teorias da democracia
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Teorias da Democracia
Professor Tiago Fernandes (2014)
1. O que a Democracia? Os clssicos
(TucdidesPericles Funeral Oration; PlatoThe Republic; AristtelesPolitics)
O que a democracia? Os clssicos. Democracia: forma como os antigos (antiguidade
clssica) conceptualizaram aquilo que um regime democrtico e uma democracia.
A democracia nasceu na Grcia Antiga. caracterizado por um perodo de 200
anos no perodo da idade de outro e foi aqui que foram feitos os factores contra e a
favor do regime democrtico. Para alm disso vamos falar das prticas democrticas e
das instituies democrticas. Outras prticas perderam forma: mtodo do sorteio,
por exemplo, dando aso ao mtodo do sufrgio. Tambm importante vermos como a
histria da democracia a histria do regime democrtico. Atenas era a nica
sociedade democrtica no perodo da antiguidade clssica e depois h aqui ou ali
lampejos de democracia sobretudo em sociedades perifricas, em pequenas escala,
que do ponto geopoltico eram pouco importantes. No final da idade mdia
encontramos algumas tribos germnicas que escolhiam os seus reis por aclamao
directa (Escandinvia, zonas da Alemanha). H quem diga que muitas das formas
democrticas do sculo XIX so descendentes destas tribos. A forma de democraciacantonal, local existiu um pouco por toda a Europa e interruptamente. Cidades
italianas, j no norte, tambm tinham alguns pontos de democracia das tribos.
De uma forma geral, todas as formas de democracia na Europa tiveram a sua
base na democracia ateniense. A poca de Pricles, a poca de ouro, a chamada
poca fundadora da democracia.
O que que se entendia por democracia na Antiguidade Clssica? (Tucdides, que
narra a guerra do Peloponeso, com Atenas e Esparta)
Atenas caracterizada por um poder dado aos juzes, um poder dado pela
assembleia. Poder que os juzes tinham na justia, controlo da corrupo, dos abusos
do poder e a existncia de uma cultura poltica e cvica entre os cidados e praticas
institucionais que se podem designar democrticas.
Tucdides tenta pela primeira vez sistematizar o regime democrtico. A guerra
do Peloponeso uma descrio da guerra mas tambm faz algumas reflexes. O que
que ele considera tpico de um regime democrtico? Para isso ele utiliza o papel de
Pricles (lder ateniense, grande estadista, lder de Atenas contra Esparta) para falar da
democracia, faz um discurso pelos soldados que deram a vida pela democracia
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ateniense. Aproveita isto para apelar democracia e sua continuao, atravs do
discurso emotivo.
Pricles reflecte: a nossa constituio no imita as leis dos pases vizinhos,
somos um padro que os outros imitam. A nossa forma de governo favorece a maioria
em vez da minoria e por isso que chamada uma democracia. Se olharmos s nossasleis elas providenciam justia igual para todos nos seus interesses individuais,
independentemente de diferenas privadas entre homens. A participao no vida
publica no deve ser barrada por pobreza ou por classe. A vergonha no ter pobreza
mas impedir que cidados validos (embora pobres) possam participar nas valncias.
Esta cultura democrtica tambm se estende vida privada, ou seja, a democracia
tambm uma prtica comum uns com os outros na sua vida privada. Ele continua: no
tem inveja uns dos outros.
Reflexo feita pelo professor: D a ideia de que a democracia um regime raro
ou de excepo. Diz que um modelo para a humanidade, pois nas circunstncias decrise ou de perodo militar eram as nicas democracias no contexto geopoltico da
poca. Porque que sobrevivem nas crises? Os regimes no democrticos conseguem
mobilizar os cidados pela fora e portanto tm uma vantagem pelo menos inicial para
realizar os objectivos a que se prope; os regimes democrticos no podem fazer isso
porque a liberdade impede a mobilizao pela fora. Tm de mobilizar os cidados
pelo exemplo, pelo consentimento. E por isso que so importantes estes discursos de
excepo, onde mostram o que o melhor, enfatizando as liberdades prprias dos
regimes democrticos. Aquilo que define uma democracia rule by the many and not
by the few: governo do povo pelo povo e no governo de uma pequena parte dasociedade. A democracia a forma de regime que presta ateno s maiorias, s
classes populares, com menos ou mais recursos (toda a gente). O regime democrtico
um regime que prefere a governao das maiorias em detrimentos das minorias,
embora as elites (minorias) tentassem sempre arranjar uma forma de se justificar
perante a maioria. A democracia tem como objectivo a justia igual entre todos,
embora cada um seja como pessoalmente (mais altos, mais baixos, mais gordos, mais
magros, mais inteligentes, menos inteligentes).
Aquilo que caracterstico de uma democracia: independentemente das
diferenas entre os indivduos, todos so iguais do ponto de vista da justia e do ponto
de vista poltico, com os mesmos direitos e deveres, mesmo com as suas diferenas
inatas ou adquiridas. claro que Atenas no funcionava totalmente desta forma, mas
num grupo especfico funcionava assim e era vista como democracia. O professor
pensa que Atenas no era um modelo muito prximo como Tucdides afirma. por
isso que o filsofo Dahl vai falar numa oligarquia, numa aproximao democracia.
Um regime democrtico pressupe a eliminao de desigualdades de classes e torna
toda a gente apta para participar nos domnios pblicos (no preciso terem
exactamente a mesmo igualdade socioeconmica). A desigualdade econmica ou
outros s so justificadas se no interferirem se todos possam participar de forma
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igual. A participao no fica condicionada por nenhum problema. Em que sentido
podemos afirmar que as escolhas individuais e pessoais so mais ou menos
democrticas? Ele d algumas pistas: no tm inveja uns dos outros, ou seja,
democracia um regime que permite a cada um ter a sua vida, tendo em conta a
igualdade. H um respeito pelas escolhas individuais de cada um. Outro conceitopresente na democracia : proteco dos mais fracos e tentativa de se abolir a
pobreza. H uma vontade e uma conscincia de que se numa sociedade h uma parte
dos cidados que no tm subsistncia mnima, devem ser ajudados pelo outro.
Democracia:
1 regime de excepo
2 regime de igualdade perante a lei
3 regime de igualdade poltico
4regime de meritocracia5 regime que pode ter uma cultura poltica nas relaes sociais
Gnese da ideia de Democracia:
A gnese desta ideia tem por base o discurso de Pricles Pericles Funeral Oration de
Tucdides, em que um regime democrtico se caracteriza pelo conjunto de indivduos,
cada um com as suas diferentes caractersticas (capacidades naturais distintas,
diferenas socioeconmicas (ricos/pobres) e em que, independentemente destas
capacidades, todos os indivduos so iguais. Numa democracia o principio fundamental a igualdade perante a lei, a ideia de total igualdade.
Segundo Pricles, as diferenas entre indivduos no devem barrar o individuo de
servir o Estado (participao na actividade poltica, cargos polticos_gesto poltica).
Robert Dahl defende que o principal princpio da democracia a igualdade polticaas
diferenas a nvel socioeconmico ou de capacidades no podem interferir na
actividade poltica.
Outro aspecto a ideia de que a democracia o governo de todos. Uma democracia
uma forma de governo onde os interesses da maioria se devem sobrepor aosinteresses da minoria, sendo que se entende por maioria os grupos da sociedade com
menos influncia e menos recursos.
De acordo com Tucdides, o regime democrtico deve fundar-se na igualdade perante
a lei e, segundo os atenienses, a forma de um regime democrtico se organizar e dar
voz s minorias atravs do sorteio (esta era a maneira de abolir as faces politicas),
evitando-se a oligarquia. A primeira ideia de democracia uma concepo anti-
partidos, anti faces - democracia ateniense. A ideia que est subjacente a este
mecanismo o de evitar a cristalizao de faces organizadas na gesto desociedade, evitar a existncia de oligarquias, mas tambm alcanar decises no por
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maioria, mas por consenso e deliberao colectiva. As democracias so regimes que
tendem para a deliberao colectiva, e neste sentido so superiores, visto que so
mais racionais.
Tucdides, na Orao Fnebre de Pricles, diz que a democracia tem no s estas
caractersticas institucionais e procedimentais, mas tambm um regime onde os
cidados no se sentem invejosos dos seus vizinhos mas ficam contentes se eles
prosperam na vida. Afirma tambm que os atenienses elaboram festas colectivas,
sobressaindo um princpio essencial: deve existir um equilbrio entre a participao
colectiva e a defesa da privacidade.
Tucdides diz que h uma dimenso social e cultural da democracia. Existe um
tipo de comportamento, uma predisposio moral no comportamento dos cidados:
noo de privacidade (ideia de que h uma dimenso da interaco individual e da
forma dos cidados se relacionarem uns com os outros que relevante para ademocracia. Esta privacidade proporciona um refrescamento da sua vida poltica e da
sua vida pessoal enquanto individuo autnomo), confiana generalizada nos membros
da cidade democrtica.
Raridade da democracia na histria das sociedades: a democracia a excepoe no
a regra.
O que a democr acia? Os clssicos.Diversas formas de viso da democracia
Viso de Tucdides: (pr-democrtico)(1) Democracia como um conjunto de instituies, onde se utiliza a eleio por sorteio.
No s um conjunto de regras institucionais mas tambm um conjunto que se pode estender srelaes sociais (cultura, economia e sociedade em geral). um conjunto de instituiesreguladoras de obteno de cargos mas que se podem estender s relaes entre os indivduos.(2) Uma democracia uma sociedade onde se reduzem as desigualdades, sendo um fenmenosocial. Uma democracia tende a gerar cidados mais abertos, mais tolerantes. Este um aspectoimportante (temos aqui duas dimenses importantes): entender a democracia como um sistemade regulao do sistema poltico. Exemplo de Barington Moore: democracia indiana temproblemas porque ainda tem muitas desigualdades, porque a mudana foi a nvel poltico e no a
nvel social. (3) A ideia de que a democracia pressupe uma igualdade natural entre os homens,logo no h homens superiores a outros.Os tribunais gregos atenienses pela primeira vez criaram a figura do acusador e do
defensor com o objectivo de resolver disputas. O dilogo entre iguais muito importante porqueestimula o debate e a crtica que est tambm associada a esta emergncia de racionalidade eque transborda at para as actividades culturais e literrias. A filosofia vertida em forma dedilogo.
