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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
THÁLITA GONÇALVES SANTOS
NATAÇÃO PARALÍMPICA: QUEIXAS FÍSICAS DE ATLETAS COM
DEFICIÊNCIA FÍSICO/MOTORA
CAMPINAS
2018
THÁLITA GONÇALVES SANTOS
NATAÇÃO PARALÍMPICA: QUEIXAS FÍSICAS DE ATLETAS COM
DEFICIÊNCIA FÍSICO/MOTORA
Dissertação apresentada à Faculdade de
Educação Física da Universidade Estadual de
Campinas como parte dos requisitos exigidos para
a obtenção do título de Mestra em Educação
Física na Área de Atividade Física Adaptada.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Edison Duarte
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL
DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA
THÁLITA GONÇALVES SANTOS, E ORIENTADA
PELO PROF. DR. EDISON DUARTE
________________________________________
CAMPINAS
2018
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Edison Duarte
Orientador
Profa. Dra. Marília Passos Magno e Silva
Membro Titular
Prof. Dr. Orival Andries Júnior
Membro Titular
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica da aluna.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha amada mãe Graça, irmã Tatiane e ao mais novo membro da
família Victor Gabriel. Meu amor, admiração e gratidão a vocês!
AGRADECIMENTO
A Deus, ofereço este trabalho como maior e o primeiro dos meus agradecimentos.
Ao querido professor, orientador Edison Duarte, pela oportunidade e acompanhamento na
trajetória acadêmica, oferecendo-me condições para que este estudo pudesse ser concretizado.
Com você aprendi muito, os valores ensinados através de cada conversa foi uma lição para ser
utilizada por toda vida, muito obrigada. Ao professor e amigo José Júlio Gavião de Almeida,
um dos responsáveis por esta conquista, muito obrigada por sua humildade, respeito e
companheirismo. Agradeço muito a professora Maria Luiza Alves Tanure por todos os
ensinamentos e momentos compartilhados. Muito obrigada Aos professores Orival, Marília,
pelo incentivo acadêmico e contribuições durante a qualificação desse trabalho.
A Simone, secretária do programa de pós-graduação da FEF/UNICAMP, pela
eficácia, dedicação, atenção e carinho nos atendimentos, assim como a todos os queridos
funcionários (Geraldinho, Dulce, Andreia, Marli, Seu Vilson, Beroth) que foram sempre
atenciosos e amigos.
Aos colegas da Gavião Corporation e do Laboratório de Atividade Motora
Adaptada, pela partilha do conhecimento e oportunidades de aprendizado. Agradecimento mais
que especial a minha querida amiga Jalusa que está sempre a meu lado, sem você este trabalho
não seria desta forma e Gabriela H. por toda amizade. Aos colegas do Laboratório de Estudo
de Pedagogia do Esporte e Laboratório de Cinesiologia Aplicada, obrigada pela parceria.
Aos colegas da UNICAMP, pela amizade e parceria. Guardarei vocês em meu
coração! Aos professores da pós-graduação da FEF-UNICAMP, os quais proporcionaram
momentos importantes de aprendizado acadêmico e profissional.
À CAPES e CNPq, pela concessão da bolsa de estudos e incentivo a pesquisa.
Aos coordenadores, técnicos, treinadores e atletas das instituições de Natação
Paralímpica, meu sincero agradecimento pela parceria e oportunidade de concretizar esse
estudo.
Agradeço a meus familiares, primas (Isabela, Maristela, Valdirene, Ana Paula), tias
(Maria de Fátima, Ana Isabel), cunhado (Gilberto). A meus queridos e especiais amigos de
Campinas, Limeira, Brasil e Mundo que estão sempre presentes acompanhando-me em minha
jornada.
MUITO OBRIGADA!
RESUMO
A natação paralímpica (NP) permite a participação de atletas com deficiências física, visual e
intelectual agrupados em classes esportivas (CE). A busca por melhores resultados no processo
de treinamento leva o atleta a um alto limiar de estresse, aumentando então, sua exposição a
riscos de lesões esportivas. Para a contextualização do trabalho realizamos uma revisão
sistemática de literatura (artigo 1), por meio da adaptação do protocolo de metodologia de
revisões sistemáticas e meta-análise PRISMA. As buscas foram realizadas nas bases de dados
Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed, a partir dos termos Paralympic and
swimming or swimmers, publicados entre os anos 2000 e 2018. Esta revisão nos trouxe seis
artigos presentes nas áreas de saúde/ medicina do esporte/ epidemiologia. O artigo 2 deste
trabalho teve por objetivo caracterizar a prevalência de queixas físicas em atletas com
deficiência física da NP brasileira. Esta é uma pesquisa epidemiológica descritiva com
delineamento transversal, o instrumento de coleta utilizado foi a adaptação do Protocolo de
Lesão Esportiva no Esporte Paralímpico (PLEEP). Participaram do estudo 85 atletas da NP.
Para a caracterização das queixas utilizou-se a estatística descritiva, testes Qui-quadrado e teste
Exato de Fisher. Nossos resultados trouxeram o total de 201 queixas reportadas, para
contabilização das queixas foi realizado um agrupamento das classes esportivas. As classes
baixas (S1 - 4) apresentaram 13,9% queixas, as médias (S5 – 7) 42,3% queixas e as altas (S8 –
10) 43,8% queixas. A dor com 103 casos foi o tipo de queixa mais reportado dentre todas as
classes, assim como o ombro com 49 casos foi a estrutura corporal mais relatada. A prevalência
de queixas físicas por grupo de classes baixas, médias e altas, foram respectivamente 78,6%,
84,6% e 84,4%. Podemos concluir que existe diferenças entre o padrão e prevalência de queixas
das classes baixas para com as demais. As classes altas apresentou similaridades com a
literatura apresentada na natação olímpica, em relação aos segmentos corporais acometidos.
Faz-se importante ressaltar que as características das queixas físicas relatadas parecem
depender da natureza da deficiência e do esporte praticado.
Palavras-chave: Lesões esportivas, natação paralímpica, deficiência física, epidemiologia.
ABSTRACT
Para swimming (PS) allows the participation of athletes with physical, visual and intellectual
impairment grouped in sports classes (SC). Bringing better results in the training process leads
the athlete to a high stress threshold, thus increasing their exposure to the risk of sports injuries.
For the contextualization of the research we carried out a systematic review of the literature
(article 1), through the adaptation of the methodology protocol of systematic reviews and meta-
analysis PRISMA. The databases researches were Web of Science, Science Direct, Scopus,
Scielo, Pubmed, from the terms Paralympic and swimming or swimmers, published between
the years 2000 and 2018. Six papers were found in the Health / Sports medicine / epidemiology
area. Article 2 of this study aimed to characterize the prevalence of physical complaints in
athletes with physical disability of Brazilian PS. This is a descriptive epidemiological survey
with a cross-sectional design. The instrument used was the adaptation of the Sport Injury
Protocol in Paralympic Sport (PLEEP). Height-five athletes participated in the study.
Descriptive statistics, Chi-square tests and Fisher's exact test were used to characterize the
complaints. Our results brought the total of 201 reported complaints, a grouping of sports
classes was performed to account for the complaints. The lower classes (S1 - 4) presented
13.9% complaints, the mean (S5 - 7) 42.3% complaints and the high (S8 - 10) 43.8%
complaints. The pain with 103 cases was the most reported type of complaint among all the
classes, just as the shoulder with 49 cases was the most reported body structure. The prevalence
of physical complaints per group of low, medium and high classes were respectively 78.6%,
84.6% and 84.4%. We can conclude that there are differences between the pattern and
prevalence of complaints from the lower classes to the others. The upper classes presented
similarities with the literature presented in the Olympic swimming, in relation to the affected
body segments. It is important to emphasize that the characteristics of the reported physical
complaints seem to depend on the nature of the disability and the sport practiced.
Keys-words: Sports injuries, para swimming, physical impairment, epidemiology.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
ARTIGO 2
Figura 1. Diagnóstico da deficiência dos participantes (%) .................................................... 57
Figura 2. Estruturas corporais mais acometidas dentre todas as classes esportivas ................ 60
Figura 3. Prevalência de queixas físicas, tipo, localização, mecanismos e nado de ocorrência
da queixa em atletas da natação paralímpica, de acordo com as classes esportivas................. 69
Figura 4. Participação nos treinamentos e/ou competições por atletas com queixas físicas da
natação paralímpica. ................................................................................................................. 70
Figura 5. Estrutura corporal mais referidas entre todos os grupos de classes no quadro de dor.84
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Medalhas Brasileiras e da Equipe Brasileira nos Jogos Paralímpicos ..................... 18
Tabela 2. Número máximo de pontos obtidos nas avaliações físicas e técnicas ..................... 22
Tabela 3. Classes esportivas com base nos totais de pontos obtidos após a Avaliação Física e
Avaliação Técnica e (se necessário) Observação durante a Competição. ................................ 23
ARTIGO 2
Tabela 1. Queixas físicas relatadas por grupo de classes esportivas. ...................................... 62
Tabela 2. Estrutura corporal relatada por acometimento de queixas físicas............................ 63
Tabela 3. Hemicorpo relatado por acometimento de queixas físicas. ..................................... 64
Tabela 4. Mecanismo das queixas físicas relatadas. ................................................................ 65
Tabela 5. Diagnósticos relatados pelos participantes. ............................................................. 66
Tabela 6. Nado e queixas físicas relatados. ............................................................................. 67
Tabela 7. Tempo de treinamento semanal por grupo de classes esportivas. ........................... 68
Tabela 8. Evento em que os participantes relataram sentir as queixas físicas. ........................ 68
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CE – Classe esportiva
CF – Classificação Funcional
CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro
DF – Deficiência Física
DI – Deficiência Intelectual
DV – Deficiência Visual
EP – Esporte Paralímpico
FINA - Fédération Internationale de Natation
IOSDS - International Organisation of Sport for People with Disabilities
IPC – International Paralympic Committee
NP – Natação Paralímpica
PLEEP - Protocolo de Lesão Esportiva no Esporte Paralímpico
TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A NATAÇÃO PARALÍMPICA ............................................ 17
2.1 A Natação Paralímpica (NP) .............................................................................................. 17
2.2 Classificação Funcional ...................................................................................................... 19
2.3 Características da prova da Natação Paralímpica (NP) ...................................................... 23
2.4 Biomecânica do nado .......................................................................................................... 27
2.5 Definição de termos ............................................................................................................ 33
3 ARTIGO 1: NATAÇÃO PARALÍMPICA: REVISÃO DE LITERATURA........................ 35
3.1 Introdução ........................................................................................................................... 36
3.2 Método ................................................................................................................................ 37
3.3 Resultados ........................................................................................................................... 39
3.4 Discussão ............................................................................................................................ 42
Considerações finais ................................................................................................................. 45
Referências ............................................................................................................................... 45
4 ARTIGO 2: NATAÇÃO PARALÍMPICA: QUEIXAS FÍSICAS DE ATLETAS COM
DEFICIÊNCIA FÍSICO/MOTORA ......................................................................................... 53
4.1 Introdução ........................................................................................................................... 54
4.2 Método ................................................................................................................................ 56
4.3 Resultados ........................................................................................................................... 60
4.4 Discussão ............................................................................................................................ 70
Considerações finais ................................................................................................................. 86
Referências ............................................................................................................................... 87
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 94
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 96
ANEXO A .............................................................................................................................. 101
ANEXO B .............................................................................................................................. 104
ANEXO C .............................................................................................................................. 105
ANEXO D .............................................................................................................................. 106
ANEXO E ............................................................................................................................... 107
13
1 INTRODUÇÃO
A Natação é uma modalidade esportiva presente nos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos. Para a prática da natação paralímpica (NP) são considerados seis tipos de
diagnósticos clínicos: lesão na medula espinhal (LM), paralisia cerebral (PC), amputação,
deficiência visual (DV), deficiência intelectual (DI) e Les Autres) (WEBBORN; VLIET, 2012).
Para que um atleta com deficiência possa competir, ele necessita estar em uma
classe esportiva, sendo esta, a principal diferença entre o esporte convencional e o esporte
paralímpico. O sistema de classificação funcional na natação agrupa em classes atletas com
deficiência física/motora, visual e intelectual, estas são representadas por números e siglas
referentes aos nados; S – Swimming (livre, costas, borboleta); SB – Breaststroke (peito); e SM
– Medley (junção dos quatro nados: costas, peito, borboleta e crawl/livre) (IPC, 2018). Atletas
com deficiência física/motora estão classificados em 10 classes para os nados livre, borboleta,
costas e medley e em nove para o nado peito (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC,
2018).
Nas Paralimpíadas do Rio 2016 a equipe brasileira da modalidade alcançou a marca
de 19 medalhas, do total de 72 medalhas conquistadas pelo país (CPB, 2018). Em busca de
melhores resultados, o esporte de alto rendimento envolvendo uma somatória de fatores físicos
e psicológicos, exige uma dinâmica de treinamento exaustiva com o objetivo de promover
melhora constante na performance dos atletas (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Durante o
processo de treinamento o atleta atinge alto limiar de estresse aumentando, então, sua exposição
a riscos de lesões (FAGHER; LEXELL, 2010; SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Por vezes,
a interrupção do trabalho, pode causar insegurança quanto a perda de posição na equipe por
parte dos atletas, fazendo com que os mesmos omitam a existência de dores e desconfortos, e
continuem a treinar e competir, sem procurar atendimento especializado em quadros iniciais de
queixas, o que resulta, em possíveis lesões e/ou estado permanente de dor (SILVA; RABELO;
RUBIO, 2010).
Estudos acerca de prevalência em lesões esportivas são importantes para o
desenvolvimento de estratégias eficazes para a prevenção na fase inicial das lesões através das
queixas, influenciando inclusive na qualidade de vida do atleta (SILVA, A. et al. 2013; 2011;
SILVA, M., 2013a). Existe uma variabilidade significativa entre as definições de lesões,
encontradas nas abordagens analíticas de estudos que examinam lesões em atletas com
14
deficiência, principalmente durante as duas últimas décadas, aonde os estudos sobre estes temas
vêm aumentando (WEILER et al. 2016). Após grandes estudos epidemiológicos realizados
posteriormente aos Jogos Olímpicos em Londres/2012, passou a ocorrer certa padronização nas
definições acerca do tema.
Para identificação das queixas e direcionamento adotamos o conceito de lesões
esportivas trazidos atualmente na literatura e utilizadas em grandes estudos epidemiológicos,
definido como "qualquer lesão recém-adquirida, bem como exacerbações de lesões
preexistentes ocorridas durante o treinamento e/ou competição (DERMAN et al. 2013;
ENGEBRETSEN et al. 2013; SILVA, M., 2013a). Consideramos como queixas físicas
decorrentes da prática esportiva qualquer queixa (estrutural ou funcional) referida pelo atleta
no momento da competição ou treinamento, relacionada ao exercício ou prática esportiva,
mesmo sem a avaliação médica ou presença de períodos de afastamento da atividade esportiva
(ENGEBRETSEN et al. 2013; SEIDEL et al. 2007).
Investigações acerca do tema de lesões esportivas (LE) no esporte paralímpico
(EP), não devem ser estudadas de forma generalizada (FERRARA; PETERSON; 2000).
Burnham, Newell e Steadward, (1991), Derman et al. (2013) e Willick et al. (2013) afirmam
que as diferentes deficiências e esportes podem manifestar diferentes padrões de lesões. As
características das lesões esportivas parecem depender da natureza da deficiência e do esporte,
porém em sua maior parte estes dados aparecem em estudos de forma incoerente e trazidos de
forma inespecífica. Apresentando dados de diferentes tipos de deficiências e modalidades
esportivas juntas ou informações sobre LE a partir do agrupamento das deficiências, sem
considerar a modalidade esportiva, o que pode gerar conflitos no entendimento das informações
(DERMAN et al., 2013; FERRARA; PETERSON et al., 2000; NYLAND et al., 2000;
WEBBORN; EMERY, 2014; WEILER et al., 2016; WILLICK et al., 2013).
Diante deste contexto, de acordo com Webborn e Emery (2014) um único
agrupamento de esportes por deficiência não nos traz o panorama dos fatores de riscos de lesões,
pois estes possuem características diferentes quanto à participação, modificação de regras e
categorias específicas (WEBBORN; EMERY, 2014). Poucos são os estudos que caracterizam
as lesões esportivas na NP, com informações específicas como deficiência e classe esportiva
(CE) (DERMAN et al., 2018; KATELARIS et al., 2006; SILVA, M., et al. 2011, 2013b; VITAL
et al., 2002; VITAL et al., 2007; WILLICK et al., 2013).
Nos estudos mais recentes como o de Derman et al. (2018), foram trazidas
informações em relação a taxa de incidência de doenças que acometeram os atletas nas
15
Paralímpiadas do Rio 2016, sendo a taxa da NP de 12,6 (95% IC 10,2 a 15,6) por 1.000/ atletas
dias. A partir de dados obtidos nas Paralímpiadas de Londres 2012, Willick et al. (2013)
apresentam informações quanto ao número de lesões (NP= 62; 12,4%), mecanismos por
modalidades esportivas (NP= 47% lesões agudas) e taxa de incidência 8,7 (95% IC 6,8 a 11,4)
por 1.000/ atletas dias, no entanto ambos estudos não apresentam caracterização como estrutura
corporal e tipo de lesão especificados por classes esportivas.
Silva, M., et al. (2013b) e Vital et al. (2007) trouxeram uma caracterização mais
abrangente sobre lesões esportivas na modalidade, entretanto apenas Silva, M., et al. (2013b)
realizou análises a partir da modalidade, deficiência e CE trazendo informações sobre as taxas
de incidência das lesões encontradas.
Relatos como quadros de dores são encontrados comumente na literatura citada. O
componente subjetivo da dor, somado às diversas implicações, demonstram a necessidade de
intensificar a atenção no trato de queixas dolorosas (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Esta
manifestação pode, de certa forma, ocultar conteúdos relacionados a aspectos físicos, pessoais,
sociais e mentais dos atletas, podendo influenciar sua vida profissional, devido a interferências
em seu desempenho esportivo (SILVA, M., et al., 2013b; SILVA; RABELO; RUBIO, 2010;
VITAL et al., 2007).
Considerando a natação paralímpica (NP) como modalidade relevante no cenário
de alto rendimento no esporte Paralímpico, nos perguntamos quais são as principais queixas
físicas que acometem os atletas com deficiência físico/motora entre os grupos de classes
esportivas (baixas, médias, altas) na NP. Assim sendo, esse trabalho teve por objetivo geral
verificar a prevalência de queixas físicas em atletas com deficiência físico/motora na NP, como
objetivos específicos buscou-se caracterizar os tipos de queixas relatadas em localização,
hemicorpo, mecanismos e evento esportivo gerador das queixas.
Esta dissertação está estruturada em: um capítulo geral de contextualização com
revisão de literatura de aspectos relevantes da NP e dois artigos. O primeiro artigo refere-se à
pesquisa de “Natação paralímpica: revisão de literatura”. Neste, foi feito um agrupamento dos
principais temas abordados na literatura da NP. Assim, foram encontrados artigos inseridos na
temática de biomecânica, história/sociologia, fisiologia, psicologia, desempenho esportivo,
saúde/ medicina do esporte/ epidemiologia, treinamento, classificação, composição corporal,
nutrição. No entanto, a descrição dos achados foi realizada para a temática de saúde/medicina
do esporte e epidemiologia, visto que o procedimento da revisão sistemática foi necessário para
16
maior abrangência com a temática de medicina do esporte. Os artigos encontrados nas demais
áreas foram utilizados para embasamento teórico do corpo do trabalho.
Este primeiro artigo foi necessário para dar o suporte teórico e compreender o
contexto atual dos estudos sobre lesões de atletas de alto rendimento com deficiência
físico/motora na modalidade natação.
O segundo artigo da dissertação intitula-se “Natação Paralímpica: queixas físicas
de atletas com deficiência físico/motora”, o mesmo traz a caracterização de queixas físicas
apresentadas por 85 atletas. O instrumento utilizado foi o Protocolo de Lesões Esportivas nos
Esportes Paralímpicos (PLEEP) aplicado por meio de entrevistas, para a caracterização das
queixas físicas as CE foram subgrupadas, por classes baixas (S1 - 4), médias (S5 – 7) e altas
(S8 – 10). Este estudo, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres
humanos / CEP - UNICAMP, com o número CAAE de 55947316.6.0000.5404.
17
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A NATAÇÃO PARALÍMPICA
Neste tópico de introdução abordaremos aspectos gerais da natação paralímpica
relacionados aos dois artigos de nossa dissertação. São informações que contextualizam o tema
e ao mesmo tempo apresentam ao leitor, detalhes que são importantes para a compreensão do
presente estudo, como por exemplo o tópico referente a classificação funcional.
2.1 A Natação Paralímpica (NP)
A natação está presente nas competições para pessoas com deficiências desde os
primeiros Jogos Paralímpicos, realizados em Roma, em 1960, com participação exclusiva de
deficientes físicos. Com seu desenvolvimento e crescente popularização a natação passou então
a incluir as demais deficiências, atualmente participam da modalidade, atletas com deficiência
física, visual e intelectual (IPC, 2018; MELLO; WINKCLER, 2012). As regras são semelhantes
à da natação convencional, e o atleta deve estar inserido em uma classe esportiva (IPC PARA
SWIMMING, 2018). O sistema de classificação funcional (CF) da NP agrupa os atletas em
grupos entre as deficiências físico/motora, visual e intelectual (IPC PARA SWIMMING, 2018).
