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UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP
CURSO DE PEDAGOGIA
MARIANA SUSIN FRIGOTTO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSOPROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN
NO ENSINO REGULAR
CAÇADOR2011
2
MARIANA SUSIN FRIGOTTO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSOPROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN
NO ENSINO REGULAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para aobtenção do título de Licenciada em Pedagoga, do curso dePedagogia ministrado pela Universidade Alto Vale do Rio do Peixe –UNIARP, Caçador, sob orientação do professor Ms. Paulo RobertoGonçalves.
CAÇADOR2011
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MARIANA SUSIN FRIGOTTO
PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN
NO ENSINO REGULAR
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao processo de avaliação para aobtenção do Título de
Licenciada em PEDAGOGIA
E aprovada na sua versão final em _______, atendendo às normas da legislação
vigente da UNIARP e Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia.
_____________________________________________
Prof. Ms. Paulo Roberto Gonçalves
Orientador do TCC
_____________________________________________
Prof. Ms. Paulo Roberto Gonçalves
Coordenador do Curso de Pedagogia
4
DEDICATÓRIA
Dedico exclusivamente este trabalho
com muito amor e carinho aos meus
pais Orides e Salete que sempre me
apoiaram nos momentos difíceis, me
dando bases para ir em busca de
meus objetivos.
5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por estar sempre ao meu lado dando força nos
momentos difíceis.
Com muito carinho ao meu noivo Marcos, que sempre esteve do meu lado me
dando força para seguir esta jornada e alcançar os meus objetivos.
A minha irmã Ana Paula, que sempre me deu carinho.
A minha querida e amada nona Zelinda, que não está mais presente, mas que
foi uma pessoa muito importante na minha vida, e sempre será lembrada com muito
carinho.
A todos os colegas de curso, que de uma forma ou de outra colaboraram ao
longo desses anos.
Um agradecimento especial, aos mestres que ao longo dos anos se tornaram
verdadeiros amigos, em especial ao professor Paulo Roberto Gonçalves, que se
dispôs a orientar nessa jornada com muita dedicação.
E especialmente aos meus pais, Orides Frigotto e Salete Ap° Susin Frigotto,
que sempre me ajudaram e acreditaram em mim, oferecendo as bases para uma
boa educação e formação de um bom caráter
6
SONHE...
“Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para faze - lá doce.
Dificuldades para faze - lá forte.
Tristeza para faze - lá humana.
E esperança suficiente para faze - lá feliz.
As pessoas mais felizes
não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre
e para aqueles que reconhecem a importância
das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida, quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade [...]”
(Clarice Lispector)
7
RESUMO
Um dos principais assuntos na escola da rede pública regular de ensino atualmente
é a discussão da inclusão de alunos com Síndrome de Down. Alunos especiais têm
condições e possibilidades de aprender. A educação inclusiva deve ser estimulada
na construção do conhecimento, num processo independente das necessidades dos
alunos. Quais são as maiores dificuldades dos professores no processo de inclusão
de crianças com Síndrome de Down, quais as alternativas possíveis para melhorar o
acesso dentro das limitações de cada deficiente e quais as melhorias na capacitação
de professores sem a devida preparação para a inclusão? Diante desses desafios
realizou-se este trabalho, envolvendo o estudo da bibliografia existente e também a
aplicação de questionários junto a professores da rede municipal de ensino, com o
objetivo de conhecer a realidade das escolas e suas condições para receber e
trabalhar com crianças com Síndrome de Down. Este trabalho é a conclusão do
curso de Pedagogia.
PALAVRAS CHAVES: Inclusão, Síndrome de Down, Dificuldades, Educação,
Capacitação de Professores, Socialização.
8
ABSTRACT
One of the principal subjects in the school currently is the discussion of including of
pupils with Down Syndrome in the regular teaching. Special pupils have conditions
and possibilities to learn. The inclusive education must be encouraged in the
construction of knowledge. What are the major difficulties of teachers in the in
including process of children with Down Syndrome, what the possible alternatives to
improves in the teachers qualify without the right preparation to the inclusion? In the
presence of these challenges carried out this work of search involving the study of
bibliography existing and the application of questionnaires together with the teachers
of municipal system of teaching, with the objective to know the reality of schools and
the conditions to receive and to work with children with Down Syndrome. This work is
the conclusion of education course.
KEY-WORDS- Including, Down Syndrome, Difficulties, Education, Teachers Qualily,
Socialization.
9
SIGLAS
S.D- Síndrome de Down
A.E.E- Atendimento Educacional Especializado
SEMEC- Secretaria Municipal de Educação
LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação
P.N.E- Portadores de Necessidades Especiais
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................11
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................13
1.0 A Formação do Pedagogo................................................................................. 13
1.1 O Pedagogo e a Educação Inclusiva.................................................................15
1.1.1Histórico da Educação Inclusiva...................................................................... 15
1.1.2 Política Nacional de Ed. Especial na perspectiva de Ed. Inclusiva................ 20
1.1.2.1Diagnóstico da Educação Especial...............................................................22
1.1.2.2 Objetivo da Política Nacional de Ed. Especial na Perspectiva da Ed.
Inclusiva................................................................................................................. 22
1.1.2.3 Alunos Atendidos pela Educação Especial..................................................22
1.1.2.4 Diretrizes da Política Nacional de Ed. Especial na perspectiva na Ed.
Inclusiva................................................................................................................. 23
1.1.3 A Inclusão do Síndrome de Down...................................................................24
1.1.3.1 A Ed. Inclusiva na Rede Municipal de Ensino..............................................25
1.2 Contribuição do Estudo da Síndrome de Down na Formação do Pedagogo... 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................30
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 34
11
INTRODUÇÃO
Neste Trabalho de Conclusão de Curso, além de revermos os quatro anos em
que nos debruçamos sobre o trabalho e os desafios do pedagogo, através das
inúmeras disciplinas estudadas, dos estágios realizados, temos o objetivo de fazer
uma abordagem mais detalhada sobre a inclusão do Síndrome de Down na rede
regular de ensino.