Opositores democracia
Tambm no perodo da Atenas clssica surgem vrias teorias que olham para a democracia deum ponto de vista critico, que apontam os seus problemas.A democracia como prtica social
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(que em Tucdides muito uma prtica cultural) vai ter outro entendimento em Plato e
Aristteles.
As democracias podem ser aprofundadas e melhoradas. Democracia como conjunto de
dinmicas sociais. um processo inacabado, no existem democracias acabadas, mas sim
democracias em processo de democratizao ou desmocratizao.
Viso dePlato:O primeiro grande crtico foiPlato:um regime democrtico corre sempre o risco do
populismo: quando as massas so mobilizadas por oportunistas que procuram cortejar a opiniopblica a todo o custo, acedendo a todos os interesses da opinio pblica, prometendo oimpossvel, tudo para chegar ao poder. Utilizando o apoio das massas chegam ao poder eacabam com a democracia. Plato defende que em todas as democracias h o risco dopopulismo. A ideia que Plato tem daquilo a que ele chama de maioria diferente do que
acontecia em Atenas, pois, para Plato, a maioria corresponde ao conjunto de pessoas que tem opoder. E esta outra crtica: existe um espirito da satisfao do maior nmero e dos interessesda maioria (maioria funciona enquanto faco). Do regime democrtico vai emergir, comoconsequncia, um regime tirnico, ou seja, num contexto onde as massas mandam, vai haver umrisco de existir um tirano. Para Plato nenhum deles realiza a procura do belo e da verdadeporque isso s existe naqueles que esto treinados para tal, os filsofos. O regime democrtico um regime que nunca vai ser um regime justo porque as massas vo ser sempre cortejadas porlderes populistas que no tm capacidade suficiente para distinguir o que a justia. Portanto,Plato rejeita a igualdade total entre os homens. O seu regime ideal o que chega a acordo como justo, belo e igual e a s os filsofos conseguem chegar.
Para Plato h duas questes importantes: h um grupo na sociedade que est a mandatoda lei da histria para governar (ou por razo do seu especial conhecimento filosfico ou poruma razo divina). Ideia de que para Plato existe um conhecimento absoluto sobre as coisas:existe a possibilidade de definir o que o justo de forma atemporal. Mas num regimedemocrtico isto no preciso: baseado na conflitualidade de interpretaes destas questes eportanto uma democracia mais um processo baseado numa ideia de igualdade poltica.
verdade que o risco do populismo sempre um risco e no regime democrtico aindamais grave; problema da qualidade dos governantes. Nas situaes de crise, as democracias somais vulnerveis.
Plato concorda que existe uma dinmica sociolgica nos processos de democracia e
democratizao. Considera que a democracia o que emerge da luta das massas contra as
minorias oligrquicas (baseadas no sangue ou no dinheiro) e de onde as massas saem
vencedoras. A democracia que resultou em Atenas foi resultado de um longo processo de
conflito entre classes sociais, nomeadamente ricos contra pobres. Existe assim uma ligeira
diferena em relao ao entendimento do que o processo de democratizao para Tucdides,
que enfatizava mais a cultura democrtica, a relao dos cidados com o regime. Plato diz
que essa ideia de que os cidados todos confiam uns nos outros uma ideia ingnua, pois, na
prtica, a constante luta de classes que lutam pelos recursos da sociedade. No entanto, para
Plato, o regime que resulta do conflito de classes um mau regime. Porqu? A massa
ignorante, no sabedora, no tem tempo para pensar e no est bem informado, logo,governar mal. H tambm um perigo de as massas oprimirem as minorias- ditadura das
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massas. Para Plato a discusso sobre o que melhor para a sociedade e para o bem comum,
no pode ser feita pelas massas, mas sim por um nmero limitado de pessoas. H uma
tendncia, quando os regimes polticos so baseados no governo das massas, para o cortejo
das massas para chegarem ao poder. Para Plato uma democracia, eventualmente
desembocar naquilo que se chama uma tirania- o poder de um s indivduo sobre toda a
gente. O individuo subverte as regras da democracia, mobiliza as massas, e depois descarta-se
delas para ficar com todo o poder para si.
Em suma:
(1)
Inevitabilidade das massas oprimirem as oligarquias
(2) Inevitabilidade de o poder das massas emergir um lder tirnico
(3) Inevitabilidade de as massas no se saberem governar a si prprias porque no tm as
competncias tcnicas e o conhecimento do que verdadeiro
(4) A procura da verdade e do que justo um processo de debate entre indivduos e isso
s pode ser desenvolvido num conjunto limitado de indivduos e no numa multido.
A justia e a verdade existem para alm da doxa (da opinio do momento). No depende das
diversas correntes polticas, que so circunstanciais, transitrias e que no so reflexo da
verdade.
Os que devem governar so aqueles que esto treinados e preparados para chegar verdade,
ou seja, os filsofos, aqueles que so melhor intelectualmente, e logo, melhor tambm
moralmente. Governo de uma minoria melhor. No fundo, o governo ideal para Plato era um
governo de professores universitrios.
O regime ideal o liderado por uma casta de filsofos, indivduos treinados na arte do
debate, pensadores, apoiados por uma classe que controla os meios de represso na
sociedade, uma forte classe militar, coerciva que apoia esses filsofos. Regime centralizado
numa elite de sbios e uma elite militar, sendo que ambos se apoiam mutuamente. Governo
de educadores, sendo que a forma melhor para educar a sociedade que esta seja educada
pelo Estado. Sendo que nem todos tm capacidade para governar, a sociedade deve ser
dividida em grupos: os filsofos, os que defendem a cidade, e os que produzem, ou seja, os
que pensam, os que combatem, e os que trabalham. O que temos aqui uma teocracia militar.
Uma minoria que tem um contacto privilegiado com a verdade e que por isso deve ter direitos
acima de toda a gente. Antidemocrtico: grupo dos sbios considerado privilegiado esuperior aos outros.
Plato contra as faces e a diferena de opinies, visto que estas so fontes de erro e de
diviso. Tucdides pelo contrrio, apoiava o pluralismo de opinies e ideias. Por um lado,
Plato vem na tradio democrtica grega, que tem na sua raiz o debate e contraste de
opinies e da critica; por outro lado e contraditoriamente, a sua filosofia poltica defende que
este debate s pode ser feito pelas minorias, visto que para ele, por definio, os debates no
funcionam entre as massas. O debate racional, ponderado e crtico, s pode ser feito pelo
grupo privilegiado.
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Plato antidemocrtico, pois considera a democracia uma m forma de governao. Para
alm disso, Plato postula que h uma minoria (os filsofos) que deve governar, pois tem uma
maior capacidade do que as massas.
Viso deAristteles ( uma terceira abordagem que o intermdio entre as vises de Tucdidese Plato)
Aristteles concorda com Plato no que diz respeito s crticas elaboradas democracia, masdefende que a soluo de Plato impraticvel ( muito difcil refazer uma sociedade do zero eas sociedades regidas por minorias tm problemas com a defesa) e no necessariamente omelhor, pois qualquer regime pode ser corrompido. Assim, Aristteles prope uma alternativa.Aristteles defende que cada forma de regime poltico tem em si uma forma de aperfeioamentoe que as caractersticas funcionais dos regimes os distinguem:
Monarquia:governo de um s (Uma monarquia pode degenerar numa tirania se o rei
no se preocupar com o povo). Tirania:governo de um sorientado para o bem particular Aristocracia:governo de um sorientado para o bem comum (Uma aristocracia pode
ser corrompida se os poucos s se preocuparem com o prprio interesse).
Democracia: o regime da maioria orientado para o bem particular (Quando uma
democracia se preocupa com o bem comum, temos uma timocracia, um regime
democrtico bom)
Timocracia:governo de muitosorientado para o bem comum
No fundo, qualquer regime tem um potencial de corrupo ou aperfeioamento,
qualquer um deles pode ser bom ou mau, depende da via que seguir. Aristteles mantm ocritrio da quantidade de quem governa e acrescenta o critrio da qualidade: se um, poucos oumuitos, trabalham bem.
De certa forma, para Aristteles o regime ideal a combinao entre democracia earistocracia: uma minoria a governar os interesses da maioria. Pela primeira vez temos umaviso elitista de democracia. A democracia para sobreviver tem de ter cuidado com opopulismo: tem de limitar de certa maneira a possibilidade de as massas se mexerem muito.Ideia de que o melhor regime um regime misto: uma democracia de tipo elitista, onde secombinam os melhores aspectos da democracia (probabilidade de emergirem novos talentos
que refrescam/renovam a elite tradicional; a democracia garante a mobilidade social e a
emergncia de novas vozes polticas; elite embutida de um esprito de proteco em relaoaos que tem menos recursos)e da aristocracia (renovao das elites).
Assim, Aristteles prope duas medidas:
A nvel institucional, defende a moderao das instituies em que se deve
preservar a combinao dos extremos (via mdia onde est a virtude) e
onde os cargos para as instituies no devem ser todos eleitos por sorteio,
mas alguns herdados.
A nvel da sociedade, Aristteles defende que se deve criar um regime poltico
misto e que do ponto de vista sociolgico tenha uma caracterstica muito
importante: a existncia da classe mdia. esse grupo que consolida e d
fora a um melhor regime. A acepo de Aristteles em relao funo da
classe mdia prende-se com a moderao, o conforto e o mnimo de recursos
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possveis para a sobrevivncia, que vem equilibrar a sociedade. A classe mdia
um tampo para evitar os excessos das democracias e os excessos das
aristocracias. Serve para tornar os regimes mais justos e estveis, mas no
preconiza igualdade socioeconmica. O regime ideal para Aristteles aquele
que sustentado por uma classe mdia. Um regime justo baseado nas
caractersticas de uma classe mdia robusta.
Se em Plato temos uma minoria esclarecida, em Aristteles vemos um regime misto de forma aconseguirmos regras e instituies democrticas e no democrticas, de forma a satisfazerpositivamente a sociedade.
poca renascentista (renascimento italiano): corporativismo; representao funcional - dar s
profisses de uma sociedade uma identidade colectiva, dar ao seu grupo a capacidade de se
governar e conseguir intervir e estar representado na administrao central. A representao
funcional uma representao por grupos com uma base scio-econmica.
