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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA –
PROPPEC
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS
PÚBLICAS-PMGPP
EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE:
Estudo de caso sobre políticas públicas de emprego e renda, no município de Candói-Pr.
– nas décadas recentes.
EDILSON HUGO RANCIARO
Itajaí
2014
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA –
PROPPEC
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS
PÚBLICAS-PMGPP
EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE:
Estudo de caso sobre políticas públicas de emprego e renda, no município de Candói-Pr.,
nas décadas recentes.
EDILSON HUGO RANCIARO
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Mestrado
Profissional em gestão de Políticas Públicas, da Universidade do Vale
do Itajaí – UNIVALI, sob a orientação do Prof. Stravros Wrobel Abib
e Co-Orientador Msc. Eduardo Guerini, como exigência parcial para
obtenção do Título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.
Itajaí
2014
DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para os devidos fins de direito e sob as penas da lei, que assumo total
responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), a coordenação do Programa de Mestrado
Profissional em Gestão de Políticas Públicas, a Banca Examinadora e o Professor de
responsabilidade acerca do mesmo.
Por ser verdade, firmo o presente
Edilson Hugo Ranciaro
Mestrando
AGRADECIMENTOS
Ao findar um ciclo de vida dedicada ao trabalho, como professor universitário
agradeço a todos que, de uma maneira ou de outra, oportunizaram minha participação no
Mestrado Profissional na Universidade Vale do Itajaí – UNIVALI.
Enalteço a toda equipe do Programa, em especial aos Professores Dr. Flávio
Ramos, figura simpática e motivadora, que irradia a todos os alunos alegria e, sobretudo,
responsabilidade. Ao Professor Co-Orientador Msc. Eduardo Guerini, sempre compenetrado
como profissional que é, fazendo-nos entender, em poucas palavras, o norte na elaboração da
dissertação. Ao jovem Professor Dr. Stravros Wrobel Abib, nosso Orientador, pelo seu
elevado conhecimento, sua lucidez e franqueza ao analisar nossas falhas devido a falta de
observação e leitura.
À graciosa equipe da Secretaria do Curso de Mestrado, Tânia, Nay, Melissa,
sempre atenciosas com todos os alunos, o meu muito obrigado e estou certo de que as
amizades permanecerão ao longo dos anos.
Aos meus filhos, Karine, Andrei e Maira, pela dedicação e compreensão no
cuidado de minha esposa Ivone, em tratamento de uma metástase, para que eu pudesse
complementar meus conhecimentos na área pública, essencial para o meu aprimoramento
profissional.
A maior parte dos atos corruptos requer escolha moral do indivíduo e
depende de sua avareza e maldade. Entretanto, a corrupção do Estado
resulta das consequências da natureza humana individual interagindo
com sistemáticas e permanentes desigualdades em riqueza, poder e
status. Estas são sempre injustas e corruptas. Considere-se contudo,
que o fim da desigualdade não assegura a eliminação da corrupção,
por ser ela também parte da condição humana. A corrupção do Estado
e a corrupção do povo caminham juntas. Por isso a solução do
problema está tanto na educação moral do povo quanto na sua
participação no processo político, acompanhada de maior igualdade
econômica.
J.P.Dobel
EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE:
Estudo de caso sobre políticas públicas de emprego e renda, no município de Candói-Pr., nas
décadas recentes.
EDILSON HUGO RANCIARO
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo pesquisar o processo emancipatório do Município de
Candói, Estado do Paraná, seu desenvolvimento econômico e social, com reflexos na geração
de emprego e renda local, nas duas últimas décadas. A pesquisa ressalta que o processo
emancipatório, pautou-se pela luta de uma comunidade distrital, preterida pela administração
central, desde a década de 80, resultando em movimentos da sociedade organizada através de
Associação representativa, cujo intento logrou êxito somente após 12 anos de intensos
trabalhos, junto às autoridades do Poder Legislativo Estadual do Paraná. Ao completar seus
vinte anos de instalação (1993), o estudo resgata através de pesquisas de documentos
históricos e de dados estatísticos econômicos e sociais, sua evolução, as melhorias
implantadas e seus efeitos na geração de emprego e renda. Os resultados apontam que
passados vinte anos de gestão, novas necessidade de redirecionamentos de investimentos e de
políticas públicas se fazem necessárias, visando conter a evasão de sua população, na redução
do número de famílias em estado de pobreza, no incentivo a sua agro-industrialização e
empreendedorismo para a geração de emprego, e melhorias no saneamento básico. A
implantação de políticas públicas participativas influenciará a alocação de recursos e
melhorias nos indicadores sociais e perspectivas para a nova geração de jovens, além de
estimular aos acadêmicos, estudos econômicos e sociais, dos municípios do Estado do Paraná.
Palavras-chave:
Emancipação e Empregabilidade do Município de Candói – Análise da Empregabilidade do
Município de Candói – Desenvolvimento e Empregabilidade do Município de Candói
ABSTRACT
This study aimed to find the emancipatory process of Candói County, State of Paraná, their
economic and social development, reflected in the generation of local employment and
income in the last two decades. The research highlights that the emancipatory process was
guided by a district community struggle, belittled by the central government since the 80s,
resulting in movements of organized society through representative Association, whose
purpose has succeeded only after 12 years of intense work, with the authorities of the State
legislature of Paraná. Upon completing his twenty years of installation (1993), the study
rescues through research of historical documents and social and economic statistical data,
their evolution, the improvements implemented and its effects on employment generation and
income. The results show that after twenty years of management, need for new redirects
investments and public policies are necessary, seeking to contain the escape of its population,
reducing the number of families in poverty, encouraging its agro-industrialization and
entrepreneurship for job creation and improvements in sanitation. The implementation of
participatory public policies influence the allocation of resources and improvements in social
indicators and prospects for the new generation of young people, and encourage the academic,
economic and social, of the municipalities of Paraná studies.
Keywords:
Empowerment and Employability Municipality Candói - Analysis of Employability
Municipality Candói - Development and Employability Municipality Candói
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Quadro 2
Quadro 3
Quadro 4
Quadro 5
Quadro 6
Quadro 7
Quadro 8
Quadro 9
Quadro 10
Quadro 11
Quadro 12
Quadro 13
Quadro 14
Quadro 15
Quadro 16
Quadro 17
Quadro 18
Quadro 19
Quadro 20
Quadro 21
Quadro 22
Quadro 23
Quadro 24
Quadro 25
Quadro 26
Quadro 27
Quadro 28
Quadro 29
Número de Estados e Municípios no Brasil...............................................
Critérios legais para emancipação de Distritos no Paraná..........................
Resultado dos processos decisórios das emancipações municipais no
Paraná – 1989-1996....................................................................................
Resultado do Plebiscito para emancipação do Distrito de
Candói/Paz/PR............................................................................................
Modelos de planejamento governamental no Brasil...................................
Número de estabelecimentos agropecuários, segundo grupos de áreas no
Paraná, 1970-2006......................................................................................
Produto Interno bruto do Brasil e Paraná a preços correntes de mercado
1995-2010...................................................................................................
Principais produtos agrícolas 1999 – 2012.................................................
População Total e sua distribuição por ano, segundo a Região..................
População residente desagregada, segundo características gerais –
Paraná 1990-2010.......................................................................................
População por faixa etária Candói 2007-2010...........................................
Trocas líquidas migratórias – Candói/PR..................................................
Municípios no Paraná que apresentam redução de sua população no
período de 2000 a 2010..............................................................................
IDHM Brasil, Paraná e Candói..................................................................
Censo Escolar – Matrículas – Séries históricas – Brasil 2000 a 2011........
O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – rede
pública e privada – Brasil, 2005-2011........................................................
O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – rede
pública e privada – Brasil, por Região 2005-2011.....................................
Proporção da População de 15 anos a mais de idade com escolaridade
inferior a quatro anos de estudos, segundo o domicílio – Brasil e grandes
Regiões, 1993, 1997, 2001 e 2005.............................................................
Censo Escolar – Matrícula – séries históricas – Brasil – Paraná 2000 a
2011............................................................................................................
O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – rede
estadual – Brasil-Paraná – 2005-2011........................................................
O IDEB Município de Candói – 4ª e 5ª Séries do Ensino Fundamental –
2005-2011...................................................................................................
Taxa de Mortalidade Infantil – Número de Óbitos Infantis (menos de 1
ano) por 1.000 nascidos vivos, Brasil, 2000-2011.....................................
Número de Profissionais de Saúde por habitante – Médicos p/1000
hab/TMI......................................................................................................
IDHM – Longevidade Candói – 1991 a 2010...........................................
Proporção de Pessoas com baixa renda, menor que ½ salário mínimo,
segundo unidades da Federação – 2001 a 2012.........................................
Pessoal ocupado nos estabelecimentos agropecuários – Brasil – 1975-
2006............................................................................................................
Estoque de empregos formais por setor no Brasil.....................................
Grau de escolaridade dos trabalhadores e remuneração média de
dezembro em reais a preços de dezembro(1) Brasil...................................
Empregos formais no Município de Candói no período de 2002 a 2011...
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Quadro 30
Quadro 31
Quadro 32
Quadro 33
Quadro 34
Quadro 35
Quadro 36
Quadro 37
Quadro 38
Quadro 39
Quadro 40
Quadro 41
Quadro 42
Quadro 43
Quadro 44
Quadro 45
Quadro 46
Quadro 47
Quadro 48
Quadro 49
Quadro 50
Quadro 51
Quadro 52
Quadro 53
Emprego e Renda por sexo no Município de Candói – 2002-2011............
Faixa do tamanho dos estabelecimentos do Município de Candói.............
Faixa de Tempo de Emprego nas Empresas de Candói – 2002 a 2011.....
Rotatividade de emprego total nos setores econômicos do município de
Candói no período de 2007 a 2011.............................................................
Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca no Candói – 2007 – 2011...
Comércio.....................................................................................................
Serviços.......................................................................................................
Extrativa mineral.........................................................................................
Indústria de transferência............................................................................
Construção Civil.........................................................................................
Número de empresas cadastradas e tamanho no Município de Candói –
1993-2013...................................................................................................
Número de empresas ativas de 1993 a 2013, por ano de instalação...........
Evolução do Emprego por Setor de Atividade Econômica de Janeiro a
Dezembro de 2011 a 2013..........................................................................
Benefícios Fiscais – Brasil (R$ Bilhões)....................................................
Evolução do Emprego no Município de Candói e de Cafelândia – 2002 a
março de 2014.............................................................................................
Principais Indicadores dos Municípios de Candói e Cafelândia................
Comparativo na Geração de Emprego – Candói e Cafelândia – 2013.......
Receitas Correntes do Município de Candói, Segundo as Categorias
Econômicas , 2006 a 2013..........................................................................
Percentual das Receitas de ICMS, FPM e Tributárias, sobre o Total das
Receitas Correntes......................................................................................
Composição do Valor Adicionado da Indústria no Município de Candói
1999-2012...................................................................................................
Composição do Valor Adicionado do Comércio do Município de Candói
1999-2012...................................................................................................
Composição do Valor Adicionado da Produção Primária do Município
de Candói 1999 – 2012...............................................................................
Convênios Realizados pelo Município de Candói, junto ao Governo
Federal , por Ministérios – Período 1997 a janeiro de 2014.......................
Demonstração da Receita e Despesa, Segundo as Categorias
Econômicas – Balanço Anual – Município de Candói – 2013...................
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151
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Tabela 5
Tabela 6
Tabela 7
Tabela 8
Tabela 9
Tabela 10
Tabela 11
Tabela 12
Tabela 13
Tabela 14
Tabela 15
Tabela 16
Tabela 17
Tabela 18
Tabela 19
Tabela 20
Tabela 21
Tabela 22
Tabela 23
Tabela 24
Tabela 25
Tabela 26
Tabela 27
Tabela 28
Evolução do Número de Municípios no Brasil............................................
Novos Municípios no Paraná, instalados segundo a população...................
Séries históricas – Produto Interno Bruto – Brasil.......................................
Índice de GINI, referente a concentração da terra – Estados selecionados
– Brasil de 1996 a 2006.................................................................................
Estabelecimentos agropecuários, segundo a atividade econômica,
2006..............................................................................................................
Efetivo de pecuária e aves, Candói -1993 a 2012.....................................
Produção alternativa em pequenas propriedades rurais no Município de
Candói...........................................................................................................
Valor Adicionado Comparativo do Município de Candói e Estado do
Paraná – Ano base 1997 a 2011....................................................................
População Rural e Urbana no Município de Candói – Paraná......................
IDHM – Unidades da Federação, 1991, 2000 e 2010..................................
Matrículas na rede de ensino particular no Paraná, 2000 a 2013..................
Matrículas na Educação Básica, segundo a dependência administrativa no
Município de Candói, de 2007 a 2012..........................................................
Docentes nos estabelecimentos de ensino na Educação Básica...................
Número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica no Município
de Candói......................................................................................................
Evolução do Índice de Desempenho do Município de Candói na
Educação, de 1991-2012..............................................................................
Déficit de atendimento em Creche e Pré-Escola no Município de Candói
em 2012.........................................................................................................
IDHM – Educação do Município de Candói, 1991 a 2010..........................
Maiores IDHM – Longevidade no Brasil – PNUD, 2013............................
Menores IDHM – Longevidade no Brasil – PNUD, 2013...........................
Nascidos Vivos e Óbito Infantil no Município de Candói...........................
Renda per capita domiciliar no Paraná – Região Sul e Brasil, 1993 a 2011.
Taxa de Pobreza – Relação por entrância e por Ordem Crescente, março
2012..............................................................................................................
Índice de GINI, da Renda Domiciliar per capita, 1991-2010.....................
Renda e Pobreza, no Município de Candói, 1991 a 2010............................
Número de domicílios no Município de Candói, segundo o uso e tipo,
2000 a 2010...................................................................................................
Abastecimento de água e atendimento de esgoto no Município de Candói,
pela SANEPAR, 2010 a 2012......................................................................
Proporção de Moradores por destino do lixo, em 2000..............................
Consumo e número de consumidores de energia elétrica no Município de
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116
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Tabela 29
Tabela 30
Tabela 31
Tabela 32
Candói, 2007 a 2011.....................................................................................
Estoque de Emprego e PIB no Brasil, 2004 a 2011.....................................
Remuneração média do trabalhador (RAIS) de dezembro a preços de
dezembro – Brasil e Regiões........................................................................
Renda Média Domiciliar 1991 – 2010 ........................................................
Renda Familiar com Proporção de Pessoas de Baixa Renda.......................
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 Evolução do Número de Municípios no Brasil 27
Gráfico 02 Evolução do Número de Municípios no Paraná – 1993-1997. 32
Gráfico 03 Quantitativo da População Rural e Urbana no Município de Candói-
Paraná
85
Gráfico 04 Brasil: IDHM e seus subíndices 1991 – 2000 – 2010. 91
LISTA DE MAPAS
Mapa 1
Mapa 2
Área territorial do Município de Candói (PR)..........................................
Localização do município no Paraná........................................................
43
74
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Foto 1
Foto 2
Foto 3
Foto 4
Foto 5
Foto 6
Indústria Lutcher S/A...................................................................
Hidrelétrica Governador Ney Amintas de Barros Braga.................
Empresa Santa Clara Indústria de Papel e Celulose..........................
Imagem aérea da Sede do Município de Candói-Paraná.................
Lixão a céu aberto.............................................................................
Patrulha Agrícola...........................................................................
63
64
65
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150
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL – Emancipação, Desenvolvimento e Empregabilidade:
Estudo de Caso sobre Políticas Públicas de Emprego e Renda no Município de
Candói – Paraná, nas décadas recentes............................................................................
18
CAPÍTULO I – POLÍTICA EMANCIPACIONISTA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS DE
1990 A 2010
1. Fundamentação Teórica............................................................................................
1.1 Emancipações de Municípios no Brasil......................................................................
1.1.1 Emancipações de Municípios no Paraná................................................................
1.1.2 O Movimento Emancipacionista do Distrito de Candói.....................................
CAPÍTULO II – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
2.1 Desenvolvimento Econômico.....................................................................................
2.1.1 A Experiência do Planejamento no Brasil.............................................................
2.1.2 O Desenvolvimento no Estado do Paraná.............................................................
2.1.3 O Desenvolvimento do Município de Candói.......................................................
2.2 Desenvolvimento Social..............................................................................................
2.2.1 Evolução da População no Brasil e Paraná...........................................................
2.2.2 Dinâmica Populacional na Mesorregião Centro-Sul do Paraná – Guarapuava –
Candói..............................................................................................................................
2.3 Indicadores Sociais...................................................................................................
2.3.1 Índices de Desenvolvimento Humano – IDH..........................................................
2.3.2 IDHM – Educação...............................................................................................
2.3.3 IDHM – Longevidade..........................................................................................
2.3.4 IDHM – Renda....................................................................................................
2.3.4.1 Índice de Pobreza no Brasil.................................................................................
2.3.4.2 Índice de Pobreza no Paraná...............................................................................
2.3.4.3 Indicativos de desempenho das políticas sociais do município de Candói – Pr..
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CAPÍTULO III – A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA
3.1 Teorias Econômicas e o Emprego no Brasil.............................................................
3.2 A Geração de Emprego nos Setores Econômicos do Município de Candói.............
3.3 Políticas Públicas Municipal de Geração de Emprego e Renda...................................
3.4 Políticas Públicas de Desenvolvimento à Agro-industrialização Local....................
3.5 As Finanças Municipais na Geração de Emprego e Renda......................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................
ANEXOS.
119
123
133
135
141
152
156
18
EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE: Estudo de Caso
sobre Políticas Públicas de Emprego e Renda no Município de Candói - Paraná, nas
décadas recentes.
INTRODUÇÃO
A proposta do estudo de caso sobre a emancipação, desenvolvimento e geração de
emprego e renda do Município de Candói, localizado na região Centro Oeste do Paraná, é
resultado de minha primeira experiência na gestão das Secretarias de Administração e
Finanças em um município, após vinte e quatro anos de trabalho no Serviço Social do
Comércio – SESC, no Estado do Paraná e, a partir de 1989, como professor de economia da
FAFIG – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava, atual UNICENTRO -
Universidade Estadual do Centro Oeste.
Minha experiência profissional tornou-se respaldo para o enfrentamento do
convite para a implantação de uma estrutura pública que deveria iniciar a gestão em 1º de
janeiro de 1993. Indicado, juntamente com mais dois professores, pelo Diretor Wilson
Camargo, da FAFIG, em outubro de 1992, para a elaboração dos projetos de Leis essenciais
para que o primeiro gestor do Município de Candói colocasse em prática seus ideais propostos
em campanha, em conformidade com as leis vigentes.
Na data de sua posse como 1º dirigente eleito do novo Município de Candói, o
Prefeito Elias Farah Neto apresentou e entregou, para a recém-empossada Mesa Diretora da
Câmara Municipal, os seguintes Projetos de Lei:
Projeto de Lei– PPA – Plano Plurianual;
Projeto de Lei– LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias;
Projeto de Lei– LOA – Lei do Orçamento Anual;
Projeto de Lei - Estabelece a Estrutura Organizacional do Executivo Municipal;
Projeto de Lei - Cria Cargos e Vagas na Estrutura Organizacional da Prefeitura
Municipal.
No final do mês de dezembro de 1992, fui convidado para fazer parte da equipe da
primeira gestão do Prefeito Elias Farah Neto, iniciada em 1º de janeiro de 1993, e de seu
Vice-Prefeito Anselmo Albino Amâncio, permanecendo até 05 de dezembro de 1995 e,
posteriormente, assumindo a Secretaria de Administração do Município de Pinhão até 30 de
dezembro de 1996.
19
Ao longo dos anos, sempre desejei acompanhar a evolução do Município de
Candói em todos os seus aspectos, visto ter contribuído com a sua instalação. Assim, a
proposta desta dissertação tem por objetivo analisar os resultados das políticas públicas de
emancipação, desenvolvimento e de emprego e renda nas duas últimas décadas, desse novo
ente federativo, situado na Região Centro-Oeste do Paraná, emancipado pela Lei Estadual No
9.353, de 27 de agosto de 1990 e instalado em 1º de janeiro de 1993.
O estudo proposto buscará sua contextualização histórica e seus resultados, com
base em pesquisas de documentos históricos, fundamentação teórica sobre políticas públicas e
dos indicadores econômicos e sociais comparados, ao longo do período a que se propõe a
análise.
Esses três aspectos assumem relevância por representarem um contexto histórico
do município ao longo de seus vinte anos de instalação, e pretende proporcionar aos novos
gestores municipais um cenário de resultados obtidos em seu desenvolvimento durante as
últimas décadas, e que possam servir de indicadores para aprimorar novos investimentos de
recursos públicos em áreas econômicas e sociais, que gerem emprego e priorizem a
capacitação de mão-de-obra para o seu desenvolvimento endógeno.
Distante dos grandes centros industriais ou agroindustriais, o município de Candói
se destaca na agropecuária que está centralizada em uma minoria de grandes e médios
produtores, não residentes, o que dificulta em muito a pretensão de agro-industrialização
local, mas que pode ser revertida no interesse da maioria dos pequenos produtores rurais,
através de políticas públicas de investimentos direcionadas, com financiamentos dos órgãos
federais e conscientização da necessidade de capacitação de mão-de-obra, infraestrutura e
comercialização de seus produtos.
Possuindo recursos escassos que se dispersaram em prioridades de infraestrutura
urbana, direcionada ao mercado imobiliário e elevados investimentos em máquinas
rodoviárias e na frota de caminhões e veículos, sem existir um horizonte para o
desenvolvimento na geração de emprego e renda, com o aproveitamento local de sua
produção, o município de Candói, assiste a emigração de seus residentes para outros centros
industrializados a partir de 2010, com redução de 2,8% de sua população.
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA E QUESTÃO NORTEADORA
Algumas hipóteses levantadas nortearão a base desta dissertação, com vistas a
analisar a geração de emprego e renda, quais sejam:
20
a) A receita gerada pelo VA – Valor Adicionado - reverte em investimentos no
Município pelas empresas e grandes empresários rurais?
b) Qual a participação de vendas do setor privado local junto ao Poder Público?
c) Os projetos de apoio ao pequeno produtor rural acompanham as políticas
públicas de Governo no aprimoramento da mão de obra rural, no
aproveitamento de sua produção e expansão tecnológica?
Como se observa, os problemas são complexos, e merecem estudos
individualizados por pesquisadores que possibilitem encontrar, em um cenário complexo, as
demanda de emprego no município.
É nesse contexto, que o estudo desse tema, objeto desta dissertação é proposto,
abarcando as últimas décadas, organizado em três Capítulos. O Primeiro consiste na
fundamentação teórica dos processos de emancipações no Brasil, especificamente do Estado
do Paraná e o movimento pró-emancipação do Distrito de Candói. O Segundo em um estudo
sobre o Desenvolvimento Econômico e Social no qual se procura identificar os principais
índices de crescimento e desenvolvimento e o Terceiro aborda o processo de Geração de
Emprego e Renda e a aplicação das finanças do Município nas políticas de emprego,
concluindo com uma análise dos resultados obtidos e perspectivas futuras de emprego e
renda.
OBJETIVOS DO PROJETO
Objetivo Geral
Descrever o processo de emancipação política de Candói (PR) seu desenvolvimento e
as políticas de emprego e renda implementadas nas últimas décadas.
Objetivos Específicos
Destacar os aspectos políticos, no processo emancipatório do Município de Candói, no
contexto paranaense de 1990 a 2012.
Analisar os resultados de políticas públicas que resultaram nos indicadores sociais do
Município, confrontando com os obtidos em nível nacional e estadual.
Analisar a evolução das políticas públicas na geração de Emprego e Renda do
Município.
Analisar a evolução da arrecadação municipal e o direcionamento de sua receita, como
forma de oportunizar uma política de geração de emprego e melhorias sociais;
21
Conclusão sobre o Desenvolvimento do município de Candói a partir de sua instalação
1993 a 2012.
METODOLOGIA
Para o trabalho proposto, a metodologia utilizada foi a pesquisa via Internet de
dissertações e teses de pós-graduação sobre os movimentos de emancipações e suas causas,
ocorridos nos Distritos do Paraná e de outros Estados. Documental, através de material
publicado na imprensa da época como o Jornal Esquema Oeste (1987/88), Correio de Noticias
(1987), Folha do Paraná (out.87), Diário Oficial do Estado do Paraná no
3.338/90, Cópias do
processo junto à Assembleia Legislativa, cópias de fax entre a ACDC e Deputados, todos
cedidos pelo Cartorário do Município de Candói e principal articulador do movimento de
emancipação do Distrito, Sr. Celson Luiz Pacheco, os quais constarão como Anexos I, na
presente dissertação.
O registro passo a passo do processo e as dificuldades para conseguir junto à
classe política apoio às reivindicações da comunidade, além dos interesses dos políticos do
Município-mãe, no movimento conduzido pela ACDC – Associação Comunitária para o
Desenvolvimento de Candói foi sem dúvida, lento e gradual desde 1985, cujas articulações
políticas ao longo dos vinte anos, nos levaram a conclusões pessoais vivenciadas e
acompanhadas junto à classe política local.
Como se trata de um estudo de caso foi consultado documentos institucionais do
município, fornecidos pela Secretaria Municipal de Planejamento e do Departamento de
Tributação da atual Gestão, referentes a seu histórico enquanto Distrito, seus programas de
governo, através dos PPAs – Planos Plurianuais, de 1993 a 2012 e empresas cadastradas, além
de outras informações de interesse específico, procurando identificar os principais programas
desenvolvidos na geração de emprego e renda.
A pesquisa de resultados sociais e econômicos envolveu uma gama de Instituições
nos sítios da Internet do IBGE, IPARDES, IPEA, PNUD, FIRJAN e Ministérios das Cidades
e do Trabalho. O período dos dados coletados se limita, a década de 1990 nos seus extremos
2012. Utilizou-se a técnica de gráficos e tabelas com frequência simples, complementadas
com estudos realizados por órgãos de Governo e em revistas especializadas.
JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
A opção pelo estudo de caso deu-se em virtude da participação do autor como
Secretário Municipal de Administração e Finanças, quando da instalação do Município em 1º
22
de janeiro de 1993, até dezembro de 1995 e por entender que é necessário resgatar aspectos
históricos sobre a emancipação do Município, bem como os resultados de seu
desenvolvimento ao longo de seus 20 anos de instalação, para fins de estudo de pesquisadores
de diversas áreas.
A evolução de seu desenvolvimento permitirá analisar a geração de emprego e
renda, a qual depende diretamente de um planejamento de gestão, focado na educação, no
fortalecimento de sua economia e nas melhorias sociais à sua população, evitando-se a
estagnação, a evasão de sua população.
23
CAPÍTULO I
POLÍTICA EMANCIPACIONISTA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS DE 1990 A 2010
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O termo emancipação, na literatura, está relacionado à emigração em massa de
um povo (ou parte dele) segundo livro do Pentateuco (Bíblia), onde se narra a saída dos
hebreus do Egito. Na Idade Média, o termo emancipação foca estritamente o povo judeu, os
quais eram discriminados como um povo que assassinou o deus cristão e, por isso,
considerado inferiores sendo, por essa razão, excluído de grande parte da vida social.
No século XIX e XX, prevalecem os estudos de Karl Marx sobre a Questão
Judaica que estabelece uma verdadeira tipologia da emancipação, dividindo-a em
emancipação religiosa, política e humana. No contexto marxiano, (Questão Judaica/1844) o
conceito de emancipação é um processo social, que está estreitamente ligado à liberdade, à
luta de classes, e à instauração de um novo modelo social que supere aspectos do modelo
vigente (CANIELLES (2009.XI ENPOS-I Mostra Científica UFPel).
No Brasil colônia e Império, pode-se correlacionar o termo emancipação com a
Independência do Brasil (1822) e com a Lei Áurea (1888), no sentido de libertação.
O Dicionário da Língua Portuguesa – Ministério da Educação e Cultura define
emancipação como: alforria, libertação, aquisição da maioridade. No vocabulário jurídico,
tem-se: Emancipar – (Lat. emancipare.) V.t.d. Livrar-se do poder pátrio ou da tutela,
habilitando-se o menor a reger a sua própria pessoa e a seus bens (entre 16 a 18 anos),
instituto pelo qual o indivíduo tem a antecipação da maioridade civil.
Em Filosofia, a emancipação é a luta das minorias pelos direitos de igualdade ou
pelos seus direitos políticos enquanto cidadãos. A emancipação feminina é um movimento
filosófico em que há luta pela igualdade e direitos entre homens e mulheres e pela libertação
dos preconceitos e opressão ainda existentes nas sociedades.
Emancipação política – quando um município tem sua sede elevada à categoria de
cidade, não dependendo mais da cidade polo e passando a receber seus próprios recursos, diz-
se que foi emancipado politicamente.
1.1 Emancipações de Municípios no Brasil
A movimentação dos munícipes distritais se insurge contra uma administração
municipal, quando esta se mostra ineficiente no atendimento às áreas rurais, não
24
oportunizando a elas os mesmos benefícios disponibilizados aos habitantes dos núcleos
urbanos.
Em contrapartida, a gestão pública em territórios extensos, prioriza seus recursos
escassos na infraestrutura de sua sede, em vista da migração rural intensiva, quer seja pela
dinamização urbana com a industrialização, ou pela disponibilidade de melhores condições de
vida à população, como educação, saúde, saneamento básico, comércio e serviços disponíveis
que atraem a geração de emprego e renda, impondo um maior volume de investimentos e
despesas operacionais.
A alternativa da comunidade rural é envidar esforços junto à classe política, para a
possibilidade de autogestão da sua produção, além dos benefícios que a lei lhe garante na
divisão tributária estadual e federal para que possa priorizar os recursos a serem destinados ao
pretenso novo ente, no atendimento das necessidades dos núcleos rurais.
De acordo com Tomio (2002, p.65), para entender o processo de criação de um
município é preciso, antes, compreender como agem estrategicamente os atores diretamente
envolvidos na emancipação. Segundo o autor, os pressupostos gerais implícitos no perfil
desses indivíduos, em linhas gerais, apontam que são:
1) [...] indivíduos conscientes de suas preferências e agem racionalmente (escolhem
entre alternativas e definem suas estratégias na interação com outros atores em
função de suas expectativas futuras) para que os resultados das decisões políticas
atendam a seus interesses;
2) [...] os que determinam a natureza de suas escolhas pela perspectiva de ganhos
individuais (reeleição, maximização da oferta de recursos fiscais, ganhos pecuniários
por esquemas fisiológicos, incremento e/ou melhora das políticas públicas,etc.);
3) [...] aqueles que definem suas estratégias, em situações de interação,constrangidos
pelas regras (instituições) e por suas expectativas quanto às escolhas dos outros
atores políticos envolvidos no processo decisório.
Tal perspectiva do oportunismo político é a que ocorreu na maioria dos
municípios desmembrados de suas origens, sob a ótica de Deputados e candidatos detentores
do poder econômico local, dentre outras autoridades, em contraponto às necessidades das
comunidades rurais.
Sob o ponto de vista econômico, encontra adeptos de opiniões contrárias ao
aumento crescente de despesas públicas com a remuneração de agentes políticos e novas
estruturas administrativas, segundo preleciona Giambiagi e Além (2001, p.338).
25
A divisão de um município gera a duplicidade, resultante de regras de distribuição
de prédios, cargos e funções, já que, onde há uma máquina pública, passam a existir
duas. A soma dos gastos dos dois municípios não chega a duplicar, mas é certamente
maior do que a despesa inicial. É a denominada ‘falácia da agregação’, caracterizada
pelo fato de que o racional do ponto de vista individual é contraproducente do ponto
de vista agregado.
Para o municipalista Bremaeker, 2001 (Estudos Especiais no 20 – IBAM, p.9), as
comunidades rurais são as mais atingidas pela falta de serviços básicos, visto a distância e a
inexistência de transportes para sua locomoção a fim de usufruir de tais serviços oferecidos na
Sede e ou nos núcleos rurais mais desenvolvidos.
A emancipação passa a representar para a comunidade o real acesso a toda uma
gama de serviços públicos a que jamais teriam acesso. Bem ou mal a comunidade
passa a gerir seus destinos quanto à educação, à saúde e à assistência social. Além
disso, passa a construir e depois a conservar as vias urbanas, as estradas e caminhos
vicinais, a cuidar da limpeza pública e, de alguma forma, prover o saneamento
básico.
Segundo Magalhães (2000, Texto-Ipea, p.20), a realocação de recursos públicos
para regiões pouco habitadas e desenvolvidas se constitui em um benefício indireto, visto a
possibilidade de aprimorar as potencialidades locais das regiões em processo de esvaziamento
populacional.
É nesse contexto de controvérsias econômicas e sociais que as demandas locais
buscam encontrar respaldo junto à classe política sobre seus anseios, e esta, aproveita a
oportunidade da existência de demandas para ampliar as bases políticas de seu partido.
O cenário social da população enquanto Distrito não é mensurado no processo de
emancipação, como indicador de inviabilidade. Os entes políticos priorizam, nas legislações
estaduais, o número de eleitores, de residências e potencial econômico que, na maioria das
vezes, não permanece para ser investido no local de sua produção.
Após várias décadas de regime centralizador no Brasil, a oportunidade concedida
pelo governo federal, aos estados, trouxe perspectivas de expansão e de diversificação de
espaços geográficos ampliando as descentralizações de suas atividades específicas para os
estados e municípios.
Entretanto, vencida a primeira fase, novos desafios já se fazem presentes, pela
escolha do futuro Prefeito e Vereadores pelos residentes locais e pela decisão de quais
coligações político-partidárias irão concorrer ao pleito municipal e a instalação do Município.
A fase da escolha representa o início de intensas reuniões dos pré-candidatos a
Prefeito e Vereadores, nos núcleos mais representativos do novo território, sobressaindo
26
aqueles que efetivamente participaram do processo de emancipação, além de agregar um
maior número de eleitores às suas agremiações, bem como, as articulações políticas entre
partidos, obedecidas as diretrizes estaduais e a vontade de seus filiados.
Instalado o município, sua autonomia está assegurada pela Constituição Federal
para todos os assuntos de seu interesse local (art.30) e se expressa sob tríplice aspecto:
“político (composição eletiva de seu governo e edição das normas locais), administrativo
(organização e execução dos serviços públicos locais) e financeiro (decretação, arrecadação e
aplicação dos tributos municipais)”. MEIRELLES (1999, p.696).
Merecem destaque estudos sobre processos emancipatorios realizados por
professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação dentre eles: Rezende (1992);
Bremaeker (1993); Noronha (1996); Affonso (1996); Melo (1996); Cigolini (1999);
Magalhães (2000); Gomes e MacDowell (2000); Giambiagie e Além, (2001); Tomio
(2000/2002) e Alves (2006), sobre as várias causas das emancipações municipais no Brasil,
oportunizados pela Constituição de 1988, a qual determina que, cabe aos Estados legalizar e
regulamentar a criação de novos municípios e priorizar sua manutenção via transferência
tributária quer seja estadual ou federal.
A nova dinâmica institucional com a oportunização para os estados legislarem
sobre os desmembramentos territoriais foi impulsionada pelo amplo apoio da classe política
junto aos distritos mais desenvolvidos, aliando os reclames da população rural por melhor
atendimento da gestão pública centralizada na sede do município.
Dados do IBGE/Pesquisa (2010) demonstram a evolução na criação de municípios
no Brasil, a partir de 1940, como se observa, na Tabela I, que durante o último período do
regime militar (1970 a 1980), foram criados apenas 22 municípios, enquanto após a
Constituição de 1988, foram instalados 1.596 novos municípios.
TABELA 1 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MUNICÍPIOS NO BRASIL
1940 1950 1960 1970 1980 1990 1997 2001 2006 2013
1.574 1.889 2.766 3.952 3.974 4.491 5.507 5.561 5.564 5.570
Fonte: IBGE/Pesquisa.
As regiões Sudeste e Nordeste do país são as que detêm o maior número de
municípios no país, 1.668 e 1.794 respectivamente, representando 62,1% sobre o total de
municípios existentes no Brasil em 2013. Em seguida, a região Sul, com 1.191 municípios;
Centro-Oeste com 467 e a Norte com 450 municípios. De 1980 a 2001, a criação de novos
entes da federação aumentou em 71,5%.
27
GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MUNICÍPIOS NO BRASIL.
Elaborado pelo autor (2013).
Para Rezende (1992 apud Affonso (UNICAMP. 1996, p.10), a nova Constituição
de 1988 foi sem dúvida a avalista das emancipações, a partir do momento em que garantiu o
acesso a uma receita não gerada no local, ou seja, dissociada dos atos de gastar e de tributar
estimulando a tendência à emancipação irresponsável, fazendo com que se criem municípios
sem base econômica própria integralmente dependente das transferências federais e/ou
estaduais.
Com essa evolução crescente, os dados indicam que, até dezembro de 2013, os
Estados da Federação totalizam 5.570 municípios, incluindo o Distrito Federal.
QUADRO 1 - NÚMERO DE ESTADOS E MUNICÍPIOS NO BRASIL
REGIÃO
NÚMERO
DE.
ESTADOS
NÚMERO DE
MUNICÍPIOS
REGIÃO
NÚMERO
DE.
ESTADOS
NÚMERO DE
MUNICÍPIOS
NORTE
7
Acre
Amazonas
Amapá
Pará
Rondônia
Roraima
Tocantins
450
22
62
16
144
52
15
139
NORDESTE
9
Bahia
Ceará
Maranhão
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Alagoas
Sergipe
1.794
417
184
217
167
223
185
223
102
75
SUDESTE
4
Minas Gerais
São Paulo
Rio de Janeiro
Espírito Santo
1.668
853
645
92
78
SUL
3
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
1.191
399
295
497
CENTRO-OESTE
3
Mato Grosso
Goiás
Mato Grosso do Sul
Distrito Federal
467
141
246
79
1
TOTAL: 5.570
FONTE: IBGE.
1.4001.9002.4002.9003.4003.9004.4004.9005.4005.900
1940 1950 1960 1970 1980 1990 1997 2001 2006 2013
28
Atualmente, para que ocorra a emancipação, deverá ser observado o disposto na
Constituição Federal de 1988, art.18, § 4º, com redação dada pela EC 15/96.
Art.18 (...)
§ 4º A criação, incorporação e desmembramento de Municípios far-se-
ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei
complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação
dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na
forma da lei.
Como o Governo federal não promulgou lei complementar sobre a matéria, os
governos estaduais ficam impedidos de promover a criação de novos municípios na área de
sua jurisdição.
Em novembro de 2013, a Presidenta da República, vetou o Projeto aprovado pelo
Congresso para a criação de mais 188 municípios no país, com base no seguinte parecer:
A medida permitirá a expansão expressiva do número de municípios no País, resultando
em aumento de despesas com a manutenção de sua estrutura administrativa e
representativa.Além disso, esse crescimento de despesas não será acompanhado por
receitas equivalentes, o que impactará negativamente a sustentabilidade fiscal e a
estabilidade macroeconômica.Por fim, haverá maior pulverização na repartição dos
recursos do Fundo de Participação dos Municípios - FPM, o que prejudicará
principalmente os municípios menores e com maiores dificuldades financeiras.
Fonte: (http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/11/)
Segundo referencial teórico, as pesquisas realizadas por Bremaeker (1993b, p.88-
99), por meio de envio de questionários abertos aos prefeitos dos novos municípios em 1992,
obteve 72 respostas, que representavam uma amostra de 12,4% do total, sobre as causas das
emancipações, cujo resultado foi:
54,2%: descaso por parte da administração do município de origem;
23,6%: existência de forte atividade econômica local;
20,8%: grande extensão territorial do município de origem; e
1,4%: aumento da população local.
A pesquisa, por si só, já demonstra a insatisfação da comunidade rural com a
administração do município de origem, pois, segundo o autor, quanto mais distante estiver a
população da sede do município, mais difícil será atender aos seus anseios.
29
Na pesquisa de Noronha (1996, p. 110-117), realizada em entrevista com a
população local de 17 municípios emancipados, entre os anos de 1985 e 1993, no Estado do
Rio de Janeiro, concluiu que:
41,17% (7) desses municípios emanciparam-se para evitar a
estagnação econômica;
35,29% (6) por possuírem condições econômicas favoráveis e
23,53% (4) por razões políticas, que consistiam na tentativa de
grupos locais formarem núcleos de poder.
Cigolini (1999, Dissertação de Mestrado UFSC, apud MAGALHÃES, 2000b,
p.15), sobre pesquisa realizada em 22 municípios do Paraná, emancipados na década de 1990,
demonstrou que os principais motivos para a criação foram:
60%de existirem condições econômicas favoráveis;
22%representava o anseio da comunidade local, e
18%baseou-se no plebiscito.
Segundo Melo (1996, p.13), tornou-se um movimento que na sua acepção mais
ampla, se constituiu em um processo que envolve a redistribuição de poder e, portanto, de
prerrogativas, recursos e responsabilidades do governo para a sociedade civil, da União para
os estados e municípios, e do Executivo para o Legislativo e o Judiciário.
Magalhães (2000b, p.14), diretor do Ipea-Pr, ( Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), ressalta em seu estudo que, dos 1.405 municípios instalados entre 1984 e 2000 no
país, 94,5% têm menos de 20 mil habitantes, diferentemente da característica existente em
1940, em que 54,5% dos municípios possuíam menos de 20 mil habitantes, mas com uma
maior extensão territorial, o que se pressupõe maiores dificuldades com a administração
localizada na sede do município de origem.
Para Affonso (2000b, pg.5), o movimento emancipacionista deve-se a um
conjunto de ações políticas, quais sejam:
a) a liberdade política iniciada a partir de 1974;
b) a volta do multipartidarismo; as eleições para governadores e prefeitos no início dos
anos 80 e em 89 com a eleição direta para Presidente da República;
c) os benefícios fiscais na redistribuição de transferências federais aos novos entes da
federação (municípios).
30
Destaca ainda que,
a generalização de políticas de redesenho de novas unidades federativas, atingiu o
Estado de Goiás, com a criação do Estado de Tocantins e Amapá e Roraima (antigos
territórios federais). Além destas, foram apresentadas as propostas de criação dos
estados do Triângulo Mineiro, Maranhão do Sul, Carajás (a partir do Pará), Alto
Solimões, Tapajós e Alto Rio Negro (a partir do Amazonas) e Iguaçu (que seria
desmembrado dos estados do Paraná e Santa Catarina), que não se concretizaram,
estando atualmente em pauta no Congresso Nacional.
Estudos realizados por Tomio (2002b, pgs, 64-69) sobre a criação de municípios
no período de 1988 a 2000, enfatiza que a descentralização de política gerada pela
Constituição de 1988, determinou aos Estados a autonomia institucional na regulamentação e
decisão política pela criação de municípios, movimento que apresenta três tipos de
instituições presentes no processo:
Instituições delimitadoras: (federais, estaduais e municipais) definem o estoque de
localidades emancipáveis, isto é, as localidades ou distritos passíveis de serem
legalmente emancipados;
Instituições estimuladoras: (legislação que regulamenta a transferência de
recursos aos municípios, o FPM [Fundo de Participação dos Municípios] e os
fundos estaduais formados pelo ICMS [ Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços]), ampliam o interesse das lideranças políticas e do
eleitorado das localidades em questão, sobretudo a partir da década de 1980,
devido ao grande incremento de transferências de recursos fiscais aos municípios;
Instituições processuais: (Constituição Federal, legislação federal e estadual e
regimentos internos das Assembleias Legislativas), determinam a forma pela qual
o processo legislativo deve seguir até a promulgação da lei e a possibilidade de
interferência de cada ator político durante o processo, “vetando” ou
“alavancando” a criação de municípios.
As causas dessas configurações sócio-espaciais e políticas na criação de novos
municípios, conforme estudos realizados por Giambiagi e Além, (2001b, p.338.), obedeceram
a três causas:
A descrição enfoca os aspectos legais que são albergados nos processos
constitucionais na escolha dos estoques de distritos existentes no país, passíveis de possuírem
uma autonomia de gestão, mas sujeitos às pressões políticas, sociais e econômicas para a sua
criação, isto é, dependem do interesse das políticas públicas de seus governantes.
Segundo Bremaeker, (2001b, p.9, Estudos Especiais no 20– IBAM):
31
Existe uma quase unanimidade nos meios técnicos, acadêmico, político e da mídia
contra o processo de emancipação de novos Municípios. A principal alegação diz
respeito à inviabilidade financeira da grande maioria desses novos Municípios e do
‘custo’ que representam para o País. Sob uma ótica macro até é possível justificar,
em parte, tal ponto de vista. Entretanto, sob uma ótica micro, ou seja, da
comunidade diretamente interessada pelo processo, não resta a menor dúvida de que
a opinião é diametralmente oposta. Acredita-se que antes de efetuar um julgamento
de valor, as pessoas deveriam vivenciar o ambiente que motiva à emancipação de
um espaço do território para transformá-lo numa unidade autônoma de Governo.
Esse é exatamente o ponto chave de todo o processo. É onde a teoria não tem nada a
ver com a prática. A emancipação passa a representar para a comunidade o real
acesso a toda uma gama de serviços públicos a que jamais teriam acesso. Bem ou
mal a comunidade passa a gerir seus destinos quanto à educação, à saúde e à
assistência social.
A visão micro ou local é uma realidade inconteste, visto que, a maioria dos
municípios brasileiros possui grandes extensões territoriais sem infraestrutura viária que
possibilite seu desenvolvimento interno.
