tese instrumentos psicometricos de perfil cognitivo
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7/23/2019 Tese Instrumentos Psicometricos de Perfil Cognitivo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTO
CENTRO DE CINCIAS HUMANAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM PSICOLOGIA
INDICADORES COGNITIVOS, LINGSTICOS,
COMPORTAMENTAIS E ACADMICOS DEPR-ESCOLARES PREMATUROS E
NASCIDOS A TERMO
CHRISTYNE GOMES TOLEDO DE OLIVEIRA
Vitria, ES
2008
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CHRISTYNE GOMES TOLEDO DE OLIVEIRA
INDICADORES COGNITIVOS, LINGSTICOS,
COMPORTAMENTAIS E ACADMICOS DE PR-ESCOLARES PREMATUROS E NASCIDOS A TERMO
Dissertao apresentada ao Programa de
Ps-Graduao em Psicologia da
Universidade Federal do Esprito Santo,
como requisito parcial para a obteno do
grau de Mestre em Psicologia, sob a
orientao da Professora Doutora Snia
Regina Fiorim Enumo.
Universidade Federal do Esprito SantoVitria, ES, agosto de 2008.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTOVitria, Agosto de 2008.
Dados Internacionais de Catalogao AACR2.
BIBLIOTECRIA RESPONSVEL:Estela Maris Teixeira Lopes CRB-12-ES
Oliveira, Christyne Gomes Toledo de, 1976 -Indicadores cognitivos, lingsticos, comportamentais e acadmicos de pr-
escolares prematuros e nascidos a termo / Christyne Gomes Toledo deOliveira. - 2008.xxiii, 236f.:Il.;30cm.
Orientadora: Snia Regina Fiorim EnumoDissertao (mestrado) UFES / Universidade Federal do Esprito Santo,
Programa de Ps-graduao em Psicologia, 2008.Referncias Bibliogrficas: f. 186-199
1. Prematuridade 2. Baixo peso ao nascimento 3. Desenvolvimentocognitivo 4. Linguagem 5. Vigilncia do desenvolvimento I. Enumo, SniaRegina Fiorim. II. Universidade Federal do Esprito Santo, Centro de CinciasHumanas e Naturais, PPGP. III. Ttulo.
CDU: 159.922..72
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Dedicatria
A Deus, pois sem Ele nada posso;
Ao meu marido Marcelo e ao meu filho, Gabriel. Oamor, carinho, as palavras de incentivo,compreenso e pacincia foram essenciais paraconcluir essa tarefa e superar todas as dificuldadesdo caminho;
Aos meus pais, irmos e cunhados. Obrigada porme incentivarem a acreditar que preciso correratrs de todos os nossos sonhos e por meproporcionar a realizao de vrios deles.
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Agradecimentos
Agradeo, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida e a Nossa Senhora
Aparecida, pela certeza de ter guiado meu caminho do incio ao fim desse desafio;
Agradeo, em especial, a minha orientadora, a Professora Doutora Snia
Regina Fiorim Enumo, pela sabedoria, pelo profissionalismo e por seu exemplo de
dedicao e contagiante entusiasmo pelo trabalho cientifico. Certamente, sem seu
conhecimento, sem seu carinho e, sobretudo, compreenso, nada disso seria
possvel;
Aos professores do Programa de Ps-Graduao em Psicologia,
principalmente a Professora Doutora Kely Maria Pereira de Paula e o Professor
Doutor Svio Silveira de Queiroz, por suas valiosas contribuies no Exame de
Qualificao;
s crianas que fizeram parte deste trabalho e seus pais, que apoiaram e
acreditaram na proposta da pesquisa;
direo do Hospital Doutor Drio Silva e direo da Escola Gente Mida,
que aceitaram o desafio, permitiram o acesso e possibilitaram as condies
estruturais para a realizao da coleta de dados;
Agradeo amiga Flvia Almeida Turini por compartilhar comigo seus
ensinamentos e seu trabalho de doutorado - sem voc teria sido muito mais difcil!
s queridas bolsistas do projeto de pesquisa do CNPq/Drio e PIBIC/CNPq
Ariadne Dettmann Alves, Daniele de Souza Garioli e Grace Rangel, o meu: Muito
obrigada!. Certamente, sem o empenho e a dedicao de vocs, em todos os
momentos este trabalho no teria sido poss el Esse mrito nosso!
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Agradeo ao Professor Romildo Rocha de Azevedo Jr., do Centro
Universitrio de Vila Velha, por sua disponibilidade e competncia em realizar toda a
anlise estatstica em tempo hbil, alm de sua pacincia e sbias explicaes;
Agradeo amiga Alessandra Brunoro Motta, que, at mesmo sem saber,
sempre foi um exemplo de profissional e de sabedoria. - Obrigada pelas preciosas
palavras nos momentos mais difceis, foi muito bom poder contar com seu apio e
incentivo!
Agradeo tambm Senhora Maria Lcia Fajli, secretria do Programa de
Ps-Graduao em Psicologia da UFES, pelo auxlio e carinho em seu atendimento;
s agncias de fomento CAPES (bolsa de mestrado) e CNPq (bolsas de
iniciao cientfica);
Por fim, muito obrigada a todas as pessoas que, direta e indiretamente,
contriburam para a realizao deste trabalho.
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SUMRIO
RESUMO........................................................................................ 22
ABSTRACT..................................................................................... 23
1 INTRODUO................................................................................ 24
1.1 O nascimento prematuro e com baixo peso: fatores de risco para
problemas de desenvolvimento infantil........................................... 26
1.2 O impacto da prematuridade e baixo peso no desenvolvimento
da criana........................................................................................ 30
1.3 A avaliao psicolgica de crianas em risco de
desenvolvimento............................................................................. 39
1.4 O problema de pesquisa e sua relevncia cientfica e social......... 47
1.5 Objetivos......................................................................................... 49
2 MTODO........................................................................................ 50
2.1 Participantes................................................................................... 51
2.1.1 Critrios para seleo da amostra.................................................. 52
2.2 Locais de coleta dos dados............................................................. 53
2.3 Instrumentos e Materiais................................................................. 56
2.3.1 Instrumentos para caracterizao da amostra................................ 56
2.3.2 Instrumento para avaliao do repertrio acadmico..................... 57
2.3.3 Instrumento para avaliao de problemas de comportamento...... 58
2.3.4 Instrumentos para avaliao da linguagem................................. 59
2.3.5 Instrumentos para avaliao de habilidades cognitivas.................. 60
2.3.5.1 Instrumentos psicomtricos para avaliao de habilidadescognitivas........................................................................................ 60
2.3.5.2 Instrumentos para avaliao cognitiva assistida............................. 61
2.3.5.3 Outros equipamentos e materiais................................................... 63
2.4 Procedimento.................................................................................. 63
2.5 Processamento e anlise de dados............................................... 66
2.5.1 Processamento e anlise dos dados relacionados caracterizao da amostra.............................................................. 66
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2.5.2 Processamento e anlise dos dados das avaliaes acadmica,
comportamental, do repertrio lingstico e cognitivas
tradicionais...................................................................................... 67
2.5.3 Processamento e anlise dos dados da avaliao cognitiva
assistida.......................................................................................... 69
2.6 Anlise estatstica descritiva........................................................... 72
2.7 Anlise estatstica inferencial.......................................................... 72
2.8 Avaliao tica de riscos e benefcios............................................ 73
3 RESULTADOS............................................................................... 75
3.1 Anlise descritiva dos dados da amostra........................................ 75
3.1.1 Anlise descritiva dos dados do G1 (PT-BP) ................................. 75
3.1.1.1 Caracterizao das crianas do G1 (PT-BP).................................. 76
3.1.1.2 Resultados da avaliao psicolgica do G1 (PT-BP)..................... 78
3.1.1.2.1 Dados da avaliao acadmica do G1 (PT-BP)............................. 78
3.1.1.2.2 Dados da avaliao sobre problemas de comportamento no G1
(PT-BP)........................................................................................... 80
3.1.1.2.3 Dados da avaliao da linguagem do G1 (PT-BP)......................... 83
3.1.1.2.4 Dados da avaliao cognitiva do G1 (PT-BP)................................ 85
3.1.1.2.4.1 Dados da avaliao cognitiva psicomtrica do G1 (PT-BP)........... 85
3.1.1.2.4.2 Dados da avaliao cognitiva assistida do G1 (PT-BP).................. 89
3.1.2 Anlise descritiva dos dados do G2 (AT)........................................ 97
3.1.2.1 Caracterizao das crianas do G2 (AT)........................................ 97
3.1.2.2 Descrio e anlise dos resultados da avaliao psicolgica do
G2 (AT)........................................................................................... 99
3.1.2.2.1 Dados da avaliao acadmica do G2 (AT)................................... 99
3.1.2.2.2 Dados da avaliao sobre problemas de comportamento do G2
(AT)................................................................................................. 102
3.1.2.2.3 Dados da avaliao da linguagem do G2 (AT)............................... 104
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3.1.2.2.4 Dados da avaliao cognitiva do G2 (AT)....................................... 106
3.1.2.2.4.1 Dados da avaliao cognitiva psicomtrica do G2 (AT)................. 106
3.1.2.2.4.2 Dados da avaliao cognitiva assistida do G2 (AT)....................... 1083.2 Anlise inferencial dos dados da amostra...................................... 116
3.2.1 Dados comparativos da avaliao acadmica do G1 (PT-BP) e
G2 (AT)........................................................................................... 116
3.2.2 Dados comparativos de G1 (PT-BP) e G2 (AT) quanto a
problemas de comportamento........................................................ 118
3.2.3 Dados comparativos da avaliao da linguagem de G1 (PT-BP) eG2 (AT)........................................................................................... 121
3.2.4 Dados comparativos da avaliao cognitiva de G1 (PT-BP) e G2
(AT)...... .......................................................................................... 122
3.2.4.1 Dados comparativos da avaliao cognitiva psicomtrica de G1
(PT-BP) e G2 (AT).......................................................................... 122
3.2.4.2 Dados comparativos da avaliao cognitiva assistida do G1 (PT-
BP) e G2 (AT)................................................................................. 126
3.2.5 Anlise das correlaes entre os resultados das provas feitas por