O que a democr acia? Os clssicos.O fracasso de Atenas.
Democracia: fracasso de Atenas e renascimento do conceitoA democracia ateniense teve um tempo curto. A democracia j s volta a ter impacto e
uma realizao plena na segunda metade do sculo XIX. A grande reflexo terica foi feita naAtenas clssica.
Devemos pensar no fracasso da democracia ateniense em dois nveis:
fracasso de Atenas em si prpria, em que o colapso de Atenas foi causado por razesgeopolticas e militares que no inerente prpria democracia (democracia num
contexto de guerra, est enfraquecida por um contexto de guerra); h um elemento interessante que a ideia de que para haver uma sociedade democrtica
(em Atenas era democracia directa), os indivduos tm de estar libertos das suasactividades quotidianas, tem de se libertar. Para isto acontecer era necessrio queAtenas tivesse uma economia que sustentasse o lazer e a reflexo. E para isto eranecessrio um expansionismo militar que subjugava outras idades, que tinham de pagartributos a Atenas. O facto de Atenas possuir uma economia cada vez mais esclavagista,que em Atenas comea por ser um trabalho ligado a economia domstica, mas queevolutivamente vo ser necessrios escravos para fazer as tarefas como trabalhar nasminas, policiamento das cidades, at as funes bsicas. Esta contradio muito
importante: para sustentar a democracia preciso uma hegemonia no democrtica. Ademocracia tinha de ser pequena escala porque era directa.
Foi preciso esperar pela poca moderna e por um novo tipo de economia: tipo de economia queno seja de mo-de-obra intensiva, mas que gere a acumulao de recursos atravs de ganhos deprodutividade, ou seja, uma economia industrial (argumento em parte de Weber e Marx) quepermite pela 1 vez limitar a escassez, podem acumular mais do que aquilo que tinham que lhespermite uma libertao do trabalho.
Em suma:
As duas grandes causas estruturais para o colapso da democracia atenienseno seculo 6 A.C.esto ligadas incapacidade de se institucionalizar um regime democrtico na Antiguidade
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Clssica. Todas estas sociedades da Antiguidade Clssica eram sociedades esclavagistas. O
pblico democrtico era extremamente mnimo. Noa havia ideia de universalidade de
dignidade humana.
Existe assim uma limitao estrutural quando se vive em sociedades esclavagistas: uma
economia baseada em escravos uma economia pouco produtiva e que no possibilitagrandes acumulaes de capital. No permite a inovao, ou seja, limita a produtividade e
grandes saltos de crescimento e desenvolvimento que eleve os indivduos alm da escassez. A
sociedade capitalista permite a emancipao porque liberta as sociedades da permanente
escassez.
2. O que a Democracia? Os Modernos
(Benjamin Constant, Tocqueville, John Stuart Mill, Max Weber, Joseph A.
Schumpeter, Karl Marx e Friedrich Engels)
No Perodo Moderno, existe um legado que se baseia em dois aspectos: as faces so
ms para a estabilidade dos regimes e, por outro lado, h um problema nas sociedades
de grande escala: como cultivar a participao cvica e o interesse dos cidados nos
assuntos da sociedade?
A poca moderna caracterizada por sociedades de grande escala e os autores que
vamos estudar vo tentar resolver como pode a democracia funcionar nestas
condies.
A poca moderna introduz uma grande diferena face a poca antiga - tendncia para
um maior privatismo. A democracia vista como num conjunto de direitos, onde a
unidade bsica o individuo e no a comunidade.
Neste sentido h quem argumente que o pensamento grego no tem em conta dois
elementos que acabam por vir a ser centrais e vm a ser legtimos na prtica
contempornea. 1) Organizao da sociedade civil, liberdade de opinio, etc. que so
vistas como benficas. Por exemplo, Tocqueville defende que o pluralismo social, poltico e
organizacional numa sociedade tem um maior poder democrtico. Porque houve entouma transio? Devemos ter em considerao a noo de que as democracias modernas
(diferena face s democracias clssicas e o pensamento) so democracias de larga escala,
ou seja, um ponto que distingue os pensadores modernos e contemporneos e que
inicialmente tornava a reflexo da gnese da democracia bastante cptica era a ideia de
que a democracia foi possvel nos gregos porque era uma sociedade muito pequena.
Assim, no possvel em larga escala onde h heterogeneidade e pluralismo e como
organizar politicamente a gesto da democracia quando as sociedades tm milhes de
habitantes? Era possvel que todo o ateniense tivesse a probabilidade de servir uma
instituio poltica do seu tempo, o que no ocorre numa democracia de larga escala. Esteaspecto introduz um elemento de diferena. Como fazer a transio para uma
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democracia nas condies modernas? Da ter sido dito muito tempo que s possvel em
sociedades de pequena escala.
O ponto que distingue a poca clssica da poca moderna tem a ver com dois tipos de
argumentos.
Benjamin Constant
O primeiro introduzido por Benjamim Constant e que diz que a liberdade dos antigos
uma liberdade comunitria. uma democracia baseada no esprito comunitrio (da
tribo). Pelo contrrio na poca moderna a concepo de democracia diferente,
baseada na defesa dos direitos individuais que protegem o indivduo contra o grupo.
Assim, a grande diferena que enquanto o indivduo na democracia antiga s algum
quando participa na poltica (seno um incapaz, um idiota) como defendido por
Aristteles. Pelo contrrio, a concepo moderna de democracia difere o pblico e o
privado. H a esfera individual (indivduo autnomo e individual) e a esfera pblica
(debate, interaco, etc.). A democracia moderna uma concepo que nasce do
reconhecimento que na poca contempornea a unidade central o individuo e no o
grupo. H grandes crticas porque afirma-se que na poca clssica tinha-se noo dos
direitos individuais, contudo s na poca moderna que este aspecto ganhou relevncia.
No fundo uma das inovaes dos modernos em relao aos clssicos para limitar as
faces que os modernos referem que o lado negativo das faces pode ser mitigada
se houver recursos para sustentar todos. Se houver capacidade econmica. Constant diz
que as faces vo ser moderadas porque a poca moderna baseada na troca comercial
enquanto na poca clssica era a conquista militar o que contribua para a fortedemocracia. A economia no perodo clssico vista no como uma actividade que
valorizada em si prpria e que serve para acumular riqueza e para enriquecimento
individual. Mas, a economia vista como uma actividade subsidiria para a estrutura da
famlia ou da sociedade. A troca econmica serve apenas na medida em que contribuem
para a solidificao da famlia, ou seja, a economia familiar. A unidade de produo dos
gregos o oikos (economia da famlia), que envolve escravos, servidores domsticos, etc.
H uma comunidade familiar com identidade prpria. E a troca comercial de uma
produo de um agregado vendida num mercado local ou distante tem lucros que leva
subsistncia da famlia. A troca moderna, baseada na acumulao de riqueza peloindivduo, individualista. Ou seja, a acumulao de riqueza para enriquecimento
pessoal. H assim um rompimento com o clssico, pois rompe com as estruturas bsicas
da sociedade. A troca comercial moderna liberta os indivduos das amarras dos grupos.
Constant diz que isto positivo (seculo XVIII) porque a troca comercial moderna pressupe
a moderao do instinto guerreiro. Ou seja, se querem ganhar riqueza tem de ter uma
rede de contactos, logo tem de moderar o instinto de conquista e aquisio por fora das
armas que se vivia nas sociedades clssicas. Na poca moderna h atravs da criao de
uma sociedade comercial a substituio do esprito de guerreiro pelo esprito da troca que
mais pacfico porque se quer manter e diversificar as trocas, logo preciso estabelecerlaos de confiana com indivduos, manter contactos, etc., o que leva moderao e no
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ao roubo do potencial parceiro de troca. Assim, Constant diz que se houver uma difuso
do comrcio, h uma substituio das paixes por as trocas . O mundo antigo baseado
em paixes, irracional, onde h uma procura de conquista custa dos outros. O mundo
moderno baseado no interesse individual em que se tem em conta o futuro a mdio-
prazo. Assim criam-se sociedades mais pacficas atravs das relaes mais pacficas.
H uma tendncia para um maior individualismo. A democracia , no tanto uma forma de
organizao da comunidade, mas um conjunto de princpios que protege os indivduos contra
abusos externos. Esta poca do individualismo tem um efeito negativo: o excesso de
privacidade e desinteresse nos assuntos sociais e a criao de faces. Todos os autores
defendem que impossvel voltar atrs (na revoluo industrial, no capitalismo, no tamanho
das sociedades). H tambm uma tendncia para o engrandecimento dos estados, com uma
capacidade de mobilizao militar muito grande. Tornaram-se Estados soberanos que no
conheciam limites sua expanso. H cada vez menos Estados, mas estes so cada vez
maiores. A soluo ento fazer difundir o espirito do comrcio, a liberdade comercial e atroca. A poca moderna tambm uma poca de tendncia para a s sociedades
estabelecerem comrcio umas com as outras. O comrcio era bom porque obriga troca e
cooperao. O comrcio tem propriedades pacificadoras. O desenvolvimento econmico
favorece a democracia. A liberalizao econmica por natureza pacfica e cooperante e
portanto, favorece a longo prazo a emergncia de democracias. Soluo:liberalizar o comrcio
escala internacional. Crtica: esta nova classe social pode levar a uma nova oligarquia
industrial, no baseada na posse da terra ou na linhagem aristocrtica, mas baseada no poder
da indstria e na concentrao industrial.
As solues preconizadas pelos atenienses durante o perodo democrtico deixam de serexequveis, devido ao aumento da escala das populaes. No era possvel realizar uma
democracia visto que estas s eram realizveis em pequenas sociedades. Porm, h
pensadores que procuram dar resposta a esta questo, contrariando a soluo que
apresentada historicamente, tentando conciliar a democracia com o contexto da poca
moderna, ou seja, sociedades em grande escala, com diferenciao social e econmica.
