traga cristo para o círculo da...
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Traga Cristo Para o Círculo da Família
2009 Manual dos Mintérios da Família
Karen & Ron Flowers
com
Peggy & Roger Dudley * Valerie Fidelia * Paul Godfrey * Ivan Góes * Karen Holford
Noelene Johnsson * Gordon & Waveney Martinborough * John McVay * Willie Oliver
Gottfried Oosterwal * Alicia & Geoff Patterson * Marti Schneider * Virginia Taylor *
Doug Tilstra * David Yeagley * John & Millie Youngberg
Página 2
Página 3 Índice
INDICE
Sermões
Testemunho na Unidade por Karen e Ron Flowers 5
Como Apreciar Sua Família Imperfeita por John McVay 11
Evangelismo e Família: Partes I,II,III 23
Minisseminários
Deixe a Luz do Amor Brilhar por Karen e Ron Flowers 39
No Parapeito da Janela por Karen e Ron Flowers 53
Todos São Bem-vindos? por Karen Holford e Paul Godfrey 67
Corações e Lares para Ele por Karen e Ron Flowers 87
Histórias para as Crianças
Um Papá para o Reino por Virgina Taylor e Karen Flowers 97
O Baptismo do Carcereiro e de Toda Sua Família por Karen Flowers 99
Graças a Deus Temos uma Família por Karen Flowers 103
Materiais Para os Ministérios da Família
Escolha a Lente Certa para a Foto por Karen e Ron Flowers 105
Traga a Igreja para o Lar por David Yeagley 113
Evangelismo na Família por Millie e John Youngberg 119
O Poder do Pai por Millie e John Youngberg 125
Apreço: Estimulante para o Bem-estar Geral por John B.Youngberg 141
Crie uma Igreja Amiga da Família por Noelene Johnsson e Willie Oliver 157
Contextualize a Educação da Vida Familiar por Valerie Fidelia 165
Missão da Amizade por Gottfried Oosterwal 171
101 Ideias Para o Evangelismo na Família por Karen e Ron Flowers 179
Materiais Para Liderança
Com o Canto de Seus Olhos por Larry Libby 187
Desabafo dos Marginalizados por Dorothy Grace 191
Uma Luz na Comunidade por Ellen G. Whi-
te
195
Página 4
Página 5 Sermão—Testemunho na Unidade
TESTEMUNHO NA UNIDADE
Karen e Ron Flowers
Cristo orou para que houvesse unidade entre Seus seguidores. Onde mais Ele poderia buscar tal unidade senão no coração dos
casais que encontraram a salvação n‟Ele e que demonstram a Sua graça mutuamente na vida conjugal?
Introdução
Há alguém que não goste de assistir a um casamento? Tudo no casamento, as velas, as flores, a
música, os trajes, especialmente o vestido da noiva, tudo se destina a fazer uma entusiástica declaração
sobre o casamento. Ele é muito importante para nós. No dia do casamento os nubentes estão ansiosos por
encontrar alguma forma de expressar os seus sentimentos e dar um bom início ao seu casamento.
Recentemente alguns amigos deram-nos a grande honra de participarmos da cerimónia do seu
casamento. Foi um dia memorável. Enlevado pelo ambiente, pela música, pelas palavras inspiradoras do
ministro e, acima de tudo, pela presença da linda noiva, o noivo entusiasticamente respondeu à pergunta:
“Aceita esta mulher ...?” com um sonoro “Sem dúvida que sim!” Sua propensão romântica superou toda
inibição quando, depois da apresentação do casal como marido e mulher, ele valentemente a tomou nos
braços e com passos fortes desceu exuberantemente as escadas do santuário.
A Singularidade do Casamento: “Uma Carne”
Muito mais do que para nós, o casamento é importante para Deus. Ele deseja que mediante a
experiência de se tornarem “uma carne” (Génesis 2:24), cada cônjuge dê testemunho especial ao mundo
do efeito unificador do Seu amor sobre os corações humanos.
De uma carne para “uma carne”. Em Génesis 2 a Bíblia regista a criação do primeiro ser
humano. A narrativa passa para a criação de um “Adão” (Génesis 2:7) (uma designação para a
humanidade) até (Génesis 2:18, 21, 22) onde um se torna dois – o homem (no hebraico ish e a mulher
(isshah). Finalmente, passa para o clímax (Génesis 2:24) onde os dois são unidos no casamento e se tornam
um. A palavra hebraica para “carne” em Génesis 2:24 é a mesma palavra usada em Génesis 2:21.
O homem e a mulher têm uma origem comum; foram feitos pelas mãos do Criador. “Eva foi criada
de uma costela tirada do lado de Adão, significando que não o deveria dominar, como a cabeça, nem ser
pisada sob os pés como se fosse inferior, mas estar a seu lado como igual, e ser amada e protegida por
ele” (Patriarcas e Profetas, p. 46).
Originalmente um – agora dois. Eles foram criados como partes complementares e harmónicas de
uma humanidade. Génesis 5:2, assim como Génesis 1:26, 27 indicam que sua unidade era tão completa
“no dia em que foram criados” que tinham apenas uma designação dada por Deus – “Adão”. Juntos eles
eram “Adão”. Somente depois da queda é que lemos o nome “Eva” como tendo sido dado à mulher e
“Adão” como a designação comum para homem.
Página 6 Sermão—Testemunho na Unidade
O profundo significado de “uma carne”. “Uma carne” em Génesis 2:24 tem implicações
tremendas. Ela fala da intimidade física, e de muito mais. O laço emocional e espiritual, as trocas mútuas, a
exclusividade, a devoção exclusiva, o compromisso total – tudo está abrangido neste projecto compacto
do casamento. Tal unidade não pede a submissão da personalidade, de um fazer sombra ao outro. Antes,
representa uma unidade completa, uma reciprocidade e harmonia entre duas pessoas distintas que mantêm
plenamente a própria personalidade e a igualdade.
Impedimentos à Unidade
Quando o pecado alterou a natureza humana, o relacionamento entre marido e mulher foi mudado.
O curso do pecado afectou o casamento (Génesis :16). Por conseguinte, sob o reino do pecado o
casamento passou a sofrer em consequência do egoísmo, exigência de gratificação pessoal e tendência de
explorar ou dominar um ao outro. Em seu estado sem pecado, nenhum dos sexos governava o outro.
Porém, com a entrada do pecado, sua masculinidade e feminilidade foram distorcidas e seu alinhamento
perfeito no casamento foi prejudicado.
“Quando Deus criou Eva, não intentou que ela fosse inferior ou superior ao homem, antes
em tudo deviam ser iguais. ... Porém, depois do pecado de Eva, visto que fora a primeira na transgressão,
o Senhor lhe disse que Adão iria dominá-la. Ela deveria estar sujeita a seu marido, e essa foi uma parte da
maldição” (Testemunhos para a Igreja, vol. 3. p. 484).
Egoísmo do coração humano. A Escritura salienta a pecaminosidade do coração como a fonte de
dificuldades no relacionamento entre nós como seres humanos, e também entre nós e Deus (Jeremias
17:9). Essa condição do coração é muitas vezes demonstrada nos relacionamentos mediante o
afastamento, o ocultar dos sentimentos, a falta de comunicação, ou por brigar, censurar ou buscar assumir
o controle sobre os outros. O egoísmo faz com que as diferenças naturais humanas quanto à idade, raça,
sexo, temperamento, atitudes, hábitos e experiências sejam exageradas ou agravadas. As divergências, ira,
conflitos são muitas vezes o resultado. Quanto mais tentamos unir nossos corações pecaminosos, como
no caso do casamento, maior o potencial para a discórdia.
Efeitos da maldição. Tanto a Escritura quanto a história humana testemunham de que o
casamento está muito distante do que fora no Éden. A maldição trouxe ao casamento o abuso e distorções
sobre tudo o que se possa imaginar. Muitas culturas institucionalizaram modelos de casamento que dão
superioridade ao homem (cf. Ester 1:19-22). O ataque do inimigo ao casamento e sua qualidade ímpar de
unidade é comparável à perversão e corrupção trazida sobre a verdade do sábado.
Muitos casais hoje anseiam conhecer e experimentar a igualdade e a reciprocidade no casamento.
Quando entrevistados, os maridos muitas vezes indicam que prefeririam isso. Os conselheiros notam que
os casais lutam pelas questões de igualdade e de mutualidade, sem saber como implementar em sua vida
um modelo que frequentemente vai contra as normas sociais e culturais. Muitos não estão cientes de que
tal igualdade e solidariedade fazem parte dos planos de Deus desde o início e que, por meio de Cristo, Ele
tornou possível aos casais experimentarem a igualdade e a reciprocidade remanescentes do Éden.
Página 7 Sermão—Testemunho na Unidade
Um Novamente em Cristo
Deus não abandonou Seu plano original para homens e mulheres experimentarem a unidade no
casamento. Jesus reafirmou o ideal edénico (Mateus 19:5, 6), sabendo que Seu evangelho redimiria o
casamento, redimiria homens e mulheres e daria significado a fim de que os casais pudessem experimentar
essa instituição sagrada conforme Deus planeara. “Como todas as outras boas dádivas de Deus concedidas
para a conservação da humanidade, o casamento foi pervertido pelo pecado; mas é o desígnio do
evangelho restituir-lhe a pureza e a beleza” (O Maior Discurso de Cristo, p. 64). John Stott, conhecido autor e
professor de Bíblia, escreve: “Sem qualquer espalhafato ou publicidade, Jesus pôs fim à maldição da
Queda, revestindo a mulher com sua dignidade parcialmente perdida e reivindicando para a comunidade
de seu novo reino a bênção da criação original da igualdade entre os sexos” (Stott, 1984, p. 136).
Reconciliação na cruz. O verdadeiro cristianismo anula todas as barreiras religiosas, culturais,
sociais ou de sexo que separam as pessoas umas das outras (cf. Gálatas 3:28). A cruz de Cristo é a fonte da
reconciliação (cf. Efésios 2:14-18). A maldição envolveu a sujeição da esposa. Quando é praticado e aceite
o conceito do evangelho, de mútua submissão, isso exerce o efeito prático neutralizador da maldição e
seus efeitos ao enfatizar o amor e serviço de marido e mulher um para com o outro. Cristo faz a diferença
no casamento dos cristãos. Prevalece uma nova mutualidade. Maridos e mulheres são herdeiros “do dom
da graça da vida” (I Pedro 3:1-7).
É devido ao nosso compromisso com Cristo que somos capazes de conceder um ao outro a
plena igualdade, personalidade e liberdade. É em Cristo que a submissão do relacionamento entre homem
e mulher é vencida e restaurada a possibilidade de feliz igualdade e unidade entre o casal (Achtemeier,
1976, p. 104).
Casamento como Ministério
O testemunho da unidade. Jesus estava preocupado com o testemunho dos Seus discípulos
diante dos outros: “Nisto conhecerão todo que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João
13:35). Onde melhor encontrar o amor um pelo outro que testificásse ao mundo a respeito d‟Ele do que
no casamento cristão? Ele anelava pela unidade entre Seus seguidores que, semelhantemente, seriam um
testemunho para Deus no mundo: “Minha oração ... para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim
e eu em ti” (João 17:20-23). Onde melhor Ele poderia buscar essa unidade do que nos corações dos casais
que encontraram sua salvação n‟Ele e que demonstram Sua graça um para com o outro na vida conjugal?
“Jesus disse certa vez a Seus discípulos de que nós somos a “luz do mundo” e que não
deveríamos tentar ser como as outras pessoas, ocultando nossa luz sob os alqueires da convenção, antes,
deveríamos colocar nossa lâmpada sobre a estante e deixá-la iluminar “a todos que estão na casa” (Mateus
5:14-15). Não seria essa, por fim, a tarefa do casamento cristão? Não é apenas uma vocação para toda a
vida na qual nos debatemos, crescemos e aprendemos e lutamos por nosso compromisso para com Deus e
uns para com os outros, mas não deveria ser também uma luz brilhando nas trevas dos lares da nossa
sociedade? ...
Página 8 Sermão-Testemunho na Unidade
“A forma pela qual os cônjuges se relacionam entre si e com os filhos diz à nossa sociedade
organizada que há esperança de cura para as suas feridas angustiantes, ou anunciam que o paciente tem
uma “enfermidade de morte” e que não há possibilidade de recuperação. A forma pela qual conduzimos o
nosso casamento, proclama que Jesus Cristo obteve a vitória sobre o pecado também na esfera do
casamento, ou confessa que Ele é incapaz de reconciliar marido e mulher, pais e filhos, idosos e
jovens” (Achtemeier, 1976, pp. 107, 108).
Estabeleça a atmosfera do lar. O primeiro ambiente onde o casamento se reflecte é no âmbito do
lar. A saúde de toda a família depende, em grande parte, da saúde do relacionamento no casamento.
“A mútua afeição entre marido e mulher será para a família o que o sistema de aquecimento é
para a casa. Manterá o relacionamento de todos os membros da família em uma atmosfera agradável e
confortável. Isso não significa, contudo, que a paz da família nunca será perturbada. O empenho por criar
uma paz superficial, pode, na verdade, criar um lar mais infeliz do que permitir que a hostilidade, quando
surge, se expresse e seja resolvida. A questão é que na família onde existe verdadeira afeição as
perturbações desse tipo podem ser resolvidas sem sofrer danos. Não é a ausência de problemas o que
verdadeiramente torna uma família feliz, mas a confiante certeza de que os relacionamentos no lar são tão
sólidos que seus membros podem lidar com quaisquer problemas que venham a surgir” (Mace & Mace,
1985, p. 109).
Além da esfera do lar. Cada casal cristão é uma unidade ministerial que pode ser altamente
eficiente ao se dispor a animar outros casais e indivíduos. Hoje existe a necessidade de que casais
ministrem a outros casais fora e dentro da igreja. Uma grande necessidade está presente na vida de
incontáveis casais que necessitam de orientação e encorajamento em seu casamento. Cada vez menos
casais têm modelos de casamentos duradouros, comprometidos e satisfatórios. Cada vez menos têm
amigos verdadeiros. Nós, como casais cristãos, poderíamos ser esses amigos.
“Nossas simpatias devem transbordar para além de nossa personalidade e do círculo de nossa
família. Há preciosas oportunidades para os que desejam fazer de seu lar uma bênção para outros. A
influência social é uma força maravilhosa. Se queremos, podemos valer-nos dela para auxiliar aqueles que
nos rodeiam” (A Ciência do Bom Viver, p. 354).
Conclusão
A natureza e alcance potencial do casamento, no ministério do casamento, são enormes. Os
programas de enriquecimento e grupos de crescimento conjugal têm dado aos casais cristãos a
oportunidade de fazerem amizades e de darem testemunho do efeito do amor de Deus em sua vida. Certa
esposa escreveu a respeito do efeito que casais cristãos tiveram sobre sua vida conjugal:
“Vai fazer dois anos, assistimos a um Seminário de Enriquecimento Conjugal. Houve uma
mudança total em nosso lar. As horas que passávamos assistindo à televisão são agora gastas lendo e
estudando. As gravações a respeito da justiça pela fé que ficaram engavetadas por um ano saíram das
gavetas e foram ouvidas. O Senhor tem-nos conduzido passo a passo em nosso crescimento cristão.
Nossa capacidade de comunicação melhorou em consequência daquilo que aprendemos no Seminário.
Página 9 Sermão–Testemunho na Unidade
Descobrimos que é muito mais fácil comunicar os nossos sentimentos profundos um ao outro e conversar
a respeito dos nossos problemas. Nosso relacionamento com os filhos adolescentes também melhorou.
“Eu costumava ficar preocupada quanto a não ser capaz de testemunhar às pessoas ao meu
redor. Depois de assistir ao Seminário isso deixou de ser um problema. Quando Jesus transforma a vida,
como transformou a minha, não há como deixar de contar aos outros” (Arlene Jenkins, citado em Dudley,
1980, pp. 138, 139).
Hoje Deus pede aos casais para beberem profundamente da fonte de Seu amor, e permitirem-Lhe
suscitar respeito, atenção e perdão de um para com o outro. Quando o casal entende a cura, as implicações
de enriquecimento da fé do casamento cristão, encontrará oportunidade de testemunhar entusiasticamente
a esse respeito. O casal construirá pontes de amizade com outros casais, colocando-os em contacto com
Aquele que Se importa com o bem estar de cada individuo ou de cada casal.
Referências
Achtemeier, E. (1976). The committed marriage. Philadelphia: The Westminster Press.
Dudley, R. & P. (1980). Married and glad of it. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association.
Mace, D., & Mace, V. (1985). In the presence of God. Philadelphia: The Westminster Press.
Stott, J. (1984). Involvement social and sexual relationship in modern world. Old Tappan, NJ: Fleming H. Revell Co.
White, E. G. A Ciência do Bom Viver, CD-Rom E.G.White.
White, E. G. O Maior Discurso de Cristo, CD-Rom E.G.White.
White, E. G. Patriarcas e Profetas, CD-Rom E. G. White.
White, E. G. Testimonies for the Church, vol. 3. Nampa, ID: Pacific Press Publishing Association.
Página 10
Página 11 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
COMO APRECIAR SUA FAMÍLIA IMPERFEITA
John McVay
Deus ama a sua família imperfeita e todas as famílias imperfeitas. Ele anela que cada família possa reconhecê-Lo como o Pai de
todos e que faça uso dos recursos que Ele tem para ajudá-los a viverem como uma família de fé.
Introdução
Ao planear o seu casamento, decide seguir todas as 107 dicas que encontrou na revista moderna para
noivos. Na verdade, descobre que essas dicas provêem inestimáveis sugestões – 107 tarefas para serem
realizadas antes desse bem-aventurado, perfeito e feliz dia escolhido. Sob o título “12 a 24 Meses Antes do
Casamento” encontra a dica nº 1: “Juntos procurem o pastor e definam a data da cerimónia”. Este é um bom
conselho, desde que seguido. Continua lendo a lista e especialmente atenta para a dica nº 34. Bem por favor,
lembre-se de que esta é uma publicação qualquer, para quem pretende casar-se. “Decida o lugar da sua lua-de-
mel. Consulte o agente de viagens”. “Tradicionalmente”, a revista prossegue: “O noivo é quem faz esses
arranjos, mas se tiver mais conhecimento nesse sentido, não hesite em oferecer ajuda”. Homens, o mundo
está mudando. Sob o título “Dia do Casamento” vem as últimas três dicas: “Número 105: “Descanse e relaxe
em um banho morno”. Sim, sem dúvida, o número 106: “Reserve, pelo menos, duas horas antes da cerimónia
para se vestir”. Finalmente, a número 107: “Tenha um dia maravilhoso e desfrute cada momento”. Tudo
resolvido.
Na revista, com 500 modelos de vestidos de noiva, escolhe o da página 328, sob o título: “Perfeição
Pura”. O vestido é todo confeccionado com bordados elaborados feitos à mão, e que seu pai terá de enfrentar
um trânsito terrível para ir buscá-lo na pequena boutique, sem estacionamento por perto, vale a pena. É isso
que deseja para o dia de seu casamento; é isso que deseja que seu casamento seja; este é o seu desejo para a
sua família – “Perfeição Pura”. E ao embarcar para a sua lua-de-mel nas Ilhas Gregas, com o seu marido
novinho em folha imaginam que seu casamento e sua família serão perfeitos, escalas em um porto atrás do
outro, um cruzeiro de felicidade sem fim ao longo da vida.
A revista para noivas não esquece os homens reservando-lhes um espaço com alguma ajuda para os
noivos. Uma secção intitulada: “Planeiem Sua Vida Juntos” apresenta alguns breves artigos. O interessante é
que elas destinam a este tema menos de 4 páginas numa revista com 518 páginas!
Em Busca da Perfeição Pura, Mas ...
A despeito da noção da “vida juntos” das revistas, o cruzeiros dos casais modernos ruma directamente
para uma tempestuosa estatística. Conhece as estatísticas dos casamentos/divórcios? Anualmente, nos EUA,
há cerca de 2.4 milhões de casamentos e 1.2 milhões de divórcios. Portanto, cerca de 5 milhões de americanos
farão um compromisso para a vida neste ano. A maioria daqueles que pronuncia “Prometo” espera cumprir o
compromisso. Quase toda a noiva e noivo anelam pela perfeição pura. Contudo, cerca da metade dos
casamentos serão desfeitos antes de 15 anos de união. A percentagem do primeiro casamento que finda em
divórcio corresponde a 50%, enquanto que a percentagem do segundo casamento – ou terceiro ou quarto –
que acaba em divórcio é cerca de 60%. A média de duração dos casamentos é de 7.2 anos.
Página 12 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
Caso a sua ideia de lar perfeito inclua a mãe, o pai e um a dois filhos, suas possibilidades de perfeição
diminuem rapidamente. Em 1970, 40% dos lares contavam com a presença da mãe, do pai e, pelo menos, um
filho, todos vivendo juntos. Em 1990, apenas 26% dos lares nos Estados Unidos se encaixam nesse modelo.
Por volta do ano 2000, os dados caíram ainda mais para 24%.
Em II Timóteo 3:1-5 a Palavra de Deus prediz algumas águas turbulentas em nossos dias: “Saiba
disto:” O apóstolo escreve, pois fará parte do seu currículo:
“nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos,
arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis,
caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes
dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder.”
Que ambiente no qual tentar manter um compromisso! Que ambiente no qual criar filhos que amem a
Deus e que sintam alegria em servir aos outros! Que confusão! E, a propósito, que desafio a todos que
buscam ministrar às famílias. Se deseja um verdadeiro desafio na vida, torne-se profissional dos Ministérios da
Família.
Toda família é imperfeita. Cedo ou tarde no meio das estatísticas e da tempestade moral destes
últimos dias, ambos descobriremos esta verdade simples: Toda família é imperfeita. A família à qual pertence
é imperfeita. Pior ainda, provavelmente descobrirá que, pelo menos, parte do problema de sua família está em
si. Uma vez que descobre esses tristes fatos, o que deve ser feito? Alguma coisa pode ser feita? Está tudo
acabado? Se a sua família não é a perfeição pura que imaginou que seria, há algum propósito afinal?
Portadores do Nome de Deus
Efésios 3 é uma das passagens mais importantes na Escritura para o ministério da família. Iniciando
com o verso 14 o apóstolo escreve: “Por esse motivo, eu me ajoelho diante do Pai, de quem todas as famílias
no céu e na terra recebem o seu verdadeiro nome” (ERAB). Gosta? Há uma pequena palavra no original
grego que não fica evidente na tradução. A palavra para “pai” no grego é “pater”. Costuma vê-la em palavras
que significam “patriarca”, não é mesmo? Pater. O termo para “família” é “pátria”. Portanto, Paulo está
dizendo: “Por este motivo, eu me ajoelho diante do Pater, de quem todas a pátria no céu e na terra recebe o
seu verdadeiro nome”. Ele emprega a fonética da linguagem. Toda família (pátria) no céu e na terra recebe seu
nome do Pai (Pater).
Sua família pertence a Deus. Sua família com todas as suas imperfeições pertence a Deus. É isso o
que o apóstolo nos está dizendo. A propósito, ele também nos está dizendo, eu suponho, que todos os seres
humanos são filhos do Pai. Nossa tarefa encantadora como cristãos não é tanto cruzar os braços e pressionar
as pessoas a virem para a família do Pai, mas anunciar-lhes a mensagem encantadora de que elas já são membros
agora. Sua família com todas as suas imperfeições pertence a Deus; sua família com todas as suas imperfeições
não está nas garras cruéis do destino, mas nas amorosas mãos de Deus. Esta é a mensagem do apóstolo: Deus
ama as famílias imperfeitas. Elas levam o nome divino; possuem a marca de propriedade de Deus.
Página 13 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
Deus ama a sua família imperfeita e a cada família imperfeita. Ele anela que cada família O reconheça
como o Pai de todos e se torne a família da fé. Quando os pratos se empilham sobre a pia, quando as
crianças estão gritando umas com as outras e não há outra coisa a fazer além de separá-las, quando a caixa do
correio está cheia de contas, quando o relacionamento é destituído de emoção, quando o comportamento dos
adolescentes o leva ao desânimo – quando tudo isso está acontecendo – é fácil ver o problema e as
impossibilidades. Mas sua família, a sua família imperfeita e cada família a quem ministra é uma família de
Deus. Ele não apenas ouve os gritos; ouve também as risadas. Ele não houve apenas as discussões; ouve
também as palavras de apreciação. Deus não vê apenas as lágrimas rolarem; vê aquelas que são enxutas.
Acesso aos Recursos Divinos
Em meio aos problemas e impossibilidades Deus convida-o a considerar todas as possibilidades e
oportunidades. Deus anela prover força interior que lhe dará recursos para equilibrar o tumulto exterior. Deus
anela prover-lhe o amor divino que irá ajudá-lo a crescer. Ouça enquanto continuamos a traçar o pensamento
iniciado em Efésios 3:14.
“Por esse motivo, eu me ajoelho diante do Pai, de quem todas as famílias no céu e na terra
recebem o seu verdadeiro nome. E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, Ele, por meio do seu Espírito,
vos dê poder para que sejam espiritualmente fortes. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no vosso
coração . E oro para que tenham raízes e alicerces no amor”.
Compreenda o crescimento e o compromisso. No livro Caring and Commitment (1988), Lewis
Smedes conta a história de seu amigo Ralph. Dois meses depois do divórcio de Ralph estava arrasado pelo
remorso de não haver cumprido o seu voto. Procurou alívio no aconselhamento.
“Deveria ser grato” o terapeuta disse-lhe. “Concluiu um estágio importante na jornada da auto-
revelação. Sua ex-esposa viajou consigo até este ponto. Ela o ajudou o mais que pôde. Na verdade, ela não lhe
propiciou a perfeição que buscava, portanto deve prosseguir. Mas seja agradecido por sua dádiva e leve-a
consigo durante a sua vida”. (p. 73).
Veja, para o terapeuta do Ralph o compromisso do casamento é um investimento no crescimento dela
ou dele. De acordo com essa visão, quando o investimento da pessoa não resultou em qualquer crescimento
durante um período, é tempo de sair desse relacionamento e buscar outro com maior potencial de lucro
pessoal. Smedes comenta a respeito desse tipo de compromisso de “investimento pessoal” e então oferece um
pensamento a respeito do tipo de compromisso que verdadeiramente conduz ao crescimento:
O verdadeiro crescimento é mais saudável quando colocamos o compromisso de crescimento da
outra pessoa acima do nosso.
Não crescemos como pessoas maduras indo atrás de fantasias. Um facto a respeito do casamento em geral é
que cada casamento em especial é imperfeito. Ninguém casa exactamente com a pessoa certa; todos nos
casamos com alguém que é mais ou menos certo para nós. Todos somos modelos imperfeitos. Se aceitarmos
isso como com um facto lastimável, mas revigorante da vida, poderemos estar prontos para o verdadeiro
crescimento.
Página 14 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
Não usufruímos de boa oportunidade de crescimento pessoal se continuamos a ansiar pela fantasia da mulher
ou do marido ideal. Crescemos quando continuamos a renovar o nosso compromisso com o único cônjuge
que temos. Crescemos quando paramos de sonhar com um casamento perfeito e nos ajustamos
adequadamente ao cônjuge que temos. Nosso melhor crescimento ocorre quando nos esquecemos do nosso
próprio crescimento e nos concentramos no crescimento do outro. (p. 73).
“Aqui há uma bela mudança”, Smedes prossegue, “em vez de damos a nós próprios motivo para
desistir do compromisso para toda a vida, nossa necessidade de crescer é o primeiro motivo para
permanecer” (p. 74). As palavras de Smedes são verdadeiras não apenas no relacionamento marido e mulher,
mas também no compromisso que cada membro da família faz com o outro.
Voltando a Efésios 3, “E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, ele, por meio do seu Espírito, dê a
todos vós poder para que sejam espiritualmente fortes. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no
vosso coração . E oro para que tenham raízes e alicerces no amor, para que assim, junto com todo o povo de
Deus, possam compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e
profundidade” (ERAB).
Crescimento em amor. A era na qual vivemos não é propícia às famílias. O amor tende a ser sugado
de nossas famílias. Mas, diz o apóstolo, “Oro para que possam conhecer algo da grande dimensão do amor de
Deus; Oro para que tenham a transfusão do amor, do amor divino que será mais do que superior aos
tumultos e tentações dos tempos. Deus ama as famílias imperfeitas como a sua, como a minha, como a
daqueles que nos vêem ministrando. Portanto o apóstolo diz: “Estou orando para que tenham a capacidade
de estabelecer uma família de amor, uma família de fé. Estou orando para que com a ajuda de Deus consiga
fortalecer as famílias na fé”.
Os versos 20 e 21 (ERAB): “E agora, que a glória seja dada a Deus, o qual, por meio do seu poder que
age em nós, pode fazer muito mais do que nós pedimos ou até pensamos! Glória a Deus por meio da Igreja e
por meio de Cristo Jesus, por todos os tempos e para todo o sempre! Amém!”
Jair e Sua Família Imperfeita
Considere o caso de um homem a quem chamarei Jair. Não sei quando foi a primeira fez que ele
percebeu que a sua família era tudo menos perfeita, mas não deve ter levado muito tempo. As gravações da
família haviam captado fielmente os eventos passados e, embora talvez ninguém tenha deliberadamente feito
isso, essas gravações frequentemente eram passadas e repassadas. Pouco a pouco o pequeno Jair, enquanto
crescia, captava indícios concretos – um suspiro apressado e abafado, ou um sorriso malicioso no rosto de um
irmão mais velho que rapidamente desaparecia quando os pais entravam no quarto. Lenta, mas
acertadamente, o Jair começou a reunir as peças da história de sua família e de sua parte nela.
Claramente, seus irmãos mais velhos consideravam-no inferior. Ainda em tenra idade ele descobriu o
motivo; a sua mãe não era de facto sua mãe. Embora tenha levado tempo para que ele compreendesse essa
parte da história, a data de sua concepção aparentemente foi anterior à data do casamento. (Isso aconteceu há
muitos anos, quando o senso de moralidade a respeito dos relacionamentos impróprios era rígido. No
entanto, a despeito desse senso de moralidade, as pessoas não compreendiam que, embora houvesse
relacionamento ilegítimo dos pais das crianças, não havia coisa como uma criança ilegítima.) Seus irmãos mais
Página 15 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
velhos olhavam com desprezo para a mãe dele por haver seduzido seu pai. Eles também desprezavam o
irmão.
Suportar a dor da família. As coisas não iam bem na família. Os relacionamentos não eram o que
deveriam ser. Todos os membros da família agora sentem o quanto ela é imperfeita e começam a prover um
exemplo clássico do que é normalmente chamado de “bode expiatório”, fazendo com que a pessoa leve a
culpa da disfunção da família. Os problemas que temos em família, eles concluem, devem ter um motivo. Eles
focalizam o Jair. Ele é o motivo. Se apenas o Jair se ajustasse, ou se apenas ele saísse de cena, tudo ficaria
bem. Em famílias como esta, não há atenção para a família como um sistema, a família não é tratada como
uma unidade, não há atenção aos relacionamentos complexos e doentios, a culpa é vez após vez lançada
sobre aquele que foi escolhido como o bode expiatório.
Um incidente nos anos iniciais da adolescência do Jair moldou, ou talvez deformou o conceito que o
Jair tinha de si mesmo. Ele juntamente com a família estavam de férias num lugar favorito. Quando chegou o
momento de partirem, a família empacotou os pertences e partiu, mas algo foi deixado para trás. Não foi
apenas o lugar onde estiveram. Foi mais do que o gato da família ou a velha mala térmica. Eles deixaram o
Jair! A experiência serve como um tipo de metáfora para essa família disfuncional e para o lugar de Jair nela.
As coisas poderiam provavelmente ser melhores se ele não estivesse por perto. Se ele apenas se perdesse,
talvez a família fosse, ou pudesse ser, uma família melhor.
Captar o senso do quanto é especial. As coisas apenas pioraram quando o pai morreu. Mas o Jair era
uma pessoa incrível. Sabe que o espírito humano pode ser indomável. No meio de tudo isso – das gravações
do passado sórdido, do bode expiatório, do conglomerado da família, dos risinhos e chacotas, dos gestos
condescendentes, o Jair conseguiu de alguma forma apegar-se à ideia de que, não importava o que os outros
criam, ele era especial. Ele tinha um lugar na vida, tinha um destino, uma missão e finalmente encontrou seu
próprio negócio que lhe propiciou um sucesso surpreendente.
Porém, seus irmãos mais velhos não queriam deixar morrer o passado; eles zombavam das suas
realizações. Tentavam levá-lo a praticar situações de risco para provar o seu valor, mas ele recusava-se. No
meio de suas tramas conseguiram fazer com que a própria mãe se voltasse contra ele. Conseguiram obter dela
o apoio para o acusarem de demência. Isso deve tê-lo ferido profundamente.
Finalmente, a família rodou a gravação novamente. Desta vez o som estava muito alto. O Jair se tornou
o bode expiatório, não apenas da sua família mas da sua nação. Ele teve uma morte terrível, foi pregado numa
cruz romana.
Como a Família do Jair Se Transformou
Porém, algo aconteceu, aos pés daquela velha e rude cruz. Algo aconteceu à família de Jesus. Notou?
No livro de Actos, na introdução dessa gloriosa história sobre o período da vida da igreja depois da ascensão
de Jesus, a Escritura diz: “Todos estes perseveravam unânimes em oração ...” (Actos 1:14, ERAB). Essas
pessoas estavam fazendo o quê? Devotando-se à oração. E a passagem prossegue, “...com as mulheres, com
Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.
Página 16 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
Ao longo do Novo Testamento chegamos a alguns livros pequenos que se crê foram escritos por dois
irmãos de Jesus, Tiago e Judas. Note a introdução de Tiago na sua carta: “Tiago, servo de Deus e do Senhor
Jesus Cristo” (ERAB). Tiago, um servo de Jesus! E em Tiago 2:1: “Meus irmãos, como crentes em nosso
glorioso Senhor Jesus Cristo”. Então chegamos à pequena carta de Jesus. Os versos 1, 2 dizem: “Judas, servo*
de Jesus Cristo e irmão de Tiago”. Você consegue crer? “aos que foram chamados, amados por Deus Pai e
guardados por Jesus Cristo: Misericórdia, paz e amor lhes sejam multiplicados”. O verso 4 refere-se a Jesus
como “nosso único Soberano e Senhor”.
Algo acontece aos pés da velha e rude cruz que transforma o velho e gasto filme da família. Algo
acontece que converte o bode expiatório em motivo de culto. A família de Jesus, imperfeita como era, tornou-
se a família da fé.
Conclusão
A mensagem da história – a historia do evangelho – é esta: a mudança na família de Jesus não é um
caso isolado. A mesma transformação pode ocorrer em sua família e na minha e em cada família a quem
ministramos.
“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto
no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com
poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando
vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura,
e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento,
para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente
mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória,
na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:14-21, ERAB).
Referência
Smedes, L. B. (1988). Caring and commitment. San Francisco: Harper & Row Publishers, San Francisco. John McVay é Reitor do
Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, Berrien Springs, Michigan. Transcrito e editado de um sermão apresentado na Reunião da
Família Adventista de 2002, no campus da Andrews University, Berrien Springs, Michigan. Usado com permissão
Página 17 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
DEZ MANEIRAS DE TESTEMUNHAR NO LAR
Gladys DeLong
Várias pessoas, na maioria mulheres, dizem-me: “Tenho filhos pequenos [ou pai/mãe doente ou idoso]
e não posso sair de casa para trabalhar para o Senhor. O que posso fazer?”
Em resposta a esta pergunta, fiz uma lista de maneiras pelas quais é podemos testemunhar nos nossos
lares. Os membros que usaram essa lista obtiveram bons resultados.
1. Mantenha revistas e folhetos junto à porta de entrada. Entregue às pessoas que batem à sua
porta ou que a vêm visitar.
2. Escreva cartas de condolências aos sobreviventes relacionados na secção de obituários do
jornal local. Como resultado dessa prática, pude levar uma viúva a se unir à igreja.
3. Use a lista telefónica. Inicie com o primeiro nome de sua área e convide cada pessoa para se
inscrever num curso bíblico gratuito. A minha irmã viu uma família ser baptizada como resultado de usar esse
método de testemunho.
4. Inicie uma biblioteca em sua casa. Empreste livros aos seus vizinhos. Descobri que as mulheres
gostam especialmente de livros que contêm histórias a respeito de como as pessoas ouviram e aceitaram a
nossa fé. Outra das minhas irmãs, levou uma senhora a se interessar-se por nossa mensagem dessa forma.
5. Estabeleça um tipo de Fundo de Evangelismo cujo valor seja enviado para o programa da
Voz da Profecia a fim de usarem os recursos para contactarem as pessoas.
6. Você é radioamador? Empregue esse seu hobby para contactar outros radioamadores. Quando
lhes enviar um cartão de QSL, inclua o convite para realizarem um curso bíblico por correspondência.
Convide-os também a unirem-se a um grupo adventista de estudo da Bíblia de radioamadores, que se reúne
todas as manhãs, às 6h30 EST na 3980mHz (75 metros). Meu marido é membro desse grupo há anos e viu
muitas pessoas virem para a igreja por intermédio desse ministério.
7. Coloque um cartaz na frente de sua casa: “Estudos Bíblicos, dia: .....; hora:... Todos são bem-
vindos”. Você ficará surpreso, como foi o caso da minha sobrinha, quando vários vizinhos demonstraram
interesse.
8. Leve uma criança para a Escola Sabatina. Convide as crianças da vizinhança para
acompanharem seus filhos para a igreja. Como resultado de levar uma menina para assistir à Escola Sabatina,
ela e a sua mãe foram baptizadas.
Página 18 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
9. Inicie um projecto de correspondência. Escolha uma cidade sem presença adventista.
Envie folhetos e ofertas de cursos bíblicos gratuitos para o maior número de lares que puder. Uma igreja que
implementou esse programa baptizou duas a três vezes mais pessoas nos três anos seguintes do que nos
anteriores. Depois do meu irmão ter enviado literatura para uma cidade todas as semanas, realizaram-se
reuniões evangelísticas e nasceu uma igreja. Neste momento, minha irmã, seu marido e eu temos duas pessoas
que aceitaram o sábado em resposta ao nosso projecto de correspondência.
10. Inicie um círculo de oração em sua casa. Peça a dois ou três membros para virem à sua
casa em determinado dia da semana. Faça uma relação das necessidades espirituais de amigos ou parentes e
orem em grupo por essas pessoas. Ore também individualmente todas as manhãs e noites por elas.
Esses métodos funcionam e mostram minha família e eu e muitos outros podemos testificar.
Reimpresso com permissão da Adventist Review, 27 de Fevereiro de 1986.
Página 19 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
COMO TRANSMITIR A SUA FÉ À PRÓXIMA GERAÇÃO
Donna J. Habenicht
O Alexandre de 9 anos, chorou desconsolado. Ele havia perdido a faca de caça que o seu pai lhe fizera
para ele usando aço e couro. Quando entrou no campo de alfafa próximo à sua casa, a faca estava presa no
seu cinto. Mas quando foi tentar apanhá-la, depois de cruzar o campo, ela havia desaparecido. Como iria ele
encontrá-la num campo de alfafa? A mãe abraçou-o e disse-lhe com toda a confiança: “Vamos reunir a
família. Iremos orar rogando a Deus que nos ajude a encontrá-la. Ele sabe exactamente onde ela está”. A
família se reuniu, cada um orou a Deus pedindo ajuda. Então todos saíram tentando refazer o caminho pelo
qual o Alexandre passara. O menino já estava desanimando quando seu pai gritou triunfante: “Achei!” O pai
encontrara a faca sob as alfalfas. Outra vez a família se reuniu. Mas desta vez com alegria estampada nos
rostos - disseram: “Obrigado, Deus”.
A Luisa, nossa neta de 14 anos, enfrenta um grande problema. Ela viveu toda a sua vida numa linda ilha
do Caribe. Agora seus pais decidiram voltar para os Estados Unidos. Recentemente, recebi dela um e-mail que
dizia: “Continuo perguntando a mim própria: „Será que sou suficientemente inteligente? As pessoas irão
gostar de mim, será que farei amigos?‟ Tudo isso me assusta, mas sei que irei gostar quando chegar lá. Deus
estará comigo e tudo ficará bem”. Não há dúvidas de que ela está dependendo de Deus para superar esse
grande problema. Seus pais transmitiram-lhe a sua fé em Deus. Ouvi-os dizer: “Deus nos irá guiar. Ele tem
tudo sob controlo”.
Não importa a idade – três, nove ou catorze anos. O importante é transmitir os nossos valores
religiosos aos nossos filhos – uma das maiores alegrias e, algumas vezes, um dos maiores enigmas para os pais.
Em Deuteronómio 6:6, 7 Deus diz-nos que transmitir os nossos valores religiosos aos nossos filhos é uma
tarefa prioritária diária, o dia todo. Ensine seus filhos ao levantarem-se, ao deitarem-se, nas tarefas do dia-a-
dia. Envolva a mente, os olhos, ouvidos e mãos deles – em uma imersão total.
Isso parece-lhe difícil? Na verdade é muito natural e simplesmente flui de nosso viver diário na família.
1. Dê a seu lar uma atmosfera religiosa. As crianças absorvem a atmosfera que as cerca. Torne-a
espiritualmente palpável e voltada para a fé. Será que o vosso lar diz que são pessoas que têm fé em Deus?
Pode-se ver em sua casa elementos religiosos? Há revistas religiosas? A Bíblia está presente? Com que
brinquedos ou jogos seus filhos brincam? A que programas assistem na televisão? E quanto à Internet? Que
tipo de música é ouvida na sua casa? Quais são os temas das conversas? O que vêem seus filhos quando
despertam pela manhã? E quando fecham os olhos para dormir?
2. Fale da sua alegria no Senhor. As crianças gostam de estar onde há alegria e felicidade. Se a sua
fé em Deus é azeda, elas buscarão outros lugares onde haja alegria. Assim sendo, tome como lema de sua
família o Salmo 118:24: “Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele”. Agradeça
diariamente a Deus por Suas bênçãos. Comente-as e faça um “Livro de Registo das Bênçãos”. Anote as
alegrias especiais vindas de Deus, e permita que todos tenham a oportunidade, em todo e qualquer momento,
Página 20 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
de registar as bênçãos recebidas. Fale a respeito do amor e do perdão de Deus. Fale de Sua graça. Fale da
alegria! Inunde os corações com a gratidão.
3. Fale da sua experiência pessoal e de fé com seus filhos. Não permita que a sua fé em Deus
seja um dos segredos de família mais bem guardados. Fale abertamente sobre Deus. Partilhe sua experiência
de fé – incluindo os altos e baixos – com seus filhos. Demonstre em sua vida o poder da graça de Deus. Eles
aprenderão que a fé é uma parte real de sua vida e desejarão ter essa mesma fé.
Meus pais partilhavam sua experiência pessoal de fé comigo e eu fiz o mesmo com meus filhos e netos.
Meu pai estava para se formar na faculdade em Teologia quando o director do colégio o chamou à sua sala. O
director pediu a meu pai para permanecer no colégio como o gerente do departamento de agricultura da
escola, dizendo que sentia que ele não tinha as capacidades sociais necessárias a um ministro.
O meu pai agradeceu ao director pela oferta de trabalho e por sua preocupação, mas disse que
realmente sentia o chamado para o ministério e que desejava dar a Deus a oportunidade de usá-lo dessa
forma. No verão, depois da formatura, ele trabalhou como treinador com um evangelista. No Outono,
exerceu como pastor e professor da escola da igreja. No ano seguinte, ele pastoreou a igreja em tempo integral
e a minha mãe passou a ensinar na escola. O meu pai permaneceu no ministério e se tornou um respeitado
administrador na Igreja. A história do meu pai incentivou várias gerações em nossa família a crer na direcção
de Deus e a segui-la.
Os filhos podem ser gentilmente conduzidos, mas não impelidos, a terem fé em Deus. Faça com que a
sua fé seja o início de uma tradição na família, transmitida de geração em geração. Este é o caminho do
Senhor. Ele diz: “...ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos” (Salmo 78:4-7).
4. Ore por seus filhos e com eles, todos os dias. Os pais cristãos sempre oram por seus filhos.
Ana orou por Samuel, Joquebede e Arão oraram por Moisés e Isabel e Zacarias, por João. Mas devemos fazer
do que orar por nossos filhos. Precisamos também orar com eles diariamente. Proferir orações breves durante o
dia mencionando suas alegrias e tristezas ou necessidades a Deus. Seus filhos prontamente captarão a ideia e
Deus passará a ser-lhes confidente e amigo.
Torne a oração uma tradição estabelecida no começo e no fim do dia. Reúna sua família ao seu redor
antes de enviá-la para enfrentar o mundo a cada manhã. Ore pela protecção dos anjos e pelo Espírito Santo
para que esteja com cada membro da família durante o dia. Faça o mesmo todas as noites, agradecendo a
Deus por Suas bênçãos e cuidado durante o dia.
Ouça com atenção as necessidades dos seus filhos e perguntas não proferidas. Responda com amorosa
preocupação. Ajude os seus filhos a encontrarem certeza na oração. Ore pelas decisões, pelo mau
comportamento, pelos eventos especiais e pelas tentações que enfrentam e a respeito das amizades. Ore
também por outras pessoas.
Página 21 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
5. Leia a Palavra de Deus todos os dias. A Palavra de Deus fortalece a fé e provê respostas para
os dilemas da vida, certeza nas dificuldades, conexões em situações stressantes e provê promessas para o
futuro. Sem uma firme ligação com a Palavra de Deus, seus filhos não desenvolverão a fé em Deus.
Mostre aos seus filhos como a Bíblia é importante para si. Use-a todos os dias, com amor e reverência.
Procure resposta nas questões diárias. Reivindique as promessas bíblicas para as necessidades da sua família.
Mantenha a Bíblia da família num lugar especial de honra. Partilhe não só aquilo que aprendeu do estudo da
Bíblia, como também as suas alegrias na Palavra de Deus.
Os seus filhos necessitam do conhecimento da Bíblia para estabelecerem sua fé em Deus e para
aprenderem como Deus deseja que eles vivam (Ver 2 Timóteo 3:16). A Palavra de Deus pode ser um escudo
protector contra as tentações das armadilhas do pecado que os cercam. Torne o aprendizado da Bíblia
divertido e interessante. Crie lembranças felizes em torno da Palavra de Deus. Escolha uma hora do dia
quando todos estão descontraídos e desfrutarem da experiência da Palavra de Deus. Use uma versão moderna
a fim das crianças terem melhor compreensão. Seleccione passagens breves que tenham significado para as
crianças e que guiem o seu comportamento. Permita às crianças mais velhas tentarem compreender o
significado do verso e apresentarem as suas ideias. Confie que o Espírito Santo fala ao coração de seus filhos.
Use jogos bíblicos, encenação, cassetes, cd‟s, e figuras. Faça com que cada um dos seus filhos tenha a sua
própria Bíblia, e ofereça-a numa ocasião especial.
Ensine os princípios bíblicos que ajudarão os seus filhos a enfrentarem a vida. Mostre os motivos
bíblicos para a fé. Busque na Bíblia as respostas para os desvios, retornos e buracos na estrada da vida diária.
Ajude os seus filhos a pensarem de forma independente a respeito do que a Bíblia diz – que atitudes devem
tomar? Incentive-os a memorizarem versos chave que lhes serão de conforto e guia no futuro. Memorize
alguns versos divertidos e interessantes da Escritura. Personalize a Bíblia ao relacioná-la com os interesses,
necessidades e situações complicadas dos seus filhos.
6. Use as experiências diárias para ensinar os valores religiosos. Jesus normalmente ensinava
os valores ao contar histórias a respeito das situações diárias. O que é que a sua família vê diariamente que
possa aprofundar a fé de seus filhos em Deus?
Quando planta uma semente, acredita que ela germinará. Quando instala um programa no seu
computador, acredita no programador que o fez. Quando viaja de avião, confia que o mecânico irá conferir a
aeronave e que o piloto seguirá o plano de vôo. A fé e a confiança estão escritas por toda a parte no nosso dia
-a-dia. Pode usar essas experiências para ajudar os seus filhos a compreenderem a fé em Deus.
O discernimento pode ajudar a usar a natureza para ensinar os valores espirituais. As árvores, por
exemplo, têm muitas formas e tamanhos – palmeiras, carvalhos, pinheiros eucaliptos. Algumas têm raízes
profundas e podem-se curvar, mas não são arrancadas. Resistem a furacões e a grandes tempestades porque as
suas raízes estão firmadas profundamente na terra. Quando estudamos a Palavra de Deus e aprendemos a
respeito d‟Ele, estamos a plantar as raízes do nosso coração em solo profundo. Não podemos ser derrotados,
ficarmos prostrados ou destruídos pelas tentações de Satanás. Estamos protegidos por nossa fé em Deus.
No final, o que conta é a fé pessoal de seus filhos. Deveria usar todas as sugestões acima mencionadas a
fim de ajudá-los a desenvolverem uma fé pessoal com Deus. Convide seus filhos a aceitarem Jesus como seu
Página 22 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita
Salvador pessoal contra os laços pecaminosos de Satanás. Ensine os seus filhos acerca de Jesus como o
Amigo que nunca nos deixa ou abandona. Ele é um Amigo que perdoa e que deseja manter relacionamento
eterno com eles. Nada pode ser mais belo ou trazer maior paz. Seus filhos podem caminhar ao lado de Jesus
pelo resto de sua vida porque os apresentou a Ele e à sua fé religiosa.
Reimpresso da Signs of the Times, outubro de 1999. Usado com permissão. Quando da publicação original,
Donna J. Habenicht, Ed.D era professora na área de psicologia educacional e de aconselhamento na Andrews
University, Berrien Springs, Michigan, com especialização no desenvolvimento religioso e do caráter da
criança. Agora ela é jubilada e é autora dos livros How to Help Your Child Love Jesus, e Values Begin with God:
Eleven Essential Values and How to Teach Them to Your Child.
Strauss, R. (1975). How to raise confident children. Grand Rapids, MI: Baker Books
Página 23 Sermão—Família com uma Missão
1
FAMÍLIAS COM UMA MISSÃO
(Esta reflexão e as duas seguintes são parte de um todo e podem ser usadas na formação das
famílias sobre o evangelismo pela amizade e pela hospitalidade.)
“Que foi que viram em tua casa?”
Certa vez, os emissários de Babilónia visitaram o rei Ezequias, de Judá, porque ouviram falar da sua cura
milagrosa de uma doença fatal e do sinal sobrenatural a ela associado – a sombra do sol retrocedera dez graus.
Feliz, Ezequias recebeu os seus convidados, mas parece que não mencionou a sua experiência de cura e deu
pouca ênfase àquilo em sua casa que teria aberto o coração desses embaixadores para o conhecimento do
verdadeiro Deus. O contraste entre a sua gratidão no capítulo 38 e o seu silêncio a respeito da cura no
capítulo 39 é chocante. Ezequias abriu o seu palácio aos embaixadores e mostrou-lhes todo o seu arsenal e
todos os seus tesouros. Quando eles retornaram para a sua terra, o profeta Isaías confrontou o rei com uma
pergunta penetrante: “Que foi que viram em tua casa?” (Isaías 39:4). A pergunta foi sensata. Demasiadamente
tarde Ezequias percebeu que seu orgulho o havia levado a declarar os segredos da riqueza nacional e de seu
arsenal bélico. Além disso, ele perdera a rara oportunidade de contar a verdade a respeito de Deus a esses
embaixadores estrangeiros.
“Deus preservara-lhe a vida para prová-lo”. Essa visita oficial era muito significativa, no entanto
não há registo de que Ezequias tenha buscado orientação especial, em oração, para essa ocasião, tampouco,
buscou-a dos profetas ou dos sacerdotes. Deus também não interveio. Sozinho, longe do olhar público, sem
consultar qualquer conselheiro, a obra de Deus em sua vida e na vida de sua nação não fazia parte da sua
agenda. O propósito do historiador bíblico em II Crónicas 32:31 pode ter sido mostrar com que facilidade as
bênçãos de Deus podem ser consideradas como um direito inato e o quão orgulhosos são os recipientes de
Sua misericórdia ao se tornarem auto-suficientes.
Algumas lições eternas a respeito da fidelidade no testemunho da vida de nosso lar que podem ser
observadas na experiência de Ezequias são:
Toda a vez que uma visita chega a um lar cristão é uma oportunidade para receberem a influência dos
seguidores de Cristo, o exemplo de uma vida cristã e a mensagem do Evangelho.
Visto que poucos visitantes têm a tendência de iniciar uma conversa a respeito de temas espirituais, os
cristãos devem encontrar formas de serem sensíveis e buscarem momentos oportunos para partilharem as
boas novas.
Os cristãos não são chamados a mostrarem as suas posses materiais, embora possam reconhecê-las
como bênçãos de Deus. Eles são chamados a “anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a
sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9, NVI). Ou usando a experiência de Ezequias como um símbolo, para
declarar que eles estavam morrendo, mas que Cristo os curou; estavam mortos no pecado e Cristo os
ressuscitou e colocou nos lugares celestiais (Efésios 2:4-6).
Página 24 Sermão—Família com uma Missão
Famílias com uma Missão
Campo Missionário. Nesta apresentação, desejamos explorar conceitos de família e de missão que
incluem: (1) evangelização dos membros da família no lar e (2) evangelização realizada pelos membros da
família em outros lares.
“Nossa obra para Cristo deve começar com a família, no lar. ... Não existe campo missionário mais
importante do que esse” (O Lar Adventista, p. 35).
“A missão do lar estende-se para além do círculo dos seus membros” (Ibidem, p. 31).
A comissão evangélica. Em todos os nossos esforços de partilhar a fé, a nossa mensagem e a missão
devem ser claras. Jesus identificou a missão de Seus seguidores como a proclamação do evangelho do reino
(Mateus 24:14) e o fazer discípulos (Mateus 28:19). Paulo sintetiza o que a mensagem é e o que o ministério
requer (2 Coríntios 5:17-21, NVI):
“Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram
coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o
ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando
em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos
embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo
lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou-se pecado por nós aquele que não tinha pecado,
para que nele nos tornássemos justiça de Deus”.
Aqui a mensagem, as boas novas do evangelho, é definida como Deus reconciliando o mundo consigo
através de Cristo. A missão é definida em termos de sermos embaixadores e de levarmos a mensagem de
reconciliação.
O Evangelho e o Plano da Salvação
Evangelho. Quando evangelizamos, levamos o evangelho às pessoas (cf. Isaías 52:7; Romanos 10:15 –
“os pés dos que anunciam as boas novas”; Mateus 24:14: “E será pregado este evangelho do reino”; Actos
8:4: “...iam por toda parte pregando a palavra”).
Os primeiros a anunciar o evangelho foram os anjos que anunciaram o nascimento de Jesus (Lucas 2:10
-14). Eudoka, traduzido como “boa vontade” realmente significa o favor de Deus, não o favor dos seres
humanos. De forma típica, a palavra é usada no Novo Testamento como a atitude de Deus, uma qualidade
positiva da deidade – Deus Se agrada, o “prazer” de Deus, o que Lhe agrada. O prazer e a boa vontade estão
nEle. (Compare Lucas 12:32: “...porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”. Ver também Efésios
1:5, 9; Filipenses 2:13; 2 Tessalonicenses 1:11). Foi somente bem depois na história da cristandade – no
Página 25 Sermão—Família com uma Missão
quarto e quinto séculos – que a igreja romana introduziu o conceito de os homens de boa vontade serem um
elemento decisivo para a salvação e temos o termo eudokia sendo interpretado como uma qualidade dos seres
humanos. A tradução da NVI capta o significado original: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos
homens de boa vontade”. “Homens” pode ser traduzido como “seres humanos” para incluir ambos os sexos.
O segundo Adão. Desde o início Deus tinha um plano para nos salvar (Génesis 3:15; Mateus 25:34;
Efésios 1:4). Diante do pecado de Adão e do nosso, como seus filhos, todos estamos destinados à morte,
mesmo antes de nascermos (Actos 17:25, 26; Romanos 5:12-19). Mas Deus em Sua misericórdia e graça nos
salvou ao dar Jesus à raça humana. Cristo é o segundo ou “último Adão”, assumindo a raça humana assim
como Adão a assumiu (I Coríntios 15:45; Fé e Obras, p. 88). Da perspectiva de Deus, toda a raça humana está
nesse segundo Adão, Jesus (1 Coríntios 1:30; cf. Génesis 2:7; Actos 17:26; Hebreus 7:7-10). A raça humana
tem uma nova história devido à justiça de Cristo. Sua morte substituta na cruz foi por todos (2 Coríntios
5:14). Por Sua morte toda a família humana foi reconciliada com Deus (Isaías 53:3-5; Romanos 5:9-11;
Colossenses 1:15-23; 2 Coríntios 5:17-19, 21). A raça de Adão foi morta n‟Ele, ressuscitada n‟Ele, ascendeu ao
Céu n‟Ele e está sentada com Ele mesmo agora nos lugares celestiais (Efésios 1:3-14; 2:4-6). Somos completos
n‟Ele (Colossenses 2:10), perfeitos na perspectiva de Deus (Romanos 5:1, 2: 1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios
5:21; Hebreus 10:14).
A vontade humana e sua liberdade de escolha. Deus nos chama para crermos em Jesus e no que Ele
fez por nós (João 6:29). “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Marcos 9:7). Ele é o caminho, a verdade e a
vida, ninguém vai ao Pai se não por Ele (João 14:6). Pela fé, deixamos de lado nossa velha vida, visto que pela
fé recebemos e nos identificamos pessoalmente com Sua morte pelo baptismo. Devemos agora viver com
“Cristo em nós” (João 15:4; Romanos 8:10, 11; Gálatas 2:20; Colossenses 1:27). Pelo poder de Seu Espírito
habitando em nós, vivemos uma nova vida (Colossenses 3:1-10). A Escritura antecipa um processo de
crescimento espiritual nos crentes com vista ao amadurecimento da fé, pelo poder de Seu Espírito (1
Coríntios 3:1, 2; 13:11; 14:20; 2 Coríntios 3:18; Efésios 4:11-15; 2 Pedro 3:18). Mas estamos todos seguros
porque não somos salvos por nossas obras; somos salvos pela fé em Cristo (Efésios 2:8). Somente Ele é a
nossa justiça (1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios 5:21; Filipenses 3:9). Embora a Escritura claramente aconselhe o
crente a abandonar o pecado, a crescer no conhecimento da verdade, e a esforçar-se para se tornar em sua
vida pessoal tudo o que Deus declara que deve ser em Cristo, nossa salvação não depende do nosso
crescimento. O crescimento ao qual Deus nos chama é sempre em resposta à Sua maravilhosa graça.
A única forma de se perder. Pois se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus
pela morte de seu Filho. (Romanos 5:6-10; Efésios 2:5) Pela graça sois salvos. (Isaías 43:1-7; Marcos 10:13-16;
João 3:16; Romanos 5:8; 1 João 4:9, 10) Deus não quer que ninguém se perca, mas que todos se salvem (2
Pedro 3:9). A pessoa somente irá perder-se se deliberada, persistente e definitivamente recusar os benefícios
do ato salvador de Deus, visto que não há salvação além de Cristo (Marcos 1:15; 16; João 3:18, 36; Atos 4:12;
Hebreus 2:1, 2;10:26, 35-39). Se insistirmos em rejeitá-Lo, Deus respeitará a nossa escolha. Ele não obriga
ninguém a aceitar a Sua graciosa dádiva em Cristo, mas relutantemente nos deixará livres (Oséias 11:1-8;
Mateus 23:37). Deus é longânimo e paciente e jamais desiste de nós (Número 14:18; Salmo 86:15)!
Certamente, não se esquece de nenhum de Seus amados filhos (Marcos 10:13-16). Então, estas são as BOAS
NOVAS!
