uma nova abordagem para um resultado magnÍfico€¦ · 262 maio 2020 ano 23 uma nova abordagem...
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262MAIO 2020
ANO 23
UMA NOVA ABORDAGEM PARA UM RESULTADO MAGNÍFICO
NAGRA TUBE DAC
www.clubedoaudio.com.br
ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA
E MAIS
TESTES DE ÁUDIO
DISCOS DO MÊS
PLAYLISTS
ESPAÇO ABERTO
REVEL PERFORMA F228BE
TOCA-DISCOS DE VINIL THORENS TD 202
JAZZ, FOLK ROCK & CLÁSSICO
PLAYLISTS DE MAIO
REGA QUEEN EDITION: TRANSFORMANDO UM ENTRY-LEVEL EM COISA SÉRIA
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
AF_ANUNCIO AV MAGAZINE 22.5X28CMS.pdf 1 04/05/20 16:35
3MAIO . 2020
ÍNDICE
52NAGRA TUBE DAC
64
72
29
HI-END PELO MUNDO 8
Novidades
EDITORIAL 4
Frente às incertezas, o melhor remédio é a prudência
NOVIDADES 6
Grandes novidades das principais marcas do mercado
Nagra Tube DAC52
Revel Performa F228BE64
TESTES DE ÁUDIO
Toca-Discos de VinilThorens TD 202
72
ESPAÇO ABERTO 78
Rega Queen Edition: transfor-mando um Entry-Level em coisa séria
VENDAS E TROCAS 84
Excelentes oportunidades de negócios
OPINIÃO 10
Ainda estamos aqui
Playlists de maio
Jazz, Folk Rock & Clássico
Volume 4
PLAYLISTS 14
DISCOS DO MÊS 20
AUDIOFONE 29
4 MAIO . 2020
Tive a felicidade de conviver, ainda que por um curto período, com
a minha linda bisa (avó do meu pai). Ela fazia um mingau de Cre-
mogema com calda de maçã maravilhoso, e depois de servir nos
contava velhas histórias de sua infância em uma pequena aldeia no
sul da Itália. Uma de suas histórias que mais me fascinava era da
passagem do cometa Halley em 1910. Sua memória era farta de
detalhes e o que mais impressionava era sua descrição de como o
povo da pequena aldeia assimilou e passou pelo ocorrido. Do trá-
gico ao cômico, sua voz nunca se alterava, e seu tom pausado nos
dava a chance de acompanhar e imaginar cada personagem e cada
situação que ela viveu e presenciou. A bisa tinha uma serenidade
incomum que, para a minha felicidade, meu pai herdou. O trági-
co da passagem do cometa Halley em 1910 foi o suicídio de duas
famílias que tomaram veneno na aldeia, e a melhor amiga da bisa
de apenas 10 anos faleceu. Neste momento eu, com apenas seis
anos de idade, ficava tentando sentir a dor de minha bisa e como
ela conseguiu vencer aquele trágico acontecimento. E ela sempre
emendava este fato trágico com o final feliz, quando o mundo soube
que o cometa não iria se chocar com a terra. Dizia-nos ela: “ Os
sinos das duas igrejas da aldeia tocaram sem parar, o povo saiu às
ruas, se abraçaram, cantaram, confraternizaram por três dias, até
que a vida voltou ao normal!”. Minha bisa enfrentou a Primeira Guer-
ra e, uma década depois, veio para o Brasil, já grávida de minha avó
Angelina. Cresci lendo livros e jornais que nos contam os detalhes
da passagem do cometa Halley. Os meses de angústia e sofrimento
de todos ao olhar para o céu e ver aquele cometa com sua gigan-
te cauda, crescer e dar a sensação que realmente iria se chocar e
acabar com a humanidade. Sempre me perguntei se alguma teoria
a respeito da extinção dos dinossauros já circulava naquele início do
século 20, nos meios acadêmicos, para dar ainda maior dramatici-
dade ao que estava por ocorrer. E li tudo que pude a respeito: dos
meses de angústia coletiva, à festa quando todos souberam que o
cometa não se chocaria com o planeta. Em toda as pesquisas que
fiz sobre aquele período, o que mais me chamou a atenção foi que
as religiões pouco ajudaram para acalmar os ânimos, pelo contrário:
usaram o acontecimento para apavorar e ganhar mais discípulos ao
seu discurso apocalíptico (alguma similaridade com o que estamos
vendo agora?). E se vangloriaram como os donos da benevolência
do seu Deus, ao dar-nos mais uma chance. Enquanto a ciência se
debruçava em realizar cálculos, o mundo se preparava para o pior.
Os cálculos confirmando que o cometa Halley não se chocaria fica-
ram prontos dois meses antes do cometa estar o mais próximo da
terra, mas nesta altura, como ele era visível todas as noites e crescia
a olhos nus, nem imprensa e nem governos deram espaço aos físi-
cos e matemáticos.
Um século depois, vivemos novamente uma crise de incertezas
globais, mas hoje, ao contrário de 1910, temos excesso de informa-
ções. Todos palpitam, todos são especialistas em qualquer assunto,
todos se auto medicam e temos a pandemia do fake news frente a
pandemia do Covid-19. O lado bom é que a pandemia causada pelo
coronavírus irá ser tratada (seja com vacina ou medicamentos espe-
cíficos), e a triste notícia é que para as fake news não há remédio.
Esta é a pior pandemia que as futuras gerações terão que conviver,
e frente a esta, meu amigo, todos os tratamentos apresentados até
o momento parecem ineficazes. Me lembro de ter perguntado à
minha bisa, a primeira vez que ela nos contou a passagem do co-
meta Halley, como ela e seus pais conviveram com tanto medos e
incertezas? E ela, com o seu semblante sereno, respondeu: “Com
prudência, meu filho, pois a prudência é o único remédio para as
incertezas”.
Estou seguindo sua sábia resposta para conviver com ambas epi-
demias!
EDITORIAL
FRENTE ÀS INCERTEZAS, O MELHOR REMÉDIO É A PRUDÊNCIA
Fernando Andrettefernando@clubedoaudio.com.br
6 MAIO . 2020
NOVIDADES
SOM MAIOR ANUNCIA NOVOS PRODUTOS PIEROPARA AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL
A Som Maior está anunciando a ampliação de sua ampla e exclu-
siva linha de produtos Piero para automação residencial através da
inclusão de sete novos modelos de teclados e telas touch formando
as novas linhas Granite e Prism: Granite Display, Granite 6, Granite
4, Prism LCD, Prism 6, Prism 4 e Prism 2 - todos com design mo-
derno e discreto e um primoroso nível de acabamento que permite
sua harmoniosa instalação em qualquer tipo de ambiente. Além dos
diferentes recursos presentes em cada modelo, possuem também
algumas funções em comum, como sensores de proximidade (mo-
delos Granite Display e Prism) e sensores de temperatura. Através
do sensor de proximidade de ação rápida, basta nos aproximar-
mos para que o painel seja automaticamente ativado, ficando pronto
para receber comandos. Por outro lado, o sensor de temperatura
monitora de forma constante o ambiente, otimizando os ajustes de
aquecimento de piso e condicionamento de ar.
Granite Display
O Granite Display apresenta tela LCD multifuncional de 4 polega-
das de alta resolução e com comandos por toque. Através dele é
possível controlar o funcionamento de luzes, cortinas, ar condiciona-
do, aquecimento de piso, sistema de segurança e modos.
Possui ainda ajuste de luminosidade com opção de duas co-
res, interface para música para seleção de fontes musicais e teclas
de atalho para as funções mais utilizadas. Ele está disponível nas
cores prata, cinza e branca. Por outro lado, os painéis Granite 6
e Granite 4, de seis e de quatro teclas, respectivamente, comple-
mentam o display Granite e têm acabamento metálico nas cores
cinza, cinza rosada e prata. Suas teclas são do tipo push button
com acionamento sob leve pressão e apresentam ícones indica-
dores de status com retroiluminação RGB com ajuste de brilho e
cores selecionáveis.
7MAIO . 2020
Para mais informações:
Som Maior
www.sommaior.com.br
O modelo Prism LCD possui tela com comandos por toque e ajuste de brilho, enquanto que
os painéis Prism 6, Prism 4 e Prism 2 são diferenciados pelo número de teclas - seis, quatro e
duas teclas, respectivamente, com retroiluminação RGB com nível de brilho e cor selecionáveis.
Todos possuem molduras metálicas e painéis de vidro e podem ser usados para o controle de
várias funções, como abertura e fechamento de cortinas, iluminação, cenas, áudio e vídeo etc.,
e estão disponíveis nas cores branca ou preta.
Prism LCD
Granite 6
8 MAIO . 2020
HI-END PELO MUNDO
CABOS BLACK CAT COPPERTONE COM FLATWAVEA norte-americana Black Cat Cables acaba de lançar a linha
de cabos Coppertone usando como condutor principal o
Flatwave, de cobre puro e formato achatado e no formato de
uma onda, criando uma baixíssima área de contato com o
dielétrico de teflon quando montado no cabo, garantindo baixa
capacitância. O preço dos cabos Coppertone Flatwave (com
terminação) são de US$ 249 para interconexão RCA de 0,5 m
(mais US$ 50 por cada 0,5 m adicional), e US$ 399 para cabo
de caixas de 2,5 m (mais US$ 50 por cada 0,5 m adicional),
nos EUA.
www.blackcatcable.com
NOVA SÉRIE CONTOUR I DA DYNAUDIO
Com o slogan “Born in 1986...raised in 2020”, a célebre fabri-
cante dinamarquesa de caixas acústicas Dynaudio apresentou
a mais nova versão da linha Contour: a “Contour i”, agora com a
bookshelf 20i, as torres 30i e 60i, e o canal central 25Ci - todos
equipados com tweeter Esotar 2i, que têm um domo interno para
redução de ressonâncias e uma câmara traseira maior para re-
dução de distorções, sendo que a torre 60i utiliza woofers com
magneto maior e bobinas da linha Confidence, além de todas as
caixas virem com novas versões de crossover. Os preços da linha
“Contour i” ainda não foram divulgados.
www.dynaudio.com
POWER MONO/ESTÉREO VAC STATEMENT 452 IQ MUSICBLOC
A norte-americana VAC, famosa por seus prés, powers e
integrados valvulados, acaba de lançar seu power valvulado
classe A (que chega a operar em classe AB graças a um cir-
cuito de bias automático) modelo Statement 452 iQ Musicbloc,
que pode ser usado como um power estéreo (225 W por canal)
ou como monobloclo (450 W). Cada Statement vem equipado
com 8 válvulas de saída KT88 operando em modo ultralinear -
sendo compatível com válvulas KT90, KT99a, KT120 e KT150 -
e faz uso de 8 transformadores desenvolvidos pela própria em-
presa. O preço de um power Statement 452 é de US$ 75.000,
ou US$ 150.000 para o par de monoblocos, nos EUA.
www.vac-amps.com
9MAIO . 2020
CAIXAS ACÚSTICAS GÖBEL DIVIN MARQUIS
A alemã Göbel High-End, fabricante de caixas e cabos, acaba
de lançar a caixa mais acessível de sua linha top Divin, o modelo
Divin Marquis, que ia ser apresentada ao mundo nas canceladas
feiras High-End de Munique e Axpona de Chicago. As caixas
Marquis, com 1.18 m de altura, vêm equipadas com um woofer
de 12 polegadas e um médio de 8 polegadas - ambos de projeto
próprio da Göbel - além de um tweeter AMT (Air Motion Transfor-
mer) com uma grande guia de ondas em alumínio, trazendo sen-
sibilidade de 92 dB e resposta de frequência de 21 Hz à 28 kHz.
O preço do par de Göbel Divin Marquis ainda não foi divulgado.
www.goebel-highend.de
INTEGRADO VALVULADO CS-150A DA CAYIN
A chinesa Cayin, que possui uma extensa linha de amplificação
valvulada e transistorizada, assim como fontes digitais, DAPs,
cabos e acessórios, acaba de lançar o amplificador integrado
valvulado modelo CS-150A, que além de vir equipado com um
par de válvulas KT150 por canal - provendo 55 W em modo trio-
do ou 100 W em modo ultralinear - vem com outras opções
selecionáveis, como bias high/standard e realimentação nega-
tiva high/low, além de três entradas RCA e uma XLR, e controle
remoto. O preço do CS-150A - cujo acabamento laqueado é feito
em seis camadas - é de 5.400 Euros, na Europa.
en.cayin.cn
TOCA-DISCOS ACOUSTAND AUDIOPHILE EVOLUTION
A inglesa Acoustand - célebre pelo projeto e construção de
bases de alto nível para toca-discos clássicos como Technics
SP10 e Garrard 301 e 401, além de braços e acessórios - aca-
ba de anunciar seu toca-discos de vinil, modelo Audiophile
Evolution, desenvolvido e construído, segundo a empresa, utili-
zando o melhor em matéria de engenharia de precisão disponi-
vel, sendo que apenas o motor e a fonte de alimentação foram
terceirizados. Por isso, o Audiophile Evolution vem com garantia
vitalícia para seu primeiro dono. Com várias opções de pratos e
de acessórios, os preços do Evolution sem braço podem chegar
à 7.997 Euros, na Europa.
www.acoustand.co.uk
10 MAIO . 2020
OPINIÃO
AINDA ESTAMOS AQUI
Um título que nos remete à duas constatações: a imediata, que
nos lembra a pandemia que estamos vivendo, com todas as suas
consequências presentes e futuras, e a história dessa revista publi-
cada até o momento em 23 capítulos!
Podemos começar dizendo que, de todas as crises que passamos
e sobrevivemos, essa é de longe a mais dramática e com desdobra-
mentos que ainda não conseguimos dimensionar. Se formos dar ouvi-
dos aos economistas, é melhor enfiar a viola no saco, vestir o pijama
listrado e a pantufa de aposentado e esperar a morte chegar.
Se olharmos com a serenidade que o momento exige, encarare-
mos mais este desafio, respiraremos fundo, e seguiremos em frente.
Tenho trocado muitas impressões e lido muito a respeito, de como
o hi-end no mundo está se adequando a esse momento de crise. Os
principais fabricantes na Europa e Estados Unidos criaram parcerias
com suas revendas, para continuar funcionando e tentar girar seus
estoques.
A solução foi criar campanhas de ‘degustação’, em que os clien-
tes recebem os produtos em casa e tem até duas semanas para
apreciar. O quanto essa estratégia está funcionando, ninguém sabe
dizer, pois este movimento tem apenas quatro semanas. Mas, pelo
menos na Inglaterra, as notícias são animadoras, pois algumas gran-
des redes estão conseguindo sobreviver.
Fernando Andrettefernando@clubedoaudio.com.br
11MAIO . 2020
O que todos se perguntam é: como será o mercado pós pande-
mia?
Todos apontam que o mercado online será o grande vitorioso,
solidificando-se ainda mais. No entanto, sabemos que o segmento
hi-end não se encaixa nesta modalidade, pois é impossível definir
upgrades sem comparar.
Essa é a grande dúvida então: quanto tempo o consumidor levará
para voltar às lojas? E atrás dessa primeira dúvida, se desenlaçam
muitas outras: haverão consumidores interessados em investir? Ou
a recessão será tão violenta que a retração por bens duráveis será a
última a se movimentar?
As projeções neste momento soam bem sombrias, levando os
analistas a se dividirem entre os ‘muito pessimistas’ e os ‘apocalípti-
cos’. Não sei se é a idade, ou por ser um otimista incorrigível, acho
que como em todas as crises que a humanidade passou desde o iní-
cio do século 20, nossa capacidade de adaptação é impressionante!
Claro que não estou falando em voltar à normalidade assim que a
pandemia se abrandar, pois temos um longo caminho a percorrer
até a descoberta da vacina. Mas iremos nos adaptando e criando
soluções (ainda que frágeis) para sobreviver e posteriormente nos
reerguer.
O mercado hi-end no Brasil sempre foi um pequeno nicho de
mercado (diria que o nicho de um nicho), tímido em seu início, que
ganhou vulto no final do século 20 e uma década muito promisso-
ra na primeira década do século 21. Fomos protagonistas dessa
fomentação (gostem nossos críticos mais virulentos ou não), pois
conseguimos detectar um enorme potencial ‘represado’ com o final
da famigerada reserva de mercado. Nascemos muito antes desse
mercado existir de fato!
Nós podemos falar com orgulho que, quando produzimos nossa
edição número zero, havia no país dois importadores de produtos
hi-end estabelecidos oficialmente, e dois fabricantes de áudio que
começavam a entender que sem a proteção de mercado seria mais
interessante importar produtos de maior qualidade do que continuar
a fabricar.
Ajudamos todos os importadores que chegaram a partir de 1998
a se estabelecer, indicando produtos e participamos ativamente tes-
tando protótipos dos fabricantes nacionais que queriam atender a
este mercado.
Criamos eventos para mostrar ao consumidor essa nova realidade
e galgamos um crescimento vertiginoso dos negócios de 1999 a
2011.
12 MAIO . 2020
OPINIÃO
Nossas edições especiais chegaram a ter quase 200 pgs, e mais
de 80 anunciantes!
Tínhamos uma equipe de mais de 12 colaboradores de áudio e
vídeo, e uma média de 8 a 10 testes por mês!
Hoje, olhando para trás, só posso dizer que estávamos no lugar
certo, na hora certa. Afinal, vivemos e colhemos os frutos do Plano
Real, em que houve a paridade da nossa moeda com o dólar! Sim
meu amigo, já se comprou hi-end neste país com o dólar 1 para 1 -
isso não é ‘primeiro de abril’, isso ocorreu de fato!
Atravessamos a crise da desvalorização do Real em 1999, e mui-
tos disseram que o hi-end não sobreviveria. Tivemos as crises de
2001 ,2008, 2015 e, cambaleando como o pugilista que está no
‘corner’, quase jogamos a toalha - tivemos que fazer cortes, nos
adequar à diminuição dramática de anunciantes (principalmente no
mercado de vídeo) e, por fim, tomar a decisão mais difícil: transfor-
mar a publicação em online, para nos adequarmos à nova realidade.
Decisão que adiei por dois anos, lançando a Musician, para abraçar
um novo público, e tivemos ali novamente um crescimento consis-
tente de venda em bancas, mas que não nos trouxe um número
suficiente de novos anunciantes para manter a revista física, pagar
os custos de gráfica e direitos autorais dos discos encartados.
Mas diria que a Musician foi o fechamento com ‘chave de ouro’ da
fase ‘física’ da Áudio e Vídeo Magazine.
E me orgulho imensamente deste projeto editorial, ao qual me
dedico de corpo e alma para mantê-lo ainda no mercado.
O prazer ainda é pleno, acreditem.
E por saber que do outro lado temos leitores que esperam, a cada
mês, a nova edição, é que buscamos sempre inovações ou formas
de criar novos vínculos com todos vocês. Sempre fomos irrequietos,
pensando todo o tempo em como melhor atendê-los. Nem sempre
somos assertivos - damos nossas bolas fora - afinal são homens e
não máquinas deste lado. Mas uma coisa sempre deixei clara a to-
dos os nossos colaboradores: não subestimem nunca a capacidade
do nosso leitor de querer aprender. Então, sejam exigentes consigo
mesmos, e tentem descobrir o que o leitor gostaria de saber a res-
peito do produto em teste.
Nosso atual desafio é descobrir o que deseja esse leitor que
conquistamos desde que a revista se tornou online. Ele se comu-
nica muito menos, é bem mais jovem que o nosso público que nos
acompanha há duas décadas, e se manifesta esporadicamente.
Temos tido um número crescente de pedidos de testes de fones,
e uma boa receptividade em relação ao nosso último disco de tes-
tes, disponibilizado em dezembro de 2019.
Me parece que eles começaram a entender nossa filosofia edito-
rial (de disponibilizar ferramentas para que nossos leitores possam
andar com as próprias pernas). Este feedback é gratificante, pois
nos permite ir construindo uma linha editorial dentro da Audiofone
que atenda esse novo leitor.
Mas e o nosso velho leitor, o que ele pode esperar de nós? Meu
amigo, tínhamos grandes planos para este ano!
O maior deles era voltar os nossos Cursos de Percepção Auditiva,
agora realizados em nossa Sala de Referência, para 6 leitores em
cada turma. Temos 185 leitores já inscritos, faríamos duas turmas
por mês, aos sábados, e para preparar este novo ciclo de cursos,
desenvolvemos novo material didático, em que o participante, junto
com a apostila de exercícios, leva o CD com todas as faixas apre-
sentadas no Curso. Ele irá escutar em nosso Sistema de Referên-
cia, em um sistema mais modesto (mas também entrada Estado da
Arte), e depois em seu sistema. Podendo chegar à conclusões muito
consistentes sobre em que patamar seu sistema se encontra.
