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Universidade de Cabo Verde
Departamento das Ciências Sociais e Humanas
Orientadora: Dra. Arminda Brito
Discente: Gisela Gomes Duarte Lopes
Praia, 30 de Setembro de 2009
Da pobreza envergonhada à prática da prostituição – uma abordagem
literária
Tema
AGRADECIMENTOS
A elaboração deste trabalho só foi possível graças ao apoio e à ajuda de várias
pessoas, às quais eu gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos.
Assim, eu gostaria de agradecer, em particular:
Aos meus queridos filhos, cujos sorrisos constituíram, para mim, sempre a mais importante fonte de inspiração e de energia, ajudando-me a ultrapassar as
barreiras da vida.
Aos meus familiares, sobretudo à minha mãe e os meus irmãos e ao meu
companheiro, pela motivação, compreensão e confiança que sempre
depositaram em mim, encorajando-me e incentivando-me nos meus estudos, sobretudo nos momentos mais difíceis, sempre com o objectivo de me ajudar a
alcançar os meus objectivos e a realizar os meus sonhos.
À minha orientadora científica, a Dra. Arminda Brito, pela excelente orientação e interesse demonstrado na concretização deste trabalho, pelas
valiosas críticas e sugestões, assim como pelo incentivo e encorajamento que
sempre me soube incutir.
Aos meus professores que me souberam transmitir os conhecimentos e
ensinamentos que me serão valiosos, não só a nível profissional, mas também
pela vida fora.
Aos meus colegas de estudo e trabalho, principalmente a amiga e colega,
Arzelinda Delgado, cuja camaradagem e o espírito de entreajuda, que sempre reinou entre nós, permitiram-me transpor certos obstáculos académicos e
mesmo privados.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho:
Ao meu querido e saudoso pai, do qual eu deixei de usufruir o amor e o
carinho, desde muito cedo, porque assim o destino o quis.
À minha querida mãe, a minha verdadeira heroína, à qual eu e os meus irmãos devemos a nossa vida.
O JÚRI
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________________________, aos ____ de ___________________________ de 2009
INDICE
INTRODUÇÃO
1. Apresentação e justificação do tema……………………………….…………..…….…..5
2. Objectivos da pesquisa………………………………………………...……...…...……...7
3. Pergunta de Partida…………………………...……….……………………….....……...8
4. Aspectos metodológicos…………………………………………….…………………..…8
5. Estrutura da pesquisa ………………………..………………………..……………........9
I. DA POBREZA À “POBREZA ENVERGONHADA”: CONCEPTUALIZAÇÃO
1.1. Conceito de Pobreza……………………………………….……………...……….…12
1.2. Noção de Pobreza envergonhada………………………..………………………….18
1.3. Relação Pobreza-Prostituição……………………………….……………………….19
II. PARA UMA ABORDAGEM LITERÁRIA DA POBREZA
2.1 As histórias de vida em universos narrativos……………………….……….……23
2.2 Mindelo, espaço social de prostituição ……………………………...…….………30
2.3 As personagens femininas - do drama da pobreza à prática da prostituição…..34
III. CONSIDERAÇÕES FINAIS ………………………………………………….………39
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ………………………………………….………42
ANEXOS
Introdução
I. Para uma abordagem literária da pobreza
II. Da pobreza à “pobreza envergonhada”- conceptualização
III. Considerações finais
Anexos
António Aurélio Gonçalves – vida e obra (síntese)
António Aurélio da Silva Gonçalves nasceu na cidade do Mindelo, ilha de S.
Vicente, a 25 de Setembro de 1901, filho de Roque da Silva Gonçalves, funcionário da
Fazenda, e de D. Júlia da Conceição Gonçalves que virá a falecer ainda o filho criança.