Este estudo é de grande importância nos dias atuais, partindo do problema:
será que as escolas e professores estão preparados para receber esses alunos no
ensino da rede regular.
A importância do processo de inclusão no ensino regular, se considerados os
direitos humanos, a educação para todos e a necessidade de viver em sociedade,
associados às características reais das oportunidades de aprendizagem. Sassaki
(1997) acredita que todo o educando tem condições de desenvolver habilidades
básicas, mas precisa ser motivado a direcionar seu aprendizado do modo a
aumentar sua autoconfiança e a participação mais plena na sociedade. A inclusão
envolve todos os segmentos de uma sociedade, abrangendo a valorização da
diversidade social
Historicamente as pessoas que possuíam algum aspecto diferente em suas
habilidades intelectuais ou físicas eram excluídas das relações sociais e dos
benefícios proporcionados por ela, a luta pela igualdade, o respeito para com as
características individuais de cada ser humano, o comprometimento com a
dignidade são preocupações constantes no meio social sobre a abordagem das
novas ideologias.
É revestido dessa autonomia que todo professor, deve ter em mente a
necessidade de dominar os conteúdos programáticos; conhecer seus alunos, sua
escola e saber lidar com as diferenças; desenvolver uma proposta pedagógica
adequada e que tenha significado para seu próprio grupo.
O profissional da prática docente, além de um conjunto de conhecimentos
técnicos provindos de sua formação acadêmica, lida com um conjunto de valores,
hábitos, com uma tradição, com um determinado contexto, enfim, atualizam
significados continuamente.
Possui uma história de vida, que o fez escolher a prática docente em
detrimento de outras carreiras profissionais; possui um jeito de dar aulas; relaciona-
12
se com professores de outros componentes curriculares; trabalha com uma
expectativa que sobre ele é colocada pela direção da escola e pela coordenação
pedagógica cotidianamente para os alunos com suas motivações e interesses.
O projeto pedagógico ou proposta pedagógica de cada escola deve ser
construído coletivamente, num processo que busque o comprometimento dos
profissionais da educação com os valores e objetivos traçados, de forma que os
articule com a realidade local da comunidade escolar.
É de grande importância esse estudo para nossa formação enquanto
Pedagogas, pois apontará alternativas para que possamos desenvolver um bom
trabalho na educação inclusiva.
Este trabalho apresenta nossas análises, angústias, conclusões e sugestões
para a Formação do Pedagogo, principalmente para atuar na educação dos alunos
com Síndrome de Down.
13
1.0 A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO
Ao iniciarmos o curso de Pedagogia, tínhamos muitas expectativas quanto ao
que poderíamos conhecer da educação, o desejo de saber e a decisão de aprender
se apresentam por longo tempo como fatores distantes da ação pedagógica.
Para Scheibe (1999, Pág. 223)
O curso de Pedagogia foi criado no Brasil como consequência dapreocupação com o preparo de docentes para a escola secundária. Surgiujunto as licenciaturas, instituídas ao ser organizada a Faculdade Nacional deFilosofia, da Universidade do Brasil. Essa faculdade visava a formação debacharéis e licenciados para a varias áreas entre elas a área pedagógica.
O papel do professor pedagogo é o de ser o responsável diretamente pelo
trabalho de alfabetização das crianças.
Nos últimos vinte e cinco anos, acentou-se significativamente o debate sobrea formação de professores da educação infantil e das series iniciais,especialmente em nível superior. Tal debate vem movendo-se na discussãoda formação do professor que alcançou proporções a partir da promulgaçãoda Lei de Diretrizes e Base 9394/96. (PAIVA, 2003, Pág. 01)
A formação do pedagogo também esta consubstanciada na Lei de Diretrizes e
Base da Educação 9394/96 - Art.62 - A formação de docentes para atuar na
educação básica far-se- á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação
plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro
primeiras séries de ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade
normal.
Na proposta curricular do Estado de Santa Catarina este papel está
evidenciado, como o profissional que deve garantir a formação básica para que o
sujeito tenha condições de dar continuidade a seus estudos e mesmo a formação
para cidadania.
As práticas pedagógicas e a visão crítica que levará o educador a pensar a
sua atuação diante dessas visões distorcidas de real necessidade de formação do
cidadão, devem permear todo o percurso de formação deste profissional, assim
como direcionar o currículo dos cursos de Pedagogia.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB - assegura aos cidadãos a
gratuidade do ensino, este como dever do estado, a educação na construção da
cidadania e a gestão democrática nas instituições públicas.
14
As novas diretrizes para o curso, ainda que modifique alguns aspectos da
formação do Pedagogo, não deixa de enfatizar a importância da gestão democrática
e da autonomia no currículo das instituições que oferecem o curso, pois é através
desta formação que o pedagogo, quando atuar nas escolas e ou em outros espaços,
deverá propor esta gestão antiautoritária e democrático.
Na oportunidade dos estudos sobre as diversas metodologias de ensino
pudemos perceber que o papel do professor é considerado fundamental, pois será
ele que vai iniciar os primeiros contatos da criança com o conhecimento científico
elaborado, a partir dos estudos filosóficos de Platão, Sócrates e outros podemos
afirmar que o sujeito é o que ele pensa.
A filosofia nos mostra que somos fruto do meio em que estamos inseridos,
juntamente com a sociologia onde pudemos ver a evolução da sociedade
compreender a educação como uma prática social em relação com diferentes
dinâmicas presentes, desde a sociedade primitiva até a sociedade dos nosso dias,
sociedade capitalista.
Na Pedagogia Hospitalar percebemos que as crianças e os adolescentes
hospitalizados devem ter continuidade nos estudos da escola durante o período de
internação, sendo assim nos mostrou como é importante o papel do pedagogo nas
instituições hospitalares, pois ele é o coordenador da ação pedagógica que visa
sempre melhores estratégias para obterem boa aprendizagem.