Para a realização desse Curso, fizemos o mais completo upgrade
no Sistema de Referência da CAVI, passando de 100 pontos para
104 pontos. Do sistema anterior só restou o transporte digital dCS
Scarlatti - todo o resto foi alterado, em um processo que levou um
ano e felizmente se encerrou antes da pandemia (caso contrário se-
ria impossível fechar o novo sistema).
Pelo número de inscritos ficou claro o quanto nosso leitor dese-
ja aprimorar seus conhecimentos e realizar seus ajustes com maior
segurança. E nos dá a certeza de que ainda faz sentido publicar
mensalmente essa publicação, e manter sua linha editorial presente
desde a edição número zero, lançada em março de 1996!
É preciso nunca esquecer o que já fizemos, e o quanto ainda
podemos realizar. Não tenho nenhuma bola de cristal para prever
o futuro, mas uma coisa posso garantir a todos vocês: enquanto
houver produtos hi-end circulando neste imenso Brasil, parceiros
comerciais interessados em saber nossa opinião à respeito de seus
produtos, fabricantes nacionais desejando nossa opinião à respei-
to de seus protótipos, lojas de equipamentos hi-end usados (algo
ainda tão pouco explorado por aqui), e leitores que desejam saber
o que pensamos e avaliamos, continuaremos trabalhando. E, claro,
enquanto houver saúde e prazer em fazer o melhor possível.
Com todos esses ‘ingredientes’, a receita do bolo estará garan-
tida!
Obrigado de coração a cada um de vocês que nos acompanham
por tanto tempo. Se pudesse (e a pandemia não existisse), meu
desejo era dar um forte abraço em todos e demonstrar meu mais
profundo respeito e carinho por vocês.
Se cuidem e cuidem dos seus entes queridos.
14 MAIO . 2020
PLAYLISTS
PLAYLISTS DE MAIO
Recebemos, até o momento, 27 playlists dos nossos leitores -
agradeço à todos que fizeram e por nos dar o prazer de compartilhar
com todos.
Gostei muito da iniciativa de alguns de, junto com sua playlist,
divulgarem o seu sistema. Seria muito legal todos enviarem a lista de
equipamentos, para também poder ser compartilhada. Os que ainda
não enviaram, fica aqui a sugestão.
Como estamos tentando mostrar as listas e colocar pelo menos
uma faixa de cada disco, publicaremos 4 playlists por edição, junto
com a nossa, para não ficar muito longo e dar a oportunidade do
leitor ouvir todas.
A minha playlist continua sendo em cima do Tidal Masters, em
melhor resolução, para que possa ser ouvida em sistemas ou fones
de melhor qualidade. Mas recomendo a todos que, se tiverem a
mídia física dessas indicações, escutarem a mídia física, só assim
terão uma ideia consistente das diferenças ainda existentes entre as
duas opções.
Minha primeira indicação é um box com sete discos, gravado
no Village Vanguard entre os anos de 1990 e 1994, do septeto do
trompetista Wynton Marsalis, chamado Selections From The
Village Vanguard Box. Uma gravação obrigatória, com uma das
melhores formações de todos os tempos. A primeira banda tinha a
Fernando Andrettefernando@clubedoaudio.com.br
15MAIO . 2020
seguinte formação: Wynton Marsalis no trompete, Wessell Anderson
no sax alto, Todd Williams no sax tenor, soprano e clarinete, Wycliffe
Gordon no trombone, Marcus Roberts no piano, Reginald Veal no
contrabaixo, e Herlin Riley na bateria. A segunda formação teve duas
mudanças: entrou o pianista Eric Reed e o saxofonista e clarinetista
Victor Goines. E a terceira formação entrou o baixista Ben Wolfe.
Foram anos de negociação entre o agente do Wynton Marsalis e a
gravadora Columbia, pois Marsalis bateu o pé que deveria sair um
box, com todas as apresentações nos 4 anos, pois havia uma cro-
nologia no repertório que se perderia se os discos fossem lançados
separados. Depois de 5 longos anos, finalmente, em 12 de julho de
1999, foi lançado o box com os sete discos. Foi matéria de jornais
e revistas em todo o mundo e ganhou inúmeros prêmios de melhor
gravação ao vivo.
Duas coisas chamaram muito a minha atenção, assim que ouvi
essas gravações, no final de 1999: o conhecimento dos dois en-
genheiros de gravação, Tim Geelan e Mark Wilder, pois é pedrei-
ra gravar 7 músicos em um palco tão reduzido como o do Village
Vanguard e ainda por cima ter o mínimo de vazamento entre os mi-
crofones e uma captação tão precisa e realista. Em um bom sistema
você é literalmente transportado para o Village Vanguard e colocado
em uma mesa privilegiada à frente do palco, a menos de 7 metros
de distância.
E a segunda bela surpresa é a virtuosidade de todos os parti-
cipantes, músicos talentosos e com um domínio integral de seus
instrumentos.
Cientes das limitações acústicas da pequena sala, e com um pú-
blico muito próximo, é possível perceber o cuidado dos músicos em
se fazer ouvir e passar toda a complexidade dos arranjos e solos. E
se ainda é preciso mais alguma coisa para lhe convencer da obriga-
toriedade de se ter este box, a escolha do repertório é simplesmente
fantástica! Exigindo que cada disco seja escutado na íntegra. Ou
seja um box com sete discos, perfeitos para essa longa quarentena.
Minha segunda dica foi lançada no dia 12 de abril de 2020. Con-
versas com Bach, um duo de piano e violino de André Mehmari e o
violinista spalla da Osesp, Emmanuele Baldini. Sugiro que essa obra
prima seja escutada em total solidão, em um momento em que o
silêncio a sua volta seja o maior possível, e que tudo o que você mais
deseje seja poder fazer uma imersão completa na música de Bach.
Dê o play e ouça a faixa 1, Sonata para Violino e Baixo Contínuo.
Será uma viagem inesquecível e absolutamente reconfortante, para
suportarmos toda essa tensão e caos que estamos passando.
Nunca escondi minha admiração por cantoras. Indiquei muitas
esses anos todos, e me orgulho de ter um ‘tino’ para descobrir
cantoras em início de carreira, e que construirão uma sólida (em
um mundo tão descartável e superficial). Kandace Springs, é uma
das cantoras que mais tem chamado atenção pela sua versatilidade
e bom gosto na escolha dos arranjos e do repertório. Interessante
que ela consegue agradar tanto o jovem que só conhece gêneros
como pop e hip-hop (e provavelmente sua gravadora também, com
maiores vendagens) para logo depois nos presentear com um dis-
co repleto de standards americanos como: Angel Eyes, Devil May
Care, I Can’t Make You Love Me, Solitude, e Strange Fruit. Canções
consagradas nas vozes de Ella, Billie Holiday, Shirley Horn e, ainda
assim, Kandace consegue fazer sua ‘versão’, com enorme talento
e bom gosto. Se conseguir se impor e mostrar a sua gravadora que
ela pode ser muito mais que uma cantora pop, tem tudo para ter
uma brilhante carreira, como Diane Reeves e Cassandra Wilson. Se
você não conhece Kandace Springs, comece ouvindo este belo
disco: The Women Who Raised Me.
Se tem um músico que trabalha como poucos a música étnica
desde os anos 80, este músico é Joe Zawinul. Fundador, junto com
o saxofonista Wayne Shorter, de uma das bandas de jazz fusion
mais emblemáticas, a Weather Report, Zawinul sempre teve uma
carreira solo paralela interessantíssima e profícua. Se o amigo leitor
quer enveredar pelos ritmos e culturas musicais de todos os con-
tinentes, uma excelente porta de entrada é ouvindo esse trabalho
Faces & Places, lançado em 2002. Sente-se confortavelmente e
comece por ouvir a faixa 2, All About Simon, e terá uma perfeita
ideia de como Zawinul trabalha a cultura local de cada continente,
dando uma roupagem sua, que mistura jazz fusion, ritmos e naipes
de metais como poucos. Na faixa 3, um saldo da África direto para o
oriente, com uma pequena introdução de Tower of Silence, e depois
a surpresa (e que surpresa meu amigo), não vou contar pois perderia
a graça. Nesta faixa 4, quem não conhece a genialidade de Zawinul
irá demorar a entender que ele grava o cantor, depois sampleia para
poder utilizar em seus inúmeros teclados. E na mixagem ele mis-
tura o cantor com suas vozes sampleadas, e o resultado é único.
Nenhum outro músico trabalha com tanto esmero e refinamento as
culturas musicais de todos os continentes. É sempre uma grande
surpresa, acredite!
Como temos nesta edição as playlists de 4 dos nossos leitores,
não vou me estender muito, indicando meu último disco para este
mês - acho que todos terão material suficiente para curtir e com-
partilhar.
Toda vez que vem alguém a nossa sala de testes, e quer ouvir o
Sistema de Referência, sempre pergunto: conhece o organista Dr.
Lonnie Smith? Se a resposta for não, começo mostrando sempre
uma faixa de seus discos. Um querido amigo publicitário, ao escu-
tar Lonnie pela primeira vez, me disse: “Parece o Thelonious Monk
do órgão”. Achei interessante ele associar o que estava ouvindo ao
16 MAIO . 2020
OUÇA SELECTIONS FROM THE VILLAGE VANGUARD BOX - WYNTON MARSALIS, NO SPOTIFY.
OUÇA CONVERSAS COM BACH - ANDRÉ MEHMARI E EMMANUELE BALDINI, NO SPOTIFY.
OUÇA THE WOMEN WHO RAISED ME - KANDACE SPRINGS, NO SPOTIFY.
Thelonious. Para mim ele é uma mistura de Sun Ra, algo de
Thelonious, Mingus e Miles Davis. Sou fã de carteirinha, pois ele
possui uma assinatura única (como a que encontramos nos exímios
guitarristas, que basta um acorde e já sabemos quem está tocando).
Evolution, lançado em 2016, está na safra de seus mais recentes
trabalhos. O que ele costuma fazer é construir uma base, geralmen-
te em cima do órgão, bateria e guitarra base, e depois convidar mú-
sicos solistas. Já teve a fase de dois guitarristas, de uma guitarra
solo e trompete, e agora parece (só parece, pois não se pode confiar
muito nos caminhos de Lonnie), que ele entrou na fase de dois sa-
xofonistas e trompete como convidados. O que mais impressiona
na sua forma de tocar, é a versatilidade de sua mão esquerda no
baixo, diferente, ousado e extremamente criativo. Tanto que desde a
primeira nota o ouvinte não sente a menor falta de um contrabaixo,
nunca! E seus solos são desconcertantes, pois ainda que tenha mui-
ta destreza e velocidade, é de uma inteligibilidade impressionante.
Arrisco dizer que seu órgão Hammond B3 deva ter sido todo ‘tur-
binado’, pois não é comum se extrair esse grau de realismo deste
instrumento. Pelo contrário, em um sistema muito bom o que mais
se escuta é ruído e vibrações dos falantes na caixa do órgão.
Espero que você goste de alguma dessas indicações e o ajude a
tornar essa quarentena mais suportável. Continuarei aguardando a
sua playlist, pois certamente você também tem excelentes suges-
tões para nos passar.
PLAYLISTS
17MAIO . 2020
OUÇA EVOLUTION - DR. LONNIE SMITH, NO SPOTIFY.
OUÇA FACES & PLACES - JOE ZAWINUL, NO SPOTIFY.
Fique agora com as playlists dos nossos leitores: Paulo Wang,
André Mantovani, José Vita e João Antônio Oliveira César.
01 - PINK FLOYD - WISH YOU WERE HERE
PLAYLIST DE PAULO WANG
02 - JENNIFER WARNES - FAMOUS BLUE RAINCOAT
03 - ALAN PARSONS PROJECT - I ROBOT
04 - MILES DAVIS - KIND OF BLUE
05 - OSCAR PETERSON - NIGHT TRAIN
06 - ERIC BIBB - SPIRIT AND THE BLUES
07 - BUENA VISTA SOCIAL CLUB
08 - NEW ORLEANS PRESERVATION JAZZ BAND
09 - JAZZ AT THE PAWNSHOP
10 - WYNTON MARSALIS - FROM THE PLANTATION TO THE PENITENTIARY
18 MAIO . 2020
01 - CARLOS KLEIBER - BEETHOVEN 5ª SINFONIA
PLAYLIST DE JOSÉ VITA
02 - BEN WEBSTER - GENTLE BEN
03 - TSUYOSHI YAMAMOTO - MIDNIGHT SUGAR
04 - BLUES BROTHERS SOUNDTRACK
05 - ROBERTA FLACK - FIRST TAKE
06 - LED ZEPPELIN - LED ZEPELLIN III E IV
07 - THE BAND - THE LAST WALTZ
08 - DISTURBED - IMMORTALIZED (FAIXA: THE SOUND OF SILENCE)
09 - JONI MITCHELL - BLUE
10 - JOHNNY CASH - AMERICAN IV
01 - RADIOHEAD - THE KING OF LIMBS
PLAYLIST DE ANDRÉ MANTOVANI
02 - BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB - B.R.M.C
03 - MUDDY WATERS - THE FOLK SINGER
04 - RY COODER - PARIS TEXAS
05 - THE CURE - IN CONCERT
06 - AC/DC - HIGHWAY TO HELL
07 - COLDPLAY - PARACHUTES
08 - THE CHEMICAL BROTHERS - WE ARE THE NIGHT
09 - OS MUTANTES - OS MUTANTES
10 - THE DANDY WARHOLS - THIRTEEN TALES FROM URBAN BOHEMIA
PLAYLISTS
19MAIO . 2020
PLAYLIST DE JOÃO ANTÔNIO OLIVEIRA CÉSAR
01 - U2, MICK JAGGER E FERGIE - GIMME
02 - TONY BENNET E ALEJANDRO SANZ - YESTERDAY I HEARD THE RAIN
03 - JEFF BECK E JOSS STONE - PEOPLE GET READY
04 - JAMES TAYLOR - DADDY’S ALL GONE
05 - MILES DAVIS - NEW BLUES (1:01:25)
06 - MOZART - CLARINET CONCERTO IN A MAJOR, K.622 (13:00)
07 - CINEMA PARADISO - YO-YO MA AND CHRIS BOTTI
08 - SCHINDLER’S LIST - JOHN WILLIAMS - NL ORCHESTRA
09 - PEDRO IACO E ANDRÉ MEHMARI - ASSOMBROSA
10 - IAN SHAW - BARANGRILL
20 MAIO . 2020
21MAIO . 2020
JAZZ, FOLK ROCK & CLÁSSICOChristian Prukschristian@clubedoaudio.com.br
Outro dia eu fui lembrado, por um amigo, da minha “alergia por
música nova”, segundo ele (risos!). Antes de me acusarem de mau
humor, eu acho que tem ainda muita música boa, desde a compos-
ta nos últimos séculos até, principalmente, a que tem sido gravada
na era da Alta-Fidelidade, da década de 1950 para cá. Eu mesmo
continuo achando gravações especiais e música muito interessante,
desse período, constantemente. Quando eu esgotar esse repertório
nesta coluna, procurarei nova música - quem sabe, deve ter muita
coisa interessante por aí.
Não é preconceito meu. Meu pensamento, já faz algum tempo, é
o de usar e abusar desta coluna para resgatar gravações que têm
boa qualidade musical e sonora, que já fizeram parte do repertório
audiófilo/melômano, nos últimos 30 anos, pelo menos - ou seja, in-
clui minha participação nesse nicho.
Seria, talvez, um pouco parcial ou até mesmo ‘oco’, se o crité-
rio fosse apenas o da qualidade de som - nesse quesito existem
DISCOS DO MÊS
montes e montes de gravações que foram usadas em casas de au-
diófilos, showrooms de importadores e revendedores, hi-end shows
mundo afora (e adentro). Eu jamais tenho idéia de fazer isso. Desde
sempre meu primeiro e primordial critério para ouvir música é a qua-
lidade musical e interpretativa - tanto que tenho e ouço dezenas
de discos de qualidade sonora duvidosa, o que às vezes exige um
bocado do ouvido, porque não abro mão da música boa que está
nesses discos. Mas, usando esse critério em conjunto com o critério
secundário - o da qualidade sonora - dá para enriquecer bem o
repertório de todos nós audiófilos-melômanos.
Então, não se preocupem: nosso caminho aqui no Discos do Mês
será longo, e prazeroso.
No capítulo de hoje temos: um jazz post-bop e de improviso que
é disco de cabeceira de muita gente (mas não sei se cabe na cabe-
ceira do Fernando Andrette, que se já é grande na era do CD, ima-
gina o tamanho que era quando ele só ouvia vinil, rs), um folk rock
22 MAIO . 2020
Para muitos este disco dispensa apresentações - é um velho co-
nhecido de muitos audiófilos e fãs de jazz. E é simplesmente meu
disco preferido de piano solo, do qual tive a felicidade de usufruir
em uma bela prensagem alemã da gravadora ECM na maioria das
minhas audições.
São 66 minutos de piano solo, principalmente em improviso ja-
zzístico, o que para muitos pode parecer pouco palatável, mas na
verdade é muito bonito e prazeroso de ouvir, quase sempre na ín-
tegra - se o Jarrett passa a impressão de estar em uma espécie de
transe, a gente ouvindo acaba tendo um envolvimento semelhante.
No Teatro de Ópera da cidade de Köln (em português Colônia), na
Alemanha, na noite de 24 de janeiro de 1975, um público de aproxi-
madamente 1400 pessoas testemunhou uma performance especial
do pianista americano de jazz Keith Jarrett, a qual foi, felizmente,
gravada e lançada em LP duplo (e, muito depois, em CD simples).
O registro ao vivo foi feito pela gravadora de jazz alemã ECM
(cujo desdobramento é Editions of Contemporary Music, e eu não
sabia disso), que famosa até hoje por gravar e publicar discos de
músicos conhecidos, como Egberto Gismonti, Jan Garbarek, Chick
Corea, Pat Metheny e muitos e muitos outros. O engenheiro da ECM,
Martin Wieland gravou o piano com apenas um par de microfones
valvulados Neumann U67, ligados à um gravador de rolo portátil
Telefunken M5.
DISCOS DO MÊS
Keith Jarrett - The Köln Concert (ECM, 1975)
O concerto, conta a história, quase não aconteceu. Jarrett, um
notório perfeccionista, estava sofrendo há dias de dores nas cos-
tas - o que lhe havia tirado as noites anteriores de sono - e havia
feito um concerto em uma cidade próxima dois dias antes. Teve que,
nessas condições, fazer uma viagem de carro de 350 km até Colô-
nia. Não bastasse isso, os organizadores do concerto, que haviam
prometido à Jarrett um grand piano Bösendorfer 290 Imperial, um
dos melhores grand pianos do mundo, meteram os pés pelas mãos
e levaram ao Teatro um Bösendorfer Baby Grand, um piano menor e
que estava em mau estado, completamente desafinado e cheio de
defeitos - um piano que era usado para ensaios no teatro, principal-
mente ensaios de ópera.
Com dor nas costas que fazia necessário que Jarrett usasse uma
cinta para aguentar, privado de noites de sono e com um piano que,
se estivesse em bom estado daria um som sem grande brilho ou
alcance nos agudos e magro nos graves, Jarrett declarou que de-
sistiria do concerto.
Uma alemã - de 17 anos - promotora de concerto, Vera Bran-
des, arrumou quem afinasse o piano à toque de caixa (apesar da
expressão, fiquei imaginando alguém afinando um piano “à toque
de caixa”, rs), sentou-se para conversar com Keith Jarrett para con-
vencê-lo a tocar para a platéia já cheia e na expectativa. O fato é
que não havia tempo para trazer um piano melhor, e uma chuva
forte tomava conta da cidade, inviabilizando de vez essa ideia. Diz a
lenda que os esforços de Brandes, somados ao fato de que a ECM
já havia armado os microfones para a gravação, convenceram Jar-
rett a, enfim, sentar-se ao piano, às 11:30 da noite - e dar uma das
performances mais memoráveis e influentes do piano solo de jazz
de todos os tempos.
Nos 66 minutos de improvisação, Jarrett usou vários recursos -
como o intenso e percussivo uso da mão esquerda para compensar
o som magro do piano - e a já afamada (e registrada) mania de
cantarolar junto com a melodia, de emitir ruídos e exclamações du-
rante várias passagens. É, até hoje, uma de suas mais memoráveis
performances solo.
O interessante é que o The Köln Concert chegou a vender perto
de 4 milhões de álbuns, sendo o mais vendido disco de piano solo
de todos os tempos.
A música de The Köln Concert já foi gravada por outros pianistas,
assim como já foi usada em trilhas sonoras. Em 1992, em uma en-
trevista para uma revista alemã, Jarrett reclamou dessa populariza-
ção, dizendo que: “Nós também precisamos aprender a esquecer
música, caso contrário ficaremos viciados no passado”. Olha, caro
Keith Jarrett, eu sou assumidamente viciado no passado!
gravado na década de 90 reunindo uma banda clássica dos anos
70 e, por fim, uma das grandes sinfonias do repertório Romântico
do século 19.