A primeira soluo a de Benjamin Constant: aumento do comrcio.O comrcio algo que,
ao facilitar a troca, modera os instintos agressivos que as sociedades tm umas em relao s
outras. O desenvolvimento econmico favorece a democracia e o mecanismo causal cultural:
o desenvolvimento econmico, ao fazer a difuso do espirito da troca, difunde tambm aprtica da cooperao social, o que favorece a moderao dos comportamentos e a
agressividade. Ou seja, torna as sociedades mais pacficas, devido cooperao necessria
entre as sociedades.
Limitaes: h sociedades que tm nveis de desenvolvimento econmico elevados, e que so
sociedades militarmente agressivas (Alemanha e Japo at IIGM). Este argumento esquece
um aspecto importante do processo de desenvolvimento capitalista: a necessidade que muitas
sociedades tiveram de, no processo de se modernizarem, terem sentido que o Estado tinha de
ter um papel central nisso. E quando h um reforo do papel do Estado, h a possibilidade de
um aumento da expanso militar desse prprio Estado. Ou seja, na prtica, apenas o caso daInglaterra se enquadra na teoria de Constant, visto que o desenvolvimento capitalista se d
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atravs da burguesia e dos homens de negcios. Nos outros casos, este desenvolvimento d-se
atravs do Estado, visto que os privados sozinhos no tinham capacidade para isso.
Jefferson e James Madison Federalist Papers
Outro argumento desenvolvido por Jefferson e James Madison a ideia de que numarepblica moderna (democracia) h duas formas de controlar as faces: 1) exactamente
porque a repblica moderna uma repblica grande, h uma possibilidade elevada de
apropriao elevada, da haver recursos suficientes para satisfazer todas as faces. Por
exemplo, os EUA so uma sociedade que tm a possibilidade de expansionismo para oeste
quase ilimitado. Tm um territrio to vasto que conseguem emigrar e estabelecer novas
fontes de rendimentos. um argumento que no tanto baseado na ideia da troca dos
indivduos que os modera como defende Constant e que inibe e dissolve o barbarismo e
substitui por civilizao (Freud pe em causa); O ponto destes dois teorizadores tem mais
a ver com a noo de que as faces vo ser contentadas se houver abundncia de
recursos (argumento imperialista); 2) a primeira vez que h esta ideia de controlar as
faces que se prende com a questo de que as faces no podem ser eliminadas porque
o Homem cria faces por diversos motivos (vises do mundo diferentes polticas,
econmicas, etc.), logo h sempre faces. Jefferson e Madison pem em possibilidade a
proibio das faces (tal como Plato pensara). Mas, Jefferson diz que existem as
monarquias europeias e isso no desejvel. Querem construir uma Repblica moderna,
ou seja, a eliminao das faces no permite a democracia e a repblica. A questo :
como fazer a democracia com faces (que no vo deixar de existir) e de larga escala? A
soluo pr as faces umas contras as outras em equilbrio, em que nenhum consegue
sobrepor-se. A noo de que esto todas em competio e nenhuma muito forte para
controlar as outras. Isto implica a multiplicao de faces, promovendo o pluralismo que
torna cada vez mais fraca cada faco. A multiplicao de faces leva impossibilidade
de uma faco se tornar mais forte do que as outras. Assim todos os grupos acabam por
se vigiar reciprocamente. Nasce assim a ideia de que as democracias so competitivas e
que quanto maior diversidade de opinio houver, mais fcil a democratizao . O
argumento de tipo institucional, ou seja, no s pr as faces umas contras as outras
a vigiarem-se, mas criar algo institucional que as limite. A diviso de poderes
transportada na prtica na construo da sociedade democrtica. Assim, as instituies
so separadas e contribuem para o pluralismo democrtico, no havendo possibilidade deningum abusar o poder, de haver pluralismo e de haver vigilncia. Prejudica-se a
capacidade de eficincia em prole da democracia porque perigoso capacitar uma s
instituio de poder. Ou seja, para haver eficincia preciso limitar o poder.
Este ponto de que existe um pluralismo (deve ser multiplicado, pois quanto maior o
pluralismo e as fontes de subdiviso de uma sociedade, mais democrtica ser essa
sociedade democracia pluralista) que a prpria sociedade. Pode haver uma
multiplicao muito grande de interesses e de grupos, contudo esses grupos podem ser
muito restritos. Podem ser uma organizao que representa um segmento limitado da
sociedade. Isto pressupe que a autogovernaro destes grupos igual para todos, mas
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no tem de ser necessariamente assim. O pluralismo poltico no decorre
automaticamente, tem de haver um processo de organizao. Em democracias onde o
Governo depende do Parlamento, a possibilidade de maioria eleitoral dar origem a uma
modificao do sistema muito maior. H uma maior abertura, h democratizao social.
Numa democracia caracterizada por diviso de poder, o bloqueio de vontades
hegemnicas muito maior. Por exemplo, nos EUA isso acontece. A adopo de um
sistema nacional de sade, de educao gratuita tem de ser aprovada por quatro
instituies, o que torna a aprovao muito difcil, porque as diferentes instituies tm
diferentes opinies. Ao contrrio, em democracias centralizadas como na Sucia, h uma
sociedade onde a Monarquia era bastante absolutista e dependia bastante do Parlamento.
Mas, a Monarquia sueca teve um absolutismo mais centralizado, mas uma vez acontecida
a democratizao sem alterao para a diviso de poderes, ento as maiorias populares
que conseguem chegar ao governo, tem em si uma capacidade brutal, pois o Governo o
rgo legtimo. Os suecos no espao de uma gerao e meia passam de uma sociedade
arcaica, de antigo regime, com valores absolutistas, para no perodo aps a segunda
guerra mundial haver uma possibilidade de criao de uma sociedade democrtica. Ou
seja, o Estado tem um potencial democratizador (ou no). Um dos aspectos decisivos da
poca moderna a emergncia do Estado (diferenciao quanto sociedade). Existncia
de um conjunto de instituies cujo objectivo o controlo da sociedade e do territrio. A
criao de uma administrao pblica moderna com um elemento repressivo (foras
armadas) e com funcionrios especializados. O emergir do Estado cria problemas s
teorias da democracia, pois h uma diviso de poder . O problema do Estado: como
controlar uma instituio que contm um poder enorme? Como controlar? Mas, se
houver diviso para controlar o Estado, deixa de haver o problema da instituio baseadana coero. Como evitar que os que controlam o Estado, a polcia, etc. tenham poder?
Como evitar que o Estado moderno que necessrio para regular a vida nas sociedades
contemporneas? (logo vai chegar cada vez mais s vidas privadas dos cidados); De que
forma que se limita este aspecto? Se o Estado se torna omnipresente, os cidados no
precisam de colaborar entre si, porque o Estado faz tudo pelos cidados . Este problema
vai ser analisado por ngulos diferentes por Tocqueville e Weber.
Tocqueville
A associao pode ser uma fonte de progresso numas sociedades e uma fonte dedesgraa noutras sociedades. Ou seja, Tocqueville est a dizer que a arte da associao
nas sociedades actuais que desenvolvem uma panplia de interesses e organizaes (e
interaco) pode ser uma fonte de progresso ou de desgraa, consoante a sociedade.
Ento quais so as condies em que isto acontece? O porqu? Quais as condies
polticas, sociais, etc., seja benfico em algumas sociedades e noutras no? Tocqueville
considera que a proliferao no negativa propriamente. Aquilo que diz que no
suficiente, porque a proliferao comum em todas as sociedades. Por exemplo, no
seguimento da Revoluo Francesa h uma proliferao das associaes tanto a nvel local
como nacional. H uma organizao de partidos polticos, de associaes de defesa dademocracia. Assim, Tocqueville diz que as associaes e o associativismo para ser um
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factor de progresso das sociedades, ou seja tem de corresponder arte da associao, o
associativismo tem de ser ajudado por um determinado tipo de configurao
institucional. Ou seja, s num determinado tipo de configurao poltica, institucional, etc.
que ir haver progresso. Porque razo em Frana, o associativismo foi causa de
destruio? Em primeiro lugar porque aquele que o momento de democratizao da
sociedade francesa (impulso revolucionrio - primazia da lei, sociedade de direito, onde a
monarquia controlada pelo Parlamento, etc.) origina um segundo momento onde a
democratizao posta em causa, em que origina um Estado centralizado e ditatorial que
decorre do fluxo da revoluo, onde os Jacobinos instituiem o Governo do Terror. Ou
seja, uma faco elimina todas as outras opinies pela fora e pelo assassinato poltico.
Basicamente o que se sucede ao perodo do Jacobinismo que h um reverso em que
quem toma as rdeas do poder poltico so os militares, onde se consolida o poder de
Napoleo - onde h centralizao da poltica. O reinado de Napoleo o nascer da
ditadura moderna. H um lado muito forte de expansionismo militar, uma grande
centralizao do Estado. assim um modelo que ir ser utilizado por outros. Porque
razo que acontece em Frana? este o puzzle intelectual de Tocqueville. Porque que
a seguir revoluo se gerou uma dinmica de violncia da sociedade civil? Sendo que
nos EUA emerge uma sociedade civil moderna, onde os grupos da sociedade civil no
competem entre si de maneira violenta, o que leva a solues colectivas para solues
comuns. A seguir Revoluo Americana (1979) onde h tendncia a abrir-se o regime, a
caminho de uma repblica, etc. Em que em Frana tambm se pe em causa a Monarquia
e aspira-se uma Repblica, etc. Duas revolues com bases liberais onde em Frana
resulta numa Guerra Civil e nos EUA no. E porqu? Tocqueville diz que tal como nos
Federalist Pappers que h uma constituio institucional que distigue os EUA de Frana.Mas, acham que preciso uma diviso de poderes. Tocqueville diz em primeiro lugar que
no basta haver subdiviso de poderes ( importante porque impede a concentrao do
extremo poder num governante - problema da monarquia absoluta), mas essa subdiviso
de poderes tem de ser acompanhada, tem de haver uma possibilidade de a cada nvel
administrativo de organizao do poder poltico institucional (tanto a nvel local, estadual
ou nacional), a capacidade de os cidados terem capacidade de organizarem os seus
poderes. Assim dar-se-ia a criao de um sistema de auto-administrao local, onde cada
cidade, cada vila, cada comunidade a nvel territorial tem os instrumentos e as instituies
capazes de gerar participao colectiva nos assuntos comunitrios. importante porquegera uma cultura cvica de participao colectiva. Ou seja, no basta haver uma subdiviso
de poderes ou a criao de instituies democrticas (como em Frana), mas sim
necessrio criar instituies de participao at local (as mais importantes) para
desenvolver uma conscincia civica. Isto importante porque gera hbitos de
participao colectiva, de debate colectivo e gera tambm o potencial da moderao. Ao
contrrio da Frana, em que aps revoluo h uma participao massiva sem apoio, ou
seja, quando uma faco poltica chega ao poder acha que pode redesenhar o poder.