G1 (PT-BP) e G2 (AT)..................................................................... 138
3.2.6 Cruzamento de dados entre a avaliao psicolgica das crianas
e as variveis neonatais e psicossociais da amostra..................... 141
3.3 Resumo geral dos dados obtidos ................................................... 144
3.4 Estudos de caso............................................................................. 146
3.4.1 Estudo de caso 1............................................................................ 148
3.4.2 Estudo de caso 2............................................................................ 150
3.4.3 Estudo de caso 3....................................................................... 155
3.4.4 Estudo de caso 4........................................................................... 159
4 DISCUSSO............................................................................... 1645 REFERNCIAS............................................................................ 186
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APNDICES.................................................................................. 200
ANEXOS......................................................................................... 225
GLOSSRIO................................................................................... 254
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Procedimento geral da pesquisa, com os materiais e os instrumentos
utilizados em cada etapa........................................................................ 66
Tabela 2 Caracterizao das crianas do G1(PT-BP) quanto aos indicadores
biolgicos e psicossociais...................................................................... 77
Tabela 3 Proporo de acertos das crianas do G1 (PT-BP) nas tarefas da prova
acadmica (IAR)............................................................................ 79
Tabela 4 Dados das crianas do G1 (PT-BP) quanto a problemas de
comportamento pelo CBCL (1 - 5 anos).............................................. 82
Tabela 5 Dados das crianas do G1 (PT-BP) nas provas de linguagem
expressiva (LAVE) e receptiva (TVIP)................................................... 84
Tabela 6 Dados das crianas do G1 (PT-BP) na avaliao cognitiva pela Escala
de Maturidade Mental Columbia............................................................. 87
Tabela 7 Dados das crianas do G1 (PT-BP) na avaliao cognitiva pelo Raven
(MPC)...................................................................................................... 88
Tabela 8 Dados das crianas do G1 (PT-BP) na prova cognitiva assistida
(CATM)................................................................................................... 90
Tabela 9 Proporo mdia das operaes cognitivas do G1 (PT-BP) nas fases
do CATM.................................................................................................. 91
Tabela 10 Proporo de comportamentos facilitadores do G1 (PT-BP) nas fases
sem ajuda (SAJ), manuteno (MAN) e transferncia (TRF) do CATM.. 91
Tabela 11 Proporo de comportamentos apresentados pelo G1 (PT-BP) nas
fases sem ajuda (SAJ), manuteno (MAN) e transferncia (TRF) do
CATM, de acordo com a escala ACFS.................................................... 92
Tabela 12 Resumo dos resultados da avaliao psicolgica das crianas do
G1(PT-BP)................................................................................................ 96
Tabela 13 Caracterizao das crianas do G2 (AT) quanto aos indicadores
biolgicos e psicossociais........................................................................ 98
Tabela 14 Proporo de acertos das crianas do G2 (AT) nas tarefas da prova
acadmica (IAR)...................................................................................... 101Tabela 15 Dados das crianas do G2 (AT) quanto a problemas de comportamento
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pelo CBCL (1 - 5 anos)............................................... 103
Tabela 16 Dados das crianas do G2 (AT) nas provas de linguagem expressiva
(LAVE) e receptiva (TVIP) ....................................................................... 105
Tabela 17 Dados das crianas do G2 (AT) na avaliao cognitiva pela Escala de
Maturidade Mental Columbia .................................................................. 107
Tabela 18 Dados das crianas do G2 (AT) na avaliao cognitiva pelo Raven
(MPC)....................................................................................................... 108
Tabela 19 Dados das crianas do G2 (AT) na prova cognitiva assistida (CATM)... 110
Tabela 20 Proporo mdia das operaes cognitivas do G2 (AT), nas fases do
CATM...................................................................................................... 111
Tabela 21 Proporo de comportamentos do G2 (AT), nas fases sem ajuda (SAJ)manuteno (MAN) e transferncia (TRF) do CATM, de acordo com a
escala ACFS............................................................................................. 112
Tabela 22 Proporo de comportamentos facilitadores do G2 (AT), nas fases sem
ajuda (SAJ) manuteno (MAN) e transferncia (TRF) do CATM........... 112
Tabela 23 Resumo dos resultados da avaliao psicolgica das crianas do G2
(AT)........................................................................................................... 115
Tabela 24 Comparao do G1 (PT-BP) e G2 (AT) na prova acadmica (IAR)........ 116Tabela 25 Comparao do G1 (PT-BP) e G2 (AT) quanto a problemas de
comportamento internalizante e externalizante nas escalas do CBCL (1
- 5 anos) ....................................... ....................................................... 118
Tabela 26 Dados de G1 (PT-BP) e G2 (AT) nas escalas das Sndromes
Comportamentais do CBCL (1 - 5 anos)............................................. 119
Tabela 27 Comparao de G1 (PT-BP) e G2 (AT) nas escalas orientadas para o
DSM-IV do CBCL (1 - 5 anos) ............................................................. 120Tabela 28 Comparao de G1 (PT-BP) e G2 (AT) quanto linguagem expressiva
(LAVE)....................................................................................................... 121
Tabela 29 Comparao de G1 (PT-BP) e G2 (AT) quanto linguagem receptiva
(TVIP)........................................................................................................ 122
Tabela 30 Comparao de G1 (PT-BP) e G2 (AT) na avaliao cognitiva pela
Escala de Maturidade Mental Columbia................................................... 123
Tabela 31 Comparao do desempenho cognitivo de G1 (PT-BP) e G2 (AT) no
Raven (MPC)........................................................................................... 124
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Tabela 32 Proporo de acertos do G1 (PT-BP) e G2 (AT) em cada srie do
Raven (MPC)........................................................................................... 124
Tabela 33 Dados comparativos do G1 (PT-BP) e G2 (AT) da proporo mdia de
erros/prancha, por categoria, nas trs Sries do Raven
(MPC)....................................................................................................... 125
Tabela 34 Comparao de G1 (PT-BP) e G2 (AT) em cada fase no CATM quanto
aos acertos total e parciais ...................................................................... 127
Tabela 35 Comparao entre as fases do CATM, para G1 (PT-BP) em relao
aos acertos totais e parciais.................................................................... 129
Tabela 36 Comparao entre as fases do CATM, para G2 (AT) em relao aos
acertos totais e parciais............................................................................ 131
Tabela 37 Comparao de G1 (PT-BP) e G2 (AT) quanto a operaes cognitivas
e comportamentos facilitadores do desempenho cognitivo no CATM e
dos comportamentos da escala ACFS ................................................... 133
Tabela 38 Comparao das mdias dos nveis de ajuda utilizados pela
examinadora para G1 (PT-BP) e G2 (AT) durante a fase de assistncia
do CATM.................................................................................................. 136Tabela 39 Comparao de G1 (PT-BP) e G2 (AT) quanto aos indicadores
acadmicos, comportamentais, lingsticos e cognitivos........................ 137
Tabela 40 Correlaes significativas entre os resultados da avaliao psicolgica
do G1(PT-BP) e G2 (AT) ........................................................................ 140
Tabela 41 Correlaes significativas entre os resultados da avaliao psicolgica
e as variveis neonatais e psicossociais da amostra (N=34) .................. 142
Tabela 42 Dados comparativos entre os resultados nas provas psicolgicas e as
variveis psicossociais na amostra (N=34).............................................. 143
Tabela 43 Dados das crianas do G1 (PT-BP) e do G2 (AT) dos estudos de
caso .......................................................................................................... 147
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Proporo de acertos do G1(PT-BP) e do G2 (AT) em cada item da
prova acadmica (IAR).......................................................................... 117
Figura 2 Comparao do perfil de desempenho cognitivo de G1 (PT-BP) e G2
(AT), no CATM.................................................................................... 132
Figura 3 Proporo mdia de operaes cognitivas facilitadoras do
desempenho no CATM de G1 (PT-BP) e G2 (AT)............................... 134
Figura 4 Proporo de comportamentos facilitadores do desempenho no
CATM, por G1 (PT-BP) e G2 (AT)........................................................ 134
Figura 5 Proporo mdia de comportamentos durante a fase MAN do CATM
pela escala ACFS, por G1 (PT-BP) e G2 (AT)..................................... 135
Figura 6 T scores nas escalas de Problemas Internalizantes, Problemas
Externalizantes e Total de Problemas da CBCL (1 - 5 anos) de G1-
C14....................................................................................................... 149
Figura 7 T scores nas subescalas de Problemas Internalizantes e Problemas
Externalizantes da CBCL (1 - 5 anos) de G1-C16............................ 153
Figura 8 Freqncia de G1-C16 nas escalas da CBCL (1 - 5 anos)orientadas para o DSM-IV..................................................................... 153
Figura 9 T scores nas escalas de Problemas Internalizantes, Problemas
Externalizantes e Total de Problemas da CBCL (1 - 5 anos) de G2-
C10......................................................................................................... 157
Figura 10 Freqncia de G2-C10 nas escalas da CBCL (1 - 5 anos)
orientadas para o DSM-IV..................................................................... 158
Figura 11 T scores nas subescalas de Problemas Internalizantes e ProblemasExternalizantes CBCL (1 - 5 anos) de G2-C13................................. 161