Os primeiros anos passou-os o escritor em S. Vicente e Santo Antão – Ponta do Sol - ,
vindo depois, aos sete anos, a fixar-se em S. Nicolau para onde o pai, que se casaria em
segundas núpcias com uma irmã da primeira mulher, foi transferido. Nesta ilha
frequentou o Seminário-Liceu, completando o curso de preparatórios. O plano de
estudos, comportava a instrução primária elementar e os estudos preparatórios, com
um curriculum de seis anos, em que se leccionavam as disciplinas de línguas latinas,
portuguesa, francesa e inglesa, e também desenho, matemática, geografia, história,
introdução, literatura, filosofia e legislação. Para os alunos destinados á vida
eclesiástica funcionava o curso teológico de três anos.
Durante os estudos, António Gonçalves gozava as férias grandes em S. Vicente
onde, após a conclusão dos preparatórios, se demorou um ano, antes de partir para
Lisboa, tendo o seu pai, por motivo de transferência, seguido para S. Tomé e Príncipe.
A vivência com a sua ilha natal, pano de fundo exclusivo de toda a sua novelística, se
excluirmos, em dois textos, breves referências memorialísticas ao meio rural
santantonense, deve ter sido intensa como se depreende da sua contribuição
informativa publicado Linhas Gerais da História do Desenvolvimento Urbano da
Cidade do Mindelo, Edição do Fundo de Desenvolvimento Nacional – Ministério da
Economia e das Finanças, Praia, República de Cabo Verde, 1984.
Em Lisboa, para onde seguiu, em 1917, em continuação dos estudos, viria a
demorar-se longos vinte e dois anos, dispersando-se por diversas faculdades –
Medicina, Direito, Belas-Artes – e formando-se, finalmente, em Ciências Histórico-
Filosóficas na Faculdade de Letras.
A capital portuguesa propiciou-lhe uma vida literária de certa intensidade, quer
em ambientes acentuadamente lusitanos, como ressalta do pequeno caderno de notas e
impressões – A Centelha - que publicou em 1938 e da convivência firmada com
intelectuais de nomeada na época, entre outros Castelo Branco Chaves, Castro
Soromenho e Álvaro Salema e contactos de tertúlia com elementos do Grupo da Seara
Nova, quer no meio de africanos radicados em Lisboa, responsáveis pelos periódicos A
Mocidade Africana e Humanidade. A actividade criativa de Aurélio Gonçalves terá
sido pequena, ainda que a só possamos assegurar pela colaboração autenticada com o
seu nome.
Foi durante este período que publicou o seu citado ensaio Aspectos da Ironia de
Eça de Queiroz, a que acrescentou, anos depois, algumas breves páginas.
O regresso definitivo a Cabo Verde viria a verificar-se no inicio de 1939, após
tão longa ausência, trazendo-nos á memória o tom confessional do narrador de O
Enterro de Nhâ Candinha Sena: “ Estás longe da tua terra há muitos anos.”... “Vai lá ver se
a tua ilha está no lugar em que a deixaste.”
No Liceu de S. Vicente passou a exercer o professorado até ser jubilado em
1966. Tal facto não impediu em que continuasse a leccionar, em regime eventual, quer
no Liceu quer na Escola Técnica. Nos últimos anos, deu preciosa colaboração à cadeira
de Português do nascente Curso de Formação de Professores.
Nos anos iniciais do seu regresso, tentou o escritor esparsas iniciativas culturais,
como as conferências realizadas no salão da Biblioteca Municipal e no Liceu e
intermitente colaboração no Notícias de Cabo Verde, como mais tarde viria a utilizar a
rádio local com o programa Miradouro. Da colaboração inserta no Notícias, de carácter
impressionista, poder-se-á destacar um capítulo de romance, a crítica ao Ambiente, de
Jorge Barbosa, e uma notável peça literária evocativa de monsenhor António José de
Oliveira Bouças, seu professor no Seminário-Liceu.