“Quando tomou sobre Si a natureza humana, Cristo ligou a Si a humanidade por um vínculo de amor
que jamais pode ser partido por qualquer poder, a não ser a escolha do próprio homem. Satanás apresentará
constantemente engodos, para nos induzir a romper esse laço – escolher separar-nos de Cristo. É aqui que
temos necessidade de vigiar, lutar, orar, para que nada nos seduza a escolher outro senhor; pois que estamos
Página 26 Sermão—Família com uma Missão
sempre na liberdade de o fazer. Mas conservemos os olhos fitos em Jesus, e Ele nos preservará. Olhando para
Jesus estamos seguros. Coisa alguma nos poderá arrebatar de Sua mão” (Caminho a Cristo, p. 72).
“O sacrifício de Cristo como expiação pelo pecado, é a grande verdade em torno da qual se agrupam as
outras. A fim de ser devidamente compreendida e apreciada, toda verdade da Palavra de Deus, de Génesis a
Apocalipse, precisa ser estudada à luz que imana da cruz do Calvário” (Obreiros Evangélicos, p. 315).
“Próximo está o fim! Não temos um momento a perder! Do povo de Deus deve irradiar a luz, em raios
vívidos, apresentando Cristo às igrejas e ao mundo. ... Os instrumentos a serem usados são as pessoas que
recebem de boa vontade a luz da verdade a elas comunicadas por Deus. Estas são os meios pelos quais Deus
comunica o conhecimento da verdade ao mundo. Se mediante a graça de Cristo Seu povo se tornar novos
odres, Ele os encherá com o vinho novo. Deus dará mais luz, e velhas verdades serão recuperadas e postas na
moldura da verdade; e onde quer que forem os obreiros hão de triunfar. Como embaixadores de Cristo,
cumpre-lhes pesquisar as Escrituras, procurar as verdades ocultas sob o pó do erro. E todo raio de luz
recebido deve ser comunicado aos outros. Um interesse predominará, um assunto absorverá todos os outros
– Cristo, Justiça nossa” (Filhos e Filhas de Deus, MM 1956, p. 259).
Mensageiros. As famílias cristãs hoje unem-se a uma longa fila de “mensageiros” que proclamam “Ele
ressuscitou” (Mateus 28:7). A realidade da Sua ressurreição dá credibilidade a tudo o mais que Jesus disse de Si
mesmo, a respeito de Deus e de Seu amor pelos pecadores, sobre o perdão, e a certeza da vida eterna pela fé
n‟Ele. As Escrituras nos dão lampejos do vasto efeito sobre a vida dos primeiros seguidores de Jesus – lares
abertos para o estudo da Bíblia, orações e refeições feitas em conjunto, dinheiro e recursos partilhados e
grande cuidado de uns para com os outros. Subitamente essas pessoas tornaram-se sem pecado? Não. Havia
conflitos e discórdias entre eles? Sim. Mas, de alguma forma, esses seguidores de Cristo eram diferentes.
Reconheciam sua necessidade de Deus para o cumprimento da oração de Jesus no Getsêmani (João 17:20-23).
Eles testemunhavam uns aos outros e aos descrentes com ousadia, até mesmo pondo a sua vida em risco com
asr suas crenças.
Nem sempre eles foram assim. Tinham necessidade do Espírito de Deus (Lucas 24:49; Actos 2:1-3).
Antes de Sua vinda através do Pentecostes, talvez tenham corrido como Aimaás, o mensageiro, mas sem boas
novas para partilhar (2 Samuel 18:19-22). O mesmo pode ocorrer connosco. Mesmo nesta era, preconceituosa
como é para com os assuntos religiosos, as pessoas estão desejosas de algo que ainda não ouviram. O Espírito
anela inundar o coração humano com entusiasmo pelo evangelho. Quando as boas novas realmente se
tornam boas em nosso coração como o são na Palavra, falar do evangelho será algo espontâneo e inevitável.
“A verdade ... é tão simples que a criança mais humilde e frágil pode compreendê-la” (Testemunhos para a
Igreja , vol. 1, p. 338).
Página 27 Sermão—Família e Evangelismo
2
SUA FAMÍLIA: UM CENTRO DE EVANGELISMO
“Família” e “Evangelismo”
Qual é o efeito de colocar essas duas palavras juntas? O que acontece quando colocamos a palavra
“família” na frente de “evangelismo”? Como a “família” afecta o “evangelismo” e o “evangelismo afecta a
“família”?
O evangelismo é considerado em termos mais pessoais.
A dimensão do relacionamento fica mais evidente.
O apelo ocorre entre as gerações.
Está implícito o fortalecimento e a cura da família.
A ênfase é posta no apresentar as famílias a Jesus.
A abordagem do produto/estatística é suprimida.
Há maior cordialidade e tempo envolvidos.
A abordagem é com base nas necessidades.
Nossa Missão em Nosso Lar
Primeiro a família. Os recipientes naturais de nosso empenho de partilhar o evangelho são as pessoas
que vivem em nossa casa (João 1:40-42; cf. Deuteronomio 6:6,7; Rute 1:14-18). Não há campo missionário
mais importante do que esse (O Lar Adventista, p. 35). O evangelho de João capta a exultação de André
quando encontrou o Salvador. “O que fez em primeiro lugar [André] foi encontrar o seu irmão Simão”.
André reagiu à aprendizagem de que Jesus era o Messias de forma natural, como alguém que realmente tem
boas novas a contar reage. Ele não podia contê-las; elas simplesmente têm de ser transmitidas àqueles que
estão próximos e que nos são queridos. André foi além de simplesmente dar a informação, ele providenciou
para que Simão (a quem Jesus chamou “Pedro”) fosse apresentado a Jesus. A transmissão entusiástica a respeito de
Jesus e a apresentação a Ele em pessoa – que fórmula simples para falar do evangelho com parentes em nosso lar!
Depois da apresentação, André retirou-se. Daí em diante Jesus e Pedro tiveram um relacionamento único
entre si.
Ensine às crianças o lugar da fé. Muitas vezes as crianças acabam esquecidas no lar como recipientes
apropriados para conhecerem o evangelho. Equivocadamente, os pais presumem que os filhos simplesmente
irão absorver a espiritualidade da família. Isso não pode ser dado como certo; embora as crianças e os jovens
aprendam pela observação, é também verdade que esses membros jovens da família do Senhor necessitam de
atenção individual e da oportunidade de serem apresentados a Ele pessoalmente. Deuteronomio 6 insiste
nesse ponto: deve dar-se atenção a um tipo de educação religiosa mais eficiente. Devem ser postos em prática
Página 28 Sermão—Família e Evangelismo
tempo e esforços sinceros em favor das crianças e dos jovens a fim de que a próxima geração também seja
composta por pessoas de fé.
Rute viu Noémi, num de seus momentos de maior fraqueza, quando tentou fazer com que sua nora
voltasse para a sua família e quando ela derramou sua amargura contra Deus contando as suas perdas (Rute
1:15, 20, 21). Não há testemunho mais eloquente do que o que Rute pôde dar para mostrar que os jovens
podem estar à altura de fazer um compromisso com um Deus perfeito, mesmo quando apresentados a Ele
por pais ou parentes imperfeitos.
A bênção do cônjuge cristão (I Coríntios 7:12-15; I Pedro 3:1, 2). Infelizmente, a aceitação da
mensagem do evangelho pode levar a conflitos na família. O Novo Testamento apresenta o dilema
enfrentado por alguns conversos a Cristo, a escolha de segui-Lo pode prejudicar o casamento, a instituição
criada pelo próprio Cristo. O Novo Testamento provê conselhos para os casamentos divididos por motivos
religiosos.
Em I Coríntios, Paulo responde às preocupações dos conversos de que permanecer casado com o
cônjuge descrente pode ser ofensivo a Deus ou trazer aviltamento sobre si e sobre os filhos. Não é assim, diz
Paulo. O sagrado estado do casamento e sua intimidade devem continuar depois da conversão de um dos
cônjuges. A presença do cônjuge cristão “santifica” o outro e os filhos do casal – não no sentido de mudarem
sua condição diante de Deus, visto que isso envolve sua resposta pessoal a Cristo – mas no sentido de serem
uma fonte de bênção e de porem o descrente em contacto com o reino da graça. Como se trata da entrega do
coração, o cônjuge descrente pode decidir abandonar o casamento. Embora as consequências sejam graves, a
misericordiosa palavra de Deus ao descrente é “que se separe”, e ao crente diz que ele ou ela não está
“debaixo de servidão” (I Coríntios 7:15).
A preferência da Palavra de Deus é que, a despeito dos desafios de um lar espiritualmente dividido, seja
encontrada uma forma de manter a paz de Cristo ali. A esperança é manter o casamento intacto, evidenciar o
triunfo do evangelho em meio às dificuldades, promover o conforto do cônjuge com quem o crente forma
uma carne, embora seja descrente. Bondoso amor, fidelidade inabalável, serviço humilde e testemunho
atraente da parte do crente criam maiores possibilidades de conquistar o cônjuge não cristão. A submissão
mútua dos cônjuges no casamento cristão revela a reverência por Cristo (cf. Efésios 5:21). No que diz respeito
à submissão cristã no casamento com um não cristão, a primeira fidelidade é sempre a Cristo. A fidelidade às
reivindicações de Deus sobre a nossa vida não requer que o cônjuge sofra abuso nas mãos de um parceiro
violento.
Famílias Alcançando Famílias
A vida da família é para compartilhar. A ênfase do Novo Testamento na imitação reconhece o papel
importante do modelo no processo da aprendizagem (Efésios 5:1; I Coríntios 4:16; I Tessalonicenses 1:6;
Hebreus 6:12; 13:7; III João 1:11). As pessoas têm a tendência de se parecer com aquelas a quem observam.
Este princípio aplica-se aos relacionamentos em geral e, especialmente, ao lar, onde a imitação é comum: as
crianças imitam seus pais e irmãos; os casais, muitas vezes, imitam-se um ao outro. Esse conceito provê uma
chave importante a respeito de como os casais e famílias podem testemunhar de Cristo a outros casais e
famílias.
Página 29 Sermão—Família e Evangelismo
O poder da influência social. Testemunhamos em nossos lares quando provemos oportunidades
para que os outros nos observem em nossa forma de ser em nosso lar. Ali as pessoas podem ver como o
Espírito de Jesus faz a diferença. “É uma força maravilhosa. Se queremos, podemos valer-nos dela para
auxiliar aqueles que nos rodeiam” (A Ciência do Bom Viver, p. 354). “O lar cristão deveria ser, na verdade, o
centro de amizade contagiante, com as portas abertas para a necessidade humana” (Mace, 1985, p. 98).
O casal convida outros casais para refeições, momentos descontraídos, estudo da Bíblia ou quando
assistem a um encontro para casais onde os visitantes podem ver um modelo. A demonstração de
reciprocidade, afirmação, comunicação, resolução de conflito e acomodação das diferenças dão testemunho
de sua vida juntos em Cristo. Os seminários para pais e grupos de apoio quando cristãos e não cristãos
misturam-se com o mesmo fim. O modelo de família para família ocorre quando as famílias cristãs convidam
outras famílias para refeições, recreação, ou culto em família. Todo exemplo humano é falho, contudo o
testemunho do lar cristão não diz respeito a mostrar a perfeição absoluta. A noção de imitação no Novo
Testamento é um chamado aos indivíduos para seguirem os crentes que seguem a Cristo. A ideia é que as
pessoas captem a fé e vejam-na demonstrada na vida de outros que são humanos e falíveis como eles são.
Evangelismo pela hospitalidade. A importância da hospitalidade fica evidente na Escritura como
um todo: Abraão e Sara (Génesis 18:1-8); Rebeca e sua família (Génesis 24:15-20; 31-33); Zaqueu (Lucas 19:1-
9); cf. Isaías 58:6, 7, 10-12; Romanos 12:13; I Pedro 4:9. A hospitalidade satisfaz outras necessidades básicas
como o repouso, alimento e companheirismo. É uma expressão tangível do amor altruísta. Jesus deu
significado teológico à hospitalidade, quando ensinou que alimentar o faminto e dar de beber ao sedento eram
actos de serviço feitos a Ele (cf. Mateus 25:34-40). Ao usar o lar para o ministério podemos ir da simples
oferta de um copo com água a uma criança, a convidar os vizinhos para uma refeição e ainda à hospitalidade
radical de ceder um aposento da casa para abrigo de uma vítima de abuso enquanto ela se reabilita. Pode
envolver uma simples amizade ou pode ser oportunidade de orar por alguém ou dar estudos bíblicos. A
verdadeira hospitalidade brota de corações que foram tocados pelo amor de Deus e que anelam dar expressão
tangível desse amor por meio de palavras e acções.
Pedro falou da aparente relutância de alguns em serem hospitaleiros (I Pedro 4:9). As famílias
contemporâneas são também, algumas vezes, relutantes, alegando falta de espaço, tempo e/ou de energia para
oferecer a hospitalidade. Alguns sentem -se inadequados, sem habilidades e inseguros a respeito de ir além do
que lhes é familiar a fim de se associar com os descrentes. Alguns desejam evitar as complicações de sua vida
que podem surgir do envolvimento com outras pessoas. Muitas famílias contemporâneas confundem a
hospitalidade com a recepção. O quadro abaixo indica o potencial para o ministério na hospitalidade em
comparação com a recepção.
Página 30 Sermão—Família e Evangelismo
O poder do lar para evangelizar. “Muito mais poderosa que qualquer sermão pregado é a influência
de um verdadeiro lar, no coração e na vida. ... Nossa esfera de influência poderá parecer limitada, nossas
capacidades diminutas, escassas as oportunidades, nossos recursos reduzidos; no entanto, se soubermos
aproveitar fielmente as oportunidades de nossos lares, maravilhosas serão nossas possibilidades” (A Ciência do
Bom Viver, pp. 352, 355).
“Na verdade, o lar cristão é a mais poderosa agência evangelizadora no mundo. Porém, seu evangelismo
não ocorre de forma agressiva; ele é persuasivo. Proclama sua mensagem não por palavras, mas por acções.
Não diz aos outros o que devem ser; mostra-lhes o que podem ser. Por sua graciosa influência, os lares
cristãos fazem mais conversos do que todos os pregadores juntos. Dê-nos suficientes lares cristãos e o mundo
logo será um mundo cristão; pois a vida do mundo atinge níveis mais elevados somente na proporção dos
lares” (Mace, 1985, p. 113).
Ferramentas e Métodos para o Evangelismo na Família
Modificações das mensagens das séries tradicionais de evangelismo.
Acréscimo de ilustrações da família.
Apresentação doutrinária usando linguagem e aplicações da família.
o O sábado é o “dia da família”.
o O dízimo faz parte das finanças da família.
o Orar a Deus é como conversar entre a família.
Acrescentar temas sobre a família (aspectos da família) como alternativa para aspectos sobre a saúde,
que fazem parte das séries tradicionais de evangelismo.
Recepção Hospitalidade
Prioridades As coisas. As pessoas
Motivos
Autocentrada:
Para impressionar.
Para mostrar a casa e suas
realizações.
Centralizada nos outros:
Dar de si aos outros.
Desfrutar a companhia mútua.
Requisitos
Casa bonita.
Muito bem decorada.
Alimento fino e especial.
Pessoas em busca de
compartilhar a amizade.
Alimento simples.
Enfoque Causar impressão. Ministrar às pessoas
necessitadas.
Resultados
Elogios aos anfitriões.
Casa e mobiliário admirados.
Os convidados são
animados e encorajados.
Página 31 Sermão—Família e Evangelismo
Sermões e estudos bíblicos que apresentem informação doutrinária e sobre a família.
Seminários e estudos bíblicos voltados para a família, especialmente designados, com carácter
evangelístico.
Programas dos ministérios da família focalizados na conquista de almas.
Programação para a família toda – por faixa etária ou multi-geracional, com algo para cada grupo etário,
como por exemplo, acampamentos com a família, programação para as crianças nas reuniões de evangelismo.
Orientação aos pais cujo enfoque esteja no fazer discípulos no lar.
Envolvimento de membros não adventistas nas actividades para a família patrocinadas pela igreja,
como por exemplo, classes para pais, enriquecimento matrimonial, programas do décimo terceiro sábado,
programas da Escola Cristã de férias, eventos desportivos, etc.
Grupos de apoio para casamentos cujos cônjuges não têm a mesma religião.
Referência e Bibliografia
Mace, D. & V. (1985). In the presence of God: Readings for Christian Marriage. Philadelphia: The
Westmininster Press.
Página 32
Página 33 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo
3
“FAMÍLIA” OBJECTO DO EVANGELISMO
Era comum nos tempos bíblicos que os evangelistas proclamassem o evangelho no ambiente do lar
para que todo o grupo familiar respondesse juntamente.
O nobre judeu que procurou Jesus para curar o seu filho voltou para casa e o encontrou curado. O
resultado foi que todos os da sua casa creram (João 46:53).
Cornélio, “piedoso e temente a Deus com toda a sua casa”, convidou seus parentes e amigos íntimos
para ouvir a pregação de Pedro. O Espírito Santo veio sobre todos os que ouviram a mensagem e eles foram
baptizados (Actos 10:2, 24, 44-48).
Lídia respondeu à mensagem de Paulo, pregada no sábado, junto ao rio em Filipo e, logo depois, ela e
os de sua casa foram baptizados (Actos 16:11-15).
Toda a casa de Crispo, principal da sinagoga (Actos 18:8), de Aristóbulo (Romanos 16:10), de Narciso,
cuja casa é dita que estavam no Senhor (Romanos 16:11), de Onesíforo (2 Timóteo 4:19), de Estéfanas, foram
baptizados por Paulo (1 Coríntios 1:16) e mencionados como os primeiros conversos da Acaia (1 Coríntios
16:16). Tradicionalmente, acredita-se que os da casa de Estéfanas sejam os da casa do carcereiro de Actos 16.
O Impacto do Individualismo no Evangelismo e na Família
O crescimento do individualismo nos últimos séculos tem exercido efeito negativo sobre as atitudes
para com a família e o evangelismo. Bellah (Habits of the Heart, 1996) descreveu os inícios do individualismo
como produto de John Locke. Ele era tremendamente influente no século dezassete na Inglaterra e na
América. Locke proclamou os direitos dos indivíduos. O indivíduo é o fundamento da sociedade. O indivíduo
é mais importante na sociedade e nos grupos sociais visto que as famílias vêm à existência somente através de
contratos voluntários de indivíduos que tendem a maximizar os seus próprios interesses.
O espírito de individualismo é tipicamente considerado como uma qualidade desejável para o
adventista, visto muitas vezes ser-lhe necessário nadar contra a correnteza social e teológica. O evangelismo
adventista contemporâneo tem como alvo principal os indivíduos. Temos de enfrentar o ponto destacado por
Bellah quando diz que, sempre que a filosofia moderna do individualismo é encontrada, certa apreciação pela
família como grupo se perde. O individualismo muda a nossa forma de pensar a respeito da família e muda o
nosso comportamento para com ela e nela.
Sem dúvida, a Escritura reconhece cada pessoa como um indivíduo:
Os indivíduos têm valor, e têm o livre arbítrio (Jeremias 1:5; Ezequiel 18:20; Mateus 10:30, 31; Actos
2:39).
Jesus e os apóstolos deram atenção pessoal aos indivíduos (cf. Marcos 3:14-19; 10:46-52; João 3:1; 4:7;
1, 2 Timóteo; Tito; Filemom).
Página 34 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo
A salvação deve ser recebida individualmente (Romanos 10:13, 17; Apocalipse 22:12). Alguém disse:
“Deus não tem netos”.
No entanto a Escritura também menciona afirma os grupos nos quais os indivíduos vivem em
sociedade, especialmente a família.
É importante estar associado aos outros (1 Coríntios 12).
Somos chamados a ministrar uns aos outros (João 15:17; Romanos 15:14; Gálatas 5:13; Efésios 4:32).
A importância das famílias é afirmada e, como notamos, há evidência de que muitas famílias estão
vindo para a igreja juntas.
Claramente, os adventistas enfrentam o desafio de manterem o equilíbrio na ênfase bíblica sobre o
indivíduo e sobre o grupo familiar. A ênfase sobre o individual pode ajudar a fazer com que o pêndulo passe
para os extremos do enredo, da co-dependência e da perda da personalidade individual na família, no entanto
o grupo familiar deve também ser enaltecido e mantido como um centro incomparável de fortalecimento,
apoio, socialização e transmissão de valores de uma geração a outra.
Risco envolvido quando apenas uma pessoa na família é baptizada. Quando apenas um
indivíduo na família toma a decisão de se unir à igreja, muitas vezes há mudanças na dinâmica da família.
Muitas vezes os membros da família ficam em oposição.
Ao longo do tempo, a comunicação muitas vezes diminui, reduzindo assim as oportunidades para fazer
discípulos entre os membros da família.
O novo crente muitas vezes sente-se excluído pela separação da família, até mesmo culpado por os
haver, de alguma forma, abandonado.
As mudanças nos valores e no estilo de vida, como também a participação activa no programa da
igreja, podem cortar dramaticamente o período e as actividades nas quais a família participava junta.
Podem surgir atitudes negativas para com a igreja entre os membros da família e, em consequência,
surgirem barreiras que impedem a possibilidade de falar-lhes de Cristo e de atraí-los à comunidade da fé.
Consideremos novamente Mateus 10:35-37. A resistência à mudança na família, que tipicamente é
chamada de empenho evangelístico, pode ser interpretada na perspectiva de sistemas como homeóstasia. Para
se opor a essa resistência, Mateus 10:35-37, tem algumas vezes sido citado como evidência de que os
verdadeiros crentes devem deixar a família, como se os familiares fossem seus inimigos naturais.
Os judeus criam que um dos traços do Dia do Senhor, o dia quando Deus interviria na história,
seria a divisão das famílias. Os rabinos diziam: “No período em que o Filho de David vier, a filha se voltará
contra sua mãe, a nora, contra a sogra”. “O filho desprezará o pai, e a filha irá rebelar-se contra a mãe; a nora,
contra a sogra e os inimigos do homem serão os de sua própria casa”. É como se Jesus estivesse dizendo: “O fim pelo
Página 35 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo
qual vocês sempre esperaram chegou; e a intervenção de Deus na história está dividindo o lar, os grupos e as famílias em dois”.
(Barclay, 1975, p. 393, itálico acrescentado.)
Em outras palavras, não quer dizer que as famílias em si sejam inimigas do evangelho, mas que o
chamado do Messias ao discipulado exige uma resposta que separará cada grupo social. Tendo em vista que
alguns responderão e outros não, a divisão ocorrerá na sociedade como um todo, incluindo as pessoas de
dentro de casa.
Nossa lealdade final é para com a família do céu. Certamente os fortes laços que unem as famílias não
devem impedir ninguém de fazer um compromisso pleno e total com Deus. Não obstante, embora a realidade
de um mundo pecaminoso signifique que seguir o chamado espiritual de Jesus pode exigir afastar-se daqueles
que tomam uma decisão diferente com respeito a segui-Lo, especialmente aqueles que são espiritualmente
abusivos ou destrutivos em relação à fé cristã, deve-se envidar todos os esforços para ajudar os indivíduos a
manterem os seus laços familiares.
Como família evangelista, podemos enfrentar dilemas éticos quando aparecem elementos do estilo de
vida adventista que entram em conflito com a vida do novo membro da família. Em tais circunstâncias, não
sejamos prontos em fazer julgamento moral quanto a assuntos de dieta, vestuário, recreação ou outras
questões do estilo de vida da família que, se obrigados a cessarem, podem ameaçar os laços conjugais ou
familiares.
A Centralidade da Família no Cumprimento da Comissão Evangélica
Jesus disse: “Ide, portanto, fazei discípulos” (Mateus 18:19). Discípulo é aquele que está descobrindo a
verdade de Deus e os princípios de Seu reino e crescendo em sua capacidade de tornar esses valores um estilo
de vida pessoal (João 8:31). Não há influência maior do que a da família no desenvolvimento dos valores da
pessoa.
Jesus também distinguiu os discípulos como pessoas cujo amor pelos outros é tão incomum que causa
profunda impressão naqueles que os observam (João 13:35). É na família onde os indivíduos primeiro
aprendem, para o bem ou para o mal, a respeito dos relacionamentos e do amor. A família pode ser a via para
a compreensão e para o amor de Deus, ou pode tornar tal compreensão e experiência uma impossibilidade
virtual, a não ser pelo milagre da graça. A família também tem a principal oportunidade e a responsabilidade
de ser o agente do Espírito Santo no cultivo do amor altruísta entre os membros, o tipo de amor que dá o
testemunho vitorioso dentro da família e na vizinhança. Por isso, a família é fundamental para o cumprimento
da comissão evangélica. Vários autores enfatizam essa centralidade:
Se os discípulos são aqueles que se relacionam com o seu mestre no contexto de um
relacionamento inicial, então a capacidade de formar relacionamentos iniciais é necessária no processo de fazer
discípulos. Segundo, se os relacionamentos iniciais consistem em habilidades de relacionamento que são
generalizadas de um grupo inicial para outro, então a família é a chave em sua importância porque é o lugar
onde essas habilidades ou são bem aprendidas ou não. Por fim, se a família é a organização social na qual
essas habilidades são aprendidas, o mais essencial então é que a família se torne fundamental para o processo
Página 36 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo
de fazer discípulos. Ela é o lugar onde são aprendidas as habilidades de relacionamento semelhante às dos
discípulos e é o grupo principal no qual ocorre o discipulado. (Guernsey, 1982, p. 11.)
A imagem que a pessoa tem de Deus é muitas vezes modelada à imagem de seus pais,
especialmente à do pai. Se os pais são felizes, amorosos, aprovadores e perdoadores, o indivíduo tem maior
facilidade para experimentar um relacionamento positivo e satisfatório com Deus. Mas se os pais forem frios
e indiferentes, talvez o indivíduo sinta que Deus está distante e que não tem interesse nele em termos
pessoais. Se os pais forem pessoas que ficam iradas frequentemente, hostis e demonstrarem rejeição, o
indivíduo frequentemente sente que Deus nunca o poderá aceitar. Se os pais são demasiadamente exigentes,
normalmente, a pessoa tem a noção errada de que Deus também não está satisfeito com ela. (Strauss, 1975,
pp. 23, 24.)
As primeiras experiências na família determinam a nossa estrutura de personalidade adulta, o
retrato interior que fazemos de nós mesmos, de como vemos os outros e pensamos a respeito deles, o nosso
conceito de certo e errado, a nossa capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos, amorosos e
duradouros necessários para a formação da nossa família, de nossa atitude para com a autoridade e para com a
Autoridade Maior em nossa vida, e da forma como tentamos fazer sentido em nossa existência. Nenhuma
interacção humana exerce maior impacto em nossa vida do que a experiência na nossa família (Nicholi, 1979,
p. 11.)
Aproveitando o poder do apoio da família. As normas que regem a interacção na família constituem
a força a ser ajustada e devemos compreendê-las se desejamos de facto criar impacto. “Aquele que procura
transformar a humanidade deve compreender ele próprio a humanidade” (Educação, p. 78). Sem essa
compreensão o nosso impacto seria muito limitado.
Família, não é apenas um aglomerado de pessoas a viver na mesma casa. Ela é um grupo tipicamente
ligado um ao outro por laços únicos, e é essa dinâmica que devemos compreender ao pensarmos no
evangelismo na família.
Buscar formas de reforçar os fortes laços de simpatia e lealdade de uns para com os outros que são tipicamente formados
na família. Somos seres relacionais de acordo com o propósito de Deus. Deveríamos tentar trabalhar com os
laços naturais da lealdade na família de todas as formas possíveis em vez de ir contra eles.
Visto que os membros da família normalmente buscam em primeiro lugar apoio uns nos outros, podemos ajudá-los a
desenvolver relacionamentos mais íntimos. Os membros da família, cientes dos pontos fortes e das lutas uns dos
outros, têm maior capacidade de prover fortalecimento e apoio espiritual uns aos outros no viver cristão. A
igreja aproveita o potencial da família para fazer discípulos quando isso ajuda os membros a desenvolverem
habilidades que os capacitam a encorajar “uns aos outros nas lutas da vida” (A Ciência do Bom Viver, p. 360).
Tipicamente os pais desejam o melhor para os filhos. O evangelismo na família ajuda o relacionamento entre pais e filhos.
Esse desejo paterno de prover o melhor para os seus filhos é parte do manual natural impresso por Deus nos
pais humanos (Mateus 7:9-11; 1 Timóteo 5:8). A responsabilidade paterna, que zela pelo bem-estar total dos
filhos, inclui o seu fortalecimento espiritual (Efésios 6:4). O evangelismo na família ajuda os pais a fazerem
provisões para o fortalecimento espiritual dos filhos. Isso ocorre quando o próprio fortalecimento espiritual
dos pais é desenvolvido e quando são melhorados os relacionamentos positivos na família e o exemplo é o
ensino dos pais (Deuteronomio 6:6-9). O processo de fazer os discípulos filhos de Cristo inicia-se com os
pais assumindo com seriedade sua espiritualidade e compromisso para com Deus (Deuteronômio 6:4-5; cf. 2
Página 37 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo
Timóteo 1:5). Capacitar os pais para essa tarefa é a melhor forma de cooperar com Deus no levar os filhos a
aceitá-Lo pessoalmente.
Quão mais eficientes seriam nossos esforços em partilhar o evangelho se todos na família se tornassem
discípulos. Quão mais eficiente nosso evangelismo poderia ser se fossem encontradas formas de elevar o
significado da família, de compreender os princípios relacionais que actuam no sistema familiar e de cooperar
com esses princípios e construir sobre eles, em vez de tentar ignorá-los ou trabalhar contra eles.
Em Busca da Reconciliação nas Famílias
No empenho em partilhar o evangelho e em ajudar as pessoas a receberem as boas novas, focalizamos
com muita frequência a reconciliação com Deus e o estabelecimento do relacionamento com Ele. Muitas
vezes, contudo, as pessoas não podem realizar plenamente essa tarefa – algumas vezes não podem sequer
empreendê-la – até que tenham sido reconciliadas com as pessoas mais próximas, Jesus reconheceu essa
realidade quando disse: “primeiro vai e reconcilia-te com o teu irmão” (Mateus 5:24). As famílias – formadas
por várias gerações – constituem o terreno para o empenho evangelístico em grande medida não
desenvolvido. Cremos, portanto, que isso seja crucial. O evangelho deve ser apresentado como um bálsamo
curador para as verdadeiras feridas e mágoas na família.
Esse tipo de evangelismo irá requerer novas abordagens, novas habilidades e muita paciência com um
processo que talvez seja mais complicado do que estejamos dispostos a admitir. Mas que tem grande potencial
para o sucesso de levar o maior número de indivíduos na família a se unirem no Senhor. Acredita-se que tais
esforços possam resultar em muitas mais famílias tomando a decisão por Cristo. É evidente também que a
separação que muitas vezes por fim ocorre em circunstâncias nas quais uma pessoa tenha sido expulsa da
família seja atenuada e a família, como um todo, possa estar junta como fonte de apoio.
Conclusão
Duas histórias do Velho Testamento vêm à mente para fins da conclusão desta apresentação. Elas se
encontram em 2 Samuel 18 e 2 Reis 7:9. Não sabemos a que conclusões chegaram com essas duas histórias,
mas a primeira sugere-nos que antes de considerarmos unir a família com o evangelismo, devemos assumir a
tarefa de assegurar que as famílias realmente tenham boas novas.
Contrário ao mito popular de que o envolvimento no evangelismo resolverá todos os problemas
familiares, gostaríamos de sugerir que as famílias que não experimentaram o evangelho de uma forma que lhes
proveu cura interior para as feridas do passado e que afectaram radicalmente seus relacionamentos uns com
os outros no presente, assemelham-se a mensageiros que não têm boas novas a partilhar. Assim sendo, não
deveríamos enviá-las como mensageiros.
Estamos confiantes de que quando as notícias são muito boas não há como mantê-las em segredo na
família. Quando os Ministérios da Família desafiarem as famílias na área do evangelismo, que verdadeiramente
sejam estas uma a fonte principal de boas novas.
Página 38 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo
Referências e Bibliografia
Barclay, W. (1975). The gospel of Matthew, vol. 1. Philadelphia: Westminster Press.
Bellah, R., et al. (1996). Habits of the heart. Berkeley, CA: University of California Press.
Guernsey, D. (1982). A new design for family ministry. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co.
Nicholi, A. (25 de maio de 1979). The Fractured Family: Following It in the Future. Christianity Today.
Página 39 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
DEIXE A LUZ DO AMOR BRILHAR
Karen e Ron Flowers com Roger e Peggy Dudley, autores de Maximum Marriage
Neste programa sete casais provêem ilustrações de suas jornadas conjugais que podem encorajar outros viajantes.
Introdução
No fortalecimento da fé pessoal, os cristãos há muito conhecem os benefícios de estarem com outros
crentes e conversarem a respeito de suas experiências, orarem juntos e obterem ideias valiosas como também
serem encorajados uns pelos outros. Através desse tipo de companheirismo, os cristãos ajudam-se
mutuamente a crescerem na comunidade da fé. Na troca de experiências da vida real, onde os cristãos estão
dispostos a serem vulneráveis ao serem autênticos, os descrentes podem passar a crer em Jesus, aquele que
tem dúvidas encontra a fé; o desanimado pode encher-se de esperança.
“Nem todos têm a mesma experiência na sua vida religiosa. Mas reúnem-se os de actividades
diversas, e com simplicidade e humildade de espírito expõem a sua experiência. Todos os que seguem a
estrada cristã ascendente devem ter, e terão, uma experiência viva, nova e interessante. Uma experiência viva
compõe-se de diárias provas, conflitos e tentações, resolutos esforços e vitórias, e grande paz e alegria obtidos
graças a Jesus. Uma narração simples de semelhantes experiências traz luz, força e conhecimento que ajudarão
outros em sua marcha na vida divina” (Nos Lugares Celestiais, MM 1968, p. 61).
Da mesma forma como as pessoas são renovadas e encorajadas a reunirem-se e conversarem, há
grande bênção quando os casais se reúnem para renovação, encorajamento e refrigério em seu casamento. O
casamento é mais do que apenas um homem e uma mulher. É uma entidade dinâmica, um casal unido, e é
importante receberem apoio espiritual de outros casais com necessidades e desejos comuns e a disposição de
se comprometerem a fortalecer e apoiar um ao outro na jornada da vida conjugal. Ao orarem juntos, abrirem-
se para a compreensão actualizada do relacionamento do casamento conforme a Palavra, partilharem
experiências comuns e juntos se empenharem no desenvolver suas habilidades relacionais, muitos acabam
reacendendo sua fé em Deus – o Criador do casamento – e renovam os votos para com essa instituição
sagrada. O casamento para esses casais é radicalmente diferente do casamento dos casais que os cercam e, à
medida que crescem na graça e na compreensão, põem em prática os ensinamentos de Jesus em seu
relacionamento.
Isto sem deixar de considerar o facto de que ao redor de cada casamento há um círculo sagrado que
deve ser cuidadosamente guardado e preservado. “Nenhuma outra pessoa tem o direito de entrar nesse
círculo” (O Lar Adventista, p. 177). O ciclo sagrado que dá ao casal individualidade e privacidade deve
permanecer intocável, mesmo quando têm amizade com outros casais. Ao darem testemunho e falarem de sua
experiência conjugal, cada um deve atentar para o desejo um do outro, protegendo-se mutuamente e sua
singularidade como casal, mantendo cuidadosamente os limites apropriados que cercam seu relacionamento.
O círculo em torno do casamento não é diferente da membrana ao redor da célula humana. A
membrana celular provê distinção e integridade para a célula, mas também permite a comunicação entre as
células circundantes e transfere informação e recursos entre elas. De igual forma, o círculo sagrado que cerca
Página 40 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
o casamento não foi destinado por Deus para se tornar um muro impenetrável que inibe o fluxo de
relacionamentos e encorajamento recebido e dado no relacionamento. Na presença de outros casais, marido e
mulher, podem testemunhar de forma prática o amor e encontrar afirmação para sua relação, conforto em
meio da dificuldade, esperança para ajudá-los a seguirem em frente e inspiração para trabalharem para Deus.
Sobre Este Material
Este material destina-se a ser usado por pequenos grupos de casais, dando oportunidade para que cada
casal mantenha diálogo entre si e na discussão do grupo. As sete histórias de peregrinos na jornada conjugal,
que dão elementos para o início do diálogo a respeito da edificação do casamento, foram extraídas do livro
Maximum Marriage, de Peggy e Roger Dudley.
Os Dudleys dedicaram toda uma vida de serviço aos jovens adventistas, mais recentemente na Andrews
University. Ambos são formados em aconselhamento e também contribuem nas áreas de educação e pesquisa.
De especial importância destacamos o facto de que eles formam um casal feliz que tem trabalhado
incansavelmente, durante décadas, no fortalecimento de seu próprio casamento e de outros casais. Eles dizem:
Desejamos partilhar exemplos positivos da vida real que demonstram a capacidade da resolução
de problemas. Desejamos escrever um livro a respeito do sucesso, com experiências da vida real que ilustram
a existência de bons casamentos – eles representam um árduo trabalho. Mas, o esforço vale a pena. (Dudley,
2003, p. 8).
Use as histórias no pequeno grupo. Um casal no grupo deve ler em voz alta a história. Esse mesmo
casal pode liderar a discussão do grupo e isso será seguido por um tempo devotado ao diálogo pessoal do
casal. O diálogo pessoal pode ocorrer entre os casais na mesma sala, mas com distância suficiente para
permitir a privacidade.
Directrizes para o grupo. Para a discussão em grupo devem ser estabelecidas várias directrizes
importantes com o objectivo de ajudar a definir os limites apropriados no que será partilhado. Isto deve ser
discutido com os participantes antecipadamente a fim de que a discussão no grupo seja mantida a um nível
apropriado a fim de evitar qualquer constrangimento entre os cônjuges ou outros.
Falar por si mesmo. Falar de acordo com os seus sentimentos e ideias. Não falar pelo cônjuge ou pelos
outros. Dar à outra pessoa a responsabilidade de agir da mesma forma.
Falar da sua experiência. Permita que os demais extraiam as lições que lhes sejam significativas de sua
experiência e que façam a aplicação para a sua vida.
Falar voluntariamente. Ninguém deve ser pressionado a falar.
Respeitar o círculo sagrado. Falar apenas aquilo que ambos se sintam confortáveis em partilhar e apenas
sobre questões comuns a todos os casais e que acreditam tiveram sucesso na resolução de forma aceitável
para ambos.
Página 41 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
Diálogo entre o casal. Se desejar entregue uma folha com um texto que dê início ao diálogo, ou
forneça aos casais papel e lápis para que anotem o texto que dará início ao diálogo e algumas breves respostas
que poderão ser partilhadas um com o outro.
A História do Rogério e da Margarida
Rogério: Quando eu era jovem e me estava a preparar para o ministério, senti-me fortemente
impressionado pela santidade e importância do chamado de Deus. Concluí o curso de Teologia com elevados
ideais e conceitos do ministério. De alguma forma, creio, deixei de equilibrar esse zelo com a importância da
família. Durante alguns anos (envergonho-me de dizer quantos) agi sob o princípio de que “a obra” deveria
sempre vir em primeiro lugar.
Eu amava muito a Margarida, e esperava que ela compreendesse que como esposa de pastor deveria
fazer sacrifícios. Ainda mais, ela deveria fazê-los com disposição e alegria. Então tomei consciência da
situação. Como director do Departamento de Jovens de uma associação, estava trabalhando com um grupo
de adolescentes e jovens adultos em numa série de reuniões da Voz da Mocidade. Certa manhã recebi um
telefonema urgente. A Margarida estava ligando do hospital. Fora-lhe diagnosticado um problema que
requeria cirurgia. Embora o problema não fosse grave, ela teria de levar uma anestesia geral e estava assustada
e sozinha.
Mas tínhamos uma reunião importante naquela tarde. “Se precisares, irei agora e não participarei da
reunião”, disse eu.
Em seu temor e incerteza ela necessitava de mim, sem dúvida -- desesperadamente. Mas como boa
cristã, conhecia a resposta apropriada. “Não, eu ficarei bem. Assiste à reunião; sei que é importante. Mas, por
favor, ora por mim”.
Naturalmente, no fundo ela estava esperando que eu dissesse: “Não, tu és mais importante” e que iria
correr para o carro e estar lá o mais rápido possível. Isso é o que eu deveria ter feito – mas não fiz. Minha
formação e pensamento permitiram-me aceitar a mensagem proferida e ignorar o clamor do coração, visto
que meu coração era insensível.
Não demorou muito para ela encontrar uma forma de me dizer quanto medo e solidão sentiu. Comecei
a perceber, pela primeira vez, o quão longe eu estava da compreensão do que realmente importava mais para
mim. Sabia que deveria fazer algumas mudanças em minha vida. Decidi que necessitava reservar tempo
importante e de qualidade para ela e nossa filha. Começamos a estabelecer um calendário para realizarmos
actividades em família e assim nutrir nosso relacionamento.
Gostaria de poder dizer que minha “conversão” foi permanente e que nunca perdi de vista minhas
prioridades. Porém, o crescimento humano não ocorre de uma vez. Com cada nova experiência aprendemos,
embora algumas vezes lentamente, com retrocessos ao longo do caminho. Quão maravilhoso é saber que
Deus é paciente connosco! Necessito de mais algumas experiências para me trazer de volta às prioridades que
de facto são o mais importante.
Página 42 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
Margarida: O que eu menos desejava era criar conflito. Vira muito disso na minha infância. Não
houve modelos em meus anos de crescimento dos quais pudesse aprender o que era certo. Mas, graças a
Deus, aprendi essas habilidades nos seminários para casais e pela leitura de livros a respeito do casamento.
Esses materiais não estavam disponíveis até que chegamos à meia-idade. Antes disso, quase ninguém falava ou
escrevia a respeito de assuntos tão íntimos como o casamento.
Uma vez que aprendia algo conseguia conversar com o Rogério a respeito de nosso relacionamento
sem atacar ou censurar. O Rogério aprendeu a ouvir e a aceitar meus sentimentos sem tentar convencer-me
de que eram ilógicos. Percebi que também tinha a responsabilidade pela forma como vivíamos. Houve
ocasiões em que também caí na mesma armadilha das prioridades distorcidas. Certamente, houve ocasiões em
que o Rogério se sentiu menos importante do que meus estudos doutorais ou das exigências do trabalho. Mas
com a melhoria da nossa comunicação não foi muito difícil constatar como as nossas prioridades estavam
distorcidas. Aprendemos que a vida está em constante mudança e que portanto nossos ajustes devem seguir
essas mudanças. Verdadeiramente sinto que sou a prioridade do Rogério, depois o trabalho do Senhor, e
empenho-me em que ele saiba que a recíproca é verdadeira.
Iniciadores da Discussão em Grupo
Se julgar necessário, reveja as directrizes para a discussão em grupo.
Que partes da história da Margarida e do Rogério se parecem com a sua?
O que a tornou tão difícil para eles?
O que levou o Rogério a fazer um novo compromisso com a sua esposa e família?
O que crê que o Rogério quer dizer quando descreve o crescimento no relacionamento como “gradual
e lento”, “com retrocessos ao longo do caminho”?
Por que acha que era difícil para a Margarida dizer ao Rogério o que ela realmente sentia?
Que habilidades eles conseguiram desenvolver que lhes facilitou verdadeiramente a comunicação?
Iniciadores do Diálogo do Casal
Ocasiões em que permiti que o meu trabalho e a minha agenda pessoal tivessem a prioridade em meu
relacionamento contigo ...
Sentimentos que tenho quando sinto que nosso relacionamento parece ser uma lista de coisas para
fazer ...
Formas pelas quais posso ajustar minha vida e permitir mais tempo e energia ao nosso
relacionamento ...
Meu voto de me comprometer contigo é de te amar ...
Página 43 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
História da Margarida e do Luís
Elisa : Kori, nossa cadela, gosta muito de “passear”. O Larry achava que eu não deveria levá-la comigo
ao sair para fazer algumas compras no mercado visto que a temperatura no verão estava muito elevada na
Carolina do Sul. Assegurei-lhe que não me iria demorar e que deixaria as janelas do carro abertas enquanto
estivesse fazendo as compras.
Quando saí da loja, vi o carro da polícia a bloquear o meu carro. Eu não havia deixado visível meu
cartão de “deficiente”. Depois que mostrei à policia meu cartão ela disse: “Espere! A Senhora cometeu duas
infracções. Deixou o cão preso no carro. O oficial do departamento de protecção aos animais já está a
caminho”.
Ambos os oficiais foram muito amáveis comigo quando eu prontamente admiti que estava errada nas
duas situações. Eles foram simpáticos ao perdoar-me as multas, mas salientaram que eu poderia haver
recebido uma multa de 200 Euros para cada infracção.
Estava orgulhosa ao relatar minha aventura ao Luís, e totalmente despreparada para a sua resposta
irritada. Esse tipo de coisa normalmente não o aborrece. A irritação inesperada a respeito de minhas
infracções deixaram-me furiosa e eu respondi: “Os policias foram mais compreensivos do que tu”. Sai
batendo a porta e fui para fora lamentar-me. Poucos minutos depois, voltei e pedi perdão.
O Luís também pediu perdão.
Embora tivéssemos acertado as coisas, eu ainda estava magoada. Ele foi para a escola e eu sentei-me
para ler a Bíblia. Necessitava encontrar algo que pudesse dizer ao Larry o quão profundamente ficara
magoada, algo que o encorajasse a ser mais compreensivo. Nada me vinha à mente. Peguei a caixinha com
promessas bíblicas e pedi a Deus para me dar um texto que me ajudasse. Mal pude crer quando vi a resposta
que Ele me deu: “Agora, pelo contrário, deves perdoar-lhe e consolá-lo, para que ele não seja dominado por
excessiva tristeza. Portanto, recomendo-te que reafirmes o amor que tens por ele” (II Coríntios 2:7, 8). Na
margem dessa passagem escrevi: “Policia-Kori-Luís 11/07/01”.
Luís: Acredito que vários aspectos fortalecem o nosso casamento além das expectativas normais.
Porém o mais importante é o estarmos firmemente comprometidos com o Senhor e com a nossa igreja.
Diariamente (de manhã e à tarde) despendemos 30 a 40 minutos realizando o culto juntos. Passamos também
tempo adicional em nossa devoção pessoal.
Ambos devolvíamos o dízimo e dávamos ofertas adicionais antes de nos casarmos e continuamos a
fazê-lo. Amamos nossa igreja e a apoiamos financeiramente e também com o nosso tempo. Continuamos a
acreditar que devemos frequentar os cultos da igreja.
Página 44 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
[Cremos] que o casal deve orar junto e um pelo outro a cada dia. Quando Deus é o centro do lar há
uma força unificadora.
Iniciadores da Discussão em Grupo
Que aspectos da história da Margarida e do Luís se parecem com a sua?
Por que acha que os especialistas chamam a ira de “emoção secundária”, ou seja, uma emoção
que surge quando os sentimentos dos outros são inesperados.
Que sentimentos ocultos levaram-no a sentir a ira inesperada? À resposta também irada da
Margarida?
Que conexões poderia haver entre a capacidade da Margarida e do Luís de enfrentarem o
problema e de sua vida espiritual como casal?
Que evidência pode mencionar de sua própria experiência de que o Luís estava certo quando
disse: “Quando Deus é o centro do lar há uma força unificadora”.
Iniciadores do Diálogo do Casal
Uma ocasião em que o seu perdão transmitiu poderosamente o seu amor por mim foi...
Sentimentos interiores que sinto algumas vezes e que me deixam irritado ...
Coisas que posso fazer para abrir o caminho a fim de que possamos transmitir abertamente os
nossos sentimentos ...
Meios pelos quais posso contribuir para o nosso crescimento espiritual como casal ...
História da Tânia e do Jorge
A Tânia conta parte de sua história: Nunca nos vamos esquecer daquele dia, há 38 anos atrás,
quando nos vimos pela primeira vez. Foi na assembleia dirigida a pessoas que apresentam o nanismo (anões),
em Asheville, Carolina do Norte. Ambos tinhamos cerca de 30 anos e desejávamos um companheiro para a
vida cujas crenças fossem centralizadas em Deus. Ainda, desejávamos um cônjuge com condições físicas
similares – nanismo. Não pode haver contacto dos olhos quando uma pessoa tem 1,82m e a outra 1,22.
Ambos estávamos orando por um milagre. Este foi um sonho que Deus realizou....
Durante os últimos seis anos envolvemo-nos no Maranatha Volunteers International. Viajamos por
muitos lugares do mundo – Índia, Nepal, Argentina, África, Austrália, Venezuela, Honduras, Panamá, etc. – a
fim de usarmos nossas pequenas mãos para Deus na construção de igrejas, escolas, orfanatos e clínicas de
saúde.
Muitas dessas viagens foram para países em desenvolvimento, onde as pessoas realizavam os cultos em
cabanas. Quando partíamos, deixávamos belos edifícios com muitos membros. Ao ajudar os outros
Página 45 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
recebemos muitas bênçãos! Sabemos que Deus tem um propósito para cumprirmos na vida. Encontrar outros
casais que também estão envolvidos nesse tipo de esforço, como também em partilhar histórias de como
Deus tem enriquecido a vida deles e de seu casamento. Isso nos tem ajudado a crescer.
Que emoção fazer a diferença na vida de alguém! Ter essa oportunidade de testemunhar e de trabalhar
com pessoas de outras culturas pode certamente ser uma experiência gratificante. Voltamos para casa
verdadeiramente abençoados. Participamos de 30 projectos e desejamos continuar envolvidos enquanto
pudermos. Hoje estamos mais fortes do que nunca no amor do Senhor e em nosso amor um pelo outro e por
outras pessoas.
Iniciadores da Discussão em Grupo
Que retrato de casal veio à sua mente quando soube que a Tânia e o Jorge são anões? Que
limitações esperava que eles tivessem?
De que forma seus conceitos pré-concebidos sobre eles foram mudados com a sua história?
O que isso lhe diz a respeito do potencial de cada casal ser uma bênção para os outros em nome
de Cristo?
Que experiência teve que confirma a verdade de sua convicção de que encontrar alegria no
serviço é um dos maiores fortalecedores do casamento?
Iniciadores do Diálogo do Casal
Lembrança de uma ocasião quando ajudar outra pessoa aproximou-nos mais ...
Coisas que nos impedem de nos comprometermos mais e aos nossos recursos para servir os
outros ...
Coisas que gostaria que fizéssemos juntos a fim de continuarmos reconhecendo as bênçãos
recebidas, partilhando-as com os outros ...
A História da Madalena e do Carlos
Madalena: Depois de 13 anos de casada descobri que a felicidade no relacionamento pode ser tão
imprevisível quanto jogar a moeda ao ar e calhar cara ou coroa. Cara, nosso casamento é óptimo; coroa, é
detestável. Estou certa de que nunca foi plano de Deus que o relacionamento fosse uma questão do acaso ou
da sorte. Assim, durante anos, lutei para determinar os segredos da verdadeira alegria no casamento, temendo
que minhas probabilidades fossem as mesmas de ganhar na lotaria.
Certo dia, em particular, o dia da “coroa”, perguntei ao Carlos o que ele achava de nosso casamento.
Ele me olhou directamente nos olhos e respondeu: “Nosso relacionamento parece girar em torno do seu
humor”. Por algum motivo sua resposta me perseguiu como uma dívida a ser paga. Quanto mais eu tentava
ignorá-la, mas urgente se tornava. Sentia que Deus tentava tirá-la de meu coração, mas obstinadamente eu
resistia. Além do mais, eu tinha muito com que estar ressentida.
Página 46 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
Por exemplo, o Carlos deveria ter terminado a cerca no fundo do quintal. Com duas crianças pequenas
uma cerca era mais do que um desejo qualquer; tratava-se de uma questão de segurança. Porém, ele sempre
aparecia com alguma desculpa para fazer outra coisa que no meu parecer era menos importante. Depois de
aguardar vários meses para que ela fosse concluída minha paciência se esgotou e eu estava fervendo de raiva.
Sentei-me para meu culto e comecei a despejar minhas frustrações diante de Deus. Por que Ele não
transformava o Carlos? Sabia que Deus tinha o poder. Havia orado suficientemente para que fosse atendida.
Então, por que minhas orações não eram respondidas? Se tão somente o Carlos não fosse tão incerto.
Quando eu dizia que ia fazer algo, sempre cumpria minha palavra. Por que ele não podia ser mais semelhante a
mim? Mais semelhante a mim?
Então compreendi. A dura verdade. Certo, eu era confiável, mas um tanto enfadonha. Honestamente,
uma das coisas que eu admirava no Carlos era sua espontaneidade. Por exemplo, quando ficámos noivos,
fomos de carro a noite toda só para dar a novidade pessoalmente a seus familiares. Ideia do Carlos, é claro. E
então foram as flores. Recebia-as quando menos esperava, mesmo quando não havia datas especiais para
festejar. Se ele fosse mais “confiável” assim como eu, haveria tanto amor e brincadeira? Poderia ser que as
“deficiências” do carácter dele, que tanto me irritavam se transformassem na outra parte que eu mais amava?
Ao ver essa verdade instalar-se na minha mente, eu a armazenei como um dos tesouros mais valiosos.
Deus aceitou minhas fraquezas como também meus pontos fortes e amou-me com “amor eterno”. Talvez eu
pudesse aplicar Sua estratégia ao meu marido. Então a felicidade de nosso casamento já não mais dependeria
de um mero jogar a moeda. Estaria segura na conta bancária de Deus.
Iniciadores da Discussão em Grupo
Há um velho adágio que diz: “os opostos se atraem”. Como isso parece ser verdade na vida da
Madalena e do Carlos?
O que a Madalena diz e que é a resposta natural do coração humano quanto às diferenças no
outro?
Por que crê que as tentativas de mudar um ao outro não funcionam bem?
Porquê que o momento de consciencialização da Madalena é uma lição importante para os
casais?
Iniciadores do Diálogo do Casal
Ocasiões em que me senti totalmente conhecida/o, aceite e amada/o por ti...
Aspectos em que somos muito diferentes ...
Experiência divertida que tivemos tentando mudar um ao outro, sem sucesso ...
Minha afirmação a seu respeito como alguém diferente, mas muito precioso para mim que quero
entesourar pelo resto de minha vida. ...
Página 47 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
A História da Teresa e do Ricardo
Ricardo: Perto do primeiro Natal de nossa vida de casados a Teresa e eu leccionávamos na Hylandale
Academy, em Wiscosin. Ganhávamos tão pouco que quando eu fui recrutado para o Exército, poucos
meses depois tive um aumento.
Não havia dinheiro para presentes natalícios, muito menos para uma árvore de natal ou decorações. Na
mata conseguimos encontrar um cipreste grande que foi arrastado pela neve até nossa casa. Os ramos eram
tão abundantes na base que ela se sustentava em pé sem qualquer suporte. A árvore ocupou um grande
espaço em nossa sala pobremente mobilada.
Teresa: Eu estava tão feliz com nosso primeiro Natal e nunca imaginei que teríamos uma árvore tão
grande, chegando até o tecto! Fiz bolachas suficientes para ornamentar três árvores!
Ricardo: Poucos dias antes do Natal, um sábado à noite, a Teresa me pediu para mover uma cómoda
para um dos quartos. Eu não me apetecia fazer isso, mas ela continuou insistindo. Finalmente cedi, mas
estava irritado com a Teresa. Pedi ao meu cunhado, Geraldo, para me ajudar a carregar a cómoda. Escolhi
carregá-la passando pela sala, apenas para mais tarde me arrepender. Ao passarmos pela sala, roçamos a
cómoda na árvore de natal. O Geraldo questionou se não deveríamos parar, mas eu estava impaciente com a
Teresa e simplesmente queria livrar-me da incumbência. Ao prensarmos a árvore, pressionamos tanto os
ramos que as bolachas caíram ao chão.
Teresa: Eu ouvi o barulho e fui até a sala e encontrei a árvore caída. Nenhum problema. Eu poderia
levantá-la e arrumá-la novamente. Mas ali no chão estava uma pilha de bolachas partidas. Todo o meu árduo
trabalho fora destruído. Corri até ao quarto e caí com o rosto enfiado na cama para que ninguém ouvisse
meu choro.
Ricardo: Quando eu voltei para a sala depois de colocar a cómoda no lugar sabia que algo estava muito
errado. Fui até ao quarto e lá estava a Teresa, deitada de bruços na cama e aos prantos. Sentei-me ao seu
lado e perguntei-lhe qual era o problema. Ela chorava tanto que não conseguia dizer nada.
Teresa: Entre soluços, finalmente conseguiu dizer: “tu ... tu .. tu partiste ... as minhas ... bolachas!”
Ricardo: Quando ela disse o porquê estava a chorar, imediatamente senti remorsos. Disse-lhe que
poderíamos fazer mais bolachas, mas nada parecia confortá-la.
Teresa: O Ricardo deu-me umas palmadinhas e disse que sentia muito. Realmente ele parecia sincero e
triste e é claro que o perdoei. O certo é que não tive tempo de fazer novamente outras bolachas.
Ricardo: Creio que o facto de a Teresa não ter tido tempo de fazer outras bolachas reforçaram-me uma
lição importante dessa experiência de Natal. Depois de agir impulsivamente, nem sempre é possível fazer as
coisas completamente certas no casamento. É melhor acalmar-se antes. Porém, a experiência também nos
ensinou lições positivas no casamento.
Página 48 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
Teresa Hoje, 30 breves anos depois, não concordamos com cada detalhe de como e porque a
“tragédia” com as bolachas aconteceu, ou porque o Ricardo estava aborrecido de ter de mudar a cómoda de
lugar. Esses detalhes foram perdoados e esquecidos. O importante é que temos usado essa experiência para
uma melhor comunicação das esperanças e sonhos um do outro.
Sempre que chegamos a uma situação onde um de nós se importa bastante, dizemos: “Não parta
as minhas bolachas”. Essa é uma maneira gentil que transmite muita experiência e emoção e nos ajuda a
reconhecer que quando há uma necessidade não devemos pressionar muito, antes dar mais apoio um ao
outro. “Não parta as minhas bolachas” é uma forma de falar a nossa própria linguagem. Nós a
mencionávamos algumas vezes nos primeiros anos de casados. Nosso relacionamento cresceu a ponto de
necessitarmos empregar essa frase muitas vezes.
As árvores de Natal e as bolachas já não parecem tão importantes. Aprendi que as coisas na vida
não são tão valiosas quanto o nosso relacionamento.
Iniciadores da Discussão em Grupo
Qual é a verdade na conclusão do Ricardo de que “Depois de agir por impulso, nem sempre é
possível fazer tudo completamente certo no casamento”?
Ninguém chora tanto devido as bolachas partidas. O que as bolachas partidas simbolizavam para a
Teresa naquele Natal que a fizeram soluçar incontrolavelmente?
A Teresa diz que desde então usam essa experiência quando pensam que é “melhor manifestar a
compreensão pelos sonhos e esperanças um do outro”. Por que é tão importante compreender e ajudar um
ao outro a manter as esperanças e os sonhos no casamento?
O que a frase “Não parta as minhas bolachas” passou a significar entre eles?
Por que é que essa é uma lição importante para o casal hoje?
Iniciadores do Diálogo do Casal
Uma experiência das “bolachas partidas” à qual sobrevivemos ...
Vezes em que poderíamos usar um pequeno lembrete do quão importante é ouvir um ao outro e
ouvir os sentimentos e preocupações profundos. ...
Coisas que posso fazer para ajudar o nosso casamento a livrar-se de momentos difíceis quando
ferimos um ao outro e estamos a ter dificuldades para ouvirmos o coração do outro. ...
Sonhos e esperanças que gostaria de partilhar contigo ...
