universidade do vale do itajaÍ- univali vice-reitoria de …siaibib01.univali.br/pdf/renata del...
Post on 28-Jun-2020
3 Views
Preview:
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ- UNIVALI
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E
CULTURA
ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM SAÚDE E
GESTÃO DO TRABALHO - MESTRADO PROFISSIONAL
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO COMO
FATOR DE COMPREENSÃO E EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM
ESTUDO DE CASO
Itajaí /2019
4
RENATA DEL ANTONIO
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO COMO
FATOR DE COMPREENSÃO E EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM
ESTUDO DE CASO
Dissertação apresentada como requisito parcial a
obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-
graduação Stricto Sensu em Saúde e Gestão do
Trabalho - Mestrado Profissional, da Universidade
do Vale do Itajaí.
Orientadora: Profa. Dr
a. Yolanda Flores e Silva
Linha de Pesquisa: Educação na Saúde e Gestão
do Trabalho na Perspectiva Interdisciplinar
Itajaí / 2019
5
Ficha Catalográfica
Bibliotecária Eugenia Berlim Buzzi CRB 14/493.
D37a Del Antonio, Renata, 1979-
Aquisição da linguagem escrita na alfabetização como fator de compreensão e empoderamento de crianças [Manuscrito]: um estudo de caso. / Renata Del Antonio. – Itajaí, SC. 2019
f.148 ; il. ; quad. ; mapa ; graf.
Inclui Referências bibliografias. (Cópia de computador (Printout(s)).
Dissertação apresentada como requisito parcial a obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Saúde e
Gestão do Trabalho - Mestrado Profissional da Universidade do Vale do Itajaí.
“Orientadora: Profa. Dr
a. Yolanda Flores e Silva”.
“Linha de Pesquisa Educação na Saúde e Gestão do Trabalho na Perspectiva Interdisciplinar”.
1. Educação infantil. 2. Empoderamento. 3. Linguagem escrita.
4. Saúde. I. Universidade do Vale do Itajaí. II. Título.
CDU: 372.3
7
“A aprendizagem, os conhecimentos
que se adquirem, educam, e isto
não se deve subestimar. Mas, para
que os conhecimentos eduquem, é
preciso educar uma atitude frente
aos conhecimentos. ”
Leontiev (1978)
8
Agradecimentos:
Talvez essa seja a parte mais difícil de ser escrita, a parte onde ao certo não
sabemos a quem agradecer que exista o medo constante do esquecimento de alguém ou
de fatos de nos levam a esta conquista. Mas tentarei fazer, tentarei ser a mais honrosa
possível neste agradecimento.
Primeiramente pedirei a Deus a permissão de agradecer a ele em segundo plano,
apesar de saber e acreditar que tudo dele provem e admito que a ele louvei, ofereci
muito de meu cansaço e por muitas vezes pedi forças (e talvez sanidade mental) para
continuar. Mas gostaria de passar a frente de tudo minha família, que me forneceu
educação, afeto e me constituiu enquanto ser humano, em especial minha mãe, que me
fortaleceu e incentivou nesta caminhada e a meu pai que apesar de não estar mais
presente entre nós deve estar um “cado” orgulhoso.
Meu imenso obrigada, a Profa. Dra. Yolanda Flores e Silva, que com paciência e
sabedoria, me guiou e orientou nessa caminhada, sabendo entender meus anseios e
inseguranças. A ela devo um novo olhar crítico às realidades sociais do mundo. Por
conta dela posso dizer que me tornei melhor, não só no crescimento profissional, mas
também enquanto pessoa.
Aos meus colegas de serviço, ao CME/HU/UFSC, que aguentaram minha
agitação, que muitos ouviram: “gente, me deixa acabar o mestrado que eu faço”. Que
muitas vezes me incentivaram sem nem saber, que me chamar de “Pereirão” me dava
forças para continuar sendo e mantendo meus planos de vitória. E eles sabem o quanto
sempre desejei estar no mestrado e futuramente no doutorado.
Aos colegas/amigos do mestrado (turma 15- MPSGT), todos são especiais nesta
caminhada, mas sempre rola aquela afinidade em especial, aquele povinho que rouba
seu coração, que cria aquela afinidade com direito a batatinha frita e Chopp, aquela
afinidade de contar os problemas de estudo e de vida, que quando estamos ruins
podemos mandar um WhatsApp, aquela que espero dure para sempre. Já sinto saudades:
Aldry, Marcelo, Théo, Grazielli, Marcos, Sandro e Thiago; vocês estarão sempre
presentes em minha história.
A Univali que marcou minha graduação e marca mais uma vez minha trajetória
através do conhecimento. Que aos poucos vai me moldando e esculpindo com saberes e
crescimento.
9
Resumo
DEL ANTONIO, Renata. A aquisição da linguagem escrita na alfabetização como
fator de compreensão e empoderamento de crianças: um estudo de caso. 2019.
145f. Dissertação. (Mestrado Profissional) Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Saúde e Gestão do Trabalho). Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, SC. 2019.
Um dos principais fatores que explicam as condições de analfabetismo refere-se à
escolaridade. No entanto, apesar dos melhores desempenhos estarem relacionados à
maior escolaridade, observa-se que esta não é uma relação linear e uniforme, pois existe
uma grande proporção de pessoas que chegam ao ensino médio ou superior que não
alcançam o grupo mais alto da escala de alfabetismo. Alfabetizar crianças numa
perspectiva de ofertar uma linguagem compreensiva passa a ser um ato educacional
concreto para a inserção destas na sociedade. Desta maneira, a escola se torna uma
provedora de informações de distintas áreas do conhecimento, inclusive as voltadas para
a saúde. Considerando este contexto, o objetivo desta pesquisa foi o de “apresentar os
fatores envolvidos na compreensão da linguagem escrita durante a alfabetização e o que
pode ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia para ampliar os estímulos e a
apropriação desta linguagem desde a infância”. Foi uma pesquisa qualitativa, do tipo
estudo de caso, com base epistemológica interpretativa, onde os dados foram coletados
através de uma entrevista semiestruturada com 10 professores em uma instituição
educacional da rede pública de ensino de um município da região metropolitana de
Florianópolis. A coleta dos dados se deu de setembro a dezembro de 2018 com uma
análise que considerou três parâmetros: o saber informado pelos entrevistados, o saber
da mestranda e seu envolvimento com esta temática a partir da sua formação em
Fonoaudiologia e o saber de autores pesquisadores cujas bases de pesquisa são voltadas
a temática primária desta investigação. Após análise foi possível concluir que o
letramento e a contação de histórias foram os dois pontos mais presentes na fala dos
professores entrevistados, porem aspectos importantes como a consciência fonológica,
morfológica, fonêmica, habilidades auditivas, entre outros aspectos, também devem ser
trabalhadas como fatores essenciais para a boa aquisição da linguagem. Também se
pode concluir que muito temos a aprender, que orientações e intervenções
interdisciplinares são excelentes fontes de aprendizado para a educação das crianças,
empoderando-as para que saibam buscar apoio no cuidado a saúde física, emocional e
cultural.
Palavras-chaves: Educação Infantil. Empoderamento. Linguagem Escrita. Saúde.
10
Abstract
DEL ANTONIO, Renata. The acquisition of written language in literacy teaching as
a factor for promoting understanding and empowerment in children: a case study.
2019. 145 f. Dissertation. (Professional Master - Postgraduate Program Stricto Sensu in
Health and Work Management). Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, SC. 2019.
One of the main factors that leads to illiteracy is education. However, although the best
performances are related to higher levels of education, it is observed that this is no
linear or uniform relationship, as there is a large proportion of people who reach high
school or higher, but who do not achieve the highest levels of literacy. Literacy teaching
in children, from the perspective of offering comprehensive language, is a concrete
educational act for their insertion into society. Thus, the school becomes a provider of
information from different areas of knowledge, including health. In this context, this
research aimed to “present the factors involved in understanding written language
during literacy teaching, and that can be used as instruments and/or technology to
expand the stimuli and appropriation of this language from childhood”. This is a
qualitative case study, based on the interpretative epistemological basis. Data were
collected through a semi-structured interview with ten teachers in school of the public
education network of the metropolitan region of Florianopolis. The data collection took
place from September to December 2018, and the data were analyzed considering three
parameters: the knowledge reported by the interviewees, the knowledge of the master‟s
degree student and her involvement with this theme based on her training in Speech
Therapy, and the knowledge of authors whose research is focused on the primary theme
of this investigation. Based on the analysis, it was concluded that literacy and
storytelling were the two most present points in the discourses of the teachers
interviewed, but important aspects such as phonological, morphological and phonemic
awareness, and auditory skills, among others, should also be included, as they are
essential for good language acquisition. It was also concluded that we have much to
learn, and that interdisciplinary guidance and interventions are excellent sources of
learning for children‟s education, empowering them to know how to seek support in
physical, emotional and cultural health.
Keywords: Early Childhood Education. Empowerment. Written language. Health.
12
Lista de siglas
CEI Centro de Educação Infantil
CF Constituição Federal
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MPSGT Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do trabalho
MS Ministério da Educação
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TDC Transtornos do desenvolvimento da coordenação
UBS Unidade Básica de Saúde
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí
13
Sumário
Resumo ........................................................................................................................................9
Abstract ......................................................................................................................................10
Lista de Ilustrações:....................................................................................................................11
Lista de siglas .............................................................................................................................12
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO................................................................................................14
1.1Considerações Gerais ........................................................................................................14
1.2 Problema de pesquisa .................................................................................................18
1.3 Objetivos ..........................................................................................................................19
1.4 Percurso metodológico .....................................................................................................19
1.5 Plano de apresentação da dissertação ...............................................................................26
CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ........................................................27
2.1 Reflexões teóricas sobre „Educação Infantil‟....................................................................27
2.2 A educação infantil como fator de compreensão e empoderamento .................................32
2.3 Instrumentos e estratégias de desenvolvimento da linguagem na Educação Infantil ........54
2.4 Repensando os fazeres: estimulando as crianças na apropriação da linguagem ................65
CAPÍTULO 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................76
REFERENCIAS: ........................................................................................................................80
APENDICE A ............................................................................................................................91
APENDICE B ............................................................................................................................98
APÊNDICE C ............................................................................................................................99
APÊNDICE D ..........................................................................................................................100
APÊNDICE E .................................................................................Erro! Indicador não definido.
ANEXO 1 ................................................................................................................................108
ANEXO 2 ................................................................................................................................111
14
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1Considerações Gerais
A construção desta dissertação começou de forma conturbada, cheia de
indecisões, mil reflexões, mudanças de pensar, mas no decorrer de minha caminhada no
mestrado pude perceber algumas respostas as minhas ansiedades pessoais, mas,
principalmente no que se refere ao meu eu profissional. Realizei um movimento
dolorido de desdobrando do meu “saber”, de minhas “verdades únicas”, de minhas
dúvidas e por muitas vezes de minhas fraquezas, mas este movimento se tornou a
certeza do meu querer e força para a longa caminhada que acredito hoje defender.
O Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do trabalho (MPSGT) com sua
proposta interdisciplinar nos leva a uma caminhada interdisciplinar, nos remetendo ao
entendimento dos sujeitos de forma mais ampla e não mais em “picotes” profissionais.
Esta dissertação vai além do sonho de um mestrado, além de um título. Acredito em
uma sociedade mais justa e igualitária, em um país de chances iguais, sendo assim me
lanço a um universo único, por sua beleza e dificuldade, por sua importância
incompreendida descrita um pouco neste trabalho.
A meu ver, a educação surge como fator preponderante para esta igualdade,
sendo a base do empoderamento1 das pessoas e que, enquanto ferramenta pode ampliar
o nível de compreensão das mesmas acerca das suas necessidades e de como fazer para
supri-las. Assim começa um grande questionamento: porque, eventos com discussões
tão impactantes quanto esta não são discutidas de forma ampla na saúde?
Na conferência da Rio+20, um dos objetivos discutidos se relacionou a
Educação de todos, desde a mais tenra idade. Neste evento, a Educação foi apresentada
como uma ferramenta capaz de garantir a educação inclusiva, equitativa e de qualidade,
a fim de propiciar oportunidades de aprendizagem para todos. A „Carta da Terra‟
1 Empoderar: Ação de se tornar poderoso, de passar a possuir poder, autoridade, domínio sobre a sua
própria vida; ser capaz de tomar decisões sobre o que lhe diz respeito. Ação ou efeito de empoderar, de
obter poder. Disponível em: https://www.significados.com.br
15
voltada a Educação, destaca a importância da incorporação de ações de sustentabilidade
que propiciem o desenvolvimento das pessoas – da infância a velhice, nos diversos
campos de conhecimento. Por esta perspectiva a educação é apresentada como uma
ferramenta e/ou instrumento com capacidade de transformação e empoderamento,
propiciando as pessoas o acesso à informação e ao conhecimento, assumindo um papel
importante no processo educacional e de saúde, ao mostrar que o acesso e a
compreensão das informações básicas do processo de viver desde a fase escolar infantil
é um fator determinante para a melhoria de vida com a diminuição e/ou o declínio da
pobreza promovendo prosperidade, bem-estar e uma vida mais saudável e de qualidade
(ONU, 2015). Até mesmo quando pensamos em envelhecimento saudável, devemos
pensar na infância como um momento, onde não somos preparados e muitas vezes
somos podados em muitas ações importantes para um ótimo processo de
autoconhecimento e autonomia, tornando difícil e/ou quase impossível alcançarmos o
ponto máximo de nossas capacidades.
Mediante este contexto, acreditamos ser a escola um espaço que se enquadra
socialmente como provedora de possibilidades, capazes de nos propiciar uma educação
envolvendo abordagens distintas, considerando as diferenças sociais, culturais e
econômicas e as particularidades de cada um de nós desde a infância. A escola, através
de instrumentos e estratégias que propiciem maior compreensão e desenvolvimento de
capacidades pessoais, principalmente no atual momento político, social e econômico de
guerras e intolerâncias que ocorrem no planeta, deveria ser o espaço capaz de nos levar
a luta pela igualdade, solidariedade e paz. Nesse sentido, percebemos que desde os
primeiros contatos com a escola, todo o processo de letramento e alfabetização, deveria
estar inserido em um contexto de ampliação das possibilidades de nossas crianças
obterem empoderamento, autonomia e discernimento sobre o mundo e o futuro que as
espera. Mas, como tornar isto possível? Como a alfabetização, o letramento com o
domínio da linguagem pode ampliar o universo de reflexão das pessoas desde a
infância?
A alfabetização de maneira democrática, através de uma linguagem
compreensiva, é essencial para a construção de uma vida digna a todos, pois prima pela
16
inserção social e desenvolvimento (GONZÁLEZ; MELLO, 2016). O domínio da
linguagem é um produto cultural necessário para o processo comunicativo e para o
desenvolvimento do pensamento. Da mesma forma, a alfabetização é uma aquisição
humana que vai além da apropriação do alfabeto (OLIVEIRA; DE SOUSA BRAZ-
AQUINO; SALOMÃO, 2016). Nesta linha de pensar Mandrá e Diniz (2011) afirmam
que existe significativa incidência de encaminhamentos de crianças em idade escolar
para serviços de atendimento clínico, por não avançarem no processo de alfabetização,
trazidas por queixas relacionadas a dificuldades neste processo.
Frente a estes dizeres e teorias, revejo minha prática profissional, onde
constantemente deparo-me na atuação clínica em Fonoaudiologia, com crianças que
apresentam dificuldades de leitura e escrita e desde cedo são diagnosticadas com
problemas de aprendizagem, marcadas com o discurso predominantemente centrado nas
incapacidades de aprendizagem e de acompanhamento da turma. Este tipo de demanda,
cada vez mais presente na realidade do trabalho que realizo como Fonoaudióloga, a meu
ver traz consequências devastadoras para as crianças e suas famílias. E, nesse sentido, a
educação e particularmente a alfabetização engajada é um elemento importante para o
empoderamento e inclusão social, porque transforma a educação não somente como um
ato constitutivo educacional, mas, também, como fator essencial voltado ao
crescimento, bem-estar e vida saudável.
Diante das dificuldades apresentadas desde a primeira etapa educacional, dois
aspectos se fazem de grande importância nesta pesquisa, um refere-se a compreensão de
quais fatores estão relacionados ao processo de alfabetização e um segundo aspecto de
como elaborar e /ou adequar, em parceria com os professores, um instrumento capaz de
estimular as crianças na apropriação destes aspectos.
Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi: apresentar os fatores
envolvidos na compreensão da linguagem escrita durante a alfabetização e o que pode
ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia para ampliar os estímulos e a
apropriação desta linguagem desde a infância.
17
Este estudo pretende colaborar com adequação de métodos e estimulação
adequada de crianças que estejam no pré-escolar, possibilitando assim o a criação de
suportes que possam priorizar as capacidades preliminares de alfabetização ainda na
educação infantil. Ai muitos me perguntam: “qual a relação da educação infantil com
saúde?”
Responder esta questão envolve assumir preceitos e crenças pessoais e
profissionais sobre a interligação de todos os elementos que compõem a vida com a
nossa forma de ver e cuidar de si. Em nossa constituição federal de 1988 (CF/88), em
seus artigos 196 e 205, nos remete a educação e a saúde como um direito de todos e um
dever do estado. A educação apesar de ser entendida como fundamental para o
desenvolvimento dos indivíduos, em muito ainda não assume seu papel de importância
em nossa sociedade. Em especial a educação infantil, que para muitos é vista como um
processo voltado muito mais para o cuidado de crianças na ausência de seus
responsáveis, do que para orientações e ensinamentos que remetem inclusive ao cuidado
de si e a saúde. No entanto, a educação infantil em sua essência tem muito mais a
oferecer, do que o estabelecido no senso comum, já que é nesta fase que que a criança
desenvolve capacidades e competências fundamentais para o seu pleno
desenvolvimento. Incluindo-se o cuidado a saúde enquanto processo voltado para a
promoção da saúde
Desta maneira, esta pesquisa torna-se importante se pudermos demonstrar a
importância de compreendermos os fatores envolvidos na aquisição da linguagem
escrita durante a alfabetização e quais destes fatores podem ser desenvolvidos durante a
educação infantil, ajudando-a não apenas no processo de ler, escrever e se comunicar,
mas, orientando-a para outros elementos do viver humano, essenciais para se tornarem
empoderadas na adolescência e vida adulta. Com este olhar e perspectiva é que
buscamos através de uma abordagem qualitativa a obtenção de informações a respeito
do que se faz em um Centro de Educação Infantil público. Nossa ideia não é
problematizar no sentido de fazer uma avaliação sobre o que é certo ou errado, mas, sim
de mostrar o que se faz e refletir sobre como é possível melhorar esta realidade
18
ampliando e/ou adequando ações e práticas realizadas no cotidiano deste serviço
voltado ao público infantil.
1.2 Problema de pesquisa
Ao pensarmos em educação, observamos a mesma como sendo um dos maiores
bens de um povo, e, que uma boa educação começa nas séries iniciais, favorecendo uma
alfabetização de qualidade. No entanto, seja em nosso país ou em outros considerados
na periferia do desenvolvimento, o processo inicial de acompanhamento de crianças,
particularmente na alfabetização tem por muitas vezes resultado em insucessos, que
levam a uma defasagem muito grande em todas etapas seguintes do processo
educacional (MARTINS; SPECHELA, 2012).
No entanto, apesar dos melhores desempenhos estarem relacionados à maior
escolaridade, observa-se que não existe uma relação linear e uniforme, pois existe uma
grande proporção de pessoas que chegam ao ensino médio ou superior com claros sinais
de alfabetismo funcional (LIMA; RIBEIRO; CATELLI JR, 2016). A crescente
conscientização da importância da educação infantil nos primeiros anos de vida e no
desenvolvimento posterior, em aspectos sociais e educacionais, tornou-a uma
preocupação mundial, ocasionando a procura por melhores abordagens no que se refere
a cuidados e a educação de crianças desde o nascimento aos cinco anos (HAMS, 2013).
As creches e a pré-escola deveriam acolher a criança para uma vivencia com
outras crianças e ao mesmo tempo para expandir seus conhecimentos, assim como os de
sua família e da comunidade no qual está inserida. A proposta pedagógica articulada a
esses universos busca a diversificação oferecida à criança através das diferentes
aprendizagens (BRASIL, 2016). Contudo, não é desta forma que a educação infantil
vem ocorrendo, existe uma subvalorização da mesma quanto a sua essência,
abrangência e significado. E esta é uma realidade que levou (ou trouxe) a motivação
desta pesquisa, considerando as seguintes questões:
19
• Quais fatores estão associados ao processo de alfabetização de crianças
do pré-escolar?
• Elaborar e /ou adequar em parceria com os professores um instrumento
e/ou tecnologia capaz de estimular as crianças na apropriação da linguagem escrita e
empoderamento durante o processo de alfabetização?
1.3 Objetivos
GERAL:
• Apresentar os fatores envolvidos na compreensão da linguagem escrita
durante a alfabetização e o que pode ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia
para ampliar os estímulos e a apropriação desta linguagem desde a infância.
ESPECÍFICOS:
• Descrever a compreensão dos professores da educação infantil acerca do
processo de alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho das
crianças na aprendizagem da linguagem;
• Descrever as estratégias e instrumentos que os professores utilizam no
aprendizado da linguagem das crianças no cotidiano da sala de aula;
• Elaborar e /ou adequar em parceria com os professores um instrumento
e/ou tecnologia capaz de estimular as crianças na apropriação da linguagem escrita e
empoderamento durante o processo de alfabetização.
1.4 Percurso metodológico
Os aspectos que envolveram a organização metodológica desta investigação
envolveram coleta de dados bibliográfica e documental com perfil bibliométrico, coleta
observacional do espaço selecionado para o estudo e entrevistas de profissionais da
educação de um centro infantil público de um município da região metropolitana de
Florianópolis. Neste tópico mostraremos inicialmente como foi realizada a primeira
20
etapa de estudo (relativa a fundamentação teórica) e em seguida as etapas do trabalho de
campo com as observações e entrevistas.
A – A Organização do estudo bibliográfico / documental
Para estruturação inicial desta dissertação foi realizada uma coleta de dados
bibliométricos com a identificação de artigos científicos na base de dados BVS
(Biblioteca Virtual em Saúde) e CAPES que obedeceu aos seguintes critérios: utilização
dos descritores educação, alfabetização e linguagem infantil em português e inglês:
education, literacy and children‟s language e em espanhol: educación, alfabetización y
bero-am infantil.
Além destes critérios, outros critérios foram adotados para inclusão de
referências bibliográficas e também documentais: disponibilidade na integra de forma
gratuita, estar nos idiomas português e inglês, fornecer informações pertinentes à
alfabetização, linguagem e educação que propiciem esclarecimento sobre a temática
proposta e o alcance dos objetivos e que os artigos tenham sido publicados nos últimos
33 anos (1987-2019). Como critérios de exclusão: artigos incompletos, bases de estudos
relacionadas a síndromes ou diagnósticos de deficiências intelectuais e mentais ou que
não forneciam informações ou discussões referentes aos objetivos desta proposta de
pesquisa.
Para facilitar a análise dos artigos elaborou-se um quadro com dados sobre ano
de publicação, descritores utilizados, periódicos, objetivo, método, resultados,
conclusões, limitações do estudo e sugestões para estudos futuros (Apêndice D)
conforme modelos a seguir (Quadro 1 e Quadro2).
21
Quadro 1: Organização Bibliográfica e Documental
Parâmetros analisados Definição
Descritores Termos/Expressões Organizados em Estruturas
Hierárquicas
Ano Ano de publicação dos artigos selecionados
Periódico Título da Publicação
Objetivo Finalidade pretendida pelo (s) autor (es) na pesquisa
Método Metodologia da Pesquisa
Resultado Resultados Alcançados
Conclusão Síntese das Conclusões
Limitações/sugestões Limitações e/ou Contribuições da Pesquisa
Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)
No quadro 2 apresentamos o resultado da busca bibliográfica / documental
realizada na BVS e CAPES que serviram como base para a formulação dos métodos
estabelecidos nesta dissertação.
Quadro 2: Seleção dos Artigos
Fonte Artigos Português Inglês Espanhol
Descritores Educação,
alfabetização e
linguagem
infantil.
Education,
literacy and
children‟s
language.
Educación,
alfabetización y
lenguaje
infantil.
BVS Resumos 69 526 60
Após leitura 10 31 34
CAPES Resumos 97 89 33
Após leitura 30 15 10
Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)
22
Nesta busca foi possível encontrar vários autores que estabelecem diversos
fatores que se destacam na literatura como desfavoráveis ao processo de alfabetização,
dentre eles:
• Fatores sociais (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013;
MERZ; ZUCKER; LANDRY, 2015; ALVES; CARVALHO; PEREIRA, 2017;
BONKI; DE OLIVEIRA, 2014; DE ALMEIDA LEITE; LOURENÇO DE CAMARGO
BITTENCOURT; RODRIGUES SILVA, 2015);
• Métodos educacionais (OLIVEIRA; NATAL, 2012);
• Ludicidade (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013;
VYGOTSKY, 1998);
• Letramento (RIBEIRO; SOUZA, 2012; CÁRNIO; PEREIRA; ALVES et
al, 2011);
• Habilidades metalinguísticas (HEATH; BISHOP; BLOORET, 2014);
• Linguagem verbal (KAMINSKI; BOLLI MOTA; CIELO, 2011;
BOWYER‐CRANE; SNOWLINGET; DUFF, 2008; ALVES; CARVALHO;
PEREIRA, 2017);
• Motricidade (OKUDA, 2015; DORNELAS; DUARTE &
MAGALHÃES, 2015).