Vamos à eles:
23MAIO . 2020
Keith Jarrett
Nascido no estado da Pensilvânia, nos EUA, em 1945, Keith Jar-
rett continua ativo, gravando pela ECM Records e pelo selo Impul-
se - com uma extensa discografia de jazz, que inclui duos, trios,
quartetos, quintetos e muitos trabalhos somente para piano solo,
sendo que muitos de seus discos foram gravados ao vivo. Jarrett
também se aventurou na música clássica, com composições pró-
prias mesclando com jazz, e interpretando obras de compositores
conhecidos, como Hovhaness, Bach, Handel, Shostakovich e Arvo
Pärt - tendo participado de gravações para o selo ECM de obras
deste último. Jarrett foi casado mais de uma vez e tem dois filhos:
um baixista e outro baterista.
Perguntaram à ele o porquê das vocalizações que ele faz durante
suas performances, e ele respondeu que ele fica carregado de emo-
ção e simplesmente põe para fora, que são mais uma interação com
a música do que uma reação à ela. “Felizmente para mim, não faço
isso quando toco música clássica”, disse ele.
Atenção especial às faixas... bom, atenção especial ao disco
inteiro!
QUALIDADE DE SOM
MUSICALIDADE
Pode ser encontrado em: CD / LP / Sites de Streaming seleciona-
dos. É um disco que fez muito sucesso e vendeu bastante, portanto
bastante fácil de encontrar. As prensagens em vinil importadas da
ECM soam muito bem, e me disseram que a remasterização hi-res
está muito boa - apesar de eu não ter conseguido acesso à mesma.
Ouvi com bastante prazer a versão disponível em sites de streaming.
24 MAIO . 2020
Acho que, pelo menos na audiofilia, tem dois tipos de fãs do grupo
de folk rock Eagles: os que ouvem a banda desde a década de 70
(e eles têm vários discos de estúdio dessa época que são um bo-
cado bem gravados) e os que, no meio da década de 90, ouviram à
exaustão o hit Hotel California em seus sistemas superlativos, feiras
e showrooms.
Bom, acho que está mais do que na hora de tirar a poeira desse
disco e deixar ele rodar de novo, por vários motivos, sendo os prin-
cipais: é um bocado bem gravado e muitas faixas além de Hotel
California merecem ser ouvidas de olhos fechados, também por sua
qualidade musical.
No começo de uma das faixas, o vocalista e guitarrista Glenn Frey
declara, brincando: “Só para constar: a banda nunca se separou,
a gente apenas tirou 14 anos de férias”. Com uma carreira curta,
de 1971 à 1980, os Eagles se formaram com Glenn Frey e Bernie
Leadon nas guitarras, Randy Meisner no baixo e Don Henley na ba-
teria. Destes apenas Glenn Frey teve uma carreira solo de amplo
sucesso (principalmente com o hit The Heat is On, usado no filme
Um Tira da Pesada), apesar do trabalho de Don Henley também ser
bastante conhecido, com cinco álbuns de estúdio, além estar nos
Eagles reunidos até hoje. Em formações posteriores, o Eagles “Clás-
sico” foi formado por Glenn Frey, Don Henley, Don Felder, Joe Walsh
e Timothy B. Schmit - e é essa formação que volta para esse disco
de “reunião”, 14 anos depois.
Eagles - Hell Freezes Over (Geffen Records, 1994)
Enfim, em 1994, os Eagles se reuniram para, com seu folk rock
melódico e memorável, fazer um disco ao vivo muito bem gravado
e interessante, principalmente acústico, chamado Hell Freezes Over,
contando principalmente com versões de grandes sucessos deles
com um arranjo e produção top. Além do disco, o material foi muito
bem filmado para originar um DVD/Blu-Ray e passar como um dos
especiais da MTV Unplugged, que estavam na moda na época (vide
outro diamante que é o disco Unplugged, do Eric Clapton). O espe-
cial da MTV, gravado nos Estúdios da Warner Bros, em Burbank na
Califórnia, originou 11 faixas para uso no disco Hell Freezes Over, as
quais foram mixadas em DTS para o DVD e depois para o Blu-Ray. A
banda aproveitou essa reunião como mote, e fez uma de suas mais
rentáveis turnês até hoje.
O show/DVD/CD conta com uma equipe de mais de 10 músicos
extras, principalmente percussionistas (incluindo o grande Paulinho
da Costa) e membros da Orquestra Filarmônica da Burbank na faixa
New York Minute.
Ficando em primeiro lugar na Billboard durante duas semanas, ele
vendeu 9 milhões de cópias só nos EUA. Não foi só saudosismo,
pois os Eagles sempre foram famosos pela qualidade de seu tra-
balho e pelos numerosos sucessos que fizeram nos anos 70, com
faixas como a afamada Hotel California, Tequila Sunrise, New York
Minute, Take it Easy, Desperado, e várias outras. Os Eagles, em sua
carreira, venderam mais de 200 milhões de discos no mundo todo,
e constam na posição 45 dos “100 Maiores Artistas de Todos os
Tempos”, da célebre revista americana Rolling Stone. Desde 1998, a
banda faz parte também do “Rock & Roll Hall of Fame”.
O nome do disco originou-se de uma resposta que Don Henley
deu em uma entrevista, logo após a separação do grupo em 1980.
Quando perguntado sobre um possível retorno da banda, Henley
respondeu “When hell freezes over!” - “Quando o inferno congelar!”.
Tanto que o título do disco pode ser lido como uma afirmação: “O
Inferno Congela”.
Após Hell Freezes Over, a banda deu continuidade com o álbum
de estúdio Long Road Out of Eden, além de várias turnês ao vivo.
Problemas com um de seus membros originais, Don Felder, que foi
demitido da banda em 2001, deram origem à processos multimilio-
nários contra a banda, lavando um bocado de roupa suja contratual
e societária. E em janeiro de 2016, Glenn Frey faleceu de pneumonia
e complicações devido ao uso de medicamentos contra uma artrite
recorrente, sendo que a banda continua se apresentando com um
de seus filhos, Deacon Frey, fazendo sua parte nos vocais.
DISCOS DO MÊS
25MAIO . 2020
Eagles
Destaque para as faixas Tequila Sunrise, e Pretty Maids All in a
Row, dentre várias outras. É um disco extremamente melódico e
agradável de ouvir.
Pode ser encontrado em: CD / LP / Sites de Streaming selecio-
nados. O CD é muito muito bom, assim como a versão que está em
streaming está bem boa, mas os discos de vinil são da era atual de
prensagens especiais, que se tornaram caríssimas e cujas tiragens
esgotam rápido - não tive acesso à esses, mas continua na minha
lista de compras obrigatórias.
QUALIDADE DE SOM
MUSICALIDADE
OUÇA UM TRECHO DA GRANDE VERSÃO DE ‘HOTEL CALIFORNIA’, NO YOUTUBE: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=5EHYHT_KX5I
26 MAIO . 2020
DISCOS DO MÊS
Toda a minha paixão e fascinação por música clássica come-
çou com o repertório do período do Romantismo, no século 19,
e os grandes mestres da sinfonia e do uso de grandes orques-
tras, de grandes grupos musicais. Comecei com a obra do russo
Tchaikovsky e sua fenomenal Quarta Sinfonia, quando eu tinha ape-
nas 4 ou 5 anos - coisas de ser filho de um audiófilo fanaticamente
melômano.
O pioneiro do Romantismo, ou período Romântico, acredito ser o
célebre alemão Beethoven, com sua Terceira Sinfonia, batizada de
“Eroica”, composta em 1804, que já trazia os elementos necessá-
rios, os temas análogos ao movimento literário e artístico do roman-
tismo, e a necessidade da orquestra crescer para o completo e bom
desenvolvimento de suas sinfonias mais complexas.
Sendo o Tchaikovsky o principal dos expoentes russos desse gê-
nero, era ele também considerado um ‘romântico tardio’, pois suas
principais composições chegaram ao mundo mais para o final do
período Romântico. Já o compositor em questão aqui, o austría-
co Anton Bruckner, é considerado às vezes também um ‘romântico
tardio’, já que a maioria de suas sinfonias foram do período final do
século 19, mas também é dito que sua Quarta Sinfonia estava es-
treando no que seria o ápice no movimento.
Os primeiros e maiores expoentes do movimento Romântico na
música clássica foram os alemães - tanto que é comum se referir à
alguns compositores como um ‘romântico alemão’, como Schubert,
Schumann, Brahms e uma grande parte da obra de Beethoven, e
a maioria das obras deles pegou o mundo de assalto na primeira
metade do século 19.
Bruckner - Symphony nº.4 “Romantic” - Staatskapelle Berlin, Barenboim (Deutsche Grammophon, 2017)
A belíssima Quarta Sinfonia de Bruckner, batizada por ele mesmo
de “Romantic”, foi composta em 1874 - e é provavelmente sua obra
mais popular - sendo várias vezes revisada até 1888. Um tanto er-
roneamente, Bruckner é às vezes chamado de ‘romântico alemão’,
apesar de ser austríaco, mas existe um bocado do estilo germânico
em sua obra.
Certamente a Quarta de Bruckner é uma das sinfonias mais grava-
das do repertório sinfônico romântico. Tentei fazer um levantamen-
to de quantas gravações da obra existem em CD, ou mesmo em
streaming, e perdi a conta nas dezenas - muitas e muitas dezenas.
Me parece que todos os regentes que se prezam e têm (ou tiveram)
um contrato com uma gravadora, eventualmente gravaram a Quarta
Sinfonia de Bruckner - ou, pelo menos, é essa a impressão que dá.
Como é uma obra que eu gosto muito, eu acabo - graças à dis-
ponibilidade do streaming - ouvindo todas as versões que consigo,
até por as minhas mãos na que eu considero ‘definitiva’, por causa
de sua interpretação e leitura por um regente e uma orquestra de
altíssimo nível e, secundariamente, por causa da boa qualidade de
captação e gravação - e isso é muito importante porque algo bem
captado e gravado cria uma conexão mais profunda com o ouvinte,
transporta ele para dentro da sala de concerto, traz ele para dentro
Anton Bruckner
28 MAIO . 2020
Daniel Barenboim
da experiência que o compositor queria que seus fãs tivessem. E aí
chegamos na orquestra alemã Staatskapelle Berlin, e no regente ar-
gentino Daniel Barenboim - que estão entre os melhores intérpretes
existentes da obra de Bruckner.
Daniel Barenboim, nascido na Argentina de uma família de origem
judaica, começou como pianista e depois tornou-se um dos maiores
regentes de orquestra da atualidade, sendo que ocupou cargos de
diretor musical de orquestras como a La Scala de Milão, a Orquestra
de Paris e a Sinfônica de Chicago, chegando a gravar para grandes
selos de música clássica também com a célebre Filarmônica de Ber-
lim. Dentre seus projetos está a West-Eastern Divan Orchestra, com-
posta simultaneamente de músicos jovens de origem árabe e de
origem israelense - e é um crítico ferrenho da ocupação de territórios
palestinos pelo Estado de Israel. Barenboim também é conhecido
por ter sido casado com a celista inglesa Jacqueline du Pré - uma
das maiores virtuoses do instrumento de todos os tempos - desde o
final da década de 60 até a morte trágica dela por esclerose múltipla,
em 1987.
Para um regente de alto calibre, sua principal orquestra é hoje a
Staatskapelle Berlin, a orquestra residente da Ópera de Berlim, na
Alemanha, uma orquestra que tem suas raízes no século 16.
Com a Staatskapelle, Barenboim gravou o ciclo completo da sin-
fonias de Anton Bruckner, cujo lançamento coincidiu com a apresen-
tação do próprio ciclo no Carnegie Hall, em Nova York, mostrando
QUALIDADE DE SOM
MUSICALIDADE
OUÇA UM TRECHO DO SEGUNDO MOVIMENTO DA SINFONIA, NO YOUTUBE: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=EFBRJSRKAA8
DISCOS DO MÊS
a grande afinidade entre orquestra e regente, e a afinidade de
Barenboim com as sinfonias do mestre austríaco.
Destaque especial para.... a obra inteira, dentre várias outras
obras do mesmo compositor.
Pode ser encontrado em: CD / Sites de Streaming selecionados.
Eu não consegui encontrar o CD somente da Sinfonia nº.4, apenas
achei o ciclo completo, a caixa com 9 CDs com todas a sinfonias
de Bruckner. A mesma coisa nos serviços de streaming: apenas a
caixa completa (como ilustra a imagem aqui desta matéria). Existem
dois outros ciclos das sinfonias de Bruckner com Barenboim regen-
do (um com a Sinfônica de Chicago, outro com a Filarmônica de
Berlim), mas eu considero este com a Staatskapelle o melhor. Vale,
para quem curtir, conferir também as outras sinfonias do ciclo.
GRAÇA E ELEGÂNCIA NO MESMO PACOTE
LIBERDADE TOTAL
SONY WALKMAN NW-A45
FONE DE OUVIDO SONY WI-C200
E MAIS
NOVIDADES DE MERCADO
GUIA DE REFERÊNCIA
GRANDES NOVIDADES DAS PRINCIPAIS MARCAS DO MERCADO
CONFIRA TODOS OS FONES JÁ TESTADOS PELA AVMAG
SEU GUIA DE FONES DEFINITIVO
4
MAIO 2020
ANO 1
31MAIO . 2020
ÍNDICE
36FONE DE OUVIDO SONY WI-C200
40
34
EDITORIAL 32
RELAÇÃO FONES/DACS 46
Tão prejudicial quanto excederno volume é utilizar um fonede procedência duvidosa
Relacionamos todos os fones e amplificadores/DACs de fones que já foram publicados na Áudio e Vídeo Magazine
TESTES DE ÁUDIO
Fone de ouvidoSony WI-C200
36
Sony Walkman NW-A4540
NOVIDADES 34
Grandes novidades das principais marcas do mercado
32 MAIO . 2020
Todos nós já erramos ou fizemos escolhas estúpidas. Então, an-
tes de sair julgando, gostaria que todos vocês leitores vissem este
editorial como um alerta, ok? Principalmente um alerta aos mais jo-
vens que, muitas vezes, dependem do fone que tiver a mão para
ouvir música em seu smartphone. Sabemos que os fones que estão
inclusos no pacote na compra do celular, com raríssimas exceções,
são bem limitados (para ser educado e não dizer “ruim”, mesmo).
Para complicar ainda mais, sabemos que a perda de audição é to-
talmente assintomática nos primeiros estágios, o que dificulta muito
estabelecer os limites para um jovem do volume seguro. Ainda que
todos os celulares indiquem este limite com um alerta, quando se uti-
liza um fone de baixa qualidade, seu desequilíbrio tonal é tão intenso
que, se não ‘violar’ a limitação de volume, o som é completamente
sem graça. Falta grave, peso e aquela sensação de envolvimento.
Mas um fone de qualidade duvidosa não têm apenas o desequilíbrio
tonal como principal problema, pois consequentemente, neste pa-
cote, está incluso também baixa inteligibilidade. Agora some todos
esses defeitos às limitações também do próprio celular, e teremos a
‘tempestade’ perfeita, para uma tragédia em termos de alto índice
de surdez que assola o mundo. Aí o jovem desavisado, na busca de
‘driblar’ todas essas limitações, sempre excede o volume correto e
seguro e começa a sofrer rapidamente de uma outra consequên-
cia nefasta, anterior a perda de audição: a fadiga auditiva. Estudos
recentes, feitos com mais de 5000 jovens na Inglaterra, constata-
ram que a utilização de fones de ouvido por mais de 4 horas diárias
EDITORIAL
TÃO PREJUDICIAL QUANTO EXCEDER NO VOLUME É UTILIZAR UM FONE DE PROCEDÊNCIA DUVIDOSA
Fernando Andrettefernando@clubedoaudio.com.br
mostrou um número alarmante no crescimento de enxaqueca crô-
nica, causada pela fadiga auditiva constante. E por mais que sejam
feitas campanhas de esclarecimento pelos governos, leis sejam cria-
das e os fabricantes de celulares e fones de ouvido sejam obrigados
a alertar o consumidor dos perigos, a melhor solução é a conscienti-
zação. Felizmente muitos fabricantes de fones conseguem oferecer
hoje fones baratos com um padrão de qualidade bem seguro em
termos de equilíbrio tonal. Este é o principal problema a ser solucio-
nado, pois com um fone com um bom equilíbrio tonal o usuário não
precisa exceder o volume ‘seguro’ para escutar sua música com
prazer e não sofrer fadiga auditiva (desde que não exceda as 3 a 4
horas diárias de audição). E como descubro se meu fone possui um
equilíbrio tonal correto? Simples: escolha duas ou três músicas que
não são ‘turbinadas’ nos graves (de preferência músicas com pou-
cos instrumentos), e coloque no volume seguro. Se conseguir ouvir
graves sólidos, com peso, médios com total inteligibilidade e agudos
limpos, mas não brilhantes, este fone atende aos requisitos de bom
equilíbrio tonal. Mas, lembre-se: é preciso que o equilíbrio tonal se
apresente sem ter que passar do volume seguro. Outra possibilida-
de ainda mais segura, para ser ainda mais assertivo na escolha do
seu fone, é utilizar o CD que você baixa no nosso site, exclusivamen-
te para essa finalidade. Se você tomar todas essas medidas para es-
colher seu fone, garanto que sua audição estará segura por muitos
e muitos anos, e seu prazer em ouvir suas músicas será redobrado.
Nossas escolhas podem melhorar muito nossa qualidade de vida!
34 MAIO . 2020
NOVIDADES
OS NOVOS E INOVADORES RECURSOS JÁ PRESENTES NOS GALAXY BUDS+ CHEGAM VIA ATUALIZAÇÃO, PARA VOCÊ LEVAR SUA MÚSICA
AONDE QUER QUE VÁ
A Samsung está trazendo novos recursos de conectividade para
os Galaxy Buds, por meio de uma atualização de software já dispo-
nível. Já existentes nos Galaxy Buds+, essas soluções permitem que
os usuários dos Galaxy Buds curtam sua música com mais facilida-
de do que nunca, independentemente do ambiente em que estejam.
Está mais fácil parear seus Galaxy Buds com seu PC
Com o recurso Microsoft Swift Pair, agora você pode parear facil-
mente seus Galaxy Buds com seu PC com Windows 10. Isso permi-
te que você utilize a inovadora qualidade de som dos Galaxy Buds
em seu trabalho e em reuniões por videoconferência, ou simples-
mente ouça as músicas que ajudam você a encarar o expediente.
Agora compatíveis com o Swift Pair, os Galaxy Buds ganham o mes-
mo suporte dos Galaxy Buds+ a várias experiências de pareamento
em dispositivos móveis e PCs, oferecendo a liberdade para você se
conectar facilmente e alternar entre seus dispositivos favoritos.
Fique ligado ou desligado do mundo ao seu redor
Com essa atualização, e pela primeira vez nos Galaxy Buds, você
poderá ouvir o quanto quiser do mundo externo como modo Som
Ambiente com volume ajustável. Basta colocar os seus Buds e você
poderá ouvir o ambiente em que você está e prestar atenção no
mundo ao seu redor, na sua medida, mesmo quando estiver assis-
tindo a vídeos ou ouvindo suas músicas favoritas com o volume alto.
Para mais informações:
Samsung
https://www.samsung.com/br/wearables/all-wearables/?galaxy-buds
Além disso, você pode usar o Som Ambiente mesmo com apenas
um dos fones, tendo mais opções para você ficar ligado (ou não) no
mundo ao seu redor.
Ouça instantaneamente sua playlist personalizada: é só
pressionar
Agora, os usuários do Spotify podem ouvir instantaneamente mú-
sicas personalizadas em seus Galaxy Buds, através de um toque
sobre o dispositivo. Basta um toque prolongado no touchpad de
um dos Buds, para abrir diretamente o Spotify e reproduzir a música
do ponto em que haviam parado. Não sabe o que ouvir? Pressione
de novo, e o Spotify vai recomendar playlists sob medida, para que
você possa descobrir suas novas músicas favoritas sem esforço al-
gum usando seus Galaxy Buds. Com essas atualizações, é possível
escutar a sua trilha sonora pessoal instantaneamente, assim que
quiser, sem precisar acionar seu smartphone.
36 MAIO . 2020HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=B7F2UFK3SIK
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:
37MAIO . 2020
FONE DE OUVIDO SONY WI-C200
TESTE FONE 1
Em novembro de 2019, a Sony lançou no Brasil o fone Bluetooth
intra-auricular WI-C200. Um fone com fios, mas que utiliza a tecno-
logia Bluetooth para conexão com outros dispositivos. Pequeno e
extremamente leve, seu design é perfeito para quem pratica espor-
tes ou adora fazer caminhadas ao ar livre.
A embalagem do WI-C200 é minimalista, não tem firulas ou saqui-
nhos de tecido - nela cabe apenas o fone, o cabo de alimentação e
os três auriculares tamanhos P, M, G, e o manual dobrado pratica-
mente como um origami.