O nome de António Aurélio Gonçalves aparece sempre ligado ao grupo da
Claridade, ligação que não aparece de todo correcta se tivermos em conta que as
características específicas do movimento foram as que se definiram nos três primeiros
números da revista, publicados entre Março de 1936 e Março de 1937. O
reaparecimento da publicação, dez anos depois, acolhe escritores de diversa
proveniência, conferindo á revista um certo ecletismo em grande parte resultado da
sua qualidade de pólo aglutinador da criação literária cabo-verdiana. Dois dos
estudiosos que melhor compreenderam a novelística de António Aurélio Gonçalves, o
norte-americano Russel G. Hamilton e o português Alfredo Margarido, realçam a
originalidade de Gonçalves em razões que parecem coincidentes: o primeiro
(Literatura Africana, Literatura Necessária, II, Edições 70, Lisboa, 1984) apontando à
sua arte narrativa “uma perspectiva algo distinta de acordo com as condições da sua formação
intelectual e literária durante os seus longos anos em Lisboa”, reconhece que “a obra de
Gonçalves exibe traços deterministas á maneira do realismo-naturalismo novecentista”
e que “uma qualidade especial discernível nas noveletas é que a marca de regionalismo surge
mais de configurações psicológicas do que de relações costrumbristas”. É na Claridade, que
reaparece em 1947, que António Gonçalves se revela como ficcionista e publica um
ensaio interpretativo da ficção do brasileiro Erico Veríssimo. A publicação de Cabo
Verde – Boletim de Propaganda e Informação, com capacidade editorial vem
possibilitar uma alargada colaboração do escritor, como ensaísta e ficcionista e a
publicação, em livro, das suas noveletas.
Com escassa incursão no semanário O Arquipélago, assinando uma secção
intitulada Apontamento, seria em Raízes, já depois da independência nacional, que o
escritor viria a publicar três dos textos insertos neste volume.
António Aurélio Gonçalves morreu na sua cidade natal, vítima de
atropelamento, a 30 de Setembro de 1984.
Fonte: FRANÇA, Arnaldo “ Prefácio” In GONÇALVES, António Aurélio, Noite de Vento,
Instituto Cabo-Verdiano do Livro e do Disco, Praia, 1989
Publicou os seguintes textos:
Noveletas:
Pródiga – 1956
O Enterro de Nhâ Candinha Sena - 1957
Noite de Vento - 1970
Virgens Loucas - 1971
História do Tempo antigo, in Claridade, nº 9, S. Vicente, Cabo Verde, Dezembro
1960
A Consulta, in Cabo Verde, ano III, nº 32, Cabo Verde, Maio de 1952.
Contos:
Biluca, in Raízes, Nº 1, Praia, Janeiro de 1977
Burguesinha, idem, nº 3, Julho/Setembro de 1977
Biografia de Baltasar Lopes da Silva: vida e obra (síntese)
BALTASAR LOPES DA SILVA nasceu na ilha de S. Nicolau em 27 de Abril de
1907 e faleceu em Lisboa, a 27 de Maio de 1989. Frequentou o Seminário-Liceu de S.
Nicolau e acabou o curso liceal em S. Vicente. Prosseguindo os seus estudos em Lisboa,
licenciou-se em Filologia Românica e em Direito, com altas classificações. Regressado a
Cabo Verde, leccionou no antigo “Liceu de Gil Eanes” as disciplinas de Português,
Francês, Latim e Grego, aposentando-se em 1972. Professor de sucessivas gerações,
dado o interesse e dinamismo que imprimia às suas aulas, marcou profundamente não
só os seus alunos, como a juventude em geral, os quais afectuosamente passaram a
referi-lo pelo diminutivo “Nhõ Baltas”.
Homem de grande e multifacetato talento, desdobrou-se em pedagogo por
opção, filólogo por formação, advogado por militância e escritor por vocação, cada
uma destas vertentes complementando ou enriquecendo as outras.