Assim, no est historicamente habituada a debater com as outras faces. Porque que
a participao a nvel local importante? Porque a nvel de comunidade local que oscidados tm as suas preocupaes dirias. Ou seja, os cidados no se preocupam em
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abstracto com a economia (crises financeiras) ou a educao, mas sobretudo no que
afecta a sua vida quotidiano. Ou seja, questes como se a nvel local h estradas decentes,
escolas adequadas para os filhos, se h acesso a transporte martimo? na medida em que
estes temas podem ser debatidos colectivamente tal como a questo dos recursos que
pode ser objectivo de co-deciso que a arte da associao vai ser uma fonte de
sucesso/progresso e no de instabilidade social. importante porque a organizao a
nvel local tem dois efeitos: 1) Criao de uma cultura poltica democrtica (uma
sociedade onde os cidados no esto habituados a associar-se localmente, no h uma
tradio, ento os cidados no esto preparados para a democracia. Assim institudo o
regime de liberdade, os cidados no agem em prol de se unirem, mas sim de se imporem
como em Frana (com a radicalizao jacobina); 2) Essa cultura cvica mais democrtica
combinada com o associativismo local serve como barreira/tampo entre o cidado e o
Estado. Quando o cidado se associa a nvel local autonomamente para desenvolver
iniciativas com tendncia para a difuso de bens colectivos leva inexistncia de
necessidade de um Estado to forte, isto porque os cidados/comunidades j o
desenvolvem. O Estado vai encontrar barreiras sua expanso, logo a concentrao de
poder poltico em governantes centrais vai ser menor. Neste tipo de sociedades, h uma
forte capacidade cvica local e tambm o desenvolvimento de virtudes republicanas.
"Geram-se os hbitos do corao". Cada um segue o seu interesse, mas o interesse
individual (entendido no de forma egosta e limitada, mas sim entendido na necessidade
de se articular aos restantes interesses privados - no h o interesse de soma 0). O que
Tocqueville vai dizer, sendo um inovador das modernas Cincias Sociais, que ao contrrio
dos Federalist Pappers (que observam a questo de forma abstracta em que o que
interessa subdividir os poderes, onde se vigiam mutuamente, e ao mesmo tempo criarcircunstncias onde h capacidade de prosperidade), mas um argumento histrico.
Tocqueville muda isso, dizendo que porque razo que de facto que as condies
histrias da sociedade norte-americana so muito diferentes da sociedade francesa. Os
EUA no tem um passado feudal, logo so sociedades que j no perodo pr-democrtico
tinham uma maior tendncia para a participao das sociedades ao contrrio da Frana do
Antigo Regime em que havia diviso de classes, em que as Monarquias tinham abolido
autonomias territoriais locais (autonomia das sociedades camponesas), mas tambm
eliminando o poder de extraco autnoma dos recursos, nomeadamente da Nobreza que
a tornara dependente da Casa Real, pois dependia de empregos do Estado. No caso norte-americano isto no acontece, pois desde a sua formao so sociedades baseadas no
princpio auto-democrtico, pois so sociedades crticas da Monarquia Absoluta. Tinham
uma ideia de religio de Estado extremamente forte, sendo que s havia uma realidade
religiosa que era a que o Estado propunha. Foi isto que aconteceu aps as Guerras
Religiosas da Europa, em que algumas sociedades tiveram o anglicanismo, o luteralismo e
o calvanismo. O ponto importante, que a seguir s Gueras Religiosas, houve uma
tendncia para tornar uma religio de Estado que era contra os ideais polticos do Estado.
Os EUA so fundados por um tipo de organizaes da sociedade civil (inicialmente
religiosas) vo criar bases que aps a transio para a nova democracia, j havia nos EUA atradio de colectividade. O que Tocqueville refere que a possibilidade da democracia se
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consolidar e a sociedade civil contribuir no depende s de existir um perodo de
democratizao (como ocorre em Frana), pois o que interessa que a democratizao
poltica acontea num perodo propcio a esse desenvolvimento. Existe tambm um ponto
importante para terminar a parte de Tocqueville que a ideia de sociedade civil, ou seja,
basicamente o que Tocqueville est a dizer que enquanto argumento central que a
sociedade civil importante se uma sociedade civil a nvel local, ou seja, quanto mais
for a nvel local, mais micro, mais democrtica ser . Em segundo lugar, a sociedade civil
vista como antagnica com o Estado, em que est onde o Estado no pode estar e vigia o
Estado. Funciona como barreira expanso do Estado (que no defendido nos
Federalist Pappers em que a sociedade civil se controla a si prpria). A sociedade civil
serve como controlo do Estado. Isto porque o terceiro ponto de Tocqueville (depois
retomado por Weber) em que analisa a importncia do Estado - o Estado enquanto fonte
de organizao de poder. Tocqueville nota que a democracia tm razes sociais
imporantes, em que h facilidade em se consolidar nos EUA porque j tinha bases. O que
Tocqueville diz que h nos EUA a excepo em que existe tambm uma sociedade antes da
Revoluo muito parecida com as sociedades de Antigo Regime - sobretudo com a Frana,
em que h uma desiguldade natural dos Homens e que esto divididos em grupos com
direitos e deveres prprios e no com a igualdade a todos os Homens isto ocorre no Sul
dos EUA. No Norte dos EUA temos uma sociedade ultra-democrtica e no Sul dos EUA uma
sociedade democrtica. No Sul dos EUA h a ideia de castas, mas sem os princpios de
patronalismo como no Norte, isto deve-se a ser uma sociedade muito capitalista.
Enquanto a Norte dos EUA h uma preocupao em que quanto maior se estiver, maior a
necessidade de preocupao com os mais pequenos. J no Sul dos EUA h uma utilizao
dos escravos sem preocupao, pois capitalista. Podemos dizer que os esclavagismo anvel micro pode ser considerado a base do totalitarismo do sculo XX. As condies do
totalitarismo j est presente no pensamento de Tocqueville e no s a nvel de
esclavagismo e capitalismo, mas tambm num Estado poderoso. Nas sociedades
contemporneas tal como a arte de associao que distingue as sociedades, h tambm
um factor novo que a criao de Estado autnomo com capacidade de poder. Ou seja, h
governantes que agora tm o apoio de maior parte da populao, como foi o caso de
Napoleo. Logo, se h uma grande base popular, quando um lder no democrtico
consegue ter apoio democrtico elevado leva ao aumento do poder do Estado. Isto
decorre tambm porque a administrao do Estado muito maior quando eliminado opoder dos grupos que faziam a auto-organizao das sociedades e que serviam de barreira
ao expansionismo do Estado. Em Frana, os monarcas eliminaram barreiras, logo antes da
revoluo havia uma centralizao do poder do Estado. Quando se d a revoluo h a
tentiva de alargamento das liberdades, contudo acentua-se a centralizao do Estado
porque a faco que "vence" consegue o apoio da Sociedade Civil. Assim, h uma
extremismo da situao anterior, pois antes da Revoluo nunca se tinha alcanado uma
centralizao do Estado em to elevada escala. O argumento de Tocqueville que as
grandes revolues so ms e devem ser evitadas, pois so nas revolues onde existe
uma deposio da ordem anterior atravs da violncia e participao da sociedade civilatravs do movimento revolucionrio.
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Em suma: Para Tocqueville o mecanismo mais importante para assegurar uma sociedade
democrtica uma cultura politica entre cidados, baseada no desenvolvimentoassociativo com associaes enraizadas em diversas localidades que fomentam a partilhaentre os vrios cidados. Esta dinmica associativa importante porque serve como umaespcie de barreira entre o individuo e o estado, limitando a capacidade soberana do
Estado.
Ele cptico quanto ao termo 'democratizao'. Entre a liberdade e a igualdade temossempre que escolher a liberdade. H uma tenso entre liberdade e igualdade,considerando que a igualdade acaba com a liberdade como aconteceu na revoluofrancesa. Em situao de instabilidade, Tocqueville considera que alargar os diretos podeser nocivo para as liberdades.
Jonh Stuart Mill
Tem uma ideia diferente de Tocqueville em relao igualdade. Jonh Stuart Mill rejeita
a ideia de que a igualdade um entrave liberdade. H que dar o voto a todos. Johnintroduz estas concepes importantes: Representao proporcional; Limitao demandatos.
Outro autor, contemporneo de Tocqueville o John Stuart Mill. O argumento de Mill
muito interessante comparativamente com Tocqueville.