O formato esguio e arredondado dos compartimentos eletrônicos
fez com que a Sony colocasse as funções mais importantes em ape-
nas três botões: Ligar, Desligar, atender chamadas. Assistente de
voz e parear ficam no botão do meio, aumentar e diminuir volume ou
mudar faixas ficam à direita e à esquerda deste botão central. Como
se achasse pouco, ainda colocou a porta USB-C para alimentação
da bateria também no mesmo compartimento, do lado esquerdo.
No segundo compartimento do lado direito, não há botão algum -
ele abriga a bateria e funciona como elemento estético e funcional,
contrabalançando o peso em dois pontos iguais.
Talvez pelo seu tamanho mínimo não tenha sobrado espaço
para outras tecnologias que comumente acompanham os fones
Bluetooth da Sony, como cancelamento de ruído ativo, NFC e Quick
Attention, que permite conversar sem precisar tirar os fones do
ouvido.
Como dito acima, a Sony fornece um cabo de alimentação, mas
não o carregador. Esta é prática comum entre todos os fabricantes,
sendo assim, é necessário utilizar um computador ou o carregador
do smartphone para alimentar a bateria do WI-C200. A bateria tem
duração de quinze horas e devo dizer que é bastante pelo tamanho
da mesma.
Juan Lourençorevista@clubedoaudio.com.br
38 MAIO . 2020
Os drivers de 9mm, de neodímio, além de serem extremamente
eficientes, pesam 9 gramas apenas, e com eles a Sony resolveu
aquele velho problema dos fones se enrolarem todo nos fios. Como
o neodímio é um imã super potente, quando não em uso, os dois
fones se mantém sempre unidos.
COMO TOCA
Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony
Walkman NW-A45, Smartphone Samsung A7 (2018).
O fone chegou amaciado, então rapidamente o colocamos para
tocar por duas horas para estabilizar as partes mecânicas e, em
seguida, iniciamos a avaliação.
A vedação do auricular de silicone é muito boa. Além disso, ele
não interfere na propagação das freqüências, com isto se ganha um
arejamento e uma velocidade e clareza na região média e nas altas
que faz o WI-C200 lembrar um fone aberto (claro, guardadas as
devidas proporções) - mas, certamente, neste quesito ele é um dos
melhores de seu tipo que já escutei!
As músicas ganham uma clareza e um senso rítmico muito inte-
ressante. O grave tem menos textura do que gostaria, achava que
ele pudesse se igualar ao JBL Everest 150 NC, mas não. Os har-
mônicos dos graves e subgraves estão lá, sentimos descer, mas
se comportam como graves de uma nota só, embora se esforce
bastante para diferenciar as notas, os semitons ficam levemente per-
didos na música.
A leveza deste fone é algo invejável - o JBL Everest Elite 150NC
perto dele é um elefante! Com este atributo à favor, as audições só
se encerravam por conta do meu limite pessoal de adicionar pausas
de pelo menos duas horas às audições com fone de ouvido.
Os gêneros musicais que mais se dão bem com o C200 são os
gêneros pop, rock e também o blues e jazz. Por conta de seu eleva-
do grau de arejamento e ambiência, ele até se sai relativamente bem
com música de câmara, mas música de concerto só para audições
mais descompromissadas.
CONCLUSÃO
A Sony acertou com o modelo WI-C200, e seu maior trunfo é o
seu som cativante e animado. A leveza e a sensação de que esta-
mos com um fone ‘aberto’, por vezes nos fazer esquecer que es-
tamos com um fone intra-auricular. Seu design enche os olhos, ao
mesmo tempo em que é extremamente discreto: em contraste com
a camiseta ou casaco ele some das vistas! O que com certeza nos
faz pensar que este pode mesmo ser o fone que nos acompanhará
todos os dias.
FONE DE OUVIDO SONY WI-C200
39MAIO . 2020
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Tipo de fone de ouvido
Tamanho do driver
Magneto
Resposta de frequên-cia (comunicação bluetooth®)
Controle de volume
Estilo de uso
Nfc
Tempo de carrega-mento de bateria
Método de carrega-mento de bateria
Duração da bateria (tempo de reprodução de música contínua)
Duração da bateria (tempo de comunica-ção contínua)
Duração da bateria (tempo de espera)
Versão bluetooth
Intervalo efetivo
Intervalo de frequência
Perfil
Formato de áudio suportado
Proteção de conteúdo suportada
Peso
Fechado, dinâmico
9 mm
Neodímio
20 Hz - 20.000 Hz (amostragem de 44,1 khz)
Sim
Headphones
Não
Aprox. 3,0 Horas
Carregamento por usb
Máx. 15 Horas
Máx. 15 Horas
Máx. 200 Horas
Especificação do bluetooth versão 5.0
Linha de visão aprox. 10 M (30 ft)
Banda 2,4 ghz (2,4000 ghz - 2,4835 ghz)
Perfil a2dp (advanced audio distribution profile), avrcp (audio video remote control profile), hfp (hands-free profile), hsp (headset profile)
Sbc, aac
Scms-t
Aprox. 19 g
PONTOS POSITIVOS
Leve e fácil de manusear. A sensação ao toque é ótima.
PONTOS NEGATIVOS
Cabo do carregador muito curto.
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Sonywww.sony.com
R$ 199,99
FONE DE OUVIDO SONY WI-C200
Conforto Auditivo 6,0
Ergonomia / Construção 6,0
Equilíbrio Tonal 7,5
Textura 7,0
Transientes 8,0
Dinâmica 7,5
Organicidade 7,5
Musicalidade 7,5
Total 57,0
REFERÊNCIA
40 MAIO . 2020HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=UPTSEVTSPAM
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41MAIO . 2020
TESTE FONE 2
Não faz muito tempo que indústria fonográfica aposta alto em ar-
quivos de alta resolução. Sites dedicados à venda de álbuns em
arquivos do tipo Flac e DSD se multiplicaram aos montes com a
consolidação dos computadores e media servers residenciais, as
plataformas de streaming de músicas também passaram a oferecer
a opção de baixar o álbum ou faixa de disco que o cliente quiser.
O próximo passo seria carregar esses arquivos em alta resolução
em equipamento móvel apropriado, coisa que o smartphone não
consegue ser – nenhum serve. Então, surgiram inúmeros tocadores
dedicados a extrair o melhor dos arquivos de alta resolução. A Sony,
que nos deu a liberdade com o toca-fitas portátil em 1979, não fica-
ria de fora deste novo nicho no qual ela sempre reinou muito bem.
Em 2017, a Sony relançou o Walkman com uma pegada mais
audiófila, mas à sua maneira, e após vários lançamentos do nome
walkman atrelados a celulares e smartphones, ela partiu para um
player dedicado e totalmente novo, utilizando a plataforma digital ba-
seada no sistema operacional de seus aparelhos celulares. O primeiro
modelo foi o NW-A35, mas os que pegaram mesmo no mercado
foram os modelos de maior capacidade de armazenamento, como o
NW-A45 16GB (objeto do teste desta edição da revista), o NW-A46
32GB, e o NW-A47 com 64GB.
A Sony informa que é possível adicionar cartão de memória mi-
croSD de até 2TB, porém acho muito difícil encontrar cartões com
tamanho espaço, e seu preço supera o preço do player - algo proi-
bitivo.
O Walkman A45 cabe na palma da mão e a espessura é pouco
maior que as dos celulares de hoje em dia. Ele é perfeito para car-
regar no bolso, na mochila ou até na mão mesmo, e até em dias
de chuva, já que ele é resistente à água - só não sabemos até que
profundidade.
SONY WALKMAN NW-A45Juan Lourençorevista@clubedoaudio.com.br
42 MAIO . 2020
A tela sensível ao toque não é muito grande, tem um visual muito
bacana e tem ótima resolução. Com ela as capas dos álbuns terão
ótima visibilidade, mesmo segurando o player com o braço esticado.
O problema é o sistema operacional que parece ser de alguns anos
atrás, com caracteres um pouco ultrapassados, como caixa de fer-
ramentas que indica o menu. É pouco intuitivo e te força a dar vários
toques na tela para executar funções simples como, por exemplo,
sair do menu para a pasta de álbuns.
Além da tela sensível ao toque, na lateral do aparelho existem bo-
tões físicos. Lá está o botão liga/desliga, botões de volume e de
troca de faixas, e o popular botão de travamento das teclas.
O Walkman A45 tem Bluetooth com cancelamento de ruído, e
pode se conectar com fones Bluetooth apenas por um toque atra-
vés do protocolo NFC. Além disso, tem entrada para fone de ouvido
3.5 mm (popular plug P2), o que amplia e muito a gama de fones a
serem utilizados. Por falar em fones com fio, a amplificação do A45
é feita pelo amplificador digital S-Master HX: 35mW por canal, que
se mostrou bastante versátil, conseguindo empurrar quase todos os
meus fones, ficando devendo apenas para os Sennheiser HD 700 e
800, que até tinham uma boa qualidade de som usando o volume
máximo do aparelho, mas perdiam fôlego nos graves.
O carregamento fica por conta de um cabo USB padrão
WM-PORT Sony, e por ele fazemos a transferência de arquivos -
AAC, APE, ATRAC, Apple Lossless, DSD, FLAC, HE-AAC, LDAC,
MP3, WMA - do computador para o player, que suporta os sistemas
operacionais Apple MacOS X 10.8, MacOS Sierra 10.12, Microsoft
Windows 7, Windows 10 e Windows 8.1. Este tipo de conector USB
é muito chato, pois te obriga a carregar o cabo para todo lado – nun-
ca se sabe quando irá precisar. Se a Sony fosse um pouco menos
teimosa, poderia adotar o padrão USB-C já encontrado em seus
fones de ouvido sem fio e todo mundo ficaria muito feliz utilizando
apenas um carregador pra tudo! Através deste cabo ainda é possível
transformar o Walkman NW-A45 em DAC, melhorando a qualidade
do sinal do seu computador.
A bateria tem duração de até 45 horas, mas quando utilizado em
regime máximo, tocando DSD direto com fone Bluetooth e a função
de cancelamento de ruído ativado, cai para aproximadamente 22
horas.
COMO TOCA
Para este teste, utilizamos os seguintes equipamentos. Fones de
ouvido: Sony WH-CH510, Sony WH-XB900N, Sony WI-C200, TLC
Elit 400NC, JBL Everest Elite 150 NC.
O aparelho chegou lacrado, fizemos uma primeira inspeção visual
e o colocamos para carregar por quatro horas, que é o tempo indi-
cado para carga máxima. Após o carregamento, utilizamos o fone
Sony WH-XB900N para tocar. Utilizando o NFC a conexão foi super
rápida e logo pudemos ouvir o conjunto.
SONY WALKMAN NW-A45
Novo album piano solo Dedicado à obra de Noel Rosa
Já disponível nas plataformas digitais.
Arquivos originais em 24/96 disponíveis para venda exclusiva através do site.
Lançamento Janeiro 2020
Música Brasileira de excelência produzida hoje.
Conheça os lançamentos do selo Estúdio Monteverdi
http://www.andremehmari.com.br/loja-shop
“Foi na noite do dia 19 de outubro de 2019 que este álbum foi integralmente gravado, num só fôlego. Minha vontade foi mesmo criar um som intimista, noturno, aconchegante e lento. Abri o songbook Noel Rosa e comecei a gravar algumas canções, na ordem (alfabética) em que se apresentam. O repertório parecia já saber o que me pedir como pianista. Assim, neste álbum, apresento as musicas na ordem em que as gravei. O que ouvimos aqui é o lume daquela irrepetível noite que me antecipava uma aurora de sonhos e galáxias que dançam ao som de Noel Rosa.”
André Mehmari
44 MAIO . 2020
SONY WALKMAN NW-A45
Seu som é claro, é bastante rápido e tem médios gostosos de
ouvir. A região grave não sofre tanto com excesso de grave. Embora
o XB900N puxe para o grave, o player exerce uma boa autoridade
sobre ele. Se o ouvinte quiser ‘apimentar’ a audição, o NW-A45 pos-
sui correção por DSP, ou no que a Sony chama de ClearAudio+,
uma espécie de emulador de som que não gostei - se a proposta
é ser Hi-Res Audio, então o melhor é deixarmos estes artifícios de
lado, mas os recursos estão lá e são fáceis de utilizar.
Com o A45, o fone Sony CH510 teve sua melhor nota, pois ele
consegue tirar um pouco do excesso de graves do fone e dar mais
textura e extensão a eles, e um foco com melhor qualidade. A repro-
dução se tornou muito mais realista com ele do que com o celular,
ou com outros aparelhos Bluetooth.
Já com o fone Parrot Zik 3 ele casou muito bem também, trazen-
do uma boa dose de arejamento e uma sensação de palco sonoro
mais coerente e com boa definição.
O fone TLC foi o que mais se mostrou problemático para parear.
Depois de muito bater cabeça, aprendi que era preciso desligar o
fone, ligar e manter pressionado o botão até que o Sony Walkman
o encontrasse. A compatibilidade entre os dois aparelhos foi ótima,
mostrando que o A45 consegue manter o máximo da assinatura sô-
nica dos fones de ouvido, tanto via Bluetooth quanto por cabo que,
aliás, melhora muito a reprodução musical.
Os fones que colocamos para tocar eram de categorias bas-
tante distintas, muitos com topologias e propostas muito diferen-
tes - ainda assim, o A45 conseguiu extrair ótimas audições deles,
45MAIO . 2020
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Tempo carregamento (carga completa)
Duração bateria - re-prod. Contín. Música
Tamanho da memória
Efeitos sonoros
Reprodução de áudio
Tipo de visor
Resolução do visor
Potência de saída má-xima (jeita 16 Ω/mw)
Conexões
Capacidade sem fios
Dimensões (L x A x P)
Peso
Aprox. 4 Horas
De 22 a 45 horas, dependen-do da resolução dos arquivos usados e dos recursos aciona-dos (como cancelamento de ruído)
16Gb
Equalizador, dsee hx, lineariza-dor de fase dc, vpt, normali-zador dinâmico, clearaudio+, clear phase
Mp3, wma, flac, aac, he-aac, apple lossless, dsd, ape, wav
Visor a cores tft
3,1 Polegadas, wvga (800 x 480 píxeis)
1,6-4,2 Mw
Fones p2, wm-port, memória externa (microsd, microsdhc, microsdxc)
Bluetooth® versão 4.2, Nfc: sim
Aprox. 55,9 x 97,5 x 10,9 mm
Aprox. 98 G
PONTOS POSITIVOS
Cabe na palma da mão. Som limpo e pulsante. Tela com
boa leitura.
PONTOS NEGATIVOS
Cabo de carregamento USB poderia ser do tipo C.
Sonywww.sony.com.br
US$ 260
SONY WALKMAN NW-A45
Equilíbrio Tonal 8,0
Soundstage 8,0
Textura 7,5
Transientes 8,0
Dinâmica 7,5
Corpo Harmônico 8,0
Organicidade 7,5
Musicalidade 8,0
Total 62,5
desnudando o que os fones tinham para mostrar, contendo mui-
tas das pirotecnias dos fones mais engraçadinhos. Como dois dos
fones eram Extra Bass, pude observar o quanto ele domava este
traço tão marcante nos fones. Por outro lado, a região média-grave e
média-alta não tinham o corpo necessário para que fones sem este
recurso extra bass pudessem se mostrar mais equilibrados.
CONCLUSÃO
O NW-A45 não tem a pretensão de ocupar o topo da pirâmide
audiófila, porém consegue extrair uma sonoridade muito limpa e
honesta dos fones dentro de sua pontuação. O seu maior trunfo
é exatamente a coerência: ele não tenta te impressionar com piro-
tecnia, ele pode não ter muita resolução para fones mais ‘parrudos’,
mas acaba que também não tem força para eles, então o seu lugar
está com os fones de até dois mil reais, onde ele reina com graça
e elegância.
RECOMENDADO
46 MAIO . 2020
RELAÇÃO DE FONES PUBLICADOS NA ÁUDIO E VÍDEO MAGAZINE
FONE DE OUVIDO BEYERDYNAMIC DT880 PRO
Edição: 167
Nota: Primeiras Impressões
Importador/Distribuidor: Playtech
FONE DE OUVIDO AKG QUINCY JONES Q701S
Edição: 193
Nota: 82
Importador/Distribuidor: Harman Kardon
FONE DE OUVIDO YAMAHA PRO500
Edição: 190
Nota: Primeiras Impressões
Importador/Distribuidor: Yamaha
DAC USB E PRÉ DE FONES DE OUVIDO LUXMAN DA-100
Edição: 200
Nota: 82
Importador/Distribuidor: Alpha Áudio e Vídeo
FONE DE OUVIDO SENNHEISER HD800
Edição: 175
Nota: 85
Importador/Distribuidor: Link do Brasil
AMPLIFICADOR DE FONES DE OUVIDO LUXMAN P-200
Edição: 194
Nota: Primeiras Impressões
Importador/Distribuidor: Alpha Áudio e Vídeo
FONE DE OUVIDO JVC FX200
Edição: 192
Nota: Espaço Aberto
Importador/Distribuidor: JVC
DAC USB E PRÉ DE FONES DE OUVIDO DACMAGIC XS
Edição: 201
Nota: 70,5
Importador/Distribuidor: Mediagear
MICROMEGA MYSIC AUDIOPHILE HEADPHONE AMPLIFIER
Edição: 202
Nota: 78
Importador/Distribuidor: Logiplan
DIAMANTE REFERÊNCIA
DIAMANTE REFERÊNCIA
DIAMANTE REFERÊNCIA
ESTADO DA ARTE
ESTADO DA ARTE
OURO REFERÊNCIA
OURO REFERÊNCIA
OURO REFERÊNCIA
47MAIO . 2020
www.ferraritechnologies.com.brTelefone: 11 5102-2902 • info@ferraritechnologies.com.br
CH Precision C1 Reference Digital to Analog Controller
A Ferrari Technologies orgulhosamente apresenta a mais nova referência mundial em eletrônica Hi-end. A Suíça CH Precision, mais uma marca State of the Art representada no Brasil.
“O C1 é, de longe, o melhor DAC ou componente que eu já experimentei no meu sistema. Não tem absolutamente “voz”. Um de seus atributos mais impressionantes é o ruído de fundo extremamente baixo. Em excelentes gravações, os instrumentos surgem ao vivo sem silvos ou anomalias. É absolutamente silencioso! O C1 “pega” qualquer coisa que você jogue nele. Eu ouvia música horas e horas e gostava de cada segundo. Isso me permitiu penetrar mais fundo nas nuances. É tão silencioso que a textura instrumental se tornou uma
delícia. O C1 também se destaca em todos os outros parâmetros que você pode imaginar: separação de canais, dinâmica, recuperação de detalhes e apresentação geral.”
Ran Perry
48 MAIO . 2020
RELAÇÃO DE FONES PUBLICADOS NA ÁUDIO E VÍDEO MAGAZINE
FONE DE OUVIDO AUDEZE LCD3
Edição: 204
Nota: 83
Importador/Distribuidor: Ferrari Technologies
FONE DE OUVIDO GRADO PS500E
Edição: 210
Nota: 81,25
Importador/Distribuidor: Audiomagia
DAC E PRÉ DE FONES DE OUVIDO KORG DS-DAC-100 - REPRODUZINDO DSD
Edição: 205
Nota: 80
Importador/Distribuidor: Pride Music
AMPLIFICADOR DE FONES DE OUVIDO SENNHEISER HDV 820
Edição: 244
Nota: 86
Importador/Distribuidor: Sennheiser
DAC E PRÉ DE FONES DE OUVIDO KORG DS-DAC-100 - REPRODUZINDO PCM
Edição: 205
Nota: 75,75
Importador/Distribuidor: Pride Music
FONE DE OUVIDO SENNHEISER HE 1
Edição: 240
Nota: 95
Importador/Distribuidor: Sennheiser
FONE DE OUVIDO PHONON SMB-02 DS-DAC EDITION
Edição: 206
Nota: 80
Importador/Distribuidor: Pride Music
PS AUDIO STELLAR GAIN CELL DAC - COMO AMPLIFICADOR FONE DE OUVIDO
Edição: 247
Nota: 85
Importador/Distribuidor: German Audio
DIAMANTE REFERÊNCIA
DIAMANTE REFERÊNCIA
DIAMANTE REFERÊNCIA
ESTADO DA ARTE
ESTADO DA ARTE
ESTADO DA ARTE
ESTADO DA ARTE
DIAMANTE RECOMENDADO
49MAIO . 2020
FONE DE OUVIDO WIRELESS TCL ELIT400NC (VIA BLUETOOTH)
Edição: 260
Nota: 59,7
Importador/Distribuidor: TCL
HEADPHONE JBL EVEREST ELITE 150NC
Edição: 260
Nota: 58
Importador/Distribuidor: JBL
HEADPHONE SONY WH-CH510
Edição: 261
Nota: 58,5
Importador/Distribuidor: Sony
AMPLIFICADOR DE FONE DE OUVIDO QUAD PA-ONE+
Edição: 260
Nota: 83
Importador/Distribuidor: KW Hi-Fi
SAMSUNG GALAXY BUDS+
Edição: 261
Nota: 44
Importador/Distribuidor: Samsung
RELAÇÃO DE FONES PUBLICADOS NA ÁUDIO E VÍDEO MAGAZINE
FONE DE OUVIDO GRADO SR325E
Edição: 258
Nota: 72
Importador/Distribuidor: KW Hi-Fi
FONE DE OUVIDO SONY WH-XB900N
Edição: 258
Nota: 62 / 63
Importador/Distribuidor: SonyOURO RECOMENDADO
DIAMANTE RECOMENDADO
PRATA REFERÊNCIA
ESTADO DA ARTE
PRATA REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO WIRELESS TCL ELIT400NC (VIA CABO P2)
Edição: 260
Nota: 61
Importador/Distribuidor: TCLPRATA REFERÊNCIA
PRATA REFERÊNCIA
BRONZE REFERÊNCIA
50 MAIO . 2020
TOP 5 - AMPLIFICADORES INTEGRADOSNagra Classic INT - 99 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.260Hegel H590 - 97,5 pontos (Estado da Arte) - Mediagear - Ed.256Sunrise Lab V8 SS - 96 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.259Hegel H360 - 95 pontos (Estado da Arte) - Mediagear - Ed.235Aavik U-300 - 94 pontos (Estado da Arte) - Som Maior - Ed.220
RANKING DE TESTES DA
ÁUDIO VÍDEO MAGAZINE
Apresentamos aqui o ranking
atualizado dos produtos selecio-
nados que foram analisados por
nossa metodologia nos últimos
anos, ordenados pelas maiores
notas totais. Todos os produtos
listados continuam em linha no
exterior e/ou sendo distribuídos
no Brasil.
TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORESNagra HD Preamp - 110 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.257
Nagra Classic Preamp (com a fonte PSU) - 105 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.261CH Precision L1 - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.239
Nagra Classic Preamp - 100 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.261D´Agostino Momentum - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.198
TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORES DE PHONOBoulder 508 - 102 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.253
Tom Evans The Groove+ - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.204Pass Labs XP-25 - 95 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.170
Gold Note PH-10 - 93 pontos (Estado da Arte) - Living Stereo - Ed.249Esoteric E-03 - 92 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.198
TOP 5 - FONTES DIGITAISMSB Select DAC - 106 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.252Nagra Tube DAC - 105 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.262dCS Rossini - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.250dCS Scarlatti - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.183Mark Levinson Nº519 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.230
TOP 5 - TOCA-DISCOS DE VINILBasis Debut - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.196
Acoustic Signature Storm MkII - 103,5 pontos (Estado da Arte) - Performance AV Systems Ltda. - Ed.257Transrotor Rondino - 103 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.186
Thorens TD 550 - 99 pontos (Estado da Arte) - KW Hi-Fi - Ed.260Dr Feickert Blackbird (braço: Reed 3Q) - 95 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.199
TOP 5 - CÁPSULAS DE PHONOSoundsmith Hyperion MKII ES - 106 pontos (Estado da Arte) - Performance AV Systems Ltda. - Ed.256MY Sonic Lab Ultra Eminent EX - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.202Air Tight PC-1 Supreme - 105 pontos (Estado da Arte) - Alpha Audio & Video - Ed.196MC Murasakino Sumile - 103 pontos (Estado da Arte) - KW Hi-Fi - Ed. 245vdH The Crimson SE - 99 pontos (Estado da Arte) - Rivergate - Ed.212
TOP 5 - CAIXAS ACÚSTICASWilson Audio Alexandria XLF - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.200
Wilson Audio Sasha DAW - 103 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.256Rockport Avior II - 101 pontos (Estado da Arte) - Performance AV Systems Ltda. - Ed.258
Evolution Acoustics MMThree - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.176Kharma Exquisite Midi - 99 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.198
TOP 5 - CABOS DE CAIXATransparent Audio Reference XL G5 - 103,5 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.231Crystal Cable Absolute Dream - 103 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.205Sunrise Lab Reference Quintessence Magic Scope - 101 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.240Dynamique Audio Halo 2 - 100 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.257Sax Soul Ágata - 100 pontos (Estado da Arte) - Sax Soul Cables - Ed.228
TOP 5 - CABOS DE INTERCONEXÃODynamique Audio Apex - 106 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.258
Transparent Opus G5 XLR - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.214Sax Soul Ágata II - 103 pontos (Estado da Arte) - Sax Soul - Ed.251
Sunrise Lab Quintessence - 102 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.244Dynamique Audio Halo 2 - 100 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.257
TOP 5 - AMPLIFICADORES DE POTÊNCIACH Precision M1 - 106 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.238Nagra Classic Amp Mono - 104 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.258Goldmund Telos 2500 - 104 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.200Audio Research 160M - 102 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.251Nagra Classic Amp Estereo - 100 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.258
51MAIO . 2020
GUIA BÁSICO PARA A METODOLOGIA DE TESTES
Para a avaliação da qualidade sonora de equipamentos de áudio, a Áudio Vídeo Magazine utiliza-se de alguns pré-requisitos - como salas com boa acústica, correto posicionamento das caixas acústicas, instalação elétrica dedicada, gravações de alta qualidade, entre outros - além de uma série de critérios que quantificamos a fim de estabelecer uma nota e uma classificação para cada equipamento analisado. Segue uma visão geral de cada critério:
EQUILÍBRIO TONAL
Estabelece se não há deficiências no equilíbrio entre graves, médios e agudos, procurando um resultado sonoro mais próximo da referência: o som real dos instrumentos acústicos, tanto em resposta de frequência como em qualidade tímbrica e coerência. Um agudo mais brilhante do que normal-mente o instrumento real é, por exemplo, pode ser sinal de qualidade inferior.
PALCO SONORO
Um bom equipamento, seguindo os pré-requisitos citados acima, provê uma ilusão de palco como se o ouvinte estivesse presente à gravação ou apresentação ao vivo. Aqui se avalia a qualidade dessa ilusão, quanto à localização dos instrumentos, foco, descongestionamento, ambiência, entre outros.
TEXTURA
Cada instrumento, e a interação harmônica entre todos que estão tocando em uma peça musical, tem uma série de detalhes e complementos sonoros ao seu timbre e suas particularidades. Uma boa analogia para perceber as texturas é pensar em uma fotografia, se os detalhes estão ou não presentes, e quão nítida ela é.
TRANSIENTES
É o tempo entre a saída e o decaimento (extinção) de um som, visto pela ótica da velocidade, precisão, ataque e intencionalidade. Um bom exemplo para se avaliar a qualidade da resposta de transientes de um sistema é ouvindo piano, por exemplo, ou percussão, onde um equipamento melhor deixará mais clara e nítida a diferença de intencionalidade do músico entre cada batida em uma percussão ou tecla de piano.
DINÂMICA
É o contraste e a variação entre o som mais baixo e suave de um acontecimento musical, e o som mais alto do mesmo acontecimento. A dinâmica pode ser percebida até em volumes mais baixos. Um bom exemplo é, ao ouvir um som de uma TV, durante um filme, perceber que o bater de uma por-ta ou o tiro de um canhão têm intensidades muito próximas, fora da realidade - é um som comprimido e, portanto, com pouquíssima variação dinâmica.
CORPO HARMÔNICO
É o que denomina o tamanho dos instrumentos na reprodução eletrônica, em comparação com o acontecimento musical na vida real. Um instru-mento pode parecer ‘pequeno’ quando reproduzido por um devido equipamento, denotando pobreza harmônica, e pode até parecer muito maior que a vida real, parecendo que um vocalista ou instrumentista sejam gigantes.
ORGANICIDADE
É a capacidade de um acontecimento musical, reproduzido eletronicamente, ser percebido como real, ou o mais próximo disso - é a sensação de ‘estar lá’. Um dos dois conceitos subjetivos de nossa metodologia, e o mais dependente do ouvinte ter experiência com música acústica (e não ampli-ficada) sendo reproduzida ao vivo - como em um concerto de música clássica ou apresentação de jazz, por exemplo.
MUSICALIDADE
É o segundo conceito subjetivo, e necessita que o ouvinte tenha sensibilidade, intimidade e conhecimento de música acima da média. Seria uma forma subjetiva de se analisar a organicidade, sendo ambos conceitos que raramente têm notas divergentes.
METODOLOGIA DE TESTESHTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=ZMBQFU7E-LC
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53MAIO . 2020
TESTE ÁUDIO 1
Quando recebi o TUBE DAC da Nagra para teste, pensei com
os meus botões: “Será que a Nagra consegue manter o mesmo
padrão de qualidade também para os seus DACs?”. Pois uma coisa
é desenvolver excelentes prés e powers, e outra, muito distinta, é se
embrenhar na busca de um DAC à altura de seus amplificadores.
Muitos fabricantes de produtos Estado da Arte abrem mão de
querer ‘abraçar o mundo’, para se dedicar exclusivamente ao que
sabem fazer melhor. Estou falando de produtos hi-end Estado da
Arte, e não de produtos feitos em larga escala - que fique bem claro!
Assim como sou bastante criterioso com a escolha dos pré-am-
plificadores de referência para a avaliação de nossa Metodologia,
percebi ao longo dessa última década que usei do mesmo critério
para a escolha de nosso sistema digital.
Os upgrades foram muito pontuais e sempre dentro das op-
ções oferecidas por um único fabricante. Uma questão bastante
pertinente que endossou nosso cuidado foi: preço e performance. E
os produtos de nível superlativo no segmento digital são muito pou-
cos (talvez se reduzam a uma dúzia de opções, se tanto).
Então, o desafio da Nagra me pareceu, na verdade, dois grandes
desafios: mostrar que seus DACs estão à altura do que eles fazem
de melhor (pré e power), e convencer este usuário que ele pode abrir
mão de seus sistemas digitais de referência sem perda.
Para os nossos novos leitores talvez toda essa discussão não faça
o menor sentido, pois pertencem a uma geração em que tudo está
acoplado em um único pacote, mas para os assíduos leitores que
nos acompanham há duas décadas, a discutir a evolução do digital
desde o seu lançamento, continua sendo muito pertinente.
Então, me permitam ‘rememorar’ a odisséia que tem sido a evolu-
ção do digital. Tanto a Sony quanto a Philips, ao lançar o CD-Player
em 1982, julgaram que todos os benefícios oferecidos no ‘pacote
NAGRA TUBE DACFernando Andrettefernando@clubedoaudio.com.br
54 MAIO . 2020
NAGRA TUBE DAC
CD’, seriam um divisor de águas entre o passado e o futuro. Apos-
taram todas as fichas no silêncio de fundo, no menor desgaste do
CD em relação ao vinil, no tempo de armazenagem do CD, tamanho
do disco, etc. Caiu muito rápido nas graças das mídias não especia-
lizadas e do consumidor que sempre teve a música como ‘pano de
fundo’ em sua vida, mas esbarrou no consumidor que sempre fez da
música parte importante de sua existência.
Não estou falando apenas daquele consumidor chato, rotulado de
audiófilo, falo do melômano também, que imediatamente percebeu
que o disquinho prateado continha algumas ‘imperfeições’ bastante
audíveis.
E, para a sorte desses consumidores ‘estraga prazer’, alguns fa-
bricantes de produtos hi-fi também notaram limitações audíveis nes-
sa nova tecnologia. Esses engenheiros começaram a estudar o “Red
Book” (livro vermelho), a fazer medições, e viram que este padrão
era limitado na forma de produzir um sinal, com um som bastante
áspero e com um ruído de quantização que podia ser perfeitamente
audível (pois altera o timbre). Esses fabricantes ‘alternativos’, co-
meçaram a trabalhar diferentes abordagens para entender e sanar
essas deficiências (que continuam a ser trabalhadas e aperfeiçoadas
ainda hoje).
Trabalhou-se em métodos de superamostragem (aumento da
frequência de amostra), atacou-se a interpolação (reconstrução de
dados) que foram aperfeiçoados para suavizar o sinal à medida que
ele está sendo convertido e para empurrar o ruído de quantização
para muito além da frequência audível.
Novos e mais refinados filtros de passagem baixa foram adota-
dos, porém estes filtros nunca são perfeitos o suficiente (até este
momento) e quando conseguem resultados satisfatórios, ainda hoje
são caros para serem produzidos em larga escala. E, dependendo
de sua qualidade, esses filtros causam uma degradação da fase aci-
ma de 10 kHz, produzindo o deslocamento dos transientes. Como
consequência, o palco sonoro é afetado, tornando-se impreciso,
principalmente nos agudos.
Um fenômeno simples para detectar é ouvindo certas notas da
oitava mais alta de um violino, que começam a mudar o foco da po-
sição do instrumento no imaginário palco sonoro (como se o músico
estivesse se mexendo freneticamente).
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Nagra Tube DAC
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A fim de evitar que os filtros rejeitem o ruído de quantização muito
próximo à largura de banda audível, os engenheiros deliberadamen-
te limitaram a resposta de 20 Hz a 20 kHz. Porém frequências acima
de 20 kHz ainda são indiretamente detectáveis e essas frequências
nos ajudam a situar detalhes musicais de ambiência e espaço.
Aí, novamente os engenheiros determinaram, então, que o ideal é
que o ruído digital seja exibido acima de 35 kHz. Mas este ‘truque’
tem um preço a ser pago: embora melhorem a percepção subjetiva
do que estamos ouvindo (nos dando uma impressão artificial de uma
melhor resolução e consequentemente maior inteligibilidade), esses
processos introduzem um tratamento de uma audição ‘mecânica’
ou personalizada do sinal, e acabam gerando uma certa ‘monotonia’
(traduzida por muitos como uma certa frieza na apresentação do
acontecimento musical).
Com tantas ‘limitações’ a serem superadas, cada fabricante
buscou a solução (ou um pacote de possibilidades) que mais lhe
agradou, criando um arsenal de possibilidades na maneira de atacar
todos esses problemas, e que pelo andar da carruagem ainda vai
levar muito tempo.
Isso é bom e isso é ruim (como diria meu pai), pois tudo irá de-
pender do que o mercado consumidor deseja e entende como a
melhor solução. E se você conhece um pouquinho do mundo audió-
filo, sugiro que espere sentado! Por isso que nossos leitores, quando
nos consultam na esperança de darmos uma ‘receita pronta’, se
frustram, pois deixo claro que com caixas acústicas e DACs (ou
CD-Players), as possibilidades são quase infinitas, e devem ser as
primeiras escolhas, pois irão imprimir a assinatura sônica do sistema.
E se o leitor levar em conta o que digo em nossos Cursos de
Percepção Auditiva desde 1999, comece pelas caixas, pois aí, ao
menos, a escolha do DAC e do restante será bem mais fácil, pois já
haverá um ‘norte’ a seguir.
Agora, se for apenas um upgrade pontual, naquele ajuste fino
‘derradeiro’, as fontes (digital e analógica) costumam ser o upgrade
mais seguro.
Voltando à Nagra, sua abordagem para o desenvolvimento de to-
dos os seus DACs foi baseada (assim como de todos os seus outros
produtos) em duas referências: música ao vivo e sua larga experiên-
cia de mais de meio século com seus gravadores de rolo! Então a
Nagra, preferiu abordar investigando aonde estavam os ‘nós’ mais
significativos.
À medida em que foram estudando os problemas e limitações, os
engenheiros chegaram à conclusão que não se tratava do formato
de CD ser culpado pelo desempenho, mas sim o grau insatisfatório
de rigor empregado até o momento na extração e conversão de da-
dos contidos no disco, apesar de toda sofisticação e bons exemplos
que se têm hoje utilizados nesta etapa do processo.
NAGRA TUBE DAC
57MAIO . 2020
Então a abordagem mudou, e os engenheiros resolveram atacar o
problema por uma outra vertente. Se você pudesse reproduzir com
precisão os dados gravados, sem recorrer a ‘truques’, você certa-
mente teria uma representação mais fiel da master e a reprodução,
consequentemente, mais musical e verdadeira.
Pois mantendo o conteúdo (mesmo que subótimo) é infinitamente
preferível à manipulação dos dados, não importando o quão “genio-
sa” essa manipulação possa ser (palavras da Nagra, ok?).
Simultaneamente ao avanço da abordagem, a Nagra começou a
estudar a pesquisa conduzida pelo engenheiro Andreas Koch (co-in-
ventor do formato DSD). O formato DSD é baseado em codificação
de bit único a uma taxa de amostragem extremamente alta, ou seja
2.82 MHz, ou 64 vezes a taxa nativa do CD.
A Nagra então convidou Andreas Koch a uma parceria e o instigou
a um projeto de desenvolvimento, usando o DSD como ponto de
partida para aperfeiçoar uma solução distinta de todas as aborda-
gens utilizadas hoje. O módulo que é fruto dessa parceria (Nagra /
Andreas Koch) é de uma concepção inteiramente original e distinta
de tudo que já foi abordado.
É baseado na tecnologia de conversão Sigma Delta que permi-
te melhores resultados em termos musicais do que os referentes
a tecnologia PCM comumente usada (opinião da Nagra). Com um
fluxo genuinamente monobit, o módulo opera uma frequência amos-
tral que foi acelerada para o dobro do DSD original (DSD x2), pas-
sando para 5.64 Mhz. Nesta frequência, o ruído de quantização é
empurrado para além de 80 kHz, para que os filtros de passagem
baixa na saída não tenham mais qualquer influência no sinal de áudio.
Para se cercar de todos os cuidados, a Nagra fez um verdadeiro
‘tour de force’ tecnológico, já que o circuito é inteiramente construí-
do a partir de componentes 100% ultra-baixos e que não emprega
um chip DSD de origem padrão de mercado, mas um circuito FPGA
(Field Programmable Gate Array) especialmente desenvolvido e pro-
gramado para a Nagra.
Resolvida essa etapa crucial, os engenheiros partiram para o se-
gundo desafio: a precisão do relógio (clock). O clock também preci-
sava atender a todas as novas especificações. Seu poderoso clock
realiza seus cálculos em 72 bits. Com isso, ele produz uma respos-
ta de impulso que é tão rápida que os fenômenos pré-toque que
normalmente afetam os conversores digitais estão completamente
ausentes. Esses cuidados resultam no que os engenheiros da Nagra
chamaram de clareamento dos transientes, dando uma performan-
ce precisa na reprodução do andamento da música e a dinâmica
musical.
Faltava dar aos seus DACs um estágio analógico ‘digno’ de todo o
esforço envolvido no desenvolvimento do estágio digital e do clock.
A ausência de um filtro complexo essencial em todas as outras abor-
dagens na fase de entrada do estágio analógico fez toda a diferença
(segundo o fabricante).
O grande nó desse estágio de qualquer excelente DAC é que
uma grande quantidade na propagação do fluxo de ondas nas
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NAGRA TUBE DAC
instantâneas variações dinâmicas é perdida (devido aos filtros ne-
cessários). Os DACs da Nagra não produzem absolutamente ne-
nhum ganho de tensão de componentes eletrônicos ativos. Para
esse tão importante resultado neste estágio do sinal, a Nagra faz
uso de transformadores (projetados e fabricados por eles), alimenta-
dos por drives ultra-rápidos. Esses transformadores permitem que o
sinal seja transferido com uma baixa impedância para o estágio de
saída da válvula.
A qualidade das diferentes tensões de fontes de alimentação que
são distribuídas dentro do estágio digital (conversor), também tem
papel fundamental na estabilidade dos circuitos no estágio analógico
e no resultado final do áudio. A Nagra deu aos seus DACs (em maior
ou menor refinamento, dependendo da série e modelo) fontes de
alimentação separadas de alta precisão e muito baixo ruído para
as seções digital e analógica, de modo a garantir que o primeiro
não gere nenhuma interferência que possa ser captada no outro. No
total, o TUBE DAC utiliza 25 fontes!
O TUBE DAC aceita todos os formatos lineares de PCM até
32-bits e 384 kHz, bem como DSD (todas as possibilidades). Seus
circuitos de software são reprogramáveis (circuito FPGA e micropro-
cessador de controle) para que possa ser atualizado em relação a
qualquer desenvolvimento futuro.
A fonte recomendada para o TUBE DAC é a PSU (também indi-
cada para o Preamp Classic - leia teste na edição de abril de 2020).
Seu gabinete é idêntico ao de toda linha Classic.
Todas as entradas digitais que equipam o DAC são cuidadosa-
mente filtradas. As entradas XLR, BNC e RCA estão equipadas com
seu próprio isolamento. A entrada RJ45 assume a forma do padrão
i2S proprietário da Nagra para produtos futuros (provavelmente para
um futuro streamer ou transporte). A entrada ótica Toslink garante
uma conexão de ultra-velocidade de até 192kHz. A entrada USB de
alta velocidade baseia-se em um circuito diferenciado programado
em parceria com um fornecedor especialista em USB. O clock os-
cilador VCXO (cristal controlado por tensão) é sincronizado com o
clock-mãe da unidade.