A história da Sara e do João
Sara: Casámo-nos jovens (21 e 23 anos). Eu estava a meio do curso superior e o João estava para
iniciar o seu mestrado quando eu concluí o meu curso. Depois que concluí o mestrado ele decidiu que seria
melhor comprarmos uma casa. Meus pais se dispuseram-se a pagar a entrada, mas as prestações aumentaram
Página 49 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
assim como os nossos empréstimos escolares e outras contas de tal forma que estávamos mergulhados em
dívidas.
Eu, por natureza, sou extrovertida. Gosto de ter pessoas à minha volta e de me divertir. O lado triste
da minha personalidade é que tenho dificuldades em concentrar-me num objectivo, tal como o pagamento
das contas e dos empréstimos porque não vejo nada a acontecer, embora pareça que nunca tenho dinheiro
para gastar. Felizmente, os opostos se atraem, e casei-me com um homem que é mais introvertido e
focalizado nos objectivos. Ele percebeu que a fim de ambos nos concentrarmos no objectivo das dívidas a
serem pagas deveria torná-las reais para mim.
Certo dia ele estava fazendo a contabilidade dos pagamento e então chamou-me. Ele havia preparado
um quadro grande de cartolina. (Prefiro coisas que sejam visualmente estimulantes e interactivas. Um
pedaço de papel não teria funcionado da mesma forma.) Ali estavam relacionados os empréstimos e o mês
ao lado. Os montantes com os juros maiores vinham em primeiro lugar na lista.
Todos os meses, desde então, enquanto estava pagando as contas, ele me chamava e dava-me um
marcador vermelho para colocar um X num dos espaços providos. Quando a primeira conta foi liquidada, o
dinheiro separado para essa conta foi para outra conta na lista. Festejávamos quando uma conta era paga.
Nosso pagamento final foi para meus pais. Conseguimos pagar-lhes 500 Euros por mês até que os
10.000 Euros fossem pagos – algo que eu nunca pensei que fosse possível pagar. Isto somente se tornou
realidade porque não elevámos nosso padrão de vida (continuamos morando como estudantes, embora eu já
fosse uma profissional) até que todas as contas tivessem sido pagas.
Esse método realmente me ajudou. Podíamos ver o fim. Tornamo-nos uma equipe focalizada em
nosso alvo. Celebrávamos cada sucesso. Discutíamos o que desejávamos fazer com nosso dinheiro. Depois
de uma data específica em vez de dizer: “quando nossa dívida for paga”, eu podia ver para onde o dinheiro
ganho com sacrifício estava indo. A dívida não desaparecia simplesmente com a explicação “Tenho de pagar
as dívidas”.
Iniciadores para a Discussão em Grupo
Porquê que as finanças sempre estão no topo das questões que criam conflito conjugal?
Como o João conseguiu ajudar a Sara a compreender e cooperar com ele na concretização de seu
alvo de ver as dívidas pagas?
Porque é que esse alvo é tão importante no casamento?
Quais foram as recompensas que o João e a Sara experimentaram ao definirem juntos o seu alvo?
Iniciadores do Diálogo do Casal
O que desejo para mim (pense em seus alvos pessoais e conjugais mais importantes) ...
Página 50 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
O que desejo para ti ...
O que desejo para nós ...
A História da Helena e do Jaime
Helena: Poucos dias depois da mudança para a nossa nova casa, com muitas caixas ainda
empacotadas, o Jaime teve de viajar durante quatro dias para Alberta, no Canadá. Como o seu trabalho
requeria muitas viagens, o nosso plano de partilhar as responsabilidades da casa ficou sem efeito.
Eu sentia falta de ter o Jaime em casa diariamente e comecei a nutrir sentimentos de irritação e
ressentimento. Gastava muito tempo preocupando-me e pensando “e se...”. Eu estava aborrecida com o
facto de ter de fazer a lida da casa e cuidar das crianças sozinha, sem familiares ou amigos íntimos por perto,
o que não me deixava tempo para procurar um emprego. Queria dar apoio ao ministério do Jaime mas
ressentia-me com o rompimento da família e com o meu emprego. Tornei-me muito defensiva e amarga em
minha interacção com o Jaime. A tensão em nosso relacionamento começou a agravar-se.
Jaime: Da minha parte, eu sentia a pressão da necessidade de me adaptar às muitas situações do meu
novo cargo e ainda permanecer ligado à família. Comecei a sentir que a Helena não me estava a dar o apoio
necessário e fiquei frustrado por ter de lidar com a grande tensão no lar assim como também no meu
trabalho que cada vez exigia mais de mim. Nosso orçamento também diminuiu devido à mudança de dois
salários para um. Isso pressionava mais a situação.
Infelizmente, não gastávamos muito tempo partilhando os nossos sentimentos um com o outro. A
nossa comunicação piorou e discutíamos a maior parte do tempo.
Helena: Quanto mais ressentida e amargurada eu estava com o Jaime, mas fácil era para ele trabalhar
até mais tarde e ficar longe de casa.
Jaime: Quando mais distante ficava de casa, mais irritada a Helena se tornava. Tornou-se um círculo
vicioso para nós, que nos teria destruído se não fosse a intervenção divina.
Helena: Tudo mudou, subitamente, certo dia quando o Jaime se estava preparando para outra viagem.
Senti-me muito mal e não conseguia sair da cama. O Jaime perguntou-me se eu estava bem. Eu respondi
com um sincero “não” e consegui confessar-lhe o quão sozinha e triste me sentia. Ele ficou muito
preocupado e perguntou-me se eu desejava que ele ficasse comigo e eu respondi afirmativamente.
Jaime: Subitamente, tomei consciência de que algo estava errado com a Helena e que atendê-la era
mais importante do que qualquer outra coisa no mundo que necessitasse a minha atenção. Cancelei
imediatamente a minha viagem e disse à Helena que ficaria com ela enquanto precisasse de mim e estivesse
suficientemente bem, mesmo que isso significasse cancelar algumas viagens.
Página 51 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
Passámos o dia a conversar e a orar juntos. Falámos um com o outro a respeito dos nossos
sentimentos e realmente tentámos compreender os nossos pontos de vista. Concordamos também que
precisaríamos de ajuda externa – outras pessoas em quem pudéssemos confiar e que se comprometessem
em saber como as coisas estavam indo connosco. . Foi-nos muito difícil falarmos de nossos problemas com
outras pessoas, mas sabíamos que era necessário a fim de superarmos os mesmos.
Helena: Decidi procurar um conselheiro cristão e o Jaime conversou com amigos de confiança. A
primeira mudança que fizemos foi voltar ao hábito de orarmos juntos todas as manhãs. O abraço voltou à
nossa rotina diária quando chegávamos a casa à tarde ou a qualquer outra hora.
Jaime: Quanto às viagens, estabeleci que aceitaria compromissos para ficar fora de casa apenas dois
fins de semana por mês. Os outros dois ficaria em casa.
Helena: Concordei em tentar não marcar compromissos ou actividades minhas e das crianças nos dias
em que o Jaime retornasse de uma viagem ou durante o período em que estivesse em casa. Dessa forma ele
não sentiria como se estivesse sendo posto de lado. Estabelecemos, também, que teríamos mais conversas
intencionais enquanto ele estivesse viajando. Em vez de simplesmente falar de nossos filhos e dos eventos do
dia, começámos a perguntar a respeito dos sentimentos, pensamentos e preocupações um do outro.
Finalmente começámos a actuar como equipe novamente. Reconhecemos que estivemos lutando um
contra o outro em vez de lutarmos como aliados contra as forças malignas que estavam a ameaçar o nosso
relacionamento. Sim, as coisas estão bem diferentes do que eram nos primeiros anos de casados, e sabemos
que enfrentaremos ainda muitos obstáculos. Não obstante, cada desafio dá-nos a oportunidade de nos
aproximarmos mais um do outro e de ter um quadro muito mais claro da unidade que Deus deseja que
tenhamos no nosso casamento. Sabemos que não importam quais as circunstâncias que mudem em nossa
vida ou que desafios venhamos a enfrentar no futuro, somos aliados, aliados íntimos.
Iniciadores da Discussão em Grupo
De que forma as exigências do trabalho podem ameaçar a nossa intimidade conjugal?
Com que sentimentos manifestados pelo Jaime e pela Helena se identifica?
Por que crê que esse casal sentiu que necessitava de ajuda de um conselheiro e de amigos de
confiança?
O que entende que o Jaime queria dizer quando disse que necessitavam de alguém que lhes
pedisse contas?
O que mais lhe chama a atenção na forma como a Helena e o Jaime resolveram o seu problema?
Iniciadores do Diálogo do Casal
Períodos em que tivemos mais equilíbrio na nossa vida ...
Página 52 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar
Períodos quando os problemas do trabalho ameaçaram a nossa intimidade conjugal ...
Sentimentos e preocupações que necessito partilhar contigo agora ...
Coisas que posso fazer para nos ajudar a estabelecer limites apropriados entre a nossa
responsabilidade para com os outros e a nossa responsabilidade para connosco ...
Referências
Dudley, P., & Dudley, R. (2003). Maximum marriage. Hagerstown, MD: Review and Herald.
White, E. G. O Lar Adventista, CD-Rom E. G. White.
Página 53 Miniseminários—No Parapeito da Janela
NO PARAPEITO DA JANELA
Karen e Ron Flowers
Programa em forma de diálogo para os pais e membros da igreja que se importam muito com o bem-estar espiritual das crianças e
dos jovens.
Introdução
Os educadores cuja experiência e pesquisa inspirou este seminário sabem do que estão falando quando
se trata de compreender o jovem adventista. Ivan Góes é Director do Departamento de Educação e dos
Ministérios da Família da União Nordeste-Brasileira. Ele está em contacto diário com os jovens em casa e no
seu mistério, e mantém contacto íntimo com o seu mundo, sendo sua principal preocupação o bem-estar
espiritual deles. Na história de Êutico, no Novo Testamento (Actos 20:7-12), vê um trampolim para
considerar a experiência e perspectivas da vida real dos jovens de hoje e os desafios enfrentados pelos pais,
professores, líderes de jovens e pela igreja como um todo para manter os jovens na igreja para toda a vida.
Roger Dudley é director do Instituto do Ministério da Igreja na Andrews University. As histórias que
têm angustiado o seu coração são histórias de jovens adventistas da era pós-moderna, muitos dos quais lutam
para encontrar significado e realização na igreja de sua infância. Durante mais de 10 anos, acompanhou a vida
de 1.500 adolescentes enquanto passavam pelos períodos de transição da adolescência e de jovens adultos,
muitas vezes sentindo-se desiludidos com a Igreja Adventista. Seu livro recente, Why Our Teenagers Leave the
Church (2000) [Porquê que Nossos Adolescentes Deixam a Igreja], é uma crónica, relatada por si, da jornada
que esses jovens e ele fizeram juntos.
O relatório que Góes e Dudley fizeram da linha da frente e as suas considerações a respeito do que
têm visto e ouvido levantam questões significativas que devem ser urgentemente tratadas pelos pais,
professores, líderes da igreja e outros adultos que se importam que a sua igreja seja vista como relevante e
convidativa para esta geração. Devemo-nos confrontar com a difícil pergunta: Estamos dispostos a ouvir
cuidadosamente a voz dos jovens? Estamos realmente a ouvir o que nos estão a dizer em relação ao porquê
de deixar a igreja, ao porquê de ficar e porquê empenhar-se em mudanças é tão desanimador e difícil? Quais
são as implicações de suas percepções quanto à forma que procedemos na igreja? O que realmente fazemos
com o que eles dizem, agora que se importaram suficientemente para arriscar abrir o coração? Como
podemos falar de Cristo e dos princípios de Seu reino na linguagem e atitudes que lhes sejam atraentes? Este
seminário busca atacar essas questões.
Sobre os Materiais Deste Seminário*
O Seminário é apresentado em quatro partes:
Parte I A História de Êutico Através da Visão Contemporânea
Parte II Conheça os Números
Página 54 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Parte III Nas Palavras dos Próprios Jovens
Parte IV Porque os Adolescentes Adventistas Permanecem na Igreja
Cada parte tem uma apresentação, seguida por discussão em grupo. As partes do seminário destinam-se
a fluir em sequência. Tempo aproximado do seminário: uma hora e meia a duas horas. Certifique-se de prover
quantidades suficientes dos materiais a serem entregues: Folha 1 – Porque os Jovens Adventistas Deixam a Igreja:
Nas Palavras dos Próprios Jovens (usado na Parte III) e Folha 2 – O Que Minha Igreja Fez Certo (usado na Parte IV).
Parte I – A História de Êutico Através da Visão Contemporânea
Uma simples leitura da história do jovem Eurico em Actos 20:7-12, ou a dramatização dessa história através da visão
contemporânea, conforme a dramatização abaixo, pode ser usada para criar o ambiente deste diálogo entre os pais e outros adultos
que se importam muito com o bem-estar espiritual dos filhos e jovens. Pode-se usar um cenário muito simples, ou retratar as
palavras a fim de ajudar os participantes a visualizarem as cenas mentalmente. Os personagens dessa dramatização são:
Eurico – um típico adolescente da igreja.
Lídia – mãe de Eurico
Teófilo– pai de Eurico, primeiro ancião da igreja de Troas.
Carlos, Tó e Luís – adolescentes do grupo do Eurico
Habitantes da vila – pessoas realizando seus negócios na praça da vila.
Membros da igreja – Igreja Cristã de Troas.
Paulo – apóstolo de nosso Senhor Jesus Cristo
Cena 1
O lar de Lídia e Teófilo e seu filho Eurico Lídia está na cozinha a preparar o jantar e Eurico está a fazer os deveres da
escola no quarto ao lado quando Teófilo chega entusiasmado do trabalho.
Teófilo: Adivinha, Lídia! Acabo de saber que o nosso querido amigo, Paulo, está aqui – em Troas! No
mercado, encontrei o Timóteo e outros homens que viajaram com ele. Eles acabaram de chegar esta manhã.
Lídia: Que maravilha! Tenho muitas saudades dele e dos seus companheiros. Quando ele está aqui parece
que a igreja fica revigorada, mais vibrante. E que pregações! Oh, como tenho sentido falta das pregações de
Paulo!
Teófilo: (Começando a pôr a mesa enquanto Lídia continua a preparar a refeição.) E porque é que aqueles desordeiros
sempre aparecem depois dele se ir embora?
Página 55 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Lídia: Hummm! Eles nunca teriam coragem para confrontar Paulo!
Teófilo: Gostaria que Paulo tivesse mais tempo para fazer aconselhamento. Há questões graves que eu
gostaria que fossem resolvidas de uma vez por todas! Mas ouvi dizer que ele poderá ficar aqui
apenas uma ou duas semanas. De qualquer forma, estamos a tentar organizar uma grande reunião
no domingo à noite para todos os crentes desta região.
Eurico: (Falando do outro quarto, com ar frustrado.) Isso significa que foi cancelado o acampamento dos jovens
para este fim de semana?
Lídia: (Tentando ser compreensiva.) Eurico, podem acampar sempre que desejarem. Mas nem sempre temos
Paulo connosco!
Eurico: Bem, a duração de suas reuniões é realmente óptima! (Dando um profundo suspiro.) E imagino que
me vão obrigar a ir às reuniões.
Teófilo: Sem dúvida. Como apareceria eu, o primeiro ancião, numa reunião da igreja sem a minha família
presente? (Com ar descrente.) O que há de errado contigo? Algumas pessoas andarão muitos kms
para vir ouvi-lo!
Eurico: Mas os sermões de Paulo são muito enfadonhos! Quando pensamos que já vai acabar, então ele
arranja mais 20 itens para apresentar. Temos de cantar todas as nove estrofes do hino de
encerramento! Ah, por que é que ele tinha de aparecer exactamente no fim de semana que vamos
acampar!
Teófilo Chega, já criticaste demais o homem ungido de Deus. Ainda, quero que cortes o cabelo antes do
fim de semana. (Teófilo volta toda a sua atenção para a esposa.) Bem Lídia, achas que poderíamos
convidar Paulo e todos os líderes da igreja para comer em nossa casa depois da reunião? Esta será
a única oportunidade que teremos para lhe pedir orientações sobre aqueles assuntos tão
importantes…
Cena 2
Tarde de domingo. Parapeito da janela da Igreja Cristã de Troas. Eurico e seus amigos estão sentados em fila, conversam
animadamente em meio do forte ruído dos preparativos.
Eurico: Que droga! Deveríamos estar agora sentados ao redor de uma fogueira!
Tó: Tens razão! Ainda não consigo acreditar que com tantos fins de semana durante ano o velho
Paulo tivesse de escolher logo este para aparecer em Troas!
Página 56 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Carla: Querem saber a minha opinião, para mim teria sido melhor que ele nunca aparecesse em Troas.
Desde que os meus pais se uniram a esta igreja, tudo o que tenho são restrições! Não podes fazer
isto, não podes ir ali, não podes usar aquilo, não podes ouvir essa música .
Eurico: Algumas das regras não parecem fazer muito sentido. Parece que a igreja é especialista em coisas
sem importância. Mas até conseguiria lidar bem com as regras e com tudo o mais se a igreja não
fosse tão enfadonha. Tudo o que fazemos é ficar sentados. Parece que eles não precisam de nós
para coisa nenhuma.
Luís: Tens razão, mas olhem o lado bom da coisa. Se não fosse a igreja não seríamos amigos.
Eurico: É verdade. E aqui são feitos os melhores almoços em conjunto. Lembram–se do arroz que a mãe
da Ana fez da última vez? Um espectáculo! Acho que repeti umas três vezes!
Tó: Amigo só pensas em comer.. (Eurico olha com desdém.)
Carla: Pois foi ninguém guardou lugar para mim! Lembram-se? (Ela parece ter ficado amuada com eles,
por um breve momento e então continua a falar), o único lugar que sobrou foi ao pé das velhotas.
Eu não acreditava que a conversa delas pudesse ter algum interesse para mim, mas sabem fiquei
surpreendida! Elas fizeram-me várias perguntas mostrando estar interessadas em mim. Perguntaram
-me como iam os meus estudos, se eu queria ir para a Faculdade, que curso queria tirar? E o mais
interessante de tudo, nem vão acreditar! Na semana seguinte uma das irmãzinhas encontrou-me no
hall da igreja, cumprimentou-me pelo meu nome e disse-me que tinha pesquisado na internet e
encontrado uma boa Faculdade com um óptimo curso de Relações Internacionais. Nem queria
acreditar no que estava a ouvir, o quê ela faz pesquisas na internet com esta idade?
Luís: Ei, por falar em almoço em conjunto, alguém viu a Chris no sábado passado? Ela sempre fica para
almoçar quando vem à igreja.
Carla: Pensando bem, faz já algumas semanas que não a vejo. Isso não me surpreende. Desde que o seu
pai perdeu o emprego ela tem de comprar suas próprias roupas e pagar os seus estudos, imagino
que deve trabalhar imenso. Ela tem dois empregos, e ainda estuda. Da última vez que a vi disse-me
que gostaria que a igreja se reunisse à tarde, pois assim poderia vir ao sábado. No momento ri. A
ideia é tão impossível quanto eu tirar 5 a Matemática!
Eurico: Talvez ela e eu pudéssemos iniciar a nossa igreja. Outro dia perguntei à minha mãe se alguma vez
tinham pensado na possibilidade de iniciar a Escola Sabatina ainda que só meia hora mais tarde,
talvez às 9h30 ou às 10h. Ela olhou-me como se eu fosse uma preguiça. Preciso de descansar.
Preciso de tempo para estar com os meus amigos. E tenho muita coisa para fazer. Quando a
programação da igreja inicia na sexta-feira à noite e vai até o pôr-do-sol de sábado, que tempo
temos para descansar? E porquê que tudo o que acontece nesta vila tem de acontecer no dia de
sábado?
Página 57 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Carla: Podemos ir à tua casa hoje quando a reunião terminar? Podemos, Êutico? Vá lá dá-nos uma
esperança…
Eurico: Sinto muito. A minha mãe convidou Paulo e todos os líderes da igreja para falar sobre alguns
assuntos.
Carla: Sim, como o que fazer com os jovens que não estão de acordo com os padrões da igreja e que
fazem perguntas difíceis? Boa, acabo de ter uma ideia. (Ela ri alto.) Sabem do que esta igreja precisa?
De uma banda realmente boa!
Tó: Sh-h-h, fiquem quietos. Vão orar. (Os adolescentes param e curvam a cabeça em oração. O Eurico abre os
olhos e espia, a Carlos olha nos olhos dele e ri. Poucos segundos depois, estão a cochichar.)
Eurico: Alguém adivinha durante quanto tempo Paulo vai pregar? Da última vez eu marquei no relógio,
uma hora e quarenta e sete minutos! Estão vendo aquela janela ali? Vou-me sentar no parapeito.
Está a acontecer muita coisa na cidade hoje e espero ver aquelas meninas que acabaram de se
mudar para cá (ele levanta as sobrancelhas, assobia baixinho , pisca o olho dando a ideia de que elas são o
máximo). Pelo menos não me irão acotovelar quando Paulo começar a aprofundar a sua teologia e
eu começar a dormir!
Tó: Cuidado para não adormeceres ... e caíres! (O Eurico sai, fingindo que não ouve, enquanto seus amigos
tentam conter o riso.)
Cena 3
A janela dá para a rua da vila. O Eurico cai imóvel na rua. As pessoas reúnem-se em volta dele, olhando preocupadas.
Um dos transeuntes: Ele está muito mal. Teve uma queda terrível! Caiu da janela como uma pedra.
Outro: É parece que está morto. Tão jovem. Alguém já chamou um médico?
Ainda outro: Curvando-se para ver se ele esta respirando.) Deixe-me ver se ele está respirando. ... Não sinto o seu
pulso.
Tó (Entra a correr) Eu disse-lhe para ficar atento para não cair!
Luís: Apenas me diga. Ele vai ficar bem? Não consigo ver.
Página 58 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Carla: (Orando em voz alta.) Oh, Deus, por favor, não permitas que o Eurico morra!
Membro da igreja: (Os membros chegam correndo.) Só podia ser o Eurico! Esse menino ainda vai matar os
seus pais!
Membro 2: Ele é um pouco rebelde, mas realmente tem bom coração. Está sempre divertindo as pessoas e
gosta de ajudar os outros jovens na limpeza do pátio depois do almoço em conjunto. Disse-lhe que
ele é um anjo! Sei que não queria cair da janela. Foi um acidente. Irei sentir muitas saudades dele.
Coitados dos seus pais!
Membro 3: Bem, eu posso dizer uma coisa, sempre que há jovens por perto, há problemas. Eles estão
sempre fazendo perguntas, desafiando e desejando mudar tudo. Eles estão sempre perturbando!
Por que não podem simplesmente confiar nos anciãos?
Paulo: (Paulo afasta a multidão e chega até o jovem. Inclina-se sobre ele e o abraça. Os olhos de Paulo estão fechados, em
oração sincera. Depois de alguns segundos, abre os olhos, levanta o rosto para o céu e grita de alegria.) Obrigado,
Jesus! (Olhando para a multidão.) Não fiquem alarmados! Ele está vivo! Venha, vamos louvar a Deus e
partir o pão em conjunto. Vamos louvá-Lo por Sua maravilhosa graça! Este jovem que estava
morto reviveu! Este é um motivo para nos alegrarmos!
Discussão nos pequenos grupos: Imagine Eurico empoleirado no parapeito da janela. Diante dos
seus olhos encontra-se os dois mundos, o de fora e o de dentro da igreja. O que imagina que o Eurico vê? O
que torna o mundo de fora tão atraente, naquela época e agora? Pense nos diálogos ocorridos nas cenas 1 e 2
desta dramatização. Que comentários ouve que e falam da percepção que os adolescentes têm da vida na
congregação de Troas? O que pensa do facto de ter nascido num lar cristão e na igreja que atrairia a atenção
do Eurico para a igreja? Acredita que isso é suficiente para fazer de Eurico um discípulo de Cristo e mantê-lo
na igreja como jovem adulto? O que atrai os jovens na sua família, no seu lar, na igreja?
Parte II – Conheça os Números
As estatísticas sobre os jovens adventistas e seu envolvimento na igreja apresentam uma realidade sombria. Como um meio
de sentir com mais intensidade as estatísticas apresentadas abaixo, convide os participantes a representarem um número – de um
a dez, repetindo quantas vezes forem necessárias até que todos tenham recebido um número. Quando as estatísticas forem
apresentadas, peça aos participantes com determinado número para se colocarem em pé representando uma percentagem de jovens
que respondem “sim” ao item apresentado no questionário da pesquisa. Por exemplo, quando apresenta a estatística de que 40-
50% dos jovens, na DNA, estão a deixar a igreja por volta dos 25 anos. Peça aos participantes numerados de 1 a 5 para se
colocarem em pé. (Isto representa metade dos participantes). Para os 34% que dizem frequentar a Escola Sabatina, pode pedir
aos participantes numerados de 8 a 10 para se porem em pé, representando, aproximadamente, um terço do grupo. Isso dará
oportunidade de participação ao grupo com os números maiores.
De acordo com a pesquisa de Dudley, “parece razoável acreditar que, pelo menos, 40% a 50% dos
adolescentes adventistas do sétimo dia, na América do Norte, estão essencialmente deixando a igreja por volta
Página 59 Miniseminários—No Parapeito da Janela
dos 25 anos. Esses dados podem ser maiores. Alguns voltarão eventualmente (talvez um quinto), mas,
naturalmente, muitos sairão (Ducley, 2000, p. 35). Algumas estatísticas vitais adicionais:
Frequência ao culto 55%
Frequência à Escola Sabatina 34%
Frequência a outros tipos de reuniões 25%
Cargo na igreja 21%
Membro de comissões 13%
Participante em actividades de testemunho da fé 21%
Oração pessoal diária 59%
(um adicional de 23% informa semanalmente ou muitas vezes)
Estudo diário pessoal da Bíblia 13%
(um adicional de 30% informa semanalmente ou muitas vezes)
Participação no culto diário em família 12%
(um adicional de 17% informa semanalmente ou muitas vezes)
Diz-se que a fé religiosa é bastante ou muito importante 82%
Sente-se aceite como membro da igreja local 74%
Sente que dá uma contribuição igual no funcionamento da igreja 56%
Sente que a mãe é uma influência positiva em seu
desenvolvimento espiritual 80%
Sente que o pai exerce essa influência 62%
Sente que outros adultos na igreja são uma influência positiva 32%
Ouvem música rock muitas vezes durante a semana 59%
Frequentam o cinema, pelo menos, uma vez por mês 52%
Bebem bebidas alcoólicas, pelo menos, uma vez por mês 21%
São sexualmente activos, sem planos de casamento 14%
O agradecimento àqueles que tiveram a coragem de enfrentar as estatísticas, a fim de se descobrir e
reconhecer os números verdadeiros que representam os jovens adventistas e a vida que levam dentro e fora da
igreja. Nem sempre é fácil enfrentar a verdade. Mas é um primeiro passo importante na busca de solução para
o desafio da igreja mundial.
Discussão no pequeno grupo. Acredita que os números de sua região e congregação local se
comparam com as estatísticas do Dr. Dudley?
Página 60 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Parte III – Nas Palavras dos Próprios Jovens
Para esta parte do seminário, distribua a Folha 1 – Porque os Jovens Adventistas Deixam a Igreja: Nas
Palavras dos Próprios Jovens. Este material foi compilado de comentários e cartas de 1.500 adolescentes e jovens adultos que
responderam ao estudo longitudinal de 10 anos de Roger Dudley sobre o jovem adventista na Divisão Norte-Americana. Esses
comentários são um exemplo representativo de suas palavras reais ao responderem às perguntas do porque deixam a igreja e o que
mais os perturba na igreja.
Antes do seminário, organize um pequeno grupo de adultos voluntários para apresentarem essa amostra dos jovens
falando a respeito de sua igreja. O grupo deverá praticar a fim de que os comentários fluam sem dificuldades e com sentimentos.
Peça-lhes para lerem com sentimento, assumindo o sentimento dos jovens. Quando o grupo apresenta a leitura, coloque-os
agrupados, como num retrato de família. Talvez os leitores possam ficar em alturas diferentes, sobre caixas cobertas, ou outro
arranjo que crie curiosidade e aumente o impacto das palavras.
Discussão no pequeno grupo. Que comentários lhe provocaram a maior resposta? Fale a respeito
dos sentimentos e do clamor do coração por trás das palavras. Pergunte a si próprio: Haveria algum jovem na
nossa congregação, ou no mundo, que poderia haver feito esse comentário? Em que base eles podem ter
chegado a essa conclusão? Se estivesse sentado na mesma sala com eles, qual seria a sua resposta? Como daria
a sua resposta de forma prática na sua igreja local?
Parte IV – Porque os Jovens Adventistas Permanecem na Igreja
Peça a um jovem adulto da sua congregação para ler a Folha 2 – O Que Minha Igreja Fez Certo. Se tiver coragem,
poderá pedir ao grupo de jovens para fazerem uma redacção dizendo o que a igreja está fazendo certo, e no que eles gostariam de
participar para que houvesse uma mudança real. Não considere essa opção salvo se a igreja realmente tem planos de incluí-los e às
suas ideias no diálogo e no planeamento da igreja. Partilhar os seus comentários neste seminário irá dar ao grupo muito que
pensar.
Para discussão no pequeno grupo. Como essa descrição se compara com sua igreja local? O que
seria necessário para que a sua igreja fosse mais semelhante a isso? Qual é a sua urgência para seguir nessa
direcção, sabendo que os jovens permanecerão ou não na igreja dependendo disso? Como traduz esse senso
de urgência em acção?
Encerramento
Uma jovem adventista que ainda não desistiu da ideia de uma mudança real na igreja para sua geração
dá-nos esperança: “Os adventistas são pessoas honestas, muitos seguem o caminho de Deus relativamente
bem; outros simplesmente necessitam de tempo para crescerem e receberem os ensinos do Mestre. Pelo
menos, eles vieram para o lugar certo” (Dudley, 2000, p. 180).
Roger Dudley conclui: “É de nossa responsabilidade assegurar que este seja o lugar certo” (p. 180).
Página 61 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Exercício de encerramento. Dê a cada participante uma folha de papel e alguns minutos para escrever o maior
número de nomes de adolescentes, jovens e jovens adultos da igreja à qual estão ligados. Peça a cada pessoa para trazer a fo lha
para a frente e depositá-la ao lado de uma Bíblia grande sobre a mesa. Tomem alguns minutos para considerarem o que seria
necessário fazer para que a igreja fosse o “lugar certo” para uma vida de discipulado desses preciosos jovens que nos foram
confiados. Então orem por eles, por seus amigos, por seus pais, por toda a comunidade da fé ao renovarem o compromisso de
fortalecê-los e crescerem com eles na unidade em Cristo.
Referências
Dudley, R. (2000). Why our teenagers leave the church. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing.
Página 62 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Porque os Jovens Adventistas Saem da Igreja:
Nas Palavras dos Próprios Jovens
Leitor 1: Quando estou sentado num banco da igreja, cercado por pessoas, sinto-me mais solitário do que
se estivesse sentado num banco de jardim a jogar às cartas.
Leitor 2: Há muitas coisas que desejo saber a respeito de Deus, mas nunca encontrei resposta na igreja.
Leitor 3: Sinto que os membros da igreja não me aceitam. Converso mais a respeito de religião com os
meus amigos do que na igreja.
Leitor 4: Prefiro passar o sábado sozinho a tentar quebrar o gelo daquelas pessoas
Leitor 5: Trabalho à noite e tenho dificuldades em me levantar suficientemente cedo para ir à igreja. Por
que não pode haver um culto à tarde?
Leitor 6: As pessoas não são aceites se não satisfizerem o padrão do vestuário ou seguirem as regras.
Leitor 7: Os membros são ávidos para julgar pelas aparências e não se importam em conhecer o íntimo da
pessoa.
Leitor 8: Não há amor. Tudo é conversa fiada.
Leitor 1: Eles ensinam-nos uma coisa e, em muitos casos, não fazem o que dizem.
Leitor 3: As pessoas estão sempre à procura de ver o que está mal nos outros, porque imaginam que
apenas elas fazem a vontade de Deus.
Leitor 2: Muitas pessoas “olham para as pessoas” em vez de “olharem para Cristo”.
Leitor 4: Fiquei muito desanimado ao ver que pretensos “cristãos” são tão rudes, intolerantes e cruéis.
Leitor 5: O nível de controlo que a igreja tenta impor sobre a vida das pessoas incomoda-me.
Leitor 7: Fico incomodado com a tendência que tenho, de fazer juízo a respeito de tudo o que é novo e
diferente e de tudo o que as pessoas pensam em relação àquilo que crêem e fazem.
Página 63 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Leitor 6: Permanecer espiritualmente vivo é difícil. A igreja está cheia de pessoas com cabelos brancos,
honestas, sensatas e necessárias no corpo de Cristo. Mas por outro lado tão farisaicos, insistindo em que os
jovens prestem culto da mesma forma silenciosa, lenta e sonolenta do que eles.
Leitor 8: Jesus veio para encorajar a liberdade e a alegria em nosso louvor e culto. Ele chocou
profundamente os tradicionalistas. Creio que os nossos jovens podem restaurar esse reavivamento da energia
e liberdade em nossos programas.
Leitor 4: Há muito que achamos que ser verdadeiramente santo é vestir sem gosto e fora de moda e
adorar a Deus apenas com hinos lentos e tocados no órgão.
Leitor 2: Desesperado, busco outra denominações para ser alimentado espiritualmente. Então posso voltar e
encorajar as pessoas e estabelecer minha própria igreja. “Não deve fazer isso”, alguém me disse. “Dá ideia
que não está a ser alimentado espiritualmente por nós”. Quer uma resposta franca e honesta disse eu:
“Realmente não estou”.
Leitor 3: A comissão de nomeações decidiu colocar pessoas idosas, jovens e mulheres na liderança. Os irmãos
mais velhos ficaram furiosos. Durante anos sempre os apoiei e quando eles têm uma oportunidade para me
apoiar, acham que não tenho capacidade para assumir um cargo
Leitor 1: Gostaria tanto de encontrar entusiasmo. Mas é muito difícil envolver-me quando as nossas ideias e
opiniões são consideradas radicais e sem importância.
Leitor 8: Todos nos dizem que somos o futuro da igreja, mas eu e milhões de outros jovens estamos tentados
a dizer-lhes que não haverá igreja do amanhã se não formos reconhecidos e aceites tal como somos e se não nos for
permitido dedicar a energia de nossa juventude a novas ideias.
Leitor 6: Muito do adventismo parece que são regras, mais regras. Se é divertido, deve ser MAU! Não nos
façam esconder a nossa alegria. Ser cristão não é ser depressivo. O Deus que eu conheço não é cabisbaixo!
Leitor 7: A igreja insiste muito sobre os “deveríamos”, nas regras e na teologia, mas pouco na acção como,
por exemplo, na comunidade e na aceitação daqueles que não se enquadram na caixa pequena que a igreja
acredita ser o ideal.
Leitor 4: Necessito ouvir a respeito de Jesus. Necessito ouvir que Ele me ama. Necessito que alguém me
lembre como Ele me mostrou o Seu amor. Assim encontrei outros lugares para ir; lugares que não desviam a
atenção para os escritos de outra pessoa ou ensinamentos de outras igrejas. Eles falaram-me apenas a respeito
de meu Senhor, de Seu sacrifício e de Seu amor e é isso que me importa.
Página 64 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Dudley, R. L. (200). Why our teenagers leave the church: Personal stories from a 10-year study. Hagerstown, MD: Review and
Herald. Usado mediante permissão.
Folha 1 – Porque os Jovens Adventistas Deixam a Igreja: Nas Palavras dos Próprios Jovens.
Página 65 Miniseminários—No Parapeito da Janela
O Que A Minha Igreja Fez Certo
Uma de Suas Ex-Jovens Simplesmente Deseja Escrever e Dizer: “Obrigada”
Becky Lane Scoggins
Houve uma ocasião em que acreditava que em todas as igrejas os irmãos mais velhos e os jovens gostavam
uns dos outros. Imaginava que todos os pastores jogavam baseball e contavam histórias nos acampamentos;
que os almoços em conjunto eram eventos significativos no calendário social de todos.
Isso aconteceu há cerca de 12 anos. Lembram-se do dia em que me tornei parte “oficial” da igreja?
Nunca esquecerei.
É claro que era verão. Visto que a igreja não possuía baptistério, tivemos de esperar até que os lagos em
Minnesota estivessem descongelados. Todos os membros da igreja se dirigiram para a casa da Carolina
Johnson, em Bass Lake. Minha amiga Jennifer e eu riamos enquanto lutávamos para colocar os roupões
pretos baptismais, vários números acima dos nossos . Estávamos nervosas porque sabíamos que a igreja
estava orgulhosa de nós; e solenes porque sabíamos que era o início de algo importante. Amávamos muito a
Jesus. Nós os vimos com o sorriso estampado no rosto enquanto caminhávamos em nossos roupões, pela
ribanceira relvada. Todos cantavam: “Crer e Observar”, das páginas amareladas de seus hinários que se
agitavam com a brisa. A mãe gravava tudo. As crianças da vizinhança abandonaram os seus pneus e subiram
ao cais para observar. O tio Alberto conduziu-nos através do caminho relvado cercado por lírios e citou
Eclesiastes 12, a respeito de lembrar-se do Criador nos dias da mocidade; então nos baptizou.
Os irmãos idosos alinharam-se para nos cumprimentar e dar-nos solenemente as boas-vindas à igreja
de Clackberry. A avó continuava a dizer como foi lindo ver três patos que nadavam no momento em que
fomos baptizadas. Agitei meus longos cabelos molhados e não disse nada. Sabia que me amavam.
O pastor entregou-me o certificado baptismal naquele dia, mas aquilo de que mais lembro ocorreu
algumas semanas depois.
Obrigada por um Lugar para Trabalhar
Certa tarde o telefone tocou. Era alguém da comissão de nomeações perguntando se eu aceitaria ser
secretária da Escola Sabatina. Todas as semanas, durante o ano seguinte, eu pegava os envelopes, contava as
ofertas duas ou três vezes para me assegurar de que estava certa, e registava no meu livro. Minhas colegas de
classe eram professoras do rol do berço, diaconisas, monitoras dos juvenis e membros da comissão social.
Nunca duvidámos que a igreja precisava de nós.
Quase por acaso vim a descobrir aquilo que as estatísticas estão a começar a provar: os jovens não
desejam ser entretidos, desejam ter cargos na igreja. Deram-nos algo para fazer, esperando que fôssemos
responsáveis, e nós fomos. Sabíamos que confiavam em nós.
Página 66 Miniseminários—No Parapeito da Janela
Quando me pediram que como secretária lesse os anúncios, não riram quando eu decididamente
avancei até à frente e li os anúncios para a Igreja. Pediam-nos para apresentar a carta missionária, e mal
conseguíamos pronunciar os nomes estrangeiros. A igreja ouvia com atenção os nossos primeiros sermões,
muito antes que tivéssemos qualquer conhecimento sobre teologia.
De alguma forma os irmãos compreenderam que os jovens desejam mais do que ficar ouvindo nos
últimos bancos, desejamos ter a mão na direcção e o pé no acelerador. Sim, provavelmente provocámos
alguns acidentes, mas pelo menos a igreja não necessitou de fazer um seguro. Todos sobrevivemos, e como
jovens sabíamos que éramos uma parte necessária da equipe.
Obrigada por me terem dado um lugar para crescer
Talvez se estejam perguntando se deveriam ter feito algo diferente enquanto estávamos crescendo? Se
estão procurando um método a toda prova para alcançar a geração mais nova? Esqueçam.
Estão à espera de ter o programa de jovens adequado? Esqueçam também.
O Ministério Jovem não é impecável, não aproveita o tempo eficientemente e tampouco é organizado.
Ele é exaustivo.
Hoje sou adventista do sétimo dia porque descobri Jesus Cristo na família de Sua igreja, e porque
acreditei que necessitavam da minha colaboração para mostrar o Seu amor à nossa comunidade.
Sei que a classe de jovens ainda se reúne todos os sábados de manhã, na mesma sala, com as mesmas
cadeiras dobráveis de metal que fazem barulho no linóleo verde e amarelo. Talvez haja outra menina com
cabelos longos que se sente, agora, no meu lugar. Espero que lhe entreguem mais do que um certificado de
baptismo e um aperto de mãos depois do baptismo.
Entreguem-lhe uma classe do rol do berço para ensinar. Dêem-lhe um sermão para pregar.
Deixem-na saber que é necessária.
Os jovens não gostam de deixar as pessoas desapontadas, especialmente se elas os amam. Lhes
mostrarem que necessitam deles e lhes demonstrarem confiança, eles farão o trabalho.
Com amor,
Becky.
Dudley, R. L. (2000). Why our teenagers leave the church: Personal stories from a 10-years study. Hagerstown, MD: Review
and Herald. Usado com permissão.
Página 67 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
„TODOS SÃO BEM-VINDOS? „
AJUDE A SUA IGREJA A SER AMIGA DA FAMÍLIA
Karen Holford e Paul Godfrey*
*Karen Holford trabalha com o seu marido, Bernie, na Associação do Sul da Inglaterra, na Divisão Trans-Européia, onde dirigem os Departamentos dos Ministérios da Família e da Criança. Ela também está actualmente presidindo o programa Churches Together for Families, na Inglaterra. Paul Godfrey estava trabalhando como Evangelista da Família para a Scripture Union quando juntamente com a Carina trabalhavam no material
Churches Together for Families, no website: www.churchesandfamilies.org. A Karen adaptou o material para o contexto adventista a fim de ser
usado neste manual.
Materiais do seminário para os líderes da igreja e para os membros da igreja com vista a estimular uma maior
sensibilidade e atenção para com as necessidades da grande variedade de famílias que compõe os membros e a comunidade ao redor
da igreja.
Recentemente tem havido o interesse em tornar as igrejas mais aprazíveis às crianças a fim de que as
famílias se sintam mais confortáveis quando vão à igreja. Embora este seja um esforço válido, desejamos
expandir nossos esforços e atender às necessidades das famílias como um todo. Tornar-se igreja amiga da
família vai além de ter um culto interessante para as crianças. Significa criar um ambiente onde todos se sintam
bem-vindos e confortáveis, e que saibam que suas necessidades individuais foram levadas em conta e
satisfeitas sempre que possível.
Sobre o Material Deste Seminário
O material destina-se a: Ajudar a sua igreja a explorar a definição de “amiga da família”; Avaliar a
capacidade amigável à família na sua igreja; Fazer as mudanças que tragam impacto à congregação e à
comunidade onde a congregação se reúne para prestar culto. Em vez de um curso totalmente desenvolvido,
trata-se de um aperitivo, um material introdutório a ser partilhado com a igreja a fim de que se possa reflectir
nele. Algumas sugestões podem ser adoptadas prontamente, outras podem levar mais tempo, e algumas talvez
não sejam absolutamente apropriadas.
O material inclui o seguinte:
Guia para os líderes.
Como é uma igreja amiga da família.
Nossa igreja é muito pequena.
Pesquisa – O que sua igreja está a fazer agora para demonstrar que é amiga da família?
Sugestões para iniciar uma igreja amiga da família.
Estudos de casos.
Questionário para os membros.
Questionário para a comunidade.
Formas criativas de conseguir pontos de vista.
Materiais para as igrejas amigas da família.
Alguns websites cristãos úteis.
Material pronto para ser copiado.
Página 68 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
- “Tenho um sonho para a minha igreja” (Ele é mais apropriado para adolescentes e jovens, mas pode ser
também usado para crianças maiores ou adultos.)
- “Algo que eu gostaria de ver na minha igreja seria ...” (Ele é mais apropriado para crianças menores.)
Esses materiais podem ser ampliados a fim de dar espaço à criatividade e apresentar uma colecção completa de sugestões para a
igreja, um quadro de anúncios ou uma parede especial.
A acção dos líderes da igreja é a chave para mudar a qualidade da receptividade das famílias na igreja.
Os materiais deveriam ser totalmente estudados pela Comissão dos Ministérios da Família (ou pela Comissão
da igreja no lugar desta). A Comissão dos Ministérios da Família é responsável pelas pesquisas e pelos
questionários que serão entregues à Comissão da Igreja e aos membros. A Comissão dos Ministérios da
Família deve então recomendar os planos de acção para a Comissão da Igreja a fim de que sejam implantados
na igreja, os quais envolvem pesquisas junto aos membros e à comunidade, seminários informativos e outras
actividades apropriadas de acompanhamento.
Nota: Uma discussão breve ou superficial deste material com alguns líderes da igreja não dará a
profundidade da perspectiva necessária. Portanto, envolva muitas pessoas. Algumas pessoas de fora da igreja
podem não estar interessadas em dar a sua opinião, por estarem muito ocupados para preencher um
questionário, ou talvez porque não gostem de dar respostas por escrito. Várias abordagens serão mais
eficientes e alguns dos resultados podem ser surpreendentes.
Guia para os Líderes
Pensem nas necessidades das famílias. O tornar-se amigo das famílias inicia com os líderes
considerando os diferentes tipos de famílias na congregação e na comunidade e então tomando tempo para
considerarem totalmente como agem na igreja e o impacto que isso exerce nas diversas famílias a quem
ministram. As famílias têm diferentes formas e tamanhos, que não vão além de apenas pais e filhos. Dentre a
variedade de famílias na igreja, encontramos:
Pessoas solteiras que nunca se casaram.
Pessoas divorciadas, talvez com a responsabilidade do cuidado dos filhos.
Casais sem filhos.
Viúvos e viúvas.
Famílias com a presença somente do pai ou da mãe.
Famílias com pai e mãe.
Famílias com um ou mais filhos deficientes.
Parentela.
Famílias com filhos adoptados.
Amigos que vivem na casa.
Famílias adoptadas.
Página 69 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Famílias combinadas.
Famílias de diferentes antecedentes culturais.
Famílias com crenças diferentes.
Pessoas que cuidam de idosos ou de parentes com deficiências.
Famílias onde o pai ou a mãe pode ficar fora por períodos longos (que trabalham distante do lar).
Famílias onde outras pessoas que não os pais cuidam das crianças (avós, tios, etc.)
Toda essa variedade de famílias tem necessidades especiais. As famílias, na verdade, muitas vezes
mudam de forma ao longo do ciclo da vida. Cada mudança representa necessidades e desafios diferentes aos
quais devemos ser sensíveis.
Como é a igreja amiga da família. Para se familiarizar com alguns pontos específicos das igrejas
amigas das famílias, reveja o material na secção Como é a Igreja Amiga da Família. A secção Nossa Igreja É Muito
Pequena sugere formas pelas quais as congregações, especialmente as menores, podem implementar as
sugestões apresentadas.
Decida ser amigo da família. A igreja que deseja alcançar sua comunidade e tornar-se amiga da
família enfrenta todos os tipos de desafios, porém, estimulantes. Sem dúvida que haverá necessidade de
alguma mudança. Assim, primeiro a igreja deve decidir se está seriamente comprometida a tornar-se mais
amigável com a família. À medida que o processo segue e as pessoas são convidadas a contribuírem com
novos pontos de vista e sugestões, as suas expectativas serão elevadas e provavelmente elas estarão buscando
algumas mudanças positivas. O rumo para aumentar o nível de receptividade à família será diferente em cada
igreja e poderá haver algumas descobertas interessantes ao longo do caminho.
Reúna as contribuições. Reúna todas as opiniões do maior número possível de adultos e crianças
quanto ao que significa para eles “igreja amiga da família”. Ouça os relatos das pessoas e crie um ambiente
onde a discussão aberta seja em si uma das características da igreja que é sensível às necessidades de
relacionamento dos indivíduos e das famílias. Provavelmente, iniciará com uma pesquisa intitulada: O Que
Nossa Igreja Está Fazendo Certo Agora para Ser Amiga da Família? ou o Questionário para os Membros, a Comissão da
Igreja e outros grupos de liderança na igreja. Como igreja, poderá ser também proveitoso ouvir as pessoas de
sua comunidade local e, para tanto, utilizar o Questionário para a Comunidade.
Utilize os grupos e actividades existentes para reunir os pontos de vista. A melhor forma de
reunir os pontos de vista dependerá da sua congregação, mas provavelmente terá o seu próprio ponto de vista
sobre as perspectivas de todas as áreas da vida da sua igreja. Portanto, seja criativo e dedique tempo para
explorar formas de reunir informações e sugestões dos grupos que podem ter sido esquecidos. O material
Formas Criativas de Obter Pontos de Vista provê uma variedade de meios de reunir a colaboração de diferentes
sectores da igreja. Estudos de Casos, com questões para discussão, oferecem outros meios de levar as pessoas a
pensarem a respeito da igreja amiga da família.
Página 70 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Congregações em cultos diferentes. Pode ser útil para a igreja usar parte do culto sabático para reunir
sugestões de forma interactiva. Distribuir alternativamente: O que a sua igreja está a fazer neste momento para ser
amiga da família? ou o Questionário para os membros, e recolher as respostas na semana seguinte.
Grupos no lar. Este ambiente propicia a oportunidade de reunir as sugestões de forma interactiva e
informal.
Idade, sexo ou grupos de interesse. Ver Formas Criativas de Obter Pontos de Vista e a folha: “Algo que eu gostaria de
ver em minha igreja seria ...” e “Tenho um sonho para a minha igreja...”
Fim de semana na igreja ou retiro. O retiro pode ser uma oportunidade ideal para enfatizar o que significa
ser uma igreja amiga da família e para reunir sugestões.
Formar grupos especiais para obter ideias. Uma boa parte da igreja pode ser ouvida se forem
formados grupos especiais. Com base nos grupos existentes como, por exemplo, grupos no lar, os membros
desses grupos podem convidar familiares, amigos e pessoas que não frequentam regularmente os grupos. Os
convites pessoais podem gerar elevado nível de envolvimento. Esses grupos estabelecerão ambiente para
troca mútua de ideias e de relacionamento, que é o coração da igreja amiga da família.
Atreva-se a perguntar à comunidade circunvizinha. É importante ouvir pessoas que não
pertencem à igreja. Pode-se usar o Questionário para a Comunidade, mas com uma abordagem pessoal. Pode
perguntar às pessoas o que elas acreditam ser as maiores necessidades da comunidade e o que gostariam de
ver a igreja fazer pela comunidade. Visitar as pessoas, ou os locais onde elas se reúnem, para conhecer suas
necessidades é muito menos ameaçador e pode ser um meio para eliminar barreiras. Naturalmente, esse
questionário pode gerar sugestões fora da área de actuação da igreja amiga da família! O melhor é fazer
perguntas mais específicas sobre as principais necessidades das famílias e o que a igreja poderia fazer. Mas,
mesmo então, necessitamos estar abertos para ouvir o que as pessoas desejam dizer e não o que desejamos que
elas digam.
Uma igreja em Londres, Inglaterra, perguntou às pessoas em seu distrito o que elas realmente gostariam
que a igreja fizesse pela comunidade. Eles receberam uma resposta inesperada, de que o maior problema era o
lixo nas ruas! Compreensivelmente, estavam relutantes em ver isso como uma área-chave para o esforço
cristão! Mas, quando finalmente decidiram ver nessa resposta uma oportunidade, agiram de acordo com o
pedido feito e isso levou a uma interacção frutífera entre a igreja e a sua comunidade local. Ser amigo das
famílias na nossa comunidade pode significar realizar algumas actividades fora da esfera da igreja na
comunidade local! Por exemplo, o melhor lugar para realizar um curso para pais pode ser um centro
desportivo e não o salão da igreja!
Planeamento antecipado. Administrar uma mudança na igreja pode ser desafiador. Mas estas são
algumas sugestões:
É improvável que consigam avançar em várias áreas de uma vez. Como equipe de liderança, reflictam
em todas as informações reunidas e então identifiquem um ou duas prioridades.
Estabeleçam alvos nessas áreas com uma estrutura de tempo e planeiem os passos na direcção desses
alvos.
Página 71 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Lembrem-se que esses objectivos necessitam ser possíveis e mensuráveis, a fim de que se possa saber
se os alvos foram ou não alcançados.
Avalie. Então planeie o próximo passo.
Nota sobre os requisitos legais. Ao explorar as necessidades e esperanças de sua igreja, tenha em
mente que há algumas coisas essenciais e básicas que são regidas por lei como, por exemplo, normas de
protecção às crianças, acesso para deficientes e directrizes fundamentais para a saúde e segurança. É muito
importante que descubra quais são essas directrizes na sua comunidade e que seja assegurada que sua igreja
tem por objectivo satisfazer generosamente esses critérios.
Como É uma Igreja Amiga da Família
A igreja que deseja ser amiga da família tem por objectivo:
Encorajar todos os membros da congregação a terem atitudes positivas uns para com os outros,
especialmente entre gerações e culturas diferentes.
Estar ciente das normas actuais de protecção da criança e ter directrizes claras para proteger todas as
crianças em quaisquer actividades da igreja. (Isto não é opcional – é de vital importância que se tenham
estabelecidas normas de protecção à criança. Para informações, contacte o pastor ou o Director dos
Ministérios da Criança de sua associação/missão).
Ter em mente as necessidades espirituais, emocionais, físicas e sociais dos membros e de outras pessoas
na comunidade e procurar satisfazê-las quando for apropriado.
Prover um programa dinâmico, multissensorial, inspirador e criativo para as crianças.
Reconhecer que todos os relacionamentos podem ser benéficos para a aprendizagem e para o
desenvolvimento de habilidades relacionais, e prover oportunidades de aprendizagem como, por exemplo,
seminários para pais, casais, adolescentes, solteiros, idosos, etc.
Designar uma pessoa a quem se possa contactar quando ocorre uma crise familiar ou qualquer outra
necessidade. O objectivo aqui é aliviar o stress imediato das famílias e indivíduos quando se encontram em
alguma emergência.
Envolver, regular e activamente, os adultos e as crianças de todas as idades no culto da igreja.
Partilhar as responsabilidades a fim de que ninguém fique sobrecarregado com o trabalho da igreja.
Ajudar os líderes da igreja e de suas respectivas famílias a fim de terem mais tempo disponível para as
suas famílias.
Prover acesso fácil e seguro a todos: rampas de acesso, toilette, corrimão, etc.
Prover um berçário a fim de que os pais possam participar do culto sem distracções.
Terminar o culto no horário correspondente. As pessoas com algum tipo de problema, os pais e
pessoas cujo cônjuge não é membro da igreja necessitam saber que o culto irá terminar em determinado
horário. (Ter um espaço onde as pessoas possam retirar-se a qualquer momento, sem que se sintam mal. É
também importante lembrar que essas pessoas podem estar um pouco sozinhas, ou não se sentirem muito à
vontade se devido aos horários dos transportes tiverem de sair antes de terminar o culto, sem ter a
possibilidade de conversar com os amigos. A igreja pode ser o único contacto social disponível a tais pessoas.)
Página 72 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Organizar um grupo de homens que possam ter uma ocupação e uma vertente social como por
exemplo, grupos desportivos, equipes de trabalho, rede de trabalho, etc.
Alcançar outras famílias na comunidade local ao usar projectos com continuidade.
Prover várias actividades sociais não constrangedoras a fim de que os membros se sintam à vontade
para convidar as famílias de seu relacionamento na comunidade. Nessas actividades não há pregação e o
conteúdo religioso é mínimo ou não declarado. Por exemplo, uma criança pode fazer a oração agradecendo
pela refeição.
Como É uma Igreja Amiga da Família
Nossa Igreja É Muito Pequena!
Se, como muitas igrejas, a sua congregação é pequena, não desanime. Há algumas coisas que poderão ser feitas ao ouvir a
opinião dos membros. O que gostariam de fazer? O que é prático? Talvez apenas uma família frequente a igreja. O que iria
facilitar - estar na igreja, ou trazer os seus amigos? Estas são algumas sugestões:
Conversar com os membros regulares e trocar ideias de como eles se podem envolver no serviço de
diferentes maneiras.
Colocar uma caixa colorida próxima à porta de entrada da igreja com materiais para serem
EMPRESTADOS às crianças, como por exemplo: livros de histórias bíblicas, lápis e giz de cor, folhas em
branco, folhas com actividades, material bíblico de pelúcia ou feltro, etc., a fim de que as crianças visitantes
possam procurar na caixa e levar emprestado algo para o período do culto.
Prover uma folha de actividades para as crianças menores, relacionadas com o tema do sermão do dia.
Para as crianças maiores prover folhas em branco onde possam fazer anotações e perguntas a respeito do
sermão. Estas folhas são devolvidas no final do sermão e o líder escreve nelas algumas palavras de incentivo
para a criança e as devolve na semana seguinte.
A igreja pode pedir a algumas crianças para ajudarem a recolher a oferta ou distribuir materiais.
Algumas vezes as crianças podem apresentar a mensagem musical na hora do culto.
A igreja pode ter um esquema de “avós”, onde os membros mais velhos recebem “netos” na
congregação. A amizade assim formada entre as gerações pode ser uma dádiva recíproca.
A igreja pequena pode se envolver em um projecto pequeno na comunidade, de acordo com a sua
capacidade e recursos como, por exemplo, café da manhã, ou preparar todos os meses uma sopa para pessoas
sem tecto, em rotatividade com outras igrejas.
Numa vila da Inglaterra, havia cinco igrejas pequenas de diferentes denominações que formavam sua
rede de Igrejas Unidas. Eles perceberam que não lhes era possível realizar os diferentes programas. Assim
resolveram colaborar entre si, reunindo sua capacidade e recursos. Entre as actividades e programações
conseguiram estabelecer um programa de grupos de ajuda, arranjaram um espaço para as crianças pequenas
brincarem, grupos de ginásticas, clubes bíblicos, grupos para pessoas da terceira idade e eventos sociais na
vila.
Outra igreja pequena desejava realizar um Curso Bíblico de Férias, mas não tinham voluntários
suficientes para os ajudar. Eles convidaram os alunos de um colégio para ajudá-los. Hospedaram os alunos e
proveram alguns passeios locais. Os estudantes também ganharam muita experiência ao trabalharem com as
crianças.
Página 73 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Nossa Igreja é Muito Pequena
O Que Sua Igreja Está Fazendo Agora Para Demonstrar que É Amiga da Família?
Pesquisa
Dedique algum tempo para considerar os aspectos positivos que sua igreja está fazendo em sua comunidade e registe-os
abaixo. A igreja é amiga da família quando está ciente das muitas necessidades das pessoas e explora meios de satisfazê-las.
1. Satisfazemos as necessidades espirituais das pessoas em nossa comunidade ao:
2. Satisfazemos as necessidades emocionais e relacionais das pessoas em nossa comunidade ao:
3. Satisfazemos as necessidades físicas das pessoas ao:
Página 74 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
4. Satisfazemos as necessidades sociais das pessoas em nossa comunidade ao:
5. Os elementos positivos no programa para as crianças são:
6. Realizamos os seguintes programas para apoiar os relacionamentos entre as pessoas:
7. Designamos uma pessoa ou equipa que pode ser procurada numa emergência:
Sim _____ Não _____
Página 75 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
8. Nossas atitudes positivas com respeito à diversidade de pessoas, incluindo os grupos minoritários
em nossa comunidade são evidenciadas por ...:
9. As formas pelas quais tentamos envolver activamente pessoas de todas as idades no culto divino
são:
10. Formas pelas quais partilhamos as responsabilidades da igreja de forma que ninguém fique sobre-
carregado com os trabalhos da igreja.:
11. A forma pela qual demonstramos que nos preocupamos com os líderes da igreja e respectivas
famílias é:
Página 76 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
12. As melhorias que fizemos com vistas a criar um edifício seguro e acessível a todos são:
13. Actualmente temos normas estabelecidas para a protecção das crianças e directrizes claras para
proteger as crianças em todas as actividades da igreja:
14. Temos um berçário a fim de que os pais possam assistir ao culto sem distracções:
15. Nossos cultos terminam pontualmente a fim de que as famílias possam planejar suas necessidades
de acordo:
Toda semana _____ Uma vez por mês _____ Ocasionalmente _____ Nunca _____
Página 77 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Pesquisa – O que sua igreja está fazendo agora para demonstrar que é amiga da família?