A primeira representação brasileira na modalidade em Jogos Paralímpicos foi em
Heidelberg, 1972 (IPC, 2018; MELLO; WINKCLER, 2012). Em 1984 nos Jogos Paralímpicos
de New York e Stoke Mandeville, vieram às primeiras medalhas conquistadas pelo Brasil, a
natação brasileira ficou na 18ª posição com a conquista de sete medalhas, deixando o país entre
os 24 primeiros participantes (IPC PARA SWIMMING, 2018; IPC RESULTS, 2018; MELLO;
WINCKLER, 2012)
O Brasil também esteve presente no quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos de
Seul/1988, Barcelona/1992 e Atlanta/1996, entretanto foi a partir de Sydney/2000 que o país
deu um salto em suas conquistas, alcançando melhores posições (IPC PARA SWIMMING,
2018; MELLO; WINCKLER, 2012). Este feito foi resultado de investimentos e ações
destinadas ao desenvolvimento de atletas brasileiros realizados pelo Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB) (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; MELLO; WINCKLER, 2012).
No Brasil a NP está sob responsabilidade do CPB, e responde apenas ao Comitê
Paralímpico Internacional (International Paralympic Committee - IPC) (MELLO;
18
WINCKLER, 2012). Desde sua criação em 1995, o CPB articula ações voltadas para o
desenvolvimento do EP, como o aperfeiçoamento de treinadores e atletas, além da criação de
critérios técnicos para a convocação dos mesmos (CPB, 2018). O CPB também estabelece
estratégias de incentivos, que vão desde a divulgação e organização de competições até o envio
de atletas para competições internacionais, promovendo assim, melhoras significativas em seus
resultados (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; MELLO; WINCKLER, 2012).
Os resultados derivados dos investimentos realizados, podem ser observados na
Tabela.1, que apresenta o crescimento no número de medalhas conquistadas em Jogos
Paralímpicos após 1996, principalmente quando comparado aos Jogos Paralímpicos de
Barcelona/1992. Este quadro foi apresentado por Mello e Winckler (2012) e atualizado pela
autora em janeiro/2018 através do Ranking disponível na página online do IPC.
Tabela 1. Medalhas Brasileiras e da Equipe Brasileira nos Jogos Paralímpicos.
Jogos Paralímpicos Brasil Natação Paralímpica
Ouro Prata Bronze Total Ouro Prata Bronze Total
Barcelona 1992 3 0 4 7 0 0 3 3
Atlanta 1996 2 6 13 21 1 1 7 9
Sydney 2000 6 10 6 22 1 6 4 11
Atenas 2004 14 12 7 33 7 3 1 11
Pequim 2008 16 14 17 47 8 7 4 19
Londres 2012 21 14 8 43 9 4 1 14
Rio de Janeiro 2016 14 29 29 72 4 7 8 19
Fonte: Extraído do livro Esporte Paralímpico Mello e Winckler (2012. pág. 170); IPC Results, 2018.
Notas: Informações adaptadas e atualizadas pela autora, dados inseridos: Barcelona 1992; Londres 2012 e Rio de
Janeiro 2016, em janeiro/2018.
Nesta tabela podemos verificar a evolução da modalidade, pautada em conquistas
de medalhas desde Barcelona em 1992 até os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
Segundo o CPB a natação é a segunda modalidade que mais medalhas deu ao Brasil em
Paralimpíadas (CPB, 2018).
Em nível internacional a NP é gerida pelo IPC e coordenada pelo Comitê Técnico
de Natação (Paralympic Committee Swimming - IPC Swimming). O IPC Swimming coordena
e fiscaliza as Organizações Internacionais de Esporte para Pessoas com Deficiências
19
(International Organisation of Sport for People with Disabilities - IOSDs), responsáveis por
estabelecerem as adaptações necessárias para os atletas com deficiências participarem de EP
(ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006;IPC, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012).
As regras utilizadas nas competições da NP, advém de modificações das regras da
Federação Internacional de Natação (Fédération Internationale de Natation - FINA). Essas
regras são utilizadas pelo IPC Swimming para organizar e gerir as normas que envolvem o
desenvolvimento da modalidade como arbitragem, calendário de competições, rankings,
recordes e classificação (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).
2.2 Classificação Funcional
A principal diferença entre as modalidades esportivas Olímpicas e Paralímpicas é
o uso do sistema de classificação (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS,
2018). A classificação é obrigatória para a competição no EP e, iniciou-se em 1948 em Stoke
Mandeville (CPB, 2018; IPC, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012; ROSEN, 1973; TWEEDY;
HOWE, 2011). Neste período e até meados da década de 70, utilizava-se a classificação médica,
processo que levava em consideração a deficiência do atleta baseando-se apenas em seu
diagnóstico e não nas habilidades funcionais que poderia ser utilizada para o esporte (ROSEN,
1973).
Com o desenvolvimento do EP, seu caráter voltado apenas para a reabilitação e
lazer foi modificando-se, assumindo também o caráter cada vez mais competitivo (BAILEY,
2008; TWEEDY; VANLANDEWIJCK, 2011). A classificação passou por várias alterações
acompanhando a evolução do esporte. Atualmente, o sistema mais utilizado é a Classificação
Funcional (CF) que objetiva proporcionar uma competição mais equiparada possível. Este
sistema foi apresentado em 1976 pelo professor Horst Strohkendl com auxílio de Bernard
Coubaiaux e PhillCraven. Sendo oficialmente testado nas Paralimpíadas de Seul, em 1988 (IPC,
2018; VANLANDEWIJCK, 1996).
Na CF atletas com deficiências diferentes podem estar na mesma classe esportiva
(CE), visto que estas são direcionadas com base no impacto que a deficiência tem
especificamente sob a modalidade e não somente sob o atleta (IPC RULES AND
REGULATIONS, 2018). É importante ressaltar que todo atleta precisa apresentar elegibilidade
mínima para sua participação, visto que o IPC reconhece algumas categorias de deficiências
20
para a participação em competições: deficiência visual, deficiência intelectual, paralisia
cerebral, lesão medular, amputação e les autres (os outros) (IPC Swimming, 2018). Apenas
atletas com deficiência visual ainda utilizam o sistema da classificação médica (IPC
SWIMMING, 2018).
Cada modalidade esportiva apresenta o seu modelo de CF. No entanto, todos devem
seguir o código de classificação universal desenvolvido pelo IPC em 2003 (World Para
Swimming), o código está em constante desenvolvimento e atualização, este objetiva coordenar
e dar suporte ao desenvolvimento de sistemas de classificações direcionados aos EP de forma
eficaz e confiável (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).
Para a nomenclatura das classes são utilizadas siglas derivadas das palavras de
língua inglesa, que indicam as provas e números que indicam a classe esportiva do atleta (IPC
CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). Na NP as classes diferenciam-se
entre os estilos de nados, sendo: letra S (swimming) para provas de nados livre, costas ou
borboleta; SB (breaststroke) para o nado peito; e SM (medley) no medley (IPC SWIMMING,
2018). Quanto menor o número dentro da classe, mais alto é o nível de comprometimento
causado pela deficiência (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC, 2015a; IPC RULES
AND REGULATIONS, 2018).
A organização das classes esportivas da natação a partir do tipo de deficiência é
apresentada abaixo no quadro 1:
Quadro 1: Classes esportivas na natação paralímpica.
Fonte: IPC Classification Rules and Regulations, 2018.
Deficientes físicos Deficientes visuais Deficientes intelectuais
S1/SM1 SB1 S11/SM11/SB11 S14/SM14/SB14
S2/SM2 SB2 S12/SM12/SB12
S3/SM3 SB3 S13/SM13/ SB13
S4/SM4 SB4
S5/SM5 SB5
S6/SM6 SB6
S7/SM7 SB7
S8/SM8 SB8
S9/SM9 SB9
S10/SM10
21
Dentro da classificação do nado peito para atletas com deficiência físico/motora
existem apenas nove classes (de SB1 a SB9) (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC,
2018).
A partir deste ponto, faremos apenas observações sobre as características das CE
para atletas com deficiência físico/motoras na NP.
Para ser elegível na NP os atletas com deficiência físico/motora (DF) devem ter
pelo menos uma das deficiências abaixo, consideradas como elegíveis pelo IPC Classification
Rules And Regulations (2018). Sendo estas:
Força muscular comprometida: Atletas com ausência ou redução na capacidade
de contração muscular voluntária para movimentar-se ou produzir força, como:
lesão medular (completa ou incompleta, tetra/paraplegia ou paraparesia), distrofia
muscular, síndrome pós-pólio e espinha bífida.
Deficiência nos membros: Atletas com ausência total ou parcial de ossos ou
articulações, como: amputação traumática, doença (amputação por câncer nos
ossos) ou deficiência de membros congênitos (dismelia).
Diferença de comprimento da perna: Atletas com diferença de comprimento de
suas pernas, como: dismelia, transtorno congênito ou traumático no crescimento dos
membros.
Baixa estatura: Atletas com baixa estatura, com comprimento reduzido de ossos
nos membros superiores, inferiores e / ou tronco, como: acondroplasia, disfunção
do hormônio do crescimento e osteogênese imperfeita.
Hipertonia: Atletas que apresentem elevada tensão muscular e uma capacidade
reduzida de alongamento, como: paralisia cerebral, lesão cerebral traumática e
acidente vascular encefálico.
Ataxia: Atletas com movimentos descoordenados causados por danos ao sistema
nervoso central, como: paralisia cerebral, lesão cerebral traumática, acidente
vascular encefálico e esclerose múltipla.
Atetose: Atletas com fluxo de movimentos involuntários lentos, contínuos e
contorcidos, como: paralisia cerebral, lesão cerebral traumática e acidente vascular
encefálico.
Amplitude de movimento prejudicada: Atletas com restrição ou falta de
movimento passivo em uma ou mais articulações, como: artrogripose, contrações
22
resultantes de imobilização crônica das articulações ou traumas que afetem a
articulação.
Para analisar o impacto das deficiências na natação, os classificadores através de
testes atribuem pontos a cada estrutura funcional do corpo dentro e fora da água (IPC
CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). A CF apresenta três etapas:
avaliações físicas, técnicas e a fase de observação. A avaliação física avalia as capacidades
funcionais do atleta, realizando testes musculares, coordenativos, medição de membro, altura,
diferenças de comprimento, deficiência de membro e mobilidade nos movimentos. A avaliação
técnica é realizada em seguida, a qual inclui o teste na água envolvendo movimentações
especificas da natação. A fase de observação, analisa o atleta durante a competição para que
deste modo possa haver a confirmação da classe.
A alocação do atleta para a classe esportiva dependerá da somatória de pontos
atribuídas a partir da aplicação dos testes (IPC CLASSIFICATION RULES AND
REGULATIONS, 2018). O código de classificação e regras para a natação do IPC (2018),
apresenta a numeração máxima de pontos que podem ser obtidos nas avaliações físicas e
técnicas, assim como podemos ver na Tabela 2.
Tabela 2. Número máximo de pontos obtidos nas avaliações físicas e técnicas.
Número máximo de pontos
para classe S Número máximo de pontos
para classe SB
Braços 130 110
Pernas 100 120
Tronco 50 40
Início/Mergulho 10 10
Virada/ Propulsão 10 10
Total 300 290
Critérios mínimos de deficiência 285 275
Fonte: Extraído de IPC World Para Swimming Classification Rules and Regulations (2018), Pág. 58.
A pontuação destinada a cada CE, pode variar entre 24 e 35 pontos entre uma e
outra. A pontuação da classe S (livre, costas ou borboleta) baseia-se na numeração de zero a
285 pontos e a classe SB (peito) de zero a 275 pontos (IPC CLASSIFICATION RULES AND
REGULATIONS, 2018). Assim como apresentado na Tabela 3.
23
Tabela 3. Classes esportivas com base nos totais de pontos obtidos após a Avaliação Física e
Avaliação Técnica e (se necessário) Observação durante a Competição.
Fonte: Extraído de IPC Classification Rules And Regulations, 2018. Pág. 99.
Nota: *S6 / SB6 também inclui atletas com baixa estatura; **S7 / SB7 também inclui atletas com baixa estatura.
O atleta com baixa estatura (acondroplasia), apresenta característica específica e
não requer alocação de pontos, sua avaliação é realizada através de medições, caso este atleta
tenha altura máxima de 130 cm no sexo feminino e altura máxima de 137 cm no sexo masculino,
sua CE será a S6 - SB6. Para os atletas que apresentam uma altura máxima de 137 cm no sexo
feminino e altura máxima de 145 cm no sexo masculino, sua classe esportiva será S7 - SB7
(IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).
Alguns atletas, devido à severidade da deficiência, podem receber observações
quanto a exceções para a realização das provas (no processo de entrada, viradas, saída da piscina
e sinais de largadas). Estas exceções são verificadas no momento da avaliação técnica e
repassadas a arbitragem (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).
Atualmente o sistema de classificação caminha para o desenvolvimento de uma classificação
baseada em evidências cientificas, a fim de diminuir análises realizadas de modo subjetivo,
preservando então seu objetivo de proporcionar uma competição mais equiparada possível (IPC
CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).
2.3 Características da prova da Natação Paralímpica (NP)
Assim como na Natação Olímpica a NP abrange quatro nados: crawl (libre), peito,
costas e borboleta. As competições são divididas em categorias masculinas e femininas e as
Classe Esportiva Total de pontos Classe Esportiva Total de pontos
S1 ≤ 65 SB1 ≤65
S2 66-90 SB2 66-90
S3 91-115 SB3 91-115
S4 116-140 SB4 116-140
S5 141-165 SB5 141-165
S6* 166-190 SB6* 166-190
S7** 191-215 SB7** 191-215
S8 216-240 SB8 216-240
S9 241-265 SB9 241-275
S10 266-285
24
provas disputadas podem ser individuais ou em equipe de revezamento (IPC RULES AND
REGULATIONS, 2018). Os trajes dos competidores devem ser adequados para o esporte
(como maiôs, shorts, sungas esportivas) sem com que haja alterações e/ou modificações com
intuito de ajudar ou realçar o desempenho esportivo (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006;
IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). A entrada na água deve ocorrer sem a utilização
de qualquer dispositivo, próteses ou acessórios salvo tocas e óculos esportivos.
A estrutura da piscina competitiva, deve ter o comprimento de 50 ou 25 metros,
largura de 25 metros e profundidade mínima de 1m35cm, estendendo-se de 1,0 a pelo menos
6,0 metros da extremidades parede de piscinas com blocos saída. Uma profundidade mínima
de 1,0 metro é exigida nas demais áreas (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). Podem
conter de oito ou 10 raias com pelo menos 2,5 m de largura entre as mesmas (IPC, 2018). A
temperatura deve estar entre 25°C – 28°C (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).
Nas principais competições, o controle de tempo durante a prova é realizado por
equipamentos eletrônicos com precisão de centésimos de segundo, acoplados as paredes da
piscina (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC, 2018). As principais adaptações da regra
para a NP acontecem nas largadas, viradas e chegadas.
Os atletas com alterações de equilíbrio são autorizados a receberem suporte para
manter-se no bloco de saída, podendo ser segurados nos quadris, mão ou braço (IPC RULES
AND REGULATIONS, 2018). Alguns atletas podem assumir posição diferenciada em cima
do bloco de saída, como é o caso de um atleta com apenas uma perna totalmente funcional,
desde que este atleta tenha uma mão ou outra parte do braço na frente do bloco de saída, o
mesmo não precisará manter seu pé a frente (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). Os
atletas também podem ser autorizados a iniciar ao lado ou sentado no bloco de saída. Neste
último caso, para evitar escoriações é permitido haver uma camada de toalha, ou similar, sob o
bloco de saída (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).
Atletas das classes baixas (S1/SB1/SM1 - 3) podem ser autorizados a iniciar a prova
de dentro da água, desde que mantenham contato com a parede no local de saída até que o sinal
de largada seja dado (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). No caso do atleta não
conseguir agarrar o local de saída, o mesmo poderá ter o suporte ou ser apoiado por alguém ou
até mesmo utilizar algum dispositivo/acessório (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). O
dispositivo/acessório deve ser operado apenas no momento da saída e sua utilização deve ser
considerada segura pelo World Para Swimming antes do início da competição. O suporte pode
ajudar o atleta a permanecer nas posições para início das provas, no entanto, estes não devem
25
ser impulsionados, pois nenhum tipo de suporte deve proporcionar vantagens frente aos demais
competidores (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC RULES AND REGULATIONS,
2018). Amparados pelos códigos de exceções, os atletas que apresentam dificuldades
funcionais, por exemplo, a saída de um atleta com deficiência auditiva pode ser utilizado sinais
luminosos e em casos de dificuldades de viradas e chegadas na realização de toques
simultâneos, o momento das viradas pode ser realizado com toque não simultâneo
(ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).
A variação das provas acontece segundo a classificação funcional, pois todas as
provas (50 m, 100 m, 200 m 400 m livre; 50 m, 100 m costas; 50 m, 100 m peito; 50 m, 100 m
borboleta; 100 m, 200 m medley) são oferecidas para ambos os sexos (ABRANTES; LUZ;
BARRETO, 2006; IPC, 2018).
Abaixo encontra-se o programa de provas apresentados pela World Para Swimming
rules and regulation com suas respectivas classes funcionais. A World Para Swimming pode
selecionar quaisquer provas abaixo para compor suas competições (Tabela 4):
26
Tabela 4. Programa de eventos e suas respectivas classes esportivas.
Eventos individuais
50m Livre S1 – 13
100m Livre S1 – 14
200m Livre S1 - 5, S14
400m Livre S6 – 14
50m Costas S1 – 5
100m Costas S1-2, S6 – 14
50m Peito SB1 – 3
100m Peito SB4 - SB9, SB11- 14
50m Borboleta S2 – 7
100m Borboleta S8 – 14
75m Ind. Medley SM1 - 4 (trecho curto sem borboleta)
100m Ind. Medley SM5 - 13 (apenas um trecho curto)
150m Ind. Medley SM1 - 4 (sem borboleta)
200m Ind. Medley SM5 – 14
Revezamentos
4 x 50m Livre Máx. 20 pts p/ S1-10
4 x 100m Livre Máx. 34 pts p/ S1-10
4 x 100m Livre S14
4 x 50m Medley Máx. 20 pts p/ S1-10
4 x 100m Medley Máx. 34 pts p/ S1-10
4 x 100m Medley S14
4 x 100 m Livre Máx. 49 pts p/ S11-13
4 x 100m Medley Máx. 49 pts p/ S11-13
Misto 4 x 50m Livre Máx. 20 pts p/ S1-10
Misto 4 x 50m Medley Máx. 20 pts p/ S1-10
Misto 4 x 100m Livre S14
Misto 4 x 100m Livre Máx. 49 pts p/ S11-13
Misto 4 x 100m Medley Máx. 49 pts p/ S11-13
Fonte: Extraído de World Para Swimming Rules and Regulations (Janeiro 2018) – pág. 27 e 28.
27
2.4 Biomecânica do nado
Segundo Willig et al. (2012) características morfológicas apresentadas por
nadadores com deficiência física podem influenciar na hidrodinâmica e consequentemente na
força de arrasto nos nados. No entanto, em muitos casos os parâmetros de comparação do
desenvolvimento técnico continuam sendo aqueles descritos na literatura, ou seja, os
parâmetros dos competidores olímpicos (SANTOS; GUIMARÃES, 2002).
No nado realizado na posição frontal dois fatores contribuem para manter uma
orientação longitudinal ideal. O primeiro é a posição da mão em relação à cabeça e aos ombros
quando introduzida na água: para minimizar o movimento lateral do corpo, a entrada da mão
deve ser feita entre a linha média da face e a extremidade lateral do ombro, ou seja, o lado do
corpo da mão observada. O segundo fator é a contribuição da batida de perna: o papel principal
da batida de perna no nado frontal é manter a posição do corpo próxima a superfície e
proporcionar estabilidade lateral ao tronco, tanto durante a fase de recuperação do braço acima
da água, quanto no período da tração subaquática (PRINS; MURATA, 2008).
Prins e Murata (2008) avaliaram a mecânica de natação dos nadadores com
deficiências física (DF), em geral foi observado que a eficiência da propulsão depende da
estrutura corporal afetada pela deficiência. A perda da função dos membros, como se vê na
paraplegia, também pode afetar a eficiência da natação em decorrência do aumento das forças
de arrasto adquiridas de acordo com mudanças no perfil frontal (PRINS; MURATA, 2008).