Mesmo com a descentralização fiscal outorgada pela Constituição de 1988, o
centralismo fiscal federal persiste pela elevada alíquota retida dos tributos que, em média, é
de 61%, nos Estados com 22% e nos Municípios com 17% dos impostos e taxas em média.
Assim, não corrobora com as políticas públicas de interiorizações dos estados, que buscam a
ocupação de vazios geográficos e priorizam o aumento da produtividade agropecuária. Essa
dependência dificulta, também, a aceleração da reforma agrária e de fontes de financiamento a
pequenos produtores rurais.
Nos municípios, cuja responsabilidade é direta com a população em todas as
atividades, pensar em políticas públicas sem recursos é priorizar serviços com baixa qualidade
e atender o imediatismo da população, que a situação requer, isto é, “apagar incêndio”, sem
perspectivas de mudanças ou reformas.
Vale destacar os ensinamentos de Celina Souza sobre “Políticas Públicas: Uma
revisão da literatura” (2006, p.20-45), que sintetiza o ponto de vista teórico-conceitual no qual
“As políticas públicas repercutem na economia e nas sociedades, daí porque qualquer teoria
de política pública precisa também explicar as inter-relações entre Estado, política, economia
e sociedade. Tal é também a razão pela qual, pesquisadores de tantas disciplinas partilham de
um interesse comum na área e têm contribuído para avanços teóricos e empíricos”.
1.1.1 - Emancipações de Municípios no Paraná
32
O Paraná conta atualmente 399 municípios sendo que, de 1983 a 1997, foram
criados 109 novos municípios, dos quais 81,65% possuem de 2.000 a 10.000 habitantes IBGE
(2000).
TABELA 2– NOVOS MUNICÍPIOS DO PARANÁ INSTALADOS, SEGUNDO A POPULAÇÃO
POPULAÇÃO
ANO
NÚMERO DE
MUNICIPIOS
Até 3.000
Hab.
3001 a
5.000
Hab.
5001 a
10.000
hab.
10.001 a
20.000
hab.
Mais de 20.001
hab.
1983 20 00 01 11 06 02
1986 01 00 01 00 00 00
1989 07 00 03 04 00 00
1990 05 00 04 01 00 00
1993 48 09 20 12 04 03
1997 28 02 13 08 03 02
TOTAL 109 11 42 36 13 07
FONTE: Base de Dados do Estado do Paraná – BDE/IBGE-.2010.elaborada pelo autor.
Com a autonomia dos estados em conduzir o processo sem interferência do
governo federal, segundo estudos realizados por Alves (2006, p.59-65), junto a Assembleia
Legislativa do Estado do Paraná, o Legislativo passou a ocupar a figura principal no sentido
de controlar e conduzir todo o processo.
Segundo o autor,
[...] a Constituição do Estado do Paraná (1989) e a Lei Complementar n. 56/91,
alterada posteriormente pelas Leis 57, 66 e 70, possibilitaram e viabilizaram com
regras mais brandas a emancipação dos municípios. Diante das novas regras, e do
domínio do Poder Legislativo em aprovar por meio de Resolução os plebiscitos
acolhendo o resultado e posterior debate em plenário, via Projeto de Lei e
encaminhamento ao Poder Executivo, a aprovação dos novos territórios, com
exceção no Governo Requião, tiveram uma tramitação rápida. Em caso de veto ou
silêncio do governador, a Assembleia Legislativa poderia novamente decidir sobre a
criação do município.
GRÁFICO 2 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MUNICÍPIOS NO PARANÁ 1993-1997.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Desta forma, interesses políticos se sobrepunham às necessidades da população
rural, visto que prevalece a vontade do Governador junto a sua bancada no Poder Legislativo.
0
10
20
30
40
50
60
1983 1986 1989 1990 1993 1997
33
QUADRO 2- CRITÉRIOS LEGAIS PARA EMANCIPAÇÃO DE DISTRITOS NO PARANÁ.
CRITÉRIOS
Lei Complementar Federal 01/67 e Ato
Complementar 46/69; Leis
Complementares Estaduais 02/73 e
27/86.
Constituição do Estado do Paraná
(1989) e Lei Complementar 56/91 e
suas alterações
Lei Estadual Sim Sim
Plebiscito Sim Sim
População mínima 10 mil hab. 5 mil hab.
Início do processo Mínimo 100 eleitores Mínimo 100 eleitores, residentes e
domiciliados
Renda anual mínima 5 milésimos da receita estadual de
impostos
-
Moradias na Sede 200 casas 100 casas
Eleitores Não inferior a 10% da população Não inferior a 20% da população
Fonte: ALVES - Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba n.111, p.47-71, jul/dez.2006
A redução do número da população, a não obrigatoriedade de renda anual mínima,
e a redução do número de residências, na sede do futuro distrito, foram fatores determinantes
para que, no período de 1983 a 1997, fossem criados 109 municípios no Paraná, sendo 11
municípios com até 3000 habitantes, 42 municípios de 3001 a 5000 habitantes e 36
municípios de 5000 a 10.000 habitantes e 13 municípios com 10.001 a 20.000 habitantes e
mais de 20.000 habitantes apenas 7 municípios.
Em conformidade com a atual legislação, o estoque de municípios no Paraná,
tende a se elevar. Somente no território do município de Guarapuava, três Distritos possuem
condições: Entre Rios, Guará e Palmeirinha. Se no futuro se emanciparem, estima-se que as
receitas correntes de Guarapuava sejam reduzidas em 50%, visto que somente o Distrito de
Entre Rios é responsável por aproximadamente 35% das receitas tributárias e de
transferências intergovernamentais do Município.
A existência de resistências políticas na criação de subprefeituras nos grandes
Distritos com infraestrutura para atender a população local, ainda encontra fortes resistências
pelas gestões do interior do Paraná, que defendem o centralismo administrativo, financeiro e
das atividades fins, com receio de perda do poder político centralizador.
O Estado do Paraná possui um total de 10.439.601 de habitantes (IBGE, 2010),
representando 8,39% de pessoas a mais do que o existente no ano de 2000, que era de
9.563.458 habitantes (IPARDES, 2010), concentradas predominantemente na mesorregião
Metropolitana de Curitiba.
De 1989 a 1996, das 137 autorizações para a realização de plebiscito, apenas 29
pedidos não obtiveram resultados favoráveis. No Governo de Álvaro Dias foram solicitados
34
75 plebiscitos, sendo autorizados 68; no Governo Roberto Requião 69 plebiscitos e 50
autorizados e no Governo de Jaime Lerner 22 e 19 autorizados, (Alves 2006c).
QUADRO 3–RESULTADOS DOS PROCESSOS DECISÓRIOS DAS EMANCIPAÇÕES MUNICIPAIS
NO PARANÁ – 1889-1996.
RESULTADO/GOVERNO
GOVERNO
ÁLVARO
DIAS
ROBERTO
REQUIÃO
JAIME
LERNER
TOTAL
Autorização para realização de
plebiscito/Resolução
68
50
19
137
Resoluções que não resultaram em municípios
07
19
03
29
Fonte: ALVES - Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba n.111, p.47-71, jul/dez.2006.
Estudos realizados por Cigolini (1999, p.76), junto à Assembleia Legislativa do
Estado do Paraná, sobre a condução dos processos dos Distritos apresentam que:
Os recordistas em conduzir os processos de emancipação foram os Deputados
Anibal Khuri, Orlando Pessuti, Artagão de Mattos Leão, Caíto Quintana e Nereu
Massignamm. Esses cinco Deputados somaram 36 novos municípios, sobrando 40
para os demais 28 Deputados. Nesse período, relata o autor, alguns fatos
oportunistas se fizeram notar, como: 31 municípios se emanciparam via “ad-
referendum” da consulta plebiscitária, isto é sem a necessidade de plebiscito, em
razão da lei complementar estadual promulgada em 1991 por ainda não estar
regulado o processo; dos municípios instalados em 1º de janeiro de 1993, 28
municípios possuíam número inferior a 5000 habitantes. O mesmo caso ocorreu em
1997sendo que 12 deles não possuíam população mínima exigida em Lei.
A descentralização política gerada pela Constituição de 1988, determinou a
transferência da regulamentação das emancipações da União para os Estados, o que
proporcionou uma maior agilidade nos processos de emancipações de pequenos municípios
com população até 10.000 habitantes, em face à diminuição das exigências à emancipação,
demonstrada no Quadro 2, no caso do Estado do Paraná e no centralismo político dos
Deputados paranaenses, demonstrado no Quadro 3.
Os entendimentos dos reclames dos residentes encontram respaldos nos políticos
do município-mãe, que aliados às lideranças políticas estaduais, oportunizam mediante
interesses que o processo avance para a mobilização junto ao Governo, que analisará a
oportunidade em alcance, para a municipalização.
Segundo Tomio (2002, pg.65),
[...] diversos atores de todos os níveis federativos (de presidentes e ministros de
Estado, deputados, vereadores e eleitores de pequenas localidades interioranas) se
envolveram nas decisões políticas que geraram os novos municípios e as instituições
que regulamentaram o processo legal das emancipações municipais. No entanto, a
apreciação desses atores é restrita ao processo de política estadual, pois é nessa
esfera de governo que a decisão de criação de municípios é definida.
35
Inúmeros são os motivos, já apresentados por pesquisadores, que levaram a
população distrital a encamparem a ideia de emancipação no país e contando necessariamente
com o apoio do conjunto das instituições, denominadas por Alves, (2006c), como “contexto
institucional”, cujos atores são constituídos por lideranças políticas locais as quais, na maior
parte dos Estados, possuem a prerrogativa de iniciar o processo legal emancipacionista.
A mobilização da população é iniciada por Associações, lideranças político-
partidárias locais, com apoio de Deputados, em cujas regiões obtiveram um maior número de
votos em suas campanhas. Nesse contexto, o processo de mobilização em Distritos aptos a se
emanciparem é complexo quanto à disputa entre os próprios Deputados e lideranças locais,
que querem o direito do privilégio da condução do processo junto à Assembleia Legislativa.
Em contrapartida, há embates entre os representantes do poder legislativo e o
executivo, na aprovação da lei de emancipação política de uma localidade, depende do
tamanho da coalizão governista na Assembleia, podendo mesmo sendo majoritária, ter uma
posição contrária ou desfavorável pelo Poder Executivo a sua emancipação. Quando o
governador for favorável ou indiferente a criação de novos municípios, o processo decisório
praticamente não terá obstáculos, pois os deputados de uma maneira geral, são a favor das
emancipações ( ALVES 2006d, pgs.61/62).
Do ponto de vista do cidadão, Castro e Gomes (2007, p.20), explicam que,
[...] o problema da comunidade distrital é induzir os políticos a melhorar o bem-estar
dos cidadãos, mais que perseguir os seus próprios objetivos, em colisão com a
burocracia ou com interesses privados. Como a soberania repousa no cidadão, ele é
o elemento principal em relação ao político que elege.
O novo ordenamento territorial com a emancipação de municípios possui reflexos
políticos, administrativos e financeiros na gestão do Estado, ampliando sua atuação política e
econômica, para atendimento às demandas locais de financiamento de infraestruturas; na
redefinição dos repasses intergovernamentais; na criação de órgãos e autarquias estaduais
representativas.
Sob o enfoque da administração direta cabe ao Estado, reorganizar seu
planejamento de atividades nas áreas de educação, segurança, agricultura, fiscalização, entre
outros, além de promover o recalculo do IPM – Índice de Participação dos Municípios, a ser
aplicado aos novos entes federativos sobre os 25% do montante da arrecadação do ICMS, o
que reforçam as teorias de Rezende (1992) e Tomio (2002), quanto à repartição da receita do
Estado aos demais municípios.
36
Juridicamente, cite-se Hely Lopes Meirelles (1977b) que a respeito, preleciona:
Elevado o território a Município, adquire personalidade jurídica, autonomia política e
capacidade processual, para compor o seu Governo, administrar seus bens e postular
em juízo. Desde a promulgação da lei estadual que reconhece a nova entidade
municipal, todas as rendas e bens públicos locais passam a lhe pertencer, salvo os que
estiverem vinculados a serviços públicos do Município primitivo ou a serviços de
utilidade pública por ele concedidos, e que se situem no território desmembrado, mas
sirvam ao primitivo concedente;
Quanto às dívidas do Município originário devem ser compartilhadas
proporcionalmente, entre ambos, por se presumirem resultantes de interesses comuns
quando o território ainda se achava unificado. Até a instalação do novo Município,
seu patrimônio e suas rendas serão administradas pelo antigo, mas nesses poderes de
administração não se compreendem os de alienação ou oneração de bens. ( in Direito
Municipal Brasileiro, 3ª edição, p. 59).
1.1.2 O Movimento Emancipacionista do Distrito de Candói.
Candói aparece em divisão territorial datada de 31-XII-1937, como Distrito.
Segundo histografia no IBGE/2010/CIDADES, o histórico do antigo distrito de Candói
propriamente se dá em 4 de outubro de 1855, quando Pedro Alexandre Penna, João de Abreu
e Araújo e Cândido José de Almeida cadastraram, no lugar denominado Candóy, obtido por
herança do padre Ponciano, uma sesmaria de campos de criar e logradouros de lavrar,
medindo duas léguas de comprimento e quarto de fundo, delimitada ao sul pelo rio Jordão, ao
norte pelo rio Cavernoso, a leste pelo ribeirão denominado Candoy e a oeste por diversos,
entre os quais o Rio Jordão e o Arroio Corvo Branco.
Em 21 de dezembro de 1892, foi criado o Distrito Policial de Candoy e, em 5 de
abril de 1913, através da Lei 1 316, foi criado o Distrito Administrativo. Sua grafia foi
alterada em 30 de dezembro de 1948, pela Lei 199, de Candoy para Candói.
Na segunda metade do século XIX, com a abertura do Caminho das Missões,
muitos fazendeiros passaram a se dedicar ao negócio de invernagem de gado, para vender na
feira de Sorocaba / SP, como economia subsidiária da cafeeira.
O Distrito de Candói, localizado na região sudeste do Paraná, desde a década de
80 promoveu, através da ACDC – Associação Comunitária para o Desenvolvimento de
Candói - reuniões e encontros com residentes e autoridades locais, visando à emancipação do
território que abrangesse todas as localidades rurais, incluindo as do Distrito de Paz, visto que
economicamente e em conformidade com a lei estadual, possuíam o número de habitantes, de
eleitores e arrecadação necessários para a criação de um novo município.
Sua economia, assentada na agropecuária, na indústria de papel e celulose e no
comércio, era próspera e com a construção da Hidrelétrica Nei Aminthas de Barros Braga, em
37
sua divisa, mais conhecida como Hidrelétrica de Segredo, desde a década de 70, foram
ampliadas perspectivas futuras de dinamização de sua economia.
A Construção da Indústria Lutcher e da Hidrelétrica de Segredo gerou uma
população na Vila Segredo de mais de 5.000 residentes, localizada no Distrito de Paz e, como
as demais localidades, reivindicava maior atenção pelo gestor de Guarapuava, distante
aproximadamente 80 km da Sede.
Entretanto, o município-mãe, Guarapuava, do partido PMDB, era totalmente
contrário à emancipação, tendo em vista as perdas financeiras que acarretariam tal decisão,
bem como já existiam movimentações políticas desde 1980, para emancipação dos Distritos
de Turvo, Cantagalo e Goioxim, que se concretizaram antes da instalação do Município de
Candói.
O Distrito de Candói sempre manteve representatividade junto à Câmara
Municipal de Guarapuava, por possuir vereadores eleitos pela comunidade distrital (1988),
como Mauricio Mendes Araujo, Pedro Kaveski e Manoel Andrade Barroso, este da localidade
de Vila Jordão, possuidores de fazendas ou residentes no distrito, os quais, politicamente,
representavam um forte grupo de apoio, além dos ex-vereadores como Heraclides Mendes
Araujo e Elias Farah Neto, e de famílias centenárias de Guarapuava que são proprietárias de
terras no Distrito.
O início do movimento emancipacionista é anterior a emancipação dos Distritos
de Cantagalo e Turvo (12.maio.1982), pertencentes ao Município de Guarapuava, conforme
documentos históricos, fornecidos pelo então Secretário do Movimento Emancipacionista de
Candói Celson Luiz Pacheco, Cartorário do Distrito de Corvo Branco, hoje sede do Município
de Candói.
Na época, os Distritos de Candói, Palmeirinha e Entre Rios, foram relegados em
suas emancipações políticas, mesmo possuindo melhores condições econômicas, de
população e de eleitores.
Relatam os documentos que a luta pela emancipação do Distrito de Candói e Paz,
foi novamente retomada através da ACDC datada de 08 de fevereiro de 1987, no Jornal
Esquema Oeste, na coluna “Opinião Pessoal” do Secretário da Associação Celson Luiz
Pacheco, no qual aparece com o título:
A única saída para Candói: emancipar-se para desenvolver. Celson Luiz Pacheco,
serventuário da Justiça militante em Candói, vem pelo presente tecer suas considerações para
a justificativa da criação do município de Candói, englobando os atuais distritos de Paz e
38
Candói do município de Guarapuava que em outros tempos eram um, o qual, em seu
entendimento é a única e mais acertada alternativa para o desenvolvimento daquela região que
são as seguintes:
1. Na época da criação do município de Pinhão, a mais de 20 anos atrás, medida
similar houve da parte de Candói, sendo esta por tanto uma velha aspiração da
comunidade.
2. Que na ocasião da emancipação de Turvo e Cantagalo, mais ou menos dois (02)
anos, melhores condições tinha Candói para ser elevada a categoria de município, o
que somente não ocorreu por falta de iniciativa e liderança no mesmo sentido.
3. Que comparativamente Candói, na ocasião em que Turvo e Cantagalo foram a
município, possuía as seguintes condições ou vantagens mais que aqueles: - Maior
contingente eleitoral; - Maior população;- Maior número de minifúndios ou de
pequenas propriedades rurais; - Maior produção agrícola e pecuária; - Maior número
de pequenas empresas; - Melhores condições para manter-se financeiramente, etc.
4. Que apesar daqueles antigos Distritos (atuais municípios de Turvo e Cantagalo)
estarem em muitos aspectos em condições de inferioridade e desvantagem, não
obstante ainda profecias nada alvissareiras da parte de alguns, superaram as suas
dificuldades e atualmente estão em franco desenvolvimento, enquanto Candói
permanece na estagnação quase total.
5. Que a criação do município de Candói se faz necessária como última alternativa para
o desenvolvimento daquela região, hoje extremamente carente de escolas, transporte
escolar, habitação e estradas, as quais estão em precárias condições, que a criação
deste município vem igualmente de encontro a projeto do governo federal que quer
descentralizar os médios e grandes centros (sendo Guarapuava considerado médio-
centro), visando impedir o êxodo rural para as cidades, criando ao mesmo tempo
pequenos e sadios polos de desenvolvimento.
6. Que a criação do município de Candói se faz necessário devido a enorme distância
existente entre o distrito e a sede, distância esta, superior a Guarapuava – Pitanga ou
Guarapuava – Prudentópolis, avaliada em mais de 100 km, tendo a população deste
distrito (de Candói) que locomover-se por igual ou maior distância, dependendo do
local de residência de cada um, para poder tratar de seus interesses.
Relatam os documentos que em 28 de março de 1987, foi realizado o primeiro
encontro comunitário para a formação de uma comissão que tinha por função estudar a
criação do futuro município de Candói, contando com a presença de mais de 140 pessoas,
dentre as quais, da presença do Deputado Estadual Cândido Pacheco Bastos, Vereador
Heraclides Mendes Araujo, do Secretário de Administração de Guarapuava Peri de Oliveira,
representando o Prefeito Nivaldo Passos Kruger, do Secretário de Viação, Obras e Serviços
Urbanos de Guarapuava, Edgard Virmond e Mauricio Mendes Araújo, engenheiro agrônomo
e Chefe do Núcleo Regional da SEAG - Secretaria de Estado da Agricultura em Guarapuava,
e lideranças político-partidárias locais.
A Comissão em prol da emancipação do Candói ficou composta por quarenta
representantes, cujos membros foram escolhidos e votados por unanimidade. Segundo
39
exposição nos meios de comunicação de Guarapuava, os motivos para a população requerer a
emancipação foram:
Descaso da Prefeitura de Guarapuava no atendimento à população, nas
áreas de saúde, educação e manutenção de estradas;
Possuir número suficiente de moradores, eleitores e de ter uma economia
centrada na agropecuária e estar distante a mais de 10 km da sede.
Condições estas estabelecidas na Constituição do Estado.
Evitar o êxodo rural das comunidades para a Sede.
Proporcionar a aplicação de seus recursos para a sua população residente.
Ao longo do processo (1980/90), a ACDC, realizou convênio com a
UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste, para a realização do Projeto
Diagnóstico do Perfil Sócio Econômico e Potencialidades do Município. Enfrentando vários
obstáculos e superando inúmeras dificuldades políticas, quer internamente entre os seus
membros, quer na Assembleia Legislativa, bem como junto ao Poder Executivo de
Guarapuava, contrário à emancipação de Distritos de Guarapuava como Candói, Paz,
Palmeirinha, Entre Rios e Guará na época. A divisão do maior território do Estado do Paraná
era considerada uma afronta aos interesses do município.
Entre os próprios residentes locais de Vila Jordão, Paz e Lagoa Seca, existiam
confrontos políticos com os residentes de Corvo Branco e de outros núcleos comunitários,
quanto à criação do município de Candói, em razão da localização da Sede. Os residentes em
Vila Jordão, com mais de 5.000 residentes em razão da Fábrica Lutcher e da Hidrelétrica Nei
Aminthas de Barros Braga, eram contrários a sede se localizar na comunidade de Corvo
Branco.
Correntes político-partidárias do Distrito foram buscar, junto à Assembleia
Legislativa do Estado do Paraná, apoio à emancipação, principalmente através dos Deputados
de Guarapuava, Cândido Pacheco Bastos, Artagão de Mattos Leão, Leônidas Chaves e Cesar
Silvestri.
O processo foi iniciado através da Resolução No 062/89 da Assembleia Legislativa
do Paraná, publicada no Diário Oficial do Estado No
3.519, de 08 de dezembro de 1989 que,
pela unanimidade de votos dos Juízes do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, autoriza a
realização de plebiscito no Município de Guarapuava, visando à criação do Município de
Candói.
40
Com a Resolução No169/90, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, em vista
do contido no Acórdão No
15.783, de 22 de março de 1990, proferido nos autos sob fls.
910.042, C1.5, de pedido de realização de plebiscito visando à criação do Município de
Candói, pertencente ao Município de Guarapuava.
Em 13 de maio de 1990, foi realizado o plebiscito, nas diversas Seções Eleitorais
do futuro território do município de Candói. Dos 9.236 habitantes aptos a votar, participaram
5.786 eleitores, cujos resultados, como fato histórico são apresentados nesta dissertação.
Com a aprovação de 58,02% dos eleitores, consolida-se a vontade popular pelo
desmembramento do município de Guarapuava.
À distância e a falta de estrutura administrativa para atender as necessidades dos
núcleos rurais, aliadas à vontade política, foram as principais causas da criação do novo
município.
O município de Candói foi criado pela Lei 9.353, de 27 de agosto de 1990, pelo
Governador em exercício Anibal Khury, na gestão de Jaime Lerner, através de proposta de
Projeto de Lei do Deputado Artagão de Mattos Leão (PMDB) que, em seu art.1º, explicita:
Art.1º Fica criado o Município de Candói, com território
desmembrado do Município de Guarapuava, formado
com área do Distrito de Candói e do Distrito de Paz, com
sede na localidade de Candói, com as seguintes divisas:
Começa no Rio Cavernoso, no encontro com a Estrada Capão da Lagoa –
Cantagalo, segue pela referida estrada até o encontro com a Estrada Capão
da Lagoa – Campo Fechado, segue por esta até o Lajeado dos Porcos,
descendo o Lajeado dos Porcos, até sua foz no Rio Campo Real, descendo
o Rio Campo Real até sua foz no Rio Jordão, descendo o Rio Jordão até
sua foz no Rio Iguaçu, descendo o Rio Iguaçu até a foz do Rio Cavernoso,
Rio Cavernoso acima até o encontro com a Estrada Capão da Lagoa –
Cantagalo, ponto inicial.
Após sua emancipação, um novo ciclo político se formava para debater a escolha,
dentre os candidatos ao primeiro pleito municipal entre os partidos políticos existentes.
41
QUADRO 4 - RESULTADO DO PLEBISCITO PARA EMANCIPAÇÃO DO DISTRITO DE
CANDÓI/PAZ - (PR) .
LOCALIDADE SEÇÃO
NO
APURAÇÃO – VOTOS TOTAL
SIM NÃO BRANCO NULO
Cavernoso 05 35 05 - - 40
São Francisco 09 88 08 01 - 97
São Pedro 10 147 - 03 01 151
11 197 05 01 01 204
Paz
12 217 07 03 01 228
13 177 12 01 - 190
14 125 05 - - 130
15 146 18 03 01 168
Cachoeira
33 153 12 - 02 167
34 138 13 - 01 152
35 148 04 - - 152
Rio Novo 38 361 08 02 02 373
Faxinal Santo Antonio 40 68 24 - - 92
Divisa 42 76 03 - - 79
43 78 02 - - 80
Corvo Branco
44 129 08 - - 137
52 226 04 - - 230
53 231 08 01 01 241
54 354 16 02 02 374
Segredo (Vila Jordão)
55 151 - 01 01 153
56 380 12 07 01 400
57 140 04 - - 144
58 140 02 - 01 143
59 150 02 - 02 154
60 153 01 02 - 156
62 126 - 01 - 127
PC Ilhéus 63 184 10 02 02 198
Lagoa Seca
65 119 49 02 - 170
66 77 41 01 01 120
67 73 40 02 - 115
Colônia São João Batista 68 53 02 - - 55
Samambaial 69 81 04 - - 85
Xaxim 70 52 08 - - 60
Barra Mansa 82 158 10 - 01 169
Colônia São Judas Tadeu 83 53 05 - - 58
Rio Novo 161 55 04 01 - 60
Três Palmeiras 162 120 12 02 - 134
TOTAL GERAL - 5.359 368 38 21 5.786
FONTE: - Tribunal Regional Eleitoral da 44ª zona- Elaborado pelo autor.
O Vereador de Guarapuava Manoel Andrade Barroso, Segredo (Vila Jordão), em
requerimento à Câmara Municipal de Guarapuava, datado de 10.04.1991, solicitava o envio
de expediente ao Deputado Estadual Cesar Silvestri para a criação do município de Paz que
incluía a Vila Jordão, visto que este último possuía mais de 5.000 eleitores e a sede seria
consolidada na Vila Jordão, mais desenvolvida que a comunidade de Corvo Branco, no
Candói, e cuja população estava descontente com a proposta de localização da futura sede do
município recém-criado.
É o início de uma nova disputa política, antes mesmo das eleições para Prefeito no
Município de Candói.
42
A polarização político-partidária na região concentrava-se, de um lado, com
fazendeiros, em sua maioria do PMDB, denominados de “pé vermelho”, cuja chapa era
encabeçada pelo vereador de Guarapuava Mauricio Mendes Araújo. De outro, os residentes
de Vila Jordão advindos da construção da hidrelétrica de Segredo, chamados de “barrageiros”,
representado pelo vereador de Guarapuava Manoel Andrade Barroso PDT, com base eleitoral
em Vila Jordão e, no centro, o PST, representado pelo Cartorário e ex-vereador em
Guarapuava Elias Farah Neto e seu Vice-Prefeito o empresário Anselmo Albino Amâncio, da
localidade de Vila Jordão, inimigo político de Manoel Andrade Barroso.
Como se observa, o movimento criado pela ACDC – Associação Comunitária
para o Desenvolvimento de Candói - foi suplantada pelos interesses pessoais representados
por fazendeiros e políticos residentes em Guarapuava que, como integrantes da Comissão de
Emancipação, sobrepujaram interesses maiores dos munícipes dos Distritos de Candói e Paz,
face ao conhecimento político junto aos Deputados estaduais, ficando os líderes do
movimento, em especial Celson Luiz Pacheco, dentre outros, alijados de uma voz mais ativa,
configurando-se o que definimos como oportunismo político, com base nos pressupostos
elencados por Tomio (2002, p 65), o que não é raro encontrar na política partidária brasileira.
O período de 1988 era de mudanças políticas também em Guarapuava, feitas pelas
lideranças jovens graduadas na Capital do Estado sob a liderança de Fernando Ribas Carli,
Médico Farmacêutico, funcionário do INSS, que assume a gestão municipal derrotando
Nivaldo Kruger – PMDB – que, há mais de vinte anos comandava a política na região e
influenciava diretamente a não realização do pleito da emancipação do Distrito de Candói.
Os residentes dos núcleos rurais de Candói foram representados pelas lideranças
político-partidárias no desenvolvimento da emancipação, conforme consta em documento:
José Olair de Oliveira (PMDB) da sede do Distrito, Francisco Presa (PDT) da localidade de
Vila Jordão, Luiz Carlos Gouveia Gomes (PMDB) da Sede do Distrito, Antonio Odair de
Oliveira (PSDB), Darci Pícolo (PSDB), Roseli de Araujo Sibel ( PDT), da localidade de Vila
Jordão, Wilson Kraus (PMDB), Arlindo K. Serigalli, da localidade de Lagoa Seca, Bohadan
Martins (PMDB), empresário do comércio, Anselmo Albino Amâncio (PDT), líder
comunitário da localidade de Vila Jordão; Salvador Ivatiuk (PST), Vanderley Henrard
(PMDB), Pedro Charneski (PMDB), Ladair Biff (PFL), entre tantos outros.
43
MAPA 01 – Área territorial do Município de Candói (PR).
FONTE: HTTP://ferlarissadelima.tripod.com
1.1.2.1 O Processo Eleitoral do Distrito de Candói.
Concorreram ao pleito da primeira eleição, pelo voto direto, segundo dados do
TSE/Pr., os candidatos para Prefeito: Elias Farah Neto (PST) com 3.583 votos, Mauricio
Mendes Araujo (PMDB) com 3.260 votos, e Manoel Andrade Barroso (PDT) com 2.233
votos, sendo eleito como o primeiro prefeito do município Elias Farah Neto.
Para Vereadores com nove assentos na Câmara Municipal, concorreram pelas
siglas partidárias: PST – 13 candidatos: Darcy Picolo, Salvador Ivatiuk, Aldebaran Rocha
Faria Junior, Zeno José Rauber, Eugenio Bayer Filho, Sergio Roberto de Oliveira Buco,
Alberto Otavio Bertotto, Nerci Ceriaco de Oliveira Lopes, Antonio Martins, José Ivatiuk,
Paulino Teixeira Viana, Guilherme Millratr Filho, Luiz Carlos Brol. Pelo PMDB - 25
Candidatos : Arlindo Kaliszak Sirigalli, José Olair Oliveira, Bohadan Martins, Vilson Kraus
de Lima, Luiz Carlos Gouveia Gomes, João Luiz Correa, Rodolfo Manoel da Silva,
44
Vanderley Henrard, Luciano Burko, Adão Correia de Matos, Pedro Charneski, Israel
Nogueira do Amaral, Luiz Claudio Mendes Rocha, Luiz Carlos de Paula, Evaldo Rogério
Faria, Gabriel Senkio, Pedro Kruk, Bogdan Ternouski, Augusto Kasiano, Vicente Pego de
Jesus, Jair Machado Ribas, Jauri Schavigert, Dirceu Jorge Pavan, Noili de Araujo, Pelo PDT
– 22 candidatos: Francisco Presa, Roseli de Araujo Seibil, Edheson Tadeu Lopes de Paula,
Valdir Costa, Jurandir Pasqualin, Jose Viana da Rosa, Alcides Leria da Silva, Pedro Olimpio
Senaro, Nicolau Mis, Devanir Araujo Luiz, Moacir José Dron, Beloni Coterle de Godoy,
Waldemar Ferreira, Antonio Altamir Acheleski, Pedro Ribeiro dos Santos, Zirlei Antonio de
Faveri, Antonio Elias Mateus, Lourdes Inez Mazzardo, José Picolo, Aquilino de Souza
Vorgenes, Adão Luiz Kich. Pelo PFL – 11 candidatos: Antonio Odacir de Oliveira, Aldino
Hitinger, Jaime Szernek, Antonio Tavares, Alcides Alves dos Passos, Osmar Klein, João Luiz
Rodrigues, Adir Quatrin, Salete Maria Brandalise de Rezende, Valter Pflanzer, Ladair Biff.
Pelo PTB – 5 candidatos: Heliton Jose de Abreu, Antonio Fidelis de Vargas, Lauro
Kavetski, Celson Luiz Pacheco, Laudemiro Mazepa.
Dos candidatos a Vereador, nove tomaram posse: pelo PST: Darcy Pícolo com
308 votos; pelo PMDB: Arlindo Kaliszak Sirigalli com 447 votos; José Olair de Oliveira com
344 votos; Bohadan Martins com 271 votos; Vilson Kraus de Lima com 270 votos; Luiz
Carlos Gouveia Gomes com 247 votos; pelo PFL: Antonio Odacir de Oliveira; pelo PDT:
Roseli de Araujo Seibel com 171 votos e Francisco Presa com 234 votos.
Na composição da Câmara Municipal de Candói, para o período de 1993 a 1996,
os partidos de oposição obtiveram a maioria das cadeiras do legislativo municipal, visto que
os residentes no antigo distrito, cujas terras pertencentes a fazendeiros de Guarapuava,
tradicionalmente, são da sigla política do PMDB e os opositores da Vila Jordão, são do PDT.
Elias Farah Neto, hábil político, ex-presidente da Câmara Municipal de
Guarapuava conseguiu, ao longo de sua gestão, reverter o quadro político partidário em seu
favor, conseguindo a maioria na Câmara Municipal. Entretanto, na seara política interna do
Poder Executivo, os embates ficaram a cargo de seu vice-prefeito, Anselmo Albino Amâncio,
que se tornou inimigo declarado de Elias Farah Neto, visto ao não atendimento de suas
demandas junto a Vila Jordão, dando início ao processo de emancipação da Vila Jordão.
Em 1997, foi eleito, como prefeito, o ex-Secretário de Planejamento de Candói
Waltzer Donini, para o período de 1997 a 2000 e, no período de 2001-2004, novamente Elias
Farah Neto.
45
No período de 2005 a 2008- Mauricio Mendes Araujo (PMDB) concorre como
candidato único, visto que o Prefeito Elias Farah Neto não apresentou candidato, o que causou
consternação aos integrantes das siglas partidárias que o apoiavam, pois vislumbrava-se um
acordo político entre ambos.
Em 2008, voltando do Pará, Estado em que possui também fazenda de pecuária,
adquirida no mandato anterior, Elias Farah Neto vence novamente o pleito eleitoral com 4.185
votos (47,41%), em vista de que Mauricio Mendes Araujo não se candidatou para mais um
mandato, o que se confirma o acordo político anterior. Nesse pleito, participaram, pela
primeira vez, nas eleições para Prefeito, os candidatos: Pedro Tavares Pereira, jovem
assentado pelo INCRA, na Península do Cavernoso, Vereador pelo (PT), conhecido como o
“Pedrinho da Ilha”, graduado em Administração, e servidor público no cargo de motorista de
ônibus, que coligou com o PMDB, obtendo 3.611 votos (40,90%), e Amaro Mendes de
Araujo, agrônomo, fazendeiro, primo de Mauricio Mendes Araujo, (PSC) com 1.032 votos
(11,69%). (Sérgio Bucco, julho/ 2009). Nas eleições de outubro de 2011, o candidato do PT,
Pedrinho da Ilha, segundo mais votado na eleição anterior, morre em acidente de moto,
segundo notícias da Rádio Chopinzinho (17.3.2011):
O ex-vereador e ex-candidato a prefeito do município de Candói, PEDRO
TAVARES PEREIRA, popularmente conhecido por Pedrinho da Ilha, faleceu
na madrugada desta quinta feira, 17, vítima de acidente automobilístico. De acordo com as informações da polícia rodoviária federal, o acidente
aconteceu por volta das 00h30min no Km 407 da rodovia BR 373, na entrada da Usina Fundão, próximo da cidade de Candói. O acidente foi uma
colisão frontal envolvendo uma Saveiro, placas ANX-5658, conduzida por SIDINEI AMÂNCIO, o qual teve lesões leves e foi conduzido ao hospital
Santa Clara de Candói. O outro veículo envolvido foi uma motocicleta placa
ALO-1824, conduzida pelo ex-vereador Pedro Tavares Pereira, o Pedrinho da Ilha, o qual morreu no local do acidente.
O falecido ex-vereador do PT era candidato natural para as eleições, e foi
lembrado pelo Deputado Federal Dr. Rosinha, presente na composição da nova Chapa do PT,
agora liderada por Gelson Kruk da Costa, na qual lembrou a atuação do ex-vereador na
obtenção de recursos, aprovados pelo Deputado, dentre elas:
Emendas Parlamentares para Comunidades do Campo, em forma de Patrulhas
Agrícolas (como Rio Bonito, Tirivas, Três Palmeiras, Assentamentos S. João Batista
e Santa Clara, a Comunidade dos Quilombolas no Barreiro), além de outras
Comunidades que têm a construção de um Trabalho (como Colônia dos Alemães,
Rio Novo, Água Branca), comunidades mais distantes, mais no interior de nosso
município, que nunca receberam benefício nenhum. (blogspot.PT-Candói, maio de
2012).
46
No pleito eleitoral, concorreram, pela primeira vez, cinco candidatos. Era a
“Campanha do Milhão contra o Tostão”, reflexo dos resultados da eleição anterior em que
Elias Farah Neto ganhou com pequena margem de votos de Pedrinho da Ilha do PT.
A composição dos candidatos, para a nova legislatura, era: Elias Farah Neto, que
concorre pela quarta vez para a vaga de Prefeito pelo Partido Social Democracia Brasileira –
PSDB, que coligou com o PSB e PV. Possui o 2º Grau Completo, é ex-Cartorário em
Guarapuava, proprietário de inúmeras fazendas, imóveis urbanos e emissora de rádio no
Município de Candói, além de imóveis em Guarapuava, Curitiba, Florianópolis e no Estado
do Pará. Mauricio Mendes Araujo, agrônomo, fazendeiro, ex-prefeito do município e servidor
público estadual, proprietário por herança, de inúmeros imóveis no Candói e em Guarapuava,
e sócio-fundador da CONCAN – Cooperativa Agropecuária de Candói, concorrendo pela
sigla do PDT, coligado com o PSC e PSD - ambos os candidatos considerados “milionários”,
pelas suas declarações de renda (TSE). Gelson Kruk da Costa, candidato pelo PT – Partido
dos Trabalhadores, coligou com o PRB, é técnico administrativo e possui curso superior em
Administração. Chrisler Luis de Andrade, pelo PPS, dentista, funcionário municipal, que
coligou com o PP e Anderson Lineu pelo PTB, com graduação superior em agronomia, que
coligou com o PMDB, PR e DEM, funcionário concursado do Município, ex-Secretário de
Agricultura. (Rede Sul de Notícias, Ed.M.Meneguel, em 07.7.2012). Concorreram para
Vereador 77 candidatos.
O longo período de gestão governado por fazendeiros e políticos tradicionalistas
pela primeira vez não encontra respaldo junto à população do Município de Candói.
Possuindo 11.686 eleitores para o pleito, vence o candidato do PT Gelson Kruk da
Costa com 32,05% dos votos, contra Maurício Mendes Araújo com 22,78% dos votos e Elias
Farah Neto 20,82%. Chrisler Luis de Andrade, com 9,47% e Anderson Lineu com 14,88%
dos 9.859 votantes. Nulos e brancos 1.827 votos. (TRE/Paraná).
Passados vinte anos de instalação no Paraná de 109 municípios no período de
1983 a 1997, dentre estes, o município de Candói instalado em 1993, os resultados
encontrados no aspecto de sua emancipação política, observou-se uma continuidade de mando
político, representados por deputados e vereadores do município-mãe, proprietários de
inúmeras áreas rurais e urbanas, que buscaram para si, o domínio do processo emancipatório,
sendo denominados pelos locais de “coronéis”.
Segundo Lima, apud LEAL (1949, ps.20/45/50/51),
47
[...] o “coronelismo” é, sobretudo, um compromisso, uma troca de proveitos entre o
poder público, progressivamente fortalecido e a decadente influência social dos
chefes locais. O poder desses fazendeiros e a sua importância para o poder público
se dão pela forma de representação proporcional e a então recente ampliação do
sufrágio, porque o governo não pode prescindir do eleitorado rural, cuja situação de
independência ainda é incontestável.
A ausência do poder público, sobretudo no campo, contribui para o
aumento do poder do “coronel”, já que é ele que faz às vezes desse poder. A falta de
alcance dos partidos ao trabalhador faz com que o “coronel” seja o mandatário
desses votos. Mas mesmo sabendo da sua importância para os políticos estaduais,
ele mantém boas relações, relações de reciprocidade com o poder público, outro
importante aspecto do “coronelismo”. Essa reciprocidade explica-se pelo fato de um
lado precisar do outro. Os chefes municipais e “coronéis” oferecem os votos e os
políticos estaduais aparecem com empregos, favores e tudo que o aparato público
estadual pode oferecer. Se o “coronel” não tivesse os votos, o governo não precisaria
prestar favores, e se o governo não retribui o apoio, o “coronel” não tem como
manter seus dependentes. Essas listas de favores são de ordem pessoal e ordem
pública. Os de ordem pessoal referem-se a nomeações a cargos públicos estaduais, e
até federais, nos municípios e os de ordem pública referem-se às obras municipais.
O estado, então, distribui seus escassos recursos entre seus
municípios. Nas palavras do autor: “é, pois, a fraqueza financeira dos municípios um
fator que contribui relevantemente para manter o “coronelismo”, na sua expressão
governista” (p.45). Entre os cargos mais importantes, está o de delegado e o de
subdelegado polícia, pois ter a polícia sob a sua batuta é a maior vantagem que um
“coronel” precisa. Outro aspecto é a falta de autonomia municipal, que decorre de
vários fatores. Lista o autor: “penúria orçamentária, excesso de encargos, redução de
suas atribuições autônomas, limitações ao principio da eletividade de sua
administração, intervenção da polícia nos pleitos locais, etc.” (p.50). Essa falta de
autonomia contribui para aumentar o poder do “coronel”, sendo ele portador de uma
autonomia, nos termos do autor, “extralegal”, e é justamente nessa autonomia
extralegal que consiste a carta-branca que o governo estadual outorga aos
correligionários locais, em cumprimento da sua prestação no compromisso típico do
coronelismo, (p.51).
Se não bastasse o mando político, a figura do clientelismo predominou na gestão
pública no período analisado, reafirmando uma celebre frase, possivelmente de Maquiavel:
“aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei”.
Segundo Nunes (1999) apud CAVASSIN ALVES (2003, p.155),
O clientelismo é um sistema de controle do fluxo de recursos materiais e de
intermediações de interesses, no qual não há número fixo ou organizado de unidades
constitutivas. As unidades constitutivas do clientelismo são agrupamentos,
pirâmides ou redes baseados em relações pessoais que repousam em troca
generalizada. As unidades clientelistas disputam frequentemente o controle do fluxo
de recursos dentro de um determinado território. A participação em redes
clientelistas não está codificada em nenhum tipo de regulamento formal; os arranjos
hierárquicos no interior das redes estão baseados em consentimento individual e não
gozam de respaldo jurídico. Ao contrário do corporativismo, que é baseado em
códigos formais legalizados e semi-universais, o clientelismo se baseia numa
gramática de relações entre indivíduos, que é informal, não legalmente compulsória
e não-legalizada.
48
CAPÍTULO II
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
2.1. Desenvolvimento Econômico
Ao tratar sobre o desenvolvimento do país, do estado ou do município, muitos
economistas evidenciam o PIB (Produto Interno Bruto), como o principal indicador de
desenvolvimento econômico, visto que seu reflexo pode influir em outros indicadores sociais
positiva ou negativamente.
Entretanto, segundo Ladislau Dawbor (2013):
O indicador é insuficiente, visto não retratar o esgotamento dos recursos, e desvirtua
em um primeiro momento, a análise nos cenários locais sociais, ambientais,
educacionais, de empregabilidade, dentre outros, visto a complexidade de suas
implicações geopolíticas e para tanto a análise deve obrigatoriamente ser
desmembrada através dos demais indicadores sociais de cada localidade, município
ou Estado. Somente assim, os gestores municipais e estaduais, poderão visualizar e
identificar os setores sociais que necessitam de uma política pública direcionada e
efetiva para o enfrentamento das necessidades dessas populações. Entretanto o PIB
também pode ser utilizado politicamente em favor ou desfavor do gestor público
(Gestão Pública e Indicadores, USP/SP.2013, YOTUBE, acesso em março 2014).
A definição de desenvolvimento, ainda é objeto de estudos por economistas de
inspiração teórica, que consideram crescimento como sinônimo de desenvolvimento
(neoclássica). Já, uma segunda corrente (ortodoxa) entende que crescimento é condição
indispensável para o desenvolvimento, a qual encara o crescimento econômico como uma
simples variação quantitativa do produto, enquanto o desenvolvimento envolve mudanças
qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições e das estruturas produtivas. Nesse
sentido, o desenvolvimento caracteriza-se pela transformação de uma economia tradicional em
uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria do nível de vida do conjunto
da população. (SOUZA 2007, p.6).
Para o coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), Mario Manzoni - utilizar o PIB para medir desenvolvimento é um erro
comum. Somos incentivados a fazer isso. Toda primeira página de qualquer jornal mostra a
preocupação do governo e das empresas com o crescimento do PIB. Para o especialista,
crescimento é uma condição importante, mas é um meio para se atingir desenvolvimento e
não é um fim em si mesmo (PNUD, 2014, 28. abril).