Figura 12 Freqncia de G2-C13 nas escalas da CBCL (1 - 5 anos)
orientadas para o DSM-IV..................................................................... 162
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LISTA DE APNDICES
APNDICE A Termo de consentimento para a participao em projeto
de pesquisa.......................................................................... 201
APNDICE B Carta de Informao e Termo de Participao e
Consentimento Ps-Informado para pais ou outro
responsvel legal................................................................. 203
APNDICE C Tabela C44. ndices de concordncia entre trs juizes
sobre as operaes cognitivas, em cada fase do CATM,
para seis crianas ............................................................... 205
APNDICE D Tabela D45. ndices de concordncia entre trs juizes
sobre categorias de operaes cognitivas do CATM.......... 206
APNDICE E Tabela E46. ndices de concordncia entre trs juizes
sobre os comportamentos de seis crianas em cada fase
do CATM............................................................................. 207
APNDICE F Tabela F47. ndices de concordncia entre trs juizes
sobre as categorias de comportamento de seis crianas
no CATM.............................................................................. 208APNDICE G Tabela G48. ndices de concordncia entre trs juizes
sobre os comportamentos afetivos-motivacionais, em cada
fase do CATM, segundo a escala ACFS.............................. 209
APNDICE H Tabela H49. ndices de concordncia entre trs juizes
sobre as categorias do protocolo de comportamento no
CATM, pela escala ACFS.................................................... 210
APNDICE I Autorizao do HDDS para realizao da pesquisa............ 211APNDICE J Tabela J50. Freqncia de operaes cognitivas, por fase
do CATM, pelas crianas do G1(PT-BP)............................. 213
APNDICE K Tabela K51. Freqncia dos comportamentos facilitadores
do desempenho nas fases do CATM, por crianas do G1
(PT-BP)................................................................................ 214
APNDICE L Tabela L52. Freqncia de comportamentos afetivos-
motivacionais (ACFS) das crianas do G1 (PT-BP) emcada fase do CATM.............................................................. 215
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APNDICE M Tabela M53. Freqncia de operaes cognitivas, por fase
do CATM, pelas crianas do G2 (AT).................................. 216
APNDICE N Tabela N54. Freqncia dos comportamentos facilitadores
do desempenho nas fases do CATM, por crianas do G2
(AT)...................................................................................... 217
APNDICE O Tabela O55. Freqncia de comportamentos afetivos-
motivacionais (ACFS) das crianas do G2 (AT) em cada
fase do CATM...................................................................... 218
APNDICE P Tabela P56. Correlaes entre dados das avaliaes
lingsticas, cognitivas, acadmicas e comportamental de
G1 (PT-BP)........................................................................... 219APNDICE Q Tabela Q57. Correlaes entre dados das avaliaes
lingsticas, cognitivas, acadmicas e comportamental de
e G2 (AT).............................................................................. 220
APNDICE R Tabela R58. Correlaes entre os dados das avaliaes
lingsticas, cognitivas, acadmica e comportamental e as
variveis neonatais e psicossociais da
amostra................................................................................ 221APNDICE S Tabela S59a. Dados comparativos entre os resultados das
provas psicolgicas e as variveis psicossociais da
amostra................................................................................ 222
Tabela S59b. Dados comparativos entre os resultados das
provas psicolgicas e as variveis psicossociais da
amostra................................................................................ 223
Tabela S59c. Dados comparativos entre os resultados dasprovas psicolgicas e as variveis psicossociais da
amostra................................................................................ 224
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LISTA DE ANEXOS
ANEXO A Dados do relatrio do Ncleo de Informao em
Perinatologia do HDDS........................................................ 226
ANEXO B Relatrio de alta hospitalar da UTIN do HDDS.................... 228
ANEXO C Folha de registro de dados e anamnese e evoluo das
crianas acompanhamento no Servio de Follow-up do
HDDS................................................................................... 230
ANEXO D Folha de registro da Anamnese (Carretoni Filho &
Prebianchi, 1994)................................................................. 231
ANEXO E Protocolo do Questionrio ABEP - Critrio de
Classificao Econmica Brasil (ABEP, 2003).................... 232
ANEXO F Modelo de prancha do teste - Teste de Vocabulrio por
Imagens Peabody TVIP (Capovilla & Capovilla, 1997)..... 233
ANEXO G Modelo de uma prancha da escala Columbia (Alves &
Duarte, 2001)....................................................................... 234ANEXO H Modelo de prancha das Matrizes Progressivas Coloridas
de Raven (Angelini, Alves, Custdio, Duarte & Duarte,
1999).................................................................................... 235
ANEXO I Exemplos de cartes com problemas analgicos do CATM
original (Tzuriel e Klein, 1990).............................................. 236
ANEXO J Instrues para aplicao do CATM (Santa Maria, 1999)... 237
ANEXO K Protocolo de registro de desempenho dos participantes no
CATM (Santa Maria, 1999).................................................. 242
ANEXO L Protocolo de avaliao das operaes cognitivas na
situao de resoluo de problemas analgicos e outras
tarefas e suas definies (Linhares, Santa Maria &
Escolano, 2006a)................................................................. 247
ANEXO M Protocolo de avaliao do comportamento geral da
criana na situao de avaliao assistida (Santa Maria
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1999).................................................................................... 251
ANEXO N Protocolo de registro dos comportamentos avaliados pela
ACFS (Applications of Cognitive Functions Scale) (Lidz &
Jensen, 1993, citados por Haywood & Lidz, 2007).............. 252
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LISTA DE SIGLAS
ABEP Associao Brasileira de Empresas de Pesquisa
ACFS Applications of Cognitive Functions ScaleADM Assessment Data Manager
ASEBA Achenbach System of Empiracally Based Assessment
ASS Assistncia
AT Nascido A termo
AV Amplitude de variao
Bayley Bayley Scalesof Infant Development (Bayley-III)
BORS Behavior Observation Rating ScaleBP Baixo peso ao nascimento
CATM Childrens Analogical Thinking Modifiability
CBCL Child Behavior Checklist
CCEB Critrio de Classificao Econmica Brasil
CFP Conselho Federal de Psicologia
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico
CONEP Comisso Nacional de tica em PesquisaDP Desvio-Padro
DSM-IV Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais (4
edio)
ECI Escala de Comportamento Infantil
ES Estado do Esprito Santo
F Freqncia
FACITEC Fundo de Apoio Cincia e Tecnologia do Municpio de Vitria
HDDS Hospital Dr. Drio Silva
HOME Observation for Measurement of the Environment
IAR Avaliao do Repertrio Bsico para Alfabetizao
IESP/ES Instituto Estadual de Sade Pblica do Esprito Santo
IG Idade Gestacional
IM ndice de maturidade mental
LAVE Lista de Avaliao do Vocabulrio Expressivo de Rescorla
MAN Manuteno
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MBP Muito baixo peso
Md Mediana
N Quantidade da amostra
NSE Nvel Scio-econmico
NV Nascidos vivos
OMS Organizao Mundial de Sade
OPAS Organizao Pan-Americana de Sade
PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica
PPGP Programa de Ps-Graduao em Psicologia
PRE Preliminar
PT Pr-termoRaven-MPC Matrizes Progressivas Coloridas de Raven
RPI Resultado-padro para idade
SAJ Sem ajuda
SE Scio-econmico
SESA-ES Secretaria de Estado da Sade
SOPERJ Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro
SP So PauloSPSS Statistical Package for Social Sciences
SUS Sistema nico de Sade
TDAH Transtorno do Dficit de Ateno/Hiperatividade
TDE Teste de Desempenho Escolar
TRF Transferncia
TVIP Teste de Vocabulrio por Imagens Peabody
UFES Universidade Federal do Esprito SantoUNIFESP Universidade Federal de So Paulo
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
WPPSI-R Wechsler Preschool and Primary Intelligence Scales
ZDP Zona de Desenvolvimento Proximal
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OLIVEIRA, Christyne Gomes Toledo (2008, agosto). Indicadores cognitivos,
lingsticos, comportamentais e acadmicos de pr-escolares prematuros e nascidos
a termo. Dissertao de Mestrado, Programa de Ps-graduao em Psicologia,
Centro de Cincias Humanas e Naturais da Universidade Federal do Esprito Santo.
Vitria, ES, 259 p.
RESUMO
A prematuridade e o baixo peso ao nascer so fatores de risco para odesenvolvimento e desempenho escolar. Esta pesquisa analisou as relaes entreas condies de nascimento e o desenvolvimento de 34 crianas com 5 anos de
idade, nascidas em hospital pblico, divididas em dois grupos: 17 crianas pr-termo e com baixo peso (G1-PT-BP), e 17 crianas nascidas a termo e peso 2.500g (G2-AT). As reas de desenvolvimento avaliadas foram: (a) cognitiva provas psicomtricas no-verbais (Escala de Maturidade Mental Columbia eMatrizes Progressivas Coloridas de Raven) e assistidas (Childrens AnalogicalThinking Modifibility - CATM, protocolos de operaes e comportamentosfacilitadores do desempenho cognitivo, e de comportamentos afetivo-motivacionais(Applications of Cognitive Functions Scale-ACFS); (b) lingstica (Teste deVocabulrio por Imagens Peabody - TVIP e Lista de Avaliao do VocabulrioExpressivo - LAVE); (c) acadmica (Instrumento de Avaliao do Repertrio Bsicopara Alfabetizao - IAR); (d) comportamental (Child Behavior Checklis-CBCL).Foram coletados dados neonatais e scio-econmicos. Em todas as provas, G1(PT-BP) teve desempenho pior, exceto no Raven. Ambos os grupos no mostrarammuitas dificuldades nas habilidades bsicas para alfabetizao e tiveramdesempenho cognitivo dentro da mdia (Columbia e Raven); mas, apresentaramatraso na linguagem receptiva (TVIP). Houve diferenas significativas entre osgrupos, com desempenho inferior do G1(PT-BP) nas reas: acadmica, lingsticaexpressiva (LAVE), comportamental e cognitiva (Columbia, e menos operaescognitivas e comportamentos facilitadores no CATM). Houve correlaes entreidade gestacional e desempenho cognitivo (Columbia) e lingstico (LAVE), e entrepeso ao nascimento e operaes cognitivas e comportamentos facilitadores no
CATM. Os dados confirmam a necessidade de acompanhamento dodesenvolvimento dessas crianas, principalmente nos casos de prematuridade.
Palavras-chaves: 1) Prematuridade; 2) Baixo peso ao nascimento; 3)Desenvolvimento cognitivo; 4) Linguagem; 5) Vigilncia do desenvolvimento.