Foi um dos fundadores e principal dinamizador da revista Claridade iniciada
em 1936 e que, publicada com o propósito de “fincar os pés na terra”, operou uma
grande viragem na literatura Cabo-verdiana.
Baltasar Lopes da Silva foi distinguido por Portugal com o Grau de “Cavaleiro
da Ordem do Infante D. Henrique”, com o “Grande Colar” da Academia de Ciências
de Lisboa e a Universidade de Lisboa atribuiu-lhe, em 1981, o doutoramento “honoris
causa”.
Para além dos muitos trabalhos dispersos, na sua produção literária destacam-
se:
Colaboração dispersa por várias publicações: Claridade, Atlântico, Cabo Verde,
Raízes, Ponto & Vírgula, Vértice, Colóquio, Mensagem (CEI).
Chiquinho. Romance Cabo-Verdiano, 1947, Lisboa, Ed. Claridade (Romance);
Cântico da Manhã Futura, 1986, Praia, ICL (Poesia, de Osvaldo Alcântara); A
Caderneta. Le Carnet. Conto. Nouvelle, édition bilingue, s/d (1986?), s/l (Mindelo?),
ICL/Centre Culturel Français (Conto); Os Trabalhos e os Dias, 1987, Praia, ICL
(Contos). Também: Cabo Verde Visto por Gilberto Freire (1956), O Dialecto Crioulo de
Cabo Verde (1957). Ainda: Antologia da Ficção Cabo-Verdiana Contemporânea (1961,
org.).
Traduzido em várias línguas.
Incluído em numerosas antologias, como Poesia de Cabo Verde, 1944, Lisboa;
M. Andrade, Antologia da Poesia Negra de Expressão Portuguesa, 1958, Paris;
Amostra de poesia em estudos Ultramarinos 3, 1959, Lisboa; Modernos Poetas Cabo-
Verdianos, 1961, Praia; J. A. Das Neves, Poetas e Contistas Africanos de Expressão
Portuguesa; 1963, São Paulo; Antologia da Terra Portuguesa, 1963, Lisboa; M.
Andrade, Literatura Africana de Expressão Portuguesa, Poesia, 1967, Argel e Literatura
Africana de Expressão Portuguesa, Prosa, 1968, Argel; A. César, Contos Portugueses
do Ultramar, 1969, Porto e Antologia do Conto Ultramarino (1972); M. Ferreira, No
Reino de Caliban 1, 1975, Lisboa; C. A. Medina, Sonha Manana África (1987).
Poesia intelectualizada e de grande exigência estética. Entretanto, ele trouxe
para Cabo Verde «a consciência da História Nacional-o sopro vital da Nação»
(Aristides Pereira, Discurso de Abertura do Simpósio sobre Cultura e Literatura Cabo-
Verdiana, 1986). O romance Chiquinho «reste encore la plus grande oeuvre
romanesque de la literature de cette jeune nation» (Jean-Michel Massa). Sobre a poesia:
«Na vertente clássica, uma expressão directa, contida: linhas rectas, ângulos nítidos. Na
margem barroca, a expressão é tortuosa e torturada, as linhas se curvam, as imagens
explodem. Por vezes implodem: arrebentam com o interior do texto e do leitor, num
sistema de ecos tanto mais potentes quanto mais ensurdecidos, contidos, nos ‘’poços’’
do poema. Reside aí a plena dimensão dionisíaca de Osvaldo Alcântara, porque se
revolvem profundidades do tempo e da memória.» (Maria Lúcia Lepecki,
Sobreimpressões, p.180.)
Fonte:
“ As Letras” In: FILHO, João Lopes, Vozes da Cultura Cabo-verdiana, Edições Ulmeiro,
Lisboa, 1998, p.131
“ SILVA, Baltasar Lopes da” In: GOMES, Aldónio e CAVACAS Fernanda, Dicionário
de Autores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Editorial Caminho, 1992, p.77-78
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