A partir dos dados obtidos na pesquisa (informações bibliográficas e
documentais, entrevistas e a experiência da Mestranda/Pesquisadora) se fez a análise
destes resultados segundo as premissas da análise interpretativa de Geertz (2008).
Importante ter claro que este modelo de análise não pretende trazer resultados
definitivos e fechados, seu propósito é possibilitar a reflexão crítica sobre o papel da
escola e da família na construção da identidade de crianças na educação infantil e como
23
este percurso pode empoderá-la e trazer bem-estar, vida saudável e qualidade de vida a
sua vida adulta. Estes resultados estarão nos tópicos a seguir no formato de artigo
científico ou de texto corrido.
Para realizar a pesquisa que resulta esta dissertação cumpriram-se todos os
preceitos éticos e legais. A proposta foi registrada na Plataforma Brasil e submetida à
aprovação do Comitê de Ética da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), sendo
aprovada por esta comissão com o parecer CAAE- 90282618.3.0000.0120antes de
iniciarmos o trabalho de campo.
Ao longo do ano de 2018, a pesquisa foi realizada cumprindo os preceitos
estipulados de não maleficência, beneficência, justiça e equidade, visando assegurar os
direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade
científica e ao Estado. Nesse sentido, para a realização da pesquisa foram utilizados: o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para uso nas entrevistas com os docentes
(Apêndice A) e Roteiro de Entrevista (Apêndice B); e o Termo de Anuência da
Secretária de Educação e Escola onde se realizou a coleta de informações in loco
(Anexo 1 e 2 respectivamente);
B – Tipo de pesquisa
Trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa, através de um estudo de caso de
base epistemológica interpretativa onde através de leituras, observações e entrevistas
com professores, coletamos informações sobre os processos educacionais desenvolvidos
em um centro educacional infantil público. Cabe salientar que os passos metodológicos
adotados via abordagem qualitativa levam a uma proposta de pesquisa cujas bases
associam à intuição e os conhecimentos do pesquisador na área de Fonoaudiologia e
áreas afins a temática primária em estudo, que deram sustentação a pesquisa e seus
achados (GOMES, 1990).
C – Universo e população do estudo
A pesquisa, de natureza qualitativa, se deu com 10 professores de um Centro de
Educação Infantil (CEI) em uma instituição pública de um município do estado de Santa
24
Catarina, localizado na região sul do Brasil. A mesma se desenvolveu em etapas
distintas, da elaboração da proposta a sua apresentação na instituição escolhida para a
realização do trabalho de campo e posterior entrevistas com as professoras que
aceitaram participar do processo. As entrevistas (gravadas com autorização das
informantes) se deram na própria instituição em horário estabelecido pelas professoras
no período de outubro a dezembro de 2018 em uma sala reservada.
As perguntas norteadoras estavam relacionadas aos objetivos da pesquisa, com
um roteiro com questões sobre aspectos profissionais (tempo de atuação e formação) e
um segundo roteiro contendo oito perguntas abertas sobre: (1) A análise acerca do
processo de alfabetização nas escolas públicas de nosso país e os aspectos ligados ao
trabalho desenvolvido pela professora; (2) Os aspectos do território que podem ser
impactantes (de forma positiva e negativa) ao desenvolvimento da criança durante a sua
alfabetização (3) As dificuldades das crianças que chamam mais a atenção dos
professores em sala; (4) Profissionais procurados quando precisam de auxílio nas
questões relacionadas à linguagem; (5) Procedimentos e/ou encaminhamentos de
problemas relacionados à linguagem; (6) Protocolo do município e da escola com
relação a encaminhamentos externos quando a criança tem dificuldades de linguagem;
(7) Existência de trabalhos especializados dos educadores com relação às dificuldades
de linguagem ou em relação a outra dificuldade específica; (8) Trabalhos feitos na
escola com as crianças que têm problemas – explicações de como ocorre este tipo de
ação e/ou procedimento.
A fim de preservar a identidade dos participantes, a transcrição dos discursos
apresentados nos resultados e discussão foi feita utilizando as iniciais dos termos:
“Professor Entrevistado” seguido de um número segundo a ordem das entrevistas (PE1,
PE2, PE3, PE4, PE5, PE6, PE7, PE8, PE9, PE10). Devido ao pouco tempo para coleta
dos dados a seleção da instituição ocorreu por sua proximidade e facilidade de acesso a
pesquisadora, bem como, por ele não ter um profissional Fonoaudiólogo, ainda que se
tratando de CEI com muitas demandas nesta área segundo registros da própria secretaria
de educação.
25
A instituição fica na Grande Florianópolis na parte continental. Trata-se de um
centro de educação infantil exclusivamente público da esfera municipal que esta
inserido em uma comunidade carente economicamente que atende em sua maior parte
famílias de baixa renda e escolaridade. Esta localizada no município de São José no
bairro Serraria, um dos mais populosos do município com cerca de 30 mil habitantes. O
bairro possui três centros de educação infantil municipais e três escolas municipais,
parque, supermercado e farmácia, sua população varia em classe social e nível
educacional. O CEI esta localizada em rua calçada de fácil acesso, com comercio
próximo e transporte coletivo, porem em suas proximidades existe grande demanda
social, incluindo a presença de trafico de drogas e carência financeira de boa parte da
população.
O centro de educação infantil atende crianças de 4 meses a 5 anos e 11 meses.
Apresentando em seu quadro de funcionários 8 professoras efetivas. Possui
infraestrutura de ensino: Alimentação escolar, energia da rede pública, água filtrada e
da rede pública, acesso a internet rede pública de esgoto. No que se refere as instalações
de ensino temos, 8 salas, cozinha, berçario, sala dos professores, parque infantil,
banheiro adequado para as crianças com chuveiro, dependencias e vias adequadas a
alunos com deficiencia ou mobilidade reduzida, secretaria, pátio coberto e descoberto.
Figura 01: Santa Catarina
Fonte: https://viagemsantacatarina.com/mapa-de-santa-catarina/
26
1.5 Plano de apresentação da dissertação
Este documento foi elaborado em tópicos constituídos de uma „Introdução‟
onde constam tópicos relacionados a contextualização do tema, justificando sua
importância e as motivações das escolhas realizadas pela mestranda e sua orientadora.
Também estão neste tópico inicial as questões problema, os objetivos da pesquisa e o
percurso metodológico adotado.
No tópico relacionado ao „Desenvolvimento‟ da pesquisa encontram-se os
resultados da mesma subdivididos em três tópicos. No primeiro apresentamos a
fundamentação teórica e nos demais a pesquisa de campo com discussões que remetem
aos objetivos da pesquisa e as etapas de cada momento da investigação segundo o
percurso metodológico adotado.
No „Fechamento‟ do texto temos as considerações finais, referências
bibliográficas e documentais acrescidas nos apêndices e anexos.
27
CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
2.1 Reflexões teóricas sobre ‘Educação Infantil’2
O analfabetismo no Brasil esta diretamente ligado aos níveis e qualidade da
educação Brasileira (LIMA; RIBEIRO; CATELLI JR, 2016). As escolas brasileiras, de
maneira geral, não conseguem dar uma formação que permita aos indivíduos
desenvolver a leitura e escrita, nem muito menos permiti a estes interpretar e/ou
produzir textos. (MARTINS; SPECHELA, 2012).
A LDBEN- lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996)
refere a educação infantil como uma etapa da educação básica, sendo a primeira etapa
para esta educação formal, tendo como objetivo desenvolver a criança de maneira
integral até os seis anos de idade, nos aspectos psicológico, físico, intelectual e social,
sendo complementar a ação da família e da comunidade. Segundo o Ministério da
Educação (MS) os municípios deveriam até 2016 se adequar e garantir de todas as
crianças apartir dos 4 anos estejam na escola, objetivando a alfabetização de todas as
crianças no tempo adequado, preparando-as para as demais fases do processo de
alfabetização (LEONARDO; COMIOTTO; MIARKA, 2016).
Cada criança possui sua especificidade e reconhecer esta é necessário para que
se haja possibilidade de aprendizagem, existindo diferenças de ritmo e de
desenvolvimento das crianças que precisam ser consideradas na prática pedagógica
(BRASIL, 2017)
Desta forma, estar consciente da importância da educação infantil no
desenvolvimento de aspectos sociais e educacionais se faz de extrema importância.
Procurando melhorar as abordagens no que se refere a cuidados e a educação de
crianças de 0-5 anos (HAMS, 2013). No entanto devemos nos lembrar de que leis da
2 Este tópico foi elaborado a partir da revisão bibliométrica citada no tópico do percurso
metodológico.
28
educação bem como os avanços políticos no Brasil, teve sua liberdade democrática
alcançada tardiamente, podemos dizer que isso de fato vem acontecendo nos últimos
trinta anos. Assim ainda existem, principalmente de períodos anteriores e de maneira
muito latente, vestígios do autoritarismo e do poder concentrado predominante,
ocasionando o enrijecimento em práticas que deveriam ser autônomas (RODRIGUES;
ARANDA, 2017).
Importante que se diga que as conquistas voltadas à educação das crianças
incluindo-se o atendimento a educação infantil é algo novo e que necessita ser
estruturado, pois somente a expansão do acesso não significa o atendimento às
especificidades de cada criança (SOUZA; GARCIA, 2015). Nas leis de diretrizes de
bases da educação, tem a Educação Básica e a Educação Infantil como início e a base
do processo educacional, referindo à entrada da criança na creche/pré-escola para um
primeiro momento de socialização. As creches e a pré-escola acolhem a criança para
uma vivencia com outras crianças e ao mesmo tempo para expandir seus
conhecimentos, assim como os de sua família e da comunidade no qual está inserida. A
proposta pedagógica articulada a esses universos busca a diversificação oferecida à
criança através das diferentes aprendizagens (BRASIL, 2016).
Nesse sentido, a Base Comum Curricular refere à transição entre educação
infantil e educação formal como algo a ser realizado com muita atenção e equilíbrio,
para que haja uma boa integração e continuidade do processo de aprendizagem em suas
diferentes etapas. Sobre as capacidades necessárias para essa transição se faz necessário:
(BRASIL, 2017)
Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por
diferentes meios. Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal,
organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzida. Ouvir, compreender,
contar, recontar e criar narrativas. Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais,
demonstrando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como
fonte de prazer e informação (BRASIL, 2017).
29
Nessa perspectiva, a Educação Infantil deve ser vista como uma possibilidade
de desenvolvimento infantil pleno e integral, possibilitando com atos educativos, o
cuidar e o educar como parte da prática pedagógica das instituições de ensino (SOUZA;
GARCIA, 2015). A alfabetização é uma tarefa delegada a escola e a leitura deve se
fazer presente, estimulando a aprendizagem e prevendo as dificuldades que possam
excluir as crianças deste processo (ZILBERMAN, 2008).
Essas perturbações vão ocasionar marcas na potencialidade previstas destas
crianças, podendo afetar nas interações que ajudam na construção, aquisição e uso da
linguagem. Desta maneira, a inversão da prática conhecimento-uso para a prática uso-
conhecimento, onde o uso da linguagem seja capaz de produzir mais conhecimentos
necessários no desenvolvimento da linguagem criativa, crítica e reflexiva (RIBEIRO
TAVARES; BRITO FERREIRA, 2009).
O grande indicador de que algo está errado com a educação de nossas crianças
é constantemente mostrada na mídia, há anos, Mello (2007) discutia como as crianças
da educação infantil e do ensino fundamental estavam estressadas, desinteressadas,
indisciplinadas e medicalizadas. Eram crianças que não gostavam da escola e que
resistiam a continuar frequentando uma escola que as excluía com diagnósticos e uma
série de medidas que não as ajudavam.
Frente a esta realidade temos hoje um número elevado de encaminhamentos de
crianças em idade escolar com queixas de dificuldade de leitura e escrita, ligadas a
dificuldades de sistematização de letras, dificuldades de grafema/fonema e produção
gráfica (BERBERIAN; BORTOLOZZI; MASSI, 2013).
Simões e Assencio-Ferreira (2002) em investigação sobre estes problemas,
observaram que os procedimentos atuais realizados com crianças encaminhadas do
sistema educacional para terapia fonoaudiológica, não melhorou significativamente o
quadro de linguagem das mesmas, ou seja, não tiveram melhora significativa. E os
pesquisadores se perguntaram: por que? O que não está funcionando?
30
Refletindo sobre estas questões, observamos que o Fonoaudiólogo ao assumir
sua inserção na educação infantil, assume também um papel de grande importância
neste processo (ZORZI, 1999) devendo o profissional estar preparado para uma atuação
mais crítica e reflexiva acerca da importância da educação infantil no futuro das
crianças e dos adultos, sendo esta uma preocupação a nível mundial para este milênio
(HAMS, 2013).
Do ponto de vista profissional temos desde 2010, a especialidade
„Fonoaudiologia Educacional‟ reconhecida pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia
(CFFa, 2010), contudo, precisamos ter um maior convívio com os educadores a fim de
estabelecermos, seguindo o pensamento de Oliveira e Natal (2012) onde referem que a
troca de conhecimentos e a parceria podem melhorar e facilitar a atuação
fonoaudiológica nas escolas. Ainda temos uma longa caminhada pela frente, visto que o
que vemos hoje nas pesquisas de fonoaudiologia educacional são estudos voltados
principalmente a patologias da linguagem (AMARAL; FREITAS; CHACON, 2011),
avaliação de crianças (ANDRADE; ANDRADE; CAPELLINI, 2013; DOS SANTOS;
FERREIRA; CIASCA, 2016.); avaliação do ambiente (BATISTA DE CAMPOS;
DELGADO-PINHEIRO, 2014); ênfase no professor (ALMEIDA; KOZLOWS;
MARQUES, 2015; BERBERIAN; BORTOLOZZI; MASSI, 2013) e fatores sociais (DE
ANDRADE FERREIRA; DA SILVA; ARRUDA MANCHESTER DE QUEIROGA,
2014; SCOPEL; SOUZA; LEMOS, 2012), esquecendo outros fatores importantes e
necessários a um processo de aprendizagem efetivo.
Muitos fatores são destacados na literatura como desfavoráveis ao processo de
alfabetização dentre eles:
• Fatores sociais: presente na literatura associado a condições sócias
econômicas (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013; MERZ; ZUCKER;
LANDRY, 2015; ALVES; CARVALHO; PEREIRA, 2017), nível educacional dos pais
(MERZ; ZUCKER; LANDRY, 2015), estimulação da leitura em casa (BONKI; DE
OLIVEIRA, 2014; DE ALMEIDA LEITE; LOURENÇO DE CAMARGO
31
BITTENCOURT; RODRIGUES SILVA, 2015), gênero (BONKI; DE OLIVEIRA,
2014; MERZ; ZUCKER; LANDRY, 2015) entre outros.
• Métodos educacionais: desconhecimento e método inadequados de
estimulação de requisitos essenciais para o desenvolvimento da linguagem em crianças
(OLIVEIRA; NATAL, 2012).
• Ludicidade: presente na educação infantil através do faz de conta em
histórias e brincadeiras (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013), propicia a
construção de mundo auxiliando no entendimento do mundo adulto (VYGOTSKY,
1998).
• Letramento: escrita assume a condição de interação social embasando
práticas sociais (RIBEIRO; SOUZA, 2012; CÁRNIO; PEREIRA; ALVES et al, 2011).
• Habilidades metalinguísticas: consciência fonológica, sintática e
morfológica, além do pensamento lógico matemático estão associados ao
desenvolvimento da leitura e escrita (HEATH; BISHOP; BLOORET, 2014).
• Linguagem verbal: desvio fonológico e atrasos no desenvolvimento da
linguagem influenciam no processo de alfabetização (KAMINSKI; BOLLI MOTA;
CIELO, 2011; BOWYER‐CRANE; SNOWLINGET; DUFF, 2008; ALVES;
CARVALHO; PEREIRA, 2017).
• Desenvolvimento motor: a Psicomotricidade tem como objetivo educar o
movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência e a afetividade (DA
SILVA; REIS; OLIVEIRA, 2017). Transtornos do desenvolvimento da coordenação
(TDC) podem etiologicamente serem responsáveis por dificuldades relacionadas à
aprendizagem, aquisição e controle das habilidades motoras finas e grossas (OKUDA,
2015).
32
Zubrick e Taylor (2015) destacam à importância de se compreender os padrões
do progresso do desenvolvimento infantil, tanto de maneira geral como no processo de
alfabetização. A adoção de métodos de prestação de serviços de forma universal deveria
ser algo disponível a toda crianças, independentemente do seu status de risco.
Em resumo, para redução dos riscos de baixa alfabetização no início da pré-
escola, existe a necessidade de fornecer oportunidades de desenvolvimento
principalmente através do enriquecimento da linguagem de maneira geral. A escrita é
uma linguagem eminentemente simbólica, que possibilita o desenvolvimento do
pensamento, da consciência e de outras Funções Psíquicas Superiores própria do ser
humano e que desempenha papel e função fundamentais no desenvolvimento
(GONZÁLEZ; MELLO, 2016). Conhecer os preditores que possam sinalizar as
dificuldades das crianças, também deve ser parte de nosso aprendizado junto com os
educadores. Na sequência, a partir de uma investigação sucinta teórica, apresentamos
alguns preditores importantes como exemplos de possibilidades para que possamos
prever e/ou antecipar os problemas de linguagem das crianças.
2.2 A educação infantil como fator de compreensão e empoderamento3
A Constituição Brasileira, bem como a Declaração Universal dos Direitos
Humanos entre outros acordos nacionais e internacionais referem-se à educação como
um dos direitos essenciais básicos de crianças e adultos. A constituição brasileira
reconhece a educação como importante, pois possibilita as pessoas distinguir, acessar e
desfrutar de seus direitos. Mais do que uma vaga nas escolas públicas brasileiras, a
constituição brasileira, afirma ser fundamental pensar na educação como um conjunto
de elementos que pode possibilitar o exercício pleno das pessoas enquanto cidadãs
(BRASIL, 1988).
2
Este tópico está inserido como apêndice no formato de artigo científico. O mesmo
corresponde a dados bibliográficos, documentais, observacionais e de entrevistas
realizadas ao longo do ano de 2018.
33
Para tornar possível que se tenha uma educação para todas as pessoas em todos
os segmentos da sociedade, no Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação
nacional em seu Art. 29 define a educação infantil, como a primeira etapa da educação
básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral de crianças até cinco anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da
família e da comunidade (BRASIL, 1996).
Para tornar possível o acesso à escola a todas as crianças, segundo o Ministério
da Educação, os estados e municípios tinham prazo até o ano de 2016, para adequação a
lei que garante educação a todas as crianças brasileiras. O objetivo principal do governo
era garantir que todas as crianças fossem alfabetizadas no tempo adequado, propiciando
o desenvolvimento e preparando as mesmas para as demais etapas do processo de
alfabetização (LEONARDO, COMMIOTO & MIARKA, 2016). A perspectiva pensada
pelos que atuam na área da Educação era que as crianças pudessem desenvolver
aspectos como a expressividade de suas ideias, desejos e sentimentos; argumentando e
relatando fatos oralmente, em sequencia temporal/causal, tendo a capacidade de
organizar de forma adequada a fala em diversos contextos. Ouvindo, compreendendo,
criando narrativas, contando e recontando; demostrando compreensão da função social
da escrita e tendo a leitura como fonte de informação e vista de forma prazerosa
(BRASIL, 2016, p.51).
O olhar dos educadores brasileiros sobre a Educação Infantil, na ideação do
Ministério da Educação, era proporcionar o desenvolvimento infantil pleno e integral,
possibilitando através de atos educativos, cuidar e educar como parte da prática
pedagógica nas instituições de ensino (SOUZA & GARCIA, 2015). A alfabetização e a
leitura, processo que hoje está como uma tarefa delegada a escola, é parte deste
processo de ensino, que se inicia bem antes da alfabetização, e, que não pode em
hipótese alguma desestimular a aprendizagem ou excluir as crianças deste processo
(ZILBERMAN, 2008).
Contudo, percebe-se como as crianças que estão na educação infantil e no
ensino fundamental, estão estressadas, desinteressadas, indisciplinadas e medicalizadas.
34
São crianças que não gostam da escola e não querem ir as aulas, principalmente quando
são submetidas a diagnósticos e medidas que as excluem. Os diagnósticos associados à
indicação de medicamentos para „conter‟ as crianças tem sido uma prática recorrente
que merece ser analisada (SIGNOR, BERBERIAN, & SANTANA, 2017; MELO,
2007).
Essas perturbações vão ocasionar marcas na potencialidade previstas destas
crianças, podendo afetar nas interações que ajudam na construção, aquisição e uso da
linguagem. Desta maneira, cada vez mais se fará presente a inversão da prática
conhecimento-uso para a prática uso-conhecimento, onde o uso da linguagem seja capaz
de produzir mais conhecimentos necessários no desenvolvimento da linguagem criativa,
crítica e reflexiva (TAVARES & FERREIRA, 2009). Algo que pode ser resultado da
medicalização das crianças com apoio explícito ou implícito da escola e dos
professores. Os problemas oriundos destas práticas não estão sendo avaliados e as que
se opõem a este processo são vistas através de um viés negativo, seja por considerarem
as mesmas superprotetoras ou negligentes em relação aos filhos. Raro aparecerem
autocríticas ao papel da escola e da sua incapacidade em lidar com crianças
consideradas fora do padrão disciplinado esperado (GARCIA, BORGES &
ANTONELI, 2014).
Zubrick e Taylor (2015) referem à importância de uma melhor compreensão
dos padrões do progresso do desenvolvimento das crianças, tanto no que se refere ao
desenvolvimento geral como no processo de alfabetização. Sugerindo a importância de
uma detecção precoce das dificuldades ou alterações nesses padrões, para que se possa
propiciar a criança um melhor desenvolvimento escolar. Mas, os autores salientam a
importância da adoção de métodos de prestação de serviços de forma universal,
disponível para todas as crianças, independentemente do seu status de risco. Este tipo de
serviço propiciaria a inclusão das crianças em programas que permitiriam uma melhor
documentação do crescimento e desenvolvimento das crianças em seu percurso
educacional, a fim de permitir a detecção adequada de crianças com padrões baixos de
prontidão escolar, propiciando uma melhor precisão na busca, prevenção e intervenção
para aqueles que demostrarem necessidade.
35
Pesquisadores como Gonzalez e Melo (2016), afirmam que a redução dos
riscos de baixa alfabetização no início da pré-escola pode ocorrer se for possível
fornecer oportunidades de desenvolvimento através do enriquecimento da linguagem de
maneira geral. A escrita é uma linguagem eminentemente simbólica, que possibilita o
desenvolvimento do pensamento, da consciência e de outras funções psíquicas
superiores própria do ser humano e que desempenha papel e função fundamentais no
desenvolvimento. Conhecer os fatores que possam sinalizar as dificuldades das crianças
deveria ser parte do aprendizado de todos que se relacionam profissionalmente como as
crianças, uma vez que o papel de cidadã e o empoderamento das mesmas somente será
possível se estas puderem compreender o mundo em que vivem.
Considerando esta perspectiva e contexto, este tópico foi elaborado para que
possamos perceber as nuances e a compreensão dos professores da educação infantil
acerca do processo de alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho
das crianças na aprendizagem da linguagem‟. Aqui temos os resultados segundo os
objetivos específicos 1 e 2 da pesquisa a partir das questões formuladas para os
professores. A interpretação foi realizada na perspectiva da análise interpretativa de
Geertz (2008): referencial teórico + discursos dos professores + compreensão do
processo pela pesquisadora.
A – Compreensão e dificuldades para alfabetização e expressão da linguagem
Diversos fatores são referenciados na literatura como importantes para o
desenvolvimento do processo de alfabetização ou ate mesmo como fator prejudicial.
Visto a dificuldade educacional presente em nosso país, com baixos índices
educacionais demonstrados através dos resultados relativos a aprendizagem das crianças
com uma baixa compreensão do contexto social da qual fazem parte. Um dos primeiros
fatores a ser considerado se refere aos fatores sociais e econômicos, onde temos diversas
e complexas desigualdades que dificultam a apropriação da língua e o uso desta não é
incorporada de forma eficaz pela insuficiência de palavras nas “comunicações”
estabelecidas na rede social ao qual pertencem às crianças e suas famílias (TAVARES;
FERREIRA, 2009).
36
Na sociedade brasileira, 50% das crianças de baixa renda não se apresentam
hábeis (do ponto de vista da linguagem e leitura) a passarem para a 2ª série do ensino
fundamental, fato que retrata a realidade de maior parte das famílias brasileiras que
convivem com privações, ocasionando efeitos no aprendizado das crianças, efeitos esses
muitas vezes só percebidos quando do ingresso na escola (LEITE, BITTENCOURT &
SILVA, 2015).
Tais fatores sociais, tais realidades sociais duras, com diversos problemas e
necessidades que afetam o desenvolvimento das crianças desde muito cedo, estão
presentes nas falas dos professores com o quais interagimos, demarcando a realidade
vivida por essas crianças.