A Metodologia da Pesquisa foi de grande importância, pois assim tivemos
maior compreensão da realidade, pois é preciso abordar assuntos que precisam ser
explorados, não é trabalhar com o que já sabe e sim ir em busca de estratégias e
novos conhecimentos, mostrando aos alunos a irem em busca de coisas novas e
não pegarem coisas prontas.
Nos Estágios tivemos a oportunidade de saber na prática o que é ser
pedagogo afinal professor e escola tem um papel muito importante na vida do aluno,
pois ali é preciso estabelecer uma relação de confiança com as famílias, deixando
bem claro o objetivo a ser trabalhado, tornando assim uma parceria de cuidados em
relação ao aprendizado e visando o bem estar da criança.
Na didática o desejo de saber e a decisão de aprender se apresentam por
longo tempo como fatores distantes da ação pedagógica. A partir dos estudos de
Jose Carlos Libâneo (2003) podemos perceber como acontece a aprendizagem das
crianças.
15
Pensar e atuar no campo da educação, como atividade social prática dehumanização das pessoas, implica a responsabilidade social e ética dedizer não apenas porque fazer, mas o quê e como fazer. Isso envolvenecessariamente uma tomada de posição pela pedagogia, na qualidade dedispositivo teórico e prático de viabilização das práticas educativas.(LIBÂNEO. 2003 Pág.16)
Com base na afirmação de Libâneo sobre o papel da educação pensamos
que a formação integral do pedagogo é necessária para a construção de práticas
educativas que contribuam para a melhoria da educação. No entanto
compreendemos o que seria necessário para que se alcance esse ideal de
educação, e essa formação sólida de que o pedagogo necessita e como se daria na
prática a aplicação destes estudos na construção de uma gestão e de uma
educação mais democrática.
Ainda para Libâneo (2003, Pág. 337) afirma que a “escola é um espaço
educativo, lugar de aprendizagem em que todos aprendem a participar dos
processos decisórios, mas constitui também o local em que os profissionais
desenvolvem seu profissionalismo.”
.
1.1 O PEDAGOGO E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A flexibilidade que está cada vez mais sendo exigida para o Pedagogo e é
percebida quando analisamos o perfil deste profissional, contido nas novas
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia.
1.1.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, França, todos os homens são
considerados iguais independente de sexo, raça, cor e religião. Os princípios
norteadores de referida Declaração são: o respeito á dignidade humana, a igualdade
de direito, a liberdade de pensamento e de escolha de todos os homens.
Segundo (Mônica Pereira dos Santos, apud, Odete Ap. da Rosa e Michelle de
Souza Santos (2002) Educação Inclusiva e a Declaração de Salamanca:
consequências ao sistema educacional brasileiro- Revista integração – pág. 35), até
1990 a educação de P.N.E, na maioria dos países tem seguido um padrão
semelhante em sua evolução. Primeiramente caracterizado pela segregação e
16
exclusão, os P.N.E. São simplesmente ignorados, evitados, abandonados ou
encarcerados e muitas vezes eliminados, como podemos observar através da
história.
No momento seguinte, há uma modificação na maneira de encarar o P.N.E,
que agora passa a ser percebido como possuidor de certas capacidades, ainda que
limitadas como, por exemplo, a de aprendizagem. Mesmo assim ainda predomina a
exclusão, que não é de maneira óbvia, mas sim através da proteção, utilizando-se
asilos e abrigos dos quais essas pessoas raramente saem, e nos quais são
submetidas e tratamentos, no mínimo, alienantes.
Ocorre, após isso, outro momento marcado pelo reconhecimento do valor
humano desses indivíduos, e como tal, o reconhecimento de seus direitos. De
qualquer forma é a partir dos anos 60 que a luta pelos Direitos Humanos se
fortalece, pelo próprio crescimento dos movimentos das minorias - étnicas, sexuais,
religiosas, etc. A tais fatores, podem ser associados: o avanço científico, cuja
produção de conhecimentos, desmistificou certos preconceitos fundados na
ignorância sobre as diferenças da espécie humana; um crescente pensar
sociológico, questionando consistentemente o sentido de práticas discriminatórias e
clamado por um mundo democrático; e o avanço tecnológico, principalmente no
terreno das comunicações, que vem aproximando ainda mais os povos e
disseminando mais rapidamente as informações, ao mesmo tempo em que provoca
a necessidade de uma força de trabalho cada vez mais instruída e, se possível,
especializada, capaz de atender à competitividade que o progresso tecnológico e os
rumos econômicos têm imposto.
Surge desse modo a necessidade de indivíduos cidadãos, sabedores e
conscientes de seus valores e de seus direitos e deveres. Cresce a importância da
educação, e mais ainda, a importância da inclusão de todos num programa
educacional que pelo menos lhes tire da condição da ignorância. Em consequência
cria-se a necessidade de se planejar programas educacionais flexíveis que possam
abranger o mais variado tipo de alunado e que possam oferecer o mesmo conteúdo
curricular sem perda da qualidade do ensino e da aprendizagem.
Embora nas últimas décadas tenhamos evoluído do enfoque caritativo-
assistencialista para o da proteção dos direitos da cidadania, ainda se constatam
inúmeras práticas de exclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais,
17
seja do convívio social integrado, seja do acesso e usufruto dos bens de serviço,
historicamente acumulados e disponíveis na sociedade.
A Declaração Mundial sobre Educação para todos, foi aprovada na
Conferência Mundial sobre Educação para todos: Satisfação das Necessidades
Básicas de Aprendizagem ocorrida em Jomtiem, Tailândia em Março de 1990.
Basicamente esta Declaração constatou a persistência de inúmeras dificuldades
relacionadas á garantia do direito á Educação.