Sugestões Para Iniciar uma Igreja Amiga da Família
Compartilhe e discuta estas sugestões com o grupo da sua igreja. Como eles podem ajudar a satisfazer algumas das
necessidades da igreja e da comunidade? Que sugestões adicionais podem ser acrescentadas? Que mudanças seriam necessárias
para implementar essas sugestões? Que passos serão necessários para implementá-las?
16. As formas pelas quais demonstramos que buscamos atender às necessidades dos homens e pais
são:
17. As formas pelas quais estamos alcançando a comunidade e ajudando a satisfazer-lhes as necessi-
dades são:
18. Se nossa igreja pudesse mudar ou melhorar em três aspectos, estes seriam:
1.
2.
3.
Página 78 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Satisfazer as Necessidades Espirituais
Reuniões de oração.
Programas missionários.
Grupos pequenos de estudo.
Cultos para visitantes; missionários;
e de boas-vindas.
Reuniões nos lares.
Pequeno almoço de oração.
Biblioteca com livros cristãos.
Transmissão dos cultos da igreja.
Oração por telefone.
Escola Cristã de Férias.
Hora da história bíblica para as crianças.
Satisfazer as Necessidades Emocionais e Relacio-
nais
Serviços de aconselhamento.
Grupos de apoio para pessoas enlutadas
ou divorciadas.
Grupos de atenção a crianças pequenas.
Programas para facilitar a amizade.
Grupos para a terceira idade.
Seminários sobre diferentes aspectos da vida da
família.
Jantar especial para casais acompanhado de semi-
nários interessantes sobre o casamento.
Satisfazer as Necessidades Físicas das Pessoas
Sopa para os sem abrigo
Abrigo para moradores de rua.
Almoço.
Alimentos e roupas para distribuição em casos de
emergência.
Actividades físicas e ginástica
Satisfazer as Necessidades Sociais das Pessoas
Almoços.
Clubes de jovens.
Piqueniques.
Passeios
Jantar especial.
Eventos sociais especiais.
Clubes para maiores de 60 anos.
Cafés da manhã em conjunto.
Centro para mães com instruções sobre cuidado
com a criança, artesanato, etc.
Página 79 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Relacionamentos de Apoio
Seminários pré-nupciais.
Seminários para pais.
Eventos de enriquecimento conjugal.
Seminários sobre relacionamento para adolescentes.
Eventos para solteiros.
Grupos de apoio para divorciados.
Seminários para reformados.
Apoio a família de prisioneiros.
Envolver pessoas de todas as idades no culto da
igreja
Coro infantil.
Coro de jovens.
Comissão de culto com membros de várias faixas etárias.
Recepcionistas de várias faixas etárias.
Vários grupos na igreja assumindo a responsabilidade de
uma parte especial no culto.
Uma família escreve uma oração especial para ser
lida no culto.
Um grupo de adolescentes dramatiza uma parte
da Escritura.
Dar atenção aos líderes e respectivas famílias
Proteger a necessidade dos líderes dedicarem tempo à
família.
Respeitar o dia de folga.
Ajudar a promover momentos de descontracção como,
por exemplo, retiros, férias e dias de folga.
Convidá-los para as refeições.
Apoiar o seu ministério tanto de forma prática
quanto financeira, etc.
Tornar o edifício da igreja seguro e acessível
Rampas de acesso.
Lugares reservados no estacionamento.
Toilettes apropriados para deficientes.
Instalações sanitárias apropriadas às crianças.
Corrimãos nas escadas.
Grades de protecção.
Fraldário, etc.
Página 80 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Sugestões para iniciar uma igreja amiga da família.
Estudos de Casos
1. Liliana e Paulo
O casal possui dois filhos – Estevão (4) e Ana (18 meses). O Paulo sai cedo para ir para o
trabalho e muitas vezes volta para casa quando as crianças já estão a dormir. A Liliana dedica-se a tomar conta
dos filhos e por essa razão deixou o emprego como relações públicas. A Liliana ajuda a cuidar do berçário, em
sábados alternados, e também do Rol do Berço. Ela tem dificuldade em participar no grupo de estudo bíblico
para mulheres porque não tem com quem deixar a sua filhinha. O Paulo dirige o coro da igreja que lhe toma
muito tempo. A família vai junta à igreja, mas as suas diferentes actividades impedem de se sentarem juntos
no culto. Os cultos podem também ser stressantes para a Liliana porque nem sempre as crianças se portam
tão bem, na Igreja, como as pessoas gostariam. Algumas vezes a Liliana sente-se isolada porque, a maior parte
das vezes tem as crianças à sua responsabilidade. O Paulo faz o que pode para ajudar no pouco tempo que
lhe sobra.
2. Laura
A Laura tem 12 anos e desde pequena vai à igreja com a sua mãe. O pai deixou a casa e formou
outra família com dois filhos, os quais a Laura vê em fins de semanas alternados. Ele não tem qualquer
Atender às necessidades de famílias com filhos pequenos
Normas de protecção à criança (essencial)
Berçário durante o culto.
Término do culto no horário estabelecido a fim de que as
famílias possam fazer o seu planeamento.
Fraldário, água aquecida, outros materiais.
Programa adequado às crianças.
Satisfazer as necessidades dos homens e pais
Grupos de homens.
Pequeno almoço com meditação
Actividades desportivas.
Grupos de trabalho.
Rede de amigos.
Seminários.
Programas desportivos para pais e filhos.
Aulas de mecânica.
Satisfazer as necessidades da comunidade local
Grupos de apoio a pais e mães que criam os filhos
sozinhos.
Clube para adultos
Clube de jovens.
Aulas de reforço
Eventos desportivos.
Grupos para pais/mães.
Meios de melhorar o ambiente local.
Parques infantis, etc.
Página 81 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
interesse pela religião, embora tenho ido à igreja no Natal e uma vez quando o coro da Laura se apresentou. A
Sua mãe está lutando com os sentimentos de culpa por haver fracassado no casamento e está confusa quanto
à sua compreensão dos ensinamentos da igreja a respeito do divórcio. A Laura sente–se abandonada pelo pai
e deseja desesperadamente vê-lo e também conhece a dor da sua mãe. A igreja tem um programa para
adolescentes onde a Laura poderá ingressar quando tiver 13 anos. Mas, no presente, está a perder o interesse
pela igreja. Parece que ninguém compreende as suas lutas e dilemas. De alguma forma a igreja para ela é
irrelevante.
3. Elisa
Depois de alguns namoros frustrados, a Elisa permaneceu solteira tendo uma vida satisfatória
como professora e vive com os seus pais. Os seus dois irmãos casaram-se e agora têm filhos adultos e netos.
A Berta assumiu grande parte da responsabilidade com o cuidado dos pais. Foi cristã durante toda sua vida e
membro activo da igreja actuando como coordenadora dos departamentos infantis, porém com a fragilidade
da saúde da sua mãe ela teve de passar mais tempo em casa. Gradualmente foi deixando o seu trabalho na
igreja e outras responsabilidades na comunidade local. Visto que os seus pais já não conseguem ir à igreja, a
cerimónia da Santa Ceia é realizada na casa deles e a Berta também toma parte. Uma vez por outra ela
consegue ir à igreja, mas os cultos parecem-lhe estranhos e há muitos membros novos que ela não conhece.
Os rostos familiares já não estão mais lá e a forma do culto parece que mudou. A Berta sente que já não
pertence a esse ambiente.
4. Ana
Ela viveu até aos dez anos com os seus pais. Devido a morarem numa área rural sem escola, foi
enviada para morar com os tios na capital, a fim de prosseguir os estudos e formar-se num curso superior.
Aos 14 anos o seu tio começou a abusar sexualmente dela e um ano depois ela fugiu e passou a perambular
pelas ruas durante alguns meses. Então engravidou e foi atendida por uma instituição para adolescentes
grávidas. Teve gémeos que agora estão com 18 meses. A sua família rejeitou-a e ela frequenta um grupo para
mães na igreja local. Costumava ir à igreja quando era pequena, mas agora sente-se muito pecadora para
participar nos cultos.
5. Pedro e Carina
O Pedro tornou-se adventista, mas a sua esposa pertence a outra denominação. Uma semana é o
Pedro que traz os seus três filhos para a igreja; na outra semana, eles vão com a Carina à igreja dela. O Pedro
está a ter dificuldades cada vez maiores para encorajar os filhos a irem com ele à igreja. O mais velho tem
quinze anos e o mais novo dez. Eles preferem ir a igreja da mãe porque a acham mais interessante, ou então
ficam em casa. O Pedro está desanimado e sente que não tem valor. Admitiu que a Carina é infeliz no
casamento e que está a considerar seriamente pedir o divórcio.
6. Miguel
O Miguel frequenta a igreja regularmente e de vez em quando colabora como pianista.
Recentemente ele começou a trazer o Estevão. Vivem na mesma casa e colocaram-na à disposição para
formarem um grupo de estudo biblícos. Alguns membros da igreja estão incomodados com isso.
Página 82 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Para Discussão
1. Quais são as experiências na igreja vividas pelos indivíduos e famílias descritas acima? Em sua opinião,
como eles vêem a igreja local?
2. Como é que essas famílias, incluindo crianças e adultos, podem ser ajudados a fim de se sentirem bem-
vindos e à vontade na igreja? Como eles podem ser encorajados e capacitados para prestarem culto de uma
forma mais satisfatória?
3. Que inovações práticas a igreja pode fazer para capacitar as pessoas mencionadas a sentirem que a igreja
e o culto são mais amistosos e relevantes para eles?
4. Que tipos de apoio essas famílias poderiam utilizar além dos cultos e actividades actuais da igreja?
5. Como poderia mostrar a essas famílias que se importa com os desafios pessoais que enfrentam?
6. Pense nas famílias da igreja e nas famílias da comunidade local. Que diferença fará para elas se a sua
igreja se tornar mais amiga das famílias?
Questionário para os Membros
1. Há quanto tempo você é membro desta igreja?
2. A que cultos e actividades assiste regularmente?
Página 83 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
3. Há alguns outros cultos e actividades a que assiste ocasionalmente?
4. Por favor, faça uma breve descrição do que significa “família” para si (ex.: eu vivo sozinho;
visito meus pais de vez em quando; casado com dois filhos; os avós vivem perto, embora outros paren-
tes estejam espalhados pelo país, etc.
5. Esta igreja ajuda-o na sua vida familiar? Em caso afirmativo, como?
6. Existem outras formas pelas quais gostaria que a igreja lhe oferecesse apoio como cristão
vivendo em sua família?
Página 84 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Questionário para a Comunidade
A Igreja __________________________________________ gostaria de saber junto da comunidade
se há alguma forma pela qual a possa ajudar, especialmente no que diz respeito a alguns desafios enfrentados
pela família – quer sejam pais de filhos pequenos ou de adolescentes; se seus pais moram juntos ou alguma
outra situação. Apreciaríamos receber o maior número possível de informações e, para tal, solicitamos o favor
de nos devolver este formulário devidamente preenchido. Agradecemos as vossas sugestões que serão bem
vindas.
1. Em sua opinião, quais são as maiores necessidades nesta comunidade?
2. Quais dessas necessidades não estão sendo atendidas por nenhuma instituições actualmen-
te?
3. Gostaria de receber algum tipo de ajuda na sua família que de momento não lhe está sen-
do dado?
4. A fim de nos ajudar a compreender as suas necessidades, gostaríamos que nos fizesse uma
breve descrição de como é a sua família.
Página 85 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Questionário para a Comunidade
Formas Criativas de Conseguir Pontos de Vista
Adultos
Separe em grupos os indivíduos em circunstâncias similares (ex.: filhos na pré-escola, pessoas que
vivem sozinhas, pessoas que cuidam de pais idosos, etc.). Permita que cada grupo tente compreender as
necessidades dos outros grupos e relacione formas pelas quais a igreja poderia ser útil. Apresente as ideias ao
grupo todo.
Peça aos participantes para formarem duplas. Discuta as similaridades e contrastes entre a vida de sua
família quando era pequeno com as famílias actuais (incluindo a sua). Prepare uma lista de aspectos
contrastantes – favoráveis e desfavoráveis. Obtenha opiniões a respeito das necessidades das famílias
modernas durante uma conversa informal, e troquem ideias a respeito das formas diferentes pelas quais a
igreja pode ajudar.
Divida os grupos e use os Estudos de Casos para iniciar a discussão de como a sua igreja pode satisfazer
as diferentes necessidades.
Jovens
Reúna os jovens para comerem pizza e ouça o que têm a dizer.
Entregue a cada jovem uma folha grande de papel e uma caneta. Peça-lhes para fazerem um quadro da
sua família, sem incluir os nomes, apenas os títulos – irmão, padrasto, tia, cão etc.). Disponha-os no chão ou
na parede e conversem a respeito do que se pode notar nos quadros – semelhanças, diferenças, etc. Há
ocasiões em que a vida em família é muito difícil, ou realmente boa? A igreja tem ajudado? Ela poderia ajudar
mais? Pode organizar os quadros e acrescentar outros a fim de mostrar como a sua igreja funciona no
momento, ou como ela poderia funcionar.
5. Abaixo encontra-se uma relação daquilo que algumas igrejas podem prover às suas comunida-
des. Por favor, assinale o que poderia ser de ajuda nesta comunidade e que o ajudaria pessoalmente.
Nenhuma Ajuda Pode Ser de
Ajuda
Pode
Ajudar-me
Grupo de mães. __________ __________ __________
Grupo para pais e mães. __________ __________ __________
Centro de apoio a grávidas. __________ __________ __________
Conselhos a respeito do orçamento doméstico. __________ __________ __________
Aulas de apoio escolar. __________ __________ __________
Página 86 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”
Algumas vezes os jovens não gostam de falar a respeito da sua família mas preferem falar das famílias
dos programas de TV porque são menos pessoais. Grave alguns programas actuais populares mostrando a
vida em família e use-os para promover a discussão.
Mostre a seguinte sentença: Esta igreja é como uma família. Conversem a respeito de aspectos positivos
(ex.: sinto-me como em casa), e maus (ex.: o pastor é como o meu pai, ele ...). Todo tipo de questões que
surjam em torno da família dos jovens e da vida da igreja.
Pode usar a mesma sentença acima e trocar ideias de todas as formas pelas quais a afirmação é
verdadeira ou falsa. A Folha “Eu tenho um sonho ...” poderia ser usada para reunir sugestões e desejos de
mudança.
Crianças
Provavelmente as crianças não estarão reflectindo sobre a vida na sua família e necessitamos ser
cuidadosos para não levá-las a sentirem-se mal a respeito da sua família, especialmente porque elas não têm
poder de decisão sobre como a família é. A melhor situação para conversar a respeito da vida da família é um
pequeno grupo ou conversa individual onde existe muita confiança e onde a criança estabelece o que deseja
partilhar. O ensino a respeito da família pode ajudar a apresentar o tema para as crianças que necessitam ou
desejam falar a respeito da sua família.
Realize um concurso de desenho com o tema “A minha Família”. Faça uma colagem dos trabalhos. Os
competidores mais velhos poderão redigir uma descrição da família. Ofereça um prémio atraente. Isso pode
ser feito juntamente com a escola local e pode resultar em modelos e opiniões interessantes.
Converse um pouco a respeito de como a igreja é uma família onde se encontram as pessoas de todas
as idades e explique que os líderes da igreja desejam saber como cada grupo etário se sente a respeito da igreja.
Use a Folha “Algo que eu gostaria ...” e/ou “Eu tenho um sonho ...” para que elas escrevam o que pensam.
Se estiver a ser planeado um evento na igreja para todas as idades, peça a sugestão das crianças sobre o
que pode ser feito, jogos, alimentos, etc. (em vez de deixar tudo por conta dos adultos). Depois do programa,
reflicta como o evento foi diferente do que poderia ter sido e se o seu sucesso foi afectado.
Todas as Faixas Etárias
Quase tudo o que foi apresentado acima pode ser usado com todos os grupos etários. Assegure-se de
que todos os grupos tenham voz e sejam ouvidos pelos outros. Visto que os adultos terão maior tendência de
falar, as crianças necessitarão ser encorajadas e capacitadas.
Dividam-se em grupos etários como, por exemplo, menos de 10, de 11 a 15, 16-20, ou o que for
adequado ao grupo. Entregue a cada grupo uma folha grande de papel com a sua faixa etária marcada no
topo. Peça aos grupos para descreverem na folha o tipo de igreja que eles pensam seria mais apelativa para
eles. Quando todos os grupos tiverem concluído a actividade, deverão devolver as folhas ao organizador que
então irá ler e mostrar as sugestões.
Essa actividade poderia ser feita dividindo o grupo principal em subgrupos de pessoas casadas,
solteiras, pais, filhos ou outra combinação entre os presentes. Isso deve ser feito com cuidado e sensibilidade,
e algumas pessoas, é claro, se enquadrarão em mais de uma categoria. Se este for o caso, permita-lhes escolher
em que grupo preferem ficar.
Nos grupos com várias faixas etárias peça-lhes para construírem a torre mais alta possível utilizando
cartões nos quais registarão as suas sugestões de como a igreja poderia ser mais semelhante a uma família ou
de como ela poderia ajudar as famílias.
Página 87 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
CORAÇÕES E LARES PARA ELE
Karen e Ron Flowers
Muitos nunca ouvirão o que dizemos a respeito do amor de Deus até que o tenham experimentado no nosso meio. A
hospitalidade no nosso lar pode prover essa experiência.
Sobre o Seminário
O seguinte seminário foi adaptado com permissão da Christian Hospitality Made Easy de Patrícia B.
Mutch, Ph.D., publicado pela Associação Ministerial e AFAM Internacional da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia, 1987. O curso Christian Hospitality Made Easy (Hospitalidade Cristã Facilitada) é
um curso autodidático que utiliza o livro Open Heart, Open Home (Coração Aberto, Lar Aberto), de Karen
Burton Mains, como livro texto.
O seminário utiliza algumas apresentações didácticas e várias actividades em grupo. Tempo
aproximado para o seminário – 2 a 3 horas. Assegure-se de fazer cópias suficientes das folhas a serem
distribuídas aos participantes.
Apresentação
Actividade em Grupo. Peça ao grupo para considerar as seguintes perguntas: De todos os seus bens, qual é o
mais valioso? Então permita a cada indivíduo alguns minutos para partilhar as suas ideias com a pessoa que estiver ao lado.
A maioria provavelmente valorizou o relacionamento como o principal da lista. Os seres humanos
foram feitos para se relacionarem. Sem relacionamento seríamos infelizes. Nosso sucesso depende da nossa
capacidade de ajudarmos e nos relacionarmos com os outros. A hospitalidade cria o caminho para
relacionamentos afectivos, que dependem da forma como satisfazemos as necessidades dos outros.
Um Desafio aos Cristãos
O nosso mundo necessita desesperadamente de hospitalidade. Em todas as partes as pessoas vivem
relacionamentos desfeitos, desconfiança, hostilidade, ansiedade e sem esperança. Os avanços tecnológicos
trazem benefícios, mas têm um preço na unidade e estabilidade da família, na confiança nos relacionamentos e
na duração das amizades. As pessoas são inconstantes, o que muitas vezes reduz grupos familiares a famílias
nucleares. Muitos vivem sozinhos ou criam os filhos sozinhos. Os parentes são limitados em sua capacidade
de prover apoio pessoal.
Embora as pessoas busquem afeição, atenção e relacionamentos duradouros, os cristãos sentem-se tão
cansados que podem apenas ajudar parcamente. Eles não são nesse sentido muito diferentes daqueles que os
cercam. Porém, necessitamos desesperadamente uns dos outros. O mundo necessita do nosso amor. Na
Página 88 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
verdade, muitos nunca ouvirão o que dizemos a respeito do amor de Deus até que tenham estado em nosso
meio.
Actividade do grupo 1. Formem pequenos grupos e peçam aos participantes para fazerem uma relação dos desafios
que vêem para que a família da igreja se torne uma comunidade atenciosa de crentes onde o dom da hospitalidade seja
desenvolvido plenamente. Convide os grupos a partilharem as suas ideias com o grupo todo. Utilize a seguinte lista para
argumentar as respostas dos grupos:
o Pressão do tempo.
o Esgotamento das energias.
o Falta de recursos.
o Sentimentos de inadequação.
o Tendência de nos protegermos das influências do mundo ao ter interacção mínima com pessoas que não são membros da
igreja.
o Dificuldades que muitos, especialmente os criados em lares adventistas, sentem fora do ambiente adventista.
o Medo de que as pessoas descubram a realidade da nossa vida.
o O egoísmo inato do coração humano que não deseja investir nos outros.
O propósito deste seminário é apresentar os desafios que enfrentamos ao 1) compreender melhor a
hospitalidade e 2) estimular o interesse em aumentar nosso “quociente de hospitalidade” com os membros.
Hospitalidade Como um Conceito
As Escrituras ensinam a hospitalidade quer por exemplo quer por admoestação.
Actividade do Grupo 2A. Atribua esta actividade a metade do grupo, trabalhando com grupos de 4 pessoas. Leia
as seguintes passagens bíblicas e atente para os princípios da hospitalidade. Ao lado dos textos encontram-se princípios que podem
ser identificados para ampliar as descobertas dos grupos.
Textos Princípios
Êxodo 23:9 Os estrangeiros deveriam ser tratados com bondade..
Levíticos 23:22 Era feita provisão para o pobre e para os estrangeiros.
Isaías 58:6, 7, 10-12 As bênçãos recebidas deveriam ser partilhadas com os outros.
(Esta passagem é uma das declarações bíblicas mais abrangen-
tes a respeito da hospitalidade, das suas responsabilidades e
recompensas.)
Mateus 5:42 Repartir é fundamental para a vida.
Lucas 14:12-14 A lista de convidados é explicada. (Convidar os necessitados
para as suas festas.)
I Pedro 4:9-10 Quando alguém murmurava por ter todas as coisas em comum
(ver Actos 4:32-35), necessitava lembrar-se da hospitalidade. A
importância do serviço de um para com o outro.
Romanos 12:13 Partilhar com os necessitados.
I Timóteo 3:2 A Importância dos líderes da igreja como exemplos de hospita-
lidade. As qualificações do bispo incluem a hospitalidade.
Página 89 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
Actividade do Grupo 2B. Entregue essa actividade à outra metade dos presentes, trabalhando em grupos de 4
pessoas. Pesquisem um ou mais dos seguintes exemplos bíblicos a respeito da hospitalidade. Para cada pessoa ou situação, note a
descrição da qualidade e atributos manifestos do dom da hospitalidade.
Abraão e Sara (Génesis 18)
Ló em Sodoma (Génesis 19)
Rebeca e Eliézer (Génesis 24)
Raabe e os espias (Josué 2)
Abigail e Nabal (I Samuel 25)
Elias e a viúva de Sarepta (I Reis 17)
A sunamita (II Reis 4:-37)
Ezequias (II Reis 20:9-19)
Maria, Marta e Lázaro (Lucas 10:38-42)
Cristo alimentando a multidão (Mateus 14:13-21)
Simão de Betânia e Maria (Mateus 26:6-13; Lucas 7:36-50; João 12:1-8)
Lídia e Tiatira (Atos 16:13-15, 40)
Zaqueu (Lucas 19:1-9)
Se esses princípios forem praticados e seguidos como exemplos, a hospitalidade será um meio de
transmitir o amor de Cristo àqueles que anelam por relacionamentos e apoio tangível. Podemos mesmo
encontrar aqueles que experimentaram nossa hospitalidade para serem mais receptivos ao falarmos da nossa
fé. Mas podemos perguntar a nós mesmos, quem tem tempo e energia para preparar grandes refeições e para
manter o lar impecável e adequado para receber visitas?
Contrafacções da hospitalidade. De alguma forma surgiu a contrafacção da hospitalidade, uma
hospitalidade falsa que iremos chamar de “entretenimento”. (Este pode ser um uso diferente para a palavra
com o qual muitos se acostumaram, mas aqui será usada com uma definição especial anexa.) O
entretenimento imita a hospitalidade, mas realmente tem pouco que ver com a hospitalidade bíblica
verdadeira. Note alguns contrastes entre a contrafacção do entretenimento e a verdadeira hospitalidade na
próxima página. (Ver também Folha 1 – Entretenimento ou Hospitalidade.)
o O entretenimento requer um lar impecável, uma mesa perfeitamente posta e decorada, uma refeição
requintada, trajes e penteados.
o A hospitalidade busca pôr suas prioridades no convidado e em satisfazer as suas necessidades.
o O entretenimento leva os convidados a admirarem o que os anfitriões proveram.
o A hospitalidade oferece tudo o que os anfitriões possuem para satisfazer as necessidades do hóspede.
Página 90 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
o Os motivos do entretenimento são egocêntricos, para impressionar os outros com o que temos e com
o que somos capazes de fazer.
o Os motivos da hospitalidade são voltados para o convidado, focalizado em suas necessidades.
o O entretenimento põe suas prioridades nas coisas.
o A hospitalidade põe suas prioridades nas pessoas.
o O entretenimento pauta-se por enaltecer o sonho de grandeza apresentado nas revistas do género.
o A hospitalidade pauta-se pelos exemplos de pessoas que buscam satisfazer as necessidades dos outros.
o O entretenimento cria a escravidão dos recursos, tempo e perfeição.
o A hospitalidade torna-se cada vez mais uma alegria por ser canais do amor e bênção de Deus.
Actividade do Grupo 3. Conceda alguns minutos para que as pessoas completem e reflictam pessoalmente em:
Quando Me Senti Bem-Vindo (Folha 2). Convide várias dessas pessoas para partilharem as suas conclusões com o grupo
todo. Discuta a ironia no facto de que exactamente o que fizemos pensando que seria bom para os hóspedes é exactamente aquilo
que os deixa desconfortáveis. E vice-versa, exactamente o que nos traria preocupação e constrangimento é o que faz com que o
convidado se sinta em casa.
Actividade do Grupo 4. Formem pequenos grupos e discutam como a sua igreja deveria ser, a fim de poder
desenvolver o dom da hospitalidade entre os membros. Que tipos de coisas conseguem ver acontecer? Que tipo de atmosfera podem
sentir? Que tipo de resultados? Partilhem os seus sonhos com o grupo todo.
Desenvolvendo Nossa Hospitalidade
O que podemos fazer para trazer de volta a verdadeira hospitalidade à nossa vida como família da igreja
e à vida de nossos vizinhos a quem estamos tentando satisfazer as necessidades?
Comprometamo-nos a sermos usados por Deus. Atendemos às necessidades dos outros por meio
de qualquer aspecto de hospitalidade a que somos chamados realizar, reconhecendo a nossa dependência
d‟Ele para termos forças e para termos a certeza de nossos propósitos (I Pedro 4:11).
Banhemos os esforços da hospitalidade com oração. Peçamos a Deus discernimento quanto às
necessidades dos outros, como também para abençoar os nossos esforços em satisfazer essas necessidades.
Peçamos-Lhe para purificar os nossos motivos e dar-nos força para fazer o que Ele nos ordena fazer.
Estabeleça prioridades claras. Famílias, vizinhos e estrangeiros constituem o círculo maior de nossa
hospitalidade.
Página 91 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
1. Nossa família é o que vem em primeiro. Eles não devem ser postos de lado na grande tarefa da
hospitalidade. “A primeira obra dos cristãos é serem unidos na família. Então a obra deve estender-se aos seus
vizinhos de perto e de longe” (O Lar Adventista, p. 37). “Como obreiros de Deus, a nossa obra deve começar
com os que estão mais perto. Deve começar em nossa própria casa. Não há campo missionário mais
importante do que este”(Orientação da Criança, p. 476). Há ocasiões em todas as famílias em que os membros
estão em condições de ministrar aos outros. Toda a família pode ser incluída num gesto de hospitalidade. A
próxima geração não necessitará aprender muito a respeito desse dom quando ele fizer parte da sua vida
desde a infância. Mas há também ocasiões na vida de cada família quando não lhes é possível ministrar aos
outros. Talvez necessitem apenas de um tempo para ficarem sozinhos, descansarem e se recuperarem ou
talvez necessitem de que alguém os ajude.
2. Familiares, vizinhos e colegas de trabalho são os próximos na lista de prioridades, indivíduos com
quem nos encontramos diariamente. Como parte da rede de apoio pessoal a que pertencemos, temos o
privilégio de sermos usados por Deus para levarmos os fardos daqueles que estão perto de nós.
3. Nossa última prioridade inclui os estrangeiros que Deus coloca no nosso caminho a quem
responderemos de acordo com a nossa capacidade de ajudar. A questão premente nos três grupos é sempre:
Quais são as necessidades de cada pessoa e como podemos ajudar a satisfazer essas necessidades?
Desenvolva habilidades de apoio que ajudem a maximizar os nossos esforços. Nesta secção dê
oportunidade aos membros da igreja de falarem de sua experiência. Não escolha apenas pessoas cujo dom concedido por Deus é a
hospitalidade, mas também aquelas que cultivaram esse dom por meio de esforços conscientes. A seguir apresentamos um resumo
das sugestões e habilidades práticas que podem ser usadas para estimular ideias adicionais ou para aumentar a contribuição dos
membros.
1. Sugestões quanto à administração do tempo que ajudam a maximizar uma pequena porção do tempo
para Deus.
2. Formas de manter razoáveis os custos da hospitalidade.
3. Como guardar alimentos preparados que podem ser armazenados por longo tempo, para as ocasiões
que não estamos preparados. Faça planos para um menu e troca de receitas rápidas e ao mesmo tempo
nutritivas para várias ocasiões. Peça aos membros para trazerem sugestões.
4. Como vencer a dificuldade de pensar que se tem de fazer tudo perfeito quando recebemos visitas.
5. Descubra a alegria de amizades duradouras quando as famílias conseguem aceitar-se mutuamente, sem
ter de pedir desculpas e simplesmente considerar os visitantes como membros da família.
6. Como iniciar um diálogo com pessoas estranhas, quer cristãos ou não. Pratique e desenvolva a arte de
fazer boas perguntas.
7. Fale das ocasiões quando Deus o/a impressionou a ser hospitaleiro com alguém com quem teve a
alegria de partilhar as boas novas. Trabalhem em duplas para desenvolverem um testemunho pessoal simples
adequado a ser partilhado com outro crente ou com não cristãos quando houver a oportunidade.
Página 92 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
Evangelismo Pela Hospitalidade
“Estou firmemente convencido de que se os cristãos abrissem os seus lares e praticassem a
hospitalidade, conforme consta na Escritura, poderíamos alterar significativamente a estrutura da
sociedade. Poderíamos desempenhar um grande papel na sua redenção espiritual, moral e
emocional” (Mains, 1976, p. 22).
“Curto é o tempo que dispomos aqui. Não podemos passar por esta vida senão uma vez;
tiremos, pois, o melhor proveito da nossa vida. A tarefa a que somos chamados não requer riquezas,
posição social, nem grandes capacidades. O que se requer é um espírito bondoso e desprendido, e
firmeza de propósito. Uma luz, por pequena que seja, se está sempre brilhando, pode servir para
acender outras. A nossa esfera de influência poderá parecer limitada, as nossas capacidades diminutas,
escassas as oportunidades, os nossos recursos reduzidos; no entanto, se soubermos aproveitar
fielmente as oportunidades dos nossos lares, maravilhosas serão as nossas possibilidades. Se abrirmos o
coração e o lar aos divinos princípios da vida, poderemos ser condutos que levem correntes de força
vivificante. De nosso lar fluirão rios de vida e de saúde, de beleza e fecundidade numa época como
esta, em que tudo é desolação e esterilidade” (O Lar Adventista, p. 33).
A hospitalidade pode prover os meios para edificar o corpo de Cristo, sabiamente atrair nossas crianças
e jovens a Jesus e a Seus ensinos e encorajar o crescimento e o compromisso entre os membros de todas as
idades. A hospitalidade pode também prover uma avenida para alcançar as pessoas da nossa comunidade. O
lar prove um ambiente ideal para aproximar as pessoas, a fim de que possam partilhar as boas novas que estão
ardendo no nosso coração.
Actividade do Grupo 5. Divida o grupo ao meio. Peça a um grupo para apresentar ideias usando a hospitalidade
para edificar o corpo de Cristo. Ao outro grupo, para apresentar ideias usando a hospitalidade para alcançar pessoas que não
pertencem ao círculo da família da igreja. Abaixo, estão sugestões para levar o grupo a pensar ou usar como parte de seu resumo.
Hospitalidade para edificar o corpo de Cristo
1. Actividades Sociais. Faça uma relação das actividades sociais que acredita que representam o
melhor da verdadeira hospitalidade, a fim de que seja levada à comissão social da igreja.
2. Ligação dos novos membros com os crentes. Tornar-se adventista do sétimo dia requer muitas mudanças
no estilo de vida. Os novos crentes necessitam de novos laços íntimos com os membros da igreja que podem
ajudá-los a fazer essas mudanças e a proverem uma rede de amigos e famílias com quem desenvolver amizade.
Isso não ocorre por acaso. Deve haver um planeamento. Por exemplo, pode-se desenvolver um plano para
convidar os novos crentes para o almoço de sábado, de forma rotativa, nos lares de vários membros da igreja,
pelo menos, uma vez por mês, durante um ano depois do baptismo. Os novos membros poderiam ser
colocados com os membros de longa experiência e dividirem algumas actividades na igreja.
3. Grupos de oração. Oração por necessidades gerais ou específicas. Pode estabelecer grupos de
oração intercessória, companheiros de oração ou pequenos grupos.
Página 93 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
Hospitalidade para alcançar as pessoas na comunidade.
1. Convidados para o almoço de sábado. O almoço pode ser na igreja ou nas casas – dê oportunidade
para os convidados meditarem no que estão vivendo e fazer perguntas. Os membros da igreja podem
conhecer uma parte da vida deles se estiverem dispostos a partilhar e, como igreja, podem satisfazer-lhes as
necessidades do coração.
2. Actividades sociais de sábado. Muitas igrejas abrem as suas portas para os jovens da comunidade
provendo quadras para a prática desportiva, festas onde não entram bebidas alcoólicas ou cigarros, etc.
3. Lanche e estudo da Bíblia. Um lanche rápido seguido por estudo da Bíblia oferece a oportunidade
não apenas de os membros da igreja se reunirem para companheirismo mas de convidarem amigos fora do
círculo da família.
Oportunidades adicionais de hospitalidade podem surgir em ocasiões especiais na família da igreja ou na
comunidade.
1. Alimento para os famintos. Dar alimentos a sem abrigos, ou famílias carentes e fazê-lo de forma a
atender suas necessidades com dignidade e preocupação.
2. Ajudar famílias que têm algum membro hospitalizado. Tendo em vista o transtorno que isso pode
causar para todos na casa, oferecer-se para preparar o alimento, cuidar das crianças, da roupa, etc. Esse tipo
de ajuda nunca será esquecido.
3. Estudantes. Muitas famílias residentes próximas de colégios com internato poderiam convidar
alguns alunos para o culto do pôr-do-sol ou para o almoço.
4. Hospitalidade radical. Abrigar pessoas que não têm para onde ir, que estão fugindo de uma
situação de violência doméstica é um exemplos de hospitalidade radical. Esse tipo de hospitalidade não é para
todos e deve ser tentada apenas quando toda a família aceite assumir esse compromisso e quando não têm
dúvida da direcção de Deus. Este é um ministério radical cada vez mais necessário no nosso mundo.
Conclusão
A hospitalidade não necessita ser o dom de apenas algumas pessoas. “Cada um de nós”, escreve Karen
Burton Mains, “pode participar de alguma forma no evangelismo por meio da hospitalidade – o uso dos lares
como uma ferramenta de ministério. A maravilha do lar é que ele é universal a cada cristão. Todos moramos
em algum lugar – em um quarto, pensão, casa, apartamento. Neste mundo pouco hospitaleiro o lar cristão é
um milagre a ser compartilhado” (Mains, 1976, p. 137).
Página 94 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
A hospitalidade do lar cristão exerce poderosa influência. David e Vera Mace, são um casal de pastores
que abriram o seu lar para incontáveis pessoas, falam sobre essa influência:
“O lar cristão é, na verdade, a agência evangelística mais poderosa no mundo. Contudo, esse
evangelismo não é agressivo; é persuasivo. Ele proclama a mensagem não por palavras, mas por acções. Não
diz aos outros o que deveriam ser; mostra-lhes o que poderiam ser. Por sua piedosa influência, os lares
cristãos conquistam mais conversos do que todas as pregações juntas. Haja muitos lares assim e o mundo logo
será cristão; pois a vida do mundo torna-se muito elevada apenas com o que esses lares praticam” (Mace,
1985, p. 113).
Referências e Materiais Adicionais
LeFever, M.D. (1980). Creative hospitality. Wheaton, IL: Tyndale House.
Mace, D., & V. (1985). In the presence of God. Philadelphia, PA: The Westminster Press.
Mains, K. B. (1976). Open heart, open home. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co.
McGinnis, A. L. (1979). The friendiship factor. Minneapolis, MN: Augsburg Publishing House.
Ortlund, A. (1979). Discipling one another. Waco, TX: Word Books.
Pippert, R. M. (1999). Out of the saltshaker and into the world: Evangelism as a way of life, 2a. edição. Downers
Grove, IL: InterVarsity Press.
Stott, John. (1971). Basic Christianity. Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
White, E. G. O Lar Adventista. CD-Rom E. G. White.
White, E. G. Orientação da Criança. CD-Rom E. G. White.
Página 95 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
Folha 1: Entretenimento e Hospitalidade
“Entretenimento” ou “Hospitalidade”
O entretenimento requer um lar impecável,
uma mesa perfeitamente posta e decorada, uma
refeição requintada, trajes e penteados.
A hospitalidade busca pôr as suas prioridades
no convidado e em satisfazer-lhes as necessida-
des.
O entretenimento leva os convidados a admira-
rem o que os anfitriões oferecem.
A hospitalidade oferece tudo o que os anfitriões
possuem para satisfazer as necessidades do hós-
pede.
Os motivos do entretenimento são egocêntri-
cos, para impressionar os outros com o que
temos e com o que somos capazes de fazer.
Os motivos da hospitalidade são voltados para o
convidado, focalizado nas suas necessidades.
O entretenimento põe as suas prioridades nas
coisas.
A hospitalidade põe as suas prioridades nas pes-
soas.
O entretenimento pauta-se por enaltecer o
sonho de grandeza apresentado nas revistas do
género.
A hospitalidade pauta-se pelos exemplos de
pessoas que buscam satisfazer as necessidades
dos outros.
O entretenimento cria a escravidão dos recur-
sos, tempo e perfeição.
A hospitalidade torna-se cada vez mais uma
alegria por ser canal do amor e da bênção de
Deus.
Página 96 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele
Este exercício irá ajudá-lo a considerar as ocasiões quando foi convidado por alguém e se sentiu
especialmente bem-vindo ou quando ocorreu o oposto. Essa reflexão ajudará a identificar os elementos
comuns que podem ser incorporados nos nossos esforços para sermos hospitaleiros.
1. Descreva uma ocasião quando foi convidado e se sentiu especialmente bem-vindo e em casa.
Nessa experiência, que factores contribuíram para essa sensação de ser bem-vindo e de estar em casa?
a.
b.
c.
d.
e.
2. Descreva uma ocasião quando foi convidado e não se sentiu à vontade e talvez até mesmo tenha ficado
ansioso para deixar a situação.
3. Relacione abaixo os factores que contribuíram para seu desconforto e para não se sentir bem-vindo na
situação descrita acima.
a.
b.
c.
d.
Que conselhos gostaria de dar a esses anfitriões e anfitriãs?
Folha 2 – Quando Me Sinto Bem-Vindo
Quando Me Sinto Bem-Vindo
Página 97 História Para Crianças—Um Papá para o Reino
UM PAPÁ PARA O REINO
Virgina Taylor e Karen Flowers
O Marcos e o Carlos não foram à escola por ser feriado. Enquanto a sua mãe estava ocupada a
limpar a cozinha depois do pequeno almoço, eles ainda estavam sentados à mesa conversando animadamente
a respeito do dia seguinte. Seria um sábado muito especial. Ambos empenharam-se muito para decorar os
livros da Bíblia e todos os versos áureos da lição do trimestre. Fariam parte do programa especial. As crianças
iriam cantar vários hinos no encerramento da Escola Sabatina dos adultos e os dois iriam recitar todos os
versos que decoraram durante o trimestre. Cada um deles receberia um microfone.
Os meninos não precisavam praticar mais. Podiam repetir os livros da Bíblia e os versos bíblicos
até a dormir! Porém, havia algo importante que ainda precisava ser feito. O seu pai não frequentava a igreja.
Ele ficava feliz em deixá-los ir, mas afirmava que nunca seria membro de alguma igreja. Todas as noites
quando oravam os meninos pediam a Deus para abençoar o seu pai e ajudá-lo a conhecer o amor de Jesus a
fim de que desejasse ir à igreja com eles. Porém, todas as vezes que o convidavam a sua resposta era: “Bem,
talvez algum dias destes eu vá, mas hoje estou muito ocupado. Vão à igreja com a vossa mãe e quando
voltarem eu já terei terminado o meu trabalho e poderemos brincar juntos. O que acham?”
Durante a semana toda os meninos pensaram no que poderiam dizer desta vez a fim de que o
pai fosse com eles à igreja. Muitos pais estariam na igreja para ouvir os seus filhos cantarem e recitarem de cor
os livros e versos da Bíblia. Mas quando eles estivessem segurando os seus próprios microfones apenas a mãe
estaria com eles ... a menos que ... a menos que ... eles não conseguiam imaginar uma forma de convidar o pai
sem que ouvissem a resposta costumeira: “Bem, talvez outro dia, hoje estou muito ocupado ...” Por isso os
meninos continuaram engendrando uma estratégia no café da manhã da sexta-feira. A mãe ouviu-os
conversando, mas visto que também nunca tivera sucesso em convidar seu marido para ir à igreja, decidiu
deixar os meninos sozinhos no seu planeamento.
Naquela noite quando estavam prontos para ir dormir, o Marcos e o Carlos sentaram -seum de
cada lado do pai, que os abraçou e apertou, então, puxou-os para o seu colo fazendo-lhes cócegas na barriga e
debaixo do braço. “O que é que os meninos querem?” disse ele rindo. “Quando os dois se aproximam com
essa cara, querem pedir algo”.
“Bem”, o Marcos começou, “amanhã teremos um programa especial na igreja ... “ E então o
Carlos começou a falar tão rápido que o pai não conseguia entender o que estava a dizer. “Sim, amanhã
vamos ter um programa especial e cada um de nós irá segurar o seu microfone e iremos cantar e dizer os
livros da Bíblia, e então iremos repetir todos os versos áureos da lição deste trimestre … sozinhos, em frente
de todos na igreja.
“Todos os pais e mães estarão lá para verem os seus filhos e gostaríamos também que o pai
estivesse. Por favor, por favor, não diga que estará ocupado amanhã! Queremos que vá connosco à igreja.
Iremos deixá-lo orgulhoso, realmente irá orgulhar-se de nós. Por favor, pai. Por favor!”
Bem, isso de facto apanhou o pai de surpresa. Ele começou com a sua frase costumeira, “Talvez
outro dia ...” mas quando viu como os meninos ficaram desapontados, ele começou novamente: “Bem, quem
sabe amanhã possa ser um desses dias. Não gostaria de deixar de ouvir os meus meninos repetirem os seus
Página 98 História Para Crianças—Um Papá para o
versos de memória com os seus microfones e tudo o mais! Bem, é melhor irem dormir. Certamente não
iremos querer chegar atrasados amanhã!”
O Marcos e o Carlos ficaram tão felizes que quase não conseguiam dormir. Estavam entusiasmados
com o programa especial. Estavam ansiosos pelas partes que iriam apresentar. Mas, acima de tudo, estavam
muito felizes porque o seu pai iria com eles e com a mãe à igreja.
Sem dúvida que o programa foi muito bonito. Todas as crianças cantaram com todo o coração. Todos
repetiram os livros da Bíblia em voz alta – do Gênesis ao Apocalipse. O Marcos e o Carlos sorriam enquanto
repetiam os treze versos de memória! Mas não eram apenas os dois que estavam sorrindo! O pai e a mãe
também estavam sorrindo.
Depois do culto foi realizado um grande almoço em conjunto. O pai viu alguns dos outros pais que já
conhecia. Eles corriam juntos no parque, aos domingos de manhã e logo estavam a conversar e a combinar
irem correr no dia seguinte. Depois do almoço, a igreja apresentou um curso para pais e adivinhem! O pai do
Carlos e do Marcos também foi assistir com os outros pais, desejando saber como poderia ser melhor pai para
os seus filhos. Desde então, todas as sextas-feira à noite quando os meninos se aproximavam para se sentar a
seu lado, o pai perguntava: “Bem, o que querem agora?”
Todas as vezes eles diziam: “Por favor, pai, por favor, vamos juntos à igreja amanhã”.
E todas as vezes o pai repetia: “Bem, talvez algum dia ... mas, quem sabe amanhã seja esse dia ... Agora
todos para a cama enquanto eu procuro uma camisa”.
Certa noite, depois do curso para pais, o pastor pediu à mãe para ir ao seu escritório. Ela concordara
em dar estudos bíblicos a uma pessoa que os havia solicitado. Depois que terminaram a conversa o pai meteu
a cabeça na sala do pastor. “Quando é que vou começar a receber os estudos bíblicos, perguntou ele”?
O pastor estava feliz! A mãe estava muito feliz! “Pode tê-los agora”, ambos responderam. E foi assim
que o pastor começou a estudar a Bíblia com o pai, com a mãe, com o Carlos e com o Marcos e não demorou
muito para o pai ser baptizado e tornou-se diácono da igreja. Então, quando na sexta-feira o Marcos e o
Carlos se aproximavam do pai diziam: “Por favor, por favor!” eles já sabiam a resposta. Claro que o pai iria à
igreja com eles. Pensem só! Foram os seus dois filhos que o convidaram pela primeira vez!
Agora tente pensar se há alguém em sua família a quem gostaria de convidar para se encontrar com
Jesus.
Virginia Taylor, membro da equipe da História para as Crianças da Igreja Adventista do Sétimo Dia Memorial
Capital, em Washington, D.C., partilhou esta história
Página 99 História Para Crianças—O Baptismo do Carcereiro e da Sua
Família
O BAPTISMO DO CARCEREIRO E DE TODA A SUA FAMÍLIA
Karen M. Flowers
Nota para quem for apresentar a história: O relato da conversão do carcereiro e da sua família em Filipos deverá ser
ilustrado com balões cheios de gás hélio, presos com guitas ou fitas com aproximadamente um metro e meio de comprimento. As
crianças mais velhas irão gostar de controlar os balões enquanto a história estiver a ser contada às crianças mais pequenas.
Crie um muro (ex.: uma mesa grande virada) onde as crianças ficarão atrás com os balões. Ensaiem antes, a fim de que
cada um saiba quando erguer o seu balão acima do muro. Lembre-se de orientar as crianças que deverão segurar com firmeza a
guita para que o balão não escape e saia voando antes do ponto alto da história. Uma criança poderá segurar vários balões
representando a multidão, outra os donos da escrava, outra os prisioneiros e ainda outra o carcereiro. Esta história é especialmente
apropriada para acampamentos com a família ou retiros. Se usada em ambiente fechado, os balões deverão ser retirados do tecto
depois. Caso sejam soltos ao ar livre, o hélio se dispersará e eles cairão no período de uma semana.
Se houver grande variedade de cores, sugerimos as seguintes cores:
Paulo azul escuro
Silas cinza escuro
Escrava adivinhadora vermelho vivo
Espírito de Satanás preto
Jesus Cristo dourado (com uma guita mais comprida que as outras).
Donos da escrava amarelo
Multidão 4-6 balões. Uma mistura de rosa e castanho.
Prisioneiros 4-6 balões. Uma mistura de laranja e verde claro.
Carcereiro vermelho claro
Família do carcereiro 4-6 balões. Uma mistura de várias cores.
Página 100 História Para Crianças—O Baptismo do Carcereiro e
da Sua Família
A Bíblia conta a história de dois missionários –
um chamado Paulo (pausa), e o outro, Silas.
(Sobe o balão de Paulo.)
(Sobe o balão de Silas.)
Certo dia, quando eles estavam a fazer compras no
mercado, viram uma jovem que tinha um espírito
de adivinhação.
(Sobe o balão da adivinha.)
Adivinhos são pessoas que se crê poderem dizer o
que vai acontecer no futuro. Ela era apenas uma
jovem comum, e realmente não sabia o que iria
acontecer no dia seguinte, na semana seguinte, ou
no ano seguinte. Mas um espírito de Satanás vivia
nela e lhe dizia o que falar.
(Sobe os balões da multidão.)
(Sobe o balão de Satanás.)
Todos os dias quando Paulo e Silas vinham ao
mercado para falar com as pessoas a respeito de
Jesus, ela os seguia gritando com voz de zombaria:
"Estes homens são servos do Deus Altíssimo e
anunciam o caminho da salvação".
(Arraste os balões de Paulo e Silas quando os seus nomes
forem mencionados.)
(Suba e desça lentamente o balão da adivinha e do espírito de
Satanás, como se estivessem à espreita de Paulo e Silas.)
Depois de vários dias, Paulo ficou zangado. Ele
virou-se e disse ao espírito de Satanás: "Em nome
de Jesus Cristo eu te ordeno que saias dela!"
(Sobe o balão de Jesus, acima de todos os outros.)
Imediatamente o espírito mau a deixou. (Baixe imediatamente o balão do espírito de satanás, e deixe-
o preso atrás da barreira.)
Quando os donos da adivinha viram o que havia
acontecido, ficaram furiosos! Eles estavam furio-
sos porque sabiam que sem o espírito de Satanás a
jovem não poderia mais adivinhar o futuro, e
assim eles não poderiam mais ganhar dinheiro
com as adivinhações dela.
(Desce o balão de Jesus e sobem os balões dos donos da escra-
va adivinha.)
Agarraram Paulo e Silas e os arrastaram até a pre-
sença das autoridades. A multidão reuniu-se em
volta. As autoridades mandaram açoitar Paulo e
Silas. Eles foram amarrados e postos na prisão!
(pausa).
(Arraste os balões de Paulo e Silas e dos donos da escrava
na mesma direcção. Então acrescente os balões da multidão.)
(Baixe todos os balões.)
Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam a
orar e a cantar hinos. Os outros prisioneiros esta-
vam a ouvir.
(Sobem os balões de Paulo e Silas.)
(Sobem os balões dos prisioneiros.)
Página 101 História Para Crianças—O Baptismo do Carcereiro e
da Sua Família
De repente, a terra começou a tremer. Foi o pior
terramoto que eles já tinham sentido.
(Agite os balões de Paulo, Silas e dos prisioneiros.)
Quando parou o terramoto, Paulo, Silas e os
outros prisioneiros olharam ao redor. Para sua
surpresa, descobriram que as correntes que os
prendiam haviam-se soltado e as portas das celas
estavam abertas.
(Os balões ficam parados.)
O carcereiro correu para as celas para ver se os
prisioneiros tinham fugido. Ele estava com medo
que as autoridades viessem a saber que os prisio-
neiros tinham escapado. Ia-se matar quando ouviu
a voz de Paulo: "Não faças isso! Estamos todos
aqui!"
(Sobe o balão do carcereiro.)
(Levante e abaixe o balão de Paulo.)
O carcereiro pediu que lhe fosse trazida luz e cor-
reu para o local onde estavam Paulo, Silas e os
demais prisioneiros. Quando viu que nenhum
deles havia fugido, teve certeza de que o que eles
ensinavam a respeito de Jesus era verdade. Então
disse: “Esperem um minuto! Não se vão embora!
Vou chamar a minha família! Quero que eles tam-
bém ouçam a respeito de Jesus”.
(Sobe o balão de Jesus.)
(Sobe o balão da família do carcereiro.)
Então ajoelhou-se e fez a Paulo e Silas a pergunta
mais importante de todas: "Senhores, que devo
fazer para ser salvo?"
(Parcialmente, abaixe o balão do carcereiro, e então todos os
balões, mantendo-os apenas um pouco acima da barreira,
como se estivessem adorando a Jesus.)
(Solte o balão de Jesus para atingir o tecto.)
Paulo e Silas falaram-lhes das Boas Novas do
Evangelho "Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu
e a tua casa". (Pausa.)
O carcereiro e toda a sua família creu! E todos
ficaram cheios de muita alegria!
(Todos os balões sobem e se agitam alegres para celebrar as
boas novas! As crianças que estão segurando os balões gritam
aleluias de alegria.)
Vamos dizer como eles um muito obrigado a Jesus
por também nos ter salvo.
(A narradora lidera as crianças na gratidão enquanto todos
os balões são soltos – MENOS o de Satanás – para se
encontrarem com Jesus no ar.)
Página 102
Página 103 Histórias para Crianças—Graças a Deus Temos uma
Família
GRAÇAS A DEUS TEMOS UMA FAMÍLIA!
Karen Flowers
Lúcia trabalha num hospital e o seu trabalho é limpar todos os dias o quarto dos doentes. Ela não se
importa de fazer a limpeza, porque o que ela mais gosta é conversar com os pacientes. Alguns estão tão
doentes que não conseguem falar, mas ela sempre pára o seu trabalho e fica ao lado da cama do doente e diz-
lhe que espera que ele fique bom depressa. Algumas vezes, pergunta se eles desejam que ela ore por eles.
Outras vezes, apenas lhes segura a mão. A Lúcia espera que a sua bondade seja como se fosse um beijo da
mãe ou o seu afago nos cabelos como quando eram crianças. Isso sempre ajudava a tornar as coisas melhores!
Certo dia a Lúcia entrou num quarto onde havia uma mulher doente, sentada na cama.
- Bom dia, a Lúcia disse. O meu nome é Lúcia. Estou aqui para limpar o quarto. Mas antes gostaria de
saber se poderia fazer alguma coisa pela senhora?
A mulher desligou a televisão e olhando para a Lúcia disse:
- Bem, há algo que pode fazer. Sabe aquela pilha de revistas ali, gostaria que as trouxesse para perto de
minha cama. Hoje estou-me sentindo melhor e acho que irei conseguir ler. Pode-me fazer esse favor?
A Lúcia atendeu com alegria ao seu pedido. A mulher também ficou feliz. Ela deveria ficar
hospitalizada por muitos dias e assim ambas se tornaram boas amigas. Quando essa senhora teve alta, deu à
Lúcia o número do seu telefone, e disse que gostaria especialmente de falar com ela a respeito da Bíblia. Ela
nunca tinha conhecido alguém que soubesse tanto de Bíblia como a Lúcia!
Dias depois a Lúcia foi visitar essa senhora chamada Helena. Conheceu, também, o seu marido,
Marcos, e as suas duas filhinhas, Natália e Laura. Certo domingo, a Lúcia convidou a família da Helena para
irem almoçar à sua casa. Poucas semanas depois, ela convidou-os para um piquenique organizado pela igreja,
pois sabia que as meninas iriam gostar de brincar na piscina e especialmente de participar nos jogos.
Durante todo o passeio a Lúcia e a Helena tiveram tempo para conversarem muito a respeito da Bíblia.
A Helena tinha curiosidade a respeito de muitas coisas. Certo dia a Lúcia perguntou-lhe se ela não gostaria de
estudar a Bíblia todas as semanas, usando algumas lições especialmente preparadas. A Helena ficou feliz e o
seu marido também quis participar. O casal tornou-se amigo de alguns membros da igreja. Eles também
foram convidados a participarem do seminário para pais, além de participarem dos cursos sobre saúde. As
meninas foram matriculadas no Clube de Desbravadores e a família começou a assistir à Escola Sabatina.
Certo sábado o pastor cumprimentou o Marcos e percebeu que ele estava com um ar preocupado.
- Está tudo bem – perguntou o pastor?
- Bem, sim o Marcos respondeu: Acontece que gostaríamos de matricular as nossas filhas na escola
adventista e gostaríamos que o senhor orasse por nós a fim de que encontrássemos um meio de elas serem
matriculadas nessa escola.
No momento da oração, no culto divino, o pastor incluiu o pedido do Marcos. Assim, muitas pessoas
na congregação tomaram conhecimento de que os pais da Natália e da Laura gostariam que elas estudassem
na escola adventista. Depois do pôr-do-sol daquele sábado, algumas pessoas ligaram umas para as outras
oferecendo-se para pagar uma parte das mensalidades. Finalmente, com a ajuda de vários membros houve
dinheiro suficiente para pagar as mensalidades.
Mas havia outro problema. Um GRANDE problema. Eles moravam muito longe da escola. Como é
que as meninas iriam fazer para ir para a escola todos os dias. Mas sabem de uma coisa, o GRANDE
problema para o Marcos não era um grande problema para Deus. Uma família que residia perto deles
ofereceu-se para as levar e as trazer todos os dias.
Página 104 Histórias para Crianças—Graças a Deus Temos uma
Família
No sábado seguinte o Marcos já não tinha um GRANDE problema, mas um GRANDE sorriso no
rosto. Quando o pastor lhe pediu para contar à congregação a resposta à oração do sábado anterior o Marcos
e a Helena tiveram muito para contar. Contaram sobre os membros que ajudaram nas mensalidades, na
família que se dispôs a dar boleia às meninas e também da felicidade delas de frequentarem a nova escola com
as suas amigas da igreja.
O Marcos e a Helena pediram para serem baptizados e no dia do baptismo o pastor contou a história
de como a Lúcia havia conhecido a Helena. Contou como o casal se interessou por estudar a Bíblia, de como
passaram a participar das actividades da igreja e perguntou ao Marcos se havia algo que ele gostaria de
acrescentar.
Com um GRANDE sorriso no rosto ele disse: “Estou muito feliz pela minha família da igreja! Graças
a Deus porque temos uma família!”
A Bíblia diz-nos que Deus nos coloca em famílias – no lar e na igreja – a fim de que não estejamos
sozinhos e possamos amar e cuidar uns dos outros. Não está feliz por ter uma família? Fico a imaginar como
Deus deseja que convidemos pessoas a fazerem parte da nossa família da igreja.
Página 105 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto
ESCOLHA A LENTE CERTA PARA A FOTO:
Faça da “FAMÍLIA” o Objectivo do Seu Evangelismo
Karen e Ron Flowers
Ao focarmos a lente da nossa objectiva evangelística, cremos que é tempo de reajustar o nosso pensamento ao que é o
retrato de família ideal.
Era comum nos tempos bíblicos que os evangelistas proclamassem o evangelho no ambiente do lar
para que os grupos familiares pudessem responder em conjunto. O nobre judeu que procurou Jesus para
curar seu filho, voltou para casa e encontrou-o bem. O resultado foi que todos em sua casa creram (João 4:46-
53). Cornélio que, com “toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus”, convidou os seus parentes e
amigos íntimos para ouvirem a pregação de Pedro. O Espírito Santo veio sobre todos os que ouviram a
mensagem e foram baptizados (Actos 10:2, 24, 44-48). Lídia respondeu à mensagem sabática de Paulo junto
ao rio, em Filipos, e no momento ou logo depois, ela e os da sua casa foram baptizados (Actos 16:11-15).
Outros exemplos incluem todos os da casa de Crispo, chefe da sinagoga (Actos 18:8); da casa de Aristóbolo
(Romanos 16:10); de Narciso de quem dizem que estão no Senhor (Romanos 16:11); de Onesíforo (II
Timóteo 4:19); de Estéfanas, que foi baptizado por Paulo, crê-se que os da casa de Estéfanas sejam da família
do carcereiro cuja narrativa se encontra em Actos 16.