Santos e Guimarães (2002) notam características ausentes nos nadadores com DF e
deficiência visual (DV) quando comparados ao estilo de nado de atletas sem deficiência,
abordaremos neste estudo as características apresentadas apenas em relação aos nadadores com
DF. As observações dos autores quanto a saídas dos nados constataram que, atletas com
ausência de funcionalidade em membros inferiores saíam de duas formas; a primeira de dentro
da água e a outra de cima do bloco. Foi observado que dentre estes atletas, os que executavam
as saídas de cima do bloco, apenas caiam na água. Atletas com controle de movimento nos
membros inferiores, neste estudo, realizavam saídas com alterações na fase aérea ocasionando
em ineficiência na penetração na água. De modo geral, as grandes variações foram encontradas
na fase de entrada na água, visto que o corpo tocava a água de modo integral e simultaneamente
ou quase simultaneamente (SANTOS; GUIMARÃES, 2002). Além do fator deficiência, faz-se
importante ressaltar que o tempo de prática e treinamento podem influenciar na característica
técnica destes nadadores.
28
Dingley, Pyne e Burkett (2014b), apontam que o tempo de saída de bloco
demonstrou-se significativamente diferente entre grupos de atletas com deficiências em
membros superiores e atletas com paralisia cerebral (PC). Os autores afirmam que apesar do
comprometimento neuromuscular em indivíduos com PC, causando atraso no planejamento de
movimento (por exemplo, reação a um sinal de partida), estes nadadores geraram grande força
no momento da saída, transferindo-a ao longo dos 15 m, através de sua velocidade.
Santos e Guimarães (2002) observaram batidas de pernas e rotação de braços
antecipados na fase de deslize o que influenciou de modo negativo o desempenho do nado. As
batidas de pernas apresentaram flexão excessiva dos joelhos na pernada de borboleta e saída da
perna da água no nado crawl. No nado costas alguns atletas demostraram quebrar o ritmo das
braçadas, excessiva rotação em um dos ombros e corpo, transposição da linha média do corpo
na fase aérea e tração ineficiente na fase principal, este último ponto ocorrendo também no nado
livre (SANTOS; GUIMARÃES, 2002). No nado peito foi observado recolhimento precoce dos
cotovelos no final da fase de tração e abertura lateral exagerada dos membros superiores
(SANTOS; GUIMARÃES, 2002).
Dificuldades na fase de tração dos nados em pessoas com deficiência física foram
decorrentes das complicações de manutenção da posição mais adequada das mãos na fase
subaquática, assim como a manutenção dos membros superiores estendidos na maior parte da
execução da fase (SANTOS; GUIMARÃES, 2002). Santos e Guimarães (2002) também
reportaram menor velocidade durante a fase subaquática, justificando tais resultados através do
comprometimento físico apresentado por cada atleta.
No momento das viradas, de acordo com Santos e Guimarães (2002) fatores como:
alinhamento do corpo após saída da parede; rotação rápida do corpo com flexão nos quadris e
joelhos; preparação do posicionamento do corpo para o toque na borda, são determinantes para
melhor desempenho. No entanto, em atletas com ausência de funcionalidade em membros
inferiores, tais fatores não foram observados.
As oscilações laterais (de uma raia à outra) do corpo foram observados em todos
aqueles atletas que não apresentavam controle sobre abdome e membros inferiores, também
podendo ser potencializados por deficiências na técnica de tração (nado costas e crawl)
(SANTOS; GUIMARÃES, 2002).
Oh et al. (2013) nos trazem informações sobre a biomecânica na NP a partir das
classes esportivas (CE), em seus estudos os mesmos reportam que o arrasto passivo,
experimentado pelos nadadores paralímpicos, foi associado ao seu nível de DF. Os nadadores
29
com deficiências mais severas, alocados em classes baixas, apresentaram arrasto passivo mais
altos. Variabilidade do arrasto passivo também foi observado dentro das CE (OH et al. 2013).
As classes mais baixas podem incorporar maior diversidade de tipos de deficiência
do que as classes superiores. Segundo Oh et al. (2013) indivíduos das classes baixas podem ter
maior variação em fatores que influenciam o arrasto, como forma do corpo, força, coordenação
e amplitude de movimento das articulações que indivíduos de classes altas. Os autores
enfatizam que a alta variabilidade no arrasto intra-classe existe principalmente devido aos
diferentes tipos de deficiência presentes nas mesmas classes esportivas (por exemplo,
amputação, LM, PC). Quando o arrasto foi corrigido para massa corporal, essa variabilidade
diminuiu substancialmente nas classes de sete a 14, mas manteve-se relativamente alta nas
classes de um a seis (OH et al., 2013).
A amplitude de movimento também é um fator analisado pelos autores Oh et al.
(2013), os nadadores com limitação na amplitude de movimento ou rigidez no mesmo, baixa
estatura e amputação na virilha dos dois membros inferiores, quando avaliados, neste estudo,
criaram maior arrasto passivo normalizado do que os outros grupos de deficiência (OH et al.,
2013).
Burkett, Mellifont e Mason (2010), destacam, assim como Oh et al. (2013), a
variabilidade de habilidades e nível de função física existentes entre as CE. Os autores
defendem a importância de considerar CE juntamente com as deficiências que a compõe, para
que deste modo algumas características-chave do desempenho do atleta não sejam ocultas. Um
exemplo desta premissa é observado nos atletas com PC, que apresentam-se em diversas classes
e têm comprometimento no padrão motor neuromuscular, o que afeta a execução de padrões de
movimentos e provoca atraso no planejamento do mesmo.
Em seus estudos, Burkett, Mellifont e Mason (2010) indicam não existir diferenças
significativas do tempo de início absoluto entre três grupos de atletas com deficiências, sendo
estas: amputação de braço, amputação de perna e PC. O tempo de saída do bloco dos atletas
com amputação (S9 e S10) foram semelhantes, enquanto que os atletas com PC (S8), tiveram
um tempo de saída significativamente mais lento, quando comparados aos outros grupos
(BURKETT; MELLIFONT; MASON, 2010).
Segundo Lecrivain et al. (2010), quando nos referimos a atletas com amputação, é
possível verificar diferentes influências no nado em decorrência do tipo de amputação
apresentada pelo atleta.
30
Atletas com amputação do braço ao nível do cotovelo, utilizam a rotação do tronco
com intuito de contribuir na propulsão do nado. Lecrivain et al. (2010) afirmam que o aumento
no rolamento corporal máximo eleva o efeito propulsor do membro afetado, visto que estes
atletas são privados de mão e/ou antebraço, importante superfície propulsora. A junção do
rolamento do tronco gera uma força propulsora eficaz na maior parte da fase de tração, não
sendo efetiva apenas do final da varredura para cima (LECRIVAIN et al., 2010).
Outra ação observada por nadadores com amputação unilateral de membro superior
(classe S8 e S9) devido à necessidade de compensação diante da falta de segmentos propulsivos,
é a utilização de aumento da frequência gestual, a fim de conseguirem aumentar a velocidade
de nado (BURKETT; MELLIFONT; MASON, 2010; PRINS; MURATA, 2008; WILLIG et
al., 2012).
Prins e Murata (2008) analisaram o tempo do ciclo do nado entre atletas com
amputação de membros superiores e sem deficiência, foi observado que, embora os déficits
unilaterais pudessem afetar as fases do nado, os efeitos foram mais visíveis nas fases que
exigiam movimentos de braços alternados, como no nado crawl e costas. Ao comparar as
durações totais do ciclo de nado de nadadores com amputação abaixo do cotovelo e nadadores
sem deficiência, foi evidente que, embora as durações gerais para cada ciclo de nado fossem
muito similares, variando em apenas um décimo de segundo (1,47 vs. 1,57 s), existiam
diferenças de tempo dentro de cada fase de um ciclo de nado, principalmente na fase de tração.
Para compensar as áreas reduzidas do membro amputado, os atletas aumentaram a frequência
das braçadas a fim de gerar forças propulsoras na água (PRINS; MURATA, 2008). Assim como
apresentado por Burkett, Mellifont e Mason, (2010) e Willig et al. (2012).
O nadador com amputação de perna unilateral congênita realiza movimentos de
rotação extremos do tronco devido à deficiência, assim como entrada de braço exagerada,
prejudicando desta forma o alinhamento corporal no nado (PRINS; MURATA, 2008).
De acordo com Prins e Murata (2008), a perda de ambos os membros inferiores,
como no caso dos amputados abaixo do quadril, gera um posicionamento do corpo quase
horizontal em relação à superfície, apresentando resistência frontal e massa corporal
consideravelmente reduzida, exigindo menos esforço por parte dos braços durante a propulsão.
No entanto, os autores observam que embora a resistência frontal seja consideravelmente
reduzida, existe em contrapartida, a incapacidade de recrutamento das extremidades inferiores
para a propulsão ou resistência às forças de rotação criadas pelas extremidades superiores
(PRINS; MURATA, 2008).
31
Willig et al. (2012) a partir da caracterização do estilo de nado de uma nadadora
com má formação congênita com diferenciação no comprimento nos membros superiores,
constatou que a velocidade e a distância de ciclo de nado diminuíram durante o percurso da
prova de 50 m livres (principalmente na primeira metade), enquanto que a frequência gestual
manteve decaimento regular, gerando, diminuição da força de arrasto hidrodinâmico. Os
autores sugeriram que a frequência gestual estava associada à alteração da variação intracíclica
de velocidade, afirmando que a assimetria coordenativa já era esperada para este tipo de
deficiência. O modelo de coordenação utilizado pela nadadora foi o de catch-up (WILLIG et
al., 2012).
Prins e Murata (2008) ao observar os padrões de movimento de um atleta com má
formação congênita nos quatros membros, constataram a execução de movimentos rotacionais
e/ou palmateios, empregando combinações de ambos os tipos de forças propulsoras, isto é,
“arrasto” e “sustentação hidrodinâmica”. Alguns dos nadadores com amputações ou má
formação congênita empurram a água para trás com um movimento de remada, outros, foram
incapazes de produzir forças de arrasto suficientes ou realizar pequenos graus de deslocamento
lineares com seus membros superiores, estes nadadores devido ao tipo de deficiência
apresentado tendem a realizar padrões de movimento específicos para propulsão (PRINS;
MURATA, 2008).
Os nadadores com PC hemiparética nos estudos de Bosko (2017) apresentaram: 1)
menor distância percorrida do membro afetado pela deficiência do que as realizadas pelo
membro funcional devido à contratura das articulações; 2) angulação quase constante nas
articulações do membro afetado, devido à impossibilidade de extensão total do braço
(acarretando na entrada do braço na água com o cotovelo, afetando negativamente a eficiência
da técnica de natação); 3) realização do movimento de braçada, por parte do membro funcional,
em forma de ‘S’, sendo esta a movimentação mais eficaz; 4) grande carga nos membros
inferiores, quando as mãos são mais afetados e vice-versa (BOSKO, 2017).
Bosko (2017) afirma que a restrição na utilização dos membros acometido pela PC
hemiparética leva a assimetria na execução da técnica para realização dos movimentos com
mãos e pernas, visto que a espasticidade muscular presente nestes atletas acarretam em
limitações motoras.
Ângulos de flexão na articulação do cotovelo do membro afetado por espasticidade
e contraturas foram constantes em quase todos movimentos, o que gerou restrição na realização
de uma movimentação completa de mão. Portanto, esses atletas com menor amplitude de
32
braçada e menor propulsão compensaram a velocidade da natação com aumento no ritmo dos
movimentos. A ausência de força nas pernas provocou alterações no equilíbrio horizontal e
lateral (BOSKO, 2017).
De modo geral, de acordo com Bosko (2017), atletas com PC diplégica espástica e
hemiparética apresentam para a técnica de nado características como: manutenção do membro
acometido pela deficiência em uma posição mais simples possível; este membro mantém-se
quase sem movimentação, pois devido à espasticidade dos músculos extensores ocorre a
permanência das pernas em semi-angulação durante a movimentação e realização de
movimentos amplos e fortes pelo membro sem deficiência. A eficácia das mãos dos nadadores
com diplegia espástica é maior que a encontrada em nadadores com PC hemiparéticas (BOSKO,
2017). Os autores nos trazem que a técnica do nado costas, realizada por atletas com PC, tem
suas próprias especificações, no entanto não foram retratadas no estudo.
Prins e Murata (2008) verificaram o efeito da flutuabilidade e posição do corpo no
caso de paralisia em membros inferiores. Os mesmos identificaram aumento da resistência
frontal devido à ausência de flutuabilidade de extremidades inferiores e tronco, principalmente
frente a incapacidade de usar as pernas para gerar força propulsora (BOSKO, 2017; PRINS;
MURATA, 2008).
Já a observação de um nadador com quadriplegia, apresentou-se com flutuação
imóvel na água (PRINS; MURATA, 2018). Em uma posição propensa a flutuação, os autores
observaram que o tronco superior do nadador foi mantido em uma posição horizontal próxima
à superfície, enquanto apenas as pernas, não suportadas, afundaram (PRINS; MURATA, 2018).
Prins e Murata (2008) nos trazem que a flutuação resultante da posição dos
membros inferiores são consequência de vários graus de eficiência propulsora. Em seus estudos,
verificaram que quando um nadador com paraplegia assume uma posição propensa a
flutuabilidade na água, a paralisia flácida existente pode resultar na flexão das articulações do
quadril e joelho, alterando o alinhamento do corpo (PRINS; MURATA, 2018). As forças
propulsoras produzidas pelos braços, junto a força da água que atua contra os membros
inferiores, causam flutuações nas extremidades inferiores (PRINS; MURATA, 2018).
Os mesmos autores ao examinarem os movimentos oscilantes das pernas deste
nadador, no plano sagital, principalmente a partir das articulações do quadril e joelho,
observaram alterações dos graus desta flexão em função das velocidades no nado (PRINS;
MURATA, 2018). Os membros inferiores começam a estender-se à medida que as forças
propulsoras são aplicadas, atingindo a extensão máxima no momento em que a velocidade
33
máxima é alcançada (PRINS; MURATA, 2018). À medida que a velocidade começa a diminuir,
os membros começam a flexionar-se, voltando para a posição inicial (PRINS; MURATA,
2018). De acordo com os autores, embora as posições dos membros flutuantes dependam da
flutuabilidade natural das extremidades inferiores de cada indivíduo, os graus subsequentes dos
movimentos de quadril e joelho são um indicador da eficiência das forças propulsoras
produzidas pelas mãos (PRINS; MURATA, 2018).
A análise biomecânica do nado na NP, apresenta-se como uma tarefa complexa.
Santos e Guimarães (2002) atribuem esta complexidade a grande gama de deficiências
encontradas dentre os atletas paralímpicos, esta variedade também encontra-se presente
principalmente dentro de cada classe esportiva (OH et al., 2013). Tais variáveis dificultam a
análise da execução dos nados na NP, devido à exigência de maior especificidade e tecnologia
utilizada.
2.5 Definição de termos
Prevalência: A prevalência é definida como a proporção da população que apresenta uma lesão
ou doença em um momento específico. Esta, quantifica o número de lesões, existentes em
qualquer momento no tempo, relativo ao tamanho da população em risco. Para seu cálculo o
numerador abrange o total de atletas que apresentam lesões ou doenças em um período
determinado e o denominador é a população total exposta ao risco no mesmo período
(KNOWLES; MARSHALL; GUSKIEWICZ, 2006; SILVA, M., 2013a; WALDMAN, 1998).
Queixas físicas: Segundo Seidel et al. (2007) queixas articulares são caracterizadas por: rigidez
ou limitação de movimento, mudança no tamanho ou contorno, edema ou eritema, dor contínua
ou dor com um movimento em particular, envolvimento uni ou bilateral, interferência nas
atividades diárias, bloqueio articular ou incapacidade funcional. Já as queixas musculares
podem referenciar-se a: limitação de movimentos, fraqueza ou fadiga, paralisia, tremor, tiques,
espasmos, incapacidade, atrofia, desconforto ou dor. E as queixas esqueléticas podem referir-
se a: dificuldades com a marcha ou claudicação; dormência, formigamento ou sensação de
pressão; dor com o movimento, crepitação; deformidade ou alteração no contorno esquelético.
A partir de tais características consideramos queixas físicas decorrente da prática esportiva,
qualquer queixa (estrutural ou funcional) referida pelo atleta no momento da competição ou
34
treinamento relacionada ao exercício ou prática esportiva, mesmo sem a avaliação médica ou
presença de períodos de afastamento da atividade esportiva (ENGEBRETSEN et al. 2013;
SEIDEL et al. 2007).
Localização: A localização da lesão esportiva, pode estar relacionada ao hemicorpo, posição,
segmento e região corporal e estrutura corporal (SILVA M., 2013a). Neste estudo utilizaremos
a estrutura corporal acometida como forma de localização.
35
3 ARTIGO 1: NATAÇÃO PARALÍMPICA: REVISÃO DE LITERATURA
RESUMO
A revisão de literatura acerca da natação paralímpica (NP), permite fornecer uma visão dos
conceitos e teorias presentes. O objetivo desta revisão sistemática foi verificar os aspectos da
NP e medicina do esporte. Utilizamos a adaptação do protocolo de metodologia de revisões
sistemáticas e meta-análise PRISMA. As bases de dados utilizadas foram Web of Science,
Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed, a partir dos termos de busca: Paralympic and
swimming or swimmers, publicados entre 2000 e 2018. Os artigos encontrados foram
selecionados através de critérios de exclusão e inclusão específicos. Como resultados, tivemos
66 artigos (41%) incluídos na pesquisa. Estes foram subdivididos em grupos segundo a temática
abordada: biomecânica, história/sociologia, fisiologia, psicologia, desempenho esportivo,
saúde/ medicina do esporte/ epidemiologia, treinamento, classificação, composição corporal,
nutrição. Para melhor entendimento acerca do tema principal de estudo, a discussão foi
realizada em relação a produção literária acerca dos temas saúde/medicina
esportiva/epidemiologia. Encontramos seis artigos relacionados a esses temas, que trazem
características sobre aspectos da NP, em sua maioria, por deficiência. É realizado
principalmente, um levantamento sobre doenças e lesões osteo-mio-esqueléticas presentes na
NP, assim como valores de incidência e prevalência. A região do tronco e membros superiores
tendem a ser prevalentemente mais acometidos assim como o segmento ombro. Os tipos de
queixas mais relatados encontram-se entre tendinopatias, espasmos/contratura, algias na coluna
vertebral e doenças no sistema respiratório. Lesões por mecanismo de sobrecarga foram mais
comuns na modalidade. É possível verificar que a caracterização de lesões esportivas na NP,
ainda apresenta grande lacuna em relação aos grupos de classes, principalmente quando se trata
das classes para atletas com deficiência física e intelectual.
ABSTRACT
The literature review on Para swimming (NP) allows us to provide a view of the concepts and
theories present. The objective of this systematic review was to verify aspects of NP and sports
medicine. This study was conducted in accordance with the adaptation of the methodology
protocol of systematic reviews and meta-analysis PRISMA. The databases used were Web of
Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed, from search terms: Paralympic and
swimming or swimmers, published between 2000 and 2018. The articles found were selected
using specific exclusion and inclusion criteria. As results, we had 66 articles (41%) included in
36
the research. These were subdivided into groups according to the theme: biomechanics, history
/ sociology, physiology, psychology, sports performance, health / sports medicine /
epidemiology, training, classification, body composition, nutrition. For a better understanding
about the main theme of the study, the discussion was carried out in relation to the literary
production on the topics health / sports medicine / epidemiology. We found six articles related
to these themes, which present characteristics about aspects of PN, most of them deficiencies.
A survey of the diseases and ortho-myoskeletal lesions present in the NP is performed, as well
as incidence and prevalence values. The region of the trunk and upper limbs tend to be
prevalently more affected as well as the shoulder segment. The most reported types of
complaints are among tendinopathies, spasms/contractures, spinal cord injuries, and diseases
of the respiratory system. Injuries due to overload mechanism were more common in the
modality. It is possible to verify that the characterization of sports injuries in the NP, still
presents great gap in relation to the class groups, mainly when it comes to the classes for athletes
with physical and intellectual impairment.
3.1 Introdução
A natação encontra-se dentre as modalidades mais populares dos esportes
paralímpicos (IPC SWIMMING, 2018). A modalidade apresenta características semelhantes à
natação olímpica, adotando variações nas saídas, viradas e chegadas dos atletas (IPC
SWIMMING, 2018). A possibilidade de participação ocorre para três grupos de deficiências,
físico/motora, visual e intelectual, para tanto, no contexto competitivo de alto rendimento os
participantes devem apresentar critérios mínimos de elegibilidade e estar inseridos em uma
classe esportiva (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).
Além de sua versatilidade e inúmeros benefícios, o dinamismo da modalidade é
observado através da crescente participação de delegações em jogos paralímpicos
(MANSOLDO, 2009). Em sua primeira edição realizada em Roma 1960, a modalidade contou
com a participação de 15 países e 77 atletas, já nas últimas edições, houve a participação de
mais de 74 delegações e 604 atletas (IPC SWIMMING, 2018). Assim como a participação, o
nível da competição e exigências também aumentam (WEILER et al., 2016).
A compreensão e interpretação, das relações existentes entre a grande variação das
deficiências presentes na natação paralímpica (NP) e medidas de desempenho esportivo, ainda
não são bem compreendidas (DINGLEY; PYNE; BURKETT, 2015). A morfologia de um
nadador influencia em seu potencial de gerar, manter a propulsão e minimizar as forças
resistivas, porém apesar do grande número de estudos sobre medidas morfológicas na natação
para pessoas sem deficiência, há poucos dados sobre este tema em nadadores com deficiência
37
de alto rendimento (BENJANUVATRA; BLANKSBY; ELLIOTT, 2001; DINGLEY; PYNE;
BURKETT, 2015; PYNE; ANDERSON; HOPKINS, 2006).