Tocqueville diz portanto que existe a necessidade de se combinar interesseracional/prprio com algo sentimental enquanto Mill defende algo ligeiramentediferente, pois o que constitui uma cultura democrtica onde numa sociedade
democrtica se desenvolve o melhor de cada indivduo. Ou seja, em primeiro lugar huma diferenciao entre democracia e no democracias. Mill diz que uma democraciapor oposio a uma no democracia que a democracia baseada na maximizao dobem individual, pois uma sociedade onde h a defesa da liberdade individual, dosinteresses individuais, ao contrrio de princpios das outras sociedades onde hdesigualdade natural dos Homens. Mas, h sempre uma legitimidade baseada nadistino social, em que os Homens no so todos iguais, h uma desigualdadeintrnseca. Uma democracia nesse sentido aquela sociedade que vai promover umamaior liberdade e tem um potencial para desenvolver o desenvolvimento humano decada cidado. isto que deve ser o objectivo e a cultura democrtica, pois se se baseiana igualdade democrtica, h uma ideia de racionalidade que comum a todos os
indivduos. Limitar esta questo limitar a democracia. Mill defende a existncia deum pblico racional e esclarecido que defende o interesse colectivo. Sendo quequanto mais democrtica for a sociedade, mais democrticos sero os cidados. Milldefende que se limitarmos muito e inventarmos maneiras de no haver maiorias,estamos a limitar o potencial racional e humano dos cidados na sociedade democrtica.Isto porque a capacidade e desenvolvimento racional de cada um s acontece se houverigualdade e no restrio da mesma. Um indivduo s se torna democrtico e com umacultura democrtica - na ideia da esfera pblica e do debate esclarecido e racional (aocontrrio de Tocqueville que defende a afectividade) - se for a escala nacional e sehouver debate pluralista, ilustrado, racional e que tem em conta a diversidade deopinies. Isto s possvel se consagrarmos na lei princpios igualitrios - que so
estmulos para o cidado. Esses princpios so, por exemplo, o sufrgio universal.Porque s quando h bases universais que h um desenvolvimento por parte dos
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indivduos proporcionado pelas leis. O princpio das sociedades democrticas de Mill a participao permanente ao contrrio dos argumentos dos Federalist Pappers e deTocqueville que pressupem participao, mas limitada e controlada. Mill diz que no,
porque concorda com a participao que criam maiorias ilustradas que no pem emcausa o interesse colectivo. Mill diz que a ideia de estarmos espera de ir devagarinho e
dar liberdades a pouco e pouco para todos se irem habituando no tm sentido, pois oscidados s se habituam liberdade se lha derem. Isto resulta do sufrgio universal e doprincpio da representao proporcional que permite um sistema poltico que temrepresentada todas as opinies. Ao contrrio dos Federalist Pappers e de Tocquevilleaqui o problema central na representao no Estado e nas Instituies de todas ascorrentes de opinio, em que todas as correntes e as diversidades de interesse possamestar representadas nas Instituies. Para Mill tem de haver sempre o princpio deliberdade, para haver racionalidade. Para Mill, a diferena no de que as faces ea sua maneira de conceber as faces na sociedade democrtica no p-las a competirumas com as outras ou separ-las do Estado, mas conceber algo igualitrio.
John Stuart Mill tem uma posio mais intermdia. Diz que para evitar os representantesfaam uma nova oligarquia: limitao dos mandatos, forma de os representantes manteremuma ligao aos representados tentarem ouvir os representantes. Ele favorvel a um tipo derepresentao proporcional, ou seja, haver um maior pluralismo em termos de corrente deopinio, de linhas de orientao e de pontos de vista no parlamento (Burke omisso). O terceiroponto o sufrgio universal. Uma democracia representativa, mesmo sendo representativa,pressupe sempre um sufrgio universal (ele a favor do sufrgio feminino). Exactamenteporque os representantes so os intrpretes do bem colectivo, eles tem de estar conscientes daopinio de todos. Ideia de que a democracia pressupe uma qualidade especfica do debatepublico, que publico, racional, ilustrado, atento opinio publico e atento s condies.
Karl Marx
Para Marx, o mais importante que o conceito-chave de desigualdade ou dito de outra
maneira, ou melhor o que importante para compreender a poca moderna,
nomeadamante a sociedade industrial. Marx e Engels dizem que o que vai acontecer que
o grande fenmeno, o fenmeno central a industrializao, ou seja, a criao de uma
sociedade capitalista baseada na construo de um conjunto de instituies centralizadas -
a fbrica moderna, onde existe uma acumulao de operariado. Marx afirma que esta
sociedade to brutal como a de Antigo Regime porque elimina os antigos grupos -
nobreza, campesinato, etc. tal como as grandes desigualdades que tinham no estatuto
poltico, mas criam novas desigualdades to ou mais violentas. A nova sociedade
caracterizada por uma desigualdade to grande como a do Antigo Regime, porque se
antes havia a diviso entre a Nobreza, a Burguesia e o Campesinato, agora h uma diviso
entre os Proletariados e os Burgueses em que neste caso os proletariados perdem a posse
dos meios de produo. Na sociedade contempornea gera-se ento a criao de uma
grande massa de operrios que no tm controlo daquilo em que trabalham (fbrica). H
assim uma alterao da clivagem, mas h diviso. Estas sociedades so tambm baseadas
na desigualdade como as do Antigo Regime. Apesar de tudo s na poca moderna que
possvel a emancipao e a igualdade visto que o proletariado que a classe social .Marx diz que o proletariado o grupo na sociedade que contm a racionalidade do
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projecto iluminista (que mais tarde se nota que no verdade). um grupo em
crescimento e que nada tm a perder a querer demolir o Antigo Regime e lutar pela
construo de uma nova sociedade com base na igualdade. As classes sociais do passado
(camponeses) so substitudos pelo proletariado que considerado o grupo que capaz
de atravs da racionalidade construir a democracia. A diferena entre estas duas classes
(camponeses e proletariado) que os camponeses no conseguiam iniciar o processo
democrtico, pois eram parte de uma sociedade muito individualista, enquanto o
proletariado um grupo racional. O facto de o proletariado estar posto dentro da mesma
fbrica, faz com que desenvolvam um esprito de comunidade e de procura colectiva, por
isso que a dinmica capitalista cria as condies para a sua prpria destruio (porque os
unem na fbrica). verdade que a sociedade moderna caracterizada por uma sociedade
de desigualdade tal como o Antigo Regime ao contrrio do que Tocqueville. Marx defende
o contrrio, pois afirma que a sociedade capitalista est condenada e que nociva, pois
traz ao de cima todos os aspectos negativos da sociedade - aquisio de propriedade
privada, egosmo, autonomia do indviduo face ao Estado, etc. Assim, Marx defende que
h acumulao da riqueza num pequeno grupo e no na maioria, em que custa da
minoria que a minoria chega riqueza. Assim h um servir da classe capitalista. Uma das
razes que Marx refere porque que se nega classe operria a liberdade de
organizao? Em que apenas resolvido em algumas sociedades ocidentais do sculo XIX.
Em nome da liberdade econmica, no h liberdade dos indviduos.
Tocqueville defende: Conciliao entre igualdade e liberdade; Estado que encoraja a
liberdade de comrcio; Separao de Igreja-Estado; Direito de Associao. Ento porque
razo que o grupo maior e fundamental que sustenta o capitalismo no lhe permitidaa liberdade de associao? Em que lhes so negados direitos polticos e sociais. Dentro da
poltica do liberalismo defende-se que se o proletariado um factor de produo dos
capitalistas, ento se esse factor tiver a capacidade de se auto-organizar vai impor custos
de produo que no tm uma lgica comercial e sim poltica. Sendo no capitalismo que
existe uma sociedade que se baseia a nvel comercial, liberalizao poltica que torna o
trabalho mais caro, da se negar liberdade de associao ao capital e ao trabalho. A luta
dos movimentos operrios e as grandes manifestaes de operariado (movimentos
revolucionrios de 1848), mas os grandes movimentos de organizao comeam a
constituir-se na dcada de 1860/70.
A ideia de que a liberdade de associao, expresso, protesto um custo para a
sociedade, para a ordem poltica vigente. O trabalho de Marx era estudar as condies
poltico-sociais que levam ao fim desta ordem social - liberalismo - em que h extrema
desigualdade social. H dois pontos muito importantes: 1) Como que estes grupos
sociais com menos recursos vo ter capacidade de autoorganizem-se, de conquistarem
poder poltico, ou seja, a capacidade de um grupo de indviduos na mesma sociedade e
agirem para a transformar. Que regime poltico esse onde se gera esta emancipao?
Uma democracia? No seu pensamento mais filosfico considera que num futuro longquoa classe operria vai-se tornar a maioria da populao e vai-se revoltar onde adquire a
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posse dos meios de produo. Basicamente, o que afirma que tal como os camponeses
que tinham posse da terra, os operrios vo impor a ditadura do proletariado (que no
tem haver com um regime poltico ditatorial, mas sim um grupo maioritrio que termina a
opresso e molda as instituies para os seus interesses). Assim, podemos voltar a
Aristteles em que a democracia um regime de faco. Marx considera que a fase de
transio para uma sociedade democrtica, uma sociedade de igualdade onde no h
opresso e h desenvolvimento de potencial humano, etc. Assim, na sociedade futura
todos os Homens vo ter igualdade, mas para chegarmos a este ponto temos de passar
pela ditadura do proletariado. As grandes crticas ditadura do proletariado o receio de
se manter assim com controlo dos mesmos. o exemplo clssico dos regimes que se
estabeleceram, em que fase do proletariado criou regimes ditatoriais mas que no
favoreceram o proletariado. A ditadura do proletariado uma ideia clara de ditadura, ou
seja, um grupo social que se revolta e que toma pela aco colectiva que pressupe
violncia e controlo das instituies. Portanto, uma revolta popular. A ditadura de
proletariado de Marx aconteceu no perodo da Comuna de Paris e no conflito do regime
francs que caiu. O que acontece a formao de um grupo de republicanismo radical em
que a unidade bsica a criao de comits de cidados organizados pelos republicanos
radicais e por parte de alguns socialistas ao nvel de bairros, a construo de ligas
confederativas que so organizaes de gesto de assuntos polticos e de distribuio de
produtos populao. Assim, a ideia de Marx o forte movimento ditatorial. H um
crescimento de participao da sociedade que ganha fora e controla as instituies. A
democracia portanto algo descentralizado e local. Deste ponto de vista, o argumento de
Marx tambm a favor de um tipo de sociedade civil, mas diferente da contida em
Tocqueville e autores liberais em que a sociedade civil substitui-se ao Estado tornando-opequeno, enquanto para Marx a sociedade civil um movimento de protesto que
conquista o aparelho de Estado. No substitui e no existe fora das Instituies, sendo
algo local inserido numa confederao nacional. Assim, as diversas reas populacionais
organizam-se em Ligas de Cidades regionais e geram movimentos de eleio para a
Comuna em Paris. Isto ou no uma democracia? Marx tem outras concepes de
Democracia, sendo que nos estudos de Inglaterra defendeu o sufrgio universal sendo que
levava ditadura do proletariado, sendo que o princpio de 1 Homem = 1 Voto d voz
maioria e determina os governos e a poltica dos mesmos. Assim durante muito tempo foi
a favor do sufrgio universal. Sendo que nem sempre verdade acreditar que era contraas eleies, pois no se pode confundir o pensamento de Marxista com as ditaduras que
se criaram com base marxista. O ponto aqui que quando se fala nos poderes dos
sovietes, algo similar aconteceu na Rssia Comuna de Paris porque houve uma
organizao da sociedade em comits, mas o que acontece na sociedade russa uma
alterao do sistema poltico para um sistema centralizado com lderes revolucionrios
que criam uma ditadura em nome do operariado. Isto no acontece em Frana, que
mesmo com a Revoluo e com o perodo de criao de organizaes a nvel local
baseadas num republicanismo radical levam a um regime que surge que a segunda (se
contarmos com a Sua) democracia europeia, sendo que nenhuma outra sociedadeeuropeia democrtica nascida de uma revoluo. Sem ser a Frana, s os EUA. Os
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restantes pases europeus s surgem democrticos cerca de 40/50 anos depois, aps a
Guerra Mundial. Para o pensamento marxista, uma democracia vai decorrer de uma
revoluo social, de um movimento de emancipao daqueles que tm menos recursos -
classe operria em geral, e isso vai criar um regime permanente de igualdade, liberdade,
participao com a articulao da participao com representantes eleitos das Ligas que
esto enraizadas nas localidades. Este o movimento gentico de uma democracia ou de
um regime potencialmente democrtico. A questo saber como que algumas destas
circunstncias como o caso russo criaram regimes no-democrticos e outros como a
Frana criaram regimes democrticos. preciso compreender at que ponto o
pensamento marxista pode justificar uma situao no-democrtica e democrtica vindas
das mesmas bases.
