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ALISON E PETER
SMITHSON:
UMA ARQUITETURA DA REALIDADE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULFaculdade de Arquitetura
Programa de Pesquisa e Ps-Graduao em Arquitetura
DISSERTAO DE MESTRADO
Laura Mardini DaviOrientadora: Cludia Piant Costa Cabral
Porto Alegre - 2009
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RESUMO
A pesquisa consiste no estudo dos projetos de habitaocoletiva de Alison e Peter Smithson, compreendido entre os anos
1950 e 1972. So dois os projetos analisados, o projeto para
Golden Lane, desenvolvido para um concurso, em 1951, e o
conjunto Robin Hood Gardens, cuja construo foi finalizada no ano
de 1972. Os procedimentos adotados para elaborar esta
investigao foram o estudo da produo escrita dos arquitetos,
bastante ampla e significativa para o entendimento global dos seus
projetos, o redesenho das obras, incluindo a produo de desenhos
e maquetes eletrnicas dos edifcios, o que possibilitou uma anlise
sistemtica de cada um destes dois projetos, permitindo o
entendimento da obra dos Smithsons e sua relao com o contexto
do ps-guerra.
Palavras-chave: Alison e Peter Smithson, habitao coletiva,
Movimento Moderno.
ABSTRACT
This research consists of the study of council housingprojects made by Alison and Peter Smithson, from1950 to 1972.
Two projects were analysed: the project for Golden Lane,
developed for a competition in 1951,and Robin Hood Gardens,
whose construction was finished in 1972.The procedures adopted
to elaborate this investigation were: the study of the architects'
written production, extensive and significant to the overall
understanding of their projects and the re-design of the projects,
including the building of computer-generated scale models of thebuildings, which allowed a systematic analysis of each of these two
projects, thus bringing a good perception of the Smithson's work
and their relation to the post-war context.
Key-words: Alison and Peter Smithson, Council housing, Modern
Movement.
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SUMRIOINTRODUO ........................................................................................... 4
1.1. O TEMA DA HABITAO .......................................................... 61.2. O PS-GUERRA E A SITUAO BRITNICA ........................ 101.3. OBJETIVOS DA PESQUISA .................................................... 121.4. ESTADO DA QUESTO .......................................................... 131.5. METODOLOGIA ............................................................................ 15
ALISON E PETER SMITHSON: um panorama da multiplicidade ............ 172.1. OS ANOS INDEPENDENT GROUP ............................................. 192.2. O CIAM e o Team 10 ..................................................................... 242.3. PRODUO ARQUITETNICA: edifcios construdos ................ 372.4. PRODUO ESCRITA: livros, artigos, idias, docncia .............. 44
GOLDEN LANE uma proposta, um prottipo ........................................ 483.1. O CONCURSO, O STIO E O PROGRAMA .................................. 513.2. O EDIFCIO COMO RUA: a proposta dos Smithsons ................... 533.3.IDENTIDADE, CLUSTER E OS ELEMENTOS DA CIDADE: a casa,
a rua, o bairro. ...................................................................................... 76
3.4. MULTILEVEL CITY, A CIDADE POR TRS DO EDIFCIO: Golden
Lane como prottipo ............................................................................. 823.5. O PROJETO VENCEDOR ............................................................. 913.6. ANTECEDENTES .......................................................................... 95
A CIDADE CONTEMPORNEA .................................................... 97UNIDADE DE HABITAO DE MARSELHA ............................... 101A EXPERINCIA BRASILEIRA: Conjunto pedregulho ................ 105
ROBIN HOOD GARDENS a experincia construda ........................... 1094.1. O incio dos trabalhos, o programa e as alteraes ..................... 1124.2. STIO o distrito de tower hamlets .............................................. 1164.3. ROBIN HOOD GARDENS: Edifcios como muros ....................... 1184.4. A CONEXO QUE PERMITE A DISPERSO ............................. 1384.5. PARK HILL ESTATE .................................................................... 143
CONCLUSO ......................................................................................... 146REFERNCIAS ...................................................................................... 152
6.1. FONTES DAS FIGURAS ............................................................. 1536.2. BIBLIOGRAFIA ............................................................................ 158
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INTRODUO
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e SUHFLVR FULDU XPD DUTXLWHWXUD GD UHDOLGDGH 8PD
arquitetura que tenha como ponto de partida o perodo de
1910 de De stijl, do Dad e do Cubismo e que ignore o
dano ocorrido por conseqncia das quatro funes (habitar,
trabalhar, recrear e circular). Uma arte preocupada com a
ordem natural, pela relao potica entre os seres vivos e o
entorno.1
1SMITHSON, Alison e Peter. The New Brutalism. Architectural Review.Abril de1954. p.274- 275.
Figura 1 - Diagrama de Peter Smithson mostrando a relao do habitat com a
paisagem
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1.1. O TEMA DA HABITAO
O tema da residncia (a casa do homem e a sua relao com
os demais temas do espao habitvel) se converte no tema
central de discusso entre os arquitetos europeus no incio do
sculo XX. H inmeros textos, propostas, esquemas e debates
que tratam da reflexo sobre a forma residencial entre 1910 e
1945. , portanto, de certa forma lcita e natural a identificao
entre a cidade moderna e as propostas residenciais da
DUTXLWHWXUDPRGHUQDXPDYH]TXHHVWDVFRQVWLWXHPDWUDPDGHIXQGRVREUHDTXDOVHDVVHQWDDLGpLDGHFLGDGHHODERUDGDSHOD
cultura arquitetnica na primeira metade do sculo XX.2
Ao contrrio do ocorrido com a cidade oitocentista em que o
traado virio, a ordenao das edificaes ou a composio
urbana prevaleciam como leis de construo da cidade, nas
propostas modernas a habitao recobra sua importncia, e
concebida como o elemento que condiciona a cidade em seu
2 MART ARS, Carlos (ed.) Las Formas de la Residncia en la Ciudad:Vivienda
y Ciudad em la Europa de Entreguerras. Barcelona: Upc, 2000.
conjunto. Dessa maneira, Mart Ars afirma que, quando Le
Corbusier concebe suas primeiras formulaes urbansticas, seu
ponto de partida no uma normativa abstrata ou parmetros
quantitativos e sim uma idia muito precisa sobre a casa do homemna cidade moderna. A casa , assim, uma metonmia de uma
cidade inteira. 3
A inaugurao da Unidade de Habitao de Marselha
coincidiu com a reunio de 1953 do Congresso Internacional de
Arquitetura Moderna (CIAM IX). Segundo Curtis, em seu livro
Arquitetura Moderna desde 1900, ao se reunirem para a festa de
inaugurao no terrao jardim, os arquitetos presentes talvez
tenham se dado conta de que aquela enorme nave era a
corporificao das doutrinas que eles haviam apresentado em outra
ocasio como a Carta de Atenas. 4 Alison e Peter Smithson
participaram desta visita Unidade de Habitao, e juntamente
com a gerao mais jovem que estava presente organizaram o
3
MART ARS, Carlos (ed.) Las Formas de la Residncia en la Ciudad:Vivienday Ciudad em la Europa de Entreguerras. Barcelona: Upc, 2000.
4 CURTIS, William J.R. Arquitetura Moderna Desde 1900. Traduo: Alexandre
Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2008.
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congresso seguinte, em Dubrovnik. O CIAM 10 foi organizado pelo
Team 10, um grupo de arquitetos que buscava resgatar a fora
moral herica do modernismo do passado, e ao mesmo tempo
torn-lo relevante a um mundo profundamente transformado apsduas guerras. Mas era impossvel ignorar a Unidade de Habitao
como prottipo, como afirma Curtis.
Uma tradio formada por outras caractersticas alm de
uma seqncia de estilos pessoais dentro de temas
amplamente compartilhados. Algumas dessas linhas de
continuidade talvez tambm possam ser definidas em termos da
HYROXomR GDVWLSRORJLDVGH HGLILFDomR(VWDVSRGHPVHUPDLV
do que uma variedade de vocabulrios individuais, e mesmo
assim responder a certos problemas-chave. Pode at acontecer
que uma edificao individual inicie uma seqncia e assuma o
papel de um prottipo. A Unidade de Habitao (1947-53) teve
uma funo desse tipo no campo da habitao coletiva.5
Em Ordinariness and Light (1970), Alison e Peter Smithsons
afirmam que dezesseis anos depois, em 1970, quando reeditaram
5 CURTIS, William J.R. Arquitetura Moderna Desde 1900. Traduo: Alexandre
Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2008.
seus artigos do incio dos anos 50, eles prprios do-se conta que
queles jovens arquitetos de ento no foi permitido que
colocassem em prtica, na Gr-Bretanha, todos os seus estudos
dedicados ao que consideravam o grande experimento habitacionalde Le Corbusier, a Unidade de Habitao de Marselha. E que
pudessem lidar, sua maneira, com o que consideram seu grande
tema de interesse: a habitao.6
As propostas para a habitao do homem representaram,
dentro do movimento moderno, um tema central para o
desenvolvimento da idia de cidade moderna e, mais do que isso,
h uma idia de constituio de cidade em algumas dessaspropostas. As propostas habitacionais de Alison e Peter Smithson
se alinham com esse pressuposto moderno, seus conjuntos
habitacionais propostos e construdos traziam junto consigo uma
reflexo sobre a cidade.
Carlos Mart Ars afirma que a cidade com que se confronta o
movimento moderno a cidade deixada como herana pelo
6 SMITHSON, Alison e Peter. Ordinariness and LightUrban Theories 1952-1960
and Their Application in a Building Project 1963-1970. The MIT Press: Cambridge,
Massachusetts, 1970.