Nas últimas décadas, os modelos centralizados de planejamento do governo
federal, (exceto o fiscal), estão sendo reestruturados dentro de um conceito da teoria de
49
desenvolvimento endógeno, visto que proporciona políticas públicas direcionadas mais
próximas da realidade de cada região do país.
A crescente migração do homem do campo para os grandes centros, não foi
observada em tempo pelos agentes políticos, ocasionando uma crescente invasão nos entornos
das cidades e oportunizando a favelização e a geração de baixa qualidade de vida, criando-se
um circulo vicioso da pobreza de uma geração para outra com todos os seus efeitos.
A promoção de políticas públicas, dentro do conceito de desenvolvimento
endógeno, quer visando à urbanização quer ao desenvolvimento regional, deve observar a
alocação de recursos exclusivamente do Estado e a autonomia de organização social da região
em criar um conjunto de elementos políticos institucionais, de financiamento e de
aproveitamento de seus recursos produtivos locais.
A capacidade de transformar as favelas em locais urbanizados, com equipamentos
públicos (escola, saneamento, saúde, segurança, transporte público e assistência social),
equivalente aos bairros estruturados existentes nos grandes centros urbanos é o que a
população de baixa renda urbana almeja.
Na área rural, políticas de integração regional desenvolvidas pelo MAPA –
Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - responsável pelas políticas públicas
relativas à agropecuária, voltadas aos pequenos proprietários de terras, já alcançam nos
últimos dez anos, resultados satisfatórios, devido a inúmeros projetos específicos para o
produtor rural, contidos no Programa PRONAF.
Para Chenery (1981) apud Souza (2007b, p.6), pode-se considerar
desenvolvimento econômico como:
Um conjunto de transformações intimamente associadas, que se produzem na
estrutura de uma economia, e que são necessárias à continuidade de seu crescimento.
Essas mudanças concernem à composição da demanda, da produção e dos
empregos, assim como da estrutura do comércio exterior e dos movimentos de
capitais com o estrangeiro. Considera-se em conjunto, essas mudanças estruturais
que definem a passagem de um sistema econômico tradicional a um sistema
econômico moderno.
É inegável a necessidade de promoção de políticas públicas que venham a
promover o desenvolvimento econômico das regiões mais pobres, pois as mesmas têm
carência de um processo de industrialização e apresentam um baixo nível de emprego.
Essa capacidade de organização social depende de qualidade da identidade
política da região; de qualidade tecnológica regional; da classe empresarial regional e da
capacidade de participação dos demais segmentos da sociedade. São os políticos que
50
negociam em nome da região; eles definem o que é negociado. Para isso, é necessário o apoio
dos que detêm o conhecimento técnico (Universidades, professores), para identificar os
principais problemas que afetam a região (OLIVEIRA. 2011, p.4/8).
TABELA 3 – SÉRIES HISTÓRICAS – PRODUTO INTERNO BRUTO - BRASIL
ANO PRODUTO INTERNO BRUTO BRASIL
Bilhões/Trilhões
1995 705.641 ...
1996 843.966 2,15%
1997 939.147 3,38%
1998 979.276 0,04%
1999 1.065.000 0,25%
2000 1.179.482 4,31%
2001 1.302.135 1,31%
2002 1.477.822 2,66%
2003 1.699.948 1,15%
2004 1.941.498 5,71%
2005 2.147.239 3,16%
2006 2.369.484 3,96%
2007 2.661.345 6,09%
2008 3.031.864 5,16%
2009 3.031.864 -0,60%
2010 3,675.000 7,50%
2011 4.143.000 2,70%
2012 4.403.000 0,90%
FONTE: IBGE/IPARDES – Contas Regionais do Brasil.
Estudos acerca do desenvolvimento econômico constituem tarefa atual e contínua,
especialmente nas economias em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Tal preocupação
se replica nas regiões geograficamente delimitadas, principalmente ao se considerarem os
vários e divergentes níveis de desenvolvimento alcançados, fruto, em grande medida, de bases
produtivas bastante diferenciadas, observadas em territórios de grandes dimensões, além de
especificidades locais geradas pelo próprio processo de formação histórica, sendo
direcionadas para uma nova denominação de Desenvolvimento Sustentável (NUNES e
MELO. 2012, p. 181).
2.1.1 – A Experiência do Planejamento no Brasil
A prática do planejamento para o desenvolvimento econômico no Brasil tomou
forma, segundo SOUZA (2007c), com os estudos da Comissão Mista Brasil-EUA
(1951/1953) e do Grupo Misto BNDE-CEPAL (1953/1955), que forneceram elementos para
os planos nacionais subsequentes.
51
A experiência de planejamento estatal visando ao desenvolvimento tem como
marco o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek, para o período de 1956/1960,
com base nas decisões do grupo misto BNDE-CEPAL, elaborado ainda no governo Vargas,
que definiu os pontos de estrangulamento da economia brasileira.
O histórico do planejamento, no Brasil, ao longo da década de 50 até os dias
atuais, foi marcado pelo financiamento externo, combate à inflação, crises fiscais e dívida
externa, aliadas, em alguns períodos de graves crises políticas.
O Quadro 5 resume de forma objetiva, as fases de implantação dos modelos de
planejamentos econômicos implantados no Brasil, no período de 1950 a 1979, no qual se
observam avanços e recuos na política econômica de investimentos com capital estrangeiro,
bem como os processos de aumento de importações de bens de capital e de redução, em
substituição às importações, visando ao equilíbrio da balança comercial. Entretanto, em todos
os momentos, a política econômica voltava-se ao desenvolvimento de suas riquezas naturais,
expansão da produção e controle da inflação.
A década de 1980 no Brasil foi caracterizada pelos reflexos externos iniciados na
metade do ano de 1979 e outubro de 1980, com mais um choque do petróleo, somado ao
choque dos juros externos e à recessão mundial, tornando a política econômica brasileira
extremamente recessiva, segundo LACERDA e BOCCHI (2000, p.132/136).
Internamente, segundo os autores, a política econômica brasileira manteve a
orientação heterodoxa, baseada no controle dos juros, na maior indexação dos salários, que
passaram a ser reajustados semestralmente e por faixas, e na desvalorização cambial de 30%
em dezembro de 1979. Além disso, foram prefixadas as correções monetária e cambial para
1980, a taxas bastante inferiores à inflação de 1979.
Entretanto, na metade da década de 80, com a indexação da inflação e os gatilhos
salariais aos preços das mercadorias e serviços, os programas promoveram uma crise ainda
maior: a do desabastecimento de produtos para a população, em razão da disparada dos
preços, e a opção dos investidores na aquisição de bens imobiliários.
A gestão da política desenvolvimentista implementada por Delfim Netto, foi
impulsionada pela manutenção dos investimentos nos setores de energia, de substituição de
importações de insumos básicos e nas atividades voltadas para a exportação, especialmente a
agricultura, obtendo o resultado de um crescimento de 9,1% do PIB em 1980, em detrimento
do aumento da inflação dos preços em 110,2% em igual período, contra 77,2% no ano
anterior.
52
QUADRO 5- MODELOS DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL NO BRASIL.
PLANO
ECONÔMICO
PERÍODO OBJETIVO METAS
Plano Eugênio
Gudin
1954-1955 Implantação de Política
Anti-inflacionária.
- Controle da emissão monetária e do Crédito.
- Combate a crise cambial.
Plano de Metas 1956/1960 Consolidação da Estrutura
Industrial Brasileira
- Construção de Brasília;
- Tratamento especial ao capital estrangeiro para
financiamento da indústria;
- Criação de Grupos Executivos público e privados
- Estabelecimento de 31 metas de desenvolvimento;
Plano Trienal de
Celso Furtado
1961 Combate a inflação, déficit
fiscal e balança de
pagamentos.
- Renegociação dos débitos com os credores
internacionais.
O PAEG
(Programa de
Ação Econômica
de Governo)
Governo Militar
1962-1967 Combate a inflação,
reforma bancária e
tributária e centralização do
poder político e econômico
- Retomada do desenvolvimento;
- Aumento dos investimentos;
- Estabilidade dos preços;
- Redução dos desequilíbrios regionais;
- Correção dos déficits do balanço de pagamento;
Controle da inflação;
- Normalização das relações internacionais.
I PND – Plano
Nacional de
Desenvolvimento
1968-1973 Expansão da política
monetária e creditícia.
- Financiamento externo dos setores produtores de
bens de consumo duráveis e de bens de capital.
- crescimento da produção voltada à exportação.
- Aumento das importações de bens de produção.
- Aumento na geração de emprego.
II PND– Plano
Nacional de
Desenvolvimento.
1974-1979 Continuidade na construção
de uma estrutura industrial
avançada
- aumento da prospecção de petróleo, de energia
elétrica e nuclear;
- implementação industrial nos setores de bens de
capital, siderúrgicos, petroquímicos.
- Participação de empresas privadas via BNDES.
FONTE: Lacerda e Bocchi (2000) adaptada pelo autor.
No aspecto político, da transição de um governo militar para democracia, iniciada
com as “Diretas Já” e as dificuldades em combater a inflação pela implantação de fracassados
programas no período de 1986 a 1989 (Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão), os
partidos políticos ganhavam espaços e consolidavam suas bases no território nacional, tendo
como pano de fundo, as críticas sobre o sistema econômico vigente.
Na década de 90, a economia brasileira foi marcada, não só pela recessão, fruto
dos Planos Collor I e II, que implicaram na retração da atividade econômica como resultado
direto das medidas fiscais e monetárias adotadas, mas, em contrapartida, promoveu a abertura
comercial ao mercado internacional.
Após o plebiscito regulamentado pela Lei 8.624 de 04 de fevereiro de 1993,
promulgada pelo presidente Itamar Franco, sobre a forma e sobre o sistema de governo no
país, foi implantado um novo plano de estabilização econômica – o Plano Real - em três
etapas:
I. Estabelecimento do equilíbrio das contas de governo, objetivando
eliminar a principal causa da inflação;
53
II. Criação de um padrão estável de valor, a Unidade Real de Valor
(URV);
III. Emissão de nova moeda nacional com poder aquisitivo estável, o Real.
A primeira fase do Plano consistia na decisão de implantação do Programa de
Ação Imediata (PAI), que previa:
Redução dos gastos da União e aumento da eficiência no ano de 1993;
Recuperação da receita tributária;
Equacionamento das atividades de estados e municípios com a União;
Controle mais rígido dos bancos estaduais;
Saneamento dos bancos federais;
Aperfeiçoamento do programa de privatização, ou seja, redução da
participação do governo na economia através das privatizações das
estatais.
Centrado em medidas fiscais, apontando o sistema financeiro como beneficiário
direto do desajuste, pelo efeito das taxas de juros e inflação sobre suas receitas, a primeira
fase do PAI, constitui nas seguintes medidas (LACERDA e BOCCHI (2000c, 53T.205/215):
Corte orçamentário de US$ 6 bilhões em 1993;
Proposta orçamentária de 1994, baseada em uma estimativa realista da
receita;
Limitação das despesas com pessoal em 60% da receita corrente da União,
estados e municípios – (Lei Camata I e II);
Estabelecimento e regulamentação de cooperação financeira entre a União
com estados e municípios quanto à obrigatoriedade em se manterem em
dia com seus débitos e estabelecimento de tetos para novos
financiamentos.
Segundo Torres (2006, p.123/124), o novo cenário político e econômico pode ser
compreendido como:
Um intenso processo de intermediações políticas por meio das quais emergem e
tornam forma os projetos e interesses de agentes e agências pública- privada em
pugna por impor um determinado projeto de direção política e de direção ideológica
sobre a sociedade e o estado que são governados. Os posicionamentos, estratégias e
táticas de cada um na confrontação estão regidos por princípios de mudanças e
princípios de conservação.
Quando se trata de Políticas Públicas de Desenvolvimento quer seja nacional,
estadual ou municipal, a partir de 1994, constituiu-se, para os entes da federação, um desafio
nas áreas fiscais e sociais em razão dos resultados anteriores que, segundo Gonçalves (2001,
p.5), a economia brasileira apresentava:
54
Esgotamento da estratégia de desenvolvimento que vinha sendo praticada no
país, caracterizada por forte intervenção estatal na economia;
A crise fiscal, manifesta na perda da capacidade financeira do Estado para
atender aos anseios, necessidades e demandas da população, em consequência de
seu elevado grau de endividamento e da desorganização das contas públicas,
atingidas por sucessivos déficits;
A crise da Administração Pública, cujo modo de funcionamento burocrático
(lento, formalista, centralizado, oneroso, etc.) foi considerado incompatível com
as exigências dos tempos modernos.
Dentre as mudanças, com a implantação do Plano nas políticas heterodoxas,
destaca-se também, o Plano Diretor da Reforma do Estado (Presidência da República, 1995,
p.16) que propôs a transformação da administração burocrática em administração gerencial,
muito mais ágil e dinâmica, bem como centrada na qualidade dos serviços públicos e no
atendimento à população.
Os resultados após o Plano Real e o PND – Plano Nacional de Desestatização - o
ajuste das contas públicas e a adoção de uma política neoliberal, contribuíram para alcance e
controle da inflação.
Assentadas as bases da economia, o controle da inflação ocorreu no final de 2002,
demonstrando uma estabilização e seu Produto Interno Bruto oscilante, mas em crescimento.
Na área da gestão dos recursos públicos destacam-se: os mecanismos de ajuste
econômico de controle e responsabilidade fiscal diretamente afeto à União, Estados e
Municípios - A Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000, constituindo-se em uma das
principais políticas de gestão financeira.
2.1.2 – O Desenvolvimento no Estado do Paraná
A base econômica do Estado do Paraná, de 1950 até início da década de 70, estava
atrelada ao setor agropecuário, ao extrativismo e ao beneficiamento de produtos naturais, a
exemplo da erva mate e madeira, e carente de infraestrutura e de capitais privados. A sua
industrialização estava centrada, até a década de 70, no beneficiamento da madeira, para
atender o mercado nacional.
No início da década de 1950, quando o Brasil inicia significativas políticas para o
desenvolvimento e expansão industrial, via criação do BNDE para nacionalização de
empresas estrangeiras, bem como para fomentar os investimentos nas estatais de energia
elétrica, o poder público estadual gesta e, na década de 60, implantava o Projeto de
Desenvolvimento Industrial do Paraná, a partir do qual, são criadas e revitalizadas empresas
55
estaduais destinadas a atuar em diversos setores, tais como: economia e finanças, energia
elétrica, telecomunicações e serviços públicos (Bravim, 2001. Dissertação de Mestrado).
O norte do Estado emerge como uma região de fazendas de café, abertas sob a
égide da destruição das florestas, que contrastavam com as fazendas de gado dos campos
gerais e com os núcleos coloniais de pequenos proprietários. Numa forma nova de economia,
estavam ligados tipos étnicos diversos: paulistas, mineiros, baianos, pernambucanos e
imigrantes naturalizados.
Em 1963, o Estado do Paraná, era o maior produtor de café com 1.256.526 de
toneladas e com uma economia regional diversificada com produção de milho, feijão,
algodão, cana-de-açúcar e pecuária. Toda a região norte era politicamente paranaense e
economicamente paulista, em função de que todo o comércio convergia para o Porto de
Santos. Com a finalidade de integrar o norte à economia paranaense e deslocar o escoamento
das riquezas para o Porto de Paranaguá, o governo do Estado construiu a Rodovia do Café,
interligando as duas regiões na década de 1960. (OLIVEIRA, 2001, apud Gaspareto, texto
s/d.).
Estudos realizados pelo IPARDES (outubro 2009) apresentam mudanças
importantes na agropecuária paranaense a partir de 1970 a 2006, em número de
estabelecimentos agropecuários, que comprovam a migração de pequenos proprietários de
estabelecimentos agropecuários aos grandes centros, em vista da redução, de 129.759
estabelecimentos com menos de 10 hectares e 70.533 propriedades com 10 a menos de 100
hectares.
QUADRO 6 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS SEGUNDO GRUPOS DE
ÁREAS NO PARANÁ. 1970 – 2006.
GRUPO DE ÁREA 1970 1975 1980
Número % Número % Número %
Menos de 10 hectares 295.272 53,3 237.068 49,5 214.995 47,3
10 a menos de 100 hectares 240.936 43,5 218.886 45,7 215.031 47,4
100 a menos de 1000 hectares 17.158 3,1 20.213 4,2 22.349 0,3
1.000 hectares e mais 1.087 0,2 1.348 0,3 1.537 0,3
Não declarado 35 0,00 938 0,2 191 0,00
TOTAL 554.488 100,0 478.453 100,0 454.103 100,0
GRUPO DE ÁREA 1985 1996 2006
Número % Número % Número %
Menos de 10 hectares 229.015 49,1 154.620 41,8 165.513 44,6
10 a menos de 100 hectares 212.247 45,5 188.305 50,9 170.403 45,9
100 a menos de 1000 hectares 23.525 5,0 25.432 6,9 25.112 6,8
1.000 hectares e mais 1.548 0,3 1.450 0,4 1.191 0,3
Não declarado 162 0,00 68 0,0 8.832 2,4
TOTAL 466.397 100,0 369.875 100,0 371.051 100,0
FONTE: IBGE – Censos Agropecuários.
56
Segundo o IPARDES (2009), essa movimentação de estabelecimentos com até 100
hectares indica a continuidade do movimento de concentração fundiária para as propriedades
de 100 a mais de 1.000 hectares.
Esse fenômeno não é exclusivo do Paraná, mas também de outras regiões
agropecuárias brasileiras, constatadas na aplicação do Índice de Gini, frente à concentração da
terra.
TABELA 4 – ÍNDICE DE GINI REFERENTE A CONCENTRAÇÃO DA TERRA – ESTADOS
SELECIONADOS E BRASIL – 1996-2006.
ESTADOS/PAÍS 1996 2006
Mato Grosso 0,870 0,865
Minas Gerais 0,772 0,795
Paraná 0,741 0,770
Rio Grande do Sul 0,762 0,773
Santa Catarina 0,671 0,682
São Paulo 0,758 0,804
BRASIL 0,856 0,872
FONTE: IBGE/IPARDES/out.2009. Nota Técnica Primeiros Resultados do Censo 2006 – Paraná.
Na década de 1970 e 80, programas do governo federal priorizavam a
industrialização dos Estados visando promover o desenvolvimento local e reduzir o fluxo
migratório. Para atender a necessidade de investimentos e de infraestrutura, foram criadas
empresas estatais que, posteriormente, transformaram-se em economias mistas e ou autarquias
paranaenses: Companhia Paranaense de Silos e Armazéns (COPASA); Companhia
Paranaense de Eletricidade (COPEL); Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR);
Companhia de Informática do Paraná (CELEPAR); Companhia de Telecomunicações do
Paraná (TELEPAR); Fundo de Desenvolvimento Educacional (FUNDEPAR); Companhia de
Habitação Paranaense (COHAPAR) e a Companhia de Desenvolvimento do Paraná
(CODEPAR). Essa última era responsável por gerir o Fundo de Desenvolvimento Estadual
(FDE), e se tornou o principal mecanismo de financiamento do desenvolvimento industrial do
Estado (MIGLIORINI, 2006, p. 06).
Nos anos de 1970, tem início um processo de grande crescimento no setor
industrial que, de rudimentar, baseado no processamento de produtos agrícolas e utilizando
tecnologias pouco elaboradas, passa para a diversificação industrial com a instalação de novos
ramos como metal-mecânica, elétrico, papel e papelão, de comunicações, química,
eletrodomésticos, material de transporte e fumo.
57
Nas décadas de 1980 a 2000, mesmo com crise de escala (inflação e planos
econômicos) em nível nacional, o Paraná obteve um significativo crescimento com a
implantação de novos segmentos econômicos voltados para a implantação do setor
automobilístico, na denominada Cidade Industrial, em Curitiba.
O gigantismo do empreendimento quer na estruturação de espaços para as novas
indústrias, na construção de habitações, urbanização, saneamento, energia elétrica e um
complexo sistema viário, oportunizaram a introdução de nova base produtiva, pautada nos
modernos segmentos da metal-mecânica.
A indústria representada pelo setor automobilístico, segundo SESSO FILHO,
MORETTO e outros (2004 pp 89-112), embora tenha iniciado suas atividades ainda na
década de 70, conseguiu sua consolidação na década de 1990, com a abertura comercial da
economia brasileira no governo Collor de Mello.
No ano de 2004, a estrutura do parque industrial paranaense competia em
igualdade com características próximas às de outros centros automotivos nacionais, mas
apresentava, como principal entrave, a falta de tradição de fornecimento, pequeno mercado
consumidor e forte concorrência no setor, dificuldades que foram superadas com incentivos
tributários, exportações e consolidação no mercado interno.
Em 2013, o Paraná ganhou mais duas novas indústrias do setor automotivo: a
montadora norte-americana Paccar inicia a produção dos caminhões DAF em Ponta Grossa e
a japonesa Sumitomo começa a operação da fábrica de pneus em Fazenda Rio Grande, na
região metropolitana. As multinacionais integram o programa do Governo do Estado, “Paraná
Competitivo”.
As novas empresas se somam a Renault, Volkswagen, Volvo, Fiat, Catterpillar,
Nissan, Case New Holland e ao parque de fornecedores e fabricantes de peças, localizado
principalmente em Curitiba e Região Metropolitana. Segundo dados da Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o polo automotivo do Paraná responde
por 15,4 % da produção brasileira em 2012. O resultado foi quase quatro pontos percentuais
superiores ao de 2010, quando o Paraná participou com 11,6 % dos veículos fabricados em
todo o país.
O Paraná aparece como o quinto Estado brasileiro que mais tirou proveito do
ambiente propício ao investimento industrial, delineado desde meados dos anos 1990. A
participação do Estado no valor da transformação industrial (VTI) do Brasil cresceu de 5,3%,
em 1996, para 6,5%, em 2004. Porém, aproximadamente 70% da renda industrial do Estado
58
provém do funcionamento das atividades de produtos alimentares, refino de petróleo, material
de transporte, química, papel e celulose. Mais de 70% do valor das importações está centrada
em produtos químicos, material de transporte, máquinas, derivados de petróleo e material
elétrico (LOURENÇO, 2006, apud Trevisan e Lima, 2010, p.1).
QUADRO 7 -PRODUTO INTERNO BRUTO DO BRASIL E PARANÁ A PREÇOS CORRENTES DE
MERCADO – 1995-2010
ANO PRODUTO INTERNO BRUTO
Bilhões/Trilhões
VARIAÇÃO REAL ANUAL
%
Brasil Paraná Brasil Paraná
1995 705.641 40.194 ... ...
1996 843.966 48.199 2,15% 5,36
1997 939.147 53.014 3,38% 1,54
1998 979.276 57.101 0,04% 3,20
1999 1.065.000 63.389 0,25% 0,50
2000 1.179.482 69.131 4,31% 5,38
2001 1.302.135 76.413 1,31% 3,83
2002 1.477.822 88.407 2,66% 1,98
2003 1.699.948 109.459 1,15% 4,47
2004 1.941.498 122.434 5,71% 5,02
2005 2.147.239 126.677 3,16% -0,01
2006 2.369.484 136.615 3,96% 2,01
2007 2.661.345 161.582 6,09% 6,74
2008 3.031.864 179.270 5,16% 4,28
2009 3.031.864 189.269 -0,60% -1,20
2010 3,675.000 220.368 7,5% 8,30
2011 4.143.000 239.366 2,7% 5,39
2012 4.403.000 239.390 0,9% 5,40
FONTE: IBGE/IPARDES – Contas Regionais do Brasil.
Na análise do Quadro 7, fica demonstrado que o PIB do Paraná, no período,
ultrapassa o PIB Nacional, decrescendo posteriormente com exceção nos exercícios de 2003,
2007, 2010, 2011 e 2012, períodos em que fatores climáticos e de preços nas commodities
agrícolas foram afetados no mercado internacional, oportunizando um bom desempenho nas
exportações e aumento na produção dos principais produtos agrícolas. Houve crescimento de
35,59% na produção de trigo, 10,01% na de soja, 21,01% na de milho e 39,88% na de café.
Na cultura da cana-de-açúcar ocorreu uma pequena retração na produção, de -0,05%.
O excelente desempenho da agricultura paranaense foi decorrente dos fatores
climáticos e do aumento de produtividade, sendo o Estado do Paraná, em 2010, líder na
produção nacional de grãos, com uma participação de 21,6%, conforme dados do
Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. (Fontes: Ipardes e IBGE).
A política de desenvolvimento urbano e de industrialização foi iniciada e
implantada nos governos de Jaime Lerner, político, arquiteto e urbanista, prefeito de Curitiba
59
por três vezes (1971-75; 1979-84 e 1989-92), em cujos e nos intervalos, foram eleitos seus
Secretários estaduais, dando continuidade aos programas. Foi governador do Paraná por mais
duas vezes (1995-99 e 1999-2003), conseguindo dar continuidade a seu planejamento de
investimentos urbanos de reestruturação viária para a Capital paranaense, ao mesmo tempo
em que recuperava o sistema viário no interior do Estado, em grande parte, via terceirização
de rodovias (BRAVIN, 2001-Dissertação de Mestrado).
Suplantando históricas oligarquias paranaenses, tributo deve ser dado à pessoa
de Jaime Lerner Prefeito (biônico/71) cuja histografia é repleta de obras realizadas, como a
reforma urbana transformadora do calçamento da Rua XV de Novembro, devolvendo, à via, o
nome imperial Rua das Flores, um dos principais cartões postais de Curitiba na época, por se
tratar de uma via exclusiva para pedestres. Isso data de 20 de maio de 1972. Outra importante
obra, que tornou-se modelo para outros estados e países, foi a abertura de vias exclusivas para
os ônibus urbanos (chamados expressos), ocorrida em setembro de 1974, atual Rede Integrada
de Transportes.
O forte apelo à imagem de Curitiba, como cidade modelo, deu-se por meio de um
processo de urbanização, iniciado com a implantação de um novo Plano Diretor em Curitiba,
na década de 1970. O carro chefe da “Era Lerner” sempre foi o plano urbanístico para a
cidade, por exemplo, o processo de transformação da capital paranaense em cidade de ótima
infraestrutura e qualidade de vida. ( DALDEGAN, 2009, p.47 Dissertação-UFPR),
Segundo a autora, (2009, p.55/57), a implantação das vias rápidas dos bairros ao
centro da Cidade e das vias expressas, proporcionou à população maior agilidade no trânsito,
e a descentralização dos órgãos públicos em áreas localizadas de fácil acesso, desafogando o
caótico afunilamento do centro da capital paranaense, além de parques temáticos, conhecidos
mundialmente.
Jaime Lerner possue um histórico político no Paraná, e de realizações
transformadoras no Estado.
Eleito governador do Estado do Paraná, em 1994 e reeleito em 1998, Lerner
promoveu a maior transformação econômica e social da história do Estado. Apoiado
em uma política de atração de investimentos produtivos, o Paraná se consolidou
como polo industrial automotivo e de agroindustrialização do País, contabilizando
investimentos de US$ 20 bilhões entre o período de 1995 a 2001, investindo em uso
do solo, educação, saúde, saneamento, lazer, industrialização, meio ambiente e
transporte coletivo, o qual foi exportado para Seul, e mais 81 cidades. Seus
Programas Sociais, renderam ao Governo do Paraná o prêmio Criança e Paz da
Unicef, para os programas “Da Rua para a Escola”, “Protegendo a Vida” e
“Universidade do Professor” (GALVÃO, 10/2007).
60
O Paraná, mesmo com a industrialização em ritmo crescente, mantém a
agropecuária como principal setor de sua economia. Também o setor de energia cresceu
significativamente utilizando todo o potencial geográfico do Rio Paraná.
A cafeicultura, que é uma das principais atividades agrícolas do Estado, se não
desfruta da mesma grandiosidade de antigamente (o Paraná, sozinho, já chegou a produzir
60% do café de todo o mundo), ainda faz com que o Paraná continue sendo um dos principais
produtores da federação brasileira. A maior área densa reveste a superfície na porção
ocidental de Apucarana, Bandeirantes, Santa Amélia e Jacarezinho.
No que diz respeito à pecuária, o Paraná é um dos principais criadores brasileiros
de bovinos e de suínos, em especial nas regiões central, meridional e oriental do território
estadual. Nos últimos períodos decenais, os rebanhos tanto de bovinos como de suínos
tiveram grande expansão. Como nos demais estados da região Sul, são diferenciados em
território paranaense, o modo como é usado o terreno de formação campestre ou formação
florestal.
A atividade avícola se produz, praticamente, em todas as regiões acompanhando
as áreas onde é produzido o milho, matéria-prima para a ração das aves que são exportadas
para mais de uma dezena de países. Segundo a COASUL, o Paraná, em 2011 era o maior
estado produtor do Brasil. Em 2010, o Paraná também atingiu novo recorde na produção de
frangos chegando, no acumulado do ano, a 1,328 bilhão de aves abatidas, produção 5,6%
maior do que em 2009, quando o abate acumulado foi de 1,257 bilhão de cabeças.
Segundo Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos
Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), o Paraná aloja mais de 110 milhões de aves por
mês, em razão do crescimento do mercado interno e a tendência é que ele se fortaleça cada
vez mais.
A pesca não se expandiu igualmente à pecuária e à agricultura. Em 2007, foram
totalizadas 1.914 toneladas de pescado, no valor de R$ 4.075.350, dos quais 1.096 era
de peixes, 809 toneladas de crustáceos, e 8 toneladas de moluscos.
O subsolo paranaense tem uma grande riqueza mineral. Aí são encontradas
reservas, em quantidades que podem ser consideradas, tais como: areia, argila, calcário,
caulim, dolomita, talco e mármore, sem falar de outras de porte pequeno (baritina, cálcio). A
bacia carbonífera do estado é a terceira em nível nacional, e a de xisto, ocupa o segundo lugar.
61
No que se refere aos minerais metálicos, foram encontrados depósitos
de chumbo, cobre e ferro.
O crescimento ordenado na Região Metropolitana de Curitiba, que conta com 29
municípios, e nas mais importantes Cidades do interior, pelo seu desenvolvimento urbano,
agroindustrial e universitário, dentre outras cidades, concentra 85,3% (8.912.692) da
população na área urbana e apenas 14,7% ( 1.531.834) na zona rural.
No interior do Estado, o município de Ponta Grossa se constitui como polo da
indústria de moagem de cereais e de entroncamento rodoferroviário da América Latina e
centro universitário.
Londrina e Cascavel são os municípios com maior concentração de agroindústrias
(alimentícias e de madeira), com mais de 8000 mil estabelecimentos agropecuários, com
importantes estruturas de entroncamento rodoviário e aéreo, passagem obrigatória para vários
destinos, como os estados de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
portos do litoral e ainda o Paraguai e Argentina e também um grande centro universitário.
Em Telêmaco Borba, a maior unidade industrial do Estado é a Companhia de Papel
do grupo Klabin, instalada no conjunto da Fazenda Monte Alegre, no ramo papel e celulose.
Em Maringá, a agroindústria é representada pela Cooperativa Agroindustrial
Cocamar e centro universitário. O município de Guarapuava é o maior produtor brasileiro de
cevada e possui uma das maiores fábrica de malte da América Latina, a AGRÁRIA,
responsável por vinte por cento da produção nacional e também um dos mais novos centros
universitários do Paraná.
Assim, os municípios citados, contrabalançam a região metropolitana de Curitiba em
termos de desenvolvimento localizado, tornando-se referências regionais no agronegócio.
Nos demais municípios limítrofes, constata-se a dependência econômica com os
entrepostos das grandes cooperativas como a Coamo, Cocamar, Copacol e empresas como a
Seara, Sadia e Bünge, dentre outras, pelos pequenos, médios e grandes produtores rurais, que
não se beneficiam com o preço agregado da industrialização de sua produção agrícola e ou da
pecuária.
2.1.3 O Desenvolvimento do Município de Candói.
Candói era rota das tropas que saíam de Sorocaba/SP, com destino a Viamão/RS e
vice-versa, na qual, pela necessidade de descanso dos animais, acabaram surgindo, na década
de cinquenta, ao longo das trilhas dos tropeiros, os primeiros armazéns de secos e molhados,
62
armarinhos, farmácias, cartório, dando início às trilhas, hoje BR 373 e o início de pequenos
núcleos: Vila Segredo, Lagoa Seca, Cachoeira, Paz, Rio Novo e São Pedro, cuja
empregabilidade era constituída pelos próprios familiares na agricultura de subsistência,
criação de suínos, ovinos e de gado, e na instalação de pequenos comércios, entre outros.
A ocupação e a exploração da região Centro Sul Paranaense foi iniciada no século
XX, com o ciclo do extrativismo da madeira e da erva-mate e o plantio em pequenas áreas,
com vista à produção de alimentos, conduzida pelos nativos e por famílias de pequenos
comerciantes que atendiam aos tropeiros, utilizando o sistema de pouso dada a grande
disponibilidade de térreas férteis, caracterizando-se, até a década de 30, como agricultura de
subsistência.
Como Guarapuava, o município de Candói, tem sua etnia influenciada, em grande
parte, pelos tropeiros oriundos de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, que usavam
a cidade como rota e chegaram à região já nos primórdios de sua colonização. Os tropeiros
eram descendentes de europeus ibéricos (portugueses e hispânicos).
Sua industrialização teve início em 1959, na região do núcleo de Vila Segredo,
enquanto distrito de Guarapuava quando foi instalada uma fábrica de papel e celulose – a
Companhia norte-americana Lutcher S/A. era uma empresa organizada para participar em
operações de serração de madeira e da transformação de pasta de papel, sob a presidência de
F. Lutcher Browne, acionista majoritário que obteve a concessão do governo brasileiro para
explorar o potencial hidráulico denominado PCH Barra, para uso exclusivo, por força do
decreto n- 47.226, de 13 de novembro de 1959, e renovável para 30 anos.
A empresa começou a desbravar o local para a instalação da fábrica de pasta de
celulose, exploração do potencial hidráulico para gerar a energia consumida na fábrica, um
aeroporto, e ainda uma grande área residencial para os funcionários, tudo isso a alguns metros
do Rio Jordão.
A vila residencial abrigava 1.200 empregados diretos e a Vila de Segredo, em
função dessa atividade, chegou a atingir o número de 3.500 habitantes. Em dezembro de
1965, a empresa faliu, causando um forte impacto na economia local (Distrito de Candói e
Paz e a localidade de Jordão), motivando o desemprego massivo dos núcleos rurais ou vilas.
A Empresa Lutcher, foi adquirida pelo Grupo Montreal Empreendimentos S/A e
passou a denominar-se Morro Verde S/A, dando início ao fabrico de hipoclorito de sódio,
celulose e papel.
63
Pela Resolução No. 78, de 16 de março de 2001, da ANEEL, a Empresa Morro
Verde S/A transfere a concessão do potencial hidráulico denominado PCH Barra para a
Empresa Trombini Papel e Embalagens S/A, incorporando esta, em definitivo, a Empresa
Morro Verde S/A que estava desativada.
FOTO 1 – INDÚSTRIA LUTCHER S/A.
FONTE: Paraná.blog/2011.
Em 1977, surgem os primeiros trabalhos de engenharia relativos à construção da
Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga, denominada hidrelétrica de Segredo
ou Salto Segredo, próximo ao local da Fábrica Trombini (antiga Morro Verde S.A.).
A Hidrelétrica de propriedade da COPEL está localizada no rio Iguaçu, a 2 km da
montante da foz do rio Jordão, no Município de Mangueirinha. Após o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA), o primeiro do Brasil, aprovado em 1987, foi iniciada sua construção que
se estendeu até 1991, sendo inaugurada em 1992.
Nesse período de 1977 a 1991, foi retomado o crescimento das Vilas Jordão e
Rondinha e do município de Mangueirinha, com a vinda da mão de obra especializada, além
da ocupação dos empregados remanescentes da Empresa Morro Verde S/A, para a construção
da hidrelétrica.
64
A construção do complexo da hidrelétrica incluiu a construção de vilas
residenciais para 3.000 funcionários graduados, técnicos e operários, bem como a construção
de hotel, supermercado, aeroporto, escolas, quadras de esporte, e clubes para seus
funcionários.
Segundo o SINTRAPAV – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da
Construção Pesada no Estado do Paraná, em março de 1990, com a deflagração de greve, três
mil trabalhadores da barragem da Usina Hidrelétrica de Salto Segredo, atual Hidrelétrica
Governador Ney Aminthas de Barros Braga, pararam de trabalhar.
Com o término da obra, novamente houve um grande decréscimo na oferta de
emprego local e, em consequência, redução na população nos Distritos, Núcleos residenciais e
nos municípios limítrofes.
Atualmente, o grande complexo da vila residencial da hidrelétrica é ocupado
parcialmente por servidores públicos da Copel, e das Prefeituras de Foz do Jordão,
Mangueirinha e Reserva do Iguaçu.
FOTO 2 – HIDRELÉTRICA GOVERNADOR NEY AMINTHAS DE BARROS BRAGA
Fonte: COPEL/Pr.
A Copel, visando atender às necessidades da população de baixa renda distribuiu,
ao longo dos anos, inúmeras casas dos operários da hidrelétrica aos municípios vizinhos.
65
Outra indústria existente no Distrito de Candói, na localidade de Santa Clara, é a
Empresa de Celulose Borsany e Cury Ltda, que estava desativada e, em 1991, foi adquirida
pela Empresa Santa Clara Indústria de Papeis e Embalagens, com sede no município de Ivaí.
Hoje é um complexo industrial composto por duas unidades de papel reciclado
(Candói e Ivaí) e uma de embalagens (Ivaí), que opera recuperando toda água utilizada no
processo fabril e gerando praticamente toda energia utilizada no processo produtivo.
Os distritos de Candói e de Paz e, principalmente, o núcleo de Jordão eram as
localidades que possuíam a maior densidade demográfica rural, com escola estadual, utilizada
também pelo Município de Guarapuava. Os demais núcleos rurais em importância são: Lagoa
Seca, São Pedro, Rio Novo, Paz e Cachoeira, além de outros pequenos núcleos rurais e
assentamentos realizados pelo INCRA.
FOTO 3 – EMPRESA SANTA CLARA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE.
FONTE: CONSILIU – Projetos e Consultoria Ltda.
O município de Candói, instalado em 1º de janeiro de 1993, em um posto de saúde
de 30m2, com uma mesa e seis cadeiras, o Poder Executivo, representado pelo Prefeito eleito
Elias Farah Neto, em reunião com os colaboradores, professores universitários da
UNICENTRO, dentre eles o Autor, e representantes do Prefeito e Vice-Prefeito, deram início
à elaboração de um rol de necessidades em torno de aproximadamente 163 metas a serem
desenvolvidas no primeiro ano de mandato.
66
Destaca-se que o município-mãe Guarapuava, retirou todas as máquinas
rodoviárias e veículos da saúde, móveis e equipamentos existentes. Assim, a equipe de
colaboradores, como meta inicial, deveria tomar conhecimento da realidade do novo
município, suas necessidades e priorizar os trabalhos a serem desencadeados de imediato.
Nos primeiros anos de gestão de municípios instalados, falar em desenvolvimento
é algo impensável, devido à inexistência de um planejamento adequado para a realidade local.
Sem o conhecimento do potencial econômico de seu território, sem infraestrutura, e parcos
recursos, o novo gestor do ente federativo torna-se, segundo ditado popular, um “bombeiro”,
cujo trabalho resume-se em “apagar incêndio” em início de mandato.
Em seu histórico de políticas públicas, o exercício de 1993 constituiu-se na
elaboração de planejamento administrativo para atendimento das necessidades imediatas e
estruturação dos procedimentos burocráticos, como a elaboração de Decretos e Portarias, a
implantação de estrutura financeira na abertura de contas nos bancos em Guarapuava, para
receber os repasses intergovernamentais de ICMS e FPM, da Saúde e Assistência Social e o
início do ano letivo da Educação, cujo quadro de profissionais era formado por professores
concursados por Guarapuava e realização de Teste Seletivo, para compor o seu quadro de
pessoal.
Os Projetos da LOA – Lei do Orçamento Anual, LDO – Lei de Diretrizes
Orçamentárias, o PPA – Plano Plurianual de 1994 a 1997, o Projeto de Lei da Estrutura
Organizacional e o Projeto de Lei de Cargos e Salários, já tinham sido elaborados por este
Autor, e entregues no dia da posse à Mesa da Câmara Municipal de Candói, os quais,
posteriormente, foram aprovados, homologados e sancionados.
O PPA – Plano Plurianual de 1994/97, a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias e
a LOA – Lei do Orçamento Anual do Município de Candói constituíram-se nos primeiros
programas norteadores de políticas públicas da administração municipal. Mesmo dentro das
condições limitadas da época, foram traçados objetivos e metas de despesas de custeio e de
capital para a realização dos projetos e atividades ao longo dos 4 anos da primeira gestão,
dentro dos objetivos propostos em campanha eleitoral.
Os objetivos e Metas do PPA, para os períodos de 1994/97, trouxeram, para a
população, uma expectativa de que a gestão estava ciente das dificuldades e que a
transformação das carências a serem enfrentadas ao longo dos anos seria atendida
gradualmente, vista a necessidade de recursos humanos, de infraestrutura e de recursos
financeiros nos primeiros anos de gestão.
67
A primeira campanha municipal, realizada ainda no início de 1993, foi junto aos
empresários e produtores rurais na jurisdição do novo município, motivando-os para
contribuírem com a política de arrecadação, substituindo seus blocos de notas fiscais de venda
e serviços e do produtor rural cuja inscrição ainda constava como pertencentes ao município
de Guarapuava, para a inscrição do novo Município de Candói. Dessa forma, as receitas
seriam contabilizadas pelo governo do Estado e Federal, para o Município.
A receita do ICMS é fundamental na composição financeira. Por isso, intensos
trabalhos foram desenvolvidos junto ao comércio local, ao comércio de cereais, postos de
cooperativas existentes e, especialmente, junto ao produtor rural. Com base no Relatório do
ITR, os proprietários rurais foram identificados e notificados para receberem gratuitamente os
novos blocos de Notas Fiscais de Produtor Rural, em substituição aos existentes, com o
código de origem de Guarapuava.
O Plano Plurianual de 1994 a 1997, do Município de Candói – Gestão Elias Farah
Neto - aprovado pela Lei No 003/93, foi elaborado com base em Macro Objetivo, a saber:
I. Modernização Administrativa;
II. Ampliação da Base Econômica;
III. Elevação dos Padrões de Vida da População;
IV. Estruturação para o Desenvolvimento.
Dentre os projetos propostos não consta nenhum projeto específico para a geração
de emprego a não ser o do Teste Seletivo para a Prefeitura e Câmara Municipal, para o
período de 4 anos. Destacam-se, no PPA 1994/97, as obras a serem realizadas pela Prefeitura
Municipal como a construção, no prazo de noventa dias da Prefeitura Municipal, tendo em
vista a existência de apenas um posto de saúde de 30m2, e a adequação das estradas rurais.
Para o desenvolvimento das atividades foram realizadas locações de imóveis para as
Secretarias de Educação, Saúde e Promoção Social.
Com a realização do Teste Seletivo, a estrutura organizacional da Prefeitura foi
implantada, dando-se prioridade à organização da Secretaria de Educação, listando e alocando
o quadro de professores existentes nas escolas rurais para atender o início das aulas a partir de
15 de fevereiro; a contratação de transporte escolar; a estruturação da Secretaria de Saúde; e
aquisição de materiais e produtos para atendimento das necessidades das Secretarias da
Prefeitura Municipal.
68
Estabelecidas às condições de funcionamento, foi priorizada também a
recuperação de estradas rurais, dentro das possibilidades, em vista da existência de
aproximadamente 2000 km de estradas rurais, sendo necessária a aquisição e locação de
máquinas rodoviárias e de transporte escolar no primeiro ano de Governo.
Nos exercícios subsequentes, foram priorizados atendimentos essenciais à área
rural na construção de tanques para criação de peixes; na instalação de empresa de laticínio
para processamento da produção de leite; na implantação de patrulhas rurais; na aquisição e
locação de equipamentos rodoviários para manutenção das estradas rurais, viabilizando o
escoamento das safras agrícolas; e, também, nas demais áreas como a instalação gradual de
iluminação pública em ruas da sede, nos núcleos urbanos e no Alagado; a aquisição de
ambulância, veículos e móveis e equipamentos para as Secretarias, ações que foram
consolidadas na primeira gestão.
PROJETOS - PPA 1994-97 – Lei 003/93 - Gestão ELIAS FARAH NETO
PROPOSTAS
Criar condições para o desenvolvimento socioeconômico do Município, inclusive com o aproveitamento de
mão de obra gerando, assim, emprego.
Construção do Paço Municipal.
Construção de Centros de Abastecimentos Comunitários.
Manter e recuperar as estradas rurais cascalhadas.
Distribuição de alevinos.
Aquisição de matrizes de aves, suínos, bovinos, ovino, etc.
Construção de Escola Ormi França Araujo.
Construção do Centro Cultural Municipal.
Construção de Centros Comunitários.
Construção de quadras poliesportivas.
Construção de Estádio Municipal.
Construção de Ginásio de Esportes.
Construção de Rodoviária Municipal.
Construção de duas Vilas Rurais.
Realizar saneamento em ruas da cidade e jurisdições administrativas.
Instalar sistema de tratamento de esgoto em Candói, Lagoa Seca, Paz, Cachoeira, São Pedro e Rio Novo.
