão, (Tetsuo Inada, 2007).
- Atlas Gráfico de Acupuntura (Yu-Lin Lian, Chun-Yan Chen, Michael Hammes, Bernard
C. Kolster, 2011).
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