PE04: “...É uma comunidade assim que atravessa uma realidade
assim difícil né, é uma comunidade cercada por... como vou te dizer!
As drogas né, é.... como vou te explicar! É... são realidades duras
né”.
...“a própria situação financeira da família né, social. Cada um é...
uma situação diferente, eu tenho aquele que tem aquela dificuldade
na oralidade tipo a minha “S.”, eu tenho o “J.” o “T” que são
crianças mais carentes e a gente ver eles na hora que precisa de uma
fralda que não tem na mochila, a hora que chega que a higiene não tá
muito boa, sabe? Situações assim que são coisas que a gente convive
no dia a dia”.
PE5: “principalmente lenço umedecido tem fazer mil e uma coisa, da
banho tudo, por que passa 3, 4 dias, uma semanas sem mandar”.
Não estamos aqui para simplesmente levantar a bandeira da ajuda social, das
necessidades sociais de nossas crianças, isso a muito já é sabido por todos: sociedade,
governo, professores, as famílias e todos que fazem parte deste circuito de convivência
com as crianças que iniciam sua vida escolar. Mas, é importante que se veja a relação
entre não aprendizado da própria língua e o não atendimento de necessidades mínimas
37
vida, algo que faz parte do universo das crianças de famílias de baixa renda. As políticas
públicas, que se alternam conforme o poder político vigente, não levam em
consideração a realidade das famílias pobres que chegam a condição da miserabilidade
absoluta e que o uso mínimo da linguagem, com distúrbios de leitura e escrita fazendo
parte deste contexto que se perpetua ano a ano. A falta de trabalho, alimentação básica,
moradia decente e a condição mínima de conforto e bem-estar, com certeza também
influenciam na precariedade das relações sociais, no aumento das violências, dos crimes
e do abandono de crianças. Contribuindo para os altos índices de abandono escolar de
nosso pais. Como uma criança pode aprender com fome? Como posso dormir e ter paz
se ao meu lado vejo guerra? Como entender uma prova ou ter gosto por livros se não
entendo o que estou lendo? Assim a escola passa a ser um ambiente pouco convidativo
e não supre suas necessidades básicas para uma vida saudável e estável.
Merz, Zucker e Landry (2015) referem esta realidade, com suas discrepâncias
educacionais entre classes sociais distintas, diferenças entre crianças que frequentam
ensino particular e público, onde os alunos de escolas particulares apresentam melhor
compreensão de princípios alfabéticos, com maior embasamento e reconhecimento de
palavras, tendo maior capacidade para a alfabetização. Contudo, para os autores, mesmo
entre as crianças pobres que estão em escolas públicas, seria possível reverter este
processo se o ambiente físico de convívio da criança, familiar ou escolar, fosse
organizado para prover mais possibilidades de interação. Passando a escola, segundo
Alves, Carvalho e Pereira (2017), a ser um provedor de resiliência e empoderamento.
A nosso ver, existem muitos fatores de indiferenças no ensino que se apropriam
de ideias educacionais consideradas milagrosas, mas, que não avaliam o contexto das
crianças e suas vidas. Não querendo fazer discursos fatalistas, mas por conta de diversos
fatores, muitas vezes inerentes a nossa capacidade de intervenção, associada a uma
visão determinista e reducionista que se perpetua de geração em geração, acabamos por
cada vez mais diminuir as possibilidades de avanço e crescimento de nossas crianças.
38
Este pensamento se mostra presente na fala a seguir, onde se percebe de um lado
uma preocupação com a realidade posta a essas crianças e do outro uma incoerência de
agira e pensar entre as pesquisadas.
PE4: “daí eu me pegava pensando assim, o que que eu tô fazendo, tô
privando as crianças do conhecimento não que eu queira que eles
aprendam a fazer, mas eu me sinto na obrigação de APRESENTAR
para eles esse mundo, também de forma lúdica, claro sabe. E assim
muitas vezes eu fui barrada pela profissional do período da manhã
porque eu não poderia estar trabalhando aquilo com as crianças que
a forma de ver dela também era diferente e até pela direção assim
sabe, fui chamada a atenção algumas vezes porque não poderia tá
trabalhando assim, daquela forma, como se eu quisesse alfabetizar os
pequenos. Eu não tô querendo alfabetizar ninguém, estou querendo
apresentar...eu acho um crime não apresentar as coisas para as
crianças. Porque que as nossas crianças são menos daqueles que
estão em colégio particular, aí eu fico muito indignada, as vezes tu
escuta fala de profissionais da área, que é incoerente, porque o filho
delas não tá em uma rede pública, tais entendendo? Eu fico muito
INDIGNADA, não é uma coisa que eu não consigo compreender”.
PE9: “alguma criança, por exemplo, porque até seis anos ela tem que
estar na creche, tem que estar no CEI, mas o outro caso pode ser que
aconteça de aquela que não frequentou, então se ela entrar lá, ela vai
estranhar aquele sistema, mas é mais fácil para ela acompanhar do
que o sistema tradicional, se o professor, pegar uma professora
alfabetizadora que puxa por essa linha, nossa... vai que é uma beleza
mas ainda a gente vê muito que elas fica meias perdidas na hora da
alfabetização e elas voltam tudo naquela questão de “B, C, D com A,
DA” e isso não se usa mais, e a gente escuta muito a criança falando
isso né”.
Para Berto, Rabelo e Santos (2012), a globalização atinge em cheio a educação
de nossas crianças. As necessidades dos pais em deixar seus filhos em creches ou aos
39
cuidados de outras pessoas para trabalharem, e todo o afã para sobreviverem com um
salário mínimo, às vezes trabalhando nos finais de semana, limitam o processo de
acompanhamento educacional de seus filhos. Ao mesmo tempo, que lutam para dar
condições econômicas de sustento aos filhos, diminuem a convivência com os mesmos,
gerando desgastes que interferem no comportamento e desempenho escolar. O apoio e
participação dos pais na educação propicia segurança, motiva e estimula o aprendizado
da criança, mas, como fazê-lo diante de todo um quadro de insegurança econômica,
social e cultural? Os autores referem ainda que o acompanhamento dos pais na escola é
essencial para mudanças no processo pedagógico e para a construção de uma educação
de qualidade, principalmente no que se refere ao esclarecimento das dificuldades e a
busca por soluções. Entretanto, em nossa análise, nos questionamos: como tornar
possível a participação efetiva dos pais e da família como um todo neste processo, se as
condições de sobrevivência interferem de forma real e dramática neste processo?
Devemos nós enquanto profissionais atuantes na educação compreender e
trabalhar com estas dificuldades e especificidades, que podem (e são) diferentes em
cada local. Trazer a família para a participação é essencial, apesar de nada fácil. Pereira,
Santos e Nunes (2015) já referiram a importância da participação famíliar na vida
escolar da criança. Os autores dão ênfase nas dificuldades de aprendizado associados à
carência de recursos tais como: falta de contato com livros, brinquedos, jogos de
raciocínio e carência de atividades realizadas fora da escola. Merz, Zucker e Landry
(2015) citam ainda a escolarização dos pais como um preditor significativo para a
prontidão escolar de crianças, bem como os fatores socioeconômicos como: qualidade
do lar, da escola e da vizinhança.
Estamos em uma sociedade voltada cada vez mais para o individual e não só
nossas crianças estão sendo “sugadas” pelo mundo da tecnologia como os próprios
responsáveis (Pais) muitas vezes não assumem, por fatores diversos, a sua importância
na vida de seus filhos.
PE4: “ou ainda a própria participação, o envolvimento da família
neste processo da criança, aquela agenda que vem sem assinar,
40
aquela participação que tu pede para a família, aquela parte que vai
para casa ela, aquela continuação da creche que vai para casa para
ser feito em casa com a família na intenção de chama-lo, para ele
sabe o que está sendo feito aqui, o que o que o filho dele está
vivenciando, experenciando aqui dentro”.
B – Estratégias e instrumentos para o aprendizado da linguagem no cotidiano da sala de
aula
Um fator que poderia ajudar se bem aplicado, presente em nosso mundo
contemporâneo é a tecnologia. Hoje até mesmo os lares mais carentes, tem acesso a
algum tipo de mídia e buscas digitais, mas Almeida Leite e Bittencourt (2015) relatam
em sua pesquisa com pais de crianças de baixo nível sócio econômico, que apesar da
baixa condição cultural e econômica, a maior parte dos entrevistados tem acesso a
algum tipo de tecnologia e internet, no entanto, estes equipamentos têm pouco ou a má
utilização como provedor de melhores condições de estudo, enfatizando a importância
de entender os contextos sociais presentes de nossa sociedade.
PE1: “eu acho que sim...é.. a questão do estímulo né. A gente vê que
as crianças hoje em dia estão muito paradas em celulares, vídeo
game, não que isso não seja bom, o uso da tecnologia é boa, desde
que seja é... destinado um tempo, um objetivo pra aquilo”.
A linguagem dos pais é outro fator já descrito por Merz, Zucker e Landry
(2015), que relatam que a boa responsividade e inferência da linguagem dos pais
aumentam as habilidades de prontidão escolar mesmo em crianças
socioeconomicamente desfavorecidas que entram na pré-escola. Para os autores, a
capacidade de resposta dos pais está diretamente relacionada ao desenvolvimento das
habilidades cognitivas e conhecimento emocional das crianças. Desta forma, o input de
linguagem inferencial fornecida aos pais pode ocasionar benefícios no vocabulário das
crianças.
41
Portanto, intervenções que garantam a capacidade de resposta dos pais durante
a passagem da creche para a pré-escola poderia ser um meio de promoção e
desenvolvimento de habilidades de prontidão escolar entre crianças que vivem em
situação de risco socioeconômico.
O terceiro aspecto discutido por Lima e Bhering (2006) refere-se à qualidade
dos ambientes escolares para crianças, tema que merece atenção uma vez que muitos
dos instrumentos e/ou tecnologias a serem utilizados em sala de aula não são viáveis nas
escolas públicas em função da pouca importância dada a esses serviços, por nossos
governantes e gestores. A sugestão dos autores é que se pondere cada vez mais sobre as
questões envolvidas, para que haja compreensão sobre a realidade, a fim de propiciar
contexto escolar pleno e estimulador ao desenvolvimento de capacidades,
aprendizagem, socialização e cidadania.
Dados obtidos através de investigação realizada por Oliveira e Natal (2012)
demostraram que embora a maioria dos professores tenha a formação necessária e
exigida pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), existe uma carência de conhecimentos
basais para o desenvolvimento de ações alfabetizadoras como: entender o início deste
processo, os fatores preditores, as dificuldades e condutas adequadas às
individualidades das crianças.
Teixeira e Dickel (2013) referem à atuação do professor no processo de
desenvolvimento de crianças já no berçário, mostrando as repercussões na maneira
como as mesmas passam a compreender o mundo a sua volta e que empecilhos na
primeira infância podem ocasionar fracasso na constituição do sujeito. As autoras
salientam ainda a importância de propiciar as escolas de educação infantil um repensar
de suas práticas, assumindo o seu papel de sujeitos transformadores de suas ações, bem
como facilitadores na formação da criança. Melhorar a qualidade da educação tem uma
relação direta com a educação infantil, assim como, uma reflexão crítica acerca da
importância dos processos linguísticos para o desenvolvimento integral das pessoas.
42
Para a maioria dos professores entrevistados, o Brasil se configura em uma
nação em que a educação tem muitas propostas com muitas capacitações e treinamentos
voltados ao planejamento de ações irreais para a realidade do país. São politicas de
inclusão que não se cumprem, é a carência de insumos básicos, falta de professores,
professores mal remunerados, entre outros elementos.
PE2:”vamos lá comprar umas duas bonecas para sala. Não tem
como, tem muita carência das coisas assim, o espaço ali também é
limitado. Aaa... eu não tenho muito o que falar da comunidade, só que
eles também são muito carentes”.
É necessário compreender que as crianças, em escolas públicas e/ou privadas,
no Brasil ou em países com problemas semelhantes, carecem de ser beneficiadas com
uma educação mais qualificada. Faz-se necessário a luta por políticas e práticas
pedagógicas efetivas para que a escola passe a ser um espaço acolhedor das motivações
e interesses das crianças (NOGUEIRA, 2011). Nesse sentido, faz-se necessário se
pensar em políticas de Estado voltadas para a educação infantil que propiciem o
desenvolvimento de estruturas que incluam estratégias e instrumentos capazes de
melhorar a qualidade ensino na infância, incluindo neste rol uma formação profissional
que atenda a área (TEIXEIRA; DICKEL, 2013).
PE3: “eu trabalhei com o segundo ano também então a dificuldade e
com um quinto ano então a dificuldade que eu senti principalmente
falando 5º ano é a questão de que muitas crianças não estavam
totalmente alfabetizadas e um quinto ano a gente deveria ter uma
noção disso, as crianças já deveriam tá com um bom andamento
disso, só que eu vejo assim que essas novas leis que estão vigorando
que quer acaba postergando alfabetização então..”.
PE6: “no meu ver, trabalhar com as crianças a sílaba é... em uma
receita de bolo, a bula de remédio, eu acho que seria mais inteligente
nisso do que trabalhar as famílias soltas, “BA”,“BÉ”, “BI”, “BÓ”,
“BU”; “DA”, “DÉ”, “DI”, “DÓ”, “DU”, acho que ainda esta muito
43
nisso né, mais tradicionalista, ao meu ver, não que todas sejam assim,
mas a grande maioria é né”.
PE7:”1º, 2º, e 3º ano eles têm a base para se alfabetizar...para ter
esse primeiro contato, depois 4º e depois até nono ano né. Eu não sei,
tem umas coisas assim que...eu ainda acho que os métodos
tradicionais eram mais eficientes, do que hoje em dia”.
A falta de diretrizes ou um objetivo comum na escola, ou o desconhecimento de
que processo adotar para ensinar a criança a ter os primeiros contatos com as letras
parece ser o grande dilema, o que gera divergências e olhares diferenciados entre as
educadoras entrevistadas. Seja através de novos métodos ou dos tradicionais, a critica
sempre se faz presente. Isto é normal, contudo, fica a questão: o que usar, qual método a
escola irá adotar? Ou será o professor? Ou será esta uma escolha da família?
Porém, existe algo que parece ser mais unânime entre as educadoras enquanto
estratégia e /ou instrumento de aprendizado, que se apresenta como benéfica e especial
para as crianças. É a apresentação de uma escola que também seja lúdica e divertida,
com contos de fadas e outras narrativas fantasiosas e cheias de símbolos, na tentativa de
ajudar as crianças a compreenderem o mundo, fornecendo suportes metafóricos para
construção de um olhar em que se incluam um mundo mais simbólico. Nesse sentido, as
educadoras concordam que os contos de fadas assumem um papel importante como
instrumento pedagógico que auxilia no processo de simbolização de forma prazerosa,
algo que Radino (2001) considera o ápice da educação infantil.
Para Wajskop (2017) atividades planejadas e intencionais com a utilização de
literatura infantil apresentada as crianças através das leituras narrativas em voz alta,
podem fortalecer e auxiliar a criança na obtenção de um rico repertório linguístico e
imaginativo. A brincadeira enriquecida e inspirada por histórias infantis lidas em voz
alta constituem uma estratégia fundamental para a aprendizagem da linguagem oral e
este é um ponto que todas as educadoras consideram essencial na educação infantil.
44
Algo semelhante a isso é aplicado pela pedagogia Waldorf, criada em 1919 na
Alemanha por Rudolf Steiner quando fundamentou a Antroposofia, que vê a educação a
partir de uma perspectiva fenomenológica-holística. Sua prática com o uso dos contos,
músicas e narrativas faladas e escritas, são consideradas ações positivas que fazem com
que se ressalte a “boa saúde física e psíquica dos alunos egressos diante dos desafios da
vida, da conquista de capacidade de autonomia e liberdade frente às questões
existenciais” (BACH JUNIOR, 2012, p.11).
As narrações de história nas classes de alfabetização são um fantástico recurso
na educação de crianças, pois propicia uma variedade de temas, necessitam de pouco
recursos materiais, além de trabalhar aspectos como a imaginação, o raciocínio, o senso
crítico, a criatividade, entre outros, além de ser um incentivo para a formação de hábitos
de leitura (LIMA; MARTINS & RODRIGUES, 2016).
Wajskop (2017) afirma, que além do fornecer um rico repertório, as brincadeiras
associadas às narrativas de histórias e contos, leva ao desenvolvimento do letramento e
da alfabetização, pois as crianças passam a utilizar e compreender palavras e expressões
trazidas através dos livros para nomeação de objetos e ações do brincar, desenvolvendo
desta forma habilidades de nomeação, descrição e explicitação semântica consciente.
A contação de história é um dos métodos de intervenção mais comentados pelas
entrevistadas, todas citaram como importante em suas intervenções, e algumas destas
educadoras percebem e compreendem estas histórias como estratégias e instrumentos de
letramento e alfabetização, embora pareçam ter receio de assumir esta possibilidade:
PE6: “a partir do momento quando tu mostras para criança o
livrinho, quanto conta uma história, claro eles não vão estar
alfabetizando porque não estão na idade ainda né. Mas ele está tendo
conhecimento né, então, eu também não posso, não sei, a gente se
perde porque é G1, mas querendo ou não é um começo de letramento
né”.
45
Santos, Kuhnen e Soares (2010) referem dois espaços importantes e distintos no
contexto escolar, um de recurso físico e outro de recursos materiais, que apresentam
diferenças e semelhanças nas configurações de espaço e nas características do brincar
enfatizando a necessidade de compreensão e utilização desses locais como uma fonte
provedora de bem-estar, aprendizagem e qualidade de vida para crianças e adultos. O
espaço físico e os brinquedos proporcionados e utilizados pelas crianças são mediadores
no processo de interações e do brincar. A brincadeira é um dos fundamentais eixos para
o desenvolvimento saudável e integral das crianças, reiteramos que sendo assim é de
essencial importância que às instituições de educação infantil delineiem seus ambientes
lúdicos.
As pesquisas como as citadas acima, apontam para a necessidade de
investimentos em ações de formação continuada que priorizem a temática do brincar,
buscando com a finalidade fortalecer práticas pedagógicas que estejam apoiadas nesta.
Os debates e as abordagens sobre formação continuada na educação infantil dentro da
perspectiva do brincar, enquanto campo de estudo em construção se mostram nas
pesquisas como um campo importante que ainda não foi explorado, compreendendo o
brincar na sua importância articulatória de formação, bem como na sua diversidade de
situações propiciadas ao brincante, através da multiplicidade nas formas de brincar e a
interação entre sujeitos (SOARES, CÔCO & VENTORIM, 2016).
Apesar da grande importância dada à educação infantil, existe uma grande
dissonância entre a educação infantil e o ensino fundamental. Uma brecha da qual não
se discute, na qual ninguém tem acesso, onde a ponte de comunicação parece não existir
e sequer foi planejada.
PE9:”quando a criança sai da Educação Infantil vai para o ensino
fundamental ela tem uma ruptura, querendo ou não tem, porque aqui
ela aprende brincando. Lá já é uma coisa mais sistematizada, o
ensino é mais sistematizado e a brincadeira já ficou no segundo
plano. É como se a criança deixasse de ser criança e agora ela
46
passou a ser aluna, e uma coisa fosse totalmente diferente da outra,
então o que acontece é que tem uma quebra muito grande”.
A fala a cima nos remete ao já exposto por Mello (2010) que referencia a entrada
da criança no ensino fundamental, como o abandono do lúdico, do desenho, da pintura
ou do faz de conta e salienta que desde a pré-escola é importante à manutenção de um
espaço para realização de atividades lúdicas que podem estar engajadas e integradas
com a escrita através de registros, planejamento, regras, lista de brincadeiras, jogos,
memórias, entre outras possibilidades.
O quarto ponto está relacionado ao letramento, termo adotado no Brasil para
distinguir este termo e conceito do conceito de alfabetização. Para Jones e Enriquez
(2009), a aquisição da escrita é considerada alfabetização, já o uso de forma eficaz e
competente da escrita é denominado letramento. Kleiman (2013) refere que o conceito
do letramento apareceu no meio acadêmico passando lentamente para a esfera escolar,
porem mesmo estando cada vez mais presentes na escola, é necessário precisar este
termo e seu uso na prática educacional.
O letramento tem grande importância quando se fala sobre fatores indicadores da
formação de leitores, pois a ele pertence à capacidade de apreensão das pessoas
envolvidas em diversas e variadas práticas sociais de leitura e escrita (SOARES, 2010).
O letramento é sobretudo uma prática social de envolvimento dos sujeitos em variados
contextos sociais conforme as habilidades e conhecimentos que possuem (MORTATTI,
2004).
Rocha e Barros (2017) afirmam que os métodos de ensino devem considerar não
somente o processo de codificação e decodificação, mas, este processo em conjunto
com o significado da mensagem contida no texto. Macedo, Santos e Oliveira (2015)
referem que alunos que participaram de um Programa Fonoaudiológico de Promoção do
Letramento apresentaram melhora nas habilidades de leitura compreensiva, enfatizando
a importância do letramento.
47
Isto implica propiciar saberes e práticas de familiarização com o letramento,
cabendo ao professor, ousar experimentar e desenvolver constantes trocas com seus
alunos, através de práticas letradas que motivam o grupo e atendem aos interesses e
objetivos individuais, formando leitores, despertando curiosidades e fornecendo
segurança no início do processo de escrita (FLEIMA, 2007; ALMEIDA, CIRÍACO &
MONTIEL, 2016). As Educadoras compreendem, assim como Nogueira (2011), que
concepções diferentes referentes a letramento, alfabetização, cultura lúdica e a própria
infância desenrolam-se no cotidiano pré-escolar e do 1º ano, fazendo emergir a
discussão referente à falta de uma política mais sistemática que faça se efetivar as
políticas mais amplas.
PE7: “que seja de experiências mesmo, que a criança vivencie a
infância dela através das experiências e as experiências claro, não
vamos dizer assim, não vamos colocar um mural... porque às vezes as
pessoas sempre ali é uma questão da alfabetização com letras, com
números, e na educação infantil como a criança vivencia através da
experiência, eu dentro da minha prática, eu trabalho muito com
letramento, alfabetização com... porque tá tudo que está em volta da
criança, criança não tem, não esta a parte desse mundo que tá aqui
então tem revistas, tem livros, tem as letras, tem os números, tem a
noção de quantidade, tem todos os conceitos de... todos os conceitos
que tem que ela vai se apropriando durante toda a educação infantil.
Para mim isso já é início para alfabetizar que ajudar, porque vai
trabalhando cognitivo dela vai trabalhando essa questão do do... da
forma como ela ver o mundo.”
PE5: “a gente trabalha de uma forma diferente do ensino
fundamental, mas a gente trabalha matemática, trabalha tudo né,
então desde o momento que trabalho através de música, de história
né, disso tudo, estou alfabetizando eles né, mesmo porque tudo que
eles vejam né, mesmo que eles não sabendo ler o letramento né, eles
sabem identificar e a partir daí é que vai ser mais fácil alfabetizar
né”.
48
PE9: “A questão do letramento a criança já traz com ele, que é uma
leitura de mundo, então a criança já vem, já sabe o que é a cola, o
que é Nescau, o que é arroz; não que ela saiba ler mas ela vê pela
embalagem e faz associação”.
O letramento foi muito falado pelas entrevistadas que enfatizam sua significativa
importância, no entanto não é o único aspecto a ser desenvolvido e trabalhado na
educação infantil. Segundo Santos e Barrera (2007) e Mota (2012) existem outros
fatores envolvidos neste processo e que se destacam por sua importância, como as
habilidades metalinguísticas, relativas à consciência fonológica e morfológica.
A consciência fonológica é amplamente discutida na literatura atual, muitos
autores referem que o desenvolvimento de tais habilidades, já no início da vida escolar
infantil, favorece a aprendizagem da leitura e escrita (SANTOS; BARRERA, 2017;
HERNANDES, FOLSON & OTAIBA, 2012), com alguns pesquisadores relacionando a
consciência fonológica a performance do aluno (ZUANETTI, SCHNECK &
MANFREDIET, 2008).
Inácio e Mota (2016) verificaram que 88,1% dos professores de uma escola do
ensino infantil, relataram desconhecer o que é consciência fonológica, apesar de
fazerem uso de atividades que propiciam o desenvolvimento da mesma, porem estas
atividades acabam por serem utilizadas sem uma reflexão e manipulação adequada das
estruturas da língua. Os mesmos apontam para a necessidade de um trabalho de
intervenção nas práticas de sala de aula, introduzindo atividades de uso, reflexão e
manipulação das estruturas da língua, voltadas principalmente para o desenvolvimento
da consciência fonológica aplicada a prática de alfabetização, que são fatores essenciais
ao processo de aquisição de leitura e escrita.
Trabalhos pautados em sub-habilidades da consciência fonológica citadas em
Brasil (2013) são consciência fonêmica (a mais refinada da consciência fonológica e a
última a ser adquirida, refere-se à capacidade de analisar os fonemas que compõem a
palavra), consciência silábica (capacidade de segmentar as palavras em sílabas), rimas e
49
aliterações (aproximação por meio de sons semelhantes) e consciência sintática
(capacidade de segmentar a frase em palavras, estabelecendo relação e organizando em
sequência com sentido).