O módulo de conversão digital/analógico, desenvolvido em par-
ceria com Andreas Koch, está acoplado em uma placa de cerâmica
especial de várias camadas, que protege o conversor de correntes
de interferência e efeitos microfônicos.
A seção digital é alimentada por sua própria fonte de alimentação
de +12V. Esta fonte de alimentação, totalmente projetada dentro da
Nagra também, é sincronizada no clock-mãe. Seu aterramento de
circuito é feito em 9 pontos para evitar qualquer loop de interfe-
rência. Uma segunda fonte analógica também possui os mesmos
cuidados referente a loops de interferência.
A válvula escolhida no estágio analógico é um triodo triplo
JAN5693, uma válvula de nível militar derivada da ECC82, que pos-
sui ânodos maiores. A escolha dessa válvula foi por atender a cri-
térios ultra rígidos, que o circuito se comporta completamente aos
transistores em termos de relação sinal/ruído, estabilidade e largura
de banda.
A válvula está inserida em uma blindagem de metal que a protege
da radiação de interferência e, ao mesmo tempo, garante que o ca-
lor gerado não prejudique nenhum outro circuito, principalmente os
capacitores de polipropileno (muito sensíveis ao calor). Esta válvula
é polarizada em classe A, com um bias automático, o que significa
60 MAIO . 2020
NAGRA TUBE DAC
que isso não mudará ao longo da vida útil da válvula. As fontes de
alimentação foram calculadas de forma a garantir que a válvula fun-
cione silenciosamente.
O TUBE DAC possui um excelente amplificador de fone de ouvido
(o mesmo existente no Preamp Classic). Este amplificador de fone é
baseado em circuitos de varredura de alta velocidade e alto desem-
penho, com baixo ruído e distorção. Não há capacitores no caminho
do sinal, e a tensão na saída é garantida por um servo circuito que
mantém permanente um 0V DC preciso. O TUBE DAC também pos-
sibilita ao usuário, caso necessite, usá-lo como pré de linha (óbvio
que este pré de linha não está à altura do Classic Preamp) mas que
funcionou adequadamente, nos testes que fizemos.
No painel frontal temos, da esquerda para a direita: o famoso
modulômetro Nagra (presente nos produtos deste fabricante desde
1952. Ele permite no TUBE DAC o usuário observar o nível de en-
trada do sinal digital, com 0dB FS correspondendo ao nível máximo
de entrada deste sinal. Logo em seguida temos o visor LCD que nos
apresenta: linguagem, entrada que está sendo usada, nível de sinal,
uso do pré de linha (variável) ou apenas como DAC (direct), botão de
acionamento de todas essas funções apresentadas no visor. Poten-
ciômetro Alps (para o uso de seu pré de linha), botão de fase, botão
de acionamento do amplificador de fone, botão de liga/desliga, e
mute. Seu controle remoto é idêntico ao do Classic Preamp.
A descrição do painel traseiro, como todas as suas entradas e
saídas, mostrarei em foto.
OUVINDO O TUBE DAC NAGRA E CONFIRMANDO SE A
LINHA ESCOLHIDA FOI ACERTIVA
Claro que não ouvi todos os grandes DACs existentes na atuali-
dade, pois alguns sequer possuem representação aqui. Mas tenho
absoluta certeza de que os que testamos estão certamente no topo
do topo do podium. Falo do MSB Select e do dCS Vivaldi, ambos
ganhadores dos principais prêmios entregues nos últimos três anos,
em todos os continentes.
Junto à estes o CH Precision, que também nos encantou pelos
seus recursos e refinamento. E, ainda que alguns degraus abaixo
(mas ainda na linha de frente das referências) o dCS Scarlatti, que
foi nossa referência nos últimos 7 anos! Então acredito estarmos
‘aptos’ a uma avaliação criteriosa da abordagem da Nagra para o
seu TUBE DAC.
Ele não poderia ter vindo em melhor hora, pois tivemos à dis-
posição excelentes caixas acústicas (Wilson Audio Sasha DAW e
Revel Performa F228BE - leia Teste 2 nesta edição), powers Nagra
Classic e CH Precision A1.5, e os integrados Pass Labs int25 e o
Sunrise Lab V8 SS. Cabos digitais: AES/EBU Transparent Reference
XL, Coaxial Sunrise Lab Quintessence e Feel Different FDIII. USB:
Quintessence e Feel Different FDIII. Para o teste utilizamos o trans-
porte dCS Scarlatti e o music server Cambridge Audio CXN V2.
Cabo de força na fonte Nagra PSU: Transparent Audio Reference
G5, Sunrise Lab Quintessence e Feel Different FDIII. Pré amplificador
Nagra Classic também com fonte externa PSU Nagra.
Tentarei também fazer uma abordagem (dentro do possível) di-
ferente do que apresentei até o momento, de todos os Nagras já
testados. E por falar em produtos Nagra aqui apresentados, fiquei
sabendo pelo importador, o Fábio Storelli, que seremos em breve
a única revista no mundo a testar toda a sua linha (agora só falta
testarmos os powers top de linha HD, o DAC top de linha, o HD x,
e o novo pré de phono que será lançado no final deste mês. Todos
esses três produtos serão testados ainda neste ano. O que para nós
é uma grande honra e mostra o esforço do distribuidor em um ano
tão conturbado de disponibilizar toda a linha de produtos para teste.
Voltando ao teste, como todo produto Nagra, o TUBE DAC tam-
bém saiu de fábrica com um pré amaciamento (dependendo do pro-
duto a avaliação auditiva dentro de fábrica varia de 35 a 70 horas).
Claro que não é todo o amaciamento devido, mas permite ao feliz
comprador desembalar, instalar e ter uma ideia bem consistente do
que ele adquiriu.
Obviamente iniciamos o teste com todo o setup Nagra. Pois se-
ria bem importante responder a minha primeira indagação: estaria
o TUBE DAC, no mesmo patamar dos seus pares? Essa resposta
foi muito fácil de constatar: Sim, no mesmo patamar sem nenhuma
dúvida.
Já a segunda, se ele seria ‘páreo’ para outros DACs Estado da
Arte de nível superlativo, tivemos que ouvir por um período muito
mais longo (para dar tempo para seu amaciamento completo, da
fonte e a passagem de 88 faixas de discos usados na Metodologia).
Todos os DACs que tiveram a maior nota em nossa Metodologia
tem em comum duas características: energia suficiente para tratar
os crescendo com folga e autoridade, e um silêncio de fundo que faz
a música brotar do silêncio absoluto.
A assinatura sônica é muito distinta do MSB, do dCS e do CH
Precision. E cada um desses três modelos atende a um grupo espe-
cífico de audiófilos. Tentar achar um defeito nesses três ‘pesos pe-
sados’ é procurar literalmente ‘pelo em ovo’! Mas certamente todo
audiófilo achará uma boa razão para defender a sua escolha.
Neste grau de refinamento, a subjetividade tem muito menor ape-
lo, pois garanto que a esmagadora maioria dos audiófilos viveria fe-
liz pelo resto de seus dias com qualquer um desses três. Então o
problema não é performance, e sim preço. Pois os três são para
poucos, muito poucos.
61MAIO . 2020
O TUBE DAC também pertence a este grupo, mas diria que por
outras virtudes, que talvez não sejam as mesmas ao qual os três
possuem em comum (energia e silêncio de fundo). As virtudes do
Nagra olham para um outro lado, que talvez somente uma pequena
parcela busque ou deseje.
Mas, à medida que se vai conhecendo a fundo essas ‘virtudes’
fica cada vez mais evidente que a abordagem feita pela Nagra foi
muito diferente de todos os seus principais concorrentes.
A primeira questão que se levanta, é que mesmo utilizando em
seu estágio analógico válvula, sua sonoridade, não lembra em nada
os DACs que utilizam essa topologia para ‘amaciar’ as altas frequên-
cias e deixar o som mais quente (ou molhado, como muitos audiófi-
los desejam). Pelo contrário, será difícil detectar qualquer caracterís-
tica pontual de som de válvula neste equipamento. Mas também não
se assemelha a sonoridade de seus concorrentes de estado sólido.
Deixando-o em uma esfera totalmente única, em que temos o
melhor dos dois mundos, sem impor a assinatura dessas topologias.
Mas, também chamar de um som neutro, diria que não é suficien-
te, pois ao mesmo tempo que se tem uma enorme neutralidade,
pois podemos apreciar a qualidade de cada gravação, temos uma
sensação de naturalidade desconcertante.
Tão desconcertante, que nosso cérebro imediatamente reclama
quando ouvimos a mesma faixa em outro DAC, também de nível
superlativo (e que no nosso caso foi nossa referência por longos 7
anos!).
Desenvolvemos uma referência crítica instantânea, capaz de ouvir
as deficiências do invólucro harmônico, a aspereza nas altas, nas
gravações com limitação na captação, decaimento e a ausência de
melhor ambiência, que o ‘falso’ silêncio de fundo encobre.
Percebemos, sem muito esforço, que os timbres dos instrumentos
acústicos e vozes possuem muito mais corpo, decaimento, precisão
no foco, recorte e ambiência. Que seu equilíbrio tonal nos remete
a uma leitura muito mais precisa da qualidade do músico e de seu
instrumento, e que as oitavas altas de instrumentos como trompete
com surdina, violino, piccolo, sax soprano, nunca agridem (ainda
que a captação ou escolha do microfone tenha sido equivocada).
E a grande prova, aquela que eu diria ser a ‘gran finale’ é que
nenhum, absolutamente nenhum piano soa a última oitava da mão
direita com som de vidro.
Foi atordoante constatar que todas as gravações de pianos solos
que ouvimos, independente da qualidade técnica, soaram sem en-
durecimento algum.
O mesmo ocorreu com as cantoras líricas sopranos. Levante a
mão quantos amantes de óperas tiveram o dissabor de ouvir o som
endurecer nas notas mais altas. Ou chegaram à conclusão que
aquele engenheiro de gravação foi incompetente ao extremo.
Se a gravação não tem nenhum erro grave de compressão ou
distorção, o Nagra reproduzirá com enorme conforto todas essas,
sem exceção.
As vezes passamos tanto tempo olhando para o problema que
esquecemos de como solucioná-lo. A abordagem central de todos
os fabricantes em relação ao digital sempre foi melhorar a conver-
são, aumentando a relação sinal/ruído, taxa de amostragem, clock,
etc. Avançamos muito ao aprimorar essas deficiências, não resta a
menor dúvida.
Por outro lado, quando ouvimos esses avanços por um bom pe-
ríodo de tempo, tivemos que descartar as gravações limitadas tec-
nicamente.
Nos novos avanços, com uma nova abordagem no tratamento
dos filtros, ganhamos maior conforto auditivo, melhor resposta di-
nâmica e resgatamos parte dos discos tecnicamente limitados. O
equilíbrio tonal melhorou, corpo, transientes, silêncio de fundo, etc.
E passamos a reconhecer que o digital finalmente chegou à maturi-
dade e pode ser utilizado como referência em alta fidelidade.
62 MAIO . 2020
NAGRA TUBE DAC
Só que o enorme aprimoramento dos novos toca-discos de vinil,
cápsulas e o ressurgimento dos gravadores de rolo, abriram nova-
mente uma janela de dúvidas, pois nosso cérebro, à medida que
aprimora sua referência, o errado salta à frente como uma mancha
de molho de tomate em nossa camisa de linho.
O TUBE DAC causa este mesmo sentimento de dúvida, e para
você saber quem está dizendo a verdade, você irá precisar de uma
única ferramenta: ouvir instrumentos reais tocando - se fizer isso,
rapidamente saberá que direção deve seguir. Claro que isso não
é tão simples assim, afinal pode ser que pelo seu gosto musical,
mais energia e peso sejam mais importantes que fidelidade tímbrica,
não é verdade? Por exemplo: quem gosta apenas de música com
instrumentos eletrônicos - dificilmente a fidelidade dos timbres será
relevante.
Mas, na outra margem, os que só escutam instrumentos acústi-
cos, depois de afinar a memória musical com audições em salas de
concerto, sua opção será certamente pela assinatura do TUBE DAC.
Eu lhe garanto!
Pois a diferença nesse quesito (fidelidade tímbrica), para seus
principais concorrentes, é muito expressiva e audível! Consequen-
temente, ouvir nossos discos neste Nagra nos proporciona um con-
forto auditivo indescritível.
Mas suas diferenças não terminam em sua naturalidade e fidelida-
de tímbrica. Vão muito além!
Com o passar das semanas, em gravações com muitos instru-
mentos, começamos a perceber que ainda que as escalas dinâmi-
cas não tivessem a mesma energia e ímpeto de nossa referência,
observamos que os degraus dinâmicos eram muito mais precisos
e inteligíveis! Fazendo com que nossa referência parecesse ‘afoita’
em resolver aquela passagem. E, com isso, a distribuição de ener-
gia entre as caixas e a organização do acontecimento musical eram
muito mais precisas e fidedignas ao que ocorreu no momento da
gravação.
Deduzi que este resultado sonoro era a soma de vários aspectos.
Primeiro, a sensação de palco 3D no TUBE DAC é impressionante
(igual só escutei no MSB Select e no dCS Vivaldi). Com essa apre-
sentação 3D: foco, recorte, planos e ambiência são apresentados
com enorme realismo e organicidade. As variações dinâmicas, por
não serem feitas afoitamente, permitem ao ouvinte acompanhar
toda a complexidade existente, mesmo que estejamos falando de
naipes e não de instrumentos solo. E, por fim, acredito que parte
dessa qualidade, o equilíbrio tonal seja outro fator relevante na com-
posição do ‘todo’. Pois não há nenhum resquício de turbinamento
ou coloração.
Um disco contundente para perceber essas virtudes do Nagra é
do André Mehmari Trio: Na Esquina do Clube com o Sol na Cabeça.
São inúmeras citações feitas pelos sintetizadores analógicos, simul-
taneamente com o trio tocando em tempo real, que se o sistema
não tiver uma excelente organização de todo o acontecimento com
as alturas dinâmicas, equilíbrio tonal, foco, recorte, transientes, fide-
dignos ao que foi captado, mixado e masterizado, muita informação
foge de nossa atenção. É a típica gravação que exige concentração
total do ouvinte, caso queira navegar naquele mar de virtuosidade.
Como disse um amigo meu ao ouvir esse disco: “É a melhor via-
gem sem nenhum tipo de alucinógeno”.
Pasmem, o TUBE DAC, reproduz este disco sem nenhum esforço
e com tamanha organização que, ao ouvir ele em nossa referência,
a sensação é de que era outra mixagem. Pois para não se perder,
não adianta tratar o sinal afoitamente. Ao contrário, é necessário
precisão, organização e perfeito equilíbrio.
O que estou querendo dizer, meu amigo, é que os engenheiros
da Nagra levaram a sério a questão de eliminação de filtragem, e
provam com o brilhante resultado alcançado que nada há de errado
com o disco platinado. Toda a informação está lá (claro que estou
falando de gravações corretas), o problema está somente em como
extrair corretamente essas informações sem perda.
E confesso a vocês que não havia escutado, em meus 62 anos de
vida, um DAC fazer seu trabalho com o tamanho esmero, precisão
e naturalidade.
Assim que acabar essa pandemia, irei convidar o André Mehmari
para ouvir seu disco comigo novamente (pois escutamos na nossa
referência e ele gostou muito), e passar suas observações. Estou
muito curioso para saber do próprio autor o que ele acha.
CONCLUSÃO
Eu sempre lembro que nesse patamar do hi-end sempre haverá
o componente pessoal, que inclui expectativas, design, admiração
por determinada marca, gosto musical, etc. E afirmar que o produto
A é superior ao B ou C, sempre terá pontos discutíveis. Afinal, a
unanimidade acima de tudo deve ser muito chata.
Mas, existem situações em que determinados produtos se so-
bressaem de tal maneira que fica difícil colocá-los no mesmo sítio
que seus concorrentes. Não por ser melhor, mas sim por fazer a
mesma coisa de forma diferente. E neste diferente, não posso me
abster de colocar, mais precisamente.
Tão mais preciso que basta ouvir alguns exemplos para notar
que não estamos falando de mais ou menos musicalidade, maior
ou menor inteligibilidade. E sim de precisão, fidelidade tímbrica e
principalmente de menor esforço para se acompanhar e entender
uma obra musical.
63MAIO . 2020
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Entradas digitais
Manipulação de sinal
Saídas analógicas
Nível de saída
Ruído
Distorção
Distorção harmônica
Largura de banda
Crosstalk
Dimensões
Peso
2x S/PDIF, 2x AES/EBU, 1x ótico, 1x áudio USB (modo 2), 1x I2S (formato Nagra)
5.6 MHz / 6.2 MHz, 72-bits
1x estéreo RCA, 1x estéreo XLR (transformadores de balanceamento)
1,3 ou 2V RMS (para um sinal digital em 0dB FS)
-128 dBr linear (sem filtro)
<0,02% a -20 dB FS
<0,03% a 192 kHz
5 a 40 kHz, +0/-1 dB
-99 dB (a 1kHz)
280 x 350 x 76 mm
5kg (sem fontes de alimentação)
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
NAGRA TUBE DAC
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 14,0
Total 105,0
German Audiocontato@germanaudio.com.br
US$ 63.270
PONTOS POSITIVOS
Um DAC Estado da Arte que nos presenteia com a maior
fidelidade possível.
PONTOS NEGATIVOS
Preço
Não estou falando da música popular, que se resume a três ou
quatro acordes acompanhado por violão, baixo e bateria (nada con-
tra - por favor), e sim de obras complexas com numerosos instru-
mentos.
No TUBE DAC essas obras ganham uma organização e precisão
tão impressionante, que duvidamos ao término da audição que não
tivemos a necessidade de aumentar nosso grau de atenção para
acompanhar a obra! Esse é o efeito Nagra, presente em todos os
seus produtos, mas que ganha um toque ‘especial’ no seu DAC,
justamente por ser um produto em que possui sérios concorrentes
de peso. E que fica ainda mais interessante ao ver que sua aborda-
gem e seus resultados se mostram muito distintos da concorrência.
Pode ser que você, ao ouvir o TUBE DAC ou o modelo acima,
não abra mão do seu conversor atual, mas garanto que irá admirar
algumas de suas qualidades, que só ele carrega.
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65MAIO . 2020
Quando a AV Group ligou me perguntando se gostaria de testar a
nova linha Performa Be, não pensei um segundo! Afinal, ainda tenho
boas lembranças da Performa 3 F208, que nos impressionou bas-
tante pelo seu porte, acabamento e performance.
Ainda que o gabinete da F228Be seja bastante semelhante ao da
F208, essas semelhanças acabam aí, pois a nova Performa é uma
outra caixa, com qualidades e virtudes que a colocam muito mais
perto da linha Studio do que da antiga linha Performa. Tanto que a
nova coluna custa o dobro da antiga F208.
A F228Be possui o novo tweeter de cúpula de berílio de 25 mm,
com lente acústica para uma melhor dispersão dos agudos late-
ralmente, um falante de médio de 130mm com armação fundida
e cone de alumínio DCC, com revestimento de cerâmica. E dois
woofers de 8 polegadas (200 mm), também de cone de alumínio
DCC com revestimento de cerâmica.
O corte dos falantes, segundo o fabricante, ocorre em 260 Hz e
2.1 kHz. Sua resposta de frequência é de 27 Hz a 44 Khz (-6 dB),
sua impedância nominal é de 8 ohms, sensibilidade 90 dB/ 2,83V/m,
e o fabricante indica o uso de amplificadores de 50 a 350 Watts.
Cada caixa pesa 37 Kg e suas dimensões são: 1.18 m de altura,
30.2 cm de largura e 33.5 cm de profundidade. A Revel oferece
os seguintes acabamentos: Branco, Preto (ambos em alto brilho),
Nogueira e Prata Metálica. A AV Group nos disponibilizou o modelo
com o acabamento Prata Metálica.
Segundo o gerente de tecnologia acústica do grupo Harman
Luxury Audio, Kevin Voecks, é um erro imaginar (como já escrevi
algumas linhas acima) que a nova Performa seja um upgrade da
antiga 208. Pois ainda que se utilize do mesmo gabinete, todos os
componentes (literalmente) são novos. O Berílio para o novo tweeter
foi escolhido por sua alta rigidez e baixa massa, quando comparado
com qualquer outro metal utilizado nos tweeters de ponta. O guia
REVEL PERFORMA F228BE
TESTE ÁUDIO 2
Fernando Andrettefernando@clubedoaudio.com.br
66 MAIO . 2020
de ondas também foi aprimorado com novo ângulo e material de
superfície para maximizar a dispersão e resposta fora do eixo de es-
cuta. O novo guia de ondas tem, ainda, outra função importante ao
casar perfeitamente a passagem dos médios-altos para o tweeter.