Dingley, Pyne e Burkett (2015) avaliam que a falha para esta compreensão está na
utilização frequente, por parte de treinadores e cientistas esportivos, da mesma abordagem para
nadadores sem deficiência em nadadores paralímpicos.
Quando comparado à literatura da natação olímpica verificamos que a temática da
NP apresenta número reduzido de pesquisas, estes dados reforçam a importância de pesquisas
na área. Deste modo, mesmo que necessário a uma pesquisa de revisão, a aplicação de critérios
de exclusão e inclusão muito específicos, reduzem ainda mais a localização dos campos de
estudos da NP presentes na literatura, isso fica evidente em relação à temática de medicina
esportiva.
Devido a generalização acerca da temática de medicina esportiva no esporte
paralímpico, ao trazermos descritores muito específicos sobre a NP, corre-se o risco de
realizarmos uma pesquisa de revisão com baixa abrangência. Isso acontece devido a
inespecificidade e incoerência encontradas em estudos epidemiológicos, trazidos a partir de
dados de diferentes tipos de deficiências e modalidades esportivas juntos, dificultando assim
interpretações mais coerentes em relação a realidade da NP (DERMAN et al., 2013;
FERRARA; PETERSON et al., 2000; NYLAND et al., 2000; WEBBORN; EMERY, 2014;
WEILER et al., 2016; WILLICK et al., 2013).
A revisão acerca da NP, permite fornecer uma visão dos conceitos e teorias
referentes ao nível atual de conhecimentos presente na literatura (FORTIN; GAGNON, 2015).
Considerando o exposto anteriormente, o objetivo desta revisão foi verificar a literatura
existente sobre aspectos da natação paralímpica e medicina do esporte.
3.2 Método
Revisão sistemática de literatura foi realizada por meio da adaptação do protocolo
desenvolvido de acordo com a metodologia de revisões sistemáticas e meta-análise PRISMA
apresentado por Moher et al. (2015).
As bases de dados utilizadas para a revisão foram Web of Science, Science Direct,
Scopus, Scielo, Pubmed. Os termos de busca utilizados foram Paralympic and swimming or
38
swimmers. Para análise foram selecionados 162 artigos, cujos critérios de inclusão foram os
estudos publicados entre 2000 e 2018, este período foi selecionado com intuito de abranger
artigos publicados pós anos 2000, que permitissem uma ampla busca incluindo também
aspectos mais atualizados, trazendo em sua temática aspectos sobre a NP. Os critérios de
exclusão foram: não conter as palavras de busca no título/resumo/palavras chaves (A), artigos
duplicados (B), conter palavras chaves, porém não estar relacionado a NP (C), pôsteres, cartas,
capítulos de livros ou trabalhos incompletos (D), artigos com restrições de localização e/ou
idiomas que não fossem inglês, espanhol e/ou português (E).
Na primeira etapa, foi realizada a análise dos títulos, palavras chaves e resumos
para a inclusão aos critérios. Posteriormente, foi feita a leitura dos resumos dos artigos
selecionados, para verificar quais deles enquadravam-se nos critérios citados acima e
apresentados na Figura 1.
Figura. 1 Diagrama de Fluxo.
Fonte: Sites de busca Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed
Nota: Número e porcentagem de artigos encontrados.
Em seguida (mediante a leitura dos resumos e palavras chaves) foi realizada a
subdivisão dos artigos por grupos segundo a temática abordada, apresentados na Tabela 1.
Science
Direct
179 (1,9%)
Scopus
442 (4,8%)
Scielo
37 (0,4%)
PubMed
MESH Terms
2.879 (31,3%)
Web of Science
Título
5.663 (6, 6%)
Total
9.200
(100%)
Seleção por avaliação dos
critérios de inclusão e
exclusão:
162 (2%) = 100%
Trabalhos incluídos na
pesquisa:
66 (41%)
Nº de artigos
excluídos com
justificativa:
A 9.038 (99%)
Excluídos:
96 (59%) = 100%
B 61 (64%)
C 29 (30%)
D 03 (3%)
E 03 (3%)
39
3.3 Resultados
Na primeira busca realizada foram identificados o total de 9.200 artigos. No
entanto, apenas 66 (1%), deste total foram incluídos na pesquisa. Tabela 1.
Para melhor apresentação, os estudos incluídos na revisão foram subdivididos em
grupos segundo a temática abordada: biomecânica, história/sociologia, fisiologia, psicologia,
desempenho esportivo, saúde/ medicina do esporte/ epidemiologia, treinamento, classificação,
composição corporal, nutrição, conforme a Tabela 1.
Tabela 1. Artigos categorizados por temática, incluídos na revisão sistemática.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018. Sites de buscas: Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed
Devido ao foco de interesse, abordaremos a partir deste ponto os artigos incluídos
no tema de saúde/medicina esportiva/epidemiologia, disposto no Quadro 1:
Para melhor entendimento sobre a produção literária acerca dos temas
saúde/medicina esportiva/epidemiologia, os estudos apresentados a seguir serão descritos de
forma sucinta com foco nos resultados trazidos em relação aspectos da NP.
TEMÁTICA N
Biomecânica 14 21%
História/sociologia 8 12%
Fisiologia 8 12%
Psicologia 8 12%
Desempenho esportivo 7 11%
Saúde/ Medicina do esporte/ Epidemiologia 6 9%
Treinamento 6 9%
Classificação 4 6%
Composição corporal 3 5%
Nutrição 2 3%
TOTAL 66 100%
40
Quadro 1. Artigos com temática relacionada à saúde/medicina esportiva/epidemiologia.
Fonte: dados da pesquisadora/2018
AUTORES DERMAN et al. (2018) SILVA, M.et al. (2013) SILVA, M. et al. (2011)
PARTICIPANTES 3657 atletas paralímpicos de 78 países.
Atletas NP: 492 atletas.
28 atletas com DV, participantes da
natação. CE: 11-13.
131 atletas com DV, participantes de
atletismo, futebol de 5, goalball, judô e
natação. CE: B1, B2 e B3.
OBJETIVO
Descrever a epidemiologia de doença nos
Jogos Paralímpicos de Verão Rio 2016 em
22 esportes.
Determinar características epidemiológicas
de lesões em competições paralímpicas
internacionais de 2004 a 2008.
Verificar frequência e caracterização das
lesões esportivas em competições
paralímpicas internacionais de 2004 a 2008.
DELINEAMENTO/
MÉTODO
Epidemiológico descritivo e coorte
prospectivo. Categorização por modalidade e
deficiência.
Epidemiológico descritivo. Categorização
por classe esportiva e modalidade.
Epidemiológico descritivo, observacional
e transversal. Categorização por
deficiência.
INTERVENÇÃO
Obtenção de dados diários de doenças,
pelo próprio suporte médico das equipes.
Instrumento: Sistema de vigilância de
doenças e lesões eletrônico WEB-IISS.
Aplicação de formulário médico
padronizado, desenvolvido por órgãos
governamentais brasileiros.
Aplicação de formulário médico
padronizado, desenvolvido por órgãos
governamentais brasileiros.
RESULTADO
Total de doenças: 511 doenças. IR: 12,4%.
Esportes com maiores IR: esgrima em
cadeiras de rodas (14,9), natação (12,6) e
basquetebol em cadeira de rodas (12,5) (p
<0,05). Atletas femininas e atletas mais
velhos (35-75 anos) apresentavam maior
risco de doença (ambos p <0,01). Doenças
nos sistemas, respiratório (3,3), cutâneoe
subcutâneo (1,8) e digestivo (1,3) foram as
mais comuns.
Total de lesões desportivas: 41.
Prevalência 64%; Incidência clínica 1,5;
IR: 0,3. Acometimento de 46,34% região
do tronco, 29,27% ombros, 21,95% coluna
torácica e 17,07% lombar. Espasmos
(36,59%) foi o diagnóstico mais frequente,
seguido por tendinopatia (26,83%).
Total de lesões: 288 lesões. Média: 2,82
lesões por atleta. Maior incidência em
membros inferiores (57,99%); segmentos
acometidos: Coxa 15,63%; joelho
12,85%; ombro 11,11%; Sobrecarga
52,78%. Diagnóstico: Tendinopatia
21,18%; Contratura 18,75%, contusão
16,67%. B1 DP ± 2,26; B2 DP ± 1,66;
B3 ±_1,72.
Continua
41
AUTORES VITAL et al. (2007) KATELARIS et al. (2006) VITAL et al. (2002)
PARTICIPANTES
82 atletas; natação = 37; tênis de mesa =
19; atletismo = 19; halterofilismo = 7.
Faixa etária de 15 a 51 anos.
Membros das equipes olímpicas e
paralímpicas australianas.
66 atletas; Natação, basquete em cadeira
de rodas, futebol PC, atletismo, judô,
Tênis de mesa, halterofilismo, ciclismo,
esgrima
OBJETIVO
Verificar prevalência de lesões traumato-
ortopédicas em atletas paralímpicos. Nos
Campeonatos mundiais das modalidades
esportivas presente no estudo no ano de
2002.
Verificar a prevalência de distúrbios
alérgicos em atletas olímpicos e
paralímpicos de Sydney, Austrália – 2000.
Verificar comportamento de variáveis
importantes para a saúde preventiva e o
desempenho de atletas paralímpicos. Nos
jogos paralímpicos de Sydney, Austrália
– 2000.
DELINEAMENTO/
MÉTODO
Descritivo analítico. Categorização por
Modalidade. Survey. Categorização por modalidade.
Descritivo. Categorização por
deficiência.
INTERVENÇÃO Avaliação com anamnese e exames físicos
protocolados dentro da semiologia médica.
Aplicação de questionário para obter
informações sobre a doenças no trato
respiratório. Testes cutâneos (Skin-
pricktests – SPT).
Aplicação de questionário, realização de
exames físicos e laboratoriais.
RESULTADO
Prevalência de lesões nos atletas de
atletismo, MMII = 64,9%, coluna = 19,3%
e MMSS = 15,8%; halterofilismo, coluna
= 54,5%, MMSS = 36,4% e MMII = 9,1%;
natação, MMSS = 44,4%, coluna = 38,9 e
MMII = 16,7% e tênis de mesa, MMSS =
56%, coluna = 36% e MMII = 8%.
56% apresentaram SPT positivo para pelo
menos 1 alérgeno, com 34% reagindo a
pelo menos 1 alérgeno sazonal. 37%
atletas apresentaram rinoconjuntivite
alérgica, 24% apresentavam
rinoconjuntivite alérgica sazonal
Aproximadamente um terço dos atletas
com rinoconjuntivite apresentavam
histórico de asma. Aproximadamente um
quinto dos atletas apresentaram histórico
de dermatite atópica. Poucos atletas com
rinoconjuntivite fizeram uso de
medicamento.
37 (56%) dos paratletas eram andantes;
deficiência físico-motor foi mais
recorrente com 41 (62%), predominância
de lesão neurológica em nível central.
Nos casos de lesões centrais medulares a
maioria foi causada por trauma
raquimedular (TRM) com mais
acometimentos nos MMII.
Fonte: dados da pesquisadora/2018
Nota: Artigos encontrados a partir da revisão de literatura. DV= Deficiência visual; MMSS= Membros superiores; MMII= Membros inferiores
42
3.4 Discussão
A área que mais apresentou publicações está relacionada a biomecânica da NP com
14 (21%) artigos. Tópicos sobre nutrição e descrição da composição corporal dos atletas da NP,
foram os mais escassos (8% total) Tabela 1. Na área de saúde/medicina
esportiva/epidemiologia, foram encontrados seis artigos (9%) nesta revisão, os quais serão
discutidos a seguir.
Os artigos encontrados abordaram aspectos de saúde respiratória, lesões traumato-
ortopédicas, prevalências e incidências de lesões esportivas área na NP.
O estudo mais recente foi apresentado por Derman et al. (2018) e foram realizados
com atletas dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, abordando a temática de doenças no esporte
paralímpico, este, define doenças médicas como “qualquer doença recém-adquirida, bem como
exacerbações de doenças pré-existentes ocorrentes durante o treinamento e / ou competição em
períodos de pré-competição ou competição”. O autor nos traz a taxa de incidência de doenças
registradas na NP de 12,6 (95% IC 10,2 a 15, 6; p<0.01), sendo relatadas 87 (17,0%) doenças
por 76 (15,4%) atletas. Em se tratando de doenças em competições, Katelaris et al. (2006)
abordaram o tema de distúrbios alérgicos, no entanto, informações sobre os nadadores
olímpicos e paralímpicos foram trazidas juntas sem distinção, não apresentando deste modo,
especificidade em relação aos atletas da NP. A partir de informações trazidas em seus estudos
Katelaris et al. (2006) afirma que atletas da natação são mais propensos a ter asma e
rinoconjuntivite alérgica, e os testes cutâneos realizados mostraram-se positivos para qualquer
alérgeno.
Derman et al. (2018), diferentemente de Katelaris et al. (2006) aprofundam-se um
pouco mais no tema apontando, no entanto ainda sem muita especificidade na NP, o sistema
respiratório, cutâneo/subcutâneo e digestivo como os mais afetados entre todos os participantes
nestes jogos. A incidência de cada tipo de doença foi calculada e categorizada por diagnóstico
da deficiência, sendo os atletas com lesão da medula espinhal (30,8%) mais afetados, seguido
por atletas com deficiência nos membros (24,2%) e lesão neurológica central (14,8%).
A NP, junto a esgrima em cadeira de rodas e o basquetebol em cadeira de rodas,
segundo Derman et al. (2018) foram os esportes com maiores riscos de doenças, presentes nos
Jogos Paralímpicos do Rio 2016.
43
Silva, M., et al. (2011) e Vital et al. (2007), trazem informações sobre atletas da NP
e apresentam seus dados a partir do agrupamento da deficiência dos atletas, sem distinção de
classes esportivas.
Segundo Silva, M., et al. (2011), atletas da NP com deficiência visual, com menor
capacidade visual (B1), acometidos principalmente por lesões de sobrecarga, apresentaram-se
mais suscetíveis a lesões do que atletas com maior capacidade visual (B3). Neste estudo foi
considerado cinco segmentos corporais para a padronização quanto à localização das lesões e
lesão esportiva foi definida como “qualquer lesão que ocorra com o atleta durante prática,
treinamento ou competição que cause a interrupção, limitação ou modificação de sua
participação por um dia ou mais”.
Vital et al. (2007), nos trazem informações sobre a prevalência da estrutura corporal
e lesões traumato-ortopédicas intra-segmentares mais frequentes na NP. Os autores em questão
consideraram lesão traumato-ortopédica aquela que quando ocorrida no ambiente esportivo
ocasiona afastamento dos atletas de suas atividades habituais de acordo com os critérios da
National Athletic Injury Registration Systems (NAIRS). O foco da NAlRS está nos ferimentos
significativos, e refere-se a lesão significativa aquela com período de afastamento maior que
sete dias, visto que este período segundo a NAIRS representa maior risco para o atleta (ALLES
et al., 1979).
Vital et al. (2007), apontam lesões musculotendíneas como mais prevalentes nos
esportes paralímpicos, afirmando que a prática esportiva de atletas paralímpicos, devido à
intensidade de esforços na tentativa de superação, provoca lesões dessa natureza. Embora a
categorização por classes esportivas não tenha sido realizada, os autores apesentam na NP
maiores acometimentos nos membros superiores (44,4%), com o segmento ombro (29,2%)
sendo o mais acometido, seguido por acometimentos na região da coluna cervical (16,7%). As
lesões mais comuns foram algias na coluna vertebral (38,9%) e tendinite (31,9%). Vital et al.
(2007), sugerem que com a realização de diagnósticos e tratamentos precoces, medidas
preventivas para os atletas tornam-se mais eficientes.
O trabalho de Silva, M., et al. (2013), apresentou-se como o mais abrangente em
relação a caracterização de lesões esportivas na modalidade, realizado apenas com a NP e suas
classes esportivas. Foi verificado que os nadadores com deficiência visual da NP apresentaram
uma proporção relativamente alta de lesões por uso excessivo durante as competições,
predominantemente associadas a espasmos musculares na coluna vertebral e tendinopatia nos
44
ombros. Diferenças na prevalência de lesões ou incidência clínica entre classes visuais e entre
os sexos, não foram observadas.
Os autores citados anteriormente indicam que a maior proporção de lesões
aconteceram na região do tronco (46,34%), seguido dos membros superiores (34,15%) (SILVA,
M., et al., 2013). Os ombros (29,27%) foram os segmentos mais afetados, corroborando com o
apresentado por Vital et al. (2007). A região torácica (21,95%) foi posteriormente relatada como
mais acometida. Em relação aos diagnósticos espasmos (36,59%) encontrou-se como o mais
frequente, seguido por tendinopatias (26,83%). Lesões por sobrecarga (80%) foram mais
frequentes do que as lesões traumáticas (20%) (SILVA, M., et al., 2013).
Somente dois dos estudos encontrados, Silva, M., et al. (2013) e Vital et al. (2007),
apresentam informações quanto a caracterização das lesões, ainda assim utilizando definições
de lesões esportivas distintas. Os demais artigos não caracterizaram as lesões esportivas na NP
entre tipo, localização e mecanismo.
Apenas Vital et al. (2002) caracteriza os atletas participantes das Paralímpiadas de
Sidney por diagnósticos da deficiência a fim de traçar o perfil dos mesmos, os autores trazem
poucas informações específicas por modalidades. Dentre os participantes desse estudo 17
atletas (26%) eram nadadores paralímpicos, representando o maior grupo, havendo
predominância de atletas com deficiência físico/motora (16) e com apenas um atleta com
deficiência visual. Os resultados das avaliações clínicas realizadas são apresentados por tipos
de deficiências, que apresentaram predominância do tipo físico-motor com 41 atletas (62%),
intelectual com 15 atletas (23%) e visual com 10 atletas (15%). Os autores afirmam que tais
resultados apresentam peculiaridades inerentes e significativas de acordo com a deficiência e
modalidade praticada, porém não detalham quais são estas.
As características sobre aspectos da NP são apresentadas, em sua maioria, por
deficiência e apenas um artigo apresenta agrupamento por classe esportiva. Os artigos
estudados nos trazem, principalmente, um levantamento sobre doenças e lesões osteo-mio-
esqueléticas presentes na NP, assim como valores de incidência e prevalência. A região do
tronco e membros superiores foram acometidos com maior prevalência, sendo o ombro o mais
acometido dentre as estruturas corporais. Os tipos de queixas mais relatados encontram-se entre
tendinopatias, espasmos/contratura, algias na coluna vertebral e doenças no sistema
respiratório. Lesões por mecanismo de sobrecarga foram mais comuns na modalidade. É
possível verificar que a caracterização de lesões esportivas na NP, ainda apresenta grande
45
lacuna em relação aos grupos de classes, principalmente quando se trata das classes para atletas
com deficiência física e intelectual.
Considerações finais
Considerando os estudos apresentados, podemos ressaltar a necessidade da
realização de pesquisas mais específicas abordando a natação paralímpica, de acordo com as
características da modalidade, classe esportiva e deficiência, a fim de trazer informações mais
específicas das áreas estudadas.
Recomenda-se que estudos futuros abordem a temática com maior especificidade
entre os grupos de atletas, considerando modalidade esportiva, gestos técnicos e fatores de
riscos, para que deste modo seja possível verificar os padrões de lesões presentes na NP, com
intuito de diminuir fatores de riscos e aperfeiçoar ações preventivas.
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46
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53
4 ARTIGO 2: NATAÇÃO PARALÍMPICA: QUEIXAS FÍSICAS DE ATLETAS
COM DEFICIÊNCIA FÍSICO/MOTORA
RESUMO
A natação paralímpica (NP) permite a participação de atletas com deficiências física, visual e
intelectual agrupados em classes esportivas (CE). A busca por melhores resultados no processo
de treinamento leva o atleta a um alto limiar de estresse, aumentando então, sua exposição a
riscos de lesões esportivas. Este trabalho teve por objetivo caracterizar a prevalência de queixas
físicas em atletas com deficiência física da NP brasileira. Assim como, verificar a existência de
associação da prevalência das queixas entre as CE. Esta é uma pesquisa epidemiológica
descritiva com delineamento transversal. Participaram do estudo 85 atletas da NP, 38,8% do
sexo feminino e 61,2% do masculino, com deficiência física /motora, das quais 56,5% eram
congênitas e 43,5% adquiridas, todos inseridos em programas de treinamentos esportivo em
associações e confederações, assim como participantes de competições oficiais da NP com
períodos de prática de um ano ou mais. O instrumento de coleta utilizado foi a adaptação do
Protocolo de Lesão Esportiva no Esporte Paralímpico (PLEEP). Utilizou-se a estatística
descritiva, testes Qui-quadrado e teste Exato de Fisher. Nossos resultados trouxeram o total de
201 queixas reportadas, as classes baixas (S1 - 4) apresentaram 13,9% queixas, as médias (S5
– 7) 42,3% queixas e as altas (S8 – 10) 43,8% queixas. A dor com 103 casos foi o tipo de queixa
mais reportado dentre todas as classes, assim como o ombro com 49 casos foi a estrutura
corporal mais relatada. A prevalência de queixas físicas por grupo de classes baixas, médias e
altas, foram respectivamente 78,6%, 84,6% e 84,4%. Atletas da classe baixa relataram o nado
costas como causador da queixa, já os demais grupos não relataram um nado específico.