O Impacto do Individualismo no Evangelismo e na Família
O crescente individualismo que se tem verificado ao longo dos últimos séculos exerceu efeito adverso
na atitude para com a família e tem sido um factor na mudança subtil
na objectiva do evangelismo de levar as famílias a alcançarem os indivíduos. Bellah (1996) descreveu o início
do individualismo como o fruto de John Locke. Locke foi um educador de tremenda influência no século
XVII, na Inglaterra e na América. Ele proclamou energicamente os direitos individuais e via o indivíduo como
a unidade fundamental da sociedade. Na verdade, ele cria que o indivíduo estava acima da sociedade e que os
grupos sociais como, por exemplo, as famílias vieram à existência apenas por meio de contratos voluntários
dos indivíduos tentando maximizar os seus próprios interesses pessoais.
Um forte espírito de individualismo é muitas vezes considerado como qualidade desejável no
adventismo – certamente no Ocidente, e cada vez mais ao redor do mundo. Ele é considerado vantajoso
porque é muitas vezes necessário para o adventista nadar contra a correnteza social e teológica. Mas ao
focarmos a lente da nossa objectiva evangelística cremos que é tempo de propositadamente reajustar o nosso
pensamento da foto individual instantânea ao retrato de família.. O que Bellah quer dizer é que sempre que a
filosofia moderna do individualismo for encontrada e alguma apreciação pela família como grupo tiver sido
perdida, ela merece ser cuidadosamente considerada. O individualismo muda nosso pensamento a respeito de
nossas famílias e, inevitavelmente, muda nossas acções para com elas e nelas.
A Escritura reconhece cada pessoa como um indivíduo. Estes têm valor e o livre arbítrio (Jeremias 1:5;
Ezequiel 18:20; Mateus 10:30, 31; Actos 2:39). Jesus e os apóstolos deram atenção pessoal aos indivíduos (cf.
Marcos 3:14-19; 10:46-52; João 3:1; 4:7; 1, II Timóteo; Tito; Filemom). A salvação deve ser recebida
individualmente (Romanos 10:13, 17; Apocalipse 22:12 costuma-se dizer, Deus não tem netos. No entanto, a
Página 106 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto
Escritura também enaltece os grupos nos quais os indivíduos vivem em sociedade, especialmente a família. O
Criador estabeleceu a primeira família e reafirmou Seu plano original (Génesis 2:18-25; Mateus 19:4-6). A
ligação é essencial para o bem-estar dos seres humanos (Eclesiastes 4:11-13; Salmo 68:6; I Coríntios 12).
Somos chamados a ministrar uns aos outros (João 15:17; Romanos 15:14; Gálatas 5:13; Efésios 4:32). Há
evidência de uma ênfase no alcançar todas as pessoas da casa nos ministérios evangelísticos da igreja
primitiva (ver referências dadas anteriormente).
O desafio enfrentado pela igreja hoje é manter o equilíbrio da ênfase bíblica entre o individual e o
grupo familiar. A ênfase sobre o individual pode ajudar a trazer dependência e perda da personalidade nas
famílias. Mas o grupo da família deve também ser enaltecido e apoiado como um centro incomparável de
fortalecimento, apoio, social, local onde fazer discípulos e onde transmitir os valores através das gerações.
Risco quando a pessoa é baptizada sozinha. Quando os indivíduos, que também devem ser
considerados como uma peça que faz parte da família, tomam a decisão de se unir à igreja e serem baptizados,
há sempre uma mudança nas dinâmicas da família. Essa mudança muitas vezes exerce um impacto negativo
nos relacionamentos.
Os membros da família podem estar em oposição.
Ao longo do tempo, muitas vezes a comunicação diminui, reduzindo as oportunidades para fazer
discípulos entre os outros membros da família.
O novo crente muita vezes sente-se perturbado pelas preocupações da família. Ele pode ter
sentimentos de culpa por um lado quanto a manter a ligação com a família, como se os membros não
adventistas fizessem parte do “mundo” ao qual ele deveria voltar as costas. Por outro lado, ele pode
experimentar uma mescla de sentimentos ao se separar da família, embora esta o tenha abandonado de
alguma forma quando se tornou adventista.
As mudanças nos valores e no estilo de vida, assim como a participação activa no programa da igreja
pode reduzir dramaticamente o tempo e actividades partilhadas pela família. A anterior rede de trabalho, de
apoio social e de amizades pode também ser desfeita.
Podem surgir atitudes negativas para com a igreja por parte dos membros da família, resultando em
barreiras para levá-los a Cristo e para trazê-los à comunidade da fé.
Considerando novamente Mateus 10:35-37. As famílias resistem às mudanças. Esse facto,
considerado pelos profissionais da família, fundamental para a compreensão das famílias e como as mesmas
funcionam, tem implicações profundas no nosso ministério evangelístico. Ajuda-nos a antecipar a realidade de
que trabalhar pela família como um todo será mais estimulante. Pode também requerer mais propósito e uma
visão mais longa do que trabalhar para trazer pessoas para Cristo. Algumas vezes Mateus 10:35-37 tem sido
usado como evidência de que os verdadeiros crentes devem separar-se das suas famílias, como se a família por
só fosse um inimigo natural. Uma consideração mais atenta desses versos sugerem outra coisa:
Os judeus criam que uma das manifestações do Dia do Senhor, o dia quando Deus iria intervir na
história, seria a divisão das famílias. Os rabinos diziam: “No dia em que o Filho de David vier, a filha irá se
levantar contra sua mãe, a nora contra a sua sogra”. “Os filhos desprezarão o seu pai, a filha se rebelará contra
a mãe, a nora contra a sogra e os inimigos do homem serão os de sua casa”. Era como se Jesus dissesse: “O fim que
Página 107 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto
esperavam que viesse, chegou; como também a intervenção de Deus na história ao dividir os lares, grupos e famílias em dois”.
(Barclay, 1975, p. 393, itálico acrescentados.)
Por outras palavras, não é que as famílias em si sejam inimigas do evangelho. Antes, o texto destaca a
natureza radical do chamado do Messias ao discipulado. É um chamado que exige uma resposta e visto que
alguns irão responder e outros não, haverá divisão nos grupos social, mesmo nos lares do povo de Deus. As
palavras de Jesus não deveriam ser interpretadas como permissão para negligenciar a nossa responsabilidade
de alcançar todos os membros da família. Antes, elas falam da triste realidade de que, algumas vezes, a
despeito de nossos melhores esforços, alguns irão rejeitar o chamado de Jesus para segui-Lo.
A nossa obediência suprema é para com a família do céu. Certamente os fortes laços que unem as
famílias não devem ser impedimento a ninguém para fazer um pleno e completo compromisso com Deus. A
realidade de um mundo pecaminoso significa que seguir o chamado espiritual de Jesus pode requerer afastar-
se daqueles que tomaram um rumo diferente com respeito a Ele, especialmente aqueles que seriam
espiritualmente abusivos ou destrutivos quanto à fé cristã. Contudo, todo esforço deveria ser envidado para
ajudar os indivíduos a manterem, ao máximo possível, a sua ligação com a família.
Continue a pensar na “família” quando há decisões individuais. É tempo de nos dedicarmos a
desenvolver abordagens evangelísticas com o objectivo específico de evangelizar toda as famílias. Devemos
encontrar as melhores formas de contar as boas novas para todos os membros da família. Devemos pensar no
bem-estar de longo prazo dos indivíduos e das famílias. Devemos fazer a pergunta: “Como é que a decisão de
baptizar um indivíduo agora afecta a possibilidade de sermos capazes de levar a mensagem ao cônjuge, filhos
e parentes no futuro?” Quando fizemos tudo ao nosso alcance para fortalecer os laços familiares e para tornar
Jesus cativante no círculo familiar e o indivíduo decide deixar a família em seu compromisso com Cristo,
devemos ser ainda mais firmes mostrando amizade e apoio a essa família. Finalmente, a única esperança que
temos de levar outros membros da família a Cristo é fortalecer os laços da amizade, entre eles e outras
famílias cristãs que amarão e cuidarão deles como uma extensão do ministério de Cristo no mundo.
Como famílias evangelistas, poderemos enfrentar alguns dilemas, quando o estilo de vida adventista
entra em conflito com a experiência real de um novo membro da família. Em tais ocasiões, não minimizemos
as dificuldades do efeito da mudança do estilo de vida no que diz respeito não apenas ao indivíduo mas
também a todo o círculo familiar. Não nos apressemos em julgar os novos membros ou em oferecer soluções
simplistas àqueles que estão procurando resolver tais questões de forma que não ameace ou diminua os laços
conjugais ou familiares.
A Centralidade da Família ao Cumprimento da Comissão Evangélica
Jesus disse: “Portanto, vão e façam discípulos” (Mateus 28:19). Discípulo é alguém que está a descobrir
a verdade de Deus e os princípios do Seu Reino e que está a crescer na sua capacidade de tornar esses valores
uma forma pessoal de vida (João 8:31). A família é fundamental no processo de fazer discípulos porque ela é
o lugar principal onde os valores são transmitidos. Não há influência maior do que a da família no
desenvolvimento do sistema de valores da pessoa e na capacidade de viver de acordo com eles em meio às
muitas pressões para viver de forma diferente.
Página 108 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto
Jesus também distinguiu os discípulos como pessoas cujo notável amor pelos outros cria impressão profunda
sobre todos com quem entram em contacto (João 13:35). Novamente, é na família que os indivíduos
aprendem primeiro, para o bem ou para o mal, a respeito dos relacionamentos e do amor. É na família que a
capacidade de um relacionamento fervoroso e íntimo com Deus e com os outros é desenvolvida. As famílias
podem tornar o ambiente favorável a que os membros experimentem a bondade e a aceitação do amor de
Deus ou podem tornar essa compreensão e experiência virtualmente impossível, salvo por um milagre da
graça. As famílias também têm a oportunidade e responsabilidade fundamental de serem agentes do Espírito
Santo no cultivo do amor altruísta entre os membros, o tipo de amor que torna o testemunho cativante na
família e na vizinhança. Portanto, pode-se assim ver que a família é crucial para o cumprimento da comissão
evangélica.
Vários autores enfatizam essa centralidade:
A imagem que a pessoa tem de Deus é muitas vezes moldada de acordo com a imagem que têm dos
próprios pais, especialmente do pai. Se os pais eram felizes, amorosos, receptivos e prontos a perdoar, é mais
facial experimentar um relacionamento positivo e satisfatório com Deus. Mas se os pais forem frios e
indiferentes, a pessoa pode sentir que Deus está distante e desinteressado nela. Se os pais eram irritadiços,
hostis e costumavam rejeitar, muitas vezes a pessoas sente que Deus nunca poderá aceitá-las. Se os pais forem
inflexíveis, a pessoa tem a noção incómoda também de que Deus nunca está satisfeito com ela. (Strauss, 1975,
pp. 23. 24.)
Muito cedo a experiência da família determina a nossa estrutura adulta de carácter, o retrato interior
que abrigamos em nós, como vemos os outros e nos sentimos a respeito deles, o nosso conceito de certo e de
errado, nossa capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos, afectivos e sustentáveis, necessários para ter
uma família própria, a nossa atitude para com a autoridade em nossa vida, e a forma pela qual tentamos dar
sentido à nossa existência. Nenhuma interacção humana exerce maior impacto na nossa vida do que a
experiência de nossa família. (Nicholi, 1979, p. 11).
Se os discípulos são aqueles que se relacionam com o seu mestre no contexto de um relacionamento
directo, então a capacidade de formar relacionamentos directos é necessária no processo de fazer discípulos.
Segundo, se o relacionamento directo consiste de habilidades de relacionamento que são generalizados de um
grupo para outro, então a família é a chave em sua significância porque é o lugar onde essas habilidades são
bem ou mal aprendidas. Por fim, se a família é a organização social na qual essas habilidades são primeiro
aprendidas e, portanto, extremamente essenciais, então a família torna–se fundamental para o processo de
fazer discípulos. É um lugar onde são aprendidas as habilidades de relacionamento semelhante às dos
discípulos, e é um grupo no qual ocorre o ambiente onde fazer discípulos. (Guernsey, 1982, p. 11.)
Aproveite o poder do apoio da família. Os princípios relacionais que regem a interacção da família
constituem a força para ser enfrentada, e devemos compreendê-los se desejamos maximizar o nosso sucesso
na missão. Como enfatizou Ellen White: “Aquele que procura transformar a humanidade deve compreender
ele próprio a humanidade” (Educação, p. 78). Sem a compreensão das famílias e de como elas funcionam, o
nosso impacto evangelístico será desnecessariamente limitado.
A família não é apenas um grupo de pessoas vivendo numa mesma morada. Ela é um sistema vivo e
dinâmico com conexões complexas e modelos de se relacionarem uns com os outros. São esses princípios
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relacionais que necessitamos compreender ao pensarmos em realizar evangelismo na família. Por exemplo, em
termos práticos isso significa que devemos:
Encontrar formas de reforçar os fortes laços de simpatia e lealdade de uns para com os outros elementos da família.
Somos seres relacionais de acordo com o propósito de Deus. Quando reforçamos os laços familiares de toda
forma possível, não apenas aumentamos a possibilidade de sucesso na nossa missão de fazer discípulos, como
estamos também a participar com Deus na restauração de Seu plano da criação para os seres humanos, de
serem amados e cuidados na família. Para fazer isso temos de colocar elevados valores no fortalecimento
desses laços de amor e fidelidade, e torná-los no principal objectivo do evangelismo. Pode requerer paciência
trabalhar para trazer todo o sistema da família à compreensão e compromisso, especialmente quando um ou
dois avançam mais rapidamente do que o restante. No entanto, trabalhar contra a coesão da família é pôr em
risco uma das duas únicas instituições vindas das mãos do Criador no Éden.
Visto que os membros da família normalmente buscam apoio em primeiro lugar uns nos outros, podemos ajudá-los a
desenvolverem o melhor relacionamento que podem experimentar juntos. Os membros da família, cientes dos pontos
fortes e das lutas uns dos outros, têm maior capacidade de prover fortalecimento e apoio espiritual uns aos
outros no viver cristão. A família pode ser um dos locais mais difíceis para pôr a religião em prática. Quando
ajudamos as pessoas a viverem o seu cristianismo no lar, avançamos muito ao ajudá-las a viver pelos
princípios cristãos em cada aspecto de sua vida. A igreja aproveita o potencial da família para fazer discípulos
quando ajuda os seus membros de todos os modos a se animarem “uns aos outros nas lutas da vida” (A
Ciência do Bom Viver, p. 360).
Os pais desejam o melhor para os filhos. A afeição paterna tem sido o catalisador para atrair muitas mães e pais para se
unirem a seus filhos na fé. O evangelismo na família também os capacita a fazer discípulos de forma eficiente por meio do
relacionamento entre pais e filhos. Esse desejo paterno de prover o melhor para os seus filhos é parte da orientação
natural impressa por Deus nos pais(Isaías 49:15; Mateus 7:9-11; I Timóteo 5:8). A responsabilidade paterna,
que zela pelo bem-estar dos filhos, inclui seu fortalecimento espiritual (Efésios 6:4). Era o propósito de Deus
que todos fossem feitos discípulos no contexto de fortalecimento na unidade familiar. O evangelismo na
família ajuda os pais a saberem como conduzir os seus filhos a Jesus e a procurarem proporcionar o seu
contínuo fortalecimento espiritual. Isso tem maiores possibilidades de ocorrer no contexto de
relacionamentos familiares positivos. À medida que os pais são capacitados a ampliarem a sua compreensão e
compromisso para com Deus (Deuteronômio 6:4, 5; cf. II Timóteo 1:5), e ao aprenderem a serem melhores
modelos e como melhor ensinar os princípios cristãos de forma atraente aos filhos (Deuteronômio 6:6-9), a
probabilidade dos filhos fazerem um compromisso pessoal com Deus e com a igreja é tremendamente
reforçada. A educação paterna é uma das melhores formas de cooperar com Deus para levar os filhos a Jesus.
Quão mais eficientes seriam os nossos esforços em partilhar o evangelho se as famílias pudessem
tornar-se centros atraentes de discipulado! Quão mais eficiente o nosso evangelismo poderia ser se fossem
encontradas formas de elevar o significado da família, de compreender os princípios relacionais que actuam
no sistema familiar e de cooperar com esses princípios e construir sobre eles, em vez de tentar ignorá-los ou
trabalhar contra eles. As famílias, com várias gerações, são o ideal para o desenvolvimento evangelístico.
Porém, cremos que este é o primeiro campo missionário ao qual Deus está a chamar a igreja neste tempo.
Em Busca da Reconciliação nas Famílias
No empenho de partilhar o evangelho e de ajudar as pessoas a receberem as boas novas, focalizamos
com muita frequência a reconciliação com Deus e o estabelecimento do relacionamento com Ele. Muitas
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vezes, contudo, as pessoas não podem realizar plenamente essa tarefa, algumas vezes nem mesmo podem
empreendê-la, até que tenham sido reconciliadas com os familiares mais próximos. Jesus reconheceu essa
realidade quando disse: “primeiro vai e reconcilia-te com o teu irmão” (Mateus 5:24). As famílias conhecem o
impacto devastador do pecado. Sua devastação pode ser sentida no rompimento do casamento; no stress do
relacionamento entre pais e filhos; na desavença ao longo de gerações entre os familiares; na experiência
dolorosa das vítimas de abuso e violência, na contaminação pela sida, nos vícios entre outros. Se quisermos
ser fiéis ao chamado de Cristo para estender o Seu ministério ao mundo, um ministério aos corações
quebrantados, cegos e oprimidos, o evangelho deve primeiro ser aplicado como um bálsamo curativo para as
verdadeiras feridas na experiência familiar.
Esse tipo de evangelismo irá requerer novas abordagens, novas habilidades e muita paciência num
processo que é talvez mais complicado do que pensemos. Mas esse tipo de evangelismo tem o potencial de
realizar um bem sem precedentes ao mundo se as barreiras que dividem e separam forem derribadas pelo
evangelho e mais e mais famílias forem trazidas a Jesus para que Se torne a sua Paz. A queda muitas vezes
decorrente da forma como a pessoa foi educada pode ser grandemente reduzida. Quando as famílias estão
unidas no Senhor e alguém fica desanimado, toda a família pode ser reunida para apoiar e encorajar aquele
que está passando por uma luta, atraindo-o de volta para o círculo familiar e para o círculo da família de Deus.
Conclusão
Duas histórias do Velho Testamento vêm à nossa mente para fins de conclusão. Elas encontram-se em
II Samuel 18 e II Reis 7:9. Não sabemos a que conclusões chegará com essas duas histórias, mas a primeira
sugere-nos que antes de considerarmos unir a família com o evangelismo, devemos assumir a tarefa de
assegurar que as famílias realmente tenham boas novas. As palavras comoventes do general Joabe ao jovem
que queria correr a levar as notícias da batalha a David são palavras de sabedoria para nós também: “Para que
agora correrias tu, meu filho, pois não receberias recompensa pelas novas”.
Contrário ao mito popular de que o envolvimento no evangelismo resolverá todos os problemas
familiares, gostaríamos de sugerir que as famílias que não experimentaram o evangelho de uma forma que as
aproxime de Deus são semelhantes aos mensageiros que não têm boas novas para partilhar. Dar a mensagem
não é a resposta. Dar-lhes realmente boas novas é.
A segunda história deixa inequivocamente claro que uma vez que se encontre as boas novas elas são
impulsionadoras! Assim como os leprosos confrontados com a abundância de bens, ficaram alegres, também
nós ficaremos enriquecidos com a abundância da maravilhosa graça de Cristo. Então, totalmente satisfeitos
daremos apenas uma resposta: “Este é um dia de boas notícias, e não podemos ficar calados. ... Vamos
imediatamente contar tudo”.
Página 111 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto
Referências e Bibliografia
Barclay, W. (1975). The gospel of Matthew, vol. 1. Philadelphia: Westminster Press.
Bellah, R., et al. (1996). Habits of the heart. Berkeley, CA: University of California Press.
Guernsey, D. (1982). A new design for family ministry. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co.
Nicholi, A. (25 de maio de 1979). The Fractured Family: Following It in the Future. Christianity Today.
Strauss, R. (1975). How to raise confident children. Grand Rapids, MI: Baker Books.
White, E. G. A Ciência do Bom Viver. CD-Rom E. G. White.
White, E. G. Educação. CD-Rom E. G. White.
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Página 113 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar
TRAGA A IGREJA PARA O LAR:
REDESCOBRINDO A FAMÍLIA COMO CATALISADORA PARA O EVANGELISMO
David Yeagley
Por meio da história da salvação, Deus moldou a família para ser o agente de mudança num mundo a perecer. Assim.
não nos devemos esquecer do poder da família.
Introdução
Quando era adolescente o meu irmão deu-me a sua velha caixa com substâncias químicas. A folha com
instruções tinha sido perdida e assim eu passei horas na cave da nossa casa misturando, aleatoriamente, as
substâncias com água e esperando que ocorresse alguma reacção. A água ficava manchada com cores feias,
verde, preta e vermelha, mas nada mais acontecia. Não saiam faíscas, não havia efervescência, nenhum fumo,
nenhum estalido, nada! O nosso mundo assemelha-se à solução que misturei com água, negro feio e
manchado pelo pecado. Há um sentimento crescente de que o mundo está à beira do precipício e ninguém
consegue detê-lo. Os pregadores, políticos e educadores misturam, desesperadamente, todas as substâncias
químicas que possuem, mas nada acontece. O que o mundo necessita é daquilo que faltava nas substâncias
químicas que o meu irmão me deu, um catalisador, um agente de transformação.
Onde iremos encontrar esse catalisador? Certamente não na farmácia ou num livro de química mas, a
Palavra de Deus pode ajudar-nos a encontrá-lo.
A Família Como Agente Catalisador
Ao longo da história, a família tem desempenhado uma parte crucial no plano de Deus.
A primeira família. Na criação do mundo, Deus parou, contemplou, e disse: “Isto é muito bom”. Mas
o inimigo espreitava nas sombras. O que Deus fez para proteger este novo mundo? Ele uniu o homem e a
mulher e formou a primeira família. Eles deveriam encher e cuidar da terra, mas o mais importante era que a
sua união numa só carne, pelo casamento, deveria ser um testemunho do amor e poder de Deus – diante das
forças do inimigo (Génesis 2:16, 17). Esta primeira família desobedeceu quando o homem e a mulher se
separaram um do outro no jardim. Com o rompimento da sua união, Satanás aproveitou a oportunidade e o
nosso mundo caiu nas trevas.
Abraão e a família de Israel. Depois da confusão das línguas na Torre de Babel, o mundo novamente
esteve à beira do precipício. Com todas as nações agora espalhadas sobre a terra e com os filhos de Deus
separados pela língua, como é que todos poderiam ser alcançados pelas novas da salvação? Deus necessitou
de um catalisador, um agente. De uma das maiores cidades da Mesopotâmia Ele chamou a Abraão e disse-lhe
para deixar tudo e ir para uma cidade desconhecida onde ele e a sua família pudessem ser o povo escolhido de
Deus (Génesis 12:1-3). Como poderia esse único homem e sua a família ser uma bênção para o mundo
Página 114 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar
inteiro? Só descobrimos a resposta muito tempo depois (Génesis 18:18, 19). Deus pôs a fé de Abraão à prova.
A sorte da humanidade estava por um fio.
A família dos crentes cristãos. A fidelidade de Abraão para com Deus e a história subsequente da
família de Israel conduziram ao maior momento na história da salvação. Numa longínqua cidade da Palestina,
miraculosamente uma jovem judia concebeu e Deus tornou-se homem. Jesus veio ao mundo, viveu, morreu e
ressuscitou. Mas quem contaria ao mundo esses factos? Novamente, a sorte do mundo estava pendendo. Uma
vez mais Deus chamou uma única família (Mateus 12:48-50). As palavras de Jesus parecem confusas até que
as cavamos mais fundo. Na compreensão do Novo Testamento, a igreja aparece como a família, uma “família
de fé” (Gálatas 6:10), “membros da família de Deus” (Efésios 2:19), “família” (Efésios 3:14-15). O livro de
Actos deixa claro que essa família viveu à altura do seu chamado. Eles levaram a mensagem de casa em casa.
Repetidas vezes, toda a família foi levada a Cristo. Em poucos anos o mundo sofreu uma total modificação.
Uma única família. Notemos a amplitude da história da salvação. Através dos tempos a família de
Deus está sempre aumentando. Ela começou com um homem e uma mulher nascidos da intimidade com a
divindade. Expandiu-se numa única família acampada como nómadas numa terra estranha. A Escritura
termina com uma grande família que circunda o mundo e rompe todas as fronteiras étnicas, políticas e de
sexo. Agora a família de Deus está para se expandir uma vez mais. Depois de milénios de dor e separação,
Deus está a ponto de chamar a Sua família da terra para se unir à família do lar celestial. Novamente o mundo
está no limite. É a hora zero. O livro de Apocalipse diz-nos que, diante do aumento das trevas, Deus reuniu
um remanescente da Sua família original para levar ao mundo a mensagem do evangelho para o tempo do fim
(Apocalipse 14:6, 7). Embora essa mensagem tenha sido pregada durante décadas e tenha havido um grande
crescimento da igreja, milhões e milhões continuam a aproximar-se cada vez mais do precipício. Os valores e
a moralidade estão-se desintegrando, os lares estão fragmentados e esfacelados e vidas incontáveis estão
vivendo isoladas e feridas.
Recuperando a Família como um Catalisador Evangelístico
Por meio da história da salvação, Deus tornou a família num agente de transformação num mundo a
perecer. Agora, com o nosso mundo no limiar da eternidade, não nos devemos esquecer do poder desse
catalisador. Paralelo a Apocalipse 14 está Malaquias 4 com uma mensagem que deve vir junta com a
mensagem dos três anjos: “Estou a enviar Elias, o profeta, para preparar o caminho para o Grande Dia de
Deus, o dia decisivo do Juízo! Ele convencerá os pais a cuidarem dos filhos e os filhos a cuidarem dos
pais” (Malaquias 4:5-6, The Message Bible).
O que se vê aqui é que o catalisador da família é fundamental para a realização do evangelismo nos nossos dias.
James Dobson, um advogado da família, algumas vezes controverso disse:
“Aqui está a implicação mais importante à desintegração da família. Ela representará o
fim virtual do evangelismo, como ocorre na Europa Ocidental … A família é absolutamente essencial
para a propagação da fé. A família está a desintegrar-se ao redor do mundo, talvez ao longo da nossa
vida venhamos a ver outro colapso moral „como nos dias de Noé‟” (Dobson, julho de 2001, Monthly
Newsletter).
Página 115 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar
Desaprendendo alguns hábitos evangelísticos. Comecei a tocar violoncelo aos nove anos. Ao
longo dos anos, ao mudar-me com meus pais de cidade em cidade e depois de haver estudado com muitos
professores, assimilei alguns maus hábitos. Eles eram pequenos e aparentemente insignificantes, mas, quando
cheguei ao ensino médio deparei-me com um muro e não conseguia avançar mais. No Texas estudei com
Wayne Burak, o primeiro violinista da Forth Worth Symphony Orchestra e mestre. Um a um ele diagnosticou
meus hábitos adquiridos, e lenta e pacientemente ajudou-me a desaprendê-los. Esse foi um processo
exaustivo, mas os resultados foram música aos meus ouvidos, estava a tocar num nível que nunca imaginara
seria possível.
Aplicar o catalisador da família aos nossos empenhos evangelísticos igualmente será um processo
estimulante. A prática de longos anos resultou no surgimento de imitações em vez do modelo que
apropriadamente incorpora os princípios da vida da família no nosso ministério. Recentemente, algumas
tentativas foram feitas para anexar o ministério da família ao que já vinha sendo feito em termos de
evangelismo. Porém, se desejamos derribar muros diante de nós devemos estar dispostos a desaprender
algumas coisas e a reaprender outras a respeito do evangelismo. Apresentamos a seguir algumas sugestões
com o objectivo de estimular o pensamento criativo e o diálogo. Espero que conduza a um enfoque renovado
do importante papel da família no evangelismo e no desenvolvimento de modelos práticos do verdadeiro
evangelismo fundamentado na família.
Passando da salvação de almas para a salvação de famílias. O modelo do ministério do Novo
Testamento é o que actua de casa em casa. Várias vezes os apóstolos baptizaram famílias inteiras. Erwin
McManus em An Unstoppable Force (2001) escreve:
“O propósito de Deus foi, sempre, o de redimir um povo. Porém, reduzimos isso à conversão
de indivíduos. E há uma diferença enorme entre os dois ... um conduz a seguidores de Cristo enquanto o
outro a um movimento” (p. 95).
O significado do ministério relacional. A cultura ocidental contemporânea é céptica quanto à
doutrina, mas faminta por relacionamentos. Um banco perto de onde vivo tem um slogan que associa esses
dois anseios: “O Relacionamento Certo é Tudo”. Jesus responde a esse anseio ao afirmar: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida” e “esta é a vida eterna: que te conheçam, a ti como único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste”. Isto não é um repúdio à doutrina, mas um chamado a um ministério
relacional. Ron Martoia diz: “Os relacionamentos são a justificativa do século vinte e um” (Velocity
Conference 2003).
De programas ao processo. Estabelecer um relacionamento exige tempo, a amizade desenvolve-se
em ritmo diferente. O ministério relacional não pode ser empacotado numa cruzada de 26 noites. As séries
evangelísticas tradicionais podem resultar num aumento dos números, mas podem também ser
contraproducentes à saúde das famílias. As igrejas que buscam envolver-se no evangelismo baseado na família
devem comprometer-se num processo de longo prazo que não pode ser facilmente aferido por números e
resultados imediatos. Cada parte do processo desde o formar amizades para fortalecer os casamentos até
participar de um piquenique com amigos deveria ser compreendido como parte deste processo evangelístico.
Esse processo estende-se além do baptismo de indivíduos e famílias para encorajá-los a envolverem-se no
discipulado.
Página 116 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar
Do ministério centralizado na igreja para o ministério centralizado no lar. Em The Family Friendly
Church, Ben Freudenburg (1998) salienta que devemos passar do “ministério centralizado na igreja e apoiado
pelo lar para o ministério centralizado no lar e apoiado pela igreja” (p. 94). Este é um novo modelo com
implicações radicais. Os líderes da igreja há muito pedem às famílias para se envolverem com o programa da
igreja. Esse novo modelo de ministério pede que a igreja se envolva no programa da família. Leonard Sweet,
líder de uma associação, desafiou a igreja a reivindicar o lar como o centro para o ministério.
Da profecia ao movimento profético. Durante anos, ilustramos a nossa publicidade evangelística
com imagens de bestas e de dragões. Tipicamente, muito do evangelismo público inicia sua série com Daniel
2. O adventismo que tem suas raízes históricas nas profecias de Daniel e Apocalipse não deve ser perdido.
Porém, não se deve esquecer que fomos chamados a proclamar a mensagem de Elias de Malaquias 4 a
converter “o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais”. Nesse sentido, devemos trazer
restauração aos casamentos em ruptura e anunciar os eventos finais que são igualmente proféticos. Não
podemos ser um movimento profético de Deus enquanto proclamarmos um e ignorarmos o outro.
Dos grandes auditórios para os pequenos auditórios. Como povo remanescente de Deus devemos
estar dispostos a ir aonde a igreja ainda não foi, ao vizinho do lado! Para isso não é necessária publicidade
nem na rádio nem na televisão. A melhor maneira de dar a conhecer o evangelho é falar com o seu vizinho ou
convidá-lo a ir a sua casa juntamente com a família. Mike Slaughter (2002) observa: “A nossa cultura moderna
diz respeito à personalização. Devemos aprender novas formas de abordar as pessoas, ajudando-as em suas
necessidades em lugar de termos um programa único para todos os programas com o grande público” (p. 35).
De sermões a experiências estruturadas. Durante mais de 150 anos o evangelismo adventista tem
focalizado a palestra e o ensino. Com o surgimento de uma cultura que valoriza as experiências, a
aprendizagem entrou numa dimensão totalmente nova. O ouvir calado em um banco ou atrás de uma mesa
muitas vezes sufoca o significado da aprendizagem. Os aprendizes de hoje desejam fazer parte da experiência.
Desejam ver, ouvir, tocar, sentir, cheirar. Desejam poder participar activamente no processo da aprendizagem.
Eles respondem às imagens visuais ou ao uso de metáforas e histórias. Preferem um processo de
aprendizagem que os relacione com outras pessoas na mesma situação.
Dos testes para a vida. A maioria dos programas evangelísticos envolve alguma variação de testes
para serem preenchidos. O sermão ou a lição faz uma pergunta, o evangelista ou o participante lê o texto e
então, mentalmente ou literalmente, preenche os espaços. As pessoas hoje têm pouco interesse nesses
métodos. Elas desejam encontrar alguém que está na mesma situação. Não estão interessadas em encontrar
todas as respostas; desejam encontrar alguém que partilhe com elas o mesmo processo, alguém verdadeiro e
autêntico. No mundo que não crê na bíblia, a prova da vida é a única prova que estão dispostos a ouvir.
Do exterior para o interior. Temos gasto muito tempo preocupando-nos em como atrair pessoas
para virem à nossa igreja. O que poderia acontecer se gastássemos o nosso tempo criando uma experiência na
comunidade da fé a qual os adoradores pudessem levar consigo após terminados os serviços religiosos? Não
externamente, mas internamente. De acordo com William Abraham (1989), “O evangelho é propagado e a igreja
cresce devido à mão soberana de Deus na comunidade que se encontra cercada por pessoas que ficam
intrigadas com o que vêem acontecer” (p. 38).
Da proposição para uma Pessoa. Acima de tudo, devemos lembrar que a mensagem não é
fundamentalmente um conjunto de princípios e proposições; é uma Pessoa. Quando Deus quis que o mundo
Página 117 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar
pecaminoso compreendesse quem Ele é, não enviou uma declaração doutrinária, enviou um Salvador. Se a
verdade absoluta é uma Pessoa, então responder à verdade é tudo o que fazemos com essa Pessoa. Esta
realidade deve ser o fundamento do evangelismo relacional baseado na família. Jesus disse: “Esta é a vida
eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).
Referências
Abraham, W. (1989). The Logic of Evangelism. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co.
Dobson, J. (2001). July Monthly Newsletter.
Freudenburg, B. (1998). The Family Friendly Church. Loveland, Co: Group Publishing.
Martoia, R. (2003). Velocity.03 Conference. Jackson, MI: Westwinds Community Church.
McManus, E. (2001). An Unstoppable Force. Loveland, Co: Group Publishing.
Slaughter, M. (2002). Unlearning Church. Loveland, Co: Group Publishing.
Sweet, L. (2003). Velocity .03 Conference. Jackson, MI: Westwinds Community Church.
Página 118
Página 119 Materiais dos MF—Evangelismo na Família
EVANGELISMO NA FAMÍLIA
Millie e John Youngberg
Um Novo Paradigma
Há apenas um “evangelho eterno” que deve ser pregado a todos os habitantes da terra para preparar as
pessoas para o grande e majestoso dia do Senhor. Porém, as velhas verdades podem ser apresentadas de uma
maneira nova. As “necessidades sentidas” do público pedem alternativas e abordagens actuais. O
Evangelismo na Família é um modelo novo. Embora abrangendo as doutrinas essenciais, o seu forte é a
teologia relacional. O adventismo do sétimo dia é uma mensagem profética. Portanto, não nos esqueçamos de
“converter o coração” ou seja, a profecia relacional de Malaquias que fechou o cânon do Velho Testamento e
abriu o Novo Testamento com o anúncio profético de Gabriel a Zacarias (Lucas 1:16, 17). Não “há nada mais
poderoso do que a ideia de que vindo é o tempo”. Ao testemunharmos as elevadas taxas de divórcio, a
delinquência juvenil e a corrupção moral por todas as partes, sem dúvida que pensamos que chegou o tempo
de reconstruir o altar da família e de converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, e juntos
convertermos os nossos corações ao lar. Quando for apresentada a mensagem de Elias, o fogo do poder de
Deus irá manifestar-se e o sangue da Vítima Inocente salvará as nossas famílias para o céu.
Alvos do Evangelismo na Família
1. Facilitar a conversão do coração mediante a mensagem de Elias.
2. Combinar as apresentações doutrinárias com a prática da vida em família – onde a vida é vivida.
A mensagem busca uma integração da família e da instrução doutrinária.
3. Partilhar o evangelho no ambiente da família com ênfase em Jesus e na teologia relacional.
4. Encorajar todas as famílias a virem ao Senhor e a unirem-se à igreja.
Filosofia
Se a mensagem do evangelho significa alguma coisa, deveria ser o poder transformador que faz a
diferença na família e que mostra às pessoas como viver e se relacionar com os outros. Se a mensagem da
Bíblia não tiver o dinamismo para tornar as pessoas boas, para torná-las amáveis, amorosas nos
relacionamentos, então sua relevância para a sociedade como um todo pode ser questionada. Não se trata de
aderir ao altruísmo humano. A natureza humana não pode ser transformada por si mesma. A virtude humana
deve encontrar o seu ponto inicial no amor altruísta de Deus.
Todos sabemos que a igreja e a escola primitiva foram na família. O primeiro casamento, realizado no
Éden pelo Criador, estabeleceu o fundamento da sociedade. A transgressão e a realidade do pecado
desfiguraram a primeira família. O jogo da acusação teve início, o primeiro primogénito matou o seu irmão. O
Violador da Família incide a sua maldade sobre a família caída, mas Aquele que a criou interveio para mostrar
à família o caminho de volta para o lar eterno. Chamamos a esse conflito o “grande conflito”. Hoje o seu
alvo não são os raios cósmicos, mas o lares. Satanás “Intromete-se em todos os compartimentos do lar, ...
destruindo as famílias ... “ (O Grande Conflito, p. 508).
Página 120 Materiais dos MF—Evangelismo na Família
Necessitamos de mais alguma justificação para o “Evangelismo na Família”? O enfoque nestas séries
são as Boas Novas e como elas podem ser vividas na família. Há uma integração da instrução bíblica e
familiar. A obra do Espírito Santo na família ao ela aceitar o evangelho, torna-se extremamente excitante e
gratificante aos membros da família participante.
A mensagem de Elias em Malaquias 4:5, 6 torna-se o fundamento desta série evangelística – mostrar
como converter os corações dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, e juntos fortalecerem o relacionamento
vertical com o Autor da família. Esta profecia dos últimos dias é o fio dourado que traça o seu caminho ao
longo da série.
A mensagem de Elias nunca deve ofuscar Aquele a quem a mensagem anuncia, Jesus a única esperança
da família. Embora ajude os novos membros a encontrarem e aceitarem a Jesus Cristo como o seu Salvador e
a aprenderem mais a respeito do evangelho, os membros da igreja são edificados e desenvolvem-se ao serem
aprendidas novas habilidades e técnicas na família. Por conseguinte, a qualidade da família é melhorada.
Quando dois indivíduos unem as suas vidas pelo casamento entram numa aprendizagem, iniciam um
processo algumas vezes doloroso, mas essencial. O lar torna-se um lugar de boas maneiras. Alguns, porém,
não desejam ser polidos e assim muitas vezes o casamento acaba em divórcio. O lar é um lugar para o
desenvolvimento do carácter, que é tudo o que podemos levar para o céu. Quando toda a família está
comprometida com Cristo e segue os ensinos bíblicos, o crescimento é facilitado no lar. Tudo se torna melhor
com Deus na família.
A Mensagem da Família é Bíblica
Há muitas histórias de famílias na Bíblia das quais podemos aprender e há parábolas e simbolismos da
família para estimular o pensamento a respeito da família. Um deles mostra Cristo como o noivo e Seu povo
como a noiva. Ele deseja que estejamos prontos para esse grande evento. Este é justamente o tema desta
série..
O Pastor Gordon Martinborough e a sua esposa, família veterana no evangelismo, na Divisão
Interamericana dos Adventistas do Sétimo Dia, salientaram alguns outros exemplos da família na Escritura.
Depois que Enoque se tornou pai, ele caminhou com Deus (Génesis 5:22); Isaías 49:15 diz que o amor de
Deus é maior do que o amor de mãe; Ezequiel 16:8, 15 apresenta um retrato de Deus como o amante de
Israel, a esposa infiel. Mateus 25 apresenta a parábola das dez virgens no ambiente de um casamento, Efésios
5:31, 32 enfatiza que um homem e uma mulher serão uma só carne. Essa intimidade é comparada com a
intimidade que Cristo deseja ter connosco, a Sua igreja; Apocalipse 21:2 apresenta a Cidade Santa como a
noiva. A Bíblia encerra com um convite do Espírito à noiva “‟Vem!" ... bebe de graça da água da
vida‟” (Apocalipse 22:17). Devido a essas e outras referências bíblicas à família, alguns se referem à Bíblia
como o “Livro da Família”.
Está claro que o evangelismo na família não é um novo esquema. Ele tem fundamento bíblico. Segue o
método de Cristo de satisfazer as necessidades das pessoas no lar e então dar-lhes a solução para as suas
necessidades e os problemas.
Página 121 Materiais dos MF—Evangelismo na Família
Uma campanha evangelística na família apresenta as doutrinas bíblicas que seriam apresentadas numa
campanha evangelística tradicional, tornando as questões da família uma introdução e ambiente para cada
doutrina. Há uma integração da fé, doutrinas, relacionamento familiar e habilidades na família. Cada sermão
pode incidir numa questão da família de forma diferente. Alguns sermões fazem a transição das necessidades
das famílias de hoje para temas doutrinários. Noutros, os temas doutrinários e famílias são mais integrados no
sermão.
O Valor do Evangelismo na Família
Durante anos os observadores verificaram que os membros da igreja e os não adventistas presentes
juntam-se nos temas introdutórios que tratam os problemas da família. Então, à medida que a série prossegue
para a abordagem doutrinária/profética tradicional, muitos adventistas ficam em casa visto que já ouviram
esses temas. Viver e fortalecer a vida familiar são de interesse dos adventistas e dos não adventistas, portanto
a frequência tende a manter-se maior do que quando são apresentadas as séries tradicionais. No evangelismo
da família, os membros da igreja sentem-se mais à vontade para convidar os vizinhos devido aos claros
benefícios trazidos à família.
Os materiais para a família prestam-se mais às dinâmicas de grupo e à participação da audiência no
ambiente do seminário. Isso tende a deixar a reunião mais leve. Os participantes recebem actividades para
fazerem em casa e apresentam o relatório na reunião seguinte, se o tamanho do grupo o permitir. As
actividades de casa, cuidadosamente planeadas, pedem uma resposta que implica uma transformação, não
apenas uma informação. As pessoas gostam de saber como os outros resolvem os problemas na família.
A decisão de aceitar a Cristo e subsequentemente o baptismo são uma parte importante da campanha,
com a esperança de que a família toda seja baptizada e se una à família de Deus, a Igreja. Baptizar a família
toda, como uma unidade, tem muitas vantagens. Estamos lembrados da experiência do carcereiro em Filipos
onde uma família toda aceitou a Cristo e foi baptizada. As taxas de retenção e fidelidade entre os novos
membros são muito melhores quando há apoio da família. O outro lado da moeda, é que são minimizadas as
hostilidades na família quando todos os seus membros aprendem juntos o evangelho. Muitos dos problemas
enfrentados pela pessoa estão fundamentados na família. Uma abordagem que lide com o grupo todo pode
manter o equilíbrio da família ao passar esta para um novo estilo de vida.
Quando essa abordagem de evangelismo na família foi usada na Rússia, notámos que houve uma
percentagem maior de homens baptizados no final das reuniões do que em outras reuniões evangelísticas
realizadas.
Uma Breve História Recente de Evangelismo na Família
O evangelismo na família foi o método preferido de evangelismo e de fortalecimento na igreja cristã
primitiva. As congregações reuniam-se nas casas, da mesma forma como ocorre hoje para a maioria dos mais
de 300.000 adventistas do sétimo dia na China. Em Cuba, há também muitas igrejas nos lares. Muitos dos
Página 122 Materiais dos MF—Evangelismo na Família
milagres de Cristo respeitaram e restauraram a unidade orgânica da família. Os crentes muitas vezes eram
baptizados como famílias.
O ressurgimento recente do evangelismo na família tem sido muito eficiente em várias partes do
mundo. Gordon Martinborough informa que milhares de pessoas que aceitaram a Cristo e foram baptizadas
durante o período em que ele e a sua esposa, Waveney, estiveram activamente envolvidos no evangelismo na
família. Fitzroy Maitland, Rocky Gale, John e Millie Youngberg, Carlos Martin, Victor Collins, Adly Campos e
outros produziram e apresentaram materiais de evangelismo na família, nos anos recentes, com bons
resultados nos Estados Unidos, Canadá, Caribe, Rússia, Cuba, República Dominicana, México e outros países.
Esses materiais e apresentações são fundamentais para a proclamação da mensagem de Elias e de Malaquias
4:5, 6 neste tempo do fim.
A nossa própria actividade no evangelismo na família remonta a um quarto de século. Fomos
catalisadores no encorajamento de outros – reunimos e organizamos os primeiros materiais. Depois de
realizar uma campanha de evangelismo na família, em Moscovo, durante o verão de 1994, ficamos
convencidos de que havia necessidade de uma série de reuniões evangelísticas para a família na ex-União
Soviética que não pressupunha antecedentes cristãos na audiência, devido aos 70 anos de exílio ateísta durante
a era comunista. Ainda, devido à oposição da igreja predominante na Rússia, as reuniões iniciavam com temas
relacionados com a família e então cruzavam a ponte para temas doutrinários que eram biblicamente
ilustrados por metáforas da família. Havia uma integração do material da disciplina ciência da família com a
instrução bíblica.
Depois que voltámos de Moscovo, May-Ellen Colon, sub-Director dos Ministérios da Família da
Divisão Euro-Asiática, solicitou-nos que preparássemos uma série de sermões para a família e doutrinários a
fim de satisfazer necessidades especiais. Family Life at Its Best (A Família em Seu Potencial Máximo) foi o
resultado de nossos esforços. Ele foi publicado na Rússia para ser usado pelos ministros e leigos no ex-bloco
soviético. Esse material foi então traduzido e culturalmente revisão para uso entre os hispânicos, pelo Dr. Luis
Del Pozo, no México. A obra resultante La Familia em Su Máximo Potencial, teve duas edições e foi ilustrada
com gráficos em PowerPoint. Sabemos de 50 pastores, no México, que utilizaram essas séries. Os resultados
foram encorajadores. Um pastor mexicano realizou 125 baptismos de uma série onde ele organizou
cuidadosamente todo o material na igreja. Foi uma grande alegria ver que as igrejas locais, em muitos países,
passaram a usar esse material para salvar as famílias. No presente, com o apoio de Ron e Karen Flowers do
Departamento dos Ministérios da família da Associação Geral, será publicada numa edição em inglês, em
2004. Essa nova edição mostra uma progressão de edições noutras línguas e busca derribar as barreiras
culturais para tratar das necessidades universais das famílias em todas as partes.
Não demorou muito para descobrirmos que essa tarefa era maior do que nós. Tornou-se uma antologia
de sermões do evangelismo na família, escritos por pastores, evangelistas, administradores, escritores e
professores universitários adventistas do sétimo dia experientes. Esses sermões foram editados e reeditados
com grande esforço para ampliar a ênfase na família em cada sermão. O processo continua à medida que
novas edições estão a ser preparadas. Dentre os principais contribuintes estão John & Millie Youngeberg, Joe
Engelkemeier e Melchizedek Ponniah. Outros autores são Gaspar e May – Ellen Colon, Ken Corkum,
Dwinght Nelson (dos sermões NET 98), Larry Lichtenwalter, C.D. Brooks, Halcyon Wilson, C. Mervyn
Maxwell, Thurmon Stenbakken, Joyce Lorentz e Paul a Gordon.
Página 123 Materiais dos MF—Evangelismo na Família
Como editores gerais, tentamos manter a integridade do componente família na série toda e dar um
fluxo unificado, embora respeitando a contribuição dos vários convidados. Para a nova edição na versão em
inglês para 2004 da Family Life at Its Best os sermões foram actualizados por novos escritores nos quais foram
acrescentadas informações actuais. Consideramos esse material um manual actualizado e criativo que pode ser
usado por leigos. Cada pessoa pode dar autenticidade à mensagem ao combinar a sua própria experiência da
vida familiar, ilustrações pessoais, histórias locais, materiais relevantes à cultura a fim de satisfazer as
necessidades da audiência.
Usos Variados dos Materiais do Evangelismo na Família
Mulheres evangelistas. Na Rússia, na Ucrânia, nos Estados Unidos e no México as mulheres têm
realizado proeminente trabalho usando a metodologia do evangelismo na família com resultados, algumas
vezes, de mais de 100 baptismos. Há um grande potencial para as mulheres evangelistas usarem esses
materiais. Ouvir uma mulher pregar é novidade para muitos e, com frequência, a perspectiva da mulher é
objectiva e criativa ao lidar com as questões da vida familiar.
Reunião no Lar. Algumas famílias usam esse material para convidar os seus vizinhos a visitá-los em
casa, apresentam informações referentes à vida familiar e oram pelas necessidades manifestadas pelos
convidados. Em tais grupos, são dados passos para as mudanças na vida familiar e as pessoas são levadas a
pensar a respeito de questões bíblicas e familiares, dando a oportunidade para que ocorram transformações
pessoais.
Temas breves para a família. Questões breves que não seriam tratadas no sermão doutrinário para a
família e, sugerimos que sejam acrescentadas e apresentadas num tempo extra durante cada reunião, 10 a 12
minutos. Um componente da Série de Evangelismo na Família que pode ser usado é Dynamic Family Living Series:
A Series of Family Talks to be used in Conjunction with Evangelistic Campaigns (Série Dinâmica da Vida Familiar: uma
série com Conselhos Sobre Família para ser usada nas Campanhas Evangelísticas). Originalmente preparada
para uso nas 50.000 campanhas das Filipinas, este material pode também ser usado como temas breves sobre
família antes da apresentação do sermão principal nas séries evangelísticas tradicionais. Está disponível uma
versão em espanhol: Dinámica de la Vida Familiar.
Adaptação para Campanhas Breves
Dwight Nelson, NET 98, orador e pastor titular da Pioneer Memorial Church, na Andrews University,
diz que na maioria dos países ocidentais as longas séries evangelísticas são uma relíquia do passado. Temos
observado que isso se aplica no México, em Cuba e na República Dominicana. Na era pós-moderna com a
televisão a cabo, as pessoas, normalmente, não comparecem às séries longas, cujas reuniões ocorrem cinco
vezes por semanas, no total de 30 apresentações. Tampouco existe agora o imperativo de apresentar toda a
mensagem numa série. Por exemplo, na Divisão Inter-americana muitos pastores evangelistas esperam que os
conversos tenham três exposições à mensagem – por meio de uma série de semear, uma de colheita e uma de
estudos bíblicos ou classes baptismais. Eles organizam o seu ano evangelístico de acordo com as suas igrejas.
A metodologia de evangelismo na família pode ser usada com sucesso nesse ciclo, quer como série de
semear ou de colheita. Alguns evangelistas iniciam com temas sobre saúde, em seguida apresentam temas
Página 124 Materiais dos MF—Evangelismo na Família
sobre a família e terminam com as mensagens doutrinárias. Como um livro de recursos contendo as doutrinas
bíblicas básicas e alguns temas proféticos, a série Family Life at Its Best pode ser precedida por um seminário
sobre saúde e seguida por um Seminário sobre o Apocalipse, por exemplo. Alguns oradores realizam reuniões
todas as noites, outros 4 ou 5 vezes por semana e ainda outros podem apresentar os sermões nos sábados ou
domingos tipo seminário. Neste material de evangelismo na família, codificámos os 30 temas e os sermões
para os três sábados com sugestões sobre como os temas funcionariam melhor numa série de 10 reuniões e
nas séries de 18 ou 21 apresentações.
Nossa Oração
Oramos para que a voz do Evangelismo na Família possa soar alto (Apocalipse 18) no mundo,
proclamando a mensagem de Elias para o tempo do fim em Malaquias 4:5, 6 – convertendo a Deus o coração
de todos na família e uns aos outros.
Referências
White, E. G. O Grande Conflito. CD-Rom E. G. White.
Como Solicitar o Material:
Materiais em inglês:
Family Life at Its Best (incluindo gráficos em PowerPoint), disponível em Junho de 2004.
Dynamic Family Living Series
Pedidos a Gary R. Hilbert, Gerente, Christian Book Center (ABC), 8980 S. US 31, Berrien Spring, MI
49103 EUA. Telefone: (877) 227-4800, (269) 471-7331. E-mail: michiganabc@yahoo.com
Materiais em espanhol:
La Familia en Su Máximo Potencial (incluindo gráficos em PowerPoint).
Dinámica de la Vida Familiar
Pedidos ao Departament of Family Relations, Montemorelos University, Apartado 16, Montemorelos
N.L. 67500, México.
Página 125 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
O PODER DO PAI
Millie Youngberg
Sermão do Evangelismo da Família.
Introdução
Em 1989, houve um terrível terramoto na América cuja intensidade foi de 8.9 na escala Richter. Numa
casa, marido e mulher foram jogados de um lado para o outro com a força desse terrível terramoto. Houve
um rugido ensurdecedor, como o som de um trovão, enquanto o edifício ruía ao redor deles. Mas ao cessar o
tremor eles verificaram que tinham sobrevivido pensaram no seu filho Américo. O pai correu pelas ruas em
direcção à escola. Ao chegar ali viu que o prédio da escola estava em escombros. O pai correu de volta para a
esquina do edifício onde havia deixado o seu filho naquela manhã, quando entrou na sala de aula.
A devastação foi total – placas de concreto, tábuas e entulho por toda a parte. O pai começou a
trabalhar imediatamente, retirando as placas de concreto. Algumas pessoas aproximaram-se e perguntaram o
que ele estava fazendo e disseram “Não perca o seu tempo. Ninguém pode estar vivo debaixo de todo esse
entulho”. Mas o pai, surpreendido com o pessimismo daquelas pessoas, disse-lhes: “Por favor ajudem-me a
retirar os escombros”.
Os bombeiros chegaram quase de imediato. O chefe viu que a situação era desesperadora e disse para o
pai: “Ninguém pode ter sobrevivido a esta devastação. Não vale a pena tentar tirar todo esse entulho. Na
verdade, está a dar esperanças a outras pessoas,”. Mas o pai do Américo continuou a trabalhar e trabalhar,
retirando todo o concreto e o entulho. Trabalhou durante 5, 12, 24, 36 horas sem parar. E, finalmente, depois
de todas essas horas de trabalho, ouviu uma débil vozinha. Era o seu filho, Américo que respondia ao seu
chamado. “Pai, eu sabia que virias, tu prometeste-me que se eu precisasse de ti, tu estarias ao meu lado”.
Catorze de trinta e três alunos daquela sala ainda estavam vivos. O cimento havia feito uma protecção
ao redor deles e criado um lugar onde puderam sobreviver. O pai disse: “Vem, Américo, sai”. O menino
respondeu: “Não, pai, deixa os outros meninos saírem primeiro, porque sei que tu continuarás aí”. Nestes
primeiros dias do século XXI ainda há pais verdadeiros. Eles estarão ao lado dos seus filhos quando estes
precisarem.
Tanto Os Pais, como os Filhos Necessitam de um PAI
No intimo do coração de cada filho há um enorme desejo de ser aceite e reconhecido por seu pai. Este
é um aspecto muito importante da vida do filho. Cada um deseja um pai amoroso e olha para ele como
alguém que está ao seu lado e ao seu dispor. O pai é o provedor ou o ganha-pão, o protector, o líder, o
sacerdote, o auxiliador, o amigo. Normalmente o pai amoroso que tem uma boa ligação com a sua família
empenha-se para ter um relacionamento positivo com cada filho, suprir-lhes as necessidades, estar presente
quando dele necessitam, manter uma boa comunicação e passar tempo de qualidade na companhia dos filhos.
Tudo isso é essencial para que se formem laços saudáveis e felizes entre o pai e o filho. A realidade é que os
pais estão cada vez mais ocupados e menos envolvidos com a vida diária dos seus filhos. O tempo é essencial
Página 126 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
para que os nossos filhos recebam a devida educação, e fortalecimento espiritual. O poder do pai para
influenciar é de fundamental importância em cada lar.
O bom relacionamento entre pai e filho conduz ao sucesso nas realizações académicas, na identidade
do papel do sexo, no desenvolvimento emocional e moral que provê um lugar saudável para o “crescimento
no favor de Deus e dos homens”.
A paternidade é um relacionamento altamente dinâmico que transforma as crianças em tudo o que elas
podem ser sob a guia e cooperação do pai carnal e do Pai Celestial. Os pais exercem grande poder e
responsabilidade no seu papel sobre o filho que trazem ao mundo. Há muitos pais que levam a sério o seu
ministério para com os filhos, enquanto que outros são ausentes, negligenciam e rejeitam os filhos. Muitos
desses pais que não assumem a sua responsabilidade e poder paternos deixaram de ser uma figura central na
vida dos filhos e passaram a uma posição periférica. Isto não faz parte do plano de Deus. Ele disse de Abraão,
em Génesis 18:19: “Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois
dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem a rectidão e a justiça”.
Os pais têm responsabilidades dadas por Deus e estas, quando cumpridas, são motivo de grande
satisfação. Os pais que estão presentes no lar podem prover um ambiente de segurança, amor, instrução,
fortalecimento, bem-estar e ser uma influência poderosa na vida dos filhos. O pai ausente, quer em casa ou
fora, contribui para uma lacuna eterna e dor que afectam negativamente o futuro da criança.
Certo jovem soube que o seu pai estava à morte num hospital e correu o mais rápido que pôde para vê-
lo, porém, quando chegou ele já estava em coma. Agarrando-lhe a mão disse-lhe: “Não morra, até dizer que
me ama”. Repetidas vezes fez esse pedido, até que ouviu do pai: “Filho, eu o amo”. Infelizmente essas
palavras nunca tinham sido ditas antes.. O filho estava destroçado.
Os pais têm uma enorme responsabilidade, eles são os representantes do Pai Celestial aqui na terra,
enquanto os filhos são pequenos. Passar tempo de qualidade com os filhos é fundamental para o ensino, para
a criação de elos, para o aconselhamento, educação e também é um elemento poderoso da paternidade.
O Dr. Armand Nicholi II da Haward University diz: “Se há um factor que influencia o
desenvolvimento do carácter e a estabilidade emocional de um indivíduo é a qualidade do relacionamento que
a criança experimenta ao ser criada pelo pai e pela mãe”. Sim, o Dr. Nicholi está certo. Os pais não apenas
dão a vida biológica aos seus filhos, mas influenciam o seu carácter, ensinando-os a viver dignamente e a
resolver os seus problemas.
Certo pai e o seu filho pequeno estavam a caminhar pela mata. Em alguns pontos haviam clareiras e o
menino corria na frente ou vencia os obstáculos do caminho. Porém, depois de um tempo eles entraram
numa área da mata muito fechada e escura. O menino deixou a trilha e logo estava preso num emaranhado de
galhos. “Pai, as minhas pernas estão arranhadas!” O pai levantou-o e trouxe-o de volta para a trilha. Então
instruiu o menino: “Filho, agarra a minha mão e anda por onde eu ando”. Poucos minutos depois deixaram
aquele trecho escuro e emaranhado e chegaram ao local de destino. Na vida, feliz é o filho que quando as suas
“pernas estão sendo arranhadas” pode encontrar a direcção e o apoio do pai. Esse pai não diz simplesmente
ao filho o que deve fazer, mas ensina-lhe o caminho que deve seguir: “Filho, anda nas minhas pegadas”. O
Página 127 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
exemplo de um pai amável na infância pode poupar o filho de muitos espinhos ao longo da vida. Este é o
verdadeiro “poder do pai”.