Entre os pontos principais de discussão nessa conferência, destacou-se a
necessidade de se criar maiores oportunidades de uma educação duradoura, que
por sua vez implica em três objetivos diretamente ligados entre si, e que tratam
consequências à Educação Especial: o estabelecimento de metas claras que
aumentem o número de crianças na escola e o início das reformas educacionais
significativas que assegurem que a escola inclua em seus currículos, serviços que
efetivamente correspondam as necessidades de seus alunos, das famílias a das
comunidades locais e das nações para formarem cidadãos responsáveis e
instruídos.
No que tange aos P.N.E, pode-se dizer que estão considerados, tanto como
cidadãos comuns, como também como cidadãos peculiares; sob o primeiro aspecto,
ao se propor que a todos seja universalidade o acesso a educação com qualidade
(art. 3º) e, sob o segundo aspecto ao se explicitar que é preciso garantir - lhes
igualdade de acesso a educação, como parte integrante do sistema educativo
independente do tipo de deficiência que possuam (art. 5º).
No art. 6º referente ao ambiente adequado á aprendizagem, fica clara a ideia
da provisão abrangente e coordenada de serviços e assistência em nutrição,
cuidados médicos e apoio físico e emocional. Por sua vez evidencia-se a
necessidade de se estabelecerem alianças e articulações com todos os sub-setores
ligados á educação.
Na esteira desta Conferência aconteceu na cidade de Salamanca na Espanha
entre 10 e 07 de junho de 1994 a Conferência Mundial sobre Necessidades
Educativas Especiais que reuniu delegados de noventa e dois países e vinte e cinco
organizações internacionais (UNESCO, 1994). Entre outras coisas o aspecto
inovador da Declaração de Salamanca consiste no encaminhamento de diretrizes
básicas para a formulação e a reforma de políticas e sistemas educacionais.
18
Assim, conforme seu próprio texto afirma (UNESCO, 1994: 15), A Conferência
de Salamanca:
Proporcionou uma oportunidade única de colocação da educaçãoespecial dentro da estrutura de educação para todos firmada em 1990 (...)ela promoveu uma plataforma que afirma o propicio e a discussão da práticada garantia de inclusão das crianças com necessidades especiais nessasiniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade deaprendizagem.
Está conferência teve o objetivo de promover a educação para todos,
analisando as mudanças fundamentais de políticas necessárias para favorecer o
enfoque da educação integradora, sobretudo as que têm necessidades educativas
especiais, independente das condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
linguísticas e outras que apresentem. Além disso, aprovou a Declaração de
Salamanca, cujos princípios norteadores são: a promoção da aprendizagem, o
reconhecimento da importância de “escolas para todos” e a formação dos
professores.
Todo o conteúdo do Art. 3º vista os governos a certas ações como: dar
prioridade política e orçamentária á melhoria dos sistemas educativos de forma que
estes abranjam cada vez mais todas as crianças, adotar o princípio de educação
integrada como força de lei ou como política, desenvolver projetos demonstrativos e
incentivar o intercâmbio de experiências integradoras, criar mecanismos de
descentralização e participação em planejamentos. Supervisão e avaliação do
ensino de alunos com necessidades educacionais especiais, incluindo a participação
de pais e entidades de pessoas portadora de deficiência, dedicar esforços a
identificação e estratégia de intervenção, cuidar para que a formação de professores
volta-se para atender as necessidades educacionais especiais.
Precisamos entender que democratizar a educação significa propiciar a todos
o acesso e a permanência na escola. Dessa forma, nosso sistema educacional
precisa saber não só lidar com as desigualdades sociais, como também com as
diferenças.
O princípio 5º da Declaração dos Direitos da Criança garante à pessoa
portadora de deficiência o recebimento da educação, tratamento e cuidados
especiais.
No mesmo sentido a Constituição Brasileira de 1988 garante aos portadores
de deficiência “atendimento educacional especializado”, preferencialmente na rede
19
regular de ensino’’ (art. 208. III). Este direito também é reiterado no art. 54. III do
Estatuto da Criança e do Adolescente (lei nº. 8.069 de 13 de julho de 1990). Da
mesma forma o Plano Decenal de Educação para Todos (MEC- 1993/2003), em seu
capítulo II. Prevê a integração á escola de necessidade urgente da aplicação desses
textos legais, porque todos permitem uma base para construção de uma sociedade
mais justa, solidária, sem discriminação, pois ainda hoje no Brasil apenas 3% da
população de crianças e adolescentes portadoras de necessidades educativas
especiais tem acesso e permanência na escola.
Pela primeira vez surge em uma LDB - Leis de Diretrizes e Base da
Educação, um capítulo destinado á Educação Especial, cujos detalhamentos são
fundamentais, garantindo a matrícula para P.N.E. Preferencialmente na rede regular
de ensino, criando a oferta de Educação Especial durante a educação infantil e a
especialização de professores.
Os Estados assumem o compromisso em efetivar uma Política de Educação
Inclusiva. Partindo daí a Secretaria de Estado de Santa Catarina em conjunto com a
Fundação Catarinense de Educação Especial, constituíram o Fórum de Política
Estadual de Educação Inclusiva, o qual estabeleceu como objetivos: construir
coletivamente as diretrizes norteadoras para a Política Estadual de Educação
Inclusiva no Estado de Santa Catarina; incentivar a formação de fóruns regionais
voltados aos princípios da educação inclusiva; dar encaminhamento ás propostas de
ações de Fórum Estadual junto ás diversas Secretarias de Estado; avaliar
sistematicamente o processo de implantação e implementação da Política Estadual
de Educação Inclusiva.
Discutir a inclusão nos remete, necessariamente. Á possibilidade departicipação efetiva de todos, para que a cidadania possa ser assumida emsua plenitude. Nesta abordagem os sujeitos á sociedade sãocompreendidos a partir de sua diversidade, seja ela cultural, étnica, degênero, entre outras. ’’ (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA.POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA. 2001:05).
Frente a este novo paradigma educativo, a escola deve ser definida como
uma instituição social que tem a obrigação de atender todas as crianças sem
exceção. A escola deve ser aberta, pluralista, democrática e de qualidade, abrindo
suas portas aos P.N.E.