Podemos concluir que existe diferenças entre o padrão e prevalência de queixas das classes
baixas para com as demais. As classes altas apresentaram similaridades com a literatura
apresentada na natação olímpica, em relação aos segmentos corporais acometidos. Faz-se
importante ressaltar que as características das queixas físicas relatadas parecem depender da
natureza da deficiência e do esporte praticado.
ABSTRACT
Para swimming (PS) allows the participation of athletes with physical, visual and intellectual
impairment grouped in sports classes (SC). Bringing better results in the training process leads
the athlete to a high stress threshold, thus increasing their exposure to risk of sports injuries.
This study aim was to characterize the prevalence of physical complaints in athletes with
physical impairment of Brazilian para swimming. To verify the existence of an association
between the prevalence of complaints among the SC. This is a descriptive epidemiological
survey with a cross-sectional design. Height-five athletes participated in the study, 38.8%
female and 61.2% male, with physical / motor impairment, of which 56.5% were congenital
54
and 43.5% were acquired, all of them included in training programs associations and
confederations, as well as participants in official PS competitions with practice periods of one
year or more. The instrument of collection used was the adaptation of the Sport Injury Protocol
in Paralympic Sport (SIPPS). Descriptive statistics, Chi-square tests and Fisher's exact test were
used. Our results presented 201 reported physical complaints, the lowest classes (S1 - 4)
presented 13.9% complaints, the mean (S5 - 7) 42.3% complaints and the high (S8 - 10) 43.8%
complaints. The pain with 103 cases was the most reported type of complaint among all the
classes, as shoulder with 49 cases was the most reported body structure. The prevalence of
physical complaints per group of low, medium and high classes were respectively 78.6%,
84.6% e 84.4%. Low-level athletes reported backstroke as the cause of the complaint, while the
other groups did not report a specific swim. We can conclude that there are differences between
the pattern and prevalence of complaints from the lower classes to the others. The upper classes
have reported similarities about affected body segments of physical complains with the
literature presented in the Olympic swimming. It is important to emphasize that the
characteristics of the complaints reported seem to depend on the nature of the disability and the
sport practiced.
4.1 Introdução
A natação paralímpica (NP) encontra-se em um cenário importante no contexto
nacional, contribuindo para que o Brasil evolua nas conquistas de medalhas em grandes
competições internacionais (CPB, 2018). A modalidade agrupa seis tipos de deficiências
(deficiência relacionada à lesão na medula espinhal (LM), paralisia cerebral (PC), amputação,
deficiência visual (DV), deficiência intelectual (DI) e Les Autres) (WEBBORN, VLIET, 2012).
A classificação funcional (CF) na NP tem o papel de agrupar os atletas por características
funcionais semelhantes, a fim de aumentar as possibilidades de competição entre os mesmos.
As classes esportivas destinadas a atletas com deficiências físicas (DF) variam de S/SB/SM 1
a 10 (IPC SWIMMING, 2018). Dingley, Pyne e Burkett (2014a), apontam especificidades entre
a gravidade das deficiências e fases específicas nos movimentos da natação ressaltando que,
quanto menor o número da classe esportiva (CE), maior a gravidade da deficiência (IPC
SWIMMING, 2018).
Para melhores resultados em níveis de alto rendimento, aumenta-se também o
tempo de exposição dos atletas ao treinamento (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Durante o
processo de treinamento muitas vezes os atletas não buscam atendimento em quadros iniciais
de dores ou desconfortos (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Alguns atletas, por temerem
perder posição na equipe ou por estarem em momentos competitivos importantes, omitem a
existência da lesão ou das queixas físicas e continuam a treinar e a competir, resultando, por
55
vezes, no agravamento da lesão e em permanente estado de dor (SILVA; RABELO; RUBIO,
2010).
Estudos acerca das queixas e lesões esportivas são importantes para promoção de
estratégias preventivas eficazes, logo na fase inicial das queixas de possíveis lesões, pois relatos
e queixas em quadros iniciais de desconfortos podem apresentar diagnósticos mais específicos
(PINK; TIBONE, 2000; SILVA, A., 2013). As lesões esportivas (LE) representam problemas
para todos os atletas, e atletas com deficiência em decorrência da LE podem ter agravamentos
devido a limitações adicionais impactando em seu estilo de vida (KROLL et al., 2006; WEILER
et al., 2016).
Estudos como os de Vital et al. (2007), Willick et al. (2013), Silva, M., et al. (2013a)
e Derman et al. (2013; 2018), nos trazem informações sobre as características de LE e doenças
na NP, no entanto, apenas o estudo de Silva, M., et al. (2013a) diferencia a amostra por CF e
deficiência.
Diante deste contexto, alguns fatores são importantes para estudos epidemiológicos
no esporte paralímpico (EP), além dos fatores comuns como; frequências e taxas (prevalência,
incidência), padrões e características das lesões esportivas, mecanismos, fatores de risco e
severidade, devemos considerar a especificidade da deficiência, assim como as classes
esportivas (SILVA; M., 2013a; STORCH, 2016; THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).
De acordo com Webborn et al. (2014) um único agrupamento de esportes ou deficiência não
nos traz uma imagem clara do risco de lesões e fatores de risco no EP, visto que alguns deles
possuem características diferentes quanto à participação, modificação de regras e categorias
específicas, trazendo dificuldades na interpretação. Caso a especificidade entre analise de
esporte, CE e deficiência não sejam consideradas, no EP, corre-se o risco de ocultar
características do atleta, importantes para seu desempenho esportivo (BURKETT;
MELLIFONT; MASON, 2010). Está premissa também pode influenciar na interpretação para
quadros de LE.
Estudos da caracterização da prevalência de queixas físicas e LE de forma
específica tornam-se importantes frente a generalização dos estudos encontrados na literatura.
Para tanto levantamos duas hipóteses, a nula nos traz que atletas da NP com DF não apresentam
diferenças significantes entre a prevalência de queixas físicas e as CE. E a hipótese alternativa
nos traz que atletas da NP com DF apresentam diferenças significantes entre a prevalência de
queixas físicas e CE.
56
Considerando a NP como modalidade relevante no EP no Brasil, objetivamos nesta
pesquisa original verificar a prevalência e caracterizar as queixas físicas de atletas com
deficiência físico/ motora da NP por grupos de classes esportivas, assim como verificar
associação entre a prevalência e classes esportivas.
A caracterização das queixas físicas foi realizada independentemente dos
diagnósticos médicos, trazendo informações referente a prevalência do tipo de queixa,
localização, hemicorpo e principais mecanismos das mesmas.
4.2 Método
Trata-se de pesquisa epidemiológica descritiva com delineamento transversal
(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).
Participantes e local de coleta dos dados
Foram incluídos na pesquisa, atletas da NP de ambos os sexos com deficiência
físico/motora, que apresentavam idade igual ou superior a 18 anos, inseridos em programas de
treinamentos esportivos e competições da NP com períodos de prática de um ano ou mais. Foi
selecionado o tipo de amostragem por conveniência, devido a seleção de participantes com
deficiência físico/motora praticantes de NP.
Dentre os 85 participantes incluídos na pesquisa após coletas, 33 (38,8%) foram do
sexo feminino e 52 (61,2%) do sexo masculino, os mesmos apresentaram faixa etária média de
30,14 e DP± 11,35, com idade mínima de 18 anos e máxima de 56 anos. A altura média dos
participantes foi de 1,63 e DP± 0,168 com mínima de um metro e máxima de 1,92 m; o peso
médio foi de 61,65 e DP± 15,10, com mínimo de 30 kg e máximo de 115 kg.
Dentre os mecanismos das deficiências apresentadas pelos participantes 48 (56,5%)
foram congênitas e 37 (43,5%) adquiridas. A maior parte dos participantes apresentaram
diagnóstico de lesão medular 19 (22,4%), paralisia cerebral 16 (18,8%) e amputação 12
(14,1%), assim como podemos observar na Figura 1.
57
Figura 1. Diagnóstico da deficiência dos participantes (%)
Fonte: Dados da pesquisadora/ 2018
A frequência de atletas por grupos de classes esportivas foram: classes baixas 14
(16%), médias 39 (46%) e altas 32 (38%). No agrupamento da classe baixa estavam presentes:
atletas com deficiências de Lesão Medular (LM); Síndrome de Charcot Marie Tooth; Sequela
de Meningite; Paralisia Cerebral (PC); Síndrome pós poliomielite e Síndrome Guillain Barré.
1,2
1,2
1,2
2,4
2,4
2,4
3,5
3,5
3,5
5,9
7,1
9,4
14,1
18,8
22,4
Síndrome Guillain Barré
Síndrome Charcot Marie Tooth
Dismelia
Distrofia muscular progressiva
Acidente vascular encefálico
Acondroplasia
Sequela de poliomielite
Artogripose
Alterações ósseas
Sequela de meningite
Outros
Amelia
Amputação
Paralisia cerebral
Lesão medular
58
Nas classes médias: Acondroplasia, Amelia, Amputação, Artogripose, Acidente
Vascular Encefálico (AVE), Distrofia Muscular Progressiva, Lesão Medular (LM), Sequela de
Meningite, Paralisia Cerebral (PC) e Síndrome pós poliomielite.
Já nas classes altas encontram-se: Alterações ósseas, Amelia, Amputação,
Artogripose, AVE, Dismelia, LM, Sequela de Meningite, PC, Les Autres (sequelas de doenças
no SNC/ S. Circulatório entre outros).
Instrumento de coleta dos dados
Foi utilizado o Protocolo de Lesão Esportiva no Esporte Paralímpico (PLEEP),
desenvolvido por Silva, M., (2013b), encontrado no endereço virtual;
http://mpmes20.wix.com/sistemapleep, adaptado pela pesquisadora (Anexo A). Para este
estudo foi utilizado o questionário impresso. Os atletas foram entrevistados respondendo
questões relacionadas a dados da deficiência; dados da modalidade; queixas físicas, e/ou lesões
esportivas. Ressaltamos que foi registrado apenas as queixas a partir de relatos dos atletas, a
caracterização das queixas físicas foi realizada independentemente dos diagnósticos médicos,
trazendo informações quanto a prevalência do tipo de queixa, localização, hemicorpo e
principais mecanismos das mesmas.
Procedimentos
a) 1º passo: contato com os diretores das instituições e associações esportivas e coordenadores
dos eventos via e-mail para a entrega da carta de apresentação do estudo, após este primeiro
contato, foi enviada autorização formal para a execução da pesquisa com os atletas no
campus e/ou competições (Anexo B e C);
b) 2º passo: levantamento bibliográfico, elaboração de estudo prévia, submissão e aprovação
em junho/2016 do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos / CEP -
UNICAMP, com o número CAAE de 55947316.6.0000.5404 (Anexo D);
c) 3º passo: coletas de dados a partir de entrevistas realizadas diretamente com os atletas, com
prévia apresentação do trabalho e explicação do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (Anexo E). Os atletas foram convidados de forma voluntária a
preencher o questionário sugerido neste estudo, buscando identificar a prevalência das
59
queixas físicas. Foi utilizado a adaptação do instrumento de coleta de dados impresso do
Protocolo de Lesão Esportiva no Esporte Paralímpico (PLEEP) (Anexo A);
d) Análise dos dados: os dados coletados foram transformados em algarismos e tabulados no
programa Microsoft Excel 2007® e os testes foram realizados no software R versão 3.4.0.
Para cálculo da prevalência, o numerador abrangeu o total de atletas que apresentam queixas
em um período de um ano (por 100 atletas) e o denominador foi o número total de atletas
presentes em cada grupo de classes esportivas, expostos aos riscos, no mesmo período.
Análise estatística
Utilizou-se a estatística descritiva para calcular a frequência total e relativa. Foram
feitas tabelas de contingência, com frequências absolutas e relativas, para avaliar a distribuição
amostral de duas variáveis conjuntamente. Para avaliar a independência entre duas variáveis,
foram utilizados o Teste de Qui-quadrado e o Teste Exato de Fisher. Nas tabelas conjuntas que
apresentavam frequências esperadas menores do que cinco foi utilizado apenas o Teste Exato
de Fisher, uma vez que nestas situações o Teste Qui-quadrado não é recomendado.
Definição de termo
Segundo Seidel et al. (2007) queixas articulares são caracterizadas por: rigidez ou
limitação de movimento, mudança no tamanho ou contorno, edema ou eritema, dor contínua ou
dor com um movimento em particular, envolvimento uni ou bilateral, interferência nas
atividades diárias, bloqueio articular ou incapacidade funcional. Já as queixas musculares
queixas musculares podem referenciar-se a: limitação de movimentos, fraqueza ou fadiga,
paralisia, tremor, tiques, espasmos, incapacidade, atrofia, desconforto ou dor. E as queixas
esqueléticas podem referir-se a: dificuldades com a marcha ou claudicação; dormência,
formigamento ou sensação de pressão; dor com o movimento, crepitação; deformidade ou
alteração no contorno esquelético. A partir de tais características consideramos queixas físicas
decorrente da prática esportiva qualquer queixa (estrutural ou funcional) referida pelo atleta no
momento da competição ou treinamento relacionada ao exercício ou prática esportiva, mesmo
60
sem a avaliação médica ou presença de períodos de afastamento da atividade esportiva
(ENGEBRETSEN et al., 2013; SEIDEL et al., 2007).
4.3 Resultados
Os 85 participantes, representaram as 10 classes esportivas da NP para a classe S.
Foram reportadas 201 queixas físicas, sendo a dor 103 (51,2%) o tipo mais reportado. Quando
quantificado entre todas as classes as regiões corporais acometidas foram: MMSS 90 (45%),
MMII 52 (26%), tronco 38 (19%) e cabeça 21 (10%).
As estruturas com queixas físicas mais acometidas estão dispostas na Figura 2:
Figura 2. Estruturas corporais mais acometidas dentre todas as classes esportivas.
Fonte: Dados da pesquisadora/ 2018
Nota: Percentual apresentado a partir do número total de queixas.
Quando aplicável, os mecanismos mais reportadas foram traumas com objeto fixo
43 (21%), raia 19 (9,2%), seguidos por sobrecarga de início gradual 38 (19%). De modo geral
o hemicorpo direito, foi o mais acometido e o treinamento foi o evento mais relatado quando
sentido a queixa física.
3%
4%
6%
7%
9%
10%
11%
24%
Joelho
Pé
Coluna lombar
Trato respiratório
Braço
Cabeça
Perna
Ombro
61
Os resultados serão apresentados através de tabelas e cada tabela conterá
informações dos três grupos de classes esportivas, que serão divididas entre os tópicos: tipos de
queixas; estrutura corporal; hemicorpo; mecanismos das queixas físicas; diagnóstico referente
as queixas; nado; tempo de treinamento semanal e evento esportivo gerador das queixas. A
discussão de todos os tópicos foi realizada em cada grupo de classes esportivas. As classes
esportivas baixas referem-se à junção das classes S1 - 4; já as classes médias referem-se a
junção das classes S5 - 7; e as classes altas S8 - 10.
A apresentação das análises estatísticas é apresentada após as tabelas de
frequências. A associação entre as variáveis foi medida a partir da soma das diferenças dos
grupos de classes esportivas conjuntamente, deste modo, os valores apresentados fazem
referência a junção dos grupos de classes baixas, médias e altas. O teste nos trouxe indícios de
que há dependência entre as variáveis apresentadas e os grupos de classes esportivas analisados
conjuntamente, a descriminação (tendência por classes) podem ser observadas nas tabelas de
frequências relativas.
Queixas
A classe baixa a qual apresenta mais comprometimento, menor carga física e
sensibilidade apresentou menor relato de queixas físicas 28 (13,9%), seguido por classes médias
85 (42,3%) e classes altas 88 (43,8%) (percentual por total de queixas) (Tabela 1). A
prevalência de queixas físicas por grupo de classes esportivas foi de 78,6% para as classes
baixas; 84,6% para médias e 86,4% para altas. A prevalência da queixa relatada em todos os
grupos foi a dor: classes baixas 13 (46,4%); médias 43 (50,6%) e altas 47 (53,4%).
62
Tabela 1. Queixas físicas relatadas por grupo de classes esportivas.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018
Nota: *Concussão, contusão, infecção no trato respiratório superior e gastrointestinal correspondem a diagnósticos
relatados pelos atletas, no entanto foram importantes de serem contabilizados juntos com as queixas de uma forma
geral.
Além da distribuição por grupos de classes esportivas, buscou-se identificar se
havia associação entre os grupos de classes esportivas e as queixas físicas. Desta forma,
observamos que, não há indícios de associação entre as variáveis queixas e grupos de classes
esportivas, expressa por p= 0,37.
Estrutura corporal
As classes baixas apresentaram maior relato de acometimento nos ombros oito
(28,6%), trato respiratório e mão ambos três (10,7%); as classes médias apresentaram
acometimentos nos ombros 22 (25,9%), pernas 10 (11,8%), cabeça e braço ambos oito (9,4%).
Já as classes altas também relataram, ombros 19 (21,6%), perna 13 (14,8%), cabeça 11 (12,5%)
e braço oito (9,1%) (Tabela 2).
Ausência de sensibilidade e/ou
formigamento2 7,1% 0 0,0% 3 3,4%
Coceira 2 7,1% 3 3,5% 0 0,0%
Concussão 1 3,6% 3 3,5% 5 5,7%
Contusão 1 3,6% 2 2,4% 3 3,4%
Dor 13 46,4% 43 50,6% 47 53,4%
Edema 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Escoriação 0 0,0% 2 2,4% 5 5,7%
Ferimento corto/contuso 3 10,7% 10 11,8% 11 12,5%
Infecção trato gastrointestinal (aguda) 1 3,6% 2 2,4% 0 0,0%
Infecção trato respiratório superior
(rinite, sinusite, bronquite)3 10,7% 7 8,2% 4 4,5%
Limitação no movimento 0 0,0% 3 3,5% 0 0,0%
Queixas musculares (Câimbras/
contratura/espasmo muscular2 7,1% 10 11,8% 9 10,2%
Total de queixas por classe 28 100% 85 100% 88 100%
Baixa Média AltaQueixas
Agrupamento das classes esportivas
63
Tabela 2. Estrutura corporal relatada por acometimento de queixas físicas.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018
Não foi encontrada diferença estatística significante entre as variáveis de estruturas
corporais e os grupos de classes esportivas, expressa por p = 0,62.
Observação: Independente do agrupamento de classes as estruturas mais acometidas por
queixas de dores foram: ombro 46 (44,7%), coluna lombar 13 (12,6%), cabeça 11 (10,7%),
joelho cinco (4,9%), tórax e coxa ambos quatro (3,9%) (porcentagem por total de queixas de
dor).
Cabeça 2 7,1% 8 9,4% 11 12,5%
Tórax 0 0,0% 1 1,2% 3 3,4%
C. Vertebral 0 0,0% 0 0,0% 2 2,3%
C. Dorsal 0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
C. Lombar 2 7,1% 6 7,1% 5 5,7%
Cíngulo escapular 0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Ombro 8 28,6% 22 25,9% 19 21,6%
Braço 2 7,1% 8 9,4% 8 9,1%
Cotovelo 0 0,0% 0 0,0% 3 3,4%
Antebraço 0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Punho 2 7,1% 1 1,2% 0 0,0%
Mão 3 10,7% 0 0,0% 8 9,1%
Dedos 0 0,0% 2 2,4% 3 3,4%
MMII completo 2 7,1% 2 2,4% 0 0,0%
Quadril 1 3,6% 2 2,4% 0 0,0%
Coxa 0 0,0% 4 4,7% 1 1,1%
Joelho 0 0,0% 1 1,2% 6 6,8%
Perna 0 0,0% 10 11,8% 13 14,8%
Tornozelo 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Pé 2 7,1% 6 7,1% 1 1,1%
Trato respiratório 3 10,7% 7 8,2% 4 4,5%
Intestino 1 3,6% 2 2,4% 0 0,0%
Total de queixas por classe 28 100% 85 100% 88 100%
Baixa Média AltaEstrutura corporal
Agrupamento das classes esportivas
64
Hemicorpo
O hemicorpo esquerdo foi mais acometido nas classes baixas nove (32,1%). O
hemicorpo direito foi mais acometido nas classes médias 28 (32,9%) e altas 33 (37,5%) (Tabela
3).
Tabela 3. Hemicorpo relatado por acometimento de queixas físicas.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018
Não foram encontradas associações estatísticas significantes entre as variáveis de
hemicorpo e grupos de classes esportivas de p=0,089.
Mecanismo das queixas físicas
A maior parte dos relatos de queixas das classes baixas 15 (53,6%) e médias 27
(31,8%) não se aplicavam a mecanismo específicas. Quando relatados, as classes baixas
apresentaram mecanismos por traumas com objeto fixo e sobrecarga de início súbito, ambos
com quatro eventos (14,3%); as classes médias relatou mecanismo de traumas sem contato 16
(18,8%), traumas com objeto fixo e por sobrecarga de início súbito ambos 14 (16,5%). As
classes altas apresentaram os mecanismos por sobrecarga com início gradual e traumática com
objeto fixo ambas 25 (28,4%) (Tabela 4).