Crise de Pai: O Papel dos Pais Está Sob Ataque
Ao longo da história humana o pai tem desempenhado um papel importante no ambiente da família.
Isto aplica-se a quase todas as culturas do mundo. O pai tem sido grandemente responsável pelo progresso e
queda da família. Nos anos mais recentes, o papel do pai na família tem sido atacado por todos os lados. L.
Masters observa que vemos “o pai (entre a espada e a parede) para manter a sua “imagem” perante uma
esposa, (mãe agressiva) e um adolescente rebelde”. Se o infeliz do homem for buscar na televisão algum alívio,
a sua auto-estima será ainda mais agredida, pelos programas nos quais as mulheres e filhos frequentemente
defraudam o pai, cuja imagem está cada vez mais sendo apresentada, nos midia, como incompetente e
incapaz” (Masters, 1971, pp. 21-30). (Nota ao evangelista: Por favor, assegure-se de que a observação acima seja importante
para a sua cultura. Caso contrário, use estudos contextuais e relevantes.)
Certa emissora de televisão mostra adolescentes a dizer que não se sentem amados, apreciados ou
mesmo ligados aos seus pais. Eles sempre se sentiram ignorados, mal compreendidos e quando assistem a
algum programa televisivo sobre este tema, vêm com maior clareza as muitas falhas existentes entre o
relacionamento deles com os pais. Todavia, o seu profundo desejo era terem um relacionamento íntimo e
significativo com essa pessoa importante, o seu pai, e serem notados e aceites por ele. Eles, próprios,
reconhecem que as suas acções nem sempre traduzem a sua verdadeira apreciação pelo pai e os seus valores.
Hoje, milhões e milhões de crianças não têm presença de um pai. Alguns pais cumprem os seus deveres
militares em vários países e muitos deles nunca mais voltam para casa. Outros são escravos do trabalho e
estão muitas horas fora de casa. Outros ainda, passam muitas horas ausentes do lar porque quando saem do
trabalho vão encontrar-se e beber com os amigos. Outros há que chegam a casa e passam horas e horas em
frente à televisão ou ao computador. Mentalmente estão longe dos seus filhos. Essa ausência traz sérias
consequências. Embora seja terrivelmente triste a ausência do pai, o problema maior é a negligencia que os
pais mostram para com a família, não mantendo contacto com os filhos. Quão agradecidos deveríamos estar
ao nosso Pai celestial porque está sempre presente. Ele nunca nos abandona ou esquece.
Os especialistas do comportamento dizem que o pai negligente é a causa de muitos problemas sociais e
pessoais. Na verdade, duas autoridades proeminentes na área, Henry Biller e Dennis Meredith, afirmam quase
que inequivocamente que “O poder do pai é diferente do poder da mãe e o seu filho necessita de ambos para
se poder desenvolver harmoniosamente”.
O Dr. Ken Canfield, Presidente do Centro Nacional Sobre Paternidade (2001) informou que na sua
pesquisa descobriu que muitos pais abandonaram os seus filhos, esse abandono não é apenas físico, mas
também emocional e espiritual. Quando os pais não se associam emocional e espiritualmente com os seus
filhos, eles tornam-se vulneráveis. Biologicamente, é o pai que determina o sexo do novo bebé, e se o pai não
desempenha um papel activo na vida da criança, ela tende a sentir ambiguidade e confusão quanto ao seu
sexo. As crianças cujos pais são activos e ligados a elas têm a tendência de se tornarem adolescentes e adultos
com a capacidade de traduzir os grandes planos em actos apropriados. Esses pais também afectam o conceito
que os seus filhos têm de si mesmos. Eles crêem que são importantes porque os seus pais lhes dizem isso.
Têm também a capacidade de tomar decisões fundamentais.
Página 128 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
O Dr. Canfield prossegue dizendo que nos Estados Unidos há uma crise de paternidade entre os afro-
americanos. Sessenta por cento das crianças com menos de 18 anos nunca conheceram o pai. A falta do pai
produz os seguintes problemas sociais: (a) elevada evasão escolar no ensino médio; (b) tendência a viver na
miséria; (c) mais pessoas dependendo de assistência social; (d) casamento prematuro; (e) ter filhos fora do
casamento; (f) taxas elevadas de divórcio; (g) aumento da criminalidade; (h) maior consumo de drogas e
bebidas alcoólicas.
Contudo, se os pais e avós estão envolvidos na vida dos seus filhos haverá uma tendência para que
sejam vistos os seguintes resultados: (a) aumento da capacidade intelectual; (b) modelo positivo para os filhos;
(c) melhor transmissão dos antecedentes entre as gerações; (e) as opções ocupacionais tornam-se mais claras;
(f) são deixados recursos materiais para os filhos; (g) a forma pela qual essas crianças irão afectar algum dia os
próprios filhos; (h) as crianças terão atitudes mais positivas para com os irmãos e (i) haverá mais recordações
agradáveis depois de deixarem o lar ou após a morte dos pais. Na verdade, os filhos não são os únicos a ser
beneficiados pelos pais que se envolvem com eles, os próprios pais também beneficiam visto que a
paternidade é, talvez, a maior escola da vida.
O Dr. Ken Canfield informou a existência de investigações realizadas com as populações de reclusos.
Ele descobriu que 38% dos prisioneiros tinham pai, avô, tio ou primo que também estiveram na prisão. Oito
por cento dos presos que estudaram tinham sofrido o impacto de não ter tido a figura paterna em suas vidas.
No outro lado, Canfield relata um estudo do Centro Médico da Universidade da Califórnia, Los
Angeles. O estudo revelou que quando o pai mantém contacto físico saudável com o filho há uma elevação
da contagem da hemoglobina no sangue. Parece que esses filhos são curados.
Certamente, há algumas famílias sem a presença do pai ou onde este é negligente cujos filhos foram
criados com sucesso e capazes de constituir lares felizes, bem ajustados. Contudo, essa tarefa é muito mais
facilitada e prazenteira quando o pai é uma figura dinâmica forte na vida diária dos filhos. Como o principal
administrador da família, o pai deve prover autoridade, disciplina e juízo sólido. Assim como os executivos
em outras instituições, ele deve ser capaz de absorver a hostilidade gerada pela condução do seu papel.
Pai e mãe, em geral, e o pai especificamente são modelos de Deus. O poder para modelar
correctamente, na verdade, procede de Deus. Portanto, quando nos referimos ao “Poder do Pai” estamos a
falar a respeito do poder de Deus o Pai que, por meio do Seu Santo Espírito, capacita os pais terrestres a
cooperarem com Deus na criação dos filhos para o Seu reino. Estudos recentes concluíram que existe uma
forte analogia entre a forma como as crianças vêem o pai e Deus. Por conseguinte, é importante que o pai
responda à pergunta: Que tipo de pai ou líder eu sou?”
O Que É Ser Pai?
O Pai conduz e dá apoio. O pai é o protector, o líder espiritual, o professor, um amigo; ele é muito
especial no lar. Desejamos que os nossos filhos tenham sucesso. Para que isso seja possível, certas coisas
necessitam ser realizadas. Em primeiro lugar, a criança deve sentir que ela também é capaz e ter a convicção
Página 129 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
disso: “Sou capaz”. Ela também deve sentir que é necessária e importante para a família. O filho deve saber
que exerce influência no seu próprio futuro. Portanto, ao ensinarmos os nossos filhos, necessitamos ajudá-los
a compreender que são responsáveis pelo seu destino. Eles são arquitectos da sua própria vida. Todos os dias
devem escolher bem o que fazer. A autodisciplina é outra qualidade que devemos ensinar aos nossos filhos.
Eles dizem: “Quero fazer aquilo que me agrada, quando e como eu quiser. Mas isso trás problemas. O
conceito que a criança faz de si mesma é afectado pela forma como percebe que os pais a vêem.
Uma autora, que escreveu muito a respeito do privilégio da paternidade diz:
“Pais, não desanimeis os vossos filhos. Combinai o afecto com a autoridade, a bondade e
simpatia com a firme restrição. Dedicai a vossos filhos algumas dos vossas horas de lazer; relacionai-vos com
eles; associai-vos com eles nos seus trabalhos e brinquedos e captai-lhes a confiança. Cultivai a camaradagem
com eles, especialmente os meninos. Tornar-vos-eis, assim, uma forte influência para o bem” (A Ciência do
Bom Viver, pp. 391, 392).
Cada um de nós e cada um dos nossos filhos necessita ter autodisciplina e conhecer os limites e o
controlo. Os nossos filhos aprendem com as experiências da vida. Um casal que criou dois filhos disse-lhes:
“Desejamos que cresçam de tal forma que não se magoem quando forem mais velhos”. Algumas vezes eles
não ouviram e o resultado foi que na vida adulta tiveram de “bater com a cabeça” para então aprender com as
dificuldades da vida.
Outra área na qual estamos interessados é que os nossos filhos aprendam a ter amigos e a
desenvolverem boas amizades. Isso exige muita conversa. Biller e Meredith salientam que a presença ou o
envolvimento do pai tende a exercer efeitos positivos no relacionamento das suas filhas com os rapazes. As
meninas que são privadas da companhia do pai ou cujo pai não tenha afirmado devidamente o seu carácter
duma maneira especial e feminina têm uma maior tendência para serem “namoradeiras” ao equivocadamente
buscarem apreciação e afirmação noutro homem (Biller & Meredith, 1974, pp. 176, 177).
Deuteronômio 6:7 diz que os pais deveriam ensinar os princípios da palavra de Deus diligentemente a
seus filhos “e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-
te e ao levantar-te”. Desta forma podem transmitir os seus valores à próxima geração.
O falar inclui também o ensinar e o treinar a criança de forma a que esta receba “graça diante de Deus
e dos homens” e que esteja preparada para a vida. O que devemos ensinar? Devemos ensiná-las a respeito de
Deus, do que é certo e errado, como falar positivamente sobre os outros e como considerar o bem e o mal.
Ensinar-lhes o respeito, a honestidade, a generosidade, o serviço aos outros e a pedirem desculpas. Ensiná-las
a perdoar e a respeitar o próximo. Treiná-las inclui prepará-las para enfrentar a vida, o que irá ajudá-las na sua
educação do dia a dia. Deus tem um plano para os nossos filhos e usará os pais e mães para os ensinar a fazer
escolhas sábias para a sua vida. Uma família escolheu o domingo de manhã para conversar e avaliar o
comportamento da família em resposta a Deuteronômio 6:7 e então escolheram certos assuntos que irão
discutir durante a semana. Como pai de um filho adulto, John tentou gastar tempo de qualidade sozinho com
ele, mesmo depois que o jovem deixara a casa e vivia noutro Estado. Com frequência, viajavam metade do
caminho entre seus lares, entre Michigan e Illinois, para se encontrarem num determinado restaurante onde, o
pai e o filho, desfrutavam de uma boa conversa.
Página 130 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
Ainda outra área importante do desenvolvimento da criança é ser capaz de responder bem aos limites e
às consequências. Muitas consequências na vida resultam de más escolhas. Os pais que ajudam os seus filhos
estabelecem e mantêm limites capacitando-os a serem responsáveis e a darem prioridade às coisas mais
importantes. Isso impede os filhos de sacrificarem a sua honra e um bom carácter.
Os pais abençoam os seus filhos. Os pais têm o privilégio de serem uma bênção para seus filhos.
Um exemplo, num fim de semana o pai e o seu filho de 35 anos foram acampar. No sábado, enquanto
desfrutavam a beleza de um lago, o pai sentiu fome e disse: “Vamos voltar para o acampamento e jantar”.
Mas o filho respondeu: “Espera um minuto, pai, quero te pedir um favor. Poderia dar-me a sua bênção?” Ali
no barco, no meio do lago, o pai colocou a mão sobre a cabeça do filho e orou. O pai orou por ele e pelo seu
novo trabalho. Orou pelos seus filhos e pela sua esposa. E invocou a bênção bíblica sobre ele dizendo: “O
Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o
Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz” (Números 6:24-26). Ao abrirem os olhos, ambos tinham
lágrimas correndo pelo rosto. O pai ainda comenta esse episódio como uma das maiores experiências da sua
vida.
Um bom pai dá apoio ao seu filho. Onde existe o relacionamento do “poder do pai” há interligação e
harmonia. Deus tinha um Filho e enviou-O a este mundo tenebroso para nos ensinar o que é o amor. No
evangelho de João, em mais de 120 ocasiões, Jesus falou a respeito do Seu Pai. Note a intimidade que havia
entre Eles e o amor do Pai pelo Seu Filho Unigénito. Quando Jesus estava a iniciar o Seu ministério activo e
foi baptizado no Rio Jordão, os céus abriram-se e os que ali estavam ouviram a voz do alto que dizia: "Este é
o meu Filho amado em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Aos pais que ouvem isto instamos a que digam
aos seus filhos, em particular e em público, o quão feliz é tê-los como filhos. Diga-lhes isso regularmente e
nos momentos especiais da sua vida.
O Pai celestial abençoou o Seu Filho. Pouco tempo antes da Sua crucifixão, a voz do Pai foi ouvida no
Monte da Transfiguração, novamente afirmando e abençoando o Seu Filho: "Este é o meu Filho amado em
quem me comprazo. Ouçam-No!" (Mateus 17:5). É maravilhoso abençoar os nossos filhos. Abençoe-os em
cerimónias especiais no lar. Abençoe-os quando o santo sábado chega. Disponha-se também a abençoar os
outros filhos que não têm pai, leve-os à parte e coloque as mãos sobre eles abençoando-os. Isso fará a
diferença e poderá transformar-lhes a vida.
Os pais são reconciliadores e perdoadores. Há muitas ocasiões quando os nossos jovens se zangam
com o pai e a mãe. Os pais fazem o seu melhor, mas algumas vezes ferem os seus filhos e o seu espírito.
Houve um pai que percebeu que havia magoado o seu filho de 20 anos. Certo dia ele sugeriu: “Filho, gostaria
te levar a almoçar. Gostarias de almoçar comigo?” Foram a um bom restaurante. Depois que terminaram a
refeição, o pai disse: “Eu tentei fazer o meu melhor para ser um bom pai, mas sei que muitas vezes devo ter-te
magoado de alguma forma. Provavelmente, magoei-te e disse e fiz coisas erradas. Se nalguma ocasião te
magoei e não pedi perdão, por favor, perdoe-me. Não quero que nada estorve o nosso relacionamento”. Os
criados de mesa ficaram surpreendidos ao ver aqueles dois homens ternamente abraçados com lágrimas nos
olhos. Então os dois passaram momentos maravilhosos recordando os dias da infância. O passado ficara
acertado e o filho disse: “Não me consigo lembrar de nada, pai. Realmente eu gosto muito de ti.
Página 131 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
Outro pai notou que o seu filho andava muito calado, talvez depressivo e perguntou: “Estás com algum
problema? Magoei-te?” O filho não respondeu nada naquele momento, porém, mais tarde, apresentou uma
relação de ofensas que ele sentiu como jovem adolescente. Quando o pai considerou a relação, reconheceu
que algumas eram legítimas e outras não. Eles divergiam nalguns pontos, mas foram capazes de conversar até
que ambos ficaram satisfeitos. A boa comunicação purifica a atmosfera; ela pode remover a amargura e trazer
um novo início de relações positivas. Quando os pais estão atentos aos sentimentos dos filhos e conseguem
saber o que lhes vai no coração, serão capazes de unir a família e de levá-la a conhecer melhor a Deus.
Os pais disciplinam os filhos. Como o pai deve disciplinar o filho? A pesquisa sociológica recente
mostrou que há quatro maneiras básicas pelas quais os pais disciplinam os filhos. Que método deveríamos
usar? Estudemos e ponderemos as possibilidades. Que método Deus usa connosco? O material a seguir é da
Dra. Donna Habenicht (1994) da Universidade de Andrews que adaptou os materiais dos psicólogos
Baumrind e Mussen (1983, pp. 39-48).
1. O estilo permissivo caracteriza os pais que provêem muito apoio mas pouco controlo. O resultado da
atitude deixa andar dos pais quanto à orientação leva os filhos a serem impulsivos. Os filhos não parecem
interessados na recompensa do amanhã. Não podemos dizer que isso se deve ao seu mau feitio, porque eles
normalmente são simpáticos para com as outras pessoas.
2. Estilo autoritário. Os pais dão pouco apoio mas são diligentes no controlo. Os resultados tendem
a ser negativos. Os jovens podem rebelar-se e rejeitar os valores paternos. Outros tornam-se excessivamente
complacentes; não conseguem enfrentar decisões difíceis e necessitam de alguém que lhes diga o que fazer.
3. O estilo negligente representa os pais que oferecem pouco apoio e pouco controlo. Os filhos desses
lares reagem, muitas das vezes, da mesma forma que os filhos de pais autoritários, podem rebelar-se e
apresentar valores negativos. Podem ter problemas emocionais profundos relacionados com a negligência
sofrida.
4. No estilo com autoridade os pais exibem elevado apoio e elevado controlo. O estilo com autoridade,
centralizado no filho, estabelece padrões claros e expectativas de comportamento maduro nos filhos, embora
leve em com ta as suas necessidades. Os filhos são encorajados a serem independentes e responsáveis. Esses
pais explicam as normas num clima de cordialidade. Não são consumidos pela sua própria autoridade. Ouvem
o ponto de vista dos filhos e respeitam os seus sentimentos. Sempre que os filhos são punidos, sabem que o
merecem. Sabem que os pais se importam com eles. Os filhos desses lares normalmente têm fortes valores e
advogam-nos. Normalmente, ajudam e se importam com os outros.
Agora que consideramos os quatro estilos diferentes de paternidade, encontrados nas melhores
literaturas da área da psicologia, qual destes métodos acredita ser o melhor? Qual o que se aproxima mais do
estilo de Deus, o grande Pai, ao lidar consigo, comigo e com os Seus filhos? Sim, sem dúvida, o número
quatro. O estilo com autoridade. Ele combina o amor com a firmeza. Estabelece padrões e expectativas claras
e ao mesmo tempo considera as necessidades dos filhos. Há limites. O que Deus realmente aprecia? Talvez
cada um de nós tenha uma história sobre como aprendemos acerca da bondade de nosso Pai Celestial.
Donna Habenicht observa que apenas o estilo de paternidade com autoridade verdadeiramente
representa a forma como Deus lida connosco, com amor e encorajamento e, ao mesmo tempo, ávido por nos
Página 132 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
ajudar a crescer. Ao usar o estilo de liderança com autoridade nos nossos lares damos aos nossos filhos a
oportunidade de verem o verdadeiro retrato de Deus. Com a Sua ajuda divina podemos apresentar os nossos
filhos a esse Deus por meio do estilo de liderança da nossa família. a Dra. Habenicht recomenda esse estilo
como a maneira mais eficiente de disciplina.
Como pais com autoridade:
1. Tenha padrões firmes para o comportamento dos seus filhos e encoraje-os a crescer na maturidade.
Converse sobre isso com o seu filho.
2. Transmita confiança na habilidade de crescimento do seu filho.
3. Explique os motivos para o seu pedido e padrões. Discuta esses requisitos com o seu filho. Seja
flexível e respeite os seus pontos de vista, porém mantenha-se firme quanto ao princípio envolvido.
4. Identifique os sentimentos do seu filho e seja atencioso.
5. Trate o seu filho como companheiro no seu processo de crescimento.
6. Ria, converse e brinque com o seu filho.
7. Importe-se com as actividades e interesses do seu filho.
8. Demonstre e evidencie amor todo o tempo.
A isto pode acrescentar a relação de Gary Chapman (1997) de como demonstrar amor de diferentes
formas. Ele sugere afirmação, dizer aos filhos que eles são amados, passar tempo com eles, fazerem coisas
divertidas juntos, dar-lhes presentes, ajudá-los com as tarefas difíceis, tocá-los de forma apropriada – como,
por exemplo, passar o braço ao redor dos seus ombros, abraçá-los. Tudo isso ajuda o filho, de qualquer idade,
a saber que é especial.
Os Pais Necessitam de Serem Apreciados
Os pais necessitam de encorajamento e de apreciação. Até Jesus apreciava quando Lhe diziam
“Obrigado”, o que podemos ver no relato dos dez leprosos que foram curados. Quando apenas um voltou
para agradecer, Jesus perguntou: “Onde estão os outros nove?” A demonstração de apreciação precipita ou
gera actos especiais em retribuição aos actos de bondade dos outros.
Certa família escreveu bilhetes de amor e apreciação ao pai durante o culto em família. O interessante
que o pai notou é que vários bilhetes diziam: “Pai és divertido e fazes-nos rir”. Ele ficou surpreendido com
essa afirmação e depois disso esforçou-se ainda mais para ser divertido para os seus filhos.
Tiago, um adolescente, voltou para casa depois de um acampamento de jovens e foi directamente onde
estava o seu pai: “Pai, eu apenas queria dizer-te que te amo”. Conclusão: os nossos pais não se cansam de
ouvir isso.
Página 133 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
Dois filhos adultos, que trabalhavam no negócio da família com o seu pai, notaram que ele estava um
pouco desanimado. Então decidiram levá-lo para almoçar fora num óptimo restaurante, sem os outros
membros da família, e passaram momentos agradáveis conversando e comendo. A secretária cooperou ao
enviar alguns cartões dos funcionários. Esse pai retornou radiante ao trabalho. A sua taça de amor estava
repleta.
Certa família organiza programas especiais para o pai para dizer-lhe o quanto ele é especial. Há muitas
formas de se fazer isso e a mãe e os filhos podem pensar em maneiras diferentes para dizer o quanto apreciam
o pai. Uma pequena demonstração de amor faz um bem enorme nas relações da família.
Compreendendo Deus – o Pai Celestial. Uma professora estava a trabalhar com três adolescentes a
respeito do tema: Quem é Deus? Ela perguntou quem era Deus e com quem se parecia. Enquanto as meninas
falavam o que conheciam a respeito de Deus, começaram a chegar à conclusão de que “Deus é como o meu
pai”. Isso não é maravilhoso? Aqui está a verdade de que as crianças aprendem a respeito de Deus daquilo que
vêem em seus pais. Por outro lado, Deus é o Grande Pai e o modelo do que deveria ser o pai na terra. Uma
menina comentou: “Deus é bondoso, mas ao mesmo tempo é firme, assim como o pai”. “Ele deseja que eu
saiba a diferença entre o certo e o errado”, afirmou uma delas e continuou, “Ele é amoroso e ajuda-me
quando preciso d‟Ele”. Em Salmos 103:13, lemos: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o
Senhor se compadece daqueles que o temem”. Outra mencionou: “Meu pai ensina-me muitas coisas e é
paciente quando faço algo errado”. Cristo disse que se o pai terrestre gosta de dar boas dádivas a seus filhos,
“quanto mais o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir!" (Lucas 11:13).
Com quem realmente se parece Deus, o Pai de todos nós? Deus é misericordioso. Ele sabe o que é
melhor para nós. Ele é bondoso para connosco e ao mesmo tempo é um Deus de justiça e de perseverança. A
bíblia diz-nos em I Coríntios 1:9 que Deus é fiel. Em II Timóteo 2:13, ele diz: “se somos infiéis, ele
permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”. Deus leva os nossos fardos. É o nosso Aba Pai
(Paizinho) que se importa connosco e que é pleno de amor e compaixão. Ele é fiel, perdoador e longânimo.
Dá-nos confiança e as suas promessas são certas. A relação pode ser eterna.
Como Mostrar Apreciação ao Pai Celestial Pela Adoração. Certa guerreira da oração decidiu
tentar melhorar a sua oração e vida devocional ao demonstrar adoração a Deus Pai no início da oração.
Durante as suas leituras devocionais ela sempre identificava as características de Deus que poderiam ser
transformadas em louvor às orações atendidas. As características de Deus, o Pai, são infinitas como a
eternidade.
“Tu és o Rei da Glória”, ela escreveu, “ Pai Eterno com majestade e esplendor ao Teu redor. Tu és o
Deus todo Soberano, o Único Deus e no entanto Tu me conheces e somos amigos. É por isso que eu, hoje,
Te louvo e te adoro. Ajuda-me a ser obediente a Ti e à Tua vontade. Tu és o Pai que me conduz. Em minha
vida abriste o Mar Vermelho e fizeste-me caminhar em terra seca”.
“Graças Te dou por seres o Pai Protector e Provedor”, ela prosseguiu no dia seguinte. “Tu supres as
nossas necessidades e protege-nos do inimigo da vida, o inimigo que nos cerca e que nos rouba a paz, o
tempo e a produtividade”.
Página 134 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
“Jesus, Tu és Emanuel, Deus connosco. Fica com a nossa família, cura, ensina e mostra-nos o que não
sabemos, capacita-nos, livra-nos de nosso cativeiro e dá-nos a Tua graça e misericórdia todos os dias.
Adoramos-Te, Emanuel. Tu és o Conselheiro Maravilhoso, o Deus Poderoso, o Pai Eterno, e o Príncipe da
Paz. Tu és o grande Deus do Céu e da Terra e de nosso lar. Tu és o Espírito de sabedoria e de compreensão,
o Espírito de conselho e de poder, o Espírito do conhecimento e do respeito. Tu és Santo o Amor e a Justiça
Infinitas”.
Assim prosseguia a sua oração de adoração.
Conhecemos um pouco a respeito de Deus o Pai pelo que Jesus nos revelou. Enquanto esteve na terra
os Seus discípulos perguntaram-lhe como era o Pai. Por favor, leia no evangelho de João 14:18: “Disse Filipe:
"Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Filipe era um dos discípulos de Jesus. Ele teve contacto íntimo
com Jesus durante três anos e meio. No verso seguinte, Jesus responde ao pedido de Filipe (João 14:9-11).
Jesus confortou-o dizendo: “Quem vê a mim, vê o Pai”. A missão de Cristo nesta terra inclui a revelação da
natureza e do carácter de Deus. Jesus é o próprio Deus.
Se reuníssemos todas as virtudes de todos os pais de todos os países do mundo desde o início dos
tempos e as multiplicássemos pelo infinito, teríamos apenas uma pequena ideia das virtudes e características
do nosso Pai Celestial. A história regista as acções dos grandes homens e de pais nobres, alguns dos quais
deram a sua vida para salvar os seus filhos do perigo ou de um acidente. Mas muito maior é o nosso Pai
Celestial e Jesus, o Filho, que foi Quem nos revelou o Pai. Os pais na terra passarão, mas Deus é eterno.
Timóteo outro contribuinte para o Livro da Família acrescenta este conceito em I Timóteo 1:17: “Ao
Rei eterno, ao Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém”. “Eterno”
significa que Ele vive para todo o sempre. Ele existia antes de termos nascido e continuará a existir depois que
morramos. O rei David, outro escritor do Livro da Família diz em Salmo 90:2: “Antes que nascessem os
montes, ou que tivesses formado a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade tu és Deus”.
Como pais e mães, mediante o poder de Deus, podemos gerar vida. Mas nosso Pai Celestial, por meio
de Jesus e do Espírito Santo, é o Criador de todas as coisas, incluindo o sistema da família humana. O Livro
da Família inicia com a história da criação. A narrativa explica que Deus realizou o primeiro casamento entre
o primeiro homem, Adão, e a primeira mulher, Eva, (Génesis 2:21-22). Portanto, o acto coroador da criação
não é apenas a criação dos seres humanos, mas também a criação da família. Deus, no Seu desejo de mais
companheirismo, criou a primeira família. Deus ama a família e deseja ser parte da família humana.
A Família Celestial, uma em unidade e propósito, inclui Deus Pai, Deus Filho, e Deus Espírito Santo.
Foi Jesus, o Filho, que deixou o lar celestial majestoso e escolheu tornar-Se membro da família humana. João
1:14 diz que Ele: “se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade”. Na língua grega original,
esse verso diz literalmente que “Ele armou a Sua tenda entre nós”. Veio habitar no nosso meio, o Grande
Deus do universo viveu com os seres humanos. Que Salvador maravilhoso!
O evangelho de Mateus revela três pessoas da divindade. Em Mateus 3:16-17 ele diz: “Jesus foi
baptizado” (3:16), o “Espírito de Deus desceu como pomba” (3:16), “uma voz dos céus disse: "Este é o meu
Filho amado em quem me comprazo” (3:17). Todas as três pessoas da divindade são assim representadas no
Página 135 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
relato do baptismo de Jesus: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Esse grande poder de três em um
opera incessantemente para o bem-estar da família humana.
Nosso poder é insuficiente, mas Deus é Todo-Poderoso. Conhecemos pouco, mas nosso Pai Celestial
conhece tudo. Ele conhece o fim desde o começo (Isaías 46:9-11). Não há problema grande demais na terra
que Ele não possa resolver ou detalhe demasiado pequeno, na nossa vida, que Ele não tenha interesse em
solucionar. Leia Efésios 3:20: “Aquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou
pensamos, segundo o seu poder que actua em nós”.
O pai terreno é limitado, mas com o “Poder do Pai celestial” todas as coisas são possíveis, mesmo o
impossível, pois não há nada difícil para Deus. Génesis 18:14: “Há, porventura, alguma coisa difícil para o
Senhor?” Este poder está ao nosso dispor quando dobramos os nossos joelhos e dialogamos com o Pai de
todos os pais.
Vença os Problemas do Passado
Esta apresentação seria incompleta sem lidar com o tema de vencer os problema do passado. O Poder
do Deus Todo-Poderoso pode purificar cada pai ou membro da família dos problemas do passado, hábitos
cultivados e pecados de gerações. Levar os problemas ou dor ou mágoas ao Pai que pode purificá-los. A
paternidade é uma batalha onde duas forças lutam pela supremacia. O poder de Deus é essencial para nós, só
assim é possível repelir os ataques do inimigo das famílias. Quando estamos do lado de Deus, temos o Seu
poder.
Quando Raul era criança o seu pai abandonou-os, isto é, emocionalmente ele não estava presente, não
provia alimento à família, nem roupas e o principal: não lhes dava amor. Raul cresceu e tornou-se pastor, mas
nutria maus sentimentos. As relações entre o pai e o filho eram emoções amargas que lançavam sombras em
seu ministério e família. Certo dia a esposa perguntou-lhe: “Se o teu pai estivesse muito enfermo, cuidarias
dele?” A resposta veio prontamente: “Nunca”, e voltou as costas para ir preparar o seu sermão a respeito da
compaixão. Disse para a esposa: “Não imaginas quanto a nossa família sofreu!”
Foi neste momento que o Senhor falou a Raul: “Liga para o teu pai. A menos que sejas curado nunca
poderás curar os outros”. A esposa encorajou-o a visitar o pai, mas a dor era muito forte. Depois de algum
tempo, ele concordou em fazê-lo. O que Raul fez em primeiro lugar, foi dizer a seu pai todo o mal que ele
havia feito. E concluiu dizendo: “Bem, talvez possamos ser amigos”. Teve então início o processo de cura. Se
desejamos ser bem-sucedidos no ministério e na nossa família, necessitamos considerar as questões que nos
magoaram e perdoá-los. O poder de Deus dá as palavras de amor quando necessárias. Hoje Raul e seu pai
conversam semanalmente pelo telefone. O Espírito Santo eliminou toda a ira, ressentimento e hostilidade.
Raul agora cuida de seu idoso pai.
Se tiver lembranças dolorosas e arraigadas, escreva uma carta a Deus expressando as suas mágoas. Diga
-Lhe o que vai no seu coração. Ao escrever isso irá ajudar a libertar os sentimentos que estiveram oprimidos,
encontrar as feridas emocionais e acelerar o processo da cura. O que esteve preso é liberto. Então queime a
carta.
Página 136 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
A maioria das famílias nalgum momento é disfuncional. Diz-se que 95% das famílias são disfuncionais
em algum momento, e que os outros 5% devem-se à negação. Não temos a capacidade de nos curarmos
sozinhos a nós próprios ou às nossas famílias disfuncionais, mas Deus pode. Lembre-se, nada é demasiado
difícil para Ele. O Pai tem poder. Nem sempre podemos remover o problema existente mas podemos
processá-lo de forma positiva. Mesmo do mal podemos tirar coisas boas.
Conclusão
Há problemas que estão a dilacerar sua família? Tem problemas com os seus filhos ou cônjuge? Há
problemas que nem mesmo podem ser contados aos seus amigos ou familiares? Por que não levá-los em
oração a Deus Todo-Poderoso. Certamente, “Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus na sua santa morada. Deus
faz que o solitário viva em família” (Salmos 68:5). O Livro da Família convida-nos a lançar “sobre ele toda a
ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (I Pedro 5:7). Pode-se confiar e depender de Deus. Ele é o Pai de
todas as famílias humanas. Ele é o Deus do impossível.
O Livro da Família ilustra isso através da história narrada por Jesus Cristo. Um pai rico tinha dois
filhos. O mais novo não queria estar em casa com a família e desejava conhecer outros lugares do mundo.
Certo dia ele pediu e recebeu a sua parte na herança. Embora não tivesse direito a ela até a morte do pai, tanto
insistiu que o pai acabou por lhe dar a sua parte. Desejando afastar-se da casa paterna, indiferente aos
conselhos do pai e e aos apelos da mãe, partiu para um país distante. Depois de gastar todo o dinheiro com os
amigos, em diversões e más companhias, esse filho rico acabou ficando sem um tostão, sem ter onde morar,
sem alimento e ninguém para amar. Finalmente, conseguiu arranjar trabalho como guardador de porcos. Isso
significa cuidar deles de todas as formas. Como não tinha nada para comer, ficava feliz em poder participar da
comida dos porcos.
Certo dia, lembrou-se de seu pai e do seu amor. Percebeu que até mesmo os servos de seu pai viviam
melhor do que ele. Então decidiu: “Eu me porei a caminho e voltarei para o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei
contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus
empregados” (Lucas 15:18-19). Porém, o pai, aguardava o seu regresso, todos os dias ia olhar a estrada,
esperando que algum dia seu filho voltasse para casa.
O Livro da Família prossegue com a história: “A seguir, levantou-se e foi para o seu pai. "Estando
ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para o seu filho, e o abraçou e beijou” (Lucas 15:20).
Esse filho fugitivo não conseguiu completar a sua confissão. O pai o interrompeu para ordenar aos servos que
preparassem um banquete de boas-vindas. Quando todos os convidados estavam sentados o pai fez o
discurso: “Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado” (Lucas 15:24).
Nunca houve uma celebração maior na casa do pai.
O dicionário apresenta duas definições diferentes para “pródigo”: 1) “Que despende com excesso;
dissipador, esbanjador” e 2) “Que dá, distribui, faz ou emprega profusamente e sem dificuldade”.
Normalmente costumamos contar a história do Filho Pródigo, como o filho que dissipou e esbanjou a sua
herança. Alguns sugerem que a história trata na verdade do Pai Pródigo, um pai que distribuía e empregava
profusamente o seu amor. Deus é o Pai Pródigo. Ele dá e dá, mais do que jamais poderíamos esperar receber.
Página 137 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
Ele deu todo o céu numa dádiva, o Seu próprio Filho para salvar a humanidade perdida. A Sua dádiva foi
profusa; abundante. Ele não poderia ter dado mais.
Apelo À Decisão
Irei agora dirigir-me directamente aos pais aqui presentes. Gostaria de fazer uma oração especial para
que Deus os abençoasse em sua missão como pais. Nem sempre é fácil ser pai. Gostaria de convidar a todos
os pais para virem à frente. Este é um momento especial para vós. Gostariam de ser melhores pais? Que os
pais que assim desejarem venham à frente. Irei pedir a Deus que os abençoe. Que grande privilégio e
responsabilidade a vossa. Pais, estão a ter problemas com o vosso filho que necessita oração especial? Então,
por favor, levantem as mãos.
Oração
”Senhor, não Te conhecemos como deveríamos. Nosso conhecimento de Ti, ó Pai, é parcial e
imperfeito, mas agradecemos-Te por teres revelado o Teu amor por nós através de Jesus. Que grande alegria
será quando naquele dia pudermos ver-Te Face a face, ó Pai, que nos ajudas nos momentos difíceis.
“Pai Celestial, Tu estás a ver este grupo de pais que vieram à frente. Pedimos que derrames as tuas
bênçãos sobre cada um deles. Tu, como o Pai Pródigo, colocaste o Teu manto sobre cada pai aqui presente.
Perdoa-nos quando não fomos o tipo de pai que querias que tivéssemos sido. Põe o anel da família em nosso
dedo porque cada um de nós pertence à Tua família. Os anjos cantam de júbilo por nós e por nossos filhos ao
passarmos a fazer parte da Tua família.
“Pai Celestial, agradecemos-Te por seres o nosso Pai. Ao ajoelharmo-nos aqui dissemos que
gostaríamos de ser o tipo de pai que Tu queres que sejamos. Que cada um possa ser abençoado e capacitado
por Ti para conduzir a sua família ao lar celestial. Dá-nos sabedoria e forças de acordo com as nossas
necessidades e ajuda-nos na nossa tarefa e nos nossos problemas. Lembra-Te das necessidades da nossa
esposa e filhos. Alguns dos filhos mais velhos podem estar a tomar decisões erradas na vida. Abranda-lhes o
coração e leva-os a reconhecerem os seus pecados e a converterem-se. Ajuda-os a escolher-Te como o seu Pai
Celestial. Desejamos converter o nosso coração a nossos filhos, assim como Elias nos instruiu. Neste
momento, aceitamos-Te como o nosso Pai, e reconsagramo-nos como Teus filhos. Agradecemos em nome de
Jesus. Amém.”
ACTIVIDADES DO SEMINÁRIO PARA SEREM FEITAS EM CASA
Homenagem aos pais presentes. Entregue-lhes um presente ou um cartão com promessas impressas ou
escritas. Faça um plano para reafirmar a responsabilidade de cada pai conduzir os seus filhos ao Pai Celestial.
Convide os membros da família a formarem círculos familiares. Enfatize o conceito de que o amor do Pai
Celestial circunda cada círculo familiar. Outras pessoas na congregação podem unir-se aos grupos e orarem
especificamente pelos pais.
Página 138 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai
Em casa, durante o culto familiar ou durante a devoção pessoal, estudar e conhecer quem é Deus e
anotar as Suas características. Elas podem ser transformadas numa oração de adoração. Por exemplo, Deus é
misericordioso, Deus é justo, Deus é fiel, etc.
Fale das qualidades positivas do seu pai ou de outros pais que conheceu ou fale a respeito do que é
necessário para se ser um bom pai.
Discuta algumas das seguintes qualidades dos bons pais:
1. Amam incondicionalmente os filhos.
2. Disciplinam de forma construtiva.
3. Passam tempo de qualidade com eles.
4. Ensinam os filhos a fazerem diferença entre o que é certo e o que é errado.
5. Desenvolvem o respeito mútuo.
6. Ouvem! Realmente ouvem! Mas conversam também.
7. Oferecem encorajamento e direcção.
8. Incentivam a independência.
9. Acrescente outras qualidades que possa apresentar.
Faça uma relação daquilo que pode fortalecer o relacionamento entre pai e filho.
1. Planear uma actividade divertida para as próximas duas semanas.
2. Sair para algo especial com um filho de cada vez.
3. Escrever um cartão especial para cada filho.
4. Planear uma actividade apenas para pais e filhos.
5. Acrescentar outras sugestões.
Peça aos pais para preencherem um cartão de resposta contendo o seu nome, endereço, telefone e
motivo de oração. Assegure-lhes de que um grupo estará a orar por eles e sua família.
Impressione os pais com a ideia de que os laços de família permanecem fortes enquanto a família
mantém contínua ligação com Deus. Deus está no topo do triangulo e pai, mãe e filhos na base. Sem Deus
não há como ter um triângulo real ou uma família forte. É a unidade do triângulo que capacita a família na
terra a ser unida. O que pode ser feito pelo pai e pela família para terem ligação vital com Deus?
Referências e Bibliografia
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Canfield, K. (2002). Secretos de la paternidade eficaz, Mundo Familiar. Montemorelos, N. L. México:
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Masters, L. (1971). The passing of the dominant husband-father. Impact of Science on Society, 21, 21-30.
Mussen, P. H. (Ed.) (1983). Handbook of child psychology, 4ª edição, vol. IV. Nova Iorque: John Wiley & Sons.
White, E. G. A Ciência do Bom Viver. CD-Rom E. G. White.
Página 140
Página 141 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-
estar Geral
APREÇO: ESTIMULANTE PARA O BEM-ESTAR GERAL
John B. Youngberg
Introdução
Ternamente o imperador Shah Jahan falou à sua querida esposa Mumtaz: “Tu és a minha fonte de
força e inspiração, o teu amor é muito precioso para mim”. Ele prosseguiu: “Aprecio a grande ajuda que tens
dado à minha vida e o encorajamento que me dás”.
Parecia que todos os súbditos do reino desse casal real partilhavam de um amor sem igual uns pelos
outros. Mumtaz era verdadeiramente o orgulho do palácio e de Shah. Infelizmente a sua vida em comum não
durou muito tempo. Mumtaz morreu pouco depois de dar à luz, trazendo profunda tristeza a Shah Jahan.
Como expressão de sua estima por Mumtaz, Shah construiu um mausoléu magnificente para a sua
esposa chamada de Taj Mahal. Vinte mil operários trabalharam durante mais de dez anos para construir essa
maravilha do mundo. Construída com o mais excelente mármore branco e incrustada com pedras preciosa, o
Taj Mahal permanece como um memorial perpétuo e perene do amor e apreço do marido pela sua esposa.
Embora nenhum de nós tenha recursos para construir um Taj Mahal para expressar a nossa estima pelo
cônjuge e filhos, palavras frequentes de apreço podem ser o nosso “Taj Mahal” em miniatura para os
membros da nossa família.
Um homem de negócios que viajava pela Florida notou um carro com problemas ao lado da estrada.
O motorista estava parado junto ao carro a pensar como poderia resolver o problema. Visto que naquela
época ainda não havia telemóveis ele dependia da misericórdia dos motoristas que passavam. O empresário
parou e constatou a necessidade de um mecânico. Levou o homem até a cidade mais próxima e providenciou
um reboque para que o carro fosse levado a uma oficina. Levou o homem de volta ao local onde o carro se
encontrava e aguardou a chegada do reboque. Como se não bastasse, acompanhou o reboque até a cidade.
O homem agradeceu várias vezes a amabilidade. Os dois homens deram um aperto de mãos e o
empresário seguiu a sua viagem para a Florida. Nunca mais se lembrou do assunto até que seis meses depois,
quando se aproximava o Natal, o correio lhe entregou uma caixa contendo laranjas da Florida e uma gravata
cara. Durante anos o empresário recebeu laranjas e gravatas no Natal, oferecidas por aquele homem a quem
havia ajudado e que soube ser agradecido.
Esses dois episódios poderiam ser considerados suficientes para a definição de gratidão, mas
consideraremos um significado ainda maior da palavra ao buscarmos a definição do dicionário. Gratidão é o
reconhecimento da qualidade, do significado ou da magnitude por algo ou alguém que o beneficiou. É o
apreço até mesmo pelas pequenas bênçãos. Significa estimar, louvar, entesourar e valorizar alguém.
Consideremos os efeitos positivos do apreço e da gratidão.
Actividade. Gostaria que todos se colocassem de pé. Pensem em alguém a quem realmente apreciam (marido/mulher,
amigo íntimo) e mencione o porque o/a aprecia. Conceda 2 a 3 minutos para essa actividade.
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estar Geral
Benefícios Àquele que São O Objecto de Gratidão
George Dawson, neto de escravos, viveu no século XX. Nasceu e cresceu em Marshall, Texas, onde
vivia numa casa pequena com os muitos membros da família. O trabalho pesado impediu-o de estudar, mas
ele sempre quis ler. Aos 98 anos foi alfabetizado. Ele e Richard Glaubman contam sua história no livro Life Is
So Good (A Vida é Muito Boa).
O pai do George levou-o para trabalhar para um vizinho fazendeiro, Sr. Little, cujo salário era de US$
1,50 por semana, visto que os tempos eram difíceis e a família numerosa. O pequeno George de 12 anos
passou quatro anos a dormir num barracão escuro e a fazer as refeições separadas da família Little. O Sr. Little
mostrava-lhe o que fazer e enfatizava que diria apenas uma vez. O George esmerava-se ao realizar cada tarefa,
mas durante os anos em que ali trabalhou nunca ouviu palavras de apreço.
Foi somente quando o pai o veio buscar que ouviu palavras de agradecimento. O George juntou os
seus poucos pertences e os colocou no mesmo saco de estopa que trouxera quatro anos atrás. Ele levou-os até
à carroça onde o Sr. Little conversava com o seu pai. Então o Sr. Little virou-se para o George e disse-lhe:
“Foste um excelente trabalhador, nunca tive outro igual”. O rapaz não estava acostumado com esse tipo de
amabilidade e tudo o que respondeu foi: “Obrigado”. Ao seguirem na carroça em direcção a casa, o George
pensou em como fora bem tratado por aquela família. Aquela única manifestação de apreço eliminou todos os
sentimentos negativos que talvez tivesse abrigado.
Uma autora que vive em Michigan, onde o inverno tem mais dias nublados do que ensolarados,
passava horas na frente de seu computador a escrever o seu quinto livro. Meses antes de o livro estar pronto,
estava um daqueles dias escuros e invernosos. O seu espírito anelava para ver as folhas novas aparecerem nas
árvores. Sonhava com a primavera para poder deixar de vestir o seu pesado casaco. Foi então que o telefone
tocou.
O interlocutor identificou-se. Imediatamente reconheceu a voz do seu jovem pastor quando ela era
ainda uma criança. Ele a havia ensinado a fazer trabalhos manuais no acampamento, a cozinhar ao ar livre e a
fazer caminhadas pela mata para poder receber as insígnias das especialidades no clube de Desbravadores. Ele
ligou-lhe para lhe agradecer o último livro que ela havia escrito. Ficara profundamente tocado com as histórias
e os conceitos enobrecedores.
No final daquela semana ela contou a uma amiga: “Experimentei um sentimento de alegria pelo resto
daquele dia. Esqueci-me completamente do dia nublado e das árvores desfolhadas”. A manifestação de apreço
faz a diferença.
Uma casa para doentes terminais, no Texas, impede o esgotamento dos profissionais ao prover
regularmente pequenos retiros. Além da massagem, da sauna e das caminhadas pelo campo, o pessoal tem
uma hora em que trocam expressões de elogio. Cada pessoa faz menção de alguma qualidade ou ajuda
recebida da parte dos colegas. O apreço capacita-os a estarem bem emocionalmente para ajudarem os doentes
e os seus familiares.
Página 143 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-
estar Geral
O capelão, com 26 anos de experiência com pacientes terminais, descobriu que o apreço reaviva o
senso de valor deles apesar de estarem acamados. Ele especializou-se no ouvir. Quando um paciente falava
das experiências da sua vida, o capelão pedia-lhe que o ensinasse nessa matéria. Antes de terminar a visita ele
dizia: “Muito obrigado, porque hoje aprendi muito consigo. Enriqueceu o meu conhecimento. Mais uma vez
muito obrigado”.
Visita após visita os pacientes voluntariamente ensinavam o capelão e recebiam palavras de elogio. Os
membros das famílias diziam que o seu ente querido ficava mais animado e menos depressivo depois da visita
do capelão. Essa observação sustenta o estudo feito pelo St. Christopher‟s Hospice of London. Ele revelou
que os níveis de dor são minimizados como também a necessidade de medicação quando as necessidades
médicas, sociais, emocionais e espirituais dos pacientes são devidamente satisfeitas. O capelão estava a ajudar
a satisfazer essas necessidades quando ouvia com atenção e expressava apreço.
É muito bom sentir que alguém nos aprecia. A simpatia e o respeito animam na luta em busca da
perfeição, e o próprio amor cresce à medida que estimula a propósitos mais nobres” (A Ciência do Bom Viver,
p. 361). “Palavras bondosas, olhares de simpatia, expressões de apreço, seriam para muitas almas lutadoras e
solitárias como um copo de água fria oferecido a uma alma sedenta. Uma palavra compassiva, um acto de
bondade, ergueriam fardos que pesam duramente sobre fatigados ombros” (Serviço Cristão, p. 190).
Um estímulo, um copo de água fria, essas analogias do apreço escritas muito tempo atrás, são luz
fulgurante na vida de quem as recebe. A palavra estímulo é definida como algo que provoca uma resposta. É
um agente que induz ou acelera uma actividade física ou psicológica. Sinónimos para estímulo seriam incentivo,
incitamento, catalisador, impulso e motivação.
Essas definições e sinónimos tornaram-se vivos na experiência de um contador que ganhou muitos
milhares de dólares para a empresa na qual trabalhou durante 16 anos. Vítima da redução do pessoal na
empresa, conseguiu um trabalho como caixa de uma loja de departamentos conhecida por pagar salários
baixos. Passou a ganhar bem menos do que ganhava na outra empresa, mas esse emprego permitia-lhe
sobreviver. O comentário que fez a um amigo diz muito a respeito da atitude de apreço.
“Durante os meus 16 anos de trabalho na empresa anterior, tive 16 aumentos. Meus superiores nunca
me agradeceram pelo meu trabalho. Apenas me diziam que não havia agido certo. Sentia minha motivação
declinar à medida que os anos passavam. Estou neste novo emprego há um ano e um mês. Tive o meu
primeiro aumento. Primeiro o gerente afirmou que ficaria feliz se pudesse fazer 10 clones de mim, depois
proferiu muitas palavras de louvor e apreço. Sabe de uma coisa, essas palavras provocaram algo em mim um
desejo de trabalhar melhor a cada dia. Nunca ouvi nada parecido em 16 anos e saboreio cada palavra que o
gerente disse naquele dia”. Se lhe perguntasse se as palavras de apreço aceleram a sua saúde física e
psicológica, ele iria concordar de todo o coração.
Apenas onze homens sobreviveram quando uma embarcação da marinha mercante atingida por um
torpedo na II Guerra Mundial, se afundou. A embarcação afundou-se em quatro minutos, deixando onze
homens num barco de salvamento com água suficiente para apenas alguns dias. Durante 52 dias o pequeno
barco ficou à deriva no Atlântico Sul. A despeito do severo racionamento, a água acabou. Alguns homens
beberam água salgada do mar e acabaram morrendo. Todos eles arrancavam os crustáceos que ficavam no
fundo do barco e sugavam-lhes o caldo. De manhã, lambiam o orvalho que se acumulava no mastro
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estar Geral
substituto da sua embarcação. Depois de 52 dias somente 3 homens sobreviveram. Ao serem resgatados do
seu pequeno barco, foi-lhes dada água fria para beber. Eles bebiam e choravam ao mesmo tempo.
Não podemos sobreviver sem água para hidratar o nosso corpo, tampouco podemos ser íntegros
emocional, física e espiritualmente sem receber e manifestar apreço.
A importância do Apreço – Evidência Empírica
Há alguma evidência empírica que apoia esta última afirmação? Pouquíssima pesquisa tem sido feita a
respeito do apreço. Ainda se está numa fase embrionária quanto ao efeito do apreço, gratidão e
reconhecimento sobre a saúde emocional, social, física e espiritual. Os pesquisadores indicam que são
necessários estudos adicionais para uma melhor compreensão do relacionamento entre o ser apreciado e a
saúde plena.
As descobertas disponíveis são animadoras. Podemos dizer com confiança que os princípios da
Escritura ligados às áreas de ajuda estão sendo substanciados pela pesquisa.
Em 1977, James J. Lynch, Professor de Psicologia e Director Científico da Clínica Psicossomática da
Escola de Medicina da Universidade de Maryland, escreveu o livro Corações partidos As consequências Médicas da
Solidão. Embora a sua pesquisa não seja especificamente sobre o apreço, certamente fez parte do que ele
chamou de diálogo. Indicou que, senão houver troca recíproca de todas as alegrias, tristezas, esperanças e
sonhos, temos maior tendência a sucumbir às enfermidades que levam à morte prematura. Ele chamou ao
diálogo o elixir da vida sem o qual não podemos sobreviver. No livro é feito o apelo aos leitores que ou
aprendam a viver juntos ou então morrerão prematuramente sozinhos.
Em 1985, Lynch escreveu o livro A linguagem do coração- As respostas do Corpo Humano. No seu trabalho
demonstrou como o processo de conversar e ouvir os outros afecta dramaticamente o sistema cardiovascular
como um todo. O coração humano e a circulação podem ser profundamente alteradas pelo diálogo entre as
pessoas. Lynch define como membrana social que nos permite partilhar das experiências emocionais. Essa troca
actua sobre o bem-estar.
No livro Um grupo não ouvido – Novas luzes acerca das consequências clínicas/médicas da solidão (2000), Lynch
reviu e acrescentou novo material ao seu livro de 1997 a pedido das escolas de medicina. Nesse volume
mostra como as crianças cujo desempenho está abaixo do seu potencial na escola se sentem isoladas dos
demais estudantes. Elas não são apreciadas e não recebem afirmação dos seus colegas que são bem-sucedidos
academicamente. Elas são incapazes de se comunicar com eles e assim retraem-se. Sentem-se solitárias e
levam esse sentimento para a vida adulta. Isso exerce efeito negativo na saúde como um todo.
Lynch afirma que as crianças que ouvem linguagem agressiva dos pais e de outras pessoas são levadas ao
isolamento da comunicação, ao retraimento social e a falta de esperança que pode perdurar por toda a vida. O
autor acredita que esse tipo de linguagem pode matar. Leva as pessoas à solidão e à enfermidade física. Lynch
sugere que doenças da comunicação competirão com as doenças transmissíveis como as maiores ameaças à saúde no
século XXI.
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estar Geral
As lembranças há muito esquecidas das lutas da infância parecem estar gravadas no seu coração e os
vasos sanguíneos, vêm à tona assim que começam a falar sobre elas. Falar a respeito da falta de amor na
infância, da perda de amor cedo na vida e dos traumas emocionais nesse período, especialmente do fracasso
na escola, está entre os temas que provocam maiores alterações cardiovasculares. (Lynch, 2000, p. 314)
Lynch sugere que em vez de elogiar as crianças que vão bem nalguma prova, deveríamos recompensar
as crianças e instituições que demonstram alta pontuação no amor fraternal. A pesquisa de Lynch leva-nos a
acreditar que palavras positivas de apreço realçam a vida e produzem saúde naqueles que as recebem. O que
dizer dos efeitos da apreço naqueles que a demonstram.
Benefícios de Demonstrar Apreço
Em 1995, Rollin McCraty e associados analisaram a variação dos batimentos cardíacos em voluntários
saudáveis e em voluntários com vários estados patológicos usando a técnica da pausa. De três a vinte e quatro
meses antes do início do estudo os participantes foram treinados a deliberadamente se concentrarem em
demonstrar apreço por alguém. Eles também aprenderam a concentrarem-se deliberadamente em situações
que ainda evocavam a emoção da ira. Durante o estudo, foi estabelecido um período de cinco minutos de
controlo e então metade dos voluntários concentravam–se durante cinco minutos em demonstrar apreço. A
outra metade concentrava-se durante cinco minutos em situações que evocavam ira.
Nenhum dos voluntários tinham história de enfermidade cardiovascular e não tomavam medicação que
conhecidamente afectasse a função cardiovascular. Não foram usadas bebidas alcoólicas, cafeína e nicotina no
período de quatro horas antes da prova.
Os pesquisadores concluíram que ao intensificar as afirmações emocionais positivas, tal como apreço,
isso poderia exercer um efeito importante na função cardiovascular. As mudanças positivas resultantes nos
batimentos cardíacos podem ser benéficas no tratamento de pessoas hipertensas e reduzir o risco de morte
súbita em pacientes com problemas cardíacos. Eles recomendam estudos mais abrangentes a fim de
determinar o uso clínico desse tipo de intervenção.
O pesquisador Michael E. McCullough afirmou que essa pesquisa experimental indica que experiências
discretas de gratidão e de elogio podem levar ao aumento no controlo do miocárdio parassintético. Em 2002,
McCullough e associados publicaram sua pesquisa no Journal of Personality and Social Psychology. O seu estudo
usou a auto-avaliação e observou a avaliação para determinar os pontos fortes da pessoa que tinha uma
disposição agradecida e apreciativa. Os seguintes traços podem ser atribuídos ao reconhecimento e resposta à
benevolência dos outros mediante gratidão e apreço contrastados com os que os não demonstram:
1. Os seus sentimentos de gratidão são mais intensos, ocorrem com maior frequência, abrangem um
maior número de circunstâncias da vida como também de pessoas.
2. Atribuem o seu bem-estar a uma ampla gama de pessoas.
3. Apreciam as boas coisas na vida e não as têm como algo que lhes é devido.
Página 146 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-
estar Geral
4. São sensíveis para com as preocupações dos outros.
5. Têm maior empatia e disposição para ajudar e apoiar os outros.
6. São menos materialistas.
7. Têm a tendência a serem espirituais e reconhecem as forças não humanas que contribuem para o seu
bem-estar.
8. Têm menos inveja dos outros.
9. Têm uma taxa maior de emoções positivas e de satisfação com a vida.
Robert A. Emmons e Michael E. McCullough publicaram a sua pesquisa em 2003 no Journal of
Personality and Social Psychology. Ao fazer um acompanhamento semanal e diário do humor, comportamentos de
enfrentamento, práticas de saúde, sintomas físicos e avaliações gerais da vida, eles descobriram que contar as
bênçãos tinha maiores benefícios emocionais e interpessoais comparados com o grupo de controlo. Alguns
deles estão abaixo relacionados:
1. Experimentavam os sintomas de enfermidade física.
2. Gastavam mais tempo a fazer exercício.
3. Sentiam-se melhor com relação à vida em geral e eram optimistas quanto à semana seguinte.
4. Sentiam-se mais conectados com os outros.
5. Sentiam-se mais amados e cuidados pelos outros.
6. Tinham maior probabilidade de estabelecer e fortalecer um senso de espiritualidade.
7. Envolviam-se em pensamento flexível e criativo.
8. Eram mais capazes de enfrentar o stress e a adversidade.
Pouquíssimos estudos empíricos foram feitos quanto aos efeitos emocional, físico, social e espiritual do
apreço, mas resultados semelhantes nos estudos aqui apresentados são impressivos. Parece que a manifestação
de apreço é um factor para o bem estar total. Além da pesquisa, muitas pessoas atestam o facto de que serem
apreciadores tem muitos benefícios.
Um orador que viajava muito frequentemente passava horas nos átrios dos aeroportos. Em vez de ficar
com pena de si mesmo e enfadado, ele buscava os funcionários encarregados de recolher os jornais
descartados e de esvaziar as lixeiras. Agradecia-lhes por manterem o aeroporto limpo e expressava apreço por
sua atenção para com os pequenos detalhes. Muitas vezes fazia perguntas a respeito da família deles e
mostrava retratos da sua família. Isso demonstrava respeito pelo seu trabalho. Quando lhe perguntavam
porque fazia isso, ele respondia: “Isso permite-me não pensar apenas em mim, mas também pensar nas outras
pessoas. Ilumina o meu dia e concede-me a oportunidade de fazer novas amizades”.
Certo pastor teve de ausentar-se da cidade quando uma fiel paroquiana foi hospitalizada para ser
submetida a uma cirurgia. Muitas pessoas apreciam a visita pastoral antes e depois da cirurgia, mas essa
mulher não recebeu nenhuma delas. Em vez de reclamar a respeito da negligência do pastor ela recordou
todas as vezes que fora encorajada pelo pastor. Durante a sua recuperação tricotou um cachecol para o pastor
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estar Geral
e para a sua esposa. Sinceramente ela acreditava que a sua demonstração de apreço iria ajudá-la no processo
de cura.
Em Cartas a uma jovem terapeuta (2003), Mary Pipher afirma que ter uma vida satisfatória tem que ver
muito mais do que a ausência de tragédias. Tem que ver, principalmente, com o apreciar o que possuímos.