Financiamento:CAPES (bolsa de Mestrado) e CNPq (Proc. n 485564/2006-8)
rea(s) de conhecimento: 7.07.00.00-1 Psicologia
Sub-rea(s) de conhecimento: 7.07.10.00-7 Tratamento e Preveno Psicolgica;
7.07.07.01-4 Desenvolvimento.
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OLIVEIRA, Christyne Gomes Toledo (2008, august). Cognitive, linguistics, academic
and behavioral indicators of pr-school premature and full-term neonates children.
Masters Thesis. Program of Post-Graduate in Psychology, Center of Humanities and
Natural Sciences, Federal University of the Esprito Santo, 259 p .
ABSTRACT
The prematurity and low birth weight are risk factors for the development and schoolperformance. This study evaluated the relationship between the conditions of birthand development of 34 children under 5 years old, born in public hospital, dividedinto 17 children with pre-term and low weight (G1-PT-BP), and 17 children born toterm and weight 2.500g (G2-AT). The areas examined were : (a) cognitive non-verbal psychometric tests (Scale of Mental Maturity Columbia and ColorfulProgressive Matrices of Raven) and assisted tests (Children's Analogical ThinkingModifibility-CATM, facilitator operations and behaviors of cognitive performanceprotocols and affective-motivational behaviors protocol (Applications of CognitiveFunctions Scale-ACFS), (b) language (Peabody Picture Vocabulary Test - PPVT andLanguage Development Survey de Rescola - LDS), (c) academic (Evaluation ofAssessment of Basic code for Literacy-IAR), (d) behavioral (Child Behavior Checklist-CBCL). Neonatal and socio-economic data were collected . In all evidence, the G1
(PT-BP) performance was worse, except for Raven. Both groups showed nodifficulties in basic skills for literacy and their cognitive performance were within theaverage (Columbia and Raven), but showed delay in receptive language (PPVT).There were significant differences between groups, with lower performance of G1(PT-BP) in the academic, expressive language (LDS), behavioral and cognitive(Columbia, and less cognitive and conduct operations facilitators in CATM) areas.There were correlations between gestational age and cognitive (Columbia) andlinguistic (LDS) performances , and between birth weight and cognitive operationsand conduct facilitators in CATM. The data confirm the need for monitoring thedevelopment of these children, especially in cases of prematurity.
Keywords: 1) Prematurity, 2) Low birth weight, 3) cognitive development, 4)language, 5) Monitoring of development.
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1 INTRODUO
H muito, no campo da Medicina, especificamente nas reas de neo e
perinatologia, as preocupaes com o nascimento de bebs prematuros e com baixo
peso deixaram de ser voltadas somente a sobrevivncia nas Unidades de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN). Nas ltimas dcadas, sobretudo devido ao aumento da
sobrevivncia de prematuros cada vez menores, o foco da ateno desses
profissionais tem-se voltado tambm ao prognstico, ou seja, a questes
relacionadas ao crescimento e desenvolvimento futuro dessas crianas. Dessa
forma, esses profissionais passaram a acompanhar essas crianas no somente no
perodo ps-natal imediato, mas durante toda a primeira infncia, nos servios de
seguimento ou follow-up (Rugolo, 2005; SOPERJ, 1990).
Na rea da Psicologia, tambm tem aumentado a realizao e o
desenvolvimento de estudos voltados, sobretudo, avaliao do desenvolvimento
dessas crianas e ao acompanhamento tanto das crianas quanto de suas famlias
(Carvalho, Linhares & Martinez, 2001; Martins, Linhares & Martinez, 2005;
Pedromnico, 2006).
Nesse contexto, o Programa de Ps-Graduao em Psicologia da Universidade
Federal do Esprito Santo tem desenvolvido pesquisas voltadas preveno de
problemas de desenvolvimento infantil (Enumo, 1997, 2005a, 2005b, 2005c, 2005d;Linhares & Enumo, 2007).
Um desses estudos1 tem como foco a questo da prematuridade e o baixo
peso ao nascimento, procurando avaliar o desenvolvimento geral dessas crianas,
de forma a identificar as possveis reas de atraso e elaborar propostas de
1CNPq (Proc. 485564/2006-8)- Avaliao e interveno psicolgica com crianas nascidades pr-termo e com baixo peso suas mes e profissionais da UTIN sob coordenao da Professora Dr
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interveno com as mes e com os profissionais do servio de atendimento
neonatal, promovendo, assim, o desenvolvimento infantil.
A presente dissertao de Mestrado faz parte desse projeto, como um estudo
voltado para verificar se as condies adversas como a prematuridade e o baixo
peso se relacionam a problemas de desenvolvimento nessas crianas em idade pr-
escolar. Para isso, nesta pesquisa foi feita uma avaliao psicolgica de crianas de
5 anos de idade, que freqentavam o programa de Follow-upde um hospital pblico,
buscando responder as seguintes questes:
1) As condies de prematuridade e baixo peso se relacionam a problemas de
desenvolvimento cognitivo, lingstico, comportamental e acadmico em crianas
aos 5 anos de idade?
2) H diferenas significativas nesses aspectos do desenvolvimento entre
crianas com risco neonatal e crianas nascidas a termo?
3) E quais aspectos se encontram mais prejudicados e quais outros fatores
estariam influenciando nessas diferenas?
Nesse sentido, compreender a dinmica exercida entre fatores biolgicos,
psicolgicos e sociais em crianas nascidas prematuras e com baixo peso aos 5
anos de idade, avaliando a histria de desenvolvimento, o nvel intelectual e
indicadores comportamentais, acadmicos e de linguagem dessas crianascomparadas s crianas nascidas a termo, que possam funcionar de modo
preventivo contra dificuldades escolares, alm de fornecer indicadores para o
planejamento de atividades que promovam o desenvolvimento infantil comps o
tema desta pesquisa de Mestrado.
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1.1. O nascimento prematuro e com baixo peso: fatores de risco para
problemas de desenvolvimento infantil
O Ministrio da Sade em parceria com a Organizao Pan-Americana de
Sade OPAS, refere que a busca de medidas sobre o estado de sade da
populao uma antiga tradio em Sade Pblica, iniciada a prioricom o registro
sistemtico de dados de mortalidade e de sobrevivncia. Entretanto, com os
avanos no controle das doenas infecciosas e a melhor compreenso do conceito
de sade2 (no somente a ausncia de doena) e de seus determinantes
populacionais, a anlise da situao sanitria no pas passou a incorporar outras
dimenses de estado de sade, como medidas de morbidade, incapacidade, acesso
e qualidade dos servios, condies de vida e aspectos ambientais (Mello Jorge &
Gotlieb, 2001).
Atualmente, pode-se obter informaes acerca de indicadores bsicos para a
sade no Brasil, que incluem dados: (a) demogrficos (grau de urbanizao, taxa de
crescimento da populao); (b) socioeconmicos (taxa de analfabetismo e de
desemprego, nvel de escolaridade); (c) mortalidade (taxa de mortalidade infantil,
mortalidade neonatal precoce, tardia e ps-natal); (d) morbidades e fatores de risco
(taxa da incidncia de AIDS, tuberculose e dengue, proporo de nascidos vivos por
idade da me, proporo de nascidos vivos de baixo peso); (e) recursos (proporode profissionais de sade por habitante); e (e) cobertura (nmero de consultas
mdicas por habitantes). Esses indicadores permitem visualizar a real situao da
sade no Pas e servem como diretrizes para implantao e aprimoramento dos
servios prestados populao. (DATASUS, 2007).
2 A Organizao Mundial de Sade (OMS 1978) conceitua sade como o bem-estar fsico psquico e
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Dessa forma, observa-se uma tendncia a buscar indicadores de sade, no
somente nas taxas de sobrevivncia da populao, mas, sobretudo, na qualidade de
vida, incluindo acompanhamento do desenvolvimento biolgico, social, econmico,
ambiental e da prpria assistncia prestada populao.
Dados do Sistema nico de Sade (DATASUS, 2007) informam que a taxa
estimada de mortalidade infantil no Brasil, em 2005, foi de 21,17/ 1.000 NV,
representando uma queda de 6% em relao 2004, com uma tendncia de queda
na taxa de mortalidade neonatal precoce, atribuda aos avanos tecnolgicos nas
reas de peri e neonatologia, bem como melhoria nas condies de vida e o efeito
de intervenes pblicas nas reas de sade, saneamento e educao, entre outros
aspectos. Paralelamente a isso, a proporo de nascidos vivos prematuros e de
baixo peso aumentou 19,3% entre 2000 e 2004, representando um fator de risco
importante para o aumento da morbidade infantil. Em 2004, no Esprito Santo, a
taxa de mortalidade neonatal precoce foi de 7,2, com uma queda de 6,6% entre
2002 e 2004 (DATASUS, 2007).
Dessa forma, observa-se, no cenrio brasileiro, que, com o desenvolvimento de
novas tecnologias e com novos conhecimentos adquiridos na rea de cuidados
intensivos neonatais, os recm-nascidos esto sobrevivendo com pesos de
nascimento cada vez mais baixos, especialmente os de muito baixo peso (MBP) (
1500g). Essa diminuio da mortalidade, segundo a Sociedade de Pediatria do
Estado do Rio de Janeiro SOPERJ (1990, p.05), tem (...) resultado em um maior
nmero de sobreviventes normais, mas tambm contribudo para o aumento
absoluto de crianas com seqelas muitas vezes incapacitantes.
As dvidas quanto a como crescem e se desenvolvem essas crianas e qual
sua morbimortalidade motivaram a implantao dos ambulatrios de
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acompanhamento de recm-nascido de alto risco, desde a dcada de 70 do sculo
XX (Rugolo, 2005). Esses ambulatrios de acompanhamento, seguimento ou follow-
up tm como objetivo principal dar continuidade ao tratamento iniciado no perodo
neonatal at a idade escolar, de forma a avaliar o desenvolvimento dessas crianas,
para detectar precocemente possveis alteraes. Esses programas, alm de
oferecer acompanhamento s crianas que passaram por condies adversas no
nascimento, fornecem tambm assistncias s famlias e atuam de maneira
interdisciplinar (neurologista, otorrinolaringologista, oftalmologista, psiclogo,
pediatra, fisioterapeuta, fonoaudilogo e terapeuta ocupacional) (SOPERJ, 1990).