Implantação de rede de abastecimento de água.
Execução de eletrificação urbana e rural em convênio com a Copel.
Incentivar o Turismo local.
Construção do Centro de Saúde da Sede.
Construção de Capelas mortuárias nas jurisdições administrativas.
Em primeira análise, constata-se que vários projetos inseridos na primeira gestão e
que devido aos elevados investimentos em infraestrutura dependiam de financiamento via
69
convênios estadual e federal, não foram executados, passando para a segunda gestão o desafio
de realizá-los, visto se tratar do mesmo grupo político.
O segundo Prefeito de Candói, Waltzer Donini, fazendeiro e ex-Secretário de
Planejamento de Guarapuava e, posteriormente, Secretário Municipal de Planejamento na
gestão de Elias Farah Neto, manteve a continuidade das obras na área urbana e buscou
promover maior responsabilidade entre os Secretários, sem intervenção de familiares na
gestão, delegando-lhes responsabilidades pela execução das políticas públicas a serem
desenvolvidas.
Nos dois períodos de gestão, várias obras foram realizadas e inúmeros empregos
foram ofertados pelo setor econômico de serviços e construção civil, mas executadas por
empresas vencedoras das licitações de outras cidades. Assim os resultados estatísticos do
CAGED, não apresentam um resultado satisfatório na análise da geração de emprego e renda
à população local.
Os Programas do PPA, 1998-2001, seguiram os mesmos padrões anteriores,
listando os projetos de construção a serem realizados, com fornecimento de mão de obra local
às empresas, de outras cidades, vencedoras dos certames licitatórios.
PROJETOS - PPA 1998-2001 – Lei 199/97 - Gestão WALTZER DONINI
PROPOSTAS
Criar condições para o desenvolvimento socioeconômico do Município, inclusive com o aproveitamento de
mão de obra para geração de emprego.
Aquisição de maquinário agrícola
Manter e recuperar as estradas rurais cascalhadas
Construção da Escola Ormi França Araujo
Construção de Centro Cultural Municipal
Construção de Centros Comunitários
Construção de quadras poliesportivas
Construção de Estádio Municipal
Construção de Ginásio de Esportes
Construção de Rodoviária Municipal
Realizar saneamento em ruas da cidade e jurisdições administrativas
Construir e instalar sistemas de tratamento de esgoto na cidade de Candói, Lagoa Seca, Paz, Cachoeira, São
Pedro e Rio Novo.
Realizar convênio com a Sanepar para canalização e implantação de rede de abastecimento de água.
Celebrar contrato para execução de eletrificação urbana e rural em convênio com a Copel ou em mutirão.
Incentivar o Turismo local.
Com o retorno de Elias Farah Neto, na terceira gestão do município, o PPA de
2002 a 2005, aprovado pela Lei No
456/2001, procurou identificar, na própria Lei, as
atribuições e os objetivos a serem alcançados pelas Secretarias Municipais, bem como
70
priorizou o atendimento ao produtor rural, a compra de máquinas rodoviárias e agrícolas,
veículos, ônibus escolar, a execução do Plano Diretor e estrutura urbana, asfaltando ruas da
Sede do município e construção de Centros Comunitários em várias comunidades rurais.
A política de geração de emprego e renda estava voltada ao pequeno produtor
rural, pelo que se observa no PPA 2002/2005, e no aproveitamento de mão de obra local nos
investimentos públicos.
Dentre os projetos voltados à geração de emprego e renda e/ou a fixação do
homem no campo, as principais políticas públicas em investimentos, no período, pautaram-se,
como nas anteriores, na construção da estrutura urbana e nos núcleos rurais. A inovação foi a
Festa do Charque, cujo objetivo principal foi promover o Turismo e divulgar o Município na
mídia estadual, obtendo sucesso na iniciativa.
PROJETO PPA 2002 a 2005 –Lei 456/2001 - Gestão ELIAS FARAH NETO
PROPOSTAS
Construção do Paço Municipal
Construção do Almoxarifado Central
Construção de garagem para a frota municipal
Promover o comércio dos produtos agropecuários
do Município: Construção do mercado do
produtor; construção da Casa do Mel; Aquisição
de equipamentos para a casa do mel; promoção da
feira do Produtor Rural.
Promover o apoio ao pequeno e miniprodutor
rural através de patrulhas mecanizadas: aquisição
de máquinas e implementos agrícolas;
distribuidor de calcário; distribuidor de sementes
e adubos; batedor de feijão, debulhador de milho
e carreta agrícola.
Aquisição e distribuição de calcário; Execução de
10 horas máquinas para mini produtor, serviços
de infraestruturas; terraceamento; enleiramento de
pedra; terraplenagem; abertura de estradas.
Aquisição de distribuidores de dejetos suínos;
Construção e povoamento de tanques de peixes;
Aquisição de veículo tanque para distribuição de
alevinos;
Construção de módulos sanitários;
Aquisição de Patrulha mecanizada;
Readequação de estradas rurais nos
assentamentos;
Aquisição de fumigadores e formicidas;
Aquisição de trator e pulverizador atomizador;
Construção de estufas-modelo capela;
Implantação do Centro de Fisioterapia;
Apoiar as Associações de Mulheres na aquisição
de equipamentos diversos;
Construção do centro de Convivência dos Idosos;
Construção da Secretaria de Promoção Social;
Implantação do Centro para orientação,
manipulação e embalagem de plantas medicinais;
Construção do Centro Múltiplo (boia fria);
Construção da casa do Colono e Artesanato;
Construção de Centros Comunitários;
Construção da Rodoviária Municipal;
Construção de abrigos na zona urbana e rural;
Construção de Terminal de passageiros na Paz e
Lagoa Seca;
Construção de Aeroporto;
Construção de Cais no Alagado;
Construção de Oficina Mecânica;
Propiciar à população de baixa renda a
possibilidade de construir a casa própria, através
do loteamento popular; Firmar convênio para a
construção de Casas Populares; Criação da
Companhia Municipal de Habitação e Urbanismo
em convênio com a CAIXA para o programa
VERDE TETO.
Promover o asfaltamento nas principais vias
urbanas e ampliação da rede de iluminação
pública;
Construção de passarelas e viadutos;
Construção de parques de lazer coletivos;
Conservação de estradas rurais e urbanas;
71
Fomento à pecuária leiteira, com inseminação
artificial, melhorias de pastagens; aquisição e
distribuição de novilhas ao pequeno produtor
rural;
Atendimento à suinocultura; aves e apicultura.
Fomento à agroindústria: Implantação de
indústrias de transformação de produtos
agropecuários;
Implantação de moinhos para beneficiamento de
milho e arroz;
Implantação de secadores de cereais
comunitários;
Implantação de Vilas Rurais;
Implantação de Viveiro Municipal;
Reativação do Centro de Produção Animal, com
aquisição de matrizes de diversos animais;
Na Educação: Aquisição de terrenos e construção
de escolas.
Construção de quadras poliesportivas nos
assentamentos por meio de convênios.
Na área de saúde: construção do Centro de Saúde
na Sede; aquisição de ambulância; Construção de
módulos sanitários.
Construção de usina de asfalto e fábrica de
manilhas;
Calçamento poliédrico;
Reforma e ampliação dos cemitérios municipais;
Construir ou viabilizar a rede coletora, a estação
elevatória e a estação de tratamento de esgoto;
Na área do Turismo: promoção e organização da
Festa Nacional do Charque; Construção da Casa
do Charque; Construção de estruturas físicas nas
fontes de águas minerais; implantação de
complexo turístico no Alagado do Iguaçu;
Na área de Saneamento: construção de barracão
para reciclagem do lixo; instalação de lixeiras nas
vias públicas; Aquisição de caminhão limpa
fossa;
Aquisição de área de terra para ampliação do
Distrito Industrial de Paz, Cachoeira e Lagoa
Seca.
A quarta gestão do município de Candói foi oportunizada para Mauricio Mendes
Araújo, candidato único, visto que o Prefeito Elias Farah Neto não lançou nenhum candidato
para o pleito, e aguardou para se lançar candidato na próxima gestão 2008/2011, da qual foi
vencedor, sem a participação de Maurício Mendes Araújo como candidato.
As políticas públicas de geração de emprego e renda, desenvolvidas na gestão do
Prefeito Maurício Mendes Araújo, também focaram a realização das obras a serem realizadas
e as prioridades de atividades voltadas ao apoio do produtor rural, bem como tendo ampliado
a atuação na Educação e na Saúde, via Convênios com o terceiro setor.
PROJETO PPA 2006 a 2009–Lei623/2005 - Gestão MAURICIO MENDES ARAÚJO
PROPOSTAS
Construção, reforma e ampliação de Escolas com recursos do salário educação.
Aquisição de terreno e construção de escola na Comunidade Três Palmeiras;
Contratação de serviços terceirizados do transporte escolar;
Construção do Centro Municipal de Educação Infantil;
Construção de Almoxarifado da Secretaria de Educação;
Ampliação do Centro de Eventos;
Construção da Casa da Cultura;
Construção de Ginásio Poliesportivo;
Implantação de consultórios odontológicos;
Construção do Centro de Saúde;
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Construção de Unidades Básicas de Saúde;
Construção de Unidades de Captação de água nas comunidades rurais, por meio de convênio;
Ampliação da rede de abastecimento, por meio de convênio;
Construção de sistema de esgoto por meio de convênio;
Construção de módulos sanitários por meio de convênios;
Construção do Centro de Convivência do Idoso por meio de convênio;
Construção da Casa do Artesão;
Construção de uma panificadora municipal;
Construção de sala para implantação da Brinquedoteca;
Pavimentação asfáltica de vias urbanas, por meio de convênios
Elaboração e implantação do Plano Diretor;
Pavimentação asfáltica de vias urbanas por meio de operações de crédito;
Construção das dependências da Oficina Mecânica;
Construção de abrigo para profissionais autônomos – transporte de carga.
Execução de calçamento com pedras poliédricas;
Implantação do Projeto Bovinocultura de Leite;
Implantação do projeto suinocultura;
Implantação do projeto avicultura;
Implantação de projetos de apicultura, cunicultura, caprinos cultura e ovinocultura;
Manutenção da usina de leite;
Apoio ao produtor rural na análise do solo, aquisição de insumos; mecanização e transporte da produção;
Fornecimento de mudas para implantação de projetos da erva-mate; olericultura, fruticultura, cana de
açúcar, reflorestamento, e plantas medicinais;
Capacitação da família rural por meio de cursos e excursões para conhecimento de novas técnicas;
Aquisição de implementos agrícolas para as associações de produtores rurais, mediante concessão de uso.
Assim como nas demais gestões, não existem relatórios sobre os resultados
obtidos.
Para a gestão 2008/2011, o pleito eleitoral foi vencido novamente por Elias Farah
Neto e o PPA se constituiu em um rol de projetos e atividades, agora enquadradas dentro das
normas exigidas pelo MPOG – Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Entretanto,
não existindo relatório de gestão dos resultados obtidos.
Em razão da falta de relatórios sobre os investimentos realizados em obras na
infraestrutura, construções de imóveis, veículos e equipamentos para a agricultura e pecuárias,
pesquisas realizadas no Portal Transparência Brasil, constata-se a existência de Convênios
junto ao Governo Federal e Estadual, que foram utilizados como referências para os objetivos
e metas propostas no PPA do Município ao longo do período.
O que se observa nos Planos Plurianuais desde 1993 é a preocupação das gestões
da Prefeitura Municipal de Candói, em estruturar o município com obras urbanas e na
construção de imóveis necessários ao atendimento da população, bem como na busca por
recursos federais de apoio ao pequeno produtor rural, por meio de Convênios, oportunizando
a aquisição de equipamentos aos Assentamentos rurais e Associações Rurais.
73
FOTO 4 - SEDE DO MUNICÍPIO DE CANDÓI 2013.
FONTE: Prefeitura Municipal de Candói (2013).
O Município possui, além da Sede, cinco núcleos urbanos: Cachoeira, Paz, Lagoa
Seca, Rio Novo e São Pedro, todos definidos como área de jurisdição administrativa, pela Lei
150/97 de 25/03/97 e contida no plano de uso e ocupação do solo, além de Assentamentos de
“Sem Terra”.
As BRs. 373 e 277 cortam o município numa extensão de 96 km. A extensão de
estradas rurais é de, aproximadamente, 2.000km.
Em sua área territorial, o Município de Candói, possui extensas áreas alagadas,
proveniente da Construção da Represa de Salto Santiago, e das hidrelétricas Santa Clara e
Fundão I e II, constituindo-se em ponto turístico para a pesca do Lambari, da Traíra, do
Pintado e da Tilápia, além da Cachoeira de Igrejinha, Salto Curucaca, Cascata das Noivas, e
de águas sulforosas, localizadas em Águas de Santa Clara, Águas do Rio da Laje, Águas do
Capão Redondo, Águas do Barreiro, Águas de Igrejinha, entre outras.
O Município de Candói tem seu perfil econômico centrado no setor primário, com
lavoura temporária de soja, milho, trigo, feijão e cevada, e na pecuária com a criação de
animais de corte que são vendidos às grandes agroindústrias do Paraná e São Paulo, bem
74
como para exportação, além de manter uma importante pecuária leiteira, base para a
manutenção de pequenos proprietários de terras.
MAPA 2. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO NO PARANÁ
FONTE: IPARDES.- Cadernos Municipais 2013.
A representatividade do município de Candói, em quantidade de propriedades
frente ao Estado do Paraná é mínima, assim como os demais municípios com até 15.000
habitantes.
Possuindo 13,3% (259) dos estabelecimentos rurais com mais de 100 ha e 86,7%
(1.521) estabelecimentos, com área menor que 100 ha, se comparado com o município de
Guarapuava que possui 17,6% (547) estabelecimentos com mais de 100 ha e 82,4% (2.563)
com menos de 100 ha, verifica-se que o município de Candói possui as mesmas características
agropecuárias de pequenos minifúndios voltados à pecuária leiteira e plantação de
subsistência.
Apesar de os grandes produtores possuírem uma agricultura altamente mecanizada
para a soja, milho, trigo e cevada, o município possui uma diversificação de produtos que
requer um elevado número de mão de obra em seu plantio, como é o caso da batata, feijão,
75
laranja, tomate, bem como na colheita de laranjas e no beneficiamento para transporte, aos
grandes centros, principalmente o mercado de São Paulo.
TABELA 5 – ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS, SEGUNDO A ATIVIDADE ECONÔMICA
– 2006
ESTABELECIMENTOS PARANÁ CANDÓI %
Lavoura Temporária 168.548 992 0,59
Horticultura e floricultura 16.966 93 0,55
Lavoura permanente 24.154 24 0,10
Produção de Sementes e mudas 259 8 3,09
Pecuária e criação de outros animais 151.543 654 0,43
Produção florestal – florestas plantadas 6.076 8 0,13
Produção florestal – florestas nativas 2.377 - -
Pesca 176 1 0,57
Aquicultura 964 - -
TOTAL 371.063 1.780 0,48
FONTE: IBGE – Produção Agrícola Municipal.
Sua produção agrícola está centrada nos produtos de grande aceitação no mercado
interno como no externo, produzidos, em sua maioria, em propriedades com mais de 100
alqueires, com exceções nas propriedades em que se cultiva laranja (Assentamentos), feijão,
mandioca, batata inglesa, entre outras.
QUADRO 8 - PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS - CANDÓI - 1999- 2012
PRODUTOS (Ton) 1999 2006 2010 2012
Batata Inglesa 26.130 23.115 32.881 33.133
Cevada 9.950 17.146 20.800 24.640
Feijão 2.910 5.280 6.260 3.575
Laranja - 420 1.200 1.460
Mandioca 2.145 2.210 2.760 2.640
Milho 97.900 114.470 145.140 130.140
Soja 68.340 80.416 108.014 100.980
Trigo 10.890 16.170 31.310 28.355
Aveia 2.230 4.185 1.610 1.456
Triticale - 5.052 1.715 1.320
FONTE: IBGE – Produção Agrícola Municipal. Nota: Ipardes: 2010/2012.
O volume de produção dos principais produtos a partir de sua instalação, em
1993, evoluiu sobremaneira nas grandes propriedades, em razão dos preços das commodities
e linhas de créditos. Os principais produtores do município seguem as regras das Cooperativas
a que estão associados, visto que as mesmas atendem a “negociabilidade global” das
commodities, reduzindo ou aumentando a produção.
Nas pequenas propriedades, a produção é diversificada: abacate, alho, amendoim,
arroz, banana, batata-doce, cana-de-açúcar, cebola, fumo em folha, limão, manga, maracujá,
pêssego, tangerina, tomate, uva, flores, e hortaliças, para consumo ou venda nas feiras e
fornecimento à Prefeitura Municipal, pelo Programa Compra Direta do governo federal.
76
Registre-se na produção agrícola, a inovação, no município, que vem sendo
realizada pela Empresa A.G. Teixeira Produtos Agrícolas, no plantio da Canola que,
juntamente com os municípios de Cascavel e Mangueirinha, representam 41% da produção
paranaense.
Quanto à produção de laranja em Candói, estudo monográfico realizado em 2011,
pelo acadêmico Alex Sandro Schiavini (UNICENTRO), verificou que a produção de laranja
tem como destino principal o município de Paranavaí (45,2%); o estado do Rio Grande do
Sul (25,8%); o próprio município (22,6%) e municípios vizinhos (6,4%). As plantações de
laranja estão localizadas no assentamento de PC Ilhéus, que possui uma indústria de suco de
laranja (caseira artesanal) e Matas do Cavernoso.
A produção agrícola no Candói, segundo dados de 2006 do IBGE, é proveniente
de 1.780 unidades individuais rurais que cultivam 98.132 hectares no município. Destas, 60
são unidades em condomínio que cultivam 3.260 hectares e 11 unidades de Cooperativas que
cultivam 1.190 hectares.
A Pecuária
Assim, como o restante do País, o Estado do Paraná apresenta uma pecuária
extensiva, possuindo uma variedade de solos e clima que propiciam a implantação de diversas
pastagens de qualidade, a criação e adaptação de diferentes espécies bovinas e seus
cruzamentos. Os bovinos da raça nelore e anelorados compõem aproximadamente 70% do
rebanho de bovinos no Brasil e também no Paraná, onde a raça adaptou-se perfeitamente ao
clima subtropical.
No Candói, pecuaristas criam gados de diversas raças, dentre elas: Canchim,
Nelore, Charolesa, Simental, Limousin, Guzerá e Caracu, em razão do aquecimento do
mercado externo.
A criação de gado de raça para corte teve um aumento de 60,2% no período de
1993 a 2012, em detrimentos de outros rebanhos.
A redução de rebanhos de equinos, ovinos, caprinos e suínos, deu lugar às
pastagens para os rebanhos bovinos de corte e de leite, em razão do preço no mercado interno
e da demanda pelo produto no mercado internacional.
Com a criação da CONCAN, novas oportunidades de negócios com a venda de
sêmem de raças selecionadas de bovinos irão a futuro próximo, gerar uma nova fonte de renda
e melhoria genética bovina local.
77
TABELA 6 – EFETIVO DE PECUÁRIA E AVES – CANDÓI – 1993/ 2012
EFETIVOS
NÚMERO
1993 2010 2012 1993/2012 %
Rebanho de bovinos
Rebanho de equinos
Galináceos
Rebanho de ovinos
Rebanho de suínos
Rebanho de bulalinos
Rebanho de caprinos
Rebanho de muares
Rebanho de vacas ordenhadas
41.200
4.800
80.000
21.500
17.500
250
8.500
1.500
3.700
61.500
2.250
71.400
4.600
14.800
40
1.320
140
5.872
66.833
2.663
73.981
5.126
15.427
32
1.356
139
5.920
62,2
-44,5
-7,5
-76,2
-11,8
-87,2
-84,0
-90,7
60,0
Fonte: PPM/IBGE 1993-2012.
A produção de leite, mel e ovos de galinha, constituem-se em uma nova fonte de
renda, em sua maioria em pequenos estabelecimentos rurais, incentivadas por programas
governamentais na aquisição de suplementos, equipamentos e veículos, e treinamento nas
Associações visando à melhoria na qualidade dos produtos e certificação para o mercado
consumidor.
TABELA 7 – PRODUÇÃO ALTERNATIVA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DO
CANDÓI.
ESPECIFICAÇÃO 1993 2012 %
Leite (1000L) 1.998 8.553 328,1
Ovos de Galinha (1000dz) 147 97 - 34,0
Mel de abelha (kg) - 7.738 -
FONTE: IBGE.
O Setor Secundário, representado pelas indústrias, tem como principal produto a
geração de energia elétrica, produzida pelas hidrelétricas e termoelétricas existentes ou
compartilhadas, na Indústria de Papel e Celulose e dos derivados do leite, com a Indústria de
Lacticínios Azurra Ltda.
O Setor Terciário, representado pelos setores de comércio e serviços, apresenta
uma grande rotatividade de empresas instaladas, com características familiares, concentradas
na sede do município, com pequenas variáveis na geração de emprego.
O VA – Valor Adicionado dos setores econômicos constituem-se de fundamental
importância para análise do resultado da capacidade produtiva e financeira do Estado e do
Município, visto o retorno de parte desses valores em transferências intragovernamentais,
como é o caso do FPM e ICMS.
Conceitua-se “valor adicionado” à operação da receita de venda, deduzido dos
custos dos recursos adquiridos de terceiros como: matéria-prima, mercadorias para revenda,
78
serviços de terceiros, energia elétrica, enfim todos os insumos adquiridos de terceiros e
consumidos durante o processo operacional.
Ter informações sobre a conduta operacional, econômica e financeira das
empresas é um fator primordial para a gestão governamental, seja municipal, estadual ou
federal, principalmente no que se refere à alocação dos escassos recursos. O instrumento já
existe: a Contabilidade. Por meio da identificação, mensuração e divulgação dessas referidas
informações, a Contabilidade pode contribuir muito com o governo e com a sociedade em
geral, na busca de soluções para os emergentes e crescentes problemas sociais, principalmente
no Brasil, país em desenvolvimento, com notória carência de recursos financeiros
(essenciasobreformas.com.br/mar.2014).
Os dados dos setores econômicos que compõem o Valor Adicionado do município
de Candói evidenciam os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pelas
empresas em determinado período e sua respectiva distribuição.
TABELA 8 – VALOR ADICIONADO COMPARATIVO DO MUNICÍPIO DE CANDÓI E ESTADO DO
PARANÁ ANO BASE 1997 – 2011.
ANO VALOR ADICIONADO TOTAL DO
MUNICÍPÍO DE CANDÓI
VALOR ADICIONADO TOTAL DO
ESTADO DO PARANÁ
%
1997 104.103.389 31.094.887.933 0,33
1998 84.664.444 32.619.517.541 0,26
1999 102.915.684 38.967.500.217 0,26
2000 117.791.827 45.745.050.487 0,26
2001 208.357.733 57.912.339.384 0,36
2002 178.427.996 68.063.735.487 0,26
2003 219.504.356 79.974.619.321 0,27
2004 237.384.740 94.928.235.119 0,25
2005 224.857.645 95.827.124.080 0,23
2006 249.922.177 100.394.090.370 0,25
2007 290.438.439 113.435.687.390 0,26
2008 325.676.307 131.226.654.289 0,25
2009 347.534.205 134.119.273.186 0,26
2010 379.883.195 155.582.507.180 0,24
2011 414.065.041 185.606.933.478 0,22
FONTE: www.sefanet.pr.gov.br/FPM_DFC. Adaptada pelo Autor.
Os dados foram disponibilizados pelo sistema CELEPAR/Pr., referentes ao
período de 1997 a 2011, em 12 de agosto de 2013, com base nas informações processadas
pelas DFCs, que irão determinar o volume de recursos que o Município receberá na
composição do FPM – Fundo de Participação Municipal.
2.2 - Desenvolvimento Social
Dentre os inúmeros conceitos sobre desenvolvimento, como políticas públicas,
destaca-se a capacidade de livremente escolher e optar a melhor distribuição de renda, plena
79
democracia, saúde e educação, enfim acessibilidade. Sem desenvolvimento social
concomitante nunca haverá desenvolvimento econômico satisfatório (Aucélio Gusmão,
Unimed, 2007,p.2).
Hoje, apesar de já ter sido assegurado o direito social no nível legal tem à margem
do Estado de Bem-Estar Social grande parte da população brasileira. As políticas passam a ser
seletivas e focalizadas, afastando-se dos princípios da cidadania. Assim, estamos longe da
superação dos elementos tradicionais de nossa cultura política que marcam as políticas sociais
como o paternalismo, o autoritarismo, ao clientelismo (VIANNA 1988, Revista Presença no
11.jan.RJ).
Linhares (2000, p. 83) considera que:
A política está referida a polis, ou seja, aos exercícios de poder e controle que nos
envolvem coletivamente, buscando definir quem somos e quem queremos ser,
distinguindo-nos dos outros, a política precisa ser estudada, tanto nas esferas
tradicionais e oficiais, de onde emanam as diretrizes formuladas que se traduzem em
normas e regras de ação e de convivência social, mas também, buscada nas condutas
que tornam aceitáveis e dizíveis aquelas diretrizes e, ainda mais, investigada no
próprio imaginário político e social.
O estudo do desenvolvimento social do Brasil, do Estado do Paraná e,
principalmente do município de Candói, será direcionado a seus resultados na qualidade de
vida, educação, renda, longevidade, coletados junto ao Atlas de Desenvolvimento Humano
do PNUD, IPARDES e IBGE, iniciando-se com o estudo da população nas últimas décadas.
2.2.1 – Evolução da População no Brasil e Paraná
A constante busca pelo bem estar social, no Brasil, no período de 2000 a 2010,
apresenta, segundo dados do IBGE 2010, que o crescimento populacional não foi uniforme
entre as grandes regiões e unidades da federação. As maiores taxas médias de crescimento
anual foram observadas nas regiões Norte (2,09%) e Centro-Oeste (1,91%), onde a
componente migratória e a maior fecundidade contribuíram para o crescimento diferencial.
Amapá e Roraima, por sua vez, estão entre os dez estados com crescimento médio
anual de 3,45% e 3,34%, respectivamente. As regiões Nordeste (1,07%) e Sudeste (1,05%)
apresentaram um crescimento populacional semelhante. A região Sul (0,87%), que desde o
Censo de 1970 vinha apresentando crescimento anual de 1,4%, foi a que menos cresceu
influenciada pelas baixas taxas observadas no Rio Grande do Sul (0,49%) e no Paraná
(0,89%).
80
As regiões mais populosas são: Sudeste (com 42,1% da população brasileira),
Nordeste (27,8%) e Sul (14,4%), mas com redução na participação nacional. Por outro lado,
Norte (8,3%) e Centro-Oeste (7,4%) têm menor concentração de pessoas, mas estão
aumentando a representatividade.
Os estados mais populosos do Brasil – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná – concentram, em conjunto, 58,7% da população total do
País.
QUADRO 9 – POPULAÇÃO TOTAL E SUA DISTRIBUIÇÃO POR ANO, SEGUNDO A REGIÃO.
ANOS
REGIÕES
BRASIL % NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO
OESTE
1990 144.090.756 ... 9.695.245 41.742.159 61.658.587 21.824.851 9.169.914
1991 146.825.475 1,9 10.030.556 42.497.540 62.740.401 22.129.377 9.427.601
1992 148.684.120 1,3 10.258.859 42.909.117 63.513.047 22.380.846 9.622.251
1993 151.556.521 1,9 10.629.711 43.803.129 64.609.986 22.655.596 9.858.099
1994 153.726.463 1,4 10.899.537 44.396.806 65.460.035 22.894.831 10.075.254
1995 155.822.296 1,4 11.158.944 44.974.551 66.287.874 23.128.084 10.272.843
1996 157.070.163 0,8 11.288.259 44.766.851 67.000.738 23.513.736 10.500.579
1997 159.636.297 1,6 11.604.203 45.334.474 68.065.809 23.862.627 10.769.184
1998 161.790.182 1,3 11.868.731 45.811.262 68.961.230 24.154.142 10.994.817
1999 163.947.436 1,3 12.133.636 46.288.935 69.858.187 24.445.843 11.220.835
2000 169.799.170 3,6 12.900.704 47.741.711 72.412.411 25.107.616 11.636.728
2001 172.381.455 1,5 13.223.859 48.332.163 73.501.405 25.442.941 11.881.087
2002 174.632.960 1,3 13.504.599 48.845.112 74.447.456 25.734.253 12.101.540
2003 176.871.437 1,3 13.784.881 49.352.225 75.391.969 26.025.091 12.317.273
2004 181.586.030 2,7 14.374.207 50.426.433 77.377.911 26.636.610 12.770.869
2005 184.184.264 1,4 14.698.878 51.019.091 78.472.017 26.973.511 13.020.767
2006 186.770.560 1,4 15.022.064 51.609.020 79.561.095 27.308.861 13.269.520
2007 189.335.191 1,4 15.342.561 52.193.847 80.641.101 27.641.501 13.516.181
2008 189.612.814 0,1 15.142.684 53.088.499 80.187.717 27.497.970 13.695.944
2009 191.481.045 1,0 15.359.645 53.591.299 80.915.637 27.718.997 13.895.467
2010 190.755.799 -0,4 15.864.454 53.081.950 80.364.410 27.386.891 14.058.094
2011 192.379.287 0,8 16.095.187 53.501.859 80.975.616 27.562.433 14.244.192
2012 193.976.530 0,8 16.347.807 53.907.144 81.565.983 27.731.644 14.423.952
90/12 34,62% 68,62% 29,14% 32,29% 27,06% 57,30%
FONTE: IBGE/Censo demográfico (1991,2000 e 2010), contagem populacional (1996) e projeções e estimativas
demográficas.
São Paulo é o estado com a maior concentração municipal de população, onde os
32 maiores municípios (5,0%) concentram quase 60,0% dos moradores do Estado. A menor
concentração acontece no Maranhão, onde a população dos 11 maiores municípios, que
também representam cerca de 5,0%, corresponde a 35,4% do total do Estado.
O contingente da população residente no Estado do Paraná, de 1980 a 2010, (
Quadro 10), cresceu em 36,90%, sendo predominante o sexo feminino (50,87%) sobre o
masculino (49,13), sendo que 85,33% residem na área urbana, contra apenas 14,67%, na área
rural.
81
Segundo dados do IBGE (1997) e estudos sobre a dinâmica populacional do
IPARDES, o fluxo migratório de todas as mesorregiões geográficas do Estado em direção à
região metropolitana de Curitiba foi superior a 8,3% ao da população residente.
A população urbana no período de 1980 a 2010 cresceu 99,27%, isto é, dobrou de
tamanho, sem existir uma espacialidade planejada, trazendo, às grandes regiões, dificuldades
tanto de infraestrutura, como de risco social em geral.
QUADRO 10 -
POPULAÇÃO RESIDENTE, DESAGREGADA SEGUNDO CARACTERÍSTICAS
GERAIS – PARANÁ – 1980/2010
CARACTERÍSTICAS 1980 1991 2000 2010 1980/2010
%
PARANÁ 7.629.392 8.448.713 9.563.458 10.444.526 36,90
Sexo
Masculino 3.850.657 4.207.814 4.737.420 5.130.994 33,25
Feminino 3.778.735 4.240.899 4.826.038 5.313.532 40,62
Situação do domicílio
Urbana 4.472.561 6.197.953 7.786.084 8.912.692 99,27
Rural 3.156.831 2.250.760 1.777.374 1.531.834 - 51,47
Grupos de Idade 1980 1991 2000 2010 80/10
0 a 4 anos 1.025.829 923.307 886.453 714.037 - 30,39
5 a 9 anos 992.687 944.464 924.750 768.392 - 22,59
10 a 14 anos 994.579 946.438 936.341 909.071 - 8,60
15 a 19 anos 917.250 877.690 950.151 928.631 1,24
20 a 24 anos 731.557 818.814 871.245 901.332 23,21
25 a 29 anos 596.204 761.173 795.943 880.232 47,64
30 a 39 anos 896.911 1.216.568 1.511.147 1.623.747 81,04
40 a 49 anos 660.036 827.281 1.136.980 1.466.832 122,23
50 a 59 anos 431.409 555.555 742.443 1.081.297 150,64
60 a 69 anos 248.060 361.042 478.271 667.307 169,01
70 anos ou mais 131.839 216.381 331.160 503.648 282,02
Idade ignorada 3.071 - - - -
FONTE: IBGE – Censo Demográfico
NOTAS: Dados trabalhados pelo IPARDES .
Na área rural, o deslocamento de 51,47% de sua população, oportunizou a
concentração de riquezas aos grandes latifundiários, e redução interna de produtos
hortifrutigranjeiros, que não são produzidos para comercialização no mercado externo.
Observa-se, também, a redução da natalidade, como consequência provável da
migração e do custo de vida nos grandes centros.
Os emigrantes no período de 1991 a 1996 procederam de: Santa Catarina 75.000;
São Paulo 125.000; Rio Grande do Sul 20.000; Mato Grosso 25.000 e demais Estados da
federação, superior a 50.000 pessoas.
Esses indicadores são preocupantes, sob o ponto de vista do afunilamento da
população incorporada na área urbana, visto que, na migração interna do Estado, pessoas
82
advindas das áreas rurais, em sua maioria, não possuem capacitação educacional e técnica
adequadas, gerando uma despesa maior para o Estado e, em consequência, o crescimento da
favelização nos entornos dos grandes centros.
Quanto aos emigrantes de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato
Grosso, foram, em sua maioria, absorvidos nas grandes indústrias metal-mecânicas e do
comércio da Região Metropolitana da Capital paranaense.
Na área rural, com a crescente mecanização agrícola, a perda populacional é
surpreendente: 51,47% nos últimos trinta anos – 1.624.997 pessoas deixaram a área rural no
Paraná.
Por Grupo de Idade, verifica-se:
a) Idade de 0 a 4 anos – A redução de residentes, se comparada com a população
de 1980/1991, foi de 10,0%; 1991/2000 de 3,99%; e 2000/2010 de 19,45%.
Nos últimos 30 anos (1980/2010), a população de crianças de 0 a 4 anos
decresceu em 30,39%.
b) Idade de 5 a 9 anos – A redução de residentes se comparada com a população
de 1980/1991, foi de 4,86%; 1991/2000 de 2,09%; e 2000/2010 de 16,91%.
Nos últimos 30 anos (1980/2010), a população de crianças de 5 a 9 anos
decresceu em 22,59%.
i. A queda no número de crianças de 0 a 9 anos, 1980/2010, foi de
26,56%, representando 536.087 crianças, cujo impacto futuro se
refletirá na mão de obra disponível para o trabalho.
c) Idade de 10 a 14 anos – A redução de residentes se comparada com a
população de 1980/1991, foi de 4,84%; 1991/2000 de 1,07%; e 2000/2010 de
8,14%. Nos últimos 30 anos (1980/2010), a população de crianças jovens de
10 a 14 anos decresceu em 8,60%.
d) Nas faixas de idade de 15 a 29 anos, houve aumento da população, se
comparados seus totais de 1980 (2.245.011) e 2010 (2.710.195), em 20,72%.
e) Na faixa de idade de 30 a 59 anos, também ocorreu aumento da população. Em
1980 ( 1.988.356) e em 2010 (4.171.876), aumento de 109,81%.
Se considerarmos o auge e término da fase produtiva para o trabalho de 15 a 59
anos, teremos uma mão de obra produtiva em 1980 ( 4.233.367) e 2010 (6.882.071) estimada
em 62,57% da população do Paraná.
83
f) De 60 anos para cima, idade considerada legalmente idosa, em 1980 (382.970)
e 2010 (1.170.955), corresponde a um aumento de 205,76%, cujo custo se
refletirá na Previdência Social.
2.2.2 – Dinâmica Populacional na Mesorregião Centro-Sul do Paraná –Guarapuava –
Candói.
A mesorregião Centro-Sul Paranaense integra uma vasta área do chamado “Paraná
Tradicional” onde, segundo o IPARDES (2012), estão inseridos os municípios de: Candói,
Cantagalo, Espigão Alto do Iguaçu, Foz do Jordão, Goioxim, Guarapuava, Inácio Martins,
Laranjeiras do Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Pinhão, Porto Barreiro, Quedas do Iguaçu,
Campina do Simão, Reserva do Iguaçu, Turvo e Virmond, cuja história de ocupação remonta
ao século XVII e atravessa os prolongados ciclos econômicos do ouro, do tropeirismo, da
erva-mate e da madeira. A região teve sua história de organização do espaço sempre
vinculada a atividades econômicas tradicionais, de cunho extensivo e extrativo, concentradas
nas vastas áreas de campos naturais.
Segundo a histografia (IBGE 2000), na mesorregião Centro-Sul, inicialmente
apoiada na criação de muares e de gado para comercialização, a economia regional,
paulatinamente, direcionou-se apenas a invernagem e engorda do gado transportado pelos
tropeiros, incorporando, em paralelo, a extração da erva-mate e, mais tarde, da madeira. Nesse
sentido, convém sublinhar que, de forma geral, o desenvolvimento da região esteve sempre
associado à exploração de algum recurso da natureza, consumada de forma predatória e
rudimentar.
Adicionalmente, as sucessivas atividades econômicas predominantes no Centro-
Sul basearam-se em grandes propriedades rurais, que praticavam, também, uma agricultura de
subsistência, sempre com o recurso da mão de obra escrava e do trabalho familiar. A junção
de todas essas características da sociedade campeira – tradicional, patriarcal e latifundiária,
fundada sobre bases econômicas estreitas e de baixo dinamismo – a uma quase total ausência
de vias de comunicação funcionou, por um longo período, como um mecanismo de entrave à
integração viária da região com outras áreas mais dinâmicas do Estado, freando a ocupação
regional em larga escala e mantendo escassa sua população.
84
Nesse contexto de baixo adensamento populacional, a mesorregião Centro-Sul
Paranaense alcançou o início da década de 1970 abrigando, aproximadamente, 338 mil
habitantes, constituindo uma das áreas menos populosas do Estado.
Recortadas por extensos municípios como Guarapuava e Laranjeiras do Sul,
apresentavam a maior parte da população residindo no meio rural, situação refletida no
reduzido grau de urbanização, estimado para 1970 em (24%), um dos mais baixos do Estado.
Dadas as características estruturais da base produtiva regional, essencialmente
assentada na pecuária extensiva e na exploração da madeira, com o predomínio de grandes
propriedades agrícolas, a inserção da mesorregião no processo de modernização da
agropecuária paranaense dos anos 70 foi mais lenta, tendo atuado, inclusive, como fronteira
interna de ocupação, absorvendo fluxos populacionais vindos de outras regiões do Paraná, em
particular, do norte e do oeste (IPARDES, 2000).
A região Centro Sul Paranaense apresentou alterações geográficas na década de
80, em razão de emancipações em dois dos maiores municípios em extensão do Paraná:
Guarapuava (Turvo, Goioxim, Cantagalo, Campina do Simão, Candói, Foz do Jordão).
Guarapuava já foi um dos maiores municípios do Brasil em extensão territorial, ocupando
mais da metade de todo o estado do Paraná, a partir da região central até o oeste, além de todo
oeste de Santa Catarina. Fazia fronteira com o Paraguai, pelas barrancas do rio Paraná e com a
Argentina, pelo rio Iguaçu, além do Rio Grande do Sul. Apesar de Guarapuava ter perdido
grande parte de seu território, ainda assim é o maior município por área, no Paraná
(IBGE/Cidades/2000).
Outro município é Laranjeiras do Sul, que foi capital do Território Federal do
Iguaçu (1943 a 1946), de cuja área foram emancipados desde 1946, doze novos
municípios: Guaraniaçu, Campo Bonito, Diamante do Sul, Catanduva, Três Barras do
Paraná, Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Rio Bonito do
Iguaçu, Virmond, Ibema e Porto Barreiro, ocorrendo perdas demográficas no meio rural da
região.
Como consequência dessa dinâmica, o peso populacional da região no total do
Estado permaneceu baixo e estável nas três últimas décadas do século XX, ainda que seja
necessário destacar que, em 2000, o Centro-Sul abrigava uma das mais elevadas proporções
de população rural do Paraná, 11,7%.
85
Com a colonização, a partir da década de 50, por catarinenses e gaúchos que
usavam o sistema de produção da policultura, com colheitas anuais, IPARDES (2004, p.69), a
agricultura no Sudoeste do Paraná, apresentou novas práticas de cultivo com a expansão da
cultura da soja, da adubação química, do uso do calcário e o início da mecanização de terras,
proporcionando um avanço na produção rural e na economia regional, caracterizando-se como
agricultura tradicional até o fim da década de 70.
A soja e o milho passaram a ocupar as terras férteis do Sudoeste a partir da década
de 80, caracterizadas pelo cultivo em grande escala para o mercado internacional.
Os censos de 1990 e 2010 apresentam a seguinte evolução da população:
TABELA 9 – POPULAÇÃO RURAL E URBANA DO MUNICÍPIO DE CANDÓI-PARANÁ
POPULAÇÃO 1990 % 2000 % 2007 % 2010 %
RURAL 10.195 79,8 9.027 63,6 7.698 49,9 7.957 53,1
URBANA 2.584 20,2 5.158 36,4 7.714 50,1 7.026 46,9
TOTAL 12.779 100,0 14.185 100,0 15.412. 100,0 14.983 100,0
FONTE: IBGE/Cidades
GRÁFICO 3 – QUANTITATIVO DA POPULAÇÃO RURAL E URBANA DO MUNICÍPIO DE
CANDÓI-PARANÁ
FONTE: Elaborado pelo autor.
Nas áreas consideradas urbanas, que incluem núcleos populacionais, o
crescimento populacional, na primeira década, foi elevado: 1990-2000, de 99,6% e na
segunda década de 2000-2010, de 36,2% , mesmo com a redução da população do núcleo
urbano de Vila Jordão, instalado em 1º de janeiro de 1997, que passou a formar o novo
município de Foz do Jordão, com uma população estimada, em 2010, de 5.832 habitantes
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
1990 2000 2007 2010
RURAL
URBANA
86
(IBGE/2010), manteve um crescimento significativo em sua população, até o censo de 2007 e,
a partir daí, uma redução de 429 pessoas até 2010 (Tabela 5).
A emancipação da Vila Jordão, do município de Candói, foi motivada em razão
da não escolha da Vila como sede do município, visto que possuía o maior contingente
populacional e, também, de divergências entre o Prefeito municipal e seu Vice-Prefeito,
Anselmo Albino Amâncio, residente na Vila Jordão, que retomou o movimento
emancipacionista da Vila Jordão e conseguindo sua criação em 26.dez.1995, Lei 11.250.
Os dados de 2007 e de 2010, analisados, sobre a faixa de idade da população,
constantes no Quadro 11, identifica que a redução da população se dá na faixa de 20 a 44 anos
(masculino) e que as reduções nas faixas menores de 1 a 14 anos (masculino e feminino),
indicam a possibilidade de serem filhos de parte da população adulta (20 a 39 anos), que
deixou o município.
QUADRO 11 – POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA CANDÓI - 2007 – 2010
FAIXA ETARIA
MASCULINA FEMININA TOTAL
% 2007 2010 2007 2010 2007 2010
Menores de 1 ano 135 106 132 104 267 210 -21,3
De 1 a 4 anos 556 494 530 488 1.086 982 -9,6
De 5 a 9 anos 837 698 807 689 1.644 1.387 -15,6
De 10 a 14 anos 895 822 866 824 1.761 1.646 -6,5
De 15 a 19 anos 732 772 700 762 1.432 1.534 7,1
De 20 a 24 anos 566 557 652 603 1.218 1.160 -4,8
De 25 a 29 anos 617 552 581 571 1.198 1.123 -6,3
De 30 a 34 anos 564 550 581 579 1.145 1.129 -1,4
De 35 a 39 anos 592 564 604 528 1.196 1.092 -8,7
De 40 a 44 anos 549 546 497 536 1.046 1.082 3,4
De 45 a 49 anos 442 469 380 476 822 945 15,0
De 50 a 54 anos 388 431 317 352 705 783 11,1
De 55 a 59 anos 257 315 270 288 527 603 14,4
De 60 a 64 anos 210 236 160 228 370 464 25,4
De 65 a 69 anos 155 184 136 156 291 340 16,8
De 70 a 74 anos 106 117 91 109 197 226 14,7
De 75 a 79 anos 67 75 71 71 138 146 5,8
De 80 anos a mais 54 63 63 68 117 131 12,0
Idade ignorada 4 - 4 - 8 - -
TOTAL 7.726 7.551 7.442 7.432 15.412 14.983 -2,8
FONTE: IBGE/Cidades/2010.