M. J. Ryan utiliza a maior parte do seu livro, Atitudes de Gratidão (1999), relacionando os benefícios do
demonstrar apreço e gratidão. Ela afirma que é impossível mostrar gratidão e estar zangado ao mesmo tempo.
“Sempre que demonstramos apreço somos tomados por um senso de bem-estar e dominados pelo
sentimento de alegria” (p.14). Ela crê que contar as bênçãos recebidas inunda o nosso interior com boas
hormonas. Quanto mais agradecidos somos, mais compreensão vem à nossa vida e mais luz levamos ao
mundo escuro que nos cerca
O que Autores Religiosos Têm a Dizer?
James J. Lynch (2000) observou que estamos a isolar-nos e a perder afinidades com as outras pessoas.
Focalizar-nos no eu parece permear muito dos livros de auto-ajuda vendidos nas livrarias religiosas.
Desaponta correr o dedo pelos índices de livros e livros e não encontrar a palavra apreço. Michael E.
McCullough (2002) deve ser felicitado pelo seu trabalho nessa área visto que é professor associado do
Departamento de Estudos Religiosos da Universidade de Miami. O Dr. Archibald D. Hart do Fuller
Theological Seminary escreveu o livro 15 Principles for Achieving Happiness (1988) (15 Princípios para Alcançar a
Felicidade). As suas palavras são significativas. “Esquecemo-nos de como apreciar as pequenas coisas da
vida” (p. 79). “Somos constantemente presenteados com uma corrente de pequenas coisas, se aprendermos a
apreciá-las podem ajudar-nos a restaurar o nosso equilíbrio mental e emocional e prover-nos uma rica fonte
de felicidade. (p. 82). “Uma geração incapaz de apreciar a quietude e o retiro será uma geração de pessoas
espiritualmente surdas, sem a capacidade de ouvir a Deus, e espiritualmente mudas, incapaz de cantar
louvores a Ele” (p. 84).
A escritora e líder da igreja, Ellen G. White, escreveu o livro “A Ciência do Bom Viver”. Três afirmações
falam eloquentemente a respeito do valor de mostrar apreço. “Se os seres humanos abrissem as janelas da
alma em direcção ao Céu, apreciando as divinas dádivas, por elas penetraria uma onda de restauradora
virtude” (p. 116). “Coisa alguma tende mais a promover a saúde do corpo e da alma do que um espírito de
gratidão e louvor. É um positivo dever resistir à melancolia, às ideias e sentimentos de descontentamento,
dever tão grande como é o orar” (251). “De manhã, ao meio-dia e à noite, qual suave perfume, ascenda ao
Céu a vossa gratidão” (253).
O capelão de um hospital psiquiátrico confirmou essa afirmação. Uma paciente, Leonor, estava com
depressão e havia sido várias vezes tratada nesse hospital. Todas as vezes que era internada, ele visitava-a.
Havia qualquer coisa na Leonor que lhe despertava curiosidade. A sua conversa era sempre negativa,
reclamando da insensibilidade das enfermeiras, da má comida, da carne que estava dura, dos terapeutas
desprezíveis e dos psiquiatras cujo único interesse era enriquecerem. O capelão sabia que as suas observações
eram irracionais. Ele também sabia que ela não estava respondendo bem à medicação.
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estar Geral
Certo dia disse-lhe que tinha cura para a sua depressão. Ela endireitou-se e quis imediatamente saber
qual era. O capelão disse: “Leonor gostaria que fizesse uma relação de tudo aquilo pelo qual deveria ser
agradecida. De manhã e à noite leia a sua lista várias vezes. A segunda parte da cura é expressar apreço a uma
enfermeira, por alguma coisa, Todos os dias. A terceira parte é escrever uma carta a uma amiga, assim que
voltar para casa, com palavras de encorajamento”.
Alguns dias depois a Leonor entusiasticamente apresentou a sua lista ao capelão. “Ouça todas as coisas
pelas quais sou agradecida”. Ela contou-lhe a respeito do que apreciava numa enfermeira e falou a respeito da
carta à amiga. A partir de então começou a responder melhor à medicação e ia à capela para cantar o seu hino
favorito: “Deus cuidará de Ti”, com entusiasmo. A sua forma de ser modificou-se. Passou a sorrir e ria
enquanto assistia à televisão. Quando recebeu alta do hospital, nunca mais necessitou voltar.
Quando Ellen White falou a respeito de uma inundação de excelência de cura sendo derramada como
resultado de mostrar apreço, estava a falar a respeito da cura total. O motivo é simples. Uma pessoa não é
composta de partes separadas umas das outras. William R. Miller e Kathleen A. Jackson, escreveu em Practical
Psychology for Pastors (1995), “As emoções têm profunda base psicológica” (p. 92). Quando um aspecto na
nossa vida está desequilibrado, este afecta cada um dos outros”. Quando é mantido o equilíbrio há harmonia e
saúde. O apreço abre a vida para as dádivas divinas que de outra forma não poderiam ser utilizadas devido ao
centralizar-se no próprio eu.
James J. Lynch (2000) recomenda que ergamos os olhos e olhemos para fora. Durante muito tempo
temos ouvido que a introspecção é o caminho para a cura. Durante muito tempo temos ouvido que as
pessoas e situações no passado são culpadas de nossa penúria actual. É tempo de abrimos as janelas da alma
para o céu e para as necessidades dos outros. Para cima e para os outros são as palavras-chave. O apreço pelas
pequenas coisas da vida, pelas generosas dádivas de Deus, pela bênção do relacionamento com os outros é o
meio de abrir as janelas da alma.
Um voluntário do Maranatha International que conduziu jovens americanos em várias viagens
missionárias de curto prazo observou que os jovens que tinham tudo na vida passavam por uma atitude de
ajuste quando se deparavam cara a cara com a pobreza. A despeito da pobreza, as pessoas a quem eles
ajudavam eram felizes e não egocêntricas. Elas manifestavam gratidão pelos favores mais insignificantes.
O seu contentamento e felicidade eram consequência de olhar para cima e para os outros. Isso foi
exemplificado por um menino engraxador, que limpava e polia os sapatos dos voluntários. Num dia quando
chegou o momento de engraxar os calçados, por falta de uma flanela, ele retirou a sua camisa utilizando-a para
dar brilho no final vestiu-a novamente. Este é um exemplo de como o apreço expressado ainda que na
pobreza pode romper a cultura da gratificação própria.
Uma palavra de advertência ao se falar de escritores religiosos. Alguns autores apresentam-se como
religiosos quando, na verdade, são profissionais metafísicos que crêem que a gratidão e o apreço estão no
mais profundo da alma infinita aguardando para serem liberadas pela meditação e outras práticas. Raramente
mencionam “Deus”, e ocasionalmente fazem menção da força superior. Eles promovem as ideias do
potencial humano e totalmente discordam dos ensinos do apóstolo Paulo de que seres humanos pecaminosos
são incapazes de fazer o bem a menos que sejam capacitados por Deus.
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estar Geral
Na carta de Paulo aos Gálatas, ele ensina que as virtudes são o fruto do Espírito Santo na pessoa que se
comprometeu a ser guiada por Deus (Gálatas 5:22, 23). A lista que Paulo apresenta não é completa e
certamente poderia abranger apreço e gratidão.
Um número significativo desses autores religiosos focaliza-se nos benefícios pessoais da apreciação e
da gratidão. A ênfase é em grande parte centrada no eu. Isto é contrário aos ensinamentos cristãos. A
apreciação é uma dádiva de Deus. Não nos é natural ser apreciativos. Quando convidamos Deus para vir
viver em nós, Ele inspira-nos com o Seu amor, a sua alegria e gratidão. Quando nos surpreendemos com o
fluxo eterno da corrente do perdão de Deus fluindo para a nossa alma, isso transforma a maneira como
consideramos tudo na vida. Já não somos mais egocêntricos, mas passamos a ter um coração serviçal.
Passamos a interessar-nos pelo bem-estar dos outros.
O Que a Bíblia Diz a Respeito do Apreço?
O apóstolo Paulo fala muitas vezes sobre o apreço, gratidão e regozijo. “Agora vos rogamos, irmãos,
que reconheçais os que trabalham entre vós, e os que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam…
consoleis os desanimados” (I Tessalonicenses 5:12, 14).
O trabalho de Paulo pela igreja cristã primitiva não foi tranquilo e fácil. Ele foi lançado na prisão,
espancado e fustigado em cada passo do caminho. Se alguém era candidato à depressão, esse era Paulo. Ele
conhecia os benefícios de ser apreciado. Sem dúvida viu os efeitos maléficos da falta de gratidão. Deparou-se
com críticos que apenas sabiam dizer palavras negativas. Tentaram frustrar-lhe os esforços em todas as cidade
onde ele pregava. Tinham disposição amarga e sabiam como jogar água fria nas ideias novas. O conselho de
Paulo para encorajar os corações desfalecidos brota de sua própria experiência. Ouça estas palavras: “Dêem
graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vós em Cristo Jesus” (I Tessalonicenses
5:18). O verdadeiro desafio de Paulo é: “...se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas
coisas” (Filipenses 4:8)
Depois de examinar algumas das pesquisas sobre os efeitos do apreço, este conselho bíblico faz muito
sentido. A mente que se fixa nos benefícios, nas bênçãos e nos eventos dignos de louvor será saudável. Seguir
o conselho de Paulo resultará em boa saúde e relacionamentos satisfatórios.
Os salmos são especialmente abundantes em louvor e apreço a Deus. Quando temos o hábito de
atentar para as pequenas bênçãos sempre teremos motivos para expressar nosso apreço a Deus. Henri J. M.
Nouwen disse que orar é viver. A vida é uma conversa com Deus. Quando os nossos olhos e ouvidos captam
a beleza que nos cercam, expressamos apreço. Ao partilharmos de horas tranquilas com os nossos amigos,
verbalizamos o nosso apreço. Quando o nosso olfacto detecta um pão feito em casa, mostramos o nosso
apreço a Deus e à pessoa que o fez. Ao ouvirmos os acordes de nosso hino favorito ou a suave melodia de
um concerto de piano, sussurramos agradecimentos a Deus que deu esse talento aos músicos. Ao findar do
dia quando nossa cabeça afunda no travesseiro o nosso suspiro é uma expressão de gratidão. Paulo disse que
os cristãos transbordam de gratidão.
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estar Geral
Então 10 leprosos, banidos da sociedade, aproximaram-se de Jesus. Aparentemente ouviram a respeito
do poder de cura de Jesus e decidiram rogar-lhe que os curasse. Jesus simplesmente lhes disse para irem e se
mostrarem aos sacerdotes. A inspecção e a declaração de limpo proferida pelos sacerdotes abriam as portas
para que esses infelizes voltassem a seus lares. Enquanto corriam desenrolaram as ligaduras de suas mãos e
descobriram, para seu deleite, que a pele saudável havia tomado o lugar da enfermidade mutiladora. Um dos
leprosos ficou de tal maneira tomado de gratidão que deu meia volta e voltou até Jesus caindo-Lhe aos pés.
Ele derramou o seu apreço e louvor. Jesus perguntou: “Onde estão os outros nove?”
Jesus desejava mais do que a erradicação da lepra em seus corpos. Desejava um relacionamento
dinâmico que lhes abriria o caminho para mais e mais da graça de Deus para enriquecê-los. Isso aconteceu a
apenas um dos que foram curados, o qual voltou para agradecer. O relato bíblico é muito breve, mas com um
pouco de imaginação o leitor pode retratar o homem agradecido seguindo a Jesus e aceitando cada palavra
que Ele proferia. Alguns até mesmo retratam o homem indo para casa depois da crucifixão e chorando
durante horas. Talvez ele tenha sido um dos membros privilegiados da igreja apostólica primitiva.
Jesus felicitou esse homem por sua expressão de gratidão. Ele sabia que muito mais do que apenas o
corpo fora curado. Foram restauradas a sua auto-estima, dignidade, capacidade de sobrevivência, e
relacionamentos com a família e amigos. Toda a comunidade foi enriquecida devido à gratidão que se seguiu à
cura.
Jesus contou a história a respeito de um homem rico que entregou os seus bens a três servos enquanto
ele partiu para uma longa viagem. Ao voltar descobriu que apenas dois haviam empregado bem o dinheiro.
Ao dois servos sensatos o senhor disse: “Muito bem, servos bons e fiéis. Entrem na alegria de seu Senhor”.
Os comentaristas crêem que Jesus estava revelando a sua própria expressão de apreço que proferirá aos fiéis
por ocasião do Seu segundo advento. É bom notar que Jesus considera importante a expressão de apreço.
Um estudo cuidadoso das bem-aventuranças mostra os princípios do reino do Céu. As primeiras três
bem-aventuranças referem-se a esvaziar o eu. Isso ocorre quando percebemos a nossa pobreza espiritual à luz
da justiça do Senhor. Reconhecemos e confessamos a nossa desobediência e recebemos a paz que vem com o
perdão. Na quarta bem-aventurança temos fome e sede da graça de Deus que nos fortalece para passarmos do
egocentrismo para a preocupação com os outros. Somos tomados pelo poder do Espírito de Deus. As outras
bem-aventuranças descrevem como os cristãos influenciam a vida dos outros. Investimos as nossas energias e
o nosso bem-estar nos outros. É essa experiência de estar mais perto de Deus todos os dias que nos capacita a
mostrar apreço e bondade para com os outros.
Certo homem chamado Paulo conta como cresceu em Lima, Peru. “Os tempos eram difíceis. O meu
pai, um empresário, estava a iniciar uma nova empresa aérea. Aplicou todo o seu dinheiro no negócio e
lembro-me frequentemente de ouvi-lo dizer: „Não temos dinheiro para isto agora‟. Certo dia informou os
filhos, que o aniversário da mãe estava próximo. Havia feito uma grande poupança para lhe comprar um
frasco de perfume.
“Nunca me esquecerei do dia quando nos reunimos na cozinha e o pai presenteou a mãe com um lindo
pacote. Com mãos trémulas ela o desembrulhou e leu o rótulo. Felicidade e surpresa eram evidentes no seu
rosto. Então aconteceu. Inesperadamente a mãe deixou cair o frasco de perfume que se espatifou no chão.
Todos contivemos a respiração não acreditando no que víamos. Num momento de hesitação o pai ajoelhou-
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estar Geral
se, molhou os dedos no perfume derramado e gentilmente tocou o pescoço da mãe. Então a segurou nos
braços e beijou-lhe as lágrimas.
“Quatro meses depois o pai morreu num trágico acidente aéreo nos Andes. Embora isso tenha
ocorrido cinquenta anos atrás, a ternura que o meu pai expressou naquele dia e o elevado valor que dava à
minha mãe permanecerá comigo enquanto eu viver”.
Conclusão
Seria imprudente pensar que temos a resolução ou a cura para todas as situações. O ideal é que na
nossa vida possuamos todos os factores que serão tratados nas séries de apresentações.
Um culturista a quem chamaremos Sr. Canadá durante seis anos consecutivos deu aulas onde mostrava
as gravuras de homens e mulheres com músculos bem desenvolvidos, mas inflexíveis no que dizia respeito ao
movimento. Exemplificava diante da classe o poder de levantar o peso e ter flexibilidade. O segredo estava no
equilíbrio dos aspectos sociais, físicos, emocionais e espirituais da vida.
Embora inicialmente possamos ter pensado que o apreço estivesse relacionado apenas com a saúde
emocional, vimos que ela influi nos nossos relacionamentos no lar, no nosso sucesso no local de trabalho, na
nossa saúde física, no nosso serviço aos outros e no nosso relacionamento com Deus.
O frasco de alabastro. Uma jovem entrou numa loja pequena com o objectivo de comprar um
perfume. Ela tinha um propósito especial para ele e desejava comprar o que houvesse de melhor. Olhando-a
de forma crítica, o vendedor considerou que ela era pobre, e assim ofereceu-lhe algo que supôs poderia
satisfazer as necessidades. A fragrância era boa, mas ela disse: “O senhor tem algo melhor?”
“Sim”, ele respondeu enquanto pegava algo na prateleira. “Mas custa muito mais”. Abriu-o. Sem
dúvida a fragrância era deliciosa.
“Este é o melhor que o senhor possui – o melhor desta loja?” ela insistiu. O vendedor virou-se e
buscou entre os perfumes importados, as raras fragrâncias do Egipto, da Índia e de terras distantes do
Oriente. “Tenho outro”, respondeu. “Mas é bem caro. Ele vem selado num recipiente de alabastro”. O
coração dela disparou ao dizer: “Posso vê-lo, por favor?”
O vendedor tirou da prateleira. Os olhos da jovem cintilavam quando os seus dedos tocaram o
alabastro polido que protegia a essência rara de nardo. Ele custava todo o dinheiro que ela possuía – o
correspondente ao montante do salário de um ano de um trabalhador. A jovem, cujo nome era Maria, pagou
com alegria e imediatamente começou a desatar os nós do fio que ainda continham a sua dádiva preciosa,
sussurrando consigo mesma: “Não é demasiadamente bom para o meu Senhor”.
Página 152 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-
estar Geral
Maria ouvira Jesus dizer que logo iria morrer e portanto determinou-se a usar esse óleo caríssimo para
preparar o seu corpo para o sepultamento. Mas ela não podia esperar. Num jantar especial foi tocada a partir
o alabastro e derramar o perfume sobre a cabeça de Jesus. Ela esta agradecida por Ele lhe ter perdoado os
pecados e assim decidiu demonstrar a sua gratidão para com o seu Salvador enquanto Ele ainda estava vivo.
A fragrância da sua dádiva de gratidão encheu toda a casa naquele dia. Ela alegrou o coração de Jesus
com a certeza do seu amor. Pouco tempo depois, ao Ele passar pelos momentos negros da Sua grande
provação, quando quase todos O abandonaram, Jesus tinha a lembrança do perfume suave do presente de
amor. Por toda a eternidade, esse frasco de alabastro conta a história de amor, sacrifício e apreço.
Actividade no Lar. O que poderia fazer para mostrar amor e apreço pelos membros da sua família? Tracem um
plano juntos: Quem? O quê? Quando? Conte esse plano para alguém.
Apelo
Acabámos de considerar como expandir o Factor Apreço. Ele pode transformar a sua vida e a vida da
sua família! Então, desate os nós. Quebre o frasco de alabastro. Permita que a sua fragrância encha toda a casa
– a sua casa. Esse suave perfume irá trazer cura e bem-estar ao coração de todos.
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estar Geral
A HISTÓRIA INCONCLUSA ...
Certo dia 10 leprosos vieram à praia em busca de Jesus. Em que parte da história eu me encontro?
_____ O espectador que diz: “mande-os embora daqui!”
_____ Um dos 9 que estavam mais interessados nos seus benefícios do que em dizer: “Obrigado”.
_____ Aquele que voltou para expressar gratidão.
_____ Aquele que com um toque curou “os que não podiam ser tocados”.
_____ Outro
Certo dia uma mulher de passado duvidoso aproximou-se de Jesus e ungiu-Lhe a cabeça e os pés com
um perfume caríssimo num frasco de alabastro. Jesus disse que a história do que ela fizera seria contada
enquanto houvesse mundo. Eu também estou contando uma história todos os dias da minha vida. Eu sou:
_____ Como Simão
_____ Como Judas
_____ Um dos muitos convidados que não sabiam o que pensar
_____ Como Maria Madalena
_____ Como Jesus, que aceitou com gratidão o melhor presente que essa pecadora poderia oferecer.
_____ Outro
Como julgo que essas histórias se relacionam comigo no passado: ________________________________
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Como escolho, pela graça de Deus, ser uma nova pessoa que ____________________________________
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“Tudo posso naquele que me fortalece” Filipenses 4:13.
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estar Geral
EXERCÍCIOS DE APRECIAÇÃO
1. Organize um diário no qual registará expressões de apreciação por si recebidas e qual a sua reacção.
Registe a sua expressão de apreciação aos outros e a reacção deles.
2. Concentre-se no que é correcto e bom a respeito das pessoas e das situações.
3. Separe vários dias para este exercício. Pela manhã, relacione tudo que saiu errado ou que não ficou de
acordo com as suas expectativas. À tarde, relacione tudo o que deu certo ou que esteve dentro de suas
expectativas. No fim do dia, faça um registo do tom emocional da parte da manhã e à tarde. Compare os dois.
4. Reserve tempo para pensar profundamente a respeito de algo do mundo natural, das qualidades de um
amigo íntimo ou de um parente, do amor de Deus e de Seu plano para nos redimir. Concentre-se no aumento
da sua surpresa e espanto diante das pequenas e grandes características.
5. Imagine que perdeu o emprego e que tem de mudar para uma casa pequena. Pense no que conservaria
e porque aprecia aquilo que conservaria.
6. Converse periodicamente com um amigo íntimo. Conversem a respeito de histórias de pessoas, do
passado e presente, que apreciam. Fale da experiência da vida que aprecia.
7. Todos os dias ligue, escreva ou mande um e-mail proferindo palavras de apreciação a uma pessoa.
Quando vir um amigo, fale da sua apreciação por ele. Torne isso um hábito.
8. Sempre que orar, manifeste a sua apreciação a Deus pela bênçãos que derrama sobre si.
Bibliografia
Dawson, George, & Glaubman, Richard. (2000). Life is so good. Nova Iorque: Penguin Books.
Emmons, Robert A., & McCullough, Michael E. (2003). Counting blessings versus burdens: An
experimental investigation of gratitude and subjective well-being in daily life. Journal of Personality and
Social Psychology, 84 (2), 377-389.
Página 155 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-
estar Geral
Emmons, Robert A., McCullough, Michael E., & Tsang, Jo-Ann. (2002). The grateful disposition: A
conceptual and empirical topography. Journal of Personality and Social Psychology, 82 (1), 112-127.
Hart, Archibald D. (1988). 15 principles for achieving happiness. Dallas, TX: Word Publishing.
Intrator, Sam M. (2002). Stories of the courage to teach: Honoring the teacher‟s heart. San Francisco: Jossey-Bass
Publishers.
Lynch, James J. (2000). A cry unheard: New insights into the medical consequences of loneliness. Baltimore:
Bancroft Press.
McCraty, Rolling, Atkinson, Mike, Tiller, William A., Rein, Glen, & Watkins, Alan D. (1995). The
effects of emotions on short-term power spectrum analysis of heart rate variability. American Journal of
Cardiology, 76 (14), 1089-1093.
Miller, William R., Jackson, Kathleen A. (1995). Practical psychology for pastors, 2a. edition. Englewood Cliffs,
NJ: Prentice Hall.
Palmer, Parker J. (1998). The courage to teach: Exploring the inner landscape of a teacher‟s live. San Francisco:
Jossey-Bass Publishers.
Pipher, Mary. (2203). Letters to a young therapist. Nova Iorque: Basic Books.
Ryan, M. J. (1999). Attitudes of gratitude. Berkeley, CA: Conari Press.
White, E. G. A Ciência do Bom Viver, CD-Rom Ellen G. White.
Página 156 Título do documento
Página 157 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família
CRIE UMA IGREJA AMIGA DA FAMÍLIA
Noelene Johnson e Willie Oliver
O gnu ou antílope africano acasalam e tem a cria durante a sua migração anual para as planícies de
Serengeti, na Tanzânia, África Oriental. As hienas também perambulam pelo Serengeti à espreita dos filhotes.
Cientes desses predadores, a mãe imediatamente depois do nascimento começa a empurrar o recém-nascido
para ficar em pé. Não é raro ver as hienas aproximando-se silenciosamente do desamparado filhote minutos
depois do seu nascimento. No esforço para proteger a cria a mãe irá contra-atacar. Mas as hienas, actuando
como uma matilha, muitas vezes mantêm a mãe distraída até que uma hiena sozinha consiga pegar o filhote.
Os observadores dizem-nos que milhares de gnus observam nas proximidades, levantando as suas
cabeças para contemplar o drama que se desenrola. Se agissem juntos, poderiam facilmente exceder o número
de hienas. Mas nenhum deles faz qualquer movimento para ajudar a mãe ou o filhote.
A manada de gnus tipifica uma igreja disfuncional – o oposto de uma igreja amiga da família, cujo
ministério é centralizado na família e apoiado pela igreja. As igrejas amigas da família reconhecem que os pais
têm a principal responsabilidade pelo fortalecimento espiritual dos filhos. Porém, ao mesmo tempo, ela está
pronta para ajudar e apoiar o ministério no lar. Três formas pelas quais as igrejas amigas da família oferecem
apoio são:
1. Tornar a igreja um ambiente amigo para a criança.
2. Torná-la um lugar seguro para as crianças aceitarem a Jesus.
3. Apoiar e treinar os pais para que fazerem dos filhos discípulos.
Estudo de Caso
A Igreja Adventista do Sétimo Dia de Kuna, próxima de Boise, Idaho, é uma igreja amiga da família.
“O nosso estilo na igreja é informal e pode parecer desorganizado”, confessa Aileen Sox, um dos
anciãos da igreja de Kuna. “Provavelmente, sempre estamos um pouco atrasados, a nossa programação um
pouco longa, e somos bastantes casuais no sábado de manhã. Mas para a igreja de Kuna isso não importa. O
que realmente conta é se agimos certo. Nós damos atenção às crianças”.
A primeira Escola Cristã de Férias da igreja de Kuna atraiu 100 crianças e mais de 50 voluntários.
Membros generosos subsidiaram parte das taxas (em alguns casos, de uma forma total) para que várias
crianças pudessem participar. Ninguém reclama por gastar dinheiro com o mobiliário e materiais para a
Escola Cristã de Férias.
Página 158 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família
Os membros de Kuna aplaudem as crianças e as envolvem, todas as semanas, no culto. As crianças,
algumas vezes, lêem uma passagem bíblica, cantam ou tocam alguma música especial. Os juvenis diáconos e
diaconisas têm as mesmas atribuições de que os seus mentores adultos. As crianças, na companhia dos pais ou
de irmãos mais velhos ficam na recepção recebendo os que chegam.
A igreja felicita as crianças pelas suas realizações – formatura, prémios na comunidade, durante os
momentos de louvor ou dos anúncios. Os pedidos de oração feitos pelas crianças são levados ao trono de
Deus com a mesma seriedade com que são tratados os pedidos dos adultos. As ofertas das crianças podem
não ser a maior entrada de sábado de manhã, mas é a maior em volume. Ninguém consegue resistir às
crianças, cada uma leva a cesta para colectar as ofertas.
A igreja não se incomoda com o barulho gerado pelas crianças durante o culto. A igreja provê bolsas
com actividades para crianças com menos de 10 anos e têm almofadas para s crianças de 1-5 anos a fim de
que possam ver o que se passa durante o culto. Os pais que ficam no berçário recebem fones para que
possam ouvir o culto enquanto cuidam dos bebés.
No Natal, cada criança recebe um livro da Pacific Press ou da Review and Herald; na dedicação dos
bebés, os pais recebem um livro sobre o culto para essa faixa etária; no baptismo as crianças recebem uma
Bíblia. Quando nasce um bebé, o pastor visita a maternidade e presenteia os pais com o livro da Dra. Kay
Kusma, Preparing for Your Baby‟s Dedication: a Guide for Parents. (Preparo para a Dedicação do Bebé: Guia para os
Pais). A igreja deseja que os pais saibam desde o início que a igreja participará na vida espiritual da criança.
Não surpreende que a igreja tenha experimentado um crescimento surpreendente – passando de 20
famílias para 85 – a maioria veio para a igreja nos últimos seis anos.
Outra Igreja Amiga das Crianças
A Igreja Adventista de Alexandria, Virgínia, dá com abundância amor às suas crianças, especialmente
no sábado das crianças. Em Março as crianças e professores conduziram os cultos nesse dia especial. Os
momentos de louvor foram conduzidos pelas crianças. Um menino de 12 anos apresentou o sermão. O
Pastor Henry Wright confirmou o sermão do Drey convidando as pessoas que não se tinham unido à igreja
para tomarem uma decisão de mudança da vida. Um jovem pai veio à frente.
Oito crianças, que estavam preparadas para o baptismo, responderam aos votos baptismais adaptados
às crianças antes de seu baptismo. Em cada momento do programa a congregação demonstrava
vigorosamente apreciação pelos esforços das crianças, reforçando a mensagem de que elas pertencem à
família da igreja que verdadeiramente as ama.
Quer essas igrejas se dêem conta ou não, elas são beneficiadas por esse programa visto que atraem as
famílias e portanto crescem e mantêm as crianças comprometidas e fiéis.
Página 159 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família
Janela da Oportunidade na Infância
Bill Hybels, um dos pastores americanos mais conhecidos diz: “Um dos principais pontos de entrada
dos não membros na vida da igreja são as crianças. ... Temos as portas totalmente abertas a quase todas as
famílias, em cada comunidade do mundo, quando amamos e servimos os seus filhos”. Os pais desejam que os
seus filhos estejam envolvidos nos programas especiais. Se as crianças gostam de ir à igreja, os pais
continuarão a trazê-las. Finalmente, toda a família passará a frequentá-la.
O Barna Research Group, em novembro de 1999, relatou as suas descobertas de que a infância é o
período mais importante para se decidir por Cristo. Um século atrás Ellen White escreveu: “É na juventude
que são mais ardentes as afeições, a memória retém com mais facilidade, e o coração é mais sensível às
impressões divinas”
A pesquisa de Barna mostrou a probabilidade das pessoas aceitarem a Jesus Cristo como o seu Salvador
de acordo com a sua faixa etária. As crianças de 5 a 13 anos tinham 32% de probabilidade de aceitar a Jesus;
entre 14 a 18, apenas 4%; de 19 em diante, 6%. Esses dados alertam-nos para a forma como agimos na igreja.
Se a infância é uma janela de oportunidade para o evangelismo, não deveríamos ser mais firmes quanto
a dedicar orçamento e esforços evangelísticos onde serão mais produtivos, em vez de a uma audiência que é
seis a oito vezes menos receptiva?
Torne a Igreja Segura para as Crianças
Se desejamos tornar as nossas igrejas amigas das crianças, devemos assegurar que tanto as instalações
quanto a família da igreja sejam seguras para as crianças.
Luís e a sua esposa estavam a conversar depois do almoço em conjunto na igreja quando, subitamente,
perceberam que a sua filha Sara tinha desaparecido. Preocupado sem saber onde ela estava, correu pelas
instalações da igreja chamando-a pelo nome. As crianças que estavam a brincar no pátio da igreja não tinham
visto a Sara, o que aumentou a preocupação do pai que continuou a correr e a chamar pelo nome.
Então ouviu o som de uma porta bater e passos a correr, e a Sara a gritar pelo pai. Logo o Luis viu a
Sara a correr ofegante e contar como um homem a agarrou e a levou para uma sala vazia. Ao ouvir a voz do
pai a menina conseguiu soltar-se e fugir sem que o homem lhe tivesse feito mal.
O Luís relembra: “Fiquei tão chocado com essa experiência que durante um ano a minha vida espiritual
foi afectada”. Quando as crianças sofrem algum abuso, não sofrem sozinhas; toda a família sofre. Quando o
agressor é membro e nega o que aconteceu, a igreja pode ficar dividida; todos ficam feridos e o ministério é
arruinado.
Página 160 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família
As igrejas amigas da família planeiam com antecipação a segurança do local para que as crianças
estejam resguardadas. Algumas normas simples podem proteger as crianças e o ministério da igreja.
1. Peça àqueles que ocupam cargos de confiança na igreja para preencherem os formulários de
pesquisa dos voluntários.
2. Espere seis meses antes de dar algum cargo a membros novos ou que se transferiram recentemente
para a igreja.
3. Evite ter adultos a trabalhar sozinhos com uma criança, mas se isso acontecer, a porta da sala
deverá ficar aberta para que todos possam ver o que está ocorrendo.
Apoiar os Pais, Ensinar o Discípulado
A família é o lugar onde as crianças aprendem e experimentam o amor, a afeição, os valores e
conhecem a Deus. No lar, as crianças aprendem a estarem ligadas ou desligadas umas das outras, não apenas
pelo que os pais ou responsáveis dizem, mas também pelo que as crianças vivenciam.
Os especialistas em família sugerem que o principal indicador de sucesso para os jovens, em todos os
aspectos da vida, é a sua percepção da imagem que os pais fazem deles; não tanto o que os pais pensam, mas
o que eles pensam que os pais pensam deles.
As famílias que têm elevados índices de coesão, união e relacionamento espiritual saudável estão
intencionalmente ligados uns aos outros a cada dia. O culto em família não apenas une os membros no início
do dia, mas também edifica a espiritualidade e os relacionamentos. Recentemente o Barna Research revelou
que nove entre dez pais com filhos menores de treze anos crêem que são os responsáveis por transmitir os
seus valores e crenças religiosas aos filhos. No entanto, durante a semana, a maioria dos pais não passa tempo
a conversar, com os seus filhos, sobre assuntos religiosos.
Infelizmente, muitas famílias na congregação não compreendem a importância do culto em família e
ainda que a compreendam, não sabem como realizá-lo. Os seminários para pais e sugestões de púlpito podem
dar apoio aos pais e mostrar-lhes o que fazer.
Uma nova oportunidade está a surgir para as igrejas darem apoio às famílias – tornar os filhos
discípulos. O Kids in Discipleship Center (Centro de Discipulado de Juvenis), na igreja de Collegedale,
Tennessee, desenvolveu um programa de discipulado em dois estágios. Quatro igrejas já participaram e
disseram que ficaram muito entusiasmadas.
Becky Hopper informa a respeito da Igreja Adventista do Sétimo Dia da Andrews, na Carolina do
Norte, onde 24 pais se reuniram em quatro grupos, e depois de apenas sete lições, passaram pela experiência
de reavivamento e de um novo senso de unidade – algo que ansiavam há muito tempo.
Página 161 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família
“‟Pegadas na Areia – Parte I‟, o primeiro conjunto de 12 lições, ajuda os pais, no ambiente do pequeno
grupo, a tornarem-se discípulos comprometidos”, Maclafferty explica. “‟Pegadas, Parte II‟ reúne os pais e os
filhos, trabalhando com a família para estudar a série de 32 lições. Essa série leva os filhos a terem
relacionamento pessoal com Jesus, desenvolve o hábito da devoção, pessoal e em família, e incentiva o serviço
e o testemunho. Por fim, algumas dessas famílias acabarão envolvidas no acompanhamento de outras família
no processo de discipulado.
Todos desejamos que os nossos filhos e netos cresçam como indivíduos responsáveis na sociedade.
Certamente, desejamos também que amem e sirvam a Deus quando crescerem. Isso não ocorre por acaso, ou
por tentativas aleatórias e esporádicas na transmissão dos nossos valores religiosos e culturais.
Necessitamos ser deliberados na forma como transmitimos a fé aos nossos filhos. Esta é a nossa
responsabilidade para com eles e para com Jesus.
Página 162 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família
Condução do Culto Familiar
A pesquisa e a experiência pessoal sugerem que os cultos mais eficientes na família são aqueles
que envolvem deliberadamente todos os membros, dando-lhes oportunidade de liderar no exercício
diário. Ter alvos claros em mente, tais como: que tipos de materiais devocionais serão usados, a duração
do culto, onde o culto será realizado e que componentes serão incluídos no ritual diário, são considera-
ções muito importantes.
A minha família reúne-se no nosso quarto (dos pais) de segunda a sexta-feira, às seis horas da
manhã. Escolhemos livros devocionais interactivos específicos para a idade. A nossa família segue um
calendário de quem irá dirigir o culto a cada dia – como as actividades e oração. Depois que a pessoa
escolhida faz a leitura ou a actividade, outra incumbe-se de ver se há pedidos de oração ou agradecimen-
tos e então fazemos juntos a oração.
Ao partilharem da liderança do culto todas as manhãs, as crianças aprendem a desenvolver a sua
fé. Desenvolvem as actividades espirituais, a auto-estima quando enfrentam uma audiência que se mos-
tra atenta ao que eles dizem. Tem sido uma excelente oportunidade para praticar a leitura em voz alta e
aprenderem palavras desconhecidas. Ao orarem, todos os dias, pelos pedidos e agradecimentos, estão a
aprender a interceder em favor dos outros e a afirmar a sua crença e fé em Deus, especialmente quando
partilham histórias a respeito das orações atendidas.
O nosso culto tem a duração de apenas 10-15 minutos para não atrapalhar os horários uns dos
outros. Durante os momentos de pedidos de oração e de louvor, temos a oportunidade de falarmos a
respeito daquilo que nos preocupa como também daquilo de que gostamos. Falar sobre as alegrias e
preocupações pessoais acentua o espírito de ligação espiritual e emocional.
-- Willie Oliver
Página 163 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família
Acesso Igual a Deus
“pois por meio dele [Jesus Cristo] ambos temos acesso ao Pai, por um só Espírito” (Efésios 2:18,
NVI).
Quando nos reunimos para o culto, todos somos participantes e temos acesso a Deus. Ninguém
deveria sentir-se invisível, marginalizado ou deixado de lado. Portanto, deveríamos organizar o culto de
tal forma a não ignorar um grupo – o das crianças.
Susan Scoggins fala da sua preciosa neta de dois anos, Trisney. Quando interrogada certa semana
a respeito da Escola Sabatina, ela confiantemente respondeu que tinha sido a respeito de Jairo. E ao ser
interrogada se tinha ouvido o sermão na igreja, ela respondeu: “Não, foi pregado numa língua diferen-
te”.
Muitas outras crianças sentem-se da mesma forma. Talvez seja por isso que se distraem com a
sua lição no momento em que se inicia o sermão. As palavras difíceis e os conceitos abstractos do ser-
mão muitas vezes parecem uma língua estrangeira para elas. Toda a igreja desfruta mais o culto quando
as crianças são incluídas.
-- Noelene Johnsson
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Página 165 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida
Familiar
CONTEXTUALIZE A EDUCAÇÃO DA VIDA FAMILIAR
Por Valerie Fidelia
“A necessidade de conselho e orientação moral é um facto, mas a forma como fala e a quem fala são tão importantes quanto
aquilo que diz” (I Timóteo 1:8, The Message Bible).
Introdução
Esta apresentação destina-se a dar-nos uma introdução da contextualização e a abrir os nossos olhos
para as armadilhas e possibilidades apresentadas pela mesma. Há alguns fundamentos básicos que
necessitamos levar em consideração, mas cada contextualização dependerá da cultura com em questão.
Definição
O que queremos dizer por contextualização? Uma definição é: “Tornar o ensino significativo e
compreensível a todas as pessoas em seu ambiente cultural” (Oxford English Dictionary). Não podemos
separar a contextualização da cultura; então, o que é a “cultura”? “Cultura” implica “um conjunto de valores e
crenças”, “estilo de linguagem e de pensamento” ou “visão mundial”. A cultura é “um sistema de significados
e valores que moldam o comportamento” (Huang & Nieves-Grafals, 1994).
Como pessoas, partilhamos uma natureza humana comum. Além disso, a nossa formação genética
ímpar determina em grande parte quem somos. Essa é a “natureza” que é parte de nós, ou as nossas
características de nascimento. A nossa experiência de vida, a parte do “alimento‟ é apenas tão complexa
quanto o nosso código genético. Ela envolve a nossa cultura, sexo, desenvolvimento espiritual, status sócio-
económico, a nossa própria vida, preocupação geracional, geografia, fase da vida, tipo de personalidade e
muitos outros factores. (Lane, 2002, pp. 33, 34).
Por que Contextualizar?
Devemos encontrar um terreno comum com as pessoas a quem queremos alcançar; para satisfazer as
necessidades das pessoas na nossa comunidade da fé e as necessidades da comunidade como um todo. Há
muito na nossa educação da vida familiar que é relevante e necessária para a comunidade como um todo.
Deveríamos considerar todo o ensino da educação da vida familiar como uma oportunidade para satisfazer as
necessidades do coração das pessoas que nos cercam. Este é um meio maravilhoso de oferecer o amor de
Jesus à sociedade cuja alma está enferma. Não podemos ministrar eficientemente a qualquer grupo se não
contextualizarmos.
Exemplos de contextualização simples. Há exemplos muito simples de contextualização que
praticamos todos os dias sem nos darmos contas.
Regularmente fazemos adaptações, ou seja, mudamos lugares e nomes para se enquadrarem no contexto
onde estamos ensinando. Por exemplo, muitas histórias de cunho moral, criadas para as crianças, surgiram
Página 166 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida
Familiar
originalmente na América do Norte ou na Europa Ocidental e podem ser adaptadas a outras sociedades
simplesmente ao se mudar o nome da cidade, dos personagens, etc. Se isso for relevante para a audiência.
Fazemos também modificações, adaptando e mudando o que apresentamos para se adequar à mentalidade
e expectativas da audiência a atingir. Por exemplo, no aconselhamento pré-nupcial é muito importante discutir
as questões financeiras da família, mas o contexto no qual fazemos o aconselhamento irá determinar como
abordamos a questão. Em muitas partes do mundo as mulheres não se envolvem nas questões financeiras da
casa. Estas são estritamente um assunto para os homens. Por conseguinte, há necessidade de se empregar a
sensibilidade cultural quando tratamos os vários temas.
Ao planearmos os programas de ensino da vida familiar seria bom relacionar todas as culturas na nossa
congregação, a nossa audiência a atingir. Podemos ficar surpreendidos com a amplitude das diferenças
culturais que encontramos numa pequena congregação. Em Nicósia, Chipre, a Igreja Adventista do Sétimo
Dia que frequento, tem cerca de 48 membros que representam 20 nacionalidades – cada um com uma cultura
distinta. Há também outros tipos de diversidade no grupo: sócio/económico, linguística, abordagens liberais e
conservadoras quanto à paternidade, etc. Um padrão único certamente não serve a todos.
Podemos ainda subdividir a raça e a etnia e considerar os factores social/económico/ educacional,
status, rendimento, profissão, etc. Sexo, tipo de personalidade, data de nascimento e crescimento espiritual
são outros subconjuntos nesses vários grupos que representam a nossa audiência. A eficiência do nosso
ensino será determinada pela maneira como conseguiremos atingir os vários subconjuntos culturais na nossa
audiência. Para que o nosso ministério seja eficiente, devemos conhecer bem todas as culturas e prepararmo-
nos de maneira conveniente para ministrar a um determinado grupo de pessoas.
Ministério contextualizado na Escritura. Há muitos exemplos bíblicos de preparo para o ministério
contextualizado. Moisés era um especialista na vida, cultura, religião e protocolo egípcio. Isto fazia parte do
seu preparo para a tarefa de tirar o povo de Deus do Egipto? Ele poderia pensar como um egípcio quando foi
falar com faraó. Daniel e seus amigos foram educados na língua, literatura e história da babilónica. Daniel
sentia-se à vontade na presença do rei e dos ministros de estado. Paulo era versado no grego clássico a ponto
de, em Atenas, ser capaz de citar um filósofo grego (Whitehouse, 2003). As pessoas de outros grupos culturais
ou antecedentes religiosos merecem o nosso respeito e um estudo sério.
Verdades Universais ou Verdades Determinadas pela Cultura
Transpor as culturas torna-se mais frontal quando se compreende quais as diferenças culturalmente
fundamentadas e quais não o são. Não há cultura “certa” e cultura “errada”. Abaixo encontram-se oito
“verdades”. Elas são universais ou culturalmente determinadas?
1. As pessoas sempre deveriam ser pontuais. Numa instituição onde trabalhei, as reuniões podiam
ser marcadas para as “9h00, horário europeu”. Havia uma grande diferença de opinião na compreensão
cultural quanto ao que significava „na hora‟.
2. É melhor dizer à pessoa que fiquei ofendido. Nalgumas culturas isso é aceitável, mas noutras
isso nunca pode acontecer.
Página 167 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida
Familiar
3. É rude aceitar uma oferta na primeira vez. No Médio Oriente é impossível aceitar uma oferta
na primeira vez. Uma jovem do Médio oriente ao visitar Londres pela primeira vez estava terrivelmente
gelada e ansiosa para chegar a uma casa e beber algo quente. Ao chegar ao seu destino os anfitriões
ofereceram-lhe uma chávena de chá. Por ser do Médio Oriente, ela polidamente recusou, esperando um
segundo e terceiro convite. Sua anfitriã britânica, que estava acostumada que “não significa não”, não
ofereceu uma segunda vez. A jovem ficou sem a bebida quente (Roden, 1968).
4. É melhor ser rico do que pobre. Algumas civilizações dão grande valor à riqueza e às posses,
mas outras culturas valorizam coisas como a saúde e a família.
5. A pessoa deveria escolher a esposa. Casamentos arranjados são ainda comuns em algumas
culturas embora sejam menos populares do que no passado.
6. Os homens educados permitirão que a mulher atravesse a porta primeiro. Há muitas
culturas onde isso não seria aceitável. O homem não deve submeter-se à mulher e esta iria ficar relutante ao
atravessar a porta antes do homem.
7. Os indivíduos têm o direito de tomar decisões quanto ao seu futuro, independentemente
do desejo da família. As sociedades individualistas assumem essa posição. As sociedades colectivas nunca.
8. As crianças boas sempre concordarão com os pais. Algumas culturas crêem nisso. Outras
encorajam os seus filhos a fazerem perguntas e observações; esses pais não ficam tristes quando os seus filhos
têm um ponto de vista diferente deles, desde que feito com respeito (Lane, 2002).
Abordagens para as Diferenças Culturais
Há várias formas das sociedades responderem a outras culturas:
Xenofobia. O medo de outras culturas pode levar ao racismo, ao ódio contra alguns grupos e ao
crime.
Etnocentrismo. Crer que a própria cultura é superior leva ao favoritismo, estereótipo, ao fanatismo e
à intolerância para com aqueles que são diferentes.
Assimilação forçada. Essencialmente essa abordagem diz: “A tua cultura não é boa. A minha cultura
é melhor e tu deves ser como eu”.
Segregação. Para que as culturas coexistam devem ser separadas. O pior exemplo foi o apartheid.
Página 168 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida
Familiar
Aceitação. Nesta abordagem há uma predisposição para a coexistência, acomodação e
estabelecimento de relacionamentos. Todas as culturas são iguais e devem ser respeitadas. Embora a aceitação
seja boa, Deus pede-nos para fazer mais.
Celebração. Isso significa aprender com a diversidade dos outros e apreciá-la. Deus criou-nos como
seres culturais e valoriza a diversidade em toda a criação. “Cada pessoa, cada cultura, tem segredos ímpares.
Cada uma é capaz de saber algo a respeito de Deus que ninguém mais conhece. Na reunião de estrangeiros
temos a oportunidade de partilhar esses tesouros uns com os outros” (Adeney, 1995, p. 141).
Diferenças Culturais Comuns que Exercem Impacto na Educação da Vida Familiar.
As diferenças culturais são reais e exercem impacto significativo nos relacionamentos interculturais.
Como educadores da vida familiar as diferenças podem exercerem impacto significativo na nossa capacidade
de instruir e influenciar os outros. É necessária a sensibilidade cultural, por exemplo, nas seguintes áreas das
crenças sobre a vida familiar:
Educação dos filhos. Diferimos nas nossas várias culturas quanto à disciplina, os hábitos de sono,
alimentos e comportamentos públicos.
Casamento com parentes próximos.
Papel dos parentes. As sociedades individualistas cuidam da família nuclear. As sociedades colectivas
abrangem os parentes.
Toque físico. As sociedades diferem ao mostrar afeição por meio do toque físico em lugares públicos
ou em casa na presença de estranhos.
Casamentos arranjados. Qual é o papel do aconselhamento pré-matrimonial. Os pais e os irmãos
deveriam ser incluídos?
Grupos por Sexo. Em muitas culturas os homens e as mulheres congregam-se em grupos separados.
Eles socializam-se separadamente, as mulheres em casa e os homens no café. Comem em lugares separados.
Falar dos segredos conjugais. Algumas culturas advogam que os segredos conjugais devem ser
mantidos entre o casal; noutra, a esposa pode ter maior liberdade com outra mulher do que com o seu
marido. É comum partilhar as confidências.
Sexualidade. Ela pode ser discutida? Como ensinar e ajudar de uma forma culturalmente sensível?
Esta é uma questão importante a ser considerada pelos educadores da vida familiar.
Página 169 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida
Familiar
Monogamia.
Conscientização do abuso e do incesto.
Hospitalidade. Algumas culturas consideram os ocidentais como “mesquinhos” porque não oferecem
uma mesa extravagantemente abastecida, que é norma geral de hospitalidade em muitas culturas.
Papel dos sexos. Em algumas culturas o homem não discutirá as finanças ou decisões importantes da
família com a sua esposa. Ela deve aceitar o que ele diz. Noutras culturas é difícil para uma mulher viver
sozinha. Antes do casamento ela depende dos pais ou irmãos, durante o casamento do seu marido e caso se
divorcie ou fique viúva terá de depender novamente da sua família ou dos homens da família do seu marido.
Conclusão
Necessidade de materiais sensíveis a cada cultura. É fácil ver nos exemplos simples apresentados
acima quão amplo é o abismo cultural em muitos temas. Um problema que enfrentamos é que a maioria da
literatura boa sobre a educação da vida familiar baseia-se na mentalidade da cultura ocidental. Ela deve ser
significativamente modificada para algumas culturas. Por exemplo, há uma necessidade urgente de
desenvolver exercícios e atribuições culturalmente sensíveis para serem usadas nos cursos de enriquecimento
conjugal e para o aconselhamento pré-nupcial. Algumas partes do campo mundial enfrentam isso muito bem,
mas outras, com menos recursos financeiros, sentem-se constantemente frustradas com a falta de recursos.
Para aqueles que desejam compreender melhor as diferenças culturais, recomendo o livro Guia para
iniciantes a cruzar culturas e a fazer amigos num mundo multicultural World, de Patty Lane (InterVarsity, 2020 ISBN 0-
8308-2346-8). Ela é directora do Escritório das iniciativas interculturais da Convenção Geral Batista do Texas.
Referências
Adeney, B. T. (1995). Strange virtues: Ethics in a multicultural world. Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
Huang, L. N., & Nieves-Grafals, S. (1994). Palestra não publicada sobre aconselhamento intercultural.
Washington, D.C.
Lane, P. (2002). A beginner‟s guide to crossing cultures: Making friends in a multicultural world. Downers Grove,
IL: InterVarsity Press.
Roden, C. (1968). A book of Middle Eastern cookery. Londres: Penguin Books, Ltd.
Whitehouse, G. (2003). Apresentação não publicada da associação do relacionamento entre adventistas
e muçulmanos, Paphos, Chipre.
[Valeria Fidelia é directora dos Ministérios da Família da União do Oriente Médio, da Divisão Trans-
Europeia. O seu texto foi originalmente apresentado como um seminário interactivo com os participantes do
programa de Educação da Vida Familiar na DTE, em Março de 2003. Usado com permissão.
Página 170
Página 171 Materiais dos MF—Missão da Amizade
MISSÃO DA AMIZADE
Por Gottfried Oosterwal
Introdução
A pesquisa recente sobre o crescimento da igreja mostra que a compreensão para a igreja ter de si
mesma e do seu papel na missão afecta de forma crítica o seu crescimento e avanço. O conceito correcto de
nós mesmos como povo de Deus e da Sua comissão leva ao crescimento. Os conceitos falsos do propósito e
missão ou visão estreita do conceito bíblico de missão impede o progresso. Exemplos do adventismo
histórico ilustram isso.
“ De Porta fechada” para “porta aberta”. Depois do Grande Desapontamento de 1844, os
adventistas lutaram com as perguntas: “O que faremos agora? Qual é a nossa missão?” Inicialmente eles
usaram a imagem da arca de Noé para definirem para si mesmos o seu propósito. Os poucos fiéis estariam
seguros na “arca”. O Senhor havia fechado a porta e agora estavam ansiosos a aguardar o Seu retorno. Tiago
White definiu a sua missão como a de “encorajar os irmãos de Laodicéia”. Assim, falavam apenas entre si.
Não havia crescimento. Não havia avanço. A sua estrutura de compreensão parecia bíblica, no entanto eram
muito limitados na compreensão de si mesmos. Para eles a porta da salvação estava fechada, e ninguém mais
poderia ser acrescentado. Depois de mais ou menos uma década, seguindo a orientação dada por Deus à
nossa Igreja, subitamente mudamos e crescemos na compreensão de nós mesmos como Igreja e missão. Na
década de 1850, Tiago White definiu a igreja como “uma porta aberta ao mundo”. A igreja começou a crescer
e a sua missão começou a avançar.
Daniel e o “pequeno rebanho”. Na década de 1920, quando as dificuldades, dúvidas, debates e
questões sobre a revelação e inspiração geraram um declínio no crescimento da igreja, A. G. Daniels foi
solicitado pela Associação Geral para realizar reuniões e estimular uma nova compreensão. Na primeira
reunião realizada pelo irmão Daniels, ele disse: “Se tivéssemos a devida compreensão de nós mesmos como
povo e agíssemos de acordo, milhões iriam unir-se a esta igreja e preparar-se-iam para a vinda de Cristo”.
Imediatamente depois da reunião os irmãos chamaram-no de lado e o censuraram pelo que havia dito,
admoestando-o a “não ensinar essa heresia novamente”. “Que heresia? ele perguntou. “Milhões de pessoas
iriam unir-se”, disseram eles. “Essa é uma compreensão errada; somos o remanescente de Deus; somos o
pequeno rebanho. „Milhões‟ é uma característica de Babilónia. Nós, contudo, somo apenas um pequeno
rebanho que escolheu seguir pelo caminho estreito e passar pela porta estreita”. Ele informou que a ideia
prevalecente da igreja quanto ao “pequeno rebanho” representou considerável resistência aos esforços de
levar os membros à acção missionária. Essa visão, a despeito de estar baseada numa metáfora bíblica, resultou
numa perspectiva errada e limitada.
Hoje, a despeito do considerável crescimento da nossa própria compreensão e missão, cerca de três
bilhões de pessoas nunca ouviram falar no nome de Cristo. Embora algo mais esteja envolvido no
cumprimento da missão do que, na devida compreensão de si mesmo como igreja, muitos estão convencidos
de que necessitamos avançar nessa área da auto-compreensão a fim de que a missão possa avançar. Como
cresceremos?
Página 172 Materiais dos MF—Missão da Amizade
A Imagem que Temos da Igreja Modela a Nossa Missão
O Novo Testamento usa muitas imagens para descrever a igreja como, por exemplo, verdade,
remanescente, montanha, Sião, embarcação, ovelha, povo de Deus. Nenhuma palavra pode definir plenamente os
muitos aspectos do que significa ser a igreja de Deus. Cada imagem precisa ser complementada e corrigida por
outras. Ainda, a igreja como verdade, remanescente ou como pequeno rebanho necessita ser adaptada e mudada
quando surgem as novas circunstâncias no mundo, para que possa ser a verdade presente, e responder aos novos
desafios.
A nossa igreja, que uma vez foi identificada com a “mensagem de advertência”, está agora a começar a
ver-se a si mesma como uma “igreja que cuida”. Não se trata de uma questão de escolher entre uma imagem
ou outra. Cada imagem necessita da outra. Uma apoia, complementa e corrige a outra.
Proclamação da verdade. Até ao presente a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem sido guiada por
duas ou três imagens bíblicas típicas da igreja. Temos-nos identificado como a “verdade” e vemos a nossa
missão como a proclamação da verdade. Embora nada nos deve-se desviar dessa auto-compreensão bíblica da
igreja e da sua missão, que tem exercido tal impacto no mundo, há mais na missão do que na proclamação.
Serviço. Devemos também ver a nossa missão como um serviço; estabelecemos muitos hospitais e
clínicas e escolas e estamos cada vez mais envolvidos no desenvolvimento técnico. Agradecemos a Deus pelo
progresso, no entanto, há algo extremamente básico que falta na nossa compreensão como igreja.
Amizade. A missão não é apenas proclamação, estar no mundo, nas publicações, nos mídia.
Tampouco é apenas proclamação e serviço. Uma terceira característica é a marca da missão, a noção de
amizade.
Um estudo da Convenção Baptista do Sudeste perguntou aos novos membros, que vieram para a igreja
nos últimos cinco anos, qual a razão que os levou a unirem–se à igreja. A razão principal foi: “Porque
gostamos da amizade nas igrejas baptistas”. Quando esse estudo foi mencionado numa reunião da comissão
administrativa responsável pelo crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia, um presidente comentou:
“Irmãos, estou muito feliz de que esse não seja o caso na nossa Igreja”. Ele acreditava que as pessoas vinham
para a igreja porque amavam a verdade e que a missão da igreja é uma questão de proclamar a verdade com
clareza. A realidade presente é que as pessoas amam a igreja em primeiro lugar não por causa da verdade,
embora ela seja um pilar essencial, mas devido à amizade.
Recentemente, a Associação do Sudeste da Califórnia perguntou aos novos membros, vindos para a
igreja nos últimos cinco anos, o motivo pelo qual se uniram à Igreja Adventista. O secretário da Associação
informou: “A maioria das pessoas respondeu: „Fomos amados na verdade‟”.
Página 173 Materiais dos MF—Missão da Amizade
Amizade: O Âmago das Imagens Bíblicas da Igreja
A importância da amizade mostrada pela sociologia. Os sociólogos dizem-nos que a maior doença
da humanidade moderna é a alienação e total solidão. As famílias estão-se desfazendo; os grupos primários
estão-se desfazendo; a urbanização torna-nos em indivíduos solitários. A maior necessidade da humanidade
hoje é a de pertença, de verdadeira amizade.
Estudo bíblico a respeito da amizade. Paulo fala da igreja como “cooperação a favor do
evangelho” (Filipenses 1:5). O apóstolo João escreve: “mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos
comunhão uns com os outros” (I João 1:7). Outras passagens podem não usar a palavra amizade, mas
enfatizam a mesma coisa. A igreja é comparada ao corpo humano (I Coríntios 12), onde cada membro
necessita do outro. Quando um recebe honra, todos são honrados; quando um dos membros é ferido, todos
são feridos. Esse é o cerne da amizade.
Essa amizade é o reflexo do relacionamento entre o Pai e o Filho. “Eles se dedicavam ao ensino dos
apóstolos e à comunhão”, diz Actos 2:42, NVI. “E o Senhor acrescentava-lhes todos os dias os que se haviam
de salvar” (v. 47). Não lemos aqui uma campanha evangelística poderosa. Não lemos acerca da construção de
escolas e hospitais. O motivo para o crescimento da igreja primitiva era a amizade (comunhão) dos crentes.
Quando não há amizade. Muitas vezes a igreja pode ser um lugar insensível e que fere em vez de um
lugar de amizade. A presença ou falta de amizade é transmitida pela nossa atitude e comportamento, pela
forma como nos cumprimentamos um ao outro, em nossa conversa. Como tratamos os estranhos entre nós?
Esforçamo-nos para criar um sentimento de amizade?
Para cada 100 membros que trazemos para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, 40 a abandonam e a
maioria fá-lo nos primeiros dois anos depois do baptismo. O Instituto da Missão Mundial realizou um estudo
sobre o porquê dessa ocorrência. Mais de 2.000 ex-adventistas, na América do Norte e na Europa, foram
entrevistados. Dentre os entrevistados 70% respondeu: “Teríamos ficado na igreja se houvesse verdadeira
amizade entre os crentes”.
Não faz muito tempo, a minha família e eu fomos a uma igreja onde não éramos conhecidos.
Chegamos cedo e sentámo-nos. Quando o culto estava para se iniciar uma irmã subitamente apareceu na
nossa frente e disse: “Este é o meu lugar”. Se eu não fosse membro adventista há muito tempo, teria saído e
nunca mais teria voltado.
Recentemente, uma irmã de um dos nossos lares adventistas suicidou-se, deixando um bilhete: “Não
tenho ninguém ...”. Como é possível ser membro de uma igreja durante 22 anos e pôr fim à vida com estas
palavras, “Não tenho ninguém”.