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desenvolvimento industrial da cidade oitocentista, e no a idlica
cidade tradicional. So dois os aspectos principais nos quais se
experimenta a modificao na estrutura da cidade industrial em
relao a cidade tradicional, a transformao dos tipos residenciaise o papel da infra-estrutura no desenho da cidade. Na cidade
tradicional, o tecido urbano estava composto basicamente por
casas unifamiliares. Com o surgimento da indstria se consuma a
separao entre casa e trabalho, e o negcio imobilirio de
converte em uma atividade econmica de primeira ordem. O
elemento constitutivo na formao das cidades passa a ser a
quadra urbana, ou bloco, composto por edifcios residenciais
coletivos. 7
O urbanismo moderno foi primordialmente influenciado pela
Carta de Atenas, finalizada no IV congresso do CIAM (Congresso
Internacional de Arquitetura Moderna) em 1933. A Carta foi
elaborada aps uma srie de congressos onde foram discutidos
temas relativos aos problemas causados pelo rpido crescimento
das cidades, provocado pela mecanizao da produo e pelas
7 MART ARS, Carlos (ed.) Las Formas de la Residncia en la Ciudad:Vivienda
y Ciudad em la Europa de Entreguerras. Barcelona: Upc, 2000.
mudanas nos meios de transporte, e as maneiras como a
arquitetura Moderna poderia responder estas questes. A Carta
de Atenas propunha um zoneamento monofuncional das ditas
funes-chave do urbanismo: habitar, trabalhar, recrear e circular,ordenando o territrio de maneira que a circulao estabelecesse a
comunicao entre as diferentes funes. Segundo Reyner Baham,
justamente a generalizao, que confere carta de Atenas o ar
de aplicabilidade universal, que tambm a torna limitada, e acaba
por comprometer o CIAM com o zoneamento funcional rgido e com
XPD ~QLFD WLSRORJLD SRVVtYHO SDUD D PRUDGLD XUEDQD EORFRV GH
DSDUWDPHQWRVDOWRVHFRPERPHVSDoRHQWUHVL3DUD%anham, no
se reconhece nisto nada alm de uma preferncia esttica, masque teve, na poca da elaborao da Carta, a fora de um
mandamento. 8
A Carta de Atenas havia dividido as funes bsicas em
apenas moradia, trabalho, lazer e circulao. A nova sensibilidade
em que Alison e Peter Smithson estavam envolvidos exigia algo
menos simplista. Os Smithsons estavam em busca de um padro
8 BANHAM, Reyner. El brutalismo en Arquitectura. Barcelona: Gustavo Gilli,
1967.
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novo, que expressasse uma imagem mais complexa da cidade e do
comportamento social. Em meados dos anos 50, palavras como
associao, bairro, e agrupamento comeavam a substituir a
terminologia anterior, mais abstrata, enquanto as analogiasorgnicas de crescimento e mudana passavam a substituir as
rgidas geometrias da cidade radiante. Esta nova gerao, da qual
os Smithsons fazem parte, procurava um relacionamento mais
complexo e solidrio entre as velhas tramas urbanas e as novas
funes. Deve-se enfatizar, no entanto, que os esquemas herdados
da arquitetura moderna anterior no estavam sendo completamente
rejeitados; muito pelo contrrio, eles eram aceitos como valiosos e
ento modificados.
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1.2. O PS-GUERRA E A SITUAOBRITNICA
O ps-guerra britnico foi marcado pela perda de hegemonia
mundial e pela reconstruo do pas com a forte presena do
Estado em variados segmentos sociais. Nos anos 50, o
modernismo se tornou a arquitetura oficial do Estado do Bem-Estar
na Inglaterra. A necessidade de construo de novas moradias e o
sucesso do Festival of Britain, de 1951, deram ao Movimento
Moderno um papel central na poltica pblica britnica no ps-guerra. Os Smithson tm grande importncia dentro deste contexto,
propondo uma arquitetura nova, em certos aspectos, e que tentava
dar novas respostas a aspectos deixados de lado pelo Movimento
Moderno.
No incio, na Gr-Bretanha, a nova arquitetura no teve o
mesmo apoio amplo dado, por exemplo, na Escandinvia, mas nos
anos aps 1945 esta situao mudou conforme o movimento se
tornava menos marginal em relao a cultura em geral e, na
verdade, bastante central para a reconstruo de cidades
bombardeadas e disponibilizao de habitao popular em grande
escala. O British Welfare State (Estado do Bem-estar Social
Britnico) forneceu mais do que uma oportunidade para construo
de escolas, hospitais e apartamentos; ele tambm sugeriu um etos,
um ideal social, ao qual os arquitetos no eram cegos. Contudo, aslimitaes daqueles paradigmas logo comearam a aparecer, e
surgiram novas idias que eram supostamente mais bem ajustadas
s condies e aos hbitos de espritos britnicos. No
surpreendente que as vanguardas que procuravam consolidar os
significados profundos da existncia da classe operria buscassem
inspirao na vida densa das ruas dos antigos cortios que tanto as
bombas como as escavadeiras das novas construes haviam
destrudo bastante. Uma gerao mais nova nada queria com omovimento do Royal Festival Hall, e dentre eles estavam Alison e
Peter Smithson. Os Smithsons rejeitavam qualquer insinuao de
uma esttica fechada em favor de uma esttica de mudana. Isso
estava evidente em seu projeto para o conjunto habitacional Golden
Lane (1951).9
9 CURTIS, William J.R. Arquitetura Moderna Desde 1900. Traduo: Alexandre
Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2008.
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O Festival of Britain, ocorrido na Gr-Bretanha em 1951,
teve origens majoritariamente suecas, num estilo catalogado por
Kenneth Frampton como Contemporneo. O Novo Brutalismo
surgiu, como movimento, principalmente como uma reao a esteHVWLORTXHDSDUHFLDQD,QJODWHUUDFRPRXPDVtQGURPHQRUPDWLYD
Os Smithson foram contra as tendncias Contemporneas e
Suecas do Festival of Britain com seu projeto para Hunstanton.
Segundo Frampton, deve-se olhar para a Hunstanton School como
uma anttese consciente ao programa britnico para a construo
de novas escolas que vigorava na poca.10
Dentro do contexto dos anos 50 e 60, considera-se a obra
de Alison e Peter Smithson, como um todo, importante,
especialmente no que diz respeito aos aspectos relacionados com
as ligaes que os arquitetos tentavam estabelecer entre o
indivduo e o ambiente. Diferentemente das respostas dadas pelo
Movimento Moderno dos CIAM, ao qual so geralmente colocados
como opositores, os Smithson buscaram distanciar-se das solues
universais, fazendo um novo caminho e procurando novas
10 FRAMPTON, Kenneth. The English Crucible. In: VAN DEN HEUVEL, Dirk e
RISSELADA, Max. Team 10 1953-1981, In Search of a Utopia of the Present.
Rotterdam: Nai Publishers, 2005. Disponvel em:
respostas s questes de como lidar com a crescente sociedade de
consumo na poca e em como reutilizar cidades antigas, algumas
devastadas pela guerra, em uma idade moderna, sem que para
isso fosse necessria a simples substituio de uma cidade poroutra.
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1.3. OBJETIVOS DA PESQUISA
Esta dissertao tem como objetivo analisar e discutir os
projetos de habitao coletiva de Alison e Peter Smithson. O
contexto onde a obra dos arquitetos se inseriu abarca o perodo
ps Segunda Guerra Mundial, at o incio dos anos 70, quando da
finalizao das obras do Conjunto Robin Hood Gardens. A
investigao se detm no mbito da anlise do projeto arquitetnico
e sua insero no contexto urbano.
O contexto britnico, os CIAM e o ps-guerra foram estudadospor serem considerados de fundamental importncia para o
entendimento global do objeto de estudo, embora no constituam o
interesse principal desta dissertao. So dois os projetos
analisados: o projeto para Golden Lane, que foi elaborado pelos
Smithsons em ocasio de um concurso, em 1951, e do qual no
saram vencedores, mas a proposta apresentada emblemtica
por trazer consigo o desdobramento terico para a habitao que
os Smithsons estavam desenvolvendo; e o projeto que foi
construdo, o conjunto habitacional Robin Hood Gardens, projeto
iniciado em 1964 e cujas obras finalizaram em 1972.
As opinies de autores influentes foram consideradas, a fim de
colaborar para a formao do posicionamento crtico sobre o
projeto, assim, foi realizada a reviso destas bibliografias para que
fosse desenvolvida uma anlise prpria, no havendo uma adooda linha de pensamento de um autor determinado. O estudo est
focado, portanto, na elaborao de uma anlise crtica sobre os
projetos habitacionais mais relevantes dos Smithsons neste
perodo, o projeto para o Golden Lane, e o conjunto construdo
Robin Hood Gardens.
Para elaborar esta anlise foram estudados os textos e
materiais escritos e publicados por Alison e Peter Smithson, alm
de anlises crticas de outros autores sobre os temas estudados.
Alison e Peter Smithson que se diferenciam pelo fato de eles
prprios haverem organizado diversas compilaes de suas obras,
projetos e artigos em livros e tambm em peridicos.
Consta, tambm, entre os objetivos da pesquisa, a incorporao
de uma qualidade didtica ao contedo estudado, possibilitando
atravs desta dissertao uma contribuio ao estudo da obra
destes arquitetos. Parece haver ainda oportunidade para odesenvolvimento de uma pesquisa que contribua no s no sentido
de compilar temas j propostos e discuti-los, mas tambm elaborar
uma anlise sistemtica dos projetos de Alison e Peter Smithson.
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1.4. ESTADO DA QUESTOAlison e Peter Smithson tm uma produo escrita extensa,
entre artigos e livros, e a anlise desta fonte, e a relao da
mesma com os projetos e a obra construda destes arquitetos que
esta dissertao se prope. Apesar da obra construda pouco
extensa, so arquitetos sempre citados, especialmente no que se
refere ao seu principal tema de estudo, a relao entre as escalas,
entre a habitao, a rua e a malha urbana, temas que so pontos-
chave do Movimento Moderno.
O casal de arquitetos publicou um nmero significativo deartigos em peridicos durante as dcadas de 50 e 60,
especialmente na revista Architectural Design. Esta publicao foi,
durante estes anos, o principal meio de divulgao das idias e
obras de Alison e Peter Smithson. Os seus artigos mais
significativos, e a maioria do seu trabalho no desenvolvimento dos
projetos, como croquis e esquemas, foram, mais tarde, compilados
em livros, como as publicaes Ordinariness and Light (1970),
Urban Structuring (1967) e Without Rhetoric (1973), organizadaspor Alison Smithson e consideradas extremamente relevantes para
a pesquisa. A publicao final dos Smithsons, The Charged Void:
Architecture(2001) e The Charged Void: Urbanism (2005), uma
obra que traz a produo dos arquitetos de forma bastante
completa, especialmente dos projetos, apresentando imagens com
uma qualidade superior em relao s publicaes anteriores, eapresentando plantas baixas, cortes e croquis esquemticos das
propostas em maior nmero. Os textos dos artigos aparecem
nestes volumes de forma resumida, mas as idias centrais
desenvolvidas pelos Smithsons ao longo dos anos de trabalho so
condensadas e apresentadas juntamente com as imagens
correspondentes.