Para Marx, uma democracia no realizvel enquanto houver desigualdades econmicas
geradas pelo sistema capitalista, que originam grupos com diferentes recursos na sociedade,
ou seja, faz com que cada individuo tenha diferentes oportunidades de vida. Estasdesigualdades econmicas no sistema capitalista so transmissveis de gerao em gerao.
Para Marx as instituies puramente polticas, num contexto de desigualdade socioeconmica,
no vo realizar o seu objectivo democrtico.
Marx previa que o sistema capitalista ia auto destruir-se visto que era gerador de
desigualdades, havendo uma ciso cada vez maior entre ricos e pobres, que vai levar a crises
profundas. A sociedade capitalista vai colapsar e vai haver um perodo de transio e depois
vamos para a sociedade utpica, o comunismo, onde no h relaes de explorao.
O que o regime democrtico para Marx:
- O movimento socialista deve lutar pelas liberdades cvicas inerentes ao regime democrtico-
alargamento da esfera dos direitos cvicos
- Conceito de ditadura do proletariado: refere-se a uma fase da luta histrica entre aqueles
que no tem recursos e as elites, no sentido de controlarem o processo poltico.
Democratizao como um processo de criao de alianas. muito difcil construir uma aliana
progressista: uma aliana de assalariados. Aliana entre aqueles que esto vulnerveis ao
sistema capitalista. Com que isto se constri?
- A criao, se possvel pela fora (tambm pode ser por via eleitoral), de mecanismos decontrolo pblico sobre a economia e as instituies. Controlo feito atravs da democratizao
das foras policiais e de segurana: eliminando os exrcitos tradicionais; da socializao dos
meios de produo: nacionalizao dos pontos centrais de capital; criao de um sistema
universal e gratuito de educao.
Tradio Marxista: minha parte
O argumento de Marx: importncia das classes e de grupos sociais e econmicos diferentes;
poca moderna como poca de grande transformao social e industrial (pontos semelhantes
entre Tocqueville e Marx).
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Para Marx, o Estado menos importante como factor de opresso. Para Tocqueville, o Estado
o principal elemento de opresso. Marx pretende abolir a sociedade capitalista. O efeito
dissolvente do capitalismo leva a emergncia de um grupo com poderes econmicos fortes na
sociedade. Ao concentrar mais riqueza leva a que as possibilidades deste grupo em investir e
comprar seja extremamente desproporcional a outros grupos que querem fazer o mesmo.
Assim, os outros grupos so obrigados a desistir e a tornar-se assalariados. O sistema
capitalista alienador porque faz com que os assalariados lutem entre siisto negativo para
Marx a plena lgica capitalista sem limites. necessrio usas as vantagens do capitalismo
(criao de grupos ricos) para se fazer a distribuio pelos que so pobres e em pobreza
extrema.
No processo de desenvolvimento das sociedades h vencedores e perdedores. Este sistema
democrtico instvel e vai destruir-se porque violento (ao polarizar uma minoria de ricos e
uma maioria de pobres). Marx considera que a igualdade condio necessria para a
liberdade. Ele quer abolir o sistema capitalista e acabar com a extrema pobreza. A sociedade
ideal a sociedade comunista, onde todos tm a possibilidade de se desenvolver.
Acepes do texto de Marx e Engles: defesa intransigente do sufrgio universal. Os partidos
democrticos devem lutar pela igualdade poltica entre todos os cidados. Liberdades cvicas
para todos. Condies mais humanas nas fbricas.
O capitalismo gera desigualdades. A distribuio desigual determina a vida futura das pessoas,
havendo uma tendncia para a passagem de gerao em gerao dessa condio econmica
h uma reproduo geracional. O sistema capitalista gera estas desigualdades e por isso
injusto e ao mesmo tempo destri-se a ele mesmo. A soluo democratizar as relaes
econmicas.
Para Marx, a democracia ideal ser o fim do sistema capitalista. J se percebeu que isso no vai
acontecer e por isso a soluo reconstruir o sistema.
Max Weber
H a ideia que est contida em Tocqueville que nos permite fazer a transio dos autoresclssicos para autores posteriores: ideia de que a poca moderna caracterizada por um tipo deorganizao que existia de forma residual em pocas anteriores e que se torna central na pocamoderna que o estado moderno(estado potencialmente totalitrio que convm limitar na sua
capacidade de influenciar a vida quotidiana dos indivduos). A sociedade civil vai actuar comouma barreira. Mas h este elemento de perigo de um estado potencialmente omnipresente e queelimina os corpos sociais e que servem de barreira expanso do estado. Em contextosrevolucionrios como o caso francs, a exploso da sociedade foi negativa e por isso no teveuma condio positiva. Como no tinha fora suficiente para actuar contra o estado (caso daselites radicais), o estado pde voltar a ser o que era e ser central. Este argumento ainda vai seraprofundado por Weber: verdade, o estado tem estas caractersticas mas tem outra ainda maisimportante e que pode fazer ainda pior democracia: o modelo da racionalidade absoluta.Esta ideia de racionalidade que intrnseca ao estado moderno consiste em alocar os recursosdisponveis da melhor forma possvel, desenvolvendo-se uma lgica de custo-benefcio. um
esforo mais racional de maneira a maximizar a capacidade de interveno, tornar o estadonuma mquina administrativa potente que vai ser prejudicial, puramente baseada em critrios de
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racionalidade que Weber diz ser incompatvel com a democracia, que h concepes dejustia. Por um lado a lgica da democracia (conjunto de conceitos inalienveis e conceitosabstractos), por outro lado uma lgica de racionalidade. Weber diz que a lgica do estadoenquanto organizao choca com a democracia. Weber olha o estado.
Para Max Weber, o estado fonte de problemas por ele prprio, que introduz uma lgicaautnoma dos interesses sociais.Weber diz que a poca moderna gera um desencantamento doestado e como resistncia a isso, os indivduos e as comunidades tm de ter um sentido para asua vida comunitria. O que ele diz que j no h essa aco tradicional e do costume, mas ascomunidades modernas tm de encontrar sentido para a sua organizao, que vai para alm dalgica de expanso. a polarizao entre opresso burocrtica e reaco opresso que feitoatravs do carisma, composto por movimentos polticos que atravs de um indivduo apela smassas e as mobiliza num sentido poltico. uma era de multides e encerra lideranaspopulistas. O novo sentido a liderana carismtica que mobiliza os indivduos com umobjectivo de comunidade, como por exemplo uma liderana rcica. Este o primeiro argumento
de uma teoria de elites. preciso criar condies para as lideranas carismticas seremresponsveis. Ele diz que tm de haver sempre lideranas carismticas mas o risco tornar-sepopulista e irresponsveis. Como que vamos tornar lideranas responsveis? Conseguirmotivar as massas com uma responsabilidade, com uma ligao pessoal com os seus apoiantes,mas no se deixa levar apenas pelos sentimentos e pela afectividade naquilo que promete e queconsegue efectivamente realizar, pensando nos seus actos (esprito de responsabilidade/demedida).
Para Weber isto acontece atravs de partidos liberais de enraizamento popular forte mas quesejam defensores das liberdades. necessrio que haja um partido liberal forte mas que tenha
lideres responsveis em defender as liberdades. Para Weber atravs de um lder responsvel.Weber diz que isso no suficiente porque j tinham existido, como nos EUA, partidos comfora perante um estado fraco e com capacidade de actuar. Ele afirma que tem de haver umestado forte mas com uma instituio representativa forte, onde os partidos liberaispossam articular debates e polticas em competio com os seus rivais, mas como oparlamento forte e as decises tm de passar por la, todos os partidos vo ter uma tendncia amudar as suas opinies e nesse sentido o parlamento vai ajudar nas lideranas. Pelo contrrio sea burocracia forte e o estado fraco, vai dar azo a uma liderana populista e irresponsvel. Odilema central a legitimidade racional legal e autoridade carismtica, no a substituiode uma pela outra. O parlamento tem de ser forte, mas em situao de estado fraco tambm geralideranas irresponsveis. O estado forte e o parlamento tambm leva a uma tenso permanentemas que resolvida por uma liderana responsvel. A liderana carismtica pode dar origem auma liderana racional legal, porem esta vai ter vrios tipos de problemas com tenses, o quevai originar novamente uma liderana carismtica, como se fosse um ciclo.
Joseph A. Schumpeter
Esta ideia de que nas sociedades modernas os regimes polticos e a possibilidade de uma
democracia decorrer da natureza das elites e menos do comportamento das massas,
uma ideia que depois tem uma cristalizao do pensamento de Schumpeter. De certa
maneira h uma continuidade de pensamentos de Weber, mas tambm uma modificao.