Página 174 Materiais dos MF—Missão da Amizade
Empecilhos à Amizade
Por que é tão difícil para muitos de nós aceitarmos esse conceito da igreja como uma confraternização?
Ellen White diz-nos que, devido às condições das pessoas, Deus retém a Sua mão da igreja e assim muitos não
se estão unindo a nós (Testimonies, vol. 6, p. 371; Testimonies, vol. 9, p. 189). Dentre as condições que ela
descreve estão a falta de amor e a falta de amizade. Ela indica que muitas pessoas poderiam ter sido
baptizadas. Isso significa que em vez do número de membros que agora possuímos poderíamos ter muitos
milhões mais.
Barreiras teológicas. A nossa missão para proclamar a verdade tornou-se quase sagrada para nós. É
um pilar fundamental da missão adventista e eu oro a Deus para que sempre permaneça assim, mas é apenas
um aspecto do que significa ser a igreja em missão. O texto diz: “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão...” (Actos 2:42). Devotaram-se ao estudo da Bíblia, à verdade e à comunhão (amizade).
Necessitamos ver-nos a nós mesmos não apenas como proclamadores, mensageiros da verdade (o que
somos), mas também como pessoas que têm comunhão na igreja, na vizinhança e mesmo com os inimigos.
A minha mãe era adventista e o meu pai muitas vezes acompanhava-a, mas eu detestava ir à igreja
quando menino por vários motivos. Em primeiro lugar eu não podia jogar futebol e todos os meninos
holandeses cresciam a jogar à bola. Eu nunca podia fazer parte da equipa e os meus amigos diziam: “Ei,
Bobby (esse era meu nome quando jovem), quando é que vais jogar connosco?” O segundo motivo era que
não tínhamos igreja. Não tínhamos um edifício, não havia torre, não havia órgão, coro ou pastor com um
lindo traje. O punhado de membros em Roterdão reunia-se num porão cheio de graxa de uma oficina que
consertava bicicletas. Nunca havia um momento de silêncio, pois o tempo todo ouvia se o barulho dos metais
sendo trabalhados. Odiava ir lá. O pior ainda era que o edifício que usávamos estava localizado na parte mais
degradada do grande porto da cidade. Pode imaginar como essa parte da cidade era feia e cheirava mal.
Odiava aquele local, uma vez que eu vivia numa região melhor.
Às vezes ia às igrejas dos meus amigos, as igrejas Reformistas da Holanda. Elas eram enormes, tinham
torres, órgãos, coro e ministros com vistosos trajes longos. Sentava-me com admiração. E os meus amigos
perguntavam-me: “Ei, Bobby, onde fica a tua igreja?”
Eu respondia: “Eu não me importo, eu não me importo”. Eu ficava muito envergonhado e irritado.
Certo sábado ao sairmos para ir à igreja eu vi alguns dos meus amigos a minha espera atrás de uma
esquina. A escola estava fechada naquele sábado e eles decidiram esperar e seguir-me para ver onde era a
minha igreja. Ao vê-los imaginei o que pretendiam, então inventei uma desculpa e disse: “Mãe, prefiro correr
na frente”. Comecei a correr o mais rápido que podia. Naqueles dias podia correr muito rápido, e assim perdi
os meus amigos ao atravessar a linha do comboio. A partir daquele dia, todos os sábados, antes de sair para a
Igreja espreitava para ver se eles não estavam por perto. Se estivessem, eu dizia até já à minha mãe e saía em
disparada. Certo sábado, ouvi a minha mãe dizer a uma amiga: “O Bobby ama ir à igreja. Ele não pode esperar
por nós; sempre corre na frente!”
Mas tudo isso mudou. A igreja tornou-se o centro da minha vida. Ali, encontrei significado e a amizade
mais profunda que poderia ser experimentada por um ser humano. Sei o dia e a hora. A data era 10 de Maio
Página 175 Materiais dos MF—Missão da Amizade
de 1940, uma sexta-feira, quando as tropas nazistas invadiram os Países Baixos. Os alemães haviam usado,
pela primeira vez, os pára-quedistas na guerra, lançando-os na parte sul de Roterdão, onde eu vivia, enquanto
a marinha holandesa defendia as pontes na parte norte da cidade.
A batalha intensificava-se casa a casa, tiros, bombas. O dia seguinte era sábado e enquanto estávamos
amontoados na nossa cave, temendo as bombas, a minha mãe começou a vestir o meu irmão e a minha irmã.
-- O que estás a fazer, perguntou o meu pai?
-- Estou a vestir as crianças.
-- Sim bem vejo, mas para quê?
-- Vamos à igreja, respondeu a minha mãe.
Com os olhos arregalados o meu pai exclamou:
-- Hoje? Estamos no meio dos combates! Os pára-quedistas estão a disparar as metralhadoras em
frente à nossa casa. – o pai tentou arrazoar com ela, nem mesmo um cão se vê na rua. Como podemos sair?
A minha mãe simplesmente respondeu:
-- Hoje é o dia de comunhão.
Quando ela disse “dia de comunhão”, algo me atingiu no íntimo, eu era um adolescente. Sim, o sábado
não é apenas um grande memorial da actividade criativa de Deus, como diz em Êxodo 20, mas Deuteronomio
5 indica que o sábado foi dado como um memorial da redenção, um memorial de quando uma nação foi
formada. Uma vez fomos escravos, com divergências entre nós, divergências entre escravos e senhores, entre
tribos, entre pessoas de raças e grupos étnicos diferentes. Mas o Senhor deu-nos o sábado a fim de
celebrarmos o companheirismo entre os crentes.
Ao colocarmos o pé na rua um soldado com granadas na cintura e uma metralhadora no braço, gritou:
-- Parados, onde estão indo?
-- Estamos indo à igreja.
-- Voltem, voltem, estamos no meio da batalha, à tiroteio o tempo todo.
-- Não, queremos ir à igreja, disse a minha mãe.
Então, o soldado pensou em algo e disse:
-- Não, não, não, hoje não. Amanhã. Todos estão confusos com a guerra.
-- Não, não, minha mãe disse abrindo a Bíblia em Êxodo 20. Diante disso ele chamou o seu sargento.
-- É melhor voltar para casa, disse o sargento.
-- Oh, nós, queremos ir à igreja hoje.
Ele pensou por um momento e disse: “Judeus”.
-- Não, não, a minha mãe replicou, conhecendo o amor que os nazistas tinham pelos judeus. Somos
adventistas do sétimo dia. Veja a Bíblia diz…”. Isso foi tão forte para o sargento que chamou o tenente.
O tenente ouviu por um momento e percebendo o que estava na mente de meus pais disse: “Vão, e
que Deus esteja convosco”.
Não darei aqui os detalhes de como atravessamos o fogo cruzado entre a marinha holandesa e os pára-
quedistas alemães. Alguns de nós na família ainda têm cicatrizes. Quando chegamos à cave cheio de graxa da
oficina que consertava bicicletas, sem órgão, sem torre, toda a congregação estava lá. As bombas estavam
caindo e as granadas explodindo, mas a igreja estava lá. Estava lá porque a igreja não era o edifício, não era a
Página 176 Materiais dos MF—Missão da Amizade
torre, mas a amizade entre os crentes. Houve abraços e beijos. Eles fizeram o que a Bíblia diz para fazer
quando estão juntos. Cumprimentaram-se uns aos outros com afecto. Abraços, beijos de amor, ou beijos
santos. Ainda vejo os abraços e os beijos .... Subitamente senti orgulho de ser um adventista do sétimo dia.
Não tínhamos um órgão ou torre, um grande edifício, apenas uma cave cheia de graxa, mas estávamos
a celebrar a essência do que significa ser igreja, éramos uma comunhão de crentes. Foi a amizade que nos
acompanhou durante aqueles cinco terríveis anos de guerra quando havia fome e quando pessoas eram presas
e postas em campos de concentração. Algumas crianças perderam os seus pais mas elas tinham muitos outros
pais na igreja. Algumas perderam as mães, mas tínhamos muitas mães como também irmãs na igreja. Essa é a
essência de ser da igreja. Sempre que um membro tinha sabão (e minha mãe havia armazenado muito sabão),
então toda a igreja tinha sabão. Sempre que alguém tinha pão ou farinha ou açúcar ou sal, toda a igreja tinha
pão, farinha, açúcar e sal. Foi isso o que eu vi.
Alguns que éramos adolescentes na época devemos a nossa vida à comunhão dos crentes. Quando
todo o alimento foi racionado a um quarto de pão por família, alguns adventistas idosos vinham a nossa casa
e nos davam o seu pão. Antes do término da guerra essas pessoas haviam morrido na rua. Alguns de nós
podemos contar a história porque sobrevivemos devido ao sacrifício deles.
Na semana seguinte, estava tão orgulhoso dessas pessoas que tomei a decisão de unir-me ao povo de
Deus. Mas todas as igrejas estavam fechadas porque os alemães haviam proibido qualquer reunião com mais
de duas pessoas. Contudo, na semana seguinte, 25 de Maio, as igrejas estavam abertas novamente. Reunimo-
nos, embora nossa cidade estivesse completamente destruída pelos bombardeios, a segunda cidade na
Segunda Guerra depois da cidade de Varsóvia. Muitos de nós havíamos perdido tudo o que possuíamos.
Alguns haviam perdido a vida. Ali estava a igreja novamente reunida, triste; gratos a Deus por estarmos vivos,
mas triste pela perda das vidas de irmãos e irmãs, pois quando um está ferido toda a igreja está ferida.
Mal nos havíamos sentado e o nosso órgão, uma pequena harmónica, começado a tocar quando
subitamente ouvimos um som nas escadas da cave da oficina. Era o som de botas. A porta abriu-se e ali
estava um soldado alemão. Um frio passou por todos nós. Perdoe-nos, mas quando se perde tudo devido ao
bombardeio, quando tudo lhe é tirado, quando o seu país está ocupado pelo inimigo, odeia esse inimigo e os
odiávamos, sim odiávamos. Havia ódio no nosso coração e mente.
O primeiro diácono levantou-se e disse:
-- Saia, deixe-nos em paz! Já não é suficiente que tenham bombardeado a nossa cidade e destruído as
nossas vidas? Não é suficiente que tenham roubado tudo de nós? Esta é uma igreja pequena! Saía; vá embora;
deixe-nos em paz!
O soldado alemão ficou parado e disse:
-- Mas eu vim aqui para o culto. Sou um irmão.
Vi o primeiro diácono engolir em seco. Poucos dias antes a sua casa e tudo o que ele possuía havia sido
destruído. De um comerciante rico tinha-se transformado num indigente devido ao bombardeio dos nazistas.
Então, subitamente, passou o braço pelos ombros do soldado e disse-lhe: “Se veio aqui para adorar a Deus, é
meu irmão”, e acompanhou-o até o banco da frente e segurou-lhe a mão durante todo o culto.
A amizade não é apenas para pessoas como nós, ela estende-se aos estranhos e aos estrangeiros,
estende-se aos inimigos que nos cercam. Essa é a essência da missão da igreja.
Página 177 Materiais dos MF—Missão da Amizade
Barreiras culturais. Muitas vezes quando falamos em amizade pensamos em divertimento, passar
momentos felizes juntos, comer, rir, mas nada relacionado com aquilo que pertence a Deus e à igreja.
Relegamos o conceito de amizade à esfera social, ou seja, ao reino secular da vida, que é de uma natureza
muito inferior ao espiritual. Novamente, essa divisão não é bíblica e o quanto antes nos livrarmos dela,
melhor. Devemos reconhecer que estar em comunhão uns com os outros é uma experiência espiritual de
grande dimensão. O salmista fala constantemente da alegria do companheirismo com os crentes no templo de
Deus. O Novo Testamento está repleto dessa noção de amizade total. A amizade é a essência do ser cristão.
Na extensão em que a cultura focaliza o individual, a amizade no grupo tende a tornar-se apenas um
apêndice. O individualismo cultural tende a moldar a teologia adventista, os nossos cultos, como também o
edifício da igreja. Quando entramos na igreja vemos apenas o pescoço um dos outros e quando saímos, a
mesma coisa. Porém, deveríamos estar olhando uns para os outros nos olhos e dizendo: “Irmão, irmã, como
passou a semana?” A nossa teologia define a igreja como um grupo de indivíduos que se encontram com
Deus; em vez de uma festa pública, da celebração da amizade entre os crentes no dia de comunhão com Deus
e com os outros crentes.
Visitação: Tornando a Amizade uma Realidade
Comecemos a vencer os obstáculos à amizade ao visitarmo-nos uns aos outros. Falemos uns com os
outros em vez de uns dos outros. Comamos e bebamos juntos. A maior crítica que Jesus sofria era o facto de
comer e beber com pecadores. Mas essa era a essência do companheirismo com as pessoas a quem Ele amava.
Festejemos juntos; realizemos coisas juntos. Ellen White descreve a festa anual entre o antigo Israel e diz-nos
que seria bom para nós, como igreja, que tivéssemos tais celebrações (ver Patriarcas e Profetas, p. 540, 541).
Deus sabia o que era bom para os crentes naquela época, divididos e separados em tribos como eram. Todos
se reuniam e dormiam em pequenas barracas. Consegue imaginar que tipo de amizade forçada era essa? Mas
funcionava.
Quando menino, sempre temi não ser aceite pelos meus amigos. Mas eles aceitaram-me e um dos
motivos era porque eu conhecia muitas pessoas em Roterdão. Enquanto nós meninos preambulávamos pela
cidade sentíamos sede ou precisávamos de um toilette. Os meus amigos diziam: “Ei, Bobby, não conheces
ninguém por aqui?” Então eu ia até uma porta, tocava a campainha e, inevitavelmente, um homem ou mulher
abria a porta e dizia: “Oi, Bobby, estou feliz de te ver aqui, entra”. Qualquer coisa que necessitávamos as
pessoas por trás daquelas portas nos proviam. Não importava se algumas vezes havia 12 ou 15 miúdos. “Tudo
bem”, eles diziam, “seus amigos são nossos amigos”.
Quem eram essas pessoas? Não eram parentes consanguíneos visto que a minha mãe veio da distante
Lituânia e o meu pai da parte mais ao norte da Holanda. Cresci sem tios e tias. Quem eram esses parentes
espalhados por toda a cidade? Eram os membros da igreja, daquele pequeno grupo de pessoas que se reuniam
na cave da oficina. E como eu sabia onde eles viviam? Porque o meu pai e a minha mãe, assim como todos os
membros da igreja, costumavam visitar-se uns aos outros.
Não é fácil ser um adventista verdadeiro na vida em geral; necessitamos confortar-nos e fortalecer-nos
uns aos outros. Quando o meu pai sofreu um acidente a nossa família passou por uma grande pobreza.
Página 178 Materiais dos MF—Missão da Amizade
Porém, quase todos os dias havia um irmão ou irmã da igreja que nos visitava e de cada vez deixavam um
florim nas mãos da minha mãe. Não precisávamos temer por não termos o que comer. Éramos uma
comunhão de crentes, a essência do que significa ser a igreja.
Conclusão
Visitemo-nos uns aos outros, conversemos entre nós, façamos refeições juntos, realizemos coisas
juntos, façamos festas, reunamo-nos nos pequenos grupos para oração e estudo da Bíblia a fim de vermos a
obra avançar. Acima de tudo, que toda a nossa vida seja de amizade uns para com os outros. É isso o que a
Escritura diz: “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros” (I João 1:7).
Que Deus os abençoe.
Referências
White, E. G. Patriarcas e Profetas.
White, E. G. Testimonies for the church, vols. 6 e 9.
Adaptado com permissão de Gottfried Oosterwal, de um sermão apresentado na Pioneer Memorial Church,
Andrews University, Berrien Springs, Michingan, 18 de Julho de 1992.
Página 179 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na
Família
101 IDEIAS PARA O EVANGELISMO NA FAMÍLIA
Karen e Ron Flowers
Preparação Pessoal
Estudar atentamente os seguintes versos da Bíblia: Que falam das boas novas da salvação em Cristo
Efésios 2:4-8, 13; II Coríntios 5:21; Romanos 5:12-20; 8:1.
Meditar no amor de Deus. Que instrumentos humanos influenciaram profundamente a sua
compreensão do amor de Deus? Como entende o crescente amor de Deus?
Com oração, desenvolva o seu testemunho pessoal de fé e de certeza da salvação em Cristo. Escrever o
seu testemunho poderá ajudá-lo a pensar melhor.
Faça uma relação pessoal dos versos bíblicos que lhe falam do amor de Deus. Estude e memorize-os a
fim de utilizá-los no seu testemunho pessoal.
Partilhe a Fé no Casamento
Partilhe o seu testemunho com o seu cônjuge. Ouça o testemunho dele. Como é que o evangelho
influencia o vosso relacionamento?
Dê evidências da operação da graça de Deus na sua vida pela sua empatia com o cônjuge, apartilha
aproxima um do outro.
Dedique tempo para transmitir o significado da sua fé ao seu cônjuge. Como é que ela afecta a forma
como lida com a ira, como resolve os problemas, como lida com a depressão?
Empenhe-se por enaltecer e encorajar o seu cônjuge por meio de palavras positivas e elogios
apropriados.
Juntos façam o culto todos os dias.
Formas de Conquistar o Cônjuge Descrente
Seja uma fonte de encorajamento emocional e espiritual para o seu cônjuge não crente, empenhando-se
para não fazer julgamentos sobre o seu comportamento, mas tecendo elogios e proferindo palavras positivas
regularmente.
Ser um exemplo da sua crença na graça de Deus ao viver o seu cristianismo honestamente diante do seu
cônjuge. Seja franco quanto às debilidades e faltas, reconhecendo as áreas onde o crescimento cristão é
necessário.
Converse com o seu cônjuge a respeito do perdão e da renovação contínua que encontra em Cristo.
Permita que tudo o que aprendeu a respeito do relacionamento em Cristo melhore a sua experiência no
casamento.
Página 180 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na
Família
Faça esforços extras para identificar e enfatizar aquilo ambos têm em comum. Busque pontos de acordo.
Participe com disposição e alegria de cada aspecto da vida do seu cônjuge que não comprometa os
princípios.
Descubram novas actividades e amigos juntos, para substituir aqueles que foram deixados para trás
devido à sua crença, percebendo que a força do amor que os une é o maior bem que tem para conquistar o
seu cônjuge para Cristo.
Ao desenvolver amizades na igreja, convide os homens para serem amigos do seu esposo, ou as
mulheres para serem amigas da sua esposa.
Convide o seu cônjuge para participar nas actividades da vida da igreja; actividades sociais; seminários
sobre saúde, eventos da vida em família, retiros, acampamentos ou programas de construção/manutenção da
igreja.
Estimule a participação do seu cônjuge ao recrutá-lo(a) para utilizar o seu conhecimento em alguma área
da vida da igreja.
Evangelismo como Pais
Prepare uma relação de mudanças que gostaria de fazer para ter uma abordagem mais evangelística na
sua actuação como pai ou mãe.
Torne o evangelho atractivo para os seus filhos mediante relacionamentos positivos com eles, ao sorrir
com frequência, ao conhecer-lhes os sentimentos.
Cante hinos que falem do amor de Deus com os seus filhos.
Ore com cada um dos seus filhos, reafirme o amor de Deus e o seu amor durante a oração.
Em termos simples fale do amor de Deus, conforme descrito em Sua Palavra.
Peça perdão se fez algo que magoou o seu filho.
Planeie formas de dar a cada filho oportunidades especiais de tomarem a sua própria decisão de confiar
pessoalmente em Cristo.
Parentes
Ore regularmente para que os seus parentes aceitem o evangelho.
Em família preparem uma relação de esforços específicos que podem ser feitos para levar os parentes a
Cristo.
Planeiem meios de contactar cada parente por quem a família está a orar – por telefone, carta, visita
pessoal, acima de tudo expresse o seu amor e profira palavras de estímulo.
Página 181 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na
Família
Amigos e Vizinhos
Durante o culto em família, falem a respeito das oportunidades especiais ocorridas com cada um,
durante o dia, de partilhar o evangelho – na família, no trabalho, na escola, na vizinhança.
Conversem a respeito do interesse espiritual dessas pessoas no trabalho, na vizinhança, escola ou círculo
familiar.
Iniciem uma lista de oração com os nomes de 10 vizinhos chegados.
Durante o culto em família falem a respeito de formas especiais de testemunho aos indivíduos que fazem
parte da lista.
Encoraje os seus filhos a fazerem pequenos favores e a mostrarem amor pelos menos afortunados.
Coopere com o seu filho em alguma tarefa do serviço cristão de acordo com as suas habilidades e
interesses adequados à sua faixa etária, a fim de que se sintam bem-sucedidos e felizes.
Ajude as crianças mais velhas e os jovens a formarem grupos missionários com os seus colegas para se
envolverem nalgum trabalho cristão.
Dons Espirituais
Dediquem tempo durante o culto familiar para lerem e estudarem textos bíblicos sobre os dons
espirituais – Romanos 12; I Coríntios 12, 13; Efésios 4. Discutam: Como esses textos nos ajudam a identificar
os nossos dons espirituais?
Leiam biografias de pioneiros adventistas do sétimo dia ou de outros líderes cristãos notáveis cujo
espírito de serviço e dons espirituais sejam inspiradores e estimulem a sua família.
Conversem, orem e descubram quais são os talentos e capacidades de cada membro da família.
Agradeçam a Deus por esses dons e capacidades.
Os dons que Deus concede aos filhos podem ser diferentes dos dons dos pais. Convidem outros
parentes adventistas ou membros da igreja que tenham dons mais parecidos com os de seus filhos para
falarem de sua experiência e ajudarem a prover modelos e exemplos para eles.
Manifeste apreciação de forma especial pelos talentos ímpares, pelos dons e capacidades de cada pessoa
na sua família, enaltecendo a contribuição de cada um para o bom ambiente da família.
Pensem e orem a respeito de como as capacidades especiais do pai, da mãe, da irmã e do irmão ou outro
membro da família podem ser usadas por Deus no lar, na igreja, ou no trabalho missionário da comunidade.
Ao reconhecerem os talentos e capacidades pessoais, permita a cada membro preparar um plano simples
referente a uma ou duas coisas específicas que ele poderia fazer para testemunhar de Deus. As crianças
pequenas podem fazer desenhos descrevendo a sua contribuição.
Permita que os membros da família falem, regularmente, de como Deus os tem levado a usar os seus
talentos e capacidades nas actividades diárias.
Página 182 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na
Família
Projecto Missionário da Família
Planeiem envolver os vários talentos da família num projecto missionário especial. Peça sugestões da
liderança da igreja quanto a projectos que poderiam ser ajudados pelo envolvimento da sua família.
Defina o envolvimento da família de forma a englobar as várias faixas etárias, mantendo o equilíbrio
apropriado entre as necessidades pessoais da família e as necessidades de partilhar com os outros. Empenhe-
se por uma experiência que tenha resultados mensuráveis e onde todos possam sentir algum tipo de sucesso e
realização.
Ler a Bíblia ou literatura religiosa para um idoso ou cego.
Visitar algum doente.
Fazer comida ou compras para alguma pessoa acamada.
Escrever uma carta de ânimo a alguma família enlutada, triste ou desanimada.
Oferecer empréstimo, sem juros, a alguma família com lutas financeiras.
Dar alimento a algum sem abrigo..
Oferecer um cabaz a uma família necessitada.
Ajudar algum idoso que vive sozinho com as suas tarefas domésticas.
Ajudar, uma vez por semana, um pai ou mãe que crie os filhos sozinho/a.
Distribuir folhetos da igreja nas casas duma determinada área.
Cantar ou tocar algum instrumento num asilo.
Dedicar algumas horas a famílias que necessitam de ajuda para cuidar de uma criança, fazer a limpeza da
casa, ir às compras etc.
Dar roupas novas ou usadas a pessoas necessitadas, ou à ASA.
Fazer convites para as reuniões evangelísticas.
Matricular os vizinhos nos cursos por correspondência.
Distribuir convites para as reuniões evangelísticas.
Convidar as crianças para partilharem os seus brinquedos com crianças necessitadas.
Usar o carro da família para transportar pessoas para as reuniões evangelísticas.
Convidar amigos para os cursos sobre saúde ou culinária.
Convidar um ou dois amigos dos seus filhos para o almoço de sábado.
Página 183 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na
Família
Trocar ideias com a família a respeito do que podem fazer para ajudar algum conhecido da igreja, da
vizinhança ou da comunidade que esteja passando por necessidades.
Se houver aspectos da acção missionária que possam ser realizados durante os momentos do culto
doméstico como, por exemplo, escrever cartas, corrigir lições bíblicas ou enviá-las por correio, façam planos
em família para desenvolverem essa actividade e permita a cada membro expressar os seus sentimentos a
respeito do que estão a fazer.
Mordomia na Família
Planeiem uma oferta especial para a oferta missionária do décimo terceiro sábado.
Planeiem um projecto de investimento da família. Peçam mais informações ao director da Escola
Sabatina a respeito de como a sua família pode envolver-se a fim de levantar fundos para as missões.
Estabeleçam um “Fundo para o Senhor” como parte do orçamento familiar além dos dízimos e ofertas
regulares. Esse dinheiro pode ser guardado e dado quando os membros da família se sentem especialmente
impressionados por Deus a auxiliarem um projecto missionário especial ou alguma outra necessidade que
chame a atenção.
Além do dízimo e ofertas regulares da família, orem a respeito do trabalho missionário com o qual a sua
família pode estar envolvida.
A Arte da Visita Evangelística
Peça a alguém que seja bem-sucedido em fazer visitas para acompanhar a sua família ou membros da sua
família na visitação a pessoas da vizinhança. Peça a essa pessoa para vos ensinar as formas apropriadas de
conduzir a visita.
Possibilite oportunidades de fazer amizades dando as boas-vindas a alguma família que acaba de se
mudar para a sua vizinhança.
Dê um presentinho a alguma família que acaba de ter um bebé.
Dê um presentinho de felicitações a recém-casados.
Demonstre sincera expressão de simpatia a alguma família que tenha perdido um ente querido.
Convide os vizinhos para assistirem a alguns programas da igreja como, por exemplo, Escola Cristã de
Férias, celebrações natalícias, sociais, etc., a fim de poder futuramente convidá-los para reuniões
evangelísticas.
Prepare um alimento especial para ser entregue a algum vizinho e envolva as crianças no preparo e na
entrega.
Dê presentes de acordo com os interesses que descobriu nos seus vizinhos. Talvez uma planta para uma
vizinha que gosta de plantas, um selo para um coleccionador, uma receita para alguém que gosta de cozinhar.
Página 184 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na
Família
Dê presentes que sejam do interesse dos filhos dos vizinhos. revistas cristãs com histórias, livros de
histórias ou DVD‟s, por exemplo, são presentes que serão apreciados pelos adultos e pelas crianças.
Peça aos seus vizinhos algum favor. Mostre-lhes que necessita da sua amizade e de ajuda. Isso irá colocá-
los num terreno comum e abrirá as portas para a amizade.
Ao visitar a casa de amigos ou conhecidos ofereça-se para orar. A sua oração será um poderoso
testemunho da sua crença em Deus, do cuidado d‟Ele e da verdade na qual crê.
Convide outras famílias ou conhecidos para participarem no culto na sua casa. Que este seja breve,
interessante e cheio de vida. Cantem hinos fáceis e faça orações breves e simples. Escolha histórias para serem
ouvidas ou lidas de acordo com a idade e interesse dos presentes.
Convide as pessoas para uma refeição. Ofereça amizade e seja um exemplo quanto à temperança e viver
saudável por meio da refeição a ser servida.
Convide outras pessoas para se unirem como família ao ar livre ou para uma actividade recreativa que
seja típica dos momentos que a sua família passa junta.
Acção Missionária no Mundo
Aprendam os nomes dos missionários e o local onde estão servindo. Orem diariamente por eles no culto
da família.
Obtenha o endereço e escreva-lhes cartas de encorajamento.
Tenham interesse especial pelos projectos beneficiados pelas ofertas do 13º sábado. Busquem conhecer
mais a respeito do país nas bibliotecas, revistas, etc. Conheçam as necessidades das pessoas e da área onde o
projecto está localizado. Orem por esse projecto e façam planos de apoiá-los com as suas orações e com uma
oferta especial no 13º sábado.
Procurem saber com o pastor ou liderança da igreja quais são as áreas não penetradas pelos adventistas
do sétimo dia no seu país ou em outros países. Descubram tudo o que puderem sobre essa região e sobre as
pessoas que ali residem. Orem para que as portas se abram a fim de que essas pessoas sejam alcançadas pelo
evangelho.
Vejam com o pastor ou liderança da igreja como estabelecer contacto por correspondência com pessoas
de outros países. Certifiquem-se que os membros da família escrevam a pessoas da mesma faixa etária.
Conversem em família a respeito do que aprenderam sobre as pessoas de outros países.
Trabalho missionário de curto prazo está disponível a adultos e jovens em várias partes do mundo. As
portas nessas áreas são abertas por meio da Associação Geral, das instituições de ensino e de organizações
particulares. Pergunte ao pastor ou à liderança da igreja sobre a possibilidade dos membros da sua família
tomarem parte num serviço missionário.
À medida que a mensagem adventista circula o globo terrestre, mais e mais trabalhadores são necessários
nos campos estrangeiros numa ampla variedade de profissões e ocupações. Consulte o pastor ou liderança da
igreja quando à possibilidade de servir ao Senhor num projecto de tempo integral. Orem nesse sentido.
Identifiquem um bairro na vossa cidade onde não haja adventistas e considerem essa sua área não
penetrada para fazer visitas missionárias, distribuir literatura, etc., a fim de ganhar pessoas para Cristo.
Página 185 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na
Família
Se houver possibilidade, mudem-se para outro bairro, cidade ou estado onde existam poucos ou
nenhuns adventistas a fim de testemunharem ali.
Conversem em família a respeito da importância do serviço missionário, quer no lar ou no estrangeiro, e
a possibilidade de serem missionários e de estabelecerem a presença adventista do sétimo dia.
Reimpresso por Karen e Ron Flowers de Famílias Alcançando Família: Livro de Recursos para os Ministérios da Família.
Departamento dos Ministérios da Família da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, 1992, pp. 63-7
Página 186
Página 187 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus
Olhos
COM O CANTO DOS SEUS OLHOS
Larry Libby
Certamente Ele necessitava de um objectivo (alvo). Precisou concentrar o Seu olhar, livrar-Se das
distracções, reunir as Suas energias.
Daí a algumas horas o Seu sangue estaria endurecido no chão. Em poucas horas os Seus pulmões
comprimidos dariam o último suspiro. Dentro de horas, Ele iria travar um combate único com o senhor do
abismo, o inimigo contra o qual Se tinha preparado para enfrentar desde o Éden.
Se Jerusalém era a linha final, então Jericó era o início. Distavam menos de trinta e dois Kms, naquele local
onde as hostes do mal, do ódio e as potestades do bem iam-se confrontar. A terra treme. Todo o universo
retém a respiração.
Um momento muito singular para conversar com um homem baixinho pendurado numa árvore.
Ele parou a Sua marcha rumo ao momento crítico da história para observar por entre os ramos de um
sicomoro. Ali, sentado entre dois ramos, sentindo-se talvez um pouco tolo, encontrava-se um homem
marginalizado .
“Zaqueu, desce depressa. Hoje, convém-me ficar em tua casa ." (Lucas 19:5).
A Escritura não diz nada a respeito da reacção dos discípulos a respeito dessa distracção insensata. Tivesse a
resposta deles sido registada, e a Sagrada Escritura teria dito algo mais ou menos assim: “Então os Seus
discípulos entreolharam-se e disseram: „O que é isto?‟”
Alguma vez iriam eles compreender a Sua mente e métodos? Ele não os havia chamado à parte e advertido
que o fim estava próximo?
“Estamos a subir para Jerusalém, e tudo o que está escrito por meio dos profetas acerca do Filho do homem
se cumprirá. Ele será entregue aos gentios que zombarão dEle, insultá-Lo-ão, cuspirão, açoitá-Lo-ão e matá-
Lo-ão” (Lucas 18:31-32).
Assustador. Algo que tem de enfrentar. Estamos a caminho de Jerusalém. Passaremos por Jericó. Então,
será o fim.
Agora esticando o pescoço olhamos para cima e vimos um publicano sentado numa árvore. Ele desce da
árvore. Neste momento vamos na direcção da sua casa para tomarmos chá.
Página 188 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus
Olhos
Depois de três anos e meio, deveríamos saber. Será que onde quer que fossemos iríamos ter sempre alguma
surpresa? Um leproso. Dez leprosos. Algumas mães insistentes e todos os seus montes de filhos. Um homem
descendo pelo tecto numa maca. Homens endemoninhados saindo das campas. Uma mulher imoral junto ao
poço da vila. Agora, era, um colector de impostos, descendo de uma árvore!
O dia deveria estar bem avançado quando finalmente deixaram Jericó e Zaqueu para trás. Mais um capítulo
numa inescrutável biografia. Iriam eles chegar à última página? O que os aguardava na subida daqueles
montes? Reino ou martírio? A concretização dos seus sonhos ou o fim de tudo na ponta de uma lança
romana? Pelo menos agora poderiam preparar-se para a provação. Concentraram a sua atenção na estrada.
Prepararam o espírito para o que desse e viesse ...
“Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!”
Ah, mais uma ! O que seria agora?
“Filho de David, tem misericórdia de mim!”
Talvez Ele fosse ignorar essa voz nasal chorosa vinda do meio da multidão. Talvez desta vez Se
apressasse e seguisse em frente, mas não claro que não. Ele sempre tinha de parar. Os Seus olhos já estavam à
procura de quem o chamava.
Jesus parou e disse: “Chamem-no”.
E chamaram o cego, “Animo! Levanta-te! Ele chama-te". "Lançando a sua capa para o lado, de um salto,
pôs-se de pé e dirigiu-se a Jesus”.
“‟O que queres que eu te faça?‟, perguntou-lhe Jesus.
“O cego respondeu: „Mestre, eu quero ver!‟
"‟Vai‟, disse Jesus, „a tua fé te curou‟. Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho” (Marcos 10:46-
52).
Distracções pelo caminho? Sim, certamente Jesus as experimentou desde o início de Seu ministério. No
entanto, ninguém tinha o alvo mais em mente do que Ele. Ninguém.
Desde o início Os Seus olhos estavam fitos no Calvário. Os Seus passos nunca vacilaram, o Seu
propósito nunca variou. Milhares de anos antes da chegada do Messias, os ouvidos atentos de Isaías captaram
a Sua voz: “por isso pus o meu rosto como um seixo, e sei que não serei envergonhado” (Isaías 50:7).
Como um seixo. A resolução cinzelada na rocha.
A longa sombra da cruz ofuscava os momentos mais brilhantes do Seu ministério. A oferta do incenso
dos magos foi um prenúncio do Seu funeral. O precioso nardo derramado em Seus pés retratava a sepultura
que O aguardava.
Ela estava sempre diante d‟Ele. Uma colina. A silhueta de um soldado segurando um martelo. A morte.
O inferno, mas pior do que tudo isso. Um terrível precipício entre Ele e o Seu Pai.
No entanto, de alguma forma, parecia que Ele sempre ... via a sombra de alguém pelo canto dos Seus
olhos.
Durante o caminho para socorrer uma criança moribunda, parou para ajudar uma mulher desesperada
que meramente havia tocado a orla do Seu manto.
No caminho para enfrentar um tribunal ilegal, ávido por sangue e apressadamente reunido, buscou os
olhos de “um amigo” que acabava de traí-Lo.
Página 189 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus
Olhos
No caminho para o Gólgota, cambaleando sob o peso da cruz, parou para consolar várias mulheres
perturbadas que se encontravam ao lado do caminho.
No caminho para assegurar a salvação pelos pecados do mundo, sofrendo a agonia violenta de corpo e
espírito, Contemplou a Sua mãe aos pés da cruz – e pediu a alguém para cuidar dela na sua idade avançada.
No caminho para deixar esta vida, olhou para o homem arrependido, crucificado a Seu lado e fez um
convite para este estar com Ele no paraíso.
Em toda a Sua missão, há algo a respeito da Sua visão periférica que merece um momento de reflexão.
A pessoa com uma visão perfeita é capaz de focar os objectos que estão à sua frente e ainda assim
perceber os movimentos ao seu lado. Isso é visão periférica.
Os oftalmologistas usam um processo chamado de perimétrico para mapear esse elemento-chave da
visão. Por esse método eles são capazes de discernir o ponto cego. O início de uma enfermidade como o
glaucoma mata as fibras do nervo responsável por transmitir a visão periférica.
Eles têm um nome para essa condição – visão de túnel.
Factos interessantes a respeito dessas enfermidades. Elas ocorrem tão lentamente que dificilmente a
pessoa percebe a diminuição no campo visual. Antes que se aperceba, descobre um túnel na frente do seu
nariz.
O que tem visto nestes dias .... com a sua visão periférica?
Alguns rostos à margem da multidão? Algumas mãos tentando tocar a orla do seu manto?
Diz: “Estou a olhar para a frente. Esta é uma década crítica – o amanhecer de um novo milénio. Sou
movido pela missão. Voltado para a tarefa. Rumo para o alvo. Tenho uma meta. Tenho o meu planeamento
estratégico para um, cinco ou vinte anos. Tenho uma declaração pessoal de missão para o meu dia que se
divide em prioridades executáveis, mensuráveis, objectivos para o mês e prioridades diárias. Francamente, isso
não me permite distracções”.
Muito bem. Mas de vez em quando não faria mal fazer uma consulta ao Grande Médico e verificar a
sua visão. O exame pode revelar um ou dois pontos cegos.
... Talvez um menino esteja a tentar por todos os meios atrair a sua atenção – e está quase a desistir.
... Talvez a mesma idosa que se senta junto à mesma janela todas as manhãs enquanto corre pelo
estacionamento até o seu carro.
... Talvez um colega de trabalho que costumava sorrir, mas que anda triste.
... Talvez algum vizinho doente.
... Talvez a sua esposa que silenciosa e desesperadamente está a enviar-lhe sinais durante semanas – mas
sem que a veja.
Distracções. Diversões que sugam o tempo.
Se acaso se aborrece com elas, talvez Zaqueu tenha ficado fora do seu campo visual, no alto de uma
árvore. Um homem de baixa estatura negligenciado e com um coração faminto.
O mais provável é que não notasse o cego Bartimeu – sentado numa liteira na via principal de
Jerusalém. Simplesmente outra vítima do inimigo, a tentar enfrentar as trevas.
O que esses dois têm em comum foi a proximidade de Jesus de Nazaré. Aquele que tinha todo o
direito de se focalizar no alvo que o imenso tempo não poderia conter ... Aquele que tinha o direito de ignorar
com a Sua visão periférica os homens e as mulheres quebrantados – mas não o fez.
Página 190 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus
Olhos
Pondo de lado a agenda cósmica celestial, Ele preencheu-lhes o vazio com a Sua terna mão.
Essa talvez seja a agenda Celestial. E a nossa?
Larry Libby é editor da Multnomah Publishers em Sisters, Oregon. Usado com permissão.
Página 191 Materiais para Liderança: Desabafos dos
Marginalizados
DESABAFO DOS MARGINALIZADOS
Dorothy Grace
O amor e a unidade que desfruta em casa deveriam ser estendidos pela grande família da igreja caso se espere que o reino de Deus
tenha algum significado para os seus semelhantes...
Independente
Fico de fora e observo.
Os de dentro que me olham, vêem-me como bastante incompreensível e que o melhor é ser evitado.
O pregador diz que a igreja é uma família.
Normalmente, a família tem membros solteiros. Na verdade, frequentemente eles são a maioria. São
alvo de amor e de preocupação. Não sou estranho nem esquisito. Tampouco desajustado ou gay.
Escolhi ficar solteiro. Deixei tudo para segui-Lo e muitas vezes Ele é tudo o que eu possuo.
Mas por quê?
O apóstolo Paulo aplaudiu os que permanecem solteiros. Por que então a igreja os teme?
Jesus, embora aprovasse o casamento, não escolheu essa senda. Os membros da igreja relacionam-se
com Ele. Porque não com os Seus seguidores solteiros?
Idoso
Fico de fora e observo.
Os que estão dentro olham para mim e consideram-me um membro ultrapassado. Como poderia
compreender as tendência e impulsos actuais? No entanto, a igreja é uma família, e a maioria das famílias têm
avós a quem amam e cuidam.
Como eles, posso olhar para trás, para os muitos anos de experiência. Conheço os sucessos, os
perigos, as armadilhas.
Poderia dar à igreja o benefício da minha experiência, mas eles não a desejam.
Não me querem.
Fere ser considerado como algo obsoleto.
Seria muito bom ser incluído, algumas vezes, mas eles preferem deixar-me na minha solidão. Poderia
orar por eles. Tenho tempo suficiente para isso!
Aquela que fica em casa cuidando de um enfermo
Fico de fora e observo.
Os de dentro vêem-me como uma sombra, sem cor, inútil no que diz respeito ao compromisso para
com a igreja.
Todas as minhas energias são gastas ao limite da exaustão, cuidando sozinha, do pai idoso e
incapacitado.
No entanto, a igreja é uma família. As famílias não suportam os fardos de seus membros? Eles não se
importam, animam, ouvem e ajudam uns aos outros?
Página 192 Materiais para Liderança: Desabafos dos
Marginalizados
Ninguém me ajuda. Ninguém se oferece para ficar no meu lugar a fim de que eu tenha um tempo livre
para fazer compras ou tomar um chá com uma vizinha. Simplesmente olham para mim com pena – quando o
que eu preciso é de ajuda!
Adolescente
Fico de fora e observo.
Aqueles de dentro vêem-me como o filho dos meus pais. Mas eu sou uma pessoa.
Estou pronto, ávido e disposto a servir a Deus. Se apenas me fosse permitido!
Poderia dedicar a minha juventude, o meu zelo, o meu entusiasmo para ajudar na missão da igreja.
A igreja é uma família. As famílias reconhecem que os seus adolescentes necessitam assumir
responsabilidades que os ajudarão no seu crescimento.
Sim, pode ser doloroso crescer. Mas se não puder desenvolver-se irei definhar. Talvez devesse buscar
noutra parte a oportunidade de me expressar. Jesus compreendia. Ele até mesmo usou uma criança para
ilustrar o reino.
Mãe
Fico de fora e observo.
Aqueles de dentro vêem-me como alguém pronta para servir alimento, mas não para dar uma opinião.
Permitem-me arrumar as flores, mas não posso participar no planeamento das questões da igreja.
Posso cuidar das crianças, mas não posso liderar os adultos no que quer que seja.
Sou útil quando há coisas a serem feitas, mas não onde há questões a serem discutidas ou decisões a
serem tomadas.
A igreja é uma família. Na família a mãe tem algo a dizer.
Gostaria de poder usar a minha voz assim como as minhas mãos. Jesus disse a Maria: “Não me
toques ... vai, porém, ... e diz-lhes...”.
Se era certo para Ele, deveria ser certo para eles também.
Pai
Eu também fico de fora e observo.
Os que estão dentro toleram as minhas palavras, mas não acatam as minhas sugestões.
Não sou um empresário. Sou um humilde trabalhador. Portanto, presume-se que não tenha nada de
valor a oferecer.
Porém, sou o chefe da minha família. Dirijo-a com bastante sucesso. Tenho sim algo a oferecer, ainda
que seja outro ponto de vista.
Será que realmente Deus queria que os homens „comuns‟ fossem apenas números? Será que realmente
queria que a Sua igreja fosse somente conduzida pela nata instruída? Se é assim, então por que escolheu os
humildes pescadores para iniciá-la?
Estranho
Estou do lado de fora e não me incomodo de observar.
Página 193 Materiais para Liderança: Desabafos dos
Marginalizados
De qualquer forma não seria bem-vindo. Ninguém me iria convidar para a sua casa, ou estaria
interessado no que eu tenho a oferecer.
Alguém pode estender a mão e cumprimentar-me no final do culto, mas não deseja conhecer os meus
problemas, os meus ideais, os meus fardos.
Eu poderia ser um viciado em drogas ou alguém de um bairro degradado.
O que ocorre é que sou um individuo comum em busca de uma família.
Pensei que a amizade e a fé estivessem disponíveis aqui. Equivoquei-me.
Igreja? Não obrigado! É melhor ficar do lado de fora, apenas observando.
Líder da Igreja
Estou do lado de dentro olhando para fora. Estou muito ocupado lidando com indivíduos que
necessitam constantemente de conselhos e de apoio. Não vejo a pessoa solteira sozinha sem ser convidada;
tampouco o idoso, o guerreiro da oração, alguém sendo posto de lado.
Não noto a pessoa que cuida sozinha de um doente, necessitando de ajuda.
Também não vejo o adolescente lutando para fazer uma contribuição individual positiva.
Não estou ciente das mães cuja função é dada como certa ou dos pais não sendo prestigiados.
Gasto muitas horas planeando eventos e serviços. Ninguém se oferece para ajudar. Portanto, tenho
pouco tempo para estar com a minha família.
Vejo as multidões nas reuniões. Vejo as contas da igreja necessitando de mais ofertas.
Sou grato de que o meu ministério seja prolífero numa irmandade exclusiva.
O PAI
Isto é o que deveria ser a minha igreja. No entanto, não vejo amor pelo idoso, mas cuidado pelos
solteiros. Não encontro ajuda para a pessoa que cuida sozinha de um doente, nem vejo encorajamento para o
jovem.
Não há receptividade ao estranho.
Vejo pessoas feridas, não amadas, perdidas no caminho, enquanto a minha igreja oferece momentos
agradáveis para alguns, um grupo de membros seleccionados.
Esse não é o Meu plano. Não é a Minha forma de agir. Não é o Meu desejo.
Eles devem ser a minha família – forte, unida, amorosa e atenciosa.
Como PAI da família, digo-lhes: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor
uns para com os outros”.
É difícil ver onde Me enquadro. Eu também Sou marginalizado.
Reimpresso de Christian Family, Agosto de 1991.
Página 194
Página 195 Materiais para Liderança: Uma Luz na Comunidade
UMA LUZ NA COMUNIDADE
Ellen G. White
(O Lar Adventista, pp. 31-39. CD-Rom E. G. White)
O Lar Cristão, uma Lição Objectiva
A missão do lar estende-se para além do círculo dos seus membros. O lar cristão deve ser uma lição prática
que ponha em relevo a excelência dos princípios verdadeiros da vida. Semelhante exemplo será no mundo
uma força para o bem. ... Ao deixarem um lar assim, os jovens ensinarão as lições que aí aprenderam. Dessa
maneira, entrarão noutros lares princípios mais nobres de vida, e uma influência regeneradora será sentida na
sociedade. A Ciência do Bom Viver, pág. 352.
O lar em que os membros são polidos, cristãos corteses, exerce uma vasta influência para o bem. Outras
famílias notarão os resultados conseguidos por um lar assim, e seguirão o exemplo dado, guardando por sua
vez o lar contra as influências satânicas. Os anjos de Deus visitarão com frequência o lar em que a vontade de
Deus domina. Sob o poder da graça divina esse lar torna-se um lugar refrigerante para os enfraquecidos,
fatigados peregrinos. Mediante vigilância no dominar-se, impede-se que o próprio eu se afirme. Formam-se
hábitos correctos. Há cuidadoso reconhecimento dos direitos alheios. A fé que opera por amor e purifica a
alma serve de leme, presidindo a toda a família. Sob a santificada influência de tal lar, o princípio da
fraternidade estabelecido na Palavra de Deus é mais amplamente reconhecido e obedecido. Carta 272, 1903.
A Influência de uma Família Bem Ordenada
Não é questão de pequena importância para uma família, o manter a posição de representantes de Jesus,
guardando a lei de Deus em ambiente de incrédulos. Requer-se de nós que sejamos cartas vivas, conhecidas e
lidas por todos os homens. Esta posição envolve terríveis responsabilidades. Testemunhos, vol. 4, pág. 106.
Uma família bem ordenada, bem disciplinada, fala mais em favor do cristianismo do que todos os sermões
que se possam pregar. Uma família assim dá prova de que os pais foram bem-sucedidos no seguir as
instruções de Deus, e de que os seus filhos O servirão na igreja. A sua influência aumenta; pois à medida que
comunicam, recebem para tornar a comunicar. O pai e a mãe encontram auxiliares nos filhos, os quais
transmitem a outros as instruções recebidas no lar. A vizinhança é beneficiada, pois com isto enriqueceu-se
para o tempo e a eternidade. Toda a família se acha empenhada no serviço do Mestre; e pelo seu piedoso
exemplo são outros inspirados a serem fiéis e leais a Deus no trato com o Seu rebanho, Seu lindo rebanho.
Review and Herald, 6 de Junho de 1899.
A maior prova do poder do cristianismo, que se pode apresentar ao mundo, é uma família bem ordenada,
bem disciplinada. Isso recomendará a verdade como nenhuma outra coisa o poderá fazer, pois é um
testemunho vivo de seu efectivo poder sobre o coração. Serviço Cristão, pág. 208.
A melhor prova de cristianismo de uma casa é o tipo de carácter gerado pela sua influência. As acções falam
mais alto do que a mais positiva profissão de piedade. Patriarcas e Profetas, pág. 579.
A Nossa ocupação neste mundo... é ver que virtudes a família pode possuir e que ensinamentos podemos
administrar aos nossos filhos, a fim de que exerçam uma boa influência sobre as outras famílias, e assim
podemos ser uma força educadora ainda que nunca abracemos o magistério. Uma família bem ordenada e
disciplinada é mais preciosa aos olhos de Deus do que ouro fino, mesmo que o mais fino ouro de Ofir.
Manuscrito 12, 1895.
Pertencem-nos Maravilhosas Possibilidades
Curto é o tempo de que dispomos. Passamos por esta vida apenas uma vez; devemos por isso, aproveitar
todas as oportunidades. A tarefa a que somos chamados não requer riquezas, posição social, nem grandes
capacidades. O que se requer é um espírito bondoso e desprendido, e firmeza de propósito. Uma luz, por
pequena que seja, se está sempre a brilhar, pode servir para acender muitas outras. A nossa esfera de
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influência poderá parecer limitada, as nossas capacidades diminutas, escassas as oportunidades, os nossos
recursos reduzidos; no entanto, se soubermos aproveitar fielmente as oportunidades dos nossos lares,
maravilhosas serão as nossas possibilidades. Se abrirmos o coração e o lar aos divinos princípios da vida,
poderemos ser condutos que levem correntes de força vivificante. Do nosso lar fluirão rios de vida e de
saúde, de beleza e fecundidade numa época como esta, em que tudo é desolação e esterilidade. A Ciência do
Bom Viver, pág. 355.
Os pais tementes a Deus difundirão do seu círculo doméstico para os de outros uma influência que actuará
como aquele fermento que foi escondido em três medidas de farinha. Sinais dos Tempos, 17 de Setembro de
1895.
O trabalho fiel feito em casa ensina os outros a fazerem a mesma espécie de trabalho. O espírito de fidelidade
para com Deus é como o fermento e, quando manifestado na igreja, terá efeito sobre outros, e será uma
recomendação para o cristianismo em toda parte. A obra dos soldados de Cristo que se devotam inteiramente,
é de tão vasto alcance como a própria eternidade. Então por que há tanta falta de espírito missionário nas
nossas igrejas? É por haver negligência na piedade doméstica. Review and Herald, 19 de Fevereiro de 1895.
A Influência de uma Família Mal Dirigida
A influência de uma família mal dirigida abrange e é desastrosa para toda a sociedade. Acumula uma onda de
males que afecta famílias, comunidades e governos. Patriarcas e Profetas, pág. 579.
É impossível vivermos de maneira que não exerçamos influência no mundo. Membro algum da família poderá
ser uma ilha de maneira que nenhum outro membro venha a sentir a sua influência. A própria expressão da
fisionomia terá influência para bem ou para mal. O seu espírito, as suas palavras, as suas acções e atitudes para
com os outros, são inequívocas. Se ele vive no egoísmo, circunda a sua alma de uma atmosfera má; ao passo
que se estiver cheio do amor de Cristo manifestará cortesia, bondade, terna consideração para com os
sentimentos de outros e actos de amor, comunicará àqueles com quem convive sentimentos brandos, gratos e
felizes. Manifestar-se-á que vive para Jesus, e aprende diariamente lições a Seus pés, dEle recebendo luz e paz.
Estará habilitado a dizer ao Senhor: "Pela Tua brandura, vieste-me a engrandecer." II Sam. 22:36. The Youth's
Instructor, 22 de Junho de 1893.
Os Melhores Missionários Provêm de Lares Cristãos
Os missionários do Mestre preparam-se melhor para a obra em lares cristãos, onde Deus é temido, amado, e
adorado, onde a fidelidade se tornou uma segunda natureza, onde não se permite dar aos deveres domésticos
casual atenção, onde a tranquila comunhão com Deus é considerada essencial ao fiel cumprimento dos
deveres diários. Manuscrito 140, 1897.
Os deveres domésticos devem ser cumpridos na consciência de que se eles forem desempenhados no devido
espírito, comunicarão uma experiência que nos habilitará a trabalhar para Cristo de maneira mais permanente
e cabal. Oh, o que não poderia fazer um cristão no terreno missionário cumprindo os deveres diários
fielmente, levantando alegremente a cruz, não negligenciando nenhum trabalho, embora desagradável às
inclinações naturais! Sinais dos Tempos, 1º de Setembro de 1898.
A nossa obra para Cristo deve começar com a família, no lar. ... Não existe campo missionário mais
importante do que esse. ...
Muitos descuidaram vergonhosamente esse campo do lar, e é tempo de serem apresentados recursos e
remédios divinos para corrigir esse mal. Testemunhos Selectos, vol. 3, págs. 62 e 63.
O mais alto dever que pesa sobre a juventude é o que lhe fica do próprio lar, sendo uma bênção ao pai e à
mãe, aos irmãos e irmãs, mediante afeição e verdadeiro interesse. Aí podem eles manifestar abnegação e
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esquecimento de si mesmos no cuidado e serviço pelos outros. ... Que influência pode uma irmã exercer sobre
os irmãos! Se ela for recta, poderá determinar o carácter deles! As suas orações, a sua gentileza e afeição muito
podem efectuar no ambiente da família. Testemunhos Selectos, vol. 1, pág. 298.
Aqueles que receberam a Cristo devem mostrar na família o que a graça fez por eles. "A todos quantos O
receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no Seu nome." João 1:12.
Consciente autoridade possui o verdadeiro crente em Cristo, o qual faz a sua influência sensível em toda a
família. Isto é favorável para o aperfeiçoamento do carácter de todos no lar. Manuscrito 140, 1897.
Um Argumento que o Descrente Não Pode Contradizer
Um lar cristão bem ordenado é um poderoso argumento em favor da realidade da religião cristã - argumento
que o incrédulo não pode contradizer. Todos podem ver que há na família uma influência em actividade, a
qual afecta os filhos, e que o Deus de Abraão está com eles. Se os lares dos professos cristãos tivessem um
molde religioso correcto, exerceriam uma poderosa influência para o bem. Seriam na verdade a luz do mundo.
Patriarcas e Profetas, pág. 144.
Os Filhos Estendem o Conhecimento dos Princípios Bíblicos
Os filhos que foram devidamente educados, que gostam de ser úteis, de ajudar o pai e a mãe, estenderão o
correcto conhecimento das ideias e dos princípios bíblicos a todos com quem entrarem em contacto. Carta
28, 1890.
Quando a nossa própria casa for o que deve ser, não deixaremos que os nossos filhos cresçam na ociosidade e
indiferença para com os reclamos de Deus em favor dos necessitados que os rodeiam. Como herança do
Senhor, estarão habilitados para empreender a obra onde estão. De tais lares resplandecerá uma luz que se
revelará em favor dos ignorantes, levando-os à fonte de todo o conhecimento. Exercerão influência poderosa
em prol de Deus e da Sua verdade. Testemunhos Selectos, vol. 3, pág. 64.
Pais que de outro modo não seriam alcançados, são-no com frequência por meio dos seus filhos.
Testemunhos Selectos, vol. 1, pág. 456.
Os Lares Alegres Serão uma Luz Para os Vizinhos
Precisamos de mais pais radiantes e radiantes cristãos. Achamo-nos demasiado fechados em nós próprios.
Demasiadas vezes as palavras bondosas e animadoras, o sorriso alegre, são retidos dos nossos filhos e dos
opressos e desanimados.
Pais, repousa sobre vós a responsabilidade de ser portadores de luz e dispensadores de luz. Brilhai no lar
como luzes, iluminando o trilho que os vossos filhos têm de palmilhar. Assim fazendo, a vossa luz irradiará
para os que estão lá fora. Review and Herald, 29 de Janeiro de 1901.
De todo o lar cristão deveria resplandecer uma santa luz. O amor deveria revelar-se nas acções. Deve emanar
de toda a relação doméstica, mostrando-se bondosamente, numa cortesia gentil, abnegada. Há lares em que
esse princípio é praticado, lares em que Deus é adorado, e em que reina o mais verdadeiro amor. Destes lares
as orações matutinas e vespertinas sobem a Deus como incenso suave, e as Suas misericórdias e bênçãos
descem sobre os suplicantes como o orvalho da manhã. Patriarcas e Profetas, pág. 144.
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Os Resultados da Unidade da Família
A primeira obra dos cristãos é serem unidos na família. Então a obra deve-se estender a seus vizinhos de
perto e de longe. Os que receberam luz precisam deixá-la irradiar em límpidos raios. As suas palavras,
demonstram o amor de Cristo, elas são um cheiro de vida para a vida. Manuscrito 11, 1901.
Quanto mais intimamente os membros da família forem unidos, tanto maior a influência e o exemplo desses
pais, mães, filhos e filhas será um auxilio fora do lar. Carta 189, 1903.
São Mais Necessários Homens Bons que Grandes Mentalidades
A felicidade das famílias e igrejas depende das influências domésticas. Os interesses eternos dependem do
devido desempenho dos deveres desta vida. O mundo não necessita tanto de grandes mentalidades como de
homens bons, que serão uma bênção no seu lar. Testemunhos, vol. 4, pág. 522.
Evitar os Erros que Possam Cerrar Portas
Quando a religião se manifesta no lar, a sua influência será sentida na igreja e na vizinhança. Mas alguns que
professam ser cristãos conversam com os vizinhos acerca das suas dificuldades domésticas. Contam as suas
penas, de modo a atraírem para si a simpatia; é, porém, grande erro derramar as nossas aflições nos ouvidos
de outros, especialmente quando muitos dos nossos desgostos são fabricados e existem devido à nossa vida
pouco religiosa e ao nosso carácter defeituoso. Os que saem para contar as suas mágoas particulares a outros,
fariam melhor em ficar em casa para orar, entregar a sua vontade perversa a Deus, caírem sobre a Rocha e se
despedaçarem, morrerem para o próprio eu para que Jesus os faça vasos de honra. Sinais dos Tempos, 14 de
Novembro de 1892.
Uma falta de cortesia, um momento de petulância, uma única palavra áspera, irreflectida, manchar-vos-á a
reputação, e poderá cerrar de tal modo a porta de corações, que nunca mais os alcanceis. Testemunhos vol. 5,
pág. 335.
O Cristianismo no Lar Irradia Até Longe
O esforço de fazer do lar o que ele deve ser - um símbolo do lar celeste - prepara-nos para trabalhar numa
esfera mais ampla. A educação recebida mediante o mostrar terna consideração uns pelos outros, habilita-nos
a saber atingir os corações que precisam aprender os princípios da verdadeira religião. A igreja necessita
fortalecer-se espiritualmente para que possa ajudar os seus membros e de uma maneira especial para que os
mais novos da família do Senhor, sejam cuidadosamente guardados.
A verdade vivida em casa faz-se sentir em desinteressado serviço lá fora. Aquele que vive o cristianismo no
lar, será em toda parte uma brilhante luz. Signs of the Times, 1º de Setembro de 1898.
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