Em suma, nos dois últimos censos de 2007 e 2010, observa-se que as faixas de
idade de 40 a 80 anos, (4.221 e 4.720) habitantes, respectivamente, apresentam um
crescimento de 11,8%, em detrimento da faixa de idade de 10 a 39 ( 7950 – 7684) habitantes,
com uma redução de 3,4% respectivamente, o que pressupõe a falta de emprego no
Município. Segundo estudos realizados pelo IPARDES (2010), sobre a troca líquida
migratória nos municípios do Paraná, a situação do Município de Candói, encontra-se assim
disposta:
87
QUADRO 12 – TROCAS LÍQUIDAS MIGRATÓRIAS – CANDÓI/PARANÁ
TROCAS LÍQUIDAS MIGRATÓRIAS
IMIGRANTES EMIGRANTES TROCA LÍQUIDA
Intra-estaduais
Inter estaduais
TOTAL Intra-estaduais
Inter estaduais
TOTAL Intra-estaduais
Inter Estaduais
TOTAL
782 96 878 1.617 859 2.476 -835 -763 -1.598 FONTE: IPARDES-2010
Segundo o IPARDES (2010), tais transferências podem ter-se dado por distintas
combinações de setores:
1. Mudança de residência a partir do setor rural de um município com destino
ao setor rural de outro município;
2. Saída do setor rural de um município em direção à área urbana de outro
município;
3. Troca intermunicipal com origem urbana e destino urbano; e
4. Troca com origem urbana e destino rural.
Convém salientar, também, que os fatores econômicos e sociais prevalecem na
década atual, promovendo a permanência do homem no campo, principalmente nos
municípios agropecuários, quais sejam:
a) Fases prolongadas de preços favoráveis das commodities no mercado
internacional;
b) Maior integração de pequenos agricultores às agroindústrias paranaenses;
c) Os benefícios da previdência rural;
d) Programas sociais, como o Bolsa Família, podem ter motivado, em maior
ou menor grau, a permanência de pessoas residindo no campo.
A movimentação da população no município, a partir da década de 1990 teve, em
um primeiro momento, como principal agente do desenvolvimento, as instalações de
hidrelétricas na região, bem como a permanência de algumas famílias, na instalação de
pequenos empreendimentos e, posteriormente, na década até 2010, a migração da área rural e
de pequenos empreendedores de cidades circunvizinhas à sede do Município.
Na análise geral dos dados, observar-se que, anterior a sua emancipação, a
prevalência da população rural era significativa. Após sua instalação, parte da população rural
migrou para as áreas urbanas (1990-2000). De 2007 a 2010, houve uma redução de 2,78% em
sua população geral.
Passados mais de vinte anos, parte dos municípios emancipados na década de
1990, apresentam hoje, conforme Quadro 13, redução de sua população, motivado, em sua
maioria, pela estagnação do comércio local e pela falta de agroindústrias em seu
88
desenvolvimento, ao longo do período, em consequência da falta de emprego para a
população jovem, na faixa dos 18 a 20 anos.
Em primeira análise, 17,4% dos municípios com menos de 10 mil habitantes no
Paraná, em 2010, apresentaram redução de sua população e, assim como os demais,
continuam enfrentando dificuldades semelhantes ao tempo em que eram apenas distritos,
quais sejam:
a) Falta de indústrias e de escoamento da produção nos pequenos
estabelecimentos rurais;
b) Deficiência em transportes públicos da sede aos povoamentos rurais;
c) Dependência comercial ao município mãe do qual foi desmembrado;
d) Falta de ensino superior;
e) Falta de geração de emprego para a população jovem;
f) Falta de novos empreendimentos geradores de emprego e renda.
Não existindo um aquecimento na geração de novos empreendimentos comerciais
e industriais, a redução da população é consequência de falta de perspectivas futuras na
geração de empregos, face ao crescimento vegetativo de vagas de trabalho.
QUADRO 13 – MUNICÍPIOS NO PARANÁ QUE APRESENTAM REDUÇÃO DE SUA POPULAÇÃO
NO PERÍODO DE 2000 A 2010.
MUNICÍPIOS
POPULAÇÃO
2000 2007 2010 %
Antonio Olinto 7.407 7.477 7.351 - 0,76
Arapuã 4.172 3.945 3.561 - 14,65
Ariranha do Ivaí 2.883 2.540 2.453 - 14,91
Bela Vista da Coroba 4.503 4.136 3.945 - 12,39
Boa Ventura do São Roque 6.780 6.744 6.554 - 3,33
Bom Jesus do Sul 4.154 3.835 3.796 - 8,62
Campina do Simão 4.365 4.180 4.076 - 6,62
Candói 14.185 15.412 14.983 5,63 – (2,78)
Cruzmaltina 3.459 3.116 3.162 - 8,59
Esperança Nova 2.308 1.887 1.970 - 14,64
Espigão Alto do Iguaçu 5.388 5.104 4.677 - 13,20
Fernandes Pinheiro 6.368 5.688 5.932 - 6,85
Foz do Jordão 6.378 5.832 5.420 - 15,02
Goioxim 8.086 7.993 7.503 - 7,21
Manfrinópolis 3.502 3.306 3.127 - 10,71
Marquinho 5.659 5.205 4.981 - 11,98
Porto Barreiro 4.206 3.761 3.663 - 12,91
Quarto Centenário 5.333 4.848 4.856 - 8,94
Serranópolis do Iguaçu 4.740 4.327 4.568 - 3,63
FONTE: IBGE/CIDADES. 2013.
Nota: Os percentuais tem como base de cálculo o ano de 2000. No Candói foram realizados dois cálculos:
2000/2007 e 2007/2010.
É um sinal de alerta para que os gestores públicos revejam alternativas em seu
planejamento de desenvolvimento econômico, na busca de novos nichos de mercado.
89
Os novos municípios rurais, segundo dados do IBGE (2010), possuem baixo
número de empregos nos setores secundário e terciário, prevalecendo à mão de obra no setor
primário representado pela agricultura familiar.
O setor terciário, representado pelo comércio e serviços, são microempresas
familiares, que resultam em baixo número de empregos formais e o setor secundário,
representado por indústrias de energia elétrica e distribuição de água e pelos setores
madeireiros, cuja geração de emprego, inicialmente, comporta um número de empregos
diretos e indiretos significativos, posteriormente se mantém estáveis ao longo dos anos.
2.3 - Indicadores Sociais
2.3.1 Índices de Desenvolvimento Humano – IDH
A opção da utilização de indicadores sociais do Brasil, do Paraná e do município
de Candói, tem como objetivo compará-los para comprovar se o desenvolvimento e a
empregabilidade do município se encontram dentro dos parâmetros dos indicadores do Brasil
e do Estado.
Quanto aos indicadores, procurar-se-á identificar: o IDHM – Índices de
Desenvolvimento Humano; os IDHM (Renda, Longevidade, Educação) e,
complementarmente, de estatísticas sobre o saneamento, habitação, energia elétrica e,
principalmente, os setores econômicos que geram empregos e renda, cujos dados foram
coletados de vários órgãos como IBGE, MTP, IPARDES, do PNUB, dentre outros, cujas
variáveis e intervalos de tempo, se possível, enquadrar-se-ão preferencialmente de 1990 a
2010.
Segundo PNUB, o objetivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi
o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB)
per capita, que considera apenas a dimensão econômica do crescimento, mas não do
desenvolvimento, conforme já demonstrado no início da base teórica.
O IDH varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento
humano) e mede as realizações em três dimensões básicas do desenvolvimento humano – uma
vida longa e saudável, o conhecimento e um padrão de vida digno. As três variáveis
analisadas, dessa forma, são relacionadas à saúde, educação e renda.
90
Desde 2010, quando o Relatório de Desenvolvimento Humano completou 20
anos, novas metodologias foram incorporadas para o cálculo do IDH. Atualmente, os três
pilares que constituem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte forma:
Uma vida longa e saudável (saúde) é medida pela expectativa de vida;
O acesso ao conhecimento (educação) é medido por: i) média de anos de educação de
adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por
pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças
na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que
um criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões
prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos
durante a vida da criança;
E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita
expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar, tendo 2005
como ano de referência.
TABELA 10 – IDHM – UNIDADES DA FEDERAÇÃO – 1991, 2000 e 2010.
UNIDADES
DA
FEDERAÇÃO
IDHM
IDHM – RENDA
IDHM –
LONGEVIDADE
IDHM – EDUCAÇÃO
1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 BRASIL 0,493 0,612 0,727 0,647 0,692 0,739 0,647 0,686 0,739 0,279 0,456 0,637
Distrito Federal 0,616 0,725 0,824 0,762 0,805 0,863 0,731 0,814 0,873 0,419 0,582 0,742 São Paulo 0,578 0,702 0,783 0,729 0,756 0,789 0,730 0,786 0,845 0,363 0,581 0,719 Rio de Janeiro 0,573 0,664 0,761 0,696 0,745 0,782 0,690 0,740 0,835 0,392 0,530 0,675 Santa Catarina 0,543 0,674 0,774 0,648 0,717 0,773 0,753 0,812 0,860 0,329 0,526 0,697 R..Grande Sul 0,542 0,664 0,746 0,667 0,720 0,769 0,729 0,804 0,840 0,328 0,505 0,642 Paraná 0,507 0,650 0,749 0,644 0,704 0,757 0,679 0,747 0,830 0,298 0,522 0,668 Espírito Santo 0,505 0,640 0,740 0,619 0,687 0,743 0,686 0,777 0,835 0,304 0,491 0,653 M.Grosso Sul 0,488 0,613 0,729 0.641 0,687 0,740 0,699 0,752 0,833 0,259 0,445 0,629 Goiás 0,487 0,615 0,735 0,633 0,686 0,742 0,668 0,773 0,827 0,273 0,439 0,646 Minas Gerais 0,478 0,624 0,731 0,618 0,680 0,730 0,689 0,759 0,838 0,257 0,470 0,638 Amapá 0,472 0,577 0,708 0,620 0,638 0,694 0,668 0,711 0,813 0,254 0,424 0,629 Roraima 0,459 0,598 0,707 0,643 0,652 0,695 0,628 0,717 0,809 0,240 0,457 0,628 Mato Grosso 0,449 0,601 0,725 0,627 0,689 0,732 0,654 0,740 0,821 0,221 0,426 0,635 Pernambuco 0,440 0,544 0,673 0,569 0,615 0,673 0,617 0,705 0,789 0,242 0,372 0,574 Amazonas 0,430 0,515 0,674 0,605 0,608 0,677 0,645 0,692 0,805 0,204 0,324 0,561 R. Grande Norte 0,428 0,552 0684 0,547 0,608 0,678 0,591 0,700 0,792 0,242 0,396 0,597 Pará 0,413 0,518 0,646 0,567 0,601 0,646 0,640 0,725 0,789 0,194 0,319 0,528 Sergipe 0,408 0,518 0,665 0,552 0,596 0,672 0,501 0,678 0,781 0,211 0,343 0,560 Rondônia 0,407 0,537 0,690 0,583 0,654 0,712 0,630 0,688 0,800 0,181 0,345 0,577 Ceará 0,405 0,541 0,682 0,532 0,588 0,651 0,613 0,713 0,793 0,204 0,377 0,615 Acre 0,402 0,517 0,663 0,574 0,612 0,671 0,645 0,694 0,777 0,176 0,325 0,559 Bahia 0,386 0,512 0,660 0,543 0,594 0,663 0,582 0,680 0,783 0,182 0,332 0,555 Paraíba 0,382 0,506 0,658 0,515 0,582 0,656 0,565 0,672 0,783 0,191 0,331 0,555 Alagoas 0,370 0,471 0,631 0,527 0,574 0,641 0,552 0,647 0,755 0,174 0,282 0,520 Tocantins 0,369 0,525 0,699 0,549 0,605 0,690 0,589 0,688 0,793 0,155 0,348 0,624 Piauí 0,362 0,484 0,646 0,488 0,556 0,635 0,595 0,676 0,777 0,164 0,301 0,547 Maranhão 0,357 0,476 0,639 0,478 0,531 0,612 0,551 0,649 0,757 0,173 0,312 0,562
FONTE:Atlas do desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Com dados dos Censos 1991, 2000 e 2010. Adaptado pelo autor.
Observa-se que os índices de todos os Estados apresentam resultados positivos na
melhoria das condições de vida, longevidade e de educação da população, mas ainda, são
resultados insatisfatórios, em razão do elevado percentual de pobreza existente em seus
municípios, visto que as regiões metropolitanas concentram indicadores positivos elevados
que influenciam a média estadual.
91
Mesmo com intensivos programas de políticas públicas federais e estaduais que
vêm sendo realizados, a concentração de renda sobressai à educação e a própria média do
IDHM praticamente em todos os Estados da federação.
A desigualdade social gerada pelo fator renda no Brasil, conforme se observa no
Gráfico 4, de 1991 para o ano 2000, aumentou em 6,95% e de 2000 para 2010, 6,79%, o que
significa que a concentração de renda está se mantendo constante nos últimos 20 anos.
Segundo Ipardes, (Relatório Diagnóstico Social e Econômico 2003), essas
desigualdades analisadas no Paraná são provenientes do deslocamento da população do
interior aos grandes centros, aumentando as demandas sociais, tornando-se mais complexas à
gestão social e do emprego, a partir do momento em que indústrias de alta tecnologia exigem
uma maior qualificação e especialização.
Gráfico 4.
FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano – Brasil 2013.
O Paraná, no período analisado, destaca-se em 6º lugar no IDHM, tendo como
causa o crescimento de sua população a partir da década de 90, em face da redução da
emigração para o Estado de São Paulo nas décadas de 70 e 80, devido às oportunidades de
inserção em áreas de fronteira agrícola com o crescimento da agroindústria no interior do
Estado e nos mercados de trabalho urbanos dos grandes centros em especial na Região
Metropolitana de Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu.
Esses polos, embora com crescimento intenso, agregam elevadas bases
populacionais em seu entorno, causando a especulação imobiliária e as ocupações irregulares,
92
o que resulta em riscos sociais e ambientais, elevando os problemas já comuns dos grandes
centros como: a insuficiência de emprego, a poluição, saneamento básico, resíduos industriais,
segurança, favelização, dentre outros.
Em termos de distribuição, 33% da população paranaense vive em municípios
com IDHM inferior ao do Brasil, enquanto, nos demais estados como Santa Catarina, São
Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, esse índice alcança menos de 10% de sua
respectiva população. Apenas 36% da população do Paraná vivem em municípios com
índices altos de desenvolvimento, enquanto nos estados mencionados essa proporção é
superior a 60%, sendo que São Paulo e Santa Catarina atingem 72%.
Nas áreas rurais, o estudo do Ipardes (2003) revela que a expressiva concentração
da pobreza representa 71% da população rural com IDHM inferiores ao do Brasil, devido à
grande dificuldade de oferta de serviços e equipamentos em função da dispersão de sua
população, da dependência de políticas públicas específicas, particularmente nas áreas de
saúde, das melhorias das condições ambientais, de moradia, dentre outras.
O Município de Candói, não foge à regra do perfil analisado para o Estado do
Paraná, ainda mais, quando sua população é parte de mão de obra desempregada de
empreendimentos do Governo, como a construção de hidrelétricas, ou da vinda de pequenos
empreendedores comerciais e de pequenas indústrias de automecânica, gráficas, esquadrias,
bem como de assentamentos rurais e pequenos produtores rurais.
A população, em sua maioria jovem, busca empregos nos órgãos públicos,
responsáveis pela ocupação de 50% das vagas de trabalho existentes na região.
Por se tratar de uma região agropecuária, cuja produção concentra-se em
propriedades rurais com mais de 100 alqueires, a concentração de renda é inevitável. Mantém-
se o mesmo perfil pelas mesmas condições impostas aos demais municípios, dependentes de
recursos estaduais e federais do Estado.
O IDMH componente geral dos demais indicadores, em 1991, era de 0,473, ainda
na condição de Distrito do município de Guarapuava, indicador este, menor que a média
brasileira em igual período que foi de 0,493 considerado baixo.
No período de 2000, como município instalado, apresentou melhoria, passando
para 0,509 e em 2010 para 0,635, considerado de médio desempenho.
O Quadro 14 retrata os índices precários a partir de sua emancipação e os
resultados alcançados após 20 anos de instalação.
93
QUADRO 14 – IDHM – Brasil, Paraná e Candói
ANO
BRASIL PARANÁ CANDÓI
IDHM IDHM
RENDA
IDHM
LONG.
IDHM
EDUC.
IDHM IDHM
RENDA
IDHM
LONG.
IDHM
EDUC.
IDHM IDHM
RENDA
IDHM
LONG.
IDHM
EDUC.
1991 0,493 0,647 0,662 0,279 0,507 0,644 0,679 0,298 0,473 0,626 0,725 0,233*
2000 0,612 0,692 0,727 0,456 0,650 0,704 0,747 0,522 0,509 0,610 0,685 0,315
2010 0,727 0,739 0,816 0,637 0,749 0,757 0,830 0,668 0,635 0,655 0,778 0,503
FONTE:Atlas do desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Com dados dos Censos 1991, 2000 e 2010. Adaptado pelo autor.
NOTA: Dados de 1991 do Candói – referem-se ao Município de Guarapuava. Candói foi instalado em 1993.
2.3.2 – IDHM – Educação
A área de educação, ao longo dos 20 anos, obteve resultados expressivos no
IDHM, se compararmos os dados de 1991 a 2010, com os Estados de Rondônia, Pará, Ceará,
Acre, Alagoas, Tocantins, Piauí e Maranhão, mas continuam a merecer atenção se
comparados com os demais estados da federação, tendo em vista a inclusão de um novo
indicador o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, a partir de 2005.
Os estados do Maranhão e Alagoas apresentam os mais baixos índices de renda do
país, o que reflete nos demais índices, mesmo com os avanços obtidos a partir de 1991.
Nos últimos onze anos se verificam que, a partir de 2007, aumento expressivo de
crianças em Creche, com a implantação do Plano de Desenvolvimento da Educação, em 15 de
março e lançado oficialmente em 15 de abril de 2007, considerada como política pública de
inclusão social.
As ações específicas para creches foram inserida em 2012, no Programa Brasil
Carinhoso, que integra o Programa Brasil sem Miséria. Tem como meta até 2014, a
construção de mais de seis mil creches.
Até o momento, segundo o MEC (10.4.2013), foram efetuados 3.288 contratos,
sendo 894 obras em fase de planejamento e de licitação e 2.822 em construção.
Um passo importante para as prefeituras é a antecipação de repasse do FUNDEB,
para abertura de vagas em creches municipais, além do aumento de 66,7% no valor da
alimentação escolar para a educação infantil.
Foram acrescidas também, de 50% do fundo para as matrículas em creche, de
crianças até três anos, vinculadas ao programa Bolsa-Família e ao novo método de construção
de unidades em regime diferenciado de contratação.
94
QUADRO 15 – CENSO ESCOLAR – MATRICULA – SÉRIE HISTÓRICA – BRASIL – 2000 a 2011.
ANO CRECHE PRÉ-
ESCOLA
ENSINO
FUNDAMENTAL
ENSINO
MÉDIO
TOTAL
2000 916.864 ... 4.421.332 ... 35.717.948 ... 8.192.948 ... 49.249.092 ...
2001 1.093.347 19,2 4.818.803 8,9 35.298.089 -1,2 8.398.008 2,5 49.608.247 0,7
2002 1.152.511 5,4 4.977.847 3,3 35.150.362 -0,4 8.710.584 3,7 49.991.304 0,8
2003 1.237.558 7,4 5.155.676 3,6 34.438.749 -2,0 9.072.942 4,2 49.904.925 -0,2
2004 1.348.237 8,9 5.555.525 7,7 34.012.434 -1,2 9.169.357 1,1 50.085.553 0,4
2005 1.414.343 4,9 5.790.696 4,2 33.534.700 -1,4 9.031.302 -1,5 49.771.041 -0,6
2006 1.427.942 0,9 5.588.153 -3,5 33.282.663 -0,7 8.906.820 -1,4 49.205.578 -1,1
2007 1.579.581 10,6 4.930.287 -11,8 32.122.273 -3,5 8.369.369 -6,0 47.001.510 -4,5
2008 1.751.736 10,9 4.967.525 0,7 32.086.700 -0,1 8.037.039 -4,0 46.843.000 -0,3
2009 1.896.363 8,2 4.866.268 -2,0 31.705.528 -1,2 7.966.794 -4,8 46.434.953 0,9
2010 2.064.653 8,9 4.692.045 -3,6 31.005.341 -2,2 8.357.675 4,9 46.119.714 -0,7
2011 2.298.707 11,3 4.681.345 -0,2 30.358.640 -2,1 8.400.689 0,5 45.739.381 -0,8
FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.
Justifica-se, dessa forma, que as políticas públicas voltadas às matrículas em
creches, de 2000 a 2011, deram um importante salto de 150,7%, representando 1.381.843
crianças recebendo benefícios diretamente nos municípios do País, exceto no Candói.
Quanto ao ensino fundamental e ensino médio, as ações do Plano de Metas do
PDE/IDEB, instituem, como ações, os Programas: Piso do Magistério e Formação; Transporte
Escolar; Luz para Todos; Saúde nas Escolas; Guias de tecnologias; Censo pela Internet; Mais
Educação; Coleção Educadores e Inclusão Digital, que estão sendo priorizados pelo governo
federal, e as expectativas futuras são de crescimento e qualidade em médio prazo.
Incluso no PDE, foi criado o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica, criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep),
autarquia do MEC – Ministério da Educação, para medir a qualidade do aprendizado
nacionalmente e estabelecer metas para a melhoria do ensino. Esse indicador nacional varia
de uma escala de zero a dez, e possibilita o monitoramento da qualidade da educação.
O IDEB é calculado a partir de dois componentes: a taxa de rendimento escolar
(aprovação) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep. Os índices de
aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, anualmente, pela Prova Brasil, para escolas e
municípios, e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), para os estados e para o
País, realizado a cada dois anos.
Abrange as disciplinas de língua portuguesa e matemática e são padronizadas em
uma escala de zero a dez. Depois, essa nota é multiplicada pela taxa de aprovação, que vai de
0% a 100%. A meta estabelecida, em nível de Brasil, é 6,0 para ser alcançada até 2022.
95
Quanto à meta é a média dos estudantes dos países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2005, anterior à criação do IDEB
em 2007, a nota do Brasil para essa etapa do ensino era 3,8.
QUADRO 16 – O IDEB – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – REDE
PÚBLICA E PRIVADA – BRASIL – 2005/2011.
ANO
ENSINO FUNDAMENTAL
ENSINO MÉDIO
Anos Iniciais Anos Finais
Pública Particular Pública Particular Pública Particular
2005 3,6 5,9 3,2 5,8 3,1 5,6
2007 4,0 6,0 3,5 5,8 3,2 5,6
2009 4,4 6,4 3,7 5,9 3,4 5,6
2011 4,7 6,5 3,9 6,0 3,4 5,7
FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.
Na rede privada, os resultados são mais satisfatórios no Ensino Fundamental,
nível em que já alcançaram as metas estabelecidas pelo Governo.
QUADRO 17 – O IDEB – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – REDE
PÚBLICA E PRIVADA – BRASIL – POR REGIÃO – 2005/2011.
IDEB REGIÕES 2005 2007 2009 2011
EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM
Rede
Pública
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
3,6
2,9
2,7
4,4
4,3
3,8
3,2
3,0
2,6
3,6
3,6
3,2
3,1
--
--
--
--
--
4,0
3,3
3,3
4,6
4,6
4,2
3,5
3,3
2,9
3,9
3,9
3,6
3,2
--
--
--
--
--
4,4
3,8
3,7
5,1
5,0
4,8
3,7
3,5
3,1
4,1
4,1
3,9
3,4
--
--
--
--
--
4,7
4,2
4,0
5,4
5,4
5,1
3,9
3,6
3,2
4,2
4,1
4,0
3,4
--
--
--
--
--
Rede
Estadual
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
3,9
3,2
2,9
4,5
4,2
3,9
3,3
3,1
2,6
3,6
3,5
3,1
3,0
2,7
2,7
3,2
3,4
2,9
4,3
3,6
3,3
4,7
4,6
4,5
3,6
3,3
2,8
3,8
3,9
3,5
3,2
2,7
2,8
3,4
3,6
3,0
4,9
4,2
3,7
5,4
4,9
5,0
3,8
3,5
3,0
4,1
4,0
3,8
3,4
3,1
3,1
3,5
3,8
3,2
5,1
4,5
3,9
5,5
5,4
5,2
3,9
3,6
3,1
4,2
4,1
3,9
3,4
3,1
3,0
3,6
3,7
3,3
Rede
Municipal
Brasil
3,4
3,1
--
4,0
3,4
--
4,4
3,6
--
4,7
3,8
--
Rede
Privada
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
5,9
5,5
5,4
6,3
6,2
5,9
5,8
5,4
5,3
6,1
6,1
5,5
5,6
5,0
5,2
5,7
5,9
5,7
6,0
5,6
5,5
6,3
6,3
5,9
5,8
5,3
5,4
6,1
6,1
5,7
5,6
5,1
5,1
5,7
5,8
5,5
6,4
5,9
5,8
6,8
6,7
6,4
5,9
5,3
5,5
6,0
6,2
5,8
5,6
5,4
5,2
5,6
5,9
5,8
6,5
6,1
6,0
6,8
7,0
6,7
6,0
5,6
5,6
6,2
6,2
5,9
5,7
5,2
5,4
5,8
6,0
5,6
SAEB/INEP.www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.
O Ensino Médio encontra-se muito próximo da meta a ser alcançada em 2022,
enquanto que o ensino público terá um longo enfrentamento para alcançá-las nas unidades
federativas.
96
Entretanto, o grande desafio para uma melhoria substancial é a redução dos
analfabetos funcionais, que ainda se mantêm em níveis elevados, mesmo na área urbana
19,3% e na área rural 45,8% em 2005.
QUADRO 18 – PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS E MAIS DE IDADE COM
ESCOLARIDADE INFERIOR A QUATRO ANOS DE ESTUDOS, SEGUNDO O DOMICÍLIO –
BRASIL E GRANDES REGIÕES, 1993, 1997, 2001 E 2005.
Regiões
URBANAS RURAL TOTAL
1993 1997 2001 2005 1993 1997 2001 2005 1993 1997 2001 2005
BRASIL 29,2 26,0 22,8 19,3 62,4 57,8 54,1 45,8 35,8 32,0 27,5 23,5
Norte 34,1 31,0 26,6 21,9 70,6 61,0 57,7 43,8 36,0 32,5 27,7 27,1
Nordeste 41,2 38,0 33,9 28,5 76,4 72,3 67,3 56,7 53,8 49,7 43,2 36,3
Sudeste 24,8 21,7 18,3 15,8 55,6 48,7 45,1 38,4 28,1 24,5 20,5 17,5
Sul 24,4 21,7 18,7 15,6 37,7 33,4 33,4 29,5 27,5 24,3 21,4 18,0
Centro-Oeste 29,6 25,0 23,3 19,0 50,4 48,7 44,8 36,8 33,5 29,0 26,1 21,4
FONTE: IBGE: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
As matrículas no Estado do Paraná, abrangendo instituições estaduais, federais,
municipais e particulares englobam as matrículas na Educação Infantil-Creche; Educação
Infantil-Pré-Escola; Ensino Fundamental séries iniciais e finais; Ensino Médio Regular e
Técnico, das áreas urbanas e rurais.
O Quadro 19 demonstra a redução do número de matrículas (exceto Creche) em
todos os níveis de ensino, também no Paraná se comparado com os dados em nível de Brasil.
QUADRO 19 – CENSO ESCOLAR – MATRICULA – SÉRIE HISTÓRICA – BRASIL – PARANÁ –2000
a 2011.
ANO
CRECHE PRÉ-
ESCOLA
ENSINO
FUNDAMENTAL
ENSINO MÉDIO TOTAL
BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ
2000 916.864 90.627 4.421.332 216.856 35.717.948 1.692.648 8.192.948 491.095 49.249.092 2.491.226
2001 1.093.347 90.938 4.818.803 220.869 35.298.089 1.691.131 8.398.008 472.363 49.608.247 2.475.301
2002 1.152.511 91.397 4.977.847 222.939 35.150.362 1.693.577 8.710.584 462.734 49.991.304 2.470.647
2003 1.237.558 95.301 5.155.676 237.084 34.438.749 1.698.631 9.072.942 467.896 49.904.925 2.498.912
2004 1.348.237 98.255 5.555.525 248.356 34.012.434 1.683.914 9.169.357 467.730 50.085.553 2.498.255
2005 1.414.343 101.392 5.790.696 256.078 33.534.700 1.653.529 9.031.302 468.208 49.771.041 2.479.207
2006 1.427.942 107.045 5.588.153 252.840 33.282.663 1.659.903 8.906.820 480.527 49.205.578 2.500.315
2007 1.579.581 116.004 4.930.287 180.559 32.122.273 1.677.803 8.369.369 469.094 47.001.510 2.443.460
2008 1.751.736 120.863 4.967.525 179.321 32.086.700 1.690.852 8.037.039 426.250 46.843.000 2.417.286
2009 1.896.363 130.011 4.866.268 181.554 31.705.528 1.677.128 7.966.794 425.442 46.434.953 2.414.135
2010 2.064.653 135.522 4.692.045 183.267 31.005.341 1.639.666 8.357.675 479.417 46.119.714 2.437.872
2011 2.298.707 145.741 4.681.345 192.706 30.358.640 1.581.214 8.400.689 481.846 45.739.381 2.401.507
FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.
Na análise, o número de matrículas total no Estado, apresenta crescimento no
período de 2000/2010 apenas para crianças em Creche na ordem de 60,8% nos últimos onze
97
anos, sendo que, nas demais faixas de escolaridade em igual período, as matrículas
apresentam queda, assim calculada: Pré-Escola -11,14%; Ensino Fundamental -6,58%; e
Ensino Médio de -3,60%.
O aumento do número de crianças em Creche deve-se às políticas públicas
federais e estaduais voltadas ao social, que complementam as demais atividades
desenvolvidas, voltadas prioritariamente às crianças, bem como apoio à empregabilidade dos
pais. No Ensino Fundamental e Médio, esse resultado está sendo prejudicado no Paraná,
devido às taxas de abandono de 4,1% no Ensino Fundamental e 6,7% no Ensino Médio.
Quanto às reprovações, apresentam 18,4% no Ensino Fundamental e 11,7% no Ensino Médio
(MEC/INEP/2010).
Entretanto, na Tabela 11, constata-se que as escolas particulares no Paraná,
apresentam aumento de matrículas em todos os níveis de ensino, em razão da melhoria de
renda da população e migração para a rede de ensino particular, visto que é o Paraná é o
Estado que possui a quinta melhor renda no País.
A redução do número de matrículas ao longo dos anos, nas esferas públicas,
tomando por base o exercício de 2000, deduzidas as matrículas da rede particular, se faz
sentir, pois aponta um total de 2.483.865 matrículas em confronto com a mesma metodologia
de cálculo de 2013 – 2.184.732 matrículas, significando uma redução de 12,04%, enquanto as
escolas particulares em igual período apresentam aumento de 32,65%.
TABELA 11 – MATRÍCULA NA REDE DE ENSINO PARTICULAR NO PARANÁ 2000-2013
ANO CRECHE PRÉ-
ESCOLA
ENSINO
FUNDAMENTAL
ENSINO MÉDIO TOTAL
2000 30.207 62.695 129.718 50.067 272.687
2001 31.381 66.665 130.820 50.150 279.016
2002 30.491 67.503 130.098 50.362 278.454
2003 31.761 69.658 132.745 54.175 288.339
2004 31.695 74.463 136.225 54.903 297.286
2005 33.555 73.467 137.780 55.849 300.651
2006 35.014 71.747 138.609 60.012 305.382
2007 32.137 48.183 140.516 49.337 270.173
2008 34.508 50.657 153.952 51.541 290.658
2009 38.099 51.197 162.621 52.437 304.354
2010 39.104 50.368 167.757 55.790 313.019
2011 39.914 53.265 175.577 61.207 329.963
2012 42.831 56.322 181.042 64.087 344.282
2013 44.153 58.035 185.334 63.930 351.452
FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.
98
Segundo o MEC, visando ajustar as realidades socioeconômicas de cada estado e
municípios, as metas são diferenciadas, mas o objetivo deve permanecer para que, em 2022,
seja possível atingir seis pontos.
QUADRO 20 – O IDEB – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – REDE
ESTADUAL – BRASIL – PARANÁ 2005/2011.
IDEB 2005 2007 2009 2011
EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM
Rede
Estadual
Brasil
Paraná
3,9
4,4 3,3
3,3 3,0
--
4,3
5,2 3,6
4,0 3,2
3,7 4,9
5,2 3,8
4,1 3,4
3,9 5,1
5,2 3,9
4,0 3,4
3,7
FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.
Nota: EF.I= Ensino Fundamental séries Iniciais e EF.F= séries Finais. EM= Ensino Médio.
Quando da instalação, em 1º de janeiro de 1993, o sistema educacional do
município de Candói, estava centrado em escolas rurais, cujas instalações, em sua maioria,
eram localizadas em fazendas e em núcleos rurais. O sistema de ensino era multisseriado, com
baixo de número de alunos, e seus professores na maioria possuíam entre o 1º Grau Completo
e o 2º Grau Magistério e eram concursados pelo Município de Guarapuava.
Segundo dados do PNUD, o município de Candói, antes mesmo de ser instalado,
apresentava indicadores abaixo do Estado e do Brasil. O índice da Educação era o mais
crítico, muito abaixo da maioria dos municípios da federação, tendo como possíveis causas a
educação multisseriada rural.
Na primeira gestão municipal, deu-se prioridade à política de nuclearização do
ensino, nas principais comunidades, sendo desativadas inúmeras escolas rurais e promovida a
reestruturação do ensino fundamental, com a extinção do sistema multisseriado, determinada
pelo MEC – Ministério de Educação e Cultura.
Tal política foi aprovada por alguns, mas recebeu também críticas de pais de
alunos e professores.
Com a centralização do ensino, investimentos foram realizados tanto na
ampliação e reformas de escolas nos núcleos urbanos e na sede, bem como a implantação do
transporte escolar a todos os alunos do interior, além da recuperação das estradas rurais, via
Programa estadual.
O deslocamento das crianças de 1º a 8ª Séries do Ensino Fundamental, das áreas
rurais aos Núcleos de Ensino foi, inicialmente, pautada por reclamações de toda natureza
junto à Secretaria de Educação, presenciadas enquanto Secretário de Finanças do Município.
A mais grave era a da necessidade de deslocamento das crianças, a pé, até o local
em que o transporte escolar passava, O trajeto era de suas residências, no meio do mato, sem
99
segurança, para crianças que tinham que percorrer, em alguns casos, mais de 1 km de carreiro,
pois o transporte escolar passava somente na estrada e o motorista era proibido de buscar a
criança em sua casa, devendo a mesma levantar às 4h30min da manhã, e ser levada pelos
familiares até o local de embarque.
Outras dificuldades estavam relacionadas à adaptação da convivência junto às
crianças nos centros mais populosos, diferentes do dia a dia da área rural; às dificuldades se
acumulavam em dias de chuva, pois os caminhos ou carreiros percorridos eram uma lama só,
constrangendo os alunos quando adentravam nas salas de aula, com os sapatos ou chinelos
cheios de barro.
Em 2011, o IDEB apresentou uma queda de 4,3 no município, em relação a 2009,
que foi de 4,7.
QUADRO 21 - IDEB DO MUNICÍPIO DE CANDÓI – 4ª e 5ª Séries do Ensino Fundamental 2005 - 2011
2005 2007 2009 2011
Resultado Meta Resultado Meta Resultado Meta Resultado Meta
3,7 3,8 4,2 3,8 4,7 4,1 4,3 4,5
FONTE: Ideb.Inep.gov.br/resultado.
Quanto às matrículas nas escolas existentes no município, estão assim
distribuídas.
TABELA 12 – MATRÍCULAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA 2007/2010, SEGUNDO A DEPENDÊNCIA
ADMINISTRATIVA – CANDÓI 2007 – 2012.
MATRÍCULAS
CRECHE PRÉ-ESCOLA FUNDAMENTAL MÉDIO
2007 2012 2007 2012 2007 2012 % 2007 2012
Estadual - - - - 1.623 1.431 - 11,8 641 721
Municipal 100 52 85 364 1.683 1.393 - 17,2 - -
Particular 9 6 6 12 23 15 - 34,8 - -
TOTAL 109 58 91 372 3.329 2.839 - 14,7 641 721 Fonte: IBGE/IPARDES
Os dados acima requerem uma pesquisa mais detalhada para confirmar se a queda
da população em 2,8%, equivalente a 432 habitantes, refletiu na educação do Ensino
Fundamental que apresentou uma redução de 14,7%, equivalente a 490 crianças e
adolescentes, visto não existir transferência para a rede particular, bem como o número de
docentes permaneceu constante no ensino fundamental, tendo aumentado apenas duas escolas
nos últimos seis anos.
100
Observa-se que o Índice de Desempenho da Educação, caiu de 0,6722 em 2010
para 0,5330 em 2012, representando 20,71%, segundo dados do IPARDES – Paraná (2010).
TABELA 13- DOCENTES NOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
EDUCAÇÃO BÁSICA
DOCENTES
Creche 2012
Pré-escolar Fundamental Médio
2006 2012 2006 2012 2006 2012
Estadual - - - 90 87 64 78
Municipal 5 20 27 91 91 - -
Particular 2 4 - 4 - - -
TOTAL 7 24 27 185 167 64 78 Fonte: IBGE/IPARDES
Quanto aos dados do número de docentes, poderá existir a possibilidade de
professores, em contraturno, (40hs), atuarem também na Pré-Escola ou em Creche.
TABELA 14 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA NO
CANDÓI
ESTABELECIMENTOS
DE ENSINO
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO
Creche Pré-escolar Fundamental Médio
2012 2006 2012 2006 2012 2006 2012
Estadual - - - 5 5 4 5
Municipal 1 7 9 6 8 - -
Particular 1 1 1 1 - - -
Fonte: IBGE/IPARDES
O crescimento de estabelecimentos em Pré-escola pode não ser considerado, visto
que, nas escolas municipais, existem salas específicas, podendo ter ocorrido aumento de
turmas e não de estabelecimentos. Ressalta-se na última gestão de Elias Farah Neto, a
inclusão digital nas escolas municipais e aos munícipes, via rede digital, bem como a entrega
de Netbook, aos alunos da rede municipal.
Um fato que merece uma investigação mais específica é o baixo número de
crianças em Creche. Possuindo apenas uma creche, o município não vem acompanhando a
política nacional para combate a extrema pobreza, via atendimento em creche de crianças em
risco social.
TABELA – 15 EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE DESEMPENHO DO MUNICIPIO DE CANDÓI NA
EDUCAÇÃO 1991-2012.
ANO IPDM – EDUCAÇÃO
1991
2000
2002
2005
2007
2009
2010
2012
0,233*
0,315
0,364
0,529
0,607
0,659
0,503
0,533
Fonte: IPARDES.
(*) IDHM – Educação - PNUD. - Guarapuava
101
A política nacional de atendimento à criança em situação de risco social via
atendimento em creche, como já foi demonstrada (no Estado houve um crescimento de 60,8%
e no Brasil 150,7%), é um importante mecanismo de inserção social e de fonte alimentar de
combate à subnutrição. Mesmo existindo uma concentração da população na Sede e nos
núcleos urbanos rurais, tal política deve ser implementada, visando atender às populações
mais carentes. Também foi demonstrada a existência de recursos financeiros para a atividade
pelo governo federal.
Dados censitários (IBGE) da população, segundo faixa etária e sexo, em 2007
demonstra a existência de 267 crianças menores de 1 ano e 1.086 crianças na faixa de 1 a 4
anos. Em 2010, menores de 1 ano apresentavam 210 crianças e 982 crianças de 1 a 4 anos.
Em 2012, os dados do Ministério Público – GEMPAR 2013 – esclarecem que a
Emenda Constitucional 59/2009 estabelece a obrigatoriedade de ensino para crianças de 4 e 5
anos, a qual deverá ser atendida pelos gestores municipais até 2016. Segundo dados
fornecidos pelo IPARDES/SEED, para o ano 2012, o município apresenta os seguintes
resultados:
TABELA 16 - DÉFICIT DE ATENDIMENTO EM CRECHE E PRÉ-ESCOLA NO CANDÓI EM 2012.
ANO No de Vagas em Creche População Déficit de vagas- Creche
2012 58 955 897
ANO No de Vagas em Pré-Escola População Déficit de vagas – Pré-Escola
2012 376 502 126
FONTE: Ministério Público – GEMPAR.
Pesquisa realizada na Internet www.social.seds.pr.gov.br, acessada em abril de
2014, aponta que, no Município de Candói, foram desativadas, durante a primeira e segunda
gestão, sete Creches, quais sejam: Creche Criança Feliz; Creche Emílio F. Silva; Creche
Francisco Solano Bueno; Creche Ormi França Araujo; Creche Padre Emílio Barbieri; Creche
Recanto da Criança e Creche Rocha Pombo em anos anteriores, mesmo com um déficit de
897 vagas, observada pelo Ministério Público.
O Índice de Desenvolvimento Municipal de Candói, e seus componentes, estão
assim representados:
TABELA 17 - IDHM EDUCAÇÃO CANDÓI – 1991 – 2010
IDHM – EDUCAÇÃO 1991 2000 2010
% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo 8,32 18,61 32,82
% de 5 a 6 anos na escola 15,78 48,92 86,39
% de 11 a 13 anos finais do fundamental ou com fundamental completo 16,88 58,84 89,80
% de 15 a 17 anos com fundamental completo 5,99 41,24 52,19
% de 18 a 20 anos com médio completo 0,29 14,87 20,46
FONTE: Atlasbrasil.org.br/2013.
102
Na Educação, com os reclames iniciais (fechamento das escolas rurais e regime
multisseriado), a centralização das escolas na Sede e nos principais núcleos rurais,
consolidou-se, e uma melhora sensível está se efetivando para o atendimento das metas do
IDEB.
Possuindo oito escolas e uma em construção, conta em 2014, com 48 motoristas
do transporte escolar, incluindo 2 para o transporte universitário, e uma frota de ônibus e
outros contratados, resultando em sensível melhora no transporte dos alunos. Quanto ao corpo
docente, possui 9 com nível médio; 11 com graduação superior; 109 com pós-graduação Lato
Sensu e 2 Stricto Sensu, totalizando 131 profissionais. (Folha de Pagamento junho/2014 –
Portal Transparência), além de uma Nutricionista para a merenda escolar.
A questão que necessita de uma reformulação é o aumento de construções para
atendimentos de crianças em Creche e Pré-escola, em razão da demanda existente,
contribuindo sensivelmente junto às comunidades mais carentes e em risco social.
2.3.3 - IDHM – Longevidade
Segundo divulgação do Atlas Brasil/2013, acessado em 27.04.2014, o IDHM
Longevidade “considera a esperança de vida ao nascer, ou seja, o número médio de anos que
as pessoas dos municípios viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos padrões de
mortalidade observados em cada período. A esperança de vida ao nascer sintetiza as
condições sociais, de saúde e de salubridade do município, ao considerar as taxas de
mortalidade das diferentes faixas etárias daquela localidade. Todas as causas de morte são
contempladas para chegar ao indicador, tanto doenças quanto causas externas, tais como
violência e acidentes”.
Quanto mais desenvolvida for uma região, mais a mortalidade infantil se relaciona
a causas endógenas, determinadas pelos riscos de mortalidade neonatal (primeiros 28 dias de
vida). Nas regiões menos desenvolvidas, além das causas endógenas, acrescentam-se, de
forma determinante, as causas exógenas, entre elas a desnutrição e as doenças infecciosas e
respiratórias. As probabilidades de morte espelham privações em distintas etapas da vida, nas
quais diferentes causas atuam negativamente.
O comportamento da taxa de fecundidade total vincula-se às transformações
vivenciadas pela população brasileira na chamada “transição demográfica”, na qual a rápida
queda dos níveis de fecundidade determinou o volume populacional e a nova configuração
nacional em termos de estrutura etária (atlasbrasil/2013).
103
A Taxa de Mortalidade Infantil no Brasil continua sendo um caso recorrente pela
precariedade de profissionais, hospitais e equipamentos nos pequenos e médios núcleos
urbanos e rurais existentes nos municípios. Apesar da redução na última década, de 58,6%, (
2000-2011) do número de óbitos infantis na média nacional, as Regiões Norte e Nordeste,
ainda se mantêm com índices de 19,9% e 18,0%, muito acima da média nacional.
QUADRO 22 – TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL – NÚMERO DE ÓBITOS INFANTIS (menores
de 1 ano) por 1.000 nascidos vivos, Brasil, 2000 - 2011.
Regiões 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
BRASIL 26,1 24,9 23,4 22,5 21,5 20,4 19,6 18,6 17,7 16,8 16,0 15,3
NORTE 32,8 32,1 29,7 29,3 27,8 27,1 26,8 25,3 23,1 22,3 21,0 19,9
NORDESTE 35,9 33,4 30,8 29,3 27,8 25,9 24,8 23,2 21,8 20,3 19,1 18,0
SUDESTE 20,1 19,2 18,3 17,5 16,8 16,0 15,3 14,8 14,3 13,9 13,4 13,0
SUL 16,9 16,5 16,1 15,6 14,9 14,1 13,4 13,0 12,5 12,0 11,6 11,3
Paraná 19,0 18,1 17,0 16,3 15,6 14,7 14,0 13,5 13,0 12,6 12,0 11,8
Santa Catarina 15,9 15,5 15,0 14,3 13,4 12,9 12,6 12,3 11,9 11,2 11,2 10,8
Rio Grande Sul 15,3 15,5 15,8 15,6 15,0 14,0 13,2 12,9 12,4 11,9 11,3 11,1
CENTRO OESTE 22,3 21,4 20.6 20,3 19,7 19,3 18,5 17,7 17,1 16,4 15,9 15,5 FONTE: Tabnet.datasus.gov.br/cqi/idb2012.
O estado de Santa Catarina é destaque nacional na redução de óbitos infantis, no
Brasil, seguido do Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Paraná.
Políticas públicas municipais relativas a salários atrelados a uma carga horária de
20 horas ou menos semanais, não vêm sendo consideradas pelos profissionais da saúde, os
quais preferem os grandes centros, com populações superiores a 200 mil habitantes, que lhes
oportunizam várias fontes de rendimentos em centros de especialidades, hospitais e consultas
particulares e, ainda, a oportunidade de reciclagem profissional.