20
O grande desafio é, portanto, identificar o modo mais seguro de lutar pela
cidadania para evitar que, apesar dos direitos constarem solenemente dos
discursos, não continue a ser lamentavelmente violados na prática.
Na era da globalização em que a competição tem mercado as relações
interinstitucionais e as humanas, mais do que nunca a de se cuidar para que os
direitos reconhecidos e proclamados sejam de fato consumados.
1.1.2 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA
PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA
O movimento mundial pela inclusão é uma ação política, cultural, social e
pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação
inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de
direitos humanos, que conjuga igualmente e diferencia valores indissociáveis, e que
avança em relação á ideia de equidade formal ao contextualizar circunstâncias
históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola.
Nesta perspectiva o Ministério da Educação/Secretária de Educação Especial
apresenta a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, que acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando
constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos
os alunos.
Em 1973, é criado no MEC, o Centro Nacional de Educação Especial –
CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil. A Constituição
Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais, “promover o bem
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação” (art. 3º inciso IV).
Define, no artigo 205, da nossa Constituição, a educação como um direito de
todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a
qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a igualdade de
condições de acesso e permanência na escola, como um dos princípios para o
ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).
21
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90, artigo 55, reforça
os dispositivos legais supracitados ao determinar que os país ou responsáveis têm a
obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Também,
nessa década, documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos
(1990) e a Declaração de Salamanca (1994), passam a influenciar a formulação das
políticas públicas de educação inclusiva.
Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o
processo de integração instrucional que condiciona o acesso ás classes comum de
ensino regular aqueles que (...) possuem condições de acompanhar e desenvolver
as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os
alunos ditos normais.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96, no
artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos
currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender ás suas
necessidades.
Em 1999, o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei 7.853/89, ao dispor sobre
a Política Nacional para a Integração da Pessoa de Deficiência, define a educação
especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de
ensino, enfatizando a atuação complementar da educação ao ensino regular.
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo ásorganizar-se para o atendimento aos educandos com necessidadeseducacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma aeducação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).
A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto
3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos
humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como
discriminação com base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa
impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades
fundamentais.
Na perspectiva da educação inclusiva, a resolução CNE/CP nº 1/2002, que
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de professores da
Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever em
sua organização curricular formação docente voltada para a atenção á diversidade e
22
que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com
necessidades educacionais especiais.
1.1.2.1 DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
O censo Escolar/ MEC/INEP, realizado anualmente em todas as escolas de
educação básica, na educação especial, indicadores de acesso á educação básica,
matrícula na rede pública, inclusão nas classes comuns, oferta do atendimento
educacional especializado acessibilidade nos prédios escolares e o número de
municípios e de escolas com matrícula de alunos com necessidades educacionais
especiais.
1.1.2.2 OBJETIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência,
transtornos globais de conhecimentos e altas/habilidades/superdotação, orientando
os sistemas de ensino para garantir, acesso ao ensino regular, com participação,
aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino, transversalidade
da modalidade de educação especial desde a educação infantil até educação
superior.
1.1.2.3 ALUNOS ATENDIDOS PELA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Em 1994, com a Declaração de Salamanca se estabelece como princípio que
as escolas do ensino regular devem educar todos os alunos, enfrentado a situação
de exclusão escolar das crianças com deficiência, das que vivem nas ruas ou que
trabalham das superdotadas, em desvantagem social e das que apresentam
diferenças linguísticas, étnicas ou culturais. No entanto, mesmo com essa
perspectiva conceitual transformadora, as políticas educacionais implementadas não
alcançaram o objetivo de levar a escola comum a assumir o desafio de atender as
necessidades educacionais de todos os alunos.
23
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a constituir
a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com
deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
Consideram-se alunos com deficiência aqueles que têm impedimentos de
longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação
com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na
escola e na sociedade.
Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que
apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na
comunicação, um repertório de interesses e atividades restritos e repetitivos.
Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e
psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial
elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas, intelectual,
academia, liderança, psicomotricidade e artes.
1.1.2.4 DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado,
disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos
e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular.
O atendimento educacional especializado identifica, elabora, e organiza
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminam as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando as suas necessidades especificas.
O atendimento educacional especificado disponibiliza programas de
enriquecimento curricular, o ensino de linguagem e códigos específicos de
comunicação e sinalização ajudas técnicas e tecnologia assistida, dentre outros.
A inclusão escolar tem inicio na educação infantil, onde se desenvolvem as
bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento
global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso as formas diferenciadas de comunicação, a
riqueza dos estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e
24
sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o
respeito e a valorização da criança.
Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento
educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos,
constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser realizado no turno
inverso ao da classe comum, na própria escola ou no centro especializado que
realize esse serviço educacional.
1.1.3 A INCLUSÃO DO SÍNDROME DE DOWN
Ao longo da história da educação no Brasil, sempre foi centro de atenção e
preocupação das necessidades da classe dominante da sociedade e durante o
império, período caracterizado por uma sociedade rural e descolarizada, foi possível
manter o deficiente no anonimato, escondendo-os da sociedade que se sentia
incomodada de sua presença. Neste contexto a própria escola se encarregava de
selecionar os normais, usando como critérios modelos de normalidade criados por
ela, não com bases em razão patológicas, genéticas e neurológicas, mas
fundamentadas no comportamento diferente em relação aquele esperado pelos ditos
normais. A deficiência estava situada historicamente e trazia a marca das
expectativas sociais, do modelo de homem, baseado principalmente em atributos
valorizados pelas relações sociais, surgidas em determinado modo de produção.
O processo educativo do Portador de Síndrome de Down deve serdiferenciado, segundo a proposta apresentada por Werneck as decisõespara a organização da sala, para as atividades a serem desenvolvidas nassalas são tomadas pelos alunos em conjunto, sob a orientação doprofessor. (WERNECK 1995, Pág. 161).