A consciência morfológica refere-se ao reconhecimento de unidades maiores
(texto e orações), o processamento morfológico colabora para a escrita (MOTA, 2012) e
é essencial para o processo de leitura, assim como o conhecimento das palavras (DÍAZ;
MIRANDA, 2014). Desta maneira os métodos e abordagens evidenciam o fato de que o
aprendiz deve se constituir de grande riqueza de vocabulário para o favorecimento e a
compreensão de um determinado texto. A consciência morfológica colabora para a
escrita de palavras morfologicamente complexas. Segundo Mota e Silva (2007) algumas
pesquisas associam a consciência morfológica com melhores respostas a atividades
ortográficas.
Outro fator importante refere-se à linguagem verbal. Pesquisas corroboram para
achados envolvendo alterações de linguagem verbal e dificuldades no processo de
escrita. Kaminski, Bolli Mota e Cielo (2011) relatam em sua pesquisa a associação entre
desvio fonológico e dificuldade com tarefas de detecção de fonemas. Ou seja, crianças
com desvio fonológico tiveram um desempenho inferior às com aquisição típica de
linguagem.
No entanto, para que ocorra um adequado desenvolvimento da linguagem, existe
a dependência de fatores intrínsecos e extrínsecos, onde as influências do ambiente ao
qual criança está inserida possui grande importância tanto para o desenvolvimento
lexical como para o fonológico, fatores estes já citados por sua importância. Sendo
assim a estimulação no âmbito familiar e escolaridade é de suma importância, já que as
produções científicas apresentadas assinalam para esta relevância, no entanto, ao mesmo
tempo em que destacam este item, apontam a carência de estudos que relacionem o
desenvolvimento infantil com o ambiente escolar. Outro fator citado refere-se à falta de
estudos sobre vocabulário e fonologia correlacionando-os com os fatores ambientais
escolares e familiares (SCOPEL, SOUZA & LEMOS, 2012).
50
PE8: “acredito que tem essa junção da fala junto. Porque
semana passada ainda, entreguei um relatório para uma
mãe, ainda falei, ele esta com 4 anos na minha turma e ele
fala totalmente errado, ele troca, eu falei para ela e
quando ele chegar lá no primeiro ano vai ser difícil para
ele aprender a escrever, falando eu né, como pedagoga eu
analiso que vai dificultar muita aprendizagem dele”.
Apesar da referência, a troca na fala como fator relacionado a alfabetização, cabe
aqui salientar que durante as conversas com as professoras o assunto linguagem verbal
não foi de fator referido de forma espontânea, relacionado à alfabetização. Este
movimento ocorreu a medida que as perguntas foram sendo conduzidas para esta
vertente ou quando as pesquisadas lembravam de que a pesquisadora era
Fonoaudióloga. Compreender a importância deste aspecto, seu desenvolvimento e
ajudar estas crianças de forma mais adequada é essencial, até mesmo por ser referida
pelas próprias professoras a dificuldade nos encaminhamentos para a rede de apoio. São
encaminhamentos a um sistema de saúde não preparado para atender aos problemas
escolares, com respostas que demoram em encaminhamentos e laudos vazios.
Garantir acesso e uma linguagem rica para as crianças na escola é um fator de
extrema importância (Mota, 2012) e como afirmam Alves, Carvalho e Pereira (2017)
existe a necessidade da realização de mais estudos nesta área, a fim de apresentar o
ambiente da educação infantil e sua influência na linguagem. Trabalhos com esta
perspectiva poderão auxiliar e contribuir para que sejam discutidas políticas de
promoção da cidadania das crianças e consequente do empoderamento da mesma frente
as suas necessidades em diversos caminhos, entre estes o da saúde.
Outro aspecto a ser refletido, considerando as falas e discursos das educadoras,
refere-se a Psicomotricidade, cujo objetivo e /ou meta se volta a educação do
movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência e a afetividade.
Portanto, a educação psicomotora é indispensável a toda criança (SILVA, REIS &
OLIVEIRA, 2017).
51
Transtornos do desenvolvimento da coordenação (TDC) podem etiologicamente
serem responsáveis por dificuldades relacionadas à aprendizagem, aquisição e controle
das habilidades motoras finas e grossas, que se não tratados afetam o desempenho
acadêmico e social do início da escolarização até a vida adulta (OKUDA, 2015). Para
Okuda (2015), existem muitas dificuldades clínicas e educacionais para a identificação e
o diagnóstico de TDC, em função desta realidade, muitas crianças sofrem na vida
escolar e social.
Outro fator associado ao desempenho escolar diz respeito ao atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor, que está associado a diversas condições da infância,
que vão desde a concepção, gravidez e parto, ou até mesmo por fatores antagônicos
como subnutrição, agravos neurológicos e/ou genéticos, podendo também ser uma
condição transitória, pressupondo um acompanhamento e avaliações periódicas
(DORNELAS; DUARTE & MAGALHÃES, 2015).
Estudos fazem associação significativa entre dificuldades motoras e
aprendizagem, principalmente associado ao sexo masculino, convergindo para a ligação
entre dificuldades motoras e dificuldades em outros segmentos da vida das crianças e
trazendo a importância deste assunto para a educação, descrevendo a relação destas
dificuldades com os atrasos no desenvolvimento motor das crianças (SILVA;
BELTRAME, 2011).
Considerando este contexto, as educadoras entendem que se faz necessário
promover estímulos para que ocorra nas crianças, o desenvolvimento de habilidades
voltadas às práticas corporais, estruturação espacial, lateralidade, tônus, orientação
temporal, equilíbrio e postura, auxiliando a psicomotricidade fina e a pré-escrita como
recomenda Okuda (2015). A falta de alguma destas habilidades assusta as educadoras
porque mesmo sem expressar, elas entendem que existem implicações negativas no
processo de alfabetização.
52
PE1: “é essa questão, me assustei, eu fiquei bem assustada, crianças
de 4/5 anos que não sabem sequer empunhar um lápis. Não sabem
nem qual mão vão segurar.
E qual a solução para estes problemas? Como resolver? A perspectiva que se
abre é que ao entregarmos os resultados da pesquisa realizada ao grupo, possamos
estabelecer uma agenda de reflexão e discussão acerca das possibilidades para uma
construção coletiva da escola e seus membros, de uma tecnologia de apoio voltada para
a promoção da cidadania e empoderamento das crianças que estarão na escola nos
próximos anos.
C – Algumas considerações e reflexões de fechamento deste tópico
É sabido que nossa educação pede socorro, principalmente quando falamos da
educação pública, cabendo a nós, profissionais da educação, saúde e todos os
envolvidos preocupados com um futuro digno para nossas crianças, a realização dos
ajustes necessários, de modo a encontrar soluções aos problemas apontados na pesquisa.
Ao iniciar esta pesquisa, minha preocupação era a grande demanda de pais com seus
filhos buscando a clínica fonoaudiológica onde realizamos atendimentos para resolução
de problemas de leitura e escrita. Na época, pensava ser este um problema da qualidade
da educação das escolas públicas. Contudo, muitos destes pais, traziam filhos que
estudavam em escolas privadas. E, foi neste universo que nasceram os primeiros
questionamentos que geraram esta pesquisa.
Com relação ao objetivo geral que iniciou o processo investigativo,
consideramos que o mesmo foi plenamente atendido. Nas entrevistas, as educadoras,
assim como o referencial teórico-bibliográfico utilizado e os conhecimentos da
pesquisadora no campo da Fonoaudiologia, ajudaram na obtenção das respostas. Uma
grande relação de fatores envolvidos na alfabetização e uma vasta discussão sobre a
importância da alfabetização para o desenvolvimento pleno de indivíduos foi feita e
trouxe grandes mudanças no pensar e esperamos futuramente no agir da educação
infantil.
53
Também foi possível perceber, que além de qualquer política pública voltada a
educação, se fazem necessárias políticas públicas de melhoria das condições de vida das
pessoas, famílias e comunidades. Tanto os professores quanto os alunos vivem situações
de miséria, falta de recursos, cansaço, problemas econômicos, sociais e culturais. O
empoderamento cidadão das crianças passa pelo empoderamento dos professores
também.
Embora neste processo a Fonoaudiologia possa contribuir junto à equipe
pedagógica, discutindo estratégias que possam beneficiar o processo de ensino e
aprendizagem e consequentemente na qualidade do ensino, sem que se mudem as
políticas nacionais educacionais e aquelas voltadas para melhorias da qualidade de vida
dos brasileiros, pouco ou nada poderá ser feito por este ou qualquer outro profissional.
Se existem professores que desconhecem elementos importantes relacionados ao
letramento e/ou alfabetização, existem também as más condições educacionais
estabelecidas por políticas que não apoiam as escolas, professores e famílias no
processo de empoderamento escolar das crianças.
A educação infantil vive em uma terra desconhecida, onde na teoria é
importante, mas nas falas e práticas não tem um papel importante em nossa sociedade.
Educar a sociedade para que esta possa ter uma consciência ativa da sua
responsabilidade frente aos problemas da educação infantil é parte do que almejamos ao
elaborarmos esta proposta. A desmistificação do letramento e alfabetização na educação
infantil é essencial para o desenvolvimento das habilidades de nossas crianças. A
cidadania plena pede empoderamento e estar com ela significa ter compreensão sobre si
e dos cuidados necessários ao longo da vida para ser uma pessoa adulta saudável e mais
feliz!
54
2.3 Instrumentos e estratégias de desenvolvimento da linguagem na Educação
Infantil
O termo alfabetização, muitas vezes é associado ao processo de ler e escrever
propriamente dito, no entanto na atualidade, o simples fato de ler e escrever não suprir
adequadamente as demandas sociais, a leitura e escrita de forma mecânica sem
interação plena com diferentes tipos de textos hoje presentes em nossa sociedade, não é
suficiente, tornando o entendimento dos significados e do uso da leitura e escrita em
diversos contextos sociais e em todas as suas diversidades essencial para o
desenvolvimento integral do indivíduo. (JUSTO; RUBIO, 2013).
Vários são os fatores referenciados na tentativa de explicar as condições de
analfabetismo, já que se observa a existência cada vez maior de pessoas que chegam ao
ensino médio ou superior que não alcançam os níveis adequados de alfabetização,
gerando uma demanda educacional imensa e preocupante (LIMA; RIBEIRO; CATELLI
JR, 2016).
A escrita refere-se a algo mais que o processo de inclusão no mundo da escrita,
ela refere-se à compreensão politica e social do mundo que nos cerca. (GOULART,
2014). Tornando a educação infantil como uma possibilidade para o desenvolvimento
integral e pleno (SOUZA; GARCIA, 2015). A importância de o educador atuar na
educação infantil estando atento e preocupado com a organização e a aplicação das
atividades, levando em conta a singularidade de cada uma. Uma maneira é a elaboração
de rotinas levando em consideração o tempo, o espaço e os materiais disponíveis
(HAMS, 2013; DA SILVA; TAVARES, 2016).
Vygotsky (1995) já realizava críticas ao modo utilizado para a educação de
crianças no universo da escrita. Esta crítica se mantém na atualidade e na realidade de
escolares brasileiros, quando as crianças são ensinadas a traçar letras em separado da
linguagem escrita. Vygotsky censurava o ensino do “mecanismo” da escrita antes da
apropriação e compreensão da função social desta, pois ao ser apresentada como um
conjunto de procedimentos a aprendizagem da escrita remete-se a aquisição de um
55
hábito técnico passando a não corresponder às necessidades e iniciativas comunicativas
reais da criança.
Teixeira e Dickel (2013) referem que a melhora da qualidade da educação esta
diretamente ligada à educação infantil, através da estimulação de processos linguísticos.
Intervenções precoces, propiciam compreensão de mundo que a criança faz, sendo de
extrema importância o repensar de práticas e o assumir seu papel de transformador e
estimulador do desenvolvimento da criança. Dois fatores estiveram presentes e
chamaram a atenção no discurso de 60% das entrevistadas; seriam esses o letramento e
a contação de história. Estes seriam elencados pelas entrevistadas como métodos a
serem aplicados para o desenvolvimento das crianças.
A - Letramento
Inserir a criança no mundo das linguagens, oral e escrita, permite a ela plena
aprendizagem e interações. O ato de ouvir, falar e ler são competências linguísticas que
necessitam ser desenvolvidas para além do dia-a-dia familiar, a fim de que as crianças
tenham a possibilidade de construir e reconstruir seus significados, aperfeiçoando a
linguagem e seus aspectos, à medida que vão compondo seus próprios conceitos
(OLIVEIRA; DE SOUSA DAMASCENO; COUTINHO, 2019).
O termo letramento se distingue da alfabetização e são considerados processos
distintos. A aquisição da escrita, o aprende a ler é considerado alfabetização enquanto
ser competente e eficaz no processo de leitura e escrita chama-se letramento (JONES;
ENRIQUEZ, 2009). A alfabetização é um processo de ensino aprendizagem, que tem
por finalidade propiciar a aprendizagem básica da leitura e escrita. Ou seja, a pessoa
alfabetizada aprende habilidades básicas de uso da leitura e da escrita (MARTINS;
SPECHELA, 2012).
O termo letramento é um termo ainda considerado novo e técnico, ele nasceu da
expressão inglesa “literacy” (letrado) em consequência da nova realidade social, aonde
não é mais satisfatório saber ler e escrever. Então, letrado não é aquele que sabe ler e
escrever, juntar letras; mas sim o indivíduo que domina a leitura e a escrita fazendo uso
56
competente e frequente de ambas. Ser letrado é ir além do ler e escrever, é
imprescindível interagir com a leitura e a escrita, dentro e fora do contexto escolar. Ou
seja, ser um individuo que faz uso da leitura e da escrita como prática social. (JUSTO;
RUBIO, 2013).
O letramento tem como objeto de reflexão, os aspectos sociais da língua escrita,
ele assume adotar no processo de alfabetização uma concepção social da escrita, ao
contrario do que se aplica na concepção tradicional que considera a aprendizagem de
leitura e produção textual como a habilidade de aprendizagem individual. Assumir o
letramento significa pensar o que é significativo para a criança dentro de seu contexto
social (KLEIMAN, 2007).
Mas o que seria um texto significativo para a comunidade? Segundo Kleiman
(2007) deve-se partir da bagagem cultural diversificada dos alunos, já que estes têm
suas historias e vivências sociais e já são pertencentes a uma cultura letrada.
PE6: quando tu mostra para criança livrinho, quanto conta uma
história, claro eles não vão estar alfabetizando porque não estão na
idade ainda né. Mas ele está tendo conhecimento né, então, eu
também não posso, não sei, a gente se perde porque é G1, mas
querendo ou não é um começo de letramento né. Porque quando a
gente pega o livrinho, a gente lê, mostra para eles as gravuras, eles
vão, eles não sabem que aquilo ali é uma letra e a gente esta
mostrando. Então eu creio que sim. Eu acho que tem um pouco
haver.
PE8: assim, eles já diminuíram um ano por que o pré, o pré ja
diminuiu, foi para o primeiro ano para escola, já foi para lá para
alfabetizar as crianças lá, porque eu acho que o processo no Brasil as
crianças chegam até o quinto ano sem ser Alfabetizadas na verdade.
E na educação infantil a gente defende muito o processo do lúdico, de
aprender, não que eles não vão aprender o nome deles, as letras, eles
conhecem, só que geralmente... também... bem, eu trabalho menores,
57
quem trabalha com o pré geralmente vai dar, vai dar essa noção, do
letramento que né.
PE9:a gente trabalha aqui na educação infantil você trabalha como
um contexto, é um contexto educativo, é um contexto não são palavras
soltas, é um contexto e quando você chegar no ensino fundamental e
ela está falando palavras soltas por frases ou letras sai daquele
contexto a criança estava acostumada e aí tem uma quebra e
normalmente dificulta um pouquinho a alfabetização daqueles que
estão na creche, aqueles que estão inserindo que hoje, acredito que
não tenha mais, mas pode ser que aconteça né, alguma criança por
exemplo, porque até seis anos ela tem que estar na creche, tem que
estar no CEI, mas o outro caso pode ser que aconteça de aquela que
não frequentou, então se ela entrar lá, ela vai estranhar aquele
sistema, mas é mais fácil para ela acompanhar do que o sistema
tradicional, se o professor, pegar uma professora alfabetizadora que
puxa por essa linha, nossa... vai que é uma beleza mas ainda a gente
vê muito que elas ficam meias perdidas na hora da alfabetização e
elas voltam tudo naquela questão de “B, C, D com A, DA” e isso não
se usa mais, e a gente escuta muito a criança falando isso né.
Sim, não podemos ter dúvidas, o letramento tem grande importância quando
falamos sobre fatores indicadores da formação de leitores, pois a ele pertence à
capacidade de apreensão das pessoas envolvidas em diversas e variadas práticas sociais
de leitura e escrita (SOARES, 2010). O letramento é sobre tudo uma prática social de
envolvimento dos sujeitos em variados contextos sociais conforme as habilidades e
conhecimentos que possuem (MORTATTI, 2004). Mas o que vemos muito presente na
fala das entrevistadas, são dúvidas e mais dúvidas, sobre a importância do letramento,
do brincar, da continuidade do processo educacional como constituintes efetivos e de
como isso se insere no processo de alfabetização. Em função deste contexto a educação
infantil não assume seu verdadeiro valor e importância, isto porque os métodos,
pensamentos e ações estão espalhados e não se conversam.
58
Prazeres (2018) refere a não participação da pré-escola e um ambiente familiar
desfavorável, são fatores preponderantes em relação aos desafios para alfabetizar e
letrar, sendo um fator preponderante para o fracasso escolar; associado ainda a outro
desafio, a progressão sem retenção. Rocha e De Almeida Barros (2017) afirmam que os
métodos de ensino devem considerar não somente o processo de codificação e
decodificação, mas, este processo em conjunto com o significado da mensagem contida
no texto. Macedo, Santos e Oliveira (2015) referem habilidades de leitura
compreensiva, enfatizando a importância do letramento.
Desta forma, novas e diferentes exigências se fazem na formação universitária
de modo a fazer que os professores sejam agentes de letramento. Isto implica propiciar
saberes e práticas de familiarização com o letramento, cabendo ao professor, ousar
experimentar e desenvolver constate troca com seus alunos, através de práticas letradas
que motivam o grupo e atendem aos interesses e objetivos individuais, formando
leitores, despertando curiosidades e fornecendo segurança no início do processo de
escrita (KLEIMAN, 2007; ALMEIDA; CIRÍACO; MONTIEL, 2016).
Vários dizeres e concepções diferentes, no que se refere a letramento,
alfabetização, cultura lúdica e a própria infância, se se desenrolam no cotidiano pré-
escolar e do 1º ano, fazendo emergir a necessidade de discussões referentes à falta de
uma política mais sistemática, afim de efetivar políticas mais amplas (NOGUEIRA,
2011).
PE7: Eu não sei, tem umas coisas assim que...eu ainda acho que os
métodos tradicionais eram mais eficientes, do que hoje em dia. Meu
filho esta com 9 anos e até que se alfabetizou rápido mas, tem coisa
assim que tu vê que... essa questão de conceito mesmo.
Duvidas entre metodologias e ações eficazes ou não, não podem estar presentes
na educação de nossas crianças, principalmente quando nos referimos a uma
comunidade tão vulnerável ao analfabetismo e ao analfabetismo funcional. Estas
incertezas devem ser um alerta a novos governantes e estudiosos, não existe receita
59
milagrosa, valorizar e capacitar os professores, desde os níveis mais básicos se faz de
extrema importância.
B - Contação de histórias:
Ouvir histórias é um ato prazeroso, especialmente quando nos referimos a
crianças, pois a história propicia a imaginação e a fantasia. Apesar da grande
importância da contação de histórias, cada vez mais nos dias de hoje as crianças que tem
contato com livros. Desta maneira, é de grande importância a manutenção de oficinas de
contação de histórias e de leitura, a fim de propiciar o essencial para despertar na
criança o sentimento e o conhecimento que somente a literatura e os livros são capazes
de propiciar (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2013). Os pais, em suas jornadas de trabalho
em busca de adquirir sempre mais, acabam impedidos de passar mais tempo com os
filhos, fazendo então a quebra do ciclo, não passando a seus filhos os conhecimentos
aprendidos nas suas infâncias (SILVA; GARCIA; SILVA, 2013).
É nesta descontração lúdica que a criança se move, alonga, exercita, aprende as
letras das cantigas, interage socialmente, expressa o que sente e pensa. A contação de
história e a brincadeira de roda são fontes integradoras de um passado e de um presente,
pois remete o sujeito ao passado e se faz presente na vida das crianças (SILVA;
GARCIA; SILVA, 2013). Com a evolução tecnológica, nos últimos anos, privou nossas
crianças do desenvolvido de atividades mais desafiantes e importantes, que
propiciassem de fato, o desenvolvimento de aspectos morais, físico-motor, afetivo,
social e cognitivo. Não que a tecnologia não possa trazer benefícios:
PE1: eu acho que sim..é... a questão do estímulo né. A gente vê que as
crianças hoje em dia estão muito parados em celulares, vídeo game,
não que isso não seja bom, o uso da tecnologia é boa, desde que seja
é...destinado um tempo, um objetivo pra aquilo, só o que eu percebo
crianças que chegam aos 4, 5 anos e não sabem nem empunhar um
lápis, não sabem fazer uso funcional de objetos, tipo um carrinho e
não sabem que o carrinho é para brincar com o carrinho, atirar o
carrinho na parede.
60
Não se pode negar que atualmente em nosso mundo globalizado, tecnologia no
ensino e na aprendizagem é imprescindível e que sua utilização é importância para a
obtenção e aumento do conhecimento, tanto da criança quanto do professor. Desta
maneira é fundamental que os professores aprendam a manusear e tenham acesso a
esses equipamentos em suas práticas pedagógicas.
A globalização e a vida atribulada dos pais por muitas vezes acaba limitando e
gerando fatores familiares desgastantes e que interferem no desenvolvimento da criança,
afetando seu comportamento e seu desempenho escolar, sendo o apoio e participação
dos pais no processo educativo gera segurança, motivação e estimula o aprendizado da
criança, sendo fator fundamental (BERTO; RABELO; SANTOS, 2012).
Parados em frente à TV, ao celular tablete; a criança se mantém entorpecida por
longos períodos, além da sua capacidade de concentração e ali permanecem
acomodadas, sem reação (DA SILVA; GARCIA; SILVA, 2013). Sendo assim, o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, sugere a importância da
realização de atividades como artes e de movimentação corporal, como sons e
movimentos que ofereçam a criança o desenvolvimento de forma lúdica (Brasil, 2017).
A contação de histórias propicia à criança distintas leituras de mundo,
propiciando a criação e imaginação de momentos que a faça realizar relações consigo
própria e com o mundo. A história desenvolve a criatividade, possibilitando o
desenvolvimento e a melhora da autoestima, confiança, o que propicia o
reestabelecimento pleno da criança (ARAUJO; 2009). A contação de história propicia r
momentos lúdicos e constitui uma oportunidade para que os educadores possam pensar
sobre a sua prática e reformula-la, tornando-se, por meio da narração de histórias
infantis, utilizando diversos recursos didáticos, um encantador que cria oportunidades à
criança desenvolvendo seu mundo (DE SOUSA; DALLA BERNARDINO, 2011).
Atividades planejadas e intencionais com a utilização de literatura infantil, por
meio de leitura de histórias em voz alta podem fortalecer auxiliar a criança na obtenção
61
de um rico repertório linguístico e imaginativo. A brincadeira enriquecida e inspirada
por histórias infantis lidas em voz alta constituem uma estratégia fundamental para a
aprendizagem da linguagem oral (WAJSKOP, 2017).
Além da diversão, os contos de fadas e outras narrativas fantasiosas e cheias de
símbolos também ensinam, não sendo um saber institucionalizado, mas sim uma
sabedoria de vida, ajudando as crianças (e os adultos) a compreenderem o mundo
fornecendo ainda suporte metafórico para construção do simbolismo. Sendo assim, os
contos de fadas assumem um papel importante como instrumento pedagógico que
auxilia no processo de simbolização de forma prazerosa (RADINO, 2001). Bach Junior
(2012), refere o uso dos contos, músicas e narrativas faladas e escritas, como ações
positivas que ressaltam a “boa saúde física e psíquica dos alunos.
De Sousa e Dalla Bernardino (2011), referem que a contação de história deve ter
um proposito, pois, crianças que ouvem histórias somente para passar o tempo, sem
tornar a leitura como parte de sua atividade diária, não assumem as características
estimulantes da história. Temos ainda nesse meio a família, que por muitas vezes não
incorporam em suas atividades, a prática de contar histórias. Desta maneira, fatores
como o analfabetismo, a desinformação, o desinteresse pela leitura e pela informação,
são passados e fortalecidos de geração em geração.
PE3: porque tem muitos pais, familiares que não sabem ler, mas
assim do valor que eles dão para o filho ou para criança que esta
interessado em aprender
PE9: o nosso corredor tem duas estantes de livros, algumas famílias
passam, a criança pede porque tá acostumada aqui no trabalho de
leitura a gente tem projeto hora do conto que trabalha a
dramatização e através da leitura, os alunos tem o costume todas as
semanas e um dia sim um não, trabalhando a leitura com as crianças,
então a criança tem essa leitura cotidiana, ai chega na família e ela
não tem esse costume, sabe
62
PE7: elas já têm esse hábito de introduzir a questão da literatura nos
projetos delas, e eles já estão bem habituados, bem acostumados, já
pegam, já leem, já fazem suas pseudoleituras, estão sempre cantando.