O livro de Marco Vidotto, Alison e Peter Smithson: work and
projects, traz uma apresentao do trabalho do casal e uma
introduo s suas idias e ao surgimento do termo Novo
Brutalismo na Inglaterra. Vidotto faz tambm neste livro um
catlogo das obras dos arquitetos, de maneira resumida, com
pequenas explicaes e algumas imagens, tratando-se de um
panorama geral dos projetos e edifcios construdos por eles. H
tambm dois livros publicados recentemente que discutem
criticamente a obra de Alison e Peter Smithson. Em Modernism
Without Rhetoric: Essays on the work of Alison and Peter Smithson,
Helena Webster traz uma compilao de artigos sobre a obra do
casal, assim como Pamela Johnston tambm o faz, trazendo uma
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compilao de diversos artigos de crticos sobre o trabalho dos
arquitetos em Architecture is Not Made with the Brain, the Labor of
Alison e Peter Smithson. Como o prprio livro apresenta em seu
prefcio, Johnston oferece uma viso em close do legado dosSmithson, em artigos escritos por pessoas que os conheciam
diretamente, como empregados, clientes, crticos e amigos. Estas
publicaes so bastante relevantes para a pesquisa, pois
apresentam uma anlise crtica direta sobre a obra de Alison e
Peter Smithson, de crticos que estudam o tema.
Existem diversificadas portas de entrada para a sua
produo, pois so arquitetos significativos quando se trata de
assuntos diversos como o Novo Brutalismo Ingls, as atividades do
Independent Group, movimento artstico ocorrido em Londes nos
anos 50, sua atividade no CIAM e posteriormente como membros
ativos do Team 10. No construram tanto como pode-se imaginar
em funo da sua importncia como teorizadores da arquitetura e
do espao construdo. o que enfatiza a pertinncia do tema como
objeto ainda inesgotado para estudo.
Foram utilizadas como objeto de estudo obras que seaproximam do tema da dissertao a partir do enfoque do Team 10.
Em 2001 houve um congresso sobre o Team 10, e os artigos
apresentados nesta ocasio por diversos crticos foram mais tarde
compilados e organizados no site da web .
H neste endereo eletrnico artigos de crticos como Irne
Scalbert, Kenneth Frampton, Max Risselada e Dirk Van der Veuel,
que contribuem tambm nas compilaes de Pamela Johnston eHelena Webster.
No Brasil, a publicao baseada na dissertao de mestrado
de Ana Cludia Barone apresenta uma viso geral sobre os
arquitetos do Team 10, do qual os Smithson eram membros
atuantes, e um panorama geral de onde se insere sua obra. Barone
coloca o casal, assim como parte da crtica, como cabeas de um
outro movimento, um que se opunha ao que vinha sendo aceito
como verdade absoluta no Movimento Moderno. Em Team 10
Arquitetura como Crtica, Ana Cludia Barone afirma que o
problema da arquitetura, como era colocado nos CIAM, refletia a
idia de que a organizao do espao moderno partia da resoluo
do problema da clula de habitao para chegar ao arranjo mais
correto das unidades em termos de cidade. Ainda segundo Barone,
a formulao terica proposta pelos Smithson foi importante base,
em relao ao tema do habitat, para a consolidao do mesmo pelo
Team 10.
H ainda no Brasil estudos realizados sobre temas que
tangem os Smithsons a partir de outros enfoques. Sobre o tema do
http://www.team10.org/http://www.team10.org/ -
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Brutalismo foi utilizado como objeto de estudo o artigo de Fernando
Freitas Fuo, Brutalismo, a ltima trincheira do Movimento Moderno
(2000), publicado no portal de arquitetura Vitruvius, Arquitextos
nmero 007, onde o autor discute o surgimento do termo e o ideriodo Movimento. Outro aspecto estudado sobre o Independent
Group, do qual os Smithsons fizeram parte e com o grupo
realizaram importantes exposies. Sobre este tema foi observada
a tese de doutorado de Cludia Piant Costa Cabral, intitulada
Archigram, 1967-1974: Uma Fbula da Tcnica(2001).
A reviso bibliogrfica engloba a anlise especfica dos
discursos dos autores importantes para o entendimento global e doreferencial terico existente por trs da prtica arquitetnica
estudada. Para tanto, organizou-se o material identificado de
maneira a facilitar seu manuseio, que vai desde a crtica geral que
insere o trabalho de Alison e Peter dentro do contexto global do
sculo XX, anos 50 e 60 e da histria da arquitetura, at obras que
analisam diretamente a produo do casal de arquitetos.
1.5. METODOLOGIAInicialmente, fez-se a busca a bibliografias que tratassem
sobre os Smithsons e, principalmente, buscou-se pela produodos prprios arquitetos. Peridicos e publicaes onde constem os
projetos tambm foram importantes, visto que a inteno era
preparar uma anlise focada nos projetos habitacionais de Alison e
Peter Smithson, relacionando-os com as idias e conceitos da sua
obra escrita. O cruzamento das anlises bibliogrficas, histricas,
crticas e comparativas permitiu a elaborao de um panorama da
obra destes arquitetos como um todo, compreendendo-a em seu
contexto histrico e arquitetnico.
A pesquisa tornou-se possvel baseando-se nas publicaes
dos principais projetos de habitao coletiva dos Smithson. Devido
existncia destas publicaes, onde pode-se encontrar material
como plantas baixas, cortes, elevaes, fotomontagens e
perspectivas axonomtricas, desenvolveu-se a dissertao. Os
procedimentos de estudo contemplaram a reunio e classificao
deste material, assim como o redesenho e montagens de maquetes
eletrnicas em 3D, configurando um esforo para remontar estes
projetos, no sentido de que isto possa converter-se em material de
pesquisa sobre o tema em um nico volume. Este aspecto foi
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fundamental no estudo de Golden Lane, pois este projeto dos
Smithsons, apresentado em um concurso, foi desenvolvido como
um estudo, e o material disponvel sobre ele no completo.
A pesquisa se desenvolve de maneira a apresentar a obradestes arquitetos, no sentido de orientar a percepo do objeto de
estudo do mbito geral para o particular. A dissertao de organiza,
assim, de maneira cronolgica. A primeira parte procura introduzir o
leitor ao universo da obra de Alison e Peter Smithson,
apresentando um panorama geral de entradas possveis para o
tema Smithsons, alm de trazer outros projetos significativos dos
arquitetos.
Em virtude de que os Smithsons so arquitetos que trazem
como grande tema de interesse tambm sua produo escrita, no
apenas seus projetos, a dissertao foi organizada de forma a
trazer esta produo terica sobre a obra juntamente com o projeto
que lhe contemporneo. Desta maneira, se apresenta para
discusso, juntamente com o projeto para Golden Lane, toda a
formulao terica desenvolvida por Alison e Peter Smithson para
explicar o projeto, o mesmo acontecendo com o captulo dedicadoao estudo do conjunto Robin Hood Gardens. Os dois projetos
estudados tm entre si uma diferena de quinze anos, e esta
distncia temporal permitiu que tambm a anlise de textos e
antecedentes fosse diferenciada entre um projeto e outro. Quando
do projeto e construo de Robin Hood Gardens, os Smithsons j
estavam reeditando os textos produzidos no incio dos anos 50, e
revisando a prpria obra.As duas partes seguintes compem-se, ento, destes dois
projetos, com um captulo dedicado a cada um deles. No captulo
sobre o Golden Lane, so explicados tambm os textos do incio
dos anos 50, e no captulo sobre o Robin Hood Gardens aparecem
os textos dos anos 60. Esta organizao possibilita um
entendimento mais global da obra dos Smithsons, que de uma
maneira geral encontrada fragmentada.
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ALISON E PETER SMITHSON: um panorama damultiplicidade
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A+ PS u m a a r q u i t e t u r a d a r e a l i d a d e
CAPTULO 2ALISON E PETER SMITHSON: um panorama da multiplicidade
18
Alison Margaret Gill nasceu em Sheffield, em 22 de junho de
1928, e Peter Denham Smithson nasceu em Stockton-on-Tees em
18 de setembro de 1923. Conheceram-se na escola de arquitetura
da University of Durham, em Newcastle-upon-Tyne, e se casaram
em 1949. Trabalharam por um curto perodo no London County
Council, e em 1949 venceram o concurso para a escola secundria
Hunstanton Secondary Modern School (1949-54). Concursos de
projetos como para a Catedral de Coventry (1951), Golden Lane
(1952) e para a Universidade de Sheffield (1953) no resultaram
em contrataes, mas estabeleceram sua reputao como os mais
polmicos entre os arquitetos britnicos de ento. 11
Os Smithsons, por sua atuao em diversas reas da arquitetura,
tm uma obra final bastante rica. Existem diversificadas portas de
entrada para a sua produo, pois so arquitetos significativos
quando se trata de assuntos diversos como o Novo Brutalismo
Ingls, as atividades do Independent Group, movimento artstico
11 VAN DEN HEUVEL, Dirk e RISSELADA, Max. Team 10 1953-1981, In Search of
a Utopia of the Present. Rotterdam: Nai Publishers, 2005. Disponvel em:
ocorrido em Londes nos anos 50, sua atividade no CIAM e
posteriormente como membros ativos do Team 10.
Entretanto, no construram tanto como se pode imaginar em
funo da sua importncia como teorizadores da arquitetura e do
espao construdo. Alison e Peter Smithson se diferenciavam por
ter uma publicao ampla dos seus projetos e aspectos tericos da
arquitetura que desenvolviam, publicados tanto por peridicos,
como a Architectural Design como por eles prprios, que editaram
vrios livros com compilaes dos seus principais artigos, alguns
deles reescritos. Apresento a seguir um breve panorama dospontos de identificao dos Smithsons com outras reas e
assuntos, que ilustra consideravelmente como transcorreu sua
carreira como arquitetos e dimensiona sua relativa significncia no
mbito da arquitetura do ps-guerra.
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CAPTULO 2ALISON E PETER SMITHSON: um panorama da multiplicidade
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2.1. OS ANOS INDEPENDENT GROUPNo perodo de 1952 a 1956, os Smithsons participaram das
atividades do Independent Group(IG), criado no London Institute of
Contemporary Arts, e tratava-se de um projeto intelectual centrado
sobre um ncleo de jovens arquitetos, artistas, designers e
escritores. 12
O fotgrafo Nigel Henderson e o escultor Eduardo Paolozzi
tambm eram membros do Independent Group, assim como os
crticos Reyner Banham e Lawrence Alloway e o pintor RichardHamilton.