Políticas públicas federais ainda não encontraram uma forma capaz de reduzir a
mortalidade infantil, e garantir atendimento à gestante no período Pré-Natal, além da Atenção
Primária, cujos resultados, mesmo tendo sido reduzidos significativamente, conforme se
demonstra, ainda são preocupantes, com uma média de 16 mortes infantis para cada 1,86
médicos.
Segundo MADEIRO (2013. Artigo Revista Jurídica),
Estudo demográfico médico realizado no Brasil pelo CFM e CREMESP, entre 1970
e 2011, demonstrou que o número de médicos passou de 58.994 para 371.778, já
tendo atingido hoje 400 mil médicos, o que significa dizer que o número de médicos
aumentou numa porcentagem de 530%, enquanto a população no mesmo período
aumentou 104,8%. A razão médico/habitantes, de 1980-2011, aumentou 72,5%, ou
seja, esta relação saltou de 1,13 médicos por 1.000 habitantes em 1980 para 1,95 em
2011. O Brasil é o quinto país do mundo com o maior número de médicos, porém
com uma grande desproporcionalidade no que se refere à distribuição entre as
regiões brasileiras.
104
A importação de mais de 6.000 mil médicos sanitaristas cubanos, enviados às
regiões mais carentes do país, poderá, em médio prazo, apresentar resultados mais
satisfatórios, mas ainda é uma política pública discutível em sua infraestrutura, conforme
artigo publicado no Portal da OAB/Ceará, do qual transcrevemos parágrafos selecionados:
[...] A crise na saúde pública do Brasil deve ser considerada sob três
aspectos básicos: a deficiência na estrutura física, a falta de disponibilidade de
material-equipamento-medicamentos e a carência de recursos humanos. As
condições das estruturas físicas das Unidades Básicas de Saúde e dos hospitais são
lastimáveis, pois as mesmas se encontram sem manutenção preventiva e/ou
corretiva, funcionando muitas vezes em prédios improvisados e inadequados, com
instalações elétricas, sanitárias e hidráulicas precárias, pondo inclusive em risco de
morte, aqueles que lá frequentam.
[...]
As péssimas condições de atendimento à população na Atenção
Primária de Saúde, porta de entrada do SUS, também é retratada pela falta de
equipamentos médicos, mobílias, exame laboratoriais e até mesmo de medicamentos
básicos para diabetes, hipertensão, vermífugos ou antibióticos. (A Crise na Saúde
pública. Artigo publicado na Revista Jurídica Consulex29/08/2013. Por Ricardo C.
V. Madeiro. OAB Ceará.http://oabce.org.br/2013/08/artigo-crise-na-saude-publica).
QUADRO 23 – NÚMERO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE POR HABITANTE- MÉDICOS P/1.000
HAB./ TMI – TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL.
UNIDADES DA
FEDERAÇÃO 1991 2000 2010
MÉDICOS TMI MÉDICOS TMI MÉDICOS TMI BRASIL 1,15 44,4 1,39 26,1 1,86 16,0
Rondônia 0,35 41,4 0,04 31,9 1.03 18,9
Acre 0,26 52,9 0,52 29,2 0,92 20,4
Amazonas 0,47 43,4 0,53 34,8 1,07 20,6
Roraima 0,21 37,4 0,57 22,2 1,24 18,0
Pará 0,51 44,6 0,51 32,3 0,77 21,5
Amapá 0,25 37,5 0,40 32,9 0,75 25,4
Tocantins 0,54 44,0 - 36,9 0,99 20,5
Maranhão 0,35 71,2 0,42 36,8 0,53 21,9
Piauí 0,46 61,5 0,57 37,8 0,93 20,7
Ceará 0,62 73,6 0,72 36,8 1,06 16,2
Rio Grande do Norte 0,77 69,9 0,89 34,5 1,23 17,2
Paraíba 0,78 76,1 0,92 39,2 1,19 18,2
Pernambuco 0,87 70,9 1,06 34,0 1,37 17,0
Alagoas 0,83 92,5 0,94 37,7 1,17 18,6
Sergipe 0,70 62,0 0,83 37,7 1,30 18,2
Bahia 0,66 61,9 0,84 34,6 1,12 21,0
Minas Gerais 1,03 37,4 1,35 25,7 1,82 16,2
Espírito Santo 1,19 31,3 1,33 18,1 1,93 11,9
Rio de Janeiro 2,61 30,9 3,00 20,5 3,52 14,3
São Paulo 1,54 29,1 1,92 17,4 2,50 12,0
Paraná 0,95 33,0 1,20 19,0 1,97 12,0
Santa Catarina 0,81 31,2 1,09 15,9 1,68 11,2
Rio Grande do Sul 1,44 24,9 1,84 15,3 2,37 11,3
Mato Grosso do Sul 0,83 31,4 1,01 24,4 1,46 15,4
Mato Grosso 0,54 36,6 0,64 29,4 1,14 19,6
Goiás 0,86 33,4 1,07 21,2 1,40 15,9
Distrito Federal 2,18 27,1 2,64 15,3 3,61 12,2
FONTE: Ministério da Saúde/SGTES/DEGERTS/CONPROF. 2012.
105
Segundo o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento do
Brasil, o IDHM 2013 apresenta cinco municípios de Santa Catarina com os maiores índices
do ranking da longevidade do Brasil, quais sejam:
TABELA 18 - MAIORES IDHM LONGEVIDADE NO BRASIL – PNUD 2013.
Posição Municípios Expectativa IDHM
1o
Brusque 78,64 0,894
2o
Blumenau 78,64 0,894
3o
Balneário Camboriú 78,62 0,894
4o
Rio do Sul 78,61 0,894
5o
Rancho Queimado 78,59 0,893
Segundo o Relatório, os cinco menores IDHM – Longevidade, no Brasil, estão
localizados nos seguintes municípios e Estados:
TABELA 19 - MENORES IDHM LONGEVIDADE NO BRASIL – PNUD 2013.
Posição Municípios Estados Expectativa IDHM
5565o
Roteiro Alagoas 65,30 0,672
5564o
Cacimbas Paraíba 65,30 0,672
5563o
Olho D’Água Grande Alagoas 65,40 0,673
5562o
Mataraca Paraíba 65,40 0,675
5561o
Joaquim Nabuco Pernambuco 65,55 0,760
O IDHM – Longevidade no Paraná encontra-se em sexto lugar, influenciado por
municípios com grande concentração de pobreza nas áreas rurais, principalmente em dois
grupos vulneráveis - crianças e idosos, cujas condições de vida apresentam disparidades,
estando abaixo da média dos indicadores do Brasil. Aproximadamente 20% da população dos
grupos etários entre 0 e 4 anos e dos mais idosos que 65 anos, reside em áreas rurais e, destes,
mais que 70% encontram-se em municípios com IDHM abaixo do índice do Brasil.
De mesma sorte, o IDHM Longevidade no Município de Candói apresentou, até o
ano de 2000, resultados abaixo da média brasileira e do Estado mas em 2010, já supera os
indicadores em nível federal e estadual, o que corresponde a uma melhora significativa na
qualidade de vida de seus habitantes, mas muito distante ainda dos resultados dos demais
municípios do Paraná.
QUADRO 24 – IDHM LONGEVIDADE CANDÓI – 1991 A 2010
ESPECIFICAÇÃO 1991 2000 2010
Brasil Paraná Candói Brasil Paraná Candói Brasil Paraná Candói
IDHM Longevidade 0,647 0.679 0,610 0,686 0,747 0,685 0,739 0,778 0,778
FONTE: Atlasbrasil.org.br/2013.
106
Os dados divulgados pelo Relatório Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil
(2013), classifica o município de Candói, em 3.393o posição, dentre os 5.570 municípios no
Brasil e 378º no Estado do Paraná, dentre os 399 municípios.
A área da saúde é sempre a mais sensível em todos os municípios, possivelmente,
devido à falta de médicos concursados, o que aparece como falta de um Plano de Cargos e
Salários específico da área; a limitação pelo subsídio do Prefeito; as cargas horárias de
trabalho, bem como as gestões municipais raramente oportunizam uma reciclagem
profissional.
Um dos caminhos que está sendo utilizado no país para que a população possa ser
atendida, e que vem sendo realizada pela maioria dos municípios, é a terceirização dos
serviços de saúde, via licitação pessoa física, via ONG, OSS e OSCIP, ou empresa jurídica,
impondo ao município um ônus elevado, se comparado com o que se gastaria com um
servidor concursado.
No município de Candói, a saúde avança em direção à melhoria, visto que, em
2008, encontrava-se com médio desempenho entre os municípios do Paraná e, em 2012 já se
enquadra no índice de alto desempenho, devido a contrato assinado com o Instituto Santa
Clara, (ONG), através de repasses de subvenção econômica mensal, reforçado atualmente
com mais três médicos cubanos do Programa Federal e equipes do Programa Saúde da
Família.
TABELA 20 - NASCIDOS VIVOS E ÓBITO INFANTIL
ANO NASCIDOS VIVOS ÓBITOS
PARANÁ CANDÓI % PARANÁ CANDÓI %
2000 179.462 341 0,19 3.514 10 0,28
2001 167.270 311 0,18 2.925 05 0,17
2002 165.125 354 0,21 2.779 06 0,21
2003 157.333 305 0,19 2.595 10 0,38
2004 159.636 359 0,22 2.479 13 0,52
2005 160.324 352 0,22 2.332 13 0,56
2006 153.598 308 0,20 2.146 06 0,28
2007 147.554 281 0,19 1.950 04 0,20
2008 151.092 243 0,16 1.978 05 0,25
2009 149.217 247 0,16 1.864 05 0,27
2010 152.051 252 0,16 1.840 01 0,05
2011 152.902 229 0,15 1.781 01 0,06
Fonte: Ministério da Saúde. Datasus.2013.
Os resultados do município de Candói se comparado com o do Paraná, demonstra
que as políticas implementadas, estão no caminho certo – o de preservar a vida, conforme se
observa na Tabela 20.
107
Os indicadores do município de Candói, na área do atendimento à saúde dos
munícipes, não refletem as demais políticas de saneamento e de melhorias públicas desde a
sua instalação, conforme o perfil traçado neste trabalho.
2.3.4 - IDHM – Renda
2.3.4.1 - Índice de Pobreza no Brasil
A taxa ou índice e pobreza, é o percentual da população cuja renda familiar se
encontra abaixo de um nível absoluto chamado linha de pobreza. A linha de pobreza é
estabelecida pelo governo federal em aproximadamente três vezes o custo de uma dieta
adequada (MANKIW p.432.2005).
Segundo o autor, essa linha depende do tamanho da família e é ajustada a cada
ano para levar em conta mudanças no nível de preços. A desigualdade não ocorre somente no
Brasil, pois, conforme dados do Banco Mundial de 2002, Brasil e África do Sul, apresentam
elevados índices de concentração de renda: os 10% mais ricos têm renda 46,7% e 45,9%
vezes maior do que os 10% mais pobres. No topo de melhor distribuição de renda, estão Japão
e Alemanha, os 10% mais ricos da população têm renda de apenas 4,5% vezes maior do que
os 10% mais pobres.
De acordo com Hagenaars e De Vos (1988) apud ( SILVA e BORGES 2013,p.2),
todas as definições de pobreza podem ser enquadradas numa das três categorias seguintes:
a) Pobreza é ter menos do que um mínimo objetivamente definido (pobreza
absoluta);
b) Pobreza é ter menos do que outros na sociedade (pobreza relativa);
c) Pobreza é sentir que não se tem o suficiente para seguir adiante (pobreza
subjetiva).
Entre as definições de pobreza absoluta estão, também, as mencionadas por
Kageyama, Hoffmann,(2006), apud SILVA e BORGES (2013b, p.2), quais sejam:
O enfoque das necessidades básicas (“basic needs”), que geralmente redunda
no estabelecimento de uma linha de pobreza em termos de renda;
O enfoque baseado na Lei de Engel, que utiliza a proporção dos gastos com
alimento na renda total da família;
A razão entre os custos fixos do domicílio, como energia, transporte,
educação, aluguel, etc., e a renda total;
A razão entre gasto corrente e renda, isto é, seria pobre a pessoa;
108
Que recorre constantemente a empréstimos para sobreviver ou cuja relação
gasto /renda é maior do que a unidade (4);
Entre as definições de pobreza relativa destaca-se a privação relativa com
referência a um conjunto de bens considerados comuns naquela sociedade;
As definições de pobreza subjetiva podem ser de dois tipos: pobres são
aqueles cujo nível de renda está abaixo daquele que consideram que seria o
‘exatamente suficiente’ para viver e uma outra abordagem que tenta conciliar
a pobreza subjetiva com a “basic needs” - propõe que se indague às pessoas o
que elas consideram como necessidades básicas e depois se compare esse
valor com sua renda disponível;
Finalmente, pode-se definir como pobreza baseada no mínimo oficial a
situação das pessoas que se encontram abaixo da renda mínima “oficial”.
Outras metodologias para análise da pobreza são inseridas, como o IPH – Índice
de Pobreza Humana, apresentado no Relatório de Desenvolvimento Humano de 1997 (PNUD,
1997), que é composto pelos seguintes indicadores:
a) Percentual de pessoas com probabilidade ao nascer de não viver
até os 40 anos.
b) Percentual de adultos analfabetos.
c) Percentual da população sem acesso à água tratada, e
d) Percentual de crianças desnutridas abaixo de 5 anos.
As abordagens sobre as metodologias que podem ser utilizadas pelos gestores
públicos são amplas e disponibilizadas pelos órgãos nacionais e internacionais, para que as
políticas públicas possam ser direcionadas às atividades que em alcance, provam o resgate de
seus cidadãos para uma melhor qualidade de vida.
A Região Nordeste continua mantendo o maior percentual da população com
renda menor que ½ salário mínimo no país, mesmo que, ao longo dos vinte e dois anos, tenha
reduzido essa condição em média 24,43% de sua população. A diversidade social e a
concentração de renda entre o número de vezes que a renda dos 20% mais ricos supera a dos
20% mais pobres, que era, em 2001, de 24,61, passou, em 2012, para 17,89 vezes.
A Região Norte reduziu a população com menos de ½ salário mínimo no período
de 2001 a 2012, em 20,5%, mantendo a região em razão da renda que, para cada 20% dos
mais ricos, superam a dos 20% mais pobres em 15,36 vezes.
109
QUADRO 25- PROPORÇÃO DE PESSOAS COM BAIXA RENDA MENOR QUE ½ SM, SEGUNDO
UNIDADES DA FEDERAÇÃO – 2001 a 2012.
REGIÕES 2000 2001 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2210 2011 2012
BRASIL 49,10 50,67 51,23 50,03 46,93 42,56 40,32 37,57 35,71 34,67 31,56 29,23
Rondônia 53,96 53,97 53,86 51,71 53,63 49,02 47,04 42,75 37,25 35,42 32,45 31,77
Acre 65,58 54,62 57,29 68,81 66,08 58,96 59,24 54,42 49,08 53,00 46,46 47,18
Amazonas 69,22 61,23 65,64 64,06 59,60 57,72 58,39 52,90 50,92 54,44 49,34 47,02
Roraima 54,33 55,57 57,00 70,38 62,64 55,45 56,62 49,30 47,00 47,78 36,38 39,58
Pará 70,03 65,25 67,54 66,88 64,78 61,26 58,38 54,83 55,77 57,59 52,30 48,76
Amapá 60,00 42,01 60,77 63,54 54,13 51,87 50,79 47,87 50,19 47,27 47,57 45,17
Tocantins 68,83 67,68 66,22 62,87 61,75 56,28 53,99 47,51 43,23 46,09 42,28 38,91
Maranhão 81,43 79,93 79,42 79,05 77,56 71,13 67,12 65,55 61,64 64,70 62,87 60,85
Piauí 77,62 75,70 76,32 76,51 73,50 68,35 62,97 60,86 58,22 58,95 54,17 49,51
Ceará 73,66 74,23 75,62 74,71 71,12 66,08 64,32 59,44 57,72 56,16 52,52 48,86
Rio grande norte 68,57 68,76 71,16 69,24 66,04 59,16 56,38 52,30 52,27 48,92 49,83 41,23
Paraíba 72,66 75,39 71,95 72,40 68,34 63,74 64,77 58,81 58,97 54,77 49,03 46,42
Pernambuco 68,33 71,68 74,06 72,55 69,32 65,25 63,41 60,40 57,72 53,53 51,40 44,82
Alagoas 76,70 79,09 80,18 79,59 76,46 72,59 67,44 66,49 65,93 60,84 61,44 55,89
Sergipe 71,13 70,06 67,19 63,68 63,25 60,56 56,84 55,05 52,82 53,72 48,32 45,20
Bahia 71,76 73,77 74,19 71,90 68,87 64,38 62,09 58,90 56,07 54,30 50,37 49,22
Minas gerais 48,50 51,87 52,25 49,98 44,15 40,19 37,46 34,02 31,05 30,29 27,36 23,97
Espírito santo 46,80 54,40 52,50 48,48 45,54 40,09 37,31 34,74 34,58 28,85 25,10 22,55
Rio de janeiro 33,97 35,95 36,56 34,40 33,21 28,42 27,83 26,38 23,80 25,87 23,31 22,32
São Paulo 28,00 30,87 33,02 32,63 28,53 24,66 22,35 20,33 19,15 19,36 15,57 13,97
Paraná 41,71 43,30 41,96 38,65 36,84 31,44 26,95 25,61 23,93 21,29 18,36 16,79
Santa Catarina 31,73 31,21 28,16 26,19 23,27 18,62 16,88 17,77 13,81 13,86 12,67 10,45
Rio grande sul 34,93 36,97 35,98 33,71 32,45 29,04 26,86 24,42 22,87 20,24 19,08 17,08
Mato grosso sul 48,90 50,43 48,67 47,58 44,03 38,30 35,99 32,85 31,06 28,10 22,50 18,25
Mato grosso 47,55 49,56 51,23 46,03 44,86 41,02 41,15 32,80 30,93 29,53 22,52 22,94
Goiás 46,84 51,97 49,24 45,90 45,32 38,83 35,76 31,95 29,46 26,46 23,38 20,79
Distrito federal 29,65 36,96 37,77 37,35 31,50 27,84 24,90 23,80 23,51 18,32 18,30 17,68
FONTE: IDB/2012 – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
A Região Sudeste concentra o maior parque industrial do país, e conseguiu
reduzir a população que recebe menos de ½ salário mínimo em 18,6%, no período comparado
de 2001 a 2012. Sua razão de renda número de vezes que a renda dos 20% mais ricos supera a
dos 20% mais pobres, no período de 2001-2012 é de 13,52 vezes.
A Região Sul é o expoente na redução da pobreza no Brasil, destacando-se
individualmente o Estado de Santa Catarina, cujos resultados são melhores que o Estado de
São Paulo., seguido pelo Estado do Paraná e Rio Grande do Sul.
A Região Sul é a que concentra o menor número de pessoas com renda menor que
1/2 salário mínimo. Sua proporção – razão renda, se comparada entre os períodos de 2001 a
2012, é de que o número de vezes que a renda dos 20% mais ricos supera a dos 20% mais
pobres é de 8,85 em Santa Catarina; 12,10 no Paraná e 12,16 vezes no Rio Grande do Sul.
Se comparados os dados de 2001 com 2012, o índice de pobreza nos Estados da
federação está sendo reduzido significativamente, com a estabilidade econômica, após o Plano
Real e com as políticas públicas de transferência de recursos financeiros diretamente às
pessoas físicas através do Programa Bolsa Família, que oportunizaram a elevação da renda.
Mas isso não representa a falta das demais condições sociais básicas de emprego, saneamento
110
básico, educação e saúde. São 22 milhões de beneficiários inseridos no Programa e a maioria
dessas pessoas ainda se encontra em estágio de pobreza, residindo em favelas urbanas ou em
extrema dependência de programas assistenciais no meio rural.
Esse retrato do Brasil é complementado pelo descompasso de desenvolvimento
nos municípios, dependentes de transferências intergovernamentais do ICMS e do FPM, e que
geram a cada ano uma migração constante da população para ocupação de postos de trabalho
oferecidos em municípios mais desenvolvidos. Assim, permanece nas periferias das cidades,
considerável contingente humano, no aguardo de oportunidades de serviços em vários setores
da economia.
2.3.4.2 - Índice de Pobreza no Paraná
A partir da década de 70, com o início da industrialização no Estado, considerável
contingente humano transferiu-se para a Região Metropolitana de Curitiba e para municípios
mais desenvolvidos no Norte do Paraná, em busca de emprego. Os resultados, ao longo do
período, com o aumento da industrialização e a instalação de agroindústrias no Estado,
reduziu substancialmente a pobreza na década de 2010, tornando o Paraná, dentre os cinco
Estados da região, o de menor índice de pobreza.
Entretanto, os critérios adotados pela SUPLAN - Subprocuradoria Geral de
Justiça para Assuntos de Planejamento Institucional e pelo CEAF – Centro de Estudos de
Aperfeiçoamento Funcional de cada Estado por Comarca, apresentam indicadores de março
de 2012, que refletem uma realidade municipal, provenientes das grandes massas migratórias.
TABELA 21 - RENDA PER CAPITA DOMICILIAR NO PARANÁ- REGIÃO SUL E BRASIL. 1993 –
2011
ANO PARANÁ % REGIÃO SUL % BRASIL %
1993 R$ 452,00 ... R$ 498,00 ... R$ 419,00 ...
1996 R$ 566,00 25,2 R$ 597,00 19,9 R$530,00 26,5
1999 R$ 531,00 -6,2 R$ 575,00 -3,7 R$ 504,00 -4,9
2000 R$1.144,06. 115,4 R$1.183,06 105,7 R$1.117,95 121,8
2001 R$ 553,00 -51,7 R$ 598,00 -49,4 R$ 512,00 -45,8
2002 R$ 559,00 1,1 R$ 591,00 -1,2 R$ 512,00 -
2003 R$ 546,00 -2,3 R$ 588,00 -0,5 R$ 482,00 -5,9
2004 R$ 603,00 10,4 R$ 617,00 4,9 R$ 493,00 2,3
2005 R$ 610,00 1,2 R$ 637,00 3,2 R$ 523,00 6,1
2006 R$ 647,00 6,1 R$ 688,00 8,0 R$ 572,00 9,4
2007 R$ 726,00 12,2 R$ 726,00 5,5 R$ 587,00 2,6
2008 R$ 724,00 -0,3 R$ 753,00 3,7 R$ 617,00 5,1
2009 R$ 735,00 1,5 R$ 778,00 3,3 R$ 632,00 2,4
2010 R$ 747,00 1,6 R$ 778,00 - R$ 668,00 5,7
2011 R$ 747,00 - R$ 778,00 - R$ 668,00 -
FONTE: IBGE
111
Das Comarcas da Região Metropolitana de Curitiba, a que possui o menor índice
é o Município de Pinhais (14,18%) e o maior é o Município de Fazenda Rio Grandes
(31,77%).
TABELA 22 - TAXA DE POBREZA – RELAÇÃO POR ENTRÂNCIA E POR ORDEM CRESCENTE-
MARÇO/2012
COMARCAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
COMARCAS POPULAÇÃO MUNICÍPIOS
P/
COMARCA
TAXA
POBREZA
REGIÃO
ARAUCÁRIA 119.123 1 17,71 RMC
COLOMBO 212.967 1 17,34 RMC
PINHAIS 117.008 1 14,18 RMC
PIRAGUARA 93.207 1 23,17 RMC
ALMIRANTE TAMANDARÉ 128.047 2 21,82 RMC
CAMPINA GRANDE DO SUL 58.620 2 19,41 RMC
CAMPO LARGO 123.677 2 18,74 RMC
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 278.747 2 23,12 RMC
FAZENDA RIO GRANDE 112.165 3 31,77 RMC
FONTE: SUBPLAN – março 2012
Nas Comarcas de Entrância Final, o menor índice de pobreza localiza-se no
Município de Umuarama (15,12%) e o maior Guarapuava (41,97%).
COMARCAS DE ENTRÂNCIA FINAL
COMARCAS POPULAÇÃO MUNICÍPIOS
P/
COMARCA
TAXA
POBREZA
REGIÃO
UMUARAMA 119.730 4 15,12 Noroeste
MARINGÁ 407.782 5 17,66 Norte Central
PONTA GROSSA 311.611 1 18,55 Centro Oriental
FOZ DO IGUAÇU 276.929 2 20,40 Oeste
LONDRINA 518.963 2 25,81 Norte Central
CASCAVEL 301.898 3 28,30 Oeste
GUARAPUAVA 205.618 5 41,97 Centro Sul
Nas Comarcas de Entrâncias Intermediárias, que representam 166 municípios
paranaenses, os indicadores de pobreza variam de 11,91% (município de Arapongas) a
40,86% ( município de Pitanga).
Nas Comarcas de Entrância Inicial, que representam 193 municípios paranaenses,
os indicadores de pobreza variam de 16,07% (município de Santa Fé) a 51,88% (Cândido de
Abreu).
112
TABELA 23 - ÍNDICE DE GINI DA RENDA DOMICILIAR PER CAPITA 1991 - 2010
ESPECIFICAÇÃO 1991 2000 2010
BRASIL 0,638 0,646 0,609
REGIÃO SUL 0,586 0,589 0,534
Paraná 0,600 0,606 0,542
Candói 0,524 0,610 0,655
FONTE: PNUD.2010
No município de Candói, a relação renda e pobreza, apresentam os seguintes
resultados:
TABELA 24 - RENDA E POBREZA – CANDÓI 1991 – 2010.
RENDA/POBREZA 1991 2000 2010
Renda per capita 208,71 355,87 472,40
% de extremamente pobres 19,29 19,41 9,92
% de pobres 53,10 41,70 22,52
20% mais ricos 55,53 67,51 57,92
FONTE: PNUD, IPEA.2013.
Com uma população de 14.983 pessoas, dados do IBGE, demonstram a
existência, em 2010, de 1.486 pessoas extremamente pobres, com renda inferior a R$ 70,00
mês e 3.374 classificadas como pobres, com menos de ½ salário mínimo. A concentração de
renda entre os 20% mais ricos, aplicada sobre a população total, equivale a 2.997 pessoas,
dentre as quais 57,92%, são consideradas mais ricas representada por 1.736 pessoas.
É importante afirmar que o IDH, em razão de sua metodologia e indicadores,
apresenta resultados significativos em seu todo, mas não espelha o índice direto dos
municípios (Taxa de Pobreza), possivelmente em razão de critérios adotados por faixa de
renda e ou outros agregados.
Programas federais nas áreas de educação técnica estão sendo implantados
visando atender as demandas nacionais em todas as áreas para que, em futuro próximo,
proporcione melhoria na capacitação da mão de obra, via trabalho e renda, atendendo a
demanda regional ou local em seu desenvolvimento.
Segundo artigo de FELETT (2013), da BBC Brasil, em entrevista com Otaviano
Canuto, vice-presidente da Rede de Redução da Pobreza e Gerenciamento Econômico do
Banco Mundial,
113
O Programa Bolsa Família – carro-chefe dos programas de transferência de renda do
governo – é bastante eficiente e tem um custo relativamente baixo (0,5% do PIB
nacional). Canuto diz que o plano e outros programas de transferência de renda
ajudam a explicar a melhora nos índices de pobreza e desigualdade no Brasil na
última década, ainda que, somados, tenham tido peso menor do que a
universalização da educação – “processo que vem de antes do governo Lula” – e a
evolução do mercado de trabalho, com baixo desemprego e salários reais crescentes.
Apesar do progresso, estudiosos dizem que, mesmo que o Cadastro Único passe a
cobrir todos os brasileiros que hoje vivem na pobreza, sempre haverá novas famílias
que se tornarão miseráveis.
Há, ainda, questionamentos sobre o critério do governo para definir a pobreza
extrema – renda familiar per capita inferior a R$ 70, baseado em conceito do Banco
Mundial que define como miserável quem vive com menos de US$ 1,25 por dia.
(...)
Para Canuto, vice-presidente do Banco Mundial, manter o Brasil numa trajetória de
melhoria dos indicadores sociais não dependerá apenas de políticas voltadas aos
mais pobres. Ele diz que o “modelo ultraexitoso” que permitiu a redução da pobreza
na última década, baseado no aumento do consumo doméstico e da massa salarial,
está próximo do limite. De agora em diante, afirma Canuto, os avanços terão que se
amparar em maiores níveis de investimentos, que reduzam o custo de produzir no
Brasil.
“É preciso pensar no que é necessário para que, daqui a uma geração, os benefícios
de transferência condicionada de renda não sejam mais necessários. Para isso, o foco
tem que ser em boa educação, acesso à saúde, emprego de qualidade, melhoria da
infraestrutura e espaço para o desenvolvimento do talento empresarial.”.( João
Fellet – da BBC Brasil, em Brasília Atualizado em 11 de março, 2013 – 05:26
(Brasília) 08:26 GMT).
Segundo fonte do Ministério Público, o município de Candói, possui em 2013,
1.475 famílias que recebem o benefício do Programa Bolsa Família, sendo que em 2011 era
de 1.436, e em 2012, 1,514 famílias.
Vale salientar que políticas sociais familiares também podem ser implantadas
junto às populações mais carentes, visando sua sociabilização para enfrentamento das
dificuldades que se vivenciam no seu dia a dia, por meio de Associações de Mães, Pais,
Gestantes, Idosos e jovens, em atividades que complementem a renda doméstica, tendo em
vista a diversidade de sua produção rural e a existência de Centros Comunitários nos núcleos
rurais.
No Candói, segundo Portal do governo federal, em gestões anteriores, foram
extintas a maioria das Associações nas comunidades rurais (23), quais sejam: Clube da
Gestante de Segredo; Clube das Gestantes de Candói; Clube das Gestantes da Paz; Clube das
Mães de Água Branca; Clube das Mães da Paz; Clube das Mães Imaculada Conceição; Clube
das Mães Mader Adimirabilis; Clube das Mães Mãe Benedita; Clube das Mães Passo Grande;
Clube das Mães Passo Grande; Clube das Mães Santa Clara; Clube das Mães Santa Luzia;
Clube das Mães São João Batista – Santa Isabel; Clube das Mães São Miguel; Clube das
114
Mães Segredo; Clube das Mães União da Esperança; Clube das Mães Unidas Venceremos;
Clube do Idoso Dom Bosco; Clube do Idoso de Segredo; Clube do Idoso São Francisco de
Assis; (www.social.seds.pr.gov.br/Relatórios).
Na última gestão, foi implantado o CRAS – Centro de Referência de Assistência
Social, para a promoção de assistência às famílias carentes e ao Idoso, centralizando os
projetos e atividades.
2.3.4.3 - Indicativos de desempenho das políticas sociais do município de Candói -
Paraná
Demonstrados os importantes indicadores de desenvolvimento humano, do Brasil,
do Paraná e do município de Candói, quanto ao processo migratório populacional, dos IDH-M
Geral, da Educação, da Renda e da Saúde, existem ainda possibilidades de melhorias nesses
índices, assim como na redução das desigualdades, apesar da limitação imposta pela renda,
considerando as dificuldades de romper o padrão concentrador da dinâmica econômica local.
Políticas públicas propostas pelo gestor municipal, junto à comunidade, podem ser
desenvolvidas, a partir de reuniões com as várias comunidades urbanas e rurais, sendo esta
área, a mais vulnerável, a partir do momento em que se estabeleçam prioridades nos setores
mais significativos de intervenção social, demonstrados pelos IDHs e, complementarmente,
pelo desempenho de políticas sociais, as quais serão demonstradas com base em dados do
IBGE e observações em informações de pesquisas acadêmicas.
I. Moradia
A área urbana da Sede do Município de Candói está concentrada nos loteamentos
Santa Clara, o mais antigo, de propriedade de Gerci de Paula; loteamento Pioneiro, de
propriedade da família de Acioli de Abreu; loteamento Maraujo, da família do falecido
Heraclides Mendes Araújo; Marinsana II de propriedade da família Abreu e os mais recentes
Jardim Farah I, II e III de propriedade do ex -Prefeito Elias Farah Neto.
O que se observa é que o Plano Diretor do Município, elaborado na gestão de
Elias Farah Neto (primeira gestão) e, possivelmente, revisto na gestão de Maurício Mendes
Araujo, constante no PPA, referente à área urbana da sede, divide a sede do município. De
um lado da rodovia (direito), de quem vem de Guarapuava, onde estão concentradas a
Prefeitura Municipal, Lojas, Farmácia, Posto de Saúde, Lanchonetes, residências, Cartório, e
115
a Cooperativa COAMO, com poucos desenvolvimento habitacional, concentrando-se apenas
em quatro quadras de sua orla.
Do lado esquerdo, concentram-se os loteamentos, que possibilitaram o
desenvolvimento de moradias, com asfalto, meio-fio, praças e equipamentos públicos como a
Câmara Municipal, supermercados, escolas, lojas e oficinas, rádio e parque industrial. Essa
área desenvolveu-se sobremaneira nos últimos anos e, em consequência, beneficiou
diretamente a classe dominante, cujas despesas com benfeitorias públicas foram bancadas
pelos novos moradores adquirentes de lotes e pelo poder público, valorizando sobremaneira
os empreendimentos dos ex-prefeitos, responsáveis pelos próprios benefícios urbanos.
A composição do número de domicílios, segundo uso e tipo, (IBGE- Censo
Demográfico-2000-2010) do município apresenta, em seu total, um crescimento de
residências de 35,15%, (urbana/rural), com incremento de 70,5% de novas propriedades na
área urbana (loteamentos) e 15,8% na área rural. Também o número de imóveis não ocupados
e vagos, alcançam 32,44% das residências.
Atualmente, a administração municipal (2013), está construindo 40 casas
populares, em convênio com a COHAPAR, no valor de R$ 1.208.000,00, na localidade Sol
Poente – Projeto Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. As novas residências
beneficiarão famílias carentes previamente cadastradas e oportunizarão uma melhor qualidade
de vida a seus moradores.
TABELA 25 – NÚMERO DE DOMICÍLIOS NO CANDÓI, SEGUNDO O USO E TIPO –2000 - 2010
DOMICÍLIOS URBANA % RURAL % TOTAL
2000 2010 2000 2010 2000 2010
Total de domicílios
Coletivos
Particulares
Ocupados
Não ocupados
De uso ocasional
Vagos
1.452
5
1.447
1.315
132
20
112
2.467
-
2.467
2.065
402
90
312
69,9
-
70,5
57,0
204,5
350,0
178,6
2.665
1
2.664
2.222
442
282
160
3.097
12
3.085
2.291
794
497
297
16,2
-
15,8
3,1
79,6
76,2
85,6
4.117
6
4.111
3.537
574
302
272
5.564
12
5.562
4.356
1.196
587
609
FONTE: IBGE-2000-2010.
II. Saneamento
Os serviços de saneamento, no Município, apresentam elevadas deficiências
devido à falta de investimentos pelas gestões públicas do município ao longo do tempo.
116
Das 2.614 residências que possuíam água tratada em 2012, apenas 815 possuem
ligações de coleta de esgoto, isto é, 20,30%. Na área rural, são fossas sépticas que
contaminam o meio ambiente. No setor industrial, nenhuma unidade possui sistema de coleta
de esgoto e, no setor comercial, das 258 unidades existentes, apenas 111 possuem. Nas
próprias unidades do setor público, apenas 14,07%, segundo dados do IPARDES 2012.
O abastecimento de água e atendimento de esgoto pela SANEPAR (2012) está
assim constituído:
TABELA 26 – ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ATENDIMENTO DE ESGOTO NO MUNICÍPIO DE
CANDÓI PELA SANEPAR 2010– 2012.
CATEGORIA
ÁGUA ESGOTO
LIGAÇÕES UNIDADE
2010 2011 2012 2010 2011 2012
Residencial
Comercial
Industrial
Utilidade Pública
Poder Público
TOTAL
2.413
245
18
29
67
2772
2.508
245
18
29
67
2.867
2.614
245
18
29
67
2.973
692
145
0
9
21
867
774
145
0
9
21
949
815
145
0
9
21
990
FONTE: SANEPAR – UNIDADES (Economias) é todo imóvel (casa, apartamento, loja, prédio, etc) ou
subdivisão do imóvel, dotado de pelo menos um ponto de água, perfeitamente identificável, como unidade
autônoma, para efeito de cadastramento e cobrança de tarifa.
O destino de lixo domiciliar produzido ainda se constitui uma das políticas
precárias no município, conforme se observa nos dados referentes ao ano de 2000
(MS/SE/Datasus-2013), tendo como base de cálculo o número de moradores.
TABELA 27 - PROPORÇÃO DE MORADORES POR DESTINO DO LIXO -2000
Tipo de Destino do Lixo 2000
Coletado
Queimado (na propriedade)
Enterrado (na propriedade)
Jogado
Outro destino
35,2%
46,3%
7,4%
8,0%
3,2%
FONTE: IBGE/censos demográficos
Até o exercício de 2010, o lixo era a céu aberto e em 2011/2012, foi adotado o
aterro sanitário a título precário.
Segundo a definição da OMS, o saneamento básico “ é o controle de todos os
fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito nocivo sobre o bem
estar físico, mental ou social”. Dessa forma, medidas de prevenção devem ser prioritárias nas
políticas sociais dos programas de governo em qualquer nível. Medidas de prevenção de
saneamento básico e saúde estão assim identificadas:
Abastecimento de água;
117
Manutenção do sistema de esgoto;
Coleta, remoção e destinação final do lixo;
Drenagem de águas pluviais;
Controle de insetos e roedores;
Saneamento dos alimentos;
Controle da poluição ambiental;
Saneamento da habitação, dos locais de trabalho e de recreação;
Saneamento aplicado ao planejamento territorial.
FOTO 05 – Lixão a céu aberto.
FONTE: Sérgio Bucco (sergiobucco.blogspot) Nov.2010.
Indicadores sociais no Brasil em 2010, afirmam que a política de saneamento
básico é responsável pela criação de 64 mil postos diretos de trabalho. Segundo o SNIS (
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento- 2010), divulgado em junho de 2012, a
distribuição de água potável chega a 81,1% da população. Relativamente à coleta de esgoto,
ela chega a 46,2% dos brasileiros e se comparada com o município de Candói, 29,43%, no
geral.
III - Energia elétrica
O consumo de energia elétrica incluindo a área rural atende 91,16% das
residências no Município. O número de consumidores com maior destaque está na área rural,
com aumento de 29,9%, (2007/2011), proveniente de Programas Governamentais – Luz para
Todos.
Segundo Relatório da COPEL, de 15 de março de 2012, o Paraná está bem
próximo de universalizar o acesso à rede elétrica no meio rural. Nos últimos cinco anos, a
Copel levou o serviço, gratuitamente, a 80 mil famílias paranaenses do campo.
118
Com isso, hoje, 97,5% de toda a população residente em áreas rurais no Estado
tem eletricidade em casa. A taxa de atendimento com rede elétrica no meio rural é resultado
da execução de mais de 15 programas de eletrificação rural dentre eles Luz para Todos, do
governo federal.
Da década de 1960 até hoje, a Copel já realizou mais de 14 mil obras de extensão
de redes para levar eletricidade a mais de 382 mil famílias e propriedades rurais no Paraná.
Apenas no programa “Clic Rural”, desenvolvido durante o governo de José Richa, entre 1984
e 1988, mais de 120 mil famílias paranaenses passaram a ter acesso aos serviços de energia.
TABELA 28 – CONSUMO E NÚMERO DE CONSUMIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, NO
MUNICÍPIO DE CANDÓI – 2007-2011
CATEGORIAS
CONSUMO (MWH) CONSUMIDORES
2007 2011 % 2007 2011 %
Residencial
Setor Secundário
Setor Comercial
Rural
Outras classes
TOTAL
3.020
9.401
3.064
5.906
2.441
23.832
3.992
10.089
3.291
7.050
2.896
27.318
32,2
7,3
7,4
19,4
18,6
14,6
2.206
42
256
1.592
86
4.182
2.598
35
258
2.068
113
5.072
17,7
-16,7
0,8
29,9
31,4
21,3
FONTE: COPEL, Concessionárias – CPFL, COCEL, FORCEL, CFLO e CELESC.
119
CAPÍTULO III
A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA
3.1.Teorias Econômicas e o Emprego no Brasil
O estudo da economia clássica nos ensina que a mão de obra disponível está
vinculada à acumulação do capital disponível para contratar trabalho. Assim, quanto maior a
quantidade de capital, maior seria o nível de emprego. Já a corrente marxista, considerava o
desemprego, como causa da dinâmica da produção capitalista que, para atender a demanda ou
competitividade do mercado, estimulava a inovação tecnológica que, progressivamente,
substituía a mão de obra, por capital.
Segundo OCIO (1995, p.4)
Nas sociedades modernas, a geração de empregos em quantidade e qualidade
adequadas é um objetivo em si mesmo, essencial para a manutenção da ordem
democrática. O acesso ao trabalho digno, que é um direito do cidadão, no caso do
Brasil garantido explicitamente na Constituição, representa a principal forma de
inserção do indivíduo na sociedade, pois é através da remuneração do trabalho, que a
maioria das pessoas aufere sua renda e adquire reconhecimento social. O
desemprego não pode ser conceituado teoricamente como uma simples imperfeição
temporária do mercado de trabalho, ao contrário, pertence à essência do sistema
econômico, fruto da industrialização, urbanização, crescente especialização e, mais
amplamente, da transformação do trabalho em mercadoria. Ao não ter acesso ao
sistema de produção e distribuição de renda, os desempregados estão, para todos os
efeitos, excluídos da sociedade (OCIO, Domingo Zurrón, 1995, FGV Relatório N.
11/95).
Acrescenta o autor (1995, p.5) que,
[...] embora a posse de um emprego formal não assegure necessariamente um padrão
de vida familiar digno, o desemprego em larga escala, afeta a maioria dos países
capitalistas, inclusive os ricos e institucionalmente consolidados, representando
exclusão social. Cada vez se torna mais claro que, os deslocamentos desordenados
de populações, a violência urbana e a instabilidade política, têm muito a ver com a
dificuldade e até a impossibilidade de vastos contingentes de pessoas integrarem-se
adequadamente no sistema econômico.
Tais contingências podem ser observadas no Brasil, face ao deslocamento de
grande massa de mão de obra da área rural, para os grandes centros ou regiões metropolitanas
mais desenvolvidas.
Para municípios instalados nas últimas décadas, as primeiras ações de governo
ficam restritas à promoção do levantamento de suas necessidades; à instalação de sua
120
estrutura organizacional; à legalização de seus atos administrativos; à mantença de serviços
básicos e prioritários como saúde e educação; à promoção de políticas públicas de atração de
novos empreendimentos que possam gerar emprego e renda aos seus munícipes.
Para a classe empresarial e novos empreendedores, a instalação de novos
municípios é a expectativa de ocupar espaço para atender as demandas do novo ente público e
sua população, quer seja em prestação de serviços, pequenas indústrias e comércio em geral.
Para a população rural, a oportunidade de migrar para a sede do município em
busca de novas oportunidades de emprego e de serviços básicos de atendimento para a sua
família.
Dados do IBGE/2006 – Censo Agropecuário demonstram que o setor agrícola é o
que concentra o maior número de trabalhadores no Brasil, mas também o que apresenta a
maior migração de mão de obra de trabalhadores diaristas ou membros de famílias, sem
Carteira de Trabalho, às grandes regiões metropolitanas.
QUADRO 26 – PESSOAL OCUPADO NOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS - BRASIL
1975-2006.
REGIÕES
PESSOAL OCUPADO NOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS
1975 1980 % 1985 % 1995 % 2006 % 75/06
NORTE 1.412.647 1.781.611 26,1 2.478.054 39,1 1.877.797 -24,2 1.655.645 -11,8 17,9
NORDESTE 8.738.763 9.333.172 6,8 10.441.667 11,9 8.210.809 -21,4 7.698.631 -6,2 -11,9
SUDESTE 4.145.513 4.312.211 4,0 4.738.188 9,8 3.440.735 -27,4 3.282.962 -4,6 -20,8
SUL 4.831.843 4.391.811 -9,1 4.490.282 2,2 3.383.348 -24,6 2.920.420 -13,7 -39,6
CENTRO OESTE 1.216.926. 1.344.930 10,5 1.246.728 -7,3 1.018.201 -18,3 1.009.886 -0,8 -17,0
TOTAL 20.345.692 21.163.735 4,0 23.394.919 10,5 17.930.890 -23,3 16.567.544 -7,6 -18,6
FONTE: Censo Agropecuário IBGE 2007.
Com exceção da Região Norte que, no final do exercício de 2006, apresentou uma
população de 17,9% em relação a 1975, a década de 90 foi o período de evasão da população
rural em direção aos grandes centros e, em sua maioria, na busca de emprego e de uma melhor
condição de vida, o que nem sempre se constitui em uma afirmativa verdadeira.
O estoque de empregos no Brasil com Carteira de Trabalho assinada, em 2011,
concentra-se na área de Serviços 33,19%, seguida pelos Empregos Públicos 19,66%,
Comércio 19,09%, Indústria de Transformação 17,52%, Construção Civil 5,94%,
Agropecuária 3,20% e Extração Mineral 0,50% .
O estoque de emprego é reflexo de sua economia, e os índices de emprego em
países em desenvolvimento, estão atrelados ao crescimento da renda.