Direito 8 28,6% 28 32,9% 33 37,5%
Esquerdo 9 32,1% 23 27,1% 27 30,7%
Não se aplica 11 39,3% 34 40,0% 28 31,8%
Total de queixas por classe 28 100% 85 100% 88 95%
Baixa Média AltaHemicorpo
Agrupamento das classes esportivas
65
Tabela 4. Mecanismo das queixas físicas relatadas.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018
Foi encontrada diferença estatística significante entre as variáveis dos mecanismos
das lesões e os grupos de classes esportivas, expressa por p = 0,010.
Diagnóstico referente às queixas
As queixas físicas foram registrados a partir de relatos dos atletas, a caracterização
das mesmas foram realizada independentemente dos diagnósticos médicos, valorizando deste
modo o relato dos atletas a partir da aplicação do PLEEP.
Nas classes baixas 17 casos (60,7%) não traziam relatos de diagnóstico, no entando
quando apresentado destacava-se o diagnóstico de tendinite com dois casos e micose também
com dois casos (7,1%). Nas classes médias 61 casos (71,8%) não traziam relatos de
diagnósticos. Quando reportado o diagnóstico mais encontrado foi a tendinite com nove casos
(10,6%), bursite e micose ambos com dois casos (2,4%). Já nas classes altas 73 casos (83%)
não traziam relatos de diagnósticos, em sua presença bursite, derrame articular e ferimento
aberto, ambos com dois casos foram os mais encontrados (2,3%) (Tabela 5).
Traumática sem contato 2 7,1% 16 18,8% 7 8,0%
Traumática com objeto fixo 4 14,3% 14 16,5% 25 28,4%
Traumática de contato com outra
pessoa0 0,0% 4 4,7% 1 1,1%
Sobrecarga de início gradual 3 10,7% 10 11,8% 25 28,4%
Sobrecarga de início súbito 4 14,3% 14 16,5% 7 8,0%
Não se aplica 15 53,6% 27 31,8% 23 26,1%
Total de queixas por classe 28 100% 85 100% 88 100%
CausasAgrupamento das classes esportivas
Baixa Média Alta
66
Tabela 5. Diagnósticos relatados pelos participantes.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018
Nota: L.E.R = Lesões por esforço repetitivo; AVE = Acidente vascular encefálico; SLAP= Superior labral tear
from anterior to posterior
Não foi possível realizar cálculos estatísticos a partir desta variável devido ao baixo
número da amostra.
Artrose (Devido a deficiência) 1 3,6% 0 0,0% 0 0,0%
Bursite 1 3,6% 2 2,4% 2 2,3%
Derrame articular 0 0,0% 0 0,0% 2 2,3%
Dor devido a deficiência 1 3,6% 1 1,2% 0 0,0%
Espinha bifída 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Estiramento 0 0,0% 1 1,2% 1 1,1%
Ferimento aberto 0 0,0% 1 1,2% 2 2,3%
Hematoma 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Hérnia de disco 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Hipovitaminose 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
L.E.R (Devido a deficiência) 0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Micose 2 7,1% 2 2,4% 0 0,0%
Osteoporose 0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Pneumonia 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Ponto gatilho crônico 0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Ruptura na cartilagem 0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Ruptura parcial do tendão supra
espinhoso0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Ruptura tendão 1 3,6% 0 0,0% 0 0,0%
Sequelas do AVE (Devido a
deficiência)0 0,0% 1 1,2% 0 0,0%
Síndrome de SLAP 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Síndrome do Túnel do carpo (Devido a
deficiência)1 3,6% 0 0,0% 0 0,0%
Sinusite controlada 1 3,6% 1 1,2% 0 0,0%
Luxação 1 3,6% 1 1,2% 0 0,0%
Tendinite 2 7,1% 9 10,6% 0 0,0%
Tensão no quadrado lombar 0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Variação anatômica óssea (Devido a
deficiência)0 0,0% 0 0,0% 1 1,1%
Sem relato de diagnóstico 17 60,7% 61 71,8% 73 83,0%
Total de queixas por classe 28 100% 85 100% 88 100%
Baixa Média AltaDiagnósticos
Agrupamento das classes esportivas
67
Nados
O nado em que as queixas foram sentidas mais relatado nas classes baixas foi o
nado costas 16 (57,1%). Parte das queixas não ocorreram em um nado específico em seis casos
(21,4%). A maior parte dos relatos nas classes médias 22 casos (25,9%) e altas 24 casos
(27,3%), não apresentaram ocorrência de queixas em um nado específico (Tabela 6). No
entanto, quando relatado, os nados peito e costas, ambos em 17 casos (20%) foram relatados
nas classes médias. Já o nado livre com estilo crawl em 21 casos (23,9%) e costas 20 casos
(22,7%) foram relatados nas classes altas como os que causaram mais queixas físicas.
Tabela 6. Nado e queixas físicas relatados.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018
Foi encontrada diferença estatística significante entre as variáveis de nado e grupos
de classes esportivas, expressa por p = 3,67*10^-5.
Tempo de treinamento semanal
Atletas de classes médias apresentaram o total de 350 h/s, maior quantidade de
horas destinada a treinamento semanal dentre todos os grupos de classes esportivas (Tabela 7).
Crawl 2 7,1% 5 5,9% 21 23,9%
Costas 16 57,1% 17 20,0% 20 22,7%
Peito 0 0,0% 17 20,0% 9 10,2%
Borboleta 0 0,0% 13 15,3% 10 11,4%
Não ocorreu em um estilo específico 6 21,4% 22 25,9% 24 27,3%
Não se aplica 4 14,3% 11 12,9% 4 4,5%
Total de queixas por classe 28 100% 85 100% 88 100%
Baixa Média AltaEstilos de nados
Agrupamento das classes esportivas
68
Tabela 7. Tempo de treinamento semanal por grupo de classes esportivas.
Nota: Dados da pesquisadora 2018
Legenda: H/S= horas/ semana
Observação: O número de atletas por classe esportiva, teve grande influência, quando
contabilizada a quantidade de horas semanais destinadas ao treinamento da NP, a classe média
apresentou o maior representatividade dentre os participantes.
Evento esportivo gerador das queixas
Este item está expresso abaixo na Tabela 8.
Tabela 8. Evento em que os participantes relataram sentir as queixas físicas.
Fonte: Dados da pesquisadora 2018
Todos os grupos de classes apresentaram prevalência de queixas em períodos de
treinamento, conforme tabela anterior.
Foi encontrada diferença estatística significante entre o evento em que a lesão foi
sentida e os grupos de classes esportivas, expressa por p = 0,00051.
De forma a reunir os achados do estudo, as principais informações para
compreensão da prevalência de queixas na NP, foram dispostas em um fluxograma, agrupadas
Treinamento 12 42,9% 66 77,6% 88 94,6%
Competição 8 28,6% 9 10,6% 5 5,4%
Não se aplica 8 28,6% 10 11,8% 0 0,0%
Total de queixas por classe 28 100% 85 100% 93 100%
Evento Agrupamento das classes esportivas
Baixa Média Alta
Classes esportivas Baixas
H/S
Médias
H/S
Altas
H/S
Total (horas) 77 350 266
Mínimo 2 2 2
Máximo 18 21 20
Média 7 10,61 9,85
DP± 4,796 5,612 5,412
69
de acordo com os grupos das classes esportivas, assim como descrito nos resultados. Para
melhor visualização entre a prevalência de queixas e suas características entre as CE,
dispusemos as informações com maiores frequências relatadas na Figura 3. A estrutura ombro
e o tipo de queixa, dor, teve prevalência de relatos entre todos os grupos de classes.
Figura 3. Prevalência de queixas físicas, tipo, localização, mecanismos e nado de ocorrência
da queixa em atletas da natação paralímpica, de acordo com as classes esportivas.
Fonte: Dados da pesquisadora/2018
Notas: ANE= Ausência de Nado Específico; prevalência calculada por 100 atletas no período de um ano.
BAIXAS
N atletas: 14 (16%)
N queixas físicas: 28 (13,9%)
Prevalência: 78,6%
Dor
Ombro, trato respiratório superior e mão
Nado
Costas
Traumática com objeto fixo e sobrecarga de início
súbito
MÉDIAS
N atletas: 39 (46%)
N queixas físicas: 85 (42,3%)
Prevalência: 84,6%
Dor
Ombros, pernas, cabeça, braço
ANE
(Peito e Costas)
Traumática sem contato
ALTAS
N atletas: 32 (38%)
N queixas físicas: 88 (43,8%)
Prevalência: 84,4%
Dor
Ombros, pernas, cabeça e braço
ANE
(Crawl e Costas)
Sobrecarga com início gradual
70
Quando perguntado aos atletas, se os mesmos já haviam deixado de participar de
algum evento de treinamento ou competitivo, devido a queixa relatada, a maior parte relatou já
haver se ausentado de algum evento devido a queixa (Figura 4).
Figura 4. Participação nos treinamentos e/ou competições por atletas com queixas físicas da
natação paralímpica.
Fonte: Dados da pesquisadora/2018
Notas: N= Número; QF= Queixa física; CE= classificação esportiva.
4.4 Discussão
Este estudo teve por objetivo verificar a prevalência das queixas físicas de atletas
com deficiência física da NP, assim como caracterizá-las pelos critérios da CE. A associação
entre as variáveis para a prevalência de queixas e os grupos de CE também foram verificadas,
no entanto, encontramos valores estatisticamente significantes entre a CE e evento, nado e
hemicorpo. Considerando as queixas físicas relatadas pelos participantes, os grupos de classes
esportivas apresentaram um padrão crescente entre número de queixas e aumento da classe.
Aceita-se a hipótese afirmativa de que pode haver diferenças estatisticamente significantes
8
16 16
3
17
1111
33
27
Baixas Médias Altas
Ausência de participação em treinamento ou competição devido a QF
Sem restrições quanto a participação de treinamento ou competição devido a QF
N Atletas com relato de QF por grupos de CE
71
entre a CE e queixas físicas. Mesmo sem um resultado estatisticamente significante a
prevalência de queixas físicas por grupo de classes esportivas foi de 78,6% para as classes
baixas; 84,6% para médias e 84,4% para altas. O grupo de classes baixas apresentaram menor
relato de queixas físicas 28 casos (13,9%), seguido por classes médias 85 casos (42,3%) e
classes altas 88 casos (43,8%).
Com o aumento exponencial de queixas no grupo da classe esportiva, as categorias
mais baixas apresentam-se com menores relatos. Este episódio, provavelmente ocorre devido à
severidade ou tipo da deficiência, que pode causar alterações na sensibilidade e
consequentemente dor, devido a este fato as classes baixas apresentam menor período de horas
destinadas ao treinamento semanal e possibilidades de realização de menores distâncias
percorridas por provas.
De acordo com Satkunskiene et al. (2005) os nadadores presentes nas classes baixas
com tetraplegia, paraplegia de alto nível e espasticidade, têm mais dificuldades do que os
nadadores com paraplegia de baixo nível e amputações, na manutenção do corpo em posição
hidrodinâmica (corpo mais horizontal na água) (SATKUNSKIENE et al., 2005).
Na NP quanto menor o número da CE, maior a limitação do atleta para execução
das habilidades exigidas nas provas. Frente a isso, é possível verificar a existência de adaptações
realizadas para promover a participação de atletas, com classes baixas, em ambiente
competitivo. Estas adaptações podem ser observadas, por exemplo, nas variações entre as
distâncias das provas presente entre as classes baixas e altas (IPC RULES AND
REGULATIONS, 2018; SATKUNSKIENE et al., 2005).
Para atletas das classes baixas são oferecidas provas com menores distâncias de
percurso. Todas as classes oferecem a possibilidade de competição para os quatro nados e todas
as provas, sendo que a variação está presente na distância das provas (IPC RULES AND
REGULATIONS, 2018). A distância do total de provas oferecidas para as classes baixas (S1 –
4) podem variar de 600 a 850 metros. As provas oferecidas para atletas das classes médias (S5
– 7) podem variar entre 600 e 950 metros. Já o total da distância de provas oferecidas para
atletas das classes altas (S8 – 10) mantém-se em 1050 metros (IPC RULES AND
REGULATIONS, 2018).
As distâncias reduzidas para as provas da NP podem ser justificadas devido à
influência do impacto da deficiência na modalidade. De acordo com Dingley, Pyne e Burkett
(2015) o grau da DF do nadador pode influenciar diretamente a relação de velocidade e
potência, mais inclusive, que seu perfil antropométrico, pois em seus estudos nadadores com
72
deficiências mais severas, produziram menor potência e velocidade (DINGLEY; PYNE;
BURKETT, 2015).
Já atletas com DF de baixa severidade, ainda de acordo com pesquisa de Dingley,
Pyne e Burkett (2015), mostraram ser capazes de desenvolver grande potência. Os mesmos,
neste referido estudo, apresentaram grande circunferência de peitoral, pequena envergadura,
dobras cutâneas reduzidas, alto percentual de massa muscular e técnica suficiente para
desenvolver habilidades motoras compensatórias, a fim de reduzir as dificuldades presentes nos
nados devido a deficiência (DOS SANTOS, 2017; FIGUEIREDO et al., 2013). Podemos
evidenciar mediante aos dados apresentados, diferenças significativas entre as habilidades
funcionais em decorrência da gravidade da deficiência presentes nos atletas.
Dingley, Pyne e Burkett (2014b), verificaram diferenças nas fases de início do
mergulho para o nado, por atletas paralímpicos, com base na gravidade e tipo de deficiência.
Faz-se importante analisar as fases da natação em que o grau da deficiência tem mais influência
para que, deste modo, os limites dos atletas sejam identificados, a fim de evitar lesões por
utilização de técnicas incorretas ou mecanismos de sobrecarga por exemplo. Estudos
epidemiológicos como o de Willick et al. (2013), apresentaram informações quanto ao
mecanismo de lesão presente nos jogos paralímpicos de Londres 2012, sendo retratado quadros
de lesões agudas (47%), lesões agudas ou crônicas (16%) e lesões por overuse (37%). No
entanto este estudo não nos trouxe a caracterização das lesões, assim como não apontaram
fatores de riscos para as mesmas.
Os fatores de riscos para lesões esportivas na natação não são necessariamente
independentes. Os mecanismos para ocorrências de lesões esportivas no EP podem ser
multifatoriais, assim como a assimetria dos nadadores, lateralidade, genética, fatores
ambientais, fatores do desenvolvimento, efeito de doenças e lesões, overtraning/fadiga e
técnica adotada, volume/intensidade de treino e deficiência (BERNARDI et al., 2003; DOS
SANTOS, 2017; SANDERS et al., 2011).
Neste estudo, além da significância estatística encontrada, foi verificada
predominância de acometimentos no hemicorpo direito, no entanto, devido a variabilidade das
deficiências presentes nas CE, maiores associações entre o hemicorpo e tipos de queixas físicas
e CE não foram possíveis de serem realizadas.
Relacionaremos neste ponto algumas características das deficiências presentes nos
grupos de classes esportivas, a fim de compreender os mecanismos dos tipos de queixas físicas
predominantemente relatados e estrutura corporal mais acometida.
73
Classes baixas
No agrupamento das classes baixas, os tipos de queixas físicas foram dor (ombro),
queixas de origem muscular (câimbras/contratura /espasmos musculares) (MMII e quadril),
ferimento corto/contuso (mão e punho), infecção trato respiratório superior (trato respiratório)
e infecção intestinal aguda (trato gastrointestinal). A presença de alguns tipos de queixas pode
indicar relações com a deficiência do atleta.
Algumas deficiências são categorizadas na classificação funcional da NP como Les
Autres (síndrome Guillain Barré, síndrome Charcot de Marie Tooth, sequela pós poliomielite e
sequela de meningite) (WEBBORN; VLIET, 2012).
Com maior comprometimento entre todos os grupos, nadadores inseridos nas
classes baixas apresentam diversos tipos de deficiências: atletas com lesão medular alta; sequela
de meningite; sequela pós poliomielite; síndrome Guillain Barré e síndrome Charcot de Marie
Tooth, têm os membros comumente mais afetados. As deficiências citadas, caracterizam-se por
causar plegia ou paresia (LM/ sequela pós pólio); fraqueza muscular, atrofia, ausência de
sensibilidade e/ou formigamento (síndromes Guillain Barré e Charcot de Marie Tooth) e
alterações no tônus muscular e/ou espasticidades (PC) (NINDS, 2018; WEBBORN, VLIET
2012).
O ombro foi o segmento mais relatado para casos de dores. Wanivenhaus et al.
(2012) nos traz a partir de revisão de literatura realizada com nadadores sem deficiência que a
causa para dores no ombro de nadadores é multifatorial, podendo incluir: biomecânica do nado;
sobrecarga ou fadiga muscular de ombro, escápula e parte superior do dorso; e/ou frouxidão da
articulação glenoumeral com subsequente instabilidade do ombro.
Silva, M., et al. (2013) afirmam que ao mesmo tempo que a modalidade aprimora
o desempenho do atleta, está também reduz a estabilidade do ombro, pois os movimentos
específicos da natação aumentam a amplitude de movimento, rotação interna e força de adução
do ombro. Os nadadores de costas (nado relatado neste grupo) geralmente vivenciam
instabilidade glenoumeral anterior isolada devido à posição do braço na elevação aérea e à
rotação externa no momento da entrada da mão na água (BAK; FAUNO, 1997).
Queixas de acometimento de infecções no trato respiratório superior apresentaram-
se em nossos estudos com 10,7% em relatos das classes baixas. Atletas das classes baixas,
principalmente com LM, podem estar mais susceptíveis afecções no trato respiratório superior
e trato gastrointestinal devido a alterações advindas dos aspectos fisiopatológicos referentes a
74
distúrbios neurológicos decorrentes da deficiência, impactando também no funcionamento do
sistema imunológico (DERMAN et al., 2018; NIIDS, 2018; WEBBORN; VLIET, 2012).
Derman et al. (2018) atribui a alta incidência de doença respiratória em atletas com
LM em decorrência da predisposição já existente devido ao comprometimento da doença, uso
de cadeiras de rodas e altas cargas frentes as competições de elite. Dada a sensibilidade
prejudicada abaixo do nível de lesão, a sintomatologia da doença pode ser de natureza
imprecisa, muitas vezes levando a insuficiência de notificação de doenças nesta população de
atletas (DERMAN et al., 2018). A associação entre doenças respiratórias e atletas com lesões
medulares (em grande parte) também pode ser observada nos estudos de Derman et al. (2018)
o qual constatou que as modalidades com maiores incidências de doenças respiratórias foram
natação, esgrima em cadeira de rodas e basquete em cadeira de rodas.
Além deste fator, infecção no trato respiratório superior, pode estar relacionada a
utilização de produtos químicos resultantes da interação entre cloro e matéria orgânica, irritando
o trato respiratório e gerando alterações respiratórios superiores (BOUGAULT et al. 2009).
Spence et al. (2007) constataram em seus estudos que infecções do trato respiratório
superior é mais comum em atletas de elite do que em atletas não competitivos. Para tanto, foi
realizado uma análise prospectiva das infecções do trato respiratório superior em atletas durante
o treinamento e competição. Beck (2000) apud Mountjoy et al. (2010) supôs que este fato se
deve ao aumento do risco de infecção de fatores como a “imunossupressão” induzida pelo
treinamento e também da aglomeração existente em locais de competição (BECK, 2000 apud
MOUNTJOY et al., 2010; MOUNTJOY et al., 2010; SPENCE; BROWN; PYNE et al., 2007).
Alta incidência de doenças respiratórias em atletas paralímpicos podem ser
encontradas em estudos epidemiológicos realizados nos Jogos Paralímpicos de Verão em
Londres 2012 com taxas de incidência de 3,6 (95% IC 3,0 a 4,2) e Rio de Janeiro 2016 com
taxa de incidência mais alta 3,3 (95% IC 2,8 a 3,8) (DERMAN et al., 2013; 2018). Tais estudos,
podem evidenciar o impacto do exercício físico de alta intensidade no sistema imunológico.
Queixas musculares (câimbras; contração/ espasmos), mais acometidas nos MMII
e quadril podem estar mais associadas a uma redução na capacidade local de ressíntese de ATP,
que de acordo com Schimitt et al. (2016), pode ser determinada por uma série de fatores, como
desgaste energético excessivo devido à atividade física, curtos períodos de recuperação entre
atividades de alta intensidade, longos períodos sem hidratação adequada. O autor ainda afirma
que tais fatores resultam mais da formação e manutenção por curtos períodos de tempo de
75
pontes cruzadas em estado de fraca produção de força, do que em alterações extracelulares na
concentração circulante de íons potássio (SCHIMITT et al., 2016). Tabela 1.