Entre os principais interesses do Independent Group estava o
estudo das relaes entre as artes e os elementos da cultura de
massas. Foi essa aproximao precursora do Independent Group
aos contedos icnicos da sociedade consumo, que a seguir se
12 MASSEY, ANNE. The London Scene. In: VAN DEN HEUVEL, Dirk e
RISSELADA, Max. Team 10 1953-1981, In Search of a Utopia of the Present.
Rotterdam: Nai Publishers, 2005. Disponvel em:
Figura 2 - Desenho dos Smithsons para a Exposio Parallel of Life and Art
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convertem em tema da Arte Pop, que provocou a recuperao
historiogrfica do grupo.13
O Pop, para o Independent Group, significou uma interface
HQWUH D FXOWXUDSRSXODUH D SURGXomRGHDUWH$SDODYUDSRSQR
sentido utilizado pelo IG, no VHUHIHULDDXPDDUWHSRSFRPRDUWH
produzida a partir da cultura popular, como no sentido dado no seu
uso posterior. O uso do termo Pop referia-se diretamente aos
artefatos industriais produzidos em srie, cujas imagens estes
artistas utilizavam, e no arte que produziam.14
13 CABRAL, Cludia P.C. Grupo Archigram, 1967-1974: Uma Fbula da
Tcnica. 2001. Tese (Doutorado em Arquitetura). Escola Tcnica Superior
G$UTXLWHFWXUD GH %DUFHORQD 8QLYHUVLWDW 3ROLWqFQLFD GH &DWDOXQ\D %DUFHORQD
2001.
14
CABRAL, Cludia P.C. Grupo Archigram, 1967-1974: Uma Fbula daTcnica. 2001. Tese (Doutorado em Arquitetura). Escola Tcnica Superior
G$UTXLWHFWXUD GH %DUFHORQD 8QLYHUVLWDW 3ROLWqFQLFD GH &DWDOXQ\D %DUFHORQD
2001.Figura 3 - Imagens de Parallel of Life and Art
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CAPTULO 2ALISON E PETER SMITHSON: um panorama da multiplicidade
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Com Henderson e Paolozzi os Smithsons produziram duas
IDPRVDV H[LELo}HV 3DUDOOHO RI /LIH DQG $UW H 7KLV LV
7RPRUURZA exposio Parallel of Life and Art, foi realizadano Institut of Contemporary Art, organizada pelos Smithsons, por
Nigel Henderson e Eduardo Paolozzi. Tratava-se de uma
elaborao espacial feita atravs de imagens, pela tcnica dos
fragmentos e das colagens, trazendo a superexposio de imagens
suspensas, dispostas em ngulo e em camadas flutuantes no
espao: mquinas, hierglifos, raios-x , micro-fotografias, desenhos
infantis, reprodues de obras de arte.
O nome original da exposio era Sources, fontes, o que
indicava que estas imagens apresentadas, cientficas, tcnicas e
nem sempre agradveis, fossem as imagens relevantes para a
experincia de vida urbana. Seu contedo girava sobre temas
como a vida cotidiana inglesa, a violncia, os destroos, vises
desfiguradas ou anti-estticas da figura humana, texturas
granuladas grosseiras, uma viso existencial de um mundo
arrasado pela decadncia.
This is Tomorrowfoi organizada por Theo Crosby, em 1956,
arquiteto ligado ao editorial de Architectural Designdurante os anos
Figura 4 - Desenho dos Smithsons para a Exposio
Figura 5 - Imagem da instalao Patio & Pavillion
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cinqenta. A exposio estava dividida em doze ambientes, onde
cada um foi desenhado por uma equipe, e a proposta era que todas
as instalaes permitissem que o pblico caminhasse atravsdelas. A instalao do grupo composto por Richard Hamilton, John
McHale e John Voelcker consistia na transposio direta de
elementos da culturDGHPDVVDVDSUHVHQWDQGRXPFHQiULRSRS
com elementos prprios da sociedade de consumo, como uma
garrafa de cerveja gigante, Marilyn Monroe e uma imagem de um
rob retirada do cartaz do filme Planeta Proibido.15
A instalao dos Smithsons, montada juntamente com Eduardo
Paolozzi e Nigel Henderson - Ptio e Pavilho difere da
interpretao pop do grupo de Hamilton. Consistia de uma pequena
cabana executada com materiais brutos, areia, pedras, e alguns
restos de objetos industriais, evocando as necessidades primrias
do ser humano atravs da reduo ao mnimo essencial vida -
15
CABRAL, CLUDIA P.C. Grupo Archigram, 1967-1974: Uma Fbula daTcnica. 2001. Tese (Doutorado em Arquitetura). Escola Tcnica Superior
G$UTXLWHFWXUD GH %DUFHORQD 8QLYHUVLWDW 3ROLWqFQLFD GH &DWDOXQ\D %DUFHORQD
2001.
Figura 6 - Imagens da Casa em plstico moldado montada para a exposio
"Casa do Futuro"
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terra e abrigo - que tambm poderia ser interpretado como
representao de um cenrio ps-catstofre nuclear. 16
Na obra dos Smithsons, o interesse pelo pop reflete-se no
DUWLJR %XW WRGD\ ZH FROOHFW DGV KRMH FROHFLRQDPRV DQ~QFLRV
publicado na revista Ark em 1956 H QD UHDOL]DomR GD &DVD GR
)XWXUR3DUDD H[SRVLomRRUJDQL]DGDSHOR MRUQDO 7KH'DLO\0DLO
VREUH R WHPD $ &DVD GR )XWXUR -1956), os Smithsons
projetaram e construram uma maquete em tamanho natural do
prottipo da casa ideal. A concepo geral da casa se baseava em
compartimentos interligados, com tamanho e altura distintos, e a
passagem oblqua que os ligava mantinha a privacidade de cada
espao. A estrutura foi moldada de pltisco e fibra, composta de
16 CABRAL, CLUDIA P.C. Grupo Archigram, 1967-1974: Uma Fbula da
Tcnica. 2001. Tese (Doutorado em Arquitetura). Escola Tcnica Superior
G$UTXLWHFWXUD GH %DUFHORQD 8QLYHUVLWDW 3ROLWqFQLFD GH &DWDOXQ\D %DUFHORQD
2001.
uma estrutura epidrmica e composta por partes
interdependentes.17
Esta casa foi pensada como uma casa de cidade; ela no
est em seu prrprio jardim mas contm um jardim dentro
dela. Tais casas podem ser agrupadas para formar uma
FRPXQLGDGHFRPSDFWDGD18
17 VIDOTTO, Marco. Alison and Peter Smithson: Work and Projects. Barcelona:
Gustavo Gilli, 1997.
18SMITHSON, Alison e Peter. The Charged Void: Architecture. New York: The
Monacelli Press, 2001.
7KLVSDUWLFXODUKRXVHKDVEHHQWKRXJKWRIDVDWRZQKRXVHLWLVQRWVHWLQLWVRZQ
garden but contains a garden within it. Such houses can be grouped togheter to
IRUPDFRPSDFWFRPPXQLW\
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2.2. O CIAM e o Team 10
Peter e Alison Smithson foram eleitos para serem membros
do captulo britnico do CIAM, o grupo britnico MARS (Modern
Architectural Research Society) em maio de 1953, juntamente com
William Howell e John Voelcker e participaram do nono congresso
do CIAM em Aix-en-Provence. O CIAM IX ocorreu no sul da Frana,
no vero de 1953, com o tema da Carta do Habitat. Foi o maior
congresso CIAM, com um pblico de 500 membros de 31 pases, ecom um nmero de observadores perto de mil. Nesse congresso os
jovens Alison e Peter Smithson abertamente criticaram o discurso
do CIAM na Cidade Funcional. Em Aix os Smithsons questionaram
a continuidade da validade da Carta de Atenas e propuseram uma
QRYDKLHUDUTXLDGHDVVRFLDo}HVKXPDQDVHPVXEVWLWXLomR Carta.
$LPSRUWkQFLD GR JULG 8UEDQ5H-LGHQWLILFDWLRQDSUHVHQWDGR SHORV
Smithsons neste congresso do CIAM, foi enfatizada posteriormente.
Muito do que foi apresentado foi desenvolvido no projeto para o
concurso do Golden Lane, em 1952, o qual os Smithsons
Figura 7 - fotografias de Nigel Henderson
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discutiram em uma srie de artigos escritos entre 1952 e 1953.19
O CIAM IX tratou do tema do habitat, e os Smithsons,
juntamente com um grupo de jovens arquitetos que viriam a formar
com eles o Team 10, trouxeram para a discusso novos conceitos,
como as relaes entre o homem da cidade e o espao que o
acolhe, e o seu ambiente. Os Smithsons ligaram seu trabalho s
apresentaes dos grupos franco-argelinos e marroquinos. As
apresentaes de Bodiansky, Candillis, Emery, mostraram
fotografias das condies do norte da frica e descreveram as
foras demogrficas. No grille do Marrocos, Candillis, Woods e
Bodiansky apresentaram um conjunto de trs novos blocos de
apartamentos que eles projetaram em Casablanca que adaptava a
idia da Unit Corbusianas convenes islmicas de privacidade
e clausura. De uma maneira similar a apresentao dos Smithsons,
a concepo do grupo marroquino sobre o Habitat combinava uma
mudana de atitude em relao ao processo de desenho urbano,
com os prottipos corbusianos com uma inflexo da realidade
19 MUMFORD, Eric.The Ciam Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge,
Mass.: Mit Press, 2002.
Figura 8 - Diagrama da escala de associao, de Peter Smithson
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cultural local. Estes foram momentos significativos na formao do
Team 10 e de seu iderio. Aps a polmica que envolveu o Grid
Urban Re-identification, dos Smithsons no CIAM de 1953,necessariamente interpretado como uma crtica abstrao da
Carta de Atenas, mais precisamente sobre a inadequao das
quatro funes (habitar, trabalhar, recreao e transporte) em
registrar a particularidade da vida. 20
comumente aceito que a identidade do Team 10 era em
parte baseada nas idias e teorias das cincias sociais. O
panorama intelectual no qual o Team 10 emergiu, em meados dos
anos 50, era mais da devastao do que da renovao neste
tempo em que o funcionalismo entrou em crise era o mesmo
momento em que havia se espalhado pelo mundo, e seus
encontros com as elites polticas tinham provado ser
desapontantes. O Grid dos smithsons no Ciam em Aix convidava os
PHPEURVDUHIOHWLUVREUHDXUEDQUH -LGHQWLILFDWLRQ'HVWHPRPHQWR
em diante, identidade era percebida como uma arma contra o
20 MUMFORD, Eric.The Ciam Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge,
Mass.: Mit Press, 2002.
idealismo abstrato e as generalizaes funcionalistas do CIAM.