H vrias condies adversas presentes no nascimento, que podem surgir
como complicaes neonatais, em crianas nascidas prematuras e baixo peso,
potencializando os efeitos no desenvolvimento infantil e servindo como indicadores
de risco. Destacam-se a anoxia (falta de oxignio), comum a 1% dos nascimentos, a
meningite, a enterocolite necrosante, a doena pulmonar crnica, a septicemia, e a
ictercia e a hemorragia intracraniana (Bordin, 2005).
Assim, os bebs que nascem prematuros (PT) e com baixo peso (BP) so mais
vulnerveis a doenas e complicaes, estando propensos a morrer no primeiro ano
de vida (75% das mortes neonatais na Amrica Latina), (Shaffer, 2005), ou nos
primeiros sete anos de vida e a apresentar sinais de danos cerebrais, irritabilidade,hipotonicidade, retardo de linguagem. Alm disso, durante a infncia, tm mais
chances de apresentarem baixa estatura, dificuldades de aprendizagem, fraca
concentrao, hiperatividade, problemas de comportamento na escola, alm dessas
crianas obterem baixos resultados em testes de QI, serem mais tmidas, ansiosas,
com pouca autoconfiana e menor vnculo com colegas, segundo revises feitas por
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Linhares, Carvalho, Padovani, Bordin, Martins e Martinez (2004), Moraes (1995) e
Shaffer (2005).
Especialmente os bebs PT, com peso abaixo de 1.500g (classificados como
tendo muito baixo peso - MBP), necessitam ficar em unidades de tratamento
intensivo neonatal (UTIN), podendo sobreviver na maioria dos casos. Alm disso,
apresentam risco aumentado de evoluir com falha de crescimento, alm de evoluir
com obesidade e doenas crnicas na vida adulta, incluindo hipertenso, doena
coronria e diabetes melitus (Rugolo, 2005).
Linhares, Chimello, Bordin, Carvalho e Martinez (2005), por exemplo,
encontraram uma taxa de 85% de sobrevivncia em bebs nascidos, entre os anos
de 2000 e 2003, em Ribeiro Preto, SP. Entretanto, observaram que crianas PT, na
idade escolar, apresentaram mais problemas de enurese, medo, tiques, impacincia
e dificuldades em permanecer na atividade. Alm disso, quanto menor o nvel
intelectual (avaliado pelo Raven e Desenho da Figura Humana), mais problemas de
comportamentos (avaliados pela Escala de Comportamento Infantil ECI, adaptada
por Graminha, 1994) essas crianas apresentavam.
Assim, segundo Linhares, Carvalho et al., (2004), o nascimento pr-termo e
com muito baixo peso consiste em um marco de risco biolgico, que opera como
uma varivel proximal, que se constitui em fator de risco em si mesma. Tambmexpem a criana a uma cadeia de adversidades decorrentes da prpria
prematuridade, como as enfermidades crnicas (broncodisplasia, sndrome do
estresse respiratrio, hemorragia intraventricular, retinopatia ou anemia da
prematuridade, problemas cardiovasculares, dentre outros) e as hospitalizaes
repetidas e/ ou prolongadas. Portanto, o peso de nascimento e a idade gestacional
so variveis inter-relacionadas, de forma que possveis desvios para fora da faixa
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de normalidade resultaro em aumento da morbidade neonatal (Carvalho, Linhares
& Martinez, 2001).
1.2 O impacto da prematuridade e baixo peso no desenvolvimento da criana
O impacto da prematuridade e do baixo peso sobre o desenvolvimento infantil
tem motivado vrias pesquisas, por estarem geralmente associados a
comprometimento no crescimento fsico, cognitivo, acadmico e comportamental
(Linhares, Carvalho, Bordin, Chimello, Martinez & Jorge, 2000). Dessa forma, as
crianas com risco biolgico neonatal decorrente da prematuridade e baixo peso,
encontram-se mais vulnerveis para apresentar problemas no curso de seu
desenvolvimento.
De acordo com Pedromnico (2006), a linguagem uma das reas do
desenvolvimento referida como afetada nas crianas PT-BP, sendo decorrente das
condies clnicas adversas que acompanham essa condio de nascimento, como
as hemorragias ventriculares. Ao avaliar o vocabulrio expressivo de crianas PT-BP
pelo programa de seguimento de ex-prematuros no Setor de Psicologia do
Desenvolvimento da Universidade de So Paulo (UNIFESP), essa autora observou
que essas crianas produziram significativamente menos palavras do que as
crianas nascidas a termo (AT) principalmente aos trs anos de idade.
Estudo realizado por Gama et al., (2001), com o objetivo de investigar o
impacto da prematuridade sobre o desenvolvimento das aquisies da fala e
linguagem, avaliou 24 crianas, 12 PT e 12 AT, de 3 a 5 anos de idade de nvel
scio-econmico baixo. Resultados da avaliao mostraram desempenho inferior na
linguagem das crianas PT em relao s crianas AT, demonstrando a
necessidade da avaliao adequada e acompanhamento precoce a uma populao
em risco para problemas de linguagem
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De acordo com Ferracini, Capovilla, Dias e Capovilla (2006, p. 126), o
vocabulrio expressivo corresponde ao lxico que pode ser emitido pela criana, e
pode ser avaliado pelo nmero de palavras que a criana capaz de pronunciar.
Estudos feitos por Capovilla e colaboradores apontam que os atrasos de linguagem
so considerados um dos problemas mais comuns em pr-escolares e apresentam
correlao positiva com o desempenho ulterior nas habilidades de leitura e escrita,
estando relacionadas a Transtornos Especficos de Linguagem Expressiva, afasia e
dislexia (Capovilla, Gtschow & Capovilla, 2004).
Um estudo realizado por Pereira e Funayama (2004) avaliou e comparou em
termos de idade cronolgica e corrigida, indicadores da aquisio e desenvolvimento
da linguagem expressiva e receptiva de 20 crianas com 1 a 15 meses de vida,
nascidas prematuras. Os autores verificaram que, em relao linguagem
expressiva, mesmo nas idades corrigidas, houve atraso, tanto no perodo pr-
lingstico (0 9 meses), como no lingstico (10-15 meses). De acordo com Santa
Maria-Mengel e Linhares (2007), a avaliao da linguagem expressiva merece
ateno e cuidado especial, diante de crianas em risco para problemas de
desenvolvimento, por estar diretamente relacionada comunicao social,
desempenho cognitivo e aprendizagem escolar.
O impacto da prematuridade e do baixo peso na aquisio e desenvolvimentoda linguagem, tambm foi estudado por Schirmer, Portuguez e Nunes (2006), que
avaliaram aspectos do neurodesenvolvimento e do desenvolvimento da linguagem
em crianas de 3 anos de idade, nascidas prematuras e com baixo peso. Resultados
mostraram uma associao entre idade gestacional e de aquisio da linguagem,
bem como atraso no desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva das
crianas, nessa faixa etria.
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Bordin, Linhares e Jorge (2001) consideram que a busca de entendimento
acerca do desenvolvimento cognitivo de crianas com BP tem motivado vrias
pesquisas, que avaliam o nvel intelectual dessas crianas em diferentes idades.
Esses autores estudaram o desenvolvimento cognitivo comportamental de crianas
PT-BP, em idade escolar, que foram comparadas a crianas AT. Concluram que as
crianas PT-BP so mais propensas a apresentar dificuldades cognitivas,
comportamentais e de crescimento fsico. Assim, a idade gestacional e o peso ao
nascimento influenciam o desenvolvimento da criana em termos comportamentais e
cognitivos, atuando como mediadores dos processos de desenvolvimento.
Um estudo de reviso da produo de 1980 a 2001, feito por Bhutta, Cleves,
Casey, Cradock e Anand (2002), com o objetivo de avaliar os efeitos da
prematuridade e baixo peso no desempenho cognitivo e comportamental de crianas
em idade escolar tambm concluiu que essas crianas apresentam escores
reduzidos em testes de desempenho cognitivo, ao mesmo tempo em que
apresentam uma maior incidncia de Transtorno de Dficit de
Ateno/Hiperatividade e outras desordens comportamentais.
Bhn, Katz-Salamon, Smelder, Lagercarantz e Forssberg (2002) examinaram,
182 crianas suecas, MBP aos cinco anos e meio de idade, comparando-as a um
grupo controle composto por 125 crianas. Os resultados mostraram que crianasdo grupo experimental apresentaram desempenho mdio nas trs escalas
Weschsler Preschool and Primary Intelligence Scales Revised (WPPSI-R)
(Wechsler, 1989), demonstrando a presena de recursos cognitivos, embora o grupo
controle tenha apresentado desempenho mais satisfatrio.
Um estudo realizado no Brasil por Meio, Lopes, Morsch, Monteiro, Rocha,
Borges e Reis (2004), tambm utilizou a escala Wechsler Preschool and Primary
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Intelligence Scales(WPPSI) para avaliar o desenvolvimento cognitivo na idade pr-
escolar (4 a 5 anos), de 79 crianas PT e MBP. Identificaram as reas do
desenvolvimento cognitivo mais afetadas, encontrando maior incidncia de escore
total abaixo da normalidade. Tambm constataram alteraes especficas do
desenvolvimento cognitivo, nas reas de coordenao viso-motora, planejamento e
organizao, formao de conceitos verbais e numricos, pensamento racional e
associativo, capacidade de sntese, orientao espacial e memria remota.