É um distúrbio genético causado durante a formação do feto, é uma das
anomalias genéticas mais conhecidas. Segundo os professores e doutores Elaine S.
de Oliveira Rodini e Aguinaldo Robson de Souza, da Universidade Estadual Paulista
(campos Bauru), a Síndrome de Down é responsável por 15% dos portadores de
retardo mental que frequentam instituições para crianças especiais.
As crianças com SD são mais propensas a desenvolver algumas patologias,
entre elas: má formação cardíaca, hipotireoidismo, problemas respiratórios,
problemas de visão, problemas de audição, problemas dermatológicos, problemas
25
odontológicos e deficiência no hormônio de crescimento (baixa estatura)
SCHWARTZMAN 1999.
Crianças com SD apresentam uma considerável dificuldade intelectual, mas
assim como qualquer outra criança, não é possível prever seu futuro potencial
cognitivo. Sabe-se que existe uma vasta exploração das habilidades cognitivas
destas crianças, tanto daquelas que apresentam dificuldades intelectuais muito
significativas como também das que apresentam dificuldades moderadas.
A Síndrome de Down também é chamada de Trissomia, do Cromossomo 21,
por causa do excesso de material genético do cromossomo 21, que ao invés de
apresentar dois cromossomos 21 o portador da SD possui três. Atualmente a
probabilidade de uma mulher de 20 anos ter um filho com essa Síndrome é de 1
para 1600, enquanto uma mulher de 35 anos é de 1 para 370. Estudos demonstram
que a Trissomia perturba o aprendizado e torna certas habilidades aprendidas mais
instáveis (SCHWARTZMAN 1999),
A probabilidade de pais que têm uma criança com Síndrome de Down terem
outros filhos portadores dessa Síndrome é de aproximadamente 1 para 100. De uma
forma geral a SD é um acidente genético, sobre o qual ninguém tem controle.
Qualquer mulher pode ter filho com Síndrome de Down, não importa a raça, credo
religioso, nacionalidade ou classe social. Por muito tempo a SD ficou conhecida
como mongolismo, pois esse termo era empregado devido aos portadores da
Síndrome ter pregas no canto dos olhos que lembram as pessoas de raça mongólica
(amarela), porém nos dias atuais esse termo não é mais utilizado, é tido como
pejorativo e preconceituoso.
1.1.3.1 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
O município de Caçador aderiu ao Programa Educação Inclusiva: Direito á
Diversidade desde 2003, o município tem como função principal, ministrar cursos
de formação de gestores e educadores, aos representantes de cada município
participante que se tornam multiplicadores desta política em seus respectivos
municípios para mais pessoas que trabalham na educação possam estar
oferecendo seu trabalho também ás pessoas que precisam de atendimento
especializado e individualizado, só que no ensino regular.
26
Possui uma sala de recursos multifuncional localizada em uma escola da
rede, que é o espaço da escola onde se realiza o atendimento educacional
especializado (AEE), para alunos com necessidades especiais. Esse serviço se
realiza em espaço dotado de equipamentos e recursos pedagógicos adequados as
necessidades de cada aluno, podendo-se estender a alunos de escola mais
próximas.
A secretária promove cursos de inclusão para professores e outras ações já
estão sendo feitas, por isso, ao participar desse processo acredita que “não demore
muito tempo para a inclusão das pessoas com deficiência possam ser totais, em
todos os segmentos da nossa sociedade, e que aconteça com respeito, igualdade
de direitos e condições”.
1.2 CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO DA SÍNDROME DE DOWN NA
FORMAÇÃO DO PEDAGOGO
O Processo de Inclusão Escolar de Alunos com Síndrome de Down no Ensino
Regular tem a intenção de incluir os alunos com deficiência em escolas regulares,
assim os profissionais da educação estando envolvidos com o processo de inclusão
levam propostas que tem por objetivo trabalhar o processo inclusivo em todos os
aspectos, como, também, proporcionar uma nova perspectiva de consciência e
cidadania.
A inclusão não é algo de fácil construção, que não apresente dificuldades em
sua prática, mas quando trabalhada com amor e dedicação é o melhor caminho para
a sociedade mais justa.
Acreditamos, no entanto que teremos respondido boa parte das inquietações,
quando nos referimos a inclusão do Portador de Síndrome de Down na Escola
Regular. Isso para que todas as crianças tenham um incentivo de qualidade nos
serviços de atendimentos essenciais não só com aluno de Síndrome de Down, mas
todos Portadores de Necessidades Especiais.
Quando pararmos de julgar as pessoas pela sua aparência física, quando a
sociedade estiver devidamente comprometida com a situação, e não com os
modelos de preconceitos, só assim na escola da vida tenhamos objetivos e soluções
pertinentes.
27
A escola é um local de renovação, de mudanças e quebra de paradigmas. A
inclusão será somente um nome, se a escola e o professor não estiverem
comprometidos com a mudança de atitudes as quais farão a diferença na vida de
alunos com a aprendizagem fragmentada.
Se por um lado a educação inclusiva exige que o professor do ensinoregular adquira formação para fazer frente a uma população que possuicaracterísticas peculiares, por outro, exige que o professor de educaçãoespecial amplie suas perspectivas, tradicionalmente centradas nessascaracterísticas. (BUENO, 1999 Pág. 162)
A sala de recursos multifuncionais, apesar de pouco tempo de funcionamento,
já se constitui em um espaço de interação de experiências de aprendizagens
significativas. Pelos relatos dos professores que atuam é estimulante ver o interesse
dos alunos pelas atividades, principalmente as que envolvem os recursos
tecnológicos e poder identificar os avanços alcançados.
Diante da aceleração das mudanças, das novas descobertas das ciências e
das tecnologias modernas, é preciso que estejamos sempre abertos á pesquisa, á
busca incessante de novas respostas que nos ajudam a repensar o velho e a
enfrentar o novo.
Dos fatos pesquisados pode-se constatar que a educação para alunos
especiais vai além dos livros, é preciso pensar longe, conhecer de fato a realidade
na qual estamos inseridas e acreditar nas possibilidades de mudança.