Esta noo fica no centro do trabalho de Candilis, Bodiansky e
Woods no ATBAT. A mesma noo foi utilizada por Van Eyck na suabusca pela dimenso individual de cada pessoa, revelando a
complexidade que reside por baixo da aparente simplicidade. 21
Este grille est preocupado com o problema da identidade.
Prope que uma comunidade deve ser construda de uma
hierarquia de elementos associveis e tenta expressar estes
variados nveis de associao (A CASA, A RUA, O BAIRRO,
A CIDADE) algebricamente. importante darmos-nos conta
que os termos usados, Rua, Bairro, etc., no devem ser
tomados como a realidade, mas como a idia, e este
nosso desafio, encontrar novos equivalentes para estas
formas de associao em nossa sociedade nova e no-
demonstrativa. O problema de reidentificao do homem
21VIOLEAU,Jean-Louis. Rules versus Behaviour: in search of an inhabitable world.
In: VAN DEN HEUVEL, Dirk e RISSELADA, Max. Team 10 1953-1981, In Search
of a Utopia of the Present. Rotterdam: Nai Publishers, 2005. Disponvel em:
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Figura 9 - Grid Re-Identification dos Smithsons apresentado no CIAM 9, com fotos de crianas de Henderson e o projeto para Golden Lane
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com seu meio-ambiente (contenu et contenant) no pode ser
alcanado utilizando formas hierrquicas de agrupamento de
casas, ruas, quadras, verdes, etc., pois a realidade social que elesrepresentam no existe mais. No complexo de associao que a
comunidade, coeso social s pode ser alcanada se a facilidade
de movimentao possvel e isto nos d uma lei secundria, que
a altura (densidade) deve crescer a medida que a populao total
cresce, e vice versa. Em uma cidade grande com edifcios altos, a
fim de propor facilidade de circulao, ns propomos uma cidade
multi-nivelada com ruas-areas residenciais. Estas so ligadas
juntas em um complexo contnuo multi-nivelado, conectado onde
necessrio para trabalhar e nos elementos no solo necessrios em
cada nvel de associao. Nossa hierarquia de associaes
woven em um modulamento contnuo, representando a verdadeira
complexidade da associao humana. Esta concepo est em
direta oposio ao isolamento arbitrrio da to falada comunidade
GD 8QLWp H GD YL]LQKDQoD 1yV VRPRV GD RSLQLmR TXH WDO
hierarquia de associao humana pode substituir a hierarquia
IXQFLRQDOGD&KDUWHG$WKHQHV 22
22 SMITHSON, Alison e Peter. In:JENKS, Charles e KOPF, Karl. (ed.) Theoriesand Manifestoes of Contemporary Architecture. Great Britain: Academyeditions, 1997.
This Grille is concerned with the problem of identity. It proposes that a communityshould be built up from a hierarchy of associational elements and tries to expressthese various levels of association (THE HOUSE, THE STREET, THE DISTRICT,THE CITY) algebraically. It is important to realize that the terms used[,]Street,District, etc[,] are not to be taken as the reality but as the idea and that is our task
to find new equivalents for these forms of association in our new, non-demonstrative society. The problem of reidentifying man with his environment(contenu et contenant) cannot be achieved by using hierarchical forms of house-groupings, streets, squares, greens, etc., as the social reality they presented nolonger exists. In the complex of association that is a community, social cohesioncan only be achieved if ease of movement is possible and this provides us withonly second law [sic], that height (density) should increase as the total populationincreases, and vice versa. In a large city with high buildings, in order to keep easeof movement, we propose a multi-OHYHO FLW\ ZLWK UHVLGHQWLDO VWUHets-in-the-DLUThese are linked together in a multi-level continuous complex, connected wherenecessary to work and to those ground elements that are necessary at each levelof association. This conception is in direct opposition to the arbitrary isolation of the
so-FDOOHGFRPPXQLWLHVRIWKH8QLWpDQGWKHQHLJKERUKRRG:HDUHRIWKHRSLQLRQthat such a hierarchy of human associations could replace the functional hierarchyRIWKH&KDUWHG$WKHQHV
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Em janeiro de 1954, o comit holands do CIAM 9
organizou um encontro para o desenvolvimento das novas direes
que estavam surgindo no CIAM. O encontro de Doorn teve aparticipao de Peter Smithson, Voelcker, Bakema, Van Eyck, Van
Ginkel e Hoves Greve, e a minuta deste encontro foi publicada por
Alison Smithson.
O Doorn Manifestofoi escrito em 1954, e para Alison e Peter
Smithson representava uma declarao de guerra aos mtodos
estabelecidos na Carta de Atenas de pensamento em habitao e
planejamento de cidades 23. O Manifesto de Doorn propunha uma
reao ao urbanismo da Carta de Atenas, propondo que para
compreendermos os padres de associao humana devemos
considerar cada comunidade em seu ambiente particular.
1mRKiXWLOLGDGHQDFRQVLGHUDomRGHXPDFDVDDQmRVer como
parte de uma comunidade, em funo da inter-relao existente
entre ambas.
23 LEWIS, John. Urban Structuring Studies of Alison & Peter Smithson.London : Studio Vista, 1987.
Figura 10 - Grid de Bakema, no CIAM 10
http://sabix.ufrgs.br/ALEPH/GYARLYE3SULVFFEXT1TBK1SKXG9I7P7L8QD35FITK1G6T169TY-08498/file/service-0?P01=000315580&P02=0013&P03=TAGhttp://sabix.ufrgs.br/ALEPH/GYARLYE3SULVFFEXT1TBK1SKXG9I7P7L8QD35FITK1G6T169TY-08498/file/service-0?P01=000315580&P02=0013&P03=TAG -
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2. No devemos perder tempo codificando elementos de uma
casa antes desta outra relao estar cristalizada.
2 +DELWDW GL] UHVSHLWR D XPD GHWHUPLQDGD FDVD QXP WLSRparticular de comunidade.
4. Comunidades so iguais em todos os lugares:
- casas isoladas
- vilas
- cidades menores de diversos tipos (industriais, administrativas,
especiais)
- cidades maiores multi-funcionais
5. Isto pode ser mostrado em relao ao seu meio
(habitat) na seo de Geddes Valley:
6. Qualquer comunidade deve ser internamente conveniente ter
facilidade de circulao; ou seja, qualquer tipo de meio de
transporte vlido, a densidade deve crescer de acordo com o
crescimento da populao; por exemplo, (1) o menos denso e
(4) o mais denso.7. Devemos, portanto, estudar a habitao e os agrupamentos
necessrios para produzir comunidades convenientes nos vrios
pontos da seo do vale.
8. A propriedade de qualquer soluo deve ficar no campo da i
nveno arquitetnica mais que na rea da antropologia social.
+RODQGD24
A Declarao sobre o HDELWDW , feita em Doorn,
explicitamente rejeitava a Carta de Atenas, afirmando que o
urbanismo considerado e desenvolvido segundo a Carta tendia a
produzir cidades onde as associaes humanas vitais eram
expressadas inadequadamente. Os Smithsons afirmavam que para
compreender estas associaes humanas era necessrio que se
considerasse cada comunidade como um complexo total e
24 SMITHSON, Alison (ed). Team 10 Primer. London: Studio Vista,1968.
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particular. Para tornar esta compreenso possvel, propunham o
estudo do urbanismo como comunidades de graus de
complexidade variadas. Esta declarao foi ilustrada com o croquisde Peter Smithson baseado na Valley Section de Geddes.25 Para os
Smithsons, estava bvio que a construo na cidade estava sob um
pensamento puramente analtico, e desta maneira o problema das
relaes humanas rua atravs da malha das quatro funes. De
maneira a corrigir esta questo, a proposta do Manifesto de Doorn
era que para compreender a organizao das associaes
humanas era necessrio considerar cada comunidade em seu
ambiente particular.26
2WHDPpXPJUupo de arquitetos que se reuniu porque
cada um considerou o apoio e a ajuda de outros necessria para o
entendimento e desenvolvimento do seu prprio trabalho individual.
Mas mais que isso.
25 MUMFORD, Eric.The Ciam Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge,
Mass.: Mit Press, 2002.
26 SMITHSON, Alison e Peter. The Charged Void: Urbanism. New York: The
Monacelli Press, 2005.
Figura 11 - Reunio do Team 10
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O grupo uniu-se, em primeiro lugar, certamente pelo mtuo
reconhecimento das inadequaes do processo do pensamento
arquitetnico que eles herdaram do Movimento Moderno como umtodo, mas mais importante, cada um sentiu que o outro encontrou o
mesmo caminho, atravs de um novo comeo.(...)
Neste sentido, Team 10 utopia, mas utopia sobre o
presente. Portanto seu objetivo no teorizar e sim construir, pois
apenas a partir da construo a Utopia do presente pode ser
UHDOL]DGD3DUDHOHVFRQVWUXLUWHPXPVLJQLILFDGRHVSHFLDO, no qual
a responsabilidade do arquiteto perante o indivduo ou grupo para
quem ele constri, e perante a coeso e convenincia da estrutura
coletiva a qual ele pertence, tido como sendo uma
UHVSRQVDELOLGDGH DEVROXWD 1HQKXP PDVWHU SODQ ILFD HQWUH R
aUTXLWHWR H R TXH HOHWHP GHID]HU DSHQDV IDWRV KXPDQRV H D
logstica da situao.
Aceitar tal responsabilidade, onde ningum tenta direcionar
ningum, requer a inveno de uma tcnica-de-trabalho-conjunto
onde cada um d ateno ao outro e ao todo da maneira que capaz. O Team 10 gostaria de desenvolver seu processo de
pensamento e linguagem de construo a um ponto onde a
demonstrao coletiva pode ser feita numa escala que poderia ser
realmente efetiva nos modos de vida e na estrutura da
comunidade27
Dali em diante os Smithsons seriam parte do core do Team
10 at o seu fim, juntamente com John Voelcker, George Candilis,
Alexis Josic, Shadrach Woods,Aldo van Eyck, Jaap Bakema,
Giancarlo De Carlo, Van den Broek, Ralph Erskine, e Stefan
Warweka. Os Smithsons se tornaram os membros mais ativos do
Team 10, na promoo, organizao, publicao e definindo os
temas para os encontros do grupo, e Alison Smithson se tornaria
sua cronista no-oficial, atravs de suas publicaes sobre o Team
10, incluindo o Team 10 Primer(1962, reeditado em 1968) parte do
prefcio de Team 10 Primer, editado por Alison Smithson, onde a
arquiteta catalogou e reuniu o material discutido nas reunies do
Team 10.