Um estudo longitudinal publicado em um artigo do British Medical Journal
(Richards, Hardy, Kuh & Wadsworth, 2001), realizado por pesquisadores do College
London, examinou a associao entre o peso no nascimento e habilidade cognitiva e
desempenho educacional em 3.900 crianas nascidas em 1964, avaliadas aos 8, 11,
15, 26 e 43 anos de idade. Os resultados mostraram uma associao significativa
entre peso ao nascimento e desempenho cognitivo ao redor dos 8 anos, durante a
fase da adolescncia e no incio da fase adulta, independente da camada social.
Tambm mostrou associao ao desempenho educacional, principalmente aos 26 e
43 anos de idade, uma vez que as crianas nascidas com maior peso apresentaram
nessas idades, uma melhor posio profissional.
Diante desse contexto, Pedromnico (2006) destaca, a importncia de estudos
longitudinais (follow-up) para verificar as associaes entre condio de nascimentoe prognstico futuro de desenvolvimento. Pois acredita que observar os mesmos
indivduos, por longos perodos de tempo, permite analisar as consistncias e
inconsistncias, ao longo do ciclo vital. No entanto, aponta as dificuldades
encontradas para a realizao desses estudos no cenrio brasileiro, uma vez que,
alm de caros, so mais suscetveis perda de sujeitos em decorrncia do tempo,
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levando reduo do tamanho da amostra e conseqentemente a diminuio do
poder de generalizao dos resultados.
Entretanto, enquanto o risco biolgico define os principais fatores que
influenciam os desfechos do desenvolvimento infantil em crianas de pases
desenvolvidos, no Brasil, a crescente morbidade observada em crianas que
apresentaram intercorrncias clnicas ao nascimento pode ser resultado da
associao de fatores biolgicos e sociais (Mancini, Megale, Brando, Melo &
Sampaio, 2004). Entre esses fatores, os autores destacam o nvel scio-econmico
(pobreza), aspectos psicoafetivos (estresse), nvel educacional (baixa escolaridade),
estrutura familiar (pais separados) e ordem de nascimento (primogenitura). Assim,
mais importante do que o risco isolado, a combinao de adversidades produz
conseqncias negativas em diferentes reas do desenvolvimento (Sampaio, 2007;
Sapienza & Pedromnico, 2005).
Em contrapartida, um ambiente psicossocial adequado pode servir como um
fator de proteo e neutralizar os efeitos negativos do risco biolgico, desde que os
recursos positivos presentes no ambiente da criana sejam identificados e ativados
(Bordin, 2005). Nesse sentido, de acordo com Linhares, Carvalho, Correia,
Gaspardo e Padovani (2006), alm de se avaliar as condies de sade do beb,
deve-se avaliar as condies do contexto ambiental que podem influenciar positivaou negativamente a trajetria de se desenvolvimento futuro, ou seja, servindo tanto
como fatores de risco como de proteo ao desenvolvimento da criana.
Um estudo longitudinal, feito na Alemanha por Laucht, Esser e Schmidt (2001)
sobre o desenvolvimento de problemas de comportamento, em crianas aos 2, 4, 6
e 8 anos de idade com riscos biolgicos (MBP) e psicossociais (responsividade
materna), verificou que crianas com MBP que cujas mes eram mais responsivas,
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apresentaram ndices menores de problemas de comportamentos do tipo
externalizante. As crianas com risco psicossocial apresentaram mais problemas de
comportamento internalizante e externalizante do que as crianas no expostas a
risco psicossocial, principalmente na idade escolar.
O desenvolvimento cognitivo de crianas PT tambm foi avaliado em um
estudo longitudinal, desenvolvido na Sucia, com 39 crianas aos 4, 9 e 19 anos de
idade (Tideman, 2000). O estudo mostrou diferena significativa no desempenho
cognitivo de crianas PT aos 4 anos, em comparao com crianas AT. No entanto,
essa diferena no se manteve aos 9 e 19 anos, demonstrando que os efeitos das
variveis biolgicas (prematuridade e baixo peso) exercem maior influencia sobre o
desenvolvimento cognitivo nas crianas mais novas e tendem a diminuir
gradativamente ao longo do tempo, principalmente quando a criana est inserida
em um ambiente psicossocial favorvel.
No Brasil, estudo realizado por Mancini et al. (2004), avaliou o impacto da
interao entre nascimento prematuro e nvel scio-econmico familiar no
desempenho funcional e na independncia em tarefas da rotina diria de 40 crianas
de 3 anos de idade. Encontraram diferenas significativas entre crianas PT e AT
com baixo nvel scio-econmico, em dois aspectos de desenvolvimento funcional:
habilidades de mobilidade e independncia na realizao de tarefas. Contudo, essasdiferenas no ocorreram quando o nvel scio-econmico era alto. Os autores
concluram que a interao entre fatores biolgicos (PT-BP) e sociais (NSE baixo), e
no apenas um nico fator de risco, influencia o desempenho funcional aos trs
anos de idade.
Um trabalho desenvolvido por Andrade, Santos, Bastos, Pedromnico,
Almeida-Filho e Barreto (2005) verificou as associaes entre qualidade da
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estimulao presente no ambiente familiar e o desenvolvimento cognitivo de 350
crianas, com idade entre 17 e 42 meses. Para a avaliao, foram utilizadas as
Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil (Bayley, 1993). Um questionrio
socioeconmico e o Inventrio HOME (Observao Caseira para Medida de
Inventrio Ambiental) (Caldwell & Bradley, 1984) foram aplicados para a
caracterizao do ambiente de desenvolvimento das crianas. Andrade et al. (2005),
encontraram associao positiva e estatisticamente significante entre qualidade de
estimulao domstica e desenvolvimento cognitivo. Meninas com menos de dois
anos, que ocupavam os primeiros lugares na ordem de nascimento e viviam em
famlia com reduzido nmero de crianas menores de cinco anos, usufruam
melhores qualidades de estimulao domstica. Essa associao se manteve entre
as crianas cujas mes possuam maior escolaridade, trabalhavam fora, tinham
entre 21 e 40 anos de idade e conviviam com os companheiros. Os autores
confirmaram a hiptese de que a qualidade da estimulao domstica, bem como
das condies materiais e da dinmica familiar, podem ser propcias ao
desenvolvimento cognitivo da criana.
Outro estudo utilizando Inventrio HOME mostrou que um ambiente familiar
intelectualmente estimulante inclui pais afetuosos, engajados verbalmente e
ansiosos para se envolver com os filhos. Em outras palavras, o envolvimento e afetode, pelo menos, um dos pais, a oferta de brinquedos prprios para a idade e
oportunidades de estimulaes variadas diariamente e a estimulao de
comportamentos acadmicos e linguagem so condies que se relacionam com o
futuro desenvolvimento intelectual da criana (Shaffer, 2005).
Da mesma forma, estudo realizado por Lordelo et al., (2006), ao investigarem a
histria familiar e reprodutiva das mes associadas a resultados desenvolvimentais
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de crianas entre um e quatro anos, atravs das escalas Bayley e do teste WPPSI-
R, encontraram correlaes positivas entre trabalhar fora e ter mais de 20 anos de
idade no nascimento do primeiro filho com o desempenho cognitivo de seus filhos.
Estudo de reviso, feito por Klein e Linhares (2006) sobre prematuridade e
interao me-criana, identificou diferenas na interao entre dades me-criana
PT e AT nas fases pr-escolar, escolar e adolescente. Comportamentos interativos
maternos atuam como variveis moderadoras podendo tanto atenuar quanto agravar
os efeitos adversos dos fatores de risco no desenvolvimento de crianas. Sendo
assim, essas variveis devem ser consideradas de modo especial em programas de
interveno para preveno de riscos para o desenvolvimento de crianas,
concluem as autoras.
A questo fundamental, atualmente, no est centrada somente na
sobrevivncia do beb prematuro, mas tambm no processo de crescimento e
desenvolvimento dos sobreviventes (Carvalho et al., 2001), ou seja, na relao entre
os fatores de risco e os de proteo, presentes desde o nascimento da criana.
Dessa forma, conforme Santa Maria-Mengel e Linhares (2007):
(...) O estudo sobre crianas em desenvolvimento deve levar em conta muitas
vezes os fatores de risco psicossocial que no podem ser eliminados, na
medida em que j tenham ocorrido, mas que podem ter seus efeitos
negativos neutralizados por aes efetivas de suporte psicossocial parafacilitar o desfecho com sucesso de trajetrias de desenvolvimento. (p. 841).
Diante desse contexto, relevante, portanto, a anlise tanto dos fatores de
risco quanto dos mecanismos de proteo, na qual os conceitos de vulnerabilidade e
resistncia psicolgica (resilincia) tm sido enfatizados. A resilincia o resultado
da interao entre fatores genticos e ambientais, os quais tambm oscilam em sua
funo, podendo atuar como proteo em certos momentos e, em outros como
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fatores de risco. (Linhares, Carvalho et al., 2006, p. 113). J o conceito de
vulnerabilidade refere-se suscetibilidade ou predisposio para resultados
negativos (Sapienza & Pedromnico, 2005, p. 210).
Particularmente, em casos de prematuridade e baixo peso, as pesquisas
evidenciam que os mecanismos de proteo esto relacionados a fatores como: (a)
atributos individuais, como sociabilidade, capacidade de se expressar e inteligncia;
(b) ambiente facilitador equilibrado com laos de afeto bem estabelecidos com pelo
menos um membro da famlia; e (c) reforador social que proporcionem uma
sensao de significado e controle sobre a vida (Papalia, Olds & Feldman, 2006).
Assim, o processo de resilincia se relaciona tanto com a presena de recursos
pessoais quanto contextuais familiares e sociais (Sapienza & Pedromnico, 2005).
Deve-se considerar aqui a noo de famlia resiliente, cujo estudo inclui aspectos
como:
(...) nfase na resilincia como um processo desenvolvimental e no como um
fenmeno esttico; importncia da etapa do ciclo vital em que o indivduo ou a
famlia se encontra quando se deparam com a adversidade; o papel que
desempenham os fatores de risco e de proteo na determinao da resposta
do indivduo ou da famlia situao que enfrentam. (Linhares, Carvalho et
al., 2006, p. 114).