O preconceito e o senso de justiça com relação à Síndrome de Down no
passado, fez com que essas crianças não tivessem nenhuma chance de se
desenvolverem cognitivamente, pais e professores não acreditavam na possibilidade
da alfabetização, eram rotuladas como pessoas doentes e, portanto, excluídas do
convívio social.
Hoje já se sabe que o aluno com Síndrome de Down apresenta dificuldades
em decompor tarefas, juntar habilidades e ideias, reter e transferir o que sabem se
adaptar a situações novas, e, portanto todo aprendizado deve sempre ser
estimulado a partir do concreto necessitando de instruções visuais para consolidar o
conhecimento.
O ensino deve ser divertido e fazer parte da vida cotidiana, despertando
assim o interesse pelo aprender. No processo de aprendizagem a criança com
Síndrome de Down deve ser reconhecida como ela é, e não como gostaríamos que
fosse
28
As diferenças devem ser vistas como ponto de partida e não de chegada na
educação, para desenvolver estratégias e processos cognitivos adequados, segundo
médicos especialistas, a crianças que possui Síndrome de Down, necessita de
acompanhamento de equipe médica desde bebê, isso porque a criança precisa de
estímulos sensoriais para desenvolver o equilíbrio corporal de postura, a
coordenação motora, ande, engatinhe, sente.
Necessita-se também, estimular o raciocínio lógico, a compreensão e a fala,
para uma socialização com as demais crianças e com pessoas de sua convivência.
As pessoas responsáveis pelo processo de inclusão no município defendem e
acreditam no mesmo. Embora, sabem que ainda estão caminhando em passos
lentos. Por falta de conhecimentos dos professores, e escolas sem estruturas para
receber esses alunos, não sabem certo se estão incluindo ou excluindo esses
alunos, mas sabem que devem mudar primeiramente seus conceitos sobre
educação/inclusão para depois passá-los para a sociedade.
Entendemos a pesquisa como uma trilha na qual caminhamos em busca de
algo encoberto ou ainda não visto, com o olhar perspicaz e observador de quem
espera se descobrir.
Pois todas as pessoas têm direito a uma educação de qualidade onde suas
necessidades individuais possam ser atendidas e aonde elas possam desenvolver-
se em um ambiente enriquecedor, estimulante cognitivo, emocional e social.
A inclusão escolar vai muito além das leis, dos Projetos Políticos
Pedagógicos, vai além do olhar de cada sujeito, de seus sonhos e necessidades, vai
além dos espaços estipulados como regular e especial.
Inclusão escolar vai do que é direito, do que é importante para cada ser
humano, em cada época específica de sua vida, respeitando seus momentos, suas
capacidades e necessidades sem exceção. Em nosso parecer, concluímos que o
professor, enquanto mediador tende a fazer-se entender o sentido de que está
ensinando, para que o aprendizado aconteça automaticamente.
Todas as pessoas devem estar envolvidas no processo educativo, numa ação
integrada, direção, professores, especialistas, alunos e comunidade, para que o
compromisso esteja empenhado no sucesso escolar e ensino de boa qualidade
para todos. Diante disso entende-se que o processo educacional não se faz
somente por uma instituição de ensino, ela representa todos os níveis da
29
aprendizagem e continuidade à educação, no que diz respeito ao preparo dos
indivíduos para exercer melhor suas funções profissionais.
Muito importante seria haver outros estudos, nesse sentido que contribuíssem
mais profundamente no campo de habilidades sociais, onde os avanços teóricos
são importantes para a fundamentação de práticas educativas, a fim de melhorar o
desenvolvimento a qualidade de vida dos envolvidos.
A experiência única de aprender a conviver com diferente é aceitá-lo como ele
é, contribuindo para que elas próprias tenham maior facilidade no processo de sua
própria aceitação, pois já que ninguém é perfeito, essa oportunidade de
comparação leva-as a maior conhecimento de si mesmas.
30
CONCLUSÃO
Ando devagar porque já tive pressa,Levo esse sorriso porque já chorei demais,Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,Só levo a certeza de que muito pouco eu sei,Eu nada sei”. (ALMIR SATER E RENATO TEIXEIRA)
Escolhemos este trecho desta música por acreditarmos que ele possa retratar
exatamente nossos sentimentos, ações e pensamentos desde o início e o término
desta jornada.
Como se pode perceber, muito se construiu sobre o curso de Pedagogia e,
também para a educação brasileira. O que é evidente é que o curso de Pedagogia
se responsabiliza pela formação de um profissional que seja capaz de refletir e agir
da melhor forma de realização de um processo educativo de qualidade.
Durante o curso de pedagogia tivemos a oportunidade de assearmos ao
conhecimento da sociologia e da filosofia ajudando-nos a entender a concepção de
homem e suas relações sociais, oportunizou-nos o conhecimento das metodologias
que são a base da formação do docente da educação infantil e dos anos iniciais.
Tivemos a oportunidade de discutimos as diversas fases do desenvolvimento da
criança através das diversas psicologias estudadas.
Uma oportunidade que nos ajudou muito na nossa formação foi a realização
dos estágios durante o curso principalmente o relacionado a pesquisa sobre o
processo de inclusão escolar de alunos com Síndrome de Down no ensino regular
onde pudemos aprofundar nosso conhecimento a respeito do papel do pedagogo e a
sua atuação junto a pessoas ao Síndrome de Down.
Deve também o professor, rever sua postura, se as mesmas não favorecem a
aprendizagem. Ele deve trabalhar de forma interativa, favorecendo ao aluno, a
oportunidade de se expressar, de expor suas ideias e sentimentos, e dessa forma,
também sentir segurança e responsabilidade no processo de construção de
conhecimento.
Constatamos que a Síndrome de Down é um assunto ainda desconhecido
pelos professores, pelas famílias, pelas escolas pesquisadas. A inclusão desses
alunos requer intervenções pontuais, mudanças de comportamentos, mudanças na
31
representação social, enfim, uma série de mudanças nas escolas para que de fato
eles também possam aprender.