O CIAM X ocorreu em Dubrovnik, em 1956, organizado
pelos arquitetos do Team 10, e tambm tratou sobre o habitat
27 SMITHSON, Alison (ed). Team 10 Primer. London: Studio Vista,1968.
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http://fr.wikipedia.org/wiki/Georges_Candilishttp://www.team10online.org/index.htmlhttp://en.wikipedia.org/wiki/Shadrach_Woodshttp://es.wikipedia.org/wiki/Aldo_van_Eyckhttp://nl.wikipedia.org/wiki/Jaap_Bakemahttp://en.wikipedia.org/wiki/Giancarlo_De_Carlohttp://en.wikipedia.org/wiki/Giancarlo_De_Carlohttp://nl.wikipedia.org/wiki/Jaap_Bakemahttp://es.wikipedia.org/wiki/Aldo_van_Eyckhttp://en.wikipedia.org/wiki/Shadrach_Woodshttp://www.team10online.org/index.htmlhttp://fr.wikipedia.org/wiki/Georges_Candilis -
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humano. Os arquitetos do Team 10 entendiam que era necessria a
introduo das inter-relaes sociais no espao construdo na
arquitetura funcionalista proposta pelos CIAM.
A Arquitetura deve extender o limite tnue, e persuadi-lo
para entrar em um real e articulado campo do meio. O seu
dever prover este campo do meio pelos meios de
construo, e prover, da casa a escala da cidade, um grupo
de lugares reais para pessoas reais e coisas reais (lugares
que sustentam em vez de impedirem a identidade de seu
VLJQLILFDGRHVSHFtILFR28
28 VAN EYCK, Aldo. In: JENKS, Charles e KOPF, Karl. (ed.) Theories and
Manifestoes of Contemporary Architecture. Great Britain: Academy editions,
1997.
$UFKLWHFWXUHPXVWH[WHQGWKH QDUURZERUGHUOLQHSHUVXDGH LWWRORRS LQWRDUHDO
an articulated in-between realm. Its job is to provide this in-between realm by
means of construction, ie to provide, from house to city scale, a brunch of real
places for real people and real things (places that sustain instead of counteract theLGHQWLW\RIWKHLUVSHFLILFPHDQLQJ
Figura 12 Diagrama mostrando a adio de esquemas de Fold Houses em
um povoado existente
Figura 13 - Fold Houses, proposta de habitao para os Vilarejos
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CAPTULO 2ALISON E PETER SMITHSON: um panorama da multiplicidade
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Os Smithsons introduziram nas discusses do grupo
diversos contedos, como a noo de cluster, de identidade entre
as comunidades e seu habitat e os padres de associaes degrupos no espao arquitetnico. Os temas lanados pelos
Smithsons giravam sobre mobilidade, identidade individual e de
grupos e estratgias de crescimento e mudana. Especialmente
nos primeiros anos, sua contribuio se deu sobre os conceitos de
FOXVWHUHDVVRFLDo}HVKXPDQDVDWUDYpVGRVTXDLVHOHs desejavam
uma redefinio mais adequada do dimensionamento coletivo da
arquitetura e do planejamento urbano. Os diagramas usados para
YLVXDOL]DU HVWHV DUJXPHQWRV HUDPD HVFDODGH DVVRFLDomRXPD
YHUVmR DGDSWDGD GD 9DOOH\ 6HFWLRQ GH 3DWULFN *HGGHV H a
KLHUDUTXLD GH DVVRFLDomR FDVD-rua-bairro-cidade), que foi
desenvolvida juntamente com Bill and Gill Howell e que foi pensada
para substituir as quatro funes da Carta de Atenas (habitao,
trabalho, recreao e transporte). Os Smithsons afirmavam que o
objetivo do urbanismo compreensvel, a clareza de
organizao. A comunidade por definio algo compreensvel. E
compreensividade deve ser uma caracterstica das partes.
Figura 14 - diagrama mostrando o caminho pedestre linear que acessa as
casa desta proposta
Figura 15 - Close Houses, modelo proposto para as cidades pequenas
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CAPTULO 2ALISON E PETER SMITHSON: um panorama da multiplicidade
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No CIAM 10, em Dubovnik, para cada uma destas escalas de
associao os Smithsons apresentaram uma proposta de projeto.
Para a casa isolada, apresentaram o projeto da Casa Bates. Paraas vilas e pequenos povoados, propuseram as Fold Houses. Para a
FLGDGH DSUHVHQWDUDP D SURSRVWD GDV &ORVH +RXVHV H R HVWDU
SHUWRHUDFRQVHTrQFLDGa proximidade entre as casas, dispostas
ao largo de uma circulao pedestre, interior e transversal em
relao ao tecido residencial. Para a grande cidade, a metrpole,
RV 6PLWKVRQV SURSXVHUDP DV &UHVFHQW 7HUUDFHG +RXVHV RQGH
todos os espaos habitveis se orientam para o sol. O Crescente
se estreita medida que ganha altura e desta maneira a propostase organiza com as famlias com filhos nos andares mais baixos e
os casais e pessoas solteiras nos andares mais altos.29
Para Mumford, embora nunca tenha ficado claro quais
seriam os novos equivalentes propostos pelos Smithsons, alm das
suas modificaes das j familiares propostas Corbusianas, em um
29 VIDOTTO, Marco. Alison and Peter Smithson: Work and Projects. Barcelona:
Gustavo Gilli, 1997.
Figura 16 - Close Houses, Plantas, Cortes e Fachada
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q
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nvel polmico sua evocaRGHDVVRFLDomRKXPDQD e mobilidade
parece ser um elemento revitalizador no que havia se tornado um
discurso estabelecido do CIAM baseado nas quatro funes. Elespareciam estar sugerindo uma maneira de reconfigurar a cidade
sem perder a vitalidade das ruas da classe trabalhadora, que os
Smithsons foram os primeiros a reconhecer como possivelmente
superior ao tipo de existncia que estaria sendo produzida pelos
arquitetos do CIAM.30
30 MUMFORD, Eric.The Ciam Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge,
Mass.: Mit Press, 2002.
Figura 17 - Terraced Houses: as formas em crescente foram propostas
propostas para a Cidade, orientadas para o sul, a maior incidncia solar.
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2.3. PRODUO ARQUITETNICA: edifciosconstrudos
A produo de edifcios de Alison e Peter Smithson acabou
sendo limitada. A Escola Secundria Hunstanton, em Norfolk, foi a
sua primeira realizao. O projeto e iniciou em 1949 e as obras
foram concludas em 1954. O projeto utilizava elementos pr-
fabricados e a estrutura em ao ficava exposta, assim como as
tubulaes e as instalaes. Os painis de vedao so em tijolos
aparentes. As salas de aula ficam no segundo pavimento, comvisuais para as duas reas verdes que circundam o hall, fazendo
deste espao o core da comunidade que se forma na escola. Os
Smithsons descreveram assim seu projeto, quando o submeteram
ao concurso:
(VWD HVFROD p XPD WHQWDWLYD GH OHYDU GH XP HVWiJLR
diagramtico a um trabalho de arquitetura, e sua forma
definida por um estudo profundo das necessidades
educacionais e dos requerimentos formais mais do que por
precedentes. O core da escola o Hall, que se distribui
livremente para as reas de refeio e reas de entrada
Figura 18 - Foto da Escola Secundria Hunstanton
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trazendo para dentro da escola os espaos verdes e os
ptios para jogos. Esta distribuio permite a circulao no
hall, nas reas de refeies e na escola em geral sejacombinada, resultando em uma planta econmica e
compacta: no primeiro pavimento impossvel estar a mais
de 25 ps (aproximadamente 7,6 metros) de distncia de
uma escada de sada. Nenuma porta se abre para as reas
verdes, apenas janelas para ventilao, pois no o local
para a movimentao das crianas; estes jardins verdes so
reas de iluminao, zonas livres de rudo. 31
31 SMITHSON, Alison e Peter. The Charged Void: Architecture. New York: The
Monacelli Press, 2001.
7KLVVFKRROLVDQDWWHPSWWRFDUU\EH\RQGWKHGLDJUDPPDWLFVWDJHLQWRDZRUNRI
architecture, and its form is dictated by a close study of educational needs and
purely formal requirements rather than by precedent. The core of the school is the
assembly hall, which flows freely into the dining areas and entrance areas, carrying
into the school the places of forecourt, the green courts, and the playing fields. Thisgrouping allows the circulations of the hall, the dining areas, and the school
generally to be superimposed, resulting in a compact and economical plan: on the
first floor it is impossible to be more than twenty-five feet from a stair escape. No
Figura 19 - Imagem externa de Hunstanton
doors open onto the greencourts, only hopper windows for ventilation, as no
FKLOGUHQVVPRYHPHQWLVWR EHWKHUHWKHJUHHQFRXUWVDUH OLJKW DUHDVTXLWHIUHHIURPQRLVH
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Reyner Baham foi o principal historiador do movimento
Brutalista, e descreve as caractersticas dessa nova arquitetura
como sendo a clara exibio da estrutura e dos elementosestruturais e a valorizao dos materiais tais como encontrados.
Embora os Smithsons no concordassem com Banham na exata
definio do termo Novo Brutalismo, o crtico se tornou seu
principal defensor. Reyner Banham atribui aos Smithsons a
responsabilidade pelo primeiro edifcio Brutalista na Inglaterra: a
Escola Secundria Hunstanton, de inspirao Miesiana. Na sua
reverncia aos materiais uma realizao da afinidade que pode
ser estabelecida entre o homem e o edifcio est na raiz do NovoBrutalismo.