Schumpeter diz que o que distingue a democracia moderna da antiga o que ele designa
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de mtodo democrtico. Uma democracia no caracterizada na poca moderna por um
ideal de maior participao poltica, etc. Esse o ideal tipo das democracias antigas que
so baseadas na igualdade poltica e acesso a todos os cidados. Schumpeter diz que no
possvel de se realizar nas sociedades contemporneas e de larga escala. Refere que na
sociedade moderna o que caracteriza a democracia uma sociedade que por ser de larga
escala uma sociedade que gera desigualdade e elites. Ou seja, o que distingue uma
democracia de uma no-democracia no a inexistncia de elites, isso um mito.
Schumpeter diz que a populao moderna no est muito preparada para se auto-
governar, pois o cidado moderno pensa no seu instinto e na sua concretizao imediata.
Schumpeter claramente um autor conservador e considera que a sociedade democrtica
de elites bem preparadas.Assim, o que distingue a democracia de uma no-democracia
se no a inexistncia de elites? O que Schumpeter diz, e sendo uma cristalizao dos
ensinamentos de Weber, que a democracia um mtodo para a escolha de lderes,
logo as sociedades democrticas so as que h lderes escolhidos pela sociedade civil para
se liderar. Assim, a democracia moderna distingue-se pela forma como as elites chegam
ao poder atravs da competio por apoio da comunidade. No est a dizer que a
democracia um sistema onde a populao escolhe os lderes, mas sim uma forma como
as elites se deixam escolher pela populao. Schumpeter diz que um regime de elites
que competem pelo apoio do povo. Assim, a regra de quem vai ocupar o poder, quem
ganha eleies ou seja, quem tem maior capacidade de mobilizar apoio eleitoral.
Schumpeter afirma que deve haversufrgio universal, mas no porque a populao tem
capacidade de escolha, mas sim porque um mtodo mais pacfico de passagem de poder.
A democracia um mtodo de escolha de lderes que passa pela regulao peridica epela competio peridica em competio eleitoral.
Schumpeter diz que as sociedades modernas j existem naquilo que se chama o Regime
Socialista. Assim, ele aceita que a Burocracia e o Estado so caractersticas do Estado
Moderno, mas no na ascenso de Weber. Schumpeter diz que como a Burocracia to
grande como na Inglaterrra, j vive no Socialismo porque h da parte do Estado
organizaes para regular as desigualdades, sistemas de sade, etc. Ento preciso
eliminar esse socialismo existente atravs de eleies que no tenham grande influncia
noutras esferas da actividade humana e fazendo com que uma administrao esteja nasmos de administradores competentes.
Para Schumpeter, o que existe uma competio das elites pelo poder e entre si e isso
define a democracia. O ponto essencial que importa referir da obra de Schumpeter que
para o autor, na caracterizao dos regimes democrticos, a ideia que a democracia
moderna um mtodo, no sendo nada mais do que isso para a escolha de lderes, num
determinado regime. Schumpeter defende que a democracia uma competio entre
elites. O que distingue uma democracia de uma no-democracia o mtodo de escolha
das elites, em que na democracia so escolhidas pela populao enquanto na no-democracia por princpios como a meritocracia, a hierarquizao, etc. Schumpeter
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escreve durante a 2GM e tem como argumento que pretende descrever a democracia
pela anlise de um mtodo que especfico na escolha das elites.
Schumpeter no tem em conta os direitos, mas que devem ser tidos em conta, que
funcionam como barreiras vontade das maiorias como a liberdade de expresso,
liberdade de aderir s maiorias, etc. O argumento de Schumpeter no tanto que os
cidados devem escolher os seus representantes, mas os representantes fazem-se
escolher, ou seja, o que importante o facto de as elites terem encontrado entre si uma
forma de resolver as suas diferenas recorrendo a um mecanismo que a escolha eleitoral
o que pode pressupor, mas no origina necessariamente uma sociedade mais igualitria,
mais ilustrada, etc. Schumpeter afirma que apenas considera que o povo utilizado como
forma de desempate das suas divergncias. Qual a limitao desta teorizao e os
pontos positivos?
verdade que nas democracias modernas como temos vindo a falar so democracias
eleitorais, ou seja, as democracias modernas desde o final do sculo XIX pressupem
aquilo que se pode denominar democratizao atravs de eleies, ou seja, a possibilidade
de cada vez um maior nmero de indivduos poder escolher os representantes e estar
cada vez mais activo - em cargos polticos. Schumpeter denomina as caractersticas da
democracia moderna - Estado que intervm na economia, na sade, que fornece
condies populao, sendo uma instituio central no processo de democratizao.
Assim Schumpeter est a descrever a realidade da democracia moderna, ao contrrio de
como entendida noutros contextos. Em finais do sculo XIX, o sentido da
democratizao de certa maneira um processo de mobilizao de grupos que estoexcludos da soberania - classe operrias, pobres, trabalhadores, mulheres - e includos
como cidados activos, sendo que a democratizao do processo eleitoral importante
porque envolve questes como a liberdade escolha dos seus representantes, justia e
limpeza do processo eleitoral (segredo de voto), participao activa como candidatos, etc.
O acto eleitoral pode ser apenas do conhecimento do prprio cidado o que muito
importante porque enquanto o voto no teve protegido, a escolha dos mais pobres podia
ser influenciada, sendo que se o direito de voto tiver estabelecido, a escolha pessoal
aumenta. Onde o segredo de voto est garantido, no h questes alheias para a deciso
pessoal de cada um.
Em suma: Schumpeter defende que preciso um civil servisse competente, por razoes de
eficincia, etc. ao mesmo tempo que preciso um parlamento forte, competitivo, onde emerjampartidos fortes. A democracia est na mo de especialistas da governao que so recrutadosatravs de eleies competitivas. Para Marx as eleies so mecanismos de dar voz aos que notem recursos, para este autor as eleies podem servir como mecanismos de rotinizao daprpria democracia. Uma democracia caracteriza-se pelo facto de as elites competirem entre sipelo apoio popular, um regime democrtico e um regime de elites, mas a democracia tem obenefcio de as elites se fazerem escolher atravs das eleies. um sistema competitivo mas
no deixa de ser elitista. Schumpeter v isto como um sistema que funciona de cima para baixo,
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que se torna o melhor porque cria elites responsveis e no fixas, e ao mesmo tempo aactividade democrtica est a cargo pelos burocratas.
3. O que a Democracia? Os Contemporneos
(Robert Dahl, Philippe Schmitter, Plattner)
Robert Dahl
Dahl no tem em conta estes aspectos, considera que tem de ser eleies justas, limpas e
secretas. O segundo ponto tem a ver com a ideia que j est presente no pensamento de
Dahl, em que a democracia pressupe um conjunto de direitos no eleitorais, que
salvaguardam os cidados no Estado moderno. Se verdade que a democracia moderna
a incluso universal com um sufrgio universal, livre e justo, h tambm um conjunto de
direitos que no so apenas os do princpio da incluso, mas o princpio da contestao eda liberdade. Ou seja, a possibilidade de haver opinies diferentes ao Governo a qualquer
altura, em que h actuao entre os perodos eleitorais para determinar e influenciar
aces do Governo. Para isso necessrio um conjunto de instituies de traos
institucionais que faam com que a opinio individual tenha um peso e uma possibilidade
de influenciar a agenda poltica igual. E que princpios so esses? Liberdade de expresso,
liberdade de informao (mas tambm o princpio de que numa sociedade democrtica
deve ter fontes alternativas de informao, ou seja, que haja uma panplia de fontes de
informao com interpretaes e origens variveis), liberdade de associao e h ainda um
ltimo ponto que a ideia de que deve haver no s uma possibilidade de diferenciao
de interesses na sociedade civil, mas na arena poltica propriamente dita. A democracia
realizvel em qualquer comunidade humana, pode ser difcil, mas possvel. O
argumento de Dahl diferente, em que as democracias modernas so democracias
eleitorais que tm um lado elitista (governantes/governados), mas qualitativamente
diferente de outros princpios da organizao da poltica. A igualdade poltica um dos
princpios clssicos em que h a ideia de que a dignidade entre seres humanos sempre
a mesma, ou seja, que no h nenhum princpio que justifique que os seres humanos e
determinadas categorias entre eles os faa diferentes por razes intrnsecas. O princpio
da democracia pressupe dignidade e igualdade aos indivduos. Assim o ideal
democrtico em que Dahl diz que raramente acontece, mas que as democracias mais
fortes defendem que existe igualdade poltica. Ou seja, que as opinies e os interesses de
cada cidado tem o mesmo peso e devem ser tidos em considerao da mesma maneira
por parte dos dirigentes polticos. esta a ideia da democracia se bem que na prtica, em
que Dahl reconhece, verdade em que existem eleies que competem, em que existem
um conjunto de direitos, etc. O princpio da democracia para Dahl a igualdade poltica,
em todos os homens e mulheres so iguais politicamente e devem ter a mesma
capacidade de exprimir os seus interesses e devem ter o mesmo peso na agenda pblica,
no havendo nenhum grupo superior a outros. H assim um culminar de tradies que
originam esta ideia moderna que uma o tipo da repblica, o tipo socialista, o tipo doiluminismo em que cria uma sociedade mais racional. O princpio da democracia
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filosfico e no institucional, sendo que o princpio da igualdade poltica, da nascem
as instituies que promovem a democracia. As eleies so importantes porque
promovem ou restringem ideais que levam igualdade poltica em que todos os indivduos
tm a mesma dignidade poltica. Isto no pressupe necessariamente que as sociedades
tm de ser iguais do ponto de vista scio-econmico, que o ideal de Dahl em que as
sociedades ocidentais capitalistas so desiguais, pois o capitalismo gera desigualdade e
problemas de coeso comunitria, mas que devem ser eliminadas apenas na medida em
que afecta a igualdade poltica na arena pblica. Portanto quando se diz que o princpio
democrtico so as eleies este pensamento est errado, porque a escolha do Governo
pode violar o princpio da igualdade poltica. Dahl refere que a ideia das eleies
representa uma escolha verdadeira por parte dos cidados, e que essa escolha uma
escolha das polticas que os Governos vo desenvolver. Isso pressupe duas coisas
erradas, na opinio de Dahl: 1) Houve uma escolha antes das eleies dos temas que vo
ser debatidas e realizadas, em que isto no acontece, em que da agregao de
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