Segundo Bosko (2017) atletas com PC diplegia espástica e hemiparéticos, possuem
características em comum quanto a técnica de nado. Para a execução do nado o membro
acometido é mantido na posição mais simples possível (quase sem movimento), através da
espasticidade dos músculos extensores, as pernas mantêm semi-anguladas durante o
movimento; o membro funcional realiza movimentos com grande amplitude e fortes golpes
(BOSKO,2017). Os atletas com PC segundo Willick et al. (2013) e Ferrara et al. (1992) são
acometidos por lesões em regiões anatômicas distintas, ocorrendo frequentemente em tecidos
moles que pode ser secundária ao desequilíbrio muscular causado pela espasticidade. Os
ferimentos corto/contuso também relatados nesta classe, foram mais relatados por atletas com
PC.
Tais queixas também podem estar relacionadas a equívocos de distância ou técnica
no momento das viradas, chegadas ou dificuldade de manutenção no centro da raia (SILVA,
M., et al., 2013a). Estas informações apresentam-se de forma similar ao apontado por Silva,
M., et al. (2013), a qual acarreta o acometimento de contusões e lacerações/escoriações de
MMII por atletas com deficiência visual a erros de cálculos, durante giros e/ou raia. Deve se
dar atenção a este tipo de queixa em atletas com LM devido ausência de sensibilidade em
territórios cutâneos, risco de infecções e possíveis dificuldades em cicatrização devido a
componentes químicos presente nas piscinas (STORCH, 2016).
O estilo de nado executado pelo atleta com PC pode influenciar nos mecanismos
das queixas por traumas com objeto fixo (raia – durante o nado e parede-momentos de
chegadas), acometendo neste caso mãos e punhos por ferimentos corto/contuso, principalmente
no momento da braçada do nado costas (nado mais relatado).
Os acometimentos causados por sobrecarga de início súbito, foram relatados em
decorrência dos relatos de dor nos ombros, que também pode ocorrer devido à
intensidade/volume de treinamento, em decorrência da execução dos movimentos repetitivos e
aumento da sobrecarga nos membros funcionais.
A partir dos relatos de diagnósticos, podemos identificar a tendinite com maior
prevalência, esta pode ter sido desenvolvida devido ao estilo de nado em consequência do
mecanismo adotado para a realização da propulsão, e também devido à ausência de função dos
MMII. Como neste estudo o diagnóstico não foi comprovado por um laudo médico e as cargas
76
de treinamento não foram acompanhadas, não poderemos ser mais conclusivos sobre os fatores
que desencadeiam estes resultados.
O nado costas foi o mais relatado devido a possibilidade de maior prática dentre
atletas de classes baixas, pois este nado possibilita a respiração com todo o rosto para fora da
água (MANSOLO, 2009), acarretando maior segurança.
Classes médias
Os tipos de queixas mais reportados pelo grupo das classes médias foram, dor
(ombros), queixas de origem muscular (perna) (câimbras/contratura /espasmos musculares),
ferimento corto contuso (braço), assim como infecção no trato respiratório (trato respiratório
superior).
Os atletas presentes nesta classe apresentavam menor comprometimento em relação
a classe anterior, com acondroplasia, artogripose, AVE, amputação, amelia, distrofia muscular
progressiva, além de algumas deficiências apresentadas na classe baixa (LM, sequela de
meningite, PC, síndrome pós poliomielite). Tais deficiências podem caracterizar-se por
deformidade óssea, deformidade na coluna vertebral, macrocefalia, baixa estatura, hipoplasia
em metade do rosto, hiper ou hipomobilidade, alterações no joelho, rigidez articular, atrofia
muscular, ligeiro encurtamento de membros, hemiplegia ou hemiparesia (AVE) (HALL, 2014;
NINDS, 2018).
A ausência de segmentos corporais acarreta consequências como aumento da
prevalência de osteoartrite, escoliose, dor lombar, diminuição da densidade mineral óssea e
dificuldade na realização de algumas tarefas (CASTRO et al., 2014). Nos indivíduos com
amputação transfemoral verificam-se alterações mecânicas devido à dependência de um
membro artificial para o suporte do peso corporal (KAUFMAN; FRITTOLI; FRIGO, 2012),
estas alterações estão associadas a perda de musculaturas do membro inferior, levando a
movimentos compensatórios na articulação coxofemoral, pélvis e tronco durante a marcha
(DEVAN et al., 2015).
Dos Santos et al. (2013) discorrem sobre a assimetria entre atletas paralímpicos,
pois em virtude dos comprometimentos físicos e motores que os caracterizam, a assimetria pode
ser ainda mais acentuada que em atletas sem deficiência. Mecanismos de assimetrias como
diferenças bilaterais no sistema musculoesquelético, limitações de flexibilidade e desequilíbrios
musculares, na natação pode diminuir o equilíbrio ou a propulsão, prejudicando neste acaso o
77
desempenho da mesma (DINGLEY; PYNE; BURKETT, 2014a; SANDERS; THOW;
FAIRWEATHER, 2011).
A assimetria ocasionada devida a amputação, amelia, acondroplasia, artogripose,
AVE, podem ser um dos multifatores, que comprometem a técnica da natação, devido à
sobrecarga articular e desenvolvimento de ações compensatórias causando desequilíbrios
musculares (DINGLEY; PYNE; BURKETT, 2014a). Assim podem, facilitar mecanismos de
traumas com objetos fixos em decorrência da ausência de alinhamento postural, também
reportado, porém em menor escala.
Meliscki, Monteiro e Giglio (2011), discorrem sobre a importância do alinhamento
postural e de sua avaliação, como forma de redução de desequilíbrios musculares e melhora da
postura, gerados por hábitos inadequados ou movimentos ineficientes.
O equilíbrio das forças musculares da articulação do ombro é essencial para manter
sua estabilidade e movimentação adequada sem apresentar quadros de dores
(WANIVENHAUS et al., 2012). A redução da estabilidade glenoumeral ocorre devido ao
movimento de adução realizado nos treinamentos, junto a força de rotação interna, sendo que
esta movimentação pode levar ao desequilíbrio muscular em nadadores (BAK 2010; PINK,
TIBONE, 2000). O músculo redondo menor fornece uma força de rotação externa e estabiliza
a cabeça do úmero em conjunto com o peitoral maior (BAK, 2010; PINK; TIBONE, 2000;
WANIVENHAUS et al. 2012). O serrátil anterior ajuda a posicionar e estabilizar a escápula, e
o músculo subescapular atua como rotador interno ao longo do nado. A sobrecarga causada pela
repetição da movimentação durante a natação predispõe tais musculaturas a fadiga muscular
(WANIVENHAUS et al., 2012).
Corroborando com as informações trazidas por este mecanismo Silva, M., et al.
(2013b) relatam que a fadiga muscular do manguito rotador, parte superior do dorso e músculos
peitorais causados por movimentos repetitivos podem resultar em microtraumas devido a
diminuição da estabilização dinâmica da cabeça umeral.
A fim de verificar o acometimento nos ombros de atletas usuários de cadeiras de
rodas Heyward et al. (2017) documentaram que o uso excessivo, a fraqueza na adução do
ombro, a rotação interna e externa e a diminuição do controle do tronco são fatores
potencialmente envolvidos nas queixas de ombro dos mesmos. As queixas além da dor
incluíram o choque do manguito rotador, ruptura do manguito rotador, patologias
acromioclavicular e patologia do tendão do bíceps (HEYWARD et al., 2017).
78
Já quando se trata do mecanismo de impacto nos ombros o choque subacromial ou
intraarticular pode ocorrer em várias posições durante o percurso na natação. Um dos momentos
refere-se ao instante em que a superfície da bursa do manguito rotador incide contra o acrômio
anteroinferior, enquanto que em outro, os tendões do manguito rotador e / ou o tendão do bíceps
incidem na glenóide e no labrum anterossuperior (RODEO, 2004; WANIVENHAUS et al.,
2012).
Wanivenhaus et al. (2012) nos traz que no nado livre com o estilo crawl o
movimento de flexão para a frente e a rotação interna da articulação glenoumeral durante a fase
de recuperação (fora da água), é uma posição característica em qual o atrito subacromial ocorre.
Yanai e Hay (2000), relatam que a estrutura subacromial sofre com o uso repetitivo sendo uma
das maiores mecanismos das dores no ombro.
No momento em que a mão entra na água, a força hidrodinâmica aplicada na mão
gera uma grande força na articulação do ombro, causando elevação da cabeça do úmero e
impacto na inserção do tendão do supraespinhal, tendão do bíceps braquial e bursa subacromial
(STORCH, 2016; WANIVENHAUS et al., 2012). Este mecanismo também é observado
durante a realização de movimento com grandes amplitudes, envolvendo uma circundunção
contínua de ombro (STORCH, 2016). A hiperextensão da extremidade superior na fase da
puxada tardia (abaixo d'água), empurra a cabeça do úmero anteriormente e gira internamente,
possivelmente agravando um choque na presença de fadiga muscular. Causando falha no
posicionamento da cabeça do úmero em relação a cavidade glenoide (STORCH, 2016).
Segundo Wanivenhaus et al. (2012) uma entrada de mão que atravessa a linha média
do eixo longitudinal do corpo provoca o impacto do supraespinhal e da cabeça longa do bíceps.
Este mecanismo torna-se verdadeiro, a partir do ponto em que o atleta observado
apresenta MMSS completos e funcionais, estudos acerca deste tema em atletas com deficiência
físico/motora faz-se necessário para melhor compreender a dinâmica do nado e mecanismos de
lesões do ombro, visto que a biomecânica do nado desses nadadores diferencia-se quando
comparada a atletas sem deficiência.
Dos Santos (2017) apresenta variáveis que demonstram distinguirem proficiência
de nadadores com deficiência físico/motora (S5-S10) e nadadores sem deficiência. Os valores
de variação intracíclica das velocidades encontradas em nadadores com deficiência foram
ligeiramente maiores do que as encontradas em nadadores sem deficiência, o que pode
influenciar no desempenho do nado. A amplitude médio lateral da braçada média dos nadadores
com deficiência foi ligeiramente menor do que a verificada entre os nadadores de maior
79
proficiência e amplitude vertical da braçada foi maior do que aquela identificada no grupo de
nadadores com índice técnico inferior e similar aos atletas que apresentaram maior desempenho
(DOS SANTOS, 2017).
A partir de estudos realizados por Oh et al. (2013) com atletas das paralimpíadas de
Londres 2012, foi possível verificar que os nadadores com maior nível de comprometimento
especificamente da natação exibiram maior arrasto passivo. Este estudo encontrou correlações
significativas (moderadas/fortes) entre as medidas de arrasto passivo e a classificação funcional
do nadador.
Em nossos estudos a prevalência de queixas de origem muscular
(câimbras/contratura /espasmos musculares), ocorreram no segmento das pernas. Associamos
as queixas musculares reportadas aos mesmos mecanismos apresentados no grupo de classes
baixas, sendo potencializado, neste grupo, em consequência das maiores distâncias das provas
em competições e consequentemente maiores períodos destinados aos treinamentos. Os quadros
de contrações involuntária, espasmódica na musculatura ou grupo muscular podem ocorrer
durante ou após a prática esportiva de alta intensidade, em resposta de um mecanismo alterado
de controle de reflexo (aumento dos sinais excitatórios e diminuição de sinais inibitórios para
o conjunto de neurônios motores) em efeito à fadiga (MINETTO et al., 2011; SCHWELLNUS
2009; STORCH, 2016).
Apesar do nível de comprometimento serem menores neste grupo, acreditamos que
infecções no trato respiratório superior possam ser justificadas, além do descrito nas classes
baixas, devido à alta intensidade dos treinamentos. Segundo Boaes et al. (2017), treinos de alta
intensidade podem gerar elevados aumentos de glicocorticóides e catecolaminas, o qual,
adicionalmente, causa temporário e inapropriado desenvolvimento da resposta da imunidade
adaptativa, especificamente relacionada a uma resposta dos linfócitos T tipo 1 e 2, aumentando
o risco de infecções do trato respiratório superior.
A maior parte dos atletas desse grupo não relatou causa específica para o
desenvolvimento das queixas, mas ocorreram, segundo relataram a partir de traumas sem
contato (com objetos ou pessoas). Os traumas sem contatos resultam em trauma físico sem que,
no entanto, haja contato com objetos ou pessoas. Exemplos deste tipo de trauma enquadram-se
em ruptura de cartilagem e/ou luxação, assim como relatado dentre os diagnósticos. As queixas
precedentes a estes relatos foi a dor. Dentre os diagnósticos relatados pelos atletas a tendinite
apresentou-se com maior prevalência.
80
Diferentemente do grupo das classes baixas, a maior parte dos atletas de classes
médias e altas não apresentaram um estilo de nado específico nos relatos das queixas físicas.
Devido à variabilidade dos treinamentos muitos atletas descreveram não ter sentido a queixa
em um nado específico.
Nossos estudos vão ao encontro aos de Mello et al. (2007), o qual não realizou a
comparação entre o estilo de nado praticado e o tipo de lesão em atletas sem deficiência devido
ao fato de a maioria dos atletas nadarem o estilo crawl em alguma fase do treinamento. Este
fato dificulta o agrupamento dos atletas quanto ao nado praticado, relatando deste modo apenas
associações entre o estilo de nado praticado (predominante) na época da lesão esportiva.
Os nados apontados secundariamente pelos atletas foram, peito e costas, sendo
relatadas com ocorrências em várias estruturas, impossibilitando análises mais complexas.
Em conformidade com Fulton et al. (2010) nadadores que competem a nível
paralímpico parecem seguir padrões tradicionais e periódicos de treinamento, semelhantes à de
nadadores a níveis olímpicos, antes da competição. Além do prejuízo de performance o excesso
de treino pode acarretar o aparecimento e agravamento da prevalência de dor entre os atletas
(DOS SANTOS, 2017). Na NP dores também podem estar relacionadas ao volume de treino
(BERNARDI et al., 2003).
Classes altas
Nesta classe, os tipos de queixas foram dor (ombro, c. lombar e joelho), queixas de
origem muscular como câimbras/contratura e espasmos musculares (perna) e ferimento
corto/contuso (braço) reportados igualmente e concussão (cabeça). Tabela 1 e 2.
Com menor comprometimento entre todos os grupos, atletas desta classe
enquadram-se principalmente no grupo de Les Autres (sequelas de doenças no SNC/ S.
Circulatório entre outros), dismelia e deficiências já citadas anteriormente (Amelia,
Amputação, Artogripose, AVE, Dismelia, LM, Sequela de Meningite, PC). Atletas desta classe
apresentam deficiências com menor comprometimento que as classes anteriores, com
acometimentos de amputação de braços ou pernas, atletas com restrições significativas nas
articulações do quadril, joelho e tornozelo e atletas que possuem mínimas elegíveis para sua
participação como, por exemplo, perda da função de uma das mãos ou restrição de movimento
em articulação do quadril (classe S10) (IPC, 2015a).
81
Segundo Willig, et al. (2012) em decorrência do perfil morfológico entre os
segmentos, os nadadores com deficiência física podem apresentar menor hidrodinâmica do que
o observado em nadadores sem deficiência, apresentando valores superiores de força de arrasto
hidrodinâmico em função da menor CE.
Nadadores de elite com amputação do braço ao nível do cotovelo são privados de
mão e/ou antebraço, importante superfície propulsora (LECRIVAIN et al., 2010). Os mesmos
autores afirmam que de modo compensatório ocorre o aumento no rolamento corporal máximo
realizado por estes atletas, levando ao aumento do efeito propulsor do membro afetado.
Willig et al. (2012) confirmam a assimetria coordenativa, presente em nadadora
com má formação congênita com diferenciação no comprimento dos braços, antebraços e mãos
(classe S9), através do decaimento gradual da frequência gestual associada à alteração da
variação intracíclica de velocidade. Os nadadores da classe S8 – 9 tendem a utilizar a frequência
gestual para conseguirem aumentar a velocidade de nado devido à necessidade de compensarem
a falta de segmentos. De acordo com a literatura a classe esportiva S9 apresenta posição menos
hidrodinâmica que nadadores sem deficiência (BURKETT; MELLIFONT; MASON, 2010;
PRINS; MURATA, 2008; WILLIG et al., 2012).
Implicações advindas de assimetria, aumento da frequência gestual podem implicar
em desequilíbrios musculares, sobrecarregando articulações adjacentes. Aumento na força de
arrasto devido à ausência de um segmento unilateral superior pode ocasionar uma sobrecarga
no membro oposto, visto que, os membros superiores são responsáveis por até 90% das forças
propulsivas no nado crawl (SILVA et al., 2013; WANIVENHAUS et al., 2012)
Conforme informações trazidas por Heyward et al. (2017) a carga pode ser uma
característica importante em associação com as queixas. Com suporte de estudos biomecânicos
músculos esqueléticos e ocupacionais o aumento da carga no complexo do ombro pode ser
considerado prejudicial à sua integridade (HEYWARD et al., 2017; VEEGER HEJ; VAN DER
HELM FCT, 2007). Assim como reportado para o grupo das classes médias as características
do esporte específico também podem desempenhar um papel no aumento da carga no complexo
do ombro (HEYWARD et al., 2017; SILVA et al., 2013).
Associamos as queixas musculares (câimbras/ contração/ espasmos) reportadas
neste grupo aos mecanismos já apresentadas no grupo de classes médias, como tipo da
deficiência e período de treinamento semanal.
Esta classe, diferentemente dos outros grupos, apresentou relato de concussão e
queixas de ferimento corto/contuso, em decorrência de trauma com objeto fixo, sendo estes a
82
parede da piscina (acometimento de cabeça) e raia (acometimento de braço), com maiores
relatos advindos de atletas classificados no grupo de deficiência de Les Autres durante a
realização do nado costas.
A causa desta queixa pode estar relacionada ao uso inadequado dos indicadores de
virada no nado costas, como ausência de bandeirolas que devem estar posicionados
transversalmente à piscina, com no mínimo a 1m80cm e no máximo a 2,50 metros de altura
acima da superfície da água por cordas suspensas com bandeiras de cor contrastante em relação
ao teto ou ao céu, partindo de apoios fixos situados a 5,00 metros de cada extremidade da
piscina. Devem ser inseridas marcas em ambas as laterais da piscina e onde for possível, em
cada cabo de raia, a 15 metros de cada extremidade da piscina. Na realidade, na prática nem
sempre é possível verificar o cumprimento de tais regras, pois alguns clubes de treinamento não
utilizam bandeiras, ou em outros casos apresentam bandeiras desbotadas devido a exposições
climáticas, deixando de cumprir as orientações do IPC/FINA em relação a utilização de cor
contrastante (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).
Os mecanismos das queixas mais relatados foram sobrecarga de início gradual e
traumática com objeto fixo.
Quando detalhamos a estrutura corporal correspondente ao mecanismo de
sobrecarga de início gradual (MMSS – ombro; Coluna vertebral – C. lombar; MMII – joelho)
verificamos similaridades entre as estruturas encontradas na literatura. Talvez este padrão possa
ser verificado devido ao menor comprometimento funcional em relação a modalidade e
estruturas corporais dos atletas quando comparados a classes anteriores.
A literatura reporta maiores índices de dor na região lombar na natação devido ao
movimento dos nados borboleta e peito (CAPACI; OZCALDIRAN; DURMAZ, 2002; SILVA
et al., 2013; WANIVENHAUS et al., 2012). No entanto, em nossos estudos as dores nesta
região não apresentaram prevalência em um nado em específico.
A carga mecânica da coluna vertebral em nadadores resulta na degeneração do disco
intervertebral lombar. Todos os movimentos da natação mantêm a hiperextensão da parte
inferior da coluna vertebral para alcançar a posição hidrodinâmica, esta posição é exagerada na
“ondulação” do nado peito e borboleta (WANIVENHAUS et al., 2012). A alta intensidade e
repetitividade desses movimentos sobrecarregam as estruturas posteriores da coluna lombar,
podendo inclusive resultar em espondilólise e possível espondilolistese (NYSKA et al., 2000;
WANIVENHAUS et al., 2012).
83
Os mecanismos para lesões no joelho em nadadores sem deficiência são descritos
na literatura em decorrência da sobrecarga exercida nesta estrutura (WANIVENHAUS et al.,
2012). A dor afeta predominantemente a região medial (ligamento colateral medial) do joelho,
no entanto a dor na porção anterior (lesões de menisco) do joelho também é comum
(WANIVENHAUS et al., 2012). A biomecânica do nado peito gera altas cargas no joelho
devido à posição de adução do quadril, os ângulos extremos de abdução do quadril, realizados
no início da movimentação para o retorno a posição inicial, podem ser prejudiciais
(WANIVENHAUS et al., 2012). Estudos de Wanivenhaus et al. (2012) indicam que os ângulos
de abdução do quadril inferiores a 37 ° ou superiores a 42 ° apresentam associação com maior
taxa de lesão no joelho.
Verifica-se similaridades entre quadros de lesões esportivas na natação olímpica
em relação às queixas físicas apresentadas nas classes altas da natação paralímpica, como por
exemplo, em relação ao local de acometimento. Outros aspectos verificados nas classes altas
também se assemelham a natação olímpica, assim como trazido por Oh et al. (2013) sobre a
similaridade encontrada em pontuações normalizadas de arrasto entre ambos, no entanto o
desempenho esportivo como os demonstrados nas velocidades de nadadores paralímpicos e
atletas de elite sem deficiência, de acordo com os mesmos autores não são geralmente
comparáveis (OH et al., 2013).
Os diagnósticos relatados pelos atletas, mesmo que em menor escala, devido à
especificidade de cada um foi bursite, derrame articular e ferimentos corto/contuso.