E isso estimula bastante, uma criança que ouve bastante história, que
escuta bastante música, que tem esses estímulos direto, com certeza
auxilia bastante, a minha turma é uma turma bem...
PE5: alfabetizar não é só a escrita né, no caso eu trabalho com dois
anos, a gente trabalha de uma forma diferente do Ensino
Fundamental, mas a gente trabalha matemática, trabalha tudo né,
então desde o momento que trabalho através de música, de história
né, disso tudo, estou alfabetizando eles né, mesmo porque tudo que
eles vejam né, mesmo que eles não sabendo ler o letramento né, eles
sabem identificar e a partir daí é que vai ser mais fácil alfabetizar né.
Berto, Rabelo e Santos (2012), referem que o acompanhamento dos pais na
escola é essencial para mudanças no processo pedagógico e para a construção de uma
educação de qualidade, principalmente no que se refere ao esclarecimento das
dificuldades e a busca por soluções. No entanto, o que fazer quando esta é uma
propagação geracional, poderíamos aqui ousar dizer ser um analfabetismo geracional
que assola nosso país. Desta maneira, como fazer com que os pais se interessem e
ajudem seus filhos? Como esperar que pais analfabetos se interessem por livros
infantis? Ou será que estes pais não fazem o movimento por não saberem como
propiciar esta leitura em casa. Diversos são os estudos que referenciam a participação da
família e o ambiente familiar como fatores se relacionam a dificuldades de aprendizado,
como referem Pereira, Santos e Nunes (2015), principalmente quando associados à
carência de recursos tais como: falta de contato com livros, brinquedos, jogos de
raciocínio e carência de atividades realizadas fora da escola.
Ainda Merz, Zucker e Landry (2015) citam a escolarização dos pais como um
preditor significativo para a prontidão escolar de crianças, bem como os fatores
socioeconômicos como qualidade do lar, da escola e da vizinhança.
63
PE4: a própria participação, o envolvimento da família neste
processo da criança, aquela agenda que vem sem assinar, aquela
participação que tu pede para a família, aquela parte que vai para
casa ela, aquela continuação da creche que vai para casa para ser
feito em casa com a família na intenção de chama-lo, para ele sabe o
que está sendo feito aqui, o que o que o filho dele está vivenciando,
experenciando aqui dentro. E aquilo não volta sabe tu manda para
casa, e ele volta na mochila, vai de novo e volta na mochila, que a
mãe não olhou, não viu, não teve interesse de saber do que se tratava
esse tipo de coisa, também uma dificuldade que a gente encontra.
A falta de participação da família é um grande entrave no desenvolvimento e
continuidade do processo educacional. A contação de história assume um papel
importante na educação infantil, pois através dela é possível ter acesso ao
desenvolvimento de vários aspectos importantes da criança. No entanto, podemos
esquecer a importância e necessidade de desenvolvimento de métodos que auxiliem nas
demandas sociais e educacionais que estão envolvidas no desenvolvimento das crianças.
Devemos nos questionar como trazer uma família analfabeta ou iletrada a
desenvolver boas praticas de leitura junto as crianças? Não podemos julgar e apontar
erros em uma população muitas vezes já moldadas a serem menor e ajudar essas
famílias. Temos sim que orientar a auxiliar dentro do possível boas praticas de leituras
no âmbito familiar.
Mateus, Silva e Pereira et al (2013), referem que quando assumimos a educação
infantil como um lugar de construção e reconstrução de conhecimentos, devemos dar
especial atenção à contação de histórias, pois ela contribui na aprendizagem escolar em
diversos aspectos, como: psicológico, físico, cognitivo, social ou moral, tornando o
aluno mais perceptivo a aprendizagem.
64
C – Instrumentos e estratégias:
Ficou claro tanto na busca literária como na pesquisa realizada a importância da
família neste processo, como um dos pilares da educação de todo o sujeito, e é nela que
o indivíduo se alicerça, para que seja na escola o lugar onde esse mesmo sujeito busca o
conhecimento necessário para viver em sociedade, mas uma coisa é clara ambos
deveriam buscar a construção de cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e
direitos, no entanto não é isto que vemos nos dias atuais em nosso país. Vimos dias de
uma sociedade, família desestruturada, reprimida e resultante de um sistema excludente
que se propaga por gerações. Professores que se encontram de mãos atadas, frente a
crises e politicas desastrosas e impensadas para uma realidade existente.
Frente a grande tragédia educacional que enfrentamos, analisar estratégias e
instrumentos utilizados para desenvolvimento da linguagem das crianças no cotidiano
da educação infantil, pode ser um primeiro passo para novos planejamentos, pautados
na realidade. Em entrevista as professoras referiram dois grandes pontos que são
trabalhados com nossas crianças: o letramento e a contação de história. O letramento e a
contação de história são fatores importantes referidos na literatura (RIBEIRO; SOUZA,
2012; CÁRNIO; PEREIRA; ALVES et al, 2011; TAYLOR; CRHRISTENSEN;
LAWRENCE, 2013), como fatores que necessários e que propiciam o desenvolvimento
pleno no processo de alfabetização.
No que se refere à alfabetização e letramento, temos que ter a clareza que estes
são dois processos complexos e indissociáveis, no entanto cada qual possui sua
especificidade e necessitam um do outro para que o processo de ensino e a
aprendizagem ocorram de forma expressiva para a criança. A compreensão sobre
letramento na visão de algumas professoras entrevistadas é de que letramento é o
conhecimento de mundo que a criança traz consigo. No entanto cabe salientar que 40%
das entrevistadas não citaram o letramento como importante na educação infantil e que
uma das entrevistadas apesar de citar teve dúvida sobre a importância do termo. O
letramento segundo as entrevistadas é a leitura de mundo, no entanto temos que ter claro
que: “A leitura do mundo antecede a leitura”, o que nos remete ao fato de que a
aprendizagem tem seu inicio antes do ensino formal desta maneira, a criança precisa ser
65
estimulada a ser proficiente em sua língua materna desde cedo, pois ela precisa aprender
como funciona a linguagem e fazer uso dela em diferentes contextos.
A contação de histórias propicia aprendizagens que ocorrem de maneira
harmônica, sem pressões decorrentes das políticas e grades curriculares, sem limitação
da imaginação. Aonde o faz de conta, a ludicidade é um fator importante para o
desenvolvimento de aspectos essenciais na criança, no entanto deve ser um trabalho
consciente e não o simples fator de contar história.
As estratégias mencionadas pelas educadoras são essenciais, no entanto devemos
atentar para a importância de se estruturar de maneira eficiente as estratégias para
propiciarmos o máximo desenvolvimento de nossas crianças, apropriando-as de
conhecimento e curiosidades no que se refere ao mundo da leitura.
2.4 Repensando os fazeres: estimulando as crianças na apropriação da linguagem
O terceiro objetivo desta pesquisa foi o de „elaborar e /ou adequar em parceria
com os professores um instrumento e/ou tecnologia capaz de estimular as crianças na
apropriação da linguagem escrita e empoderamento durante o processo de
alfabetização‟. Para efetivação deste objetivo tínhamos como meta retornar a instituição
de ensino para juntamente com as educadoras elaborar tais estratégias, no entanto, este
movimento não foi possível devido ao pouco tempo para análise e a impossibilidade de
uma agenda que pudesse atender ao tempo das professoras e da mestranda. Como não
foi possível efetivar na prática este objetivo, resolvemos fazer algumas reflexões sobre
possibilidades de alguns fazeres na educação infantil.
Inicialmente, cremos ser importante estabelecer neste capitulo a importância da
Fonoaudiologia no processo educacional. Como referem Santos e Oliveira (2010) esta
relação se caracteriza por períodos de aproximação e distanciamentos. Apesar de ter
suas origens estreitamente atreladas ao campo educacional, a Fonoaudiologia teve seu
desenvolvimento muito respaldado na prática clínica e progressivamente foi se
66
aprimorando e buscando envolver-se nos processos que envolvem a Comunicação e a
Educação.
O Fonoaudiólogo enquanto parte integrante da equipe pedagógica tem muito a
oferecer, acrescentando conhecimentos sobre comunicação humana e estratégias
educacionais que possam beneficiar o processo de ensino e aprendizagem. Sendo a
educação escolar um direito de todos, a Fonoaudiologia auxilia na potencialização de
práticas pedagógicas que contribuam para a melhoria do processo de aprendizagem e,
consequentemente, influenciar na melhoria da qualidade da educação em nosso país
(CFFA, 2015).
No entanto, muito temos a aprender com os profissionais da educação e com as
realidades existentes de nossa educação. Precisamos pensar em uma atuação conjunta,
visando uma melhor forma de atendermos as crianças. Atuações e avalições isoladas,
moduladas, onde a criança é vista como problemática tem gerado um quadro e
demandas incabíveis nos sistemas educacionais e de saúde.
Isso a muito é referido por grandes pesquisadores como Zorzi (1999), quando
ainda no século XX, neste clássico da Fonoaudiologia, este reflete sobre a importância
da inserção do Fonoaudiólogo na educação infantil, assumindo seu papel colaborador e
de grande importância neste processo. A Fonoaudiologia ainda tem uma longa
caminhada pela frente, visto que o que vemos hoje nas pesquisas de fonoaudiologia
educacional são estudos voltados principalmente a patologias da linguagem (AMARAL;
FREITAS; CHACON, 2011), avaliação de crianças (ANDRADE; ANDRADE;
CAPELLINI, 2013; DOS SANTOS; FERREIRA; CIASCA, 2016.); avaliação do
ambiente (BATISTA DE CAMPOS; DELGADO-PINHEIRO, 2014); ênfase no
professor (ALMEIDA; KOZLOWS; MARQUES, 2015; BERBERIAN;
BORTOLOZZI; MASSI, 2013) e fatores sociais (DE ANDRADE FERREIRA; DA
SILVA; ARRUDA MANCHESTER DE QUEIROGA, 2014; SCOPEL; SOUZA;
LEMOS, 2012), sem discutirmos fatores importantes e necessários a um processo de
aprendizagem efetivo.
67
Oliveira e Natal (2011), ao abordarem temas relacionados à Fonoaudiologia
Educacional, asseguram que esta deve enfatizar a troca de conhecimentos entre os
profissionais envolvidos na educação, objetivando a promoção do desenvolvimento da
criança. O fonoaudiólogo deve adotar, durante o planejamento escolar, uma postura
baseada na orientação, voltadas para os profissionais da pedagogia. Contudo, a prática
do Fonoaudiólogo Educacional ainda esta muito voltada ao trabalho preventivo, com
objetivo de detecção de alterações fonoaudiológicas e encaminhamentos ao atendimento
clínico.
Muitas incertezas e alguns aspectos chamaram atenção durante o
desenvolvimento da pesquisa. Alguns pontos aqui serão discutidos, por acharmos de
grande relevância, e que devem ser discutidos nas instituições de forma claras com
todos os envolvidos no processo educacional. Desta forma dividiremos o planejamento
de uma possível elaboração de uma proposta de tecnologia educacional em dois grandes
grupos: uma com ações indiretas e outra com ações diretas.
As ações indiretas referem-se a discussões e ações mais amplas, de ordem
política ou que se apresentem com uma amplitude onde sejam necessárias ações a logo
prazo. E as ações diretas, aquelas que se pautam em ações e pensares do dia-a-dia
pedagógico.
• Ações indiretas:
Oliveira, Natal (2012), obtiveram dados que demonstram que embora a maioria
dos professores tenha a formação necessária, exigida legalmente para o exercício e
atuação como educador, existe muito desconhecimento e dúvidas sobre quando se deve
iniciar o processo de alfabetização, bem como, dos fatores envolvidos que podem
dificultar as ações e condutas voltadas para estas práticas. Teixeira e Dickel (2013)
relatam exemplos sobre a atuação do professor no processo de desenvolvimento de
crianças no berçário, mostrando as repercussões que este contato tem para a
compreensão de mundo das crianças. Para as autoras, a maneira como as crianças
passam a compreender o mundo a sua volta e alguns problemas que sofram nesta
primeira infância podem levar a fracassos, medos e transtornos na constituição destas
68
como sujeitos sociais. As autoras salientam ainda a importância de propiciar as escolas
de educação infantil um repensar de suas práticas, assumindo o seu papel de espaços
transformadores e facilitadores na formação da criança. Melhorar a qualidade da
educação tem uma relação direta com a educação infantil, através da consciência da
importância dos processos sociais e linguísticos que se iniciam neste universo.
É necessário compreender que as crianças das escolas públicas brasileiras (e de
outros países) carecem de ser beneficiadas com uma educação verdadeiramente
qualificada. Faz-se necessário a luta por políticas e práticas pedagógicas efetivas para
que a escola passe a ser um espaço acolhedor das motivações e interesses das crianças
(NOGUEIRA, 2011). Desta maneira, fica clara a necessidade de se pensar em políticas
de Estado voltadas para a educação infantil que propiciem o desenvolvimento de
estruturas para a melhora da qualidade da infância, incluindo neste dizer às instituições
que formam profissionais atuantes nesta área (TEIXEIRA; DICKEL, 2013). Sobre estas
questões algumas professoras colocaram que:
PE2: É.... de contramão assim, eu acho um absurdo, porque que as
nossas crianças da rede pública não podem aprender, tem que ser
privada, é só o lúdico, a brincadeira, e assim tem que ser privado do
conhecimento. Eles não vão ver, lá na rua ele sai e as placas e letras
de nome sabe assim, é a forma que é apresentado as crianças
PE8: porque eu acho que o processo no Brasil as crianças chegam
até o quinto ano sem ser Alfabetizadas na verdade.
A fala das professoras nos remete a descontinuidade do processo educacional,
aonde a educação infantil não conversa com o ensino fundamental. É como pais que não
se conversam sobre a educação dos filhos, como seguir ou entender cada um, levar em
conta as individualidades, entender o que foi ou será ofertado a esta criança. Como fazer
tudo isto sem conversa, sem diálogo? Outro fator que muito chamou a atenção, foi à
falta de uma rede de apoio ao sistema educacional.
69
PE4: Eu acho que deveria ter assim, uma junção, um profissional
destinado a atender a educação, a área da educação, entendesse?
Quando tu vem pra trabalhar e tu encontra aquela dificuldade, tu tem
aquele amparo, essa equipe. Olha é para o setor da Saúde, sei lá, um
profissional destinado a creche, a educação que eu vou encaminhar a
criança, eu tenho aquele profissional para me amparar.
Dificuldades de acompanhamento também presentes na própria demanda do
SUS, do atendimento nas UBS‟s. Não queremos aqui levantar assistencialismo na
educação infantil, mas sim trabalhar com uma realidade presente e latente. Visualizar
esta realidade é necessário, preparar nossas ações para ela também. As dificuldades na
fala foram diretamente associadas, pela maior parte das professoras, as dificuldades
posteriores no processo de alfabetização. No entanto, as mesmas consideram-se de mão
atadas por não terem respaldo de uma rede de apoio e/ou conhecimento mais
especializado para ajudar estas crianças.
Como ajudar essas crianças, do que nos adianta professores conscientes,
atualizados se o sistema que deveria dar continuidade, para ajudar esta criança é falho?
Claro, que isto não exclui a importância e necessidade de se adotar sempre atitudes
individualizadas a cada criança, levando em consideração as especificidades de cada
individuo, mas algumas crianças necessitam de acompanhamento e ajuda de outros
profissionais durante o processo educacional.
Quando questionamos sobre que análises faziam acerca do processo de
alfabetização nas escolas públicas de nosso país e os aspectos ligados ao trabalho
desenvolvido no CEI, as respostas foram em sua maioria uma critica aos métodos
assumidos na educação básica, referindo a dificuldade das crianças em abandonar as
práticas lúdicas e passarem a ter rotinas de estudo. No entanto, sempre colocando em
seus dizeres muitas incertezas de como se da a continuidade do trabalho desenvolvido
no ensino fundamental. Como na fala a seguir, que nos indaga sobre como se dá o
processo educacional nos dias de hoje.
70
PE7: estão manipulando de uma forma que... cortando a
infância dessas criança, mas é uma questão política q não
consegue mexer, vem de cima para baixo e a gente só.... faz de
conta que so.... faz de conta que aceita né, fazer o que.. Mas...
no ensino fundamental pelo que sei agora é por ciclos né?
Nosso sistema de educação atual propicia que alunos passem de um nível para o
outro sem que precise alcançar certas competências exigidas para chegar ao nível
seguinte e tudo isto termina gerando dificuldades, em uma bolinha de problemas que
vem rolando e se torna em um imenso desafio, se torna em abandono escolar, se torna
em indivíduos iletrados, analfabetos “alfabetizados”. O professor passa a ter em suas
aulas, alunos que precisam ser trabalhados de forma mais individualizada, mas esta não
é a realidade de nosso sistema educacional, tornando cada vez mais trabalhoso esse
processo eo atendimento desta demanda. Na figura 01, mostramos alguns aspectos
elencados pelas 10 professoras como algumas das muitas dificuldades educacionais de
nosso país. Na figura 02 as dificuldades no CEI onde atuam.
Figura 01: Dificuldades Educacionais Brasileiras
Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)
6% 7%
27% 40%
20%
Motricidade Violência Falta do lúdico
Métodos inadequados Desinteresse familiar
71
Figura 02 Dificuldades Educacionais no CEI
Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)
É possível perceber as mudanças nos dois elementos: dificuldades no país x
dificuldades locais no CEI. Na vivencia do dia-a-dia, observamos a importância do
estimulo familiar e os problemas econômicos, sociais, culturais e estruturais que fazem
parte do universo das crianças e de seus pais, bem como dos próprios professores. A
falta de estímulo as crianças têm uma relação direta com o CEI ou com as famílias?
Como responder tal questão? Que ações, que tecnologias educacionais podem ajudar
neste processo? Políticas públicas poderia ser a resposta?
Devemos analisar todo o processo educacional de nossas crianças, com um olhar
aberto e atento a melhorias no sistema, nos métodos e até em nós mesmos. Na fala a
seguir, a professora deixa clara a importância do acompanhamento familiar e das
dificuldades geracionais a qual nossas crianças são submetidas:
PE4: porque se hoje eu não assumo os compromissos da Educação
Infantil e daqui a pouco quando vierem os compromissos, quando eu
tiver essa minha parcela de responsabilidade no processo educativo
do meu filho, eu vou fazer assim também? O compromisso vai vir e eu
vou deixar ele voltar? E ele volta para mim e eu devolvo para escola?
10%
20%
20% 20%
10%
20%
Motricidade: Analfabetismo Familiar
Violência Falta de participação familiar
Nível social Destaque a aspectos positivos
72
Os dados desta investigação permitiram concluir que as professoras possuem
carência de conhecimentos fundamentais no que se refere ao processo de alfabetização:
fatores envolvidos e desenvolvimento das crianças. Conhecer e estar atento a fatores
além do letramento e da contação de história, atualizando práticas e dizeres são
essenciais. Pois apesar de vários fatores importantes para o desenvolvimento da
alfabetição estarem presentes em alguns dizeres, estes aparecem de forma solta, isoladas
e sem muita fundamentação ou certeza no que dizem.
Desta forma, políticas educacionais que permitam a criação de estruturas de
apoio e a formação continuada podem e devem constantemente ser desenvolvidos e
neste sentido a fonoaudiologia pode oferecer sua contribuição, assessorando a escola
para reflexão sobre os saberes e dizeres dos professores, contribuindo para a construção
de práticas articuladas com a proposta pedagógica escolar. Este tipo de contribuição
pode ampliar as possibilidades de trabalho dos professores e agilizar algumas ações. Ou
seja, teríamos mais prontidão e menos lentidão, como afirma a professora a seguir:
PE7: demora muito para ter esse insight sabe, parece que a coisa esta
mais lenta, sabe parece que a coisa está mais lenta não sei como é
que tá o processo que eu não estou no ensino fundamental.
Os debates e as abordagens sobre formação continuada na educação infantil
dentro da perspectiva do brincar, enquanto campo de estudo em construção se mostram
nas pesquisas como um campo importante que ainda não foi explorado na sua
totalidade, compreendendo o brincar na sua importância articulatória de formação, bem
como na diversidade de situações propiciadas ao brincante, através da multiplicidade de
formas de brincar e de interação entre os sujeitos (SOARES, CÔCO, VENTORIM,
2016). Pesquisas como as citadas acima, apontam para a necessidade de investimentos
em ações de formação continuada que priorizem a temática do brincar, buscando com a
finalidade fortalecer práticas pedagógicas que orientem mais o letramento e a
capacidade de articular letras, palavras e pensamentos.
73
• Ações diretas:
O desenvolvimento da linguagem a muito é discutido na literatura como um
fator essencial para o desenvolvimento da linguagem escrita segundo Kaminski, Bolli
Mota e Cielo (2011) que destacam a associação entre dificuldade na detecção de
fonemas e desvio fonológico, onde crianças com desvio fonológico podem ter uma
atuação inferior às crianças com aquisição típica. Estas ideias são assumidas pelas
professoras com quem atuamos, que afirmam ser importante a linguagem para a uma
alfabetização eficaz.
PE9: Nós temos crianças aqui, já evoluiu muito, mas
criança que quando entraram aqui só apontava, porque
era o costume em casa e isto dificulta a fala. E para
alfabetizar a criança escreve o que ouve, se ela fala
/LATO/ ela não vai aprender a escrever /RATO/ com R,
ela vai escrever tudo como o “Cebolinha” né ela vai
falar, escrever da forma como ela ouve.
A garantia de acesso à uma linguagem rica é essencial para a construção de um
ambiente educacional mais positivo e significativo para a constituição de pessoas mais
plenas e empoderadas (MOTA, 2012; ALVES; CARVALHO; PEREIRA, 2017).
Desenvolver habilidades linguísticas básicas com consciência fonológica, morfológica e
habilidades matemática (raciocínio), são fatores não mencionados por nossas
entrevistadas, porem fatores muito mencionados na literatura.
Para nós algumas ações diretas compreendem todos esses processos que são
essenciais e devem ser desenvolvidos ainda na primeira infância: conscientizar, discutir
e inserir atividades que propiciem a aquisição e o desenvolvimento destes fatores de
extrema importância. Orientações e um trabalho conjunto entre Fonoaudiologia e
Pedagogia trariam grandes benefícios às crianças, pois juntos, cada um com seu saber e
vivencia, podem traçar um caminho de esperança. As capacitações periódicas, muito
faladas por todas as entrevistadas, oferecidas pela prefeitura através da „Casa do
Educador‟, poderiam incluir encontros e para oficinas e rodas de diálogos entre estes
74
profissionais, com o intuito de fomentar entre os educadores novas habilidades de
ensino e aprendizagem.
Este tipo de trabalho demonstra a prática efetiva do que é assumido pela
Constituição Brasileira, quando esta se refere à educação como um dos fatores
essenciais dos direitos humanos básicos, algo que norteia e prepara as pessoas para
distinguir, acessar e desfrutar de seus direitos (BRASIL, 1988). Esta possibilidade, a
priori, deveria inserir professores, crianças, famílias, adultos e a sociedade como um
todo. Contudo, sabemos que mesmo com todas as leis existentes, incluindo-se aqui a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), criada em sua primeira
versão em 1961, anterior a nossa constituição atual (BRASIL,1996) não garantem o
ensino de qualidade a todas as pessoas deste país, incluindo-se aqui os próprios
educadores.
Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, as práticas pedagógicas para
a Educação Infantil são as interações e a brincadeira com outras crianças e com os
adultos, para que através de experiências a crianças possam construir e apropriar-se de
conhecimentos, a fim de possibilitar socialização, aprendizagens, desenvolvimento e
sucesso escolar (BRASIL, 2013). No entanto o que vemos, é que nossa educação
infantil não assume seu papel de importância como de fato tem e em muitas falas as
professoras colocam como vêm este processo e o que consideram como mais correto
para a educação infantil:
PE8: Então. Não sei se a R já te explicou, assim a gente debate muito
alfabetização na educação infantil porque na verdade a gente é
contra, não sei se ela chegou a explicar isso ou não.
PE2: Porque que as nossas crianças são menos daqueles que estão
em colégio particular, aí eu fico muito indignada, as vezes tu escuta
fala de profissionais da área, que é incoerente, porque o filho delas
não tá em uma rede pública, tais entendendo? eu fico muito
indignada, é uma coisa que eu não consigo compreender.
75
PE9: Não, não, não, eu vou te explicar porque. a gente não tem
obrigatoriedade de alfabetizar, na educação infantil as crianças
aprendem brincando.
O questionamento sobre qual é a análise que as professoras têm sobre o processo
de alfabetização do país e quais aspectos achavam que podem estar ligados ao trabalho
que realizam, causou uma reação inesperada em muitas educadoras. Em nenhum
momento foi questionado se a alfabetização deveria ser realizada ou não na educação
infantil, estávamos sim questionando sobre o que achavam do processo e a relação do
mesmo sobre o que faziam na sala de aula. Nesse momento o que ficou em nós, foi a
sensação de que os limites e as discussões sobre letramento e alfabetização, ainda são
temáticas que precisam ser melhor trabalhadas e refletidas à luz de pesquisas e práticas
participativas entre os profissionais que desejam ampliar as possibilidades de
empoderamento de nossas crianças.