121
QUADRO 27 – ESTOQUE DE EMPREGOS FORMAIS POR SETOR NO BRASIL
SETOR 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Extr. Min. 140.519 147.560 183.188 185.444 204.938 208.836 211.216 231.380
Ind.Transform. 5.926.857 6.133.461 6.594.783 7.082.167 7.310.840 7.361.084 7.885.702 8.113.808
Serv.Util.Públ. 327.708 341.991 344.565 364.667 375.370 385.379 402.284 412.741
Constr.Civil 1.118.570 1.245.395 1.393.446 1.617,989 1.914.596 2.132.288 2.508.922 2.750.173
Comércio 5.587.263 6.005.189 6.330.341 6.840.915 7.324.108 7.692.951 8.382.239 8.842.877
Serviços 9.901.216 10.510.762 11.229.881 11.935.782 12.581.417 13.235.389 14.345.015 15.372.455
Adm.Pública 7.099.804 7.543.939 7.721.815 8.198.396 8.310.136 8.763.970 8.923.380 9.103.601
Agropecuária 1.305.639 1.310.320 1.357.230 1.382.070 1.420.100 1.427.649 1.409.597 1.483.790
TOTAL 31.407.576 33.238.617 35.155.249 37.607.430 39.441.566 41.207.546 44.068.355 46.310.631
FONTE: RAIS – Dec.76.900/75
Dessa forma, pode-se entender que a expansão de uma dada economia é produto
basicamente de quatro variáveis: consumo, investimento, gasto público e balança comercial,
cujos reflexos podem passar de um exercício para outro, como é o caso de 2010 e 2011.
TABELA 29 – ESTOQUE DE EMPREGO E PIB NO BRASIL 2004 – 2011
ANO EMPREGO PIB
2004 ... 5,71 2005 5,83 3,16 2006 5,77 3,96 2007 6,97 6,09 2008 4,88 5,16 2009 4,48 -0,60 2010 6,94 7,50 2011 5,09 2,70
FONTE: IBGE. Adaptada pelo autor.
Considerando que a metodologia aplicada pelo IBGE, representa a remuneração
salarial média do trabalhador, dividida pelo número de dependentes, (renda per capita),
buscamos nas RAIS do Ministério do Trabalho, dados que representem a renda do trabalhador
brasileiro por Regiões e Grau de Escolaridade, sem considerar seus dependentes, mas que
também sofre influências de outras variáveis conforme a característica da Região.
A Tabela 30 representa a média salarial por Regiões e Estados da Federação, no
período compreendido entre 2004 e 2011. Se aplicarmos os índices de reajuste salarial,
teremos: 2004/2005 um reajuste de 15,4%; de 2005/2006 de 10,0%; de 2006/2007 de 8,6%;
de 2007/2008 de 9,2%; de 2008/2009 de 12,0%; de 2009/2010 de 9,7%; de 2010/2011 de
6,9%. Assim, nesse período, o reajuste salarial disposto em Lei, foi de 172,50%.
A perda salarial no período é significativa se aplicarmos simplesmente o
percentual do salário determinado em Lei, (R$200,00 em 2004 e R$ 545,00 em 2011)
representando 172,50% sobre a média salarial da remuneração do trabalhador.
122
Na Região Norte, a média salarial, em 2011, deveria estar em R$ 5.140,98; na
Região Nordeste, de R$ 4.092,70; na Região Sudeste, de R$ 5.222,22; na Região Sul, de R$
4.671,06; e no Centro Oeste de R$ 6.035,57. Mas isso não ocorre na realidade.
Nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a renda média do trabalhador era de 4
Salários Mínimos em 2011, justificando-se pela concentração de indústrias, comércio e
serviços. No Distrito Federal, a renda média está acima de 7 Salários Mínimos, pelos elevados
salários pagos aos servidores públicos concentrados nos três Poderes da República.
TABELA 30 – REMUNERAÇÃO MÉDIA DO TRABALHADOR (RAIS) DE DEZEMBRO, A PREÇOS
DE DEZEMBRO (1) – BRASIL E REGIÕES.
UNIDADES FEDERAÇÃO
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
NORTE (*) 1.049,07 1.091,45 1.343,33 1.341,10 1.508,35 1.568,16 1.846,30 1.886,60 ACRE 1.021,19 1.062,14 1.344,96 1.408,20 1.543,56 1.541,08 1.844,02 1.883,67 AMAZONAS 1.165,15 1.183,44 1.401,64 1.389,32 1.635,96 1.596,68 1.816,03 1.848,12 RORAIMA 1.110,28 1.263,26 1.616,88 1.508,42 1.587,40 1.785,44 2.067,33 2.054,98 RONDÔNIA 1.017,66 1.036,23 1.213,75 1.219,29 1.361,49 1.448,78 1.722,67 1.774,08 PARÁ 847,09 863,54 1.057,40 1.088,32 1.269,94 1.305,39 1.585,38 1.625,45 AMAPÁ 1.326,40 1.305,59 1.656,99 1.636,57 1.875,16 1.922,52 2.267,50 2.224,54 TOCANTINS 855,76 925,97 1.111,67 1.137,57 1.284,98 1.377,21 1.621,19 1.795,35 NORDESTE (*) 786,21 824,15 994,85 1.005,08 1.170,60 1.235,24 1.447,48 1.501,91 MARANHÃO 784,65 799,37 951,05 979,98 1.142,96 1.224,01 1.422,89 1.493,37 PIAUÍ 748,77 778,48 952,86 954,55 1.149,32 1.219,60 1.391,45 1.446,56 CEARÁ 746,46 777,18 930,45 927,34 1.099,79 1.133,31 1.303,66 1.367,79 RIO G. NORTE 796,56 818,20 1.028,73 1.038,19 1.206,09 1.268,45 1.520,71 1.577,68 PARAÍBA 732,61 760,92 910,71 911,10 1.036,92 1.130,31 1.383,88 1.419,01 PERNAMBUCO 812,36 841,15 998,52 1.015,86 1.188,86 1.244,04 1.453,32 1.536,17 ALAGOAS 732,84 779,43 957,71 968,51 1.101,62 1.175,41 1.363,35 1.414,65 SERGIPE 872,17 963,92 1.150,68 1.153,06 1.350,56 1.419,06 1.675,21 1.704,36 BAHIA 849,47 898,71 1.072,90 1.097,15 1.259,30 1.302,94 1.512,82 1.557,63 SUDESTE (*) 1.113,23 1.134,39 1.345,95 1.361,36 1.560,32 1.608,25 1.872,06 1.916,41 MINAS GERAIS 889,64 904,05 1.095,95 1.102,31 1.273,80 1.316,39 1.555,08 1.621,75 ESPÍRITO SANTO 945,14 979,89 1.186,62 1.198,60 1.372,39 1.433,41 1.694,41 1.698,06 RIO DE JANEIRO 1.276,82 1.286,79 1.523,70 1.553,12 1.790,53 1.850,89 2.139,04 2.175,68 SÃO PAULO 1.341,35 1.366,84 1.577,52 1.591,43 1.804,55 1.832,30 2.099,73 2.170,16 SUL 1.029,38 1.055,07 1.240,23 1.250,13 1.428,54 1.459,92 1.705,27 1.764,15 PARANÁ 988,18 1.019,30 1.192,72 1.216,76 1.410,84 1.434,72 1.682,60 1.759,38 SANT.CATARINA 980,76 1.008,45 1.191,70 1.204,23 1.371,03 1.415,82 1.665,58 1.718,46 RIO G. DO SUL 1.119,21 1.137,47 1.336,28 1.329,41 1.503,74 1.529,22 1.767,64 1.814,60 CENTRO-OESTE 1.216,06 1.252,37 1.597,88 1.577,38 1.834,77 1.892,43 2.196,50 2.214,89 MATO G. SUL 910,70 961,03 1.208,15 1.195,30 1.406,16 1.459,27 1.706,85 1.747,48 MATO GROSSO 890,54 882,24 1.128,23 1.131,31 1.303,41 1.356,90 1.626,11 1.678,45 GOIÁS 837,44 880,89 1.070,23 1.103,59 1.249,53 1.308,50 1.513,41 1.597,77 DISTR. FEDERAL 2.225,56 2.285,34 2.984,90 2.879,34 3.379,99 3.445,06 3.939,65 3.835,88
FONTE: RAIS – Dec.76.900/75. Elaboração: CGET/DES/SPPE/MTE. ( 1) Deflator INPC.
O relatório “Síntese de Indicadores Sociais”, divulgado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) em 29/11/2013, revela que:
123
Um em cada cinco jovens de 15 a 29 anos não estuda nem trabalha e,
desses, 70% são do sexo feminino. A diferença salarial entre gêneros aumenta
conforme o grau de escolaridade. Em 2002, o rendimento das mulheres era
equivalente a 70% do rendimento dos homens. Em 2012, dez anos depois, a relação
passou para 73%. Para aqueles com 12 anos ou mais de estudo, a situação é ainda
mais desigual: o rendimento feminino cai para 66% da renda masculina.
Também há diferenças em relação à ocupação de cargos gerenciais: o
acesso de pessoas com 25 anos ou mais aos cargos de direção ficou em 5% para as
mulheres e 6,4% para os homens. “Mesmo em setores em que as mulheres são
maioria, como os setores de saúde, educação e serviços sociais, há uma desigualdade
maior entre homens e mulheres”, (Cristina Soares, pesquisadora do IBGE.2014).
QUADRO 28 – GRAU DE ESCOLARIDADE DOS TRABALHADORES E REMUNERAÇÃO MÉDIA
DE DEZEMBRO, EM REAIS, A PREÇOS DE DEZEMBRO (1). BRASIL
GRAU DE ESCOLARIDADE
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Analfabeto 440,44 452,57 581,62 596,78 675,75 712,33 832,82 890,49
4ª série incompleta E.F. 580,63 596,83 739,49 766,74 873,41 895,80 1.041,27 1.077,58
4ª série Completa E.F. 653,34 669,07 794,57 817,46 933,22 960,71 1.124,81 1.167,53
8ª série incompleta E.F. 659,05 669,38 795,30 812,77 927,62 957,93 1.115,87 1.163,91
Ensino Fundam. Completo 723,59 731,82 865,05 905,05 1.001,53 1.045,50 1.205,77 1.213,68
Ensino Médio Incompleto 710,02 707,19 828,28 842,89 942,77 962,60 1.105,47 1.121,75
Ensino Médio Completo 971,99 968,66 1.117,94 1.112,10 1.247,52 1.264,05 1.448,32 1.464,32
Superior Incompleto 1.524,49 1.502,60 1.726,52 1.736,91 1.920,40 1.882,62 2.152,21 2.216,00
Superior Completo 2.795,45 2.815,40 3.359,66 3.242,40 3.758,23 3.779,78 4.333,83 4.400,88
Mestrado - - - - - - 4.258,44 5.584,41
Doutorado - - - - - - 8.197,13 8.490,52
FONTE: RAIS – Dec. 76.900/75
ELABORAÇÃO: CGET/DES/SPPE/TEM. (1) Deflator INPC.
O grau de escolaridade, como se demonstra, é fundamental para a melhoria da
renda da população trabalhadora a qual, mesmo dispondo de ensino público gratuito até a
graduação superior e pós-graduação, não se dispõe a lutar por um espaço com melhores
salários.
A concentração de famílias em regiões distantes dos grandes centros e ou da Sede
dos municípios, com falta de recursos para locomoção e infraestrutura, pode ser considerado
como fator impeditivo na obtenção de uma escolaridade superior.
3. 2 A Geração de Emprego nos Setores Econômicos do Município de Candói
Após a instalação do município, novas oportunidades de trabalho se fizeram
presentes quer pela instalação de novas pequenas empresas e, também, com a criação da
ELEJOR – Centrais Elétricas do Rio Jordão S.A., em 2001 para a construção do complexo
energético Fundão Santa Clara, empresa de economia mista, COPEL – Companhia
Paranaense de Energia Elétrica e Empresa Paineira Participações e Empreendimentos Ltda.
124
O complexo é composto pelas Usinas de Santa Clara (Candói) e Fundão (Foz do
Jordão), que juntas somam 240 MW, gerando energia com capacidade para 600 mil
habitantes. As obras tiveram início em 23 de agosto de 2002 (Santa Clara) e encerramento em
31 de julho de 2005. A Hidrelétrica do Fundão encerrou sua obra em 03 de agosto de 2006,
reduzindo a demanda de empregos a partir desse período. Em março de 2011, iniciou-se a
construção de mais uma Usina, a do Rio Cavernoso II, pela COPEL, fazendo retornar a
geração de emprego na região entre os municípios de Virmond e Candói. Conforme o
DIEESE (2011), os empregos, segundo os setores econômicos do Candói, estão assim
constituídos:
QUADRO 29 – EMPREGOS FORMAIS NO MUNICÍPIO DE CANDÓI NO PERÍODO DE 2002 A 2011
SETORES
NÚMERO DE EMPREGOS
2002 2006 2010 2011 VAR.%
Extrativa mineral 2 2 3 2 0,00
Indústria de Transformação 190 186 232 223 17,37
Construção Civil 1 1 17 14 1.300,0
Comércio 191 268 431 427 123,56
Serviços 141 218 230 266 88,65
Administração Pública 418 497 526 512 22,49
Agricultura 246 286 368 384 56,10
TOTAL 1.189 1.458 1.807 1.828 53,74
FONTE: MTE/RAIS. Elaborado pelo DIEESE/ER-PR.
No setor da Indústria de Transformação os subsetores de Madeira/Mobiliário e
Papel/Gráfica, concentram 79,30% dos empregos gerados no setor, no período 2002/2011.
QUADRO 30 – EMPREGO E RENDA POR SEXO NO MUNICÍPIO DE CANDÓI 2002 A 2011
ANO ESPECIFICAÇÃO MASCULINO FEMININO TOTAL
2002
Empregos 801 388 1.189
Part. % 67,37 32,63 100,00
Salário Médio 586,97 519,54 564,96
No Salários Mínimos 2,93 2,60 2,82
2006
Empregos 901 557 1.458
Part. % 61,80 38,20 100,00
Salário Médio 989,64 817,31 923,81
No Salários Mínimos 2,83 2,72 2,64
2010
Empregos 1.151 656 1.807
Part. % 63,70 36,30 100,00
Salário Médio 1.335,42 1.080,42 1.242,85
No Salários Mínimos 2,62 2,12 2,44
2011
Empregos 1.134 694 1.828
Part. % 62,04 37,96 100,00
Salário Médio 1.429,95 1.153,70 1.325,07
No Salários Mínimos 2,62 2,12 2,43
FONTE: MTE/RAIS - Elaboração: DIEESE-PR
No setor do comércio, o subsetor Comércio Varejista é responsável por 85,57% e,
no setor de Serviços, o subsetor Alojamentos Comunitários, por 50,40%.
125
Observa-se, no total da geração de emprego, um crescimento quase vegetativo nos
dois últimos anos, apesar do forte crescimento do número de empresas – 282 unidades,
(Quadro 39) a partir de 2010 a 2013, representando 53,8% das empresas ativas.
Ocorre também, quando da reposição de vagas, uma perda salarial gradativa na
remuneração dos empregados registrados, bem como uma disparidade salarial quanto ao
gênero.
QUADRO 31 – FAIXA DO TAMANHO DOS ESTABELECIMENTOS DO MUNICÍPIO DE CANDÓI
Tamanho do
Estabelecimento
EMPREGOS
2002 2006 % 2010 % 2011 %
Até 4 empregados 200 256 28,0 317 13,2 361 13,9
De 5 a 9 empregados 192 224 16,7 396 76,8 360 (9,1)
De 10 a 19 empregados 168 223 32,7 233 4,5 260 11,6
De 20 a 49 empregados 135 167 23,7 220 31,7 249 13,2
De 50 a 99 empregados 80 0 (100,) 123 100 97 (21,1)
De 100 a 249 empregados 0 101 100 0 (100) 0 0
De 250 a 499 empregados 414 487 17,6 0 0 0 0
De 500 a 999 empregados
TOTAL
0
1.189
0
1.458
-
22,6
518
1.807
0
23,9
501
1.828
(3,3)
1,16
FONTE:MTE/RAIS. Elaboração: DIEESE-PR
Se retirarmos os empregos gerados pela Prefeitura Municipal das duas últimas
faixas, (de 250/499 e 500/999), teremos no exercício de 2002 -775 empregos; 2006 – 971
empregos; em 2010 – 1.289 empregos e em 2011 – 1.327 empregos, com uma evolução
respectivamente: (2002/2006) de 25,3%, que representa em média 5,06%; (2007/2010)
32,5% em média 8,12% ao mês e em 2011, apenas 2,9%, o que reflete, atualmente, a
realidade do município.
As expectativas de novos empreendimentos no município foram melhores nos
dois últimos anos, se comparado com o período de 2002/2006 entre o comércio local, cuja
média de tempo de emprego, está assim concentrada:
QUADRO 32 – FAIXA DE TEMPO DE EMPREGO NAS EMPRESAS DO CANDÓI
TEMPO 2002 2006 2010 2011
Até 6 meses 176 174 300 248
De 6 a 12 meses 169 193 246 302
De 12 a 24 meses 285 239 275 292
De 24 a 36 meses 130 182 218 183
Mais de 36 meses 429 666 768 803
TOTAL 1.189 1.458 1.807 1.828 FONTE: MTE/RAIS - Elaboração: DIEESE-PR
O aumento de permanência no emprego, mesmo mantendo o mesmo número de
empresas, segundo o CAGED, é uma expectativa de estabilidade, mas com a média salarial
decrescendo nos últimos anos analisados. O indicativo de mais de 36 meses está concentrado
126
nos empregos públicos (Prefeitura e Órgãos do Estado) e empresas de grande porte, como a
ELEJOR (economia mista) e Indústrias de Papel e Celulose.
QUADRO 33 – ROTATIVIDADE DE EMPREGOS TOTAL NOS SETORES ECONÔMICOS DO
MUNICÍPIO DE CANDÓI - 2007 A 2011
AGREGADA
TOTAL
2007 2008 2009 2010 2011
Admissões 383 482 564 614 525 Desligamentos 366 445 506 544 526 Variação Absoluta 17 37 58 70 -1 Estabelecimentos 638 638 638 638 638 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal
Dados constantes no CAGED/TEM observa que não houve alteração no número
de estabelecimentos (638) ao longo do período de 2007 a 2011. Isso demonstra, em última
análise, que os setores secundário e terciário estão estagnados, mantendo apenas a
rotatividade de pessoal, que é extremamente elevada, principalmente em 2011.
Entretanto, os dados existentes no setor de tributação da Prefeitura Municipal de
Candói registram 375 até 2011 e 524 empresas ativas até dezembro de 2013. Possivelmente, a
diferença deve estar na falta de cadastro de profissionais pessoas físicas.
Considerando que, em municípios cuja atividade econômica principal é o setor
primário, tanto os setores secundário e terciário devem se adequar às expectativas dos
resultados e períodos tanto das safras agrícolas que de sua comercialização a médio e longo
prazo e, em segundo plano, aos investimentos e aquisições pelos órgãos públicos existentes
no município.
Em curto prazo, cabe ao empresário ou investidor, analisar o quadro de
concorrências local e o potencial de capital disponível proveniente dos empregos formais,
destinados à alimentação, educação, aluguéis, isto é, o volume de renda dos salários
disponibilizados para a manutenção da família pelo comércio e serviço local.
Segundo dados do Departamento de Tributação da Prefeitura Municipal de
Candói (26.2.2014), desde a sua instalação, 1.337 empresas se instalaram, no período de 1993
a 2013. Entretanto, constata-se que apenas 524 empresas se mantém ativas, 218 foram
baixadas e 595 foram desativadas. .
Os quadros a seguir, irão demonstrar em que setores econômicos estão ocorrendo
maior rotatividade de mão de obra.
127
QUADRO 34 - AGROPECUÁRIA, EXTRAÇÃO VEGETAL, CAÇA E PESCA
AGREGADA
2007
2008
2009
2010
2011
Admissões 82 73 84 100 88 Desligamentos 71 74 90 84 71 Variação Absoluta 11 -1 -6 16 17 Estabelecimentos 93 93 93 93 93 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.
Nas empresas comerciais voltadas à agropecuária e segmentos, no período, foram
admitidas 477 pessoas e demitidas 437, com uma variação positiva de 40 pessoas nos últimos
seis anos, significando que 91,6% perderam ou optaram por outro emprego.
QUADRO 35 - COMÉRCIO
AGREGADA
2007
2008
2009
2010
2011
Admissões 136 201 254 227 234 Desligamentos 133 164 201 220 229 Variação Absoluta 3 37 53 7 5 Estabelecimentos 233 233 233 233 233 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.
QUADRO 36 - SERVIÇOS
AGREGADA
2007
2008
2009
2010
2011
Admissões 95 115 129 168 107 Desligamentos 93 106 98 147 115 Variação Absoluta 2 9 31 21 -8 Estabelecimentos 255 255 255 255 255 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.
No comércio e serviços em geral, foram admitidas 1.900 pessoas no período e
desligadas 1.688, com uma variação positiva de 212 pessoas nos últimos seis anos, em vista
da existência de grande concentração de pequenas empresas que utilizam a própria residência,
na área urbana da Sede, como empresa.
Por se tratarem de micro empresas em sua grande maioria, são sensíveis ao
mercado, gerando grande rotatividade de mão de obra, bem como de empresas que encerram
suas atividades.
Com o surgimento da Lei 8666/93 de Licitações e Contratos Administrativos, os
processos licitatórios, observados os princípios da legalidade, transparência e ampla
publicidade, fizeram com que empresas locais fossem pouco competitivas em preços,
quantidades e qualidades de seus produtos, frente às grandes empresas das cidades limítrofes
128
mais desenvolvidas, como Guarapuava e Dois Vizinhos, para atender as necessidades dos
órgãos públicos existentes no Município.
A participação de empresas locais é pouco expressiva e, analisados os empenhos
emitidos pelo órgão público, constata-se que a preponderância da origem e valor dos gastos
são de empresas de Guarapuava, Dois Vizinhos, Curitiba, Cascavel, Maringá, sendo estas
últimas do setor de medicamentos. Assim, tanto o comércio quanto serviços, giram em torno
do salário dos trabalhadores do município, com raras exceções na aquisição de combustíveis,
lubrificantes, serviços de transporte escolar, e pequenos consertos em veículos, visto que o
conserto das máquinas – tratores, retroescavadeiras, pá-carregadeira, motoniveladoras, dentre
outros, são realizadas em Curitiba.
QUADRO 37 - EXTRATIVA MINERAL
AGREGADA
EXTRATIVA MINERAL
2007
2008
2009
2010
2011
Admissões 0 1 2 4 1 Desligamentos 1 1 0 4 2 Variação Absoluta -1 0 2 0 -1
No setor extrativista mineral, a atividade é nula, mesmo existindo jazidas de
cristais de rocha, que não são exploradas.
QUADRO 38 - INDÚSTRIA DE TRANSFERÊNCIA
AGREGADA
INDÚSTRIA DE
TRANSFERÊNCIA
2007
2008
2009
2010
2011
Admissões 70 88 70 104 75 Desligamentos 67 98 96 79 84 Variação Absoluta 3 -10 -26 25 -9 Estabelecimentos 34 34 34 34 34 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.
Nas atividades de indústrias de transferências, as admissões, no período de 2007 a
2011, chegam a 407 e 424 desligamentos, portanto um saldo negativo de 17 empregos, nas
admissões de exercícios anteriores.
A construção civil apresenta 69 admissões e 61 desligamentos, significando que o
setor não possui competitividade para a execução de obras públicas no Município, em face da
concorrência de empresas de outros municípios. Outro fato que merece destaque é que as
empresas prestadoras de serviço contratam mão de obra local, mas seu registro é anotado na
cidade de origem da empresa. Existe a expectativa de crescimento com a criação do novo
loteamento, Farah III, na área de construção civil, além de novas obras de infraestrutura.
129
QUADRO 39 - CONSTRUÇÃO CIVIL
AGREGADA
2007 2008 2009 2010 2011 2012*
Admissões 0 4 25 11 20 9 Desligamentos 1 2 21 10 25 2
Variação Absoluta -1 2 4 1 -5 7 Estabelecimentos 18 18 18 18 18 18
O que se vislumbra em vários estudos e já afirmado neste trabalho, é que a
geração de emprego, em pequenos municípios, está na dependência da produção agrícola em
face de falta de investimentos na agroindústria.
O setor público, conforme se observa nos estudos dos Planos Plurianuais, tem
investido em construção de obras públicas, visando dotar a sede e os principais núcleos rurais
de instalações públicas e de infraestrutura urbana, mas são executadas por empresas de outras
cidades. Mesmo que contrate mão de obra local, esses resultados não aparecem nas
estatísticas locais e nos relatórios do CAGED.
A demanda por trabalho e oportunidades de negócios nos setores secundário e
terciário, conforme se observa no Município de Candói, apresenta um baixo crescimento de
geração de emprego.
Na análise geral, constata-se, a partir de dados fornecidos pela Divisão de
Tributação da Prefeitura Municipal, que, desde a sua instalação (1993), foram registradas
1.337 empresas, em sua maioria, microempresas, estando ativas, em dezembro de 2013,
apenas 524, representando 39,19%, incluindo o Setor Secundário.
QUADRO 40 - NÚMERO DE EMPRESAS CADASTRADAS E TAMANHO 1993-2013.
NÚMERO DE EMPRESAS TAMANHO DA EMPRESA
ATIVAS BAIXA DESATIVADAS TOTAL MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE
524 218 595 1337 963 119 239 16
FONTE: Departamento de Tributação da Prefeitura de Candói.26/2/2014.
A partir do exercício de 2010, observa-se um aumento gradativo de novas
empresas no município, motivadas pela existência de infraestrutura da Sede do município,
podendo, com os novos incentivos da gestão 2013, via SEBRAE, proporcionarem um
crescimento na geração de emprego via maior competitividade nas licitações mediante a
modalidade Pregão nas compras de materiais e serviços oferecidos pela Prefeitura Municipal.
130
QUADRO 41 - NÚMERO DE EMPRESAS ATIVAS DE 1993 A 2013 POR ANO DE INSTALAÇÃO
ANO DE INSTALAÇÃO TOTAL ANO DE INSTALAÇÃO TOTAL
1993 14 2003 08 1994 06 2004 09 1995 04 2005 18 1996 06 2006 22 1997 04 2007 22 1998 08 2008 32
1999 11 2009 32
2000 09 2010 49
2001 11 2011 84
2002 09 2012 71
2003 08 2013 78
2004 09 TOTAL 524
Fonte: Setor de Tributação – Cadastro de Empresas – Prefeitura Municipal de Candói, dez.2013.
Estando o consumo atrelado à renda, e considerando que mesmo tendo o
Município registrado nos últimos quatro anos, (2010/2013), 282 novas empresas, a geração de
novas oportunidades de emprego registrou em igual período um saldo positivo de 277 novos
postos de trabalho por setor de atividades econômicas, isto é menos que um emprego por
empresa.
QUADRO 42 – EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA DE
JANEIRO A DEZEMBRO DE 2011 A 2013.
ATIVIDADES
GERAÇÃO DE EMPREGOS
2010 2011 2012 2013
Extrativa Mineral 0 -1 2 -1
Indústria de Transformação 26 -12 -2 32
Serviços Industriais 0 0 0 0
Construção Civil 2 -5 16 5
Comércio 13 11 29 29
Serviços 19 -6 13 42
Administração Pública 0 0 0 0
Agropecuária 21 17 9 18
TOTAL 81 4 67 125
FONTE: CAGED – SALDO DO MUNICÍPIO.
No setor primário, o rol de incentivos do Governo Federal e Estadual é mais
consolidado e presente, inclusive com recursos financeiros sem contrapartida do município,
permitindo uma maior diversificação de culturas e permitindo, ao homem do campo, gerar sua
própria renda e seu trabalho.
O Emprego nos Estabelecimentos Rurais do Município de Candói, com uma
população economicamente ativa, de 10 anos ou mais de idade, segundo Censo do
IBGE/2010, é na ordem de 6.905 indivíduos, sendo, 4.262 do sexo masculino e 2.643 do sexo
131
feminino, 44,18%. 3.051 pessoas trabalham na agricultura, pecuária, produção florestal e
pesca.
No Censo do IBGE/2006, o pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários
em 31/12/2006, era de 3.573 do sexo masculino e 2.586 do sexo feminino, totalizado 6.159
pessoas representando 40% da população do município. Comparando-se os dados, houve
crescimento de 12,1%.
O emprego, na agricultura de Candói caracteriza-se, em sua maioria, como
pequenos proprietários rurais, e diaristas recrutados esporadicamente, entre a população com
idade acima de 14 anos. A mão de obra é empregada de forma sazonal em relação às safras
agrícolas. Os trabalhadores rurais do município também são contratados como mão de obra
temporária na colheita de maçã no Estado de Santa Catarina.
A renda média domiciliar do município, no período de 2000 a 2010 (Tabela 32),
cresceu em 29,97% nos últimos 10 anos, enquanto o Paraná obteve crescimento em igual
período de 37,35% e o Brasil 30,90%. Entretanto existe a concentração de renda dos grandes
proprietários de terras que, na média, possibilita uma expectativa de melhoria no padrão de
renda para todos, o que não reflete a realidade.
Existem estudos de autores cepalinos dentre os quais Raul Prebisch, citado por
SOUZA (2007, p. 160) definindo que:
O sistema social fechado e elitista continua gerando privilégios na distribuição de
riqueza e da renda, dificultando a generalização dos frutos do crescimento
econômico a um número maior de pessoas e conclui-se que a reduzida dimensão do
mercado interno decorre principalmente da pobreza e da estrutura agrária
inadequada.
Tal afirmativa pode ser comprovada pelos dados abaixo.
TABELA 31 - RENDA MÉDIA DOMICILIAR 1991 – 2010.
ANO BRASIL PARANÁ CANDÓI
1991
2000
2010
348,47
585,94
767,02
340,39
633,82
870,59
208,71
355,87
462,51
Fonte: Datasus.gov.br/IBGE/Censo-Renda/Ipardes 2013.
A renda média no município de Candói, mesmo com restrições quanto ao método,
deve ser considerada no planejamento municipal, como importante indicador que deve ser
analisado ao determinar políticas públicas de emprego e renda.
132
TABELA 32 - RENDA FAMILIAR COM PROPORÇÃO DE PESSOAS DE BAIXA RENDA
ANO
ÍNDICE DE GINI – RENDA
FAMILIAR Per Capita
PROPORÇÃO DE PESSOAS COM BAIXA
RENDA <1/2 SM.
BRASIL PARANÁ CANDÓI BRASIL PARANÁ CANDÓI
1991 0,6383 0,5997 0,524 66,53% 66,15% 72,39%
1992 0,6460 0,6065 0,636 49,10% 41,71% 67,84%
1993 0,6086 0,5416 0,548 34,67% 21,29% 47,49%
Fonte: Datasus.gov.br/IBGE/Censo-Renda.
Um avanço importante do município é a grande redução de sua população de
baixa renda já no início de sua instalação, de 72,39% para 47,49%, em parte devido aos
Programas Federais e Estaduais direcionados à assistência de pequenos produtores rurais.
Estudos realizados por SOUZA e NAZARENO, do IPARDES (Caderno N.11 de
maio de 2011 - A insuficiência de renda nos domicílios paranaenses) destacam que:
Uma das ênfases contemporâneas das políticas sociais está em focalizar como
público prioritário as populações em situação de vulnerabilidade social. Tendo em
vista que a renda representa uma das variáveis que podem caracterizar tal quadro, é
indispensável sua incorporação à análise dos processos de reprodução da pobreza,
com o objetivo de promover intervenções para a reversão dessa condição social.
De maneira geral, os programas oficiais têm adotado linhas de pobreza, a
partir de conceitos de insuficiência de renda, para definir a população que necessita
de apoio público específico. Ao mesmo tempo, a Constituição de1988 definiu a
família como base da sociedade, merecendo, em consequência atenção especial do
Estado, fato que a tornou a matriz das mais diversas políticas sociais. Por exemplo, o
Cadastro Único para Programas Sociais estabeleceu como perfil a ser
potencialmente contemplado com a concessão de benefícios as famílias que recebem
até ½ Salário Mínimo (SM) per capita. Abaixo disso, considera-se que a família não
consegue assegurar a satisfação das necessidades básicas dos seus membros.
Segundo SOUZA(b), citando (Prebisch, 1964, p.31),
[...] esperava-se que o governo promovesse a transformação da estrutura agrária a
fim de estimular o uso da terra, a adoção de inovações tecnológicas e o aumento da
produção. O crescimento da renda agrícola tornaria o meio rural consumidor de bens
industriais, através de incentivo na produção de bens industrializados pelos
empresários nacionais, financiados por bancos de fomento, concessão de crédito
barato e ou subsídio às importações de bens de capital.
A observação feita nos estudos de Prebisch, em 1964, deu-se no apogeu da
migração interna, sendo um importante passo para aumentar a força de trabalho na área
urbana. Estima-se que, no período de 1950/60, houve o fluxo anual de 1,08 milhão de pessoas
do campo para as cidades, no Brasil.
Em contrapartida, “tratou-se de um período em que a agropecuária foi
discriminada pela política cambial. No entanto, esse setor teve grande crescimento físico,
especialmente devido à expansão da área cultivada e do total de pessoas ocupadas”. (BACHA,
2004, p.210).
Segundo BACHA (2004b),
133
“Há atualmente, uma grande força de trabalho urbana e os desafios atuais são de
criar empregos no Brasil. Nesse contexto, a continuidade do processo de migração
campo-cidade não é mais necessária. Pelo contrário, criar condições para fixar o
homem no campo passa a ser uma meta importante de política econômica. Para
alcançar essa meta é importante a análise de que tipo e tamanho de estabelecimento
agropecuário geram mais emprego e que tipo de atividades rurais é desenvolvido e
nos permitimos a incluir que tipo de infraestrutura logística existe, para o
escoamento da produção agropecuária”.
A citação dos dois autores em epígrafe se assemelha à atual realidade do
Município. Em um primeiro momento, o fluxo de mão de obra rural para a Sede urbana e, na
última década, a volta da mão de obra para a atividade rural.
3.3 - Políticas Públicas Municipal de Geração de Emprego e Renda
O processo de planejamento municipal compreende toda uma metodologia com
base na participação da sociedade, bem como na utilização de diversos instrumentos nos quais
se evidenciam as diretrizes, objetivos, ações e metas governamentais, conforme prescreve o
art. 165 da Constituição Federal e o art. 4º da LRF. É por meio desses mecanismos que a
gestão publica pode definir, dentre várias ações, políticas públicas voltadas à geração de
emprego e renda.
O foco, na geração de emprego, deve ser priorizado combatendo a passividade da
espera que empresários de outros municípios que venham a se instalar na região, via
benefícios fiscais, mas no que pode o órgão público motivar sua jovem população ao
empreendedorismo, fornecendo informações no que se produz, no que se pode industrializar,
no que se pode agregar aos produtos produzidos na região, no comportamento do mercado,
dentre outras ações. Seminários, palestras e cursos são mecanismos viáveis, visto a existência
de recursos federais e estadual para novos empreendedores, que podem ser capitaneados pela
administração pública.
A criação de marcas de produtos locais, como o feijão, o leite, o mel, ovos, e
produtos que podem ser industrializados de frutas como laranja, uva, tangerinas, ou de
legumes e tubérculos, como o pepino, a mandioca, dentre outros, ou na piscicultura com a
criação de tilápias e camarão, podem ser mecanismos motivadores a jovens empreendedores
locais, com o auxílio do poder público via convênios com a Emater, Acarpa, Embrapa,
Universidades, e mesmo em convênios com grandes empresas em busca de novas fontes de
abastecimento.
134
É um caminho alternativo que pode levar a prosperidade local, sem esquecer o
turismo rural e o investimento em infraestrutura junto às margens do Alagado, das fontes
minerais dentre outros.
A administração municipal informou que existem mais de 50 Associações de
produtores rurais e que já foram incentivadas e orientadas a regularização de documentos de
60% das Associações. Mesmo existindo a Empresa de laticínio Azurra, no beneficiamento do
leite, além de empresas cerealistas, o mercado artesanal também é uma ótima opção às
famílias de pequenos produtores via Associação.
Aliar as novas tecnologias aos pequenos produtores rurais e novas fontes de renda
via empreendedorismo, a promoção de feiras livres, é um dos objetivos que a atual gestão
(2013), vem promovendo com sucesso. Entretanto, sugerimos observar como exemplo, os
resultados do Município de Cafelândia, inserido no corpo desta dissertação, justamente para
comparar resultados de desenvolvimento e bem estar social, através dos indicadores
selecionados em comparação aos do Município de Candói.
O desenvolvimento da economia depende de renda e consumo. Se a renda de
grande massa da população está assentada entre a renda familiar de ½ a 2 salários mínimos,
a sua capacidade de consumo tende a decrescer, em médio prazo.
A redução de consumo obriga o governo a promover políticas de crédito de
parcelamento de médio e longo prazo (48, 60 ou 72 vezes) para a compra de bens duráveis,
visando manter o emprego, renda e mercado aquecido, mas em contrapartida, ocasiona a
elevação do endividamento familiar e transforma o sistema em verdadeira “bolha creditícia”,
tendo como justificativa a mantença do emprego e o consumo na economia interna em
determinado período.
É de se ressaltar que o salário da classe trabalhadora já se encontra atrelado ao
pagamento de aluguel, água, luz, educação, transporte e despesas de alimentação e o
empresariado está sobrecarregado com elevadas cargas tributárias que são repassadas sobre o
custo dos produtos.
No governo municipal, a situação financeira também é afetada, quando políticas
públicas do governo federal, visando à manutenção dos empregos, são implementadas, via
benefícios fiscais de bens duráveis (veículos, fogão, geladeira, etc.), impactando diretamente a
redução dos repasses do FPE e FPM – Fundo de Participação dos Estados e Municípios e, em
consequência, reduzindo seus recursos para atendimento da população.
135
Em contrapartida, tal política de benefícios fiscais promove a elevação das taxas
de juros, procurando remunerar os investimentos internos e externos e reduzir o consumo
interno, para combate à inflação, metodologia esta que vem sendo questionada, pois não
estimula novos empreendimentos e torna-se um meio especulativo de grandes investidores
sobre os Títulos do Tesouro.
Destaca-se nessa seara, estudos realizados pela FGV, por DINIZ e AFONSO
(2014, p.6) Benefícios Fiscais Concedidos (e mensurados) pelo Governo Federal. “O
montante de benefícios fiscais federais estimados é enorme (R$ 323 bilhões para 2014), dos
quais 77% explicados pela renúncia tributária e apenas 9% do total tramitando pelo orçamento
tradicional (caso dos benefícios financeiros)”.
Uma análise mais detalhada pode ser apresentada ao desagregarmos a totalidade
dos benefícios fiscais entre os financeiros e creditícios e os gastos tributários, incluindo as
renúncias previdenciárias.
QUADRO 43 – BENEFÍCIOS FISCAIS - BRASIL ( R$ Bilhões)
PERÍODO VALORES CORRENTES COMPOSIÇÃO
2011 2012 2013E 2014E 2011 2012 2013E 2014E
Benefícios financeiros e Creditícios 45,02 42,99 69,97 73,41 22,96% 19,94% 25,56% 22,72%
Financeiros 11,59 8,58 20,66 29,29 5,91% 3,98% 7,55% 9,06%
Creditícios 32,16 33,62 48,52 43,42 16,40% 15,59% 17,73% 13,44%
Financeiros e Creditícios 1,27 0,79 0,79 0,70 0,65% 0,36% 0,29% 0,22%
Gastos Tributários e Renúncias
Previdenciárias 151,03 172,59 203,76 249,76 77,04% 80,06% 74,44% 77,28%
Gastos Tributários 130,62 146,00 170,02 192,67 66,63% 67,72% 62,11% 59,62%
Renúncias Previdenciárias 20,41 26,59 33,74 57,09 10,41% 12,33% 12,33% 17,67%
Total – Benefícios Fiscais 196,05 215,58 273,73 323,17 100% 100% 100% 100%
FONTES PRIMÁRIAS: SPE e RFB – DINIZ e AFONSO (2014, p 6).
3.4 – Políticas Públicas de Desenvolvimento à Agro-industrialização Local.
A gestão de políticas públicas visando o desenvolvimento regional local requer
das lideranças municipais, análise na escolha de segmentos produtivos existentes em sua área
de abrangência, que possam efetivamente ser geradores de riqueza.
A região conta com infraestrutura de estradas asfaltadas, um potencial de
produção e comercialização e universidades próximas, faltando apenas à industrialização de
seus produtos. Se o segmento for a indústria frigorífica, constata-se que existe segundo
136
relatório do MAPA/SDO/SIF, apenas um frigorífico com SIF na região mais próxima (menos
de 80km de Candói), localizado no Município de Laranjeiras do Sul de abate de suínos –
Classe MS2 – da Empresa Kaefer Agro Industrial Ltda., e nenhum frigorífico com SIF de
carne bovina, de aves e ovinos nos municípios limítrofes ao de Candói.
A produção de leite, principal fonte de renda dos pequenos produtores rurais,
denominada (cheque leite), possui um elevado número de laticínios na região, que
industrializam e agregam outros produtos (nata, manteiga, queijo, etc), existindo uma
competitividade em nível de preço, com a empresa Laticínio Azurra, localizada na área
urbana do município.
Na agricultura familiar, importantes avanços na assistência ao pequeno produtor
rural, com a aquisição massiva de equipamentos e implementos agrícolas (patrulhas
agrícolas), incentivos à piscicultura e ao plantio da laranja, e manutenção de estradas rurais,
alem da distribuição de sementes e insumos, via programas dos governos estadual e federal.
Grande parte das reivindicações dos proprietários de terras e atendimento à
população rural, com clientelismo ou não, foi realizada, mas continua a existir forte
concentração de renda, caracterizando o município apenas como território de produção, e que
dificilmente poderá se desenvolver se não existir uma agroindústria local, que integre a
produção local e da região, agregando valor e gerando emprego, visto que mais de 78% de sua
produção é comercializada para terceiros de outros municípios.
A geração de emprego e renda, ainda se constitui no principal enfrentamento dos
gestores públicos de pequenos municípios paranaenses cuja base econômica está assentada na
agropecuária e distante dos grandes centros agroindustriais, o que fragiliza sobremaneira a
nova geração de jovens em idade de trabalhar.
O setor primário em municípios não industrializados concentra o maior volume de
força de trabalho de jovens e adultos nos municípios paranaenses e esse ciclo tende a
transferir a mão de obra disponível com uma escolarização mais elevada, para estados ou
municípios industrializados, fragilizando a relação de emprego.
Certos segmentos da agricultura, segundo Souza (2007, p.217), também não
empregam muitos trabalhadores como a pecuária e culturas mecanizadas. A pecuária adota,
em algumas áreas, o sistema de morador, no qual o trabalhador cuida da propriedade pelo
direito de usar uma parcela da terra, bem como a cultura mecanizada em pequenas
propriedades, com a própria família.
137
A severa imposição do mercado de emprego quanto à escolaridade, sujeita os
jovens à busca de novas fronteiras, para assegurar um futuro que lhes oportunize uma melhor
condição de vida, em razão de não existir uma política pública local, que motive os
empresários a investirem em empreendimentos agroindustriais.
Segundo o IBGE, existe no Município, uma população economicamente ativa de
10 anos a mais em 2010, (PEA) de 6.905 indivíduos, representando 46,08% da população.
Destes, 1.828, estavam empregados (MTS – RAIS) em dezembro de 2011, representando
26,47%.
Se considerarmos que, na atividade do setor primário, foi registrado pelo Censo
Demográfico do IBGE, em 2010, que 3.051 pessoas trabalham na agricultura, pecuária,
produção florestal, pesca, aquicultura e na agricultura familiar, teremos 2.026 pessoas
desempregadas totalmente, o que representa uma taxa de desemprego de 29,34%.
A motivação estratégica para a implantação de uma agroindústria e o incentivo à
produção em larga escala de um ou vários subsetores agropecuário é de fundamental
importância para geração de emprego e redução da centralização da renda, tendo-se como
contrapartida, a possibilidade de aumento dos indicadores sociais, cujos resultados estão
muito abaixo dos demais municípios paranaenses.
Tal afirmação encontra respaldo se analisarmos a geração de emprego do
Município de Cafelândia no Paraná, instalado em 1º de fevereiro de 1983, dez anos antes do
Município de Candói e com 13.065 habitantes. Em sua área urbana concentra-se 12.348
habitantes contra apenas 2.314 na área rural (IBGE – Censo Demográfico 2010).
A criação da Cooperativa Agroindustrial Consolata - COPACOL, fundada em 23
de outubro de 1963, pelo Padre Luiz Luise e mais 32 agricultores, foi uma grande iniciativa.
Hoje, ela possui 4.800 associados e mais de 7.200 empregados ou colaboradores. Abate 340
mil aves e 30 toneladas de tilápia ao dia, além de proporcionar a seus associados e
colaboradores qualidade de vida e crescimento profissional e gerar empregos nos demais
setores, que complementam outras atividades correlatas da agroindústria.
A Cooperativa transformou a região e quando da emancipação municipal, em
1983, continuou ofertando emprego e renda, mudando o perfil da população rural que, hoje,
representa apenas 17,7%, estando ainda com plena capacidade produtiva na produção de aves,
grãos, dentre outros, além de formar um cluster altamente produtivo nos municípios
circunvizinhos.
138
QUADRO 44 - EVOLUÇÃO DE EMPREGO NO MUNICÍPIO DE CANDÓI E DE CAFELÂNDIA –
2002 A MARÇO DE 2014. ANO CANDÓI
Instalação: 1.1.1993
14.983hab.