Assim como apresentado no grupo anterior, os atletas não apresentaram prevalência
de queixas a partir de um nado em específico, secundariamente esta classe apresenta o nado
livre com o estilo crawl como o nado executado no momento da queixa.
Este grupo também apresenta elevados períodos de treinamentos semanais, portanto
entendemos que estes atletas podem estar expostos aos mesmos riscos, em relação a exposição
a carga de treinamento, assim como apresentado nas classes médias.
Detalhamento da prevalência de dor:
A dor foi o tipo de queixa com maior prevalência nos grupos de classes baixas 13
(46,4%), médias 43 (50,6%) e altas 47 (53,4%). Mesmo que a dor seja uma informação mais
geral, esta não pode ser ignorada, pois segundo Pink e Tibone (2000) nadadores que relatam
dores em fases iniciais, podem ter diagnósticos mais específicos. Os autores afirmam que
84
quando o nadador não relata a dor de imediato, instala-se uma inflamação, ocorrendo a
generalização da dor, disfarçando os sintomas iniciais da lesão. Segundo os autores a dor
generalizada leva os clínicos a fazerem diagnósticos gerais.
Quadros de dores podem implicar em diversos prejuízos físicos, psíquicos, sociais
e mentais (PIMENTA et al., 2005). Pode, diminuir o rendimento esportivo e até mesmo
determinar o afastamento do atleta (PINK; TIBONE, 2000; SILVA; RABELO; RUBIO 2010).
A dor, pode apresentar-se de várias formas podendo ser aguda ou crônica, difusa ou focal
(mesmo multifocal), nos tecidos musculoesqueléticos ou neurais associados (Internacional
Association for the Study of Pain (IASP) (MERSKEY; BOGDUK, 1994). Segundo IASP
(2018), a dor musculoesquelética, quando referida, pode ocorrer como consequência das
atividades esportivas, representando até 50% das lesões e altas taxas de reincidência.
As estruturas corporais mais referidas entre todos os grupos de classes
especificamente no quadro de dor, foram ombro, coluna lombar, cabeça, joelho, tórax e coxa.
Quando nos referimos ao acometimento de ombro e coluna lombar, nossos resultados
corroboram com os achados da literatura, visto que estas reportam nos referidos segmentos,
queixas de dores e lesões na natação olímpica e paralímpica. Figura 5.
Figura 5. Estrutura corporal mais referidas entre todos os grupos de classes no quadro de dor.
Fonte: Extraído de google imagens, acesso 15 maio 2018; Dados da pesquisadora 2018.
Nota: Pontos em destaques = todas as regiões relatadas; Pontos azuis= segmentos mais referidos nas classes altas,
assim como encontrado na literatura em relação a estrutura corporal acometida na natação olímpica.
85
Na literatura da natação olímpica o ombro aparece com prevalência de
acometimentos variando entre 40% e 91% (BAK, 2010; BAK; FAUNO, 1997; BRUSHOJ;
BAK; JOHANNSEN et al., 2007; CAPACI; OZCALDIRAN; DURMAZ, 2002;
WANIVENHAUS et al., 2012). Já na literatura paralímpica o acometimento de ombro
encontra-se com prevalência em torno de aproximadamente 30,0% (VITAL et al., 2007;
SILVA, M., et al., 2013).
Segundo estudos de Capaci, Ozcaldiran e Durmaz (2002) casos de dores na coluna
lombar foram relatados em 22,2% dos nadadores de peito e 33,3% dos nadadores de borboletas.
Em nadadores com deficiências (física, visual e intelectual) a coluna lombar aparece com
acometimento de 9,7% (prevalência de coluna 38,9%) (VITAL et al., 2007). Em atletas
deficientes visuais o acometimento na coluna lombar foi de 17,07% (prevalência de lesões no
tronco de 46,34%) (SILVA et al., 2013). Segundo Wanivenhaus et al. (2012) a coluna lombar
também é um local reconhecido predisposto a lesões no nadador de elite.
Contudo, considerando achados da literatura que apontam o joelho como estrutura
com alta prevalência de queixas de dores e/ou lesões, nossos resultados apenas acompanham
estes dados, quando comparados aos relatos das classes altas, pois o mesmo foi uma das
estruturas mais relatada apenas neste grupo (CAPACI; OZCALDIRAN; DURMAZ, 2002;
WANIVENHAUS et al., 2012 SILVA et al., 2013; RODEO 1999).
Autores como Wanivenhaus et al. (2012), Rodeo (1999) referem-se ao
acometimento no joelho de nadadores como uma das três principais estruturas de acometimento
de lesões esportivas. Na NP o joelho foi reportado em 6,9 % dos casos nos atletas do estudo de
Vital et al. (2007) (desde a prevalência de MMII 16,7%) e em 4,44% dos casos do estudo de
Silva, M., et al. (2013) (desde a prevalência de MMII 19,51%). Neste estudo o acometimento
do joelho foi reportado por classes altas, sentidos através de sobrecarga de início gradual, sem
com que houvesse a especificidade de um nado.
Quanto as demais classes, de modo geral, a variação da prevalência de
acometimento da estrutura do joelho, pode estar relacionada ao grupo de atletas estudado, visto
que 22,2% dos participantes possuem lesão medular que afetam principalmente a
funcionalidade dos membros inferiores.
Foram reportados casos de cefaleia, no entanto não houve detalhamento da queixa.
Estudos de Mello et al. (2000), trazem informações sobre cefaleias que ocorre em 14,1% de
atletas paralímpicos, embora, a mesma esteja relacionada apenas como distúrbio de sono. Este
foi referenciado em uma avaliação realizada em busca de um padrão das queixas relativas ao
86
sono, cronótipo e adaptação ao fuso horário dos atletas brasileiros realizados com participantes
da Paralimpíada em Sidney/2000. Maiores associações não foram possíveis serem realizadas.
Considerações finais
Podemos concluir que atletas das classes baixas apresentaram menos atletas
participantes e menores quantidades de queixas relatadas que as demais classes, o tempo de
treinamento semanal foi inferior ao das demais classes. Dentre os atletas que apresentaram
queixas físicas, 73% dos mesmos já deixaram de participar de treinamentos ou competições.
A classe média foi a que apresentou alta quantidade de atletas participantes e tempo
de treinamento. No entanto, não foi a que apresentou maior quantidade de queixas. As
quantidades de queixas dos atletas desta classe foram inferiores aos apresentados por atletas da
classe alta. Dentre os atletas que apresentaram queixas físicas, 19% dos mesmos já deixaram
de participar de treinamentos ou competições.
A classe alta apresentou participação de menos atletas que a classe média. Os atletas
desta classe apresentaram maior quantidade de queixas do que as encontradas nas demais
classes. Dentre os atletas que apresentaram queixas físicas, 17% dos mesmos já deixaram de
participar de treinamentos ou competições.
Concluímos que existe diferenças entre o padrão e prevalência de queixas das
classes baixas para com as demais, as classes altas apresentam similaridades com a literatura
apresentada na natação olímpica, em relação aos segmentos corporais acometidos, faz-se
importante ressaltar que as características das queixas físicas relatadas parecem depender da
natureza da deficiência e do esporte praticado.
Estabelecer a extensão do problema de lesão esportiva através de vigilância e
epidemiologia de lesões é o primeiro passo para a prevenção de acidentes esportivos. A
determinação subsequente de etiologia e mecanismos de lesão permite identificar, desenvolver
e avaliar medidas preventivas com mais precisão.
A amostra deste estudo nos permitiu cumprir o objetivo do mesmo apresentando
dados exclusivos quanto as queixas físicas dos grupos estudados, ainda de tal modo, para
avaliações estatísticas mais expressivas e amplas destacamos a necessidade da realização do
estudo com uma amostra ainda maior, afim de que as limitações e analises estatísticas sejam
diminuídas. A partir das definições apresentadas utilizamos o termo de queixas físicas, sobre
87
tudo como forma de melhorar ainda mais o estudo, ressaltamos que o acesso a prontuários
médicos ou exames clínicos para constatação do diagnóstico de lesões esportivas, nos auxiliaria
quanto a utilização da terminologia para lesões esportivas.
Encontramos dois grandes contrastes entre a falta de acesso aos diagnósticos,
inicialmente algumas equipes apresentavam equipes médicas próprias, enquanto outras equipes
apresentavam ausência de atuação de profissionais da área médica permanentemente, ou seja,
alguns atletas não chegavam a investigar a queixa de modo mais específico. Quanto a este
ponto, poderíamos questionar a necessidade de acompanhamento permanente destes atletas por
uma equipe médica ou da área da saúde.
Para estudos futuros sugerimos que a partir da disposição apresentada neste trabalho
novos estudos possam ser realizados mediante a utilização de diagnósticos médicos e
complementados com informações da equipe de saúde: educadores físicos, físicos,
nutricionistas, psicólogos, dentistas e maior amostra de atletas por classes funcionais.
Agrupamentos por classes esportivas ou deficiência dentro de cada modalidade tornam-se
indispensáveis para estudos epidemiológicos em esportes paralímpicos.
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94
CONCLUSÃO
Os artigos apresentados, quando considerados em conjunto abordam a natação
paralímpica, na perspectiva da epidemiologia, lesões esportivas e queixas físicas.
No primeiro artigo, um levantamento nos trouxe informações sobre quais áreas têm
sido abordadas na literatura sobre a natação paralímpica. Com foco na área de saúde/medicina
esportiva e epidemiologia, foi possível observar que poucos são os estudos que caracterizam
especificamente a natação paralímpica por classe esportiva ou apenas um tipo de deficiência.
Os maiores acometimentos limitam-se ao segmento ombro, região cervical, torácica e lombar.
Já no segundo artigo, verificou-se a prevalência e caracterização das queixas físicas
relatadas por atletas com deficiência física e grupos de classes esportivas. A prevalência de
queixas foi de 78,6% na classe baixa, 84,6% na média e 84,4% na alta. O tipo de queixa e
estrutura mais reportado em todas as classes foram dor e ombro. O nado costas foi mais
reportado no grupo de classe baixa como o nado em que se sentiu a queixa e as classes médias
e altas não sentiram a queixa em um nado específico. A causa das queixas mais reportadas
foram por traumas com objeto fixo na classe baixa, traumas sem contato na média e sobrecarga
com início gradual na alta.
Mesmo sem grandes diferenças estatísticas é possível verificar pequenas variações
entre as queixas por grupos de classes funcionais. Existe uma complexa combinação entre as
deficiências e a funcionalidade do atleta na modalidade, assim como apontada por alguns
autores ao decorrer do texto, as questões clínicas podem ser um desafio para técnicos e equipes
médicas nos eventos. Estudos acerca do tema, abordando especificidades das modalidades e
classes esportivas, podem auxiliar no desenvolvimento de melhor atendimento por parte das
equipes médicas em competições e medidas preventivas no processo de treinamento por parte
das equipes técnicas.
A amostra deste estudo nos permitiu cumprir o objetivo do mesmo apresentando
dados exclusivos quanto a queixa física do grupo estudado, ainda de tal modo, para avaliações
estatísticas mais expressivas e amplas destacamos a necessidade da realização do estudo com
uma amostra ainda maior, afim de que as limitações e analises estatísticas sejam diminuídas. A
partir das definições apresentadas utilizamos o termo de queixas físicas, sobre tudo como forma
de melhorar ainda mais o estudo, ressaltamos que o acesso a prontuários médicos ou exames
95
clínicos para constatação do diagnóstico de lesões esportivas, nos auxiliaria quanto a utilização
da terminologia para lesões esportivas.
Verificamos em nossos estudos relatos por parte dos atletas, visando aspectos
relacionados a educação para saúde de treinadores e atletas, no entanto este tema não foi algo
tão enfatizado pelos mesmos. Portanto, sugerimos que este tema seja abordado em pesquisas
futuras, visto que o objetivo deste trabalho não contemplou está temática. Para estudos futuros
sugerimos também, que a partir da disposição apresentada neste trabalho novos estudos possam
ser realizados mediante a utilização de diagnósticos médicos e complementados com
informações da equipe de saúde: educadores físicos, físicos, nutricionistas, psicólogos,
dentistas e maior amostra de atletas por classes funcionais. Agrupamentos por classes
esportivas ou deficiência dentro de cada modalidade tornam-se indispensáveis para estudos
epidemiológicos em esportes paralímpicos.
96
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101
ANEXO A
ADAPTAÇÃO DO PROTOCOLO DE LESÕES ESPORTIVAS (PLEEP)
Fonte: SILVA, M. P. M, 2013a
DADOS DO PARTICIPANTE
Participantes (Nome e Instituição)
Gênero F M
Data de Nascimento
Peso
Altura
Peso
Altura
Escolaridade
DADOS DA DEFICIÊNCIA
Deficiência (Diagnóstico) FÍSICA MOTORA
Causa CONGÊNITA ADQUIRIDA
Tempo lesão (anos)
DADOS DA MODALIDADE
Quando iniciou a prática (anos)?
Classe esportiva: S SB SM
Prática outro esporte? Qual?
Principal nado Crawl/ Livre Costas Borboleta Peito
Provas principais Borboleta 50m Livre 200m Revezamento 4x50m livre
Demais provas Borboleta 100m Livre 400m Revezamento 4x100m livre
Costas 50m Medley 150m Revezamento 4x50 medley
Costas 100m Medley 200m Revezamento 4x100m medley
Livre 50m Peito 50m Outro:
Livre 100m Peito 100m
102
ADAPTAÇÃO DO PROTOCOLO DE LESÕES ESPORTIVAS (PLEEP)
Fonte: SILVA, M. P. M, 2013a
DADOS DAS QUEIXAS
Você teve dor/incômodo em alguma parte do seu corpo nos últimos 12 / 6 meses?
SIM NÃO
Essa dor/incômodo interferiu no seu treinamento? SIM NÃO
Essa dor/incômodo interferiu durante uma competição? SIM NÃO
Estrutura acometida:
Cabeça Tronco MMSS MMII OUTROS:
Face Abdome Cintura Escapular Cintura Pélvica
Boca Tórax Ombro Quadril
Orelha Coluna Cervical Braço Coxa
Coluna Dorsal Cotovelo Joelho
Coluna Lombar Antebraço Perna
Sacro Punho Tornozelo
Cóccix Mão Pé
Dedos
103
ADAPTAÇÃO DO PROTOCOLO DE LESÕES ESPORTIVAS (PLEEP)
Fonte: SILVA, M. P. M, 2013a
Em que evento ocorreu?
Treinamento
Competição
Em que momento ocorreu?
Durante o nado
Irregularidades no Piso
Incidentes em áreas acessórias à competição
Com uso de acessórios como Nadadeiras e Palmar
Momento de entrada e saída da piscina
Durante o treinamento de saída do bloco
Outros
Mecanismo da lesão:
Traumática sem contato
Traumática com objeto móvel
Traumática com objeto fixo
Traumática de contato com outra pessoa
Sobrecarga de início gradual
Sobrecarga de início súbito
Qual objeto fixo?
Borda da piscina
Raia
Parede
Rampa
Irregularidades no piso
Escada
Banheiro
Bloco de saída
Você sabe qual foi o diagnóstico dessa
dor/incomodo?
infecção trato respiratório superior (rinite, sinusite, bronquite)
contusão infecção intestinal aguda
bolha entorse Tendionopatia
bursite estiramento ferimentos corto/contuso
calo fascite Sub luxação ou Luxação
cefaleia fratura Micose
concussão gastrite outro:
contratura/espasmo muscular gripe
Você procurou algum profissional para verificar a causa dessa dor/incômodo?
SIM NÃO
Você sabe qual foi o diagnóstico dessa dor/incômodo? Se sim, qual?
Você tem plano de saúde? SIM NÃO
Você falou com seu técnico/treinador sobre essa dor/incômodo?
SIM NÃO
107
ANEXO E
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO (TCLE)
Universidade Estadual de Campinas
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO “Caracterização da prevalência de queixas físicas em atletas deficientes físicos da Natação Paralímpica”
Orientador: Prof. Dr. Doutor Edison Duarte Pesquisador (a): Profa. Thálita Gonçalves Santos
Número do CAAE: 55947316.6.0000.5404
Você está sendo convidado a participar como voluntário deste estudo. O Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar
com você e outra com o pesquisador (a).
Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou
mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador (a). Se preferir pode levar para casa e
consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar
sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.
Justificativa e objetivos: Considerando o grande avanço no esporte paralímpico brasileiro, principalmente
dentre os esportes individuais, o estudo justifica-se na medida em que no Brasil existem mais estudos de lesões
esportivas na natação Paralímpica relacionados a deficientes visuais. Nesse caso se faz necessário o
reconhecimento e análises mais aprofundadas para a deficiência física neste esporte, além da possibilidade de
criação de referenciais atuais sobre quais são as principais queixas relatadas por esses atletas. O estudo objetiva caracterizar a prevalência de queixas físicas em atletas deficientes físicos da Natação
Paralímpica, verificando a localização das queixas físicas, segmentos corporais afetados e característica das
mesmas; verificando também se a prevalência das queixas estão relacionadas com a classe funcional.
Pretenderemos apresentar informações sobre aspectos iniciais sobre possíveis lesões esportivas pertencentes a
estes atletas.
Procedimentos: Participando do estudo você está sendo convidado a: preencher a adaptação do Protocolo de
Lesões Esportivas em Esportes Adaptados (PLEEP); localizado no endereço virtual;
http://mpmes20.wix.com/sistemapleep. Os dados obtidos através dos questionários serão mantidos de maneira
sigilosa, a qual terão acesso apenas os responsáveis da pesquisa. Os atletas serão acompanhados e seguidos de
orientações prévias. Os dados serão coletados pelo pesquisador responsável com formação na área de Educação
Física, o qual estará acompanhado do treinador responsável pelo projeto.
Você responderá o questionário apenas uma vez, sem a necessidade de se deslocar para o local de estudo, pois a aplicação do protocolo será no local de treinamento ou competição. A estimativa de tempo necessário para as respostas será de aproximadamente 20 minutos.
Desconfortos e riscos: Você não deve participar deste estudo caso não esteja se sentindo fisicamente bem ou
indisposto psicologicamente ou caso haja impossibilidade de seguir as orientações do pesquisador.
A pesquisa poderá apresentar não previsíveis aos participantes como; expor aos dirigentes técnicos a real
condição de saúde a partir de queixas físicas dos atletas participantes, devido a caracterização das queixas. A
probabilidade e a magnitude do dano ou desconforto que pode ser previsto antecipadamente não são maiores
do que aqueles vivenciados no cotidiano da pessoa ou durante a realização de um exame físico ou psicológico
de rotina. Para minimizar esses desconfortos e riscos como providências e cautelas adotadas os dados obtidos
através dos questionários serão mantidos de maneira sigilosa, o qual terão acesso apenas os responsáveis da
pesquisa.
108
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO (TCLE)
Benefícios: Como benefícios desta pesquisa espera-se identificar informações sobre queixas físicas em atletas
deficientes físicos da Natação Paralímpica e consequentemente auxiliar na prevenção de lesões otimizando as
capacidades funcionais dos atletas durante os treinamentos e competições esportivas. Será apresentado aos
dirigentes as principais queixas relatadas, mencionando a característica como; segmento, tipo e gravidade. Para
os treinadores do projeto esta pesquisa revelará a prevalência geral de lesões esportivas ou desconfortos iniciais
nesta população, na busca de informações para evitar progressão ou agravamento das queixas nos atletas. Acompanhamento e assistência: Após a conclusão dos resultados a equipe técnica será informada sobre os
principais achados da pesquisa. Caso sejam detectadas situações que indiquem a necessidade de uma
intervenção, a equipe técnica será alertada quanto a importância de se manter informado sobre o tema de lesões
esportivas e de executar programas de exercícios para auxiliar a prevenção de lesões e otimizar as capacidades
funcionais dos atletas durante os treinamentos e competições esportivas
Sigilo e privacidade: Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação
será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse
estudo, seu nome não será citado.
Ressarcimento: O estudo será realizado nos locais de treinamentos e competições que atuam com a Natação
Paralímpica, sendo assim não haverá necessidade de ressarcimento de despesas (tais quais transporte,
alimentação e diárias). No entanto caso haja necessidade será assegurado o ressarcimento de todos os gastos
que o participante e seu (s) acompanhante(s) terão ao participar da pesquisa.
Contato: Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com os pesquisadores Thálita
Gonçalves Santos ou Edison Duarte, em Avenida Érico Veríssimo, 701, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão
Geraldo, departamento LAMA - Laboratório de Atividade Motora Adaptada (19) 3521-6785,
thallytagstos@gmail.com ou edison@fef.unicamp.br.
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você pode
entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua: Tessália Vieira de
Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail:
cep@fcm.unicamp.br
Consentimento livre e esclarecido: Após ter sido esclarecido sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos,
métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:
Nome do (a) PARTICIPANTE: _________________________________________________ Data:
____/_____/______.
(Assinatura do participante ou nome e assinatura do seu responsável LEGAL)
Responsabilidade do Pesquisador: Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e
complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo
foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados
obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o
consentimento dado pelo participante.
______________________________________________________
(Assinatura do pesquisador)
Data: ____/_____/______.
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