A importância da Educação Infantil está além do ensino formal, a nosso ver, os
conhecimentos, as potencialidades para escolher o que é melhor para si, a possibilidade
de descobertas com relação a própria existência passa pela educação obtida desde
pequeno. E com essa fala encerramos, enfatizando mais uma vez a importância de se
assumir a educação infantil pela importância que ela realmente tem. A educação deve
em termos de igualdade, ser capaz de oportunizar possibilidades iguais a todos.
Somente assim, através de sujeitos realmente donos de seus saberes podemos dizer que
as ações praticadas “foram escolhas”.
76
CAPÍTULO 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos ver ao longo desta pesquisa que muitos são os fatores envolvidos no
processo de alfabetização, processo esse aqui referido como pré-requisitos que auxiliam
na aquisição da linguagem. Apesar de reconhecer alguns requisitos importantes para a
alfabetização, muito pouco é feito, poucas atitudes reais são tomadas para valorizar e
desenvolver os fatores necessários ao desenvolvimento das pessoas nas suas infâncias.
Uma ajuda autêntica parte de uma prática efetiva e consciente de todos que nela
estão envolvidos. A fim de propiciar um crescimento mútuo, reconhecendo realidades
transformadoras, para somente assim, crescer lado a lado, todos os dias com novas
histórias de seres únicos. Em nossa sociedade contemporânea a leitura e a escrita estão
presentes em todos os momentos, no entanto não nos basta apenas ler ou decodificar
sentenças. Faz-se necessário muito mais que isso, necessitamos compreender a
informação e saber usá-la de maneira eficaz. Desta forma, a escola tem o papel de
educar seus alunos para viverem nessa sociedade letrada. Ensinar o aluno a apenas
decodificar o código alfabético é pouco para esse contexto em que vivemos, formando
cidadãos capazes de usar a leitura e a escrita no seu dia a dia.
A linguagem deve ser um tema de discussão na Educação Infantil, pois é nesta
etapa que a criança inicia sua inclusão na leitura e na escrita. O ato de falar, ler, escrever
e ouvir são capacidades linguísticas que necessitam ser desenvolvidas muito além do
âmbito familiar, principalmente quando falamos de crianças vulneráveis
linguisticamente e socialmente. Esta é a única forma de fazer com que estas crianças
possam construir e reconstruir seus pensamentos.
O professor precisa aprender antes de tudo a apropriar-se de algumas tecnologias
educacionais para alcançar as crianças. É fundamental que aprendam a trabalhar com
metodologias ativas e também equipamentos que possam auxiliá-los em suas práticas
pedagógicas. No entanto temos que ter a consciência de que nem todos tem acesso à
tecnologia propriamente dita, mas a tecnologia a qual nos referimos aqui não é
relacionada com a informática e computadores, estamos nos referindo a intervenções
77
educacionais que possam despertar a curiosidade de crianças e transportá-las através de
ações lúdicas para processos que gerem conhecimentos criativo e prazeroso.
O letramento há muito tempo assume um papel de importância na educação
infantil, principalmente no discurso dos professores, ele é definido como a leitura de
mundo que a criança faz, precedendo a leitura da “palavra”, o que nos remete ao fato de
que a aprendizagem inicia-se antes do ensino formal e sem a apropriação da escrita, ou
seja, a criança deve ser estimulada a ser proficiente em sua língua materna, pois para
comunicar-se, ela precisa aprender como funciona a linguagem e fazer uso dela em
diferentes contextos. No entanto, cabe salientar que esta não é a única habilidade a ser
desenvolvida na criança, habilidades como consciência fonológica, consciência
fonêmica, habilidades auditivas, entre muitas outras, são tão importantes quanto o
letramento.
Ter estas habilidades significa gerar benefícios à comunidade, quando a criança
passa a ser agente comunicador e disseminador de conhecimento a outros. Trabalhar
com esta perspectiva é aumentar as possibilidades de através dos processos
educacionais obtidos desde a infância, ter pessoas capazes de gerenciar sua vida, sua
saúde, em um processo que leve a um empoderamento que possa se situar em distintos
momentos do cotidiano de vida. Desta forma, podemos concluir que muito temos a
aprender mutuamente, que orientações e intervenções interdisciplinares trariam muito
aprendizado e construções significativas a educação de nossas crianças. A capacidade
inclusa de cuidar-se e ajudar seus semelhantes também podem ter sua gênese na
educação infantil. Isto é um exercício de cidadania.
Atualmente séries e filmes que questionam experiências científicas, vírus
mortais, mutações, entre outras coisas estão na moda, no entanto se pararmos para
pensar e repensar nossas atitudes, dizeres e realidades atuais nos deparamos com uma
devastadora e cruel verdade, na qual nossas crianças estão sendo roubadas, sequestradas
e até mesmo “castradas” socialmente. Através de uma sociedade extremamente
estratificada, com falácias naturalizadas que buscam cada vez mais oprimir e dominar.
78
Diagnósticos precoces e “insensatos” estão transformando nossa sociedade em
uma sociedade medicalizada, mas não me refiro aqui ao simples uso de medicações para
tratamento de doença ou alterações de qualquer espécie, mas sim o que situa a
medicalização não como uma crítica ao poder médico, mas sim quando esta se faz na
busca pela imagem da boa vida, onde a pluralidade de pedagogias da existência
cotidiana tornam alguns fatores desviantes medicalizáveis, inclusos como alvos para
psicofarmacologia e intervenções.
Nesta imagem de boa vida e ser utilizável socialmente estão em desacordo às
crianças que questionam, dão trabalho, se desligam da realidade ou “viajam” em suas
fantasias, desviam e não condizem com a realidade almejada ou possível de ser
suportada ou domada, logo são diagnosticadas como tendo transtornos de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH), autismo, entre outras, e diretamente direcionadas ao
uso de medicamentos, intervenções ou simplesmente vistas como problema social.
Questiono-me se nesta atualidade Albert Einstein, Louis Pasteur ou Thomas Edison,
cientistas que na atualidade seriam considerados em desacordo com o que a sociedade
considera „normal‟ e „saudável‟, teriam realizado suas descobertas ou estariam sendo
dopados e diagnosticados já na primeira infância.
Nossa educação está na rota da dominação social. Estabelecer o saber a um
sujeito passa a ser visto como afronta as necessidades politicas hoje estabelecidas.
Nunca poderemos falar em empoderamento de sujeitos se não falarmos em educação,
em conhecimento, em dar a possibilidade real de ser o que quero ser em lugar de ser o
que me resta ser. É a pedagogia do oprimido referida por educadores como Paulo Freire,
onde a educação é uma prática de liberdade, onde fazer o aluno conhecer a liberdade,
tornando-se apto a se construir crítica e responsavelmente é essencial e necessário para
a dignidade do indivíduo e de uma sociedade.
Remetemo-nos, enquanto profissionais, a adentar a escola, e aqui nos referimos
mais especificamente a educação infantil, com olhar clinico, nos vestindo com a camisa
do saber, buscando encontrar desculpas para as dificuldades ou desvios de padrões. No
entanto, ver o ambiente escolar com este olhar limita sua verdadeira essência, da qual
79
não deveríamos nunca nos perder, a essência do desenvolvimento pleno do indivíduo,
em suas potencialidades, em suas especificidades. Este desenvolvimento se dá através
do acesso ao conhecimento, a informação e é essencial e humanitário, é primordial para
o crescimento de toda uma nação e até mesmo manutenção da vida. Desta forma, a
alfabetização se torna uma das armas mais fortes com o qual poderíamos prover um
povo e suas crianças. Através da educação e da alfabetização, constituímos cidadãos
conhecedores de seus direitos, de suas reais necessidades, donos de seu destino.
Ao não fazermos uma reflexão sobre estas questões, nossa sociedade se
direciona para um verdadeiro genocídio silencioso e socialmente aceitável, atestado por
especialistas, onde os sujeitos e principalmente nossas crianças estão sendo retiradas de
seus corpos de uma forma menos ofensiva que a morte, mas não muito diferente do
genocídio realizado por Hitler nos campos de concentração para purificação da raça.
Atualmente a tecnologia e ciência nos permitem dentro de padrões “éticos e
autorizados” realizarmos uma seleção/adequação dos padrões indesejados
transformando-os em padrões desejados.
No entanto, não dispensando a importância de determinados encaminhamentos e
tratamentos que se fazem necessários, cabe a todos os envolvidos na educação o grande
questionamento, qual será nosso real objetivo dentro do sistema educacional?
Diagnosticar? Apontar falhas ou culpados? Precisamos urgentemente reaver e
reestruturar a educação, para fornecer o que realmente nossas crianças necessitam
educação, cidadania, respeito às individualidades. O processo de alfabetização é fator
primordial para esta cidadania, formando indivíduos realmente empoderados pelo
conhecimento real e não o conhecimento imposto por uma sociedade ou momento;
gerando desta forma uma vida digna.
80
REFERENCIAS:
ALMEIDA, Gleide Viviani Maciel; KOZLOWSKI, Lorena Cássia de; MARQUES, Jair
Mendes. Alterações da linguagem escrita de escolares em fase de alfabetização na visão
de professores. Revista CEFAC, v. 17, n. 2, p. 542-551, 2015. Disponível em: <
http://www.redalyc.org/pdf/1693/169338410024.pdf> Acesso em: 26 fev. 2018.
ALMEIDA, Roseli Maria Rosa de; CIRÍACO, Klinger Teodoro; MONTIEL, Larissa
Wayhs Trein. Letramento e Alfabetização: o trabalho pedagógico de um programa de
iniciação à docência. Formação@ Docente, v. 8, n. 2, p. 48-61, 2016. Disponível em:
http://www3.izabelahendrix.edu.br/ojs/index.php/fdc/article/view/1076 Acesso em: 18
fev. 2018.
ALVES, Julie Mary Mourão; CARVALHO, Amanda de Jesus Alvarenga; PEREIRA,
Stella Carolina Gonçalves et al. Associação entre desenvolvimento de linguagem e
ambiente escolar em crianças da educação infantil. Distúrbios da Comunicação, v. 29,
n. 2, p. 342-353, 2017. Disponível em:
https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/30714 Acesso em: 22 fev. 2018.
AMARAL, Aline Simão do; FREITAS, Maria Cláudia Camargo de; CHACON,
Lourenço et al. Omissão de grafemas e características da sílaba na escrita infantil.
Revista CEFAC, v. 13, n. 5, p. 846-855, 2011. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahead/84-10.pdf> Acessol em: 26 fev. 2018.
ANDRADE, Amanda Ferreira de; SILVA, Ana Carolina Francisca da; QUEIROGA,
Bianca Arruda M. de. A aprendizagem da escrita e a escolaridade materna. Revista
CEFAC, v. 16, n. 2, p. 446-456, 2014. Disponível em:
http://www.redalyc.org/html/1693/169331137011/ Acesso em: 26 fev.2018.
ANDRADE, Olga Valéria; ANDRADE, Paulo Estêvão; CAPELLINI, Simone
Aparecida. Identificação precoce do risco para transtornos da atenção e da leitura em
sala de aula. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 29, n. 2, p. 167-176, 2013. Disponível
em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/76590/S0102-
37722013000200006.pdf?sequence=1 Acesso em: 26 fev. 2018.
BACH JUNIOR, Jonas. A pedagogia Waldorf como educação para a liberdade:
reflexões a partir de um possível diálogo entre Paulo Freire e Rudolf Steiner. Tese,
409f. (Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação / Setor Educação -
Universidade Federal do Paraná. Curitiba: UFPR, 2012.
BARCELLOS, C. A. P. Assessoria Escolar em Fonoaudiologia: sob o efeito da
escrita e sua aquisição. [Dissertação de Mestrado em Fonoaudiologia]. São Paulo:
PUC, 2003.
BATISTA DE CAMPOS, Nara; DELGADO-PINHEIRO, Eliane Maria Carrit. Análise
do ruído e intervenção fonoaudiológica em ambiente escolar: rede privada e pública de
ensino regular. Revista CEFAC, v. 16, n. 1, p. 83-91, 2014. Disponível em: <
http://www.redalyc.org/html/1693/169330647010/> Acesso em: 26 fev. 2018.
81
BERBERIAN, Ana Paula; BORTOLOZZI, Kyrlian Bartira; MASSI, Giselle et al.
Análise do conhecimento de professores atuantes no ensino fundamental acerca da
linguagem escrita na perspectiva do letramento. Rev. CEFAC, v. 15, n. 6, p. 1635-
1642, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2013nahead/219-11.pdf
Acesso em: 26 fev. 2018.
BERTO, Angela Barros Fonseca; RABELO, Patrícia Seixas Tinoco; DOS SANTOS,
Shayane Ferreira. Educação: mudanças, desafios e perspectivas. Humanas Sociais &
Aplicadas, v. 2, n. 5, p. 58-62, 2012. Disponível em:
file:///C:/Users/Renata/Downloads/81-232-1-PB.pdf. Acesso em: 30 jun. 2018.
BONKI, Eveline; DE OLIVEIRA, Jáima Pinheiro. Desempenho de escolares rurais em
narrativas escritas e possíveis relações com variáveis de perfil. Distúrbios da
Comunicação, v. 26, n. 1, p. 144-155, 2014. Disponível em:
https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/14645. Acesso em: 20 jan. 2018.
BOWYER‐CRANE, Claudine; SNOWLINGET, Margaret J; DUFF, Fiona J et al. Improving early language and literacy skills: Differential effects of an oral language
versus a phonology with reading intervention. Journal of Child Psychology and
Psychiatry, v. 49, n. 4, p. 422-432, 2008. Disponível em: <
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-7610.2007.01849.x/epdf> Acesso
em: 17 fev. 2018.
BRASIL. Congresso Nacional. LEI Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília:
MEC,1996. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf> Acesso em : 11 dez.
2017.
________. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
________. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Proposta
preliminar. Brasília, 2017 Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documentos/bncc-2versa jun. 2018.o.revista.pdf.
Acesso em: 12 set. 2017.
________. Ministério da educação. Consciência fonológica. Brasilia: 2013. Disponível
em:
http://www.cead.ufop.br/site_antigo/images/CONSCINCIA_FONOLGICA_REVISTO
_ABRIL_2013.pdf. Acesso em: 11 dez. 2017.
________. Ministério da educação. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica. Brasilia:, 2013. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1554
8-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192. Acessado em: 15 mar. 2019.
CÁRNIO, Maria Silvia; PEREIRA, Marília Barbieri; ALVES, Débora Cristina et al.
Letramento escolar de estudantes de 1ª e 2ª séries do ensino fundamental de escola
82
pública. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 16, n. 1, p. 1-8, 2011.
Disponível em:
http://www.producao.usp.br/bitstream/handle/BDPI/9054/art_CARNIO_Letramento_es
colar_de_estudantes_de_1_e_2011.pdf?sequence=1&isAllowed=y . Acesso em: 11 fev.
2018.
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Contribuição do fonoaudiólogo
educacional para seu município e sua escola. 22 abr 2015. Disponível em:
file:///F:/Documents/Documents/Renata/Mestrado%20UNIVALI/Disserta%C3%A7%C
3%A3o/Fono%20educacional/cartilha-fono-educacional-20151.pdf. Acesso em: 20 abr.
2019.
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. RESOLUÇÃO CFFa nº 387, de
18 de setembro de 2010. Lex: Publicada no diário oficial da união, seção 1, dia
14/10/2010, página 106.
DA SILVA, Dulcilene Rodrigues; TAVARES, Daniel Moreira. Educação Infantil:
avanços e desafios, onde o discurso e a prática se encontram. Revis. Estação
Científica, n. 15, p. 1-14, 2016. Disponível em: http://portal.estacio.br/media/6079/4-
educa%C3%A7%C3%A3o-infantil.pdf. Acesso em: 19 mai. 2019.
DA SILVA, Giuliano Roberto et al. A importância do desenvolvimento psicomotor na
educação escolar, junto à educação física: uma revisão literária. Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, v. 12, n. 1, p. 313-331, 2017. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=A+import%C3%A2ncia+do+desenvolvimento+psicomotor+na
+educa%C3%A7%C3%A3o+escolar%2C+junto+%C3%A0+educa%C3%A7%C3%A3
o+f%C3%ADsica%3A+uma+revis%C3%A3o+liter%C3%A1ria&btnG=. Acesso em:
17 mai. 2019.
DE ALMEIDA LEITE, Karoline Kussik; LOURENÇO DE CAMARGO
BITTENCOURT, Zélia Zilda; RODRIGUES SILVA, Ivani. Fatores socioculturais
envolvidos no processo de aquisição da linguagem escrita. Revista CEFAC, v. 17, n. 2,
p. 492-501, 2015. Disponível em: <
http://www.redalyc.org/html/1693/169338410019/>. Acesso em: 21 fev. 2018.
DE ANDRADE FERREIRA, Amanda; DA SILVA, Ana Carolina Francisca; ARRUDA
MANCHESTER DE QUEIROGA, Bianca. A aprendizagem da escrita e a escolaridade
materna. Revista CEFAC, v. 16, n. 2, p. 446-456, 2014. Disponível em: <
http://www.redalyc.org/html/1693/169331137011/> Acesso em: 26 fev.2018.
DE FÁTIMA DORNELAS, Lílian; DE CASTRO DUARTE, Neuza Maria; DE
CASTRO MAGALHÃES, Lívia. Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor: mapa
conceitual, definições, usos e limitações do termo. Revista Paulista de Pediatria, v.
33, n. 1, p. 88-103, 2015. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rpp/v33n1/pt_0103-0582-rpp-33-01-00088.pdf>. Acessado
em: 24 fev. 2018.
83
DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (org.). O planejamento da pesquisa qualitativa:
teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006.
DÍAZ, María Sahuquillo; MIRANDA, Julia Valenzuela. El armazón de una lingüística
incipiente: Contribución al desarrollo de las competencias metalingüísticas. Didáctica:
Lengua y Literatura, v. 26, p. 401-428, 2014. Disponível em:
https://revistas.ucm.es/index.php/DIDA/article/viewFile/46844/43956 Acesso em : 23
fev. 2018.
Dicionário infopédia da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora, 2003-2018.
Disponível em: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/preditivo.
Acessado em: 18 mar. 2018.
Dicionário On-line de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/preditor/.
Acesso em: 18 mar. 2018.
Disponível em: https://www.significados.com.br/filosofia/ Acessado em: 06 de outubro
de 2019, às 14h20.
DOS SANTOS RAYMUNDO, Luana; KUHNEN, Ariane; BRIOSCHI SOARES, Lia.
O espaço aberto da educação infantil: lugar para brincar e desenvolver-se. Psicologia
em Revista, v. 16, n. 2, p. 251-270, 2010. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
11682010000200003. Acesso em: 23 fev. 2018.
DOS SANTOS, Gleici Fernanda; FERREIRA, Tais de Lima Ferreira; CIASCA, Sylvia
Maria. Nomeação Automática Rápida em escolares de 6 e 7 anos. Revista CEFAC, v.
18, n.2, p. 392-398, 2016. Disponível em: <
http://taurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/318941/1/S1516-
18462016000200392_por.pdf> Acesso em: 26 fev. 2018.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 56ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008 (reimpressão
de 1989).
GOMES, W. Considerações sobre a submissão de projetos que utilizam métodos
qualitativos de pesquisa para agências financeiras. Anais do 3º Simpósio de Pesquisa e
Intercâmbio Científico, ANPEPP, v. 3, p. 239-243, 1990.
GONZÁLEZ, Abel Gustavo Garay; MELLO, Maria Aparecida. Considerações sobre o
processo de apropriação da linguagem escrita na educação infantil. Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, v.11, n. esp 2p. 2306-2324, 2016. Disponível
em : < http://piwik.seer.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/9195>. Acesso em: 22 fev. 2018.
GOULART, Cecília. O conceito de letramento em questão: por uma perspectiva
discursiva da alfabetização. Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso, v. 9, n. 2, p.
35-51/Eng. 40-56, 2014. Disponível em:
84
https://revistas.pucsp.br/bakhtiniana/article/viewFile/19514/15594. Acessado em: 18
mai 2019.
HARMS, Thema. O uso de escalas de avaliação de ambientes na educação infantil.
Cadernos em pesquis. v. 43, n.73, p. 76-97, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/cp/v43n148/05.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2017.
HEATH, Steve M.; BISHOP, Dorothy V. M.; BLOORET, Kimberley E. et al. A
spotlight on preschool: The influence of family factors on children‟s early literacy
skills. PloS one, v. 9, n. 4, p. e95255, 2014. Disponível em:
http://journals.plos.org/plosone/article/file?id=10.1371/journal.pone.0095255&type=pri
ntable Acesso em: 25 jan. 2018.
HERNANDES, Miriam; FOLSON, Jessica S; OTAIBA, Stephanie Al et al. The
componential model of reading: Predicting first grade reading performance of culturally
diverse students from ecological, psychological, and cognitive factors assessed at
kindergarten entry. Journal of learning disabilities, v. 45, n. 5, p. 406-417, 2012.
Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3328636/> Acesso
em: 20 fev. 2018.
INÁCIO, Débora P; MOTA, Márcia Maria Elia P.da. CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
E ALFABETIZAÇÃO. Psicopedagogia On Line: Portal da Educação e Saúde. 2016.
Disponível em:
www.researchgate.net/profile/Marcia_Da_Mota/publication/304158984_CONSCIENCI
A_FONOLOGICA_E_ALFABETIZACAO/links/576884bc08ae7f0756a2282e/CONSC
IENCIA-FONOLOGICA-E-ALFABETIZACAO.pdf Acesso em: 21 fev. 2018.
JONES, Stephanie; ENRIQUEZ, Grace. Engaging the Intellectual and the Moral in
Critical Literacy Education: The Four‐Year Journeys of Two Teachers From Teacher Education to Classroom Practice. Reading Research Quarterly, v. 44, n. 2, p. 145-
168, 2009. Disponível em: <
https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/31386859/2009_RRQ_-
_Engaging_the_Intellectual_and_the_Moral.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYG
Z2Y53UL3A&Expires=1518966653&Signature=RGzkRHkUwmRq24ThyUfX0CudLz
g%3D&response-content-
disposition=inline%3B%20filename%3DEngaging_the_intellectual_and_the_moral.pdf
> Acesso em: 18 fev. 2018.
JUSTO, Marcia A. Pinto da S.; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira. Letramento: O
uso da leitura e da escrita como prática social. Revista Eletrônica Saberes da
Educação, v. 4, n. 1, p. 1-17, 2013. Disponível em:
http://docs.uninove.br/arte/fac/publicacoes/pdf/v4-n1-2013/Marcia.pdf. Acesso em: 19
mai. 2019.
KAMINSKI, Tassiana Isabel; BOLLI MOTA, Helena; CIELO, Carla Aparecida.
Consciência fonológica e vocabulário expressivo em crianças com aquisição típica da
linguagem e com desvio fonológico. Revista CEFAC, v. 13, n. 5, p. 813-824, 2011.
85
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahead/47-10.pdf Acesso em: 15
fev. 2018.
KLEIMAN, Angela B. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna.
Signo, v. 32, n. 53, p. 1-25, 2007. Disponível em:
file:///C:/Users/Renata/Downloads/242-704-1-PB%20(1).pdf Acesso em: 18 fev.2018.
KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. 15ª ed. Campinas: Pontes
Editores, 2013.
LEITE, Karoline Kussik de Almeida; BITTENCOURT, Zélia Zilda Lourenço de
Camargo; SILVA, Ivani Rodrigues. Fatores socioculturais envolvidos no processo de
aquisição da linguagem escrita. Revista CEFAC, v. 17, n. 2, p. 492-501, 2015.
Disponível em: http://www.redalyc.org/html/1693/169338410019/. Acesso em: 21 fev.
2018.
LEONARDO, Pamela Paola; COMIOTTO, Tatiana; MIARKA, Roger. Aspectos
históricos e políticos da institucionalização da educação infantil no Brasil. II Colóquio
Luso-Brasileiro de Educação, v. 1, p. 38-50, 2016.
http://www.periodicos.udesc.br/index.php/colbeduca/article/view/8337/6078. Acesso
em: 06 dez. 2017.
LIMA, Ana Beatriz Rocha; BHERING, Eliana. Um estudo sobre creches como
ambiente de desenvolvimento. Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 129, p. 573-596, 2006.
Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/cp/v36n129/a0436129.pdf> Acesso em: 15
fev 2018.
LIMA, Ana; RIBEIRO, Vera Masagão; CATELLI Jr, Robert. Indicador de
alfabetismo funcional – inaf: Estudo especial sobre alfabetismo e mundo do
trabalho. Instituto Paulo Montenegro, 2016. Disponível em: <
http://acaoeducativa.org.br/wp-
content/uploads/2016/09/INAFEstudosEspeciais_2016_Letramento_e_Mundo_do_Trab
alho.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2018.
LIMA, Julia Maria Domingos; MARTINS, Vera Vieira; RODRIGUES, Marinéa Silva
Figueira. As Fábulas no processo de Alfabetização e Letramento. Revista Mosaico, v.
7, n. 1, p. 38-43, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/Renata/Documents/Renata/Mestrado%20UNIVALI/Projeto/Agora%20v
ai/Ludicidade/Lima%3B%20Martins%3B%20Rodrigues,%202016.pdf Acesso em: 18
fev. 2018.