Foi em 1953, atravs da revista Architectural Design, que
$OLVRQ 6PLWKVRQ XWLOL]RX SHOD SULPHLUD YH] D H[SUHVVmR 1RYR
%UXWDOLVPR2V6PLWKVRQVGHILQLDPR 1RYR%UXWDOLVPRFRPRuma
arquitetura que resultava diretamente da maneira como as pessoas
viviam e construam. Na definio de Alison e Peter Smithson, o
Novo Brutalismo aspirava ser objetivo em relao realidade, os
objetivos culturais da sociedade, suas necessidades, suas tcnicas,
tentando entender a sociedade da produo em massa. Afirmavam
Figura 20 - Foto interna de Hunstanton, mostrando as instalaes aparentes
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que o Novo Brutalismo seria o nico desenvolvimento possvel,
naqueles anos 50, para o Movimento Moderno, no apenas porque
Le Corbusier era, em sua opinio, um dos que o praticava, com autilizao do beton brut da Unit de Marseille.32
Os Smithsons apontaram a arquitetura tradicional japonesa
como ilustrao ao novo enfoque. Afirmavam que os japoneses
mostravam uma reverncia ao mundo natural, e, assim, aos
materiais do mundo construdo. neste contexto que surge a
famosa afirmao dos Smithsons, que a sua arquitetura era o
resultado direto de um modo de vida.33
Ns vemos a arquitetura como o resultado direto de um
modo de vida. 34
32 SMITHSON, Alison e Peter. Thoughts in Progress: The New Brutalism.
Architectural Design, abril de 1957.
33 SMITHSON, Alison e Peter. Without Rhetoric;an Architectural Aesthetic 1955-
1972. London/ Cambridge: Mass, 1973.
34 SMITHSON, Alison e Peter. Architectural Design, Janeiro de 1955.
We see architecture as the direct result of a way of life
O Novo Brutalismo se caracterizou, desta maneira, pela
necessidade de sintonizar a produo arquitetnica inglesa com as
novas propostas desenvolvidas internacionalmente. SegundoBanham, foi a partir do Brutalismo que muitos dos valores
defendidos na arquitetura moderna passaram a ser difundidos na
Inglaterra.35
Para Irne Scalbert, que no artigo Architecture as a Way of
Life: The New Brutalism discute a existncia ou no do Novo
Brutalismo realmente como um estilo arquitetnico, a maior
evidncia em favor da existncia de um Movimento Brutalista seria
a larga utilizao do termo na Gr-Bretanha. O Brutalismo como
movimento comeou com uma sensibilidade particular em relao
aos materiais, mas, segundo a autora, seus valores e objetivos
eram vagos demais para garantir a coerncia necessria para a
35 BANHAM, Reyner. El brutalismo en Arquitectura. Barcelona: Gustavo Gilli,
1967.
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constituio de um movimento.36
A Hunstanton Secondary Modern School foi seguida pelo
Economist Building (1959-64). Os Smithsons afirmam ter atingidoum grupo de escalas urbanas caracteristicamente inglesas com
este projeto. O plat da praa suspensa sobre as ruas do entorno
oferece um espao intermedirio de pr-entrada pedestre,
preparando o usurio para entrar no edifcio para trabalhar ou
visitar, e a cidade deixada ao lado dos limites do terreno. 37 O
esquema dos Smithsons dividiu o programa em trs unidades
distintas. O edifcio maLVEDL[RGR FRQMXQWR QD6W -DPHV6WUHHW
acomodava o Martins Bank, e sua fachada reestabelecia o
DOLQKDPHQWRFRPRHGLItFLRDGMDFHQWHGR%RRGOHV&OXE.
36 SCALBERT, Irne. Architecture as a Way of Life: the New Brutalism. In:
HEUVEL, DIRK VAN DEN e RISSELADA, MAX. Team 10 1953-1981, In Search of
a Utopia of the Present. Rotterdam: Nai Publishers, 2005. Disponvel em:
37 SMITHSON, Alison e Peter. The Charged Void: Architecture. New York: The
Monacelli Press, 2001.
Figura 21 - Axonomtrica mostrando a relao dos trs edifcios do conjunto
do Economist com o Boodle's Club existente
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O edifcio destinado aos escritrios do Economist se situa no
centro do terreno, diminuindo o impacto dos quatorze pavimentos
no entorno composto de edifcios baixos. O terceiro bloco dcontinuidade ao alinhamento da Bury Street, onde se localizam as
unidades residenciais e o restaurante do Economist, que hoje est
em desuso.38Aps o projeto para o Economist, Os Smithsons
construram R*DUGHQ %XLOGLQJ QR6W+LOGDV &ROOHJH, em Oxford
(1967-70) e o Robin Hood Gardens (1966-72), em Londres.
Projetos para casas privadas deram a eles a oportunidade de
elaborar suas teorias em habitao e consumismo, como a House
of the Future (1956) e a Sugden House (1956). Nos ltimos anos,
38 SCALBERT, Irne. Architecture is not made with the Brain: The Smithsons and
the Economist Building Plaza. In: JOHNSON, Pamela (ed.). Architecture is not
made of the Brain The labor of Alison and Peter Smithson. England: Dexter
Graphics, 2005.
Figura 22 Visual do Economist Building e sua relao com o entorno
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dois principais clientes foram a Universidade de Bath, para quem os
Smithsons desenharam vrios edifcios, incluindo a escola de
arquitetura (1982-88), e Axel Bruchhuser, diretor empresa demveis alem Tecta, para quem eles projetaram uma srie de
adies e renovaes para a prpria casa de Bruchhuser e para o
edifcio da fbrica Tecta (1986-2003).
Figura 23 - Economist: Exterior e praa interna
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2.4. PRODUO ESCRITA: livros, artigos,idias, docncia
Alison e Peter Smithson so arquitetos que escreveram. Emseus textos discutem tanto a arquitetura que vinha sendo praticada
por seus contemporneos, nos anos 50 e 60, como usam esse
meio para explicar e analisar seus prprios projetos, influncias e
realizaes. Isso j os diferencia como objeto de estudo, pois torna
sua produo escrita parte integrante da sua obra como arquitetos,
sendo impossvel a anlise de um ignorando o outro.
Este o relato de uma busca. Nenhum esforo foi feito para
eliminar dos estudos concluses documentadas e opinies que
ns, hoje em dia, no acreditamos ser completamente vlidas.
Sentimos ser mais importante deixar aparentes contradies do
que eliminar passos que so necessrios para uma compreenso
do processo e das intenes do todo39
39 SMITHSON, ALISON E PETER. The Architectural Void: Urbanism. New York:
The Monacelli Press, 2005.
This is the record of a search. No attempt has been made to eliminate from the
studies documented conclusions and opinions which we do not now regard as
Figura 24 - Alison Smithson
Os Smithsons, em toda a sua vida e carreira, se propuseram
a manter catalogados e arquivados projetos, desenhos e artigos.
Publicaram a maioria deles, em artigos em peridicos e
posteriormente em livros. Os livros que publicaram so, em sua
completely valid. It is felt to be more important to leave in apparent contradictions
than to eliminate steps which are necessary to an understanding of the processand intentions of the whole.
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quase totalidade, uma republicao e reviso dos seus artigos,
reorganizados por assunto. Mantiveram uma disciplina em arquivar
no apenas o design original e o texto para cada projeto, mas
tambm os seus pensamentos, sempre meticulosamente datados,
sobre os trabalhos passados. Neste sentido eles se tornaram no
apenas crticos dos trabalhos de outros arquitetos, mas tambm do
trabalho produzido por eles prprios.
Para Louisa Hutton pode-se ver Alison e Peter Smithson
como seus prprios cronistas, refletido um genuno desejo de
oferecer seu trabalho em sua forma pura. A base do trabalho dos
Smithsons era a observao, e a reflexo sobre o mundo como
experincia, sobre situaes particulares, o tecido da cidade, osrituais de uso e as diferenas culturais da populao.40
Com um texto fcil e linguagem coloquial, os Smithsons se
dirigem ao seu leitor de forma ntima, usando palavras e ritmos por
vezes poticos, que fazem com que o leitor adentre suas
proposies. Alison e Peter Smithson no usam uma linguagem
40+87721/RXLVD*RGSDUHQWV*LIW,Q-2+16213DPHODHG Architecture
is not made of the BrainThe labor of Alison and Peter Smithson. England: Dexter
Graphics, 2005.
rebuscada para explicar um modo projetual que para eles
simples. Os Smithsons publicaram numerosos artigos, comentrios
e livros. Alison e Peter tinham uma relao prxima com Mnica
Pidgeon, editora da Architectural Design, que publicou edies
especiais organizadas pelos Smithsons sobre o CIAM e sobre o
Team 10. Alison editou todo o trabalho relacionado com o Team 10
e o CIAM nesta revista. Em maio de 1960 os Smithsons utilizaram
uma edio especial da publicao para dar a nova organizao
HPHUJHQWH R QRPH GH &,$0 7HDP )RL WDPEpP $OLVRQ
6PLWKVRQTXHPHQWLWXORXRSULPHLURHQFRQWURFRPR7HDPRQLWV
RQQDHGLomRGHMXOKRGDTXHOHDQR
Seus livros eram majoritariamente compilaes de artigos,reagrupados tematicamente e s vezes tambm reescritos; isto
inclue Urban Structuring (1967), Ordinariness and Light (1970) e
Without Rhetoric (1973). Na primeira metade dos anos 70 os
Smithsons reconsideraram a noo de coletividade na srie de
artigos &ROOHFWLYH'HVLJQ; outro estudo seminal deste perodo, de
Alison Smithson, +RZ WR 5HFRJQL]H DQG 5HDG 0DW-%XLOGLQJ
(1974), que investiga o legado do Team 10 depois dos encontros de
Berlim e Rotterdam.
O livro Ordinariness and Light (urban theories and their
application in a building project 1963-1970) foi editado em 1970. Em
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seu prefcio os autores esclarecem que se trata de um texto escrito
primeiramente em 1952-1953, durante a guerra da Coria, quando
o mundo sofreu com uma diminuio da oferta de ao e a atividade
da construo foi bastante diminuda. Os Smithsons explicam, em
1970, que anos depois vem que seus sonhos no puderam ser
FRQFUHWL]DGRV1RVDQRVDVQHZWRZQVHUDPFRQVWUXtGDVVHP
nenhum exemplar relevante da arquitetura moderna que Alison e
Peter Smithson e seus pares admiravam.41 Nesta publicao, os
Smithsons reorganizam seus artigos, publicados principalmente na
Architectural Design, e reapresentam as idias principais
desenvolvidas nos textos, e de maneira linear apresentam o
problema principal que viam nas cidades no ps-guerra, a soluo
que propunham para ele e o projeto que desenvolveram para
preencher esses requerimentos. Os Smithsons afirmam aqui que
Urban Re-identification, que corresponde a primeira parte de
Ordinariness and Light, finalizado no incio de 1953 e publicado
originalmente em 1955, foi escrito primeiramente no HVFXUR e,
durante a inaugurao da Unit em meio ao triunfo de uma idia,
41 SMITHSON, Alison e Peter. Ordinariness and LightUrban Theories 1952-1960
and Their Application in a Building Project 1963-1970. The MIT Press: Cambridge,
Massachusetts, 1970.
puderam perceber que sua gerao pertencia mesma sintonia,
eram iguais, e ento comearam os dilogos do que seria
conhecido mais tarde como o Team 10.