Tanto os woofers, quanto o falante de médio possuem diafragmas
de alumínio, revestidos na frente e atrás com uma camada de cerâ-
mica grossa. A Revel batizou esse novo sanduíche de Deep Ceramic
Composite (DCC). Segundo o fabricante, esses novos falantes pos-
suem uma resposta muito mais plana, menor distorção e suportam
maior potência sem entrar em stress mecânico.
O design do crossover também foi totalmente reformulado, tor-
nando-se muito mais minimalista. Os gabinetes, internamente, tam-
bém sofreram reforços para se tornar ainda mais inertes. A Revel
aceita bi cablagem ou bi amplificação e os jumpers que acompa-
nham a caixa achei de melhor nível que a maioria dos jumpers dispo-
nibilizados por outros fabricantes concorrentes. O espaço entre os
terminais é excelente, possibilitando uma instalação sem você dar
um nó nas costas, ou suar frio.
Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos: sistema Nagra
completo (Preamp Classic, AMP Classic e TUBE DAC - leia Teste 1
nesta edição). Power CH Precision A1.5, e os integrados Sunrise Lab
V8 SS e Pass Labs INT-25. Cabos de Caixa: Quintessence Sunrise
Lab e Feel Different FD III. Fonte analógica: toca-discos Acoustic
Signature Storm, cápsula Soundsmith Hyperion 2, braço SME Series
V, cabos Sunrise Lab Quintessence (de braço, e entre o Boulder e o
pré de linha da Nagra), e pré de phono Boulder 500.
A caixa veio direto do showroom da AV Group, com 50 horas de
queima. O fabricante fala em aproximadamente 180 horas (porém
nossas experiências com tweeter de berílio dizem que o ideal é pelo
menos 250 horas). Então fizemos todas as anotações assim que a
caixa chegou, e depois a colocamos direto por 150 horas de quei-
ma. Diria que a segunda audição, com 200 horas, foi da ‘água para
o vinho’! Pareceu-nos, literalmente, outra caixa.
Ela simplesmente floresceu, seria o termo exato para definir o im-
pacto que nos causou. É uma caixa que apesar do seu imponen-
te porte, não se mostrou crítica com o posicionamento e tem um
grau de compatibilidade impressionante com a sala (ao contrário da
F208).
Como não sabíamos se ela voltaria ou não para mais um período
de amaciamento, não quis tirar as Sashas do seu ponto ideal de es-
cuta. Então coloquei as Revel com muito menos abertura de tweeter
à tweeter. E, ainda assim, seu respiro e largura e profundidade do
palco, foram excelentes.
Neste primeiro arranjo, elas precisaram de um leve toe-in para o
ponto de audição, mas nada excessivo, apenas um deslocamento
de 15 graus para o centro. A imagem é holográfica, e o corpo dos
instrumentos de caixas muito maiores e mais caras.
Seu equilíbrio tonal, com 200 horas, já se apresentou com uma
bela luminosidade em todo o espectro audível, sem ser excessivo ou
cansativo. Achamos por bem deixar mais 100 horas de queima e ver
se a partir deste ponto ela se estabilizaria totalmente.
As mudanças foram muito pontuais. Os graves encorparam na
primeira oitava e se soltaram, ganhando um andamento e precisão
de ritmo empolgante. A região média não alterou nada das 200 para
as 300 horas, já o extremo agudo se beneficiou, e muito! O ar e o
decaimento que, com 200 horas, eram ‘tímidos’, abriram e com isso
a percepção das ambiências melhorou substancialmente. Grandes
orquestras ganharam aquele respiro essencial em volta dos naipes
e os rebatimentos das paredes das salas de gravação se tornaram
muito mais fidedignos.
A Revel soa como caixa de grande porte, sem perder o controle.
O que é algo admirável para o tamanho de seu gabinete. Uma pes-
soa de olhos fechados dirá que suas dimensões são de uma caixa
muito maior!
Os amantes de música clássica já podem sonhar em ter uma
apresentação digna em suas salas de tamanho médio (20 a 30 me-
tros quadrados). Pois a Revel F228Be possui um som grandioso e
controlado, sem ser um armário! O que elas necessitam é ter o míni-
mo de espaço aberto à sua volta. Pelo menos 1m da parede às suas
costas, e trabalharem a uma distância mínima de 2,80m entre elas.
As paredes laterais não serão nenhum problema (qualquer coisa aci-
ma de 0,50 cm) com um toe-in levemente de 15 a 25 graus para o
ponto de audição, e elas já mostrarão todos os seus pergaminhos!
E olhe que são muitos.
Seu equilíbrio tonal é excelente, e ousa dar uma assinatura lumi-
nosa a tudo que ouvimos, sem nunca passar do ponto.
Um dos instrumentos mais difíceis de acompanhar é o cravo.
Mesmo em gravações solo deste instrumento, ouvir com precisão
a mão esquerda nota por nota, exige um certo grau de concentra-
ção. Esse instrumento na Revel ganha luz, sem aumentar o brilho
ou alterar o equilíbrio entre as mãos direita e esquerda. Tornando a
inteligibilidade e o grau de concentração muito menos dramático ou
cansativo.
Talvez o grande mérito esteja no conjunto médio-agudo. Um dos
melhores que escutei em caixas desta faixa de preço. Você não sen-
te a passagem de um falante para o outro, e a sensação é que esta-
mos a escutar um falante full range, tamanho refinamento e natura-
lidade da passagem. Um ótimo exemplo para perceber o que estou
descrevendo é ouvir corais, sejam pequenos ou grandes corais. A
sensação que temos dessas gravações reproduzidas pela Revel é
REVEL PERFORMA F228BE
68 MAIO . 2020
que estamos literalmente assistindo ao concerto. Pois não só o equi-
líbrio é de alto nível, como o foco, recorte, planos e ambiência. Ouvi
de tudo: corais russos, gregorianos, pequenos grupos com 5 e 6
vozes, e obras operísticas com solistas e grande coral. E a Revel se
comportou magistralmente.
Quando uso este adjetivo, me refiro a capacidade de recriar aque-
le momento da gravação, como passar a mensagem musical de for-
ma explícita, tão explícita que seu cérebro esquece ser reprodução
eletrônica em um segundo! Se você já teve a oportunidade de ouvir
um setup com este grau de realismo, entenderá perfeitamente o uso
do adjetivo magistral!
Os graves são excelentes, e realmente descem com autoridade.
Ouvi alguns órgãos de tubo, que impressionaram pelo corpo, deslo-
camento de ar, decaimento e conforto auditivo.
Gosto de ouvir um disco que trouxe pela gravadora Movieplay -
e uso em nossa Metodologia para avaliação de textura, equilíbrio
tonal e transientes - do Ron Carter, chamado Nonet. Foi gravado
no Japão, pela JVC. É um disco denso, pois Ron Carter fez todos
os arranjos para 4 cellos, ele solando, um contrabaixo de acompa-
nhamento, mais piano, bateria e percussão. É um disco que colo-
ca muitas caixas em situação delicada, principalmente nos graves,
quando soam simultaneamente os cellos e os dois contrabaixos.
Muitos woofers não sabem como conseguir apresentar todos ao
mesmo tempo, com total inteligibilidade, corpo, transientes etc. Já
vi tanta caixa e sistema desandar, que corre o mundo audiófilo que
este disco é muito mal gravado. Quando essa história chegou ao
meu conhecimento, fiz questão de colocar a faixa 7 entre minhas
faixas obrigatórias nos nossos cursos e nos testes, quando eram
abertos aos leitores.
Resumindo, teve turma que após ouvir integralmente a faixa, bate
palma, literalmente, como se fosse um show do Ron Carter e não
um Curso de Percepção Auditiva. Este é um daqueles discos que
sempre cito, que não faz refém! Ou o sistema passa, ou se arrebenta
todo!
REVEL PERFORMA F228BE
69MAIO . 2020
E, claro, caixas que já estão em um nível alto Estado da Arte sem-
pre é um disco que utilizo (principalmente para ouvir os graves). A
Revel passou com todos os méritos nas faixas: 2,5 e 7!
Gostei muito também da resposta de transientes, percussões
soam divinas, assim como pianos solos. Você não tem que sair cor-
rendo ou repetir a faixa duas a três vezes para entender o que o
músico fez na mudança de andamento (o saxofonista James Carter
é o rei dessas mudanças), assim como acompanhar literalmente ba-
tendo os pés nos seus discos de rock, pop e blues.
A microdinâmica é exemplar, e a macrodinâmica surpreende pela
ousadia.
Não consegui ouvir os tiros de canhão da abertura 1812 de Tchai-
kovsky nos 100dB que escuto em nossas caixas de referência. Mas
97 dB, sim! Senhores, antes que saiam então detonando a caixa,
se lembrem que este é um exemplo extremo de macrodinâmica. E
ninguém vai ouvir uma dezena de discos que tenham algo seme-
lhante. O problema dessa gravação é que são 12 tiros de canhão
simultâneos (o que é insano para 90% dos falantes, independente
do preço), a caixa não tem nem tempo de se recompor! Tanto que a
gravação vem com uma baita advertência de que os falantes podem
ser danificados!
Baixei 3dB e a Revel passou com méritos nos 12 tiros! Ela é uma
caixa para reproduzir música clássica e ‘rompantes’ dinâmicos com
autoridade, acreditem!
O corpo harmônico é exemplar. Digno de caixas custando duas
vezes o seu preço! Nada de instrumentos do tamanho de pizza
brotinho, pelo contrário. Você ficará surpreso com instrumentos de
metais e pianos a se materializar na sua frente com tamanho muito
próximo ao real.
Com todas essas virtudes, é ‘pera doce’ para a Performa F288Be
em gravações de alto nível técnico colocar os músicos à sua frente,
para uma apresentação exclusiva. O que só enobrece todo o inves-
timento em uma caixa deste nível. Pois temos a confirmação de que
cada centavo foi muito bem investido.
CONCLUSÃO
Se você busca uma caixa definitiva para o seu sistema Estado
da Arte, e sempre esbarra na questão tamanho/espaço, tem um
gosto musical que exige uma caixa que reproduza grandes massas
orquestrais com autoridade e beleza, e sempre esbarra que essas
caixas com todos esses atributos custam mais de 25 mil dólares, eis
uma caixa que pode perfeitamente ser a solução para realizar este
seu sonho. Uma caixa que custa menos de 20 mil dólares, e toca
como uma caixa que custa 30 mil!
70 MAIO . 2020
PONTOS POSITIVOS
Uma caixa Estado da Arte muito equilibrada e de enorme
compatibilidade com sistemas e salas.
PONTOS NEGATIVOS
É preciso respeitar o mínimo de espaço à sua volta para se
extrair todo seu potencial.
REVEL PERFORMA F228BE
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Tweeter
Médio
Woofer
Resposta de frequência (-6 dB)
Amplificação recomendada
Frequências de corte do crossover
Impedância nominal
Sensibilidade
Acabamentos
Dimensões (L x A x P)
Peso
1” domo de berílio com guia de ondas
5.25” cone DCC (Deep Ceramic Composite) de alumínio
2x 8” cone DCC (Deep Cera-mic Composite) de alumínio
27Hz - 44kHz
50 - 350 Watts
260Hz / 2.1kHz
8 Ohms
90dB (2.83V @1M)
Preto, Branco, Nogueira e Prata Metálico
34.2 x 118.2 x 37.5 cm
37.2 kg
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
REVEL PERFORMA F228BE
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,5
Total 96,0
AV Group11 97959.5047
contato@avgroup.com.brR$ 112.138 (par)
É bastante compatível com espaços médios, não será um proble-
ma para posicionar e nem tão pouco é muito invasiva a ponto de sua
cara metade impedir a realização deste sonho.
Sua sensibilidade é excelente e seu grau de compatibilidade idem.
Fuja apenas de eletrônicas muito transparentes e analíticas, pois
pode passar do ponto.
Fora isso, é uma caixa que certamente casará muito bem com
uma infinidade de amplificadores, cabos e fontes.
Extremamente bem construída e acabada e uma assinatura sôni-
ca de enorme vivacidade!
Se é isto que tanto procura, ouça-a!
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73MAIO . 2020
Thorens é um dos nomes mais antigos do áudio hi-end. Funda-
da em 1883 por Hermann Thorens em Sainte-Croix, na Suíça, sua
longa trajetória foi forjada por altos e baixos, dificuldades e grandes
exitos. A Thorens nos acompanha desde os primórdios do áudio e,
de lá para cá, ela jamais perdeu a bússola. Sua paixão é tão intensa
quanto um amor de verão - só que na Thorens este amor é eterno.
Em sua história vemos vários exemplos de coragem e inovação, sua
busca pelo melhor som possível sempre a levou a esticar seus pró-
prios limites.
A Thorens continua transitando muito bem entre o moderno ino-
vador e o clássico com seus bons truques na manga. Seus mode-
los da década de 60, 70 e 80 ainda fazem audiófilos e melômanos
suspirarem, e seus modelos recentes mantêm a mesma magia e
engenhosidade do tempo em que o LP reinava absoluto. Prova disto
é o TD 550, testado na edição 260 da revista, que mostra que a
paixão não diminuiu e que a empresa está mais viva do que nunca,
mantendo a tradição na excelência de seus projetos na busca pelo
melhor som possível.
Outra tradição que a empresa não deixa de lado é a de produ-
zir bons toca-discos de entrada e, neste quesito, a Thorens é uma
das empresas que mais soube entender a importância de um bom
conjunto, uma boa base a um custo realmente acessível para que
o recém iniciado no mundo do vinil possa se aventurar no hi-fi com
segurança. E é sobre estes bons conjuntos que vamos falar agora,
avaliando o novo toca-discos de entrada da marca, o TD 202.
O TD 202 é um projeto novo lançado após a empresa passar
para as mãos de Gunter Kürten, ex-diretor da Denon e mais recen-
temente ex-diretor da ELAC. Com um dono tão experiente na alta
fidelidade, podemos crer que a empresa está em boas mãos e que
o DNA Thorens certamente será mantido.
Este toca-discos foi concebido com o intuito de ser plug-and-play,
tendo tudo o que precisamos dentro dele, e até um pouco mais.
TOCA-DISCOS DE VINILTHORENS TD 202
TESTE ÁUDIO 3
Juan Lourençorevista@clubedoaudio.com.br
74 MAIO . 2020
TOCA-DISCOS DE VINIL THORENS TD 202
Vemos, por exemplo, que ele já vem com um pré de phono embu-
tido com a opção de desligá-lo e usar um pré externo, outra boa
vantagem é que, diferente dos Rega, ele vem com o tão abenço-
ado borne de aterramento separado dos canais RCA - muitos não
imaginam a maravilha que este aterramento pode fazer em um
toca-disco! Finalizando, temos uma saída USB caso queiram digita-
lizar seus discos em um computador.
O TD 202 vem embalado em uma caixa dupla: a primeira é ba-
sicamente uma couraça que protege a caixa principal das intempé-
ries. E dentro dela, sim, vemos uma caixa muito bonita com grafias
modernas e tudo. E dentro desta temos isopores moldados que
garantem uma viagem segura em qualquer condição de transporte.
O arranjo dentro da embalagem é semelhante ao de muitos outros
toca-discos: tampa feita em acrílico transparente fica na parte de
cima, ladeada por isopores, e abaixo da tampa fica o manual, os
cabos RCA com fio de aterramento, e o gabinete do TD 202. O prato
em alumínio fica embaixo de tudo e, nas laterais do isopor direito,
o contrapeso e o headshell montado em uma cápsula MM modelo
AT-95E, da Audio-Technica.
O braço em alumínio de 8,8 polegadas, com sistema do tipo
baioneta, já vem montado e fixado à base do toca-disco. Toda a
geometria do braço já vem pré-ajustada de fábrica, a única coi-
sa que fica a cargo do proprietário é o ajuste do contrapeso e do
anti-skating, que depende deste primeiro para ser feito. Infelizmente
estes ajustes não poderiam vir pré-ajustados de fábrica, pois ao
chegar aqui no Brasil, tudo estaria desregulado devido aos trancos
sofridos no transporte.
O gabinete tem boa rigidez, o acabamento pode ser em preto alto
brilho ou mogno alto brilho, os controles de liga/desliga e de troca de
velocidade 33-1/3 e 45 RPM dão um toque retrô ao aparelho. O pra-
to em alumínio forjado arremata o design com um acabamento ex-
terno em cromo alto brilho. Por dentro do prato, um volumoso anel
de borracha auxilia na contenção das vibrações e, acima do prato,
o inconfundível tapete de borracha Thorens. A tração por correia
fica por conta de uma polia que faz contato com o motor localizado
dentro do gabinete. A fonte é externa e é parecida com uma fonte de
celular. O conjunto todo pesa aproximadamente 10 kg.
75MAIO . 2020
COMO TOCA
Para o teste foram utilizados os seguintes equipamentos: ampli-
ficador integrado Sunrise Lab V8 MkIV Signature Special, Pré de
phono Sunrise Lab The PhonoStage II SE. Caixas acústicas: Elipson
Prestige Facet 8B, e Neat Ultimatum XL6. Cabos de força: Sunrise
Lab Premium Magic Scope, Sunrise Lab Illusion Magic Scope. In-
terconexão: Sunrise Lab Premium Magic Scope RCA, Sunrise Lab
Illusion Magic Scope XLR, Sax Soul Zafira III XLR. Cabo de Caixa:
Sunrise Lab Reference Magic Scope e Quintessence Magic Scope.
O TD 202 chegou lacrado, sua montagem foi relativamente fácil,
mas é preciso ter em mãos uma balança digital ou uma analógica
do tipo da Ortofon para ajuste do contrapeso. Esta balança não vem
com o toca-disco, uma falha que não é cometida apenas pela Tho-
rens: quase todas cometem este erro.
A cápsula indica que a força de rastreio vai de 1.5 a 2.5 gramas,
eu preferi colocar 1.5 g para fazer o amaciamento que, mesmo co-
nhecendo bem a cápsula, demorou muito para amaciar: mais de 40
horas! Após este período mudei para 1.8 g e o antiskating ficou na
posição 1.6.
No início do amaciamento, o som do TD 202 não agrada muito -
tudo soa meio bagunçado, as freqüências não parecem se encaixar
muito bem, os extremos são bastante velados os médios quase não
aparecem direito, não parece que se está ouvindo um toca-discos,
não tem aquele calor e som aveludado de um toca-discos, e esta
sensação continua por 80% do tempo de amaciamento. Lá no final
é que os extremos ganham definição e extensão, a região média
ganha luz, a voz aparece sedosa e mais proeminente, dando mais
equilíbrio ao conjunto. Algumas pessoas podem estranhar esta de-
mora em tudo se encaixar, mas faz parte do processo, não há como
fugir, o melhor mesmo é manter a calma e curtir o brinquedo novo
(risos).
Com tudo encaixado e nos conformes, voltamos para os discos,
e o primeiro disco foi Natalie Cole, Still unforgettable (DMI Records),
para tirar a cisma do equilíbrio tonal, Como que se trata de uma ver-
são gravada digitalmente, que depois passou para vinil, é uma boa
pedida para quando estamos desconfiados que o toca-discos não
esteja lá muito equilibrado - este disco denuncia rapidamente, pois
ele não tem aquela porção extra de harmônicos típica em gravações
analógicas, e se o toca-discos estiver ou for ‘mais ou menos’, soará
como um CD. Minhas suspeitas não se confirmaram, e o TD 202
conseguiu trazer à superfície uma boa dose de harmônicos do dis-
co. O próximo disco foi Sting, Nothing Like the Sun (A&M Records),
última faixa do lado 1. Novamente o TD 202 demonstrou um bom
equilíbrio e o violão com bom timbre e as vozes também. Faltou um
pouco mais de silêncio de fundo, e um pouco mais de ambiência,
para que esta música nos envolvesse como se deve, mas não há
nada de desapontador nisto, pois basta que o futuro comprador
troque de cápsula - por uma Grado Prestige Red ou Blue 2 por
exemplo - para que esta magia apareça.
Uma coisa curiosa é que o TD 202 não casou em nada com o pré
de phono Sunrise Lab the Phono Stage II SE. Outra coisa que me
incomodou um pouco é que o motor tem apenas a força necessá-
ria para manter a rotação estável, mas até passando a escova de
cerdas de fibra de carbono o motor desacelera, voltando à rotação
normal depois do processo de limpar o disco. Sabemos que este
é um toca-disco de entrada, não é um trator neste quesito, não dá
para exigir muito principalmente por que ele não foi pensado para
que se use clamp pesado. Por este motivo, se quiser fazer um mimo
e adicionar um clamp, sugiro os modelos leves por pressão e não
por peso, como os modelos Michell ou da Trumpet.
76 MAIO . 2020
TOCA-DISCOS DE VINIL THORENS TD 202
CONCLUSÃO
Mais uma vez a Thorens consegue entregar um bom conjunto:
bom braço, boa cápsula em um gabinete muito bem estruturado.