MACEDO, Ainoã Athaide; SANTOS, Juliana Nunes; OLIVEIRA, Andreia Gomes de et al. Programa fonoaudiológico de promoção de letramento (PFPL): eficácia na
compreensão de leitura em escolares. Distúrbios da Comunicação, v. 27, n. 2, p. 248-
255, 2015. Disponível em:< file:///C:/Users/Renata/Downloads/21447-61276-4-
PB%20(2).pdf> Acesso em: 21 dez. 2017.
86
MACEDO, Letícia Soares. A importância do desenvolvimento psicomotor na educação
infantil.2014. 26f. TCC- Centro Universitário de Brasília- Brasilia. Disponível:
https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/5847/1/21237410.pdf. Acessado em:
13 jan. de 2018.
MALINOWSKI, Bronislaw C. Argonautas do Pacífico Ocidental. Tradução Anton P.
Carr. São Paulo: Abril Cultural, 1976.
MANDRÁ, Patrícia Pupin; DINIZ, Marília Vieiral. Caracterização do perfil diagnóstico
e fluxo de um ambulatório de Fonoaudiologia hospitalar na área de Linguagem
infantil. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 16, n. 2, p. 121-125,
2011. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v16n2/03.pdf>. Acesso em: 24
jan. 2018.
MARTINS, Edson; SPECHELA, Cristiane Luana. A importância do letramento na
alfabetização. Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das Faculdades OPET–
ISSN, v. 2175, p. 1773, 2012. Disponível em:
http://www.opet.com.br/faculdade/revista-
pedagogia/pdf/n3/6%20ARTIGO%20LUANA.pdf. Acesso em: 18 abr. 2019.
MELLO, Suely Amaral. Ensinar e aprender a linguagem escrita na perspectiva
histórico-cultural. Revista Psicologia Política, v. 10, n. 20, p. 329-343, 2010.
Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-
549X2010000200011>. Acesso em: 10 fev. 2018.
MELLO, Suely Amaral. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva
histórico-cultural. Perspectiva, v. 25, n. 1, p. 83-104, 2007. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/1630. Acesso em: 15 fev.
2018.
MERZ, Emily C; ZUCKER, Tricia A; LANDRY, Susan H. et al. Parenting predictors
of cognitive skills and emotion knowledge in socioeconomically disadvantaged
preschoolers. Journal of experimental child psychology, v. 132, p. 14-31, 2015.
Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25576967>. Acesso em: 18
dez. 2017.
MIOTO, Carlos; SILVA, Maria Cristina Figueiredo; LOPES, Ruth. Novo Manual de
sintexe. São Paulo: Contexto, 2016. Disponível em:
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Educação e letramento. São Paulo: Editora
Unesp, 2004.
MOTA, Márcia Maria Peruzzi Elia da. Explorando a relação entre consciência morfológica, processamento cognitivo e escrita. Estud. psicol.(Campinas), v. 29, n. 1,
p. 89-94, 2012. Disponível em: http://www.redalyc.org/pdf/3953/395335577010.pdf
Acesso em: 06 jan. 2018.
87
MOTA, Márcia Maria Peruzzi Elia da; SILVA, Kelly Cristina Atalaia da. Consciência
morfológica e desenvolvimento ortográfico: um estudo exploratório. Psicologia em
Pesquisa, v. 1, n. 2, p. 86-92, 2007. Disponível em: <
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-
12472007000200009> Acesso em: 20 fev. 2018.
NOGUEIRA. Gabriela Medeiros. A passagem da educação infantil para o 1º ano no
contexto do ensino fundamental de nove anos: um estudo sobre alfabetização,
letramento e cultura lúdica. 2011. 297f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de
Pós Graduação em Educação. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
OKUDA, Paola Matiko Martins. Intervenção e identificação precoce do Transtorno do
Desenvolvimento da Coordenação em escolares no início da alfabetização. 2015.132f.
Tese (Mestrado em Fonoaudiologia) - Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia.
Faculdade de Filosofia e Ciências –Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” - UNESP, Marília.
OLIVEIRA, Jáima Pinheiro de; NATAL, Rosyane Meyre Pimenta. A linguagem escrita
na perspectiva de educadores: subsídios para propostas de assessoria fonoaudiológica
escolar. Revista CEFAC,v. 14, n. 6, p. 1036-1046, 2012. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahead/36-11.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2018.
OLIVEIRA, Keila Rebeka Simões; DE BRAZ-AQUINO, Fabiola de Sousa;
SALOMÃO, Nadia Maria Ribeiro. Desenvolvimento da linguagem na primeira infância
e estilos linguísticos dos educadores. Avances en Psicología Latinoamericana, v. 34,
n. 3, p. 457-472, 2016. Disponível em: <
http://www.scielo.org.co/pdf/apl/v34n3/v34n3a03.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2018.
ONU. Brasil: Organização das nações Unidas no Brasil. c.2015. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/pos2015/. Acesso em: 18 dez. 2017.
OLIVEIRA, Christiana de Sousa Damasceno; DE SOUSA DAMASCENO, Ana
Christina; COUTINHO, Raimundo Nonato. A aquisição da linguagem na educação
infantil na perspectiva do letramento. RACE-Revista da Administração, v. 3, p. 55-
68, 2019. Disponível em:
https://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/article/view/922. Acesso em: 19
mai. 2019.
PEREIRA, Samantha; SANTOS, Juliana Nunes; NUNES, Maria Aparecida et al. Saúde
e educação: uma parceria necessária para o sucesso escolar. CoDAS, v. 27, n. 1, p. 58-
64, 2015. Disponível em: < https://www.researchgate.net/profile/Juliana_Santos18/publication/275049357_Health_
and_education_a_partnership_required_for_school_success/links/55e826e808ae3e1218
42244c/Health-and-education-a-partnership-required-for-school-success.pdf>. Acessado
05 fev. 2018.
PRAZERES, Marcio Vicente. Os desafios e enfrentamentos de alfabetizar letrando e as
contribuições da formação continuada: Relatos de professoras participantes do Pacto
88
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). [trabalho de conclusão de Curso].
João Pessoa: Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba, 2018.
RADINO; Gloria. Oralidade, um estado de escritura. Psicologia em Estudo, v. 6, n. 2,
p. 73-79, 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pe/v6n2/v6n2a10.pdf>
Acesso em: 17 fev. 2018.
RIBEIRO TAVARES, Ana Cláudia; BRITO FERREIRA, Andréa Tereza. Práticas e
eventos de letramento em meios populares: uma análise das redes sociais de crianças de
uma comunidade da periferia da cidade do Recife. Revista Brasileira de Educação, v.
14, n. 41, 2009. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/275/27511688005/
>Acesso em: 17 fev. 2018.
RIBEIRO, Natally; SOUZA, Luiz Augusto de Paula. Efeitos do (s) letramento (s) na
constituição social do sujeito: considerações fonoaudiológicas. Rev. CEFAC, v. 14, n.
5, p. 808-15, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahead/203-
10.pdf > Acesso em: 15 jan. 2018.
RIBEIRO, Simone; ALBUQUERQUE, Andrea Serpa. Educação do Campo e o (im)
Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Educação em Foco, ed. Esp.
p. 45-61, 2016. Disponível em: <
https://educacaoemfoco.ufjf.emnuvens.com.br/edufoco/article/view/2956/66> Acesso
em: 05 dez. 2017.
ROCHA, Kaline Jurema Jambeiro; DE ALMEIDA BARROS, Maria Tarciana.
Relações entre conhecimento de crianças sobre textos e práticas de
letramento/alfabetização. Psicologia Argumento, v. 32, n. 79, 2017. Disponível em: <
https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/20591/19837>
Acesso em: 18 dez. 2017.
RODRIGUES; Evally Solaine de Souza, ARANDA; Maria Alice de Miranda. Conselho
municipal de educação: o papel desempenhado no processo alfabetizador da criança.
Perspec. Dial.: Rev. Educ. e Soc., v. 4, n. 8, p. 60-73, jul. - dez. 2017. Disponível em:
<
file:///C:/Users/Renata/Documents/Renata/Mestrado%20UNIVALI/Projeto/Agora%20v
ai/Rodrigues%3B%20Aranda,%202017.pdf> Acesso em : 11 dez. 2017.
SANDRI, Mirtes Adiles; LORELEI MENEGHETTI, Simone; GOMES, Erissandra.
Perfil comunicativo de crianças entre 1 e 3 anos com desenvolvimento normal de
linguagem. Revista CEFAC, v. 11, n. 1, p. 34-41, 2009. Disponível em: <
http://www.redalyc.org/pdf/1693/169317439009.pdf>. Acessado em: 01 jul. 2018.
SANTOS, Gleici Fernanda dos; FERREIRA, Tais de Lima Ferreira; CIASCA, Sylvia
Maria. Nomeação Automática Rápida em escolares de 6 e 7 anos. Revista CEFAC, v.
18, n.2, p. 392-398, 2016. Disponível em:
http://taurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/318941/1/S1516-
18462016000200392_por.pdf. Acesso em: 26 fev. 2018.
89
SANTOS, Luana Raymundo dos; KUHNEN, Ariane; SOARES, Lia Brioschi. O espaço
aberto da educação infantil: lugar para brincar e desenvolver-se. Psicologia em Revista,
v. 16, n. 2, p. 251-270, 2010. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
11682010000200003. Acesso em: 23 fev. 2018.
SANTOS, Maria José dos; BARRERA, Sylvia Domingos. Impacto do treino em
habilidades de consciência fonológica na escrita de pré-escolares. Psicologia Escolar e
Educacional, v. 21, n. 1, p. 93-102, 2017. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/pee/v21n1/2175-3539-pee-21-01-00093.pdf>. Acesso em: 11
fev. 2018.
SCOPEL, Ramilla Recla; SOUZA, Valquíria Conceição; LEMOS, Stela Maris Aguiar.
A influência do ambiente familiar e escolar na aquisição e no desenvolvimento da
linguagem: revisão de literatura. Revista CEFAC, v. 14, n. 4, p. 732-741, 2012.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahead/33-11.pdf Acesso em: 22
jan. 2018.
SIGNOR, R; BERBERIAN, A; SANTANA, A. A medicalização da educação:
implicações para a constituição do sujeito/aprendiz. Educação E Pesquisa, v.43, n.3,
743-763, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1517-9702201610146773>
Acesso em: 20 mar. 2019.
SILVA, Juliana da; S BELTRAME, T. Desempenho motor e dificuldades de
aprendizagem em escolares com idades entre 7 e 10 anos. Motricidade, v. 7, n. 2, 2011.
SILVERMAN, David. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise de
entrevistas, textos e interações. 3º ed. São Paulo: Artmed, 2009.
SIMÕES, J. M.; ASSENCIO-FERREIRA, V. J. Avaliação de aspectos da intervenção
fonoaudiológica junto a um sistema educacional. Rev CEFAC, v. 4, n. 2, p. 97-104,
2002. Disponível em: <
http://www.revistacefac.com.br/fasciculo.php?url=1&form=edicoes/revista/revista42/Ar
tigo%201.pdf> Acesso em: 26 fev. 2018.
SOARES, Leticia Cavassana; CÔCO, Valdete; VENTORIM, Silvana. Formação
continuada na educação infantil: interfaces com o brincar. HOLOS, v. 1, p. 91-106,
2016. Disponível em: < file:///C:/Users/Renata/Downloads/3953-11660-1-
PB%20(1).pdf> Acesso em: 17 fev. 2018.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 4. ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2010.
SOUZA, Renata Kerr de; GARCIA, Edelir Salomão. Um novo olhar: a criança como
sujeito de direito no campo da legislação e dos documentos que regem a educação.
Perspec. Dial.: Rev. Educ. e Soc., v. 2, n. 3, p. 75-91, jan.-jun. 2015. Disponível em:
http://seer.ufms.br/ojs/index.php/persdia/article/view/537/539 Acesso em: 11 dez. 2017.
90
TAYLOR, Catherine L. CRHRISTENSEN, Daniel; LAWRENCE, David et al. Risk
factors for children's receptive vocabulary development from four to eight years in the
Longitudinal Study of Australian Children. PLOS one, v. 8, n. 9, p. e73046, 2013.
Disponível em:
<http://journals.plos.org/plosone/article/file?id=10.1371/journal.pone.0073046&type=p
rintable> Acesso em : 10 jan. 2018.
TEIXEIRA, Cristina Ribas; DICKEL, Adriana. A aquisição da linguagem por meio das
interações promovidas pelo cuidador em classe de berçário. Revista Psicopedagogia, v.
30, n. 91, p. 52-63, 2013. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862013000100007. Acesso em: 10 fev. 2018.
VIEIRA, Vanessa de Souza. Dificuldades de alfabetização entre meninos na sala de
reforço. Eventos Pedagógicos, v. 8, n. 1, p. 256-271, 2017. Disponível em:<
file:///C:/Users/Renata/Downloads/2837-8136-1-PB.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Disponível em: < http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/vigo.pdf> Acesso em: 09
fev. 2018.
WAJSKOP, Gisela. Linguagem Oral e Brincadeira Letrada nas Creches. Educação &
Realidade, v. 42, n. 4, 2017. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/edreal/v42n4/2175-6236-edreal-61980.pdf> Acesso em: 17
fev. 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Health promotion: Ottawa charter.
Geneva: World Health Organization, 1986. Disponível em:
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/59557/1/WHO_HPR_HEP_95.1.pdf. Acessado
em: 07 fev. 2018.
ZILBERMAN, Regina. Sensibilização para a leitura. Acta Scientiarum. Language
and Culture, v. 30, n. 1, 2008.
ZORZI, Jaime Luiz. Possibilidades de trabalho do fonoaudiólogo no âmbito escolar-
educacional. J Cons Fed Fonoaudiol, v. 4, n. 2, p. 211-7, 1999. Disponível em: <
http://www.profala.com/arttf95.htm>. Acesso em: 01 fev. 2018.
ZUANETTI, Patrícia Aparecida; SCHNECK, Andréa Pires Corrêa; MANFREDI,
Alessandra Kerli da Silva. Consciência fonológica e desempenho escolar. Revista
CEFAC, v. 10, n. 2, p. 168-174, 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v10n2/a05v10n2 Acesso em: 21 fev. 2018.
ZUBRICK, Stephen R.; TAYLOR, Catherine L.; CHRISTENSEN, Daniel. Patterns and
predictors of language and literacy abilities 4-10 years in the longitudinal study of
Australian children. PloS one, v. 10, n. 9, p. e0135612, 2015. Disponível em: <
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0135612#sec003>
Acesso em: 15 dez. 2017.
91
APENDICE A
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E
CULTURA
ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO/MESTRADO PROFISSIONAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisa (Título): AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NA
ALFABETIZAÇÃO COMO FATOR PREPODERANTE PARA A COMPREENSÃO
E EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM ESTUDO DE CASO
Pesquisadora: Mestranda Renata Del Antonio / e-mail: fonorenatadel@gmail.com
Orientadora: Prof.ª Drª. Yolanda Flores e Silva, e-mail: yolanda@univali.br
O ESTUDO: Esta proposta de pesquisa abrange a realização de um estudo sobre “A
aquisição da linguagem escrita na alfabetização como fator preponderante para a
compreensão e empoderamento de crianças: um estudo de caso”, com o objetivo geral:
Apresentar os fatores envolvidos na compreensão da linguagem escrita durante a
alfabetização e o que pode ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia para ampliar
os estímulos e a apropriação desta linguagem desde a infância. Os objetivos específicos
são:
A. Descrever a compreensão dos professores da educação infantil acerca do processo de
alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho das crianças na
aprendizagem da linguagem;
B. Descrever as estratégias e instrumentos que os professores utilizam no aprendizado
da linguagem das crianças no cotidiano da sala de aula;
C. Elaborar e /ou adequar em parceria com os professores um instrumento e/ou
tecnologia capaz de estimular as crianças na apropriação da linguagem escrita e
empoderamento durante o processo de alfabetização.
Considerando o exposto acima, gostaríamos de convidá-lo (a) a participar do referido
estudo e, por meio deste Termo de Consentimento, certificá-lo (a) da garantia de sua
92
participação. Sua participação na pesquisa ocorrerá por meio de entrevista, que será
gravada e, posteriormente, transcrita, mas o (a) senhor (a) não será identificado (a).
Informamos que esta pesquisa pode oferecer riscos de ordem retórica
(constrangimentos, vergonha, tristeza, medo, impaciência, entre outras possibilidades) a
partir da discussão de situações relacionadas ao tema foco da pesquisa. Frente a
qualquer destas situações por favor nos informe para que possamos conversar e
identificar juntos o que poderemos fazer. Solicitamos que não desista imediatamente
sem conversar, considerando os benefícios que obteremos com as ideias e sugestões
promovidas através da pesquisa e de suas informações.
O (a) senhor (a) tem a liberdade de recusar participar do estudo, ou caso aceite, retirar o
seu consentimento a qualquer momento, uma vez que sua participação é voluntária. A
recusa ou desistência da participação do estudo não implicará sanção, prejuízo, dano ou
desconforto. Os aspectos éticos relativos à pesquisa com seres humanos serão
respeitados, mantendo o sigilo do seu nome e a imagem da instituição e a
confidencialidade das informações fornecidas. Os dados serão utilizados
exclusivamente em produções acadêmicas, como apresentação em eventos e
publicações em periódicos científicos onde nenhuma informação que o identifique será
fornecida e/ou colocada nestas produções.
Após ser esclarecido (a) sobre todo o estudo e procedimentos conforme as informações
a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao
final deste documento, com as folhas rubricadas pelo pesquisador, e assinada pelo
mesmo, na última página. Este documento está em duas vias. Uma delas é sua e a outra
é do pesquisador responsável.
PROPÓSITO DO ESTUDO: A alfabetização torna-se determinante para a vida de todos
nós e particularmente das crianças. Alfabetizar numa perspectiva democrática com uma
comunicação realizada através de uma linguagem compreensiva as crianças (e
professores) passa a ser um ato político concreto para a inserção na sociedade e
desenvolvimento futuro destas crianças (e quem sabe suas famílias) enquanto cidadãos
ativos, conscientes de seu papel no processo de transformação da sociedade. A crescente
conscientização da importância da educação infantil nos primeiros anos de vida e no
desenvolvimento posterior, em aspectos sociais e educacionais, tornou-a uma
93
preocupação mundial, ocasionando a procura por melhores abordagens no que se refere
a cuidados e a educação de crianças desde o nascimento aos cinco anos.
SELEÇÃO: Você está sendo convidado (a) a participar deste estudo porque dispensa na
sua prática cotidiana atividades e ações voltadas ao tema desta proposta de pesquisa.
Sua experiência como professor podem ser importantes para o entendimento da
importância e ações voltadas para o processo de alfabetização. Na possibilidade de
negativa em participar da pesquisa, fique tranquilo (a) e não se constranja caso não se
sinta confortável em expor suas ideias acerca da temática que estaremos tratando.
Contudo, ficaremos felizes se pudermos contar com sua preciosa colaboração para que
juntos possamos construir no futuro uma proposta de ação que possa auxiliar crianças
no processo de desenvolvimento adequado da linguagem escrita, bem como orientar
professores que atuam neste processo
PROCEDIMENTOS: Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as
perguntas a serem realizadas sob a forma de uma entrevista semiestruturada com
questões abertas acerca do que pensa e do que realiza neste setor. Esta etapa deverá
ocorrer após avaliação e aprovação desta proposta no Comitê de Ética de nossa
universidade. Logo que tenhamos estes trâmites de aprovação concluídos, entraremos
em contato com você para agendarmos o dia e horário de sua disponibilidade,
preferência e comodidade para a coleta de informações. Calculamos para a entrevista a
duração aproximada de até 40 minutos. A entrevista será realizada pela pesquisadora
Renata Del Antonio, em uma sala reservada para esta finalidade na escola onde atua ou
outro local de sua preferência a fim de conhecer um pouco mais acerca das dinâmicas
utilizadas por educadores para resolver problemas de linguagem na escola. Se não
considerar adequado a entrevista não tem problema, a decisão final será sua, não se
constranja em dizer o que pensa e o que autoriza ou não para esta pesquisa.
PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: Sua participação nesta pesquisa é voluntária, isto é,
a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de
participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua
relação com a pesquisadora ou com a instituição na qual trabalha. Será garantido o
direito à indenização, nos termos da lei e o ressarcimento de despesas, caso necessário.
Também garantimos o arquivamento dos dados da pesquisa, em arquivo físico ou
94
digital, sob guarda e responsabilidade dos pesquisadores, por um período de 5 anos após
o término da pesquisa.
CUSTOS/PAGAMENTOS: Não haverá nenhum custo relacionado a este estudo: você
não irá ter custos financeiros e como sua participação é voluntária, também não terá
nenhuma compensação financeira por sua participação neste estudo.
PERMISSÃO PARA GRAVAÇÃO E TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA:
Gostaríamos também de solicitar a permissão para gravarmos a entrevista que será de
poucas questões. O investigador responsável pelo estudo irá analisar as informações
passadas por você na entrevista, mas, suas respostas serão tratadas de forma anônima e
confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase
do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade
será assegurada uma vez que seu nome será substituído por pseudônimo ou numeral. Os
dados coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em
eventos e/ou revistas científicas sobre o assunto pesquisado. Porém sua identidade não
será revelada em qualquer circunstância e você tem o direito de acesso aos seus dados,
inclusive no formato final do relatório, podendo solicitar cópia da dissertação, de artigos
científicos publicados e trabalhos apresentados em eventos. Adiantamos que todas as
gravações com as entrevistas serão destruídas após a defesa da dissertação, embora
todas elas estejam codificadas de modo que nem mesmo a pesquisadora e sua
orientadora poderão identificar os profissionais informantes após o encontro realizado.
RISCOS: A pesquisa será realizada de modo que possamos diminuir atenuar ou evitar
qualquer possibilidade de risco. Segundo a Resolução CNS 466/12, os riscos no tipo de
estudo como o que será realizado poderão trazer danos à dimensão física, psíquica,
moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer fase de uma
pesquisa e dela decorrente. Este tipo de risco pode expor os participantes de uma
pesquisa, os próprios pesquisadores e os trabalhadores envolvidos ao longo do projeto.
Considerando o contexto da pesquisa admitimos a possibilidade de riscos de
constrangimento diante das perguntas realizadas na entrevista ou se considerar que as
questões possam trazer à tona situações vividas e experiências que lhe causam
sofrimento psíquico. Além dos riscos já citados, apresentamos uma lista de riscos
apontados em seminário do Ministério da Saúde como possíveis de ocorrer em
95
pesquisas qualitativas (ZANATTA & COSTA, 2012; BIOETHICS THESAURUS,
1999):
1. Violência verbal, emocional e/ou física de pessoas que possam não concordar
com sua opinião e participação na pesquisa;
2. Modificação nas emoções com possibilidade de estresse, culpa, perda da
autoestima;
3. Estresse emocional em função do tipo de relacionamento estabelecido entre
pesquisadores e participantes;
4. Discriminação e estigma no trabalho com colegas como resultado da invasão de
privacidade e quebra da confidencialidade, principalmente quando as informações estão
relacionadas a atividades e comportamentos individuais e coletivos que as pessoas não
desejam divulgar;
5. Devolução ou comunicação inapropriada dos resultados dos estudos que possa
gerar situações de conflito ou abalar vínculos com pessoas ou grupos com quem tem
contatos no trabalho;
6. A participação em pesquisas pode resultar em interferência no emprego atual ou
futuro, na elegibilidade para promoções, etc.;
Para evitar todos estes problemas (apresentados de 1 – 6), serão tomadas medidas
quanto ao segredo de identificação dos informantes, nesse sentido, reforçamos a
informação de que todas as gravações com as entrevistas serão destruídas após a defesa
da dissertação, ainda que todas elas estejam codificadas de modo que nem mesmo a
pesquisadora e sua orientadora poderão identificar os profissionais informantes após o
encontro realizado.
Com relação às questões de caráter emocionais, esperamos deixa-lo (a) confortável,
mas, caso você fique constrangido (a) com alguma pergunta, ou que alguma pergunta
lhe faça sentir algum sofrimento psíquico, você poderá deixar de responder à questão,
ou se preferir, poderá encerrar a entrevista, sem nenhum prejuízo a você. O importante é
que você tenha ciência que a pesquisadora estará apta e disposta a realizar a substituição
de procedimentos que o deixem desconfortável ou em risco iminente. É importante que
saiba que haverá supervisão técnica constante da orientadora e você também terá a
certeza de um acompanhamento ético dos profissionais do Comitê de Ética da
96
UNIVALI da qual fazem parte a mestranda e sua orientadora, caso precise de algum
esclarecimento.
DEVOLUTIVA: A devolutiva à Instituição será feita através de carta de agradecimento
pela autorização concedida para a realização de pesquisa e pelo incentivo para a
produção de novos conhecimentos. Será entregue também a cópia da dissertação à
Instituição.