Os padres de associao e os principais conceitos
lanados e desenvolvidos pelos Smithsons so reeditados em
Urban Structuring, de 1967. Os dois primeiros captulos do livro so
baseados no projeto para Golden Lane, de 1952. O esquema foi
elaborado em uma teoria geral e apresentado para o CIAM 9, em
Aix-en-Provence em 1953, onde os conceitos de associao e
identidadeforam introduzidos ao pensamento arquitetnico.
A sua publicao final, o Charged Void, com dois volumes
distintos sobre arquitetura e sobre urbanismo, aborda novamenteos temas discutidos nestas duas publicaes dos anos 60 e 70, e
em artigos de peridicos, com assuntos e artigos reescritos e
reorganizados. H nesta publicao mais imagens de croquis
originais para o desenvolvimento dos projetos, e plantas, cortes e
perspectivas bastante organizadas de toda a obra de Alison e Peter
Smithson.
Peter Smithson lecionou na AA-school e na escola de
arquitetura de Bartlett. Foi professor na Universidade de Bath de
1978 a 1990. Nos anos 80 os Smithsons tambm lecionaram em
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Delf, Barcelona e Munique. Uma srie especial de publicaes foi
feita a partir das visitas de Peter Smithson a ILAUD de De Carlo.
Estas publicaes (Italianthoughts 1993, Italienische Gedanken
1996, Italienische Gedanken, weitergedacht 2001) giravam sobre a
idia de Conglomerate Ordering, uma reformulao de vriosconceitos como o Novo Brutalismo e Without Rhetoric. Alm disto,
Alison Smithson escreveu alguns romances, dos quais apenas A
Portrait of the Female Mind as a Young Girl (1966) foi publicado.
Outras publicaes fora dos temas de arquitetura foram AS in DS
(1983) e Imprint of India (1994); os Smithsons os chamavam de
VHQVLELOLW\SULPHUV6XDSXEOLFDomRILQDO7KH&KDUJHG9RLGWUDWD -
se de uma srie de trs publicaes do seu trabalho completo, dos
quais duas foram publicadas. Alison Smithson morreu em Londres
em 14 de agosto de 1993 e Peter Smithson morreu, tambm em
Londres, em 3 de maro de 2003.42
42 VAN DEN HEUVEL, Dirk e RISSELADA, Max. Team 10 1953-1981, In Search of
a Utopia of the Present. Rotterdam: Nai Publishers, 2005. Disponvel em:
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GOLDEN LANE uma proposta, um prottipo
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CAPTULO 3 GOLDEN LANE: UMA PROPOSTA UM PROTTIPO
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CAPTULO 3GOLDEN LANE: UMA PROPOSTA, UM PROTTIPO
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A proposta dos Smithsons para Golden Lane pode ter
duas abordagens: uma proposta, o trabalho que foi enviado para
o concurso de projetos da City of London em 1951; e um
prottipo, que pode ser considerado o modelo urbano existente
por trs deste projeto. Os Smithsons apresentaram j no
concurso alguns dos desenhos e fotomontagens que
representaram esta proposta, mas foi depois, durante os anos
de 1952 e 1952, que desenvolveram esta teoria na forma de
textos, corporificado no artigo Urban Re-identification,
apresentado no 9 CIAM em Aix-em-Provence e finalmente
publicado em Ordinariness and Light, em 1970.
Os Smithson, atravs da sua teoria, propunham umanova leitura do espao urbano, diferentemente do que vinha
sendo proposto pelos CIAM, onde o projeto urbano baseava-se
nas funes urbanas, na demanda por habitaes e na
densidade necessria s reas habitacionais. Alison e Peter
afirmam, em suas publicaes, que a relao entre a
comunidade e espao dependia da identidade estabelecida entre
os habitantes e o espao construdo. O papel da arquitetura,
para o casal de arquitetos, seria proporcionar esse vnculo. ParaAlison e Peter Smithson, a inter-relao entre as escalas, da
casa, da rua, do bairro e da cidade era primordial. A rua, e a
associao humana que ela proporciona, colocada como a
nova organizadora do espao urbano, transformando o usurio
em pea fundamental na estruturao do espao das cidades.
Critrios como a identidade, tida como a relao entre os
usurios de um determinado local e a arquitetura, os padres de
associao, a mobilidade e a noo de Cluster (agrupamento)
foram propostos pelos arquitetos em relao ao tema do habitat,
e importantes para a consolidao dos mesmos.
Fazer a arquitetura deve ser entendido como uma
dialtica entre idias e formas. Certas idias e metforas tm o
poder de sugerir edifcios. Igualmente, certos edifcios, pela
virtude de suas formas, podem implicar um uso e at sugerir umestilo de vida. Os Smithsons iniciaram uma srie de idias
metforas que tinham este poder, de sugerir tanto edifcios
como grandes complexos urbanos. 43
A sociedade proposta pelos Smithsons, organizada em
clusters, no era s uma nova teoria de espao urbano, era uma
proposta arquitetnica e uma proposta de um novo modo de vida
43 EISENMAN, P. Robin Hood Gardens E14. ARCHITECTURAL DESIGN.
London, Nmero 9, setembro de 1972.
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CAPTULO 3 GOLDEN LANE: UMA PROPOSTA UM PROTTIPO
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CAPTULO 3 GOLDEN LANE: UMA PROPOSTA, UM PROTTIPO
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neste espao. Os padres de associao eram espacializados
no prprio conjunto edificado e nas ruas areas que criavam
domnios coletivos mais fechados. A noo de cluster estava
sintetizada no projeto pela agregao humana que os Smithson
esperavam criar atravs de seu modelo urbano. Por trs da sua
teoria, sustentava-se a idia de que a arquitetura era a
materializao de novas possibilidades de arranjos sociais, com
um projeto que recriava a organizao da sociedade na cidade
consolidada atravs de um novo modelo.
Curtis afirma que a carta de Atenas havia dividido as
funes bsicas em apenas moradia, trabalho, lazer e
circulao, e que a nova sensibilidade em que Alison e PeterSmithson estavam envolvidos exigia algo menos simplista e
mecnico.44 Os Smithsons buscavam um novo padro que
expressasse uma imagem mais complexa da cidade e do
comportamento social. Em meados dos anos 50, palavras como
associao, bairro, e agrupamento comeavam a substituir a
terminologia anterior, mais abstrata, enquanto as analogias
44 CURTIS, William J.R. Arquitetura Moderna Desde 1900. Traduo:
Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2008.
orgnicas de crescimento e mudana passavam a substituir as
rgidas geometrias da cidade radiante. Deve-se enfatizar, no
entanto, que os esquemas herdados da arquitetura moderna
anterior no estavam sendo completamente rejeitados; muito
pelo contrrio, eles eram aceitos como valiosos e ento
modificados.
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CAPTULO 3 GOLDEN LANE: UMA PROPOSTA, UM PROTTIPO
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CAPTULO 3 GOLDEN LANE: UMA PROPOSTA, UM PROTTIPO
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3.1. O CONCURSO, O STIO E O PROGRAMAEm 1951, a City of London Corporation abriu um
concurso de projetos para um conjunto habitacional na rea
limite de Central London, buscando solues para reurbanizar
esta zona, conhecida como Bunhill Fields, ao norte da Catedral
de Saint Paul, que havia sido quase completamente arrasada
durante os bombardeios da segunda guerra. 45
O concurso para projetos foi anunciado, e naquele tempo
eram ainda raras as oportunidades para projetar um conjunto
habitacional desta magnitude, de maneira que a competio
despertou grande interesse entre os arquitetos britnicos, tendo
sido largamente veiculado na imprensa especializada e na
popular.46 O concurso para Golden Lane teve grande
notoriedade em parte pela nfase em projetar um grande
conjunto residencial para mais de mil habitantes, e em parte pela
ateno que tiveram outras propostas apresentadas,
45 Disponvel em
46 Disponvel em
Figura 25 rea do concurso, quarteiro formado pelas ruas Fann, Old
Street e Golden Lane.
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CAPTULO 3GOLDEN LANE: UMA PROPOSTA, UM PROTTIPO
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especialmente a dos Smithsons. A proposta de Alison e Peter
Smithson era uma das inmeras inscritas no concurso, e embora
eles no tenham se sado vencedores, publicaram
energicamente sua proposta na imprensa, e seu projeto para
Golden Lane foi inspirao para outros projetos posteriores na
Gr-Bretanha nos anos 60, como o Conjunto Park Hill, de Lynn e
Smith, e o Robin Hood Gardens, dos prprios Smithsons.47
Geoffry Powell, professor na Kingston School of
Architecture venceu o concurso, e juntamente com outros dois
colegas, Peter Chamberlin e Christof Bom, formou a parceria
para executar e desenvolver a proposta apresentada no evento.
O concurso para o Golden Lane teve grande notoriedade emparte pela nfase em projetar um grande projeto residencial para
mais de mil habitantes, em parte porque este evento marcou a
chegada das idias de planejamento de Le Corbusier
Inglaterra, e tambm pela ateno que tiveram outras propostas
do concurso, especialmente a apresentada por Alison e Peter
Smithson.48
47 Ver mais sobre estes projetos no captulo 4.
48 Disponvel em:
A rea de projeto do concurso possua 4,7 acres e a
densidade populacional permitida para a rea era de 200
pessoas por acre (200 p.p.a). A populao deveria ser calculada
com base em 1,1 pessoas por dormitrio e havia o requerimento
para que fossem propostas tantas habitaes quantas fossem
possveis.49
Figura 26 - Vista da Goswell Road
49 SMITHSON, Alison E Peter. Ordinariness and LightUrban Theories 1952-1960 and Their Application in a Building Project 1963-1970. The MIT Press:
Cambridge, Massachusetts, 1970.
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3.2. O EDIFCIO COMO RUA: a proposta dosSmithsons
Como j foi mencionado, h duas interpretaespossveis do projeto dos Smithsons para Golden Lane
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