Dessa forma, pode-se dizer que a prematuridade e baixo peso soconsiderados fatores de risco biolgicos para problemas de desenvolvimento,
entretanto, para se avaliar os efeitos desses fatores sobre o desenvolvimento de
uma criana, deve-se levar em considerao aspectos psicolgicos da prpria
criana e aspectos psicossociais presentes no contexto em que a criana est
inserida, de forma a analisar como todos estes fatores esto interagindo e
influenciando (negativa ou positivamente) no desenvolvimento (Linhares, Carvalho,
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Bordin & Jorge, 1999). De acordo com Papalia et al. (2006), preciso observar o
desenvolvimento infantil contextualmente, onde a interao das influncias
biolgicas e ambientais torna a resilincia possvel, mesmo em bebs que nascem
com complicaes graves.
Diante desse contexto, destaca-se a importncia da avaliao psicolgica, com
o objetivo de compreender a inter-relao entre fatores de risco e fatores protetores
do ambiente social, de forma a possibilitar estabelecer parmetros para programas
de interveno baseados na identificao e ativao dos fatores protetores contra a
adversidade em potencial, a fim de neutralizar os riscos e garantir a trajetria
adaptativa de um grupo de criana considerado vulnervel para problemas de
desenvolvimento (Bordin et al., 2001)
1.3. A avaliao psicolgica de crianas em risco de desenvolvimento
A importncia da avaliao psicolgica de crianas sob risco potencial para
problemas de desenvolvimento pela condio de prematuridade e baixo peso, assim
como de sua famlia, com o objetivo de detectar indicadores de problemas para
revert-los ou minimiz-los, assim como de recursos para ativ-los, tem sido
abordada por vrios estudos da rea da Psicologia (Andrade et al., 2005; Bordin et
al, 2001; Bordin, 2005; Carvalho et al., 2001; Klein & Linhares, 2006; Linhares,
Carvalho et al., 1999; Linhares, Carvalho et al., 2004; Linhares, Martins e Klein,
2004; Linhares et al., 2005; Linhares, Escolano, Enumo, 2006; Mancini et al, 2004;
Meio et al., 2004).
Da mesma forma, que a reviso de literatura nacional na rea de Psicologia e
Pediatria mostra a relevncia de trabalhos relativos avaliao e interveno
psicolgica junto a crianas e adolescentes portadores de doenas crnicas,
especialmente asma doena cardaca congnita paralisia cerebral cncer
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diabetes, febre reumtica, fibrose cstica, com nfase em aspectos como a adeso
ao tratamento, estratgias de enfrentamento, manejo de procedimentos invasivos,
qualidade de vida, apoio ao cuidador, entre outros (Arruda & Zannon, 2002; Costa,
1999; Motta & Enumo, 2002, 2004a, 2004b, 2005; Pedromnico, 2006; Santos,
2000).
Diante disso, verifica-se a que a Psicologia pode contribuir com a Medicina
Peditrica na produo de conhecimento e elaborao de procedimentos de
avaliao e interveno precoce que possibilitem neutralizar os efeitos negativos dos
riscos ameaadores do desenvolvimento do beb nascido prematuramente. Dessa
forma, cabe ao psiclogo participar de programas de atendimento interdisciplinar o
mais cedo possvel, com o objetivo de promover o desenvolvimento saudvel e
adaptativo, garantindo melhor qualidade de vida aos bebs vulnerveis, assim como
suporte psicossocial a sua famlia. (Linhares, Carvalho et al., 2006, p. 110).
Moraes (1995) considera duas principais categorias de avaliao do
desenvolvimento, envolvendo procedimentos de: (a) diagnsticos - identificar e
descrever a natureza, extenso e severidade da incapacidade de desenvolvimento;
e (b) de rastreamento identificar de forma rpida e segura as alteraes no
desenvolvimento das crianas, sendo este o maior desafio, uma vez que, mesmo
crianas que no apresentam seqelas mais graves podem apresentarcomprometimento de algumas reas de seu desenvolvimento como memria,
coordenao visomotora e linguagem, podendo acarretar prejuzo no funcionamento
intelectual e no rendimento escolar (Mio, Lopes & Morsch, 2003).
De acordo com Duarte e Bordin (2000), grande a quantidade e variedade de
instrumentos de avaliao de crianas e adolescentes, com diferentes finalidades:
identificar problemas de sade mental, efetuar o diagnstico psiquitrico do quadro
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em questo, mensurar o desenvolvimento infantil (em menores de trs anos), a
inteligncia, a adaptao social, a personalidade e dinmica emocional, entre outras.
Na avaliao do desenvolvimento e da sade mental, destacam-se a Escala
de Avaliao do Comportamento Infantil (ECI), de Rutter (Rutter; Tizard: Whitmore,
1981), adaptada no pas por Graminha (1994, 1998) e o Child Behavior Checklist
(CBCL) de Achenbach e Edelbrock (1991), na verso brasileira de Bordin, Mari e
Caieiro (1995), considerado o instrumento mais utilizado mundialmente para
avaliao da sade mental de crianas de adolescentes, a partir das informaes
dos pais. O princpio de construo do CBCL foi totalmente emprico, com base em
anlise fatorial de queixas de sade mental encontradas em pronturios mdicos.
Na avaliao dos indicadores acadmicos de crianas em idade pr e escolar,
os testes mais utilizados so o Teste de Desempenho Escolar TDE (Stein, 1994),
que visa avaliao das habilidades de leitura, escrita e aritmtica a crianas em
idade escolar; o Instrumento para avaliao do Repertrio Bsico para Alfabetizao
IAR (Leite, 1984, 1988) que tem como objetivo a avaliao dos pr-requisitos
bsicos para alfabetizao em crianas em idade pr-escolar; e o Teste
Metropolitano de Prontido (Hildreth e Griffiths, 1966) que avalia as caractersticas
desenvolvidas na fase pr-escolar e seu grau de prontido para aprender as tarefas
a serem desenvolvidas na fase escolar.De acordo com Hbner e Marinotti (2002), a avaliao dos repertrios
comportamentais e acadmicos das crianas no incio de sua escolarizao tem sido
muito utilizada no diagnstico diferencial de problemas e transtornos de
aprendizagem ou na orientao de intervenes e elaborao de procedimentos
pedaggicos mais eficazes no ensino das habilidades bsicas para o bom
desempenho escolar.
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Para avaliao do desempenho cognitivo de crianas muito pequenas, a
Bayley Scalesof Infant Development (Bayley-III) o instrumento mais utilizado para
determinar o nvel de desenvolvimento de crianas entre um ms e trs anos e meio
de idade, segundo Duarte e Bordin (2000). E, para avaliao do desempenho
cognitivo de crianas com idade entre 6 e 16 anos e 11 meses, o instrumento mais
utilizado so as Escalas Wechsler WISC-III (Wechsler, 2002), sendo seguido pela
Escala de Maturidade Intelectual Columbia (Rodrigues & Rocha, 1999) e pelas
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (Angelini, Alves, Custdio, Duarte &
Duarte, 1999), ainda segundo Duarte e Bordin (2000).
Essas so provas psicomtricas tradicionalmente usadas na avaliao
psicolgica, que tm sofrido crticas de vrias ordens (vis cultural, problemas
psicomtricos, fornecer dados estigmatizantes, por exemplo), especialmente quanto
adequao para pessoas com dificuldades de aprendizagem (Enumo, 2005).
De acordo com Enumo (2005), a dcada de 70 do sculo XX, com os trabalhos
de Feuerstein, em Israel, marcou o surgimento de novas formas de avaliao de
processos cognitivos, insatisfeitos com os mtodos de avaliao tradicionais em
fornecerem informaes sobre a habilidade para aprender dos estudantes.
Passaram, ento, a desenvolver uma modalidade de avaliao voltada ao
fornecimento de informaes que possam ser diretamente aplicadas na prtica poreducadores e psiclogos clnicos e escolares. Originaram-se, assim, procedimentos
de avaliao denominados avaliao dinmica ou avaliao assistida.
No final dos anos 90, alguns pesquisadores do pas, seguindo a tendncia
internacional de flexibilizao da avaliao psicolgica, passaram a desenvolver e
adaptar provas cognitivas e lingsticas voltadas para a avaliao do potencial de
aprendizagem de crianas, especialmente daquelas com necessidades educativas
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especiais, com base na avaliao assistida ou dinmica (Batista, Horino & Nunes,
2004; Cunha & Enumo, 2003; Dias & Enumo, 2006; Enumo, 2005; Ferriolli, Linhares,
Loureiro & Marturano, 2001; Gera & Linhares, 2006; Linhares, 1995; Linhares,
Escolano & Enumo, 2006; Motta, Enumo, Rodrigues & Leite, 2006; Paula & Enumo,
2007; Santa Maria & Linhares, 1999).
Desde ento, tal modelo de avaliao tem sido amplamente utilizado junto a
crianas com necessidades educativas especiais, especialmente quando o objetivo
da avaliao ultrapassa a simples identificao da presena de dificuldades
intelectuais, abrangendo tambm aspectos emocionais e a possibilidade de
dimensionar os recursos potenciais de suas habilidades cognitivas (Ferriolli et al.,
2001). Tem sido utilizada tambm no pas no contexto hospitalar em crianas ex-
prematuras (Bordin, 2005; Bordin et al., 2001; Linhares, Carvalho et al., 2004;
Linhares, Martins et al., 2004), crianas hospitalizadas com cncer (Motta et al.,
2005), crianas com dificuldade de aprendizagem (Dias & Enumo, 2006), com
problemas de comunicao (Paula & Enumo, 2007).