CONTATO PARA PERGUNTAS: Se você tiver alguma dúvida com relação a esta
pesquisa, você deve contatar a mestranda Renata Del Antonio, no telefone 48 98453-
4200 em qualquer período que desejar. Se você tiver alguma dúvida sobre seus direitos
enquanto informante da pesquisa, você pode contatar o Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos - CEP/UNIVALI - Rua Uruguai, n. 458 Centro Itajaí - Bloco F6, andar
térreo. Horário de atendimento: das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30 - Telefone: 47-
33417738 - E-mail: etica@univali.br
Os resultados do estudo serão divulgados durante a defesa de dissertação da mestranda
Renata Del Antonio e em reuniões do grupo de pesquisa ARGOS no Mestrado em
Saúde e Gestão do Trabalho que funciona no campus da UNIVALI em Itajaí, bloco F6,
no terceiro andar. Garantimos que durante estas reuniões seu nome permanecerá no
anonimato, sendo que se necessário fazer menção ao respondente se usará o que ficou
registrado como pseudônimo ou numeral correspondente à informação prestada por
você.
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO
Eu, ___________________________________________________, abaixo assinado,
concordo em participar do presente estudo como participante. Fui devidamente
informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me
garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à
qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.
Local e data:
_____________________________________________________________
Nome:
__________________________________________________________________
Assinatura do Participante ou Responsável:
________________________________________
Telefone para contato:
_____________________________________________________
97
Pesquisador Responsável: Yolanda Flores e Silva
Telefone para contato: 47. 3341 7932 – das 09:30 – 17:30 (Terças / Quartas Feiras)
Pesquisador assistente: Renata Del Antonio
Telefones para contato: 48 98453 4200 – horário comercial.
____________________________________
Assinatura Participante
____________________________________
Assinatura Pesquisador
Renata Del Antonio
_____________________________________
Assinatura Orientador:
Yolanda Flores e Silva
São José, de 2018.
98
APENDICE B
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E
CULTURA
ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO/MESTRADO PROFISSIONAL
Roteiro de Entrevista
Dados de Identificação:
Data de nascimento: ____/____/______
Ano de formação em Pedagogia:________________
Tempo de atuação como Pedagoga:______________________
Tempo de atuação na escola: _______________________
Atua apenas nesta escola?.....................................................
Se não: em quantas?..............................................................
Sua residência é próxima da escola e/ou escolas onde atua?
Tem conseguido se capacitar nos últimos 5 anos? Em que área da sua atuação?
Consegue estudar e fazer leituras relacionadas a sua especificidade de trabalho?
Dados Relacionados aos Objetivos da Pesquisa:
1. Qual a sua análise acerca do processo de alfabetização nas escolas públicas de
nosso país? Que aspectos podem estar ligados ao seu trabalho?
2. Neste território em que se insere a escola, quais aspectos podem ser impactantes (de
forma positiva e negativa) ao desenvolvimento da criança durante a sua alfabetização?
1. Quais dificuldades aspectos das crianças em sala chama mais sua atenção?
Alguma delas você considera que estaria relacionada posteriormente ao processo de
alfabetização
2. Quais profissionais são procurados quando precisam de auxílio nas questões
relacionadas à linguagem?
3. Quais procedimentos e/ou encaminhamentos são realizados quando os
problemas estão relacionados à linguagem?
4. Existe um protocolo do município e da escola com relação a encaminhamentos
externos quando a criança tem dificuldades de linguagem? Ou outras?
5. Existem trabalhos especializados realizados pelos educadores com relação as
dificuldades de linguagem ou em relação a alguma dificuldade específica?
6. Estes educadores realizam que tipo de trabalho com as crianças? Pode explicar
como ocorre este tipo de ação e/ou procedimento?
99
APÊNDICE C
ARTIGO CIENTIFICO 1
EDUCAÇÃO INFANTIL COMO FATOR DE COMPREENSÃO E
EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM ESTUDO DE CASO4
RESUMO: A Educação Infantil pode ser uma possibilidade de desenvolvimento
infantil pleno e integral. A alfabetização é uma tarefa delegada a escola e a educação
infantil deve estimular fatores de aprendizagem e prever as dificuldades que possam
excluir as crianças. Este artigo é resultado de pesquisa realizada em um mestrado em
saúde, com objetivo de “descrever a compreensão dos professores da educação infantil
acerca do processo de alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho
das crianças na aprendizagem da linguagem”. A pesquisa foi de caráter qualitativo, com
pesquisa bibliográfica, observação e entrevista a 10 profissionais de um centro de
educação infantil próximo a capital do estado de Santa Catarina no segundo semestre de
2018. A análise uniu os conhecimentos textuais dos autores pesquisados, os discursos
dos professores e da mestranda, reconhecendo nos discursos a compreensão dos
profissionais quanto aos aspectos relacionados à alfabetização. Os resultados
demonstram que: existem professores que desconhecem elementos importantes
relacionados ao letramento e/ou alfabetização; e existem também más condições
educacionais estabelecidas por políticas inapropriadas. A Fonoaudiologia pode
contribuir junto à equipe pedagógica, discutindo estratégias no processo de ensino e
aprendizagem. Porem somente mudanças nas políticas nacionais educacionais poderá
mudar o quadro atual da Educação Infantil.
Palavras-Chaves: Educação Infantil. Fonoaudiologia. Docentes. Políticas Públicas.
100
APÊNDICE D
ARTIGO CIENTÍFICO 2
INSTRUMENTOS E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTOS DA
LINGUAGEM NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: A alfabetização é uma tarefa delegada a escola e a educação infantil deve
estimular fatores de aprendizagem e prever as dificuldades que possam excluir as
crianças, sendo uma possibilidade de desenvolvimento infantil pleno e integral. A partir
deste pensamento, fez-se pesquisa cujo objetivo foi “descrever as estratégias e
instrumentos que os professores utilizam no aprendizado da linguagem das crianças no
cotidiano da sala de aula”. O suporte metodológico foi qualitativo, utilizando-se dados
bibliográficos, documentais e oriundos de entrevistas com 10 professores de um centro
de educação infantil de um município litorâneo inserido na região metropolitana da
capital do estado de Santa Catarina. A análise foi realizada considerando dados
bibliográficos, os discursos dos professores e conhecimentos dos pesquisadores. Ao
final da investigação os resultados demonstram que duas estratégias principais servem
como base para o desenvolvimento das crianças: letramento e contação de historias,
como resposta em 60% dos discursos dos professores. Com base nos resultados, as
pesquisadoras consideram importante um debate mais amplo de como utilizar estes
instrumentos de forma mais eficiente enquanto uma tecnologia educacional que exige
participação do estado e família, com infraestrutura e preparação da escola e professores
para o pleno domínio destas estratégias de ensino.
Palavras-chaves: Desenvolvimento da Linguagem; Educação Infantil; Fonoaudiologia;
Leitura Escrita.
101
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E
CULTURA
ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO/MESTRADO PROFISSIONAL
EXEMPLO DE ENTREVISTA REALIZADA
Nome: PE1
Ano de formação: 2008 (pedagogia)
P: Qual a sua visão, sua análise frente ao processo de alfabetização nas escolas públicas
do País?
PE1: assim, nessa área da alfabetização eu to um pouco... eu estou começando a me
atualizar agora, por que até então eu estava trabalhando na área da educação especial,
então agora eu to... começando agora, mas eu ainda acredito que a gente ainda tem
muito o que... que caminha, acho que a gente precisa estudar bastante.... iiii eu acho
que.... Agora me deu branco.
P: Não tem problema. Parando para pensar nesse momento, nesta pergunta, tem algum
aspecto que você consideraria relevante para a alfabetização das crianças?
PE1: eu acho que sim... é... a questão do estímulo né. A gente vê que as crianças hoje
em dia estão muito parados em celulares, vídeo game, não que isso não seja bom, o uso
da tecnologia é boa, desde que seja é...destinado um tempo, um objetivo pra aquilo, só o
que eu percebo crianças que chegam aos 4, 5 anos e não sabem nem empunhar um lápis,
não sabem fazer uso funcional de objetos, tipo um carrinho e não sabem que o carrinho
é para brincar com o carrinho, atirar o carrinho na parede, não tem conceito de cor, tu
pergunta uma blusa que cor é, uma blusa amarela. Você pergunta que cor é aquela e ela
diz blusa, entendeu? Por que o conceito de alfabetização é... entra no conceito do uso de
determinados elementos. Eu acho que o estimulo em casa esta faltando muito também,
na sociedade em geral.
P: No território aqui, de inserção da escola, desse centro de educação, tem algum
aspecto que você considera impactante tanto positivo como negativo para o
desenvolvimento posterior...
PE1: é essa questão que me assustei, que eu fiquei bem assustada, crianças de 4/5 anos
que não sabem se quer empunhar um lápis. Não sabem nem qual mão vão segurar.
P: Então se fosse dizer à dificuldade das crianças que você observa na sala...
PE1E: a falta de estímulo... é a falta de estimulo. É a dificuldade, a falta de estímulos.
102
P: E frente a crianças com alguma dificuldade no processo de linguagem, no próprio
pegar um lápis, que vemos que esta fora “digamos” de um padrão de desenvolvimento...
PE1: tenho, tenho, eu tenho crianças com bastante... crianças com dificuldade na
linguagem oral, estão bem aquém, tem crianças que não conseguem se comunicar, a
linguagem oral delas é bem, bem com muita dificuldade. As mães assim, que a gente...
crianças que não tem a oralidade, bem a baixo do esperado, as mães assim: “a porque eu
levei um susto na gravidez, por isso fala assim”. Sabe, assim; bem difícil, na minha sala
eu tenho crianças com bastante dificuldade na oralidade.
P: E quando acontece alguma coisa nesse sentido, vocês tem algum processo a ser
seguido? A quem encaminhar?
PE1: A gente a principio conversa com a família e encaminha para um pediatra para que
o pediatra faça os encaminhamentos. Aqui na creche a gente pede também para que seja
encaminhado na secretaria. Tem todo um tramite também de encaminhamento.
P: Esses processos, encaminhamentos são conhecidos, tem uma rotina a ser seguida, ou
é conforme...
PE1: tem, tem, tem...
P: esse protocolo essa sequencia, é da instituição ou da...
PE1: da secretaria.
P: Existe algum trabalho que vocês realizam aqui, quanto a isso, ou o trabalho é esse
encaminhamento.
PE1: è a gente não tem um... A gente faz de uma maneira geral, em todas as áreas do
conhecimento, é obvio o que a linguagem é... ta dentro da nossa área de trabalho, nessa
área especifica é claro, nós não temos nem formação para isso. A nossa função é quando
a gente identifica é fazer os encaminhamentos, né! Ai leva esses tramites que te falei...
até por que nós não podemos dar diagnósticos a gente só pode encaminhar.
P: sim, sim... As crianças da sua sala são de que idade?
PE1: a minha é grupo multi 4/5, mas tem criança de 3 a 5 anos, então é bem multi
mesmo.
Nome: PE2
Ano de Formação: 2015 (pedagogia)
P: Você conseguiu realizar algum tipo de atualização nos últimos 5 anos?
103
PE2: A gente tem a casa do educador né. Então, cada ano é trabalhado algum tema, esse
ano eles estão expondo é..., as escolas estão expondo trabalhos que foram feitos,
projetos que foram bem sucedidos, que foram bem legais, que as crianças sabe, tiveram
grande aproveitamento, então eles estão passando esses projetos para frente, para outras
instituições, estão compartilhando as vivências, para que dai a gente, naquilo a gente
possa transformar e levar para nossa prática pedagógica, é uma troca de informação, é
bem interessante assim, cada vez que a gente vai, tem uma outra instituição
apresentando, tanto a nossa vai apresentar para as outras né, que a gente também tem
um projeto coletivo que é a hora do refeitório, o fazendo arte e o outro é... a hora do
conto, então é passado o que que a gente faz aqui dentro também né. Então essa é uma
troca de informação mas isso é feito na casa do educador.
P: e isso é feito lá?
PE2: Sim, é por que assim, a gente tem o contra turno né, eu não poderia trabalhar numa
outra instituição, porque um dia da semana eu tenho que estar na instituição o dia
inteiro, tenho que estar disponível, digamos essa semana hoje foi grupo de estudo, foi de
manha, então a gente tem que vir de manhã, tu faz a tua carga horária no grupo de
estudos e à tarde a gente trabalha com as crianças no horário normal. Então um dia da
semana tem que estar envolvido o dia inteiro em função do CEI dessa formação dessa
troca de informação.
P: Esses projetos que você falou daqui, que é o da refeição...
PE2: refeitório, a hora do conto e fazendo arte; hora do conto geralmente esses
professores e a gente monta alguma peça de teatro alguma história, algum conto e a
gente apresenta para as crianças né, é... a participação dos professores, fazendo arte são
oficinas.. maquiagem, pintura de rosto, a gente assim o que da né... a gente faz uma
pesquisa... ai aquele dia é o fazendo arte, é diferente e a tarde toda a manha inteira.
P: uma vez por semana?
PE2: Não, ai tem um cronograma, porque tem um mês, ai no outro não. Tem um
calendário do ano inteiro um cronograma. Ai o fazendo arte o CEI acaba se integrando,
têm uma interação entre todas as turmas, entre os pequenos e os grandes, todo mundo
participa entendeu. É um espaço que fica lá aberto então, fica todo mundo participa cada
criança, vai aonde ela quer, ela faz o que ela quer né; que participa do que ela olhar e
gostaria de saber, assim eu até agora só Participei de um desse fazendo arte porque eu
entrei depois, a hora foi um pouco antes de eu entrar, mas logo a gente já tem um outro
que vai ter a hora do conto que a gente vai ter que se preparar para saber o que vamos
fazer para eles.
P: Qual seria se a tua análise, a tua percepção acerca do processo de alfabetização das
escolas públicas do país?
104
PE2: então, assim ó... agora nesse momento eu tô com G2 então assim, eu não tenho
essa... tão aflorada essa preocupação da alfabetização, mas início do ano estava na
Palhoça o meu G era G5 de lá eles saem para o primeiro ano, ano retrasado trabalhei
G4 G5, eles tinham mais um ano e depois iriam para o primeiro ano, ano anterior
também, G4 G5, então sempre trabalhei como os maiorzinhos, esse ano que foi com os
pequeninhos mesmo, assim... Então minha preocupação sempre foi o que: não
ALFABETIZAR, por que estão em um centro de educação infantil, então trabalhar
vivências, experiências, descobertas, mas nisso também inclui, não alfabetizar, mas eu
me senti na necessidade de apresentar para as crianças, ééé... As letrinhas, os números,
não que esteja alfabetizando, o nome deles, reconhecer o nome dos amigos, por que
assim ó, eu trabalhei no primeiro ano trabalhei sozinha, ééé no G4 G5 em São Pedro de
Alcântara a diretora pediu para mim, lá era apostila da Positivo, então tu tinha que dar
conta de todo o conteúdo é como se fosse um colégio particular tá, todo o conteúdo
mas eu tive uma ressalva da minha diretora: “Olha você tem que trabalhar com eles e
eles têm que sair daqui pelo menos sabendo fazer nome”; porque o que que aconteceu
ano passado, as crianças foram para a primeira série e não sabem fazer o nome e ela já
me pegou um ano antes, do ano antes que ele vão para primeiro ano. Quer dizer, então
que já começa a trabalhar com eles apresentar, lá nem fala apresentar, eu falo apresentar
para amortecer um pouco, iiii... foi o que eu fiz, dentro da apostila tentar trabalhar assim
iiii... foi muito gratificante que era meu primeiro ano da educação, 21 crianças, sozinhas
sem uma auxiliar de sala sem nada e trabalhar com eles e ver que na caminhada ele já
conseguiu colocar o nome na atividade, assim a criança sabe, tu conseguiu, é uma
realização muito grande assim tu vê que tá passando e surgindo frutos, assim né.
Quando eu vim para rede Municipal São José, o negocio complicou, porque se NÃO
pode ter letras na parede, você NÃO pode alfabetizar, você NÃO pode isso, você NÃO
pode aquilo. Por que é educação infantil... ai você pensa assim né, tu tem afilhada, teve
filho, que já são grande, eles estudaram em creches na época não consegui pública, tive
que pagar, a minha afilhada com 3 anos ela contou a evaporação da água, estado físico a
água, com 3 anos de idade ela assinou a identidade dela, daí eu me pegava pensando
assim, o que que eu tô fazendo, tô privando as crianças do conhecimento, não que eu
queira que eles aprendam a fazer, mas eu me sinto na obrigação de APRESENTAR para
ele esse mundo, também de forma lúdica, claro sabe. E assim muitas vezes eu fui
barrada pela profissional do período da manhã porque eu não poderia estar trabalhando
aquilo com a s crianças, que a forma de ver dela também era diferente e até pela direção
assim sabe, fui chamada a atenção algumas vezes porque não poderia tá trabalhando
assim, daquela forma, como se eu quisesse alfabetizar os pequenos, eu não tô querendo
alfabetizar ninguém, estou querendo apresentar. Aí pergunta para essa diretora e para
essa professora aonde os filhos delas estudam, em colégios particulares, que com 3 anos
eles já sabiam fazer um nome, sabiam contar e até falar inglês. Eu acho isso uma...É....
de contramão assim, eu acho um absurdo, porque que as nossas crianças da rede pública
tem que ser privada, é só o lúdico e brincadeira, tem que ser privado do conhecimento
105
eles não vão ver, lá na rua ele sai e as placas e letras de nome sabe assim. É a forma que
é apresentado entendesse, não que eu queira avisar que ele não tá aqui para alfabetizar,
mas eu acho um crime não apresentar as coisas para as crianças. Porque as nossas
crianças são menos daqueles que estão em colégio particular? Aí eu fico muito
indignada, as vezes tu escuta fala de profissionais da área, que é incoerente, porque o
filho delas não tá em uma rede pública, tais entendendo? eu fico muito INDIGNADA,
não é uma coisa que eu consigo compreender.
P: Essa escola que você falou que trabalhou em São Pedro de Alcântara era público ou
particular?
PE2: é público, mas a instituição em si, a cobrança, como funcionava era como se fosse
uma instituição privada. A qualidade de ensino deles até é uma coisa que tu tá na mídia
assim, se tu for pesquisar tem um colégio estadual “O gama” eu acho, ele ganhou
prêmios no município que ele, ele sabe a educação assim, tá bem em alta, eu acho que
esse ano eles não estão mais com apostila, não sei como é que tá, porque daí acabei
perdendo um pouco o contato né, mas até o ano que eu trabalhei era usado apostila da
Positivo.
P: Aqui no território, nessa região onde tá o Centro Educacional. Quais aspectos o que
você diria que é impactante nesse processo, dessas crianças tanto positiva como
negativamente, para esse desenvolvimento futuro.
PE2: É pra te falar a verdade eu não conhecia essa parte de cá Avenida. Já vim até um
pedaço, então assim, tu escuta falar muito, do trafico, que é violento, que é perigoso,
mas eu fui trabalhar no início do ano também na Palhoça, no Frei Damião, uma
comunidade que todo mundo já conhece, lá é bem “punk”, mais complicado do que
aqui, bem complicada, de passar sete carros de policia assim, com as armas expostas, e
a creche estava situada em um local que é um beco, então se acontecer algo você não
tem como sair, é melhor se jogar ali mesmo e já aconteceu de matarem pessoas ali. Aqui
já contaram histórias assim mas, no passado, então assim, eu não sei muito da
comunidade, a gente vê que tem muita gente carente, na minha sala principalmente
assim tem uma carência bem grande, tanto que material eles não... nada nada. Daí tu faz
atividade com as crianças com o que...sabe, eu agora nas férias tive um problema de
saúde acabei ficando de atestado mais de uma semana e acabei no sábado saindo para
fazer uma volta, que acabou ficando tudo, porque tu faz mil planos para aquela tua
semana de férias né mas não deu para fazer nada, era do trono para cama, por hospital,
do hospital pro trono e para cama, enfim como uma rainha, a gente tem, eu tenho cinco
meninas, eu tenho uma boneca na sala para elas brincar aí no sábado eu fui fazer minhas
voltas, e “ai Re” vamos lá comprar umas duas bonecas para sala. Não tem como, tem
muita carência das coisas assim, o espaço ali também é limitado. Aaa... eu não tenho
muito o que falar da comunidade, só que eles também são muito carentes. Mais assim
eu não sei o que te passar.
106
P: Em relação às crianças tem algum aspecto que chama a atenção. Principalmente no
que se refere posteriormente esse processo?
PE2: Então...Assim óh, eu me admiro todos os dias, eu considero eles bebês, aaa...
Agressão deles um com o outro, eu tento trabalhar com eles: por favor, obrigado...
Coisas de maiores, mas já tô tentando inserir com ele e quando pegar um brinquedo.
Menina... Eles se avançam literalmente assim, e agora eles estão adquirindo a fala então
tem coisas que tu consegue compreender, coisas que não, mas às vezes só pelo tom e
pela imposição tu vê que eu não sei se tipo reproduz o que acontece em casa, mas tu fica
assim observando tu fica até apavorada, porque eles são muito pequenos, tipo eles estão
começando a adquirir a fala, mas a reação com essa fala, a maneira como esta sendo
expressado isso é muito agressivo, é empurrado, é xingado, é dado de dedo, é
sabe...avançado é batido, eu acho assim... Meu Deus eles são tão pequeninhos, como
pode ser assim. Eu não sei se é porque eu sempre trabalhei com os maiorzinhos, então
assim, uma outra fase, e passou essas férias, duas semanas sem ver eles, estão assim
transformados, que todo mundo fala que até a metade no semestre, geralmente
professores mais experientes, eles são de uma forma e quando eles vem depois do
segundo semestre de dão, assim uns despertam como dizem assim, a criança não tá nem
aí para nada desperta eles e aquisição da fala tão falando horrores assim sabe muito
engraçado eles cantam, coisas assim que antes saia uma palavra ou outra. Mas a questão
da agressão, da violência me chama muita atenção porque eu acho muito pequeno pra tá
assim sabe, é uma disputa, tudo é muita disputa, eu não sei se em casa de repente tem
mais irmão, tem tantos irmãos assim, mas é uma disputa muito grande assim sabe, isso
me choca um pouco.
P: Quando existem assim algumas dificuldades, tanto nesse sentido como qualquer
outra dificuldade no desenvolvimento, alguma coisa que vocês percebam que chame
atenção nessas crianças, quando preciso de algum auxílio principalmente referente a
linguagem qual...
PE2: agora... nessa situação que a turminha muito pequenininha que não consegue ainda
detectar a dificuldade, mas com os maiores que eu trabalhei o ano passado, a gente na
reunião, com diretor essas coisas que a gente fala e pratica no contra turno, a gente as
vezes relata o que que tá acontecendo com as crianças que têm dificuldade e às vezes a
criança que já está fazendo 5 anos não entende nada do que a criança fala, nada, não
compreende nada. Ano passado eu fiz uma lista, essa lista foi passada para diretora e da
diretora foi para um setor lá na prefeitura, que ia encaminhar para...E nunca foi feito
nada, nenhuma criança teve nenhum tipo de assistência de atendimento, foi chamado
nada, então acho que as coisas funcionam muito assim do diz, do papel, mas não vai
para frente na prática, que eu não vi nada acontecer em nenhuma instituição que eu
tenha trabalhado, que foram poucas, porque faz pouco tempo que me formei; mas assim,
107
eu não vi nada acontecer e olha que ano passado eu tinha umas quatro ou cinco crianças
que a gente tinha muita dificuldade da fala assim, tinha um menino mesmo que a gente
não entendia nada do que ele falava, nada, pensa num nada, outros assim tu entendia
alguma coisa assim lá pela situação, mas tinha dificuldades, mas durante o ano todo,
nada aconteceu, nada. Assim, ai tu toda empolgada, “vou fazer um relatório”, o que é a
cada criança, sua especificidade ali o que ta faltando, entende outra engole algumas
sílabas, sabe. Até porque tu quer ajudar, até porque assim aquelas crianças vão sair dali
para o G5, G6 quando for para a escola, se não tiver um auxílio, alguma ajuda, acho que
eles vão acabar ficando assim entende, as crianças, amigas, não te entende, ai assim que
começa a observar o que já fizeram grandinho e um olhar para o outro, tipo assim não
entendo nada que tá falando sabe, até a criança vai se retraindo e não tem amizade, não
brincar porque o que eu falo ninguém entende mesmo então, a criança vai vai virando
uma bola de neve para criança entendeu, ele vai se fechando mais, as vezes ele se solta
para tentar falar ele vai o que, ele vai se fechar porque o que eu falo ninguém entende.
P: E existe, quando a criança tem uma dificuldade, algum protocolo, algum caminho
que vocês seguem?
PE2: Então esse ano nesta instituição no período da tarde nenhuma professora, pelo que
eu saiba no grupo mencionou alguma coisa, talvez tenha sim, a professora falou com
direção, coordenação e tenha sido feito encaminhamento mas que eu saiba não, assim
do meu conhecimento esse ano não, pode até ser, como eu entrei também depois, tem
professores aqui que já estão mais tempo na mesma instituição, eu sou ACT. Pode ser
que isso tenha acontecido, mas não é do meu conhecimento.
P: E quando têm essas crianças alguma dificuldade e o encaminhamento não acontece,
por mais que vocês façam como você disse, as coisas não vão para frente. Vocês
conseguem buscar junto com essas crianças alguma coisa diferenciada?
PE2: A gente tenta dar mais atenção né, mas a gente também não tem conhecimento às
vezes para lidar com aquela criança, às vezes falta de um conhecimento né, ser
profissional naquilo entendeu, falta especialização o conhecimento mesmo.
P: E nem a quem recorrer?
PE2: Não, por que na instituição não tem.
top related