CAFELÂNDIA
Instalação: 1.2.1983
13.065hab.
2002 1 721
2003 86 395
2004 110 451
2005 46 397
2006 -84 229
2007 37 839
2008 64 640
2009 83 16
2010 80 258
2011 4 322
2012 67 434
2013 125 277
MAR - 2014 55 103
FONTE: RAIS/ CAGED.
Alguns dados merecem um comparativo, visto que o Município de Candói não
possui ainda uma estratégia junto aos seus produtores na criação de uma Cooperativa
agroindustrial e pode em médio prazo, promover estudos na sua implantação, visando uma
melhoria significativa no bem estar e geração de emprego à sua população.
Para fins de comparativo e comprovação dos resultados econômicos e sociais
destacamos a preponderância que uma agroindústria do porte da COPACOL faz no
desenvolvimento de um pequeno Município, na geração de emprego e renda, e na qualidade
de vida de seus habitantes, cujos indicadores foram comparados entre os dois municípios,
constantes no quadro 50, abaixo.
QUADRO 45 – PRINCIPAIS INDICADORES DOS MUNICÍPIOS DE CANDÓI E CAFELÂNDIA
DISCRIMINAÇÃO CANDÓI CAFELÂNDIA Área territorial 1.509,059km
2 271,527km
2
POPULAÇÃO 14.983 14.382
População Urbana 7.026 12.348
População Rural 7.957 2.034
RECEITA REALIZADA 2012 42.124.294,30 44.350.089,32
Receita Corrente 39.799.640,01 42.925.961,10
Receita Tributária 3.014.179,83 3.126.658,12
Receita Agropecuária - 345,05
Receita de Contribuições 329.693,63 1.835.390,74
Receita Patrimonial 607.205,97 5.832.398,48
Receita de Serviços 50.520,62 67.357,42
Receita de Transferências 35.122.871,14 31.566.174,25
Outras receitas correntes 675.168,82 497.637,04
Receita de Capital 2.324.654,29 1.424.128,22
ENSINO MUNICIPAL
Creche - Matrículas 52 519
Pré-escola 364 206
139
Fundamental 1.393 1.090
Educação Especial 6 18
Número de Docentes municipais 191 195
POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA (PEA) 6.905 8.964
Urbana 3.344 7.432
Rural 3.561 1.533
PRINCIPAIS PRODUÇÕES AGROPECUÁRIAS
AGRICULTURA
Cana de açúcar (ton.) 50 1.500
Feijão (ton.) 3.575 1.712
Cevada 24.640 -
Batata Inglesa 33.133 -
Aveia 1.456 -
Laranja 1.460 85
Milho (ton.) 130.140 129.906
Soja (ton.) 100.980 65.175
Triticale 1.320 -
Trigo (ton.) 28.355 10.300
Mandioca (ton.) 2.640 250
Tangerina (ton.) 29 241
PECUÁRIA
Bovinos 66.833 4.505
Galináceos 73.981 4.804.910
Suínos 15.427 11.640
Ovinos 5.126 605
Vacas ordenhadas 5.920 1.642
PRODUÇÃO DE ORIGEM ANIMAL
Leite (litros) 8.553.000 5.379.000
Mel de Abelha (kg) 7.738 5.600
Ovos de Galinha (mil dúzias) 97 10.626
PRODUTO INTERNO BRUTO
Per Capita R$ 16.348 40.623
A Preços Correntes R$ 245.959 606.617
VALOR ADICIONADO FISCAL
Produção Primária Total – R$ 232.183.055 228.542.776
Indústria Total – R$ 146.823.855 452.312.171
Comércio e Serviços – R$ 34.979.271 79.492.759
Recursos/Autos – R$ 78.860 19.624
TOTAL – R$ 414.065.041 760.367.330
ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO IDH-
M EM 2010
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) 0,635 0,748
IDHM - Longevidade 0,778 0,835
IDHM - Educação 0,503 0,692
IDHM - Renda 0,655 0,723
Índice de GINI da renda domiciliar per capita 0,5476 0,6699
Classificação no Paraná 378º 33º
Classificação Nacional 3.393º 583º
Taxa de Mortalidade Infantil (1000 nascidos vivos) 4,37 4,55
Esse retrato é o desenvolvimento endógeno que aproveita a capacidade laboral da
população e a oportunidade de destacar um segmento produtivo, resultando no
desenvolvimento local.
140
QUADRO 46 – COMPARATIVO NA GERAÇÃO DE EMPREGO – CANDÓI E CAFELÂNDIA - 2013
NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS CANDÓI CAFELÂNDIA
ESTAB EMPR ESTAB EMPR
Industria de extração de minerais 1 4 - -
Indústria de produtos minerais não metálicos 1 1 4 20
Indústria metalúrgica 2 2 8 55
Indústria de materiais elétricos e de comunicação 1 3 - -
Indústria Mecânica - - 2 23
Indústria da madeira e do mobiliário 9 41 2 5
Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 3 105 3 7
Indústria da borracha, fumo, couro, peles e diversos - - 2 3
Indústria têxtil, do vestuário e artefatos de tecido 3 2 1 5
Indústria de produtos alimentícios, de bebidas 3 48 8 4.387
Construção civil 14 29 13 615
Comércio varejista 101 399 158 593
Comércio atacadista 12 81 8 195
Instituições de crédito, seguro e capitalização 5 35 6 51
Administradores de imóveis, valores móbililiários 2 4 16 1.271
Transporte e comunicações 12 57 59 189
Serviços de alojamento, alimentação e radiodifusão 29 127 40 1.672
Serviços Médico, odontológico e veterinário 8 16 8 24
Ensino 5 25 5 65
Administração pública direta e indireta 2 542 2 552
Agricultura, silvicultura, criação de animais, pesca 103 370 65 268
TOTAL 316 1.891 410 10.000
FONTE: CADERNOS MUNICIPAIS 2013 – IPARDES/IBGE.
A COPACOL procura diversificar sua linha de industrialização de produtos como:
Frango (inteiro, cortes, miúdos, temperados e outros produtos), Peixe (Tilápia, Abadejo,
Camarão, Cação, Merluza, Salmão e outros produtos), Industrializando (Linguiça,
Mortadelas, Salsichas, Salsichões, Rizoto, Arroz Pré-pronto, Arroz, Açúcar, Azeite de Oliva,
Farinha e Feijão, Batata-palha), além de atender o País, e também exporta seus produtos para
o exterior.
Trinta anos de gestão municipal e cinquenta de agroindústria, ainda quando era
apenas um Distrito, coloca Cafelândia em 33º lugar dentre os 399 municípios do Estado.
O Município de Candói é um exemplo de uma política pública de expropriação,
no sentido de - território de produção - ao longo dos vinte anos, voltado ao domínio político e
clientelista de não residentes, com retorno parcial dos ganhos, via ICMS e FPM.
Quando derrotados nas urnas, os grupos políticos se afastam do dia a dia dos
problemas municipais e voltam a residir no município de origem, preocupando-se apenas em
gerenciar os ganhos do território de produção e aplicá-los em locais distantes, longe dos olhos
de uma população cuja expectativa de novas oportunidades de bem estar, ficaram distantes
das promessas.
141
Candói possivelmente irá mudar, e dependerá de uma gestão participativa com o
povo, direcionando suas receitas ao bem comum em alcance e convocando a classe produtora
e empresarial a investir na criação de uma agroindústria local, utilizando a sua própria
produção ou manter-se-á sob o manto de ser apenas um território de produção.
3.5 - As Finanças Municipais na Geração de Emprego e Renda
A competência administrativa do Município, na Constituição de 1988, está
inserida em seu Art.30, que lhe assegura a sua autonomia na gestão e em legislar sobre
assuntos de interesse local e suplementar no que couber, respeitando seu peculiar interesse a
legislação federal e estadual.
Dada essa autonomia pela Magna Carta, o Município decreta e arrecada seus
tributos, aplica a sua renda e organiza seus serviços, visando ao bem da comunidade local.
As receitas municipais, próprias, patrimonial, de transferências
intragovernamentais e outras, constituem-se na principal fonte de renda do Município, bem
como o transforma no principal gerador de emprego e de políticas públicas direcionadas ao
bem estar social da comunidade. Para os empresários locais, é a principal empresa para venda
de seus produtos.
O Município de Candói, com uma população de 14.983 habitantes e uma
elevada produção agropecuária e de geração de energia elétrica, possui, em comparação com
os demais municípios de seu porte no Paraná, uma excelente arrecadação, como se observa
em seus demonstrativos de Receita de 2006/2013, abaixo.
Nas receitas correntes, destacam-se os repasses do FPM – Fundo de Participação
dos Municípios e do ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços que,
acrescido com os 20% do FUNDEB, constituíram-se em 73% no exercício de 2012.
QUADRO 47– RECEITAS CORRENTES MUNICIPAIS SEGUNDO AS CATEGORIAS-2006-2013
Discriminação 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Tributárias 1.692.061 2.918.656 2.051.893 1.797.836 2.059.921 2.741.211 3.054.115
Contribuição 186.558 187.472 184.571 252.484 211.596 287.960 329.693
Patrimonial 213.838 254.709 365.209 408.622 685.409 952.804 607.2006
Serviços 74.184 24.718 5.851 2.431 183.617 137.400 50.520
Transferências
Intergovernam.
17.719.157
20.091.669
24.941.250
24.739.655
29.516.264
32.928.500
35.122.871
Dedução Fundef
/ Fundeb.
(1.670.727)
(2.050.472)
(2.864.703)
(3.220.431)
(3.693.635)
(4.353.271)
(4.637.592)
Outras Receitas 298.043 437.163 507.966 575.836 660.609 784.695 690.376
TOTAL 18.513.114 21.863.915 25.192.037 24.556.433 29.623.781 33.479.299 35.217.189
Fonte: Relatórios Contábeis/ Prefeitura de Candói. Elaborada pelo Autor.
142
Entretanto, suas receitas próprias (Tributárias) 8,67%, são insuficientes para
manter sequer a Folha de Pagamento e Encargos Sociais dos Poderes Executivo e Legislativo.
Ressalta-se que o Crédito Inscrito em Dívida Pública no Balanço de 2012, soma R$
3.535.455,31 de Dívida Tributária.
A Despesa com Pessoal (cálculo direto do mês), no Balanço de 2013, somou R$
18.648.968,38, consumindo 47% das Receitas Correntes que totalizaram o valor de R$
39.419.361,06, e 61%, se agregarmos as despesas de pessoal da Câmara Municipal.
O que se questiona, é a quantidade de máquinas rodoviárias, caminhões e
veículos, que oneram sobremaneira os cofres municipais nas despesas de custeio – pessoal,
manutenção e operacionalização, visto que a terceirização não foi a opção dada pelas gestões
municipais anteriores, conforme se oberva na análise das despesas municipais, trazendo
elevados encargos às gestões futuras. Observou-se nas pesquisas realizadas no site do
município, a quantidade de máquinas e veículos em estado de sucata (fev.2013), em frente à
Prefeitura Municipal, deixada pela gestão anterior.
O município conta atualmente com 83 (oitenta e três) motoristas concursados de
veículos leves, caminhões e ônibus, e de 20 (vinte) Operadores de Máquinas Rodoviárias.
No Balanço de 2013 (ANEXO II), as Despesas de Custeio – na rubrica Material
de Consumo somam R$ 4.815.570,00, sendo que foram gastos R$ 2.013.707,05 com
combustíveis, representando 41,82%; material e peças para manutenção de veículos R$
1.170.990,23, representando 24,32%, totalizando 66,13%.
Na rubrica Outros Serviços de Terceiros e Encargos somam R$ 4.708.548,07,
sendo que na rubrica Manutenção e Conservação de Máquinas e Manutenção e Conservação
de Veículos, foram gastos R$ 462.363,91 representando 9,82%, e a tendência é aumentar os
gastos com manutenção da frota.
Nas Despesas de Capital (2013), estão registradas aquisições de máquinas e
equipamentos agrícolas e rodoviários no valor de R$ 321.010,00 e em Veículos de tração
mecânica o valor de R$ 507.545,00, totalizando um gasto de R$ 828.555,00, o que redundará
em mais despesas de combustíveis, peças de reposição e respectiva manutenção, sem falar nas
despesas com pessoal.
O elevado investimento na frota de máquinas rodoviárias e veículos, é oneroso
aos cofres públicos, para um Município, com grandes problemas sociais, e ocupando a 378a
colocação no cenário paranaense, dentre os 399 municípios.
143
QUADRO 48 - PERCENTUAL DAS RECEITAS DO ICMS, FPM E TRIBUTÁRIA SOBREO TOTAL
DAS RECEITAS CORRENTES
ANO RECEITAS CORRENTES
%
RECEITAS
TRIBUTÁRIAS
MUNICIPAL
%
TOTAL RC ICMS % FPM
2006 18.513.114 5.032.231,83 27,18 4.188.816,45 22,63 1.692.061 9,14
2007 21.863.915 5.763.076,15 26,36 4.717.500,26 21,58 2.918.656 13,35
2008 25.192.037 6.568.048,07 26,07 6.703.985,71 26,61 2.051.893 8,15
2009 24.556.433 7.056.462,81 28,73 6.273.051,31 25,54 1.797.836 7,32
2010 29.623.781 7.968.539,07 26,90 6.741.815,22 22,76 2.059.921 6,95
2011 33.479.299 9.231.391,29 27,57 8.273.259,00 24,71 2.741.211 8,19
2012 35.217.189 10.212.773,38 29,00 8.526.049,14 24,21 3.054.115 8,67
Fonte: Relatórios Contábeis/ Prefeitura de Candói. Elaborada pelo Autor. Excluído o FUNDEB 20%, sobre o
ICMS e FPM.
O crescimento do ICMS e FPM estão relacionados diretamente aos setores
produtivos da economia local. Da análise do Valor Adicionado (2012), o Setor de Comércio e
Serviços representa R$ 34.979.271,00 que é beneficiado com a renda dos trabalhadores
locais. Os ganhos dos Subsetores de Energia elétrica e Distribuição de Água são remetidos às
empresas concessionárias fora do Estado, o que representa R$ 146.823.855,00.
A produção primária e agropecuária representam R$ 232.261.915,00 e R$
246.648.889,00 respectivamente.
QUADRO 49 – COMPOSIÇÃO DO VALOR ADICIONADO DA INDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE
CANDÓI DE 1999 A 2012.
VALOR ADICIONADO 1999 2001 2003 2006 2012
INDÚSTRIA
Número de Contribuintes 25 29 29 25 32
Saídas e Entradas 4.884.967, 8.655.273, 10.373.580, 10.896.628, 3.427.869,
Energia Elétrica 39.165.864, 48.860.562, 46.708.097, 68.163.542, 142.692.321,
Distribuição de Água 92.285, 185.877, 217.740, 477.838, 703.674,
TOTAL DO V.A. INDÚSTRIA 44.143.126, 57.701.712, 57.299.417, 79.538.008, 146.823.855,
Fonte: SEFA – www.sefanet.pr.gov.br/FPM DFC - 12.8.2013.
O número de empresas enquadradas como indústrias, de 2006 a 2012 no
Município, teve um crescimento de 28%, em média, formada por pequenas empresas do ramo
gráfico, usinagem e oficinas familiares. A arrecadação da Indústria concentra-se na geração
de energia elétrica das concessionárias das Usinas Hidrelétricas e Termoelétricas instaladas,
representando 97,2% de sua arrecadação que retornam as empresas concessionárias.
144
QUADRO 50 – COMPOSIÇÃO DO VALOR ADICIONADO DO COMÉRCIO DO MUNICÍPIO DE
CANDÓI DE 1999 A 2012. VALOR ADICIONADO 1999 2001 2003 2006 2012
COMÉRCIO
Número de Contribuintes 123 132 160 177 234
Saídas e Entradas 3.301.278 5.238.213, 13.004.371, 15.279.883, 27.618.763,
Referentes a Transportes 438.507, 1.888.669, 1.708.210, 5.152.958, 4.208.852,
Referente a Telecomunicações 248.369, 355.498, 971.488, 1.900.721, 3.151.656,
TOTAL DO V.A. COMÉRCIO 3.988.154, 7.482.380, 15.684.069, 22.333.562, 34.979.271,
Fonte: SEFA – www.sefanet.pr.gov.br/FPM DFC - 12.8.2013.
Com 234 empresas comerciais em 2012, (as microempresas não são obrigadas a
apresentar a DFC) no período de 2006 a 2012 (seis anos), cresceu 32,2%; seu subsetor,
comércio em geral, é responsável por 79% da arrecadação, seguido de Transportes com
12,0% e Telecomunicações 9,0%. Sobrevivem do ganho dos trabalhadores em órgãos
públicos, pequenos produtores rurais e demais assalariados nas empresas existentes.
Nas gestões anteriores, 80% dos gastos com custeio (pesquisa em Empenhos
emitidos), foram feitos com empresas de fora do Município, o que levou 813 pequenas
empresas locais, instaladas no município, a fecharem suas portas, restando apenas 524.
Na atual gestão, 53% por cento das despesas de custeio são provenientes de
empresários e produtores locais, após conscientização da importância em manter a
documentação dentro das normas legais, via Convênio da Prefeitura municipal com o
SEBRAE/Guarapuava, o que proporcionou a participação ativa nas licitações dos Poderes
Executivo e Legislativo.
Observa-se ainda a fragilidade existente no município de Candói, se compararmos
com o Município de Cafelândia que, com a mesma arrecadação municipal, e apenas uma
agroindústria gerou 10.000 empregos, contra 1.891 no Candói.
A evasão da produção – riqueza de Candói – abastece outros centros industriais
do País, concentrando a renda na mão de poucos. A Cevada produzida em Candói é de terras
arrendadas em sua maioria, pelos fazendeiros da Colônia de Suábios de Entre Rios -
Guarapuava, para abastecer sua Indústria a AGROMALTE/AGRÁRIA, a maior da América
Latina. A produção de batata inglesa por empresas de Guarapuava, sendo vendida para São
Paulo, assim como Milho e Soja para o entreposto da Cooperativa COAMO de Campo
Mourão e/ou para empresas como a Bunger, Sadia, Sojamil e de empresários locais como a
A.G. Teixeira Agrícola, Agrícola COLFERAI Ltda., entre outras. Na pecuária foi criada a
COACAN – Cooperativa Agropecuária Candói, fundada pela família do ex-Prefeito Mauricio
Mendes Araújo.
145
O processo de industrialização da agricultura tem eliminado gradativamente a
separação entre o campo e cidade, entre rural e o urbano, unificando - os dialeticamente.
O Setor Primário é o mais representativo no Valor Adicionado na arrecadação
municipal em valores brutos, com crescimento no período de 2006 a 2012, em 128,4% nos
últimos seis anos. Seu excedente de produção que é vendido para outros estados e/ou
municípios, em 2012 representava 78,2%. Desse total, apenas 21,8% é comprado pelos
munícipes ou empresas locais.
QUADRO 51 – COMPOSIÇÃO DO VALOR ADICIONADO DA PRODUÇÃO PRIMÁRIA DO
MUNICÍPIO DE CANDÓI DE 1999 A 2012.
VALOR ADICIONADO 1999 2001 2003 2006 2012
Número de Contribuintes - - - - -
Adquiridas pelo Contribuinte do
Município
3.725.110,
13.190.315,
24.201.551,
34.932.076,
53.755.304,
Adquirida por Contribuinte de Outros
Municípios
29.284.268,
35.769.382,
78.941.686,
84.230.512,
176.621.411,
Declaradas pelas Agencias de Renda 3.313.207, 3.268.280, 2.034.854, 3.162.051, 1.568.026,
Aquisições CEASA/PR 202.206, 345.915, 0 0 0
Comercialização do Fumo 5.046, 2.743, 253.303, 652.546, 238.314,
TOTAL DO V.A. PRODUÇÃO
PRIMÁRIA
36.529.837,
52.576.635,
105.431.394,
122.977.185,
232.183.055,
Adicionado Relativo a Ação Fiscal 3.327, 31.100, 13.116 8.890, 78.860,
PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA 45.085.820, 64.184.979, 104.793.485, 107.985.709, 246.648.889,
Fonte: SEFA – www.sefanet.pr.gov.br/FPM DFC - 12.8.2013.
Nas últimas eleições o povo escolheu um novo e jovem gestor, funcionário
público sem posses, e com uma visão participativa. Seu primeiro passo foi formalizar o que o
Partido dos Trabalhadores preconiza – a participação popular e a eficiência nos gastos com as
classes menos favorecidas, sem deixar de priorizar o desenvolvimento regional, na geração de
emprego e renda, mesmo tendo que enfrentar a manutenção de uma frota de máquinas
rodoviárias e veículos, que representam mais de 60% das despesas de custeio na rubrica
Material de Consumo (combustível, pneus e peças de reposição) e quase 10% na rubrica
Serviços de Terceiros (consertos e reparos), em 2013.
O fortalecimento da agricultura familiar torna-se prioritária com a certificação de
produtos orgânicos nos Assentamentos, a exemplo do cultivo da Laranja e dos
hortifrutigranjeiros adquiridos para abastecer a merenda escolar, via Programa Compra
Direta, mas não pode ser assistencialista sob pena de criar novos núcleos de pobreza sem
produção própria para sua subsistência.
A implantação do Orçamento Participativo - esse procedimento de levar ao povo a
real situação financeira do Município é o elemento que dá credibilidade à gestão. O incentivo
146
a volta das Associações extintas anteriormente é fator fundamental para que as classes
comunguem um ideal a perseguir, que as façam importantes na visão de gestão de políticas
públicas comunitárias e que também gerem renda com trabalhos artesanais.
Segundo Celina Souza, em seu Artigo: Políticas Públicas; Uma revisão da
literatura (2006, p. 368-375, Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº 16, jul/dez 2006),
O País esta adotando um novo modelo de gerencialismo público e de ajuste fiscal,
na busca da eficiência dos gastos com auxílio de organismos multilaterais a exemplo
dos diversos conselhos comunitários e do Orçamento Participativo. Finaliza a
autora que o principal foco analítico da política pública está na identificação do tipo
de problema que a política pública visa corrigir, na chegada desse problema ao
sistema político (politics) e à sociedade política (polity) e nas instituições/regras que
irão modelar a decisão e a implementação da política pública.
Concluiu-se, no levantamento das principais receitas, que o Município de Candói,
com seus quase 15 mil habitantes, possui uma arrecadação elevada e que as melhorias às
populações urbana e rural, podem ser implementadas para reduzir o elevado número de
famílias em estado de pobreza e para investir, principalmente, no saneamento básico, em
educação, e na promoção de novos investimentos que gerem emprego e renda, como
agroindústrias e turismo, considerando a possibilidade de recursos advindos também de
Convênios, desde que se façam adequações necessárias nos gastos e nas cobranças tributárias.
No Balanço Patrimonial de 2012, estão registrados os seguintes valores: Bens
Móveis R$ 25.512.868,43 demonstrando elevado investimentos em máquinas rodoviárias,
agrícolas, veículos, ônibus e caminhões, e em Bens Imóveis R$ 15.936.460,82, sendo que R$
9.925.758,41 referem-se a Bens de Domínio Público (Ruas, Praças, parques, Estradas Rurais,
etc.) e Bens de Natureza Industrial de R$ 40.975,00, totalizando R$ 41.490.304,25.
Registre-se que o subsídio do Prefeito estabelecido na gestão anterior, era de R$
16.000,00, mensais, um dos mais elevados no Paraná, para municípios com a população de
Candói de quase 15.000 habitantes e uma Renda Domiciliar de R$ 462,51.
Nas gestões anteriores, a compra de considerável parque de máquinas teve como
destino os núcleos rurais, sob supervisão de Vereadores e líderes comunitários, redundando
em clientelismo.
O Portal Brasil Transparência, apresenta os Convênios (Quadro 46) executados a
partir de 1997 até o exercício de 2013, nos quais ficam evidenciadas que, em todas as gestões,
a busca por recursos foi intensa visando a construção e aquisição de equipamentos públicos e
147
de infraestrutura urbana, bem como para a agropecuária, para proporcionar benefícios às
atividades de estruturação.
Ressalta-se que, em tais Convênios, existe a contrapartida do Município que se
constituem em dívida pública, na maioria dos Contratos e depende da capacidade de
pagamento do município. No Balanço de 2012, estão registrados em Dívida Fundada –
Obrigações Contratuais, o valor de R$ 2.409.579,71, estando dentro da capacidade de
endividamento do Município.
QUADRO 52 - CONVÊNIOS REALIZADOS PELO MUNICÍPIO DE CANDÓI JUNTO AO GOVERNO
FEDERAL, POR MINISTÉRIOS – PERÍODO 1997 – JAN/2014 No DO
CONVÊNIO
DATA
ESPECIFICAÇÃO
VALOR
LIBERADO
R$
CONTRAPARTIDA
DO MUNICÍPIO
R$
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO
322131
05.9.1997
Execução de obras e serviços de engenharia para
implantação e recuperação de 80km de estradas
vicinais internas, sendo 30km no PA Colônia São
João Batista e 50km no PC Ilhéus.
110.000,00
28.000,00
437708 04/02/2002 Infraestrutura e serviços 80.000,00 25.000,00
446035 04/02/2002 Infraestrutura e serviços 30.000,00 7.000,00
454116
28/06/2002
Proteção de fonte, rede de distribuição e
instalação de caixa de água, no PA Águas de
Santa Clara.
45.875,00
2.293,75
487648 19.12.2003 Ampliação da capacidade de captação e
bombeamento de água no projeto de
assentamento Água de Santa Clara.
10.000,00
817,64
501581 24/06/2004 Readequação e cascalhamento de 8,6 km de
estradas no PA União São Pedro.
51.000,00
2.550,00
511697 22/10/2004 Infraestrutura e serviços – autorizado pelo ofício
MDA n. 018/4/2004
18.916,00
585,00
524019 07/7/2005 Readequação de 20 km de estradas vicinais no
PA Matas do Cavernoso
160.000,00 18.222,00
524010 07/7/2005 Auxilio ao pequeno agricultor rural na proteção
de 67 fontes e canalização de água para
abastecimento familiar no PA Mata do
Cavernoso.
54.480,00
1.685,30
535646 23/12/2005 Infraestrutura e serviços autorizados pelo oficio
mda n.21/3/ 2005
182.554,00 4.438,42
536911 02.12.2005 AFEM autorizado pelo ofício MDA n. 2.12.2005 30.000,00 35.000,00
560012 27.06.2006 Objeto: Convenio entre Incra e o município de
Candói, para auxilio ao pequeno agricultor rural,
na adequação de 7,879 km de estradas rurais no
PA Águas de Santa Clara.
88;696,00
2.743,49
560337 27.06.2006 Objeto: Convenio entre Incra e o município de
Candói, para auxilio ao pequeno agricultor rural,
na adequação de 1,55 km de estradas rurais no
PA União São Pedro.
15.139,00
468,44
564489 25/7/2006 Apoio aquisição, produção, transformação e
comercialização produtos da agricultura familiar
200.000,00 6.900,00
573273 23/11/2006 Organização, armazenamento, transporte,
comercialização da produção agrícola e leiteria
115.357,25
3.567,75
605948 23/11/2006 Fortalecimento capacidade produtiva 110.000,00 29.575,47
148
611506 14/01/2008 Aquisição plantadeira, adubadeira, pulverizador,
carreta hidráulica, arado, subsolador e grade
niveladora.
47.000,00 1.297,57
640558 13/01/2009 Aquisição de empacotadora de leite
homogeneizadora de leite e motocicletas
109.125,00 7.105,76
640570 12/01/2009 Aquisição de pulverizador agrícola, arado,
subsolador, trator 75 cv e plantadeiras
150.000,00 4.151,70
640580 12/01/2009 Aquisição debulhador, grade aradora, trator,
carreta agrícola, pulverizador e arado
100.000,00 2.687,10
714978 11/01/2010 Ampliação da base física da Casa Familiar Rural
de Condói para qualificação na formação de
jovens rurais, através da pedagogia da
alternância.
100.000,00
34.375,59
721770 05/01/2010 Aquisição de equipamentos para compor
Patrulhas Agrícolas Mecanizadas
220.000,00 4.398,00
733269 16./08/2010 Fortalecimento da Produção Familiar. 180.000,00 16.000,00
751365 29/12/2010 Aquisição de um (01) Trator (novo) e um (01)
Automóvel (novo)
100.000,00 7.000,00
756589 12/12/2011 Aquisição de trator agrícola e equipamentos
agrícolas para apoiar a produção da agricultura
familiar.
100.000,00 18.960,00
TOTAL 2.319.446,25 218.464,98
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
583405 12.1.1997 Aquisição de novilhas leiteiras 195.000,00 5.825,10
444769 04.2.2002 Estímulo a Produção Agropecuária 34.424,00 4.792,00
525500 01.9.2005 Apoiar a realização da VIII Festa Nacional do
Charque, no dia 22 a 28 de agosto de 2005.
16.000,00
500,00
532901 14.12.2005 Aquisição de Patrulha Mecanizada Oficio MAPA
18.8.2005
87.750,00
7.020,00
563821 19.7.2006 Aquisição de trator agrícola e plantadeira. 97.500,00 2.757,25
58.3453 12.1.2007 Aquisição de trator agrícola e plantadeira 89.700,00 5.060,00
593211 31.8.2007 Apoiar a realização da X Festa Nacional do
Charque dia 24 a 27 de agosto 2007.
20.000,00
1.002,20
599925 16.11.2007 Aquisição de trator agrícola de rodas e
plantadeira adubadeira.
87.750,00
11.119,20
606299 10.1.2008 Aquisição de Trator, plantadeira, adubadeira,
pulverizador, carreta agrícola e grade aradora.
97.500,00
23.832,04
772191 20.12.2012 Aquisição de Patrulha Mecanizada 195.000,00 7.400,00
782024 20.3.2013 Aquisição de Patrulha Mecanizada 146.250,00 3.750,00
788867 17.1.2014 Aquisição de equipamentos agrícolas 146.250,00 18.924,67
795858 17.1.2014 Aquisição de equipamentos 292.500,00 6.991,67
TOTAL 1.505.624,00 98.974,13
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E MINISTÉRIO DE ESPORTES
309482 16.7.1996 Recursos financeiros para manutenção do Ensino
Fundamental
21.400,00 0,00
317479 06.1.1997 Melhoria das condições físicas, escolares e
didático pedagógicas no âmbito da educação de
jovens e adultos, escola reformada, material
escolar.
6.070,00
1.214,00
325009 06.10.1997 Construção de uma Creche 16.835,00 7.215,00
326193 16.10.1997 Apoio financeiro a manutenção de escolas
públicas que atendam mais de 20 alunos no
ensino fundamental – PMDE
13.700,00
0,00
359493 17.6.1998 Apoio financeiro a manutenção de escolas
públicas que atendam mais de 20 alunos do
ensino fundamental – PMDE
15.100,00
0,00
363475 15.7.1998 Aquisição de ônibus ou micro ônibus Escolar
para alunos residentes na zona rural
50.000,00
0,00
453502 25.6.2002 Aquisição de ônibus para transporte escolar, para
alunos residentes na zona rural
50.000,00
2.500,00
48.2762 25.9.2003 Garantir com recursos financeiros do Programa
Dinheiro Direto na Escola – PDDE. Para Escola
149
de Educação Especial, qualificada como Entidade
Filantrópica.
1.800,00 0,00
532960 14.2.2005 Conclusão de Quadra poliesportiva Of.2298 120.000,00 3.600,00
528108 11.5.2005 Apoio Financeiro a Portadores de Necessidades
Especiais para Educação Inclusiva
11.830,50 119,50
529987 29.11.2005 Apoio financeiro para o desenvolvimento de
ações que promovam a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais no processo
de ensino.
20.000,00
205,00
534472 21.12.2005 Aquisição de ônibus para transporte escolar de
alunos portador de necessidades especiais
35.000,00
5.000,00
608769 10.1.2008 Implantação de Praça Esportiva 140.000,00 32.850,44
705213 01.12.2009 Implantação de Academia ao ar livre 146.250,00 3.000,00
TOTAL 647.985,50 55.703,94
MINISTÉRIOS DA SAÚDE
367558 10.12.1998 Estabelecer as condições para o desenvolvimento
das ações do Plano de Erradicação do AEDES
AEGYPTI.
29.060,25
3.227,45
471562 24.12.2002 Aquisição de uma unidade móvel 40.000,00 10.000,00
557222 27.12.2005 Sistema de Esgotamento Sanitário 411.540,00 12.728,05
551857 30.12.2005 Aquisição de Equipamento e Material
Permanente
50.000,00 1.500,00
582415 11.01.2007 Manutenção de Unidade de Saúde 63.000,00 4.000,00
619507 08.01.2008 Resíduos Sólidos 150.000,00 52.600,00
632378 23.07.2008 Aquisição de medicamentos para atender as
unidades básicas de saúde
100.000,00
4.999,70
381920 10.12.2009 Equipamento para Centro de Saúde 60.000,00 15.000,00
TOTAL 903.600,25 104.055,20
MINISTÉRIO DO TURISMO
393752 30.06.2000 Construção de área destinada ao turismo e meio
ambiente
134.676,00
14.964,00
610230 10.01.2008 Implantação de uma praça municipal 243.750,00 28.248.04
TOTAL 378.426,00 43.212,04
MINISTÉRIO DAS CIDADES
627230 - Pavimentação poliédrica 0 0
459734 23.07.2002 Implantação ou melhorias de infraestrutura
urbana e equipamentos comunitários.
100.000,00
35.751,40
493140 23.12.2003 Melhorias das condições de habitabilidade. 70.000,00 17.560,00
581364 26.12.2006 Pavimentação em CBUQ 126.750,00 44.580,04
583905 05.01.2007 Pavimentação asfáltica 97.500,00 2.925,00
608231 10.01.2008 Pavimentação, drenagem e meio-fio 146.950,00 59.199,03
608117 10.01.2008 Pavimentação e drenagem e mio fio 127.170,00 3.651,04
623251 08.05.2008 Construção de Unidades Habitacionais 498.993,65 221.368,44
706870 05.01.2010 Pavimentação poliédrica de 9.960m2 no Distrito
de Cachoeira.
146.950,00 120.347,55
740238 16.08.2010 Pavimentação poliédrica 300.000,00 98.313,59
789292 17.01.2014 Implantação de pavimentação em diversas ruas
do Município.
245.850,00
34.150,00
TOTAL 1.860.163,65 637.846,09
MINISTÉRIO DO DESENV. SOCIAL E COMBATE A FOME
453138 22.01.2002 Atendimento a Pessoa Portadora de Deficiência 25.000,00 6.250,00
518335 26.12.2003 Atendimento a Pessoa Portadora de Deficiência. 20.000,00 600,00
565327 29.12.2005 Construção parcial da Sede própria da Escola de
Educação Especial Renascer/APAE
80.000,00
2.400,00
565278 30.12.2005 Construção de Centro de Atendimento da Pessoa
Idosa.
90.000,00
2.700,00
598441 05.01.2007 Construção 120.000,00 5.400,00
603818 03.01.2008 Aquisição de equipamentos de natureza
permanente para Centro de Geração de Renda
142.000,00
4.760,00
603816 03.01.2008 Estruturação da Rede de Serviços da Proteção
Especial.
10.000,00
368,50
603817 03.01.2008 Estruturação da rede de serviços de proteção
social básica – Centros Comunitários.
50.000,00
2.164,00
150
639714 06.01.2009 Ampliação do CRAS 150.000,00 4.500,00
754587 06.01.2011 Aquisição de transporte coletivo 100.000,00 4.166,67
TOTAL 787.000,00 33.309,17
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
717549
14.01.2010
Aquisição de um caminhão mecânico toco, motor
mínimo de 170 CV, 5 marchas, capacidade bruta
de 14,5 toneladas, com 2 eixos.
120.000,00
4.350,00
TOTAL 120.000,00 4.350,00
FONTE: Ministério do Desenvolvimento Agrário. Portal Transparência Brasil.
No período de 1993 a 2012, foram adquiridos aproximadamente 20 (vinte)
Patrulhas Agrícolas para assentamentos e comunidades de pequenos agricultores. A partir de
2013, mais patrulhas agrícolas quase em igual número foram adquiridas. A foto 6, registra os
equipamentos e implementos de uma Patrulha Agrícola no Assentamento Comunidade
Quilombola de Barreiro – Candói. 15.mar.2010.
Os Convênios realizados com o Estado do Paraná não foram disponibilizados no
Portal Transparência do Estado.
Foto 6 – Patrulha Agrícola
(FONTE: Sérgio Bucco (sergiobucco.blogspot) mar.2010.
Devido à falta de informações no Portal Transparência do Município, referente
aos exercícios de 1999-2011, da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas, para
fins de demonstrativo, apresentamos o Balanço de 2013, em que ficam evidenciadas as
despesas com pessoal, dentre outras e um superávit de R$ 6.095.339,21, que poderá ser
151
utilizado em programas especiais na redução da pobreza e em investimentos em áreas
turísticas para a geração de emprego e renda.
QUADRO 53 - DEMONSTRAÇÃO DA RECEITA E DESPESA SEGUNDO AS CATEGORIAS
ECONÔMICAS
BALANÇO ANUAL – PODER EXECUTIVO - MUNICÍO DE CANDÓI - 2013
TÍTULOS TÍTULOS
RECEITAS CORRENTES DESPESAS CORRENTES
Receita tributária
Receita de Contribuições
Receita Patrimonial Receita de Serviços
Transferências Correntes
Outras Receitas Correntes
TOTAL
SUPERÁVIT CORRENTE
RECEITAS DE CAPITAL Transferências de Capital
TOTAL
4.396.679,25
350.636,09
460.245,22 46,50
33.683.626,48
528.127,52
581.423,23
39.419.361,06
39.419.361,06
8.329.296,76
581.423,23
40.000.784,29
Pessoal e encargos sociais
Juros e encargos da dívida
Outras despesas correntes
SUPERÁVIT
TOTAL
DESPESAS DE CAPITAL Investimentos
Amortização da Dívida
SUPERÁVIT
TOTAL
18.648.968,38
193.596,94
12.247.498,98
1.962.853,71
852.527,07
31.090.064,30
8.329.296,76
39.419.361,06
2.815.380,78
6.095.339,21
40.000.784,29
FONTE: Secretaria Municipal de Finanças – Candói. Portal Transparência. Não está incluída as despesas da
Câmara Municipal.
152
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste Capítulo são apresentadas as conclusões do objetivo geral desta dissertação,
sobre o processo de emancipação política do município de Candói, estado do Paraná, seu
desenvolvimento e as políticas de emprego e renda nas últimas décadas.
Os contextos político, social e econômico foram analisados sob a ótica de
peculiaridades locais específicas, contrapondo-as com fundamentações teóricas de políticas
públicas vivenciadas pelo país, em um momento econômico de transição, com a implantação
de um novo Plano Econômico - o Real, iniciado em 1994 e influenciado pela nova
Constituição Federal de 1988, nos aspectos sociais.
No Capítulo I, o resultado obtido pelas pesquisas, sobre emancipações ocorridas
nas últimas décadas, direciona como principal incentivadora a Constituição Federal de 1988
que oportunizou a criação de 1.079 municípios no período de 1990 a 2013, trazendo um novo
alento às reivindicações da população rural ao acesso de melhorias de bem estar social para os
distritos brasileiros, através do desmembramento territorial, e na gestão de seus próprios
recursos financeiros, provenientes do trabalho de suas comunidades.
Entretanto, no âmbito político, a nova Carta Magna, possibilitou a ampliação dos
poderes das oligarquias regionais, com o multipartidarismo político, utilizando como massa
de manobra as lideranças rurais e urbanas distritais que exigiam melhorias no preconizado
Estado de bem estar social.
A emancipação do município de Candói, não foi diferente. Lideranças políticas do
município-mãe Guarapuava, tomaram para si, as iniciativas populares e se alternaram no
poder, durante os últimos vinte anos, beneficiando-se diretamente dos investimentos públicos
e dominando o Poder Legislativo, através do clientelismo de cargos e representações junto às
comunidades rurais.
Quanto da análise do Capítulo II - Desenvolvimento Econômico e Social, a
emancipação trouxe inegavelmente melhorias à população distrital, estando mais próxima das
decisões do Poder Executivo, que promoveu através do Plano Diretor a criação de uma nova
cidade com infraestrutura da Sede e dos órgãos de governo, além de Centros Comunitários
nos principais núcleos populacionais, readequação de estradas, mesmo autobeneficiando seus
gestores com infraestrutura em seus loteamentos urbanos e melhorias diferenciadas em
estradas rurais, onde se localizam suas propriedades rurais.
153
Os resultados comparativos do PIB e dos Valores Adicionados demonstram a
capacidade produtiva da região, mas mantendo uma concentração de renda, característica dos
Estados produtores da agropecuária, no Brasil. O setor econômico terciário, representado pelo
comércio e serviços, é o mais afetado, visto a dependência de resultados financeiros dos
setores primário e secundário.
Da análise inicial da população local, a migração rural para a Sede do município,
que em 1990 representava 79,8%,, passou para 49,9% em 2007 e 53,1% em 2010, indicando
que seu desenvolvimento urbano ao longo dos vinte anos, chegou ao ápice, com parte da
população, retornando a área rural.
A redução de sua população em 2,8%, entre 2007 a 2010 pressupõe que jovens
com 2º Grau a Superior Completo, além de famílias dos pequenos empreendedores que
encerraram suas atividades no Município, se constituíram no núcleo central da evasão, por
falta de melhores oportunidades de emprego, renda e demanda de mercado ao final da última
década.
Na análise dos setores econômicos, Candói caracteriza-se como um território de
produção agropecuária em razão de seu elevado Valor Adicionado e complementarmente na
geração de energia elétrica, mas ressaltando-se que os resultados financeiros desses setores
não são investidos no município, bem como a maioria dos grandes agropecuaristas residem no
município-mãe Guarapuava.
Dentre as hipóteses levantadas para a execução desse trabalho, constatou-se: a)
que apenas 22% de sua produção é adquirida no território municipal e 78% enviada para
outros municípios e estados, por não existir uma agroindústria local devido a falta de
mobilização dos grandes agropecuaristas e a desorganização das Associações na agricultura
familiar; b) que no período de 1993 a 2012, as compras efetuadas pela Prefeitura Municipal,
representavam apenas 20% no comércio local, enfraquecendo os pequenos empreendedores, o
que resultou no fechamento de 813 empresas, restando apenas 524, tornando o setor terciário,
representado pelo comércio e serviços, estagnado e subserviente das receitas dos empregos
gerados nas áreas públicas, do pagamento de pessoal assalariado em seus próprios
estabelecimentos e da agricultura familiar; c) os projetos desenvolvidos ao longo das duas
últimas décadas, foram compatíveis com projetos governamentais, conforme se observa nos
inúmeros Convênios constantes no Quadro 52, que oportunizaram melhorias públicas e de
atendimentos aos produtores rurais.
154
Na área social, conforme se observa pelos IDH, Índices de Desenvolvimento
Humano ao longo de seus 20 anos de instalação, e pelo elevado percentual de famílias em
estado de pobreza, necessita de melhorias imediatas, visto que o município se encontra em
378º lugar entre os 399 municípios do Paraná. A população rural dispersa em pequenos
núcleos concentra a maioria dos beneficiados pelo Programa Bolsa Família, necessitando o
direcionamento de políticas sociais que promovam maior integração, visto a extinção de
inúmeras associações rurais.
Na Saúde, esforço concentrado foi realizado, com a terceirização de plantões em
postos de saúde e concursos para os profissionais da área, reduzindo drasticamente a
mortalidade infantil e o atendimento à população, oportunizando longevidade compatível com
a do Estado do Paraná. Entretanto, o desafio futuro será o saneamento básico à população,
cujos investimentos foram evitados pelas gestões municipais anteriores, já que eram os
principais proprietários dos loteamentos na Sede do município. O paradigma negativo do
coronelismo, de que “obra em baixo da terra não dá voto”, deve ser extirpado em definitivo.
A geração de emprego e renda, descrita no Capítulo III, demonstra claramente que
o segmento agricultura familiar é preponderante, mas com o avanço da idade da mão-de-obra
adolescentes em busca de outras referências de empregos fora do município, a tendência é que
a agricultura familiar nos próximos anos torne-se deficitária em mão-de-obra jovem,
permanecendo apenas aposentados rurais. Políticas públicas de capacitação de mão-de-obra
técnica e de terceirização de serviços permitidos em lei se constituem em alternativas de curto
prazo, para se evitar a evasão rural.
O comércio local por representar em sua maioria micro e pequenas empresas,
manter-se-á gerando poucas vagas de emprego, muito aquém da demanda existente.
A necessidade de se identificar um plano de negócios a exemplo do município de
Cafelândia, com produtos locais e dos produzidos em municípios circunvizinhos, constitui-se
prioridade no planejamento municipal para alavancar uma melhoria social aos seus residentes,
bem como de investimentos públicos em áreas de turismo e mesmo da piscicultura com o
aproveitamento do Alagado de Salto Santiago, também são alternativas, que geram trabalho e
renda.
É nesse foco, que o planejamento público deve promover a motivação dos
produtores locais e respectivas associações, para a realidade em que se encontra o município
de Candói, que durante os vinte anos de sua instalação, gestões anteriores preocuparam-se na
criação e melhoria em sua infraestrutura urbana e nos núcleos rurais, e que para os próximos
155
anos, deve focar conscientemente seu desenvolvimento agroindustrial para obtenção de
melhores resultados econômico, social e na geração de emprego e renda.
156
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