A avaliao assistida, de acordo com Haywood e Tzuriel (2002), a avaliao
do pensamento, percepo, aprendizado e resoluo de problemas para um ativo
processo de ensino direcionado modificao do funcionamento cognitivo. ,
portanto, uma avaliao dinmica e interativa, na qual h a assistncia doexaminador, que fornece suporte instrucional ao examinado durante o processo de
avaliao, melhorando as condies da situao de avaliao para que a criana
possa revelar seu desempenho potencial. Nesta abordagem a aprendizagem
focada naquilo que a criana est quase pronta a aprender, ou seja, a avaliao
assistida considera mais o potencial de aprendizagem do que as realizaes
presentes (Linhares, 1995).
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Para Linhares, Escolano e Enumo (2006), na avaliao assistida, alm de
ocorrer uma investigao dos produtos da aprendizagem, como na abordagem
psicomtrica, tambm so investigados os processos cognitivos presentes na
situao de aprendizagem, ou seja, as estratgias que o indivduo usa para
aprender e as formas como estas podem ser ampliadas e melhoradas. Entretanto,
Lidz (1991) aponta que avaliao psicomtrica e a assistida no so excludentes,
mas complementares: a avaliao psicomtrica informa o nvel de desempenho
intelectual real da criana no momento da avaliao e em comparao com seus
pares e a avaliao assistida complementa estas informaes fornecendo
indicadores do potencial para a aprendizagem.
Assim, na concepo de Linhares (1998), a avaliao cognitiva no deve
basear-se em um nico teste, com o intuito de compreender melhor o funcionamento
cognitivo da criana, mais indicada a combinao de procedimentos de diferentes
abordagens.
O mtodo de aplicao da avaliao assistida pode ser clnico ou estruturado.
No mtodo clnico, as intervenes so menos sistematizadas, com ajudas
oferecidas mais livremente. No mtodo estruturado, as intervenes, geralmente,
so organizadas em fases: inicial, sem ajuda; fase de assistncia, com ajuda do
examinador (em que so oferecidas pistas); fase de manuteno, no h mais ajudado examinador; e uma fase de transferncia, opcional, que visa verificar a
generalizao da aprendizagem em novas situaes similares (Linhares, 1995;
Linhares, Escolano e Enumo, 2006). O mtodo estruturado o mais utilizado em
pesquisas.
Na fase de assistncia, de acordo com Linhares et al.(2006):
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(...) as pistas oferecidas pelo examinador para ajudar a criana a resolver a
tarefa podem consistir em: demonstraes, sugestes, adicionais verbais de
memria (repeties, autoverbalizaes), adicionais concretos de memria
(materiais de apoio), fornecimento e indicao de material, tolerncia ao erro,
permitindo novas oportunidades para correo, tolerncia no tempo de
execuo, verbalizao antes e durante a soluo, anlises das estratgias
de soluo, justificativa de respostas, feedback durante a aps a soluo,
entre outras formas (p.21).
Assim sendo, na avaliao assistida, o processo de aprendizagem da criana
se d por meio da internalizao dos resultados de sua interao com adultos,
quando, no momento da avaliao, os adultos dirigem a ateno criana, regulam
os nveis de dificuldade da tarefa, fornecendo estratgias para a soluo de
problemas. (Linhares et al., 2006). Dentro dessa abordagem, os conceitos de
aprendizagem mediada e zona de desenvolvimento proximal so centrais para se
entender essa interao entre criana e adulto.
De acordo com Tzuriel e Haywood (1992), a aprendizagem mediada refere-se
ao processo interacional no qual os adultos (pais, professores) se interpem entre a
criana e o mundo e modificam uma srie de estmulos pela influncia da sua
freqncia, ordem, intensidade e contexto (Dias & Enumo, 2006). Assim a
mediao ocorre a partir da atitude colaborativa do adulto, estimulando, na criana,
a produo de conhecimento e aptido.
A Zona de Desenvolvimento Proximal ZDP conceito elaborado por
Vygotsky definida como a distncia entre o nvel de desenvolvimento atual,
representado pela soluo independente de problemas, e o nvel de
desenvolvimento potencial, representado pela resoluo de problemas com a ajuda
de um adulto mais habilitado ou com a colaborao de crianas mais experientes
(Vygotsky 1984) Assim o pensamento da criana embora seja internalizado se
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desenvolve e opera dentro de um contexto social, e a aprendizagem concebida
como um fenmeno interpessoal, isto , como um evento social dinmico, que
depende de duas pessoas, uma melhor informada ou mais habilitada do que a outra
(Linhares, 1995, p. 23).
Dias e Enumo (2006), tambm destacaram a importncia da mediao no
processo de avaliao ao constatarem que as estratgias cognitivas de crianas
com deficincia e crianas normais em situao de avaliao mediacional foram
significativamente melhores quando comparadas avaliao tradicional. Assim, a
avaliao assistida procura atender a demanda de uma compreenso mais holstica
sobre o desempenho do indivduo em situaes de aprendizagem, permitindo
considerar explicaes alternativas para um desempenho insuficiente ou inadequado
antes de considerar que o mesmo possui uma incapacidade de aprender (Paula &
Enumo, 2007).
Alm da mediao, a avaliao assistida contempla ainda aspectos no-
intelectuais, mas que podem influenciar o desempenho dos indivduos: emocionais,
motivacionais e comportamentais. A anlise das influncias dessas variveis no uso
do procedimento assistido tem sido abordada em alguns estudos (Enumo, Cunha,
Dias, Paula, 2002; Ferro, 2007; Linhares, Santa Maria & Escolano, 2006; Paula &
Enumo, 2007).Considerando a importncia da avaliao psicolgica de crianas em risco para
o desenvolvimento, tem se considerado mais adequado utilizar um modelo de
avaliao que permitisse uma interao maior entre a criana e o examinador. Neste
caso, o carter dinmico da avaliao assistida atenderia a este propsito (Haywood
& Tzuriel, 2002).
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Assim, a avaliao dos aspectos comportamentais, emocionais, cognitivos e
lingsticos dessas crianas, bem como as propostas de interveno com a criana
e com a famlia, so coerentes com o modelo biopsicossocial em sade, adotado
pela Organizao Mundial de Sade (OMS, 1978), o qual define a sade como o
bem-estar fsico, mental e social e no apenas a ausncia de doena.
Diante dessas consideraes, relevante postular que a atuao do psiclogo
em Sade e na Pediatria deve ser direcionada ao uso de recursos que propiciem a
continuidade do desenvolvimento psicolgico da criana.
1.4 O problema de pesquisa e sua relevncia cientfica e social
Considerando a prematuridade e o baixo peso ao nascimento como fatores de
risco para o desenvolvimento geral e a importncia da avaliao psicolgica e da
interveno precoce nesse contexto, tem-se um problema de pesquisa que pode ser
classificado, segundo Meltzoff (2001), como de relaes entre eventos: a condio
de nascimento como a prematuridade e o baixo peso relacionam-se a problemas de
desenvolvimento cognitivo, acadmico, lingstico e comportamental em crianas
aos 5 anos de idade em comparao com seus pares?
De acordo com Linhares et al. (2005), existem no cenrio brasileiro poucos
estudos com essa populao que focalizem a avaliao psicolgica no conjunto dasdimenses intelectual, emocional e comportamental. Assim, em termos de produo
acadmica e cientfica, espera-se contribuir para a rea da Psicologia e da Sade,
por meio de uma proposta de avaliao psicolgica de crianas em risco para o
desenvolvimento e para a escolarizao, podendo colaborar para as prticas de
atendimento e interveno psicossocial oferecidas criana e sua famlia.
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Da mesma forma, espera-se que o estudo da relao entre prematuridade e
baixo peso e problemas de desenvolvimento, fornea dados relevantes sobre estes
indicadores de risco que possibilite a elaborao de polticas de sade destinadas
preveno cada vez mais precoce.
Pretende-se tambm contribuir para a rea de Avaliao Psicolgica,
analisando-se a adequao de instrumentos psicomtricos na identificao de
recursos potenciais nas crianas em risco de desenvolvimento. Alm disso,
considerando tambm o fato da avaliao assistida ser uma rea de pesquisa
recente no pas, faz-se relevante promover novas investigaes que se proponham
discutir significativas questes para a ampliao do campo, como, por exemplo, a
importncia de suas contribuies tericas para o estudo do desenvolvimento
cognitivo e a adequao de procedimentos metodolgicos na avaliao precoce de
crianas em risco de desenvolvimento.
Nesse sentido, espera-se, atravs da associao entre a avaliao
psicomtrica tradicional e a avaliao assistida, fornecer dados mais prescritivos
sobre o desenvolvimento cognitivo da criana que possam funcionar de modo
preventivo, alm de fornecer indicadores para o planejamento de atividades que
promovam o desenvolvimento infantil.
Por fim, considera-se ainda de grande relevncia social estudos que visam aidentificar, descrever e analisar o desenvolvimento infantil, diagnosticando
precocemente possveis prejuzos e encaminhando de modo mais detalhado a
servios de atendimento especializados (psicolgico, fonoaudiolgico, fisioterpico e
pedaggico, por exemplo).
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1.5 Objetivos
Pretendeu-se verificar se condies adversas ao nascimento, como a
prematuridade e o baixo peso, relacionam-se a indicadores do desempenho
cognitivo, lingstico, comportamental e acadmico de crianas aos 5 anos de idade,
em comparao com pr-escolares nascidos a termo.
Detalhando, pretendeu-se:
1) identificar, descrever e avaliar aspectos do desenvolvimento cognitivo,
lingstico, comportamental e acadmico de crianas nascidas pr-termo e combaixo peso, aos 5 anos de idade;
2) verificar se os fatores de risco psicossociais, aliados ou no a fatores de
risco biolgicos, so variveis que podem influenciar no desenvolvimento infantil;
3) analisar se h diferenas significativas entre algumas habilidades cognitivas
(raciocnio geral e analgico-dedutivo), lingsticas (vocabulrio expressivo e
receptivo) e acadmicas de crianas nascidas pr-termo e com baixo peso e
crianas nascidas a termo e com peso >2.500g, aos 5 anos de idade;
4) avaliar se h diferenas entre crianas prematuras e com baixo peso ao
nascimento, aos 5
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