O medo do desconhecido, que acompanha qualquer um de nós, e de
necessidade de reformular métodos de ensino para aluno diferente. Reconhecemos
que a inclusão de crianças com Síndrome de Down na escola regular atual é um
grande desafio para os professores, pois não trata apenas de permitir que sejam
matriculados, mas o grande desafio é como ensiná-los para isso, não podemos
desconsiderar a necessidade de estratégias pontuais para o ensino.
Incluir alunos com Síndrome de Down nas salas e não reconhecer suas
necessidades de nada adianta. Não diminui a exclusão, mas aumenta, pois o sujeito
as dá conta da sua dificuldade.
Com a inclusão educacional, talvez futuramente teremos uma sociedade onde
todos terão voz, permitindo que todas as pessoas aprendam a criticar, avaliar e
escolher o seu caminho.
Como podemos cobrar um ensino de qualidade para alunos com Síndrome de
Down? Se as escolas atuais não conseguem educar alunos com Síndrome de Down
é porque elas não servem para educar nenhuma criança, pois todas merecem um
ensino que contemple suas diversidades, que reconheça suas “necessidades
educativas especiais”, que nós, seres humanos temos.
Quando a educação já não for utopia, ou o futuro já não significar nada para
nós, estaremos com medo de arriscar a viver um futuro como superação do
presente, “que já envelheceu”.
Essa é a grande diferença entre os profissionais da inclusão. Não são os mais
capacitados, os que estudaram mais, nem os que têm mais dinheiro, nem estão nas
escolas mais equipadas, mas a diferença essencial é entre aqueles que reconhecem
a vida como breve e que, na verdade, nunca fomos e nem seremos iguais.
Esperamos com a inclusão que a escola reconheça que todos temos tempos
diferentes, gostos diferentes, outras inteligências, que não somente a reconhecida
hoje pela escola. Inteligências que nos fazem diversos, bons em outros campos de
conhecimentos.
A esperança não quer dizer cruzar os braços e esperar. A espera só é
possível se for cheia de esperança, se procurarmos o futuro que nasce da denúncia
por meio de reflexão. “A esperança utópica é um compromisso cheio de risco”,
penso que valeu a pesquisa, e que vale a pena correr o risco de também afirmar que
32
não existe limite para pessoas com Síndrome de Down. Elas, com certeza poderão
ter um futuro com mais oportunidades. Quando isso acontecer, com certeza o
acesso também será para todos os brasileiros, independente de sua condição
financeira, origem, raça, cultura, dificuldade, sexo ou deficiência. Assim, o ensino no
Brasil não será mais considerado como um privilégio de algumas poucas pessoas,
mas um direito de qualquer ser humano.
Chegando ao final da etapa muito contribuiu para o curso de Pedagogia, o
processo educativo tem por seus elementos: discussões pedagógicas, os aspectos
técnicos, tecnológicos e a concepção teórica que lhe servirá de base, assim como o
contexto sócio-cultural. Pressupor a elaboração de um currículo para a formação de
um profissional que tem o diálogo, a cultura e a aprendizagem como categorias
primordiais.
Para entender a realidade da formação do pedagogo, é necessário
contextualizar, historicamente, os avanços e os recuos no processo de identificação
desse profissional. Em relação á luta pela educação brasileira, há de se considerar
que os professores lutam pela identificação e valorização da profissão há um longo
tempo. Na direção de uma pedagogia que recobre um campo de conhecimento, que
envolve a teoria e a prática da formação humana, ao mesmo tempo em que lutava
pela identificação da pedagogia, o professor, também, buscava a valorização de sua
profissão, há uma caminhada histórica digna de avaliação e análise na área da
educação, no que se refere á formação do professor.
A mediação exercida pelo professor vai além da sala de aula, porque tanto
atende o aluno, como exerce uma mediação com a cultura, escola, pais, Estado e
comunidade.
Uma escola pensada nessa ótica implica a necessidade de algumas aberturas
ideológicas profissionais, culturais e até humanas por parte dos gestores, espaço
onde as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir, questionar e compartilhar
saberes; espaço de transformações, diferenças, erros, contradições. Lugar onde
professores e estudantes tenham autonomia possam refletir, pensar, construir seu
próprio conhecimento e ter acesso a novas informações. Nessa escola, o
conhecimento sistematizado não pode ser tratado de forma dogmática, basta que os
enunciados sejam significativos, permitindo a aprendizagem, pois a interação com
os pares propicia a ampliação do conhecimento e a melhoria na interlocução dos
atores do ato pedagógico.
33
O papel a ser desempenhado pelo professor deve ser o de mediador, porque
indica caminhos de estudo e pesquisa, fazendo do diálogo uma possibilidade de
exposição e confronto de ideias, além de ser o referencial de conhecimento para
seus alunos.
Com Vygotsky, reconhecemos um professor mediador do
conhecimento/aprendizagem, porque ao apresentar a zona do desenvolvimento
proximal, aproveita o conhecimento do objeto real, o potencial e identifica na figura
do professor um mediador, por ver nele um colega que sabe um pouco mais. O
estudante vê no professor “um colega”, porque tem relações de afetividade e
confiança, facilitando a mediação dos saberes.
Nas exposições das disciplinas, das ementas, objetivos e conteúdos
programáticos, consideramos que pode-se fazer mais o uso de recursos didáticos e
de maior carga horária para melhorar algumas disposições de algumas disciplinas,
como é o caso de Língua Portuguesa, Matemática.
Em geral foi interessante porque promoveu o olhar analítico sobre o Curso de
Pedagogia, mas o estudo não acaba aqui, pois o interesse continua e o diálogo
também. Este é um momento concluído, que abre as portas para outras
possibilidades de estudo, que apregoam que nada é acabado e concluído; há
sempre novas posturas e nova forma de dizer, considerando os diferentes
personagens (teóricos) e seus olhares. É um diálogo que não termina.
34
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