Ele não é como os antigos da década de setenta até final dos 90,
que poderiam durar por cem anos, mesmo porque os materiais dos
quais eram feitos já não são abundantes e muito menos baratos
hoje em dia. Ainda assim a Thorens construiu um aparelho robusto,
confiável e equilibrado o suficiente para iniciar seu sobrinho ou filho
no bom e velho vinil.
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Tração
Motor
Velocidades
Variação de velocida-de de rotação
Wow & flutter
Relação sinal/ruído
Prato
Diâmetro do prato
Tipo de braço
Braço aceita cápsulas com peso
Ajuste de anti-skating
Tipo e modelo de cápsula
Resposta de frequência da cápsula
Separação de canais da cápsula
Nível de saída da cápsula
Força de rastreio da cápsula
Peso da cápsula
Peso do headshell
Alimentação do toca-discos
Consumo
Dimensões (L x A x P)
Peso
Belt-Drive
DC
33-1/3 RPM, 45 RPM
+/–2%
0.2%
67 dB ou maior (A-weighted, 20 kHz LPF)
Alumínio fundido
12”, 300mm
Tubo de alumínio reto, equilíbrio estático, comprimento de 8.8” (223.6 mm)
3.5 à 6.0 g
Sim
MM (Moving Magnet), Audio-Technica AT-95E
20 Hz to 20 kHz
>18 dB
2.5 mV (1 kHz, 3.54 cm/sec.)
2.0 g (+/–0.5 g)
5.7 g (+/–0.5 g)
11 g (incluindo parafusos e fios)
AC de 100 à 240 V (50/60 Hz)
1.5W (menor que 0.5W em stand-by)
420 x 355 x 121 mm
3.9 kg
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Equilíbrio Tonal 8,0
Soundstage 7,5
Textura 7,5
Transientes 7,5
Dinâmica 7,5
Corpo Harmônico 7,5
Organicidade 7,5
Musicalidade 8,0
Total 61,0
TOCA-DISCOS DE VINIL THORENS TD 202
PONTOS POSITIVOS
Excelente casamento entre braço e cápsula. Ótimo acaba-
mento.
PONTOS NEGATIVOS
Motor poderia ser mais potente.
KW Hi-Fi(48) 3236.3385
£1.960
RECOMENDADO
78 MAIO . 2020
ESPAÇO ABERTO
Poucas vezes nos nossos 23 anos, esta seção teve um convida-
do. Essas exceções ocorreram por uma causa justa.
Nosso novo colaborador internacional (pois ele mora na Holanda
há muitos anos), fará sua estreia na revista contando um pouco da
sua ‘saga’ ao refazer um toca-discos Rega Queen Edição Especial
integralmente, deixando apenas a bandeja original do toca-discos.
Acompanhei de longe, etapa por etapa, e o resultado ficou tão
impressionante (pelo o que ele relatou), que achei que seria útil para
inúmeros de nossos leitores que adoram realizar seus próprios up-
grades (principalmente agora com a crise que estamos vivendo).
Tenho certeza que muitos irão se inspirar nas dicas dadas pelo
Tarso Calixto.
Seja bem-vindo meu amigo e que essa seja a primeira de muitas
matérias feitas no velho continente.
REGA QUEEN EDITION: TRANSFORMANDO UM ENTRY-LEVEL EM COISA SÉRIA
Fernando Andrettefernando@clubedoaudio.com.br
Fundador e atual editor / diretor das revistas Áudio Ví-deo Magazine e Musician Magazine. É organizador do Hi-End Show (anteriormente Hi-Fi Show) e idealiza-dor da metodologia de testes da revista. Ministra cur-sos de Percepção Auditiva, produz gravações audiófi-las e presta consultoria para o mercado.
79MAIO . 2020
Quem é esse cara? Prezado leitor, talvez ajude se eu contar um pouco da minha história
com áudio, em vez de começar diretamente com o artigo. Minha vocação é em engenharia
e arquitetura, resumidamente sou daqueles que gostam de construir, testar, experimentar, e
observar os resultados dos experimentos. Geralmente, antes de me envolver com um projeto,
tenho a disciplina de estudar e aprender sobre o assunto em questão, fazendo o esforço para
ao menos compreender os princípios básicos.
Música faz parte da minha vida desde cedo, lembro claramente do meu Pai sempre escu-
tando o Porgy and Bess com a Leontyne Price, canções da Edith Piaf, Oscar Peterson, Dizzy
Gillespie, e Stephane Grappelli. Naquela época eu, por outro lado, gostava de um estilo de
música mais carnal, rítmica, começando com trilhas sonoras de filmes, música eletrônica, e
acabando por enveredar na Dance Music tocada em clubes e casas noturnas. Meu grupo de
amigos tinha um gosto eclético, e dependendo da casa onde realizávamos, o sarau o estilo
era diferente. Um deles tinha uma aparelhagem sensacional, sofisticada: foi na casa dele que
vi e escutei um CD-Player pela primeira vez, as caixas acústicas eram quase da minha altura
(Gradiente Concert I) com um lindo tampo de vidro e ribbon tweeters. O outro amigo tinha
dois sistemas, um no quarto dele e outro que pertencia ao pai, ambos muito interessantes. Na
casa desses amigos, de vez em quando haviam upgrades, um novo amplificador, novas caixas
acústicas, e constante experimentos com novas cápsulas e agulhas.
E havia os saraus na minha casa. Lá também haviam dois sistemas, ambos seriamente limi-
tados: na sala havia um Gradiente System 95, e no quarto havia um receiver Philips 22RH781
conectado a um toca-discos da Garrard automático de três velocidades, que utilizava uma
agulha de cerâmica, tudo conectado por cabos DIN, e não RCA. A limitação era tanta que a
única coisa interessante que fazíamos era escutar faixas de discos 33-1/3 em 78 rotações por
farra e dar umas boas risadas. Lá em casa a aparelhagem era usada até quebrar, não havia o
hábito de comprar e experimentar com aparelhos de som.
Graças à esses amigos, tomei o gosto de experimentar com aparelhagem de som e comecei
a construir um sistema mais interessante, passando por marcas como CCE, Cygnus, Gradiente,
Pioneer, Sony e Technics. Produtos bem mais articulados do que o meu Philips de antes.
O RECOMEÇO E A AJUDA
Em 2016 ocorreu o meu retorno ao áudio, especificamente com aspirações e ênfase no inte-
resse de reaprender a escutar música, associado à utilização de produtos e soluções do nicho
Hi-End. Estava claro que a minha realidade financeira, e o pouco conhecimento no assunto,
eram limitações para serem resolvidas. Como a maioria dos leitores e praticantes, comecei a
estudar, pesquisar e fazer experimentos. Primeiramente procurei por uma referência de como
descrever música sem ser músico, e principalmente, sem utilizar uma terminologia subjetiva
e vaga. Algumas fontes de informação ajudaram, como o glossário de descrição de som da
Head-Fi, e também vídeos sobre o assunto. A grande dificuldade foi encontrar uma referência
que reduzisse a subjetividade quando descrevendo som e ajudasse a descrever música de
uma forma objetiva, articulando sobre as características e nuances da melhor forma possível.
Com esse recomeço tive o privilégio de contar com a ajuda e a orientação de três indivíduos
que tiveram um papel fundamental e marcante: o Ulisses Faggi e o Juan Lourenço da Sunrise
Lab, e o editor dessa revista, o ‘gentleman’ do Hi-End no Brasil, o senhor Fernando Andrette.
Graças a eles, tive a base necessária que me habilitou a compreender a lógica, e começar
a criar modelos mentais de como eu poderia modificar e melhorar os componentes do meu
DIRETOR / EDITOR
Fernando Andrette
COLABORADORES
André Maltese
Antônio Condurú
Clement Zular
Guilherme Petrochi
Henrique Bozzo Neto
Jean Rothman
Julio Takara
Marcel Rabinovich
Omar Castellan
RCEA * REVISOR CRÍTICO
DE EQUIPAMENTO DE ÁUDIO
Christian Pruks
Fernando Andrette
Juan Lourenço
Rodrigo Moraes
Victor Mirol
CONSULTOR TÉCNICO
Víctor Mirol
TRADUÇÃO
Eronildes Ferreira
AGÊNCIA E PROJETO GRÁFICO
WCJr Design
www.instagram.com/wcjrdesign/
Áudio Vídeo Magazine é uma publicação mensal,
produzida pela EDITORA AVMAG ME. Redação,
Administração e Publicidade, EDITORA AVMAG ME.
Cx. Postal: 76.301 - CEP: 02330-970 - (11) 5041.1415
www.clubedoaudioevideo.com.br
Todos os direitos reservados. Os artigos assinados
são de responsabilidade de seus autores e não
refletem necessariamente a opinião da revista.
80 MAIO . 2020
sistema. Este artigo descreve o processo e o raciocínio utilizado para
implementar upgrades no toca-discos Rega Queen Edition, transfor-
mando de um modelo entry-level em um aparelho com uma exce-
lente musicalidade.
PONTO DE PARTIDA E PRIMEIROS PASSOS
Em junho de 2015 a Rega, em parceria com o grupo de rock
Queen, lançou uma edição comemorativa supervisionada pelo gru-
po. Comparado com a linha atual, o toca-discos é semelhante ao
Planar 1 - essencialmente um aparelho razoável em design e imple-
mentação.
A cápsula Carbon foi o primeiro item a ser considerado. O desem-
penho deste componente era suficiente para fazer o aparelho fun-
cionar, mas de forma alguma serviria para escutar discos com algum
nível de fidelidade. Logo, esse foi o primeiro upgrade: a substituição
desta por uma Ortofon 2M Bronze Moving Magnet. A melhora foi
imediata, mas eu sabia que havia uma melhoria adicional a ser feita:
os plugs RCA de plástico. Sem hesitação, instalei plugs RCA de
cobre e banhados à ródio, da Gaofei, uma marca chinesa com um
nível razoável de fabricação. Depois do amaciamento, a melhora era
notável e o aparelho já estava melhor que o original. Eu já estava
sorrindo.
A DESCONSTRUÇÃO E A REAVALIAÇÃO
O novo ano trouxe um período de várias modificações no
toca-discos. Logo no início comecei a procurar por kits de upgrades
originais para aparelhos Rega. Encontrei dois fáceis de implementar
e não muito caros, substituindo o sub-prato por um de aço inoxi-
dável e o prato de resina (com o logo) por um feito à mão de MDF
com acabamento em resina. Adicionalmente, modifiquei os pés do
toca-discos com sapatas de aço. A intenção era começar o acerto
da precisão tonal e adereçar a questão da redução de vibrações
espúrias na base do toca-discos.
ESPAÇO ABERTO
As especificações do Rega Queen Edition, quando lançado eram:
• Base com acabamento preto piano com o logo do grupo Queen
• Braço RB101 feito à mão
• Fiação standard com plugs RCA de plástico
• Cápsula moving magnet Rega Carbon
• Motor síncrono de baixa vibração com torque optimizado com
pinhão de resina
• Sub-prato de resina
• Prato de resina com o logo impresso
• Pés de borracha
Encontrei esse aparelho em oferta online no primeiro semestre
2017, após uma breve consulta com o pessoal da Sunrise Lab, fiz o
pedido. Depois da espera de alguns dias, recebi o produto, lacrado
em sua caixa original e com todos os floreios. Ao desempacotar,
imediatamente comecei a notar as melhorias em potencial.
81MAIO . 2020
Adquiri também um tapete de cortiça para o prato, juntamente
com um peso de discos de 290 gramas da Pathe Wings, uma mar-
ca alemã. Essa leva de upgrades refinou o aparelho, fazendo com
que o som se tornasse mais encorpado, e com a dinâmica mais
abrangente.
Passados alguns meses, e depois de uma breve consulta com
o Ulisses, descrevi a ele o que eu já havia feito e perguntei o que
mais eu poderia considerar para melhorar o aparelho. A resposta
foi simples e imediata: “Vamos trocar o braço”, disse ele. Decidimos
pelo RB800, pois na época o RB2000 era inacessível e financeira-
mente proibitivo. Em seguida, fui à Sunrise Lab para visitar e com o
braço ainda na caixa, à tiracolo. Ao chegar lá este foi completamente
reconstruído e melhorado: a fiação toda foi removida e substituída
com tecnologia Magic Scope da Sunrise Lab, e plugs da Furutech.
O braço não era mais original - com o tratamento Sunrise Lab este
tornou-se uma peça única.
Ao voltar da visita, com o braço pronto para instalar, comecei a
trabalhar. Mas havia um problema: a altura da base no braço não era
igual ao antigo RB101, e não havia peças originais disponíveis para
fazer o ajuste. A situação exigiu a construção de peças dedicadas
para essa instalação: usando tubulação de aço inoxidável, construí
as buchas para elevar o RB800 na altura necessária, e após algu-
mas tentativas as buchas estavam prontas e o braço foi finalmente
instalado.
Ainda usando a Ortofon 2M Bronze, ao experimentar com um dis-
co, qual não foi a minha surpresa: tudo estava “grande”. Imaginem,
o corpo que já estava amplo tornou-se ainda mais abrangente, a
dinâmica de frequências claramente discerníveis, e o som atribuído
de transparência.
AMACIANDO E AFINANDO
Até esse ponto, as modificações alteraram o aparelho e eleva-
ram vários níveis de grandeza de musicalidade em relação ao Rega
Queen Edition original: cápsula, braço, sub-prato, prato e pés. Du-
rante um ano apreciei o quanto as músicas revelavam detalhes en-
quanto eu as escutava. Ainda assim, eu tinha a impressão de que
alguma forma, de algum jeito, melhorias eram possíveis. Eu só não
tinha ainda o quê - momentos para reflexão.
Passado mais um ano, e em visita a Sunrise Lab, decidi que o mo-
mento de passar para a topologia Moving Coil havia chegado. Fora
com a Ortofon 2M Bronze, e que entre a Ortofon Quintet Bronze.
De imediato, e novamente, a resolução do toca-discos aumentou:
a nova cápsula melhorou o detalhamento. Decidi também acertar
a base do toca-discos, utilizando placas de chumbo usados para
isolamento de lajes, combinados com acabamento anti-vibratório,
adicionando lastro na área inferior. Esse upgrade modificou a resso-
nância da base e reduziu a ocorrência de vibrações mecânicas no
decorrer da superfície. Depois do amaciamento, o som que estava
bem resolvido tornou-se mais detalhado.
Alguns meses depois, me encontrei mais uma vez procurando por
melhorias para considerar. Curiosamente, nada me chamava aten-
ção, até que um dia li um artigo sobre um empresa inglesa chama-
da The Funk Firm, que tinha lançado um novo design de pés para
toca-discos - Bo!ng - usando as antigas técnicas de suspensão de
toca-discos antigos: molas em cisalhamento, cada um dos pés é
composto por um cilindro de alumínio acoplado por molas a um
pequeno disco interno. O ajuste relativo de peso envolve o uso de
quantidades variáveis de molas, a quantidade mínima é de três e a
máxima é de nove.
82 MAIO . 2020
Ao receber o conjunto dos pés, notei que o kit de montagem exi-
gia uma intervenção inaceitável na base: as instruções indicavam
que enormes furos deveriam ser feitos para encaixar buchas para os
novos parafusos. Ora, meu interesse era manter a furação original
sem comprometer a base. Resolvi, então, que o método de instala-
ção seria redesenhado. Usando tubos de aço e anéis de borracha,
construí hastes que acoplariam os cilindros à base do toca-discos.
O resultado manteve o design original de cisalhamento sem com-
prometer a base. Depois de alguns experimentos, decidi usar seis
molas nos pés da frente e nove no pé de trás.
ESPAÇO ABERTO
De imediato perguntei o que fazer, então. Eu sabia que passar à linha
Cadenza da Ortofon não estava nos meus planos, afinal eu já havia
usado duas cápsulas na mesma marca. Aí o Juan me perguntou:
“Qual som você está procurando atingir?”. Respondi, então: “Não
quero ficar trocando toda hora. Entretanto, não posso evitar de notar
essa diferença no que estou escutando”. Aí veio mais uma pergun-
ta: “Você quer manter ou melhorar o detalhamento da Quintet, mas
com mais corpo harmônico?”. Me senti como ele estivesse lendo a
minha mente, respondi: “Exatamente! Existe alguma coisa assim?”.
E ele: “Fácil, você precisa instalar a Benz, Benz-Micro”.
Nunca havia ouvido esse nome antes, resolvi procurar e estudar
as possibilidades. Decidi pelo modelo chamado Wood Body S - a
cápsula essencialmente é uma Benz Micro Glider S Moving Coil
encapsulada num corpo de madeira. O diamante da agulha é tão
pequeno que necessito uma lupa para enxergá-lo. Ao instalar essa
cápsula, o impacto foi tão grande que tive que confirmar os resul-
tados varias vezes. Eu estava incrédulo, o som que o toca-discos
reproduzia era simplesmente espetacular. Telefonei e escrevi para
agradece ao Juan e, depois, ao Fernando pelas orientações. Nunca
na minha vida imaginei que um dia teria um toca-discos na minha
sala com tal nível de musicalidade.
Finalmente, neste ano, ainda havia a suspeita que algo mais res-
tava a ser melhorado para ser considerado: o prato de MDF resina-
do. Após uma breve consulta com o Ulisses, resolvi usar um Delta
Device da Tizo Acrylic, de acrílico usinado nas exatas dimensões do
Rega. Esse é um tipo de upgrade que, se não funcionasse, seria fácil
de reverter. Sem muitas expectativas, escutei um disco para testar
o novo prato - e que surpresa foi a minha, o upgrade consolidou
todas as melhorias que o aparelho sofreu no decorrer dos últimos
três anos: a musicalidade, o corpo harmônico, o palco sonoro, a
transparência, e o detalhamento são incríveis, e ao mesmo tempo
estarrecedores.
Retrospectivamente, a única parte original do toca-discos é a
base. Todo o resto foi substituído, modificado e melhorado. O Rega
Queen Edition tornou-se algo muito além do que foi originalmente
desenhado.
As especificações do Rega Queen Edition agora são:
• Base com acabamento preto piano com o logo do grupo Queen
com lastro de chumbo e material anti-vibratório
• Braço Rega RB800, com fiação Sunrise Lab Magic Scope e
plugs RCA Furutech
• Cápsula Moving Coil Benz-Micro Wood Body S
• Motor síncrono de baixa vibração com torque optimizado com
controlador digital e pinhão de aço
Pouco depois, o momento de melhorar a transmissão chegou:
fora com o motor original, e entra o upgrade original da Rega de 24V,
alto desempenho, com interface de controle e uma nova correia.
Não passou uma semana, chegou o controlador digital de veloci-
dade (Neo). Esses upgrades solidificaram todos os outros, e houve
uma convergência de melhoramentos. O toca-discos atingiu um ní-
vel de maturidade que nunca escutei antes. A essa altura ficou claro
que, se novas melhorias ocorressem, a necessidade de considerá-
-las cuidadosamente seria imprescindível. O aparelho havia chegado
à um tal ponto de desempenho que mudanças adversas poderiam
comprometer a musicalidade. Resolvi então acalmar e desfrutar da
música.
O ÚLTIMO ATO
Passados mais seis meses, comecei a notar uma certa defasa-
gem na dinâmica, especificamente nas frequências altas. Decidi que
era cisma e segui escutando minhas músicas. Um dia, ao falar ao
telefone com o Ulisses e o Juan, perguntei a eles se eles haviam
notado se a Ortofon Quintet tinha uma característica mais suave na
faixa de altas frequências, ou se era impressão minha. Eles confir-
maram, eles haviam notado o mesmo no sistema da Sunrise Lab.
83MAIO . 2020
• Sub-prato de aço
• Prato de acrilico
• Pés modificados Bo!ng da The Funk Firm
Sistemas de Referência e Notas Finais:
Além de música ao vivo, minha referência de sistemas de áudio
são duas: o showroom da Sunrise Lab e a Sala de Testes da Audio
Vídeo Magazine. Sem essas, e sem as orientações dos profissionais
dessas empresas, esses upgrades jamais teriam ocorrido.
O que me ocorreu, no decorrer desses upgrades, é que a trans-
formação do Rega Queen Edition foi gradativa - a cada passo tive
a oportunidade de apreciar cada melhora, aprender como escutar e
analisar música, e me divertir à beça durante todo processo. Não há
nada mais gratificante do que experimentar e observar os resulta-
dos imediatos num sistema de áudio customizado por suas próprias
mãos.
Eu gostaria de terminar esse artigo com a esperança de inspirar
ao leitor de se aventurar e atrever a experimentar, inventar e cons-
truir. Creio piamente que os hobbystas desse nicho têm um alto nível
de sensibilidade com um alto grau de criatividade. Agradeço a sua
atenção desde já, e se há algum pormenor dos upgrades que ne-
cessite explicações adicionais, fico à disposição.
Tarso Calixto
84 MAIO . 2020
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